CRONO Lisboa Portugal 2010 - 2011
CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
Entre Maio de 2010 e Setembro de 2011, a cidade de Lisboa acolheu o CRONO, projecto de arte urbana. Vendo a cidade como um organismo vivo com a sua própria dinâmica, um espaço que segue o seu próprio processo de criação, crescimento e mutação de forma espontânea e natural, e com o objectivo de estreitar a ligação entre a cidade e artistas urbanos e valorizar o papel de Lisboa dentro do actual panorama internacional de arte pública, o projecto marcou o retorno da pintura urbana em grande escala à capital portuguesa, após o desaparecimento dos murais políticos e revolucionários que cobriram as suas paredes de meados da década de 1970 a meados da década de 1980. Comissariado por Angelo Milano (comissário do FAME festival em Itália), Pedro Soares Neves (designer urbano), e Alexandre Farto (artista plástico), sob a Azáfama Citadina Associação, e organizado em parceria com o Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa, o evento foi encenado em quatro movimentos correspondentes às quatro estações do ano, com base na ideia de que a natureza da matéria e as nossas criações materiais são tão transitórias e efémeras quanto o próprio tempo.
Between May 2010 and September 2011, the city of Lisbon hosted the CRONO urban art project. Viewing the city as a living organism with its own dynamics, a space that follows its own spontaneous and natural process of creation, growth and mutation, and with the aim of narrowing the gap between the city and urban artists and enhancing Lisbon’s role within the current international public art scene, the project marked the return of large-scale urban painting to the Portuguese capital, since the demise of the revolutionary and political murals that covered its walls from the mid-1970s to the mid-1980s. Curated by Angelo Milano (curator of the FAME festival in Italy), Pedro Soares Neves (urban designer), and Alexandre Farto (visual artist) under the Azáfama Citadina Association, and co-organised by the Department of Cultural Heritage of the Lisbon Municipal Council, the event was staged in four movements corresponding to the four seasons of the year, based on the idea that the nature of matter and our material creations are as transitory and ephemeral as time itself.
O projecto também visou reivindicar a participação individual na construção de uma nova percepção da cidade de Lisboa e empreender intervenções em grande escala seguindo um processo de regeneração e embelezamento temporário de espaços devolutos, convidando artistas internacionais de renome para trabalharem junto com artistas portugueses e as comunidades locais, com base num processo de curadoria urbana. O primeiro movimento, correspondendo ao Verão, viu as intervenções de Os Gêmeos (Brasil), Blu (Itália), e Sam3 (Espanha). O segundo movimento representou o Outono, com os artistas Erica il Cane (Itália), Lucy Mclauchlan (Reino Unido), e o ARM Collective (Portugal). O terceiro movimento equivaleu ao Inverno, com as intervenções de Brad Downey (EUA), Momo (EUA), e Vhils (Portugal). O quarto e último movimento, simbolizando a Primavera, contou com os artistas Akay (Suécia), e Boris Hoppek (Alemanha). Correspondendo a estas quatro unidades de tempo, as intervenções dos artistas foram alvo de atenção por parte dos media portugueses e estrangeiros, e contribuíram decisivamente para levantar questões prementes sobre a vida na cidade e o aproveitamento dos seus espaços devolutos, assim como para o estabelecimento de um diálogo orgânico entre a câmara municipal, a comunidade de artistas urbanos, a cidade de Lisboa e os seus cidadãos.
The project also aimed to reclaim individual participation in the creation of a new perception of the city of Lisbon and undertake large-scale interventions following a process of temporary regeneration and embellishment of derelict spaces, by inviting internationally renowned artists to work alongside Portuguese artists and local communities, based on a process of urban curatorship. The first movement, corresponding to the season of summer, saw the interventions of Os Gêmeos (Brazil), Blu (Italy) and Sam3 (Spain). The second movement stood for the season of autumn, with artists Erica il Cane (Italy), Lucy Mclauchlan (UK) and the ARM Collective (Portugal). The third movement came under the form of winter, with interventions by Brad Downey (USA), Momo (USA), and Vhils (Portugal). The fourth and last movement, symbolising spring, was carried out by artists Akay (Sweden), and Boris Hoppek (Germany). Corresponding to these four units of time, the artists’ interventions garnered the attention of both local and international media, and contributed decisively towards raising pressing issues regarding life in the city and the use of its derelict spaces, and towards establishing an organic dialogue between the council, the community of urban artists, the city of Lisbon and its citizens.
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Os Gêmeos CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
Os Gêmeos são Otávio e Gustavo. Quase impossível de os distinguir quando pintam porque o fazem em conjunto e ao mesmo tempo. É um trabalho a quatro mãos, e talvez seja por isso que as suas pinturas tenham o dobro da intensidade que as dos outros. Estabeleceram uma nova linha de graffiti e arte pública espontânea em São Paulo, Brasil, influenciando o resto do mundo com o seu imaginário figurativo onírico adorável. “The Twins” are Otávio and Gustavo. Almost impossible to distinguish between them when they paint because they do it together and at the same time. It’s a four hands job, that’s possibly why their paintings are twice as intense as everyone else’s. They’ve established a new strain of graffiti and public spontaneous art in São Paulo, Brazil, influencing the rest of the world with their sweet figurative dreaming realm of the imaginary.
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Sam3 CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
Um grande e enérgico viajante nascido em Murcia, Espanha, que está em constante deslocação, precisando somente de uma trincha e um pouco de tinta preta para alimentar o seu ímpeto. É, antes de mais, um sonhador, e em seguida um poeta. Mas não escreve palavras, apenas cria enormes sombras, retiradas dos seus sonhos e aplicadas em paredes de grandes dimensões por esse mundo fora. An extensive and intensive traveller born in Murcia, Spain, who’s constantly touring, needing only a brush and some black paint to fuel his drive. He’s first of all a dreamer, then a poet. He writes no words though, he just creates massive shadows, taken from his dreams and transferred onto huge walls around the world.
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Blu CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
O mais prolífico dos artistas italianos que, junto com Erica il Cane, elevou a fasquia da produção de murais em grande escala. Dêem-lhe uma trincha e um extensor telescópico e em pouco tempo cobre um prédio de dois andares. Político, irónico, radical, divertido, mórbido e, pela primeira e única vez que o iremos admitir por escrito, um génio. The most prolific of Italian artists who, together with Erica il Cane, raised the bar of DIY large-scale murals. Give him a brush and an extension pole and he’ll cover a two-story building in no time. Political, ironic, radical, funny, morbid and, for the first and only time we’ll ever admit it in writing, a genius.
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ARM collective CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
A dupla portuguesa Ram e Mar é conhecida colectivamente como ARM, e conseguiram juntar aquilo que parecia uma impossível combinação de estilos: a energia visual altamente abstracta e explosiva de Ram e o imaginativo panteão de complexas e estranhas personagens e criaturas de Mar. O resultado é um imaginário complexo, electrizante e pleno de emoção. Portuguese duo Ram and Mar are collectively known as ARM and have brought together what seemed like an impossible combination of styles: Ram’s highly abstract and explosive visual energy and Mar’s imaginative pantheon of intricate and weird characters and creatures. The result is a complex, electrifying and moving realm of enchantment.
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Erica il Cane CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
Desenhar animais tem feito parte de Erica il Cane desde os seus cinco anos. Esta prática transformou-se em 25 anos de fábulas de uma só página. Cada desenho expressa uma história, e ele consegue fazer a transição entre a mais pequena página de um Moleskine para a maior das paredes sem perder aquela intimidade e sensibilidade que o tornaram conhecidos no mundo inteiro. Drawing animals has been a part of Erica il Cane since the age of five. This has turned into 25 years of one page fairy tales. Each drawing conveys a story, and he can make the transition from the smallest Moleskine page to the biggest wall without losing that intimacy and sensitivity he’s become world-famous for.
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Lucy Mclauchlan CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
Cansada de ser ilustradora, Lucy apenas queria rabiscar e esboçar em qualquer superfície que lhe fosse dada. É muito possível que ela nem se aperceba quando passa do papel para a cerâmica, da madeira para o tijolo, tudo o que sempre quis fazer foi desenhar e pintar. Bored with being an illustrator, Lucy just wanted to doodle and sketch on whatever surface was offered. It’s very possible that she doesn’t even realise when she goes from paper to ceramics, from wood to bricks, all she’s ever wanted to do is to draw and paint.
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Brad Downey CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
Brad Downey nasceu nos EUA e mudou-se para Berlim, Alemanha, quando se cansou de brincar nos States. Provavelmente disseram-lhe que as cidades europeias tinham mobiliário urbano diferente e ele não viu a hora de ir interferir com eles. É isso que tem feito nos últimos 15 anos. Algumas das suas peças até podem passar despercebidas quando se passa por elas. Outras fazem-nos fitar durante horas enquanto nos questionamos quem as terá feito e porquê. Brad Downey was born in the US and moved to Berlin, Germany, when he became bored with playing in the States. He was probably told that European cities had different urban furniture and he just couldn’t wait to go and mess with them. That’s what he’s been doing for the past 15 years. Some of his pieces can even go unnoticed as you walk past them. Others will have you staring at them for hours asking yourself who made them and why.
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Momo CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
Se falar-se de “pós graffiti” fizer alguma vez sentido, será olhando para o que Momo tem andado a fazer pelo globo fora enquanto o resto do mundo ainda estava a brincar com letras, personagens e grandes pinturas figurativas. Parece viver imerso no seu próprio imaginário, habitado por formas obsessivamente recorrentes e combinações de cor. A sua ambição é fazer o que gosta, e os resultados diferem daqueles de qualquer outra pessoa. If talking about “post graffiti” will ever make any sense, it’ll be by looking at what Momo has been doing around the world while everyone else was still playing with letters, characters and large figurative paintings. He seems to live within his very own realm of the imaginary, populated with obsessively recurring shapes and colour combinations. His ambition is to do what he likes, and the results are different from those of anyone else.
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Vhils CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
Esta é a primeira descrição de Alexandre Farto que não irá mencionar a sua idade. Já não é assim tão novo. O que é surpreendente porém, é que ele ainda consegue deixar toda a gente de boca aberta com as suas inovações e reinterpretação do panorama da arte urbana. É um pioneiro, um pedreiro da arte nas paredes. Não precisa de adicionar nada, sabe que a arte está em todo o lado, basta remover o que a esconde e todos serão capazes de a visualizar. This is the first description of Alexandre Farto where his age will not be mentioned. He’s not all that young anymore. What’s surprising though, is that he still manages to amaze everyone with his innovations and reinterpretation of the urban art scenario, a pioneer, a bricklayer of art on the walls. He doesn’t need to add anything, he knows art is everywhere, just get rid of what’s hiding it and you’ll all be able to see it.
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Boris Hoppek CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
Boris Hoppek nasceu na Alemanha, mudou-se para Barcelona, Espanha, há muitos anos atrás e ainda não teve tempo para aprender espanhol. É vítima da sua própria criatividade. Tudo aquilo que vai parar às suas mãos é transformado numa ferramenta para criar arte estúpida, linda, horrível, inteligente, racista, sexual, pop, intelectual, seja o que for. É impossível travá-lo e impossível de deixar de olhar para ele. Boris Hoppek was born in Germany, moved to Barcelona, Spain, several years ago and still hasn’t had time to learn Spanish. He’s a victim of his own creativity. Whatever falls into his hands, is turned into a tool to create stupid, beautiful, horrible, smart, racist, sexual, pop, intellectual, whatever art. He’s impossible to stop and impossible to stop watching.
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Akay CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
Um vândalo é alguém que não se preocupa com leis e instituições. Um vândalo não sente qualquer tipo de pressão ao fazer algo que os outros vêem como sendo “errado”. Um bom vândalo é aquele que consegue mostrar-nos a todos que, uma vez terminado seja o que for que tenha feito, não era afinal assim tão errado. Foi-nos dito que era errado e a maioria não se deu ao trabalho em questioná-lo. E, no entanto, pode até ficar visualmente brilhante e gerar grande satisfação. Akay é king neste jogo. A vandal is someone who doesn’t care about laws and institutions. A vandal doesn’t feel any kind of pressure doing something that everyone else would consider “wrong”. A good vandal is the one that can show all of us, after he’s finished, that whatever he’s done was not that wrong after all. We were told it was wrong and most of us didn’t bother questioning ourselves about it. Yet it can even look great and feel right. Akay is king in this game.
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Livro Crono Lisboa Texto / text Miguel Moore Design / Luis Cruz Fotografia / photo Leonor Viegas Luis Colaรงo Lara Seixo Rodrigues Adriรฃo Resende Alexander Silva CRONO LISBOA PORTUGAL 2010-2011
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Crono Lisboa Iniciativa de / initiative of ACA (Azáfama Citadina - Associação) Fundadores / founders Alexandre Farto aka Vhils (artista plástico / artist) Angelo Milano (criador / creator: FAME Festival) Pedro Soares Neves (designer urbano / urban designer) Produção / production Leonor Viegas Apoio na produção / production support Alexander Silva Comunicação / communication Namalimba Coelho Agradecimentos / thanks Gonçalo Mar, João Vidinha, Quê?, Ivan, Hium, 3d, Nomen, Slap, Risco, Cola, Coyo, Pariz, Kreyz, Glam, Maria Imaginário, Sen, Dibe, Caos, f+nzp, Luis Colaço, Lara Seixo Rodrigues, Adrião Resende, Alexander Silva.
Câmara Municipal de Lisboa Parceria / partnership Departamento de Património Cultural | Galeria de Arte Urbana Jorge Ramos de Carvalho Sílvia Câmara Inês Machado Apoio / support Direção Municipal de Ambiente Urbano Grupo de Trabalho do Eixo Central e Avenida Almirante Reis
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