Jornal Entrementes - junho 2013

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Edição especial

Jornal da Unifesp - junho 2013

80 anos de conquistas Primeira sede da EPM, na Rua Coronel Oscar Porto, n.o 54 (1933-1936)


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Fundador da EPM, Octávio de Carvalho Aula no Laboratório de Anatomia (1934) 3 Enfermaria Clínica Propedêutica (1937) 1 2

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Centro Acadêmico Pereira Barretto, inaugurado em 25 de julho de 1933 5 Equipe de remo da EPM 4

EPM combina tecnologia e humanismo Daniel Patini É difícil imaginar que, durante o período de 1912 a 1933, os paulistas que quisessem seguir a carreira médica tivessem somente uma opção em seu território: a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (FMCSP), que em 1924 passaria a chamar-se Faculdade de Medicina de São Paulo (FMSP). E havia outro problema: a FMSP oferecia somente 70 vagas a cada vestibular. Cientes do potencial do Estado para acolher uma segunda escola de Medicina e considerando que muitos estudantes mudavam-se para outras regiões em busca do ensino superior, um grupo de 33 professores, liderado por Octávio de Carvalho, e mais 119 candidatos excedentes no vestibular da FMSP, iniciaram em março de 1933 encontros para discutir o assunto. Como resultado dessas discussões, em 1º de junho de 1933, foi oficialmente criada a Escola Paulista de Medicina (EPM), com a publicação do manifesto de sua fundação nos principais jornais da época. Em 26 de junho de 1933, a EPM foi registrada em cartório como sociedade civil sem fins lucrativos. Em razão de seu caráter privado, a Escola foi mantida mediante o pagamento de mensalidades pelos Edição especial - junho 2013

estudantes e por contribuições dos próprios professores, que também lecionavam gratuitamente. Devido às dificuldades financeiras que ameaçavam a qualidade do ensino, iniciou-se o movimento pela federalização da EPM, concretizada no início de 1956.

Início das atividades As aulas da primeira turma começaram em 15 de julho de 1933, com 83 estudantes matriculados no curso. A primeira sede da EPM ficava na Rua Coronel Oscar Porto, n.º 54, no bairro do Paraíso. A segunda sede, definitiva, localizada na Rua Botucatu, na Vila Clementino, foi inaugurada em setembro de 1936. Nesse mesmo ano, já estavam matriculados 301 estudantes, muitos deles transferidos de outras faculdades de Medicina do País e até mesmo do exterior. Era o começo de uma vitoriosa história que completa oito décadas neste ano. Como reforça o atual diretor da EPM, professor Antonio Carlos Lopes, “epemista” formado em 1970, os fundadores da Escola lançaram raízes de um ensino de alto nível. “Desde então estamos honrando esse legado, com o aprimoramento em função do avanço no conhecimento. Somos uma das principais escolas médicas do País”. Para o diretor, a Escola proporciona ao aluno um grande diferencial: a

valorização da relação médico-paciente e do humanismo na prática médica. Passo importante para a sua expansão, a EPM também saiu na frente na conquista de um hospital que pudesse preparar os futuros médicos. Em 30 de setembro de 1936, ocorreu o lançamento da pedra fundamental do Hospital São Paulo (HSP), primeiro hospital-escola do País, cuja construção era um compromisso dos idealizadores da EPM. “Os fundadores da Escola tiveram a visão de que não se podia ter uma faculdade de Medicina, sem o apoio de um hospital”, lembra o atual diretor. O pavilhão Maria Thereza de Azevedo, inaugurado em 19 de junho de 1937, passou a abrigar o primeiro serviço de assistência médica da EPM, que seria o embrião do futuro HSP. O prédio possuía três andares e 80 leitos, e sua construção foi decisiva para o reconhecimento oficial da Escola em 31 de maio de 1938, por meio de um decreto do governo federal. Em 1939, foi fundada a Escola Paulista de Enfermagem, que profissionalizou o serviço assistencial da EPM. Outro marco histórico da EPM foi a criação da residência médica em 1957, pioneira na esfera federal. Hoje, como lembra o professor Antonio Carlos Lopes, “a Escola possui uma das maiores residências médicas


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Formatura da primeira turma, realizada no Teatro Municipal de São Paulo (1938) 7 Primeira sede da Biblioteca Regional de Medicina (Bireme), melhor centro de referência médica da América Latina 6

do País. No que diz respeito às áreas oferecidas, abrange todas as especialidades médicas”. Atualmente a EPM possui 95 programas de residência com 1.224 vagas.

Comprometimento e crescimento Em suas atividades, a EPM sempre reforçou seu compromisso social. No ano de 1965, nasceu o Projeto Xingu, programa de extensão pioneiro, implantado no Parque Indígena do Xingu, localizado ao norte do Estado de Mato Grosso. Por meio dele, são enviados médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde para a região, os quais garantem atendimento médico aos índios, além de capacitá-los como agentes de saúde. “É muito gratificante saber que hoje temos indígenas em universidades, graças a esse projeto”, comemora o professor. Assim, são quase 50 anos de assistência integrada e de envolvimento com comunidades em regiões menos favorecidas. A partir da década de 1960, novos cursos foram instituídos na EPM: Ciências Biológicas - Modalidade Médica, em 1966, para a formação de pesquisadores e docentes nas áreas básicas da Medicina; curso de Fonoaudiologia, em 1968; e o curso de Ortóptica, em 1970, depois transformado em Tecnologia Oftálmica, ao qual se agregaram novas especialidades, atualmente denominadas Tecnologias em Saúde. Em 1969, a EPM é autorizada a oferecer cursos de pós-graduação. Em 1971, ano da institucionalização

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Caravana médica do Projeto Xingu (1965) Pesquisas da EPM são destaque na imprensa

da pós-graduação, foram defendidas duas teses de doutorado e uma dissertação de mestrado. Atualmente, a EPM possui 35 programas que contemplam o doutorado e os mestrados acadêmico e profissional. O programa de pós-graduação da Escola é um dos mais importantes no cenário nacional, possibilitando a construção e a divulgação do conhecimento e a formação de professores para as escolas de Medicina do Brasil. “A pós-graduação e, consequentemente, a pesquisa fazem com que a EPM se iguale às principais universidades internacionais, devido à sua grande produção científica e à sua relevância, com representatividade mundial”, ressalta.

Presente e futuro “Hoje, nossa Escola figura entre as mais importantes do País no ensino, pesquisa e extensão, inclusive com reconhecimento internacional”, não hesita em dizer o professor Antonio Carlos Lopes. Mesmo com a imagem consolidada, a EPM está em constante crescimento. Porém, o avanço da tecnologia não substitui a relação entre o corpo médico e o paciente. “O desenvolvimento tecnológico é extremamente importante, mas não substituímos a mão do médico pela tecnologia. Ensinamos os alunos a tocar o paciente, pois isso garante um relacionamento que máquina alguma é capaz de exercer”, reconhece. Espelhando-se no Projeto Xingu, a EPM realiza

uma parceria com a Marinha, para oferecer assistência às famílias ribeirinhas da Amazônia, por meio de um programa multiprofissional. Estudantes e residentes deslocam-se para essas regiões, a fim de cuidar da saúde daquelas populações, e os pós-graduandos já estão se programando para realizar pesquisas locais. O projeto integrará o Programa de Saúde da Família Fluvial. “Com esse trabalho será possível estudar as deficiências nutricionais daquelas pessoas e fazer a prevenção dos cânceres de mama e de próstata, por exemplo”, explica o diretor. Outras novidades são as parcerias com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), para inovação tecnológica, e com o Hospital de Câncer de Barretos, para intercâmbio de profissionais. Também foram criados o Centro de Bioética e o de Oncologia. As próximas etapas serão a instalação do setor de Perícia Médica em Medicina Legal e a atualização do currículo médico, para atender às características modernas da Medicina. Com uma tradição marcada por profissionais que contribuíram para que a história da Medicina do País se desenvolvesse com excelência, o ideal para o diretor da EPM é que esse empenho seja passado de geração a geração. “Se dermos oportunidades aos novos talentos, com atenção voltada para a inovação nas áreas de ensino, pesquisa e assistência, nós construiremos nos próximos anos uma escola muito mais forte”. Edição especial - junho 2013


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Transformação em universidade

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Décadas antes de a EPM integrar a Unifesp, da forma como a conhecemos hoje, foram várias as tentativas de transformá-la em universidade. Entre 1961 e 1964, a Escola foi incorporada à Universidade Federal de São Paulo (UFSP), entidade que reuniu temporariamente outras instituições de ensino superior do Estado. Essa iniciativa, entretanto, não prosperou. Durante meados da década de 1970, um projeto de lei transformaria a EPM na Universidade de Ciências Biológicas e da Saúde, porém a proposta foi arquivada. Em 1978, o Ministério da Educação e Cultura sugeriu a incorporação da Escola à Universidade Federal de São Carlos, o que foi rejeitado pela Congregação. Novas tentativas foram realizadas em 1979 e 1986, também sem sucesso. Somente em 15 de dezembro de 1994 foi aprovada a criação da Universidade Federal de São Paulo pela Lei nº 8.957, que incorporou a Escola e seus respectivos cursos, tornando-se a primeira universidade especializada na área da saúde. Com a aprovação do novo Estatuto, em 2011, a EPM readquiriu sua identidade como Unidade Universitária do Campus São Paulo.

Expediente O jornal Entrementes é uma publicação da Universidade Federal de São Paulo, voltada ao corpo docente, servidores técnico-administrativos e alunos da instituição. Universidade Federal de São Paulo Reitora: Soraya Soubhi Smaili Vice-Reitora: Valeria Petri Pró-Reitora de Administração: Janine Schirmer Pró-Reitora de Assuntos Estudantis: Andrea Rabinovici Pró-Reitora de Extensão: Florianita Coelho Braga Campos Pró-Reitora de Graduação: Maria Angélica Pedra Minhoto Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa: Maria Lucia Formigoni Pró-Reitor de Planejamento: Esper Abrão Cavalheiro Jornal Entrementes - Edição especial - junho/ 2013 Publicação da Unifesp Departamento de Comunicação Institucional Diretor: José Arbex Jr. Jornalista responsável/Editor: José Arbex Jr. (MTB 14.779/SP) Equipe de jornalismo: Ana Cristina Cocolo, Daniel Patini, Erika Sena, José Luiz Guerra, Juliana Narimatsu, Pedro Orlandi, Renato Conte e Sílvia Simões. Fotografias: Acervo CeHFi/Unifesp, Alline Tosha, José Luiz Guerra e Vitor Salgado. Projeto gráfico/Diagramação: Ângela Cardoso Braga Edição de imagem: Reinaldo Gimenez Revisão: Celina Maria Brunieri Assessoria de Imprensa: CDN Comunicação Corporativa Tiragem: 6 mil exemplares

Redação e Administração Rua Sena Madureira, 1.500 – Vila Clementino – CEP: 04021-001 São Paulo – SP – Tel.: (11) 3385-4116 imprensa@unifesp.br www.unifesp.br

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Edifício de Pesquisas II Laboratório de Histologia 3 Aula para os calouros do curso de Medicina 4 Sede definitiva da EPM, a partir de 1936 5 Laboratório do Departamento de Oftalmologia 1 2

Pesquisa: 1933-2003 - A Universidade da Saúde: Escola Paulista de Medicina 70 Anos. São Paulo, 2003.

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