REVISTA
Uma publicação da Universidade do Vale do Sapucaí
ra a p a h l o A bataar um sonh realizbular ti o Do ves rofissã p a d rcício ao exe
s e d a d l Facu edicina s de M riência
expe s a m u ucesso s Alg e d e lidade a u q e d
la o c s E tal ência i p s o u H e infl a i c n â t ional s s Impor fi o r ação p m r o f na
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APRESENTAÇÃO
Esta revista aborda questões relativas ao
na frente, incrementando formas de
Nossa Revista fala com ambos, estu-
universo daqueles que se preparam para
ensino e de aprendizado. Instituições
dantes e médicos. Não por acaso a pa-
mudanças profundas em suas vidas.
assim elaboram cursos cada vez me-
lavra futuro está no título. Falamos com
De uma forma geral, o estudante é al-
lhores, sendo, por isso, cada vez mais
estudantes de hoje pensando nos médi-
guém que, embora tenha os pés no
procuradas. E quanto maior a procura ...
cos de amanhã.
chão e manifeste consciência de suas
Mas há ainda outro motivo que explica
responsabilidades – programação de
a dificuldade enfrentada por candida-
estudos, provas a realizar, tarefas a exe-
tos a médicos: trata-se de uma carreira
cutar, exercícios, fórmulas etc. –, man-
promissora e interessante. Ela exige co-
tém o olhar fixo no amanhã, destino de
nhecimento tecnológico cada vez mais
seus sonhos e projetos. Isso é particu-
apurado, para que o profissional esteja
larmente verdadeiro para aqueles que
familiarizado com novos instrumentos
se preparam para se submeter a provas
de análise e verificação de resultados e
Presidente:
e testes concorridos.
com procedimentos de cura de última
Sinval Caputo
Os candidatos à carreira da Medicina
geração. Por outro lado, não é possível
sabem muito bem disso ...
esquecer-se de que há muito de profun-
Se você é um deles, responda: já parou
damente humano no ramo da Medicina.
Benedito Afonso Pinto Junho
para pensar por que é que dá tanto tra-
Essa é a grande batalha do médico atu-
Conselheira:
balho entrar em um bom curso de Me-
al: modernizar-se sem perder a ligação
dicina? A resposta é simples: porque se
com o paciente. Trata-se de um desafio
trata de um curso concorrido, no qual o
diário. E é exatamente o esforço para
número de candidatos supera o de va-
vencê-lo que atrai tanta gente para a
gas disponíveis. Mas a questão é mais
área médica.
ampla: por que o número de candidatos
A Medicina é uma carreira difícil e pra-
cresce cada vez mais? Por que existem
zerosa: o médico enfrenta dificuldades
cada vez mais pretendentes a essa car-
cotidianas no exercício de sua profissão,
reira tão sacrificada?
mas experimenta momentos de grande
Uma das razões, sem dúvida, diz respei-
prazer, quando consegue salvar uma
to à qualificação crescente de cursos de
vida. Vida de estudante não é muito di-
Medicina – pelo menos daqueles que
ferente disso: enfrenta-se muita dificul-
Prof. Dr. Félix Carlos Ocáriz Bazzano
merecem essa denominação. As boas
dade para aprender, mas vive-se todos
Diretores Acadêmicos:
faculdades sabem que preparam pro-
os dias o prazer de novas descobertas.
fissionais para lidar com vidas humanas,
Por isso, talvez se possa dizer que todo
razão pela qual buscam estar sempre
estudante tem alguma coisa de médico.
Vice-Presidente:
Isabel Cristina Pereira do Amaral Conselheiros: Dirceu Xavier da Costa José de Oliveira Caproni Rosa Maria do Nascimento
Universidade do Vale do Sapucaí Reitor:
Prof. Dr. Benedito Afonso Pinto Junho Profa. Dra. Jussara Vono Toniolo
Revista Futuro Médico
Coordenador do Curso de Medicina:
Editor-chefe: Fernando Marcílio Lopes Couto. Reportagens: Izabella Campos
Prof. Dr. Antonio Carlos Aguiar Brandão
Ocáriz (Mtb 15.875), Leidiana Palma (Mtb 54.207), Juliana Miranda (Mtb 34.354), Lucas da Silveira (Mtb 09196). Fotos: Equipe de reportagem/ASCOM/FUVS. Diagramação: Ricardo Bordoni. Criação e coordenação:
Hospital das Clínicas Samuel Libânio Diretor Técnico: Dr. Flávio Galvão Lima
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Sumário ro u t u f o a pel erior
lh a sup t o a s r b u c 1. A r ao a
A
heg c a r a luta p
ho tada n i m a do c enfren
o ç ser e a a m i c o 2. O cna: a concorrên ão i ç a m Medic r fo a as o d i b c e a h ca d isam ser con s u b 3. Emivas que prec a d i Iniciat d e suc m e b a i c n ê i per re x e a 4. Umna Pouso Aleg s i e v í i c c i ue mico Med q s e n i s a i cadê a c e n d ê A vida 5. Viv ro u t u f m, o ão
6. Enfiafios da profiss s
Os de
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José Eduardo Dolci se encaixa na história de dezenas de estudantes que saem de suas cidades para fazer Medicina em outra região. De Taquaritinga, Interior de São Paulo, mudou-se para a Capital Paulista, após passar na Faculdade Santa Casa. Escolheu Medicina ao ver a capacidade que os médicos da sua cidade tinham para tratar pessoas, em uma época em que não havia tecnologia para ajudar nos diagnósticos. “Ficava fascinado”. Com 34 anos de profissão, foi um dos pioneiros em cirurgia plástica facial na área de otorrinolaringologia no Brasil. Já foi presidente da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia e, hoje, atua em seu próprio consultório e é diretor do curso de Medicina da faculdade na qual se formou, onde também já foi professor. A trajetória profissional foi trilhada com determinação e amor, e o resultado da paixão que tem pela carreira é ter dois filhos médicos, atuando na mesma área. “Se tive influência na escolha deles foi dando bom exemplo e mostrando como sou feliz no que faço”, conta. O médico vê prós e contras na opção dos filhos pela Medicina. “É tudo mais fácil, pois ajuda a abrir portas. Sou reconhecido e isso acaba contando para eles. Por outro lado, a responsabilidade é maior. Fui professor deles, então, não pode haver erros. ‘São filhos do chefe’”, diz. O doutor Dolci não esconde a satisfação de, hoje, atuar junto com os filhos e ver que, embora tenha tido participação no início, estão construindo suas próprias carreiras e se tornando médicos excelentes. “Tem paciente meu que diz que só vai se tratar com meu filho a partir de agora. Dá muito orgulho”. Gostar do que faz e trabalhar em família, para ele, não tem preço. “Família é tudo. Ali, encontramos a acolhida em momentos ruins e a partilha de momentos bons. Amo a Medicina, mas entre ela e meus filhos e minha esposa, fico com eles”. Ele ressalta que é fundamental conciliar vida pessoal e profissional. “Assim, é possível ser bem-sucedido” – essa é a dica que dá para quem deseja seguir carreira. “E não desistir nunca. Obstáculos surgem, mas é possível vencê-los e ser feliz”, finaliza.
Dr. José Dolci, um dos pioneiros em cirurgia plástica facial na área de otorrinolaringologia no Brasil
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VESTIBULAR
A batalha pelo futuro A luta para chegar ao curso superior
A estrada da formação educacional é longa e repleta de obstáculos. Para estudantes que se preparam para enfrentar desafios ainda maiores, há muito com o que se preocupar. Veja alguns exemplos: • Vestibular, o primeiro passo • Enem/Sisu • ProUni: instrumento de democratização • Estudo e saúde: um casamento bem-sucedido • Planejamento de estudos: um passo de cada vez • A importância da redação • As leituras obrigatórias para os vestibulares • A escolha da profissão • Como escolher a universidade certa
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Por Fernando Marcílio
A batalha pelo futuro A luta para chegar ao curso superior
Vestibular, o primeiro passo Embora seja parte do processo educacional, os exames vestibulares ainda trazem muita dor de cabeça aos estudantes que passam por ele.
Estudantes, de uma forma geral, odeiam o vestibular. Mais dia, menos dia, acabam por questionar as razões da existência desse exame de seleção. Mesmo que se submetam às suas regras e se conformem com a necessidade de realizá-lo, a verdade é que acabam por reagir às dificuldades naturais da empreitada com certo grau de revolta contra a prova. Explicar o vestibular não é muito complicado. Quando chegam na idade de decidir seu próprio destino, os estudantes começam a avaliar as alternativas que têm à sua frente. O primeiro passo para qualquer carreira bem-sucedida, seja em que área for, passa – eles logo descobrem – pela formação adequada. Em seguida, percebem – com um certo horror e surpresa – que muitos pensam a mesma coisa e fazem escolhas muito parecidas ... As melhores universidades brasileiras não oferecem vagas para todos os que desejam ingressar ali. Logo, aqueles que pleiteiam uma vaga devem se submeter a um exame de seleção
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que, em princípio, escolherá os que a instituição de ensino julga mais capazes para desenvolver os estudos no lugar. Trata-se de uma simples operação matemática: muitos querem, mas as vagas são poucas. Mas se o vestibular é realmente simples de entender, por que ele perturba tanto os estudantes que se preparam para enfrentá-lo? Quais as razões das tensões e das dores de cabeça ininterruptas que esse período acarreta para a vida e a saúde de cada um? Ocorre que o vestibular parece totalmente deslocado da vida do aluno. A impressão que os estudos deixam na mente e no espírito é a de que nada do que se estuda ali é necessário para a vida profissional – que é, afinal, o ponto de chegada, a inspiração, o motivo para se passar por tamanho sofrimento. Muitas das contas, das fórmulas, dos conceitos aprendidos durante a preparação para os exames vestibulares jamais serão usados! Essa constatação pode ser, de fato, desesperadora.
Mas a verdade é que o vestibular não está assim tão distante da própria vida do estudante. Para entender isso, comecemos por perguntar: quem entra nas melhores universidades? Quem consegue atingir as metas que estabelece? A resposta parece muito simples: os mais estudiosos. Não necessariamente ... Claro que, em princípio, os mais habilitados serão vitoriosos nos exames. Mas é preciso levar em conta, por exemplo, as condições psicológicas desses mais habilitados, durante a realização das provas. Não é um detalhe, como se sabe; essa circunstância pode mudar muita coisa. O fato é que as vagas das universidades mais concorridas são daqueles que conseguem superar os próprios limites. Não que se coloque o estudo em segundo plano – muito pelo contrário. A capacidade de diminuir certas deficiências nesta ou naquela área do conhecimento, o que só se consegue com muita leitura e reflexão – isto é, estudo – é parte dessa superação. Simplesmente
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não gostar de estudar determinado assunto é um limite. Quem superá-lo, sai na frente. Há ainda os limites do cansaço. Muitos se rendem a ele, não conseguem resistir ao sono, uma visita incômoda que aparece nas horas menos convenientes. Quem souber dosar o ritmo, para intercalar horas de estudo com momentos de descanso, segue o caminho correto. Existem muitos outros limites, inumeráveis. Os limites da capacidade de organização; os limites de conseguir deixar de lado a balada por um tempo; limites físicos, psicológicos, intelectuais etc. Os que conseguem vencê-los são os mais sérios candidatos às vagas mais concorridas. Por mais dolorida que seja essa verdade, ela é o que é: uma verdade. É bom repetir: o papel do estudo nesse processo todo é essencial. É a dedicação a tarefas e exercícios que dá confiança e determinação ao candidato. Cada passo difícil que é finalmente executado é uma lição importante: aprende-se que é possível aprender ... A fórmula para chegar a isso, como tantas outras, precisa ser deduzida da experiência: concentração, foco, atenção. O estudo é o grande aliado do candidato: ele mostra que é possível superar limites antigos, arraigados, enraizados.
Talvez essa seja a melhor maneira de fazer um estudante entender o exame vestibular. O sucesso nas provas vem depois da superação desses limites. Muitas vezes, esta é a primeira vitória de uma vida. Por isso, serve de aprendizado. A preparação, como o próprio exame, é parte desse aprendizado. Não se fixa apenas o conteúdo, mas as formas de absorvê-lo e organizá-lo mentalmente. Essa é a lição mais poderosa do vestibular, porque ficará (e servirá) para sempre.
As vagas das universidades mais concorridas são daqueles que conseguem superar os próprios limites. É só reparar: quem passa por um período de preparação para provas concorridas não esquece nunca mais. Não apenas das salas, dos professores, das aulas dinâmicas; não apenas dos colegas, com quem se aprende a repartir derrotas e vitórias cotidianas; acima de tudo, a lição de superação não é esquecida. Vestibular é teste de paciência, também. Cada conquista, cada questão
certa deve ser construída com calma, gradativamente. Quem quer chegar muito depressa ao conhecimento de alguma coisa, logo desiste, porque percebe que não se chega a esse ponto sem esforço e muito, muito trabalho. Por isso, o ano de um vestibulando é (e deve ser, tem que ser) lento. Encará-lo como um desafio é muito produtivo. Se possível, sem o nervosismo da competição, da concorrência. Trata-se de um desafio pessoal: estender aos poucos as próprias fronteiras, alargando devagar o campo de conhecimento e abrindo cada vez mais amplamente os leques do futuro. Futuro, sim. Porque, afinal de contas, um exame vestibular é apenas o primeiro de uma série infindável de provas a que todos se submetem, ao longo da vida. São questões que exigem respostas nem sempre escritas, ou que apresentam alternativas para escolhas, mas situações em que se é colocado à prova, ocasiões em que se precisa mostrar conhecimento, saber, domínio, controle, capacidade de reagir a estímulos, de responder a circunstâncias imediatas – e são precisamente essas as metas de um exame vestibular. Portanto: preparar-se para o vestibular nada mais é do que preparar-se para o futuro.
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Por Juliana Miranda
A batalha pelo futuro A luta para chegar ao curso superior
Adilson Garcia, diretor do Colégio Vértice, considerado o melhor de São Paulo e o terceiro melhor do País no Enem 2010
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda recebe críticas, sobretudo por problemas em sua logística. No entanto, é inquestionável que os estudantes devam não só se dispor a fazer a prova, como se preparar para obter um bom desempenho. Desde 2009, o Enem seleciona candidatos para universidades públicas, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Algumas instituições usam o exame como sua primeira fase ou como forma de somar pontos na nota final. Tem sido critério, ainda, para programas de bolsas de estudos no Brasil (Prouni), graduação e pós-graduação no Exterior (Ciências sem Fronteiras) e para obtenção de financiamento estudantil (Fies). Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostram que mais de 15% dos candidatos entraram em universidades por meio do Enem, em 2010. Nas federais, 31% dos aprovados utilizaram as notas do exame. “É possível afirmar que ninguém mais pode deixar de fazer a prova”, diz Adilson Garcia, diretor do Colégio Vértice, que obteve o primeiro lugar em São Paulo e o terceiro no ranking geral do Enem, em 2010. Existe a expectativa de que o acesso à universidade seja democratizado e que mais jovens tenham acesso ao ensino superior. Para Garcia, embora esse aspecto seja positivo, o Enem ainda não é o formato ideal para substituir os grandes vestibulares. “Consideramos
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Enem/Sisu
Milhares de estudantes são motivados a fazer a prova, tendo em vista o ingresso em universidades públicas e para conseguir bolsas de estudo. uma prova interessante e incentivamos a participação, mas não tem o nível de complexidade dos processos mais concorridos, como Fuvest”, diz. Por outro lado, Adilson Garcia afirma que o Enem tem algo em comum com os grandes vestibulares: não exige “decorebas”. “Pede raciocínio lógico, capacidade de análise e compreensão de textos, leitura de gráficos e infográficos,
“O Enem pede raciocínio lógico, capacidade de análise e compreensão de textos, leitura de gráficos e infográficos, habilidade para relacionar temas e conhecimentos de atualidades.” [Adilson Garcia] habilidade para relacionar temas, e conhecimento de atualidades”, explica. No Colégio Vértice, são aplicados 25 simulados durante o ano, que ajudam o aluno a se acostumar com processos que avaliam as disciplinas do ensino médio e as competências definidas pelo Enem. “Eles também podem treinar o condicionamento físico, para aguentar o tempo exaustivo de prova, e o emocional, para lidar com o ambiente e sua própria ansiedade”, acrescenta. Quanto mais cedo o estudante desenvolver essas habilidades, melhor se sairá no Enem e no vestibular. “Durante toda a educação básica, o aluno deve
ser incentivado a pensar, pois isso será cobrado no processo de seleção, na própria faculdade e também no mercado de trabalho”. Para Garcia, aplicar uma prova para cerca de 6 milhões de pessoas – a expectativa deste ano - não é uma tarefa simples; por isso, acredita que haverá progresso na logística nas próximas edições. “Quanto ao conteúdo, seria significativo ter dois modelos de prova: um que vise a universidade e outro, o ensino médico”, opina. O Enem será realizado nos dias 3 e 4 de novembro. São quatro provas objetivas, cada uma com 45 questões de múltipla escolha e uma redação (veja ao lado).
Áreas de conhecimento do Enem Ciências humanas e suas tecnologias:
História, Geografia, Filosofia e Sociologia
Ciências da natureza e suas tecnologias:
Química, Física e Biologia
Linguagens, códigos e suas tecnologias e redação
Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol), Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação
Matemática e suas tecnologias:
Matemática
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Por Juliana Miranda
ProUni: instrumento de democratização O programa permite o acesso ao ensino superior sem custo, estendendo uma formação qualificada a todos os que buscam por ela. Terminar o Ensino Médio e se inscrever em um curso superior é algo muito mais viável hoje do que há sete anos. Uma mudança significativa deu mais acesso à faculdade para um número maior de estudantes, principalmente aos egressos do ensino público. O Programa Universidade para Todos (ProUni) foi criado pela Lei nº 11.096/2005, com a finalidade de conceder bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. As instituições de ensino que aderem ao programa recebem isenção de tributos, razão pela qual grande parte delas participa, de norte a sul do País. Trata-se de uma via de mão dupla: essas instituições são beneficiadas e, em contrapartida, abrem espaço para receber alunos que têm os estudos custeados por uma bolsa parcial ou total. Os cursos de Medicina não ficam de
fora. No primeiro semestre de 2012, 86 instituições de ensino inscritas ofereceram 758 vagas para a carreira. “O ProUni, sem dúvida, é um programa que atende alunos com capacidade, pouca renda, mas grande disposição para os estudos. É algo que ampliou o acesso ao ensino superior e mudou a realidade brasileira. As vagas variam a cada semestre, mas os cursos mais procurados hoje pelos jovens, entre eles Medicina, sempre são contemplados”, explica Alberto Francisco do Nascimento, coordenador do vestibular do Sistema Anglo de Ensino na cidade de São Paulo. Para concorrer às bolsas integrais, o candidato deve ter renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio. Para as bolsas parciais (50%), a renda familiar deve ser de até três salários mínimos por pessoa. O ProUni já ofereceu mais de um milhão de bolsas de estudos em cursos de graduação e sequenciais de formação específica. Ao inscrever-se, o estudante pode fazer
até duas opções de curso e de instituição. Para se cadastrar no ProUni é preciso ter feito a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ter obtido no mínimo 400 pontos na média das cinco notas (Ciências da natureza e suas tecnologias; Ciências humanas e suas tecnologias; Linguagens, códigos e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias e Redação). É preciso, ainda, ter obtido nota superior a zero na redação. O candidato deve ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou, em caso de tê-lo feito em escola particular, na condição de bolsista integral.
dade”, diz Jorge Messias, secretário de regulação do ensino superior do MEC. A previsão é de que essas novas regras entrem em vigor já no próximo ano. “A mudança não significa flexibilização do Prouni, mas uma necessidade de ajus-
te. O programa tem uma legislação de 2005, que refletiu a realidade socioeconômica da época; em sete anos, muita coisa mudou e a renda da família brasileira, com a flexibilização econômica, também aumentou”, conclui Messias.
O plano é flexibilizar ainda mais as regras do ProUni, para favorecer o ingresso de um número maior de postulantes ao ensino superior
Previsão de mudança Para mais estudantes terem acesso ao programa, o Ministério da Educação (MEC) está planejando algumas mudanças: elevar o critério de renda do Prouni para incluir mais estudantes no ensino superior, criar mecanismos para aumentar a oferta de bolsas em cursos estratégicos para o desenvolvimento econômico do País e diminuir a concentração em programas da área de Humanidades, que responde por 65% das bolsas fornecidas. Os cursos de Exatas e Tecnologia, como Engenharia e Ciências da computação, somam somente 18%, e os da área da Saúde (Medicina e Enfermagem) têm 17% das bolsas. “Com certeza, com mais acesso e informação de que é possível, por exemplo, cursar Medicina com o ProUni, a procura por essas vagas vai subir e, assim, teremos mais alunos inscritos e aproveitando essa oportuniEstudantes encaram o Prouni com o nervosismo dos grandes vestibulares.jpg
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Por Juliana Miranda
A batalha pelo futuro A luta para chegar ao curso superior
Estudo e saúde: um casamento bem-sucedido
A preocupação com os estudos, a obsessão pelos vestibulares, pode levar a um perigoso descuido com a saúde.
A Revista da Medicina colheu os depoimentos de três profissionais que trabalham com a relação entre estudo e trabalho: o professor de Educação Física Luis Henrique Vasquinho, o nutricionista Ricardo Zanuto e o médico psiquiatra Celso Lopes de Souza. Eles estão acostumados a lidar com o estresse que acompanha a fase de preparação para os vestibulares. Por isso, têm muito a dizer. Preste atenção e anote os recados!
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Luis Henrique Vasquinho, autor de Educação Física do Sistema Anglo de Ensino e professor do Anglo Vestibulares
O sedentarismo toma conta da vida de muitos no período de preparação para exames muito concorridos – e isso é um erro. A atividade física regular é um potente aliado no combate à ansiedade. Existem fatores psicológicos (aumento da autoestima, contato com outras pessoas etc.) e fisiológicos (estímulos neurotransmissores) que auxiliam na moderação da ansiedade. É importante separar atividade física de esporte. Esporte é competição e busca por resultado, vencendo o melhor. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a atividade física como qualquer
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Ricardo Zanuto, nutricionista, mestre e doutor em fisiologia humana
O gasto energético de uma pessoa enquanto estuda é estimado em torno de 120-150 kcal/hora. Este cálculo pode variar, dependendo do peso e da idade do indivíduo. É equivalente a 10 minutos de corrida ou 20 minutos de bicicleta, ou ainda 30 minutos de caminhada lenta. Para repor energia, a orientação é se alimentar adequadamente, através
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movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos e que se utiliza de energia. Isto inclui o “esportear”, o exercitar e outras atividades motoras, como brincar, caminhar, fazer tarefas domésticas, jardinagem, dança etc. Utilizar o termo esporte pode levar muita gente a pensar que praticar uma atividade física significa praticar uma modalidade esportiva competitiva. Separar um tempo para mexer o corpo é fundamental. Porém, o exercício possui certas características que devem ser rigorosamente seguidas para que o aluno não se sinta “culpado” por fazer uma atividade física ao invés de estudar. O seu tempo deve ser organizado para que inclua o exercício na grade de horários, respeitando as características de cada um. Por exemplo, a atividade física aumenta
a temperatura corporal, o que desperta a pessoa. Não é recomendável, portanto, realizar muito próximo do horário de dormir, sob o risco de ter uma noite mal dormida com consequente sonolência no dia seguinte. Por outro lado, após o almoço (desde que se faça uma refeição leve) é ideal, período em que muitos sentem sono e não conseguem se concentrar direito nos estudos.
de uma dieta balanceada. Como o gasto energético é baixo, não há necessidades calóricas específicas. O ideal é que não se ultrapasse de 3 horas sem comer nada, para evitar déficit de atenção decorrente da fome. Costumo dizer que o resultado de seu sucesso é a somatória do que anteriormente foi pensado e planejado. Dessa forma, da mesma maneira que um estudante tem de passar horas a fio estudando para obter algum resultado expressivo, a nossa saúde só será
garantida se praticarmos atividades físicas regulares e seguirmos uma dieta balanceada ao longo do tempo. Ou seja, é preciso realizar exercícios de forma coordenada e planejada antes do corpo “pedir” para isso. A chave é a prevenção. É importante buscar a ingestão mínima de 2 litros de água por dia e evitar a bebida e as baladas nas noites anteriores às provas, pois o álcool inibe o SNC e prejudica a concentração, a memória e o raciocínio. Procurar dormir bem para
Exercícios físicos 1 - Característica da atividade física: aeróbia (caminhada, corrida, bicicleta, natação, aulas de ginástica, como jumping, aeróbica, circuito, entre outros) 2 - Duração da atividade: 30 minutos 3 - Frequência: 3 vezes por semana
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os níveis de cortisol (hormônio do estresse) não se elevarem demais pela manhã. Exercícios físicos são sempre bem-vindos, especialmente exercícios aeróbios, como uma caminhada ou corrida em ritmo moderado, por aumentarem os níveis de endorfina e serotonina, diminuindo os níveis de ansiedade (30 a 60 minutos diários são muito eficientes). É importante também praticar atividade física nessa fase, pois, como se passa muito tempo sentado, o gasto energético pode reduzir muito, promovendo um indesejável ganho de peso. Uma dieta balanceada pode suprir totalmente a necessidade diária de fito-
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Celso Lopes de Souza, médico psiquiatra especialista em transtornos de ansiedade e professor de Química do Anglo Vestibulares
Equilíbrio emocional é o estado psíquico que permite a preservação das capacidades pessoais, independentemente da situação a que o indivíduo é exposto. Por isso, ele é um dos segredos do sucesso no vestibular. Para identificar se o estado emocional está abalado, alunos e familiares devem ficar atentos a alguns sintomas: insônia ou sonolência excessiva, irritabilidade persistente, alteração de peso para mais ou para menos, dificuldade de manter a concentração, obsessão com os estu-
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liar na reposição destas perdas pontuais. Entre os principais suplementos, os multivitamínicos, cápsulas de ômega 3 e óleo de linhaça são os mais significativos.
Alimentação PEIXES: boas fontes de zinco e selênio, que são antioxidantes e estimulantes da atividade neural, minimizando o cansaço ao final do dia. OVOS: boa fonte de colina, essencial para a produção de um neurotransmissor chamado acetilcolina, fundamental para o aprendizado e memória. FRUTAS: principalmente as ricas em
vitamina C (laranja, limão, maracujá), pois contribuem para o combate aos radicais livres e ao cansaço e aumentam as defesas do organismo; maçã, pois possui um composto chamado fisetina que auxilia no amadurecimento das células nervosas e estimula o SNC; por fim, as frutas vermelhas, pelo alto teor de flavonóides capazes de reverter déficits de memória.
dos com nítido comprometimento da vida social e tristeza persistente. A simples percepção de que “há algo errado” é o primeiro passo para o acerto da trajetória. A atividade física também é uma excelente aliada do equilíbrio emocional. Mas como cada caso é um caso, se os sintomas persistirem, um profissional deve ser consultado. A dica é: “não exija a perfeição de si mesmo”. Ela é inatingível. Não tenha medo de ficar ansioso na prova, pois se o que gera a ansiedade é o medo, ter medo de ficar ansioso só aumentará a ansiedade. Se isso acontecer, essa emoção, que é necessária e tem tudo para ajudar na hora da prova, pode ter o efeito contrário
e derrubar o candidato. É decisivo saber a matéria e ter confiança no conhecimento adquirido ao longo do tempo de estudo. É necessário encarar a prova como uma fase a ser superada; ter entusiasmo, viver o momento, pensar que pode superar esse desafio sem se preocupar com as cobranças e entender que fez o máximo que podia. Se não for aprovado, o candidato deve continuar estudando até o próximo processo seletivo. Importante lembrar que o aluno deve entender a matéria e não decorá-la. A memorização dos conteúdos – além de desnecessária para os bons vestibulares – é inexequível e gera frustração.
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químicos e nutracêuticos que podem auxiliar na concentração. Porém, quando a dieta não é capaz de suprir estas necessidades, existe no mercado uma série de suplementos que podem auxi-
Foto: Sistema Anglo de Ensino
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VESTIBULAR A batalha pelo futuro A luta para chegar ao curso superior
Por Fernando Marcílio
Planejamento de estudos: um passo de cada vez Quando se tem muita coisa para fazer, fica difícil saber por onde começar. E até como continuar.
A preparação para vestibulares envolve um volume extraordinário de conhecimento. A quantidade de coisas a estudar, a ver e rever, a examinar e compreender, refletir, refutar, aceitar ... parece algo infinito. Colocar diante de si os cadernos e as apostilas, os livros, os materiais de estudo – desanima qualquer um. Como lidar com esse universo de tarefas? Organização A palavra-chave, nesse caso, é organização. O volume de matéria, que realmente chega a assustar no início, acaba deixando de ser um problema, porque o aprendizado será feito gradativamente. A melhor estratégia é ficar focado em um dia de cada vez. Todos os dias, o aluno deve dizer para si mesmo: não vou deixar a peteca cair ... Estabelecer tarefas e metas diárias de estudo e buscar cumpri-las. Se perceber que está sobrecarregando demais o próprio tempo, é melhor diminuir o ritmo. Se perceber que está sobrando tempo, dá até para
apertar um pouco mais. Mas, cuidado! Adiantar os estudos não pode ser algo que se faça em excesso. Isso porque o tempo livre também deve ser aproveitado para descansar e esfriar a cabeça. Local de estudo O local que o estudante reserva para o seu estudo é algo muito importante em toda a sua estratégia de preparação. Afinal, trata-se de um ambiente que será frequentado diariamente. Não pode ser algo improvisado. Deve ser um espaço arejado, ventilado, iluminado. Alguma bagunça na mesa de trabalho é até compreensível, porque cada um consegue entender a sua (aparente) desorganização. Mas é preciso que o aluno se encontre no meio dessa bagunça. Quer dizer: muita bagunça é inaceitável, porque reflete desorganização ou, ainda, uma vontade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, o que pode ser prejudicial. Quase sempre, esse tipo de comportamento tem como consequência não conseguir fazer nada direito ... O
importante é que, nessa relativa bagunça, o material de estudo esteja sempre ao alcance das mãos. Levantar a todo momento para apanhar um dicionário, por exemplo, não é muito produtivo. Se a necessidade de consulta àquele material ocorre sempre, é um sinal de que ele precisa estar próximo do estudante, estrategicamente colocado em sua mesa de trabalho. Mente sã, corpo são A postura do estudante na cadeira e diante da mesa é algo fundamental! Forçar os ombros, manter o corpo arcado por muito tempo, prejudica não apenas o próprio corpo, mas o aprendizado. O estudante fica cansado mais rapidamente, o que faz com que seu rendimento caia, seja porque acaba estudando menos, seja porque não consegue compreender direito o que está sendo estudado. Então: postura ereta, mesa na altura certa, braços estendidos sobre a mesa.
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Descanso As paradas durante os períodos de estudo são essenciais. Sentir-se um fera porque consegue estudar horas e horas sem parar é mentir para si mesmo. Ninguém consegue manter o grau de concentração necessário para os estudos durante um tempo prolongado. É preciso parar de vez em quando, dar uma volta pela casa. Ou mesmo sair um pouco, tomar um ar, levar o cachorro para passear, jogar um pouco de vídeo-game com o irmão caçula – essas coisas. Também é bastante aconselhável que nessas paradas o aluno coma alguma coisa – uma fruta, uma barra de cereal. Dá para aliviar a cabeça de diversas formas, e cada um escolhe a sua. O importante é ter em mente que se trata de uma parada rápida, um pit-stop. Isto é: a parada não pode substituir o estudo, e este acabar se tornando uma atividade ligeira no intervalo entre duas grandes paradinhas ... Muita coisa para estudar Quanto ao volume de estudo em si, como encarar? É o seguinte: tem muita coisa para ler? Leia bem devagar. É isso mesmo! Você não só não vai estar perdendo tempo, como, ao contrário, vai estar ganhando. Porque lendo devagar, de forma atenta, o rendimento é muito maior, a compreensão fica mais facilitada. Resultado: você perderá um tempo menor para apreender os conceitos estudados a res-
peito daquele ponto da matéria, e poderá seguir adiante com tranquilidade. Uma parte importante dos estudos é constituída pelos exercícios. Mas, cuidado! Eles devem ser feitos comedidamente. Isso quer dizer o seguinte: é fácil se deixar levar por aquilo que já se sabe, que já se assimilou. O difícil é insistir em aprender o que parece mais difícil. E é claro que isso muda de pessoa para pessoa. Portanto, não adianta nada entrar em uma competição com o seu colega de estudo, para ver quem resolve mais rapidamente esta ou aquela questão. Os exercícios devem ser feitos de forma equilibrada, um pouco por dia. Fazer uma enorme quantidade em um dia e não estudar coisa nenhuma no outro é perder o ritmo e, pior, é andar para trás.
Colocar diante de si os cadernos e as apostilas, os livros, os materiais de estudo – desanima qualquer um. Como lidar com esse universo de tarefas?
É preciso manter uma regularidade. Diante de dificuldades (que certamente surgirão), nada de desânimo. O caminho é: voltar para a teoria e tentar saber o que não foi ainda assimilado. Estudar é
isso: os exercícios devem ser tão constantes quanto os retornos à teoria, para fixar o que foi aprendido e perceber o que falta aprender. Tempo O tempo de estudo é sempre uma questão complicada. O que é muito tempo? Quando o candidato pode dizer que está estudando pouco? A definição do período de estudo depende de um conjunto de fatores, em que entra, por exemplo, a disponibilidade de cada um. O importante é que, no tempo que tenha para estudar, isso deve ser feito com dedicação, com intensidade, com entrega mesmo, de corpo e alma. Quer dizer: o estudante deve estar interessado, envolvido, concentrado todo o tempo de seu estudo. Claro que aqueles que trabalham têm menos tempo para se dedicar ao estudo. Como compensar isso? Com muita atenção nas aulas e, possivelmente, com alguns cancelamentos de baladas nos finais de semana. Afinal de contas, os exames não fazem distinção nenhuma entre quem trabalha para viver e quem vive para estudar ... Mais uma vez, o essencial é a regularidade. Encontrar o período ideal de estudo para você. Isto é: uma otimização do tempo disponível para estudo. Encontrado esse tempo, mantê-lo ao longo dos meses. Parece tudo muito fácil. Mas não é. E quem disse que seria?
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VESTIBULAR
Por Fernando Marcílio
A batalha pelo futuro
A importância da redação
A luta para chegar ao curso superior
Seja qual for o tipo de prova – concursos, vestibulares, Enem – não tem jeito: a redação tem um peso significativo. Será possível determinar uma hierarquia de assuntos, dos menos importantes aos mais fundamentais? Provavelmente, não. Estabelecer essa hierarquia seria reunir em uma mesma escola coisas de naturezas diferentes. Chegamos, então, à conclusão de que tudo no mundo é diversidade e diferença. Bem, também não é assim ... Existe algo comum à percepção humana do mundo, em qualquer campo de ação e de atividade: ela se dá por intermédio da linguagem. Para quem se prepara para qualquer tipo de exame, de prova,
de concurso – qualquer instrumento que coloque em questão seu conhecimento – é fundamental ter exata percepção desse aspecto. Não basta ter o conhecimento – é preciso saber o que fazer com ele. Na vida também é assim: o conhecimento adquirido e assimilado deve encontrar meios de ser exposto. Por isso tudo, a redação é algo tão importante em exames de qualquer tipo. Pense bem. Quando o estudante enfrenta questões dissertativas, cujas respostas precisam ser planejadas e expostas
de forma organizada – não faz mais do que elaborar uma pequena redação. E essas questões não se restringem, como se sabe, às disciplinas ligadas à área de Humanidades, mas estendem-se para a Biologia, a Química, a Física, a Matemática – por que não? Em conclusão: podemos continuar a relativizar qualquer hierarquia dos instrumentos de saber; mas começamos a perceber que uma das formas de exposição desse saber passa pela competência da redação.
Para fazer uma boa redação O professor Francisco Platão Savioli, supervisor de Português do Sistema Anglo de Ensino, tem larga experiência na tarefa de explicar aos estudantes os mecanismos que podem conduzir à composição de uma boa redação. Suas considerações a esse respeito estão espalhadas por inúmeras publicações, que continuam a influenciar gerações de alunos e de professores. Platão, como é conhecido o professor, define alguns passos para a realização de uma boa redação.
O candidato deve identificar a proposta de redação e se preparar para argumentar em favor de um determinado ponto de vista.
Primeiro passo Compreender os textos a que o estudante é exposto Toda prova de redação começa por uma prova de leitura. Ela pode trazer apenas um título, um tema, um assunto a ser abordado; ou apresentar uma seleção de textos a partir da qual o candidato deverá desenvolver sua redação. Em qualquer dos casos, é preciso compreender adequadamente o que está sendo sugerido.
Uma leitura equivocada dos textos resulta em erros fatais. O candidato pode, por exemplo, fugir da proposta e seguir um caminho completamente diferente do que é permitido pelos textos fornecidos; ou, ainda que compreenda a proposta, pode vir a executá-la de maneira inconsistente. As propostas de redação sempre colo-
cam em questão temas polêmicos, isto é, aqueles sobre os quais não existe convergência de opiniões. Se a prova oferecer mais de um texto para análise, o candidato deve lê-los nessa perspectiva: perceber os argumentos em jogo e verificar os textos que se enquadram em cada um deles.
Segundo passo Assumir uma posição própria diante da questão levantada Compreendida a questão que está sendo proposta como base para a redação, o candidato deve assumir uma posição diante dela. Geralmente, isso implica assumir um
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dos pontos de vista que estão em debate. A escolha de um deles deve ser feita de maneira explícita. Eventualmente, manter-se equidistante das visões apresentadas pode ser possível,
desde que o candidato consiga explicitar as razões que justifiquem sua concordância e sua discordância em relação a cada uma delas.
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Terceiro passo Argumentar Ao assumir um determinado ponto de vista, o autor da redação deverá estar preparado para defendê-lo. Seus argumentos devem ser apresentados de forma clara, que identifiquem, logo em uma primeira leitura, a posição tomada. Para tomar um parâmetro, o professor Platão aconselha que o aluno imagine as possibilidades de argumentação contrária, isto é, o grau de refutação que seu argumento pode enfrentar.
Quanto menor esse grau, mais forte será seu argumento. Mas o professor acrescenta que o candidato não deve procurar “O” argumento, aquele que represente um posicionamento irrefutável. Na verdade, a argumentação deve funcionar como uma negociação, e não como uma tentativa de alcançar uma verdade irrefutável. Muitos alunos imaginam que devem escrever em suas redações aquilo que
se espera deles, e não necessariamente suas opiniões, que podem não ser aceitas pelos corretores. Ao contrário, o candidato deve emitir seus pontos de vista, desde que ele consiga defendê-los. Seria aceitável, por exemplo, a defesa de afirmações preconceituosas, como acabar com a pobreza esterilizando as mulheres pobres? Trata-se de um ponto de vista difícil de ser defendido ...
Quarto passo Escrever de acordo com o gênero Ao expor seu ponto de vista, o aluno deve fazê-lo de forma adequada. Isso pressupõe um domínio do código linguístico determinado pela proposta de redação. Se for sugerido ao candidato que escreva uma carta a um amigo, seu
texto poderá assumir uma dimensão mais informal. No entanto, no geral, as redações de exames e concursos exigem a utilização da norma padrão. O professor Platão avisa que isso deve ser feito sem
exagero, sem rebuscamento excessivo. A tentativa de demonstrar erudição pode fazer o candidato se perder. A saída é usar a própria linguagem com capricho.
uma visão crítica diante dele. Como última sugestão, Platão indica um exercício a todos aqueles que se preparam para exames vestibulares, para o Enem e outras provas. Escolha um artigo de jornal ou de revista; reconheça a questão levantada pelo texto; identifique a posição assumida pelo autor do texto diante dessa questão; preste atenção nos argumentos utiliza-
dos por ele para defender sua posição; e, por fim, atente para as estratégias exploradas pelo autor para refutar argumentos contrários aos que apresenta. Trata-se de um exercício de grande alcance, porque ensina a ler adequadamente, a se preparar para assumir uma posição diante do que é lido e a redigir um texto compatível com essa posição.
Leituras e exercícios Para a eficiência de todo esse processo, o professor dá um conselho a mais: não se faz uma boa redação sem aumentar a própria bagagem de informação. Isso significa dedicar-se à leitura de jornais e revistas e ao acompanhamento de tudo o que ocorre à sua volta. Não se trata de uma postura passiva – ler apenas para “saber o que está rolando”. Trata-se de ler o mundo, para assumir
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VESTIBULAR
Por Fernando Marcílio
A batalha pelo futuro A luta para chegar ao curso superior
As leituras obrigatórias para os vestibulares Listas de livros exigidas por instituições de ensino fazem parte da preparação
Os deveres de estudantes que se preparam para se submeter a exames vestibulares muito concorridos são tantos, que parecem intermináveis. Existem as tarefas diárias, como exercícios, teorias, fórmulas, cálculos – muita coisa para se fazer em pouco, muito pouco tempo. Mas, além de tudo isso, muitas instituições de ensino superior divulgam listas de livros de leitura obrigatória. Obras literárias em torno das quais girarão algumas das questões do vestibular. A ideia é ótima: assim, de certa forma, o candidato fica sabendo de antemão o que vai cair na sua prova ... No entanto, esse aspecto positivo tem seu lado perverso: para muitos estudantes, a lista de livros é razão para novas dores de cabeça, algo para se fazer além dos estudos regulares. Como se não bastassem os exercícios, as teorias, as fórmulas, os cálculos ... As listas de livros para leitura obrigatória partem de um pressuposto: elas não exigem nada que não faça parte do currículo escolar do Ensino Médio. Isto é: em princípio, são obras que o aluno já deveria conhecer. Em princípio ... Seja como for, por que tantos vestibulares fazem essa exigência? Ocorre que
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na constituição de um indivíduo critico e socialmente atuante – modelo de cidadão e estudante que as universidades buscam incluir em seus quadros – a leitura exerce um papel fundamental. A leitura de jornais e revistas é importan-
A profissão escolhida por estudantes de Medicina se interessa, acima de tudo, pelo ser humano. A literatura também.
te para o acompanhamento das transformações do mundo ao nosso redor. Não é difícil convencer um estudante de que essa leitura é necessária. A grande pergunta que os candidatos fazem é: para que ler romances, contos, novelas, poemas? Jornais e revistas – pensam eles – podem nos mostrar a realidade, mas não esse tipo de leitura! Trata-se de um engano. A literatura não é, como muita gente (ainda) pensa,
uma forma de escapar da realidade. Se existiu algum dia, essa concepção morreu no século XIX. E mais: a experiência da leitura literária não serve apenas para entrar em contato com universos e vidas diferentes. Na verdade, a literatura é um mergulho no ser humano. Isto é: não se trata apenas de conhecer o outro, mas a si próprio. Os grandes temas literários – angústia, medo, coragem, ousadia, dúvidas, tensões, terrores, amores – não podem ser vistos como vivências particulares, restritas a personagens e poetas. São experiências constitutivas do ser humano. Por isso, pensar sobre elas e entendê-las faz parte da formação de cada um. Para os futuros médicos, a leitura literária é um caso à parte. A profissão que escolheram debruça-se justamente sobre o ser humano. Portanto, tudo o que revela o ser humano deve suscitar seu interesse. Nessa revelação é que a literatura se inclui. Portanto, é preciso deixar uma coisa bem clara: a leitura é parte da formação do indivíduo e de seu processo de autoconhecimento. Estão justificadas todas as listas ...
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Como ler? Isso posto, a questão é: como ler esses livros? O que se deve procurar neles? O que os vestibulares exigem a partir dessas leituras? Em primeiro lugar, é preciso saber que o nível de exigência dos exames é compatível com o do Ensino Médio. Não se exige nenhum conhecimento crítico apurado por parte do aluno, nenhum contato estreito com a bibliografia especializada em determinado autor ou em uma obra em particular. Exige-se leitura e reflexão sobre o que foi lido, apenas. Apenas – mas não é pouco. Vejamos alguns pontos importantes da atividade da leitura literária. Dicionário. Qualquer pessoa que se dedique à leitura para valer, precisa de um bom dicionário ao seu lado. Consultá-lo a todo momento é tão cansativo quanto desnecessário. Em muitos casos, é possível saber o sentido de uma palavra desconhecida a partir de dedução, isto é, observando-se o contexto em que ela está inserida. Locais de leitura. É possível ler em ônibus, em viagens, com música de fundo, com gente conversando ... desde que se consiga, acima de todas essas interferências, manter a atenção concentrada na leitura. O nível de concentração varia, bem como a resistência maior ou menor a estímulos
externos. Existem pessoas, por exemplo, que não resistem a uma olhadinha na televisão. Para elas, ler diante do aparelho não é um bom negócio. É preciso saber reconhecer as condições mínimas de leitura – e procurar um espaço em que elas possam ser satisfeitas. Ritmo. A quantidade de páginas diárias de leitura também é bastante variável. Depende, por exemplo, da extensão da lista de livros que o candidato se propõe a ler. E ainda de seu histórico pessoal. Isto é: quem está acostumado a ler desde a infância, provavelmente vai encarar a tarefa com mais facilidade. Seja qual for o caso, é interessante encontrar um ritmo regular de leitura. Ao invés de se debruçar para valer em um livro no final de semana e não encostar mais nele o resto da semana seguinte, é mais interessante torná-lo companheiro de todos os dias. Essa regularidade torna a leitura menos cansativa para quem não tem o hábito da leitura – e mais prazerosa e sedutora para quem é um devorador de livros desde sempre. Lendo aos poucos, devagar, permanece o gosto de querer continuar – e é esse gosto que transforma a obrigação em prazer. No geral, é possível ler pelo menos um livro por mês, descontando mesmo os domingos – que devem ser encarados como dias de descanso total, de mente e de corpo.
Fuvest / Unicamp 2013 Viagens na minha terra – Almeida Garrett Til – José de Alencar Memórias de um sargento de milícias – Manuel Antônio de Almeida Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis O cortiço – Aluísio Azevedo A cidade e as serras – Eça de Queirós Vidas secas – Graciliano Ramos Capitães da areia – Jorge Amado Sentimento do mundo – Carlos Drummond de Andrade
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora
Incidente em Antares – Érico Veríssimo Literatura de dois gumes (ensaio) – Antônio Cândido O conto da Ilha Desconhecida – José Saramago Morte e Vida Severina – João Cabral de Melo Neto
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Compreensão do que é lido. Aspectos essenciais para uma leitura eficiente: é preciso compreender o que é dito. Tudo bem, parece uma afirmação tola. Mas acontece que o que é dito é constituído por um certo modo de dizer. Portanto: compreender como aquilo é dito é parte fundamental da leitura. Por isso, simples resumos de obras não apenas não ajudam, como atrapalham bastante. Materiais analíticos podem auxiliar na compreensão de alguns pontos mais obscuros para o estudante, mas jamais substituir a leitura efetiva das obras, o contato íntimo com a linguagem do escritor. Aspectos técnicos. Alguns aspectos técnicos devem ser percebidos. Na leitura de poemas: as imagens, o vocabulário, a temática, o tratamento do tema etc. Na leitura de obras de ficção: o ponto de vista de quem narra e sua participação no enredo; a atuação das personagens; o tempo e o espaço, tanto da produção do texto, quanto da ação do enredo; a linguagem e o estilo do autor. Porém, simplesmente deixar-se levar pela leitura, deixando de lado aspectos técnicos, pode ser bastante prazeroso. A análise bem-sucedida vem desse prazer – e não o contrário.
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
Recordações do Escrivão Isaías Caminha – Lima Barreto Eu – Augusto dos Anjos Formas do Nada – Paulo Henrique Britto Vermelho amargo – Bartolomeu Campos de Queirós
UFU - Universidade Federal de Uberlândia
Cândido ou O Otimismo – Voltaire Carta de Pero Vaz de Caminha – Pero Vaz de Caminha O fio das missangas – Mia Couto Poemas – Gregório de Matos (org. Letícia Mallard) Sonetos – Camões Antologia Poética – Olavo Bilac O Bom Crioulo – Adolfo Caminha
Feliz Ano Novo – Rubem Fonseca (contos selecionados: “Corações Solitários”; “Abril, no Rio, em 1970”; “Botando pra quebrar”; “Passeio Noturno (partes I e II)”) Navio negreiro e outros poemas – Castro Alves Quincas Borba – Machado de Assis O demônio familiar – José de Alencar Anjo Negro – Nelson Rodrigues A morte de Ivan Ilitch – Leon Tolstoi Menino do Mato – Manoel de Barros Memórias Sentimentais de João Miramar – Oswald de Andrade Menina a Caminho – Raduan Nassar O Abraço – Lygia Bojunga Hídrias – Dora Ferreira da Silva Sagarana – Guimarães Rosa (contos selecionados: “São Marcos” e “A volta do Marido Pródigo”)
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VESTIBULAR A batalha pelo futuro A luta para chegar ao curso superior
Por Juliana Miranda
A escolha da profissão Com apenas 16 anos, aluna do Colégio Dante Alighieri, Juliana Romano, optou por Medicina.
Só em falar sobre o curso de Medicina, o coração de Juliana Romano bate mais forte. Com apenas 16 anos, no terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, já decidiu que essa é a carreira que deseja seguir. A dúvida estava entre biomedicina, farmácia e Medicina. A estudante passou a buscar informações. Conheceu universidades, falou com profissionais da área e participou da jornada de profissões do colégio. Foi quando chegou em casa e comunicou aos pais: “Decidi, é Medicina”, conta. “Fiquei até emocionada”. Segundo a coordenadora de orientação educacional do Colégio Dante, Silvana Leporace, esse é o caminho para escolher a profissão. “É fundamental pesquisar e conversar com a família. São alunos muito novos e enfrentar sozinhos o Silvana Leporace, coordenadora de orientação educacional do Colégio Dante Alighieri.
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Buscar informações e falar com profissionais é o caminho para a escolha da carreira.
processo de escolha pode gerar angústia”, diz. Outro ponto essencial é ter autoconhecimento. Ela explica que o vestibulando deve avaliar os prós e os contras da profissão, principalmente se a decisão causar impacto em sua vida social. “É entender o que a carreira vai exigir. Se não gosta de trabalhar aos finais de semana ou 12 horas por dia, por exemplo, deve buscar um curso que proporcione uma vida mais tranquila para não se frustrar”. A aluna Juliana conta que isso entrou na sua avaliação. “Sei que talvez tenha de trabalhar em algumas madrugadas e isso não é a coisa mais empolgante do mundo. Mas concordo com um amigo que diz que Medicina não é profissão, e sim um estilo de vida. Estou pronta para aderir a esse novo estilo”.
Para estudantes mais inseguros, Silvana sugere esperar pelo menos seis meses após a conclusão do Ensino Médio e fazer um intercâmbio fora do País, investir no aprendizado de algum idioma. “Essa é uma experiência valiosa que tem amadurecido a ideia de muitos. O que não significa deixar de lado o vestibular. Sempre com foco no principal: retomar e entrar na faculdade”, salienta. De acordo com a coordenadora, toda escolha gera perdas e ganhos. “Talvez os pais tenham decidido tudo por eles até hoje, mas agora é a hora de eles colocarem todos os aspectos na balança. A situação gera medo, mas tranquilizo meus alunos, mostrando que as escolhas não precisam ser tão rígidas. Com uma boa faculdade, é possível migrar no mercado de trabalho para outras áreas e descobrir outros caminhos”. Ela acredita, ainda, que nunca é tarde para começar outro curso. “Lembrando que o primeiro ano na faculdade é um período de adaptação e que vale perseverar. Nada é fácil, por isso é sempre bom avaliar até que ponto a escolha foi errada ou só é necessário mais um tempo para pegar o ritmo”, finaliza. A palavra arrependimento não passa pela cabeça de Juliana. Vai dar o máximo de si para passar no vestibular e para se adaptar à nova realidade. “Estou muito ansiosa; afinal, quando você tem um sonho e está lutando por ele, não vê a hora de poder realizá-lo”, finaliza.
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Por Leidiana Palma
VESTIBULAR A batalha pelo futuro A luta para chegar ao curso superior
Como escolher a universidade certa Ex- alunos da Univás contam o que levaram em consideração na hora da escolha do curso e da universidade. A escolha da profissão e a da Universidade onde se quer estudar são as decisões mais importantes na vida do estudante. Vários fatores devem ser levados em consideração quando o jovem se inscreve em um vestibular. E eles devem ser levados em conta muito antes do ingresso na faculdade. A ajuda de um profissional auxilia na escolha do curso universitário, por meio de testes vocacionais, mas não ajuda o aluno a escolher a instituição ideal para obter a formação desejada. Além de debater questões práticas, como preço e localização, o estudante e sua família devem analisar a infraestrutura que as universidades oferecem e a classificação dos cursos no ranking do Ministério
da Educação (MEC). Todos esses detalhes contribuem para a escolha de um ensino de qualidade. Os estudantes podem se basear no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), programa do MEC que analisa as instituições, os cursos e o desempenho dos estudantes. O processo de avaliação leva em consideração setores como ensino, pesquisa, extensão, responsabilidade social, gestão da Instituição e corpo docente. Por meio de informações do Exame nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), o Sinaes avalia as instituições e os cursos. Os dados obtidos são utilizados para orientação institucional de estabelecimentos de ensino supe-
rior e para embasar políticas públicas, bem como orientar a sociedade, especialmente os estudantes, funcionando como referência de julgamento das condições das instituições e dos cursos oferecidos. É importante ficar atento, já que o número de estudantes nas faculdades tem aumentado a cada ano no Brasil, devido à grande quantidade de pessoas que buscam um futuro melhor, além da facilidade nas formas de pagamento das mensalidades. Com isso, novas universidades e cursos são abertos para atender à demanda. Tal situação corre o risco de banalizar o ensino, tornando a escolha por uma boa universidade ainda mais complexa.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, por exemplo, é grande a carência por médicos nas regiões Norte e Nordeste, principalmente por pediatras. Mesmo com salários atrativos, essas vagas ainda não são preenchidas. Engenheiros, tecnólogos, professores, enfermeiros, hoteleiros e profissionais de tecnologia da informação também
têm vagas garantidas País afora. A Copa do Mundo e as Olímpiadas irão demandar mão de obra especializada. Além disso, as novas fases do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a ampliação do Programa de Saúde da Família, ambos do Governo Federal, irão precisar desses e de outros trabalhadores graduados.
Profissões em alta Além de escolher uma universidade que atenda às necessidades do estudante, outro fator que deve ser levado em consideração são as profissões que estão em alta no mercado brasileiro. Cada região do País tem carências por profissionais de algumas áreas. Quem não tem receio de mudanças terá uma vantagem na busca por um emprego.
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A jornalista Cindy durante expediente na agência de comunicação.
Testemunhos Nossa equipe conversou com cinco profissionais, de áreas distintas, formados pela Universidade do Vale do Sapucaí, que estão bem colocados no mercado de trabalho ou se aprimorando por meio de cursos. Eles relatam os critérios levados em consideração na hora da escolha da universidade. A tradição muitas vezes é um fator predominante na hora da decisão. Alguns pais querem que os filhos estudem nas mesmas instituições onde eles próprios se formaram. Outros pedem que os filhos deem continuidade aos negócios da família. Este foi o caso de Luciana Tosta de Paula, administradora de empresas. A grade curricular, o corpo docente, a localização e a indicação de ex-alunos foram os fatores que levaram Luciana a escolher a Univás. Porém, a decisão sobre qual graduação cursar teve um peso familiar. Embora, atualmente, esteja trabalhando na área de Gestão Empresarial e de Pessoas, ela conta que escolheu administração para cuidar dos negócios da família. “Minha família sempre me incentivou a fazer administração, pois eles possuem comércio na cidade e eu sempre gostei de ajudá-los nos negócios. Adquiri sólidas experiências no gerenciamento de empresas
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nacionais e multinacionais nesta cidade [Pouso Alegre] e região. A Univás me deu suporte para galgar a minha trajetória”.
A profissão escolhida por estudantes de Medicina se interessa, acima de tudo, pelo ser humano. A literatura também.
Já a professora Ana Rosa Oliveira Reis conta que não teve influência familiar na escolha do curso de História, mas revela que a Universidade foi consenso de todos, já que os pais queriam que ela estudasse perto de sua residência, em Cachoeira de Minas, cidade do sul de Minas Gerais. “Escolhi por indicação de uma amiga, que já estava no primeiro ano de História na Univás e me falou dos professores, das aulas, das pesquisas desenvolvidas ali, o que me chamou muito a atenção. Outro motivo da escolha foi por ser uma das poucas faculdades da região que possui o curso de Licenciatura Plena em História.” Ana Rosa lembra da época em que cursava a faculdade, o quanto se de-
dicou à pesquisa, conseguindo com isso uma bolsa de iniciação cientifica. Ela fala ainda dos recursos oferecidos pela Univás, enquanto era universitária. “A faculdade atendeu minhas expectativas durante o curso, com ótimos professores, incentivo à pesquisa e com uma biblioteca que atendia quase que totalmente nossas necessidades”, diz. A hoje jornalista Cindy Gomes disse que nunca pensou em cursar a faculdade de jornalismo; porém, quando terminou o ensino médio, foi eliminando as possibilidades e o jornalismo se tornou uma alternativa atraente. A Univás foi a opção certa, devido à proximidade com a cidade em que morava quando decidiu se tornar universitária, Poço Fundo, também no sul de Minas. Ela conta que aprendeu muito nos quatro anos em que cursou a graduação e que a escolha tanto pelo curso quanto pela instituição não teve influência familiar. “Pelo contrário”, afirma a jornalista. “Meus pais nunca opinaram na escolha da profissão e nem da faculdade.”
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Aleksandro no setor de produção da empresa Klimaquip, que atua no segmento de refrigeração.
Duas graduações Quando a escolha inicial não atinge as expectativas esperadas, nem tudo está perdido. O estudante, na maioria das vezes, termina o curso de graduação ainda muito jovem, o que permite que ele possa mudar de profissão. A segunda graduação também ajuda aqueles que querem aprimorar seus conhecimentos em áreas correlatas. Lucas Jupiaçara Guimarães se formou em dois cursos pela Universidade do Vale do Sapucaí. Após concluir o curso de Educação Física, ele resolveu ingressar em Fisioterapia para adquirir
ainda mais conhecimentos na área da saúde. Guimarães lista os motivos que o fizeram escolher a Univás. “A escolha foi feita a partir do melhor custo/benefício e, principalmente, pelos professores e plano de ensino. A Univás tem tudo isso em alto nível e ainda possui o Hospital das Clínicas Samuel Libânio, onde os estágios são realizados, completando ainda mais o curso”. Guimarães comenta que ainda não está atuando como fisioterapeuta, mas que continua se aprimorando na área. Para ele, a grande dificuldade em ter uma
boa colocação no mercado de trabalho se deve à falta de reconhecimento da profissão. “No começo não é fácil, como na maioria das profissões. Mas há uma dificuldade a mais, porque infelizmente ainda existem pessoas que acham que a Fisioterapia é só massagem, ignorando que seu objetivo é preservar, manter, desenvolver ou restaurar (pela reabilitação) a integridade de órgãos, sistemas ou funções”, explica o fisioterapeuta e educador físico.
nas Gerais). Após ser aprovado para o segundo ano do curso, resolveu tranferir-se para a Univás, em virtude da comodidade, infraestrutura e corpo docente encontrado ali. Ele conta que, com a conclusão do curso, conseguiu uma oportunidade em um empresa de grande porte e seus conhecimentos na área de indústria e comérico só aumentaram. Sobre as instalações, ele lembra que a Univás se preocupa com a estrutura oferecida aos alunos e a cada ano busca melhorar suas dependências. “Observei ao longo do curso que a Universidade não parava de investir nas instalações
para melhor comodidade dos alunos”, afirma o administrador de empresas. Não existe uma regra para escolher a institução em que se vai passar os quatro, cinco ou seis anos que se seguem à decisão de optar por este ou por aquele curso. O importante é escolher uma instituição de ensino que atenda às necessidades de cada um. O ideal é que o estudante sempre associe essa escolha a fatores como qualificação profissional dos professores, localização da instituição, infraestrutura, satisfação pessoal, possibilidades familiares e, principalmente, vocação.
Continuar a formação A procura por um curso de graduação não está restrita apenas a estudantes que acabaram de terminar o ensino médio. Muitas vezes, trabalhadores que já estão inseridos no mercado buscam o diploma para alçar novas colocações na empresa em que atuam. Desde muito jovem, o administrador de empresas Alexsandro Joanis Kitsidis trabalhou em comércio. Porém, ao perceber a deficiência na área administrativa, resolveu iniciar o curso para adquirir conhecimentos e superar as dificuldades nesse setor. Alexsandro começou a graduação na cidade de Santa Rita do Sapucaí (Mi-
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Quando Thiago Monaco optou pela Medicina, no segundo ano do Ensino Médio, passou a viver uma rotina intensa de estudos. O alvo era a Universidade de São Paulo – USP. Entrou na Pinheiros, em 1995, o período que ele descreve como o mais importante e maravilhoso, mas também o mais difícil. O curso integral é exaustivo e os estágios hospitalares supervisionados também. Alguns chegam a exigir trabalhos de 80 horas semanais. “Se na fase pré-vestibular precisamos de um sonho para nos mover, é durante a faculdade que esse sonho vai se construindo, mas acrescido do prazer de cursar disciplinas na área escolhida e de estagiar no ambiente em que se quer exercer a profissão. A faculdade é pesada, mas a Medicina traz uma paixão que contagia. Foi uma delícia fazer USP”, relata. A expectativa era ser cirurgião. Chegou a participar de um grupo de transplante cardíaco no Instituto do Coração (InCor). Tudo o conduzia à cardiologia. Até que participou de um curso sobre geriatria. “O que eu buscava estava ali. Ao término do curso, entusiasmado, prestei a prova para acompanhar a Liga de Geriatria e passei. Desde então, nunca mais pensei em fazer outra coisa”, conta. Da cirurgia, passou à área clínica. “É como ser o próprio Sherlock Holmes tentando caminhar entre os intrincados e difíceis diagnósticos”, brinca. Especialista em geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, atualmente tem seu próprio consultório, é professor dessa disciplina na Faculdade de Medicina de Santo Amaro (Unisa), e mantém o site www. envelhecerbem.com, no qual disponibiliza uma série de orientações para a saúde do idoso. A área requer um determinado perfil de médico, cujos principais requisitos são: gostar de pessoas, ter prazer em investigar (pois idosos costumam apresentar mais de uma queixa) e interesse em conhecer farmacologia (já que, com o envelhecimento, as alterações no organismo merecem muita atenção antes de se receitar qualquer remédio). “Gosto de tudo isso”. Com a vida profissional estabelecida, afirma que existem várias formas de se sentir bemsucedido. “O lado financeiro não pode ser esquecido; por outro lado, é gratificante ser indicado por um paciente, ouvir um sincero ‘muito obrigado’ e perceber que fez diferença, ou que, mesmo quando não conseguiu a cura, foi compreendido pela família – são situações que o dinheiro não paga”, diz. Embora a vida seja agitada, zelar pela própria família também é uma prioridade. Casado há seis anos, aguarda ansiosamente o primeiro filho e faz questão de contar que tem um cachorro vira-lata. Confessa que dedica a isso menos tempo do que gostaria, mas procura tornar cada momento especial. “Acredito que ainda é possível, sim, ser médico e ser feliz, porque por mais que eu ame a Medicina, amo a minha família e prezo minha vida e saúde. Assim, me considero feliz e busco ativamente manter essa felicidade”, finaliza.
Médico Geriatra Thiago Monaco acredita que é possível conciliar Medicina com vida pessoal.
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VESTIBULAR DE Medicina
O começo do caminho Pronto, você optou por Medicina! Todos os problemas estão resolvidos? Não ... Ainda é preciso enfrentar um vestibular muito concorrido ... Conheça esses obstáculos e reflita a respeito.
• Veteranos: é preciso ter (ainda mais) garra • Organize seu cronograma • A disputa pelas vagas mais concorridas • Como escolher um bom curso de Medicina • Estudantes de Medicina falam da rotina de estudos
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VESTIBULAR DE Medicina O começo do caminho
Por Fernando Marcílio
Veteranos: é preciso ter (ainda mais) garra Se já é difícil encontrar forças para se dedicar aos estudos exigidos pelos vestibulares, imagine fazer tudo mais de uma vez?...
Recentemente, durante uma entrevista para a televisão, um jovem tenista brasileiro foi chamado de veterano. A reportagem tentava ressaltar o fato de ele já ter participado de competições internacionais. O esportista reagiu com bom humor, mas ressaltou que preferia o tratamento de jovem experiente. Certamente, para ele, a expressão veterano traz consigo um certo tom pejorativo, associado à velhice, ou algo assim. E não é só para ele. Está no dicionário (Houaiss): veterano é aquele “que exerceu durante muito tempo uma atividade, ofício ou profissão”. Como se vê, se o exercício da atividade demanda muito tempo, aponta para a possibilidade de se associar o veterano a alguém de certa idade. É verdade que o mesmo dicionário traz ainda outro sentido para a palavra, que poderia representar uma justificativa para a repórter que entrevistou o tenista: “indivíduo tarimbado ou experiente em algum ramo de atividade”. Se ela pretendeu ressaltar a vivência do jogador, acertou no uso
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da expressão, e ele não teve razão para preferir outro tratamento. No entanto, mesmo nessa acepção o uso da palavra tarimbado pode provocar algum incômodo e sugerir alguém mais, digamos, rodado ... O Houaiss ainda contempla uma definição de veterano que se relaciona diretamente ao universo escolar: “estudante cursando os últimos anos de seu curso”. Se existe aí a ideia do tempo – os últimos anos de um curso supõe uma vivência anterior –, ela vem acompanhada de um movimento natural, já que cursar esses anos é uma decorrência do processo de estudo. Contudo, a prática acadêmica deu outro sentido ao termo. Entre estudantes de cursos superiores, o aluno é considerado veterano não apenas nos seus últimos anos, mas bem antes: desde o seu segundo ano. Trata-se de um instrumento de diferenciação em relação ao recémchegado do primeiro ano, o calouro. No meio universitário, ninguém agiria como o jovem tenista experiente, pois não é
incômodo algum ser considerado veterano. Veteranos de cursinho Para os acadêmicos, estar no segundo ano significa apenas a continuidade dos estudos. Porém, entre estudantes de cursos preparatórios para os vestibulares, os cursinhos, o termo veterano, embora designe igualmente alguém que não está em seu primeiro ano ali, tem um sentido um pouco diferente. Porque não é visto como uma continuidade, na qual um novo aprendizado será desenvolvido, mas sim como uma retomada, em que o que já foi visto antes será visto mais uma vez. O aluno de cursinho que é chamado de veterano pode até se comportar com dignidade e levar numa boa. Mas a verdade é que deve passar pela cabeça dele algo parecido com o que ocorreu ao jovem tenista citado anteriormente. Quando o estudante em questão é candidato a uma vaga em cursos de Medicina, a situação é ainda mais séria. Isso porque
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esses cursos estão entre os mais concorridos das instituições que os oferecem, o que torna as seleções particularmente minuciosas. Cada mínima diferença entre notas pode definir a condição do aluno no ano seguinte: um calouro (da faculdade) ou veterano (do cursinho). Muitas vezes, não há vagas para todos os que estão bem preparados. Isso significa que muitos candidatos estudiosos, dedicados, esforçados e capazes são simplesmente deixados de fora. Não por falta de preparo, mas por algum erro mínimo, talvez insignificante – mas que ganha significado em um contexto em que a concorrência é pesada. Uma distração, um erro de cálculo – basta isso para que o candidato perca a chance de entrar na universidade pretendida. Diante dessa situação, a alternativa é encarar novamente a sala de aula de cursinho, agora na condição de veterano. Parece um quadro trágico? Bem, ele pode ser ainda pior. Acontece que o veterano de cursinho não precisa estar necessariamente em seu segundo ano. Não são incomuns casos de alunos que fazem dois ou três anos desses cursos preparatórios – principalmente entre os que desejam as vagas mais concorridas, aquelas que permitem a entrada nas instituições de ensino mais conceituadas. Repetentes e veteranos Agora que já passamos pela face mais dramática do quadro, vamos a algumas considerações importantes.
Na verdade, a condição de veterano não é desonrosa para ninguém, em nenhuma situação. Ela é, sim, sinônimo de experiência. Mas, nos estudos, essa condição representa acúmulo de saber, de conhecimento adquirido. Nada que permita pensar em tempo perdido, em horas de dedicação jogadas no lixo. Há alguns anos atrás, o aluno que frequentava as aulas de Física do curso Anglo Vestibulares de São Paulo poderia ter a sorte de encontrar pela frente o professor José Roberto Castilho Piqueira, o “Sorocaba”, hoje trabalhando na Escola Politécnica da USP, na mesma cidade. Ele
Cada mínima diferença entre notas pode definir a condição do aluno no ano seguinte: um calouro (da faculdade) ou veterano (do cursinho).
fazia uma interessante distinção entre o aluno veterano e o repetente. Aluno veterano é aquele que reconhece os erros cometidos e aprende com eles, utilizando-se desse aprendizado para corrigir rumos, alterar metas e acertar o caminho que o conduzirá ao lugar desejado. Já o aluno repetente é aquele que, reconhecendo ou não seus próprios enganos, não trabalha no sentido de corrigi-los, correndo o grande risco de cometê-los novamente, mesmo sabendo
de antemão qual será o resultado. O aluno repetente costuma enganar-se a si mesmo, como a todos aqueles que confiam e acreditam nele. Seu comportamento pode ser revelador de imaturidade – o que se constitui em um sério problema, quando o que está em questão é justamente a possibilidade de crescer, de mudar de vida, de batalhar pelos sonhos. Esse aluno tem um trabalho anterior a ser feito: convencer-se do que realmente deseja e de quanto está disposto a sacrificar de seu tempo para alcançar suas metas. Dado esse passo, ele poderá, aí sim – e só aí – considerar-se um aluno veterano. Problemas a mais O veterano enfrenta as dificuldades cotidianas de todo estudante: necessidade de concentração, distribuição adequada de tempo de estudo, expectativa em torno dele etc. etc. etc. Mas a essas dificuldades comuns, ele acrescenta outras (como se precisasse delas!), oriundas de sua condição de veterano. Por exemplo: o cansaço. Não apenas aquela sensação decorrente do tempo dedicado aos estudos, às tarefas, aos exercícios, às aulas, mas, principalmente, o sentimento decorrente do fato de se ver diante de situações já enfrentadas anteriormente, rever assuntos já esgotados, assistir às mesmas brincadeiras – e, o pior de tudo, saber o quanto ainda falta para o final ...
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Essa sensação conduz a outro inimigo do veterano: o tédio, isto é, a impressão de que tudo aquilo já foi visto, aquele caminho já foi trilhado, aquela paisagem é conhecida. Repetir por mais um ano inteiro as mesmas horas de estudo, as mesmas tentativas de resolução de exercícios (por vezes os mesmos ...) é um obstáculo considerável ao esforço despendido. Mas o pior talvez seja a pressão psicológica. Pode advir a sensação de que os assuntos que estão sendo revistos agora já foram aprendidos e devidamente assimilados antes. Se existe essa impressão, uma pergunta se impõe, de forma irresistível: se já aprendi tudo, por que não entrei na faculdade? É uma questão recorrente e compreensível. O problema é que ela pode gerar um grau de autocrítica prejudicial, um sentimento de incapacidade que acaba por se arraigar no candidato, que se convence de que seus limites são intransponíveis. Isso tudo sem falar nas brincadeiras dos colegas ... O que fazer? É possível ao veterano reverter a situação a seu favor, ponto a ponto. Para ele, é mais fácil combater o cansaço, já que sua experiência ensina a dosar os estudos. Ele, mais que alunos que estão em seu primeiro ano de cur-
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sinho, possui uma capacidade maior de seleção de assuntos realmente importantes. O tédio pode ser evitado com uma estratégia muito simples: deixar de lado o que já está devidamente compreendido e consolidado. A tentação de rever o que já se sabe é grande, porque transmite conforto. O desafio é descobrir os erros e trabalhar sobre eles. Afinal, o que não foi aprendido representa sempre um caminho novo. Para combater a pressão psicológica, o remédio não é abandonar a postura autocrítica, que pode ser salutar, mas sim fazer dela um estímulo para crescer, para seguir adiante, para ultrapassar uma imagem construída a respeito de si mesmo. O sentimento de incapacidade diminui, quando se compreende que é possível superar os próprios limites. Por fim, quanto às brincadeiras ... bem, é só levar numa boa, entrar no jogo sem encanar muito com a situação. E brincar junto, porque o riso alivia a tensão.
Acima de tudo, trata-se de um percurso doloroso de autoconhecimento. O veterano tem que se dispor a reconhecer os próprios erros. Isso significa dizer para si mesmo, em cada ponto do caminho que ele refaz: aqui eu errei, este é um dos meus pontos fracos. Esse é o primeiro passo para batalhar até conseguir tornar aquele um ponto forte. Dos sentidos da palavra veterano fornecidos pelo dicionário, existe ainda este: aquele “que serviu muitos anos como militar”. Essa acepção é interessante para o veterano, porque é isso o que ele é: um guerreiro. Acostumado a assimilar golpes, preparado para confrontos difíceis e buscando a glória de vencer, não inimigos concretos, mas os seus limites. Transcorrida a jornada e vencida a guerra, o veterano sabe, melhor que ninguém, que outras guerras estarão por vir. Mas ele estará acostumado com elas. E sentirá orgulho de ser veterano.
Batalhador O veterano precisa entender sua condição especial. Levar um tombo e levantar não é para qualquer um. Dispor-se a refazer caminhos conhecidos exige muita força de vontade. Identificar lugares já vistos e desenvolver interesse por eles é um trabalho psicológico considerável.
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VESTIBULAR DE Medicina
Por Leidiana Palma
O começo do caminho
Organize o seu cronograma O estudante deve preparar um calendário individual com as datas dos exames vestibulares e os gastos nesse período Além de todos os gastos com inscrições e matrículas, os vestibulandos devem estar atentos para os custos paralelos dos exames vestibulares: hospedagem, transporte e alimentação. Esses gastos devem ser computados e pensados na hora de planejar a própria agenda. Para quem escolheu uma universidade longe do local de sua residência, o ideal é organizar um cronograma com as datas
das provas e os valores a serem gastos no período de realização das provas. O primeiro passo é decidir quanto poderá gastar com o deslocamento e em seguida pesquisar as formas de transporte e os hotéis que cabem dentro do seu orçamento. Vestibulandos de localidades mais distantes de seus locais de provas e que precisam viajar de avião, podem economizar fazendo a reser-
va com até 60 dias, já que passagens compradas com antecedência podem custar metade do preço. É muito importante que o estudante organize um calendário individual com as datas dos exames das instituições escolhidas. Além disso, ficar de olho nos prazos é fundamental para não perder as inscrições.
segundo semestre do ano letivo. Neste ano, as inscrições estão encerradas. O edital do vestibular UFTM 2013 deve ser lançando no início do próximo ano, no site da Universidade. Três universidades públicas do Estado de São Paulo vão realizar o processo seletivo para o curso de Medicina, no final do ano de 2012. As inscrições para quem deseja ingressar na Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) vão de 17 de setembro a 11 de outubro. As provas da primeira fase serão aplicadas no dia 18 de novembro. Diferentemente das outras universidades, a segunda fase da Unesp será realizada ainda nes-
te ano, nos dias 16 e 17 de dezembro. Também em novembro, a Universidade de São Paulo (USP) aplicará o seu exame, no dia 25. Já a segunda fase será realizada nos dias 6, 7 e 8 de janeiro de 2013. As inscrições podem ser feitas no site da Universidade entre os dias 24 de outubro e 10 de novembro. O último processo seletivo, entre as universidades públicas do Estado, será realizado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), no dia 11 de dezembro, e a segunda fase será realizada no próximo ano, nos dias 13, 14 e 15 de janeiro.
Processos seletivos As inscrições para o vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais poderão ser feitas de 13 de agosto a 10 de setembro de 2012, pela internet. Quem fez a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) está dispensado da primeira etapa. A segunda etapa do Vestibular será realizada de 13 a 20 de janeiro de 2013. Já a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) realiza dois processos seletivos anuais, sempre no primeiro e no segundo semestre de cada ano. Este último ciclo de atividades é chamado Vestibular de Inverno e compreende as provas de avaliação para ingresso no
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Univás O Processo Seletivo para o curso de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) será realizado no dia 21 de outubro nas cidades de Pouso Alegre (MG), Campinas (SP) e nas capitais: Belo Horizonte e São Paulo. As inscrições estarão abertas no período de 13 de agosto a 08 de outubro e serão feitas exclusivamente pelo site da Instituição: www.univas.edu.br/processoseletivo. A taxa será cobrada de acordo com o período da inscrição. De 13 de agosto a 17 de setembro, o valor da inscrição será de R$ 150, 00. Após essa data (de 18 de setembro a 8 de outubro de 2012) será cobrado o valor de R$200,00. Hospedagem em Pouso Alegre O vestibular está chegando e você não mora na cidade onde será realizada a prova? Fique tranquilo, nós iremos ajudar você a encontrar uma acomodação confortável que o auxilie no descanso neces-
sário para a realização da prova. Em 2011, o vestibular de Medicina de Pouso Alegre teve 2.308 inscritos, número suficiente para movimentar a rede hoteleira do Município. Portanto, o ideal é reservar o hotel com até 60 dias de antecedência para não ter surpresas às vésperas do vestibular. A reserva de hospedagem garante uma prova mais tranquila e você não corre o risco de pagar um preço muito alto. Localização, conforto, privacidade e valores são requisitos importantes para uma boa escolha. Se a sua preparação inclui ficar sozinho concentrado para a prova, a cidade disponibiliza hotéis com diárias que vão de R$ 55 a R$ 173. No Centro de Pouso Alegre, próximo à Faculdade de Medicina (Unidade Central), existem vários hotéis com preços acessíveis que oferecem estacionamento, recepção 24 horas e café da manhã. Uma boa alimentação também é fundamental para encarar a prova.
Para quem vem de ônibus, o Central Parque Hotel fica em frente ao Terminal Rodoviário. Quem preferir se hospedar nos hotéis Pousada Maracanã e Fernandão vai precisar de carro para chegar ao local da prova. Já o Hotel Marques Plaza fica em frente à Unidade Fátima da Univás, um dos locais de prova na cidade.
Quem se prepara durante todo um ano, e muitas vezes ainda mais do que isso, para o vestibular de Medicina, precisa de um lugar aconchegante para se acomodar antes da prova. Pensando nisso, selecionamos alguns hotéis de Pouso Alegre, juntamente com as tarifas e telefone, para que você possa se hospedar com tranquilidade.
Central Parque Hotel R. Prof. Jorge Beltrão, 193 35 3449-2009
Fênix Hotel
Rua Bernardino de Campos, 143 35 3423-6000
Pouso Alegre - onde ficar
Hotel Cidade HOTÉIS
DIÁRIA 1 PESSOA
TELEFONE
CENTRAL PARQUE HOTEL
R$ 88,00
(35) 3449-2009
FÊNIX HOTEL
R$ 110,00
(35) 3423-6000
HOTEL CIDADE
R$ 85,00
(35) 3422-2200
Rua Prof. Vicente Paiva Martins, 33, Centro 35 3422-2200
Hotel Cometa
Rua Bom Jesus, 373, Centro 35 3423-533
Hotel Dias
Rua Adolfo Olinto, 184 35 3449-3939
Hotel Ferraz HOTEL COMETA
R$ 55,00
(35) 3423-5333
Praça Doutor Garcia Coutinho, 14 35 3449-2045
HOTEL DIAS
R$ 66,00
(35) 3449-3939
Hotel Fernandão
HOTEL FERRAZ
R$ 124,00
(35) 3449-2045
HOTEL FERNANDÃO
R$ 84,00
(35) 3449.2010
JB PALACE HOTEL
R$ 95,00
(35) 3423-7870
MARQUES PLAZA HOTEL
R$ 173,00
(35) 3422-2020
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Rodovia Fernão Dias, km 850,2 35 3449-2010
JB Palace Hotel
Avenida Doutor João Beraldo, 460, Centro 35 3423-7870
Marques Plaza Hotel
Av. Prefeito Tuany Toledo, 801 Fátima 2, 35 3422-2020
Bairro
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VESTIBULAR DE Medicina O começo do caminho
Por Juliana Miranda
A disputa pelas vagas mais concorridas A concorrência pelas vagas de Medicina é um termômetro importante no momento de medir o nervosismo provocado pelos vestibulares O curso de Medicina é o mais concorrido da maioria dos vestibulares brasileiros, e levar em consideração o número de candidatos por vaga pode ser um fator importante para avaliar a qualidade da instituição escolhida. “A procura pode ser um radar positivo para o estudante, mas o mais importante é avaliar também outros quesitos, como instalações e especialização dos professores”, diz Alberto Francisco do Nascimento, coordenador de vestibular do Anglo. Outra estratégia para fazer a escolha certa consiste na consulta a universitários ou recém-formados da faculdade escolhida, para saber como foi a inserção no mercado de trabalho. É o que recomenda Laércio da Costa Carrer, coordenador do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio São Luís. “As impressões são valiosas para a escolha”.
A grade curricular também deve ser levada em conta. Em geral, ela está disponível no site do curso e mostra a distribuição das disciplinas (teóricas e práticas, além do percentual de optativas). “Também é fundamental conhecer o perfil do curso, que varia de uma instituição para outra”, observa Laércio. Para ele, o importante não é apenas passar no vestibular, mas avaliar bem a escolha da instituição, porque o tempo de dedicação a ela será, no mínimo, de seis anos. “Por isso, observar as qualidades e avaliar os pontos negativos do curso é fundamental”, completa. Os números dos vestibulares da Fuvest são representativos. Em 2011, mais de 13,5 mil estudantes se inscreveram para tentar entrar no curso de Medicina, resultando em uma relação de 49,2 estudantes disputando uma vaga na Universidade de São Paulo (USP). Parece – e é – muita coi-
sa, mas em 2012 esse número foi ainda maior: foram 51,18 candidatos por vaga. Outro exemplo é a Universidade Federal do Acre (Ufac), onde a procura pelo curso de Medicina registrou 183,27 candidatos por vaga. Ao todo, foram recebidas 7.331 inscrições para um total de 40 vagas. Nos vestibulares de meio de ano, Medicina também é uma graduação procurada. No processo seletivo de inverno de 2011 da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), a procura pelo curso bateu recorde. A relação foi de 154,9 candidatos por vaga – foram mais de 6,1 mil inscritos. “Isso mostra que as públicas de todos os cantos do Brasil são almejadas. Os estudantes saem da região Sul e Sudeste, dirigindo-se ao Nordeste para estudar Medicina. E muitos acabam por fazer carreira por lá”, completa Alberto do Nascimento.
ximas de casa acaba sendo um critério também de escolha. “Se a universidade é publica, conceituada e próxima de outra com as mesmas características, o estudante acaba optando pela mais próxima, ao invés de alguma outra fora do seu estado”, afirma.
No caso das faculdades públicas de Medicina no Estado de São Paulo, como USP, Unifesp, Unesp e Unicamp, em que o nível do ensino de qualidade é até semelhante, esse pode ser mais um critério de escolha.
Distância A localização do curso deve ser pensada não só pela distância e o pelo tempo gasto, mas levando-se em conta o custo de transporte. Alberto explica que vários vestibulares públicos acontecem muito próximos uns dos outros e, por isso, escolher as instituições mais pró-
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VESTIBULAR
Por Juliana Miranda e Izabella Campos Ocáriz
A batalha pelo futuro A luta para chegar ao curso superior
Como escolher um bom curso de Medicina Roberto Nasser, coordenador de História, Filosofia e de Orientação Profissional do Colégio Bandei.
O estudante que pretende fazer o curso de Medicina precisa escolher muito bem a faculdade que irá prestar. Afinal, serão seis anos de muito esforço e dedicação. A primeira coisa a fazer é pesquisar a instituição na qual deseja estudar. Hoje, no Brasil, existem dois métodos de ensino em Medicina: o tradicional e o Problem-Based Learning (PBL) – na tradução para o português, Aprendizagem Baseada em Problemas. No método tradicional, o aluno tem aulas teóricas, em sala de aula, divididas em disciplinas específicas e aplica o conhecimento passado pelo professor no contato com o paciente. Na PBL, o aprendizado ocorre a partir de um contexto clínico dado pelo tutor, que o aluno deve resolver a partir de sua própria pesquisa; depois, suas conclusões são
Confira algumas dicas e sugestões para começar a faculdade com o pé direito.
discutidas com um grupo de colegas e com o próprio tutor, para que o resultado possa ser aplicado ao paciente.
“Meu pai sempre me falou muito bem da faculdade daqui. A fama da Univás chegou até Belo Horizonte; tinha gente de lá querendo cursar aqui.” [Fernanda Aguiar Nunes, acadêmica de Medicina.]
Escolhido o método de aprendizagem de preferência do estudante, é necessário verificar a grade curricular do curso e a distribuição das disciplinas ao longo dos anos, para não haver surpresas. Também é fundamental veri-
ficar a ligação da universidade com um hospital-escola, essencial às atividades do aprendiz de Medicina. O aluno deve, ainda, se for de seu interesse, conferir o oferecimento de atividades extraclasse, como jornais, ligas, atléticas e diretórios acadêmicos. Lígia de Fátima Nóbrega Reato, coordenadora da Faculdade de Medicina do ABC, dá alguns conselhos: “Ao escolher uma faculdade de Medicina, o estudante precisa analisar alguns fatores, não apenas se ela é pública ou privada. Primeiramente, é importante conferir se a faculdade de Medicina é reconhecida e aprovada pelo MEC e pelo Conselho Regional de Medicina. Além disso, é importante checar as notas da universidade no último Enade e, assim, avaliar se os alunos estão sendo bem preparados”.
A opção de ficar em casa Fernanda Aguiar Nunes, aluna do 4º ano de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), revela que sempre quis fazer Medicina e não teve dúvidas na hora de escolher a profissão. Ela não se focou em apenas uma instituição de ensino. O objetivo inicial era prestar apenas federais, mas reavaliou a decisão no primeiro ano de cursinho: “Meu pai sempre me falou muito bem da faculdade daqui. A fama da Univás chegou até Belo Horizonte; tinha gente de lá querendo cursar aqui. Segundo me disseram, na própria
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apostila que utilizavam lá, apareciam questões do vestibular daqui. Para quem queria uma particular, Pouso Alegre sempre era uma opção. A impressão que eu tive foi ótima: adorei desde o primeiro momento e até hoje gosto muito”. Quando Fernanda passou no curso de Medicina da Univás foi um alívio, pois não precisaria sair de casa, já que seus pais haviam mudado para a cidade alguns anos antes: “Pra mim foi bem puxado, eu não tinha nem ideia de como funcionava, porque na minha família não tem
nenhum médico. Sendo assim, eu não conhecia o processo, mas sabia que era um curso difícil. Ter ficado em casa me deixou mais tranquila. Não foi planejado, mas deu certo”, revela. “Eu tenho uma irmã mais nova que faz Medicina em outra cidade e eu vejo a dificuldade dela. Ainda bem que eu não tive que passar por isso. Acho que é bom, ela amadurece, mas ter que se virar sozinho sem ter contato com uma pessoa de confiança pode ser muito complicado”.
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Qualidade do curso é fundamental Anelysa Macedo de Almeida, também acadêmica do 4º ano de Medicina da Univás, assim como a colega de classe, sempre quis ser médica. Para ela, o processo de ir para uma universidade fora de casa soou muito complicado desde o começo. A Univás sempre foi sua primeira opção, porque é uma excelente instituição: “A faculdade tem nome, e minha vontade sempre foi passar aqui. Eu me preparei para isso e, quando passei, foi a melhor coisa que me aconteceu”, diz Anelysa. E ela acrescenta: “A Univás é destaque em relação às outras faculdades regionais: ela oferece o conhecimento dos professores, a videoteca, o Diretório Acadêmico, o Hospital
Escola, as Ligas Acadêmicas”. Na opinião de Renne Henriques Dall’ Orto Muniz, representante de sala do quinto ano do curso de Medicina da Univás, a faculdade depende muito mais do aluno do que do professor. Para ele, “se o estudante não quiser aprender, não adianta ele entrar na melhor universidade que ele não vai aprender. A disposição do aluno em aprender tem de ser maior do que a força de vontade do professor em ensinar. O professor tem de orientar, mas o estudo é com você”. O curso de Medicina exige uma postura mais centrada dos alunos, que, afinal, estão se preparando para lidar com
vidas humanas. Renne lembra das palavras do pai, quando ele decidiu prestar Medicina: “Só passa no vestibular de Medicina se você se sentir maduro para aquele curso”. Renne acabou não passando no vestibular da Univás, mas entrou em outra faculdade e se transferiu. “Eu optei por fazer Medicina aqui. Amo essa faculdade, nasci e cresci aqui dentro, quero ser professor aqui, futuramente. Maturidade, é isso, não tem segredo, é saber ter opinião própria. Saber ouvir, criticar, conciliar e ir tocando a faculdade, sabendo, acima de tudo, que é uma coisa muito séria”, afirma ele.
dades públicas são as mais procuradas, não só por serem gratuitas, mas pelo reconhecimento dos cursos, a maioria dos quais possui nível internacional, e ainda porque estão preparadas para oferecer ao aluno especializações e práticas coerentes com a necessidade da profissão”, diz Alberto Francisco do Nascimento, coordenador do vestibular do Anglo. Para ele, toda faculdade de Medicina deveria ter um hospital escola. “É uma profissão que exige prática, acima de tudo. Por isso, as públicas saem na frente, porque todas têm essa opção ou convênio com hospitais”. O País conta hoje com 185 cursos de Medicina que formam, por ano, aproxi-
madamente 16 mil médicos. O objetivo de uma faculdade é fornecer aos alunos uma sólida formação geral, contando com uma excelente base, treinamento nos três níveis de atenção à saúde (primário, secundário e terciário), elevada formação ética e humanista e capacitação para exercer sua profissão. Dados do Conselho Federal de Medicina informam que o Brasil tem cerca de 300 mil médicos. O número mostra que o País tem, em média, um médico para cada 633 habitantes. Apesar de o número parecer insuficiente, o problema nem sempre é a quantidade de profissionais, mas, sim, a qualidade dos atendimentos.
Exigências da carreira Medicina é a carreira que exige o maior número de anos de estudo, dedicação integral, atualização constante e muitas noites em claro. Mesmo assim, a profissão é uma das mais almejadas por jovens em época de vestibular. Segundo a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), há pelo menos 10 anos, Medicina é o curso com maior número de inscritos. Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a carreira foi a mais procurada no vestibular 2012. Na da universidade Federal do Ceará (UFC) também está entre as mais disputadas, segundo dados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação (MEC). “Sem dúvida, as universi-
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Cartilha O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) publicou uma cartilha para ajudar os estudantes na escolha do curso de Medicina. O objetivo é apresentar alguns pré-requisitos que devem ser levados em conta na hora de escolher a escola de Medicina onde se prestará vestibular. A cartilha traz contribuições de diretores de faculdades de Medicina de São Paulo, profissionais da área e representantes de entidades médicas. Dá dicas sobre como avaliar a infraestrutura, o corpo docente, a grade curricular e outros pontos que são fundamentais
para que uma faculdade ofereça um curso de qualidade. A cartilha online Escolha Bem seu Curso de Medicina faz parte de uma ampla campanha que o Cremesp lançou no início de maio com o objetivo de alertar a população, além de sensibilizar as autoridades responsáveis, sobre os potenciais riscos representados pela criação de escolas de Medicina sem condições necessárias de oferecer ao futuro médico uma formação consistente e adequada. Acesse o material no link http://www.proteja-se.org. br/?siteAcao=CartilhaCorpo&id=2
É fundamental o aluno conhecer o que a faculdade e o mercado de trabalho vão oferecer, buscando todas as informações disponíveis para entrar seguro e confiante na universidade. A imaturidade para a escolha da carreira e da faculdade não está na idade do aluno, mas sim no processo. Quem nunca se interessou pelo assunto está mais imaturo do que quem tem pesquisado há algum tempo, meditado no assunto, conversado com a família e com profissionais da área. A escolha, principalmente da carreira, traz consequências, razão pela qual deve ser pensada. Alguns pais também enxergam o mercado de trabalho como no tempo deles e querem interferir na escolha dos filhos. O mundo mudou. Hoje existem ótimas universidades públicas e privadas. Antigamente, no século XlX, a expec-
tativa de vida era de 40, 45 anos. Tinha que se fazer tudo com pressa, tudo tinha que se encaixar. Hoje, o aluno entrar na faculdade com 17, 18 ou 19 anos não vai fazer tanta diferença. Para um curso de Medicina, é possível pensar bem e se preparar para o vestibular e para o que a carreira exigirá. A universidade tem a ver conosco: nossa visão de mundo, o que pensamos, o que almejamos, situações a que estamos acostumados, entre outros aspectos. Assim, na escolha da universidade, o aluno deve levar em conta se ela preenche anseios pessoais, se tem a ver com seu perfil. Por exemplo: se está acostumado com ótima infraestrutura, ele terá dificuldade de se adaptar a uma universidade que não invista nisso. Tem aluno que gosta de participar de debates, discussões políticas. É im-
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Orientação de quem está acostumado a tratar do assunto, Roberto Nasser [coordenador de História, Filosofia e orientação profissional do Colégio Bandeirantes, São Paulo]
portante, mesmo em um curso de Medicina, analisar se a instituição que ele escolheu oferece esse espaço. Outro ponto fundamental é verificar se a universidade tem hospital escola. Se não tiver, será complicado. Ele terá de fazer a residência em outro local, sem seus professores, sem acompanhamento de quem ele conhece. Também oriento no sentido de observar os laboratórios (quantos são e quanto tempo poderá usá-los), o número de professores doutores, professores em período integral, gabaritados a ajudar o aluno, entre outros aspectos. Tudo isso ajuda na formação, que é o mais importante de tudo: o candidato ao curso de Medicina tem de ter a clara noção de que vai precisar se dedicar muito e para o resto da vida.
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VESTIBULAR DE Medicina O começo do caminho
Por Izabella Campos Ocáriz
Estudantes de Medicina falam da rotina de estudos A atividade de pesquisa é um processo fundamental não apenas para a vida estudantil, mas também para a vida profissional. Depois do vestibular, os estudantes que conseguiram a vaga ficam aliviados com a nova conquista. No entanto, a maratona de estudos não acaba: é necessário se preparar para uma nova fase de aprendizado. Anelysa Macedo de Almeida e Fernanda Aguiar Nunes já sentiram o peso
“O pesquisador faz a pesquisa por ele, para satisfazer uma curiosidade pessoal, mas ela é dirigida à sociedade” [Fernanda Aguiar Nunes]
da pesquisa médica logo no primeiro ano de faculdade. Alunas do quarto ano da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), elas optaram por fazer Iniciação Científica assim que entraram na faculdade. Aqui, elas contam como o processo exige disciplina.
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Anelysa Macedo de Almeida Anelysa decidiu debruçar-se em projetos desde as primeiras aulas na faculdade, porque acredita que a Iniciação Científica tem o objetivo de trazer conhecimento. Esse contato maior com a ciência vem com o projeto, que dirige o estudante para novas experiências e para uma relação diferenciada com o objeto de pesquisa. “Eu acho que cada trabalho traz novos conhecimentos, novas experiências. Então, isso vai ser importante não só para o estudante como para o profissional. Além disso, acredito que sempre haverá conhecimento a ser adquirido, experiência a ser feita, porque tudo isso significa lidar com outro ser humano, o que é muito complicado”, ressalta Anelysa. Para uma boa Iniciação Científica o professor orientador é peça-chave. Ele vai conduzir o aluno para realizar um bom trabalho, procurar respostas da maneira correta e ensinar a lidar com o paciente. Anelysa conta como sempre teve todo suporte de seu orientador, professor Taylor Brandão, que se interessou em ajudar, mesmo nos momentos de dificuldade. Ela adverte que nem sempre dá tudo certo e é importante ter o apoio. Uma das pesquisas de Anelysa trata da “Qualidade de vida, depressão e espiritualidade em pais cuidadores de crianças diabéticas”. Ela lembra que no início foi muito difícil lidar com os pais das crianças, porque ela ainda não estava preparada. Foi essa uma das funções fundamentais do projeto de pesquisa, que a conduziu para uma relação calma e hu-
manizada: “Só de ouvir, às vezes você já está ajudando bastante o paciente. O paciente que está chorando, ou então que está totalmente depressivo, antes me assustava. Com o projeto não, ele te ajuda, porque você tem que ter esse movimento para desenvolver, você tem de passar por várias etapas e ter um contato muito grande com o paciente”. Ela conta o caso de um paciente que não foi à consulta porque a mãe estava com depressão. No lugar dela, trouxe a avó da criança para desabafar. A acadêmica explica que, geralmente, os pais se culpam pela doença da criança, que sofre por não entender o motivo de não poder comer certos alimentos. Anelysa está na sua quarta pesquisa de Iniciação Científica, duas delas já publicadas, e não pretende parar até o fim da faculdade. A primeira demorou um ano para ficar pronta, e os trâmites para a publicação demoraram ainda mais. O trabalho foi aprovado para publicação neste ano, o que ela considera um passo importante: “a publicação é o troféu, porque você passa o ano inteiro trabalhando, você aplica mais de cem questionários, e a publicação significa que o pessoal de fora leu e aprovou. Então, quer dizer que o trabalho foi bom, que deu resultado, que trouxe conhecimento não só para mim, mas para outras pessoas que utilizaram o artigo. Eu acho que isso é essencial, porque é através de pesquisa que a gente desenvolve a Medicina”. Toda a rotina do estudante é bem aper-
tada. Anelysa explica que, com o passar dos anos, fica cada vez mais complicado conseguir tempo, porque o hospital vai exigindo cada vez mais do estudante. Ela criou uma tática para não perder o foco: reserva um dia na semana para trabalhar somente com o projeto; quando precisa de mais dedicação, ela usa o período de férias e consegue conciliar com tranquilidade. Com a rotina de estudo, a acadêmica acredita ter ficado mais responsável e disciplinada, porque é necessário levar as matérias da faculdade e a pesquisa juntas, com a mesma dedicação. Para ela, o mais importante foi o grande contato que teve com pacientes. Segundo a estudante, a maior parte deles é receptiva e gosta de ajudar, porque entende que a pesquisa é feita em benefício da sociedade. Um diálogo com os pacientes, que explique os motivos da pesquisa, é um passo essencial para conseguir sua participação. Para os futuros estudantes de Medicina que desejam tentar uma Iniciação Científica, Anelysa recomenda que comecem no primeiro ano de faculdade: “Vai ser muito importante, vai levar para a vida toda essa experiência, porque a base de tudo vai ser a relação médico/paciente e a iniciação é um atalho para você aprender a lidar com cada pessoa. Isso me ajudou bastante. Leva tempo: eu comecei meu primeiro projeto no primeiro ano e está sendo publicado só agora, no quarto ano. Dá trabalho, mas vale a pena”, conclui.
Anelysa Macedo de Almeida, estudante de Medicina da Univás.
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Fernanda Aguiar Nunes A acadêmica Fernanda começou a Iniciação Científica depois de se interessar pela disciplina de Metodologia, ainda no primeiro ano. Ela foi convidada, justamente por Anelysa, sua colega de classe, para participar de uma pesquisa aplicando questionários em pacientes: “Foi aí que eu me interessei. Quando surgiu uma oportunidade, isso fez com que eu me envolvesse cada vez mais”. Em áreas como pediatria, mastologia, infertilidade e ginecologia, Fernanda realizou praticamente uma pesquisa por ano. “Foram surgindo oportunidades e eu fui ganhando mais experiência e mais tranquilidade na hora de fazer”, explica. Ela ainda ressalta que é essencial confiar e gostar do orientador para ele passar confiança ao aluno: “Para mim, o orientador é fundamental, é a peça chave na pesquisa, não tem jeito. Se você não tem um orientador que te incentiva, que te dê apoio, você perde a motivação”. A acadêmica conta ainda que nunca fez pesquisa experimental, como teste de medicamento, por exemplo, porque se interessa mais pelo contato com o paciente. Ela aconselha os pesquisadores iniciantes a lerem muito, tudo o que puderem. Sugere ainda que realizem pesquisas que possam se desenvolver com aplicação de questionário, procedimento mais tranquilo e mais adaptável aos horários das aulas. Conforme os anos do curso passam, esses horários ficam mais difíceis de administrar, e a aluno recorda que
um dos requisitos para conseguir uma bolsa de Iniciação Científica é ter boas notas na faculdade. Até o fim do ano, dois artigos de Fernanda serão publicados. Para ela, é um processo natural, e a maior expectativa é chegar ao resultado. Em uma de suas pesquisas, que avalia a depressão em mulheres inférteis, esperava-se, no início, que mulheres inférteis fossem mais propensas à depressão; no entanto, com o fim da pesquisa, chegou-se à conclusão de que não havia essa relação. Toda pesquisa publicada é um diferencial no currículo do profissional e influencia positivamente sua carreira, o que para a acadêmica é fundamental e ajuda a definir as áreas de maior interesse do estudante. “Todo médico tem que ser curioso, um pouquinho pesquisador. Ele pesquisa um diagnóstico, ele pesquisa qual a melhor conduta, qual o melhor exame, qual o melhor tratamento. Então, a Iniciação Científica fornece as bases para você começar a trabalhar isso na sua carreira”. Além de instigar o estudante a se atualizar sempre, a Iniciação Científica pode ser uma facilitadora do aprendizado. “Você pesquisa, você lê, você se atualiza em um determinado assunto e, no final, acaba adquirindo um conhecimento que você não esperava”, afirma Fernanda. Na opinião dela, o diferencial de um médico é a atualização dentro de sua área de estudo, uma consequência
da pesquisa. Ela lembra que nenhuma pesquisa impõe verdades; elas são apenas sugestivas, apontam caminhos. Por isso, existem pesquisas que se opõem a outras. Para interpretar os resultados, o bom senso e a reciclagem são muito importantes: “Eu acho fundamental, pesquisa é atualização”. Para Fernanda, o mais importante na Iniciação Científica é o contato com o paciente, porque o aluno passa muito tempo em sala de aula aprendendo sobre o funcionamento do corpo humano: “Você começa a perceber que a Medicina é uma ciência muito teórica, ela precisa de muito estudo, e às vezes você acaba separando a Medicina do ser humano. Então, o contato com o paciente é fundamental, porque você precisa ter uma abordagem natural, tranquila, aprender a ser receptivo, para saber como você vai conversar com o paciente. Ser médico não é só fazer diagnóstico. Você precisa saber cuidar de gente, que é o mais importante”, reforça. Fernanda ainda explica como as pesquisas científicas refletem na sociedade: “Mais do que para o pesquisador, ela é benéfica para a sociedade. Isso porque o pesquisador faz a pesquisa por ele, para satisfazer uma curiosidade pessoal, mas ela é dirigida à sociedade. Ele nunca vai querer estudar uma coisa que vai ser útil apenas para ele.”
Fernanda Aguiar Nunes, acadêmica de Medicina da Univás.
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Até chegar a vice-diretor da Faculdade Santa Casa de São Paulo, o médico endocrinologista Osmar Monte percorreu uma longa jornada. Gostar de cuidar das pessoas o motivou a prestar Medicina na mesma instituição em que trabalha hoje. São quase 40 anos de formação. Para cursar a universidade que sonhava, teve de trabalhar. Como o curso exigia período integral, ministrava aulas de biologia em uma escola particular à noite e colocava a matéria em dia nos finais de semana. “Não tinha muito tempo para o lazer. Levava meus livros para todos os lugares, inclusive para a casa da namorada”, lembra. Foram anos em que acordava às 5h da manhã e dormia à meia-noite. Poucas horas de sono e muito esforço. “Fui o primeiro a ter curso universitário da minha família e o primeiro médico. Batalhei muito para conquistar meu espaço, mas cheguei onde sonhava”. Viu na endocrinologia uma área ampla e com muitas oportunidades. Segundo ele, 10% da população têm diabetes, muitas pessoas apresentam disfunções na tireóide, além da questão da obesidade, entre outras situações. “É um campo interessante para atuar e contribuir”, acrescenta. A docência também ganhou espaço na vida dele. Começou a ministrar aulas nessa área até chegar à administração da universidade. “O foco naquilo que eu queria foi maior do que qualquer dificuldade. Hoje, tenho satisfação em formar novos profissionais e passar não só conhecimento técnico, mas valores essenciais, como o cuidado humanizado com o paciente”, afirma.
Dr. Osmar Monte, endocrinologista e vicediretor da Faculdade Santa Casa de São Paulo
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VESTIBULAR DE Medicina
Em busca da boa formação Existem muitos cursos de Medicina no Brasil. Mas quem deseja adquirir uma boa formação, deve se espelhar nos melhores exemplos. Aprenda a conhecê-los e saiba como segui-los.
• Medicina USP • Conheça algumas das Universidades Federais de Minas Gerais • Unicamp: universidade de excelência • Entrei na faculdade e me arrependi. Como fazer? • Univás está credenciada no programa FIES
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FACULDADE DE Medicina
Por Juliana Miranda
Em busca da boa formação
Universidade de São Paulo Faculdade de Medicina da USP completa 100 anos, reconhecida por excelência científica e acadêmica. Em 2012, a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) completa 100 anos. O centenário, comemorado em 19 de dezembro, será marcado por um ano de homenagens à primeira faculdade de Medicina do Estado de São Paulo, criada através de um acordo entre o Governo do Estado e a Fundação Rockfeller, em 1912. Objeto do desejo de candidatos de todo o País, e tendo Medicina como a carreira mais concorrida, a FMUSP possui 368 docentes responsáveis por lecionar aos 1.405 estudantes de graduação, distribuídos pelos cursos de Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, e aos 1.430 alunos na pósgraduação estrito senso (Mestrado e Doutorado). A Faculdade também dispõe do maior programa de residência médica de todo o País, hoje com 1.196 residentes. Mantém, ainda, cursos de especialização, aperfeiçoamento e extensão.
A Instituição introduziu no Brasil o modelo de ensino baseado na existência de hospitais universitários, vinculados às escolas médicas e onde são realizadas as aulas práticas, associadas a atividades de pesquisa e assistência.
“Com o centenário, muitas reformas serão implantadas: ampliações físicas e evolução no curso propriamente dito.” [Gustavo Bezerra, aluno USP] A Faculdade coordena um complexo hospitalar onde atuam 18 mil funcionários e que realiza, anualmente, 1,5 milhões de atendimentos ambulatoriais, 250 mil atendimentos de emergência, 40 mil cirurgias, 8,6 milhões de exames laboratoriais, 1,6 milhões de procedimentos
de diagnóstico por imagem e 600 transplantes. Os pacientes atendidos vêm de todo o País e, em muitos casos, de outros países da América do Sul. Apesar de ser apenas uma das 40 unidades de ensino da Universidade de São Paulo, é responsável por cerca de 14% da produção nacional das pesquisas na área médica, 4% de toda a produção científica nacional de todas as áreas (Humanidades, Biológicas e Exatas) e 2,2% de toda a produção da América Latina (também de todas as áreas). As pesquisas são desenvolvidas em seus 62 Laboratórios de Investigação Médica. Desde sua inauguração, na década de 50, já foi reconhecida como padrão “A”, conferido pela Associação Médica Americana, o que significava que os médicos formados na USP teriam o mesmo nível daqueles formados nas melhores escolas médicas do mundo. Foto: USP Imagens
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Foto: USP Imagens
Um pouco do passado A sede atual, inaugurada em 1931, é um prédio tombado, que passou por uma restauração nos últimos anos, visando a modernizar suas instalações sem perder as características originais. Em 1934, passou a integrar a Universidade de São Paulo e sediou a primeira reunião do Conselho Universitário da então nova Universidade. Ao longo de sua história, a FMUSP foi pioneira na implantação de novas técnicas. Entre elas, destacam-se: o primeiro transplante de rim da América Latina (1965); o nascimento do primeiro bebê de proveta em hospital público do Brasil (1991); e a realização de um transplante cardíaco no mais jovem paciente do País, um bebê de 20 dias (1995). Contratado como professor-doutor em 1988, Wilson Jacob Filho, titular da área de Geriatria da Faculdade, se recorda de sua chegada ao corpo docente: “Quando aqui entrei, conheci um
universo de grande intimidade entre os seus componentes. Professores, alunos e funcionários se conheciam pelos nomes e hábitos, vivendo em contato constante em cada um dos espaços aqui existentes”, conta. Com mais de quarenta anos de convivência com os inúmeros departamentos da FMUSP,
A posiçõa de ponta ocupada pela USP no panorama universitário brasileiro se deve em grande parte à valorização da pesquisa científica Jacob Filho pôde acompanhar as transformações da Instituição em um ambiente “cada vez melhor preparado para o seu destino de liderança científica”, declara. Desde que entrou na faculdade, em
2010, Gustavo Bezerra, aluno e presidente da Associação Atlética Oswaldo Cruz, testemunhou algumas mudanças, entre as quais destaca: “O curso de Medicina e o modo como a Instituição tem evoluído, levando cada vez mais em conta a humanização de suas relações e um tratamento mais pessoal, além de um aumento da responsabilidade social e da conscientização de todos da faculdade”. Nomes ilustres fizeram parte de seu quadro docente. Entre eles, Jose Aristodemo Pinotti, Angelita Habr-Gama, Silvano Raia e Carlos da Silva Lacaz. Entre os diversos alunos (graduação, residência e pós) que se destacaram em outras instituições estão Miguel Nicolelis (cientista de renome internacional), Paulo Vanzolini (compositor), Drauzio Varela (professor, médico e divulgador científico), Jairo Bouer (médico educador) e Alexandre Padilha (ministro da Saúde).
Um pouco do futuro Novos projetos, como o Centro de Ensino e Simulação e o processo de internacionalização da FMUSP, prometem ser pontos importantes no futuro da
Instituição. “Acredito que, com o centenário da faculdade, muitas reformas serão implantadas, não só no sentido de ampliações físicas e estruturais, mas
também em evoluções no curso propriamente dito”, complementa o aluno Gustavo Bezerra.
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FACULDADE DE Medicina Em busca da boa formação
Por Leidiana Palma
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Universidades mineiras Universidades de Belo Horizonte e Uberaba também oferecem curso de Medicina de qualidade.
Universidade Federal de Minas Gerais A Universidade Federal de Belo Horizonte foi a primeira Instituição de ensino superior de Minas Gerais. Fundada em 1830, na Cidade de Ouro Preto, antiga capital do Estado, a Instituição ficou conhecida com o nome de Escola de Farmácia e, a partir de 1892, como Escola de Minas. Com a transferência da capital para Belo Horizonte, a Instituição recebeu outros cursos, entre eles o curso de Medicina (em 05 de março de 1911). Só em 1949 foi federalizada e em 1965 passou a se chamar Universidade Federal de Minas Gerais. O curso de Medicina da UFMG forma cerca de 320 médicos por ano. São profissionais capazes de atuar na promoção da saúde, prevenção das doenças, reabilitação e assistência aos doentes. O ensino está profundamente ligado às atividades de pesquisa e extensão da Universidade, das quais os alunos participam nas disciplinas dos cursos e nos
mais variados projetos. Orientados por professores, os alunos da UFMG podem se envolver em ligas acadêmicas, na realização de jornadas e de outros eventos nas diferentes áreas do conhecimento ligadas à Saúde. Os estudantes da Medicina também têm a tradição em outras atividades, tanto políticas como culturais e esportivas. Mestrado e Doutorado Para quem deseja estudar doenças tropicais, a UFMG oferece o curso de Medicina Tropical, nos níveis de Mestrado e Doutorado. Por meio do curso, é possível desenvolver a pesquisa, aperfeiçoar e aprofundar os conhecimentos adquiridos durante a graduação. A universidade ainda oferece outros dez cursos que podem ser conferidos pelo site www.ufmg.br/cursos. De acordo com as Normas Gerais de Pós-Graduação da UFMG, os Progra-
mas de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina exigem a comprovação de proficiência em língua estrangeira como requisito para ingresso no curso de pós-graduação. Biblioteca Virtual O site do Curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais disponibiliza aos alunos dos cursos de graduação, pós-graduação e extensão o acesso ao catálogo online que permite a consulta ao acervo do Sistema de Bibliotecas da UFMG, o empréstimo, a renovação e a reserva. O Sistema de Bibliotecas da UFMG é formado por 26 unidades e seu acervo conta com cerca de 800 mil itens entre livros, monografias, dissertações, partituras, CDs, DVDs, fitas, VHS, mapas e slides.
Universidade Federal do Triangulo Mineiro Durante os 57 anos de existência, a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) conquistou o reconhecimento nacional e internacional nas atividades de pós-graduação, pesquisa e extensão que desenvolve. Residência médica A Universidade oferece projetos de pesquisa e extensão e pós-graduação, no curso de residência médica. Como uma especialidade, a residência da Universidade Federal do Triângulo Mineiro conta com a orientação de profissionais médicos de qualificação ética e profissional. O Programa de Residência Médica confere ao médico residente o título de especialista.
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Hospital de Clínicas da UFTM Inaugurado em agosto de 1982, o Hospital de Clínicas da Universidade, com modernas e amplas instalações, foi idealizado pela então Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Com a transformação da faculdade em Universidade, o renomado Hospital foi ampliado, para melhor atender à população. A localização permite que o Hospital atenda aos 27 municípios que compõem a macroregião do Triângulo Sul, como único hospital público que oferece atendimentos terceirizados de alta complexidade. Atualmente, comporta 290 leitos, alguns reservados para setores especiais: 20 para UTI Infantil, 10 para UTI Adulto e 10 para UTI Coro-
nariano. Certificado como Hospital de Ensino, disponibiliza campo de estágio para os cursos técnicos e de graduação, além de atender às demandas de formação profissional da especialização de residência médica e pós-graduação. O Hospital também está de portas abertas para a pesquisa científica, devido aos casos complexos e a infraestrutura que possui. O corpo clínico é composto por 448 médicos com diferentes especializações que atuam também na área acadêmica. Para mais informações sobre a Universidade Federal do Triângulo Mineiro, acesse www.uftm.edu.br.
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Foto: Divulgação
Fernando Costa, reitor da Unicamp.
Unicamp: universidade de excelência Localizada em uma próspera região do interior de São Paulo, a Unicamp tem qualidade reconhecida internacionalmente.
Por Juliana Miranda Há 40 anos, o médico Antonio Capone Neto fez a pontuação necessária para entrar no curso de Medicina em todas as universidades públicas do Estado de São Paulo, mas escolheu a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). “Embora fosse nova naquela época, já despontava como uma excelente universidade”, afirma ele, que atualmente coordena o Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein. A escolha foi acertada. A Unicamp se tornou referência e está hoje entre as principais do País. Segundo a Instituição, responde por 15% da pesquisa acadêmi-
ca no Brasil e mantém a liderança entre as universidades brasileiras no que diz respeito a patentes e ao número de artigos per capita publicados anualmente em revistas indexadas na base de dados ISI/WoS. De acordo com o Coordenador do curso de Medicina da Unicamp, professor Wilson Nadruz Junior, a Instituição atende todas as necessidades da formação médica. “Desenvolve competências para as habilidades pertinentes à prática profissional e também capacita o estudante a ter princípios éticos e responsabilidade social”, diz.
A infraestrutura envolve salas de aula equipadas com recursos tecnológicos, diversos laboratórios, núcleos e centros de estudos e pesquisas, prédios de habilidades compostos por salas para simulação de procedimentos médicos e Unidades Básicas de Saúde. Além de tudo isso, há o complexo hospitalar, que engloba o Hospital de Clínicas, o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, o Centro de Hematologia e Hemoterapia, o Centro de Diagnóstico de Doenças do Aparelho Digestivo e o Hospital Estadual de Sumaré.
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Dr. Antônio Capone Neto, ex-aluno da Unicamp e atual coordenador do Centro de Terapia Intensiva. Foto: Divulgação
O curso O curso, de seis anos, é integral. Desde o primeiro ano, o estudante participa de atividade de campo. “Logo no início, ele passa a ter uma visão da profissão e começa a reconhecer os valores e princípios que norteiam a relação médico-paciente”, diz o professor Wilson Nadruz.
“A Unicamp desenvolve competência para as habilidades pertinentes à prática profissional e capacita o estudante a ter princípios éticos e responsabilidade social.” [Wilson Nadruz Junior, coordenador do curso de Medicina da Unicamp] Os conteúdos básicos necessários são ministrados nos três primeiros anos. Os últimos destinam-se às disciplinas que compõem o internato médico, onde prevalece o desenvolvimento das atividades práticas intensivas de atendimento a pacientes. A participação efetiva do aluno se dá nas áreas ambulatoriais, enfermarias, centros cirúrgicos e prontos-socorros. Foi nesse espaço que o doutor Capone teve ainda mais certeza que escolheu a profissão certa. “Cursar Medicina é envolvente. Logo me vi estudando várias disciplinas puramente médicas. Tive ótimos professores, acima de tudo mo-
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tivadores. Senti-me progressivamente mais preparado para seguir a carreira”, conta. O médico fez residência em Cirurgia Geral, mas sempre se interessou em tratar os doentes mais graves, o que o levou para a área de Medicina Intensiva (UTI). Nos primeiros 15 anos de carreira, trabalhou nas áreas de Cirurgia Geral Trauma e de Medicina Intensiva. Em 1996, passou a se dedicar somente à Medicina Intensiva, até chegar ao cargo em que está no Albert Einstein. “A Unicamp me ofereceu uma base sólida para minha carreira de médico. Foi onde me graduei e fiz residência médica. Também foi lá que fiz pós-graduação. Sempre houve na universidade um espírito inovador, preocupação com as políticas de saúde, profissionais que eram apaixonados pelo que faziam. Isso foi importante para minha trajetória”, acrescenta. Com 57 anos, casado e com quatro filhos, lembra que a formatura e o término da residência marcaram a vida dele. A rotina mudou e a liberdade que adquiriu, de acordo com ele, foi muito boa, mas a responsabilidade aumentou de forma significativa. “Quem passa a avaliar você são seus pacientes, seus pares, o mercado de trabalho e não mais os professores e as provas. Há necessidade de planos de longo prazo, de muitas escolhas, pelas quais você será o único responsável”, ressalta.
Ele acredita que estudar em uma boa universidade sempre pode ajudar a abrir portas no mercado de trabalho. “Basta aproveitar o que ela pode oferecer, como boa formação profissional, desenvolvimento de uma postura ética, amizades e bons contatos”, relata. “Guardo a lembrança de uma grande escola, com professores excelentes e ótimos amigos”, finaliza.
É a 3ª melhor da América Latina Segundo ranking divulgado em junho de 2012 pela QS (Quacquarelli Symonds), grupo britânico responsável por uma das principais classificações universitárias do mundo, a Top Universities, a Unicamp é a 3ª melhor universidade da América Latina. Esse é o terceiro ranking elaborado no mesmo período por grupos internacionais. Nos dois levantamentos anteriores, anunciados pela própria QS e pelo Times Higher Education (THE) sobre as melhores universidades do mundo com menos de 50 anos, a Unicamp aparece, respectivamente, em 22º e em 44º lugar. “A boa colocação da Unicamp reflete a densidade de seus programas de pesquisa e a qualidade do ensino de graduação”, diz o reitor Fernando Costa. “Essa relação histórica entre ensino e pesquisa, que desde o início caracterizou a Universidade, certamente pesou nos resultados do levantamento”, completa.
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FACULDADE DE Medicina Em busca da boa formação
Por Izabella Campos Ocáriz
Dr. Virgínio Tosta.
História e conhecimento nas palavras do Dr. Virgínio Conheça as dificuldades para a instalação de um curso de Medicina fora dos grandes centros. Dr. Virgínio Cândido Tosta de Souza, médico proctologista, é um ícone na história da Faculdade de Ciências da Saúde Dr. José Antônio Garcia Coutinho e também da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás). Ele acompanhou o nascimento e crescimento dessas Instituições, tendo sido diretor da primeira por três vezes e reitor da segunda. Com toda a experiência dentro da Univás, ele fala um pouco do surgimento do curso de Medicina, o primeiro da Instituição, lembrando que existem razões sociológicas para as coisas acontecerem. “Quem não interpreta a história, é vítima de seu destino. Em uma entrevista recente, perguntaram ao William Bonner qual é a grande característica de um apresentador, repórter e jornalista; ele respondeu que é ‘dominar o jornal e conhecer a história’. Nós temos que ter um conhecimento da história para entender porque as coisas acontecem”, acredita Dr. Virgínio. Para explicar como se deram as razões sociológicas para a concepção da faculdade de Medicina em Pouso Alegre, Dr. Virgínio lembra que, até 1950, o Brasil era eminentemente agrícola, com a maioria de sua população vivendo no meio rural, principalmente nas plantações de café. Em 1956, Juscelino Kubistchek assumiu a Presidência da República, depois de ser
governador de Minas Gerais. Nessa fase, começou a industrialização do País. “Para você ter uma ideia, nessa época nós tínhamos 50 milhões de habitantes e havia 44 faculdades de Medicina, a maioria localizada no eixo Rio – São Paulo, já que poucos médicos iam para o interior”. Com o desenvolvimento industrial, começou a haver migração do campo para a cidade, na busca de emprego, melhores condições de vida, seguro social, educação para os filhos. O país foi se urbanizando, mas a maioria dos médicos permanecia nos grandes centros. Nos anos 1960, aqueles que não atingiam a nota mínima no vestibular das universidades eram considerados excedentes. As pessoas que haviam migrado na década de 1950 para os centros urbanos e que já estavam terminando o segundo grau precisavam escolher um curso superior, mas o número de escolas não era suficiente para atender essa demanda. Houve, então, uma crise educacional: as faculdades, quase todas públicas, não absorviam os estudantes. Assim, surgiu a ideia de interiorizar o ensino. Era também uma forma de colocar o médico no Interior e tirá-lo dos grandes centros, aproveitando a massa de estudantes sem demanda. Foi quando o governo permitiu a criação de escolas particulares. O governador de Minas
Gerais, Magalhães Pinto, criou diversas fundações, com a finalidade de facilitar a abertura de escolas, formando microrregiões de desenvolvimento. Entre essas Fundações, estavam as de Pouso Alegre, Alfenas, Governador Valadares, Barbacena, São João Del Rei e outras. De acordo com Dr. Virgínio, Magalhães Pinto criou a Fundação do Vale da Sapucaí para abranger a região sul-mineira. A cidade de Pouso Alegre teria a faculdade de Medicina, Ouro Fino teria a de Filosofia e a de Enfermagem ficaria em Estiva. A escolha de Pouso Alegre para sediar o curso de Medicina se deveu ao fato de a cidade ter, à época, um médico que, além de ter um filho deputado e ligações pessoais com o político Tancredo Neves, era um cirurgião bastante reconhecido, o Dr. Alcides Mosconi. Ele criou um centro médico de referência na região, mantendo uma boa clientela de cirurgia. A presença do Dr. Mosconi na cidade ajudou a promover a Faculdade de Medicina, que contou ainda com a ajuda de um idealista, o Dr. Jésus Ribeiro Pires, que hoje dá nome ao Centro Acadêmico da atual Faculdade de Ciências da Saúde. Dr. Jésus foi em busca de autorização para a instalação da Faculdade de Medicina, finalmente obtida em 21/11/1968, e tendo o Dr. Virgínio como vice-diretor.
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Muitas dificuldades “Na época, a cidade de Itajubá também pleiteava a abertura de um curso de Medicina, tendo conseguido a autorização um ano antes da nossa. Depois desse fato, o governo passou a opor resistência à instalação de outra faculdade de Medicina, tão próxima daquela que já estava aberta. Nós tivemos que usar de toda a influência política que estava ao nosso alcance. E dessa forma nasceu a Faculdade de Medicina”. Dr. Virgínio relata ainda os obstáculos enfrentados em função do fato de os
profissionais que trabalhavam na cidade, embora fossem bastante capacitados em sua área, não tevessem os requisitos acadêmicos necessários para atuar como professores. Assim, o governo exigiu que a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ficasse responsável pelo curso de Pouso Alegre durante cinco anos. Não foi fácil conseguir esse apoio da UFMG, porque um homem influente na política mineira, o Dr. João Rocha, era contrário à interiorização da Medicina
– posição da qual posteriormente ele se penitenciou. Mesmo com esse peso contrário, a Congregação da UFMG aceitou o encargo e alguns professores da Federal passaram a ministrar aulas também em Pouso Alegre, preenchendo as cadeiras básicas necessárias. Com o tempo, ocorreu naturalmente a formação de médicos residentes, que, aos poucos, substituíram os mestres da Federal, o que permitiu que a Faculdade local tivesse maior autonomia.
A Faculdade de Ciências Médicas e a relação com Pouso Alegre A Faculdade de Ciências Médicas teve um impacto social muito grande para a cidade. Sobre esse aspecto, afirma o Dr. Virgínio: “Para a cidade de Pouso Alegre, ela representou a semente de um projeto maior, que é a universidade. Naquela época, ter uma Faculdade de Medicina representava status para qualquer cidade, além de possibilitar o desenvolvimento de um centro de referência de saúde de alta complexidade. Nós estamos chegando nesse ponto, porque foi em função da Faculdade de Medicina que nós construímos o Hospital Samuel Libânio”. Na época do pedido de autorização da Faculdade de Medicina, o Hospital já pertencia à Fundação, mas estava em condições muito precárias, necessitando de grandes empréstimos para ser
reformado. “Com a ajuda de algumas pessoas influentes, conseguimos trazer grandes verbas para a escola. Reformamos o Hospital, que hoje presta assistência de alta complexidade ao município, como cirurgias cardíacas. Além disso, como todos sabem, há o setor de oncologia. Tudo isso voltado principalmente para o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), que é público. Essa era e continua sendo uma meta da Faculdade, até do ponto de vista ético, uma vez que os outros hospitais da região são particulares, não prestando o tipo de serviço a que nos dispomos”. Para o Dr. Virgínio, um dos principais benefícios trazidos especificamente pela Faculdade de Medicina da Univás foi o atendimento à população por meio do programa de Medicina da família, por
intermédio do qual se faz atendimento domiciliar ou em posto periférico. Isso permite realizar um trabalho de avaliação e definição da epidemiologia de cada local, bem como a determinação de doenças prevalentes. Desenvolve-se ainda um trabalho de conscientização da população carente, a respeito da necessidade de ações preventivas, paralelo ao estabelecimento de diagnósticos de Medicina sanitária. O Hospital fornece toda a cobertura necessária em casos de alta e média complexidade. Assim, o Hospital estende sua área de atuação para além de Pouso Alegre, atingindo cerca de 53 cidades, em um total de 1,5 milhão de habitantes. Dr. Virgínio recorda que um amigo de Alagoas afirmou: “Se esse Hospital parar, essa região para”.
médicos, juristas; quer dizer, eles são multidisciplinares. Daí vem a beleza da universidade, que retira os estudantes do isolamento de suas faculdades, colocando-os em contato com outras ciências e ampliando seu universo”. A bioética nasceu por volta de 1970, com os trabalhos desenvolvidos por um oncologista norte-americano chamado Potter, que constatou que o desenvolvimento científico e tecnológico corria o risco de se distanciar da pessoa humana, da vida, das condições de
saúde. Hoje, a bioética é voltada, em sua quase totalidade, para os parâmetros éticos da área de saúde, discutindo problemas como a poluição, segurança, questões psicológicas, meio ambiente etc. Quais são as condições necessárias para a formação de um bom médico? Quando essa pergunta é feita ao Dr. Virgínio, ele reafirma a importância da bioética: “Ética são os valores que nós desenvolvemos; bios quer dizer vida. Então, bioética é a ética voltada para a vida”.
Na área médica, isso significa desenvolver uma cultura de respeito à vida, com valores, com princípios. Ele revela que muitos lhe perguntam se
é um homem realizado. E dá sua resposta: “Em parte, sim. Porque não me deixei levar por vaidades, pela busca do status e de poder”.
Valores éticos O conhecimento científico e tecnológico da sociedade contemporânea impõe que o tratamento de saúde adequado tenha caráter multidisciplinar. É preciso ir além da dimensão estatística das ciências exatas e envolver o ser humano de forma ampla, incluindo valores que não podem ser medidos. Essa constatação conduz ao reconhecimento da importância dos estudos bioéticos. “Os comitês de bioética são formados por filósofos, teólogos, psicólogos,
Acreditar nos sonhos Dr. Virgínio é um defensor dos sonhadores. Para ele, só realiza grandes coisas quem acredita na utopia. Se não fosse ela, as pessoas não caminhariam.
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FACULDADE DE Medicina Em busca da boa formação
Diego de Freitas Monteiro Urbano.
Por Izabella Campos Ocáriz
Quero trocar de universidade. Como fazer? Pense na situação: você se esforça para entrar na faculdade que deseja. E, lá dentro, descobre que não é o que pensava ... Desistir de uma faculdade ou trocar de universidade é uma decisão difícil. O estudante precisa avaliar muito bem seus objetivos e a compatibilidade deles com a instituição a que está vinculado e àquela a que deseja vincular-se. Em todo o mundo, a taxa de evasão do Ensino Superior no primeiro ano é de duas a três vezes maior que nos anos subsequentes. Em 2010, 6.379.299 estudantes se matricularam na graduação no Brasil, sendo 4.736.001 no ensino privado. No mesmo ano formaram-se apenas 973.839 alunos de graduação, de acordo com o Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A desistência de um curso traz consequências não só para a sociedade,
formação o aluno investe tempo e esforço intelectual; ao perceber que o curso não era o idealizado, há um
momento de frustração e dúvida, que deve ser analisado com calma, para a escolha do melhor caminho a seguir. O estudante pode tentar transferência de faculdade, caso o curso lhe agrade, mas não a Instituição. Se o caso for de não gostar do curso e querer uma área parecida na mesma universidade, ele também pode tentar a transferência interna, aproveitando algumas matérias. Mas se não se encaixar em nenhuma das situações, o jeito é começar tudo outra vez. O risco de não se contentar com a nova instituição existe; no entanto, é importante pesar qual situação incomodaria mais: conviver com um aprendizado que não supre as aspirações pessoais, ou com a dúvida a respeito do que aconteceria se tivesse tentado mudar.
ele na mão. Eu já estava encaminhado, mas como eu não estava feliz, pensei: em vou tentar outra coisa. Descartei o campo das ciências exatas; então, fui para a área da saúde”. Diego acredita ter tomado a decisão certa, já que hoje está realizado cursando Medicina na Univás. Ele ressalta: “É uma faculdade muito boa, muito bem estruturada, ótimos professores, tenho muitos amigos entre os colegas, que são nota dez.
Tudo muito tranquilo. O pessoal que trabalha na secretaria, o pessoal da extensão, são pessoas dedicadas. Isso é importante, porque tenho amigos em outras faculdades que se sentem abandonados; dizem que cada um tem que se virar. Quando eu estava na engenharia, eu via que era cada um por si. Aqui, eles ajudam, apoiam, incentivam. Muitas faculdades não têm esse tipo de coisa”.
que investiu naquele aluno, mas principalmente para o estudante, que precisa lidar com algumas adversidades. Ao escolher uma faculdade para sua
Desistir de um curso superior pode geral dúvida e frustração. Tudo deve ser analisado com calma, para escolher o melhor caminho.
Testemunhos Para Diego de Freitas Monteiro Urbano, foi uma decisão difícil a ser tomada. Ele sempre quis fazer engenharia e entrou para uma universidade federal. Contudo, descobriu que não era o que queria. Tomou coragem e decidiu desistir do curso e tentar Medicina: “Foi difícil, porque era uma faculdade pública, com renome, eu já tinha proposta de emprego. Como disse minha mãe, foi difícil largar o osso, porque você está com
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FACULDADE DE Medicina Em busca da boa A luta para chegar ao curso superior formação
Por Leidiana Palma
Univás está credenciada no programa FIES A procura pelo FIES, criado com o objetivo de financiar a graduação de estudantes, atesta o sucesso da iniciativa. Os estudantes que ingressarem na vida acadêmica e escolherem a Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) poderão participar do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). O FIES é um programa do Ministério da Educação destinado a financiar a graduação de estudantes que não têm condições de arcar com os custos de sua formação e estejam matriculados em instituições não gratuitas. Criado em 1999 para substituir o Programa de Crédito Educativo, o FIES já beneficiou aproximadamente 600 mil estudantes, com uma aplicação de recursos da ordem de R$ 5 bilhões. O programa contempla estudantes que tenham obtido avaliação positiva no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e é oferecido pelas instituições de ensino superior partici-
pantes do Programa. O FIES é uma iniciativa importante para a democratização do acesso à educa-
A Univás está inscrita há mais de dez anos em um dos maiores programas de bolsas do Brasil.
ção de qualidade e proporciona ao maior número possível de estudantes a permanência e a conclusão do ensino superior. Os estudantes, que desejam solicitar o FIES, devem realizar o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
A taxa de juros do Fies é de 3, 4% ao ano, para todos os cursos. O financiamento pode ser solicitado em qualquer época do ano e as inscrições são feitas pelo Sistema Informatizado do Fies (SisFIES), disponível no site sisfiesportal.mec.gov.br. Alunos bolsistas parciais do Prouni, ou aqueles que estejam matriculados em cursos de licenciatura, ou ainda os que têm renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio, podem optar pelo Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC), no momento da sua inscrição. Desta forma, os alunos ficam dispensados da exigência do fiador, indispensável nos demais casos.
A participação da Univás De acordo com a gerente financeira da Fundação do Vale do Sapucaí, Maria Elaine Rodrigues, o programa já contemplou 1.610 estudantes em Pouso Alegre. A Instituição está inscrita há mais de dez anos
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em um dos maiores programas de bolsas do Brasil. A Univás disponibiliza um setor para orientar os seus alunos sobre eventuais dúvidas que possam surgir em relação
ao programa. Basta procurar a Gerência Financeira, situada na Av. Coronel Alfredo Custódio de Paula, 240, no Centro de Pouso Alegre, ou pelo telefone (35) 3449-2326.
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José Bonamigo escolheu Medicina pelo desafio intelectual e pela afinidade com as aulas de Química e Biologia. Outro fator preponderante foi a vontade de alcançar o sonho do tio biólogo, que não teve condições financeiras para se sustentar durante os anos de faculdade. Entrou em Medicina na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) em 1995, com a expectativa simples de absorver o máximo de informações para, então, pensar no futuro. Passou a entender melhor a Medicina no terceiro ano, quando a prática da profissão ficou mais evidente. Interessou-se por Neurologia e Hematologia. Na dúvida, quando se formou, atuou um tempo na área clínica, ao mesmo tempo em que buscava informações sobre o mercado de trabalho e as realidades de cada especialidade. “A Medicina é muito ampla, não só pelas especialidades, como pela natureza – trabalho com paciente, sem paciente, no laboratório e com pesquisa. Quanto antes o futuro médico conhecer a realidade, melhor será. É necessário aproveitar os estágios, internatos e conversar com os especialistas das diferentes áreas”, explica. O maior impacto, segundo ele, foi lidar com a questão humana. “Existem várias formas de se abordar um paciente; ele pode não aceitar o tratamento mesmo sendo preciso, e é preciso saber como conduzir esse processo. São situações muito variadas e desafiadoras, como a miséria, a loucura, a fragilidade e a morte”, conta. Aprendeu a conviver com isso em diversas situações, desde o hospital em Porto Alegre onde começou a carreira. Especializou-se em hematologia, ganhou experiência. Atualmente, atua em hospital e é o segundo tesoureiro da Associação Médica Brasileira, organização que defende boas condições de trabalho e negocia reajustes com planos de saúde, entre outras ações. “O papel de médicos jovens é muito relevante para o debate de políticas de saúde, por isso me envolvi”, coloca. Estudar, para ele, nunca foi um problema. Por isso, ressalta a importância da atualização constante e de ter conhecimento em Inglês. “Essa é a língua mais importante para a Medicina. Tudo o que é publicado de novidade, é lançado primeiro em inglês. Para praticar Medicina de ponta, tem que dominar”, orienta.
O médico Hematologista José Bonamigo acredita que lidar com as aflições de cada paciente é o grande desafio da profissão.
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UNIVÁS
Uma experiência bem-sucedida A Medicina Pouso Alegre encara cotidianamente o desafio de manter uma universidade de qualidade fora dos grandes centros. A posição estratégica da cidade favorece o sucesso da Instituição. Mas o papel decisivo cabe à dedicação dos profissionais envolvidos na vida acadêmica. Conheça melhor essa experiência.
• Hospital das Clínicas Samuel Libânio faz história com sua qualidade • Pouso Alegre: uma cidade em desenvolvimento • [Grade curricular] • Alunos de Medicina da Univás declaram sua visão da faculdade • Medicina Pouso Alegre nos Jogos Olímpicos
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Univás Uma experiência bem-sucedida
Por Izabella Campos Ocáriz
Hospital das Clínicas Samuel Libânio faz história com sua qualidade Hospital, referência na região, funciona ainda como centro de aprendizado, por sua relação com a Faculdade de Medicina da Univás.
O Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL) foi fundado pelo Dr. Custódio Ribeiro de Miranda e começou a ser construído em janeiro de 1920 com recursos da Fundação Rockfeller. Batizado de Hospital Regional “Samuel Libânio”, foi inaugurado em 21 de maio de 1921, contando com a presença de autoridades como o então Senador Eduardo Amaral. O nome do Hospital homenageia o Diretor de Higiene do Estado de Minas Gerais à época. Nascido na cidade de Pouso Alegre em 29 de agosto de 1881,
Samuel Libânio era médico, graduado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1905. Quando do lançamento da pedra fundamental do Hospital, o Dr. Libânio estava presente, junto ao representante federal, Belizário Pena, médico sanitarista eleito vereador na cidade de Juiz de Fora e Ministro da Educação e Saúde por curto período, durante o governo Getúlio Vargas. As Irmãs da Providência administraram o HCSL de 1921 a 1975. Nesse período, destacou-se o trabalho desenvolvido
No ano de 1968, a Fundação do Ensino Superior do Vale do Sapucaí (FUVS) criou o curso de Medicina na cidade de Pouso Alegre. No ano seguinte, o Hospital Regional Samuel Libânio foi doado à Fuvs, para se tornar local de atividades docentes e assistenciais e para servir de espaço de ensino e pesquisa acadêmicos. Como a situação das instalações do
Hospital era precária, foi realizada uma reforma, que resultou na construção de um pavilhão de cinco andares, inaugurado em 1979, com a visita do então presidente da República João Batista de Figueiredo. Atualmente, o HCSL é um hospita-escola, privado, filantrópico, sem fins lucrativos. Os cargos diretivos são ocupados pelos seguintes profissionais:
O Hospital é mantido pela Fuvs, também mantenedora da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), à qual o HCSL é vinculado desde a criação da Faculdade de Ciências Médicas Doutor José Antônio Garcia Coutinho, hoje Unidade Central da Univás. O HCSL presta serviço a 53 municípios da região sul mineira, contribuindo para a condição de cidade polo da microrregião, assumida por Pouso Alegre. O Samuel Libânio é, hoje, referência no campo da saúde, pelo alto grau de resolutividade em procedimentos de média e alta complexidade, principalmente no que diz respeito ao Sistema Único de Saúde (SUS). Na região, é o único a pos-
suir um pronto-socorro geral da região integrante do Sistema de Referência aos Atendimentos de Urgência e Emergência e atendimentos eletivos. Classificado como Hospital Geral de Ensino, certificado pelos Ministérios da Educação e da Saúde, conforme portaria interministerial nº. 450, de 23 de março de 2005, possui 264 leitos de internação, dos quais 231 leitos são destinados ao SUS, o que corresponde a 87,5%. É especializado nas áreas de Clínica Médica, Cirurgia Geral, Cardiologia, Endocrinologia, Gastroenterologia, Ginecologia, Obstetrícia, Nefrologia, Urologia, Neurologia, Neurocirurgia, Oftalmolo-
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pela Irmã Maria Otávia. Os ocupantes da direção do Hospital foram: Dr. Custódio Ribeiro de Miranda 1921/1955 – 1955/1966 Dr. Omar Barbosa Lima - 1966/1970 Dr. Gabriel Meirelles de Miranda – 1970/1974 Dr. Virgínio Cândido Tosta de Souza 1974/1975 Dr. Carlos de Barros Laraia - 1975/1979 Dr. Luiz Carlos de Meneses - 1979/1981 Dr. Antonio Carlos de Souza 1981/1983 – 1995/2001
Diretor clínico: Breno César Diniz Pontes Diretor técnico: Flávio Galvão Lima Diretor de enfermagem: José de Oliveira Caproni Diretora administrativa: Maria Donizete D. Costa Ribeiro
gia, Ortopedia/Traumatologia, Otorrinolaringologia, Plástica, Toráxica, Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e Adulto. O HCSL é um centro de excelência respaldado pelo corpo clínico capacitado, pela utilização de modernos equipamentos e pela qualidade da formação profissional, que oferece estágios e programas de residência médica credenciados. As melhorias vêm aumentando com obras e aquisição de novos equipamentos desde 2003, ano de sua inserção no Programa de Fortalecimento e Melhoria da Qualidade dos Hospitais do SUS/MG (Pro-Hosp), ligado à Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais. Em junho de 2012, o HCSL firmou con-
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vênio com o Governo do Estado para a oferta de tratamento oncológico por meio do SUS. Além dos serviços já citados anteriormente, conta ainda com o centro de hemodiálise, convênio com a MG Transplantes e atua no programa de Vigilância Epidemiológica Sentinela da Influenza no Brasil. Semanalmente, o HCSL atende uma média de 1.711 pacientes no ProntoSocorro do SUS, 1.695 pacientes no Pronto-Socorro particular e realiza 500 sessões de hemodiálise. Somente de janeiro a junho de 2012, foram realizados 28 transplantes. Na opinião de Ana Luiza Bueno Garcia, acadêmica do quinto ano de Medicina da Univás, “o hospital-escola é a chave de uma faculdade de Medicina. Livros são muito importantes, mas é bem diferente ler sobre um assunto e vê-lo realmente acontecer”. Ana Luiza acrescenta: “Se o acadêmico tem um professor que mostra na prática o que é cada coisa, e ainda um hospital escola de referência, como o de Pouso Alegre, onde ele pode acompanhar casos inéditos, isso é muito bom”. Diego Urbano, cursando o segundo ano na mesma Universidade, diz que
sempre que tem um tempo vai ao hospital, principalmente pela facilidade de o hospital estar no mesmo quarteirão da Faculdade: “O hospital-escola é feito para aplicar na prática aquilo que se aprende na sala de aula. Ali, o aluno tem a oportunidade de aprender a lidar com os pacientes, a atendê-los. Quando tenho um intervalo entre as aulas, eu posso ir até lá e acompanhar colegas e professores”. Para Fernanda Aguiar Nunes, do quarto ano de Medicina da Univás, a fama do hospital também se deve ao seu potencial de ensino: “Os alunos de Medicina não encontram obstáculos para frequentar o hospital. É fundamental dar essa liberdade ao estudante”. Renne Henriques Dall’ Orto Muniz, acadêmico do quinto ano, explica que o atendimento ao público é feito sob a orientação de profissionais, e a maioria dos pacientes entende a importância dos procedimentos educativos. Sua colega Anelysa Macedo de Almeida afirma que o hospital-escola é essencial: “Se você vai passar sua vida ligada a um hospital, o lugar tem que ter estrutura, tem que ter professores bons, tem que ter equipamentos, tudo
à sua disposição, para que você possa aprender com qualidade. O Hospital da Faculdade já era um bom hospital e agora está crescendo ainda mais, com reformas e com a abertura do setor de oncologia. Estou muito satisfeita”. Ela lembra o primeiro impacto das aulas no hospital: “No início você fica meio tímida, porque não sabe como lidar com o paciente. Mas o primeiro contato é muito marcante”.
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Univás
Por Izabella Campos Ocáriz
Infraestrutura da Univás mostra potencial da Instituição
Uma experiência bem sucedida
Em suas duas Unidades, a Univás apresenta um modelo de vida acadêmica voltado ao ensino e à pesquisa.
A Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) se divide em duas unidades: a Unidade Central, onde funcionam os cursos da área da saúde, e a Unidade Fátima, que abriga os cursos das demais áreas, além de toda a estrutura de lazer proporcionada pela Instituição a seus alunos e colaboradores. Unidade Central Para o desenvolvimento da vida acadêmica, a Unidade Central possui 14 salas de aula, com capacidade para receber cerca de 1.160 alunos. Além disso, há 17 laboratórios específicos, como os de Bases Técnicas Cirúrgicas e de Farmacologia e Fisiologia. Os alunos contam com Biblioteca, salas de estudos (individuais e em grupo) e computadores com acesso à internet. E mais: cantina, central de cópias, diretório acadêmico, anfiteatro, recursos audiovisuais etc. Para auxiliar na barra pesada dos estudos, a Unidade oferece apoio psicológico e uma área verde de 311 m2 para relaxar ...
Os alunos da área da saúde atuam em estágios, extensões e aulas no Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), que tem mais de 17mil m2 de área construída, toda em funcionamento. Há ainda muito trabalho nos três postos de saúde no bairro São João e na Casa da Juventude, centro de apoio a menores infratores, mantido pela Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí (Fuvs). Unidade Fátima A Unidade Fátima é ainda maior, com suas 60 salas de aula com capacidade para receber cerca de 4.440 alunos. Assim como na Unidade Central, são 17 laboratórios, como o de Zoologia e de Fotos Digitais, além de um estúdio de TV. Para pesquisas e estudos, há uma biblioteca e espaços individuais e em grupo, além de computadores com acesso à internet. E os mesmos serviços já vistos na Unidade Central: cantina, central de cópias, diretório acadêmico, auditório, apoio psicológico e
recursos audiovisuais. A Unidade conta com um ginásio, duas quadras poliesportivas, dois campos de futebol, uma pista de atletismo e quase 14 mil m2 de área verde e estacionamento. Os alunos da Univás podem contar, igualmente, com o apoio e conteúdo cultural da Rádio Univás FM, uma rádio educativa pertencente à Fuvs e voltada principalmente à divulgação dos diversos assuntos culturais e educativos relativos à vida universitária. A proposta desse canal de comunicação com a população de Pouso Alegre e região é promover a conscientização em torno da importância da cidadania e do conhecimento. Com profissionais de alto padrão e sempre dispostos a contribuir para a melhoria do aprendizado de seus alunos, a Fuvs é a segunda maior empregadora da cidade de Pouso Alegre, ficando atrás apenas da Prefeitura Municipal. Dessa forma, a Instituição assegura um melhor atendimento a seus alunos e à comunidade.
Unidade Central: 14 salas de aula e 17 laboratórios.
Unidade Fátima: 60 salas de aula e 17 laboratórios.
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Por Izabella Campos Ocáriz
Pouso Alegre: Uma Cidade em desenvolvimento Os números, assim como as impressões de quem vive ou passa pela cidade, não mentem: Pouso Alegre está a todo vapor.
Terminar o Ensino Médio e se inscrever em um curso superior é algo muito mais viável hoje do que há sete anos. Uma mudança significativa deu mais acesso à faculdade para um número maior de estudantes, principalmente aos egressos do ensino público. O Programa Universidade para Todos (ProUni) foi criado pela Lei nº 11.096/2005, com a finalidade de conceder bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. As instituições de ensino que aderem ao programa recebem isenção de tributos, razão pela qual grande parte delas participa, de norte a sul do País. Trata-se de uma via de mão dupla: essas instituições são beneficiadas e, em contrapartida, abrem espaço para receber alunos que têm os estudos custeados por uma bolsa parcial ou total. Os cursos de Medicina não ficam de
fora. No primeiro semestre de 2012, 86 instituições de ensino inscritas ofereceram 758 vagas para a carreira. “O ProUni, sem dúvida, é um programa que atende alunos com capacidade, pouca renda, mas grande disposição para os estudos. É algo que ampliou o acesso ao ensino superior e mudou a realidade brasileira. As vagas variam a cada semestre, mas os cursos mais procurados hoje pelos jovens, entre eles Medicina, sempre são contemplados”, explica Alberto Francisco do Nascimento, coorPouso Alegre encarou a organização de uma Universidade de excelência fora dos grandes centros como um desafio.
denador do vestibular do Sistema Anglo de Ensino na cidade de São Paulo. Para concorrer às bolsas integrais, o candidato deve ter renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e
meio. Para as bolsas parciais (50%), a renda familiar deve ser de até três salários mínimos por pessoa. O ProUni já ofereceu mais de um milhão de bolsas de estudos em cursos de graduação e sequenciais de formação específica. Ao inscrever-se, o estudante pode fazer até duas opções de curso e de instituição. Para se cadastrar no ProUni é preciso ter feito a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ter obtido no mínimo 400 pontos na média das cinco notas (Ciências da natureza e suas tecnologias; Ciências humanas e suas tecnologias; Linguagens, códigos e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias e Redação). É preciso, ainda, ter obtido nota superior a zero na redação. O candidato deve ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou, em caso de tê-lo feito em escola particular, na condição de bolsista integral.
Crescimento recorde Pouso Alegre é hoje a segunda maior cidade do sul de Minas, com uma população estimada em aproximadamente 140 mil habitantes. É um dos municí-
pios que mais crescem em população no Estado de Minas Gerais e no Brasil, com uma média anual de 2,6%. Na última estimativa populacional de julho do
ano passado, mais uma vez o município ficou em primeiro lugar em crescimento populacional na região, registrando um aumento de 1,40%.
muito mais abundantes do que as de inverno, e no inverno as frentes frias, vindas do polo sul, podem provocar o
fenômeno das geadas. A temperatura média anual no município é de 17,8ºC.
Economia regional Pouso Alegre possui um clima tropical de altitude (830 metros acima do nível do mar), onde as chuvas de verão são
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Localização privilegiada Situada às margens da BR-381 (Rodovia Fernão Dias), Pouso Alegre está estrategicamente localizada. Distante cerca de 180 quilômetros de São Paulo (SP), 373 quilômetros de Belo Horizonte (MG), 391 quilômetros do Rio de Janeiro (RJ) e 190 quilômetros de
Campinas (SP). A cidade ainda possui o principal entrocamento rodoviário da região, cortado por cinco rodovias, sendo três estaduais e duas federais, que constituem ligações diretas com grandes centros consumidores do País como: Campinas (SP), Ribeirão Preto
(SP), São José dos Campos (SP), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Uberlândia (MG), razão pela qual existem mais de 60 empresas de logística instaladas no município.
prestadoras de serviços. Atualmente, o comércio do município é um dos maiores de Minas Gerais e o segundo do sul de Minas, atrás apenas de Poços de Caldas. De acordo com a Associação do Comércio e Indústria de Pouso Alegre (Acipa), a cidade conta com mais de 4.500 estabelecimentos comerciais, sendo o 10º lugar no ranking das melhores cidades médias em comércio do Brasil (Revista Veja, 1 de setembro de 2010). Será inaugurado em novembro de 2012 o maior shopping do Sul de Minas, que está entre os cinco maiores do Estado, o Serra Sul Shopping. Para Maria Tereza Rosa Souza, moradora da cidade, “Pouso Alegre está se abrindo muito para serviços e empregos. No terreno da educação, temos muitas opções, o que não era comum. A saúde também está muito boa. Mas nós somos muito pobres de lazer aqui em Pouso Alegre: não temos muito o que fazer; nesse sentido, a cidade deixa a desejar, embora tenha potencial para se desenvolver”.
a realização de um sonho: transformarse em profissional da saúde por intermédio de um ensino de qualidade e excelência, promovido por uma das melhores escolas de Medicina do País, com tradição de mais de quatro décadas. O curso de Medicina da Univás promove ações que possibilitam a formação de um profissional capaz, com habilidades, conhecimentos e atitudes
Clima ameno A cidade possui, no total, 15 agências bancárias, número que chegará a 17 até o fim de 2012 e um posto avançado do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Forte nos serviços e na indústria, Pouso Alegre é um polo regional no extremo sul de Minas, composto por mais de 40 municípios, com destaque para Extrema (com empresas como Panasonic, Bauducco e Kopenhagen), Itajubá (Helibrás, Mahle e Imbel), Santa Rita do Sapucaí (indústrias eletrônicas) e Ouro Fino (indústrias de cosméticos). Pouso Alegre conta com indústrias de diversos setores, como alimentícios, plásticos, borrachas, autopeças e automotivas, químicas e farmacêuticas (ramo com maior número de indústrias no município), refratários, dentre outras. A cidade se destaca como o maior ganho anual no setor industrial da região e um dos maiores de Minas Gerais. Grandes grupos industriais estão presentes em Pouso Alegre: Unilever Bestfoods do Brasil; Cimed; Rexam; Johnson’s Control’s; J. Macedo; XCMG (maior investimento chinês da América Latina); União Química; Usiminas Automotiva; Tigre; General Mills (Yoki); a italiana Screen Service; Isofilme; Prática Fornos; Klimaquip Resfriadores e Ultracongeladores; sede da Sumidenso Brasil e Sobral Invicta Refratários. Comércio agitado Pouso Alegre é destaque no comércio para os municípios vizinhos, contando com um centro comercial vertical, o Galleria P.A. Shopping. Há também um hipermercado, número que deve aumentar, com a construção de dois outros estabelecimentos do mesmo tipo, além de distribuidoras e empresas
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Referência na saúde Referência também em saúde, Pouso Alegre possui inúmeras clínicas de saúde, Centro de Medicina Nuclear e três hospitais. O maior deles, o Hospital das Clíncias Samuel Libânio (HCSL), mantido pela Fuvs, atende, em sua maioria, pacientes oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS), servindo ainda de hospital-escola para os acadêmicos de Medicina da Univás. Com uma infraestrutura dos grandes centros, porém com custo de vida do interior, qualidade e tranquilidade, Pouso Alegre possui todos os atributos para receber anualmente centenas de novos acadêmicos. Cada um deles busca no curso de Medicina da Univás
Pouso Alegre encarou a organização de uma universidade de excelência fora dos grandes centros como um desafio.
que permitam o desempenho adequado de suas atividades, bem como a capacitação para a autoaprendizagem. Proporciona também conhecimentos suficientes de metodologia científica e pensamento crítico. Formar profissionais que tenham conhecimento da organização do sistema de saúde vigente no País, aptos a reconhecer as características do mercado de trabalho e preparados para trabalhar em equipe são outros dos tantos objetivos do curso de Medicina da Univás. Com os olhos no futuro e com a certeza de ser uma opção viável, Pouso Alegre encarou a organização de uma universidade de excelência fora dos grandes centros como um desafio que vem sendo enfrentado pela Faculdade de Medicina de Pouso Alegre com eficiência, tanto na relação que estabelece com a comunidade, quanto na articulação entre seus diversos setores.
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Por Izabella Campos Ocáriz
A Liga Acadêmica na visão de um estudante Ligas Acadêmicas reforçam o estudo e a preparação para a vida profissional e oferecem serviços à comunidade. Os estudantes de Medicina estão familiarizados com o conceito de Ligas Acadêmicas. Trata-se de uma atividade extracurricular que envolve um grupo de alunos, encabeçado por um orientador, voltado para o estudo de uma área ou de um assunto específico, o que abarca aulas e atividades com a comunidade. A Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), por exemplo, conta com 38 Ligas ativas, demonstrando o seu potencial para a pesquisa e o grau de envolvimento com a sociedade. Diego de Freitas Monteiro Urbano, acadêmico do segundo ano do curso de Medicina, é presidente da Liga de Neurologia e Neurocirurgia da Univás. Ele entrou para a Liga logo no primeiro ano de graduação. O processo seletivo ocorre a cada semestre, e consiste em uma série de aulas que são ministradas aos alunos e encerradas com uma prova; os que conseguem as pontuações mais altas entram para a Liga. Embora não exista um limite para o número de integrantes de cada Liga, há quem prefira turmas reduzidas. É o caso de Diego, que acredita que, dessa forma,
as oportunidades de estágio posterior são maiores. Para ele, a participação ativa em Ligas Acadêmicas é uma forma de fortificar o aprendizado, principalmente pela fa-
“As Ligas são ótimas para a Faculdade, porque permitem o fortalecimento do vínculo do aluno com a Instituição.” [Diego de Freitas Monteiro Urbano, presidente da Liga Acadêmica de Neurologia e Neurocirurgia da Univás]
cilidade de comunicação que se estabelece entre os participantes: “É uma linguagem mais acessível, porque é aluno passando ,para aluno. Além de ter que estudar para poder falar do as-
sunto, o acadêmico pode transmiti-lo de um jeito mais simples. A dúvida de quem expõe é a de quem assiste à aula, o que facilita e reforça o aprendizado”. O estudante aponta ainda outra vantagem na participação em Ligas Acadêmicas: é uma maneira de fazer novos contatos e amizades, conhecer professores e criar vínculos com todas as áreas da faculdade. Mas ele avisa que o processo todo é bastante trabalhoso: “Nos períodos de prova, por exemplo, o interessado tem que se desdobrar, porque as reuniões das Ligas ocorrem, às vezes, toda semana. A presença nessas reuniões é fundamental, e as ausências são punidas: três faltas seguidas levam ao desligamento do integrante, o que também ocorre se, ao final do ano, ele atingir um nível de presença inferior a 75%”. Diego acrescenta que é preciso ter essa disciplina, porque tem muita gente interessada em participar: em 2012, o processo seletivo da Liga de Neurologia e Neurocirurgia contou com 88 inscritos, para apenas nove vagas. Quem entra, precisa se comprometer de verdade.
Relação com a Universidade Na opinião de Diego, as Ligas têm um bom relacionamento com a Universidade, principalmente por conta dos eventos acadêmicos. Um dos projetos da Liga de Neurologia da Univás é promover eventos na praça central da cidade de Pouso Alegre, tendo em vista informar a população sobre diversas doenças e fatores de risco para a saúde. O projeto conta ainda com o apoio do curso de Enfermagem da Univás e busca estendê-lo a outras áreas.
Diego ressalta que atividades como as das Ligas Acadêmicas antecipam o contato do aluno com a rotina hospitalar. Assim, ele adquire experiência, chegando ao mercado de trabalho mais preparado. Isso sem contar as vantagens universitárias propriamente ditas, já que as Ligas entram para o currículo e contam pontos para a residência. Ele ressalta: “Para a Faculdade isso é bom, porque fortalece o vínculo do aluno com a Instituição”.
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Univás
Por Izabella Campos Ocáriz
Uma experiência bem-sucedida
Ana Luiza Bueno Garcia, acadêmica de Medicina Univás.
Alunos de Medicina da Univás declaram sua visão da faculdade Dois alunos relatam as experiências de ter escolhido a Univás para obter a formação que utilizarão para toda a vida. Hoje, Ana Luiza Bueno Garcia é aluna do quinto ano de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás). Mas revela que a decisão de fazer o curso não foi simples: ela é natural de Pouso Alegre e tinha certo preconceito com a instituição localizada em sua própria cidade. Sua visão mudou durante o curso preparatório para vestibulares que fez na cidade de Campinas (SP). Ali, os professores a aconselharam a fazer a Univás: “Eles me indicaram Pouso Alegre com muita firmeza, fazendo elogios à Faculdade e dizendo que eu não tinha por que me separar da cidade e dos meus pais. A partir disso, comecei a pesquisar mais sobre a Medicina Univás, para saber a posição que ela ocupa no cenário brasileiro, quem são os médicos que se formaram aqui, como é o hospital, e outras referências. Apesar de ser de Pouso Alegre, eu, assim como outras pessoas da cidade, não tinha essa visão”. A preocupação de Ana Luiza era com a estrutura da Faculdade, e ela foi se in-
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formar sobre a Univás. Para ela, além da teoria, o aluno precisa ter um estágio consistente, trabalhando diretamente com pacientes, o que exige um bom hospital. “Quando eu fui atrás e descobri que tinha tudo aqui na Univás, tomei a decisão de voltar e permanecer em Pouso Alegre”, diz a aluna. Mudança de vida Ana Luiza esclarece que toda faculdade tem seus problemas, mas ressalva que a Univás é mais do que ela esperava. Não imaginava, por exemplo, a dimensão da Universidade e nem o ponto que pode atingir estando dentro da Instituição: “Quando você diz para as pessoas que faz Medicina em Pouso Alegre, a resposta é sempre positiva, muitos conhecem a cidade e gostam daqui. Esse retorno reafirma a opção de quem resolve ficar. Porque o lugar vira a sua casa, já que Medicina é um curso que exige que o estudante praticamente more na faculdade; ele fica o dia inteiro lá dentro, vive para isso. Eu
deixei de ser a menina que fazia cursinho, para ser a estudante de Medicina que está dentro do hospital. Quer dizer: a vida muda totalmente”. Em geral, ser acadêmico é muito bom. Segundo Ana Luiza, a faculdade proporciona tudo o que o estudante precisa, desde que ele saiba procurar: “Se você tiver interesse, consegue ir muito além do que a faculdade oferece. Para mim, aquela afirmação que diz que quem faz a faculdade é o aluno é muito verdadeira aqui na Univás, porque os professores gostam muito de quem está querendo aprender. Aqui, você pode ser o que você quiser ser”. Um fato que chama a atenção de Ana Luiza é que os alunos de Medicina acabam ficando um pouco isolados dentro da universidade, por ser um curso em tempo integral. Isso acaba fazendo com que os colegas se transformem em uma grande família, principalmente aqueles do mesmo grupo de estágio e internato, tornando a convivência uma experiência muito boa.
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Agora, Ana Luiza espera passar em um bom Programa de Residência Médica. Para ela, o frio na barriga aparece quando ela se pergunta se sabe tudo o que precisa saber: “Eu realmente espero aprender tudo o que for possível, tudo o que eu puder absorver da faculdade, tudo o que eu conseguir tirar de bom, de importante para a minha vida. Porque sei que quando sair daqui, vou enfrentar outra dificuldade séria: é complicado sair de uma faculdade e já ter que entrar no mercado de trabalho”. Aos vestibulandos, ela alerta: “Não existe faculdade ideal. Você tem que entrar em uma faculdade e fazer com que ela vire a sua casa, a sua vida. E deve tentar aprender tudo que ela tem a transmitir. O candidato deve procurar uma faculdade que consiga atendê-lo em todos os aspectos que considera importantes”. A escolha certa Diego de Freitas Monteiro Urbano ainda está no segundo ano de Medicina da Univás, mas já é presidente da Liga de Neurologia e Neurocirurgia e faz parte da Liga de Cirurgia Pediátrica. Ele passou por outro curso antes de optar pela Medicina e agora aposta todas as suas fichas na nova profissão que escolheu. Ele cursava uma universidade pública, mas ao decidir mudar o rumo da própria vida, escolheu a Medicina Univás porque conhecia a qualidade e a tradição da Instituição e também por
ser uma opção mais próxima da cidade onde vive sua família. O acadêmico entrou no curso sem criar muitas expectativas e hoje afirma que fez uma boa escolha: “É uma faculdade muito boa, muito bem estruturada, com ótimos professores e alunos que são nota dez. As pessoas que trabalham aqui são muito dedicadas, desde a secretaria, até o serviço de extensão”.
“Quando eu fui atrás e descobri que tinha tudo aqui na Univás, tomei a decisão de voltar e permanecer em Pouso Alegre.” [Ana Luiza Bueno Garcia, acadêmica de Medicina da Univás] Diego acredita que a Univás dá todo o respaldo necessário para ele se tornar um bom profissional e fala de suas expectativas com relação ao futuro: “Eu espero que a Univás me dê a melhor formação que eu possa conseguir aqui no nosso País. Assim, estarei garantindo oportunidades, abrindo portas do mercado de trabalho, para poder fazer residência em um local de tradição. A faculdade tem muito a contribuir para o aluno: ótimo ensino, estrutura exemplar e potencial para formar bons médicos”. Em qualquer ambiente de estudo ou de trabalho, uma boa convivência é um dado fundamental. Diego acredita
que “é importante você ter bom relacionamento com os professores, com os alunos e com todos os funcionários da faculdade. Os alunos são seus companheiros de trabalho; os professores são os que transmitem conhecimento e buscam encaminhar seu desenvolvimento da melhor maneira possível; e, por fim, os funcionários fazem a faculdade funcionar. Quem está aqui dentro deve procurar ter o melhor relacionamento com todos, em todas as áreas”. Para o estudante, também é fundamental que o aluno se familiarize com o hospital antes de chegar ao quinto e sexto ano, para que não haja nenhum choque. Daí a importância de um bom hospital-escola. Nele, é possível que se passe pela vivência profissional de maneira gradual: “Desde o começo, o aluno vai até o hospital, nem que seja apenas por pouco tempo; aos poucos, ele vai se tornando sua segunda casa. Se isso for feito devagar, paulatinamente, o estudante vai ficando mais à vontade para exercer suas atividades”. O acadêmico ainda faz uma última recomendação aos que pretendem cursar Medicina: sugere que eles estudem e se esforcem bastante, e que desenvolvam desde logo interesse em atividades extracurriculares, porque cada vez mais o mercado de trabalho quer o aluno global, que tente aprender um pouco de cada coisa. Na opinião dele, a atividade extracurricular “é a ponte entre a faculdade e a sociedade”.
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O doutor Oscar Pavão, do Hospital Albert Einstein, é um entusiasta da Medicina. Fala com empolgação da carreira, iniciada há 29 anos, como se tivesse ingressado hoje na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os estudos sempre nortearam a vida dele. Levou a sério o ensino básico, com olhos no futuro: a tão sonhada faculdade de Medicina. Viu em casa a paixão do irmão pela profissão e acabou se deslumbrando por ela também. “Fui influenciado positivamente por ele, mas não tive nenhuma vantagem nisso. Segui meu caminho sozinho, fazendo as minhas escolhas e buscando o meu espaço”, conta. Envolvido na área de pesquisa desde os 5 anos, continua até hoje. Especializou-se em Nefrologia e, atualmente, além de médico de um dos melhores hospitais do País, também é pesquisador e docente da Unifesp. “Minha expectativa era ser um médico reconhecido, produzir material científico e trabalhar em um hospital fantástico. Vivo tudo o que sonhei quando entrei na faculdade e me sinto completo”, acrescenta. A Medicina sempre exigiu muito. Sabe com precisão quantos plantões já fez na vida: “exatamente mil plantões, sendo três anos passando a noite fora de casa e dormindo no horário inverso”, diz. Ele confessa que era cansativo, e enfrentou momentos difíceis longe da família, mas sempre encarou com determinação essas situações, mantendo o foco nos pontos positivos. “A profissão nos traz muitas oportunidades boas e nos envolve de uma forma especial”. E foi a paixão que o fez ultrapassar muitos obstáculos. Se passar no vestibular é difícil, a concorrência para iniciar a prática da profissão em hospital é ainda mais complicada. “O funil é grande. Todos os alunos estão bem preparados e motivados, mas consegui. A Medicina enriquece demais e vale a pena todo esforço”, diz. Guarda com carinho ótimas lembranças da universidade. Do casamento com uma bióloga aos amigos que permaneceram. “A Medicina une os alunos como em nenhum outro curso. São muitos anos e horas juntos e a convivência é muito intensa, forte e importante”, conta. “Encontrei um ambiente maravilhoso na universidade. Guardamos tudo o que vivemos. Os reencontros entre amigos são sempre emocionantes e muito alegres. É ótimo recordar e ver o sucesso profissional de todos nós”, finaliza.
Médico nefrologista Oscar Pavão, do Hospital Israelita Albert Einstein.
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Vivências inesquecíveis Quando chega ao curso superior, o estudante pode até imaginar que o pior já passou. Mas ele logo aprende que isso é apenas uma impressão. Leia nas próximas páginas o quanto a vida acadêmica pode ser fascinante ... e complicada ...
• Diretórios acadêmicos incentivam participação ativa de estudantes • O estágio na visão de um aluno de Medicina • Residência médica do HCSL é parte do processo seletivo unificado • Ensino e pesquisa: duas faces da mesma moeda • Univás incentiva alunos e professores a pesquisar • Medicina ganha aliados na busca por melhorias na saúde
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Por Izabella Campos Ocáriz
O começo do caminho
Lucas Bertholdi, presidente do DA-JEP.
Diretórios Acadêmicos incentivam participação ativa de estudantes As organizações estudantis procuram mostrar aos estudantes que a atividade médica vai muito além das salas de aula Os diretórios acadêmicos (DAs) são entidades que representam os interesses dos alunos de todos os cursos de uma instituição de ensino. A partir do relacionamento direto e frequente com os estudantes, um DA deve lutar por melhorias nas condições de ensino, pesquisa e infraestrutura, além de manter contato próximo dos alunos com os representantes da instituição de ensino, como coordenadores, diretores e reitores. Para tanto, é necessário haver debates, discussões, palestra e reuniões periódicas, sempre primando pela democracia e incentivando a participação e engajamento de um número cada vez maior de pessoas. São funções do DA: discutir soluções para problemas nos cursos e levar as sugestões para os órgãos competentes; garantir a representação dos estudantes no colegiado e departamentos; recepcionar os calouros; organizar eventos acadêmicos e confraternizações; solicitar auxílio para participação em congressos; solucionar dúvidas sobre a rotina dos cursos, entre outras tarefas. Os DAs estudantis ganharam destaque logo após o golpe militar de março de 1964. Essa atuação durou até a decreta-
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ção do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, que previa a proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política. Em decorrência disso, a maioria dos diretórios acadêmicos foi fechada ou passou a atuar clandestinamente, voltando a se organizar apenas em 1979.
“Por trás da atividade médica, há um hospital, a relação com os professores, uma política administrativa, um estatuto.” [Lucas Bertholdi, presidente do DA-JEP] Engajamento Foi motivado por toda a história de lutas dos estudantes que Lucas de Oliveira Pinto Bertholdi, aluno do terceiro ano do curso de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), decidiu se engajar politicamente na faculdade. Hoje, ele é o presidente do Diretório Acadêmico Doutor Jésus Ribeiro Pires (DA-JEP), fundado pelos estudantes de Medicina de Pouso Alegre, no ano de 1969. O
nome foi escolhido como forma de homenagear um dos fundadores da Faculdade de Ciências Médicas, Doutor José Antônio Garcia Coutinho, atual Unidade Central da Univás. Lucas assumiu a presidência em 2012, depois de atuar como primeiro secretário no ano anterior. A partir do segundo semestre do primeiro ano de faculdade, em 2010, entrou para as atividades do DA. Durante o período escolar sempre esteve atento às ações das organizações estudantis nas aulas de História. Segundo Lucas, as pessoas tendem a esquecer dos acontecimentos, mas isso não aconteceu com ele: “Eu conheci o pessoal da gestão no primeiro ano. Não se discutia muito questões relativas à universidade; os debates giravam em torno da saúde, do SUS, da fila de espera, da política pública de saúde no Brasil. Isso tudo era debatido, às vezes em barzinho mesmo, e a partir daí surgiu o convite para participar do DA. Então, foi um processo natural”, conta Lucas. Estratégias de envolvimento Uma Universidade sem DA está menos sujeita a mudanças positivas, porque sem a participação dos estudantes no
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isita Ministro da Saúde Alexandre Padilha.
colegiado é muito difícil saber das dificuldades enfrentadas pelos alunos. Na Univás, a relação com os dirigentes e os professores é muito boa, o que ajuda o DA-JEP a progredir como órgão representativo. Lucas conta que em outras universidades esse contato é muito conturbado, dificultando a ação dos DAs. Na Univás, quando há discordância de posições, a decisão definitiva é tomada pelo Conselho Universitário (Consuni). Mesmo que o resultado final não seja o esperado pelo DA-JEP, o diálogo continua aberto. Um dos deveres do DA é lutar pelos direitos dos estudantes. Assim, explica Lucas, “uma universidade sem DA é uma universidade feita de alunos calados, que só aceitam, que não respondem”. Para ele, “o diretório acadêmico representa a voz dos estudantes”. Estimular a participação dos alunos no DA-JEP é um grande desafio enfrentado pela entidade. Na opinião de Lucas, isso era mais fácil de conseguir no passado, porque havia crise política e opressão. “Hoje, muitos estudantes pensam que não precisam lutar por nada. O DA-JEP quer mostrar que não é assim. Tem políticas públicas de saúde nas quais a gente tem que interferir”, afirma. Nesse sentido, um dos esforços do DA é explicar os motivos que têm levado às greves que ocorrem em outras universidades. Paralelamente a isso, novas estratégias de aproximação e envolvimento dos estudantes têm sido desenvolvidas. Uma delas consiste na produção do Cine Debate: a cada semestre, pelo menos dois filmes
com temas polêmicos são exibidos no anfiteatro da Universidade e alguns debatedores são convidados para conduzir uma discussão em torno do assunto. As assembleias gerais, feitas a cada trimestre para levantar as causas mais urgentes a serem resolvidas, constituem outra forma de levar os estudantes a um contato mais próximo com o DA. Uma ferramenta igualmente importante para a integração é o jornal interno chamado O Embrião, reativado em 2011, depois de quinze anos parado. A primeira edição foi relançada e circulou junto com uma nova edição. O jornal tem periodicidade trimestral. Por fim, as festas promovidas pelo DA-JEP são muito populares. Lucas explica que elas são importantes para angariar fundos, utilizados para fechar convênios e patrocinar o transporte de alunos a congressos de interesse da comunidade acadêmica. A importância da participação A participação em diretórios acadêmicos não só contribui para a formação política e social do estudante, como reflete em seu futuro profissional. Na área médica, por exemplo, alguns estágios de residência acrescentam nota extra a líderes estudantis. Lucas acrescenta que já está um passo à frente, porque aprendeu muito sobre leis e estatutos, além de entender o funcionamento da Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí (FUVS) e do Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL). Com esses conhecimentos,
pode atuar de forma mais precisa e dinâmica em conselhos técnicos da área médica, como hospitais e convênios. A carga horária da Medicina é bastante puxada e, portanto, o aluno precisa se organizar para conciliar os estudos com as atividades do diretório acadêmico. Lucas diz que o primeiro ano é o momento ideal para se dedicar ao DA, embora alunos de todos os anos participem. Quanto mais gente melhor, para que as funções sejam bem divididas e as ações possam ser concretizadas. Lucas lembra que o universitário vai aprendendo a estudar melhor e a otimizar o seu tempo: “Funciona assim, o que você tiver contribuindo para o DA vai ser de bom tamanho. Ninguém vai ser exigido mais do que pode fazer. O estudante faz o que puder. Todo mundo sabe que é preciso estudar, desenvolver outras atividades, além de manter uma vida pessoal. Mesmo assim, dá para dividir bem o tempo”. Todos os anos, ocorre uma eleição para eleger a nova gestão do DA. No início do ano, há a recepção aos calouros, incluindo a apresentação do DA-JEP, para esclarecer a respeito de sua importância e das atividades desenvolvidas. Às segundas-feiras, ocorre uma reunião do DA-JEP para discutir problemas da Universidade e as próximas ações a serem executadas. Qualquer aluno da área da saúde da Univás pode participar dessa reunião, opinando e votando nas decisões. Para participar como um integrante oficial do DA, é necessário se engajar nas atividades e frequentar as reuniões.
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Integrantes do Diretório Acadêmico.
Para se utilizar dos benefícios oferecidos pelo DA, é necessário que o aluno seja um associado. O espaço do diretório acadêmico é público: professores, funcionários e alunos podem entrar na cantina, usar a central de cópias. Mas o uso dos computadores, do tênis de mesa, do videogame, do pebolim é restrito àqueles que têm ficha na associação. A mesma coisa vale para quem quer pagar menos nas festas – os associados têm um desconto considerável. Além disso, o DA mantém vários convênios: com um clube de campo da cidade, com restaurantes, com médicos, com dentistas e com muitas lojas. Com a carteirinha do DA, o aluno adquire o direito de usufruir de todos esses benefícios. Conquistas O diretório acadêmico da Univás tem alcançado algumas metas. Desde o ano 2010, o DA-JEP conseguiu modernizar suas instalações, adquirir novos computadores, ventiladores, mobílias e televisão para uso dos associados, além de trocar o convênio da central de cópias da Instituição. Em relação à participação ativa, conseguiu ocupar todos os cargos colegiados que estavam vagos, o que permitiu dar voz aos estudantes nas decisões tomadas em relação, por exemplo, à mudança de disciplinas, diminuição ou aumento do número de provas. Outra vitória foi conseguir cadastrar a Univás na International Federation of
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Medical Students’ Associations (IFMSA), uma associação internacional dos estudantes de Medicina que realiza intercâmbios entre as faculdades. Em 2011, o DA-JEP incluiu Pouso Alegre na relatoria do Congresso Brasileiro de Estudantes de Medicina (COBREM), o maior congresso estudantil de Medicina, e ainda foi eleito gestor dos estudantes de Medicina de Minas Gerais na Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM), por intermédio da qual podem ser estabelecidos convênios entre as faculdades. O convênio ocorre da seguinte forma: são disponibilizadas vagas no estágio de cirurgia geral (Pouso Alegre, por exemplo, oferece cinco delas). O DENEM publica o edital e qualquer estudante do Brasil pode se cadastrar. Se tiver mais concorrentes do que vagas disponíveis, acontece uma pré-seleção. Depois de selecionado, o estudante faz o estágio e retorna à sua faculdade, como se o tivesse feito lá. Trata-se de um intercâmbio permitido por lei. Para os intercâmbios internacionais, o aluno se cadastra na Coordenação Local de Estágios e Residências (CLERE) e, a partir do perfil do estudante, inclusive em relação a línguas, ele faz estágio em outro país, durante as férias escolares. Os estágios em outras faculdades têm de ser concomitantes com o estágio na sua própria faculdade e o estudante pode escolher apenas um estágio para fazer fora. No ano de 2012, por exemplo, a Univás re-
ceberá dois intercambistas e enviará outros dois para estágio no Exterior. Lucas Bertholdi afirma: “Quando fica evidente que o DA está ativo, atrás de melhorias para os alunos, isso abre portas, como aconteceu, por exemplo, por ocasião da vinda do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para fechar convênio de oncologia com o HCSL. Recebemos convites para o coquetel e pudemos ter contato direto com o ministro. Vejo isso como um reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo DA. Além disso, fomos procurados por alguns jornais para entrevistas. Assim, acho que o trabalho desenvolvido aqui mostra para quem está de fora que nosso diretório e os estudantes de Pouso Alegre estão bem unidos, estão bem fortes”. Quando perguntado sobre o conselho que daria aos futuros estudantes de Medicina, Lucas ressalta: “Eu aconselharia a não esquecer as aulas de História. É hábito de muita gente chegar à universidade e se dedicar exclusivamente à Medicina. Essa dedicação é importante, mas não se pode esquecer que por trás da atividade médica há um hospital, a relação com os professores, uma política administrativa, um estatuto. O estudante tem que estar sempre em movimento. E não só o estudante. A função da sociedade é reivindicar e lutar por melhorias. Assim, o primeiro conselho que dou é: chegue na universidade, procure o Diretório Acadêmico, tente ajudar; seu apoio vai trazer benefícios para todos os alunos”.
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Cantina DA-JEP.
Alunos participam do II Cine Debate.
Composição do DA-JEP • Presidente • Vice- Presidente: • 1º Secretário e 2º Secretário • 1º Tesoureiro e 2º Tesoureiro
• Diretor de Relações Externas • 4 Diretores de Eventos • 3 Diretores d´O Embrião • Diretor Social
• Diretor Científico • Diretor de Comunicação • Diretor de Representação Discente
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O estágio na visão de um aluno de Medicina Na área médica, o estágio é fundamental para a formação profissional, pelo contato direto que permite com pacientes. Os cursos de Medicina brasileiros se caracterizam pelo regime de internato, que se inicia no quinto ano da faculdade e se estende até o fim do curso. Nessa fase, o estudante passa mais tempo dentro do hospital do que em sala de aula e precisa se organizar para não deixar o estudo de lado. Renne Henriques Dall’Orto Muniz, aluno do quinto ano de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), explica que desde o segundo ano do curso o aluno já tem contato rápido com pacientes; no terceiro e quarto anos, há o estudo das doenças; e, finalmente, a partir do quinto ano aplica-se o conhecimento dessas doenças nos pacientes. Nesse momento é que se dá o contato com o ser humano. O aluno passa a conhecer o paciente não pela doença que ele tem, mas por quem ele é. Nos anos de internato, a rotina de provas muda, o número de avaliações diminui. Contudo, Renne ressalta que, na verdade, os verdadeiros testes de conhecimento acontecem a todo momento, no trabalho hospitalar: “A gente está na frente do paciente para estudar, aprender, conversar com ele. Tudo isso também é um tipo de prova. Quem escolhe fazer isso, vai fazer isso para o resto da vida, vai enfrentar provas a toda hora, será avaliado cem por cento do tempo, desde a maneira de se vestir até a forma de conversar e tratar o paciente. Então, tudo isso está sendo observado. No quinto e sexto ano a gente é julgado o tempo inteiro”. Pode ser mais difícil conquistar a confiança de um paciente como estudante, mas
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a educação e a presteza sempre são bons aliados. Cumprimentos como “bom dia”, “vamos conversar” e “com licença”, abrem caminho para uma conversa que muitas vezes corre o risco de ser pesada. Para Renne, até a troca de olhares é importante: “É um ser humano pedindo ajuda; então, se você quer ajudá-lo, você tem que se propor a isso, mostrar que está disposto a fazê-lo”. Eventualmente, acontece de um pacien-
“O estudante tem que estar preparado para o atendimento. Claro que sempre haverá um médico junto, mas os procedimentos serão feitos por você.” [Renne Muniz] te não querer ser atendido pelos alunos. Nesses casos, é necessário orientar o paciente a respeito do funcionamento de um hospital-escola, esclarecendo que o atendimento é feito sempre com o acompanhamento dos preceptores. Renne acha que o quinto ano é um momento decisivo: “pela postura que você tem que tomar diante de professores e de pacientes. É um pouco assustador. No primeiro plantão você pensa: vai chegar um acidentado de moto, desacordado, e aí? O estudante tem que estar preparado, tem que ter feito cursos de suporte à vida. Claro que sempre haverá um médico junto, mas os procedimentos serão feitos por você. Ou, pelo menos, você estará ao lado,
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aprendendo”. A maior parte do tempo, o interno de Medicina passa dentro do hospital. Não é fácil conciliar o estágio com estudos e vida pessoal. Mas é a melhor forma de estudo, porque o conhecimento está vindo de um profissional especializado na área. Segundo Renne, para reforçar o conhecimento o acadêmico deve dispor de pelo menos uma hora diária para estudo em casa. Para conseguir isso é preciso saber administrar o tempo. A disciplina com os estudos precisa começar a ser trabalhada já no primeiro ano, para que no período de estudos para residência, e ainda durante toda a faculdade, a falta de organização não se torne um obstáculo. O acadêmico acrescenta que o estágio é uma das melhores maneiras de se fixar o aprendizado, mas alerta que é necessário estudar desde o primeiro ano do curso: “Quando você está fazendo faculdade, você tem que ajudar alguém de alguma forma. Você tem que saber aquilo bem, para ajudar direito. Por isso, é preciso ter uma boa base”, diz. Um bom exemplo disso é o tratamento de doenças raras, com as quais nem sempre o estudante tem oportunidade de ter contato durante a faculdade. Se aparecer algum paciente com alguma doença desse tipo, o estudante ou o médico recém-formado deve saber diagnosticar. Para Renne, o estágio é o primeiro passo para adquirir a confiança necessária para fazer o diagnóstico de um paciente. E acrescenta: “A consciência de ser médico é feita na faculdade, mas o amadurecimento é desenvolvido fora, na atuação profissional”.
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Residentes de Cirurgia HCSL 2012.
Residência médica do HCSL é parte de processo seletivo unificado O período de residência médica é considerado uma etapa fundamental na formação do futuro profissional.
Por Izabella Campos Ocáriz Depois de seis anos de faculdade, os formandos do curso de Medicina ainda precisam se preocupar com a residência médica, considerada pelo MEC uma modalidade de pós-graduação que permite ao profissional exercer determinada especialidade. São consideradas residências médicas apenas os programas credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). No Sul de Minas Gerais, três hospitaisescola oferecem residências médicas: o Hospital Universitário Alzira Velano (HUAV), da cidade de Alfenas; o hospital-escola, da cidade de Itajubá; e o hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), da cidade de Pouso Alegre. O HUAV recebe residentes nas áreas de Anestesiologia, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Medicina de Família, Nefrologia, Neurocirurgia, Obstetrícia, Ginecologia, Pediatria, Radiologia e Diagnóstico por Imagem. O hospital-escola de Itajubá possui residência médica nas áreas de Anestesiologia, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Gastroenterologia, Obstetrícia, Ginecologia, Otorrinolaringologia, Patologia, Pediatria, Radiologia, Diagnóstico por Imagem
e R3 Opcional de Cirurgia Videolaparoscópica. O HCSL, hospital-escola da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), oferece residência médica com duração de dois anos em Cirurgia Geral, Clínica Médica, Pediatria, Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Com duração de três anos, há Anestesiologia, Obstetrícia, Ginecologia, Ortopedia e Traumatologia. A Neurocirurgia tem a duração de cinco anos. As especialidades de Cardiologia, Coloproctologia, Cirurgia Plástica, Medicina Intensiva e Nefrologia exigem residência anterior nas áreas de Clínica Médica, Cirurgia Geral ou Anestesiologia (no caso da Medicina Intensiva). Diferentemente dos outros hospitais citados, o HCSL faz parte do Processo Seletivo Unificado de Residência Médica em Minas Gerais. A seleção é organizada pela Associação de Apoio à Residência Médica de Minas Gerais (AREMG) e reúne grande parte dos programas de Residência Médica do estado. Cada candidato se inscreve para os programas de interesse, independentemente da quantidade, e paga uma inscrição para cada instituição. Ele realiza uma
“O residente deve ter muita dedicação aos estudos, seriedade, profissionalismo e, principalmente, amar aquilo que faz.” [Leandro Cotrim, residente do segundo ano de anestesiologia do HCSL]
única prova e concorre a todos os programas em que se inscreveu, enviando apenas um currículo. O processo seletivo ocorre em duas etapas, a primeira das quais em Belo Horizonte. Os classificados passam por análise curricular padronizada e a soma dos pontos determina a classificação. É muito importante que o médico se prepare durante a faculdade para prestar a residência. Leandro Cotrim, ex-aluno da Univás e residente do segundo ano de anestesiologia do HCSL, diz que “para ingressar na residência do HCSL, o candidato deve ter muito estudo e dedicação na profissão. É preciso aprimorar os estudos, levá-los com muita seriedade, profissionalismo e, principalmente, amar aquilo que faz”. A escolha da residência deve ser feita com cautela, porque a qualidade do programa e a especialidade definirão os próximos passos da carreira. Leandro escolheu a residência no HCSL porque já conhecia o alto nível de seus profissionais. Para ele, “o diferencial da residência do HCSL é o grande número de cirurgias aqui realizadas, algumas de alta complexidade”.
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Especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina 1. Acupuntura 2. Alergia e Imunologia 3. Anestesiologia 4. Angiologia 5. Cancerologia 6. Cardiologia 7. Cirurgia Cardiovascular 8. Cirurgia da Mão 9. Cirurgia de Cabeça e Pescoço 10. Cirurgia do Aparelho Digestivo 11. Cirurgia Geral 12. Cirurgia Pediátrica 13. Cirurgia Plástica 14. Cirurgia Torácica 15. Cirurgia Vascular 16. Clínica Médica 17. Coloproctologia 18. Dermatologia 19. Endocrinologia e
Instituições que participam do Processo Seletivo Unificado de Residência Médica em Minas Gerais
Metabologia 20. Endoscopia 21. Gastroenterologia 22. Genética Médica 23. Geriatria 24. Ginecologia e Obstetrícia 25. Hematologia e Hemoterapia 26. Homeopatia 27. Infectologia 28. Mastologia 29. Medicina de Família e Comunidade 30. Medicina do Trabalho 31. Medicina de Tráfego 32. Medicina Esportiva 33. Medicina Física e Reabilitação 34. Medicina Intensiva 35. Medicina Legal e Perícia Médica 36. Medicina Nuclear
37. Medicina Preventiva e Social 38. Nefrologia 39. Neurocirurgia 40. Neurologia 41. Nutrologia 42. Oftalmologia 43. Ortopedia e Traumatologia 44. Otorrinolaringologia 45. Patologia 46. Patologia Clínica/Medicina Laboratorial 47. Pediatria 48. Pneumologia 49. Psiquiatria 50. Radiologia e Diagnóstico por Imagem 51. Radioterapia 52. Reumatologia 53. Urologia
• FHEMIG (Belo Horizonte - MG) • Fundação Ouro Branco (Ouro Branco - MG) • Hospital Belo Horizonte (Belo Horizonte - MG) • Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte - MG) • Hospital das Clínicas Samuel Libânio (Pouso Alegre - MG) • Hospital e Maternidade Santa Rita (Contagem - MG) • Hospital Evangélico de Belo Horizonte (Belo Horizonte - MG) • Hospital Governador Israel Pinheiro – IPSEMG (Belo Horizonte - MG) • Hospital Luxemburgo – Mario Penna (Belo Horizonte -MG) • Hospital Marcio Cunha (Ipatinga - MG) • Hospital Mater Dei (Belo Horizonte - MG) • Hospital Municipal de Governador Valadares (Governador Valadares - MG) • Hospital Municipal José Lucas Filho (Contagem - MG) • Hospital Municipal Odilon Behrens (Belo horizonte -MG) • Hospital Nossa Senhora Auxiliadora/ Fundação Educacional de Caratinga (Caratinga -MG) • Hospital Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora (Juiz de Fora -MG) • Hospital São Francisco (Belo Horizonte - MG) • Hospital Semper (Belo Horizonte - MG) • Hospital Socor (Belo Horizonte - MG) • Hospital Universitário da Universidade de Uberaba – UNIUBE (Uberaba - MG) • Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (Juiz de Fora - MG) • Instituto Oncológico (Cataguases - MG) • Irmandade Nossa Senhora das Mercês – Santa Casa de Montes Claros (Montes Claros - MG) • Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes – Hospital Universitário Clemente de
Faria (Montes Claros - MG)
• Universidade Federal de Viçosa (Viçosa - MG) • Universidade Federal do Triângulo Mineiro (Uberaba - MG)
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ESTUDANTE DE Medicina O começo do caminho
Publico presenta ao IX Congresso de Iniciação Cientifica da Univás.
Ensino e pesquisa: Duas faces da mesma moeda Iniciação Científica da Univás incentiva acadêmicos de Medicina a buscar novos conhecimentos
A Iniciação Científica é uma importante iniciativa para colocar estudantes em contato direto com a pesquisa. Na Medicina, essa dinâmica é ainda mais fundamental, visto que o avanço de estudos na área da saúde é crescente. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que em 2010 foram gastos R$ 60.899,5 milhões em Ciência e Tecnologia no Brasil, o que corresponde a 1,62% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. No mesmo ano o investimen-
Abertura do IX Congresso de Iniciação Cientifica da Univás. Futuro_Medico_total.indd 69
to com Pesquisa e Desenvolvimento em saúde correspondeu a R$ 1.277,2 milhões ou 5,54% do total, de acordo com o Sistema Integrado de administração Financeira do Governo Federal (Siafi). A esperança é que esses números continuem a crescer. O Governo Federal e os governos estaduais brasileiros oferecem bolsas de incentivo à pesquisa, entre as quais podemos citar as do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológi-
co (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Pensando na ampliação do desenvolvimento intelectual de seus alunos, a Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) conta com quatro modalidades de Iniciação Científica: 1) Bic Júnior/ Fapemig, voltada para alunos do Ensino Médio com 15 bolsas anuais; 2) Programa de Bolsas Institucional (PROBIC/ Fapemig), que oferece 35 bolsas anuais e é voltada para alunos da graduação; 3) Progra-
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O Reitor da Univas Felix Carlos Ocáriz participa IX Congresso de Iniciação Cientifica da Univás.
ma Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/ Univás) também para graduandos, com disponibilidade de 16 bolsas anuais; 4) Programa Institucional Voluntário de Iniciação Cientifica (PIVIC/ Univás) que agrega alunos dispostos ao desenvolvimento voluntário de projetos. IX Congresso de Iniciação Científica No mês de maio de 2012, a Univás promoveu o seu IX Congresso de Iniciação Científica, com vistas a difundir as pesquisas de seus alunos e professores. A Coordenadora de Pesquisa da Unidade Central da Univás, Prof. Dra. Ana Beatriz Alkimin Teixeira Loyola, diz que o desafio é melhorar a qualidade das pesquisas. Tendo em vista essa necessidade, foram ministradas dez Oficinas de Pesquisa, que ofereceram informações para qualificar e intensificar a atividade científica dentro da Univás e na região. Os temas abordados foram: a elaboração do artigo científico nas Ciências Humanas e da Saúde; como elaborar um projeto de pesquisa nas Ciências Humanas e da Saúde; Ética em pesquisa – princípios e funcionamento; o Sistema de curriculum Lattes do Cnpq (preenchimento); Os Programas de Pesquisa PROBIC, PIBIC, PIVIC e BIC-JR na Univás e Qualidade em pesquisa: o sistema Qualis/CAPES e qualidade e metodologia da pesquisa científica. Segundo a professora Ana Beatriz, a Uni-
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vás acredita que a melhoria na base traz resultados positivos para a pesquisa. A meta é a de publicar os trabalhos, para fazer com que a pesquisa desenvolvida
A contribuição do Brasil no cenário mundial das pesquisas em nanotecnologia é de 1,9%, dado considerado significativo. chegue a ser utilizada pela população e atraia empresas interessadas nos resultados do desenvolvimento realizado na Instituição. O acadêmico do quarto ano de Medicina da Univás Samuel de Oliveira Andrade, fez sua Iniciação Científica pelo programa PIVIC da Univás. O trabalho desenvolvido foi “O transplante de córnea em um Hospital Universitário”, que chegou a ser apresentado no IX Congresso de Iniciação Científica da Univás. Sob a orientação dos profissionais Rogério Mendes Grande, Carlos Henrique de Toledo Magalhães, Fabrício Reis da Silva e Ana Beatriz Alkmim Teixeira Loyola, Samuel pesquisou as causas de transplante de córnea no Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL). Durante a pesquisa, ele identificou as principais causas de trans-
plante dos pacientes do HCSL e verificou o acometimento de fungos nas córneas afetadas. O estudo foi feito a partir dos botões de córnea que foram mandados para o laboratório de anatomia patológica do HCSL. A pesquisa concluiu que as principais causas de transplante de córnea aqui no sul de Minas são muito parecidas com as causas de transplante no Estado do Rio Grande do Sul e na cidade de Sorocaba, com leves desvios. Estruturas fúngicas não foram encontradas, o que mostra um descompasso entre a principal causa de risco para a infecção fúngica na córnea, que é o trauma ocular, e a inexistência de estruturas fúngicas nos materiais analisados. Para o acadêmico, fazer Iniciação Científica dentro do ambiente universitário “é uma oportunidade muito legal, principalmente porque você é forçado a estudar para fazer o trabalho, aprende a formatar e realizar um trabalho científico e, principalmente, acho que o mais legal é você correr atrás de um assunto de que gosta e, por fim, analisar os resultados que você mesmo colheu, o que traz uma grande satisfação pessoal”. Samuel lembra ainda que a pesquisa científica traz benefícios para a sociedade, pois gera a produção de conhecimento. Na opinião dele, todo mundo está
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Palestrante do IX Congresso de Iniciação Cientifica da Univás.
cansado de ver no professor apenas um reprodutor de conhecimento e a pesquisa científica vem não só melhorar a atividade de licenciatura, como contribuir para a Faculdade, para Minas e para o Brasil. Ele ressalta que apresentar a Iniciação Científica num congresso “é uma vitória, porque a gente rala muito, passa a noite fazendo trabalho, seja formatando o artigo, seja procurando fontes novas, correndo atrás de dados clínicos, de prontuários, e ver tudo isso reconhecido é uma coisa muito gratificante”. O tema geral do IX Congresso de Iniciação Científica da Univás foi Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico no Brasil. Para tratar do assunto, a abertura do evento, realizada na Unidade Central da Univás, contou com algumas autoridades da região e o Coordenador Geral de Micro e Nanotecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia Brasileiro, o pesquisador da área de química Dr. Alfredo de Souza Mendes. Em sua palestra, Mendes explicou que a nanociência é o estudo e uso da matéria à escala de 10-9 (dez elevado a menos nove) e que a pesquisa na área depende da microscopia, além de ser de ordem trans e interdisciplinar. Ele comentou o estágio em que está o desenvolvimento nanotecnológico do Brasil em relação a outros países: “temos um contingente
de pesquisadores superior a dois mil e quinhentos profissionais, temos mais de três mil alunos envolvidos com mestrado e doutorado e se nós compararmos os recursos investidos em relação aos países mais desenvolvidos, realmente nós
“O mais legal é correr atrás de um assunto e analisar os resultados que você mesmo colheu, o que trás uma grande satisfação pessoal.” [Samuel de Oliveira Andrade, acadêmico de Medicina da Univás] estamos duas dimensões abaixo; mas o pouco que se investiu tem resultado em muita coisa. Hoje, nós temos mais de 130 empresas desenvolvendo pesquisas no país e já temos diversos produtos sendo ofertados. Sendo uma área estratégica, o governo não vai deixá-la de lado; ao contrário, toda a inovação passa pela nanotecnologia”. Segundo Alfredo Mendes, se os investimentos fossem maiores, talvez estivéssemos um pouco melhor em termos de pesquisa e desenvolvimento. Mesmo assim, temos uma boa posição no cenário mundial, já que nossa contribuição na área de nanotecnologia chega a 1,9%. Ele
diz também que o pesquisador brasileiro é muito procurado por sua criatividade, gerada justamente pela falta de recursos na área. Continuando as atividades da noite, o Secretário Municipal de Ciência e Tecnologia da cidade de Santa Rita do Sapucaí, Prof. Pedro Sérgio Monti, ressaltou a importância de se formar a cadeia do empreendedorismo e sua ligação com a pesquisa. O Secretário Municipal de Ciência e Tecnologia, Indústria e Comércio da cidade de Itajubá, engenheiro Francisco Pereira Braga, destacou que o sucesso acontece não para aqueles que vão atrás de problemas, mas sim para os que perseguem soluções. Outro convidado da noite foi o engenheiro Renato Aparecido Torres, Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico da cidade de Pouso Alegre. Para ele, o pesquisador é uma pessoa mais preocupada com a comunidade do que consigo próprio. Assim, ele reitera a importância do 9º Congresso de Iniciação Científica da Univás e comenta: “Tenho certeza de que eventos como esse da Univás vêm fortificar o desejo dos nossos estudantes de se aprimorar cada vez mais, de fazer suas pesquisas e conseguir a publicação dos resultados”.
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ESTUDANTE DE Medicina O começo do caminho
por izabella campos ocáriz
Univás incentiva alunos e professores a pesquisar Pró-reitora de pós-graduação e pesquisa esclarece os caminhos da pesquisa na Universidade.
Uma das bases de uma universidade de excelência é a pesquisa. Essa atividade se traduz em avanços sociais e tecnológicos, sendo, portanto, essencial, não apenas para a comunidade acadêmica, mas para a coletividade. A Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) vem se empenhando cada vez mais em aumentar a quantidade e a qualidade da pesquisa de seus alunos e professores, com vistas a contribuir cada vez mais com a sociedade. A pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da Univás, Daniela Francescato Veiga, explica que a pesquisa na Universidade faz parte de um tripé, que reúne ainda ensino e extensão. Assim, trata-se de um compromisso secular da Universidade e é importantíssimo que seja iniciada na graduação. Daniela conta que existe uma tendência de valorização cada vez maior da Iniciação Científica. Na área médica, essa corrente é comprovada proposta de franquear o acesso direto ao doutorado daqueles estudantes que se dedicarem a uma Iniciação Científica sólida durante a graduação, liberando-os da passagem pelo mestrado. “A universidade é uma incubadora de conhecimento, que deve ser transferido depois para a sociedade. Por isso, a pesquisa é um dos fundamentos da universidade. A Instituição tem esse compromisso de geração de conhecimento, porque assim ela consegue exercer o papel transformador que ela deve ter no meio em que se insere”, diz Daniela. É muito difícil fazer pesquisa sem o envolvimento dos alunos de graduação, comenta a pró-reitora. Os líderes das linhas
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de pesquisa não conseguem fazer tudo sozinhos; por isso, precisam de alunos para algumas etapas do processo. Só assim um líder consegue demonstrar todo o seu potencial como pesquisador. Para os alunos, essa participação é fundamental. A Iniciação Científica é um processo extremamente tutorial: o estudante convive com o pesquisador, comportando-se realmente como aprendiz. Observa procedimentos, absorve ensinamentos adquiridos no dia a dia, participando da pesquisa na prática e se preparando para ser ele próprio um pesquisador no futuro.
“A universidade é uma incubadora de conhecimento, que deve ser transferido depois para a sociedade.” [Daniela Veiga, Próreitora de pós-graduação e pesquisa da Univás.]
Importância social A pesquisa na área médica é especialmente importante pelo impacto social. É nas universidades e nos grandes institutos que o conhecimento vai sendo gerado e, consequentemente, vai trazendo avanços a serem aplicados em prol de pacientes. Daniela Veiga ressalta que a pesquisa clínica é o tipo mais executado na Univás, por conta da qualidade do hospital-escola, que funciona como um grande laboratório.
Daniela ressalta que “os alunos têm a oportunidade de conviver com os pacientes junto com seus orientadores. No desenrolar da pesquisa, eles aproveitam para desenvolver o contato médico-paciente, aprendem a lidar com o sujeito da pesquisa. Isso ajuda muito na relação que o aluno vai ter depois, como profissional, com seus próprios pacientes. Tendo contato com o método científico, ele aprende a analisar de forma mais crítica o que lê, a selecionar o que aprende. O aluno ganha muito em fazer iniciação cientifica”. Na Univás, o incentivo à pesquisa não é voltado apenas aos alunos, mas também, na mesma proporção, aos professores. Eles podem, inclusive, receber até quinze horas semanais a título de incentivo à pesquisa, nos casos de orientação de Iniciação Científica ou de pós-graduação strictu sensu. Quando o professor adere a esse programa, ele assume o compromisso de publicar os trabalhos desenvolvidos. Daniela explica como funciona a parceria de pesquisadores professores e pesquisadores alunos: “Na pesquisa, os professores vão trabalhar junto com os alunos, visando geração de conhecimentos que são novos para eles mesmos. Os professores precisam dominar o método científico e utilizar-se dele para produzir um novo saber. Esse domínio é obtido por intermédio dos títulos de strictu sensu, particularmente do doutorado. O mestrado é voltado à formação de professores; o doutorado, à de pesquisadores”. Para que uma pesquisa realmente contribua para o avanço do conhecimento, é fundamental que ela seja publicada,
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Laboratório de Bioquimica do Inatel.
para que um número maior de pessoas possa ter acesso a ela. Daniela esclarece que isso deve ser feito mesmo quando as conclusões não são as esperadas: “Se os
resultados são negativos, o pesquisador deve publicar seu trabalho, para que outros evitem seguir os mesmos caminhos; se isso não for feito, o conhecimento não
avança”. Portanto: trabalho não publicado é trabalho desperdiçado.
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ESTUDANTE DE Medicina
Por Leidiana Palma
O começo do caminho
Medicina ganha aliados na busca por melhorias na saúde Cursos com conhecimentos paralelos à área médica auxiliam no progresso tecnológico em prol da saúde. A Medicina não para de progredir. Com isso, surgem novas tecnologias em áreas distantes, que acabam por desempenhar um trabalho paralelo à área médica. Cursos criados recentemente ajudam no desenvolvimento e progresso tecnológico em busca de inovação e melhorias para a saúde. Destacam-se a Biomedicina e a Engenharia Biomédica. Biomedicina Os primeiros cursos de Biomedicina foram regulamentados em 1979. A Biomedicina é responsável pelo estudo das doenças humanas. Está voltada para pesquisa, coleta de dados e aumento da qualidade de vida da população, por meio de formas eficientes de prevenção e exames clínicos mais eficazes. São diversas as áreas de especialização. Os biomédicos especialistas em Biofísica, Imaginologia ou Radiologia trabalham em clínicas, hospitais ou centros de diagnóstico por imagem, tendo a função de preparar o paciente, elaborar o plano de irradiação, gerenciar bancos de imagens, programar e operar equipamentos de ressonância magnética, tomografia computadorizada, Medicina nuclear e radioterapia.
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Para quem se interessa pela Biomedicina, a Universidade de São Paulo (USP) oferece o curso na cidade de Ribeirão Preto e a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), na cidade de Botucatu.
Cursos criados recentemente ajudam no desenvolvimento e progresso tecnológico em busca de inovação e melhorias para a saúde. Engenharia Biomédica Outra área que auxilia no desenvolvimento tecnológico em prol da saúde é o curso de Engenharia Biomédica do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí, no Estado de Minas Gerais. Fundado em 1965, o Inatel é um centro de excelência em ensino e pesquisa na área de Engenharia. É uma Instituição de ensino privada, de caráter beneficente, mantida pela Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações. O Inatel oferece o curso de graduação
em Engenharia Biomédica, que possibilita o desenvolvimento de vários tipos de equipamento, desde os mais simples como o eletrocardiógrafo, até aqueles que apresentam alto grau de complexidade, como o que realiza a ressonância magnética. De um total de sete instituições de ensino, o Inatel é o único a oferecer o curso de Engenharia Biomédica na região. De acordo com o coordenador da pós-graduação em Engenharia Biomédica e Clínica do Inatel, professor Marco Túlio Perlato, o mercado de engenharia biomédica está em expansão e com grandes oportunidades de trabalho, tendo em vista a constante necessidade de inovação e gerenciamento da tecnologia na área médica. “O Brasil possui atualmente cerca de 6.800 hospitais e somente 400 destes estabelecimentos possuem um responsável pelo gerenciamento da tecnologia médica. Em face desta necessidade e da vocação tecnológica do Inatel, o curso de Engenharia Biomédica desenvolveu-se de forma natural para suprir a demanda de mercado”, afirma o professor Perlato. Com duração de cinco anos, o curso tem
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como objetivo formar engenheiro biomédico com competências e habilidades para analisar, projetar e operar sistemas de diagnóstico e de suporte à vida, incluindo hardware e software. O professor Perlato lembra que o Inatel oferece o curso de Engenharia Biomédica em duas modalidades: graduação (cinco anos) e pós-graduação (dois anos). “Os alunos interessados neste curso normalmente possuem uma vocação multidisciplinar nas áreas das ciências exatas e biológicas”, diz. O engenheiro biomédico pode trabalhar
em hospitais e clínicas, ou ainda atuar como professor na área de Engenharia Biomédica e engenharias em geral. A pesquisa é outro campo que pode ser explorado por esse profissional, buscando novos conceitos, novas técnicas e novos materiais aplicáveis para área da saúde.
com o intuito de solucionar problemas, tais como o desenvolvimento de novos equipamentos médicos, no curso de Biomedicina os alunos trabalham diretamente com Análises Clínicas (realização de exames laboratoriais), além de desenvolver pesquisas sobre doenças humanas, com o intuito de encontrar causa, prevenção, diagnóstico e tratamento.
Diferenças O professor Perlato indica algumas diferenças entre os dois cursos. Enquanto no curso de Engenharia Biomédica o aluno aplica o conhecimento de diversas áreas
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A família de Osmar Camargo é privilegiada por ter um grande número de médicos. Ele foi beneficiado por essa realidade ainda na infância. Ao nascer prematuro, contou com a ajuda da tia pediatra, que possibilitou um desenvolvimento sadio, em uma época (há 70 anos) em que a taxa de mortalidade infantil era alta. Foi o amor e o entusiasmo que seus familiares tinham pela Medicina que o impulsionaram a ingressar no curso na Santa Casa de São Paulo, há quase 50 anos. “Minha tia era tão apaixonada pela profissão, que tinha vergonha de cobrar consulta. Atendia muitos pacientes de graça e cuidou de mim com muita dedicação. Sempre vi a felicidade dela e de outros parentes e, com certeza, fui influenciado por eles”, conta. Camargo até pensou em pediatria e chegou a se envolver na área, mas no último ano de faculdade percebeu que seu perfil mais dinâmico e esportista pendia para a ortopedia. Foi onde seguiu carreira. Atualmente, além de atuar em seu próprio consultório, é coordenador dos cursos de graduação da Santa Casa, onde também já foi diretor do curso de Medicina e professor. “Ver meus alunos tendo sucesso na área que escolheram me traz uma satisfação enorme”, diz. Outra alegria é acompanhar o crescimento profissional da família. Hoje, já são 20 médicos, entre os quais estão a esposa pediatra, o filho anestesista e a nora dermatologista. “Se formos para além das paredes da minha casa, temos na família quase todas as especialidades da Medicina”, acrescenta. Ele acredita que todas as gerações têm sido influenciadas pelos casos de sucesso. “Ninguém foi forçado a seguir a carreira. Os jovens viram em nós o prazer que temos no que fazemos e descobriram ter vocação”. Segundo ele, esse convívio pode facilitar o início da carreira, mas não é o suficiente. “Ter médico na família não vai significar muito se a pessoa não se esforçar, buscar capacitação constante e conquistar seu próprio espaço”, ressalta. O doutor afirma que é valioso dar bom exemplo. “Médico dedicado é exemplo para a sociedade. Isso é fundamental; é o que vi em casa, é o que sempre busquei na minha carreira e é o conselho que dou para quem deseja ingressar”, finaliza.
O médico ortopedista Osmar Camargo se orgulha em fazer parte de uma família de médicos apaixonados.
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A PROFISSÃO MÉDICA
Enfim, o futuro Quando chega ao curso superior, o estudante pode até imaginar que o pior já passou. Mas ele logo aprende que isso é apenas uma impressão. Leia nas próximas páginas o quanto a vida acadêmica pode ser fascinante ... e complicada ...
• Diretórios acadêmicos incentivam participação ativa de estudantes • O estágio na visão de um aluno de Medicina • Residência médica do HCSL é parte do processo seletivo unificado • Ensino e pesquisa: duas faces da mesma moeda • Univás incentiva alunos e professores a pesquisar • Medicina ganha aliados na busca por melhorias na saúde
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A PROFISSÃO MÉDICA Enfim, o futuro
Por Juliana Miranda
Como escolher a especialização certa Depois de longos anos de curso, ainda falta ao médico recém-formado o caminho da especialização. Para um médico recém-formado, gostar de determinada área é de suma importância no momento de decidir o caminho a seguir dali para a frente. Outra questão que não pode ser esquecida é a verificação das tendências do mercado de trabalho. Mas uma coisa é certa: a escolha da especialidade ganha força na residência médica. A residência é uma espécie de pós-graduação que o aluno de Medicina deve começar assim que terminar a faculdade. O objetivo é chegar ao título de especialista. Por isso, as aulas são muito mais práticas do que teóricas. Nelas, os residentes treinam e aprendem no contato direto com os pacientes dentro do hospital. Da faculdade de Medicina, o acadêmico sai médico generalista; depois de longos seis anos de curso, a residência conduz à especialização – período que deve ser levado em conta pelo universitário. Para ingressar na residência médica, é necessário estudar todos os dias. A prova é dividida em diversas áreas de conhecimento, incluindo Saúde Coletiva e Cirurgia, que são requisitos básicos e compõem a nota final. Portanto, é recomendável que, no ano do concurso para residência médica, o universitário preste atenção nas datas e horários das provas, assim como inscrições e outras particu-
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laridades, para garantir sua entrada. Geralmente, as universidades públicas e os hospitais públicos formam especialistas e ainda oferecem uma bolsa no valor médio de R$ 2.000,00. O Dr. Paulo Salin Vasconcelos, médico ortopedista gestor do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Santa Cruz de São Paulo e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Pé, conta: “Escolhi a ortopedia porque consigo propiciar uma mobilidade muito precoce em meus pacientes que sofreram fraturas múltiplas ou doenças degenerativas. É uma especialidade muito abrangente e dinâmica, na qual nos deparamos com novas técnicas de tratamento e tecnologias de materiais com maior durabilidade e melhor performance biomecânica”.
“Apenas a graduação não é suficiente. Tornar-se um médico especialista é um projeto de longo prazo.” [Dr. Flavio Henrique de Rezende Costa, mestre de neurologia pela UFRJ.] Para Flavio Henrique de Rezende Costa, mestre em neurologia pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o mercado de Medicina está muito aquecido e existe demanda para todas as áreas. “Há uma estimativa de que, no Brasil, existam cerca de 350 mil médicos, sendo que deveriam existir, no mínimo, 500 mil”, afirma. O déficit pode ser verificado principalmente na área de assistência básica, como nas unidades básicas de saúde e nos programas de saúde da família, em cidades do interior e nas periferias das metrópoles. Médicos especializados em emergência, terapia intensiva e especialidades cirúrgicas de alta complexidade também estão em falta no mercado, segundo Costa. Deve-se levar em conta ainda que o grande empregador é o setor público. Para seguir carreira, no entanto, é necessário ter paciência, entre outras virtudes. “A graduação sozinha não é suficiente. É um projeto de longo prazo, de nove a onze anos, para se tornar um médico especialista”, afirma o Dr. Flavio Costa. O neurologista lembra também que a profissão exige uma grande capacidade de lidar com pressão: “Tem de ter vocação, porque é uma carreira desgastante”. Para ele, o estudante também tem de desenvolver os aspectos humanistas, como solidariedade e vontade de ajudar.
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Por Leidiana Palma
Medicina e ética andam juntas na orientação profisisonal A Medicina é uma área que necessita de vasta reflexão em torno da ética por lidar diretamente com a sociedade. O estudo e a reflexão sobre a ética estão inseridas no currículo de Medicina por meio da disciplina Bioética. Ministrada na maioria dos cursos de graduação, poucas áreas de conhecimento humano necessitam tanto dessa prática, como a Medicina. A Bioética surgiu em 1971, com a publicação de uma obra do médico oncologista Van Rensselaer Potter, que serve de referência histórica sobre o assunto. Nos últimos anos, tem recebido maior importância devido aos novos desafios que os profissionais da área médica enfrentam todos os dias. Atualmente, a Bioética tem sido evidenciada como a ciência que compreende a realidade e antecipa as novas questões na saúde. As universidades têm a preocupação de formar cidadãos que, além do conhecimento específico, possam saber se relacionar, respeitar a sociedade e conhecer seus direitos e deveres. Não poderia ser diferente com a Universidade do Vale do Sapucaí (Univás). A Instituição conta com dois professores de Bioética, Carlos de Barros Laraia e Antônio Homero Rocha de Toledo. Uma questão de responsabilidade Antes mesmo de ser obrigatória a inclusão da disciplina na grade curricular, a Univás se adiantou, tornando-se a segunda universidade do Estado a implementá-la, ficando atrás apenas da Universidade de Montes Claros. O professor Carlos Laraia acredita que a disciplina deveria ser integrada no decorrer dos seis anos de curso, em função de sua importância para a formação profissional.
Professor Carlos de Barros Laraia ministra a disciplina de Bioética há mais de 18 anos na Univás
As preocupações com a ética médica existem há mais de dois mil anos, mas continuam bastante atuais. Para o professor Laraia, não se pode fazer Medicina sem preceitos éticos, que formam a base da relação médica com os pacientes. “A Bioética é pluralista, é multi e transdisciplinar, admite soluções diferentes e o respeito às opiniões contrárias. Diferente do Código de Ética da Medicina, que é impositivo e normativo, a Bioética é mais reflexiva, ensinando a apreciar e respeitar diferentes pontos de vista, mesmo que discordantes”.
“A Bioética é pluralista, é multi e transdisciplinar, admite soluções diferentes e o respeito às opiniões contrárias.” [Dr. Carlos Laraia, professor de Bioética da Univás] Ligada à filosofia, a Bioética leva em conta a responsabilidade moral dos cientistas em suas pesquisas e práticas. Ela estuda as ciências da vida e da saúde e visa administrar os conflitos e controvérsias morais gerados pelos avanços e pela aplicação da Medicina e da biologia. O tema é tão complexo e importante, que o Conselho Federal de Medicina criou a Revista Bioética, com o objetivo de fomentar a discussão de temas da bioética e da ética médica. Diferente da Ética teórica, a Bioética se preocupa com a forma dos conceitos e dos argumentos éticos, buscando resolver
conflitos concretos. Por meio do conhecimento biológico e dos valores humanos, a Bioética é responsável por debates polêmicos, nos quais não existe consenso moral, como a fertilização in vitro, o aborto, a clonagem, a eutanásia, os transgênicos e as pesquisas com células-tronco. Ética para profissionais e estudantes Importante para a conduta e o comportamento do profissional perante a sociedade, o Código de Ética da Medicina contém normas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício da profissão, independentemente da função ou cargo que ocupem. Produzido durante a 1ª Conferência Nacional de Ética Médica em 1987, o código fez parte do processo de redemocratização que transformou as relações sociais brasileiras no fim da década de 1980. Mas as normas éticas não são válidas apenas para os graduados. Existe também o Código de Ética do Estudante de Medicina. São normas adaptadas do Código de Ética Médica que indicam aos acadêmicos o caminho a ser seguido para obter a realização pessoal, o sucesso profissional e o apreço da sociedade. Por meio do Código do Estudante, são definidos os direitos, os deveres e as regras de relacionamento com o paciente, a profissão, os professores, os orientadores e os colegas. Os Códigos de Ética podem ser pesquisados no site do Conselho Federal de Medicina, no portal cfm.org.br.
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A PROFISSÃO MÉDICA Enfim, o futuro
Por Leidiana Palma
Conheça os órgãos representativos da classe médica O órgãos de representatividade zelam pelo desempenho ético da Medicina e pelos serviços médicos de qualidade prestados à população.
Por meio dos órgãos representativos, os profissionais de Medicina ficam bem amparados quando se trata de seus deveres e direitos. Os Conselhos, Cooperativas e Associações auxiliam na prática da atividade. Com o avanço tecnológico e várias mudanças na categoria médica, nos últimos anos, as atribuições e as ações desses órgãos se ampliaram, indo além da aplicação do Código de Ética Médica e da normatização da prática profissional. Em Minas Gerais, são várias as entidades ligadas à classe médica: Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Conselho Regional de Medicina-MG (CRM-MG), Cooperativa de Cultura e Editora Médica (COOPMED), Federação Nacional das Cooperativas Médicas (FENCOM), Sindicato dos Médicos de MG (SINMED-MG), entre outras. Conselho Federal de Medicina Criado em 1951, o Conselho Federal de Medicina (CFM) possui atribuições constitucionais de fiscalização e normatização da prática médica. Sua competência inicial reduzia-se ao registro profissional do médico e à aplicação de sanções do
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Código de Ética Médica. Atualmente, o Conselho Federal de Medicina exerce um papel político muito importante na sociedade, atuando na defesa da saúde da população e dos interesses da classe médica.
Nos últimos anos, as atribuições e as ações desses órgãos se ampliaram, indo além da aplicação do Código de Ética Médica e da normatização da prática profissional. O CFM se esforça em defender os interesses corporativos dos médicos, a boa prática médica, o exercício profissional ético e uma boa formação técnica e humanista, convicto de que a melhor defesa da Medicina consiste na garantia de serviços médicos de qualidade para a população. Além de zelar pelo desempenho ético da Medicina e pelo bom conceito da profissão, o CFM organiza uma série de atividades e presta alguns serviços aos médicos e à sociedade brasileira.
Conselho Regional de Medicina Assim como o CFM, O Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) também se preocupa com a boa prática médica e atua em benefício da sociedade, na supervisão da ética profissional, por meio de ações regulamentadoras, educacionais, fiscalizadoras e políticas. Para descentralizar os serviços prestados pela CRM-MG, foram criadas Delegacias Regionais, que aproximam o médico mineiro de suas atividades administrativas, de fiscalização e de promoção ética. Em Pouso Alegre, a Delegacia Regional fica situada na Avenida Alberto de Barros Cobra, 550, Bairro Nova Pouso Alegre, sob a coordenação do Delegado Efetivo, Cons. Mário Benedito Costa Magalhães, e do Delegado Adjunto, Dr. Artur Nascimento Silva Neto. Para ter mais informações sobre esses órgãos e outras entidades ligadas à área médica, consulte a Revista Médica de Minas Gerais, um veículo oficial de difusão de informação científica em ciências da saúde dos órgãos de classe, escolas e cooperativas médicas de Minas Gerais.
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Por Fulano de Tal
A situação da saúde pública em Pouso Alegre Políticas públicas de saúde representam pontos de preocupação para administradores e para os que precisam se utilizar dos sistemas. Apontado como uma das grandes mazelas sociais do País, o sistema público de saúde é alvo de muitas críticas. Segundo especialistas, falta criar uma cultura de ações preventivas para desafogar unidades de atendimento emergencial, como acontece com o Pronto Socorro do Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), em Pouso Alegre, que atende a uma população de cerca de 1,5 milhão de pessoas da região sul-mineira. Curiosamente, os usuários do sistema costumam emitir opiniões favoráveis. A edição de 2011 do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), publicado pelo Instituto de Pesquis as Econômicas Aplicadas (IPEA), revela que, entre aqueles que tiveram alguma experiência com os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) nos doze meses anteriores à publicação, a proporção de opiniões favoráveis (bom ou muito bom) foi de 30,4%. Entre aqueles que não são usuários do sistema, apenas 19,2% teve o mesmo julgamento. Além disso, a proporção de opiniões de que os serviços prestados pelo SUS são ruins ou muito ruins foi maior entre os entrevistados que não tiveram experiência com nenhum desses serviços (34,3%), em comparação com aqueles que tiveram (27,6%). Situação na região Em Pouso Alegre, vigora uma percepção semelhante do SUS. Quanto mais próximos do atendimento público, melhor a avaliação dos moradores acerca do serviço. Alguns especialistas apontam para a necessidade de que os usuários do Sistema tenham uma gama maior de informação a respeito de seus serviços. No entanto, Maria Augusta Assirati, do Departamento de Ouvidoria Geral do SUS, ressalta:
“Muitas vezes, impossibilidade de fruição do serviço ocorre por falta de informação sobre a forma adequada de acesso. Por isso, estruturas mediadoras de conflitos ou de acesso a serviços alcançam resultados muito positivos, com base em ações que orientem os cidadãos sobre as formas adequadas de atenção à saúde. Nessa perspectiva, são fundamentais também as ações de comunicação, educação e informação”.
“A grande questão é fortalecer a atenção primária, isto é, reduzir o número de pessoas que adoecem pela demora em conseguir tratamento.” [Rosa Maria do Nascimento, especialista em saúde pública] Para a Secretária de Saúde de Pouso Alegre, professora Rosa Maria do Nascimento, que também é vice-diretora da Unidade Central da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), quanto mais os moradores se conscientizarem de seus direitos, mais acesso terão aos serviços e mais contribuirão para sua melhoria. “O Sistema Único de Saúde foi criado para universalizar o acesso à saúde, mas também prevê a participação da comunidade, o que ocorre, por exemplo, através das Conferências de Saúde. Mas o que se percebe é que a participação ainda é pequena e o interesse das pessoas só é maior quando a doença bate à porta”, avalia a professora. Importância do atendimento primário Enfermeira especialista em Saúde Públi-
ca, Rosa Maria assumiu a Secretaria de Saúde em janeiro deste ano. Está decidida a concentrar seus esforços em três pontos que considera cruciais no atendimento aos usuários do sistema de saúde municipal: as consultas médicas, o encaminhamento para exames e a liberação de medicamentos. Com essa estratégia, ela tenta reduzir a pressão sobre os pronto-atendimentos do Hospital das Clínicas Samuel Libânio e do bairro São João. “A grande questão é fortalecer a atenção primária, isto é, reduzir o número de pessoas que adoecem pela demora em conseguir tratamento”, explica. Um dos caminhos sugeridos pela secretária é aumentar o número de equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Outras duas equipes se somarão às 21 hoje existentes. Com elas, será possível levar tratamento preventivo e acompanhamento constante a mais 8 mil residências na cidade. A diretora da Secretaria Municipal de Saúde, Inês Ribeiro, conta que esse atendimento primário prestado pelas equipes de ESF acaba desafogando as unidades de saúde voltadas para o atendimento de emergência e ajuda a prevenir doenças mais graves. “O atendimento primário é a arma mais eficaz na prevenção de doenças diversas; as equipes do ESF cumprem bem esse papel”, avalia. A aposta parece ser boa. De acordo com o estudo do SIPS, o atendimento pela Equipe de Saúde da Família (80,7% das respostas) ao lado da distribuição gratuita de medicamentos (69,6%) são os serviços mais bem avaliados. O principal ponto positivo do SUS, de acordo com a percepção dos entrevistados, é o acesso gratuito aos serviços de saúde prestados pelo sistema (52,7%), seguido, nesta ordem, pelo atendimento universal (48,0%)
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e pela distribuição gratuita de medicamentos (32,8%). A Atenção Primária à Saúde (APS) em Pouso Alegre está na linha de frente das ações de prevenção e cuidado com a saúde das famílias. Estimulado por investimentos e pela organização pragmática da Secretária de Saúde, o sistema conta com 21 equipes da Estratégia Saúde da Família, sendo 3 rurais e 18 urbanas; 23 Unidades Básicas de Saúde (UBS), divididas em rurais e urbanas, sendo a maioria mista, isto é, atendendo no mesmo local da ESF; e 28 consultórios odontológicos, divididos também em rurais e urbanos (esses não fazem parte da ESF e localizam-se, em sua maioria, nas UBS). A frente de atendimento primário conta
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ainda com as farmácias comunitárias, implantadas para descentralizar a distribuição de medicamentos. Quatro unidades foram implantadas nos bairros São João, Faisqueira, São Geraldo e Centro. Um Centro de Abastecimento Farmacêutico também foi criado para acondicionar o estoque de medicamentos e racionalizar sua distribuição. Para o ex-presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, é preciso criar uma cultura de cuidados preventivos. “Quando o SUS foi criado, e eu participei desse debate, ficou claro que, para o Sistema ter êxito, era fundamental que tivesse uma gestão profissional e que seguisse um modelo de atenção à saúde e não um voltado para
tratar a doença. Nós temos um sistema de vacinação que é exemplo para todo o mundo, é verdade, mas ainda sofremos muito com a falta de prevenção”. De acordo com o conselheiro, a população brasileira, de maneira geral, continua achando que saúde é ser atendido num pronto-atendimento por um médico quando houver uma doença. O pouco destaque ocupado pela Medicina preventiva gera um quadro em que o atendimento médico só ocorre em último caso. A inversão afeta o paciente, profissionais da saúde e todo o sistema. “As pessoas só sabem que estão com essas doenças quando tem uma crise grave. Então, esse não é o modelo que o SUS preconiza”, considera.
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A PROFISSÃO MÉDICA Enfim, o futuro
Por Leidiana Palma
Médico da família: ontem e hoje A instituição do médico da família já foi uma tradição, mas foi aos poucos perdendo força. Houve um tempo em que as famílias tradicionais e numerosas tinham um médico conhecido, responsável por cuidar da saúde de todos os seus integrantes. O médico visitava os pacientes em casa, ouvia suas queixas, medicava e fazia as recomendações necessárias. Ele sabia de todos os problemas de saúde de cada um. Era mais que um médico, era um amigo, alguém próximo que conhecia a rotina e o contexto em que estava inserido o grupo de familiares. Vale ressaltar que ter um médico de família era privilégio de poucos. Essa tradição foi se perdendo ao longo das décadas, bem como as cidades pacatas, pano de fundo dessa prática, foram deixando de ser tranquilas. Naquele tempo o honorário recebido por um médico era suficiente para ter uma vida confortável, sem precisar de três ou quatro empregos. Com o crescimento populacional, práticas como as visitas domésticas, o conhecimento profundo dos casos e amizade entre médicos e pacientes se tornaram escassos. O profissional passou a atender um grande número de pacientes em seu próprio consultório. O médico passou a se preocupar em atender com eficiência a comunidade, buscando cada vez mais conhecimento e melhor infraestrutura. Outros fatores que influenciaram no desaparecimento desse costume foram os
avanços tecnológicos e as regulamentações profissionais, que modificaram o exercício da atividade médica. A necessidade de um espaço para alojar todos os equipamentos tecnológicos em busca de diagnósticos e tratamentos cada vez mais eficazes tornou a relação ainda mais distante.
No Brasil, existe a especialização em Medicina da Família, que forma profissionais capacitados a cuidar da saúde da população.
Resquícios Hoje, o que se tem de mais próximo deste cenário é o Programa Saúde da Família (PSF), criado pelo Governo Federal em 1999 para incrementar a atenção básica às famílias. Esse atendimento é constituído de um conjunto de ações que visa à proteção e manutenção da saúde, à prevenção de agravos, ao diagnóstico, ao tratamento e a reabilitação. Diferentemente do modelo assistencial vigente, em que predomina o atendimento emergencial, para o PSF a família passa a ser o objeto de atenção no ambiente em que vive, permitindo uma compreensão ampla da situação.
Embora a saúde pública precise de melhoras, pode-se dizer que hoje a assistência médica é mais democrática. Desde que o Sistema Único de Saúde (SUS) foi implantado, em 1988, houve uma melhora significativa na prevenção e tratamento de doenças. Hoje, quase 100% das crianças são vacinadas e a mortalidade causada por males como o de Chagas, esquistossomose, diarreia infantil e cólera, por exemplo, reduziu significativamente. Mesmo com o desaparecimento do médico da família, e a mudança no relacionamento entre o profissional e o paciente, a atenção e os cuidados com essas pessoas são fatores em evidência na Medicina. No Brasil, existe a especialização em Medicina da Família, que forma profissionais capacitados a cuidar da saúde da população com base na análise física, psicológica e do contexto social em que está inserido o paciente, podendo, a partir daí, não só diagnosticar e tratar, mas também prevenir doenças. Como se sabe, muito há a fazer na área da saúde. É grande a nostalgia em lembrar o médico de família e o tratamento mais individualizado e humanizado que se prestava. Mas não se pode negar que a Medicina e o conhecimento sobre a saúde têm avançado, melhorando a qualidade de vida dos brasileiros.
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A PROFISSÃO MÉDICA Enfim, o futuro
Por Juliana Miranda
Novas correntes da Medicina mostram resultados positivos A acupuntura e a homeopatia não representam nenhuma novidade. Mas ainda enfrentam muita resistência entre os profissionais da área médica.
Métodos tradicionais nem sempre resolvem. Há correntes dentro da Medicina que, embora sejam consideradas práticas médicas, são pouco difundidas pela própria classe, havendo mesmo quem não as considere algo efetivo ou necessário. A homeopatia e a acupuntura são duas correntes médicas que provocam opiniões divergentes. Acupuntura A acupuntura é uma Medicina oriental milenar. Portanto, a própria história descreve seus méritos. Como atividade médica, foi aceita e reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e hoje existem centros formadores de residentes nesta especialidade. A Organização Mundial da Saúde (OMC) catalogou mais de cem doenças em que a acupuntura tem uma resposta direta, chegando, em alguns casos, a funcionar como tratamento principal. Em disfunções musculares e esqueléticas, a acupuntura atua de maneira a evitar tratamentos mais drásticos, com medicações fortes e até cirurgias.
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Médico de renome em São Paulo, Alexandre Feldman associa a prática da acupuntura com medicação e boa alimentação para curar a enxaqueca. Os relatos de resultados positivos são muitos – e os questionamentos médicos sobre o assunto também.
Os relatos de resultados positivos são muitos – e os questionamentos médicos sobre o assunto também. A empregada doméstica Tatiana Alves, de 32 anos, dá seu testemunho: “Já ouvi muitas vezes que a enxaqueca não tem cura. Mas eu sarei com esse tratamento. Tinha dores diárias, de precisar me trancar em um quarto escuro. Cheguei a ter crises de vômitos, de tanta enxaqueca. Mudei a alimentação, fiz uma série de dez sessões de acupuntura e associei um remédio para as crises do inicio do tratamento. Em 45 dias não precisei mais do remédio e faz dez anos que não tenho crises de enxaqueca”.
Homeopatia Quando o assunto é homeopatia, as opiniões também divergem. Há médicos que se formam nessa especialidade, mas muitos profissionais não relutam em aceitá-la. Quem testou garante que dá certo. “Seja para tratamento de coluna ou alergias, tive um grande sucesso ao associar os remédios homeopáticos no meu dia a dia. Por isso recomendo”, diz a professora Zezinha Nunes. A polêmica é tanta que a homeopatia chegou ao Brasil em 1840 e apenas em 1980 é que o Conselho Federal de Medicina reconheceu-a como especialidade médica. O médico homeopata e pediatra Yechiel Moises Chencinski acredita que é preciso tratar o indivíduo como um todo, e não apenas a doença de forma isolada: “Por isso, toda primeira consulta aborda uma série de sintomas e perguntas mais abrangentes do que a consulta de um médico comum, como, por exemplo, sobre a alimentação do paciente e a prática de atividade física. Porque dessa forma é mais fácil direcionar o tratamento que combina sintomas físicos e afetivos”. O Dr. Yechiel complementa: “Não gosto de pensar na homeopatia como terapia alternativa. Esse conceito transmite a ideia de que você procurou tratamento em outras práticas e depois que nada deu certo restou uma opção alternativa, que é a homeopatia. Por isso, costumo dizer que a homeopatia é uma alternativa terapêutica. O paciente pode escolher a sua forma de tratamento em igualdade de condições, seja um homeopata, um alopata ou um acupunturista. Todos com suas abrangências e limitações”. Ele acredita que a Medicina de que precisamos trabalharia apenas com a promoção da saúde, com a prevenção e não com a busca de remédios para curar. E acrescenta: “Eu gosto da filosofia da homeopatia, da busca pelo equilíbrio do ser humano. A Medicina faz parte desse pacote e oferece essas diversas opções”.
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Por Juliana Miranda
Áreas de pesquisa médica cada dia mais em alta O desenvolvimento tecnológico cria novas áreas de atuação, recria algumas tradicionais e faz surgir um novo vocabulário médico.
Muitas pesquisas de ponta estão sendo desenvolvidas hoje em dia no campo da Medicina. “As pesquisas envolvendo tecnologias moleculares, e suas diferentes vertentes, a biotecnologia, o desenvolvimento de pesquisas em imagem, a robótica e a tecnologia de informação tem revolucionado a Medicina”, diz a pró-reitora de Pesquisa da Unesp, Maria José Soares Mendes Giannini. Campos de pesquisa intensa compreendem a farmacogenômica, os tratamentos individualizados, a terapia celular, o uso da nanotecnologia em vários campos, aplicação da bioinformática e, como resultado desses avanços, a Medicina personalizada. “As pesquisas também têm avançado em relação a cirurgias com invasão mínima, com sistemas de navegação inovadores, imagens moleculares, próteses inteligentes, vasos cardíacos artificiais e até o desenvolvimento de camas inteligentes”, completa a pró-reitora. Os resultados significativos no campo da genômica, por exemplo, e, mais recentemente, do microbioma, conduzem a importantes mudanças em diferentes áreas. “Os conhecimentos dos perfis genéticos, incluindo sequências do genoma e os entendimentos de modificações epigenéticas, além do conhecimento de expressão de pequenos RNAs e modificações químicas de proteínas, têm contribuído com aspectos importantes para o maior conhecimento de diferentes patologias”, explica a professora Maria José. Novidades na genética Avanços importantes ocorreram também em outros segmentos da genética: a citogenética, a genética bioquímica e a genética molecular. Os novos conhecimentos criam perspectivas de tratamento para algumas doenças envolvendo informações hereditárias. Diagnósticos mais precisos, com biomarcadores relevantes, devem ser usados em vários campos, como os das doenças crônicas e infecciosas. A pró-reitora esclarece: “São empregados equipamentos
de diagnóstico de última geração, como a ressonância magnética funcional, a tomografia computadorizada de multidetectores, o ecocardiograma tridimensional (3D) e o PET SCAN, que possibilitam o diagnóstico de várias doenças, principalmente na oncologia”. Também a nanotecnologia tem ajudado em terapias com medicamentos nanoestruturados e na miniaturização de determinados componentes, como marca-passos, pele humana artificial, vasos sanguíneos artificiais e válvulas cardíacas renováveis.
O recente desenvolvimento da teleMedicina, que acrescenta imagens à comunicação da voz e da escrita, permite assistência médica integral à distância. As nanopartículas possibilitam novos registros de imagens moleculares para diagnósticos individuais. Os tratamentos contra câncer com nanopartículas mostram êxitos em estudos clínicos, bem como produtos como cateteres se tornam mais higiênicos com o revestimento de nanopartículas. Nanomateriais também auxiliam na proteção contra plágios, evitando a falsificação de medicamentos com sistemas de marcação baseados em nanomateriais ou em materiais nanobiotecnológicos. Outra grande revolução diz respeito ao uso da tecnologia de informação não apenas empregada nas clínicas, mas também na assistência aos pacientes. Procedimentos menos invasivos, diagnósticos mais precisos e medicamentos modernos devem garantir uma melhor resposta ao tratamento. Pesquisadores brasileiros Maria José afirma que as universidades brasileiras têm contribuído em vários ramos da Medicina. “Hoje competimos em
pé de igualdade com os países desenvolvidos; mas ainda temos muito a avançar, principalmente na pesquisa básica. À medida que as pesquisas avançam, os resultados ainda precisam ser validados por estudos clínicos mais duradouros e profundos, como no caso das terapias celulares em várias áreas”. No ensino, o recente desenvolvimento da telemedicina, que acrescenta imagens à comunicação da voz e da escrita, permite a discussão de casos clínicos por teleconferências interativas, telediagnóstico por imagem e mesmo assistência médica integral à distância. A experiência com o intercâmbio entre equipes mais experientes e outras em formação mostra que o emprego rotineiro dessa prática despertará o interesse de jovens para, progressivamente, desenvolver centros autóctones. A Medicina de ponta deve incluir atividades integradas de ensino, assistência e pesquisa. A sistemática proposta poderia modificar essa tríade clássica para outra, incluindo ensino, assistência e desenvolvimento. “Assim, com a integração dos vários campos, médicos tornam-se executivos, físicos trabalham em hospitais e engenheiros se envolvem nos estudos de Medicina”, conclui a pró-reitora da Unesp. Renovação em áreas tradicionais Mesmo uma área tradicional, como a geriatria, tem crescido a passos largos, diretamente proporcionais ao aumento da expectativa de vida. Outra área onde a Medicina tem atuado cada vez mais sistematicamente é a que focaliza a saúde do trabalhador, sempre visando ao bem estar físico pleno aliado a um aumento da produtividade. O médico Paulino Salin Vasconcelos, ortopedista gestor do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Santa Cruz de São Paulo, afirma: “A Medicina ocupacional vem desenvolvendo e aprimorando normas internacionais de melhorias na ergonomia do trabalho, ajudando na construção de leis e normas que possibilitam aliar saúde e atividade laboral”.
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A PROFISSÃO MÉDICA Enfim, o futuro
Por Juliana Miranda Sérgio Cabral, participante da ONG Médicos Sem Fronteiras. Foto: MSF
Médicos apostam no social e seguem carreira humanitária O interesse por problemas humanos pode levar médicos apaixonados pela profissão a lugares bem distantes do conforto de suas casas.
Apostar em uma carreira humanitária faz parte da escolha de alguns formandos em Medicina. O cardiologista infantil Sérgio Cabral, de 44 anos, mestre em psicopedagogia, formado em 1994 pelo Instituto Superior de Ciências Médicas de Camagüey, em Cuba, escolheu esse caminho. Ele conta que sempre quis fazer um trabalho humanitário. Demorou para tomar coragem, mas, finalmente, um dia, aconteceu. “Após passar seis anos longe de minha família, estudando em Cuba, decidi voltar para o Brasil, em Bom Despacho, interior de Minas Gerais, e passar um tempo próximo de meus pais. Neste ínterim, fiz pediatria e cardiologia infantil e comecei a trabalhar. Posteriormente, concluí o mestrado em psicopedagogia porque estava lecionando numa universidade e queria me qualificar como professor. Eu ficava esperando o momento certo para fazer um trabalho humanitário. Em 2006, percebi que não havia o que esperar, porque as necessidades humanitárias estão em toda parte do mundo e o tempo todo. Como sempre fui um defensor do serviço público de saúde, achei que fechar meu consultório particular e me
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dedicar apenas à saúde pública fosse mais coerente de minha parte”. Sérgio Cabral pesquisou bastante sobre ONGs médicas e, após fazer contato com várias delas, entrou para a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF). “Fui recrutado em 2007 e, desde então,
“O trabalho humanitário é um trabalho árduo, de dedicação, de sofrimento, de conflitos internos, mas, ao mesmo tempo, gratificante, prazeroso e apaixonante.” [Sérgio Cabral, participante da ONG Médicos Sem Fronteiras.]
trabalho exclusivamente para a ONG. Eu já fiz diversos tipos de atividades, trabalhei bastante em emergências, em projetos de longo prazo, em um escritório em Bruxelas e fiz coordenação, mas gosto muito de estar no campo, na ponta, junto ao paciente”.
Hoje, Sérgio atua visitando projetos que atendem crianças, pelo MSF. “Ajudo no diagnóstico do desenvolvimento desses projetos, para encontrar pontos que precisem ser melhorados, traçar novas estratégias e propostas, definir formas de implementação, estabelecer protocolos, dar treinamentos e escrever rotinas médicas”, explica. Ele garante que os ganhos são muitos. “Recebo amor, ganho um sorriso franco de uma mãe, compartilho a inocência de uma criança que me abraça no meio de uma catástrofe, ganho um obrigado sincero, olhares alegres e tristes que me falam milhões de coisas em meio ao silêncio da dor”. E ele conclui: “O trabalho humanitário é um trabalho árduo, de dedicação, de sofrimento, de conflitos internos, mas, ao mesmo tempo, gratificante, prazeroso e apaixonante. É a oportunidade de praticar o que acredito, de contribuir, de dar e receber algo da humanidade. É a oportunidade de continuar apaixonado pela Medicina, de ver meu trabalho e o ser humano de um modo devotado. É aprender o verdadeiro valor de um sorriso num final de um dia de dores”, relata.
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Vanessa Cardoso, Psicóloga.
Como funciona o MSF Programas sociais como o MSF exigem, em média, dois anos de experiência. “Tem uma frase que li em um livro, quando ainda era estudante de Medicina: ‘Nada assusta mais a um médico jovem que o desconhecimento’. Estar numa missão, falando uma língua estrangeira, longe da família e dos amigos, trabalhando com limitações de vários recursos, com carga de trabalho grande, muitas vezes no limite profissional e emocional – tudo isso exige um mínimo de experiência, senão pode ser muito complicado”, adverte. Mesmo assim, Sérgio indicaria o tra-
balho humanitário para um recém-formado. “Acho que não existe profissão nem momento para ser humanitário. Todo mundo pode ser e em qualquer momento, mas que seja um trabalho adequado para cada pessoa, segundo sua experiência profissional e sua capacidade psicológica”. Vanessa Cardoso, psicóloga, de 38 anos, já participou de projetos de MSF na Palestina, no Sudão do Sul e na Líbia, e agora é responsável pelo recrutamento de MSF-Brasil. Ela conta que a ONG, criada em 1971 por médicos e jornalistas, leva ajuda médica de emer-
gência a vítimas de conflitos armados, epidemias, desastres naturais e exclusão do acesso à saúde. O MSF tem também o compromisso de denunciar o sofrimento das pessoas atendidas e os obstáculos encontrados na tentativa de oferecer ajuda. Hoje, o MSF possui escritórios em 22 países, inclusive no Brasil, e projetos de ajuda médica em mais de 65 países. “Para realizar esse trabalho, temos mais de 30 mil profissionais de todo o mundo que atuam nas áreas médica, logística, administrativa, de finanças, de comunicação, entre outras. Nossas ações
Foto: Kate Geraghty
Agente médico de MSF realiza consulta numa mulher sudanesa e seu filho em Ajakwac, na região de Abyei, no Sudão.
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O mĂŠdico Guillaume Mazambi examina um paciente em uma ala pediĂĄtrica improvisada no hospital de Am Timan. Foto: Yasmin Rabiyan/MSF
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O agente médico Michael Kipsang segura Deng Ngor, de um ano e meio de idade, que foi diagnosticado com desnutrição severa aguda e graves complicações durante uma distribuição de alimentos. MSF internou o menino no centro de nutrição terapêutica de Agok. Foto: Avril Benoit/MSF
são sempre regidas pela ética médica e pelos princípios de independência, neutralidade e imparcialidade”, conta Vanessa Cardoso. No momento, o MSF não tem projeto no Brasil. “Mas estamos atentos às emergências e agimos sempre que avaliamos ser necessário. Nosso último projeto no Brasil ocorreu em Tabatinga (MA), onde durante três meses traba-
lhamos com haitianos que chegaram ao País pela fronteira com o Peru, para inseri-los no sistema de saúde brasileiro. Em 2011, oferecemos treinamento para os psicólogos que iriam trabalhar com as vítimas dos impactos causados pelos deslizamentos na Região Serrana do Rio de Janeiro. No ano anterior, fizemos trabalho semelhante na ocasião da enchente de Alagoas”.
Os interessados em trabalhar no MSF devem entrar no site da organização, conhecer o processo seletivo, os perfis recrutados e responder às perguntas do Quiz para uma autoavaliação. O processo de recrutamento e seleção acontece ao longo do ano inteiro. Mais informações pelo site www.msf.org.br
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