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ESTUDO DO SECRETÁRIO-GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA AS CRIANÇAS 5. VIOLÊNCIA EM CASA E NA FAMÍLIA Contexto Em geral, as crianças sentem-se particularmente felizes e protegidas quando se encontram em sua casa, com a família. A Convenção sobre os Direitos da Criança reconhece que a família é um meio protector que favorece o crescimento e bem-estar das crianças. Infelizmente, para algumas delas, o lar é uma fonte de violência. E, a maior parte das vezes, essa violência permanece oculta porque é exercida longe dos olhares de terceiros ou porque a criança tem medo ou vergonha de a denunciar. •

Muitas crianças sofrem agressões sob a forma de disciplina: violência física mas também humilhações e insultos. Até à data, apenas 16 países proíbem os castigos corporais em casa.

Os abusos sexuais de crianças são geralmente infligidos por alguém que conhecem e demasiadas vezes por um membro da família, uma pessoa próxima ou um amigo.

O abandono e os maus tratos constituem formas indirectas de violência contra as crianças.

Factos e números •

Um inquérito realizado em 21 países (na sua maioria, desenvolvidos) mostra que cerca de 36% das mulheres e 29% dos homens dizem ter sido vítimas de abusos sexuais durante a infância. A maioria dos estudos conclui que as taxas de abuso sexual são mais elevadas entre as raparigas do que entre os rapazes.

Presenciar cenas de violência doméstica pode ter um sério impacte numa criança, que, por vezes, fica marcada para toda a vida. Estima-se que 275 milhões de crianças assistam por ano a cenas de violência, em todo o mundo.

Os insultos, os nomes injuriosos, o isolamento forçado, a rejeição, as ameaças, a indiferença emocional e as humilhações representam formas de violência psicológica susceptíveis de prejudicar o desenvolvimento da criança, sobretudo se vierem de um dos pais ou de um ser querido.

O abandono constitui uma importante causa de mortalidade entre as crianças. Em certas regiões, o rácio rapazes/raparigas é de tal modo desequilibrado que leva a pensar que as raparigas são particularmente descuradas. As crianças com deficiência são particularmente vulneráveis ao abandono e aos maus tratos.

Em algumas partes do mundo, as crianças sofrem violência sob a forma de práticas tradicionais nocivas, como as mutilações genitais femininas e as excisões, as cicatrizes rituais, os ritos iniciáticos violentos, o engordar à força, o casamento precoce ou forçado, os chamados “crimes de honra”, a violência relacionada com o dote, o exorcismo e os mitos ligados à “bruxaria” de que as crianças são, por vezes, vítimas.


Tentar modificar os costumes sociais que toleram ou normalizam a violência contra as crianças, incluindo os castigos corporais e as práticas tradicionais que prejudicam a sua saúde.

Elaborar ou melhorar os programas de apoio aos pais e prestadores de cuidados a crianças, incluindo os programas de educação parental sensíveis ao género e insistindo em formas de punição não-violentas.

Investir em serviços sociais, para incluir nestes programas de qualidade para a infância, visitas domiciliares, serviços pré e pós-natais e programas geradores de receitas para as famílias desfavorecidas.

Elaborar programas que visem as famílias que vivem em condições particularmente difíceis, como as famílias monoparentais e as famílias das minorias étnicas.


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