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Revista dos Antigos Estudantes da Universidade do Porto, Nº 12, II Série, Dezembro de 2010, 2.5 Euros
CENTENÁRIO DA U.PORTO, pág 14 JANELA ABERTA PARA PEDRO TUDELA, pág 08 MEDICINA DENTÁRIA FORENSE NA FMDUP, pág 10 OS CARTÕES VIRTUAIS DA CARDMOBILI, pág 12 FIGURA EMÉRITA: FERREIRA DA SILVA, pág 14 ENTREVISTAS A LUÍS PORTELA E PAULO AZEVEDO, pág 24 PROJECTOS DE GRANDES MESTRES NA FAUP, pág 46
Por outro lado, contamos com a forte presença da comunidade académica nacional e internacional na celebração do centenário, de forma a aprofundar as relações de amizade, cooperação e desenvolvimento que temos com instituições congéneres. Esperamos, pois, que as comemorações incentivem o intercâmbio interuniversitário, factor essencial para o avanço do conhecimento em qualquer área científica. Importa acrescentar que o programa do centenário não visa a mera glorificação do passado. Com o contributo de todos, é nosso intuito aproveitar a data para reflectir, debater e preparar o futuro da U.Porto à luz dos ensinamentos históricos de um legado que muito nos orgulha. As instituições do ensino superior têm um papel fundamental na promoção dos valores da investigação científica, da inovação tecnológica, da criatividade artística e do pensamento humanístico. E é esse papel que desejamos cumprir na celebração do centenário. Resta-me agora agradecer às instituições públicas e privadas, aos antigos estudantes e restantes membros da nossa comunidade académica, às empresas e aos cidadãos que, com esforço institucional ou pessoal, contribuíram ou vão contribuir para a realização das comemorações do centenário, ajudando assim a engrandecer uma efeméride de grande importância para a U.Porto. Saudamos tão louvável gesto, e estamos convictos de que comportamento semelhante será seguido por outras entidades e pessoas que desejam participar no progresso da nossa Universidade. Aproveito a ocasião para desejar Boas Festas aos nossos leitores e, em especial, aos membros da comunidade académica da U. Porto.
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Reitor da Universidade do Porto José Carlos Marques dos Santos
Em 2011, a U.Porto vai comemorar o centenário da sua fundação. Trata-se de uma efeméride de grande simbolismo para a Universidade, pelo que preparámos um programa comemorativo que consideramos atractivo e mobilizador, conforme damos conta nesta edição da UPorto Alumni. Presidida pelo Prof. Valente de Oliveira, a Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário tem previstos eventos de divulgação científica, exposições de acervos museológicos, manifestações artísticas, competições desportivas, edições especiais de livros, conferências temáticas, encontros de reflexão, entre outras iniciativas de inegável interesse público. Tudo isto para que os 100 anos da U.Porto sejam condignamente celebrados e, deste modo, a instituição veja reforçada a dinâmica académica que tem vindo a relevar ao longo da sua história. As comemorações do centenário da U.Porto estão abertas a todos os interessados. É com muito gosto que convidamos, não apenas a comunidade académica nacional e internacional, mas os cidadãos em geral para a celebração dos nossos 100 anos. Aliás, é nossa intenção que as comemorações sirvam, justamente, para consolidar o espírito dialogante, cooperativo e solidário que tem marcado o relacionamento da U.Porto com a sociedade onde está inserida. Não obstante, a celebração do centenário é também uma oportunidade de reforçar a coesão interna da instituição. Tratando-se da maior universidade portuguesa – com mais de 30.000 estudantes, cerca de 1.900 docentes/investigadores (ETI) e quase 1.700 funcionários –, é natural que a U.Porto tenha de desenvolver um esforço constante de agregação e identificação. Ora, tendo em conta o simbolismo da data e o programa de iniciativas previsto, as comemorações dos 100 anos vão certamente promover o sentimento de pertença à Universidade, activar energias internas e congregar vontades na prossecução de objectivos comuns. Neste particular, esperamos a participação activa dos antigos estudantes da U.Porto, cuja mobilização é fundamental para a plena concretização dos grandes propósitos das comemorações.
DIRECTOR José Carlos D. Marques dos Santos
Em entrevistas, os presidentes do Conselho Geral e do Conselho de Curadores da U.Porto, Luís Portela e Paulo Azevedo, respectivamente, analisam a estratégia da Universidade, os desafios que esta enfrenta, as suas potencialidades formativas/ científicas e o contributo que pode dar para o desenvolvimento socioeconómico local, regional e nacional. A ideia que prevalece é que, de facto, a instituição está preparada para abraçar o futuro com confiança.
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PERCURSO
EMPREENDER
CULTURA
DESPORTO
Nascido em Viseu, em 1962, Pedro Tudela é artista plástico e docente na FBAUP, onde se formou em Pintura. Expõe regularmente em Portugal e no estrangeiro, desde 1982. Além das artes plásticas/instalações e da produção sonora, também faz cenografia (para o TNSJ). Colabora com o Grupo Virose, é co-fundador e um dos elementos do projecto de música electrónica @c e pertence ainda à media label Crónica.
Sedeada no UPTEC, a Cardmobili disponibiliza um serviço que consiste em desmaterializar os cartões de identificação e em inseri-los nos telemóveis, aliviando as nossas carteiras da profusão de pequenos rectângulos plastificados e permitindo a empresas, instituições e demais entidades implementar estratégias mais eficazes de fidelização. O serviço está a conhecer grande aceitação em mercados internacionais, designadamente nos EUA.
António Ferreira da Silva é a Figura Eminente da U.Porto em 2010. Faz-se assim jus a um notável docente e investigador da área da Química, a um homem íntegro e ecuménico, a uma personalidade insigne da ciência e cultura portuguesas. Católico fervoroso nascido numa cela do mosteiro de Cucujães, Ferreira da Silva tornar-se-ia o primeiro químico português de dimensão internacional.
Com apenas 22 anos, João Maia conquistou três medalhas no Campeonato da Europa de Ginástica Acrobática 2009. Tornou-se, assim, um dos ginastas portugueses mais consagrados de sempre. Apesar disso, o atleta frequenta já o 4.º ano do curso de Medicina do ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. É um exemplo eloquente de como é possível aliar o desporto de alta competição à vida académica.
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No próximo ano, a U.Porto desdobrar-se-á em iniciativas tendo em vista a celebração do centenário da sua fundação, em 1911. Ao longo de 2011, um vasto programa de realizações de índole cultural, científica, cívica, desportiva e até gastronómica assinala os 100 anos da Universidade. A intenção é, como salienta o reitor, permitir que a “instituição veja enaltecida a excelência académica que tem vindo a relevar na sua marcha histórica”.
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FACE-A-FACE
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EM FOCO
Na FMDUP realiza-se Medicina Dentária Forense ao mais alto nível. Com as análises à dentição, encontram-se criminosos, descobrem-se identidades ocultas em mordeduras e traçam-se perfis de uma população. Todas estas actividades remetem para o imaginário das séries e filmes de acção policial. Mas, no mundo real, os dentes são de facto decisivos para reconstruir o perfil de uma pessoa e determinar a sua origem, sexo, idade e estatura.
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REDACÇÃO Anabela Santos (AS) João Correia (JC) Pedro Rocha (PR) Raul Santos (RS) Tiago Reis (TR)
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DEPÓSITO LEGAL 149487/00
IMPRESSÃO DigiPress
DESIGN Rui Guimarães SUPERVISÃO REDACTORIAL Ricardo Miguel Gomes (RMG)
EDIÇÃO E PROPRIEDADE Universidade do Porto Gabinete do Antigo Estudante Serviço de Comunicação e Imagem Praça Gomes Teixeira 4099-345 Porto Tel: 220408178 Fax: 223401568 ci@reit.up.pt UPorto Alumni Revista dos Antigos Estudantes da Universidade do Porto Nº 12, II Série
Notícias que marcaram a actualidade da comunidade académica, com destaque para o plano estratégico de médio prazo da U.Porto, para a procura que a instituição conheceu de estudantes nacionais e estrangeiros, para o seu elevado nível de empregabilidade e de produção científica e para a sua entrada no restrito grupo das 250 melhores universidades do mundo.
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PERIODICIDADE Trimestral
TIRAGEM 60.000
ICS 5691/100 COORDENAÇÃO EDITORIAL Assunção Costa Lima (G-AAUP) Raul Santos (SCI)
COLABORAÇÃO REDACTORIAL Conselho Coordenador de Comunicação: Angelina Almeida (FCNAUP) Carlos Oliveira (FEUP) Deolinda Ramos (FADEUP) Elisabete Rodrigues (FCUP) Fátima Lisboa (FLUP) Felicidade Lourenço (FMDUP), Joana Cunha (FBAUP) Mafalda Ferreira (EGP) Maria José Araújo (FPCEUP) Maria Manuela Santos (FDUP) Mariana Pizarro (ICBAS) Pedro Quelhas de Brito (FEP) Suzana Figo Araújo (FAUP) Teresa Duarte (FMUP)
FOTOGRAFIA Ana Roncha, António Chaves Egídio Santos
NO CAMPUS
INVESTIGAR
MÉRITO
ALMA MATER
VINTAGE
Prémios, distinções e descobertas que valorizam a comunidade académica da U.Porto. Destaque para a jubilação do professor Manuel Ribeiro da Silva, para a sequenciação do genoma da Drosophila americana por investigadores do IBMC e INESC/Porto, para a identificação de um novo marcador da superfície das células tumorais gástricas por cientistas do IPATIMUP e INEB, para a conquista do Fraunhofer Portugal Challenge pela doutoranda da FCUP Ana Ferreira, entre outros acontecimentos relevantes.
Foto-reportagem da EGP – University of Porto Business School, que agrega as competências técnicas, o capital humano e a experiência pedagógica/ científica da antiga EGPUP e do ISFEP. Inserida num aprazível e verdejante pólo em Ramalde, a Escola é reputada pelos seus MBA e ainda por um conjunto de pós-graduações, programas de executivos de curta/média duração, seminários de alta direcção, acções de in-company training e serviços às empresas.
O Centro de Documentação em Urbanismo e Arquitectura da FAUP reúne projectos dos grandes mestres da Escola do Porto, como Viana de Lima, Arménio Losa, Fernando Távora, Siza Vieira ou Souto Moura. Abrangendo um período que vai de finais do século XIX até à actualidade, o acervo do Centro é composto por 70 mil documentos, designadamente plantas, estudos e desenhos de alguns dos mais emblemáticos edifícios do Porto.
NO CAMPUS
De acordo com o previsto nos Estatutos da U.Porto, a equipa reitoral elaborou uma proposta de plano estratégico de médio prazo para a Universidade e as grandes linhas de acção para o quadriénio do reitorado. Estes documentos vão ser submetidos à aprovação do Conselho Geral e a posterior homologação pelo Conselho de Curadores. Mas, antes, os princípios fundamentais do planeamento estratégico da U.Porto foram submetidos a discussão junto da comunidade académica, através de um fórum virtual que funcionou como espaço de debate e de recolha de contributos. Tudo isto no âmbito de um “processo potenciador de uma cultura de participação responsável e promotora de uma dinâmica sustentável no desenvolvimento da Universidade”, segundo palavras do reitor Marques dos Santos. A proposta de plano estratégico e grandes linhas de acção apresenta uma visão renovada para a Universidade, capaz de potenciar a dimensão internacional da instituição. Neste sentido, é dito que “a U.Porto será uma universidade de investigação, considerada uma referência nacional e internacional pela ex-
celência das suas actividades, capaz de atrair estudantes, em particular de segundo e terceiro ciclos, docentes e investigadores de grande qualidade de todo o mundo e de realizar parcerias estratégicas com universidades de excelência, encontrando-se em 2020 entre as 100 melhores universidades a nível mundial”. Para concretizar este desígnio institucional, a U.Porto deve assentar a sua acção futura em três pilares estratégicos: investigação, formação e desenvolvimento socioeconómico da região Norte e do país. Para aumentar a quantidade e qualidade da sua produção científica, a U.Porto terá, de acordo com a proposta de plano, de “consolidar e dinamizar relações de proximidade entre as várias unidades de investigação que constituem o universo da U.Porto, estimulando o aparecimento de estratégias concertadas para a investigação; promover a integração na U.Porto dos principais institutos de I&D de que é associada; desenvolver acções de divulgação interna e externa do potencial de cada unidade de I&D e abordar as fontes de financiamento de forma concertada, promovendo-se a partilha
e optimização de recursos materiais e imateriais; apoiar a aquisição de equipamentos e de outros recursos estruturantes após enquadradas as necessidades específicas dos investigadores e atendendo a fontes de financiamento alternativas; monitorizar a qualidade das unidades de I&D da U.Porto, através dos resultados da avaliação internacional a que são periodicamente sujeitas, não permitindo a existência de unidades com classificação inferior a “Bom”; promover uma contínua reflexão sobre as áreas estratégicas e emergentes de investigação da Universidade, identificando as áreas nas quais a U.Porto já demonstrou, ou tenha grande potencial para ter competências ou capacidade para assumir um papel de destaque a nível internacional; auxiliar a integração das equipas de investigação em redes de investigação internacionais e facilitar o acolhimento de investigadores visitantes; assegurar um maior estímulo à divulgação dos resultados da investigação científica da
U.Porto, premiando-se a publicação nas fontes de informação mais exigentes e adequadas às especificidades das diferentes áreas de conhecimento, bem como a participação em conferências internacionais de prestígio; reforçar os programas de apoio à iniciação de investigação de estudantes não graduados na U.Porto; apoiar a projecção internacional das lideranças científicas da U.Porto, contribuindo também para a sua renovação; promover soluções para o reenquadramento da carreira de investigação da U.Porto; reforçar as verbas próprias para apoio à investigação científica, alavancando os projectos de I&D estruturantes e transversais para a U.Porto e/ou de áreas emergentes”. Para garantir níveis de excelência na formação, a U.Porto deve “atrair e reter os melhores docentes, sustentando a qualidade da formação e a capacidade de atrair melhores e mais estudantes, garantindo maior eficiência de graduação; promover a efectiva multidisciplinaridade, garantindo a efectiva ligação à sociedade através da preparação de profissionais com competências abrangentes; aumentar o conhecimento dos cursos e da
oferta formativa, contribuindo para a atracção de mais estudantes e para despertar o interesse para as diferentes ofertas formativas; garantir conteúdos adequados, fortalecendo a efectiva ligação às necessidades da sociedade e, consequentemente, aumentando os níveis de empregabilidade; promover o ensino/ aprendizagem à distância, contribuindo simultaneamente para a atracção e integração de mais estudantes e para a aproximação às entidades empregadoras (flexibilidade e ensino à medida)”. Já para reforçar a sua condição de motor de desenvolvimento socioeconómico, a U.Porto terá de “promover a divulgação científica, cultural e artística; dinamizar a interacção com outras entidades do tecido económico e social; dinamizar centros de ciência e tecnologia; estimular a investigação com potencial de valorização económica; promover parcerias estratégicas para financiamento de empresas de base tecnológica; promover o empreendedorismo social e práticas de voluntariado”.
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RMG
NO CAMPUS
EMPREGABILIDADE A TRÊS MESES PARA LICENCIADOS O tempo médio de procura do primeiro emprego para os licenciados da U.Porto é de apenas 3,4 meses, de acordo com os dados do mais recente estudo sobre a inserção no mercado de trabalho dos diplomados da Universidade, levado a cabo pelo Observatório de Emprego da instituição. Através de um inquérito realizado a todos os estudantes que concluíram o respectivo curso no ano lectivo de 2007/2008, constatou-se que, apesar dos tempos de crise económica sentidos nos últimos anos, 74,4% dos estudantes da U.Porto necessitou de menos de seis meses para ingressar no primeiro emprego. Mais significativo ainda é o facto de a grande maioria considerar que as funções que desempenham no emprego actual são adequadas à formação obtida, não se revelando a existência de um fenómeno de desqualificação laboral: as funções que exercem são avaliadas como só podendo ser exercidas por alguém com uma licenciatura igual ou idêntica (68,2%). Na verdade, um expressivo segmento dos diplomados da U.Porto exerce actividades profissionais que se enquadram no grupo profissional dos Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas (75,2%). De facto, este estudo observa que, no final de dois anos após a conclusão do respectivo curso, apenas 8,3% dos inquiridos se encontra actualmente em situação de desemprego. Mais de 70% estão empregados, perto de 12% frequentam um estágio profissional ou uma formação profissional ou são bolseiros científicos, enquanto 9% prosseguiram os seus estudos superiores. A estes dados não será indiferente o facto de mais de 65% dos diplomados da U.Porto inquiridos afirmarem que voltariam a escolher o mesmo curso e a mesma universidade para realizarem a sua formação académica. RS
U.PORTO LIDERA CONSÓCIO ACP DE 6M EUROS
ENTRE AS 250 MELHORES UNIVERSIDADES DO MUNDO
A U.Porto acaba de ser escolhida pela UE para liderar um consórcio internacional integrado no Programa Erasmus Mundus ACP, que visa reforçar a cooperação entre universidades europeias e suas congéneres dos países de África, das Caraíbas e do Pacífico (ACP). Ao longo dos próximos três anos, a U.Porto terá a responsabilidade de gerir verbas na ordem dos 6 milhões de euros, destinadas a financiar o intercâmbio entre instituições de ensino superior de 31 países (sete europeus, oito africanos, quatro das Caraíbas e 12 do Pacífico). Com duração de 39 meses, este consórcio internacional prevê a atribuição de 240 bolsas de estudo na Europa a estudantes, investigadores e docentes provenientes dos países ACP.
Pela primeira vez na história do ensino superior português, uma universidade nacional foi incluída no top 300 de um importante ranking internacional do sector. O Times Higher Education World University Ranking, provavelmente o mais reconhecido ranking mundial, classificou a U.Porto como a 250.ª melhor universidade do mundo e a 106.ª da Europa. Promovido pelo suplemento de educação do histórico jornal londrino “The Times” e elaborado pela Thomson Reuters, a empresa responsável pela maior base de dados mundial de jornais e artigos científicos, esta nova edição do The World University Ranking coloca, pela primeira vez, uma instituição portuguesa entre as 300 melhores do mundo (e só em alguns
Pretende-se, desta forma, não só dinamizar o desenvolvimento socioeconómico daqueles países como permitir que estes beneficiem da experiência que as universidades europeias acumularam, durante os últimos 20 anos, com o Programa Erasmus. A liderança do novo projecto Erasmus Mundus ACP constitui mais um reconhecimento além-fronteiras do papel que a U.Porto assume, actualmente, no contexto da cooperação internacional no ensino superior. Com participação em mais de 20 consórcios internacionais, a Universidade viu confirmada, também recentemente, a sua inclusão em três novos consórcios Erasmus Mundus, envolvendo países como a China, o Vietname, o Azerbeijão e o Cazaquistão. A isto há a somar ainda o crescente número de cursos de mestrado e doutoramento que a U.Porto lecciona em conjunto com outras universidades europeias. Para António Marques, vice-reitor para as Relações Internacionais, estas conquistas “vão ao encontro da forte estratégia de internacionalização da Universidade”. No caso do Erasmus Mundus ACP, o mesmo responsável acredita que servirá para “intensificar a cooperação com países lusófonos como Angola, Moçambique e Timor Leste, mas também com regiões onde a U.Porto tem menor presença, como as Caraíbas, o Pacífico Sul e a Ásia Central”. TR
MAIS DE 1.000 ESTUDANTES ESTRANGEIROS NO 1.º SEMESTRE Só no primeiro semestre deste ano lectivo, 1.062 jovens de todo o mundo estão a estudar na U.Porto, ao abrigo de programas de mobilidade internacional. Provenientes de 53 países diferentes, entre este milhar de jovens estrangeiros encontramse estudantes de todos os níveis do ensino superior (de graduação ao pós-doutoramento),
que vieram realizar na U.Porto um período de estudos de seis meses ou um ano. Alguns são oriundos de locais tão inusitados como o Malawi, a Mongólia, o Togo, a Costa Rica, o Irão ou a Tailândia, mas a grande maioria continua a chegar do Brasil (424 estudantes), de Espanha (212), de Itália (90), da Polónia (46) e da Turquia (36). Apesar de provisórios, uma vez que ainda não estão contabilizados os discentes que vão chegar no segundo semestre lectivo, estes números indiciam já um novo aumento dos estudantes internacionais que escolhem a U.Porto para completar a sua formação. Em 2009, contavam-se por esta altura cerca de 1.000 jovens estrangeiros inscritos, tendo o ano fechado com um total de 1.390 estudantes provenientes de programas de mobilidade internacional. Na verdade, a U.Porto contabilizou no ano transacto 2.640 estudantes estrangeiros (9% dos cerca de 30.000 estudantes registados), já que aos participantes de programas de mobilidade juntaram-se ainda 1.250 cidadãos estrangeiros que se encontram a realizar cursos por inteiro (licenciatura, mestrado ou doutoramento) nas 14 faculdades da U.Porto. Como habitualmente teve lugar, em Outubro último, na Reitoria, uma sessão de boas-vindas aos estudantes estrangeiros, presidida pelo reitor Marques dos Santos. PR
NO TOP 100 EUROPEU DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA A U.Porto foi a 85.ª instituição de ensino superior europeia com mais artigos científicos publicados em 2009. Este resultado é apenas um dos dados a reter da edição 2010 do Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities, no qual a U.Porto reforça a sua presença entre as 350 melhores universidades do mundo e 150 europeias, além de projectar a sua vocação enquanto “universidade de investigação”. Tido como um dos mais prestigiados barómetros de produção científica no ensino superior, o ranking elaborado pelo Higher Education Evaluation & Accreditation Council of Taiwan (HEEACT) avalia o desempenho das universidades ao longo dos últimos 11 anos, segundo três critérios: produtividade, impacto e excelência da pesquisa. No cômputo geral, a U.Porto confirma o estatuto de maior produtor de ciência nacional, ao conseguir a melhor prestação das universidades portuguesas: 328.ª posição mundial e 141.ª a nível europeu. Prossegue assim a escalada verificada desde 2007, ano em que a U.Porto ocupava os lugares 459 e 195 do mundo e da Europa, respectivamente. Contudo, e tendo em atenção apenas o número de artigos produzidos em 2009, a produção científica da U. Porto ocupa já o lugar 85 a nível europeu, à frente de universidades melhor posicionadas no ranking geral, como Newcastle, Estocolmo ou Leipzig. A nível mundial, a Universidade ultrapassa, entre outras, a prestigiada Carneggie Melon University (EUA), o que, considerando o forte aumento dos valores de avaliação de 2009, em comparação com a média dos últimos 11 anos (8.58 para 13.58 no número de artigos; 2.52 para 5.49 nas citações), leva a crer que a posição geral da U.Porto vai continuar a melhorar nos próximos anos. Da edição 2010 do ranking da HEEACT, há também a destacar o desempenho da U.Porto por áreas e disciplinas de investigação específicas. Assinale-se a presença da Universidade no top 100 europeu (67.ª posição) nas áreas de Agricultura e Engenharia; e no top 100 mundial em duas disciplinas ligadas às Engenharias. São elas a Engenharia Mecânica, em 62.º lugar (17.º europeu), e a Engenharia Química, em 85.º lugar (20.º europeu).
casos excepcionais é que universidades nacionais foram colocadas entre as 400 melhores). A U.Porto é a única universidade portuguesa mencionada entre as 400 instituições classificadas por este ranking e está cotada como a quinta melhor universidade ibero-americana. Dados que vêm confirmar a aproximação da U.Porto ao grupo das 100 melhores universidades da Europa, que foi definido como o grande objectivo estratégico da instituição para 2011, ano do seu centenário. O The World University Ranking tem por base a classificação da performance de cada universidade em cinco campos: ensino (30% da nota final), volume da investigação científica produzida (30%), qualidade dessa mesma investigação (32,5%), resultados económicos da inovação produzida (2,5%) e internacionalização de estudantes, docentes e investigadores (5%). A U.Porto totaliza uma nota final de 41,4 valores, contra os 96,1 valores conseguidos por Harvard, a instituição melhor classificada.
A MAIS PROCURADA E COM MÉDIAS MAIS ALTAS Pelo segundo ano consecutivo, a U.Porto foi a única universidade portuguesa com uma taxa de 100% de preenchimento de vagas, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Apesar de ser a universidade com o maior número de vagas a concurso (4.155), a U.Porto foi a única que conseguiu atrair um número suficiente de candidatos para preencher praticamente todas as suas vagas (4.149), logo na primeira fase do concurso nacional de acesso. Mais significativo é o facto de 7.579 candidatos ao ensino superior terem colocado a U.Porto como sua primeira escolha, um número quase duas vezes superior ao de vagas disponíveis. Ou seja, não havendo limitação de entradas na universidade, a U.Porto teria já quase o dobro de caloiros para o ano lectivo de 2010/11. Quando comparado com o panorama nacional, facilmente se percebe que a U.Porto foi a instituição com maior número e percentagem de vagas preenchidas e foi, por larga margem, a mais procurada em primeira opção pelos candidatos ao ensino superior – as mais aproximadas são as universidades de Lisboa e Técnica de Lisboa, com 4.085 e 4.045 candidatos, respectivamente. Por outro lado, pertencem à U.Porto os dois cursos com as mais altas notas de entrada do país: Medicina da Faculdade de Medicina e Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Na verdade, dos 10 cursos com a mais alta nota de entrada em Portugal, quatro são da U.Porto, já que também Arquitectura da Faculdade de Arquitectura (4.ª posição nacional) e Bioengenharia da Faculdade de Engenharia (7.ª) entram neste top 10. Uma façanha apenas conseguida pela U.Porto. RS
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PERCURSO
UMA JANEL A ABERTA PARA DENTRO
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Potencialidade plástica do som Diz que ainda pensa como um pintor, mas é num território de contágios que o gesto entra em casa. É a sua zona de conforto. Com a exposição de 1992 surge a necessidade de convocar outras pessoas para resolver um problema. Já há muito que lhe interessava a potencialidade plástica do som, a matéria sonora enquanto atmosfera que abraça uma ideia, mas faltava-lhe o know-how necessário para resolver o objecto sonoro. Pediu ajuda a dois artistas (Pedro Almeida e Alex Fernandes). A exposição concretizou-se e o trabalho em conjunto prosseguiu. A partir daqui, se nunca abandonou a pintura, também nunca mais se separou da plasticidade do som. “O som entrou como matéria de trabalho e influenciou a forma como construo a pintura. Nas últimas pinturas, o processo de construção, acumulação e contágio tem tudo a ver com o que fui assimilando e com a forma como o som foi entrando no meu trabalho”. Pedro Tudela evoca o som, a tinta, a tela, o papel, a madeira, o ferro, todo o tipo de materiais que considerar pertinentes para que a ideia se cumpra sem receio da perda de identidade de cada um. “O conjunto dessas relações produz a ideia e o novo objecto plástico. Isso é que me interessa”. Mas sem mascarar. “Representar não cabe dentro dos parâmetros do meu trabalho. Lá está… Não havendo essa necessidade, assumo por completo os materiais”. Realmente importante, e aqui abrimos mais uma janela para o corpo estruturante, “é não ficar refém de materiais, nem de nenhum tipo de linhagem”. Refém apenas da coerência, nomeadamente no modus operandi.
Fotos: Egídio Santos
A N A B E L A S A N TO S
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o discurso de uma vontade grande de estar. De dar continuidade. Sabe que há relâmpagos suspensos sobre o coração. Que o acidente pode acontecer. E que tudo pode ser ruína, à nossa passagem. Pensemos uma caixa. Coberta de recortes do espaço onde ela se inscreve. O que nos oferece? A leitura detalhada desse corpo circundante. Cheia de momentos, retalhos. Poderíamos chamar-lhes janelas que se abrem para a memória do lugar. Era assim a instalação que Pedro Tudela, antigo estudante da Universidade, fez no Salão Nobre do Teatro Nacional de S. João (TNSJ), no Porto. Chamou-lhe “Salão +/- Nobre”. Os trabalhos do olhar recaíam sobre o pormenor em detrimento da visão periférica. Como a que teríamos em frente a um grande areal de praia… Reflectir o espaço como matéria de história. Não andará longe disto o exercício a que nos propomos. Abrir algumas janelas para olhar para dentro. Espreitar a intenção do autor. Espreitar para dentro do corpo e perceber o que o move. Ir ao avesso, sim. Como ele faz com quase tudo em que mexe, obedecendo a um impulso de honestidade cirúrgica. O “Salão +/- Nobre”, de 2004, revisitou uma ideia já explorada num outro espaço, outro tempo. Musculou uma lucidez dorsal: a consciência do contágio. Que não é só permeável à meteorologia das paixões (sempre incerta), ou só faminta de territórios novos em nome da coerência da obra. É a própria obra que se vai contaminando. As informações vão-se acoplando, obedecendo a uma espécie de processo magnético. Em 1992 recorreu, pela primeira vez, a programas digitais para montar uma exposição: “Mute… life”, que viria a resultar em projecto com o mesmo nome. Para esta exposição recorreu a pequenos fragmentos de metro quadrado que se inseriam numa espécie de malha, ou grelha, implantada no espaço e parcialmente ocupada com pinturas.
PERCURSO
ESTÓRIAS
A Verdade das notas de Exame (II) sempre informação que fica para lá do que é visto através do objecto. Que existe no criador e que não está à pele, inclusive, acrescenta Pedro Tudela, “a possibilidade de uma espécie de corpo… O corpo que todos temos, como se fosse um habitáculo onde essas coisas estão armazenadas”. A memória também se arrasta sobre a pele. Chama-lhe “corpo mutante, que se vai alterando, envelhecendo, desfazendo e definhando”, mas que “não deixa de ser um armazém, uma acumulação de todo o tipo de informação”. Aleluia, ou que o final também pode mentir são outras possibilidades de leitura. Associadas a cada olhar. Seja qual for o resquício na memória, é sempre preferível à sua ausência. Há trabalhos que correspondem à acção do momento. Outros permanecem no tempo e no espaço. “É curioso pensar que estamos a ocupar um espaço, a usar tudo… Temos uma espécie de magnetismo, as coisas vão-se acoplando à nossa vida, ao nosso corpo… E nós, enquanto corpo, acabamos”. O que fica, então?
“Quando se nasce, mesmo que não se tenha essa consciência, tem-se a certeza de que a existência acaba. E é uma certeza maioritariamente associada a uma ideia de acidente, ou interrupção de um objectivo.”
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O relâmpago em suspenso A ideia de acidente tem atravessado vários trabalhos. “Quando se nasce, mesmo que não se tenha essa consciência, tem-se a certeza de que a existência acaba. E é uma certeza maioritariamente associada a uma ideia de acidente, ou interrupção de um objectivo. Durante a minha vida tenho tido acidentes muito próximos, excessivamente próximos, todos eles muito presentes e, como dentro do que é a hierarquia de elementos a trabalhar, a questão da representação não está presente, mesmo que a obra não reflicta completamente a questão da vida, naturalmente, o autor está lá”. Um dos momentos em que a ideia de acidente se concretizou foi em 2001, com “Target”. “Por um lado a contaminação… As telas foram-se construindo mutuamente. Enquanto estavam frescas juntavam-se umas às outras e eu aproveitei o acidente da técnica enquanto resultado de um determinado impulso, ou vontade”. Há composições sonoras que obedecem ao mesmo processo. “Capto sons que são depois contaminados por processos digitais, de acumulação, de recorte, de colagem, etc. … O que também está associado a uma construção plástica”. “Final – Mente” foi o título de um outro trabalho divulgado no jornal Público. O corpo do artista surgia caído. Morto. Com um ferimento de bala na testa. Puxou o lustro ao conceito de coerência. O título acrescenta ao trabalho que aborda a ideia do artista inserido no seu meio. A legenda diz que “finalmente foi encontrada a maior base de dados da obra do artista plástico Pedro Tudela”. Isto porque há
“Estamos a concretizar ideias que permanecem. Felizmente, tenho um projecto de vida. Assusta-me é a impossibilidade de o poder fazer. Gosto de viver e ocupo o espaço com o tempo em que se está”. Enquanto houver. “Possivelmente já não terei o mesmo tempo… E isso poderá contaminar também”. Pedro Tudela é artista plástico e docente na Faculdade de Belas Artes da U.Porto, onde tirou a licenciatura em Pintura. Nasceu em Viseu, em 1962, e é desde pequenino que tem um “pecúlio pessoal de ferramentas”. Era a ele que cabia resolver os problemas de electricidade lá em casa. Desde 1982 que expõe regularmente. No país e fora dele. A lista de projectos é infindável. Para além das artes plásticas/instalações e da produção sonora, também faz cenografia (para o TNSJ). Colabora com o Grupo Virose, é co-fundador e um dos elementos do projecto de música electrónica @c (com Miguel Carvalhais) e um dos elementos da media label Crónica. Vive no Porto e tem um atelier “na rua das ferramentas”, embora nunca se lembre do número... “A alma é húmida” foi o texto que o escritor Al Berto lhe dedicou. Também lhe poderia ter dito que “há uma cidade por baixo da pele e uma casa de sangue coagulado na memória atravessada por canos rotos e um corpo pingando mágoas”. O mesmo que disse ter conhecido, um dia, um homem com “cabeça de vidro” e “olhos de açúcar”. E que era no silêncio que melhor ludibriava a morte. Nota: Excertos poéticos retirados de O Medo, de Al Berto.
A
mudança do liceu para a Faculdade de Ciências foi, para mim, muito complicada. Durante o 1.0 ano “andei perdido” e nunca cheguei a entender como consegui fazer todas as cadeiras num só ano. Numa das edições anteriores desta revista, descrevi o incrível episódio que vivi no exame da Física Atómica. No entanto, também em Geometria Descritiva se passou uma situação bizarra. Com efeito, apresentei-me na prova escrita do exame final muito mal preparado. O exame constava de quatro problemas, se bem me recordo. Ao olhar para o questionário verifiquei que não sabia resolver nenhum. Na carteira ao lado, o meu colega e grande amigo, António Torres, lá ia respondendo e eu… em branco. Em certo momento, consegui retirar-lhe as folhas da carteira e copiei as respostas de dois dos exercícios sem saber se estavam certos ou errados. Quando saiu a pauta, eu tinha 10 valores e por isso fui à “oral”. Tenho o “filme” bem gravado. Na sala, em anfiteatro, no corredor do lado esquerdo ao cimo das escadas monumentais em pedra, onde hoje se encontram duas salas de reunião, o Prof. Queirós, sentado junto à secretária, ia fazendo as perguntas e eu, em frente ao quadro, a “patinar” nas respostas; algumas nem sabia a que se referiam. No fim daquele “calvário”, lá saiu a pauta com a nota final: 10 valores. Eu acho que o professor tinha por norma não baixar a nota da escrita, mesmo no caso de más provas orais. Já no caso das Matemáticas Gerais, com o Prof. Jaime Rios de Souza como regente, a situação foi em diferente. As aulas teóricas eram dadas naquele mesmo anfiteatro que referi atrás. Era consensual entre os alunos que o Jaiminho (forma ternurenta como era tratado pelos alunos entre si) tinha uma “memória de elefante” e memorizava os alunos presentes nas aulas – as presenças não eram registadas em pauta. Era por isso muito importante não faltar às teóricas. Aglomerávamo-nos, caloiros que éramos, junto da porta da sala para garantir lugar nas primeiras filas. Certo dia, estávamos assim junto à porta e o professor passou no corredor para entrar na sala. Dirigindo-se ao Ismael Cavaco, meu colega e grande amigo, disse-lhe: “O Senhor tem faltado às aulas. Esteve doente?”. Ainda em relação à sua famosa memória, corria entre os alunos que, em certa aula, o Prof. Jaime foi resolvendo no quadro uma equação complexa, o que lhe demorou algum tempo e ocupou o quadro quase por completo. Chegado ao resultado final, ele recuou dois passos e, fixando por alguns segundos o valor encontrado, exclamou: “Há aqui qualquer coisa que está mal. Este valor é o resultado do problema que vou resolver em seguida”. Regressando à minha prestação nesta cadeira. Durante os sete anos de liceu sempre tinha sido, no mínimo, aluno de Bom a Matemática. Durante cerca de 20 dias, antes da prova escrita do exame final, estudei cerca de 12 horas por dia (!!!), além de
ter resolvido várias centenas de exercícios ao longo do ano na Biblioteca da Faculdade. Ia, portanto, muito bem preparado. A prova correu-me muito mal e logo pensei que estava chumbado. Quando saíram as pautas, fui consultá-las apenas por “descargo de consciência”. Qual não foi o meu espanto quando li à frente do meu nome “admitido à ‘oral’”. Continuei, então, a preparação no mesmo ritmo das 12 horas diárias até ao dia da prova oral. Sabia já de cor todo o texto da muito longa sebenta. Estava, portanto, muito bem preparado. Começou a “oral”. Tenho ideia de que era obrigatório o uso de gravata e levei uma que eu achava que me dava sorte (superstição). Como de costume nestes exames, o anfiteatro tinha bastantes alunos. A prova correu-me bastante bem. Até cerca de 50 a 55 minutos não tive uma única falha. Nessa altura, estava eu a resolver no quadro uma equação complexa e “empanquei” em certo ponto. Fez-se silêncio durante longos segundos. De repente, o Prof. Jaime levanta-se da cadeira, agarra no ponteiro em madeira e bate-o violentamente no tampo da secretária. Irritado, deu-me uma reprimenda com a sua voz muito peculiar. Não me lembro de toda a frase, mas não esqueço o seguinte trecho: “O senhor lembre-se que o trouxe à oral por uma repescagem muito especial...”. Entretanto, deu-me uma “dica” e eu concluí a resolução da equação. O exame continuou e acabou ao fim de uma hora e 10 minutos, sem mais qualquer falha. Os que por lá passaram lembram-se que a última questão era a resolução de uma integral e quem o não fizesse chumbava, mesmo que tivesse feito um bom exame até ali. No fim, a pauta indicava 15 valores. Nunca cheguei a saber qual terá sido o motivo para a “repescagem especial”. Julgo que, mais do que a presença em todas (ou quase) as aulas teóricas, deve ter pesado o facto de a equipa de vólei da Faculdade de Ciências, de que eu fazia parte, ter ganho nesse ano o Campeonato Regional Universitário, facto que não acontecia há 16 anos. Ora o Prof. Jaime era presidente do CDUP e seguia com muito interesse as actividades desportivas, nomeadamente o voleibol, e saberia certamente que eu fazia parte da equipa.
Joaquim Pinto Soares Engenharia Electrotécnica (1958 – 1964)
INVESTIGAR
MOSTRA-ME OS DENTES… DIR-TE-EI QUEM ÉS
À
entrada da “Clínica”, o cenário promete. Afixada numa parede, uma folha aponta para um caixote cheio de pequenos sacos de plástico azuis. Calçá-los é tão difícil quanto obrigatório para se circular no amplo labirinto de gabinetes onde dezenas de pés azuis deslizam por entre brocas, espátulas, sondas e computadores. “Venham os cadáveres estropiados e os identificadores de ADN a la minute”, retorce a imaginação, recriando-se entre os cenários FOX CRIME da noite anterior. “Normalmente o que mais ‘vende’ são os cadáveres, mas a verdade é que somos cada vez mais uma especialidade de vivos”, interrompe Inês Caldas, um dos rostos da investigação em Medicina Dentária Forense que se faz, há mais de uma década, na Faculdade da Medicina Dentária da U.Porto (FMDUP). Momento Wikipédia em PT/BR: Por Medicina Dentária Forense (MDF) entende-se a “disciplina responsável pelo manuseamento correcto de exames e avaliações da prova dentária, a ser apresentados no interesse da justiça”. Traduzindo, “o que nós fazemos é relacionar o saber da Medicina Dentária com a área da Justiça e das Ciências Forenses”, esclarece Inês Caldas. Perceber o interesse da medicina dentária aos olhos da lei exige ir para além das aparências. “Bons dentes, bom carácter”, arrisca a sabedoria popular. Está quase lá. Na verdade, se é pelos olhos, mãos ou cabelo que mais facilmente reconhecemos alguém, em última instância, é a boca que melhor preserva o nosso B.I. “Os dentes possuem uma resistência extraordinária e podem ajudar-nos a reconstruir o perfil de uma pessoa e a determinar
aspectos como a origem geográfica, o sexo, a idade ou a estatura”, explica Inês Caldas. O passado recente atesta-o da pior maneira. No tsunami da Tailândia, em 2001, 85,5% dos cadáveres foram identificados com recurso a registos dentários. No mundo dos vivos, não é preciso ir tão longe. ”Lembro-me de uma senhora surda-muda que chegou ao Hospital Magalhães Lemos e que ninguém sabia quem ela era. Pelos dentes, conseguimos pelo menos atribuir-lhe uma idade”. O caso é apenas um dos chegaram à FMDUP, no âmbito do protocolo que a Faculdade mantém com o Instituto de Medicina Legal (IML), desde 2002. “É uma parceria em que todos ganhamos e que nos permite trabalhar nos diferentes âmbitos da MDF, interagindo com outros áreas das ciências forenses”, explica Inês Caldas, agora à meia-luz de um gabinete pintado de fresco. Nas paredes, uma série de posters denuncia parte do cardápio de “casos” que tiveram a mão da FMDUP. Como, por exemplo, o “da menina que apareceu mordida num jardim-deinfância. A educadora dizia que fora um colega que estava a dormir ao lado dela. Basicamente foi-nos pedido para relacionar a mordida com a boca de uma criança de dois anos”. A este juntam-se os feitos do “detector de idades”, ameaça a qualquer criminoso de trazer por casa. “Chegam-nos muitas pessoas sem qualquer identificação, que dizem que são menores. Através da análise à cavidade oral, fazemos a estimativa da idade e percebemos se são ou não imputáveis de um crime”. Aos relatos dignos de horário nobre contradiz, porém, a ausência de batas ensanguentadas ou de aparelhos de última geração. “Aqui na faculdade não temos um laboratório específico. Por se tratar de um trabalho pluridisciplinar, muitas coisas são feitas fora”, justifica Inês Caldas. De regresso à “Clínica”, novo golpe na imaginação. “O que fazemos aqui é a observação visual das pessoas. São procedimentos clínicos. Não há aparelhos especiais!”. A reanimação dar-se-á um piso acima, no laboratório de
Anatomia Dentária, onde Ana Mota “cozinha” um dente para o estudo radiológico que sustenta parte do trabalho da MDF: “Depois de o extrairmos, ele é cortado em fatias e polido até que as estruturas fiquem visíveis ao microscópio”. O resultado é quase sempre infalível: “Já nos pediram que determinássemos se um bebé tinha nascido com vida ou não. Com este tipo de testes, sabemos se houve respiração a seguir ao nascimento. É extraordinário!”
Disciplina em afirmação Theodore Bundy tinha um plano definido quando, na madrugada de 15 de Janeiro de 1977, irrompeu por uma residência universitária da Florida State University. Atrás de si deixara um rasto de mais de 20 mulheres assassinadas. Nesse dia juntarlhe-ia mais quatro, com direito a uma mordedura na nádega de uma das vítimas. O pormenor é sórdido mas não inocente. Através da intervenção de um dentista forente, a mordedura seria usada como prova para deter um dos mais famosos serial killers norte-americanos. Mais de 30 anos depois, o “caso Ted Bundy” continua a servir para cativar os dentistas forenses em potência. Mas, em tempo de “ditadura FOX”, Grissom, Horatio & Ca. do CSI é que marcam pontos. “A televisão tem dado uma grande ajuda”, condescende Inês Caldas. Mas pouco. Tal como na ficção, a MDF é uma disciplina de respostas rápidas. “Hoje em dia, por exemplo, conseguimos determinar a idade às décimas, de forma rigorosa e razoavelmente rápida. A diferença para a televisão é que trabalhamos essencialmente com pessoas vivas…”. Da ficção para a realidade, o sucesso ecoa nas salas da FMDUP, onde a MDF ocupa um semestre do último ano do mestrado integrado. Para além da teoria, os estudantes podem assistir às perícias lideradas por Inês Caldas e Américo Afonso, o duo que co-protagoniza a investigação e a docência da disciplina na FMDUP. Foi (também) com eles que Ricardo Simões descobriu “que a Medicina Dentária não se resumia à prevenção e reabilitação da saúde oral”. Actualmente, está a realizar o doutoramento em torno do papel dos dentes anteriores na identificação humana. O exemplo traz novos seguidores. “Também estamos a desenvolver três teses de mestrado e continuamos a
ser solicitados para orientar monografias de investigação. Em 2009 foram sete, e somos apenas dois...”, suspira Inês Caldas. O desabafo não surge do nada. Num contexto nacional em que a MDF luta pelo pleno reconhecimento enquanto especialidade da Medicina Legal, são ainda poucos os peritos nesta área. Na FMDUP, o problema já levou a recusar pedidos de colaboração. “Fomos solicitados para apoiar a identificação das vítimas do terramoto no Haiti. Mas como somos dois, não conseguimos”, confessa a investigadora. À mordedura na auto-estima segue-se o contra-ataque. Afinal, a MDF “é hoje uma área com muito potencial. Estão sempre a aparecer novas técnicas ligadas a áreas como a Genética e há um reconhecimento cada vez maior de que podemos ser de uma mais-valia”. Os números não mentem. No primeiro ano da parceria com o IML, a FMDUP realizou 10 exames periciais. “Este ano já foram 70”. Feitas as contas, a MDF é uma área em expansão na U.Porto. Ao nível do ensino, a FMDUP inaugurou recentemente um minilab de treino em Biologia Molecular e Celular, onde os estudantes do 1.0 ano podem contactar com técnicas laboratoriais das Ciências Forenses. Paralelamente, a Faculdade colabora com mais seis faculdades no âmbito dos programas de mestrado/doutoramento em Ciências Forenses. Já no que toca à investigação, o horizonte projecta-se para além da parceria com o IML. Em curso está já um projecto que visa determinar as especificidades do perfil dentário da população portuguesa. “Com a saída dos primeiros doutorados, esperamos estabelecer linhas de investigação cada vez mais sólidas”, projecta Inês Caldas. As últimas palavras são abafadas pelo ronronar de sacos de plástico azuis na “Clínica”. Não há sangue nem ossos partidos. Apenas segredos à espera de ser descobertos nos dentes...
“Fomos solicitados para apoiar a identificação das vítimas do terramoto no Haiti. Mas como somos dois, não conseguimos.” Inês Caldas
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TIAGO REIS
Na Faculdade de Medicina Dentária da U.Porto não se ensinam “apenas” tratamentos anti-cárie e próteses dentárias. Com a ajuda dos dentes também se encontram criminosos, descobrem-se identidades ocultas em mordeduras e traçam-se perfis de uma população. Se acha que já viu isto na televisão, esqueça. Seja bem-vindo ao mundo real da Medicina Dentária Forense.
EM FOCO
C
om raízes no século XVIII, a U.Porto foi oficialmente constituída como universidade a 22 de Março de 1911. Para o actual reitor, “o centenário da U.Porto é uma efeméride de grande simbolismo na vida da instituição. Sobretudo porque, ao longo de 100 anos, a nossa Universidade conheceu uma sucessão de feitos notáveis e realizações virtuosas que merece ser devidamente celebrada”. Por isso, Marques dos Santos considera que devem “ser celebrados os factos e acontecimentos, as ideias e realizações, as pessoas e meios, as vontades e decisões que contribuíram para que a U.Porto seja hoje a maior univer-
sidade portuguesa e se encontre entre as melhores universidades da Europa. Pretendemos, pois, que os 100 anos da U.Porto sejam condignamente comemorados e que, deste modo, a instituição veja enaltecida a excelência académica que tem vindo a relevar na sua marcha histórica”. Para tanto foi constituída a Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário, que é presidida por Luís Valente de Oliveira. Na opinião do antigo ministro e actual administrador da Fundação AEP, “quando se celebra um centenário tem de se procurar formas úteis de o fazer, de modo a alcançar objectivos
Laboratório de Física no edifício da Reitoria
“DEVEMOS VER O QUE FOI FEITO NO PASSADO, NÃO SÓ COMO HOMENAGEM A QUEM O FEZ, MAS COMO IMPULSO DO DESENVOLVIMENTO FUTURO.”
RICARDO MIGUEL GOMES
1943
Queima das Fitas Estudantes de Ciências Biológicas, Ciências Fisico Químicas e Ciências Matemáticas
que devem ser explicitados para se entender o sentido do que se faz. Uma comemoração integra sempre actos efémeros e outros que prolongam no tempo os seus efeitos. Quanto mais efémero for, mais simbólico terá de ser esse acto, não devendo haver nenhuma das suas componentes que não tenha sentido. Desejavelmente, o peso da comemoração deve assentar em grandes ou em pequenas realizações cujos efeitos se repercutam ao longo do tempo”, acrescenta. A ideia de conferir ao centenário uma perspectiva de futuro é igualmente comungada por Marques dos Santos. Para o reitor da U.Porto, “há toda uma venturosa caminhada histórica que desejamos manter viva, para que as novas gerações compreendam a dimensão do desígnio em que tantos se empenharam e possam assim replicar, no actual contexto e no tempo que está para vir, o exemplo de esforço, sabedoria e generosidade dos seus antepassados”. Já Valente de Oliveira sublinha, a propósito, que “devemos ver o que foi feito no passado, não só como homenagem a quem o fez, mas como impulso do desenvolvimento futuro”.
Arranque com Serenata Monumental O programa de comemorações arranca às 0h00 de 22 de Março de 2011, data em que habitualmente se assinala o Dia da Universidade do Porto. A essa hora realiza-se, na Praça dos Leões, a Serenata Monumental, uma das mais emblemáticas tradições académicas. Mais tarde, às 16h00 do mesmo dia, no Salão Nobre da Reitoria, tem lugar a Sessão Solene de Comemoração, onde vão estar presentes representantes das principais universidades nacionais e internacionais. Para a noite está “HÁ TODA UMA VENTUROSA previsto um concerto de músiCAMINHADA HISTÓRICA QUE ca erudita no Coliseu do Porto, DESEJAMOS MANTER VIVA, com o seguinte reportório: “StaPARA QUE AS NOVAS GERAÇÕES
catto Brilhante”, de Joly Braga Santos; “Almourol”, de Francisco Lacerda; “Suite Alentejana n. 0 2”, de Luís de Freitas Branco; “Poema para violoncelo e orquestra”, de Luís Costa; “No coração do Porto”, de Fernando Lapa com versos de Vasco Graça Moura (peça coral sinfónica encomendada expressamente para o concerto). Ainda em Março, nos dias 24 e 25, no auditório da Faculdade de Engenharia, vai decorrer a Conferência do Centenário “Preparar o Futuro”. Esta iniciativa está estruturada em torno de quatro grandes tópicos: Saberes, Vida, Territórios e Universidade. Cada tópico será lançado por uma personalidade proeminente no respectivo domínio, sendo as quatro intervenções iniciais seguidas por apresentações de mais dois ou três oradores em cada sessão, posto que se abrirá espaço ao debate com a assistência. No entender de Valente de Oliveira, a conferência “visa descortinar os principais desafios que [o] futuro nos põe e fazer assentar a acção multímoda da Universidade em bases que foram discutidas e criticadas, antes de serem adoptadas”. Entre os moderadores e oradores da conferência estão confirmados, na área Saberes, Lúcia Matos (U.Porto), Helga Nowotny (presidente do European Research Council), António Nóvoa (reitor da Universidade de Lisboa), Maria Manuel Jorge (U.Porto); na área Vida, Guilherme Oliveira (Universidade de Coimbra), Lee Silver (Princeton Univesity), Sobrinho Simões (U.Porto), Teresa Beleza (Universidade de Lisboa); na área Territórios, Filipe Duarte Santos (Universidade de Lisboa), Alain Bourdin (Universiade de Vincennes – Saint Denis), João Ferrão (Universidade de Lisboa), Álvaro Domingues (U.Porto), Manuel Ferreira de Oliveira (U.Porto); na área Universidade, António Rendas (reitor da Universidade de Lisboa), Roger Dillemans (reitor honorário da Universidade de Lovaina), Timothy O’Shea (principal da Universidade de Edimburgo), Seabra Santos (reitor da Universidade de Coimbra). A Comissão Or-
ganizadora da Conferência é formada pelos professores Alexandre Quintanilha, António Marques, Cândido Agra, Jorge Gonçalves, José Madureira Pinto, Nuno Portas e Pedro Guedes de Oliveira. No programa expositivo, há a destacar, no Museu Botânico (Casa Andresen), a exposição “A Evolução de Darwin”. A iniciativa incorpora material dos museus da U.Porto, bem como peças já presentes na exposição que teve lugar, em 2009, na Fundação Calouste Gulbenkian. Saliente-se ainda, neste domínio, a exposição de gravuras de Bartolozzi. Parte destas gravuras pertencem ao acervo da Universidade, mas vão ser complementadas por outras provenientes do Reino Unido (British Museum e colecções particulares), de modo a apreciar-se cabalmente o trabalho de um gravador que veio para Portugal para formar artistas e acabou os seus dias em Lisboa. A exposição integrará ainda óleos e desenhos de Vieira Portuense, alguns deles gravados por Bartolozzi. Outras exposições importantes são a da colecção de Antiguidades Egípcias da U.Porto, a de gravuras, estampas e instrumentos ligados ao ensino do Desenho na Escola Politécnica e nos primórdios da Faculdade de Ciências (Museu Nacional Soares dos Reis), a de “Desenhos de Mestres Europeus da Colecção da Faculdade de Belas Artes” (FBAUP), além da exposição de preciosidades bibliográficas da Universidade. Refira-se que, para Valente de Oliveira, “as exposições de trabalhos realizados ou do património acumulado inserem-se na procura de uma identidade que reforça a coesão” interna da U.Porto, um dos grandes objectivos das comemorações do centenário.
1967
Valente de Oliveira
Obras revisitam história da U.Porto No campo editorial, as obras a serem lançadas são a actualização da história da Universidade por Cândido dos Santos, a reprodução (precedida de um ensaio) do primeiro livro das Ac-
COMPREENDAM A DIMENSÃO DO DESÍGNIO EM QUE TANTOS SE EMPENHARAM.” Marques dos Santos
Queima das Fitas Fitados da Faculdade de Ciências
Carro do 3º Ano de Ciências Biológicas, na Queima das Fitas
Fundadores do Jornal Porto Académico
Edifício da Reitoria
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1941
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1952
Carro dos fitados de Ciências Biológicas
“A U.PORTO TEM JUSTIFICADAS AMBIÇÕES PARA SE INSERIR NO GRUPO DAS MAIS PRODUTIVAS E MELHORES UNIVERSIDADES DA EUROPA E DO MUNDO.”
1952
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“PARTICIPARÃO NOS DIFERENTES ACTOS [DAS COMEMORAÇÕES] PROFESSORES E INVESTIGADORES DE OUTRAS UNIVERSIDADES.”
Grupo de professores e estudantes da 1ª FLUP
Valente de Oliveira
Valente de Oliveira
tas do Senado da U.Porto (Cândido dos Santos), os “Vultos da República Universitários do Porto” (Jorge Alves), um livro sobre a internacionalização da U.Porto (Pedro Teixeira), a história da primeira Faculdade de Letras da U.Porto (José Meirinhos), as biografias de Gomes Teixeira (Maria da Graça Ferreira Alves) e de Ferreira da Silva (Jorge Alves), a edição ampliada por Francisco Ribeiro da Silva da “História da Escola Politécnica do Porto” (Artur de Magalhães Basto), um livro com biografias breves e retratos dos reitores da Universidade, uma história da Escola Médico-Cirúrgica do Porto (Amélia Ferraz), “O Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar: Passado, Presente e Futuro de uma Escola Paradigmática” (Romero Bandeira), um álbum de fotografias das 14 faculdades e os estatutos das diversas unidades orgânicas e da própria Universidade, no quadro do modelo fundacional. A Comissão Organizadora das Comemorações entendeu ainda que se deve “aproveitar a ocasião para lançar uma ou outra iniciativa que vise colmatar lacunas do nosso processo de desenvolvimento”, nas palavras de Valente de Oliveira. E neste objectivo enquadra-se a criação de um Centro de Literacia Financeira, cujo propósito é desenvolver metodologias, instrumentos didácticos e acções pedagógicas com vista a ampliar a cultura económico-financeira dos portugueses. É a João Loureiro, da Faculdade de Economia, que cabe coordenar os trabalhos de implementação do centro. Para perpetuar todo o simbolismo da efeméride, vão ser produzidas duas peças alusivas ao centenário: uma litografia do artista plástico Francisco Laranjo (director da FBAUP) e um CD gravado pelo Coral da Faculdade de Letras, dirigido por Borges Coelho, que será inteiramente preenchido com peças de Fernando Lopes Graça, extraídas dos seus 24 Cadernos e das suas Cantatas de Natal. Finalmente, há eventos de natureza eminentemente festiva mas que, como ressalva Valente de Oliveira, têm “um grande poder de agregação”. Entre estas iniciativas está um vasto programa de desportivo, a participação de uma embarcação da
1969 Edifício da Reitoria
“Académico” adoça centenário Destaque também para a confecção de um pastel, o “Académico”, também celebrativo do centenário. A doçaria foi criada pelo chefe Hélio Loureiro e será lançada durante as comemorações, sendo depois alvo de uma acção de divulgação junto de pasteleiros da cidade com o intuito de transmitir a respectiva receita e modo de confecção. A intenção é introduzir o “Académico” nos hábitos gastronómicos dos portuenses, até porque se trata de um pastel que acompanha bem o vinho do Porto. Com todas estas acções plasmadas no programa do centenário, Valente de Oliveira pensa, “em primeiro lugar, fomentar a coesão do corpo universitário: os seus discentes, os seus docentes e todos os restantes elementos que o integram”. Depois, “os laços que ligam a Universidade à comunidade em que se insere devem ser reforçados, por todas as formas que estiverem ao nosso alcance”. Neste sentido, “alguns dos actos das comemorações sublinham o valor da participação cívica e, em primeira linha, a ligação às outras instituições do Porto”. Por fim, “uma universidade não pode viver isolada das suas congéneres nacionais e estrangeiras”. Logo, “sempre que ajustado, participarão nos diferentes actos [das comemorações] professores e investigadores de outras universidades. A U.Porto tem justificadas ambições para se inserir no grupo das mais produtivas e melhores universidades da Europa e do mundo. Isso reclama que ela não se feche, mas que continue aberta à colaboração com outros”. Por seu turno, o reitor Marques dos Santos deseja que “as comemorações do centenário sejam um momento de festividade, convívio, reflexão e partilha de saber, onde todos participem imbuídos de um espírito de comunhão com os valores académicos”.
O primeiro “super” computador da U. Porto
Carro do 3.º Ano de Ciências Biológicas, na Queima das Fitas
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Queima das Fitas, Imposição de insígnias
U.Porto na regata de barcos rabelos do S. João, a entronização do reitor como Infanção da Confraria do Vinho do Porto, os “Dias Abertos” das faculdades, um concurso literário de micro-contos, um concurso fotográfico aberto à comunidade académica, uma mostra coral, um sarau cultural pelo Orfeão Universitário do Porto, uma exposição etnográfica e um desfile de tunas por várias artérias da cidade.
EMPREENDER
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A Cardmobili está a desenvolver, no UPTEC, uma daquelas ideias de negócio que de tão óbvias nos fazem exclamar: “Mas como é que eu não me lembrei disto antes!”. A start-up criada em 2008 dedica-se a desmaterializar os cartões de identificação e a inseri-los nos telemóveis, aliviando as carteiras da profusão de pequenos rectângulos plastificados e permitindo a empresas, instituições e demais entidades implementar estratégias mais eficazes de fidelização. Tendo nos seus quadros vários engenheiros da FEUP, a Cardmobili já lançou o seu serviço em mercados internacionais, designadamente nos EUA. O próximo passo é a virtualização de cartões de débito e crédito.
Vantagens para as empresas Helena Leite enumera várias vantagens deste serviço para as empresas aderentes. Desde logo, “uma redução de custos por deixarem de imprimir tantos cartões”. Por outro lado, “as empresas podem oferecer mais funcionalidades aos consumidores, libertam-se dos entraves ao uso dos cartões, desmaterializam os processos de comunicação, criam uma maior proximidade com o cliente e passam a interagir de forma mais assertiva”. Importa ressalvar, a propósito, que as empresas ou instituições não pagam pelo serviço, a não ser que rubriquem um acordo comercial com a Cardmobili. Neste caso, usufruem de outras valências do serviço, como a utilização do canal para comunicar com os clientes (campanhas promocionais, por exemplo) e/ou para dar aos clientes a possibilidade de consultarem a sua informação pessoal (consultar pontos, descontos, promoções, etc.). Cinco empresas estabeleceram já acordos comerciais com a Cardmobili, designadamente a Future Healthcare e a Loja do Condomínio. A empresa continua focada no desenvolvimento do serviço, pelo que Helena Leite acredita que, num futuro próximo, será possível “consultar o saldo dos cartões”, “enviar informação para o telemóvel”, “assinalar a existência de uma promoção quando se passa numa loja” e “efectuar pagamentos com o telemóvel”. De resto, a Cardmobili lidera um consórcio de nove empresas nacionais (que inclui operadores de telemóveis, bancos, SIBS, etc.) que está a desenvolver um sistema de pagamentos móveis para Portugal. Depois de cerca de 500 mil euros de investimento, o serviço oferece para virtualização, através de um registo simples e gratuito no site www.cardmobili.com, 1.500 cartões de todo o mundo. Além disso, a aplicação pode ser descarregada para a grande maioria de telemóveis, bastando que estes tenham capacidade de acesso à Internet (algo vulgar hoje em dia). De resto, a empresa começou por desenvolver a aplicação para telemóveis menos sofisticados (ambiente Symbian) e só depois a adaptou aos smartphones de topo, como o iphone, o Windows Mobile ou o Android. Foi uma tarefa árdua, pois não só os sistemas operativos entre telemóveis são diferentes como as expectativas e formas de utilização também variam. “Tivemos de conceber aplicações que, no fundo, fazem essencialmente o mesmo, mas que têm em conta a experiência do utilizador, o design da interface, o potencial do aparelho....”. Tudo isto “procurando, sempre, manter a coerência do produto. Isso é muito importante para nós”, salienta Helena Leite.
Serviço chega aos EUA Em Portugal estima-se que haja cerca de 7 milhões de cartões, valor irrisório quando comparado, por exemplo, com os 1,8 mil milhões que circulam nos EUA. Daí que a empresa tenha lançado o serviço na América do Norte, Reino Unido, França, Alemanha e Holanda, integrando hoje cartões de vários países (aliás, qualquer utilizador pode sugerir um cartão que não conste do lote disponível). Mas a grande aposta é mesmo os EUA, cuja taxa de utilização do total de cartões é de apenas 56%. “É uma oportunidade enorme. Têm outra dinâmica de retalho, com muitos vales e descontos. Portugal é importante, até como teste. Mas não é o mercado interno que nos vai dar sustentabilidade. Esta solução só faz sentido em grande escala. Quando se aposta em tecnologia, o mundo é o nosso mercado”, sublinha Helena Leite. A Cardmobili espera atingir o break-even em 2011, sendo que este ano a receita não deverá ultrapassar os 200 mil euros, estima a CEO da empresa. Mas o potencial de crescimento é grande, tanto mais que a Cardmobili ganhou visibilidade internacional ao vencer o Vodafone Mobile Clicks 2010 e ao ser eleita “start-up do dia” pelo programa BizSpark da Microsoft. “Reconheceram a qualidade do nosso serviço”, nota Helena Leite, que considera que “Portugal está ao melhor nível mundial na inovação. Temos competência técnica aliada a capacidade criativa e a flexibilidade na forma de encarar os problemas”, garante. Para melhorar o seu desempenho, a Cardmobili espera beneficiar das condições oferecidas pelo UPTEC. No entender de Helena Leite, o Parque de Ciência e Tecnologia “é muito importante para as start-ups”, na medida em que “está voltado para as novas tecnologias”, permite a “proximidade com a comunidade académica”, “gera networking” e “possibilita a partilha de conhecimento entre empresas”.
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s cartões de identificação vulgarizaram-se rapidamente em Portugal, de tal forma que qualquer carteira de bolso que se preze exibe uma cascata de pequenos e coloridos rectângulos plastificados. Ora, não raras vezes, os utilizadores dos cartões perdem-se na profusão dos mesmos e acabam por não retirar deles qualquer benefício, sentindo ainda o incómodo de terem a carteira empanturrada de plástico. Para atalhar o problema, António Murta, co-fundador e presidente da sociedade de investimento Pathena, e Carlos Oliveira, co-fundador da Mobicomp, lembraram-se de criar um serviço que virtualiza os cartões de identificação (de lojas, hipermercados, marcas, teatros, cinemas, clubes desportivos, associações, gasolineiras e tutti quanti) e os insere nos telemóveis. Deste modo, a imagem dos cartões e toda a informação neles contida ficam disponíveis no ecrã do telemóvel, bastando para isso descarregar previamente uma aplicação móvel. Este é o serviço prestado pela Cardmobili, empresa fundada, em 2008, pelos dois empresários referidos e que se encontra incubada no UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto. Hoje, 12 colaboradores (na sua maioria engenheiros provenientes da FEUP) liderados pela CEO Helena Leite encontram-se a promover, desenvolver e comercializar um servido que, não só mitiga a overdose de cartões de plástico, como possibilita novas estratégias de fidelização de clientes. “As empresas querem conhecer melhor os seus clientes e apostam numa relação de marketing mais próxima. Por isso, fazem grandes investimentos em cartões de cliente. Mas as pessoas estão saturadas de tanto plástico. E ou não trazem os cartões consigo quando vão às compras, ou recusam-nos por já terem muitos”, observa Helena Leite. Para obviar a situação, o serviço Cardmobili “cria um canal de interacção com o cliente mais próximo, personalizado e eficaz”. Hoje em dia, diz, “o telemóvel é indispensável na vida das pessoas. E permite-nos fazer, tecnologicamente, imensas coisas”. Logo, “é o instrumento por excelência para programas de fidelização”, garante a mesma responsável.
RICARDO MIGUEL GOMES
Como os cartões de cliente entraram nos telemóveis
CULTURA
FERREIRA DA SILVA
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JOÃO CORREIA
carreira eclesiástica ou a carreira científica? No início dos anos 70 do século XIX, António Joaquim Ferreira da Silva reflectia sobre o seu futuro. Frequentava algumas cadeiras no Instituto Industrial e matriculou-se na Academia Politécnica do Porto. Em 1871, inscreveu-se no Seminário Episcopal do Porto. “Estes dois anos de indecisão, resultam na luta travada entre a sua vontade, que o arrastava para as ciências naturais, e o seu dever de filho obediente que o forçava à carreira eclesiástica, suprema aspiração dos seus honrados pais”, explica Alberto de Aguiar, discípulo e amigo, numa homenagem em 1923. Nascera no convento S. Martinho de CucuCatólico fervoroso jães (Oliveira de Azeméis), propriedade de nascido numa cela do um tio paterno luso-brasileiro com o título mosteiro de Cucujães, de visconde, e era filho de uma mãe muito revolucionaria o ensino católica. Aos 12 anos, após a conclusão do da Química e tornarse-ia o primeiro químico ensino primário, António Joaquim foi viver português de notoriepara o Colégio do Padre José Henriques de dade verdadeiramente Oliveira Martins, no Porto, dado que ficara internacional. O Porto foi, durante o seu tempo, órfão de pai e havia mais três filhos para o centro da Química em criar, situação difícil para uma família huPortugal. António Fermilde. No colégio, mostrou uma notável reira da Silva é a figura aptidão para as Ciências Físicas. eminente da UniversiEm 1872, quando se inscreveu na Unidade em 2010, fazendo-se assim jus a um notável versidade de Coimbra, a Igreja perdia um docente e investigador, a clérigo mas a ciência ganhava o patrono um homem íntegro e ecuda Química em Portugal. Pereira Salgado, ménico, a uma personaliantigo reitor e professor das Faculdades de dade insigne da ciência e cultura portuguesas. Engenharia e Ciências da U.Porto, considerou mesmo Ferreira da Silva o cientista português do seu tempo mais conhecido nos meios internacionais. Carlos Corrêa, Professor Emérito da U.Porto e comissário da homenagem a Ferreira da Silva, refere que este docente e investigador fez do Porto o centro da Química em Portugal, naquela época. Em 1876 concluía o bacharelato na Faculdade de Filosofia Natural da Universidade de Coimbra, com altas classificações e vários louvores. Recusando um convite para ali leccionar, concorreu a uma vaga para lente de Química na Academia Politécnica do Porto, em 1877, por falecimento do regente dessa disciplina, António Luiz Ferreira Girão. Ficou na Academia como lente substituto. Mais tarde, em 1885, foi criada a cadeira de Química Orgânica e Analítica, que Ferreira da Silva regeu até ao falecimento.
Águas, vinhos e toxicologia “Águas e teorias chimicas” e “As águas do Rio Souza e os mananciaes e fontes da cidade do Porto”, este último por encomenda da Câmara Municipal do Porto, realizados em 1881, iniciaram uma longa série de estudos na análise química de águas e outros produtos alimentares. Com J. A. Correia de Barros como presidente da Câmara, foi atribuída a Ferreira da Silva a instalação e direcção do Laboratorio Chimico Municipal, aberto em 1884, criado à imagem dos mais modernos laboratórios que viu em Paris, sendo uma das atribuições desse laboratório os estudos sobre vinhos. A partir de então, a sua vida de investigador dividiu-se entre este e o Laboratório da Academia, quase não se distinguindo onde terminava o trabalho de um e começava o trabalho do outro, segundo várias vozes. Dois casos se destacam, demonstrando os profundos conhecimentos técnicos e a capacidade de argumentação de Ferreira da Silva. Um deles teve a ver com os vinhos exportados para o Brasil e a alegada anormal presença de ácido salicílico no vinho, o que levantava suspeitas de falsificação. No outro, um caso de crime por envenenamento (com alcalóides), as suspeitas recaíam sobre Vicente Urbino de Freitas, médico e lente da Escola Médico-Cirúrgica do Porto. No caso do vinho exportado para o Brasil, o desacordo residia em diferentes técnicas analíticas que partiam de quantidades diferentes de vinho. No Brasil era usado o chamado método de Pellet e Grobert, que resultava em quantidades elevadas de ácido salicílico no vinho. E, no Porto, Ferreira da Silva usava um método alemão que se traduzia em resultados negativos. O químico português suspeitou, então, que uma pequena concentração de ácido salicílico já fosse natural no vinho, o que se veio a confirmar. Foi preciso a intervenção do próprio inventor do método usado pelos brasileiros, Pellet, para que a questão se esclarecesse. No caso Urbino de Freitas, este era acusado de envenenamento de familiares para se apoderar de uma herança. Embora Ferreira da Silva não tivesse detectado substâncias suspeitas num dos cadáveres falecido há mais tempo, no cadáver da criança falecida há quatro dias as análises às vísceras deram resultado positivo quanto à presença de, pelo menos, morfina e narceína. Estes resultados foram considerados peça essencial para o veredicto do tribunal, que deu Urbino de Freitas como culpado.
Ferreira da Silva seria também docente de Toxicologia na Escola (depois Faculdade) de Farmácia e na Faculdade de Medicina da U.Porto. Esta foi uma área em que o químico também levou longe o seu nome, modificando o teste de La Font (que só detectava morfina e codeína) de forma a que este passasse a detectar alcalóides em geral. O reagente ganhou, assim, uma nova designação: La Font-Ferreira da Silva. Por outro lado, descobriu uma reacção química que envolve a presença de cocaína e origina uma substância com cheiro a hortelã (mais tarde descobriu-se que era benzonato de etilo).
Revolucionário, íntegro e ecuménico O papel pioneiro que o químico de Cucujães desempenhou na mudança do ensino da Química, ainda na Academia Politécnica do Porto, teve a ver com o carácter mais prático e experimental. Por sua iniciativa, a antiga cadeira de Chimica, Artes Chimicas e Lavra de Minas foi transformada em duas: Chimica Inorgânica e Chimica Organica e Analytica. Esta última foi o início do ensino autónomo da Química Analítica no Porto. Foi ainda Ferreira da Silva que iniciou o ensino prático com grupos de quatro alunos e a possibilidade de os estudantes praticarem no laboratório fora das horas designadas pelo docente, se assim o entendessem e mediante autorização. Ferreira da Silva foi fundador, em 1905, com Alberto de Aguiar e Pereira Salgado, da Revista de Chimica Pura e Aplicada que, mais tarde, passou a ser o Boletim da Sociedade Chimica Portugueza. Correspondeu-se, para além dos já citados Pellet e Berthelot (precursor do que se chamou mais tarde Bioquímica), com os Prémios Nobel Paul Sabatier e Marie Curie. Os químicos Wurtz e Friedel propuseram-no, em 1884, para membro da Sociedade Química de Paris. Em 1904 foi nomeado Cavaleiro da Legião de Honra da Sociedade Química de Paris. Em 1885, o governo português agraciou-o com a comenda da Ordem de S. Tiago de Mérito Científico e Literário. Ferreira da Silva era um “católico fervoroso” para além “monárquico convicto”, o que “talvez lhe tenha acarretado alguns amargos de boca”, afirma João Cabral, antigo professor das Faculdade de Ciências da U.Porto, num artigo sobre Ferreira da Silva publicado na revista Colóquio Ciências. São conhecidos vários artigos seus sobre religião e ciência e diversas palestras na Associação Católica do Porto. Mas a sua religiosidade não o impedia de considerar o carácter de um ateu assumido, o químico Berthelot, um exemplo a seguir, como salienta o professor de Físico-Química Rómulo de Carvalho (António Gedeão, na poesia). Eis uma prova das muito elogiadas qualidades de rigor e isenção científicas e de honestidade do químico da U.Porto. Foi amigo de D. António Barroso, bispo do Porto, e de Bento Carqueja, director e proprietário de O Comércio do Porto, durante largos anos. Teve 14 filhos da sua esposa Idalina, filha do tio visconde. Dois faleceram na infância. Dos restantes 12, oito eram raparigas e quatro rapazes.
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Um químico do mundo no Porto A
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LUÍS PORTELA ESTÁ CONVICTO DE QUE, EM 2020, A U.PORTO SERÁ UMA DAS 100 MELHORES UNIVERSIDADES DO MUNDO. E JUSTIFICA-SE COM OS PROGRESSOS REALIZADOS NA QUALIDADE DE ENSINO, NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA E NA AFIRMAÇÃO INTERNACIONAL DA INSTITUIÇÃO. CONSIDERA, PORÉM, QUE HÁ AINDA MUITO A FAZER NA PARTILHA DE CONHECIMENTO COM AS EMPRESAS, ATÉ PORQUE DA RELAÇÃO ENTRE O MEIO UNIVERSITÁRIO E O TECIDO EMPRESARIAL DEPENDE, EM SUA OPINIÃO, O DINAMISMO ECONÓMICO DE PORTUGAL. DEFENDE TAMBÉM A REORGANIZAÇÃO INTERNA DA U.PORTO, TENDO EM VISTA UMA MAIOR RACIONALIDADE NA GESTÃO. ALÉM DISSO, RECEIA QUE O NÚMERO DE INSTITUIÇÕES UNIVERSITÁRIAS EM PORTUGAL POSSA “COMPROMETER A BOA E RIGOROSA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS”
a serem cumpridas até 2020. Parece-me que a dinâmica que está instituída, neste momento, na U.Porto, pode fazer com que seja concretizado o objectivo. Para isso, as linhas propostas pelo Prof. Marques dos Santos e aceites pelo Conselho Geral são as que melhor servem os interesses da Universidade: fazer da U.Porto uma universidade de investigação, assumir uma formação de excelência, reforçar o papel da instituição no contexto internacional e participar no desenvolvimento socioeconómico da região e do país. São quatro linhas de rumo essenciais para o crescimento da U.Porto e para que esta seja uma das 100 maiores universidades a nível mundial. É com estas linhas estratégicas que a U.Porto se vai diferenciar e reforçar a sua competitividade internacional? Sim, sem dúvida. A ciência é um factor diferenciador. E a U.Porto tem, já hoje, alguns institutos onde se faz ciência ao melhor nível no contexto internacional. Agora é desejável alargar o número de pessoas que fazem ciência nesses institutos, criar condições para que publiquem nas melhores revistas da especialidade, atrair bons investigadores para a Universidade e conseguir dar à investigação uma dimensão verdadeiramente internacional. Na U.Porto, em áreas como a Arquitectura, a Medicina ou a Engenharia, por exemplo, temos escolas e institutos capazes de atrair bons estudantes, bons professores e bons investigadores nacionais e estrangeiros. E assim se gera uma dinâmica que pode fazer com que a Universidade atinja outros níveis no contexto internacional. Contudo, não tem havido em Portugal, em geral, uma grande tradição de partilha de conhecimento com as empresas. E a mim parece-me que esta deve ser uma grande aposta da U.Porto. A U.Porto não está a servir de interface entre o mundo académico e o mundo empresarial? A Universidade tem criado condições para a incubação de um número crescente de start-ups, no UPTEC [Parque de C&T da U.Porto]. E esse é um bom contributo. Também vejo que há
Fotos: Egídio Santos
E é um objectivo viável, na sua opinião? Parece-me um objectivo difícil, mas passível de ser conseguido. A U.Porto acaba de entrar nas 100 melhores universidades da Europa, conforme tinha sido objectivo do anterior mandato do Prof. Marques dos Santos. Hoje, a Universidade varia entre as 200 e as 300 melhores nos rankings internacionais. Portanto, há ainda um percurso grande a percorrer. Mas penso que a actual equipa reitoral tem muito bem definidas as necessidades
um conjunto de grandes empresas nacionais que começa a ter, quer ao nível da formação, quer ao nível da investigação, uma relação muito próxima com algumas escolas da Universidade. Falo de empresas como a Galp, a Sonae ou a Bial, por exemplo. Há receptividade por parte dos empresários para estabelecer parcerias com a Universidade? Eu acho que cada vez mais. Os empresários têm hoje consciência de que, para desenvolverem novos produtos e serviços competitivos à escala global, devem ter boas relações com instituições de investigação das universidades, nomeadamente da U.Porto. Mas também há a ideia, a nível empresarial, que, para desenvolver projectos de sucesso, é necessário ter bons profissionais. E a U.Porto não só forma bons alunos e possíveis bons profissionais como está a criar nas suas escolas a capacidade – e, aí, a EGP-UPBS [business school] tem um papel muito activo – para que se leccionem, ao longo do tempo, acções de formação especializada. O que eu desejaria é que, cada vez mais, a U.Porto criasse condições para conquistar relações com empresas internacionais.
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A U.Porto celebra, em 2011, 100 anos de existência. Impõe-se, por isso, um olhar sobre o futuro. Enquanto presidente do Conselho Geral, quais pensa que devem ser as linhas estratégicas a seguir pela Universidade? Quando lançámos a candidatura a reitor, perspectivámos dois candidatos muito fortes. E ao escolhermos o Prof. Marques dos Santos como melhor candidato, automaticamente o Conselho Geral considerou como suas as grandes apostas do actual reitor. Pareceu-nos que o grande objectivo de, até 2020, fazer da U.Porto uma das 100 maiores universidades do mundo era, de facto, um objectivo ambicioso.
RICARDO MIGUEL GOMES
Luís Portela, empresário e presidente do Conselho Geral da U.Porto
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res selecções. Se me perguntar se eu acredito que a U.Porto pode ter 30 e tal centros muito bons no contexto internacional, é capaz de ser difícil. Mas a diferenciação deve ser feita de baixo para cima. Ou seja, cada instituto deve criar condições para que os seus investigadores, ao publicarem nos melhores sítios, ao desenvolvendo projectos úteis ao meio empresarial, ao registarem as suas patentes, atinjam notoriedade internacional. E é pela notoriedade internacional que os centros criam condições para se evidenciarem, para serem considerados os melhores e para angariarem mais fundos. Será sempre complicado estruturas como a Reitoria ou o Conselho Geral seleccionarem, por esta ou por outra razão, as áreas do conhecimento mais competitivas.
Reorganização interna da U.Porto À luz dos objectivos estratégicos da Universidade, não considera que, a montante, terá de se proceder a uma reestruturação interna? Admito que uma reestruturação na Universidade seja, não sei se imperioso, mas pelo menos favorável. E penso sobretudo que será útil que as pessoas na U.Porto tenham, de forma geral, a mente aberta a possíveis reestruturações. A U.Porto tem, de facto, um grande número de escolas e institutos. Para um observador exterior, faz algum sentido que haja uma confluência de interesses, alguma fusão, alguma participação activa entre escolas e institutos para que se reorganizem conjuntamen-
Que perspectivas se abrem à U.Porto com o modelo fundacional? O modelo permite uma maior liberdade de movimentos em termos de gestão da Universidade, o que me parece muito saudável. E, por outro lado, há uma maior facilidade de conquista da sociedade civil – e quando digo sociedade civil refiro-me a empresas, autarquias, instituições, etc. – para vir partilhar os caminhos da Universidade de uma forma responsável. Da minha parte, acho isso francamente bom. Em Portugal não havia grande tradição disso, mas na U.Porto a sociedade civil tem dado uma resposta boa. Está a começar a participar na gestão de uma forma profícua. Resta saber até que ponto a sociedade civil vai contribuir para que a Universidade possa ter uma gestão orçamental cada vez mais independente do Estado. Uma universidade forte não deve estar muito dependente do Orçamento do Estado. Deve ter uma grande autonomia. Eu desejaria que o estatuto fundacional, como teoricamente pode fazer, criasse condições de relacionamento com o mundo empresarial, a administração pública, as autarquias e as instituições privadas, de modo a que Universidade consiga buscar aí os fundos necessários para ter uma cada vez maior independência. Qual vai ser o contributo do Conselho Geral para a implementação dos objectivos estratégicos da U.Porto? O Conselho Geral é um órgão de gestão não executivo. Parece-nos, pois, que nos cabe um papel algo discreto na vida da “O ENSINO SUPERIOR PORTUGUÊS FOI, DURANTE MUITOS ANOS, CONSIDERADO MUITO TEÓRICO E POUCO PRÁTICO.”
Universidade. Podemos trazer à gestão da U.Porto experiência acumulada nas diferentes escolas, pois há ali muitos professores que têm largos anos de experiência quer na vida docente, quer na direcção escolar. Mas também trazer experiência de gestão de outras áreas da sociedade civil. Mas, de facto, não compete ao Conselho Geral viver as grandes linhas do dia-a-dia da Universidade. Cabe ao reitor liderar uma equipa reitoral que, essa sim, conduza o dia-a-dia da Universidade. Penso que, ciente disso, o Conselho Geral quererá dar um contributo construtivo – trazendo novas ideias, sugestões, algum bom senso e algum equilíbrio à gestão – e apoiar a equipa reitoral, que apresentou um programa verdadeiramente interessante. Agora já não é o programa do candidato Marques dos Santos, mas o programa da U.Porto. O que pensa do estado do ensino superior em Portugal, depois de todas as reformas implementadas nestes últimos anos? O ensino superior português foi, durante muitos anos, considerado muito teórico e pouco prático. Penso que, na última década, sobretudo depois de Bolonha, se está a tornar, pelo menos em várias áreas, um ensino mais voltado para a realidade
presarial. E vice-versa: que as universidades fossem buscar às empresas, para leccionarem e/ou investigarem, profissionais competentes do mundo empresarial. Pois se isso acontece assim nos EUA, na Alemanha ou na Inglaterra, porque não há-de acontecer em Portugal?
Por que é que acha que não acontece? Acho que é uma questão de tradição. Durante muitos anos, o prática. A sensação que tenho, como empresário, é que muito mundo empresarial não teve uma postura voltada para o longo do produto que sai da U.Porto e de outras universidades é muiprazo. O país apostou mais no comércio do que na indústria. to bom. Ou seja, os jovens licenciados são pessoas francamenQuando se aposta na indústria, e eu espero que isso aconteça te bem preparadas. Por outro lado, ao termos hoje um aumennos próximos tempos, é necessária uma maior interligação das to claro do número de licenciados e de doutorados, Portugal empresas com as universidades. A criação de núcleos de inoganhou um papel de maior peso no contexto internacional. vação nas empresas é uma forma de dar emprego a engenheiros, mestres e doutores que normalmente têm capacidades Não há licenciados a mais acrescidas para perceber como se podem introduzir melhorias No seguimento do contrato de confiança com o Governo, as uninos produtos ou serviços, de forma a torná-los competitivos versidades vão passar a formar, daqui por quatro anos, 100 mil e interessantes para o mercado. É necessário agora encontrar diplomados. Não há o risco de abaixamento da qualidade do ensino condições para que essa rede de transferência de conhecimene de desvalorização socioprofissional dos diplomas? tos funcione, de maneira que Portugal possa ter um maior núPortugal continua na cauda da Europa relativamente ao númemero de patentes. Hoje temos um número de doutorados e de ro de licenciados. Eu defendo que haja um maior número de publicações científicas que colicenciados, porque trará qualidade ao país quer do ponto de meça a ser simpático no contexto europeu. “HOJE TEMOS UM NÚMERO DE DOUTOvista profissional, quer do ponto de vista civilizacional – as pesMas ainda temos um número de patentes RADOS E DE PUBLIsoas terão outra consciência de si e da sua pátria, adoptando sem significado internacional. E precisamos CAÇÕES CIENTÍFICAS muito provavelmente uma postura cívica diferente. Para que disso. O que, na minha perspectiva, só vai QUE COMEÇA A SER em Portugal as pessoas tenham uma postura cívica mais evoacontecer quando houver uma grande ligaSIMPÁTICO NO CONTEXTO EUROPEU.” luída, como nos países do Norte e Centro da Europa, é imporção entre o mundo universitário e o mundo empresarial. tante que a população tenha outro nível de formação. Temos de ter consciência dos valores universais. Ora esses valores aprenÉ este o grande contributo que as universidades podem dar para dem-se na família, mas desenvolvem-se através da cultura que alavancar a economia nacional, que tanto necessita de bens e servise obtém nos meios universitários. ços transaccionáveis? Na minha perspectiva é. Como lhe disse, aumentou o número Em Portugal há 15 universidades e 15 institutos politécnicos públide doutorados, de projectos de investigação, de papers nos mecos. Num país como o nosso, este número não é exagerado? lhores sítios, mas o número de patentes ainda é relativamenTenho algum receio de que comecemos a ter demasiadas instite baixo. Ora isso reflecte-se na competitividade dos produtos tuições universitárias em Portugal, por uma questão de escala portuguesas lá fora, que é muito baixa, bem como no número a nível internacional. A U.Porto é maior universidade do país, de marcas nacionais capazes de se imporem no mundo. E isto, mas, no contexto global, já não é assim tão grande. Também a meu ver, só vai melhorar se houver uma interligação muito a proliferação de universidades pode comprometer a boa e rigrande entre a área académica e a empresarial. Se as instituigorosa utilização dos recursos, traduzindo-se ainda em menor ções de investigação – que têm estado habituadas a fazer mais qualidade de ensino. a ciência pela ciência – perceberem todo o potencial que têm Com os cortes nas verbas provenientes do Orçamento do Estado, para servirem o mercado, para se relacionarem com as emprepensa que as universidades vão conseguir desempenhar cabalmente sas e para desenvolverem produtos e serviços à escala global, as suas funções? há uma oportunidade enorme. Têm de conseguir. As pessoas têm de interiorizar que nós, E as universidades portuguesas já estão conscientes da importância portugueses, vivemos alguns anos acima das nossas possibilida investigação aplicada, da inovação, do desenvolvimento de prodades. Gastámos mais do que aquilo que podíamos gastar. E, dutos e da transferência de tecnologia? portanto, há que ser realistas: fazer orçamentos de base zero, Na área da saúde, que conheço melhor, o diálogo entre os inver aonde é que se pode cortar, o que é que se pode rentabilizar vestigadores das ciências da vida e as empresas é aberto. Conse arrumar a casa. É um exercício de gestão, embora não seja tituímos um Health Cluster em Portugal [presidido por Luís nem agradável nem fácil. Mas a U.Porto tem, felizmente, uma Portela] que hoje funciona bem, com grande abertura e diálogo equipa reitoral capaz de enfrentar desafios deste tipo. de todas as partes: institutos de investigação, empresas de diAs parceiras com as empresas são uma fonte de receitas importante. versas áreas, hospitais e universidades. Na verdade, no Health Considera que, neste aspecto, as universidades estão a fazer o que Cluster Portugal tem existido uma procura de conhecimento seria desejável? entre as partes. As pessoas não se conheciam! Os institutos Devia procurar-se uma relação mais aberta entre as instituições de investigação não sabiam os que as empresas estavam a fauniversitárias e o mundo empresarial. Gostaria muito que, nos zer, e vice-versa. Até os próprios institutos de investigação não próximos anos, se criassem rotinas na transferência de bons sabiam o que cada um estava a fazer. E as empresas não se universitários – docentes e investigadores – para o mundo emconheciam umas às outras. Hoje há de facto um conhecimento acrescido. Há 15 anos, isto não seria possível.
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Luís Portela nasceu no Porto em 1951. É licenciado em Medicina pela U.Porto, mas só exerceu actividade clínica durante três anos. Igualmente breve foi a sua passagem pela FMUP, onde leccionou a cadeira de Psicofisiologia ao longo de seis anos. Abdicou da carreira médica e universitária para assumir, com 27 anos, a presidência dos Laboratórios Bial, fundados pelo seu avô em 1924. Hoje, a empresa é uma das mais inovadoras do sector farmacêutico português e revela competitividade à escala global. É presidente do Health Cluster Portugal, presidente do Conselho Geral da U.Porto e administrador da COTEC. Em 1994 criou, juntamente com os Laboratórios Bial e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, a Fundação Bial, cujo propósito é incentivar a investigação centrada no homem. Escreve regularmente na imprensa portuguesa, publicou sete livros (na sua maioria de reflexão sobre a condição humana) e recebeu várias distinções, como a Ordem do Mérito e a Grã-Cruz da Ordem do Mérito. Foilhe atribuído o grau de Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Medicina de Cádis, Espanha, e pela U.Porto.
“ADMITO QUE UMA REESTRUTURAÇÃO NA UNIVERSIDADE SEJA, NÃO SEI SE IMPERIOSO, MAS PELO MENOS FAVORÁVEL.”
DA MEDICINA PARA A BIAL
Considerando o factor diferenciador da ciência e o seu potencial de relacionamento com as empresas, não considera que a U.Porto se deveria focar ou especializar em determinadas áreas do conhecimento em que é mais forte e, deste modo, reforçar a sua competitividade? Uma instituição pode ser boa em muitas áreas, mas não pode ser muito boa em muitas áreas diferentes. E, portanto, tem de haver alguma especialização. Mas também penso que é necessário muito cuidado ao se eleger esta ou aquela área. Quando as coisas funcionam bem, é com naturalidade que os próprios investigadores contribuem para que as suas áreas ganhem evidência no contexto internacional. E assim se fazem as melho-
te. Mas nestas coisas também não há um fato feito à medida. Não me parece que possa haver um Conselho Geral iluminado ou uma equipa reitoral iluminada que digam assim: “Agora tem de haver x faculdades e x institutos de investigação”. Mas, hoje em dia, é de facto complicado rentabilizar serviços e evitar duplicação de gastos com tantas escolas e institutos. Acabamos por ter menor rigor e racionalidade na gestão dos recursos.
“AS PESSOAS TÊM DE INTERIORIZAR QUE NÓS, PORTUGUESES, VIVEMOS ALGUNS ANOS ACIMA DAS NOSSAS POSSIBILIDADES.”
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Fotos: Egídio Santos
Paulo Azevedo, empresário e presidente do Conselho de Curadores da U.Porto
Tendo em conta o simbolismo da data, o centenário da U.Porto afigura-se como uma oportunidade para discutir o futuro da Universidade. Enquanto presidente do Conselho de Curadores, para onde pensa que a instituição deve caminhar? Ao Conselho de Curadores não cabe definir estratégias de rumo. Na nova estrutura de governo da Universidade, o reitor tem a responsabilidade de propor estratégias para aprovação pelo Conselho Geral. Nós [Conselho de Curadores] somos o último reduto. Mais uma camada de segurança, de última garantia do funcionamento da instituição, para precaver erros maiores. Dito isto, vemos com bons olhos as ambições do senhor reitor e do Conselho de Gestão em tornar a Universidade mais internacional, de base científica e aberta à sociedade – quer na componente cultural, quer na componente de criação de valor económico e social. É assim que a U.Porto se pode diferenciar nacional e sobretudo internacionalmente? Eu acredito na capacidade de produzir conhecimento, até pelos efeitos positivos que isso tem na própria missão de educação. É assim que se atraem os melhores alunos e os melhores professores, dos quais depende, em grande medida, a qualidade académica.
“UMA UNIVERSIDADE, QUASE POR TRADIÇÃO, É UMA REDE ALGO SOLTA DE UNIDADES COM A SUA HISTÓRIA E IDENTIDADE.”
A montante dos objectivos estratégicos, não pensa que a U.Porto carece de uma reorganização interna, o que poderia passar por uma fusão de formações? As faculdades são os pilares do conhecimento da Universidade e necessitam de ter uma certa autonomia pedagógica e científica, para serem especialistas nas suas áreas do conhecimento. E qualquer outro objectivo não deve mexer com isto. Mas deve mudar, com o tempo, a capacidade das faculdades de trabalharem umas com as outras, precisamente por causa do cruzamento de saberes. As faculdades têm de ter capacidade para usarem o conhecimento de outras áreas, para partilharem entre si o corpo docente, para oferecerem programas em conjunto. Ora isso envolve uma certa mudança. A questão é mais de eficiência interna (serviços, corpo não docente, capacidade de compra, gestão de carreiras....) do que de escala. Em termos de escala, é muito importante a brand U.Porto. Não é possível imaginar que 14 faculdades se vão internacionalizar com sucesso e estabelecer o seu próprio nome entre as top 100 ou top 200. Aí parece-nos que a escala faz algum sentido. A U.Porto, além de ser a maior universidade portuguesa, já é uma universidade de média dimensão à escala europeia. Mas, para já, não beneficia muito disso.
E por que é que isso não acontece? Acho que começa a acontecer. Não era este o sistema que estava instalado e não pode acontecer sem as faculdades estarem tranquilas sobre a componente da autonomia. Acho que este modelo de governo, com todos os checks and balances, com a representatividade do Conselho Geral, com a idoneidade do Conselho de Curadores, com todos os novos processos de transparência... Tudo isso, com tempo e se as pessoas tiverem sabedoria, julgo que levará a que todos se sentiam mais tranquilos para avançar nesse caminho [da reestruturação interna], com menos receios de perder a qualidade e a autonomia pedagógica e científica que têm as faculdades. Estes processos de mudança nunca são muito rápidos. E uma universidade, quase por tradição, é uma rede algo solta de unidades com a sua história e identidade. Devemos ter a preocupação de avançar, de não ficar parados, de ir crescendo o ritmo da mudança, sem ficarmos demasiado angustiados por não fazermos tudo ao mesmo tempo.
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PAULO AZEVEDO VÊ COM BONS OLHOS OS PRINCIPAIS OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS DEFINIDOS PARA A U.PORTO: “TORNAR A UNIVERSIDADE MAIS INTERNACIONAL, DE BASE CIENTÍFICA E ABERTA À SOCIEDADE”. E NÃO TEM DÚVIDAS DE QUE A INSTITUIÇÃO VAI CUMPRIR ESTES DESIDERATOS E PROMETE, PARA ESSE FIM, A COLABORAÇÃO DOS MEMBROS DO CONSELHO DE CURADORES, A QUE PRESIDE. O EMPRESÁRIO ESTÁ PLENAMENTE CONVENCIDO DAS VIRTUDES DO MODELO FUNDACIONAL, EMBORA DEFENDA UMA MAIOR “CAPACIDADE DAS FACULDADES DE TRABALHAREM UMAS COM AS OUTRAS”. TAMBÉM CONSIDERA QUE É PRECISO MELHORAR A RELAÇÃO COM AS EMPRESAS, DE FORMA A VALORIZAR ECONOMICAMENTE O “MUITÍSSIMO MAIOR” VOLUME DE CONHECIMENTO PRODUZIDO HOJE PELA UNIVERSIDADE.
Considera exequíveis as metas definidas ao nível da internacionalização: estar entre as 100 melhores universidades da Europa, em 2011, e entre as 100 melhores do mundo, em 2020? Penso que estes objectivos traduzem uma vontade da Universidade de ter uma ambição de qualidade muito grande. Acho que toda a gente está ciente de que esses rankings são falíveis. Aliás, dizem todos coisas diferentes. Mas, felizmente, há muitos rankings. E a média dos rankings já fará algum sentido. Penso também que o Prof. Marques dos Santos não quis estar a lançar um objectivo sem o quantificar, para que se visse como é difícil e ambicioso. E eu acho que serve esse propósito. À partida, a Universidade tem condições para lá chegar. Dependerá das qualidades, da estratégia, da gestão, das capacidades.... Mas não há razão nenhuma para não acreditarmos que esse objectivo não seja possível.
FACE-A-FACE
Voltando aos objectivos estratégicos, o que é que a U.Porto pode dar mais enquanto motor de desenvolvimento regional e nacional? Pode dar muito mais. O número de investigadores e publicações científicas cresceu enormemente na U.Porto, nos últimos dez anos. E só agora se estão a dar os primeiros passos, mas ainda pequenos, na valorização económica.
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Isto significa que o conhecido produzido está a ser subaproveitado? Está menos subaproveitado do que o conhecimento anterior. O que acontece é que o conhecimento actual é muitíssimo maior. Portanto, vamos ter de aprender a usar isso tudo [na valorização económica]. Temos que trabalhar melhor a ligação Universidade/ empresas, a criação de micro empresas, a transferência de tecnologia... Há muito modelos: desde as universidades que apostam mais na criação de start-ups, gerando um ecossistema de pequenas empresas, até a universidades que apostam mais em grandes parcerias com a indústria. A U.Porto, pelo que me é dado ver, está a tentar um bocadinho de tudo – o que não me parece má estratégia, até porque há pouca experiência nes“SÓ AGORA SE ESTÃO A ta matéria em Portugal. DAR OS PRIMEIROS PASSOS, MAS AINDA PEQUENOS, NA VALORIZAÇÃO ECONÓMICA.”
Liberdade organizativa é valor acrescentado Considerando os objectivos estratégicos da U.Porto, acredita que o modelo fundacional é o mais adequado para a Universidade? Sim, de outra forma não tinha aceite o cargo. Acho que tem muitas vantagens: abre mais a Universidade à sociedade; é um sistema pensado, como disse há pouco, com muitos checks and balances; é um modelo novo, ainda por definir e sem regras rígidas. Este é talvez o mérito maior: temos a liberdade de escolher o papel de cada um dos órgãos de governo e a maneira como queremos interagir, devido à autonomia estatutária. Há uma certa liberdade de propor como as coisas hão-de funcionar e de procurar caminhos para levar a Universidade a bom porto. Isto é uma vantagem muito boa. Estando pessoas empenhas, honestas e inteligentes à volta da mesa, a liberdade organizativa é um factor de valor acrescentado muito grande. Dentro da liberdade que o modelo confere, que papel é que o Conselho de Curadores pretende desempenhar? Em primeiro lugar, vamos obviamente cumprir a lei. E aí o nosso papel é muito claro: homologar as principais decisões do Conselho Geral. Somos uma última verificação de que as coisas estão bem pensadas, o que nos obriga a estudar bastante bem os assuntos. Depois existe uma categoria de decisões onde temos mais um bocadinho de responsabilidades, como aprovar a componente patrimonial. E temos também o papel de nomear o Conselho de Gestão. Fora estas competências formais, nós temos discutido bastante se, existindo este órgão com cinco membros com proveniências diferentes e relevantes na sociedade, não é uma pena que a Universidade não use essas pessoas para o que for necessário. Nesse sentido, todos os membros do Conselho de Curadores se disponibilizaram para ajudar o Conselho Geral, o Conselho de Gestão e o reitor no que for do interesse da Universidade. Há uma certa expectativa de que possamos ajudar na ligação às empresas, não só na criação de conhecimento e de projectos conjuntos, mas também na angariação de fundos e patrocínios. Há também a expectativa de que, dentro da nossa rede de contactos, advoguemos as posições da Universidade, ajudando a prestigiá-la e a obter as melhores decisões para os seus interesses.
Os cursos que não têm hoje muitas saídas profissionais não devem, portanto, ser desvalorizados ou mesmo preteridos? Sim, sobretudo se forem cursos que dêem competências gerais às pessoas e capacidades que são úteis à sociedade.
“SE TIVERMOS MAIS DIPLOMADOS, A NOSSA CAPACIDADE GERAL DE GERAR RIQUEZA VAI AUMENTAR.”
Duarte Paulo Teixeira de Azevedo nasceu em 31 de Dezembro de 1965, no Porto. Concluiu o secundário em Inglaterra e licenciou em Engenharia Química na École Polytechnique Fédéral de Lausanne, na Suíça. Possui um MBA pela EGPUPBS e várias pós-graduações em programas de formação para executivos. O seu percurso profissional tem sido desenvolvido no Grupo Sonae, onde criou a Rádio Nova, foi CEO da Sonaecom e da Optimus e administrador da Modelo/Continente. Em Maio de 2007 seria eleito CEO da Sonae SGPS, sucedendo ao seu pai e fundador do grupo, Belmiro de Azevedo. É ainda membro de conselhos gerais e consultivos de várias organizações. Em Outubro de 2009 foi nomeado presidente do Conselho de Curadores da Fundação Universidade do Porto, para um mandato de cinco anos.
Sendo uma pessoa externa ao mundo académico, que ideia é que tem do ensino superior em Portugal? Tenho a ideia de que temos qualidade, mas somos menos organizados do que noutros países. Acho que essa desorganização diminuiu bastante nos últimos anos, mas ainda há uma certa distância entre a quantidade e qualidade do conhecimento e a qualidade de alguns cursos. A transmissão do conhecimento e até certos aspectos técnicos da profissão de professor não foram tão ainda trabalhados como em outros países. Mas estamos a fazê-lo. É uma discussão mais ou menos eterna nas universidades: o que é mais importante, o conhecimento ou a capacidade de ensinar? Nunca se chegará a uma conclusão. O importante é progredir nos dois campos. Parece-me que há um caminho a fazer para transformar bom conhecimento em bons cursos, mas isto é a opinião de uma pessoa que vê de fora o meio académico.
específico que foi adquirido. Se tivermos mais diplomados, a nossa capacidade geral de gerar riqueza vai aumentar. Agora, quando não há um match perfeito entre as áreas de conhecimento, os graus que estão a ser conferidos e a economia, verifica-se sempre algum desemprego qualificado. Ora isso é um problema quando as pessoas não têm flexibilidade para usarem as suas capacidades em domínios ligeiramente diferentes. Eu formei-me em Engenharia Química e a primeira coisa que fiz foi montar uma estação de rádio local. Apesar de tudo, não dei por perdidos os meus quatro anos e meio de aprendizagem química.
Portugal tem 15 universidades e 15 politécnicos públicos. Estes números justificam-se num país com a dimensão do nosso? Em geral, há uma dispersão excessiva. Tem de haver maior cooperação entre instituições, se não mesmo algumas fusões. Mas, apesar de tudo, não é um problema crítico para a qualidade. É sobretudo um problema para as universidades mais pequenas.
Do conhecimento que tem como empresário, considera que os jovens saem das universidades bem preparados? É muito heterogéneo. Há cursos em que não se conseguem, sequer, estagiários; e há cursos em que somos inundados de pedidos para aceitar estagiários e temos tido más experiências. São os dois extremos. Mas, em geral, a qualidade dos bons cursos em Portugal é muito boa. Mesmo as multinacionais apreciam os 10/20% de alunos de top que saem das universidades portuguesas. São muito considerados, valorizados e têm facilidade em seguir uma carreira internacional. Qual é que pensa ser a função primordial das universidades: democratizar o conhecimento ou formar elites? Formar elites... tem de ser! Se as universidades não formarem elites, ninguém mais o fará. E democratizar o conhecimento também. Têm as duas missões, sobretudo se ambicionarmos, como todos ambicionamos, ter uma muito maior percentagem de portugueses com formação superior. Tem de haver alguma massificação.
Economia não absorve diplomados Considera que a nossa economia tem capacidade para absorver a generalidade dos estudantes universitários, sendo certo que, em virtude do contrato de confiança assinado com o Governo, as universidades vão passar a formar, daqui a quatro anos, 100 mil diplomados? Neste momento, a economia portuguesa não tem essa capacidade para absorver licenciados. Apesar disso, acredito que uma mente melhor preparada é sempre um valor positivo para o país, ainda que não haja lugar à utilização do conhecimento
“TEM DE HAVER MAIOR COOPERAÇÃO ENTRE INSTITUIÇÕES, SE NÃO MESMO ALGUMAS FUSÕES.”
Perante os anunciados cortes nas verbas provenientes do Orçamento do Estado, que soluções podem as universidades encontrar para contornar este problema? Sei que a U.Porto tem tido a capacidade de, todos os anos, melhorar o seu autofinanciamento e apresenta alguma margem de progresso. Se for um corte da dimensão do que se tem falado [cerca de 12%], acho que as universidades vão ter dificuldades em lidar com a situação. Confrontada com os cortes no financiamento, a U.Porto tem de acelerar os programas de eficiência de que falámos há pouco, ter uma política salarial compatível com o dinheiro de que dispõe e tentar ser mais rápida no aumento de receitas próprias. Mas não há que esperar milagres desta terceira área, por causa da situação económica das empresas. Por aí, suponho, não haverá muito mais caminho do que o caminho que já estava previsto. Defende que o financiamento público varie consoante os resultados alcançados pelas universidades, de forma a premiar a qualidade e o mérito? Sim. Seria positivo para o ensino superior, pois é uma maneira de incentivar a boa performance e a produtividade do dinheiro que todos nós investimos. Sei que as métricas que foram definidas em muitos países produziram efeitos um bocadinho perversos, pelo que é preciso ter cuidado. Mas também, neste momento, há um efeito perverso baseado na ideia de que a quantidade gera mais resultados do que a qualidade. E as universidades teoricamente podem, enquanto isso não for claro para os alunos e para o mercado, retirar custos, oferecer piores cursos e receber o mesmo dinheiro – o que é um contra-senso. Portanto, o sistema agora não é perfeito e por isso é preciso evoluir. Mas há muitos riscos. É necessário preparar bem a decisão e anunciá-la com um calendário de implementação, para dar tempo às universidades para se adaptarem.
RICARDO MIGUEL GOMES
AO LEME DA SONAE
Da parte dos empresários há receptividade para trabalhar com a Universidade? Nessa história da ligação entre universidades e empresas, mesmo quando não existia, cada um punha as culpas no outro lado. As empresas diziam: “Claro que temos interesse, mas as universidades não estão para aí viradas. São teóricos puros, sem qualquer noção prática das coisas”. E as universidades diziam: “Temos um know-how precioso, mas os empresários são um bocadinho básicos e não estão interessados na nossa tecnologia”. Pelo menos já ultrapassámos essa fase do discurso... Há, sim, uma preocupação em saber como é que essa ligação se faz. As universidades ponderam hoje quanto devem ter em investigação mais aplicada e as empresas perceberam que, para se diferenciarem, têm de ter um grau de inovação muito maior e de procurar grande parte dessa inovação no conhecimento.
A passagem a fundação também implica alguns deveres acrescidos para a U.Porto, designadamente a capacidade para gerar receitas. A Universidade está preparada para responder às exigências do modelo fundacional? Dizer que já está preparada seria optimista demais. Mas acho que tem condições para se preparar. Foi a Universidade que escolheu o modelo e teve a capacidade de atrair as pessoas que quis para o processo, pelo que não há razão nenhuma para não conseguir fazer esse caminho. Mas é um caminho difícil. Não vivemos tempos fáceis. Mas a Universidade, não só é a maior em número de alunos e em volume de conhecimento, como está inserida numa região que tem empresas de muita qualidade.
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Dentro desta lógica de fortalecer a marca U.Porto, a instituição não ganharia em especializar-se em determinadas áreas do conhecimento? Este tema não tem sido muito discutido, pelo que a minha opinião é meramente pessoal. Há quem acredite que o movimento global vai ser de especialização das universidades. A minha sensibilidade, para já, não é essa. Julgo que a U.Porto tem claramente universidades e institutos de maior pujança internacional e com mais know-how. Isso é muito importante e devem ser usadas essas vantagens comparativas. Mas eu vejo isto [a Universidade] mais como uma equipa que tem uns craques. Não se pode dizer que os outros não interessam e que jogam só os craques, pois assim vamos perder. Até pela questão do valor que é ter conhecimento em áreas muito diversificadas. Pareceme que o caminho é, sim senhor, apostar em áreas que são craques, mas também trabalhar o resto da equipa para garantir que temos bons jogadores em todas as posições.
“AS EMPRESAS PERCEBERAM QUE, PARA SE DIFERENCIAREM, TÊM DE TER UM GRAU DE INOVAÇÃO MUITO MAIOR E DE PROCURAR GRANDE PARTE DESSA INOVAÇÃO NO CONHECIMENTO.”
CONFERENTE DE GRAU 2º E 3º CICLOS
Duração: 3 anos • Candidaturas: Aberto em permanência • Vagas: 50 • Horário: Informação não disponível • Créditos: 180 ECTS • Info: 220402030/32/31 / pos.graduacao@fc.up.pt / pd.ap.director@fc.up.pt • Propina: 2750,00€ / ano Nota: O n.º de vagas indicado em cada curso é o n.º total proposto. Nesta data há várias matrículas efectuadas pelo que o número de vagas disponível poderá não ser o indicado.
Faculdade de Engenharia (FEUP)
FORMAÇÃO CONFERENTE DE GRAU - 2º E 3º CICLOS, DA UNIVERSIDADE DO PORTO CANDIDATURAS ENTRE JANEIRO E ABRIL 2011
Atenção Os valores das propinas são referentes a 2010/2011 A presente lista não dispensa a consulta do site do Catálogo de Formação Contínua da U.Porto 2010, em http://formacaocontinua.up.pt, bem como as páginas das Unidades Orgânicas/ Escolas responsáveis pela organização desta oferta NOTA: (*) Cursos que aguardam aprovação por parte do órgão competente.
Faculdade de Ciências (FCUP)
Rua do Campo Alegre, • 4169 - 007 PORTO • Tlf: +351 22 040 20 00 • Fax: +351 22 040 20 09 • www.fc.up.pt
3º Ciclo / Doutoramento em Biodiversidade, Genética e Evolução Duração: 8 semestres • Candidaturas: Até 14 de Janeiro de 2011 (2.ª fase) • Vagas: 15 • Créditos: 240 ECTS • Info:
220402030/32/31 / pos.graduacao@ fc.up.pt / pd.ap.director@fc.up.pt • Propina: 2750,00€ / ano
3º Ciclo / Doutoramento em Arquitectura Paisagista Duração: 3 anos • Candidaturas: Aberto em permanência • Vagas: 5 • Créditos:
180 ECTS • Info: 220402030/32/31 / pos.graduacao@fc.up.pt / pd.ap.director@fc.up.pt • Propina: 2750,00€ / ano 3º Ciclo / Doutoramento em Biologia
Duração: 3 anos • Candidaturas: Aberto em permanência • Vagas: 50 • Créditos: 180 ECTS • Info: 220402030/32/31 / pos.graduacao@fc.up.pt / pd.ap.director@fc.up.pt • Propina: 2750,00€ / ano 3º Ciclo / Doutoramento em Ciência de Computadores
Duração: 3 anos • Candidaturas: 1 a 18 de Março de 2011 (2ª fase) • Vagas: 30 • Horário: não aplicável • Créditos: 180 ECTS • Info: 220402030/32/31 / pos. graduacao@fc.up.pt / pd.ap.director@ fc.up.pt • Propina: 2750,00€ / ano
3º Ciclo / Doutoramento em Ciências e Tecnologia do Ambiente
Duração: 3 anos • Candidaturas: Aberto em permanência • Vagas: 10 • Horário: não aplicável • Créditos: 180 ECTS • Info: 220402030/32/31 / pos.graduacao@fc.up.pt / pd.ap.director@fc.up.pt • Propina: 2750,00€ / ano
3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Geográfica
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Duração: 3 anos • Candidaturas: Aberto em permanência • Vagas: 10 • Horário: não aplicável • Créditos: 180 ECTS • Info: 220402030/32/31 / pos.graduacao@fc.up.pt / pd.ap.director@fc.up.pt • Propina: 2750,00€ / ano
Rua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto • Tlf: +351 22 508 14 00 • Fax: +351 22 508 14 40 • www.fe.up.pt
3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia Civil
Duração: 6 semestres • Candidaturas: 1 a 31 Janeiro de 2011 (7 ª. Fase); 01 a 28 de Fevereiro de 2011 (8ª fase); 1 a 31 de Março de 2011 (9ª fase) • Vagas: Vagas sobrantes da fase imediatamente anterior • Créditos: 180 ECTS • Info: 225081977 / sposgrad@fe.up.pt • Propina: 3000 € / ano
3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia do Ambiente
Duração: 6 semestres • Candidaturas: 1 a 31 Janeiro de 2011 (7 ª. Fase); 1 a 28 de Fevereiro de 2011 (8ª fase); 1 a 31 de Março de 2011 (9ª fase) • Vagas: Vagas sobrantes da fase imediatamente anterior • Créditos: 180 ECTS • Info: 225081977 / sposgrad@fe.up.pt • Propina: 3000 € / ano
3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia Mecânica
Duração: 6 semestres • Candidaturas: 1 a 31 Janeiro de 2011 (7 ª. Fase); 1 a 28 de Fevereiro de 2011 (8ª fase); 1 a 31 de Março de 2011 (9ª fase) • Vagas: Vagas sobrantes da fase imediatamente anterior • Créditos: 180 ECTS • Info: 225081977 / sposgrad@fe.up.pt • Propina: 3000 € / ano
3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia Metalúrgica e de Materiais
Duração: 6 semestres • Candidaturas: 1 a 31 Janeiro de 2011 (7 ª. Fase); 1 a 28 de Fevereiro de 2011 (8ª fase); 1 a 31 de Março de 2011 (9ª fase) • Vagas: Vagas sobrantes da fase imediatamente anterior • Créditos: 180 ECTS • Info: 225081977 / sposgrad@fe.up.pt • Propina: 3000 € / ano
Faculdade de Farmácia (FFUP)
R. Aníbal Cunha, 164 • 4050-047Porto • Tlf: +351 222 078 901 • Fax: +351 222 003 977 • www.ff.up.pt 3º Ciclo / Doutoramento em Ciências Farmacêuticas
Duração: 8 semestres • Candidaturas: 2 de Dezembro de 2010 a 25 de Fevereiro de 2011 (3.ª fase - Excepcionalmente para estudantes a aguardar decisão de
atribuição de Bolsas da FCT) • Vagas: 47
FORMAÇÃO
• Horário: Diurno • Créditos: 240 ECTS • Info: 222078901 / expediente@ff.up.pt •
Propina: 2750 € / ano
CONTÍNUA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Faculdade de Medicina (FMUP)
Rua Prof. Hernâni Monteiro, s/n • 4200319 Porto • Tlf: +351 225 513 604 • Fax: + 351 225 513 605 • www.med.up.pt Duração: 6 semestres • Candidaturas: De 1 a 8 de cada mês • Vagas: Não se aplica • Horário: Não aplicável • Créditos: 180 ECTS • Info: 225513604 / dafmup@ med.up.pt • Propina: 2750 € / ano
Largo Prof. Abel Salazar, 2 • 4099-003 Porto • Tlf: +351 222 062 200 • Fax: +351 222 062 232 • www.icbas.up.pt
3º Ciclo / Doutoramento em Ciência Animal
Duração: 8 semestres • Candidaturas: 3 de Janeiro a 17 de Janeiro de 2011 (2ª fase) • Vagas: 8 (mais as vagas sobrantes da 1ª época). • Horário: Pós-laboral • Créditos: 240 ECTS • Info: António Mira da Fonseca (Director do Curso) / amira@ mail.icav.up.pt; Secretariado de PósGraduação/Doutoramentos do Conselho Científico / 222 062 249 / appereira@ icbas.up.pt • Propina: 2750 € / ano
3º Ciclo / Doutoramento em Ciências Médicas
Duração: 8 semestres • Candidaturas: 1 de Fevereiro a 31 de Março de 2011 (2ª fase) • Vagas: 10 (mais as vagas sobrantes da 1ª época). • Horário: Pós-laboral • Créditos: 240 ECTS • Info: Artur Águas (Director do Curso) / aguas@icbas. up.pt; Secretariado de Pós-Graduação/ Doutoramentos do Conselho Científico / 222 062 249 / appereira@icbas.up.pt • Propina: 2750 € / ano
3º Ciclo / Doutoramento em Ciências Veterinárias
Duração: 8 semestres • Candidaturas (1.ª fase): 17 de Janeiro a 17 de Fevereiro de 2011 • Vagas: 8 vagas • Horário: Pós-laboral • Créditos: 240 ECTS • Info: Maria de Fátima Gärtner (Directora do Curso) / fatima.gartner@ipatimup. pt; Secretariado de Pós-Graduação/ Doutoramentos do Conselho Científico / 222 062 249 / appereira@icbas.up.pt • Propina: 2750 € / ano
Culinária Saudável para controlo de peso
Duração: 12 horas • Calendário: a partir de Abril de 2011 (a definir) • Horário: Sábados de manhã (6 sessões das 10h30-12h) • Propina: 144 € (desconto de 10% para a Comunidade U.Porto) • Info: Dr.ª Cecília Morais / 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt
Multimédia no ensino da química II
Duração: 25 horas • Calendário: 4 a 8 de Julho de 2011 • Horário: Laboral • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao. continua@fc.up.pt
3º Ciclo / Doutoramento em Medicina
Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS)
Duração: 25 horas • Calendário: 23 de Setembro a 21 de Outubro de 2011 • Horário: Sextas-feiras (17h30 às 20h30) • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao.continua@fc.up.pt
Perturbações do comportamento alimentar
Duração: 40,5 horas (presenciais) • Calendário: Março e Abril (a confirmar) • Horário: Sextas-feiras: 16h-19h; Sábados: 9h30-12h30 • Créditos: 4,5 créditos ECTS • Propina: 275 € (antigos estudantes e funcionários da U.Porto); 250 € (estudantes da U.Porto) • Info: Dr.ª Cecília Morais / 225 074 320 / ceciliamorais@ fcna.up.pt
Observação e instrumentação em astronomia
FORMAÇÃO NÃO CONFERENTE DE GRAU - PÓSGRADUADA E CONTÍNUA DA UNIVERSIDADE DO PORTO CANDIDATURAS ENTRE JANEIRO E ABRIL 2011
Atenção Os valores das propinas são referentes a 2010/2011 A presente lista não dispensa a consulta do site do Catálogo de Formação Contínua da U.Porto 2010, em http://formacaocontinua.up.pt, bem como as páginas das Unidades Orgânicas/ Escolas responsáveis pela organização desta oferta NOTA: (*) Cursos que aguardam aprovação por parte do órgão competente.
Faculdade de Ciências (FCUP) Rua do Campo Alegre, • 4169 - 007 PORTO • Tlf: +351 22 340 14 00 • Fax: +351 22 200 86 28 • www.fc.up.pt CURSOS DE FORMAÇÃO CONTÍNUA
Alterações climáticas: analisar o passado para prever o futuro
Duração: 25 horas • Calendário: 18 de Fevereiro a 18 de Março de 2011 • Horário: Sextas-feiras (18h45 às 20h45) e sábados (9h às 13h) • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao.continua@ fc.up.pt
Geogebra no ensino do cálculo (ensino à distância)
Duração: 25 horas • Calendário: 15 de Junho a 30 de Julho de 2011 • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao. continua@fc.up.pt Geologia na sociedade
Duração: 25 horas • Calendário: 6 a 21 de Maio de 2011 • Horário: Sextas-feiras: (19h às 21h) e sábados (9h às 18h30) • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao.continua@fc.up.pt Matemática e arte
Duração: 25 horas • Calendário: 3 a 29 de Janeiro de 2011 • Horário: Quartas e sextas-feiras (Pós-Laboral); sábados (9h30 às 12h30) • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao.continua@fc.up.pt Multimédia no ensino da química
Duração: 25 horas • Calendário: 4 a 8 de Julho de 2011 • Horário: Laboral • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao. continua@fc.up.pt Multimédia no ensino da química
Duração: 25 horas • Calendário: 5 a 9 de Setembro de 2011 • Horário: Laboral • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao.continua@fc.up.pt Multimédia no ensino da química (Nova Edição)
Duração: 25 horas • Calendário: 27 de Junho a 8 de Julho de 2011 • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao. continua@fc.up.pt
Workshop de culinária saudável para crianças e jovens “Cozinhar é fixe!”
Plataformas e experiências de e-learning em química
Duração: 6 horas • Calendário: 13 e 14 de Abril de 2011 (Férias da Páscoa) • Horário: 10h - 13h • Propina: 50 € (desconto de 10% para a Comunidade U.Porto) • Info: Dr.ª Cecília Morais / 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt
(Nota: destina-se a formandos com menos conhecimento da plataforma moodle, com uma maior componente presencial)
Duração: 25 horas • Calendário: 10 de Janeiro a 4 de Fevereiro de 2011 • Horário: 13 horas presenciais (Pós-Laboral) + 12h virtuais • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao.continua@fc.up.pt
Faculdade de Engenharia (FEUP) Rua Dr. Roberto Frias, • s/n 4200-465 Porto • Tlf: +351 22 508 14 00 • Fax: +351 22 508 14 40 • www.fe.up.pt
Quadros interactivos no ensino da química
Duração: 25 horas • Calendário: 18 a 22 de Julho de 2011 • Horário: Laboral • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao.continua@fc.up.pt
Especialização em Design e Desenvolvimento de Produto
Duração: 1620 horas • Calendário: 20 de Setembro de 2010 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 60 ECTS • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt • Propina: 986 €
Química e história dos metais de transição
Duração: 25 horas • Calendário: 5 a 8 de Julho de 2011 • Horário: Laboral • Créditos: 1 U.C. • Propina: 100 € • Info: Dra. Sandra Santos / 220 402 082 /formacao. continua@fc.up.pt
CURSOS DE FORMAÇÃO CONTÍNUA
Ciclo de Formação Contínua em Engenharia Acústica (Curso completo)
Duração: 471 horas • Calendário: 7 de Janeiro a 30 de Julho de 2011 • Créditos: 17 créditos ECTS • Propina: 2400 € • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação (FCNAUP) Rua Dr. Roberto Frias • 4200-465 Porto • Tlf: +351 225 074 320 • Fax: + 351 225 074 329 • www.fcna.up.pt
O Processo de Inovação
Duração: 586,66 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 28 de Fevereiro de 2012 • Créditos: 22 créditos ECTS • Propina: 788,80 € • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt
CURSOS DE FORMAÇÃO CONTÍNUA
Alimentação da criança na prática pedagógica do educador (b-learning)
UNIDADES CURRICULARES SINGULARES
Duração: 81 horas • Calendário: Início em Fevereiro de 2011 (até Março) • Horário: Pós-laboral / Sábados • Créditos: 3 créditos ECTS* • Propina: 297 € (desconto de 10% para a Comunidade U.Porto) • Info: Dr.ª Cecília Morais / 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt
Accionamento e Movimentação (Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20 € • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt
Culinária Saudável (23.ª edição)
Duração: 12 horas • Calendário: 5 de Fevereiro a 5 de Março de 2011 • Horário: Sábados: 10h30-12h (T) / 10h-13h (P) • Propina: 144 € (desconto de 10% para a Comunidade U.Porto) • Info: Dr.ª Cecília Morais / 225 074 320 / ceciliamorais@ fcna.up.pt
Aquisição e Processamento de Sinal (Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 33
FORMAÇÃO
3º Ciclo / Doutoramento em Química
Higiene Ocupacionais)
Duração: 160 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20 € • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt
Arquitecturas de Computação Industrial (Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores)
Robótica Industrial (Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20 € • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Comunicações Móveis (Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores)
Sistemas Baseados em Inteligência Computacional (Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20 € • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Comunicações Ópticas (Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores)
Sistemas de Qualidade e Fiabilidade (Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Decisão, Optimização e Inteligência Computacional (Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores)
Sistemas de Telecomunicações (Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Mercados e Qualidade (Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt
Sistemas Embarcados (Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Processamento e Codificação de Informação Multimédia (Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Sistemas Multimédia (Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Projecto de Circuitos VLSI (Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores)
Arquitectura de Sistemas de Software (Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20 € • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt
Duração: 162horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Projecto de Licenciamento (Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores)
Engenharia de Requisitos de Sistemas de Software (Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação)
Duração: 189 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 7 ECTS • Propina: 197,20 € • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt 34
Psicossociologia Comunicação e Formação (Mestrado em Engenharia de Segurança e
Linguagens de Anotação e Processamento de Documentos (Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Tecnologias de Bases de Dados (Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Tecnologias de Distribuição e Integração (Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Tecnologias para Negócio Electrónico (Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação)
às 15h) • Créditos: 1,1 UC - CCPFC • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto) + Seguro Escolar (1,80 €) • Info: Sector de formação contínua / 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt Escritores Africanos de Língua Portuguesa: Angola e Moçambique
Duração: 24 horas (presenciais) • Calendário: Março a Abril de 2011 • Horário: Pós-Laboral • Propina: 120 € (Comunidade U.Porto) + Seguro Escolar (1,80 €) • Info: Sector de formação contínua / 226 077 152 / gfec@letras.up.pt
Gostas de ler? Eu Também não! (A importância da leitura no Ensino) (1ª Edição)
Duração: 27 horas • Calendário: 8 a 29 de Janeiro de 2011 • Horário: Sábados (9h às 15h) • Créditos: 1,1 UC - CCPFC • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto) + Seguro Escolar (1,80 €) • Info: Sector de formação contínua / 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt
Literatura Infanto-Juvenil: biblioterapia e sexualidade na escola (3ª Edição)
Duração: 162 horas • Calendário: 14 de Fevereiro de 2011 a 31 de Julho de 2011 • Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20€ • Info: 225 081 977 / sposgrad@ fe.up.pt
Duração: 27 horas • Calendário: 5 a 26 de Março de 2011 • Horário: Sábados (9h às 15h) • Créditos: 1,1 UC - CCPFC • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto) + Seguro Escolar (1,80 €) • Info: Sector de formação contínua / 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt
Faculdade de Letras (FLUP)
Mulheres e criação: (in)visibilidades no fio do tempo
Via Panorâmica, s/n • 4150-564 Porto Tlf: +351 226 077 100 • Fax: + 351 226 091 610 • www.letras.up.pt Os livros, caminhos de paz. Como contrariar a violência na escola e no mundo
Duração: 27 horas • Calendário: 18 de Setembro a 9 de Outubro de 2010 (1ª edição); 5 a 26 de Fevereiro de 2011 (2ª edição) • Horário: Sábados, das 9h00 às 15h00 • Créditos: 1,1 UC (CCPFC) • Info: Sector de formação contínua / 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 130 € (Comunidade U.Porto) CURSOS DE FORMAÇÃO CONTÍNUA
Curso Intensivo de Alemão A1.2
Duração: 40,5 horas • Calendário: 22 de Fevereiro de 2011 a 18 de Março de 2011 • Créditos: 1,5 créditos ECTS • Propina: 240 € (Comunidade U.Porto) + Seguro Escolar (1,80 €) • Info: Sector de formação contínua / 226 077 152 / gfec@letras.up.pt Curso Intensivo de Espanhol (1ª Edição)
Duração: 81 horas • Calendário: Janeiro a Fevereiro de 2011 • Créditos: 3 créditos ECTS • Propina: 240 € (Comunidade U.Porto) + Seguro Escolar (1,80 €) • Info: Sector de formação contínua / 226 077 152 / gfec@letras.up.pt De pequenino nasce o leitor. Lugares do Livro e da Infância no mundo de hoje (2ª Edição)
Duração: 27 horas • Calendário: 2 a 23 de Abril de 2011 • Horário: Sábados (9h
Duração: 27 horas • Calendário: 5 de Janeiro a 2 de Março de 2011 • Horário: Quintas-feiras (19h30 às 21h30) • Créditos: 1,5 créditos ECTS • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto) + Seguro Escolar (1,80 €) • Info: Sector de formação contínua / 226 077 152 / gfec@letras.up.pt
Os livros, caminhos de paz. Como contrariar a violência na escola e no mundo (2ª Edição)
Duração: 27 horas • Calendário: 5 a 26 de Fevereiro de 2011 • Horário: Sábados (9h às15h) • Créditos: 1,1 UC - CCPFC • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto) + Seguro Escolar (1,80 €) • Info: Sector de formação contínua / 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt
O Cinema no Ensino da Filosofia (2ª Edição)
Duração: 67,5 horas (25 horas presenciais) • Calendário: 23 de Janeiro a 13 de Março de 2011 • Horário: Sábados (9h às15h) • Créditos: 1 UC – CCPFC; 2,5 créditos ECTS • Propina: 120 € (Comunidade U.Porto) + Seguro Escolar (1,80 €) • Info: Sector de formação contínua / 226 077 152 / gfec@letras.up.pt
Faculdade de Medicina (FMUP) Rua Prof. Hernâni Monteiro, s/n • 4200319 Porto • Tlf: +351 225 513 604 • Fax: + 351 225 513 605 • www.med.up.pt • servacad@med.up.pt
CURSOS DE FORMAÇÃO CONTÍNUA
Anestesiologia
Duração: 405 horas • Calendário: Janeiro de 2011 • Horário: Regime de funcionamento: e-learning • Créditos: 15 créditos ECTS • Propina: 250 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Medicina Preventiva em Cuidados de Saúde Primários: Apoio Integrado a idosos
Duração: 40,5 horas • Calendário: 15 de Janeiro, 19 de Fevereiro e 12 de Março de 2011 • Horário: 9h às 13h • Créditos: 1,5 créditos ECTS • Propina: 50 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / ipg@med.up.pt
Medicina de Viagem e Populações Móveis
Duração: 81 horas • Calendário: Janeiro e Fevereiro de 2011 • Horário: Sextasfeiras (16h às 20h) • Créditos: 3 créditos ECTS • Propina: 300 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / ipg@med.up.pt
Medicina Preventiva em Cuidados de Saúde Primários: Factores de Risco Cardiovascular
Duração: 40,5 horas • Calendário: 29 de Janeiro, 26 de Fevereiro e 26 de Março de 2011 • Horário: 09h-13h • Créditos: 1,5 créditos ECTS • Propina: 50 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / ipg@med.up.pt Saúde Global e Envelhecimento
Duração: 405 horas • Calendário: Janeiro e Fevereiro de 2011 • Horário: Sábados (9h às 13h) • Créditos: 15 créditos ECTS • Propina: 500 € • Info: Instituto de PósGraduação da FMUP / 225 513 676 / ipg@med.up.pt
Bioestatística Aplicada
Epigenética e Cancro
Métodos Estatísticos em Saúde II
Biologia da Célula Nervosa
Farmacoepidemiologia
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Métodos Qualitativos em Epidemiologia Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Farmacogenómica e Epidemiologia Molecular
Neurociência Computacional
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Duração: 27 horas • Créditos: 1 crédito ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Biologia do Sistema Glial
Duração: 27 horas • Créditos: 1 crédito ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Ciclo Celular e Apoptose
Duração: 67,5 horas • Calendário: 18, 19, 21, 24, 25 e 27 de Janeiro de 2011 • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Citogenética Molecular
Duração: 67,5 horas • Calendário: 28 de Fevereiro e 1,4,7,8 e 11 de Março de 2011 • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Demografia e Saúde
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Desenvolvimento do Sistema Nervoso
UNIDADE CURRICULARES SINGULARES
Duração: 40,5 horas • Créditos: 1,5 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Administração da Saúde
Educação para a Saúde
Duração: 67,5 horas • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 40,5 horas • Créditos: 1,5 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 67,5 horas • Calendário: 24 de Maio a 3 de Junho de 2011 • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Neurodegenerescência e Envelhecimento
Duração: 27 horas • Créditos: 1 crédito ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Fisiopatologia da Dor
Duração: 27 horas • Créditos: 1 crédito ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Neuroimagiologia
Duração: 27 horas • Créditos: 1 crédito ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Genética Humana e Doença
Duração: 67,5 horas • Calendário: 7, 8, 10, 14, 15 e 18 de Fevereiro de 2011 • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Neuroprotecção e Terapia Neurológica
Duração: 27 horas • Créditos: 1 crédito ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Introdução à Epidemiologia
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Neurotoxicologia
Duração: 27 horas • Créditos: 1 crédito ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Investigação em Doenças Cardiovasculares
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Nutrição e Saúde Pública
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Investigação em Doenças Oncológicas
Duração: 54 horas • Créditos: 2 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Epidemiologia Clínica
Mecanismos de Regeneração
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 27 horas • Créditos: 1 crédito ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 67,5 horas • Calendário: 7 a 20 de Maio de 2011 • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Epidemiologia das Doenças Infecciosas
Metodologia de Investigação em Saúde
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 54 horas • Créditos: 2 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 67,5 horas • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Calendário: 4 a 15 de Julho de 2011 • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Bioestatística I
Epidemiologia Genética
Métodos Avançados em Epidemiologia
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Plasticidade Neuronial
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Bioestatística II
Epidemiologia Molecular
Métodos Estatísticos em Saúde I
Qualidade Organizacional em Saúde
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Anatomia do sistema Nervoso Central e Periférico
Duração: horas • Créditos: 3 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Angiogénese e Inflamação no Cancro
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 54 horas • Créditos: 2 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Oncobiologia
Duração: 67,5 horas • Calendário: 21, 23, 25, 28, 30 de Março e 1 e Abril de 2011 • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Patologia Endocrina
Duração: 27 horas • Créditos: 1 crédito ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Duração: 54 horas • Créditos: 2 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt 35
Créditos: 6 créditos ECTS • Propina: 197,20 € • Info: 225 081 977 / sposgrad@fe.up.pt
MONTRA
Rua do Dr. Manuel Pereira da Silva, • 4200-392 Porto • Telf: +351 226 079 700 • Fax: +351 226 079 725 • www.fpce. up.pt
Saúde Ambiental e Ocupacional
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
CURSOS DE FORMAÇÃO CONTÍNUA
A avaliação de desempenho e gestão por objectivos Duração: 45 horas • Calendário: 1 a 10 de Fevereiro de 2011 • Créditos: 1,5 créditos ECTS; 0,6 U.C. (CCPFC)* • Propina: 100 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce. up.pt
Saúde Internacional
Duração: 54 horas • Créditos: 2 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Saúde Materno-Infantil
A avaliação psicológica no âmbito dos procedimentos concursais
Duração: 54 horas • Créditos: 2 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Duração: 54 horas • Créditos: 2 créditos ECTS* • Calendário: 14 de Fevereiro a 2 de Março de 2011 • Propina: 120 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Saúde Mental
Duração: 54 horas • Créditos: 2 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Aprendizagem criativa
Duração: 81 horas • Calendário: 2º trimestre de 2011 • Créditos: 3 créditos ECTS; 1,1 U.C. (CCPFC)* • Propina: 140 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Saúde Ocupacional I
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Avaliação do Funcionamento de Bibliotecas
Duração: 90 horas • Calendário: 5 de Janeiro a 2 de Fevereiro de 2011 • Créditos: 3 créditos ECTS; 1,2 U.C. (CCPFC)* • Propina: 140 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Saúde Ocupacional II
Duração: 54 horas • Créditos: 2 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt Saúde Pública Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Coaching, Empowerment e Liderança de Equipas de Trabalho
Duração: 90 horas • Calendário: 7 de Janeiro a 19 de Fevereiro de 2011 • Créditos: 3 créditos ECTS • Propina: 150 € Contacto: Serviço para a Educação Contínua; E-mail: sec@fpce.up.pt; Tel.: 226 061 890
Sistema Límbico, Aprendizagem e Memória
Duração: 40,5 horas • Créditos: 1,5 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Como preparar e conduzir entrevista de avaliação de competências
Duração: 45 horas • Calendário: 3 a 13 de Janeiro de 2011 • Créditos: 1,5 créditos ECTS • Propina: 100 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Sistemas de Informação Geográfica em Saúde
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Dificuldade de aprendizagem e leitura e da escrita
Técnicas de Biologia Molecular
Duração: 27 horas • Calendário: 1º trimestre de 2011 • Créditos: 1 crédito ECTS; 0,6 U.C. (CCPFC)* • Propina: 90€ • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Calendário: 10 a 15 de Janeiro de 2011 • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Educação Sexual em contexto Escolar
Técnicas de Medição em Saúde
Duração: 90 horas • Calendário: 2º trimestre de 2011 • Créditos: 3 créditos ECTS; 1,2 U.C. (CCPFC) • Propina: 160 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt 36
Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
Gestão de Inteligência Emocional
Duração: 75 horas • Calendário: 17 de Março a 01 de Abril de 2011 • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Propina: 140 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Tratamento documental: a organização da biblioteca escolar
Duração: 75 horas • Calendário: 2º trimestre de 2011 • Créditos: 2,5* créditos ECTS; 1 U.C. (CCPFC)* • Propina: 140 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
AÇOS PARA FERRAMENTAS CARACTERÍSTICAS, TRATAMENTOS, APLICAÇÕES
TREZE VIAGENS PELO MUNDO
PINTO SOARES
U.PORTO EDITORIAL
ORGANIZADO POR CARLOS CORREIA E SÁ E JORGE ROCHA
PUBLINDÚSTRIA
Gestão de Inteligência Emocional
Duração: 75 horas • Calendário: 4 a 27 de Abril de 2011 • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Propina: 140 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt Gestão e Concepção da Formação I
Duração: 90 horas • Calendário: 24 de Fevereiro a 31 de Março de 2011 • Créditos: 3 créditos ECTS • Propina: 150 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt Iniciação ao programa Brincando com a Matemática - desenvolvimento de competências de Matemática em Jardim de Infância
Duração: 126 horas • Calendário: 5 de Janeiro a 30 de Março de 2011 • Créditos: 4 créditos ECTS; 1,7 U.C. (CCPFC)* • Propina: 230 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Inserção Social: Estratégias e Programas
Duração: 54 horas • Calendário: 1º trimestre de 2011 • Créditos: 2 créditos ECTS • Propina: 100€ • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Levantamento e Diagnóstico de Necessidades Formativas
Duração: 72 horas • Calendário: 4 a 27 de Abril de 2011 • Créditos: 2,5 créditos ECTS* • Propina: 140 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Luto - Intervenção Psicológica em Diferentes Contextos
Duração: 108 horas • Calendário: 1º trimestre de 2011 • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 180€ • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
(Per)cursos de Educação e Formação de Adultos
Duração: 90 horas • Calendário: 2º trimestre de 2011 • Créditos: 3 créditos ECTS • Propina: 230 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Leitura, Aprendizagem e Integração das Bibliotecas nas Actividades Educativas
Duração: 810 horas • Calendário: 11 Fevereiro de 2011 a 27 de Janeiro de 2012 • Créditos: 30 créditos ECTS; 10,8 U.C. (CCPFC)* • Propina: 1200 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
Escola de Gestão do Porto — University of Porto Business School (EGP—UPBS) Rua de Salazares, 842 (sede) • 4149-002 Porto • Tlf: +351 22 615 32 70 • Fax: +351 22 610 08 61 • e-mail: geral@egpupbs.up.pt • www.egp-upbs.up.pt ESPECIALIZAÇÃO
Marketing Management Duração: 3 trimestres (270 horas de contacto) • Calendário: Setembro de 2010 a Junho de 2011 • Créditos: 30 créditos ECTS* • Info: Vanessa Luz / 226 153 270 / pgmm@egp-upbs.up.pt • Propina: 5100 € Análise Financeira
Duração: 810 horas • Créditos: 30 créditos ECTS; • Calendário: Março de 2011 a Dezembro de 2011 • Propina: 6120 € • Info: Sónia Santos / Tel: 225 571 289 / pgaf@egp-upbs.up.pt; Controlo de Gestão e Avaliação de Desempenho
Duração: 810 horas • Calendário: Janeiro de 2011 a Dezembro de 2011 • Créditos: 30 créditos ECTS • Propina: 5100 € • Info: Antónia Couto / Tel: 226 153 271 / pgcgad@egp-upbs.up.pt
Direcção de Empresas: Indústria da Construção
Duração: 810 horas • Créditos: 30 créditos ECTS; • Calendário: Janeiro de 2011 a Dezembro de 2011 • Propina: 5100 € • Info: Carlos Pinto / Tel: 225 571 289/ pgdeic@egp-upbs.up.pt
Gestão de Organizações sem Fins Lucrativos
Recrutamento e Selecção de Pessoal
Gestão de Vendas
Duração: 54 horas • Calendário: 7 a 23 de Março de 2011 • Créditos: 2 créditos ECTS • Propina: 100 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
HERNÂNI VELOSO NETO (COORD.) ANTÓNIO FIRMINO DA COSTA (COORD.) JOÃO TEIXEIRA LOPES (COORD.) U.PORTO EDITORIAL
ESPECIALIZAÇÃO
Psicologia Criminal
Duração: 75 horas • Calendário: 2º trimestre de 2011 • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Propina: 140 € • Info: Serviço para a Educação Contínua / Tel: 226 061 890 / sec@fpce.up.pt
FACTORES, REPRESENTAÇÕES E PRÁTICAS INSTITUCIONAIS DE PROMOÇÃO DO SUCESSO ESCOLAR NO ENSINO SUPERIOR
Duração: 810 horas • Calendário: Janeiro de 2011 a Dezembro de 2011 • Créditos: 30 créditos ECTS • Propina: 5100 € • Info: Antónia Couto / Tel: 226 153 271 / pgcgad@egp-upbs.up.pt Duração: 810 horas • Calendário: Janeiro de 2011 a Dezembro de 2011 • Créditos: 30 créditos ECTS • Propina: 6120 € • Info: Antónia Couto / Tel: 226 153 271 / pgcgad@egp-upbs.up.pt
Após o grande sucesso do livro “Aços – Características, Tratamentos”, que já vendeu mais de 15 mil exemplares e cuja 6.ª edição foi lançada em Janeiro deste ano, Pinto Soares voltou a ser desafiado para um novo trabalho. Este projecto nasceu pouco tempo antes do fim da carreira de docente de Joaquim Pinto Soares. E se o primeiro livro é orientado essencialmente para estudantes e técnicos com necessidade de adquirir conhecimentos sobre o comportamento dos aços e seus tratamentos, a nova obra está orientada mais para a indústria metalomecânica nos seus variados campos de aplicação. Tudo isto porque versa os aços para ferramentas utilizados nesses diversos campos, as suas características e os seus tratamentos, nomeadamente os tratamentos térmicos e suas aplicações. Com o advento das novas tecnologias de produção, o autor procurou actualizar conhecimentos tentando sempre ilustrar as novas qualidades de aços e todas as técnicas para o seu tratamento. Pretendeu elaborar um texto que pudesse ser útil às indústrias que vêm acompanhando os avanços tecnológicos, mas não esquecendo aquelas outras mais conservadoras ou em que as exigências não são tão elevadas por razões de ordem diversa. Com cerca de 400 páginas, o livro contém mais de 120 figuras com diagramas, esquemas e algumas microfotografias, muitos quadros e folhas técnicas (com muita informação e muitos diagramas) relativas a mais de 50 qualidades de aço comercializadas no mercado nacional.
Mais de uma dezena de matemáticos profissionais reuniram-se para compilar uma série de novas metodologias para “atacar” o problema do ensino da Matemática nas escolas. A obra destina-se, essencialmente, aos professores de matemática do ensino secundário que procuram novas abordagens e novas formas de ensinar a matemática aos alunos mais novos. Estas “Treze Viagens Pelo Mundo da Matemática” podem ser lidas de diversas formas. O leitor pode somente pretender aprender mais, sem nenhum objectivo imediato, apenas o saber pelo saber, desinteressado. No entanto, o leitor pode também ser o estudante ou professor que procura neste livro esclarecimentos úteis, ideias e sugestões de actividades que, provavelmente, beneficiarão o ensino e o estudo. Nuno Crato (prefácio), António Guedes de Oliveira, António Machiavelo, Christian Lomp, Jorge Miguel Milhazes de Freitas, José Carlos Santos, Lucinda Lima, Luís Oliveira, Maria Leonor Moreira, Maria Pires de Carvalho, Samuel António Lopes, todos professores da FCUP, Ana Cristina Moreira de Freitas (FEP), António Bivar (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), António Marques Fernandes (Instituto Superior Técnico), João Filipe Queiró (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra) e Sandra Mónica Pires (Escola Secundária de Arouca) são os autores dos textos publicados neste livro.
A obra expõe os resultados subjacentes ao nível de análise institucional-organizacional do projecto de investigação “Os Estudantes e os seus Trajectos no Ensino Superior: sucesso e insucesso, factores e processos, promoção de boas práticas”, coordenado por Hernâni Veloso, António Firmino da Costa e João Teixeira Lopes. Analisam-se as instituições do ensino superior, a sua missão, os seus objectivos e funcionamento, mas também o ponto de vista dos diversos actores (responsáveis dos órgãos de gestão; estudantes; docentes e responsáveis das estruturas de apoio). Constata-se, então, que o (in)sucesso é moldado num complexo puzzle onde se articulam uma pluralidade de variáveis, ao invés de uma certa visão de redução da complexidade patente nos indicadores estatísticos. Este livro apresenta, assim, uma inventariação de boas práticas de combate ao insucesso escolar no ensino superior dentro do paradigma de Bolonha, fornecendo pistas quanto ao que se pode fazer neste domínio.
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Duração: 108 horas • Créditos: 4 créditos ECTS • Propina: 550 € • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt
PEDRO ROCHA
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCEUP)
Revisão Sistemática e Meta-Análise
DESPORTO
JOÃO MAIA
PEDRO ROCHA
João Maia está já no 4.º ano do curso de Medicina do ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, mas nem por isso pensa em deixar a Ginástica Acrobática. Esta sua persistência, determinação e vontade de vencer foram recompensadas, em 2009, com três medalhas no Campeonato da Europa. Tornou-se, assim, um dos ginastas portugueses mais consagrados de sempre. Tudo isto com um percurso irrepreensível na faculdade e apenas 22 anos de idade.
Um atleta, duas paixões F
oi já com 15 anos que João Maia experimentou, pela primeira vez, a Ginástica. Aos poucos e depois de muitas horas de treino, aprendeu a gostar. “Começou como uma brincadeira, mas com o passar do tempo fui gostando”. E assim se descobriu um campeão, não só no desporto mas também na vida. João Maia é um exemplo eloquente de como é possível aliar o desporto de alta competição ao estudo rigoroso, aturado e bem sucedido. João Maia tem 22 anos, é estudante do 4.0 ano de Medicina do ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e conquistou, no ano passado, três medalhas (duas de prata e uma de bronze) no Campeonato da Europa de Ginástica Acrobática, realizado em Vila do Conde. Este foi o melhor momento desportivo vivido pelo futuro médico, como o próprio relata efusivamente: “O público estava a torcer para as medalhas e foi óptimo conseguir corresponder e subir ao pódio com todo o pavilhão a gritar PORTUGAL!”. O sonho das medalhas ganhou contornos de realidade há cerca de cinco anos, quando João Maia começou a treinar com Tiago Figueiredo, o seu par na Ginástica Acrobática. Com ele formou
a dupla medalhada no Europeu de 2009. “Ambos evoluímos muito depressa e funcionávamos bem em grupo”. A partir daí, “percebemos que as coisas iam ficar mais sérias”, afirma João Maia. Até hoje, as “coisas sérias” já renderam ao atleta alguns campeonatos nacionais em seniores e juniores, duas Taças FPTDA (Federação Portuguesa de Trampolins e Desportos Acrobáticos), um 4.0 lugar no Campeonato da Europa 2007, uma vitória em duas taças do Mundo (2006 e 2009) e um 2.0 lugar na World Cup Final, para além das já referidas três medalhas (ver caixa).
Trabalho recompensado Com tantas medalhas, rapidamente o prazer tornou uma paixão e, hoje em dia, João já não passa sem a Ginástica. Tal não significa, contudo, que as obrigações académicas sejam subalternizadas. “Tanto a medicina como a ginástica são duas coisas que adoro”, ressalva. É, pois, natural que ambas lhe consumam todo o tempo. “Os treinos são todos os dias, excepto domingos, das 17 às 21 horas”. Com este esforço, o ginásio passou a ser uma escola de vida e a sua segunda casa. “Considero-me melhor pessoa graças à Ginástica. Dentro do ginásio tenho grande parte dos meus amigos e por isso, embora de uma forma diferente, acabo por conviver com eles na mesma”. Para o jovem estudante, o tempo é mesmo o maior problema. “Houve épocas em que tive 13 competições internacionais em 12 meses,
com exames, testes e avaliações práticas pelo meio”, salienta João Maia. Com tanto trabalho, a família chegou a temer pelos estudos. Porém, com muito sacrifício, João Maia seguiu em frente e conseguiu sempre, com maior ou menor dificuldade, ultrapassar os saltos da Ginástica e, ao mesmo tempo, as difíceis “cadeiras” do ICBAS. Para o ginasta português, nada se faz sem trabalho e os resultados têm funcionado como estímulo à prática da Ginástica. Afinal, João Maia está a escrever capítulos marcantes na história da Ginástica Acrobática portuguesa. O atleta espera “servir de exemplo para praticantes mais novos”, até porque “ao contrário de outras modalidades, mais rentáveis dum ponto de vista publicitário e televisivo, a Ginástica vive do sacrifício pessoal do ginasta e do treinador que o acompanha. E nem por isso deixa de ter resultados equivalentes ou, por vezes, francamente melhores do que outros desportos”. O ginasta defende que Portugal devia apoiar mais as modalidades ditas amadoras, “que vivem à custa do sacrifício e da dedicação dos praticantes e técnicos”. Contudo, João Maia continua a ter “óptimas sensações” quando representa Portugal. “É fantástico conviver com pessoas de outros países e falarlhes do nosso país”, confessa.
Percurso de João Maia Campeão nacional de várias especialidades, desde 2004 (par misto, quadra e masculino) e em diferentes idades (juniores e seniores) 2 Taças FPTDA (2008 e 2009) 5.º lugar no Campeonato da Europa de Juniores 2005 4.º lugar no Campeonato da Europa Seniores 2007 2.º lugar em Equilíbrio e Dinâmico no Campeonato da Europa 2009 Sénior 7.º e 5.º lugares nos Campeonatos do Mundo 2006 e 2008, respectivamente 5.º lugar no World Games 2009 2 Taças do Mundo 2006 e 2009 Presença em 6 Taças do Mundo 2.º lugar na World Cup Final Estágio com o seleccionador inglês Matey Todorov, com a equipa belga nos EUA e com a treinadora russa Irina Nikitina.
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Fotos gentilmente cedidas por João Maia
VIDAS&VOLTAS
A digressão do TUP a Moçambique, em 1962, marcou a história do grupo e ficou na memória dos participantes. O périplo por todas as cidades moçambicanas, inicialmente de um mês, transformou-se numa epopeia de quase três meses, com peripécias várias.
TUP NA “APOTEÓTICA VIAGEM” ALÉM-MAR
Carolina”, usado pelos vizinhos mais próximos da aldeia onde nasceu, no concelho de Vila Verde. Percebeu depois que muitos dos habitantes daquele colonato eram seus conterrâneos e vários outros colonatos moçambicanos eram habitados por naturais de aldeias dos quatro cantos de Portugal continental.
Comboio com pneus No menu teatral oferecia-se ora “Os Lobos” (Correia de Oliveira e Francisco Lage) ora o tríplice espectáculo “Cavalgada para o Mar” (J.M. Synge), “Auto de Mofina Mendes” (Gil Vicente) e “Variações sobre o Mesmo Tema”, sendo este texto da autoria do próprio encenador do TUP, Correia Alves. O trabalho da equipa foi elogiado na imprensa, com especial ênfase para o encenador e para a actriz Carolina Negreiros. A digressão marcou os participantes pelo que representou em termos de enriquecimento cultural para as populações que viviam em Moçambique, pelos elogios e o acolhimento que recebeu e ainda pelo que significou de esforço dos participantes, pela experiência de vida e ainda porque, naquelas semanas, começaram vários namoros que culminaram em relações conjugais de vida inteira, recorda Fernando Gaspar, também participan-
JOÃO CORREIA
A
te na digressão. De tal forma que os participantes continuam a encontrar-se em convívios regulares e, quando alguém por brincadeira diz a fala de um dos personagens daquelas peças, há sempre outro do grupo que responde com a fala seguinte. Um dos episódios que ainda hoje diverte os convivas foi o do furo do comboio. Ia a comitiva num comboio de Nakala para Nampula, já avançada a noite, quando acontece uma paragem repentina. Alguém exclama que “o comboio teve um furo”, soltando-se uma sequência de gargalhadas. Houve, no entanto, quem falasse a sério, mas o resultado foi um soltar de gargalhadas ainda mais sonoras. A insólita verdade é que o comboio teve mesmo um furo, porque circulava com pneus sobre os carris para se tornar mais cómodo e menos ruidoso. Apesar da ida ter sido realizada no paquete Infante D. Henrique, demorando mais de duas semanas, com tempo e meios para as representações das peças, o regresso teve que aguardar pela disponibilidade de avião e, mesmo assim, teve as suas peripécias. O avião era militar, com o correspondente incómodo da viagem, e fez escala na Guiné, já em guerra, para embarque de um grupo ultra-secreto com quem os estudantes não podiam contactar.
imprensa da época, à chegada, classificava a digressão de 1962 do Teatro Universitário do Porto (TUP) a Moçambique como uma “apoteótica viagem ao Portugal de Além-Mar”. Feitos os devidos descontos do tom encomiástico, mas comum no jornalismo de então, a digressão moçambicana foi mesmo marcante na vida do grupo e dos respectivos participantes, tendo contribuído para um “mais vivo intercâmbio artístico entre a Província de Moçambique e a Metrópole”, assinalava a mesma notícia da época. Desde logo, a digressão patrocinada pela Reitoria, pelos Ministérios da Educação Nacional, do Ultramar e das Finanças e pelo secretário de Estado da Aeronáutica – o que permitiu o regresso num avião militar – percorreu todas as cidades de Moçambique e durou quase três meses, muito para além do mês previsto inicialmente. Decorreu entre Agosto e Outubro de 1962, cerca de dois anos antes de estalar a Guerra Colonial em Moçambique. A maior parte dos jovens que compunham a comitiva, cerca de 30 membros do TUP, nunca tinha viajado de avião e ia “ver mundo”, recorda Carolina Negreiros (na foto), na altura já licenciada em Economia e uma das actrizes. Naquela ponta do Hemisfério Sul depararam-se com uma realidade muito diferente, mas, em várias situações, comovente e surpreendentemente próxima. Carolina lembra a enorme surpresa que sentiu ao ouvir, ali onde nunca o imaginaria, um carinhoso “menina
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Carolina Negreiros em “Variações sobre o mesmo Tema” Moçambique, 1962
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“A Genómica e o Futuro da Genética da Conservação” é o título (traduzido do inglês) do artigo publicado na “Nature”, cujo co-autor é, desde 2005, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) e, simultaneamente, docente e investigador da Universidade de Montana, nos EUA. Trata-se do norte-americano Gordon Luikart (na foto), que assinou o artigo em parceria com Fred Allendorf (Universidade de Montana) e Paul Hohenlohe (Universidade do Oregon). Refira-se que o artigo foi publicado na edição de 17 de Setembro (on-line) da “Nature Reviews Genetics”, um dos periódicos do grupo Nature. O artigo faz um ponto de situação sobre os avanços na Genética da Conservação das Espécies, nomeadamente comparando o anterior método de sequenciação do genoma, por partes, com o actual, que permite a sequenciação do genoma inteiro de uma determinada espécie e a um custo bastante mais reduzido. Em 2003, Luikart tinha sido autor de um outro artigo, no mesmo periódico, sobre as potencialidades da Genómica Populacional.
O histórico professor da FCUP e um dos mais prestigiados investigadores portugueses na área da Química, Manuel Ribeiro da Silva deu a sua lição de jubilação no dia 30 de Setembro, no Salão Nobre da Reitoria. Durante os quase 50 anos de ligação à U.Porto, Manuel Ribeiro da Silva cotou-se como um nome incontornável da investigação e do ensino da Química em Portugal. Tendo a Termoquímica como principal área de interesse, foi responsável por uma dezena de projectos de investigação financiados por agências nacionais e internacionais, autor de mais de 280 artigos científicos publicados em revistas de todo o mundo e fundador e coordenador científico do Centro de Investigação em Química da U.Porto. A qualidade da obra de Manuel Ribeiro da Silva foi reconhecida internacionalmente, quer pela eleição do docente/investigador para cargos de responsabilidade nos mais prestigiados organismos na área da Química, quer pela atribuição de importantes prémios científicos. Licenciado em Engenharia Químico-Industrial pela FEUP (1964) e doutorado em Química pela Universidade de Surrey, Inglaterra (1974), Ribeiro da Silva iniciou a sua carreira docente na FCUP em 1965, tendo atingindo o grau de Professor Catedrático em 1979.
Pela primeira vez, uma equipa de cientistas nacionais a trabalhar em Portugal sequenciou por completo o genoma de um animal. Investigadores da U.Porto (IBMC e INESC/Porto) apresentaram publicamente a sequência do genoma da Drosophila americana, uma das espécies de mosca da fruta que regista maiores variações nos padrões de longevidade. Esta circunstância transforma-a num excelente modelo de estudo científico, numa época em que o mundo ocidental sofre um inexorável envelhecimento populacional. Os investigadores explicam que “não se trata de adicionar mais um genoma de Drosophila à lista”. Para Jorge Vieira (na foto), investigador do IBMC e coordenador do projecto, “a espécie Drosophila americana deverá ser tida como um modelo único em algumas áreas do conhecimento”. Aliás, as duas estirpes agora sequenciadas “apresentam longevidades muito diferentes”. A equipa está já a trabalhar com estas estirpes na pesquisa de marcadores genéticos que distinguem as que têm vida muito longa daquelas cuja esperança de vida é muito curta. Outras características relevantes podem ser estudadas nesta mosca da fruta, como o tempo de desenvolvimento, a resistência ao frio e o tamanho. Este genoma constituirá igualmente uma ferramenta indispensável para quem desenvolve estudos de evolução ou para quem faz Genómica Comparativa.
PORTUGUESES IDENTIFICAM MARCADOR DO CANCRO GÁSTRICO
CIENTISTAS DA FMUP RECEBEM PRÉMIO LILLY
A doutoranda da FCUP Ana Ferreira recebeu o primeiro prémio do Fraunhofer Portugal Challenge, na categoria doutoramento. Refirase que o concurso de ideias lançado este ano pelo Fraunhofer AICOS é dirigido a estudantes e investigadores de universidades portuguesas, que desenvolvam a respectiva actividade nas áreas das TIC, Multimédia e Interacção Homem-Computador. Pedia-se aos concorrentes que apresentassem uma ideia, baseada numa tese de mestrado ou doutoramento recente, que obedecesse ao espírito e filosofia do Fraunhofer AICOS: “investigação de utilidade prática”. Ao primeiro classificado na categoria de doutoramento era prometido um prémio pecuniário de 3.000 euros. Ana Ferreira (na foto com Dirk Elias, do Fraunhofer Portugal, a funcionar em instalações da U.Porto, no Campo Alegre) propõe um novo modelo de acesso à informação por parte dos profissionais de saúde, que garante maior flexibilidade e segurança. Em situações de emergência, este sistema permite aos profissionais de saúde aceder a informação que normalmente lhes está vedada, poupando tempo que pode ser precioso.
Uma equipa de investigadores da U.Porto (IPATIMUP e INEB) acaba de identificar um novo marcador da superfície das células tumorais gástricas. Ora a distinção clara dos diferentes tipos de células dentro do tecido tumoral através de marcadores é, hoje, essencial para o tratamento eficaz do cancro. Publicada na revista “Laboratory Investigation” (grupo Nature), a descoberta tem por base uma proteína variante de uma proteína normal que se encontra na superfície de todas as células: a CD44. Esta é, desde há muito, um potencial alvo para aplicação de terapias, pois funciona como receptor de superfície e como ponto de ancoragem para substâncias que, concebidas para o efeito, se ligam de forma específica e eficaz às células. Contudo, de nada servirá se todas as células tiverem esse marcador de superfície rigorosamente igual. De facto, “uma boa estratégia de diagnóstico ou de terapia é aquela que permite distinguir, com grande acuidade, uma célula que queremos atingir da outra que não queremos afectar”, explica Pedro Granja (na foto), investigador do INEB e coordenador do projecto. Este puzzle é resolvido, em parte, com o trabalho agora divulgado por Cristiana Branco da Cunha, primeira autora da publicação.
“Lipodistrophy Defined by Fat Mass Ratio in HIV Infected Patients is Associated With Prevalence of Glucose Homeostasis Abnormalities and Insulin Resistance” é o título do trabalho científico que valeu a uma equipa da FMUP o Lilly Annual Research Award. O prémio foi atribuído na 10.ª Conferência Regional de Medicina, promovida pela farmacêutica Eli Lilly, em Outubro, em Varsóvia. A investigação distinguida é fruto do desenvolvimento da tese de doutoramento de Paula Freitas (na foto), docente da FMUP, intitulada “Estudo do síndrome da lipodistrofia e das repercussões endócrino-metabólicas e cardiovasculares na infecção por vírus da imunodeficiência humana”. O estudo avaliou 345 adultos infectados com VIH a fazer terapia anti-retrovírica. Concluiu-se que, nestes doentes, a presença da lipodistrofia, definida objectivamente pelo “fat mass ratio” (razão massa gorda do tronco/ massa gorda dos membros), se associa a uma maior prevalência de insulino-resistência e a alterações no metabolismo da glicose. A terapia anti-retrovírica tenta eliminar o VIH do organismo, de forma a retardar a progressão da imunodeficiência e a aumentar o tempo e a qualidade de vida do infectado.
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INVESTIGADOR DO JUBILAÇÃO DE CIBIO PUBLICA MANUEL RIBEIRO NA “NATURE” DA SILVA
IBMC E INESC SEQUENCIAM GENOMA DE ANIMAL
PRÉMIO FRAUNHOFER PARA DOUTORANDA DA FCUP
ALMA MATER
NEGÓCIOS EM ZONA VERDE
“O amor cede diante dos negócios. Se queres sair / do amor, entra nos negócios: estarás seguro”. A observação é de Ovídio (43 a. C. – 17 ou 18 d. C.), mas o poeta latino ficou conhecido pelo seu estilo jocoso. Não é caso, pois, para tomar à letra as palavras do vate, até porque a crise económica e financeira nacional aconselha, isso sim, a abraçar com desvelo a actividade empresarial, de forma a gerar riqueza, emprego e bens/serviços transaccionáveis no exterior. Não se vislumbra, hoje, maior urgência de amor... Ora a EGP – Escola de Gestão do Porto pode orgulhar-se de, ao longo de dez anos, ter formado um escol de gestores/empreendedores que, seguramente, contribuiu para o bom desempenho de muitas empresas portuguesas. Constituída em 19 de Junho de 2000, embora as suas raízes remontem a 1988, ao ISEE (Instituto Superior de Estudos Empresariais), a “business school” da U.Porto é reputada pelos seus MBA e ainda por um conjunto de pós-graduações, programas de executivos de curta/média duração, seminários de alta direcção, acções de “in-company training” e serviços às empresas (selecção e recrutamento de colaboradores qualificados, bem como actividades de investigação aplicada e aconselhamento). Aliás, o MBA Executivo da EGP-UPBS é o maior programa do género em Portugal e o único acreditado internacionalmente pela AMBAAssociation of MBA’s nas regiões Norte e Centro do país. Ao longo dos seus 10 anos de existência tem formado, anualmente, cerca de 70 estudantes com os mais diversos “backgrounds” académicos e profissionais. Em 5 de Junho de 2008, dá-se a constituição formal da EGP – University of Porto Business School, que agrega as competências técnicas, o capital humano e a experiência pedagógica/científica da antiga EGP-UP e do ISFEP (Instituto de Investigação e Serviços da Faculdade de Economia da Universidade do Porto). Para lá de todas as valências, a EGP-UPBS está inserida num aprazível e verdejante pólo em Ramalde. O edifício, atarracado e discreto, parece flanar na relva e ludibriar as árvores, nunca impondo a sua presença de forma intrusiva, impertinente, ostensiva. No interior avulta um mobiliário simples e escorreito, vincando-se assim, porventura, a natureza funcional da acção formativa da EGP-UPBS e o pragmatismo das matérias leccionadas. A luz, essa, entra discretamente, anunciando o crepúsculo.
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RMG
VINTAGE
Fundo: Arménio Losa (edifício na Rua de Sá da Bandeira, Porto)
MESTRES da ESCOLA do
PORTO EM ARQUIVO
Entre os muros e estiradores da Faculdade de Arquitectura da U.Porto guarda-se o legado de alguns dos mais importantes arquitectos portugueses do século XX, muitos deles mestres da chamada Escola do Porto. De Arménio Losa a Fernando Távora, de Eduardo Souto Moura a Alcino Soutinho, de Viana de Lima a Siza Vieira, encontre-os num espaço que é muito mais do que um museu…
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Fundo: Ventura Terra (Academias)
acervo imprescindível para o estudo da arquitectura portuense e portuguesa”. “Tudo isso”, mas não só. Fazendo jus às suas raízes académicas, o Centro alberga também um importante espólio de trabalhos de alumni da Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) e da FAUP. Do fundo das “Academias” acenam os mais antigos, oferecidos por estudantes que foram bolseiros na Academia de Paris, no início do século XX. Mais recentes são os estudos e provas de final de curso de nomes que qualquer estudante de Arquitectura tem como referência. “Temos o relatório de estágio do Eduardo [Souto Moura] e trabalhos do Gonçalo [Byrne] e do Alcino [Soutinho]. São interessantíssimos para perceber a evolução dos arquitectos”. À chamada de Manuel Mendes não faltam o alçado de uma casa assinada por Fernando Távora, ou o projecto de habitação no qual um jovem Siza Vieira ensaiava as técnicas que se projectam actualmente um pouco por todo o mundo.
compõem o acervo do CDUA. Abrangendo um período que vai de finais do século XIX até à actualidade, ali cabem as plantas, estudos e desenhos originais de alguns dos mais emblemáticos edifícios da cidade do Porto, a par de outros tantos que nunca chegaram a sair do papel. Projectos académicos, fotografias, modelos de arquitectura, postais, mapas, quadros e um importante arquivo bibliográfico completam um tesouro cujo ex-libris reside nos cerca de 15 arquivos profissionais de arquitectos que fazem deste um espaço único no país. “O primeiro arquivo a entrar foi o do Manuel Marques, no início da década de 80. Depois veio o do Losa, o do Viana de Lima, o do Celestino de Castro, o do Vieira Cardoso, o do Januário Godinho…”. A mente, contudo, há muito que resvalou numa descida pela Rua de Ceuta que se projecta algures num dos gavetões de “AL”. Segue-se a travessia da Rua Costa Cabral na companhia de “VL”, parando para um palmo de conversa com “MM” na Barbearia Tinoco. Manuel Mendes põe fim à viagem. “A nós não nos interessa apenas o edifício em si”. Percebêlo exige ir para além das plantas e alçados que compõem os arquivos. “Ao contrário de um museu, em que guardo o que eu gosto, aqui guardamos tudo o que é importante para caracterizar um processo histórico. Interessa-nos a facturação do escritório do arquitecto, os catálogos de materiais, os livros que leu, a correspondência, as viagens que fez. Tudo isso torna este
Ao encontro do público À medida que o olhar se eleva sobre as gavetas catalogadas em siglas, custa a crer que, durante décadas, boa parte do espólio tenha vivido disperso por caves e armários. Até que a planta do tempo coincidiu, em 2001, com dois momentos de viragem. Primeiro, a exposição “(in)formar a modernidade” que, reunindo espólio da Faculdade e um levantamento fotográfico de dezenas de edifícios do Porto, “tentou ser uma apresentação do que devia ser um organismo de arquivação e depósito de arquitectura”. Meses depois, do debate gerado numas jornadas de arquivos de Arquitectura concluía-se que o Centro podia funcionar como depósito e promotor de arquivos de antigos estudantes. Estava dado o “salto” que, segundo Manuel Mendes, “alertou para a importância da documentação que havia”.
Fundo: Mário Abreu (Garagem Passos Manuel, Porto)
Fundo: Manuel Marques (Academias)
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TIAGO REIS
M
anuel Mendes sabe ao que vai quando se aventura pelo emaranhado de papéis, prateleiras, capas e tubos de plástico que se entreolham, desconfiados, no espaço das duas salas gémeas. Em frente a um muro de gavetões de metal, o dedo aponta para o “AL” inscrito num canto. À primeira vista, ninguém diria que está ali guardada a totalidade do arquivo profissional de Arménio Losa, um dos mais reconhecidos arquitectos da Escola do Porto. Ainda céptico, o caminho prossegue entre siglas. “MM” (Manuel Marques) acena do topo do projecto do Chiadinho. “MA” (Mário Abreu) responde nos alçados da Garagem Passos Manuel. “RG” (Rogério Azevedo) aparece à janela do “Edifício Comércio do Porto”. Por esta altura, porém, já nos rendemos à sentença de Manuel Mendes: “Qualquer pessoa que queira estudar a história da arquitectura do Porto e de Portugal do século XX deverá passar por aqui”. Aviso: “museu” é palavra non grata à entrada do Centro de Documentação em Urbanismo e Arquitectura (CDUA) da Faculdade de Arquitectura da U.Porto (FAUP). É-o há pelo menos mais de uma década, altura em que Manuel Mendes passou a partilhar a docência em História de Arquitectura com a liderança do então… Museu da FAUP. “Sempre me interessou o tema da criação de uma unidade para acautelamento, conservação, tratamento e simultaneamente de produção de documentação e informação de arquitectura e urbanismo”, conta. O comboio de substantivos não é inocente. “Na arquitectura e no urbanismo não há museus. Nós não guardamos edifícios. Um museu em arquitectura e urbanismo é a própria cidade, é o território, são os próprios edifícios. O que se guarda é a documentação que o Homem produz para controlar o processo de construção do espaço físico”. As palavras ressoam pelo meio das toneladas de papel onde se projecta grande parte dos mais de 70 mil documentos que
U.PORTO EM NÚMEROS
3 14 1 Fundo: Viana de Lima (edifício na Rua Fernandes Tomás, Porto)
A outra mudança foi ainda mais simbólica: “Foi a confirmação de que nos devíamos deixar de pensar enquanto museu, mas como arquivo de documentação e informação de arquitectura”. Os efeitos não tardaram a fazer-se sentir. Fruto da crescente visibilidade junto dos arquitectos, do “interesse crescente pela investigação da Arquitectura” e da “comunhão histórica entre a cidade, a Escola e os arquitectos”, o acervo do Centro foi crescendo e conquistando um espaço próprio. “Temos hoje praticamente toda a produção controlada e boa parte está tratada”, sorri o docente. Ao lado, Teresa Godinho, a arquivista, reflecteo numa mesa repleta de papéis amarelados. “Fundo: Arménio Losa, Secção: Arquitectura. Documento: AL_ARQ 058...”. O segundo grande vector da missão do CDUA passa pelo atendimento público e pela acessibilidade da documentação. “Todas as semanas temos gente a fazer investigação”, realça Manuel Mendes, apontando para a pequena mesa que funciona como posto de consulta. É um privilégio que, ainda assim, não está ao alcance de todos. Na verdade, a última vez que o espólio do Centro se abriu à cidade aconteceu em 2004, por ocasião da exposição que levou à Alfândega o arquivo de Arménio Losa. Depois disso, “demorámos meses para o voltar pôr na ordem. Somos poucos”, justifica o professor. Os estudantes da FAUP, principais “clientes” do CDUA, sabem-no melhor do que ninguém. “Nós acolhemos todas as solicitações mas temos que ter garantias de que vale a pena apostar numa pessoa. A malta acha que a documentação é democrática, mas o serviço tem custos e dá trabalho”. Ao lamento momentâneo, o Centro dirigido por Manuel Mendes responde com um convite. “Temos projecção pública, informação acessível e, sobretudo, um acervo poderoso que deve ser cada vez mais reconhecido por todos”. “AM”, “VL”, SV” e os restantes mestres da Escola do Porto acenam do alto da torre de gavetões de metal. A cidade e o país agradecem.
Fundo: Siza Vieira (actividade escolar)
2 366 1 654 30 898 22 405 5 406 258 2 829 2 479 1 055 506 409 283 126 77 701 35 18 135 36 85 392
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Docentes e Investigadores (1920,8 ETI) (76% doutorados) Não docentes (1648,1 ETI) Estudantes Estudantes de 1º Ciclo e de Mestrado Integrado Estudantes de 2º Ciclo / Mestrado Estudantes de Especialização Estudantes de 3º Ciclo / Doutoramento Estudantes estrangeiros (8,3% do total) em programas de mobilidade em cursos de 1º Ciclo e Mestrado Integrado em cursos de 2º Ciclo (mestrado) em cursos de 3º Ciclo (doutoramento) Investigadores Post-Doc Nacionalidades diferentes Programas de Formação em 2009/10 Cursos de 1º Ciclo / Licenciatura Cursos de Mestrado Integrado Cursos de 2º Ciclo / Mestrado Especialização Cursos de 3º Ciclo / Doutoramento Cursos de Formação Contínua
4 050 4 052 155
Vagas disponíveis em 2009/10 (15,2% das vagas nacionais) Vagas preenchidas na 1ª fase do concurso nacional 2009/10 (100% das vagas preenchidas) Mais alta classificação média do último colocado das universidades públicas
61 31 14 2 038 52 32
Unidades de investigação Unidades avaliadas com “Excelente” e “Muito Bom” Unidades integradas em Laboratórios Associados ao Estado Artigos científicos indexados na ISI Web of Science em 2008 Patentes portuguesas submetidas (até Dezembro de 2009) Spin-offs (empresas desenvolvidas na Universidade)
30 663 216 53 321 2 647 633 9 1 220 18 2 270 3 495
Fundo: José Sardinha (projecto Igreja Sr. do Bonfim, Porto)
Campus universitários Faculdades Business school
Bibliotecas Títulos de Monografias Publicações periódicas disponíveis on-line Downloads de artigos científicos Residências Universitárias Camas (87% ocupação) Unidades de alimentação (cantinas, bares, etc) Lotação das cantinas Refeições servidas por dia
22.03.2011 Centenário da u.porto Memória e património A nossa história desdobra-se em factos e personalidades, sonhos e descobertas, engenho e arte, espaços e construções. O centenário da Universidade permite a redescoberta em diferentes plataformas, suportes e eventos de alguma desta imensa riqueza do passado.
Identidade e Comunidade O centenário é um acontecimento de grande poder simbólico, capaz de congregar vontades internas e reforçar a afirmação identitária da Universidade. Mas estes desideratos não dispensam a participação activa dos cidadãos, dentro do espírito de diálogo com a comunidade que é nosso apanágio.
Conhecimento e Horizontes O testemunho exemplar da história deve servir de alavanca à análise, debate e prospecção do futuro da Universidade. Um olhar que rompa com os limites do tempo presente, procurando vislumbrar sinais de contemporaneidade na ciência, na tecnologia, na cultura e na criatividade.
A u.porto celebra 100 anos Ao longo de 2011, a data é assinalada com iniciativas académicas, científicas, editoriais, artísticas e festivas. Trata-se de honrar a história da nossa Universidade e projectar o futuro da instituição. Faça-nos chegar o seu contributo. participe nas Comemorações do Centenário. MAis infOrMAções nO siTe: Http://CentenArIo.up.pt