UPorto Alumni #18

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Revista dos Antigos Estudantes da Universidade do Porto, Nº 18, II Série, Setembro de 2013, 2.5 Euros

CAMPUS DEVAIRÃO QUER REFORÇAR COMPETITIVIDADE AGRÍCOLA, Pág. 20 EMÍLIA SILVESTRE: O PERCURSO DE UMA ATRIZ PRECOCE, Pág. 08 CULTUREPRINT: CRIATIVIDADE AO SERVIÇO DA CULTURA,Pág.12 AS EXCITANTES INVESTIGAÇÕES DO SEXLAB, Pág. 16 ENTREVISTA A ÁLVARO DOMINGUES, Pág. 32 RECORDAR ÓSCAR LOPES, O INTELECTUAL GENEROSO, Pág. 40 FERNANDO TÁVORA É FIGURA EMINENTE 2013, Pág. 43 QUANDO O ORFEÃO INAUGUROU OS ESPETÁCULOS EM DIRETO NA RTP, Pág. 46


CULTURA CIENTÍFICA EM PORTUGAL Uma Perspectiva Histórica Luís Miguel Bernardo

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José Carlos Marques dos Santos

Reitor da Universidade do Porto

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os últimos anos, Portugal tem vindo, paulatinamente, a regressar à agricultura e a sua indústria agroalimentar está a aumentar os respetivos níveis de internacionalização, qualidade e competitividade. Acreditando nas potencialidades agrícolas de Portugal, a U.Porto gizou um ambicioso projeto de consolidação do seu Campus Agrário de Vairão (Vila do Conde), no âmbito do qual se procederá à sua especialização em agricultura de precisão, especialmente realizada em estufas e/ou em substratos artificiais. O projeto de consolidação do Campus Agrário de Vairão consiste num conjunto de intervenções no edificado e seu apetrechamento, destinadas a melhorar as condições para o ensino e para a I&D+i na área das ciências e tecnologias agrárias. Inclui a adaptação de edifícios existentes para acolhimento de grupos de investigação e de ensino das diversas faculdades com interesse nas ciências e tecnologias aplicáveis a uma agricultura cada vez mais dependente de alta tecnologia. O projeto abarca ainda um centro para incubação de novas empresas e/ ou para acolhimento de centros de inovação empresarial ligados à produção vegetal, a fatores de produção e à biotecnologia verde. Como infraestrutura âncora e diferenciadora, será construído um complexo dedicado às culturas protegidas (em estufas), utilizando os mais diversos substratos e condições de cultivo. Com este complexo, pretende-se disponibilizar uma estrutura de vanguarda para o ensino, para a I&D+i e para a demonstração de novas tecnologias e processos adequados às nossas condições edafoclimáticas. Queremos, com tudo isto, acelerar a transferência de conhecimento e tecnologia para os produtores, mesmo para aqueles que não têm formação especializada na área. É nossa intenção criar no campus uma rede de competências abarcando toda a fileira agrícola, complementando o que outras universi-

dades têm vindo a oferecer neste domínio. A intenção é promover a competitividade dos nossos agricultores num setor altamente dependente de tecnologia, oferecendo alternativas às produções tradicionais e generalizando a aplicação de soluções tecnológicas que aumentem a produtividade, a diferenciação e a qualidade. Para tanto, vamos promover a inter e a pluridisciplinaridade do conhecimento no quadro das ciências agrárias e entre as diversas áreas científicas e tecnológicas que a Universidade encerra. Tendo em consideração a importância e dimensão do projeto aqui brevemente descrito, dedicamos o tema central desta edição da revista UPorto Alumni à requalificação do campus agrário da Universidade. Quisemos conhecer, não só as ações já desencadeadas no âmbito do projeto, como sobretudo as bases científicas e formativas em que vai assentar o novo campus. Ou seja, que programas de ensino estão a ser ministrados em Vairão, que atividades de investigação se encontram em curso, que massa crítica científica o campus possui e que parcerias existem já com empresas e produtores agrícolas. Entre o corpo noticioso da revista, destacamos ainda a realização da Sessão de Acolhimento dos Novos Estudantes da U.Porto, que tem lugar no dia 12 de setembro, a partir das 11 horas. Depois do sucesso que a sessão conheceu em 2012, o seu ano inaugural, a Universidade volta apostar na organização de um evento cuja intenção é promover a rápida integração dos novos estudantes na U.Porto. Neste pressuposto, convidamos todos os membros da nossa comunidade académica – na qual se incluem, naturalmente, os antigos estudantes – a estarem presentes na Sessão de Acolhimento dos Novos Estudantes. A participação de todos na sessão é, para nós, muito importante, designadamente à luz do espírito de coesão interna que reivindicamos para a nossa Universidade.

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EDITORIAL


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8 Aos 15 anos, Emília Silvestre era já profissional no Teatro Experimental do Porto. Além dos espetáculos desta companhia, participou em variadíssimas peças da Seiva Trupe, Tear, Os Comediantes e Teatro Nacional São João, e foi encenada por gente da craveira de Moncho Rodrigues, Rogério de Carvalho e Ricardo Pais. Fundou ainda o Ensemble – Sociedade de Atores. Na televisão integrou os elencos de séries bastante populares, tendo ganho uma notoriedade acrescida na novela “Laços de Sangue”.

REDAÇÃO Anabela Santos (AS) Nuno Almeida (NA) Pedro Rocha (PR) Tiago Reis (TR) DIRETOR José Carlos Marques dos Santos

UPorto Alumni Revista dos Antigos Estudantes da Universidade do Porto Nº 18, II Série

EDIÇÃO E PROPRIEDADE Universidade do Porto Gabinete do Antigo Estudante Serviço de Comunicação e Imagem Praça Gomes Teixeira • 4099-345 Porto Tel: 220408178 • Fax: 223401568 ci@reit.up.pt

SUPERVISÃO REDATORIAL Ricardo Miguel Gomes (RMG)

INVESTIGAR

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IMPRESSÃO MultiPonto

PERIODICIDADE Trimestral DESIGN Rui Guimarães

TIRAGEM 60.000

ICS 5691/100

FOTOGRAFIA Ana Roncha António Chaves Egídio Santos COORDENAÇÃO EDITORIAL Paulo Gusmão (SCI) Raul Santos (SCI)

COLABORAÇÃO REDATORIAL Conselho Coordenador de Comunicação: Ana Caldas (FPCEUP) Carlos Oliveira (FEUP) Cristina Claro (FADEUP) Elisabete Rodrigues (FCUP) Fátima Lisboa (FLUP) Felicidade Lourenço (FMDUP) Gabinete de Marketing e Comunicação (FEP) Joana Cunha (FBAUP) Joana Macedo (FFUP) Mafalda Ferreira (Porto Business School)

Maria Manuela Santos (FDUP) Mariana Pizarro (ICBAS) Noémia Gomes (FAUP) Olga Magalhães (FMUP)

DEPÓSITO LEGAL 149487/00

PERCURSO

NO CAMPUS

EMPREENDER

Notícias sobre a atualidade da comunidade académica da U.Porto, como o doutoramento honoris causa de Jean-Claude Juncker, o acordo entre a Universidade e o CDUP, a eleição do Conselho Geral, a exposição “Invasão da Casa Andresen / Animais de Museu” e a festa de acolhimentos dos novos estudantes, entre outras.

Com elas, o Porto ganhou um bairro muito especial. Um bairro de amor aos livros. Catarina, Isabel e Minês são as senhorias do quarteirão emocional que, uma vez por mês, desassossega (no sentido pessoano) a Baixa com iniciativas culturais de celebração da literatura. Ainda assim, o “Bairro dos Livros” é tão-só a face mais visível de um projeto de empreendedorismo na área das indústrias criativas: a CULTUREPRINT, Cooperativa Cultural

Nasceu em 2008 na Universidade de Aveiro, mas é na FPCEUP que está sediado, desde setembro de 2012, o primeiro laboratório nacional especializado no estudo psicofisiológico da sexualidade humana. Um ano depois, a UPorto Alumni despiu-se de preconceitos e foi ao sofá bege do SexLab conhecer alguns dos projetos que prometem desvendar muito do que está por saber sobre o funcionamento sexual do ser humano.


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Em tempos de crise, a aposta no setor agroalimentar surge como fator de recuperação económica. Neste sentido, a U.Porto está a trabalhar com atuais e futuros produtores na procura de soluções para a modernização da nossa agricultura. Das estufas e salas da Faculdade de Ciências aos laboratórios do CIBIO, com passagem pela “vacaria” do ICBAS, o futuro desenha-se com vista para o campo, no Campus Agrário de Vairão.

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EM FOCO

FACE-A-FACE

CULTURA

Em entrevista, o geógrafo Álvaro Domingues rejeita a ideia de caos urbanístico que muitos vislumbram no país e considera “irreversível” o despovoamento de muitas das zonas raianas. Mais: para o professor e investigador da FAUP, o repovoamento do Portugal rural não só é impossível como indesejável. É, aliás, cético em relação a um eventual regresso à agricultura, que diz “mitificada”. Quanto ao Porto, considera que a cidade está a regenerar-se economicamente com a atividade turística.

O arquiteto Fernando Távora é a Figura Eminente da U.Porto 2013, pelo que, até ao final do ano, o seu legado pessoal, académico e profissional inspirará encontros científicos, instalações expositivas, edições de livros, entre outras iniciativas. Na Fundação Instituto Arquiteto José Marques da Silva está patente a exposição “Fernando Távora: uma porta pode ser um romance”.

IN MEMORIAM Foi preso. Torturado. Proibido de usar o nome em colaborações literárias. Não ensinava o que queria nem onde queria. Assim determinava a PIDE. Até abril de 75, foram assim os dias do coautor da melhor História da Literatura Portuguesa. Mas o garrote da ditadura não impediu Óscar Lopes de ser um dos mais eminentes filólogos, ensaístas, críticos literários e historiadores de literatura do nosso país. Morreu em 22 de março último, aos 95 anos.

VIDAS E VOLTAS Em março de 1959, os grupos do Orfeão Universitário do Porto desceram à capital para uma minidigressão de dois concertos. Missão: garantir o apoio do Governo para a digressão a Moçambique. Resultado: a vénia do Teatro Nacional D. Maria II e o extinto Pavilhão dos Desportos rendido em palmas. Neste último, protagonizaram uma das primeiras emissões em direto da RTP.


NO CAMPUS

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JEAN-CLAUDE JUNCKER DISTINGUIDO COM HONORIS CAUSA

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A U.Porto concedeu, a 3 de maio, o seu 84.º título de doutor honoris causa ao primeiro-ministro (hoje demissionário) do Luxemburgo e ex-presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, pelo seu extraordinário contributo para a construção europeia, em particular para a coesão económica e social entre os Estados-membros da UE. A decisão da Universidade teve também em conta o empenho de

Jean-Claude Juncker concluiu os estudos secundários em Clairefontaine, na Bélgica, e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Estrasburgo, onde obteve o grau de mestre, em 1979. Em dezembro de 1982 foi nomeado secretário de Estado do Trabalho e da Segurança Social e, em 1984, ascendeu a ministro do Trabalho e do Orçamento. Nesse mesmo ano, Juncker seria eleito deputado pelo Partido Social Cristão, força partidária que liderou entre 1990 e 1995. Em 1989 abre-se um novo capítulo na sua carreira política, com a nomeação para ministro das Finanças e do Trabalho. Em 1995, Juncker substituiu na chefia do Governo Jacques Santer, que se havia tornado presidente da Comissão Europeia. Passou, então, a ser primeiro-ministro e ainda ministro de Estado, das Finanças e do Trabalho e Emprego. Desde 2009 que

acumula a chefia do Governo com o cargo de ministro de Estado e do Tesouro, estando hoje demissionário, depois de uma comissão parlamentar o ter responsabilizado por ilegalidades cometidas pelos serviços secretos luxemburgueses. A nível europeu, Juncker foi um dos principais arquitetos do Tratado de Maastricht, em 1991. A União Económica e Monetária, o Pacto de Estabilidade e o alargamento a Leste em muito se devem à sua intervenção. Também é imputado a Juncker o sucesso da reforma do Pacto de Estabilidade e Crescimento, em 2005. Foi ainda o primeiro presidente do Eurogrupo, entre 2005 e 2013. Depois do seu mandato à frente do Banco Mundial (1989-1995), Jean-Claude Juncker assumiu também o cargo de governador do FMI e do BERD. RMG

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Jean-Claude Juncker nas relações luso-luxemburguesas, de especial importância para a vasta comunidade portuguesa do grão-ducado. O doutoramento honoris causa decorreu no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto, tendo o presidente do Conselho Económico e Social, José Silva Peneda, como elogiador do doutorando, a economista e ex-governante Manuel Ferreira Leite como madrinha e o docente da FLUP José Meirinhos como mestre-de-cerimónias. No seu discurso, Jean-Claude Juncker disse nunca ter gostado “da forma como os países do Norte tratam os do Sul, nomeadamente Portugal”, considerando-a “inaceitável”. “Portugal certamente cometeu erros, como todos os outros países, mas não é culpado da crise atual”, concluiu. Nascido a 9 de dezembro de 1954 em Redange-sur-Attert, no Luxemburgo,


NO CAMPUS

Casa Andresen

invadida por animais selvagens Até 18 de novembro, perigosos predadores andam à solta na Casa Andresen (Jardim Botânico do Porto), em mais uma original exposição organizada pela Universidade em parceria com o CIBIO/InBio. Desde leopardos que caçam impalas a leões rugindo ameaçadoramente, a exposição “Invasão da Casa Andresen / Animais de Museu” junta mais de 100 exemplares taxidermizados (lobos, veados, hienas, zebras, búfalos, rinocerontes, javalis, carneiros…) vindos de todos os continentes, colocados em poses naturais e equilíbrios impossíveis. Trata-se de uma exposição do escultor taxidérmico Antonio Pérez, com instalação e design de Gémeo Luís e que é comissariada por Luís Mendonça e Nuno Ferrand de Almeida (FCUP/CIBIO). Numa Casa Andresen completamente às escuras, os visitantes são convidados a fazer parte da performance, usando lanternas de cabeça para explorar o espaço e descobrir os animais que se escondem no seu interior. Ao mesmo tempo, deliciam-se com os pormenores realistas que a taxidermia permite conservar e são inquietados pelo cenário sonoro criado por Manuel Cruz (Ornatos Violeta, Pluto, Supernada, Foge Foge Bandido) e Nuno Mendes. Ao chegarem ao piso superior da Casa, os visitantes ficam a “salvo” numa espécie de “sala de gestão de crise”, onde lhe são disponibilizados mapas e todo o material necessário para que aprofundem os seus conhecimentos sobre os animais em exposição. A taxidermia, arte de montar ou reproduzir animais para exibição ou estudo, é também explicada nesta sala. A exposição está patente de terça a sexta-feira, das 11h00 às 19h00, e ao fim de semana, entre as 10h00 e as 19h00. Os preços dos bilhetes variam entre os 1,50 euros (para crianças e idosos) e os 2,50 euros (bilhete normal). NA

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Novo CDUP

gere desporto universitário

A U.Porto e o Centro Desportivo Universitário do Porto (CDUP) chegaram a um compromisso para a requalificação do histórico estádio universitário, entre outros equipamentos, e para a criação de uma entidade própria para gerir o desporto académico. Assim nasceu o novo CDUP (agora acrónimo de Centro de Desporto da U.Porto), organismo responsável pela gestão do parque desportivo universitário e pelas atividades nele desenvolvidas. No fundo, trata-se da conversão do GADUP (Gabinete de Apoio ao Desporto da U.Porto) em serviço autónomo da Universidade. O acordo firmado permitiu reverter a posse do estádio e pavilhão universitários para a U.Porto, estando prevista a profunda requalificação deste complexo desportivo situado no Campo Alegre. Também as instalações desportivas da Rua da Boa Hora, na Baixa, regressaram à gestão da Universidade e serão igualmente alvo de obras de beneficiação. A rede de equipamentos desportivos da Universidade foi, assim, alargada aos três polos universitários: Asprela (Pavilhão Desportivo Luís Falcão e ginásios, campos e piscinas da Faculdade de Desporto), Baixa (piscina e mini pavilhão da Boa Hora) e Campo Alegre (estádio e pavilhão). Perspetiva-se, pois, que, já no ano letivo que agora se inicia, a comunidade académica da U.Porto passe a dispor de condições significativamente melhores para a prática desportiva. De resto, o crescimento do parque desportivo universitário permitirá, naturalmente, reforçar os programas de desporto da Universidade. RMG

Alfredo José de Sousa

é o novo Presidente do Conselho Geral

Alfredo José de Sousa é, desde final de julho, o novo presidente do Conselho Geral da U.Porto, sucedendo no cargo ao chairman da BIAL, Luís Portela. Nas suas novas funções, o juiz-conselheiro e antigo Provedor de Justiça (2009-2013) é coadjuvado por Paul Symington, CEO do maior produtor mundial de vinho do Porto. Para além destas duas personalidades, a lista de membros externos cooptados para integrar o Conselho Geral completa-se com mais quatro nomes: o político e historiador José Pacheco Pereira, a conselheira para a UE e ex-ministra para a Qualificação e Emprego Maria João Rodrigues, Frei Bento Domingues e a historiadora e diretora do Museu Nacional Soares dos Reis, Maria João Vasconcelos. Cooptadas pelos 17 membros do Conselho Geral eleitos no passado dia 6 de junho, estas personalidades têm em comum os seus percursos de excelência em domínios tão diversos da sociedade e a sua intervenção na vida pública do país. Recorde-se que o Conselho Geral é um dos órgãos de governo da U.Porto, sendo constituído por 23 membros: 12 representantes dos docentes e investigadores, quatro dos estudantes e um do pessoal não docente da Universidade. A estes, juntaram-se as seis personalidades externas referidas. Entre as competências do Conselho Geral estão, por exemplo, a eleição do reitor da Universidade, bem como a aprovação – sob proposta do reitor – das linhas gerais de orientação da instituição no plano científico, pedagógico, financeiro e patrimonial.

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NA/TR


aos Novos Estudantes realiza-se a 12 de setembro A U.Porto realiza, no dia 12 de setembro, a partir das 11 horas, no Pavilhão Rosa Mota, a Sessão de Boas-vindas aos Novos Estudantes. Como o nome indica, trata-se da receção formal dos estudantes que ingressam na Universidade no ano letivo de 2013-14, cerimónia durante a qual se vai dar a conhecer a U.Porto e a cidade que a acolhe. Com este propósito, estão previstas intervenções de oradores convidados, a projeção do vídeo institucional da U.Porto, vários momentos musicais e a entrega aos novos estudantes de um kit com informação e material didático da Universidade. Depois do sucesso que a Sessão de Boas-vindas conheceu em 2012 (na foto), o seu ano inaugural, a U.Porto volta a apostar na organização de um evento cuja intenção é promover a rápida integração dos novos estudantes no campus universitário. Presidida pelo Reitor da Universidade, José Carlos Marques dos Santos, a Sessão de Boas-vindas terá como oradores o presidente da Câmara Municipal Porto, Rui Rio, o empresário Pedro Castro Henriques (na qualidade de antigo estudante) e um novo estudante. Também estão previstos momentos musicais a cargo de tunas académicas e outros agrupamentos da Universidade. RMG

U.Porto lidera

consórcio internacional de mobilidade

A U.Porto foi escolhida pela UE para liderar um consórcio internacional integrado no Programa Erasmus Mundus Ação 2, iniciativa que visa reforçar a cooperação ao nível da mobilidade entre universidades europeias e suas congéneres dos países de África, Caraíbas e Pacífico (ACP). Ao longo dos próximos quatro anos, a U.Porto terá a responsabilidade de gerir verbas na ordem dos 4 milhões de euros, destinadas a financiar o intercâmbio entre instituições de ensino superior de 17 países. Denominado Dream ACP, o consórcio em causa prevê a atribuição de cerca de 200 bolsas de estudo na Europa a estudantes, docentes e investigadores provenientes das universidades envolvidas nesta rede de cooperação e a outros originários do referido grupo de países. Para além do Dream ACP, a U.Porto viu também aprovados mais 11 projetos de mobilidade internacional em que participa, desta feita como instituição parceira. Desde 2009, ano da comunicação dos resultados da primeira convocatória da 2.ª fase do Programa Erasmus Mundus, que a U.Porto tem vindo a consolidar a sua posição nesta rede de intercâmbio. Atualmente, a U.Porto assume a coordenação de oito projetos – o que representa um investimento europeu na ordem dos 32 milhões de euros – e participa em 36 outros, números que a colocam no quarto lugar entre as 98 universidades que coordenam consórcios e no top 10 entre as 400 universidades participantes em projetos de mobilidade. NA 7

Sessão de Boas-vindas


PERCURSO

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A atriz na sua eterna insatisfação

To be an artist is to fail, as no other dare fail...

Ever tried? Ever failed? No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Samuel Beckett

RICARDO MIGUEL GOMES

Samuel Beckett

Nunca me satisfaço com o que já fiz”. É esta espécie de declaração de princípio que, provavelmente, melhor define Emília Silvestre enquanto artista. Há aqui uma ética pessoal, mais até do que profissional, que molda e baliza uma estética de representação, uma maneira muito conscienciosa de estar no palco. Apesar de ser das atrizes portuguesas em atividade com uma carreira mais longa e impressiva, Emília Silvestre diz-se “muitíssimo insatisfeita. Sinto sempre que há mais coisas para fazer. Fiz isto, ok, mas quero fazer ainda melhor. É uma obsessão minha: tenho sempre necessidade de procurar novas coisas. E nunca diria ‘já sei que sou capaz de fazer isto’”. Ainda assim, considera-se uma “atriz privilegiada” mas sem “plumas na cabeça”. Ao invés da devoção religiosa, Emília Silvestre terá ganho, num conspícuo colégio de freiras do Porto, uma larvar vocação teatral. Era ainda muito catraia quando, enlevada pelo ambiente freirático, convocava os irmãos para, no sótão da avó, apresentar as suas pueris representações. Macaqueava, então, as poses e os atavios das irmãs religiosas do colégio. “Adorava toda aquela encenação. As roupas e a postura delas. Como tudo aquilo me fascinava, punha uns panos na cabeça e lá fazia os meus teatros no sótão da minha avó”, recorda a atriz nascida no Porto a 29 de maio de 1960, no seio de uma família com farta descendência. Eram quatro irmãs e dois irmãos, mas Emília Silvestre, depois de um achaque, ficou a morar com a avó. Por isso, “tenho todos os tiques de filha única” e “isso define-me muito”, diz. Entretanto, com a ida para o ciclo preparatório, “abriu-se todo um novo mundo e nunca mais quis saber de freiras”. Com o esmorecer do espírito confessional, também o bichinho do teatro parece ter ficado incubado, não se manifestando na passagem da infância para a adolescência. Ainda que, já no Liceu Carolina Michaëlis, no Porto, Emília Silvestre tenha conhecido a sua primeira experiência teatral tout court. “Tinha 11 ou 12 anos. O Correia Alves, que era realizador da RTP Porto, foi lá montar uma peça de fim de ano [uma adaptação d’“A Bela Adormecida”]. Fizeram um casting, na altura não se chamava assim, e eu fui arrastada pelas minhas colegas. Não estava nada nessa. Mas fui. E fiz a peça sem perceber muito bem o que se passava à minha volta. No final, o Correia Alves disse-me: ‘Quando fores


“Fiz isto, ok, mas quero fazer ainda melhor. É uma obsessão minha: tenho sempre necessidade de procurar novas coisas.”

A importância da FLUP Entretanto, chaimites invadem as ruas de Lisboa e cravos vermelhos despontam na ponta de G3. “Depois do 25 de Abril houve, para além de uma revolução política, uma enorme revolução no teatro do Porto. Foi convidado o Roberto Merino, um encenador chileno, que foi trazido pela Gulbenkian e veio fazer vários cursos de atores no TEP”, conta Emília Silvestre. A atriz frequentou esses cursos e, graças a isso, foi convidada para fazer um espetáculo profissional. “Sempre que me lembro penso que foi uma loucura, porque fui fazer [Bertolt] Brecht com 15 anos! Fui apanhada naquele turbilhão… Mas foi muito engraçado”. Acabaria por ser contratada pelo TEP, onde se manteve dez anos, até 1986. A precocidade de Emília Silvestre no teatro teve, naturalmente, consequências no normal andamento dos estudos. Concluído o antigo 7.0 ano

do liceu (atual 12.0 ano de escolaridade), a atriz desistiu de estudar. Ou melhor: suspendeu os estudos, pois regressaria, alguns anos depois, para novamente frequentar, no Liceu Alexandre Herculano, o 10.0, 11.0 e 12.0 anos de escolaridade – processo a que foi obrigada devido às mudanças no sistema de ensino. A intenção de Emília Silvestre era ingressar no ensino superior, para obter uma formação na área da literatura. A escolha recaiu sobre o curso de Línguas e Literaturas Modernas da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), que concluiria entre os 24 e os 28 anos de idade. “Fiz a Faculdade já um bocadinho velha para isso, mas foi maravilhoso. Foi uma coisa já madura, que eu quis mesmo fazer”, garante. Na FLUP, “contactei com professores fantásticos, como o Óscar Lopes, o Arnaldo Saraiva, a Isabel Pires de Lima, a Vera Vouga, que me marcaram em termos de conhecimentos e de [como saber] desmembrar um texto literário, de o conhecer por camadas, de conhecer tudo o que está à sua volta: autor, sociedade, mundo…”. Por isso, “senti a Faculdade como um acréscimo de conhecimento e de vivência com gente completamente diferente daquela com quem eu lidava. Contribuiu, decisivamente, para a minha formação”, diz a atriz que teve o encenador e tradutor de textos de teatro Paulo Eduardo Carvalho como colega. Emília Silvestre confessa ter sido a literatura a empurrá-la para o curso e que essa sua paixão pelas letras “entronca completamente com o teatro”. “Pelas minhas conversas, ainda hoje sou das pessoas que, na minha profissão, mais literatura leem. Isso é uma marca que ficou em mim”, assegura. De resto, “o meu passado na Faculdade de Letras leva-me a ser absolutamente respeitadora de todos os textos que faço. Sou absolutamente fiel ao que o autor escreve, e não mudo nada. O meu trabalho é feito no sentido de permitir que, através da minha interpretação, o público perceba todas as camadas que o texto tem”. Se na FLUP adquiriu competências “absolutamente fundamentais” para a sua carreira, também é verdade que, no mundo do teatro, são vários os encenadores que Emília Silvestre cita como mestres. O primeiro dos quais é Moncho Rodrigues, que conheceu no TEP em 1982. “Obrigou-me a repensar a forma de fazer teatro e introduziu uma série de conceitos e escolas absolutamente marcantes. Trouxe para o TEP o

Fotos: Egídio Santos

grande vais ser atriz’. Não achei piada nenhuma àquilo. Não acreditei em nada daquilo”. Deve, contudo, acrescentar-se um dado importante à equação: o pai de Emília, Diamantino Silvestre, era ator do Teatro Experimental do Porto (TEP). “Claro que o ambiente em que vivia era mais ou menos artístico, por causa dos amigos do meu pai que apareciam lá em casa. Mas como eu não frequentava a casa dos meus pais diariamente… E era muito novinha, não ligava muito”. Contudo, quando vários atores do TEP saíram para formar a Seiva Trupe, Diamantino Silvestre, que também abraçara o novo desafio, sugeriu que a sua filha assumisse um dos papéis na peça inaugural da nova companhia: o espetáculo infantil ““Musicalim na Praça dos Brinquedos”, em 1973. “Eu devia, de facto, ter essa coisa de ser muito fiteira e espevitada”, confessa Emília Silvestre, assim explicando a sugestão do pai. “Tinha treze anos. Contracenava com atores de renome da cidade e com a Márcia Breia, que já vivia em Lisboa. Foi a minha primeira experiência”, mas “não a levei muito a sério”. Na verdade, “tenho de confessar que só tomei consciência da minha profissão – e que já estava nela para o bem ou para o mal – muitos anos mais tarde. O espetáculo não era muito diferente das brincadeiras que eu fazia. Mas foi maravilhoso, obviamente, fazer aquelas coisas todas, dizer aqueles textos, vestir-me com aquelas roupas…”, relembra Emília Silvestre.


PERCURSO

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método de Mikhail Chekhov (posterior ao do russo Constantin Stanislavski), que nos obriga a ser verdadeiros e a trabalhar, internamente e organicamente, as personagens – e não a construí-las de fora para dentro. Foi um facto fundamental na minha carreira”, pois “mudou completamente a minha visão das coisas. Sinto que até aí construía as personagens como bonecos, e não de dentro para fora”, admite. Outro encenador “marcante” no seu percurso foi Rogério de Carvalho, com quem trabalhou, pela primeira vez, na peça “O Paraíso Não Está à Vista”, de Rainer Werner Fassbinder. “O Rogério trabalha muito com os atores. Quem for trabalhar com ele deve estar preparado para trabalhar muitas horas, estar muito disponível e ser muito sincero. O Rogério aniquila completamente qualquer artificialidade. Não há hipótese de um ator fazer de conta. Quando ele não acredita, diz que é ‘teatro de cozinha’ e manda-nos trabalhar”, explica a atriz que, ainda recentemente, integrou o elenco da peça “O Doente Imaginário”, encenada por Rogério de Carvalho e muito bem acolhida

“Depois do 25 de Abril houve, para além de uma revolução política, uma enorme revolução no teatro do Porto.“

quer no Teatro Nacional São João (TNSJ), quer no Teatro Nacional D. Maria II. O antigo diretor do TNSJ (1995-2000 e 20022009), Ricardo Pais, é outra figura artística de referência para Emília Silvestre. “O Ricardo era uma pessoa com quem queria muito trabalhar”, começa por dizer, acrescentando que se trata de “um dos grandes encenadores deste país”, responsável por “tornar o TNSJ um teatro de nível europeu” e que “a população do Porto sente como seu”. Para a atriz, trabalhar com Ricardo Pais representou “uma evolução em termos teatrais”. Com o encenador, Emília Silvestre representou pela primeira vez em palcos estrangeiros, o que constituiu uma “experiência muito enriquecedora”. “Na altura, percebemos que o teatro português está ao mesmo nível do grande teatro mundial”. Aliás, em julho último, a atriz foi interrompida por palmas durante a representação em Moscovo de “Sombras”, um espetáculo de Ricardo Pais. Retomando o fio cronológico, importa dizer que, em 1986, a atriz deixou o TEP e passou a gerir a sua carreira como freelancer. Representou em espetáculos de várias companhias (Tear, Os Comediantes, TNSJ, Seiva Trupe), até formar em 1996, com os atores Jorge Pinto, João Paulo Costa e António Capelo, o Ensemble – Sociedade de Atores. O grupo surgiu numa altura em que a atividade teatral estava a renascer no Porto, depois de um período de marasmo durante o qual Emília Silvestre e outros atores da cidade se refugiaram, como veremos em seguida, na produção televisiva. Aliás, a criação do Ensemble resultou, em boa medida, da pressão de amigos, alunos e admiradores para que aqueles atores consagrados que viam na TV voltassem a representar, com regularidade, nos teatros do Porto. Hoje, o Ensemble é dirigido unicamente por Emília Silvestre e Jorge Pinto, cabendo aos dois decidir sobre as opções artísticas do grupo e produzir os espetáculos. As peças que levam à cena são, na sua maioria, propostas a encenadores, que depois convidam atores, figurinistas, encenadores, cenógrafos e tutti quanti. Mas, “quando fazemos um espetáculo, as pessoas acham que somos uma companhia. Isso é o melhor que nos podem dizer, porque, de alguma maneira, [significa que] conseguimos fazer um trabalho homogéneo”. O Ensemble assume, segundo Emília Silvestre, “uma forma de fazer teatro que tem a


“Na altura, percebemos que o teatro português está ao mesmo nível do grande teatro mundial.”

Uma voz que desperta nostalgias No início dos anos 90, houve uma rarefação da atividade teatral no Porto, que passou praticamente a cingir-se aos espetáculos do TEP e da Seiva Trupe. Essa estagnação coincidiu com um súbito dinamismo do Centro de Produção da RTP/Porto, então responsável por diversas séries nacionais de grande popularidade. Emília Silvestre integrou, à época, o elenco de séries como “Club Paraíso”, “Os Andrades” e “Ora Viva”. Durante esse tempo, cerca de dois anos, não fez teatro. Foi “uma sorte” participar nessas séries, diz a atriz, que assim logrou compensar a escassez de propostas teatrais no Porto. Mas, por outro lado, acabou por ser também “muitíssima enriquecedora essa experiência”, uma vez que as séries foram realizadas pelo brasileiro Paulo Afonso Grisolli (dirigiu muitos seriados clássicos

da Globo e foi argumentista d’“O Sítio do Pica-Pau Amarelo”), que deu igualmente formação a atores e técnicos da RTP. Durante esse período, Emília Silvestre fez também dobragens para séries infantis e juvenis, como “Ana dos Cabelos Ruivos”, “Meu Pequeno Pónei”, “Gasparzinho”, “A Família Trapp” e “Rua Sésamo IV”, entre outras. De resto, a voz de Emília Silvestre ainda faz estremecer de nostalgia muitos trintões empedernidos. “É muito engraçado saber que fazemos parte da infância deles. A certa altura entro num centro comercial, peço um gelado e a menina fica a olhar para mim. Dá-me o gelado e diz-me: ‘Eu ofereço-lhe. É que a senhora faz parte da minha infância’. Achei tanta graça. Como a voz de uma pessoa fica realmente na cabeça dos miúdos e faz parte das memórias da infância…”, observa a atriz. Mas a notoriedade junto do grande público chegou, efetivamente, com a participação, em 2010, na novela “Laços de Sangue”, a primeira coprodução da SIC com a Globo. O convite partiu da produtora da SIC, SP Televisão, e “foi uma surpresa total”. É que a atriz já havia, por duas vezes, recusado convites da mesma produtora, por estar assoberbada de trabalho no teatro. “Eu tinha imensas coisas já marcadas, mas eles aceitaram tudo; todas as minhas disponibilidades. Convenci-me que, de facto, queriam que eu fizesse parte da novela. Fiquei muito contente”, recorda a atriz que foi Francisca Sobral nos “Laços de Sangue”. E assim, durante um ano, Emília Silvestre saía da matiné de domingo da peça que estava a representar no Teatro Carlos Alberto e seguia imediatamente para Lisboa, aproveitando a viagem de comboio para decorar textos da novela. Gravava das 9h00 às 20h00 às segundas e terças-feiras e, por vezes, nas manhãs de quarta, dia em que regressava ao Porto para fazer teatro durante o resto da semana. “As minhas cenas eram organizadas para aqueles dois dias! Foi uma loucura” mas também “uma experiência incrível”, salienta a atriz, confessando “ter pena” de não representar mais em televisão. “Acho que fiquei com o bichinho daquilo, depois de um ano a trabalhar em elenco fixo”. No entanto, Emília Silvestre admite ficar mais “contente” quando a reconhecem do teatro. E conta, com satisfação, um episódio em que uma espetadora da novela lhe disse: “Vê-se que a senhora é do teatro. É outra maneira de fazer as coisas”.

“Vamos buscar a nós aquilo que podemos dar de carne e de sangue, de emoções e de verdadeiro a essa personagem que está escrita.”

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ver com a relação de verdade, de muita partilha e de grande cumplicidade que se estabelece com o público”. Durante a sua carreira, Emília Silvestre representou obras dos maiores autores clássicos e contemporâneos, como Shakespeare, Molière, Ibsen, Pirandello Tchékhov, Brecht, Beckett, Fassbinder, Cocteau, Bergman, entre outros, e trabalhou com encenadores como Rogério Paulo, Robert Delawere, Blanco-Gil, José Cayolla, Fernando Gusmão, Fernanda Lapa, Toni Servillo, Nuno Carinhas, João Grosso, Carlos Pimenta, para além dos já referidos. Prepara-se agora para protagonizar duas peças de Samuel Beckett: o monólogo “Dias Felizes”, encenado por Nuno Carinhas para o TNSJ mas com estreia no CCB, e “À Espera de Godot”, pelo Ensemble. As peças que recordações mais fortes lhe deixaram foram a já aqui referida “O Paraíso Não Está à Vista” e “Viver como Porcos”, de John Arden. Desta última, diz ter sido a sua “primeira experiência mais orgânica com Moncho Rodrigues”. Na peça de Arden trabalhou “interiormente a personagem”, processo que, na sua opinião, leva o ator a “descobrir muito de si e a dar muito de si” na representação. “Isso chega a ser um processo doloroso, porque estamos a lidar com emoções e, ao mesmo tempo, a pô-las ao serviço de uma personagem que não tem nada a ver connosco. Ou seja, vamos buscar a nós aquilo que podemos dar de carne e de sangue, de emoções e de verdadeiro a essa personagem que está escrita”.


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Fotos: EgĂ­dio Santos


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AS SENHORIAS DO BAIRRO

No bairro do amor o sol parece maior e há ondas de ternura em cada olhar “Bairro do Amor”, Jorge Palma

RICARDO MIGUEL GOMES

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omeçaram a colaborar profissionalmente no Clube Literário do Porto, onde desenvolviam projetos culturais. Dir-se-ia que um local com tão sugestiva denominação era já um presságio, um rumor longínquo que anunciava uma futura devoção aos livros. A partir dessa experiência em conjunto, as alumnae Catarina Rocha, com formação em Artes Plásticas, a prima Isabel Rocha, com formação em Literaturas Modernas, Comunicação e Gestão Cultural, e Maria Inês (Minês) Castanheira, com formação em Ciências da Comunicação, Gestão Cultural e Estudos Literários, decidiram, em 2010, congregar as suas competências sob o chapéu de uma cooperativa cultural. E assim nasceu a CULTUREPRINT. “Percebemos que precisávamos de uma estrutura mais sólida, mais formal… Até para sermos levadas a sério. Éramos novinhas, sem nome na praça. Por conselho de uma nossa colega advogada e especialista em propriedade intelectual, criámos uma cooperativa cultural. Escolhemos esta figura legal porque era exatamente aquilo que fazíamos: cooperar”, explica Catarina. Ao que Isabel acrescenta: “É uma forma mais justa [a cooperativa]. No fundo, é uma entidade que se centra no trabalho e não no lucro”. Por outro lado, “também é uma forma de marcar a diferença”, sublinha Minês. Definida a forma jurídica da empresa e reunido o capital social, havia que encontrar um local para sediar a recém-criada CULTUREPRINT. Neste processo, a incubadora de empresas do PINC – Polo das Indústrias Criativas do UPTEC

(Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto), na Praça Coronel Pacheco, concitou imediatamente a preferência das três empreendedoras. “Da oferta que existia, este foi o primeiro sítio onde viemos. Já tínhamos ouvido falar…”, conta Catarina. A sua colega Minês aprofunda a explicação: “Nós moramos na Baixa. Este é o nosso bairro”. Por outro lado, “a marca U.Porto é muito forte. Para uma pequena cooperativa a surgir, era uma marca a que nos interessava associar”. Para Isabel, “a rede [de empresas] também é importante. É importante estarmos num local onde há outras empresas com quem podemos colaborar. E isso já aconteceu várias vezes. Recorrem aos nossos serviços de design e de produção, sobretudo. Incluindo a própria Universidade”. “Fazer umas coisas malucas” As empreendedoras da CULTUREPRINT sublinham, igualmente, o acompanhamento que é feito às empresas incubadas. “Houve um grande apoio na fase de lançamento [da cooperativa], com reuniões de consultoria. E fazem-se também muitos workshops com especialistas, e nós vamos a todos”, garante Catarina. «A Fátima [São Simão, diretora do PINC] está sempre preocupada connosco. Sabe o que temos de fazer e está sempre em cima. Tem uma relação especial com todos aqui dentro, quase de família”, salienta Minês, para logo acrescentar à guisa de conclusão: “[O PINC] é um espaço muito informal. E isso é simpático e motivador. As pessoas estão em casa, convivem. Há muita malta nova e, portanto, dá para arranjar sempre uma parceria quando queremos fazer umas coisas malucas”.

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Com elas, o Porto ganhou um bairro muito especial. Um bairro de amor. Aos livros, esses objetos fétiche em cujas páginas tantos olhos se acendem de assombro. Catarina, Isabel e Minês são as senhorias do quarteirão emocional que, uma vez por mês, desassossega (no sentido pessoano) a Baixa com iniciativas culturais de celebração da literatura. Como cúmplices têm os livreiros e alfarrabistas da cidade, mas a rede de parcerias estende-se a muitos outros agentes culturais. Ainda assim, o “Bairro dos Livros” é tão-só a face mais visível de um projeto de empreendedorismo na área das indústrias criativas: a CULTUREPRINT, Cooperativa Cultural.


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Minês Castanheira

Catarina Rocha

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No portfólio de “coisas malucas” da CULTUREPRINT inscrevem-se, por exemplo, oferecer bigodes de papel durante as inaugurações simultâneas de exposições no quarteirão de Miguel Bombarda, organizar uma “manif” com megafones em homenagem ao poeta Manuel António Pina, meter poemas em seringas ou encenar a peça “Romeu e Julieta” nas varandas da livraria Moreira da Costa. O denominador comum a todas estas “coisas malucas” é a criatividade, no fundo o core business da CULTUREPRINT. A cooperativa é especializada na área cultural e divide os seus serviços em quatro grandes áreas criativas: design (gráfico, web e multimédia), edição, produção cultural/eventos e comunicação (assessoria de imprensa, ghostwriting, perfis web e produção de conteúdos). De salientar, no capítulo da edição, que a CULTUREPRINT tem uma linha editorial própria, consubstanciada na coleção Bairro dos Livros. Foram já editados cinco livros com esta chancela (quatro de poesia e um de contos), sobretudo de jovens autores da cidade, como a própria Minês Castanheira (“Nunca o Mar”), mas também do já consagrado João Pedro Mésseder (“À Sombra dos Livros”). Paralelamente, a CULTUREPRINT presta um serviço integrado de edição de autor: correção e revisão do texto, registo ISBN e depósito legal, paginação e design, fotografia e ilustração, impressão e acabamento, comunicação e divulgação, blogue promocional, booktrailers promocionais e evento de lançamento. Com este serviço de edição de autor, consideram ter criado uma “alternativa justa”. “No negócio da edição de autor, as pessoas, sem se aperceberem, acabam por pagar a edição toda. Não é um negócio transparente”. Na CULTUREPRINT, pelo contrário, “o autor pode escolher: nós fazemos orçamentos absolutamente descriminados e ele decide o que mais lhe interessa. E aquilo que recebe é o livro. No fundo, o autor acaba por receber com o livro o dobro ou o triplo daquilo que pagou”, assegura Minês. Mas é na produção cultural e de eventos que se encontram as iniciativas de maior impacto público da CULTUREPRINT, sendo também aquelas que mais amplamente reúnem as competências que a cooperativa encerra. Falamos das iniciativas “Bairro dos Livros”, “Festival dos Livros” e, mais recentemente, “Letras na Avenida”. Destaque

também para a “Biblioteca Bairro dos Livros”, destinada aos utentes do Hospital de Santo António, no Porto. Trata-se de uma biblioteca composta por livros doados pelos cidadãos numa rede de livrarias da cidade (ver como doar em http:// bairrodoslivros.wordpress.com/biblioteca-bairro-dos-livros/), cabendo à CULTUREPRINT catalogar e entregar no estabelecimento hospitalar os exemplares recolhidos. Com duas edições já realizadas (em setembro no Palácio de Cristal e em dezembro na Avenida dos Aliados), o “Festival do Livro” funciona como uma feira do livro e é dedicado, exclusivamente, a livrarias independentes e a alfarrabistas da cidade. “A 1.a edição do Festival foi um sucesso tremendo: passaram por lá 20 mil pessoas”, informa Catarina. Refira-se que esta iniciativa substitui o “Bairro dos Livros” de três em três meses. As “Letras na Avenida” foi um evento organizado pela Câmara Municipal do Porto (CMP) em parceria com a CULTUREPRINT, que reuniu, entre 12 e 28 de julho último, nos “Aliados”, 50 stands de livreiros e alfarrabistas da cidade. Num ano em que o Porto não teve a habitual feira do livro organizada pela APEL, o certame surgiu como uma alternativa centrada unicamente nos livreiros e alfarrabistas, e não nas editoras. Para além da vertente comercial, as “Letras na Avenida” ofereceram uma vasta animação cultural: concertos, cinema, teatro, marionetas, stand up poetry, Hora do Conto, oficinas de expressão plástica, lançamentos de livros, tertúlias, sessões de autógrafos e encontros com escritores. “Um marco na cidade” Tanto o “Festival do Livro” como o “Letras na Avenida” nasceram da experiência e visibilidade alcançadas pela CULTUREPRINT com a organização do “Bairro dos Livros”, iniciativa que festejou o seu primeiro aniversário em abril deste ano. Beneficiando do apoio essencialmente logístico da CMP, o “Bairro” é uma iniciativa de celebração do livro e de promoção da leitura que, no segundo sábado de cada mês, anima a Baixa do Porto com um conjunto de iniciativas culturais (gratuitas) envolvendo uma rede de mais de três dezenas de livreiros e alfarrabistas. Sempre com um tema a subordinar a programação, há um pouco de tudo: música, teatro de rua, poesia, cinema, tertúlias, lançamentos de livros… E,


Isabel Rocha pela cooperativa, o “Bairro” envolve nas suas atividades cerca de 500 pessoas e mais de 1.500 passaram, em média, pelo evento em cada uma das suas 13 edições. A CULTUREPRINT chegou, inclusivamente, a receber um pedido de França para reprodução lá de uma ação do “Bairro dos Livros”. Além disso, é frequente as editoras e autores agendarem os seus lançamentos de livros para o dia do evento. Também os livreiros e alfarrabistas parecem estar satisfeitos com o “Bairro”. “Os alfarrabistas, por exemplo, vendem muito pela internet. E hoje sabe-lhes bem ver os leitores a entrar na livraria. No ‘Bairro dos Livros’, as pessoas conhecem o alfarrabista. Há alfarrabistas que abrem uma garrafa de vinho do Porto, servem biscoitos, trazem uns banquinhos para as livrarias…”, nota Minês. Mas acrescenta: “Se é no dia do ‘Bairro’ que se vendem muitos livros? Provavelmente não. Mas as pessoas ficam a conhecer as livrarias. O objetivo é promover a leitura, e não necessariamente vender”. Minês lembra ainda que “as associações, empresas e artistas que se cruzam no ‘Bairro’ geram uma dinâmica de negócio e de trabalho que extravasa o livro. Há uma editora que, no dia do ‘Bairro’, conhece um grupo de teatro e o contrata para o lançamento de um livro. Há um ator que conhece um fotógrafo e, de repente, juntam-se para um projeto. Estas coisas acontecem dentro do ‘Bairro’”. Neste sentido, “o ‘Bairro’ é um gerador de redes e dinâmicas culturais. É um organismo vivo, devido a todas estas interações”, sublinha Catarina. Isto sem esquecer que é também “oferta turística o que estamos a proporcionar” com o “Bairro”. Apesar da adesão do público e dos livreiros, o “Bairro” só conta com o apoio logístico e muito pontualmente financeiro da CMP e depende bastante de trocas de serviços com outros agentes culturais. Até hoje, não foram encontradas outras formas de financiamento. “Em todo o lado é difícil fazer a promoção da leitura. Já sabíamos isso. Mas não sabíamos que era tão difícil manter o ‘Bairro’ todos os meses sem apoios”. Por isso, “se não tivermos algum financiamento, a determinada altura isto será insustentável”, avisa Minês. As três empreendedoras acalentam, porém, a esperança de que, entretanto, surja alguma empresa interessada em se associar ao evento ou que se possam candidatar a algum fundo comunitário de apoio.

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claro, a oferta livreira de livrarias e alfarrabistas, que, durante o “Bairro”, assumem uma especial disponibilidade para receber os leitores. Importa ressalvar que a ideia de organizar um bairro dos livros na Baixa surgiu, em 2009, entre alguns livreiros da cidade. Mas, depois de várias reuniões com a CMP, o projeto borregou por falta de consenso entre os promotores. Ora, quando as três empreendedoras estavam numa brainstorming para encontrar um nome para a linha editorial da CULTUREPRINT, alguém sugeriu “Bairro dos Livros”. Fizeram então uma pesquisa do nome na net, e encontraram várias notícias com a tal ideia de um roteiro de livrarias e alfarrabistas. Não conformadas, escreveram um e-mail aos livreiros perguntando se podiam utilizar a designação “Bairro dos Livros” como chancela das suas edições. Conseguida a anuência dos livreiros, Catarina, Isabel e Minês foram ainda mais longe: já que o roteiro não tinha ido para frente, propuseram-se, elas próprias, a pegar na ideia e a concretizá-la finalmente. “Nós dissemos: ‘pronto, vamos fazer uma coisa ainda mais gira’. E fizemos o ‘Bairro dos Livros’”, recorda Minês. “Fomos ter com alguns dos livreiros e começámos a desenhar um evento que fosse um bocado à imagem da cooperativa e que, achávamos nós, ia ser uma grande montra dos nossos serviços: produção, comunicação, design…. Portanto, ia chover trabalho por causa do evento”. E “o trabalho veio… mas para fazer mais ‘Bairros’”, completa ironicamente Isabel. E, de facto, a lufa-lufa não mais parou. “Tivemos 15 dias para montar o ‘Bairro’. Toda a gente dizia que não era possível”, lembra Minês. “Somos uma equipa muito pequenina. O truque foi conseguir ligar os livreiros. Para começar, o ‘Bairro’ deixou de ser geográfico. O Bairro fechava ali [na Baixa] e deixava de fora grandes livreiros. Nós dissemos: ‘o Bairro é emocional; é de nós todos’. Portanto, fomos desenhando essa ideia de ‘Bairro’, que é uma coisa cosmopolita mas também muito intimista. E começámos a chamar as entidades parceiras com quem trabalhávamos e com quem queríamos trabalhar, para se juntarem à causa. O ‘Bairro’, em vez de excluir, incluiu”. Um ano decorrido e Isabel não tem dúvidas de que “o ‘Bairro dos Livros’ já é um marco na cidade”. Com um orçamento por edição que ronda os 5 mil euros, quase inteiramente suportados


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SEXLAB

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TIAGO REIS

NESTA CASA NÃO HÁ TABUS NASCEU EM 2008 NA UNIVERSIDADE DE AVEIRO, MAS É NA FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DA U.PORTO QUE ESTÁ SEDIADO, DESDE SETEMBRO DE 2012, O PRIMEIRO LABORATÓRIO NACIONAL ESPECIALIZADO NO ESTUDO PSICOFISIOLÓGICO DA SEXUALIDADE HUMANA. UM ANO DEPOIS, A UPORTO ALUMNI DESPIU-SE DE PRECONCEITOS E FOI AO SOFÁ BEGE DO SEXLAB CONHECER ALGUNS DOS PROJETOS QUE PROMETEM DESVENDAR MUITO DO QUE ESTÁ POR SABER SOBRE O FUNCIONAMENTO SEXUAL DO SER HUMANO.

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stávamos em fevereiro de 2012 quando a notícia correu o mundo. “Estudantes recebem 30 euros para ver pornografia”, anunciava um conhecido jornal nacional. “Portuguese university to pay students to watch pornography for study”, lia-se um dia depois no New York Daily News, logo traduzido alguns quilómetros mais a sul, com direito a sotaque: “Universidade paga para quem assistir filme pornô”. Captada a atenção, os títulos sugestivos rebatem nas paredes despidas da sala que nos recebe no piso -1 da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da U.Porto (FPCEUP). Quem espera encontrar uma coleção alargada de vídeos “XXX”… desilude-se. Como se desilude quem acha que os preconceitos se escondem atrás do sofá onde “tudo” acontece. Aviso. Estamos prestes a entrar no Laboratório de Investigação em Sexualidade Humana (SexLab), centro pioneiro em Portugal no estudo da sexualidade humana e um dos únicos do género a nível mundial. Pense em tudo o que gostava de saber sobre sexualidade e o mais certo é encontrar as respostas no SexLab. Aqui, o estudo das causas da impotência masculina convive lado a lado com o desvendar dos segredos sobre o prazer sexual nas mulheres, e com o desenvolvimento de terapias inovadoras orientadas para o tratamento psicológico das disfunções sexuais. “Aquilo que fazemos centra-se

no estudo dos fatores psicológicos que influenciam a resposta sexual e que estão associados aos problemas sexuais. O que o SexLAB trouxe de novo foi a possibilidade de se investigar e testar o efeito desses fatores de risco na resposta sexual medida fisiologicamente em laboratório”, apresenta Pedro Nobre, o psicólogo clínico que, em 2008, concretizou a ambição de criar em Portugal “um laboratório experimental psicofisiológico para estudar a sexualidade humana”. Alimentou-a durante o trabalho de doutoramento que desenvolveu nos EUA, lado a lado com David Barlow, referência mundial na área. Já em Portugal, levou-a à prática na Universidade de Aveiro com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e, em setembro de 2012, reforçou-a quando se mudou para a U.Porto com a equipa de dez investigadores – sete pós-doutorados e três doutorandos – que hoje integram o SexLab. Trabalho de sofá Regressamos à sala da FPCEUP, onde uma parede reforçada com um biombo traça a fronteira entre a área reservada aos investigadores e o palco onde nasce muito do trabalho que está na raiz do laboratório. A logística não pasma. De um lado, um espaço para reuniões e uma mesa equipada com um computador e dois monitores preenchem o cenário. Do outro lado do biombo quadriculado,


os equipamentos e… os filmes. Em quase todos, o objetivo passa por “retirar implicações importantes para a prevenção e tratamento dos problemas identificados ”, resume o investigador. O poder da mente Do sofá para o terreno, com passagem pelas páginas das principais revistas científicas internacionais, a verdade é que os resultados obtidos no SexLab começam já a ter impacto na prática clínica. É o exemplo do projeto pioneiro que visa testar a eficácia da psicoterapia (terapia cognitivo-comportamental) no tratamento de homens diagnosticados com disfunção eréctil sem causa médica associada. Poderá a mente ser mais eficaz do que um comprimido azul?, ergue-se a caneta. Pedro Nobre acredita que sim. “Ao contrário dos medicamentos como o Viagra, ou afins, os tratamentos psicológicos necessitam de mais tempo, mas, na maior parte dos casos, têm um efeito a

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as atenções focam-se no sofá bege debruçado sobre um monitor, e no dispositivo branco que se liga a outros dois aparelhos por uma teia de fios dispersos pelo chão. Uma espécie de webcam capaz de decifrar cada movimento do olhar, um pack de lenços e uma coleção imaginária de filmes com “bolinha vermelha” completam a imagem. A caneta cora, ignorando que reside nesta parafernália muito do que está por saber sobre o funcionamento sexual do ser humano. “Com o nosso equipamento conseguimos medir a ereção do homem e a vasocongestão vaginal na mulher, e comparar essas respostas genitais com o relato que as pessoas vão fazendo, in loco, do grau de excitação. Em laboratório podemos ainda correlacionar esses dados com outras respostas fisiológicas, como o batimento cardíaco, a respiração e a atenção visual”, concretiza Pedro Nobre. No sofá bege, a receita é aplicada nas centenas de voluntários que estão na origem de grande parte dos projetos do SexLab. Entre eles contam-se os mais de 100 homens envolvidos num estudo experimental que visa comparar a resposta sexual de homens com disfunção eréctil e homens sem dificuldades sexuais. Reservado está também o espaço para as 100 mulheres que vão passar pelo laboratório num projeto que permitirá “desvendar o papel das variáveis psicossociais na resposta sexual feminina”. Para quase todos os estudos, variam


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Sala do SexLab, laboratório pioneiro em Portugal que está sediado, desde setembro de 2012, na FPCEUP.

02 Pedro Nobre, mentor e coordenador do SexLab. 03 A equipa liderada por Pedro Nobre (ao meio) conta com uma dezena de investigadores com ampla experiência clínica e de investigação científica.

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longo prazo mais sustentado”, justifica. A Sandra Vilarinho cabe testá-lo. Para além de coordenar o projeto sobre disfunção eréctil, a terapeuta sexual do SexLab lidera outro estudo clínico que propõe integrar a meditação (mindfullness) num protocolo de intervenção em mulheres com problemas de desejo/excitação sexual. “A ideia passa por ajudar as pessoas a trabalhar a integração corpo-mente, sem julgamento e com uma atitude de curiosidade”, explica a investigadora, acrescentando que “os resultados internacionais deste tipo de estudos têm sido fantásticos”. Os desafios colocados aos investigadores do SexLab não se esgotam, entretanto, no conforto do laboratório. Ricardo Barroso, por exemplo, passou quatro anos a visitar centros educativos e estabelecimentos prisionais de todo o país com o objetivo de traçar o perfil de agressores sexuais menores. O resultado é um estudo inovador que permitiu “sinalizar alguns dos fatores associados ao início de comportamentos sexuais problemáticos, tais como a pedofilia”. Já Manuela Peixoto dedica o doutoramento a traçar um “retrato” dos comportamentos e dificuldades sexuais associados aos gays e às lésbicas em Portugal. Para isso, realizou um inquérito online a 275 gays e 250 lésbicas, cujos testemunhos deverão “chamar

a atenção dos profissionais de saúde para a necessidade de uma grande sensibilidade na forma como se abordam as questões sexuais com esta população”. Há ainda trabalhos sobre assexualidade, dor sexual feminina ou hipersexualidade, perturbação que não é reconhecida como doença psiquiátrica e que levou Joana Carvalho a entrevistar dezenas de estudantes universitários portugueses com o propósito de “alertar para a necessidade de se aplicarem planos de intervenção/ prevenção no terreno”. As histórias multiplicam-se, mas todas convergem no mesmo fim condutor: “Em último caso, o que pretendemos com os nossos estudos é mudar a forma como as pessoas concebem a sexualidade e, portanto, mudar crenças”, sintetiza Pedro Nobre. Os portugueses e a sexualidade As palavras remetem novamente para o sofá bege, onde o indium gallium gauge, o fotopletismógrafo vaginal, o eyetracker e restante maquinaria marcam o ritmo da batalha contra o preconceito que o SexLab trava com sucesso há quase meia década. “Não temos nenhum ‘medidor de tabu’ mas, no tempo que levamos no terreno, conseguimos atrair voluntários para todos os estudos e nunca sentimos uma reação negativa ao que fazemos. São tudo aspetos surpreendentemente positivos”, avalia o coordenador do SexLab. Em terra de bons costumes, aconselha-se, ainda assim, um bom jogo de antecipação. “Como? Cumprindo rigorosamente os aspetos éticos, como a confidencialidade e a privacidade, e tendo o cuidado de pedir pareceres de comissões de ética


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Procuram-se voluntários No âmbito da mudança para a U.Porto, o SexLab está a recrutar voluntários para o estudo que visa avaliar a eficácia de um programa de tratamento psicológico da disfunção eréctil. Para este projeto, é necessária a participação de homens entre os 18 e os 40 anos, com dificuldades de ereção sem causa médica associada, aos quais será oferecido tratamento gratuito durante três meses. Em curso desde maio passado está também um estudo experimental que promete lançar novas luzes sobre o comportamento sexual feminino. Para isso, os investigadores pretendem determinar o papel de variáveis psicossociais na resposta sexual de mulheres – dos 18 aos 40 anos – sem dificuldades sexuais. Às participantes será entregue um vale de 30 euros. Em qualquer um dos estudos, o SexLab garante a total privacidade e confidencialidade das participantes, sendo que todos os procedimentos decorrem sem qualquer observação ou intervenção direta por parte dos investigadores. Mais informações através do e-mail sexlab.up@gmail.com ou do site do SexLab: http:// www.fpce.up.pt/sexlab/.

estamos distantes do padrão identificado nos países em que se fazem este tipo de estudos” – mas lança as bases para alguns dos candidatos a passar pelo sofá bege: “No caso dos homens, a ejaculação prematura e a disfunção eréctil são as dificuldades mais frequentes. No caso das mulheres, são a falta de desejo e a dificuldade em atingir o orgasmo”. Crescer na Universidade Para continuar a dar respostas a estes e outros enigmas sobre a sexualidade humana, o SexLab aposta na prossecução do caminho iniciado em 2008, e impulsionado com a transferência para a FPCEUP. “O objetivo a médio prazo passa por afirmar-nos como um centro de investigação de referência nacional e internacional, onde se conjuguem investigadores de excelência que, em Portugal e fora do país, trabalhem as diferentes áreas da sexualidade”, perspetiva Pedro Nobre. Para isso, o laboratório tem reforçado a cooperação com outras instituições de investigação e conta com o contributo da rede internacional “SexLab”, onde trabalha em colaboração permanente com mais dez centros de investigação espalhados por todo o mundo. O resto fica facilitado pelas “condições muito boas” que o grupo encontrou na U.Porto. “Para além de ser a melhor universidade portuguesa nos rankings internacionais, o facto de estar numa área metropolitana muito populosa permite-nos concretizar mais facilmente os nossos projetos”, adianta o investigador, para quem “as condições estão criadas para continuarmos a crescer”.

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independentes aos nossos trabalhos. Depois, não há nenhum voluntário que não saiba à partida as condições dos estudos”. Aos procedimentos éticos, o SexLab junta todo o trabalho que vem permitindo traçar um perfil inédito sobre o comportamento sexual dos portugueses. Voltamos ao quiosque: “Investigação calcula que 10% dos homens tenha dificuldades de ereção”, dava conta um jornal nacional em meados de 2012. As percentagens fazem os títulos, mas só contam parte da história que Pedro Nobre e companhia se propõem escrever. “O que fazemos em laboratório ou através dos estudos correlacionais vai permitir-nos identificar caraterísticas sociodemográficas que podem ser fatores de risco/proteção no que toca à saúde sexual”. Do trabalho desenvolvido pelo investigador no campo das crenças sexuais (ideias sobre sexualidade que predispõem o desenvolvimento de problemas sexuais) já resultou, por exemplo, a “descoberta” do “macho latino”, designação atribuída a “homens que têm a ideia que têm que estar sempre ‘prontos’ e nunca podem falhar”. Entre os projetos que prometem animar os títulos da imprensa nos próximos tempos destaca-se ainda o lançamento de um estudo longitudinal que, recorrendo ao laboratório mas também ao contributo de outras áreas do saber, permitirá “perceber o que é que faz com que homens e mulheres portugueses desenvolvam problemas sexuais”. Será o “macho latino” o protótipo do homem português? Como nos situamos em termos de “eficácia” em relação a outros países? Pedro Nobre evita comparações – “em termos globais, não


EM FOCO

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CAMPUS AGRÁRIO DE VAIRÃO

Se a agricultura e a pecuária constituem parte indissociável do ADN da economia portuguesa, quis o homem que, nas últimas décadas, as atenções se virassem para outros setores de atividade. Em tempos de crise, porém, a aposta no setor agroalimentar surge como “escapatória” para a recuperação económica e a autossustentabilidade prementes. Atenta a esse apelo, a U.Porto está a trabalhar com atuais e futuros produtores e empresários na procura de soluções para a modernização de um setor vital para o país e para a região Norte. Das estufas e salas da Faculdade de Ciências aos laboratórios do CIBIO, com passagem pela “vacaria” do ICBAS, o futuro desenha-se com vista para o campo, no Campus Agrário de Vairão.

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TIAGO REIS

O FUTURO DESENHA-SE COM VISTA PARA O CAMPO

ão é fácil acompanhar o passo de Ana Aguiar no caminho recortado a pedra e pó que conduz ao complexo de estufas denunciado entre os muros a perder de vista na paisagem verdejante de Vairão, Vila do Conde. Fá-lo com o mesmo à vontade com que, minutos depois, falará perante uma plateia de 20 jovens sobre as pragas que ameaçam os carvalhos que dão as boas vindas ao “quartel general” do Campus Agrário da Universidade do Porto. Há não muito tempo, o cenário era bem diferente nas aulas da docente e diretora do curso de Ciências de Engenharia da Faculdade de Ciências (FCUP). “Estivemos para fechar o curso por falta de estudantes mas, nos últimos anos, a procura tem aumentado. Há todo um ambiente no país que favorece este fenómeno de as pessoas voltarem ao campo e de verem aqui uma saída profissional…”. A sentença ganha sentido num tempo em que a agricultura volta a marcar a ordem do dia. (Re) encontramo-la nas primeiras páginas dos jornais, onde a “revolução verde” é anunciada pelos principais agentes políticos e económicos. Ou nas reportagens televisivas que, diariamente, enaltecem os avanços tecnológicos que prometem banir a enxada e a foice dos campos nacionais. Contabilizamo-la ainda nas empresas que se estão a instalar no campo, levando consigo investimento e mão de obra qualificada. “É um fenómeno curioso este regresso às ori-


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desde a instalação do curso em Vairão, em 1996. “Estamos numa zona em que há dois setores agrícolas muito fortes, que são a produção de leite e a produção de hortícolas e flores em estufa. Como tal, é fundamental fazermos a transferência de conhecimento para os agricultores”, diz Ana Aguiar sobre um trabalho que vem sendo feito “pelos professores, em combinação com toda a fileira agronómica [produtores, empresas do setor agroindustrial e outras escolas de Agronomia]” e que “tem permitido perceber os principais problemas de investigação ao nível da região”.

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Estudantes de Engenharia Agronómica da FCUP.

02 Campus Agrário da U.Porto em Vairão. 03 Ana Aguiar, diretora do curso de Ciências de Engenharia da FCUP.

ICBAS: Um modelo de sucesso Algumas centenas de metros abaixo, as palavras carburam ao som do motor da carrinha que está prestes a partir das instalações do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), levando a bordo um grupo de estudantes e professores do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária (MIMV). A cena repete-se várias vezes ao dia e tem como destino as explorações dos cerca de 300 produtores de leite com que o Instituto colabora ao abrigo de um protocolo com a Cooperativa Agrícola de Vila do Conde e que, em troca dos serviços clínicos do ICBAS, disponibilizam os seus espaços para atividades de ensino e investigação. Esta é, contudo, apenas uma das vertentes inovadoras da missão que o instituto desenvolve desde 1996. Para os estudantes que ficam em terra, as opções variam entre as salas de cirurgia da clínica veterinária, as boxes ocupadas por garanhões de última geração, espaços laboratoriais diversificados e os campos onde cavalos, ovelhas e vacas coabitam sob o sol de Vairão. No puzzle cabem também o Centro de Reprodução Animal de Vairão (CRAV) e o Centro Clínico de Equinos de Vairão (CCEV), duas infraestruturas nascidas no instituto e que complementam o apoio ao ensino com a prestação de serviços especializados à comunidade na área da reprodução assistida e da cirurgia intra-hospitalar em cavalos, respetivamente. Tudo somado, resulta num modelo de formação sem paralelo no quadro do ensino superior português, em que ensino, investigação e serviço à

Fotos: Egídio Santos

gens, e está a provocar um grande entusiasmo em toda uma geração”, confessa Ana Aguiar, guia da primeira paragem da viagem que nos leva ao “coração verde” da Universidade, localizado a 30 quilómetros do Porto. Por enquanto, seguimo-la até à estufa onde, todos os dias, dezenas de estudantes da FCUP aprendem o “bê-á-bá” das plantas e das técnicas de cultivo. Na área circundante há ainda um pomar, uma vinha, entre outras valências orientadas para a “formação prática e de banda larga” nas áreas das Ciências Agrárias e da Gestão e Marketing Agroalimentar. Juntas, conferem um caráter próprio ao curso de Engenharia Agronómica, um dos três ramos da licenciatura em Ciências de Engenharia da FCUP e um dos dois – a par da Engenharia Alimentar – que estão sediados em Vairão. Longe vão os tempos em que os estudantes chegavam a conta-gotas no autocarro que faz o transporte diário da estação de metro do Mindelo até ao campus. Só no ano letivo 2012/2013, as 20 vagas para cada ramo da licenciatura foram todas preenchidas. O mesmo acontece ao nível da formação pós-graduada (composta pelo 2.0 ciclo em Engenharia Agronómica e pelos mestrados em Ciências e Tecnologia Pós-Colheita, Ciências do Consumo e Nutrição e Viticultura e Enologia), procurada “por cada vez mais candidatos com formações diversas, que vêm à procura de um novo rumo profissional”. Ao ensino em contexto real, a FCUP junta a “forte ligação” ao setor de produção local, dinamizada

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últimos quatro anos”. Parte da explicação acaba de partir em mais uma carrinha, sob o olhar de Paula Ferreira. “Os nossos estudantes começam a olhar com outros olhos para o setor da produção agrária e há alguns que estão decididos a montar explorações. É o tal regresso às origens que temos que potenciar...”.

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comunidade se combinam “para que perto de 500 estudantes possam aprender num ambiente que seja o mais próximo possível da realidade”, explica António Mira da Fonseca, diretor do Departamento de Clínicas Veterinárias do ICBAS. Mais uma vez, as palavras estendem-se ao longo da paisagem de Vairão. “Estando inseridos na maior bacia leiteira do país [só entre Vila do Conde e Barcelos estima-se que esteja concentrada cerca de 20% da produção nacional de leite], não podemos estar desgarrados do que nos rodeia”, nota o responsável. Mais do que isso: “Sem a ligação à comunidade, um curso de Medicina Veterinária não existe”, completa Paula Ferreira, diretora do MIMV. É nesse sentido que, a par da ligação mantida com organismos “vizinhos”, como o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, o ICBAS está de portas abertas a “qualquer produtor que queira colaborar connosco”. Na equação focada em Vairão, mas que se prolonga pelas regiões do Douro, Minho, Beiras e Trás-os-Montes, há ainda espaço para os “professores que trabalham com produtores dos setores da suinicultura, avicultura e cunicultura, dando resposta a problemas de investigação concretos”. Foi este modelo que António Rocha ajudou a afirmar em 2005, quando assumiu a direção clínica do CRAV. Encontramo-lo entre os 40 cavalos que esgotam a lotação do centro, junto a uma das éguas “recetoras de embriões” das quais se espera que nasçam alguns dos mais velozes cavalos de corrida nacionais. “Também estamos envolvidos no ensino e consultoria nas áreas da reprodução assistida e avaliação dos índices de fertilidade de gado de leite”, explica o professor catedrático do ICBAS, resumindo um serviço inovador que “cresceu acima das expectativas, sobretudo nos

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01 02 03 Estudantes de Medicina Veterinária do ICBAS. 04 Cavalos, vacas, ovelhas e outras espécies coabitam nas instalações do Instituto em Vairão.

Aposta no conhecimento Paralelamente à formação de ponta, fortemente integrada no meio local, os grupos de investigação dispersos pelos cerca de 500 mil m2 que compõem o campus de Vairão combinam entre si um trabalho intensivo ao nível da produção científica, traduzido nalguns dos mais entusiasmantes projetos de investigação a decorrer na Universidade. Na “base“ do ICBAS, o fenómeno revela-se nos múltiplos projetos em curso em áreas como a Reprodução Animal, a Cirurgia Experimental, a Medicina Regenerativa ou a Qualidade e Segurança Alimentar. Para exemplificar, sentamo-nos à mesa do pequeno-almoço, destino final do trabalho que Mira da Fonseca desenvolve no quadro do ICBAS e do Laboratório Associado REQUIMTE. “A ideia é conseguirmos aumentar a eficiência da produção, produzindo leite com mais qualidade do ponto de vista nutricional”, salienta o investigador. Do trabalho realizado no terreno com os produtores, já resultou a certificação de várias explorações de acordo com as mais exigentes normas internacionais. E há espaço para melhorar. “Havendo interesse da indústria, é possível pôr as explorações a produzir leite naturalmente enriquecido em componentes benéficos à saúde humana”. Já na FCUP, é também de conhecimento com valor acrescentado que se fala nos espaços experimentais onde Ana Aguiar busca soluções inovadoras para a proteção das plantas. Há quem faça o mesmo nas áreas da horticultura, floricultura, vitivinicultura e das tecnologias avançadas de agricultura, a que se junta “uma área forte ao nível da produção vegetal”. Os exemplos multiplicam-se e, não raras vezes, transpõem as fronteiras dos centros de investigação na forma de projetos multidisciplinares, sustentados na cooperação entre os grupos de investigação “plantados” em Vairão. É o que acontece nos laboratórios do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO), onde o grupo de Ana Assunção – o PlantEvol – procura nas moléculas as respostas para


melhorar a qualidade das plantas. Por exemplo, “encontrar culturas com uma utilização mais eficiente dos nutrientes disponíveis no solo”. Deste trabalho, realizado em colaboração com outros grupos de Biologia de Plantas da U.Porto, resultou já uma patente que está a ser negociada com uma empresa do setor agrícola de melhoramento vegetal. O próximo passo será “desenvolver parcerias com produtores”, antecipa a investigadora sobre uma ligação onde todos ganham: “Os produtores podem financiar projetos de investigação aplicados a um problema ou a uma nova linha de intervenção. E a Universidade pode ser uma incubadora de oportunidades de negócio geradas a partir da investigação fundamental”. Seguimos no CIBIO, ao encontro do gabinete de Júlio Carvalheira, professor associado do ICBAS e especialista em Genética Animal. Ninguém diria que é gerido a partir dali o mais inovador programa de avaliação genética do gado de leite em Portugal, e referência ao nível da gestão das explorações que integram a Associação dos Bovinicultores de Leite do Norte. “Basicamente, vamos às explorações e definimos os melhores e os piores animais em termos de produtividade. Depois, fornecemos essa informação aos criadores, de forma a tornarem a sua exploração mais eficiente”, explica o investigador. Para fazer esse interface, foi lançado há dois anos o BovInfor, uma plataforma on-line que disponibiliza os dados recolhidos aos produtores, através de uma base de dados nacional. A tal ponto que, “hoje em dia, nenhum criador compra sémen de touro sem consultar o BovInfor!”.

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01 02 03 Trabalhos de investigação em Vairão, abarcando as diferentes áreas do setor agroalimentar. 04 Inovador programa de avaliação genética do gado leiteiro nacional, liderado por uma equipa do ICBAS/CIBIO.

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A mensagem ultrapassa, entretanto, os muros de Vairão para chegar a outros espaços da U.Porto. Do campo para os laboratórios das faculdades de Engenharia e de Farmácia ou do INEGI, o esforço que mobiliza a Universidade tem atraído projetos voltados para áreas de forte cariz tecnológico, como a mecanização da vinha ou a biotecnologia ligada ao setor agroalimentar. Do ICBAS, sai o aplauso: “A U.Porto está muito bem colocada nesta área porque conseguiu criar contactos sólidos com o setor produtivo”, nota António Rocha. Já para Júlio Carvalheira, a “revolução” não pode parar: “Só aplicando inovação no setor primário é que podemos caminhar para a autossuficiência alimentar. De outro modo, o país está condenado a ser devedor toda a vida”. Se os ventos sopram de feição nos prados de Vairão, a verdade é que nem tudo são rosas no caminho que a Universidade está a trilhar em prol da dinamização do setor agrícola. Em antítese com o esforço em curso, os campos da região Norte escondem ainda uma agricultura envelhecida (a idade média dos agricultores ultrapassa os 60 anos), sustentada num modelo de cultura intensiva, de baixo cariz tecnológico e baixa produtividade. “Fala-se muito do setor primário mas faz-se pouco para combater os problemas estruturais que continuam a existir”, alerta Mira da Fonseca, para quem “uma aposta séria na agricultura implica pensar nisto como uma fileira em que todos os envolvidos têm que andar juntos”. O aviso faz eco na FCUP, onde Ana Aguiar acrescenta ao diagnóstico a “falta de ligação dos produtores com os locais onde está o conhecimento, como a Universidade. Mesmo os que apostam em inovação vão buscar esse conhecimento ao estrangeiro, quando podiam fazê-lo cá dentro, com benefício para a rede local de produção e para a economia do país”. Plantar oportunidades empresariais É a pensar nesta realidade, enraizada na procura de respostas para as necessidades da região e do país, que a U.Porto se prepara para “plantar” em 23

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Oportunidade para uma nova geração

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Vairão um plano ambicioso centrado na agricultura de base tecnológica. A ideia é simples. Imagine-se uma plataforma onde investigadores, agricultores e empresários se encontram para desenvolver tecnologias de ponta numa das mais promissoras áreas agrícolas da região Norte. Acrescente-se ainda a possibilidade de potenciar esse conhecimento gerado em cadeia em projetos empresariais competitivos a nível internacional. Até final de 2013, será um pouco de tudo isso que vai nascer com o novo centro de competências em culturas protegidas do Campus de Vairão. Vocacionado para uma área (produção em estufa) com tradição na região e elevado potencial económico, o projeto que promete colocar a Universidade na vanguarda do ensino e da I&D+i na área das ciências e tecnologias agrárias ficará instalado num conjunto de terrenos e edifícios cedidos à Universidade pela Direção-Geral do Património (Ministério das Finanças). Ali procurar-se-á potenciar os pilares que vêm sendo trabalhados há quase 20 anos, em Vairão. “Será um espaço de ensino e investigação, em que os produtores poderão apresentar os seus problemas e testá-los em colaboração com os grupos da Universidade que trabalham nestas áreas”, concretiza Jorge Gonçalves, vice-reitor da U.Porto para a I&D+i. Ao mesmo tempo, “pretende ser um ‘ninho de empresas’, em que um agricultor sem experiência terá facilidades para se lançar”, completa Ana Aguiar. Ao nível do ensino, a aposta da U.Porto vai traduzir-se no reforço da formação pré e pós-graduada em Ciências Agrárias, mas também na oferta de formação contínua aplicada às necessidades dos técnicos e novos produtores. Nas salas do curso de Engenharia Agronómica da FCUP, por exemplo, deverá arrancar já no próximo ano letivo “um novo plano de estudos que terá uma forte componente de gestão. Por outro lado, queremos especializar-nos na área da horticultura e fruticultura, que pode ser uma porta de saída profissional excelente para os nossos estudantes”, avança a docente. A segunda componente estará orientada para a investigação de excelência “a partir dos conhecimentos dispersos na Universidade”. Para o efeito, será instalado um complexo de estufas de úl-

“As universidades devem ter um papel fundamental na formação dos produtores”, reclamam os futuros agricultores da U.Porto.

São jovens, encontraram no campo a sua vocação e reclamam para si um lugar na “revolução verde”. Dos campos da FCUP à “vacaria” do ICBAS, o perfil abarca grande parte dos estudantes que povoam o campus de Vairão. É o caso de Nuno Rodrigues que, em 2010, trocou o curso de Farmácia pelas Ciências de Engenharia (Engenharia Agronómica) da FCUP. “Sempre quis isto mas fui para Farmácia porque diziam que não dava nada. Por sorte, o tempo deu-me razão”, diz o finalista e fundador da IAAS-Porto, associação que reúne estudantes da área das Ciências Agrárias de toda a região Norte. Entre eles está Mariana Costa que, prestes a terminar o curso, sonha com “uma experiencia empresarial na área dos vinhos”. Antes, é na U.Porto que quer continuar a crescer. “Estava indecisa sobre onde ia tirar o mestrado mas a Universidade foi-me convencendo, porque vejo uma vontade muito grande em apostar neste setor. Agora é preciso passar à ação, chamando os estudantes a participar”, reivindica. Às expectativas da nova geração de agricultores alia-se o contexto favorável em torno de uma “área que está na moda e que cada vez mais gente vê como a saída para a crise”, notam os estudantes. Há cinco anos, foi outro motivo que levou António Fonseca ao ICBAS. “Nasci no meio rural e sempre achei engraçado tudo o que está ligado à natureza e ao que retiramos dela. Mas nunca pensei trabalhar na produção animal”, conta. Meia década depois, tudo mudou para o hoje finalista de Medicina Veterinária. “Depois de ver o que se pode fazer

ao nível da alimentação e do melhoramento animal, descobri que é uma área em que podemos poupar imensos recursos e fazer coisas extraordinárias pelos animais”. Diariamente, António faz por mostrá-las nas viagens que faz ao encontro dos produtores da região. “Já não são o que eram mas ainda têm uma mentalidade que não lhes permite dar o passo em frente”, diagnostica o estudante. Junto à piscina do Campus Agrário de Vairão, Nuno Rodrigues também encara o “boom” da agricultura como uma “oportunidade de evolução” para o setor. Mariana Costa indica o caminho: “Há produtos em que devíamos ser autossuficientes e não somos porque não sabemos aproveitar as condições que temos”. Ao esforço em que desejam ser protagonistas os estudantes querem ver associada a U.Porto, que, para António Fonseca, “deve ter um papel fundamental na formação dos produtores”. Já para Nuno Rodrigues, “as empresas que se aliem à Universidade podem retirar daí um fator importante de crescimento”. Os caminhos vão dar mais uma vez a Vairão. “Hoje vemos com facilidade antigos estudantes a pedir ajuda aos nossos professores. Isso deve ser incentivado, porque são muitas vezes essas pessoas que fazem a transferência do conhecimento para o exterior”, adverte Mariana Costa. Os campos já lá estão. E as oportunidades também. Até porque, remata Nuno Rodrigues, “diz-se que o dinheiro não se colhe das árvores, mas aqui o dinheiro colhe-se mesmo das árvores, das plantas e dos frutos”.


tima geração onde, “em ambiente protegido e em condições controladas”, empresas, produtores e outras universidades serão chamados a colaborar na experimentação de soluções orientadas para o aumento da produtividade e da qualidade no setor vegetal. Entre as técnicas de cultivo e produções diferenciadas de frutas, legumes e flores que se espera que venham a nascer, haverá também espaço para inovar ao nível dos materiais para cultivo e das estruturas das estufas. “Não se trata apenas de colocar as pessoas a trabalhar em culturas protegidas, mas também de potenciar a otimização de tecnologias que possam, inclusivamente, ser exportadas para outros países”, destaca Susana Carvalho, especialista em culturas protegidas e consultora do projeto. Da “transferência de conhecimento” entre Universidade e produtores resulta, por fim, a terceira componente do novo “polo verde” da U.Porto, assente na criação de uma área de incubação de novas empresas e unidades de inovação empresarial ligadas à agricultura de base tecnológica. Nesta estrutura, que ficará sob tutela do Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto (UPTEC), “será privilegiado, por exemplo, o apoio a jovens empreendedores que, com baixo custos, vão poder instalar-se ou criar uma nova área de negócios”. Da teoria à prática O novo cluster agrícola da U.Porto terá como centro nevrálgico a área de estufas que é hoje utilizada pela FCUP. Para além da recuperação dessas estruturas, “será construída uma estufa totalmente nova, que servirá como unidade de demonstração de boas práticas em novas tecnologias”. Orçado em 8 milhões de euros e abrangendo uma área total de cerca de 90 mil m2, o projeto – que se prolongará até 2015 – inclui ainda a reabilitação de quatro edifícios (inclusive o antigo Museu Agrícola de Entre Douro e Minho), que vão albergar estruturas de apoio vocacionadas para a formação e para a investigação aplicada, a par do espaço de incubação de empresas. “Também pretendemos instalar uma one stop shop em que um produtor que queira fazer uma análise de água ou de solo pode obter facilmente esses serviços”, explica Susana Carvalho. Da combinação destas valências deverá, então, resultar “uma estrutura diferenciada, voltada para o ensino, investigação e iniciativa empresarial” que “qualquer produtor da região poderá

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A aposta do ICBAS passa pelo reforço da clínica de grandes animais.

02 Novo centro de competências de culturas protegidas arranca ainda em 2013. 03 Projeto pioneiro em Portugal que combina ensino, investigação e incubação de empresas na área da agricultura de base tecnológica.

ter como referência”. Para o sucesso do projeto contribuirá também o diálogo mantido com instituições internacionais que estão na vanguarda do setor agrícola. “Nós não queremos inventar a roda. Muitas das tecnologias que queremos desenvolver estão a acontecer no mundo inteiro. Portugal e a região não podem é ficar atrás nesta corrida, até porque temos condições de produção [clima, radiação solar, etc.] que nos tornam competitivos lá fora. Estamos a viver um ponto de viragem e temos que aproveitá-lo”, desafia a investigadora. Prevista no projeto de consolidação do Campus de Vairão, mas ainda em moldes por definir, está também a inclusão da área da medicina veterinária. No “Campo da Varziela”, os cavalos do ICBAS piscam já o olho ao futuro. “Tudo o que envolva incubadoras de empresas é importante para criar um espírito de inovação nos atuais produtores e naqueles que estão a ser formados nas universidades. Por outro lado, permitirá estimular outras sinergias entre formações diversas, incluindo a medicina veterinária”, aponta António Mira da Fonseca. Entretanto, o “trabalho de casa” já vai sendo feito no Instituto. Lado a lado com a atual estrutura, encontra-se em fase final de construção uma empreitada que permitirá dotar o complexo com mais salas de aulas e espaços orientados para a investigação científica. Pretende-se, deste modo, “dar resposta a alguns casos clínicos que em espaço de campo não podem ser investigados”, explica Paula Ferreira. Por detrás desta estratégia de expansão está também o reforço dos serviços de apoio à comunidade, com enfoque na área clínica de grandes animais. Segundo António Mira da Fonseca, “a ideia passará por oferecer mais serviços contextualizados em termos de investigação, no sentido de dar resposta aos problemas que surgem ao nível da produção”. O resto cumpre-se nos campos do ICBAS, com vista para as estufas de Vairão, de onde Paula Ferreira acena com um último desafio: “O esforço que está a ser feito na Universidade não terá valor se não reforçarmos diariamente a ligação à comunidade, mantendo sempre como referência a melhoria do país”. 25

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FORMAÇÃO

NÃO CONFERENTE DE GRAU – PÓS-GRADUADA E CONTÍNUA COM CANDIDATURAS ENTRE SETEMBRO E NOVEMBRO DE 2013

Faculdade de Belas Artes (FBAUP)

FORMAÇÃO NÃO CONFERENTE DE GRAU – PÓS-GRADUADA E CONTÍNUA­ – DA UNIVERSIDADE DO PORTO COM CANDIDATURAS ENTRE SETEMBRO E NOVEMBRO DE 2013

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Atenção A presente lista não dispensa a consulta do Catálogo de Formação Contínua da U.Porto 2013/2014, disponível em www.up.pt, bem como as páginas das Unidades Orgânicas/Escolas responsáveis pela organização desta oferta. Poderá ainda consultar a listagem das Unidades Curriculares Singulares constantes dos planos de estudos dos cursos e ciclos de estudos das várias Unidades Orgânicas, em www.up.pt – estudar na U.Porto – Documentos – Unidades Curriculares Singulares.

Desenho de Composição com Figura Humana [Avançado] Tipo de curso: Curso livre • Duração: 68 horas • Calendário: 7 outubro de 2013 a 30 junho de 2014 • Candidaturas: Até 30 setembro de 2013 • Vagas: 20 • Créditos: 7,5 ECTS • Mais info.:+351 225 192 411/16 / formcontinua@fba.up.pt • Propina: 487,00 € (membros FBUP / U.Porto); 542,00 € (Público em geral) Desenho de Figura Humana [Iniciação] Tipo de curso: Curso livre • Duração: 68 horas • Calendário: 2 outubro de 2013 a 11 junho de 2014 • Candidaturas: Até 24 de setembro de 2013 • Vagas: 20 • Créditos: 7,5 ECTS • Mais info.:+351 225 192 411/16 / formcontinua@fba.up.pt • Propina: 487,00 € (membros FBUP / U.Porto); 542,00 € (Público em geral) Gravura e encadernação: métodos oriental e ocidental Tipo de curso: Curso livre • Duração: 28 horas • Calendário: outubro de 2013 • Candidaturas: Até 25 de setembro de 2013 • Vagas: 12 • Créditos: n/a • Mais info.: +351 225 192 411/16 / formcontinua@fba.up.pt • Propina: 177,00 € (membros FBUP / U.Porto); 207,00 € (Público em geral) Produção audiovisual em sistema multimédia - vertente estéticas narrativas Tipo de curso: Curso livre • Duração: 21 horas • Calendário: 5 de novembro a 26 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 30 de outubro de 2013 • Vagas: 20 • Créditos: n/a • Mais info.: +351 225 192 411/16 / formcontinua@fba.up.pt • Propina: 152,00 € (membros FBUP / U.Porto); 192,00 € (Público em geral) Produção audiovisual em sistema multimédia - vertente técnicas de produção Tipo de curso: Curso livre • Duração: 21 horas • Calendário: 28 de novembro a 19 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 18 de novembro de 2013 • Vagas: 20 • Créditos: n/a • Mais info.:+351 225 192 411/16 / formcontinua@fba.up.pt • Propina: 152,00 € (membros FBUP / U.Porto); 192,00 € (Público em geral)

Faculdade de Ciências (FCUP)) Rua do Campo Alegre, s/n • 4169-007 PORTO • Tlf: +351 220 402 000 • http:// www.fc.up.pt

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Do laboratório de investigação à sala de aula -princípios básicos da cultura de células vegetais in vitro Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 5 de outubro a 16 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 26 de setembro de 2013 • Vagas: 20 • Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais info.: +351 220 402 082 / formacao.continua@fc.up.pt • Propina: 100,00 € Multimédia no Ensino da Química Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 20 de setembro a 18 de outubro de 2013 • Candidaturas: Até 10 de outubro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais info.:+351 220 402 082 / formacao.continua@fc.up.pt • Propina: 100,00 € Plataformas e experiências de e-learning em Química Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 25 de outubro a 22 novembro de 2013 • Candidaturas: Até 17 de outubro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais info.: +351 220 402 082 / formacao. continua@fc.up.pt • Propina: 100,00 €

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Faculdade de Engenharia (FEUP)

Rua Dr. Roberto Frias, s/n • 4200-465 Porto • Tlf: +351 225 081 400 • http:// www.fe.up.pt Formação ITED (Instalações de Telecomunicações em Edifícios) Habilitante Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 100 horas • Calendário: 4 de novembro a 18 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 7 outubro de 2013 • Vagas: 18 • Créditos: 12 ECTS • Mais info.: + 351 225 081 977; E-mail: acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 650,00 €


Gestão da Emergência: Abordagem ao Problema por Protocolos Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 30 horas • Calendário: 26, 27, 28, 29 de março de 2014; 3, 4, 5 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 26 de fevereiro de 2014 • Vagas: 20 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: + 351 225 081 977; E-mail: acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 300,00 € Beneficiação - Reabilitação de Estradas Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 33 horas • Calendário: 28, 29 de março e 4, 5, 11, 12 de abril e 9, 10, 16, 17, 23 de maio, de 2014 • Candidaturas: Até 2 de março de 2014 • Vagas:15 • Créditos: 3,5 ECTS • Mais info.: +351 225 081 977; E-mail: acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 550,00 € Ondas de som e de luz: conceitos, fenómenos, experiências e aplicações Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 25 de junho a 2 de julho 2014 • Candidaturas: Até 28 de maio de 2014 • Vagas:25 • Créditos: n/a • Mais info.: +351 225 081 977; E-mail: acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 100,00 € Formação ITUR (Instalações de Telecomunicações em Urbanizações) Habilitante Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 1ª Edição – 20 a de 30 de janeiro de 2014 • Candidaturas: Até 11 dezembro 2013 • Vagas:18 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: + 351 225 081 977; E-mail: acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 245,00 € Gestão de Operações em Transportes Públicos de Passageiros Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 33 horas • Calendário: 12, 13, 19, 20, 26 de maio de 2014 •

Candidaturas: A definir • Vagas:20 • Créditos: 3,5 ECTS • Mais info.: + 351 225 081 977; E-mail: acesso.ingresso@fe.up. pt • Propina: 650,00 € Diretores e Responsáveis Técnicos de Recursos Geológicos - Aspetos técnico-legais Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 9 horas • Calendário: 11, 18 e 25 de outubro 2013 • Candidaturas: A definir • Vagas: 20 • Créditos: 1 ECTS • Mais info.: + 351 225 081 977; E-mail: acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 120,00 € Emprego de Explosivos nos Recursos Geológicos - Aspetos técnico-legais Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 9 horas • Calendário: 8, 15 e 22 de novembro de 2013 • Candidaturas: A definir • Vagas:20 • Créditos: 1 ECTS • Mais info.: + 351 225 081 977; E-mail: acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 120,00 € Comportamento Sísmico de Estruturas Tipo de curso: Curso de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: Curso: 21 de outubro de 2013 a 12 de fevereiro de 2014. • UF1 - 21, 23, 25, 28 e 30 de outubro de 2013; UF2 - 11, 13, 15, 18 e 20 de novembro de 2013; UF3 - 6, 8, 10, 13 e 15 de janeiro de 2014; UF4 - 3, 5, 7, 10 e 12 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: A definir • Vagas: 30 • Créditos: 6 ECTS • Mais info.: + 351 225 081 977; E-mail: acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 600,00 € - inscrição no curso / 200,00 € (inscrição numa UF) / • 500,00 € (inscrição em três Unidades de Formação) Técnicas Laboratoriais em Medicina Regenerativa Tipo de curso: Curso de formação contínua • Duração: 110 horas • Calendário: janeiro a março de 2014 • Candidaturas: A definir • Vagas: 20 • Créditos: 11,5 ECTS • Mais info.: • Propina: 450, 00 € (inscrição no curso) / 100,00 € (inscrição nas UF1, UF2 e UF3) / 150,00 € (inscrição na UF4)

Faculdade de Letras (FLUP)

Via Panorâmica, s/n • 4150-564 Porto • Tlf: +351 226 077 100 • Web: http://www. letras.up.pt Gestão e organização da coleção em Bibliotecas Escolares Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 26 de outubro a 14 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 4 de outubro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: A aguardar creditação do CCPFC • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 115,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 165,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Temas de História de Arte Moderna e Contemporânea Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 48 horas • Calendário: 24 de outubro de 2013 a 17 de abril de 2014 • Candidaturas: 16 de setembro a 11 de outubro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 2 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 210,00 € (estudantes, alumni e funcionários da

U.Porto) | 295,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Modelação de Processos e Serviços de Informação Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 24 horas • Calendário: 7 de novembro a 3 de dezembro de 2013 • Candidaturas: De 1 a 18 de outubro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: Aguarda creditação • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 110,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 155,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Dimensões Sociais e Simbólicas do Corpo na Época Moderna Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 10 horas • Calendário: 22 de novembro a 14 de dezembro de 2013 • Candidaturas: De 1 a 31 de outubro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: Aguarda creditação • Mais info.:+351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 50,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 70,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Poderes e dinâmicas Sócioculturais na Época Moderna Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 27 horas • Calendário: 04 a 31 de outubro de 2013 • Candidaturas: Até 28 de setembro de 2013 • Vagas:25 • Créditos: 3 ECTS; 1,1 U.C. (CCPFC): releva para a progressão na carreira de Professores dos Grupos 200 e 400) • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 125,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 175,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Árabe Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 €

Coreano Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: 22 de julho a 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: n/a • Mais info.:+351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Dinamarquês Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Finlandês Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.:+351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Hebraico Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 25 • Créditos: n/a • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Hindi Tipo de curso: Unid. de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: n/a • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Húngaro Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 €

Búlgaro Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Chinês Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.:+351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 €

Grego Moderno Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: Aguarda creditação • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € 27

Geometria em Traçados Rodoferroviários Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 45 horas • Calendário: 11, 12, 18, 19, 25, 26 de outubro e 8, 9, 15, 16, 22, 23, 29 e 30 de novembro e 6 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 15 de setembro de 2013 • Vagas: 15 • Créditos: 4,5 ECTS • Mais info.: + 351 225 081 977; E-mail: acesso.ingresso@ fe.up.pt • Propina: 600,00 € Engenharia e Gestão de Processos de Negócio Tipo de curso: Curso de formação contínua • Duração: 54 horas (27h por cada unidade) • Calendário: UF1 inicia em 2013.10.15 e termina em 2013.12.10 UF2 inicia em 2014.01.21 e termina em 2014.03.18 • Candidaturas: Até 17 de setembro de 2013 • Vagas: 24 • Créditos: 6 ECTS • Mais info.: + 351 225 081 977; E-mail: acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 750 € - no caso de inscrição no curso 450 € - por Unidade de formação Pavimentos Rodoviários Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 33 horas • Calendário: 10, 11, 17, 18, 24, 25, 31 de janeiro de 2014 e 1, 7, 8 e 14 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: Até 4 de dezembro de 2013 • Vagas: 15 • Créditos: 3,5 ECTS • Mais info.: + 351 225 081 977; E-mail: acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 475,00 €


Japonês Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 90 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 4 ECTS • Mais info.:+351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 360,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 500,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 € Neerlandês Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.:+351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 € Persa Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Polaco Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 € Romeno Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas:25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.:+351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 € Russo Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 €

Turco Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas:25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 € Alemão A e B Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: Nível A-120 horas/ Nível B-90 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: Nível A-6 ECTS/ Nível B-4 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: Nível A - 480,00 € / Nível B - 360,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 500,00 €/680,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 € Francês A e B Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: Nível A-120 horas/ Nível B-90 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas:25 • Créditos: Nível A-5,5 ECTS/ Nível B-4 ECTS • Mais info.:+351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: Nível A 480,00 € / Nível B - 360,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 500,00 €/680,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 Italiano Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 90 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas:25 • Créditos: 4 ECTS • Mais info.:+351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 360,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 500,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 € Latim Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 € Espanhol Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 120 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 5,5 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 480,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 680,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 € Inglês Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 120 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Destinatários: Público em geral • 28

Sueco Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de outubro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 27 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar 2,00 €

Vagas: 25 • Créditos: 5,5 ECTS • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 480,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 680,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Ética através da Literatura Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: outubro a dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 21 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: n/a • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 115,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 165,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Intensivo de Inglês Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 4 de novembro a 13 de dezembro de 2013 • Candidaturas: 1 a 19 de outubro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: aguarda creditação • Mais info.: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 240,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 340,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 € Filosofia Prática e Pensamento Crítico Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 27 horas • Calendário: 28 de setembro a 30 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 14 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 1,1 U.C (CCPFC); 2,5 ECTS • Mais info.:+351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 125,00 € (estudantes, alumni e funcionários da U.Porto) | 175,00 € (público em geral) + Seguro Escolar - 2,00 €

Faculdade de Medicina (FMUP)

Rua Prof. Hernâni Monteiro, s/n • 4200319 Porto • Tlf: +351 225 513 600 • Web: http://www.med.up.pt Anestesiologia Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 81 • Calendário: 2 de janeiro de2014 • Candidaturas: 1 a 25 de outubro de 2013 (1ª fase) • Vagas: 25 • Créditos: 15 ECTS • Mais info.: educacaocontinua@med.up.pt • Propina: 150,00 € Coaching Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 32 horas • Calendário: outubro 2013 (data a confirmar) • Candidaturas: 4 semanas antes do início do curso • Vagas: 20 • Créditos: 3,5 ECTS • Mais info.: educacaocontinua@med.up.pt • Propina: 300,00 € Biologia Molecular Essencial - Curso Prático laboratorial Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 65 horas • Calendário: 20 de janeiro a 7 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: 4 de novembro de 2013 a 3 de janeiro de 2014 • Vagas: 12 • Créditos: 6 ECTS • Mais info.: educacaocontinua@ med.up.pt • Propina: 500,00€ (400,00 € estudante/funcionários da FMUP) Balística Forense Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 18 horas • Calendário: 26 a 28 de setembro de 2013 • Candidaturas: 2 a 13 de setembro de 2013 • Vagas: 30 • Créditos: 2 ECTS • Mais info.: educacaocontinua@med.up.pt • Propina: 75,00 €

Entrevista Forense Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 36 horas • Calendário: A partir de 22 de novembro de 2013 • Candidaturas: 20 de outubro de 2013 a 8 de novembro de 2013 • Vagas: 20 • Créditos: 4 ECTS • Mais info.: educacaocontinua@ med.up.pt • Propina: 150,00 € Climatologia e Hidrologia Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 228 horas • Calendário: novembro de 2013 a julho de 2014 • Candidaturas: Até 15 de outubro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 24 ECTS • Mais info.: educacaocontinua@med.up.pt • Propina: 500,00 € Medicina Preventiva em Cuidados de Saúde Primários: saúde e envelhecimento Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 13,5 horas • Calendário: 12 de outubro, 16 de novembro, 21 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 12 de outubro de 2013 • Vagas: 50 • Créditos: 1,5 ECTS • Mais info.: educacaocontinua@med.up.pt • Propina: 50,00 € Medicina Preventiva em Cuidados de Saúde Primários: inovações Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 13,5 horas • Calendário: 19 de outubro, 9 de novembro, 14 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até ao 1º dia do Curso, inclusive (se sobrarem vagas) • Vagas: 50 • Créditos: 1,5 ECTS • Mais info.: educacaocontinua@med.up.pt • Propina: 50,00 €

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCEUP)

Rua Alfredo Allen, • 4200-135 Porto • Telf: +351 226 079 700 • Web: http://www. fpce.up.pt Demências: Avaliação Neuropsicologica Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 48 horas • Calendário: 20 de setembro a 25 de outubro de 2013 • Candidaturas: Até 16 de setembro de 2013 • Vagas:20 vagas • Créditos: 5 ECTS • Mais info.:+351 226 061 890 • Propina: 250,00 € Educação Sexual em Contexto Escolar Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 30 horas • Calendário: 14 de setembro a 26 de novembro de • Candidaturas: Até 10 de setembro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: 3 ECTS; 1,2 UC’s (CCPFC) • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 150,00 € Tratamento documental: a organização da biblioteca escolar Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 27 de setembro a 19 de outubro de 2013 • Candidaturas: Até 24 de setembro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: 2,5 ECTS e/ou 1 UC’s (CCPFC) • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 140,00 € Dificuldades de aprendizagem e Leitura e da Escrita Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 15 horas • Calendário: 16 a 30 de outubro de 2013 • Candidaturas: Até 15 de outubro de 2013 • Vagas: 20


Psicologia da Dor: a avaliação multidimensional da Dor Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 21 horas • Calendário: 9 a 23 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 6 de novembro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: n/a • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 120,00 €

Desenvolvimento da imagem pessoal em contextos profissionais Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 18 horas • Calendário: 2 a 20 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 30 de novembro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: 0,7 UC (CCPFC) • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 100,00 € Pedagogia expressiva: criatividade, lucidade, TIC’s e expressão Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 15 horas • Calendário: 2 a 17 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 30 de novembro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: 0,6 UC’s (CCPFC) • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 100,00 €

Porto Business School

Rua de Salazares, 843 • 4149-002 Porto • Tlf:+351 226 153 270 • Web: http://www. pbs.up.pt Curso Geral de Gestão (Ed. Porto) Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 225 horas • Calendário: 14 de outubro de 2013 a 13 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: Até 8 de outubro de 2013 • Vagas: 30 • Créditos: 32 ECTS • Mais info.: +351 226 153 270/ cgg@pbs.up.pt • Propina: 6.500,00 € Execução Estratégica (Ed. Porto) Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 32 horas • Calendário: 7 a 28 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 30 de outubro de 2013 • Vagas: 20 • Mais info.: +351 226 153 270/ ee@pbs.up.pt • Propina: 1.600,00 € Liderança e Inovação Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 25 horas (22 horas de aulas + 3 horas de projeto) • Calendário: 30 de setembro a 8 de outubro de 2013 • Candidaturas: Até 23 de setembro de 2013 • Vagas: 20 • Mais info.: +351 226 153 270/ li@pbs. up.pt • Propina: 1.300,00 € Negociaciones Difíciles Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 16 horas • Calendário: 25 e 26 de setembro de 2013 • Candidaturas: Até 18 de setembro de 2013 • Vagas: 20 • Mais info.: +351 226 153 270/ nd@pbs.up.pt • Propina: 1.200,00 € Marketing Digital e Redes Sociais Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 16 horas • Calendário: 2 e 3 de outubro de 2013 • Candidaturas: Até 25 de setembro de 2013 • Vagas: 20 • Mais info.: +351 226 153 270/ mdrs@pbs.up.pt • Propina: 1.100,00 € International Business Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 21 horas • Calendário: 23 de outubro a 4 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 16 de setembro de 2013 • Vagas: 20 • Mais info.: +351 226 153 270/ ib@pbs. up.pt • Propina: 1.300,00 € Análise Financeira de Empresas Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 40 horas • Calendário: 23 de setembro a 15 de outubro de 2013 • Candidaturas: Até 16 de setembro de 2013 • Vagas: 20 • Mais info.: +351 226 153 270/ afe@pbs.up.pt • Propina: 1.600,00 €

Balanced Scorecard: conceção e implementação

Pós-Graduação Gestão e Direção de Serviços de Saúde Tipo de curso: Curso de Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: outubro de 2013 a julho de 2014 • Candidaturas: Até 12 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais info.: +351 226 153 270/ pggdss@pbs.up.pt • Propina: 5.400,00 € Pós-Graduação Gestão do Turismo e Hotelaria Tipo de curso: Curso de Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: setembro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 12 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais info.: +351 226 153 270/ pggth@pbs.up.pt • Propina: 5.400,00 € Pós-Graduação Gestão da Informação e Marketing Intelligence Tipo de curso: Curso de Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: setembro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 12 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais info.:351 226 153 270/ pggimi@pbs.up.pt • Propina: 5.400,00 € Pós-Graduação Gestão de Pessoas Tipo de curso: Curso de Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: setembro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 12 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais info.: +351 226 153 270/ pggp@pbs.up.pt • Propina: 5.400,00 € Pós-Graduação Marketing Management Tipo de curso: Curso de Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: setembro de 2013 a junho de 2014 • Candidaturas: Até 12 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais info.: +351 226 153 270/ pgmm@pbs.up.pt • Propina: 5.400,00 €

Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 20 horas • Calendário: 30 de setembro a 9 de outubro de 2013 • Candidaturas: Até 23 de setembro de 2013 • Vagas: 20 • Créditos: n/a • Mais info.: +351 226 153 270/ bsc@pbs.up.pt • Propina: 1.200,00 € Controlo de Custos para Maximização de Resultados Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 15 horas • Calendário: 18 a 20 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 11 de novembro de 2013 • Vagas: 20 • Mais info.: +351 226 153 270/ cc@pbs.up.pt • Propina: 1.000,00 € Fusões e Aquisições Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 32 horas • Calendário: 5 a 27 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 30 de outubro de 2013 • Vagas: 20 • Mais info.: +351 226 153 270/ fa@pbs.up.pt • Propina: 1.600,00 € Gestão de Compras (Ed. Porto) Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 40 horas • Calendário: 21 de outubro a 5 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 14 de outubro de 2013 • Vagas: 20 • Mais info.: +351 226 153 270/ cgc@pbs. up.pt • Propina: 1.600,00 € Gestão Logística Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 96 horas • Calendário: 25 de outubro a 14 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 8 de outubro de 2013 • Vagas: 20 • Mais info.: +351 226 153 270/ cgl@pbs. up.pt • Propina: 2.900,00 € Pós-Graduação Comunicação Empresarial Tipo de curso: Curso de Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: outubro de 2013 a julho de 2014 • Candidaturas: Até 12 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais info.: +351 226 153 270/ pgce@pbs.up.pt • Propina: 5.400,00 € Pós-Graduação Direção de Empresas Tipo de curso: Curso de Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: setembro de 2013 a julho de 2014 • Candidaturas: Até 12 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais info.: +351 226 153 270/ pgde@pbs.up.pt • Propina: 5.400,00 € Pós-Graduação Finanças e Fiscalidade Tipo de curso: Curso de Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: outubro de 2013 a julho de 2014 • Candidaturas: Até 12 de setembro de 2013 • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais info.: +351 226 153 270/ pgff@pbs.up.pt • Propina: 5.400,00 € 29

vagas • Créditos: 1,5 ECTS; 0,6 UC’s (CCPFC) • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 100,00 € A Gestão dos Conflitos e da Indisciplina na Escola e nas Salas de Aula Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 4 a 26 de outubro de 2013 • Candidaturas: Até 1 de outubro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 140,00 € Gestão e Conceção da Formação II Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 8 de outubro a 7 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 5 de outubro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: 2,5 ECTS e/ ou 1 UC’s (CCPFC) • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 140,00 € Recrutamento e Seleção de Pessoal Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 18 horas • Calendário: 19 de outubro a 23 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 16 de outubro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: 1,5 ECTS • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 120,00 € Criatividade, A revolução em sala de aula Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 15 horas • Calendário: 8 a 22 de novembro de 2013 • Candidaturas: Até 5 de novembro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: 0,6 UC (CCPFC) • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 100,00 € Coaching, Empowerment e Liderança de Equipas de Trabalho Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 30 horas • Calendário: 12 de novembro a 19 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 9 de novembro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: 3 ECTS e/ ou 1,2 UC’s (CCPFC) • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 150,00 € Gestão de Inteligência Emocional Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 30 de novembro a 7 de dezembro de 2013 • Candidaturas: Até 26 de novembro de 2013 • Vagas:20 vagas • Créditos: 2,5 ECTS; 1 UC (CCPFC) • Mais info.:+351 226 061 890 • Propina: 140,00 € Planeamento e Organização de Unidades Documentais Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 29 de novembro de 2013 a 23 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: Até 26 de novembro de 2013 • Vagas: 20 vagas • Créditos: 2,4 UC’s (CCPFC) • Mais info.: +351 226 061 890 • Propina: 250,00 €


FORMAÇÃO

PÓS-GRADUADA DA UNIVERSIDADE DO PORTO COM CANDIDATURAS ENTRE SETEMBRO E NOVEMBRO DE 2013

a 28 de fevereiro de 2014 • Vagas 1ª fase: 15 • Créditos: 240 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 €

Faculdade de Desporto (FADEUP)

3º Ciclo / Doutoramento em Ciência de Computadores Duração: 6 Semestres • Candidaturas 1ª fase: 25 de novembro a 03 de dezembro de 2013 • Vagas 1ª fase: 30 • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Ciências do Desporto Duração: 6 Semestres • Candidaturas 2ª fase: Até 13 de setembro de 2013 • Vagas 2ª fase: 10 + Sobrantes da 1ª fase • Créditos: 180 • Mais info.: mail: provas_ academicas@fade.up.pt | +351 22 042 53 00 / 01 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Ciências Agrárias Duração: 6 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Abertas em permanência • Vagas 1ª fase: 8 • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 €

Atenção Os valores das propinas são referentes a 2013/2014.

Faculdade de Ciências (FCUP) Rua do Campo Alegre, s/n •4169-007 Porto •Tlf: +351 220 402 000 • http:// www.fc.up.pt

3º Ciclo / Doutoramento em Ciências e Tecnologia do Ambiente Duração: 6 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Abertas em permanência • Vagas 1ª fase: 6 • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 €

2º Ciclo / Mestrado em Bioquímica Organização: FCUP + ICBAS • Duração: 4 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Até 13 de setembro de 2013 • Vagas 1ª fase: 25 • Créditos: 120 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 999,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Geográfica Duração: 6 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Abertas em permanência • Vagas 1ª fase: 6 • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Arquitetura Paisagista Duração: 6 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Abertas em permanência • Vagas 1ª fase: 5 • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Física (MAP-FIS) (Edição 2013/2014 na U.Aveiro) Organização: UM + UA + FCUP • Duração: 6 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Até 16 de setembro de 2013 • Vagas 1ª fase: 30 • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 € NOTA: Informações sujeitas a aprovação

3º Ciclo / Doutoramento em Astronomia Duração: 6 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Abertas em permanência • Vagas 1ª fase: 10 • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • +351 22 608 98 57 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Informática (MAP-i) Organização: UM + UA + FCUP + FEUP Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: Até 13 de setembro de 2013 • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Biodiversidade, Genética e Evolução Organização: FCUP + FC-U.Lisboa Duração: 8 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Abertas em permanência (para a 1ª fase serão consideradas as candidaturas recebidas até 27 de setembro de 2013) • Candidaturas 2ª fase: Abertas em permanência (para a 2ª fase serão avaliadas as candidaturas recebidas até 17 de janeiro de 2014) • Vagas 1ª fase: 25 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Créditos: 240 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Química Duração: 6 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Abertas em permanência • Vagas 1ª fase: 30 • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Biologia Duração: 6 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Abertas em permanência • Vagas 1ª fase: 50 • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Química Sustentável Organização: FCUP + FFUP + ICBAS + FCT-U.N.Lisboa • Duração: 6 Semestres • Candidaturas 2ª fase: 1 a 20 de novembro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Créditos: 180 • Mais info.: pos.graduacao@fc.up.pt | +351 220402023/30/31/32/33 • Propina: 2750,00 € 30

3º Ciclo / Doutoramento em Biologia de Plantas (MAP) Organização: UM + UA + FCUP Duração: 8 Semestres • Candidaturas 1ª fase: 01 de novembro de 2013

Rua Dr. Plácido Costa, 91 • 4200-450 Porto • Tlf: +351 225 074 700 • http:// www.fade.up.pt

Faculdade de Direito (FDUP)

Rua dos Bragas, 223 • 4050-123 Porto • Tlf: +351 222 041 600 √ http://www. direito.up.pt 2º Ciclo / Mestrado em Direito Duração: 4 Semestres • Candidaturas 2ª fase: 16 de setembro a 04 de outubro • Vagas 1ª fase: 58 • Vagas 2ª fase: 12 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas para ingresso no 2º ano: 20 • Horário: pós-laboral • Créditos: 120 • Mais info.: posgrad@ direito.up.pt | +351 22 204 16 00 • Propina: 999,00 € 2º Ciclo / Mestrado em Criminologia Duração: 3 Semestres • Candidaturas 2ª fase: 13 de setembro a 19 de setembro de 2013 • Vagas 2ª fase: 5 + Sobrantes da 1ª fase • Horário: pós-laboral • Créditos: 90 • Mais info.: posgrad@direito.up.pt | +351 22 204 16 00 • Propina: Sem info.

Faculdade de Engenharia (FEUP)

Rua Dr. Roberto Frias, s/n • 4200-465 Porto • Tlf: +351 225 081 400 • http:// www.fe.up.pt 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Biomédica Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 a 20 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: 10 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: prodeb@ fe.up.pt | +351 22 508 18 19 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Civil Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 a 20 de outubro de 2013 • Candidaturas 4ª fase: 18 de novembro a 13 de dezembro de 2013 • Vagas 2ª fase: 25 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Vagas 4ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: prodec@fe.up. pt | +351 22 508 21 39 | +351 22 041 37 06 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia de Minas e Geo-Recursos Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 a 20 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: 1 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: plima@fe.up.pt | +351 22 041 31 63 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia do Ambiente Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 a 20 de outubro de 2013 • Vagas

2ª fase: 5 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: catc@fe.up.pt | +351 22 508 16 73 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 de outubro a 29 de novembro de 2013 • Vagas 3ª fase: 5 + sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: pdeec@fe.up.pt | +351 22 508 18 09 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Física Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 a 20 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: 1 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: 1 + sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: acesso. ingresso@fe.up.pt | +351 22 508 19 77 / +351 22 508 14 05 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Industrial e Gestão Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 25 de novembro a 13 de dezembro de 2013 • Vagas 2ª fase: 10 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: prodeig@fe.up.pt | +351 22 508 16 39 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Informática Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 de outubro a 13 de dezembro de 2013 • Vagas 2ª fase: 10 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: sreis@fe.up.pt / pmsilva@fe.up.pt | +351 22 508 21 34 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Mecânica Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 a 20 de outubro de 2013 • Candidaturas 4ª fase: 21 de novembro a 13 de dezembro de 2013 • Vagas 2ª fase: 20 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: 10 mais sobrantes das fases anteriores • Vagas 4ª fase: 10 mais sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: acesso.ingresso@fe.up.pt | +351 22 508 19 77 / +351 22 508 14 05 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Metalúrgica e de Materiais Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 a 20 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: 3 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: rmca@fe.up.pt | +351 22 041 31 11 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia e Políticas Públicas Duração: 8 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 de outubro a 29 de novembro de 2013 • Vagas 2ª fase: 10 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: 5 mais sobrantes das fases anteriores • Créditos: 240 • Mais info.: pdepp@fe.up.pt | +351 22 508 18 09 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Química e Biológica Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 a 20 de outubro de 2013 • Candidaturas 4ª fase: 25 de novembro a 13 de


3º Ciclo / Doutoramento em Media Digitais Organização: FEUP + FBAUP + FCUP + FEP + FLUP + FCSH e FCT-U.N.Lisboa Duração: 8 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 7 a 20 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: 2 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Créditos: 240 • Mais info.: Prof. Doutor José Azevedo | jmpazevedo@gmail.com | • Propina: 2750,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Planeamento do Território Organização: FEUP + U.Coimbra Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: Até 20 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: 3 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: 2 + sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: pdpt@fe.up.pt | +351 22 508 19 03 • Propina: 2750,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Segurança e Saúde Ocupacionais Organização: FEUP + FAUP + FBAUP + FCNAUP + FCUP + FADEUP + FFUP + FLUP + FMUP + FPCEUP + ICBAS Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 23 de agosto a 20 de outubro de 2013 • Candidaturas 4ª fase: 21 de outubro de 2013 a 16 de janeiro de 2014 • Vagas 2ª fase: 5 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: 15 + sobrantes das fases anteriores • Vagas 4ª fase: 5 + sobrantes das fases anteriores • Créditos: 180 • Mais info.: demsso@fe.up.pt | +351 22 508 19 29 • Propina: 3000,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Sistemas de Transportes Organização: FEUP + FCT-U.Coimbra + IST-U.T.Lisboa • Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 25 de novembro a 13 de dezembro de 2013 • Vagas 2ª fase: 3 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: 3 + Sobrantes • Créditos: 180 • Mais info.: jsousa@fe.up.pt • Propina: 3000,00 €

da 1ª fase • Créditos: 120 • Mais info.: expediente@ff.up.pt | +351 22 042 85 36 • Propina: 1250,00 €

Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: lduarte@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 00 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Ciências Farmacêuticas Duração: 8 Semestres • Candidaturas 2ª fase: 15 de outubro a 15 de novembro de 2013 • Vagas 1ª fase: 30 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Créditos: 240 • Mais info.: expediente@ff.up.pt | +351 22 042 85 36 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em História da Arte Portuguesa Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: lrosas@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 00 • Propina: 2750,00 €

Faculdade de Letras (FLUP)

Via Panorâmica, s/n • 4150-564 Porto • Tlf: +351 226 077 100 • Web: http://www. letras.up.pt 3º Ciclo / Doutoramento em Arqueologia Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: 4 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: mjsanches77@gmail.com / camaral@ letras.up.pt | +351 22 607 71 00 • Propina: 2750,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Didática de Línguas Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: mgraca@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 82 • Propina: 2750,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Estudos Africanos Organização: FLUP + FEP + FPCEUP Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: maciel999@yahoo.com / camaral@letras. up.pt | +351 22 607 71 41 • Propina: 2750,00 €

Rua de Jorge Viterbo Ferreira, 228 • 4050313 Porto • Tlf: +351 220 428 537 • Web: http://www.ff.up.pt

3º Ciclo / Doutoramento em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: cazevedo@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 87 • Propina: 2750,00 €

2º Ciclo / Mestrado em Controlo de Qualidade Duração: 4 Semestres • Candidaturas 2ª fase: 12 e 13 de setembro de 2013 • Vagas 1ª fase: 20 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Créditos: 120 • Mais info.: expediente@ff.up.pt | +351 22 042 85 36 • Propina: 1250,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Filosofia Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info. meirinhos@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 87 • Propina: 2750,00 €

2º Ciclo / Mestrado em Química Farmacêutica Duração: 4 Semestres • Candidaturas 2ª fase: 12 e 13 de setembro de 2013 • Vagas 1ª fase: 30 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Créditos: 120 • Mais info.: expediente@ff.up.pt | +351 22 042 85 36 • Propina: 1250,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Geografia Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: joseriof@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 00 • Propina: 2750,00 €

2º Ciclo / Mestrado em Tecnologia Farmacêutica Duração: 4 Semestres • Candidaturas 2ª fase: 12 e 13 de setembro de 2013 • Vagas 1ª fase: 18 • Vagas 2ª fase: Sobrantes

3º Ciclo / Doutoramento em História Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário:

Faculdade de Farmácia (FFUP)

3º Ciclo / Doutoramento em Ciências Biomédicas Duração: 8 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Até 27 de setembro de 2013 • Candidaturas 2ª fase: 12 a 20 de novembro de 2013 • Vagas 1ª fase: 25 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Créditos: 240 • Mais info.: erocha@icbas.up.pt / appereira@icbas.up.pt | +351 22 042 80 0 / +351 22 042 50 07 • Propina: 2750,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Ciências do Mar e do Ambiente Organização: ICBAS + FCUP + U.Aveiro + U.Algarve Duração: 8 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Até 15 de outubro de 2013 • Vagas 1ª fase: 15 • Créditos: 240 • Mais info.: lguilher@icbas.up.pt | +351 22 042 81 85 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais Organização: FLUP + U.Aveiro • Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: fribeiro@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 00 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Contaminação e Toxicologia Ambientais Organização: ICBAS + FFUP + FCUP Duração: 6 Semestres • Candidaturas 1ª fase: Até 15 de outubro de 2013 • Vagas 1ª fase: 20 • Créditos: 180 • Mais info.: lguilher@icbas.up.pt | +351 22 042 81 85 • Propina: 2750,00 €

3º Ciclo / Doutoramento em Linguística Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: 3 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: abrito@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 00 • Propina: 2750,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Museologia Organização: FLUP + FBAUP Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: rcenteno@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 00 • Propina: 2750,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Sociologia Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: jmteixeiralopes@gmail.com / camaral@letras. up.pt | +351 91 415 71 97 • Propina: 2750,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Tradução Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 7 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: 10 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: bhsmaia@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 00 • Propina: 2750,00 € 3º Ciclo / Doutoramento em Tecnologias da Linguagem Humana Duração: 6 Semestres • Candidaturas 3ª fase: 1 a 07 de outubro de 2013 • Vagas 2ª fase: 10 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: Sobrantes das fases anteriores • Horário: Diurno • Créditos: 180 • Mais info.: bhsmaia@letras.up.pt / camaral@letras.up.pt | +351 22 607 71 00 • Propina: 2750,00 €

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS)

Rua Jorge Viterbo Ferreira nº 228 • 4050313 Porto• Tlf: +351 220 428 000 • Web: http://www.icbas.up.pt 31

dezembro de 2013 • Vagas 2ª fase: 5 + Sobrantes da 1ª fase • Vagas 3ª fase: 3 + sobrantes • Vagas 4ª fase: 2 + sobrantes • Créditos: 180 • Mais info.: apinto@fe.up.pt | +351 22 508 16 75 • Propina: 3000,00 €


FACE-A-FACE

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No atual discurso político, há a apologia do regresso ao campo como forma de fugir às dificuldades do mundo citadino, em particular o desemprego. Acha que esta narrativa se encaixa na mistificação da ruralidade portuguesa que descreve no seu livro “Vida no Campo”? Acho que sim. É uma questão que tem um lado conjuntural e outro estrutural. Tem um lado conjuntural que o Presidente da República não se cansa de referir: em ambiente de crise, devemos aumentar a quota de produção de produtos alimentares. Entre outras coisas, o investimento na agricultura cria valor, emprego e permite a ocupação de terra inculta. Portanto, economicamente é favorável.

ICONOCLASTA COMO É SEU TIMBRE, O GEÓGRAFO ÁLVARO DOMINGUES REJEITA A IDEIA DE CAOS URBANÍSTICO QUE MUITOS VISLUMBRAM NO PAÍS E CONSIDERA “IRREVERSÍVEL” O DESPOVOAMENTO DE MUITAS DAS ZONAS RAIANAS. MAIS: PARA O PROFESSOR E INVESTIGADOR DA FAUP, O REPOVOAMENTO DO PORTUGAL RURAL NÃO SÓ É IMPOSSÍVEL COMO INDESEJÁVEL. “NÃO ME PREOCUPA NADA QUE AS TERRAS ESTEJAM VAZIAS. PREOCUPA-ME MAIS A QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS”, AFIRMA. É, ALIÁS, CÉTICO EM RELAÇÃO A UM EVENTUAL REGRESSO À AGRICULTURA, QUE DIZ “MITIFICADA”. ACREDITA, NO ENTANTO, NUM MODELO DE DESENVOLVIMENTO POLARIZADO EM CIDADES DE MÉDIA DIMENSÃO, DESDE QUE O INVESTIMENTO PÚBLICO NÃO DESAPAREÇA POR COMPLETO DESSES CENTROS URBANOS. QUANTO AO PORTO, O AUTOR DE “A RUA DA ESTRADA” E “VIDA NO CAMPO” CONSIDERA QUE A CIDADE ESTÁ, AOS POUCOS, A REGENERAR-SE ECONOMICAMENTE COM A CRESCENTE ATIVIDADE TURÍSTICA. MAS DUVIDA DAS VIRTUDES DO MODELO DE REABILITAÇÃO URBANA DEFINIDO PELA SRU PORTO VIVO, QUE CLASSIFICA DE “AGÊNCIA QUE FACILITA UNS NEGÓCIOS”.

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Tem um lado estrutural em que a ideia da terra é quase mítica e muito relacionada com a condição humana. Desde os primeiros escritos que há a ideia de que a natureza é uma criação do divino e de que quem cultiva a natureza, o agricultor, de alguma forma tem uma missão que o transcende.

Existe, portanto, uma série de questões ligadas à conjuntura económica, à ideologia ambientalista, a um certo mal-estar com o passado – uma espécie de mau luto pela agricultura – que faz com que as pessoas mitifiquem o campo como um mundo ideal. Não era nada! A agricultura portuguesa era paupérrima, miserável. Mas os ventos que correm hoje ajudam a produzir essa mitologia. Como não sabemos o que vai acontecer amanhã, é mais fácil mitificar o tema. O regresso à agricultura é inviável? Não há hoje vantagens económicas e sociais nesse regresso? Não podemos falar genericamente. Ainda no outro dia ouvi alguém ligado aos jovens agricultores desmistificar essa ideia das pessoas irem para a agricultura sem saberem minimamente o que vão encontrar. Como se fossem para Shangri-la, pensando tratar-se de um mundo ideal. Depois, claro, é como dizia o outro: “É a economia, estúpido”. Ou dá dinheiro ou não dá, porque essas são as regras do mercado. O mercado dos produtos agrícolas globalizou-se como o mercado financeiro, pelo que é fácil chegar ao supermercado e as maçãs serem da Argentina. Estamos perante uma concorrência muito forte. É verdade que o setor frutícola e hortícola tem crescido imenso, mas, em percentagem do PIB, o valor da agricultura [portuguesa] é muito reduzido. O país está mesmo condenado a viver nas cidades e na estreita faixa do Litoral? As teorias do desenvolvimento regional deixaram passar a ideia, falsa, do famigerado equilíbrio regional. Eu acho que ele nunca existiu. Se o país fosse uma tábua rasa, com as mesmas características em todo o lado, acharíamos estranho que nuns lugares a coisa funcionasse e noutros não. Acontece que não é assim. Este país é muito pequeno, tem um mosaico de situações muito

Fotos: Egídio Santos

RICARDO MIGUEL GOMES

Em algumas zonas do país o envelhecimento e a rarefação demográfica não têm retorno



FACE-A-FACE

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“As teorias do desenvolvimento regional deixaram passar a ideia, falsa, do famigerado equilíbrio regional. Eu acho que ele diversas e uma história longa. A zona raiana do nunca existiu.” país, tirando algumas exceções, sempre foi muito pobre. Dá a ideia de que, e os historiadores confirmam isso, durante séculos houve um povoamento forçado. Era fundamental para a soberania do país manter o território ocupado, demarcar uma fronteira e defendê-la. Se nós estudarmos as condições de vida dessas populações, vemos que as pessoas eram muito, muito pobres. Por isso, essas zonas foram-se esvaziando logo no século XIX, com a emigração para o Brasil, e depois da 2.a Guerra Mundial, com a emigração para a Europa. Creio que, na maior parte dessas zonas, isso [o esvaziamento] é irreversível. Chegou-se a um ponto de envelhecimento e rarefação demográfica que não tem retorno.

Mas não o choca ver zonas vastíssimas do país despovoadas e todo o investimento público de que falou ser desbaratado? Eu diria sim e não. Choca-me porque, muito racionalmente, é investimento que não está a ser aproveitado e, em muitos casos, nunca foi. A maior parte dos equipamentos funcionou a meio gás. Ao mesmo tempo, para mim, é algo que anuncia um outro modelo de desenvolvimento. Eu creio que, à medida que uma larga parte do país – não gosto de lhe chamar “interior”, porque a palavra colou-se à questão e, às tantas, dá-se como explicação aquilo que precisa de ser explicado – foi sendo abandonada e envelhecendo, houve um reforço das sedes de município e das cidades principais. Isto fez com que o mapa do povoamento ficasse mais rarefeito e a importância e a polaridade desses centros urbanos se notem mais. Gostava que o modelo equilibrasse num ponto que fosse capaz de sustentar esta geografia. Não me custa ver territórios sem gente, como no Alentejo, e depois, de repente, uma vila ou cidade com condições de vida apreciáveis.

Repovoamento “não é possível nem desejável”

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Não acha então possível um repovoamento, mesmo que a longo prazo? Não, não acho possível nem desejável. Não me preocupa nada que as terras estejam vazias. Preocupa-me mais a qualidade de vida das pessoas. Se eu vou morar para algum lugar, tenho que ter do que viver. Tem de haver emprego e um mínimo de condições de vida. Aquilo a que assistimos, após a adesão à Comunidade Europeia, foi ao investimento massivo do Estado nessas zonas [raianas]: rede elétrica, telefone, água, saneamento e todo o kit do Estado Social – desde as universidades e politécnicos à rede de escolas e centros de saúde. E esperava-se que o investimento privado viesse a reboque. Houve algum, na década de 80, como o milagre industrial de Castelo Branco, mas depois rapidamente isso foi-se tornando cada vez mais rarefeito. E estamos hoje encostados à parede, porque o Estado não tem meios para investir e o investimento [privado] não aparece. Portanto, não criando emprego, quem é que vai para lá?

Sem investimento público e transferência de dinheiro do Estado é possível a essas cidades médias manterem algum do seu dinamismo? Não. Cidades como Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Bragança ou Vila Real continuam bastante reféns do investimento público. Mas o mesmo acontece com Coimbra. Se lhe tirarmos a universidade e os hospitais públicos, fica muito pouco em termos de emprego. De maneira que essa onda liberal que anda aí muito assanhada pode estar a promover situações em que, se o Estado fecha a porta, a seguir apaga-se a luz, tal é a dificuldade de manter um mínimo de atividades e de pessoas com capacidade de consumo que animem a economia local. Esta situação tenderá a concentrar a população nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto? Não, a geografia é mais complexa do que isso. E a urbanização hoje em dia não se limita à ideia de que, grandes ou pequenas, as cidades são uma espécie de bolas no mapa. Não são. Quando as cartografamos, têm uma estrutura quase filigranar: não se percebe onde começam e onde acabam. Têm um ar quase de rizoma. Um rizoma, teoricamente, é uma estrutura que não tem centro e não se percebe muito bem para onde cresce. Portanto, a fenomenologia da urbanidade, em Portugal, é extremamente diversa: vai desde aglomerações convencionais, que vêm do tempo longo da História, como é o caso de Évora, até à urba-


Isto significa que esta forma anárquica de ocupar o território era inevitável? Sim, acho que era. O Silicon Valley, onde se deu a revolução do final século XX com eletrónica, não é sequer uma cidade. É uma esterroada de quase 700 km2, um território altamente infraestruturado onde a ocupação urbana oscila entre coisas gigantescas, como a sede da Google, e bairros mais ou menos clandestinos de mexicanos. Não há ali aquilo que um europeu considera ser uma cidade, uma praça, uma avenida… E, no entanto, é o próprio lugar da inovação. Já nós temos uma paisagem degradada, cheia de mamarrachos, mas sem inovação… Não acho que os mamarrachos sejam assim tão mamarrachos. Então e os subúrbios, as rotundas, as praias do Algarve?... No Algarve não se passa nada de muito diferente daquilo que se passou, no início dos anos 60, na bacia do Mediterrâneo. Com a vantagem de que no Algarve é menos duro, se comparado com a costa espanhola. Mas não podia ter sido diferente, com mais ordenamento? Poder, podia… [risos]. Mas até houve mais ordenamento do que em outros países. Noutro país se calhar não havia uma ria Formosa. Provavelmente porque o fenómeno turístico no Algarve foi mais tardio e lento do que em outros países. E depois vieram os planos diretores municipais, que introduziram certo tipo de regulamentos, sobretudo de proteção de bens biofísicos e de prevenção de riscos. Nós é que temos um discurso habitualmente agressivo contra a nossa própria terra.

“Se eu vou morar para algum lugar, tenho que ter do que viver. Tem de haver emprego e um mínimo de condições de vida.”

Portugal não foi “desbragado nos investimentos”

Também vê com essa indulgência os edifícios que resultaram do boom da construção, sobretudo nos subúrbios? O país tinha condições de habitação tenebrosas. De facto, o parque habitacional cresceu com uma rapidez imensa… Mas não tivemos uma bolha imobiliária, como em Espanha. Temos ainda algumas casas vazias… Temos perto de um milhão de casas devolutas… Sim, mas os nossos analisadores não percebem muito bem o mercado imobiliário em Portugal. Por exemplo, esquecem-se que há uns milhões de portugueses que estão lá fora e que continuam a construir aqui. Esquecem-se que, no Algarve, a construção é para o mercado turístico e não para os residentes. Invariavelmente, as contas são feitas com a população residente e com o parque imobiliário existente. Não me parece lógico. O Estado não poderia ter travado essa urbanização descontrolada? Não temos um modelo de Estado com essas características. Não temos um Estado que domine este ou aquele setor da economia. Não houve por parte, por exemplo, do poder autárquico uma grande vontade de mostrar obra? É fácil demonizar o poder autárquico, com os prédios, as rotundas, o gasto em estradas…Creio que, se quisermos ser justos, temos de ver as coisas no seu tempo. Quando se estava a fazer aquela rotunda, quando se estava a fazer aquele estádio, quando se estava a fazer aquela autoestrada, alguém pregava? Era ao contrário. O marketing político falava dessas coisas exatamente porque elas tinham uma aderência muito grande…

“De facto, o parque habitacional cresceu com uma rapidez imensa… Mas não tivemos uma bolha imobiliária, como em Espanha.”

Tinham aceitação social, é isso? Genérica. Tirando meia dúzia de figuras que remam contra a maré e que querem fazer a pedagogia de outro tipo de coisas, os políticos – tanto governamentais como locais – tentam cavalgar a onda. Falam das coisas que a sua clientela política gosta de ouvir.

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nização extensiva – formas urbanas espalhadas por territórios muito extensos, que colonizam uma infraestrutura muito fina de estradas, caminhos municipais, gás, água, fibra ótica… Perante esta radicalidade, já é tempo de nós pensarmos que a dispersão urbana não é uma corrupção, um efeito perverso da possível ausência de políticas de planeamento. Era muito estranho, face às transformações tecnológicas que estamos a viver, que o modelo territorial fosse sempre o mesmo.

Há apenas pedantismo nessa ideia de falta de gosto de alguma arquitetura? Há um pedantismo muito grande. Eu sou de uma geração que crucificava os emigrantes. Nuns dias eram uns desgraçados que faziam casas com azulejos, mas no Dia das Comunidades prestava-se-lhes homenagem. Isto é bipolar, no mínimo. O que é que explica isto? Acho que há uma elite que vive mal com o país e que, se calhar, pensa que os emigrantes foram fazer um curso de estética e regressaram a casa por insucesso escolar.


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E foram de facto satisfeitas as necessidades das populações locais? Foram. Eu sou de um tempo em que, em Melgaço, só existia um grau de ensino: a escola primária. Depois era preciso sair. E só saía quem tinha dinheiro para pagar. Nós temos um sistema de saúde que é modelar, e estamos agora aflitos porque pensamos que podemos ficar sem ele. Temos um sistema de ensino que meteu pessoas na escola. E assim sucessivamente… Lamento a crise, mas não acho que Portugal tenha sido completamente desbragado nos seus investimentos. Houve alguns estados de delírio, que são normais – todos os povos os têm. Isso aconteceu com a Expo, com o programa Polis, com os estádios… Mas a minha pergunta é sempre a mesma: na altura, ouviram alguém a dizer “não, não se faz”? Algum movimento contra os estádios de Leiria ou de Aveiro? É fácil perceber, quase do ponto de vista do inconsciente, que um povo que passou tantos e tantos anos de privação, quando a fartura vem, é como os pobres quando casam a filha: triplicam tudo. O vestido tem de ser muito caro, o banquete tem de ter doze pratos…

“Lamento a crise, mas não acho que Portugal tenha sido completamente desbragado nos seus investimentos.” A existir, o erro foi coletivo?

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Eu acho que foi coletivo. Mas obviamente que houve instituições que tiraram partido desse ambiente de euforia. Quem está nos negócios não brinca. Agora, eu recuso-me a encontrar os bodes expiatórios perfeitos e a fazer de conta que está tudo explicado ali. Na altura, nós pensávamos que o dinheiro era de borla e que, se não se gastasse, ia para trás. Os níveis de infraestruturação do país eram baixíssimos e a União Europeia passava a vida a mostrar-nos as estatísticas: “vocês estão na cauda da Europa em termos de cobertura de rede elétrica, de saneamento, de água, etc.”. E nós, claro, já que éramos dessa tal Europa, aspirávamos a esses níveis de vida.

Continua a achar que Portugal é o país mais exótico da Europa? O exótico, por definição, é aquilo que se desconhece. Qualquer estrangeiro chega aqui e fica embasbacado. Aquilo que as pessoas habitualmente conotam com o caos e a confusão, a eles suscitava-lhes imensa curiosidade. A nossa paisagem é transgénica, junta um ADN compósito: um campo de kiwis, uma fábrica, um poste de alta tensão, uma casa, um café, uma esplanada… Outro facto que o torna exótico é o tempo. Há coisas muito arcaicas que chegaram até nós. É fácil andar aí pela estrada e encontrar espigueiros do século XVIII ou até anteriores. Ou a arquitetura dos socalcos, que nos remete para a revolução do milho no século XVI. É comum existirem formas de construir e materiais de construção lado a lado com aquilo que há de mais global e indiferenciado. É esse o exotismo de que falo, e que procurei estudar nos meus livros “A Rua da Estrada” e “Vida no Campo”. Em vez de sermos treinados para tentar perceber o que temos na frente, metem-nos umas dicotomias na cabeça do género “a boa ideia de cidade é um centro histórico e a boa ideia de campo é uma aldeia típica”. Se não vês isto, é porque é o caos. E a seguir vêm os bodes expiatórios: a corrupção, a falta de planeamento… Estamos constantemente a ouvir isto. Ora isto não desencripta a realidade. A realidade é bem mais complicada que isto. Pomos tudo arrumadinho – só fábricas, só casas… – porque achamos que esse é o modelo de ordem. Eu tenho muitas dúvidas sobre isso. Acho que esse é o modelo da tecnocracia, do planeamento, do princípio do zonamento. Turismo impulsiona regeneração do Porto

Falando agora do Porto. A reabilitação urbana é uma questão recorrente no debate sobre a cidade e, apesar dos vários programas implementados, ainda há muito por fazer… Muitíssimo por fazer. A crise do velho Porto não é de hoje. No “Douro, Faina Fluvial” [Manoel de Oliveira], de 1933, as imagens da Ribeira são terríveis. A pobreza das pessoas, descalças e mal vestidas. Quando a câmara se passeia pelos telhados, vemos aquele ar de coisa muito decrépita, muito ruiniforme. Aliás, os primeiros inquéritos


feitos, no século XIX, pelos higienistas sobre as condições de vida no Porto deram resultados catastróficos. Tuberculoses no inverno; diarreias e cólera no verão. Isto é para calar aqueles que pensam que perderam uma joia, com estes prédios em ruína. Depois, há uma coisa que ainda estamos a viver: mais ou menos nos anos 40/50, o rio Douro deixou de ser o porto do Porto com a abertura do porto de Leixões e, sobretudo, com a contentorização. A faina fluvial passou para Leixões e aquela parte do Porto antigo deixou de ser o lugar da cidade mercantil. No final do século XIX, antes da crise, estava lá tudo: a bolsa de valores, a Alfândega, as sedes dos bancos, das companhias de seguros, dos negociantes… O porto do Porto entretanto acabou e ficou ali uma relíquia: os muros, as casas, os prédios que foram monumentalizados… Todo esse pulsar, que dava trabalho a milhares de pessoas, foi-se e ficaram as carcaças. O rio agora é um branding para o marketing imobiliário. Tudo o que tenha vistas para o rio dá, invariavelmente, condomínio fechado. Ou tudo o que seja um edifício excecional museifica-se, como a Alfândega, a Bolsa, o Solar do Vinho do Porto ou o Museu do Carro Elétrico. O rio polarizava todas as atividades em que o transporte tinha um peso muito grande. Ora isso mudou, radicalmente.

Não houve capacidade de regeneração do tecido económico local? Está a acontecer. Agora, a máquina de fazer acontecimentos chama-se turismo e ela dá sinais de si, bastante vistosos até. Vai desde investimentos brutais, como o [hotel] Yeatman, até à proliferação de hostels ou de um comércio que é claramente voltado para uma certa estetização do consumo: vinhos, arte, comida gourmet… Há de facto essa regeneração mas leva o seu tempo. Ainda bem que a Ryanair veio com os seus [voos] low cost, senão ainda demorava mais tempo. O turismo tem sido a principal alavanca dessa regeneração? Não tenho dúvidas quanto a isso. No Porto, há quatro fileiras muito visíveis: a saúde, o ensino superior – onde a Universidade do Porto ocupa um papel primordial –, o turismo e a cultura. Estas fileiras são os maiores atractores do efeito Porto. E são atividades que têm muito a ver com os que nos visitam, os city users. Mas, como dizia um jornalista há uns anos, “o Porto é os novos-ricos e os velhos pobres”. Ou seja, uma sociedade muito polarizada, onde não há muito espaço para aquilo a que se chama a classe média. Porque as casas são caras no Porto e, sobretudo, não há empregos. E então vimos para aqui? Porque é lindo? Se é lindo, vimos cá de visita e vamos embora.

E não se encontraram atividades substitutas? Não. Só não houve abandono no outro lado do rio, onde o negócio do vinho do Porto continuou a funcionar. E, entretanto, o mundo mudou muito. Costumo dizer que a cidade perdeu o monopólio do urbano. A rede de transportes foi aumentando e, sobretudo, a auto mobilidade foi crescendo. E assim a capacidade de eu decidir onde quero morar… Esta realidade veio acentuar o despovoamento do centro histórico? Sim, mas não foi só da população residente. Foi das atividades também. Era inevitável esse esvaziamento? Era. Por exemplo, quando se fez a liberalização do setor financeiro em Portugal e ao mesmo tempo a concentração, o BPA acaba e fica lá o edifício vazio. E o mesmo aconteceu com as companhias de seguros, que estavam todas na Avenida dos Aliados, e com os escritórios dos transitários e dos agentes de navegação.

Que tipo de emprego é que uma cidade como o Porto pode criar? Os serviços mais diversos. Mas os serviços estão dependentes sempre de quem os consuma. O setor da Saúde cria muito emprego, assim como as universidades, até indiretamente. Mas há atividades que são difíceis de visionar, enquanto potencial de emprego criado. No Porto, infelizmente, veem-se mais os fenómenos de inércia, como Campanhã – parece um eterno backoffice, que não há meio de se renovar e agarrar atividades novas. Os bairros sociais de Campanhã, e todos os outros, parecem de facto apartados da cidade. É possível integrá-los no tecido urbano ou só nos resta demoli-los, como o Aleixo? Passa-se claramente isso. O Porto é uma cidade partida. Percebe-se que há uma fratura entre os novos-ricos e os velhos pobres. É verdade que o Porto herdou do século XX um parque de habitação social imenso, e nos primeiros [edifícios] já começa a haver sintomas de má qualidade.

“Agora, a máquina de fazer acontecimentos chama-se turismo e ela dá sinais de si, bastante vistosos até.”

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“O exótico, por definição, é aquilo que se desconhece. Qualquer estrangeiro chega aqui e fica embasbacado.”


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Portanto, é uma obra aberta, constantemente a exigir atenção. Depois, muitas destas populações, ao longo de gerações, reproduzem condições de sociabilidade complicadas. Não quero dizer que são vítimas da sociedade… Mas há claramente um processo de reprodução social da pobreza, em que se gera um ciclo que não é virtuoso – é vicioso. Pobreza perpetua pobreza, marginalidade perpetua marginalidade. E o emagrecimento do Estado Providência faz com que os programas sociais [nos bairros] estejam a acabar. Com isso, acho que se está a correr um risco grande de descontrolo. Às tantas, podemos ter problemas graves como os de muitas cidades por esse mundo fora. Modelo de reabilitação urbana está esgotado

O modelo de reabilitação urbana consubstanciado pela SRU Porto Vivo é adequado à realidade da cidade? Não. Creio que quase todos estão de acordo, até os próprios. A SRU é uma espécie de agência que facilita uns negócios; põe no mercado umas casas caríssimas. Do ponto de vista da intervenção, é também muito estranha: face à excecionalidade da arquitetura portuense, afinal aquilo é tudo para descascar. Fica só uma casquinha exterior e o resto é tudo novo. É um contrassenso. Mal de nós se o exemplo [do quarteirão] das Cardosas for para repetir. Isso então seria a Disneylândia completa. Prefiro, com todas as lentidões, aquele tipo de recuperação que se vai fazendo prédio a prédio, caso a caso.

“Há claramente um processo de reprodução social da pobreza, em que se gera um ciclo que não é virtuoso – é vicioso.” Há dificuldade em compatibilizar a qualidade de vida dos moradores e a movida noturna da Baixa. Como se podem ultrapassar as situações de barulho excessivo, caos no estacionamento e lixo nas ruas? Eu nunca moraria na Baixa, por causa desse inferno. À medida que as cidades se vão “turistificando”, é, como dizia o outro, uma “faca de dois legumes” (sic). Traz muita gente mas muita gente traz confusão, preços altos, barulho… Se há quem queira movida à noite, outros querem dormir. Portanto, está acontecer no Porto um fenómeno que não é novo: locais intensamente “turistificados” tornam-se parques temáticos.

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Não considera possível repovoar o centro histórico com a atual estratégia de reabilitação urbana? Parece-me que esse modelo está mais do que esgotado. Inclusivamente, pode ser mau para o Porto. As pessoas pensam em tantas coisas quando se trata de recuperação – desde as questões energéticas até à mobilidade, passando pelas dimensões mínimas das casas de banho – e, depois, esquecem-se de que não somos todos iguais. No caso da SRU chega-se a identificar clientelas tipo. Dizer que estamos a reconstruir a Baixa para jovens casais, criativos… É uma imagem quase infantil. Parece o reclame de uma empresa imobiliária. O centro histórico, até pela sua diversidade, deve ter de tudo. Portanto, cada caso é um caso. Via mais a SRU a ter uma atitude de acompanhamento, de facilitar projetos, de atribuir prémios, de editar publicações, de organizar exposições… Coisas que nem requerem muito dinheiro.

É esse o preço a pagar para os centros históricos estarem vivos? A chamada “cidade dos eventos” é uma das estratégias. Em vez de se fazer só o S. João e a Passagem de Ano, fazem-se umas corridas de automóveis, outras de aviões… Enfim, encher a programação. Isso decorre da própria intensidade do turismo. O turista vem à procura de coisas extraordinárias; para ver coisas banais ninguém sai de casa. Até ordem em contrário, penso que o turismo vive do simulacro. Mesmo que o simulacro seja real, como as pirâmides do Egito. [O turismo] vive de uma determinada atmosfera de espetáculo permane�������������������������� nte e de uma série de coisas que as pessoas querem encontrar em todo o lado, como os autocarros para fazer o tour pela cidade, os comboínhos, as charretes – ainda não vi no Porto, mas devem estar por aí a aparecer. É uma tendência que faz parte do próprio turismo e cabe a nós, e às instituições, zelar por uma certa diversidade. Tudo bem, business is business, mas tem de haver espaço para mais. Acho que, neste aspeto, o Porto conserva muita diversidade. Numa escala urbana pequena, é um caso muito interessante de diversidade de atividades. Muitas vezes estou em grandes cidades a ver a programação e penso: “isto acontece na Casa da Música em oito dias”.


MONTRA DE LIVROS

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A EVOLUÇÃO DAS FORMAS URBANAS DE LISBOA E DO PORTO NOS SÉCULOS XIX E XX VÍTOR MANUEL ARAÚJO DE OLIVEIRA U.PORTO EDITORIAL

ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS SOARES DOS REIS – O ENSINO TÉCNICO ARTÍSTICO NO PORTO DURANTE O ESTADO NOVO (1948-1973)

ONDAS E MEIOS CONTÍNUOS JOSÉ MACHADO DA SILVA U.PORTO EDITORIAL

FRANCISCO PERFEITO CAETANO U.PORTO EDITORIAL

Esta obra traça uma análise detalhada do ensino técnico artístico na cidade do Porto durante o período do Estado Novo, entre 1948, quando se promulga o Estatuto do Ensino Profissional Industrial e Comercial, e 1973, ano em que cessa o ensino técnico e se instaura o ensino secundário unificado. Partindo da generalidade do ensino técnico, Francisco Perfeito Caetano acaba por fazer a análise detalhada do ensino na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis. O autor enfatiza o valor institucional desta escola no contexto portuense e o seu contributo para a formação de artistas e, por consequência, para o desenvolvimento económico, social e cultural da região. Aborda-se também a questão da identidade da escola e da importância que esta foi adquirindo nacional e internacionalmente. A Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis é definida no livro como um espaço de formação de excelência reconhecida, com métodos inovadores para a época, transformando o aluno na figura central, expondo-o a uma “discursividade pedagógica sobre as artes” que o tornava diferente. O autor, Francisco Perfeito Caetano, nasceu em Safara, Moura, em 1953. Licenciou-se em Ensino de Educação Visual e Tecnológica pela Escola Superior de Educação de Lisboa. Obteve o grau de mestre em História e Educação na Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP). É doutorando em História na mesma faculdade e investigador do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM) da FLUP. A sua principal área de investigação é a do ensino das artes nas suas diferentes valências.

José Machado da Silva faz uma viagem pela física clássica, na qual se estudam as ondas em cordas, em membranas e em barras, as ondas sonoras, as ondas em fluídos e as ondas eletromagnéticas. Destinado a estudantes universitários de ciências e engenharia, com sólidos conhecimentos em Análise Matemática, o livro começa por falar das vibrações de partículas, fundamental na análise dos fenómenos das ondas. Após esta introdução, a obra tem capítulos sobre a elasticidade, a hidrostática, a hidrodinâmica e o eletromagnetismo, que provam que o formalismo matemático subjacente é idêntico. Para além disso, “Ondas e Meios Contínuos” introduz uma física básica necessária para uma melhor compreensão do fenómeno de propagação de ondas em meios físicos de diferente natureza. O autor, José Machado da Silva, é professor catedrático na U.Porto, doutorado em Física da Matéria Condensada pela Universidade de Oxford e professor honorário na Universidade de Zhejiang Hangzhou (China). A obra contou ainda com a colaboração de José Brochado de Oliveira e José Monteiro Moreira, investigadores do Instituto de Física dos Materiais da U.Porto.

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Este livro analisa a evolução das formas urbanas de Lisboa e do Porto ao longo dos séculos XIX e XX. Começa por fornecer um enquadramento teórico e metodológico da morfologia urbana, identificando as origens, desenvolvimento e caraterísticas fundamentais das abordagens dominantes nesta área do conhecimento. É esse enquadramento que irá suportar a construção de uma matriz de análise, que será aplicada ao longo do livro no estudo das duas maiores cidades portuguesas. Na segunda parte do livro caracterizam-se os processos de expansão de Lisboa e Porto, identificando diferentes padrões em diferentes tempos e espaços destas cidades, e evidenciando os impactos dos grandes documentos de planeamento, desde os Planos Gerais de Melhoramento até aos atuais Planos Diretores Municipais. Conclui-se demonstrando que o estudo da forma urbana será enriquecido pela inclusão de novas atitudes metodológicas, nomeadamente o Redesenho Cartográfico suportado por Sistemas de Informação Geográfica. Vítor Oliveira é investigador no Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente (CITTA/FEUP) e professor auxiliar na Universidade Lusófona do Porto. É arquiteto pela FAUP, mestre em Planeamento e Projeto do Ambiente Urbano (FAUP/FEUP) e doutor em Engenharia Civil (FEUP). É presidente da Rede Portuguesa de Morfologia Urbana (PNUM) e membro do Conselho Científico do International Seminar on Urban Form (ISUF). É editor da Revista de Morfologia Urbana e membro do quadro editorial da revista Urban Morphology.


IN MEMORIAM

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ÓSCAR LOPES O “CONSTRUTOR DE PONTES” Q

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A N A B E L A SA N TOS

Foi preso. Torturado. Proibido de usar o nome em colaborações literárias. Não ensinava o que queria nem onde queria. Assim determinava a PIDE. Até abril de 75, foram assim os dias do coautor da melhor História da Literatura Portuguesa. Mas o garrote da ditadura não impediu Óscar Lopes (Leça da Palmeira, 1917 – Matosinhos, 2013) de ser um dos mais eminentes filólogos, linguistas, ensaístas, críticos literários e historiadores de literatura do nosso país. Morreu a 22 de março último, aos 95 anos, sendo já uma figura histórica da U.Porto.

uando, em 1970, Arnaldo Saraiva inica funções docentes na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e quando se tenta reunir um grupo de professores da seção de Filologia Românica, sugeriu que o coautor da “melhor História da Literatura Portuguesa”, formado em Filologia Clássica e em Histórico-Filosóficas, integrasse a equipa. Sugestão recusada. Assim como já tinha sido negado a Óscar Lopes o ensino, no liceu, de Literatura, História e Filosofia. Ensinava Latim, Grego e Português para principiantes. Nunca dirigia turmas nem reuniões. Foi “exilado” do Porto para Vila Real. Foi preso, submetido a tortura e proibido de usar o próprio nome nas colaborações literárias. No artigo “Lopes na Universidade”, integrado no livro “O Sotaque do Porto”, Arnaldo Saraiva conta também que, em inícios de 1974, foi convidado pelo jornal A Opinião para integrar a comissão de honra de uma homenagem que queriam prestar a Óscar Lopes. A resposta foi publicada a 9 de março: “Será para mim uma honra grande a participação na Comissão de Homenagem a Óscar Lopes – que há muito admiro como homem, como cidadão e como escritor, e que gostaria de ter como mestre ou como companheiro de trabalho na faculdade onde ensino”. Nessa homenagem, que aconteceu a 20 de abril de 1974, foi reclamado o regresso dos exilados, como Álvaro Cunhal ou Mário Soares… Aspirações que estavam a cinco dias de se tornarem realidade. A 26 de abril, Arnaldo Saraiva encontrou-se com alguns estudantes e dois deles, Francisco Jorge Tristão e Fernanda Pereira, comprometeram-se a apresentar a proposta do convite a Óscar Lopes na Reunião Geral de Alunos. Arnaldo Saraiva fez o mesmo na Reunião Geral de Professores. Com as duas propostas aprovadas não havia tempo a perder. No “Quartel-general da Região Militar Norte, onde estavam representantes da Junta de

Salvação Nacional que, então, governava o país”, foram recebidos pelo comandante nomeado pelo MFA, Passos Esmeriz, e dois adjuntos, sendo que um deles viria a ser comandante do quartel – o General Carlos Azeredo. Passos Esmeriz comprometeu-se a fazer chegar a proposta à Junta de Salvação Nacional e Jorge Tristão foi a Lisboa sensibilizar Alberto Machado, representante da Junta de Salvação Nacional no Ministério da Educação. No dia 1 de maio, andava Arnaldo Saraiva em manifestações, “das muitas, alegres e eufóricas que se faziam pelas ruas”, quando recebe a indicação de que deveria dirigir-se ao quartel-general. “Deram-me conta de um telex, enviado de Lisboa para o então chefe da ‘troika’ da Junta de Salvação Nacional aqui do Porto”. Esse telex nomeava Óscar Lopes diretor da FLUP. “A agitação era muita. Durante meses estive em estreita colaboração com ele. Óscar Lopes disse uma vez, numa entrevista, que era um homem plural. E era”. “Incansável estudioso da literatura e da língua” Impõe-se, por agora, a necessidade de clarificar os meandros da convivência entre as diversas facetas. Na mesma pessoa. Arnaldo Saraiva elege, à cabeça, a do intelectual. “Óscar Lopes era um homem muito atento ao que se passava em várias áreas do conhecimento: a literatura, a música, a filosofia, a psicologia e a psicanálise, a sociologia, a história, as ciências humanas e as ciências exatas”. Isabel Pires de Lima chama-lhe “curiosidade intelectual insaciável”. Num artigo publicado a 28 de março, no Jornal de Notícias, esta professora catedrática da FLUP identifica um “incansável estudioso da literatura e da língua” que “começa por se dedicar à historiografia literária, publicando abundantemente já nos anos 40”, mas que, depois, se sente atraído pela “crítica literária da


produção contemporânea”. Paixão que o transforma num “brilhante ensaísta”. Durante as décadas de 50 e 60 publica, nas páginas de O Comércio do Porto, uma crítica “atenta à materialidade formal do texto literário”, plena de um “realismo problemático ou dialético”. Assim vai afinando o conceito de que “a leitura tem sempre um caráter provisório. Ler é fazer tentativas, é ensaiar sínteses, pontos de equilíbrio num palco de conflitos que um texto sempre constitui. Por isso, para Óscar Lopes, a leitura de um texto literário constitui um desafio para quem lê: compreender, realmente, uma obra é compreender-se melhor”. Nos anos 60, este “investigador de ponta no campo da linguística” escreve, como bolseiro da Fundação Gulbenkian, a “inovadora Gramática Simbólica do Português”. A partir de abril de 1974, a jovem assistente universitária Isabel Pires de Lima recorda o “pasmo” com que assistiu a algumas das aulas de Linguística Matemática e Computacional que Óscar Lopes dava nos intervalos da gestão da FLUP. E, claro, falta referir “essa obra fundadora de uma historiografia literária nova”, escrita a duas mãos “com o amigo de sempre, António José Saraiva, a História da Literatura Portuguesa”. Com cerca de 20 edições, formou gerações de estudantes em Portugal e no Brasil. Agora o cidadão. Óscar Lopes “nunca escondeu as suas ideias em favor da liberdade, da igualdade social ou da justiça social”, lembra Arnaldo Saraiva. Militante do Partido Comunista Português desde 1945, Óscar Lopes fez parte do seu Comité Central entre 1976 e 1996. Publicou

um livro sobre uma viagem à Rússia, que “muitos julgaram mal, apesar de não ser um livro de propaganda. Óscar Lopes não era um propagandista. Era um homem de ideias e de reflexões”. Depois, ou antes de tudo isto: o homem. “Queria ser pintora, ou poeta, ou sobretudo música para dizer de um modo superior e único como gosto do homem de exceção que é Óscar Lopes. Estou a referir-me ao homem, só ao homem, com a sua


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Arnaldo Saraiva e Óscar Lopes numa evidente manifestação de cumplicidade.

pequena figura frágil e resistente, o seu olhar meigo e suspenso, os seus gestos ágeis e envolventes. Porque é exatamente e desde logo como ser humano que o sei e o sinto de exceção”. Este texto chama-se “À procura de um rosto ou de uma voz – o ensaísmo literário de Óscar Lopes e eu”. De Isabel Pires de Lima. Ela que encontra duas ordens de razões para explicar esta capacidade de entrega: “Porque ama de facto o próximo e porque ama profundamente o seu ofício de ensinar. Dá com a mesma alegria simples o seu saber, os seus livros, o seu chá, as camélias do seu jardim”.

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A “bondade” de um grande ensaísta Era “extremamente afável”, sublinha Arnaldo Saraiva. Tinha “grande capacidade para ouvir e compreender os problemas dos outros”. Houve momentos, até nas pequenas questões que se colocavam dentro das problemáticas universitárias… Houve dificuldades. Mas dadas as qualidades humanas de Óscar Lopes nunca tive com ele qualquer zanga. Qualquer rutura que nos impedisse de falar. E trabalhar em comum, o que me permitiu conhecer melhor a personalidade que nunca deixei de admirar”. O fascínio pelos autores e pela literatura Arnaldo Saraiva traduz por tentativa de entender o mundo. “Na sua aproximação dos livros, ou dos textos, tentava uma aproximação com os homens. E com o mundo. Perceber, não só o que se passava

Bibliografia Pires de Lima, Isabel: «Neófito, a morte não existe - lembrando Óscar Lopes». Artigo do JN de 28 de março de 2013. Pires de Lima, Isabel: «Na proa da inovação». Artigo do Público de 23 de março de 2013. Pires de Lima, Isabel: «À procura de um rosto ou de uma voz – o ensaísmo literário de Óscar Lopes e eu». Revista da Faculdade de Letras – Línguas e Literaturas, In Honorem Prof. Óscar Lopes, Porto, Vol. XII, 1995, e «Uma homenagem a Óscar Lopes», Câmara Municipal de Matosinhos. Edições Afrontamento, 1996. Pires de Lima, Isabel: «Diálogos António José Saraiva / Óscar Lopes: repensar a historiografia literária» (no prelo). Pires de Lima, Isabel: «Óscar Lopes: a imaginação do possível (Evocação)». JL n.º 1109, 3 a 16 de abril de 2013. Saraiva, Arnaldo: «O Sotaque do Porto – Lopes na Universidade». Edições Afrontamento.

à sua volta, mas também o que se tinha passado na história da humanidade”. Porque “a literatura é um dos melhores suportes do conhecimento do mundo ou da vida. E, portanto, o esforço dele era o de tentar entender (tentar era uma palavra de que ele gostava… e que teorizou em relação à palavra ensaio)… Ele foi, sobretudo, um ensaísta”. Isabel Pires de Lima deixa a “bondade” de Óscar Lopes, “fruto evidentemente da sua elevada dimensão ética”, contagiar-se “do ensaísmo que sempre praticou em todos os domínios – ensaísmo no seu sentido etimológico de ensaiar, tentar, encontrar soluções e tentar de novo novas hipóteses. A sua bondade manifestava-se neste espírito de abertura ao conhecimento e ao diálogo com o outro”. Isto porque “das coisas de que mais gostava era de trocar, debater, defender ideias e por isso ouvia o outro com uma disponibilidade sem limites: do aluno principiante ao intelectual ou ao criador de maior renome”. Sem “qualquer ortodoxia nas suas opções ideológicas ou epistemológicas”. Óscar Lopes tinha a paixão do Homem, da música e da literatura. Traduz a leitura ou a escrita de um texto denso por “procura de um rosto, ou de uma voz, tanto mais voláteis quanto mais importaria apreendê-los”. Tarefa que pode exigir uma “vivência de profunda solidão”. Para além de uma abertura “à ambiguidade e à contradição”, que até o “mais simples ato de comunicação” deve resolver, via na poesia “um desafio à síntese possível e competentemente unívoca de cada aqui e agora”. Capaz de evocar “mundos possíveis, organizados a partir de fragmentos do mundo mais óbvio, e ligados a hipóteses de uma alternativa mais compreensível ou então mais desejável”. Era “um construtor de pontes”, chamou-lhe o amigo e companheiro de descobertas António José Saraiva. Tinha “uma ingenuidade que não sei definir”, acrescenta Isabel Pires de Lima, para além do “amor pela língua, pelas flores, pelos gatos, pela vida…”. Gostava de passear, de cultivar o jardim. Gostava das suas camélias. E de as oferecer. “Tenho saudades das camélias do seu jardim que gostava de colher para mim”.


CULTURA

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FERNANDO TÁVORA HOMENAGEADO COMO FIGURA EMINENTE 2013

-exposição sobre a obra de Fernando Távora, que estará patente, de novembro a dezembro, no Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR). Até ao final do ano, vão ter ainda lugar dois ciclos de conferências em que se cruzarão as histórias de vida e os livros que inspiraram Távora. Fernando Távora (Porto, 1923 – Matosinhos, 2005) é considerado o “pai da escola do Porto”, na medida em que formou e influenciou fortemente muitos dos grandes arquitetos que integram o movimento pedagógico, cultural, artístico e arquitetónico que nasceu na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) e prosseguiu na FAUP e na FBAUP. Diplomado justamente pela ESBAP, em 1952, Távora dividiu a sua carreira entre a arquitetura e a docência, em particular na FAUP – instituição de que foi presidente da Comissão Instaladora, professor catedrático e figura tutelar. Entre as principais obras de Távora, destacam-se o Mercado Municipal de Santa Maria da Feira, a Casa de Férias no Pinhal de Ofir (Fão), a reabilitação do Centro Histórico de Guimarães, a ampliação das instalações da Assembleia da República, o restauro do Palácio do Freixo (Porto), a expansão do MNSR e a remodelação do Círculo Universitário do Porto. 43

RICARDO MIGUEL GOMES

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nualmente, a U.Porto celebra um dos seus primus inter pares. Alguém que pelas suas excecionais qualidades humanas, pedagógicas e científicas se distinguiu na história da Universidade e contribuiu de forma indelével para o seu engrandecimento. A homenagem pressupõe a atribuição do título de Figura Eminente à personalidade escolhida, bem como a organização de um ciclo de iniciativas lembrando a sua vida e obra. O arquiteto Fernando Távora é a Figura Eminente da U.Porto 2013, pelo que, até ao final do ano, o seu legado pessoal, académico e profissional inspirará encontros científicos, instalações expositivas, edições de livros, entre outras iniciativas. “Desta forma estaremos, seguramente, a promover a valorização histórica do homenageado e a transmitir o seu exemplo às novas gerações”, diz o reitor da U.Porto, Marques dos Santos, para quem Fernando Távora é uma “referência maior, não apenas da arquitetura nacional, mas também da cultura portuguesa e da sua capacidade de se projetar no mundo”. A celebração da Figura Eminente 2013 teve início a 23 de maio último, no Salão Nobre da Reitoria, com uma sessão que incluiu a leitura de textos do arquiteto pelo encenador Jorge Silva Melo, a projeção de um filme sobre o homenageado e a apresentação da publicação “Fernando Távora – ‘Minha casa’, Fascículo 1, Prólogo”. No dia seguinte, a figura, o pensamento e a ação de Fernando Távora serviram de mote a um encontro de investigadores, que reuniu, também na Reitoria, vários especialistas em arquitetura e urbanismo. O programa da Figura Eminente 2013 prosseguiu, a 4 de junho, com a inauguração, na Fundação Instituto Arquiteto José Marques da Silva (instituída pela Universidade em 2008 e sita na Praça do Marquês de Pombal, n.0 30), da exposição “Fernando Távora: uma porta pode ser um romance”. De resto, o conjunto de iniciativas desta homenagem está muito centrado no arquivo documental que a família do arquiteto cedeu à Fundação em 2011, sob regime de comodato. A homenagem deverá conhecer novo momento alto com a abertura da programada instalação-


MÉRITO

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Investigadores do IBMC

publicam na Nature

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Uma equipa composta por três investigadores do IBMC publicou, na revista Nature, um modelo da estrutura de transportadores de potássio. Em concreto, Andras Szollosi, Ricardo Vieira Pires e João Morais Cabral (este último é o coordenador da equipa) mostraram como funciona o transportador KtrAB da bactéria Bacillus subtilis. Tecnicamente complexa, a explicação do funcionamento desta nanoestrutura natural revela-se muito importante para compreender as estratégias dos organismos para resistirem à salinidade e à seca. Neste sentido, o estudo publicado poderá permitir o desenho de novas ferramentas a aplicar em nanomáquinas do futuro ou a implementar na biotecnologia de plantas em situações extremas. Na verdade, nanoestruturas como o KtrAB encerram um elevado potencial enquanto ferramentas destinadas à biologia sintética (construção de organismos artificiais), ao desenvolvimento de novas soluções para a nanomedicina ou à criação de espécies mais resistentes à hipersalinidade.

Ferreira Gomes

Vladimiro Miranda

José Ferreira Gomes, professor catedrático da FCUP e antigo vice-reitor da U.Porto (1998-2006), foi empossado como secretário de Estado do Ensino Superior, em julho último. Aos 66 anos, passou assim a tutelar os assuntos relativos às universidades e politécnicos portugueses. Natural de Penafiel, o ex-deputado do PSD Ferreira Gomes licenciou-se em Engenharia Químico-Industrial em 1970, na FCUP. Tornou-se professor catedrático de Química desta Faculdade em 1985, tendo-se aposentado no passado mês de junho. Presidiu ao Departamento de Química (1994-1996) e ao Conselho Científico (1997-1998) da FCUP. É membro do Centro de Química da U.Porto (Grupo de Química Teórica), que integra o Laboratório Associado REQUIMTE. Assinou mais de 100 artigos científicos. A importância científica de Ferreira Gomes mede-se ainda pelas funções que desempenhou enquanto presidente da Sociedade Portuguesa de Química (20012004), membro da Comissão Executiva da Federação Europeia das Sociedades de Química (1998-2004) e presidente do Comité Permanente daquele organismo para assuntos educativos, profissionais e éticos (2002-2004).

O investigador do INESC TEC e docente da U.Porto Vladimiro Miranda foi distinguido, em maio, com o IEEE Power & Energy Society Ramakumar Family Renewable Energy Excellence Award 2012. Trata-se de um dos mais prestigiados prémios internacionais de engenharia, atribuído pela mais importante organização técnica e científica de engenheiros do mundo: o Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE). Aos 58 anos, Vladimiro Miranda viu assim ser reconhecida internacionalmente a sua contribuição para a integração de fontes de energia renovável – em particular energia eólica – em larga escala nos sistemas elétricos tradicionais, através de técnicas de inteligência computacional. O investigador é presidente do INESC P&D Brasil, fellow do IEEE e autor de mais de 200 publicações. A sua atividade de I&D tem reflexos na indústria e mudou o rumo da investigação sobre sistemas elétricos, para além de influenciar programas de ensino nacionais e internacionais nesta área.

empossado secretário de Estado do Ensino Superior

distinguido com “Óscar” da engenharia


recebe 400 mil euros do Harvard Medical School

Alexandra Gonçalves, médica cardiologista e investigadora da Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular da FMUP, viu ser aprovado pelo programa Harvard Medical School Portugal um projeto de investigação sénior na sua área de especialidade. Intitulado “Regurgitação paravalvular aórtica após implantação de válvula aórtica transcateter, como melhorar os resultados?”, o projeto em causa vai receber um financiamento de 400 mil euros e será desenvolvido durante dois anos, no âmbito da parceria entre a Harvard Medical School e escolas médicas e laboratórios associados portugueses. Com apenas 34 anos, Alexandra Gonçalves vai dedicar-se agora ao desenvolvimento de conhecimentos em investigação clínica e imagem cardiovascular na Unidade de Imagem do Brigham and Women’s Hospital, em Boston, bem como à implementação do pioneiro projeto aprovado pelo programa Harvard Medical School Portugal. Refira-se que, em 2010, Alexandra Gonçalves foi galardoada com a bolsa de investigação em ecocardiografia da Sociedade Europeia de Cardiologia e, no ano passado, concluiu, na FMUP, o Doutoramento Europeu em Medicina.

Reto Gassmann

com bolsa de 1,5 milhão de euros

O investigador do IBMC Reto Gassmann ganhou uma bolsa “Starting Grant” do Conselho Europeu de Investigação (ERC), no valor de 1,5 milhão de euros. Das 3.300 candidaturas que o ERC recebeu este ano para bolsas “Starting Grant”, apenas 10% tiveram sucesso no financiamento. O objetivo desta iniciativa é, sublinhe-se, apoiar jovens cientistas europeus que pretendam formar e liderar equipas de investigação em áreas de grande potencial científico. Com a bolsa do ERC, o investigador suíço do IBMC tem financiamento assegurado para os próximos cinco anos e poderá melhorar as condições de trabalho do seu laboratório. Refira-se que a equipa liderada por Gassmann investiga, em particular, a função dos cinetocoros – estruturas cromossómicas que se ligam e interagem com o fuso mitótico durante a divisão celular. Em concreto, o grupo procura perceber como a dineína citoplasmática é regulada temporal e espacialmente, para que cumpra a função de motor bioquímico do movimento dos cromossomas.

UPTEC

galardoada com Regiostars 2013

O Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto (UPTEC) foi distinguido, em janeiro, com o Prémio RegioStars 2013, destinado ao melhor projeto europeu na área do “Crescimento Inteligente”. Lançados pela iniciativa da Comissão Europeia “Regions for Economic Change”, os prémios RegioStars têm como objetivo identificar e valorizar boas práticas nas políticas públicas de desenvolvimento regional. Pela primeira vez, uma universidade portuguesa conquistou um RegioStars. Mas para o sucesso obtido concorreu, em boa medida, a CCDR-N, que liderou a candidatura vencedora. Nela se destacava a valorização do conhecimento produzido pela U.Porto, através da promoção do empreendedorismo tecnológico e da criação de centros de inovação. “É um sinal de reconhecimento da aposta da região no desenvolvimento económico e na criação de emprego qualificado, traduzida pelos 143 projetos empresariais apoiados pelo UPTEC, desde 2007, assim como pelos mais de 900 empregos gerados”, afirmou o presidente do parque, José Novais Barbosa (na foto à esq.).

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Alexandra Gonçalves


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TIAGO REIS

O DIA EM QUE O ORFEÃO CONQUISTOU LISBOA… E A TELEVISÃO Em março de 1959, os grupos do Orfeão Universitário do Porto desceram à capital para uma minidigressão de dois concertos. Missão: garantir o apoio do Governo para a digressão a Moçambique. Resultado: a vénia do Teatro Nacional D. Maria II e o extinto Pavilhão dos Desportos rendido em palmas. Neste último, protagonizaram uma das primeiras emissões em direto da RTP, com direito a realização improvisada, jogos de bastidores, uma despedida em ombros, entre outras memórias que revisitamos pela voz dos protagonistas.

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ão há como esconder. Há mais do que um lanço de escadas a dividir os dois pisos do edifício sede do Orfeão Universitário do Porto (OUP), na Rua dos Bragas. No primeiro, duas raparigas trocam acordes enquanto declamam à guitarra “como é bom ver o Porto, o Douro tão lindo, e ouvir a Tuna a cantar”. No segundo, é de outro Orfeão que falam os violinos e as vozes da Orquestra de Tangos dos Antigos Orfeonistas. “Agora são muito técnicos, quase profissionais. Mas, em termos de espírito, nós eramos superiores”, reclama Ismael Cavaco. Encontramo-lo, ao cair da noite, na companhia de Jorge Guimarães, José Milheiro, Florêncio Vasconcelos, Durval Marques e Gabriel Leite. Todos eles são alumni da U.Porto, mas não é (só) isso que os traz a estas páginas. Há 54 anos, foram seis dos operacionais do OUP que rumaram a Lisboa para protagonizar um dos mais memoráveis episódios da vida do grupo centenário. Como todas as boas histórias, também esta é condimentada com intriga e jogos de poder. “Tudo surgiu numa reunião no gabinete do Ministro da Educação Nacional [António Leite Pinto] em que manifestámos a intenção de fazer uma digressão a Moçambique nesse ano. Já tínhamos provado que tínhamos tanta categoria como o pessoal de Coimbra mas eles é que iam a todo o lado. Por isso fomos propor ao ministro que nos fizesse um exame”, conta Durval Marques. Na memória estava ainda fresca a viagem de barco a Angola, em 1956, que o OUP partilhou com a Tuna de Coimbra, onde pontificava um tal de José Afonso. “Eles iam em primeira classe. Nós íamos para a casa das máquinas e lá fazíamos espetáculos para toda a gente!”, lembra o orfeo-

nista. Rivalidades à parte, do encontro noturno com as altas patentes do Estado saiu um acordo: “Ficou combinado que daríamos dois espetáculos em dois dias. Um no Teatro Nacional, onde devíamos mostrar aos membros do Governo as capacidades que tínhamos, e outro de beneficência, aberto a toda a comunidade”, detalha Jorge Guimarães. Oficialmente, tudo ficaria registado no “jornal do Orfeão” (1960, ano II, n.0 8) como “um gesto de solidariedade académica: dedicar um espetáculo aos membros do Governo e aos estudantes de Lisboa”. À conquista da capital A operação fora preparada ao pormenor quando os mais de 100 orfeonistas, trajados a rigor, saíram da Praça Gomes Teixeira ao início da tarde de 12 de março. Para trás ficara o ensaio geral na escadaria do edifício da Faculdade de Ciências (atual Reitoria) e os encontros conspirados nas mesas do café “Piolho”. “O espírito do Orfeão era boémio, de camaradagem, de ir em grupo fazer coisas que normalmente não fazíamos”, atira Joaquim Milheiro. Também por isso, “a caravana partiu alegre em três camionetes e alguns automóveis”, relata o jornal do Orfeão. À frente, o autocarro da “malta bem comportada” marca o compasso, seguido do “autocarro dos meninos de leite”. O terceiro, “bem, o terceiro era onde iam os boémios“, sentencia Jorge Guimarães. À mesa de conversa ninguém se denuncia, a não ser Durval Marques: “O terceiro autocarro era o mais ‘perigoso’. Quando eles mandavam qualquer coisa, estávamos todos feitos!”. Não consta, contudo, que tenha havido danos de monta durante o percurso que culminou, já de


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Objetivo I: O Teatro Nacional O primeiro teste ao OUP teve lugar na santificada tarde de 13 de maio de 1959, num Teatro Nacional D. Maria II a rebentar pelas costuras. Na plateia, António Leite Pinto cumpria o prometido. Entre universitários, membros do Governo e várias entidades oficiais, pontificava ainda Marcelo Caetano, então reitor da Universidade de Lisboa, e o reitor da U.Porto, Amândio Tavares. “Havia uma afetividade muito grande entre reitor e o Orfeão”, diz Ismael Cavaco, completado por Gabriel Leite: “Eu até ouvi dizer que ele disse que se demitia se o Governo não nos desse o apoio. Estava em causa a afirmação da Universidade!” Longe dos jogos de influência que se operavam na plateia, a matiné começou ao som do Coral do OUP, liderado pelo maestro Afonso Valentim. À frente, as duas filas femininas emprestavam a voz e o charme. Atrás, Ismael Cavaco e restante ala masculina faziam o resto. “Muita gente, nem de música sabia, o que não significa que tivéssemos um impacto inferior!”. Naquela tarde, o palco do Teatro Nacional pôde comprová-lo à medida que os orfeonistas, reencarnados em Fidelis, Galius, Mozart, ou Rossini, embalavam a audiência. “Quer interpretando música erudita

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01/4 Grupos do Orfeão durante o espetáculo no Teatro Nacional. 05 Saudação dos orfeonistas ao ministro António Leite Pinto. 06 Florêncio Vasconcelos, Durval Marques, Gabriel Leite, Jorge Guimarães, José Milheiro e Ismael Cavaco.

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ou popular, religiosa ou profana, estrangeira ou nacional, o OUP proporcionou um concerto de alta qualidade artística”, diria mais tarde o Diário de Notícias. Mas não era tudo. Na segunda parte do espetáculo, os orfeonistas brindaram o público com atuações dos grupos de danças regionais, fados e guitarradas. O romantismo das Canções Napolitanas e os ritmos da Orquestra Ligeira e da Orquestra de Tangos completaram o programa, entrecortado pelas aparições dos entreatos, episódios humorísticos onde se “tentava convencer o público que a ‘banha da cobra’ cura tudo, até o que não tem cura”, revela o jornal do Orfeão. Três horas e meia depois, a audiência estava curada. “O Orfeão conquistou por completo o público. É sem dúvida um dos melhores da Europa“, confirmava o Diário de Notícias. Já O Século rendia-se a “uma manifestação de alto nível artístico e de exuberante ecletismo, que o público, de pé, aplaudiu calorosamente”. Na plateia destacava-se ainda o sorriso de Ministro da Educação Nacional, a quem coube a saudação final aos orfeonistas, encabeçados por Durval Marques. “A primeira parte do plano estava cumprida”. Mas o melhor ainda estava para vir… Fotos gentilmente cedidas pelo OUP

noite, às portas da Pensão Ibérica, em plena Baixa da Banheira, com vista para a Praça da Figueira. “Era um bocado mal-amanhada, mas na altura nós dormíamos pouco”, adianta Ismael Cavaco. “Uma ou duas horas”, concretiza Jaime Milheiro. Com a dupla operação em marcha, a proverbialidade da juventude serve-se com requinte antes da entrada em palco: “Era quando podíamos fazer dois seguidos…”, sorri José Milheiro.

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Objetivo II: Pavilhão dos Desportos Fora apenas alguns meses antes que, em junho de 1958, a mais badalada sala de espetáculos de Lisboa da época enchera para receber Humberto Delgado, então candidato às eleições presidenciais. Na noite de 14 de março de 1959, o Pavilhão dos Desportos voltou a encher-se para “um 47

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Vasco Alves, ministro do Ultramar, saúda os orfeonistas à saída do Pavilhão dos Desportos.

02 Espetáculo do OUP no Pavilhão dos Desportos.

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03 Ceia dos orfeonistas após o espetáculo.

dos maiores espetáculos do ano”, anunciado nos poucos bilhetes que restavam na bilheteira. Desta vez, o pretexto oficial era a recolha de fundos para a Liga Intensificadora da Ação Missionária. Mas foi à tribuna, onde estava agora Vasco Lopes Alves, ministro do Ultramar, que as capas negras dos orfeonistas endereçaram uma receção especial. “Era o espetáculo do tudo ou nada no que toca à decisão de nos darem o apoio para irmos a Moçambique”, justifica Jorge Guimarães. O ministro e o público do Pavilhão dos Desportos não seriam, porém, os únicos a testemunhar aquilo que se seguiria. “Foi o primeiro espetáculo a ser transmitido ao vivo pela televisão!”, antecipa Jorge Guimarães. Aqui, as opiniões não são unânimes. “O primeiro foi o Travassos!”, contrapõe Ismael Cavaco, numa alusão a outro “violino”, um dos cinco da famosa equipa do Sporting que, em fevereiro de 1958, subiu ao Estádio de Alvalade para defrontar o FK Áustria. O certo é que, apenas dois anos após o arranque das emissões regulares a partir da Feira Popular (em março de 1957), a jovem Rádio Televisão Portuguesa dava honras de direto televisivo ao segundo e decisivo round do OUP em Lisboa. Um conselho antes de entrar na sala. Esqueça tudo o que julga saber sobre câmaras com teleobjetiva, cenários multicoloridos e microfones de lapela. Esqueça também os planos de pormenor e as palmas ensaiadas. No ecrã de televisão a preto e branco onde nos estamos prestes a reencontrar os “seis violinos” do OUP, bastam uma cortina e uns vasos para decorar o palco de madeira montado entre as bancadas do Pavilhão dos Despor-

tos. No que toca a câmaras, contam-se três – um “luxo para a época” –, coordenadas a partir da regi situada num canto do palco. “Na altura foi tudo improvisado. A malta da televisão só apareceu no ensaio geral. Nós falámos com o realizador, ele tirou meia dúzia de apontamentos e foi-se embora”, recorda Jorge Guimarães. Levantada a cortina à hora marcada (21h30), o espetáculo tem de continuar. No alinhamento, repete-se a receita do Teatro Nacional, ainda que, desta vez, servida em três partes. Arranca o Coral. Aos primeiros sopranos das raparigas, respondem os contraltos dos rapazes e as primeiras palmas das bancadas. Nos bastidores, contudo, é o falsete de Jorge Guimarães quem dita as leis, na pele de “diretor das variedades” e realizador improvisado. “Passei o tempo todo a correr entre a regi os cameramen, para lhes indicar o que ia acontecer. Queria que eles fizessem a focagem dos temas mais apelativos”, recorda. Indiferente a isso, o Diário de Notícias assistia na plateia a um “verdadeiro festival de arte, música, alegria e juventude”. Ao lado, o bloco d’O Século distribuía elogios por “um impagável noticiário, fados e guitarradas cheios de vigor nostálgico, uma esplendida Orquestra Ligeira, uma série de bailados regionais do maior agrado e uma ótima Orquestra de Tangos”. Por esta altura, todo “o pavilhão estava entusiasmado”, mas, para os orfeonistas, “o melhor foi quando se começou a perceber o efeito que estávamos a ter cá fora”. A alguns quilómetros de distância, o telefone toca na redação da RTP. E toca mais uma e outra vez. “Estava prevista uma transmissão de uma hora, mas, de repente, começaram a chover centenas de telefonemas a pedir que não cortassem a emissão”. Resultado: “Aquilo acabou por se prolongar por duas horas e meia. Foi monumental!”, remata Florêncio Marques. No final do espetáculo, a capital despediu-se dos estudantes com a merecida vénia. “Fizeram-nos um corredor de passagem. Havia muita gente a bater palmas”, conta Durval Marques, já a meio caminho do autocarro que trará o OUP de regresso ao Porto. Atrás de si, desligam-se as câmaras e as luzes do Pavilhão dos Desportos, mas, antes, resta um último número liderado por Jorge Guimarães: “À saída do pavilhão estendemos as capas para que ele passasse por cima. E quando passou disse: ‘Pronto, está resolvido, vai tudo para Moçambique’! Estava ganha a batalha!”.


Universidade do Porto Uma das 100 melhores instituições de ensino e investigação científica da Europa.

2 422 1 644 31 749 9 417 5 744 12 794 185 3 609 3 422 1 560 373 464 500 461 64 111 623 35 18 147 21 89 314 4 160 4 130 156,2 60 45 2 678 67 83 25 680 892 57 014 1 916 368 10 1 183 21 3 526 5 110

Campus universitários Faculdades Business school Docentes e Investigadores (1 887,1 ETI) (79,5% doutorados) Não docentes (1 643,8 ETI) Estudantes Estudantes de 1º Ciclo Estudantes de 2º Ciclo / Mestrado Mestrado Integrado Estudantes de Especialização Estudantes de 3º Ciclo / Doutoramento Estudantes estrangeiros (10,84 % do total) em programas de mobilidade em cursos de 1º Ciclo e Mestrado Integrado em cursos de 2º Ciclo (Mestrado) em cursos de 3º Ciclo (Doutoramento) Investigadores Post-Doc Especialização Nacionalidades Programas de Formação em 2010/11 Cursos de 1º Ciclo / Licenciatura Cursos de Mestrado Integrado Cursos de 2º Ciclo / Mestrado Especialização e Estudos Avançados Cursos de 3º Ciclo / Doutoramento Cursos de Formação Contínua Vagas disponíveis em 2011/12 (15,2% das vagas nacionais) Vagas preenchidas na 1ª fase do concurso nacional 2011/12 Mais alta classificação média do último colocado das universidades públicas Unidades de investigação Unidades avaliadas com “Excelente” e “Muito Bom” (incluindo Laboratórios Associados ao Estado) Papers indexados na ISI Web of Science em 2011 Patentes portuguesas submetidas (até Dezembro de 2011) Patentes internacionais submetidas Bibliotecas Títulos de Monografias Publicações periódicas disponíveis on-line Downloads de artigos científicos Residências Universitárias Camas (90% ocupação) Unidades de alimentação (cantinas, bares, etc) Refeições servidas por dia Estudantes Bolseiros

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