UPorto Alumni #19

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Revista dos Antigos Estudantes da Universidade do Porto, Nº 19, II Série, Janeiro de 2014, 2.5 Euros

N A VA N G UA R DA DA S C I Ê N C I A S DA S AÚ D E , P á g. 2 0 M I G U E L M I R A N DA : A T R A D I Ç Ã O D O S M É D I C O S E S C R I T O R E S , P á g. 0 8 A S S O L U Ç Õ E S TRIDIMENSIONAIS DA 3DECIDE, Pág. 12 NASONI ESTUDADO POR UM ITALIANO NO PORTO, Pág. 16 ENTREVISTA A ANA LUÍSA AMARAL, Pág. 32 NOVA ESTRATÉGIA MUSEOLÓGICA DA UNIVERSIDADE, Pág. 38 O PÓS-25 DE ABRIL NA U.PORTO, Pág. 46



José Carlos Marques dos Santos

Reitor da Universidade do Porto

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U.Porto é bastante competitiva nas ciências da saúde, como se comprova pela qualidade dos seus graduados nesta área e pelo prestígio internacional dos seus centros de I&D com esta especialização. Refira-se, a propósito, que a qualidade da nossa formação graduada e pós-graduada no domínio da saúde assenta muito na excelente cooperação com unidades hospitalares comprometidas com a investigação científica e o progresso da medicina. Mas decorre também dos acordos de parceria firmados com empresas farmacêuticas e de biotecnologia, com resultados concretos e muito interessantes ao nível da inovação. Com base nesta massa crítica, a U.Porto está empenhada em reforçar o seu protagonismo nas ciências da saúde. Estamos conscientes das potencialidades, tanto científicas como de impacto económico e social, que poderão resultar destes recursos, se os aplicarmos na descoberta de soluções para terapêuticas mais económicas e eficientes. A importância da aplicação do conhecimento na melhoria da nossa autonomia tecnológica na área da saúde é hoje assumida como uma prioridade nacional e levou à constituição do Health Cluster Portugal (HCP), polo de competitividade do qual a U.Porto, através de várias faculdades e unidades de investigação, é associada fundadora. A localização do polo no Grande Porto não é despicienda: de facto, é na região Norte, na cidade do Porto e na sua Universidade que se concentram atores e recursos das ciências da saúde com elevadas responsabilidades no sucesso dos objetivos do HCP. Procurando estar à altura das responsabilidades depositadas na nossa Universidade, temos em curso a constituição do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (I3S). Trata-se de um projeto transversal, agregador das múltiplas competências internas que podem dar a sua contribuição para esta prioridade nacional adotada pela U.Porto. Catalisado pelos três institutos da U.Porto – de Biologia Molecular e Celular (IBMC), de Engenharia Biomédica (INEB) e de Patologia e Imunologia Molecular (IPATIMUP) – que, em 2006, tomaram a iniciativa de iniciar o projeto, o I3S assume agora, sob a chefia do consórcio pela nossa Universidade, um objetivo mais amplo.

Com o novo instituto, pretende-se facilitar a colaboração entre todas as unidades de I&D disponíveis, para dar uma resposta de excelência a temas da agenda de investigação em saúde. Além disso, o I3S quer ser o dinamizador de um ambiente de inovação em saúde na U.Porto, que faça chegar à sociedade soluções mais acessíveis e eficazes para os seus problemas de saúde. O projeto I3S, com esta configuração, irá ser mais do que uma candidatura à FCT ou mais do que um novo edifício. Será uma marca comum da qualidade da I&D em saúde da U.Porto, simbolizada pelo novo edifício que está a ganhar forma no campus da Asprela. Mas poderá, e deverá, ser também a marca de qualidade para o exterior de todos os projetos de grande qualidade que se vêm desenvolvendo por toda a U.Porto na área da saúde. Recordo que, ainda em setembro último, a U.Porto inaugurou o Laboratório de Investigação de Medicina Regenerativa do ICBAS (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar), um equipamento que reforça a capacidade tecnológica da U.Porto e acentua a sua vocação para trabalhar em ambientes transdisciplinares. Neste 19.0 número da revista UPorto Alumni damos a conhecer, justamente, alguns dos mais recentes avanços da nossa Universidade no campo das ciências da saúde. Da medicina regenerativa à engenharia biomédica, passando por novas terapias desenvolvidas a partir da nanomedicina e por aplicações informáticas vocacionadas para os cuidados de saúde, há todo um novo mundo de resultados que interessa avaliar e valorizar. Por isso, revelamos na presente edição um conjunto de projetos que as unidades orgânicas e centros de investigação da U.Porto estão a desenvolver nesta área, muitas vezes em conjunto e numa lógica transdisciplinar. Aproveito a ocasião para desejar um Bom Ano aos nossos leitores, em especial aos antigos estudantes da U.Porto e demais membros da nossa comunidade académica.

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EDITORIAL


8 IMPRESSÃO MultiPonto

Notícias sobre a comunidade académica da U.Porto, com destaque para as novas posições da Universidade nos principais rankings internacionais, a reabertura do Círculo Meridiano de Espelho do Observatório Astronómico Professor Manuel de Barros, a inauguração do novo edifício da Porto Business School ou os falecimentos do arquiteto Alcino Soutinho e do artista plástico Nadir Afonso, entre outros assuntos.

Já venceu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, o Prémio Caminho de Literatura Policial e o Prémio Fialho de Almeida – Ficção. É autor de quase duas dezenas de livros e celebrou, recentemente, 20 anos de carreira literária. Já publicou em França, pelas Editions de L’Aube, e foi um dos cinco finalistas do prémio PEN de Narrativa 2012. Formou-se na U.Porto, mas o seu percurso académico não se fez nas letras. Miguel Miranda é médico, chefe de serviço de Medicina Geral e Familiar.

Na 3Decide, a realidade é sempre tridimensional e a perspetiva panorâmica. Trata-se, aliás, de uma empresa não apenas inovadora mas eminentemente pioneira nas suas principais áreas de negócio: as maquetes 3D interativas e a plataforma online de publicação de fotografias 360º. Orientado para o B2B, este spin-off da FEUP está já a preparar a internacionalização. “Nascemos para o mundo e estamos no mundo”, diz o seu diretor executivo.

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APOIO MULTIMÉDIA TVU DIRETOR José Carlos Marques dos Santos

EDIÇÃO E PROPRIEDADE Universidade do Porto Gabinete do Antigo Estudante Serviço de Comunicação e Imagem Praça Gomes Teixeira • 4099-345 Porto Tel: 220408178 • Fax: 223401568 ci@reit.up.pt

REDAÇÃO Anabela Santos (AS) Pedro Rocha (PR) Tiago Reis (TR)

No Campus

UPorto Alumni Revista dos Antigos Estudantes da Universidade do Porto Nº 19, II Série

SUPERVISÃO REDATORIAL Ricardo Miguel Gomes (RMG)

COORDENAÇÃO EDITORIAL Paulo Gusmão Guedes (SCI) Raul Santos (SCI) Ricardo Miguel Gomes (RMG)

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PERIODICIDADE Trimestral DESIGN Rui Guimarães

TIRAGEM 60.000

DEPÓSITO LEGAL 149487/00

ICS 5691/100

FOTOGRAFIA Ana Roncha António Chaves Egídio Santos

Percurso

COLABORAÇÃO REDATORIAL Conselho Coordenador de Comunicação: Ana Caldas (FPCEUP) Carlos Oliveira (FEUP) Cristina Claro (FADEUP) Elisabete Rodrigues (FCUP) Fátima Lisboa (FLUP) Felicidade Lourenço (FMDUP) Gabinete de Marketing e Comunicação (FEP) Joana Cunha (FBAUP) Joana Macedo (FFUP) Mafalda Ferreira (Porto Business School)

Maria Manuela Santos (FDUP) Mariana Pizarro (ICBAS) Noémia Gomes (FAUP) Olga Magalhães (FMUP)

Empreender

Investigar Quase 300 anos depois de Nicolau Nasoni, Giovanni Tedesco chega, em setembro de 2005, ao Porto. Estudante de História da Arte vem para a FLUP fazer Erasmus. Apaixona-se. Pela Helena, pela cidade e pela pintura de Nasoni que encontrou na Capela-mor da Sé. Dedicou a esta obra quatro anos de estudo e investigação, compilados numa tese de doutoramento. Por isso foi o primeiro estudante estrangeiro a vencer o Prémio Nicolau Nasoni, que resulta de um protocolo entre a U.Porto e a Irmandade dos Clérigos.


Durante quase todo o ano de 1976, num período em que a U.Porto sofre alterações que a marcam profundamente, a gestão da instituição é assegurado interinamente pelo vice-reitor José Morgado. Uma visita ao tempo pós-revolucionário de estabilização institucional, em que peripécias várias, desde greves a ações violentas, vão dando lugar ao regular funcionamento da U.Porto.

A U.Porto está a desenvolver uma nova estratégia museológica, que em breve permitirá ao público aceder, de forma mais atrativa e pedagógica, ao valioso espólio da instituição. Trata-se de partilhar conhecimento com a comunidade, numa lógica de abertura e interatividade. No cerne desta estratégia está a futura Galeria da Biodiversidade, que, juntamente com o Centro de Astrofísica e o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade, irá configurar o Centro de Ciência Viva do Porto.

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Cultura

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Um laboratório que quer ser uma “âncora” no campo da medicina regenerativa, estudos que recorrem à nanomedicina para “pescar” novas terapias contra o cancro ou Alzheimer, uma tecnologia que promete revolucionar a medicina, mais de 40 aplicações informáticas pensadas para a saúde e um spin-off que já faz sucesso além-fronteiras. Num percurso entre salas e laboratórios de última geração, com passagem pelo futuro centro de investigação I3S, fomos conhecer alguns dos projetos que estão a colocar a Universidade na vanguarda do conhecimento na área da Saúde.

Em entrevista, a escritora e docente da FLUP Ana Luísa Amaral fala-nos do seu primeiro romance, “Ara”, e dos seus mais de 20 anos de carreira literária. É contundente na crítica à desumanização da sociedade e ao funcionamento do sistema académico, que, em sua opinião, desvaloriza as Humanidades. Porque “são vistas como aquilo que não é necessário”, acusa. Um contrassenso, considerando que “uma universidade tem a obrigação de ajudar a pensar”. Ficamos também a conhecer algumas das suas áreas de investigação, como os Estudos Feministas e a Teoria Queer.

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20 Em Foco

Vidas e Voltas

Face-a-Face

Alma Mater Fotorreportagem da FLUP, uma faculdade que teve uma história atribulada e um percurso nómada. Criada em 27 de agosto de 1919, seria extinta menos de 10 anos depois. Conheceu uma segunda vida a partir de 1961, mas, até 1995, nunca encontrou instalações fixas. Foi, por isso, errando de local para local.


NO CAMPUS

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U.PORTO REFORÇA POSIÇÃO ENTRE AS MELHORES DO MUNDO (365.º lugar), a Universidade de Coimbra (387.º), a Universidade de Lisboa (411.º) e a Universidade do Minho (494.º). No que respeita à classificação europeia, também a Universidade de Aveiro consta da lista do referido ranking. De há 12 anos para cá, o National Taiwan University Ranking avalia o desempenho das universidades de todo o mundo com base em três critérios fundamentais: a produtividade, o impacto e a excelência da investigação científica. Ora, nestes domínios, a U.Porto notabilizou-se uma vez mais como o maior produtor de ciência nacional. Refira-se, aliás, que o ranking destaca a produção científica da U.Porto em quatro áreas de estudo: Ambiente e Agricultura (119.ª posição mundial), Enge-

nharias (170.ª), Ciências da Vida (262.ª) e Ciências da Natureza (276.ª). No que diz respeito a disciplinas, a U.Porto inclui 11 no top 300, quatro delas entre as 100 melhores: Ciências Agrárias (47.º lugar), Engenharia Civil (54.º), Engenharia Química (64.º) e Engenharia Mecânica (92.º). Noutros rankings igualmente reputados, a U.Porto confirmou o seu percurso ascendente entre as instituições de ensino superior mundiais. Depois de ter subido à 343.ª posição mundial do QS World University Rankings 2013 e de ter mantido um lugar no top 400 do Times Higher Education World Universities Ranking

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Foto: Egídio Santos

O ano de 2013 veio confirmar a consolidação da notoriedade institucional da U.Porto entre as melhores universidades do mundo, conforme é sinalizado pelos principais rankings académicos internacionais. O National Taiwan University Ranking 2013, por exemplo, coloca a U.Porto no 296.º lugar entre as melhores instituições do ensino superior do mundo e na 126.ª posição a nível europeu. A U.Porto é, de resto, a única instituição portuguesa a figurar no top 300 mundial, embora o National Taiwan University Ranking 2013 considere ainda, na sua lista, a Universidade Técnica de Lisboa


3.795 dos doutoramentos concluídos em Portugal, sendo seguida de longe pela Universidade Técnica de Lisboa, com 3.159, e pela Universidade Clássica de Lisboa, com 2.950. Só entre 2000 e 2012 foram produzidas, na U.Porto, mais de 2.500 teses de doutoramento. Por fim, importa acrescentar que a U.Porto voltou a ser, em 2013, a universidade mais procurada em primeira opção pelos candidatos ao ensino superior, tendo preenchido a quase totalidade das vagas disponibilizadas nas duas primeiras fases do concurso nacional de acesso.

Num ano marcado pela descida do número de ingressos no ensino superior (42.404 contra 43.944 no ano passado), a U.Porto conseguiu colocar 4.263 estudantes nos seus 53 cursos de licenciatura e mestrado integrado. Foi, pois, das universidades com menor percentagem de vagas por ocupar (107, cerca de 2% das 4.160 disponibilizadas na 1.ª fase), não obstante ter sido a instituição com o maior número de vagas abertas. Na 2.ª fase do concurso, a U.Porto confirmou esta tendência ao superar as 4.230 vagas preenchidas no ano passado. RMG

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2013, a U.Porto surge entre as 301-400 melhores universidades do mundo no Shangai Academic Ranking of World Universities. Importa salientar que, na edição 2013 do World University Rankings, elaborado pelo Times Higher Education, apenas duas instituições portuguesas figuram no top 400: a U.Porto e a Universidade do Minho. Depois das universidades de Coimbra e Nova de Lisboa, em 2012, este ano foi a vez da Universidade de Aveiro desaparecer deste ranking. No plano nacional, a U.Porto é a líder na produção de teses de doutoramento, segundo dados divulgados pelo Registo Nacional de Temas de Tese de Doutoramento Concluídos. Este inquérito diz que, desde 1970, a U.Porto foi responsável por


NO CAMPUS

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REABERTURA DO CÍRCULO MERIDIANO DE ESPELHO

No passado dia 9 de novembro reabriu o Círculo Meridiano de Espelho do Observatório Astronómico Professor Manuel de Barros, espaço museológico da FCUP localizado no Monte da Virgem, em V.N. de Gaia. Quando foi inaugurado, em 1957, constituía um dos únicos equipamentos do género a nível mundial a ser utilizados para determinar a hora por técnicas astronómicas. Projetado pelo docente e investigador da FCUP Manuel de Barros com o objetivo de apoiar as atividades do Observatório, o Círculo Meridiano de Espelho foi utilizado com regularidade para observações astronómicas (as quais possibilitavam melhor precisão na medida do tempo) até à década de 70, altura em que seria desativado. Seguiu-se um longo período de inatividade, do qual resultou a degradação quase irreversível da infraestrutura. Nos últimos anos, porém, desenvolveram-se várias iniciativas no sentido de recuperar o equipamento e a estrutura onde se encontra instalado. O processo envolveu a Reitoria, a FEUP e a FCUP, tendo incluído as intervenções de engenharia mecânica e eletrotécnica que permitiram agora restaurar as funcionalidades fundamentais deste valioso património científico. Neste regresso ao ativo, o Círculo não servirá, contudo, o propósito original de sincronizar relógios. Destina-se, sobretudo, a ações de formação e divulgação dirigidas a públicos diversos, a partir das quais será possível promover a reflexão em torno de importantes questões científicas, nomeadamente relativas à realidade, natureza e significado do tempo.

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PORTO BUSINESS SCHOOL INAUGURA NOVAS INSTALAÇÕES A Porto Business School, escola de negócios da U.Porto (ex-ISFEP e EGP-UP), inaugurou as suas novas instalações no passado dia 16 de dezembro, numa cerimónia que contou com as presenças do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, do secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Castro Almeida, do presidente da CM Matosinhos, Guilherme Pinto, do presidente do Conselho de Administração da Associação EGP – U.Porto, Belmiro de Azevedo, e do reitor Marques dos Santos. O novo edifício situado na Quinta das Sedas, em Matosinhos (Senhora da Hora), vai permitir aumentar as atividades da Porto Business School, quer em número de programas de estudo oferecidos, quer em número de estudantes. Refira-se que as novas instalações têm capacidade para acolher cerca 1.000 estudantes e 50 colaboradores, 36 deles docentes, e incluem um auditório para eventos com 280 lugares. Por tudo isto, os responsáveis da instituição esperam que o novo edifício ajude a Porto Business School a posicionar-se entre as 30 melhores escolas de negócios europeias. O recém-inaugurado edifício foi projetado pelo arquiteto José Manuel Soares, apresenta uma área bruta de construção de 8.970 m2 e teve um custo a rondar os 15 milhões de euros. Cerca de 80% do financiamento do projeto teve origem na UE, mais concretamente em verbas do QREN ao abrigo do programa ON.2 – O Novo Norte. Os restantes 20% foram custeados pelas entidades associadas da Porto Business School (académicas e não académicas): U.Porto, empresas e instituições da sociedade civil. Por fim, importa sublinhar que o novo edifício foi construído de acordo com as mais exigentes normas de sustentabilidade e eficiência energética. Por conseguinte, reúne as condições necessárias para a sua candidatura à certificação LEED – Leadership in Energy and Environmental Design . RMG

U.PORTO LIDERA COOPERAÇÃO COM PAÍSES ACP

A U.Porto assumiu a coordenação do DREAM ACP, um consórcio de intercâmbio académico que, nos próximos quatro anos, vai investir mais de 4 milhões de euros na promoção da mobilidade de estudantes, investigadores e funcionários entre a Europa e a região da África, Caraíbas e Pacífico (ACP). Implementado no âmbito do programa Erasmus Mundus – Ação 2, o DREAM ACP tem como grande objetivo o reforço da cooperação institucional entre universidades europeias e suas congéneres dos países ACP. Entre as formas de colaboração previstas estão a cooperação académica e científica e o apoio à mobilidade dos melhores estudantes e funcionários. O DREAM ACP prevê a concessão de cerca de 200 oportunidades de mobilidade a estudantes, docentes e investigadores provenientes das instituições parceiras. Numa primeira fase, o consórcio liderado pela U.Porto integra 12 instituições parceiras de países ACP (Trinidad e Tobago, Angola, Cabo Verde, Chade, Etiópia, Fiji, Gabão, Madagáscar, Moçambique, Nigéria, Timor-Leste e Zâmbia) e oito europeias (Portugal, Bélgica, França, Itália, Espanha e Reino Unido). A estas junta-se um grupo alargado de instituições associadas de países como o Benim, Camarões, Congo, Djibouti, República Dominicana, Gabão, Guiné-Bissau, Togo, Quénia, Jamaica, Papua Nova Guiné e Samoa. TR


Nadir Afonso, um dos artistas plásticos mais conceituados do século XX português e antigo estudante do ensino artístico da U.Porto, faleceu no dia 11 de dezembro, aos 93 anos, em Cascais. Autor de uma obra singular, onde a pintura e a arquitetura se cruzam e influenciam, Nadir Afonso (1920, Chaves) formou-se em Arquitetura na Escola de Belas-Artes do Porto (antecessora das atuais faculdades de Arquitetura e de Belas Artes) e em Pintura na École de Beaux-Arts de Paris (1946), onde cursou ao lado de Pablo Picasso, Max Ernst ou Max Jacob. Os anos seguintes são divididos entre Paris e o Brasil, onde colabora com arquitetos de renome, como Le Corbusier (que lhe orientou a tese de licenciatura) ou Óscar Niemeyer. Na altura, desenvolve os estudos sobre pintura que denomina de “Espacillimité”. De regresso a Portugal, dedica-se em exclusivo à pintura, sendo considerado um dos introdutores da abstração geométrica no nosso país. Prémio Nacional de Pintura em 1967 e Prémio Amadeo de Souza-Cardoso em 1969, está representado em museus de várias cidades espalhadas pelo mundo, como o Rio de Janeiro e Berlim. O Museu do Chiado, a Fundação Calouste Gulbenkian e o Museu Nacional Soares dos Reis são algumas das instituições que organizaram grandes exposições da sua obra. Em novembro de 2012, a U.Porto atribuiu a Nadir Afonso o título de Doutor Honoris Causa. TR

Figura destacada da U.Porto e da arquitetura portuguesa, Alcino Soutinho faleceu no dia 24 de novembro, aos 83 anos, vítima de cancro. Era uma das figuras centrais da “Escola do Porto”, corrente arquitetónica que ajudou a edificar enquanto professor da Escola Superior de Belas-Artes do Porto (ESBAP) e da Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FAUP). Alcino Soutinho (Vila Nova de Gaia, 1930) formou-se na ESBAP, em 1957, aliando desde cedo o trabalho de arquiteto ao de docente, primeiro na escola onde cursou (a partir de 1972) e, mais tarde, na FAUP, pela qual se jubilou em 1999. Publicou livros e artigos em revistas da especialidade, tendo ainda presidido ao Centro Português de Design (1998-2001), à Assembleia-Geral da Cooperativa de Atividades Artísticas Árvore (2003-2006) e à Ordem dos Arquitetos (1999-2002). Soutinho desenvolveu uma profusa obra arquitetónica, reconhecida e premiada internacionalmente. Entre os seus projetos mais emblemáticos, destacam-se a Biblioteca-Museu Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante (1977 – Prémio AICA), a recuperação do Castelo de Vila Nova de Cerveira (1982 – Prémio Europa Nostra), a Casa-Museu Guerra Junqueiro (Porto), a renovação da FBAUP e os Paços do Concelho de Matosinhos (1987), cidade onde projetou boa parte da sua obra mais conhecida e na qual foi distinguido com o título de Cidadão Honorário, em 2007. Em 1993 recebeu a Comenda da Ordem Militar de Santiago de Espada e, em julho de 2013, a Medalha de Mérito Cultural pela Secretaria de Estado da Cultura. TR 7

Fotos: Egídio Santos

NADIR AFONSO: FALECEU O MESTRE QUE CRUZOU PINTURA E ARQUITETURA

Foto: DR

ALCINO SOUTINHO: O ADEUS DE UMA DAS FIGURAS DA “ESCOLA DO PORTO”


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lguns já terão ouvido falar de um osso vaidoso, outros de um cadáver sorridente, ou até de uma noiva cadáver, mas poderá um osso mudar a vida de alguém? Miguel Miranda nunca rimou duas palavras, nem fez poemas. Mas já venceu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, o Prémio Caminho de Literatura Policial e o Prémio Fialho de Almeida – Ficção. Na origem deste reconhecimento estão os “Contos à Moda do Porto” (Edições Afrontamento, 1996), “O Estranho Caso do Cadáver Sorridente” (Editorial Caminho, 1997) e “A Maldição do Louva-a-Deus” (Campo das Letras, 2001). Por esta ordem. É autor de quase duas dezenas de livros e celebrou, recentemente, 20 anos de carreira literária. Publicou em França, pelas Editions de L’Aube, “Dois Urubus Pregados no Céu” (Campo das Letras, 2001) e “Dai-lhes, Senhor, o Eterno Repouso” (Porto Editora, 2011), em 2001 e 2012, respectivamente. Em 2014, sairá, também pelas Editions de l’Aube, “O Estranho Caso do Cadáver Sorridente”. Foi um dos cinco finalistas nomeados para o prémio PEN de Narrativa 2012, com o livro “Todas as Cores do Vento” (Porto Editora, 2012). Participou em diversas coletâneas de contos e está representado no dicionário de “Personalidades Portuenses do Século XX”, editado pela Porto Capital Europeia da Cultura 2001. Formou-se na U.Porto, mas o percurso académico não se fez pelas letras. Miguel Miranda é médico, chefe de serviço de Medicina Geral e Familiar. Aprendeu a amá-la cedo. Primeiro ao longe. Aos poucos foi-lhe descobrindo as formas, as cores e os humores. Um dia após o outro. Acontecia sempre que ia às compras, com a mãe. A pé. E tinha de atravessar o tabuleiro superior da Ponte D. Luís para chegar à Rua Escura, ou ao Bolhão, comprar lampreias. Miguel Miranda nasceu em plena baixa portuense, na Ordem da Trindade, mas o destino atirou-o para o outro lado da margem do Douro. Ali, junto ao Quartel da Serra do Pilar. Para uma rua com nome de uns históricos defensores da cidade que traz ao peito. Chama-se Rua dos Polacos em homenagem à brigada de polacos que apoiou D. Pedro durante o Cerco do Porto. A escarpa foi amor de menino. “Gosto do efeito de cascata. Do rio. É um rio que une. Não separa. Tem um anfiteatro natural acolhedor… Gosto mesmo do Porto. É das cidades mais bonitas que conheço. É quase como um quadro de Van Gogh. Depois chegamos perto e vemos algu-

ma decrepitude. O mau cheiro… Mas até isso tem o seu mistério. Depois, os recantos. Os granitos. As zonas de praia”. Miguel Miranda acredita que há características que deixamos de apreciar por estarmos fartos de conhecer: “As vistas, que ninguém liga e que são fenomenais, e a gastronomia”. Uma cidade que foi para tantos, ao longo da sua história, local de partida, mas que começa a ser, cada vez mais, ponto de chegada. “A população infantojuvenil está a diminuir e as saídas de emprego não são muitas, daí que uma das linhas de futuro seja a captação de estudantes e doentes estrangeiros. Que podem vir adoecer ou estudar cá. A sorte de termos, por perto, um aeroporto com voos low cost propiciou a facilidade de estudar aqui e estar a duas, três horas de casa. Fator positivo que ajuda a manter e a desenvolver a Universidade e o turismo. Antigamente vendia-se a torre dos clérigos aos tipos que chegavam à estação de São Bento. Agora vende-se vinho do Porto rasca e meia de leite estragada aos turistas que vêm da Ryanair”. Depois da escarpa teve outros amores. Claro. Começou a ler e a jogar xadrez aos quatro anos de idade. Altura em que foi para a escola primária. Aprendeu a nadar logo a seguir. Foi um dos “Capitães da Areia” que liga as praias do Castelo do Queijo a Matosinhos. Era função desta “brigada de socorros a náufragos”, entre outras, içar uma bandeira sempre que um miúdo se perdia. As férias de verão terminavam com um desfile de fatos de banho de 1900 que era preciso organizar… Mas não só. Era preciso fazer umas rábulas para uma peça de teatro. Assim chegaram os primeiros desafios da escrita: escrever para teatro (de praia). Teria entre os oito e os dez anos de idade. Há muitas histórias à volta do Porto, nos seus livros, mas não só. “O Silêncio das Carpideiras” (Dom Quixote, 2005), por exemplo, explora o ambiente rural. Com um pai engenheiro, envolvido na construção das barragens do Gerês, Caniçada, Salamonde, Paradela e Pisões, Miguel Miranda viveu parte da infância em Montalegre, embora viesse sempre passar o verão a casa da avó, na Rua dos Polacos. Fazia praia em Matosinhos. “Desde pequeno que sou criado com cães, gatos, perus, pombos-correios… Entre Londres e Porto. Vivi no Porto até aos 22, 23 anos de idade. Depois fui viver para Caldas de São Jorge, Vila da Feira, em ambiente semirrural. Sendo um rato de cidade, sou um cidadão do mundo. Já vivi em 17 casas”. É em Gaia que vive ainda hoje.

A N A B E L A SA N TOS

PERCURSO


Fotos: EgĂ­dio Santos


PERCURSO

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A Faculdade onde elefantes brancos destroem vocações Pai e irmão, engenheiros, traziam para casa projetos, cálculos e restante material suscetível de fazer crescer um imaginário que, na altura, julgou encaixar-lhe na perfeição. Um trimestre num curso de Engenharia bastou para o deixar “profundamente desconsolado”. Em contrapartida, era com particular interesse que olhava para os ossos que alguns colegas transportavam para o Café Estrela. Fascínio que não será totalmente alheio à escolha do título “O Estranho Caso do Cadáver Sorridente” para o livro que lhe valeu o Prémio Caminho de Literatura Policial 1997. O nome veio-lhe à cabeça depois de ver entrar no consultório uma paciente “com uma cara de boneca biscuit, muito branquinha, lábios vermelhos, cabelinho branco enrolado, vitoriano, com uma malinha de mão e um sorriso de cadáver sorridente. Sempre que ela entrava pensava – parece o sorriso de um cadáver sorridente – e passou a título”. Também usou o nome da paciente, “mas matei-a logo na primeira página”. Depois de Engenharia inscreveu-se em Medicina, na FMUP (Faculdade de Medicina da U.Porto). E veio viver para o Porto. Apanhou o 25 de Abril logo no primeiro ano de Faculdade. “Foram momentos lindíssimos. Foi confuso… Em 1974 e 1975 as ruas fervilhavam. Tivemos a transição de um ambiente fechado, com um ensino muito discursivo, para uma lógica de grupos de trabalho e sessões mais participadas. Recordo muitas horas de estudo e de namoro nos jardins do Hospital de São João”. Mas também recorda algumas ações de provocação. Na altura vivia numa República mista e tinha aprendido a fazer croché. “Eu ia de bicicleta para as aulas e, normalmente, entrava pelo Anfiteatro Norte de bicicleta e ficava na primeira fila a fazer croché...”. E os professores? “Davam a aula seraficamente, sem se desconcentrar... E eu, ali, na primeira linha a fazer croché”. Até que uns elefantes brancos deitaram por terra esta vocação. “Uma vez estava a fazer um casaco azul, com elefantes brancos, mas com lã industrial porque era mais barata… Acontece que a lã era tão fininha que eu tinha seis novelos de branco e seis de azul… Acabei por ensarilhar aquilo tudo e… Desisti. Abandonei o croché. Também não era assim grande vocação…”. Aprendeu e tornou-se especialista em favas com chouriço. Era, de resto,

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Um trimestre num curso de engenharia bastou para o deixar “profundamente desconsolado”. Em contrapartida, era com particular interesse que olhava para os ossos que alguns colegas transportavam para o Café Estrela.

o que estava na marmita no dia em que foram ver o petroleiro que, em janeiro de 1975, encalhou na praia do Castelo do Queijo. “Era um cheiro a fuel queimado”... Os contágios e contaminações da escrita Nunca rimou duas palavras. “Tipo asa com casa”. Nem fez poemas. Mas já fez rábulas em “tainadas” de equipas de urgência. Aos 35 anos aconteceu-lhe ser demitido do cargo de chefe do Serviço de Cuidados Personalizados do Centro de Saúde Soares dos Reis. Sentiu-se a ir de férias sem problema nenhum. “As atividades de gestão são problemas sem fim e eu fui férias sem nada na cabeça”. Foi quando se lembrou de fazer algo impossível: “Escrever um romance com duzentas e cinquenta páginas, com dez ou quinze personagens e aguentá-las… Achava que não ia conseguir”. Foi a tentação pelo impossível que o levou a escrever. Hoje chama-lhe “forma de voar sem pagar bilhete”. Há quem lhe diga que são as histórias que o procuram. E que lhe basta estar sentadinho, na secretária, à espera que elas lhe batam à porta. Miguel Miranda diz que, em vez disso, o que lhe calhou na rifa foi, isso sim, “uma grande desvantagem”. Pode aproveitar tiques, ou estilos, é certo, mas como médico em plena atividade as questões éticas não lhe deixam explorar nada mais. Hoje é diretor e gestor da empresa de prestação de serviços médicos Miguel Miranda Clínica Geral Ld.a, presidente da Direção da Liga dos Amigos do Centro de Saúde Soares dos Reis (Instituição Particular de Solidariedade Social vocacionada para o apoio domiciliário a idosos, isolados e dependentes) e Coordenador da USF – Unidade de Saúde Familiar - Saúde no Futuro (V. N. Gaia). Levanta-se às sete menos dez. Toma café, lê o jornal e a faltarem vinte minutos para as oito já está no Centro de Saúde. Chama o primeiro paciente às oito. À tarde vai para o consultório. Criar uma associação de apoio aos idosos isolados era sonho


Há quem interprete o que é real como ficção e o que é ficção como realidade. Este contágio encanta-o. E outros. Diz que o xadrez também ajudou à escrita. “Ao fim de cinco horas, as competições são adiadas para jogar no dia seguinte e, a dormir, eu descobria a forma de vencer o jogo. E assim acontecia. Descobri a possibilidade de escolher os meus sonhos e efabular”. A medicina também ajuda à escrita. “Não me satisfaço apenas com a espuma das coisas. Estou sempre numa incessante procura do que está por trás. Sobretudo na patologia psicológica e psiquiátrica. Isso ajuda-me a conhecer as pessoas”. Este treino que a medicina proporciona na área da comunicação não-verbal, de ver e interpretar, em pouco tempo, “para além da espuma das coisas”, levou-o a aceitar o desafio de traçar um “Retrato Literário”. Aconteceu no Porto. “A pessoa senta-se, trocamos umas palavras e eu faço-lhe um retrato literário”. A medicina veio completar com treino e prática a capacidade de efabulação e escrita. “A medicina ajudou-me na escrita e a escrita ajudou-me a entender as pessoas”. Navega entre três géneros: contos, romances e policiais. E alguns livros infantojuvenis. Todos o fazem sentir-se em casa. “Canso-me de mim próprio. E não gosto de escrever a mesma coisa. Os policiais até estão a ter sucesso, estão a ser editados em França… mas eu não consigo, depois de escrever um policial, escrever outro. Tenho de mudar de género”. A este assíduo frequentador e utente (satisfeito) das suas duas paixões (a medicina e a escrita) o que falta fazer? Talvez voltar ao início: “Escrever para teatro”. Isto porque, afinal, “não há nada que aconteça agora que não tenha já acontecido no passado”. E viajar. Embora os compromissos profissionais nem sempre o permitam, adora viajar. Salva-o a convicção de que vai continuar a voar, mesmo sem pagar bilhete.

A medicina veio completar com treino e prática a capacidade de efabulação e escrita. “A medicina ajudou-me na escrita e a escrita ajudou-me a entender as pessoas”.

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antigo. “Exceto os muito ricos ou os muito pobres, muita gente vive em ilhas ao alto. Depois encontram-se pessoas que morreram…. Há anos. Uma das primeiras pessoas que apoiamos foi uma senhora que era amputada das duas pernas e que vivia num prédio de quatro andares numa cadeira de rodas. Sem elevador. Há nove anos que não vinha à rua. Um familiar ia colocar-lhe comida para uma semana. Arranjamos voluntários para estar com ela, levar a passear e pessoal especializado”. Tem dezoito funcionários, vinte voluntários e oito viaturas no terreno que prestam apoio domiciliário a 200 pessoas. Agora quer construir um Centro Especializado para doentes de Alzheimer. Foi bem cedo que optou pela carreira de Medicina Familiar. “Não é tão fantástica tecnologicamente, mas humanamente é bem compensadora. E eu só funciono por paixões”. E este é o rastilho de fogo que o une à personagem principal, Perfecto Cuadrado, do seu último romance: “A Paixão e K” (Porto Editora, 2013). A história passa-se entre a cosmopolita cidade de Londres e o sossego de Consolación, terra natal da personagem, assim como por outros locais da América do Sul, adormecidos na sua memória. É uma homenagem a Manuel António Pina, “pessoa, cronista e poeta” de quem “gostava muito”. Foi um “inspirador de personagens e histórias” que tem um livro intitulado, precisamente, “Os papéis de K”. Perfecto Cuadrado sofre de uma “paixão caótica”, movimenta-se dentro de um quadrado perfeito, norteado “pela amizade, o amor, a paixão e o caos”, para quem a vida é uma sucessão de planos. “Não há nada que aconteça agora que não tenha já acontecido no passado”. O livro começa e acaba com a mesma frase. Nas suas histórias, são muitas as vezes em que ficção parece realidade e o seu inverso. Perfecto Cuadrado é o nome de uma pessoa que existe. “Foi o próprio Manuel António Pina que me falou dele: é oriundo de uma aldeia espanhola, nas Baleares, onde muitos homens se chamam Pepe. Eu achei isso fantástico e inventei uma aldeia onde todos os se chamavam Pepe: Pepe o merceeiro, Pepe o mineiro, Pepe o carpinteiro, Pepe o cangalheiro…” Todas as histórias são inventadas menos uma. Que a mãe costumava contar. “Havia um senhor, que se chamava Charuto, que tinha a cisma de um dia voar da Ponte D. Luís até à Afurada. Um dia fez umas asas, mandou a família para a Afurada com a merenda e saltou da ponte...”.


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Fotos: Egídio Santos

É como subir o Evereste”. A metáfora serve para explicar o esforço despendido, nestes cerca de cinco anos, pela 3Decide para desenvolver e comercializar os seus produtos na área do marketing e comunicação interativos em 3D. O diretor executivo da empresa, Carlos Rebelo, não esconde as dificuldades de operar num mercado doméstico em forte retração e de sofrer, em simultâneo, a acesa concorrência global no setor das tecnologias de informação, comunicação e eletrónica. Concorrência, essa, que exige alavancagem financeira, precisamente numa altura em que que o capital anda arredio do nosso país. Mas Carlos Rebelo acredita nos produtos da empresa: “As nossas soluções dão uma resposta inovadora. Somos pioneiros nacional e internacionalmente. E são muito poucas as empresas que estão a fazer caminhos parecidos”. E que caminho é esse? Em 2008, quando a empresa foi oficiosamente criada, a ideia de negócio era desenvolver e comercializar simulações 3D de grandes áreas urbanas, tendo em vista atividades de planeamento urbano. Importa referir que na génese da 3Decide esteve o projeto “Porto Digital”, que envolve vários parceiros institucionais num esforço para fazer evoluir a cidade para uma sociedade da informação e

RICARDO MIGUEL GOMES

Propõe um olhar diferente, tecnologicamente diferente, para comunicar e promover negócios. Na 3Decide, a realidade é sempre tridimensional e a perspetiva panorâmica. Trata-se, aliás, de uma empresa não apenas inovadora mas eminentemente pioneira nas suas principais áreas de negócio: as maquetes 3D interativas e a plataforma online de publicação de fotografias 3600. Orientado para o B2B, este spin-off da FEUP está já a preparar a internacionalização. “Nascemos para o mundo e estamos no mundo”, diz o seu diretor executivo.


do conhecimento. No âmbito deste projeto, o docente e investigador do Departamento de Engenharia Informática da FEUP (Faculdade de Engenharia da U.Porto) António Coelho desenvolveu modelação 3D de zonas históricas do Porto, com uma equipa da qual fazia parte Carlos Rebelo. Daqui nasceu a ideia de criar uma empresa especializada nesta área de negócio. A nova empresa emergiu, então, no seio da FEUP e reuniu, para além de António Coelho, dois outros investigadores da Faculdade muito experimentados na área da computação gráfica: Augusto de Sousa e Fernando Nunes Ferreira. A este trio juntou-se um outro de antigos estudantes da FEUP com competências distintas: Rui Guimarães (aplicações 3D para simuladores), Pedro Castro Henriques (qualidade de software) e, claro, Carlos Rebelo (grandes aplicações de internet). A 3Decide foi criada com capitais próprios, inclusivamente da FEUP, mas demorou quase dois anos “a encontrar uma estratégia de investimento que permitisse alavancar a empresa. Uma empresa que trabalha na área de 3D necessita de um volume de investimento que não é compatível com aquele que nós conseguíamos fornecer de forma privada”, justifica Carlos Rebelo. Passados dois anos, a 3Decide encontra um investidor com experiência no mercado, que ainda

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hoje se mantém como business angel da empresa. Trata-se da Medidata, um spin-off do INESC/ Porto que desenvolve e comercializa sistemas de informação para autarquias. A injeção de capital permitiu montar a operação empresarial: contratar uma equipa, alugar um escritório, desenvolver o projeto de investigação e iniciar a atividade a tempo inteiro. Ou seja, “trouxe estabilidade ao projeto”, diz Carlos Rebelo, e deu-lhe algum músculo financeiro. O investimento entre 2011 e 2013 foi de 300 mil euros, montante “completamente impensável para três professores universitários e mais três engenheiros”.

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Carlos Rebelo, diretor executivo da 3Decide.

02 Realidade aumentada 3D, uma tecnologia que permite ativar marcas, criar momentos de entretenimento ou apresentar produtos ou serviços em modelos 3D animados.

Mudança de estratégia empresarial A estabilidade então alcançada não significou a imutabilidade do projeto. Houve que fazer importantes ajustes à estratégia de negócio e, entretanto, a empresa viu partir dois dos engenheiros fundadores, Pedro Castro Henriques e Rui Guimarães, que abraçaram outros projetos empresariais. Também os três investigadores da FEUP se afastaram do dia a dia da 3Decide, embora se mantenham como sócios – o que “faz sentido pelo trabalho efetivo que trazem à empresa”, garante Carlos Rebelo, além de permitir manter “um bom braço ligado à investigação”. Hoje, a empresa conta com uma equipa de qua13

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tro pessoas mais o seu diretor, a que acrescem várias colaborações numa lógica de projeto ou de estágio. Refira-se ainda que a 3Decide se encontra instalada, desde 2010, no PINC – Polo das Indústrias Criativas do UPTEC (Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto). Foi, aliás, uma das primeiras empresas a assentar arraiais no renovado edifício da Praça Coronel Pacheco, no Porto, o que Carlos Rebelo justifica por a 3Decide ser um spin-off da Universidade. Mas a principal mudança ocorreu, de facto, ao nível da estratégia empresarial, na altura focada na modelação em 3D de zonas urbanas. “Quando a empresa arranca, o contexto nacional já estava completamente alterado. As câmaras, por exemplo, já tinham fortes restrições orçamentais. Em 2011, como a situação nacional se degradou consideravelmente, virámo-nos mais para o setor privado e para as necessidades que o mercado tem e que, de forma geral, não são de uma grande escala mas sim de micro ou pequena escala”. A adaptação ao mercado fez-se a partir de soluções que já existiam: as maquetes (virtuais ou físicas) e plantas humanizadas. A 3Decide “veio trazer uma perspetiva diferente sobre esses materiais de comunicação”, assegura Carlos Rebelo. “A nossa empresa oferece maquetes digitais 3D que são uma alternativa viável, quer a nível de custos, quer a nível de tecnologia, às maquetes e plantas dos edifícios em suportes mais estáticos. E podemos disponibilizá-las através de telemóveis, tablets, Facebook…”.

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Este produto, “que não é uma inovação disruptiva mas sim evolutiva”, foi designado por aLIVE Places. Trata-se de uma apresentação online interativa 3D de espaços de negócio ou lazer, que comunica de uma forma mais atrativa, esclarecedora e prática com os visitantes. Para tanto, esta solução tecnológica combina maquetes 3D, fotos 3600 e mapas, permite a gestão online dos conteúdos, funciona em todos os equipamentos e pode ser integrada nas redes sociais. “Estamos a ser pioneiros mas é um caminho que, em cinco anos, se vai massificar. O mercado vai querer maquetes 3D interativas para colocar em quiosques virtuais, aplicações mobile, redes sociais, etc. Em Portugal, estamos um bocadinho à frente da tendência”, salienta Carlos Rebelo, acrescentando que, nesta área, a empresa está a desenvolver um projeto de reservas online a partir das maquetes 3D, que conta lançar no mercado este ano. O diretor executivo da 3Decide identifica ainda, enquanto vantagem competitiva, o facto de a empresa oferecer produtos e não serviços, como acontece frequentemente nesta área. “Quando um cliente meu quer uma maquete interativa, eu já tenho 60% do trabalho pré feito”, ao passo que uma empresa de serviços desenvolve soluções específicas para cada cliente. Por isso, “eu consigo demorar muito menos tempo, fazer um custo mais competitivo, oferecer muito mais vantagens e funcionalidades ao cliente e diminuir riscos. A minha proposta de valor é completamente distinta”, assevera Carlos Rebelo. A preparar a internacionalização O aLIVE Places entronca num outro produto que compõe o portfólio da 3Decide: o aLIVE Panoramics. Trata-se de uma plataforma virtual de publicação e difusão de fotografias 3600 (ou panorâmicas), que permite a gestão online das imagens, funciona em todos os equipamentos e possibilita a edição no Facebook ou no LinkedIn. As potencialidades de negócio nesta área são, segundo Carlos Rebelo, muito auspiciosas, e explica porquê: “Empresas como a Sony e a Apple estão a lançar, ou a considerar lançar, no mercado equipamentos que fazem fotografia 1800 ou 3600. Por valores na ordem dos 300, 400 euros. Estamos a falar de gadgets que vão entrar na vida das pessoas. Ora todo esse material novo digital vai ter que ser publicado e difundido, porque vamos ter cada vez mais pessoas a gerar fotos 3600”. Até


lá, o público-alvo desta solução da 3Decide são os fotógrafos profissionais, empresas imobiliárias e empresas do setor do turismo, por exemplo. Os clientes da 3Decide são parques de ciência e tecnologia, business centers, sistemas de informação geográfica e empresas orientadas para áreas como o marketing digital, o turismo, o património cultural e o imobiliário. De acordo com Carlos Rebelo, o mercado nacional tem tido uma “reação positiva em termos de perceção do valor”, embora esteja “extremamente retraído”. Na verdade, “a valorização das ideias e soluções [da 3Decide] está a ser boa, mas em termos de negócios não tem sido fácil fazê-los”. A faturação anual mantém-se, por isso, abaixo dos 100 mil euros, o que Carlos Rebelo considera “normal” para uma “empresa em fase de arranque”. Os constrangimentos do mercado doméstico levaram a 3Decide a espreitar para fora do retângulo pátrio, à semelhança de muitas outras empresas portuguesas. Carlos Rebelo e a sua equipa estão a preparar a internacionalização da 3Decide, havendo já contactos com eventuais parceiros locais e uma rede de business developers procurando lançar as bases do negócio. “Não pensávamos ter de o fazer de forma tão rápida e tão agressiva. Isto [a internacionalização] era algo que gostaria

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de fazer em 2015, mas dado o descalabro económico em que nos encontramos…”, explica. Há a convicção firme de que a empresa é potencialmente competitiva no exterior: “Acho que aquilo que estamos a desenvolver está ao melhor nível mundial, dentro da área. Estamos completamente par a par com o que melhor se faz em qualquer parte do mundo”. De resto, os mercados estratégicos para a empresa encontram-se já identificados: Europa do Norte (Suécia, Noruega e Dinamarca), Brasil e Médio Oriente. Admitem, contudo, que esta estratégia de internacionalização só é viável com a entrada de um investidor forte no capital da 3Decide.

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Equipa da 3Decide.

02 Apresentações interativas 3D. 02 Realidade aumentada 3D.

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A N A B E L A SA N TOS

Quase 300 anos depois de Nicolau Nasoni, Giovanni Tedesco chega, em setembro de 2005, ao Porto. Estudante de História da Arte, vem para a FLUP fazer Erasmus. Apaixona-se. Pela Helena, pela cidade e pela pintura de Nasoni que encontrou na Capela-mor da Sé. Dedicou-lhe quatro anos de estudo e investigação, compilados numa tese de doutoramento. Foi o primeiro estudante estrangeiro a vencer o Prémio Nicolau Nasoni (2.500,00€), que resulta de um protocolo entre a Universidade e a Irmandade dos Clérigos. Anualmente, vão ser distinguidos estudantes estrangeiros de mestrado e doutoramento da U.Porto cujos trabalhos sejam um fator de divulgação internacional da vida e obra de Nicolau Nasoni ou da ação da Irmandade.

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oi numa altura como esta, de Sede Vacante, que Nicolau Nasoni chegou a Portugal. Ao Porto, mais especificamente. O bispo Tomás de Almeida tinha sido nomeado patriarca de Lisboa, tal como aconteceu com Manuel Clemente, deixando a cidade sem bispo. Em 1725, o Porto surge, para Nasoni, como um balão de oxigénio. Para trás ficava a asfixia de uma cela de prisão. Por blasfémia. Tinha contrariado um inquisidor. Conseguiu sair graças à intervenção do Grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros de Malta Manuel de Vilhena. Português. Conde de Vila Flor. “Só alguém muito influente poderia mudar o curso dos eventos. Tirá-lo da prisão”. Foi nestas condições que, em setembro de 1725, Nicolau Nasoni chegou ao Porto. Veio pintar a Capela-mor da Sé. Giovanni Tedesco sucumbiu a um “binómio”. E os olhos acentuam a forma de amêndoa quando fala do Porto. “É parecida com a minha cidade – Nápoles… As casas com entradas ao nível da rua, a roupa estendida nas varandas e o ser à dimensão do homem. É uma cidade que se pode

percorrer. Tem uma boa oferta de serviços e uma tranquilidade que a minha cidade não tinha”. E foi isto que o deixou “descontraído. À vontade. Nenhum outro lugar me deu sensações tão fortes. Senti-me em casa, a viver o calor de pessoas tão parecidas com o meu povo. Quando passeio na rua parece que ando no meio da minha gente, na colorida quotidianidade dos cantos da minha cidade”. Os tons cinza e a muita chuva, no inverno, não o apoquentam. “Não sou meteoropático”. A primeira vez que chegou ao Porto foi em setembro de 2005. Aproveitou para viajar. “Conheci quase Portugal todo”. Voltou para Itália em 2006 para fazer mais uma cadeira, defender a tese da licenciatura e, em março de 2007, quinze dias depois, voltou a Portugal. Começou em setembro de 2007 o doutoramento. Foram quatro anos dedicados ao conterrâneo que viveu em Portugal os seus últimos 48 anos de vida, durante os quais casou duas vezes e teve seis filhos. Foi o período “em que o seu génio artístico esteve no auge”. Também teve “a sorte de encontrar terreno fértil, uma cidade em renovação e uma classe política mais eclesiástica”. De resto, explica Giovanni Tedesco, de falta de sorte Nasoni não se poderia queixar. Nasoni nasceu em San Giovanni Valdarno di Sopra, na Toscana, a 2 de junho de 1691. Começou, em Siena, a aprendizagem artística e a atividade profissional no campo da arte efémera. Foi discípulo de Giuseppe Nasini e de Vicenzo Ferrati que contribuíram para a sua formação arquitetónica. A sua primeira obra terá sido o desenho do cadafalso erguido na Catedral de Siena, por ocasião da morte do príncipe Fernando de Médicis. “Teve bons mestres, uma formação que lhe permitiu aperfeiçoar a técnica e conseguiu dar uma expressão sua a linguagens que estavam a surgir naquela altura, como a Quadratura, que é a técnica de pintar da arquitetura. Linguagem que adquiriu depois da

Fotos: Egídio Santos

ESTUDO SOBRE NICOLAU NASONI DÁ PRÉMIO A INVESTIGADOR ITALIANO


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Poucos dias depois de ter sido libertado. “Foi o tempo de arrumar as coisas e conseguir um barco”. Chegou, então, à cidade aonde lhe viriam a chamar arquiteto. “Fora do Porto nunca trabalhou em arquitetura. Trabalhou em ‘aparados efémeros’. Decorações feitas com madeira, ou papéis que construíam arcos triunfais. Foi cenógrafo. Pintava cenografia para o teatro de uma academia, projetava, desenhava arquitetura, mas não era arquiteto. Não construía prédios, torres ou igrejas. Nem aqui. Mas teve ao seu lado mestres pedreiros que deram forma real às suas ideias”. De resto, Nicolau Nasoni é convidado para vir para o Porto como pintor. É D. Jerónimo Távora Noronha, presidente da Irmandade dos Clérigos que o convida para pintar a Capela-mor da Sé.

03 01 02 Pinturas de Nicolau Nasoni na Capela-mor da Sé Catedral do Porto. 03 Giovanni Tedesco junto à legenda que documenta o fim da decoração dos frescos da Capela-mor (Porto, 1739).

Pinturas e reflexões de Nasoni na Capela-mor da Sé Como estudante Erasmus do doutoramento em História da Arte Portuguesa, na Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), Giovanni Tedesco não demorou a visitar o “pequeno tesouro” que cada cidade guarda: a Sé. Foi aí que realmente conheceu Nasoni. “Quando cheguei à Sé, fui à Capela-mor e reparei que algo me era familiar”. Incendiou-se o rastilho de “uma paixão crescente”. Foi para casa com a ansiedade “de um menino antes de abrir uma prenda”. Bastou pesquisar algumas notícias para descobrir que as pinturas de arquitetura que decoram a Sé Catedral “são fruto da mesma mão que tinha elaborado o projeto da linda Torre dos Clérigos: Niccolò Nasoni”. Voltou à Sé e, com o auxílio de uma escada, conseguiu ver de perto os frescos e perceber que estavam lá legendas que não tinham sido previamente estudadas nem registadas pelos anteriores historiadores. Nesse dia decidiu avançar com o trabalho de pesquisa. As decorações executadas por Nasoni estão datadas entre 1725 e 1737. A primeira

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sua estadia em Bolonha ao serviço de outra “lenda” da Quadratura: Stefano Orlandi. No século XVIII, a arquitetura torna-se protagonista da obra e o indivíduo passa a ser um elemento secundário. Nasoni era bom a desenhar arquiteturas…”. Teve sorte, até quando foi preso, em Malta, pelo seu comportamento mais “choramingão”. Depois de uma temporada passada em Bolonha, Nicolau Nasoni fixou-se em Malta, em 1723, encarregado de pintar a Catedral de San Giovanni Battista e o Palácio do Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários em La Valletta. “Embora estivesse em causa um pagamento que lhe era devido, a Inquisição era soberana, sobretudo na Ilha de Malta”. E contrariar o inquisidor não era considerado muito… “justo”. Foi preso por blasfémia. Acontece que “Nasoni era muito querido ao Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros de Malta, Manuel de Vilhena. Um português, conde de Vila Flor. Naquela situação, só uma pessoa muito influente poderia mudar o curso dos eventos. E tirar alguém da prisão”. Nasoni chegou ao Porto em setembro de 1725.


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prova deixada por Nasoni é a legenda situada na primeira janela direita da Capela-mor. Confirma que a 9 de dezembro de 1725 o artista estava já a trabalhar como pintor decorador na Catedral. Mas Giovanni descobriu duas novas legendas. Nasoni costumava expressar-se nas pinturas. E o estudante de História de Arte sabia-o muito bem. “Como se percebe pelos frescos do Palácio do Grão-Mestre, em La Valletta, Nasoni está habituado a exteriorizar a sua insatisfação através da pintura, com desenhos que refletem o seu estado interior. E as legendas demonstraram ser relevantes para interpretar a vida que ele teve no Porto”. Uma dessas legendas é dedicada a D. Domingos Barbosa, o tesoureiro dos trabalhos da Sé. Apenas a primeira parte da legenda é legível: “E TUTTO QUESTO E’ STATO DIPINTO DI MANDATO DEL S. CANONICO MAGISTRO DOMENICO BARBOSA ECONOMO...”. D. Domingos Barbosa era bastante influente: era ele quem pagava os serviços. “Como costumava fazer em circunstâncias particulares, o artista menciona os homens que mais consideração tinham na sua vida. Ligando o seu nome ao do sacerdote, podemos imaginar que D. Domingos Barbosa, para além de lhe dar trabalho, dinheiro e fama aos olhos dos portuenses, mantinha com ele uma ligação mais pessoal e profunda, ‘obrigando’ Nasoni a recordá-lo numa das suas experiências mais significativas”. Terá também sido D. Domingos Barbosa a encomendar-lhe, posteriormente, aquela que é hoje a Casa Museu Guerra Junqueiro. Num outro desenho da Capela-mor está uma espécie de bula papal, em pergaminho, com o emblema da Igreja Romana. “As Bulas Papais ini-

ciam, quase sempre, com uma linha escrita em letras maiúsculas que contém três elementos: o nome do Papa (CLEMENTE XII CORSINI), uma característica dele (FIORENTINO) e a conhecida “forma humiliatis”. O texto continua com o artífice a mencionar o próprio nome, a sua proveniência e a data em que termina o trabalho da Capela-mor (“E IN TEMPO CHE IO NICCOLÓ NASONI FIORENTINO COMPISCO DI PINGERE QUESTA CAPPELLA E SIAMO XXVIII…”). Ora, “Clemente XII é também o Papa que emana o primeiro decreto pontifício contra a maçonaria, em 1738, a bula In Eminenti apostolatus, e de todos os cantos se levantam manifestações a contrariar o decreto: políticos, filósofos, escritores, pintores, artesãos, comerciantes…”. Em Roma, o descontentamento assume a forma de “cartazes satíricos donde emerge um mau humor popular contra a arrogância dos representantes do poder. Estes cartazes são pendurados durante a noite nas entradas dos edifícios públicos, no pescoço das estátuas, nos lugares mais frequentados da cidade e de fácil acesso a todos”. Giovanni considera, assim, que também na Capela-mor da Sé do Porto, Nasoni assumiu a sua posição contra a Igreja de Roma. “Com uma obra simples, mas carregada de significado, delineando o seu pensamento e manifestando uma opinião, ele reproduz este documento pontifício, afixando-o à entrada de um edifício, num local onde todas as pessoas pudessem ver e ler. A ‘comunicação pictórica’ é usada para marcar, também, um momento importante na sua vida, deixando entender a dupla interpretação que lhe possamos dar”. O dia em que Nasoni desenha o documento, diz-nos Giovanni, “é o 28 de março de 1739, o sábado anterior ao domingo de Páscoa. A favor desta teoria, avançamos com mais uma consideração: Nasoni termina a obra um dia antes da Páscoa para poder celebrar a missa na Catedral, inaugurando a Capela-mor acabada de ser afrescada”. A Torre dos Clérigos Nasoni não podia imaginar que na “sua” torre ia ser servido “Um chá nas nuvens”, mas a verdade é que se empenhou em dar-lhe a imponência que viria a conferir ao monumento a capacidade de ser símbolo de uma cidade. O filme publicitário de Raul de Caldevilla, de 1917, serviu para divulgar as bolachas Invicta e envolveu dois


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Teto da Capela-mor da Sé Catedral do Porto.

02 Pormenor dos frescos da Capela-mor. 03 Pormenor da legenda com a dedicatória a Domingos Barbosa, nos frescos da Capela-mor.

Depois da Igreja foi construído o Hospital e, por fim, a Torre Sineira. “Ao bom estilo italiano, não existe igreja sem torre sineira. E aquele era o local ideal para criar uma torre que é parecida com outras construções que havia em Itália, posso falar de Bolonha, de Siena, de Florença…. Nasoni deve ter retomado as linhas de construções que viu em Itália para construir a Torre dos Clérigos”. Fazendo parte da Irmandade dos Clérigos Pobres, os restos mortais de Nicolau Nasoni foram depositados na Igreja dos Clérigos. O local exato… Falta investigar. Ainda no âmbito do Protocolo assinado entre a Irmandade e a Universidade, também falta atribuir o prémio “Torre dos Clérigos”, no valor de 2.500,00 euros, que distingue trabalhos de investigação de estudantes portugueses da U.Porto que tenham como tema a vida e a obra de Nicolau Nasoni ou a ação da Irmandade dos Clérigos. Mais uma ação que resulta do 250.0 aniversário da Torre dos Clérigos. Io so di non sapere Depois do doutoramento, Giovanni Tedesco está agora a construir uma casa. Também faz candeeiros de parede com peças de carros clássicos. Faróis, piscas e matrículas... Em momentos de maior dificuldade volta para Itália. O pai é serralheiro, tem uma oficina e dá-lhe emprego. É para continuar a viver. “Faço para testar a minha capacidade de fazer. E de conseguir”. É para continuar a estudar. “Gostava de tirar o curso de arquitetura. Tenho fome de aprender. O não saber pode ativar-se para aprender. Nasoni também foi pintor e cenógrafo. Leonardo [da Vinci] foi arquiteto, engenheiro, pintor, médico e quando enviou uma carta para Ludovico Sforza, em Milão, com o currículo, descreveu todas as suas potencialidades: que gostava de anatomia, que era pintor, engenheiro, tinha feito máquinas para a guerra, o primeiro helicóptero, mas, acima de tudo, dizia que era músico. Tocava lira. E as pessoas ficavam extasiadas quando ele tocava. Como ser humano, dotado de inteligência e de sentimentos, acho que posso fazer qualquer coisa que outro ser humano tenha feito”. Io so di non sapere (eu sei de não saber). É de Leonardo Da Vinci o lema que Giovanni Tedesco acolheu para a vida.

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acrobatas espanhóis que escalaram a Torre dos Clérigos para, lá no alto, tomarem uma chávena de chá com as bolachas que estiveram na origem da inédita estratégia de marketing. Para além da escadaria do Claustro Gótico e dos frescos da Sé Catedral de Lamego, depois de 1731 Nasoni projeta vários edifícios, entre os quais aquele que talvez seja, mesmo, a sua obra mais emblemática: o conjunto dos Clérigos. Este foi o primeiro monumento que o nosso estudante de doutoramento visitou, mal chegou ao Porto. “Admirei esta estrutura tão imponente que, juntamente com a Igreja e a Casa da Irmandade, formava um complexo de majestosa beleza. Apontei analogias com a torre campanária da Igreja de São Nicola, em Praga, ou com as torres da Catedral de São Galo, na Suíça, e a Torre de Berta, torre campanária da cidade de Sansepolcro, na região da Toscana, bombardeada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial”. Tantas associações, uma constatação: “Com o seu próprio estilo, [o artista italiano] tinha sido capaz de deixar a própria marca, adaptando-se de forma camaleónica aos hábitos artísticos e aos materiais que o local privilegiava (a junção entre a sinuosidade das linhas que a linguagem italiana ditava com a dureza e a complexidade da pedra indígena, o granito)”. Sendo que Nasoni nunca tinha trabalho com pedra. Sem a ajuda de mestres pedreiros, como sublinha Giovanni Tedesco, que o tinham ajudado nas obras da Sé, “não poderia ter realizado todas as outras obras que ainda hoje existem. Os Clérigos é uma delas”. A Igreja surge numa posição estratégica, que lhe conferia grandiosidade, “nomeadamente para quem vinha dos Aliados e olhava para a fachada, de baixo para o alto. Depois todo o seu génio foi usado nos elementos decorativos. As flores, os nichos com as figuras alegóricas, a balaustrada, a dar continuidade entre a rua e a fachada”. A construção da igreja começou em 1732, mas só ficou concluída em 1749. “Numa primeira fase Nasoni foi ajudado por António Pereira, um dos mestres pedreiros portugueses mais importantes do século XVIII. Mas entre os arquitetos e os engenheiros e os mestres pedreiros nunca há uma linha comum… E deve ter ocorrido uma chatice entre os dois. O António Pereira foi embora e os trabalhos da igreja foram atrasando. Só foram retomados quando chegou outro mestre pedreiro, Francisco da Silva”.


EM FOCO

Um laboratório que quer ser uma “âncora” no campo da medicina regenerativa, estudos que vão à nanomedicina “pescar” novas terapias contra o cancro e as doenças neurodegenerativas, uma tecnologia que promete revolucionar a medicina, mais de 40 aplicações informáticas pensadas para melhorar a saúde e uma

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erca de 7,5 quilómetros separam o “leitor de genomas” a la minute de José Luís Costa das chaves que Ana Paula Pêgo está a construir para entrar nas profundezas do cérebro. Daí até ao tesouro que a equipa de Manuel Coelho vem desvendando há meia década é preciso percorrer outros sete quilómetros, sobrando ainda algumas centenas de metros até à sala onde Jaime Cardoso ensina computadores a decifrar os enigmas do cancro. No mapa mental de Mário Barbosa, porém, as distâncias esbatem-se até se confinarem ao “laboratório de perguntas” instalado, desde setembro de 2013, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). A designação não assenta por acaso no Laboratório de Investigação de Medicina Regenerativa

luções que permitam acelerar os processos de regeneração no ser humano. Mas aí conta-se apenas parte da história. “As faculdades são importantes, mas a Universidade é mais importante. Cá dentro existem competências de excelência que muitas vezes não sabemos utilizar porque estão dispersas por vários sítios. Ora, sendo a medicina regenerativa uma área de fusão de competências de engenharia, de biologia, de medicina, o laboratório procura ser uma rede infor-

A MEDICINA DO FUTURO DESENHA-SE EM REDE

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empresa made in U.Porto que já o faz com sucesso além-fronteiras. Num percurso liderado por engenheiros, biólogos e médicos, com vista para o “super-instituto” de investigação que antes de o ser já o era, fomos conhecer alguns dos projetos que estão a colocar a Universidade na vanguarda do conhecimento na área da Saúde.

(LIMR), uma estrutura pioneira que procura convergir grande parte do trabalho desenvolvido pela U.Porto num dos mais promissores campos de investigação dentro da saúde. “Este laboratório nasce porque era necessário criar uma âncora na área da medicina regenerativa. A ideia é transportar aquilo que já se faz na Universidade há 25 anos no campo dos biomateriais ou da regeneração de tecidos, mas numa perspetiva de nos aproximarmos cada vez mais da prática da medicina”, arranca o ex-diretor do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB) e figura incontornável no estudo dos biomateriais em Portugal. A ambição começa por caber nas duas salas onde uma dezena de investigadores recorre diariamente a células estaminais, nanopartículas e outras tecnologias de ponta na busca de so-

mal de pessoas que trabalham em sítios diferentes da U.Porto mas que colaboram em projetos comuns”, concretiza Mário Barbosa. Para dar corpo a este conceito inovador, o LIMR combina investigação e uma “ligação forte” ao ensino e à prática clínica numa estratégia que pretende afirmar “um polo forte em medicina regenerativa”. A nível científico, a regeneração nervosa, a regeneração óssea e a regeneração cardíaca são áreas prioritárias de uma aposta que ambiciona ainda o desenvolvimento de terapias anti-tumorais. A este esforço são também chamados os estudantes das ciências da saúde, visando “envolvê-los nestas áreas de investigação o mais cedo possível”. O resto joga-se na proximidade com o Centro Hospitalar do Porto e na ligação com estruturas como o Hospi-


tal de São João, o INEB, o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) e o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular (IPATIMUP). “Num laboratório de medicina regenerativa, as perguntas devem vir da clínica e o que vamos fazer aqui é desenvolver estratégias concretas que tenham interesse na área da saúde, em diálogo com os clínicos”, refere o investigador. Também por isso, a rede ganha força na hora de arrepiar caminho. “As coisas novas aparecem na interface e há uma interface muito importante entre as engenharias, as biologias e a saúde, na qual o papel das tecnologias vai ser fundamental. Nestas interfaces que conseguirmos construir é que vão estar as grandes coisas que a Universidade vai fazer”.

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I3S: O puzzle que junta todas as peças

mais eficaz e com menos efeitos secundários”, resume a investigadora. Numa outra vertente, o “clube das chaves” do INEB dedica-se a preparar materiais com potencial para atuarem como “agentes de transplante de células estaminais que possam promover a regeneração em casos de lesão da espinal medula”. Num “nanomenu” do qual já resultou o patenteamento de várias aplicações cabem também projetos orientados para o diagnóstico do cancro do estômago através da integração da imagiologia médica, e uma técnica inovadora que, recorrendo a microscopia de força atómica, promete acelerar o processo de criação de nanoparticulas terapêuticas. “O importante agora é tirar o máximo proveito destes sistemas, concretizando tudo isto na parte clínica e no desenvolvimento de aplicações médicas”, sentencia Ana Paula Pêgo.

Não se sabe se Ana Paula Pêgo e José Luís Costa se conhecem. Contudo, a partir do final de 2014, o mais provável é que se cruzem diariamente e, quem sabe, conspirem novas batalhas contra o cancro à mesa do café. É neste cenário que se cumpre a vocação do I3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde. Trata-se do “super-instituto de investigação” em Saúde que está a nascer na U.Porto, resultado da combinação de esforços entre a Universidade e três dos seus mais prestigiados centros científicos: o IPATIMUP, o IBMC e o INEB. Atenção. O I3S não é apenas mais um centro de investigação. É muito mais do que isso. “Cientificamente, o I3S já começou. Há vários anos que o IPATIMUP colabora com o IBMC, que o INEB colabora com o IBMC e que outros centros de investigação da U.Porto colaboram entre si. O que é talvez

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INEB. Ali há também espaço para “chaves”, “canas de pesca” e outras metáforas a que a coordenadora da equipa de “Biomaterials for Neurosciences” recorre para traduzir o trabalho desenvolvido na procura de soluções para a regeneração nervosa e para o tratamento do cancro. Imagine partículas mil vezes mais pequenas que o diâmetro de um cabelo que, injetadas no corpo, são capazes de “fazer mira” a células doentes e, uma vez lá dentro, atuar de forma mais eficaz do que os medicamentos convencionais. Ficção científica? Não. Seja bem-vindo ao universo da nanomedicina. “Parte do nosso trabalho centra-se no desenho de nanopartículas que possam ser captadas pelas células do sistema nervoso. O que fazemos é colocar-lhes uma ‘chave’ que transportará essas partículas até às células que queremos”, explica Ana Paula Pêgo. Ao “enganar” o nosso corpo, os cientistas do INEB estão, na realidade, a abrir portas no combate às doenças neurodegenerativas. “A vantagem é que podemos ‘mascarar’ um fármaco de modo a que o tempo de circulação no organismo aumente, tornando a ação terapêutica

único na U.Porto, em relação a outras universidades, é esta capacidade que temos em juntar forças”, apresenta Mário Barbosa, coordenador científico do projeto. Nessa marca própria assenta então “uma estrutura transversal” que, combinando diferentes competências, “atravessa as ciências básicas até às aplicações clínicas”. Nova correção. “Mais do que uma estrutura, o I3S é um estado de espírito, uma forma de trabalhar em associação”, nota o investigador. Um espírito que, ainda assim, se vai materializar nos 14 mil m2 do edifício sede que está a ganhar forma no Polo II (Asprela) da U.Porto, lado a lado com os jardins do IPATIMUP e de estruturas como o IPO Porto, o Hospital de São João ou o UPTEC. Com conclusão prevista para o final de 2014, a nova infraestrutura, orçamentada em 21,5 milhões de euros, albergará mais de

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Mário Barbosa, coordenador do LIMR/ ICBAS.

02 Ana Paula Pêgo, investigadora do grupo NEWTherapies do INEB. 03 LIMR/ICBAS.

Para chegar a este final feliz, estimulado pela chegada ao mercado dos primeiros “nanofármacos”, o grupo opera num “ambiente multidisciplinar” partilhado por outros investigadores do instituto, mas também do IBMC, do IPATIMUP ou das faculdades de Farmácia (FFUP), Ciências e Medicina da U.Porto (FMUP). Mais recente é a ligação à indústria, traduzida na abertura do Centro de Bioimagem em Biomateriais e Medicina Regenerativa, uma estrutura coordenada por Ana Paula Pêgo e pensada “para aproximar a academia das empresas”. Já a última chave aponta diretamente ao cérebro: “A sociedade tem de perceber o potencial destas áreas, para a saúde para entender que este investimento pode ter um retorno tremendo”. Toque de Midas Foi numa expedição pela física das nanopartículas que a equipa de Manuel Coelho e Maria do Carmo Pereira descobriu as potencialidades da nanotecnologia para a saúde. Desde então, procura pô-las à prova no Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPAE)

Fotos: Egídio Santos

TIAGO REIS

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Inovar à escala nano Os números jogam a favor da profecia de Mário Barbosa. Entre 2007 e 2011, mais de um terço (37%) das publicações científicas geradas pela U.Porto versaram temas ligados à saúde. Em paralelo, das 184 comunicações de invenção submetidas pela Universidade desde 2005, 73 focam-se na área da saúde, que abarca ainda 28 das 61 patentes ativas atualmente. Para este cenário concorre o trabalho de cerca de mil investigadores, em estreita ligação com hospitais, empresas nacionais e internacionais. Desses, 80 trabalham em medicina regenerativa mas, dentro da rede, há quem inove diariamente noutras áreas emergentes como a biomedicina, a bioengenharia, as neurociências ou o cancro. Ana Paula Pêgo fá-lo com a ajuda das células, moléculas e neurónios que pautam o “admirável mundo novo” do grupo NEWTherapies do


da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), onde, desde 2003, se aperfeiçoa o desenho de nanopartículas capazes de passar drogas através da blood brain barrier (barreira hematoencefálica), a última “grande muralha” no campo da nanomedicina. Um desses trabalhos propõe um tratamento dourado para o cancro. Sim, leu bem. “A ideia passou por atracar nanopartículas de ouro a uma droga altamente tóxica e ver como elas são absorvidas pelas células tumorais”, explica Manuel Coelho. Os resultados obtidos em células pancreáticas são promissores. “O que verificamos é que a droga, quando transportada através das nanopartículas funcionalizadas, é muito mais eficiente do que se estiver sozinha. Por outro lado, o ouro é um material que não mostra toxicidade nas células saudáveis, ao contrário das terapias convencionais”, refere o investigador, apontando para o que se de-

Equipa de Manuel Coelho e Maria do Carmo Pereira no LEPAE/FEUP.

está também um projeto europeu voltado para a aplicação de nanopartículas de ouro no diagnóstico de tumores no cólon. Poderá o ouro esconder a cura para estas doenças? “Acreditamos que tem imenso potencial mas tudo o que fizemos foi em linhas celulares. Não temos conseguido colaborar com pessoas em Portugal que nos permitam dar o salto para a experimentação animal”, trava o investigador. A barreira entre doutores e engenheiros sente-se e resolve-se na rede: “Seria proveitoso criar-se na U.Porto um centro, nem que fosse virtual, que concentrasse as diferentes áreas de conhecimento em nanotecnologia, biologia, ciências farmacêuticas e medicina, de maneira a facilitar a aproximação dos académicos ao meio médico e

700 investigadores dos institutos fundadores num ambiente inteiramente dedicado a laboratórios e serviços de investigação. Ali, espera-se que nasçam “contributos muito concretos para problemas muito concretos em áreas chave da saúde”, como as doenças neurodegenerativas, o cancro, as doenças infecciosas ou a medicina regenerativa. O desafio de Mário Barbosa é aceite pelos futuros inquilinos. “Estarmos todos no mesmo edifício vai ser muito bom para podemos partilhar o nosso know-how, nem que seja numa conversa de corredor. Às vezes basta isso para surgir uma ideia nova, realça Ana Paula Pêgo. A jogar em casa, José Luís Costa abre as portas às “chaves” do INEB e às de outras instituições parceiras. “O I3S vai expor o meu trabalho a outros cientistas, a outra massa crítica. Vai também criar mais visibilidade lá fora, permitindo que outros parceiros olhem para o que fazemos”.

entre faculdades que desenvolvem trabalho nas áreas biomédicas”.

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A máquina que mexeu com os deuses Para concluírem a primeira sequenciação do genoma humano, anunciada em 2003, os investigadores do Consórcio Internacional de Sequenciamento do Genoma Humano precisaram de três milhões de dólares e anos de trabalho distribuído por 17 países. Desde 2012, José Luís Costa necessita apenas de uma semana a bordo da Personal Genome Machine, uma tecnologia de sequenciação de nova geração instalada na última das três salas da Unidade de Diagnósticos do IPATIMUP. À primeira vista, salta o aspeto de máquina de café com botões de consola de videojogos. Na verdade, poucos diriam estar perante a tecnologia que “vai, e já está, a revolucionar a forma como a medicina é feita”, lança o investigador. Para o percebermos, é preciso recuar no tempo… Toda a Ciência foi ocupada pelas grandes potências. Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis investigadores ainda resiste… As referências são ób-

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senha como uma solução “2 em 1” no tratamento do cancro, em que “a conjugação das partículas de ouro com radiação gama seria quase uma combinação entre quimioterapia e radioterapia”. Mais uma vez, é a rede a impor regras num trabalho iniciado há cinco anos e que, para além do LEPAE/FEUP, junta equipas da FMUP, do IBMC, do IPATIMUP e de centros de investigação nos Estados Unidos, Alemanha, Suécia, ou Noruega. “Nós somos especialistas em fabricar nanossistemas e atracá-los a drogas mas, sozinhos, não temos acesso a tecnologia nem a técnicas de avaliação de comportamento celular. Para visualizarmos estes sistemas em células, precisamos de ir ao IBMC. Quando temos de fazer experiências em células tumorais, recorremos ao IPATIMUP. É uma espécie de network em que cada instituição tem o seu papel”, traça Manuel Coelho. A “caça ao tesouro” tem funcionado com sucesso na batalha contra o cancro, mas vai mais além. Nos laboratórios do LEPAE estão a ser desenvolvidas nanoterapias para a doença de Alzheimer, em parceria com a FFUP e o IBMC. Prestes a arrancar


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Personal Genome Machine (IPATIMUP).

02 José Luís Costa, investigador do IPATIMUP. 03 IPATIMUP.

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vias e não surgem por acaso. “Quando fomos os primeiros a nível mundial a implementar esta tecnologia ao nível do diagnóstico, muito olharam-nos como se fossemos o Astérix e o Obélix, tipo, quem são aqueles que estão ali a mexer-se no cantinho da Europa?”, lembra José Luís Costa. De então para cá, a resposta é dada nas paletes de amostras de sangue que, todos os dias, chegam ao “caldeirão” do IPATIMUP, provenientes de vários hospitais e outras entidades nacionais e internacionais. “A grande vantagem desta tecnologia é a aceleração do tempo de resposta dos diagnósticos. Nos casos do BRCA1 e BRCA2, que são os genes envolvidos no cancro hereditário da mama e do ovário, a análise demorava de entre dois a três meses, e agora demora entre duas a três semanas”. Outra vantagem incide sobre a complexidade das doenças de base genética que podem ser estudadas. “Além do cancro, começamos também a trabalhar em doenças cardíacas, como a síndrome de morte súbita”, exemplifica o biólogo. A verdade é que o impacto dos 150 mil euros investidos na “poção mágica” já se faz sentir no dia-a-dia do instituto, ajudando a salvar vidas. “Como os médicos sabem que somos mais rápidos, pedem o exame em situações em que dantes não pediam. No caso do cancro, isto permite planear a cirurgia de modo mais personalizado para que, no momento de operar, se saiba, por exemplo, se o tumor é hereditário e, em função disso, se decidam os procedimentos a tomar com maior eficácia”. Paralelamente, a PGM tem também inspirado projetos de investigação de ponta, como o que conduziu à validação de um painel de genes para o teste genético de cancro hereditário da mama e do ovário. Para além do “aumento do número de casos ao nível do diagnóstico, a nossa ambição passa por aprofundar a investigação em torno da biologia do cancro de modo a tornar a medicina personalizada algo real. Esse é o futuro”, traça José Luís Costa, piscando o olho às legiões de vigas e cimento que estão a crescer a poucos metros do jardim do IPATIMUP. “A U.Porto tem feito uma aposta importante na saúde, especialmente no polo II [Asprela], onde vamos ter agora o I3S (ver caixa). Isso permite-nos

criar uma expertise e uma âncora muito grande que devemos ser capazes de aproveitar”. Computadores de bata branca Primeira nota a reter à entrada da “clínica” de Jaime Cardoso. “Pôr computadores a perceber o que está numa imagem é das coisas mais difíceis que há”. Segunda. Nem só de pipetas e microscópios se faz a investigação pioneira que a U.Porto está a desenvolver no campo da saúde. “Grande parte do trabalho que fazemos é essencialmente software que pode ser integrado nas workstations dos médicos”, começa por desvendar o engenheiro e investigador do INESC TEC (Laboratório Associado coordenado pelo INESC Porto) que, desde há uma década, aplica as técnicas de visão computacional nalguns dos mais inovadores projetos realizados em Portugal no campo do cancro da mama. Do encontro improvável entre algoritmos imaginados no INESC TEC e um projeto de doutoramento da FMUP já nasceu um software “capaz de avaliar o resultado estético do tratamento conservador do cancro da mama”, utilizado hoje por grupos de investigação de todo o mundo. Nos últimos anos, a equipa de Jaime Cardoso vem também colaborando com a Liga Portuguesa Contra o Cancro no desenvolvimento de sistemas orientados para o rasteio e o diagnóstico da doença. “Felizmente, mais de 90% dos casos são benignos e é possível pôr o computador a compreender isso. Por outro lado, criamos ferramentas que ajudam os radiologistas a focar-se nos casos mais complexos”. Mais recentemente, o grupo evoluiu para as áreas do planeamento e tratamento cirúrgico. Neste caso, “usamos a informação recolhida sobre cada doente para criar um modelo 3D da mama personalizado”, explica o também professor da FEUP, antecipando o que, “em dois ou três anos”, será um ”software que permitirá planear cada passo do tratamento em diálogo com a doente”. “Consolidado” o trabalho no cancro da mama, o próximo alvo é o cancro do colo do útero. A motivação, essa, é a mesma de há dez anos, garante Jaime Cardoso: “Esta área é muito apelativa porque sentimos que estamos a fazer algo útil para a sociedade”. O exemplo tem colhido adeptos no INESC TEC. Só na última década, o instituto apadrinhou cerca de 40 projetos de I&D que resultaram em aplicações tecnológicas inovadoras em domínios como a cardiologia, a oncologia, a oftalmologia, a psiquiatria ou a neurologia. “O nosso papel é tirar partido da


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Apostar no risco e vencer Paulo Ferreira dos Santos estava a chegar aos 40 anos quando, em 2004, teve uma epifania. “Tinha as minhas empresas, não acreditava no futuro delas, mas também não sabia em que área deveria atuar”. Opções? “Emigrar ou desenvolver um negócio de base tecnológica”. Acabou por encontrar a resposta no então recém-criado Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico (MIETE) da U.Porto, coordenado pelas faculdades de Engenharia e Economia. “No âmbito do mestrado, tínhamos que avaliar tecnologias desenvolvidas na Universidade e o meu grupo pegou numa que estava ‘na gaveta’”. Lá dentro estava o protótipo do WaIkinSense, um dispositivo pensado por dois investigadores da FEUP para monitorizar a atividade de amputados dos membros inferiores. Paulo rendeu-se e, com o apoio da FEUP e do INESC Porto, decidiu avançar. “Constituímos a spin-off em 2007 e acabamos por submeter uma patente internacional em parceria com a Universidade”, recorda o cofundador da Tomorrow Options, um

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Jaime Cardoso, investigador do INESC TEC.

02 Paulo Ferreira dos Santos, cofundador e CEO da Kinematix (exTomorrow Options). 03 WalkinSense, primeiro produto comercializado pela Kinematix.

dos primeiros e mais bem-sucedidos projetos empresariais made in U.Porto no campo da saúde. Mais de seis anos depois, cinco dos quais em incubação no Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto (UPTEC), as palavras ecoam pela sede da empresa, em pleno centro do Porto, onde mais de 20 colaboradores dão corpo a “uma ambição simples. Queremos ser os melhores do mundo a desenvolver aplicações que permitam monitorizar o movimento do corpo humano ou partes dele durante as atividades quotidianas”. O primeiro fruto dessa aposta nasceu em 2010, com o lançamento para o mercado da versão final do WalkinSense, orientada para a avaliação e prevenção dos efeitos de próteses nos doentes com pé diabético. Um ano depois, foi a vez do Movinsense, um dispositivo médico que permite auxiliar as equipas de enfermagem a prevenir quedas e o aparecimento de úlceras de pressão em doentes acamados. O grau de inovação dos produtos, reconhecido em mercados como a Europa, a China ou os Estados Unidos, inspirou também a aposta na internacionalização da empresa, inaugurada em 2009, com a abertura de uma filial em Sheffield (Reino Unido) e de um escritório na Holanda. Mais recentemente, o apelo chegou do lado de lá do Atlântico. “Nós só temos uma saída que é crescer, daí estarmos em passo acelerado para a América, não só para aceder a um mercado grande, mas também a investidores com outro tipo de montantes”. A estratégia está no terreno. Fruto de um investimento de 2,6 milhões de dólares da Portugal Ventures (capital de risco público), a empresa abriu uma filial em Boston e mudou de nome para fazer frente às “melhores start-ups do mundo”. Afinal, “a nossa vida não será muito diferente da de quem vai para Hollywood para ser ator”, admite o CEO da rebatizada Kinematix. O guião para o sucesso, esse, vem sendo escrito há vários anos. “É não desistir. É insistir. É ter uma grande dose de autoconfiança, em conjunto com outra de humildade. É não ter nenhum complexo de inferioridade mas também não ser arrogante”, enumera Paulo Ferreira dos Santos. Na hora de abraçar o sonho americano, o recado serve também à rede que se desenha a cada dia na U.Porto. “Temos que andar mais depressa que os outros e isso implica risco, que é uma palavra que não existe no dicionário português. Há muita gente empreendedora que não avança sem um empurrão e a Universidade pode e deve ter um papel fundamental nesse processo”.

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investigação feita nos nossos grupos e aplicá-la em soluções claramente diferenciadoras face ao que existe”, sintetiza José Correia, representante do INESC Porto no Health Cluster Portugal, polo que reúne empresas, hospitais, universidades e centros de investigação em saúde. Na prática, as palavras traduzem-se num movimento que reúne mais de 50 investigadores de áreas como a Robótica, a Optoeletrónica, os Sistemas de Informação ou a Inteligência Artificial. Dali já nasceu um “detetor” de malária baseado em sensores de fibra ótica, um dispositivo que minimiza a exposição à radiação dos pacientes em radioterapia, sistemas que combinam sensores, telemóvel e internet num “pacote” destinado a otimizar o apoio a idosos, uma aplicação capaz de definir o “par ideal” em casos de transplante renal, uma cadeira de rodas “inteligente”, entre outras inovações que têm levado a revolução tecnológica até à prática médica. “Há uma sensibilidade cada vez maior da parte dos hospitais e de outras entidades ligadas à saúde para a necessidade de soluções tecnológicas que apoiem a sua atividade”, confirma José Correia. Convencida a bata branca, falta apenas vestir o fato de empresário. “Há várias aplicações que têm potencial para serem transferidas para o mercado. Este salto é que não é fácil, pegar numa solução, transformá-la num produto e comercializá-la…”.


FORMAÇÃO

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(FBAUP) Av. Rodrigues de Freitas, 265 • 4049-021 Porto • Telefone: +351 225 192 400 • Fax: +351 225 367 036 • http://www. fba.up.pt

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Atenção A presente lista não dispensa a consulta do site do Catálogo de Formação Contínua da U.Porto 2013/2014, em em www.up.pt – estudar na U.Porto – Educação Contínua - Catálogo 2013/2014, bem como as páginas das Faculdades/ Escolas responsáveis pela organização desta oferta.

Desenho Paramétrico e Generativo 3D Tipo de curso: Formação livre • Duração: 48 horas • Calendário: 18 fevereiro a 15 abril de 2014 • Candidaturas: Até 12 fevereiro de 2014 • Destinatários: Estudantes e licenciados em Artes Plásticas, Arquitectura e Design. Público em geral com interesse pela modelação 3D e desenvolvimento formal generativo. • Vagas: 20 • Mais informações: +351 225 192 416 / formcontinua@fba.up.pt • Propina: Inscrição: 25 €; Estudantes, Docentes e Funcionários da FBAUP/UP - 220 €; Público em Geral: 275 € + Seguro escolar: 2 €

Poderá ainda consultar a listagem das Unidades Curriculares Singulares constantes dos planos de estudos dos cursos e ciclos de estudos das várias Unidades Orgânicas, em www.up.pt – estudar na U.Porto – Documentos – Unidades Curriculares Singulares.

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Ilustração e Auto Edição Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 12 horas • Calendário: 1 e 8 fevereiro de 2014 • Candidaturas: Até 24 janeiro de 2014 • Destinatários: Este curso foi concebido para todos os interessados nas áreas de ilustração, técnicas de impressão, design editorial, educação artística, edições de artista: É aberto à participação de estudantes de graduação e Pós-Graduação em (Mestrado, Doutoramento) e investigadores, designers, arquitetos, criativos das referidas áreas ou áreas com interesse pela publicação de autor. Também está aberto a participantes provenientes de oficinas de edição e associações de gravura, museus e instituições cujos serviços educativos se proponham trabalhar a partir da imagem impressa. Artistas plásticos, designers, ilustradores e estudantes de artes em geral. • Vagas: 12 • Mais informações: +351 225 192 416 / formcontinua@fba.up.pt • Propina: Estudantes, Docentes e Funcionários FBAUP/UP - 70 €; Público em Geral - 85 €

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(FCUP) Rua do Campo Alegre s/n • 4169-007 Porto • Telefone: +351 220 402 000 • Fax: +351 220 402 009 • http://www.fc.up.pt/ Cosmologia - História e Conceitos Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 15 de fevereiro a 5 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 31 de janeiro de 2014 • Destinatários: Professores dos Grupos 500, 510 e 520 • Vagas: 20 • Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 220 402 082 / formacao.continua@fc.up.pt • Propina: 100 €

Faculdade de Economia

(FEP) Rua Dr. Roberto Frias • 4200-464 Porto • Tlf: +351 225 571 100 • Fax: +351 225 505 050 • http://www.fep.up.pt/

Instrumentos Básicos de Gestão Tipo de curso: Formação livre • Duração: 21 horas • Calendário: 3 de fevereiro a 1 de março de 2014 • Candidaturas: 6 a 24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Os destinatários principais destes Cursos são Licenciados em áreas científicas exteriores à Economia ou Gestão que pretendam candidatar-se e frequentar um Curso de Mestrado na Faculdade de Economia do Porto. • Vagas: 40 • Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: sa.posgraduacao@fep. up.pt • Propina: 200 € Microeconomia Tipo de curso: Formação livre • Duração: 21 horas • Calendário: 3 de fevereiro a 1 de março de 2014 • Candidaturas: 6 a 24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Os destinatários principais destes Cursos são Licenciados em áreas científicas exteriores à Economia ou Gestão que pretendam candidatar-se e frequentar um Curso de Mestrado na Faculdade de Economia do Porto. • Vagas: 40 • Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: sa.posgraduacao@fep. up.pt • Propina: 200 € Técnicas de Análise de Dados Tipo de curso: Formação livre • Duração: 21 horas • Calendário: 3 de fevereiro a 1 de março de 2014 • Candidaturas: 6 a


Finanças Tipo de curso: Formação livre • Duração: 21 horas • Calendário: 10 de março a 5 de abril de 2014 • Candidaturas: 6 a 24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Os destinatários principais destes Cursos são Licenciados em áreas científicas exteriores à Economia ou Gestão que pretendam candidatar-se e frequentar um Curso de Mestrado na Faculdade de Economia do Porto. • Vagas: 40 • Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: sa.posgraduacao@fep. up.pt • Propina: 200 € Macroeconomia Tipo de curso: Formação livre • Duração: 21 horas • Calendário: 10 de março a 05 de abril de 2014 • Candidaturas: 6 a 24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Os destinatários principais destes Cursos são Licenciados em áreas científicas exteriores à Economia ou Gestão que pretendam candidatar-se e frequentar um Curso de Mestrado na Faculdade de Economia do Porto. • Vagas: 40 • Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: sa.posgraduacao@fep. up.pt • Propina: 200 € Princípios de Econometria Tipo de curso: Formação livre • Duração: 21 horas • Calendário: 10 de março a 5 de abril de 2014 • Candidaturas: 6 a 24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Os destinatários principais destes Cursos são Licenciados em áreas científicas exteriores à Economia ou Gestão que pretendam candidatar-se e frequentar um Curso de Mestrado na Faculdade de Economia do Porto. • Vagas: 40 • Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: sa.posgraduacao@fep. up.pt • Propina: 200 €

Faculdade de Engenharia

(FEUP) Rua Dr. Roberto Frias, s/n • 4200-465 Porto • Tlf: +351 225 081 400 • Fax: +351 225 081 440 • https://www.fe.up.pt Beneficiação - Reabilitação de Estradas Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 33 horas • Calendário: 28 e 29 de março e 4, 5, 11, 12 de abril e 9, 10, 16, 17, 23 de maio, de 2014 • Candidaturas: Até 2 março 2014 • Destinatários: Engenheiros civis ou técnicos superiores do Estado ou de Autarquias, que exerçam funções na área da engenharia rodoviária. Engenheiros civis ou engenheiros técnicos civis de empresas de construção ou de projeto rodoviário. • Vagas: 15 • Créditos: 3,5 ECTS • Mais informações: + 351 225 081 977 / acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 550 € Gestão da Emergência: Abordagem ao Problema por Protocolos Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 30 horas • Calendário: 26, 27, 28, 29 março; 3, 4, 5, 11 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 26 fevereiro de 2014 • Destinatários: Técnicos superiores de Segurança e Higiene do Trabalho para

renovação do respetivo Certificado de Aptidão Profissional; Quadros dirigentes de organizações comerciais e industriais, IPSS, escolas dos vários graus de ensino, administradores de condomínios; Público em geral interessado na problemática da resposta à emergência numa ótica funcional. • Vagas: 20 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: + 351 225 081 977 / acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 300 € Formação ITUR (Instalações de Telecomunicações em Urbanizações) Habilitante Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 20 a 30 de janeiro de 2014 - 1ª edição; 7 a 17 de abril de 2014 - 2ª edição • Candidaturas: Até 10 março de 2014 - 2ª edição • Destinatários: Engenheiros e Engenheiros Técnicos, membros da OE ou da OET, não considerados por estas associações como tendo habilitação para o desempenho da atividade de projetistas e instaladores ITUR, e que pretendam iniciar a atividade profissional nesta área mas que evidenciem competências na área de Projeto e Instalação em ITED (Infraestruturas de Telecomunicações em Edifícios) reconhecida pela Ordem dos Engenheiros, Ordem dos Engenheiros Técnicos ou pela frequência com aproveitamento da correspondente formação Habilitante em ITED, devidamente credenciada por estas entidades e pela ANACOM. • Vagas: 18 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: + 351 225 081 977 / acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 245 € Gestão de Operações em Transportes Públicos de Passageiros Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 33 horas • Calendário: 12, 13, 19, 20, 26 de maio de 2014 • Candidaturas: Até 10 de abril de 2014 • Destinatários: Quadros de Direção e Gestores Operacionais das empresas de transporte rodoviário de passageiros, Gestores de Trânsito e Transportes das Câmaras Municipais e Profissionais da Administração Pública ligados à problemática dos transportes rodoviários. • Vagas: 20 • Créditos: 3,5 ECTS • Mais informações: + 351 225 081 977 / acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 650 € Ondas de Som e de Luz: Conceitos, Fenómenos, Experiências e Aplicações Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 25 de junho a 2 de julho de 2014 • Candidaturas: Até 28 de maio de 2014 • Destinatários: Professores dos Grupos de Física, Físico-Química, Química, Biologia, Geologia, Matemática, dos Ensinos Básico (3º Ciclo) e Secundário. • Vagas: 25 • Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais informações: + 351 225 081 977 / acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 100 € Testes de Software Tipo de curso: Unidade de formação contínua • Duração: 24 horas • Calendário: 7, 8 e 9 maio de 2014 - 2ª fase; 9, 10 e 11 de julho de 2014 - 3ª fase • Candidaturas: Até 9 de abril de 2014 - 2ª fase; Até 13 de junho de 2014 - 3ª fase • Destinatários: Profissionais que necessitam adquirir e/ou consolidar conhecimentos e práticas na área dos testes de software, tais como, testadores (nos vários níveis de teste), analistas de testes, consultores de testes, gestores de testes e programadores. • Vagas: 15 • Mais informações: + 351 225 081 977 / acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 700 €

Uso do vídeo no Ensino Básico e Secundário das Ciências Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 20 horas • Calendário: 11 a 18 de junho de 2014 • Candidaturas: Até 14 de maio de 2014 • Destinatários: Professores dos Grupos de Física, Físico-Química, Química, Biologia, Geologia, Matemática, dos Ensinos Básico (3º Ciclo) e Secundário. • Vagas: 25 • Créditos: 0,8 UC (CCPFC) • Mais informações: + 351 225 081 977 / acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 100 €

Niccolò Nasoni: Life and Works (1691-1773) Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 30 horas • Calendário: 19 de fevereiro a 28 de maio de 2014 • Candidaturas: 2 de dezembro de 2013 a 5 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Estudantes e docentes do ensino secundário e universitário • Vagas: 25 • Créditos: 2 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 140 €; Público em geral - 200 € + Seguro Escolar - 2 € Literatura e Cultura Portuguesas - Curso Livre para Estrangeiros Tipo de curso: Formação livre • Duração: 30 horas • Calendário: 20 de fevereiro a 10 de abril de 2014 • Candidaturas: 2 de dezembro de 2013 a 6 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Estudantes Erasmus das diferentes faculdades da Universidade do Porto; Outros estudantes e cidadãos estrangeiros • Vagas: 25 • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 140 €; Público em geral - 200 € + Seguro Escolar - 2 € História e Cultura Japonesas Tipo de curso: Formação livre • Duração: 60 horas • Calendário: 19 de fevereiro a 4 de junho de 2014 • Candidaturas: 2 de janeiro a 6 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 25 • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 260 €; Público em geral - 365 € + Seguro Escolar - 2 € Grandes Livros, Grandes Obras Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 34 horas • Calendário: 19 de fevereiro a 25 de junho de 2014 • Candidaturas: 2 de janeiro a 6 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 25 • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 150 € Público em geral - 210 € + Seguro Escolar - 2 € Dimensões Sociais e Simbólicas do Corpo na Época Moderna Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 10 horas • Calendário: 21 de fevereiro a 15 de março de 2014 • Candidaturas: 2 de dezembro de 2013 a 6 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Públicos adultos de formação multidisciplinar: história, religião, sociologia, artes visuais, direito, criminologia, medicina e outras ciências da saúde • Vagas: 25 • Créditos: 1 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 50 €; Público em geral - 70 € + Seguro Escolar - 2 € A Digitalização em Serviços de Informação Tipo de curso: Formação livre • Duração: 12 horas • Calendário: 21 de fevereiro a 14 de março de 2014 • Candidaturas: 2 de dezembro de 2013 a 6 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Quadros técnicos com funções de organização de informação. Técnicos Superiores de Ciência de Informação, Técnicos Superiores de Arquivo, Técnicos de Arquivo BAD, entre outros. • Vagas: 25 • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 60 €; Público em geral - 85 € + Seguro Escolar - 2 €

Faculdade de Letras

(FLUP) Via Panorâmica, s/n • 4150-564 Porto • Tlf: +351 226 077 100 • Fax: +351 226 091 61 • http://www.letras.up.pt

Educação do Olhar. Da perceção ao(s) Sentido(s) Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 30 horas • Calendário: 1 de novembro a 13 de dezembro de 2013 • Candidaturas: 11 janeiro a 22 março de 2014 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 140 €; Público em geral - 200 € + Seguro Escolar - 2 € Desenho e Desenvolvimento dos Serviços e Documentação e Informação Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 72 horas • Calendário: 29 de janeiro a 5 de março de 2014 • Candidaturas: 16 a 21 de janeiro de 2014 • Destinatários: Licenciados • Vagas: 25 • Créditos: 8 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 315 €; Público em geral - 445 € + Seguro Escolar - 2 € Modelação de Processos e Serviços de Informação I Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 24 horas • Calendário: 28 de janeiro a 17 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: 16 a 21 de janeiro de 2014 • Destinatários: Licenciados • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 110 €; Público em geral - 155 € + Seguro Escolar - 2 € História do Cinema Japonês Tipo de curso: Formação livre • Duração: 30 horas • Calendário: 10 de fevereiro a 28 de abril de 2014 • Candidaturas: 2 de dezembro de 2013 a 24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 25 • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 140 €; Público em geral - 200 € + Seguro Escolar - 2 € Voz: Técnica e Comunicação Tipo de curso: Formação livre • Duração: 16 horas • Calendário: 7 a 21 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: 2 de dezembro de 2013 a 24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Estudantes universitários, profissionais da área de ciências da comunicação • Vagas: 25 • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 75 €; Público em geral - 105 € + Seguro Escolar - 2 € 27

24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Os destinatários principais destes Cursos são Licenciados em áreas científicas exteriores à Economia ou Gestão que pretendam candidatar-se e frequentar um Curso de Mestrado na Faculdade de Economia do Porto. • Vagas: 40 • Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: sa.posgraduacao@fep. up.pt • Propina: 200 €


• Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 240 €; Público em geral - 340 € + Seguro Escolar - 2 € Curso Intensivo de Italiano Intermédio Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 24 de fevereiro a 3 de abril de 2014 • Candidaturas: 2 de dezembro de 2013 a 6 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 240 €; Público em geral - 340 € + Seguro Escolar - 2 € Curso Intensivo de Francês A1 Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 3 de março a 18 de abril de 2014 • Candidaturas: 2 de janeiro a 14 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 240 €; Público em geral - 340 € + Seguro Escolar - 2 €

Gestão e Organização da Coleção em Bibliotecas Escolares e sua Dinamização Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 22 de fevereiro a 12 de abril de 2014 • Candidaturas: 2 de dezembro de 2013 a 6 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Professores do ensino básico e secundário. Técnicos. • Vagas: 25 • Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 135 €; Público em geral - 190 € + Seguro Escolar - 2 € Introdução à Línguas Gestual Portuguesa e Cultura Surda 2 Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 27 horas • Calendário: 1 de março a 7 de abril de 2014 • Candidaturas: 2 de janeiro a 14 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Professores e funcionários, nomeadamente de serviços com atendimento ao público. • Vagas: 25 • Créditos: 1 ECTS • Mais informações: gfec@letras. up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 130 €; Público em geral - 180 € + Seguro Escolar - 2 € De Pequenino Nasce o Leitor: Lugares do Livro e da Infância no Mundo de Hoje. Tipo de curso: Formação livre • Duração: 27 horas • Calendário: 8 a 29 de março de 2014 • Candidaturas: 2 de janeiro a 21 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 15 • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 130 €; Público em geral - 180 € + Seguro Escolar - 2 € MEF - Macroestrutura Funcional para Autarquias Portuguesas Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 16 horas • Calendário: 11 a 24 de março de 2014 • Candidaturas: 2 de janeiro a 20 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Funcionários públicos, em particular de autarquias, com funções de estruturação e organização de informação. Técnicos Superiores de Ciência de Informação, Técnicos Superiores de Arquivo, Técnicos de Arquivo BAD. • Vagas: 25 • Créditos: 2 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 75 €; Público em geral - 105 € + Seguro Escolar - 2 € Modelação de Processos e Serviços de Informação II: Reengenharia Contínua de Processos (Metodologia BPM) Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 20 horas • Calendário: 18 de março a 10 de abril de 2014 • Candidaturas: 2 de janeiro a 28 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Funcionários públicos, em particular de autarquias, com funções de estruturação e organização de informação. Técnicos Superiores de Ciência de Informação, Técnicos Superiores de Arquivo, Técnicos de Arquivo BAD. • Vagas: 25 • Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: gfec@letras. up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 95 €; Público em geral - 135 € + Seguro Escolar - 2 € Francês Empresarial 2 Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 17 de fevereiro a 30 de junho de 2014 • Candidaturas: 2 de dezembro de 2013 a 31 de janeiro de 2014 • Destinatários: Público em geral

Curso Intensivo de Inglês Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 10 de março a 11 de abril de 2014 • Candidaturas: 2 de janeiro a 20 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 240 €; Público em geral - 340 € + Seguro Escolar - 2 € Curso Intensivo de Chinês 3 Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 19 de Março a 22 de maio de 2014 • Candidaturas: 2 de janeiro a 28 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 240 €; Público em geral - 340 € + Seguro Escolar - 2 € Curso Intensivo de Alemão A1.2 Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 21 de março a 6 de junho de 2014 • Candidaturas: 2 de janeiro a 28 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Público em geral • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: gfec@letras.up.pt / +351 226 077 152 • Propina: Estudantes (ex e atuais) e funcionários da UP - 240 €; Público em geral - 340 € + Seguro Escolar - 2 €

Faculdade de Medicina

(FMUP) Al. Prof. Hernâni Monteiro • 4200-319 Porto • Tlf: +351 225 513 600 • Fax: +351 225 513 601 • http://www.med.up.pt

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Comunicação Clínica para Médicos Internos Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 19 horas • Calendário: Março 2014 (data a definir) • Candidaturas: 4 semanas antes do curso • Destinatários: Médicos internos de Especialidade • Vagas: 20 por módulos • Créditos: 2 ECTS • Mais informações: +351 225 513 689 / educa-

caocontinua@med.up.pt • Propina: 150 € Coaching para Orientadores de Internos de Especialidade Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 32 horas • Calendário: Março de 2014 (data a definir) • Candidaturas: 4 semanas antes do início do curso • Destinatários: Orientadores de internos de especialidade • Vagas: 20 • Créditos: 3,5 ECTS • Mais informações: +351 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt • Propina: 300 € Medicina Preventiva em Cuidados de Saúde Primários: Fatores de Risco Cardiovascular Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 12 horas • Calendário: 25 de janeiro; 22 de fevereiro e 22 de março de 2014 • Candidaturas: Até 25 de janeiro de 2014 • Destinatários: Médicos, enfermeiros, Assistentes Sociais, Psicólogos e outras áreas de saúde afins • Vagas: 50 • Créditos: 1,5 ECTS • Mais informações: +351 225 513 689 / educacaocontinua@med.up.pt • Propina: 50 € Fundamentos Científicos em Anestesiologia Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 65 horas • Calendário: 6 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: 1 a 24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Médico Interno de Especialidade de Anestesiologia da carreira médica hospitalar • Vagas: sem limite • Créditos: 10 ECTS • Mais informações: +351 225 513 689 / educacaocontinua@ med.up.pt • Propina: 150 €

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

(FPCEUP) Rua Alfredo Allen • 4200-135 Porto • Tlf: +351 226 079 700 • Fax: +351 226 079 725 • http://www.fpce.up.pt

Dificuldades de Aprendizagem e Leitura e da Escrita Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 15 horas • Calendário: 27 de janeiro a 10 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: Até 24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Educadores do Pré-Escolar. Professores do 1º ciclo do Ensino Básico. Professores de Português do 2º Ciclo do Ensino Básico. Professores dos Apoios Educativos. Licenciados pré-bolonha e mestres e pós-bolonha em Psicologia exclusivamente no ramo educacional. • Vagas: 20 • Créditos: 1,5 ECTS; 0,6 UC’s (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce. up.pt • Propina: 100 € Ferramentas Web 2.0: Um Recurso Educativo Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 24 de janeiro a 15 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: Até 22 de janeiro de 2014 • Destinatários: Licenciados/mestres ou Estudantes das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras que procuram formação complementar à sua. • Vagas: 20 • Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 130 € Intervenção Psicoeducacional nas Perturbações do Espectro do Autismo Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 25 de janeiro a 22 de fevereiro de 2014 • Candidaturas:

Até 23 de janeiro de 2014 • Destinatários: Profissionais que desenvolvam intervenção junto de crianças com PEA, psicólogos, terapeutas, assistentes sociais, educadores de infância, professores de 1º e 2º ciclos do ensino básico e estudantes finalistas das mesmas áreas. • Vagas: 20 • Créditos: 2 ECTS; 1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 130 € O Jogo Teatral e a sua Função Simbólica Educativo Tipo de curso: Formação livre • Duração: 15 horas • Calendário: 25 de janeiro a 8 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: Até 23 de janeiro de 2014 • Destinatários: Professores dos Ensinos Básicos e Secundário e Educadores de Infância. • Vagas: 20 • Créditos: 0,6 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 70 € Avaliação da Qualidade em Contexto de Jardim-de-Infância: A Escala de Avaliação do Ambiente em Educação de Infância (ECERS-R; Harms, Clifford & Cryer, 1998) Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 25 horas • Calendário: 22 de fevereiro a 22 de março de 2014 • Candidaturas: Até 19 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Educadores de infância • Vagas:20 • Créditos: 2,5 ECTS; 1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@ fpce.up.pt • Propina: 130 € Coaching e Empowerment para o Alto Desempenho: Coaching Avançado Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 30 horas • Calendário: 25 de fevereiro a 1 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 22 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Licenciados/as das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras que procuram formação complementar à sua Licenciatura na Universidade do Porto. • Vagas: 20 • Créditos: 1,2 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 150 € Promoção e Divulgação: Relações Públicas Tipo de curso: Formação livre • Duração: 15 horas • Calendário: 14 a 28 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: 11 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Professores dos Ensinos Básicos e Secundário e Educadores de Infância. • Vagas: 20 • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 70 € Conceber, Desenhar e Desenvolver projetos (no âmbito da educação e formação de adultos) Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 36 horas • Calendário: 15 de março a 3 de maio de 2014 • Candidaturas: Até 12 de março de 2014 • Destinatários: Professores, psicólogos, animadores sociais, dirigentes associativos, coordenadores de cursos de educação e formação de adultos. • Vagas: 20 • Créditos: 1,4 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 170 € Criatividade, a Revolução em Sala de Aula Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 15 horas • Calendário: 1 a 15 de março de 2014 • Candidaturas: Até 26 de fevereiro de 2014 • Destinatários: O curso


Porto Business School

Avenida Fabril do Norte, 425 • 4460-313 Senhora da Hora, Matosinhos • Tlf: + 351 226 153 270 • Fax: + 351 226 100 861 • www.pbs.up.pt Pós-Graduação em Análise Financeira Tipo de curso: Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: Março de 2014 a dezembro de 2014 • Candidaturas: Até 21 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Dirigentes e quadros superiores da área financeira de empresas financeiras e não financeiras e a recém-licenciados que pretendam obter uma formação avançada em matérias relacionadas com a análise financeira e com a análise e gestão de risco, e que pretendam estar habilitados - mediante

o Certified European Financial Analyst - a exercer a sua atividade em qualquer país da União Europeia. • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais informações: +351 226 153 270 / pgaf@pbs.up.pt • Propina: 6.480 € Pós-Graduação em Gestão de Risco Empresarial e Auditoria Tipo de curso: Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: Janeiro de 2014 a dezembro de 2014 • Candidaturas: Até 24 de janeiro de 2014 • Destinatários: Todos aqueles que exerçam a sua atividade profissional nas áreas de Gestão de Risco, Auditoria Externa /Revisão de Contas, Auditoria Interna ou Auditoria da Fraude (Forensic) e que pretendam perceber adequadamente as melhores práticas internacionais na área da Gestão de Risco Empresarial. Quadros de nível intermédio ou superior que pretendam evoluir para uma das certificações profissionais internacionais citadas (CRMA, CIA ou CFE) e que encarem este programa de longa duração como um contributo relevante no âmbito da preparação que terão de concretizar subsequentemente. Todos aqueles que exerçam as suas funções em áreas próximas da Gestão de Risco ou Auditoria e que encarem esta área profissional como uma alternativa interessante de evolução de carreira profissional. • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais informações: +351 226 153 270 / pggrea@pbs.up.pt • Propina: 6.480 € Pós-Graduação em Gestão de Pessoas Tipo de curso: Especialização • Duração: 270 horas • Calendário: Janeiro de 2014 a dezembro de 2014 • Candidaturas: Até 24 de janeiro • Destinatários: Profissionais em gestão de recursos humanos, que pretendam atualizar e aprofundar os conhecimentos na área ou refletir sobre as suas práticas e intervenção organizacional. Qualquer profissional que ambicione adquirir conhecimentos e competências neste domínio, nomeadamente chefias superiores e intermédias. • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais informações: +351 226 153 270 / pggp@pbs.up.pt • Propina: 5.400 € Curso Geral de Gestão Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 225 horas • Calendário: 24 de fevereiro a 17 julho de 2014 (edição Lisboa) • Candidaturas: Até 17 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Quadros que tenham evidenciado capacidades para ocuparem, no médio prazo, lugares de chefia funcional ou plurifuncional. Os participantes terão normalmente formação universitária ou, na falta desta, uma longa experiência empresarial. Nível Recomendado: Quadros intermédios e juniores. • Vagas: 30 • Créditos: 32 ECTS • Mais informações: +351 226 153 270 / cgg@pbs.up.pt • Propina: 6.500 € Curso Geral de Gestão Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 225 horas • Calendário: 10 de março de 2014 a 10 julho de 2014 (edição Porto) • Candidaturas: Até 3 de março de 2014 • Destinatários: Quadros que tenham evidenciado capacidades para ocuparem, no médio prazo, lugares de chefia funcional ou plurifuncional. Os participantes terão normalmente formação universitária ou, na falta desta, uma longa experiência empresarial. Nível Recomendado: Quadros intermédios e juniores. • Vagas: 30 • Créditos: 32 ECTS • Mais informações:351 226 153 270 / cgg@pbs.up.pt • Propina: 6.500 €

Recuperação de Empresas Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 100 horas • Calendário: 26 de fevereiro a 9 de julho de 2014 • Candidaturas: Até 19 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Empresários, gestores, administradores e candidatos a administradores da insolvência (antigos gestores e liquidatários judiciais), revisores oficiais de contas, técnicos oficiais de contas e auditores que pretendam aprofundar conceitos nesta área e dominar a gestão do processo de insolvência. • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / re@pbs.up.pt • Propina: 3.000 € Execução Estratégica Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 32 horas • Calendário: 20 de março a 10 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 13 de março de 2014 • Destinatários: Destina-se a executivos de topo e quadros intermédios das várias organizações, incluindo as que atuam na esfera do Estado, permitindo-lhes reforçar as suas competências ao nível do pensamento estratégico, processos críticos de alta Direção, reengenharia e automatização de processos operacionais, liderança, entre outras. • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / ee@pbs.up.pt • Propina: 1.600 € Desenvolvimento Pessoal e Liderança Integral Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 16 horas letivas + 2 horas de coaching • Calendário: 1 e 8 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 24 de março de 2014 • Destinatários: Quadros superiores e intermédios motivados para o desenvolvimento de um Estilo de Liderança alicerçado no seu potencial e competências pessoais, mais adequado ao atual contexto de desafio e de mudança. Gestores que ambicionam encontrar um modelo de liderança em sintonia com as suas características pessoais, respeitando as competências-chave para o exercício de uma liderança integral. • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / dpli@pbs.up.pt • Propina: 1.400 € Conhecer os Clientes e Gerar Negócio Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 16 horas • Calendário: 24 e 25 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: Até 17 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Destina-se aos profissionais que gerem marcas, criam produtos e serviços e organizam estratégias de comunicação e publicidade. Tem relevância para todos os gestores de negócios que independentemente da dimensão da sua organização, ambicionam fundamentar a sua ação com base no conhecimento do funcionamento dos seus clientes-consumidores. • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / ccgn@ pbs.up.pt • Propina: 1.200 € Vendas: Equipas de Alta Performance Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 16 horas • Calendário: 14 e 15 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 7 de abril de 2014 • Destinatários: Gestores e quadros comerciais com atuais ou futuras responsabilidades na liderança de equipas, de canais ou regiões de vendas, conscientes da evolução dos mercados e da exigência do contexto, que se propõem melhorar a eficácia e os resultados da sua organização. • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / veap@pbs.up.pt • Propina: 1.100 €

Regimes e Procedimentos Aduaneiros Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 20 horas • Calendário: 10, 11, 17 e 18 de março de 2014 • Candidaturas: Até 3 de março de 2014 • Destinatários: Quadros chamados a tomar decisões em matéria de comércio internacional e à execução dessas decisões com elevados níveis de responsabilidade, excetuando, apenas, os responsáveis pela formulação da estratégia comercial propriamente dita (a quem se tornam necessárias outras competências, que o curso não privilegia). • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / crpa@ pbs.up.pt • Propina: 1.100 € Controlo de Gestão e Avaliação de Performance Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 40 horas • Calendário: 17 de março a 8 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 10 de março de 2014 • Destinatários: Responsáveis por unidades de negócios ou centros de responsabilidade. Atuais ou futuros responsáveis por departamentos de planeamento e controlo de gestão e responsáveis pela construção, execução e controlo de orçamentos. Responsáveis por áreas financeiras e de controlo de gestão ou todo o gestor operacional interessado em definir objetivos, monitorá-los e integrá-los num sistema mais amplo de incentivos. • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / cgap@pbs.up.pt • Propina: 1.600 € Finanças para Não Financeiros Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 60 horas • Calendário: 5 de março a 10 de abril de 2014 • Candidaturas: 26 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Pessoas que exercem funções de chefia em áreas funcionais distintas da área financeira; Pessoas que exercem uma função de direção-geral em empresas de menor dimensão, incluindo responsabilidade pela área financeira, não tendo formação nem experiência profissional em matéria financeira. • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / fnf@pbs.up.pt • Propina: 2.000 € Gestão de Compras Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 40 horas • Calendário: 10 a 25 de março de 2014 • Candidaturas: Até 3 de março de 2014 • Destinatários: Quadros com responsabilidades na direção da área de compras / aprovisionamento, gestores de categorias / compradores seniores / especialistas, e responsáveis funcionais de logística e operações que pretendem melhorar as suas competências nesta área, contribuindo com mais valor para as respetivas organizações. São ainda destinatários os quadros seniores e intermédios responsáveis por áreas funcionais da produção, comercial / marketing e qualidade, que pretendam compreender melhor o papel da gestão de compras na competitividade da sua organização. • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / cgc@pbs. up.pt • Propina: 1.600 € Gestão de Processos de Negócio - Alinhamento e Performance Organizacional Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 28 horas • Calendário: 31 de março a 16 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 24 de março de 2014 • Destinatários: Este curso foi desenhado para diretores de empresas e outras organizações, process owners e pivots, quadros médios de 29

é dirigido a gestores e a trabalhadores (de qualquer área), especialistas em comunicação, profissionais da psicologia, estudantes de psicologia (organizacional), técnicos em recursos humanos e professores em psicologia das organizações. • Vagas: 20 • Créditos: 0,6 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 100 € Gestão da Comunicação Organizacional Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 24 horas • Calendário: 18 de março a 11 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 15 de março de 2014 • Destinatários: O curso é dirigido a gestores e a trabalhadores (de qualquer área), especialistas em comunicação, profissionais da psicologia, estudantes de psicologia (organizacional), • Vagas: 20 • Mais informações:+351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 130 € Jogos Tecnológicos na Intervenção Emocional com Crianças e Jovens com Perturbações do Espectro do Autismo Tipo de curso: Formação contínua • Duração: 15 horas • Calendário: 1 e 8 de março de 2014 • Candidaturas: Até 27 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Educadores de Infância, Professores do Ensino Básico (1º, 2º e 3º ciclo) e ensino especial. • Vagas: 20 • Créditos: 0,6 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 100 € Comunicação e Emoções: Quando o Corpo se Expressa mais que as Palavras Tipo de curso: Formação livre • Duração: 15 horas • Calendário: 4 a 20 de março de 2014 • Candidaturas: Até 1 de março de 2014 • Destinatários: Estudantes em geral, profissionais de saúde e educação, prestadores de serviço ao cliente interno e externo, público em geral que se interesse pelo tema. • Vagas: 20 • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 100 € Coaching Financeiro Tipo de curso: Formação livre • Duração: 12 horas • Calendário: 29 de março a 05 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 27 de março de 2014 • Destinatários: Licenciados/as das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras que procuram formação complementar à sua Licenciatura na Universidade do Porto. Formação dirigida a quadros técnicos e a todos os profissionais que devido às suas funções necessitem desenvolver competências. • Vagas: 20 • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 50 €


áreas de organização e melhoria contínua, qualidade, auditoria / risco, planeamento e controlo de gestão, “oficina de projetos” / gestores de projeto, business partners e developers de sistemas de informação, agentes de mudança que se encontram ou que podem ser envolvidos num ambiente cada vez mais centrado em projectos que implicam agilidade organizacional e gestão da performance, e que necessitam de compreender, aplicar e gerir a transformação do funcionamento da empresa e a mudança dos processos para a eficaz capitalização do investimento e colaboração na construção das soluções sobre o conhecimento existente na organização • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / gpro@pbs.up.pt • Propina: 1.300 € Supply Chain Management Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 16 horas • Calendário: 26 de março e 2 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 19 de março de 2014 • Destinatários: Quadros responsáveis por áreas funcionais da Cadeia de Abastecimento, nomeadamente Logística, Operações, Compras, Planeamento ou Distribuição, que pretendam melhorar as suas competências nestas áreas, contribuindo para o melhor desempenho das respetivas organizações. São ainda destinatários quadros responsáveis por outras áreas funcionais, como a Comercial, Produção, Marketing ou outras, que pretendam compreender melhor o papel da gestão da Cadeia de Abastecimento na competitividade da sua organização. • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 153 270 / scman@pbs.up.pt • Propina: 1.100 € Smart Negotiation Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 8 horas • Calendário: 3 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 26 de março de 2014 • Destinatários: Quadros seniores, com funções que exijam negociações comerciais, laborais, de tecnologia • Vagas: 20 • Mais informações: +351 226 153 270 / sneg@pbs.up.pt • Propina: Inscrições confirmadas até 6 de março de 2014: 600 €; Inscrições posteriores a 6 de março de 2013: 1000,00 €

FORMAÇÃO

PÓS-GRADUADA DA UNIVERSIDADE DO PORTO COM CANDIDATURAS ATÉ MARÇO DE 2014

Atenção Os valores das propinas são referentes a 2013/2014.

Faculdade de Ciências (FCUP)

Rua do Campo Alegre, s/n • 4169-007 PORTO • Tlf: +351 220 402 000 • Fax: +351 220 402 009 • http://www.fc.up.pt 3.º ciclo (Doutoramento) Arquitectura Paisagista Duração: 6 semestres • Candidaturas: Candidaturas abertas em permanência • Vagas: 5 (à data da recolha da informação) Horário: Sem informação • Créditos: 180 • Mais informações: Profª. Doutora Maria Teresa Lencastre de Melo Breiner Andresen | e-mail: mlandres@fc.up.pt / pos.graduacao@fc.up.pt | telefone: +351 220402734 / +351 220402030/31/32/33/23 • Propina: 2750€ 3.º ciclo (Doutoramento) Astronomia Duração: 6 semestres • Candidaturas: Candidaturas abertas em permanência • Vagas: 3 (à data da recolha da informação) Horário: Sem informação • Créditos: 180 • Mais informações: Prof. Doutor Mário João Monteiro| e-mail: mario.monteiro@fc.up.pt / pos.graduacao@fc.up. pt | telefone: +351 22 608 98 57 / +351 220402030/31/32/33/23 • Propina: 2750€ 3.º ciclo (Doutoramento) Biodiversidade, Genética e Evolução Faculdade(s)/ Universidade(s) em colaboração: FCUP + FC-U.Lisboa • Duração: 8 semestres • Candidaturas 2ª fase: Candidaturas abertas em permanência (para a 2ª fase serão avaliadas as candidaturas recebidas até 17 de janeiro de 2014) • Vagas 2ª fase: 14 (à data da recolha da informação) • Horário: Sem informação • Créditos: 240 • Mais informações: Prof. Doutor Paulo Alexandrino| e-mail: pbalexan@fc.up.pt / pos.graduacao@fc.up. pt | telefone: +351 220402811 / +351 220402030/31/32/33/23 • Propina: 2750€

What Leaders Need to Know Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 8 horas • Calendário: 26 de fevereiro de 2014 • Candidaturas: Até 18 de fevereiro de 2014 • Destinatários: Orientado para todos os executivos que tenham interesse em perceber e aplicar as atuais técnicas de liderança nas suas organizações, tendo como interesse o cumprimento dos seus objetivos estratégicos. • Vagas: 20 • Mais informações: +351 226 153 270 / wlnk@ pbs.up.pt • Propina: Inscrições confirmadas até 29 de janeiro de 2014: 600 €; Inscrições posteriores a 29 de janeiro de 2014: 1000,00 € The Strategic and Organizational Consequences of Global Transformation Tipo de curso: Formação Contínua • Duração: 8 horas • Calendário: 22 de abril de 2014 • Candidaturas: Até 14 de abril 2014 • Destinatários: Orientado para quadros executivos envolvidos em operações de expansão e gestão a nível internacional. • Vagas: 20 • Mais informações: +351 226 153 270 / socgt@pbs.up.pt • Propina: Inscrições confirmadas Até 25 de março de 2014: 600 €; Inscrições posteriores a 25 de março de 2014: 1000,00 €

3.º ciclo (Doutoramento) Biologia Duração: 6 semestres • Candidaturas: Candidaturas abertas em permanência • Vagas: 50 (à data da recolha da informação) • Horário: Sem informação • Créditos: 180 • Mais informações: Prof. Doutor Manuel Fernandes Ferreira | e-mail: manuel. ferreira@fc.up.pt / pos.graduacao@fc.up. pt | telefone: +351 220402744 / +351 220402030/31/32/33/23 • Propina: 2750€

30

3.º ciclo (Doutoramento) Biologia de Plantas (MAP) Faculdade(s)/ Universidade(s) em colaboração: FCUP + FEUP + U.Aveiro + U.Minho • Duração: 8 semestres • Candidaturas

1ª fase: 01 de novembro de 2013 a 28 de fevereiro de 2014 • Vagas 1ª fase: 15 Horário: Sem informação • Créditos: 240 • Mais informações: Fátima Costa (U.Minho)| e-mail: fatima.costa@ecum.uminho.pt| telefone: +351 25 360 43 97 • Propina: 2750€ 3.º ciclo (Doutoramento) Ciência de Computadores Faculdade(s)/ Universidade(s) em colaboração: FCUP + U.Aveiro + U.Minho • Duração: 6 semestres • Candidaturas 2ª fase: 24 de fevereiro a 14 de março de 2014 • Vagas 1ª fase: 30 • Vagas 2ª fase: Sobrantes 1.ª fase • Horário: Sem informação • Créditos: 180 • Mais informações: Profª. Doutora Sabine Broda| e-mail: sbb@ dcc.fc.up.pt / pos.graduacao@fc.up. pt | telefone: +351 220402912 / +351 220402030/31/32/33/23 • Propina: 2750€

3.º ciclo (Doutoramento) Ciências Agrárias • Duração: 6 semestres • Candidaturas: Candidaturas abertas em permanência • Vagas: 8 (à data da recolha da informação) Horário: Sem informação • Créditos: 180 • Mais informações: Profª. Doutora Maria Eugénia dos Santos Nunes | e-mail: enunes@fc.up.pt / pos.graduacao@fc.up.pt | telefone: +351 220402030/31/32/33/23 • Propina: 2750€ 3.º ciclo (Doutoramento) Ciências e Tecnologia do Ambiente Duração: 6 semestres • Candidaturas: Candidaturas abertas em permanência • Vagas: 6 (à data da recolha da informação) Horário: Sem informação • Créditos: 180 • Mais informações: Profª. Doutora Deolinda Flores| e-mail: dflores@fc.up.pt / pos.graduacao@fc.up.pt | telefone: +351 22 040 24 68 / +351 220402030/31/32/33/23 • Propina: 2750€ 3.º ciclo (Doutoramento) Engenharia Geográfica Duração: 6 semestres • Candidaturas: Candidaturas abertas em permanência • Vagas: 6 (à data da recolha da informação) Horário: Sem informação • Créditos: 180 • Mais informações: Profª. Doutora Joana Fernandes| e-mail: mjfernan@ fc.up.pt / pos.graduacao@fc.up.pt | telefone: +351 22 040 24 52 / +351 220402030/31/32/33/23 • Propina: 2750€ 3.º ciclo (Doutoramento) Química Duração: 6 semestres • Candidaturas: Candidaturas abertas em permanência • Vagas: 30 (à data da recolha da informação) • Horário: Sem informação • Créditos: 180 • Mais informações: Profª. Doutora Maria João Ribeiro Nunes Ramos | e-mail: mjramos@fc.up.pt / pos.graduacao@fc.up. pt | telefone: +351 220402506 / +351 220402030/31/32/33/23 • Propina: 2750€

Faculdade de Farmácia (FFUP)

Rua de Jorge Viterbo Ferreira, 228 • 4050313 Porto • Tlf: +351 220 428 537 • Fax: +351 226 093 390 • http://www.ff.up.pt 3.º ciclo (Doutoramento) Ciências Farmacêuticas Duração: 8 semestres • Candidaturas 3ª fase: 14 de janeiro a 14 de fevereiro de 2014 • Vagas 3ª fase: 26 Horário: Sem informação • Créditos: 240 • Mais informações: SGAE| e-mail: expediente@ff.up.pt| telefone: +351 22 042 85 36 • Propina: 2750€

Inquérito ao Leitor Edição digital da UPorto Alumni A evolução das tecnologias de informação e comunicação teve forte impacto quer nas formas de produção e edição dos media tradicionais, quer nos próprios hábitos de consumo informativo. Hoje, são já muitos os que preferem consumir os conteúdos noticiosos nos computadores pessoais, smartphones, tablets e demais dispositivos móveis. Consciente desta realidade, a revista UPorto Alumni renova neste número a sua edição digital, passando não só a transpor, de forma atrativa e ergonómica, os conteúdos publicados em papel para um suporte online como a complementar esses mesmos conteúdos com aplicações multimédia (vídeos, fotos, áudio, animações, etc.). Em face disto, gostaríamos de saber se deseja passar a receber a revista UPorto Alumni exclusivamente por correio eletrónico e na sua versão digital, deixando assim de constar da nossa lista de envios por via postal. Caso pretenda aderir a esta modalidade, que implica a suspensão do envio da re vista em papel, queira, por favor, dar-nos conta desta sua intenção acedendo à página www.up.pt/alumni e preenchendo o pequeno formulário que aí se encontra. Se quiser deixar de receber a revista em qualquer dos formatos, também o poderá aí indicar, ou então escrevendo para: UPorto Alumni Universidade do Porto Praça de Gomes Teixeira, 4099-002 Porto


MONTRA DE LIVROS

CULTURA CIENTÍFICA EM PORTUGAL – UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA LUÍS MIGUEL BERNARDO U.PORTO EDITORIAL

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A REAL ESCOLA E A ESCOLA MÉDICO-CIRÚRGICA DO PORTO – CONTRIBUTO PARA A HISTÓRIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

A. J. FERREIRA DA SILVA – NOS CAMINHOS DA QUÍMICA JORGE FERNANDES ALVES E RITA C. ALVES U.PORTO EDITORIAL

AMÉLIA RICON FERRAZ U.PORTO EDITORIAL

Um relato histórico dos primórdios do estudo médico-cirúrgico no Porto que permite conhecer melhor a história da Real Escola e da Escola Médico Cirúrgica, que antecederam a Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP). Uma viagem ao passado que nos leva desde o início do século XIX até ao nascimento da FMUP. Da evolução dos estudos cirúrgicos e médico-cirúrgicos portuenses às lutas da Escola Médica do Porto pelo reconhecimento superior da habilitação dos seus estudantes e do seu direito ao exercício da Medicina são vários os episódios condensados pela autora nesta obra. O livro é ainda enriquecido com uma vasta seleção de imagens de instrumentos anatómicos, cirúrgicos, laboratoriais e de diagnóstico médico que testemunham o progresso científico, tecnológico e técnico nas duas escolas do Porto e integram, na sua maioria, o espólio do Museu de História da Medicina Maximiano Lemos da FMUP, cuja organização é da responsabilidade da autora. Amélia Ricon Ferraz é professora e investigadora em História da Medicina e da Museologia Médica na FMUP. É diretora do Museu de História da Medicina Maximiano Lemos daquela faculdade.

Jorge Fernandes Alves e Rita C. Alves descrevem, nesta obra, o percurso biográfico e científico de uma das figuras maiores da Química em Portugal, António Joaquim Ferreira da Silva (18531923). O livro conta a história da vida de Ferreira da Silva, enquadrando-a no contexto sociopolítico dos séculos XIX-XX e na evolução da Química em Portugal. Ferreira da Silva nasceu em 1853 e foi diretor da Faculdade de Ciências da U.Porto e vice-reitor da Universidade. Para além disso, fundou e dirigiu o Laboratório Químico Municipal do Porto (1884-1907) e prestou serviços laboratoriais especializados junto do grande público, contribuindo para a popularização da Química. Ao longo da sua vida, notabilizou-se sempre pela dedicação à química laboratorial, apresentando algumas propostas ino­vadoras com repercussão internacional, nomeadamente nas áreas alimentar e toxicológica. Destacou-se ainda no campo didático, através da edição de manuais de química que ensinaram várias gerações. Jorge Fernandes Alves é licenciado e doutorado em História. Professor Catedrático na Faculdade de Letras da U.Porto e investigador do CITCEM — Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço, Memória. Investigação e publicações na área da História Contemporânea. Já Rita C. Alves é licenciada e doutorada em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da U.Porto. Investigadora de pós-doutoramento no REQUIMTE, com várias investigações e publicações na área de Nutrição e Química Alimentar.

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No século XVIII, algumas elites começaram a defender o estabelecimento pleno da ciência em Portugal num movimento que se prolongou até aos dias de hoje. É com base nesse ponto embrionário que Luís Miguel Bernardo começa a desvelar a cultura científica em Portugal. Numa perspetiva histórica e em contexto internacional, este livro descreve o estado da cultura científica portuguesa desde o aparecimento da ciência moderna até aos nossos dias. Esta obra é também a prova de que o país não valorizou inicialmente a ciência, nem reconheceu a sua importância para os valores culturais. Segundo o autor, os portugueses só re­centemente terão compreendido a importância da atividade científica para o progresso nacional. A leitura deste livro revela que a ciência é um meio importante de transforma­ção social e um alicerce indispensável da nossa civilização. Luís Miguel Bernardo é professor catedrático aposentado do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da U.Porto. Licenciado em Engenharia Eletrotécnica pela Faculdade de Engenharia da mesma universidade, obteve o mestrado e o dou­toramento em Física na Universidade Estatal de Virgínia, nos EUA. Regressado a Portugal, realizou trabalhos de investigação em ótica física, tendo-se dedicado nos últimos anos à história da ciência e à divulgação científica. Presentemente exerce o cargo de diretor do Museu de Ciência da U.Porto.


“Uma universidade tem a obrigação de ajudar a pensar”


Na apresentação do seu primeiro romance, “Ara” (Sextante Editora, 2013), Isabel Pires de Lima disse tratar-se da obra de uma “poeta numa missão para se tornar ficcionista”. Concorda com esta afirmação? Com a ideia de missão, seguramente não concordarei. Não tenho exatamente uma missão. Eu sei o que a Isabel quer dizer. Quando fala em missão, no fundo quer dizer um gesto de paixão. A tentativa de perseguir uma ideia, de perseguir uma obsessão. Nesse sentido, eu tentei espalhar a palavra, entre aspas, do romance. Mas não é do romance tal como ele normalmente se exibe. Como podemos, então, definir este seu último livro? Não é um romance no sentido estereotipado ou tradicional do termo. O modernismo já fez isto. Virginia Woolf, em “Ondas”, por exemplo, já exercita a ausência de personagens, insistindo nas vozes. E, no caso português, o Nuno Bragança [com] “A noite e o riso”. Se penso em Woolf e em [James] Joyce, por exemplo, a questão dos géneros [literários] estáticos ou estanques deixa de se colocar. Houve uma vontade consciente da sua parte de explorar as possibilidades do romance enquanto género literário? Quando compus o livro, sim. Quando o escrevi, não. Porque são coisas diferentes. Não pensei assim:

Fotos: Egídio Santos

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“Um poema pode ajudar a ser melhor pessoa”. São iluminações como esta que nos traz no voo das palavras, súbitos relampejos com que a sua voz, ao mesmo tempo atroante e melíflua, compassa a entrevista. Mas o júbilo poético não dissimula a contundência na crítica à desumanização da sociedade e ao funcionamento do sistema académico, que, em sua opinião, desvaloriza as Humanidades. Porque “são vistas como aquilo que não é necessário”, acusa. Um contrassenso, considerando que “uma universidade tem a obrigação de ajudar a pensar”. Nascida em Lisboa em 1956, mas a residir desde os nove anos em Leça da Palmeira, Ana Luísa Amaral é uma das autoras mais importantes da literatura portuguesa atual, com obras de poesia (traduzidas para várias línguas), teatro, literatura infantil e agora romance, “Ara”. A atividade literária convive com a docência e a investigação na FLUP, onde se licenciou em Filologia Germânica e se doutorou em Literatura Norte-Americana (tese sobre Emily Dickinson). As suas áreas de estudo preferenciais são as Poéticas Comparadas, os Estudos Feministas e a Teoria Queer.

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“Agora vou escrever algo em fragmentos”. Escrevi e pronto. E depois de ter tudo escrito, eliminei umas coisas, revi outras e tentei dar-lhe a minha organização – as minhas consonâncias dentro daquilo que eu sabia ser completamente dissonante. Eu não sabia muito bem o que isto era… Via isto [o livro] um bocadinho desviado daquilo que se vê. Isto poesia seguramente não é. Mas também tem poemas e até tem, por vezes, uma certa cadência decassilábica. Também tem capítulos que até podiam ser considerados pequenos contos. Mas não são contos também. E quando eu disse, “não sei o que isto é”, a Maria Velho da Costa disse-me: “Isto é muito bom e é um romance”. E, pronto, ficou um romance.

O que é que a levou a escrever neste formato? Já tinha esta ideia de romance na cabeça? Não, não tinha. O que me levou a escrever neste formato é aquilo que sempre me tem levado: uma paixão imensa, tremenda, que eu tenho pela palavra em todas as suas formas. Acho que a questão das vozes sempre esteve na [minha] poesia. [Mas] não escrevi estes textos nesta cronologia em que estão. O que eu tentei foi que, de vez em quando, aparecessem nós, pontos, pequenas iluminações que iam surgindo ao longo dos textos, como, por exemplo, a palavra “japoneiras”.

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RICARDO MIGUEL GOMES

[literatura] porque amo a poesia, porque amo a palavra. Era Clarice Lispector que dizia isto. Amar a palavra

O que é que foi transposto da sua poesia para o romance? Tudo. A minha poesia está aqui [em “Ara”], porque eu estou aqui. Eu sou também a minha poesia. Acho que isto já estava anunciado como prosa, na minha cabeça. Tudo se preparou para a “Ara”. Depois de uma peça, “[Próspero morreu,] Poema em acto”, depois de “Vozes” – que tem que tudo: sonetos, passando por verso livre, pela redondilha, pelo glosar do trovadorismo, – a ficção… Está aqui tudo. Inclusivamente, há excertozinhos que vêm do livro “Entre dois rios e outras noites”; há um texto, “Discrepâncias (a duas vozes)”, que já estava em “Se fosse um intervalo”. Devo dizer que este livro tinha cerca de 180 páginas e depois passou para 80. Cortei uma peça que tinha cá dentro. Disse numa entrevista que só publicou tardiamente, aos 33 anos, porque tinha “medo de perder uma certa inocência com a palavra”? Agora que se aventurou no romance, esse medo não sobreveio? Sobreveio muitíssimo. Sendo um outro registo, eu também tinha medo de a perder [a inocência], porque ela existia escondida e [só] mostrada a algumas pessoas. É claro que [o medo] foi menor do que em 1990, quando publiquei “Minha senhora de quê” [a sua obra inaugural]. E, por outro lado, o medo da exposição. Não sabia bem se as pessoas iam gostar… Quando o livro é lido e, portanto, reescrito por outros olhos é uma incógnita. Não sei se esses olhos vão olhar para ali da mesma maneira [que eu]… As pessoas dizem que não se importam com as críticas, mas não é verdade. Porque, para todos os efeitos, é o nosso trabalho, não sendo a nossa profissão. A minha profissão é outra: sou professora. Sou amadora nisto

“Ara” é um romance exigente, que estabelece, como disse também Isabel Pires de Lima, um “pacto com o leitor”. Havia essa intenção? Há sempre a consciência da existência dos leitores, que respeito profundamente. Mas isso não significa que escreva a pensar se os leitores vão gostar, se os leitores vão aprovar… Porque, então, seria escrever de acordo com aquilo que se sabe ser o gosto do tempo. E isso é muito complicado e perigoso. O “pacto com o leitor” é com o leitor virtual, que em última análise sou eu mesma. Eu leio-me também. E sei, quando escrevo um poema, se o poema me satisfaz ou não. Isto não significa que, quando ponho um livro cá fora, saiba de antemão que as pessoas vão gostar. “Não sabia bem se as pessoas iam gostar… Quando o livro é lido e, portanto, reescrito por outros olhos é uma incógnita. Não sei se esses olhos vão olhar para ali da mesma maneira [que eu]… “

Este romance, tal como a sua poesia, tem muitos elementos da sua vida. Podemos dizer que é um romance biográfico ou essa leitura é excessiva? A literatura – mais a poesia, porque toca de forma mais aguda o inconsciente – é sempre biográfica: faz parte da vida de quem a escreve. Depois tem, naturalmente, filtros, senão era só um grito de alma. Não é autobiográfico este romance. É biográfico como os meus poemas são biográficos, como eu acho que grande parte da poesia é. O que ficou da vida nos poemas são rastos. É sempre isso que fica nos poemas ou no romance. São rastos que ligam à vida.

O romance tem como núcleo central uma história de amor entre mulheres, o que não é muito comum na literatura portuguesa. Houve a intenção de abordar especificamente o amor sáfico ou foi apenas um pretexto literário para tratar o amor universal? A mensagem central do livro é: ”Vergonha é não amar”. Eu entendo que o amor é o amor. O tratamento do amor entre mulheres é um gesto poético, mas é também um gesto político. Não há razão nenhuma que justifique que as pessoas [homossexuais] sejam discriminadas, que sejam olhadas como anormais ou como incapazes. Ao mesmo tempo, o mundo está a passar por estas políticas neoliberais, em que meia dúzia de pessoas detêm todo o poder. Nós estamos a viver uma guerra contra as pessoas. Isso é que é uma vergonha. No fundo, foi isso que eu quis dizer: amar nunca é uma vergonha. Amar é amar. Não vejo razão nenhuma para que isto [questão da sexualidade] seja colocado abaixo da questão da classe, abaixo da questão da raça, porque atravessa tudo.


Neste seu romance há também muita crítica social. No atual contexto do país e do mundo, os escritores ainda podem eximir-se à intervenção política, quer através das suas atividades públicas, quer através das próprias obras? Acho que [a intervenção política] é uma obrigação, um dever quase, numa Europa que eu temo muito que entre novamente numa guerra. Guerra económica já temos. Guerra social já temos… E mais: insistir nesta questão do amor. O meu pai, que era um homem de direita, disse-me uma coisa lindíssima quando eu estava a aprender a conduzir (naquela altura, podíamos ter lições com um encartado ao lado): “Minha querida filha, num stop deixa sempre passar um. Se se deixar passar um, o trânsito flui”. Isto é uma coisa que pode até parecer banal, mas não é. É uma grande lição de vida, porque, se todos deixarmos passar um carro, de facto o trânsito flui. Mas não é só isso que acontece. As hipóteses que a pessoa que [se] deixou passar repita esse gesto são muito mais altas. [Gera-se] uma cadeia de bondade. Acho que é importante também, ao denunciarmos, acreditarmos que o ser humano é maravilhoso. Eu acredito. [Porém], a poesia não tem que ser como a pensou o neorrealismo. Não tem que ser comprometida, falando direta e explicitamente daquilo que está a acontecer. Mas a própria poesia lírica pode ser um gesto de resistência àquilo por que estamos a passar.

“Acho que [a intervenção política] é uma obrigação, um dever quase, numa Europa que eu temo muito que entre novamente numa guerra. “

dade. Sem agenda. Mas é um espaço muito ameaçador para o status quo, porque o dominante quer as coisas muito certinhas, muito bem encaixadas. Uma palavra recorrente no seu romance é “dissonância”. A dissonância está muito presente na sua vida e na sua obra literária? Acho que a dissonância é uma outra forma para dizer uma palavra que aparece muito na minha poesia: avesso. Avesso não é o contrário. É aquilo que não está exatamente acertado, compassado, equilibrado… É o dissonante, justamente. “Ficar de noite no avesso das coisas” [in “Se fosse um intervalo”]. A ideia da solidão das coisas. A consciência de que, em última análise, nós

estamos sempre sós. Nascemos sós e morremos sós. A morte é uma coisa que me persegue, me assusta, me aterroriza… Estar do avesso está presente na minha obra e na minha vida também, porque eu estou sempre um bocadinho ao lado. Não sou muito consonante, não me considero uma pessoa muito de acordo. Há um lado meu rebelde, transgressor, subversivo… Sempre houve. Sim, eu não gosto de estar no redil. Nunca gostei. Obedece a algum método na sua escrita? É um processo racional ou surge de um momento de iluminação? Não, não tenho [método de escrita]. O [William Butler] Yeats tinha horário de trabalho. Eu não tenho horário de trabalho, até porque o meu trabalho é a Faculdade. Não me sento [a pensar]: “Agora vou escrever”… Tenho a sorte de ser visitada pelo poema. E, felizmente, tenho tido muitas visitas. Às vezes, não fico nada à espera [de ser visitada pelo poema] e aparece-me uma imagem. Vou-lhe dar um exemplo. Eu estava a fazer o “Dicionário da Crítica Feminista”, com a Ana Gabriela Macedo, e uma vez o Paulo [Eduardo Carvalho], na varanda da minha casa (estava muito vento), disse-me assim: “Vocês não têm a palavra silêncio no dicionário? Num dicionário de crítica feminista, silêncio é uma palavra fundamental”. E eu disse: ”Ai, Paulo, mas é tão difícil. Não queres fazer o silêncio comigo?”. O que eu queria dizer era: “Não queres fazer a entrada para silêncio comigo”. E, de repente, [eu] disse-lhe assim: “Isto dava um poema”. E saiu um poema, que começa: “Não queres fazer o silêncio comigo? / Sobressalta-se um pouco uma varanda / e acrescenta-se: vento”. Portanto, [o poema] pode aparecer assim.

Qual é a sua matéria-prima principal enquanto poeta: a razão ou as emoções? As duas coisas. Não posso separar [as duas coisas]. “O que em mim sente está pensando”, dizia o outro [Fernando Pessoa]. Depois, [António] Damásio provou, neurologicamente, que nós não conseguimos pensar sem emoção. As feministas já andam a dizer isto há muito tempo: essa coisa cartesiana das emoções para um lado e da razão para o outro é um disparate muito grande. O que me inspira – assumo a palavra “inspira”, não me importo (risos) – é a vida. Tudo pode ser objeto de poesia. Uma cebola pode ser tão poetável como o amor.

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“Visitada” pelos poemas

Numa altura em que as pessoas têm dificuldade em suprir as necessidades mais básicas, que espaço há para a poesia e para a cultura em geral nas sociedades atuais? É um luxo ou será, pelo contrário, uma necessidade básica? Não é um luxo. Acho que é uma necessidade básica. O papel da arte pode ser não só o de preservar memórias, que é uma coisa fundamental, mas também [o de] acarinhar algo de que precisamos muito nesta altura de crise, que é a beleza. De facto, as coisas à nossa volta estão tão feias, há tanta descrença, tanta desconfiança, tanta crueldade institucional – falo, obviamente, das instâncias de poder –, tanta injustiça, que nós precisamos disso [da beleza]. Necessitamos de um antidoto qualquer contra isto. A literatura pode ser uma parte deste antidoto. Pode ser, e deve ser, um espaço de liber-


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Devedora de qualquer literatura

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De que forma é que a experiência de mais de 30 anos de ensino e investigação na Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) se reflete na sua obra literária? Ui, deu-me tanto, tanto [o ensino na FLUP]… Pontualmente, tem-me dado poemas, por exemplo. Eu tenho, em “Coisas de partir”, um poema que se chama “Reais Ausências”. “Não há rainhas, não. / Quando se fala em mitos, é sempre Artur / ou D. Sebastião…”. Depois: “Até Henrique VIII com muito mais élan do / que Isabel: mandou cortar cabeças como couves / e expandiu albiónico quintal”. É um poema jocoso, feminista. Eu nunca teria escrito este poema, se não me tivesse sido dito para dar Cultura Inglesa. [Mas] não sinto lealdade para com literatura nenhuma. Posso ser devedora de qualquer literatura. Sou leal à ideia de literatura, e não só à literatura portuguesa. Maravilha-me “Um não sei quê, que nasce não sei onde; / Vem não sei como; e dói não sei porquê” [Luís Vaz de Camões]. Mas também, por exemplo, “Macbeth”, de William Shakespeare: “Life’s but a walking shadow”. Mas também [William] Blake, esse tigre “burning bright / In the forests of the night”. Mas também Emily Dickinson, a dizer “That Love is all there is, / Is all we know of Love”. Tudo isto me maravilha, me espanta.

Recentemente, lamentou a dificuldade de compatibilizar o ensino, a investigação e a relação com a comunidade. Porque é que surgem estas dificuldades e como podem ser ultrapassadas? Cada vez mais, nós nos deparamos com burocracia. Não há professor nenhum com quem fale, na U.Porto, que não se queixe disto: não tem tempo para fazer investigação. Então no caso das Humanidades… que estão a ser tão maltratadas, porque não dão lucro. O tempo dos professores tem vindo a ser exaurido por tarefas que têm muito pouco a ver com eles, porque nós não fomos treinados para ser burocratas. Todos os centros de investigação têm de concorrer com projetos… É diabólico! “O tempo dos professores tem vindo a ser exaurido por tarefas que têm muito pouco a ver com eles, porque nós não fomos treinados para ser burocratas. “

O formulário [da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia] é absolutamente diabólico. Estamos há não sei quantas reuniões para preencher aquele formulário! Tudo se está a sujeitar a esta ideia de indicadores, de números, de rentabilização. Que seleção é que estamos a fazer, por exemplo, para que as pessoas entrem nos mestrados ou nos doutoramentos? A seleção que fazemos tem muito a ver com a capacidade que as pessoas têm de suportar [financeiramente], ou não, o mestrado ou o doutoramento. A forma como a avaliação é feita nas universidades é meramente quantitativa. Isto provoca a ideia de competitividade: quantos mais

artigos [científicos] tiver, melhor. Se tiver cinco, fica à frente daquele só tem um, ainda que esse [artigo] seja absolutamente extraordinário. O que é que se privilegia realmente? É o número, em vez de ser a dedicação, a originalidade, a criatividade, a capacidade de comunicação… Acha que o sistema académico português tende a privilegiar as áreas tecnológicas e as ciências exatas em detrimento das Humanidades? Claro, as Humanidades são completamente desvalorizadas pelo sistema, porque são vistas como aquilo que não é necessário. [Ora] as Humanidades são absolutamente fundamentais. A Filosofia não dá dinheiro mas ajuda-nos a pensar, a ser melhores pessoas. Acredito profundamente nisto. Um poema pode ajudar a ser melhor pessoa. A sociedade inclusiva é uma das coisas dos formulários da FCT. Mas que sociedade inclusiva? De que inclusão falamos quando as Humanidades estão a ser excluídas? Não desvalorizo, pelo contrário, as chamadas ciências “duras”. Mas porque é que o pensamento em si – a capacidade de estabelecer ligações e de, a partir dessas ligações, inventar, especular, pensar o mundo,

pensar-me a mim e aos outros no mundo – há de ser desvalorizado? As próprias artes… para que é que servem? Servem porque o belo é fundamental. O ser humano vive do simbólico. Se eu retirar ao ser humano o simbólico, o que é que nós somos? Transformamo-nos em quê? Acho que há, escondida talvez, uma espécie de agenda à qual interessa, realmente, que isto aconteça, porque é muito mais fácil dominar povos incultos. É tão conveniente ter povos que não pensem. Se as pessoas não pensarem, são mais manobráveis. E uma universidade tem a obrigação de ajudar a pensar.

Na sua atividade docente e de investigadora tem dedicado muita atenção aos Estudos Feministas. De que é que falamos quando falamos de Estudos Feministas? O feminismo, para mim, não é as mulheres a queimarem sutiãs, não é as mulheres a odiarem os homens… É tão-só uma questão de direitos humanos.


“O feminino é um estereótipo”

Mas, em concreto, quais são as matérias da sua cadeira Dos Estudos Feministas à Teoria Queer? Na minha cadeira dou a evolução dos movimentos [feministas] e depois dou textos de referência, teóricos e também literários. Uso as “Novas Cartas Portuguesas” [de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa] como texto aglutinador quer dos Estudos Feministas, quer da Teoria Queer, que emerge nos anos 90 e trabalha a questão das identidades. Eu tento aplicar isto [a obra] quer às identidades sexuais, quer às próprias identidades do género literário. As “Novas Cartas Portuguesas” [Ana Luísa Amaral coordena o projeto “Novas Cartas Portuguesas 40 Anos Depois”, envolvendo 13 equipas internacionais e mais de 15 países, e foi responsável pelas anotações da reedição da obra, em 2010] não são nada e são tudo ao mesmo tempo.

““Este corpo é de homem ou de mulher?”. E quase toda a gente me diz que é um corpo de mulher, porque é doce, é suave… E, de facto, é um corpo de homem. “

Nós habituámo-nos a estes campos semânticos, a estes sentidos dados ao feminino e ao masculino. Não sei se as mulheres, por uma questão cultural, histórica e social, não privilegiam certas temáticas. Mas não sei se isso tem a ver com o corpo, com o biológico. E não tenho maneira de saber, porque o histórico, o cultural e o social ainda é um espaço de desigualdades. Como não foi erradicada essa parte, não tenho maneira de ver se, tal como algumas feministas francesas defendem, as mulheres, por causa dos ritmos corporais, dos ciclos, de poderem dar à luz, têm em relação ao mundo um olhar diferente. Não sei se têm, sinceramente.

Os estudos feministas são devidamente valorizados quer pela Academia, quer pela sociedade em geral? Não tanto quanto deveriam. Há países onde já não se fala em estudos feministas: está um bocadinho ultrapassado… Embora eu também não dê só estudos feministas; dou gender studies (estudos de género), porque no fundo os homens são também vítimas. Para a geração do meu pai, por exemplo, pegar numa criança era uma vergonha para um homem. Efeminava-o, digamos assim. Isso era uma perda para o homem.

De alguma forma, os Estudos Feministas ajudam a quebrar estereótipos masculinos? Ai, eu espero bem que sim! Aquele feminismo que me interessa, sim, ajuda a quebrar estereótipos e nele os homens são também vítimas. Mas porque é que um homem não chora? A construção da masculinidade é uma questão que me interessa também, porque afeta todos os seres humanos. Somos todos diferentes uns dos outros, homens e mulheres. Já dizia o António Gedeão, “não há, não, / duas folhas iguais em toda a criação”. E é verdade. Isso é maravilhoso.

Disse-me que os estudos feministas não eram devidamente valorizados, mas eles têm grande procura por parte dos estudantes da FLUP… Têm, têm. Nesta cadeira, que é de opção, tenho 51 alunos inscritos. Os estudantes, tal como nós, desejam a justiça. “Mas porque é que um homem não chora? A construção da masculinidade é uma questão que me interessa também, porque afeta todos os seres humanos.”

Justiça no que respeita ao direito à diferença? Na defesa do direito às diferenças, nem sequer é à diferença, e na erradicação das discriminações. Acho que as pessoas são muito sensíveis a isto. Acontece, por exemplo, ter um ou outro aluno que vem um bocadinho de pé atrás. Isto aconteceu-me duas ou três vezes, e o que é engraçado é que, depois, as pessoas ficam convencidas. Quando eu falava há bocadinho da obrigação de cidadania [dos escritores], esse dever não tem que ser feito nos jornais. Pode também ser feito em sala de aula. Eu posso fazer isso como professora.

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Tomara eu que não fosse necessário dar Estudos Feministas. O problema é que eu acho que é fundamental, enquanto no planeta continuar a haver mulheres que são queimadas vivas, apedrejadas até à morte por adultério, crianças do sexo feminino a quem é cortado o clitóris… E enquanto aqui, em Portugal, a violência doméstica continuar a aumentar. Quantas mulheres são mortas, mortas (!), por pancada dos maridos!? Enquanto isto acontecer, eu acho que é necessário trabalhar em Estudos Feministas.

A velha questão da existência de um “feminino” e de um “masculino” na literatura tem algum sentido? Há uma escrita feminina, enquanto identidade social e literária, ou tão-só mulheres que escrevem? Eu discuto muito isso nas minhas aulas e não cheguei a conclusão nenhuma. Há alturas em que acho que sim, [mas] a maior parte das vezes acho que não. O feminino é um estereótipo, sempre. Já [Simone de] Beauvoir dizia: “Ninguém nasce mulher; torna-se mulher”. Costumo dar o texto “O Corpo”, das “Novas Cartas Portuguesas”: “Ali estava o seu corpo adormecido…”. O corpo é descrito como algo muito suave, etéreo. E eu pergunto: “Este corpo é de homem ou de mulher?”. E quase toda a gente me diz que é um corpo de mulher, porque é doce, é suave… E, de facto, é um corpo de homem.


CULTURA

Foi nos jardins dos jotas, das suculentas (catos), dos xistos, do peixe e do rapaz de bronze que Sophia de Mello Breyner Andresen partiu à descoberta. Árvores, rosas, folhas e fadas, outros gestos nasceram-lhe dos dedos das mãos. Trouxeram admiráveis mundos novos. Como aconteceu com os portugueses do século XV, obreiros dos Descobrimentos. E se fôssemos ter com as árvores para ilustrar as palavras de Sophia? E depois fizéssemos

O vermelho das rosas transbordava Alucinado cada ser subia Num tumulto em que tudo germinava (…) Mas cada gesto em ti se quebrou, denso Dum gesto mais profundo em si contido, Pois trazias em ti sempre suspenso Outro jardim possível e perdido.

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“Jardim perdido”, de Sophia de Mello Breyner Andresen

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CENTRO DE CIÊNCIA VIVA DO PORTO AGREGA BIODIVERSIDADE, ASTROFÍSICA E MUSEUS UNIVERSITÁRIOS girar o planeta terra para descobrir de onde vieram as raízes que se espalharam pelo Jardim Botânico? E agora baralhar tudo e voltar a dar? Que dinâmicas de utilização do espaço resultariam de um assumido contágio entre biodiversidade e literatura? Entre os descobrimentos e biodiversidade? A Galeria da Biodiversidade vai tornar possível o jardim… que andava perdido. Este é apenas o primeiro passo da nova estratégia museológica da U.Porto.

S

ophia de Mello Breyner Andresen sonhou o esqueleto de uma baleia. Na sala da casa que foi dos avós. Correu entre a estátua de bronze, o bosque dos plátanos e o liquidâmbar (árvore imensa com seiva que serve para fazer chicletes). O património do imaginário assume características de líquido que escorre entre os dias. Anos. É ilimitado. E não tem prazo de validade. Há de acompanhar vidas e sobreviver na percentagem de sonho que cabe em cada um de nós. Sobreviveu na nossa. A Galeria da Biodiversidade vai ser uma experiência inédita. “É a primeira vez que se junta um projeto de recuperação de um museu universitário com o Centro de Ciência Viva”, diz-nos Nuno Ferrand, diretor

A N A B E L A SA N TOS

A verdura das árvores ardia,

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(como é que grande parte dos medicamentos tem a sua origem em substâncias naturais), a história (nomeadamente a época dos Descobrimentos), a agricultura, a domesticação dos animais e o cultivo das plantas até chegar aos nossos dias, à biologia molecular. Inovar a relação do público com o espaço museológico e promover uma transversalidade entre diferentes disciplinas são os principais objetivos da futura Galeria da Biodiversidade que, juntamente com o Centro de Astrofísica e o Museu de História Natural e da Ciência, constituirá o Centro de Ciência Viva do Porto. U.Porto concorre à realização do ECSITE Vamos abrir a porta para a Cordoaria e inaugurar um hábito fresco: o hábito de visitar os museus localizados na Reitoria da U.Porto! Vem aí uma aprendizagem nova do uso deste espaço. Virado a sul. As obras, sob a batuta do arquiteto Manuel Maria Reis, deverão terminar, o mais tardar, em maio de 2014. Uma nova dignidade funcional vai trazer a dinâmica que a entrada sul precisava. “De forma emblemática”, afirma Nuno Ferrand, “vamos abrir a porta que dá para o jardim da Cordoaria, que é uma praça maior do Porto, e assumir a existência de dois edifícios: os serviços centrais da Reitoria (com entrada pela Praça Gomes Teixeira) e o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto. Com exposições permanentes e outras temporárias, que

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A renovada Casa Andresen e o Jardim Botânico.

02 Projeção do futuro pátio de paleontologia.

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do Museu de História Natural. “A futura Galeria da Biodiversidade será o primeiro Centro de Ciência Viva dedicado às Ciências Biológicas, à evolução e à biodiversidade”. Com o projeto já parcialmente financiado, as obras, no valor de quatro milhões de euros, vão ser dirigidas pelo arquiteto Nuno Valentim. “Não vai ser um museu tradicional”, sublinha Nuno Ferrand, “mas uma Galeria da Biodiversidade, que é coincidente com um Centro Ciência Viva. Vamos ligar a Biodiversidade a todas as áreas do conhecimento e do saber dentro da Universidade, tendo como mote a vida e a diversidade da vida”. A Casa vai ter exposições permanentes e, obedecendo à filosofia do que é um Centro de Ciência Viva, terá espaços interativos para todas as faixas etárias. Irá também acolher exposições temporárias sobre o tema da biodiversidade, sempre em cruzamento com outras áreas de conhecimento. “É um conceito inovador”, esclarece Nuno Ferrand. “O esqueleto da baleia de Sophia de Mello Breyner Andresen foi o mote. Os jardins também. Parte da literatura infantil produzida pela escritora pode ser revisitada através de passeios pela Casa e pelo Jardim Botânico (haverá um módulo só dedicado à literatura e à biodiversidade com textos de Sophia, Miguel Torga, José Saramago, entre outros escritores) e, a partir da biodiversidade e da literatura, vamos estabelecer ligações com outras áreas como a medicina


CULTURA

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Percurso A – 3,7Km (aprox. 50 min)

Jardim Botânico do Porto / Galeria da Biodiversidade do Porto

Pólo Universitário

Museu do Carro Eléctrico

Museu Nacional Soares dos Reis

Jardins do Palácio Cristal

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Roteiro que ligará o Museu de História Natural e da Ciência à Galeria da Biodiversidade e ao Centro de Astrofísica da U.Porto.

02 Trabalhos de reconstrução do futuro Museu de História Natural e da Ciência.

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03 Projeção do futuro Museu de História Natural e da Ciência.

Galerias Miguel Bombarda

Miradouro

Reitoria Universidade do Porto

Jardim das Virtudes

ultrapassem as fronteiras da História Natural e da Ciência. A entrada e a escadaria em pedra serão objeto desta fase de obras. Um elevador fará, também, chegar o público aos andares superiores. Em maio vamos assistir, essencialmente, a um ato simbólico de abertura à cidade, sendo esta, apenas, a primeira fase de um projeto bem mais abrangente e que carece de outros financiamentos”. É um projeto que se quer concluído até 2017, a tempo de acolher a Conferência Anual da ECSITE (European Netwok Science Centres & Museums), uma rede europeia de museus e centros de ciência que une profissionais de comunicação de ciência de mais de 400 instituições de 50 países. Já lá iremos… A candidatura aos fundos será submetida no próximo Programa Quadro e conta com o apoio da Agência Ciência Viva, que estará também presente na ideia e na conceção e recuperação do património museológico. Às atuais coleções (de mineralogia, antropologia, paleontologia e zoologia) pretende-se acrescentar parte do acervo de outras, provenientes de outras faculdades, e adquirir, ainda, peças que possam enriquecer as coleções didáticas e científicas. O pátio interior do edifício também faz parte dos planos de futuro. O projeto, do mesmo arquiteto Manuel Maria Reis, passa pela criação de um pátio da paleontologia portuguesa, ou dos dinossauros. Combinando o aspeto científico, didático, expositivo e arquitetónico num “espaço museológico sem paralelo em Portugal”, sublinha Nuno Ferrand. Falta falar da recuperação do Laboratório Ferreira da Silva. Com início de funções em 1884, o “Laboratório Chimico Municipal” assumiu uma atividade científica de extrema relevância para a cidade, abrangendo áreas tão diversas como química sanitária (estudo das águas que abasteciam

a cidade do Porto de vinhos, azeites, leite e lacticínios, conservas de peixe, carnes e sal), química toxicológica e legal, química comercial (análise de mercadorias despachadas na Alfândega do Porto) química agrícola, farmacêutica, técnica e química clínica (análise de urinas, de cálculos renais e outras). Encerrado desde 1907, este laboratório passou por diferentes fases de adaptação e integra, agora, o projeto de renovação do centenário edifício da U.Porto. Há que o devolver à cidade. E, depois, há que criar um roteiro para ligar o Museu de História Natural e da Ciência à Galeria da Biodiversidade e ao Centro de Astrofísica da U.Porto. Este é outro dos objetivos a cumprir após a conclusão do projeto na sua totalidade, o que deverá acontecer a tempo da realização da Conferência Anual de 2017 da ECSITE, a maior conferência europeia de museus e centros de ciência. A U.Porto apresentou uma candidatura à realização da conferência e já recebeu a visita da comissão que veio conhecer as instalações do futuro Museu de História Natural e da Ciência, a Casa Andresen, o Jardim Botânico, entre outros locais que irão acolher os congressistas. “É quase como com os estádios de futebol… Estamos a falar de uma candidatura que fizemos entre a U.Porto e a Agência Ciência Viva para 2017. A comissão faz as visitas com quatro anos de antecedência para analisar as condições existentes e o empenho na candidatura. Correu muito bem, esperamos por uma resposta positiva”. O que nos obriga, remata Nuno Ferrand, “a acelerar o processo de forma a conseguirmos, em 2017, reunir as condições necessárias para organizar um congresso com esta importância e visibilidade para a cidade do Porto e para o país”. Até hoje só foi realizada uma conferência em Portugal, em Lisboa, em 2007. Museus como ferramentas de intervenção social Campo Alegre, São Mamede, Asprela, Bonfim, Marquês… São geograficamente dispersos os locais onde a Universidade mantém as suas coleções. A Casa Museu Abel Salazar, com características muito específicas, “é um património coerente, num local coerente”, explica António Cardoso, vice-reitor da U.Porto. “Temos também a Fundação Marques da Silva (desenhos e pinturas), responsável pela conservação, investigação e divulgação de todo o património artístico e ar-


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vez mais, afirma António Cardoso, “os museus prendem-se com a relação que a Universidade estabelece com a sociedade. Dando-se a conhecer ao exterior. Assim como faz a Universidade Júnior, a Mostra, e outras atividades que confluem neste objetivo de mostrar o que fazemos e incentivar o gosto pela ciência. Os museus são uma peça dessa missão mais ampla”. Para além do apoio à investigação, ao desenvolvimento e ao ensino, os museus universitários promovem a curiosidade e a compreensão pública sobre a natureza e a ciência, prestando, assim, um serviço à comunidade académica e à sociedade civil. Durante um seminário que se realizou em novembro, no Salão Nobre da Reitoria, sobre “O Futuro dos Museus Universitários em Perspectiva”, o vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto, Paulo Cunha e Silva, afirmou que dos museus universitários espera a introdução de “um discurso científico no discurso cultural da cidade e que estes se articulem numa lógica dinâmica e intersticial de cidade para que esta possa ser requalificada na sua imaterialidade. Que sejam ‘patrimonialistas’ na relação com o futuro e futuristas na relação com o património”. Guardiões da história e cultura que nos assiste, os museus estabelecem pontes de conhecimento e funcionam como interlocutores de um discurso sobre o futuro. São arquivos do passado usados para pensar o futuro. Mais do que pertinência, daí a legitimidade na devolução desse conhecimento à sociedade. No cumprimento de uma missão mais ampla. Os museus são ferramentas que podem alavancar a relação de uma instituição com a sua cidade. Sendo que é, precisamente, essa relação de afetos que faz com que a cidade a sinta, neste caso sinta a Universidade, como sua.

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quitetónico do arquiteto José Marques da Silva e, ainda, o acervo literário, artístico, arquitetónico e urbanístico dos arquitetos Maria José Marques da Silva Martins e David Moreira da Silva. Também recebeu o acervo do arquiteto José Carlos Loureiro e, em 2011, em regime de comodato, o arquivo profissional e a biblioteca do arquiteto Fernando Távora. Está, atualmente, a ser ponderada a possibilidade da Fundação se transformar em organismo dedicado à conservação de acervos arquitetónicos e, eventualmente, de pintura. A ideia, acrescenta António Cardoso, “que talvez se possa enquadrar no próximo QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional), é criar, num terreno próximo da Fundação Marques da Silva, um Depósito e Centro de Conservação do acervo da Faculdade de Arquitetura e, eventualmente, da Faculdade de Belas Artes”. Existem, ainda, os museus da Faculdade de Medicina, as coleções da Faculdade de Belas Artes, o acervo da Faculdade de Engenharia, da Faculdade de Farmácia e do ICBAS e as coleções do Museu de História Natural e da Ciência, que permaneceram sempre no mesmo edifício, para onde os serviços da Reitoria voltaram, depois de terem saído devido ao incêndio de 1974. Esta nova fase da vida do edifício, com mais de cem anos, que traz duas funcionalidades (serviços centrais da reitoria a norte, para os Leões, e a poente, para o Café “Piolho”, e o acesso aos museus pela ala nascente e sul) vai implicar obras do rés-do-chão ao quarto piso no valor de 700 mil euros. A Universidade avançou com as verbas, mas foi já apresentada uma candidatura (enquadrada no Património cultural) à Operação Norte. O Herbário, anteriormente nas instalações do Instituto de Botânica Dr. Gonçalo Sampaio (atual Casa Andresen), também será integrado na componente mais técnica dos museus. A fase que se segue, acrescenta António Cardoso, irá dotar o edifício de “uma cave, no pátio sul, com melhores condições de acolhimento das coleções e uma cobertura de vidro, também no pátio sul, para o projeto de instalação das coleções de dinossauros. Pretendemos, ainda, repor o Laboratório Ferreira da Silva. A terceira fase prende-se com a recuperação e organização dos espaços do resto do edifício, ventilações, etc. No total, estamos a falar de verbas no valor de oito milhões de euros. Tudo para dar ao edifício mais cem anos de vida”. Cada


MÉRITO

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MEDALHA DE OURO DA FLUP PARA ARMANDO COELHO

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O arqueólogo e professor catedrático jubilado da FLUP Armando Coelho foi distinguido, no dia 21 de novembro, com a Medalha de Ouro desta Faculdade. Com este reconhecimento institucional, a FLUP quis enaltecer o mérito do percurso académico e científico de Armando Coelho. Licenciado e doutorado em História (especialidade de Pré-História e Arqueologia), com Agregação, pela FLUP, Armando Coelho integra o Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade e é investigador do CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória”. Foi ainda diretor do Instituto de Arqueologia e presidente do Departamento de Ciências e Técnicas do Património da FLUP, dirigindo atualmente o Museu Arqueológico da Citânia de Sanfins e o Centro de Arqueologia Castreja e Estudos Célticos. É autor de uma extensa bibliografia na área da proto-história e da romanização.

VICE-REITORA NOMEADA PARA COMITÉ DO VATICANO

O Papa Francisco nomeou a investigadora da FLUP e vice-reitora da U.Porto, Maria de Lurdes Correia Fernandes, para o Comité Pontifício de Ciências Históricas. Este órgão da Cúria Romana funciona em colaboração com a Biblioteca Apostólica Vaticana, o Arquivo Secreto do Vaticano e com as diversas academias culturais da Igreja Católica, tendo como funções primordiais o apoio e o estímulo ao estudo das línguas clássicas enquanto suporte necessário ao conhecimento de textos matriciais e de correntes definidoras da cultura europeia e, naturalmente, cristã. Investigadora em Cultura Portuguesa dos séculos XV a XVIII, História do “Sentimento Religioso” e Literatura Hagiográfica, Maria de Lurdes Correia Fernandes é a primeira portuguesa a integrar o Comité Pontifício de Ciências Históricas, juntando-se assim a um restrito grupo de 27 especialistas internacionais em historiografia religiosa. Maria de Lurdes Correia Fernandes licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas e doutorou-se em Cultura Portuguesa dos séculos XV a XVIII na FLUP. É autora de várias obras de referência nas suas áreas da especialidade.

JUBILAÇÃO DE EDUARDO DE OLIVEIRA FERNANDES

O professor catedrático da FEUP Eduardo de Oliveira Fernandes proferiu, no dia 25 de novembro, a sua lição de jubilação, intitulada “A Energia do Ser”. Foi o culminar de 45 anos de carreira académica, que teve na FEUP momentos altos como a fundação do Gabinete de Fluidos e Calor, a presidência do Departamento de Engenharia Mecânica e a coordenação do seu Grupo de Térmica Aplicada. Assumiu ainda as funções de vice-reitor da U.Porto, entre 1986 e 1991. Considerado um dos maiores especialistas nacionais de energia (energia solar, energia dos edifícios e qualidade do ar interior), Oliveira Fernandes é autor de várias obras de referência nesta área e de mais de uma centena de artigos científicos. Sublinhe-se ainda a passagem de Oliveira Fernandes quer pelos IX e XIV Governos constitucionais (secretário de Estado do Ambiente, em 1984, e secretário de Estado Adjunto do Ministro da Economia, em 2001), quer pela presidência da Agência de Energia do Porto. A nível internacional, há a destacar as responsabilidades assumidas enquanto presidente da ISES – International Solar Energy Society e vice-presidente da PLEA – Passive and Low Energy Architectura.


António Ferreira, presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João e professor da FMUP, foi distinguido, no dia 16 de dezembro, com a Comenda da Ordem de Mérito, atribuída pelo Presidente da República. Coube ao ministro da Saúde, Paulo Macedo, a entrega da insígnia, durante uma cerimónia na Aula Magna da FMUP. Os primeiros signatários da proposta de atribuição da comenda foram o diretor da FMUP, José Agostinho Marques, e o subdiretor, Nuno Montenegro. A eles juntaram-se outras figuras com relevância pública, como Marques dos Santos (reitor da U.Porto), José Manuel Silva (bastonário da Ordem dos Médicos), Laborinho Lúcio (juiz conselheiro e ex-ministro da Justiça), Manuel Pizarro (ex-secretário de Estado da Saúde e atual vereador da CM Porto), entre outros. Na proposta pode ler-se que António Ferreira “foi um notável pedagogo e investigador de mérito excecional”, tendo iniciado, em 2007, ”um percurso de gestão de excelência desta grande instituição pública de saúde [Hospital de São João] que se tem tornado numa das mais prestigiadas do país”.

PRÉMIO PEN 2012 PARA ROSA MARIA MARTELO

A obra “O Cinema da Poesia”, de Rosa Maria Martelo, é uma das vencedoras da categoria “Ensaio” dos Prémios PEN 2012. Editada pela Assírio & Alvim, a obra da docente e investigadora da FLUP convenceu o júri do prémio atribuído pelo PEN Clube Português (valor de cinco mil euros), que, na mesma categoria, distinguiu também “Salazar e o poder. A arte de saber durar”, de Fernando Rosas. Em abril passado, “O Cinema da Poesia” já havia arrebatado o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores. Sublinhe-se ainda que a autora foi, em 2012, distinguida com o Prémio Jacinto do Prado Coelho 2010 (Associação Portuguesa dos Críticos Literários) pelo livro “A forma informe – leituras de poesia”. Licenciada em Filologia Românica, mestre em Literaturas Românicas Modernas e Contemporâneas e doutorada em Letras (especialidade de Literatura Portuguesa) pela FLUP, Rosa Maria Martelo é professora associada desta Faculdade e investigadora do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa (áreas de Poesia Portuguesa do Século XX, Literatura Comparada e Poéticas).

U.PORTO VOLTA A SER DISTINGUIDA PELA COTEC

Depois do Prémio Fomento de Empreendedorismo, em 2007, e do Prémio Valorização do Conhecimento e Fomento do Empreendedorismo, em 2012, a U.Porto voltou a ser distinguida pela COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação pela sua estratégia de aproximação ao setor empresarial. Desta vez, a U.Porto recebeu uma menção honrosa na categoria “Casos Exemplares de Cooperação Universidade-Empresa” dos Prémios COTEC 2013, em virtude do sucesso da cooperação que a Universidade mantém, há quase 30 anos, com a Efacec. Com esta distinção, a U.Porto e a Efacec viram ser reconhecido o êxito de uma colaboração que se tem traduzido em “claros benefícios para ambas as instituições aos níveis académico, científico e de transferência de conhecimento”. Prova disso são “os 76 projetos colaborativos, as 10 patentes conjuntas e as cinco novas infraestruturas criadas nas instalações da U.Porto para trabalhos conjuntos”, destaca a COTEC.

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ANTÓNIO FERREIRA DISTINGUIDO COM COMENDA


ALMA MATER

U . P O RT O A L U M N I 1 9

A Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) teve uma génese atribulada e, até 1995, um trajeto verdadeiramente nómada. Criada em 27 de agosto de 1919 pelo ministro Leonardo Coimbra, que foi seu diretor pouco depois, a instituição esteve em funcionamento cerca de dez anos. Um decreto de abril de 1928 extinguiu a FLUP, devido a divergências políticas em relação à reforma do ensino da Filosofia e às estratégias para o desenvolvimento das universidades. A vontade de defenestrar do meio universitário Leonardo Coimbra também terá contribuído, em boa medida, para a extinção. Não menos buliçosa foi a acomodação da Faculdade. Inicialmente foi instalada em salas da Faculdade de Ciências (atual Reitoria), tendo pouco depois transitado para a Quinta Amarela, na Rua Oliveira Monteiro. Mas a vontade dos herdeiros da quinta de vender alguns dos terrenos da propriedade levou a que, em 1927, a primeira FLUP fosse transferida para umas instalações na Rua do Breyner, onde funcionou até ao encerramento efetivo, em 1931.

A ERRÂNCIA DA FLUP Na sua segunda existência, a partir de 1961, ano em que foi novamente instituída, a FLUP instalou-se no antigo edifício da Faculdade de Medicina, no Largo da Escola Médica. Tinha, contudo, de partilhar espaços com outras faculdades, pelo que empreendeu nova mudança para o Palacete Burmester, no final da década de 60. Com o crescimento da instituição, porém, houve necessidade de distribuir alguns dos seus cursos por outras duas instalações: um edifício alternativo, localizado na Rua das Taipas, e o Seminário de Vilar. A dispersão dos cursos e, sobretudo, a necessidade de libertar o antigo edifício da Faculdade de Medicina para o recém-criado ICBAS, em 1975, obrigou a FLUP a recorrer a um imóvel em vias de conclusão: o chamado “Complexo Pedagógico”, no Campo Alegre. Aí se manteve até dezembro de 1995, altura em que se instala num edifício da autoria de Nuno Tasso de Sousa, construído de raiz na Via Panorâmica. Terminava assim a errância da FLUP.

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RMG


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VIDAS E VOLTAS

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O PÓS-ABRIL NA U.PORTO

DA AGITAÇÃO REVOLUCIONÁRIA À ESTABILIDADE POSSÍVEL E

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PA U L O G U S M Ã O G U E D E S

Durante quase todo o ano de 1976, num período em que a U.Porto sofre alterações que a marcam profundamente, a gestão da instituição é assegurado interinamente pelo vice-reitor José Morgado. Uma visita ao tempo pós-revolucionário de estabilização institucional, em que peripécias várias, desde greves a ações violentas, vão dando lugar ao regular funcionamento da U.Porto.

m dezembro de 1975, Ruy Luís Gomes cessa o seu mandato como reitor da U.Porto. Empossado no seu cargo no ano anterior pela Junta de Salvação Nacional, atingira o limite de idade para a docência universitária – 70 anos. A imposição do seu afastamento leva a um coro de descontentamento entre os seus amigos e colaboradores, esgrimindo-se a possibilidade de exceção. O assunto é tema de discursos na Assembleia Constituinte, propondo-se a alteração da lei. O matemático José Morgado, que Ruy Luís Gomes escolhera para vice-reitor, seu companheiro no exílio brasileiro, em Pernambuco, manifesta-se indisponível para continuar em funções caso o afastamento de Ruy Luís Gomes seja definitivo. Mas mantém-se no cargo durante aproximadamente um ano, numa espécie de reitorado interino, enquanto o Ministério da Educação e Investigação Científica (MEIC), talvez justificadamente, atrasa a resposta aos seus pedidos de exoneração. Finalmente, oferece-se a Ruy Luís Gomes um cargo honorífico – reitor vitalício – que lhe permitirá continuar a exercer uma magistratura de influência. A Universidade, tal como toda a sociedade portuguesa, vivia tempos de instabilidade e protesto. A redefinição da missão universitária dependia, afinal, de conceções políticas vincadamente em confronto, marcadas pela radicalidade do discurso e da ação. A agitação estudantil era quotidiana, e Ruy Luís Gomes lembrará esses “grandes movimentos de contestação, especialmente na Faculdade de Engenharia” com que lidou no Porto. Mas sairá aparentemente satisfeito com o que conseguira ao longo do seu mandato de cerca de ano e meio: contratação de docentes altamente qualificados, criação do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e manutenção das “escolas todas em funcionamento”. Já não será pouca coisa, para quem tinha chegado a uma universidade, nas suas palavras, “perfeitamente destroçada, em todos os aspectos”, numa cidade e região “discriminadas” e “marginalizadas”.

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Um ano conturbado A inauguração do ICBAS, a 17 de março, é rapidamente ensombrada pela explosão, durante a madrugada de 22, de uma bomba na Faculdade de Economia (FEP). Só provoca danos materiais na fachada, embora de alguma monta, mas a repercussão no sentimento de insegurança será maior. Depois da condenação, vinda de todos os setores, do “acto de terrorismo fascista”, tentam-se descobrir algumas causas próximas, como a recente realização nas instalações da FEP do congresso nacional dos sindicatos têxteis. Mas as ações do Grupo de Intervenção e Apoio à Luta dos Trabalhadores, organizado no quadro da FEP, ou a frequente cedência de instalações da Faculdade para reuniões de comissões de trabalhadores e de moradores ou de cooperativas populares eram motivos igualmente justificadores. A 24, novo atentado bombista, desta vez contra a residência de um docente da faculdade. Ruy Luís Gomes, José Morgado e o Conselho Universitário – que incluía Armando Castro e Óscar Lopes –, preocupados, reúnem-se com Pires Veloso, comandante da Região Militar Norte, solicitando-lhe “providências quanto ao futuro”. Apesar de solidário,

02

01

José Morgado em 2000 (foto cortesia do Prof. Rogério Reis).

02 Artigo do jornal “O Diário” de 9 de novembro de 1976.

Pires Veloso faz notar que esta mensagem não lhe deve ser dirigida. Curiosamente, é também a 22 de março que os estudantes do primeiro ano do ciclo clínico da Faculdade de Medicina, instalada no Hospital de S. João, anunciam a sua intenção de invadirem o Hospital de Santo António e, depois, outras unidades de saúde. Primeiro, as bombas; depois, a guerra. O aumento de candidatos ao ensino superior, explicado por uma tendência anterior à revolução, mas também pela necessidade de absorver os estudantes das ex-colónias, conjugado com a recusa de limitação do acesso, tinham provocado uma situação particularmente insustentável na Faculdade de Medicina: no ano de 75/76, entram cerca de 1.100 estudantes para o 1.0 ano; no 4.0 ano (primeiro ano do ciclo clínico), acumulavam-se 870 estudantes sem possibilidade de aceder à prática hospitalar, esgotadas as possibilidades do Hospital de S. João. Em novembro de 75, o governo tinha tentado dar solução ao problema através do decreto-lei sobre integração hospitalar, que envolvia outros hospitais centrais no apoio ao ciclo clínico de ensino. O Hospital de Santo António, alegando preocupações com a qualidade desse apoio, recusou-se a receber estudantes enquanto não se procedesse a uma reestruturação interna, que não seria imediata. Muito naturalmente, foi o primeiro alvo dos estudantes. No dia 25 de março, inicia-se a “ocupação simbólica”, com os quartanistas a espalharem-se pelas diversas enfermarias e sendo recebidos de forma desigual, cooperativa ou impeditiva, mas sempre de forma pacífica; nos dias seguintes, a ocupação estender-se-á ao Hospital de Rodrigues Semide e à Maternidade de Júlio Dinis. António Brotas, secretário de Estado do Ensino Superior, desloca-se ao Porto e, a 31 de março, tenta o entendimento numa reunião, aberta aos estudantes, com todos os responsáveis das unidades de saúde da região do Porto. O recém-empossado presidente do conselho diretivo da Faculdade de Medicina, António Coimbra, sumaria então o que se lhes pedia: “Sabemos que os hospitais limítrofes (…) pretendem pôr as coisas a funcionar corretamente, mas apenas lhes estendemos a mão pedindo humildemente para nos ajudarem neste período de dois anos”.

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Mas a realidade era difícil. A Faculdade de Farmácia estava dispersa por várias instalações, depois do incêndio em maio de 75. O mesmo sucedia com Letras. Engenharia tinha de se expandir para o Colégio Almeida Garrett, face ao aumento do número de estudantes. Não existindo numerus clausus, Medicina via-se a braços com largas centenas de estudantes aos quais, já se sabia, não seria possível assegurar educação médica. O orçamento, nem é preciso dizê-lo, era escasso para todos. O ano de 76 será agitado em diversas faculdades, mas serão as questões do ensino médico que dominarão as notícias e que justificarão que José Morgado, em rutura com a política ministerial, receba finalmente resposta positiva à sua exigência de exoneração a 13 de novembro, aparentemente através dos jornais.


VIDAS E VOLTAS

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José Morgado nos anos 60 Foto: EPJS – Arquivo Nacional da Torre do Tombo

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Notas e leitura recomendada: Todas as citações do artigo provêm de jornais publicados entre dezembro de 1975 e novembro de 1976, podendo ser consultados no Arquivo Digital da Universidade do Porto (arquivo-digital.up.pt): arquivo noticioso 1919-1987. Sobre a vida de J. Morgado, aconselhamos: J. Almeida e A. Machiavelo, “José Morgado: In Memoriam”, in Boletim da Sociedade Portuguesa de Matemática, n.º 50, maio de 2004.

E, com óbvia intenção para o Hospital de Santo António: “Dentro de alguns anos também nesses hospitais deverão estar a funcionar Faculdades e pode ser que, nessa altura, sejam esses hospitais a pedir a nossa ajuda”. O assentimento dos participantes viabiliza esta solução transitória. Medicina: um tronco comum Mas outra questão imediata se mantém: assegurar a formação dos estudantes do 1.0 ano de Medicina, sabendo de antemão que apenas 300 poderiam continuar neste curso. É neste momento que se ultimam e colocam rapidamente em funcionamento alternativas formativas que ajudam a configurar a Universidade que conhecemos hoje: em maio é criada a Escola Superior de Medicina Dentária e, também, o bacharelato em Nutricionismo. Ambos os cursos entrarão em funcionamento no ano letivo seguinte. A introdução de numerus clausus e a entrada em funcionamento do curso de Medicina do ICBAS serão outras peças fundamentais desta política. Em 76/77, Medicina e ICBAS, conjuntamente, já podiam receber 470 candidatos ao 1.0 ano do ensino médico. Finalmente, criam-se condições para que o Instituto Superior de Educação Física (integrado na U.Porto no ano anterior) também possa receber estudantes de Medicina. A resposta dos estudantes do 1.0 ano à possibilidade de serem afastados do curso que inicialmente escolheram será, numa primeira fase, uma greve em abril à avaliação de todas as disciplinas, “enquanto não obtiverem garantias de que todos os alunos poderão continuar os estudos no próximo ano letivo”. Depois, os esforços concentram-se na disciplina de Bioestatística, protestando que a disciplina não tinha sido lecionada de forma conveniente. Organizam piquetes e boicotam o exame da época de julho, repetindo o feito em outubro. Entretanto, tinha entrado em julho em funções

o 1.0 Governo Constitucional, com Sottomayor Cardia como ministro da Educação, efetivamente encerrando o ‘período revolucionário’. A ideia de estabilização do sistema educativo e de normalização dos órgãos e processos de gestão dos estabelecimentos de ensino norteia o ministério, em confronto com os hábitos gerados num período de múltiplas vozes, em que muitos assuntos eram tratados em reuniões abrangentes, cuja legalidade era logo a seguir questionada, e em que grupos mais ativos, mesmo que pouco representativos, conseguiam predominância. O decreto sobre a gestão das escolas do ensino superior, publicado a 29 de outubro, levanta protestos generalizados, manifestando-se particularmente na forte adesão à greve nacional universitária de novembro. A relativa tolerância com que os movimentos estudantis de protesto eram encarados tinha, também, chegado ao seu fim. Se, em março, o secretário de Estado António Brotas se lamentava que tinha sido parcialmente devido à cedência às pressões estudantis que o sistema de numerus clausus e os procedimentos de avaliação não tinham sido postos em prática, levando à sobrelotação das escolas superiores, Sottomayor Cardia exige que os estudantes se inscrevam e realizem a prova no Governo Civil e torna bem claro que quem o não fizer tem que voltar a ingressar em Medicina, submetendo-se às vagas existentes. Final do período A 8 de novembro, sob uma “manifestação de solidariedade” dos seus colegas, tão ruidosa quanto ineficaz, os estudantes realizam em massa o exame, que decorre com normalidade. Nesse mesmo dia, José Morgado apresenta o seu pedido de demissão ao ministro, por telegrama: “Tornando-se inúteis meus esforços diálogo MEIC, conselho directivo, estudantes, resolução problema bioestatística no âmbito da Universidade, solicito V. Ex.a transmita MEIC meu pedido exoneração cargo vice-reitor Universidade do Porto”. O que, finalmente, lhe foi concedido, embora seja admissível que as razões de José Morgado fossem mais profundas, de discordância fundamental com as orientações políticas do ministério de Cardia, como posteriormente referiu. Informado da designação pelo MEIC, o novo reitor, Manuel da Silva Pinto, anunciará a sua aceitação do cargo a 24 de novembro. Uma história a seguir nestas páginas.


Universidade do Porto Uma das 100 melhores instituição de ensino e investigação científica da Europa. 3 14 1

Campus universitários Faculdades Business School

2 382 1 613

Docentes e investigadores (1 853,6 ETI) (81% doutorados) Não docentes (1608,2 ETI)

31 221 9 148 5 626 12 819 271 3 357

Estudantes Estudantes de 1º ciclo Estudantes de 2º ciclo / Mestrado Estudantes de Mestrado Integrado Estudantes de Especialização Estudantes de 3º ciclo / Doutoramento

3 715 146 1 783 426 513 504 28 461 636 35 18 139 15 95 334

Estudantes e investigadores estrangeiros (11,9% do total) Países Estudantes de mobilidade Estudantes de licenciatura e mestrado integrado Estudantes de mestrado Estudantes de doutoramento Estudantes de especialização Investigadores Programas de Formação em 2012/13 Cursos de 1º ciclo / Licenciatura Cursos de Mestrado Integrado Cursos de 2º ciclo / Mestrado Especialização e estudos avançados Cursos de 3º ciclo / Doutoramento Cursos de Formação Contínua

4 160 4 103 155,6

Vagas disponíveis em 2012/13 (15,2% das vagas nacionais) Vagas preenchidas na 1.ª fase do concurso nacional 2012/13 (98,6% das vagas) Mais alta classificação média do último colocado das universidades públicas

51 9 27 15 2 974 88 119

Unidades de Investigação Laboratórios Associados Unidades avaliadas com “Excelente” e “Muito Bom” Unidades avaliadas com “Bom” Papers indexados na Web of Science 2011 (23% dos papers portugueses) Patentes portuguesas submetidas (até Dezembro de 2012) Patentes internacionais submetidas, incluindo fases nacionais e extensões PCT

16 864 324 57 321 1 707 067 9 1 159 20 3 286 4 362

Bibliotecas Títulos de monografias Publicações periódicas disponíveis on-line Downloads de artigos científicos Residências universitárias Camas (93% ocupação) Unidades de alimentação (cantinas, bares, etc.) Refeições servidas por dia Estudantes Bolseiros

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