AMOR EM TODOS OS TEMPOS Conto de Valdez Juval (censura livre)
lemos.editora vjuval@gmail.com
INTRODUÇÃO
Foram palavras escritas e divulgadas no Facebook que motivaram este conto. Entre as inúmeras pérolas encontradas nos ativemos nas mensagens do “estatusfrases”, de Stella e Vera Wanderley. Participamos com algumas considerações, contrariando e ou exaltando às vezes, com pontos de vista pessoais. Com base nessas “discussões” “Amor em todos os tempos”.
surgiu
O link dizia que se se demorar a corresponder, o amor simplesmente
desaparece. Já não pensamos assim. É que temos uma dimensão de sentimento bem profundo e acreditamos que quem tem amor também tem esperança, sonhos e os amantes sabem que tudo feito apressadinho, com resposta imediata, está fadado ao insucesso. Será que foi por esta razão que os motéis atualmente, reservam apartamentos para “rapidinha”? “Já não se ama mais como antigamente! E a pior invenção atual, é o convite para um relacionamento sexual. Vamos fazer amor? Sexo não é amor. É uma consequência, um ato biológico. Amor não se faz. Se conquista. 4
E toda conquista é planejada, estudada, calculada, sentida. E o amor tem sua consistência quando realmente se tem este sentimento. Transpõe barreiras. Chega-se ao infinito, mesmo esperando. Este conto é um trabalho juvenil. Desculpem as mal traçadas linhas. Valdez Juval Setembro, 2014
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1ª PARTE
Naquele tempo, quando o coração de um adolescente batia acelerado, era sinal de amor presente. Era uma espécie de bombeamento sanguíneo semelhante a uma taquicardia. Lá vinham as meninas, de braços dados, alegres, felizes, conversando, completando o círculo da praça e mais uma vez passavam ao lado de um grupo de meninos que, sentados no banco de cimento do largo, também conversavam. O assunto principal era sobre as garotas que desfilavam.
O coração disparou.
de um deles,
o
Marcelo,
Entre as jovens que passavam, uma delas olhou “diferente” para ele. Como fazer agora? O relógio da Igreja acabava de tocar as nove badaladas. Era absolutamente certo o que pensou o jovem mancebo. Aquela teria sido a última volta das meninas naquela noite. Contrariado, ele também se recolheu e ficou imaginando como passaria tanto tempo sem rever a garota que lhe despertava para um sentimento que lhe era profundo e de uma misteriosa significação! O trem que o transportaria para a capital passava muito cedo e ele não teria oportunidade de ao menos saber seu nome.
Estudante interno, comeรงou a pesquisar com ansiedade no calendรกrio, quando poderia ter outra chance de voltar em casa e logicamente rever a garota que jรก atordoava o seu pensamento.
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2ª PARTE
Chegada a semana santa o estudante voltou à sua casa, no interior. Somente viajou no sábado pois os trens não trafegavam na sexta-feira da paixão. Toda sua alegria de rever os familiares não superava a sua ansiedade. Seu maior desejo era que a noite chegasse e ele fosse para o passeio da praça. Quase ninguém. Uma tristeza geral. É que Cristo ainda não havia ressuscitado e o respeito se guardava até depois da missa do galo. E o domingo surgiu fulgurante e belo. 11
Dia de decisão. Dia de se ter coragem. Marcelo foi um dos primeiro a chegar no passeio. Em certo instante, os roteiros ficaram invertidos: os rapazes faziam o trajeto da caminhada enquanto as garotas observavam sentadas. Ele, de longe avistara a menina mas achou que ela não lhe correspondia mais. A situação começava a se complicar. Lembrou-se de ter lido certa vez que se demorar a corresponder, o amor simplesmente desaparece! Não acreditou que aquilo fosse verdade e pudesse acontecer. A situação foi contornada porque houve uma parada geral dos colegas onde estavam as meninas já que um deles
teve que falar com sua irmã que era uma das integrantes do grupo. Quando teve oportunidade, aproximouse desse colega e o fez seu confidente. O novo amigo lhe falou que a menina de seus sonhos se chamava Elza e tinha o apelido de Zinha. Como todas ali, era aluna do primeiro ano do Curso Normal do Colégio N. S. das Graças. (Diplomava Professoras). Não tinha namorado mas estava sendo paquerada por um aluno do Colégio Estadual que lhe importunava. Decidido, mesmo com as pernas trêmulas, foi até onde se encontrava Elza e de supetão fez a pergunta: - Quer namorar comigo?
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3ª PARTE
E de supetão mesmo, fez a pergunta: - Quer namorar comigo? Ela lhe respondeu: - Quero. - Meu nome é Marcelo – continuou o jovem. -Sei. E o meu é ... - Zinha. Disse ele imediatamente mas ela rebateu.
- Elza, mas me chamam de Zinha. - E prosseguiu: - Você estuda na Capital e já vai voltar amanhã. -É verdade, mas... - Não sabe quando vem novamente. -No São João, creio. - Está certo. - Quero lhe escrever. - Vou lhe dar o endereço de uma amiga. Meus pais não admitem que eu tenha namorado enquanto não concluir o curso. Como se já estivesse esperando que a qualquer momento aquela oportunidade fosse acontecer, ela já trazia em sua bolsinha as anotações necessárias para que eles se correspondessem. Ainda
trêmulo
(ela
um
pouco
mais
desembaraçada), os dois novos apaixonados não tinham mais nada para conversar. Não restou a Marcelo procurar a mão dela para a despedida. Não foi possível toca-la pois ela se retraiu, encabulada. Apenas lhe desejou boa noite e que fizesse uma boa viagem. Aos poucos, todos foram deixando a praça. A luz seria apagada a meia noite (uma hora a mais do normal pois era um domingo de festa). Já estava sendo um costume aceito silenciosamente pela população. O motor que gerava a eletricidade somente trabalhava cinco horas por dia e logicamente somente seria ligado quando começava a escurecer. Instalar uma nova usina elétrica, era a principal promessa dos políticos em época de eleição mas nunca se cumpria.
4ª PARTE
Com cinco dias da partida de Marcelo para a capital, a amiga de Zinha lhe entrega uma carta. Foi um alvoroço total, chegando a despertar a curiosidade das colegas e das próprias professoras. Logicamente Elza não concordou em abrir o envelope já que esperava com ansiedade aquela ocasião e não admitia compartilhar com mais ninguém. “Querida Zinha: abraço-te.” Assim começava a missiva. O tom de consideração era prova de suas
intenções. mancebo).
(Foi
o
que
retratou
o
E aí se seguiam as declarações de paixão e o interesse de fazer sua amada feliz e leva-la, um dia, ao altar. Foram anos de ausência e reencontros. De choros e alegrias. De muito saudade. Durante todo esse tempo, o namoro continuou embora com percalços devido ao ciúme mas logo se refazia e os pombinhos voltavam a se amar, esperando e sonhando com o futuro e a felicidade. Deram prova de amor que se fortalecia em seus corações. E o tempo passa... Elza é diplomada professora e quase que imediatamente recebe uma nomeação
do Governo para Escolar da cidade.
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no
Grupo
Aliás praticamente todas as suas colegas também foram nomeadas. Estava grande a escassez de professores no Município. Marcelo já cursava o último ano do Curso Científico e se preparava para o Vestibular.
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FINAL
A energia de Paulo Afonso chega na Região. Era luz dia e noite . As estradas (algumas com asfalto), começavam a interligar os municípios. As indústrias surgiam. A agricultura e a pecuária prosperavam. 23
O comércio se desenvolvia. O ensino progride e chegam a instalar uma Faculdade de Administração, na qual Elza não perdeu tempo e passou a frequenta-la depois de aprovada no vestibular. Formado em medicina, Marcelo retorna em definitivo para sua cidade onde pretende exercer sua profissão. O casamento foi simples, sem pompas mas aconchegante. Os noivos não tiveram tempo de lua de mel e foram morar em uma casinha bem cuidada e toda instalada, próxima da Igreja Matriz. Presente dos seus pais, que repartiram todas as despesas. Os anos se passaram. 24
Tiveram um casal de filhos. Os pais do Marcelo resolveram vender a Fazenda Santa Rosa que de fazenda só tinha o nome pois o “tingui” acabara em um ano com as poucas cabeças que habitavam o cercado. Com o dinheiro investiram na ideia do filho e construíram uma clínica. Elza concluiu o curso de especialização para administração de empresas e pediu exoneração do magistério. Fora trabalhar com o marido. O negócio foi prosperando e agora tinham em anexo uma maternidade, um atendimento de urgência e clinicas especializadas. Vários médicos e auxiliares foram admitidos inclusive os próprios filhos que concluíram cursos na capital. 25
Agora, muito feliz, Marcelo e Elza, ao lado de seus filhos, comemoraram com solenidade, as Bodas de Ametista - 55 anos de casamento ... . . E C O N T I N U A M F E L I Z E S !