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Vol. I
O QUINTAL DE MINHA CASA
VALDEZ JUVAL lemos.ed
ARQUIVO MORTO Vol. I
O QUINTAL DE MINHA CASA
Nos fundos lá de casa tinha um pequeno quintal agregado, com uma cerca de arame farpado. De fruteiras, apenas uma cajazeira, bem frondosa, que sombreava quase toda a área. Frutificava própria.
muito
na
época
O terreno era íngreme e lá no fim, parecendo um ferro de engomar, oferecia o melhor espaço para se permanecer em céu aberto, protegido do sol. As minhas irmãs brincavam com bonecas e separavam os espaços no chão de areia solta como se fossem divisórias de uma casa. Estávamos em época de férias escolares e uma prima que
morava na capital, fora passar aquele São João conosco. Participava da brincadeira com as irmãs. Ela era a de mais idade e, em consequência, a mandona de tudo. Menina bonita, descendente direta de italianos, já bem desenvolvida, com aqueles seios bem delineados e saltando de uma blusa singela de tecido fino e transparente. Seus olhos azuis reluziam. Seus lábios carnudos, tentadores, davam a forma da boca atraente e sensual. Eu não entendia muito dessas coisas de pecado mas o meu corpo já tremia quando se deparava com algo que
esquentava o sangue e a cabeça começava a perder o juízo como se alguma coisa de estranho estivesse por acontecer. Era uma época perigosa, ouvia dizer, principalmente na fase que frequentava aulas de catecismo, preparatórias para a primeira comunhão. E ela me beijou. Quanto infeliz ainda sou po não ter correspondido aquele beijo! VALDEZ JUVAL (Especial para a revista “Perto de Casa”RECIFE/PE)Maio 2010