valeria scornaienchi
Portfรณlio 2019 Valeriascornaeinchi.com
Caminhar no ateliê, folhear os livros, grifar frases e palavras, encontrar imagens. Caminhar nas ruas, jardins e paisagens encontrar fragmentos, observar formas, fazer registros dos deslocamentos e refletir. Deslocar os fragmentos para o ateliê e desenhar. Um olhar inaugural do mesmo lugar. Como seria observar o céu como se o visse pela primeira vez todas as manhãs. O meu trabalho é sobre isso. Livros, desenhos, fotografias e escritas. Eu junto tudo e penso maneiras de dialogar com o espaço. Trago reflexões, perguntas sobre o cotidiano e sobre as relações humanas.
What about walking around the studio, leafing through books, finding phrases, images and Thinking about them? What about na inaugural look at daily life. While walking in the streets , while walking in the Garden findind forms and fragments of nature na bringind them to the studio. What about observing the sky as you first see it in the morning? My work is about this. Books, drawings, photography and writings.
paisagem muda,2018 impressão digital em papel algodão 40x55cm
Essa imagens e das 5 páginas seguintes apresentam fotografias e desenhos feitos a partir das experiências realizadas na residência em Ribeirão Preto,SP (2018).
Foto de Ricado Lima.
Detalhe do trabalho corpo paisagem,2018exposto no MARP, RibeirĂŁo Preto, 2019.
Foto de Ricado Lima.
Corpo árvore, 2018 21 papéis vegetais, pedra, fragmento de árvore, galho, nanquim, pregos, fita crepe 80x210cm
Desenhos feitos a partir de fragmentos coletados na residência realizada em Ribeirão Preto em 2018.
Fotos de Ricardo Lima.
Paisagem de ficar, 2018 Caneta marrom sobre papel vegetal, impressĂŁo digital, pregos,. Os papeis serĂŁo pregados diretamente na parede. 64x48cm cada
Detalhes dos desenhos paisagem de ficar.
Desenho/paisagem, 2018 ImpressĂŁo fotogrĂĄfica sobre papel 20 x 15 cm cada
Pelo avesso, 2019 Centro Histรณrico Cultural Mackenzie
Simbologia e diálogo no trabalho de Valéria Scornaienchi Corvos, uma casa, o ateliê-maquete, colagens sonoras e outras peças por vir configuram o conjunto de trabalhos do projeto artístico “Pelo Avesso” que Valéria Scornaienchi nos apresenta nesta mostra selecionada pelo Fundo de Investimentos à Cultura (FICC) da Secretaria Municipal de Cultura de Campinas. Neste caso em particular, a breve descrição que nos introduz a exposição torna-se fortuita apenas na medida em que a percebemos como incompleta, como sintoma de projeto em curso e em construção, à busca de interação. O real, o simbólico e o imaginário constituem aqui a tríade que bem pode nos orientar para a leitura do projeto, admitindo-se para tanto, o risco das articulações entre arte e inconsciente, risco este tal qual o empenhado pela artista em seu processo de criação desses trabalhos. A espessura de cada um desses campos e personagens envolvidos e ou estimados para a proposta, por si, nos sinaliza que a tarefa vale a pena. Projetados em (sobre)voo, os elementos trabalhados por Valéria na origem do projeto: os corvos, a casa, bem como o próprio ateliê-maquete construído com a ambivalência possível entre lugar-para-diálogo-com-outros-públicos e objeto-obra desempenham múltiplos papéis plásticos e poéticos adensados por sua modulação no espaço, seja ele dentro da própria folha de papel, seja no lugar expositivo em que são instalados, deitados que estão, sutilmente, sob os eixos da plataforma expositiva onde estabelecem distintas formas de gravitação.
Nesta direção, o tratamento aqui aplicado para o elemento do peso com o qual Valéria constrói os trabalhos (à priori) ou os multiplica_ constituindo o que poderia ser entendido como espécie de objetos visitantes_ nos chama a atenção por oscilarem entre o real e o imaginário convidando-nos a recobrar nossas memórias sobre figuras imagéticas que de maneira geral habitam nossos referenciais culturais. Não por acaso, este projeto da artista expande a presença de figuras culturais conhecidas que são envolvidas em narrativas criadas por ela, em seus projetos artísticos, de modo subjetivado. Antes, a Alice; a série de bichos, agora os corvos. Neste projeto atual, o corvo é protagonista animado de uma narrativa nada linear que evidencia sua presença de diversas formas, para além da visualidade. É visitante oportunista que parece sustentar o peso da casa, ao mesmo tempo em que a revela e concretiza na paisagem. Ora é real, ora é lembrança. A artista o apresenta de modo múltiplo: esquemático como uma sombra; extremamente delineado como numa imagem de registro fotográfico. São pássaros que assumem tantas formas quanto o próprio looping empregado em parte das peças expostas (vídeo e instalação). Assim, ora eles se condensam em imagem ou som, ora são simbologia. Por sua vez, a estrutura da casa e o ateliê-maquete ocupam o protagonismo das coisas inanimadas que igualmente constroem a narrativa imaginada pela artista. Como abrigos, indicam temporalidades distintas; estão, no tempo presente, a servir como elementos reais, mas o fazem de modos também diferentes: a casa consolida o cruzamento entre o simbólico e o imaginário de visitas a outras terras e antepassados e não pressupõe o seu uso. O ateliê-maquete articula e assim convida à participação que pode garantir a manutenção do processo do trabalho, em construção, mesmo durante o período expositivo, reiterando assim, sua transitividade.
Em processo é que se instaura o diálogo do projeto “às avessas” pela escuta do outro como sinal claro de submissão do real pelo imaginário, tal qual nos indicaria Freud em seus estudos sobre a necessidade de distanciamento da psicanálise em relação às teorias associacionistas. Muito distante da mimese, os elementos representados pelo artístico, como executa Valéria, perscrutam o vigor da lembrança, tanto quanto evocam o capital cultural simbólico partilhado por muitos.
O dado gravitacional desses elementos concretos ou imaginários burilados por ela é elaborado de modo sofisticado e fragmentado, tal qual nos demanda a estória delongada à qual nos entregamos por bom tempo a fim de participar, de algum modo, de seu desfecho. Como numa estória a ser inventada, a atividade participativa desse espaço de trabalho criado dentro da exposição convida, no tempo real, à sua continuidade estendida no espaço, nos arranjos possíveis para as peças que dela fazem parte. Ao propor a abertura do ateliê reconstruído sob a forma de uma maquete que recebe a visita ativa dos outros, a artista indica pelo menos duas premissas sobre si: a primeira demonstra seu ritmo de trabalho, seu empenho e entrega; já a segunda, nos aponta para seu desejo de participação, disponibilidade de escuta e compartilhamento para outros núcleos, sistemas e circuitos como os que a contemporaneidade artística pode nos ofertar. Sylvia Furegatti Outubro.2018
Vista da exposição pelo avesso, 2018
A exposição pelo avesso foi selecionada pelo FICC (Fundos de investimentos à cultura de Campinas) e realizada no MAC – Campinas. A artista esteve presente durante um período grande de exposição, criando um espaço para diálogos e trocas e fazendo interferências na exposição.
Ateliê/maquete, 2018 Madeira, impressões jato de tinta e fine art, recortes, mini maquetes
220x300x300cm
Nesse espaço a artista propôs um trabalho chamado deixe um verbo, baseado na lista de verbos do artista Richard Serra, no qual os visitantes da exposição deixavam escrito um verbo no papel, e esse verbo foi transcrito para a parede externa do ateliê, criando um desenho de palavras escritas a partir da reflexão e percepção dos expectadores.
Projeto Verbo, 2018 a partir da proposição deixe um verbo coletei esses verbos e reescrevi nas paredes externas do ateliê/maquete.
Detalhe do trabalho “pelo avesso”.
Durante a experiência da artista na exposição , ela escreveu uma lista de palavras a partir da observação dos próprios trabalhos dispostos no espaço e transcreveu as palavras para o chão da exposição utilizando fita crepe.
Narrativas deslocadas, 2018 Caneta permanente sobre parede 20m2 (tamanho aproximado do espaço) Projeto feito a partir do convite da organização da feira SUB, feira de publicação independente em parceira com A TORTA, espaço independente de arte Contemporânea em Campinas, SP.
Detalhes do desenho narrativas deslocadas, 2018.
Esses desenhos foram feitos a partir do pensamento de somos todos um. A artista foi convidada a fazer a ilustração de um livro de poesias e durante o processo de criação surgiram esses animais/plantas. Animais híbridos que compõe em trabalho e criam uma espécie de fauna/flora.
Proposição: convite as pessoas que quisessem deixar um desenho, escrita ou qualquer intervenção no papel. o material coletado compõe um livro de artista participativo.
Proposição participativa da exposição narrativas deslocadas, 2018.
Desleituras afetivas, 2018 Papel, nanquim sobre papel, grafite sobre parede, grafite sobre papel vegetal, recortes, pรกginas de livros, pregos 160x1000cm
Detalhes do trabalho
Trabalho apresentado na exposição coletiva como habitar o desenho, com a curadoria da artista Cláudia França na Galeria de arte da UFF, Niterói.
Vista da montagem da exposição.
Memรณrias improvรกveis, 2018.Subsolo, laboratรณrio de arte, Campinas, SP.
Memórias improváveis
"Olhei as árvores como quem interroga testemunhas mudas." 1 Sentada na beira do degrau observo o espaço. A árvore morta descansa. Ramos sem folhas nem raiz. Retângulo. Muro corroído pelo tempo. Chão coberto de grama recém cortada. Corredor entregue a solidão do vazio. Entreguei-me aquele retrato e passei a me perguntar o que de mim havia ali. Não demorou até que eu fosse absorvida pelo espaço. Cores sombrias. Passado. Morte? Vida? Passei a separar os ramos e galhos das árvores. Lembrei-me que as árvores na minha família iam se multiplicando. De muda em muda, de uma casa a outra. Memória. Assim me pergunto - de onde vem a memória? Onde ela mora? Tudo permanece vivo. Reorganizo os galhos como quem arruma a própria casa. Aconchegando cada coisa em seu lugar. Olho de novo e percebo o quanto reorganizar os galhos e troncos me transformou. Seres mortos. Cavidade em transição. De vazia a cheia. De nada a tudo. O efêmero. A parede manchada e rachada. Tijolo aparente. O que há por trás daquilo que vemos? O escondido e o aparente. Acalento a parede com um cinza claro. Breve pausa em cor. Os galhos descansam na paisagem. Se eu plantar o passado será que nasce memória? Haverá algo mais que sombras? Bosque das memórias. Universo peculiar das coisas mortas. Há quem passe a vida a cultivar o passado. Será a memória um pensamento? Será uma sensação? Um movimento? Respostas improváveis. 1. DIDI-HUBERMAN, Georges. Cascas - São Paulo: Editora 34, 2017 (1a Edição); p.112.
Ocupação do espaço 8X8 do Subsolo, laboratório de arte, Campinas, SP, a convite do curador Andrés Inocente Hernandéz.
Me encontro com o espaço e com tudo que foi deixado lá para então me perguntar:
De onde vem a memória? Como os deslocamentos do cotidiano ativam o lugar das memórias?
Memórias improváveis, 2018 Galhos(sem raiz, replantados no mesmo lugar de onde a árvore foi retirada), troncos, tinta acrílica e gravetos. 200x613x868cm
"Sentada na beira do degrau observo o espaço. A árvore morta descansa. Ramos sem folhas nem raiz. Retângulo. Muro corroído pelo tempo. Chão coberto de grama recém cortada. Corredor entregue a solidão do vazio. Entreguei-me aquele retrato e passei a me perguntar o que de mim havia ali."
Sarp, 2017 Trabalho selecionado no SalĂŁo de arte de Piracicba.
ainda, 2017. ImpressĂŁo digital 90x90cm
Exposição coletiva Atravessamentos poéticos, 2017. Museu da Cidade – casa de vidro, Campinas/SP.
Ainda, 2017 Impressão sobre PVC 30x30 cm cada Caixa de luz, impressão sobre PVC 40x120x20 cm
“A artista Valéria Scornaienchi deixa-se surpreender pela paisagem do amanhecer, todos os dias. Ordenadamente, todas as manhãs, entre 5h45 e 6h45 quando já está de pé, coloca-se a olhar para a mesma imagem da janela e produz fotografias do céu para então perguntar-se em silêncio sobre a duração das coisas... Só depois é que ela burila o trabalho aqui apresentado em distintas saídas para a imagem fotográfica. Nesse projeto propõe uma inversão de sentidos: ao mesmo tempo em que nos convida para sua janela poética, secciona com tal precisão o espectro de luz colorida, que termina por nos confundir sobre os limites entre as dúvidas subjetivas e as certezas indicadas pelas ondas de cor abstratas.”
Sylvia Furegatti Curadora da exposição atravessamentos poéticos
Padronagens criadas a partir das imagens do amanhecer. Todas as imagens desse projeto podem ser vistas no instagram @valeriamenezes1970
O projeto a colecionadora de manhãs foi desenvolvido, no período de um ano entre maio de 2017 e maio de 2018. A artista colecionou imagens do amanhecer de todos os dias entre 5h45 e 6h45 da manhã. As imagens foram trabalhadas num aplicativo de celular e foram postadas diariamente na página do instagram @valeriamenezes1970. É possível visitar a página e acompanhar todas as imagens criadas pela artista a partir dessa experiência.
valéria scornaienchi n.1970. artista visual. mora e trabalha em Campinas. http://valeriascornaienchi.com
Grupos de estudos/coletivo: 2016 – atual - Farol 81 2012 – atual - Sylvia Furegatti 2015 - 2019 - Estratégias Expositivas do desenho – Unicamp. Exposições Coletivas 2019 – MARP – programa de exposições , Ribeirão Preto/SP. 2018 – Como habitar o desenho – UFE, Niteroi/RJ. 2017 – Eu não posso deixar de... – ATAL, Campinas/SP - Atravessamentos poéticos – Casa de Vidro, Museu da Cidade, Campinas/SP – Ïncongruências Expandidas, Luz Y Oficio, Havana/Cuba. 2016 - Duas décadas do museu universitário de arte – MuNa, Uberlandia, MG. - “Palavra + imagem”- Livro de artista – Museu de arte Murilo Mendes – MAMM – Juiz de Fora/MG 2015 - 5 Tempos, Galeria Fernandes Naday, Campinas- SP – “A página e o livro de artista” – MAG, Goiania/GO. – “Palavra + imagem”- Livro de artista – MAC, Campinas/SP 2014 – “Passageiro Efêmero “– Desenho – Espaço Cultural Monteiro Lobato, Guarulhos/SP. 2013 – “Imaginação/imagem-ação” - Colagens - Colorida Galeria, Portugal. 2006 – “Perímetro Urbano” – Aquarelas - Espaço Cultural Arquitec, Campinas/SP.
Exposições Individuais: 2019 – “pelo avesso”- CHCM – Mackenzie, São Paulo/SP. 2018 – “pelo avesso” – MACC , Campinas, SP. - “Narrativas deslocadas”- TORTA, Campinas- SP “Tempo desmedido”- livros de artista – IA Unicamp, Campinas, SP. ”Memórias improváveis”- instalação - Subsolo Laboratório de arte, Campinas, SP. 2016 – “Nunca mais”- vídeo, instalação, work in progress – Gaia, Unicamp,Campinas/SP. - “Múltiplos sem múltiplo” –instalação de parede – Loja Carimbo, Campinas/SP. - “Encontros com Alice” – instalações de parede – EMEI Comecinho de Vida, Campinas/SP. 2015 – “Encontros com Alice” – intervenções em 4 espaços: Loja Carimbo, The MIX Bazar, Bolo de Madre e Botica Silvestre, Campinas/SP 2013- “Um chá com Alice” – desenhos e instalação – Quadrante Galeria, Campinas/SP. 2011 -“Um lugar chamado natureza” – aquarela, acrílica sobre tela, desenhos e livros de artista - Centro Cultural Wanderley Peres, Indaiatuba/SP. Salões de arte: 2017 – SAC Piracicaba – “ainda” 2016 – Vinhedo – “”processo 2013 - Guarulhos – “narrativas deslocadas” Residências: 2018 - São Simão – Ribeirão Preto
Prêmios: 2016 - FICC – Projeto “Pelo avesso” 2013 – salão de Guarulhos - narrativas deslocadas Obras em coleções MUnA – UFU – Uberlândia/MG Instituto de artes – Unicamp – Campinas/SP Embaixada de Cuba – Havana, Cuba.