anotemosoMundialeoCAN.AndamospelaLundaNorte.ÉimportantedaraconhecerointeriordeAngola.ABRIL/MAIO2006

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ABRIL/MAIO 2006 | n.º 3

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

Angola 11 USD’s | Portugal 8€ | Resto do Mundo 13 USD’s

VALOR ACRESCENTADO

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

ABRIL/MAIO 2006 | N.º 3

2010 já é amanhã. Nesse ano temos o Mundial e o CAN. Temos de mostrar ao Mundo que somos capazes.

FALANDO COM

Andamos pela Lunda Norte. É importante dar a conhecer o interior de Angola.


editorial

IDEIAS & SOLUÇÕES Connosco as suas Ideias transformam-se em Soluções

MOSTRAR TRABALHO, MOSTRAR ORGANIZAÇÃO Há temas que, independentemente da sua importância, nunca pensamos abordar, por serem marginais à nossa linha editorial. E há outros sobre os quais temos dúvidas, como no caso do futebol. Pensando bem, depois de algumas leituras e conversas, resolvi falar sobre futebol, não apenas enquanto desporto, mas, sobretudo, pelo seu envolvimento sócio-económico. No entanto, antes de desenvolver este tema, gostaria de vos falar das questões que se me puseram à partida. • Nos dias que correm, o futebol é um desporto ou é um negócio que envolve muito dinheiro, muito poder e muitas influências? • A Fédération Internationale de Football Association (FIFA), que superintende o futebol a nível mundial o que é? Uma simples associação à luz do Direito suíço? Ou, na prática, uma sociedade comercial, que gera lucros astronómicos, como o resultado económico de 2005 - 136 milhões de euros? O poder absoluto que a FIFA pretende ter, não colide com interesses nacionais, expressos no Direito Constitucional dos países cujas federações são associadas da FIFA - caso recente a emenda que o Parlamento grego teve de fazer por imposição da FIFA. • A corrupção no futebol, onde começa e onde acaba? Independentemente de tudo, o futebol existe. Angola teve um bom desempenho

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no Mundial de 2006. Foi incumbida de realizar o Campeonato Africano das Nações de 2010. Tais factos mostram que o nosso País tem já um grande crédito a nível internacional, mas também que temos de trabalhar muito para continuarmos a merecer essa confiança. O ano de 2010 é crucial para nós: Mundial de Futebol e CAN. Não sei qual vai ser o primeiro evento. Temos de planear. E tem de ser já! Vão ser feitas comparações entre a nossa organização para o CAN e a dos sul-africanos para o Mundial, apesar de serem acontecimentos de dimensões diferentes a nível de impacto. Mas, e que vantagens nos trará o CAN? Todas, do ponto de vista económico. Porque têm de ser construídos mais hotéis, mais estradas, melhorar a segurança, as infra-estruturas, tudo o que é necessário para recebermos condignamente os jogadores, as claques… não só em Luanda, como em todas as cidades onde os jogos vão ser realizados. E tudo isto permanecerá para além das competições. Se a nível organizativo formos capazes, podemos e devemos desenvolver o nosso turismo e aproveitar a apetência que o investidor estrangeiro tem pelo nosso País, nomeadamente fora de Luanda. Mostrar trabalho, mostrar organização, trará confiança e investimento. Não basta escrever sem conhecer a realidade do País. Fui de carro de Luanda a Xamiquelengue, via Malange. Vieram-me à memória os tempos que vivi em Malange. É verdade

que nem esta cidade, nem Ndalatando, são as mesmas. Para além da interioridade, foram marcadas pela guerra. É necessário reconstruir. E isso está a ser feito, com angolanos, portugueses, chineses… que trabalham de sol a sol, sem sábados nem domingos. É preciso ter em conta que as linhas da frente são muitas: o ensino, a saúde, acabar com a pobreza, e é claro que não se pode reconstruir um país com a extensão territorial do nosso, em sete dias. Por outro lado, reconstruir não é tudo. É necessário fixar as pessoas à terra, nomeadamente os que têm massa crítica. E os filhos pródigos têm de regressar, porque a porta está aberta. No Cafunfo, no Quango e em Xamiquelengue, há empresários angolanos que nunca abandonaram as suas terras. Merecem admiração e respeito. Tudo o que ganham é investido nas suas Lundas. Para eles as estradas são de capital importância e aguardam que sejam reconstruídas ou reparadas. Quanto a mim, deixo aqui um apelo: é necessário e urgente que os responsáveis pela governação do Cafunfo, resolvam rapidamente o problema das ravinas. Cafunfo tem o seu primeiro banco - o Banco Internacional de Crédito (BIC). Fernando Teles e todo o pessoal do BIC estão de parabéns. Visão estratégica? Acho que sim, porque para além do dinheiro que há nas Lundas, a Banca traz a estas regiões uma mais-valia assaz importante para o seu desenvolvimento.

SEDE Av. Comandante Valódia, nº 5 - 1º nº 15 - Luanda Tel. 00244 2442497 - Fax 00244 4311168 AGENTE Rua da Cidade de Luanda, nº 9 - Benguela DELEGAÇÃO Rua Quinta da Campainha, nº 1 4435-406 Rio Tinto - Portugal Tel. 00351 228300507 - Fax 00351 228329897

Propriedade Valor Acrescentado - Prestações de Serviços Lda Director José Luís Magro Chefe de Redacção Natasha Oliveira Redacção Paula Caetano, Carlos Neto Publicidade Eugénio Kussy GRAFISMO PMD - Comunicação e Design www.pmd.pt IMPRESSÃO Uniarte Gráfica / Porto Colaboraram neste número Lazarino Poulson, António Lopes de Sá, Paula Caetano, Maria Alves, Maria Lisboa, José Luís Magro

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Tiragem: 5.000 exemplares. Registada sob o número MCS-430/B/2006.

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Conhecemos os mercados financeiros. Temos mais de vinte anos de experiência. Estamos actualizados.

Brevemente vamos começar com os nossos cursos de formação nas seguintes áreas:

• Contabilidade Avançada • Mercado de Capitais • Análise Financeira • Análise de Projectos de Investimento

Temos pessoal com experiência nestas áreas. Em todos os cursos será fornecido material didáctico. Cada curso está limitado a 20 formandos.



Abril/Maio ‘06 | nº 3

especial 50 O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO A história do futebol O ano de 2010, vai ser importante para nós. Temos o Mundial na África do Sul e somos anfitriões do Campeonato Africano de Futebol (CAN). O ano de 2010 é já amanhã. Muito trabalho, tem de ser feito para não darmos razão aos incrédulos

direito público 12 A falta de rentabilidade do sector público empresarial do Estado O Problema Jurídico (II) contabilidade 16 O recordar da história da contabilidade

44 Saúde alimentar cultura 47 Alda Lara

28 Soberania, bolsas e normatizações

canto do investidor

gestão

48 LUÍS ALVES Processamento e Organizações Contabilísticas, Lda.

32 Ideias e técnicas de gestão Downsizing

40 Glossário Bolsa de Valores

informática de gestão 34 Economic value added e Market value added

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ambiente

formação 86 Curso de Contabilidade Avançada

lazer 88 JMRULE

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sumário falando com... No Cafunfo, Quango e Xamiquelengue conhecemos empresários angolanos que independentemente das agruras da interioridade acreditam e apostam nas suas terras. È importante dar a conhecer os seus anseios e as suas dificuldades ao Mundo.

74 ROGÉRIO JOÃO MANUEL 76 ANDY 78 JOÃO DA LOJA 80 MUTEBA ADOLFO PINTO 82 MANUEL EUGÉNIO 84 NAULILA TRINDADE

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secções 02 EDITORIAL 06 RECORTES DE IMPRENSA 08 OPINIÃO DOS LEITORES 12 DIREITO PÚBLICO

Angola 11 USD’s | Portugal 8` | Resto do Mundo 13 USD’s

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

ABRIL/MAIO 2006 | n.º 3

16 CONTABILIDADE 32 GESTÃO 34 INFORMÁTICA DE GESTÃO

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO 2010 já é amanhã. Nesse ano temos o Mundial e o CAN.

44 AMBIENTE 47 CULTURA 48 CANTO DO INVESTIDOR

ABRIL/MAIO 2006 | N.º 3

Temos de mostrar ao Mundo que somos capazes.

50 ESPECIAL

FALANDO COM Andamos pela Lunda Norte. É importante dar a conhecer o interior de Angola.

74 FALANDO COM... 88 LAZER 90 PRÓXIMO NÚMERO

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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recortes de imprensa

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O país nunca avançou tanto como nos últimos tempos O consultor Angolano, Amândio Vaz Velho, especialista em gestão moderna, considera que o País nunca avançou tanto como nos últimos quatro anos. Amândio Vaz Velho, disse que os maiores progressos foram registados nos sectores da educação, saúde e na recuperação de infra-estruturas. “Nunca se avançou tanto como se está a avançar neste momento, nunca nenhum Governo avançou tanto como este e, também digo que nunca nenhum Governo teve na

mão esquerda a paz e na direita petróleo a 60 ou 70 dólares”, frisou o especialista. O consultor considerou que no meio daqueles que trabalham e fazem, também existe quem não esteja a fazer bem, daí a necessidade de se desenvolver o que se chama de méritocracia, um sistema onde o mecanismo do poder é o mérito e só chega ao poder quem tem mérito, quem trabalha bem e, com um filtro para não deixar passar aqueles que trabalham menos. Fonte: Rádio Nacional de Angola, 11/08/2006

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Mais de metade da população de Luanda poderá viver em musseques até 2020 Caso não se criem medidas eficazes para travar o crescimento acelerado e desordenado, a cidade de Luanda poderá ter, até 2020, uma população estimada em 10 milhões de habitantes, 75 por cento dos quais a viver em musseques, informa um relatório das Nações Unidas. O relatório mundial lançado no dia 25/07/2006, em Luanda, denomina-se “Crescimento acelerado das cidades e da pobreza urbana” De acordo com o director para os Observatórios Globais Urbanos da ONU, Eduardo Moreno, estes dados mostram que

o crescimento dos assentamentos precários (musseques) é superior ao desenvolvimento urbanizado da população. “Estes indicadores ilustram que o desenvolvimento das cidades não é acompanhado pelo crescimento das infra-estruturas básicas, tais como água, saúde, energia, educação e habitações seguras”, frisou aquele responsável. Dados indicam que apenas 51 por cento dos luandenses têm acesso a água potável e a maior parte das doenças são provocadas devido ao consumo de água imprópria. Relativamente ao saneamento básico, só 20 por cento dos habitantes tem acesso à rede central de esgotos. Fonte: Angola Press, 25/07/2006

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Angola na cauda do Mundo sobre boa governação Angola ocupa o septuagésimo lugar entre 76 países pobres ou em vias de desenvolvimento, que constam da classificação que o Banco Mundial acaba de divulgar sobre Boa Governação.

né-Conacri com 57º. Em pior nível do que Angola, o Banco Mundial posicionou as Comores, a República Centro Africana e o Zimbabwe, encontrando-se este nos últimos lugares da tabela.

Na lista, aparecemos uma vez mais em pior posição em relação até a todos os outros países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). Cabo Verde é o país melhor posicionado, em segundo lugar na tabela. Moçambique está no 36º lugar, São Tomé e Príncipe 60º e Guiné-Bissau 68.

O controlo da inflação, a dívida externa regularmente paga, uma economia onde a concorrência é livre, despesas públicas equilibradas e bem repartidas, são alguns dos 16 critérios tidos em conta nesta classificação do Banco Mundial. Estes são os itens que o Governo CaboVerdiano está a cumprir à risca, daí a classificação abonatória que ostenta. Segundo explicações avançadas pelo Ministério das Finanças de Cabo-Verde, o Banco Mundial procura ter em conta sobretudo aspectos económicos e sociais dos países analisados.

Em melhor posição do que Angola encontram-se ainda países como o Burkina-Faso em 15º lugar, o Senegal 16º, Mali 20º Níger 47º Mauritânia 48º Nigéria 50º e Gui-

Fonte: Semanário Independente, 13/08/2006

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AIR Diama Com a cedência de 51% das acções da TAAG à Endiama - Empresa Nacional de Diamantes de Angola - e o ingresso de novos accionistas, a SAL - Sociedade de Aviação

Ligeira - deverá dar lugar à constituição da Air Diama, uma nova companhia de voos regionais que terá como principal segmento de mercado as zonas mineiras. Fonte: Africa.Expresso

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Relatório científico norte-americano alerta para “evidente” impacto humano no clima O relatório, “Temperature Trends in the Lower Atmosphere”, elaborado pelo Programa Federal científico para as alterações climáticas -, afirma que as tendências verificadas nos últimos 50 anos “não podem ser explicadas apenas pelos processos naturais”, cita a BBC online. Depois de terem reanalisado a informação sobre a atmosfera, os cientistas concluíram que as temperaturas na troposfera aumentaram 0,10 e 0,20 graus centígrados por década desde 1979. A diferença entre estes números, diz o relatório, significa “que ainda não é claro se a troposfera aqueceu mais ou menos do que a superfície terrestre”. Por isso, os investigadores afirmam que são necessários mais dados. Devido ao sobreaquecimento do clima, algumas espécies de aves migradoras começam a chegar à Europa depois do período de maior abundância de insectos que lhe servem de alimento, segundo um estudo publicado na revista “Nature”

Os investigadores holandeses analisaram, entre 1987 e 2003, a evolução das populações de Papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca), uma ave europeia que passa o Inverno na África sub-saariana e se alimenta de lagartas. O sobreaquecimento do clima fez avançar o período no qual estas lagartas são, normalmente, abundantes. Mas as aves não alteraram o seu período de reprodução. Como resultado, as crias do Papa-moscas-preto não encontram à sua disposição a quantidade necessária de alimento que permite a sua sobrevivência. Christiaan Both, do Instituto de Ecologia da Holanda e o autor principal do estudo, diz que 90 por cento da população local de Papa-moscas-preto desapareceu desde que se registaram estas alterações na abundância das lagartas Os investigadores acreditam que a maioria das aves migradoras poderão enfrentar as mesmas dificuldades. Fonte: Jornal “Publico”, 03/05/2006

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“CHUVA” DE DINHEIRO NA CHINA Não há sinais de abrandamento do investimento directo estrangeiro na China, à medida que as empresas de tecnologia desenvolvem os seus planos de expansão e operação naquele país. A EMC, líder em gestão e armazenagem de dados informáticos anunciou que planeia investir USD 500 milhões na China, nos próximos cinco anos. No mês de Agosto de 2006, a EMC, abrirá o seu primeiro centro de pesquisa e desenvolvimento em Xangai e dará início à criação de uma rede de soluções para estreitar o relacionamento com os clientes chineses. Aquela companhia norte-americana, quer estabelecer parcerias com integradores de “software” e de sistemas, abrir centros de formação e contribuir significativamente para o desenvolvimento da comunidade científica.

A Freeborders, uma empresa de prestação de serviços em “outsourcing”, prepara-se para quadruplicar as instalações de que dispõe em Shenzhen. Em 2005, a Freeborders, aumentou em 100% a capacidade de produção do centro de tecnologia dotando-o com 700 engenheiros, num total de mais de 2.000 colaboradores. De acordo com um estudo da Analysis International sedeada em Pequim, o mercado dos serviços de software em “outsourcing” alcançou um valor global de USD 323 milhões no primeiro trimestre de 2006, um aumento de 44% As importações de petróleo por parte da China, no primeiro semestre de 2006, relativamente a igual período do ano anterior, tiveram um aumento de 17.6 por cento. As autoridades chinesas justificam este aumento com o elevado crescimento económico verificado no país e um “boom” na aquisição de automóveis. Fonte: Semanário Expresso 19/08/2006

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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opinião dos leitores

Caro Director A revista nº2, está vocacionada para o mercado de capitais. Quer os artigos de fundo “Tributação dos Rendimentos das Sociedades Abertas e o Mercado de Capitais em Angola” “Comparação entre o Plano Geral de Contabilidade e alguns da União Europeia” “Glossário de Bolsa de Valores”quer o desenvolvimento “Mercado de Capitais”, são artigos feitos com cabeça, tronco e membros. Em termos práticos, tenho grandes dúvidas que se consiga no curto e até no médio prazo criar uma bolsa de valores em Angola. Quais são as pessoas que vão trabalhar nesse projecto? Estrangeiros ou angolanos que se licenciaram fora do país e se forem estes que condições lhes vão dar.

Escreva-nos a dizer o que pensa dos últimos artigos da VALOR ACRESCENTADO.

Amílcar Machado Senhores do Valor Acrescentado

Prezado Luís Magro

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Quanto ao Nº1 da VALOR ACRESCENTADO, ficámos muito satisfeitos com a qualidade do que se publicou, tanto a nível informativo e técnico, como o aspecto gráfico. Os assuntos escolhidos parecem-nos relevantes e daí, com muita utilidade. Para mim é também muito informativa para saber um pouco mais sobre a situação actual e perspectivas futuras de Angola. Ieonor.ferreira@fe.unl.pt

Caro Dr. José Luís Magro

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O trabalho sobre a Diáspora está muito bom. Toca aspectos importantes com a opinião de vários angolanos de vários quadrantes sociais. Angola, precisa de todos nós, mas o regresso como diz no seu editorial não é fácil, nomeadamente a separação da família. Assim, só me resta ouvir notícias sobre a minha Angola, falar com amigos que de lá vêem. As passagens aéreas são muito caras, o alojamento também e para agravar temos de ter uma carta de chamada de algum conterrâneo para visitarmos a nossa terra. Como vai Angola apostar no turismo com todas estas barreiras, para além de ser caricato, um natural de Angola, precisar de uma carta de chamada para entrar no país. Foi bom ver a fotografia do meu glorioso, Sport Lisboa e Benfica, no centro de Canjala, o que só mostra a grandeza e esplendor do glorioso. Já estamos no mato. José Luís Borges

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Sou angolana e recém-licenciada em Economia, pela Faculdade de Economia do Porto. Estou a fazer um pequeno estágio, para depois com mais experiência, regressar ao meu país, à minha Luanda. Li as edições números 1 e 2, e fiquei feliz, porque já se fazem coisas bonitas e interessantes em Angola. Entretanto, ao mostrar as revistas a mais pessoas, fui informada por amigos que conhecem o vosso director, da cidade do Porto onde é muito conhecido na área da Auditoria e Contabilidade. Estou baralhada, a revista é angolana ou é portuguesa? Neusa Castilho Nota Redacção – A revista é de direito angolano devidamente registada como consta da sua ficha técnica (logo a seguir ao editorial). A recolha de elementos é feita no terreno, ou seja, em Angola. O design e impressão são feitos no Porto. O seu director tem a dupla nacionalidade, ou seja, é angolano e português. Vive no Porto Luanda e Benguela.

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opinião dos leitores

Caro Director Estive a ver as revistas do “Valor Acrescentado”, impressa e também aproveitei para ver o site da mesma na internet. Antes de mais, meus parabéns! É uma publicação óptima em termos de qualidade e conteúdo. Mas sobretudo porque é, para mim, uma janela de ligação que me permite reencontrar e relembrar as minhas raízes Angolanas! E é tão bom recordar as pessoas e os sítios que foram tão importantes para mim, e responsáveis por felicidades passadas! Todavia, parece-me que esta revista está dirigida a um público muito restrito, uma vez que parece estar fundamentalmente centrada em aspectos socioeconómicos da nossa terra. O caderno do lazer, creio deveria ser mais explorado de maneira a aproveitar este veículo já existente. Mas sobretudo para poder levar a Angola, na sua rica cultura e beleza natural e humana para além fronteiras, estabelecendo pontes entre todos aqueles que estão ligados e se interessam por esta terra. Tudo em Angola é rico e diversificado: as suas vivas cores, os seus rompantes sons, os seus picantes sabores e intensos aromas. Este país pela sua beleza e potencialidades deveria ser do conhecimento público, e claro está, fazer parte da experiência pessoal de cada um. E tal só será possível quando se é dada a conhecer, promovendo Angola dentro e fora desta, recorrendo a todos nós, como cartão de visita exteriorizando a saudade que sentimos. A curiosidade e a vontade de visitar nossa terra germinarão e dará frutos quando cativarmos todos. Para tal, são precisos os “turistas”, mas essencialmente promover as condições em Angola para receber estes visitantes e seus investimentos. O desenvolvimento deverá generalizar-se a todas as províncias e não apenas à sua capital. Uma vez mais muitos parabéns Fernanda Monteiro

Caríssimos Foi com grande prazer que li já dois dos vossos últimos números, e com grande enfoque na qualidade técnica dos temas abordados. A residir em Angola há 5 anos, tendo experiência em vários ramos e sectores de economia, tenho visto ao longo dos últimos tempos e com regozijo, o desenvolvimento desta nossa terra que já merecia que tal acontecesse. Envolvido agora no sector de serviços no ramo petrolífero, e tendo embarcado em actividades como o desenvolvimento do ensino superior em Luanda, procuro novas actividades que me merecem especial atenção. Para tal junto a minha disponibilidade para estar ao vosso dispor para prestar como colaborador em qualquer de um número caso assim o desejarem. Alexandre Dinis Nota Redacção – Felizmente, começa a aparecer gente jovem a querer colaborar connosco, o que para nós é estimulante e importante. Tal como consta dos nossos estatutos, aceitamos artigos dos nossos leitores. Os mesmos serão analisados e publicados se acharmos que têm a qualidade e interesse para a nossa revista.

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direito público

Lazarino Poulson

Consultor Jurídico Docente Universitário e Mestrando em Direito

A falta de rentabilidade do sector público empresarial do Estado O Problema Jurídico (II)

D

iagnosticamos dois problemas jurídicos que obstam a rentabilidade do sector público empresarial: o incumprimento e inadequação do regime jurídico das Empresas Públicas. Vamos, telegraficamente, escalpelizá-los.

1. O incumprimento do regime jurídico das Empresas Públicas Infelizmente, em Angola, o incumprimento do regime jurídico das empresas públicas tem sido um facto, público e notório. E esta afirmação pode ser confirmada em confronto com dois aspectos fundamentais: por um lado, as-

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sistimos a falta de adequação das empresas públicas na lei em vigor Falta de adequação (muitas empresas do das empresas públicas Estado se acham ainda sob o regime da Lei n.º na lei em vigor 11 / 88, de 9 de Junho, quando esta foi revogada pela Lei n.º 9/95, de 15 de Setembro) e, por outro lado, verificamos que esta Lei só foi regulamentada em 2002 sete anos após a publicação da Lei das Empresas Públicas (aprovada pelo Decreto n.º 8/02 , 12 de Abril).

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direito público

Se repararmos nas leis referidas, vamos surpreender nelas este importante mecanismo de relação entre o Estados e os entes que gozam de autonomia. Pensamos que o mecanismo da tutela não prejudica a rentabilidade das Empresas Públicas.

2.2. Superintendência Administrativa Entendida como sendo o poder que a lei confere ao Estado de definir os objectivo e guiar a actuação das suas empresas. É, pois, um poder de orientação. A superintendência administrativa constitui um mecanismo mais apertado do que a tutela. Por via deste, o Estado não dá muitas margens de liberdade às empresas que estão sob sua orientação. Se, por um lado, a falta de aplicação da Lei das Empresas Públicas deveu-se, sobretudo, a ausência do seu regulamento, por outro, a falta de vontade política e de estratégia económica estiveram na base do incumprimento do regime jurídico das mesmas.

2. Inadequação do regime jurídico das Empresas do Estado O segundo grande problema jurídico que dificulta a rentabilidade das empresas do Estados é, precisamente, a inadequação do seu regime jurídico. E, neste âmbito, vamos apenas destacar, um aspecto particular: os mecanismos de relação entre o Estado e as Empresas Públicas. Tanto no regime da Lei n.º 11/88, de 9 de Junho (deu origem as U.E.E s), como no regime actual da Lei n.º 9/95, de 15 de Setembro, as Empresas do Estado relacionam-se com o seu respectivo dono (o Estado), através de duas das figuras jurídicas: a tutela e a superintendência

Ao definir as políticas e metas das suas empresas, o Estado fixa administrativa e politicamente a actuação destes entes de cariz económico. Há quem entenda que deste modo as empresas ficam ancoradas a estas, não se movendo no mercado com a agilidade e criatividade própria da actividade empresarial. Para os defensores do neo-liberalismo, o Estado não deveria ter Empresas Públicas o Estado, segundo este pensamento, não tem vocação para ser empresário. Não perfilhamos desta corrente de pensamento, todavia, pensamos que se dever-se-ia rever o mecanismo da superintendência. Em homenagem a rentabilidade das Empresas Públicas (minimizar os custos e maximizar os lucros), dever-se-á reduzir os poderes de orientação do Estado. Todos aqueles poderes que contendam com a autonomia administrativa e financeira, bem como os que atrofiam a liberdade, criatividade e agilidade necessárias ao desempenho da actividade empresarial, deveriam ser eliminados, ou pelo menos reduzidos. Sendo certo que a rentabilidade das Empresas Públicas só será alcançada se, pensarmos Direito.

2.1. Tutela Administrativa A tutela administrativa pode ser entendida como sendo o conjunto de faculdades ou poderes que o Estado possui, por lei, de intervir na gestão da Empresas Públicas, com o objectivo de garantir a legalidade e o mérito da actuação das mesmas. É, portanto, um poder de controlo.

Para os defensores do neo-liberalismo, o Estado não deveria ter Empresas Públicas – o Estado, segundo este pensamento, não tem “vocação para ser empresário”

Bibliografia Consultada Guerra , Armando Morais , Direito da Economia Angolana , Escher , Lisboa , 1994 , pág. 185 e ss. Amaral , Diogo Freitas do , Curso de Direito Administrativo , 2.edição , Vol.I , Almedina , Coimbra , 2005 pág. 358 e ss

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contabilidade JOSÉ LUÍS MAGRO Licenciado em Contabilidade Pós-Graduado em Finanças Empresariais Auditor e Consultor de Empresas

O RECORDAR DA

HISTÓRIA DA CONTABILIDADE

O

termo “História” vem do vocábulo grego “histor”, que significa “o que se sabe, porque se viu”

A História, como todos os ramos do saber, evoluiu ao longo dos tempos.Como exemplo, hoje ora se escreve “história” ora se escreve “estória”. Qual a palavra correcta? De acordo com os estudiosos da Língua Portuguesa, não há grandes diferenças entre os dois vocábulos, visto partilharem da mesma etimologia. Porém, continuando na mesma senda, o vocábulo “estória” é antigo, caiu em desuso, não constando nos mais recentes dicionários da Língua Portuguesa, editados em Portugal. A História, não é só o resultado do que se viu, mas também do que se contou (tradição oral tão importantíssima nos tempos antigos), do que se encontrou em matéria de documentos escritos e do que se observou. Para o efeito, ela teve de recorrer de outras ciências como: a Arqueologia, a Antropologia, a Etnologia, a Museologia… Todavia, o termo “História”, ao longo da sua história, teve várias cambiantes, ou seja, é usado para o estudo evolutivo de uma sociedade comercial, de um país, de um clube de futebol, de um ramo científico, que no nosso caso concreto, é a História da Contabilidade.

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A História da Contabilidade é milenar, como refere o Prof. António Lopes de Sá “a Contabilidade nasceu com a civilização e jamais deixará de existir em consequência dela”. Infelizmente, as guerras, para além das perdas humanas sempre irreparáveis, dos mutilados, da destruição de famílias, têm também como mal o apagar da História, com a destruição de dados arqueológicos, museus, monumentos, palácios que são património mundial. A título de exemplo, o Iraque é um país com muita História desde os tempos dos Sumérios, Caldeus, Assírios e Babilónios, pertencendo a uma das regiões mais prósperas da Antiguidade Oriental que era a Mesopotâmia que significa entre-os-rios – Tigre e Eufrates. Para melhor compreensão, a História da Contabilidade, está dividida em períodos, consoante as épocas, entretanto vividas. A forma de apresentação desses períodos , pode variar de autor para autor, pelo que apresentamos as formas que julgamos serem as mais elucidativas:   Sá, Lopes de António, “História Geral e das Doutrinas da Contabilidade”.   O conteúdo da evolução da Contabilidade é comum em qualquer das apresen-

tações, podendo quando muito, determinado tema ser mais ou menos desenvolvido pelos seus autores.

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Vários Autores

António Lopes de Sá

Contabilidade do Mundo Antigo Intuitivo Primitivo Inicio da Civilização Humana até 1202 antes Vivido nos períodos líticos da pré-história de Cristo (AC)

Jaime Lopes de Amorim Primórdios O crédito como impulsionador da técnica contabilística

Contabilidade do Mundo Medieval Racional Mnemónico Antiguidade Oriental e Antiguidade Clássica Vai de 1202 AC até 1494, altura em que foi Disciplina de registos, ocorrido na AntiguidaIndícios denunciadores da existência da Conpublicado o Tratactus de Computis et Scriptu- de, iniciado cerca de 4.000 anos AC tabilidade ris (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Paciolo Contabilidade do Mundo Moderno Lógico Racional Pseudo-personalismo Vai de 1494 até 1840, com o surgimento da Preocupação com a evidência dos factos. Iniciada por Luca Paciolo, muito pobre em obra “La Contabilitá Applicatta alle Amminis- Aparece o sistema de Partidas Dobradas de conceitos. Não define Contabilidade, não detrazioni Private e Pubbliche”, da autoria de Luca Paciolo fine Conta Franscesco Villa, Contabilidade Cientifica Inicia-se em 1840 e vai até aos dias de hoje

Literatura Preocupação de ensinar através de obras escritas nomeadamente a forma de “como realizar os registos e demonstrações”.Tal período ensaia-se a partir do século XI, tendo como ponto nevrálgico o mundo Islâmico, propagando-se pelo Ocidente, e assim se definindo, a partir do século XV

Personalismo Iniciada por Giuseppe Cerboni, com as suas obras “Primo Saggio di Logismografia” e “La Regioneria Scientifica e le sue Relazioni con le Discipline Ammistrative e Sociale” . O Balanço era elaborado só com contas pessoais, não permitia análise qualitativa nem a determinação do valor do património.

Pré-científico Busca intensa de raciocínios, definições e conceitos, que deu ensejo à disciplina das contas. Começa no século XVI e prolonga-se até ao século XIX

Controlismo Iniciada por Fábio Besta e seguida pelo seu discípulo Vincenzo Masi. Teoria que discorda fundamentalmente da noção de património dada pelos personalistas

Cientifico Aparecem as primeiras obras científicas e se estabelecem as bases das escolas do pensamento contabilístico. É a época que se começou a estudar a essência dos fenómenos patrimoniais

Teoria jurídico-económica Iniciada por Jean Bournisien in “Essai de Philosophie Comptable” e seguida por Robert Lefort. Teoria que não trouxe nada de relevante.

Filosófico-normativo Aparece a partir da década 50, do século XX, onde existe a preocupação de normalizar as informações e criar estruturas conceptuais. Tal período é da actualidade.

Positivista ou Matemática Autor Jean Dumarchey, com o seu livro “Théorie Positive de la Comptabilité” Consegue substituir todo o empirismo reinante por uma nova Ciência, a “Ciência das Contas” Teoria Dinamista ou Dinâmica Criada por Eugene Schmalenbach, através da sua obra “ Dynamische Bilanz” Atribui-se a ele a criação da conta Perdas e Ganhos (Resultados) Teoria Reditualista Autor Gino Zappa, com o seu livro “ Il Reddito di Impresa” A base desta teoria: integração numa só disciplina de todos os conhecimentos relativos à vida económica das empresas (aziendas): a técnica de Administração; a Organização; a Contabilidade

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contabilidade

A História, não é só o resultado do que se viu, mas também do que se contou (tradição oral tão importantíssima nos tempos antigos), do que se encontrou em matéria de documentos escritos e do que se observou. No IV milénio AC, na Mesopotâmia, apareceu a escrita cuneiforme, basicamente contabilística, e foi assim designada, pela sua forma de cunha, onde os registos eram feitos em plaquinhas de argila fresca, sulcadas por estiletes de madeira. Esta escrita, acabou com até aí existente, baseada em desenhos, para passar a ser ideográfica, havendo ainda hoje, discussões se foi o povo hebreu quem inventou a escrita por nós seguida, ou se foram os Fenícios.

fenómenos patrimoniais, como o conceito de ganhos por natureza e dentro deles realçou a definição de ágio. Entretanto, os grandes estudiosos da Contabilidade, até à Antiga Roma, altura em que apareceu material mais resistente (papiro ou pergaminho) tiveram grande dificuldade em provar a existência desta Ciência. De importante, as provas escritas da altura resumiam-se. • Na Antiguidade Oriental, mais propriamente na Índia, o Código de Manu, já legislava sobre: os lançamentos dos tributos do rei; sobre os juros; sobre os empréstimos. • Na Pérsia, entre 521 a 481 AC, Dário, mandou fazer o cadastro de todo o império que serviu de base para o lançamento do imposto sobre a propriedade da terra • Na Fenícia, os escribas e os magistrados eram os responsáveis pela recolha dos impostos e tinham a obrigação de prestar contas junto do Rei e, posteriormente, do Senado. Mais, há autores, que dizem que foram os fenícios os primeiros a conceber e a praticar a arte de compilar registos e de fazer lançamentos. • Na Palestina, havia a prestação de contas a julgar pela informação constante no “Livro dos Números” nomeadamente no versículo VII do capítulo IV do “Velho Testamento”, como prova: “Onde houver muitas mãos, faz uso das chaves. Conta e pesa tudo o que te derem e assenta no livro o nome de quem dá e de quem recebe”. Julga-se que os hebreus possuíam um sistema completo de registos.

Escrita cuneiforme

Para além daquele legado, o Prof. António Lopes de Sá, chama na sua obra “História Geral e das Doutrinas da Contabilidade” de ”ponto alto da racionalidade mnemónica da riqueza”, isto porque a maioria das plaquinhas de argila descobertas dessa Civilização, eram de natureza contabilística, tal como já referimos, outros legados houve, como o sistema decimal, o calendário, os pesos e medidas. Há investigadores que dizem que estes povos, nomeadamente na Suméria e na Babilónia, já faziam: apuramento de custos, revisões de contas, controlos de gestão de produtividade em pranchas de argila (há algumas peças destas nos museus do Louvre e do Vaticano). Na Índia, aproximadamente 325 a 83 AC, no período de Maurya, Kautilya escreveu o livro Arthasastra, onde estão insertos vários conceitos e definições de Contabilidade, pese embora tal livro não fosse dirigido única, e, exclusivamente, para a Contabilidade, como para outras áreas como a Economia, Direito, Ética… mas, de importante, na área contabilística, kautilya teve a preocupação em criar teorias sobre muitos

Assim, foi a partir da Antiga Roma, que se conseguiu de uma forma inequívoca, saber como a Contabilidade existia e funcionava. Com a queda do Império Romano, o Mundo estagnou e a Contabilidade também padeceu desse mal. Com as cruzadas, com a descoberta de uma “Novo Mundo” houve um ressurgimento da Contabilidade, nomeadamente nas Republicas Italianas, em que destacamos Veneza (1494) onde o Frei Luca Paciolo, inventou o sistema partidas dobradas (partita doppia) ou sistema digráfico.

Iraque é um país com muita História desde os tempos dos Sumérios, Caldeus, Assírios e Babilónios, pertencendo a uma das regiões mais prósperas da Antiguidade Oriental que era a Mesopotâmia

Ferreira, Clementina, “Apontamentos de Teoria da Contabilidade”

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Quando aparece algo de novo, algo revolucionário, há sempre defensores como também há detractores e foi o que aconteceu com a obra de Luca Paciolo. Fábio Besta, foi dos estudiosos que não acreditou que Frei Luca Paciolo no centro o frei Luca Paciolo, pudesse ter escrito “Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita” e, dentro dela, o cerne da polémica o “Tractactus XI particularis e scripturis” tendo dito “não posso perduadir-me de que um homem como Paciolo tivesse podido sequer pensar em escrever tão minuciosamente livros mercantis, se outros não tivessem preparado a matéria...” Isto porquê? Porque Fabio Besta, pensava que para se escrever uma obra como o Tractactus, era necessário conhecer a vida no seu ponto de vista prático.Ora Paciolo era frei, vivia num convento, por conseguinte não tinha essa vivência. É importante dizer que na época, o saber estava na mão da Igreja, do Clero.

Mas, com Luca Paciolo, a Contabilidade ainda não era Ciência, isto porque baseava-se em concepções concretas. Entretanto, a teoria Pseudo-personalista do Luca Paciolo, teve o condão de fazer a transição do negócio visto numa óptica individualista para a óptica colectiva ou de sociedade.

Independentemente, da polémica sobre a paternidade do sistema digráfico, foi indubitavelmente, um verdadeiro marco na História da Contabilidade.Com este sistema, está sempre implícito a causa e o efeito, ou seja a um débito tem de corresponder sempre um crédito, sendo este o sistema que ainda hoje é utilizado em todo o Mundo civilizado. Em Portugal, o mais antigo testemunho da escrituração mercantil pelo “método das partidas dobradas”, data do século XVI, “ O livro de Rezão de António Coelho Guerreiro” Nesse livro, para além do Razão, António Coelho Guerreiro, que foi comerciante em nome individual, teria escrita montada, em que fazia parte dos seus livros “ o Livro das Carregações, o Livro de Caixa ou de Cofre, Diário (ou mesmo borrador do Diário), Contas-Correntes, Registo de Letras e Copiador de Cartas.

Sistema digráfico, foi indubitavelmente, um verdadeiro marco na História da Contabilidade

Rau, Virgínia, O livro de Rezão de António Coelho Guerreiro”, Lisboa, 1 956

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Até que fosse considerada ciência a Contabilidade, muito caminho teve de percorrer: basta olhar para o quadro na página 15 e analisar os desenvolvimentos dos Mestres António Lopes de Sá e Jaime Lopes de Amorim, isto porque: O conceito de Ciência ao longo dos tempos não foi sempre o mesmo: na Antiguidade, era sinónimo de Saber; no Renascimento, era o Conhecimento Experimental; na Actualidade, o Conhecimento resulta da Investigação. Perguntar-se-à porque é a Contabilidade uma ciência, independentemente dos conceitos já apresentados nesse sentido. Porque tal como afirmou Vincenzo Masi, a Contabilidade: • tem um campo de acção próprio ( o património); • não invade o objecto de nenhuma outra ciência ( mais nenhum ramo do saber estuda o património);

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• tem métodos de investigação próprios; • tem doutrinas próprias ( linhas de pensamento, estuda várias teorias, algumas aqui demonstradas) E como Ciência, tem os seguintes direitos inalienáveis: • direito ao nome (regioneria) • direito à imagem ( tem definições, tem conceitos) • direito ao objecto próprio ( o património) • direito à integridade cientifica ( mais nenhuma ciência pode estudar os mesmos fenómenos, no caso concreto os patrimoniais) • direito à autonomia e independência (estabelece relações com outras ciências: Economia, Direito.., mas não depende delas) Foi com Fábio Besta e o seu discípulo Vincenzo Masi, que começaram a aparecer conceitos, a discutir-se as coisas, nomeadamente o conceito de património. Começou-se a fazer luz sobre esta nova Ciência que é a Contabilidade Ainda hoje é presente o que disse Fábio Besta “ é de notar que na determinação da medida de um património se Fabio Besta devem considerar as suas condições de facto bem como as de direito, visto não terem valor para nós os bens que tenhamos a haver, mas que realmente não possamos vir a possuir” Em suma, em Contabilidade, deve-se considerar o património como uma grandeza comensurável por via do valor. Para Fábio Besta , “Contabilidade é a ciência do controlo económico” Ora, não se pode concordar com este grande Mestre, isto porque a Contabilidade não controla forças de ordem cósmica: vulcões, tufões, sismos... o que é corroborado por Jaime Lopes de Amorim “atribuir à Contabilidade funções de controlo económico como seu objecto especifico equivalerá, em minha opinião, atribuir-lhe um domínio que excede as suas próprias possibilidades actuantes, mas que, por outro lado, também não abrange uma boa parte da fenomologia que compete ao seu foro privativo”. Aqui reside a beleza da Ciência, ou seja, não há verdades absolutas o que hoje é verdade amanhã pode ser contestado. Basta ver, noutro ramo do saber, a contestação do cientista português João Mangueijo feita no seu livro “Mais rápido que a luz” sobre a Teoria da Relatividade de Einstein. Para Vincenzo Masi património “é uma coordenação de bens económicos ou um plutocosmo e também um conjunto ou com-

Nascido em Teglio de Valtellina, na Lombardia, e 17 de Janeiro de 1845, e

falecido em 3 de Outubro de 1922, em Treviso de Sondrio. Fonte http://www.fae. edu/intelligentia/pensadores/fabio.asp   Elementos activos e passivos

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plexo de valores expressos em moeda de conta, ou seja um aritmocosmo ”. E Contabilidade, para Vincenzo Masi,é a “ciência do património” que, julgamos ser uma definição sábia e feliz, isto porque não vimos até hoje qualquer constestação. Jean Dumarchey com a sua obra “Théorie positive de la Comptabilité”, publicada em Lyon em 1914, revolucionou o mundo da Contabilidade, isto porque traçou um novo rumo para a mesma, deixou de ser empírica, deixou de se basear em concepções concretas, para passar a sustentar-se num sistema de conceitos e de processos racionais, que derivaram da definição e coordenação lógica dos dados, como refere o Prof. Chendry no prefácio da obra de Jean Dumarchey “ ... a época das concepções concretas e por vezes pueris tinha passado: o homem chegara ao ponto das concepções abstractas, soando então, a hora da Ciência” A obra de Jean Dumarchey foi traduzida em várias línguas, inclusive, o português e para além do entusiasmo que criou na classe dos contabilistas, muito contribuiu para modernizar o ensino da Contabilidade. Com Jean Dumarchey, aparece uma nova noção de Contabilidade, “Ciência das Contas” uma nova noção de Conta, “classe de unidades de valor essencialmente variável no espaço e no tempo” e Classe, “ conjunto de coisas que apresen-

“É de notar que na determinação da medida de um património se devem considerar as suas condições de facto bem como as de direito, visto não terem valor para nós os bens que tenhamos a haver, mas que realmente não possamos vir a possuir” tam uma característica comum”. Entretanto, Jaime Lopes de Amorim, ao conceito de Conta, deste Mestre, deu o seguinte “ Conta é uma classe de elementos ou componentes patrimoniais expressos em unidades de valor, susceptível de sofrer variações no espaço e no tempo” Foi Jean Dumarchey, quem criou a Lei do Equilíbrio das Variações das Massas Patrimoniais, ou seja, “num Balanço, toda a variação de uma conta do Activo, Passivo e Situação Liquida, provoca necessariamente uma variação de uma das outras duas contas, igual e do mesmo sentido se pertencerem a membros diferentes, e de sentido contrário se pertencerem ao mesmo mem   Corresponde a uma soma ou um quantum de valores, ou seja, resultado

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“... a época das concepções concretas e por vezes pueris tinha passado: o homem chegara ao ponto das concepções abstractas, soando então, a hora da Ciência”

bro; ou então, uma variação igual e de sentido contrário da mesma conta...”. Eugene Schmalenbach, autor do “Dynamische Bilanz” (1919), criador da conta Perdas e Ganhos, dá a esta conta, mais importância que o Balanço. Para este autor, o lucro é o fulcro de todo o dinamismo patrimonial. Não obstante, Eugene Schmalenbach, entendeu que a formação do rédito não depende só da empresa, mas também do ambiente externo onde está inserida. O Prof. António Lopes de Sá, mais tarde, em sua teoria das Funções Sistemáticas, abriu caminho para uma estrutura de doutrina virada para o meio ambiente, tendo como preocupação a eficácia do fenómeno patrimonial e a eficácia do fenómeno ambiental natural A seguir apresentamos a conta de Perdas e Ganhos criada por Eugene Schmalenbach DEVE Existência no começo do exercício Instrumentos Matérias-primas Produtos fabricados Produtos inacabados Matérias-primas compradas Salários Despesas Diversas Contribuições e impostos

HAVER Produtos vendidos Existências no fim do exercício Instrumentos Matérias-primas Produtos fabricados Produtos inacabados

Para muitos autores, a teoria Dinamista ou Dinâmica ao dar maior relevo à conta Perdas e Ganhos, e consequentemente ao lucro, está a retirar ao património, o carácter essencial já dado à Contabilidade e cientificamente provado com a teoria Positivista ou Matemática de Jean Dumarchay.

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Há grandes semelhanças entre a teoria de Eugene Schmalenbach e a teoria Reditualista de Gino Zappa, autor da obra “Il Reddito di Impresa”, (1950). Entrentanto, da teoria do italiano extraimos o conceito de Custo, “expressão sintética de todas as despesas que devem ser recuperadas, a fim de que o capital da empresa vendedora,descuradas todas as outras variações, seja reconstituido na medida preexistente ao suporte dessas despesas” . E o que é uma despesa? É a obrigação de pagar algo. Nem todas as despesas implicam custos. Como exemplo, a criação de uma amortização/reintegração de uma viatura ou a constituição de uma provisão para depreciação de existências.

E o que é uma despesa? É a obrigação de pagar algo. Nem todas as despesas implicam custos

Prosseguindo, na teoria Reditualista, Rédito e Capital, são duas maneiras diferentes de analisar o mesmo fenómeno. Nesta perspectiva, cada facto patrimonial pode ser analisado da seguinte forma: 1. na óptica financeira ou do património, isto é, das despesas e das receitas; 2. na óptica económica ou do rédito, isto é, dos custos e proveitos Estas ópticas, nos dias que correm, são muitas vezes confundidas em análises económico-financeiras A Contabilidade, como Ciência, teve de se adaptar às novas tecnologias, pelo que em 1936, Léon Gomberg na sua obra “ La Doctrine de la Comptabilité et les Méthodes Compta-

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bles” aborda a Contabilidade Integral. É a aplicação de matrizes, à Contabilidade. Esta teoria baseia-se nos seguintes princípios: • em qualquer facto contabilístico há sempre uma causa e um efeito ; • efeito é igual à causa Para simbolizar este principio

CAUSA (CRÉDITO)

EFEITO (DÉBITO)

bilidade, a nível universitário, foi perdendo importância e valor. A partir da segunda metade do século XX, surgiram muitas teorias e pesquisas científicas e empíricas, com primordial incidência nas áreas do Valor (Avaliação), Manutenção do Capital, Retorno do Investimento (payback) … nos mais diversos recantos do Mundo. Todos esses trabalhos, como refere, o Prof. António Lopes de Sá, estavam mais virados para outras vertentes, como o rédito, liquidez, risco… e menos para a Teoria Geral da Contabilidade. São do Prof. Gonçalves da Silva , os seguintes apontamentos sobre sucessos de alguma importância histórica, a partir do segundo quartel do século XX: 1. Publicação, em 1928, das “Lições de Contabilidade Geral” de Jaime Lopes de Amorim

Ainda em 1936, o matemático Koening, aplicou a teoria dos Grafos à Contabilidade que veio a ser desenvolvida em 1958, por Berge. Por grafo, entende-se “o objecto abstracto constituído por um conjunto X de pontos (sem propriedade) e por um conjunto E de linhas entre esses pontos (sendo a única propriedade da linha a de ser incidente em dois pontos, distintos ou coincidentes). Abaixo apresentamos um lançamento em que a origem é o Capital e a Aplicação é o Dinheiro.

Dinheiro _ X2

. X1

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_

Capital Com o declínio das escolas europeias, sobressaíram as escolas norte-americanas com as suas teorias e práticas contabilísticas. O surgimento do American Institute of Certified Public Accountants, em 1887, foi de extrema importância para o desenvolvimento da Contabilidade e dos princípios contabilísticos. Houve uma boa simbiose entre académicos e profissionais da Contabilidade, contrariamente ao que estava a acontecer na Europa, em que o ensino da Conta-

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Base do sistema de partidas dobradas

2. Aparecimento, em 1933, da “Revista de Contabilidade e Comércio” 3. Concursos de livros para o ensino da Contabilidade nas escolas elementares do Comércio 4. Fundação de associações de técnicos de contas das quais a Sociedade Portuguesa de Contabilidade foi a primeira 5. Publicação das primeiras obras portuguesas que se ocupam especialmente de determinados ramos ou capítulos da Contabilidade

O surgimento do American Institute of Certified Public Accountants, em 1887, foi de extrema importância para o desenvolvimento da Contabilidade e dos princípios contabilísticos.

6. Estudos, propostas e resoluções atinentes à normalização contabilística, que culminaram na aprovação do Plano Oficial de Contabilidade (POC)10 Yuri Ijiri, foi o autor da Teoria Multidimensional (1989). Para aquele professor nipónico a visão dupla das partidas dobradas não fornece todos os elementos necessários a uma observação completa da movimentação patrimonial. Ele questiona se “seria possível determinar qual o ritmo e quais as forças provocadoras das alterações que ocorrem em todos os momentos da existência da entidade? “ Convenceu-se que sim, e introduziu o factor   Silva, da Gonçalves, “Bosquejo duma sucinta história da Contabilidade em Por-

tugal”, publicado na “Revista de Contabilidade e Comércio” no ano de 1983/84 10  O primeiro presidente da Comissão da Normalização Contabilística em Portugal (1977), foi o Prof. Rogério Fernandes Ferreira, que colabora desde a primeira hora com a revista Valor Acrescentado

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tempo como medida, aplicando princípios de derivação, integração e diferenciação e criou uma teoria tripartida derivada das partidas dobradas, que para além do débito e do crédito passou haver uma novo elemento que é o trébito. Yuri Ijiri, concluiu que num Balanço apresentado dentro do sistema das partidas dobradas, há valores pelo menos com três espaços temporais. Como exemplo: Caixa (presente), Existências (custo histórico, passado), Clientes (valor a receber, no futuro). Então ele pega na equação tradicional do Balanço:

Activo = Passivo + Capital E transforma Activo – Passivo = Capital Isto porquê? Porque Yuri Ijiri, refere que na primeira equação, os membros do segundo membro, estão misturados, ou seja, Dividas a Terceiros, com tudo o que está relacionado com a actividade da empresa, que é o Capital. Em suma, ficando o Capital isolado, mais facilmente se sabe qual é a Riqueza da

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Uma teoria tripartida derivada das partidas dobradas, que para além do débito e do crédito passou haver uma novo elemento que é o trébito empresa, incluindo os valores abstractos como: as Reservas, Capital e Resultados Transitados. Para este Mestre, tudo o que acontece com a Riqueza é explicado pelos fluxos que ocorrem no património. No que concerne à conta de Resultados, Yuri Ijiri, entendeu que deve corresponder ao valor acumulado dos Proveitos e dos Custos, cuja diferença chamou Rendimento. Outra definição dada pelo nipónico é o Momentum, que para melhor compreensão, pensemos num empréstimo contraído pela empresa com uma taxa de juro anual de 12%. Implica que no espaço de 12 meses, vai pagar mensalmente 1% do valor do empréstimo contraído. Esse pagamento mensal corresponde ao Momentum, que vai indicar a taxa que vai processar as mudanças, que podem ser constantes se se mantiver os 12%, ou variáveis se houver subidas ou descidas da taxa

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NEOPATRIMONIALISMO. É uma corrente de investigação da Contabilidade que procura criar uma forma de conhecer e perceber o que sucede com a riqueza patrimonial das empresas e das instituições.

de juro. Assim, pode-se definir Momentum como a força multiplicada pelo tempo decorrido.

tradores, funcionários…) e fora das “células sociais” (natureza, sociedade, mercado, tecnologias etc.);

A teoria de Yuri Ijiri, introduziu novos conceitos à Contabilidade, porém não teve até à data grande impacto e seguidores a nível mundial, tirando o Prof. Armandino Rocha autor do livro “Contributo da Contabilidade Multidimensional para a Análise e Informação Empresarial”.

4. Ao se movimentar a riqueza se transforma;

Neopatrimonialismo11

António Lopes de Sá, criou o e tal como afirmou “a nova doutrina contábil, a do Neopatrimonialismo contábil, oferece uma metodologia que amplia as teorias tradicionais e traz inovações, sem, todavia, abandonar as conquistas realizadas por outras escolas de pensamentos. Como surgiu, como evoluiu, que directrizes acena, são informações úteis que neste trabalho se oferece aos que se preocupam em actualizar os conhecimentos científicos em Contabilidade”. O que é então o Neopatrimonialismo? É uma corrente de investigação da Contabilidade que procura criar uma forma de conhecer e perceber o que sucede com a riqueza patrimonial das empresas e das instituições. Para o efeito, criou axiomas e teoremas partindo das seguintes realidades: 1. A necessidade humana gera uma finalidade para conseguir meios patrimoniais que visem suprir o que se precisa; 2. Os meios patrimoniais constituem uma substância ou riqueza (património) das “células sociais” (empresas e instituições); 3. A riqueza não se move por si mesma, necessitando de agentes motores para isto e estes se encontram dentro (adminis-

11  Desde a nossa primeira revista há artigos de opinião sobre esta corrente

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5. Toda movimentação, enseja o exercício de uma função (uso dos meios patrimoniais); 6. A função é, pois, a decorrência do uso ou movimento do meio patrimonial através da acção de um agente motor interno ou externo; 7. Quando a função anula a necessidade, pelo movimento, produz a eficácia (consegue-se o que se deseja); 8. Existem funções definidas com finalidades específicas, estas constituindo sistemas que agem todos ao mesmo tempo e de forma autónoma, em interacção, constituindo, assim, um universo patrimonial em movimento.

A própria velocidade de informação hoje existente, permite a troca de ideias e opiniões entre pessoas de todos os cantos do Mundo

Estamos na era da digitalização, virtualização, personalização e da ligação sem fios, pelo que o Neopatrimonialismo, como progresso teórico, serve-se dos avanços da tecnologia, pegando no que foi feito anteriormente pelas outras correntes, nomeadamente patrimonialistas procurando desta forma dar um maior incremento. A própria velocidade de informação hoje existente, permite a troca de ideias e opiniões entre pessoas de todos os cantos do Mundo, o que enriquece fortemente esta corrente, que tem seguidores em todos os continentes.

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Continuando com a senda do crescimento tecnológico que tem tido grandes reflexos na globalização aliada à velocidade da informação cada vez mais rápida, tal crescimento provocou grandes transformações na vida das empresas e na nossa vida social. A Contabilidade como Ciência social, teve também de se adaptar a toda esta evolução e transformação. Hoje há empresas sedeadas nos EUA, e na Europa, com filiais em Africa, Ásia… em que como é sabido, os hábitos e costumes divergem de país para país. Toda esta miscelânea, esta torre de Babel, obriga que a informação tenha de ser compreensível e exacta, os procedimentos e métodos de trabalho têm de ser uniformes, para que a informação seja eficaz e proveitosa. Nesse contexto, é necessária e urgente a harmonização contabilística a nível mundial. É com este espírito que se luta desde a década de 70 do século passado, sendo o seu principal impulsionador, os Estados Unidos da América, o que se compreende facilmente devido à primazia da sua economia sobre as restantes. No mundo da Contabilidade, os Estados Unidos da América aliaram-se ao Reino Unido, e quiseram impor ao Mundo, a adopção da língua inglesa, com a intervenção das grandes empresas de Contabilidade anglo-saxónicas, no sentido dos modelos por elas utilizados, fossem reconhecidos como únicos e verdadeiros. Porém, a pretensão de avançar a qualquer preço, originou que muitas atrocidades fossem cometidas, a nível de conceituação contabilística, havendo acérrimos defensores da manutenção de tal conceituação como António Lopes de Sá, Rogério Fernandes Ferreira, Abraham Briloff, Richard Mattessich entre outros. Não obstante, a imposição anglo-saxónica manteve-se e mantém-se, visto que os principais impulsionadores da harmonização contabilística a nível mundial são:

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O International Accounting Standards Board (IASB), criado em Junho de 1973, através de associações de profissionais de Contabilidade e Auditoria de dez países (Austrália, Canadá, Estados Unidos da América, França, Holanda, Japão, México, Reino Unido, Republica da Irlanda e ex - Republica Federal da Alemanha). Hoje, o IASB, tem como membros, mais de 150 associações internacionais12 e tem a sua sede em Londres e é um organismo não governamental. O Financial Accounting Standards Board (FASB), criado no mesmo ano que o IASB, nos Estados Unidos da América e sedeado em Nova York, é uma organização não governamental, com o objectivo, de desenvolver princípios contabilísticos geralmente aceites naquele país. A Securities and Exchange Commission (SEC), regula o mercado de valores da Wall Street, e desde há muito, que recorre ao FASB, para implementar as normas e procedimentos contabilísticos na principal bolsa de valores do Mundo. Em 1 de Abril de 2001, o IASB, assumiu a responsabilidade de criar normas internacionais, de grande qualidade, compreensí-

Em 1 de Abril de 2001, o IASB, assumiu a responsabilidade de criar normas internacionais, de grande qualidade, compreensíveis e de repercussão mundial.

12  A Nigéria, aderiu em 1978, tal como é referido na nossa revista nº 1, no traba-

lho “Norma Internacional de Contabilidade (NIC 30)”

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Influência da herança cultural é em princípio, o factor explicativo da diversidade contabilística para os países fora da Europa

veis e de repercussão mundial. Para que esta missão fosse cumprida foi necessário que os países mais desenvolvidos economicamente aderissem, como também houvesse a adesão de outros organismos congéneres. Assim, em 2000, a SEC fez a revisão das normas básicas, apoiando desde logo esta iniciativa de harmonização contabilística, procurando na altura, colher dados junto dos utentes, sobre a qualidade e impacto das IAS13 e, a União Europeia, sugeriu que todas as sociedades comerciais cotadas em Bolsa, deveriam passar a usar as International Accounting Standards (IAS) a partir de 2005 (o que veio a acontecer). O interesse conjunto entre IASB e SEC, fez com que o FASB se juntasse, para que todos trabalhassem no sentido de ser implementada a harmonização contabilística a nível mundial. Entretanto, o efeito globalização, vai fazer com que a harmonização contabilística a nível mundial, passe a ser uma realidade, embora haja muito caminho a percorrer isto porque: • Há as influências ambientais na Contabilidade14, ou seja, sendo este ramo da Ciência um sistema de in-

formação das unidades económicas está sempre vinculada ao ambiente onde actua: politico, económico e social; • O domínio da Fiscalidade sobre a Contabilidade15, em que dificilmente há regras fiscais distintas e independentes das normas de Contabilidade. Na Alemanha, França e Portugal, por exemplo, há um domínio da Fiscalidade sobre a Contabilidade; • Os vínculos políticos e económicos com outros países16, dada a proximidade geográfica e as ligações comerciais, a Contabilidade do Canadá e México são bastante influenciadas pela Contabilidade do EUA. Outro factor importante o peso do colonizador, como acontece com as ex-colónias inglesas como a Austrália, Nova Zelândia, Paquistão, África do Sul. Para Briston in Nobes (1998) a influência da herança cultural é em princípio, o factor explicativo da diversidade contabilística para os países fora da Europa, como é fácil de perceber na Gambia (influência inglesa) e no vizinho Senegal (influência francesa).

13  International Accounting Standards, são normas contabilísticas emitidas pelo

IASB, também conhecidas por Normas Internacionais de Contabilidade 14  Rodrigues, Lima Lúcia e Pereira, Ana Alexandra Caria, in “Manual de Contabilidade Internacional - A Diversidade Contabilística e o Processo de Harmonização Internacional”

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15  Idem, Ibidem 16  Idem, Ibidem

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Antônio Lopes de Sá

Soberania, bolsas e normatizações

O

interesse das Bolsas de Valores e dos que nas mesmas especulam é o de que os balanços das empresas possam evidenciar o máximo de realidade.

Nada tão honesto e adequado, em tese, como tal propósito. A vida de um mercado de capitais, todavia, muito se move em defluência de fatores de natureza psíquica. Tornou-se modismo de algum tempo para cá o afirmar que o Brasil precisa assimilar totalmente as normas contábeis in-

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ternacionais para que isso venha a facilitar o intercâmbio de capitais. Trata-se de uma verdade relativa, mas, considerável, não fosse o que nas coxias se passa e a forma como se processa a questão. Decidiu-se, após uma forte e organizada pressão, que a solução estaria em simplesmente “copiar”, aceitando a tese que não possuímos competência para fazer por nossa própria iniciativa o que possa ser válido.

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Nesse caso não podemos dizer que a solução tenha sido a melhor, pois, para acolher tal fato teríamos que duvidar da força intelectual de cerca de 400.000 profissionais brasileiros. O grave, todavia, mesmo concordando em ceder e curvar diante dos interesses em jogo, é que a pior das ameaças está na ausência de respeito com que tal fato vem sendo praticado. A referida importação das normas contábeis que se intitulam como “internacionais”, na verdade são controladas e dirigidas por grupos que comandam entidades anglo-saxônias, já representando um risco à soberania nacional quanto ao idioma e a qualidade cultural. Não só no Brasil, mas, em outros países está ocorrendo a mesma deturpação de conceitos em Contabilidade, colocando em risco o próprio entendimento dos fatos.

O artigo primeiro da Constituição do Brasil estabelece, dentre outros, como um dos “Princípios Fundamentais” da República a “soberania”. O artigo 13 da mesma Carta Magna fixa o português como idioma oficial. Como o que atribui essência ao Estado se baseia em seus Fundamentos (é princípio de lógica) e como ele não pode perder sua caracterização perante outros, o idioma é, sem dúvida um alicerce.

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Soberania é a qualidade que caracteriza o poder supremo nacional como afirmação de sua personalidade independente, autoridade plena e condições próprias em relação a outros Estados.

A normalização contabilística internacional interessa, em especial, a empresas internacionalizadas. Não deve optar-se por mudanças repentinas e dispendiosas, prejudiciais à maioria das nossas empresas.

Deformar expressões nacionais, usar inadequadamente palavras em traduções de má qualidade, prejudicando o entendimento e a realidade das palavras, é atentar contra o idioma, ferindo, pois, o que distingue a forma de entender de um povo. Lesa a Constituição, o sentido de Estado Soberano, o deformar palavras e conceitos. Falseado um conceito falseia-se a idéia, deturpa-se a informação.

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Como as normas internacionais de Contabilidade estão resultando em uma apressada forma de atender a interesses de estrangeiros em investimentos (já que pequena é a influência da aplicação do capital brasileiro no âmbito mundial) a realidade é que lesões profundas estão sendo praticadas na terminologia contábil. O fato se agrava quando a lesão referida provém de órgãos do próprio Estado, ou seja, a prática de uma auto-agressão. Em artigo recente editado na Revista Eletrônica INFOCONTAB, de Portugal, de autoria do ilustre professor Joaquim Fernando da Cunha Guimarães, sob o título “O Léxico Português de Contabilidade e as NIC/NIRF”, o emérito mestre tece duras críticas ao tema referido. Afirma que: “Devido à aplicação das Normas Internacionais de Contabilidade conhecidas como: IAS, NIRF, IFRS, o

léxico contabilístico português tem merecido alguma (pouca) reflexão, nomeadamente no que respeita à tradução de termos, conceitos e expressões nelas contidas”. Lembra que os protestos não são apenas dele, mas, também, do emérito professor Rogério Fernandes Ferreira, um dos mais prolíficos escritores da Contabilidade em idioma português e de outros intelectuais de raro destaque. Com isso estou de pleno acordo e sobre o tema adverti há mais de três décadas em artigos, livros, conferências e entrevistas. Entendo que está sendo processada uma séria e grave ameaça à soberania nacional, à cultura contábil, através do des-

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respeito ao vernáculo e aos próprios conceitos essenciais da doutrina contábil. Denominações sem nexo, sem respeito á lógica, sem sentido de realidade, ignorando a doutrina científica, estão fluindo e invadindo a terminologia contábil, para tristeza nossa, não só como efeitos de más traduções, mas, porque já vêm das origens eivadas de defeitos (a cultura anglosaxônia não é, em Contabilidade, a líder em matéria científica e até desta foge porque conforme o denunciado a verdade não é o que interessa). As aludidas mazelas foram as que já na década de 70 denunciaram publicamente o doutor Abrahan Briloff, da Universidade de Nova York, o Senado dos Estados Unidos e no Senado brasileiro do Senador Gabriel Hermes e a então ordem dos Auditores do Brasil, sob a liderança do professor Erasini Salles Galindo.

Foram as referidas manipulações de normas as responsáveis por inúmeros escândalos no mercado de capitais, produzidas que foram pelas entidades oficiais, sob o domínio de oligarquias, segundo denunciou o relatório da Comissão parlamentar de Inquérito do Senado estadunidense. Como a memória popular é quase sempre fraca, tomado um fôlego, voltam agora as pressões para a manipulação das matérias, agravadas, terrivelmente, pela lesão à soberania de nossa Nação, através do mau uso do idioma. Até quando e até aonde poderão influir tais fatos o tempo certamente irá mostrar, como juiz implacável que é de tudo o que se fundamenta na ausência da verdade.

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PUBLICITE AQUI MOSTRE O VALOR DA SUA EMPRESA.


gestão

JOSÉ LUÍS MAGRO

IDEIAS E TÉCNICAS DE GESTÃO DOWNSIZING

N

diminuição dos custos de pessoal, que, por sua vez, gera desemprego e tensão social. Há, por isso, quem o considere um processo efémero, que só pro­duz resultados no curto prazo.

Downsizing, significa uma redução radical no tamanho da empresa, geralmente através do delayering (redu­ção dos níveis hierárquicos) ou da venda de negócios não es­ tratégicos. Através desta técnica as empresas pretenderam ganhar flexibilidade, perder burocracia e, em resultado, ficar mais próximas do mercado e dos clientes. A crise económica mundial acentuou esta necessidade. Só que, infelizmente, o downsizing implica, muitas vezes, a

Robert Tomasko, autor dos livros Rethinking the Corpora­tion and Downsizing, dá-nos a chave para lidar com o proble­ ma. Na sua opinião, demolir a organização actual não chega. É preciso cortar a gordura, não os músculos. Para haver me­nos barreiras no interior da empresa e entre esta e o meio exterior devem seguir-se três passos: • Ajustar o tamanho da empresa às exigências da missão; • Combater uma excessiva fragmentação ou horizontalização dos processos de trabalho; • Repensar a organização ao nível da estrutura de poder hierárquico e da gestão de recursos humanos.

os anos 80, as grandes empresas apostaram de uma forma desordenada, na diversificação de grandes negócios. Criaram grandes estruturas, com elevados custos fixos. Na década de 90, a velocidade e a flexibilidade são dois pontos-chave. Assim, as estruturas ligeiras e/ou leves começaram a ser mais competitivas, obrigando as empresas criadas nos anos 80, a praticar a politica de downsizing.

Bibliografia: Rethinking the Corporation, de Robert Tomasko (Amacom, 1993); The Rightsizing Remedy, de C. F. Hendricks (Irwin, 1992); Downsizing - Reshaping the Corporation for the Future, de Robert Tomasko (Amacom, 1990); e Surviving Corpo­rate Downsizing, de J. Allen (Wíley, 1988).

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leituras

JOSÉ LUÍS MAGRO

O MUNDO É PLANO UMA HISTÓRIA BREVE DO SÉCULO XX

A

forma simples e com variadíssimos exemplos como Thomas Friedman escreveu “O mundo é Plano – Uma história breve do século XXI” obriga-nos a reflectir sobre o Mundo actual. Hoje, não interessa muito ter petróleos, diamantes e outras riquezas. O século XXI, mostra que o caminho do sucesso é outro – inovação e conhecimento.

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

É surpreendente a invasão silenciosa dos países asiáticos como a União Indiana e a China. Um livro obrigatório para quem pretende sair do seu casulo e aventurar-se por novas paragens. Há ensinamentos importantes que não vêem nos manuais de Gestão.

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informática de gestão

JOSÉ LUÍS MAGRO

ECONOMIC VALUE ADDED e MARKET VALUE ADDED

O

s trabalhos da Dra. Leonor Ferreira, na última edição, abordou a temática sobre “Avaliação de Empresas”.Vamos pegar em conceitos estudados nessa matéria e explicá-los através de um exercício prático feito na folha de cálculo EXCEL.

O Economic Value Added (ECV) que por tradição é conhecido por Resultado Supranormal ou Resultado Residual, corresponde à diferença entre os Resultados Operacionais , deduzidos dos impostos previstos e o montante de Resultados exigidos pelos accionistas e pelos credores. O valor actualizado desse excedente é conhecido como Market Value Added, que na prática corresponde ao goodwill, ou seja, para além do valor patrimonial da empresa é necessário considerar o valor associado aos Activos Intangíveis que se traduzem no aumento da capacidade de rendimento da empresa, como as marcas e patentes, localização do estabelecimento, fidelidade da clientela, sector de actividade económica… Tendo por base o Balanço e a Demonstração de Resultados do ano n, da empresa XPTO, vamos calcular o custo médio do capital. Uma das formas que existe em EXCEL, para mais facilmente perceber as fórmulas é dar às células os nomes das variáveis e constantes que vamos usar ao longo do nosso trabalho, conforme figura 1.

Uma das formas que existe em EXCEL, para mais facilmente perceber as fórmulas é dar às células os nomes das variáveis e constantes

O EVA, termo usado por Stern Stewart, aparece na literatura económica com diversas designações como :residual income, economic profit, excess erarnings…, ou

seja, valor residual, resultado económico, resultado supranormal…   Resultados Operacionais é a diferença entre os Proveitos e Ganhos Operacionais menos os Custos e Perdas Operacionais   Bastante relevante nos Estados Unidos da América

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Figura 1

Para o efeito, temos de ir a “Inserir” e procurar “Nome”. Dentro desta ferramenta, clicar em “Definir Nome”, e aparece-nos a caixa constante da figura 1. No “Nome do livro”, vamos atribuir o nome da célula, que pretendermos. Vai ser “PASSIVO”, isto porque embora conste este nome na célula B6, torna-se a nível de cálculo, mais fácil atribuir tal nome à célula C6.

Figura 2

Na figura 2 temos a Demonstração dos Resultados. Atribuímos o “Nome” de “Resultados Operacionais” à célula C12 e pode-se ver que no canto superior esquerdo, no nome da célula, em vez de aparecer C12 aparece “Resultados_o…” como indica a seta, ou seja, “Resultados Operacionais”.

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informática de gestão

Figura 3

A “Ponderação” corresponde à divisão do “Valor “ do “ Capital alheio” pelo “Valor” dos “Capitais Investidos”, conforme consta da figura 3. Na divisão em questão, temos “=C23/$C$25” e já foi explicado em casos anteriores, a razão de ser dos cifrões. Copiamos a fórmula em causa para baixo até D25 e temos os valores percentuais apresentados.

Figura 4

As taxas usadas para o “Custo do Capital” são aleatórias, tal como a taxa do imposto. Para o cálculo do “Custo Médio do Capital” temos “= D23*E23*(1-F23)”, cuja fórmula tem de ser copiada para a célula G24. O “Custo Médio do Capital” para os “Capitais investidos”, corresponde à soma do “Custo Médio do Capital” do “Capital Alheio” e do “Custo Médio do Capital” do “Capital Próprio”, ou seja, =G23+G24, como é explicado na figura 4.

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MÉTODOS CLÁSSICOS BASEADOS NOS LUCROS SUPRANORMAIS

Os cálculos sublinhados a amarelo, correspondem a automatismos que em todos os métodos vamos explicar.

1. ÓPTICA DA ENTIDADE:EVA

Figura 5

ROLi, corresponde á dedução do Imposto sobre os “Resultados operacionais” , ou seja, =Resultados_operacionais*(1-Taxa) EVA, é o ROLi menos a expressão “Capitais investidos vezes Custo médio do capital (km), que a nível de fórmulas, implica “=ROLi i-(Capitais_Investidos*Custo_médio_de_capital__km)”, ou, ainda, “=C31-(C25*C33)”. Valor de mercado acrescentado,é o quociente da EVA pelo Custo médio do capital (km),que a nível de fórmulas implica “=C34/Custo_médio_de_capital__km”, ou ainda “= C34/C33” Valor intrínseco dos capitais próprios, corresponde à soma dos “Capitais investidos” e “valor do mercado acrescentado” menos “Capital alheio líquido”, ou seja, “=Capitais_Investidos+C35-C36”, ou ainda “=C25+C35-C36”   Ver figura 3, “Taxa de imposto”   Ver figura 2

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informática de gestão

2. ÓPTICA DOS CAPITAIS PRÓPRIOS: Treasury Method

Figura 6

O “Resultado líquido residual = lucro económico”, é calculado através do “Resultado liquido” menos o produto do “Capital próprio” e o “Custo do capital próprio (ke )”. No que respeita ás fórmulas temos “=(+$C$39-C40*C41)”. Goodwill económico=(NP-ke*E)/ke, é o quociente do “Resultado líquido residual = lucro económico” pelo “Custo do ca pital” do “Capital Próprio” , que a nível de cálculo obtem-se“=C42/E24” Valor intrínseco dos capitais próprios, que corresponde á soma do “Capital próprio” e o “Goodwill económico=(NPke*E)/ke”, ou seja, “=C40+C43”. Diferença apurada entre as ópticas, que a nível de cálculo corresponde a “=C37-C44”   Ver figura 4

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3. VALOR ECONÓMICO ACRESCENTADO AJUSTADO

Figura 7

ROLi exigido pelo capital investido, é o produto do “Custo do capital sem endividamento” e o “Capital investido”, ou seja, “=C49*C50” ROLi excedentário, é a diferença entre o “ROLi” e o “ROLi exigido pelo capital investido”, que corresponde “=C48-C51 ROLi excedentário actualizado, obtém-se através da divisão do “ROLi excedentário” pelo “Custo do capital sem endividamento”, ou seja, “=C52/C49” Poupança fiscal anual, é o produto obtido pelo “Encargos financeiros” e pela “Taxa de imposto”, ou seja, “=C55*F23” Valor da empresa sem endividamento, corresponde à soma do “Capital investido” e o “ROLi excedentário actualizado” cujo cálculo se obtém através da fórmula “=C50+C53”

Valor criado pela dívida, é o quociente obtido pela “Poupança fiscal anual” e pelo “Custo do capital alheio”, ou seja, “=C56/C57” Valor da empresa com dívidas, é a soma do “Valor da empresa sem endividamento” e o “Valor criado pela dívida”, que corresponde a “=C54+C58” Valor intrínseco dos capitais próprios, é a diferença entre “Valor da empresa com dívidas” e o “Valor de mercado da dívida”, ou seja, “C59-C60”.   “Encargos financeiros” (C55) vezes “Taxa de Imposto” (F23)

Bibliografia: Neves, João Carvalho das, in “ Avaliação de Empresas e Negócios”. McGrawHill, pgs. 214 a 216

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gestão

PAULA CAETANO

Mestre em Contabilidade e Auditoria Docente Universitária no Maputo

GLOSSÁRIO BOLSA DE VALORES

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Balança Comercial

O saldo da balança comercial é a diferença entre o volume de exportações e o volume de importações de produtos e serviços realizadas pelo país em determinado período. Quando o valor das exportações supera o das importações, dizemos que há um superavit comercial. No caso contrário, temos um deficit comercial.

Balança de Pagamentos

Demonstração das contas externas de um país. Pela Balança de Pagamentos é conhecida a forma como é dividido o fluxo de câmbio de um país durante o ano entre as contas comerciais, o serviço da dívida, gastos com fretes e fluxo de capitais como empréstimos e investimentos directos.

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Balancete

Balanço parcial da situação económica e do estado patrimonial de uma empresa, referente a um período do seu exercício económico

Balanço

É um documento contabilístico que expressa a situação patrimonial de uma empresa, em determinada data.

Banco Central

É o banco responsável pelo estabelecimento da política monetária e cambial de um dado país/zona. É uma entidade que deve ser independente do poder político e é responsável por decisões como níveis de taxas de juro, massa monetária em circulação, criação de moeda (empréstimos a bancos comerciais, por exemplo) entre outras. Em Angola, o banco central, é o Banco Nacional de Angola.

Bancos Comerciais

Instituições financeiras que assentam a sua actividade na prestação de vários serviços entre os quais se podem incluir a aceitação de letras, emissão e colocação de empréstimos e títulos de crédito, gestão de carteiras e fundos de investimento.

Bandas Bollinger

São constituídas por três linhas. A do meio (segunda), é a média móvel das cotações nos últimos “N” dias, as linhas superior e inferior são calculadas em função do desvio padrão relativamente á média móvel. Sempre que a cotação se aproxime do limite superior/inferior é provável que a cotação se prepare para cair/subir.

Bandeira

É a instituição que autoriza o emissor a gerar cartões com sua marca e que coloca estabelecimentos no mundo inteiro à disposição do portador para utilização deste cartão. Exemplo: Visa, MasterCard e American Express.

Base Monetária

Designa a soma do total de dinheiro em poder do público e do dinheiro em poder dos bancos comerciais (soma do dinheiro nos caixas, do dinheiro depositado voluntariamente e compulsoriamente no Banco Central)

Bear

Pressão vendedora no mercado, originando o chamado mercado “bearish”, que apresenta uma tendência de queda, onde a maior parte dos títulos registam desvalorizações. Contrapõem-se ao “bull”.

Bear Market

Situação de mercado caracterizada por uma queda generalizada dos títulos cotados durante um período de tempo prolongado.

Bearish

Tendência de um mercado de acções quando, pela pressão vendedora, o preço dos papéis sofre uma queda.

Bed-andbreakfast deal

Venda de acções num dia e compra novamente no dia seguinte, tendo em vista benefícios fiscais no fim do ano fiscal.

Below the Market

Ordem de compra ou venda com limite de preço inferior ao de mercado.

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gestão

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Beta

Medida estatística que reflecte o risco de uma empresa. É calculado comparando a variabilidade/volatilidade das acções da empresa com a volatilidade do mercado accionista (através de um índice), eliminando-se o risco sistemático da empresa. Se o beta de uma empresa é 1, então a empresa varia com mercado, ou seja, se o mercado sobe 1% a cotação da empresa também sobe 1%. É utilizado para avaliação de empresas, e mais especificamente no cálculo da taxa de retorno exigida pelos accionistas, quando decidem investir em determinado título.

Bid

Preço que um comprador ofereceu para comprar um activo ou derivado.

Bilhetes do Tesouro

São títulos de Dívida Pública de curto prazo colocados no mercado primário, em regime de leilão.

Black-Scholes

Um dos modelos matemáticos mais conhecidos para calcular o preço de um warrant

Block-trade

Preço de compra de um título no mercado.

Bloqueio de posição

Operação pela qual um aplicador impede o exercício de sua posição mediante a compra, em pregão, de uma opção da mesma série da anteriormente lançada.

Blue Chip

Designação habitual dos títulos (acções) mais líquidos (mais transaccionados) num dado mercado, e que normalmente correspondem às maiores empresas cotadas. A sua expressão original deve-se à cor das fichas de jogo dos casinos com maior valor.

Boletim de Bolsa

Jornal oficial de uma Bolsa de Valores que dá a informação sobre as sessões (preço dos títulos, número de transacções,...) As empresas cotadas são obrigadas a publicar no boletim de cotações, todos os factos relevantes, assim como os anúncios das assembleias gerais, da distribuição de dividendos e da composição dos órgãos sociais.

Bolsa de Mercadorias (Commodities Exchange)

Mercado onde se compram e vendem mercadorias (commodities), como café, cacau, açúcar, milho, trigo, soja, algodão, borracha, cobre, ouro, prata, petróleo, carne de vaca, madeira… Este mercado, não só possibilita que as mercadorias sejam compradas a pronto pagamento «spot», mas inclui também o mercado de futuros, onde se acordam preços para determinadas mercadorias deferidas no tempo, evitando assim as oscilações dos preços (headdging) Os maiores mercados de derivados são o CME (Chicago Mercantile Exchange), o CBOT (Chicago Board of Trade) e o SIMEX (Singapore Mercantile Exchange).

Bolsa de Valores

Local físico onde compradores e vendedores de activos se encontram para efectuar transacções. Com o desenvolvimento das novas tecnologias este espaço físico tem vindo a perder a sua importância.

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Bolsa em alta

Quando o índice de fecho de determinado pregão é superior ao índice de fecho anterior

Bolsa em baixa

Quando o índice de fecho de determinado pregão é inferior ao índice de fecho anterior

Bolsa estável

Quando o índice de fecho de determinado pregão está no mesmo nível do índice de fecho anterior.

Bonificação em acções (filhotes)

Acções emitidas por uma empresa devido ao aumento de capital, realizado por incorporação de reservas e/ou de outros recursos, e distribuídas gratuitamente aos accionistas, na proporção da quantidade de acções que já possuem.

Bonificação em dinheiro

Distribuição aos accionistas, além dos dividendos, de valores em dinheiro, referente a reservas até então não incorporadas.

Book Value

Valor dos capitais próprios da empresa dividido pelo número de acções que se encontram em circulação (a totalidade das acções emitidas menos as acções próprias detidas pela empresa)

Box Size

Nos gráficos de ponto e figura a box size é a mínima variação de preço exigida para a sua visualização no gráfico

Break-even ( ponto critico das vendas)

Ponto em que as receitas, igualam os custos (fixos e variáveis). Este indicador permite aferir o ponto onde o lucro é nulo, ou seja o ponto morto das vendas. Este é um indicador importante quando se estuda a entrada num mercado ou o lançamento de um novo produto.

Breakout

Momento em que uma acção quebra um suporte ou uma resistência.

Bull

Pressão compradora no mercado, originando o chamado mercado “bullish”, que apresenta uma tendência de subida, onde a maior parte os títulos registam valorizações. Contrapõemse ao “bear”.

Bull Market

Um período prolongado caracterizado por uma subida generalizada dos preços dos títulos cotados no mercado

Bullish

Tendência de um mercado de acções quando, pela pressão compradora, o preço dos papeis sofre alta.

Buy

Uma recomendação de Buy (Compra) surge sempre que existe algum facto que seja susceptível de aumentar a cotação de uma acção, exemplo uma OPA.

Buy-back

Acordo em que o vendedor acorda em comprar novamente o activo a um preço definido. O “share buy back” consiste na possibilidade da empresa adquirir acções próprias.

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ambiente

MARIA LISBOA Jornalista

Saúde alimentar

Surgimos nesta página para uma pequena abordagem de aspectos sobre saúde alimentar. Falar de saúde implica necessariamente falar do bem-estar físico e mental. O que nos obriga fazer uma abordagem sobre alimentação e saúde. Pretendemos trazer para si receitas de Culinária, bebidas, pratos típicos, as várias categorias de alimentos, os medicinais, a contra indicação de alguns alimentos tanto para crianças como adultos e algumas dicas para o lar.

A

nível de Angola, e da região de Benguela, em particular, os nutricionistas deram conta de que uma das principais dificuldades da nossa população é saber como confeccionar os alimentos. Já o mercado rural, é riquíssimo em produtos diversos. Assim, uma recolha bibliográfica, está sendo feita no sentido de levar ao conhecimento de todos, assuntos que possam ajudar a ultrapassar algumas dificuldades que podemos encontrar no nosso lar, particularmente na cozinha.

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Não se vive para comer, de acordo, mas também não se come só para viver. Pelo menos, come-se para se viver bem e com saúde. Toda a dona de casa que se preze deveria saber introduzir diariamente nas suas ementas uma pontinha de surpresa, um prato inesperado, uma novidade, para conseguir fazer do encontro diário da família à volta da mesa um ritual alegre e uma pausa amena e agradável. Compor uma ementa não é fácil duas vezes ao dia durante os 365 dias do ano. Pode parecer, por vezes, uma tarefa in-

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Ocisangua (Quissangua) de milho Ingredientes • 5 litros de água • 2 chávenas de fuba de milho (limpa ou palapala) • Fermento de sua escolha • 4 batatas-doces médias, ou • 1/2 Chávena de farinha de trigo ou • 1/2 chávena de fuba de massambala germinada

Preparação Ponha 4 litros de água a ferver. Misture a fuba de milho em 3 chávenas de água fria pouco a pouco e despeje para dentro da água fervente mexendo continuamente. Deixe ferver durante 10 minutos, mexendo sempre. Tire do lume e deixe arrefecer um pouco. (Se esta papa for quente demais, o fermento vai queimar, se for fria demais, o fermento não vai “pegar”, a “ocisangua” fica grossa em vez de liquida.) Usando farinha de trigo ou fuba de massambala como fermento: misture a farinha ou fuba com um pouco de água fria, misture a papa de milho e mexa bem durante 3 minutos. Usando batata-doce como fermento: lave a batata, descasque-a finamente e rale ou pise-a. Ponha dentro duma tigela que contém 2 chávenas de água morna durante 5 a 10 minutos. Coe e despeje este líquido para dentro da papa de milho. Mexa bem durante 3 minutos. Deixe ficar fria, para que não fique peganhosa.

suportável. No entanto, basta um pouco de bom senso, um pouco de invenção e boa disposição para aceitar a ajuda que a indústria alimentar, o mercado e a técnica oferecem a cada um de nós e em cada dia, em maior escala. O primeiro critério a seguir, é o da higiene e da dieta. Implica a escolha cuidadosa dos alimentos, a limpeza dos utensílios de cozinha a utilizar, a higiene do local e da pessoa que está indicada para confeccionar os alimentos, bem como respeitar o tempo de cozedura.

Se quiser mais leve acrescente mais água e açúcar a seu gosto, desde que não exagere claro. Coloque numa panela com tampa ou garrafão. A quem prefira deixar amadurecer mais um pouco. Bebe-la dois dias depois.

Todos nós sabemos mais ou menos que na nossa alimentação intervêm cinco elementos importantes: os hidratos de carbono; as gorduras que dão energia; as proteínas animais e vegetais que desenvolvem uma acção metabólica no organismo; as vitaminas; e, os sais minerais que equilibram o ritmo biológico.

Contudo a maioria da população do planalto central, utiliza “ o bundy” ou “ onbundy”, raízes comestíveis que substituem o açúcar e dão um aroma diferente.

O que nem toda a gente sabe, é que estes cinco elementos, devem fazer parte da alimentação diária de cada refeição em quantidades inversamente proporcionais às que sempre temos adoptado os nossos costumes.

Sirva a “ocisangua” ou “quissangua”, de preferência fresca, durante uma das refeições ou como refresco.

Como sugestão tendo em conta a época de calor trazemos a receita de uma bebida típica, de consumo quase que obrigatório em toda Angola (ver caixa do lado esquerdo).

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ambiente

Conheça as categorias de alimentos que o nosso corpo precisa para ter saúde.

Proteínas O nosso corpo precisa de proteínas: R Para o crescimento R Para formar músculos fortes R Para um cérebro sadio R Para a formação de hormonas, para a boa função da imunidade e para uma boa cicatrização. Alimentos que contém muitas proteínas: R Carne de animais e de aves R Peixe e marisco R Leite e lacticínios (iogurte, queijo, etc.) R Ovos R Soja Alimentos que contém algumas proteínas R Leguminosas (feijão,ervilha,lentilhas,grão de bico,ginguba,tremoço) R Sementes de abóbora,gergelim,girassol e caju R Hortaliças com folhas verdes escuras(couves, folhas de mandioca,rama,etc) R Cereais integrais(não desfarelados) Podemos aumentar o valor nutritivo das proteínas vegetais fazendo o seguinte: R Combinando leguminosas com cereais R Adicionando sementes ao conduto(por exemplo torradas e picadas ou moídas) R Combinando cereais com leite ou lacticínios R Variando o tipo de proteínas vegetais ao longo da semana Exemplos: • Feijão com pirão ou funge de milho, soja com arroz, sopa de lentilhas com pão, puré de ginguba com pão. • Gergelim com lombi, semente de abóbora com salada • Pão-de-leite, arroz doce, papas com leite, sanduíche de queijo. • Comer couves, no dia seguinte feijão, depois kisa , por aí em diante.

Conheça algumas dicas ÚTEIS.

Para repelir moscas Plante manjericão em frente da sua porta de entrada ou espete cravosda-índia dentro de uma laranja e coloque-a no quarto onde deseja o efeito.

Recuperar madeiras velhas Para voltar a ter as peças de madeira bonitas, esfregue-as no sentido do veio com palha-de-aço fina, aplique um pouco de óleo vegetal e friccione bem.

Eliminar pontos negros Esfregue o nariz com metade de um tomate cru, para eliminar os pontos negros. Deixe actuar durante 15 minutos e depois lave a zona afectada com água.

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cultura

MARIA ALVES Poetisa

ALDA LARA No dia 9 de Junho de 1930, na cidade de Benguela, nascia uma criança de sexo feminino aquém foi dado o nome de ALDA LARA FERREIRA PIRES BARRETO DE LARA ALBUQUERQUE.

A

inda moça veio para Portugal, para completar os seus estudos liceais. Posteriormente, as Faculdades de Medicina de Lisboa e Coimbra, passaram a ser a sua escola, tendo-se licenciado nesta última. Em Lisboa esteve ligada à literatura e poesia de uma forma activa, tendo colaborado com a Casa dos Estudantes do Império. Foi declamadora, tendo cha-

mado atenção para a sua querida Angola e para os poetas africanos. Alda Lara era casada com o escritor Orlando Albuquerque, que depois da sua morte ocorrida no dia 30 de Janeiro de 1962, em Cambambe, propôs-se a publicar postumamente toda a obra da poetisa. Conseguiu esse propósito reunindo e publicando um volume de poesias e um caderno de contos.

A Câmara Municipal de Sá da Bandeira, actual Lubango, depois da sua morte, instituiu o prémio “Alda ara” para poesia. Da sua obra poética destaca-se «Poemas» (1966, Sá de Bandeira, Publicações Imbondeiro), «Poesia» (1979, Luanda, União dos Escritores Angolanos), «Poemas» (1984, Porto, Vertente Ltda, poemas completos).

Presença Africana E apesar de tudo, ainda sou a mesma! Livre e esguia, filha eterna de quanta rebeldia me sagrou. Mãe-África! Mãe forte da floresta e do deserto, ainda sou, a irmã-mulher de tudo o que em ti vibra puro e incerto!... - A dos coqueiros, de cabeleiras verdes e corpos arrojados sobre o azul... A do dendém nascendo dos abraços das palmeiras... A do sol bom, mordendo o chão das Ingombotas... A das acácias rubras, salpicando de sangue as avenidas, longas e floridas...

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Sim!, ainda sou a mesma. - A do amor transbordando pelos carregadores do cais suados e confusos, pelos bairros imundos e dormentes (Rua 11...Rua 11...) pelos negros meninos de barriga inchada e olhos fundos... Sem dores nem alegrias, de tronco nu e musculoso, a raça escreve a prumo, a força destes dias...

Terra! Minha, eternamente... Terra das acácias, dos dongos, dos cólios baloiçando, mansamente... mansamente!... Terra! Ainda sou a mesma! Ainda sou a que num canto novo, pura e livre, me levanto, ao aceno do teu Povo!...

E eu revendo ainda e sempre, nela, aquela longa historia inconseqüente...

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canto do investidor

LUÍS ALVES PROCESSAMENTO E ORGANIZAÇÕES CONTABILÍSTICAS, LDA.

história Em 27/12/1991, nasceu a firma LUIS ALVES PROCESSAMENTO E ORGANIZAÇÕES CONTABILISTICAS, LDA, na cidade do Porto, integrando quadros de outra empresa com o mesmo ramo de actividade, ou seja, Contabilidade, Auditoria, Gestão de Empresa e Estudos de Viabilidade Económica.

ESTRATÉGIA É associada da Associação Portuguesa dos Escritórios de Contabilidade e Administração, e os seus sócios são membros da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, da Associação dos Peritos Contabilistas Portugueses e da Associação Fiscal Portuguesa. A empresa sempre teve um número de pessoal em sintonia com o volume de trabalho executado, privilegiando sempre o outsourcing (subcontratação) e criando parcerias com sociedades de Advogados, Revisores Oficiais de Contas e Informáticos. Desde sempre LUIS ALVES PROCESSAMENTO E ORGANIZAÇÕES CONTABILISTICAS, LDA, procurou dar um apoio personalizado aos seus clientes e ter sempre uma pronta resposta para as suas solicitações. É norma da nossa empresa apresentar relatórios escritos com periodicidade mensal em que analisamos conjuntamente com os responsáveis pelas empresas, a sua situação económico-financeira como também damos a conhecer a legislação fiscal e outras legislações como laboral, societária… Acompanhamos os nosso clientes quando necessário para a aquisição do Imobilizado Fixo junto de empresas de leasing, como também negociações com a Banca. Grande parte do trabalho de Contabilidade, tem como suporte, folhas de trabalho feitas na folha de cálculo Excel que serve de apoio à Gestão às empresas dos nossos clientes. A formação continua é extensiva a todos os recursos humanos, tendo em consideração que as alterações continuas que a legislação fiscal tem em Portugal. Só com formação contínua é possível darmos respostas seguras aos nossos clientes.

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A nossa forma de trabalho, permite-nos ter clientes desde a abertura da empresa e todos os clientes que temos desde Guimarães a Ílhavo foram adquiridos pelo “passa palavra” o que muito nos orgulha.

RECURSOS HUMANOS A empresa para além dos sócios-gerentes, ambos licenciados em Contabilidade, tem mais 4 funcionários efectivos e três trabalhadores independentes. Esta equipa se mantém junta há mais de uma década, e podese dizer com propriedade que a cultura e identidade da empresa está bem enraizada.

RECURSOS MATERIAIS O Imobilizado Fixo está distribuído por dois escritórios propriedade de LUIS ALVES PROCESSAMENTO E ORGANIZAÇÕES CONTABILISTICAS, LDA, e estão dotados de mobiliário adequado como também a empresa sempre apostou em ter equipamento informático com boa capacidade e actualizado. A nível de software de gestão a empresa mantém há mais de 8 anos a uma aplicação de Contabilidade o mesmo se passa com a aplicação de Processamento de Salários,

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ambas conseguidas junto de parceiros de Informática, cujos parcerias existem há mais de 10 anos.

contras, que estão subjacentes à deslocalização de um negócio. Dois foram e felizmente conseguiram os seus objectivos.

Possui também três viaturas ligeiras, para dar apoio aos clientes.

O contacto permanente desses dois clientes obrigou que LUIS ALVES PROCESSAMENTO E ORGANIZAÇÕES CONTABILISTICAS, LDA, passasse a estar mais atento, para as realidades e potencialidades de Angola.

VOLUME DE NEGÓCIOS No último triénio a empresa apresentou o seguinte volume de negócios Unidade 103 €

2005

2004

2003

250

220

180

A facturação conseguida nos últimos três está dentro das expectativas da empresa e congratulamo-nos de ter conseguido aumentar o volume de negócio de ano para ano.

MENSAGEM DO GERENTE A partir de 2003, apareceram-nos vários clientes com o propósito de ir para Angola. Pediram-nos ajuda. Fizemos ver os prós e os

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

Sabemos que a internacionalização de uma empresa passa por várias fases: como conhecimento do terreno; implementação; propensão da empresa para o crescimento externo. Vamos avançar para a primeira fase que é deveras importante para a continuidade do processo, isto porque temos de saber qual a nossa capacidade de adaptação a Angola, apesar de haver um factor comum muito importante que é a língua, bem como outros laços de união. Perante a grande oferta que começa a existir não podemos ser mais uma empresa. Temos de ter uma estratégia bem definida, pelo que entendo que a politica de diferenciação que mantemos em Portugal é a mais indicada para triunfarmos em Angola. Pensamos ter uma empresa em Angola com recursos humanos do País pelo que julgo ser importante um contacto com as Universidades que leccionam cursos de Contabilidade no sentido de recrutarmos pessoal detentor de algum conhecimento teórico e técnico.

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especial

O NOSSO FUTEBOL EO MUNDO JLMagro

A selecção de Angola com o Mundial de futebol de 2006, marcou vários pontos quer a nível nacional quer a nível internacional. No primeiro, calou muitos incrédulos que, desde o início, vaticinaram que os Palancas Negras, iriam ser os “bobos da corte” do seu grupo. No segundo, os principais especialistas do futebol, ficaram surpresos e bem impressionados com a participação dos Palancas Negras. Foi a primeira vez e, como é óbvio, faltou experiência. Foi a concretização de um sonho, fruto de muito trabalho e de muito acreditar nas suas capacidades. Foi o que aconteceu com os jogadores da nossa selecção. O angolano, tem a peculiaridade de saber receber, nomeadamente as pessoas por quem tem estima. Foi o que aconteceu com a chegada dos nossos jogadores a Luanda. Carinho e afecto não faltaram em vários pontos do País, com um destaque particular em Benguela. O ano de 2010, vai ser importante para nós. Temos o Mundial na África do Sul e somos anfitriões do Campeonato Africano de Futebol (CAN). O ano de 2010 é já amanhã. Muito trabalho tem de ser feito para não darmos razão aos incrédulos, aqueles que disseram que foi sorte o que foi feito neste Mundial, esquecendo-se que participámos numa série com mais três selecções, em que a do México e de Portugal já estavam bem cotadas a nível do ranking da FIFA, e que este último foi o quarto classificado da prova. É muito importante que os que assistirem ao CAN, fiquem bem impressionados com a nossa capacidade organizativa, porque o nosso futebol já tem marca mundial.

A História do Futebol

D

esde os primórdios que o Homem, como animal social, praticou desportos com vários objectivos: diversão, obrigação, ritual religioso… Tais práticas estão reflectidas nas mais variadas culturas existentes no nosso planeta. O futebol, como os jogos, dessa época, não tinham um nome definido, ou seja, variavam de região para região, de povo para povo. Com a circulação de pessoas, nomeadamente com os descobrimentos marítimos, foi-se conhecendo novas culturas e civilizações, o que permitiu comparar e desenvolver determinadas práticas, incluindo os jogos.

50 .

Princípios do futebol na Inglaterra, séc. XIX

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


Na China, 2500 anos antes de Cristo (a.C.), o imperador Huang Ti, inventou uma forma de exercitar os seus soldados, ou seja, eles tinham de chutar uma bola de couro entre duas estacas cravadas no chão.

Futebol na China

O haspartum, praticado pelas legiões romanas, era uma modalidade que obrigava à existência de duas equipas dispostas num campo rectangular, marcado por linhas laterais e uma linha divisória no centro, que demarcava a zona de jurisdição de cada equipa, tal como acontece no futebol actual. A modalidade era praticada com uma bola movimentada de jogador para jogador. A este espectáculo, assistiam grandes multidões que vibravam com as jogadas, os truques e as trapaças cometidas pelos jogadores. Na Itália, apareceu uma modalidade derivada do haspartum, praticada por 27 jogadores, cujo principal objectivo era fazer com que uma bola passasse no meio de dois bastiões, modalidade essa que deu origem ao “gioco del calcio”. Esta modalidade, era praticada pela nobreza e pelo clero, destacando-se os papas Clemente VII, Leão X e Urbano VII, que foram campeões de futebol de Florença . Assim, Karol Wojtila, nome do papa João Paulo II, que foi guarda-redes de uma equipa de futebol em Cracóvia, não foi o primeiro Sumo Pontífice, a ter participação no futebol.

Gerhardt, W. More, in http://fifa.com/history   Leal, J. C., in “Futebol Arte e Oficio”.Rio de Janeiro:Sprint”

A 16 de Outubro de 1066, os seguidores de William, o “conquistador”, após a batalha de Hastings, introduziu em Inglaterra o haspartum, que era disputado com muita violência. A partir do século XIV, designadamente em Inglaterra, encontramos referências seguras sobre uma modalidade em que se jogava à bola e com os pés. Porém o sociólogo alemão Norberto Elias , acredita que o futebol que hoje conhecemos não implica, necessariamente, que a sua origem tenha sido o haspartum.

A partir desta data, o futebol, espalhou-se pelo Mundo, tendo em 1883 sido fundada a International Football Association Board, cujo objectivo foi uniformizar as regras do futebol a nível internacional e, de acordo com M. Betti, pouco mudaram as regras introduzidas no século XIX para as actuais. Norberto Elias e o seu colaborador Eric Dunning, britânico, contam que o jogo medieval de futebol, proporcionava fricções entre as comunidades, quer entre homens e mulheres, quer entre solteiros e casados. Se os ânimos se exaltavam havia uma grande probabilidade de haver escaramuças envolvendo o público. Mas o povo ansiava por estas disputas, fazendo lembrar o tempo dos romanos, com as lutas entre gladiadores e entre estes e as feras. Assim, em épocas festivas, como casamentos, feriados religiosos e terça-feira de Carnaval, a população aproveitava o futebol para extravasar as suas mágoas e a tensão acumulada, não sendo muito diferente do que se vê em muitos estádios de futebol dos dias de hoje. A 13 de Abril de 1314, o rei Edward II ordenou a criação um decreto, a proibir o futebol, devido à violência que o mesmo envolvia. Em 1848, houve a primeira tentativa de unificação das regras de futebol entre as universidades de Cambridge, Harrow, Westminster, Winchester e Elton. Nessa altura, havia 14 regras, de que destacamos três: o guarda-redes era o único que podia jogar ora com os pés ora com as mãos; lançamento

Elias, Norberto, in “Ensaio sobre Desporto e Violência”

HOJE AQUI Simplificando as exportações: www.dhl.com Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

Assim, de acordo com o professor Barkans, da Universidade de Munique, o futebol apareceu de uma forma rudimentar na pré-história. Os homens das cavernas utilizavam pedras de granito arredondadas, para passar os seus tempos de lazer.


especial

lateral; e mudança de campo para cada equipa depois de decorrida metade da partida de futebol . No dia 26 de Outubro de 1863, as universidades reuniram-se na Freemason’s Tavern (taverna Maçom) e uniformizaram as regras. De importante extraímos a proibição de derrubar o adversário.

Futebol no século XIX Bola de futebol século XIX

A partir desta data, o futebol, espalhou-se pelo Mundo, tendo em 1883 sido fundada a International Football Association Board, cujo objectivo foi uniformizar as regras do futebol a nível internacional e, de acordo com M. Betti , pouco mudaram as regras introduzidas no século XIX para as actuais, o que não deixa de ser deveras estranho, tendo em conta a evolução tecnológica alcançada no mesmo período.

Ano em que começou o futebol nos seguintes países

País

Ano

Estados Unidos

1862

Argentina

1867

França

1872

Alemanha

1874

Dinamarca

1876

Suíça

1879

Holanda

1879

Bélgica

1880

Rússia

1887

Espanha

1889

Uruguai

1891

Suécia

1892 Fonte: : http://www.eb23-sta-clara-guarda.rcts.pt/futebol.htm

Em Portugal, o futebol foi introduzido pelos irmãos Pinto Basto , que depois de terem visto várias partidas de futebol em Inglaterra, e de terem gostado, trouxeram consigo uma bola de futebol. Num domingo à tarde do mês de Outubro de 1888, na Parede (zona de Cascais), realizou-se a primeira partida de futebol. Porém há autores que apontam a data de 22 de Janeiro de 1893, como a data oficial da primeira partida de futebol, que foi realizada no Campo Pequeno, em Lisboa.

Anteriormente, trocava-se após marcação de um golo   Betti, M., in “Violência em campo: dinheiro, mídia, transgressão às regras do

futebol espectáculo”   Coelho, João Nuno e Pinheiro, Francisco, in “A Paixão do Povo – História do Futebol em Portugal”

52 .

FIFA

A sua origem A 21 de Maio de 1904, foi criada a Fédération Internationale de Football Association, mais conhecida pelo acrónimo FIFA, com sede em Zurique, que tem 207 países e/ou territórios associados – federações. Como associação em território suíço, a FIFA está sujeita ao princípio da territorialidade e por consequência às leis suíças, como mostra o artigo 60 do seu Código Civil: “associações que tiverem objectivo político, religioso, científico, artístico, de caridade, social, ou qualquer outro além do industrial, adquirem o status de pessoa assim que mostrarem através das suas constituições suas intenções de existirem como corporação. A constituição deve ser redigida por escrito e deve determinar o propósito, o capital e a organização da sociedade.”.

Objectivos Os propósitos da Federação, conforme o artigo número 2 dos seus estatutos são: • promover o jogo de futebol da maneira apropriada; • promover relações amistosas entre associações nacionais, confederações, árbitros e jogadores organizando partidas de futebol de todos os níveis e apoiando o futebol por outros meios que julgar apropriado; • controlar o futebol tomando as medidas que julgar necessárias ou aconselháveis para impedir infracções aos estatutos ou regulamentações da FIFA ou às Leis do Jogo estipuladas pelo Conselho Internacional de Futebol, impedir a introdução de práticas ou métodos impróprios no jogo e protegê-lo de abusos; • não deverá haver discriminação a um país ou a um indivíduo por razões de raça, religião ou política; • a associação que tolerar, permitir ou organizar competições nas quais a discriminação é praticada, ou que for estabelecida num país onde a discriminação no desporto for declarada em lei, não deverá ser admitida na FIFA, ou deverá ser expulsa se já for membro. Quando a associação se candidatar a uma vaga numa competição, ou decidir organizar uma competição, deverá garantir à Federação que as suas condições serão respeitadas; • fornecer, através de regulamento determinado por estatuto, os princípios para apaziguar quaisquer diferenças que possam existir entre as associações.”

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


O trabalho realizado pela FIFA, é distribuído por 6 confederações: • CONMEBOL, América do Sul • CONCACAF, América do Norte e América Central • UEFA, Europa • AFC, Ásia • CAF, África • OFC, Oceânia

Campeões mundiais País

Ano

Continente

País Organizador

Uruguai

1930 América

Uruguai

Itália

1934 Europa

Itália

Itália

1938 Europa

França

Uruguai

1950 América

Brasil

Alemanha

1954 Europa

Suiça

Brasil

1958 América

Suécia

Brasil

1962 América

Chile

Inglaterra

1966 Europa

Inglaterra

Brasil

1970 América

México

Marrocos

Alemanha

1974 Europa

Alemanha

R. D. Congo

Argentina

1978 América

Argentina

Tunísia

Itália

1982 Europa

Espanha

Argélia e Camarões

Argentina

1986 América

México

Argélia e Marrocos

Alemanha

1990 Europa

Itália

Camarões e Egipto

Brasil

1994 América

EUA

Camarões, Marrocos e Nigéria

Capela da nova sede da FIFA construída em ónix branco

A FIFA, organiza as seguintes competições: • Campeonato do Mundo de Futebol • Campeonato do Mundo de Futebol Feminino • Campeonato do Mundo de Futebol de Areia (beach soccer) • Campeonato do Mundo sub-20 • Campeonato das Confederações A FIFA, para além doutras atribuições, elege e premeia o futebolista do ano. Por uma questão de funcionalidade, tem várias comissões e órgãos executivos de que destacamos: • Bureau do Campeonato do Mundo de Futebol • Comissão de Árbitros • Comissão de Ética e Desporto • Comissão de Medicina Desportiva • Comissão Disciplinar • Comissão do Estatuto do Jogador • Comité de Urgência • Comité Executivo • Conselho de Mercado Técnico e Televisão • Grupo de Trabalho FIFA, para os clubes • Subcomissão de Controlo de Doping.

Participação Africana

França

Brasil

Itália

Camarões, Marrocos, Nigéria, África do Sul, Tunísia

1998 Europa

França

2002 América

Camarões, Japão/Coreia Nigéria, do Sul Senegal, África do Sul, Tunísia

2006 Europa

Alemanha

Angola, Costa do Marfim, Gana, Togo; Tunísia

AMANHÃ ALI Simplificando as exportações: www.dhl.com Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

Confederações


especial

A competição foi criada pelo francês Jules Rimet, em 1928, depois ter sido eleito presidente da FIFA. Entre 1938 e 1950, houve um interregno devido à Segunda Grande Guerra Mundial. As selecções europeias têm o mesmo número de campeonatos que as selecções da América, mais propriamente da América do Sul, ou seja, 9 cada continente. O Brasil é o país com maior número de campeonatos ganhos (5), seguido da Itália com 4 e da Alemanha com 3. A partir do Mundial de 1970, as selecções africanas passaram a participar com Marrocos. Quem teve o maior número de participações foi os Camarões com 5, seguido por Marrocos e Tunísia com 4 respectivamente.

A disciplina Coordenar 207 federações/associações, espalhadas por todo o Mundo, onde a cultura e os interesses económicos são di-

vergentes implica, por vezes, mão de ferro para exercer o seu controlo, como disse João Havelange (brasileiro, antigo presidente da FIFA), quando lhe perguntaram o que lhe dava mais prazer no futebol: “a glória? a beleza? a vitória? a poesia?”. Havelange respondeu, como quem dá uma ordem: “a disciplina!”. Três casos de indisciplina bastante badalados por toda a imprensa (ver caixas abaixo), designadamente desportiva, ocorreram na Europa, antes da realização do Mundial de Futebol de 2006. Mas será que os casos de indisciplina ou violação das regras da FIFA, só existem na Europa? Julgamos que não. Porém, temos de pensar no peso que tem a comunicação social no “Velho Continente”, pelo que a FIFA, no sentido de disciplinar o futebol a nível mundial, resolveu actuar de uma forma mais ríspida, para evitar outros focos de indisciplina.

PORTUGAL O Gil Vicente estava numa situação complicada a nível de pontos para se manter na 1ª Liga do Futebol Português, de 2006/2007. Resolveu reforçar-se com o internacional angolano Mateus. A inscrição do Mateus no Gil Vicente, foi complicada junto da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), isto porque, o jogador na época 2005/06, estava com o estatuto de amador, ao serviço do Lixa e de acordo com a regulamentação vigente não poderia ser inscrito como jogador profissional no Gil Vicente. Essa complicação tornou-se mais evidente depois do Gil Vicente ter ganho no seu terreno ao Belenenses por 1-0, relegando o clube de Belém, para a divisão de Honra (2ª divisão). A partir daquela vitória, Mateus tornou-se célebre com o “caso” que passou a ter o seu nome e é sobejamente conhecido quer em Portugal quer além-fronteiras. Isto porque o “caso Mateus”, originou incidentes de suspeição, demissões, corte de relações entre clubes, guerras intestinas no seio da Liga Portuguesa de Futebol (LPF), queixas à Procuradoria-Geral de Portugal… Isto porquê? Porque o Gil Vicente, sentiu-se lesado e apresentou recurso junto de tribunais civis quando de acordo com os regulamentos quer da FIFA quer da FPF, deveria ter recorrido a tribunais desportivos. A FIFA, perante este imbróglio, resolveu fazer um ultimato À FPF, no sentido de restabelecer a normalidade no futebol português, sob pena de não poderem participar nas competições internacionais quer a nível de clubes quer a nível de selecção. Vamos ver qual vai ser o seu desenrolar.

54 .

GRÉCIA

ITÁLIA

No passado dia 3 de Julho, o Comité de Emergência, da FIFA, suspendeu a Federação Helénica de Futebol (HFF) de todas as competições internacionais, quer a nível de clubes quer a nível de selecção, isto porque a HFF não obedeceu aos princípios da independência e poder de decisão das federações de futebol. Depois de aturadas reuniões entre a FIFA e a HFF, o Parlamento grego introduziu uma emenda à sua legislação nacional, com a seguinte redacção: “especificamente para a modalidade do futebol, a Federação Helvética de Futebol e os seus membros são auto-governados pela HFF e seus organismos, de acordo com os seus estatutos e regulamentações, bem como com as determinações da Union des Associations Européennes de Football (UEFA) e da Fédération Internationale de Football Association (FIFA), mesmo que existam regulamentações em sentido contrário previstas na Lei 2275/1999, como de facto acontece em relação à legislação desportiva…” Esta emenda feita pelo parlamento grego, foi suficiente para que a FIFA levantasse a suspensão.

O processo de corrupção no futebol italiano ficou conhecido como o “calciocaos”, em que equipas famosas a nível internacional, como a Milan, Fiorentina e Lazio e Juventus, foram severamente penalizadas, em que as três primeiras ficam na série A (1ª divisão) e a última despromovida para a série B. Para além daquelas equipas, foram também castigados e penalizados vários dirigentes e árbitros, bem como um antigo presidente da federação italiana. Entretanto, a Juventus, resolveu recorrer para o Tribunal Administrativo de Roma, o que não foi do agrado da FIFA. Esta, resolveu mandar um ultimato à Federação Italiana de Futebol (FIGC), no sentido de “obrigar” a Juventus a retirar a acção, sob pena de suspender a FIGC de todas as competições internacionais quer a nível de clubes quer a nível de selecção. Perante esta ameaça a Juventus, retirou a acção judicial, e a FIFA deixou de molestar a FIGC.

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


O Miúdo Mateus

No caso Grécia, julgamos que a FIFA extravasou as suas competências, ao “obrigar” o Parlamento grego a alterar a sua legislação, para satisfazer os “caprichos” dos senhores absolutos do futebol Mundial. Entendemos que é um processo que tem de ser revisto por todos os países cujas federações de futebol são associadas da FIFA. Mais um trabalho para os especialistas em Direito Constitucional e Direito Desportivo.

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

No decorrer do mês de Janeiro de 2002, no meio da época de juniores começaram os primeiros problemas do Miúdo: problemas de inscrição e visto de permanência, não permitiram que fizesse todos os jogos, fazendo apenas os últimos 8 jogos. O Desportivo de Beja, estava na corda bamba, os adeptos já não acreditavam na manutenção, esqueceramse da sua arma secreta, o Miúdo Mateus que em oito jogos, fez 13 golos. É obra. Na época seguinte 2002/03, já sénior, um avançado marroquino, foi o preferido pelo treinador João Caçoila, tendo o Mateus feito apenas 2 jogos. O Desportivo de Beja estava bem classificado e pretendia vender o Mateus. Foi pedido ao treinador para o colocar em jogo, o que não foi aceite por João Caçoila. Este foi substituído pelo seu primeiro treinador no clube alentejano, de nome Francisco Graça. Foi dada a oportunidade ao Miúdo para jogar e em cinco jogos marcou 7 golos, um dos quais contra o Quarteirense, a 40 metros da baliza. Podemos dizer que este foi o primeiro caso Mateus. O Sporting Club de Portugal, foi buscar o Miúdo e pô-lo a jogar na sua equipa B, para ganhar mais experiência. Mais problemas para Mateus: pouco utilizado e o Sporting, resolveu acabar com a equipa B. Estamos na época 2004/05, o Miúdo é emprestado ao Casa Pia, onde não é feliz. Os Gansos, como também é conhecida a equipa do Casa Pia, estava numa crise financeira profunda, pelo que o Miúdo com o terminus do contrato com os leões resolve rumar para outras paragens. Ruma para o norte de Portugal, mais propriamente para o Felgueiras. Não chegou a fazer nenhum jogo, porque o clube devido a dificuldades financeiras foi extinto, não começando sequer o campeonato. Como diz o povo, “um azar nunca vem só”. Mateus, é perseverante. Quer jogar. Quer estar em forma, porque tem em vista o Mundial/2006. Aceita jogar no Lixa, com um contrato amador, sendo contínuo no clube. No Lixa, voltou a sorrir e marcar 10 golos até Dezembro de 2005. O Gil Vicente, clube da 1ª Liga do Futebol português, estava aflito para se manter nessa liga. Em Janeiro de 2006, resolve contratar o Miúdo., como jogador profissional. Torna a brilhar, o seu trabalho é recompensado e Oliveira Gonçalves convoca-o para a Selecção. Regressa ao seu clube Gil Vicente e é confrontado com o “caso Mateus”. Julgamos que o Miúdo, vai saber ultrapassar mais este problema e tornar a marcar muitos golos. É a sua vida. É o que lhe dá gozo.

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

No dia 17 de Junho de 1984, nasceu na província do Kwanza Norte, o menino Mateus Galiano da Costa, filho de António e Laurinda. Passado algum tempo António e Laurinda, rumaram com os seus cinco filhos para Luanda, mais propriamente para o Bairro Morro da Luz. A pesca era o sustento da família. Enquanto os pais andavam na faina, o Miúdo Mateus, era criado pela tia Engrácia. Enquanto crescia, com os meninos do seu bairro, a bola era o seu passatempo. Os anos foram avançando. Era necessário ajudar a família, pelo que muito cedo o Mateus começou a trabalhar nas obras. Não foi o trabalho que fez esmorecer a paixão pelo futebol. O Miúdo tinha habilidade, pelo que os olheiros do 1º de Agosto, “pescaram-no” como juvenil passando mais tarde a júnior. Adão Costa, empresário de vários jogadores angolanos, gostou dos dotes futebolísticos do Miúdo. Convence-o a emigrar para Portugal. Corria o ano 2001, o Miúdo tinha 17 anos entre o aconchego do lar, o carinho dos pais, fez as malas rumo a Portugal para concretizar um sonho – vingar como futebolista. Teve uma passagem fugaz pelo Barreirense, para depois fixar-se no Desportivo de Beja, da III divisão do futebol luso. Começou como júnior passando mais tarde a sénior e é bom lembrar o que disse António Romão, actual presidente do Desportivo de Beja “era um Miúdo extremamente humilde, tímido, muito dedicado, que tinha o grande objectivo de singrar na carreira. Logo no primeiro pontapé vimos que tínhamos jogador” a mesma opinião é corroborada por José Carlos Bengala, antigo dirigente do Desportivo de Beja “ depois de duas ou três jogadas de génio, e dois golos, percebemos imediatamente que tínhamos em mãos um craque”. Como era menor 17 anos, os dirigentes do Desportivo de Beja, esperaram que atingisse a maioridade (18 anos) para o inscrever tendo sido aquele clube o primeiro a inscrevê-lo como profissional de futebol, o que surpreende António Romão, “faz-me confusão ele ter estado no Lixa como amador” e José Carlos Bengala reforça “ fizemos-lhe um contrato profissional de dois anos” A vontade de vencer era grande no Desportivo de Beja como disse António Romão “ nós aqui em Beja, só fazemos um treino por dia, ao fim da tarde. Pois o Mateus passava religiosamente as manhãs no ginásio, na sede, a fazer exercícios. Queria estar em forma”

Do “Calciocaos”, em Itália, processo assim chamado devido aos resultados fabricados pelos principais clubes italianos, destacamos alguns pela à sua importância no futebol Mundial: • AC Milan - que vive na esfera do universo do homem mais rico de Itália, com a 25ª maior fortuna do Mundo (segundo a revista Forbes), calculada em 12 mil milhões de dólares - Silvio Berlusconi.

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especial

• Juventus - desde há muito ligada ao grande império FIAT, que baixou de divisão e é o principal mentor do diferendo entre a Federação Italiana de Futebol e a FIFA, pelo recurso a tribunais não desportivos. Sílvio Berlusconi, foi primeiro-ministro de Itália, entre 2001 e Abril de 2006. Criou um partido político com o nome de Força Itália, tem o maior império italiano de media, a Mediaset, para além de empresas ligadas às comunicações, banca, entretenimento… Tem sido acusado, por diversas vezes, pela comunicação social, de corrupção e de pertencer à máfia. O grupo FIAT, é detentor da marca de carros com o mesmo nome e também da Alfa-Romeo, Lancia, Maserati e Ferrari. A FIAT conta actualmente com cerca de 1000 empresas, distribuídas por cerca de 150 países. A marca transalpina, que é a oitava maior produtora Mundial de automóveis, fabrica também camiões e máquinas agrícolas. De acordo com Austin Rating, em 2005, a Itália foi a 7ª maior economia do Mundo, com um Produto Interno Bruto avaliado em USD 1,718 triliões. O “Cálcio”, campeonato da 1ª divisão italiano é, a par com o espanhol e o inglês, dos principais do Mundo. No ranking da Federação Internacional e História e Estatísticas do Futebol, para o período de 1 de Setembro de 2005 a 31 de Agosto de 2006 (ver quadro) temos o ACMilan em 5º e a Juventus em 14º.

P.

P. Ant.

Equipe

País/Peso

Pontos

1.

(2.)

Barcelona

Espanha/4

288,0

2.

(4.)

Sevilla

Espanha/4

276,0

3.

(5.)

Internacional

Brasil/4

270,0

3.

(1.)

Internazionale

Itália/4

270,0

5.

(11.)

Milan

Itália/4

269,0

6.

(6.)

Olympique Marseille França/4

266,0

7.

(3.)

Liverpool

Inglaterra/4

260,0

8.

(12.)

Arsenal

Inglaterra/4

258,0

9.

(7.)

Roma

Itália/4

248,0

10.

(8.)

Bayern Munique

Alemanha/4

246,0

11.

(8.)

Lyon

França/4

244,0

12.

(10.)

Rapid Bucareste

Romênia/2

240,0

12.

(16.)

São Paulo

Brasil/4

240,0

14.

(13.)

Juventus

Itália/4

226,0

15.

(15.)

Middlesbrough

Inglaterra/4

217,0

15.

(19.)

Steaua Bucuresti

Romênia/2

217,0

17.

(18.)

Schalke 04

Alemanha/4

216,0

17.

(19.)

Vélez Sarsfield

Argentina/4

216,0

19.

(14.)

Chelsea

Inglaterra/4

215,0

A explicação que encontramos para equipas com o prestígio, quer a nível nacional quer a nível internacional, como o AC Milan e a Juventus, caírem nas malhas da corrupção, prende-se com a ingerência do mundo dos negócios, e da política, no futebol. Sem olhar a meios para atingir os fins, como demonstrou Sílvio Berlusconi, o patrão dos media em Itália, tendo em consideração o seu perfil e a sua fortuna, encostou-se a um dos maiores clubes do seu país e do Mundo, o AC Milan, para jogar

56 .

CURIOSIDADES SOBRE OS MUNDIAIS DE FUTEBOL • O recorde de golos marcados nos campeonatos do Mundo é do francês Fontaine, com 13. • O Brasil foi o único país que participou em todos os campeonatos do Mundo. • Os campeonatos do Mundo de Futebol são o segundo maior evento desportivo do planeta. • Um chuto forte, de 90 km/h, percorre os 11 metros entre a marca do penalti e o guarda-redes, em 440 milésimos de segundo. • Depois de cabeceada, a bola viaja a uma velocidade de 50 a 60 km/h. • O Brasil, para além de ter o maior número de campeonatos, participou no maior número de finais, tendo perdido em 1950 com o Uruguai, no estádio de Maracanã, no Rio de Janeiro, e em 1998 em Paris, com a selecção gaulesa. • Na terça-feira a seguir à final do Campeonato do Mundo de Futebol de 2006, a relva do Estádio Olímpico de Berlim foi cortada aos bocados para ser vendida. • Taça Jules Rimet: o então presidente da FIFA, sugeriu a criação de um troféu que levaria o seu nome. O escultor francês Abel La Fleur desenhou a taça, que simboliza a vitória com asas. Produzida em prata banhada a ouro, pesava 3,8kg e tinha 35cm de altura. • O primeiro golo da história dos mundiais de futebol (1930) foi marcado pelo francês Lucien Laurent, na vitória da sua selecção sobre o México por 4 x 1. • Cabeçada de Zidane a Materazzi, vira jogo na Internet, criado pelo italiano Alberto Zanot. • Materazzi, reconheceu publicamente que insultou Zidane, antes deste lhe ter dado a cabeçada. • A alemã Angela Merkel é a primeira mulher que governa uma nação que recebeu um Mundial de Futebol – 2006. as suas influências. O seu clube tinha de estar no topo a qualquer preço. O mesmo aconteceu com a Juventus, patrocinada pelo grupo FIAT, que deveria estar na ribalta, quer em Itália, quer no Mundo. A actuação da Juventus e do Gil Vicente, têm algo em comum: ambos recorreram a tribunais civis, quando deveriam ter recorrido a tribunais desportivos, conforme está determinado pelos regulamentos da FIFA. No caso da Juventus, julgamos não haver quaisquer dúvidas que o “fabrico de resultados desportivos” é matéria do foro desportivo, porém, o “caso Mateus”, como disse à Agência Lusa, Rogério Alves, bastonário da Ordem dos Advogados de Portugal, ”reflecte a difícil coabitação entre a jurisdição desportiva e a jurisdição dos tribunais comuns”. Viu-se essa “difícil coabitação” no

A explicação que encontramos para equipas com o prestígio, quer a nível nacional quer a nível internacional, como o AC Milan e a Juventus, caírem nas malhas da corrupção, prende-se com a ingerência do mundo dos negócios, e da política, no futebol.

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


É indubitável que o Gil Vicente, ganhou nas quatro linhas o direito de estar na 1ª liga, porém na secretaria, o Belenenses, passou de uma situação de perdedor a ocupar o lugar do vencedor. Para além da verdade jurídica, há a verdade desportiva e julgamos que, perante esta, o Gil Vicente têm-na do seu lado, embora não baste, porque não pode jogar na 1ª Liga do Futebol português. O futebol proporciona uma reflexão sobre o papel do indivíduo e o trabalho de equipa, o colectivo, dando lugar a grandes debates sobre a simulação, a fraude, o arbitrário e a injustiça. São as agruras da vida, que nos dão experiência, pelo que os gilistas têm de se manter unidos, permanecer em grupo. Graças a esta paixão partilhada, têm a certeza de não estar sós, como cantam os adeptos do Liverpool FC: “You’ll never walk alone”, ou seja, “nunca caminharás sozinho”.

inglesa, ou brasileira e o Brasil, por exemplo, que participou em todos os campeonatos do Mundo, e com o maior número de campeonatos, ser ameaçado de não poder participar. Qual seria o impacto? Qual seria o prejuízo desse Mundial sem o Brasil? A Juventus, começou a 2ª Liga empatando a um golo com o Rimini, e foi eliminada pelo Nápoles da Taça de Itália, perdendo desta forma, a única possibilidade de estar presente numa competição europeia no próximo ano. A sua “travessia no deserto” está difícil. A decisão da direcção do Gil Vicente em não comparecer no jogo da Liga de Honra (2ª divisão do futebol português) contra o Feirense, vai trazer, no curto prazo, problemas graves aos seus jogadores, porque este clube não tem grandes recursos para manter o plantel sem jogos. As decisões dos tribunais não são rápidas e o risco assumido é grande. Se não ganhar o recurso como vai pagar aos jogadores?

O presidente da FIFA Joseph Blatter, nasceu na cidade Suiça Vip, no cantão alemão, filho de uma família da classe média-alta, tendo estudado nos melhores colégios de Sion e Saint-Maurice. Licenciou-se em Economia e Administração de Empresas pela Universidade de Lausane.

Emblema do Gil Vicente

Quer a Liga, quer a Federação de Futebol de Portugal, não foram céleres na resolução do “caso Mateus” e julgamos terem grande responsabilidade neste caso, porque depois da inscrição como jogador profissional, do internacional angolano Mateus Galiano, o Gil Vicente realizou vários jogos na anterior 1ª Liga e não houve qualquer intervenção, quer da Liga quer da Federação. As leis desportivas estão feitas para os clubes e quando o interesse económico se sobrepõe ao interesse desportivo, nomeadamente com o surgimento das Sociedades Anónimas Desportivas (SAD), as leis desportivas passaram a ser definitivamente ultrapassadas e/ou esquecidas.

Imagine-se surgir um caso desta índole, na Liga espanhola, ou inglesa, ou brasileira e o Brasil, por exemplo, que participou em todos os campeonatos do Mundo, e com o maior número de campeonatos, ser ameaçado de não poder participar. Qual seria o impacto? Qual seria o prejuízo desse Mundial sem o Brasil? A FIFA, com o seu poder absoluto, tem de estudar bem toda esta problemática do “caso Mateus”, para que amanhã, em qualquer Liga de Futebol, não surja um caso igual. Imagine-se surgir um caso desta índole, na Liga espanhola, ou

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

O futebol foi sempre a sua grande paixão, tendo sido avançado em vários clubes da sua terra natal, mas, como disse ao canal americano da CNN, “não era um jogador perfeito na minha posição. Às vezes tentava ganhar vantagem atirando-me para o chão”. Aos 35 anos arruma as chuteiras e envereda pelo dirigismo desportivo, aceitando o cargo de director desportivo do Neuchatel Xamax, um dos principais clubes suíços. Neste clube, demonstrou ter grande capacidade de gestão e uma grande arma, ou seja, falar fluentemente inglês, francês, espanhol, italiano, para além do alemão, sua língua natural. A FIFA, com o seu olho visionário, estava atenta e contratou os serviços de Joseph Blatter, que foi nomeado pelo presidente da altura, o brasileiro João Havelange, para Teve a ideia da realizao cargo de director de novos projectos. ção dos campeonatos Foi Joseph Blater que do Mundo dos sub-17, teve a ideia da realisub-20, campeonatos zação dos campeonatos do Mundo dos mundiais de futsal e sub-17, sub-20, camfutebol feminino. Estas peonatos mundiais competições são hoje de futsal e futebol feminino. Estas comuma parte importante petições são hoje das actividades interuma parte importannacionais da FIFA. te das actividades internacionais da FIFA.

. 57

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

programa “Prós e Contras” da RTP1, em que juristas defendem ser um caso de Direito de Trabalho, visto estar em causa um contrato de trabalho, enquanto que outros, tal como a FIFA, pensam que a carga administrativa subjacente (vinculo contratual) está interligada a uma questão desportiva, pelo que o recurso a tribunal só teria cabimento num tribunal desportivo, o que vai de encontro ao que disse o bastonário: “se há matérias em que essa separação é clara, há zonas de fronteira que podem suscitar dúvidas”.


especial

A partir de Junho de 1998, substitui João Havelange no cargo de presidente da FIFA, passando a lidar directamente com os lucros astronómicos da associação, que no exercício económico de 2005, atingiu um lucro económico de 136 milhões de euros, cuja principal fonte advém dos direitos de transmissão televisiva e do marketing, incluindo o pagamento aos clubes e às selecções nacionais presentes em competições internacionais.

Há vários perigos que nos ameaçam como os hooligans e ataques terroristas e, tal como aconteceu neste Mundial, houve também prevenção contra catástrofes.

O presidente é conhecido e admirado em todo o Mundo, tendo recebido, até ao momento, 22 condecorações, entre as quais a Ordem de Cavaleiro do Sultanato de Pahang, na Malásia, e a Ordem de Mérito do Yemen. É um homem polémico. Ainda recentemente disse que os jogadores deveriam usar equipamentos mais femininos, isto porque há muitas mulheres bonitas a praticar desporto e isso atrairia a atenção de empresas de moda e cosmética, com as quais a FIFA lucraria milhões.

Nos dias que correm, há vários perigos que nos ameaçam como os hooligans e ataques terroristas e, tal como aconteceu neste Mundial, houve também prevenção contra catástrofes. O último Mundial, teve cerca de 24 milhões de espectadores. A segurança das pessoas nestes eventos é de capital importância, o que vai de encontro ao que disse o ministro do Interior alemão Otto Schily: “é uma tarefa gigante, mas estou convencido de que poderemos garantir a maior segurança possível e que isso não prejudicará a atmosfera desportiva do torneio”.

Alguns números da FIFA

Entre as medidas de segurança, houve o controlo policial de passaportes nas fronteiras alemãs, no sentido de impedirem o ingresso de torcedores violentos e cadastrados, o que obrigou a que o Acordo de Schengen, que permite a livre circulação de pessoas entre os países da União Europeia, fosse interrompido durante a vigência do campeonato. Por outro lado, conforme o jornal Süddeutsche Zeitung, foi prevista a entrada de 300 polícias estrangeiros à paisana, para controlarem os seus hooligans. A polícia alemã negociou com as polícias de Inglaterra, França e Holanda, medidas para impedir que torcedores violentos não saíssem dos respectivos países. Só na Alemanha há cerca de 7000 hooligans referenciados pela polícia.

Custos com Pessoal

38.6 milhões de euros/ano

Custo da nova sede

160 milhões de euros

Lucros da FIFA em 2005

136 milhões de euros

Custos de funcionamento e organização

121 milhões de euros/ano

Salário anual do presidente da FIFA

2.5 milhões de euros/ano

A organização e o poder económicos O poder germânico Desde 1930 que se realizam mundiais de futebol e até à data nenhum país africano organizou um campeonato. Porquê? Porque é necessário ter organização e poder económico para assumir o compromisso que a realização de um evento desta envergadura acarreta. No caso concreto do Mundial de 2006, com um volume de investimento superior a 1,5 biliões de euros, a Alemanha reformou/ restaurou os 12 estádios utilizados, distribuídos pelas cidades de Berlim, Dortmund, Frankfurt, Gelsenkirchen, Hamburgo, Hannover, Kaiserslautern, Colónia, Leipzig, Munique, Nurembergue e Stuttgart. Entre esses estádios está o mais caro do Mundo, o Allianz Arena, na cidade de Munique, que custou 341 milhões de euros. Para a antiga estrela do futebol germânico Karl-Heinz Rummenigge é “o estádio mais bonito do mundo”.

Allianz Arena, na cidade de Munique

58 .

Ainda no que concerne à segurança, foram usados sistemas de vídeo e aviões de reconhecimento, tendo o ministro Otto Schily dito: “somos obrigados a usar modernas tecnologias. Temos a pretensão de transformar os estádios nos lugares mais seguros do país, mas vamos ficar de olho também nas praças públicas, onde as claques se reúnem para assistir aos jogos nos telões e festejar”. A empresa alemã de segurança “Robowatch Technologies”, apresentou o robot com o nome de “Ofro” capaz de detectar armas e engenhos explosivos, subir escadas e identificar agentes químicos, para evitar a possibilidade de serem usados como armas biológicas. O robot tem antenas UMTS (rede móvel de 3ª geração) que transmite todos os dados recolhidos e analisados para uma central de segurança. O Ofro, está ao serviço do Estádio Olímpico de Berlim, onde se realizou a final do Mundial.

Ofro

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


Apenas 7000 delitos foram registados durante as quatro semanas do Mundial e 875 pessoas sofreram ferimentos, entre os quais 250 polícias e 350 prevaricadores. Para o ministro do Interior, estes dados foram mínimos, tendo em conta que foram aos estádios cerca de 3.3 milhões de pessoas e que 14 milhões se reuniram em praças ou parques para assistirem aos jogos.

Adidas

Nike

Fundada em 1948

Fundada em 1964

35% do mercado Mundial de futebol

16% do mercado Mundial de futebol

18% do mercado de calçado desportivo

33% do mercado de calçado desportivo

7,5 bilhões de euros foi a receita no ano passado

12,3 bilhões de euros foi a receita no ano passado

Valor da marca: USD 3,740 bilhões (69° lugar no ranking Mundial)

Valor da marca: USD 9,260 bilhões (31° lugar no ranking Mundial)

Principais selecções: Alemanha, Argentina, França, Grécia

Principais selecções: Brasil, Portugal

Principais atletas: Beckham, Zidane, Kaká

Principais atletas: Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Cristiano Ronaldo, Figo

Fonte: Revista Época

Ora, é todo este meio envolvente, que transforma o futebol, nos dias que correm, numa indústria que gera muitos interesses, muito dinheiro e muitas influências, e obriga a muitas transformações.

marcas, patrocinios e publicidade Juntamente com o Mundial, existem outros jogos bastante renhidos, como o caso da alemã Adidas e da norte-americana Nike, sendo que a primeira é a maior fabricante do Mundo de artigos para futebol e a segunda lidera o mercado global de material desportivo. A Adidas fornece as bolas para o Mundial de Futebol desde 1970, tem um contrato de patrocínio com a FIFA até 2014 e veste a maioria das selecções. A Nike entrou no mundo do futebol há cerca de 10 anos e já conseguiu criar brechas nas fortalezas da Adidas, nomeadamente com o contrato que fez com a selecção brasileira. O poder destas marcas, faz-se também sentir no seio das selecções, como aconteceu com o ultimato feito pelo seleccionador alemão Jurgen Klinsmann (vive nos EUA), que obrigou os seus jogadores a só usarem chuteiras Adidas, que é a patrocinadora da selecção germânica, sob pena de quem não o fizesse, não ser convocado. A Nike, mais liberal, não tem essa preocupação. É mais flexível e deixa os atletas escolherem. A empresa americana, para além do contrato com a selecção brasileira, no valor de USD 150 milhões, tem os brasileiros Ronaldo, Roberto Carlos e, mais recentemente, Robinho, como estrelas de campanhas publicitárias carregadas de efeitos especiais, com um custo estimado de USD 30 milhões para cada um. O quadro seguinte mostra a posição de cada uma.

“O Mundial é um produto tão atractivo do ponto de vista publicitário, que muitas marcas se servem do evento para conquistar consumidores mesmo quando não têm o estatuto de patrocinadoras”.

Com o Mundial de 2006, a FIFA arrecadou a soma de 258 milhões de euros aproximadamente. Em patrocínios e em publicidade foram investidos cerca de mil milhões de euros. “O Mundial é um produto tão atractivo do ponto de vista publicitário, que muitas marcas se servem do evento para conquistar consumidores mesmo quando não têm o estatuto de patrocinadoras” . A nível de patrocínios, a Philips e a McDonalds, com montantes na ordem dos 31.3 milhões de euros e 29.3 milhões de euros respectivamente, foram os maiores investidores. Desde que a FIFA introduziu os patrocínios oficiais, corria o ano de 1982, passou a haver muito dinheiro em jogo, mas o retorno esperado, é compensador para que as marcas não só invistam, como lutem por maior destaque. Um estudo da empresa americana de marketing NOP World concluiu “40% dos consumidores têm mais confiança numa marca que patrocina grandes eventos como o Mundial de futebol”. A FIFA previu cerca de 32 milhões de telespectadores para assistirem aos jogos televisionados e as marcas aproveitaram para lançar a sua publicidade de ponta. O motor de busca Yahoo, foi o patrocinador do site oficial deste Mundial.

Efeitos do Mundial nas economias alemã e italiana A nível de economia, o Instituto de Investigação Económica de Berlim, referiu que o Mundial foi “um acontecimento cultural e desportivo importante mas sem especial repercussão para a economia no seu conjunto “. Segundo aquele Instituto, espera-se apenas um crescimento em alguns sectores, como a venda de material desportivo e electrónico. No entanto, a Banca alemã, referiu que este Mundial contribuiu com cerca de 0,25 por cento para o crescimento do Produto Inter   http://www.mktonline.net

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

. 59

ANGOLANOS NA DIÁSPORA

Apenas 7000 delitos foram registados durante as quatro semanas do Mundial e 875 pessoas sofreram ferimentos, entre os quais 250 polícias e 350 prevaricadores. Para o ministro do Interior, estes dados foram mínimos, tendo em conta que foram aos estádios cerca de 3.3 milhões de pessoas e que 14 milhões se reuniram em praças ou parques para assistirem aos jogos.


especial

A Banca alemã, referiu que este Mundial contribuiu com cerca de 0,25 por cento para o crescimento do Produto Interno Bruto, enquanto a Câmara de Indústria e Comércio apontou para um crescimento na ordem de um terço.

Unidade: 109 USD

Ordem

País

PIB

Continente

1

Estados Unidos

2

Japão

4.672 Ásia

3

Alemanha

2.799 Europa

4

Reino Unido

2.196 Europa

5

França

2.113 Europa

no Bruto, enquanto a Câmara de Indústria e Comércio apontou para um crescimento na ordem de um terço.

6

China

1.909 Ásia

7

Itália

1.718 Europa

Entre Abril e Maio de 2006, foram criados cerca de 60 mil novos empregos, tendo-se previsto que um terço, permaneceria activo após o Campeonato. Um dado importante para um país que em Março de 2005 tinha uma taxa de desemprego de 12,5%, cerca de 38,7 milhões de desempregados.

8

Espanha

1.124 Europa

9

Canadá

1.106 América

10

Coreia

799 Ásia

11

Brasil

795 América

12

Rússia

772 Europa

13

México

758 América

14

Índia

746 Ásia

15

Austrália

683 Oceânia

16

Holanda

622 Europa

17

Bélgica

365 Europa

18

Suíça

364 Europa

19

Suécia

354 Europa

20

Turquia

353 Europa

21

Taiwan

330 Ásia

22

Arábia Saudita

314 Africa

23

Áustria

306 Europa

24

Noruega

294 Europa

25

Polónia

285 Europa

26

Indonésia

270 Ásia

27

Dinamarca

252 Europa

28

África do Sul

234 Africa

29

Grécia

219 Europa

30

Irão

203 Africa

Um estudo encomendado pelos responsáveis pelo turismo da Alemanha concluiu que dos 1.281 inquiridos de todos os cantos Mundo, “91 por cento, considerou que gostaram e foram muito bem recebidos, e 93 por cento consideraram o Mundial como um grande evento”. A chanceler Ângela Merkel, escreveu uma carta, publicada no jornal Bild, na qual, para além de ter agradecido a hospitalidade germânica, referiu: “vocês são verdadeiros embaixadores da nossa nação. Esta é a melhor propaganda para o nosso país”. Para além de uma estratégia bem pensada, a chanceler teve uma atitude inteligente. Cada vez mais os países apostam no turismo. Olhe-se para o exemplo de Cabo Verde. O subsecretário do Tesouro italiano, após a conquista do Mundial de 2006, referiu: “podemos dizer, com certeza, que o título valerá 0.5 por cento do PIB, apesar de não podermos fazer uma previsão exacta, o que seria imprudente”.

Europa Pegando no crescimento das economias mundiais no ano de 2005, tendo como referência o seu PIB, e os valores convertidos em USD, para um universo de 155 países, elegemos os trinta primeiros, conforme mostra o quadro ao lado. Os países sublinhados a amarelo foram anfitriões, e o Japão e a Coreia (Sul), com cor diferente, foram, em conjunto, os anfitriões do Mundial de 2002. Pegando no mapa constante da página, verificamos que houve países patrocinadores que não figuram nas principais economias no ano de 2005, como o Uruguai e o Chile, países do continente americano, mais propriamente América do Sul. A Europa, para além de ter as maiores economias, tem também os 20 clubes mais ricos do Mundo: o Reino Unido com 8 (Inglaterra 7 e Escócia 1) seguido da Itália com 3 (ver quadro da pág. seguinte). No desenvolvimento desta peça, verificamos que, para além do poder económico do país organizador, existe outro dado importante que é a organização. O primeiro mede-se com números, como mostra o quadro ao lado, o segundo tem variáveis muito subjectivas, como a eficácia, estratégias, espírito de equipa…   O que é a organização “qualquer grupo estruturado de pessoas reunido para atingir um conjunto

de objectivos que um indivíduo sozinho não seria capaz de atingir, in eden.dei.uc.pt/gestao/forum/ glossario/index_lr.htm

60 .

12.452 América

Fonte: Austin Rating

Felizmente a Alemanha, com a realização deste último campeonato do Mundo, mostrou capacidade organizativa em todas as frentes, desde a segurança à hospedagem dos espectadores. São esses dados subjectivos que classificam a organização do país anfitrião e julgamos que os países anglo-saxónicos como a Alemanha, Reino Unido, África do Sul, reúnem melhores condições, devido ao seu “modus faciendi”. A Europa é um continente pequeno comparativamente à América, Ásia e África, mas desde há séculos que domina o conhecimento, pelo que felizmente com a velocidade da informação e dos transportes, hoje é mais fácil os restantes continentes adquirirem mais conhecimento, porque esta vai ser a sua grande arma - massa critica.

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


Ordem

Clube

País

Valor

1

Real Madrid

Espanha

275,7

2

Manchester United

Inglaterra

246,4

3

AC Milan

Itália

234,0

4

Juventus

Itália

229,4

5

Chelsea

Inglaterra

220,8

6

FC Barcelona

Espanha

207,9

7

Bayern Munique

Alemanha

189,5

8

Liverpool

Inglaterra

181,2

9

Inter de Milão

Itália

177,2

10

Arsenal

Inglaterra

171,3

11

AS Roma

Itália

131,8

12

Newcastle

Inglaterra

128,9

13

Tottenham

Inglaterra

104,5

14

Schalke 04

Alemanha

97,4

15

Olympique Lyon,

França

92,9

16

Celtic

Escócia

92,7

17

Manchester City

Inglaterra

90,1

18

Everton

Inglaterra

88,8

19

Valência

Espanha

84,6

20

Lazio de Roma

Itália

83,1

Parte dessas reticências tem a ver com o facto de os trabalhos de construção e/ou reconstrução/restauração dos estádios ainda não terem começado. Sobre isso, disse o presidente da FIFA: “não existe um plano “B”. Ainda temos três anos e meio para construir os estádios. A FIFA tem um escritório na África do Sul e estamos em permanente contacto com os organizadores sul-africanos. Eu mesmo, a nível político, estou em contacto directo com o governo. O dinheiro para o Mundial já foi prometido e os planos estão no papel. Agora só precisamos de começar a trazer as máquinas especiais, que ainda estão faltando nos canteiros-de-obra. Também a Alemanha precisou de tempo, pois apenas algumas firmas são especializadas nesse tipo de trabalho. Os preparativos para o Mundial de 2010 precisam começar já em Novembro.”

O país A África do Sul está limitada a norte pela Namíbia, Botswana, Zimbabwe, a leste por Moçambique e Suazilândia, a oeste pelo Oceano Atlântico e a leste e a sul pelo Oceano Indico. Tem uma extensão territorial de 1.219.912 km² e uma população de 44 mil milhões de habitantes, que corresponde a uma densidade populacional de 36/ km².

Fonte: Planeta do Futebol

África do Sul A África do Sul, é o único país africano, que está no top30, das economias mais fortes do Mundo em 2005. Como já referimos tem cultura anglo-saxónica. Houve/há muitas reticências no que respeita à capacidade de organização dos sul-africanos, o que é contraposto por Joseph Blatter: “na África do Sul teremos um Mundial africano. A música e o ambiente serão diferentes. Também o clima será diferente, mais fresco, pois será Inverno. A cultura é outra. O país é multicultural, onde a cor da pele vai do mais claro ao mais escuro. Lá existe uma outra filosofia de vida. O futebol será jogado de forma mais africana. Os torcedores também irão tocar mais tambor, ao invés de cantoria ou fanfarras. Assim como ocorreu no Japão e na Coreia, o campeonato do Mundo terá sua própria identidade na África do Sul. Não é possível imitar a Alemanha”.

Joanesburgo

A agricultura, é uma das principais fontes de receita deste país, em que a terra cultivada representa 1/10 da área total do país, sendo um grande exportador de produtos alimentares. Tem um subsolo bastante rico em minerais, como carvão, amianto, cobre, manganésio, urânio, platina, ferro, diamantes, gás natural, ouro…, sendo este último a principal extracção, a nível de indústria.

“Na África do Sul teremos um Mundial africano. A música e o ambiente serão diferentes. Também o clima será diferente, mais fresco, pois será Inverno. A cultura é outra. O país é multicultural, onde a cor da pele vai do mais claro ao mais escuro. Lá existe uma outra filosofia de vida. O futebol será jogado de forma mais africana. Os torcedores também irão tocar mais tambor, ao invés de cantoria ou fanfarras. Assim como ocorreu no Japão e na Coreia, o campeonato do Mundo terá sua própria identidade na África do Sul. Não é possível imitar a Alemanha” Joseph Blatter

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

. 61

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

Unidade: 109 USD


especial

“Apenas queremos devolver algo ao continente africano por tudo o que ele já fez e ainda faz pelo futebol mundial” Joseph Blatter

A nível de comércio e serviços está bem dotado e tem como principais parceiros comerciais os EUA, Reino Unido, Itália, Japão, Holanda e Alemanha. No ano fiscal 2005-2006, a arrecadação de impostos na África do Sul, cifrou-se em 418 biliões de rands, o que contribuiu para uma redução do deficit nacional na ordem dos 0,3 por cento, sendo o segundo mais baixo da sua história. Os principais desportos praticados são o rugby e o críquete, cujos principais praticantes são a população branca, ao passo que o futebol é praticado maioritariamente pela população negra.

A escolha Perante este cenário, julgamos ter sido feliz a escolha da FIFA, ao eleger a África do Sul como o primeiro país africano para a realização de um Campeonato do Mundo de Futebol, concretamente o de 2010, uma vez que aquando da eleição do país patrocinador do Mundial de 2006, ficou a um ponto da Alemanha. Na altura, Joseph Blatter prometeu: “apenas queremos devolver algo ao continente africano por tudo o que ele já fez e ainda faz pelo futebol mundial”. Eu havia dito em 1998, como candidato ao cargo de presidente da FIFA, que um dos meus objectivos era levar o Mundial para a África. E isso só aconteceu quando introduzimos o sistema de rotatividade na FIFA. Se não tivéssemos feito isso, nenhum país africano teria tido maioria suficiente para receber o evento. É como na votação da Olimpíada: ninguém confia que os africanos têm condições de organizar algo nessas dimensões. É por isso que, no momento de escolher um país organizador do Mundial de 2010, quando havia apenas candidatos africanos - e isso também vale para o Brasil e a Colômbia em 2014 - a África do Sul acabou convencendo. O outro candidato foi o Egipto, que não recebeu nenhum voto, e o Marrocos, que era o único concorrente de peso. Agora eu quero dar uma prova de que a África do Sul foi uma boa escolha, isso sem falar no facto de eles já terem organizado torneios mundiais de rugby e cricket, que não são desportos com o mesmo factor de integração com os africanos como o futebol. Veja o mercado do futebol, como as televisões, que querem ter a atractividade do futebol na sua programação, e os patrocinadores. Quando foi tomada a decisão de organizar o Mundial na África do Sul, em Maio de 2004, os contratos de direitos de transmissão e de patrocínios foram fechados a uma base muito mais elevada do que na Alemanha. O que isso significa? Que o mercado confia na capacidade de organização da África. Além disso, lembro que o Campeonato do

62 .

História do Campeonato das Nações Africanas Em 1957,realizou-se o primeiro campeonato das Nações Africanas (CAN), organizado pela Confederação Africana de Futebol, fundada em 1957, com sede no Cairo, Egipto, e representa o futebol internacional africano. A partir de 1968, o CAN passou a ser realizado de dois em dois anos. O Egipto é o pais mais vezes anfitrião 4. O Gana, é a selecção com mais campeonatos ganhos, 5, conforme quadro seguinte: Ano

Anfitrião

Campeão

2002

Mali

Argélia

1996

África do Sul

Camarões

2000

Gana/Nigéria

Camarões

1972

Camarões

Congo

1984

Costa do Marfim

Congo

2004

Tunísia

Costa do Marfim

1957

Sudão

Egipto

1959

Egipto

Egipto

1998

Burkina/Faso

Egipto

1962

Etiópia

Etiópia

1963

Gana

Gana

1965

Tunísia

Gana

1978

Gana

Gana

1990

Argélia

Gana

1994

Tunísia

Gana

1976

Etiópia

Marrocos

1988

Marrocos

Marrocos

1980

Nigéria

Nigéria

1992

Senegal

Nigéria

2006

Egipto

Nigéria

1968

Etiópia

R. D. Congo

1970

Sudão

Sudão

1982

Líbia

Sudão

1974

Egipto

Zaire

Mundo é, actualmente, a número um no mundo desportivo. As taxas de audiência são muito maiores do que para as Olimpíadas de Verão. Reforçando o que disse Joseph Balttrer, a África do Sul, já tem seis patrocinadores que são: Emirates Airlines, Adidas, Hyundai, Sony, Coca-Cola e Visa.

Angola e o CAN Pegando, no Atlas Económico da revista Executive Digest, Angola vai ser o país que vai ter o maior crescimento económico em 2006, com um valor percentual de 28%, pese embora as expectativas do nosso Governo apontarem para os

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


26%. Independentemente de tudo, somos o País que vai ter o maior crescimento do Mundo, seguido da Mauritânia que a Executive Digest aponta para os 27%.

Governo, é importante arranjar já patrocinadores quer nacionais quer estrangeiros. Temos de tirar proveito da apetência que os investidores estrangeiros têm pelo nosso País.

Porém, esse crescimento económico tem de ser sustentado e distribuído, a pobreza tem de ser combatida, a taxa de desemprego tem de ser reduzida, a inflação tem de baixar, a balança comercial tem de ser positiva, expurgando o petróleo, nomeadamente em Angola, onde ainda existe uma forte “cultura de importação”. Angola foi eleita para organizar o Campeonato Africano (CAN) de 2010. O nosso desempenho no último Mundial de futebol, já está a dar frutos. Temos três anos e meio para organizarmos tal competição. Nesse mesmo ano, temos o Mundial de futebol na África do Sul. Dois eventos importantes em 2010, realizados em países tão próximos. Certamente vai haver comparações no que concerne à capacidade de realização desses campeonatos. Há muito trabalho para ser feito. Angola é um País grande em extensão territorial com 1.246.700 km2, faz fronteira com a Namíbia, que por sua vez faz fronteira com a África do Sul. A invasão de clandestinos nos territórios nacionais é um problema do Mundo actual, nomeadamente em países como Espanha e Itália, na Europa e tal como referiu o nosso ministro do Interior Roberto Monteiro “Ngongo”, “Angola constitui um dos principais pontos de convergência da emigração ilegal em África e o seu território serve de destino e ponto de trânsito para diferentes regiões do mundo”.

Clube Náutico - Luanda

Angola, com o CAN 2010, vai construir mais quatro estádios de futebol nas cidades de Luanda, Benguela, Lubango e Huila, com capacidade para 20 mil a 40 mil espectadores. É importante referir, que a Confederação Africana de Futebol, não exigiu a construção de novas infra-estruturas desportivas, mas os responsáveis pela nossa candidatura, resolveram e bem, apostar na melhoria das nossas infra-estruturas, contando para o efeito com o apoio do Executivo, e porque não, de patrocinadores privados.

Angola, com o CAN 2010, vai construir mais quatro estádios de futebol nas cidades de Luanda, Benguela, Lubango e Huila, com capacidade para 20 mil a 40 mil espectadores.

Está prevista a criação de hotéis. De momento, Luanda, tem como hotéis de referência os seguintes: Nome

Capacidade

Alvalade

216 quartos

ÍÍÍÍ

Continental

71 quartos

ÍÍÍ

Fórum

60 quartos

ÍÍÍ

210 quartos

ÍÍÍÍ

27 quartos

ÍÍÍÍ

129 quartos

ÍÍÍÍ

54 quartos

ÍÍÍ

280 quartos

ÍÍÍÍ

Le Presidente Meridien Mundial Bomba da Marginal

É uma batalha que o nosso Governo já trava desde há muito e que tem de ser continuada e reforçada. No caso concreto do CAN 2010, temos de evitar/estancar a praga dos hooligans e os ataques terroristas. Não podemos pensar que só acontece nos países ricos da Europa e da América. É importante a criação de protocolos de inter-ajuda entre a nossa polícia e as congéneres dos países participantes. É importante criar meios dissuasores para evitar que os nossos espectadores entrem em confronto com claques fanáticas de outras selecções. Há o compromisso do nosso Governo disponibilizar cerca de USD 140 milhões. Para além dos meios a disponibilizar pelo

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

Panorama Tivoli Trópico

Classificação

Estes hotéis, no seu conjunto, têm uma capacidade de 1.047 quartos. Tendo em consideração a população volante de Luanda, nomeadamente homens de negócios, temos de convir que a capacidade hoteleira da capital é baixa, independentemente de não estarem neste quadro, todos os hotéis da cidade. No dia 9 de Setembro, encerraram em Benguela os IV Jogos Desportivos Militares.Sobre os mesmos foi escrito pela agência AngolaPress: “o centro da cidade de Bengue-

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O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

Continuando a analisar o Atlas Económico, concluímos que os países africanos são os que vão ter mais crescimento a nível mundial, estando a seguir à Mauritânia, países como o Sudão (13%), Malawi (8%), Serra Leoa (7%) …


especial

la, na sequência da realização desta actividade, regista um grande movimento, facto que originou a falta de lugares nos hotéis e pensões. Quando se fala de Benguela está implícito também o Lobito, e nestas duas cidades, como hotéis de referência, temos o Mombaka (Benguela), Términus e Navegantes (Lobito). No Lubango, temos como referência o Grande Hotel da Huila. A capacidade hoteleira de Benguela, Lobito e Lubango, cidades que podem ser escolhidas para a realização dos jogos do CAN 2010, é inferior ao hotel com menor capacidade dos referidos em Luanda.

O futebol angolano O sonho que se tornou realidade “O sonho comanda a vida” como diz o poeta. Foi isso que aconteceu com todos os jogadores que participaram no Mundial de 2006, como fizeram questão de sublinhar: Akwa: “sempre sonhei desde que comecei a jogar futebol, participar num evento desta grandeza. Felizmente esse sonho foi conseguido, tendo inclusive sido ultrapassadas as minhas expectativas”.

Hotel Terminus - Lobito

Akwa

No que concerne à entrada das claques das outras selecções do CAN 2010, é necessário pensar-se nos vistos, isto porque não faz sentido, tal como hoje acontece, haver alguém em Angola a fazer cartas de chamada.

Figueiredo: “foi o realizar de um sonho. Quando via os mundiais na televisão sonhava jogar e felizmente consegui concretizar esse sonho. Foi uma sensação única”.

Segurança, estádios de futebol onde o espectador se sinta confortável, capacidade de instalação dos espectadores, infraestruturas mínimas como hospitais e vias de comunicação, são dados importantes e necessários para que possamos dizer que temos o mínimo de organização e não fiquemos mal na “fotografia” como País anfitrião do CAN 2010, pese embora sabermos que o desporto angolano ainda não é custo-eficente, tendo em consideração a recuperação do País encetada desde 2002.

Segurança, estádios de futebol onde o espectador se sinta confortável, capacidade de instalação dos espectadores, infra-estruturas mínimas como hospitais e vias de comunicação, são dados importantes e necessários para que possamos dizer que temos o mínimo de organização e não fiquemos mal na “fotografia” como País anfitrião.

64 .

Jamba: “Foi um momento impar. Não dá para descrever nem para esquecer”. Mantorras: “foi importante a nossa participação, isto porque representámos bem o nosso País e foi uma forma do Mundo do futebol ver a qualidade dos nossos jogadores”. Mas quantos acreditavam neste feito? Houve muitos incrédulos, muitos que diziam que a selecção iria levar “cabazadas”, porém quem esteve dentro das quatro linhas, desde sempre pensou diferente, como referiu Figueiredo: “nós que estivemos dentro do

“nós que estivemos dentro do terreno, acreditámos que seria possível tal classificação, isto porque a nossa selecção é humilde, é trabalhadora, “não vira a cara á luta”, há união. Assim, não ligamos a determinadas “bocas”, que diziam que iríamos levar grandes goleadas. Demos luta às selecções com quem jogámos e mesmo Portugal teve de se empenhar bastante para nos ganhar. Figueiredo

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


A selecção e o futuro O quadro abaixo mostra-nos os jogadores seleccionados para o Mundial de 2006. A média etária dos 23 seleccionados no final de 2006 é de 27 anos. No final do Mundial e CAN de 2010, a média etária será de 31 anos. Será uma selecção velha. Há necessidade de renovar e manter os mais jovens, do momento, no sentido de dar mais experiência à selecção do futuro, ou seja, o dito endurance.

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

terreno, acreditámos que seria possível tal classificação, isto porque a nossa selecção é humilde, é trabalhadora, “não vira a cara á luta”, há união. Assim, não ligamos a determinadas “bocas”, que diziam que iríamos levar grandes goleadas. Demos luta às selecções com quem jogámos e mesmo Portugal teve de se empenhar bastante para nos ganhar. A crítica foi unânime em dizer que defendemos bem as nossas cores. O próprio Felipe Scolari, disse que se continuássemos a jogar como jogámos contra Portugal, poderíamos ter hipóteses. Não passámos à fase seguinte, mas fizemos boa figura”, o que também foi corroborado por Jamba: “muita gente, em Angola, pensou que não conseguiríamos ter uma prestação tão positiva”. Neste Mundial, tal como disse Mantorras, “a nível de África, as pessoas estavam habituadas a ver só a Nigéria, os Camarões. Nós e o Gana, conseguimos novos feitos, conseguimos dar outra projecção ao futebol africano”. É necessário ver o alcance de “conseguimos dar outra projecção ao futebol africano”. Pode ser interpretado, como discurso de ocasião, mas julgamos que não, porque a nossa selecção foi a única com um treinador nacional, que apresentou um trabalho digno de nota. Possivelmente muitas selecções, nomeadamente em África, no futuro, vão olhar para dentro de casa, no sentido de arranjarem técnicos nacionais. É importante que os dirigentes saibam tirar proveito disso e verem o custo/beneficio com a contratação de técnicos estrangeiros que, na maioria dos casos, não conhece a língua, os usos, costumes e a cultura dos países para onde vão trabalhar. Em África, os laços de união são muito fortes, pelo que repetimos, a contratação de um técnico estrangeiro que não esteja familiarizado com esses laços tem muitas dificuldades em triunfar.

Figueiredo

Dos seleccionados, 12 jogam em África, 9 em Angola, igual número joga na Europa e 2 não têm clube. Independentemente da boa prestação dos Palancas Negras, a

Data de nascimento

Actual

2010

Lugar

Clube

País

Continente

30-05-1977

29

33

Avançado

André TiTi Buengo

11-02-1980

26

30

Avançado

Clermont

França

Europa

Flávio

30-12-1979

27

31

Avançado

Al Ahly

Egipto

Africa

Love

14-03-1979

27

31

Avançado

ASA

Angola

Africa

Mantorras

18-03-1982

24

28

Avançado

Benfica

Portugal

Europa

Delgado

01-03-1979

27

31

Defesa

Petro

Angola

Africa

Jamba

10-07-1977

29

33

Defesa

ASA

Angola

Africa

Nome Akwa

Kaly

11-10-1978

28

32

Defesa

Barreirense

Portugal

Europa

Lebo Lebo

29-05-1977

29

33

Defesa

Petro

Angola

Africa

Loco

25-12-1984

22

26

Defesa

1º Agosto

Angola

Africa

Marco Abreu

08-12-1974

32

36

Defesa

Portimonense

Portugal

Africa

Marcos Airosa

06-08-1984

22

26

Defesa

Barreirense

Portugal

Europa

Rui Marques

03-09-1977

29

33

Defesa

Hull City

Inglaterra

Europa

João Ricardo

07-01-1970

36

40

GR

S/C

Lama

01-02-1981

25

29

GR

Petro

Angola

Africa

Mário

01-06-1985

21

25

GR

Interclube

Angola

Africa

André

14-05-1978

28

32

MC

Al Kuwait

Kuwait

África

Edson

02-03-1980

26

30

MC

P. Ferreira

Portugal

Europa

Figueiredo

28-11-1972

34

38

MC

Oster

Suécia

Europa

Mateus

18-06-1984

22

26

MC

Gil Vicente

Portugal

Europa

Mendonça

09-10-1982

24

28

MC

Varzim

Portugal

Europa

Miloy

27-05-1981

25

29

MC

Interclube

Angola

Africa

Zé Kalanga

12-10-1983

23

27

MC

Petro

Angola

Africa

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

. 65


especial

montra do Mundial de 2006 não foi proveitosa para os nossos atletas. Só o Figueiredo conseguiu mudar de ares do Varzim (2ª liga portuguesa) para o clube sueco Oster (1ª divisão). Muito se falou da ida do Zé Kalanga, para a Bundesliga (campeonato de futebol da Alemanha). Ele mesmo referiu à Angop que o “ Sport Lisboa e Benfica e o Bayern de Leverkursen, já tinham contactado o seu empresário…” mas até à presente data, Zé Kalanga mantém-se no Petro, com quem tem contrato até ao final da época. É estranha a situação do João Ricardo, até ao momento sem clube, considerado o 4º melhor guarda-redes do último Mundial, à frente de Dida (6º) do Brasil, Barthez (17º) de França e muitos outros que jogam e defendem os melhores clubes do Mundo. Para além desta classificação, toda a critica desportiva internacional foi favorável ao nosso guarda-redes, havendo inclusive grande surpresa por estar sem clube. Jamba também tem a esperança de dar o “salto”: “tenho um vínculo contratual com o ASA e se tudo der certo saio ainda esta época, se os clubes chegarem a acordo”.

A figura do olheiro, também é defendida pelo Jamba: “já houve a figura de olheiro em Angola, como os professores Arlindo e Oliveira Gonçalves, que há cerca de oito anos atrás já faziam esse trabalho. Eu fui escolhido pelo professor Arlindo para representar a selecção dos sub20 e, na altura, ninguém me conhecia. Jogava nessa época, nos juniores em Benguela e o mesmo se passou com o Akwa que foi chamado para representar a selecção sub16. Esse trabalho tem de ser continuado” Outro problema grave é a falta de dirigentes no nosso futebol, o que é explicado pelo Jamba: ”Angola tem poucos dirigentes desportivos, porque não há muitos clubes. Para que haja dirigentes implica haver meios financeiros, porque a máquina do futebol gasta muito dinheiro. Veja-se o que aconteceu na segunda província de Angola, Benguela, em que o futebol está em declínio, isto porque o Desportivo e o Nacional acabaram e a Académica do Lobito foi para a 2ª divisão, em suma, só resta o 1º de Maio de Benguela”. Por vezes é necessário recordar, comparar, para compreendermos os problemas, as situações e conseguirmos avançar. Antes da independência, o futebol nas províncias tinha projecção, inclusive, as melhores equipas não eram de Luanda, excepção feita ao ASA. Havia o Portugal de Benguela e o Independente de Porto Alexandre (Towboa) tendo estas duas equipas, juntamente com o ASA, sido campeãs de Angola por diversas vezes. Para termos projecção futebolística, temos de ter equipas fortes e estruturadas pelas diversas províncias. É importante divulgar mais o nosso futebol quer interna quer externamente, quer a nível da imprensa especializada em desporto quer a nível televisivo, tendo em consideração que são estas as armas da FIFA para a divulgação do futebol no Mundo.

Jamba

Tal como referimos, dos nossos seleccionados 9 jogam na Europa e só o Mantorras joga num dos principais clubes portugueses, embora não seja titular indiscutível. Os restantes, em Portugal, jogam em equipas da Liga de Honra (2ª divisão). O Hull City do Rui Marques, é uma equipa da primeira liga inglesa (um dos melhores campeonatos do Mundo). André TiTi Buengo, joga em França, no Clermont, onde o Lyon é a equipa que domina este campeonato e os melhores jogadores franceses jogam nos melhores campeonatos do Mundo: Inglaterra, Itália e Espanha. Os seleccionados que labutam no Girabola, também 9, jogam todos em Luanda. É importante diversificar, como disse Akwa: “há uma grande concentração do desporto em Luanda. É urgente a descentralização, isto porque mesmo nos grandes centros, é muito difícil aparecer um jogador das comunas dos municípios. Não há a figura de olheiro no nosso futebol. Lembro-me quando fui jogar ao Cubal, Ganda contra equipas de bairro foi dito a mim e à minha equipa, que havia por lá muito bons jogadores, mas não tinham grandes apoios, pelo que não teriam grandes possibilidades de fazer carreira”

66 .

Hoje, quer as gerações dos “cotas” quer as novas discutem e sabem mais do futebol português do que propriamente do futebol angolano. Todos têm clube português, mas não têm nenhum angolano. Não é uma questão de nacionalismo, mas é importante e necessário mudar este “status quo” em prol do nosso desporto, em especial o futebol.

“Há uma grande concentração do desporto em Luanda. É urgente a descentralização, isto porque mesmo nos grandes centros, é muito difícil aparecer um jogador das comunas dos municípios. Não há a figura de olheiro no nosso futebol. Lembrome quando fui jogar ao Cubal, Ganda contra equipas de bairro foi dito a mim e à minha equipa, que havia por lá muito bons jogadores, mas não tinham grandes apoios, pelo que não teriam grandes possibilidades de fazer carreira”. Akwa

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


Jamba

Antes da independência, Angola e Moçambique eram viveiros de jogadores de futebol para Portugal, tendo saído de Moçambique o melhor jogador português de todos os tempos, Eusébio. Angolanos sairam Fernando Jordão, Dinis (membro da comissão técnica dos Palancas Negras)… Hoje, tendo em consideração as boas relações entre Portugal e Angola, julgamos que deveria haver intercâmbio entre clubes para a cedência de jogadores, como disse o Figueiredo: “onde vão ganhar mais endurance, sendo bom para a selecção, a nível de experiência, visto haver um contacto com um futebol mais evoluído”. Esse intercâmbio, pode também ser extensivo à recuperação de jogadores lesionados e troca de impressões sobre metodologia de treinos: físico e táctico. Para o progresso do nosso futebol é necessária a formação a todos níveis. Pegando uma vez mais no que disse o Figueiredo, “é necessário apostar forte na formação dos jovens, o futuro é deles e depende da forma como vai ser preparado esse futuro. Conseguimos ir ao Mundial com muitas dificuldades, como exemplo, havia a concentração de jogadores que chegavam à quinta-feira para jogar no domingo. No futuro tal situação tem de ser evitada, tem de haver mais equilíbrio nomeadamente emocional”.

“Temos muitos diamantes para serem lapidados” Mantorras

lapidados e desde que haja boas infra-estruturas e bons dirigentes temos todas as condições de sermos uma potência do futebol africano.” Mas o futebol, não depende só dos jogadores, há um meio envolvente como disse o Loco: “é necessário criar condições de formação para os nossos treinadores, tem de haver fisioterapeutas, médicos especializados em medicina desportiva… Tudo isto envolve muito dinheiro e julgo que o Governo tem de criar condições e dar o primeiro passo para avançar com todas estas estruturas tão necessárias para que consigamos manter o que conseguimos com este mundial”.

Temos de ver as condições que existem na Europa e as condições que existem em África, a quantidade de jogadores também não é grande, não há dinheiro para investir. No caso particular de Angola, temos bons jogadores, mas há necessidade de os divulgar. Esperemos que no futuro isso venha a acontecer. Temos de ter clubes fortes que ganhem as competições de maior gabarito no futebol africano”. Pegando nos que nos foi dito por um velho antropólogo, com muitos anos de Angola, “a morfologia do africano é melhor para o futebol, atletismo…, que a do europeu”. Julgamos que ele tem razão. Senão vejamos: a França, que já foi campeã do Mundo de futebol, desde sempre teve uma selecção recheada de craques negros e mestiços oriundos de antigas colónias francesas; embora em menor número, a Inglaterra e Portugal têm craques de origem africana. Sobre isso disse Mantorras: “temos muitos diamantes para serem

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

Loco

Finalizando, temos de ligar a organização à formação dos nossos atletas. Se conseguirmos, não temos quaisquer dúvidas, pois como disse Mantorras: “temos muitos diamantes para serem lapidados”.

. 67

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

”Angola tem poucos dirigentes desportivos, porque não há muitos clubes. Para que haja dirigentes implica haver meios financeiros, porque a máquina do futebol gasta muito dinheiro. Veja-se o que aconteceu na segunda província de Angola, Benguela, em que o futebol está em declínio, isto porque o Desportivo e o Nacional acabaram e a Académica do Lobito foi para a 2ª divisão, em suma, só resta o 1º de Maio de Benguela”.


especial

Futebol desporto de massas Quando o futebol apareceu no país que criou as regras actuais do futebol, Inglaterra, este era praticado pelas classes mais baixas. Ainda hoje conhecemos muitos intelectuais que não gostam nem apreciam este desporto, alegando que “é uma série de malucos a correr atrás de uma bola”; outros, como o ensaísta português Silva Basto, “é que, infelizmente, há ainda muito boas pessoas que supõem o jogo da bola, horripilante batalha de caneladas e pontapés no peito, sem nenhuma qualidade que o recomende”

rigentes (caso Pinto da Costa, Presidente do F.C. do Porto), que são vistos como deuses. Os craques, na sua maioria, vieram das classes mais desfavorecidas. Senão vejamos: • Zinédine Zidane, (escolhido três vezes como o melhor do Mundo – 1998,2000 e 2003), descendente de berberes argelinos deu os seus primeiros passos na zona pobre de Marselha onde nasceu; • Diego Maradona, para muitos o melhor jogador do Mundo de todos os tempos, cresceu no bairro de Lomas Zamora, nos subúrbios de Buenos Aires, pai operário começou a jogar nos infantis dos “Los Cebollitas” • Independentemente do futebol ser considerado o desporto número um do Mundo, não são os seus melhores intérpretes os que mais ganham na esfera do desporto, conforme quadro abaixo, aparecendo David Beckham na 4ª posição nos 10 desportistas que mais ganharam em 2004.

Peste emocional para uns, paixão exuberante para outros, o futebol é o desporto número um da actualidade. Os campos desportivos são frequentados, democraticamente, por todas as camadas sociais, desde o ministro, o catedrático, o pintor, o engenheiro, o maestro, o jornalista, o dramaturgo, entre outros, que vibram e discutem durante os 90 minutos, com o mesmo motivo que seduz, subjuga e domina o carpinteiro, o electricista, o vendedor de jornais, o engraxador, o empregado de café…

Desportistas que mais ganharam em 2004 Ordem

Desporto de massas, porque é fácil praticá-lo basta fazer uma “bola de meia” colocar duas pedras em cada lado a fazer de baliza e já está. É assim em várias paragens do Mundo onde não abunda o dinheiro, mas abunda a habilidade e a vontade de jogar horas e horas sem parar. O futebol é um desporto político por excelência. Uns aproveitam-no para o mal, como Benito Mussolini, serviu-se dele como meio de transmissão do fascismo, no campeonato do Mundo de 1938, e outros para o bem, organizando jogos com os melhores jogadores do Mundo e com o dinheiro ganho, contribuíem para minimizar os males do Mundo como a VIH/SIDA, o tsunami na Indonésia… O futebol provoca a convergência de estados/status como a pertença, a identidade, a condição social, a mística, a religião, que em grupo, nos estádios ou fora destes, podem originar ou contribuir para cerimónias nacionalistas, xenófobas… convertidos muitas vezes em actos de violência entre adeptos fanáticos, entre claques… Por vezes no futebol, os perdedores são em maior número do que os vencedores. Do ponto de vista sociológico, o futebol, pode ser considerado o desporto dos mais humildes, que vêem nele, consciente ou inconscientemente, uma imagem do seu próprio destino. O importante, em caso de derrota, é manter-se unido, porque “a união faz a força”. Como disse o ensaísta Norbert Elias “o futebol proporciona uma reflexão sobre o papel do indivíduo e o trabalho de equipa, dando ensejo a apaixonados debates sobre a simulação, a fraude, o arbitrário e a injustiça”, mas também permite a idolatria pelos seus jogadores, para com alguns dos seus di-

Nome

País

Desporto

Valor

1

Tiger Woods

EUA

Golfe

73

2

Michael Schumacher

Alemanha

Formula 1

65

3

Shaquille O’Neal

EUA

Basquetebol

58

4

David Beckham

Inglaterra

Futebol

45

5

Oscar de la Hoya

EUA

Boxe

42

6

Peyton Manning

EUA

Futebol americano

29

7

Vijay Singh

Fidji

Golfe

29

8

Kevin Garnett

EUA

Basquetebol

23

9

Andrè Agassi

EUA

Ténis

22

10

Alex Rodriguez

EUA

Basebol

20

Fonte: Planeta do Futebol

A violência No seu livro “Psicologia do Desporto: teoria e aplicação prática”, DM Samulski refere “que nenhum campo social dá tanta importância ao confronto físico como o futebol. Os atletas usam e valem-se dos mais diversos expedientes, inclusive magoar o adversário, companheiros de profissão10, com o objectivo de ganhar e/ou terem sucesso.” A International Football Association Board (IFBA) que é o departamento responsável pela actualização das regras do futebol da FIFA, desde há muito tem lançado campanhas de fair play, quer junto dos jogadores quer junto do público. É importante analisarmos, a nível estatístico, a disciplina dos dois últimos Mundiais de futebol, conforme mostra a tabela da página seguinte.

Jogador que mais sabe vender a sua imagem no Mundo

10  Quando reunidos em estágios e jogos de selecção, são unidos, quando adversários são “inimigos”.

68 .

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


Ranking das equipas mais indisciplinadas no Mundial de 2006 Cartões País

Jogos

Amarelos

Vermelhos

Cometidas

Sofridas

1

Portugal

7

24

2

121

116

2

Gana

4

18

1

100

55

3

França

7

16

1

125

126

4

Holanda

4

16

2

85

53

5

Tunísia

3

14

1

65

37

6

Argentina

5

12

1

101

106

7

Alemanha

7

12

0

125

133

8

México

4

12

1

91

84

9

Servia Monte Negro

3

12

2

59

47

10

Suiça

4

12

0

64

73

11

Ucrânia

5

12

1

108

93

12

Angola

3

11

1

74

52

13

Austrália

4

11

1

98

56

14

Brasil

5

11

0

75

91

15

Croácia

3

11

2

59

61

16

Itália

7

11

2

106

152

17

Polónia

3

10

1

46

48

18

Suécia

4

10

1

66

51

19

Togo

3

10

1

57

41

20

Trinidad e Tobago

3

10

1

50

37

21

Costa do Marfim

3

9

1

45

55

22

Equador

4

9

0

79

62

23

Inglaterra

5

9

1

75

79

24

Coreia

3

9

0

46

44

25

Costa Rica

3

8

0

49

49

26

Irão

3

8

0

58

66

27

Paraguai

3

8

0

46

49

28

República Checa

3

7

2

53

51

29

Japão

3

7

0

39

45

30

Espanha

4

6

0

71

77

31

Arábia Saudita

3

5

0

58

60

32

USA

3

5

2

55

60

345

28

2.349

2.209

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

Ordem

Faltas

Fonte: FIFA

As selecções que não passaram à fase seguinte, tiveram o seguinte contributo a nível disciplinar, conforme mostra o quadro do lado direito. Ambos os Mundiais tiveram a presença de 32 selecções cada. Comparativamente, o de 2006, teve aumentos de 27 por cento a nível de cartões amarelos, 65 por cento a nível de cartões

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

Descrição

Percentagem

Cartões amarelos

58

Cartões vermelhos

50

Faltas Cometidas

63

Faltas Sofridas

64

. 69


especial

vermelhos, 2 por cento em faltas cometidas e um decréscimo de 1 por cento em faltas sofridas. Conclui-se que o Mundial de 2006, a nível de disciplina, foi pior que o de 2002, pelo que as acções de fair play da IFBA, têm de ser mais persuasivas e incisivas e julgamos que a Comunicação Social tem grandes responsabilidades neste capitulo devido à notoriedade que dá a determinados casos, como a cabeçada de Zidane a Materazzi, sobre a qual Joseph Blatter disse: “eu não acho que a cabeçada do Zidane e o cartão vermelho tiveram tanta importância. De qualquer maneira, o curioso é que os dois jogadores têm agora notoriedade, sobretudo na China. Quando eu leio os jornais, vejo que os chineses querem até convidá-los para visitar o país. Lá eles são festejados como heróis, apesar de serem, na realidade, heróis trágicos”.

“Eu não acho que a cabeçada do Zidane e o cartão vermelho tiveram tanta importância. De qualquer maneira, o curioso é que os dois jogadores têm agora notoriedade, sobretudo na China. Quando eu leio os jornais, vejo que os chineses querem até convidá-los para visitar o país. Lá eles são festejados como heróis, apesar de serem, na realidade, heróis trágicos”.

“Esse é o ponto fraco na nossa organização. Por isso precisamos proteger essas pessoas e o caminho é profissionalizando os juízes de futebol”. Joseph Blatter

Hoje fala-se muito da arbitragem, se deve ou não ser profissionalizada. Joseph Blatter, questionado sobre esta matéria referiu relativamente aos juízes de futebol: “Esse é o ponto fraco na nossa organização. Por isso precisamos proteger essas pessoas e o caminho é profissionalizando os juízes de futebol. E se ele estiver integrado na sua profissão e for bem pago, será muito mais difícil manipulá-lo. Hoje em dia, quando um aceita fazer parte de uma negociata, sempre pode dizer que é bancário, pintor e que pode voltar para a sua profissão”.

Joseph Blatter

DM Samulski, refere na sua obra, os seguintes factores para a existência de comportamentos agressivos no futebol: • O local do jogo e a sua importância; • Nível de rendimento dos jogadores; • Posição e tarefa táctica do jogador; • Comportamento do árbitro; • Comportamento do treinador e do público. Muitas vezes é o protagonismo que o meio envolvente procura ter com determinados jogos de futebol, nomeadamente os mais importantes, em que antes da sua realização, se entrevista o comandante da policia com pompa e circunstância sobre a segurança, coloca-se na véspera do jogo noticias bombásticas sobre o comportamento do dirigente A ou do jogador B, diz-se que o árbitro nomeado é simpatizante do clube X e foi visto a jantar com o dirigente Y de um dos clubes que vai jogar. A tudo o que disse DM Samulski, juntamos a questão financeira. O futebol, como negócio que é, tem metas a atingir, as pressões são grandes e transmite-se para os jogadores e técnicos toda a responsabilidade de conseguir tais objectivos, criando neles um grande stress. O professor de Educação Física Roberto Santos, na sua tese de doutoramento, na Universidade do Porto, analisou 115 jogos do futebol europeu, nomeadamente o português, tendo concluído que o descontrolo dos jogadores, a nível de violência, prende-se fundamentalmente com três situações: • Revolta de um erro propositado do árbitro; • Incapacidade de controlar/desarmar um adversário; • Ambiente circunstancial do jogo

70 .

Hooligans

Independentemente de avançarmos no conhecimento, o Homem não consegue libertar-se do seu instinto guerreiro, apesar de ser hoje mais moldado e refinado do que nos seus primórdios, como refere H. Palomino,11: “o confronto entre duas equipas é uma oportunidade de realizar a guerra sob outras formas, em conformidade com o que dizem Clawsevitz12 e Freud: trata-se de um espaço imaginário no qual operam a identificação com o grupo e a possibilidade virtual de matar o próximo. Evidentemente não se trata de uma morte real, pois esta pode ser renovada a cada partida”. Posto isto, infelizmente a violência, com maior ou menor intensidade faz parte de nós, pelo que muito dificilmente se vai conseguir erradicar, definitivamente, do futebol.

Negócios e corrupção no futebol Já referimos que o futebol, para além de desporto, é um sector económico que gera muito dinheiro e, esse dinheiro, muitas vezes faz com que as pessoas aceitem a qualquer preço a competição, flexibilidade e mercenarismo.

11  Palomino, H, in “http://www.efdesportes.com” 12  General prussiano “ Sobre la violência en la futebol”

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Estará correcto e é ético os clubes pertencerem única e exclusivamente a uma pessoa? Ou a uma sociedade, que passaram a dar pelo nome de sociedades anónimas desportivas? Os homens do futebol dirão que é a evolução. Já temos inclusive um Direito Desportivo, mas o que se questiona é: qual é a sua abrangência e amplitude? A Lei Bosman 13, instituída em 1995, estabeleceu que todo jogador pertencente à Comunidade Europeia poderia actuar em qualquer estado membro da CE, sem ser considerado estrangeiro. Esta lei, veio aumentar o número de empresários do futebol. Torna-se necessário ponderar os benefícios e os malefícios que esta classe trás para o futebol.

“Deveria ser instituída uma idade limite, por exemplo para que os jogadores não pudessem ser transferidos para o estrangeiro com menos de 21 ou 23 anos. Para além disso, é mau para o futebol que os grandes clubes possam contratar jogadores a custo zero nos pequenos clubes e depois vendê-los por muito dinheiro apenas um ano depois.”

Invasão de atletas estrangeiros nos clubes mais ricos, caso recente do Real Madrid, treinado por Carlos Queirós, recheado de grandes vedetas, que pouco ou nada fizeram, quer a nível nacional, quer a nível internacional. Há equipas de futebol que têm mais jogadores estrangeiros do que nacionais!

Louis van Gaal

Um factor importante para o “comércio de jogadores”, na Europa, é a ânsia dos seus clubes participarem nas competições europeias, devido às somas astronómicas que recebem, como refere Joseph Blatter: “quando eu falo de clubes e em dinheiro, estou-me referindo ao mundo inteiro. Mas, com algumas, poucas, excepções, essa realidade está mais concentrada nas ligas europeias. São cinco ligas europeias que fazem os grandes negócios com os seus clubes. Um exemplo é a Champions League (Liga dos Campeões), que é a mais atractiva e onde circula mais dinheiro. Mas não podemos esquecer que os 80% dos lucros da Champions League vão para os clubes. Estes que chegam à segunda fase, na terceira ou na final ganham tanto dinheiro, que eles podem comprar inúmeros jogadores para deixá-los sentados no banco. Isso é imoral, pois esse pessoal fica no banco. Não é possível colocar mais do que onze jogadores no campo. E esses grandes clubes têm pelos menos vinte e cinco super-estrelas nas suas equipas.” E como o Homem é um ser inteligente é necessário criar, uma solução, e a encontrada foi a cedência de jogadores por “empréstimo com opção de compra”, ou mais propriamente puro comércio de homens.

Louis van Gaal

O conhecido treinador holandês Louis van Gaal, sobre a Lei Bosman, manifestou a seguinte opinião “deveria ser instituída uma idade limite, por exemplo para que os jogadores não pudessem ser transferidos para o estrangeiro com menos de 21 ou 23 anos. Para além disso, é mau para o futebol que os grandes clubes possam contratar jogadores a custo zero nos pequenos clubes e depois vendê-los por muito dinheiro apenas um ano depois.” Qual é o ganho dos clubes que apostam na formação? Em Portugal, felizmente para o Sporting, que é o clube que mais tem apostado na formação começa tirar proveito dos seus miúdos sendo, no momento, o Nani o mais badalado. Mas esta estrela, quanto tempo vai ficar no Sporting?

13  Jean-Marc Bosman, jogador que deu o nome a esta Lei

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FCBarcelena último campeão europeu

Julgamos ser uma questão de marketing para enfraquecer a concorrência, e é importante recolher a opinião do presidente da FIFA: “eu prefiro dizer que o problema é Mundial. Quando analisamos o fluxo dos jogadores, vemos como a África é espoliada ou já está espoliada dos seus talentos. E na América Latina? De

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A FIFA conhece esta realidade, como refere Joseph Blatter: “no Brasil existe um clube onde o argentino Carlitos Teves joga, o Corinthians, que actua fortemente na negociata de jogadores. E quando você procura saber a quem ele pertence, ninguém sabe. Só se sabe que uma empresa internacional dirigida por um iraniano (o empresário é Kia Joorabchian, presidente da Media Sports Investments) tem uma participação no clube. Eles são proprietários não apenas dessa participação, mas têm também participações em jogadores. Existem jogadores que pertencem a três diferentes investidores. E não precisamos ir muito longe para ver esse tipo de coisa: aqui mesmo em Zurique, temos o presidente do clube FC Zürich, Sven Hotz, que é dono de alguns jogadores, não o próprio clube. Essa é uma situação como na Idade Média!”.


especial

Na minha opinião, isso é comércio de seres humanos. E quem faz isso? São empresas e agentes. E nesse ponto é que iremos intervir” Joseph Blatter

onde vêm os jogadores? Do Brasil e da Argentina, as plataformas onde os negócios são feitos. Os jogadores brasileiros são comercializados, em grande parte, através de Portugal. Isso não apenas por uma questão de idiomas, mas também de alguns acordos ligados à nacionalidade. Os de língua hispânica vêm da Argentina e, às vezes, Colômbia, e entram na Europa através da Espanha. No último ano, na liga profissional da Rússia, o Dínamo de Moscovo foi apelidado de “Dínamo - Lisboa”. E por quê? Eles tinham dez jogadores vindos do Brasil ou de Portugal. Na minha opinião, isso é comércio de seres humanos. E quem faz isso? São empresas e agentes. E nesse ponto é que iremos intervir”. A ISL Worldwide, foi criada por Horst Dassler, para garantir o patrocínio mundial do desporto. As suas contas nunca foram publicadas (!) o que permitiu ocultar muitas operações contabilísticas menos licitas. Os contratos firmados, não obedeciam a nenhum formalismo jurídico. Durante o campeonato do Mundo de 1998, a ISL-França, filial da primeira, foi envolvida num escândalo de vendas de bilhetes fantasmas. Depois deste escândalo, a ISL Worldwide, até essa data com uma participação de 49% resolveu adquirir todo o capital da ISL-França. Depois daquele escândalo, os negócios começaram a decair, passando a ISL Worldwide por graves dificuldades financeiras com investimentos entretanto feitos no ténis e no futebol no Brasil e na China. No dia 18 de Abril de 2001, a FIFA criou uma empresa de estudos, a FIFA Marketing SA. No mês de Maio de 2001, descobre-se que ISL Worldwide, possuía dois caixas e uma conta bancária secreta. No dia 21 de Maio, é decretada a falência da ISL Worldwide, pelo tribunal de Zoung, na Suiça e no dia 28 de Maio desse ano, a FIFA moveu uma acção contra a ISL Worldwide, por “suspeita de fraude e desvio de fundos”. Philippe Blatter, de 42 anos, foi nomeado para director da Infront Sport & Media, uma empresa de marketing sedeada em Zug, na Suiça. Esta empresa ganhou os direitos de transmissão televisiva nos mundiais de 2002 e 2006. Entretanto, a Infront Sport & Media, desmentiu que a ascensão de Philippe Blatter esteja relacionada com a área comercial da FIFA. Joseph Blatter é um líder possessivo, que o diga o seu antigo secretário-geral e seu braço direito, Zen-Ruffinen, que foi por ele demitido depois do seu subordinado o ter acusado de vários pagamentos irregulares ao antigo presidente João Havelange e a Vlacheslav Koloshov, presidente honorário da Federação Russa de Futebol. O jornalista inglês Andrew Jennings, publicou em Junho deste ano, altura em que começou o Mundial de 2006, um

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livro com o nome de Foul, em que denuncia alegados esquemas de corrupção na FIFA. Um dos principais visados, é o seu actual presidente. Aquele jornalista é autor de diversos trabalhos de investigação na área desportiva mostrados na estação televisiva da BBC e publicados em jornais como The Sunday Times e The Guardian. Andrew Jennings, no seu livro, diz que a escolha de Joseph Blatter para presidente da FIFA em 1998, implicou uma vasta operação de compra de votos, sendo um dos mais escandalosos o realizado com o representante do Haiti, que não esteve presente na eleição, mas na capital do país, Port au Prince. Aquando da eleição, alguém se fez passar pelo delegado A compra de votos com três narrações aqui presentes: Horst Dassler, da ISL Worldwide tinha ligações a Joseph Blatter; a denuncia do seu braço direito Zen-Ruffinen; e o livro de Andrew Jennings, não abonam o bom nome de Joseph Blatter, como figura máxima do órgão que coordena o futebol mundial.

A evolução do futebol As regras do futebol, desde 1863, até aos dias que correm, não têm tido grande evolução. Os golos são mínimos. As tácticas defensivas predominam. O futebol como espectáculo é caro e muitas vezes o normal espectador sai frustrado, e revoltado, porque esperava por um melhor jogo. Mais uma vez, é o dinheiro que o futebol envolve, que castra o espectáculo: basta marcar um golo e defender o resultado ou então não perder por muitos, o que não deixa de ir de encontro ao que pensa o responsável pela área de futebol da Faculdade de Motricidade Humana (Lisboa), Jorge Castelo: “as equipas são construídas de trás para a frente. Qualquer treinador começa por “agarrar” um bom guarda-redes, defesas e médios”. Como se explica ter havido um número significativo de vitórias, via marcação de pénaltis, depois dos oitavos de final, neste Mundial? “Com o pénalti o futebol perde a sua essência, que é a de um jogo em equipa. É um contra um. Mas não temos uma solução para acabar com esse problema. Se você souber de uma, a aceitaríamos de bom grado. De qualquer maneira, os torcedores vibraram com as decisões nos pénaltis ocorridas na Alemanha”, assim respondeu Joseph Blatter. Entretanto, há tentativas, no sentido de mudar as regras do futebol, como o aumento das balizas, que teve um não enérgico de Joseph Blatter: “não, de jeito nenhum!

“Com o pénalti o futebol perde a sua essência, que é a de um jogo em equipa. É um contra um. Mas não temos uma solução para acabar com esse problema. Se você souber de uma, a aceitaríamos de bom grado.” Joseph Blatter

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Essa discussão ocorreu há quinze anos, acho que em 91 ou 92. Mas você pode imaginar quantos campos de futebol existem no mundo? Não precisamos de traves maiores. A questão é saber que táctica o treinador está usando. É saber se ele entra em campo dizendo “hoje iremos ganhar ou hoje não iremos perder”. E nesse ponto não podemos influenciar. Se as traves são maiores e as equipes não querem ganhar, então não ocorrem grandes jogos.”, ou reduzir o número de jogadores tal como sugeriu o ex-juiz da FIFA, o suíço Urs Meier, que também não foi aceite pela FIFA, como disse o seu presidente:

futebol, recorrendo-se, para o efeito, às leis da Física e da Aerodinâmica, semelhantes às que permitem os aviões voarem.

“Há mais de cem anos as equipes de futebol jogam com onze jogadores. Essa tradição vem das “Cambridge Rules”. E por que onze jogadores? Pois em Cambridge, havia internatos, onde os quartos de dormir tinham espaço para dez alunos e um chefe de disciplina. Assim surgiu a tradição: os dez alunos jogavam e o chefe de disciplina ficava no golo.

Um dos jogadores com o pontapé mais forte no Mundo, é o brasileiro Roberto Carlos do Real Madrid, que consegue imprimir uma velocidade de 150 km/hora, podendo ultrapassar as 10 rotações por segundo.

Conclui-se das palavras de Joseph Blatter, que a culpa de não haver mais golos é dos treinadores com as suas tácticas defensivas. Mas, para além das tentativas acima apresentadas, julgamos que outras devem ser consideradas, como por exemplo acabar-se com os fora de jogo; haver dois árbitros de campo para além dos auxiliares já existentes; haver interrupções de jogo, conforme se usa no basquete. O que foi dito pode criar alterações importantes para que o futebol seja mais bonito, criar mais espectáculo e que haja mais golos. Com a evolução da técnica, nomeadamente os meios audiovisuais, julgamos que os lances mais duvidosos, deveriam ser analisados “in loco” e depois de analisados e interpretados por uma equipa de juízes cuja decisão seria soberana. Sabemos que muitas pessoas não aceitam esta medida, porque alegam acabar com o gozo em participar/ ouvir as discussões dos lances mais duvidosos da jornada. Quase de certeza que os programas desportivos sobre o futebol passariam a ter menos “share” televisivo. A partir da década de 70, a ciência começou a dar resposta a muitas questões como por exemplo: Os penaltis, não são uma lotaria como muitos adeptos pensam ser, isto porque, “qualquer pessoa demora 0.2 segundos a ver um estímulo a reagir. O guarda-redes não foge à regra e num pénalti ainda gasta mais 0,7 segundos a concluir o movimento para tentar chegar à bola - que, por sua vez, despende 0,36 a 0,47 segundos a chegar à linha de golo. À primeira vista, só havia uma hipótese: lançar-se ao calha para o esférico antes de ele sair do pé de quem remata.” Um segundo antes do remate, a cabeça e perna de apoio (espécie de mira) são os principais pontos de referência. Variações de 10 centímetros afectam significativamente a direcção da bola. Detectar o lado é, apesar de tudo, mais fácil do que a altura, que só se percebe com o pé do rematador cerca de 0,2 segundos antes do contacto com o esférico. O pontapé, é o movimento mais estudado no

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“O chamado «efeito magnus» (ou banana) tinha sido explicado um século antes pelo físico alemão Heinrich Magnus, que se dedicara a explicar os desvios laterais das balas de canhão. A teoria diz que se um cilindro viaja através do ar e gira, cria zonas de baixas e altas pressões - fugindo naturalmente para as primeiras, como explica Orlando Fernandes. Dependendo do sentido da rotação, a bola pode ir para a direita ou para a esquerda, para cima ou para baixo. Noutros casos, a bola desacelera dramaticamente em pleno voo, depois de um potente arranque do pé, deixando os guarda-redes sem tempo de resposta. A turbulência de ar que a rodeia, devido ao “excesso de velocidade”, é a explicação avançada pelos especialistas. Como as escamas de um peixe, as ranhuras do esférico são importantes porque fornecem irregularidades que afectam a trajectória num fluido (o ar) que não se vê, mas está lá. Os 14 gomos da nova bola oficial da FIFA, longe dos tradicionais 32 hexágonos que dividiram os esféricos durante mais de três décadas, foram “diagnosticados” pelos cientistas como um sério problema para os guarda-redes. Na base dessa ideia estavam as mudanças súbitas de trajectória, como a que afectou o remate do alemão Schweinsteiger no primeiro dos três golos que marcou a Ricardo no Mundial-2006.” 15 Escrevemos em cima, que se devia acabar com os foras-dejogo. Cientificamente “um em cada cinco foras-de-jogo são mal avaliados pelos árbitros assistentes”, não só devido ao seu mau posicionamento, mas também devido às limitações do olho humano. Por norma o árbitro auxiliar, centra-se no último atacante e procura o defesa quando é feito o passe. É neste espaço de tempo que pode ser cometido o erro, com a mudança da direcção dos olhos, que demora entre 0.25 a 0.30 segundos. As dificuldades são aumentadas, quando o defesa e o atacante estão longe um do outro como refere Duarte Araújo16: “basta pensar no tamanho de uma pessoa quando a vemos a uma distância de cinco ou de 40 metros”. “Os bons árbitros seguem os placares de publicidade ou o público para ter referências em campo, mas está provado que as riscas paralelas criadas em muitos campos pelas camadas de relva ajudam à decisão”, sublinha Duarte Araújo, do Laboratório de Psicologia do Desporto da FMH que adianta: “Entre essas linhas, os erros são muito mais comuns”. 14  professor da Faculdade de Motricidade Humana 15  Idem, ibidem

16  Investigador do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Motricidade Humana

(Lisboa)

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E se você acredita que, com menos jogadores, o jogo ficaria mais interessante, então você estará tirando mais um elemento importante do futebol. O Sócrates, estou falando não do filósofo grego, mas sim do jogador brasileiro, falou na possibilidade de reduzir o número de jogadores durante o prolongamento, onde a cada cinco minutos se retiraria um jogador. Isso já foi testado algumas vezes. Agora qual o resultado? Os jogadores ficam mais cansados e não teremos a certeza de ter mais golos. O fato é que o treinador precisa dizer: agora está na hora de fazer golos!”

“Eusébio, puxava o pé para trás e, aproximando-o da coxa, dava balanço. Num movimento de pêndulo, com impulsos bem coordenados, rematava no momento exacto em que a perna se esticava e atingia a velocidade mais alta”, assim explicou Orlando Fernandes14, prosseguindo: “o antigo goleador foi dos raros jogadores que seguia todas as leis básicas da biomecânica, aplicando a velocidade e potência máxima de remate que um corpo consegue atingir”.


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ROGÉRIO JOÃO MANUEL

Rogério Manuel, é proprietário de um supermercado no Cafunfo, com o nome de “ORMAC Shopping-ORGANIZAÇÕES ROGÉRIO”.Este estabelecimento foi feito de raiz, no tempo de guerra. A maioria dos materiais de construção veio de Luanda, via aérea. Todo este investimento, foi feito com capitais próprios. Tal implicou que a construção fosse doseada no tempo: demorou dois anos a ser construído. É obra. Vai contra o que aprendemos nos bancos da Universidade, quando nos ensinaram que o investimento deve ser coberto com capitais próprios e alheios. A Universidade da vida é outra, nem sempre se rege pelas regras teóricas. Abriu recentemente o Banco Internacional de Crédito (BIC). Para o Rogério Manuel é importante, porque minimiza o risco do transporte de dinheiro, vai permitir o recurso ao crédito, tão importante para o desenvolvimento de uma economia. O seu negócio corre bem. Comercializa bens de primeira necessidade (procura rígida) e outros tipos de bem (procura elástica). A degradação das estradas faz com que o preço dos produtos, sejam caros, porque o seu transporte (normalmente vêem de Luanda) é bastante oneroso. A maioria dos produtos que comercializa (cerca de 90%), conjuntamente com o preço do transporte, vai onerar ainda mais os produtos que vende. Independentemente de tudo, não tem dificuldades na colocação dos seus produtos. O Rogério Manuel tem espírito empreendedor, pelo que quer alargar o seu negócio, aumentando o espaço das suas instalações, para montar uma boutique e um

O Rogério Manuel tem espírito empreendedor, pelo que quer alargar o seu negócio, aumentando o espaço das suas instalações, para montar uma boutique e um stand de automóveis.

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Há homens que acreditam no futuro, mesmo perante causas adversas. Medem o risco. São estes tipos de homens que fazem uma região, um país. Dentro desses homens, encontra-se o Rogério Manuel um malanjino com laços familiares ao Cafunfo, que, fruto da sua perseverança, conseguiu construir obra de vulto, numa região que para além dos horrores da guerra, sofre das contrariedades do interior.

stand de automóveis. Tem um sério problema que é a ravina. É importante que o Governo provincial crie medidas no sentido de resolver o problema das ravinas nesta região. Trava o investimento e a Província no geral, precisa dele em particular, o Cafunfo. Vamos dar ânimo aos investidores angolanos com provas dadas como o Rogério Manuel para não se sentirem desmotivados. Rogério Manuel, pretende também a diversificação do seu negócio. Não quer estar só no comércio. Angola é um país com um solo muito rico e é um dos mais ricos do Mundo em recursos hídricos. Este empresário sabe disso. Está atento. Espera a oportunidade para entrar na agricultura e agropecuária. No médio prazo, pensa na transformação de alguns dos produtos agrícolas e pecuários. Rogério Manuel pode desta forma, vir a criar uma integração vertical, ou seja, expandindo-se para o elo seguinte na cadeia de seu produto (agrícola-industrial), vai buscar uma actividade de maior valor agregado. Mas para que Rogério Manuel, consiga a sua integração vertical, implica que haja boas estradas e tendo canais de distribuição para Luanda, por exemplo, pode criar uma mais-valia para as empresas de transporte que muitas vezes regressam à capital sem carga. Poderá ser uma forma de criar e aumentar riqueza, no Cafunfo.

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ANDY

Andy vive no Cafunfo há cerca de três anos. Gosta das pessoas. São simpáticas. Os diamantes são o seu negócio. Oitenta por cento dos seus clientes são angolanos e o restante são estrangeiros. O seu negócio vai de “vento em popa” . Adquire os diamantes na zona do Cafunfo e envia-os para a sua empresa em Luanda. Os preços de venda são definidos por Luanda. No seu entender as variações do preço do petróleo nas principais bolsas mundiais não têm tido influência no seu negócio. Entretanto, nota que há mais concorrência. Não tem medo desde que seja leal. Obriga-o a trabalhar melhor. A nível de equipamento está bem dotado. Já usa a informática e a Internet, pelo que é um empresário que procura estar sempre actualizado.

É preciso estar atento. É preciso estar actualizado neste negócio, porque os riscos são grandes.

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Um homem que sabe o que quer

É um homem afável. Está atento ao negócio. É autodidacta, já usa as novas tecnologias no Cafunfo, nas imediações do rio Quango, província da Lunda Norte. É calmo. É perseverante. Luta pelos seus ideais.

Andy é um homem que conhece o Mundo. Diz que o diamante de Angola tem qualidade comparativamente aos comercializados noutras paragens. Não é possível estabelecer um preço médio para os diamantes, porque o tamanho e a cor, por exemplo, são importantes para definir o preço. O que tem melhor qualidade é o branco. Na zona do Cafunfo abunda mais o vermelho. A vinda de um banco, para Cafunfo é assaz importante, porque de acordo com Andy, os riscos de transporte de dinheiros é menor. As estradas são um óbice, porque não estão boas. O recurso é o avião. É preciso estar atento. É preciso estar actualizado neste negócio, porque os riscos são grandes.

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JOÃO DA LOJA

João Abreu, mais conhecido por João da Loja, é natural de Caungula, província da Lunda Norte. Negoceia em diamantes e comércio por grosso e atacado. Assim consegue diversificar o seu negócio. Tão importante no Mundo dos negócios nos dias que correm. Como é natural os diamantes é o negócio com maior complexidade. João da Loja, está licenciado à Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (SODIAM), para a compra de diamantes tal como determina a legislação em vigor. Compra diamantes fundamentalmente na zona do Cafunfo e vende à SODIAM. No negócio dos diamantes é necessário estar atento e é preciso ter formação contínua. É um trabalho de muito risco. Mesmo o diamante verdadeiro pode ser comprado, por um preço muito aquém. O negócio diamantífero está a atravessar uma crise – baixa na ordem dos 35%. Entre as possíveis causas João da Loja, atribui à crise do petróleo, cujas oscilações de cotação nas principais bolsas tem os seus reflexos.

Para o João da Loja, o diamante de Angola comparativamente com os doutros países, tem grande qualidade e somos um dos principais produtores mundiais.

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Para o João da Loja, o diamante de Angola comparativamente com os doutros países, tem grande qualidade e somos um dos principais produtores mundiais. O comércio a outra actividade desenvolvida pelo João da Loja, está a correr bem. O principal problema prende-se com as ravinas no Cafunfo e com as estradas. Tudo o que ganha é investido na Lunda Norte. Não tem tido apoios de ninguém. É um exemplo para muitos empresários angolanos, com a agravante de que as Lundas, sofrem do problema da interioridade. O primeiro banco a abrir no Cafunfo vai ser o BIC. Para João da Loja é importante a abertura de um banco, porque vai minimizar o risco de transporte de valores e vai de certeza dar possibilidade aos empresários de recorrerem ao crédito, tão importante e necessário para o desenvolvimento de uma região. Tem 10 colaboradores, distribuídos pelo negócio dos diamantes e pelo comércio. Há espírito de equipa entre os seus colaboradores. Somos uma família como disse o João da Loja.

Homem simples. Um empresário angolano que ama a sua terra. Tudo o que ganha é aqui investido. ´E um homem conhecedor dos seus negócios. Como estratega resolveu diversificar o seu negócio, tal como se aprende nas sebentas de qualquer faculdade de Gestão. Tem anseios. Tem dificuldades. Com luta e perseverança pretende paulatinamente ultrapassar as suas dificuldades.

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MUTEBA ADOLFO PINTO

Muteba Adolfo Pinto, trinta e dois anos é natural de Caungula, município da Lunda Norte. Como actividade exerce o comércio por grosso e atacado na Muxinda e brevemente em Xamiquelengue. É um empresário que tudo o que ganha investe nas suas Lundas. A breve trecho, pensa instalar-se em Saurimo, capital da Lunda Sul. Comercializa desde os produtos de primeira necessidade até aos whiskies velhos. Como é natural os primeiros são escoados quase de imediato e os restantes tendo em linha de conta a população, que não é grande e o seu poder de compra é baixo, são escoados mais demoradamente. Cafunfo e mesmo Muxinda têm mais população que Xamiquelengue. Nesta, a população vive mais junto à estrada principal. As estradas como estão, são um óbice, mas aguarda calmamente pela sua melhoria. A concorrência é feita pelos vendedores ambulantes e pelo Tozé (maior estabelecimento comercial de Xamiquelengue, onde como disse vai abrir brevemente). A sua existência é necessária e salutar.

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Um jovem com potencial e com vontade de investir na sua terra. Não está parado. Movimenta-se pelas Lundas. Quer diversificar o seu negócio. É paciente. Aguarda com relativa calma a melhoria das estradas tão importantes para um melhor desenvolvimento das suas actividades presentes e futuras.

Os seus principais fornecedores estão em Luanda. Muteba, está atento. Pensa encurtar a elos da cadeia de distribuição. Está a pensar importar da China (pilhas, velas…) Os produtos europeus, comparativamente aos da Africa do Sul, Namíbia e China são mais caros devido a melhor apreciação do euro face ao dólar, pelo que desde que haja produtos iguais ou sucedâneos, recorre a estes últimos. A população não tem muita apetência pelos vinhos estrangeiros, pelo que o Gaivota é o mais vendido. Tal como disse Muteba, a população desta zona vive do garimpo não tem uma estabilidade de vida. Pensa na diversificação da sua actividade. Está a tratar da documentação para investir na agricultura e na agropecuária. Pensa ainda este ano, arrancar com o projecto, adquirindo para o efeito, várias cabeças de gado bovino. Julga que a zona é boa, mas não invalida que não haja estudos, no sentido de saber das suas reais capacidades.

Pensa na diversificação da sua actividade. Está a tratar da documentação para investir na agricultura e na agropecuária. Pensa ainda este ano, arrancar com o projecto, adquirindo para o efeito, várias cabeças de gado bovino.

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MANUEL EUGÉNIO

É um jovem de 33 anos que desenvolve a sua actividade comercial no Quango, município da Lunda Norte. No momento exerce o comércio a retalho. Está a restaurar um armazém, para poder desenvolver conjuntamente com o retalho o comércio por grosso. Comercializa todos os produtos procurados pela população e gradualmente vai fazendo experiências lançando produtos como: sabonete liquido ou gel de banho (trouxe três caixas); detergente “lava tudo” que é usado para lavar e desinfectar o chão, dando um aroma agradável à casa. A primeira vez que trouxe estes artigos, demorou cerca de 15 dias a vender, hoje já entraram na rotina. Os whiskies velhos, supostamente pensam que as pessoas não compram, tal como o vinho Esporão, mas vão saindo pouco a pouco.

“As estradas melhoraram bastante. Há um ano atrás um camião de 30 toneladas de Luanda ao Quango fazia no mínimo uma semana, hoje demora entre dois a três dias.”

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Um comerciante optimista. Não tem medo da concorrência. Até a quer, porque sem ela somos limitados. O seu negócio corre de feição.

Para estar no negócio é preciso ter imaginação, como refere Manuel Eugénio. Adquiriu um expositor refrigerado, onde conserva frutas como: laranjas, maças, bananas, e outros produtos que precisam de frio, como iogurtes. Estes produtos são facilmente escoados. As estradas são vitais para o comércio como disse este jovem empresário. É optimista. Faz comparações, dizendo “as estradas melhoraram bastante. Há um ano atrás um camião de 30 toneladas de Luanda ao Quango fazia no mínimo uma semana, hoje demora entre dois a três dias.” Angola está a progredir. Não tem grande concorrência, mas não a teme. Temos de ser profissionais competentes e inteligentes, pelo que é importante conhecer bem os preços praticados em Luanda e conhecer bem os canais de distribuição. Tem sete colaboradores, que lutam pelo progresso da sua empresa. Estão estimulados. Há espírito de equipa.

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falando com...

NAULILA TRINDADE

No dia 27 de Junho de 2006, foi inaugurado na Rua da Liga Africana (Maculusso) o salão de cabeleireiro com o nome da proprietária NAULILA-CABELEIREIROS. Depois da inauguração a proprietária ficou surpreendida com a grande procura que o salão passou a ter, pese nas redondezas, haver muita concorrência. Naulila, é uma jovem com os pés bem assentes, pelo que não ficou deslumbrada com o êxito da abertura. Não pensa em facilidades. Assim, quer apostar forte na sua formação e das restantes quatro colaboradoras que são jovens como a Naulila. Naulila, tem um curso de cabeleireiro tirado em Lisboa, e vai frequentar em Luanda um curso para actualizar os seus conhecimentos. Mais tarde, pensa tirar um curso no estrangeiro de cortes mais ousados e/ou sofisticados. A formação dada às suas colaboradoras é ministrada pela Naulila e brevemente vão passar a frequentar cursos de cabeleireiro em Luanda. O salão está preparado só para mulheres, mas Naulila pensa ir ao Brasil adquirir equipamento para passar a fazer cortes a homens, passando assim o NAULILA-CABELEIREIROS, a ser um salão unisexo

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Para manter o sucesso a chave está na formação

Foi o que fez esta jovem benguelense há muito radicada na cidade do Luanda. Inicialmente teve os seus receios, mas o avançar já era irreversível. Depois de abrir o NAULILA-CABELEIREIROS a sua proprietária ficou surpreendida com a procura. Não se deslumbrou. Paulatinamente foi e vai consolidando a sua clientela e brevemente outros investimentos irão surgir

Para manter a qualidade do seu salão, tem um bom gerador, visto que é frequente a falha de corrente eléctrica nesta zona do Maculusso. Os produtos para o seu salão, são todos importados e caros, o que obriga a ter um bom stock, no sentido de evitar roturas e subidas de preços muito frequente em determinados produtos que usa. Hoje, tendo em vista ter preços mais acessíveis já fez contratos com vários fornecedores estrangeiros, beneficiando inclusive de descontos aceitáveis. O que demonstra para além da sua profissão, ter boa capacidade de gestão. Os clientes do NAULILA-CABELEIREIROS, pertencem a todas as camadas sociais. Muitos passam, olham, vêem os preços e ficam. Indiscutivelmente, o local e bom, porque passa muita gente, mas também é verdade que é a qualidade dos serviços e simpatia que “obriga” a clientela a ficar. Naulila, não para de pensar. Tem estratégias. Pensa a médio prazo, montar por cima do salão de cabeleireiro, um outro salão para estética. São sinergias. Com elas pode amanhã, ter maior valor concorrencial, numa Luanda tal como em qualquer capital cosmopolita, as pessoas são cada vez mais exigentes com o seu aspecto físico.

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O salão está preparado só para mulheres, mas Naulila pensa ir ao Brasil adquirir equipamento para passar a fazer cortes a homens, passando assim o NAULILACABELEIREIROS, a ser um salão unisexo

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formação

CURSO DE CONTABILIDADE AVANÇADA 86 .

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PROGRAMA

História da contabilidade

Normalização contabilistica

Encerramento de contas

1.1. Origem

1.8. Normalização ou Harmonização

1.12. Lançamentos de Regularização

1.2. Teorias

1.9. O IASB e o FASB

1.13. Encerramento

1.3. Património 1.4. A Conta 1.5. O Balanço e a Conta de Resultados 1.6. Princípios Contabilísticos 1.7. As modernas evoluções da Contabilidade

1.14. O Anexo ao Balanço e Demonstração dos Resultados

Planos de contas 1.10. Conceituação

1.15. O relatório de Gestão à luz da Lei das Sociedades Comerciais

1.11. O Plano Geral de Contabilidade e a sua adaptação às normas internacionais de Contabilidade

OBJECTIVO Oferecer aos participantes conhecimentos teóricos, sobre a evolução da Contabilidade ao longo dos tempos e paralelamente dar a conhecer o seu impacto e importância a nível da globalização. Dar a conhecer a relevância do Anexo ao Balanço e Demonstração dos Resultados para melhor compreensão das demonstrações financeiras. A responsabilidade do relatório de gestão.

A QUEM SE DESTINA A Contabilistas, Administradores e Gestores de empresas, bem como a todos que estudam esta temática.

Responsável pela formação José Luís Faria Magro, licenciado em Contabilidade e pós-graduado em Finanças Empresariais. Larga experiência na área da Contabilidade no norte de Portugal. Investigador na área da Contabilidade e Gestão, com artigos publicados em Portugal, Brasil e Angola. Várias conferências sobre Contabilidade e Gestão e a entrada de Portugal na Moeda Única.

LIMITE DE FORMANDOS 20

CARGA HORÁRIA 30 horas, distribuídas por 1 dia de cada semana: Período da manhã 9H00 - 12H30 Período da tarde 14H00 – 18H00

Abril | Maio 2006 // VALOR ACRESCENTADO

PREÇO 1.500 USD, pagos no acto de inscrição

TEXTOS DE APOIO Fornecidos pelo formador e distribuídos em cada sessão

INICIO Janeiro de 2007

INFORMAÇÕES E RESERVAS Avenida Comandante Valódia nº 5, nº15 1º -Luanda Telf. 00244 244497 Móvel 00244 923454677 0351919352177 Fax 00244 4311168 Email jlmagro@netcabo.pt

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lazer

JMRULE

é o nome de guerra de um pintor de 17 anos. Filho de pai angolano e mãe portuguesa, desde muito cedo começou a mostrou dotes para as artes lúdicas. Felizmente, os seus pais acompanharam sempre a sua evolução. Com 6 anos de idade, ingressou numa escola de pintura no Porto. Houve uma série de entraves devido à sua pouca idade, mas depois dos professores terem visto algumas pinturas do JMRule ficaram admirados, inclusive pegaram num deles e perguntaram ao pai do JMRule, se ele alguma vez tinha visto pinturas de Picasso. A resposta foi não. A admiração foi maior pelo que os entraves acabaram e o JMRule foi admitido. Foi importante o ingresso na escola de pintura. O JMRule conseguiu aprender novas técnicas e desenvolver melhor as suas capacidades para a pintura. No momento, está na dúvida qual o curso a tirar: arquitectura, designer, belas-artes… É ele que tem de decidir. Entretanto a vida contínua e o JMRule é cada mais incentivado a mostrar a sua arte. Pensa expôr. Veremos se consegue fazê-lo muito brevemente. Entretanto, VALOR ACRESCENTADO, tem o privilégio de mostrar a qualidade da sua pintura.

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VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006


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DIĂ SPORA

ANSEIOS E DIFICULDADES DOS ANGOLANOS FORA DA SUA TERRA

FEVEREIRO/MARÇO 2006 | N.º 2

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Angola 11 USD’s | Portugal 8 | Resto do Mundo 13 USD’s

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DIĂ SPORA: OS ANSEIOS E DIFICULDADES DOS ANGOLANOS FORA DA SUA TERRA

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A sua revista online com conteúdos sempre actualizados, informaçþes úteis e contacto directo com os colaboradores.

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MERCADO DE CAPITAIS UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

SEGUROS

ACTIVIDADE AINDA ADORMECIDA

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próximo número

VARIAÇÕES DO CAPITAL PRÓPRIO E A PROSPERIDADE DAS EMPRESAS Nos dias que correm muito se tem escrito sobre esta matéria, quer estudiosos da Contabilidade quer legisladores, nomeadamente quando está perdido 2/3 do Capital Próprio. Quer a prosperidade, quer o definhamento, são aspectos importantes para a doutrina contabilística que não pode deixar de ser seriamente observado, tendo em vista a continuidade das empresas. VALOR DA EMPRESA E CONTABILIDADE É focado os desencontros significativos entre estudiosos e profissionais da Contabilidade. Doutrinadores a propugnar novos critérios de contabilização subalternizados à fiabilidade e em detrimento da relevância, frontalmente contra princípios tradicionais da valoração contabilística (de custo histórico, prudência, uniformidade, etc.) e que pretendem estender a realidades configuradas sob um conceito novo e bastante lato de património. Estamo-nos a referir concretamente às perigosas utilizações dos chamados “fair value” e “valor real actual”, observando que essas preferências estão já preconizadas em normas internacionais a que se passará a obedecer uniformemente nos vários países. Reflexão sobre base de dados das contas consolidadas A Lei das Sociedade Comerciais no seu capítulo III, aborda as Sociedades em Relação de Domínio. O Plano Geral de Contabilidade (PGC) ainda não tem um desenvolvimento sobre esta matéria, ou seja, contabilização das contas consolidadas. Com o surgimento cada vez maior de grupos económicos em Angola, é importante e urgente que o PGC, acompanhe essa evolução. Este trabalho pode ser importante para reflectirmos sobre esta matéria. EXPECTATION GAP Um trabalho que explica a origem da Auditoria, a sua evolução incluindo os recentes escândalos americanos como o “caso Enron” e quem tramou a Arthur Anderson. Aborda ainda a necessidade de ser regulamentada a profissão de auditor em Angola, à luz da 8ª directiva da União Europeia e da Lei Sarbanes-Oxley (EUA). TRABALHO E TECNOLOGIA Um artigo de reflexão sobre o avanço da tecnologia, quando os recursos humanos ficam parados no tempo. As convulsões sociais, como o despedimento, reformas antecipadas…A importância do ensino técnico profissional. A legislação laboral e o seu reflexo no século XXI, era do conhecimento. Informática de Gestão Papéis de trabalho como reconciliações bancárias, técnicas de selecção de amostras em Auditoria, podem e devem ser feitas via automática.

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editorial

IDEIAS & SOLUÇÕES Connosco as suas Ideias transformam-se em Soluções

MOSTRAR TRABALHO, MOSTRAR ORGANIZAÇÃO Há temas que, independentemente da sua importância, nunca pensamos abordar, por serem marginais à nossa linha editorial. E há outros sobre os quais temos dúvidas, como no caso do futebol. Pensando bem, depois de algumas leituras e conversas, resolvi falar sobre futebol, não apenas enquanto desporto, mas, sobretudo, pelo seu envolvimento sócio-económico. No entanto, antes de desenvolver este tema, gostaria de vos falar das questões que se me puseram à partida. • Nos dias que correm, o futebol é um desporto ou é um negócio que envolve muito dinheiro, muito poder e muitas influências? • A Fédération Internationale de Football Association (FIFA), que superintende o futebol a nível mundial o que é? Uma simples associação à luz do Direito suíço? Ou, na prática, uma sociedade comercial, que gera lucros astronómicos, como o resultado económico de 2005 - 136 milhões de euros? O poder absoluto que a FIFA pretende ter, não colide com interesses nacionais, expressos no Direito Constitucional dos países cujas federações são associadas da FIFA - caso recente a emenda que o Parlamento grego teve de fazer por imposição da FIFA. • A corrupção no futebol, onde começa e onde acaba? Independentemente de tudo, o futebol existe. Angola teve um bom desempenho

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no Mundial de 2006. Foi incumbida de realizar o Campeonato Africano das Nações de 2010. Tais factos mostram que o nosso País tem já um grande crédito a nível internacional, mas também que temos de trabalhar muito para continuarmos a merecer essa confiança. O ano de 2010 é crucial para nós: Mundial de Futebol e CAN. Não sei qual vai ser o primeiro evento. Temos de planear. E tem de ser já! Vão ser feitas comparações entre a nossa organização para o CAN e a dos sul-africanos para o Mundial, apesar de serem acontecimentos de dimensões diferentes a nível de impacto. Mas, e que vantagens nos trará o CAN? Todas, do ponto de vista económico. Porque têm de ser construídos mais hotéis, mais estradas, melhorar a segurança, as infra-estruturas, tudo o que é necessário para recebermos condignamente os jogadores, as claques… não só em Luanda, como em todas as cidades onde os jogos vão ser realizados. E tudo isto permanecerá para além das competições. Se a nível organizativo formos capazes, podemos e devemos desenvolver o nosso turismo e aproveitar a apetência que o investidor estrangeiro tem pelo nosso País, nomeadamente fora de Luanda. Mostrar trabalho, mostrar organização, trará confiança e investimento. Não basta escrever sem conhecer a realidade do País. Fui de carro de Luanda a Xamiquelengue, via Malange. Vieram-me à memória os tempos que vivi em Malange. É verdade

que nem esta cidade, nem Ndalatando, são as mesmas. Para além da interioridade, foram marcadas pela guerra. É necessário reconstruir. E isso está a ser feito, com angolanos, portugueses, chineses… que trabalham de sol a sol, sem sábados nem domingos. É preciso ter em conta que as linhas da frente são muitas: o ensino, a saúde, acabar com a pobreza, e é claro que não se pode reconstruir um país com a extensão territorial do nosso, em sete dias. Por outro lado, reconstruir não é tudo. É necessário fixar as pessoas à terra, nomeadamente os que têm massa crítica. E os filhos pródigos têm de regressar, porque a porta está aberta. No Cafunfo, no Quango e em Xamiquelengue, há empresários angolanos que nunca abandonaram as suas terras. Merecem admiração e respeito. Tudo o que ganham é investido nas suas Lundas. Para eles as estradas são de capital importância e aguardam que sejam reconstruídas ou reparadas. Quanto a mim, deixo aqui um apelo: é necessário e urgente que os responsáveis pela governação do Cafunfo, resolvam rapidamente o problema das ravinas. Cafunfo tem o seu primeiro banco - o Banco Internacional de Crédito (BIC). Fernando Teles e todo o pessoal do BIC estão de parabéns. Visão estratégica? Acho que sim, porque para além do dinheiro que há nas Lundas, a Banca traz a estas regiões uma mais-valia assaz importante para o seu desenvolvimento.

SEDE Av. Comandante Valódia, nº 5 - 1º nº 15 - Luanda Tel. 00244 2442497 - Fax 00244 4311168 AGENTE Rua da Cidade de Luanda, nº 9 - Benguela DELEGAÇÃO Rua Quinta da Campainha, nº 1 4435-406 Rio Tinto - Portugal Tel. 00351 228300507 - Fax 00351 228329897

Propriedade Valor Acrescentado - Prestações de Serviços Lda Director José Luís Magro Chefe de Redacção Natasha Oliveira Redacção Paula Caetano, Carlos Neto Publicidade Eugénio Kussy GRAFISMO PMD - Comunicação e Design www.pmd.pt IMPRESSÃO Uniarte Gráfica / Porto Colaboraram neste número Lazarino Poulson, António Lopes de Sá, Paula Caetano, Maria Alves, Maria Lisboa, José Luís Magro

www.valoracrescentado-online.com info@valoracrescentado-online.com

Tiragem: 5.000 exemplares. Registada sob o número MCS-430/B/2006.

VALOR ACRESCENTADO // Abril | Maio 2006

Conhecemos os mercados financeiros. Temos mais de vinte anos de experiência. Estamos actualizados.

Brevemente vamos começar com os nossos cursos de formação nas seguintes áreas:

• Contabilidade Avançada • Mercado de Capitais • Análise Financeira • Análise de Projectos de Investimento

Temos pessoal com experiência nestas áreas. Em todos os cursos será fornecido material didáctico. Cada curso está limitado a 20 formandos.


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ABRIL/MAIO 2006 | n.º 3

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

Angola 11 USD’s | Portugal 8€ | Resto do Mundo 13 USD’s

VALOR ACRESCENTADO

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

ABRIL/MAIO 2006 | N.º 3

2010 já é amanhã. Nesse ano temos o Mundial e o CAN. Temos de mostrar ao Mundo que somos capazes.

FALANDO COM

Andamos pela Lunda Norte. É importante dar a conhecer o interior de Angola.


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