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MAIO/JUNHO 2008 | N.º 11

Brevemente

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MAIO / JUNHO 2008 | n.º 11

A sua Aplicação com Casos Práticos complementado com Legislação Fiscal e Comercial

Angola 20 USD’s | Portugal 26€ | Resto do Mundo 25 USD’s

CONTABILIDADE

SAÚDE: UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

PLANO GERAL DE

VALOR ACRESCENTADO

José Luís Faria Magro

SAÚDE UM LONGO CAMINHO A PERCORRER


editorial CURSOS DISPONÍVEIS

EDUCAÇÃO E SAÚDE

Depois da publicação do trabalho sobre o Ensino Básico e Técnico-Profissional, uma senhora reitora de uma Universidade privada de Luanda, perguntou-me porque não tinha incluído o Ensino Superior. O Ensino Superior tem a sua importância. Tem o seu espaço. Valor Acrescentado, pensa fazer em altura própria, o Ensino Superior. Mas, no momento, a grande aposta, no meu entender, tem de ser o Ensino Básico. Porquê? Porque durante os anos que a guerra grassou no país, não foi possível ministrar o ensino de qualidade em muitos lugares de Angola. O próprio Ministério da Educação está consciente desta dura realidade. Sem um Ensino Básico de qualidade, não é possível termos licenciados com qualidade. Mas, não basta só a tradicional Educação Escolar. Tem de ser ensinado muito mais. Tem de existir Educação Ambiental. Tem de existir Educação Cívica. Quer a Educação Ambiental quer a Educação Cívica, não devem ser ensinadas só nas escolas. Em casa, no seio da fa-

mília, também devem ser ensinadas. Os pais, a família mais velha se não têm esse tipo de Educação devem acatar os ensinamentos dos mais novos. É uma questão de respeito e compreensão. Com a Educação Ambiental, possivelmente vamos ter uma melhor Saúde. Vamos saber dar um melhor tratamento ao lixo. Lixo mal tratado significa doença. Dentro das doenças do lixo, está a malária mais conhecida entre nós, como paludismo.

Curso de Expediente Geral de Escritório e Práticas de Contabilidade com Informática Aplicada. Curso Prático de Contabilidade e Fiscalidade com Informática Aplicada.

Com a Educação devemos aprender que, ingerir bebidas alcoólicas, onde está incluída a cerveja, em demasia, é contra a nossa saúde. Os pais, a família, quando chamados à atenção pelos cadengues devem acatar os seus ensinamentos. Com a Educação devemos aprender como devemos fazer com a nossa higiene diária. Quanto mais higiene e prevenção tivermos, menos probabilidade teremos em ficar doentes. Não pode existir uma boa Saúde sem uma boa Educação. Ambas fazem parte do nosso desenvolvimento. Temos de lutar para que consigamos estar num patamar superior, no médio prazo.

VA-SE E R C INS Formador: Dr. José Luís Magro SEDE Av. Comandante Valódia, nº 5 - 5º Ap 53 - Luanda Tel. 00244 222 430 583 - Fax 00244 222 431 168 DELEGAÇÃO Rua Serpa Pinto, nº 750 - 4º 4550-465 Porto - Portugal Tel. 00351 228 300 507 - Fax 00351 228 329 897

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2.

Propriedade Valor Acrescentado - Prestações de Serviços, Lda. Director José Luís Magro ADMINISTRADOR Luís Gomes Chefe de Redacção Adelaide Alves Redacção Filipa Couto, Carlos Neto Publicidade Agostinho Vubo DESIGN GRÁFICO PMD - Comunicação e Design www.pmd.pt IMPRESSÃO Uniarte Gráfica / Porto Colaboraram neste número Anabela Neto, António Lopes de Sá, Filipa Couto, José Luís Magro e Rogério Fernandes Ferreira Tiragem: 10.000 exemplares. Registada sob o número MCS-430/B/2006.

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JÁ.



Maio/Junho ‘08 | nº 11

gestão 14 Porque desce o Dólar Americano? Uma grande fatia do bolo das importações a nível mundial tem como moeda de troca o dólar. Os bancos centrais detêm a maioria das suas reservas em dólares, o que não deixa de ser nesta altura, uma bênção para os americanos, visto que lhes permite emitir dívida menos dispendiosa. Este domínio americano, já lhes permitiu sobreviver a crises como a fase de excessos de dólares (1948-1957), a crise dos anos 70 e meados da década de 80.

24 Assim vai o Mundo No século XX ainda era raro atribuir remunerações a quem dirigisse clubes desportivos, associações de benemerência, de recreio, de carácter profissional, etc. Exercer actividades em prol da comunidade ou em prol da Pátria era considerado honroso e honrável. Hoje até quem se oferece, voluntariamente, para prestar serviços militares ou de bombeiros é remunerado.

4.

26 Ideias e Técnicas de Gestão Glossário que vai na letra M. 30 Glossário de Bolsa de Valores Glossário que vai na letra J.

informática de gestão 32 VALOR ACTUAL LIQUIDO (VAL) E TAXA INTERNA DE RENTABILIDADE (TIR) VAL, é o valor actual de um dado investimento ou projecto que esperamos ser viável no futuro. Para o efeito, temos de actualizar o valor de cada cashflow e compará-los com o valor do investimento. Se o valor do investimento for inferior ao valor actual dos cashflows, o VAL é positivo, o que significa que o projecto apresenta uma rentabilidade positiva.

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sumário Julgamos que este título é elucidativo do que temos de fazer no sentido de todo o angolano, independentemente do extracto social e do lugar onde vive, venha a ter uma Saúde com qualidade e com boa capacidade de resposta. Há muitos projectos. Há muitos programas a nível de Saúde. Vamos aguardar pela sua consecução. Mas, a melhoria da Saúde, não é só tarefa do Governo. Ao Governo compete lançar as políticas e estratégias para termos melhor Saúde. Mas, a prevenção os cuidados que cada um de nós tem de ter com a sua Saúde, é tarefa de cada um.

ciências sociais 40 A POBREZA E A EXCLUSÃO SOCIAL A noção de exclusão social é relativamente recente, sendo a sua abordagem dificultada pela difusão que vai tendo nos vários discursos, nomeadamente nos meios políticos e intelectuais. Com efeito, à medida que a noção de exclusão se generaliza e a sua utilização se torna mais comum, ela torna-se mais fluida e, por vezes, equivoca.

falando com 80 ENSA Conhecemos melhor esta Seguradora

especial

46 SAÚDE UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

secções 02 EDITORIAL 06 RECORTES DE IMPRENSA 10 OPINIÃO DOS LEITORES 14 GESTÃO 32 INFORMÁTICA DE GESTÃO 40 CIÊNCIAS SOCIAIS 42 TECNOLOGIA 46 ESPECIAL 80 FALANDO COM

tecnologia

86 POESIA

42 O Mundo da Tecnologia

88 FORMAÇÃO

Noticias sobre este fantástico mundo.

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90 PRÓXIMO NÚMERO

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recortes de imprensa

G8 encara elevado preço das matérias-primas como “grave desafio” para o crescimento económico Os ministros das Finanças do grupo do G8 qualificaram como um “grave desafio” para o crescimento económico global o elevado preço das matérias-primas e pediram um aumento da produção de crude. Simultaneamente, confiaram ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a tarefa de apurar as causas da subida dos preços dos combustíveis à escala global. Reunidos desde sexta-feira (13/06) em Osaca, no Japão, os ministros das Finanças do G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia) alertaram no seu comunicado final que o elevado preço do crude e dos alimentos “tem implicações para os mais vulneráveis e pode fazer aumentar a pressão inflaccionista global”. “Pedimos uma maior colaboração e diálogo entre os produtores, consumidores e as instituições relevantes ao ciclo dos alimentos”, indica o comunicado. Sobre o elevado preço do crude, os líderes mundiais - entre os quais se contam alguns produtores - reiteraram o seu apelo aos países produtores para que “aumentem a sua produção e invistam para aumentar as capacidades de refinação”. Os ministros dos países industrializados do G8 pediram ainda ao FMI e à Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) para analisarem os “factores reais e financeiros que estão na origem do recente salto dos preços do petróleo e da sua volatilidade”. O FMI apresentará um relatório em Outubro, durante a sua próxima assembleia-geral. Os países do G8, cujos diagnósticos sobre o crescimento dos preços do petróleo diferem, esperam que o FMI confirme as suspeitas de que a especulação é largamente responsável pela situação. De acordo com os ministros, “as condições financeiras dos mercados melhoraram nos últimos meses”, embora “persistam as tensões, especialmente nos mercados de divisas e de créditos”. Fonte: Público

PIB REGISTA CRESCIMENTO ANUAL DE 15% NOS ÚLTIMOS SEIS ANOS A taxa média anual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) registada no período 2002-2007 cifrou-se em cerca de 15%, valor que coloca Angola entre os países com maior crescimento económico no mundo, reafirmou esta terça-feira (13/05), em Luanda, o vice-ministro do Planeamento, Carlos Alberto Lopes. De acordo com Carlos Lopes, que falava no seminário sobre “Financiamento de Grandes Projectos”, em 2007 a taxa de inflação registou uma queda abrupta, atingindo 12 %, contrariamente à de 2002 que se situou acima dos 100 %. Nesse período, os depósitos bancários à ordem multiplicaram-se 13 vezes, atingindo, em 2007, o valor de 624 mil milhões de kwanzas, o que, no entender do vice-ministro, reflecte a confiança dos angolanos no funcionamento da economia e do sistema financeiro. Segundo os dados apresentados pelo vice-ministro do Planeamento, o crédito à economia multiplicouse na ordem dos 20%, situação que considerou como sendo “o primeiro factor explicativo do importante crescimento do sector não petrolífero”. O consumo privado passou de 26 % no quadriénio 2000-2003 para 39 %  em 2004-2007. Estima-se que em 2007, a população escolar tenha crescido para quase seis milhões de alunos, significando um ascensão de 75 % em apenas quatro anos.Para além da educação, Carlos Lopes, defende que se dedique especial atenção à saúde, ao fornecimento de água, ao saneamento básico e à criação de postos de trabalho. Promovido pelo Ministério do Planeamento, em parceria com o Banco Mundial, o seminário reuniu investidores nacionais, parceiros do Governo angolano e instituições ligadas ao sector de infra-estruturas, para discutir as formas de rentabilização de grandes projectos. O objectivo do encontro é divulgar as opções de financiamento de projectos de grande porte, através dos mecanismos do Grupo Banco Mundial, como investimentos em acções, empréstimos, garantias e financiamento para reduzir a emissão de carbono. Fonte: AngolaPress

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recortes de imprensa

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Tribunal desencadeia medidas para desencorajar má gestão

Edifício sede da Sonangol gasta mais de 10 mil toneladas de cimento

O juiz presidente do Tribunal de Contas, Julião António, advertiu sexta-feira (13/06),em Luanda, aos partidos políticos que o seu órgão desencadeará mecanismos jurídicos, com vista a afastar as irregularidades e a má gestão de fundos públicos disponibilizados pelo Estado. Ao intervir no abertura do curso sobre “O modo de prestação de contas e utilização racional dos fundos colocados à sua disposição”, dirigido a representantes de partidos políticos, disse que alguns chefes de formações políticas fazem uma gestão do dinheiro público como se de rendimento pessoal se tratasse. “Conhecemos, através de diversas denúncias que recebemos, que as divergências nas lideranças políticas residem basicamente a volta da chamada má utilização dos recursos financeiros públicos postos a disposição de cada um dos partidos políticos”, referiu. Na óptica do Tribunal de Contas, prosseguiu Julião António, o fim da utilização dos fundos públicos consiste na aplicação do dinheiro em actividades partidárias. No contexto actual, a finalidade é a preparação da realização das eleições convocadas para cinco de Setembro próximo. O responsável sublinhou que o controlo da gestão financeira pública deve constituir uma preocupação dos partidos políticos os quais devem criar uma cultura de boa administração dos valores provenientes do Orçamento Geral do Estado. Julião António esclareceu aos participantes que o Tribunal de Contas faz o controlo técnico da gestão dos recursos alocados aos partidos políticos, num sentido mais restrito, através de auditorias e inquéritos, enquanto a Assembleia Nacional exerce somente o controlo orçamental de forma política, por não ter vacação técnica. Questionados pela Angop sobre a importância do seminário, representantes de partidos políticos consideraram de pertinente e louvável a formação. “Gostaríamos que cursos do género fossem regular para termos melhores conhecimentos sobre os modos de prestação de contas”, disse Hitxica Mulonga, chefe de secção de contabilidade do PRS. Participaram na acção de formação representantes de partidos políticos que recebem aproximadamente seis milhões de kwanzas por mês, disponibilizados pelo Estado, através do Ministério das Finanças.

Mais de 10 mil toneladas de cimento foram gastas para a edificação do novo edifício sede da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), inaugurado na manhã de hoje (quinta-feira,12/06), em Luanda, pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. Com um custo estimado em quatro mil e 100 dólares norteamericanos por metro quadrado, para a construção do edifício foram igualmente utilizadas cinco e 100 toneladas de aço, vinte e cinco mil metros cúbicos de betão, 260 toneladas de cabo pré-esforçado, e movimentados mais de 19 mil metros cúbicos de terra escavada, 450 metros cúbicos de rocha. A nova infra-estrutura, implantada na parte baixa da cidade de Luanda (Rua Rainha Ginga e a Avenida do 1º Congresso do MPLA), ocupa uma área total útil de 48 mil metros quadrados e poderá albergar pelo menos dois mil trabalhadores, em sistema de “open space”. Inspirado nas estruturas utilizadas das plataformas da indústria petrolífera, o edifício comporta 22 andares, 95,5 metros de altura e dispõe de uma área de dois mil 382 metros quadrados por andar. Dezoito milhões de horas foram gastas, tendo sido mobilizados por mês mais de mil trabalhadores, 50 técnicos e gestores, para execução da imponente infra-estrutura, cujas obras iniciaram em finais de 2004. A nova sede da Sonangol possui um anfiteatro multifuncional, com capacidade para 300 pessoas, dois ginásios, um restaurante, uma sala de documentação à prova de incêndios, três pisos para estacionamento e um heliporto com mais de 20 metros de diâmetro e, é o resultado da conjugação das técnicas mais avançadas de engenharia e arquitectura de cinco escolas, designadamente angolana, sul-coreana, inglesa, sul-africana e portuguesa. Em termos absorção de tecnologias de ponta, o edifício dispõe do sistema IBS – Intelligent Building Sistem, tecnologia nunca antes utilizada em Angola. A inovação e modernidade da sede assentam na introdução de novos sistemas de gestão de energia, prevenção de incêndios e iluminação. A construção das fundações do edifício durou um ano e meio, devido a problemas de assentamentos diferenciados verificados no solo. Para solucionar este problema, a Sonangol teve que fazer recurso a “Imperial College de Londres”, uma instituição de renome internacional na área de fundações e geotecnia. Depois de aturados estudos e tendo em conta as características do solo do local onde está implantado o edifício, foram construídas 315 estacas de fundações para suportar as cargas da super-estrutura, com cota entre 11 a 35 metros de profundidade e com 1.20 metros de diâmetro. As obras de construção estiveram a cargo de um consórcio formado pelas firmas Grinaker (sul-africana) e Soares da Costa (portuguesa), enquanto o trabalho de consultoria esteve sob responsabilidade da Sigma Group e o projecto de arquitectura foi executado por uma empresa sul-coreana.

Fonte: AngolaPress

Fonte: AngolaPress

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opinião dos leitores

Prezados Srs do Valor Acrescentado

Dr. José Luís Magro

Gostei muito do trabalho sobre o Ensino. Mostra uma realidade, que é esta: o nosso pessoal só quer ficar no bem bom, i.e., nas cidades do litoral. Têm de vir cubanos e outros para ensinar no interior, o que lamento como angolano? Jeremias Casombo

Doutor Magro

Director

Ao ler os seus escritos, noto que tem uma grande sensibilidade para os meninos e meninas da rua. Concordo quando diz que não é fácil recuperá-los. Mas quem manda tem de lutar para os tirar da rua e não deixá-los abandonados.

O trabalho sobre o funcionamento dos bancos em Angola, foi importante e pertinente. O funcionamento dos multicaixas aos fins-de-semana é uma vergonha, porque ou estão desligados ou não tem dinheiro.

Elsa Figueiredo

Carolina Longonjo

Já me habituei a ler a revista da qual é o director. Cada vez mais vocês marcam a diferença em Angola, não só pelo grafismo da revista como os temas que são tratados. Vocês são os únicos a falar do país de uma forma profunda. O Ensino é o pilar do desenvolvimento de um país. Mas, concordo consigo que não se pode ter o bom do ensino no imediato. É preciso muito trabalho, muita perseverança e acima de tudo muita formação. Os anos de guerra fizeram com que os nossos professores não evoluíssem. Têm de ter um grande refrescamento. Vamos ser optimistas José Luís Morgado

Escreva-nos a dizer o que pensa dos últimos artigos da VALOR ACRESCENTADO.

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opinião dos leitores

Magro Fomos colegas em Benguela da Escola Industrial e Comercial de Benguela, mais propriamente do Curso Geral do Comércio. Concordo contigo em pleno quando dizes que o Ensino Técnico-profissional é bastante importante para o nosso ensino. Precisamos de técnicos intermédios, por todo o país. São estes os principais peões para o nosso desenvolvimento. Quem concluir este ensino, tem depois possibilidade se quiser (foi o teu caso) de entrar no ensino superior. Mas, pelo que sei, o Ensino Superior, que temos é fraco. Querem colocar este ensino em várias províncias. Mas como se o que existe nas grandes cidades, repito é fraco. Onde vão buscar os professores? Mais uma invasão de estrangeiros? João Coelho

Snr. Director

Dr. Luís Magro

O trabalho que o Valor Acrescentado fez sobre a Educação está muito bom. Concordo quando é dito que o ensino mais importante é o básico. Mas, o grande problema é que os professores que temos, vejo pelos meus filhos, são muito fracos. Não sabem escrever nem ler português. Sem professores capazes não temos ensino capaz. Como vamos resolver este problema, que existe mesmo em Luanda?

O grande problema dos nossos bancos é a falta de sistema. Mas também é verdade, que os bancos deviam funcionar melhor com menos papéis.

Josefina Ndungo

Sérgio Pereira

À direcção do Valor Acrescentado Concordo convosco quando dizem que o ensino mais importante é o Básico e a seguir o técnico-profissional. Mas como estudante universitário seria bom que a vossa revista fizesse um trabalho profundo sobre como funciona este ensino. Carlos, de Benguela

Escreva-nos a dizer o que pensa dos últimos artigos da VALOR ACRESCENTADO.

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gestão JOSÉ LUÍS MAGRO Licenciado em Contabilidade Pós-Graduado em Finanças Empresariais Auditor e Consultor de Empresas

PORQUE DESCE O DÓLAR AMERICANO?

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1. evolução do gold exchange standard VS SURGIMENTO DO DÓLAR COMO MOEDA INTERNACIONAL Corria o ano de 1942, quando as autoridades anglo-saxónicas, elaboravam planos para a restauração do sistema mo1 netário internacional. John Keynes e H. White , foram os grandes mestres desta restauração. Ambos tinham um objectivo comum: contribuir para o pleno emprego, graças ao desenvolvimento das relações económicas internacionais. Não obstante, havia pequenas divergências a nível de meios. John Keynes concebeu um plano, cuja principal característica consistia em criar um banco dos bancos centrais, que tivesse como missão a concessão de créditos aos países devedores, abrindo em seu nome, contas que eram contabilizadas numa moeda internacional, o “bancor”. John Keynes, pretendia desta forma, instaurar uma ordem monetária supranacional, embora a sua grande preocupação, fosse a de garantir a independência da libra esterlina face ao dólar e a todas as instituições internacionais. O plano de H. White, limitava as instituições financeiras a simples órgãos de cooperação voluntária, e, por isso mesmo, afastava a possibilidade de criar uma moeda internacional, visto que o dólar americano, já exercia a sua supremacia, sendo a única moeda forte dessa época Foi o plano de H.White, que vingou, sendo Bretton Woods, quem o apresentou aquando da conferência levada a cabo entre 4 a 22 de Julho de 1944, com a presença de quarenta e quatro países. Desta conferência surgiram duas entidades importantes nos dias que correm. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), mais conhecido como Banco Mundial (BM). O FMI, era a instituição essencial da nova ordem monetária, visto que nele recaía a incumbência de assegurar a estabilidade cambial, convertibilidade das moedas e distribuição de liquidez.

O FMI, era a instituição essencial da nova ordem monetária, visto que nele recaía a incumbência de assegurar a estabilidade cambial, convertibilidade das moedas e distribuição de liquidez.

1 Funcionário do Tesouro americano.

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Entretanto, em 1945 tinha acabado a 2ª guerra mundial. Havia necessidade da reconstrução. Os Estados Unidos, passaram a ser o país que mais exportava no Mundo, em especial, para a Europa. O dólar, sua moeda, torna-se forte e procurada. Passa a ser uma divisa de referência. Entretanto, é bom dizer-se que apesar da sua assunção como moeda internacional, não foi neste período que o dólar passou a ser a moeda de reserva, isto porque, o constante excedente da balança de pagamentos americana, não drenava os dólares para os Estados Unidos. Este período, logo a seguir ao pós-guerra, caracterizlou-se pela raridade do dólar (dollar gap). Em 5 de Junho de 1947, o general americano Marshall, lança na Universidade de Harvard, um auxílio concertado aos países europeus. Dezasseis países aderiram, tendo a Alema2 nha só aderido em 1948, e elaboraram um programa de reconstrução da Europa com o nome daquele general, ou seja, Plano Marshall. A distribuição do Plano Marshall, comportava duas modalidades essenciais: um auxílio directo americano e uma utilização controlada do contra-valor do referido auxílio. O auxílio directo, consistia em doações e empréstimos em 3 dólares , concedidos pelos EUA aos países europeus, no sentido destes puderem pagar o abastecimento de produtos ou serviços necessários à sua recuperação. Para o período compreendido entre 3 de Abril de 1948 a 31 de Dezembro de 1952, o auxílio total prestado pelos americanos aos países europeus, cifrava-se em USD 14 mil milhões, dos quais 20% foram distribuídos à França. O auxílio maciço dos EUA, permitiu em 1949, a desvalorização de certas moedas relativamente ao dólar. Estas desvalorizações, viriam a revelar-se muito vantajosas para os futuros concorrentes dos americanos, tendo sido a libra a que teve maior desvalorização (30,2%), seguida do marco (20,6%) e do yen (99,99% da paridade relativamente ao dólar estabelecida em 1938). A depreciação de certas moedas europeias e do yen, proporcionou uma vantagem aos seus exportadores, permitindolhes reconstruir, à medida dos seus progressos económicos, as reservas em dólares e ouro. Nessa época, a balança comercial americana, deixou de ter excedentes elevados e por consequência a balança de pagamentos tornou-se deficitária até 1957, devido às despesas militares com a guerra da 2 A Alemanha recebeu uma ajuda particular através do sistema dos fundos GARIDA (Government Aid and Relief for Import in occupied Areas) que foi para aquele país de extrema importância, superior ao da ajuda de Marshall. 3 Prazo de 35 anos a uma taxa de juro de 2.5%.

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gestão

3. a força dos outros

Não obstante, esta realidade americana, tinha como contraste, a grande confiança no dólar pelos Bancos Centrais europeus e do Japão, sem a preocupação de convertê-los em ouro. Assim, o dólar para além da função de moeda internacional, passou em pleno a ter um papel de moeda de reserva.

Coreia. Não obstante, esta realidade americana, tinha como contraste, a grande confiança no dólar pelos Bancos Centrais europeus e do Japão, sem a preocupação de convertêlos em ouro. Assim, o dólar para além da função de moeda internacional, passou em pleno a ter um papel de moeda de reserva.

2. o E.U. dólar índice (usdx) O E.U. Dólar Índice (USDX), é calculado pela factoring das seguintes taxas de câmbio: euro (Eur), yen (JPY), dólar canadiano (CAD), libra esterlina (GBP), coroa sueca (SEK) e franco suíço (CHF). Este índice teve o seu início em 1973, numa base de 100, ou seja, para um valor de 110, significa que o USDX teve um crescimento de 10%. Este índice é actualizado 24 horas por dia em sete dias da semana. O peso de cada uma dessas moedas no USDX é a que consta no gráfico a seguir:

3.1. O Euro

O euro, aquando da sua entrada, concentrou em si, moedas fortes como o marco, o franco francês e suíço. Para além do período de adaptação e evolução do euro, houve também a recuperação e/ou desenvolvimento dos estadosmembros, menos desenvolvidos como: Portugal, Espanha, Itália, ou seja, os estados-membros da bacia mediterrânica. Houve também a unificação da antiga Alemanha do Leste. Toda esta reconstrução/recuperação foi feita com os fundos comunitários, que atraiu muito investimento aos estadosmembros, com menor potencial económico. Com a consolidação sócio-económica, da União Europeia, o euro foi começando a estar mais apreciado que o dólar, como mostram os gráficos a seguir:

Fonte: http://www.federalreserve.gov/releases/g5a

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Fonte: BPI

3.2. Os Países Emergentes do Oriente

Fonte: Índice de Desenvolvimento Humano, publicado na7ª edição da revista Valor Acrescentado

O quadro acima, mostra-nos três países (China, Japão e Índia) que tiveram em 2006 os maiores PIB a nível mundial. Mostra ainda, os dois países mais populosos do Mundo: China e Índia. É neste potencial humano, que estes dois países começaram a apostar forte, começando a dar cartas a nível mundial, em particular a nível de consumo. Nos anos 1980, um chinês que tivesse USD 1.200 era considerado rico. Passado 10 anos, para ser considerado rico era necessário possuir USD 120.000. Este número está sempre a subir, pese embora o paradigma da abundância ser cada vez mais vincado nesta economia. Não obstante, o chinês médio, ambiciona ter os bens de consumo mais caros, como telemóveis e computadores pessoais. Poder-se-á dizer que o ano de 1996, foi o ano que marcou a era de uma economia de abundância, em detrimento de uma economia de escassez. A Ásia meridional e oriental não se importa com a invasão da tecnologia americana e europeia. Considera-a bem-vinda. Porquê? Porque, em 2006, aquelas regiões alcançaram um Investimento Directo Estrangeiro (IDE) na ordem dos USD 187 milhões, em que só a China teve um IDE na ordem dos USD 72 milhões, o que representa um valor percentual de 61% do total. Assim, em 2006 os três primeiros a nível de IDE foram os EUA, Reino Unido e China.

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A Ásia meridional e oriental não se importa com a invasão da tecnologia americana e europeia. Consideraa bem-vinda. Porquê? Porque, em 2006, aquelas regiões alcançaram um Investimento Directo Estrangeiro (IDE) na ordem dos USD 187 milhões, em que só a China teve um IDE na ordem dos USD 72 milhões, o que representa um valor percentual de 61% do total. Assim, em 2006 os três primeiros a nível de IDE foram os EUA, Reino Unido e China. A baixa do dólar americano, não aconteceu mais cedo, numa escalada abrupta, porque a China e outros países asiáticos, têm acumulado enormes reservas em dólares nos seus bancos centrais. Desta forma, evitam, revalorizar as respectivas divisas, para manterem competitivas as suas exportações. O mesmo acontece com os exportadores de petróleo do Médio Oriente, que têm acumulado fortunas com a alta do crude.

4. o declínio do dólar 4.1. Iraque Quando George W.Bush assumiu a presidência dos EUA, os cofres da nação americana, tinham um saldo positivo na ordem dos USD 200 milhões. Mas, houve o Iraque. A Organização não Governamental (ONG), com o nome de National Priorities Project, refere que a guerra do Iraque já consumiu mais de USD 409 biliões aos cofres do Estado americano, contrariando assim os dados oficiais do governo Bush, cuja informação na altura, apontava os USD 290 biliões. O site de análises militares “globalsecurity.org”, afirma que, se a guerra continuar para além de 2010, o custo total de guerra pode ultrapassar USD 1 trilião. Outra das críticas para os senhores desta guerra, prende-se com os custos excessivos, como ainda, a frequência de pedidos de emergência financeira, que não permite ao Congresso, supervisionar ou mesmo saber, onde o dinheiro está a ser gasto.

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Em Fevereiro de 2007, George Bush, propôs um Orçamento para 2008, na ordem dos USD 2.9 triliões em que USD 624.6 biliões seriam destinados à guerra do Iraque, o que equivale a mais de um quinto do Orçamento de 2008.

4.2. Subprime Podemos dizer que o Subprime, é um crédito à habitação de alto risco, que se destina a uma fatia da população com rendimentos mais baixos e uma situação económica mais instável. A única garantia exigida nestes empréstimos é o imóvel. Este segmento do mercado de crédito é exclusivo dos Estados Unidos. O Subprime surgiu, quando a Reserva Federal norte-americana (FED) começou a baixar as taxas de juro para estimular o mercado imobiliário, com o intuito de controlar os efeitos dos ataques terroristas do 11 de Setembro nos mercados das novas tecnologias. Mas, em 2003, a criação de emprego e o investimento empresarial estavam em níveis baixos, e a taxa de juro descia para 1%. Simultaneamente, as várias instituições bancárias deixaram de ser tão exigentes nas condições requeridas para conceder créditos. Quando a FED começou a subir de novo os juros, rebentou a bolha.Com juros mais altos, acompanhados pela queda dos preços das casas, as famílias ficaram sem capacidade para saldar as suas dívidas. Independentemente do Subprime, ter a sua origem nos EUA, este problema arrastou-se por outras paragens como a Europa, porque os mercados financeiros estão interligados e, por consequência, houve bancos e fundos europeus com investimentos em produtos das instituições financeiras norte-americanas, que operavam no segmento Subprime, o que originou uma crise de liquidez quer nos EUA quer na Europa.

Citando a revista Exame, de Portugal, em conjunto, instituições como o Citigroup, Merrill Lynch, Morgan Stanley, Bank of America, Goldman Sach e JP Morgan, registaram mais de USD 50 milhões de perdas até Dezembro de 2007, devido ao Subprime. A perda total quase atingiu 30% do mercado Subprime, avaliado em USD 190 milhões.

Citando a revista Exame, de Portugal, em conjunto, instituições como o Citigroup, Merrill Lynch, Morgan Stanley, Bank of America, Goldman Sach e JP Morgan, registaram mais de USD 50 milhões de perdas até Dezembro de 2007, devido ao Subprime. A perda total quase atingiu 30% do mercado Subprime, avaliado em USD 190 milhões.

4.3. Petróleo É sabido que o petróleo vai acabar, porque demorou milhões de anos a formar-se. Por conseguinte, não é renovável no espaço e no tempo da nossa actual sociedade. Existe por vezes, uma grande confusão no conceito de recursos petrolíferos e reservas petrolíferas. Recursos petrolíferos, será todo o petróleo que existe no nosso planeta. Porém, deste, só uma pequena parte é recuperável, que são as reservas petrolíferas, que não deixam de ser um subgrupo dos recursos petrolíferos.

No caso da Europa, os bancos afectados pelo Subprime, contraíram empréstimos junto do Banco Central Europeu (BCE), com taxas de juro baixas, ou seja, um pouco acima da taxa directora. As injecções de dinheiro feitas pelo BCE, tal como aconteceu nos EUA, tiveram como objectivo assegurar as condições normais dos mercados, mais propriamente onde se sentem as fortes tensões da oferta de liquidez. O Subprime teve reflexos nos mercados bolsistas, porque os investidores começaram a fugir das bolsas, vendendo acções de uma forma maciça, pois temiam o surgimento de novos sintomas, que pudessem pôr em causa o funcionamento do sistema financeiro global.

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Entretanto, há recursos petrolíferos que são conhecidos e outros ainda não, nomeadamente nos oceanos (offshore). Por outro lado, muito do petróleo conhecido não pode ser explorado por razões económicas, políticas e ambientais. A título de exemplo, para explorar petróleo num país em guerra, para além dos custos de exploração, têm de ser acrescidos os custos de segurança, o que pode inviabilizar o projecto. Outra situação é a ambiental, como exemplo, ainda não é permitido explorar petróleo no Alasca.

dência dos Estados Unidos em relação ao ouro negro importado, passar de 55,7% para 71%, a da Europa ocidental de 50,1% para 68,6% e a da China de 31,5% para 73,2%, sem esquecer os outros países consumidores. Essa dependência crescente, numa área tão vital, como a de energia, explica a “guerra pelo petróleo”, em que entram as grandes potências e as suas empresas petrolíferas, para controlar as reservas do 4 Oriente Médio, da África ou da Ásia Central, sem esquecer 5 a última guerra do Iraque .

Não obstante, é a questão económica a que tem maior relevância, para que os recursos possam ser elevados a reservas. É um processo dinâmico, porque depende dos custos de produção, onde está incluída a tecnologia disponível para a extracção do petróleo e do preço que o mercado está disposto a pagar por um barril de petróleo.

Entretanto, existe uma estimativa mais realista, que atira o pico entre 2004 a 2010, isto porque muitos especialistas consideram que a produção do petróleo atingiu o seu máximo em 2000, para depois dessa data, ter entrado sempre numa trajectória descendente.

Por outro lado, é importante que saibamos o que é o “Peak Oil”. Toda a produção de petróleo segue uma curva em forma de sino (curva de Hubbert), seja num campo individual ou planetário, ou como um todo. Na parte ascendente da curva, os custos de produção são significativamente mais baixos do que na parte descendente, quando é necessário um maior esforço (despesa), para extrair petróleo de poços que estão a ficar vazios. Como exemplo, o petróleo é abundante e barato na curva ascendente, escasso e caro na curva descendente. O pico da curva, coincide com o ponto em que as reservas mundiais de petróleo estão consumidas em 50%. “Peak Oil” é o termo da indústria para o topo da curva. Uma vez passado o pico, a produção de petróleo começa a decair, enquanto os custos começam a subir. Perguntar-se-á quando ocorrerá o “Peak Oil”? As estatísticas mais optimistas indicam que se atingirá o pico da produção petrolífera entre os anos de 2020 a 2035. Estas estimativas são fornecidas por agências governamentais, como o Observatório Geológico dos Estados Unidos, das petrolíferas, de economistas… Outra realidade a salientar: de 2001 a 2025, o grande aumento das necessidades mundiais e o declínio das reservas e da produção nos países industrializados, farão a depen-

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Porém, nas condições actuais, teremos reservas petrolíferas para mais 40 anos. Extrair um barril hoje, custa menos de meio dólar em muitas regiões do Médio Oriente, até USD 20 dólares em zonas inóspitas - offshore, zonas geladas, pântanos ou florestas densas. Então porquê esta grande subida do preço do crude? Para além dos custos de produção, temos os royalties pagos aos países produtores, a margem das companhias e a forte especulação. São os intermediários financeiros que alimentam a bolha. Como? Quando vencem os contratos a prazo de derivados, os fundos de investimos que estão a vender, são por eles recomprados a um preço mais alto, o que implica uma espiral de alta de preço. O dólar é a moeda padrão a nível mundial para a comercialização do petróleo - preço do Brent. Em 2007, o petróleo subiu cerca de 9.5% em dólares, considerando os preços mé-

4 Jean-Christophe Servant, « Offensive sur l’or noir africain », Le Monde diplomatique, Janeiro de 2003. 5 Yahya Sadowski, «  Vérités et mensonges sur l’enjeu pétrolier », Le Monde diplomatique, Abril de 2003

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dios para o conjunto desse ano. O gráfico a seguir mostra que a tendência crescente da subida do Brent de Agosto de 2007 a Junho de 2008.

Hoje fala-se na crise alimentar a nível mundial. A crise do petróleo pode afectá-la, devido ao preço dos combustíveis, nomeadamente, o gasóleo ter tido um crescimento abrupto, em especial na zona euro.

5. as mazelas provocadas pelo dÓlar

Fonte West Texas Intermediate

Este cenário altista, poderá ter implicações na valorização das acções das empresas petrolíferas, o que pode implicar maiores dividendos para os seus accionistas, enquanto que o preço das acções de empresas dos sectores petroquímico e dos transportes, poderá ter de baixar, devido a um maior preço das matérias-primas.

Uma grande fatia do bolo das importações a nível mundial, tem como moeda de troca o dólar. Os bancos centrais detêm a maioria das suas reservas em dólares, o que não deixa de ser nesta altura, uma bênção para os americanos, visto que lhes permite emitir dívida menos dispendiosa. Este domínio americano, já lhes permitiu sobreviver a crises como a fase de excessos de dólares (1948-1957), a crise dos anos 70 e meados da década de 80. Nos dias que correm, o dólar tem um grande concorrente que é o euro. O receio é a súbita mudança do sistema monetário internacional, com os investidores a trocarem rapidamente uma moeda por outra. A Airbus, um dos maiores constru-

Nos dias que correm o dólar tem um grande concorrente que é o euro. O receio é a súbita mudança do sistema monetário internacional, com os investidores a trocarem rapidamente uma moeda por outra.

tores de aviões do Mundo, já referiu a perda de competitividade para a sua rival Boing e também o Irão e a China, já manifestaram o desejo de trocar o dólar pelo euro. Julgo que não vai ser, o Bretton Woods II, criado em 2001, que vai ultrapassar esse receio. Porquê? Porque os EUA importam um valor considerável quer da China quer do Japão. Estes países não importam em grande quantidade dos EUA, o que implica que os americanos apresentem um grande dé6 fice comercial perante eles em circunstâncias normais, os défices entre eles, poderia ser corrigido entre si, porque a depreciação do dólar, acarretaria a apreciação do yen e do yuan. Porém, os governos chinês e japonês, não estão inte6 Os EUA, tiveram em 2006 e 2007, um deficit comercial de USD 553 biliões e USD 530 biliões respectivamente.

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gestão

ressados em subir as suas moedas, porque querem manter as suas exportações competitivas. Assim, China e Japão, indexaram as suas divisas à moeda americana, através do sistema que passou a ser conhecido como Bretton Woods II. Para o fazerem, são obrigados a comprar grandes quantidades de obrigações do tesouro norte-americano. Entretanto, a China tem vindo a flexibilizar o seu regime cambial, tendo tido uma apreciação face ao dólar de 5.8% em 2007 contra 3.7% em 2006 respectivamente. O yen também se apreciou face ao dólar mas em menor escala, porque o governo nipónico procura controlar a apreciação da sua moeda. A força do euro perante o dólar, tem feito com que as exportações da zona euro, tenham decaído. excepção feita para a Alemanha, porque as suas exportações, têm alto valor acrescentado.

A América Latina, tem revelado uma extraordinária capacidade de acomodar a actual depreciação do dólar, beneficiando do ciclo de commodities. Se, de acordo com Kenneth Rogoff, professor da universidade de Harvard, o dólar terá “de cair cerca de 18% para restabelecer o equilíbrio das contas do país. Este ajuste terá de ser suave, envolvendo várias moedas. Se todas migrarem muito rapidamente para o euro, será um tiro no pé”.

Bibliografia: Flopuzat, Denise in “Economia Contemporânea: os fenómenos monetários”; Revista Exame nº 287, de Março de 2008.

China e Japão, indexaram as suas divisas à moeda americana, através do sistema que passou a ser conhecido como Bretton Woods II. Para o fazerem, são obrigados a comprar grandes quantidades de obrigações do tesouro norte-americano.

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gestão ROGÉRIO FERNANDES FERREIRA Economista e Advogado Professor Catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa

ASSIM VAI O MUNDO A

s serpentes a sair dos ovos são cada vez mais numerosas e também as cléopatras, que depois as colocam onde possam envenenar. O comum das pessoas vai-se apercebendo que se estão alimentando roubos, assaltos, terrorismos, falsificações. Todos desejam felicidade, dinheiro, poder. Buscas que nem sempre assentam em ganhos obtidos a título de trabalho. Nas disciplinas de economia o trabalho aponta-se como um dos factores de produção ou, em relação ao sujeito que o exerce, como o esforço consciente e voluntariamente dispendido, sob remuneração. Na Economia, o termo produção assume também o sentido de actividade, em que ocorre acréscimo de utilidade, expressão que por seu turno comporta um sentido económico algo redutor - útil é o desejado pelo sujeito ou pela comunidade, independentemente de ser prejudicial à saúde ou de afectar valores de ética social. No tocante ao factor trabalho, as críticas relacionavam-se com a injustiça das remunerações praticadas, pois era pouco o atribuído ao trabalho perante a riqueza criada ou a utilidade propiciada. Actualmente ocorrem injustiças também ao invés, ou seja, há atribuições excessivas em relação a trabalho menos válido ou inexistente. Na verdade, noticiam-se atribuições astronómicas e tomamse como trabalho, actividades que dantes se apelidavam de recreio, ócio, arte, associativismo, convivência, filantropia, voluntariado, assistência, etc. No século XX ainda era raro atribuir remunerações a quem dirigisse clubes desportivos, associações de benemerência, de recreio, de carácter profissional, etc. Exercer actividades em prol da comunidade ou em prol da Pátria era considerado honroso e honrável. Hoje há até quem se ofereça voluntariamente, para prestar serviços militares ou de bombeiros, é remunerado.

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Outros furtam-se aos impostos que legalmente lhes competem. Dantes, o qualificativo de mercenário era extremamente pejorativo. Neste século o que choca e desprestigia é não auferir boa remuneração. No desempenho de cargos de comando – político, associativo, empresarial – entendese que os proventos e as benesses devem ser muito elevados e até excluídos de tributação. Atribuemse não raramente pensões vitalícias milionárias, acompanhadas de compensações aquando da cessação de mandato e ainda que com mau desempenho. Suscitam-se por vezes questões judiciais devido a faltas cometidas, não sendo raro acabarem por prescrição, amnistia ou emenda na legislação penal. E também ocorrem absolvições a pretexto de informalidades processuais ou por apresentação de testemunhos não verdadeiros ou de documentos falsos1. Mentir num tribunal era inaceitável e ignominioso. O perjúrio afectava a honra (ofensa a Deus). Agora, os infractores atemorizam. São poderosos, patrões de muitos portugueses, ídolos de muitos cidadãos. 1 O referido está a ser chocante na vida portuguesa. Aparecem vozes a suscitar ocorrências. Exige-se indiquem nomes de prevaricadores. Quem exige sabe bem os nomes, pois são conhecidos de todos. Todos sabem que os outros sabem que se sabe… Mais: se um caso está em julgamento o comentador é ameaçado. Acentuam que está a violar a independência do poder judicial. Se o caso foi julgado também não se deve criticar visto o tribunal ter já decidido e o tribunal é o julgador por excelência e por lei. Porém, os julgadores dos tribunais de que falamos são pessoas. Todas erram (errare humanum est). Os tribunais absolvem por falta de provas ou por se desrespeitarem formalismos ou porque se falsearam provas. Tudo isto prolífera. Que fazer? Assinala-se que criminosos actuam, têm a eficácia e celeridade que falta aos tribunais para protecção de vitimados e castigo de criminosos. Assim, os cidadãos comuns não directamente afectados indignam-se, mas em surdina. Mais tarde virão a ser vítimas também. O crime grassa, avassala, chega a todos. Está instalada a selva e na selva vence a força, a astúcia, a maldade. O fraco, o ingénuo, o bondoso são as vitimas, os enganados, os maltratados.

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gestão

JOSÉ LUÍS MAGRO

IDEIAS E TÉCNICAS DE GESTÃO

M

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MATRIZ BCG

MARKETING MIX

É um instrumento analítico de apoio a tomada de decisões estratégicas relativa ao portfólio (carteira) de produtos, em que o grupo poderá entrar ou desinvestir. O modelo BCG, da autoria da Boston Consulting Group, é um dos pioneiros e sem dúvida, o mais popular, devido à sua simplicidade. Para o aplicar, será necessário construir uma matriz cujo eixo horizontal é representado pela variável quota de mercado (alta à esquerda e baixo à direita) e no eixo vertical está a taxa de crescimento do mercado (elevada em cima e reduzida em baixo). A matriz dá origem a quatro quadrantes:

Segundo Philip Kotler, o marketing – representa o conjunto de variáveis controláveis, que a empresa pode utilizar para influenciar as respostas dos consumidores. Nos anos 60,Jerome McCarthy popularizou o conceito, ao introduzir a classificação de quatro factores designados “4 pês”: produto (product), preço (price), promoção (promotion) e ponto de venda (point of sale). Vejamos cada um deles:

Interrogações (question-marks) - Tem uma elevada taxa de crescimento, mas uma fraca quota de mercado. É o caso típico de um produto recentemente introduzido no mercado. A empresa tem duas opções estratégicas: ou investe fortemente ou deve abandonar o produto. Estrelas (stars) – Quer a quota de mercado, quer a taxa de crescimento do mercado são elevadas: o produto está na fase de crescimento do ciclo de vida. As vendas são altas, mas a manutenção ou acréscimo de quota, em mercados em crescimento, obriga a empresa a um esforço de financiamento intensivo. A empresa deverá manter a sua posição.

Vaca leiteira (cash-cows ) - Tem uma quota elevada num mercado maduro, pelo que, o financiamento exigido será mais baixo. Deve seguir-se uma estratégia de rentabilização, em que os recursos gerados pela vaca leiteira, podem ser aplicados nas estrelas ou interrogações.

Cães (dogs) - São produtos maduros, ou em declínio, cuja quota de mercado e taxa de crescimento do mercado são baixas. Como não geram nem requerem fundos, a estratégia mais sensata será a de abandono ou de manter, na expectativa de haver uma eventual recuperação.

Produtos - Implica a análise de atributos do produto como: marca, características técnicas, qualidade, design, durabilidade, fiabilidade, inovação, tamanho, segurança e garantias, facilidade de manuseamento e embalagem.

Preço - Esta é a variável que tem um impacto superior para o crescimento dos lucros no curto prazo. Infelizmente, se mal utilizada, poderá comprometer o sucesso do produto para sempre. Envolve variáveis como: análise de break-even, politica de crédito e de descontos, sazonalidade das vendas, prazos e modalidade de pagamento, retorno dos accionistas, acção dos concorrentes e outros factores subjectivos.

Promoção - O principal desafio é encontrar a melhor forma de comunicação, para persuadir os nossos clientes-alvo a adquirir o nosso produto ou serviço. Inclui as seguintes variáveis: publicidade, promoção de vendas, publicity (comunicação noticiosa), relações públicas, sponsoring (patrocínio) e marketing directo ( que inclui as acções de direct-mail e de telemarketing).

Ponto de venda – Que canais de distribuição escolher e qual o nível de serviço apropriado? A resposta requer a análise de variáveis como: estrutura de canais de distribuição, tipo de distribuição (intensiva, extensiva ou selectiva), merchandising (acções de marketing no ponto de venda), logística de distribuição e de stocks e gestão da força de vendas.

. Bibliografia:

Bibliografia:

The Logic of Business Strategy de Bruce Henderson (Ballinger, 1984)e Strategic Market Planning, de Abel e Hammond (Prentice-Hall, 1979

Marketing Management, de Philip Kotler (Prentice-Hall, 1971, 7ª edição); Basic Marketing – A Managerial Approach, de Jerome McCarthy (Inwin,1960)

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gestão

MOTIVAÇÃO A essência do conceito está em descobrir o que leva as pessoas a comportar-se de determinada maneira. Aplicada à gestão de empresas pretende responder a questões como: •

Porque é que os consumidores preferem um produto, uma marca, ou um serviço em relação às rivais?

Que factores influenciam um trabalhador a exercer a função com maior empenho?

O que leva os gestores a adoptar um estilo de liderança autoritário ou paternalista?

Dentro das necessidades de Maslow temos:

O conceito de motivação nasceu no final dos anos 20 através de experiências do australiano Elton Mayo, que fundou a escola de relações humanas, uma filosofia oposta à de Taylor (autor dos princípios científicos do trabalho). Mayo pretendia provar que os trabalhadores não eram motivados apenas pela remuneração, mas também por outros factores como: as condições de trabalho e o apreço pelas chefias. Nos anos 50, dois autores deram uma contribuição decisiva para esta corrente de pensadores: Abraham Maslow e Frederick Herzberg. O primeiro inventou o conceito de hierarquia ou pirâmide de necessidades que influenciam o comportamento humano

Fisiológicas (alimentação, repouso);

Segurança (protecção, habitação);

Sociais (amizades, inclusão em grupos);

Auto-Estima (reconhecimento, confiança);

Auto-Realização (utilização plena dos talentos individuais).

Frederick Herzberg, criou a teoria dos dois factores: •

Os higiénicos (condições de trabalho, salário, benefícios sociais e clima de trabalho), cuja ausência produz insatisfação;

Os motivadores (promoção, ampliação ou enriquecimento do cargo, delegação de responsabilidades), cuja presença gera satisfação.

. Bibliografia: Marie Parker Follet, de Pauline Graham (HBS Press, 1995) Understandig Motivation, de J. Adair (Talbot Adair, 1990); Organizational Psichology, de E.Schein (Prentice-Hall, 1980); The Human Side of the Enterprise, de McGregor (McGraw-Hill, 1960); Motivation and Personality, de Maslow (Harper & Row, 1954) e The Human Problems of na Indsutrial Civilisation, de Mayo (HBS Press, 1933)., Humanator, de Pedro B. da Câmara, Paulo Balreira Guerra, Joaquim Vicente Rodrigues, 2ª Edição Publicações D. Quixote.

Pirâmide das necessidades de Maslow

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gestão

Filipa Couto Licenciada em Gestão de Empresas Pós-Graduada em Gestão de Centros Urbanos

GLOSSÁRIO BOLSA DE VALORES

J Joint-Venture

Empresa criada por duas outras, já existentes, para a realização de um empreendimento, que não é possível realizar por uma só. A sua duração é limitada.

Júnior Bonds

Obrigações secundárias, servem para completar uma emissão

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posite


informática de gestão

FILIPA COUTO

VALOR ACTUAL LIQUIDO (VAL) TAXA INTERNA DE RENTABILIDADE (TIR) Fomos consultados para fazer uma análise da empresa XPTO SA, que pretende entrar em Bolsa no final do 4º ano através de uma Oferta Pública Inicial (IPO - Initial Public Offer), ou em alternativa, a empresa poderá ser vendida a um concorrente por um preço pelo menos equivalente a 6 vezes o seu Excedente Bruto de Exploração (EBITA), mas poderá ser vendida por 1 um múltiplo de 10, embora o mais provável seja um múltiplo de 7 vezes Os pressupostos são os seguintes:

Pressupostos

Dados

Investimento

2.000.000

Taxa de crescimento das vendas

40%

Custos Operacionais (%)

45%

Vida útil (anos)

12

Imposto s/Lucros (%)

35%

Ciclo financeiro (dias)

30

Custo médio do Capital (8%)

8%

Múltiplo do EBE ou EBITA

7

Vamos determinar o “Valor do Projecto”, usando para o efeito, o EXCEL2007.

Figura 1

1 Neves, José Carvalho das “Avaliação de Empresas e Negócios”, McGrawHill, pg. 278 a 284.

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Temos em “Pressupostos”, o valor das Vendas do 1ºano. Este valor, tem de ser inserido no mapa onde vamos determinar o “Valor do Projecto” conforme figura 1. Como as Vendas têm um crescimento de 40%, para os anos seguintes, vamos multiplicar as Vendas do ano anterior pela taxa de crescimento, conforme aparece na figura acima “=C21*1,4”. De seguida arrastamos com o rato a fórmula até ao 4º ano. Os Custos Operacionais, de acordo com os “Pressupostos”, têm uma taxa de 45% sobre o valor das Vendas. No “Valor do Projecto”, a seguir às Vendas, vamos colocar os Custos Operacionais, conforme figura a seguir:

Figura 2

Para o cálculo dos Custos Operacionais, utilizamos a fórmula “=C21*$B$11”, que foi arrastada até ao último ano. Porquê “...$B$11”? Porque como já referimos em revistas anteriores, quando temos uma constante, caso da percentagem dos Custos Operacionais (45%), temos de colocar os $...$, para não alterarmos a fórmula e por consequência o resultado. Para se obter o $...$, pressionamos F4, sobre a célula pretendida. De seguida vamos calcular o Excedente Bruto de Exploração, que corresponde à diferença entre as Vendas e os Custos Operacionais.

Figura 3

Seguem as Amortizações do Exercício. Em “Pressupostos” é referido que o investimento tem o valor de 2.000.000 unidades monetárias (u.m.) e a vida útil em anos, é de 12. O quociente desta divisão corresponde ao valor das Amortizações.

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informática de gestão

Figura 4

Os Resultados Operacionais, obtêm-se pela diferença entre o Excedente Bruto de Exploração e as Amortizações.

Figura 5

Por uma questão de simplificação, há interesse em colocarmos os Resultados Operacionais Acumulados, porque para calcularmos o Imposto s/Lucros, este incide só sobre os lucros, mas temos de deduzir os prejuízos acumulados.

Figura 6

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Como acima referimos, o Imposto s/ Lucros, só incide sobre os lucros, deduzidos dos prejuízos acumulados.

Figura 7

Os Resultados Operacionais após Imposto, correspondem neste exercício, ao Resultado Liquido. É a diferença entre Resultados Operacionais e o Imposto s/Lucros.

Figura 8

Necessidade em Fundo de Maneio (NFM), a sua noção está ligada à necessidade financiamento do ciclo de exploração. Este exige uma série de meios financeiros para realizar pagamentos das despesas operacionais tais como: a) Pagamento a fornecedores de matérias-primas, mercadorias e outros materiais; b) Pagamento ao pessoal; c) Pagamento de fornecimentos e serviços diversos Para o efeito, é necessário que a empresa assegure meios financeiros para dar cobertura às despesas referidas. Para o cálculo das NFM temos as Vendas sobre o número de dias do ano, vezes o ciclo financeiro referido em “Pressupostos”.

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informática de gestão

Figura 9

A variação das NFM, é determinada pela diferença das NFM do ano “n+1” menos o ano “n”.

Figura 10

O Fluxo de Caixa Operacional também conhecido como Cashflow Liquido, corresponde à soma algébrica do Resultado Líquido,(no caso deste exercício Resultados Operacionais após Imposto), mais as Amortizações, menos a Variação das NFM. Porque é que se soma as Amortizações? Porque a nível de Análise de Projectos de Investimento não provocam fluxos financeiros.

Figura 11

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Depois de calcularmos o “Valor do Projecto”, vamos determinar a sua “Avaliação”. Vamos começar pelo Valor Residual, que corresponde ao valor da empresa no final do período de previsão.

Figura 12

Depois de calcularmos o Valor Residual no final do período, vamos determinar o Valor Residual antes do Projecto, que corresponde a:

Vr0 = Valor Residual antes do Projecto Vr = Valor Residual no final do Projecto Km = Custo médio do Capital n = número de anos do Projecto Assim, para calcularmos o Valor Residual antes do Projecto, temos a fórmula constante na figura a seguir

Figura 13

Valor Bruto do Projecto, que corresponde ao Valor Actual Liquido (VAL). Assim, podemos dizer que o VAL, é o valor actual de um dado investimento ou projecto que esperamos ser viável no futuro. Para o efeito, temos de actualizar o valor de cada

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informática de gestão

cashflow e compará-los com o valor do investimento. Se o valor do investimento for inferior ao valor actual dos cashflows, o VAL é positivo, o que significa que o projecto apresenta uma rentabilidade positiva. Para actualizar os cashflows futuros, é utilizada uma taxa a que se designa por taxa de desconto. Essa taxa, não é mais do que uma taxa de juro sem risco (por norma utiliza-se as taxas de juro das Obrigações de Tesouro), acrescida de um prémio de risco.

VAL = Valor Actual Líquido Cfi = Cashflow no ano i t = Taxa de desconto i = Período O VAL pode ser calculado via EXCEL, usando para o efeito em “Fórmulas”as funções financeiras e dentro destas o VAL. A esta fórmula temos de juntar o Valor Residual antes do Projecto.

Figura 14

Tendo por base os valores anuais esperados dos fluxos de caixa ou cashlows, o projecto apresenta um VALOR ACTUAL LÍQUIDO esperado de 354.601 unidades monetárias.

Figura 15

Nota: Continuação deste trabalho na próxima edição.

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ciências sociais

anabela Neto Docente da Universidade Lusíada de Lisboa

A POBREZA EA EXCLUSÃO SOCIAL

A

noção de exclusão social é relativamente recente, sendo a sua abordagem dificultada pela difusão que vai tendo nos vários discursos, nomeadamente nos meios políticos e intelectuais. Com efeito, à medida que a noção de exclusão se generaliza e a sua utilização se torna mais comum, ela torna-se mais fluida e, por vezes, equivoca. A exclusão surge com a agudização das desigualdades, resulta de uma desarticulação entre as diferentes partes da sociedade e os indivíduos, gerando, como sublinha Luís Capucha em “Pobreza, exclusão social e marginalidade”, uma não participação num conjunto de benefícios que definem um membro de pleno direito dessa sociedade – inerente à figura dos excluídos – opondo-se claramente à noção de integração social.

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Trata-se de um fenómeno multidimensional, como um conjunto de fenómenos sociais integrados que contribuem para a produção do excluído. Coexistem, ao nível da exclusão, fenómenos tais como o desemprego, a marginalidade, a discriminação, a pobreza entre outros. Nas sociedades modernas ocidentais a pobreza e a exclusão reforçam-se mutuamente. A exclusão do mercado de trabalho gera pobreza e esta impede o acesso a bens essenciais como a habitação e a saúde. Isto leva-nos a concluir que um excluído é aquele que não consegue uma identidade no trabalho, na família e até na sociedade onde está inserido. A exclusão social provoca uma quebra grave entre o cidadão e a sociedade; tanto que quer a pobreza quer a exclusão apa-

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A exclusão surge com a agudização das desigualdades, resulta de uma desarticulação entre as diferentes partes da sociedade e os indivíduos, gerando, como sublinha Luís Capucha em “Pobreza, exclusão social e marginalidade”, uma não participação num conjunto de benefícios que definem um membro de pleno direito dessa sociedade – inerente à figura dos excluídos – opondo-se claramente à noção de integração social. recem muitas vezes associadas ao aparecimento de “classes marginais” que põem em causa a estabilidade e a normalidade sociais. Todos sabemos que, hoje em dia, a pobreza não representa apenas a insuficiência de recursos económicos, ela pode e deve ser analisada como pobreza absoluta ou relativa, pobreza rural e urbana e temporária ou duradoura. Não vamos aqui explicar o que cada um desses conceitos significa, gostaria antes de revelar que concebendo a pobreza como um dos fenómenos integrantes da exclusão social é uma forma de exclusão e não um resultado dessa mesma exclusão. A pobreza é um problema social, ou seja, um problema cujas causas se encontram na sociedade, no modo como a sociedade está organizada, como refere o Professor Alfredo Bruto da Costa a “a pobreza é um problema político maior” em que é preciso que os governos desempenhem o seu papel e que as sociedades assumam o seu. A este propósito, é do nosso conhecimento que muito se tem feito para resolver o problema da exclusão e da pobreza. Os estados estão cada vez mais empenhados em resolver estes dramas sociais, até porque os Estados precisam de activos válidos para competir e tentam redefinir o seu papel. Há hoje propósitos de fomentar uma certa complementariedade ao nível das políticas de protecção social, na medida em

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que procuram promover o combate à exclusão social, através da produção legislativa que enquadra as acções a este nível. As políticas Sociais dos Estados , em particular, têm-se pautado por um conjunto de acções interrelacionadas entre si, tomadas por um actor ou conjunto de actores políticos respeitantes à escolha de objectivos e meios para os alcançar no contexto de uma situação específica. Naturalmente o decisor é o Governo, ao mesmo tempo que a influência de outros agentes decorre do seu papel no processo de tomada de decisão inscrito nas regras institucionais vigentes. Mas o que importa é que a Política Social tem como objectivo, se quisermos, como objectivo mais elevado o de contribuir para o bem estar social.

A exclusão social provoca uma quebra grave entre o cidadão e a sociedade; tanto que quer a pobreza quer a exclusão aparecem muitas vezes associadas ao aparecimento de “classes marginais” que põem em causa a estabilidade e a normalidade sociais.

É este bem estar social que, para além da sua natureza ideológica , pode e deve ser visto pelos decisores como o último objectivo para satisfazer as necessidades de todos os cidadãos, ou seja, e em termos conclusivos, todos devemos ser tratados de maneiras iguais, obter as mesmas oportunidades e ter os mesmos direitos não esquecendo que manter uma cultura própria é positivo e extremamente importante para que possamos viver num Mundo mais justo e solidário e a luta contra a exclusão e a pobreza tenderá a restituir o poder que pertence a todo o Cidadão Pobre e Excluído e que é necessário para o exercício pleno da Cidadania para tanto é necessário o envolvimento de entidades radicadas na Sociedade Civil que assumem o papel de parceiros directos do Estado na prossecução de Políticas Certas para as Pessoas Certas. Há que continuar a Acreditar na Solidariedade.

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tecnologia

JOSÉ LUÍS MAGRO

O MUNDO DA TECNOLOGIA General Motors admite carros sem condutores dentro de dez anos O construtor automóvel norte-americano General Motors (GM) admite que dentro de uma década estejam disponíveis no mercado os primeiros automóveis que não precisam de condutor, mesmo para estacionar. Fonte da GM indicou que o presidente executivo da companhia, deverá dedicar terça-feira o seu discurso na exposição da electrónica de consumo em Las Vegas, aos automóveis sem condutor, um projecto em que trabalham a GM, fornecedores e universidades. “Isto não é ficção científica”, garantiu em entrevista recente Larry Burns, vice-presidente da GM com o pelouro da investigação e desenvolvimento. Muita da tecnologia para conseguir veículos sem condutor já existe, desde o controlo de condução baseado em radar e

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sensores de movimento, até aos sistemas de navegação baseados em satélite, admitindo-se que os veículos de condução automatizada poderiam reduzir fortemente a sinistralidade e os congestionamentos de trânsito. Especialistas afirmam, que os obstáculos a esta tecnologia são mais humanos, inclusivamente legais, do que técnicos, e Larry Burns considera que agora a questão é, o que é que a sociedade quer fazer com esta tecnologia, sublinhando que tecnicamente não há nenhuma razão pela qual não possamos transitar para um mundo totalmente diferente. Entre as questões que se levantam, destaca-se a perda de privacidade, num mundo em que os automóveis comunicam entre si em rede, e com os sistemas de estradas e auto-estradas, permitindo saber todas as deslocações de quem os ocupa. A Universidade Carnegie Mellon desenvolveu com apoio da GM e de fornecedores de componentes automóveis, informática e telecomunicações, um Chevrolet Tahoe baptizado

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de “Boss”, que participou no final de Outubro do ano passado, numa competição única de três dezenas e meia de equipas de automóveis sem condutor.

Estudo volta a apontar perigos dos telemóveis para a saúde

Esta competição é patrocinada pela Agência de projectos de investigação avançada de defesa (DARPA), ligada ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O “Boss” vem equipado com controlos de condução por computador, radares, lasers e câmaras para apoio à condução. O software substitui os condutores humanos. A GM prevê usar um chip informático barato e uma antena para ligar veículos equipados com tecnologias sem condutor que, numa primeira fase, poderia servir para em auto-estradas, o condutor poder optar entre conduzir o veículo, ou pô-lo em piloto automático, enquanto nas localidades se manteria a condução humana, segundo Burns. Aquele vice-presidente salientou que a GM prevê poder testar a tecnologia de carros com “piloto automático” em 2015 e ter carros com esta tecnologia no mercado por volta de 2018. Sebastian Thrun, professor de engenharia da Universidade de Stanford, que participou na experiência de carros sem condutor, patrocinadas pelo Pentágono, considerou que os objectivos da GM são tecnicamente possíveis. Mas disse, não estar convicto de que esta tecnologia apareça nos salões automóveis dentro de uma década. Os testes patrocinados pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, mostraram que a tecnologia ainda não é completamente fiável e que se verificaram alguns problemas.

Um estudo publicado no American Journal of Epidemiology volta a questionar o impacto na saúde das ondas de radiação emitidas pelas antenas dos telemóveis. Um tema que tem originado vários estudos, nem sempre com resultados semelhantes. A investigação concluiu que as radiações dos móveis, aumentam o risco de cancro das glândulas salivares em cerca de 50 por cento nos utilizadores frequentes, que usem o equipamento 22 ou mais horas por mês. O perigo é ainda mais elevado, no caso dos utilizadores que têm tendência a falar sempre do mesmo lado, usando sempre a mesma a orelha. Conclui o estudo realizado com o apoio da Organização Mundial de Saúde. Foram analisados na pesquisa 460 doentes, sendo que 402 desenvolveram tumores benignos e 58 desenvolveram tumores malignos. Fonte: France Press

Widgets para Windows Vista

Sebastian Thrun considera que um dos principais benefícios daquela tecnologia, poderá ser o aumento da segurança rodoviária, permitindo uma redução para metade, dos cerca de 42 mil mortos nas estradas dos Estados Unidos, onde 95 por cento dos acidentes, são causados por erro humano. Fonte: Lusa

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Uma das funções mais interessantes introduzidas no universo Microsoft pelo sistema operativo Windows Vista, é a possibilidade de correr pequenos programas utilitários, de forma permanente, numa porção do ecrã do desktop e com uma pegada mínima sobre os recursos do computador. Este tipo de mini-aplicações tem vindo a ser popularizadas não só pelo Vista, mas também por um número cada vez maior de sistemas operativos, browsers e serviços online. Apesar de

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cada interpretação da arquitectura geral destas aplicações, ter um nome diferente: Gadgets para a Microsoft, Widsets para a Nokia, Widgets para a Apple e para a Google. Este tipo de programas é geralmente conhecido por Widgets.

A Microsoft inclui onze gadgets de origem na Sidebar, cobrindo funcionalidades básicas como o estado do tempo, tomar notas rápidas, informação da Bolsa... Mas existem muitos mais gadgets disponíveis na net.

A ideia dos Widgets, é facilitar a interacção dos utilizadores com funções relativamente simples (ou não!) e frequentemente utilizadas de um computador. Os Widgets podem apresentar informação local, como por exemplo, a visualização em tempo real dos recursos do computador, informação retirada da web, como cotações da Bolsa, feeds RSS, ou serem simplesmente decorativos.

O Outlook info permite visualizar de forma rápida e sem utilizar a aplicação principal, diversas informações do Outlook, tais como o número de emails por ler e eventos seguintes. Para quem quer saber sempre o que se está a passar debaixo do “capot” o Multi Meter permite consultar, em tempo real, informação sobre o hardware do sistema, incluindo carga do processador ou núcleos (suporta configurações dual-core) e RAM. O App Launcher é, tal como o nome indica, um gadget que permite iniciar aplicações através dos seus ícones, sem ter de recorrer a sub-menus da barra Start/Iniciar. É altamente personalizável e permite a manipulação livre do seu conteúdo. Os modos de controlo do sistema, estão agrupados no Control System que permite escolher directamente da Sidebar várias modos de log-off, incluindo desligar, hibernar, reiniciar, sair da conta e trancar a conta. Para ter uma calculadora na Sidebar pode usar o Calculator, com funções científicas e de trigonometria.

Os Widgets têm também uma forte componente estética, intimamente relacionada com o ambiente Aqua em Mac OS X e com o ambiente Aero em Windows Vista e que se prende, em larga medida, com o objectivo de apresentá-los ao utilizador como objectos utilitários, que, por acaso, estão colocados no desktop de um computador. O Windows Sidebar é, visualmente, uma tira translúcida onde residem os widgets, colada ao lado direito do desktop do Windows Vista.

E, com este negócio, os consumidores poderão descarregar os filmes e visualizá-los durante um período limitado, à semelhança do que acontece quando o utilizador aluga um DVD num clube de vídeo comum. Actualmente, a Apple já oferece alguns títulos de outros estúdios, entre os quais Walt Disney ou Paramount Pictures. Agora, com a nova parceria, a empresa pretende dar um novo impulso ao mercado de filmes online e reavivar a sua secção de vídeo do iTunes, cujas vendas têm vindo a crescer, e a aproximar-se dos números obtidos na área de descarga de músicas. A diferença entre este acordo e os anteriores, é que, enquanto a Walt Disney, a Paramount, a Metro-Goldwyn-Mayer e a Lionsgate apenas disponibilizam filmes para venda - com estas três últimas a fornecerem apenas títulos antigos -, a Fox permitirá o aluguer dos filmes mais recentes. De acordo com o Financial Times, a Apple tinha a intenção de anunciar o acordo com a Fox em Janeiro, pela altura da MacWorld. Com a informação tornada pública mais cedo, especula-se agora a possibilidade da empresa estar interessada em negociar com as restantes produtoras, a possibilidade de alargar o acordo que as une, de forma a colocar os filmes já disponibilizados, na versão de aluguer. Fonte: Tek

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INOVAÇÃO

COMPETITIVIDADE

Largo 4 de Fevereiro Caixa Postal 1229 Tel/Fax: 222 311 178/87 Luanda-Angola e-mail: geral@portoluanda.co.ao www.portoluanda.co.ao

SATISFAÇÃO

PORTO DE LUANDA


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SAÚDE, UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

SAÚDE UM LONGO CAMINHO A PERCORRER JLMagro

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J

ulgamos que este título é elucidativo do que temos de fazer no sentido de todo o angolano, independentemente do extracto social e do lugar onde vive, venha a ter uma Saúde com qualidade e com boa capacidade de resposta.

Há muitos projectos. Há muitos programas a nível de Saúde. Vamos aguardar pela sua consecução. Mas, a melhoria da Saúde, não é só tarefa do Governo. Ao Governo compete lançar as políticas e estratégias para termos melhor Saúde. Mas, a prevenção os cuidados que cada um de nós tem de ter com a sua Saúde, é tarefa de cada um. A malária ou paludismo, é a doença que mais mata em Angola. A sua causa está identificada: o lixo. A remoção do lixo que deve ser colocado em lugares próprios, é da responsabilidade do Governo. Mas, vê-se mesmo em Luanda, em prédios na sua baixa, moradores a atirarem o lixo dos seus andares para terrenos baldios, que poderiam ser aproveitados para jardim ou parque de estacionamento. Com isto pretendemos dizer que quer a educação cívica quer a educação ambiental, são assaz importantes para a qualidade e manutenção da nossa Saúde. Para além da malária, temos as endemias, como a tuberculose e o VHI/SIDA e dentro das epidemias, a cólera que tudo indica está controlada. Mas, há outras doenças que também devem ser tratadas e debeladas. São as chamadas doenças crónicas, como diabetes, hipertensão… Temos um país com poucos médicos, nomeadamente nacionais. Vamos esperar que no médio prazo possamos ter mais médicos angolanos, distribuídos de uma forma equitativa pelo país. É preciso que o Governo crie condições de alojamento. É preciso que o Governo crie condições de estímulo, que podem passar pelas comissões de serviço. O Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2006 e 2007, atribuiu ao sector da Saúde uma fatia na ordem dos 4% do valor da Despesa Pública. O OGE para 2008, prevê uma fatia maior, na ordem dos 7%. Vamos ver se os directores dos hospitais em particular, e os responsáveis pelo sector da Saúde, vão ficar mais satisfeitos com este aumento orçamental. Vamos ver onde vai ser aplicado este aumento orçamental. Assiste-se pelo país à recuperação, à construção e apetrechamento das unidades hospitalares, com o apoio da linha de crédito da China. São importantes e necessárias estas infra-estruturas. Esperemos, tal como já referimos, que consigamos no médio prazo, termos técnicos que consigam manter essas infra-estruturas. Temos de as conservar e dar melhor aproveitamento ao equipamento que está a ser colocado nessas unidades hospitalares.

O ESTADO DA SAÚDE NA ÓPTICA DO MINISTRO QUE A TUTELA Para sabermos e percebermos as políticas e estratégias do Governo para o sector da Saúde, ouvimos o titular da pasta, o Ministro Anastácio Sicato:

Quais são as forças da Saúde em Angola? A principal força, é o próprio Homem angolano, mais concretamente, o que está ligado ao sector da Saúde, com toda a sua dedicação. Às vezes, costumo dizer o seguinte: “se tirarmos estas pessoas, já não temos Saúde”. A força da Saúde está também no envolvimento político que o Governo tem em relação à Saúde, ou seja, existe um forte empenho do Governo em melhorá-la a todos os níveis e, a prova, está no aumento da verba para a Saúde, contida no Orçamento Geral do Estado. Temos também, de considerar os diversos parceiros que dão o seu apoio nas formas mais variadas, que vão desde a assessoria técnica até ao financiamento.

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Anastácio Sicato, Ministro da Saúde

Quais são as fraquezas da Saúde em Angola?

No momento, as fraquezas estão sobrepostas à forma evolutiva do nosso país. Paradoxalmente, as fraquezas têm a ver com as estratégias que os diversos responsáveis a todos os níveis têm de implementar, tendo em linha de conta, os recursos que estão à sua disposição. É necessária uma boa articulação a nível de recursos humanos e materiais, para implementar de uma forma eficaz essas estratégias.

No ano de 2007, Angola gastou cerca de USD 20 milhões com o envio de doentes para o exterior. Quais são as estratégias para minimizar este gasto? Temos de alterar a situação actual. Temos de investir dentro do país, nas várias especialidades onde estamos mais carentes, no sentido de evitar ou minimizar o envio de doentes para o exterior. Porém, é necessário termos presente, que quando temos um doente com um certa patologia, como exemplo cardiologia, pode acontecer mais tarde, que seja necessário cumprir com certos procedimentos para a reabilitação efectiva do doente. Para situações destas, ainda não temos infelizmente, meios no país, para solucionar o problema, pelo que temos de recorrer ao estrangeiro. Há uma estratégia que tem como objectivo criar parcerias em especialidades, de A a Z, onde estamos mais carentes e colocá-las no nosso país. Defendemos que não podemos ficar parados na prestação de serviços no exterior, porque senão, não temos crescimento a nível de Saúde. Para o efeito, temos de formar quadros angolanos com qualidade. Para este tipo de parcerias implica um certo investimento público, e é preciso que haja fundos de investimento, que vão ultrapassar os USD 20 milhões, que referiu. Porquê? Porque estamos a investir em recursos humanos (formação) e recursos materiais (equipamentos) e esperamos que daqui a cinco anos, Angola vá ganhar muito neste domínio, possibilitando o tratamento de qualidade ao maior número de doentes.

Defendemos que não podemos ficar parados na prestação de serviços no exterior, porque senão, não temos crescimento a nível de Saúde. Para o efeito, temos de formar quadros angolanos com qualidade.

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Está a funcionar muito recentemente em Benguela um centro oftalmológico, com técnicos cubanos que, quando estiver a funcionar em pleno, vai reduzir o número de doentes a enviar para o exterior. Este centro, está enquadrado num projecto global do Ministério da Saúde, que foi apresentado por uma equipa técnica liderada por oftalmologistas angolanos, que têm como objectivo criar vários pólos de oftalmologia no nosso país, com parcerias a nível de apoio técnico, administrativo e formação de quadros.

Centro Oftalmológico de Benguela

Posso dar outro exemplo: o programa de cirurgia plástica. Este programa teve o seu início no princípio deste ano e está sedeado no hospital do Prenda. Tem subjacente uma parceria com uma entidade portuguesa. O princípio, é que todos os doentes de cirurgia plástica, sejam tratados no país. No caso de não ser possível, esses doentes devem ser encaminhados para centros no exterior no quadro desse programa, ou então, o próprio programa deve contratar especialistas no exterior, que venham a Angola tratar desses doentes.

O programa de cirurgia plástica. Este programa teve o seu início no princípio deste ano e está sedeado no hospital do Prenda. Tem subjacente uma parceria com uma entidade portuguesa. O princípio, é que todos os doentes de cirurgia plástica, sejam tratados no país. No caso de não ser possível, esses doentes devem ser encaminhados para centros no exterior no quadro desse programa, ou então, o próprio programa deve contratar especialistas no exterior, que venham a Angola tratar desses doentes

Muito recentemente, o Sr. Ministro teve um encontro com médicos angolanos radicados no Porto. Nesse encontro, foi referido pelo Sr. Ministro, que o seu Ministério está aberto ao regresso desses médicos, e empenhado em criar as melhores condições possíveis de instalação. Já há vontade expressa desses médicos em querer regressar? Temos de facto, muito médicos angolanos fora do país a trabalhar, praticamente em todos os países ditos desenvolvidos. O Governo defende o regresso dos médicos, em condições que sejam aceitáveis para ambas as partes. Também é verdade que a nível salarial, não podemos criar diferenças substanciais entre os que regressam e os que cá estão a trabalhar. É importante que, quer uns quer outros se sintam bem dentro do seu país. Por outro lado, é necessário que os médicos que regressem, nomeadamente os especialistas, encontrem em Angola, os meios necessários para exercer a sua actividade. Sobre este assunto, temos reflectido bastante. No ponto de vista social, ou seja, criar as melhores condições para o seu regresso, tem de haver uma acção concertada entre os Ministérios da Saúde, das Finanças e da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS).

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Técnicos de Saúde do Hospital do Prenda

O que tem feito o Ministério da Saúde a nível de formação para médicos, paramédicos e enfermeiros? O Ministério da Saúde tem estado a discutir com vários parceiros, havendo já estratégias acordadas e aceites no que concerne à formação de várias especialidades. Depois, há escolas no nosso país, que vão criando cursos em várias áreas. O grande óbice, é por vezes o acompanhamento desses cursos, no sentido de sabermos se os quadros estão devidamente formados.

Ministro da Saúde e o director da Valor Acrescentado

Para quando uma medicina global ou integrada em Angola? Temos de criar fóruns em Angola, para que possamos ter uma capacidade de resposta global ao nosso doente. Tal ultrapassa, as Ordens dos Médicos, Enfermeiros e todo o meio envolvente. Quando temos por exemplo, num centro hospitalar e dentro dele, a especialidade de cardiologia, implica que esta consiga responder de uma forma global. Ora, tal implica, que a nível de Governo, nós tenhamos de saber quais as politicas e estratégias a implementar a nível de cada especialidade. Ora, o Ministério só pode tomar decisões sobre a medicina global ou integrada, se tiver todos os elementos, se fôr bem orientado e aconselhado. Não podemos ter 50 cardiologistas, 80 ortopedistas, quando outras especialidades estão carentes de técnicos. Tem de haver equilíbrio. Para tal é necessária a ajuda e o apoio da sociedade civil.

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Essa medicina global ou integrada, é possível desenvolvê-la nos grandes centros populacionais. Mas temos de pensar nos doentes do interior, onde há uma grande falta de médicos. Por outro lado, a medicina privada existe só nos ditos grandes centros. Quais são as estratégias do Governo para esta realidade? No interior, o Estado tem de ter um papel mais incisivo, porque os privados têm outro objectivo: o lucro. Por outro lado, não cabe ao privado esbater as desigualdades entre o litoral e o interior. Compete sim, ao Estado. Este, tem de procurar minimizar as assimetrias entre o litoral e o interior, no sentido de se poder dizer que a Saúde é igual para todos, independentemente do lugar onde estamos.

Enfermaria de pediatria do Hospital Boa Entrada - CADA

Ora o Estado, para conseguir esse objectivo, tem de criar politicas de estímulo. Por exemplo, localidades como Cazombo, Lumbala Nguimbo, que estão muito próximas da fronteira com a Zâmbia, mas muito longe dos centros de decisão. Com o desenvolvimento do país, os estímulos para localidades como aquelas, têm de estar no topo da agenda. Inclusive as estratégias a implementar, têm de ultrapassar o nível técnico, porque na realidade é matéria de natureza política.

Ora o Estado, para conseguir esse objectivo, tem de criar politicas de estímulo. Por exemplo, localidades como Cazombo, Lumbala Nguimbo, que estão muito próximas da fronteira com a Zâmbia, mas muito longe dos centros de decisão. Com o desenvolvimento do país, os estímulos para localidades como aquelas, têm de estar no topo da agenda. Inclusive as estratégias a implementar, têm de ultrapassar o nível técnico, porque na realidade é matéria de natureza política.

A nível de indicadores internacionais, incluindo a Organização Mundial de Saúde, Angola está na cauda a nível mundial, mesmo a nível de África. Qual é o seu comentário. Infelizmente ainda há muitos indicadores que estão a ser propalados a nível mundial, que estão muito desactualizados, como a cólera e a mortalidade materna. Ainda há indicadores quer em Angola quer a nível internacional, que referem uma mortalidade materna superior a 1.500 mortes em cada 100 mil nascimentos vivos. Há mesmo estatísticas que publicam 1.600 mortes. Todos os estudos que temos em nosso poder(alguns elaborados pelas nossas entidades sanitárias e outros encomendados a entidades independentes), apontam para uma mortalidade materna inferior a 1.000. Essas estatísticas que estão a ser divulgadas a nível internacional, têm como base o tempo de guerra. Neste momento, é tarefa primordial do Ministério da Saúde actualizar essas estatísticas com o apoio da UNICEF.

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Todos os estudos que temos em nosso poder(alguns elaborados pelas nossas entidades sanitárias e outros encomendados a entidades independentes) apontam para uma mortalidade materna inferior a 1.000.

SAÚDE, UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

Estamos no meio do percurso entre 2000 a 2015, data em que se espera que os países cumpram os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Neste momento, estamos a discutir a nível internacional, as estratégias traçadas para conseguir tal objectivo, corrigindo e refinando determinados procedimentos a nível sanitário. Entre os vários encontros que tivemos, chegamos à conclusão que muitos dados estatísticos, são conseguidos por via indirecta, ou seja, fazem-se pequenas amostras e depois as respectivas projecções, que estão longe da realidade, porque as amostras não estão a ser bem definidas. Em Abril do corrente ano, em Joanesburgo, ficou determinado que é necessário quantificar o número de óbitos, quer infantis quer maternos, no sentido de termos dados estatísticos mais fiáveis. Ora, para montar essa máquina, vai implicar investimento, o que, por sua vez implica um maior esforço orçamental do nosso Governo. Mas é indubitavelmente a melhor maneira que temos, para controlar as nossas estatísticas e definirmos melhor, determinadas estratégias. Por outro lado, é necessário que esta informação seja completa. Porque por exemplo, quando referimos que a taxa de mortalidade materna ronda os 1.000, temos de desenvolver mais, ou seja, dentro dela, qual a percentagem provocada por hemorragias, bem como as outras percentagens que provocaram este tipo de morte. Temos da província da Huila dados muito bem apurados, em que mostram que a principal causa da mortalidade materna entre 2006-2007, era a malária, quando é normal dizer-se que a principal causa é a hemorragia. Em Luanda, estudos mais controlados, mostraram outra causa. Isto leva-nos a criar meios para definir quais as principais causas da mortalidade materna e criar meios para combater essas causas. Com a introdução destas metodologias, estamos convencidos que até 2015, vamos reduzir drasticamente a taxa de mortalidade materna.

Quais são as principais endemias em Angola? A principal é a malária. As províncias a Norte, têm um maior número de casos, porque as condições ecológicas e climatéricas são mais favoráveis ao mosquito que transmite a doença. A estratégia a nível mundial, é erradicar de vez a malária. Tal é possível, usando os meios que estão ao nosso alcance, ou seja, um mosquiteiro para cada cama, uma profilaxia nas situações de maior risco, (mulheres grávidas e crianças) e uma terapêutica devidamente adequada. Tivemos recentemente uma reunião da União Africana, em Genebra, (aproveitando a reunião que tivemos nessa cidade com a Organização Mundial de Saúde), e concluímos, que é mais fácil erradicar a malária nas ilhas. Porquê? Porque o mosquito sózinho não consegue percorrer centenas de quilómetros, acabando por morrer. O continente africano pela sua morfologia, não deixa de ser uma grande ilha. Assim, se usarmos, como é evidente, em maior escala, as medidas usadas nas pequenas ilhas, é possível erradicar de vez a malária no nosso continente, desde que todos os países apliquem essas medidas.

Mulheres e filhos no Hospital Boa Entrada - CADA

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O problema da malária é um problema de segurança global. África para se desenvolver, vai ter a trabalhar especialistas de todo o Mundo. Ora, estes especialistas, têm todo o interesse em não ficarem doentes com malária. Como tal, têm todo o interesse em verem uma África limpa dessa endemia. Neste sentido, há necessidade de se criar um Fundo Global, cada vez com mais dinheiro, no sentido de como já disse, erradicar de vez a malária. Para além da malária temos duas doenças endémicas, que têm grande peso: •

O VHI/SIDA. Infelizmente em Angola, ainda não estamos numa situação de controlo total da doença. Falta-nos chegar à fase de acesso a toda a nossa população. Cerca de 75% do nosso país ainda não tem serviços de apoio do VHI/SIDA. Esperamos que tal venha a acontecer até ao ano de 2010. Para que haja redução, que é possível, implica que afinemos cada vez melhor as nossas estratégias;

A tuberculose. Infelizmente os números têm tendência a crescer. Em 2007, tivemos cerca de 42 mil novos casos e em 2006, 38 mil novos casos. Uma das causas do aumento destes números, tem a ver com doentes que estavam em zonas remotas e foram recuperados a nível de tratamento. Pode também ter acontecido, que alguns desses doentes não tenham sido bem tratados numa primeira fase, surgindo a reincidência da doença.

A nível de epidemias, a principal é a cólera. A cólera, está mais numa fase endémica, do que de epidemia. Infelizmente, ainda não foi possível a sua erradicação, porque tem muito a ver com o saneamento do meio: água potável.

Uma das formas de erradicar a cólera não passa pela educação do próprio povo? É absolutamente verdade. Os dados que temos, é que não houve agravamento da doença entre o ano passado e este ano, muito embora tenhamos de esperar mais algum tempo, para sermos categóricos nesta afirmação.

Temos muitos médicos estrangeiros a trabalharem em Angola. Quais são os países com maior número de médicos no nosso país? Os médicos vietnamitas são os que estão mais predispostos a trabalharem nos lugares mais recônditos de Angola. Estes médicos têm a tradição de estarem nesses lugares, há muitos anos. O grande óbice, é o domínio da língua portuguesa, importante para o diálogo com os doentes e o pessoal de enfermagem. Tivemos um encontro com a cooperação vietnamita, há cerca de dois meses, e chegámos a um acordo, em que é preciso que haja uma formação mínima desses clínicos, a nível do português. Ora, esta formação vai ser extensiva a todos os médicos estrangeiros que estão a trabalhar no nosso país.

Os médicos vietnamitas são os que estão mais predispostos a trabalharem nos lugares mais recônditos de Angola. Cuba em número, é a principal cooperante. Os cubanos têm a facilidade de serem muito sociáveis e o espanhol é facilmente entendível. Temos também muitos médicos coreanos, mais propriamente da Coreia do Norte e russos.

Médica cubana

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A nível de médicos egípcios, são muito poucos, porque têm a característica de serem muitos diferenciados, ou seja, muito especializados, e temos de reconhecer, que muitas vezes não criamos as condições ideais para estes clínicos trabalharem. Temos ainda médicos, que fazem contratos directamente com o Ministério da Saúde, como brasileiros, portugueses… O que nós pretendemos são médicos competentes, que saibam resolver os problemas de Saúde que temos no nosso país. Tenho dito aos nossos parceiros que mandam para cá médicos, que não é só o médico que vai ser avaliado. É o próprio país. Angola está a desenvolver-se e para que este desenvolvimento seja sustentado, temos de ter cooperantes com qualidade.

Há muitos lugares no país em que o médico é substituído pelo enfermeiro. Que conhecimentos tem o enfermeiro para resolver casos mais complicados que surgem, ou podem surgir? É verdade que há muitos lugares em que só existe o enfermeiro ou enfermeiros. Estes vêem-se obrigados a resolver problemas de todo o tipo. O factor experiência nestes casos é extremamente importante. A formação para estes enfermeiros é assaz importante e necessária.

Reconhecemos que muitos não têm condições de trabalho. Estamos numa actividade que é técnica, não é filosófica, pelo que aqui o que conta, e a capacidade de resolver problemas. A minha satisfação é que anualmente, essas áreas sem condições, estão a ser reduzidas. Temos de conseguir que a Saúde esteja cada vez mais próxima de todos os angolanos.

Reconhecemos que muitos não têm condições de trabalho. Estamos numa actividade que é técnica, não é filosófica. Pelo que, aqui o que conta, é a capacidade de resolver problemas. A minha satisfação é que anualmente, essas áreas sem condições, estão a ser reduzidas. Temos de conseguir que a Saúde esteja cada vez mais próxima de todos os angolanos.

Um dos problemas que os centros hospitalares têm, é a falta de energia eléctrica. Muitos têm geradores, mas ou estão avariados ou não têm meios financeiros para o combustível. O que tem sido feito para ultrapassar esta situação? É claro que é um assunto importante e melindroso. Quando as unidades sanitárias são da jurisdição nacional, o Ministério da Saúde é o primeiro responsável. Acontece que, muitas unidades têm verbas orçamentadas para esse fim, porque são unidades autónomas, ou seja, reportam directamente ao Ministério das Finanças. Depois há unidades que estão dependentes dos Governos Provinciais. Ora, o Ministério da Saúde, não poderia exercer cabalmente esta função se tivesse de fazer toda esta gestão a partir de Luanda. Daí esta distribuição de responsabilidades. As unidades sanitárias nas províncias, devem tratar directamente com os Governos provinciais quaisquer necessidades que tenham. Sabemos que houve problemas sérios em certos hospitais, que por esta ou aquela razão não tiveram o combustível necessário. Mas as informações que nos chegam nos últimos tempos, têm sido bastante positivas. Este ano, não me lembro de ter recebido nenhuma reclamação nesse sentido. Peguemos no sector da vacinação. Precisa de ter as vacinas conservadas todo o ano, e tempos atrás, tivemos roturas de energia, quer de electricidade quer de combustível. Para evitar futuros problemas, estamos a pedir aos nossos parceiros, que seja utilizada a energia solar. Felizmente, já temos muitos frigoríficos a funcionar com energia solar.

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A MALÁRIA OU PALUDISMO São os nomes usados em Angola para esta endemia.

SAÚDE, UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

De acordo com Francisco Teles, consultor do Fundo Global no Programa Nacional do Controlo da Malária, e assessor do Coordenador do Programa Nacional da Malária, “todos nós em Angola estamos expostos ao risco de sermos picados pelo mosquito, portador do paludismo, que se chama anófeles. Porquê? Porque ele existe em todo o território nacional. Porém, há zonas do país, nomeadamente no Norte, onde há maior probabilidade de sermos picados, visto o mosquito gostar mais das zonas quentes, contrastando com a zona Sul que é mais fria. Não resiste a temperaturas baixas no tempo do frio. No centro, a transmissão é moderada.”

Francisco Teles, consultor do Fundo Global no Programa Nacional do Controlo da Malária, e assessor do Coordenador do Programa Nacional da Malária

MAS TODO O MOSQUITO TRANSMITE O PALUDISMO? Não. Francisco Teles, aproveitou para dizer “é a fêmea do mosquito anófeles, que transmite o paludismo. Para transmitir tem de ter consigo o parasita, ou seja, um micróbio que se reproduz em águas estagnadas, charcos, lixos. Nos países desenvolvidos em que eliminaram as águas estagnadas e os lixos, não existem esses parasitas, que se chamam plasmódeo.

Fêmea do mosquito anófeles

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especial

Em 1889, o Serviço Médico Britânico, mandou uma expedição a África. O chefe da expedição era o médico Ronald Ross, especialista em insectos. Este especialista notou que as regiões onde havia malária estavam infestadas por um tipo esquisito de mosquito: o anófeles. Oito anos depois, este especialista provou que o mosquito anófeles carregava quatro parasitas causadores da malária: os plasmódios falciparum, malariae, ovale e vivax. Foi graças a Ronald Ross, que apareceram mais tarde, vacinas cada vez mais eficazes, no sentido de combaterem a malária. Hoje, a esperança concentra-se na nova vacina criada pelos brasileiros Ruth e Victor Nussenweig, da Universidade de Nova York. Fonte: http://super.abril.com.br

SABIA QUE O EXÉRCITO AMERICANO FOI DERROTADO PELO MOSQUITO NO VIETNAM? De acordo com o infectologista Marcos Boulos, do Hospital das Clínicas de S. Paulo e consultor do Centro Rhodia de Doenças Tropicais, os soldados americanos nunca tinham entrado em contacto com o mosquito anófeles, pelo que foram presas fáceis para este minúsculo insecto Fonte: http://super.abril.com.br

A CAUSA ESTÁ IDENTIFICADA E CHAMA-SE LIXO. “Um micróbio que se reproduz em águas estagnadas, charcos, lixos”. Nos países desenvolvidos em que eliminaram as águas estagnadas e os lixos não existem esses parasitas”. Não pretendemos “descobrir a pólvora” como se costuma dizer, mas o problema da malária está desde há muito identificado: lixo. Temos de pensar que o dinheiro gasto na prevenção pelo Estado, não será gasto no tratamento, ou quando muito minimizado. Hoje, a nossa capital que concentra o maior número de habitantes em Angola, tem focos de lixo por muitos lugares. Não tem ainda uma rede de esgotos minimamente capaz, e há charcos também em diversos lugares, formando em determinadas zonas, verdadeiras lagoas, onde os miúdos se deleitam a brincar nessa imundice, muitas vezes com a indiferença da própria polícia. Se a nível de capital estamos assim, não é de admirar que esta endemia se propague por todo o país e seja a que mais mortes causa. Em suma,

O PROBLEMA, PORTANTO, NÃO É REMEDIAR, É PREVENIR

“Um micróbio que se reproduz em águas estagnadas, charcos, lixos”. Nos países desenvolvidos em que eliminaram as águas estagnadas e os lixos, não existem esses parasitas”.

A LINGUAGEM FRIA DOS NÚMEROS CASOS

ÓBITOS

%

1999

3.027.614

26.872

0,899

2000

2.080.348

9.610

0,469

2001

1.249.767

9.473

0,769

2002

1.862.662

14.434

0,779

2003

3.246.268

38.968

1,209

2004

2.489.170

12.489

0,509

2005

2.329.316

13.768

0,599

2006

2.283.094

10.220

0,459

2007

2.726.630

9.812

0,369

Fonte: Programa Nacional da Malária

58 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


SAÚDE, UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

Fonte: Programa Nacional da Malária

Fonte: Programa Nacional da Malária

A análise dos dois gráficos, mostra que o ano de 2003, foi o mais trágico, quer a nível de casos de malária, quer a nível de óbitos. Em 2003 houve 3.246.268 de casos, tendo provocado 38.968 óbitos. Foi também neste ano, que houve a maior percentagem entre óbitos e casos registados, com um valor percentual de 1.20%. O ano de 2001, foi o que registou o menor número de casos 1.249.767, contra o menor número de óbitos 9.473.

“Hoje a malária é uma doença prevenível e curável e controlável, pelo que não há razão para que haja tantos óbitos. É diferente do caso do HIV/SIDA, porque ainda não é verdadeiramente curável”. Assim, da análise a estes dados, não podemos concluir que o paludismo esteja a ser erradicado nos tempos que correm. Porém, concordamos em absoluto, com o que disse Francisco Teles “hoje a malária é uma doença prevenível, curável e controlável, pelo que não há razão para que haja tantos óbitos. É diferente do caso do HIV/SIDA, porque ainda não é verdadeiramente curável”.

AS MEDIDAS PREVENTIVAS Para Francisco Teles, a prevenção tem a ver com “o uso do mosquiteiro, que tem uma dupla função: a primeira que é uma barreira física e, a segunda, uma barreira química, visto estar impregnado de insecticida. Tal acontece nas redes de mosquiteiro tratadas. É preciso ter em atenção que no mercado, estão a ser comercializados muitos mosquiteiros, em que as redes não são tratadas, pelo que, o efeito preventivo que se pretende, é mínimo. Esse produto químico, tem como função, eliminar o mosquito ou reduzir o seu tempo de vida”

A LUTA CONTRA A MALÁRIA EM ANGOLA O objectivo geral é reduzir em 60% o impacto da malária no país, até ao ano de 2013. Dentro dos objectivos específicos temos: •

Que 100% das províncias tenham um mecanismo de coordenação e gestão de acções de prevenção contra a malária;

Maio | Junho 2008 // VALOR ACRESCENTADO

. 59


especial

As crianças são das mais vulneráveis ao paludismo

Que 80% dos menores de 5 anos, e mulheres grávidas com malária simples, nas 2 semanas anteriores ao inquérito, recebam terapêuticas à base de artemisinina (ACT), de acordo com a política nacional de tratamento, nas 24 horas seguintes ao início dos sintomas;

Que 80% dos agregados familiares, possuam pelo menos um mosquiteiro tratado com insecticida (MTI);

Que 80% dos menores de 5 anos, e mulheres grávidas, tenham dormido debaixo de um MTI na noite anterior;

Que 80% dos responsáveis pelos cuidados das crianças, conheçam as causas e sintomas do paludismo, pelo menos um método de prevenção e como tratar de um forma eficaz a doença;

Que os municípios em risco epidémico, detectem epidemias em menos de 2 semanas, e tenham capacidade de dar respostas adequadas;

Que todas as províncias, enviem mensalmente o relatório das actividades da malária para o Programa Nacional do Combate à Malária (PNCM).

O FUNDO GLOBAL DA LUTA CONTRA O VIH/SIDA, TUBERCULOSE E MALÁRIA Como o seu próprio nome diz, é um fundo, cujo principal objectivo é ajudar a combater o VIH/SIDA, tuberculose e malária. Este Fundo é constituído por representantes dos Governos que fornecem donativos, e dos que os recebem. Para além dos Governos, há instituições de peso associadas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Banco Mundial. A distribuição de fundos a nível mundial no ano de 2007, para o combate destas endemias foi: 57% para o VIH/SIDA, 27% para a malária e 15% para a tuberculose. O continente africano foi o que teve a maior fatia da distribuição, com 61% para a África Subsariana. Como refere o Ministro Anastácio Sicato,”o problema da malária é um problema de segurança global. África para se desenvolver vai ter a trabalhar especialistas de todo o Mundo”. Estes fundos são deveras importantes para debelar estas doenças. Mas vão existir, até quando? Quando é que se entregará a cana para nós africanos, começarmos a pescar? Para termos a cana, para sermos autónomos, temos de ter Educação. É esta no nosso entender, a grande aposta de África em geral e de Angola em particular.

Estes fundos são deveras importantes para debelar estas doenças. Mas vão existir até quando? Quando é que se entregará a cana para nós africanos, começarmos a pescar? Para termos a cana, para sermos autónomos, temos de ter Educação. É esta no nosso entender, a grande aposta de África em geral e de Angola em particular.

60 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


José Luís Faria Magro

PLANO GERAL DE

CONTABILIDADE A sua Aplicação com Casos Práticos complementado com Legislação Fiscal e Comercial

Brevemente


especial

Enfermaria do Hospital de Benguela

Mas temos de meditar no que disse Anastácio Sicato “desde que todos os países (africanos) apliquem essas medidas”, ou seja, tem de haver vontade política para em conjunto, serem debelados estes males que colocam África a nível de desenvolvimento humano, como o continente mais atrasado do Mundo. Mas, se os outros não fazem, temos de ser nós angolanos dentro do nosso espaço, a limpar e arrumar a casa. Temos de aproveitar a ajuda do Fundo Global, para criar melhores defesas preventivas, para gastarmos menos nos tratamentos. Para tal ser possível, e insistimos, temos de privilegiar a Educação, que é chave de todo este meio envolvente.

OS NOSSOS RECURSOS HUMANOS Os quadros a seguir mostram-nos o número de médicos nacionais e estrangeiros, distribuídos pelas províncias:

Chefe de Serviços

3

Assistentes Graduados Assistentes Internos Compl. II

1 1

2

1

19

1 2

70

73

43

43

62 1

2

Internos Comp. I

1 1

TOTAL

ZAIRE

UÍGE

NAMIBE

MOXICO

MALANJE

L. SUL

L. NORTE

LUANDA

K. KUBANGO

K. SUL

K. NORTE

HUILA

HUAMBO

CUNENE

CABINDA

BIÉ

BENGUELA

MÉDICOS

BENGO

Médicos nacionais

171

64 1

2

3

86

206 87

Internos Gerais

13

29

10

6

4

19

30

7

20

3

210

11

8

12

8

17

9

3

419

TOTAL

14

31

11

29

6

20

31

9

21

4

642

12

8

12

10

17

9

6

892

Fonte: Direcção Nacional Recursos Humanos -1º semestre/2007

MALANJE

MOXICO

NAMIBE

UÍGE

ZAIRE

TOTAL

2

L. SUL

1

Assistentes

L. NORTE

3

LUANDA

4

K. KUBANGO

10

K. SUL

Assistentes Graduados

K. NORTE

8

HUILA

20

HUAMBO

CABINDA

30

CUNENE

BIÉ

Chefe de Serviços

MÉDICOS

BENGO

BENGUELA

Médicos estrangeiros

22

32

22

12

28

7

72

7

17

25

15

21

9

23

370

2

1

4

11

7

26

5

4

14

13

2

5

4

115

2

1

2

3

2

3

2

2

4

1

2

2

29

Internos Compl. II

1

1

Internos Comp. I

2

2

Internos Gerais

9

9

TOTAL

12

41

26

11

22

36

24

18

42

16

101

14

21

41

32

24

16

29

526

Fonte: Direcção Nacional Recursos Humanos -1º semestre/2007

62 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


BENGUELA

BIÉ

CABINDA

CUNENE

HUAMBO

HUILA

K. NORTE

K. SUL

K. KUBANGO

LUANDA

L. NORTE

L. SUL

MALANJE

MOXICO

NAMIBE

UÍGE

ZAIRE

Nacionais

14

31

11

29

6

20

31

9

21

4

642

12

8

12

10

17

9

6

Estrangeiros

12

41

26

11

22

36

24

18

42

16

101

14

21

41

32

24

16

29

526

TOTAL

26

72

37

40

28

56

55

27

63

20

743

26

29

53

42

41

25

35

1418

Peso Médicos Nacionais (%)

54

43

30

73

21

36

56

33

33

20

86

46

28

23

24

41

36

17

63

Peso Médicos Estrangeiros (%)

46

57

70

28

79

64

44

67

67

80

14

54

72

77

76

59

64

83

37

População

310

670

1200

170

230

1000

800

420

610

150

5000

250

120

700

240

85

500

50

12509

Número de médicos por habitante

0,08

0,11

0,03

0,24

0,12

0,06

0,07

0,06

0,10

0,13

0,15

0,10

0,24

0,08

0,18

0,48

0,05

0,70

892

SAÚDE, UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

MÉDICOS

TOTAL

BENGO

Trabalhamos os dados acima e verificamos:

Temos 1.418 médicos no global. Nacionais, temos 892 e estrangeiros 526, respectivamente. O número máximo de médicos nacionais, encontra-se em Luanda, com 642, e o seu número mínimo, encontra-se no Kuando Kubango, com 4 clínicos. Este estudo, mostra outra realidade há muito abordada pela Valor Acrescentado, ou seja, a concentração de técnicos no litoral, ou no interior em duas províncias, Huila e Huambo, como se comprova com os quadros a seguir:

K. KUBANGO

L. SUL

UÍGE

ZAIRE

Nacionais

K. NORTE

MÉDICOS

CUNENE

Menor número

6

9

4

8

9

6

CABINDA

HUAMBO

HUÍLA

K. SUL

LUANDA

NAMIBE

Nacionais

BENGUELA

MÉDICOS

BENGO

Maior número

14

31

29

20

31

21

642

17

1

O americano Abraham Maslow , explica este fenómeno, ou seja, o médico mesmo natural do Cunene, mesmo natural de Menongue, se tiver possibilidade de exercer a sua actividade em Luanda, Benguela, Lubango… não vai trabalhar para a sua terra. Porquê? Porque em princípio, as unidades hospitalares dessas localidades estão melhor apetrechadas, têm melhores condições de vida (aparente por vezes) e podem, quando as ocasiões permitem, exercer a medicina pública e privada. Esta é a grande realidade da concentração dos médicos e é extensiva a outros profissionais nos grandes centros. É altura de pôr em prática o que disse Anastácio Sicato “o Estado para conseguir esse objectivo, tem de criar politicas de estímulo”. A nível de médicos estrangeiros, o número máximo é de 101 na província de Luanda e o seu número mínimo é de 11 em Cabinda.

1 Ver em Ideias e Técnicas de Gestão, Motivação onde se aborda a teoria deste investigador.

Maio | Junho 2008 // VALOR ACRESCENTADO

. 63


especial

BIÉ

CABINDA

CUNENE

HUILA

K. NORTE

K. SUL

K. KUBANGO

LUANDA

L. NORTE

L. SUL

MALANJE

MOXICO

NAMIBE

UÍGE

ZAIRE

14

31

11

29

6

20

31

9

21

4

642

12

8

12

10

17

9

6

892

Estrangeiros

12

41

26

11

22

36

24

18

42

16

101

14

21

41

32

24

16

29

526

26

72

37

40

28

56

55

27

63

20

743

26

29

53

42

41

25

35

1418

Peso Médicos Nacionais (%)

54

43

30

73

21

36

56

33

33

20

86

46

28

23

24

41

36

17

63

Peso Médicos Estrangeiros (%)

46

57

70

28

79

64

44

67

67

80

14

54

72

77

76

59

64

83

37

TOTAL

População (Unidade 10)

310 670 1200 170 230

1000 800 420 610

150 5000 250 120 700 240

N.º Médicos por Habitante

0,08 0,11

0,06 0,07 0,06 0,10

0,13

0,03 0,24 0,12

85 500

TOTAL

BENGUELA

Nacionais

MÉDICOS

HUAMBO

BENGO

O quadro a seguir mostra-nos:

50 12505

0,15 0,10 0,24 0,08 0,18 0,48 0,05 0,70

Há um maior peso de médicos estrangeiros a nível de província, Benguela (57%) e Bié (70%) .

As províncias com maior peso de médicos nacionais sobre médicos estrangeiros, são: Bengo (54%), Cabinda (73%), Huila (56%) e Luanda (86%).

O cálculo do número de médicos por habitante, que foi determinado pela divisão do total de médicos pelo número de habitantes de cada província, multiplicado por 1.000, mostra que a província que está mais próxima da unidade, é o Zaire (0,70). Luanda, independentemente de ter o maior número de médicos, está muito longe da unidade, ou seja, está com 0,15.

O quadro a seguir, mostra as categorias dos médicos nacionais e estrangeiros, extraídos dos dois primeiros mapas:

MÉDICOS

NACIONAIS

Total

ESTRANGEIROS

%

Total

%

Chefes de Serviços

73

8%

370

70%

Assistentes graduados

43

5%

115

22%

Assistentes

64

7%

29

6%

206

23%

1

0%

Internos compl. I

87

10%

2

0%

Internos Gerais

419

47%

9

2%

TOTAL

892

100%

526

100%

Internos compl. II

O quadro mostra que temos menos quadros a nível de categorias superiores, como “Chefe de Serviços” 8% contra 70% de estrangeiros, e temos um maior peso em “Internos Gerais” com 47% contra 2% dos estrangeiros. É verdade, e tendo em consideração o efeito globalização, que esses técnicos são bem-vindos para a reconstrução do nosso país. Mas, também é verdade que temos de apostar cada vez mais nos nossos quadros, a todos os níveis. Ou seja, na área da Saúde, é necessário que tenhamos no médio prazo, mais especialistas, o que vai de encontro ao que disse, Rodrigues Leonardo director do Hospital do Prenda, perante a pergunta, “porque é que há tantos médicos angolanos a trabalhar naquele hospital (23)?”

64 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


“A razão principal para termos tantos médicos angolanos, é porque temos o Certificado Nacional de Pós-Graduação. Muitos desses médicos, têm como objectivo tirarem a sua pós-graduação em ciências médicas. Temos médicos de Luanda e doutras províncias, como Benguela, Huambo…enviados pelas respectivas Direcções provinciais de Saúde. O corpo docente é constituído por docentes cubanos. As especialidades (cursos) vão ter um tempo médio de duração de 4 anos. Para além dos docentes cubanos, temos também uma equipa portuguesa e uma brasileira. Temos três escolas aqui metidas”.

SAÚDE, UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

Pensamos vir a ter mestrados, com uma grande componente pedagógica, para os melhores especialistas, no sentido de gradualmente substituírem os docentes estrangeiros”.

Pensamos vir a ter mestrados, com uma grande componente pedagógica, para os melhores especialistas, no sentido de gradualmente substituírem os docentes estrangeiros”.

Rodrigues Leonardo, director do Hospital do Prenda

Mas, o ensino da Saúde, não pode estar só concentrado em Luanda. Pode e deve estar em províncias que tenham condições qualitativas para ministramos um bom ensino, e Benguela devido às suas potencialidades reúne essas condições. Para o efeito, registamos a opinião de António Bento, director provincial da Saúde de Benguela “há uma formação superior em Enfermagem pela Universidade Piaget, na área de saúde materna (obstetrícia). Muito recentemente, procedeu-se à abertura da Faculdade de Medicina, com 60 alunos numa primeira fase, com um corpo docente cubano. Acredito que é uma pedra de toque para o relançamento e melhoria do sector da saúde da nossa província, o que nos vai permitir não estarmos muito dependentes de Luanda ou do exterior”

António Bento, director provincial da Saúde de Benguela

Maio | Junho 2008 // VALOR ACRESCENTADO

. 65


especial

Esperemos que no médio prazo, ou seja, daqui a seis anos, incluindo um período de carência, possamos ter mais especialistas qualificados pelas nossas escolas.

L. NORTE

L. SUL

NAMIBE

UÍGE

ZAIRE

TOTAL

60

9 18

1

361 23

7

2 36

11

4

5

655

4

53

80

1 14

1

338 13

3

6

1

84 11

4

711

98 12

64

9

107

4 45

4

779 14 21 16

4

72 31 10 1313

51

36

72

12

5

7

5

74

1

19

5

1

1

1

86

25

6

26

8

7

8

73

14

22

7

96

1

Laboratório

23

Estomatologia

4

Fisioterapia

3

2

Estatística Médica

4

28

Ortopedia

5

5

2

Dietista

13

Electroencefalograma Anatomia Patológica

1 1

Outros

2

TOTAL

44

1

1

271 36

1

4

196 17

1

223

MOXICO

6

10

Electromedicina

MALANJE

K. KUBANGO

33

36

LUANDA

K. SUL

1

5

K. NORTE

HUAMBO

33

55

HUILA

CUNENE

31 10

2

BIÉ

8

Farmácia

BENGUELA

RX

DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO

BENGO

CABINDA

Mas, a Saúde não se faz só com médicos. Há outros profissionais importantes numa unidade hospitalar, como consta do quadro a seguir:

6

7

4

1

1

1

287 118

1

16 15 11

253

1

4

138

14

37

2

3

1

2

3

9

19

4 11

2 11

50

1 1

8

1

18

311 39 94 31 1890 51 60 45 43

30 1

117

210 71 31 3668

Fonte: Direcção Nacional Recursos Humanos -1º semestre/2007

A província de Luanda é a que tem o maior número de funcionários, com 1.890, e a província do Cunene a que tem o valor mínimo, 17, o que contrasta com o número de médicos que esta província tem 28. Por aqui verificamos que, por norma, o pessoal de apoio, é superior ao número de clínicos. Apesar disso, a força do trabalho do sector da Saúde a nível nacional tem vindo a evoluir, como mostra o quadro a seguir: Categorias Médicos Enfermeiros

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

500

570

651

666

704

1.165

1.458

1.527

11.968

13.037

15.449

16.621

16.621

18.475

26.486

26.718

Diagnóstico e Terapia

2.825

3.109

3.558

3.730

4.435

4.448

4.510

4.774

Apoio hospitalar

4.774

4.754

4.754

4.754

4.754

4.754

11.678

11.447

20.221

20.221

20.221

20.221

20.221

20.221

22.287

26.071

40.288

41.691

44.633

45.992

46.735

49.063

66.419

70.537

Administrativo Total

Fonte: Direcção Nacional de Recursos Humanos -25 de Abril de 2005.

66 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


PUBLICITE AQUI MOSTRE O VALOR DA SUA EMPRESA.


especial

O gráfico a seguir mostra-nos a evolução das três primeiras categorias:

Das três variáveis, os “Médicos” foi a que teve menor evolução. Se determinarmos o desvio-padrão destas três variáveis, temos 355, 4.759 e 685 para “Médicos”, “Enfermeiros”, “Diagnóstico e Terapia” respectivamente. É a variável “Enfermeiros” que tem os dados mais dispersos. Tenhamos esperança que a médio prazo, a variável “Médicos” tenha uma maior evolução.

RECURSOS MATERIAIS O Gabinete do Planeamento, Estudos e Projectos do Ministério da Saúde, de acordo com o seu director “tem como funções o desenvolvimento do sistema de informação sanitária, preparar toda a planificação e desenvolvimento que o Ministério da Saúde achar oportuno, no presente para o futuro. Somos nós que dirigimos todo o “pacote” assumido pelo Ministério da Saúde no que concerne às infra-estruturas hospitalares e sanitárias. Somos nós que fazemos a aplicação do OGE para a Saúde”.

Daniel António, director do Gabinete do Planeamento, Estudos e Projectos do Ministério da Saúde

68 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


Pegando no Orçamento Geral do Estado (OGE) dos exercícios económicos de 2005 a 2007, no que concerne à Saúde temos: Unidade 106 AKZ

Assistência Hospitalar Ambulatória e Banco de Urgência Medicamentos, Prot. Equipamentos Médicos, Aparatos e Outros Outros Serviços de Saúde

2007 Valor

2006 %

Valor

2005 %

Valor

%

58 672

64%

87 509

91%

23 740

50%

2 570

3%

1 952

2%

1 456

3%

21 034

23%

3 121

3%

19 082

40%

Saúde Pública

2 631

3%

1 435

1%

1 750

4%

Vigilância Epidemiológica

7 243

8%

2 155

2%

1 467

3%

92 150

100%

96 172

100%

47 495

100%

TOTAIS Total da Dispesa Pública Peso da Saúde

2 503 887

2 176 992

956 230

4%

4%

5%

SAÚDE, UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

DESPESA POR FUNÇÃO

Fonte: Ministério das Finanças adaptado pela VA

Há maior dotação para o sector, de 2005 para 2006, com um crescimento de 102%, mas, verifica-se um decréscimo de 2006 para 2007, na ordem dos 4%. Dentro das subrubricas do sector, verifica-se que a “Assistência Hospitalar Ambulatória e o Banco de Urgência”, nos três exercícios económicos, foi sempre a que teve o maior peso: 64%, 91% e 50% respectivamente. Também se nota nesta subrubrica, que a sua evolução foi abrupta, com 58.672, 87.509 e 23.740, de 2007 a 2005, respectivamente. Situação análoga, temos com a subrubrica “Outros Serviços de Saúde” com 21.034, 31.121 e 19.082 respectivamente. O peso da Saúde, comparativamente com a Despesa Pública, teve o mesmo valor percentual em 2007 e 2006, de 4% e 5%, em 2005. O OGE para 2008, prevê um valor percentual superior, ou seja, na ordem dos 7% . A subrubrica “Medicamentos Prot. Equipamentos Médicos Aparatos e Outros”, esteve sempre em crescimento nos três exercícios económicos, com valores de 1.456, 1952 e 2.570. Nos contactos que temos tido com os responsáveis clínicos, é comum dizerem-nos que esta dotação é insuficiente. Daniel António sobre esta matéria disse “para uma unidade hospitalar, o essencial para atender com qualidade e eficiência, não passa apenas pelo dar medicamentos aos doentes. É o mais fácil e mais cómodo. Temos de apostar noutras vertentes a começar pelo atendimento ao doente. Neste sentido, estamos a desenvolver um programa sobre a Melhoria da Capacidade de Resposta ao Doente nas unidades hospitalares. Porquê? A falta de medicamentos, vai de encontro à falta de capacidade de resposta da própria unidade hospitalar. Este, é o mais fácil de identificar. Outros factores são assaz importantes como: gestão hospitalar, preparação e conhecimentos dos recursos humanos”.

A falta de medicamentos, vai de encontro à falta de capacidade de resposta da própria unidade hospitalar. Este, é o mais fácil de identificar. Outros factores são assaz importantes como: gestão hospitalar, preparação e conhecimentos dos recursos humanos”

Outra das grandes reclamações dos responsáveis clínicos, é a falta de energia electrica, como referiu Tomás João, director clínico do Hospital Geral de Benguela “temos dois grupos de geradores que já deviam ter sido substituídos. Muitas vezes temos de recorrer ao Governo Provincial, para manter o hospital a funcionar”.

Maio | Junho 2008 // VALOR ACRESCENTADO

. 69


especial

Tomás João, director clínico do Hospital Geral de Benguela

Perante o défice de energia eléctrica, Daniel António observou “o Estado está a repôr qualidade de vida nas grandes urbes, como energia, água, esgotos ou saneamento básico. São pressupostos essenciais para as populações viverem com dignidade. Ora, tal também tem de existir por razões mais que óbvias, nas unidades hospitalares. Assim há unidades hospitalares com grandes carências a esse nível. É um desafio que consta nos grandes projectos de recuperação do país, em especial da Saúde. Mas, não podemos ter ilusões. Tem de ser faseado, implicando a colocação e a recuperação desses elementos básicos. Noutros lugares do Mundo, estes problemas não fazem parte das preocupações dos gestores hospitalares, mas no nosso é dor de cabeça constante”. As instituições angolanas têm de começar a ter uma preocupação constante, relativamente à conservação do Ambiente. É importante que os responsáveis pela Saúde pensem no lixo hospitalar, pelo que Daniel António referiu “faz parte do pacote de Desenvolvimento a Médio Prazo. Já há reflexões sobre esta matéria que estão contidas no referido pacote, mais propriamente no assunto sobre biossegurança”. Mas não basta estar contido em normas instrutivas, implica também que haja formação ambiental a todos os níveis. O Gabinete do Planeamento, Estudos e Projectos do Ministério da Saúde, é um departamento com “n” funções ou tarefas a desenvolver. Algumas precisam de conhecimento técnico para serem eficazmente conseguidas, mais propriamente na coordenação e fiscalização de obras, no controlo de custos e na boa aplicação dos dinheiros públicos. Esta multiplicidade e complexidade de tarefas, não deixam de ser uma preocupação para o seu responsável Daniel António “gostaríamos de ter um gabinete técnico de quadros com o perfil mais adequado às nossas funções. Estamos a elaborar um estudo nesse sentido. É prioritário”. Dentro das funções do Gabinete do Planeamento, Estudos e Projectos, está a implementação de estratégias, pelo que o seu responsável, aproveitou para dizer “neste momento, estamos a preparar o Programa de Desenvolvimento do Sector da Saúde, de 2009 a 2013, que consubstancia as várias vertentes na área do investimento, como em vários projectos de desenvolvimento da Saúde”.

Entrada do banco de urgências do Hospital Geral de Benguela, que está a ser recuperado

70 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


A nossa pergunta foi, porquê até 2013 e não até 2015, ano em que termina a Declaração do Milénio? Daniel António explicou, “fizemos inicialmente um ensaio de 2007 a 2009. Os objectivos estão a ser cumpridos. Depois, vamos avançar até 2013. Está a ser faseado, porque:

SAÚDE, UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

Temos de burilar muitos projectos, muitas orientações. Uma das fraquezas que temos no sector da Saúde, é a falta de uma Politica Nacional de Saúde escrita, o que leva muita gente a dizer que não a temos. Há muita informação dispersa, que devia estar concentrada. Não temos nada tangível. Para colmatar esta lacuna, está em preparação o Projecto de Politica Nacional de Saúde. Em resultado disso, prepararemos o Plano de Desenvolvimento do Sector da Saúde. Já foi apresentado a instâncias superiores, a Proposta da Politica Nacional Farmacêutica, e estamos a rever o Programa de Desenvolvimento dos Recursos Humanos, como também outros programas estratégicos da malária, da tuberculose, VHI/SIDA. Essa é a principal razão, para fazermos um plano até 2013 e não 2015”. “Somos nós que dirigimos todo o “pacote” assumido pelo Ministério da Saúde no que concerne às infra-estruturas hospitalares e sanitárias”, referiu Daniel António. Mas como funciona? “Há investimentos que são assumidos directamente pelos Governos provinciais e outros que são da responsabilidade directa dos Serviços Centrais, ligados aos respectivos Ministérios. Para a implementação desses projectos de investimento, implica a participação de vários agentes como: funcionários públicos, empreiteiros, coordenação e fiscalização de obras…” assim explicou o responsável pelo Gabinete. A nível de Investimos Públicos no sector da Saúde, e dentro da linha de crédito da China, o sector implementou um programa de investimentos relativo ao triénio de 2005 a 2007, avaliado em cerca de USD 360 mil para a reabilitação e construção de novas unidades sanitárias, em toda a extensão do país. Assim temos:

Projectos Concluídos Ordem

Obra

Tipo

1

Hospital Agusto Ngangula-Maternidade

Reabilitação

2

Hospital Pediátrico de Luanda

Reabilitação

3

Equipamentos hospitalares para hospitais das províncias de Benguela, Fornecimento Huila, Lubango e Bié

4

Fase do hospital Geral do Lubango

Reabilitação

5

Hospital Josina Machel

Reabilitação

6

Hospital do Prenda

Reabilitação

7

Hospital Geral do Lobito

Reabilitação

8

Hospital Psiquiátrico de Luanda

Reabilitação

9

Hospital Saurimo

Fornecimento

10

Reabilitação e fornecimento de equipamento de hemodiálise ao hospitial Reabilitação/fornecimento Josina Machel

11

Reabilitação e ampliação do hospital de Ondjiva

Reabilitação/Ampliação

12

Fase do centro Ortopédico de Viana

Reabilitação

13

Instituto Nacional do Sida

Construção

14

Centro de Saúde Carreira Tiro/Malanje

Construção

15

Centro de Saúde de Cangandala

Construção

Maio | Junho 2008 // VALOR ACRESCENTADO

. 71


especial

Obras em Curso Datas Ordem

Obra

Valor contrato

Empreiteiro

Tipo

Início

Termo

Reab/Apet 2

09-06-2006

08-04-2008

29.185.499

Sinohydro

1

Hospital Geral de Malanje

2

Hospital Geral de Benguela

Reab/Apet

03-06-2006

08-06-2008

40.521.731

Sinohydro

3

3 Centros de Saúde de Malanje

Const/Apet

09-05-2005

04-04-2008

12.010.431

Sinohydro

4

Hospital Municipal do Namibe

Const/Apet

24-10-2005

02-03-2008

9.263.864

Sinohydro

5

Hospital Geral do Lubango

Reab/Apet

24-10-2005

10-04-2008

48.060.432

Sinohydro

6

Hospital Central do Humbo+ 86 ambulâncias

Reab/Apet

24-10-2005

01-02-2008

36.520.309

Sinohydro

7

Centro de Saúde no Huambo

Const/Apet

24-10-2005

01-12-2007

4.003.477

Sinohydro

8

2 Hospitais Municipais K.Norte e K.Sul

Const/Apet

29-10-2005

17-02-2008

18.527.728

CAMCO

9

2 Centros de Saúde no K. Norte

Const/Apet

29-10-2005

10-10-2007

8.006.954

CAMCO

10

2 Centros de Saúde Quilengues e Caconda

Const/Apet

27-06-2006

17-05-2007

8.006.954

FZ Trading

11

2 Centros de Saúde no Bairro da Graça e 27 Março

Const/Apet

27-06-2006

19-04-2007

8.006.954

FZ Trading

12

3 Hospitais na Matala,Cambiote e Bairro 70-Benguela

Const/Apet

19-04-2007

27-06-2008

27.791.592

Sinohydro

13

Hospital Municipal do Bocoio

Const/Apet

01-08-2006

01-08-2008

9.300.000

Makiber

14

Hospital Municipal do Lobito

Const/Apet

01-08-2006

01-08-2008

9.300.000

Makiber

268.505.925 23

Todas as obras que estão para além dos prazos acordados, têm um relatório a justificar os respectivos atrasos.

A SAÚDE EM BENGUELA O Hospital Geral de Benguela, está ser reconstruído. Está na sua fase final, em que 89% das obras estão concluídas. Estão envolvidos nesta obra 153 trabalhadores angolanos e 87 chineses. Para o director provincial da Saúde de Benguela, António Bento, as principais dificuldades prendem-se com: “os valores orçamentados muitas vezes são insuficientes para pôr os programas a funcionar em pleno, excepção para aqueles programas que contam com o apoio internacional, como os das Nações Unidas. Em suma, a principal dificuldade é pôr muitas vezes as ideias em prática, devido como disse, à falta de meios financeiros”. A rede sanitária de Benguela, conforme relato de António Bento, “é extensiva até às comunas. Temos um Programa de Medicamentos Essenciais, que é gerido a partir do Programa Nacional de Saúde, que contempla todas as unidades sanitárias da província. É nossa ideia ir mais longe, ou seja, chegar a localidades onde o número de habitantes justifique esse tratamento. Mais propriamente, irmos de encontro à população e não o contrário”.

É nossa ideia ir mais longe, ou seja, chegar a localidades onde o número de habitantes justifique esse tratamento. Mais propriamente, irmos de encontro da população e não o contrário. 2 Reabilitação e Apetrechamento 3 Construção e Apetrechamento

72 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


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JÁ.


especial

Enfermaria do Hospital Geral de Benguela

No que respeita à prevenção sanitária, António Bento, referiu ”fazemos parte do Programa de Mobilização Social, onde está incluída a educação e a prevenção de doenças. Temos conseguido introduzir, não com a velocidade que gostaríamos de ter, mas paulatinamente, os ensinamentos a nível de prevenção e dos bons hábitos de alimentação. Os acessos a programas de vacinação têm sido conseguidos. A mensagem está a passar e a população está a corresponder. A prova está em, que muitas doenças têm apresentado um menor número de casos, como exemplo, a cólera que há um ano, tivemos um pico muito alto e que comparativamente com igual período deste ano, teve uma queda abrupta”. A nível de endemias, Benguela não foge à regra geral no país. Ou seja, a malária é a primeira causa. Porém, a estratégia da Direcção Provincial de Saúde, é combater cada vez mais de uma forma eficaz, para além da malária, as doenças respiratórias agudas, diarreias agudas, o VHI/SIDA e a tuberculose. O Hospital Geral de Benguela, tem o seguinte pessoal: Descrição

Número

Médicos

35

Diagnósticos e Terapias

10

Enfermeiros

386

Administrativos

38

Apoio

216

As especialidades são as seguintes: Cirurgia Geral, Clínica Geral; Ortopedia e traumatologia, Pediatria, Obstetrícia, Ginecologia; Infecto-contagiosas, Maxilofacial.

Doente da ortopedia

74 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


Falecidos Menos de 48 horas 48 horas e mais

Total

Reanimação

Berçário

C. Nutrição

Ginecologia

Obstetrica

102

48

1.014

615

4

38

80

153

2.238

32

3

1

171

3

1

19

13

37

280

154

3

8

11

19

196

3

1

1

11

2

18

84

1 31

Média de camas reais

Pediatria

184

17

92

36

38

49

24

2

11

10

19

281

Dias Cama

2.760

1.080

1.140

1.470

720

60

330

300

570

8.430

Dias Doente

2.649

1.156

1.023

4.640

1.373

24

950

576

548

12.939

Taxa de ocupação

95,90

107,00

89,70

315,60

190,60

40,00

287,80

192,00

96,10

153,40

Média de estadia

12,20

11,00

20,80

3,90

2,20

4,80

16,60

6,10

2,80

5,10

2,30

2,90

1,20

24,10

25,70

2,50

5,10

9,30

10,00

83,10

14,30

2,80

2,00

1,40

20,00

19,20

2,10

9,40

71,20

14,80

2,80

2,00

14,40

0,40

20,00

33,30

13,90

19,40

121,00

Índice de rotação Mortalidade Liquida

4

Mortalidade Bruta

SAÚDE, UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

Vivos

Ortopedia

Designação

Cirurgia

Medicina

O movimento hospitalar no mês de Abril foi o seguinte:

A capacidade de camas do hospital, de acordo com Tomás João é de 150, mas o registo de doentes ultrapassa de longe 4 essa capacidade. Este hospital a nível de cirurgia, tem uma média diária na ordem das 10 intervenções.

HOSPITAL DO PRENDA O hospital do Prenda, começou a ser construído, corria o ano de 1974. Depois da independência, passou a ser um apêndice do hospital Militar de Luanda. Em 1992, passou a pertencer à rede pública. A actual direcção foi nomeada em Junho de 2002. Em Novembro de 2002, de acordo com Rodrigues Leonardo, director do hospital do Prenda “começámos com a sua demolição, para dar seguimento ao seu restauro total. Só deixámos as fachadas. Houve um novo projecto de arquitectura, no sentido de adaptar o hospital às novas tecnologias. A estrutura custou aos cofres do Estado USD 17 milhões e o equipamento USD 9,7 milhões, respectivamente.”

Equipamento para TAC

Prosseguindo com Rodrigues Leonardo, “este hospital tem uma vertente médico-cirúrgica. Não faz, nem pediatria nem obstetrícia. Entretanto, estamos a trabalhar no sentido de conseguirmos essas especialidades, porque é nosso objectivo tornar este hospital em escola para pós-graduações em ciências médicas. Na parte de cirurgia, atendemos a Cirurgia Geral, Ortopedia, Cirurgia Maxilofacial, Urologia, Neurocirurgia. Com o correr do tempo, pensamos implementar outras cirurgias. 4 Por mortalidade líquida entende-se o que ocorre 48 horas depois da entrada do doente no hospital

Maio | Junho 2008 // VALOR ACRESCENTADO

. 75


especial

Na vertente clínica temos: Medicina Interna, Cardiologia, Gastrenterologia, Neurologia. O nosso forte é a unidade de cuidados intensivos das Emergências Médicas, mais propriamente no tratamento de doentes poli traumatizados, que já se tornou a bandeira deste hospital”. Angola precisa de ter serviços de Emergência Médica capazes porque não está livre de ter acidentes e/ou catástrofes de grande envergadura, como aconteceu em 29 de Março de 2008, com a derrocada do edifício da DNIC. Aquando deste acidente, esteve presente uma equipa de Emergência Médica do hospital do Prenda, cujo, desempenho para Rodrigues Leonardo, “no caso concreto do que aconteceu com o prédio da DNIC, considero que a actuação foi excelente, faltando apenas um pouco de organização. Por acaso,em Novembro de 2007, fizemos um simulacro que tinha como cena, o desmoronamento de um prédio. Desta forma, já estávamos preparados para o que aconteceu, com o desmoronamento do prédio da DNIC. Infelizmente, quando acontecem acidentes desta natureza, nós somos apenas uma componente dos meios de salvação, ou seja, somos a componente sanitária. Ora, o êxito deste tipo de operação tem muito a ver com o espírito de equipa e a interligação que existe entre os diversos actores”.

Em Novembro de 2007, fizemos um simulacro que tinha como cena, o desmoronamento de um prédio. Desta forma, já estávamos preparados para o que aconteceu com o desmoronamento do prédio da DNIC.

Como pretendemos melhorar para futuras situações, começou agora um curso de “Gestão Integrada”, que está a ser ministrado por uma equipa de técnicos espanhóis, especializados em “Gestão de Catástrofes” e os participantes, são médicos do nosso hospital, bombeiros, polícia, pessoal da Protecção Civil e do Ministério do Interior. Esperamos que não nos aconteça mais nenhuma desgraça do género, mas o objectivo é estarmos cada vez melhor preparados, para possíveis catástrofes desta índole”. Sobre a Emergência Médica, foi-nos dito por Daniel António, director do Gabinete do Planeamento, Estudos e Projectos do Ministério da Saúde, “que está em curso um pacote, que começou muito bem no Hospital do Prenda, e com essa experiência está a ser desenvolvido um plano para a implementação do futuro Instituto de Emergências Médicas, que vai ter uma ligação à Defesa Civil”. Dentro da estrutura orgânica e administrativa do país, o hospital do Prenda é um Instituto Público, com autonomia financeira própria. A nível de orçamento, o seu director aproveitou para dizer “o orçamento para este ano já nos deixou bastante satisfeitos em relação aos anos anteriores. Mas há uma realidade que é necessário considerar: quando aumentamos o orçamento melhoramos a qualidade dos nossos serviços. Acontece que a procura é maior. Neste momento, o hospital já está a assumir intervenções cirúrgicas que num passado muito recente eram assumidas pela Junta Nacional, enviando doentes para o exterior. Hoje, essa situação começa a estar ultrapassada”.

Recepção do hospital do Prenda

76 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


SAÚDE, UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

Por outro lado, a comparticipação dos doentes estipulado por lei, não cobre a oitava parte das despesas que temos com o seu tratamento. Como exemplo, para uma intervenção cirúrgica, o doente devia participar com 200 AKZ. Qualquer operação por mais simples que seja, ultrapassa em muito essa verba. Acontece que a maioria dos utentes deste hospital, é de baixa renda, pelo que não têm meios financeiros para comparticiparem”.

Técnicas de análises clínicas

O hospital do Prenda é pioneiro na Cirurgia Plástica e Reconstrutiva em Angola, e cada vez mais pretende evoluir neste tipo de cirurgia pelo que para o director daquele hospital “esse projecto está com a escola portuguesa, que tem cá um conjunto de médicos com a categoria de professores. Esses clínicos não se limitam só a operar, têm também como função o ensino das técnicas ligadas à cirurgia plástica. A formação é para médicos e enfermeiros. A duração da formação vai entre os 3 a 4 anos. Nessa altura, temos de ter técnicos angolanos devidamente formados e capacitados, para darem continuidade a essa formação”.

Maio | Junho 2008 // VALOR ACRESCENTADO

. 77


especial

Dentro dos objectivos do hospital no primeiro trimestre de 2008 temos:

Internamento Hospital Descrição

´07

Doentes internados

Cirurgia 08

´07

Medicina 08

´07

Ortopedia

08

´07

08

448

418

172

158

161

141

115

119

69

94

18

20

18

18

33

56

Taxa de ocupação

79,0

77,2

69,7

76,2

75,0

72,5

89,0

79,0

Média de estadia

8,9

15,4

6,5

8,9

6,4

8,0

15,9

32,5

Índice de rotação

5,6

4,5

9,5

7,8

8,9

8,2

3,5

2,2

Nº de médicos/serviço

17

23

8

8

2

6

7

9

Nº de técnicos/serviço

12

10

7

4

6

2

4

4

Produtividade médica

12,4

11,6

14,3

13,2

13,4

11,8

9,6

7,4

Produtividade técnicos

8,3

7,7

7,2

8,7

8,9

7,8

6,4

6,6

Média de camas reais

Urgência Cirurgia Descrição Nº de médicos em serviço Nº de doentes atendidos

´07

08

´07

Ortopedia 08

´07

08

2

1

3

2

1

1

1.153

1.799

3.709

5.224

1.786

2.223

8

2

15

Nº de doentes transferidos

78 .

Medicina

7

Nº de doentes vindos doutros hospitais

6

23

12

20

11

7

Nº de médicos por especialidades

2

5

2

1

1

5

Nº de médicos por equipa

3

2

3

3

2

2

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


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falando com...

ENSA No sentido de melhor conhecermos a ENSA SEGUROS DE ANGOLA SA, a seguradora mais antiga de Angola, resolvemos editar a entrevista que fizemos aquando do seu aniversário.

A ENSA, vai fazer no dia 15 de Abril, 30 anos de existência. Qual é a sua história? A ENSA como Seguradora do Estado angolano foi criada em 18 de Fevereiro de 1978 com a denominação de Empresa Nacional de Seguros e Resseguros de Angola, começando as suas operações a 15 de Abril do mesmo ano. No ano de 1992 o sector de actividade seguradora deixou de ser reserva do Estado, o que levou a empresa a alterar os seus estatutos no sentido de a conformar com essa nova realidade. Surgiu, assim, a ENSA Seguros de Angola SA Manteve-se numa situação de monopólio no sector até à aprovação, pela Assembleia Nacional, da Lei Geral da Actividade Seguradora, em Fevereiro do ano 2000. Em toda a sua história a ENSA, cujo objecto é a produção e comercialização de produtos de seguros e afins, tem procurado conciliar a manutenção de um ritmo de crescimento com níveis de rentabilidade e produtividade reconhecidas. A sua vasta carteira de clientes abarca as principais instituições públicas e privadas, incluindo empresas dos ramos industrial, comercial e de serviços, designadamente dos sectores petrolífero (downstream e upstream), mineiro, construção, transportes aéreos, marítimos e terrestres, telecomunicações, hotelaria e turismo ou da distribuição comercial. A ENSA oferece uma gama de produtos de seguros que se adaptam às reais necessidades do mercado nacional em termos de coberturas e oferece taxas muito atractivas para os seus clientes. Actualmente a ENSA dispõe no mercado de cerca de 30 produtos de seguro, abarcando os seguros de bens e património, seguros pessoais, de vida, e fundos de pensões e ainda seguros multi-riscos. Importa, entretanto, referir que a ENSA é bem mais do que a actividade seguradora desenvolvida pela ENSA Seguros de Angola SA. Esta é a mais importante subsidiária do GRUPO ENSA, uma holding que abarca treze subsidiárias e participadas, incluindo a banca, seguros, resseguros, o mercado de capitais com a participação na Bolsa de Valores e Derivativos de Angola, o sector imobiliário ou a restauração, e que se prepara para novos voos direccionados a projectos em segmentos de negócio cada vez mais diversificados. Qual a cobertura da ENSA a nível nacional? Qual a estratégia de expansão? A sua política de expansão e crescimento esteve sempre ligado ao desenvolvimento económico e social de Angola. Antes de reatar o conflito armado, em 1992, a ENSA estava implantada em todo o território nacional, situação que se alterou ficando reduzida ao litoral e algumas agências no interior.

80 .

VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


A ENSA é bem mais do que a actividade seguradora desenvolvida pela ENSA Seguros de Angola SA. Esta é a mais importante subsidiária do GRUPO ENSA, uma holding que abarca treze subsidiárias e participadas, incluindo a banca, seguros, resseguros, o mercado de capitais com a participação na Bolsa de Valores e Derivativos de Angola, o sector imobiliário ou a restauração, e que se prepara para novos voos direccionados a projectos em segmentos de negócio cada vez mais diversificados.

Actualmente, a empresa desenvolve um programa de expansão da sua actividade, com vista a cobrir todo o espaço do território nacional. Esta pretensão, tem sido paulatinamente, conseguida à medida em que novas agências vão sendo abertas estando várias em construção no sentido de satisfazer a procura dos produtos de seguros. Mas as agências são apenas parte da solução. Hoje construímos um novo modelo de distribuição de produtos de maior proximidade, tendente a assegurar modernidade nas operações e um acesso mais facilitado por parte dos clientes. Qual a vossa política em matéria de co-seguro? A legislação Angolana de seguros concebe a existência de um regime especial de co-seguro obrigatório para os seguros das actividades Petrolíferas e Diamantíferas, bem como para o ramo da Aviação do sector público, e o seguro Agrícola. Trata-se de um sistema em que participam todas as seguradoras e uma delas lidera, ou seja, faz a gestão. Nesse sentido, lideramos os domínios dos diamantes e da aviação pública. Nas áreas não obrigatórias, a ENSA tem como política uma participação (embora concorrencial) harmoniosa e de equilíbrio, cedendo e aceitando riscos em co-seguro facultativo com quase todas as demais seguradoras. Consideramos que é importante que os riscos sejam dispersos internamente antes de se negociar com o mercado internacional a sua colocação em Resseguro. Quanto maior for a divisão das responsabilidades internamente, maior será o volume de prémios que se retém no País, diminuindo assim a saída de divisas. Os Fundos de Pensões e Reforma, começam a marcar o mercado angolano. O que tem feito a ENSA nesta matéria e qual a sua quota de mercado? Com a aprovação do Decreto nº 25/98 de 7 de Agosto, a ENSA fica legitimada para gerir Fundos de Pensões na qualidade de seguradora que explora o Ramo Vida. Ao longo dos anos da sua existência, a ENSA vem gerindo em sistema de fronting com sociedades financeiras especializadas em gestão de fundos de pensões, os contratos relativos ao pessoal afecto às multinacionais petrolíferas que operam no país.

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falando com...

Manuel Goncalves, Presidente do Conselho de Administração da Ensa

A ENSA, além da experiência que possui na exploração de Seguros de Vida (individual e grupo), tem capacidade e está dotada da experiência necessária e possui profissionais preparados para o alargamento da actividade na gestão de Fundos de Pensões. Com a agressividade que estamos a encarar estes produtos, esperamos um crescimento exponencial. Como é que se apresenta o mercado segurador e qual o posicionamento da ENSA? Temos hoje um mercado segurador cada vez mais competitivo onde, apesar do grande esforço de regulação pelas entidades supervisoras competentes, nem sempre há lealdade na concorrência, observância da legalidade e transparência de métodos. E consideramos que estas são exigências para que, enquanto componente do sector financeiro, imprescindível ao crescimento e desenvolvimento económico, a actividade seguradora se desenvolva, ainda que de modo aproximado, dentro da lógica e das proporções do crescimento do investimento público e privado no país, particularmente no que respeita ao sector petrolífero e os empreendimentos que vêm sendo realizados no quadro da reconstrução nacional. Há uma forte vinculação dos seguros ao crédito e à economia e, por isso, é importante que o sector, no seu conjunto, se fortaleça, o que requer uma adequada regulação, nomeadamente no que se refere a sistemas de co-seguro obrigatório ligados aos principais recursos minerais, justamente para assegurar o equilíbrio e rigor da gestão e uma concorrência salutar. Entendemos que todas as seguradoras devem crescer com o crescimento do país, o que implicará, por seu turno, a sua participação mais activa no esforço nacional de estabilização e crescimento económico. O que é facto é que, mesmo que tais pressupostos possam falhar, a ENSA tem uma posição de liderança no mercado segurador. Consideramos sustentável tal posição por diversas razões: a nossa clara orientação para o cliente, com uma oferta de produtos diversificados e competitivos, um modelo de negócio e de distribuição de proximidade e políticas garantísticas de uma assistência personalizada; porque combinamos a experiência de trinta anos com inovação e modernidade; a elevada fidelização das nossas lideranças e quadros; preocupamo-nos com a busca de um modelo de corporate governance que assegure os interesses de todos os stakeholders; temos uma marca que granjeou confiança pública; e porque vivemos uma dinâmica interna transformacional, de profundas mudanças, no percurso da modernidade e da excelência, alicerçada num projecto de reorganização abrangente e coerente, a que denominamos ENSA FUTURO.

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Cerca de 30 % têm formação superior, sendo a economia, gestão, direito, informática e marketing as áreas mais representativas. A Empresa tem vindo a promover a qualificação dos seus quadros, incentivando-os a elevarem o seu grau académico,

A ENSA, quantos funcionários? A ENSA, S.A. tem um quadro de pessoal de 496 trabalhadores, dos quais 410 estão na Sede e 86 estão distribuídos pelas 13 Agências da empresa. O conjunto está repartido em 305 homens e 191 mulheres. Qual a percentagem de funcionários com formação superior? Cerca de 30 % têm formação superior, sendo a economia, gestão, direito, informática e marketing as áreas mais representativas. A Empresa tem vindo a promover a qualificação dos seus quadros,  incentivando-os a elevarem o seu grau académico, Qual a política de formação? Consideramos a formação profissional um meio privilegiado para aquisição e desenvolvimento de conhecimentos, está profundamente associada aos objectivos estratégicos traçados e assenta em três patamares: a formação de base, formação técnica e formação especializada, a que estão sujeitos, de acordo com uma programação anual, todas as Direcções e trabalhadores com funções de Gestão e Coordenação, funções Técnicas e Operacionais. Estas acções formativas têm como principal objectivo o desenvolvimento de competências de gestão, liderança, competências técnicas e  comportamentais e ainda competências específicas. Nessa perspectiva, no final de 2007 implementamos o Programa de Desenvolvimento de Lideranças direccionado às Chefias e técnicos, sendo certo que o Plano de Formação para 2008 pretende dar resposta às necessidades de desenvolvimento pessoal e profissional dos quadros como resultado de um criterioso levantamento das necessidades detectadas para cada Direcção. Sendo a ENSA, a seguradora mais antiga, os seus quadros são apetecíveis pela concorrência. Como têm ultrapassado esta realidade? A ENSA tem quadros dos que melhor conhecem a realidade da actividade, com uma longa experiência de mais de 30 de serviço no sector segurador. Assim sendo, natural seria o seu aliciamento por terceiros, em consequência da abertura do mercado. Mas a resistência é muito grande essencialmente porque temos estabilidade, identificação com a empresa e equilíbrio na remuneração global. Hoje a ENSA tem um quadro remuneratório competitivo ao nível do mercado, tem uma politica de apoio social ao trabalhador através do seguro de saúde, criação de um fundo social e fundo de pensões para protecção à velhi-

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falando com... O apoio prestado a projectos de combate à pobreza extrema, o Prémio ENSA ARTE, no domínio das artes plásticas, a ajuda aos escritores, jovens e consagrados, para as pesquisas e publicação das suas obras, o patrocínio oficial ao Comité Olímpico Angolano, a criação do Club desportivo, VISA – Vitória Seguros de Angola, bem como a qualidade de seguradora oficial dos Palancas Negras no mundial da Alemanha e no Campeonato Africano das Nações no Ghana, no Afrobasket e no CAN de Andebol, na Trienal de Luanda e no 1º Pavilhão Africano da Bienal de Veneza, e recentemente, o lançamento do ENSA LITERATURA, são exemplos paradigmáticos desse nosso engajamento.

ce como complemento à segurança social, oferece estabilidade de emprego e progressão profissional e promove um ambiente de trabalho salutar. Estamos atentos à evolução do mercado e é assim que estamos a preparar uma nova política de incentivos, formação e regalias sociais de modo a retermos os melhores quadros. Há cultura e identidade do trabalhador da ENSA? Temos uma cultura empresarial distintiva que todos os dias construímos, assente em valores partilhados e vividos, que geram um sentimento de identidade e pertença. A estabilidade é, ao mesmo tempo, causa e consequência dessa realidade cultural e dessa identidade. A ENSA manteve sempre uma estabilidade em termos de rotação de pessoal. No início, grande parte do seu efectivo veio das companhias de seguros existentes na transição para a independência e estes souberam passar para as gerações mais novas da Empresa a valorização do profissional de seguros através da formação de acolhimento aos recém admitidos. Hoje, é notório que constituímos uma equipa una e agressiva quando se trata de defender os valores da protecção dos nossos clientes e a nossa imagem de marca. Há responsabilidade social da ENSA ? A marca ENSA tem uma reputação de criação de valor para os nossos segurados mas que igualmente simboliza responsabilidade social, devido a causas nobres em que nos empenhamos em domínios como o humanitário, o desportivo e o cultural, quantas vezes sob a modalidade de concessão de apólices de seguro. O apoio prestado a projectos de combate à pobreza extrema, o Prémio ENSA ARTE, no domínio das artes plásticas, a ajuda aos escritores, jovens e consagrados, para as pesquisas e publicação das suas obras, o patrocínio oficial ao Comité Olímpico Angolano, a criação do Club desportivo, VISA – Vitória Seguros de Angola, bem como a qualidade de seguradora oficial dos Palancas Negras no mundial da Alemanha e no Campeonato Africano das Nações no Ghana, no Afrobasket e no CAN de Andebol, na Trienal de Luanda e no 1º Pavilhão Africano da Bienal de Veneza, e recentemente, o lançamento do ENSA LITERATURA, são exemplos paradigmáticos desse nosso engajamento.

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S. Tomé e Príncipe


cultura

S. Tomé e Príncipe Poesia de Alda Lara

Pela estrada desce a noite...

Os teus meninos cresceram,

Mãe-Negra, desce com ela...

e esqueceram as histórias que customavas contar...

Nem buganvilias vermelhas, nem vestidinhos de folhos,

Muitos partiram p’ra longe,

nem brincadeiras de guisos,

quem sabe se hão-de voltar!...

nas suas mãos apertadas. Só tu ficaste esperando, Só duas lágrimas grossas,

mãos cruzadas no regaço,

em duas faces cansadas.

bem quieta, bem calada.

Mãe-Negra tem voz de vento,

É tua a voz deste vento,

voz de silêncio batendo

desta saudade descendo,

nas folhas do cajueiro...

de mansinho pela estrada...

Tem voz de noite, descendo, de mansinho, pela estrada... Que é feito desses meninos que gostava de embalar?... Que é feito desses meninos que ela ajudou a criar?... Quem ouve agora as histórias que costumava contar?... Mãe-Negra não sabe nada... Mas aí de quem sabe tudo, como eu sei tudo Mãe-Negra!

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MARÇO/ABRIL 2008 | N.º 10

KWANZA SUL AS ASSIMETRIAS ENTRE O LITORAL E O INTERIOR ESTÃO BEM VINCADAS

Brevemente

N.º 8

N.º 9

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MARÇO / ABRIL 2008 | n.º 10

A SUA APLICAÇãO COM CASOS PRÁTICOS COMPLEMENTADO COM LEgISLAÇãO FISCAL E COMERCIAL

Angola 20 USD’s | Portugal 26€ | Resto do Mundo 25 USD’s

JANEIRO / FEVEREIRO 2008 | n.º 9

PLANO gERAL DE

CONTABILIDADE

Angola 20 USD’s | Portugal 26€ | Resto do Mundo 25 USD’s

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NOVEMBRO / DEZEMBRO 2007 | n.º 8 Angola 20 USD’s | Portugal 26€ | Resto do Mundo 25 USD’s

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JANEIRO / FEVEREIRO 2007 | n.º 7 Angola 20 USD’s | Portugal 26€ | Resto do Mundo 25 USD’s

José Luís Faria Magro

ENSINO BÁSICO E TÉCNICO-PROFISSIONAL: A BASE DO NOSSO DESENVOLVIMENTO

N.º 7

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A educação é o meio mais eficiente para a conservação do meio ambiente

JANEIRO/FEVEREIRO 2008 | N.º 9

NOVEMBRO/DEZEMBRO 2007 | N.º 8

JANEIRO/FEVEREIRO 2007 | N.º 7

O AMBIENTE E A INDÚSTRIA DIAMANTÍFERA

KWANZA SUL: AS ASSIMETRIAS ENTRE O LITORAL E O INTERIOR ESTÃO BEM VINCADAS

O AMBIENTE E A INDÚSTRIA DIAMANTÍFERA

ANGOLA: ESTAMOS NO CAMINHO CERTO?

RELAÇÕES ECONÓMICAS PORTUGAL/ANGOLA

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ENSINO

BÁSICO E TÉCNICO-PROFISSIONAL A BASE DO NOSSO DESENVOLVIMENTO

N.º 10

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formação

CALENDÁRIO DE FORMAÇÃO 88 .

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PROGRAMA

Contabilidade Avançada

Análise Financeira

Contabilidade Bancária

Auditoria Financeira

História da Contabilidade.

Função Financeira e Análise Financeira.

O que são Planos de Contas Sectoriais.

A origem da Auditoria.

Instrumentos-Base de Análise Financeira.

Normas e Princípios Contabilísticos.

Princípios e normas de Contabilidade versus Princípios e Normas de Auditoria.

Método dos Rácios.

O Plano de Contas das Instituições Financeiras

Procedimentos e Testes de Auditoria.

As Contas Internas e de Regularização e a sua importância à luz dos princípios contabilísticos.

A Organização de uma Auditoria.

Contas de ordem ou extrapatrimoniais.

Controlo Interno.

Normalização ou Harmonização Contabilística. Plano de Contas. Encerramento de Contas.

Análise do Risco. Análise de Rendibilidade e Crescimento. Análise dos Fluxos de Caixa.

A Norma Internacional de Contabilidade (NIC) nº 30 – Divulgações das Demonstrações e de Instituições Financeiras Similares.

Os papeis de trabalho Auditoria ao Balanço e Demonstração dos Resultados. Relatórios e pareceres de Auditoria.

OBJECTIVO Oferecer aos participantes conhecimentos teóricos, sobre a evolução da Contabilidade ao longo dos tempos e paralelamente dar a conhecer o seu impacto e importância a nível da globalização. Dar a conhecer a relevância do Anexo ao Balanço e Demonstração dos Resultados para melhor compreensão das demonstrações financeiras. A responsabilidade do relatório de gestão.

A QUEM SE DESTINA A Contabilistas, Administradores, Bancários e Gestores de empresas, bem como a todos que estudam esta temática.

Responsável pela formação José Luís Faria Magro, licenciado em Contabilidade e pósgraduado em Finanças Empresariais. Larga experiência na área da Contabilidade no norte de Portugal. Investigador na área da Contabilidade e Gestão, com artigos publicados em Portugal, Brasil e Angola. Várias conferências sobre Contabilidade e Gestão e a entrada de Portugal na Moeda Única.

LIMITE DE FORMANDOS 20

CARGA HORÁRIA 30 horas, distribuídas por 1 dia de cada semana: Período da manhã 9H00 - 12H30 Período da tarde 14H00 – 18H00

Maio | Junho 2008 // VALOR ACRESCENTADO

PREÇO 1.500 USD, pagos no acto de inscrição

TEXTOS DE APOIO Fornecidos pelo formador e distribuídos em cada sessão

INFORMAÇÕES E RESERVAS Avenida Comandante Valódia nº 5, nº15 1º -Luanda Telf. 00244222431168 Móvel 00244923454677 0351919352177 Fax 00244431168 Email jlmagro@netcabo.pt

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próximo número

MARKETING A CHAVE DO SUCESSO O surgimento nas últimas décadas de uma variedade de espécies de produtos nas economias nacionais, regionais e internacionais, com maior e realce para os produtos substitutos e complementares, e a progressiva exigência dos consumidores, em certa medida, têm vindo a contribuir para o sucesso e insucesso de muitas empresas.

O DIREITO DO AMBIENTE Enquadramento jurídico sobre o Ambiente.

TAXA INTERNA DE RENTABILIDADE E VALOR ACTUAL LIQUIDO Continuação do exercício feito na folha de cálculo EXCEL.

VALOR EFECTIVO DO CAPITAL O “Valor Efectivo” de um património pode não ser demonstrado, e, raramente o é. A determinação do “Valor Diferencial” é imprescindível para o conhecimento da realidade patrimonial e é requerida em situações especiais como as de compra de parte ou totalidade do capital das empresas.

A NECESSIDADE DE UMA CONTABILIDADE PUBLICA Cada vez mais há Institutos Públicos com autonomia própria. Há necessidade de ser criado um plano de Contas próprio e adequado a esses Institutos Públicos.

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VALOR ACRESCENTADO // Maio | Junho 2008


editorial CURSOS DISPONÍVEIS

EDUCAÇÃO E SAÚDE

Depois da publicação do trabalho sobre o Ensino Básico e Técnico-Profissional, uma senhora reitora de uma Universidade privada de Luanda, perguntou-me porque não tinha incluído o Ensino Superior. O Ensino Superior tem a sua importância. Tem o seu espaço. Valor Acrescentado, pensa fazer em altura própria, o Ensino Superior. Mas, no momento, a grande aposta, no meu entender, tem de ser o Ensino Básico. Porquê? Porque durante os anos que a guerra grassou no país, não foi possível ministrar o ensino de qualidade em muitos lugares de Angola. O próprio Ministério da Educação está consciente desta dura realidade. Sem um Ensino Básico de qualidade, não é possível termos licenciados com qualidade. Mas, não basta só a tradicional Educação Escolar. Tem de ser ensinado muito mais. Tem de existir Educação Ambiental. Tem de existir Educação Cívica. Quer a Educação Ambiental quer a Educação Cívica, não devem ser ensinadas só nas escolas. Em casa, no seio da fa-

mília, também devem ser ensinadas. Os pais, a família mais velha se não têm esse tipo de Educação devem acatar os ensinamentos dos mais novos. É uma questão de respeito e compreensão. Com a Educação Ambiental, possivelmente vamos ter uma melhor Saúde. Vamos saber dar um melhor tratamento ao lixo. Lixo mal tratado significa doença. Dentro das doenças do lixo, está a malária mais conhecida entre nós, como paludismo.

Curso de Expediente Geral de Escritório e Práticas de Contabilidade com Informática Aplicada. Curso Prático de Contabilidade e Fiscalidade com Informática Aplicada.

Com a Educação devemos aprender que, ingerir bebidas alcoólicas, onde está incluída a cerveja, em demasia, é contra a nossa saúde. Os pais, a família, quando chamados à atenção pelos cadengues devem acatar os seus ensinamentos. Com a Educação devemos aprender como devemos fazer com a nossa higiene diária. Quanto mais higiene e prevenção tivermos, menos probabilidade teremos em ficar doentes. Não pode existir uma boa Saúde sem uma boa Educação. Ambas fazem parte do nosso desenvolvimento. Temos de lutar para que consigamos estar num patamar superior, no médio prazo.

VA-SE E R C INS Formador: Dr. José Luís Magro SEDE Av. Comandante Valódia, nº 5 - 5º Ap 53 - Luanda Tel. 00244 222 430 583 - Fax 00244 222 431 168 DELEGAÇÃO Rua Serpa Pinto, nº 750 - 4º 4550-465 Porto - Portugal Tel. 00351 228 300 507 - Fax 00351 228 329 897

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2.

Propriedade Valor Acrescentado - Prestações de Serviços, Lda. Director José Luís Magro ADMINISTRADOR Luís Gomes Chefe de Redacção Adelaide Alves Redacção Filipa Couto, Carlos Neto Publicidade Agostinho Vubo DESIGN GRÁFICO PMD - Comunicação e Design www.pmd.pt IMPRESSÃO Uniarte Gráfica / Porto Colaboraram neste número Anabela Neto, António Lopes de Sá, Filipa Couto, José Luís Magro e Rogério Fernandes Ferreira Tiragem: 10.000 exemplares. Registada sob o número MCS-430/B/2006.

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JÁ.


MAIO/JUNHO 2008 | N.º 11

Brevemente

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MAIO / JUNHO 2008 | n.º 11

A sua Aplicação com Casos Práticos complementado com Legislação Fiscal e Comercial

Angola 20 USD’s | Portugal 26€ | Resto do Mundo 25 USD’s

CONTABILIDADE

SAÚDE: UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

PLANO GERAL DE

VALOR ACRESCENTADO

José Luís Faria Magro

SAÚDE UM LONGO CAMINHO A PERCORRER


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