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OUTUBRO / NOVEMBRO 2006 | n.º 6

PROJECTO ALDEIA NOVA Angola 20 USD’s | Portugal 26€ | Resto do Mundo 25 USD’s

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VALOR ACRESCENTADO

OUTUBRO/NOVEMBRO 2006 | N.º 6

A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE JÁ ESTÁ EM ANGOLA

PROJECTO ALDEIA NOVA UMA REALIDADE AGRO-PECUÁRIA EM ANGOLA


editorial

IDEIAS & SOLUÇÕES Connosco as suas Ideias transformam-se em Soluções

A História mostra que ao longo da evolução do Homem, não foram sempre os mesmos povos a dominar o Mundo. O Egipto, a Babilónia, a Grécia, Roma, a Inglaterra, Espanha, por exemplo, durante séculos dominaram o Mundo, para dar lugar a outros e, no caso actual, temos novos candidatos como a China, Índia… Este domínio, para além das armas, foi imposto pelo saber e pelo conhecimento. E vai ser sempre o saber e o conhecimento, que vão marcar esse domínio. Mas o surgimento da China e da Índia e porque não do Japão e da Coreia do Sul, como as grandes potências do século XXI, tem um factor comum: a sua independência ocorreu nos finais da década de 40, inícios da década de 50. O Japão teve a implementação do plano Marshall nessa altura. Estes países, depois da independência apostaram e apostam forte na Educação. E não foi uma Educação qualquer. O ensino da Matemática e das Ciências foi obrigatório, e inclusivé, no Japão primavam pela competição entre os alunos. Angola precisa de estradas. É verdade. Mas tão importante ou mais importante é a aposta na Educação. Em 1978, já era Angola independente e, nessa data, a China era dos países mais pobres do Mundo. Hoje é a segunda maior economia do Globo e foi em 2005, o país que mais Investimento Directo Estrangeiro atraiu. E porquê? Educação e visão. Na Educação não podemos pensar só no Ensino Superior. Hoje há uma apetência forte na sua implementação. Com que corpo docente? Que cursos? Mais Direitos, mais Economias, e as Engenharias e as Biologias, estas não devem também existir? A diferença é que os cursos virados para as engenharias e afins a nível de implementação são mais caros, e por consequência o retorno do investimento mais demorado. Mas antes de se avançar com o ensino superior deve-se pegar e bem, no ensino primário ou básico. Ninguém ou muito dificilmente alguém, consegue avançar no ensino, sem ter um bom ensino primário. É neste, que temos de apostar. Angola precisa de professores primários com qualidade e dedicação. É frequente os Administradores Municipais pedirem escolas e professores nas nossas províncias, nomeadamente as do inte-

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rior. Tem de haver merenda escolar em todas as províncias nomeadamente para os alunos mais carenciados, isto porque é mais que sabido quão importante é uma refeição para muitos angolanos. É necessário que o Orçamento Geral do Estado esteja dotado com mais dinheiro para alcançarmos esse objectivo. Depois do ensino primário, temos de apostar no ensino técnico ou profissional. Em vez de mais universidades, devem ser criadas mais escolas técnico profissionais, mesmo a nível das províncias. Finalmente, melhorar as universidades que temos. O Projecto Aldeia Nova (PAN), no Waco Kungo conseguiu recuperar uma região com boas condições agro-pecuárias. Talvez este projecto bem divulgado interna e externamente possa atrair mais gente para trabalhar as nossas terras, noutras regiões. Para além da recuperação agrícola o PAN, conseguiu recuperar o Homem. Foi a sua reinserção, a grande vitória deste projecto. É importante dizer que há outros valores acima da economia. Repetimos, há as pessoas e há a história. Há, pois deveres do Estado. A importância do PAN no município do Waco Kungo, trouxe um meio envolvente importante: emprego e mais população radicada e a possibilidade de desenvolver outras actividades, como o turismo rural. Já há três bancos instalados no Waco Kungo: banco Keve, BFA e BPC. O ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, defendeu em Ondjiva, na abertura do 31º Conselho Consultivo Alargado do Minader, que a Banca deve apoiar os agricultores nacionais. Está correcto este pensamento. Mas a Banca, apoia com garantias, e a agricultura, devido às transformações climatéricas a que muitas vezes está sujeita precisa de coberturas, nomeadamente a nível de seguros de colheita e afins. Estes não existem ainda em Angola. E depois, é importante ver o seu custo/beneficio. Assim, não é só a Banca que tem de criar condições para o tal apoio. A actividade seguradora que está a despontar também tem de pensar na actividade agrícola e pecuária. Banca e Seguros, aí sim, talvez seja mais fácil o apoio pretendido pelo ministro.

SEDE Av. Comandante Valódia, nº 5 - 1º nº 15 - Luanda Tel. 00244 2442497 - Fax 00244 4311168 AGENTE Rua da Cidade de Luanda, nº 9 - Benguela DELEGAÇÃO Rua Quinta da Campainha, nº 1 4435-406 Rio Tinto - Portugal Tel. 00351 228300507 - Fax 00351 228329897

Propriedade Valor Acrescentado - Prestações de Serviços Lda Director José Luís Magro Chefe de Redacção Adelaide Alves Redacção Filipa Couto, Carlos Neto Publicidade Tânia Bravo DESIGN GRÁFICO PMD - Comunicação e Design www.pmd.pt IMPRESSÃO Uniarte Gráfica / Porto Colaboraram neste número Anabela Neto, António Lopes de Sá, Filipa Couto, José Luís Magro, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães, Teresa Eugénio

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Tiragem: 10.000 exemplares. Registada sob o número MCS-430/B/2006.

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Conhecemos os mercados financeiros. Temos mais de vinte anos de experiência. Estamos actualizados.

Brevemente vamos começar com os nossos cursos de formação nas seguintes áreas:

• Contabilidade Avançada • Mercado de Capitais • Análise Financeira • Análise de Projectos de Investimento

Temos pessoal com experiência nestas áreas. Em todos os cursos será fornecido material didáctico. Cada curso está limitado a 20 formandos.



Outubro/Novembro ‘06 | nº 6

contabilidade

gestão

10 Contabilidade social versus contabilidade ambiental: dos anos 60 até aos nossos dias

30 As Pessoas: Um Valor Acrescentado O Capital Humano é, sem dúvida, o bem mais

Dada a crescente importância atribuída ao ambiente, muitas empresas passaram a relatar mais informação ambiental.

16 Análise científica do equilíbrio do capital e modelos contábeis qualitativos O equilíbrio do capital das empresas depende de proporções definidas dos componentes patrimoniais, de acordo com a capacidade de circulação e o processo requerido para a formação do lucro.

26 Sr. Empresário – Sabe para que serve a Contabilidade? A Contabilidade para muitos empresários é única e exclusivamente uma obrigação fiscal. Com este artigo pretende-se desmistificar esse pensamento..

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precioso no actual mundo das Organizações

32 Ideias e Técnicas de Gestão Glossário que vai na letra G 36 Glossário de Bolsa de Valores Glossário que vai na letra E

informática de gestão 40 Produção de dois artigos. Maximização do lucro. O SOLVER consegue resolver problemas que envolvam muitas células com variáveis e pode ajudá-lo a encontrar combinações de variáveis que maximizam ou minimizam uma célula de destino. Permite também especificar uma ou mais restrições – condições que têm de ser cumpridas para que a solução seja encontrada.

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sumário O Projecto Aldeia Nova (PAN) prova duas realidades: a primeira, foi possível a integração da população de agricultores, já residente, com os desmobilizados de guerra com quadrantes políticos diferentes; a segunda, a de que Angola deve apostar forte no sector primário, mais propriamente na agro-pecuária. Mas para escoar a produção são necessárias estradas. Estas estão a ser recuperadas e reconstruídas. Esperemos, que brevemente as nossas estradas estejam devidamente transitáveis, para que os custos de transporte não onerem em demasia os produtos vindos do interior. Por outro lado, somos dos que acreditam que com estradas, vai ser possível radicar quadros nestas paragens, que como é sabido tanta falta fazem.

especial

44 PROJECTO ALDEIA NOVA UM CAMINHO UMA ESPERANÇA UMA REALIZAÇÃO

especial

60 A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE

secções

02 EDITORIAL 06 RECORTES DE IMPRENSA 08 OPINIÃO DOS LEITORES 10 CONTABILIDADE 30 GESTÃO

comer bem 78 Restaurante Tia Maria

40 INFORMÁTICA DE GESTÃO 44 ESPECIAL 88 COMER BEM

formação

86 FORMAÇÃO

80 Calendário de Formação

90 PRÓXIMO NÚMERO

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recortes de imprensa

As estradas de ligação entre Luanda e as províncias do Norte, Sul, Centro/Sul e Leste do país serão reabilitadas nos próximos doze meses, num investimento avaliado em 1 bilião de dólares, proveniente da linha de crédito do Brasil. Integrada no Programa de Investimentos Públicos, a referida acção vai abranger as vias Viana/Calumbo, estrada do Golfe/Viana e Rua do Sanatório, a 4.ª, 5.ª e 6.ª Avenidas do Cazenga. Beneficiarão ainda de reabilitação total a avenida Ngola Kiluanje (estrada da Cuca), via Boavista/Tunga Ngó/estrada de Catete, via expresso Luanda/Kifangondo, o troço Cacuaco/Viana, a estrada Viana/Kicuxi e a estrada Viana/Cambulombo (Benfica). Reunido em Conselho de Ministros na sua terceira sessão ordinária do ano orientada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o Governo aprovou o Programa de reabilitação da rede viária de Luanda, com o propósito de “resolver problemas relacionados com o congestionamento do trânsito, dificuldades de acesso às áreas limítrofes, circulação regular de veículos e peões” bem como os problemas relacionados com a drenagem das águas da chuva. Em função do referido programa, o Conselho de Ministros aprovou os contratos de empreitada por série de preços entre o Instituto de Estrada de Angola (INEA) e as empresas brasileiras Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e EMSA, para a execução das referidas obras. O programa integra ainda outros troços, cujos contratos de execução das obras foram já aprovados pelo Conselho de Ministros e compreende uma intervenção imediata com vista a criar vias alternativas ao tráfego urbano da capital. O projecto sobre a via expresso Luanda/Viana já tinha sido aprovado, tendo sido apenas aprovado o contrato quarta-feira. A estrada circular entre Cacuaco/Viana/Cambulombo (Benfica) está igualmente em obras e ontem o INEA submeteu à aprovação do Governo a segunda fase do projecto, que compreende a pavimentação da mesma. De acordo com o director-geral do INEA, Joaquim Sebastião, a recuperação das estradas Viana/Calumbo, Viana/Quiquxi e a duplicação da via entre o GAMEK/Shoprite, passando pelo Golfe, serão efectuadas em função dos investimentos que estão a ser feitos na zona industrial de Viana e no Projecto Zango. Joaquim Sebastião anunciou que os trabalhos começam “imediatamente” e, em função disso, o INEA e o Governo Provincial de Luanda deverão coordenar esforços para se encontrarem alternativas para o trânsito na capital. Fonte: Jornal de Angola

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ENTREVISTAS ONLINE PARA VISTOS NOS EUA A partir do mês de Abril já será possível marcar entrevistas para pedido de vistos para não imigrantes para os Estados Unidos através da Internet. O novo sistema de marcação de entrevistas on-line está disponível no site da embaixada americana em Angola http://luanda.usembassy.gov. Com instruções em inglês e em português, o novo sistema entra em serviço a partir de 9 de Abril podendo a partir desta altura os requerentes escolherem a data da entrevista para o visto.A cônsul da embaixada americana em Angola, Tara Rougle, garantiu à imprensa que o novo sistema vai reduzir o tempo de espera e melhorar o serviço de atendimento. A embaixada americana informa que a maioria dos requerentes não terão de esperar mais de dois dias úteis para marcar a sua entrevista. Contudo, adverte desde já que haverá vezes em que a Secção Consular poderá não ter marcações disponíveis durante vários dias. Aconselha por esta razão os interessados a marcarem as suas entrevistas com pelo menos duas semanas antes da data da sua viagem.. Fonte:Expresso

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REABILITAÇÃO DAS ESTRADAS NOS PRÓXIMOS 12 MESES

Inaugurado oficialmente campo petrolífero Dália O campo petrolífero Dália, um investimento de quatro mil milhões de dólares norte-americanos, foi oficialmente inaugurado no dia 29 de Março de 2007, no Bloco 17, a 135 quilómetros ao largo da costa angolana, pelo ministro dos Petróleos, Desidério Costa. O jazigo, que abrange uma superfície de cerca de 230 quilómetros quadrados, poderá produzir até 240 mil barris por dia, sendo o primeiro no mundo a extrair petróleo do tipo viscoso e ácido, de um tal volume diário e a uma profundidade da água que varia entre os mil e 200 e os mil 500 metros. Sustentado por uma fábrica flutuante com 300 metros de comprimento e 60 de largura, o campo Dália apresenta um sistema de produção submarino assente em 67 poços (com uma possível extensão a 71), dos quais 34 são de produção e 30 de injecção de gás. Descoberto em 1997, o Dália é considerado exemplar quanto ao respeito pelo meio ambiente por garantir ausência de queima de gás em condições de operação normais e pela não reinjecção para o mar das águas de produção. Actuam no Bloco 17 a companhia internacional francesa Total, com 40% de acções, a Esso (20%), a BP (16, 67%), bem como as norueguesas Statoil (13,33%) e a Hydro (10%). A Sonangol é a concessionária do campo. Fonte:AngolaPress

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opinião dos leitores

Contas do Banco Nacional de Angola Como é possível as contas do BNA estarem tão atrasadas? O Banco está falido com a Situação Liquida que tem.

“AS EMPRESAS NÃO SABEM NEM PODEM APURAR LUCROS REAIS” Como estudante universitário já ouvi falar do Rogério Fernandes Ferreira. Li o artigo dele, mas não percebi porque é que as empresas não apuram lucros reais. Não é isso que estou a aprender na escola. Perguntei a um professor não me soube explicar a minha dúvida.

Bancário na reforma Nota Redacção – É verdade que o BNA tem de melhorar a sua Situação Liquida, para nós o termo hoje mais usual e mais correcto Capitais Próprios. A própria Lei Orgânica no seu artigo 87º refere que o Ministério das Finanças, perante a situação de perda de capital do banco emissor, o capital possa ser reposto com títulos da Dívida Pública. “É urgente que o BNA apresente as contas de 2005 e 2006, para se saber qual foi a evolução dos Capitais Próprios”.

O investidor português Como investidor concordo em absoluto com o estudo feito. Julgo que o autor sabe mais do que escreveu, mas é verdade que não se pode dizer tudo, sob pena de ferir muita gente. Carlos Sousa, Coimbra e Luanda

Anastácio Faztudo Nota Redacção – O professor Rogério Fernandes Ferreira para nós é das pessoas que mais sabe Contabilidade a nível mundial. Levanta questões pertinentes quer sobre o seu ensino quer sobre a forma como está a ser usada nos dias que correm, nomeadamente com a harmonização contabilística a nível mundial. Em muitos países a Fiscalidade sobrepõe-se à Contabilidade, pelo que é importante dizer que há o resultado contabilístico (que se ensina nas faculdades) e há o resultado fiscal (que também algumas faculdades ensinam). Este último, expurga muitos custos, como amortizações e reintegrações que não estejam dentro do âmbito da legislação fiscal (a maioria desactualizada dos tempos modernos, tendo em conta a vida útil dos bens), provisões que também não estejam dentro dos cânones da lei tributária (contraria muitas vezes o principio geralmente aceite em Contabilidade a “prudência”). Outra grande questão nos dias que correm é o uso do custo histórico ou do justo valor? Como também os impostos diferidos, ou seja, custos (óptica económica) num dado exercício, mas a liquidação (óptica financeira) em exercícios seguintes. Também há a imparidade dos Activos, que critérios?

Relatório de Contas Na peça que fizeram sobre as contas do BNA dizem que é importante a informação extra-contabilistica. Porquê?. Carlos Ezequiel, estudante e bancário

ESTOU BARALHADO Li o trabalho sobre o português em Angola. Estava convencido que era mais fácil criar uma empresa em Angola. Tenho ouvido muita gente que está em Angola e diz que lá é que se ganha dinheiro, mas lendo este trabalho confesso que estou muito baralhado. António Fragoso, Arouca Nota Redacção – Se realmente pensa investir em Angola o conselho que damos é ir até lá e ver no terreno se gosta e se tem possibilidades de investir.

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Nota Redacção – Não é só pela análise de um balanço e de uma demonstração de Resultados por natureza, que se pode concluir sobre a valia das contas de uma unidade económica (u.e.). Tem de existir outras peças complementares como: o relatório de Gestão e o Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados. Um relatório de gestão deve focar os aspectos macroeconómicos internacionais e nacionais, nomeadamente os que afectam o sector de actividade da u.e.. Deve referir o que aconteceu ao longo do exercício que tenha afectado a actividade da u.e., incluindo as acções de formação, defesa do ambiente, politica social... indicadores económicos -financeiros e actividade futura e a aplicação e distribuição dos Resultados. O Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados, porque nas várias notas que o compõem, têm de ser referidos quais foram os critérios valorimétricos usados, responsabilidades que não figuram no Balanço (não usual em Angola, mas existente em países europeus como a Responsabilidade por Letras Descontadas), responsabilidades com garantias reais e pessoais, Demonstração dos Resultados Financeiros, Demonstração dos Resultados Extraordinários…

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contabilidade

Teresa Eugénio Professora do Instituto Politécnico de Leiria, ESTG, Leiria, Portugal teugenio@estg.ipleiria.pt

Contabilidade social versus contabilidade ambiental: dos anos 60 até aos nossos dias

A contabilidade pode ser vista como a linguagem dos negócios (Belkaui, 2004) com o objectivo de fazer chegar a todos os interessados informação sobre a forma de actuar da empresa. Essa informação pode chegar através de vários veículos. Alguns desses veículos são obrigatórios, como as demonstrações financeiras, outros são voluntários, como o recente crescimento em divulgação de informação social e ambiental. Este tipo de informação é considerada como fazendo parte do “território” da contabilidade como refere Buhr and Reiter, 2006, p. 8: “environmental and sustainable development reports that we consider to be part of the field of accounting because they represent mechanisms for accountability (at least in the ideal)”.

U

ma revisão histórica aos estudos publicados nesta área de SEAR (Social Environmental Accounting Research) permite concluir que a contabilidade social começou a ser uma área activa de investigação e prática, particularmente, a partir da década de 70 (Gray and Bebbington, 2001, p. 275), sendo que a década de 60 teve uma importância crucial para o seu desenvolvimento. Nessa altura o capitalismo estava a ficar enfraquecido e era necessário legitimar a actividade das organizações. Logo a novidade do aspecto social introduzido entre os negócios e a sociedade era bem visto (Gray, 2002, p. 690). Há quem afirme que a contabilidade social e ambiental é agora uma área de investigação

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já bem definida que se desenvolveu através da literatura em responsabilidade social e corporativa dos anos 70, que explorava a relação entre a contabilidade, a organização e a sociedade. Esta literatura reflectia a importância da questão social sobre as consequências do crescimento económico para o ambiente (Jones, 2003, p. 762). A década de 80 é também importante para o aumento de divulgação social, ambiental e ética (Adams, 2004, p. 731), verificando-se que na década de 90 os temas abordados tem maior incidência em questões ambientais que questões sociais. Podemos afirmar que a literatura em contabilidade social e ambiental alterou os seus temas

de análise. Antes eram dominados por questões sobre os trabalhadores (divulgação de informação sobre empregados, regras dos sindicatos, politicas laborais, etc.) e a partir do anos 90 começou a ser dominada por assuntos ambientais (Gray, 2002, p. 695). A investigação em contabilidade social e ambiental acompanhou esta tendência, como refere Paker 2005 em que analisa a publicação de artigos de 1988 a 2003. Neste período verifica-se um domínio do aspecto ambiental. Com excepções como as referidas por Gray, 2002,

p. 695: “Ullmann (1976) and Dierkes and Preston (1977) gave us two of the earliest examples of environmental accounting, witch was concern to the increase of environmental disclosures in firm’s reports”.

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contabilidade

Dada a crescente importância atribuída ao ambiente, muitas empresas passaram a relatar mais informação ambiental, aparecendo relatórios autónomos que versavam apenas sobre o assunto ambiente (Adams, 2004). Para esta situação pode ter contribuído o aumento de legislação que muitas vezes obriga à divulgação de informação ambiental por parte das empresas, como refere Adams, 1998, p. 3: “Corporate social accountability is likely to be an increasingly important element of the Western European psyche in the years to follow, evidenced not only by corporate, professional and academic developments, but also by the increasing legislative developments of the European Union and European Economic Area requiring greater corporate social responsibility and accountability (see Gray et al., 1996).” Adams, 1998, p. 3 Na Europa a publicação da Recomendação da Comissão Europeia de 30 de Maio de 2001 respeitante ao reconhecimento, à valorimetria e à prestação de informações sobre questões ambientais nas contas e no relatório de gestão das sociedades (2001/453/EC) veio sugerir que os Estados Membros adaptassem as suas orientações internamente. Esta recomendação sugeria a divulgação de informação ambiental nas contas das empresas. Em Outubro de 2004 a PriceWaterhouseCoopers, divulgou um estudo intitulado: “Implementation in Member States of Commission Recommendation on Treatment of Environmental Issues in Companies’ Financial Reports”. Este estudo transmite-nos o ponto de situação sobre a implementação da Recomendação da Comissão Europeia por parte dos diferentes membros da EU. Pela sua análise percebemos que nem todos os países adoptaram a maioria das suas orientações, no entanto foi sem duvida um passo importante em termos de regulamentação desta temática. Em Portugal, na sequência desta recomendação foi publicada a Directriz Contabilística 29 – Matérias Ambientais, pela Comissão de Normalização Contabilística . Pelo exposto percebemos que a “disciplina mãe” era apelidada de contabilidade social, que com o crescente interesse pela questão ambiental, passou a ser apelidada de contabilidade social e ambiental. Este é para nós o termo correcto. Para a construção desta posição decidimos seguir Mathews and Perera, 1996 e Gray, 2002, que apontam no mesmo sentido. Mathews e Perera, 1996, p. 364, refere que a contabilidade social tem muitos significados para muita gente, consequen-

Para mais detalhes ver Eugénio, 2004.

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Dada a crescente importância atribuída ao ambiente, muitas empresas passaram a relatar mais informação ambiental, aparecendo relatórios autónomos que versavam apenas sobre o assunto ambiente.

temente a sua definição e análise pode ser difícil, mas refere que em último caso podemos considerar a contabilidade social como uma extensão da divulgação em áreas não tradicionais provendo informação sobre empregados, produtos, serviços à comunidade e prevenção ou redução da poluição. Portanto, considera a questão ambiental como fazendo parte da contabilidade social. Parece-nos que actualmente se generalizou este termo. Gray, 2002, p. 687 utiliza o termo contabilidade social como um termo genérico independentemente das diferentes forma em que aparece: contabilidade de responsabilidade social, relatório social, relatório de recursos humanos, relatório ambiental, relatório do dialogo com os stakeholders. Mathews e Perera, 1996, dividem a contabilidade social, classificando e esclarecendo o significado de cada área associada. A contabilidade ambiental aparece associada a uma delas: Total Impact Accounting (TIA). Apresentamos o

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contabilidade

ReferÊncias

quadro abaixo onde podemos perceber as restantes componentes da contabilidade social.

Adams, C. and Kuasirikun, N., 2000, A comparative analysis of corporate reporting on ethical issues by UK and German chemical and pharmaceutical companies, The European Accounting Review, 9 (1), 53-79

Consideramos que este quadro exemplifica de forma simples as várias vertentes da contabilidade social. Como a vertente do ambiente a partir da década de 80 começou a ganhar terreno quase que se tornou uma área autónoma e muitos estudos analisam a informação social e a informação ambiental, ora em conjunto ora separada.

Adams, C.; Hill, W. and Roberts, C., 1998, Corporate social reporting practices in Western Europe: legitimating corporate behaviour?, British Accounting Review, 30 (1), 1-21 Buhr, N. and Reiter, S., 2006, Ideology, the Environment and One World View: A Discourse Analysis of Noranda’s Environmental and Sustainable Development Reports, Advances in Environmental Accounting and Management, 3, 1-48 Eugénio, T., 2004, Contabilidade e gestão ambiental, Áreas Editora

Gray et al., 1996, p.3 define a contabilidade social como: um processo de comunicação dos efeito sociais e ambientais da organização provenientes de acções económicas com interesse para largos grupos dentro da sociedade e para a sociedade em geral. Dado que estas acções envolvem responsabilidades para a empresa, estas devem ser divulgadas tal como a informação financeira aos detentores do capital em particular os shareholders. É necessários que as empresas compreendam que têm outras responsabilidades além de fazer dinheiro para os seus shareholders.

Eugénio, T., 2006, Divulgação Social e Ambiental - Evolução e Teoria da Legitimidade, XI Congresso Internacional de Contabilidade e Auditoria, Coimbra, Novembro Gray, R., (2002), The social accounting project and Accounting Organizations and Society. Privileging engagement, imaginings, new accountings and pragmatism over critique?, Accounting, Organizations and Society, 27 (7), 687-708 Gray, R., 2001, Thirty years of social accounting, reporting and auditing: what (if anything) gave we learn?, Business Ethics: A European Review, 10 (1), 9-15 Gray, R., Owen, D. and Adams, C. (1996), Accounting and Accountability, Changes and challenges in corporate social and environmental reporting, Prentice Hall, Hemel Hempstead. Jones, M., 2003, Accounting for biodiversity: operationalising environmental accounting, Accounting, Auditing and Accountability Journal,16 (5), 762-789

Contabilidade financeira ambiental tem o objectivo de registar as transacções das empresas que têm impacto no meio ambiente e os seus efeitos na posição económica e financeira da empresa que reporta tais situações (definição de Bergamini, 2000 citada por Eugénio, 2004, p. 52).

Division

Purpose

Area of main use

Mathews, M. and Perera, M., 1996, Accounting theory & development, 3rs ed., Thomas Nelson Australia, Melbourne Parker, L., 2005, Social and environmental accountability research: a view from the commentary box, Accounting, Auditing and Accountability Journal, 18 (6), 842-861

Time Scale

Measurements used (**)

Associated areas

1. Social Responsibility Accounting (SRA)

Disclosure of individual items having a social impact

Private sector

Short term*

Mainly non-financial and qualitative AAA Levels I

Employee reports, human resource accounting, industrial democracy

2. Total Impact Accounting (TIA)

Measures the total cost (public and private) of running na organization

Private sector

Medium and long term

Financial AAA Level III

Strategic planning, cost-benefit analysis, environmental accounting

3. Socio-economic Accounting (SEA)

Evaluation of publicly funded projects involving both financial and nonfinancial measures

Public sector

Short and medium term

Financial and non-financial AAA Level II and III

Cost-benefit analysis, planned programmed budgeting systems, zero based budgeting, institutional performance indicators, value for money audit

4. Social Indicators Accounting (SIA)

Long term nonfinancial qualification of societal statistics

Public sector

Long term

Non- Financial quantitative AAA Level II

National income accounts, census statistics

5. Societal Accounting (SA)

Attempts to portray accounting in global terms – overarching theories

Both all embracing

All

Financial aggregates

Systems theory, megaaccountancy trends

* Normally short term to fit annual reporting patterns ** O autor apresenta aexplicação dos níveis de mensuração utilizados ( ver p. 378) Fonte: Mathews and Perera, 1996, p. 379 (o sublinhado é nosso)

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contabilidade

Antônio Lopes de Sá Presidente da Academia Brasileira de Ciências Contábeis Reitor do Centro de Estudos Superiores de Contabilidade, do CRC de Minas Gerais

ANÁLISE CIENTÍFICA DO EQUILÍBRIO DO CAPITAL E MODELOS CONTÁBEIS QUALITATIVOS O equilíbrio do capital das empresas depende de proporções definidas dos componentes patrimoniais, de acordo com a capacidade de circulação e o processo requerido para a formação do lucro. Modelos contábeis qualitativos, concernentes às funções patrimoniais de estabilidade, são orientações sobre as probabilidades de eficácia, devendo estar fundamentados em Teoremas e Princípios científicos. PALAVRAS CHAVES: – Equilíbrio patrimonial – Estabilidade do capital – Modelos de Estabilidade – Análise do Capital – Teoremas da Estabilidade –

CONCEITOS GERAIS SOBRE O EQUILÍBRIO DO CAPITAL E A ANÁLISE CONTÁBIL PERTINENTE A análise dos balanços e da peças demonstrativas resultantes dos registros é uma aplicação do conhecimento contábil que consiste em utilizar recursos científicos, com o objetivo de entender sobre o comportamento da riqueza, em face das constantes mutações que se operam. Por natureza, tudo, no patrimônio, é movimento, fluxo e transformação e o estudo analítico é tanto mais valioso quanto mais examinar as relações que representam estados de eficácia. Segundo a doutrina do Neopatrimonialismo o que importa é a verificação dos fenômenos patrimoniais sob o aspecto “funcional” (de utilidade), considerado de acordo com cada sistema específico (liquidez, resultabilidade, estabilidade, economicidade, produtividade, invulnerabilidade, elasticidade e socialidade). O sistema de funções patrimoniais da estabilidade é o que tem por objetivo suprir a necessidade de “equilíbrio”, ou seja, aquele no qual o desempenho funcional deve evi-

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tar que existam deficiências (subinvestimentos) e excessos, (superinvestimentos) quer de investimentos, quer de financiamentos do capital (subfinanciamentos e superfinanciamentos). Entre o obter recursos de capital (de sócios, fornecedores, instituições de crédito etc.) e o aplicar tais fontes em investimentos diversos (imóveis, móveis, veículos, mercadorias etc.) devem existir relações definidas que se alteram de acordo com a velocidade com que giram os componentes da riqueza e o processo empregado em obter o lucro. Existem, todavia, além da relatividade que gere a medição de todos os fatos patrimoniais, aspectos a respeitar, segundo a consideração que se faça, em face do tempo e do espaço (centros de operações ou transformações patrimoniais). Há um equilíbrio estático (feito em relação a informes que só enfocam um dado momento) e um equilíbrio dinâmico (que considera todo um ciclo de produção do resultado). A estática é oferecida pela evidência, por exemplo, de um exercício ou ciclo determinado; a dinâmica é a que con-

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sidera diversos exercícios seqüenciais comparados, ou seja todo um fluxo. O juízo que se deve formar e que precisa ser objetivado, pois, segundo as teorias neopatrimonialistas, refere-se ao aspecto essencial funcional da riqueza, em face de todas as dimensões desta (causa, efeito, tempo, espaço, qualidade e quantidade), considerando-se, ainda, a natureza dos entornos ou ambientes e que são as causas agentes transformadoras do capital (internas: administração, pessoal; externas: natureza, sociedade, mercado, ciência, tecnologia, política econômica, legislação etc.). A análise, como prática ou exercício profissional, só pode ser útil se estribada em realidades, submetidas, estas, ao crivo dos preceitos lógicos de um método competente, fundamentado em doutrina científica (exatidão dos dados e metodologia racional). Dentre os critérios, julgo, fundamental, o que parte de probabilidades de acontecimentos, estes considerados segundo os preceitos da doutrina contábil, ou seja, de relações necessárias para que a eficácia ocorra, ou ainda de modelos científicos a serem tomados como parâmetros.

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Tais modelos são os estruturados para todos e quaisquer casos, com caráter universal, por isto sendo de teor científico; por esta razão, também, devem ser expressos em relações de natureza qualitativa dos elementos do capital. As “proporções” em que devem ser combinados os componentes da riqueza para que o equilíbrio se opere, devem estar fundamentadas em “razões” em “identidade” de correlações constantes. Isso porque “razão” (em termos filosóficos, segundo Aristóteles) é o que distingue uma coisa da outra (qualidade), mas, também, quanto uma em outra grandeza se contém, ou seja, um quociente (segundo a Matemática). Contabilmente a eficácia ou situação de satisfação da necessidade opera-se através de funções qualitativamente identificáveis e que devem respeitar uma identidade de relações, para que o equilíbrio se promova. Essa a justificativa fundamental para que se realizem estudos apoiados em modelos em bases de “proporções”, como identidades necessárias de correlações patrimoniais volvidas à eficácia.

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O valor de tal recurso, pela visão lógica que apresenta, que em Matemática, já estava consolidado no mundo antigo e já existia na escola de Pitágoras (cerca de 580-500 antes de Cristo), de Platão, onde Eudoxo (408-355 Antes de Cristo) desenvolveu a matéria e Euclides (430-360 Antes de Cristo), considerado o maior matemático da antiguidade, o proclamou, apresentando diversas variações, afirmando sobre o imenso potencial de cálculos que envolviam. No Renascimento italiano, Luca Pacioli dedicou toda uma obra específica às “Divinas Proporções” (ilustrada por Leonardo da Vinci), editada em Veneza em 1509, com base em manuscrito anterior de 1498 (época em que foi concluída) e se acha hoje na “Biblioteca Ambrosiana” de Milão (cuja cópia integral do original tenho a felicidade de possuir). Tão importante é o raciocínio fundamentado nas proporções que ela inspirou, inclusive, na antiguidade, conclusões filosóficas.

ASPECTOS DO EQUILÍBRIO DO CAPITAL Qualitativamente o capital tem como “causa” as fontes que dão origem ao nascimento dele como recurso (próprio e de terceiros) e “efeito” aquilo que constitui a “substância”, esta que é um universo de “meios patrimoniais” a serem utilizados para a satisfação das necessidades ou objetivos de um empreendimento (célula social). Os constructos lógicos que originaram tal conceito (de débito como efeito e crédito como causa), em suas primeiras conduções racionais, parecem ter sido de Leonardo Gomberg (obra “La science de la Comptabilité”, editada em 1897, em Genebra e Paris), mas já se encontram demarcados nas intuições de Francesco Villa em 1840 (obra referida na Bibliografia), na Introdução de seu livro mais famoso. O aprimoramento de tais concepções deu-se ao longo do tempo, realizado por personalidades intelectuais do mundo contábil, tanto europeu quanto americano; Vincenzo Masi, em sua “Ragioneria Generale” (obra identificada na bibliografia, página 110), identificou uma classificação, admitindo na “contra-substância” o capital de crédito e o capital próprio; na “substância” o capital fixo e o capital circulante, distinguindo tal classificação como qualitativa (nisto, acompanhando as bases do que em 1840 já estabelecera Francesco Villa, página 32 da obra identificada na Bibliografia; Masi, sempre, ostensivamente, declarou-se adepto das doutrinas de Villa). Tal forma de disciplinar o pensamento orientou o método científico do preclaro mestre referido e em outra obra (Statica

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Patrimoniale, referida na bibliografia) desenvolveu toda uma doutrina que serviu de vigorosa base ao patrimonialismo, enfocando os elementos da riqueza em si, pela qualidade, propriedades e potencialidades de utilidades. Por aspecto “Quantitativo”, em “Ativo” (Investimentos) e “Passivo” (Financiamentos), entretanto, admitiu Masi (como muitos outros grandes doutrinadores, tais como Gino Zappa, Pietro Onida, Egidio Giannessi, Lino Azzini etc.) o capital como aquele que se espelha mensurado, logo sujeito aos riscos do valor. O critério de incerteza nas mensurações, despertado no campo da Física por Werner Heisenberg, em 1927, já o havia mencionado, no campo contábil, Francesco Villa, em 1840, referindo-se a diversidade entre utilidade e expressão monetária, assim como às influências de tempo e espaço, competentes para imprimirem variações no próprio conceito do útil (obra identificada na bibliografia, página 9 e seguintes). Tal peculiaridade, como disciplina de raciocínio, precisa ser observada para que a prática da análise siga linhas racionais, tão como para que as conclusões possam ser consentâneas com as verdades conquistadas pela ciência. Só os critérios rigorosamente lógicos, científicos, abrangentes, podem amparar a metodologia da análise contábil. Segundo a tradição, o patrimônio, como na realidade se apresenta, deve ser considerado sob os dois aspectos básicos (de essência e de mensuração) e estes, também, são, por natureza, aqueles que geram a natureza dos modelos. O aspecto “qualitativo” enseja “modelos universais”, “essenciais”. O aspecto “quantitativo” procura estabelecer “modelos particulares”, “em valor”, sendo “específicos” para cada caso. Como o “equilíbrio” deflui de forças iguais e contrárias, os modelos, como probabilidades de ocorrências que são, devem ater-se a tal ótica; a eficácia do “sistema da estabilidade” é, pois, a espelhada pelo “equilíbrio funcional” dos “meios patrimoniais” e das “necessidades patrimoniais”. Não basta considerar o que se possui, mas, sim, o que é deveras útil e nisto está uma grande diferença entre os critérios analíticos feitos sob a égide do “direito” e aqueles inspirados em raciocínios nitidamente contábeis (que são os das funções patrimoniais visando a eficácia, segundo o Neopatrimonialismo).

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Um componente do capital pode possuir forma física, participação no universo da riqueza e não ter “poder funcional” ou de utilidade, logo, sendo incapaz de contribuir para o “equilíbrio funcional”. Assim, por exemplo, a expressão monetária de um imóvel pode ser de $1.000.000,00 e o elemento referido não servir para nenhuma utilização na empresa (por não produzir frutos, como seriam os de uso para estacionamento de veículos, depósito de materiais, fabricação, aluguel etc.). Não é o fato de “existir”, nem o de “possuir” mas, o de “exercer utilidade” o que torna funcional um bem; o que é ineficaz não pode ser considerado como “riqueza” para os fins de análise contábil do equilíbrio, mas, sim, até de forma oposta, em muitos casos, como fator de desequilíbrio. Pode ser uma obediência “normativa” (seguindo a padrões contábeis emitidos por instituições e leis das sociedades empresariais) registrar pelo “valor original”, “de custo de aquisição”, um elemento patrimonial, mas, isto não significa, para os efeitos da análise contábil, que tal valor seja considerado para fins da eficácia do sistema de estabilidade patrimonial. O equilíbrio que se busca conhecer pela análise contábil não é simplesmente o aritmético, de consideração isolada de valores, mas, sim, o funcional ou de suprimento do que uma célula social precisa para manter o empreendimento. O analista precisa lidar com “realidades” em face da “utilidade da riqueza” e é esta a ótica que o Neopatrimonialismo sugere em sua doutrina.

PRINCÍPIO NATURAL DO GIRO COMO INSTRUMENTO DE EQUILÍBRIO O capital é movido por forças agentes externas a ele (dentro e fora da empresa). Vive a riqueza, portanto, em razão de sua movimentação e transformação. Esses os axiomas que alicerçam os pontos de partida de consideração sobre as relações lógicas do patrimônio, ditados pelo Neopatrimonialismo (Axioma do Movimento e Axioma da Transformação). O tempo de movimentação, o espaço onde esta se opera, a qualidade e a quantidade dos meios, são, todavia, variáveis quanto à duração e intensidade.

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Tais fatos são os que ensejam o conceito convencional de circulação e que em razão da constância e perspectiva de uso, pela agilidade de movimento, é intitulado como Circulante, propriamente dito; se o movimento é lento, em longo prazo, denomina-se, então, Fixo ou Permanente, tendo como parâmetro o exercício ou ciclo produtivo. O “fixo”, o “permanente”, em sentido absoluto, funcional, contudo, não existe. Em verdade tudo circula funcionalmente (ainda que não ocorra movimento físico), variando, apenas a velocidade, ou seja a relação entre movimento e tempo. O “movimento”, entretanto, seja em que aspecto for, sujeitase a “condicionantes”. O “circulante”, tal como tradicionalmente tem sido tratado, nem sempre representa a funcionalidade que visa a estudar uma análise contábil quantitativa, pois, as classificações que se operam podem fugir à realidade. O perigo dos conceitos está sempre nas razões tomadas como válidas para sustentá-los, ou seja, nem sempre o que eles tentam exprimir é a verdade. O mal de muitas indagações tem sido o de não considerar a “função” como motor da satisfação da necessidade e a “interação” como um fator vital entre os sistemas patrimoniais. Ou seja, no afã de estabelecer quocientes, como razões de fatos, se tem esquecido de que elas se operam dentro de um universo de correlações constantes, interdependentes onde se precisa buscar “identidades” (Proporções). Investir e recuperar o investimento são fatos naturais no regime circulatório, este que sob a égide das relações dimensionais e ambientais (dos entornos) constrói o conceito de “Circulante” (adotado por nossos doutrinadores há bem mais que 150 anos). O equilíbrio funcional, pois, muito depende da velocidade do capital em relação ao tempo e aos espaços. Na equivalência ou identidade entre investir e recuperar ou liquefazer o investimento, quantitativa e tempestivamente, reside o fundamento da estabilidade eficaz. Os movimentos da massa patrimonial dependem, para a promoção do equilíbrio desta, da velocidade circulatória dos elementos que compõe qualitativamente a substância e a contra-substância.

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Tal verdade, uma autêntica “proposição lógica”, é, também, a que sustenta os modelos de equilíbrio.

MODELO QUALITATIVO DO EQUILÍBRIO ESTRUTURAL No sentido amplo, uma “razão” significa uma correlação entre fatos e esta pode-se encontrar em toda e qualquer ciência (a ciência é um estudo de relações entre coisas e fenômenos). É possível estabelecer tais ligações quer essencial (qualitativa), quer mensurada quantitativamente, dependendo do tipo de probabilidade que se deseja construir. Também, como já foi referido, é possível reunir conjuntos de razões, buscando uma identidade e que são as proporções (em condições de igualdades de condições ou semelhança de necessidades). As proporções são, pois, identidades de condições entre razões, formando um conjunto de fatos ou expressões, mas, relativas a um enfoque holístico, “uno”. Contabilmente, segundo a doutrina neopatrimonialista, a função dos meios patrimoniais deve guardar relações constantes entre os componentes da riqueza, sob vários aspectos. É uma proporção que sugere um modelo qualitativo de equilíbrio, a seguinte:

Ou seja: o capital próprio (CP) deve estar para o capital de terceiros (CT), assim como o capital circulante (CC) deve estar para o capital fixo (CF). Portanto, em tese, deve existir uma “relatividade” de composição que enseje uma harmoniosa convivência entre os recursos e os investimentos deles decorrentes. Três proposições lógicas ou teoremas de estabilidade defluem dessas correlações apresentadas pelo modelo qualitativo (importantes para a análise dos balanços e demonstrações contábeis): Quanto maior for a velocidade do capital circulante e tanto menor será a necessidade de capital próprio. Quanto maior for a aplicação em capital fixo e tanto mais vigoroso deve ser o capital próprio ou o financiamento de terceiros em longo prazo.

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O tempo de circulação do investimento (CC e CF) deve ser compatível com aquele do suprimento de recurso (CP e CT). Esses três preceitos lógicos são teoremas no estudo da “estabilidade”; enunciam as bases da eficácia que gera a harmonia estrutural temporal do patrimônio. Não basta, pois, observar o quanto um elemento em outro está contido (como se faz com os quocientes), sendo necessário que se observe se tal participação se processa em identidade de eficácia entre os recursos do capital (próprio e de terceiros) e as aplicações do mesmo capital (fixo e circulante).

MODELO QUALITATIVO DE SUSTENTAÇÃO DA ESTRUTURA O movimento da estrutura do capital requer uma sustentação através das funções de resultabilidade. A um empreendimento não basta ter estabilidade em um certo momento, necessário sendo que se mantenha estável (princípio da continuidade). A sustentação referida é, pois, a da garantia da permanência do estado de equilíbrio. Outra face da questão, portanto, a ser analisada é a relativa às razões que devem existir entre o total investido (Ativo Total) e os recursos próprios, em face do Lucro Líquido, perante a Receita Bruta. Uma outra proporção dita um outro modelo qualitativo:

Ou seja: O Ativo Total (AT) deve estar para o Capital Próprio (CP), assim como o Lucro Líquido (LL) deve estar para a Receita Bruta (RB). O que se investe deve dimensionar-se adequadamente em relação aos recursos próprios, como um lucro líquido precisa igualmente comportar-se de forma adequada perante o movimento da receita bruta da empresa. O modelo do equilíbrio estrutural deve complementar-se com o de sua sustentação, ou seja, a adequada participação do recurso próprio necessita ser acompanhada de uma conveniente remuneração do movimento reditual da empresa.

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Assim, se um capital é suficiente em sua estrutura, também o resultado do movimento produtivo deve corresponder ao volume movimentado.

O “quantitativo” desses modelos, entretanto, depende de condições “dimensionais” e só em cada caso podem ser aplicados.

Por outro lado, por coerência, sugere-se que a probabilidade do lucro líquido (este que reforça o capital próprio) guarde uma relação harmônica com a movimentação da receita bruta.

Para fim de metodologia geral, em análise, entretanto, são os modelos qualitativos os que devem ser tomados como orientação universal, apoiados e aplicados de acordo com axiomas, teoremas, princípios e leis científicas da Contabilidade.

Ou seja, é preciso considerar como princípio que: o equilíbrio da estrutura deve ensejar a do resultado e esta reforçar, por sua vez, a própria estrutura, dentro de um regime de interação constante entre os sistemas das funções patrimoniais de estabilidade e resultabilidade, como prega o Neopatrimonialismo contábil. Portanto:

Ou seja: a harmônica composição patrimonial entre Capital Próprio (CP) e Ativo Total (AT), onde se tem o Capital Circulante igualmente adequado em face do Capital Fixo (CF), deve ensejar um Ativo Total (AT) adequado ao Capital Próprio (CP), da mesma forma que o Lucro Líquido (LL) deve estar para a Receita bruta (RB), tudo isto implicando aumento do Capital Próprio (CP), indefinidamente. A capitalização (CP) tende a reforçar ainda mais a estrutura patrimonial, permitindo a destinação do acréscimo em relações proporcionais adequadas entre capital fixo e circulante, de modo a novamente ensejar mais capitalizações; se tudo isso acontece sempre em regime de eficácia, também advirá a Prosperidade (que é, segundo a doutrina neopatrimonialista, a eficácia permanente com o crescimento permanente). Em um regime eficaz de funções patrimoniais de Estabilidade, Resultabilidade e Liquidez, por decorrência, processa-se a natural influência sobre a Economicidade, ou seja, a empresa tende a revigorar a sua vitalidade (tais conexões eficazes sustentam o regime de interação dos sistemas básicos de funções patrimoniais, resultando em Prosperidade). Os modelos apresentados, de “sustentação eficaz” da estrutura patrimonial, sugerem integração ao de estabilidade, como complemento natural.

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Ou seja, ao se realizar a comparação de fenômenos é preciso ter em mente que o regime ideal de acontecimentos ou fenômenos patrimoniais deve ser o estruturado pelas proporções enunciadas pelos “modelos qualitativos”, considerada a doutrina aos mesmos pertinentes (sobre a qual me refiro neste trabalho). As expressões matemáticas dos modelos contábeis devem ser apenas um caminho para a simplificação terminológica, pois, na realidade o que interessa é conhecer cientificamente como as relações se operam e sob que condições estas conduzem à eficácia, para tanto se considerando Teoremas e Princípios (o Neopatrimonialismo, mais que a Matemática formal, é o guia fundamental na produção de modelos). A própria Matemática, segundo destacados especialistas da atualidade, tende, aceleradamente para o qualitativo, ou seja, cada vez mais para o uso de expressões verbais que de fórmulas (segundo Jacob Palis, em matéria editada no jornal Paraná-on-line, de Curitiba, de 31-10-2004 sob o titulo Matemática Qualitativa).

PROSPERIDADE E EQUILÍBRIO A prosperidade é um fenômeno que deflui da eficácia constante dos sistemas de funções. Segundo a doutrina neopatrimonialista:

Ou seja: a Prosperidade (PS) é igual ao somatório de todas as eficácias dos sistemas dos oito sistemas de funções patrimoniais (EaSx) tendendo ao infinito. Tal fenômeno, pois, liga-se não só ao lucro, mas, também, ao uso deste como capital para produzir sempre melhores resultados, assegurando uma situação de prosseguimento eficaz da vida da célula social, em todas as funções que a riqueza deve exercer, permitindo a dilatação ou maior volume do patrimônio.

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Para efeitos da probabilidade do equilíbrio deve-se modelar, para a dinâmica do capital, a seguinte proporção:

Ou seja: O Ativo Total (AT) deve estar para a Prosperidade (Ps) assim como o Lucro Líquido (LL) deve estar para o Capital Próprio (CP). Ou ainda, considerando que: o aumento do Ativo Total (∆AT) deve guardar relações proporcionais diretas e constantes com o aumento do Capital Próprio (∆CP), em razão da destinação adequada do lucro líquido, em face da capitalização (∆LL  ∆CP). Como Princípio é preciso reconhecer, pois, que: Deve existir uma relação de dependência harmônica constante entre a integração dos lucros ao capital próprio (∆LL  ∆CP) e o crescimento dos investimentos (∆AT), de modo que estes produzam um real aumento da capacidade funcional do capital aplicado, para que possam coexistir : equilíbrio integral e prosperidade. É importante que a análise contábil ocorra sob a égide de uma visão dimensional e holística, tal como a sugere o Neopatrimonialismo e a prenunciou o Prof. Giovanni Ferrero, um dos mais insignes autores sobre a matéria analítica contábil no século XX (obra identificada na bibliografia, página 207). O referido luminar lecionou que a questão não se encontra apenas na visão do que se aplica de capital, mas, essencialmente na circulação funcional dos meios empregados, mesmo quando tudo resulte de uma situação de capitalização de resultados (página 207 da obra identificada na bibliografia). As necessidades de estruturas harmônicas do capital são proporcionais e constantes e a cada fase de crescimento surgem com a mesma intensidade; isto equivale a dizer que mesmo próspera uma empresa não pode e nem deve abandonar os cuidados para com a eliminação dos riscos dos desequilíbrios. O destino da capitalização do rédito deve ser tão eficaz quanto as causas que a produziram. Os modelos de prosperidade devem-se elaborar tendo em vista a cautela referida, aquela que, também já havia sido ressal-

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tada por Pietro Onida (página 366 e seguintes da obra referida na Bibliografia); este emérito autor, embora um líder na corrente cientifica contábil do Aziendalismo, em tais assuntos guarda rigorosa coerência com a atualidade do Neopatrimonialismo (embora sem a metodologia holística e sistemática que o Neopatrimonialismo tem como fundamento).

RENOVAÇÃO E EQUILÍBRIO PATRIMONIAL A relação entre o Quantitativo Global de aplicação em um componente do patrimônio e o promédio de permanência deste (em relação ao início e fim de um mesmo período de tempo convencionado), enseja a idéia da velocidade com que se renovou o referido elemento. Quantitativo Global é o que expressa a totalidade investida no elemento ou meio patrimonial que se movimentou em um determinado período (no caso de mercadorias, por exemplo, o volume comprado; no caso de Clientes, o volume do crédito cedido). Permanência é uma convenção que resulta da idéia de existência normal de um elemento patrimonial considerado de forma estática (evidenciado na escrituração pelo saldo inventariado em determinados momentos; no caso de mercadoria,

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por exemplo, o estoque existente; no caso de créditos, o saldo de clientes que está por ser recebido). A “renovação” dos elementos é denominada, também “rotação” ou “giro”, representando números de circulações da permanência dos elementos patrimoniais estudados. O Quantitativo Global (Qg) resulta da consideração do que se possuía no inicio de um período (i), somado aos ingressos (I) e este total reduzido do que permanece no fim do mesmo período (f).

(i + I) – f = Qg Quantas vezes circularam os componentes patrimoniais (quer de ativo, quer de passivo) em um tempo determinado, é indicativo da velocidade dos mesmos e o estudo do equilíbrio muito depende do conhecimento de tal giro. Velocidade do capital e equilíbrio deste são fatores fundamentais que devem ser examinados em relação a cada componente. Uma proporção precisa existir entre o quantitativo do investimento e aquele do giro do elemento patrimonial, o mesmo ocorrendo em relação ao financiamento, para que a estabilidade possa ter eficácia. Assim, por exemplo, o volume de vendas (VV) implica Quantitativo de Estoques (QnE), logo, este deve estar para o Ativo Total (AT), assim como as Vendas (V) devem estar para o Capital Próprio (CP), ou seja, para que exista vitalidade (Sistema de funções da Economicidade) e equilíbrio, é preciso que o giro ocorra com rapidez, tanto em relação ao investimento quanto ao financiamento ou origem do capital.

A velocidade da renovação dos meios patrimoniais está para a estabilidade eficaz, assim como o meio patrimonial deve estar para a estrutura e os ingressos da atividade devem estar para o capital próprio. Os investimentos e financiamentos em excesso ou em escassez são desequilíbrios, logo estados gravosos do patrimônio que indicam ineficácia, devendo, pois, nas análises contábeis haver sempre a preocupação em detectá-los (dediquei, há tempos, toda uma obra em dois volumes que foi editada sobre esta matéria e que se intitulou Curso Superior de Análise de Balanço). Através da comparação das situações encontradas com os modelos científicos de comportamento dos fenômenos patrimoniais, é possível, com maior precisão, concluir e opinar sobre as mesmas.

FUNÇÕES PATRIMONIAIS DE RESULTABILIDADE E ESTABILIDADE Dentre os sistemas de funções patrimoniais mais importantes estão os que se referem ao suprimento das necessidades de obtenção do resultado e da manutenção do equilíbrio, ou sejam, os de Resultabilidade e Estabilidade (segundo a doutrina neopatrimonialista estes sistemas são conceituados como básicos). Harmônica deve ser a correlação entre o total investido (disponibilidades, estoques, créditos cedidos, imóveis, móveis, veículos, máquinas etc.) e os recursos próprios (capital social, reservas, resultados acumulados, fundos), assim como o lucro líquido deve ser coerente com o que se recuperou dos investimentos (Vendas e Receitas Gerais) em relação a um mesmo período (geralmente o exercício) e local. Tal realidade é um princípio importante para que o equilíbrio se processe e nas análises deve merecer atenção singular.

As relações evidenciadas no modelo sinalizam para necessidades fundamentais no sistema da estabilidade, ou sejam as ditadas pelo princípio de que: um investimento deve guardar proporções adequadas com os ingressos oriundos da atividade e estes para com os recursos próprios que suprem os mesmos investimentos.

Da mesma forma: O lucro líquido deve ser um resultado harmônico e razoável em face da Receita Bruta como esta o deve ser em relação ao que se investiu na produção . Tais condições devem ser, pois, concomitantes, ou seja:

O giro patrimonial tem altas responsabilidades com a estabilidade e isto implica proporções definidas entre a circulação dos elementos do patrimônio e os ingressos provenientes da movimentação (receitas).

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Portanto: Receita Bruta (RB) e Lucro Líquido (LL) devem estar para o total investido, representado pelo Ativo (AT) e para o Capital Próprio (CP), assim como o Lucro Líquido (LL) e os Investimentos na produção (IP) devem estar para a Receita Bruta (RB). O investimento na produção, já era preocupação do emérito precursor da ciência contábil, Francesco Villa, em 1840, destacando ele o Ativo como composto de três grandes partes: Capital Circulante, Capital Fixo e Capital Produtivo (obra identificada na bibliografia, página 32). Relevante é comparar o que efetivamente circula para produzir o resultado, embora as classificações eminentemente financeiras não se preocupem com tal fato (de acordo com Normas e leis), necessário sendo segregar contas para obter tal elemento. O complexo de relações que enunciei influi, também, em outros sistemas, inclusive nos demais básicos e que são os de Liquidez e Economicidade.

Portanto, a correlação entre rédito e equilíbrio, para ser julgada, depende da consideração de tempo e movimento, mesmo quando o que se tem por objetivo é a determinação de um equilíbrio estático. Os modelos qualitativos possuem a virtude de indicar as razões sob as quais as relações se operam, servindo melhor aos interesses científicos; os modelos quantitativos, todavia, por serem específicos a cada caso, são empíricos, estando fortemente influenciados pela relatividade

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RELAÇÕES PROPORCIONAIS DE CADA SISTEMA EM RELAÇÃO A ESTABILIDADE Ao proceder a análise de uma empresa, aplicando-se a doutrina do Neopatrimonialismo, deve-se separar cada Sistema para observar o seu comportamento em relação àquele do equilíbrio (Estabilidade). Em assim o fazendo deve-se observar a seguinte proporção:

Ou seja: O elemento de um sistema qualquer (Pmx) deve estar para o seu Sistema (Sx), assim como o Sistema pertinente (Sx) deve estar para o Sistema da estabilidade (SEx). Isso significa que o comportamento, de cada sistema de funções, como, por exemplo, o da Liquidez, deve ter identidade com o equilíbrio e isto passa pela identidade de cada componente. O volume de créditos a receber, portanto, deve ser coerente com as necessidades de liquidez, mas, também esta deve o ser em relação a estabilidade.

A doutrina neopatrimonialista fundamenta-se, no caso, na denominada Teoria das Interações Sistemáticas Funcionais (que trata das influências recíprocas entre grupos de funções). O processo de obtenção do rédito influi, diretamente, sobre o regime circulatório e conforme é a intensidade de tal processo podem ser alteradas as condições do equilíbrio funcional do capital. A estabilidade, pois, não depende só do volume ou quantidade de elementos patrimoniais, mas, especial e basicamente, da velocidade com que tais componentes são movimentados.

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O comportamento das relações entre elementos patrimoniais deve processar-se em cadeias de identidades correlativas. A situação de equilíbrio compromete todos os sistemas e estes, logo, estão, com a mesma, igualmente comprometidos, em regime de interação e identidade. A teoria neopatrimonialista, segundo as classificações que estabelece, oferece expressivo recurso para estudos de profundidade, apresentando para o campo de aplicação de análises de balanços e situações um rico potencial metodológico, ditando modelos de proporções patrimoniais com significativo rigor lógico.

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contabilidade Joaquim Fernando da Cunha Guimarães Mestre em Contabilidade e Auditoria Revisor Oficial de Contas e Técnico Oficial de Contas Assistente-Convidado da Universidade do Minho

Sr. Empresário Sabe para que serve a Contabilidade?

“A Contabilidade (as partidas dobradas) é uma das mais belas invenções da mente humana e todo o bom empresário deveria introduzi-la na sua administração” (Goethe, citado por Martim Noel Monteiro, “A Contabilidade e o seu Mundo”, Ed. Portugália Editora, 1965)

A

questão supra, assumidamente com tom provocatório, é, com certeza, colocada por muitos empresários e gestores, sem formação contabilística, que ainda consideram a Contabilidade apenas como uma obrigação legal resultante da aplicação do Plano Geral de Contabilidade (PGC), aprovado pelo Decreto nº 82/01 de 16 de Novembro.

Subjacente a esta temática coloca-se o problema da utilidade da Contabilidade nomeadamente para os empresários e gestores.

Neste contexto, poderemos inferir que a frase em epígrafe responde praticamente à questão supra.

A Contabilidade como “ciência social” não deve privilegiar nenhum dos seus utilizadores/stakeholders internos e externos.

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Uma das definições mais simplicistas mas, ao mesmo tempo, mais pragmáticas da Contabilidade é a de que se trata de “um sistema de informação para a gestão (base para a tomada de decisões)”.

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Estas situações podem ser interpretadas à luz da Teoria da Contabilidade através de uma dupla perspectiva: a normativa (ou prescritiva) que visa a escolha da melhor opção contabilística de registo dos factos patrimoniais, e a positiva (ou descritiva) que procura descobrir de que forma o órgão de gestão decide o que é melhor para si. Em artigo sob o título “A Contabilidade - Utilidade para a Gestão (decisão)”, publicado na revista Revisores & Empresas n.º 25, de Abril/Junho de 2004 e na revista TOC n.º 54, de Setembro de 2004 e disponível no Portal INFOCONTAB (www. infocontab.com.pt), publicações e portal portugueses, alertámos para alguns aspectos actuais e futuros da contabilidade e sublinhámos: “É, também, neste quadro que se tem colocado a questão de se elaborarem demonstrações financeiras adaptadas aos diversos utilizadores, considerando, por exemplo, os factos patrimoniais como componentes de uma base de dados, da qual se extrairiam as informações requeridas pelos utilizadores. Ou seja, a informação financeira seria disponibilizada “à medida” dos interesses/utilidade dos stakeholders, i.e., uma “contabilidade self-service”.”

também para demais stakeholders, expressão esta que engloba sócios ou accionistas, gestores, empregados, fornecedores, clientes e até a própria comunidade.” Na mesma linha de pensamento, o Professor Hernâni O. Carqueja sublinhou (editorial da Revista de Contabilidade e Comércio n.º 236, vol. LIX, de Julho de 2004): “Sou do parecer que o valor para os accionistas não é forçosamente objectivo dominante da gestão e só erradamente é tomado como cerne da informação contabilística, o cerne é sim o valor para a empresa e é este que está em causa, quer para gestores quer para contabilistas...”

Uma das definições mais simplicistas mas, ao mesmo tempo, mais pragmáticas da Contabilidade é a de que se trata de “um sistema de informação para a gestão (base para a tomada de decisões”.

Na oportunidade também referimos: “Subjacente a essa problemática, enquadra-se o denominado “paradigma da utilidade” da Contabilidade, o qual está vinculado à ideia de que a Contabilidade deverá servir de suporte à tomada de decisões dos seus utentes/utilizadores, nomeadamente os investidores, accionistas actuais e potenciais, os financiadores (v.g. banca, locadoras, fornecedores) e os trabalhadores da empresa.” Note-se que o “paradigma da utilidade” anda não raras vezes associado à criação de valor para o sócio/accionista, como refere o Professor Rogério Fernandes Ferreira (em artigo sob o título “O Valor Criado na Empresa – Breves Reflexões”, publicado na Revista “TOC” n.º 46, de Janeiro de 2004, pp. 60 – 61): “Em Portugal começa a ser frequente repetir referências de bibliografia de outros países a indicar que o objecto ou objectivo da empresa é a criação de valor para o(s) accionista(s). Sempre nos situámos entre os que entendem que o objectivo da empresa é “criar valor”, não apenas para os sócios ou accionistas mas

Sobre esta dicotomia ver, por exemplo, “TEORIA DA CONTABILIDADE” de Eldon S. Hendriksen

e Michael F. Van Breda, Ed. Atlas, São Paulo, 1999. Tradução de “Accounting Theory”, 5.ª Edição, por António Zoratto Sanvicente da Universidade de S. Paulo (Brasil). Os autores referem: “As teorias positivas (ou descritivas) visam mostrar e explicar (como?) quais as informações financeiras que são apresentados e comunicadas aos utilizadores. As teorias normativas (ou prescritivas) visam recomendar que dados devem ser comunicados e como devem ser apresentados: ou seja, procuram explicar o que deve ser, em lugar do que é.”.

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Na verdade, também a “lei contabilística fundamental” – O Plano Geral de Contabilidade (item “2.2 – Objectivos das Demonstrações Financeiras”) releva a importância da contabilidade numa “óptica capitalista”, i.e., numa perspectiva de orientação para o investidor/mercado de capitais, como transcrevemos: “As demonstrações financeiras são uma representação financeira esquematizada da posição financeira e das transacções de uma entidade. São, por essa razão, úteis como forma de proporcionar informação acerca da posição financeira, desempenho e alterações na posição financeira de uma entidade a um vasto leque de utentes na tomada de decisões económicas.”

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contabilidade

É neste contexto que os empresários e ou gestores devem analisar a importância da Contabilidade, que, sem sermos exaustivos, pode ser aferida pelas seguintes utilidades:

Nesta conformidade, não compreendemos os motivos pelos quais a maioria das PME continuam a proceder ao encerramento das contas do exercício anterior em Maio ou até Junho do ano seguinte, quando o número 6 do art.º 70.º da Lei das Sociedades Comerciais estabelece o prazo até 31 de Março. Ou seja, já a empresa está em laboração há cinco/seis meses num exercício económico e as contas do exercício anterior ainda não foram apresentadas

• Apuramento e aplicação dos resultados, nomeadamente para distribuição aos sócios/accionistas e auto-financiamento (v.g. constituição de “reservas” para eventos futuros); • Financiamento bancário e parabancário; • Elaboração de planos de negócios, projectos de investimentos, aquisição e alienação de participações e património empresarial e particular, bem como avaliação de empresas; • Operações de fusão, cisão e transformação de sociedades; • Base das Declarações de Rendimentos (v.g. Imposto Industrial) à Administração Fiscal; • Disponibilização ao público através do depósito de contas no âmbito do Código do Registo Comercial; • Prova em litígios comerciais (v.g. aquisição e alienação de quotas/acções) e civis (v.g. divórcios); • Base para apresentação das contas nacionais; • Base para elaboração do Orçamento de Estado; • etc..

Nesta conformidade, não compreendemos os motivos pelos quais a maioria das PME continuam a proceder ao encerramento das contas do exercício anterior em Maio ou até Junho do ano seguinte, quando o número 6 do art.º 70.º da Lei das Sociedades Comerciais estabelece o prazo até 31 de Março. Ou seja, já a empresa está em laboração há cinco/seis meses num exercício económico e as contas do exercício anterior ainda não foram apresentadas, apesar da acta da Assembleia Geral referir que a mesma se realizou até àquelas datas. Dir-se-á: “É o sistema!”. Na verdade, continuamos a verificar que na maioria dos casos as contas são encerradas de acordo com aquelas datas, coincidindo, respectivamente, com as datas de apresentação da Declaração Modelo 1. Ou seja, são os prazos fiscais que ditam os procedimentos.

No entanto, poder-se-á argumentar que tal evidência resulta da necessidade de calcular o imposto sobre o rendimento (Imposto Industrial) e que tal só é possível através do preenchimento daquelas declarações. Tal afirmação não é correcta, pois sabemos que o cálculo desse imposto pode (deve) ser simulado muito antes e quando todos os registos/assentos do exercício estiverem relevados na Contabilidade.

(**) Artigo adaptado pela VALOR ACRESCENTADO ao Plano Geral de Contabilidade e Lei das Sociedades Comerciais

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VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


INOVAÇÃO

COMPETITIVIDADE

Largo 4 de Fevereiro Caixa Postal 1229 Tel/Fax: 222 311 178/87 Luanda-Angola e-mail: geral@portoluanda.co.ao www.portoluanda.co.ao

SATISFAÇÃO

PORTO DE LUANDA


gestão

anabela Neto Docente da Universidade Lusíada de Lisboa

As Pessoas: Um Valor Acrescentado

M

uito se fala de Gestão de Pessoas ou Gestão de Recursos Humanos, pessoalmente gosto mais de gestão de pessoas.

O Capital Humano é, sem dúvida, o bem mais precioso no actual mundo das Organizações e assim sendo devemos mantê-lo, alimentá-lo e continuadamente motivá-lo.

No fundo são elas que fazem parte das organizações que ditam o seu sucesso ou fracasso, que desenham ao longo das suas vidas profissionais um futuro melhor para as sociedades.

Este não é um processo fácil na medida em que, o que mais se busca, nos nossos dias, é o ter e não o ser.

Daí que a Fórmula adoptada para as organizações que buscam o sucesso seja o talento dos seus colaboradores, como Raminez & Nonman afirmavam num artigo de opinião de Harvard Business Review, em 1993, “as empresas bem sucedidas não se limitam a acrescentar valor, reinventam-no”.

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Mas este efeito negativo não pode originar desânimo, deve levar-nos a apostar cada vez mais na qualificação das pessoas, na sua formação contínua,no seu desenvolvimento pessoal. O conhecimento do colaborador, de hoje, nas organizações tem de se desenvolver em prol de si próprio, e assume também um papel mais preponderante no senti-

VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


O Capital Humano é, sem dúvida, o bem mais precioso no actual mundo das Organizações e assim sendo devemos mantê-lo, alimentá-lo e continuadamente motivá-lo.

É através de uma política social sólida que se criam oportunidades, que se gera emprego que se oferece melhor qualidade de vida, é através de uma Politica Social Sólida que se reintegram aqueles que, em determinadas circunstâncias, se viram desviados dos seus objectivos de vida e é aqui que se aplaudem grandes lideres empresariais que não receiam em contratar todos os que já falharam ou nunca tiveram uma oportunidade. Estes lideres são grandes chefes, são pessoas que levam a que os outros os sigam pelo seu exemplo, pela sua postura, pelo seu conhecimento e pela sua humildade. São lideres que têm como meta contribuir para o êxito da sua organização e para a riqueza do seu País, são lideres que normalmente “pecam” pela sua discrição, pelo seu bom senso e que utilizam a sua racionalidade para passarem a mensagem “Vamos Conseguir”. São lideres que com a sua coragem transmitem confiança, segurança e motivação. São líderes responsáveis tendo por objectivo não tanto serem os 1os mas sim serem competitivos, inovadores e diferentes. São verdadeiros apostadores, são ousados, não temem riscos. Com estas características geram boas equipas de trabalho, geram riqueza e alcançam os principais objectivos das suas organizações.

do de produzir melhores respostas nas organizações para o mercado actual. O mundo com a globalização, tornou-se mais “pequeno”, estamos mais perto e esse factor determinou e influencia-nos a todos, por isso não devemos alhear a importância que as pessoas hoje têm para um futuro “muito” próximo Mais Próspero e porque não dizê-lo Mais Feliz! Deste modo as políticas sociais dos Estados são de extrema pertinência, o Estado previdência como Estado que proporciona bem estar ao seu povo é fundamental e são necessários atitudes corajosas para se ultrapassarem os obstáculos que ainda persistem e teimam em manter-se no mundo actual.

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

Os líderes são um valor acrescentado para as organizações são o exemplo de que o trabalho vem primeiro do que o sucesso, apenas no dicionário nos deparamos com o contrário.

Os líderes são um valor acrescentado para as organizações são o exemplo de que o trabalho vem primeiro do que o sucesso, apenas no dicionário nos deparamos com o contrário.

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gestão

JOSÉ LUÍS MAGRO

IDEIAS E TÉCNICAS DE GESTÃO GASTARBEITER

GRUPO DE INTEGRAÇÃO Pode-se definir como um conjunto de responsáveis provenientes de diferentes horizontes da empresa, com o objectivo de resolver um problema que não pode ser confiado a uma única unidade. Praticamente em cada passo do processo de controlo de gestão existem oportunidades de diálogo: na negociação de objectivos, na negociação dos meios a prever no plano operacional e no orçamento, na prestação de contas dos resultados intermédios e na negociação das acções correctivas.

Termo alemão para designar “trabalhador convidado”, ou seja, trata-se de um trabalhador emigrante oriundo de um país pobre, convidado a fornecer mão-de-obra não especializada a um país rico. O Gastarbeiter deve regressar à sua origem depois de um período de tempo. Daí não ter os mesmos direitos (ou incorre nos mesmos custos) dos empregados locais. Os turcos formam o maior contingente de estrangeiros na Alemanha, com um total de dois milhões de pessoas, seguidos por italianos, sérvios-montenegrinos, gregos, polacos e croatas. Oitenta por cento dos estrangeiros que residem no país vêm de outros países europeus. Segundo especialistas em direito internacional, a Alemanha é, há muito, um país de imigração. De meados dos anos 50 até 1973, milhões de trabalhadores (os chamados Gastarbeiter) foram convidados a residir no país, tendo servido de mão-de-obra em sectores como o da construção civil, por exemplo, que vinha registando falta de pessoal, ou mesmo na indústria. Bibliografia: Bibliografia: The Economist Book, http://www.dw-world.de/dw/article/

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STRATEGOR - Politica Global da Empresa; Jordan Hugues, Carvalho das Neves, Azevedo Rodrigues José, “ O Controlo de Gestão”.

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GESTÃO

GRANDE JOGO (OU JOGO POLITICO ABERTO) É uma prática de decisão que aparece nas situações de crise e de surpresa estratégica, caracterizada pela modificação da distribuição do poder dentro e fora da empresa.

Não há uma definição universalmente aceite para o conceito de gestão. Tenta-se muitas vezes dar-lhe um significado opositor ao conceito de administração, dizendo-se que este último termo, pejorativamente, corresponde à execução de trabalhos rotineiros sem grandes responsabilidades. Porém Henry Fayol, dava uma grande importância à administração, invocando os cinco famosos imperativos: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar que caracterizavam bem a função administrativa pelos seus aspectos fundamentais. Estes imperativos são usuais em muitos escritos e manuais de gestão. Para evitar estas correntes doutrinárias, muitas vezes influenciadas pelas modas, o que julgamos de interesse é fazer uma abordagem genérica do que pode significar “gestão” considerando os cinco imperativos acima: • os três níveis de responsabilidade: direcção geral, gestão e execução; • as características da acção a estes três níveis; • os métodos é técnicas de recolha, classificação medida e de interpretação dos factos, distinguindo os factos facilmente quantificáveis dos que o não são; • a elaboração dos painéis de gestão por selecção e apresentação ordenada das informações (internas e externas) segundo formas adaptadas aos diferentes níveis de responsabilidade mas com a preocupação de obter um sistema coerente; • as consequências da aparição de materiais modernos para o tratamento automático da informação e a simulação de gestão.

Tempos que correm o jogo de gestão, é um programa de formação e treino na área da gestão tendo em vista melhorar as competências e capacidades de gestão de profissionais e estudantes da área. Em Angola, estes eventos começaram a surgir muito recentemente como o Global Management Challenge, promovido pela Accenture e Gestinov – Inovação e Gestão junto de várias universidades do país. A competição desenrola-se havendo como suporte um simulador empresarial. A cada equipa participante é entregue a gestão de uma empresa que por sua vez deve enviar para o centro de resultados (via Internet) o seu plano de negócios, que depois será analisado e pontuado pelo respectivo centro.

Peter Drucker, nasceu em 19 de Novembro de 1909 em Viena de Áustria e faleceu em 11 de Novembro de 2005, em Claremont, Califórnia, EUA. Este austríaco naturalizado americano, foi considerado por muitos o criador da Gestão, tal qual conhecemos nos nossos dias, tendo deixado uma vastíssima obra sobre a temática da Gestão. “A gestão é uma actividade ou arte em que aqueles que ainda não tiveram êxito e aqueles que provaram não ter êxito são dirigidos por aqueles que ainda não fracassaram” [Paulsson Frenckner]

“Os homens foram feitos para serem geridos e as mulheres nascem gestoras” [George Meredith] Bibliografia: Lauzel Pierre, “A Gestão pelo Método Orçamental”; http://de.wikipedia.org/wiki/Peter_Drucker; The Economist Books.

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Bibliografia: The Persuit of WOW, de Tom Peters (Alfred Knopf, 1995); The One-to-One Futura, de Don Peppers e Martha Rodgers (Platkus, 1994); e The CustomerDriven Company, de Rchard Whitely (AddisnoWesley, 1991); www.guiarh.com.br/p64.htm

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gestão

GLOBALIZAÇÃO

GUARDA-CHUVA DE PREÇOS

A globalização não é uma realidade recente. Poder-se-á dizer que teve o seu início nos séculos XV e XVI, com a era dos descobrimentos marítimos encetada por várias potências europeias e continuada e desenvolvida pela era capitalista. A diferença entre a globalização ou mundialização daquela época com a actual, prende-se com a velocidade e abrangência do seu processo, muito maior nos dias que correm.

Resulta da diferença entre um nível inicial de preços mantido no tempo e um nível decrescente de custos.

Para GIDDENS (1991), globalização é um fenómeno que pode ser definido como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa. Para BARRAL (1998) pode-se definir o termo globalização como o processo de internacionalização dos factores produtivos, impulsionado pela revolução tecnológica e pela internacionalização dos capitais.

Em vez de fazer evoluir o preço paralelamente aos custos, a empresa mantém o nível inicial do preço, aumentando assim as suas margens e criando aquilo que se chama um “guardachuva” de preço. Uma estratégia deste tipo permite à empresa rendibilizar rapidamente os seus investimentos, mas não pode ser seguida em caso de guerra de preços.

Bibliografia STRATEGOR - Politica Global da Empresa

GRUPO ESTRATÉGICO

É a abordagem do mercado mundial como se tratasse de um único e mesmo mercado, com produtos e serviços normalizados à escala mundial. Esta estratégia assenta na semelhança dos factores críticos de sucesso na maioria dos mercados mundiais. A concorrência num país ou num continente está, então, dependente da concorrência nos outros países ou continentes.[STRATEGOR - Politica Global da Empresa]. Para se ter uma ideia do efeito globalização licenciam-se em Contabilidade na Índia cerca de 70 mil jovens por ano. Muitos deles vão trabalhar para empresas indianas a ganhar cerca de USD 100 por mês. Com a ajuda das telecomunicações de alta velocidade, formação rigorosa e formulários padronizados, estes jovens licenciados indianos convertem-se rapidamente e com toda legitimidade em contabilistas ocidentais, numa fracção de segundos, isto porque são eles a preparar e a executar as declarações de rendimentos de muitos americanos. Assim, muitas empresas indianas de Contabilidade chegam ao ponto de se darem a conhecer às empresas americanas através da teleconferência, evitando assim viagens.

Entende-se como um conjunto de empresas que no seio de um sector, seguem a mesma estratégia. Como exemplo, temos as construtoras de automóveis General Motor. Ford, Nissan, Honda, VW, em para além da quer procuram uma integração vertical acentuada, reduzidos custos de produção, poucos serviços e qualidade média.

Bibliografia:

Bibliografia:

Verbo Jurídico; STRATEGOR - Politica Global da Empresa; Friedman, Thomas, “O Mundo é Plano – Uma história breve do século XXI”.

STRATEGOR - Politica Global da Empresa; http://www.esce.ips.pt/disciplinas/licenciatura/ge/GE/GE_II_1_7.pdf

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gestão

FILIPA COUTO

GLOSSÁRIO BOLSA DE VALORES

E

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Earnings Per Common Share

Relação entre lucro líquido - menos dividendos pagos às acções preferenciais - e o número de acções ordinárias.

Eased Off

Mercado calmo, indicando ligeira queda nos preços das acções.

Emissão

Lançamento de valores mobiliários em bolsa, (exemplo: acções ou obrigações), por parte de empresas públicas ou privadas com o objectivo de se financiarem devido às suas necessidades de investimento ou de fundo de maneio.

Emissor

Entidade oficial que emite papel-moeda ou instituição emitente de título de crédito, de renda ou ordem de pagamento.

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Emitente

Pessoa que emite um título, criando uma obrigação de pagamento.

Empresa Holding

Empresa que detém o controle de acções de uma empresa ou um grupo de empresas subsidiárias.

Empresa privada

Empresas cujo capital é detido na sua maioria pelos agentes económicos privados, e cujo objectivo final é o lucro.

Empresa pública

Empresa criada pelo Estado com capitais próprios ou fornecidos por outras empresas públicas, para a exploração de actividades de natureza económica ou social.

Encerramento de Posição

As posições a futuro de compra ou venda podem ser encerradas antecipadamente mediante a realização de uma operação inversa. Neste caso, a Caixa de Registo e Liquidação da Bolsa apura os resultados acumulados proporcionalmente à quantidade encerrada, lançando-os via compensação financeira à sociedade corretora responsável pela operação e coloca à disposição as respectivas garantias (margem ou cobertura).

Encouraging Market

Mercado animador.

Endosso

Assinatura do proprietário no verso de um título, para transferir a sua propriedade.

Endosso em Branco

Quando o endossante não declara a quem transfere o título, limitando-se a lançar no mesmo a assinatura.

Endosso em Preto

Quando o endossante indica o nome a quem transfere o título, isto é, o endossatário que, por sua vez, poderá também transferir o título a outrem.

Escola Fundamentalista

Corrente de pensamento que se baseia, para fazer análise do investimento de uma acção, nos dados económico-financeiros da empresa, relacionando-os à situação de seu sector de actividade e à economia do País.

Entidade Gestora

Entidade especializada e legalmente habilitada que se encarrega da gestão do património de um fundo de investimento, tomando as decisões de investimento segundo os princípios da diversificação (divisão do risco) e da maximização de rendibilidade das aplicações.

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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gestão

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Entidades Colocadoras

Encarregam-se da comercialização de um fundo de investimento, recebendo dos participantes as ordens de subscrição e de resgate das unidades de participação. O banco depositário é obrigatoriamente entidade colocadora. Além do banco depositário, podem outras instituições financeiras ser entidades colocadoras de fundos de investimento.

EPS (Earning per share)

É o resultado por líquido por acção. Em termos de cálculo, obtém-se dividindo o resultado líquido total pelo nº de acções que constituem o capital social total da empresa.

Escola Técnica

Corrente de pensamento que se baseia, para fazer análise do investimento de uma acção, no comportamento da acção no mercado (Bolsa de Valores), sendo os gráficos seu material de apoio principal.

Equity, Trade On The

Trabalhar com capital de terceiros, tendo que conseguir lucros superiores às despesas com juros.

Especialista

Membro da Bolsa de Valores que se compromete a dar liquidez a uma determinada acção, mantendo o mercado do título equilibrado, mediante a efectivação de compras e vendas desta mesma acção para sua própria conta.

Especular

Negociar em qualquer mercado, com o objectivo de auferir lucros em curto prazo, aproveitando uma situação temporária do mercado.

Estar Comprado

Ter assumido posições de compra em contratos futuros, na expectativa de uma alta de preços.

Estar Vendido

Ter assumido posições de venda em contratos futuros, na expectativa de uma queda de preços.

Exercício

Quando o detentor do warrant exerce o seu warrant.

Excess Equity

Quando o valor em dinheiro, de uma conta, excede o montante necessário para margem.

Exercício Automático

O detentor do warrant recebe o valor intrínseco automaticamente sem que para isso tenha que desencadear nenhuma acção na data de expiração (Isto pode ser estabelecido nos termos e condições contratuais do warrant).

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Ex-Direitos

Negociação de uma acção, após exercício de um direito.

Exclusão do Direito de Preferência

O estatuto da empresa aberta que contiver autorização para aumento do capital pode prever a emissão, sem direito de preferência, para os antigos possuidores de acções, partes beneficiárias conversíveis em acções.

Execução de Ordem

Efectiva realização de uma ordem de compra ou venda de valores mobiliários

Exercício de Opção

É a operação através da qual o titular da opção exerce o seu direito de comprar ou de vender o lote de acções objecto da opção, ao preço de exercício. O exercício da opção far-se-á mediante o registro da operação de compra ou de venda à vista das acções objecto em pregão da Bolsa de Valores que opera com o mercado de opções.

Exótica

Um warrant Exótico é aquela cujas características não são standard no que diz respeito ao activo subjacente, ao preço de exercício, o cálculo do valor intrínseco ou o vencimento. A avaliação destas opções não pode ser feita através dos métodos matemáticos usuais.(Tipos: “Knock-out”, capped, digital, reset, look-back)

Extracto de Conta Cliente – Custódia (ECC-C)

Extracto de Conta Cliente - Custódia - Tem a finalidade de informar todos os lançamentos que ocorreram na sua posição de títulos, em um período determinado bem como seu saldo actual.

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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informática de gestão

Filipa Couto Licenciada em Gestão de Empresas Pós-Graduada em Gestão de Centros Urbanos

PRODUÇÃO DE DOIS ARTIGOS MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO

O SOLVER é um suplemento. Se fizer a instalação completa do EXCEL, o menu “Ferramenta” inclui o comando “SOLVER”. O SOLVER consegue resolver problemas que envolvam muitas células com variáveis e pode ajudá-lo a encontrar combinações de variáveis que maximizam ou minimizam uma célula de destino. Permite também especificar uma ou mais restrições – condições que têm de ser cumpridas para que a solução seja encontrada. Neste contexto, vamos mostrar o seguinte exercício. A unidade fabril XPTO SA, pensa produzir dois produtos P1 e P2. Para os produzir, vão ser necessários dois recursos A e B, conforme quadro abaixo: Recursos

P1

P2

A

4

2

B

2

5

A disponibilidade do recurso A é de 80 unidades e a de B é de 120 unidades. Os lucros unitários, resultantes da venda dos produtos P1 e P2 são respectivamente 3 e 4 unidades monetárias. A XPTO SA, pretende saber qual a quantidade a produzir de cada artigo de modo a maximizar o lucro.

Formulação do Problema Max z = 3 P1+ 4 P2 4 P1+ 2 P2<= 80 ☛ Recurso A 2 P1+ 5 P2<= 120 ☛ Recurso B e P1, P2 >= 0 e P1, P2 Inteiro

40 .

Û

P1 <= (80- 2 P2)/4 P2 <= (120 -2 P1) / 5 e P1, P2 >= 0 e P1 P2Inteiro

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Resolução do Problema Vamos inserir no EXCEL os dados constantes da figura abaixo:

Figura 1

Na célula B2 vamos digitar a função objectivo, ou seja, a maximização do lucro =3* A5+4* B5 Em que A5, corresponde a P1 e B5 corresponde a P2.

No EXCEL, vamos ao menu “Ferramentas” (TOOLS) e entramos em Suplementos conforme figura abaixo:

Figura 2

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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informática de gestão

Posteriormente, temos de ir novamente a “Ferramentas” e accionar o “SOLVER” , conforme figura a seguir:

Figura 3

Ao accionarmos o SOLVER temos de introduzir os dados constantes da figura a seguir:

Figura 4

Em que em $A$5:$B$5, vão aparecer as unidades produzidas de P1 e P2 , cuja estrutura foi criada na figura 1. Em B2, vai aparecer a maximização do lucro. Por tal razão na figura acima, o botão está em “Máximo”. Pode acontecer que por vezes há dificuldade em abrir este comando devido à segurança das macros. Se tal acontecer, deve colocar as macros com uma segurança

média e depois de executar o SOLVER, colocar novamente a segurança das macros em alta. Evite vírus e as macros são propensas a ganhá-los.

42 .

VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


Seguidamente temos de adicionar restrições conforme quadro a seguir:

Figura 5

A “Referência da célula” é $A$5, ou seja, o P1 e as restrições constam do quadro do lado direito de “Formulação do Problema”. Esta metodologia a seguir para todas as restrições constantes do respectivo quadro. A figura a seguir, mostra-nos que o SOLVER, encontrou uma solução perante as restrições que colocamos. Compete ao gestor aceitar ou não a solução encontrada

Figura 6

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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especial

PROJECTO ALDEIA NOVA JLMagro

UM CAMINHO UMA ESPERANÇA UMA REALIZAÇÃO O Projecto Aldeia Nova (PAN) prova duas realidades: a primeira, foi possível a integração da população de agricultores, já residente, com os desmobilizados de guerra com quadrantes políticos diferentes; a segunda, a de que Angola deve apostar forte no sector primário, mais propriamente na agro-pecuária. Mas para escoar a produção são necessárias estradas. Estas estão a ser recuperadas e reconstruídas. Esperemos, que brevemente as nossas estradas estejam devidamente transitáveis, para que os custos de transporte não onerem em demasia os produtos vindos do interior. Por outro lado, somos dos que acreditam que com estradas, vai ser possível radicar quadros nestas paragens, que como é sabido tanta falta fazem. O PAN, já criou um meio envolvente, forte no Waco Kungo. Criou emprego, há três agências bancárias a funcionar e e já há fazendas limítrofes com turismo rural. Tudo indica que o PAN vai ser “exportado” para outras províncias. Se fôr é de louvar. Mas é importante que se diga: não há dois projectos iguais, isto porque temos de considerar a morfologia dos terrenos, recursos humanos e vontade politica central e local. Criou-se uma cadeia de valor, que os nossos académicos deveriam conhecê-la e ensinar nas aulas de Gestão de Empresas.

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VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


1. âmbito

O PAN, está localizado na província do Kuanza Sul, mais propriamente no município da Cela, na cidade de Wako Kungo. Há cerca de 800 famílias a beneficiarem do PAN. Inicialmente, este projecto foi concebido para a reinserção social única e, exclusivamente, para desmobilizados de guerra, mas com a implementação do projecto foram admitidas outras famílias. E porquê? Porque as casas abandonadas estavam ocupadas por famílias de agricultores e não fazia sentido desalojá-las. Assim, foram determinantes as orientações emanadas pelo ministro Higino Carneiro: construir casas novas para os que chegavam e reabilitar as casas dos agricultores existentes. O PAN, baseia-se na criação de pequenas quintas familiares de 3 hectares agrupadas em oito aldeias, com casa e instalações de apoio para a prática da agro-pecuária. No conjunto, este empreendimento ocupa uma área de cerca de 2.500 hectares. As terras já são trabalhadas com um sistema moderno de irrigação gota-gota. Cada aldeia é especializada ou na agricultura ou num tipo de criação animal como: gado bovino leiteiro, galinhas poedeiras e cria e recria de frangos e gado suíno. Cada aldeia tem à sua disposição, armazéns colectivos, escolas, postos de saúde, igrejas e zonas de lazer.

O PAN, está localizado na província do Kuanza Sul, mais propriamente no município da Cela, na cidade de Wako Kungo. Há cerca de 800 famílias a beneficiarem do PAN. Inicialmente, este projecto foi concebido para a reinserção social única e, exclusivamente, para desmobilizados de guerra, mas com a implementação do projecto foram admitidas outras famílias. E porquê? Porque as casas abandonadas estavam ocupadas por famílias de agricultores e não fazia sentido desalojá-las. Assim, foram determinantes as orientações emanadas pelo ministro Higino Carneiro: construir casas novas para os que chegavam e reabilitar as casas dos agricultores existentes.

PROJECTO ALDEIA NOVA

O Projecto Aldeia Nova (PAN) é um conceito de desenvolvimento rural assente em duas componentes: uma, de cariz social e, outra, agro-industrial.

2. Investimentos O investimento global está a seguir indicado: Unidade: USD 106

INVESTIMENTOS

VALOR

Agricultores

%

8,5

12%

22,3

32%

Capital

7,3

10%

Infra-estruturas humanas (1)

5,0

7%

Infra-estruturas físicas

15,0

21%

Construção de Casas

9,0

13%

Planeamento e Supervisão de Engenharia

3,4

5%

70,5

100%

Fábrica de Apoio

TOTAL

Com todo este investimento espera-se obter um forte rendimento para o Estado e incrementar a economia desta região com a atracção de vários agentes económicos como a Banca (existem três bancos e a breve trecho abrirá outro banco), investidores, comerciantes… Espera-se com este projecto, o retorno directo dos investimentos, em particular dos agricultores que devolverão a totalidade dos investimentos na agricultura e 75 % dos investimentos nas casas. A vigência vai ser de 20 anos com juros bonificados. Os investimentos em capital serão devolvidos pelos agricultores, no final de cada estação e renovados no início estação seguinte de cultivo.

(1) - Formação, supervisão, administração

Para além deste investimento, houve um acréscimo de USD 15 milhões para a recuperação dos canais de drenagem, tendo em linha de conta que o município da Cela situa-se num vale, com terras muito junto à superfície e se não houver drenagens, os terrenos não podem ser aproveitados para a agricultura.

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

Nas terras geridas colectivamente, as famílias accionistas vão ter direito a uma parte proporcional dos rendimentos líquidos alcançados na produção anual. Sobre os lucros serão descontadas as despesas sociais como: condomínios, educação, saúde… Assim, o PAN pretende aliviar o peso das despesas obrigatórias, no sentido de permitir às famílias uma vida consentânea com os tempos actuais e permitir alguma poupança.

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especial

O investimento nas fazendas agrícolas está assim distribuído: Unidade: USD 106

Investimentos

Total

%

Cultivos de campo, irrigação e escoamento (600 fazendas)

2,00

24%

Aves de abate (120 fazendas a USD11,3 mil por galinheiro)

1,35

16%

Pintos (20 fazendas a USD 12,5 mil por galinheiro)

0,25

3%

Poedeiras (120 fazendas a USD 10,8 mil por galinheiro)

1,30

15%

Leite (160 fazendas a USD 13,8 mil estábulo +máquina ordenha)

2,20

26%

Suínos (80 fazendas a USD 17,5 por chiqueiro)

1,40

16%

8,50

100%

TOTAL

Família beneficiária do PAN

Os investimentos nas fábricas serão restituídos no início pela administração do projecto e concessionários e, mais tarde, serão devolvidos na totalidade aquando da privatização das mesmas. Os investimentos em infra-estruturas físicas e humanas, bem como os investimentos em planeamento e supervisão, não serão devolvidos directamente, mas o Estado a longo prazo poderá ter os seguintes benefícios: 1. Maior disponibilidade de alimentos para os cidadãos a preços consentâneos para as famílias mais carenciadas; 2. Criação de postos de trabalho;

Miúdos levando o gado para a sala de ordenha

O leite e o cultivo dos campos, são os maiores investimentos representando 26% e 24% respectivamente do total do investimento.

3. Aumento da receita fiscal, resultante das vendas dos produtos agrícolas; 4. Diminuição da importação de alimentos, o que vai permitir uma melhoria qualitativa na balança de pagamentos.

Os investimentos nas fábricas serão restituídos no início pela administração do projecto e concessionários e, mais tarde, serão devolvidos na totalidade aquando da privatização das mesmas. Vista panorâmica da Aldeia 4

46 .

VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


O investimento em fábricas e organismos e serviços está assim distribuído:

que têm maior peso com 18% e 16% respectivamente. Dentro dos organismos e serviços os tractores e equipamentos são quem têm a maior fatia, ou seja, 81%.

Unidade: USD 106

Investimentos

Total

O número de fazendas e área dedicada, para a criação de animais, estão assim distribuídos:

%

FÁBRICAS DE APOIO 0,65

6%

Central de ração

1,80

16%

Moinho de farinha de milho

1,70

15%

Fábrica de óleo

2,00

18%

Leitaria

1,70

15%

Matadouro de aves

1,70

15%

Matadouro de bovinos

0,40

4%

Matadouro de porcos

0,65

6%

Tratamento de detritos

0,55

5%

11,15

100%

SUBTOTAL

ORGANISMOS DE SERVIÇOS Central de triagem de ovos

0,40

4%

Central de triagem de vegetais

0,40

4%

Tractores e equipamento

9,00

81%

Estação de combustível e serviço

0,35

3%

Oficina mecânica e serralharia

0,25

2%

Depósitos de sementes

0,25

2%

Laboratórios

0,50

4%

SUBTOTAL

11,15

100%

TOTAL

22,30

O investimento nas fábricas de apoio e em organismos e serviços é de USD 11,15 milhões cada. Dentro das fábricas de apoio, a fábrica de óleo alimentar e a central de ração são os

Postos Médicos Aldeias

Unidade área dedicada: hectare

Nº de

Tipo

Fazendas

Produção Anual

Área Dedicada

Frangos

120

3.000 toneladas de carne

216

Poedeiras

120

22,3 milhões de ovos

200

Pintos para poedeiras

20

100 mil pintos

120

Criação de vacas leiteiras

160

4 milhões de litros, 280 toneladas de carne

105

Suinos

80

1.000 toneladas de carne

200

TOTAL

500

841

Pode-se perceber qual a quantidade de objectos em obra nas aldeias no quadro abaixo. Todas as oito aldeias têm uma igreja católica e a nível de escolas só não têm as aldeias com os números 4 e 8. As aldeias em função das características dos seus habitantes, ora têm matadouros, ora aviários e a número 11, está dotada de pocilgas. Todas têm armazéns, excepção, por enquanto, para as aldeias números 4, 6 e 8. A nível de esgotos, só estão instalados nas aldeias com os números 1 e 2 e, tudo indica, que os detritos vão ser reciclados, defendendo-se desta forma o ambiente. No que concerne à energia eléctrica só as aldeias números 1, 2 e 3 é que a possuem.

Armazéns

Aviários

Casas Re- Casas Igrejas Escolas ReabiReabiNovos Novos Estábulos abilitadas Novas Novas Novas litados litados

Ovos Recriação Carne Pocilgas

Água e Esgotos

Energia

1

23

78

1

2

1

2

80

Tem

Tem

2

27

23

1

1

1

1

40

Tem

Tem

3

37

45

1

3

1

1

40

20

Não Tem

Tem

4

29

58

1

1

80

Não Tem

Não Tem

6

30

55

1

2

1

1

40

18

Não Tem

Não Tem

7

29

1

2

1

1

27

Não Tem

Não Tem

8

27

53

1

75

Não Tem

Não Tem

11

29

57

1

2

1

1

80

Não Tem

Não Tem

Total

231

369

8

12

3

3

2

6

160

120

20

120

80

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

. 47

PROJECTO ALDEIA NOVA

Incubadora


especial

3. a importância e o meio envolvente deste projecto Para que seja realizado um projecto desta envergadura, implica que haja vontade política. É importante dizer que, com este projecto, foi recuperado um património agrícola importante do país. Assim temos de ver os impactos directos e indirectos do projecto. Com ele, criou-se condições no sentido de aparecer noutras províncias projectos similares. No boletim informativo do Projecto Aldeia Nova “ECOS”de Janeiro/Fevereiro de 2007, está inserta a opinião dos governadores provinciais que visitaram o PAN e a seguir transcrevemos o que julgamos ser relevante: Paulo Kassoma, governador do Huambo “ o Projecto Aldeia Nova constitui-se como uma experiência interessante para outras regiões, particularmente do Centro e Sul”. Dumilde Rangel, governador de Benguela “ tive oportunidade de participar no acto inaugural do Projecto. É grande a diferença entre o que vi na altura e o que vejo hoje. Fiquei realmente sensibilizado, porque os objectivos preconizados estão a ser alcançados”. José Amaro Táti governador do Bié “ estamos perante um caso particular, quase único, no nosso país. A história desta região é de muita produção e agora temos tecnologia para conseguirmos

produzir muito mais. Oxalá houvesse muitos “wacos” pelo país – um nível de investimento muito alto, utilização de tecnologia de ponta, uma capacidade de produção que, dentro de pouco tempo, vai permitir a sua exportação”. José Ernesto dos Santos “Liberdade”, governador do Moxico “ vai resolver muitos problemas. Sobretudo daqueles nossos compatriotas que durante muitos anos estiveram nas forças armadas, quer da parte do Governo quer da parte da UNITA. E não só, o projecto também integra cidadãos do município da Cela e do resto do país”.

“Estamos perante um caso particular, quase único, no nosso país. A história desta região é de muita produção e agora temos tecnologia para conseguirmos produzir muito mais. Oxalá houvesse muitos “wacos” pelo país – um nível de investimento muito alto, utilização de tecnologia de ponta, uma capacidade de produção que, dentro de pouco tempo, vai permitir a sua exportação”

Construção de uma nova casa

48 .

VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


Gomes Maiato, governador da Lunda Norte, “ encontrámos famílias que hoje têm ocupação, têm uma fonte de rendimento para o seu sustento. Vamos levar esta experiência para a nossa província da Lunda Norte onde, como sabem, a produção principal é o diamante, e a agricultura tem sido relegada para segundo plano”. Da leitura destas opiniões é importante realçar: • Todos são unânimes de que este projecto deve ser aplicado para além do município da Cela. Angola, é essencialmente um território com condições naturais mais que privilegiadas para a prática da agricultura. Não se pode pensar que a criação de projectos tipo PAN noutras províncias têm de ser rigorosamente iguais, conforme atrás referido: há a morfologia dos terrenos, culturas, a predisposição das pessoas e a vontade e capacidade politica do poder local. •

O Homem. Foi a sua reinserção a grande vitória deste projecto. É importante dizer que há outros valores acima da economia. Repetimos, há as pessoas e há a história. Há, pois deveres do Estado.

A importância do PAN no município do Waco Kungo, trouxe um meio envolvente importante: emprego e mais população radicada e a possibilidade de desenvolver outras actividades como o turismo rural. Tal como já foi dito já estão instalados no Waco Kungo três agências bancárias: banco Keve, BFA e BPC.

Possibilidade de pressionar o poder político central, para outros projectos de igual ou maior envergadura.

Possibilidade de deslocar população de Luanda para esta zona e/ou para zonas onde possam ser instalados projectos similares.

O Homem. Foi a sua reinserção a grande vitória deste projecto. É importante dizer que há outros valores acima da economia. Repetimos, há as pessoas e há a história. Há, pois deveres do Estado.

O exemplo de paz e harmonia, foi mostrado pelo responsável pelo Centro Logístico, o veterinário Joaquim Russo, aos responsáveis pela LACTOGAL, aquando da visita ao PAN, dando o exemplo de um homem que, durante vinte anos, foi segurança do Estado (DISA), fartou-se de dar tiros, e hoje

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

a sua vida é completamente diferente. É um grande produtor de leite. Para se conseguir este efeito, tal como disse Joaquim Russo “temos de tirar o chapéu aos israelitas que estiveram e/estão a trabalhar aqui connosco, conseguiram que os nossos produtores de leite, avícolas e hortícolas obtivessem bons índices de produtividade. Resumindo, as pessoas absorveram os conhecimentos que lhes foram transmitidos e agarraram as oportunidades que lhes foram dadas”. Prosseguindo, Joaquim Russo referiu “ muitos criticam este projecto, porque implica um capital intensivo e, Angola, tem de criar emprego para muito mais pessoas. Porém, tal facto não corresponde à verdade, isto porque a própria agricultura evoluiu e, hoje, temos de aplicar as melhores técnicas para que possamos ter valor competitivo. Assim, a formação continua é importante e necessária, pelo que o número de pessoas a seleccionar tem de obedecer a critérios rigorosos. Por outro lado, temos de pensar que, a criação de emprego, na agricultura, depende do aumento da produtividade, o que conseguimos provar com este projecto”.

Joaquim Russo, responsável pelo Centro Logístico

4. centro logistico As unidades que compõem o Centro Logístico são muito variadas. Há, presentemente cerca de 200 trabalhadores efectivos. Entre esses trabalhadores, há muitos estrangeiros a nível técnico isto porque, há um contrato firmado com a empresa israelita AGR, responsável técnico pela implementação do projecto, cujo contrato termina no final de 2007. Com a implementação do projecto, vão ser criados cerca de 800 postos de trabalho, em que cerca de 70% dos trabalhadores, terão formação média e superior. Dentro desses trabalhadores, pensa-se ter cerca de 10 técnicos estrangeiros em áreas em que há falta de trabalhadores no mercado nacional, nomeadamente no apoio ao parque de máquinas (engenheiros mecânicos) isto porque a maquinaria agrícola exige uma manutenção permanente (há cerca de 50 tractores e 50 máquinas diversas). Na agricultura na área do milho, que é a cultura mais sensível, em que se prevê chegar aos 6 mil hectares, vão ser necessários nesta área, alguns técnicos estrangeiros.

. 49

PROJECTO ALDEIA NOVA

Cristóvão da Cunha, governador de Malanje, “ regresso a Malanje mais encorajado para preparar condições para que projecto idêntico nasça também naquela província. Precisamos de multiplicar unidades deste género, para diminuir o exército de desempregados por um lado, e, por outro, para aumentar a produção de bens que precisamos”.


especial

Tractores agrícolas

A nível das fábricas, há a de lacticínios, que em Angola só existe uma a funcionar em Luanda, que é a SÓLEITE. A nível de quadros dirigentes, pelo menos durante dois anos vão ser necessários técnicos ou assistência técnica estrangeira. Temos de pensar que Angola é um mercado aberto, onde se importa de tudo. A produção nacional tem de ter qualidade para concorrer com a estrangeira. A nível do matadouro coloca-se a mesma situação, ou seja ter alguns técnicos ou assistência estrangeira. Em suma, as áreas mais sensíveis são: a cultura do milho, a fábrica de lacticínios e o matadouro. Vai haver uma aposta forte na formação no local, em Luanda e possivelmente fora do país, no sentido de gradualmente, substituir-se os técnicos estrangeiros por nacionais.

kwanzas pelo agricultor, mas em Luanda é pago entre 300 a 400 kwanzas. Indubitavelmente o transporte é uma das variáveis que mais encarece o produto, isto porque um camião deveria fazer do Waco Kungo a Luanda entre 5 a 6 horas, mas demora em média um dia.

“Angola ainda vai importar produtos alimentares por mais uma década, porque o aumento da produção agrícola não vai acompanhar numa razão directa o crescimento da população, aumento do emprego e do seu nível de vida”.

Tendo em linha de conta que Angola tem uma forte importação de bens essenciais nomeadamente de produtos alimentares, já se nota uma boa procura dos produtos produzidos pelo PAN, apesar de, conforme disse Joaquim Russo, “Angola ainda vai importar produtos alimentares por mais uma década, porque o aumento da produção agrícola não vai acompanhar numa razão directa o crescimento da população, aumento do emprego e do seu nível de vida”. Relativamente à comercialização dos próprios produtos, já se está numa fase de organização do mercado e por incrível que pareça, há consumidores, há produção, mas falta uma boa rede de distribuição, em que as estradas são assaz importantes para o seu funcionamento. A título de exemplo, o ananás que é um produto abundante nesta região, é vendido por 50

50 .

Estrada Alto Dondo-Waco Kungo

VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


4.1. Criação de pintos De acordo com o responsável, por esta área, o engenheiro técnico agrário Rui Flora, existe uma tiragem de 22 mil pintos para postura. Esta unidade tem 5 funcionários angolanos efectivos, e um técnico israelita, cujo contrato está prestes a expirar. Eventualmente, esta unidade poderá contratar tarefeiros. A criação de pintos demora em média dez semanas.São vacinados no sentido de minimizar possíveis doenças. Posteriormente, vão para uma aldeia que se dedica única e, exclusivamente, à criação de frangas para produção, que as mantém pelo período de 12 meses. Ao fim de quatro semanas, as frangas já estão em condições de porem ovos, pelo que serão distribuídas por outras aldeias que se dedicam a este tipo de criação.

Aquando da nascença os machos são eliminados, visto não terem valor comercial. Assim, os ovos para consumo, não são fecundados, ou seja, nunca vão dar pintos.

“O ovo é o óvulo da galinha, ou seja, a célula reprodutora. O ovo está protegido por uma casca, tem muitas reservas, que formam a clara e a gema. É na gema que se desenvolve o embrião, quando há fecundação”. Fonte : http://www.ceja.educagri.fr

4.2. Ordenha Por dia são ordenhadas cerca de 10 vacas. O leite extraído vai para a fábrica de lacticínios. O PAN, paga o leite aos criadores.

Rui Flora, responsável pela zona avícola

Sala de Ordenha

Incubadora

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

. 51

PROJECTO ALDEIA NOVA

Por outro lado, há a ausência de mercados abastecedores, que pode ser colmatado com o Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População (PRESILD) e o surgimento de cadeias de super e/ou hipermercados. De acordo com Joaquim Russo, “prevê-se que daqui a dois anos, tenhamos já essas estruturas a funcionar”.


especial

4.3. Fábrica de lacticínios

4.4. Fábrica de rações

A responsável por esta unidade é a Sandra Kamundungo natural da província do Huambo, com uma licenciatura em Medicina Veterinária e uma pós-graduação em Agridoces, ambas tiradas no Brasil. Uma prova que os nossos jovens depois da sua formação regressam ao país e trabalham fora de Luanda, e pegando no que disse esta jovem veterinária “ Angola em particular e o Mundo em geral, tem de acreditar nos jovens quadros angolanos”. Os recursos humanos desta unidade no total de oito, são todos angolanos, com uma média etária de 25 anos, tendo a sua maioria formação a nível médio. A responsável como já foi referido possui formação superior.

António Santos é o responsável por esta unidade. Tem cerca de 80 trabalhadores, todos angolanos.

António Santos responsável pela Fábrica de Rações

Sandra Kamundungo responsável pela Fábrica de Lacticios

Existe uma subunidade de produção cuja matéria-prima principal é o leite. O leite é trazido por camiões cisternas da secção de ordenha, que o coloca em três depósitos com capacidade para seis mil litros, ou seja, um capacidade total de dezoito mil litros. Esse leite é testado, através de análises laboratoriais. Esta unidade está a testar vários produtos como queijos iogurtes e outros derivados, no sentido de serem comercializados muito brevemente. Entretanto e de acordo com a Sandra Kamundungo, ainda não existe uma secção de controlo de qualidade, sendo este, um dos óbices para a não comercialização dos produtos.

Nesta unidade são feitas rações de milho, óleo de soja, entre outras. O óleo de soja é um complemento da alimentação do gado leiteiro. Estas rações ainda não estão a ser comercializadas, mas de acordo com o responsável por esta unidade “temos capacidade para abastecer o país todo”. A produção máxima é de 30 mil toneladas, conseguindo-se em 30 minutos produzir 10 toneladas de ração. Trabalhador ensacando ração

4.5. Verduras Alexandre Mendes é o responsável. Os cinco trabalhadores da unidade são angolanos. As verduras são recolhidas dos campos agrícolas das aldeias e trazidas por esta unidade. As verduras vão desde o tomate,

Funcionárias da Fábrica de Lacticios

A distribuição e comercialização dos produtos vão ficar a cargo da Waco Distribuidora.

52 .

VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


O circuito comercial é o seguinte: os agricultores vendem os seus produtos ao PAN. Os produtos estão sujeitos a uma triagem, ou seja, são só aceites produtos que estejam dentro dos padrões de qualidade definidos pelo PAN. Às quartas e sextas-feiras, essas verduras seguem via camião para Luanda, sob a responsabilidade da Waco Distribuidora, com o fim de serem distribuídos por vários clientes desta cidade. Para além de Luanda, há comerciantes na Quibala e Gabela, regiões que já tiveram ou têm grande tradição agrícola, que compram verduras do PAN, devido à sua qualidade.

4.7. Fábrica de Blocos Um dos responsáveis por esta unidade é o brasileiro Marcos Miranda. Esta unidade existe há cerca de dois anos e fabrica blocos única e exclusivamente, para o PAN. Tem 29 trabalhadores nacionais e um estrangeiro que é o responsável. O pessoal tem uma média etária de 20 anos e a maioria está a continuar os seus estudos.

PROJECTO ALDEIA NOVA

pepino, abóbora, quiabo, entre outras existentes nesta região. Nesta unidade é feita a selecção das verduras

A produção semanal ronda as 15 toneladas de verduras, e de acordo com Alexandre Mendes, se houvesse mais produção mais se vendia.

4.6. Viveiros Esta unidade tem 21 trabalhadores, todos angolanos. Há aposta na formação contínua, que neste momento está a ser dada pelo responsável pela unidade Matias Faztudo. É um viveiro de plantas: eucalipto, maracujá, pimento, pepino, melão, melancia. Estas plantas não germinam, tendo esta técnica sido trazida pelos israelitas, sendo bastante eficaz nesta região. Posteriormente, são vendidas aos agricultores.

Fábrica de blocos

A produção diária varia entre 3 mil a quatro mil blocos, dependendo muito da disponibilidade das matérias-primas que incorporam o produto. O cimento, uma das principais matérias-primas é comprado à Nova Cimangola, mas o principal problema é a areia. De acordo com Marcos Miranda, “temos de ir buscar areia a cerca de 180 quilómetros”. Há rios na zona do Waco kungo, mas a quantidade de areia é mínima. Entretanto, a areia fina é possível encontrar relativamente perto: no rio Keve.

5. ORGANIZAÇÃO social e familias Qualquer meio social, independentemente da sua dimensão, implica uma organização para que possa funcionar. Dentro da organização tem de existir regras de conduta e de comportamento, no sentido de todos se sentirem bem na sua comunidade. Tem de existir uma liderança., que controle, resolva conflitos e ensine.

5.1. Coordenador Social

Viveiro

A produção quinzenal é de cerca de 90 mil plantas.

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De acordo com Martins da Serra, responsável pela Aldeia 6, que alberga 29 famílias, o coordenador social é um interlocutor com o PAN, relativamente a problemas que possam surgir na sua comunidade. Para além do cariz social propriamente dito, Martins da Serra, orienta e forma a comunidacoordenador social Aldeia 6 de nos trabalhos agrícolas e/ou criação e manutenção do gado. De acordo com Martins da Serra a receptividade das orientações e ensinamentos têm sido boas por parte da comunidade da qual é o responsável.

. 53


especial

6. Família Elias Elias Armando é o patriarca da família, com cinquenta e cinco anos. Foi militar durante cinco anos e depois de desmobilizado, corria o ano de 1992, passou a viver na Aldeia 6, com a sua família que foi aumentando, com filhos já nascidos nesta terra. É agricultor. As suas principais culturas são: pimento, repolho, batata rena…O tratamento dos terrenos para o cultivo, já passou a ser feito com os tractores e alfaias do PAN. Os seus produtos são vendidos ao PAN.No que concerne aos preços de venda, de acordo com Elias Armando, o pimento e o tomate se forem bem criados têm um bom preço. Quando o PAN, não consegue escoar toda a produção, este agricultor tem de procurar outros compradores.

Amélia Manuel, é criadora de aves. Tem cerca de 2.3 mil galinhas. As suas galinhas estão numa fase de criação. Esta criação não lhe tem dado problemas de maior. Recebe diariamente do PAN duas caixas de ovos para criação. Quando as galinhas estiverem criadas são vendidas ao PAN.

6.2. Harmonia Anacleto Aureliano, é o responsável pela aldeia 2, cuja actividade é a criação de aves. Anacleto Aureliano com a idade de 40 anos, natural do Bié, está no PAN há cerca de um ano. Foi militar das FALA, durante anos e anos, tendo saído com a patente de major. Aproveitou para dizer, que, independentemente, da linha politica dos habitantes da Aldeia, onde é coordenador, todos aceitam e acatam as suas ordens, ou seja, “ao nosso nível não há problemas”.retorquiu. Francisco Reis, natural do Sumbe, vive há cerca de um ano na Aldeia 3, mas trabalha na Aldeia 2. Foi militar na Força Aérea, com a patente de 1º tenente. Depois de ter terminado a vida militar foi trabalhar para os Correios em Luanda e, posteriormente, resolveu radicar-se nesta região e trabalhar no PAN.

Família Elias com o coordenador social Martins da Serra

Neste momento, ainda não está a pagar nenhuma prestação da casa onde vive com a família.Mas pelo que sabe, o valor das prestações, vai ser abatido ao valor das suas vendas ao PAN. Entretanto, é preocupação de Elias Armando saber qual vai ser o valor de cada uma das suas prestações mensais. Julgamos ser necessário que o PAN, explique a cada família como funcionam tais pagamentos e, dentro do possível, entregar a cada uma delas um calendário financeiro, no sentido de saber em qualquer momento, o valor da dívida e o fim das rendas vincendas.

6.1. Família Amélia Manuel

Francisco Reis e Anacleto Aureliano

Independentemente de terem servido forças contrárias, durante anos, hoje dão-se bem. Há paz e harmonia nas suas relações. Ambos pretendem que o PAN continue a trilhar um bom caminho, como tem sido até à presente data e que haja amizade e boa confraternização entre todos os habitantes das aldeias.

6.3. Formar nas lides domésticas

Amélia Manuel e as filhas

54 .

Boa parte destas famílias foi durante anos e anos, verdadeiros saltimbancos fruto do conflito armado que grassou em Angola. Muitas destas famílias tiveram de recomeçar, e de criar novos hábitos de acordo com o meio onde passaram a viver. Os responsáveis pelo PAN, viram esta falha e procuraram colmatá-la através da formação, no sentido das mulheres e mães, passassem a ter mais conhecimentos domésticos.

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Mulheres, aprendendo a passar roupa a ferro

Para além de aprender a passar roupa a ferro, outra formação é dada a nível de lides domésticas como: cozinhar, lavar, costurar…

6.4. Ocupação dos Tempos Livres

Encontrámos um chinês a dar aulas de Inglês a uma classe. Este professor não fala português, pelo que há em princípio dificuldade de dialogar com os alunos, numa língua que deveria ser comum entre docente e discentes: o português. Porém, compreendemos esta situação. Viver no interior para muitos angolanos com formação é complicado por razões várias e é bom pensarmos na hierarquia de necessidades de Maslow . De acordo com Maslow, temos necessidades primárias como: fisiológicas (fome, sede abrigo e repouso); segurança (desejo de protecção contra perigos ou privação) e passando para necessidades secundárias, temos: sociais (necessidade de ser integrado num meio social, particularmente família e amigos); auto-estima (necessidade de ser reconhecido, ser apreciado, ser respeitado). Ora, o professor angolano com habilitações para leccionar disciplinas como o Inglês, se as suas necessidades primárias e secundárias estiverem satisfeitas em Luanda, de uma forma fria e realista (não vale a pena invocar falsos patriotismos) não vai para o interior. É preciso criar e dar condições aos quadros angolanos para se deslocarem para o interior. Ora, como recurso, temos de recorrer a técnicos estrangeiros, ou seja, “quem não tem cão, caça com o gato”.

Os jovens, que estão na sua fase de crescimento devem saber o ocupar os seus tempos livres e de recreio. Para o efeito, é necessário que os pais, encarregados de educação ou responsáveis pela educação, criem condições para que os jovens ocupem os seus tempos livres de uma forma sã. Esta é uma preocupação do PAN. Há uma animadora israelita que ocupa os jovens com danças tradicionais, cerâmica, desenho...

Alguns destes jovens querem ser médicos, engenheiros agrónomos, cantores. Como diz o poeta “o sonho comanda a vida”. Estes jovens têm a vantagem relativamente aos da cidade de terem espaço para brincar, não estando fechados dentro de quatro paredes agarrados a jogos de computador e/ou consola. Não obstante, querem o que muitos jovens da sua idade já possuem: um computador com Internet. Outros, querem uma biblioteca no PAN. Em suma, computadores, internet e biblioteca, são importantes e necessários para estes jovens.

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Miguel Lucas, tem 29 anos de idade é aluno da 10 ª classe e estava na sala, quando o interpelámos a ter aula de Inglês, com o dito professor chinês. Conforme nos disse para além deste professor, há mais outros dois chineses que leccionam Matemática e Física. A 10 ª classe tem aulas só de manhã. Apesar da escola estar em terrenos do PAN, há alunos cujas famílias não vivem nas respectivas aldeias, mas sim no Waco Kungo – mais uma vez o meio envolvente do PAN.

Um CURSO é uma ENXADA platando na VIDA, uma árvore de FRUTO. Em que cada RAMADA, é uma DISCIPLINA. Nuno de Menezes in “PENSATIVAMENTE PENSANDO”

Já referido no número 0.

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PROJECTO ALDEIA NOVA

7. ensino


especial

8. saude

As competências podem ser divididas em:

José Castilho, natural do Waco Kungo, tem o curso básico de enfermagem, tirado no Sumbe onde tem a sua família. Este é o segundo ano que está a trabalhar neste posto. Atende uma média de 10 doentes por dia. Uma das doenças que mais prolifera nesta região é a malária. Os casos mais graves são tratados no hospital do Waco Kungo.

Este posto de enfermagem tem 4 enfermeiros ao seu serviço, sendo todos nacionais.

Competência económica, que se podem aplicar a cada um dos diferentes estádios da cadeia para melhorar o respectivo funcionamento. • Concepção, o PAN, foi implementado nesta região devido às infra-estruturas já existentes (casas antigas nas aldeias) e dos seus recursos naturais, quer na vertente agrícola quer pecuária. Procurou-se e conseguiu-se aliar três sectores de actividade económica: primário (agro-pecuário), secundário (indústria de transformação) e terciário ou de serviços (distribuição – Waco Distribuidora). • Tecnologia, conseguiu-se uma simbiose entre trabalho braçal e tecnologia que pode evoluir para tecnologias mais avançadas, consoante os programas de formação dos recursos humanos: fábrica de lacticínios, fábrica de rações, sistema de rega gota a gota…

José Castilho tratando de um doente

• Capacidade de produção, a localização das unidades de produção é assaz importante neste projecto, isto porque para além da interligação as distâncias são curtas. A especialização de aldeias em culturas e criação de gado é deveras importante para a capacidade de produção e por consequência do aumento do valor concorrencial.

Uma das doenças que mais prolifera nesta região é a malária. Os casos mais graves são tratados no hospital do Waco Kungo.

• Qualidade de fabrico, a frequência de controlos de qualidade, como está a acontecer na fábrica de lacticínios, verduras…para além da sua importância, devem ser constantes. • Distribuição, é uma das principais pechas, visto que ainda não existem estradas rápidas entre Waco Kungo e os principais mercados. A rede de frio é extremamente importante como a criação de entrepostos comerciais.

9. A cadeia de valor Apresentada pelo americano Michael Porter na sua obra “A Vantagem Concorrencial” , tem como principal vantagem permitir a destrinça entre actividades principais e funções de apoio tal como consta na figura abaixo. • A cada elo da cadeia corresponde uma função que precisa da aplicação de um conjunto de competências que corresponde ao património da organização, no caso concreto do PAN. STRATEGOR, Politica Global da Empresa, 3ª edição actualizada.

Competência de gestão, que se obtém em funções como: • Finanças, política de endividamento, nível de endividamento, fontes de financiamento. No ponto 2 é desenvolvido o Investimento realizado e as formas do seu retorno (payback).

Infra-estruturas Gestão de recursos humanos

Actividades de Apoio

Desenvolvimento tecnológico Aprovisionamentos

LOGÍSTICA INTERNA

PRODUÇÃO

LOGÍSTICA EXTERNA

COMERCIALIZAÇÃO E VENDA

MARGEM

Actividades principais

Fonte: Michael Porter, L´Avantage concurrentiel, InterEditions, 1986 e adaptado por VALOR ACRESCENTADO

56 .

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especial

Waco Kungo

• Pessoal, política e modo de recrutamento, capacidade de atrair e reter pessoal de qualidade. O PAN, tem a nível de quadros angolanos pessoal com formação superior. Seria importante conseguir atrair mais quadros, não só com formação superior, mas também com formação média. • Política de promoção, grelha de salários, sistemas de recompensa e gratificações. • Organização, estrutura (ter em linha de conta a flexibilidade), adaptação ao ambiente • Processo de tomada de decisões, circuitos e procedimentos administrativos, qualidade de colaboração entre serviços. • Processo de controlo, como funciona o controlo interno e a sua eficácia, qualidade dos

58 .

fluxos de informação, análise de desvios. • Sistemas de comunicação, a fluidez da comunicação na pirâmide social da organização. •

Competência psicológica, tem a ver com as regras comportamentais do universo onde está inserido o PAN. Julgamos que este projecto, se encaixou bem no município da Cela, pelo que hoje, já se pensa na sua “exportação” para outras províncias.

Desta forma pensamos que o PAN reúne todas as condições para que a sua cadeia de valor traga vantagens competitivas em particular para o próprio projecto e esta região e em geral para a economia de Angola. Tal como nos dizia tempos atrás um amigo “se conseguirmos colocar o projecto PAN em várias províncias, ninguém nos segura na agricultura, no continente africano”. Por outro lado, é importante que nas nossas universidades, nomeadamente em cursos de Gestão, se ensine e se dê a conhecer as cadeias de valor existentes e que estão a ser criadas no país a nível empresarial.

Pensamos que o PAN reúne todas as condições para que a sua cadeia de valor traga vantagens competitivas em particular para o próprio projecto e esta região e em geral para a economia de Angola.

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A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE JLMagro

“Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”. Provérbio chinês

60 .

VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


1. INTRODUÇÃO

OS EUA sabem que a China e a Índia, para além de terem 1/3 da população mundial, estão a ter um crescimento demográfico nas últimas décadas, a uma taxa média entre os 6% e 10% ao ano. Assim, quando fizeram em 2005, o seu Plano de Futuro Global, o Conselho de Inteligência dos Estados Unidos da América, previu que se forem mantidas as actuais taxas de crescimento dos dois países asiáticos, a China deverá aumentar em cerca de 150% o seu consumo energético e a índia em 100% até 2020. Com base nessa previsão deste crescimento, não vai ser possível, estes dois países, satisfazerem as suas necessidades só com a produção interna, nomeadamente a nível de petróleo e gás. A China já foi exportadora de petróleo, mas nos dias que correm é o segundo maior importador (em 2005, Angola, foi o seu maior fornecedor). Entretanto, as necessidades da Índia em matéria de petróleo e gás são maiores, basta dizer que a sua dependência nestes últimos quinze anos aumentou de 70% para 85% no que concerne ao consumo interno. Daí, aquando da visita do Presidente da Republica Portuguesa à Índia, os indianos pediram os bons ofícios de Cavaco Silva, no sentido de interceder junto de Angola, para passar a ser seu fornecedor de petróleo. São estas carências colectivas dos países asiáticos que explica a sua aproximação ao Irão, em detrimento da política americana. Não só ao Irão, como há uma ofensiva diplomática e económica da China e da Índia, pelo Mundo, nomeadamente em África e América Latina. Em suma, esta competição está a transformar-se num novo triângulo económico (EUA, China e Índia), complementar e competitivo, a um só tempo, que está cumprindo uma função organizadora e dinamizadora de várias regiões e economias nacionais, através de todo o Mundo. Mas na Ásia, outras potências já consolidadas como o Japão e outras emergentes como a Coreia do Sul, Singapura, Malásia, começam a dar cartas a nível mundial nomeadamente no sector industrial. Vamos analisar a seguir alguns dessas potências.

2. bilhete de identidade DADOS

CHINA

JAPÃO

INDIA

COREIA SUL

População (est. 2007)

1,321 mil milhões (1º)

127 mil milhões (10º)

1,1 mil milhões (2º)

49 mil milhões (24º)

Densidade

136,1/habitantes/km2

335/habitantes/km2

329/habitantes/km2

488/habitantes/km2

0,927 (22º )

0,949 (7º)

0,611 (126º )

0,912 (26º)

73 anos (76º)

81 anos (4º)

64 anos (129º)

77 anos (38º)

USD 9,4 biliões (2ª )

USD 3,9 biliões (3ª )

USD 3,6 biliões (4ª )

USD 0,9 biliões (14ª)

Renminbi (Yuan)

Yen

Rúpia indiana

Won

IDH* Esperança de vida PIB (2006) FMI Moeda

* Índice de Desenvolvimento Humano

3. População e Imigração A China e a Índia são os países mais populosos do Mundo. Cada um dos países do quadro acima, em população, têm as maiores cidades do Mundo, conforme quadro abaixo: Ranking

Cidade

País

Área (km²)

População Estimada

Densidade da População (/km²)

1

Bombaim

Índia

438

12.883.645

29.430

2

Tóquio

Japão

2.187

12.527.115

5.651

5

Seul

Coréia do Sul

605

10.297.004

16.575

7

Xangai

China

6.340

9.838.000

2.804

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_das_maiores_cidades_do_mundo

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A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE

Nos finais da década de 90, do século anterior, a economia mundial entrou em recessão, e pensava-se que só no início de século XXI, se daria a recuperação. Esta aconteceu mais cedo, mais propriamente em 2001, fruto possivelmente, do meio envolvente com os atentados de 11 de Setembro. A partir daquela data, surgiu uma grande competição económica, mais propriamente uma grande disputa geopolítica que ainda se mantém. Essa disputa geopolítica, está a gravitar à volta dos territórios e das regiões que dispõem de excedentes energéticos. Quem são os principais impulsionadores? Estados Unidos da América e a China.


especial

Há cinquenta anos atrás previa-se para 2050, uma população de cerca de 15 biliões de habitantes. Hoje, a previsão está muito aquém, ou seja, 9 biliões. A Índia, hoje o segundo pais mais populoso e com a cidade com maior número de habitantes, Bombaim, vai ser naquele ano, o pais com o maior número de habitantes. Entretanto, na Índia, a proporção entre homens e mulheres tem vindo a decrescer, isto porque os indianos querem ter meninos. O Japão, o 10º maior país em população, hoje está preocupado com a sua taxa de natalidade na ordem dos 9.47%, e com uma taxa de mortalidade de 8.95%. Assim, pode-se concluir, que as taxas estão muito próximas, ou seja, não há crescimento demográfico, o que não é alheio a esperança de vida do Japão a 4ª maior com uma idade de 81 anos. Entretanto, a corrente migratória japonesa tem a sua maior colónia no Brasil com uma população na ordem de um milhão e quinhentas mil pessoas; os,Estados Unidos da América tem cerca de 816 mil de origem nipónica; a Europa com 21 mil; e, Oceânia com 16 mil. A Coreia do Sul, com 49 milhões de habitantes é a 24ª maior nação. O seu IDH é de 0.912 sendo o 26º de acordo com o ranking das Nações Unidas, estando classificado tal como a China e o Japão dentro dos Estados-membros das Nações Unidas, como um Há cinquenta anos atrás previa-se para 2050, índice elevado. A população coreana é das uma população de cerca de 15 biliões de mais homogéneas do Mundo no ponto de vista étnico e linguístico. A instabilidade pohabitantes. Hoje, a previsão está muito aquém, litica, social e económica, levou muitos sulou seja, 9 biliões. coreanos a emigrar para outras paragens, em particular para os Estados Unidos da América (concentração na Califórnia), Canadá e Brasil, onde hoje para além dos naturais há um número significativo de descendentes. Estima-se que há 4.1. China mais de um milhão de sul-coreanos a viver fora do país. Antes de 1978, a China tinha cerca de metade da populaEm cada cinco habitantes do planeta 1 é chinês. Pode-se di- ção mais pobre do Mundo. Nas regiões urbanas faltava tudo zer que há uma “invasão silenciosa” da população chinesa inclusivé comida e nas zonas rurais os agricultores tinham por todos os continentes. Têm a particularidade de criarem os grandes problemas com as quebras de produção. seus negócios e na prática só empregam naturais. Há muitas Chinatown, espalhadas por esse Mundo fora. Mas a partir de 1992, a China conseguiu dar a volta.

Os países em análise tornaram-se independentes nos finais da década de 40 e princípios da década de 50. O Japão é neste período que recupera depois dos americanos terem implementado o Plano Marshall.

Para se ter uma ideia deste crescimento, durante muito tempo o televisor foi o produto mais vendido. Não havia mãos a medir. A burocracia tinha de aparecer, tinha de pôr mais entraves. O comprador tinha de obter primeiro um talão de compra. Estes talões tornaram-se activos muito valiosos. Surgiu o mercado negro. Mas este negócio não durou muito tempo. Surgiram na China centenas de fábricas de televisores.

Não foi fácil a vida pós-independência. O mundo nessa altura, estava marcado por dois blocos: Ocidente e Leste e, este último, lançou as suas influências doutrinais também na Ásia, sendo a China o seu principal baluarte.

Como é evidente não surgiram só fábricas de televisores, outras fábricas surgiram com outros produtos manufacturados. O curioso, foi que o surgimento deste boom não nasceu de uma forma planeada, mas sim de uma forma espontânea.

4. da escassez à abundância

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o êxodo da população rural para os meios urbanos, provocando uma urbanização caótica como também a falta de transportes.

a comunicação social, mais propriamente a televisão conseguiu uma aculturação “americanizada”, nomeadamente na classe mais jovem em que vestiam à “americana” e os seus ídolos eram da Nova Inglaterra.

Mas, foi com o ensino que o Japão, deu a volta: •

o ensino para além de ser gratuito, é de qualidade e caracteriza-se pela homogeneidade do conteúdo curricular ser igual em todo o país;

por privilegiar o ensino da matemática, ciências e o próprio japonês;

a nível de pedagogia, adoptar sistemas mais formais e tradicionais

O ensino obrigava a competição entre os estudantes, ou seja, dava estatuto ser o melhor aluno.

Este crescimento espontâneo, foi a grande arma que a China teve para que a sua expansão económica se tornasse uma realidade e temida por muitas potências económicas. Hoje é a 2ª maior economia do Mundo, como se vê no mapa acima, e o Fundo Monetário Internacional (FMI), prevê um crescimento da economia deste país, para 2007 e 2008 de 10% e 9.5 % respectivamente, enquanto que o crescimento para 2007 e 2008 da economia mundial, cifra-se nos 4.9%.

4.2. Japão

Depois da implementação destas reformas, a economia nipónica, continuou a expandir-se até à década de 70, tendo sofrido apenas duas breves recessões em 1962 e em 1965. Para este crescimento, teve peso o forte investimento na indústria privada em novas fábricas e equipamentos. A elevada poupança das famílias japonesas permitiu aos bancos, fazerem empréstimos ao sector da indústria, inclusivé permitiu a sua modernização. Com esta modernização, o seu sector industrial passou a ser mais competitivo, nomeadamente com a produção “em massa”, melhoria da produtividade e a criação de novos produtos. O Japão, é a 3ª maior economia mundial, com um PIB na ordem dos USD 3,9 biliões, mas de acordo com as previsões do Banco Mundial, a economia nipónica vai ter um decréscimo na ordem dos 2.3% devido à redução verificada com o consumo privado.

Muito se tem falado e escrito sobre o Japão depois da 2ª guerra mundial. Pode-se dividir o período de ocupação americana de 1945 a 1953 da seguinte forma: •

esforço de desmilitarização e acabar com as estruturas político-económico do regime imperial vigente;

recuperação económica em detrimento da democratização do país.

A recuperação económica, na década de 50, originou: •

a distribuição da energia eléctrica e o funcionamento de um Serviço Nacional de Saúde abrangente, provocou um aumento demográfico, que mais tarde teve de ser controlado.

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Antes de 1978, a China tinha cerca de metade da população mais pobre do Mundo. Nas regiões urbanas faltava tudo inclusivé comida e nas zonas rurais os agricultores tinham grandes problemas com as quebras de produção.


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4.3. Índia

Modernização das empresas públicas;

A estratégia para os primeiros anos do governo de Nehru, assentou no seguinte:

Desregulamentação progressiva dos mercados;

Reforço da posição do Estado em áreas como a educação, saúde e outras necessidades básicas;

Atracção do investimento directo estrangeiro;

Simplificação do sistema fiscal.

Economia de mercado; e,

Educação alargada. A educação até aqui pertencia basicamente às castas superiores, passando posteriormente a ser livre e gratuita para todas as crianças até aos 14 anos. E tal como no Japão, a educação neste país, também dava prioridade ao ensino da matemática e das ciências exactas. Nehru dizia “ só a ciência pertence ao futuro” e, felizmente, o tempo veio dar-lhe razão. Em 1968, mais de 90% da população rural tinha acesso às escolas complementado por uma vasta rede de institutos tecnológicos.Com o apoio do Estado e distribuindo quotas pelas diferentes castas, tornaram-se centros de referência pública, com uma amplitude social considerável. Com uma formação técnico-científica de excelência, são hoje considerados, um trunfo para o progresso tecnológico do país.

Na década de 90, apesar da alfabetização espalhada pelo país, houve em 1991, a queda abrupta da rupia, o que lançou o país numa grave crise económica: deficit orçamental na ordem dos 8,5%, apenas com USD 1 bilião de reservas e uma inflação galopante. Manmohan Singh, hoje primeiro-ministro, na altura titular da pasta das Finanças encetou o milagre com:

Relativamente ao plano Singh, o prémio Nobel da Economia em 2001, Joseph Stiglitz disse” mudou de uma perspectiva ‘anti-business’ para uma orientação pró-mercado”. Tendo o economista americano acrescentado “dá-se demasiado crédito ao efeito da globalização. E pouco à liberalização interna no crescimento económico da Índia”. Mas, este milagre hindu, não resolveu todos os problemas do país. Ainda há grandes desigualdades na distribuição de rendimentos: há um extracto social onde está incluído um terço dos melhores engenheiros de software do Mundo. Não obstante, um terço da sua população é a das mais subnutridas do Mundo, daí compreender-se o seu nível de IDH de 0,611, ocupando o 126º dentro dos Estados-membros das Nações Unidas e, é de longe, o mais fraco dos países aqui analisados.

Mas, este milagre hindu, não resolveu todos os problemas do país. Ainda há grandes desigualdades na distribuição de rendimentos: há um extracto social onde está incluído um terço dos melhores engenheiros de software do Mundo. Não obstante, um terço da sua população é a das mais subnutridas do Mundo, daí compreender-se o seu nível de IDH de 0,611, ocupando o 126º dentro dos Estados-membros das Nações Unidas e, é de longe, o mais fraco dos países aqui analisados.

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Entretanto, a sua economia com USD 3,6 biliões é a quarta maior do Mundo e de acordo com o Fundo Monetário Internacional, em 2007, o PIB deve rondar os 8.4%, sendo a par da China, das economias mundiais com maior crescimento no ano que está a correr.

O sucesso deste país, que se tornou independente em 17/07/1948, foi o Governo ter incrementado o desenvolvimento da iniciativa privada, restringindo as importações, facilidades de crédito, subsídios a determinados sectores de actividade e incentivos ao trabalho. Na década de 70, a Coreia do Sul, começou a apostar na indústria pesada, química, electrónica e de automóveis.

Entre os finais da década de 90 e começo do século XXI, o sector de tecnologia de informação e semicondutores passou a ser dominado a nível mundial pela Coreia do Sul tendo ultrapassado o Japão. Os gigantes Samsung e LG ultrapassaram a Sony e hoje os telefones celulares e televisores plasma feitos na Coreia do Sul são os mais avançados do Mundo.

Entre os finais da década de 90 e começo do século XXI, o sector de tecnologia de informação e semicondutores passou a ser dominado a nível mundial pela Coreia do Sul tendo ultrapassado o Japão. Os gigantes Samsung e LG ultrapassaram a Sony e hoje os telefones celulares e televisores plasma feitos na Coreia do Sul são os mais avançados do Mundo. Não obstante, ainda há muito que fazer na Coreia do Sul, nomeadamente a nível da privatização de bancos é necessária uma economia ainda mais liberalizada e tudo indica que o comércio com a China, pode tornar a economia da Coreia do Sul como a mais importante da Ásia. A economia da Coreia do Sul, em 2006, era a 14ª a nível mundial no montante de USD 0,9 biliões e de acordo com as previsões do FMI, o crescimento para 2007 deve cifrar-se nos 8.4%.

5. investimento directo estrangeiro (ide) A Ásia meridional e oriental, em 2006 alcançou um IDE, de USD 187 milhões em que só a China teve USD 72 milhões, o que representa 61% do total. A China foi o terceiro país seguido do Reino Unido e do EUA, tendo a Índia superado a Coreia do Sul a nível de IDE. Dentro das 25 maiores empresas não financeiras do Mundo, com activos estrangeiros, reportados ao ano de 2003, constam as seguintes empresas pertencentes aos países que elegemos para este trabalho:

Activos

Volume Negócio

Trabalhadores

Filiais

Ordem

Empresa

País

Actividade

Est

Total

Est

Total

Est

Total

Est

Total

8

Toyota Motor Corporation

Japão

Veículos Automóveis

94.164

189.503

87.353

149.179

89.314

264.410

124

330

16

Hutchison Wampoa Ltd

China

Actividades Diversas

59.141

80.340

10.800

18.699

104.529

126.250

1.900

2.350

19

Honda Motor Co Ltd

Japão

Veículos Automóveis

53.113

77.766

54.199

70.408

93.006

131.600

102

133

Fonte: UNCTAD

O quadro mostra que o Japão tem duas empresas no top25, pertencentes ao mesmo sector de actividade: indústria automóvel e a China uma empresa cuja actividade centra-se em cinco pontos-chave: portos e afins; serviços relacionados com propriedades e hotéis; turismo; energia, infra-estruturas e investimentos; telecomunicações. A maior empresa do top25 é a americana General Electric e para além das empresas asiáticas do quadro acima, há empresas americanas (6) do Reino Unido (3), Alemanha (6), França (5), Itália (1) e Austrália (1).

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A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE

4.4. Coreia do Sul


especial

Dentro das 25 maiores empresas não financeiras do Mundo, dos países emergentes, reportados ao ano de 2003, com activos estrangeiros, constam as seguintes empresas pertencentes aos países que elegemos para este trabalho:

Activos

Volume Negócio

Trabalhadores

Filiais

Ord

Empresa

País

Actividade

Est

Total

Est

Total

Est

Total

Est

Total

1

Hutchison Wampo Ltd

China

Actividades Diversas

59.141

80.340

10.800

18.699

104.529

126.250

1.900

2.350

2

Sintel Ltd

Singapura (*)

Telecomunicações

17.911

21.668

4.672

68.848

8.642

21.716

23

30

3

PetronasPetroliuam Nacional Bhd

Malásia (*) Ind. Petrolifera

16.114

53.457

8.981

25.661

3.625

30.634

167

234

4

Samsung Electronics CO Ltd

Coreia Sul

Mat. Eléctrico

12.387

56.524

41.382

54.349

19.026

55.397

80

89

7

China OcenaShiping (Group) CO

China

Transportes

8.457

18.007

6.076

9.163

4.600

64.586

22

56

9

LG Electronis Inc

Coreia Sul

Mat. Eléctrico

7.118

20.173

14.443

29.846

36.268

63.951

134

151

10

Jardine Matheson Holdings Ltd

China

Actividades Diversas

6.159

6.949

5.540

8.477

57.895

110.000

16

23

13

China National Petrolium Corp

China

Ind. Petrolifera

4.060

97.653

5.218

57.423

22.000

1.671.293

119

204

14

Capitaland Limited

Singapura (*)

Imobiliário

3.936

10.316

1.449

2.252

5.033

10.175

2

61

15

City Developments Ltd

Singapura (*)

Hoteis

3.879

7.329

703

930

11.549

13.703

228

275

16

Shangri-La Asia Limited

China

Hoteis e moteis

3.672

4.743

436

542

12.619

16.300

29

31

17

Citic Pacific Ltd

China

Construções

3.574

7.167

2.409

3.372

8.045

12.174

2

3

18

CLP Holdings

China

Electricidade, gaz

3.564

9.780

298

3.639

488

4.705

3

11

19

China State Construction

China

Construções

3.417

9.677

2.715

9.134

17.051

121.549

28

75

21

Asia Food & Properties

Singapura (*)

Alimentação

3.331

3.537

1.232

1.273

32.295

41.800

2

4

Flextronics Singapura International Ltd (*)

Mat. Eléctrico

3.206

5.634

4.674

8.340

80.091

82.000

92

106

22 24

YTL Corp. Berhad

Malásia (*)

Serviços Publicos

2.878

6.248

489

1.060

1.518

4.895

24

115

25

Hon Hai Precision Industries

China

Mat. Eléctrico

2.597

6.032

4.038

10.793

78.575

93.109

25

33

Fonte: UNCTAD (*) Países asiáticos que não fazem parte do nosso trabalho.

66 .

VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


País

Número

China

9

Coreia do Sul

2

Malásia

2

Singapura

5

Os países asiáticos têm 18 empresas colocadas no top25 dos países emergentes, com Activos estrangeiros no montante de USD 165.401 milhões e com um total de Activos de USD 425.234 milhões.

A África do Sul (3), México (2) e Brasil (2) são os restantes países com empresas neste top25.

excesso. A China, apercebeu-se deste problema, suavizou a sua legislação e hoje constrói mais e mais centrais de energia, refinarias e bombas de gasolina.

5.1. China

Actualmente o slogan é, “veja o seu negócio a duplicar na China”. Mas será mesmo assim? Há efectivamente muitas multinacionais a realizar esse sonho, esse objectivo, como exemplo a Eastman, Kodak, Fuji, Konica e AGFA.

“Uma economia em rodas de bicicleta” era a imagem que a maioria dos observadores estrangeiros tinham da China. Hoje os chineses substituíram as bicicletas por motorizadas, motos e carros, ou seja, é uma economia em expansão.

Os não orientais têm muitas vezes a ideia de que os chineses só sabem tirar fotografias. É verdade que as multinacionais acima estão todas ligadas ao negócio fotográfico e conseguiram na China realizar os seus objectivos, acabando inclusivé com o negócio interno. Hoje, praticamente, só existe uma empresa neste ramo genuinamente chinesa que é a Lucky Film, mas já com uma grande participação social da Kodak. Esta última multinacional é quem domina o mercado com uma quota de mercado de 50%. O negócio dos rolos fotográficos, pode explicar o sucesso das multinacionais deste ramo na China. Nos EUA, um consumidor compra, em média, três rolos de fotografia por ano, enquanto que na China apenas se compra 0,15 rolos. Mas basta que os chineses passem a comprar um rolo por ano, para passar a ser o dobro dos EUA. Mais, há negócios que estão pra-

Professor chinês em Angola

Poder-se-á dizer que todas as empresas globais de energia e de petróleo têm interesses na China e lutam entre si para construírem bombas de gasolina, refinarias e centrais de energia. A BP apostou nas províncias emergentes de Gaungdong e de Zhejiang e a sua joint-venture já detém 358 bombas de gasolina. A Shell, apostou na província de Jiangsu e a sua joint-venture conta com cerca de 500 bombas de gasolina. A Exxon/Mobile, a sua joint-venture está a preparar-se para dar o salto de leão e espera ter a curto prazo 1.100 bombas de gasolina nas províncias de Guangdiong e Fujian. Resumindo, até dá para escolher sem ser incomodado. Esta invasão das petrolíferas, para além das potencialidades do mercado chinês, prende-se também com o mau momento que o mercado de energia norte-americano tem sofrido nos últimos anos devido a conflitos jurídicos e à produção em

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A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE

Os países asiáticos têm 18 empresas colocadas no top25 dos países emergentes, com Activos estrangeiros no montante de USD 165.401 milhões e com um total de Activos de USD 425.234 milhões e em número estão assim distribuídas:


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ticamente em desuso na América, caso dos rolos fotográficos hoje substituídos pelas máquinas digitais, mas continuam a florescer na China. Na distribuição há este slogan “uma loja estrangeira destrói três lojas chinesas”. Esta situação coloca uma grande pressão sobre os retalhistas locais: ou se adaptam e melhoram, ou morrem. Não existe espaço intermédio para estas duas opções. Isto porquê? Porque não há poder económico, nem now-how para fazer frente a colossos como a Wall-Mart, Makro, 7-Eleven,Tesco, IKEA… Em Beijing, existem 26 retalhistas internacionais a operar. Em 2003, 25 retalhistas estrangeiros tinham investido um total de USD 1.540 milhões, ocupando um espaço de 565 mil metros quadrados, onde 21 marcas abriram 50 lojas. Nesse mesmo ano, obtiveram uma facturação na ordem dos USD 1.3 milhões o que corresponde a 6% da quota de mercado desta cidade.

5.2. Índia Neste país por ano licenciam-se em Contabilidade cerca de 70 mil jovens. A maioria vai trabalhar para empresas de Contabilidade locais com salários médios na ordem dos USD 100. A utilização de telecomunicações de alta velocidade, formação rigorosa e formulários padronizados, permite a esses jovens serem convertidos em contabilistas ocidentais em fracções de segundo. E porquê? Porque, em 2003, cerca de 25 mil declarações de impostos dos EUA foram processadas na Índia, por esses jovens contabilistas indianos. Em 2004, esse número subiu para 100 mil e em 2005 para 400 mil. Perante esta grande procura, as empresas de Contabilidade da Índia, dão-se a conhecer às congéneres americanas através da Internet, através da teleconferência, evitando-se desta forma despesas com viagens e estadia.

Cada vez mais aparece na China o negócio de franchising, o que tem originado duas correntes de opinião: a primeira defende o aumento do negócio de franchising; a segunda, defende a fusão das pequenas lojas em grandes lojas. Mas é preciso ter presente que muitas das pequenas lojas ainda são propriedade do Estado. A Everybody Happy (EH) é uma cadeia de lojas chinesa, que está no mercado desde 1996. É uma cadeia de lojas de cariz familiar presidida por HE Jinming. Este homem tem como lema: aprender com os gigantes internacionais e melhorar ainda mais. O Carrefour mostrava uma grande flexibilidade a nível de preços, o que levava os consumidores chineses a preferir esta cadeia em detrimento da EH. Jinming, resolveu também baixar os seus preços, mesmo que nada ganhasse. Esta estratégia implicou que os clientes que preferiram o Carrefour regressassem, como também tirou clientela a este gigante. Este empresário diariamente tem um grupo de funcionários que visita as congéneres estrangeiras, e no final do dia, apresentam-lhe um relatório circunstanciado do seu trabalho. Desta forma, tem descoberto os truques das lojas estrangeiras o que lhe tem permitido melhorar e jogar por antecipação. Tudo indica que o governo chinês não tem quaisquer problemas com a entrada em catadupa das multinacionais, isto porque um mercado aberto produz melhores empresas, melhores produtos. A entrada destes gigantes permite aprender técnicas de fabrico de gestão para aplicá-las quer dentro do país quer fora, tendo em linha de conta a “ocupação chinesa” pelo Mundo.

Este homem tem como lema: aprender com os gigantes internacionais e melhorar ainda mais.

68 .

Os call center indianos empregam cerca de 2.500 jovens universitários, como operadores telefónicos. O seu trabalho está distribuído por operadores “de saída” que vendem de tudo um pouco, desde cartões de crédito a ligações telefónicas ao minuto. Outros trabalham como operadores de “entrada” que engloba tudo, desde encontrar uma bagagem perdida de passageiros de companhias aéreas americanas e europeias até à resolução de problemas informáticos de alguns consumidores americanos. Estas chamadas são transferidas por satélite e por cabos submarinos de fibra óptica. Os jovens trabalham em pequenas equipas, sob a bandeira da empresa cuja assistência telefónica estão a facultar. Assim, pode-se encontrar num canto o grupo Dell e noutro, o grupo Microsoft.

VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006


Em 2003, cerca de 25 mil declarações de impostos dos EUA foram processadas na Índia, por esses jovens contabilistas indianos. Em 2004, esse número subiu para 100 mil e em 2005 para 400 mil.

A Reuters é das maiores senão a maior agência financeira de informação do Mundo. As informações da bolsa de Nova Iorque a nível de cotações têm de ser dadas no momento. Na altura, não é necessário uma grande análise esta é feita depois. Assim o flash noticioso tem de estar on-line segundos depois da empresa estar cotada e o gráfico que mostra a evolução recente dos resultados trimestrais deve estar disponível alguns segundos mais tarde. Tom Glocer, CEO da Reuters, pensou nos conhecimentos que os indianos têm das novas tecnologias. Pensou também em Bangalore, na Índia, que é um dos locais no Mundo, com mais ligações em rede. Assim recrutou naquela cidade, técnicos informáticos indianos cujo trabalho consiste em fazer os cabeçalhos dos flashs noticiosos , gráficos, e tudo o que é possível fazer em Bangalore. Esta experiência levou Tom Glacer a dizer “a Índia é um lugar inacreditavelmente fértil para recrutar pessoas, não apenas com competências técnicas mas também financeiras”.E, por outro lado, há uma redução de custos fixos como acrescentou o CEO “ a diferença reside no facto de os salários e arrendamento das instalações em Bangalore corresponderem a menos de um quinto do que custam em Londres ou Nova Iorque”

Todas estas experiências realizadas na Índia encaixam-se na definição de outsourcing , ou seja, é a acção da empresa ou organização obter mão-de-obra fora da empresa. Pegando nesta definição, há quem considere o outsourcing a contratação de mão-de-obra fora do país e terceirização, à mão-de-obra contratada no país.

6. a industria automóvel Unidade: 106 quantidade

O mapa acima mostra-nos a produção de veículos em quantidade, no Mundo, de 1997 a 2005. A China é o único país que de 1997 a 2005 teve sempre uma subida de produção. O Japão teve uma produção maior em 1997 do que a verificada em 2005. A Coreia do Sul depois de ter tido uma quebra em 2001, a sua produção de 2002 a 2005, foi sempre a crescer. A expansão do negócio automóvel chinês prende-se conforme relato do seu Ministério do Comércio com a exportação de veículos de baixo preço – 8.366 dólares, para mercados como Médio Oriente, África do Norte, Sudeste Asiático, América do Sul e Rússia. Em 2005, as importações de veículos automóveis foi de cerca de 160 mil contra 175 mil automóveis exportados, tendo sido este ano, o primeiro que tal aconteceu. Encontra-se em muitos manuais traduzido como subcontratação.

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE

Muitos utilizadores quer nos EUA quer na Europa, não imaginam que estas chamadas telefónicas estão a ser feitas a quilómetros e quilómetros de distância por cidadãos de um país muito diferente do seu.


especial

Um jeep LandWind (chinês) em plena Angola

Em 2005 a China vendeu ao Japão cerca de 5.850 veículos e aos EUA 17.500,tendo o mercado interno consumido cerca de 5.720. As vendas de automóveis por fabricante na China constam do mapa a seguir: Unidade:103

Fabricante

Principais Modelos

2004

2005

Variação (%)

Quota mercado 2005

Shanghai GM

Excelle,Buick Regal, Chevrolet Sail

252

325

29%

8

Shanghai VW

Santana, Polo,Gol

355

287

-19%

7

FAW-VW

Jetta, Bora, Audi A6

300

277

-8%

7

Beijing Hyundai

Elantra,Sonata, Tucson

144

233

62%

6

Guangzhou Honda

Accord, Fit( Jazz), Odyssey

202

230

14%

6

Tianjin FAW Charade

Charade,Platz/Vela, Vitz (Yaris)

127

200

57%

5

Chery Auto

QQ, Fulwin, Easter

86,5

185

114%

5

Dongfen Nissan

Sunny,Tiida, Teana

60,7

157,5

159%

4

Tanjin Toyota

Corola,Vios,Crown

81,8

155

89%

4

Dongfeng Citroen

ZX, Elusee, Picasso

89

140

57%

4

Geely

Haoqing, Merrie,Freedom Ship

95

140

47%

4

Chagan Suzuki

Alto, Cultus, Swift

110

90

-18%

2

Fonte: Chinese Automotive Industry

A China tem 12 construtores de automóveis, o que em número, é superior aos EUA e Japão. Pelo mapa acima constata-se que há uma série de joint-ventures com construtores americanos (GM), europeus (VW, Renault, Citroen) e japoneses (Toyota, Honda e Nissan). A Nissan, apesar de ser uma empresa sedeada no Japão foi comprada pela Renault (França). No Outono de 2006, a Geely, expôs no International Motor Show, em Frankfurt, e no North American Auto Show, em Detroit, um pequeno sedan com o nome de CK, que espera lançar em 2008, em Detroit, por um preço de venda inferior a USD 10 mil, carro esse que foi lançado na China em 2005 com preços entre os USD 7.5 mil e USD 8.7 mil. O lançamento deste pequeno carro no mercado americano, vai mexer com os preços dos automóveis, o que já está a criar uma certa apreensão junto dos grandes construtores.

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A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE

7. sistemas financeiros

7.1. China No primeiro semestre de 2004, o presidente do Banco Central chinês, Zhou Xiaochuan, numa conferência para analistas e investidores internacionais, referiu que a estratégia do Partido Comunista chinês para sanear as combalidas finanças dos bancos chineses passaria por atrair investidores estrangeiros, lançar acções no mercado global, e desta forma, obrigar os bancos nacionais a obedecerem às regras internacionais de Contabilidade e transparência, tal como determinam as regras de qualquer mercado aberto. Da plateia, um céptico jornalista estrangeiro perguntou a Zhou Xiaochuan, se haveria investidores dispostos a colocar biliões de USD em bancos que continuariam a ser controlados pelo Estado, sem existir uma programação de privatizações e com a agravante dos bancos estarem carregadíssimos de crédito malparado. Passados dois anos o cepticismo do jornalista estrangeiro gorou-se. Os investidores estrangeiros apareceram apesar dos problemas apontados por aquele jornalista. Nos dois últimos anos, os cinco maiores bancos chineses, receberam USD 27 biliões de gigantes financeiros como HSBC (10º maior do Mundo em 2006, pela Fourtune), Bank of América (14º ), Royal Bank of Sctland (22º) entre outros.

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

“O sistema bancário na China herdou muitos problemas, mas, por outro lado, há um novo mercado de crédito imobiliário, crédito para compra de veículos ou empréstimos para empresas privadas. Um novo sistema bancário está sendo construído!”.

Para além da venda directa de participações sociais, os quatro maiores bancos chineses estatais seguindo a estratégia de Zhou Xiaochuan, lançaram acções nos mercados financeiros, o que originou que o China Construction Bank (3º maior banco chinês) abrisse o seu capital na bolsa de Hon Kong, conseguindo arrecadar cerca de USD 9.23 biliões, sendo o maior valor conseguido no Mundo, nos últimos quatro anos. Entretanto, está para entrar em bolsa o maior banco chinês, o Industrial and Commercial Bank of China, que prevê captar entre USD 10 biliões e USD 12 biliões de capitais frescos.

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especial

O ex-chairman do HSBC, John Bond, sobre o comércio bancário chinês referiu “o sistema bancário na China herdou muitos problemas, mas, por outro lado, há um novo mercado de crédito imobiliário, crédito para compra de veículos ou empréstimos para empresas privadas. Um novo sistema bancário está sendo construído!”. Entretanto, o sistema bancário chinês ainda enferma de vários problemas tais como: a Contabilidade ainda não segue as Normas Internacionais de Contabilidade e, nos últimos dois anos, tem havido várias investigações por corrupção, algumas das quais levou ao afastamento dos principais dirigentes de várias instituições. Com toda esta problemática é bom ter presente as palavras do economista Michael Pettis, professor na Universidade de Pequim” vão ser necessários alguns anos, para avaliar se os estrangeiros estão fazendo bom negócio na China”

7.2. Japão O Japão desde há muito que tem uma moeda cotada internacionalmente: o yen. Faz parte por direito próprio do grupo designa do por G8, ou seja, os países mais industrializados do Mundo . Qualquer economia tem a sua fase de aquecimento, como também tem a sua fase de recessão. Foi o que aconteceu com o Japão, corria o ano de 1991, mais propriamente com o estoiro da “bolha” económica. A partir desta altura, pequenas e médias instituições financeiras passaram a ter problemas com as suas administrações. Em 1997, as EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia.

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grandes instituições financeiras passaram a ter problemas e denotar grandes dificuldades. O mito de que, “um banco japonês nunca quebrará” foi por terra, originando uma grave crise financeira no Japão e, por arrasto a outros mercados financeiros. As causas para esta problemática foram: credito malparado não relevado contabilisticamente, no sentido dessas instituições apresentarem demonstrações financeiras mais “bonitas”; demora na determinação do justo valor de muitos imóveis. Mas para muitos analistas, o grande culpado da crise nipónica foi o todo poderoso Ministério das Finanças, que inibiu durante muitos anos o desenvolvimento do mercado financeiro e bolsista do Japão. Há quem diga, que o sucesso industrial do império do “Sol Nascente” permitiu o crescimento em exponencial da Banca comercial, mas faltou habilidade e perícia para negociar junto dos mercados internacionais, ou então, o jugo do Ministério das Finanças não o permitiu.

Para ultrapassar a crise do sistema financeiro, houve necessidade de uma maior aceleração na liberalização do próprio sistema, o chamado Big Bang, que permitiu um aumento da competitividade, simplificação do sistema administrativo e as empresas financeiras que operavam no mercado que não conseguiram adaptar-se às novas regras tiveram de sair de cena. Entretanto, o Banco do Japão, conforme noticia da agência “Kyodo” decidiu em Abril/07, não alterar as taxas de juro, isto porque em Fevereiro/07, o banco central subiu as taxas de juro de 0.25% para 0.5%, fruto da recuperação económica entretanto verificada. Desde 2002 que os bancos mantinham os juros a zero.

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8. a ocupação chinesa O governo chinês não está preocupado com a invasão americana e europeia no seu território. São bem-vindos. Foram um dos motores para o desenvolvimento rápido que a China teve. A China nos dias que correm, tem várias “Chinatown” espalhadas pelo Mundo.

A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE

No mês de Junho de 2006, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao, visitou sete países africanos e assinou 72 acordos bilaterais. O governo chinês considerou o ano de 2006, como o “ano de África na China” aproveitando a comemoração do 50º aniversário das relações sino-africanas. Em 1956, o Egipto foi o primeiro país africano a estabelecer relações diplomáticas com a China.

Coreanos a conviverem no Wako Kungo

De acordo com os especialistas, esta ofensiva chinesa por África, tem como objectivo a procura de matérias-primas nomeadamente petróleo e gás, para poder desenvolver o notável crescimento industrial da China. E porquê? Porque a maioria dos acordos bilaterais entre Pequim e os países africanos têm uma grande componente energética (Sudão, Nigéria, Angola, Guiné Equatorial, Gabão…). Mas a China tem outras armas para entrar e seduzir as débeis economias africanas: créditos a longo prazo, empresas especializadas em quase todos os sectores, preços competitivos em produtos como os têxteis, vestuário, calçado, bem como para equipamentos industriais, transportes, comunicações e informática.

De acordo com uma das edições do New York Times de Novembro último, estão cerca de 80 mil chineses radicados no continente africano.

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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especial

Esta invasão chinesa pelo continente africano, de acordo com a “África Monitor Intelligence”, tem sido uma crescente preocupação dos EUA, isto porque a China pretende projectar-se com as suas influências político-sociais e económicas como potência global. De acordo com uma das edições do New York Times de Novembro último, estão cerca de 80 mil chineses radicados no continente africano.

Chineses com o director da VA na quedas de kalandula

São empresas chinesas sozinhas ou com parcerias locais, que estão a construir por todo o continente africano auto-estradas, oleodutos, caminhos-de-ferro , hospitais, portos, habitações…com financiamentos a longo prazo do governo chinês, que já ultrapassaram os USD 4 mil milhões. Angola, segundo fornecedor de petróleo à China tem sido até à data o principal beneficiário das ajudas externas chinesas a fundo perdido. Nos primeiros seis meses de 2006, os investimentos chineses nos PALOP, ultrapassaram na totalidade os investimentos verificados em 2005. Oitenta e cinco por cento desses investimentos estão focalizados em Angola e no Brasil. Angola é o principal parceiro económico da China em África. Mas os empreendimentos a cargo dos chineses, no caso concreto de Angola, têm uma forte carga de mão-de-obra chinesa, mesmo a não especializada. Entendemos que pelo menos essa deveria estar a cargo dos nacionais, tendo em vista minorar o desemprego que grassa em Angola, ou seja, o investimento chinês em Angola é quase todo de contexto. Temos em Angola o Caminho-de-ferro de Benguela

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São empresas chinesas sozinhas ou com parcerias locais, que estão a construir por todo o continente africano auto-estradas, oleodutos, caminhosde-ferro , hospitais, portos, habitações… com financiamentos a longo prazo do governo chinês, que já ultrapassaram os USD 4 mil milhões. Angola, segundo fornecedor de petróleo à China tem sido até à data o principal beneficiário das ajudas externas chinesas a fundo perdido.

Nos primeiros seis meses de 2006, os investimentos chineses nos PALOP, ultrapassaram na totalidade os investimentos verificados em 2005. Oitenta e cinco por cento desses investimentos estão focalizados em Angola e no Brasil. Angola é o principal parceiro económico da China em África.

Bibliografia: Gu Zhibin, in Made in China Friedman, Thomas L, in O Mundo é Plano Portal da China Portal da Índia Portal da Coreia do Sul

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nota de imprensa

2007-04-18

BANCO MILLENNIUM ANGOLA CELEBRA ANIVERSÁRIO COM ABERTURA DE QUATRO NOVOS BALCÕES O Banco Millennium Angola celebra o 1.º aniversário com a inauguração de dois balcões em Viana e Amílcar Cabral, em Luanda e com a abertura em Benguela e Lobito nos próximos dias. O Banco expande assim para sete a sua rede de balcões e tem como objectivo a abertura de mais treze até final do ano. Os balcões de Viana e Lobito prestarão também o serviço de transferências rápidas Western Union e todos terão Caixas Automáticas (ATM’s) para depósito e levantamento de valores. Desde o início do ano o Banco já lançou Crédito Automóvel com seguro incluído, Crédito Pessoal e uma Conta Salário, alargando a oferta de soluções de poupança, investimento e de crédito, para particulares e empresas.

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Millennium Angola abre quatro balcões situados em Viana, Luanda, Benguela e Lobito

Serviços de transferências rápidas Western Union nos balcões de Viana e Lobito

Banco alarga oferta com Crédito Automóvel com seguro incluído, Crédito Pessoal e Conta Salário

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AGOSTO/SETEMBRO 2006 | n.º 5

AGOSTO/SETEMBRO 2006 | N.º 5

N.º 3

N.º 2

O INVESTIDOR PORTUGUÊS EM ANGOLA

Angola 0 USD’s | Portugal 6` | Resto do Mundo 5 USD’s

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JUNHO/JULHO 2006 | n.º 4 Angola 11 USD’s | Portugal 8` | Resto do Mundo 13 USD’s

ABRIL/MAIO 2006 | n.º 3 Angola 11 USD’s | Portugal 8` | Resto do Mundo 13 USD’s

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FEVEREIRO/MARÇO 2006 | n.º 2 Angola 11 USD’s | Portugal 8 | Resto do Mundo 13 USD’s

O INVESTIDOR PORTUGUÊS EM ANGOLA

FALANDO COM

Andamos pela Lunda Norte. É importante dar a conhecer o interior de Angola.

O despertar de Malanje

JUNHO/JULHO 2006 | N.º 4

Temos de mostrar ao Mundo que somos capazes.

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O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO 2010 já é amanhã. Nesse ano temos o Mundial e o CAN.

ABRIL/MAIO 2006 | N.º 3

FEVEREIRO/MARÇO 2006 | N.º 2

SEGUROS

ACTIVIDADE AINDA ADORMECIDA

O DESPERTAR DE MALANJE

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO

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MERCADO DE CAPITAIS UM LONGO CAMINHO A PERCORRER

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comer bem

RESTAURANTE TIA MARIA É

um restaurante bem situado na baixa da capital. Quem gosta de futebol ou de ténis, e está nos Coqueiros ou no Clube de Ténis de Luanda é só entrar, porque é mesmo perto. E não se vai arrepender. Eduardo Alcouce e a família têm este restaurante há cerca de um mês. Porquê “TIA MARIA”?

Porque anteriormente a família Alcouce tinha o restaurante BORDÃO, também em Luanda. Os clientes de uma forma carinhosa e afectiva tratavam a cozinheira, esposa do patriarca Eduardo Alcouce por “TIA MARIA”. Mas não é só a forma afável e carinhosa da Tia Maria que trás clientes para o restaurante com o seu nome. É a qualidade da sua cozinha e da sua doçaria. A comida para além de ser caseira, é bem confeccionada. Só há pratos fixos nos dias: Sexta-feira – cozido à portuguesa Sábado – cozinha angolana Domingo – cabrito assado à moda da beira

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Entretanto, todos os dias, há leitão à Bairrada. Eduardo Alcouce, conta a história do leitão. “Ainda estávamos no Bordão quando começámos a cozinhar o leitão num forno a gás. Assávamos um leitão de cada vez. Entretanto os pedidos começaram a ser em maior número. Procurámos saber quais os melhores molhos para o leitão. Felizmente a Tia Maria, conseguiu encontrar o molho ideal e passamos a ter mais clientes para o leitão. Um dia, fui a Portugal e na zona de Ourém visitei um restaurante de leitões e fiquei bem impressionado, quer com a confecção, quer com a sua saída Resolvi comprar um forno maior, que está a agora a funcionar, e que permite assar três leitões de uma só vez. Ainda estamos numa fase experimental, mas de certeza que vamos ter boa saída”. O leitão à Bairrada na TIA MARIA, pode ser acompanhado por um bom vinho da Bairrada, zona do leitão em Portugal. O restaurante possui ainda de uma boa carta de vinhos, com origem em Portugal, França, Espanha, Africa do Sul, Chile, Austrália… Também está bem sortido de whiskies, aguardentes, licores… Os preços das refeições variam entre os USD 25 a USD 30 e o restaurante tem capacidade para 120 pessoas. A clientela vai desde o ministro ao simples executivo. A TIA MARIA, tem 30 funcionários prontos a servi-lo com qualidade e simpatia.

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Rua Francisco das Necessidades Castelo Branco, nÂş 1 MunicĂ­pio das Ingombotas - Bairro dos Coqueiros Luanda - Angola


formação

CALENDÁRIO DE FORMAÇÃO 80 .

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PROGRAMA

Contabilidade Avançada

Análise Financeira

Contabilidade Bancária

Auditoria Financeira

História da Contabilidade.

Função Financeira e Análise Financeira.

O que são Planos de Contas Sectoriais.

A origem da Auditoria.

Instrumentos-Base de Análise Financeira.

Normas e Princípios Contabilísticos.

Princípios e normas de Contabilidade versus Princípios e Normas de Auditoria.

Método dos Rácios.

O Plano de Contas das Instituições Financeiras

Procedimentos e Testes de Auditoria.

As Contas Internas e de Regularização e a sua importância à luz dos princípios contabilísticos.

A Organização de uma Auditoria.

Contas de ordem ou extrapatrimoniais.

Controlo Interno.

Normalização ou Harmonização Contabilística. Plano de Contas. Encerramento de Contas.

Análise do Risco. Análise de Rendibilidade e Crescimento. Análise dos Fluxos de Caixa.

A Norma Internacional de Contabilidade (NIC) nº 30 – Divulgações das Demonstrações e de Instituições Financeiras Similares.

Os papeis de trabalho Auditoria ao Balanço e Demonstração dos Resultados. Relatórios e pareceres de Auditoria.

OBJECTIVO Oferecer aos participantes conhecimentos teóricos, sobre a evolução da Contabilidade ao longo dos tempos e paralelamente dar a conhecer o seu impacto e importância a nível da globalização. Dar a conhecer a relevância do Anexo ao Balanço e Demonstração dos Resultados para melhor compreensão das demonstrações financeiras. A responsabilidade do relatório de gestão.

A QUEM SE DESTINA A Contabilistas, Administradores, Bancários e Gestores de empresas, bem como a todos que estudam esta temática.

Responsável pela formação José Luís Faria Magro, licenciado em Contabilidade e pós-graduado em Finanças Empresariais. Larga experiência na área da Contabilidade no norte de Portugal. Investigador na área da Contabilidade e Gestão, com artigos publicados em Portugal, Brasil e Angola. Várias conferências sobre Contabilidade e Gestão e a entrada de Portugal na Moeda Única.

LIMITE DE FORMANDOS 20

CARGA HORÁRIA 30 horas, distribuídas por 1 dia de cada semana: Período da manhã 9H00 - 12H30 Período da tarde 14H00 – 18H00

Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

PREÇO 1.500 USD, pagos no acto de inscrição

TEXTOS DE APOIO Fornecidos pelo formador e distribuídos em cada sessão

INFORMAÇÕES E RESERVAS Avenida Comandante Valódia nº 5, nº15 1º -Luanda Telf. 00244 244497 Móvel 00244 923454677 0351919352177 Fax 00244 4311168 Email jlmagro@netcabo.pt

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próximo número

VARIAÇÕES DO CAPITAL PRÓPRIO E A PROSPERIDADE DAS EMPRESAS É da natureza do capital a variação, como efeito da transformação constante do património. Quando o Capital Próprio sofre uma redução é preciso identificar a causa de tal efeito, pois pode estar em curso um processo de definhamento da riqueza. Quer a prosperidade, quer o definhamento são aspectos de importância que a doutrina contabilística tem como principais preocupações.

O LÉXICO PORTUGUÊS EM CONTABILIDADE E AS NIC/NIRF Devido à aplicação das NIC (IAS)/NIRF(IFRS) o léxico contabilístico português tem merecido alguma (pouca) reflexão, nomeadamente no que respeita à tradução de termos, conceitos e expressões nelas contidos.

AS SOCIEDADES GESTORAS DE PARTICIPAÇÕES SOCIAIS (SGPS) NO MUNDO ACTUAL Começa-se por observar que talvez tenha sido opção errónea deixar de tributar directamente as empresas componentes de grupos a consolidar, desconsiderando que as empresas são pessoas jurídicas (pessoas colectivas).

O CONTROLO DE GESTÃO O controlo de gestão nem sempre é bem visto pelos gestores. Muitos chamam-lhe “policiamento” e “burocratização” da gestão, pelo que criam barreiras e resistências à sua implementação.

FICHA DE ARMAZEM Preenchimento de uma ficha de armazém utilizando o Custo Médio Unitário, o FIFO e o LIFO e qual o mais vantajoso.

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editorial

IDEIAS & SOLUÇÕES Connosco as suas Ideias transformam-se em Soluções

A História mostra que ao longo da evolução do Homem, não foram sempre os mesmos povos a dominar o Mundo. O Egipto, a Babilónia, a Grécia, Roma, a Inglaterra, Espanha, por exemplo, durante séculos dominaram o Mundo, para dar lugar a outros e, no caso actual, temos novos candidatos como a China, Índia… Este domínio, para além das armas, foi imposto pelo saber e pelo conhecimento. E vai ser sempre o saber e o conhecimento, que vão marcar esse domínio. Mas o surgimento da China e da Índia e porque não do Japão e da Coreia do Sul, como as grandes potências do século XXI, tem um factor comum: a sua independência ocorreu nos finais da década de 40, inícios da década de 50. O Japão teve a implementação do plano Marshall nessa altura. Estes países, depois da independência apostaram e apostam forte na Educação. E não foi uma Educação qualquer. O ensino da Matemática e das Ciências foi obrigatório, e inclusivé, no Japão primavam pela competição entre os alunos. Angola precisa de estradas. É verdade. Mas tão importante ou mais importante é a aposta na Educação. Em 1978, já era Angola independente e, nessa data, a China era dos países mais pobres do Mundo. Hoje é a segunda maior economia do Globo e foi em 2005, o país que mais Investimento Directo Estrangeiro atraiu. E porquê? Educação e visão. Na Educação não podemos pensar só no Ensino Superior. Hoje há uma apetência forte na sua implementação. Com que corpo docente? Que cursos? Mais Direitos, mais Economias, e as Engenharias e as Biologias, estas não devem também existir? A diferença é que os cursos virados para as engenharias e afins a nível de implementação são mais caros, e por consequência o retorno do investimento mais demorado. Mas antes de se avançar com o ensino superior deve-se pegar e bem, no ensino primário ou básico. Ninguém ou muito dificilmente alguém, consegue avançar no ensino, sem ter um bom ensino primário. É neste, que temos de apostar. Angola precisa de professores primários com qualidade e dedicação. É frequente os Administradores Municipais pedirem escolas e professores nas nossas províncias, nomeadamente as do inte-

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rior. Tem de haver merenda escolar em todas as províncias nomeadamente para os alunos mais carenciados, isto porque é mais que sabido quão importante é uma refeição para muitos angolanos. É necessário que o Orçamento Geral do Estado esteja dotado com mais dinheiro para alcançarmos esse objectivo. Depois do ensino primário, temos de apostar no ensino técnico ou profissional. Em vez de mais universidades, devem ser criadas mais escolas técnico profissionais, mesmo a nível das províncias. Finalmente, melhorar as universidades que temos. O Projecto Aldeia Nova (PAN), no Waco Kungo conseguiu recuperar uma região com boas condições agro-pecuárias. Talvez este projecto bem divulgado interna e externamente possa atrair mais gente para trabalhar as nossas terras, noutras regiões. Para além da recuperação agrícola o PAN, conseguiu recuperar o Homem. Foi a sua reinserção, a grande vitória deste projecto. É importante dizer que há outros valores acima da economia. Repetimos, há as pessoas e há a história. Há, pois deveres do Estado. A importância do PAN no município do Waco Kungo, trouxe um meio envolvente importante: emprego e mais população radicada e a possibilidade de desenvolver outras actividades, como o turismo rural. Já há três bancos instalados no Waco Kungo: banco Keve, BFA e BPC. O ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, defendeu em Ondjiva, na abertura do 31º Conselho Consultivo Alargado do Minader, que a Banca deve apoiar os agricultores nacionais. Está correcto este pensamento. Mas a Banca, apoia com garantias, e a agricultura, devido às transformações climatéricas a que muitas vezes está sujeita precisa de coberturas, nomeadamente a nível de seguros de colheita e afins. Estes não existem ainda em Angola. E depois, é importante ver o seu custo/beneficio. Assim, não é só a Banca que tem de criar condições para o tal apoio. A actividade seguradora que está a despontar também tem de pensar na actividade agrícola e pecuária. Banca e Seguros, aí sim, talvez seja mais fácil o apoio pretendido pelo ministro.

SEDE Av. Comandante Valódia, nº 5 - 1º nº 15 - Luanda Tel. 00244 2442497 - Fax 00244 4311168 AGENTE Rua da Cidade de Luanda, nº 9 - Benguela DELEGAÇÃO Rua Quinta da Campainha, nº 1 4435-406 Rio Tinto - Portugal Tel. 00351 228300507 - Fax 00351 228329897

Propriedade Valor Acrescentado - Prestações de Serviços Lda Director José Luís Magro Chefe de Redacção Adelaide Alves Redacção Filipa Couto, Carlos Neto Publicidade Tânia Bravo DESIGN GRÁFICO PMD - Comunicação e Design www.pmd.pt IMPRESSÃO Uniarte Gráfica / Porto Colaboraram neste número Anabela Neto, António Lopes de Sá, Filipa Couto, José Luís Magro, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães, Teresa Eugénio

www.valoracrescentado-online.com info@valoracrescentado-online.com

Tiragem: 10.000 exemplares. Registada sob o número MCS-430/B/2006.

VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

Conhecemos os mercados financeiros. Temos mais de vinte anos de experiência. Estamos actualizados.

Brevemente vamos começar com os nossos cursos de formação nas seguintes áreas:

• Contabilidade Avançada • Mercado de Capitais • Análise Financeira • Análise de Projectos de Investimento

Temos pessoal com experiência nestas áreas. Em todos os cursos será fornecido material didáctico. Cada curso está limitado a 20 formandos.


OUTUBRO / NOVEMBRO 2006 | n.º 6

PROJECTO ALDEIA NOVA Angola 20 USD’s | Portugal 26€ | Resto do Mundo 25 USD’s

www.valoracrescentado-online.com

VALOR ACRESCENTADO

OUTUBRO/NOVEMBRO 2006 | N.º 6

A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE JÁ ESTÁ EM ANGOLA

PROJECTO ALDEIA NOVA UMA REALIDADE AGRO-PECUÁRIA EM ANGOLA


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