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Especial Autárquicas Vila Franca de Xira da 18 a

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Sociedade na

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Adélia Gominho cortará touradas do Colete Encarnado e critica abate de árvores

Sílvia Carvalho d'Almeida

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Adélia Gominho, de 52 anos, é a candidata do PAN à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Veio morar para Portugal desde os sete anos, e vive desde então no Sobralinho, em Vila Franca de Xira. É profissional de comunicação e marketing. Ao Valor Local, e acerca dos resultados das anteriores eleições onde também foi candidata, afirma que as expetativas para esta eleição passam por eleger o desejado representante no órgão executivo, algo que o PAN não conseguiu até à data e reforçar o número de eleitos na Assembleia Municipal. A também eleita no órgão deliberativo, e num balanço destes quatro anos salienta que tem tentado passar ideias e valores em questões importantes para o concelho. “Temos trazidos temas relativos ao ambiente, mas também às pessoas e animais, com uma visão ecocêntrica do mundo, pois está tudo interligado”. O partido volta, à semelhança de 2017, a apresentar apenas candidatos para a Câmara e Assembleia Municipal e não para as freguesias, Adélia Gominho promete mais atenção aos fenómenos decorrentes das alterações climáticas

“Em 2017 deixámos as juntas para trás, não por desprimor, mas porque estávamos a iniciar a nossa atividade política no concelho, portanto, as listas foram as que arranjámos. Este ano, porém, achámos que ainda não era o ano para concorrer, e também porque os assuntos e propostas ambientais que temos são mais no âmbito da competência da Câmara e Assembleia.” Quanto ao ambiente e à notícia, de que uma parte de Vila Franca de Xira corre o risco de ficar submersa devido às alterações climáticas, é perentória: “São evidências científicas e não políticas, e como tal, os políticos devem segui-las. Por vezes pensa-se que a subida do nível do mar possa afetar apenas as zonas costeiras, mas o facto é que também afeta as zonas estuarinas”. Relativamente a Vila Franca de Xira, é da opinião de que não se tem feito o suficiente ao nível de políticas para mitigar este problema. E isto deve-se principalmente ao facto de que se “olha para a zona ribeirinha como expansão urbana, em que se colocam pessoas a morar nesta área, e o que me ocorre é o Vila Rio, onde as pessoas estarão a cerca de poucos metros entre o rio e uma linha de comboio. É de estranhar que os alertas que têm sido dados não se convertam em preocupações” e medidas políticas concretas. Pensa que não tem sido apenas no caso da autarquia que isto ocorre, e sim a nível nacional, e acrescenta: “Os diagnósticos estão feitos e servem para planear. Temos o Plano de Adaptação às Alterações Climáticas, mas é preciso que este seja levado à gestão do dia-a-dia. Aqui é que por vezes há falhas”. Um dos problemas que apresenta é o facto de muitas vezes se abaterem árvores em parque urbano com a desculpa de que põem em risco pessoas e bens. Por exemplo, refere que “à boleia da questão ambiental, se abateram árvores saudáveis para a construção da ciclovia entre Alverca e Forte da Casa num total de 200 exemplares”. Relativamente ao assunto das touradas, em que defende que os aficionados devem ter alternativas dentro da ruralidade, mas sem tomar uma posição em concreto, discorda da acusação de eleitoralismo, e responde: “Sou totalmente contra todas as formas de tauromaquia. Não só as touradas, mas também as largadas e garraiadas, e não por ser o cavalo e touro em concreto. Uma das minhas primeiras propostas foi que a Câmara não licenciasse circos com animais selvagens. A minha preocupação em não usar os animais para entretenimento é transversal e não tem que ver apenas com a cultura tauromáquica”. Na sua opinião, “os animais têm valor intrínseco por si só” embora compreenda a tradição, até porque reside na zona desde a infância. Explica que a partir de determinada altura na vida, e particularmente depois de ter sido mãe, as touradas passaram a não fazer sentido para si. Se o PAN vencer estas eleições, não haverá largadas, nem touradas nem garraiadas. Recusa a palavra conflito para o que seria o seu relacionamento com a parcela da população que é aficionada, e acrescenta: “Isto é um processo evolutivo, que mais tarde ou mais cedo terá de acontecer.”

Chega Barreira Soares promete que não vai cortar a eito nos apoios sociais

Barreira Soares, tem 44 anos, é gestor, e natural de Vila Franca de Xira. É a primeira vez que o Partido Chega se candidata no concelho de Vila Franca de Xira, mas Soares tem expectativas “altas’’, de “ganhar a Câmara”. Relativamente ao que o move nesta candidatura, explica que é o facto de os partidos tradicionais não terem conseguido apresentar soluções concretas para os problemas das pessoas. “Vou mostrar que é possível, um cidadão que nunca fez política, fazer melhor, com a ajuda de todos”, enfatiza. Diz que espera ainda “ser a voz de todas as pessoas” e que se for eleito presidente ou vereador, andará nas ruas para as ouvir. O partido candidata-se também às juntas de freguesia da Póvoa, Vialonga, Vila Franca de Xira e Assembleia Municipal. Sobre a dificuldade em fazer listas para a Câmara Municipal e ainda sobre alguma resistência ao Chega por parte das pessoas, diz que tem sido complicado, porque há quem tenha medo de dar a cara por medo de represálias por parte dos “partidos instalados”. Explica ainda que numa democracia, nomeadamente, no nosso país, há medo de ouvir pessoas com ideias diferentes, mas que no fundo apenas “buscam resolver os problemas que outras se mostraram incompetentes para os resolver”. Uma das premissas do partido que representa relaciona-se com uma maior fiscalização no controle dos apoios dados às populações, como forma de se evitarem abusos. Sobre este assunto, esclarece que concorda inteiramente, “pois todos nós temos o direito a trabalhar, e não nos podem fazer acreditar que não conseguimos, e com isso entrar-se no facilitismo. Todos nós tivemos problemas na vida, mas temos que puxar uns pelos outros. Somos todos diferentes, mas somos todos um.” Revela-se contrário ao individualismo crescente na nossa sociedade, bem como ao egoísmo, em que “cada um olha pelo seu próprio umbigo.” Também esclarece que o papel assistencialista do Estado praticava-se anteriormente ao 25 Abril, num regime não democrático de caráter fascista, mas também em estados comunistas. No seu entender, “o estado deve ser minimalista, não deve carregar a população às costas”. O cidadão, com direitos e deveres, deve, portanto, ter a “preocupação de olhar pelo próximo”, papel que é atribuído ao Estado, neste momento, Barreira Soares prefere ser cauteloso quando se fala da comunidade cigana

através das políticas sociais que implementa. No âmbito da autarquia, no entanto, ainda não tem ideia onde é que poderá começar a cortar nos apoios indevidos, pois tal como indica, não tem ainda conhecimento de casos em concreto. “Se eu tenho muito respeito pelo meu dinheiro, devo ter ainda mais pelo que é de todos. Vivemos num país pobre. Não podemos esbanjar.” No entanto refere que não se está aqui a tratar de números, mas de pessoas, e que cada caso tem que ser analisado individualmente, “sem cortar a eito”. Relativamente às pessoas de etnia cigana, identificadas pelo Chega como quem mais recebe estes apoios de forma indevida, nomeadamente o RSI, explica que o partido em que se insere é democrático, e que cada indivíduo tem liberdade de “fazer as coisas à sua maneira”, pelo que não dizendo que discorda do Chega, esclarece que tem liberdade dentro e que não fala em específico desta etnia, contemporizando assim a questão. “O André Ventura tem a sua abordagem e eu tenho a minha”, embora acrescente que o admira imenso, considerando-o um “líder carismático’’. Relativamente ao Vila Franca Centro, e sobre o que pode ser feito, e como avalia a atuação do PS, responde que não tem visto ação por parte dos socialistas. Diz que gostaria de fazer algo relativamente a este assunto, que é um “grande imbróglio” na cidade, no entanto reconhece que no seu programa não consta nenhuma medida em específico, mas que vai “lutar com todas as forças para dar vida” ao centro. Diz ainda que a Câmara “não pode estar nas mãos de quem não tem sabido gerir dinheiros públicos” e dá o exemplo da Marinha e da Cimianto.

Este trabalho é apenas uma pequena resenha das nossas entrevistas. Ouça em www.radiovalorlocal.com os nossos podcasts e com mais detalhe todos os assuntos que interessam a Vila Franca de Xira nas cinco entrevistas levadas a cabo pela nossa equipa.

Consulta descentralizada para a Hepatite C

AUnidade de Doenças Infecciosas do Hospital Distrital de Santarém (HDS) pretende chegar a mais de 400 doentes através de consultas descentralizadas com vista à micro eliminação da Hepatite C. Este projeto visa cumprir o objetivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) de erradicar esta doença até 2030. No sentido de cumprir este objetivo têm sido implementadas várias estratégias a nível mundial, uma delas a micro eliminação da doença, ou seja trabalhar contexto a contexto – que podem ser concelhos, distritos ou agrupamentos de centros de saúde, por exemplo. “Eliminamos a Hepatite C em cada contexto e depois vamos progredindo e replicando. É desta forma que se conseguirá a eliminação total deste vírus”, explica Fausto Roxo, responsável pelo Hospital de Dia de Doenças Infecciosas do HDS, em comunicado de imprensa. E para que esta intervenção seja possível e realmente eficaz é fundamental “ que sejamos nós a ir ter com os doentes, a procurar os infetados e a deslocar os meios, a consulta, para onde estes estiverem” sublinha o médico. Esta consulta descentralizada surge como complemento à consulta das doenças infeciosas, promovida no Hospital de Dia de Doenças Infeciosas do HDS, onde já foram seguidos e tratados largas centenas de doentes com esta patologia. A consulta descentralizada contempla ainda a realização de análises clínicas e exames de diagnóstico no próprio local e já levou a equipa do HDS a deslocar-se ao Estabelecimento Prisional de Torres Novas, “onde foram tratados e curados todos os reclusos com Hepatite C”. Desde junho deste ano que estes profissionais estão a replicar a intervenção noutro contexto, levando agora a consulta descentralizada ao Centro de Acolhimento a Toxicodependentes (CAT) de Santarém. “Nos CATs, existe um potencial muito grande de doentes e somos dos primeiros hospitais do país a deslocarnos a estes locais” afirma o responsável, acrescentando que nestes contextos, prisões e CATs, “o tratamento funciona muito bem porque a toma é assistida, garantindo uma taxa de sucesso de 100%”. O objetivo é levar a consulta descentralizada a toda a área de influência do HDS e o próximo passo será a promoção de rastreios nos centros de saúde.

Fausto Roxo, responsável pelo Hospital de Dia de Doenças Infecciosas do HDS

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