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IVANILDE MORAIS DE GUSMÃO

IVANILDE MORAIS DE GUSMÃO professora, advogada, ensaísta, contista e poeta. Estudiosa de Karl Marx e da Literatura. Membro de várias Academias. Publicou vários Livros de ensaios e poesias: (2015) (português/francês); (2016) (português/inglês); (2016) (português/francês; (2017) português/ingles). Par- ticipação nas Coletâneas: Sete Pecados Capitais-Preguiça); Sem Fronteiras pelo Mundo... I,II, III. IV, V e VI; Madalena’s; Integração Cultural Interestadual; II Seminário Internacional Encontro das Américas- Lite- ratura, Arte e Cultura em Terras Potiguares; A Arte de Ser Mulher – poesia feminina; A Vida em Poesia I e II; Faz de Conto I e II; Alquimia Literária; O Bichonário Brasileiro e O Dom de Ser Mãe - Editora Helvetia (20162017); Olhar Bilateral(2017) e VIDA&VITA(2018) – A.C.I.MA(Associazione Culturale Internacionale Mundiale)(2017); Ia Antologia CULTIVE (2017), Poemas à Flor da Pele, e em Talentos da Maturidade e outras Antologias. Prêmios Talentos Helvéticos Brasileiros- Categoria Poesia-Janeiro/2017 e TOQUE (2019); HOMENAGEM ÀS MULHERES: Liberdade, liberdade..., abra caminho para nós! (2020). SÚPLICA AO SOL....era outono(2020). TEMPO PARTIDO 2020 resgatando sentimentos de humanidade (2020); POESIA em tempos de pandemia 2021.

2 ° lugar - prosa no 4° Concurso Cultive de Literatura

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São deuses...ou astronautas?

É noite..., o silêncio toma conta do mundo...

Sentada na varanda, faz uma reflexão sobre o tempo que está partido, mo- mento em que as pessoas estão perdidas. Olha o céu, noite límpida, nenhuma nuvem, estre-

las brilhando como se quisessem despertar a natureza. Como gostaria de saber ler as estrelas, as constelações, constatar quais foram os nomes dados para melhor identificação.

Quando criança, faz muito tempo, gostava de, na janela do seu pequeno quarto, olhar o céu e se imaginava uma estrela a iluminar a estrada que um dia sonhava em percor- rer. Como seria essa caminhada? Não tinha a menor ideia, mas tinha certeza do que queria. Mesmo que se transformasse num pássaro, viajaria pelos ares, atravessando o infinito, sentindo o vento e, em algum momento, pousaria lá longe... para além do horizonte.

De repente, um ruído de asas se faz ouvir. Aguça a atenção, escuta com cuidado de onde vem o som. Aproxima-se do parapeito e olha o mundo noturno. Uma brisa toca sua face, mas não é do alto, do céu! Assusta-se! Instintivamente seus olhos baixam – é lá do asfalto que vem o som de batidas de asas. Espanta-se com o que vê.

É uma nave? Como? Desliza suavemente, de dentro sai algo que se move, os olhos cansados pelo tempo não conseguem identificar. Parece um astronauta, ou deuses imaginários, anjos? Busca os óculos e agora consegue identificar. São ho- mens com vestes brilhosas que, rapidamente, quase em silêncio, recolhem os restos deixados pelas pessoas das suas moradias de cimento armado, como uma Torre de Babel!

Olha-os profundamente. Sentindo-se tocados esses seres brilhantes, levan- tam a cabeça e seus olhos se encontram. Por um lapso de tempo se reconhecem. São trabalhadores de uma atividade muito importante, recolher detritos do mundo huma- no. Lembra que, um dia lá longe, distante, recolhia roupas sujas e, amarradas numa trouxa, descia uma imensa ladeira e, nas águas do rio, deixava-as limpas e, após isso, estendia por sobre o capim e, debaixo de uma árvore, comendo um pão com água, aguardava que elas enxugassem. Recolhia-as, arrumava, agora com cuidado, e voltava da lida. Olhava o céu e via o dia recolhendo-se e a luz e o calor do sol se acalmavam.

Sorriu para eles e recebeu de volta o abraço imaginário e partiram, silencio- samente, como chegaram. Aquieta-se e volta ao lugar de silêncio. .. Fecha os olhos e lá longe ouve um som...num crescendo que vai, na calada da noite aumentando. Volta à varanda e tenta acompanhar o som. Atenta olha com cuidado o céu..., nada, as estrelas continuam lá, brilhando incessantemente, parece que, como ela, ficam atentas. O som, quase de dor, de socorro vem rápido e atravessa o espaço que os olhos alcançam... e o coração dispara! São os anjos, deuses que num “front” de uma guerra violenta e exterminadora enfrentam inimigos invisíveis. Tentando salvar os seres por eles atacados, faz um sinal da cruz. Levanta os olhos com as mãos postas e pede, implora ajuda! Novamente volta ao seu silêncio...continua sua oração. Parece que tudo, tudo enfim... adormece!

Mas, desperta de sua letargia..., agora um som diferente. Assusta-se, parece cavaleiros do Apocalipse. Rapidamente, levanta-se e debruça-se na varanda... vêm vindo... são quatro cavaleiros, numa imensa velocidade, como anjos batendo rápido suas asas, gerando um som assustador. Observa que, na bagagem que levam, está alguma coisa que não distingue. Ver apenas algo branco e uma cruz vermelha dese- nhada e brilhosa! Se deu conta de que eram cavaleiros, em alta velocidade, levando consigo as drogas que poderão salvar vidas. Torce para que cheguem rápido ao des- tino. Levanta os olhos e verifica que, lá longe no horizonte, a Aurora desponta com seu belo véu vermelho, como sangue, abrindo o espaço para que a luz dourada do sol possa atravessar e levar luz para clarear o mundo. Diante desse espetáculo, sorriu e recolheu-se.

Fica acompanhando com muita atenção o nascimento do dia, mais um que surge trazendo a esperança de que essa luz possa ajudar a humanidade a eliminar o inimigo que tenta exterminar a espécie humana que tanto ameaçava a natureza, mãe que o gerou, e a qual vem destruindo sua vida; esquece que dela que foi gerado e que recebeu todo um manancial de riqueza para construir o seu mundo, o mundo humano. E ainda lhe deu uma morada fantástica – a TERRA! Um planeta completo para produ- zir e ser feliz!

Assiste ao Sol surgindo e seus raios tentando atravessar as muralhas de concreto, morada desse ser que, a partir desse momento, terá que transformar o seu modo de vida para garantir sua própria sobrevivência. Assim, esperando que esse silêncio e o recolhimento possam fazer com que o ser humano construa, para sua sobrevivência, um novo horizonte, e daí seja constituída uma sociedade verdadeira- mente humana!

Olha ao redor, o dia se faz presente...,uma brisa leve e orvalhada molha seu rosto, penetra na pele... sente frio. Fecha os olhos e silencia...

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