Litteras #00

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Litteras



Sumário 02 Da redação 03 Cafeteria

Personagem Para fora da estante

04 06

07 Aguilhão

Aos sem mestre, com carinho Ama-a-dor

11 Inter.títulos

Livro em aberto E-scrita

15 Oficina

De letras Em verso Do traço

08 09

12 14 16 18 20


E

ra uma vez, não tem tanto tempo, um quarteto de meninas (muito simpáticas) que decidiram fazer uma revista sobre literatura e ilustração. Mas uma revista assim, meio diferente: que quando alguém lesse, também pudesse escrever e desenhar. Como um primeiro capítulo de uma história, que caberia a outras pessoas continuar. Porque, na opinião das nossas heroínas, já é hora de se construírem novas histórias. Heróinas sim, porque elas precisaram enfrentar noites mal dormidas, momentos de desespero e lutas terríveis contra o tirano software de diagramação. Mas essa história teve um final feliz: nas suas mãos, está a primeira edição da Litteras. Cada parte dela foi feita para ajudar você a colocar no papel (ou na tela do computador) essa história que você vem guardando na sua cabeça. Mas não espere que as coisas que vão acontecer como num passe de mágica - você vai precisar ralar bastante. Nossas heroínas garantem, cansadas e orgulhosas: vale a pena.

As Heroínas b

Anna Luiza Lopes gerente da cafeteria

b

b

Valquíria Homero ártífice do aguilhão

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b

Um muito obrigado à Suzana, que mais que professora, foi nossa fada madrinha Aos nossos heróis de armadura Pedro D’Apremount, Marcos Vinícius e Gabriel Castro, pela colaboração

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k

Sara Resende

senhora dos inter.títulos

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b

Marília Nestor mestre da oficina

x E um agradecimento

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mais do que especial a você, leitor

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Cafeteria


CAFETERIA | a personagem

André VIANCO O autor de 37 anos ensina que é possível viver de literatura em nosso país

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E

m 1999, após ser despedido de seu emprego como atendente de telemarketing em uma empresa de cartões de crédito, André utilizou o seu FGTS para produzir 1000 cópias de seu primeiro best-seller, Os Sete. Hoje, o autor está prestes a atingir a marca de um milhão de livros vendidos. Vianco é um escritor brasileiro, nascido em São Paulo, e criado em Osasco, também no estado de São Paulo. O autor de 13 romances de sucesso atua também como diretor e roteirista de cinema e TV. Suas obras sobrenaturais misturam terror, suspense, fantasia e romance em histórias que geralmente envolvem o tema Vampiros. Antes de adotar Vianco como seu sobrenome artístico – que homenageia a cidade de Osasco derivando da Rua Dona Primitiva Vianco –, André começou a escrever profissionalmente para a rádio Jovem Pan na seção de humor. Tornou-se redator do departamento de jornalismo da rádio e por lá permaneceu por dois anos. Em 2000, após a produção das mil cópias de Os Sete, ele foi pessoalmente a livrarias e editoras promover o seu livro. Em 2001 a editora Novo Século se interessou por seu trabalho e republicou o livro. Desde então a parceria entre autor e editora proporcionou mais livros. Os Sete deriva diretamente do primeiro romance de André Vianco, O Senhor da Chuva (1998). Em O Senhor da Chuva, apesar da história estar relacionada diretamente a anjos e demônios, o autor criou uma personagem vampiro que, segundo o autor, teria sido pobremente explorado. A partir de então, André ficou com a ideia de escrever um romance em que vampiros seriam os protagonistas. Em seu primeiro roteiro, pré-escrito, os vampiros eram apenas dois e o título do livro seria “Os Dois”. Porém André não se sentiu satisfeito e sua trama virou “Os Sete” (1999). Entre seus próximos projetos, está em andamento uma coleção voltada para crianças que aborda as criaturas do folclore brasileiro. “Os livros serão ilustrados pelo competente Denilson Santtos, que já trabalhou comigo no fantástico ‘O turno da noite – Escuridão Eterna’ sendo ele o dono dos traços na HQ, agora nos livros dessa série infantil.” m

Obras do autor: Editora Novo Século: • O Senhor da Chuva • Os Sete • O Senhor da Chuva • Sétimo • Sementes no Gelo • A Casa • Bento • O Vampiro - Rei (Volumes 1, 2 e 3) • O Turno Da Noite: Os Filhos De Setimo ( Volume 1) Revelações (Volume 2) O Livro de Jó (Volume 3) • Vampiros do Rio Douro (Volumes 1 e 2) • O Caminho do Poço das Lágrimas • A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo • A Casa • HQ – O Turno da Noite – Escuridão Eterna Editora Rocco • O Caso Laura

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CAFETERIA | pra fora da estante

OS MAIS VENDIDOS:

Novembro

Cidades de Papel – John Green Editora Intrínseca

Quem é Você, Alasca? –John Green Editora Martins Fontes j

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O Pequeno Príncipe – Antonie de SaintExupéry Editora Agir

A Culpa é das Estrelas – John Green Editora Intrínseca

O Silêncio das Montanhas – Khaled Hosseini Editora Globo

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Chamado do Cuco – Robert Galbraith Editora Rocco

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A Casa de Hades – Rick Riordan Editora Intrínseca

O Lado Bom da Vida – Matthew Quick Editora Intrínseca

Em Busca do Sentido da Vida – Augusto Cury Editora Planeta do Brasil j

O Teorema de Katherine – John Green Editoraj Intrínseca

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Inferno – Dan Brown Editora Arqueiro

O Ladrão de Raios – Rick Riordan Editora Intrínseca

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“A originalidade de um autor depende menos do seu estilo do que da sua maneira de pensar” - Tchekhov, Anton Pavlovich

aguilhã o


AGUILHÃO | aos sem mestre, com carinho

Muda, que você

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muda O MUNDO

omeça com um calorzinho repentino no peito que de repente toma conta do seu corpo e faz seu coração dar um salto. Algumas vezes você não sabe direito de onde isso vem – mas na maioria delas você sabe sim, e muito bem. É o que mais assusta. Só que o motivo de tudo isso depende da pessoa. Depende de você. O fato é que na vida existem raros momento que você sente alguma coisa diferente. Uma ideia, uma vontade, uma força inexplicável que te diz que você é capaz, que você pode e até mesmo que você deve fazer tal coisa. Pode chamar de iluminação, se quiser. Ou de inspiração. É um momento intenso, mas breve. Muito breve. Talvez por isso quase sempre nós o ignoramos – quase sempre você o ignora. Passa tão rápido que nos questionamos se aquele sentimento realmente existiu. Dali há pouco, vai ser como a lembrança de um sonho vago. E em dois minutos, nós o esquecemos. Portanto, é provável que você nem lembre que já viveu várias ocasiões assim. Uma vez que esse… ímpeto passa, não há mais volta. Talvez a mesma causa motive uma experiência parecida, mas nunca será a mesma coisa. Cada uma delas é única. E tem um potencial arrasador. Há determinação tal contida em cada uma delas, uma obstinação tamanha, que poderia mudar a vida de uma pessoa. E a vida das

VALQUÍRIA HOMERO

pessoas ao redor dela. Não estou dizendo que seria algo imediato – pelo contrário, seria apenas um estímulo que o impediria de desistir, seja qual for a jornada difícil para qual ele o tenha impelido. Algo que o motive e o mantenha firme. Só uma distração, um segundo de hesitação… e isso se perde. Mas no curto intervalo de tempo que isso existe, na fração de segundo que você tem para decidir se vai ceder a ele ou não, o mundo fica em suspensão. Porque isso é uma possibilidade de mudança – são várias possibilidades de várias mudanças. E quando alguém muda, todo mundo muda junto. Como um grito em uma caverna escura, que atinge primeiro as pedras mais próximas e vai ecoando e ecoando pelo vazio até chegar à entrada. Você pode até não ver, mas a mudança atinge você. Em contrapartida, ainda que ele não veja, a sua mudança também atinge o mundo. Então quando isso que vêm de dentro pra fora, lutando para vir à tona e ir além, está em você, é como se houvesse uma pequena luz na caverna. Uma luz frágil, mas que se for alimentada, vai crescer até iluminar a caverna inteira, e fornecer calor para quem puder precisar. Uma oportunidade. Uma chance. Uma esperança. A Scintilla m

A origem da palavra

-scintilla, do grego, “centelha”; que siginfica (entre outras coisas) “manifestação notável de inspiração ou talento”. A scintilla também é o pretensioso nome do blog pessoal da autora do texto: ascintilla.wordpress.com/

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AGUILHÃO | ama-a-dor

Questão de

INICIATIVA

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alta oportunidade, para quem quer viver de arte? Falta, mas o que não falta é vontade. Danada essa vontade - teima, vai contra a razão, bate o pé. Mete o pé nas portas vida à fora. Abre um buraco na parede, se preciso for. Pronto, está criada a oportunidade. A Litteras decidiu dar uma forcinha para uma dessas pessoas que cansaram de esperar as soluções virem de foram e fazem acontecer, abrindo suas páginas para Pedro “D’Apremont” falar um pouco sobre o seu trabalho, seu estilo e expectativas.

Há quanto tempo você desenha? Conte-nos um pouco da sua trajetória, por favor. Desenho desde moleque. Não lembro bem, mas acho que comecei a fazer uns rabiscos por volta dos 4 anos de idade. Pra mim foi natural continuar desenhando durante minha vida inteira, pois sempre foi uma atividade que me deu muito prazer. Os quadrinhos vieram junto com o desenho, já que eu sempre gostei de ler gibis e consumi bastante HQ desde que eu aprendi a ler. Com 18 anos comecei a publicar num blog horrível que eu abri e fiz uma zine de quadrinhos da qual, hoje, eu tenho um pouco de vergonha, hehehe. Ano passado começou a surgir a vontade de ter uma revista de quadrinhos própria e de publicar bastante coisa fisicamente (mais zines, participar de revistas de amigos meus, etc). No começo desse ano publiquei o primeiro número do meu gibi, o Lo-Fi, e agora estou trabalhando no segundo número da publicação. Quando você percebeu que queria levar isso à sério? Acho que com uns 16 anos. Foi no auge da minha “fanzice” pelo Robert Crumb, que ainda é um dos meus maiores ídolos. Queria fazer quadrinhos iguais aos dele, que contassem historias simples com muita expressividade.

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Você teve apoio na sua decisão? O que mais te estimulou a seguir nesse caminho? Acho que minha mãe ficou feliz por eu querer seguir um caminho próximo ao das artes plásticas. Ela foi uma excelente artista, e hoje em dia produz quadros e desenhos nas horas vagas. Recebi muito estímulo por parte de alguns amigos meus cartunistas e ilustradores também, que sempre me incentivaram a fazer mais e mais desenhos e ser cada vez melhor. Basicamente, conhecer gente criativa e interessante foi o que mais me estimulou a seguir no caminho das artes, hehe. Quais suas influências? Acho que minhas influências mudam a cada hora, hehehe. Hoje em dia eu sinto que me inspiro muito nos trabalhos do Angeli, do Peter Bagge e do Daniel Clowes. Também aprendi muito com os quadrinhos do Diego Gerlach e do André Valente. Fora dessa área, sinto que sou influenciado pelos filmes do David Lynch, assim como por desenhos animados como Apenas Um Show e Superjail.

“Basicamente, conhecer gente criativa e interessante foi o que mais me estimulou a seguir no caminho das artes”


Fale para nós um pouco do seu estilo e das suas preferências. Ainda gosto de fazer coisas que sigam um estilo um pouco cartunesco. Não tanto no texto ou no roteiro, mas no desenho mesmo. Por outro lado, tendo a falar sobre coisas meio pesadas nos meus quadrinhos, por mais que na maior parte das vezes eu trate delas de um jeito meio jocoso. Me interesso por temas torpes e gente que, na vida real, eu detestaria, hehehe.

Pedro “D’Apremont” Dias ; 21 anos; Ilustrador e estudante de Audiovisual. pedrodapremont. tumblr.com/

Como é a sua percepção do mercado editorial brasileiro para a sua área? O mercado para quadrinhos aumentou absurdamente de uns 3, 4 anos pra cá. Por outro lado, vejo que por mais que os cartunistas nacionais ganhem visibilidade e popularidade, eles continuam igualmente mal pagos pelas editoras que publicam suas Graphic-novels de 300 páginas. Por outro lado, se tornou muito mais viável (graças a baixos custos de impressão e meios de divulgação) se tornar um artista independente na área, custeando seus próprios trabalhos.

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“se tornou muito mais viável (graças a baixos custos de impressão e meios de divulgação) se tornar um artista independente na área, custeando seus próprios trabalhos” Você acha possível viver somente do seu trabalho com ilustração? Viver de ilustração é possível sim. De quadrinhos não. Na sua opinião, a ilustração é valorizada no Brasil? Não é tão valorizada quanto devia ser, na minha opinião. O ilustrador na maior parte das vezes ainda é tratado como um funcionário técnico, como uma mão que vai ilustrar perfeitamente aquilo que o publicitário ou editor da revista visualizou em sua própria imaginação. Em outros países eu vejo o contrário: os ilustradores não têm seus devidos estilos tão podados e são, na verdade, estimulados a imprimirem seus traços característicos nas ilustrações___ m

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Segundo nossa querida Wikipédia, Lo-Fi é um estilo de produção musical que usa técnicas de gravação de baixa fidelidade (low fidelity). Sua aplicação normalmente é causada por limitações financeiras do artista. Tudo a ver com o D’Apremount, não?


IntertĂ­tulos


INTERTÍTULOS | livro em aberto

A Tradução Imagens das linhas em

Seleção das adaptações de clássicos literários brasileiros para a sétima arte

A

estreia de O Tempo e o Vento aumenta a imensa lista de adaptações de obras literárias brasileiras para as telas de cinema. Desde 1914, os cineastas daqui aproveitam as mais diversas histórias escritas e as transformam em obras cinematográficas. Conheça agora algumas produções que atraíram um público literário já conquistado ao cinema. Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade. Um dos integrantes do Cinema Novo, importante movimento político e artístico do cinema brasileiro dos anos 60, Joaquim Pedro de Andrade criou sua maior obra com a adaptação de Macunaíma, de Mário de Andrade, que também fazia parte de outro grande movimento artístico e político nos anos 20. Com as brilhantes atuações de Grande Otelo, Paulo José, Dina Sfat, entre outros, o filme leva aos anos 60 a história do herói-sem-caráter, filho do medo da noite, e maior representante do povo brasileiro no modernismo. Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto. Jorge Amado é mais um dos autores que os cineastas adoram levar para as telas de cinema, ou mesmo para a televisão. Difícil para um brasileiro que não conheça a Bahia pessoalmente não relacionar automaticamente o estado às imagens de alguma das várias adaptações do autor. A principal delas, Dona Flor e Seus Dois Maridos, colaborou com a projeção internacional de sua atriz, Sonia Braga, e do diretor, Bruno Barreto. Com José Wil-ker e Mauro Mendonça, o filme conta o divertido triângulo amoroso de uma cozinheira com seu marido e o ex, já morto A Hora da Estrela (1986), de Suzana Amaral. A obra mais conhecida da escritora Clarice Lispector, ucraniana de nascimento, mas pernambucana de

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coração, A Hora da Estrela teve uma adaptação para o cinema quase tão impressionante quanto o próprio livro, se tornando a obra-prima de Suzana Amaral. No papel principal, de Macabéa, a grande atriz paraibana Marcélia Cartaxo, que ainda hoje é lembrada pela personagem. Com a história de uma nordestina sem atrativos, o filme conquistou o mundo, chegando a levar o prêmio da crítica e o urso de prata de melhor atriz no Festival de Berlim, um dos mais respeitados internacionalmente. Guerra de Canudos (1997), de Sérgio Rezende. Apesar de se tratar de um fato real, o episódio retratado em Guerra de Canudos, de Sérgio Rezende, tem como fonte principal o livro Os Sertões, de Euclides da Cunha. Jornalista, Euclides foi a Canudos para cobrir o fato para o jornal O Estado de São Paulo. No filme, o foco vai para a personagem fictícia de Luiza, vivida por Claudia Abreu. A saga da moça, que se recusa a seguir a família junto ao grupo do beato Antônio Conselheiro, mostra no pano de fundo toda a situação social, econômica e política do local, que culminou na luta entre os peregrinos e os soldados do Presidente Prudente de Morais. Memórias Póstumas (2001), de André Klotzel. Dentre as grandes adaptações literárias para o cinema não poderia faltar um dos mais consagrados autores da língua portuguesa, Machado de Assis. Estrelado por Reginaldo Faria, Memórias Póstumas traz no roteiro, de André Klotzel, citações literais do texto original, dando ao filme o mesmo humor ácido do escritor carioca. No filme, como no livro, o defunto-autor Brás Cubas relembra as passagens mais importantes de sua vida, como alguns de seus amores ou a amizade com Quincas Borba e a vantagem de nunca ter precisado trabalhar, para passar o tempo durante a eternidade pós-morte. O Tempo e O Vento (2013), de Jayme Monjardim. A mais recente adaptação é da obra O Continente, de Érico Veríssimo, um retrato literário da história da região sul do país. Com o título de O Tempo e o Vento, que na literatura reúne, além de O Continente, também O Retrato e O Arquipélago, o filme conta 150 anos na história da família Terra Cambará, tendo em seus papéis principais a maior atriz do país, Fernanda Montenegro, no papel de Bibiana Terra, narradora da história, ao lado de Thiago Lacerda como o Capitão Rodrigo Cambará. Marjorie Estiano também atua como a jovem Bibiana m

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Ler

INTERTÍTULOS | e-scrita

para

Escrever

Às vezes, lendo uma obra, fica na nossa cabeça uma cena que não aconteceu, um final diferente que poderia ter sido. Uma personagem que não existiu. Isso tem nome, comunidades enormes na internet e pode ser o pontapé inicial para você escrever a sua própria história VALQUÍRIA HOMERO

N

esse momento eu me reservo o direito de quebrar a quarta parede e me dirigo diretamente a você, caro leitor. Você. Eu te desafio a dizer que nunca fez uma FanFic. Você pode até não ter colocado-a no papel, mas fez, não fez? Porque você sabe o que é uma FanFic e, por isso, sabe que é impossível para um leitor não fazer pelo menos uma para cada livro favorito – ou o que é ainda melhor, uma que junte todos seus livros favoritos. Mas se você não sabe do que eu estou falando, vai ficar sabendo agora. E vai concordar comigo ao final: sim, você já fez uma FanFic. Conceito FanFic é a abreviação para Fan Fictional – do inglês, ficção de fã. Em outras palavras, é uma história baseada no universo de outra história. As fanfics geralmente surgem em meio a sagas ainda não concluídas, ou muito extensas, que dão margem de sobra para os leitores imaginarem outras situações para as personagens. Ou inventar as suas próprias e enfiá-las no enredo principal. Ou ainda inventar uma nova trama com novos personagens, ou com os velhos mesmo. Enfim, já deu para entender: fanfic é o leitor passando a ser escritor. Porque é ilegal O fato das FanFics despertarem caminhos para histórias originais é especialmente positivo, porque não adianta você escrever uma super saga na Terra Média se, no final, Christopher

Tolkien não vai te dar os direitos para publicar. Não é à toa que as FanFics vivem na internet – e é aí que entra a polêmica do plágio. Que direito o leitor tem de pegar uma obra, virá-la do avesso, fazer picadinho dela e quiçá elaborar um cozido com as partes de outros livros? Na minha mais sincera opinião, ele ou ela tem todo o direito. Afinal, não é porque você não escreve (ou não digita, o que é mais provável), que essas coisas não vão acontecer na sua cabeça. O pensamento e a imaginação ainda são e sempre deverão ser livres. Tanto é que muitos autores se sentem lisonjeados quando suas obras são alvos de uma onda de fanfics. Mas como dito antes, a ficção de fã não é publicável no mercado editorial. Deixaria de ser “de fã” para ser profissional – ou nem isso, porque iria ferir os direitos autorais da(s) obra(s) em que se baseia. Porém, que isso não sirva de desculpa ou obstáculo para você ler e escrever fanfics. Você vai gastar seu tempo, sua criatividade e seu esforço sem ganhar dinheiro em troca, mas a experiência que você adquiri como escritor é incomensurável. Isso sem falar do gostinho bom que fica em participar de uma história que você é fã, sabendo, lá no fundo, que essa história também é sua. Quer ler algumas FanFics para saber mais sobre o assunto? A Litteras indica dois grandes sites que aglomeram milhares de fãs de leitura ao redor do mundo, um nacional e outro gringo: fanfiction.com.br e fanfiction.net m 14


Oficina


OFICINA | de letras

Preciosas Dicas PARA INICIANTES Sete dicas para aspirantes a Shakespeare sobre a arte da palavra

S

empre quis ser um esritor, mas não sabe por onde começar? Não se desespere, temos a solução! Selecionamos cinco dicas para te dar um norte, comentadas pelo estudante de Histórie e escritor amador Marcos Vinícius (acesse www.yinyangbook.blogspot.com.br para ver o que ele já escreveu!). E então, vamos nessa? 1- Mantenha um horário de escrita definido: Escolha uma parte do dia para dedicar-se unicamente ao seu livro/conto/novela etc. Isso não significa fazer pesquisas no Google, ler emails, estudar ou utilizar as redes sociais, isso quer dizer escrever. Desligue o celular, e mande o(a) namorado(a) calar a boca. Sinto-me meio hipócrita falando isso porque eu tenho uma preguiça TITÂNICA de escrever, e tenho problemas com horários, mas faça o que digo, não o que faço!

2- Faça um diário sobre seu desempenho: Escritores profissionais sabem qual o próprio ritmo de escrita e controlam rigidamente o tempo que passam escrevendo e nos resultados que alcançam Essa é uma dica bem útil, mas só funciona se seguir a primeira. 3- Estabeleça meta e objetivos: Dependente dos anteriores, estabelecer uma contagem de palavras implica saber o que somos capazes de produzir quando escrevemos o rascunho de um livro. Resta se manter fiél à meta e ter alguém que dê uma surra caso não você o faça. Caso defina cinco dias por semana, uma hora por dia para escrever 1,8 mil palavras, soma-se um total de 9 mil palavras por semana. Isso é muito para quem está começando, mas sempre há virtuosos. Quanto à surra, eu prefiro o termo incentivo: ponha os objetivos e a meta em um quadro na parede, onde colocará um símbolo de vitória ou derrota, de acordo com o resultado obtido.

Escute a voz da experiência “Sempre carregue um caderno. E eu quero dizer sempre. A memória de curto prazo só retém as informações por três minutos; a menos que esteja confiada ao papel, você pode perder uma idéia para sempre. Além disso, pare de ler ficção – é tudo mentira mesmo, e não tem nada para lhe dizer que você já não saiba (isto é, supondo que você já leu bastante ficção no passado; se não leu, você não tem nada a ver com ser um escritor de ficção).” - William Woodard “Will” Self, inglês, escritor, jornalista e personalidade da televisão.

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4- Procure críticos sinceros: Já dizia Randy Ingermanson, “A maioria dos escritores acreditam que seu trabalho seja ou indescritivelmente brilhante ou totalmente horrível. Geralmente, estão errados em ambos os casos. Todos os escritores são delirantes, Isso é parte da descrição do trabalho”. Ter alguém que leia o nosso trabalho (os leitores beta), compreendendo a escrita ficcional, que seja honesto e amável, proporcionando-nos uma perspectiva sobre a obra que de outra forma não teríamos. A ideia é corrigir o que está mal e melhorar a obra, e não destruir a auto-estima do autor. Ou seja, procure seus amigos leitores. Não aquela tia fanática que vive dizendo que dragões e elfos são coisa do demônio.. 5- Nunca pare de aprender: O papel dos leitores beta Lembre-se sempre: não é dizer como escrever Ser escritor não precisa impedir ninmelhor, mas apontar num texto aquilo que está bem guém de ir à escola, sair para beber com feito e o que não está bom os amigos ou namorar em uma sexta ou pode melhorar. O nosso à noite. É tudo questão de disciplina e papel como escritores é ou- comprometimento com você mesmo. vir essas críticas e crescer com ela entendendo não só o que está mau, mas também o que torna os nossos pontos fortes algo melhor. Se precisamos aprender sobre um tema, 6 - Não leia o que escreveu até o momento devemos usar todos os meios ao nosso dispor: certo: Não olhe o que escreveu até ter escrito uma aplicar o que aprendemos à nossa escrita e voltar a submetê-la aos leitores beta para percebermos versão inteira, apenas comece cada dia a partir se fomos bem sucedidos na aprendizagem e na da última frase que você escreveu no dia anterior. Isto evita aquele sentimento de vacilar de medo, aplicação. e significa que você tem um substancial volume de trabalho antes de chegar ao verdadeiro trabalho que está todo na edição. 7 - Evite decepções: É importante que saibamos nossos limites para não sofrermos com eles. Você que ser um escritor? De verdade? Então o será! Contudo, sempre lembre: A vida de escrita é essencialmente de solitário confinamento – se você não consegue lidar com isso, não precisa pôr em prática.

Boa sorte em sua jornada! m 17


OFICINA | em verso

Versos inspiradores

DE MESTRES

Inspire-se com quatro poemas de grandes escritores brasileiros

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Soneto da Fidelidade (Vinícius de Moraes)

sua praia não é prosa? Não sente à vontade de escrever senão em versos? Aprecie então famosos poemas de grandes escritores brasileiros sobre amores, sonhos, angútias e nossa terra. Nada melhor do que um bom exemplo para nos inspirar, não? Deguste do melhor da poesia aqui e agora.

De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento.

Canção do Exílio (Gonçalves Dias) Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.

Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.

Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.

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Vou-me Embora pra Pasárgada (Manuel Bandeira) Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive

As Cismas do Destino (Augusto dos Anjos) Recife. Ponte Buarque de Macedo. Eu, indo em direção à casa do Agra, Assombrado com a minha sombra magra, Pensava no Destino, e tinha medo!

E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d’água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada

Na austera abóbada alta o fósforo alvo Das estrelas luzia… O calçamento Sáxeo, de asfalto rijo, atro e vidrento, Copiava a polidez de um crânio calvo. Lembro-me bem. A ponte era comprida, E a minha sombra enorme enchia a ponte, Como uma pele de rinoceronte Estendida por toda a minha vida! A noite fecundava o ovo dos vícios Animais. Do carvão da treva imensa Caía um ar danado de doença Sobre a cara geral dos edifícios!

Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcaloide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar

Tal uma horda feroz de cães famintos, Atravessando uma estação deserta, Uivava dentro do eu, com a boca aberta, A matilha espantada dos instintos! Era como se, na alma da cidade, Profundamente lúbrica e revolta, Mostrando as carnes, uma besta solta Soltasse o berro da animalidade.

E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada.

E aprofundando o raciocínio obscuro, Eu vi, então, à luz de áureos reflexos, O trabalho genésico dos sexos, Fazendo à noite os homens do Futuro.

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OFICINA | do traço

Do RABISCO À Arte

Entenda agora a diferença que o lápis pode fazer nos traços de desenhos

Tipos de lápis:

8H – 7H – 6H – 5H – 4H – 3H – 2H – H – HB – B – 2B – 3B – 4B – 5B – 6B – 7B – 8B

G

ostaria de um traço mais forte para fazer o detalhe do olho e não sabia que lápis comprar? Não se perca mais!

Tipos de lápis H – lápis mais duro e claro HB – lápis de média dureza e clareza B – lápis mais macio e escuro

LÁPIS H: São lápis mais duros e claros de desenhar, são para fazer esboços (rascunhos). Uma ótima opção para quem começa a desenhar e não quer jogar muita folha fora, ele é bom também para corrigir erros no desenho, por exemplo, se você errou no rascunho e quer corrigir você apaga e ele não deixa borrado como o lápis do tipo B.

Utilidade HB– Usado para desenho técnico B – Usado para esboços 2B- Usado para esboços 3B – Usado para definir o meio tom (Ideal para representar a textura da pele) 4B – Usado para definir o meio tom (Ideal para representar pêlos e cabelos) 5B – Usado para representar as sombras 6B – Usado para representar as sombras mais escuras 7B – Usado para representar as sombras mais escuras 8B – Usado para representar as sombras mais escuras 9B – Usado para representar as sombras mais escuras

LÁPIS HB: Parecido com o lápis do tipo H, mas a diferença que ele não é muito claro e é mais fácil de achar. LÁPIS B: Lápis mais leve de desenha e muito escuro, ele é bom para a arte-final ou propriamente dito acabamento. A única parte ruim é que se você errar e começa a apagar, ele vai borrar o desenho todo e não tem mais volta por isso o uso do lápis tipo HB ou H é própria para fazer rascunhos e construir esqueletos ou esquemas de perspectiva. Quanto maior o número do B mais escuro será a tonalidade m

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