MARÁ
Neto Evangelista falou sobre a carreira política e do legado deixado pelo pai, p. 4. Ano I - Nº 001 | 1ª Edição, sexta - feira, 20 de novembro de 2020 Pandemia
Pandemia gera impacto no comércio A pandemia mudou a forma de comprar e vender, elevou o preço dos alimentos e mudou o comportamento dos consumidores. As compras pela internet aumentaram e os comerciantes tiveram que se reinventar, p. 8.
Turismo apresenta sinais de recuperação O setor de turismo começa a se recuperar gradualmente após a crise que iniciou em março. O crescimento ocorre com a flexibilização das medidas sanitárias, após a curva de mortes e casos da Covid-19 apresentar uma tendência de queda.
Centro Histórico
Feirinha São Luís movimenta o comércio no Centro Histórico A Feirinha São Luís movimenta a economia no centro, gerando oportunidades de emprego e renda aos ludovicenses. A feira reúne em um mesmo espaço comidas típicas, artesanato, artes plásticas, produtos agroecológicos e literatura, p. 6. Crise
Refugiados venezuelanos e os desafios socioeconômicos enfrentados em São Luís A crise na Venezuela fez com que muitos venezuelanos, se refugiassem em São Luís e em outras cidades do Maranhão em busca de emprego, alimentos e melhores condições de vida, p. 10.
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A pesca como fonte de renda em São Luís
No ápice da pandemia por coronavírus em São Luís, a procura pelo pescado diminuiu consideravelmente, porém ainda assim, a atividade extrativista se manteve como uma das mais importantes fontes de renda para os ludovicenses. O secretário de Agricultura, Pesca e Abastecimento de São Luís, Émerson Macêdo, destacou a importância da atividade para a economia de São Luís e contou as medidas que foram adotadas pela secretaria visando diminuir os impactos causados pela Covid-19.
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O artesanato é muito importante para a economia de São Luís. A atividade manual gera emprego e renda para milhares de famílias ludovicenses. Na pandemia, o Governo do Estado criou editais com o objetivo de diminuir os impactos causado pelo coronavírus na atividade artesanal.
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Produção algodoeira e a “Atenas Brasileira” A produção de algodão rendeu a São Luís o título de Antenas Brasileira Por: Vando Maciel
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Maranhão foi o primeiro grande produtor e exportador de algodão do Brasil. O auge da produção algodoeira ocorreu entre os anos 1780 a 1820. O algodão maranhense atendia a demanda das indústrias dos países europeus, principalmente da Inglaterra. O professor de História Elvis John Oliveira, graduado pelo UFMA, comentou que antes mesmo da chegada dos europeus, já existia algodão nativo no Maranhão. Ainda segundo ele, esse produto passa ter uma grande participação na economia, como a chegada de Marquês de Pombal. “O algodão vai ser impulsionado na segunda metade do século XVIII, por Marquês de Pombal, no governo Dom José I. Pombal tinha uma visão empreendedora, mas para o incentivo da colônia e a colônia gera riquezas para a Metrópole”, explicou. Nas primeiras décadas do século XIX, a participação do algodão na economia maranhense variava entre 73% a 82%. A prosperidade econômica acabou por contribuir para o crescimento populacional. Em 1822, São Luís era a quarta cidade mais populosa do Brasil, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Segundo o professor João Paulo Oliveira, a prosperidade econômica permitiu a formação de grandes intelectuais, “foi um momento em que os grandes escritores tiveram seus mecenas. Foram enviados para estudar fora, muitos se formaram em Direito, estudaram Literatura, Filosofia, voltaram para cá como grandes
intelectuais e escreveram grandes obras. Mas foi um momento muito único, não foi uma tradição ludovicense, nem maranhense de formar grandes intelectuais e dá continuidade a isso”, comentou. A economia algodoeira melhorou muito a condição de vida dos ludovicenses, fazendo surgir um movimento intelectual ligado ao Arcadismo e, principalmente, ao Romantismo. A prosperidade da produção de algodão, permitiu a aristocracia maranhense o envio de seus filhos para estudar em Recife, Rio de Janeiro e até mesmo em países europeus, como França, Portugal e Inglaterra. Isso acabou por introduzir novos costumes, modos e aliteratura na capital maranhense. São Luís se tornou no século XIX, o celeiro de poetas, intelectuais, jornalistas e matemáticos. Viveram para o Maranhão nessa época Gonçalves Dias, Odorico Mendes, Gomes de Souza, o Souzinha, Sotero dos Reis, Padre Antônio da Costa Duarte, Aluísio Azevedo, Artur Azevedo, Adelino Fontoura, João Lisboa, Joaquim Serra e Sousândrade. “Toda essa gama de poetas e escritores foi possível devido a bonança do algodão no século 18 e no século 19, século gradual de crise”, afirmou Elvis John Oliveira. O otimismo ludovicense era tão alto que os habitantes de São Luís resolveram autodenominar a cidade de “Atenas Brasileira”. A partir de 1845, inicia-se uma crise no comércio do algodão, porém o produto continuou sendo o mais importante na exportação maranhense. “Nas duas primeiras décadas do século 19, o algodão começa a dar sinais de
fragilidade, porém ele era tão forte, que mesmo em fragilidade, continuou a gerar riquezas. O açúcar nunca conseguiu ultrapassar o algodão, a não ser no final do século 19, por volta de 1870”, pontuou o professor Elvis John Oliveira. O Maranhão não competia nos preços do algodão no mercado internacional. Isso era consequência dos altos custos para produzir, uma vez que o solo maranhense começava a sofrer uma baixa na fertilidade, forçando a exploração de novas áreas de matas, ficando cada vez mais longe do Porto de São luís, aumentando assim, despesas com transporte. Havia ainda gastos com a vigilância e compra de escravos. Além disso, os maranhenses utilizavam modos de produção arcaicos, o que fez com o Maranhão perder o domínio no comércio de algodão para os Estados Unidos. Para complicar ainda mais a situação dos produtores maranhenses, no dia 13 de maio de 1888 passa a vigorar a Lei Áurea que determinou o fim da escravidão. A partir de então, ficou mais difícil conseguir mão de obra. Segundo o professor João Paulo, o fim da escravidão trouxe graves consequências a cotonicultura maranhense, “foi um período de grande bonança econômica, mas foi também uma bolha. Algo que não se sustentou, isso porque não tinha um esquema de produção no desenvolvimento de tecnologia, não tinha um esquema de remuneração para que o dinheiro chegasse aos escravos e voltasse depois para o comércio, tivesse uma retroalimentação dessa economia. Quando a escravidão acaba, se perde essa mão de obra, a economia maranhense desaba, cai vertiginosamente, e não consegue se recuperar”, explicou. Financiada principalmente com o capital da venda de fazendas desvalorizadas, a elite começa a transformar São Luís. A economia que antes era escravocrata e agrícola, começa a se tornar industrial de trabalho livre e assalariado. Entre 1872 e 1900, instalaram-se 24 fábricas em São Luís. A maioria eram têxteis, mas haviam também fábricas de fósforos, cerâmicas, chumbo, sabão, prego, calçados e beneficiamento de arroz.
EXPEDIENTE Reitora da Universidade CEUMA Cristina Nitz Coord. do Curso de Comunicação Prof. Emílio Ribeiro Orientação Profa. Ma. Selma Cavaignac e profa. Erika Veras De Castro
Editor Chefe Vando Maciel Produção Hiago Matos e Rita Cardozo Equipe de Redação Felipe Matos, Hiago Matos, Rita Cardozo e Vando Maciel
Fotografias Felipe Matos e Vando Maciel Design Gráfico Vando Maciel Revisão do Design Profa. Erika Veras De Castro Revisão final Profa. Ma. Selma Cavaignac
Projeto O Mará: Email: ma@omara.com.br | Site: omara.br | Fone: (98) 9853-17477 | Jornalismo da UNIVERSIDADE CEUMA | Campus Renascença | Rua Josué Montello, nº 1, Renascença II - São Luís-MA | CEP 65.075-120. 2 Jornal o Mará.indd 2
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A pesca como fonte de renda em São Luís
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Por: Hiago Matos
A pandemia afetou a atividade pesqueira
atividade pesqueira foi diretamente afetada pela pandemia que se instalou no país. O isolamento social fez com que diminuísse a procura pelo pescado, provocando uma queda em sua comercialização. O impacto causado na ativi- dade extrativista, que é muito
importante para a economia de São Luís, acabou por colocar em risco a renda de muitos pescadores, os obrigando até mesmo, a buscarem atividades complementares. A pandemia mudou os planos e a rotina de trabalho dos pescadores. Luiz Ricardo que trabalha cinco anos como pescador, afirmou que “A maior dificuldade que tivemos, foi que demanda diminuiu e a renda também. Como a queda nas vendas, pegávamos peixes mais para o nosso próprio consumo e para nossos familiares. O quadro de funcionário teve que diminuir porque as despesas eram maiores, e tudo isso contribuiu para que este ano tivéssemos uma menor produção”, comentou. Visando diminuir o impacto causado
no setor, o secretário de Agricultura, Pesca e Abastecimento de São Luís, Émerson Macêdo, conta que várias medidas foram tomadas pela secretaria, “A pandemia afetou a comercialização do pescado tal como outros setores, a secretaria vem dando apoio técnico como práticas de conservação de pescado para que o pescador possa ter o mínimo de perdas possíveis. E para os produtores, o incentivo de insumos para suas criações, juntamente com o treinamento técnico e uso de ferramentas do diagnóstico rural participativo” disse. A pesca é essencial para culinária local, uma vez que muitos pratos típicos usam pescado, é o caso da torta de caranguejo, da peixada maranhense e até mesmo prato símbolo do maranhão: o arroz de cuxá, que leva camarão em seu preparo. A atividade que é muito importante para a economia local, se viu afetada por conta do fechamento de restaurantes e a crise no setor de turismo, que fez diminuir a procura por esses pratos. O secretário Émerson Macedo destaca a importância da atividade para a economia de São Luís, principalmente para comunidades rurais “A pesca é muito importante para a economia de São Luís que por ser uma cidade de litoral e com grandes áreas de acesso aos rios, acaba sendo responsável pela criação e manutenção de empregos nas comunidades rurais, contribuindo para o beneficiamento e comercialização nas feiras locais e até nos portos espalhados na cidade mesmo”, ressaltou. Dados de 2020, apontam que a piscicultura cresceu no Maranhão em 2019 “O Nordeste possui uma costa de aproximadamente 640 km e o Maranhão se destaca no Nordeste como o maior produtor de pescado da região,
o que torna a atividade pesqueira maranhense a segunda atividade econômica mais importante do estado, e São Luís não poderia ficar de fora, já que possui portos espalhados pela cidade”, afirmou Émerson Macedo. Segundo um levantamento publicado este ano pela Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR) em 2019, a produção de peixes no Maranhão cresceu 15,2%, o estado continuou como o 6° maior produtor de peixe do Brasil, com uma produção de 45.000 t. Ainda de acordo com a pesquisa o Maranhão é 3° maior produtor de peixes nativos com uma produção de 38.511 t. Em São Luís dados do IBGE aponta que o Tambacu, Tambatinga, Tambaqui, Tilápia são a principais espécies produzidas pelos piscicultores. No ano de 2019 essas espécies alcançaram a marca de 44001 quilos.
Os pecadores Dos mares aos pontos de venda, o pescado passa por diversas fases. A pesca se inicia cedo do dia, é trabalho feito geralmente por os homens, as crianças e mulheres ajudam limpando o peixe ou vendendo. É importante para pescador conhecer o vento e as fases da lua, e como estes influenciam as marés. Esse conhecimento assim como também o processo de fabricação dos instrumentos de pesca, é ensinado de geração em geração. “No período da semana santa é melhor período para pescar, pois a demanda é maior, temos mais pedidos e a venda sai melhor. Nós geralmente pescamos mais no inverno, porque o mar fica mais calmo, a viagem é mais tranquila e gastamos menos óleo de que no verão, que ao contrário, o mar é muito agitado e a viagem demora mais”, complementou Luiz Ricardo. Os pescadores se mantem otimistas com a recuperação gradual da atividade pesqueira, e apostam no próximo ano e em datas como a semana santa para superação do setor.
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A trajetória política de Neto Evangelista
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Por: Vando Maciel ovem político, maranhense, formado em Direito, nasceu na capital nacional do reggae, do bumba meu boi, dos azulejos... tem o pai como maior fonte de inspiração. É casado com Thayanne Ribeiro Evangelista, e pai de Maria Fernanda, João Gabriel e Manuela. José Arimatéa Lima Neto Evangelista, mas conhecido como Neto Evangelista ou apenas Neto, nasceu no dia 8 de junho de 1988, filho de Georgina Mousinho Lima dos Santos e do ex-deputado estadual João Evangelista Serra dos Santos. Neto ingressou na política muito jovem. Em 2010, aos 22 anos, ele participou das eleições estaduais maranhenses, obtendo um total de 46 mil votos. No ano seguinte, assumiu seu primeiro mandato de deputado estadual, com o objetivo de honrar o nome do pai. “Meu pai era homem público e, como todo filho que observa o dia a dia do seu pai, passa a tê-lo como herói, deseja ser igual. Infelizmente, perdi meu pai cedo, mas, obviamente, que ele é minha inspiração na política, aliada à minha vontade de poder, através do meu conhecimento, ajudar o próximo. Sempre tive esse sentimento desde pequeno, de ajudar o próximo, de ser amigo... Então, quando tive a oportunidade, aos 22 anos, já me candidatei a deputado estadual e já tivemos êxito naquela eleição”, relembrou Neto Evangelista. Durante seu primeiro mandato como deputado estadual, Neto foi eleito 2º vice-presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, para o biênio 2011/2013, chegando a ocupar a presidência interina da Casa em 2012. Na época tinha 23 anos de idade, se destacando como o presidente do Poder Legislativo mais novo das Américas. “Foi uma honra ocupar a presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão. À época, conduzi uma instituição já amadurecida, marcada pela união, democracia, transparência e respeito, principalmente, às pessoas”, ressaltou. Quando o assunto é o pai, o ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, João Evangelista Serra dos Santos, Neto enche o peito de orgulho e comenta
o quanto sente saudades do seu “herói”. “Tenho muito orgulho do meu pai, da história de vida e de luta dele. Um dos principais legados que ele deixou para mim foi a verdade e a educação. Ele sempre dizia que se tinha uma coisa que ele poderia deixar para mim, e que ninguém podia tirar, era a educação. Agradeço a Deus por ter me dado um pai
Durante sua atuação como parlamentar, Neto criou a lei que determina a busca imediata de pessoa com até 18 anos, de pessoas com deficiência física, mental ou sensorial e de idosos desaparecidos. Outra lei de sua autoria é a que exige presença de intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) nas exibições de eventos culturais e sociais no estado.
que me fez o homem que sou hoje. Daria tudo para tê-lo presente hoje, como pai e como conselheiro político”, comentou. Neto lembra que, quando criança, não pensava em seguir os passos do pai. Assim como muitos garotos que vivem no "país do futebol", ele sonhava ser jogador de futebol, porém o sonho não se realizou. Ele comentou que era como se a política já fizesse parte de sua essência. “Quando a gente é bem pequeninho, a gente sonha em ser várias coisas, inclusive jogador de futebol. Também sonhei, e vi que não deu certo. Mas a política... parece que ela habitava em mim desde muito pequeno, justamente com esses pequenos gestos de ajudar o próximo, gestos humanitários... para mim, a política ainda é o principal meio de transformação social na vida das pessoas. A boa política, se ela souber ser utilizada para o bem das pessoas”, disse. Em 2014, ocorreram as eleições estaduais, e Neto foi reeleito deputado estadual, com um total de 36.297 votos, porém o governador Flávio Dino lhe convidou para assumir a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social (SEDES). O trabalho realizado na secretaria rendeu reconhecimento, o que levou Neto Evangelista ser escolhido para compor a diretoria do Fórum Nacional de Secretários da Assistência Social (FONSEAS). Nas eleições de 2018, foi novamente reeleito ao legislativo maranhense, com um total de 49.480 votos.
Ele também é autor da lei que garante a devolução do valor pago por ingresso de evento cultural ou esportivo com atraso de 60 minutos, e da lei que determinou a instalação de cabines individuais nos caixas de todas as agências bancárias e instituições financeiras com atuação no Maranhão. A garantia de vagas para gestante em estacionamentos e da remarcação de testes de aptidão física para grávidas participantes de concurso público, também são leis de sua autoria. Sobre a terra natal São Luís, Neto diz que o que mais lhe encanta são as pessoas e a cultura. “Ainda não conheci gente mais acolhedora. O jeito simples e leve das pessoas encanta quem chega em nossa cidade. Além disso, temos uma história marcada em cada canto da nossa Ilha. Nossos casarões, nossa cultura e culinária também encantam a todos”, afirmou.
Quando a gente é bem pequeninho, a gente sonha em ser várias coisas, inclusive jogador de futebol
"Daria tudo para tê-lo (João Evangelista) presente hoje, como pai e como conselheiro político” Neto é pai de três filho, tem a família como base, ele conta que, apesar da rotina corrida, sempre arruma tempo para curtir os filhos e a esposa. “A família é a base de tudo na vida, por isso, apesar da rotina intensa de trabalho, sempre estou atento e presente na maioria das atividades em família, com minha mãe, filhos e esposa. Refeições em família, participação nas atividades escolares com as crianças e claro um tempinho para curtir a esposa, são ações que fazem parte do meu dia-a-dia”, comentou. 44
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João Carlos e a economia de São Luís Por: Hiago Matos Com 8 anos de experiência atuando na área de economia e finanças, João Carlos começou a atuar na área de economia em 2012, em um escritório da XP investimentos. Logo após, trabalhou no Conselho de Economia do Maranhão (CORECON-MA), além disso, foi auxiliar de pesquisas, pesquisador e coordenador de conjuntura econômica no Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (IMESC). Seus pais são de Santos - SP, mas se conheceram na Angola, e devido os conflitos naquele país, mudaram-se para Niterói - RJ, onde João Carlos veio a nascer. Com 5 anos de idade ele muda-se para São Luís-MA, cidade onde vive até hoje. É formado em ciências econômicas e possui mestrado em Desenvolvimento Socioeconômico, ambas formações pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). pautados no “fazer juntos” compartici- JM Para você existe um plano ideal para pação pública, privada e da população no economia de São Luís? desenvolvimento estratégico da cidade. JC Não acredito que exista plano ideal. Mas que seria ideal ter um plano. O plaJM Quais as áreas da economia que tive- nejamento deve ser estratégico e de longo ram maior impacto com a pandemia? prazo, deve investigar as peculiaridades JC No aspecto positivo, as empresas ex- da região, perpassando por todos os eixos, portadoras de commodities agrícolas e definindo prioridades através de possíveis alimentícias foram beneficiadas pela pan- impactos reais na geração de emprego, demia devido à alta do câmbio. Outras renda, distribuição da riqueza, atração de empresas exportadoras puderam, inclusi- investimentos e na sustentabilidade. Mas ve, compensar através do câmbio as per- isso não pode ser um plano rígido e prédas geradas na redução da produção e da -estabelecido, mas passível de adaptações demanda, conseguindo gerar crescimento e mudanças a medida que o mercado lodos lucros mesmo em tempos de pandemia. cal se transforma, os impactos estratégiNesse sentido quem mais sofreu com a cos mudam conforme as realidades regioJoão Carlos - Foto: divugação pandemia, foram as pequenas empre- nais, nacionais e internacionais mudam. Jornal O Mará Quais as consequências da sas - que não possuem acesso ao mercado externo, empresas que não conpandemia na economia de São Luís? Não acredito que exista plano João Carlos O impacto do novo corona- seguiram se atualizar ao sistema móvel ideal. Mas que seria ideal ter vírus e das quarentenas/lockdowns no e/ou de delivery e empresas que fium plano. Brasil e no mundo resultaram numa perda caram impossibilitadas de atuar durante o lockdown e as quarentenas. significativa de atividade econômica que reduziu não somente a demanda mundial como a oferta de algumas mercadorias e produtos, consequentemente, houveram enormes flutuações nos preços das mercadorias e nas taxas de câmbio globais. Embora a maioria dos fenômenos tenham sido extremamente danosos; alguns fenômenos foram benéficos para a economia, como é o caso das exportações que se beneficiaram pela alta do câmbio para aumentar os lucros das empresas que vendem para o resto do mundo. A crise do novo coronavírus mostrou “benéfica” para o setor de commodities alimentícias, que não sofreram uma redução significativa na demanda, mas tiveram os preços elevados por pressões na oferta e na valorização de moedas estrangeiras. Deve-se ressaltar os riscos de uma segunda onda diante desse panorama que fazem com que novos, não sejam realizados devido aos altos riscos e da incerteza dos efeitos e da continuidade da pandemia.
O planejamento público de São Luís é bastante frágil politicamente e vem sendo bastante vulnerável às mudanças de políticos
JM Quais seriam os caminhos a serem adotados para a reabilitação do comércio local em 2021? JC A reabilitação do comércio local deverá acontecer gradualmente em 2021, linhas de crédito assistenciais para a recuperação do mercado devem ser feitas, mas, o nível de endividamento das famílias e empresas já aumentou bastante, tornando necessário ações que mitiguem no curto prazo o reestabelecimento desses mercados, como carências maiores, extensão do tempo de pagamento das parcelas. Um caminho interessante seria garantir assessoria à empresários e comerciantes locais para traçar o processo JM Quais os aspectos econômicos que de recuperação e juntar informações precisam ser melhorados em são Luís? JC A migração da zona rural para o ur- do coletivo para auxiliá-los na interlobano que não foi acompanhado de in- cução com bancos e outras empresas. vestimentos estruturantes proporcionais para garantir igualdade e qualidade JM Como as eleições dos EUA pode afetar de habitação, saneamento e mobilidade. a economia em São Luís? O planejamento público de São Luís é JC Os Estados Unidos ainda são a econobastante frágil politicamente e vem sen- mia mais forte do mundo. Todo procesdo bastante vulnerável às mudanças de so eleitoral no país gera especulações e políticos, dificultando uma estratégia de incertezas ampliando o medo de riscos longo prazo que quase nunca ocorre e econômicos e geopolíticos. A depender quando ocorre é substituída no governo das políticas econômicas adotadas nos subsequente. São Luís deve revisar o pla- EUA, poderá haver flutuações drásticas no urbano e de mobilidade para adotar es- nos preços de mercadorias, nas taxas de tratégias de cidades inteligentes e susten- câmbio e nas taxas de juros mundiais. O táveis, substituindo tecnologias defasadas país controla a atual “moeda universal” tanto da administração pública como das que serve de parâmetro para o comérestruturas públicas existentes e abraçar cio internacional e tem grande capacidaos conceitos modernos de governança, de de ditar parte do rumo da economia.
JM O que se pode esperar do próximo prefeito de São Luís, e quais os desafios econômicos este irá enfrentar na prefeitura? JC Há muito para se fazer em São Luís, os gargalos são diversos e estão por todas as áreas, mas há pouca margem para ação pública municipal. O orçamento municipal para investimento é pequeno, a crise da pandemia enxugou as receitas e ampliou as despesas em todas as esferas da gestão pública. O candidato que assumir enfrentará um grande desafio para manter a máquina pública e realizar investimentos, deverá reestabelecer as contas públicas municipais, buscar receitas em dívidas não pagas e em isenções tributárias e lutar para conseguir adquirir financiamentos com instituições financeiras – o que será difícil com a atual capacidade de pagamento – CAPAG. O candidato eleito deverá manter a máquina funcionando, reduzir ou zerar a depreciação estrutural e atacar poucos gargalos estruturais, caso contrário, serão medidas paliativas e não permanentes, gargalo será tapado com uma peneira frágil.
João Carlos - Foto: divugação
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Mãos que criam arte e movimentam a economia de São Luís O artesanato é uma atividade manual que gera emprego e renda para milhares de famílias
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Por: Rita Cardozo artesanato é uma atividade manual que gera emprego e renda para milhares de famílias. A profissão de artesão é regulamentada desde 2015, através de da Lei 13.180, que entre outros benefícios, garantiu aos ar tesãos o direito a carteira nacional do artesão, qualif i ca çã o e linhas de crédito. Em São Luís o artesanato é muito desenvolvido, sendo facilmente encontrado em diversos pontos da cidade, entre eles o Centro de Produção Artesanal do Maranhão (CEPRAMA), localizado na Rua São Pantaleão, 1212, no bairro do Lira. “O CEPRAMA é um centro de produção e comercialização artesanal de maior representatividade maranhense, ou seja, é um local onde os visitantes encontram o original artesanato maranhense, porque lá os produtos são expostos pelos pró-
prios artesãos, o que gera oportunidade de trabalho e renda", esclareceu o superintendente de artesanato do Maranhão, Carlos Martins. Com a chegada da pandemia, o setor de artesanato foi bastante afetado, tendo que interromper suas atividades temporariamente, mudando a sua dinâmica do trabalho, o que acentuou a necessidade de se reinventar. "As dificuldades que nossos artesãos encontraram, foram as mesmas que parte do comércio encontrou, principalmente os informais. O CEPRAMA passou praticamente quatro meses fechado, em função da pandemia, o artesão não tinha local para vender porque não tinha compradores, então a alternativa
Feirinha São Luís movimenta o comércio no Centro Histórico Feirinha movimenta a economia no centro de São Luís gerando oportunidades de emprego e renda aos ludovicenses. Por: Vando Maciel
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Corpo de Bombeiros na entrada da feirinha medem a temperatura das pessoas e controlam o número consumidores no local
ealizada pela prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento (SEMAPA), a Feirinha São Luís gera renda e movimenta a economia no centro Histórico de São Luís aos domingos. A feira fica localizada na praça Benedito Leite, e reúne em um mesmo espaço comidas típicas maranhen-
ses, artesanato e artes plásticas de artistas locais, além de produtos agroecológicos, literatura e apresentações culturais. A Feirinha São Luís surgiu em 2017. Ao todo 122 pessoas têm permissão para comercializar produtos na Feira, que conta com 61 barracas, sendo 25 para produtores rurais, 25 para artesanato e 11 para gastronomia, além dos food trucks. Regina Silva, que trabalha venden-
foi trabalharmos virtualmente”, comentou Carlos Martins Não foi uma alternativa que deu de imediato resultado principalmente porque o artesão não estava familiarizado com esse formato de comércio, mas o Governo do Estado, criou algumas alternativas, como um edital que favoreceu alguns artesãos. Para Jesus, artesão há 48 anos, está sendo muito difícil lidar com a queda nas vendas, pois estas diminuíram bastante desde a ordem de isolamento e fechamento de comércios e feirinhas. Ele informou que, diariamente, fica das 07h às 21h tentando vender nas ruas seus artesanatos. “Tem sido dias difíceis", revelou. Por outro lado, o Robson, que é vendedor ambulante, viu na crise uma forma de driblar as dificuldades, passou a vender máscaras. Diante do atual cenário, o desejo desses empreendedores é de que a crise passe logo, para que eles continuem a vender seus trabalhos e que possam retomar a rotina.
O comércio se prepara para a Black Friday O comércio aguarda otimista pela Black Friday. O evento que acontecerá na próxima sexta-feira, dia 27, é conhecido pelas grandes ofertas que chegam até 80%. A expectativa do comércio é que a data diminua o impacto causado pela pandemia. Para os consumidores é a oportunidade para fazer compras com grandes descontos. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (FECOMÉRCIO-MA), o nível de retração do consumo foi de 45% no período da quarentena. Acredita-se que a tão aguardada data gere efeitos positivos no fluxo econômico da cidade. Calcula-se que este ano irá crescer o número das compras online devido a pandemia. Em consequência, acredita-se também que aumente as fraudes nessa data. É importante, portanto, que os consumidores desconfiem de promoções mirabolantes e que comprem apenas de lojas oficiais, a fim de que não caiam em golpes.
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do alimentos desde o início da criação da feirinha, comentou a relevância do espaço para os feirantes, “É importante porque a gente vive disso. No capitalismo dinheiro tem que circular. Sem um espaço não há como atingir o público, logo não tem como conseguirmos dinheiros e nem participar da economia”. A ludovicense Lívia Lemos, que veio à Feirinha pela primeira vez, ressaltou a importância do evento para a economia e cultura de São Luís, “É uma maneira de valorizar a cultura da cidade que a gente não valoriza tanto. A Feirinha é uma forma de chamar a atenção dos ludovicenses para a própria cidade, para prestigiar a própria cultura. As pessoas não dão dando tanto valor no que tem na nossa terra. Esse espaço, portanto, é importante para chamar a atenção dos próprios moradores para o que é nosso. Eu achei interessante, é bem animada, recomendo não apenas para os turistas, mas também para todos que moram aqui, porque é uma forma da gente se socializar, fazer contato com as pessoas e com a parte cultural da cidade”.
Suspensão e reabertura da feirinha na pandemia Devido a pandemia causada pela COVID-19, a Feirinha foi suspensa com o Decreto Municipal N° 54.890 de março de 2020. A retomada das atividades aconteceu no dia 25 de outubro, com adoção de todas as medidas sanitárias recomendadas. Geisa Morais, que trabalha vendendo comidas típicas, comentou que o espaço é uma importante oportunidade de trabalho, de ganho, além de ser essencial para cultura local, em razão dos espaços gastronômicos, artesanais e agroecológicos. Falou ainda do impacto causado pela pandemia na Feirinha São Luís, “Por conta da pandemia, a Feirinha voltou com segurança, fechada, com a medição de temperatura, com orientação para as pessoas que
Mercado do Monte Castelo deve ser reinaugurado na próxima semana
trabalham, porque, de certa forma, a vida ainda não voltou ao normal, mas todo mundo tem que sobreviver. São oitos meses de pandemia, não dá para a gente continuar parado. Agora é aguardar para que não tenha uma segunda onda”. O espaço da Feirinha foi cercado por grades de ferro. Na entrada o Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal fazem a medição da temperatura e controlam o número de pessoas no espaço. Adesivos foram colocados no chão a fim de demarcar o distanciamento social recomendado. O uso de máscaras é obrigatório no local. O tempo foi reduzido, antes funcionava das 7h às 17h, agora funciona das 7h às 13h. Aos poucos as atividades na Ferinha São Luís vão voltando à normalidade. O desejo dos feirantes é que o local volte a ser que era antes o mais breve possível, que os consumidores venham sem receio, e que não surja uma segunda onda da COVID-19 que os obrigue a fechar as barracas novamente.
O prefeito Edivaldo Holanda por meio das redes sociais, afirmou que o mercado do Monte Castelo está na fase final de reconstrução e será entregue à população na próxima semana. “A maior intervenção de mercados está acontecendo em nossa gestão. Só na segunda gestão são cerca de 10 mercados que estamos reconstruindo, já entregamos alguns e outros estão quase no finalzinho para serem entregues à população” complementou Edivaldo Holanda. O mercado do Monte Castelo estava abandonado devido às condições estruturais. Em março deste ano foi iniciado o processo de reconstrução do estabelecimento. A obra que faz parte do projeto "São Luís em Obra” foi realizada pela Prefeitura, em parceria com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (SEMOSP) e a Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento. O estabelecimento irá beneficiar 50 feirantes. É muito importante à população e para os comerciantes que estavam sendo obrigados a deslocar ao bairro da Liberdade para vender seus produtos.
Turismo apresenta sinais de recuperação Setor começa a se recuperar gradualmente após crise que iniciou em março Por: Felipe Matos
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pandemia do coronavírus afetou fortemente o turismo em São Luís, porém o setor começa a apresentar sinais de recuperação. O crescimento ocorre com a flexi-
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Espigão Costeiro da Ponta d'Areia - Foto: Vando Maciel
bilização das medidas sanitárias, após a curva de mortes e casos da Covid 19 apresentar uma tendência de queda. Segundo um levantamento realizado pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (BRAZTOA) em setembro 87% das operadoras realizaram vendas.
Esse número tem crescido mensalmente 10 pontos percentuais em média. Ainda de acordo com o estudo, os brasileiros estão viajando para destinos mais próximos. O Secretário Adjunto de Turismo do Maranhão, Hugo Ricardo Veiga, informou que o processo de retomada no setor de turismo continuará se não houver uma segunda onda da Covid-19. “Tem ocorrido um fluxo maior, tanto de maranhenses descobrindo seu próprio estado, ou redescobrindo, e de estados vizinhos, principalmente, Tocantins, Pará e Piauí. São viagens de curta distância e grupos pequenos, menos de cinco pessoas, viagens em dupla e individuais”, declarou. O Centro Histórico continua sendo o principal atrativo turístico de São Luís, porém outras áreas começam a se destacar na rota turística da capital. É caso do Espigão Costeiro. O local fica localizado próximo às praias, e foi comtemplado por revitalizações e ações realizadas pelo Governo do Estado, como a reforma do Forte Santo Antônio e a cria7 24/11/2020 07:53:00
ção do Centro de Atendimento ao Turista. Somado a tudo isso, novos estabelecimentos gastrônomos têm surgido na área. Como consequência, o local passou receber um fluxo maior de visitantes. A queda no turismo afetou outras áreas econômica, como a hotelaria, restaurantes e artesanato. “São Luís tem vocação primeira para turismo. O turismo é uma atividade econômica que impacta outras 54 atividades. O fato de sermos a única capital brasileira fundada por franceses, invadida por holandeses e colonizada pelos portugueses, que nos deixaram um acervo que acabou virando Patrimônio Cultural da Humanidade, com mais de 3.500 casarões coloniais de arquitetura lusitana. O exotismo das nossas praias, de água morna e areia muito fina, e essa amplitude de marés que chega a variar até 14 metros; a gastronomia miscigenada de origem indígena, portuguesa e africana, assim como também o sincretismo religioso, transformaram São Luís em uma cidade única. É meio Norte e meio Nordeste”, destacou Hugo Ricardo Veiga. Lúcio Mário, turista da cidade do Rio de Janeiro, que veio à São Luís pela primeira vez, comentou que achou a cidade muito atrativa, principalmente, os pontos do Centro Histórico. Considerou São Luís como uma cidade muito organizada, com bastante atrativos e com uma boa
infraestrutura. Contou ainda, que pretende voltar em outra oportunidade para conhecer mais locais da grande Ilha. Segundo Hugo Veiga, para diminuir o impacto causado pela pandemia, o Ministério do Turismo fez campanhas muito fortes em fomento a atividade turística interna. A EMBR ATUR, por conta das difi-
culdades de entrada em outros pa- terna para motivar os brasileiros a desíses, deixou de promover o Brasil cobrirem e redescobrirem o próprio país. externamente, e focou na promoção in-
Pandemia gera impacto no comércio A pandemia fechou as portas de negócios, mudou a forma de comprar e vender, elevou o preço dos alimentos e mudou o comportamento dos consumidores Por: Hiago Matos
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m meio à pandemia o comportamento do consumidor mudou e as compras pela internet aumentaram. Os comerciantes, portanto, tiveram que se reinventar, mudar o atendimento e as estratégias de marketing. A pandemia fez com que muitos estabelecimentos comerciais aderissem ao serviço “delivery” ou o Drive-thru. O período de mudanças na forma de comprar e vender foi marcado também por turbulências no mercado, provocando alta nos preços dos alimentos. A distância foi um fator determinante para os consumidores. Muitos, na fase mais aguda da pandemia, evitaram se deslocar e passaram a comprar em comércios
Movimentação de consumidores na Rua Grande em São Luís - Foto: Felipe Matos
dos bairros, a fim de evitar aglomerações nos grandes supermercados e diminuir os riscos de contágio. “No começo da pandemia não tivemos aumento no movimento, acho que por medo. Mas depois aumentou, e eu sempre ouvia os clientes falando que os grandes supermercados não tinham controle, era muito mais aglomerado e a demora no atendimento tinha ficado maior”, afirmou Ironilson Aguiar, administrador do comércio Casa Econômica. Por causa do coronavírus, diversos setores tiveram que paralisar suas atividades e demitir funcionários para reduzir os gastos. Empresas ficaram sem saída, muitas faliram, tiveram que fechar as portas devido ao baixo retorno financeiro nos negócios, ou continuaram
trabalhando com dificuldades. As consequências da pandemia fizeram com que o setor do comércio registrasse a pior crise, ficando atrás apenas da crise de 2008, como aponta os dados da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em São Luís, dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (FECOMÉRCIO-MA) apontam que o nível de retração do consumo foi de 45% no período de restrições das atividades econômicas do comércio local. Os setores que tiveram uma queda mais acentuada foram o de vestuário, calçados e livrarias, que acumularam as maiores perdas no período. Apesar da retração no consumo o número de novos estabelecimentos co8
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merciais apresentou um saldo positivo. O resultado favorável foi puxado, principalmente, pelas lojas dos gêneros alimentícios. “O setor comercial indica um saldo positivo de 377 postos de trabalho formais criados de janeiro a agosto de 2020, com destaque para inaugurações de novas lojas entre as redes varejistas de gêneros alimentícios na capital influenciando nesse saldo positivo”, informou o Superintendente da FECOMÉRCIO-MA, Max de Medeiros. “No começo da pandemia tudo ficou mais caro repentinamente, porém, 70% dos meus clientes são fiéis, ou seja, todos os dias estão no meu comércio comprando. Foram esses que me salvaram no começo, mas depois de algumas semanas as pessoas foram tendo consciência de que não era nossa culpa”, disse o comerciante Ironilson Aguiar.
PIX entra em funcionamento no país de importantes itens de alimentação da cesta básica dos ludovicenses, como frutas (principalmente banana prata e melancia) -1,83%, pescados (em destaque, tainha e pescada), -0,40%, e a cebola, -17,34%.
A pandemia eleva os preços dos alimentos em São Luís Segundo dados do IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, em São Luís, registrou elevação de 1,00%. A alta é segunda maior desde que o IPCA passou a ser medido, em maio de 2018. O resultado fica atrás apenas do IPCA de dezembro de 2019, quando a inflação em São Luís chegou a 1,47%. O setor de alimentação e bebidas foram os que mais contribuíram para a alta na inflação em São Luís, com uma elevação de 2,77%. O acumulado para o ano de 2020 chegou a 6,98%. O aumento em setembro foi o segundo mais alto, superado apenas pelo IPCA de dezembro de 2019, quando a inflação chegou a 4,74%. A elevação no setor de alimentos e bebidas em setembro foi impactada, principalmente, por alimentos como o arroz e carne, que tiveram um aumento de 8,65% e 7,95% respectivamente. A elevação não foi maior porque houve um recuo nos preços
O comércio acredita na Black Friday para alavancar suas vendas. A data marcada por promoções que chegam até a 80% de desconto, tem um impacto direto no comércio. Segundo a FECOMÉRCIO-MA, esse impacto pode ser sentido apenas nas grandes redes de varejo. “95% dos negócios são formados por micro e pequenas empresas, e esses estabelecimentos têm margem estreita para oferta de descontos expressivos que possam causar um efeito sobre o fluxo econômico local”, destacou o Superintendente da FECOMÉRCIO-MA, Max de Medeiros. A Black Friday acontece sempre na última sexta-feira do mês de novembro. Este ano irá acontecer no dia 27, e a expectativa é que a data diminua os prejuízos causados pela pandemia.
O novo sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, PIX, estreou nesta segunda-feira (16). O sistema pode ser usado por todas as pessoas e empresas que possuem conta corrente, poupança ou pré-paga em instituições financeiras no Brasil. Além disso, é gratuito, funciona 24 horas e em todos os dias da semana (inclusive feriados). As transições são feitas com apenas uma chave e podem levar até 10 segundos para serem concluídas. A chave PIX é a identificação de cada usuário no sistema de pagamentos instantâneos. Pode ser o CPF/CNPJ, o número do celular, o e-mail ou ainda uma chave aleatória. Segundo o Banco Central, o sistema já possui 30 milhões de usuários, 71 milhões de chaves cadastradas e 1,7 milhão de empresas. A expectativa é que o PIX seja o grande substituto de DOCs e TEDs, diminua o uso do papel moeda, aumente a digitalização das transações financeiras e a competividade no mercado financeiro brasileiro.
Caixa paga hoje 3,4 milhões de beneficiários do auxílio do Emergencial A caixa econômica Federal, vai pagar nesta sexta feira (20), o auxílio emergencial para os nascidos em dezembro. Ao todo, serão depositados 1,3 bilhões nas contas de 3,4 milhões de beneficiários. Desse valor, 633,8 mil pessoas recebem referentes às parcelas do auxílio emergencial, os demais, 2,8 milhões, se-
rão contemplados com a segunda parcela do Auxílio Emergencial Extensão. Os valores podem ser movimentados pelo Caixa Tem para pagamento de boletos pelo próprio aplicativo ou nas casas lotéricas, compras na internet e pelas maquininhas de estabelecimentos comerciais. A partir do dia 5 de dezembro, saques
e transferências para quem recebeu o crédito nesta sexta-feira serão liberados. O auxílio emergencial foi criado em abril pelo governo federal e foi estendido até 31 de dezembro por meio da Medida Provisória (MP) nº 1000. O Auxílio Emergencial Extensão será pago em até quatro parcelas.
Prêmio da Mega-Sena acumula em R$ 75 milhões Ninguém acertou os seis números sorteados do concurso 2319 da Mega-Sena, e o prêmio acumulou em R$ 75 milhões. O próximo sorteio será realizado no sábado, (21), a partir das 20h (horário de Brasília), no Espaço Loterias CAIXA, em São Paulo capital. O evento será transmitido ao vivo pela internet, através canal oficial da Caixa no YouTube.
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As apostas podem ser feitas nas lotéricas credenciadas pela Caixa, no portal Loterias CAIXA, ou pelo app Loterias CAIXA, disponível para usuários das plataformas iOS e Android. Participarão do concurso todas as apostas registradas até as 19h de sábado. O apostador pode escolher de seis a 15 dos 60 números disponíveis. A aposta mínima, de seis números
custa R$ 4,50. Os sorteios da Mega-Sena são realizados duas vezes por semana, às quartas e aos sábados, e em semanas especiais, ocorrem também nas terças-feiras. Podem participar do sorteio apenas pessoas maiores de 18 anos.
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Refugiados venezuelanos e os desafios socioeconômicos enfrentados em São Luís A crise humanitária na Venezuela fez venezuelanos se refugiarem em São Luís
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Por: Rita Cardozo enezuelanos refugiados vivem espalhados em São Luís e em outras cidades do Maranhão em busca de emprego, alimentos e melhores condições de vida. Diante do atual cenário da Venezuela, marcado por um colapso econômico, a única forma que as pessoas do local encontraram para fugir da crise foi imigrando para outros países. Domar é um refugiado venezuelano, faz parte da etnia indígena Warao, veio da cidade de Tucupita, capital do estado de Delta Amacuro, para o Brasil em busca de uma vida melhor. ‘’Na Venezuela não tem muito o que comer e nem trabalho, por isso estou aqui. Sinto saudades do meu país, das minhas tias, minha mãe, e meus avós, e se Deus quiser, voltarei para lá assim que as coisas voltarem ao normal”, comentou. Além de deixar para trás seus hábitos, idiomas, costumes e famílias, os imigrantes ainda se esforçam para sobreviver diante da pandemia da Covid-19, estando vulneráveis ao contágio, e tendo poucos recursos para se proteger. Domar afirmou que usa máscaras e sabão para se proteger do vírus. Comentou que além das dificuldades econômicas, fala muito pouco o idioma português, o que implica desafios para obter informações sobre como se proteger do coronavírus. “É difícil, consigo informações na padaria de como usar sabão para me proteger”, revelou. Diante das dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, foi implantado em São Luís o Centro de Referência para Atendimento de Imigrantes e Refugiados. O Centro faz parte da Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (SEMCAS),
e tem como objetivo ajudar pessoas de diferentes países que chegam à capital. Segundo Cláudia Nunes, coordenadora do Centro de Refugiados, há mais de 160 usuários cadastrados. Estes não estão em situação de rua, e recebem todo o apoio e ajuda que precisam para se estabelecer melhor na cidade. “Somos um Centro especializado responsável pelo acolhimento, sendo uma porta desses usuários para o sistema de assistência básica. Temos uma equipe formada por diversos profissionais que buscam atender as necessidades destes imigrantes da melhor forma. Eles estão em constante movimento, não buscando apenas um lugar para morar, mas procurando recursos para se manter, e também mandar dinheiro para seus parentes
na Venezuela”, contou a coordenadora. Cláudia Nunes comentou ainda, o quanto se sente gratificada em ajudar os refugiados e como o Centro de Imigrantes e Refugiados age diante dos casos. “Em muitos casos, a equipe vai ao encontro e identifica as necessidades que eles têm (como estão, aonde), faz estudos dos casos, e encaminha para a rede de assistência social para serem ajudados. Para nós, é uma experiência enriquecedora, servir de referencial, onde eles buscam ajuda e apoio. Nos coloca diante do outro e nos mostra que a experiência do outro pode nos ensinar a amadurecer e a valorizar o que temos”, destacou a coordenadora.
Cinco praias em São Luís estão impróprias para banho Cinco praias da região metropolitana de São Luís estão impróprias para banho. Os locais que são importantes para o setor de turismo e o comércio em São Luís, foram apontados em um estudo divulgado nessa quinta-feira (19), pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA). Para o laudo,
foram coletadas e analisadas no período de 21 de outubro ao dia 16 de novembro, amostras de 22 pontos das praias de São Luís e trechos dos municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Os trechos que estão impróprios para banho são: Praia do Calhau (de frente a Rua Altamira), Praia do Calhau, (de
O MARÁ Em caso de dúvidas, sugestões críticas ou elegios, entre em contato conosco. email: ma.omara.com.br
frente à Avenida Copacabana), Praia do Olho d’Água (de frente à rua São Geraldo), Praia de São Marcos (de frente à Praça do Pescador), Praia de São Marcos (de frente à Banca de Jornal da Praça de alimentação da Litorânea).
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