Afluentes do Anhangabaú - Entre Histórias e Cantos

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Afluentes do Anhangabaú Entre Histórias e Cantos Realização: Vanessa Novaes Artistas convidados: Aline Martha e Luccas Martha


Agradeço: O apoio dos bibliotecários da Câmara Municipal que tornou essa pesquisa mais rica de informações: Thais Júlia Rocha Luana Coelho Hugo Oliveira Pinto e Silva *********************************** A ajuda e amizade de: Aline Martha Caio Souza Michele Hernandes Luccas Martha


1-Pedido de Licença.

2-Areia Mestre Camaleão

Figura 1- Encontro dos rios Anhangabaú e Tamanduateí

(com licença poética) Ô areia, ô areia ô areia, Ô areia (coro) Ê, deixa eu passar Areia (coro) Que eu sou pequenininho Areia (coro) ô do fundo do mar Areia (coro) Ô deixa eu passar Areia, ah! Ô areia, lê lê Ô areia ia ia ia ah Ô areia, ô areia 3-Sempre pensara em ir Caminho do mar. Para os bichos e rios nascer já é caminhar. Eu não sei o que os rios Têm de homem do mar. Sei que se sente o mesmo Exigente chamar

Trago esse roteiro Areia Histórias pra contar Areia

Rios que aqui passam Areia Vamos resgatar Areia, ah! Ô areia, lê lê Ô areia ia ia ia ah Ô areia, ô areia ô areia, Ô areia (coro)

(João Cabral de Melo Neto - 1954)

5- Lá vem histórias!!


4-SILÊNCIO (Geraldo Filme)

Silêncio o sambista está dormindo

Figura 2- Vale do Córrego Itororó década de 30

Ele foi mas foi sorrindo A notícia chegou quando anoiteceu Escolas eu peço o silêncio de um minuto O Bixiga está de luto O apito de Pato N’agua emudeceu Partiu não tem placa de bronze não fica na história Sambista de rua morre sem glória Depois de tanta alegria que ele nos deu Assim, um fato repete de novo Sambista de rua, artista do povo E é mais um que foi sem dizer adeus.

Figura 3 - Vila Itororó - piscina


4-TRADIÇÃO

Figura 4 - Vale do Saracura, altura 14 BIS

(Geraldo Filme)

Quem nunca viu o samba amanhecer Vai no Bixiga pra ver Vai no Bixiga pra ver O samba não levanta mais poeira Asfalto hoje cobriu o nosso chão Figura 5 - Saracura na altura da rua Rocha

Lembranças eu tenho da Saracura Saudades tenho do nosso cordão Bixiga hoje é só aranha-céu E não se vê mais a luz da Lua Mas o Vai-Vai Está firme no pedaço É tradição e o samba continua


Figura 6- O Vaticano – fundos pra rua Japurá

Despejo na Favela (Adoniran Barbosa)

Quando o oficial de justiça chegou La na favela E contra seu desejo entregou pra seu Narciso um aviso pra uma ordem de despejo

Não tem nada não seu doutor, não tem nada não Amanhã mesmo vou deixar meu barracão Não tem nada não seu doutor vou sair daqui pra não ouvir o ronco do trator Pra mim não tem problema em qualquer canto me arrumo de qualquer jeito me ajeito Depois o que eu tenho é tão pouco minha mudança é tão pequena que cabe no bolso de trás Mas essa gente ai hein como é que faz???? (2x)

Assinada seu doutor, assim dizia a petição dentro de dez dias quero a favela vazia e os barracos todos no chão É uma ordem superior, Ôôôôôôôô Ô meu senhor, é uma ordem superior (2x) Figura 7 Rua Japurá – por onde passa o córrego do Bixiga


Figura 8- Ladeira da rua Santo Amaro - frente do Cรณrrego do Bixiga

Figura 9 - Mapa das chรกcaras da regiรฃo central


Figura 10- Mapa da ĂŠpoca de 1747


Figura 11- Pintura retratando a época dos Bandeirantes

Figura 12- Indígenas enfardados

Você represar ou desviar o curso de um rio, é uma possibilidade, mas você não consegue parar ou desviar a marcha do tempo.

Figura 13- Fundação da Câmara Municipal



6- Realidade Brasileira (capela) Felicidade ja demora Vem depressa Vem rasteira Nesse chão vejo tristeza Realidade Brasileira Mas meu povo tem o brio Tem vontade tem magia Maestria em transformar Toda a dor em alegria Me diz meu Deus o que Que eu fiz A não ser lutar por aqui Somos fruto proibido Nas manchetes da novela Somos ódio encarcerado Nas masmorras da favela Seu filho chorando sangue Que não corre mais nas veias Um pouco com Deus é muito Realidade brasileira Me diz meu Deus o que Que eu fiz A não ser lutar por aqui


Figura 14- Largo do Piques com a ladeira de Santo Amaro

Figura 15- Construção Parque da Bandeira


7- Incêndio em São Paulo (psicigrafado por Chico Xavier) Céu de São Paulo... O dia recomeça... O povo bom na rua lida e passa... Nisso, aparece um rolo de fumaça E o fogo para cima se arremessa. A morte inesperada age possessa, E enquanto ruge, espanca ou despedaça, A Terra unida ao Céu a que se enlaça É salvação e amor, servindo à pressa... A cidade magoada e enternecida É socorro chorando a despedida, Trazendo o coração triste e deserto... Mas vejo, em prece, além do povo aflito, Braços de amor que chegam do Infinito E caminhos de luz no céu aberto... (Cyro Costa)


Figura 16- Parque da Bandeira

8-Encontros (Aline Martha) As águas que correm em mim São florem que moram em ti As águas que correm em mim São flores que moram em ti As águas, as águas, que correm em mim São flores, são flores, que moram em ti


Figura 17- Ladeira do Ouvidor

9-Sabiá (Luccas Martha)

O sabiá Quando canta sua tristeza Ele tem toda certeza Que o canto pode ajudar E quem sou eu Pra desmentir o pequenino Quando eu estou sozinho Sigo o exemplo sabiá Quando eu morrer O meu choro irá parar Coisa que o sabiá Segue o mesmo exemplo meu Quando eu morrer O meu choro irá parar Coisa que o sabiá Eu sigo às margens Desse belo rio azul E o sabiá sobrevoa o meu sertão


10- Correm as águas do rio Passam na agulheta do tempo A mesma água não volta, nem pelo fio Não repete a sua passagem, observo, lembro A vida é como esse rio Na superfície a velocidade instantânea No fundo as correntes pesadas As pedras roladas, as plantas prezadas O que se esconde e funde no leito Escorregadio que com os tempos feitos Pouco mudam, pouco nadam A vida de um rio, não é só a água que passa É as margens descoladas, divididas São quem passa quem refresca É a vida num todo que se compõe É quem mergulha, quem acha Quem muda, leva ou põe É quem toca no fundo Traz a vida que mergulha num rio também Autor: Desconhecido


Figura 18- Ladeira do Piques

11-A SAUDADE (Mestre Tony Vargas)

A saudade no coração de um capoeira é igual a uma rasteira faz o berimbau parar, ou então faz tocar um toque de Angola onde o capoeira chora mesmo sem querer chorar Figura 19- Ladeira do Piques

E ai se vê o lamento de um guerreiro sem rumo e sem paradeiro o poeta que aparece, ele se esquece que é forte e perigoso Tira o lenço do pescoço e solta um verso no ar, que diz: amor, por favor, espere um pouco não vai me trocar por outro eu vim aqui e já volto já...".


Figura 20- Rua Formosa

12- OS RIOS (João Cabral de Melo Neto) Os rios que eu encontro vão seguindo comigo. Rios são de água pouca, em que a água sempre está por um fio. Cortados no verão que faz secar todos os rios. Rios todos com nome e que abraço como a amigos. Uns com nome de gente, outros com nome de bicho, uns com nome de santo, muitos só com apelido. Mas todos como a gente que por aqui tenho visto: a gente cuja vida se interrompe quando os rios.


Figura 21- Vale do AnhangabaĂş

Figura 22- AnhangĂĄ


13-Anhangá Rios e matas, passarela da ilusão, muitas são as máscaras do desfile de assombração. Caçador, muito cuidado com o que irás caçar, se for branco, o veado, é melhor não atirar. Se de olhos afogueados nem lhe deite um olhar, pois é alma do outro lado, é o encantado Anhangá. Se quiseres boa caça, faz à ela um agrado: na ponta de uma vara, deixa um pouco de tabaco, os fósforos e a mortalha, para que faça seu cigarro. Anhangá quando fuma, deixa de assoviar, caçador vai à caça, foi o trato com Anhangá.. Anhangá, Anhangá, Anhangá! Anhangá, Anhangá, Anhangá!


14-Toré Indígena Oreru nhamandú tupã oreru (repete)


Figura 23- Chacaras de Chá - Vale Anhangabaú

Figura 24- Viaduto do Chá

Figura 25- Inauguração Viaduto do Chá


Figura 26- Viaduto do Chá

15-Amanheceu ( Luccas Martha) Amanheceu O céu abriu seus olhos azuis Que se fecham ao final do entardecer Se o vento vem Espalhar os meus sonhos agora Então a estrada para sempre eu terei Eu terei Me lembro bem Ao final das noites de insônia Amanhece e eu começo a reviver O mal não vem Recriar em tuas memórias O que for para sempre Eu terei Eu terei Os meus sonhos eu já espalhei Por todo o mundo desde que comecei O vento sopra a favor de tudo aquilo que se sobressai As folhas caem no jardim Ora, meu Deus Em meus sonhos sempre foi assim Então eu obtive a sorte de me encontrar


Figura 27- Enchente no Vale Anhangabaú

16-Violeiro (Luccas Martha) Dizem que a viola chora Dizem que a viola chora Nas mãos do seu violeiro Nas mãos do seu violeiro Oh, incendeia Deixa a viola chorar Nas mãos do seu violeiro


Figura 28- Enchente no Vale Anhagabau.

Figura 29- Inauguração Teatro Municipal


Figura 30- Imagem do Parque a partir Teatro São Pedro

17-Saravá! (Aline Martha)

Somos! Somos um sonho distante vivido há séculos atrás Somos as vozes oprimidas, que não se calarão jamais! Nas entranhas da alma a força, ritmo Pulsação, arte em expansão Figura 31- Parque do Anhangabaú

Que venham os bêbados! Que transitem os passantes! Das margens ao centro, da nossa roda brincante Vem todo mundo! Vem menino, vem dançar! Moinhos de caminhos sem fim

18- Canto de Oxum Nhem-nhem-nhem Nhem-nhem ô xorodô Nhem-nhem-nhem Nhem-nhem ô xorodô É o mar, é o mar Fé-fé xorodô

Lado a lado na poeira Sem eira, nem beira Pra tudo alcançar...mar!


Figura 32 - Igreja do Rosário

19- Mãe Preta (Virgínia Rosa)

Velha encarquilhada Carapinha branca Gandola de renda Caindo na anca Embalando o berço Do filho do sinhô Que há pouco tempo A sinhá ganhou Era assim que mãe preta fazia Criava todo branco Com muita alegria Enquanto na senzala Pai João apanhava Mãe preta mais uma lágrima enxugava Mãe preta, mãe preta, 20- Zóio que tanto vê. Zi bocca que tanto falla. Zí bocca que tanto zi comeo e zi bebeo. Zi cropo que tanto trabaiou. Zi perna que tanto andô. Zi pé tanto zi pizou

Mãe preta, mãe preta Enquanto a chibata Batia em seu amor Mãe preta embalava O filho branco do sinhô

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20-Quando eu venho de Luanda Figura 33 - Estandarte da Cia Porto de Luanda

(Mestre Tony Vargas) Quando eu venho de Luanda eu não venho só Quando eu venho de Luanda eu não venho só (coro) O trago meu corpo cansado, coração amargurado Saudade de fazer dó Quando eu venho de Luanda eu não venho só Quando eu venho de Luanda eu não venho só (coro) Eu fui preso à traição trazido na covardia Que se fosse luta honesta de lá ninguém me trazia Na pele eu trouxe a noite na boca brilha o luar Trago a força e a magia presente dos orixás Quando eu venho de Luanda eu não venho só Quando eu venho de Luanda eu não venho só (coro) Eu trago ardendo nas costas o peso dessa maldade Trago ecoando no peito o grito de liberdade Que é grito de raça nobre grito de raça guerreira Que é grito da raça negra, é grito de capoeira


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