Maximização do Espaço Mínimo

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E PAISAGISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

VANESSA LONGO DE ANDRADE

MAXIMIZAÇÃO DO ESPAÇO MÍNIMO Orientador PROF. DR. SIDNEY TAMAI Coorientador PROF. DR. TOMAZ QUEIROZ F. BARATA

BAURU, 2016


AGRADECIMENTOS


Agradeço à minha família por todo suporte e apoio em todos os momentos durantes esses anos de estudos. Muito obrigada a todos vocês por tornarem tudo isto possível. Agradeço ao meu namorado Caio por toda ajuda, ensinamentos, companheirismo e paciência. Muito obrigada por tornar tudo mais divertido. Agradeço ao Prof. Sidney Tamai por ter orientado este trabalho. Agradeço ao Prof. Tomaz Barata pela disposição para ajudar neste trabalho.


A organização do ambiente e do espaço é uma metáfora para a organização de uma cultura.


Neste trabalho, busca-se entender a evolução do espaço de morar: um local de costumes que são reflexos da sociedade que está passando por diversas transformações gerando um novo sentido para a habitação. A partir desta análise, o objetivo se encontra no desenvolvimento de um novo espaço de morar, que seja versátil e customizável no seu interior, adaptando-se a estes novos costumes, à nova rotina, às novas tipologias familiares e possibilitando diversas formas de uso do mesmo.

Palavra-chave: Espaço; Mobiliário; Acessibilidade; Interiores, Habitação; Moradia; Antropometria; Ergonomia


SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO BREVE HISTÓRIA DO MIOLO DA MORADIA Moradia na Grécia Antiga Moradia na Roma Antiga Moradia na Idade Média Moradia Indígena no Brasil Moradia Tradicional Japonesa Habitação Burguesa Parisiense do Século XIX Relação entre as moradias

FAMÍLIA EH, FAMÍLIA AH, FAMÍLIA Tipologias familiares Mudanças de hábitos

A ECONOMIA DO ESPAÇO ESPAÇO, ANTROPOMETRIA E ERGONOMIA Antropometria Ergonomia

MOBILIÁRIO Mobiliário Mobiliário Mobiliário Mobiliário Mobiliário

na Grécia Antiga na Roma Antiga Renascentista Italiano Francês do Século XIX na Atualidade

PROJETO

Detalhamento Mobiliário

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


INTRODUÇÃO

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A moradia está presente na vida do ser humano desde os primórdios da sua existência, exercendo um papel

importante na sobrevivência.

A concepção de habitação sempre sofreu alterações ao longo do tempo, fazendo o habitar possuir diversos

significados. Ela teve início nas cavernas do ser humano primitivo, passando por várias tipologias, como a habitação grega e a divisão de ambientes segundo os usos femininos e masculinos e pela habitação burguesa parisiense do século XIX composta pela tripartição social, íntimo e de serviços. Entretanto, o habitar contemporâneo passou a ter uma nova função, baseado no cotidiano do morador e das mudanças ocorridas na sociedade, como a inserção de tecnologias e a ausência de regras sociais rígidas.

Outra característica é a mudança das tipologias de moradores. Antes, a casa era composta pela modelo tradicional

de família constituído por pai, mãe e filhos. Atualmente, este modelo ainda é predominante, porém existem novas tipologias de núcleos familiares compostos por relação monoparental, pai ou mãe mais filho(s), somente o casal (homem e mulher, homem e homem ou mulher e mulher), pai, ou mãe, mais filho mais parente ou amigo, ou somente uma pessoa, unipessoal.

A habitação contemporânea necessita de flexibilidade, mas não apenas de uma flexibilidade para confortar essas

tipologias familiares, pela determinação de ambientes que sejam fixos. Necessita de uma flexibilidade interna capaz de confortar as tipologias, mas de forma a se adaptar às rotinas das mesmas, já que atualmente vende-se a localização, um estilo de morar expresso através das propagandas, menos a moradia.

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BREVE HISTÓRIA DO MIOLO DA MORADIA

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O ato de morar é a manifestação arquitetônica mais antiga e de grande abrangência de significados e métodos que

permitiu ao ser humano sobreviver aos desafios do meio. As civilizações primitivas utilizavam a ‘moradia’ como abrigo de intempéries e animais selvagens em grutas e cavernas, tornando-se um elemento fundamental a partir do momento que o ser humano deixa o nomadismo para fixar-se a um local. A partir do conceito abrigo, surge o conceito de casa ou residência:

ca.sa

sf (lat casa) 1 Nome comum a todas as construções destinadas a moradia.

2Moradia, residência, vivenda. Col: casaria, casario, taba (para casas de índios).

3 Estabelecimento, firma comercial. 4 Família: Casa de Bragança.

re.si.dên.cia

sf (lat residentia) 1 Morada habitual em lugar determinado. 2 Localidade onde

uma pessoa vive. (MELHORAMENTOS, 2012)

O conceito de casa ocorre “paralelo à definição de conceitos como território, lugar e paisagem: a casa, como

propriedade, estabelece relações entre indivíduos e entre grupos sociais, passando eventualmente a ser identificada com a ideia de poder.” (CASA. WIKIPÉDIA, 2015) O ser humano sempre buscou resguardar sua individualidade, através do seu próprio isolamento, e também da sua prole, de forma temporária.

O desenvolvimento do conceito de casa provém de um processo sociocultural, sendo que em diferentes locais

do mundo e em diferentes sociedades ele evoluiu de diferentes modos, cujos estudos do histórico da arquitetura estão interligados a estudos antropológicos, pois não é possível desassociar o morador da moradia.

A casa como sinônimo de propriedade privada de um indivíduo ou de uma família não foi um processo que aconteceu

de imediato, desenrolando-se de forma lenta e de formas distintas, devido às diferentes sociedades e culturas, como citado anteriormente, e a evolução das mesmas.

MORADIA NA GRÉCIA ANTIGA

A casa grega era a expressão da propriedade privada, ou seja, da esfera privada da vida urbana, uma vez que a

esfera pública se encontrava em espaços como a rua e a ágora. Ela não possuía a ideia de lote urbano, sendo que era construída em todo o espaço possível sob poder do proprietário. Não eram casas muito cômodas ou agradáveis, mas eram suficientes para satisfazer as necessidades dos moradores que geralmente passavam a maior parte do tempo na esfera pública.

A planta e análise a seguir referem-se à “The House of Many Colors”, a casa mais famosa encontrada nas Maximização do Espaço Mínimo | 13


escavações na cidade de Olynthus, cujos dados citados abaixo foram obtidos através do MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY (web.mit.edu).

Esta casa data o fim do século V e início do século IV e possui duas caraterísticas das quais a torna importante

para análise das moradias gregas: ela é considerada bem típica para uma casa de alto padrão, com 17 metros de extensão e dividida ao meio, cuja metade ao Norte é dividida em acomodações, com salas centradas ao redor do pátio interno e das pastas, ou seja, pátios internos cobertos; por ser uma casa localizada a uma cidade que possui menos de cem anos, devido a sua história de ataques e destruição pelo rei da Macedônia, foi possível criar uma janela limpa de evidências arqueológicas para os historiadores.

A moradia grega era composta por um pátio

interno (i), do qual os ambientes eram distribuídos ao seu redor, mesmo nas casas menores. Ele era tanto central quanto foco nas casas gregas, sendo geralmente o maior ambiente da casa, somente neste caso específico era um jardim pequeno.

Era composto por um altar e jardim,

local comum para homens e mulheres receberem os amigos ou conversarem sem precisar sair de casa, além de local de trabalho e de atividades religiosas. Outra atividade presente no cotidiano grego era cozinhar e apreciar os alimentos no jardim, principalmente até o século IV a.C., pois as casas não possuíam cozinha. A pasta (e), pátio

Planta térrea da “The House of Many Colors” (MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY, 2015)

coberto ligado ao pátio interno, era um local de atividades domésticas e rituais religiosos. O pátio interno e a Exhedra (l) eram adjacentes e divididos por colunatas. Ela servia também como uma pasta extra na casa e possuía um poço fundo, utilizado provavelmente como uma cisterna.

O complexo da cozinha (g,h,k) era formado por três ambientes. A maior sala possuía um forno usado para aquecer

a casa, a intermediária era um local para jogar fora as cinzas e armazenamento e nesta sala foi encontrado um poço cheio de ossos de animais como vacas, porcos, veados. A menor sala possuía uma banheira usada para cozinhar, tomar banho e armazenamento.

As suítes (a, b) eram provavelmente uma cozinha ou uma sala de trabalho feminino para tecer, atividade comum

feminina a época. A sala (c) era provavelmente um local de socialização ou um quarto. Tanto as suítes como a sala eram decoradas com mosaicos e pigmentos.

A sala de jantar, chamada Andron (d) devido ao uso masculino, era usada também para socialização. Ela continha

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uma plataforma elevada a 0.9 metros do chão, de forma a separar as pessoas que ficavam em divãs dos resíduos de comida que eram jogados no chão. Próxima a esta sala havia a Antessala (f), ligando-a a entrada da casa (j), a qual estava ligada a um Armazém (m), a um metro abaixo do restante da casa, onde os moradores vendiam produtos principalmente agrícolas.

A moradia era dividida segundo a bipartição androceu e gineceu, sendo a primeira referente aos usos masculinos e

a segunda referente aos usos femininos e infantis. O androceu era correspondente ao setor da casa voltado para a rua e englobava os ambientes dominados pelos homens, ou cidadãos, que eram compostos por um vestíbulo e uma sala de jantar e eram dedicadas a receber visitas. Já o gineceu localizava-se nas partes mais afastadas da rua, no caso de casas térreas, ou estavam no pavimento superior, no caso de casas de dois pavimentos, e era composto por quarto, sala de trabalho e cozinha. Além disso, havia sempre uma intenção de realizar espaços de geometria racional e de eixos principais, devido a influência da arquitetura clássica dos grandes monumentos. A característica de todos os ambientes serem bem divididos através de barreiras fixas de paredes em adobe ou alvenaria, segundo os seus usos e correlacionados à setorização de funções sociais no térreo, como serviços e socialização localizados a frente, e ambiente privativo ao fundo ou no pavimento superior, para resguardar a intimidade do morador, influenciou o modo de organização ocidental e está Simulação de uma moradia grega (MORDENTTI et al., 2015)

presente nas moradias até os dias atuais.

MORADIA NA ROMA ANTIGA

A casa romana assemelha-se a casa grega, possuindo um pátio central e os ambientes ao seu entorno. As

descrições abaixo referentes a casa nobre e a casa popular romana corresponde a análise feita por Silva (1869), traduzida livremente pela autora.

“Chamavam prothyrum, nas casas das cidades, a passagem por onde se entrava no interior delas. Era nesta

passagem o quarto do porteiro cella ostiarii, e às vezes a parte que servia de vestíbulo, com habitação de mediana extensão. O atrium era a galeria quadrada (3) tendo ao centro um pátio descoberto (impluvium), no meio do qual havia um tanque a superfície do chão (compluvium) para receber as águas da chuva (D). O atrium era ornado com os retratos da família; o dono da casa recebia nele os seus clientes. [...] Construíram o atrium só para as grandes habitações.

Nos prédios importantes, como é representado no plano junto, havia em roda da galeria do atrium aposentos

destinados a diversos usos, com saídas para a galeria, e alguns dos quais serviam de tribuna ou sala de festas (C, Maximização do Espaço Mínimo | 15


C, C). Na extremidade do atrium, e em frente do prothyrum, estavam o tablinum (4) e duas casas menores, chamadas asas, comunicando-se com ele (5-6). O tablinum e as asas encerravam a imagem dos parentes falecidos, os livros, arquivos e papéis pertencentes aos negócios do proprietário, assim como os documentos relativos ao emprego que exercia. O peristylo apresentava, além do tablinum, uma galeria ornada de colunas, como a do atrium corinthio (17-17), cuja extensão, porém, era mais considerável. Os aposentos eram distribuídos em volta destas galerias (18-19); um espaço quadrado, inteiramente descoberto e plantado de flores e arbustos no centro, devia parecer a imitação da parte central de alguns claustros. Os œci correspondiam aos nossos salões. A exedra era outra grande sala para conversação, tendo num dos lados a parede curvilínea, como se fosse construída para nicho.

Planta da casa nobre Romana (SILVA, 1869)

Encontravam-se também, às vezes, nas habitações das pessoas abastadas, jogos de bola, sphæristerium, e salas

destinadas para outros jogos. O banho era composto em geral de apodyterium, frigidarium, tepidarium, sudatorium e eleothesium: A basílica; A pinacoteca ou galeria para quadros; As cozinhas e as oficinas dependentes para a fabricação do pão; As cavalhariças, cocheiras e armazéns; Finalmente, havia um número mais ou menos considerável de quartos para dormir e para acomodar os criados.”

“Eis agora o plano de outra casa de muito menor importância que a anterior,

na qual não encontramos nem as comodidades nem a regularidade das grandes habitações particulares; mas veremos que as residências se modificam conforme a necessidade da família e as suas posses monetárias. Examinemos a disposição de uma das casas descobertas nas minas de Pompéia. A entrada ou prothyrum n.º l, conduz ao atrium n.º 2, chamado displuviatum, isto é que servia para o despejo das águas da chuva para fora da habitação. Tinha na grossura da parede o impluvium n.º 3 e 4, e os alegretes para as flores. Uma escada de madeira n.º 5 conduzia ao aposento que Planta da casa popular Romana (SILVA, 1869)

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ocupava o dono da casa e a sua família. Posto que a escada estivesse inteiramente destruída, era fácil observar o feitio do corrimão, porque o artista a riscara na parede que lhe servia de caixa. Os quartos 6 e 7 eram destinados para receber os estrangeiros e os amigos. O escravo que guardava a porta da rua devia dormir no quarto n.º 8, onde se conservava também de dia. Era pequena a cozinha n.º 9 colocada ao lado do corredor.”

O mobiliário romano era escasso, tornando a casa incômoda, além do interior escuro devido a falta de iluminação.

Porém, a decoração era luxuosa e servia para esconder a precariedade dos materiais, através de incríveis afrescos pintados nas paredes e os chãos serem cobertos por mosaicos.

MORADIA NA IDADE MÉDIA

As casas referentes ao período da Idade Média variaram muito de configurações devido a este ter sido um longo

período, além de variar de acordo com as classes sociais, porém a tipologia mais comum era a formada de apenas um ambiente em seu interior, agrupando todas as atividades em um único recinto, como dormir, alimentar-se ou trabalhar, além de abrigar animais no caso das casas camponesas. “Basicamente, a habitação medieval européia consistia em um único grande recinto, sem divisões internas. Tal configuração estava presente tanto na miserável casa camponesa, feita de madeira e adobe, quanto nos imponentes castelos de pedra dos senhores mais poderosos. [...] A residência urbana seguia praticamente os mesmos padrões. A única diferença era a presença ocasional de um segundo piso, mais comum na casa do artesão, que usava o térreo como oficina e loja.” (GUSMÃO JUNIOR, 2015)

Ela contava com pouco mobiliário como

alguns baús e assentos, além de uma lareira – ou fogueira, que apesar de estar demonstrada na figura ao lado próxima a parede lateral direita, era comum se localizar ao centro para evitar o risco de incêndio. “As camas, quando haviam, eram geralmente fechadas com cortinas, para Planta de casa medieval (GUSMÃO JUNIOR, 2015)

proporcionar um pouco de privacidade. Eram mais largas que compridas, já que nelas dormiam de duas a oito pessoas. O homem medieval geralmente dormia despido, com a cabeça protegida por uma touca. O móvel mais utilizado era a arca, devido às suas múltiplas funções, já que o fator limitante quanto ao número de móveis era o seu custo, bastante elevado na época. Os ambientes úmidos e enfumaçados, a falta de privacidade e a promiscuidade facilitavam sobremaneira a transmissão de doenças.” (GUSMÃO JUNIOR, 2015)

A vida medieval se dava muito mais no exterior da moradia. Os pobres trabalhavam o dia todo e os nobres viajavam Maximização do Espaço Mínimo | 17


a maior parte do tempo. “A vida era levada ao ar livre, e a residência, tanto a choupana do camponês quanto o castelo do senhor feudal, não passava de um dormitório ou um providencial refúgio contra as intempéries ou o frio do inverno. Somente com o passar do tempo o conceito de “lar” foi tomando forma, e só a partir daí houve melhorias significativas no desenho do espaço privado.” (GUSMÃO JUNIOR, 2015)

MORADIA INDÍGENA NO BRASIL

As moradias indígenas possuem muitas configurações devido às diferenças climáticas, disponibilidade de materiais

regionais, além das diferenças culturais de cada tribo. Era o local preferencial das mulheres, onde elas exerciam as atividades do lar, como o preparo do alimento da tribo.

A forma mais simples de moradia em uma aldeia é a casa unitária, ou seja, toda a tribo reside em um mesmo local.

“A parte central da construção é dividida em duas partes fundamentais: a da frente, pintada de amarela, é reservada para os homens, e a de trás, pintada de vermelho, é própria das mulheres.” (ALMEIDA; YAMASHITA, 2013, p. 15)

A Oca, oriunda das tribos tupi-guarani, possui um

formato circular podendo chegar a 30 metros de diâmetro, pois ela abriga muitas famílias de uma mesma tribo. Ela não possui divisórias internas, e como mobiliário, apenas redes para descanso dos moradores. Elas são distribuídas em forma ortogonal, formando uma grande praça central para realização de diversas atividades, sejam cotidianas, festas, cerimônias e rituais sagrados. A Opy é uma espécie de casa de rezas dos índios, podendo ser utilizada também como local de festas religiosas ou rituais sagrados. Moradias cupulares: mune, tukúxipan e timákötö, respectivamente (ALMEIDA; YAMASHITA, 2013, p. 17)

A Maloca, utilizada pelos índios da região amazônica, é uma moradia comunitária de formato retangular, arredondada

em uma das pontas. “Tradicionalmente, a maloca é dividida em diversos compartimentos laterais, cada qual habitado por uma família nuclear. A regra geral é que o chefe do grupo local more no compartimento mais próximo à parede dos fundos da casa, do lado esquerdo de quem entra, e seus irmãos mais novos, à medida que vão casando, ocupem os compartimentos contíguos, a partir dos fundos para a frente da casa. Os homens solteiros, já iniciados, devem deixar o compartimento de seus pais e atar suas redes do meio da casa para a frente. Por último, os agregados que aí estejam morando em caráter

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provisório ou excepcional e os visitantes devem permanecer na parte da frente da casa. Durante as festas e sobretudo nas cerimônias mais formais, que contam com as danças dos homens adultos, o espaço é rearranjado, passando a ser o centro da maloca a área mais importante, onde a dança tem lugar.” (E., 2015)

Planta de uma Maloca (E., 2015)

Outro exemplo característico é a moradia antropomorfa, ou seja, as suas partes remetem a partes do corpo humano

ou animal, de sexo masculino. “Para que permaneça em equilíbrio, na posição correta, ou seja, em pé, deve ter bons pés plantados no chão, e pernas firmes. Daí, os esteios principais da casa – aqueles dispostos nos focos centrais de uma elipse – ser chamados “pernas” da casa. A parte da construção correspondente ao trecho médio superior da fachada principal é relacionada ao peito e o setor oposto, na fachada posterior é considerado como as “costas” da casa. Os “pés” da casa são considerados como sendo o trecho junto do solo, formado pela carreira de caibros enterrados como os paus fincados em pé, para fazer as paredes. Os semicírculos laterais, Planta e Corte da casa antropomorfa (ALMEIDA; YAMASHITA, 2013, p. 20)

correspondentes aos setores íntimos da casa, são

chamados as “nádegas” da casa. A cumeeira esta relacionada ao alto da cabeça, não exatamente a parte mais alta, mais sim, ao trecho entre o alto da cabeça e a testa. As ripas são consideradas como as “costelas” da casa e a palha ao que reveste os cabelos ou pelos.” (ALMEIDA; YAMASHITA, 2013, p. 19)

MORADIA TRADICIONAL JAPONESA

A principal característica da casa tradicional japonesa é a concepção das divisões. Estas divisões, denominadas shoji

(papel ou painéis translúcidos) e fusuma (pano ou papel), não possuem fechadura e se tornam ao mesmo tempo arquitetura Maximização do Espaço Mínimo | 19


e decoração. A primeira é “uma divisória de correr, com uma moldura feita de madeira lacada e coberta de janelas de papel de arroz para deixar a luz entrar, ainda que esteja fechada”; A segunda é “igualmente de correr, feitas de papel muito espesso emoldurado em madeira. [...] são decoradas com pinturas ou caligrafia” (RYUKO, 2015)

Cada ambiente gerado devido a divisão pode funcionar como sala de estar, sala de jantar ou quarto de dormir, os

quais podem variar de tamanho apenas modificando as divisórias de local, fazendo da moradia extremamente multifuncional e versátil. Outro fato que possibilita esta praticidade de mudança de ambientes sem grande choque visual é a presença de tatami como revestimento do piso de toda casa. Cada tatami possui cerca de 1,8 metros de comprimento e 0,90 metros de largura, e a sua área corresponde a um jo, o qual é utilizado para denominar o tamanho de uma divisão.

Planta de casa tradicional Japonesa segundo o módulo tatami (FERREIRA, 2010, p. 31)

Divisórias móveis internas (FERREIRA, 2010, p. 23)

HABITAÇÃO BURGUESA PARISIENSE DO SÉCULO XIX

A concepção de habitação sempre sofreu alterações ao longo do tempo, fazendo o habitar possuir diversos significados.

A habitação atual tem como origem a habitação burguesa parisiense do século XIX com as regiões compartimentadas segundo seus usos, de forma funcional, baseada em rituais específicos para cada ambiente, composta pela tripartição social, íntimo e de serviços. A região social é voltada para o uso coletivo, compondo a entrada da moradia “de forma a direcionar para a rua (esfera pública) a porção nobre da habitação, com suas pesadas cortinas, lustres de cristal e ornamentadas tapeçarias” (REQUENA, 2007, p. 23), composta pela sala de estar, sala de jantar e lavabo. A área íntima é composta pela vida privada dos moradores, com quartos, closets e banheiros, de forma que apenas os moradores possam usufruir desta área. A área de serviços é composta por cozinha, lavanderia e aposentos

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Apartamento francês, sendo amarelo referente ao social, verde ao íntimo e roxo a serviços (REQUENA, 2007, p. 23)


dos empregados, voltada para o fundo da moradia, de forma a distanciar a o trabalho doméstico da vida social ou íntima do restante da casa.

RELAÇÃO ENTRE AS MORADIAS

Apesar das diferentes temporalidades e características socioculturais das moradias apresentadas, é possível

notar algumas semelhanças entre si. O centro da casa é tido como o local mais importante, onde acontecem os principais eventos em todas elas. Nas moradias gregas e romanas, o centro era composto pelo jardim e átrio, respectivamente, local de destaque, onde aconteciam as principais atividades e interações entre os moradores e as visitas. Na casa medieval, o centro era composto pela lareira – ou fogueira – local de união dos moradores e preparo de alimentos. No caso indígena, o centro é referente às festas e reuniões das diversas famílias, sendo o local mais importante da habitação. No caso Francês o centro do apartamento é formado pela área social, considerada a parte mais importante da casa por se tratar do ambiente que é o local de exposição dos bens.

Além disto, independente de o interior possuir barreiras físicas como divisórias há a setorização dos ambientes

segundo suas atividades e usos, como forma de organização dos mesmos, importante papel desempenhado pelo mobiliário. As tipologias que mais se relacionam às moradias atuais são as das moradias grega e burguesa parisiense, explicadas anteriormente. Primeiramente a grega, por se tratar de uma cultura que teve uma influência em toda a parte Ocidental do planeta, inclusive na França. Posteriormente a francesa, devido a Revolução Industrial transformar totalmente o modo de vida e organização da cidade e que se propagou intensamente, no qual “a burguesia parisiense apropria-se dos costumes e signos da nobreza, entre eles modos de morar repletos de euforia pelas recepções formais e eventos no interior doméstico, que a partir de então, exige uma nova estrutural espacial.” (REQUENA, 2007, p. 23) Assim, o modo de morar da burguesia parisiense foi também propagado para todo o ocidente, influenciando a organização dos espaços das casas.

Ao relacionar uma planta atual de apartamento de São Paulo com a de um apartamento parisiense do século XIX,

nota-se a presença dos mesmos elementos e da organização dos mesmos. Este fato não se limita apenas a apartamentos, mas atinge também uma maçante maioria das plantas das casas, independente de tamanho, localização ou condição financeira dos moradores, tornando-se um modo de viver padrão, não se adequando de forma completa a rotina, costumes ou vivência dos moradores. “São Paulo, primeiros anos do século XX. A cidade está em obras, financiadas, principalmente, pela burguesia ligada à extração e comercialização do café. As famílias dessa elite vêm preferindo trocar seus pequenos palácios rurais, construídos em fazendas no interior do estado, pela visibilidade e o refinamento de palacetes urbanos, ao mesmo tempo em que aspiram aproximar a ambiência da cidade à das grandes urbes européias da época – leia-se Paris.” (TRAMONTANO, 2006 , p.3)

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“Profissionalizados décadas

seguintes,

nas

incorporadores,

construtores e vendedores paulistanos terão consolidado o mercado imobiliário mais agressivo do país, no qual o papel do arquiteto gradativamente reduziu-se à adaptação de projetos considerados economicamente interessantes por seus promotores, incorporando traços da moda escolhidos pelos profissionais de marketing. Abandonando as pranchetas e os computadores dos arquitetos, o projeto dos apartamentos paulistanos dos anos 1990 e 2000 tem sido definido nos stands de venda, por profissionais

Relação entre apartamento francês e paulistano (ABREU,TRAMONTANO, 2009, p. 142)

objetivo é a comercialização do imóvel, mesmo que fundada em representações nem sempre verossímeis das aspirações dos compradores.” (TRAMONTANO, 2006 , p.3)

Podemos viver sem a arquitetura de uma época, mas não podemos recordá-la sem a sua presença. Podemos saber mais da Grécia e de sua cultura pelos seus destroços do que pela poesia e pela história. Deve-se fazer história com a arquitetura de uma época e depois conservá-la. As construções civis e domésticas são as mais importantes no significado histórico. A casa do homem do povo deve ser preservada pois relata a evolução nacional, devendo ter o mesmo respeito que o das grandes construções consideradas por muitos importantes. Mais vale um material grosseiro, mas que narre uma história, do que uma obra rica e sem significado. A maior glória de um edifício não depende da sua pedra ou de seu ouro, mas sim, do fato de estar relacionada com a sensação profunda de expressão. John Ruskin

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FAMÍLIA Ê, FAMÍLIA AH, FAMÍLIA Maximização do Espaço Mínimo | 23


A sociedade está sempre passando por transformações, “passando a exibir, a partir dos anos 1960, novos

formatos familiares e padrões comportamentais até então inusuais, conforme atestam dados censitários e acadêmicos. Já o projeto das unidades guarda, no fundo, as mesmíssimas características essenciais e estrutura espacial de há décadas.” (TRAMONTANO, 2006, p. 2) O modelo de habitação padrão baseado na habitação burguesa parisiense do século XIX possui também como padrão o mesmo formato familiar da época: pai, mãe e filho(a)(s), porém este modelo de habitação continua sendo usado apesar das mudanças tipológicas das famílias. Não apenas as famílias mudaram, mas também seu modo de vida, principalmente com a inserção da tecnologia no cotidiano.

TIPOLOGIAS FAMILIARES

“Com frequência, o processo de industrialização tem-se associado, na história de diversos países do mundo, à

concentração de população em polos industriais, e a profundas mudanças na composição do grupo familiar e nas relações entre seus membros. Filhos legítimos destes acontecimentos, o nascimento de um modo de vida metropolitano, nos séculos 18 e 19, e a afirmação da família nuclear como modelo familiar Moderno vieram substituir um modo de produção anterior, inserido em um modelo econômico que se baseava, sobretudo, na mão-de-obra da família extensa. [...] No entanto, à ‘nuclearização’ da unidade familiar, cujo processo estende-se desde, pelo menos, o século 16 até os nossos dias, seguiu-se seu estilhaçamento, potencializado, na segunda metade do nosso século, quando surgem novos tipos de grupos domésticos.” (TRAMONTANO, 1997, p. 1-2)

Segundo Kaslow (2001), existem atualmente nove tipologias familiares:

1-Família nuclear de duas gerações formada pelo casamento e com filhos biológicos; 2-Família extensa de três ou quatro gerações formada pelo casamento e com filhos biológicos; 3-Família adotiva; 4-Família adotiva que pode ser bi-racial ou multicultural; 5-Casal em que uma ou ambas pessoas viajam habitualmente; 6-Família monoparental chefiada pela mãe ou pelo pai; 7-Casal homossexual com ou sem filhos; 8-Família recomposta após divórcio a partir ou não do novo casamento; 9-Várias pessoas morando juntas sem laços legais, mas com forte compromisso mútuo.

Entretanto, deve-se acrescentar ainda mais dois tipos familiares muito presente nos dias atuais:

10-

Casal sem filhos;

11-

Formada por apenas uma pessoa, unipessoal.

Os dados, gráfico e tabelas a seguir são referentes a um estudo e trabalho técnico realizado para o IBGE -

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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - referente “As características dos domicílios brasileiros entre 1960 e 2000”, por Alves (2004).

Entre os anos de 1960 e 2000, o número

de domicílios particulares permanentes ocupados, no país, passou de 13,5 milhões para 44,8 milhões, o número de famílias passou de 13,5 milhões para 48,2 milhões e a população brasileira, em números redondos, passou de 70 milhões para 170 milhões de habitantes. O Brasil deixou de ser uma sociedade agrária e rural para se tornar uma sociedade urbana e industrial, com forte peso do setor terciário.

É importante destacar que o maior crescimento

das famílias implica em elevação da percentagem de famílias conviventes nos domicílios, porém o maior crescimento dos domicílios em relação à população implica na redução da densidade média de pessoas nas suas respectivas habitações. Ou seja, não foi apenas a queda da fecundidade que reduziu o número de pessoas nos domicílios, mas também o surgimento de configurações menores nos arranjos familiares, como se verá mais à frente.

Utilizando dados das Pesquisas Domiciliares por Amostragem de Domicílios (PNADs) é possível mostrar que: “No

período entre 1978 e 1998 houve aumento de cerca de 86% no número absoluto de todos os tipos considerados de arranjo familiar, apesar de a população ter crescido pouco menos de 44%. Em todo o período, os tipos predominantes de arranjo são os de núcleo constituído por um casal, seguidos pelos de núcleo formado por uma mulher e, posteriormente, pelos de núcleo constituído por um homem. O crescimento mais acelerado foi o dos arranjos de núcleo simples feminino. Entretanto, estes não são os principais responsáveis pelo fato de o aumento da quantidade de arranjos ser proporcionalmente mais elevado que o crescimento da população: algo em torno de 62% da elevação do número absoluto de arranjos se deve ao aumento no número de arranjos formados por um casal, 29% ao aumento no número de arranjos formados por mulher sem Cônjuge e 9% ao crescimento dos arranjos do tipo homem sem Cônjuge.

Apesar de ter existido uma tendência de queda nas taxas de nupcialidade, as transformações na estrutura etária

da população contrabalançaram aquela tendência, fazendo com que, ao final, a proporção de pessoas unidas na população aumentasse. O resultado de todo este processo é que o número de 12 arranjos familiares cresceu com a maior incidência Maximização do Espaço Mínimo | 25


de composições de menor tamanho – arranjos unipessoais, monoparentais e de casais sem filho. O aumento do número de arranjos aliado à queda da fecundidade fez com que o tamanho das famílias diminuísse continuamente nas últimas décadas.

Durante o período de 1960 a 2000, apresentado anteriormente, as transformações foram de grande impacto,

acarretando novas tipologias cada vez mais consolidadas, como é possível analisar nos dados abaixo referentes ao Censo de 2010.

26 | Maximização do Espaço Mínimo


A família nuclear tradicional, composta por pai, mãe e filhos(a)(s) é a ainda a mais presente, como apresentado,

mas ela passa por um enfraquecimento da autoridade dos pais em relação de uma maior autonomia de cada um de seus membros, fazendo das relações padrões serem em torno de pessoas vivendo só. Um fator que possibilitou esta mudança é a presença constante de tecnologias no cotidiano, característica da sociedade pós-industrial, facilitando o contato entre as pessoas, já que não é mais preciso ir até o local físico para estar nele.

MUDANÇAS DE HÁBITOS

Outra característica é a sociedade contemporânea que se assemelha cada vez uma a outra, independente do

seu país, seja nos formatos familiares parecidos, nas vestimentas, no lazer, na alimentação, no mobiliário, na tecnologia utilizada. Desta forma, a mudança de hábitos é um fato praticamente impossível de impedir, mesmo pela influência da cultura local, que é minimizada, devido aos meios de comunicação em massa, principalmente a internet.

“Além disso, em anos recentes, esta tendência vem sendo acompanhada por uma alteração no perfil dos habitantes

das cidades: mais e mais pessoas solteiras, jovens profissionais, trabalhadores de escritório e estudantes preferem gastar maiores somas com o aluguel de um apartamento - cuja área é cada vez menor - situado nas áreas centrais das cidades, ao invés de submeterem-se a longos deslocamentos diários em transportes coletivos, vivendo em bairros e subúrbios distantes, longe da vida noturna e do lazer urbano.” (TRAMONTANO, 1997, p. 4)

Apesar da população em transformação, o desenho do espaço doméstico não está passando pelo mesmo processo,

tornando as inovações muito lentas, fazendo destes espaços habitações semelhantes a burguesa parisiense do século XIX, com a tripartição social, íntima e de serviços, com a desculpa de ser uma solução final e viável para todos os tipos de moradores.

“A arquitetura trata de um sujeito, o homem, que é por definição e fatalidade de natureza cambiável e evolutiva. Ele é primeiro solteiro, depois casal, depois família, com filhos em

números

indeterminados,

depois

dispersão

dos

filhos

pelos seus casamentos... Enfim a morte, de tal maneira que a moradia feita para uma família não existe: o que existem são vários tipos de moradia paras sucessivas idades.” Le Corbusier

Maximização do Espaço Mínimo | 27


A ECONOMIA DO ESPAÇO

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O espaço sempre foi o principal determinante da escolha de uma moradia: uma casa grande de dois quartos com

quintal para os filhos e animais de estimação, além de receber as visitas. Porém, esta tendência tem se alterado pela busca de uma moradia que esteja cercada de infraestrutura, sendo o espaço considerado secundário. As novas razões pela busca de um imóvel no Brasil são demografia, estilo de vida, emprego e crédito, onde morar perto do trabalho ou de metrô, devido a facilidade de locomoção no trânsito caótico, aumenta o valor do imóvel, assim um espaço grande sairia muito caro e não seria tão acessível quanto um espaço pequeno que seja muito bem localizado, com serviços disponíveis e que sejam viáveis. Segundo Muszkat, diretor-executivo da You Inc., construtora especializada em moradias compactas, o acesso a empréstimos e um incremento nos empregos formais ao longo da última década permitiram que os brasileiros financiassem residências que antes eram vendidas à vista. A taxa de desemprego no Brasil caiu para 4,9% em Abril, 2014, contra 13% em 2004; Os empréstimos imobiliários subiram para cerca de 530.000 com um valor de R$ 109 bilhões em 2013, contra um total de cerca de 54.000 com valor de R$ 3 bilhões em 2004, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança.” (BLOOMBERG, 2015) Devido a maior procura, consequentemente o preço do metro quadrado aumentou, fazendo com que as construtoras tenham altas taxas de lucro, tornando o preço dos imóveis abusivos.

Outra mudança no perfil foi a grande procura de imóveis de um dormitório, a qual teve “crescimento superior a 90%

entre 2012 e 2013 em São Paulo. No ano passado, foram lançados cerca de dez imóveis desse tipo, representando 28% do total, sendo que entre 2004 e 2012 os apartamentos de um quarto não chegavam a 10% dos imóveis lançados.” (INFOMONEY, 2015) Esta procura é feita em sua maioria por jovens, normalmente estudantes, que buscam sua primeira moradia e profissionais que migram de cidades devido ao trabalho. Por ambos serem característicos de tempo indeterminado, os imóveis a serem alugados ficam em regiões de áreas comerciais ou universidades, ou seja, possuem uma maior infraestrutura com menor locomoção.

Exemplos de apartamentos com um dormitório são as quitinetes, lofts e flats. As quitinetes, ou conjugados, são

aquelas que possuem um único cômodo integrando cozinha, sala, quarto e banheiro, com, no máximo, 35 metros quadrados. Os lofts possuem um único cômodo que agrupa quarto, cozinha e sala, sendo somente o banheiro separado, garantindo um espaço bem amplo. Já os flats possuem tamanhos variados entre 25 e 66 metros quadrados, e fazem a união entre condomínio e hotelaria, pois oferece serviços como lanchonetes, lavanderias e arrumadeiras. A diminuição do espaço da moradia é compensada, segundo a publicidade feita para venda, por espaços como varanda gourmet ou pelo social como área de lazer com piscina, salão de festa e academia. Ou seja, além da localização, paga-se pelo coletivo.

“As plantas dos apartamentos atuais representam espaços dos quais a arquitetura está ausente, e, no entanto,

recebem a assinatura de profissionais arquitetos. Dirigem-se a uma população cuja maneira de viver ultrapassou os limites de uma concepção congelada no tempo, defendida com os argumentos nem sempre pertinentes da acessibilidade financeira. As grandes novidades que o mercado imobiliário propõe hoje aos seus clientes mais ricos resumem-se em um habitar travestido de evento glamuroso que, na realidade, nunca se efetiva. Quiosques de massagens, jardins temáticos, ou a assinatura de Maximização do Espaço Mínimo | 29


algum grande nome da moda nos uniformes dos empregados do prédio, e às vezes no próprio projeto do prédio, não tocam na questão central das atividades cotidianas, íntimas, ligadas ao desenho e à organização do espaço privativo da unidade habitacional, nem na relação entre as pessoas que aí residem.” (TRAMONTANO, 2006, p.10)

Até os anos 90, os “miniflats” japoneses e casas reduzidas causavam espanto nas pessoas, porém, atualmente com

a redução progressiva do tamanho das moradias e o aumento do adensamento das cidades, é comum tratar deste assunto, apesar das polêmicas e debates.

Pensando

nesta

nova

tendência

da sociedade concentrar-se no centro e a preocupação com a moradia, Nova Iorque sediou o Concurso ‘, no qual era preciso desenvolver um edifício de apartamentos do tipo microunidade. Segundo o site Archdaily.com.br, o vencedor e cinco finalistas revelaram uma preocupação nítida na consolidação de áreas de estar variadas para economizar espaço, resolvendo com multifuncionalidade sempre

Ganhador do Concurso de Nova Iorque (ARCHDAILY, 2015)

que possível. Também há uma ênfase no senso de comunidade de cada uma das propostas, compensando as unidades pequenas como mais comodidades públicas dentro do edifício.

Apesar da diminuição dos ambientes a tripartição dos espaços da habitação em áreas, como foi explicada anteriormente,

permanece praticamente intacta nos novos projetos, mesmo nos casos de moradias para apenas um morador. Estaria o ser humano preparado para viver em pequenos espaços, com apenas as dimensões de uma sala da maioria das moradias? As figuras a seguir (O GLOBO, 2015) representam a diminuição da área dos apartamentos ao longo das décadas de 1970 a 2010.

30 | Maximização do Espaço Mínimo


O ser humano tem aprendido a viver numa diminuição gradual do espaço e morar, porém será possível viver em um local sem nenhum desperdício de espaço?

Maximização do Espaço Mínimo | 31


ESPAÇO, ANTROPOMETRIA E ERGONOMIA 32 | Maximização do Espaço Mínimo


Os edifícios são construídos para pessoas e para serem habitados por elas e desta forma devem ser projetados

segundo as dimensões e movimentos do corpo humano e consequentemente das formas e tamanhos dos equipamentos e mobiliários, determinantes do espaço.

espaço

substantivo masculino

1.extensão ideal, sem limites, que contém todas as extensões finitas e todos

os corpos ou objetos existentes ou possíveis.

2.extensão limitada em uma, duas ou três dimensões; distância, área ou

volume determinados.

“o e. era pequeno para a construção do prédio” (MELHORAMENTOS, 2012)

Qual é realmente o valor deste espaço determinado? As medidas utilizadas pela antropometria, do grego antro-

homem e metro-dimensão, são segundo a relação entre os membros de um homem ‘normal’ e o espaço necessário para se deslocar, trabalhar e descansar em várias posições, como é possível analisar em manuais como Neufert. Entretanto, essas medidas tornam-se robotizadas e limitadas, uma vez que o movimento humano é orgânico, variando de pessoa para pessoa, onde as consideradas abaixo ou acima destes valores de ‘homem normal’ passam a ter certas dificuldades de manuseio e deslocamento no espaço, tornando a experiência não tão confortável como deveria ser.

O espaço projetado deve ser feito a partir dos moradores, ou seja, das pessoas que irão vivenciar aquele ambiente,

não apenas das suas características psicológicas, como os costumes, mas também das características físicas. . Desta forma, o mobiliário e o espaço necessário para realizar as funções devem ser projetados considerando as características físicas, psicológicas e de costumes, para se adequar ao ser, e não o processo contrário de o ser se adequar ao meio.

ANTROPOMETRIA

O estudo mais antigo a respeito das medidas do corpo humano foi feito na Antiguidade,

sendo denominado Seção Aurea, criado por Euclides em 300 a.C., no qual é definido a necessidade de ao menos três retas para determinar uma proporção. Conforme demonstrado na imagem ao lado, as retas B e C correspondem a proporção do umbigo para baixo até a sola do pé e do umbigo para cima até o ponto mais alto da cabeça, respectivamente, sendo a reta A, a soma destas duas.

Seção Aurea (BOUERI FILHO, 2008, p. 12)

Maximização do Espaço Mínimo | 33


Marcus Vitruvius Pollio, mais conhecido como Vitruvio, século 1 a.C., foi outro estudioso das medidas do corpo humano, definindo que “o comprimento do pé é 1/6 de altura do corpo; o antebraço, ¼, e a altura do peito é também ¼.” (BOUERI FILHO, 2008, p. 11) Outro exemplo de medida foram as desenvolvidas pelos romanos, o passus romano e a milha, que corresponde a 1000 passus, usados para projetar edifícios e planejar cidades, criando assim uma modulação, ou a medida grega como o polegar, o palmo, o pé e o cubo utilizados para operações construtivas, além do módulo clássico com finalidade puramente estética.

O exemplo mais famoso do estudo do corpo humano foi realizado

Figura humana desenhada por Vitruvio (BOUERI FILHO, 2008, p. 14)

por Leonardo da Vinci, em 1490 durante o período Renascentista, baseado nos estudos realizados por Vitruvio, sendo este estudo consequentemente denominado Homem Vitruviano. Durante a Renascença também era utilizado o sistema de módulos para projeção de capitéis ou colunas de mármore.

“Ao longo da história, as proporções do corpo humano foram

estudadas por filósofos, artistas, teóricos e arquitetos. A antropologia física, que deu origem à antropometria, iniciou-se com as viagens de Marco Polo (1273 – 1295), que revelaram a existência de um grande número de raças diferentes, em termos de dimensões e estruturas do corpo humano.” (BOUERI FILHO, 2008, p. 11) Homem Vitruviano (LA... 2015)

No século 18, deu-se inicio a um estudo chamado antropometria racial, que demonstrou as diversas proporções

no corpo humano devido as diferenças raciais. No século 19, o matemático belga Quetlet, conduziu a primeira pesquisa em larga escala a respeito das dimensões do corpo humano – denominada Antropometrie, sendo considerado o criador do termo antropometria. Foi durante a II Guerra Mundial com o surgimento de novos equipamentos que se exigiu uma maior compatibilidade entre o ser humano e o espaço, pois era preciso conciliar a capacidade humana à tecnologia dos equipamentos militares, que deveriam ser operados da forma mais eficiente possível.

No século 20, Le Corbusier, baseado nos estudos da Seção Áurea desenvolvida por Vitruvio, criou o Modulor, modelo

modernista de módulo-função, o qual determina a quantidade de espaço necessária para um homem realizar uma função. Inicialmente, as medidas do Modulor estavam baseadas na altura média de um homem francês, ou seja, 1.75m, ou Modulor versão Azul. Posteriormente, foi mudado para seis pés, o que corresponde a 1.829 m, ou 1.83m, mais usual, ou Modulor versão Vermelho. Estas medidas foram adotadas de tal forma que até os dias atuais são utilizadas como medidas padrão,

34 | Maximização do Espaço Mínimo


tornando-se uma obsessão racionalista de legado modernista fazendo a arquitetura, o espaço e os movimentos naturais serem obrigatoriamente regrados pela matemática coletiva e não a matemática individual de cada ser.

Os valores são baseados na obsessão clássica

racionalista da Antiguidade, o Número de Ouro, phi (Φ), utilizado para construção do Parthenon, Grécia, por exemplo, do qual veio o nome como homenagem ao escultor responsável Phideas (490–430 a.C.). Ele é obtido através da fórmula 1+ √5 / 2, resultando no número de três casas decimais aproximadas: 1,618, ou através do pentágono regular e do pentagrama formado no seu interior, inicialmente estudado por Pitágoras (571–496 a.C.) ou através do Retângulo Áureo/ de Ouro, desenvolvido por Euclides (300 a.C.) e posteriormente aprofundado por Fibonacci (1170–1250) que desenvolveu uma Modulor versão vermelha ou de 1.829m (LE... 2015)

sequencia de números que se aproximam do Número de Ouro, metodologia usada por Le Corbusier no Modulor.

Porém, não existem apenas pessoas de 1.75m, muito

menos de 1.892m. Apesar de estes valores serem uma média, impor uma determinada medida como regra para uma “universalização” não torna o espaço mais confortável, muito menos universal, além do que o Modulor não foi pensado nas mulheres e nas dimensões de seus corpos. Outro problema é a determinação do umbigo como estando na proporção áurea do corpo, característica das pinturas Renascentistas como ‘O nascimento de Venus’, de Botticelli, que buscam ilustrar o ser humano perfeito com dimensões consideradas perfeitas para demonstrar uma beleza mística, e não ser humanos reais que são os usuários dos produtos da arquitetura Parthenon e o Número de Ouro, relação com o Retângulo Áureo no canto superior da imagem (LE... 2015)

e do design, que para realizarem suas funções usam as articulações como joelhos, cotovelos, quadris, até o pescoço, mas não o umbigo.

Maximização do Espaço Mínimo | 35


O nascimento de Venus, Botticelli, e a Lei Áurea (CALAFATE, 2015)

Modulor usando o umbigo (COLIN, 2015)

Além das características físicas, as mudanças de hábitos domésticos é um importante fator nas mudanças das

funções em uma moradia, ou seja, do uso da antropometria funcional. Um exemplo disto foi a Abolição da Escravatura no Brasil, em 1888. Como não havia mais escravos e criados para realizarem as tarefas, foi preciso diminuir o espaço da moradia devido a dificuldade de funcionalidade nos antigos casarões. “Distâncias, pés direitos, altura de peitoris, tipos de vãos, excessos de cômodas ou espaços perdidos foram alterados a partir da primeira metade do século 20 para se obter maior habitação em relação a ocupação e utilização de seus espaços internos, à ocupação do terreno e à escala da construção.” (BOUERI FILHO, 2008, p. 8) Este fator deve ser considerado no processo de elaboração do projeto para habitações atuais, pois a inserção da tecnologia no cotidiano é um fator determinante das mudanças de hábitos, como foi explicado no capítulo anterior, além da diminuição da metragem quadrada, característica presente nos novos edifícios, que será explicada mais adiante.

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ERGONOMIA

Nas primeiras décadas do século XX, o funcionalismo foi um principio do design proposto especialmente pela

Alemanha através da Bauhaus. Após a II Guerra Mundial, como foi citado anteriormente, outra questão do design foi relacionada ao funcionalismo, o qual é adequação do produto ao usuário na execução de uma atividade, tornando-a economicamente produtiva. Com estas pesquisas sobre a relação entre ser humano e máquina e de sua aplicação em outras áreas da atuação humana, os produtos apresentaram um aperfeiçoamento crescente em seu design, com melhor usabilidade, através da ergonomia. Mas foi após a Revolução Industrial que os arquitetos passaram a projetar residências com objetivo de torna-las confortáveis e funcionais.

“A ideia de que é possível desenhar formas capazes de promover experiências prazerosas e despertar reações

emocionais é nova e transformadora, e desvela frentes de atuação e de pesquisa igualmente inéditas e transformadoras para o Design.” (DAMAZIO, 2008, p. 10)

A ligação entre Ergonomia e a questão da satisfação no uso como um dos aspectos a ser considerado no design

tanto de produtos, sistemas, ferramentas ou ambientes é denominada Hedonomia, do grego hedonomos, significando prazer, e nomos, significando leis/princípios, ou seja, enquanto a ergonomia ocupa-se de questões de segurança, funcionalidade, usabilidade, a Hedonomia, além da usabilidade, abrange questões na experiência prazerosa e na individualização e customização dos sistemas.

A primeira impressão de um produto é associada, em sua grande maioria, à superfície do material, a qual é

considerada a interface entre o usuário e o objeto, ocorrendo a passagem da informação materialmente. Portanto, a ligação entre o produto e a emoção pode ser estabelecida com uso da textura, sendo que o relevo pode influenciar tanto a percepção visual quanto tátil, sendo uma ferramenta importante para o design. Existem muitas opções de texturas que ao serem combinadas com as inúmeras possibilidades de materiais e processos de produção podem resultar diversos efeitos. Conclui-se que, assim, “produtos similares que recebem o mesmo tratamento de sua superfície serão, provavelmente, reconhecidos como semelhantes entre os usuários.” (DAMAZIO, 2008, p. 93) Uma vez que não é apenas a qualidade estética dos objetos que os faz especiais ao público, mas o tipo de interação que eles estabelecem com o usuário deve-se considerar as emoções, estas que são precedidas por sensações que ocorrem através dos cinco sentidos que nos conectam à realidade.

Atualmente, a questão da experiência está cada vez mais presente, sendo um fator determinante nas escolhas. No

entanto, além de suas diferenças conceituais, é muito difícil distinguir as experiências emocional, estética e de significado, pois ao experimentarmos um objeto, por exemplo, “experenciamos uma unidade de encanto sensual, interpretação significativa e envolvimento emocional.” (DAMAZIO, 2008, p. 11)

Se há a aplicação da Ergonomia ao processo de Design tem-se por resultado um produto atrativo e também

amigável, contribuindo para a qualidade de vida, aumentam o bem-estar e o desempenho dos produtos. O ergodesign é um importante conceito desenvolvido garantindo, segundo DAMAZIO (2008) a satisfação dos requisitos ergonômicos nos projetos Maximização do Espaço Mínimo | 37


de design: 1-conforto postural; 2-adequação dimensional; 3-segurança no uso; 4-facilidade de manipulação; 5-compatibilidade de movimentação; 6-minimização de esforços acionais; 7-racionalização e funcionalidade do arranjo físico dos componentes; 8-facilitação da manutenção; 9-apropriação do campo visual; 10-legibilidade, visibilidade e compreensibilidade dos caracteres alfa-numéricos e dos símbolos iconográficos; 11-lógica do processamento cognitivo; 12-objetivação da tarefa; 13-qualidade do ambiente físico, químico e arquitetural.

A Ergonomia passou a ser vista como uma forma de se agregar valor aos produtos, ajudando a torná-los fáceis

de usar. Porém, uma vez que os usuários começaram a esperar por um produto fácil de ser usado, a sua usabilidade transformou-se em sensações de ‘satisfação’ a ‘insatisfação’. Ou seja, não existe espanto se o produto é ‘fácil de usar, mas se há dificuldade no uso.

O design deve ser atitudinal, ou seja, possuir como objetivo elaborar um produto que “promova a expressão da

heterogeneidade humana e o exercício de uma identidade individual, que, manifesta e atualizada, articule o ser com a sua cultura material, de modo mais sensível e prazeroso.” (DAMAZIO, 2008, p. 62)

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MOBILIÁRIO

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O mobiliário é um fator de grande importância em um projeto. Quando se projeta um espaço, como uma residência,

o mobiliário é determinante para as dimensões de cada ambiente. Estas dimensões são estabelecidas de acordo com a organização do layout, ou seja, da disposição dos móveis e do espaço de passagem entre eles. São os objetos que potencializam as funções pré-estabelecidas de um ambiente.

MOBILIÁRIO NA GRÉCIA ANTIGA

O mobiliário grego “não era complexo e servia para uma vida social relativamente simples. Havia baús e divãs para

comer ou dormir, indistintamente. O qrovno era um assento de destaque, destinado ao chefe da casa ou ao hóspede mais importante. A mesa em que se serviam as refeições era uma espécie de pedestal, travpeza.” (CABANILLAS, 2015) Os divãs faziam o papel tanto de sofá quanto de cama e eram decorados com camadas de madeira de qualidade, pedras e metais preciosos, enquanto os pés eram de prata ou marfim, no formato retangular, mas às vezes com desenhos de patas de animais. A amarração da estrutura era feita com cordas ou tiras de couro. Apesar da simplicidade da estrutura, a cobertura era feita com tecidos de lã ou linho e o travesseiro

Representação dos divãs e mesas (HAYWARD, 1965, p.14)

para encosto em tecidos, as vezes perfumados, com desenhos de diversas cores que tornavam os objetos luxuosos. Nas casas o tipo favorito de cadeira era a klismos, representada como assento das deusas e objeto comum do cotidiano com mostrado nas diversas pinturas gregas. Tratava-se de um assento trançado sobre pernas curvas e um encosto feito de três estruturas verticais presas a uma tábua curva, até a altura dos ombros, fazendo do móvel leve e confortável. As mesas eram utilizadas principalmente para refeições e eram pequenas e leves, colocadas sob os divãs quando não utilizadas.

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Representação da cadeira klismos (HAYWARD, 1965, p.15)


MOBILIÁRIO NA ROMA ANTIGA O mobiliário romano era muito similar ao mobiliário grego no seu desenho básico, porém ele foi sendo aperfeiçoado e feito com outros materiais além da madeira como ferro e bronze, tornando-o consequentemente mais pesado. Um outro material característico era o vime, sendo utilizado para móveis de uso feminino. A cadeira romana com um alto encosto e apoio para os braços é o estilo mais famoso, sendo representada em tumbas ou sarcófagos. As pernas das cadeiras variavam de altura, continuavam curvas e com desenhos de pés humanos ou de animais, porém às vezes mais grossas e sobre bases. Assim como no mobiliário grego, eram decoradas e possuíam coberturas em tecido. Outro objeto muito utilizado era o Cadeira de vime (HAYWARD, 1965, p.18)

Tripé em bronze (MCMANUS, 2015)

tripé feito em bronze, possível de regular a altura para cima e para baixo, para apoiar bandejas ou tigelas. A mesa redonda de três pés também é uma invenção romana.

MOBILIÁRIO RENASCENTISTA ITALIANO

O período do Renascimento é marcado por expressões de luxo e riqueza principalmente das decorações do ambiente,

como os afrescos e carpetes nas paredes, pisos em mármore. Porém, o mobiliário em si era geralmente limitado ao seu uso essencial, sendo construídos de forma simples com predominância de linhas retas, além de possuir um número pequeno dos mesmos, inclusive nas melhores moradias. Eles possuíam grandes dimensões por serem projetados para os ambientes igualmente grandes e não necessariamente à escala humana. Baseados na Roma Antiga, os móveis eram feitos de materiais como madeira maciça e metais, como bronze e ferro, além do ouro, e eram ricamente ornamentados e decorados, como, por exemplo, os pés das cadeiras possuírem formatos de patas de animais. Além disto, os móveis eram cobertos por tecidos, principalmente as mesas, como a de jantar ou para escrever. O mobiliário estava integrado a arquitetura do espaço.

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Interior decorado do Palazzo Vecchio, Florença, Itália (Fotografia da autora, Junho de 2014)

Mobiliário comum (HAYWARD, 1965, p.36)

Como os móveis eram em sua maioria muito pesados, eles eram pouco mudados de local, sendo geralmente colocados

próximos a paredes. Havia também o caso de eles serem construídos ou fixados na própria parede, como os porta-louças, as estantes, as mesas de escrever e seus bancos.

O móvel de maior destaque e elaboração de

suas peças era o Cassone, uma espécie de arca feita em madeira totalmente ornamentada, geralmente utilizada para presentear e que possuía diversos usos, desde guardar pertences até servir como assento. Cassone (HAYWARD, 1965, p.37)

MOBILIÁRIO FRANCÊS DO SÉCULO XIX

O século XIX é característico pela inserção da indústria, inclusive para produção do mobiliário, fato que trouxe

qualidade e rapidez e possibilitou que as pessoas pudessem comprar móveis mais baratos, além de unir a beleza com a funcionalidade. O mobiliário se tornou mais burguês, mesmo sendo baseado no estilo Rococó de Luís XV, pois foi possível para burguesia se apropriar do estilo utilizado pela nobreza. A partir de eventos como a Exibição Universal de Paris, a influência estética tomou conta do mobiliário, trazendo inovações como Art Noveau. A partir disto, o ecletismo passou a fazer parte da decoração, onde a originalidade imaginativa marcou um grande contraste com os estilos de design anteriores.

Interior de ambiente do século XIX (HAYWARD, 1965, p.37)

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MOBILIÁRIO NA ATUALIDADE

O mobiliário atual tem suas bases no mobiliário desenvolvido durante o período modernista, concebido a partir

da sua forma essencial, com a queda do movimento Art Noveau por não se adequar totalmente a produção em massa da Revolução Industrial. Porém, como foi analisada anteriormente, essa forma essencial não se adequa ao uso de todas as pessoas. É preciso versatilidade dos movimentos e usos, mesmo nos objetos produzidos em larga escala. Cada vez mais explora-se os usos do materiais e suas combinações, gerando muitas vezes novos materiais a partir disto.

“A tendência de uso de diversos materiais em um mesmo móvel. Entre os materiais que são utilizados de forma combinada, destacam-se: madeira, metal, plástico, vidro, pedra (mármore) e vime. Entretanto, ao longo das últimas décadas, verifica-se o abandono de matérias-primas de uso consagrado no País, como fibras vegetais, couro e tecido. Este uso combinado de matérias-primas tão variadas implica alterações no conceito do produto, levando assim a importante modificações do design moveleiro, que exige um maior grau de “liberdade” para a criação de novas propostas formais e de acabamento.” (COUTINHO, 2011, p. 29)

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PROJETO

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A moradia sempre foi controlada e planejada por tipos fixos como a família, o indivíduo que mora sozinho, etc..

Porém, hoje são tantos os tipos que já não podem ser chamados assim. Além disto, a economia e a renda também fazem parte do planejamento espacial. Portanto, ao projetar uma moradia deve-se considerar como ponto principal a variação e não apenas a flexibilidade que representa as mudanças a longo prazo. A variação consiste nas mudanças a curto prazo ou imediatas, permitindo que as pessoas façam escolhas através de métodos formais e programáticos.

Considerando a possibilidade de escolhas das pessoas, o intuito do projeto é desenvolver um mobiliário extremamente

flexível e variável, para que desempenhe o papel de organização do ambiente apenas quando desejado, ou seja, de variação de efeito imediato. Porém, esta variação não pode ser feita a partir da neutralidade dos móveis e objetos e sem considerar sua funcionalidade tanto prática quanto estética, pois isto não permite que a pessoa realmente realize uma escolha e construa o seu ambiente.

“Na atual sociedade ocidental, desenvolve-se uma cada vez maior estetização, enquanto condição cultural de base. E os seus efeitos são mais notórios nas disciplinas mediadas pela imagem. A escultura e a arquitetura, também dependem e são influenciadas por esta condição e têm sofrido consequências profundas nas últimas décadas, particularmente com o advento da pós-modernidade. O fato de se privilegiar a imagem à custa de exercícios plástico-formais, de maior ou menor complexidade, tem conduzido a uma compreensão empobrecida do espaço construído, transformando o espaço social numa abstração fetichizada.” (SEQUEIRA, 2012, p. 9)

Como o intuito é fazer do morador o co-designer do próprio ambiente, atuando nele no dia-a-dia, busca-se a

centralidade sempre existente na vida doméstica, trazendo toda atividade para o centro do ambiente, o qual se torna o palco das ações domésticas cotidianas. Desta forma, considera-se um bloco único, com um único centro, trazendo os ambientes das bordas para o meio, sendo possível formar diversas combinações de usos a partir de funções principais como dormir, comer, socializar, lavar-se, trabalhar, e não mais de ambientes segregados, cujos equipamentos são comprados individualmente.

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Representação do projeto concentrado no centro, partindo das bordas (Ilustração da autora, Setembro de 2015)

Diagrama de usos e ambientes (Ilustração da autora, Setembro de 2015)

A habitação deixa de ser um abrigo contra a natureza e torna-se um abrigo de experiências e hábitos, sendo

uma extensão dos moradores e não apenas um espaço mobiliado. Para isto, não basta apenas considerar os hábitos, é necessário também um raciocínio projetual que considera as características físicas dos moradores, adequando o mobiliário a sua antropometria e escala, para ser realmente um espaço único como o indivíduo. Além disto, a ergonomia desempenha uma importante função ao provocar sensações no individuo através das texturas e cores de diferentes materiais, portanto cada uso será desenvolvido com uma característica antropométrica e ergonômica, afim de estimular sensações diferenciadas. Estas relações tornam um trabalho projetual interdisciplinar entre arquitetura, design e psicologia.

O projeto é composto por uma moradia capaz de se adequar nas diferentes tipologias familiares, que, como discutido

anteriormente, são as predominantemente compostas de uma a quatro pessoas. Outro ponto são as tipologias físicas dos indivíduos, ou seja, ele é capaz de adaptar também segundo o morador, independente de altura, peso, idade e condições físicas. Para este resultado foram estudadas as dimensões e condições mínimas de espaço e desenvolvido um mobiliário variável e flexível capazes de suprir as necessidades do(s) morador(es). O mobiliário foi feito o máximo articulável possível dentro das possibilidades encontradas no mercado. Mesmo sem divisão interna, o mobiliário desempenha um importante papel na setorização e organização do ambiente.

Baseado nas mudanças que ocorreram e continuam a ocorrer em hábitos, em tipologias familiares, em modo de

viver, em valores agregados a uma grande cidade ou até mesmo no valor que cada indivíduo agrega a uma ação, o projeto é também mutável a fim de se adaptar ao morador e que ele possa agregar o valor individual àquele espaço.

A metragem quadrada obtida foi de 29m², sendo composta por um ambiente principal cujas bordas agregam as

diferentes funções que podem ser trazidas para o seu centro e por um ambiente composto por funções de higiene, o qual não pode apresentar tanta flexibilidade e variabilidade devido a falta de tecnologias hidráulicas que permitam este tipo de ação.

46 | Maximização do Espaço Mínimo


Dentro da metragem quadrada total, aproximadamente 10m² correspondem aos armários e todo o mobiliário composto

por exemplo por cama de casal, beliche, mesa de jantar, mesa para escritório, sofá, bancada para cozinha, conjunto para limpeza, além de equipamentos hidráulicos e entre outros equipamentos. O restante é considerado área livre para circulação, além de uma área de 7,56m² expansível composta pela varanda articulável.

O espaço deixa de ser nomeado segundo as formas tradicionais das moradias compostas por divisórias fixas como

quarto, cozinha, banheiro, escritória, sala de estar, sala de jantar, etc, e passa a ser nomeado por funções nele presentes, uma vez que é possível realizar diversas combinações, exemplificadas nas imagens a seguir. Ao todo, são nove espaços diferentes que podem ser combinados entre si, de diferentes formas.

O Pé-Direto obtido foi de 3m, devido a altura necessária para utilização do beliche, que possui diferença de 1,10m

entre as camas e entre a cama superior e o teto, para que uma pessoa alta possa sentar confortavelmente sem se machucar. Os equipamentos localizados em locais mais altos possuem flexibilidade para serem alcançados em alturas mais baixas ou suporte para escada que foi desenvolvida pela autora. O teto possui três linhas de trilhos responsáveis por guiar e facilitar o movimento do armário central, composto por mobiliário como cama de casal, mesa de jantar e mesa para escritório (e suas respectivas cadeiras). A iluminação ambiente é difusa composta por três luminárias embutidas. Além disto, a climatização e suporte para som como home theater e caixas de som são consideradas embutidas, a fim de poderem ser utilizadas em qualquer ambiente independente da configuração. Outro fator considerado é a automatização do ambiente, através de sistemas ligados a aplicativos de celulares, por exemplo, que permitem o controle a distância da disposição dos equipamentos.

A paleta de cores escolhida como proposta da autora é composta por cores claras e neutras, afim de ampliar

o ambiente e para que os mobiliários, quando não utilizados, não interfiram nas sensações passadas por cada ambiente formado, pois a escolha de materias para cada mobiliários tem como intuito despertar diferentes sensações conforme as configurações. O piso é composto pelo material epoxi branco, uma resina que por não possuir juntas dá a ideia de amplitude ao ambiente, além da sua cor realizar a mesma função. Os armários são compostos por placas de MDF laminado na cor NoceMare, Duratex, pois independente da composição passam a ideia de conforto e dão unidade ao ambiente como um todo. Além disto, são compostos também por placas metálicas de cor amêndoa, para destacar alguns mobiliários, além de quebrar a monotonia de apenas um material. O teto é pintado com uma tinta cinza clara, pois devido ao pé-direito alto foi preciso passar a ideia de diminuição da altura do ambiente para retirar a sensação de labirinto, além de possuir os trilhos para movimentação do armário em amarelo que os destaca e alonga o ambiente.

Para composição dos mobiliários e suas funções, foi escolhida uma paleta de cores que se complementam para não

causar conflito nas diferentes possibilidades de combinações, mas que ao mesmo tempo geram sensações únicas a cada uso, tanto pela ergonomia do material quanto pelo efeito visual.

Maximização do Espaço Mínimo | 47


Planta esquemática com cotas. Todas as circulações possuem 80 cm de passagem no mínimo. o Banheiro por ser o menor ambiente foi projetado para ter uma área de giro de 1,50m para cadeirantes.

Imagem de exemplificação do teto com os trilhos responsáveis pela movimentação do armário central e da varanda aberta.

48 | Maximização do Espaço Mínimo


CONFIGURAÇÃO DESCANSO

Ambiente composto por função de dormir, sendo uma cama de casal e um beliche. A cozinha foi planejada para poder ser fechada, assim como banheiro, com finalidade de não incomodar com odores o ambiente de descanso. Maximização do Espaço Mínimo | 49


CONFIGURAÇÃO SOCIAL

Ambiente composto por função social com mobiliário e eequipamentos para alimentação e descanso. As cadeiras utilizadas são “Folding Chair”, do designer Jake Phipps. Os diferentes materias permitem diferentes sensações em cada local.

50 | Maximização do Espaço Mínimo


CONFIGURAÇÃO TRABALHO

Ambiente com configuração de trabalho com a varanda móvel Bloomframe aberta.

Maximização do Espaço Mínimo | 51


CONFIGURAÇÃO LIVRE

O ambiente caracterizado por configuração livre se trata do afastamento do mobiliários para as bordas afim de possibilitar diferentes experiências além daquelas encontradas nos mobiliários, permitindo sua personalização. A primeira imagem corresponde ao “modo festa” e a segunda a um “modo ginástica”.

52 | Maximização do Espaço Mínimo


CONFIGURAÇÃO HIGIENE

O ambiente do banheiro é composto por equipamentos capazes de se adequar as diferentes condições do individuo, assim o armário sob a pia pode ser retirada para entrada de cadeira de rodas, como o chuveiro possui um banco retratil, além de espaço livre para inserção de barras na parede ao redor do vaso sanitário. Toda a parte referente a higiene foi concentrada em um mesmo ambiente afim de interligar a função.

VARANDA BLOOMFRAME A varanda escolhida para o projeto tratase da “Bloomframe”, desenvolvida por Hofman Dujardin Architects. Por se tratar de um sistema retrátil, ela possibilita a ampliação do espaço através de mecanismos automatizados.

Maximização do Espaço Mínimo | 53


DETALHAMENTO MOBILIÁRIO


ARMÁRIO BELICHE/SOFÁ

Maximização do Espaço Mínimo | 55


0.50 0.98 0.24 0.98 0.30

Armário Beliche/Sofá Sem Escala

56 | Maximização do Espaço Mínimo

2.0

2.5


0.90 0.05 3.00

1.60 O.45 Profundidade: 0.55m

05

55

Maximização do Espaço Mínimo | 57


Camas: 2.05x0.98x0.30m (CxLxColchão) 58 | Maximização do Espaço Mínimo


Sofá: Futon 16cm assento 08cm encosto Maximização do Espaço Mínimo | 59


1. Placa MDF Laminado NoceMare, Duratex, 15mm 6. Corrediça Telescópica com Amortecedor, Häfele 7. Rodízio ‘Pé para Eletrodoméstico 400Kg’,

2. Placa Metálica cor Amêndoa, 10mm

3. MDF com Fórmica cores Cinza e Mediterranee, Quality 8. Tavoflex, Häfele

Pertech, 15mm

4. Ferragem para cama retrátil Bettlift, Häfele 9. Metalon com costura 50x50x3mm 10. Corda Semi-Estática k2 10.5mm x 50m

5. Articulador Duo Forte, Häfele

1

13 5 15 2 3 4 14

5

3

2

4

7 6 Perspectiva Explodida Sem Escala

60 | Maximização do Espaço Mínimo

1


11. Sistema Push, Salice 12. Dobradiça Aço Carbono 13. Dobradiça de caneco Metallamat, Häfele 14. Dobradiça de caneco fecho com imã push, Häfele 15. Swingfront, Häfele

5 2 12 1 5

10

11

1

9 1

2 8

1

10 9

8 2 6

1

Maximização do Espaço Mínimo | 61


ARMÁRIO PREPARO

62 | Maximização do Espaço Mínimo


Bancada: H: 76cm; 90cm (Coluna Elevatória) Degrau Extraível: 10cm Maximização do Espaço Mínimo | 63


1.30 0.80 0.14 0.66 0.10 0.20

2.4

3.5 Armário Preparo Sem Escala

64 | Maximização do Espaço Mínimo


50

3.00

40

0.70

0.20 Profundidade: 0.85m

Maximização do Espaço Mínimo | 65


1. Placa MDF Laminado NoceMare, Duratex, 15mm, Armário 7. Coluna Elevatória Elétrica, Häfele Finetta SpinFront, Häfele

8. Articulador Duo Forte, Häfele

2. Metalon 20x20x2

9. Gaveta Metálica, 15mm

3. Placa Metálica 5mm

10. Degrau Metálico com Corrediça

4. Prateleira Metálica 10mm 5. Braço Articulado Sanfonado 6. Dobradiça de caneco Metallamat, Häfele

1 1

2

3 4

14 6

6 7

8 6

Perspectiva Explodida Sem Escala

66 | Maximização do Espaço Mínimo

13


11. Corrediça Comfort, Extração Total, Häfele 12. Swingfront, Häfele 13. Porta material de limpeza 14. Vidro Temperado 8mm

1

5 12

6 9 11

9

10 Maximização do Espaço Mínimo | 67


ARMÁRIO REFEIÇÃO/TRABALHO

68 | Maximização do Espaço Mínimo


Mesa 7 lugares com nicho para cadeiras Maximização do Espaço Mínimo | 69


2.30 0.70 0.80 Armário Refeição/Trabalho Sem Escala

70 | Maximização do Espaço Mínimo

1.20 2.70


3.50

0.90 3.00

2.10

0.70 0.80 Maximização do Espaço Mínimo | 71


1. Placa MDF Laminado NoceMare, Duratex, 15mm 8. Metalon 20x20x2 2. Rodízio SÉRIE MPAX FF 1000Kg

9. Vidro 3mm

3. Placa Metálica 10mm

10. Almofade Futon

4. Placa Acrílica 5mm

11. Corrediça Invisível, Häfele

5. Espelho 5mm 6. Placa Metálica 2mm 7. Placa de Cobre 2mm

5 1

6 4

11

3

2

3 1

Perspectiva Explodida Sem Escala

72 | Maximização do Espaço Mínimo


3

1

4

3 10 7

9

1 8 8 Maximização do Espaço Mínimo | 73


ARMÁRIO CAMA PRINCIPAL

74 | Maximização do Espaço Mínimo


Cama: 2.00x1.6x0.30m (CxLxColchão) Maximização do Espaço Mínimo | 75


1. Placa MDF Laminado NoceMare, Duratex, 15mm 2. Placa Metálica cor Amêndoa, 10mm 3. MDF com Fórmica cor Mediterranee, Pertech, 15mm 4. Ferragem para cama retrátil Bettlift, Häfele 5. Rodízio SÉRIE MPAX FF 1000Kg

1

6 2

1

3

4 5 Perspectiva Explodida Sem Escala

76 | Maximização do Espaço Mínimo

1


6. Sistema Push, Salice 7. Corda Semi-Estática k2 10.5mm x 50m 8. Cabideiro em Barra Metalica 15mm diâmetro 9. Metalon com costura 30x20x2mm 10. Dobradiça de caneco Metallamat, Häfele 11. Dobradiça Aço Carbono

2 8

1 11

6 10

2 7 9

2 9

Maximização do Espaço Mínimo | 77


ARMÁRIO DE APOIO

78 | Maximização do Espaço Mínimo


Armário com prateleiras, gaveteiro, cabideiro basculante, sapateira, suporte flexível para TV Maximização do Espaço Mínimo | 79


0.95 1.00 0.35 0.35 0.35

Armário de Apoio Sem Escala

80 | Maximização do Espaço Mínimo

1.00


3.00

1.20 3.50

1.00

0.30

Profundidade: 0.50m

Maximização do Espaço Mínimo | 81


1. Placa MDF Laminado NoceMare, Duratex, 15mm 2. Espelho 5mm 3. MDF com Fórmica cores Cinza e Mediterranee, Pertech, 15mm 4. Corrediça Invisível, Häfele

1

5. Suporte versátil metálico 6. Cabideiro Basculante, Häfele 7. Suporte fleível para TV 8. Trilho para porta de correr

8

9. Roldana 10. Cabideiro em Barra Metalica 15mm diâmetro

1

5 3 1 Perspectiva Explodida Sem Escala

82 | Maximização do Espaço Mínimo


8 2

9

1

10

6

3 7

4

1 Maximização do Espaço Mínimo | 83


ARMÁRIOS HIGIENE

84 | Maximização do Espaço Mínimo


Armário com nicho para máquina de lavar/secar Armário móvel com degrau extraível Maximização do Espaço Mínimo | 85


0.80

3.00

Armários Higiene Sem Escala

86 | Maximização do Espaço Mínimo

Profundidade: 0.90


1.10

0.07 0.80

0.71

Profundidade: 0.50m Maximização do Espaço Mínimo | 87


1. Placa MDF Laminado NoceMare, Duratex, 15mm 2. Espelho 5mm 3. Suporte versátil metálico 4. MDF com Fórmica, Pertech, 15mm 5. Placa Metálica 10mm 6. Degrau Metálico 7. Rodízio ‘Pé para Eletrodoméstico 400Kg’, Quality 8. Sistema Push-Up 9. Pia Axolute R52

2 1 10 4

3

8 Perspectiva Explodida Sem Escala

88 | Maximização do Espaço Mínimo


9

5

6 7

Maximização do Espaço Mínimo | 89


ESCA(la)DA

H: 1.90m L: 0.60m 1. DEGRAU: PISO 30cm CHAPA PERFURADA 2. DOBRADIÇA NAVAL 3. SUPORTE: METALON 30x50X3mm 4. Canaleta 25x25mm 5. Moldura em METALON 20x30x2mm 90 | Maximização do Espaço Mínimo


4

3

2

1

5

Maximização do Espaço Mínimo | 91


92 | Maximização do Espaço Mínimo


Uma das possibilidades de inserção na cidade

da moradia desenvolvida no Projeto é na forma de apartamento, pois devido a sua pouca metragem

EDIFÍCIO

quadrada é possível o agrupamento em uma torre vertical, tendência dos centros das grandes metrópoles devido a falta de lotes. Assim, o problema de moradia existente nos grandes centros urbanos, locais de maior infraestutura, fator que é primordial na busca de uma moradia, poderia ser melhorado.

O edifício funcionaria com uma torre central

principal, na qual os apartamentos seriam anexados segundo a demanda. Desta forma, ele teria uma estrutura já pré-preparada para receber o módulo da habitação. As imagens a seguir são uma proposta feita pela autora acerca da volumetria.

Maximização do Espaço Mínimo | 93


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 94 | Maximização do Espaço Mínimo


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Maximização do Espaço Mínimo | 97



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