Letramento digital

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Vera Lúcia de Oliveira Santos

LETRAMENTO DIGITAL

Projeto de Pesquisa para seleção de Mestrado

Educação: Sujeitos, Saberes e Processos Educativos

Guarulhos 2013


RESUMO Na inclusão digital é perceptível a grande repercussão e complexidade advindas pela potencialização do fenômeno da interatividade das variadas formas de saberes e linguagens. Focaliza-se o desenvolvimento do letramento digital e da cognição ampliada na produção de conhecimentos. Existe integração de conteúdos (conceituais, procedimentais, atitudinais e tecnológicos) para a compreensão dos três princípios: de conectividade (estar “on line”), de hipertextualidade (qualidade do hipertexto: texto não linear, multissemiótico, interativo, virtual e não hierárquico) e de transversalidade. Esses aspectos são relevantes na inter-relação dos diferentes tipos de conhecimentos que os educadores devem considerar para integrar

aprendizagem. A possibilidade de

agregar a imersão, a navegação, a exploração e a formação de redes, em que possa fluir a criação, cocriação e a recriação, contemplando a participação de todos, como autores ou coautores fundamenta o letramento digital. É uma relação

dialética na

materialização de conexões entre ideias, áreas de conhecimento humano, conceitos e atividades tanto dos professores como dos alunos, de maneira que, não pressupõe uma hierarquia e sim uma interdependência, como um ato contínuo, o qual expande e potencializa a rede de sujeitos e saberes. Assim sendo, a aprendizagem é colaborativa, ou seja, um processo construído a partir da diversidade de visões de mundo e de compartilhamento proporcionados pelos recursos tecnológicos de hipertextualidade e conectividade. Portanto dessa forma distribui o conhecimento por meio do canal da interatividade, prestigia fatores humanos e tecnológicos pertinentes ao contexto da web, e expande saberes coletivamente construídos do letramento digital. Palavras-chave: Letramento digital / hipertextualidade / interatividade / conectividade/ aprendizagem colaborativa.

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INTRODUÇÃO: Este Projeto de Pesquisa possibilita refletirmos um pouco mais sobre sujeitos, saberes e a construção coletiva do conhecimento no ambiente virtual, proporcionada pelos meios de comunicação: blogs, wikis, email, ferramentas de busca na internet, etc.; com destaque o papel do professor para despertar o senso crítico dos estudantes. O letramento digital possibilita a interação entre os participantes para a construção do conhecimento e a transformação social. Embora sempre a existência de recursos garanta uma mudança de práticas docente, como característica dos novos letramentos, destacase a importância do desenvolvimento de uma mentalidade digital, que exige uma nova pedagogia, isto é, interativa e colaborativa; como também posturas na escola que sejam igualmente transformadoras. Entretanto nem todo letramento que utiliza o computador é necessariamente digital, há necessidade de explorar as particularidades do meio digital para, cada vez mais, dar lugar à pedagogia 1interativa e não da transmissão. Numa abordagem de multiletramentos, enredando a escola e a cultura digital é uma oportunidade de pensar em maneiras práticas, mas criticamente informadas, de integrar letramentos escolares e não-escolares no saber docente, de modo que elementos da cultura digital e elementos da cultura escolar possam entrar em um diálogo produtivo, e não em conflito ou em ignorância recíproca. A Comunicação Mediada por Computador CMC, meio digital, analógico, mecânico, ou qualquer outra conexão estabelecida entre homem e objeto constitui-se interação, dessa maneira todos os recursos disponíveis na escola são um potencial multiplicador de interatividade, dependendo da escolha didática adequada ao contexto específico. A interação é o canal da construção e exploração do conhecimento, de maneira que a pedagogia interativa possibilita os multiletramentos.

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Consiste em uma qualidade da ação humana ou trabalho compartilhado em que há

trocas e influências recíprocas. Interagir é agir mutuamente. Há várias formas de interação como humano-computador, homem-homem, home-natureza, homem-técnica etc.

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Silva (2004, p.01): Para tanto, o professor precisará se dar conta do movimento próprio das tecnologias digitais em sintonia com a cibercultura e com o perfil comunicacional dos aprendizes que aprenderam com o controle remoto e com a lógica unívoca da mídia de massa e agora aprendem com o mouse e com as “janelas” móveis que permitem mais do que meramente assistir. Segundo o autor acima, Interatividade é a modalidade comunicacional que ganha centralidade na “cibercultura”. Levy (1999, p.32; 92;167) citado por Silva (2004, p.05): Cibercultura é o conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores, que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. Ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge com a interconexão mundial de computadores; é o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade a partir do início do século 21; espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial de computadores e das mémórias dos computadores; novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também o novo mercado da informação e do conhecimento que tende a tornar-se a principal infra-estrutura da produção, transação e gerenciamento econômicos. Silva (2004, p.07): Portanto, aprender com o movimento da mídia digital supõe antes de tudo aprender com a 2 interatividade. Ou seja, aprender que comunicar não é simplesmente transmitir, mas disponibilizar múltiplas disposições à intervenção do interlocutor, uma vez que a comunicação só se realiza mediante sua participação. Sendo assim, o autor prossegue: Silva (2004, p.14): Portanto, é preciso enfatizar a necessidade de modificar a modalidade comunicacional predominante na ação pedagógica do professor a partir do movimento contemporâneo das tecnologias hipertextuais, esclarecendo que isso não significa meramente uma nova tecnificação da sala de aula.

Parafraseando Buckingham (2010, p. 45) referente ao processo de aprendizagem informal, quando a criança joga no computador, o letramento digital também promove 2

É a capacidade de um sistema de comunicação ou máquina de possibilitar interação. 4


uma relação democrática entre professor e aluno, que “aprendem a usar a mídia quase sempre pelo método de ensaio e erro, por meio da exploração, da experimentação e da colaboração com os outros, tanto diretamente quanto em formas virtuais, um elemento essencial do processo”.

JUSTIFICATIVA:

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Xavier (2002, p.01): O surgimento das novas tecnologias de comunicação tem modificado muitas atividades da vida moderna. Tais modificações também têm atingido o processo de ensino/aprendizagem, levando estudiosos da educação e da linguagem a refletirem e a pesquisarem sobre as consequências dessas novas práticas sociais e uso da linguagem na sociedade. Xavier (2002, p. 01): O crescente aumento na utilização das novas ferramentas tecnológicas (computador, Internet, cartão magnético, caixa eletrõnico etc.) na vida social tem exigido dos cidadãos a aprendizagem de comportamentos e raciocínios específicos. Por essa razão, alguns estudiosos começam a falar no surgiemnto de um novo tipo, paradigma ou modalidade de letramento, que têm chamado de letramento digital. Esse novo letramento, segundo eles, considera a necessidade dos indivíduos dominarem um conjunto de informações e habilidades mentais que devem ser trabalhadas com urgência pelas instituições de ensino, a fim de capacitar o mais rápido possível os alunos a viverem como verdadeiros cidadãos neste novo milênio cada vez mais cercado por máquinas eletrônicas e digitais. Segundo Xavier (2002, P.04): “Nessa perspectiva, pode-se afirmar a principal condição para a propriação do letramento digital é o domínio do letramento alfabético pelo indivíduo”. A mídia tem enfatizado duas posições em princípio antagônicas sobre os efeitos das novas tecnologias: - “Os jovens não sabem mais ler e escrever por causa do uso da Internet”; e - “É fundamental para a inserção do Brasil na economia global e também para a participação social dos indivíduos que encontremos caminhos para favorecermos a inclusão digital”. Com esses discursos propagados pela mídia em geral que exerce um grande poder sobre a sociedade ficam dúvidas e questionamentos como estes: “O uso da Internet traz prejuízos ou benefícios para o domínio da competência de leitura e escrita”? “Quais prejuízos ou benefícios seriam esses”? “É possível o professor explorar a Internet em sala de aula” ? “Como essa tecnologia afeta as práticas de ensino tradicionais”?

Xavier (2002, p.05): As práticas sociais de comunicação sejam convenções deduzidas das informações culturais, alguns 6


dos usos e das funções de um tipo de letramento ganham uma grande importãncia social, inclusive para a sobrevivência física e política dos seus usuários em uma sociedade letrada. Tais práticas sociais se revelam na interações humanas que, pela elaboração, formatam textos (falados e escritos) em gêneros discursivos, a fim de executar certas ações no mundo geralmente em consonância com as da rede de relação coletiva com outros indivíduos. Assim sendo, o letramento digital como conteúdo não é apenas ferramenta do processo de ensino e aprendizagem, e sim objeto de estudo sob a perspectiva conceitual, atitudinal e procedimental. Com isso o currículo é uma via para participação cidadã e a manutenção da democracia. Se por um lado, a cada dia com a velocidade da informação num mundo globalizado, conforme Rodrigues (2011), novas tecnologias são criadas e como consequência disso é a urgência em modificar as formas de ensinar e aprender, ou seja, a prática docente. Há necessidade de um novo olhar nas práticas docentes, vale destacar que as novas demandas educacionais estão associadas às novas demandas sociais também, na medida em que a tecnologia passou a fazer parte do cotidiano da sociedade. Braga e Buzato (2012) comparam esse momento àquele em que a escrita foi incorporada às práticas escolares e cotidianas, com a diferença de que a velocidade de disseminação da tecnologia nas práticas sociais hoje tem sido muito maior. (Xavier (2002, p. 05): ...quando um dos tipos de letramento passa a ser dominante, é porque conseguiu articular com harmonia os três elementos que o compõem, quais sejam: as Práticas Sociais e os Eventos de Letramento e os Gêneros textuais/digitais. Neste círculo virtuoso, todas as partes envolvidas colaboram para a concretização de um claro projeto político do poder administrativo constituído, que, durante um certo período, se mantém na gerência das políticas econômicas, culturais, educacionais e sociais com a legitimidade que lhe foi conferida pelo Estado Democrático de Direito. Por outro lado: Para Rodrigues (2011): As tecnologias não mudam necessariamente a relação pedagógica. O professor conservador, autoritário e resistente às novas metodologias não alterará sua prática. Um professor curioso, disposto a interagir com colegas e alunos, interessado em aperfeiçoar a sua prática pedagógica e ampliar as possibilidades de conhecer novos métodos, encontrará nas tecnologias um instrumento potencializador para formar e até rever conceitos. 7


Rodrigues (2011) relata: O uso das 3TIC’S Tecnologias da Informação e Comuncicação causa um verdadeiro fascínio no aluno, pois permite que entrem em contato com uma forma mais atraente de informações e de acordo com seu estilo de vida. E é neste momento que o professor deve se transformar em uma espécie de elo de ligação para estimular a curiosidade dos alunos, por querer conhecer, procurar, pesquisar a informação mais relevante. Manter uma interação constante com colegas e alunos, propicia oportunidades para o professor ensinar e aprender, acrescentando que interar é condição para que se ensine e se aprenda.

Para Rodrigues (2011): O maior desafio do professor diante de tanta inovação é saber como conduzir a sua prática de forma que o aluno aprenda e selecione o que seja mais relevante e que tenha qualidade em meio a tantas opções. Para que isso ocorra é necessário estar sempre atualizado. Procurar adaptar a sua aula para o uso das ferramentas que as tecnologias oferecem aproxima o educador do educando, pois os mesmos podem trocar mensagens com dúvidas e informações complementares que muitas vezes na sala de aula causam uma certa inibição por parte do aluno. Segundo Rodrigues (2011): O processo de ensino aprendizagem ganha com isso um novo ritmo dinâmico e inovador. O aluno sente-se valorizado ao ver sua pesquisa ou trabalho registrado e divulgado por meio de fotografias ou relatos, em redes de compartilhamento, como por exemplo um blog, sendo compartilhado e observado pelos colegas. Isso torna a troca de idéias e a socialização do grupo cada vez mais

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Correspondem a todas as tecnologias que interferem e mediam os processos

informacionais e comunicativos. Podem ser entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções de hardware, software e telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de negócios, da pesquisa científica e de ensino e aprendizagem. 8


constante, aproximando tambĂŠm a famĂ­lia do educando de todo o processo.

OBJETIVOS: 9


Possibilitar a "cultura digital" (letramento digital com base na construção e no compartilhamento do conhecimento, por meio da interatividade dos recursos tecnológicos) na escola, com usos imaginados a partir da necessidade de inserir as TIC’S

e

a

CMC

em

uma

atividade

escolar

tradicional.

Fazer usos plausíveis desses recursos, tendo em vista que é provável que os alunos venham a fazer esse tipo de coisa com computadores e/ou celulares em sua vida social e profissional, o que Buckingham denominou de “Cultura tecnopopular”. Propiciar ao aluno mais um espaço à interatividade, na medida em que permite aos alunos interferirem no polo da emissão de valores, em uma atividade colaborativa que vai resultar em produção e divulgação de conteúdo efetivamente público na web. Permitir com o uso das novas ferramentas tecnológicas um trabalho significativo e contextualizado com gêneros digitais multissemióticos, como por exemplo os 4remixes. As novas tecnologias podem abrir um leque de possibilidades de prática de leitura e escrita, como por exemplo o uso do computador

e da internet, por ajudar no

aprendizado, sendo que para interagir satisfatoriamente nesse ambiente virtual é necessário, via de regra, dominar a leitura e a escrita; e, inclusive, permitir o domínio de conceitos nas áreas do conhecimento humano, sendo assim sem excluir as demais formas de leitura e escrita. O professor pode apresentar ao aluno mais possibilidades de uso da internet, que vão além do bate-papo, explorando, inclusive, outras utilizações da linguagem

no

ambiente

virtual

que

vão

além

do

“internetês”.

Entretanto se considerarmos que o “internetês” “prejudica o aprendizado por envolver um uso ‘incorreto’ da Língua Portuguesa”, desconsideramos que a norma culta é uma convenção,

evidenciando

possíveis

preconceitos

linguísticos.

Talvez os alunos não gostem da maneira como a escrita e a leitura são trabalhadas na escola e não que “não gostem de ler e escrever. Os jovens estão lendo e escrevendo mais com o uso frequente da internet. Desmeticar o uso das ferramentas tecnológicas como mero instrumento de transmissão e sim utilizar como possibilidade de potencializar a interatividade na construção social 4

Significa reunir uma série de recursos criando algo novo. Envolve o processo de

pesquisar arquivos existentes (fotos, textos, vídeos, mapas conceituais e infográficos), modificá-los de alguma maneira, criando uma nova produção.

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dos saberes, e também possibilitar a distribuição e a inversão do papel de autor/coautor/leitor de conhecimento, isto é, tirar o aluno da condição passiva de receptor e tornar como produtor e protagonista, numa relação igualitária. Encontrar alternativas para lidar com a limitação de recursos nas escolas é um desafio. Explorar interdisciplinar e efetivamente o potencial da internet no trabalho pedagógico é uma urgência para uma escola democrática, como também investir na formação dos educadores para lidar com as TIC’S, e demonstrar aos alunos outras funções da internet e aproveitar a tecnologia para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita para o exercício da cidadania e para a transformação social.

CRONOGRAMA DE TRABALHO: 11


Prazo: 24 (vinte e quatro) meses

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste Projeto de Pesquisa, para o melhor entendimento sobre como o conhecimento coletivo é construído por meio do canal da interatividade no letramento digital, foram usados documentos técnicos dos autores Braga e Buzato, Buckinghan, Komesu, Lemos, Marcushi, Pereira, Primo, Silva, e Xavier.

FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS: 12


De todos os dispositivos tecnológicos disponíveis na escola hoje (lousa, livro, laboratório, retroprojetor, computador, máquina de Xerox, lousa digital, vídeo, mimeógrafo e assim por diante) quais seriam os mais propícios e os menos propícios à interatividade? Por quê? Sabemos que diferentes meios tecnológicos de expressão e comunicação oferecem diferentes “graus de interatividade”, que esses graus servem para desenvolver tipos diferentes de relação entre quem fornece e quem recebe a informação, fomentando mais ou menos participação, interferência e opções de caminhos para a recepção e produção dos conteúdos. No caso da relação entre o professor e aluno, que oportunidades existem a partir do acesso aos meios digitais na escola? Surgem como possibilidades de aprendizagem disponibilizadas por conexões e experimentações tecidas com os estudantes, articulações mobilizadas que favorecem a rede inter, intra e transdisciplinar e, ao mesmo tempo, estimula a coparticipação criativa dos alunos, valorizada pelos componentes midiáticos presentes na web. Portanto os autores propuseram uma discussão crítica sobre como a apropriação das novas tecnologias vem ocorrendo nas escolas. O grande desafio na atualidade vai além das dificuldades de acesso, já que envolve a redefinição de práticas que ainda estão fortemente embasadas nos gêneros tradicionais escritos. Estamos diante não apenas de “aprender” a usar os novos meios, mas também “como” e “para que” utilizá-los. Segundo os autores, o que muitas vezes acontece acaba sendo uma mera transposição de atividades do meio impresso para o computador, fazendo com que não haja verdadeiras práticas letradas digitais (configurando uma “pedagogização acrítica do computador”). Favorecendo um resgate das considerações de Silva (2004, p.15) sobre a interatividade, de acordo com o autor “uma sala de aula rica em recursos tecnológicos pode ser pobre em interatividade e vice versa”. Logo, realmente não basta apenas inserir o uso do computador para mudarmos o paradigma da ‘pedagogia da transmissão’. É importante reforçar que os autores mencionam que não se trata de priorizar o gênero digital em detrimento dos demais, mas sim de dar espaço a todos os gêneros (inclusive os mais tradicionais) que auxiliem na formação do aluno, pensando também em sua participação social. De modo que, o papel do professor também se transforma, deixando de ser “fonte” de conhecimento para tornar-se “ponte”. Há necessidade de reordenar e repensar as atividades escolares com o uso de meios tecnológicos, para que não ocorra o 13


erro de se praticar a utilização infrutífera do computador nas práticas de ensino escolares. Trata-se, como aponta as leituras, de promover a apropriação consciente dos recursos tecnológicos que hoje, apesar de estarem mais disponíveis (muitos professores relatam que notam maior disponibilidade de computador, embora ainda existam dificuldades), acabam trazendo novas questões: “Embora tenhamos computadores nas escolas, será que esses estão sendo bem empregados, será que os alunos têm se apropriado de conhecimentos, será que têm suprido as necessidades ou as aulas têm sido apenas digitadas?”. Ou seja, “estamos usando a tecnologia, hoje, para fazermos o que já fazíamos antes?”. O fato da prática ser digital não garante a “qualidade”do trabalho em sala de aula. Uma das recomendações para evitar isso expressa que antes de preparar um plano de aula, o professor deve ter em mente se os objetivos esperados não são apenas a adaptação de tarefas que já eram praticadas sem os recursos tecnológicos escolhidos para prática pedagógica. Sem isso, acabaremos tendo perdas e não ganhos com a inserção das novas tecnologias no ambiente escolar. Segundo alguns colegas, os alunos aprendem a manusear rapidamente as novas tecnologias, mas não a refletir conscientemente sobre elas. Eis aí um dos papéis do professor: expandir esse universo de vozes que circulam nos meios digitais, incentivando a análise crítica para que transforme a informação em conhecimento. Pois todas as informações são baseadas, inevitavelmente, em concepções ideológicas implícitas dos seus autores. Nesse contexto, a seguir a autora afirma: Livingstone (2005, p.31) apud Buckingham (2010, p. 49): Nessa perspectiva, o indivíduo digitalmente letrado é aquele que faz buscas eficientes, que compara uma série de fontes e separa documentos confiáveis dos não confiáveis e os relevantes dos aspectos simbólicos ou persuasivos da mídia digital, das dimensões emocionais de nossos usos e interpretações dessas mídias, ou mesmo dos aspectos da mídia digital que excede a mera informação. Isso exige um “momento de adaptação na escola” que pode ser guiado por uma pergunta essencial: “como se pode fazer esses letramentos dialogarem entre si sem causar exclusões e distorções?”.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAGA, D.; BUZATO, M. Multiletramentos, Linguagens e Mídias. Das paredes da caverna ao monitor. SP: UNICAMP/REDEFOR, 2.012. PP 1-6. Material digital para AVA do Curso de Especialização em Língua Portuguesa REDEFOR/UNICAMP. BUCKINGHAM, David. Cultura digital, educação mediática e o lugar da escolarização. Educação & Realidade, v. 35, n. 3, p. 37 – 58, Porto Alegre: UFRS, 2010. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/13077/10270. KOMESU, F. C. Internetês para interneteiros: (Velhas) questões sobre escrita. Estudos Linguísticos, v. 36, n.3, p. 100-107, 2007. LEMOS, A. Anjos interativos e retribalização do mundo. 1997. Disponível em: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/interativo.pdf, acesso em 03/03/2002. MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: Novas formas de construção do sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. PEREIRA, V. A. Tendências das tecnologias de comunicação: Da escrita às mídias digitais. Anais do XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Salvador, BA, 2002. PRIMO, A. Blogs e seus gêneros. Disponível em: http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/50_blogs.pdf, acesso em 18/07/2009. Piconez,S. & Nakashima, R.(2012). Formação permanente de educadores, Recursos Educacionais

Abertos

-REA-

e

integração

dos

conhecimentos.

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Okada,

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http://prof-emylia.blogspot.com.br/2011/01/novas-tecnologias-e-educacao.html. Acesso em 19/05/2012 SILVA, M. Indicadores de interatividade para o professor presencial e on-line. Revista Diálogo Educacional, v. 4, n. 12, p. 93-109. Curitiba: Ed. Champagnat, 2004. http://www.redalyc.org/redalyc/pdf/1891/189117821008.pdf SILVA, M. O que é interatividade. Boletim Técnico do SENAC, v.24, n.2, Rio de Janeiro, 1998, p. 27-35. XAVIER, A. Letramento digital e ensino. Disponível neste link. Como as novas tecnologias afetam o processo de ensino/aprendizagem? Xavier irá refletir sobre as possíveis mudanças que o desenvolvimento de tais tecnologias causarão no processo educacional. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP. Recursos Educacionais Abertos e Redes Sociais. Formação permanente de educadores, REA e integração do conhecimento. Grupo Alpha. São Paulo, Brasil. Disponível em: Oer.kmi.open.ac.uk Acesso em: 19/05/2012

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