Motoristas e praticantes de caminhadas têm relação quase nunca harmoniosa em muitas vias públicas na capital mineira. Página 8
RAÍSSA PEDROSA
YASMIN TOFANELLO
YASMIN TOFANELLO
Pedestres e motoristas que passam pelas ruas Jacutinga e Tito Novaes reclamam da sinalização e reivindicam instalação de semáforo. Página 4
Após ostracismo, Sérgio Mallandro vive uma fase produtiva na carreira.Ele revela estreia de programa no Multishow e filme em Las Vegas. Página 16
marco jornal
Ano 40 • Edição 292
LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas
Setembro • 2012
RAISSA PEDROSA
ELEIÇÕES MOBILIZAM CIDADÃOS Aos 101 anos, Raimunda Luzia da Conceição dá um exemplo de compreensão da importância do voto para a consolidação do processo democrático. Mesmo desobrigada de votar, inicialmente por ser analfabeta e, depois pela idade, ela tirou este ano seu título eleitoral e espera que a eleição municipal, que acontecerá em 7 de outubro, seja a primeira, mas não a última. Por outro lado, há o eleitor que pretende manifestar seu descontentamento com os políticos, anulando ou votando em branco. Entrevistado pelo MARCO, o cientista político Rudá Ricci alerta
que esse comportamento é uma falsa demonstração de revolta. “Não gera absolutamente nada. O voto branco é computado como voto válido, mas se confunde com indecisão, não como protesto”, observa. Com a proximidade da eleição, as campanhas chegam cada vez mais às ruas e os programas com as propagandas dos candidatos veiculados pela televisão e rádio, no horário eleitoral gratuito, passam a ser mais assistidos e comentados. Há quem aproveite o momento político para conseguir trabalho temporário, distribuindo ‘san-
tinhos’ dos postulantes aos cargos, agitando bandeiras, colocando adesivos em carros ou tomando conta de ‘cavaletes’ distribuídos em praças e vias públicas. Páginas 10, 11, 12 e 13
Museu da FEB é revitalizado em BH Novas referências agora identificam o Museu da Força Expedicionária Brasileira, no Bairro Floresta. O monumento ao soldado anônimo, o “Praci-
nha”, ou mesmo “Guarda Belo”, como era chamado pelos flanelinhas, foi transferido da Praça Afonso Arinos, e um canhão de guerra foi trazi-
do do Rio de Janeiro. Com mais atrativos, o número de visitantes aumentou de 110 para 1 mil pessoas por mês. Página 8
Comunidade do Beira Linha protesta Insatisfeitos com a proposta de indenização feita pela Prefeitura, moradores da área do Beira Linha, no Bairro São Gabriel, protestam contra a desapropriação de seus imóveis. Ao todo, são 288 famílias a serem removidas de suas casas nessa área, e o que mais os preocupam, é que terão que deixar o bairro por não conseguirem comprar uma casa ou apartamento com o valor pago por seus imóveis. Página 6
SARA MARTINS
Lazer sobre as águas do parque ANA CAROLINA SIMÕES
Na Lagoa dos Barcos, em meio a marrecos e pombos, e entre uma ponte e um chafariz, pessoas de todas as idades remam tranquilamente seus barcos no Parque Municipal de Belo Horizonte. Apesar de ser uma forma antiga de lazer, pois estão
lá há 60 anos, os barcos ainda são uma das principais atrações. Casais e famílias inteiras utilizam-se dos barcos, que são construídos e mantidos pelo barqueiro Ivanilton Almeida Rodrigues, que administra o negócio. Página 14
2 Comunidade
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Setembro • 2012
EDITORIAL
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A importância do voto consciente na eleição 2012
PARÓQUIA SÃO JOÃO BOSCO DE CARA NOVA A reforma que se iniciou há cerca de um mês promete trazer melhorias no atendimento à comunidade do Dom Bosco FELIPE GIUBILEI
n ÍGOR PASSARINI,
n FELIPE ALVES GIUBILEI
4º PERÍODO
3º PERÍODO
Na primeira edição deste semestre, o MARCO entra no contexto político e traz reportagens que mostram como a população tem reagido à campanha eleitoral municipal e de que forma o tema eleições 2012 tem atingido as comunidades. São apresentadas situações que servem de exemplo, como a de Francisco de Assis dos Santos que já participou de quase quarenta eleições e que, mesmo liberado de votar desde 1989, faz questão de exercer o direito como cidadão. É uma época em que é comum ver panfletos e santinhos jogados pela rua, além dos tradicionais carros de som que provocam poluição sonora por onde passam. Nesse número, mostramos que essa prática divide opiniões no Bairro Coração Eucarístico. Já em Itabirito, o Ministério Público e os candidatos da cidade encontraram uma solução para este problema. Foi assinado o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que prevê a proibição desse tipo de propaganda eleitoral. A atitude repercutiu positivamente na cidade e propiciou um contato mais próximo do eleitor às propostas de cada candidato, já que estes tem que recorrer a comícios e passeatas para alcançar o público. Também mostramos a matéria sobre o Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp) que desde 2006 tem como objetivo levar até as pessoas a formação e aprendizagem sobre política, mostrando entre outras coisas, o que um voto pode representar e a importância de se fazer um acompanhamento mais detalhado de todo o processo junto à comunidade. Parte do material ministrado nessas palestras será transformado em textos que serão utilizados a partir do ano de 2013 em debates sobre política e corrupção na disciplina Filosofia II, que faz parte de todos os cursos da Puc Minas. Tomar a iniciativa e procurar soluções junto aos órgãos competentes para tentar resolver os problemas da comunidade em que vive. Foi o que fez Gilson Pereira Dias, morador do Bairro João Pinheiro, que enviou uma reinvidicação à BHTrans pedindo a instalação de dois semáforos na Avenida Vereador Cícero Idelfonso em decorrência do número excessivo de acidentes ocorridos no local. No último mês, depois de dois anos de espera, a solicitação foi atendida e a obra realizada. Outro fato que teve um retorno positivo foi a reportagem sobre a boca de lobo à Rua Madre Mazarello, no Bairro Dom Cabral. Dois dias após os repórteres do MARCO apurarem sobre o problema e ouvirem a denúncia dos moradores, a situação foi resolvida. Com muita descontração e respostas afiadas, Sérgio Mallandro é o entrevistado deste mês. Em um papo divertido, ele fala sobre o atual momento dos programas de humor no Brasil, do seu dia a dia no stand up, de projetos futuros e até da época em que se aventurou como canditato a vereador em São Paulo.
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ERRAMOS
A autora da foto que ilustra a matéria “Escola promove aulas de skate”, publicada à página 12 da edição 291, em julho último, é a estudante de jornalismo Ana Carolina Simões.
EXPEDIENTE
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jornal marco Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: jornalmarco@pucminas.br Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920 Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286 Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Profª. Maria Libia Araújo Barbosa Coordenador do Curso de Jornalismo: Profª. Francisco Braga Coordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Alessandra Girardi Coordenador do Curso de Jornalismo (São Gabriel): Prof. Jair Rangel Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditor: Profª. Maria Libia Araújo Barbosa e Prof. Mário Viggiano Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Monitores de Jornalismo: Carolina Sanches, Fabiana Gatti, Felipe Augusto Vieira, Joana Diniz Aragão, Ígor Passarini, Marina Neves, Michelle Oliveira, Mouni Dadoun e Raíssa Pedrosa Monitoras de Fotografia: Raquel Dutra e Yasmin Tofanello Monitora de Diagramação: Marcela Noali Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares
"Uma coisa são os sonhos que a gente tem, outra coisa é a realização desses sonhos", observa padre Edecildo José Antônio Prado da Silva, 49 anos, referindo-se às reformas que estão em andamento na Paróquia São João Bosco, onde atua há dois anos e meio. Vendo a necessidade de preservar o patrimônio material da paróquia e buscar dar condições de um atendimento mais qualificado a toda demanda da comunidade, padre Edecildo, o grande idealizador da reforma, resolveu arregaçar as mangas e buscar soluções para que este sonho saísse do papel. Para que isto se tornasse realidade, além da ajuda dos fiéis com suas ofertas e pagamento de dízimos, usaram recursos conquistados através de um empréstimo ao fundo de solidariedade das paróquias, uma instituição ligada à igreja católica que faz empréstimos sem cobrar juros. "Ainda estamos pagando, inclusive", completa padre Edecildo. A reforma ainda não será feita na igreja propriamente dita. Ela, que teve início em Outubro de 2010, já contou com a melhoria da quadra poliesportiva que atualmente atende a escolinhas de futebol e vôlei e do antigo oratório, que ficou fechado por cinco anos e hoje
Padre Edecildo e os funcionários que participam da reforma da Paróquia São João Bosco se tornou um centro pastoral que atende mais de duzentas crianças que estão na catequese e mais de cem jovens que estão na crisma. Além das reuniões de todas as pastorais da igreja que também acontecem no local. A atual reforma que se iniciou há aproximadamente um mês, está voltada para a melhoria da secretaria, da sacristia, do salão paroquial e da casa paroquial. Segundo padre Edecildo, essas obras estão sendo feitas para trazer benefícios que até então eles não tinham por lá. Por exemplo, uma capela do santíssimo sacramento que será construída para acolher os fiéis durante o dia, para que possam ter um cantinho de
oração e de adoração. Banheiros também serão construídos, inclusive sanitários para deficientes, recurso que eles também não tinham. "Esta reforma será muito boa para nós que frequentamos a paróquia. Ela ficará mais bonita, nos fazendo se sentir ainda mais acolhidos do que nos sentimos hoje", comenta Ana Luzia Magalhães, 56, frequentadora da Paróquia. Além das reformas, existe a ideia de um acréscimo em termos de construção na paróquia, porém, nada está definido. "Está em projeto ainda. Algumas arquitetas estão trabalhando nisto", informa padre Edecildo. A igreja em si também passará por reforma, mas
ainda sem data para o início das obras. Segundo o padre, haverá pintura por dentro e por fora, talvez piso. A futura obra visa os 60 anos da paróquia, a serem completados no dia 31 de dezembro deste ano. Como a obra é basicamente financiada pelos fiéis e suas contribuições, a obra caminha devagar. À medida que eles vão contribuindo, o dinheiro é investido na reforma. "Eu vejo que sonho mais que a minha capacidade de realizar esses sonhos. Mas aos pouquinhos, a gente percebe que está atendendo essas expectativas que também havia no coração dos nossos fiéis", completa padre Edecildo.
Falta de coleta seletiva é problema n BRUNO COSTA DANIEL DE PAULA MARCOS ROBERTO
quanto a retirada de um contentor de lixo reciclado, localizado em frente à PUC. "Bairros de classe média e alta, como o Coração Eucarístico, que apresentam maior consumo, deveriam ser cobertos pela coleta seletiva", diz Vânia Veloso, 52 anos, proprietária de
lizado pelos moradores da região, ficando quase sempre cheio, entretanto era alvo constante de depredações, inclusive por catadores. 1º PERÍODO "Tornou-se difícil reciclar", lamenta Carlos. Os moradores dos bairros A Prefeitura de Belo Horizonte Conjunto Califórnia 1, Coração informa, por meio de nota, que o Eucarístico e Dom Cabral reclaserviço de coleta seletiva mam da falta de coleta seleR D está passando por reformutiva. No Califórnia 1, a situlação, em consequência, inação é ainda pior: além da clusive, do mau uso e conscoleta seletiva deficiente, o tantes depredações. Atualbairro sofre também com a escassez de lixeiras nas vias mente, a coleta porta a porpúblicas. Segundo a atenta já foi implementada em dente Jaqueline Pereira, 41 30 bairros, atendendo 354 anos, há cerca de um ano mil moradores e saturando uma grande lixeira, que a capacidade de processaatendia aos comerciantes mento das associações e foi retirada. Para contornar cooperativas. Não há prea situação, o lixo comercial visão para implantação de acaba sendo descartado serviços na região. como lixo doméstico, geranEm relação à falta de lido um enorme problema, xeiras no Califórnia 1, a para resíduos altamente Prefeitura de Belo Horizonperecíveis, como as sobras de carne do açougue, já que te afirma, também em nota, a coleta não é diária. que o bairro é atendido por Josiane Galvão, assistensete cestos de lixo e que será te na Associação dos Morabeneficiado, em breve, com dores, reconhece o probleOs sacos de lixo são jogados de forma aleatória na calçada a instalação de novas lixeima e afirma que a instalação de várias lixeiras no ras próximas aos pontos de bairro só foi possível graças a uma papelaria. O comerciante ônibus, como parte de um prograintervenção da própria associação. Carlos Hebert, 49, concorda com ma que aumentará para 20 mil o Já no Coração Eucarístico e a reclamação e afirma que o connúmero de cestos no município. Dom Cabral a maior queixa é tentor de recicláveis era bem utiAQUEL
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Comunidade Setembro • 2012
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YASMIN TOFANELLO
PARCERIA ENTRE COMERCIANTES E PM O elevado número de assaltos à estabelecimentos no Coração Eucarístico resultou na implantação da parceria. A queda de furtos e roubos alcança os 11% e é ainda mais expressiva no Dom Cabral, atingindo 20% n CLARA BERNARDES DE ALMEIDA DOUGLAS SILVA PEREIRA JÉSSICA DE FREITAS DIAS 1º PERÍODO
Com o objetivo de reduzir a elevada frequência de assaltos aos estabelecimentos comerciais localizados à Rua Imbiaçá, no Bairro Dom Cabral, foi estabelecida uma parceria entre a Polícia Militar e comerciantes. O tenente Raphael Antônio Campos Silva, 30 anos, do 9º Batalhão da PMMG, responsável pelo setor em que está localizado o Bairro Dom Cabral, conta que teve sua atenção despertada pelo fato da área ser alvo constante dos assaltantes. Isso o levou a procurar o comerciante Celso da Glória Lessa, 51 anos, proprietário do Supermercado Coelho, que propôs a parceria. Segundo o tenente, a equipe que faz o policiamento na região é a mesma diariamente, o que permite a relação de confiança entre comerciantes e policiais, possibilidade essa que facilita, e muito, a ação e, consequentemente, a eficiência da PM.
Desse modo, é comum que ao se sentirem ameaçados, os proprietários de estabelecimentos comerciais possam ligar para o Batalhão da Polícia Militar ou, diretamente, para determinados membros da equipe. O sistema de monitoramento é feito por meio de rondas diárias, além dos policiais em pontos estratégicos, já que a ideia é a presença do policiamento para que se possa intimidar os delinquentes. "Precisamos dar o apoio necessário aos comerciantes e moradores para que se sintam seguros, e essa parceria visa exatamente essa ajuda mútua, que já está acarretando resultados", afirma o tenente Raphael. Desde que o projeto foi implantado na Rua Imbiaçá, a taxa de furtos e roubos diminuiu 11% no Bairro Coração Eucarístico. A queda foi ainda mais significativa no Bairro Dom Cabral, caindo em 20%, no período de janeiro a agosto de 2012 em relação ao mesmo período de 2011. Outra forma que os comerciantes, em particular, encontraram
para afastar os bandidos foi colocar uma placa "avisando" que ali existe a parceria com a PM. "Alguns comerciantes tiveram receio de colocar a placa exposta, pois os assaltantes poderiam ficar chateados, e puseram a placa dentro do estabelecimento. A questão é que a gente precisa intimidar", diz Celso. "Não há esse risco de represália, a placa é uma identificação do projeto", explica o tenente, rebatendo a causa do temor desses comerciantes. Segundo ele, nessa fase o programa visa a prevenção, para que não haja reincidência, o que levaria os comerciantes a baixarem as portas. Com o projeto ainda em fase de adaptação, há elogios e alguns pontos a serem melhorados. "Acho que a presença da polícia melhorou bastante a questão da segurança na rua e a blitz realizada algumas semanas atrás foi fantástica", comenta Tiago Torres Machado, 28 anos, proprietário da Lanchonete Cabral. Mas, ele ainda vê problemas como, por exemplo, a falta de revistas constantes e sugere que haja uma ronda mais periódica.
Celso da Glória Lessa, dono de um supermercado, idealizou a parceria junto com a PM O cabeleireiro Milton Batista, 47, enfatizou a eficiência do projeto da PM. "Inicialmente, na região, tínhamos muitos assaltos, além de alguns homicídios. Essa ação da polícia ajudou bastante, visto que a tendência era piorar. Uma das ações que chamou atenção foi a blitz realizada algumas semanas atrás", observa. Questionados sobre a aceitação da comunidade, todos os entrevistados foram enfáticos ao dizer
que esta foi 100% a favor da iniciativa. As reuniões para discutir aspectos críticos são, a princípio, realizadas mensalmente. Quando é necessária reunião extra, a solicitação é feita ao tenente Raphael. A respeito da reincidência, revelaram que houve assaltos depois da implantação da parceira, mas existe a compreensão de que o projeto é recente e precisa de aprimoramentos.
Alto número de candidatos a vereador no Bairro São Gabriel n MICHELLE OLIVEIRA 4º PERÍODO
A cada quatro anos, acontecem no Brasil as eleições para os cargos de vereador e prefeito. 2012 é um ano de eleger os governos dos municípios. Segundo a diretora do Cartório da 331° Zona Eleitoral, Maria Lúcia Lachini, o Bairro São Gabriel possui 20 candidatos a vereador que residem no bairro. Nenhum dos postulantes ao cargo de prefeito e vice-prefeito moram ali. O número pode ser considerado alto em função do bairro não ser grande. Por ser um bairro residencial, as pessoas conhecem umas as outras e costumam dar preferência aos candidatos locais. Este é o caso da atendente e moradora Marta Martins Caldeira que diz já ter seu candidato escolhido por conhecê-lo e saber do seu caráter. "Eu dou preferência por votar em candidato do bair-
ro. O que escolhi para eleger conheço de outra campanha e vou continuar apoiando enquanto valer a pena", afirma. Também morador do bairro, Luciano Tadeu garante que, em primeiro lugar, dá preferência aos candidatos locais, mas não exclui votar em gente de outras regiões. "A preferência é dos candidatos do bairro caso tenham feito algo a favor do local, mas se não houver bons candidatos, dou preferência a outros", diz. As propostas dos candidatos têm sido variadas. Através de banners, pinturas, quadros e sites, eles expressam o que pretendem fazer. Há promessas de melhorias nas condições de acessibilidade, transporte mais justo, melhoria na saúde local. Destacam-se também os pedidos de apoio baseados na ideia de votar em gente que conheçam. Rede de esgoto aberta, policiamento, asfaltamento, saúde, educação e lazer foram
algumas das melhorias desejadas pelos moradores entrevistados pelo MARCO. A balconista e moradora Márcia Cristina Barbosa diz que gostaria que melhorassem alguns aspectos no bairro. "A rede de esgoto aberta, o asfalto, o policiamento, a segurança em geral são assuntos que acredito que vereadores possam resolver", opina. Marta diz que a saúde é o que mais precisa no momento. "Faltam médicos no posto de saúde. Falta tudo", acrescenta. A vendedora e moradora Briana Paula de Oliveira Assunção conta que analisa antes de tomar a decisão. "Na escolha do meu candidato, eu avalio a sua ficha se for candidato à reeleição. Também analiso as propostas", diz. O Bairro São Gabriel assim como o restante da cidade está com um grande número de propagandas eleitorais. São os então chamados santinhos sendo entregues nas portas dos estabelecimentos
comerciais, cavaletes em acostamentos e calçadas, banners e placas por casas e muros pintados. Impossível passar pelas ruas e não percebê-las. REIVINDICAÇÃO O presidente da Associação dos Moradores do Bairro São Gabriel, Sebastião Freitas, relata que a mudança mais recente que a população está empenhada em conseguir é a ampliação do itinerário do ônibus que serve ao bairro, levando-o para a parte em que ele não passa. "Muita gente vem aqui pedindo isso. Não há nenhuma linha que passe no outro lado do bairro que leve diretamente aos hospitais", afirma. Ele conta que foi feito um abaixo-assinado com 800 assinaturas, entregue à BHTrans. "Também tive uma reunião com a BHTrans, que disse que será feito um estudo sobre o assunto", completa.
Iniciativa de morador é conquista para comunidade RAQUEL DUTRA
n FELIPE AUGUSTO VIEIRA MOUNI DADOUN 5º E 7º PERÍODO
As Ruas Nogueira da Gama e Marquês de Lavrádio, que fazem esquina com Avenida Vereador Cícero Idelfonso, antiga Avenida Delta, foram alvo de reclamações de moradores da região do Bairro João Pinheiro, por causa das batidas e do rápido fluxo de trânsito, uma das causas desses acidentes. No local existiam duas rotatórias que, de acordo com pedestres e moradores, não evitavam que acidentes e atropelamentos acontecessem. Outra queixa é sobre a dificuldade de acesso entre os Bairros João Pinheiro e Dom Cabral que concentram estabelecimentos comerciais que atendem aos bairros. Em nome da comunidade e na tentativa de resolução dos problemas, o despachante autônomo Gilson Pereira Dias, 59 anos, que mora próximo à avenida, fez uma solicitação oficial à BHTrans em 7 de maio de 2010 para que as rotatórias fossem retiradas e que fossem instalados dois semáforos
no local, com a intenção de facilitar o trânsito de pedestres. A resposta chegou em 30 de julho, através de um documento da BHTrans, que informava a aprovação à sua solicitação, e no dia 9 de agosto último, foram instalados os semáforos. "Aqui já teve muito acidente. Colocaram uma rotatória, qual eu fui contra, mas os acidentes continuaram", explica. Essa luta que durou dois anos nasceu de vários acidentes ocorridos na região. Em um deles, uma vizinha de Gilson foi atropelada. "Muitos tinham medo de atravessar a avenida. Eu mesmo ficava apreensivo. O pedestre também não faz sua parte, quando não espera o sinal abrir e nem os carros passarem, mas a implantação de sinalização ajuda a evitar acidentes, e já dá para sentir e ver a melhora", afirma. Ele ainda se recorda de ter que pedir para que os carros parassem para a travessia de pessoas idosas, que ficavam muito tempo aguardando pela oportunidade de atravessar. "Muitas vezes eu parava e pedia para que dessem preferência para os
transeuntes", conta. Segundo ele, a comunidade e os motoristas da região reagiram de forma positiva às mudanças. Gilson não faz parte da associação de bairro e nem tem cargo político. "Foi um pedido meu e uma conquista da comunidade. Sou compromissado com a comunidade, voluntário e preocupado com os problemas dela. Não precisa ser líder para agir em prol da comunidade", afirma. A estudante Richelle Stephanie, 17, confirma que era muito difícil atravessar de um lado da Avenida para o outro. Principalmente por volta das 12h. "Após a implantação desses semáforos, está muito bom para atravessar agora com esses semáforos. Antes era muito difícil atravessar, ir fazer compras do outro lado da avenida, agora está melhor", diz. Em contrapartida, o comerciante Paulo Lara Júnior de 46, afirma que mesmo com a implantação dos semáforos, os carros continuam em alta velocidade. "Antigamente, quando ainda não tinha nem rotatória, morriam aproxi-
madamente oito pessoas por ano. Agora, com a colocação do semáforo, o problema é a velocidade que os carros descem a avenida. Tem que colocar alguma coisa para controlar a velocidade dos veículos, seja por meio de radar, placas de alerta ou redutores de velocidade. Há poucos dias um caminhão bateu em um ônibus, por não ter visto o sinal", alega. MAIS CONQUISTAS A implantação dos semáforos não foi a única conquista da comunidade, por meio de Gilson. Frequentadores da Praça Chuí, próxima a Avenida Cícero Idelfonso, também reclamavam de coqueiros que causavam acidentes, principalmente com crianças. Gilson conseguiu a retirada dos coqueiros por intermédio da Prefeitura. A falta de lixeiras fazia da praça um local sujo, de acordo com o despachante. Gilson tomou a iniciativa de cortar galões de água, furá-los na base e fazer destes, lixeiras, o que, de acordo com ele, melhorou o local para lazer, conforme publicado na edição 286 do MARCO.
Após dois anos de espera, Gilson comemora semáforo
4 Comunidade
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Setembro • 2012
MOTORISTAS E PEDESTRES EM PERIGO A má sinalização e a falta de semáforos, além de pouca iluminação, são problemas para pedestres e motoristas que transitam pelas Ruas Jacutinga e Tito Novaes, no Bairro Minas Brasil YASMIN TOFANELLO
n AMARANE SANTOS JULIANA LACERDA
Falta de iluminação deixa moradores inseguros e ‘olho vivo’ é reivindicado
3º PERÍODO
Maria de Oliveira Andrade, 56 anos, técnica de exportação, quase presenciou um acidente entre carros enquanto concedia entrevista ao MARCO. “Os carros deveriam vir devagar, mas... Olha lá, a van quase bateu naquele carro, estão vendo?”, narrou atônita, a moradora da Rua Jacutinga, esquina com Tito Novaes, no Bairro Minas Brasil. Depois de reportagem feita pelo jornal há um mês, a equipe do MARCO voltou ao local e constatou que o problema continua. Ainda não foi colocado o semáforo para controlar o movimento de veículos nas duas ruas e os acidentes continuam. Segundo Marli da Conceição Miranda, 51 anos, auxiliar geral e de limpeza da Paróquia São Luiz Gonzaga, situada à Rua Tito Novaes, os moradores estão apreensivos. Ela conta que, principalmente aos finais de semana, o movimento é intenso e a implantação de um semáforo é urgente. “O pessoal tem muita dificuldade para atravessar porque vêm carros de todos os lados, não existe a mão única. Eu mesma quase fui atropelada”, reclama. Além de Marli, o pa-
Cruzamento entre ruas Jacutinga e Tito Novaes no Minas Brasil é desafio diário aos motoristas que ali trafegam dre José Resende, responsável pela paróquia, também demonstrou preocupação. Para ele, falta atenção aos motoristas que não respeitam os cruzamentos, dirigem em alta velocidade e causam acidentes todos os dias. “À noite é o pior horário, parece o Egito, de tantas pessoas e tantos carros passando. O trânsito fica bem agarrado e eu mesmo já fui vítima, essa semana. Um motoqueiro bateu no meu carro”, conta. Segundo padre José, houve uma reunião com a BHTrans para
discutir o problema. “A reivindicação da comunidade é a seguinte: foi feita a reforma do asfalto, ficou ótimo, mas temos que tomar providências. Muita gente até deixa de vir à missa porque tem medo do trânsito. Se possível poderiam mudar a mão e contramão aqui na porta da igreja. A BHTrans ficou de resolver isso com mais rapidez, tanto sobre a sinalização, o redutor de velocidade e também uma rotatória para o trânsito fluir, mas ainda não obtivemos resposta. O que a comunidade quer é a me-
lhoria do trânsito e o respeito à vida humana”, conclui. A reunião citada por padre José foi feita em junho de 2012 com o objetivo de decidir quais medidas poderiam ser tomadas. Em nota ao MARCO, a BHTrans informou que elaborou um projeto que prevê implantação de gradis, sinalização vertical (placas) e horizontal (pinturas no asfalto). “O objetivo é aumentar a segurança dos motoristas e pedestres. A previsão de execução é setembro deste ano”, diz a nota.
A falta de iluminação nas ruas Tito Novaes e Jacutinga é outro problema enfrentado por moradores e pedestres. Como consequência, as ruas acabam virando refúgio de moradores de rua e assaltantes, deixando os moradores preocupados. As missas celebradas à noite estão ficando mais vazias na Paróquia São Luiz Gonzaga, segundo o padre José Resende. “Na missa da noite muitas pessoas estão deixando de vir, porque as ruas são muito escuras principalmente, a Jacutinga”, observa. Para Silvana Amorim, a principal razão da escuridão são as árvores que obscurecem as luzes dos postes e tornam a rua um ponto de marginalidade. “A iluminação aqui é bem ruim, acho que são essas árvores que atrapalham muito”, reclama Silvana. Ela ainda acredita que uma boa solução seria a implantação de câmeras na região. “Acho que se melhorarem a iluminação, ajuda bastante no proble-
ma. O olho vivo também seria muito importante, se tivesse, nos daria mais segurança”, diz. Já Marli da Conceição Miranda crê que as árvores são o principal esconderijo dos assaltantes. “Saio da igreja às 18h30 e nunca aconteceu nada comigo, mas tenho medo de passar aqui, fica muito escuro. Além disso, o pessoal se esconde atrás das árvores para assaltar”, conta. Em nota ao MARCO, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informa que para avaliar a iluminação das duas ruas é necessário que os moradores liguem no número 116 e solicitem a Desobstrução da Iluminação Pública. Se for preciso poda de árvores, a entidade realiza de sete a 14 dias após a solicitação. No caso de retirada de alguma árvore ou colocação de novos postes de luz, é necessário a solicitação à Prefeitura para que seja autorizada. A Cemig apenas presta o serviço.
Numeração invertida gera problemas aos moradores n ÍGOR PASSARINI MARINA NEVES 4º PERÍODO
De um lado, onde deveriam ter números pares, também existem números ímpares. Do outro, números ímpares se misturam com os pares. E como se não bastasse, o número 230 está ao lado do 161. Uma situação que deixa confusos moradores, pedestres e entregadores na Rua Dom João Antônio dos Santos, no Bairro Coração Eucarístico. "As pessoas vêm de fora e é difícil encontrar o número, porque não segue a ordem numérica", conta o aposentado José Andrelino dos Santos, 83 anos. Ele relembra que essa situação já aconteceu várias vezes, quando seus amigos foram visitá-lo e até mesmo com entregadores. "Esses dias mesmo o rapaz veio trazer uma escada aqui, não encon-
trou a rua e teve que voltar uma segunda vez", relata. A esposa de José Andrelino, Corina Pinto dos Santos, 76 anos, ainda completa dizendo que algumas entregas costumam voltar. Jarbas de Oliveira, 38 anos, dono de um salão localizado no bairro, revela que muitos clientes reclamam da numeração desordenada da rua,
sendo frequente o uso de referências para que a pessoa ache o local corretamente. "Você só consegue localizar o endereço aqui se alguém lhe der referências: ah, é do lado do posto, é do lado de uma casa, é do lado do prédio cor tal; aí sim você consegue localizar direito o que você quer, a numeração que você deseja", conta.
O cabeleireiro ainda declara que muitos motoqueiros passam buzinando à procura de informações. "Quantas vezes eu escuto motoboy buzinando por ali perguntando: o número tal fica para lá ou para cá? Isso já aconteceu várias vezes", observa Jarbas. João Antônio Marquezino, 24 anos, motoboy YASMIN TOFANELLO
José Andrelino dos Santos conta que já teve problemas provocada pela desordem dos números da rua onde mora
de uma farmácia localizada no Coração Eucarístico, conta que, no começo, se atrapalhava com a desordem da numeração, mas hoje, por estar trabalhando há um ano e meio na região, ele já se acostumou. João também acrescenta que uma possível solução para evitar novos transtornos seria que a Rua Dom João Antônio dos Santos fosse nos dois sentidos. "O ponto negativo é que a rua é mão única e se a gente passa do ponto tem que dar volta e isso gasta tempo. Não chega a ser muito complicado porque é uma rua curta, então, é só ir devagar na segunda vez, mas se fosse mão dupla ajudava bastante", diz. ALTERAÇÃO Encontrar o número desejado deixou de ser um problema para os moradores de um edifício localizado à
Avenida Ressaca, no Bairro Coração Eucarístico. Como retratado na edição 291 do Jornal MARCO, dos quatro imóveis que apresentavam o problema, apenas um deles foi solucionado. "Ninguém achava o número do nosso prédio se você não desse uma referência", relembra a moradora Arlete Martins, 75 anos. Agora, após a instalação de uma placa provisória no edifício, indicando a mudança do número 245 para 125, as complicações geradas pela desordem numérica diminuíram. É o que explica Maria Cleuza Mollica, 72 anos. "Por enquanto não estamos tendo consequências negativas porque colocaram uma placa que tem a numeração nova e a antiga. A única questão é que agora temos que mudar o número para as correspondências", comenta.
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SÃO GABRIEL ENFRENTA EXCESSO DE TRÁFEGO Falta de obras viárias e descaso do governo são causas da lentidão no trânsito na região apontada por pessoas que transitam por ali diariamente. Pequenas vias de acesso à PUC não comportam o grande número de veículos circulando no local LEIDIANE SOUSA
n LEIDIANE SOUSA LUCIANO CRUZ 2º PERÍODO
Lentidão, engarrafamento e trânsito complicado nos horários de pico há muito tempo deixaram de ser uma realidade apenas dos grandes corredores de tráfego de Belo Horizonte. Hoje, muitos bairros da capital enfrentam essa difícil rotina, mas sem a atenção que os principais corredores recebem por parte das autoridades. É o caso do Bairro São Gabriel, na Região Nordeste, localizado justamente entre três importantes vias da capital – Anel Rodoviário, Avenida Cristiano Machado e Via 240. Falta de infra-estrutura, grande fluxo de veículos e falta de educação por parte dos motoristas complicam ainda mais a situação que tornase crítica nos horários de maior movimento. Um dos principais acessos ao bairro e à unidade da PUC Minas, a Rua Jacuí é um bom exemplo. Muito utilizada por motoristas que vem da Avenida Cristiano Machado, a rua é alvo constante de reclamações por parte dos que fazem o trajeto diaria-
Grande número de automóveis na rotatória de acesso à PUC Minas causa transtorno e lentidão no trânsito local mente e de moradores da região. "O trânsito na Jacuí está bastante caótico. Acho que deveria ser analisado um projeto de melhoria para área", comenta Érika Fabiana Marinho, de 36 anos, estudante do 6º período de Ciências Contábeis da PUC Minas, Campus São Gabriel e que utiliza diariamente o ônibus para chegar à universidade. A situação se complica
ainda mais na rotatória que recebe o fluxo de veículos do Anel Rodoviário, pela Rua São Gregório, em direção à Cristiano Machado e Via 240, segundo Roldão Paz Félix, de 46 anos, que trabalha há 23 como motorista de ônibus – os dois últimos na linha 810 (Estação São Gabriel/Dom Silvério). "O principal acesso (ao São Gabriel) é pela Jacuí e pela Via 240. Encontra tudo
(fluxo de veículos) ali na rotatória e por isso dá congestionamento. Já foi colocado um semáforo ali, mas só piorou", afirma. A largura insuficiente da Rua Jacuí é um dos motivos do trânsito complicado. "A solução seria deixar a Jacuí em mão única", sugere Roldão. O semáforo também não resolveu o problema na opinião de Luiz Fernandes, de 35 anos, também motoris-
ta. Na profissão há 12 anos, os últimos cinco passados na linha 3503 A (São Gabriel/ Santa Terezinha), Luiz também recomenda intervenção da Prefeitura na Rua Jacuí. "Tinha que melhorar muito aquele itinerário ali atrás da Estação (Rua Jacuí), talvez duplicar, porque no horário de entrada da faculdade (PUC Minas) fica insuportável passar por ali. Já colocaram um semáforo (na rotatória) e piorou, daí tiraram há um ano ou mais. Se alargassem a Jacuí, para passar mais carros de uma vez, melhoraria bastante", diz. Mas não é só a falta de infraestrutura e o excesso de veículos que contribuem para o trânsito complicado na Rua Jacuí. Também a falta de educação por parte dos motoristas piora ainda mais a situação. "O problema não é só porque a Jacuí é estreita. Não se respeita a preferência na rotatória. Aqui prevalece a lei do mais esperto", afirma Carlos Alberto Duarte da Silva, 48, e morador do Bairro São Gabriel desde que nasceu. Proprietário de uma distribuidora de gelo localizada justamente na esquina entre as ruas Jacuí e São Gregório, em frente à rotatória, Carlos ainda menciona que o alto fluxo de veículos é bom para os negócios, mas ruim para os moradores que muitas vezes encontram dificuldades até mesmo para saírem com seus carros da garagem nos horários de pico. A também moradora da Rua Jacuí, Terezinha Augusta da Silva, 65, destaca a mesma dificuldade enfrentada por quem mora ali e precisa sair de casa nos horários de maior movimento.
"É muito complicado. Para a gente sair da garagem é muito difícil, tem de esperar bastante", diz. Moradora do bairro desde que nasceu, Terezinha também acredita que o alargamento da Rua Jacuí seria uma boa medida, pois ela é um acesso ao Anel Rodoviário e à Via 240.
RODOVIÁRIA A construção do novo terminal rodoviário de Belo Horizonte, junto à estação BHBus, no São Gabriel, promete grandes mudanças para a situação do trânsito na região. O investimento será de R$ 56,5 milhões, R$ 6,5 direcionados exclusivamente à melhoria da estrutura viária ao redor do empreendimento. "Com essa obra, o eixo da Rua Jacuí será deslocado. Teremos alterações em todo sistema viário do entorno. Com isso aquela rotatória (esquina das ruas Jacuí e São Gregório) sofrerá alterações também. Já existe um projeto rodoviário pré-aprovado junto ao DNIT", confirma o gerente de Ação Regional Norte e Nordeste da BHTrans, Luiz Fernando Libânio. Sobre uma medida a curto prazo para minimizar os problemas da Jacuí, a BHTrans confirma a realização de uma 'operação presença' na região da rotatória. "De imediato estaremos colocando uma equipe, até com o objetivo de monitorar e acompanhar o trânsito durante os horários de pico da manhã e da noite”, observa Luiz Fernando Libânio.
Comércio no bairro não atende aos moradores n LEONARDO APOLINÁRIO MARCOS TADEU 2º PERÍODO
Moradores do Bairro São Gabriel, na Região Nordeste de Belo Horizonte, reclamam da carência no comércio local. De acordo com as pessoas que ali residem, faltam mais estabelecimentos, que dariam maior opção na hora das compras. Henrique Barreto, que mora há 25 anos no São Gabriel,
acredita que para os moradores em geral o comércio não atende. "Geralmente eu não compro nada no bairro, só compro aqui coisa de urgência, as compras saem caras e a qualidade não é tão boa", explica Henrique. Para Carla Regina, o comércio não a atende às expectativas. "Os preços são bem mais caros que nos outros lugares", observa. Carla ainda conta que a diferença nos preços dos
produtos de um hipermercado no bairro é mais alto do que em produtos de marcas melhores na mesma rede de hipermercados no Bairro Cidade Nova. Existe também um outro problema, o comércio se concentra apenas na Rua Anapurus, região central do bairro, dificultando para os moradores que moram no entorno. Para esses moradores, o comércio que predomina no bairro são os bares. Segundo a Se-
cretaria Municipal de Finanças, no Bairro São Gabriel existem 816 estabelecimentos ativos, entre comércio, indústria e prestação de serviços. Se para os moradores o comércio é insuficiente, para os comerciantes uma insegurança. Marcelo Leite, proprietário de um salão de beleza, há 12 anos trabalha no bairro, reclama da violência. Ele já foi vítima de assalto seguido de sequestro. "Me assaltaram, me colocaram
dentro do meu carro e me levaram para a porta da minha casa, sorte que meu carro estava com defeito, a porta abriu e eu me joguei", conta. Segundo Marcelo, muitos comerciantes deixam de investir no comércio por medo, pois a falta de policiamento faz com que os estabelecimentos baixem as portas entre 18h e 19h, com o objetivo de evitar a ação de bandidos.
Falta de agências bancárias prejudica população YASMIN TOFANELLO
n ÍGOR PASSARINI MARINA NEVES 4º PERÍODO
Pagar contas, realizar depósitos ou simplesmente sacar dinheiro pode se tornar uma tarefa difícil e cansativa para os moradores do Bairro Minas Brasil. A falta de agências bancárias no local tem obrigado a comunidade a procurar alternativas em bairros próximos, como Padre Eustáquio e Coração Eucarístico. É o caso da moradora Fátima Ladeira, 58 anos, que ressalta o perigo e o tempo gasto para se deslocar até um caixa eletrônico. “Toma tempo, porque tem que pegar ônibus para ir e é perigoso a gente ficar andando com dinheiro por aí”, explica.
Nem mesmo na Avenida Ressaca, principal via do bairro e ponto de comércio, os moradores dispõem de agências. A única opção é uma lotérica que oferece apenas uma parcela dos serviços realizados em bancos. A sócia do local, Elizabeth Miranda, 57 anos, exemplifica o fato dizendo que contas atrasadas e pagamentos acima de R$ 700 não podem ser feitos na casa lotérica. Para Neide Melo, 57 anos, moradora do bairro há 38, a situação gera incômodo. “Atrapalha, porque eu, por exemplo, cuido do meu neto; então eu tenho que ir lá em cima e levar ele. Isso toma tempo e a idade já não permite”, conta. Outra pessoa que enfrenta dificuldades é Clemilda
Casa lotérica é a única opção para os moradores do Minas Brasil
Gonçalves Bispo, 51, funcionária de um restaurante do bairro. A alternativa utilizada por ela para pagar seus boletos bancários é pedir ao chefe para sair mais cedo do serviço. “Hoje mesmo eu me atrasei e vou ter que pagar só amanhã. Se tivesse agência aqui perto, dava um pulinho correndo e pagava”, pondera Clemilda. Maurício de Carvalho Sousa, 41, dono de uma agência de viagens na Avenida Ressaca, também acredita que facilitaria ter um banco por perto. Ele aponta a existência de fatores que dificultam a instalação desses estabelecimentos. “Uma coisa que eu acho que dificulta a vinda de bancos pra cá é a falta de imóveis adequados. Banco precisa de uma
loja grande, com segurança, estacionamento fácil; e aqui na região não tem uma loja com essas características. Dependeria de construir para poder atender à uma agência bancária”, esclarece Maurício. Apesar dos transtornos causados pela ausência de agências bancárias no bairro, o Presidente da Associação de Moradores do Minas Brasil, Camillo Jesuíno Netto, 77, revela que nunca houve reclamações dos moradores sobre isto. Todavia, ele afirma que essa situação é incômoda. “Eu preciso pegar transporte público que é um outro problema, pois não existe uma linha aqui do bairro”, acrescenta Camillo.
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Setembro • 2012
DESAPROPRIAÇÃO GERA PROTESTOS Moradores do Beira Linha, área localizada no São Gabriel, protestam contra a desapropriação de casas feita pela Prefeitura. De acordo com proprietários, indenização não é satisfatória IZABELLA SIQUEIRA
n EMANUEL GONÇALVES IZABELLA SIQUEIRA 2º PERÍODO
Nos últimos meses moradores do Bairro São Gabriel têm realizado protestos constantes contra a desapropriação de imóveis na área conhecida como Beira Linha. Foram realizados bloqueios das passagens de carros na entrada do bairro durante o horário de pico. Moradores afirmam que o valor oferecido pela Prefeitura de Belo Horizonte não é satisfatório, uma vez que esses valores não seriam suficientes para a compra de casas dentro da região do São Gabriel, sendo necessário mudança para alguma cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte por causa da falta de opção. "Esta remoção foi muito ruim para nós moradores, não deu para comprar uma casa do jeito que eu queria. Queria ter comprado uma casa aqui perto, agora vou ter que me mudar para o Bairro Morro Alto, Vespasiano. A prefeitura me deu R$ 52 mil e a casa que comprei custou R$ 60 mil, ainda terei que completar outros R$ 8 mil com meu salário de aposentada", relata Marlene Ribeiro de Souza, de 78 anos. Como alternativa para as 288 famílias a serem desapropriadas, a Prefeitura oferece o reassentamento em apartamentos construídos em três terrenos localizados no Bairro Belmonte, situado próximo à nova Rodoviária. O reassentamento obedece as diretrizes da Política Municipal de Habitação e conta com a construção de 144
apartamentos em unidades habitacionais. As famílias que aderirem a esta opção terão acesso ao benefício Bolsa Moradia no valor de R$ 500 para cobrir os custos de aluguel até a entrega dos apartamentos, previsto para 2013. Há também a opção pela indenização que já foi previamente avaliada por técnicos da Companhia Urbanizada e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) obedecendo aos padrões técnicos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essa alternativa é considerada insatisfatória pelos moradores, como é o caso de Terezinha Augusta da Silva, de 65 anos, filha de um dos primeiros moradores do bairro, Messias Tertuliano da Silva. "O Beira Linha começou a nascer por volta de 1957, com a construção da linha ferroviária, mas essa linha nunca foi usada. Eu nasci aqui, vi o São Gabriel nascer. Não tinha nada aqui. Agora tenho que sair da minha casa e a Prefeitura está pagando muito pouco, não dá para comprar uma casa no bairro e o apartamento é pequeno demais para uma família", conta a aposentada. Pedro Veríssimo, responsável pela Assessoria de Imprensa da Urbel, observa que as reclamações dos moradores acontecem devido à discordância dos padrões técnicos da ABNT. "Em áreas de ocupação irregular, como é o caso da Vila São Gabriel, a legislação em vigor não permite que o valor do terreno incida no cálculo da indenização. A avaliação leva em conta apenas o tamanho da
Área conhecida como Beira Linha é alvo de desapropriação e valor de indenização oferecido pela Prefeitura não agrada moradores área construída (metro quadrado) e a qualidade dos materiais empregados na construção da benfeitoria, cujos preços são revistos anualmente para fins de atualização", revela. Segundo ele, os critérios técnicos da avaliação da benfeitoria obedecem aos padrões definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). No caso do morador discordar do valor da avaliação, ele pode solicitar uma negociação que poderá ou não resultar numa revisão dos preços da planilha, que é sempre pautada por critérios técnicos. A Prefeitura já se reuniu com os moradores do São Gabriel para tratar especificamente
deste assunto, inclusive em audiência pública convocada pela Câmara de Vereadores de BH. "Toda mudança implica em resistência. Isto é intrínseco à natureza humana e às relações sociais. Usualmente um processo de remoção gera apreensões e incertezas, pois as famílias afetadas de forma geral criaram raízes e laços de convivência na comunidade, além de se utilizarem de equipamentos e serviços públicos (escola, postos de saúde) existentes na região. Para evitar o máximo de transtornos possível, a Prefeitura realiza um trabalho de acompanhamento social com as famílias, pelo qual esclarece e explica todas as etapas do
processo", diz Pedro Veríssimo, ao avaliar os motivos da resistência dos moradores. Ainda não existe um prazo para a desapropriação dos moradores, porém, segundo a Urbel, 28 famílias já receberam indenização e deixaram suas moradias e outras 28 já aderiram ao reassentamento nos apartamentos e estão morando de aluguel ou procurando uma nova residência para alugar até a entrega das unidades habitacionais. O processo de desassentamento das famílias demandará alguns meses, o que é considerado normal pela Urbel, em se tratando de um empreendimento de tal vulto.
Bairro Dom Bosco sofre com problemas de trânsito RAQUEL DUTRA
n MOUNI DADOUN RAQUEL DUTRA
7º E 4º PERÍODOS
A rotatória da Avenida Ivaí é cenário de frequentes acidentes. De acordo com Sebastião Duarte, de 54 anos, que trabalha há oito na linha S54 como motorista de ônibus, cujo ponto final é próximo ao local, a instalação de um quebramolas não foi suficiente para resolver o problema. Sobre uma das maiores preocupações do bairro, os frequentes acidentes com veículos que transitam na rotatória, o motorista ainda acrescenta "A sinalização é péssima e o semáforo faz falta. A pouca sinalização existente não tem eficiência", alega. Moradora do bairro há 40 anos, Rosana Simões, de 52, alega que motoristas de motos e carros não respeitam a pouca sinalização, além de transitarem em alta velocidade. Ela ainda sugere a implantação de faixas de pedestres e semáforos. "A rotatória é muito perigosa, ninguém respeita nada. Sempre tem batida. Motos passam muito depressa e não vêem sinalização. Motorista nenhum aqui no bairro respeita os pedestres", explica. Rosana alega que a Avenida é ponto-chave do
bairro, além de ser porta de entrada para a Paróquia São João Bosco e, por ser um local de movimento, a região merecia uma sinalização mais eficiente e melhor. "A falta de sinalização é evidente e um dos motivos causadores de tantos acidentes. É muito ruim para atravessar. Eles precisam ter mais prudência", analisa. Vera Lúcia Silva, de 48 anos, é dona de um restaurante em frente à rotatória e explica que já presenciou diversos acidentes. Assim como Sebastião, a comerciante opina que um quebra-mola não é suficiente. "Quase todos os dias têm batidas nessa rotatória. Sempre tem reclamação sobre a falta de sinalização. Para os pedestres é horrível, os carros não param para a gente atravessar. Principalmente na Rua Severo, que faz esquina com a rotatória, e não tem nenhum quebra-mola", reclama. O taxista José Wanderley Filho, de 36 anos, trabalha há oito no bairro e diz que esses acidentes sempre acontecem, mas ao contrário de outros moradores e frequentadores do bairro, ele acredita que o problema não seja a falta de sinalização. "As pessoas não respeitam a parada obrigatória. Na verdade, não
acho que falte sinalização, falta mesmo é atenção dos motoristas e, principalmente, respeito. Tem uma placa grande de parada obrigatória além de quebramola", comenta.
POLUIÇÃO SONORA O trânsito não é o único problema do bairro. A poluição sonora também afeta a qualidade de vida dos moradores. Muitos reclamam de carros que transitam com o som extremamente alto, em sua maioria propagando músicas e como Rosana Simões diz, a "barulhada" começa às sete da manhã". "É realmente muito incômodo. As pessoas não têm nem cultura, nem educação. A gente é obrigado a escutar o que o outro quer, isso é ridículo", alega. Rosângela Simões, 62, reclama do volume dos carros de som, mas o que mais a incomoda é o barulho dos aviões do aeroporto Carlos Prates, bem próximo ao Dom Bosco "A poluição sonora desse aeroporto é tão grande que o som da televisão fica no volume máximo. Com o som na altura normal não dá para escutar nada. Até final de semana os barulhos são constantes", comenta. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, o
A pouca sinalização, a falta de semáforos e faixas de pedestre geram problemas para motoristas e pedestres desenvolvimento do Bairro Dom Bosco se iniciou na década de 1940, logo após a inauguração do Aeroporto Carlos Prates em 1936. Atualmente, o aeroporto não funciona com vôos comerciais, mas possui um centro de formação de pilotos, o Aeroclube do Estado de Minas Gerais, além de ser ativo para vôos não regulares e o funcionamen-
to de empresas de táxis aéreos (por exemplo de helicópteros). A psicóloga Aline Lemos, de 34 anos, afirma que além do incômodo com o barulho dos aviões, o medo de que um caia sobre o bairro, ou até sobre sua residência, é intensificado devido ao fato de o aeroporto ser uma escola de treinamento de pilotos, em que a fre-
quência de aulas é permanente. "Além do barulho dos aviões, é muito perigoso que um caia. Várias vezes aviões já caíram", diz. A Infraero, por meio de sua assessoria de comunicação, não se posicionou sobre as reclamações de moradores do bairro em relação ao barulho dos aviões e ao temor por acidentes.
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BOCA DE LOBO É RECONSTRUÍDA Problema vinha gerando transtorno há mais de um ano para moradores do Bairro Dom Cabral. Além do acúmulo de lixo, era comum encontrar até morcegos e ratos no local n RAÍSSA PEDROSA 5º PERÍODO
Uma boca de lobo, situada à Rua Madre Mazarello no Bairro Dom Cabral era motivo de incômodo para os moradores do local, afinal havia se tornado abrigo para morcegos e punha em risco quem passava por lá pela falta de grades de proteção. O problema, no entanto, não mais existe. A boca de lobo, que era do tipo gaveta, foi trocada por uma simples, com cantoneira e quadro de grelha, um serviço realizado
pela Gerência de Manutenção da Regional Noroeste. Há aproximadamente um ano, a boca de lobo começou a ser motivo de preocupação para os moradores da região e motivo de mobilização da equipe de zoonoses do posto de saúde Dom Cabral, que funciona, provisoriamente, ao lado da boca de lobo. Fiscal da equipe de zoonozes do posto, Pedro Lazarino conta que um homem que mora em frente à boca de lobo procurou-o pois estava preocupado com a quantidade de morcegos no local.
Pedro ligou para a Prefeitura, que atendeu à solicitação e limpou o local pouco tempo depois. "Eu que liguei no 156 (telefone da PBH) para solicitar o serviço, atenderam em menos cinco dias", lembra. Adão Talvani de Almeida, engenheiro e morador próximo à boca de lobo, foi quem procurou a ajuda de Pedro Lazarino. "Como ele está sempre aqui cuidando para evitar ratos, essas coisas, eu falei com ele para procurar o pessoal, como já tem um departamento da Prefeitura aqui, foi mais fácil", comenta Adão. Segundo ele,
sua maior preocupação foi com a quantidade de morcegos que transitavam por ali. "Os morcegos não chegaram a me incomodar diretamente, mas quando eu passava por ali, eu via muitos deles entrando e saindo. Morcego trás doença", alega. O formato da boca de lobo dava condições de acúmulo de lixo e atraía animais, bem como a falta de uma grade e proteção gerava o risco de uma pessoa, principalmente crianças, cair dentro dela. Pedro ressalta a importância de haver grades de proteção nos bueiros e boca
de lobo. "As grades de proteção nos bueiros são de fundamental importância, além de dificultar a entrada de lixo também diminui os possíveis abrigos para bichos, sem contar os riscos de acidente", afirma. Além disso, Pedro completa que, apesar de haver limpeza por parte da Prefeitura, o acúmulo de lixo deve deve vir da consciência dos moradores. "O mais importante é dar destino correto ao lixo, não deixar acumulado em casa e nem atirar em vias públicas", observa. A Gerência de Limpeza Urbana da Regional Noroeste
RAISSA PEDROSA
A boca de lobo como estava antes, sem grade, representava perigo para transeuntes da Rua Madre Mazarello
(Gerlu-NO), informou que a limpeza das bocas de lobo e bueiros é feita a cada 60 dias de acordo com contrato anual. De acordo com a Gerência Regional de Zoonoses da Regional Noroeste (Gerczo-NO), quando há infestação de ratos ou outros animais que trazem riscos à saúde em locais como bueiros, os moradores devem entrar em contato com a Prefeitura através do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) pelo 156 ou ir pessoalmente à Regional do seu bairro. RAQUEL DUTRA
Após o Jornal MARCO entrar em contato com a Sudecap, a situação foi resolvida com a colocação de um bueiro
Praça recebe equipamento para atividades físicas n ANA LETÍCIA DINIZ ANDRÉ CORREIA LANA NAVES SÉRGIO MARQUES 1º PERÍODO
Em julho de 2012 a Praça da Comunidade, localizada no Bairro Dom Cabral, recebeu seus equipamentos de academia a céu aberto. A comunidade elogia a chegada dos aparelhos e comenta sobre mudança na movimentação da praça. "Pessoas que você via que às vezes ficavam dentro de casa, cadeirantes, a gente tá vendo esse pessoal frequentando,
usando, estão podendo usufruir mais da praça. Esses aparelhos foram ótimos", comenta Simone Cornélio, moradora do bairro há 40 anos. "Ainda não venho todo dia, mas pretendo usar mais", observa Noelina Alves, moradora do bairro, que também disse passear com seu neto na praça, aos sábados. Mas os elogios param por aí. Apesar da disponibilidade dos aparelhos, a praça não recebeu mais nenhum cuidado ou atenção especial às demais necessidades, e moradores
pedem por melhorias. Reclamam da falta de manutenção, tanto no local quanto nas quadras que ficam ao lado, e que foram reformadas pela última vez em 2000, no último jogo que foi realizado no local. "A quadra está sem iluminação, sem traves, sem segurança, e o vestiário fechado todo cheio de entulho", diz Caio, estudante de 11 anos, usuário da quadra. De acordo com Armando José Caldas, segundo secretário da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Dom
Cabral, o pedido de uma reforma geral das quadras e do vestiário já foi encaminhado à Prefeitura, e aguarda aprovação dos vereadores, que está prevista para votação no final do ano. "Hoje, não tem vaso sanitário, lavatório, chuveiro, a parte elétrica foi toda roubada. A quadra de vôlei há muito tempo não se utiliza, e a de peteca também. Não tem nem os mastros para colocação das redes", comenta. O secretário também revela que, os aparelhos não seriam instalados no cen-
tro da praça, e sim no entorno das quadras, que ficam próximas, mas por motivos de necessidades de reforma, cujo pedido já foi encaminhado, os aparelhos precisariam ser retirados para melhoria do piso. Sendo assim, eles foram instalados nesse local, caso contrário, seriam destinados à outra praça, em outro bairro. "Achei que ficou desorganizado, porque ocupou o espaço onde ficavam as barraquinhas. Dava para usar um espaço mais reservado", diz Alcione Bezerra, que mo-
rou 14 anos no bairro, e ainda frequenta a praça. Há também a necessidade de segurança no local. Moradores reclamam da presença de vândalos e usuários de drogas, principalmente à noite. "Deveria ter um policial, ou um guarda municipal, para tomar conta do patrimônio. O aparelho que soltou, foi por causa do uso, mas já foi guardado na creche", diz Helvio Reis, diretor cultural da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Dom Cabral (Amabadoc). RAQUEL DUTRA
Moradores reclamam de sujeira no local Praça ainda precisa de limpeza frequente e instalação de lixeiras. Moradores entrevistados relatam que a última limpeza completa da praça foi feita na época da instalação dos aparelhos de ginástica. "Antes na praça não tinha nada, apenas sujeira e o espaço", conta Maria Lucia Costa, moradora do bairro. Agora, com a instalação dos aparelhos de ginástica, os frequentadores da praça tem uma opção de atividade física, mas todos reclamam da su-
jeira e da falta de lixeiras na região. A única alternativa é usar as lixeiras improvisadas na porta de um bar, instaladas pela proprietária. "Eu cuido da minha porta, varro, coloco as lixeiras" diz a comerciante Maria Nina de Sá. Os moradores esperam que com a instalação da academia a céu aberto, a praça receba mais atenção, uma limpeza constante, e mais investimentos, já que representa um ponto de lazer e encontro dos
moradores da região. "O povo respeita, os idosos vem com as crianças, mas é sempre preciso melhorar, realizar uma manutenção", ressalta Helvio Reis, diretor cultural da Amabadoc. De acordo com a Prefeitura, a varrição e a pintura da Praça da Comunidade é feita pela Gerência de Jardins e Áreas Verdes da Regional Noroeste (Gerjav-No) toda semana e a troca lixeiras é de responsabilidade do Serviço de Limpeza Urbana. A varrição nas
ruas do entorno da praça é feita toda sextafeira pela Gerência de Limpeza Urbana. A assessoria de comunicação da Regional Noroeste informou que há uma manutenção periódica na praça pelo Programa Bairro Vivo, que acontece de 20 em 20 dias. A assessoria informou também que se o morador quiser fazer qualquer tipo de solicitação, tanto de manutenção quanto de limpeza, basta entrar em contato com a PBH pelo telefone 156.
Apesar dos benefícios dos aparelhos de ginástica, a praça continua suja
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Setembro • 2012
SARA MARTINS
DE CARA NOVA E COM MUITOS ATRATIVOS Instalação do monumento em homenagem ao soldado anônimo, que ficava na Praça Afonso Arinos, e de um canhão de guerra, transferido do Rio de Janeiro, revitaliza Museu da FEB, que passa a receber número maior de visitantes n SARA MARTINS FONSECA 4º PERÍODO
O "Guarda Belo", como os flanelinhas da Praça Afonso Arinos apelidaram a estátua do veterano da Segunda Grande Guerra que ali se encontrava, voltou a ser "Pracinha" (nome dado aos soldados do Exército Brasileiro que foram enviados para integrar as forças aliadas contra o nazi-fascismo). Agora, ele está perto de quem representa os reais veteranos, do espaço que os homenageia e de um canhão original de guerra, trazido do Rio de Janeiro a pedido do general-de-divisão Ilídio Gaspar Filho, comandante da 4ª Região Militar, que tem sua sede em Belo Horizonte. Ambos foram recentemente trazidos para uma casa verde de arquitetura antiga, no número 199 da Avenida Francisco Sales, no Bairro Floresta, que abriga há cerca de 20 anos, o museu da Força Expedicionária Brasileira (FEB). As peças chegaram em 19 de maio, em uma ação que envolveu quase uma centena de pessoas. "Fizemos uma operação muito legal. Saímos do museu pela manhã com um comboio de carros militares antigos, passamos no batalhão onde estava o canhão e o colocamos em cima de um caminhão com um guindaste. Depois passamos no centro pegamos
o pracinha e o trouxemos para cá. Na hora que o colocamos em cima do caminhão, o Cap. Divaldo Medrado, o veterano que estava conosco, falou: 'estamos levando o nosso irmão para casa'", conta o vice-presidente do Museu, Marcos Renault Coelho, 52 anos. Os monumentos foram oficialmente inaugurados em uma cerimônia que ocorreu oito dias depois, em 27 de maio. Eles se encontram no canteiro da Avenida em frente ao museu, região que pode vir a se chamar "Largo do Pracinha", caso seja aprovado o projeto de lei enviado à Câmara Municipal. As duas peças valorizam a área e chamam a atenção das pessoas para o museu, que era o principal objetivo. A vinda do "Pracinha" e do canhão de guerra fez parte de um processo de revitalização do museu da FEB que durou cerca de um ano e foi coordenado pelo vice-presidente Marcos Renault. O museu estava com uma infraestrutura precária, fachada pouco atraente e as peças em acomodações inadequadas. "A casa, o acervo, o moral do pessoal estava tudo muito baixo, porque a população não conhece a bonita história dos pracinhas. Como não havia o conhecimento, não havia também investimento aqui", diz Marcos. Os responsáveis pen-
saram em transferir o museu para dentro do 12º Batalhão de Infantaria e entregá-lo aos cuidados do Exército. "Eu fui contra, porque muito embora as Forças Armadas sejam grandes incentivadores do nosso museu, para os civis visitarem um museu dentro de um quartel é muito complicado, por questões de segurança, torna-se burocrático", afirma o vice-presidente. "No Exército acontece o seguinte, civil tem que chegar pedir licença ao inspetor do dia e um soldado vai acompanhando o visitante. As visitas ficam sem liberdade de ver museu", explica o tenente Geraldo Taitson, 91, veterano de guerra que guia os visitantes pelo museu. O espaço ficou quatro meses fechado para uma reforma na infraestrutura. E no dia 12 de dezembro de 2011 foi reinaugurado com uma nova cor, novos pisos e um letreiro que o identifica. Do acervo foram tiradas todas as peças mal conservadas. "Hoje, a casa está limpa, está cheirosa, com um piso limpo, os móveis estão de acordo, o acervo está bem acondicionado, as vitrines estão novas e nós temos segurança", conta Marcos. O roteiro de visitas foi remodelado e o museu agora faz parte do Circuito Cultural da Prefeitura de Belo Horizonte. "Esses homens foram daqui até a Itália
sem saber para onde iam, sem saber se iam voltar, para garantir que hoje nós pudéssemos viver em paz, e ter uma democracia no Brasil. Alguém lutou para isso, alguém morreu para isso, nós temos que nos lembrar deles", afirma Marcos Renault. VISITANTES Reinaugurado, o Museu da Força Expedicionária Brasileira, saiu de um patamar de 110 visitantes por mês para mais de 1000. A contabilidade é feita por uma lista, na qual as pessoas escrevem o nome, idade, cidade, e-mail e como ficaram sabendo do museu. O vigia Odair Antônio Luiz, 38, cobra a assinatura de todos, até das crianças. Nessa tabela é possível ver nomes de homens e mulheres de todas as idades. Segundo o vigia Odair Antônio, que trabalha aos fins de semana pela manhã, o público é sempre assim, variado e as pessoas têm se mostrado admiradas com a qualidade do museu. Lucimeire de Senna, 42 anos, e Sérgio Amorim, 42, já levaram seu filhos Augusto, 12, e Bruna 8, há vários museus, e descobriram recentemente que havia um sobre a FEB. A professora Lucimeire ficou surpreendida e gostou de ver um pouco da história da Segunda Guerra. Sérgio elogiou a conser-
Marcos Renault: Museu da FEB ajuda a lembrar dos que morreram lutando vação do material e se interessou pelos jornais da época. Augusto reparou nos uniformes dos soldados. "Eu estou fazendo um trabalho para a escola, o tema do meu grupo foi invenções. Eu escolhi o traje do soldado do futuro, é bom olhar como era o traje do soldado do passado para conhecer e comparar com o do futuro", afirma. Zemh Teixeira, 48, que acompanhava seu filho Guilherme de 4 anos ao museu, ficou encantado com recepção do lugar. "Eu achei o atendimento excelente, o guia é ilustradíssimo, tem muitas infor-
mações e destaca as coisas interessantes". As visitas são guiadas por pracinhas, os visitantes podem ouvir detalhes e curiosidades da boca de quem esteve na guerra. Os veteranos, porém, vão preparar novos guias para contar às histórias que eles viveram. "Nós que fomos para a guerra estamos todos com mais de 90 anos, temos que arranjar civis para tomar conta, eles terão que fazer um estágio aqui para saber tudo o que aconteceu na guerra e falar com os visitantes", afirma o tenente Geraldo Taitson.
Conflitos entre motoristas e pedestres nas vias n GABRIELA GARCIA LUÍSA BORGES YASMIN TOFANELLO 4º PERÍODO
Barato, popular e acessível, a caminhada é uma alternativa cada vez mais procurada por pessoas que anseiam uma vida saudável. A maioria dos pedestres que optam por praticar esse esporte muitas ve-
zes se depara com alguns obstáculos, como a falta de infraestrutura e espaço nas calçadas. Como consequência, muitos passam a ocupar a lateral das ruas e avenidas, tumultuando o trânsito e dificultando a relação com os motoristas. "Alguns grupos de corredores atrapalham o trânsito, porque ficam um do lado do outro e, com isso,
acabam ocupando uma parte da rua", afirma a aposentada Fátima Oliveira, 57 anos, moradora do Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O grande fluxo de pedestres que pratica caminhada e corrida no bairro, segundo moradores, prejudica o trânsito e incomoda os motoristas que dirigem YASMIN TOFANELLO
Praticantes de caminhada do Bairro Belvedere têm que dividir espaço com os carros e correm risco de acidentes
na região. "Acho que as pessoas que caminham e correm atrapalham o trânsito. Também dirijo e já saio da garagem atenta, porque muitas vezes as pessoas estão no pique e acabam não olhando para atravessar a rua", conta a advogada Flávia Fagundes, 27 anos, que mora no Belvedere e também possui o hábito de caminhar pelo bairro. Segundo ela, mesmo com as ruas largas, os pedestres têm o costume de caminhar no local destinado aos carros. Os moradores, pedestres e motoristas cobram maior conscientização de todos para garantir que a situação seja resolvida, de modo a não prejudicar ninguém. "Mais da metade dos carros que param aqui são das pessoas que estão correndo. Quando entro no meu carro vou devagar, pensando que aquela pessoa que está correndo poderia ser eu", afirma o advogado Raynner Rocha,
39 anos, que possui o hábito de correr no Belvedere somente aos finais de semana. De acordo com o advogado, deveria haver bom senso de ambas as partes. Pensando em alternativas que solucionem o problema entre os motoristas e os pedestres, alguns moradores acreditam que a Prefeitura de Belo Horizonte deveria investir na construção de pistas de cooper, destinadas não somente a corredores, mas também a ciclistas. "Acho que se urbanizassem a Lagoa Seca e fizessem mais pistas de caminhada, melhoraria muito a situação", sugere o engenheiro e morador do bairro, Paulo Rios, 59 anos. Buscando resolver o mesmo problema presente no Belvedere, os moradores do bairro São Bento se mobilizaram e conseguiram, há vinte anos, uma autorização para fechar parte da Avenida
Bento Simão, todas as manhãs, com o intuito de proporcionar aos pedestres um espaço destinado a corridas e caminhadas. Segundo o vendedor de água de coco, Leonidas Roberto, 42 anos, responsável por fechar a avenida, a iniciativa não atrapalha o trânsito, uma vez que o bairro possui outra avenida que exerce a mesma função. A área não é só frequentada por corredores, mas também por pais que levam seus filhos para caminhar acreditando que o local é seguro para tal atividade. Para a moradora do bairro, Juliana Coimbra, 38 anos, a alternativa do fechamento da avenida foi decorrente do risco a que esses pedestres eram submetidos. "Com certeza é uma medida de segurança. Se não fosse fechado, não teria como crianças pequenas passearem aqui", constata a moradora.
Saúde Setembro • 2012
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DIAGNÓSTICO E QUALIDADE DE VIDA Recentes descobertas a respeito do transtorno do pânico foram fundamentais na hora da identificação da doença e da busca por tratamento apropriado por parte dos indivíduos afetados PEDRO FONSECA
n PEDRO FONSECA 2° PERÍODO
Portador do transtorno do pânico, em estado controlado, Fernando Mineiro, presidente do Grupo de Apoio aos Portadores do Transtorno do Pânico (Grupan) de Belo Horizonte e autor do livro "Tenho a síndrome do pânico, mas ela não me tem!", ajuda com sua experiência às pessoas enfretarem a doença popularmente conhecida como síndrome do pânico. Hoje, convidado por importantes entidades para ministrar palestras já chegou a falar para 250 psiquiatras em Goiânia, é um autodidata especialista em transtorno do pânico e faz uma consideração importante para a compreensão do distúrbio: "O paciente do TP não é um doente mental. Seu distúrbio é químico genético de neurotransmissores". “Ocorre pelo acionamento indevido do nosso alarme natural, as amigdalas cerebrais em situações de perigo irreais", explica Fernando Mineiro. É uma doença que atinge cerca de 4% da população brasileira, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1993. O que se sabe sobre o transtorno é que pode ser controlado, por meio de psicoterapia e remédios, permitindo que aqueles atingidos pela doença possam ter uma vida normal e saudável. Para ter tal qualidade de vida é necessário o acompanhamento psicológico, através de grupos de apoios, de um psiquiatra, apoio da família e amigos, além de muita dedicação ao tratamento. Segundo os estudos de Fernando Mineiro, que constam de seu livro, as estatísticas indicam que a doença atinge de 2 a 5% da população mundial, podendo ocorrer em qualquer idade, embora a proporção maior está entre os 20 e 35 anos, afetando três mulheres para cada homem. Até os presentes estudos segundo o livro, filhos e irmãos tem 25% de possibilidades de ter TP e não existe prevalência de raça ou condição sócio econômica, constando entretanto que o indivíduo urbano está mais propenso do que o rural. Fernando, hoje com 66 anos, conta que sua primeira crise foi aos 14, quando trabalhava em um banco e repentinamente vieram "aqueles sintomas horríveis”. “A sensação é de morte iminente, fui socorrido, me levaram ao médico do banco
e quando cheguei lá já tinha passado, o médico falou: 'não, não tem explicação', naquela época nem a medicina sabia do que se tratava", conta. Os seguintes sintomas são gerais aos portadores, e podem servir de informação para o correto diagnóstico da doença: calafrios, confusão mental, dor ou desconforto no peito, fechamento da garganta, medo de morrer, medo de enlouquecer, sudorese, boca seca, palpitações ou taquicardia, entre outros. Esses sintomas não acontecem ao mesmo tempo. Ele passou 35 anos da vida sem diagnóstico sobre a doença. Outras doenças, no entanto, foram erroneamente diagnosticadas e há cerca de 12 anos lendo um jornal, se deparou com um laboratório que convidava aqueles que apresentavam alguns dos sintomas descritos anteriormente a serem voluntários para o teste de um novo remédio durante oito meses. Constatado pelo laboratório que os sintomas de Fernando Mineiro não eram apenas de cunho físico-biologico, e de acordo com as clausulas do contrato, ele fez o tratamento com os remédios indicados por um tempo de um ano. Foi aí que entrou na fase de controle que mantém até hoje, já sem a ajuda da psiquiatria, mas aplicando técnicas e conhecimentos que adquiriu e desenvolveu durante sua pesquisa pessoal para descobrir porque esta doença o acometia. Fernando Mineiro, diz que 20% da doença pode ser resolvida através de remédios e os outros 80% dependem do portador. “Ele tem que seguir a medicação, quem vai suspender é o médico, aí nesse sentido entra o Grupan para mudar a cabeça da pessoa mostrar que isto é tranquilo, e ela consegue superar" afirma. A grande barreira de um portador é se assumir perante a sociedade e por isso Fernando Mineiro diz que 80% do trabalho é feito via internet, e o grupo age quando as pessoas já começam a se libertar destes medos e começam a frequentar as reuniões, com três meses de participação a melhora no paciente já é significativa. Ele também conta um pouco sobre o livro que está em sua terceira edição e que considera como "manual do portador" e diz que é onde o individuo começa a ter orientação sobre a doença e, consequentemente, seus familiares sabem por onde come-
Grupan necessita de apoio e do trabalho de voluntários
Fernando Mineiro tem a síndrome do pânico em estado controlado çar a ajuda. A psicóloga Rosemeire Cunha Soares, com 10 anos de profissão, atende voluntariamente em alguns dias da semana pacientes na Região do São Gabriel no Espaço Bem Estar Consultório de Psicologia e Psicopedagogia, e diz que não necessariamente a síndrome do pânico está relacionada com algum trauma. "Inicialmente não, só que na clínica tudo é avaliado caso a caso", explica. Ela também relaciona o transtorno do pânico a outras doenças psicológicas. "É muito comum a síndrome do pânico vir junto ou após um quadro depressivo" e ainda cita o fator discriminação. "O que acontece muito na saúde mental é que as pessoas têm tanta aversão da loucura tanta dificuldade de se abrir com os fatores emocionais, que elas vão protelando a busca por tratamento, elas vão empurrando o máximo que elas podem. Então, quando a pessoa chega a buscar o tratamento já está em um grau mais severo, geralmente quando chega para um psicólogo e um psiquiatra já passaram por vários médicos", observa. A psicóloga conta que há o risco de isolamento da pessoa, quando a doença não é tratada de forma correta. "Para evitar que a crise venha o local mais seguro seria o próprio domicilio, então a pessoa vai ter vários prejuízos porque, se ficar em casa é
a reposta que eu tenho, mesmo que não seja a minha cura, eu vou evitar sair e aí se eu evito sair eu não vou estudar, não vou trabalhar, não vou me relacionar, então os prejuízos vão vindo", diz. Rosemeire confirma os avanços no tratamento da doença. "O avanço dos estudos tem feito muita diferença sim nos tratamentos, a saúde mental evoluiu muito, porque tudo antigamente era loucura hoje nem tanto, houve uma época onde tudo era marginalizado e hoje já não mais, hoje a gente trabalha com a saúde mental inclusa e não reclusa antes isolava o paciente, hoje traz o paciente para a sociedade", analisa. Segundo Rosemeire, é imprescindível o acompanhamento dos profissionais da área. "Eu gosto muito dessa parceria com o psiquiatra, porque ele conhece meu trabalho e eu conheço o dele", e ainda ressalta o papel da família no tratamento. O papel da família é extremamente importante, porque essa pessoa precisa de muita atenção e compreensão”, avalia. “Não é uma atenção exagerada, é uma atenção na medida, e essas pessoas que tem geralmente quadro depressivo, síndrome do pânico e outros transtornos psiquiátricos elas tendem a ser muito carentes, muito sozinhas, elas são mal compreendidas", acrescenta.
O trabalho de Fernando Mineiro foi reconhecido por diversos estudiosos da área e o sucesso do livro foi ampliado pela Roche Farmacêutica que patrocinou a distribuição de cartilhas informativas sobre o transtorno onde foram convidados a escrever nas cinco edições grandes personalidades brasileiras entre eles estão: "Mario Prata, Carlos Heitor Cony, Juca Kfouri, Roberto da Matta e Walcyr Carrasco", além dos autores sempre no fim das cartilhas há textos de Fernando Mineiro e de estudiosos da área. Fernando Mineiro, observa a importância dos trabalhos desenvolvidos pelos pacientes para controlar a respiração, principalmente em situações de pânico. Segundo ele, essa respiração é baseada na respiração diafragmática evitando a torácica. O autor do livro diz que é interessante uma alimentação saudável em que se evite alimentos de difícil digestão que formem gases, como: pepino, melancia, pimentão e jiló, moderando também o consumo de feijão, cebola e repolho. Alimentos que possuem cafeína podem se tornar gatilhos de acionamento das crises como, café, chá mate, chocolate e refrigerantes a base de cola. “Segurar sono e exercícios físicos extenuantes também podem servir de trampolim para situações difíceis para o paciente”, diz. Fernando conta tam-
bém como é árduo o trabalho de manter o Grupan em atividade, em função da escassez de recursos. Ele destaca o integral apoio que recebe de sua esposa, Rúbia Coelii, desde a fundação do grupo em 12 de setembro de 1999. Conta que o grupo se mantém sem apoio governamental e falta voluntários. “Eu não consigo voluntários pra me ajudar nesse trabalho, porque quando a pessoa consegue superar o sofrimento que ela passou foi tanto que ela não quer nem saber, ela pede até para deletar o e-mail dela, que ela não quer receber essas mensagens, ela quer esquecer esse passado", comenta. Estas mensagens as quais Fernando se refere são enviadas por e-mail como forma de motivação e instrução aos portadores, diz que tem mais de cinco mil pessoas cadastradas no projeto, ressaltando que muitas são de outros estados e algumas de outros países. Todo esse empenho e ampla aceitação nestes 12 anos foi causa da formação de mais de 25 grupos de apoio pelo país dos quais quatro ainda resistem, segundo ele. Para outras informações o endereço do Grupan é Rua Sucuri n°720. Bairro São Geraldo (Belo Horizonte). O telefone é (31) 34872669 e o e-mail é mineiro@gold.com.br. O endereço do Bem Estar é Rua Anori, 23 - Bairro São Gabriel, telefone (31) 3447-0061.
Consumir compulsivamente pode ser um distúrbio RAQUEL DUTRA
n JULIANA SILVEIRA 2º PERÍODO
Doraci Cristina compra tantas coisas que nem chega a usar e se endivida
Comprar pode parecer uma atividade inofensiva e até pode ser uma distração para algumas pessoas, mas quando se torna um hábito excessivo, deve-se atentar para um possível distúrbio compulsivo, uma doença psicológica chamada oniomania (mania de comprar). Atualmente, há uma inversão de valores e o "ter" começa a valer mais do que o "ser". As pessoas já crescem inclinadas ao consumo. Para André Junqueira Caetano, 50 anos, professor de Ciências Sociais da PUC Minas, o consumo de determinados bens é relacionado a alguns valores sociais para suprir uma falta ou realizar um
desejo e o apelo midiático ao consumo agrava essa situação. "Evidentemente isso é ilusório. A gente tem uma sociedade cada vez mais consumista, no sentido de que todo desejo é uma falta e qualquer falta pode ser suprida pelo consumo de bens não essenciais", afirma. Consumir hoje se tornou um costume. Entretanto, os consumidores compulsivos, ou shopaholics, vão além da necessidade de ter um bem material. “Eles consomem pelo prazer de comprar, pela simples vontade momentânea de adquirir”, acrescenta. Doraci Cristina Ferreira, 57, investigadora da Polícia Civil, compra apenas pela sensação de bem-estar, mas diz que depois volta a ficar
deprimida. "Eu me alivio bastante. Mas é só na hora. Essa sensação de ter e de comprar é na hora", revela Dora, como é conhecida, que já chegou a ter oito cartões de crédito e a gastar R$ 1 mil em um único dia. Ela compra de tudo, desde toalhas, pratos e talheres a roupas, sapatos e jóias, e tem uma coleção de esmaltes. "Tem esmalte que até seca sem eu usar", afirma. Após seis empréstimos para quitar as dívidas, Dora está organizando a vida financeira e agora só tem mais um empréstimo pendente. Questionada se usa tudo o que compra, ela diz: "Não é que eu não use tudo o que eu compro, é que não dá tempo". No Natal e no Ano Novo a investigadora comprou três vestidos para cada ocasião, porque gosta de ter
diversidade na hora de escolher o que vai usar. O consumismo é uma patologia em que o impulso de comprar alivia desconfortos emocionais, sociais, financeiros e psicológicos que a pessoa sofre ou sofreu na infância. De acordo com a psicóloga Nina Rosa Magnani, o ato da compra proporciona um prazer semelhante ao da dependência química, e, na maioria dos casos, o objeto da compra não lhe será nada útil. Às vezes o indivíduo sequer vai tirar aquele produto da caixa. Mas quando o produto desejado é adquirido, uma sensação imediata de satisfação toma conta do consumista. Para a especialista, o consumismo, ao contrário de solucionar os problemas pessoais, causa mais desordem nas relações afetivas e profissionais.
10 Economia / Política
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Setembro • 2012
PELAS LENTES DA SUSTENTABILIDADE Em Itabirito, indústria ótica inova com tecnologia sustentável através da substituição de matéria-prima sintética para armações de óculos por material não poluente e de alta durabilidade VINÍCIUS DIAS
n VINICÍUS DIAS 2º PERÍODO
Produção baseada em maquinário desenvolvido com tecnologia própria, aliada ao conceito de sustentabilidade é a estratégia traçada pela Indústria Ótica Esperança, instalada em Itabirito, na Região Central de Minas Gerais, para confeccionar suas armações e enfrentar a concorrência do mercado chinês. Em atividade desde o segundo semestre de 1999, a empresa, que desenvolve a Linha Tortuga, nos moldes recei-tuário (grau) e solar, gera 50 empregos diretos – 80% dos cargos são ocupados por jovens itabiritenses, contratados a partir de um projeto de primeiro emprego – e opera com a capacidade produtiva de 20 mil unidades mensais. A linha, cujo título – em espanhol – remete aos primórdios da indústria ótica, quando o casco de tartaruga era o principal substrato da fabricação de armações, tem em sua matériaprima um diferencial. Os produtos sintéticos, comumente utilizados, são substituídos pelo acetato de celulose, material não poluente e de alta durabilidade. "O acetato, fornecido em chapas, é recortado peça a peça. Na sequência, passa pelo processo
O maquinário utilizado na produção de óculos é construído pela própria indústria, além de ser fruto do reaproveitamento de outros equipamentos
de polimento em tambores, para, posteriormente, receber as dobradiças. Após a pintura final, o produto é comercializado", revela o fundador da empresa, Eustáquio Soares de Almeida, 66 anos, que atua há mais de três décadas no ramo ótico. O elevado custo das máquinas automáticas, conhecidas como CNCs, que realizam produção em série, foi o ponto de partida para o desenvolvimento de tecnologia própria, principal responsável pelo êxito na relação custo-benefício. De acordo com
as estimativas do gerente-geral, Helbert Lopes Martins, 36 anos, a adoção dos padrões asiáticos elevaria em cerca de 20% o preço de seu produto final. "As máquinas utilizadas na fábrica foram produzidas por nós mesmos, através do reaproveitamento de outras, já usadas, e de materiais recicláveis, como o ferro", diz. MERCADO A crescente importação de produtos chineses pelo mercado nacional é uma das principais ameaças ao sucesso da Tortuga. Neste cenário, Eustá-
quio Almeida tem apostado em modelos personalizados para atrair os consumidores tupiniquins. "Devido à alta carga tributária, temos dificuldade de competir com os produtos chineses, que são os nossos principais concorrentes. Nossa vantagem sobre eles, é que criamos modelos melhor adaptáveis. Trabalhamos com óculos mais individualizados, produzidos em séries pequenas e desenhados para os rostos brasileiros", afirma. A fim de aprimorar o processo produtivo, a
empresa mantém pesquisas de tecnologias ecológicas para a coloração das armações. De acordo com o gerente, a proposta é aliar moda e sustentabilidade em um só produto. "Um dos diferenciais da linha, hoje, é a parte da pintura das peças. Trabalhamos acompanhando a moda atual, que possui grande agilidade. Nessa pintura, utilizamos produtos recicláveis e o próprio acetato, que, diluído em acetona, composto orgânico, se transforma em tintura para os óculos", conclui.
RECONHECIMENTO Em julho último, a Indústria Ótica Esperança foi homenageada na categoria óculos solar do Prêmio Show de Fornecedores 2012. Para Eustáquio Almeida, fruto da qualidade empregada nas mercadorias. "Os nossos óculos solares são feitos com lentes de ótima qualidade e possuem bom filtro ultravioleta", afirma. Promovida pela Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia (FACEB), a honraria objetiva valorizar empresas nacionais que se destaquem no fornecimento de bens, produtos e serviços ao seu corpo de filiadas. Três meses antes, a Tortuga participou da Expo Abióptica, maior evento do mercado ótico brasileiro, realizado anualmente em São Paulo. A feira, que reúne expositores nacionais e internacionais, tem o objetivo de apresentar os lançamentos e novidades do setor. Em 2012, ano de sua décima edição, estima-se que 25 mil pessoas tenham comparecido ao local.
Nesp realiza projeto de conscientização política n ALEXANDRE CUNHA DANIEL COSTA SAULO COELHO 1º PERÍODO
Desde que foi criado em 2006, o Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp) trabalha com campanhas especificas de formação e aprendizado para as eleições, a cada biênio. Nas eleições municipais deste ano, o órgão acrescentou novas formas de veiculação dos materiais de vídeo sobre formação política, que foram produzidos durante o ano, e foram primeiramente disponibilizados no Youtube e depois gravados em DVD’s com 10 programas de cinco a seis minutos cada sobre formação política, que foram distribuídos entre paróquias da Arquidiocese de Belo Horizonte e colégios católicos, acompanhados de uma cartilha instrutiva sobre a utilização do material. Segundo o coordenador do grupo gestor do Nesp, Robson Sávio Reis Souza, o projeto tem como intenção, a formação política das mais diversas formas (seminários, workshops, palestras), trabalhando com uma metodologia de ajudar as pessoas a criar grupos, para acompanhamento político, mas
não apenas partidário. "A ideia é que, as pessoas compreendam que, numa democracia representativa como a nossa, em que elegemos representantes, a qualidade dos representantes depende do nosso voto, da nossa escolha criteriosa. Primeiramente, para escolher bem, significa conhecer o passado, as vinculações políticas, e debater com os candidatos, como estratégia para primeiro selecionar e escolher bem, e segundo, a ideia de que para escolher bem, tem que acompanhar os que foram eleitos", descreve. O projeto eleições carrega esse foco em que a intenção não é de conscientização, e sim com a formação e aprendizagem sobre política. E o Nesp também não trabalha com vinculação aos órgãos políticos, pois isso traria a ideia de influência do mesmo sobre o projeto. Então, todos os recursos de financiamento que o projeto recebe para a produção de seus meios de disseminação são oriundos da PUC Minas. "Nós não queremos ser os iluminados que sabem de tudo, nós não queremos pensar por eles, mas sim ajudá-los a pensar por si próprios, esse é o objetivo do Nesp", diz Robson. Na PUC Minas além da
divulgação dos projetos do Nesp, nos dias 4 e 5 de setembro, foram realizados seminários sobre ética e eleições, e o objetivo foi um debate sobre a ética na política, valorizando-se a importância da escolha dos eleitos. Esse material será transformado em textos, que serão utilizados como subsídios a partir do ano de 2013 em parte da matéria da disciplina Filosofia II, comum a todos os cursos da universidade, um debate sobre a política e corrupção. O projeto conta também com a presença de voluntários e de estagiários da PUC Minas em pesquisas,
mapeamentos e metodologias. Bruno Márcio de Castro Reis, 23 anos, ex-estagiário da área de mapeamento do Nesp, diz que a pesquisa de mapeamento de grupos e práticas de fé e política, vem sendo desenvolvida desde 2009 ao longo da Arquidiocese de BH. Os grupos de fé e política das comunidades são dedicados à participação junto às comunidades. Sem se prender apenas à política partidária, estes grupos vão desde distribuição de cestas básicas, reivindicações e a organização de debates. O propósito do mapeamento é FELIPE AUGUSTO VIEIRA
Robson Sávio Reis. é coordenador do Nesp e pretende promover atividades como palestras
identificar, descrever e caracterizar os grupos, para saber quais são esses grupos e conhecê-los, sabendo quais são as práticas, o histórico e como eles surgem. Após o mapeamento dos grupos, o Nesp trabalha com o assessoramento e formação de lideranças, capacitação de religiosos, e, a partir dos resultados da pesquisa foram feitos subsídios e materiais para promover as formações do projeto eleições 2012. Os resultados da pesquisa vêm sendo registrados ao longo da mesma, e quando é feito o retorno às paróquias para a apresentação dos resultados da pesquisa, é obtido um feedback das comunidades e das práticas dos grupos sobre a pesquisa. Segundo Bruno Reis, é uma experiência muito rica, no sentido de aprendizado. "Desde uma análise dos grupos pesquisados, quanto uma aprimoração da minha escrita, eu percebo como resultado da experiência da pesquisa. Hoje eu ingressei no mestrado de ciências sociais, com muita contribuição do Nesp, pois foi um estágio na área sociopolítica, e esse olhar político contribuiu bastante para eu ingressar no mestrado", afirma.
Política Setembro • 2012
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n NAYARA TOMAZ WILKER CRUZ 3 º PERÍODO
No próximo dia 7 de outubro os eleitores irão às urnas em todo o Brasil, para eleger em suas cidades os novos prefeitos e vereadores. Em Belo Horizonte, de acordo com as pesquisas eleitorais, a disputa está restrita ao prefeito Márcio Lacerda (PSB), que tenta a reeleição, e o petista Patrus Ananias. Os demais candidatos a administrar a capital mineira são: Alfredo Flister (PHS), Maria da Consolação (PSOL), Pepe (PCO), Tadeu Martins (PPL) e Vanessa Portugal (PSTU). Parte da população de Belo Horizonte tem se mostrado indecisa, de acordo com essas pesquisas, e alguns eleitores admitem não estar acompanhando as campanhas e propostas dos candidatos. É comum encontrar eleitores frustrados pelo fato de o sistema político do país ter nos últimos anos, causado desconfiança nos brasileiros. Por isso, há aqueles que falam em votar em branco ou nulo. O eletricista Leandro Emanuel, 26 anos, que mora no Bairro Cabana, diz ainda não ter definido seu voto, mas não descarta a possibilidade de anulá-lo. Já o desempregado Daniel Linhares da Silva, 31 anos, morador do Bairro São Pedro, na Zona Sul de Belo Horizonte, pretende fazer de seu voto nulo, uma forma de protesto devido à insatisfação com a política em geral do país. Apesar da sua decisão já tomada, ele recomenda o voto consciente, que as pessoas procurem conhecer o candidato no qual estão depositando o seu voto. Mestre em Ciências Sociais Rudá Ricci considera que o voto nulo é uma falsa demonstração de revolta. “Não gera absolutamente nada. O voto branco é computado como voto válido, mas se confunde com indecisão, não como protesto”, diz. Para ele, a pressão para a reforma política com ampla participação do cidadão seria o caminho mais adequado. Há aqueles, como é o caso da empregada doméstica Antônia Auxiliadora, 44 anos, moradora
DÚVIDA E INDECISÃO NA HORA DE VOTAR Uma parte da indecisão da população é devido à falta de acompanhamento da campanha dos candidatos MARCOS TADEU
Para quem não escolheu o candidato ainda, uma dica de especialistas é não se decidir na última hora, baseado em “santinhos” distribuídos do Bairro Jaqueline, na Região Norte da capital mineira, que mesmo se dizendo frustrada com a política, avalia as propostas e conhece os atuais candidatos. O assistente fiscal George Bastos, 33 anos, morador do Bairro Glória, não cogita votar em branco ou nulo. Apesar de ainda não ter se decidido, diz que tem o candidato Patrus (PT), como principal opção de voto, recordando os anos em que ele ocupou o cargo na Prefeitura de Belo Horizonte de 1993 a 1996. E também por não estar acompanhando os demais candidatos. Mas ele diz estar satisfeito com o que vem sendo tra-
balhado atualmente na gestão do prefeito Márcio Lacerda (PSB) em termos de obras e investimentos para sediar jogos da copa do Mundo de 2014 na cidade. A acompanhante de idosos Ivone de Sousa Alves, 56 anos, também apoia o candidato do PT, com base em seu trabalho como ex-prefeito. O cientista político Rudá Ricci caracteriza em sua análise a filosofia de trabalho dos dois principais candidatos a prefeito de Belo Horizonte. “Lacerda nunca escondeu seu apreço por métodos de gestão de tipo empresarial. E Patrus nunca escondeu seu ideário identifica-
do com a Teologia da Libertação. Algo como água e azeite”, observa. O especialista critica a falta de efetividade política no cotidiano da população. Segundo ele, essa situação provoca o desinteresse nos cidadãos e os afasta de um acompanhamento mais próximo e efetivo. Uma solução, de acordo com Rudá Ricci, seria incluir a disciplina de política nos currículos escolares, para garantir uma formação mais voltada para a cidadania. Os eleitores menos ligados aos candidatos e às suas propostas justificam que falta tempo para fazer as avaliações devido ao fato
de terem que conciliar o trabalho, a família e outras atividades profissionais ou pessoais. Além do dia a dia corrido, é sempre observada a falta de confiança na classe política. A analista comercial Gleicilene Teixeira, 21 anos, que mora no Bairro Belmonte, diz não acreditar em política, porque hoje muitos políticos não cumprem com seu compromisso não correspondendo às expectativas da população. Para ela, as pessoas estão cada vez mais pensando em si, e com isso estão deixando de acompanhar e cobrar os candidatos eleitos em seus mandatos, fazendo com que, os políticos deixem a desejar. Rudá Ricci diz que o fator que desmotiva a população em relação à política é o descaso do eleito. “Não aparece depois de eleito, não discute suas propostas, não presta contas, tudo o que faz acaba sendo usado para proveito do eleito”, analisa o cientista político. O especialista deixa como orientação para o eleitor observar entre os candidatos, a combinação entre histórico de vida, propostas e apoios que recebe. E seu conselho para um voto consciente é: “Levar a sério a eleição”. “Não deixe para escolher no último dia, a partir do santinho que recebe poucas horas antes de entrar na seção eleitoral. Deve-se tentar analisar porque um candidato disputa com outro? Por qual motivo não estão juntos? E, ao descobrir as diferenças que os afastam, escolher aquele que está mais de acordo com suas aspirações e forma de ver o mundo”, sugere. “O que temos de lembrar é que um eleito é representante e o melhor representante é o nosso reflexo. Temos que votar naquele que mais se aproxima do que somos”, acrescenta.
Votos de idosos nas eleições crescem na capital FELIPE AUGUSTO VIEIRA
n FELIPE RENNÓ GOMES 1º PERÍODO
Em passos curtos e apertando os olhos para enxergar, Francisco de Assis dos Santos entra na sala e se ajeita no sofá para conversar. Apesar da cabeleira completamente branca, o tempo lhe foi generoso ao manter uma saúde física e mental de dar inveja, já na altura de seus 91 anos de idade. Pela atual legislação eleitoral, o último pleito em que seria obrigado a votar foi em 1989. Mesmo assim, Francisco conta com orgulho que desde os 18 anos nunca "falhou" com a democracia e continuará exercendo o direito enquanto a saúde permitir. Com o aumento na média de idade da população brasileira, casos como o de
Francisco dos Santos se tornam cada vez mais comuns. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a população idosa de Belo Horizonte, na faixa etária superior a 70 anos, que irá votar nessas eleições municipais, aumentou em 28.033 pessoas, entre as eleições municipais de 2008 e o mês de julho deste ano. Esta faixa etária já representa aproximadamente 8,5% do eleitorado. Além da ordem natural de envelhecimento da população, esses números qualificam a população idosa a ser de grande importância na contagem geral de votos. De acordo com o professor Malco Braga Camargos, doutor em Ciência Política pela PUC Minas, dados de pesquisa de opinião mostram o ido-
so como quem define o voto mais em cima da hora. É um eleitor menos decidido, mais sensível à volatilidade do processo e por isso importante para definir uma eleição. O cientista político ainda lembra que o fato de ter mais idosos cadastrados não significa necessariamente mais votos nas eleições, pelo fato de não serem obrigados a votar, porém quanto mais participarem do processo, mais eles serão enxergados pelas campanhas e pelos políticos. Na contramão daqueles que abdicam do voto com o passar dos anos, Raimunda Luzia da Conceição dá o exemplo de que nunca é tarde demais para votar, ou em seu caso peculiar, nunca é tarde demais para começar a votar. Já com 101 anos de
idade, nunca foi obrigada a votar por ser analfabeta, mas, assim como Francisco, mesmo com idade avançada, reúne condições físicas e faculdades mentais, e com o incentivo da família, fez este ano o título eleitoral, e espera que a primeira eleição não seja a última. Malco Camargos constata também que o idoso muitas vezes, mais do que exigir políticas públicas para si, pensa em escolher bons governantes para garantir um bom futuro para as gerações que estão por vir. Raimunda tem muitos motivos para seguir esta lógica, pois quando já se tem 16 netos, 34 bisnetos e 25 tataranetos para cuidar dela, é preciso pensar bem mais à frente, nos tatataranetos quem sabe.
Aos 101 anos, Raimunda Luzia fez o primeiro título eleitoral
12Política
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Setembro • 2012
CAMPANHA “LIMPA” EM ITABIRITO Parceria do Ministério Público com candidatos a prefeito e vereador do município estabelece a redução da poluição visual e sonora. População está satisfeita com a proposta alternativa VINICIUS DIAS
n VINICIUS DIAS 2º PERÍODO
A excessiva poluição sonora e visual, marca característica dos períodos de campanha eleitoral, já faz parte do passado na política de Itabirito, cidade localizada a cerca de 55 quilômetros de Belo Horizonte. Visando restringir as ações de propaganda no atual pleito, os candidatos a prefeito e vereador do município firmaram uma parceria com o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MP-MG), um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Os eleitores itabiritenses - que totalizam 36.441, de acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) -, satisfeitos com os resultados práticos, fazem questão de exaltar o clima de tranquilidade. O acordo, inédito na história local, proíbe a pintura de muros, a circulação de carros de som e alto falantes com jingles, a instalação de cavaletes em vias públicas e a utilização de fogos de artifício durante - e até dez dias após - o pleito. Em caso de descumprimento dos termos fixados, está prevista multa no valor de R$ 2 mil, que será destinada à Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) da cidade. Até o fechamento desta edição, nenhum candidato havia sido punido. O juiz eleitoral da Comarca de Itabirito, Antônio Francisco Gonçalves, 46 anos, revela que houve aceitação unânime por parte dos candidatos. "A sugestão de celebrar o TAC partiu do Ministério Público. Houve o apoio da Justiça Eleitoral, que colocou, em reunião anterior à
Novos meios para mesmos resultados
Em Itabirito, um acordo entre candidatos e Ministério Público definiu a campanha sem poluição sonora e visual assinatura, para os candidatos. Eles deliberaram e aceitaram as propostas apresentadas", afirma. "É a primeira vez em que fazemos um acordo assinado por todos. Na eleição passada, chegamos a fazer um acordo, mas era mais simplista", completa.
ELEITORES Empresária do ramo de vestuário há mais de uma década, Teresinha dos Reis Passos Niquini, 47 anos, convive com os carros de som que, em períodos de corrida eleitoral, trafegam pela Avenida Queiroz Júnior, principal via da cidade, onde está situada sua loja. Ela é só elogios ao TAC. "Para mim, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Estou aqui no Centro e tenho que trabalhar.
Nas campanhas anteriores, o som foi o que mais me atrapalhou. Neste ano, podemos trabalhar tranquilamente e até observar melhor a campanha", conta. Aos 72 anos, José da Paz Santos, técnico em mecânica, também vê com bons olhos a limitação dos meios de propaganda eleitoral. Para ele, que reside na cidade há 45 anos, a campanha deve se basear no contato direto entre eleitores e candidatos. "Achei muito boa essa restrição, porque existe abuso. Cada partido quer sempre aparecer mais que o outro. A campanha deve ser feita com diálogo, com o candidato mostrando a sua capacidade e o que pode oferecer à população. Estou de acordo", afirma.
INDEFINIÇÃO Estudante do curso de Administração da PUC Minas, André Filipe Ferreira Lima Mendanha, 19 anos, participará pela primeira vez do pleito municipal. Fazer as escolhas não tem sido nada fácil. "Pelo fato de a campanha ter sido restringida, não é possível conhecer todos os candidatos, o que dificulta a definição do voto", revela. Ainda assim, ele endossa o discurso elogioso às novas regras. "As modificações foram positivas, pois não tem muito barulho nem poluição visual. A campanha é feita no corpo a corpo, que é uma forma de conhecer melhor os candidatos. Os políticos, a partir de agora, serão eleitos pelas propostas, e não mais pelas melhores propagandas", finaliza.
Intensificar o contato direto com os eleitores dos quatro cantos da cidade é a estratégia adotada por candidatos itabiritenses após a assinatura, no início de agosto, do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O acordo, que redefiniu as regras para a propaganda política municipal e estimulou a redução dos gastos de campanha, foi o ponto de partida para que os postulantes à Prefeitura definissem meios alternativos para a divulgação e exposição de suas propostas. Vereadora há um mandato pelo PSDB, a advogada Celina Rodrigues da Cunha Oliveira, 55 anos, é a candidata ao cargo máximo do Executivo local. Para ela, o TAC veio em um bom momento. "Vejo com bons olhos, porque dá condição de igualdade aos candidatos. Há candidatos que, infelizmente, não possuem condição financeira de competir com os que têm muito dinheiro e os eleitores, às vezes, não entendem. Acho, inclusive, que poderia ser estendida à questão dos comícios", afirma. Mesmo com a restrição dos meios de propaganda, a tucana não acredita que sua campanha tenha sido afetada. "A campanha não foi prejudicada, porque isso é um respeito ao eleitor", pontua. De acordo com Celina, a “sola de sapato” é um dos pilares de sua jornada. "Aumentou
o corpo a corpo, e acredito que, nas próximas eleições, voltará o que era antes: a conversa com o eleitor, a apresentação de propostas de governo", ressalta. Vereador há quatro mandatos e presidente da Câmara Municipal por duas vezes, Alexander Silva Salvador de Oliveira, 52 anos, do PSB, pleiteia retornar ao cargo de prefeito, que ocupou - de forma interina - durante onze meses e quatro dias do atual quadriênio. Em sua opinião, o inédito acordo trouxe consequências positivas. "Para a campanha, para os candidatos e, até mesmo, para o financeiro, foi muito saudável, porque nós não vamos mais ter que gastar com aquela quantidade de coisas", diz o candidato a prefeito. Entusiasmado com a receptividade dos eleitores, Alex, como é conhecido na cidade, tem aprovado os novos moldes da campanha. "Estamos fazendo o corpo a corpo com mais intensidade. Como tenho facilidade de andar, e gosto do tête-à-tête, estou adorando", conta. Para o pessedista, equalizar a disputa foi o grande mérito do TAC. "Normalmente, aquele que tinha mais dinheiro tinha a possibilidade de fazer uma campanha maior e ganhar, mesmo sem ser o melhor candidato", encerra.
Panfletagem eleitoral divide opiniões no Coreu n MATEUS SANTOS TEIXERA VICTOR ALVES 1º PERIODO
Candidatos à Câmara Municipal e à Prefeitura de Belo Horizonte realizaram campanha política na Praça da Federação e nas entradas da PUC Minas no Bairro Coração Eucarístico desde o dia 6 de julho, data em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) liberou a propaganda eleitoral. Tais candidatos são moradores do bairro e recorrem à panfletagem, a carros de som e à colocação de cavaletes para conquistar a simpatia e arrecadar o voto de quem costuma passar pelo local. Essa é uma estratégia tradicional que compõe o cenário nos arredores do Bairro Coração Eucarístico em ano de eleição e que divide opiniões. Segundo Lucas Lopes, 20, cabo eleitoral de uma candidata à vereadora do bairro, panfletar ainda é a melhor forma de propaganda dos ideais de um candidato. "Os panfletos atingem um número maior de pessoas e de forma direta",
alega Lucas. Em contrapartida, o funcionário de uma sorveteria, responsável pela limpeza da calçada, e que não quis se identificar, é contra essa forma de campanha, pois, segundo ele, a sujeira aumenta e dificulta o trabalho. Já Lucas acredita que a poluição existe, mas cada um deve exercer o papel de cidadão e jogar o panfleto no lixo e não nas ruas. Para Júlio Sérgio, 36, militante e apoiador de um candidato do Bairro, a relação face a face vinda da entrega direta de panfletos aproxima o eleitor do candidato. "Há quem recebe os nossos santinhos, se interessa pelo assunto e questiona sobre o candidato", diz. Em relação ao lixo proveniente da campanha, Júlio se defende: "eu entrego o panfleto na mão das pessoas, cabe a elas serem educadas e não jogarem nas ruas ou até mesmo nem aceitar o papel". Ele também disse que, em uma campanha eleitoral, tudo é válido. Júlio Sérgio acredita que só não pode haver comercialização de
voto e ofensas entre candidatos. Além disso, ele fez uma ressalva para a conscientização do voto: "Já vi muitas pessoas pegando um panfleto no chão e indo votar de forma aleatória, sem conhecer o candidato. É preciso ter consciência, conhecer para quem está indo o nosso voto." Entretanto, Cir Maciel, 76, frequentador da região,
disse que a panfletagem é desnecessária, pois, segundo ele, a maioria das pessoas não vota em candidatos desconhecidos. "Eu voto naquele que eu conheço e que eu sei que fará um bom trabalho", diz. O aposentado alegou também que, ao receber um papel com o nome de um candidato, ou ele joga na lixeira ou ele entrega para outra pessoa. Além disso, ele RAQUEL DUTRA
Cabos eleitorais em ação de campanha na Avenida Delta
disse que o número de lixeiras espalhadas pelo bairro é insuficiente em tempos de campanha, o que induz algumas pessoas a jogarem o panfleto recebido no chão. Desde o primeiro semestre de 2012, algumas campanhas publicitárias vêm sendo divulgadas nas mídias com o intuito de conscientizar a população a adotar uma campanha eleitoral limpa. De acordo com Marcelo Duarte, dono do restaurante A Granel, situado à Praça da Federação, tais campanhas têm surtido efeito pelo menos no bairro, já que, segundo ele, o fluxo de panfletagem tem sido menor em comparação com outras eleições. "De manhã, os cabos eleitorais vêm na praça e deixam cavaletes. À noite, voltam e recolhem", diz. Entretanto, Marcelo acredita que a quantidade de papéis espalhados pelo bairro deve aumentar com a proximidade das eleições. Além disso, ele disse também que alguns candidatos a vereador são moradores próximos e que alguns deles pedem aos donos de estabe-
lecimentos próximos à praça para distribuir panfletos para seus clientes. Marcelo diz que é contra essa atitude, pois crê que não faz bem para imagem de qualquer casa comercial vincular o nome a um candidato político. Para Marcell Moraes, ambientalista e candidato a vereador, o fato é que a panfletagem gera nada mais que lixo eleitoral. Ele acredita em uma campanha sustentável que evite o desmatamento causado pela industrialização do papel. Para isso, Marcell sugere a internet como meio para divulgação de propostas, tendo em vista que o contato da população com esse tipo de mídia só tem aumentado nos últimos tempos. Entretanto, como nem toda população tem acesso à internet, o ambientalista diz que usará apenas 10% de material gráfico em sua campanha, em comparação aos outros candidatos. Ainda assim, a maior parte das peças será impressa em papel reciclável.
Política / Comportamento Setembro • 2012
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CAMPANHAS POLÍTICAS E O IMPACTO NAS RUAS Pensar em novas estratégias para as campanhas políticas e atrair a atenção do público ainda é um desafio. Opinião dos eleitores quanto às campanhas é dividida. Alguns acham interessante o formato atual e outros gostariam de ver inovações RAÍSSA PEDROSA
n CAMILA SARAIVA GONÇALVES 3º PERÍODO
Fontes desligadas e muitas bandeiras balançando na Praça da Savassi. Essa é a visão mais comum em tempos de campanhas políticas nesse recém-reformado centro comercial, cultural e de lazer, que dá espaço para divulgação e propaganda política. Na tarde de quinta-feira, dia 23 de agosto, pedestres de Belo Horizonte transitavam pela Avenida Cristóvão Colombo e Avenida Getúlio Vargas e volta e meia se deparavam com santinhos e desviavam de cavaletes espalhados pela calçada. "Aqui na Savassi realmente está bastante forte a campanha. Acho até que o excesso está incomodando, está atrapalhando um pouco o tráfego de carros", comenta o consultor imobiliário Anthony Araújo, 60 anos. Já para Renata Caff, 23 anos, as campanhas estão boas. "Essas bandeiras são interessantes. Mas esse negócio de jogar papel suja a cidade inteira, não concordo", ressalva. Além de observações sobre as campanhas, alguns preferem não entrar no mérito político, por ter uma visão negativa de tudo que envolve os candidatos, tanto as promessas que não se cumprem quanto à falta de interesse do candidato depois que é eleito. "Com sinceridade? Eu detesto campanha elei-
Santinhos, cavaletes e outras modalidades de propaganda política tomam conta da Praça da Savassi toral sabia? Não gosto porque toda vida eles falam a mesma coisa e nunca que faz. Tenho pavor dessa época", contou, franzindo a testa, a cozinheira Matilde da Silva Ribeiro, de 47 anos. Segundo o cientista político Malco Braga Camargos, professor na PUC Minas e diretor do Instituto Ver Pesquisas e Estratégia, deve-se ter uma reflexão em relação ao desinteresse pelas campanhas políticas. "A gente tem que ter uma reflexão, o que leva ao desinteresse da política e uma reflexão sobre a cobertura que a mídia faz sobre política. Os casos, as boas leis, os bons debates legislativos, as ações de fiscalização feitas, as
propostas de leis diferentes do executivo, têm uma cobertura muito menor do que uma lei que cai por ridículo ou um ato de corrupção específico de uma pessoa. Uma banalização da vida política a partir da mídia traz o desinteresse das pessoas. A campanha seria um espaço de renovação de esperança, planejar quatro anos melhores para sua vida", afirma. O estudante de economia Gabriel Brasil, 19 anos, não vê novidade nas campanhas políticas da capital mineira. "Eu estou achando mais do mesmo. Não tem muita novidade, ainda não vi nada interessante", afirma. Esse quesito criatividade nas cam-
panhas está começando a surgir. Malco citou um exemplo: um festival de papagaios realizado na Praça do Papa, no domingo, 26 de agosto. "Nunca tinha tido festival de pipas vermelhas. É uma campanha que junta o lúdico com a política. Essa nova forma de fazer agrada também a população. Então é o pessoal de criação de campanhas pensando em estratégias para superar a rejeição do eleitor na política", analisa. O estudante de economia também revela que acompanha o processo político de outra forma: " Eu acompanho pela internet." A rede de computadores é outro meio de impactar a população no período de
Panfleteiros pedem respeito às pessoas A mais nova ocupação ligada às campanhas eleitorais são os vigilantes de placas móveis ou cavaletes. Adriana Ferreira, de 22 anos, está desempregada, mas se ocupa desse serviço durante as campanhas. Ela fica de prontidão ao lado da propaganda de um dos candidatos a vereador de Belo Horizonte e se revolta com a falta de educação das pessoas que passam pela praça da Savassi. "Estamos trabalhando distribuindo panfletos e vigiando placas. As pessoas rejeitam muito. Assim que pegam, amassam e jogam no lixo." Rafael Magalhães
eleições. "Esse impacto é diferenciado. Quanto menor a escolaridade, quanto menor a renda do eleitor, maior o impacto do veículo da televisão e do rádio. Quanto maior a renda, maior a escolaridade, maior é o impacto de outros meios, jornal e internet. As campanhas têm ações diferenciadas para públicos diferenciados", explica o cientista político. Outro quesito nas campanhas são os santinhos distribuídos pelas ruas. "Depende do santinho que me entregam. Na maioria das vezes eu acabo jogando fora, porque são candidatos que não me interessam e além do mais é poluição", relata a professora e enfermeira Janaína Cornélio, de 40 anos. Há uma explicação para esse descaso com os impressos: "A distribuição de material impresso tem diminuído, por quê? Não só porque suja, mas porque o resulta-
também trabalha nesse meio e explica como funciona: "A gente chega aqui às duas horas e sai às sete. Recebemos R$ 600 por mês mais o transporte." Ele afirma que existem grupos e turnos. "No meu grupo são onze pessoas", revela. Em relação ao pessoal que recebe os panfletos, fica dividido: "Metade das pessoas que a gente dá os panfletos aceita. Muitas pessoas rejeitam", conta. O trabalho é árduo, segundo ele. "É o horário inteiro entregando panfletos, não é por meta. Temos que entregar o máximo que puder", salienta.
do é pequeno. As pessoas têm pouca paciência pra ficar lendo aquele tanto de material. Então tem se trocado por algumas formas: o carro de som tem sido muito utilizado nessa campanha, agora normatizado em relação aonde ele pode circular, com qual altura de som e quais horários". A reação da população à política é uma questão histórica, e, segundo Malco Camargos, o período da ditadura militar interfere hoje, no modo como todos enxergam a política." Quando você se informa, você escolhe melhor. A gente vai se acostumando com o processo de escolha. Nós ficamos um longo tempo nesse país sem votar, então o exercício da democracia vai aprimorando a nossa qualidade de voto. A cada quatro anos você reflete se o seu voto valeu a pena ou não", explica.
As perspectivas e realizações após o diploma n AMARANE SANTOS 3º PERÍODO
O mercado de trabalho é o caminho mais percorrido pelos recém-formados. Entretanto, não foi esse o caminho escolhido por Carlos Antonio Caetano, de 26 anos. Com apenas oito meses de formado em Sistemas de Informação, ele já iniciou o mestrado e pretende seguir carreira na área acadêmica como professor e pesquisador dentro de uma universidade. "Tinha como meu objetivo seguir carreira acadêmica. Já queria fazer isso no quarto período de sistemas e decidi que faria mestrado após a formatura", explica. Ele percebeu a vocação para dar aulas quando era monitor de algumas matérias do curso e também quando participou da iniciação científica, um processo dentro da universidade onde alunos de graduação atuam como jovens pesquisadores em projetos de pesquisa. Ao se formar, Carlos trabalhou alguns meses em uma empresa até sair o resul-
tado do mestrado. Ele afirma que pouco antes de saber sentiu medo de não conseguir realizar os objetivos e ser obrigado a estar no mercado e fora do mundo acadêmico. A graduação foi concluída na PUC Minas e com alegria recebeu a notícia de que havia passado no mestrado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ao ser questionado sobre a realização dos sonhos profissionais, Carlos diz com o fôlego de um recém-formado que ainda está no meio do processo: "Meus planos ainda estão sendo concretizados, pois ainda tenho que terminar o mestrado e fazer o doutorado também, ainda estou no meio do caminho. Quando o formando pega o diploma dentro de um canudo é que ele percebe que realmente a trajetória profissional começou. Entretanto, o que deixa o estudante mais confiante para iniciar a jornada de trabalho são os estágios dentro da universidade. Foi o que aconteceu com Raffael Patrício de Souza, 25 anos. Formado há oito meses, ele iniciou o estágio
durante o último ano de curso e já foi contratado antes mesmo de se formar. "Iniciar como estagiário é bom justamente pra você criar um vínculo com a empresa depois de formado". O recém-formado afirma que nem todo conteúdo exigido no mercado de trabalho é exposto em sala de aula. Para ele a grade curricular deve passar por algumas transformações. "Algumas coisas nem precisaria ter tanto, como as matérias repetidas, igual cultura religiosa que tem duas. Nem tudo a faculdade consegue me dar, muita coisa tem que buscar por fora", conta o analista de sistemas que conseguiu alcançar os objetivos de iniciar a carreira em uma grande empresa. Raffael afirma que só não está cem por cento satisfeito porque não está atuando na área da informática que mais gosta que é programação em web. "Esse modelo de programação em análise de sistemas é o que mais oferece vagas na área de informática. Várias empresas trabalham com esse modelo. A área que tenho mais interesse é um mercado
novo, mais fechado, tem poucas empresas em Belo Horizonte que trabalham com ele", afirma. MERCADO DE TRABALHO Não são todos os formandos, no entanto, que conseguem emprego na área de formação. Foi o que aconteceu com Ingrid Caldeira Martins, 30, formada em Economia na PUC Minas. Após a formatu-
ra em 2009, ela perdeu várias oportunidades de emprego e se encaminhou para outra área de atuação. "Não me arrependo de ter feito o curso de economia, mas creio que fui imatura em minha decisão", acredita. Hoje, Ingrid trabalha em uma escola de idiomas, apesar de estar satisfeita, se iniciasse novamente a jornada na faculdade a gerente de relacionaMARCELA NOALI
Raffael Patrício conseguiu emprego assim que se formou
mentos faria o curso de Relações Públicas, voltado para um contato maior com o público. "Não trabalho na área de economia, mas me encontrei, pois faço o que eu mais gosto, que é lidar com as pessoas, ter relacionamento humano e o melhor de tudo isso, tenho sido reconhecida pelo meu trabalho e hoje estou realizada", ressalta. Filipe da Costa Matos, 22, se formou há dois meses em Sistemas de Informação e se sente satisfeito, pois o plano de sair contratado foi realizado. "Trabalho na área que eu esperava, em programação web. Estou muito satisfeito com relação ao que as outras áreas fornecem depois que terminam o curso. Ganho bem, mas pretendo ganhar ainda mais." Ele espera por uma oportunidade de trabalhar fora do país. Para isso, o analista de sistemas tem que esperar por um chamado da empresa que, com frequência, envia pessoas para outros países. Agora só estou esperando a minha vez de ser chamado", conta.
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Setembro • 2012
UM SUCESSO SOBRE AS ÁGUAS Há 60 anos, passear de barco no Parque Municipal é tradição e diversão que ultrapassa gerações. Aproximadamente 300 visitantes por semana optam pelo passeio na Lagoa dos Barcos ANA CAROLINA SIMÕES
n ANA CAROLINA SIMÕES JULIANA SILVEIRA 2º PERÍODO
O Parque Municipal Américo Renné Giannetti que fica localizado no centro da capital mineira foi fundado em 26 de Setembro de 1897, e é considerado o patrimônio ambiental mais antigo de Belo Horizonte. Reúne cerca de 280 espécies de árvores e abriga aproximadamente 50 espécies de animais. Em uma área de 182 mil metros quadrados é possível desfrutar de diversas formas de lazer, e uma das mais diferenciadas é o passeio de barco. Há 60 anos os barcos fazem sucesso entre o público, sendo uma forma de lazer que remete a tranquilidade e ocupa seu lugar em um dos pontos turísticos mais visitados de Belo Horizonte. O parque tem por volta de 150 mil visitantes por semana e cerca de 300 pessoas optam pelo passeio no lago, que tem clientes fiéis, que após anos continuam frequentando o local e que passam a tradição para seus filhos. Ivanilton Almeida Rodrigues, 52 anos, é uma das mais conhecidas personalidades do parque, trabalhando como barqueiro desde março de 1976 e atendendo os clientes com extrema animação. Ele conta que considera o parque como sua segunda casa, pois já fez muitas amizades, adora o ambiente tranquilo e gosta de trabalhar com pessoas de todos os tipos. Ivanilton fala da história que mudou sua vi-
Barqueiro desde 1976, Ivanilton Almeida Rodrigues, considera o parque municipal sua segunda casa e é local onde conheceu sua esposa
da, conheceu sua esposa perto da lagoa quando a convidou para um passeio. Juntos até hoje, com cinco filhos, ele sente felicidade e prazer ao lembrar como tudo começou. “A história que mais me marcou foi essa mesmo, eu conheci ela e chamei para dar uma volta de barco e a gente tá remando até hoje juntos, entendeu? Tenho 31 anos de casado”, conta o barqueiro. Os barcos de passeio são
fabricados e tem sua manutenção feita pelo próprio Ivanilton em suas horas vagas para garantir a segurança e bem estar dos usuários. Além disso, compras e outras coisas que tenham de ser resolvidas também são providenciadas por ele, uma vez que o dono e fundador Otácilio Pintavário já faleceu. Ele diz cuidar de tudo e administrar as atividades. Famílias inteiras são atraídas
pelos barcos com o intuito de se divertir. São pessoas de idades e locais diferentes que adoram o passeio e garantem que pretendem repetir. Como é o caso do casal Chiara Marcelo Moreira de Jesus e Ismaldo Santiago Martins, ambos de 24 anos, que vieram da cidade de Prudente de Morais, próxima a Sete Lagoas, para visitar a capital e experimentaram o divertido passeio pela primeira vez. “Gostamos muito do par-
que, pois é um ambiente familiar. Quando tiver filhos quero trazê-los aqui”, afirma Chiara. Além dos cuidados com os barcos, é necessária também uma atenção especial voltada para as lagoas, que estão sob a responsabilidade da Fundação de Parques Municipais da Prefeitura de Belo Horizonte desde Janeiro de 2005. O parque tem três delas: Lagoa dos Marrecos, Lagoa dos Barcos e Lagoa do Quiosque, que são abastecidas pela transposição de águas da nascente localizada na área da Fundação Hemominas, na Alameda Ezequiel Dias, em frente ao parque. A Lagoa dos Barcos, como o próprio nome diz é onde acontecem os passeios, é permeável com o fundo de barro, e a oxigenação do local é aumentada pelo chafariz presente dentro da lagoa, e por uma cascata localizada perto de uma lanchonete. A limpeza é diária, utilizando-se peneiras, e é realizada pelos responsáveis pelos barcos. Segundo Tatiani Cordeiro Anunciação de Souza, Chefe de Departamento do Centro da Fundação de Parques Municipais, a segurança consiste no uso de coletes salva-vidas e monitoramento direto dos funcionários, além de uma tela no entorno da lagoa para evitar queda de usuários.
Primeiro shopping para animais domésticos em BH n GLEIDSON ALVARENGA RAPHAEL ROCHA 3º PERÍODO
De motel para reprodução assistida à escolinha de boas maneiras, essas são apenas umas das diversas regalias que se encontram no Animalle Mundo Pet, que foi inaugurado há cerca de dois meses no Bairro Gutierrez, em Belo Horizonte. O shopping tem oito andares e conta com 40 funcionários, a maioria biólogos e veterinários. Não só cães e gatos, mas o espaço recém-inaugurado também tem peixes, roedores e algumas aves de espécies diferenciadas como o Lóris Bailarino, um pássaro que se exibe para todos os clientes mostrando suas habilidades e suas cores exuberantes, colorindo ainda mais o ambiente. Há um salão destinado a festas e eventos para comemorações relacionadas aos animais de estimação e que pode ser reservado para exóticos acontecimentos, como festas de aniversário e até casamentos. "Os proprietários do shopping
sentiram a necessidade de criar um empreendimento como este em Belo Horizonte, devido ao grande número de animais de estimação e a carência de lugares como este na capital. Há shoppings semelhantes a esse em São Paulo, mas não com uma estrutura como essa", explica Aline Freitas, gerente de marketing e eventos do local. O shopping oferece os serviços de clínica veterinária, academia, escola, motel, banho e tosa, hotel, salão de festas, praça de alimentação, farmácia, clínica odontológica e o famoso ofurô que tem sido um dos serviços mais procurados pelos clientes. Nas lojas é possível encontrar todos os tipos de adereços para os animais, como: roupas de diversos modelos, colônias, lenços umedecidos e até fraldas descartáveis". São muitos 'mimos' feitos para agradar tanto os animais quanto seus donos", ressalta. Ainda segundo Aline Freitas, no local pode ser encontrada uma das mais completas farmácias veterinárias de Belo Horizonte. "Recebemos elogios de
varias clínicas veterinárias por obter produtos e serviços que eram difíceis de encontrar na capital", enfatiza. O shopping conta ainda com um espaço de treinamento e lazer para os cães, o "Day Care". Este espaço funciona como uma "escolinha" que ensina boas maneiras e adestra os animais. "Antes de fazer parte da 'escolinha' os cães passam por uma avaliação, onde é possível perceber o nível de estresse e ansiedade do animal", esclarece a treinadora Fernanda Pessoa. A primeira etapa da avaliação para o cachorro fazer parte da "escolinha" é o passeio na rua, onde o treinador consegue apurar quais necessidades ele deve dar mais atenção na hora do treinamento. Fernanda Pessoa descreve também o perfil das famílias que procuram os serviços do "Day Care". São famílias que não possuem empregada doméstica e que não podem dedicar a atenção necessária para o bem estar do animal. "Os cães possuem muita energia e precisam perdêlas durante o dia, aqui é um
ótimo lugar pra eles se exercitarem e gastar um pouco delas", esclarece. Encantada com o local, a professora Sandra Moraes, 38 anos, observa que faltava um lugar como esse em Belo Horizonte. "É muito bom encontrar um lugar totalmente dedicado a cuidar da saúde e do bem estar dos nossos animais de estimação", elogia a iniciativa dos proprietários. Do-
na da poodle Lala, de três anos, disse que conheceu o local através de amigos que já utilizaram os serviços do shopping e que foi muito bem recomendado. O Animalle Mundo Pet é sem dúvida um dos lugares mais inovadores e acolhedores de Belo Horizonte, pois além de ser uma grande novidade para a capital, atende as necessidades tanto dos animais quantodos seus donos. YASMIN TOFANELLO
O espaço denominado “Day Care” proporciona diversão e disciplina aos cães
Comportamento Setembro • 2012
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DUPLA JORNADA DE DONAS DE CASA Por prazer ou por falta de opção, mulheres têm de se multiplicar para realizar várias tarefas. Essa é a vida de donas de casa que trabalham fora e ainda cuidam da casa e da família n MICHELLE OLIVEIRA DÉBORA FERREIRA 4º PERÍODO
O que as mulheres Mariana Chaves, Aparecida da Silva, Rosilda Gomes e Idirlene Jesus têm em comum? Todas elas são donas de casa e trabalham ou já trabalharam fora. Arrumar, cozinhar, lavar, passar, cuidar da família e, em alguns casos, trabalhar fora não é para qualquer um. A recompensa, como afirmam, é o bem-estar da família. Para Aparecida da Silva, 43 anos, ser dona de casa é um privilégio porque está cuidando das pessoas que ama. "É dar de mim mesma para aqueles que tanto necessitam de mim. É uma dádiva de Deus", afirma. Mas nem todas encaram a rotina de dona de casa com a mesma tranquilidade. A corretora Mariana Chaves, 36, dona de casa e mãe de dois filhos, acha a rotina complicada. "Os horários são cronometrados para tudo", conta. Segundo Rosilda Gomes, 36, é ótimo trabalhar fora e ser dona de casa. Mas conta que quando trabalhava fora, às vezes tinha vontade de aban-
donar o emprego e cuidar apenas do lar. "Eu deixava meu filho em casa aos cuidados dos outros e ele me pedia para ficar com ele. Quando eu pensava nele, dava vontade de abandonar o serviço", diz Rosilda, que atualmente apenas cuida da família. Além de terem a casa como dever, elas são bastante diferentes entre si. Cada uma age de acordo com a própria personalidade. Algumas são mais caseiras outras já trabalham fora e ainda conseguem um tempo para sair e se divertir à noite. Mas o que as tornam tão iguais é conseguir desempenhar as atividades, apesar da vida corrida e ainda assim estarem com disposição todos os dias para estar ali cuidando das pessoas que amam. Mariana diz existir vários tipos de donas de casa. "Existem as cômodas, as que são dependentes de seus maridos e as mil utilidades. Acredito que me encaixo no último", opina. Rosilda conta que se encaixa no quadro das dedicadas. De acordo com a auxiliar administrativa e estudante Idirlene Jesus, 27,
não é fácil como parece, mas é muito gratificante. "Trabalhar, ser dona de casa e mãe ao mesmo tempo é muito gostoso e capacitante. Existe sim estresse no dia a dia, mas peço ao Senhor que me dê calma e força. Assim, eu me sinto mais tranquila", conta. Idirlene de segunda a sexta-feira deixa seu filho na escola e vai para o trabalho. A noite ela deixa o filho com o pai e vai à faculdade.
Com rotinas diferentes, Idirlene, Mariana e Aparecida tem em comum a correria. Mariana acorda às 6h30 para levar o filho ao colégio. Depois, ela resolve os problemas em casa, faz o almoço e cuida do seu outro filho e do seu marido até chegar o horário de ir para o trabalho. Aparecida, sai cedo para o estágio e cuida da casa e dos filhos à tarde. À noite ela se dedica aos estudos. Rosilda, que até pouco
tempo trabalhava fora, dedica o dia aos cuidados domésticos. Alguns filhos gostam de ter as mães por mais tempo em casa. É o caso do estudante Leandro Chaves, 15, filho mais velho de Mariana. "Ela cuida de mim, do meu irmão e da casa", conta. Ele ainda relata que apesar de cuidar da casa e trabalhar fora, a mãe ainda tem tempo de sair com eles e atendê-los no que precisam. O filho DÉBORA FERREIRA
Adirlene Jesus passeia com sua família. Além de dona de casa, ela trabalha fora e cuida do filho
de Rosilda, Bruno Dias, 19, diz que ser dona de casa é transformar uma casa em lar, é saber cuidar de todos. Para ele o serviço de casa tem que ser dividido. "Eu tento ajudar minha mãe com os afazeres de casa", diz. Roberta Viana, 19, filha de Aparecida, fala que a dedicação da mãe ao lar é essencial, pois trabalha e estuda, ficando muito tempo fora de casa. "Minha mãe consegue arrumar tempo para tudo", afirma.
DIREITOS Segundo o Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais (MDC-MG), um dos direitos mais atuais conquistados pelas donas de casa foi a possibilidade de aposentadoria e o andamento em Brasília do projeto de aposentadoria para donas de casa acima de 60 anos e de baixa renda, a partir de dois anos de contribuição ao INSS. A entidade desenvolve programas de educação para o consumo, palestras e campanhas, atividades para terceira idade e participação nas mídias e redes sociais com dicas de consumo consciente e reaproveitamento de alimentos. ISABELLA BARBOSA
Cantora gospel é destaque no Brasil n ISABELLA BARBOSA ISABELLE RÊDA 2º PERÍODO
Cantora desde os nove anos, Camila Campos começou sua carreira se apresentando com a banda do colégio em que estudava e desde então não parou mais. Agora, aos 23 anos, a cantora mineira se destaca no cenário da música brasileira. Apesar de ser amante de pop rock e rock, ela opta por uma junção do rock com a música gospel. "A gente tem grandes cantores no trabalho gospel que vem crescendo, mas uma cantora pop, com muita guitarra, metais, mais rock'n'roll, não tem. E eu gosto muito, e imagino que muitos jovens também
gostam", afirma. Camila cresceu ouvindo a mãe cantar e se espelhou nela para o começo da carreira. Já seu pai é pastor e, segundo a artista, isso a influenciou muito a seguir a cantar música gospel, juntamente com sua convivência dentro da Igreja. Mesmo com o incentivo da família, ela segue carreira por vontade própria. Antes da ascensão da carreira, Camila Campos teve a oportunidade de gravar um EP promocional, intitulado "Profetiza". O projeto é um sonho realizado para ela, que compôs todas as músicas. O talento mineiro ainda contou sobre a viagem para a China no final de 2011, onde cantou para aproximadamente cinco mil pessoas em um
evento promovido por uma igreja. "Acho que foi a coisa mais louca que eu fiz na minha vida, foi uma experiência maravilhosa" diz Camila, que ainda completa que crê no que canta para que cada pessoa seja tocada, impactada por aquilo, causando mudança. Destaque no programa Raul Gil, do SBT, que tem repercussão nacional, ela diz que a participação no programa foi essencial para a decolagem de sua carreira: "Pessoas de muitos lugares foram tocadas pelo meu trabalho. Recebi muitos convites também, que até então só ficava aqui em BH, Minas. Agora estou começando a ir para outros lugares como Porto Alegre, Maceió, que eu não esperava e que eu tenho certeza
que foi a televisão, que me proporcionou", diz. Apesar de ser destaques da música gospel mineira Camila já pensou em desistir de sua carreira, pois como em toda profissão, existem empecilhos e barreiras a serem vencidas. Mas o amor pela música falou mais alto. "Quem se envolve com música, apaixona, ainda que a pessoa tenha carreiras distintas", afirma Camila. A cantora formou-se ano passado em psicologia e revela gostar dessa área. Porém, ela trabalha apenas com a música, sua verdadeira paixão, que descreve ser imensa assim como o sentimento de quando está no palco, ou na igreja cantando. Ela ainda revela que fica ansiosa antes
Camila Campos ganhou fama em programa nacional de calouros de cada apresentação: "Nada melhor que estar onde você se sente bem. Dá um frio na barriga, na televisão então não é um frio, é um iceberg". A cantora e compositora tem planos para um futuro, que ela acredita ser bem próximo: a gravação de um
CD e de um DVD. Para chegar ainda mais perto desse sonho ela compõe canções no seguimento evangélico e afirma que já está preparada para essa nova fase de sua vida. "Está tudo lá no meu caderno esperando a hora certa”, observa.
Jovens revivem brincadeiras de criança nas ruas ÍGOR PASSARINI
n ANA PAULA CERQUEIRA GILVAN MEIRELES RENAN PACHECO 2º PERÍODO
No Bairro Novo Progresso, divisa de Contagem com a Região Noroeste de Belo Horizonte, onde, após o expediente às sextas-feiras, um grupo de jovens transforma a Rua Castelo Nuevo numa grande quadra delineada com pedras soltas do asfalto. É dessa forma que os vizinhos relembram os momentos de descontração da infância que viveram juntos. “A gente brincava quando era criança, mas aí cada um cresceu, uns foram trabalhar, outros estudar. Só quando a Marcela voltou a morar na
rua é que ela animou todo mundo a brincar de novo”, conta Marcella Karinne, de 19 anos. As brincadeiras recomeçaram por influência de uma ex-moradora, que voltou a residir ali neste ano. As atividades se reiniciaram com oito pessoas. Hoje já são 16 jovens brincando na rua. O clima de cidade de interior toma conta da rua. Vizinhos se gritam da calçada chamando um ao outro, a bola aparece, os times se montam e a brincadeira está autorizada a começar. Uma rua asfaltada, estreita e com baixa iluminação é o bastante para os “Peter Pans” do Novo Progresso brincarem sem hora para acabar, algo que é recente desde que o
Jovens do Novo Progresso brincam de bola à noite após reunirem os amigos
bairro se tornou um lugar mais seguro pra se viver. Entre jovens de 15 a 24 anos, há espaço para os baixinhos. Sofia Vitória Moreira, 7 anos, não perde uma brincadeira na sexta à noite, quer fazer parte do seu próprio mundo no meio de gigantes. A “cartinha branca” da turma, chamada assim por seus amigos mais velhos, não tem medo das bolas rápidas da queimada, corre de um lado para o outro assim como seus companheiros de time. A competitividade é algo notável nas brincadeiras, como gente grande, para eles brincar é coisa séria, o rouba-bandeira, a corda, o elástico têm suas regras e são seguidas à risca pelo grupo.
CUIDADOS E quando o jogo fica sério, vale tudo para salvar uma bola. Com tanta vontade, não se vê nem o que está na frente e aí que acidentes podem acontecer. Cleber Alvarenga, 15, conta que já bateu com a cabeça no meio fio e já viu um colega ser atropelado por uma bicicleta. Realmente os jogos na rua são divertidos, mas podem ser perigosos também. Perguntada se havia algum parque ou quadra no bairro, Scheila Andrade, 20, explicou a situação. "Há uma quadra da Igreja, porém é preciso pagar uma taxa para usá-la, o que deixa a rua como a única opção viável", conta a veterana das brincadeiras na Rua Castelo Nuevo.
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Sérgio Mallandro
Entrevista
HUMORISTA jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarco
ra minha ex-mulher e meus filhos estavam lá. É um reality do dia a dia, um reality diferente de "A Fazenda". "A Fazenda" é trancado, com uma porção de maluco e uma porção de bichos, cheio de mato. Então não é a sua casa. Você tem que conviver com aquelas pessoas ali. Para mim também não é difícil, porque eu gosto das pessoas. Eu me aproximo das pessoas. Tem pessoas que fogem umas das outras, tem pessoas que se aproximam. Eu gosto de me aproximar das pessoas. Então, para mim, conviver com 10, 14, 15 numa fazenda foi o maior barato. Eu adorei. Me apaixonei pelo avestruz, sinto saudades do avestruz. O avestruz é meu parceiro.
IRREVERENTE SIM, MAS POLITICAMENTE CORRETO n Mallandro, o que você acha dos novos artistas de stand up? Tem muita gente boa aí, essa molecada é muito boa. Muita gente bacana.
n Fora do stand up, o que você acha dos artifícios utilizados para fazer piada? Acho maravilhoso. Se isso faz com que a pessoa possa se sentir feliz e rir, eu acho que está valendo. O Pânico e o CQC são programas muito vistos, todo mundo gosta muito. É uma linguagem nova. Acho que ninguém tem que passar do limite, ninguém tem que fazer mal a ninguém. O humor tem que ser uma brincadeira, não pode ultrapassar os limites. Cada um sabe dos seus limites, eu sei dos meus e cada um tem que saber do seu. Eu acho que no humor, por mais que não tenha censura, você não pode brincar com uma pessoa que tem um defeito físico. Ele tem um defeito físico e você não pode fazer piada sobre isso.
n Como jurado do Prêmio Multishow de Humor, qual a sua expectativa em relação às novas promessas do humor? No programa do Multishow de Humor muita gente às vezes não tem graça, outros às vezes têm talento, mas não possuem um texto muito forte. De repente se fosse mais bem dirigido e com um texto forte, pudesse se sair melhor. Mas eu acho que dali sempre vai sair algum bom humorista.
n O público que te acompanha nessa nova fase da sua carreira é o mesmo de antes ou você percebe um público mais jovem?
RAÍSSA PEDROSA
Tem cada vez mais gente assistindo ao stand up, acho que está na moda. Tem programas com concurso de stand up. Um menino aqui de Belo Horizonte ganhou o concurso do programa da Ana Hickman, o Thiago Carmona. A televisão está fazendo concursos de stand up, vários teatros, então cada vez está aumentando mais o número. Eu, por exemplo, fiz um show agora no teatro Positivo, em Curitiba. Era para 2400 pessoas, e eu fiz duas sessões em um dia, é muito louco. O público está aumentando cada vez mais. Primeiro que o povo precisa rir, porque o mundo está muito dramático, na televisão tem muita tragédia. Então, você pode vir para um teatro, ir para um bar, dar risada. Eu acho que todo mundo quer rir, é bom para aliviar as tensões.
n ISABELLA BARBOSA, ISABELLE RÊDA, LUCAS BORGES, LUISA SENNA E RAÍSSA PEDROSA
n Qual foi a aceitação da sua família
2º E 5º PERÍODOS
ao ser exposta em Vida de Mallandro?
Sérgio Neiva Cavalcanti, o Serginho Mallandro, nasceu no Rio de Janeiro, em 1955, no dia das crianças, 12 de outubro, e ao longo de sua carreira seu objetivo foi o de fazer as pessoas rirem. A carreira do humorista cruza com várias figuras célebres da televisão brasileira, como Silvio Santos, mentor e pessoa que o lançou na carreira de comediante; Xuxa, com quem trabalhou no Programa Paradão da Xuxa, na Globo, e com Chico Anísio, na Escolinha do Professor Raimundo. Na televisão o carioca fez sucesso com o programa Oradukapeta, do SBT, em que se destacava o quadro Porta dos Deseperados. O participante escolhia entre três portas, uma com prêmios e duas com monstros. Outro quadro famoso era a Pegadinha do Mallandro. Serginho atuou em 12 filmes, e gravou discos: 10 Lp's. Depois do sucesso, o apresentador viveu época de ostracismo, em que passou por um período de esquecimento, até voltar a se destacar no reality show, a Fazenda, em 2010, e agora vive um bom momento. "Se você plantou coisas boas, você vai sempre colher coisas boas. Hoje, estou colhendo os frutos das coisas que plantei, das coisas que eu fiz da minha vida", conta. Este ano, Serginho Mallandro gravou o reality show, "Vida de Mallandro", no Multishow, em que expõe sua rotina diária. Em outubro, ele estreará outro programa no mesmo canal, chamado "Papo de Mallandro", além disso gravará um filme em Las Vegas, com direção de André Morais. Em sua nova fase na carreira, Sérgio adotou os stands up, apresentações humorísticas em teatros, como o novo jeito de fazer humor, sempre respeitando as diferenças de cada um. "O humor tem que ser uma brincadeira, não pode ultrapassar os limites”, afirma. “No humor, por mais que não tenha censura, você não pode brincar com uma pessoa que tem um defeito físico”, acrescenta Mallandro.
n Como você lidou com o período de menor visibilidade em sua carreira? E como você se reergueu?
n Você se candidatou a vereador e não foi
Eu sempre gostei de dar risada para a vida. Às vezes, quando você não está no ar com um grande programa, você está em um grande momento na sua vida. Então, por exemplo, eu hoje estou numa emissora de televisão que é o Multishow, fazendo um programa, mas também não é um canal aberto e estou no melhor momento da minha vida. Faço os meus shows, eu faço cinema. Algodoeiro não nasce em maçã, só nasce em algodão. Então, você tem que procurar ser o melhor dos algodões. Você tem que fazer na televisão tudo que você sente. Muitas vezes eu não quis estar em um programa de televisão porque eu via que não ia fazer sucesso. Eu achava que tudo bem, esse eu não vou fazer porque de repente não é o meu momento de fazê-lo. Eu gosto de fazer o que eu sinto, gosto e acredito. Você tem que fazer sempre o que você acredita. Acho que Deus me deu a benção, sou muito agradecido a Deus pelo meu trabalho, pelo que eu faço. Eu faço o que eu gosto. Eu vivo do meu trabalho, tenho minhas empresas. Não preciso fazer um programa só para estar no programa. O lavrador só sente o aroma daquilo que ele colhe. Se você plantou coisas boas, você vai sempre colher coisas boas. Hoje, estou colhendo os frutos das coisas que plantei, das coisas que eu fiz da minha vida. Você tem que fazer o que você gosta. Não pode estar na televisão só por estar na televisão. A minha pegada é essa, eu faço o que eu gosto.
Não fui eleito porque ninguém sabia que eu era candidato. Não apareci na televisão, então ninguém sabia. Eu andava na rua e todo mundo pedia autógrafo, fazia "glu glu", fazia "ié ié" mas não sabia que eu era candidato. Mesmo assim, tive 23 mil votos. Mas é porque eu queria fazer algumas creches. Eu tenho uma creche, então eu achava que como vereador eu poderia ter mais creches. Mas ainda bem que eu não entrei porque não era minha praia também. Deus sabe o que faz. Eu não ia conseguir realizar nada do que eu realizo aqui fora. Aqui fora eu realizo muito mais do que se eu estivesse lá dentro.
O que é belo é para ser mostrado. Eu tenho muito orgulho da minha família. E eu acho que o que você ama, o que você gosta, acha bonito, tem que mostrar para as pessoas. Não tive nenhum problema em mostrar minha família, a minha casa. Acho que faz parte, que é uma curiosidade que as pessoas têm. No início eles ficaram meio assim, mas eu falei "bicho, qual é o problema? A família aqui é uma família normal, unida". Mas eles se amarraram, a repercussão foi muito boa, a maior audiência do Multishow. As críticas foram positivas, todo mundo adorou, todo mundo se diverte. Então, a minha missão é levar diversão para as pessoas. E eu acho que eu consegui o meu objetivo, de fazer as pessoas se distraírem, se divertirem.
n Quais são seus planos para o futuro? Como será seu novo programa no Multishow? Eu sou um cara que estou sempre sonhando. Eu gosto de sonhar. O homem não morre quando ele desiste, morre quando deixa de sonhar. Eu quero fazer um programa novo agora, que eu vou começar no Multishow e que vai chamar "Papo de Mallandro", com estreia em outubro. Projetos profissionais, eu vou agora fazer um filme em Las Vegas, com a direção de André Moraes. Talvez a gente faça a 2ª temporada no final do ano do "Vida de Mallandro", e estou rodando o Brasil todo com meu stand up, que é a coisa que eu mais gosto. Eu tenho uma banda também, a banda "SalciFufu" que faz show para os universitários. Meus planos profissionais são esses. Amorosamente eu quero ter mais uns sete filhos, sempre bom né?
eleito (em São Paulo, em 2008). O que você acha que faltou na campanha?
n Você conviveu com vários artistas consagrados como Chico Anysio, Sílvio Santos, Xuxa. Quem foi a pessoa que mais te inspirou para você seguir sua carreira?
Olha, eu não tive uma inspiração assim. Tive alguns ídolos, eu gostava dos Três Patetas da minha época e acompanhava muito os filmes do Chaplin. Mas eu nunca fui n Nas últimas assim de copiar aquela pessoa eleições para depara ser aquela pessoa, eu HUMOR TEM putado, o comedinunca tive disso. Eu admirava ante Tiririca utilizou QUE SER UMA o trabalho das pessoas e esses o humor como BRINCADEIRA NÃO caras eram os meus prediletos. estratégia política. Eu gostava muito dos Três Em sua opinião isso PODE ULTRAPASSAR Patetas, eu parava na televisão é certo? OS LIMITES para ficar vendo, adorava e dava muita risada. Mas eu Cada um sabe de nunca tive isso de imitar si. Eu não sei o que o Tiririca tem em mente, não sei o que ele aquela pessoa, de ser inspirado por aquela vai poder fazer em benefício do público, pessoa. Mas eu admirei muita gente, eu então nós não podemos julgar nada. Mas a sempre admiro até hoje. Hoje, por exemforma de você conquistar as coisas, através plo, em BH, eu admiro o Graffite, da rádio do humor você sempre conquista, não 98 FM, gosto muito do Dudu e dessa moimporta o quê. Às vezes uma mulher, você lecada. Estou sempre ligado neles aqui. quer conquistá-la, você começa fazê-la rir e ela vai e entra na tua. Quando ela perceber, n De onde surgiu o ela não sabe nem porque ela está contigo, apelido Mallandro com dois "L's"? ela está rindo e fala "é, estou rindo e você é um cara simpático". Então o humor é Eu peguei o apelido de malandro porque sempre uma estratégia para você abrir poreu penetrava no escuro quando eu era tas. E é o maior barato. E a política já é garoto, 11 anos, porque eu não tinha diuma comédia mesmo, então pode fazer rir que todo mundo vai rindo, vai se distrainnheiro, para não pagar eu penetrava. Um do, vai se divertindo, tá ótimo "bicho". dia eu penetrei num lugar muito difícil e um amigo meu me perguntou como eu consegui, aí eu falei "penetrei, meu irmão". n Você participou de reality shows de Daí ele disse "tu é malandro", eu chorei na segmentos diferentes, como A Fazenda hora porque não gostei do apelido e o e Vida de Mallandro. apelido pegou. Quando eu virei artista eu O que você tentou passar para o público? botei Mallandro com 2 L's para parecer uma família tradicional da Itália. Tudo Eu estava de férias no "A Fazenda", tentei tem sua origem. Napoleão não teve a curtir minhas férias, me chamaram para oportunidade de fazer o "Rá", perdeu a participar e eu fui. Aí fiquei lá curtindo. chance. Então são palavras profundas que Curti os bichos. Mas ali eu fui o que eu sou tem que ser ditas de dentro para fora, não mesmo, na vida real. Fiquei um mês no é à toa. Ninguém faz um "Rá" a toa. Por programa. Você vê que ali eu não falei mal exemplo, ao invés de falar 'bom dia' você de ninguém, não ficava fazendo fofoquichega ao seu amigo e fala "ié ié". O "bom nha de nada. Eu sou assim na minha vida dia" está por fora hoje em dia. Quando real, gosto de brincar, gosto de me divertir, alguém vem te cobrar alguma coisa você gosto de sair, e foi o maior barato. Já o "Vifala "Pegadinha do Mallandro", e pronto, da de Mallandro" é um reality diferente, ninguém paga nada, ninguém faz nada e um reality dentro da minha casa, onde mofica tudo legal.
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