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Aplicação da lei que obriga ensino de música está em estágio diferente nas escolas particulares e públicas da Região Noroeste Página 13
VINÍCIUS DIAS ALVES
FELIPE AUGUSTO VIEIRA
MARIA CLARA MANCILHA
Abrigo antiaéreo do Edifício Acaiaca, no centro, é utilizado por lojistas como depósito de carga e descarga.
Nascido em Itabirito, Telê Santana, técnico que fez história no futebol brasileiro, é reverenciado por seus conterrâneos Página 15
marco jornal
DANIEL NUNES
Ano 40 • Edição 288 LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas
Abril • 2012
POLÍCIA MUDA PARA GANHAR CONFIANÇA Quase um ano após pesquisa do Governo indicar desconfiança de mais da metade dos entrevistados nas forças policiais de Minas, a PMMG desenvolve projetos em BH, que tentam modificar essa realidade. Página 3
MARIA CLARA MANCILHA
Empresários do futuro LAURA DE DAS CASAS
DANIEL NUNES
Dos campos para a tela
Distribuição não é igual A jornalista Ana Paula de Oliveira, ex-assistente de arbitragem, que tenta se consolidar como apresentadora na TV Alterosa, em BH, considera o torcedor mineiro “bairrista”. Página 16
Programa ‘Aqui Tem Farmácia Popular’ possui lista com 113 medicamentos. Na rede privada o programa disponibiliza apenas 24. Página 9
Jovens empreendedores foram premiados no Desafio Sebrae, no Rio. Jornal MARCO foi escolhido para representar Minas Gerais. Página 7 MARIA CLARA MANCILHA
Minas Brasil sofre quedas de energia Há mais de 30 anos, moradores do Bairro Minas Brasil dizem sofrer com as consequências das frequentes quedas de energia, principalmente à época de chuvas. Página 4
2 Comunidade
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EDITORIAL
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MARCO, criado há 40 anos, junto com a comunidade
Abril • 2012
APÓS 5 MESES, COREU VOLTA A TER DELEGADO Quarta Delegacia Distrital tenta atender ocorrências que ficaram paradas entre outubro de 2011 e março de 2012 MARIA CLARA MANCILHA
n MARIANA OZÓRIO LACORTE FELIPE AUGUSTO VIEIRA KENETH BORGES
n RAISSA PEDROSA, 4º PERÍODO
Chegamos ao número 288, primeira edição deste ano especial em que o MARCO completa 40 anos. Durante todo esse tempo, o jornal manteve a ideia de informar e trazer fatos que sejam relevantes para seus leitores, assumindo, assim, um contrato com o público, tendo o compromisso de sua periodicidade e credibilidade ao passar a informação. Buscamos sempre trazer assuntos pertinentes a serem discutidos, que atinjam direta ou indiretamente a comunidade, como casos de dengue, particularidades do trânsito, curiosidades, diferentes culturas, entre outros que possam informar e entreter nosso leitor. São reportagens que remetem ao bem estar, assim como grandes acontecimentos, e que mostram de certa forma, fatos marcantes para os moradores do entorno do Coração Eucarístico e, com a criação do Curso de Comunicação no São Gabriel, no ano 2000, atingindo a comunidade daquele bairro, que fazem nosso jornal. Em outubro de 1974, na edição 11, o Jornal MARCO fez uma cobertura sobre os 3 anos do acidente no Pavilhão da Gameleira que marcou a vida dos moradores do Bairro de mesmo nome. A edição 54, em 1981, foi dedicada às crianças dos Bairros Dom Cabral, João Pinheiro e Vila 31 de março, que saiu na segunda quinzena de outubro, mês em que se comemora o ‘Dia das Crianças’ e contou com ilustrações e participação efetiva desses meninos. O MARCO acompanha, desde o início, as construções e modificações feitas na comunidade, assim como o abandono destas, como, por exemplo, em abril de 1994, o Jornal mostrou a situação do Centro de Integração e Promoção do Menor, no Bairro Minas Brasil, que fora abandonado em 1991 e que estava em uma situação que atraía ratos, baratas e entulho. Recentemente, a equipe do MARCO apontou os problemas na Praça da Federação, no Coração Eucarístico, em reportagem na edição 280, de abril de 2011, que apresentava lixeiras quebradas, falta de cuidado e não atraía mais os moradores. Posteriormente, o jornal acompanhou a reforma da praça que foi adotada pela PUC Minas e mostrou os benefícios da mudança para a comunidade, bem como o retorno dos moradores à praça, que ganharam um novo espaço de lazer, no mês de setembro, edição 284. Nesta edição, o MARCO reporta a construção da 9ª Companhia da PM, no Bairro Coração Eucarístico, uma conquista para os moradores que buscam mais policiamento. Durante anos, o MARCO vem recebendo reconhecimento através de prêmios nacionais, o mais recente foi representar Minas Gerais, em março, na Final Internacional no Desafio Sebrae 2012, jogo voltado para universitários, que simula o dia a dia das empresas. Este reconhecimento é de grande importância para nós, mas, mais importante ainda, é o seu reconhecimento, leitor, que participa do Jornal sugerindo pautas, fazendo críticas e dando a possibilidade para os repórteres terem, além de uma experiência laboratorial, uma experiência de relacionamento com o mundo real.
EXPEDIENTE
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jornal marco Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: jornalmarco@pucminas.br Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920 Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286 Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Profª.Maria Libia Araújo Barbosa Coordenador do Curso de Jornalismo: Profº. Francisco Braga Coordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª.Alessandra Girardi Coordenador do Curso de Jornalismo (São Gabriel): Profº. Jair Rangel Editor: Profº Fernando Lacerda Subeditores: Profª Maria Libia Araújo Barbosa e Profº Mário Viggiano Editor Gráfico: Profº. José Maria de Morais Monitores de Jornalismo: Felipe Augusto Vieira, Gabriela Matte, Isabela Cordeiro, Keneth Borges, Marina Neves, Michelle Oliveira, Mouni Dadoun, Piero Morais e Raíssa Pedrosa. Monitora de Fotografia: Maria Clara Mancilha Monitor de Diagramação: Nathan Godinho Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares
1º, 4º, 5º PERIODO
O delegado Rodrigo Baptista Damiano, de 34 anos, assumiu em março último a 4ª Delegacia Distrital da Polícia Civil de Minas Gerais, localizada à Rua Dom Joaquim Silvério, 365, no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de Belo Horizonte, que ficou cinco meses sem titular. Segundo ele, o primeiro desafio é colocar em dia as cerca de 12 mil ocorrências que ficaram acumuladas no período. Remanejado pela Superintendência de Investigações e Polícia Judiciária, Rodrigo Damiano atuou, por cinco anos, no Departamento de Operações Especiais do Barreiro (Deoesp). Ele informou ao MARCO que duas mil ocorrências que estavam paradas já foram despachadas desde que ele assumiu o cargo. "Foram cinco meses sem nenhum despacho no sistema", conta o delegado, acrescentando que a maioria dessas ocorrências referem-se a furtos e roubos. Ele destaca ainda uma tentativa de homicídio no Aglomerado Buraco do Peru. "A demora considerável no despacho das ocorrências é o que gera essa sensação de insegurança, e os bandidos vão tendo essa sensação de que não aconteceu nada e vão
Rodrigo Baptista Damiano tem como primeira missão despachar todas as ocorrências que ficaram acumuladas reiterando nessas condutas", observa. As ocorrências que estão sendo regularizadas não dizem respeito exclusivamente ao Coração Eucarístico e sim a toda área de atuação da 4ª Delegacia Distrital, que abrange vários outros bairros, como Adelaide, Alto do Caiçara, Alto dos Pinheiros, Caiçara, Carlos Prates, Dom Cabral, Jardim Montanhês, João Pinheiro, Minas Brasil, Padre Eustáquio, Pedro II, os aglomerados Savassinha no Bairro João Pinheiro e Buraco do Peru no Bairro Carlos Prates, além das vilas Delta, dos Marmiteiros, Itaú, Lorena e Oeste. De acordo com nota oficial encaminhada pela Assessoria de Comunicação
da Polícia Civil de Minas Gerais (Ascom-PMMG) o cargo ficou vago no período entre outubro de 2011 a março de 2012 porque a autoridade policial que seria a responsável pela unidade, esteve impossibilitada de assumir o cargo em função de licença maternidade. Para suprir a ausência da titular, delegados de outras unidades foram destinados a título de revezamento para atender à demanda da delegacia. Também por intermédio de nota, a Assessoria de Comunicação da Polícia Civil informou a dinâmica de alternância que delegados de outras unidades fazem de acordo com a demanda, a fim de que os malefícios da carência de
uma autoridade sejam reduzidos, minimizando os prejuízos gerados pela ausência do respectivo titular. Atualmente há um concurso público em andamento para a Polícia Civil, onde já houve a prova escrita que está em processo avaliativo para a etapa seguinte que é a prova oral como solução para a falta de pessoal em cargos operacionais e administrativos da corporação. Porém, segundo Rodrigo Damiano, das vagas oferecidas, não são suficientes para suprir a demanda existente em Minas Gerais. O policial informa que atualmente são mil delegados. “Para um estado gigantesco, é pouco", conclui o delegado.
Preparatório gratuito e solidário RAISSA PEDROSA
n LEIDIANE APARECIDA SOUSA 1º Período
Em troca de dois quilos de alimentos não perecíveis, doados ao Grupo Fraternidade Irmã Scheila, candidatos a diferentes concursos públicos tiveram aula de português, preparando-se para enfrentar a forte concorrência. Essa aula, realizado no começo deste mês e que não tem finalidade lucrativa, foi ministrada pela dupla de professores Márcia Baldi e Ângelo Zorzi, dentro do projeto batizado Projeto Aulão Solidário Português in Foco'. A aula aconteceu na sede da Associação Pré-PUC & UFMG, localizada à Rua dos Goitacazes, 42, no centro de Belo Horizonte, que abrigará também as próximas edições do projeto. A garantia disso foi dada pela gerente do pré-vestibular, Jeanne d'Arc de Almeida Ferreira, que anunciou a cessão gratuita do espaço para que o 'Aulão Solidário Português in Foco' possa ser realizado ali. Segundo ela, não haverá nenhuma cobrança dos participantes dessa iniciativa.
Objetivo do projeto é ajudar na preparação de candidatos a concursos O principal objetivo desse projeto é auxiliar candidatos a concursos públicos, que não têm recursos para pagar cursinhos. O programa e o material seguem o conteúdo programático já estabelecido nos editais. "O material é
estruturado levando em consideração as dificuldades mais comuns na Língua e as tendências de bancas examinadoras para concursos", explica Márcia Baldi, que atua como professora da matéria há 23 anos.
Eliete Maria Martins, de 22 anos, aluna do projeto, soube do aulão pelo Facebook, um dos meios utilizados para a divulgação, assim como o famoso "boca-a-boca". Os interessados ficam sabendo também por conhecerem um dos professores, como é o caso da candidata ao concurso do Tribunal de Justiça, Lúcia Oliveira. "Já fui aluna da Márcia e participei de outras aulas", declarou. As aulas são realizadas sem qualquer intenção de gerar lucros, apenas com o objetivo de ajudar ao próximo. O projeto foi idealizado por Márcia Baldi, que convidou o colega Ângelo Zorzi para ajudá-la. Juntos eles iniciaram as atividades. Grupo Fraternidade Irmã Scheila atende crianças e idosos carentes. "Este trabalho é muito válido, pois a contribuição acontece nos dois sentidos, é bom para o aluno que pode estudar sem grandes custos e para a instituição que recebe as doações", afirma Ângelo Zorzi.
Comunidade Abril • 2012
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PM MAIS PERTO DA POPULAÇÃO Novo Comando da Polícia Militar na capital mineira direciona ações para aproximar a Corporação dos moradores e, desta forma, ganhar mais credibilidade em seu trabalho diário DANIEL NUNES
n GABRIELA MATTE 3º PERIODO
Um ano após a divulgação de pesquisa realizada pela Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) que constatou que mais da metade da população mineira não confia no trabalho desenvolvido pelas forças policiais no estado, a Polícia Militar vem implementando ações em Belo Horizonte, desde o início deste ano, visando mudar essa realidade. Um caminho é a setorização da Polícia Militar nos bairros da capital mineira. O projeto começou a ser instalado a partir da mudança no Comando de Policiamento da Capital (CPC), em janeiro último, quando assumiu o coronel PM Luiz Rogério de Andrade, e tem a intenção de desmembrar a célula da polícia para que ela trabalhe de forma mais próxima do cidadão, melhorando o canal de comunicação entre a população e os policiais. Segundo a tenente Débora Santos Perpétuo Antunes, chefe da Assessoria de Comunicação do CPC, essa é uma diretriz para todo o estado e tem como foco o policiamento comunitário. "Antes não tinha nem tempo para esse tipo de projeto comunitário. Pensava-se que a nossa missão tinha que ser só prender bandido mesmo, e a comunidade ia ter que aguentar do jeito que está", observa.
O projeto visa conseguir, no mínimo, uma célula em cada bairro, ao invés de centralizar o comando num único quartel que atende a 50 bairros, por exemplo. Essa célula poderia agir como base comunitária móvel, que usa veículo, uma edificação, uma sala ou espaço cedido pela Prefeitura. Seria implementado um modelo semelhante ao de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro, e o modelo de São Paulo, de bases comunitárias. "Hoje, a gente tem um investimento bem maior. As viaturas são terceirizadas, a frota aumentou muito, a gente tem uma condição de equipamento, de armamento que dão condições para o policial trabalhar. O efetivo está aumentando, mas em contrapartida, tem um monte de gente aposentando", explica a oficial. A pesquisa da SEDS, divulgada em junho de 2011, referente ao ano anterior, constata que apenas 47,3% dos entrevistados disseram confiar no trabalho da PM e da Polícia Civil. Esse índice foi mensurado pela primeira vez pelo Governo. Foram ouvidos 2808 cidadãos de 96 cidades mineiras, todos maiores de 16 anos, de variada escolaridade, classes sociais, sexo e cor de pele. Foram realizadas 315 entrevistas em Belo Horizonte. Paradoxalmente, o indicador é considerado positivo, se comparado às outras regiões do Brasil e à média
Especialista em segurança pública Luis Flávio Sapori analisa a falta de confiança nas polícias nacional, que é de 27,32%. "Ainda há muita truculência na abordagem da população no cotidiano", afirma o doutor em sociologia Luis Flávio Sapori, especializado em segurança pública. Para ele, os graves problemas de corrupção em Minas e em todo o Brasil também contribuem para a corrosão da imagem da polícia, uma vez que o cidadão tem a percepção dessa realidade no seu dia a dia. Conforme o sociólogo, que foi adjunto de Segurança Pública do Estado de Minas Gerais de 2003 a 2007, e também coordenou o Instituto Minas Pela Paz entre 2010 e 2011, os dois fatores básicos que podem explicar a baixa confiabilidade da população são as ati-
tudes, algumas vezes, agressivas, mal-educadas, preconceituosas e opressivas da PM em relação à população e à corrupção. A tenente Débora concorda que a corrupção, infelizmente, existe, mas a considera minoria. "Não é sempre que a gente tem casos desse tipo de denúncia. Eles são sempre apurados, a gente busca esclarecer e informar a população pra realmente tirar o problema de circulação quando ele houver", diz a policial militar, ao defender que a Corporação tem meios de correção muito eficientes e um juizado especial, a Justiça Militar, criada para combater esse tipo de crime. Segundo Débora, a corrupção certamente contribui para dene-
grir a imagem da polícia e provoca um distanciamento da população. "Faz com que caia na vala comum e no senso comum de que policial e político são corruptos e aí gera esse medo de achar que não vai adiantar de nada dar uma informação para um corrupto", desabafa. A tenente diz que existem outras pesquisas mais antigas que revelam que a população de Minas, no que diz respeito à polícia mineira, não generaliza todos os polícias como corruptos, como acontece em outros estados. Sapori afirma que faltam avanços fundamentais para reverter a baixa confiabilidade da população nas polícias mineiras. Primeiramente, a polícia deve se aproximar mais do cidadão, tornando-se pacificadora e, para tanto, precisa conversar mais. "A polícia precisa perceber que a tarefa dela é prevenir o crime e não combatê-lo", diz. Em segundo lugar, Sapori coloca que é preciso melhorar a capacitação e o treinamento do policial, que já está na rua há alguns anos, trazendo-o de volta para dentro da corporação para se reciclar. Em contrapartida ao que defende a PM, Sapori considera que é preciso ser mais vigilante à corrupção dentro das corporações. "É necessário melhorar as corregedorias que ainda são muito corporativistas. Não conseguem punir o policial corrupto que é como uma erva daninha”.diz
Programa auxilia jovens no combate às drogas Há 21 anos, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) vem mudando a vida de crianças e jovens de Belo Horizonte. O projeto é uma réplica de um programa copiado dos Estados Unidos e, por isso, possui suporte internacional. "A gente passa lições de cidadania, como dizer não às drogas e à violência, como valorizar os amigos e a família", explica o cabo Marcelo Rosa da Silva, 41 anos, que desde 2004 trabalha com o Proerd, atendendo crianças e jovens do 5º e 7º ano do ensino fundamental. Cabo Marcelo conta que para começar a dar aulas no
projeto, teve que fazer um curso e que a cada seis meses faz seminários de reciclagem para aprender novos métodos. "Eu faço porque gosto. É uma questão de satisfação. Além de você estar fazendo seu trabalho, você está ajudando vidas de jovens", diz. Ele trabalha em oito escolas diferentes, nos turnos da manhã e tarde. Em uma mesma sala de aula, o curso dura seis meses. A Polícia Militar fornece livro e certificado para cada aluno. Ao final do curso, um concurso de redação é feito entre os alunos, que devem escrever sobre o que aprenderam. Na escola Municipal Antônio Mourão Guima-
rães, no Bairro Cardoso, Região do Barreiro, João Paulo Basílio dos Santos, 11 anos, foi o ganhador do semestre passado. "Eu gostei mais de aprender sobre as drogas, mudou muita coisa para mim, eu passei a dar consciência para minha família e meus amigos", conta. A vice diretora da escola, Shirley Zanini Gaudareto, 49 anos, aprova a existência do projeto. "A disciplina, que é o grande nó da educação, melhorou bastante na escola com a chegada do Proerd", relata. A mãe de um ex-aluno da escola, Mônica Aurora, 43 anos, diz que o Proerd mudou a vida do seu filho. "A
criança nunca esquece. Agora ele já é um rapaz, mas foi muito bom pra ele. Ele cresceu e eu não tive medo nem preocupação de deixá-lo livre", diz. Em uma escola do mesmo bairro, a Escola Municipal Dinoráh Magalhães Fabri, o cabo Mauro Lúcio Alves de Carvalho, que trabalha ali, conta que participa do projeto por prazer e adora o carinho que recebe das crianças. "O militarismo já acabou. A polícia mudou. A gente está sempre dentro da Vila. O foco do Proerd é vila e aglomerado pra mostrar que eles não estão esquecidos", esclarece o Cabo Carvalho.
DANIEL NUNES
Cabo Mauro Lúcio Carvalho: “o militarismo acabou. A Polícia mudou”
Líderes comunitários têm opiniões distintas No Bairro Califórnia, na Região Noroeste, os moradores reclamam da ausência da Polícia Militar, segundo o diretor sócio-cultural da Associação de Moradores do Conjunto Califórnia, Júlio César Teixeira. "Eles tinham que estar mais presentes. Mas a gente vê que é uma necessidade geral da cidade toda, não é específico do bairro", diz. "Como a PM é mais preventiva, quanto mais eles fossem vistos, melhor seria", completa. Júlio César relata que a aproximação da Polícia Militar existe e que, quando acionados, os policiais aparecem, mas que há uma necessidade de
uma presença maior deles no bairro. "A gente tem um problema grave aqui. As estatísticas e pesquisas dizem que é uma região super calma, então a PM atua pouco. O pessoal não faz ocorrência e para efeito de pesquisa isso é ruim", explica. Ele afirma que a associação tem instruído a população a registrar ocorrência para que a polícia dê maior atenção para a região. Um novo posto de serviço da PM está sendo instalado no bairro, mas ainda não está pronto. Juntamente com essa novidade e com o projeto de instalação da Rede de Vizinhos Protegidos no 2º
semestre, a população espera que o policiamento melhore. O presidente e fundador da Associação dos Moradores do Bairro Santo Antônio e entorno da Av. Prudente de Morais (Amorsanto), Geraldo Angelino, 60 anos, diz que a população ali tem “inteira confiança” na PM. O advogado Gege, como é conhecido entre os moradores, mora no bairro Santo Antônio há 26 anos e refundou a associação em 2006. A parceria com a PM existe desde então. "Essa parceria sempre funcionou. Nós temos um canal muito aberto com a PM. Nós vamos a reuniões,
somos chamados, fazemos sugestões", conta. Ele diz que a equipe de policiais que atende aos bairros é majoritariamente fixa. "Claro que existe uma movimentação natural de contingente, mas a maioria dos militares é fixo. Isso é muito importante", diz. O casal Luiz Antônio Batista Ferreira, 47 anos, e Ana Magmani, 44 anos, que caminhava pela Avenida Prudente de Morais, aproveitando o fechamento de um quilômetro dela aos domingos para o trânsito de veículos, informou se sentir seguro no bairro. "Eu vejo carro
da PM passando com frequência. A gente não tem nada a reclamar não", diz a Ana. "Uma aproximação com a polícia não existe. Eu não conheço ninguém por nome, mas não me sinto inseguro, eu confio", completa Luiz Antônio. Eles estavam acompanhados dos dois filhos e de uma amiga. Outra moradora do Santo Antônio, Adelina Varela, 90 anos, declara que nunca teve problemas de segurança. "Moro há 70 anos aqui e ninguém nunca entrou na minha casa. Qualquer coisa a polícia está lá”, afirma.
4 Comunidade
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Abril • 2012 MARIA CLARA MANCILHA
FALTA DE LUZ CAUSA PREJUÍZO Moradores sofrem com a frequente interrupção de energia causada pelas temporadas de chuvas. A região possui postes com excesso de fiação, o que potencializa o problema n JONAS SOUSA 2º PERIODO
O fornecimento de energia elétrica no Bairro Minas Brasil tem sofrido interrupções frequentes, principalmente em dias de chuva e ventos. A região apresenta instalações elétricas em contato com árvores antigas e postes com excesso de fiação, o que facilita a interrupção de energia causada por acidentes simples, como quedas de galhos, arrebentamentos de fios e curtoscircuitos. De acordo com moradores ouvidos pelo MARCO, o problema existe há mais de 30 anos e ainda não teve uma solução definitiva. Os mora-
dores reclamam também da demora para o restabelecimento da energia, o que causa transtornos e aumenta os danos materiais. O engenheiro Rodrigo Soares, morador do Bairro Minas Brasil há cerca de 35 anos, afirma que o fornecimento de energia é interrompido em todas as temporadas de chuva. Segundo ele, as quedas de energia tem diminuído nos últimos anos, mas o problema ainda não teve uma resolução efetiva. "Há cinco anos as quedas de energia eram mais frequentes, mas o problema ainda não acabou", afirma. Ainda de acordo com Rodrigo, a crescente verticalização do bairro torna
maior a demanda por energia e, portanto, aumenta os prejuízos e os problemas quando seu fornecimento é interrompido. O pai dele, o advogado aposentado Pedro Jorge, que mora no bairro há 38 anos, afirma ter perdido aparelhos eletrônicos por causa das quedas de energia, mas não teve sucesso ao tentar reembolso pela Companhia Elétrica de Minas Gerais (Cemig). O comerciante Gilmar Vieira, morador do Minas Brasil há 15 anos, também afirma que o restabelecimento da energia elétrica normalmente é demorado, chegando a períodos de seis horas sem eletricidade. "Há um ano, enquanto acontecia uma MARIA CLARA MANCILHA
Pedro Jorge não obtve reembolso dos aparelhos eletônicos perdidos com as quedas de energia no Bairro Minas Brasil
Outros bairros da região são afetados As quedas de energia acontecem com a mesma frequência em bairros próximos ao Minas Brasil. O sapateiro Antônio Sabino, morador do Bairro Padre Eustáquio há 39 anos, conta que já passou noites inteiras sem energia. “A última vez foi na temporada de chuva, é só chover que a energia cai”, afirma. Já Noraldo Eugênio, comerciante e morador do bairro há 55 anos, diz que há algum tempo não tem quedas de energia onde ele mora. “Para mim o problema não é tão grave, até que a energia cai poucas na minha rua”, diz. A moradora Márcia Rezende, que está há 32 anos no Padre Eustáquio, também diz que não houve quedas recentes, mas confirma que deve existir um problema com as conexões elétricas da região onde ela mora. “Além da demora para voltar, a energia fica ‘fraca’ por muito tem-
po”, diz. Há reclamações de quedas de energia também no Coração Eucarístico, próximo à divisa com o Minas Brasil. O aposentado Olírio Ferreira, morador do bairro há 29 anos, diz que tem problemas constantes com o fornecimento. “Neste ano a energia já caiu duas vezes na minha rua, o maior problema é ficar sem o elevador para subir para o meu apartamento”, conta. José Inácio, aposentado e morador do bairro há 20 anos, afirma que as quedas de energia não acontecem somente na época de chuvas. “Aqui a energia cai quando chove, mas quando não chove também”, diz. Ele ainda menciona a importância do fornecimento contínuo de energia. “Quem depende do fornecimento de energia para trabalhar está correndo um grande risco nessa região”, acrescenta.
Gilmar Vieira e sua esposa, Mônica Rodrigues, sofrem com prejuízos em seu restaurante devido a falta de luz instalação de internet na minha casa, um pombo pousou em um fio de energia, levou um choque e fez toda a rua ficar sem luz por mais de cinco horas”, afirma. “O técnico disse que ele conseguiu derrubar seis conexões de energia tamanha a fragilidade das instalações", acrescenta Gilmar. A mulher dele, Mônica Rodrigues, moradora do bairro há 38 anos e dona do restaurante onde eles trabalham, afirma ter muitos prejuízos com bebidas e alimentos que se tornam inutilizáveis quando são condicionados de forma inadequada por muito tempo. "Sempre perco as carnes quando falta energia. Também não dá para salvar as bebidas,
não posso vender nem devolver depois que elas ficam sem refrigeração por muito tempo", diz Mônica. A assessoria de imprensa da Cemig revelou não poder dar uma posição imediata da empresa, justificando que o problema é complexo e que a apuração é demorada, mas informou que o setor técnico está verificando se a situação é específica do Bairro Minas Brasilo e se existe algum projeto a respeito das quedas de energia. Os moradores entrevistados disseram que quando ligam para avisar à Cemig sobre interrupções do fornecimento de energia, sempre escutam uma
gravação que informa que a empresa já está ciente do problema e que está trabalhando para resolvê-lo. "Nem ligamos mais, já até desistimos depois de tantos anos com esse problema", afirma Gilmar. Durante esse tempo de energia oscilante e com frequentes quedas, nenhum projeto de prevenção às interrupções do fornecimento de energia em períodos de chuva funcionou efetivamente. "A solução definitiva seria a instalação subterrânea da fiação ou, pelo menos, a poda das árvores que estão em contato com os fios", propõe o morador e engenheiro Rodrigo Soares.
Promessas se repetem todo ano no período da quaresma MARIA CLARA MANCILHA
n ISABELLA GOMES BARBOSA ISABELLE DE MELO RÊDA 1º PERIODO
A açougueira Maria Vicentina De Paula, de 48 anos, é uma pessoa em que todo ano, junto com seu marido, faz promessas. E esse ano foi especial para ela. "Parei de beber durante a quaresma e consegui graças”, diz Maria agradecendo pelo sonho alcançado. "Meu filho de 13 anos conseguiu entrar para a escolinha de vôlei do Cruzeiro e eu não poderia estar mais feliz", conta. Ela diz que sua família é muito religiosa e por isso seguem sempre os preceitos da Igreja Católica. "Em agradecimento faço promessas", acrescenta. As promessas, assim como as caridades, abstinências e orações, são muito comuns nos dias da quaresma, período comemorado pela Igreja Católica que antecipa a Páscoa, e no bairro Coração Eucarístico há muitas adesões a essa prática de cumprir promessas, como no caso de Maria Vicentina e sua família.
Maria Vicentina prometeu não ingerir bebidas alcoolicas durante a quaresma deste ano e atingiu o objetivo Mesmo sendo muito significativas para alguns, outros não conseguem seguir à risca as promessas. As amigas Vera Rocha e Fátima Camargos seguem a mesma tradição: a de não comer carne durante a quaresma nas quartas e sextas-feiras. Porém antes do fim dos quarenta dias sagrados elas quebraram a promessa, interrompendo a tradição. Apesar disso, ambas disseram não se esquecer da importância da mesma. Apesar de ter muitos
praticantes, o verdadeiro sentido pelo qual as pessoas fazem as promessas não é entendido por todos, e é explicado pelo professor de Cultura Religiosa da PUC Minas, Salustiano Alvarez Gomez, 56 anos. "As pessoas fazem promessas por motivação pessoal, o sacrifício como a igreja coloca tem um sentido de melhorar sua vida, de solidariedade e contribuição", observa. Dentre as promessas, a mais conhecida é a de trocar a carne vermelha por
peixe nesse período. Giovanni Viana, gerente comercial do Carrefour Coração Eucarístico, afirma que a venda de peixes sobrepõe à de carne durante o período da quaresma, e os peixes mais vendidos foram bacalhau e merluza. "Os quarenta dias da quaresma significam travessia, percurso, preparação para uma vida melhor. Fazer o sacrifício da promessa é se dispor a procurar o ideal de uma vida melhor", reforça Salustiano.
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COMÉRCIO NO ANEL RODOVIÁRIO Preço popular, diversidade de produtos e facilidade no pagamento conquistam o consumidor e garantem o sustento de várias familias que se estabeleceram às margens do Anel Rodoviário MARIA CLARA MANCILHA
ovos. No mesmo local há uma faixa logo acima da 1º PERÍODO loja que anuncia "Computação e Papelaria", local Em meio ao fluxo consno qual o filho de tante de carros, caminhões Efigênia, Ronildo Medeie motos que caracteriza a ros, 24, é responsável por rotina do Anel Rodoviário, dar aula de informática. na altura dos Bairros João A loja, situada abaixo Pinheiro e Dom Cabral, há da casa da família, foi criaum comércio variado às da com essa variedade de margens da via que, produtos com o intuito de muitas vezes, passa desque a proprietária pudesse percebido por motoristas, vender um pouco de cada motociclistas e pedestres. coisa para ajudar em casa, Estabelecimentos simmas sem ter que se afastar ples, criados e administrada mesma. A escolha pela dos igualmente por pesvenda de roupas usadas soas simples, que possuem ocorreu em função da falta uma trajetória histórica de dinheiro para investir familiar profunda: mães na compra de roupas que iniciaram o comércio novas para revenda. Essas para sustentar a casa e os roupas não são compradas filhos e, hoje, filhos que por Efigênia previamente, dão continuidade a esse os donos das mesmas mesmo comércio e que levam-nas à loja para ajudam as mães a sustenserem vendidas em contar a casa. signação, e Efigênia recebe Esse, por exemplo, é o um percentual de 30% caso de Efigênia Medeiros, sobre a peça vendida. As 61 anos, que há 15, desde roupas ofertadas são muique os filhos eram peto baratas, com variação quenos, comercializa em de preço, estabelecido sua modesta loja, que - pelo dono da roupa, entre funciona de segunda-feira R$1,00 e R$10,00. a sábado, uma variedade Segundo Efigênia, a de produtos: roupas, sapavenda dos produtos ajuda tos, brincos e colares usabastante nas contas de casa, e uma dificuldade é, dos, roupas íntimas e n MARIANA OZÓRIO LACORTE
Eni Moreira trabalha ao lado de seu filho Gilson no comércio da família às vezes, a venda dos produtos 'fiado' que não são pagos posteriormente. "Ajudam bastante: é uma fruta, um leite, uma carne que dá para comprar, ajuda bem. De vez em quando fica alguém sem pagar, de vez em quando tomo um cano", conta. Parecido com o caso de Efigênia, é o de Eni Moreira Elias, de 69 anos, que junto com o filho Gilson Elias, 34, adminis-
tra um hortifrutigranjeiro situado no mesmo local há 25 anos. Dona Eni, que há 35 anos trabalha no segmento alimentício, é uma mulher humilde."Eu inclusive nem leitura direito tenho e trabalho aqui com a balança", diz. As frutas e verduras compradas à vista na Ceasa são muitas vezes vendidas fiado aos clientes, o que pode acabar por prejudicar o lucro do estabelecimento,
já que esses clientes ou demoram a pagar ou nem chegam a pagar pelos alimentos "comprados". Gladison, que desde os 14 anos trabalha com a mãe no hortifruti, formou-se no segundo grau no ano passado e, através da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), sonha em ingressar em uma faculdade no próximo ano. A fim de evitar que muitas dessas frutas e verduras pereçam, mãe e filho, vendem esses alimentos na rua: pesam a fruta ou verdura na balança, depois a embalam, colocam o preço e em um carrinho de supermercado saem vendendo de porta em porta.
ALTERNATIVA Assim como nas histórias anteriores, Maria da Penha Ferreira, 49, que já vendeu samambaias, flores e maçãs feitas de garrafa pet, é proprietária de um estabelecimento comercial desde 1993, que já foi bar, mas que atualmente é uma loja de artesanato feito por ela mesma. Ali, Maria da Penha, também vende
roupas femininas e masculinas, bolsas, colares, brincos, cintos e roupa íntima e revende produtos Avon, Natura, Abelha Rainha e Jequiti, que auxiliam muito na renda familiar. Ela optou por começar a vender esses produtos em função da dificuldade de se inserir no mercado de trabalho devido a sua baixa escolaridade. Maria da Penha escolheu fechar o bar que possuía anteriormente e iniciar a venda de artesanato em panos de prato por causa do prejuízo gerado por vender 'fiado' quando era dona do bar e por ter grande prazer em produzir artesanato. Atualmente, a comerciante não vende mais 'fiado', exige da clientela que não é de sua confiança o pagamento à vista previamente da mercadoria encomendada e o desenho que mais gosta de pintar nos panos é a bailarina. Dona Maria sonha em expandir o seu negócio atual e voltar a produzir e vender objetos feitos a partir de garrafas pet. FELIPE AUGUSTO VIEIRA
9ª CIA da PM no Coreu é conquista para a comunidade n PETERSON MOREIRA 3º PERÍODO
No mês de março, foram iniciadas as obras para a construção do quartel que abrigará a 9ª CIA da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), que será transferida de sua atual sede na Avenida D. Pedro II, no Bairro Caiçara, para a Via Expressa, próximo à Fundamigo (Fundação Espírita Divino Amigo), no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de Belo Horizonte. O cronograma prevê a conclusão das obras até o final de 2012. De acordo com o major Gibran Condé Guedes, da 9ª CIA da Polícia Militar, a construção desse quartel é de grande importância e uma conquista da comunidade, que há algum tempo vem lutando para que haja um policiamento mais efetivo no Bairro Coração Eucarístico. "Tem uma importância muito grande não só para o Coração Eucarístico, mas também para os bairros adjacentes que compõe a subárea da 9ª CIA da Polícia Militar. A vinda da 9ª CIA já é uma luta antiga e um desejo da comunidade, que integrada com o comando do 34º Batalhão conseguiu fazer com que o Estado cedesse para a Polícia militar esse terreno, onde a partir de
março iniciou as obras para a construção da nova sede 9ª CIA da Polícia Militar. É uma conquista para a comunidade, que há muito tempo já vem perseguindo esse objetivo de ter aqui no Coração Eucarístico uma fração da Polícia Militar," disse. Para o major Gibran, a transferência da 9ª CIA da Polícia Militar para o Bairro Coração Eucarístico foi uma colaboração mútua entre comunidade e a Polícia Militar. "Na realidade foi a combinação de vontades tanto da comunidade, somado também com a vontade da Polícia Militar, especialmente do comando do 34º Batalhão, aliado a uma oportunidade que surgiu em razão do terreno que é de propriedade do Estado. E assim foi possível ceder o terreno a Polícia Militar, viabilizando assim a construção da sede da 9ª CIA da Polícia Militar. Então, a gente percebe que houve a união de esforços tanto do Estado, da Polícia Militar e da comunidade do Bairro Coração Eucarístico, para poder conseguir esse objetivo, o de instalação, construção, modificação da nova sede da 9ª CIA. da Polícia Militar aqui no Bairro Coração Eucarístico", afirma. A chegada 9ª CIA da Polícia Militar para o Bairro Coração Eucarístico, beneficiará a todos os moradores
do bairro e Região Noroeste, e aos estudantes e funcionários que frequentam a PUC Minas.
REPERCUSSÃO "O Bairro Coração Eucarístico possui uma população muito grande, uma população flutuante, porque ela não é fixa por causa da universidade. E isso se torna alvo visualizado pelo bandido, que vem pra roubar carro, sequestrar e assaltar as pessoas na rua. O bairro também tem várias saídas e isso facilita muito para os vagabundos. Por isso, a população do bairro está nessa ansiedade e espera, visando o início dessas obras. E agora com notícia do início das obras para a construção do quartel, isso tem trazido muito alegria para a população, porque vai ser bom para a população do bairro e para os estudantes da PUC”, afirma Iracy Firmino da Silva, presidente da Associação de Moradores do Coração Eucarístico. “A construção do quartel vai inibir o crime, porque vai haver uma movimentação de viatura muito grande", acrescenta. Barbeiro no Coração Eucarístico há nove anos, José dos Santos Ferreira, 56 anos, acredita que o bairro estava precisando de um reforço para diminuir a criminalidade. Para ele, a chegada da 9ª
CIA da PM vai trazer segurança para todos do bairro. "Beneficia, porque é muito difícil passar uma viatura aqui, então essa região acaba ficando a Deus dará. Muitas vezes eu estou cortando cabelo aqui e vejo alunos da PUC serem assaltados na esquina dessa rua, por assaltantes que não se preocupam em nem esconder o rosto", disse.
Para major Gibran, o quartel é resultado da luta por mais policiamento
Crescimento da criminalidade entre 2010 e 2011 é de 22% O crescimento da criminalidade em Minas Gerais em 2011 foi de aproximadamente 22% em relação ao ano de 2010, considerando os casos de homicídios em Belo Horizonte, conforme dados divulgados no dia 01 de março, pela Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS). Somente em Belo Horizonte, o número de furto ou roubo de veículos foi 19,7% maior em 2011, em relação ao ano anterior. Em 2010, a capital registrou 5.088 roubos ou furtos, o que equi-
vale a 14 crimes por dia. Segundo o major Gibran Guedes, é possível acompanhar um decréscimo da criminalidade do ano de 2003 até 2010, mas a partir do ano de 2011, houve o aumento da criminalidade em Minas Gerais. "A gente tem que analisar, também, que em razão desses vários anos de decréscimo, chegamos num ponto em que o fenômeno criminal se tornou mutante, que é necessário também à implantação de novas
formas de gestão, para poder fazer frente a esse pequeno acréscimo da criminalidade, que foi observado em 2011. Isso já vinha sendo implementado com a setorização dos serviços da Polícia Militar, e essa nova forma de gestão da Polícia Militar, forma setorizada, busca a aproximação das patrulhas fixadas em determinados bairros, para que o policial efetivamente tome conhecimento e mantenha um relacionamento mais aproximado com a comunidade", disse.
6 Comunidade/Comportamento
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Abril • 2012
CASA VAZIA VIRA CASO DE POLÍCIA Imóvel abandonado em Rua do Bairro Minas Brasil, na Região Noroeste de Belo Horizonte, é motivo de transtorno para vizinhos, que apontam o local como ponto de uso de drogas n ANA THEREZA PAULA MAGALHÃES 1º PERÍODO
Uma casa abandonada no Bairro Minas Brasil, na Região Noroeste de Belo Horizonte é foco de problemas há mais de um ano para moradores da Rua Curupaiti e outras vias próximas. De acordo com moradores ouvidos pelo MARCO, a casa funciona como ponto de uso de drogas e inibe o trânsito da população local pela escada que margeia a rua, no trecho que vai da esquina da Avenida Ressaca à confluência das ruas Dona Ana e Dona Noêmia. A aluna do Curso de Geografia da PUC Minas, campus Coração Eucarístico e moradora do bairro, Daiane Florêncio, 25 anos, afirma evitar transitar na área conhecida como "escadão", depois das 19 h. Segundo ela, os moradores já sabem o horário em que a casa fica cheia e têm que desviar a rota que dá acesso ao metrô por medo de assalto. Ela relata uma situação que viveu ali. “Perguntaram 'o quê você tem na sacola', e eu estava no meio da escada, sem ter
como descer e nem como subir, e como tem um vão do lado da casa, por mais que se olhe e não veja ninguém e ache que possa descer, quando está no meio da escada, tem como essas pessoas saírem e te abordarem. Não há como ter reação nenhuma", diz. Nesse trecho da Rua Curupaiti a iluminação é precária e, por estar em um quarteirão fechado, não tem trânsito de veículos. Esses fatores influenciam no movimento da casa que já não tem móveis, janelas nem portas, vendidos pelos próprios usuários para sustentar o vício. "Em menos de uma semana que um novo portão foi colocado já o arrancaram de novo", afirma Áurea Luz Alves Pereira, 62 anos, moradora da Rua Dona Noêmia, há 46 anos. "Preciso passar por essa rota para ir ao Posto de Saúde, e, dependendo da hora, peço para o meu marido me levar pelo menos até a metade da rua", acrescenta. Para os moradores do prédio ao lado, no número 377 da Rua Curupaiti, segundo Fernando Henrique Figueiredo, 32 anos, síndico há dois, há
muito incômodo, tanto pelo barulho quanto pelo cheiro exalado pelo uso de drogas como o crack. "Já até entraram no prédio, umas duas vezes", conta. Para melhorar a segurança do prédio, o condomínio instalou câmeras na garagem e na portaria principal e alarmes no prédio. Segundo Fernando, uma delas foi violada. "A grande maioria das vezes que eu acionei a polícia,
ela veio, mas nunca vi levando ninguém", conta. Como sua janela fica em frente à casa, Fernando sempre aciona a Polícia Militar pelo 190, mesmo de manhã, ou rapidamente atendido ou com um pouco de demora, quando também há pessoas na casa. Porém, com a inviabilidade de acesso à rua por uma viatura, segundo Fernando, quando vêem o carro da polícia,
ou sobem a rua se a viatura vem pela Avenida Ressaca ou descem quando vêm da Curupaiti acima da esquina com as ruas Dona Noêmia e Dona Ana. "Geralmente os bandidos chegam a entrar no forro da casa para esconder da polícia", diz. Além de ser ponto de drogas, a casa acumula dejetos e lixo dos usuários a céu aberto. Segundo Fernando, profissionais da
vigilância de saúde da Fundação Ezequiel Dias (Funed) sempre passam pela rua, mas nunca entraram na casa. O perigo passa a ser, além de um indício de violência, uma questão de saúde pública a ser mais bem inspecionada pela vigilância sanitária, pois, como o telhado da casa tem frestas, pode haver focos de dengue. FELIPE AUGUSTO VIEIIRA
Completamente danificada, casa abandonada no Minas Brasil gera transtornos para vizinhos que reclamam da insegurança gerada
Casa invadida é desocupada e reformada após anos de incômodo FELIPE AUGUSTO VIEIRA
n FELIPE AUGUSTO VIEIRA 4º PERIODO
Assim como a casa abandonada da Rua Curupaiti, também no Bairro Minas Brasil um imóvel localizado à Rua Xavier da Veiga, 166, que foi invadido após a morte do proprietário Presciliano Romualdo e problemas familiares, gerou transtornos durante anos para a comunidade local. Neste caso, no entanto, uma solução foi viabilizada, em março último, quando os herdeiros diretos do antigo proprietário, os filhos Antônio Romualdo, 46 anos, e Presciliano Romualdo Filho, 39, assumiram a responsabilide pela reforma, que
já está em andamento. Desde o início de abril, o cenário ali está mudado. Os tapumes e placas de madeira que estavam amarrados na cerca da casa foram retirados, e materiais de construção, como tijolos e areia, estão armazenados. Antônio Romualdo informou que a reforma está sendo bancada pelos herdeiros e que após o término o imóvel será cedido, por empréstimo, para o casal Fernando e Gildázio Menezes. O major Gibran Condé Guedes, da 9ª Companhia da Polícia Militar de Minas Gerais, que participou da negociação, revelou que policiais militares fizeram a retirada dos ocupantes irregulares e fazem um trabalho de monitoramento do local.
Antes de solucionar o problema, no entanto, foram muitos os transtornos causados pelo imóvel invadido. No período de janeiro de 2006 a junho de 2010 foram registrados 31 boletins de ocorrência na PM referentes ao local, entre ameaças, furtos, homicídios, extravios de documentos, perturbação de tranquilidade, agressão, dano e posse irregular de arma, segundo o autor de processo aberto no Ministério Público, comerciante Ricardo Marota Silva, 43 anos, que forneceu ao MARCO, cópias dos registros dos respectivos boletins. Morador há cinco anos do Edifício Alfa, número 178, vizinho à casa, Ricardo diz ter se arrependido de ter adquirido o imóvel no local, por causa dos inúmeros transtornos que
A reforma já foi iniciada desde o inicio de abril sofreu em função da casa invadida. "Quando eu comprei o apartamento há cinco anos atrás, se eu soubesse dessa situação eu não comprava, porque eu não dormia", conta.
MMA ganha destaque e espaço em academias MARIA
n CAMILA SARAIVA GONÇALVES DANIELLA BRITO VASCONCELOS LORENZA LÍVIA 1º PERIODO
A popularidade do esporte Artes Marciais Mistas, mais conhecido como MMA, que tem conquistado os meios de comunicação, se reflete nas academias, fazendo com que pessoas de diversas classes e idades busquem a prática desse esporte na academias. Professores entrevistados em algumas academias afirmam que a busca tem
crescido bastante nos últimos tempos, principalmente por esportes como o kung fu e muay thai. De acordo com Marco Ferreira, professor da Academia Associados Kung Fu, os alunos se interessam pela possibilidade de condicionamento físico, defesa pessoal e até mesmo pela arte. Em relação à influência da televisão na transmissão de campeonatos de MMA e novelas, o professor concorda que esse fato tem influenciado a procura pelo esporte. "Principalmente o kung fu
CLARA MANCILHA
Laís (direita) luta MMA por hobby que é visto em novelas e filmes. Hoje, está se conhecendo o stand up, que é a parte da luta, como o UFC e o MMA", explica.
Antes conhecido como "vale tudo", o MMA teve seu nome alterado, pois passava uma idéia agressiva e injusta para a sociedade. "Hoje com novas regras, as artes marciais vem se tornando um esporte atraente para todos, essa nova procura tem influências principalmente da mídia, como novelas, filmes e transmissões de campeonatos, como o UFC(Ultimate Fighting Championship)", relatou Pedro Novaes, professor de muay thai. Antônio Carlos, aluno de uma das academias,
pratica Muay Thai há quatro anos, mas estuda a cultura chinesa há mais de dez. "Traz uma questão de formação de caráter, físico e emocional para crianças e até mesmo para o idoso", afirma. Segundo professores, a maioria dos alunos não procura a luta para seguir carreira profissional, mas por lazer. Para Patrick Arcanjo, aluno de artes marciais há três anos, o que mais o influenciou a praticar o esporte, foi um projeto social na escola. O sonho do garoto de 13 anos é encontrar um patroci-
nador e montar uma academia. Já para Cristiano, de 15 anos, praticante há três meses, o que o levou a essa atividade foi a facilidade de perder peso. A busca pela prática e a popularidade do MMA não é só do sexo masculino. O número de mulheres praticantes também aumentou. Laís Fernandes de 19 anos, por exemplo, pratica há seis meses. Ela não pretende seguir carreira profissional, apenas luta por hobby e buscou o esporte por estar ganhando espaço na mídia.
Especial Abril • 2012
7
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Final de jogo de empreendedorismo organizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, no Rio de Janeiro, reuniu estudantes do Brasil e de outros oito países latino-americanos
EM DESAFIO, SEBRAE PREMIA JOVENS EMPREENDEDORES
n LAURA DE LAS CASAS 5º PERÍODO
RIO DE JANEIRO - Logo no primeiro semestre da faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal Rural do Semi-árido, em Mossoró, Rio Grande do Norte, os cinco colegas nem eram tão amigos assim. Se conheciam pouco, mas tinham algo muito forte em comum: o espírito empreendedor. Isso já era o suficiente para unir os nordestinos em uma história que os levaria longe. Era o Desafio Sebrae entrando na vida de Isaías Lima, Antônio Neto, Bruno Oliveira, Caio Santos e Victor Dantas. No primeiro ano que participaram, não venceram. Mas empolgaram, persistiram, e em 2011 ganharam a etapa estadual. Mal sabiam eles que, em breve, estariam no Rio de Janeiro, recebendo das mãos do Diretor Presidente do Sebrae, Luiz Barreto, o troféu de campeões pelo Desafio Internacional de 2011. "Com o jogo eu pude exercitar esse meu lado administrador, e perceber que é isso mesmo que eu quero pra minha vida: meu próprio negócio", afirma Caio Santos. O Desafio Sebrae é um jogo virtual, voltado para estudantes do ensino superior, que simula situações empresariais. Todos os anos, a equipe do Sebrae organiza a competição com um tema diferente, "Sempre relacionado a
algum assunto da atualidade", liza um software de gerenciade aprender a ter mais estratégia explica Luiz Barreto. Para decidir mento que durante a competição Já o grupo que chegou do qual seria o desse ano, o presivai avaliando o desempenho das Paraguai conta que são cinco dente afirma que foi pensado em equipes em cada uma das sete amigos de infância, que resolveum assunto que está recorrente etapas. ram se unir para viver esse nos últimos anos. "A sustentabiAlém dos brasileiros, estudesafio. São jovens de diferentes lidade está no centro do debate", dantes da Argentina, Chile, áreas, como medicina, engejustifica. Para ele, o importante é Colômbia, Equador, Panamá, nharia e direito, o que mostra pensar nela não apenas em um Paraguai, Peru e Uruguai estiveque o jogo é para todos. aspecto "Resolvemos L C ambiental, formar essa mas tame q u i p e bém em um porque nos aspecto conhecesocial e mos, sabeeconômico. mos que Assim, o todos são tema escopessoas lhido para responesse último sáveis, comano foi petentes, e "Bicicletas", apesar de ter ou seja, os acontecido g r u p o s algumas deveriam brigas nos elaborar momentos estratégias das decipara gerir sões, essa é uma fábrimais uma ca de biciparte imporcletas, pentante da sando desn o s s a de a cor história", que seria a conta o fuFinalistas do desafio Sebrae, após muito esforço conjunto, recebem o prêmio no Rio de Janeiro parede da emturo médico presa e o nome dado à marca, ao ram no Rio participar do Desafio Emillio Arriolla. valor investido em cada setor. Internacional. Alguns, como a A etapa estadual do Desafio Decisões simples e outras comturma da Argentina, segunda dura cerca de seis meses, sendo plexas, como análise de concorcolocada, por um ponto, são ela divida em cinco fases, três rência, compra de insumos e vatodos estudantes de Engenharia virtuais e duas presenciais. Nesse lores de empréstimos, que, junIndustrial, se tornaram amigos ano foram mais de 150 mil estutas, fazem a diferença em uma logo no começo do curso e dantes inscritos no Brasil, para pontuação que direciona até a decidiram participar do desafio serem filtrados, ao decorrer do empresa vencedora. O jogo utipor saber que seria uma chance jogo, e chegar a uma única
MARCO representa Minas Gerais na final do Desafio Sebrae RIO DE JANEIRO - A Final Internacional do Desafio Sebrae contou com uma novidade em 2012: foram escolhidos um estudante de jornalismo de cada estado do Brasil e do Distrito Federal, para acompanhar a premiação e participar de uma versão compacta do jogo. Fomos ao Rio de Janeiro acompanhar os últimos dias do Desafio Sebrae e a tão esperada premiação. Divididos em equipes de quatro a cinco integrantes, fomos confinados em uma pequena sala para que pudessemos começar a tomar as primeiras decisões de gerenciamento das empresas de bicicletas, mesmo tema proposto para os participantes do jogo real. Sem conhecer muitos dos conceitos apresentados no decorrer do jogo, as equipes se esforçaram para tomar as decisões da melhor forma para
cada empresa imaginária, aproveitando o pouco tempo entre uma fase e outra do desafio para discutir e analisar cada atitude. Em dois dias de competição, passamos por sete fases, cada uma com um tempo de decisão que variava de 30 a 45 minutos, e dessa forma tivemos a chance de perceber a complexidade do mundo empresarial, a influência de cada estratégia e a importância do bom gerenciamento não só para essa área especifica, mas também para a vida de qualquer pessoa. No final, conhecemos os ganhadores da simulação, e nos juntamos para discutir sobre as fases, os erros e acertos e entender a dimensão e importância que o Desafio Sebrae pode ter na vida de um futuro empreendedor (Laura de Las Casas).
AURA DE LAS
ASAS
equipe vencedora. Quando começam as fases presenciais, as equipes são recebidas em salas isoladas, longe de qualquer contato, para darem inicio às decisões mais complexas do jogo. Cada decisão tomada, desde o início, pode influenciar a empresa de uma maneira irreversível, por isso, todas as decisões devem ser tomadas com cuidado, depois de estudadas e analisadas. Afinal, os desafios colocados para as equipes são muitos. Eles devem saber lidar com empréstimos, greves e demissões de funcionários, concorrência, entre outras situações bastante comuns nas empresas reais. A equipe vencedora da etapa estadual viaja para competir no Desafio Internacional. A premiação da etapa estadual é um troféu, além de uma bolsa para participar de cursos oferecidos pelo Sebrae. Já na etapa Internacional todos os participantes ganham um Ipad, e os vencedores ganham uma viagem internacional de dez dias a um centro de referência mundial em empreendedorismo, além de bolsas de estudos integrais na Fundação Getúlio Vargas. Como a final do último Desafio foi na capital carioca, os latinos ainda tiveram o privilégio de conhecer uma das cidades mais famosas do Brasil. "É realmente maravilhosa, mas eu esperava um mar mais quentinho", conta, sorrindo, o argentino Tomás Balma.
Instituição muda programa, que será aberto à participação de professores RIO DE JANEIRO - O tema escolhido para o Desafio Sebrae 2012 é "Frutas Tropicais". As incrições para participar vão do dia 11 de abril a 18 de maio. As equipes devem ter entre dois e cinco integrantes de instituições públicas ou privadas, desde que sejam todas do mesmo Estado do Brasil. O presidente Luiz Barreto explica que o Sebrae tem como objetivo se aproximar das universidades do Brasil. Nesse próximo ano a ideia é participar mais ativamente de cerca de oito universidades do país, que terão o jogo virtual como parte do conteúdo das disciplinas. "Espero que isso possa contar pontos para os alunos e para os professores, que possa aproximar essa linguagem e esse conteúdo, cada vez mais
das universidades", afirma. A aproximação com os professores é, realmente, prioridade para o Sebrae. Este ano, o jogo será feito tam-
bém para eles, como uma tentativa de envolvê-los no projeto e dar a eles a oportunidade de conhecer melhor o jogo virtual e ter essa experiência
concreta de envolvimento em equipe. "Estamos buscando melhorar, ao longo dessa experiência de mais de 12 anos", finaliza Luiz Barreto. LAURA DE LAS CASAS
Luiz Barreto revela novidades na próxima edição do Desafio Sebrae, que será aberto aos professores
8 Campus/Perfil
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Abril • 2012
ALUNA LEVA PROJETO A HONDURAS Simone Moura, aluna de Comunicação Social da PUC Minas, representou o Brasil no Encontro Centro-Americano de Jovens Comunicadores, que foi realizado em Honduras PIERO MORAIS
n ANA LUISA PERDIGAO PRISCILA MELO 1º PERÍIODO
A estudante Simone Moura, 28 anos, aluna do 5° período de Jornalismo da PUC Minas, representou o Brasil no Encontro Centro-Americano de Jovens Comunicadores Comunitários, na cidade de Toncontin, em Honduras. O evento, em fevereiro último, contou com a presença de representantes de diversos países das Américas, incluindo Colômbia, Nicarágua, Costa Rica e Canadá. Criadora da Oficina de Comunicação em Periferias, no Aglomerado da Serra, Região CentroSul de Belo Horizonte, Simone foi convidada a apresentar seu projeto, que desde 2006 reúne jovens entre 12 e 24 anos com a proposta de produzir programas de rádio, dando a eles a oportunidade de transmitir seus trabalhos a partir de emissoras comunitárias no aglomerado e mais recentemente a produção de documentários que abordam como tema o direito a comunicação e sua democratização. Os objetivos centrais do encontro foram discutir a democratização dos meios de comunicação, e como esses são apropriados principalmente pelos jovens, e
trocas de informações entre os diversos países e seus respectivos projetos, apresentando como estes se desenvolveram, a metodologia e recursos utilizados as parcerias e as maneiras de manter financeiramente esses projetos de maneira sustentável. Em Honduras, a estudante teve contato com estudantes de toda América e, segundo ela o primeiro aspecto a chamar sua atenção foi a cultura. "Lá havia pessoas de vários países, pude aprender mais sobre outras línguas, principalmente o espanhol, além disso, foi muito bom por resultar na perda do preconceito e quebra de estereótipos que muitas vezes criamos sobre outros países e pessoas da América Latina", disse Simone. Ela também teve a oportunidade, apesar de serem países diferentes, de encontrar diversas pessoas com projetos semelhantes ao seu, e, segundo ela, a troca de informações foi muito valiosa. "O aprendizado e troca de informações que fiz, foi muito importante para minha pesquisa na área de comunicação e para projetos a serem feitos futuramente. Conversei com muitas pessoas, algumas delas mais experientes, acredito que abri minha mente para novas idéias, fiz
Simone Moura desenvolve projetos no Centro de Referência Especializado de Assistência Social vários contatos e também amigos", disse. Ao perguntarmos sobre qual impressão os outros países possuíam do Brasil a resposta não poderia ser melhor. "Os outros países vêem o Brasil como uma referência na América Latina, fiquei impressionada ao saber da boa impressão que já temos lá fora, o autor Paulo Freire é citado a todo o momento", comentou Simone. De volta ao Brasil, Simone está cheia de ideias, e pretende iniciar um documentário sobre segurança pública usando
o que aprendeu lá, além de suas pesquisas. "Acredito que a principal contribuição tenha sido as entrevistas que fiz com as pessoas, e as experiências que tive. Amadureci muito", conclui. O documentário será fruto do atual projeto que Simone está envolvida com crianças e adolescentes moradores do Aglomerado da Serra, Região CentroSul de Belo Horizonte. O projeto, iniciado em fevereiro desse ano, envolve capacitar jovens para a produção de cinema e vídeo, formatos considera-
dos por Simone, imprescindíveis para a inclusão. "No ano passado, desenvolvi com a mesma comunidade um projeto que envolvia rádio e o público que alcançamos foi de jovens mais relacionados e interessados ao universo musical. Com essa nova oficina, abrimos o leque para inserir mais jovens que, independente do interesse que desejam abordar, o formato permite", salienta. Entre os 15 jovens que comparecem às reuniões, que acontecem todas as quartas e sextas-feiras no
Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) do Aglomerado, está Ana Karine de Freitas, 15 anos, estudante do ensino médio, que fez parte do grupo de jovens que participaram oficina de rádio, e a partir das experiências adquiridas nas aulas ministradas por Simone, já demonstra interesse pela área da comunicação e pelo domínio dos suportes utilizados pela área, para informar. "Através dessas oficinas, tive a oportunidade de visitar muitos lugares que sempre quis conhecer, como um estúdio de rádio. Eu tenho muita vontade de fazer jornalismo", ressalta. A proposta de Simone é lecionar através das oficinas, noções de produção de cinema, desde o roteiro até a edição. "Concluindo a primeira parte com os jovens, que é ensiná-los noções de como construir um documentário, e as oficinas permitem isso através de temas que eles mesmos sugerem, a próxima etapa será dar início a produção do documentário", afirma. A conclusão do documentário é prevista para novembro deste ano.
Influência da India em Minas é valorizada MARIA CLARA MANCILHA
n IGOR PATRICK SILVA AMARANE SANTOS 2º PERIODO
Ao entrar no consulado indiano em Belo Horizonte, localizado no Bairro Funcionários, na Zona Sul da capital mineira, a pessoa é apresentada a uma construção de arcos fortes, peças e mais peças em ouro dos deuses hindus e os tapetes cuidadosamente feitos à mão. A reportagem do MARCO estava ali para conhecer o cônsul honorário da Índia em Minas, Élson de Barros Gomes Júnior, e sua história singular, mas o diferente que se descortinava bem à frente parecia tão singular quanto. As paredes alaranjadas eram sustentadas por colunas decoradas com toda sorte de símbolos. Ao lado, um restaurante típico anexo, mantido pelo consulado, ostentava com destaque, fotos e objetos que reafirmam sua identidade cultural. Por sua vez, Ganesha, semi-deus da sabedoria e do intelecto, observava os visitantes com seus olhos pétreos e dourados enquanto o tempo passava. Se ainda hoje, a cultura de um país com história e crença tão distintas do Brasil soa curioso, há não muito tempo eram vistas com censura. Quem olha para o cônsul, Élson de Barros, mal pode
mensurar o quão a vontade ele parece se sentir em meio àquela série de símbolos e arquitetura característicos do país não que lhe deu a vida, mas que lhe deu valores morais. Élson encontrou lugar na diferença. Ele era só um menino na cidade mineira de Ponte Nova, sua cidade natal, para entender os choques culturais marcantes que distinguiam a família de onde vinha do local onde vivia. Descendente de um grupo de imigrantes de Goa, ex-colônia portuguesa que viria a ser anexada à Índia posteriormente, Élson não compartilhava de certas concepções religiosas às quais era compulsoriamente submetido, ao lado do colega judeu; fogueiras de livros considerados hereges e preconceitos das famílias mineiras por ser diferente das tradições seguidas no estado são algumas das dificuldades enfrentadas. "Não podia assistir à aula de religião, mas era obrigado a fazer as provas", conta. Os anos 70 vieram e, com eles, a possibilidade de cursar Economia na PUC Minas. Tão logo terminou, Élson partiu para a Índia. Seguindo o caminho contrário de uma considerável parcela dos jovens estudantes indianos, ele optou por procurar suas
origens e estudar História. "A Índia tem grandes universidades, tudo lá é muito grande. Contudo, uma das diferenças entre Brasil e Índia é que lá, é comum ver famílias da zona rural que mandam seus filhos para estudar fora porque a educação é prioridade. Podem viver em um quartinho apertado e o filho estudando em Cambridge, Princeton, Harvard," diz. A família de Élson Gomes era detentora de prósperos relacionamentos no país de origem. "A história territorial da Índia é bem diferente. Apesar de sermos uma civilização milenar, até 1962, as colônias fixadas lá pertenciam à Inglaterra e meu avô trabalhou ativamente pela unificação de Goa às demais porções do território, o que estreitou laços com famílias como as de Gandhi e Neru. Também quando um embaixador indiano visitou o Brasil, em 1948, ele esteve envolvido na criação de uma Associação de Amigos da Índia, da qual eram signatários Cecília Meireles, Manoel Bandeira, Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Holanda, e outras pessoas importantes da época," diz enquanto empurra para nós um livro com as assinaturas dos eruditos.
O contato com personalidades históricas para fundação do estado independente da Índia somado ao fato de ter nascido aqui deu a Élson uma oportunidade rara: seu nome foi submetido ao Congresso Indiano e aprovado para o cargo honorário de cônsul logo após terminar os estudos. Geralmente, a carreira diplomática tradicional leva anos até chegar ao patamar de cônsul (3º, 2º e 1º Secretário, Conselheiro, Ministro e Cônsul), mas por ser indicado, a oportunidade de intercambiar a cultura familiar com a cultura do país onde ele sempre viveu se mostrava única. Hoje, com o consulado já estabelecido, Élson já conseguiu firmar diversas parcerias entre as empresas indianas e o Brasil, sobretudo com Minas, estado responsável por uma delegação de empresários que visitaram a Índia recentemente para fechar negócios. "Os maiores empresários do estado são da Índia. Um indiano é dono de 18% da Fiat, o grupo Acellor Mital também é de lá. A Infosys, a Celafarm, todas são ou possuem participação de indianos. O consulado tem estreitados estes laços e promovido negócios bem-sucedidos".
Élson de Barros: investimentos de empresas indianas em território mineiro Atualmente, existem cerca de 60 famílias indianas morando na capital, divididas principalmente entre professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e executivos em "temporada". Élson diz que o brasileiro é receptivo e se mostra curioso com os costumes. "Nosso cozinheiro veio da Índia há pouco tempo e já é muito acolhido pelas pes-
soas. O Brasil por muito tempo quis ser igual aos Estados Unidos e Europa, dando as costas para a África e para a Ásia. Agora o país aprendeu a olhar para lá e estamos estabelecendo não uma relação de explorado e explorador, mas de nações com passados semelhantes que agora têm voz no cenário mundial".
Cidade Abril • 2012
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DIVERGÊNCIA NA LISTA DE REMÉDIOS Lista de medicamentos do Programa Aqui tem Farmácia Popular, da rede privada, não contém todos os remédios indicados pelo SUS na rede pública do Programa Farmácia Popular MARIA CLARA MANCILHA
n CAROLINA LACERDA DANIEL DE ANDRADE EMÍLIO PIO 1º E 2º PERÍODO
Comprar medicamentos pelo Programa Farmácia Popular do Brasil, fundado em 2004 a partir de uma parceria entre o Governo Federal e as prefeituras municipais, exige cautela dos usuários. O programa tem uma lista de 113 medicamentos, no site do Ministério da Saúde, que podem ser comprados com desconto de até 90%, para tratamento de doenças comuns entre os brasileiros. Cinco desses medicamentos, usados no combate à diabetes e hipertensão, são oferecidos gratuitamente. No Programa Aqui tem Farmácia Popular, criado em 2006 pela adesão da rede privada de farmácias, o kit pertencente à lista tem apenas 24 medicamentos. Segundo a gerente de Coordenação das Farmácias Populares, Ilca Moraes, no cargo há dois anos, o problema dessa diferença, que gera transtorno aos usuários, é a publicidade do programa na rede particular. "O banner de divulgação na entrada das farmácias particulares com os dizeres 'Aqui tem Farmácia Popular' confunde os usuários e muitos desconhecem a existência da rede pública de farmácias do programa, e, consequentemente, a disponibilidade nestas, de outros medicamentos que não são encontrados a baixo custo na rede privada através do convênio", afirma a gerente. A equipe do MARCO esteve em uma drogaria da
rede privada e constatou a disparidade. O paracetamol, medicamento usado no combate à febre, está na lista da Farmácia Popular do Brasil e um frasco de 10ml pode ser adquirido por apenas R$ 0,85. A atendente disse que o paracetamol não faz parte da lista de medicamentos do Aqui tem Farmácia Popular. Ela ainda citou que existiam outros medicamentos que estavam incluídos na lista, mas em momento algum indicou a existência das farmácias populares. Ilca Moraes garante que as Farmácias Populares informam os usuários sobre os medicamentos que constam na lista. A farmacêutica Juliana Rodrigues, 25 anos, responsável pela unidade do Bairro Lagoinha, uma das quatro existentes em Belo Horizonte, também atesta que as farmácias cumprem o papel de informar. "Dizemos como devem fazer para participar do projeto, informamos quais são os medicamentos gratuitos e jamais recebemos uma receita sem informações que não sigam os parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde", conta Juliana. Além das diferenças de listas outros problemas são frequentes para os que tentam economizar adquirindo medicamentos pelo programa. A auxiliar de serviços gerais, Maria Auxiliadora de Sousa Xavier faz uso contínuo de medicamentos para hipertensão e diabetes. Ela recorre a essas medicações desde 1993 e passou a adquiri-las por meio do Programa Farmácia Popu-
lar do Brasil desde o início do projeto. Auxiliadora recebe gratuitamente três medicamentos: Enalapril, Metformina e Propanolol. Mas utiliza também outros dois, que não fazem parte da lista de gratuidade: Sinvastatina e Diamecon. Entre algumas dificuldades que ela encontra como se deparar com o sistema das farmácias conveniadas ao Programa Aqui tem Farmácia Popular, da rede privada, fora do ar - é quando resta apenas um comprimido na cartela. Nessas ocasiões ela não consegue comprar o que precisaria tomar no dia seguinte, por conta do prazo para a dispensa dos medicamentos. "Às vezes, quando a cartela termina em fins de semana ou feriados, acabo comprando o remédio em outra farmácia perto da minha casa por um preço mais caro, porque na farmácia popular eles não deixam pegar uma nova quantidade do remédio se ainda não tiver passado 30 dias", reclama. Outro problema apontado por Maria Auxiliadora está relacionado ao uso da Sinvastatina 40mg. O medicamento não faz parte da lista de gratuidade, mas é encontrado na versão de 20mg nas Farmácias Populares. Ela já comprou duas cartelas de comprimidos de 20mg na rede privada pagando menos que nas farmácias populares. Ilca alega que as redes privadas têm autonomia para fazer promoções e os preços da Farmácia Popular são tabelados e inalterados desde a criação do
Maria Auxiliadora, auxiliar de serviçoes gerais, utiliza a Farmácia Popular desde o início do projeto programa, pois o objetivo não é o lucro. "O usuário deve ter a consciência de que se porventura pagar menos em uma rede privada por um medicamento que só se encontra na lista de desconto das populares, estará claramente usufruindo de uma promoção temporária", analisa. A gerente de Coordenação das Farmácias Populares salientou que entre as dificuldades está a adequação da receita, que deve estar dentro do prazo de validade. Segundo ela, é preciso que na receita conste o nome genérico do
medicamento, a dosagem recomendada ao paciente e a apresentação de CPF e documento de identidade. "Nos casos de pacientes impossibilitados de comparecer às farmácias para obter o medicamento é necessário que seu representante possua procuração legal dando-lhe poderes para retirar a medicação e apresente além dos seus, os documentos do paciente", orienta. Ela ainda relata que muitos pacientes vão às farmácias com receitas incompletas ou sem os documentos necessários e não podem ser atendidos.
O sistema de dispensa de medicamentos não permite a saída de qualquer item sem que se cumpram as exigências. As modalidades do programa não são direcionadas a uma única camada social - o usuário não precisa comprovar renda para receber gratuitamente o medicamento ou adquiri-lo a baixo custo - o que o torna acessível a todo e qualquer cidadão brasileiro. Outras informações sobre o programa em Belo Horizonte:
Regional
Endereço
Te l e f o n e
Centro
R. Rio Grande do Sul, 54
3277-4591
Barreiro
R. Alcindo Vieira, 69
3277-9183
Noroeste
Rua Formiga 140, Lagoinha
3277-6063/3277-6112
Venda Nova
R. Padre Pedro Pinto, 1500
3277-5514
Postos de coleta de achados e perdidos em BH MARIA CLARA MANCILHA
n PEDRO NASCIMENTO 2º PERIODO
No cotidiano apressado da capital, é comum que as pessoas deixem algo para trás em um momento de descuido e nem perceber. É aí que entra em ação os postos de "achados e perdidos". Em Belo Horizonte, são três pontos de coleta, gerenciados pela Prefeitura, que recebem os itens encontrados pela capital e aguardam os respectivos donos para a entrega. Esses postos são no Terminal Rodoviário de Belo Horizonte, a Estação de Metrô do Santa Efigênia e exclusivamente para documentos, a Agência Central dos Correios, na Avenida Afonso Pena, no Centro. Na Estação de Metrô do Santa Efigênia, o posto de achados e perdidos funciona desde a inauguração do metrô em 1986. Lá
todos os itens são cadastrados de acordo com o dia e a estação em que são encontrados, facilitando a vida de quem procura algo. Porém, além de todo o trabalho, a procura pelos objetos perdidos ainda é pequena e segundo a funcionária Fabiana de Oliveira, responsável por gerenciar os achados e perdidos do metrô, não mais que 20% dos itens encontrados retornam aos donos e pouco mais de 10 pessoas procuram o setor diariamente. "Geralmente quem perde alguma coisa no metrô não imagina que as pessoas costumam devolver", disse. O metrô ainda disponibiliza uma listagem de itens perdidos no próprio site (www.metrobh.gov.br). Casos curiosos como bicicletas, produtos eróticos e até dinheiro já foram registrados, mas pouquíssima coisa retorna aos
Fabiana Oliveira, funcionária do achados e perdidos do metrô de BH donos. Após um mês sem nenhuma procura, os objetos são doados a instituições de caridade. No Terminal Rodoviário de Belo Horizonte, as malas são campeãs de perda pelos usuários, mas objetos menores como chaves, carteira e roupas são encontrados diariamente. Itens como cadeira
de rodas, videogame, dentadura e até mesmo diplomas são esquecidos. Sebastiana Marques, encarregada dos achados e perdidos da rodoviária há 29 anos já está acostumada com coisas estranhas deixadas para trás pelos usuários. "Já deixaram uma lata com 2 kg de minhocuçu para trás. Ela
ficou de sexta para sábado fechada e quando encontraram, todo o terminal já estava fedendo". Os números de objetos perdidos não chegam a assustar durante épocas mais tranquilas, chegando a uma média de dois objetos perdidos por dia, mas durante épocas como o carnaval, por exemplo, a média sobe para 40 objetos perdidos por dia. Assim como no metrô, os objetos que ficam mais de 90 dias sem procura são doados para instituições de caridade. Um ponto positivo nos últimos anos tem sido a participação de taxistas em convênio com a rodoviária. Os objetos deixados nos táxis são levados também para os achados e perdidos da rodoviária, centralizando o serviço e facilitando a vida dos usuários. A Agência de Correios Juscelino Kubitscheck na
Avenida Afonso Pena é o principal ponto de coleta de onde são recolhidos por dia, uma média de 400 documentos. Tudo que chega até lá é registrado de acordo com o nome que está no documento e separado por envelopes, um esforço que exige tempo e espaço. No momento existem pouco mais de 8.000 documentos à espera dos donos. Os correios oferecem uma busca pelo site, mas raramente é utilizado pelos usuários. Mesmo com todo o trabalho feito, apenas 2% dos documentos são devolvidos aos donos. A gerente da Agência dos Correios Viviane Gomes explica: "Essa porcentagem de pessoas que encontram os documentos já foi de 10%, mas devido à facilidade de tirar a segunda via, esse número caiu bastante".
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Abril • 2012 MARIA CLARA MANCILHA
TRADIÇÃO, CULTURA E DIVERSÃO NOS BARES Os bares de BH representam muito mais do que um lugar para encontrar e relaxar com os amigos, estando inserido no contexto social e cultura da capital. O assunto chegou ao Museu Abílio Barreto, que montou exposição sobre o tema n JULIANA ALMEIDA 1º PERIODO
Hoje, ao se pensar em bar há logo uma associação com a capital mineira. E não é para menos, pois a Região Metropolitana de Belo Horizonte conta com mais de 12 mil bares e restaurantes espalhados por toda a sua extensão, e com uma lei municipal que intitula a cidade como a "Capital Mundial dos Botecos" e estabelece o "Dia Mundial dos Botecos" a ser come-
morado no terceiro sábado do mês de maio. Foi pensando nessa tradição boêmia, que o Museu Histórico Abílio Barreto, se propôs a fazer a exposição. "Em volta dessas mesas uma cidade", retratando o histórico da capital desde os seus primórdios e o surgimento de bares e botecos que em primeira instância expandiram-se quando o antigo Curral Del Rei abriu espaço para a nova
capital mineira. Foi durante a construção da cidade que se percebeu a precisão de se criar um lugar voltado para o lazer e o convívio social. E é, inicialmente, entre os trabalhadores da obra, que o bar surge como esse espaço múltiplo e urbano. Atualmente os bares agregam elementos como cultura, conflitos sociais, memória, e podem ser um local tanto de trabalho, para garçons, gerentes e outros, como de lazer, para quem pretende fazer um happy hour. Os momentos de trabalho, lazer e aprendizagem, se fundem e fazem com que o bar se torne o palco desse novo tipo de comportamento. Desse modo, o bar já é parte inseparável da cultura e tradição belohorizontina, e atrai turistas devido à sua fama e a eventos como o ‘Comida di Buteco’, que difundem e divulgam o que a cidade tem de mais antigo. Um dos elementos que mais chama a atenção na exposição é uma cortina feita com copos do tipo lagoinha. Ao ser questionada sobre o desafio de se fazer essa cortina, Michelle Mafra, uma das
donas da empresa responsável pela montagem da amostra valorizou o efeito alcançado. "Queríamos que todos aqueles copos criassem uma atmosfera de impacto, com a in-tenção de surpreender, impossibilitando que o observador pudesse ver o espaço expositivo antes de sua entrada. Claro que houve muitos ajustes para chegar a ter o efeito que buscávamos. Pois o tamanho do furo nos copos, o peso, os cabos de aço, o distanciamento dos copos, tudo influenciava no resultado final. Pouco a pouco o conceito foi se adequando às exigências de segurança, orçamento e processo de construção, gerando novos elementos, como a silhueta de edifícios, que permitiram integrar dois conceitos fundamentais do projeto museológico: a cidade de Belo Horizonte e os bares existentes nela. A este ponto o desafio já havia se transformado em realização", conta. Outra curiosidade da amostra é o Mercado Central. Fundado em 7 de Setembro de 1929, pelo
então prefeito Cristiano Machado, é hoje um dos pontos turísticos mais visitados de Belo Horizonte. A exposição narra a sua criação e a sua relação com o bar, relação essa que permanece viva atualmente e que não se mantém só por clientes antigos, mas que a cada dia conquista novas pessoas que passam lá só para fazer um lanche ou para relaxar com uma bebida antes de ir para casa depois de mais um dia de trabalho. Ao caminhar por aqueles corredores, encontramos bares antigos, como o Bar do Mercado Central que está lá há 48 anos. Luciano Silva, 29 anos, funcionário do bar há 10, conta as histórias que ouviu. "Era uma portinha que só vendia pastel de carne moída e queijo. O mercado tinha poucas lojas e era a céu aberto. Depois, com o
Exposição no Abílio Barreto conta história dos bares belo-horizontinos passar dos anos, a loja aumentou e o mercado foi coberto, a Praça Sete era a estação dos bondes e sua proximidade fez com que a clientela aumentasse. E tudo no bar leva jiló, porque os clientes pediam para fazer um pastel de carne com queijo e jiló. E a mistura deu tão certo que dura até hoje", afirma. Existe também o Café Dois Irmãos, que tem sua loja no mercado desde 1985. Sydnei Gonçalves de Castro Neto, 28 anos, é filho do dono e relembra
com carinho a história contada pelo pai. "O Itamar Franco anunciou sua candidatura a governador na loja acompanhado pelo Fernando Pimentel (ex-prefeito de Belo Horizonte e atual ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior), conta. A exposição pode ser conferida no Museu Histórico Abílio Barreto, localizado na Avenida Prudente de Morais, 202 Cidade Jardim, e vai permanecer até julho, funcionando às terças, quartas e sextas, sábados e domingos de 10 às 17h, e às quintas de 10 às 21h. A entrada é franca. MARIA CLARA MANCILHA
Obras da BRT na Cristiano Machado gera transtornos n GISTAYNE SANT’ANA 5º PERÍODO
Não está fácil a rotina de quem passa diariamente pela Avenida Cristiano Machado, em Belo Horizonte. As obras de implantação do BRT, ou Bus Rapid Transit (transporte rápido por ônibus, na sigla em inglês), causa vários transtornos aos mora-
dores, comerciantes e motoristas. Além do barulho, alterações nas pistas e retenção no trânsito, fazem com que a realização dessa obra seja motivo para muita reclamação. O novo sistema de transporte é a grande aposta para melhorar o fluxo de veículos e de passageiros na região para a Copa de 2014,
no Brasil. Entretanto, o cenário é desanimador quando a discussão é mobilidade urbana. Um dos pontos críticos está na esquina da Avenida Cristiano Machado com Silviano Brandão, entre os Bairros da Graça e Floresta, Região Leste de Belo Horizonte. O problema é que o local está interMARIA CLARA MANCILHA
Obras na Avenida Cristiano Machado para a implantação do BRT (Bus Rapid Transit) mudam a rotina em BH
ditado há mais de dois meses e nenhuma obra foi iniciada até agora. "Não dá para entender. A BHTrans fecha o cruzamento, tumultua o trânsito, complica a vida de todo mundo e a gente não vê nenhuma obra", desabafa o morador do Bairro da Graça, Philippe Hipólito. "Falta planejamento da Prefeitura; nos horários de pico, o trânsito em ruas que eram tranquilas fica caótico”, acrescenta. "Obras sempre criam algum problema. Não estamos tendo muitas queixas, as pessoas reclamam dos engarrafamentos e da falta de mobilidade, mas acreditam na obra", defende o gerente de coordenação de Mobilidade Urbana da BHTrans, Rogério Carvalho. Ele ainda lembra que
Obras causam transtornos para motoristas, transeuntes e moradores
o BRT, quando estiver implantado, será um sistema que convencerá muitos motoristas a deixarem o carro na garagem, aliviando assim parte do trânsito nas principais vias da capital mineira. "O projeto vai melhorar o transporte e a qualidade, além de outros impactos positivos como nível de conforto", observa.
A ideia já foi implantada em Curitiba, São Paulo e em outros países como México e Colômbia. "O BRT vai transportar cerca de 250 mil pessoas por dia somente na Cristiano Machado", ressalta Rogério Carvalho. A obra tem previsão de término no fim do primeiro semestre de 2013.
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ABRIGO ANTIAÉREO VIRA DEPÓSITO Abrigo antiaéreo, construído no Edifício Acaiaca, no Centro de Belo Horizonte, à época da Segunda Guerra Mundial, funciona hoje, como depósito de carga e descarga das lojas do prédio MARIA CLARA MANCILHA
lojas e escritórios do Acaiaca que possui 29 andares e 460 salas, compostas por consultórios 2º PERÍODO médicos, dentistas e escritórios de advocacia, além de ainda ser Um dos mais antigos e uma referência para o público. famosos prédios de Belo HoriDevido à sua localização, as lojas zonte, o edifício Acaiaca, e salas nunca ficam muito tempo localizado na Avenida Afonso desocupadas e isso justifica o uso Pena, esquina com a Rua do abrigo como depósito de Espírito Santo, Região Central carga e descarga. Segundo de Belo Horizonte, possui um abrigo antiaéreo, construído no Hermengardo, todos os conprédio por exigência governadôminos têm direito de acesso mental no auge da Segunda ao abrigo, desde que seja feito Guerra Mundial, entre 1939 e contato prévio à administração. 1945, devido ao medo de que a O abrigo, na época em que foi cidade pudesse ser atacada. construído, tinha função de proAtualmente, este espaço é usado teger todos aqueles que estivessem no prédio, que, em eventual como área social de carga e ataque, deveriam se deslocar descarga do edifício. Síndico do imediatamente edifício desde M C M para o salão, 2001, Herque fica lomengardo Ancalizado na pardrade Netto te inferior do afirma que, anlocal. O espaço tes mesmo dele conta com uma assumir o carfundação mais go de adminisreforçada que a trador, o abrigo do restante do já era utilizado prédio e foi solidesta forma e damente estrualega inviável turado e fundanão utilizar o mentado para abrigo desta resistir a esmaneira. “O combros de um grande fluxo de eventual bompessoas impebardeio. Atualde que as carmente, nenhuHermengardo Neto, síndico do Acaiaca gas sejam levama carga é das pelo salão armazenada no local, com principal, então o uso do abrigo exceção de material de consé essencial”, explica. trução para reformas dos Esse fluxo é formado por condôminos. 3500 pessoas trabalhando nas n JULIANA LACERDA THIAGO VIDIGAL
ARIA
LARA
ANCILHA
Sobre o uso de um espaço vazio dentro de um edifício, o advogado jurídico imobiliário Kênio Pereira, presidente da Comissão de Direito Imobiliário – OAB – MG alega que a situação do abrigo antiaéreo do Edifício Acaiaca está na legalidade, apenas se segue as normas do condomínio. “Para adotar uma utilidade a uma área ociosa do edifício é necessário que a administração do condomínio resolva, de forma consensual, com os condôminos a forma mais apropriada para aplicar a utilidade, de forma que atenda a coletividade do prédio”, afirma. Em seus tempos áureos, o edificio foi bastante badalado pela população da capital na época, já que possuía uma boate, o famoso Cine Acaiaca, sala de cinema com capacidade para 900 pessoas, e também a TV Itacolomi, criada por Assis Chateubriand. O prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico de Belo Horizonte e até hoje é considerado cartão de visita, atraindo muitos curiosos.
O Edifício Acaiaca, localizado no Centro, é um dos mais antigos e famosos prédios em Belo Horizonte
Crianças desenvolvem a criatividade em oficina RAÍSSA PEDROSA
n MARINA NEVES SARA MARTINS VINÍCIUS ANDRADE 3° PERÍODO
As manhãs de quinta-feira de Paulo Henrique Alves Silva, 11 anos, ganharam um novo encanto. Agora, ao invés de assistir televisão, ele ocupa seu tempo com sua paixão: desenhar trens. Não importa a cor, o tamanho ou o modelo, o fato é que seu sonho de tornar-se maquinista está sempre estampado em suas criações. "Eu quero ser maquinista, eu gosto muito de trem. Quero conduzir os trens, levar os vagões", afirma. O garoto foi encaminhado há dois meses pelo Posto de Saúde da Região Oeste de Belo Horizonte, e desde então frequenta a oficina "Arte da Saúde - Ateliê de Cidadania", no Centro Cultural Salgado Filho. Na companhia de outras crianças, desenvolve atividades artístico-culturais sob a supervisão da professora Sandra Mariá da Silva, 33 anos. "Aqui na oficina a gente faz máscaras, fantoches, cria cenas teatrais, faz alongamentos. Tem dias que eu dou pinturas em caixas, tem dias que eu dou bordados", conta a professora, que também é arteeducadora, artesã e atriz. O programa é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA) e acontece em espaços espalhados pelas nove regionais
da cidade. Ele atende a crianças e adolescentes que sofrem algum tipo de exclusão, seja devido a distúrbios de comportamento ou vulnerabilidade social. "Se a criança está solta na rua, fica sozinha em casa, está em uma situação de risco, ela já é perfil. É um projeto de inclusão social", explica Sandra. A oficina sediada no Centro Cultural Salgado Filho visa ativar a criatividade. "O objetivo é deixar que eles criem, deixar o lúdico, permitir. Trazer a concentração por uma outra via, um padrão diferente da escola", relata a arte-educadora. As turmas são de no máximo doze alunos para que eles recebam atenção especial e sejam tratados individualmente. A professora Sandra atende aos alunos às terças e sextas-feiras, de 13h às 16h 30, e às quartas e quintasfeiras de 8h às 11h30. Além dos resultados obtidos em sala de aula, os alunos também apresentam melhorias em casa e na escola. Maria do Nascimento Gonçalves, 57 anos, tia e responsável por Paulo Henrique, conta que os dois meses de programa ajudaram na desenvoltura do garoto. "A oficina ajudou tanto em casa quanto na escola. Lá ele era mais quieto, não tinha tantos amigos. Agora está mais aberto, tem mais amigos, é mais comunicativo", diz. Outra criança beneficiada pelo projeto foi Edilene Vitória
Soares, 12 anos, frequentadora da oficina há seis meses. A vontade de fazer algo diferente é o que motiva Vitória a ir todas as quintas-feiras, pela manhã, ao Centro Cultural Salgado Filho. "Gosto de fazer peças de teatro e máscaras. Ano passado eu até fiz uma caixinha decorativa para dar de presente para minha colega", diz. E é com um largo sorriso no rosto que ela comemora o sucesso que as atividades lhe proporcionam. "Antes eu era muito tímida, mas agora estou perdendo a timidez. Eu já até apresentei uma peça sem medo, consegui memorizar tudo, não precisei de papel nenhum para ler as falas", afirma. O progresso se estende também para os lares. As famílias constatam melhorias na convivência, no comportamento e na disciplina dos filhos. É com muita satisfação que Sebastião Monteiro de Souza, 56, acompanha seu filho Paulo Henrique ao Centro Cultural e admira os resultados. "Graças a Deus está tudo certo com ele. Ele está muito bem depois que entrou para a oficina", destaca. Para que haja a continuidade desta caminhada é essencial o papel dos familiares. "Esse é só o início de um processo, a gente começa aqui, mas a família tem que fazer sua parte para conservar isso para o resto da vida. Aqui é o pontapé inicial, mas não é tudo", ressalta Sandra Mariá.
Aluno Paulo Henrique mostra por meio de seu desenho seu sonho de ser maquinista MARIA
CLARA MANCILHA
Professora e supervisora da oficina, Sandra Mariá ensina crianças a confeccionar máscaras
12Cultura
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Abril • 2012
CINEMAS DE RUA PERDEM TRADIÇÃO Diversos cinemas de rua perderam brilho, encanto e o cheiro da pipoca. Deram espaço para outros estabecimentos, perdendo a memória e o público que se encantava ao longo dos anos MARIA CLARA MANCILHA
n IGOR PATRICK SILVA RAFAELA GONÇALVES 2º PERÍODO
"Hoje em dia, cinemas são apenas um sonho". Com esta frase, o personagem Spaccafico (interpretado por Enzo Canavalle) explica a Salvatore Di Vita (Jacques Perrin) sobre o motivo do fechamento do Cinema Paradiso, no premiado filme homônimo de 1988. Embora a demolição do prédio faça parte de uma peça de ficção, os cinemas de rua sofrem atualmente do mesmo problema: a realidade metropolitana acabou por apagar sua importância cultural e designou aos seus espaços funções que nem de longe refletem a grandeza de outrora. É neste contexto em que se insere "Metrópoles", documentário realizado pelo cineasta Bellini Andrade como desdobramento de uma dissertação de mestrado que não deu certo. Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bellini chegou à Emvídeo como estagiário. "A produtora já era referência, principalmente na área de filmes culturais", relembra. Com o tempo, o acúmulo de funções e a importância dentro da empresa acabaram por torná-lo sócio. Concomitante, Andrade tentava obter da Universidade, o título de mestre. Foi da sua dissertação, "Dos tempos da imagem, aos tempos do consumo" que surgiu a ideia de "Metrópoles", título inspirado no longa distópico alemão de 1927. "A intenção inicial era produzir uma dissertação de mestrado sobre os cinemas de rua, mas de uma forma mais dinâmica. O
documentário seria como a conclusão do trabalho acadêmico", conta. "Contudo, a Federal é rígida nessa questão e esperava algo mais teórico, de modo que acabei não sendo aprovado. A ideia, porém continuou", acrescenta. Depois de aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, iniciaram-se as filmagens. Bellini recordase de algumas raridades dos locais onde conseguiu gravar. "Existiam coisas que hoje não se vê mais, por exemplo, o Cine México, localizado próximo ao que hoje é o Shopping Oiapoque. Ainda é possível ver as pinturas imitando a arquitetura maia na borda", diz. "Também não faz muito tempo, durante a reforma do Cine Brasil, acharam a pintura original do local. As obras pararam por causa disso porque vai ser necessário restaurar e contratar especialista", completa. O fechamento dos cinemas de rua seguiu uma tendência indiretamente proporcional ao crescimento das cidades. Antes, problemas como necessidade de espaço para construção, a chamada especulação imobiliária, vagas de estacionamento e criminalidade não eram assuntos recorrentes e tão importantes como hoje. Os novos tempos demandavam novas providências, providências estas que os cinemas não conseguiram tomar. Com o advento dos shoppings e, consequentemente, da abertura de cinemas neles, a experiência de ir ao cinema encontra-se atualmente muito mais ligada ao consumo. Segundo a Agência Nacional de Cinema (Ancine), apenas 17% das salas em atividade no Brasil encontram-se localizadas fora dos shop-
possível reformar por conta própria e a restauração é um processo caro, eles ficam esperando que acabe logo de uma vez. Muitos dos cinemas antigos passam por brigas de espólio na Justiça, rixas entre empresas", conta.
O cineasta Bellini Andrade realizou o documentário “Metrópoles” pings, sendo que deste percentual inclui-se não só os cinemas de rua, mas também os chamados cineclubes. "Não acho que seja uma banalização da arte, mas antigamente as pessoas iam ver um filme. Hoje, elas vão ao shopping e talvez passem para ver um filme. Antes, ir ao cinema era planejamento de um dia", conta. Pablo Villaça, crítico de cinema nascido em Belo Horizonte, lembra-se bem dessa época. "Minha paixão pelo cinema começou muito cedo. O dia de ver filme era diferente, nós tínhamos um almoço especial, a roupa específica e já saíamos de casa com a programação completa do que fazer antes e depois de ir à sessão", lembra Pablo, não sem uma dose de nostalgia no olhar. CULPA Belini Andrade responsabiliza o Poder Público pela decadência dos cinemas de rua. "É claro que têm as questões mais práticas. Ir ao cinema em um
shopping é mais seguro, você tem lugar para estacionar seu carro, não se preocupa tanto com assalto. Mas também há um abandono do poder público nos cinemas de rua", avalia. "O que tem acontecido é o governo tombar e dizer 'aqui não pode mexer', mas não oferece nenhuma ajuda para recuperar o lugar", acrescenta. O Cine Pathé e o Cine Candelária são dois dos exemplos mais vívidos para ilustrar o problema listado na fala do cineasta. O primeiro, amarga uma destruição lenta e gradual em pleno coração de uma Savassi que está sendo revitalizada. No segundo, existe a obrigatoriedade de se manter a arquitetura da fachada original, mas só lhe restam escombros deixados pelo incêndio e paredes que podem desabar a qualquer momento. "Infelizmente, nesse caso, os donos dos imóveis ficam torcendo para que o prédio caia rápido e eles possam se livrar do terreno", diz. "Já que não é
SALVAÇÃO No Oscar deste ano, a nostalgia e a saudade do cinema nos moldes como ele era antigamente triunfaram. Dois filmes, diametralmente opostos em suas propostas, buscaram homenagear a sétima arte e saíram com exatamente cinco estatuetas, cada; "A Invenção de Hugo Cabret", rodado em 3D e dirigido pelo aclamado Martin Scorcese e "O Artista", filme mudo e em preto e branco escrito e dirigido pelo até então desconhecido francês Michel Hazanavicius. Seria uma resposta de um público cansado da constante megalomania hollywoodiana e uma vontade de resgatar o passado? Bellini Andrade acha que não é bem assim. Quando questionado se esta suposta "saudade" do público por um cinema mais tradicional e clássico poderia ajudar no reerguimento destes antigos espaços de convívio que eram os cinemas de rua, sua resposta foi enfática. "Não sei, acho que é um momento, um modismo do cinema americano. Pode olhar, a bilheteria de 'O Artista' (quando a entre-
vista foi realizada, o número girava em torno de apenas US$28 milhões em bilheteria doméstica, frente aos US$135,4 milhões de "O Discurso do Rei", ganhador do ano passado) foi quase inexpressiva porque não é o tipo de filme que o público está acostumado a ver. Tomara, torço para que isso seja uma tendência e que chegue pra ficar, mas não sei se podemos usar como esperança", analisa. A despeito da situação precária dos cinemas de rua, Bellini é otimista quanto ao impacto que seu documentário talvez cause no sentido de chamar a atenção para o problema. "Espero que ajude. Quero muito ver o Cine Brasil finalizado, gostaria de ver a prefeitura cuidar do Cine Pathé como se preocupou em cuidar da Praça da Savassi". "Metrópoles" encontra-se em fase de pós-produção. Estima-se lançamento ainda no mês de Abril. Ao longo da gravação do documentário, Bellini conta que enfrentou alguns contratempos. "Em alguns locais não nos deixaram entrar. Tentamos obter um depoimento das Igrejas Evangélicas, principais compradoras dos espaços dos antigos cinemas, mas esperamos durante muito tempo em vão. Também tive a falta de sorte de ver o Cine Candelária ser interditado pela Defesa Civil na semana em que íamos gravar lá". MARIA CLARA MANCILHA
Pablo Villaça, crítico de cinema, conta sobre sua paixão pelas telas
Situação dos cinemas de rua em Belo Horizonte Cine Belas Artes
Cine Palladium
Continua em funcionamento. Conta com o patrocínio da Usiminas para permanecer aberto.
Inaugurado em 1963, o antigo Cine Palladium, depois de 12 anos de portas fechadas, foi reaberto em agosto de 2011, após sete anos de reforma. Rebatizado Cine Sesc Palladium, o projeto teve investimento aproximado de R$ 90 milhões.
Cine Candelaria
Teve fim em 2004 após um incêndio, cujas causas nunca foram completamente esclarecidas.
Cine Metrópole
Fechou em 1983, depois de várias manifestações que pediam a construção de uma agência bancária no local, o que aconteceu.
Cine Odeon
Outrora um dos mais famosos cinemas de Belo Horizonte (chegou a ser tema de poesia de Carlos Drummond de Andrade quando foi fechado), tornou-se Igreja Evangélica e atualmente é sauna gay.
Cine Brasil
Cine Roxy
Em reforma pela V&M, teve suas obras paralisadas depois que a pintura original do local foi descoberta. Não há prazo para reinauguração. O antigo Cinema Democrata, fundado em 1927 fechou as portas em 1956 para que, no ano seguinte, fosse inaugurado o Cine Roxy, que acabou em abril de 1995, virando loja e se integrando ao Pólo de Moda do Barro Preto.
Cine Acaiaca
Localizado no térreo do Edifício Acaiaca, atualmente é utilizado por uma igreja evangélica.
Cineclube Savassi
Funcionou na Rua Levindo Lopes até o início deste ano, quando foi fechado principalmente pelas dificuldades de manutenção do local.
Cine Pathé
Fechado em 1990, o Cine Pathé chegou a ser um estacionamento. Apesar de tombado pelo patrimônio, encontra-se abandonado pelo Poder Público, que não permite a demolição e nem restaura o prédio.
Educação Abril • 2012
13
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Escolas públicas e privadas de todo o Brasil serão obrigadas a incluir o ensino musical em suas grades curriculares em 2012. A nova disciplina poderá ser ministrada de forma multidisciplinar, em conjunto com outras matérias
MÚSICA SERÁ CONTEÚDO OBRIGATÓRIO EM ESCOLAS FELIPE AUGUSTO VIEIRA
n SARA MARTINS FERNANDA COSTA 3º PERÍODO
Em 2012 entra em vigor a lei nº 11.769, que determina a música como conteúdo obrigatório do componente curricular nas escolas públicas e privadas de todo o Brasil. Agosto é a data limite para que todas elas se adaptem às exigências estabelecidas. A imposição surgiu em 2008 e decretou três anos letivos para a implantação da disciplina. Em 2011 o governo estabeleceu mais um ano de prazo. Para a lei, o conteúdo música não precisa ser aplicado como matéria única, tendo a escolha de ser multidisciplinar. E, segundo a Lei de Diretrizes e Bases de 1996, apenas professores licenciados em Universidades e Institutos Superiores de Educação são autorizados a lecionar o conteúdo música. Há poucos meses para o fim do prazo, escolas da Região Noroeste de Belo Horizonte, especificamente dos bairros Dom Cabral, Coração Eucarístico, Gameleira, Minas Brasil, Nova Gameleira e Nova Suíça, encontram-se em situações diferentes para obedecer à demanda da lei. Enquanto algumas encontram dificuldades para a implementação, outras já trabalham o conteúdo há algum tempo. De sete escolas pesquisadas na região, apenas duas introduziram música na grade curricular, ambas particulares. São os colégios Salesiano e Santa Maria, unidade Coração Eucarístico. Há aproximadamente quatro anos, antes mesmo da lei, o Colégio Salesiano contava com a disciplina no currículo. A iniciativa veio por parte da professora de música Maria da Conceição Martins Vieira, 47 anos. Antes de lecionar na instituição, a musicista tinha contato com a diretoria por meio do filho, que cursava o ensino fundamental, e os incentivou a introduzir a música através de um coral, do qual participam os alunos inte-
ressados. Por causa dos resultados positivos o colégio expandiu o contato musical para todos, por intermédio da disciplina de Música. Durante as aulas são praticadas brincadeiras, cantos e danças com os alunos. "Eu sempre crio alguma coisa, algum ritmo. Além disso, uso enfeites coloridos, artifícios, coisas para manter os meninos entretidos na aula, para não ficar enjoativo", conta Maria da Conceição. O Colégio Santa Maria oferece a música para os alunos desde 1985. Ela é trabalhada com a disciplina de Educação Física. "O nome da matéria é 'Musicalização e Movimento', justamente para termos como foco a questão da música mais a parte esportiva, a parte de coordenação motora", explica a orientadora pedagógica Adriana Martins Dornas Dutra, 47 anos. E a partir de agosto, quando a lei entra em vigor, não será diferente. Segundo a diretora Mônica Maria Ribeiro dos Santos, 58 anos, o colégio não precisará implantar uma disciplina específica de música, uma vez que as aulas de 'Musicalização e Movimento' já atendem o que foi determinado. Além disso, o colégio também desenvolve projetos com o estudo da obra e da vida de grandes nomes da música popular brasileira, para ampliar o conhecimento cultural.
DIFERENÇAS Das cinco escolas públicas pesquisadas na região, nenhuma incluiu a disciplina. Ao serem procuradas para dar esclarecimentos, duas não se pronunciaram. Foram elas as Escolas estaduais Leon Renault e Ordem e Progresso. E apenas uma, a Escola Estadual Assis das Chagas, tomou iniciativas para fazê-lo. Segundo a diretora, Rita de Cássia Penalva, pedagoga há 18 anos, medidas que não foram especificadas têm sido tomadas pela Secretaria Estadual de Educação (SEE). As escolas estaduais Maurício Murgel e Odilon Behrens, até o
momento não tomaram medidas para atender a demanda da lei federal. Antônio Silva de Souza, vice-diretor da escola Maurício Murgel, explica que a instituição de ensino estava envolvida com reposições das aulas do último ano letivo, que ficaram pendentes devido à greve de 112 dias dos professores, ocorrida em 2011. "Precisamos primeiro ajeitar essa situação de turmas. Só depois disso que a gente vai ter tempo para sentar e pensar sobre o assunto", diz o vice-diretor, que afirmou que começariam as reuniões no dia 17 de março. Já Neuza Magalhães, diretora da escola Odilon Behrens, aguarda o início das atividades do Programa Educacional de Atenção ao Jovem (PEAS), que auxilia escolas públicas a ofertar conteúdos extracurriculares aos alunos do ensino médio, para apresentar à Secretaria de Estado de Educação (SEE) uma sugestão de projeto. Após ser avaliada, a escola contratará um professor especialista para o trabalho. Em nota, a SEE relatou que a sua própria equipe e a das superintendências regionais farão, ao longo do ano, o acompanhamento da disciplina curricular de Artes nas escolas para apoio e suporte aos professores. A Secretaria conta ainda que mesmo antes da aplicação da lei, muitas escolas no Estado de Minas Gerais já desenvolviam projetos de educação musical como parte do conteúdo ministrado na disciplina de Artes ou com projetos em parceria com instituições externas. Orquestras de música popular e erudita, corais, cursos de percussão, violão e canto já fazem parte das atividades desenvolvidas nas escolas. Em Minas, há também o trabalho da educação musical em escolas exclusivas para o aprendizado dessa temática. Segundo a SEE, o Estado é o único do Brasil que conta com conservatórios de música na rede pública de ensino. Os 12 conservatórios estaduais de música
Professora Maria Conceição mescla educação e música criando uma didática mais divertida buscam atender a diversas regiões do estado: as escolas estão nas cidades de Araguari, Ituiutaba, Uberaba e Uberlândia, no Triângulo Mineiro; em São João Del Rei (Campo das Vertentes), Juiz de Fora, Leopoldina e Visconde do Rio Banco, cidades da Zona da Mata; em Montes Claros no Norte de Minas; Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e em Pouso Alegre e Varginha,ambas no Sul do Estado. Uma das dificuldades encontradas é a falta de profissionais qualificados no mercado para dar aula de música nas escolas. O número de professores formados ainda é pequeno no Brasil. "Está acontecendo uma situação crítica na área de educação, de um modo geral, que se refere a diminuição de profissionais que se propõem a fazer licenciatura e trabalhar com educação. As condições de trabalho em educação estão ficando difíceis em alguns setores, o que tem desanimado estudantes e profissionais. E nas áreas de Artes – Artes Visuais, Teatro, Dança e Música, isso também tem acontecido", afirma o professor de música
Zildo André Vieira Flores, 37 anos. A SEE garante que realizará ampla capacitação de professores de Artes que não têm formação específica em música. A capacitação será realizada por meio da Magistra, Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Professores. Com a aproximação do fim do prazo, nem todos os estados já se adaptaram à lei. Por outro lado alguns estados têm se destacado. É o caso de Pernambuco, onde 400 escolas estaduais já possuem a disciplina desde 2007, além da abertura de concursos dirigidos aos profissionais da área. Um fato visto pela Associação Brasileira de Educação Musical é que a antecipação das medidas exigidas pela lei acontece em algumas cidades que possuem conservatórios de música locais, devido a parcerias com instituições de ensino. Exemplos disso são: Santa Bárbara (MG), Porto Alegre (RS), João Pessoa (PB), Santos (SP), São Carlos (SP), Franca (SP), e Florianópolis (SC), cidades nas quais a lei apenas reforça o que já estava sendo feito.
Música contribui para o estímulo da imaginação e arte das crianças FELIPE AUGUSTO VIEIRA
O contato com a música é uma fonte de saúde e concentração para as crianças, e quanto mais cedo for estabelecido maior será o benefício. É o que acredita o psicólogo Thiago Dennavan, 27 anos. Além disso, a música estimula a imaginação, que é imprescindível para o progresso infantil. "A arte é fundamental pra qualquer criança, independente de qual classe ela ocupe, de qual idade ela tenha. Vai propiciar um outro mundo; e também funciona como um lúdico, que para a criança é essencial em sua criação e desenvolvimento", avalia. Os resultados da relação entre alunos e a música é algo que reflete positivamente também para os professores e diretores que os acompanham na rotina escolar. Segundo a diretora do colégio Salesiano, que implantou a
Francisca Barbosa, diretora do colégio Salesiano, que implantou a disciplina de Música para auxiliar no ensino
disciplina, Francisca Barbosa da Silva, 59 anos, a música acalma as crianças, deixa-as mais sensíveis e amáveis, tornando a convivência e o trabalho com elas mais agradável. Também no Santa Maria, unidade do
Coração Eucarístico a avaliação é positiva em relação à implantação da música e a maneira que ela auxilia os alunos."AMúsica ajuda na alfabetização, pois desenvolve a memorização, a criatividade e a interpretação", afirma
Mônica Maria Ribeiro dos Santos, 58 anos, diretora do colégio Santa Maria. "Temos percebido que a música é importante no desenvolvimento, na questão auditiva, no saber escutar. E a música beneficia também vários outros conteúdos", acrescenta Adriana Martins Dornas Dutra, 47 anos, orientadora pedagógica do colégio Santa Maria. Deixar para atender nos últimos momentos a demanda da Lei nº 11.769, que exige que as escolas particulares e públicas incluam o ensino de música em suas grades curriculares, foi uma decisão de muitas escolas públicas do bairro Dom Cabral e entorno. As consequências dessa escolha são perdas tanto para os alunos como para seus os professores e diretores.
14Comportamento
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Abril • 2012
A ARTE DO GRAFITE GANHA ESPAÇO Para combater a poluição visual causada pela pichação, proprietários de casas e comerciantes, em Belo Horizonte, cedem muros para que grafiteiros possam se expressar à vontade MARIA CLARA MANCILHA
n MARIANA BASTOS, NATHALIA VILLELA 1º PERÍODO
Moradores e comerciantes da Rua Rio Pomba, localizada no Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de Belo Horizonte, se sentem obrigados a conviver com o frequente incômodo causado pela ação dos pichadores. Por toda a rua, prédios, casas e estabelecimentos comerciais são degradados pelos rabiscos e letras deixadas nos muros e fachadas. Por esse motivo, Vera Lúcia Belico Caria, professora aposentada, cedeu, há um ano, o muro da casa para que grafiteiros pudessem expor desenhos e encobrir as pichações escritas em toda a extensão da fachada. Após um trabalho na casa vizinha, os grafiteiros Irön e Airone pediram permissão para grafitar o muro da casa de Vera, que mesmo preocupada com preço, permitiu o desenho prometendo que pagaria uns dias depois, o que não foi preciso. Ela diz que durante o processo, um desenho que lhe chamou a atenção foi um cachorro com três olhos, feito pelo grafiteiro Irön. "Achei esquisito demais", conta. Foi quando Airone sugeriu a imagem de um animal. Apaixonada e dona de gatos, ela procurou a foto de seu gato persa, Guilherme –- que ganhou esse nome por conta do atacante que jogou no Atlético-MG no final da década de 90 –, que havia falecido alguns meses antes. Como não a encontrou, decidiu que a imagem utilizada seria de sua gata mais velha, Ágape, 16 anos. Vera é um exemplo de inúmeras situações de pessoas que cedem espaço ao grafite para combater a degradação, mas acabam incentivando a prática dessa expressão de arte. O preconceito em relação ao grafite ainda é grande, devido a confusão que fazem com a pichação. Enquanto a pichação é praticada como uma forma de demarcação de território, o grafite, que é uma ilustração, seja ela um desenho ou uma inscrição caligrafada, é considerado uma expressão de arte de rua, onde o espaço público é a própria galeria. Uma das diferenças entre os dois é que a pichação não tem a preocupação estética do grafite e, como consequência, acaba causando a poluição visual. Feliz com o
resultado no muro, Vera consegue fazer distinções entre as duas práticas e ressalta que os grafiteiros são talentosos e que o trabalho ficou muito bonito. "Eu queria vê-los fazendo, mas foi muito rápido, um dia. Eu queria saber como eles fazem, para eu aprender", relembra a aposentada que pinta quadros nas horas vagas. Ela comenta também que antes, assim que mandava pintar o muro, já pichavam novamente a casa, porém, depois do trabalho dos grafiteiros não houve mais degradações. "Economizou pintar o muro", comenta. Airone é o apelido de Elton Marques Lobato, 32 anos, grafiteiro desde 1994, quando o movimento de arte urbana ainda era recluso e marginalizado em Belo Horizonte. Elton começou no piche quando deixava "Air" como marca registrada nas paredes de comércio e residências do Bairro Padre Eustáquio, onde mora. No convívio com outros grafiteiros, conheceu o grafite que, na época, era uma prática cujo domínio pertencia a poucos. "O grafite era algo feito escondido pela cidade, embaixo de viadutos, onde era de difícil acesso. Quando eu estava no piche tive contato com os primeiros grafiteiros de BH, na época uns quatro ou cinco. O pessoal que conhecia e sabia fazer não repassava isso pra gente", recorda. Quando ainda pichava, ele conta algumas dificuldades que enfrentou como ter sido preso e o preconceito, desde desconhecidos até familiares. "Eu era um aluno exemplar e depois que rodei com a polícia fui tido como o marginal do bairro", complementa. Através do contato com Roger Di, outro grafiteiro, que o introduziu ao grafite, e aliado à admiração por essa arte, Elton abandonou o piche e o codinome "Air" para adotar "Airone" e começar a se expressar de maneira considerada, por ele, mais digna. Airone diz que se interessava pelos desenhos que via, principalmente por um que ficava debaixo do Viaduto Santa Quitéria no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste de Belo Horizonte. "Depois de jogar bola com a turma, ao invés de ir para casa, eu descia até o viaduto para ficar olhando o grafite que tinha lá", conta. Elton explica que só desenha com a devida autorização dos donos das casas ou dos estabelecimentos e que geralmente é ele quem vai atrás desses espaços para poder grafitar.
Ronald exibe o grafite ao público presente no Duelo de MC’s no Viaduto Santa Tereza Ronald Nascimento Ferreira da Silva, 24 anos, que é grafiteiro profissional há sete, tem história parecida com a de Elton. Começou no piche, prática de vandalismo do qual o infrator ganha status entre os demais ao registrar sua marca com tinta em muros, viadutos e paredes, na forma de degradação de propriedades públicas e privadas. Ao ser pego, Ronald abandonou o piche e através de um grafiteiro amigo e que hoje é seu professor no grafite, Thiago Santos, conhecido como "O Gato", que o colocou no caminho do grafite, mostrando como aprimorar aquilo o que já sabia. No Bairro São Lucas, onde mora, apesar da reprovação familiar pela ocupação escolhida, por não ter conhecimento pleno do grafite e por se uma profissão instável, Ronald teve o incentivo dos moradores do entorno que cediam os espaços particulares para que ele e outros grafiteiros pudessem mostrar a arte. "Meu bairro inteiro é grafitado por mim e por meus companheiros", afirma. Ele conta que, apesar desse incentivo dado a eles, a expressão artística era limitada. "O pessoal cedia o espaço, mas determinava o desenho que queria na parede, na maioria das vezes paisagens. Não tínhamos liberdade para grafitar o que queríamos", diz. Ao se profissionalizar, Ronald optou por não fazer mais trabalhos em que a pessoa cede o espaço de forma gratuita – por motivo de falta de tempo e em outros casos, as pessoas que cedem o espaço entram com uma ajuda de custo, uma lata de tinta, por exemplo – e afirma que essa prática já foi mais recorrente. Membro do coletivo "Poesia
de Concreto", que tem como objetivo mudar a visão estereotipada do grafite, que é arte exclusiva de rua e que não pode ser exposta numa galeria, Ronald vê o grafite além da ótica profissional. "Eu faço versos de rap e
quando passei a grafitar foi mais uma arma de protesto que ganhei", conta. Ronald prefere retratar o cotidiano nos trabalhos espalhados pela cidade e vê o grafite como uma imposição visual que atua como protesto no meio urbano. "Da mesma forma que (o grafite) ocupa o espaço urbano criticando as formas de governo, corremos o risco de sermos expulsos dele", conclui. Ele ainda assimila a demanda da arte do grafite como um modismo estético das pessoas, da qual observa a mídia como auxiliadora e reforçadora dessa melhor aceitação. "As pessoas aceitam melhor o grafite e a forma que ele ocupa a cidade, porém ainda não o entendem como expressão de arte", afirma. Ronald trabalha na Escola Integrada na parte da manhã e no restante do dia tira para atender a demanda de desenhos e trabalhos que só aumenta.
Comerciantes usam grafite como diferencial O bar Nelson Bordello, localizado sob o Viaduto Santa Tereza, na Região Central de Belo Horizonte, é um exemplo de comércio que cedeu espaço para o grafite. Com as paredes desenhadas, inclusive a fachada, o local recebe pessoas de todos os estilos e idades. O público varia desde aqueles que só passam rapidamente, por fazer parte do percurso habitual, até aquelas que fazem parte do movimento hip-hop, principalmente o que costumam freqüentar o Duelo de Mc's, todas as sextas-feiras, no viaduto. Uma das proprietárias do Bordello, Yasmini Costa, 30 anos, com o intuito de manter os aspectos do local, firmou uma parceria com alguns grafiteiros do Duelo para fazer a fachada. "A fachada foi grafitada por trabalhos de grafiteiros dos coletivos que participam do Duelo de Mc's. Eles tiveram liberdade para desenhar o
que quisessem, só seguiram o contexto de cabaret, que é a idéia do bar", relembra. Quando questionada sobre a aceitação do público em relação ao grafite, Yasmini conta que nunca recebeu críticas, pelo contrário, só elogios. "Acho que todos entendem que é arte, tanto o grafite quanto o picho, pois são os únicos meios que alguns tem para poder protestar", complementa. Ao procurar Érica Teperini Dias, cabeleireira, por volta de 2008, Airone teve a autorização dela para grafitar o muro da casa, em que há três meses funciona o salão de cabeleireiros dela. Ela diz que alguns clientes vêm o grafite como pichação, mas que mesmo assim não faz diferença para eles. "Se ele quiser fazer de novo, pode", comenta. Ainda complementa que se ele puder fazer um desenho que faça referência do salão, seria ótimo.
Música em transporte coletivo causa incômodo MARIA CLARA MANCILHA
n ANA CAROLINA SIMÕES, MARIANA ALMEIDA MATHEUS BARBOSA 1º PERÍODO
Há quem goste de música, por vezes ela é relaxante. Com o surgimento dos aparelhos eletrônicos, como por exemplo, o celular com mp3, tornou-se comum encontrar pessoas ouvindo músicas nos transportes coletivos, sem usar o fone de ouvido. No ônibus e metrô da cidade, muitas vezes os passageiros se sentem incomodados quando são obrigados a ouvir a música do "colega ao lado". Usar fones de ouvido, como sugerem campa-
nhas de conscientização, é a maneira mais viável de não invadir o espaço do outro. O analista de sistemas Luiz Gustavo, que utiliza o transporte público todos os dias para voltar do trabalho, se sente muito incomodado com a música, e presencia esta cena com frequência. "Moro longe e volto cansado para casa, além de ser falta de respeito com todas as outras pessoas, que podem não gostar do estilo da música. Eu uso fone de ouvido e sei que a frequência alta faz mal para saúde, então escuto a música em uma altura ideal", afirma. Diversas campanhas são realizadas todos os anos, seja nas redes sociais, que são uma das
Robson Ferreira usuário frequente do metrô mídias mais usadas para esta divulgação ou no "Jornal do Ônibus" ou em cartazes no metrô. Entre as principais manifestações online, algumas se
destacam: "Doe um fone de ouvido a um funkeiro", "Seu fone, meu sossego" , "Não seja o DJ do ônibus" e "Não transforme o ônibus em trio-elétrico", entre várias outras que visam conscientizar a população. Em enquete realizada no metrô da capital, a grande maioria dos entrevistados alega já ter presenciado cenas em que se sentiram irritados e desrespeitados pela música alta de outros passageiros, e acreditam que estas campanhas devem continuar acontecendo. Para o servidor público Caio Túlio Guimarães criar uma lei proibindo música nos transportes coletivos, não seria solução. "Lei não resolve.
Depende da consciência de cada um. É uma falta de respeito com as outras pessoas, por isso se deve usar o fone", avalia. O auxiliar Robson Victor Ferreira utiliza o metrô diariamente e alegou que proibir a música não seria uma forma eficiente, mesmo se houvesse uma lei. "Não iria existir uma rígida fiscalização", diz. A BHTrans, por meio de sua assessoria de comunicação, informa receber com frequência reclamações sobre som em ônibus, mas revela que não existe uma lei que proíba os passageiros de fazer o uso dos aparelhos de som nos transportes coletivos.
Esporte Abril • 2012
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CONTERRÂNEOS RELEMBRAM TELÊ Enquanto o memorial em homenagem ao treinador da seleção brasileira de 1982 não se torna realidade, moradores da cidade mantêm viva a memória do filho ilustre de Itabirito VINÍCIUS DIAS
um grande homem, um bom rapaz e companheiro", diz. Silvestre, que ainda no juvenil foi levado ao Fluminense pelas mãos de Telê Santana, se mostra saudoso ao recordar da boa relação com o ilustre itabiritense. "Eu agradeço a Deus por ter tido Telê como amigo e também pelo carinho que ele teve comigo", salienta, emocionado.
n VINÍCIUS DIAS ALVES 1º PERÍODO
Mineiro de Itabirito, Telê Santana da Silva foi um dos maiores expoentes do futebol brasileiro no Século XX. Sua carreira, iniciada no Itabirense Esporte Clube, ganhou projeção nacional na década de 50, após a transferência para o Fluminense. Mas, foi como treinador que ele alcançou suas maiores glórias. Em quase quatro décadas, Telê acumulou conquistas e passagens pela seleção nacional. Falecido em 21 de abril de 2006, o mestre permanece vivo, em sua terra natal, na memória de ex-companheiros e admiradores das mais diversas gerações. Em dias de jogos do Fluminense, quando os itabiritenses se reuniam diante do rádio para acompanhar as transmissões, Luiz Corradi Júnior, 83 anos, deixava de lado sua paixão pelo Botafogo para torcer pelo sucesso do amigo no rival das Laranjeiras.
Estátua de Telê Santana na Praça Travessa Domingos Pererira da Silva, em Itabirito "Quando ele foi para o Rio, restava a nós a alegria de ficar ao pé do rádio para acompanhar a transmissão dos jogos do Fluminense e ouvir o nome de Telê. Quando ele fazia um gol, a gente vibrava. Apesar de que nós éramos botafoguenses, torcíamos pelo sucesso dele", conta. Vizinho e amigo de Telê durante a infância, Corradi relembra os tempos de convivência com o companheiro.
"Do Telê comigo, havia uma relação de afinidade, que superava a amizade. Ele, para mim, era como se fosse um irmão", completa. Meia-direita com passagem pelo Atlético-MG, e campeão estadual pelo E.C Siderúrgica em 1964, Silvestre Martins Fernandes, 78 anos, ressalta a impor-tância do mestre para sua cidade natal. "Sobre o futebol, Telê Santana representa tudo para Itabirito, porque foi
HOMENAGEM Como parte das comemorações dos 84 anos de Itabirito, completados em 2007, a prefeitura inaugurou uma estátua em homenagem a Telê Santana. Esculpida pelo artista plástico Luiz Eugênio Quintão Guerra, a obra, em tamanho real, foi instalada na Travessa Domingos Pereira da Silva, Região Central da cidade. A construção de um memorial, prevista para 2008, ainda não foi viabilizada. Entretanto, permanece nos
planos da administração municipal. É o que relata Ivacy Simões, secretário de Patrimônio Cultural e Turismo. "Há a intenção de fazer um memorial com telões, projetores, com toda estrutura, principalmente no centro da cidade, onde o povo possa visitar. Telê Santana é um marco na história de Itabirito, uma pessoa que representa, e muito, a nossa cidade", afirma. De acordo com Simões, o projeto, que ainda não está no papel, conta com a anuência da família de Telê. "O filho dele, Renê Santana, já se prontificou a ajudar assim que Itabirito estiver disposto a montar o memorial. Ele colocou à disposição vários objetos e coisas que irão relembrá-lo", completa. VINÍCIUS DIAS
Admiração por Telê atravessa diversas gerações As manifestações de reverência a Telê Santana não estão restritas aos seus contemporâneos. Os jo-vens, que o acompanharam como treinador na década de 90 ou por meio de histórias contadas pelos familiares, também revelam admiração pelo conterrâneo. Apesar de não tê-lo conhecido pessoalmente, o professor de língua
inglesa Kessler Cotta Gomes, 18 anos, endossa o discurso reverente. "Ele é o filho ilustre da cidade, a referência. É uma honra para Itabirito ter sido o lar de um dos grandes homens da história do esporte", diz. Kessler ainda destaca a contribuição deixada pelo mestre aos clubes que comandou. "Ele deixou no AtléticoMG o legado de seu
maior título, e no São Paulo venceu tudo", completa. Leonardo Bernardara Dutra, 31 anos, consultor de informática, ressalta a genialidade de Telê. ”Comecei a acompanhá-lo na sua inesquecível passagem pelo São Paulo, no início dos anos 1990. Naquela época, o tricolor jogava um futebol acima do nível dos demais times
do planeta. Não à toa, foi bicampeão mundial com vitórias sobre Barcelona e Milan. Tudo isso, devido a grande visão do mestre", afirma. Para Leonardo, residir em Itabirito é motivo de orgulho. "Tenho orgulho de morar na cidade onde nasceu Telê Santana, o melhor técnico de todos os tempos", conclui.
Ex-jogador Silvestre Martins se emociona ao lembrar Telê
Projeto em parceria com escolinha forma atletas n GIOVANNA EVELYN 3º PERÍODO
Tornar um atleta profissional, revelar um jogador para um time de destaque e se orgulhar pelos altos salários de seus jogadores, talvez sejam os principais objetivos de um projeto social ligado ao futebol. No entanto, a Escola de Futebol Moryah Esporte Clube, em parceria com o América Mineiro, vem mostrar que um projeto social pode estar baseado em valores ainda maiores, conforme diz o seu idealizador Elias da Silva, 42 anos. "Nossa filosofia é a de que se nós não formarmos um atleta profissional, que não é o nosso foco, pois o nosso foco é trabalhar o indivíduo, sua parte social, psicológica e familiar, nós vamos ter contribuído para a formação de um grande homem", afirma. A ideia do projeto Moryah Esporte Clube surgiu, segundo Elias da Silva, pela preocupação com a violência, a criminalidade e a ociosidade de
crianças e adolescentes que vivem em torno do Bairro Amazonas, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Marlon Henrique, 15 anos, jogador do Moryah E.C, conta que jogava em outro time, quando ficou sabendo do projeto, por intermédio de um amigo. “Como gostei das amizades que fiz, resolvi ficar", conclui. Desta forma, o projeto iniciou-se no começo de 2010, por intermédio de uma ampla divulgação pelos Bairros Industrial, Amazonas, Durval de Barros, Lindéia, Santa Maria, dentre outros. Esta divulgação possibilitou a formação de três categorias e atraiu vários patrocinadores da região, muitos dos quais continuam apoiando o projeto atualmente. Victor Caleno, 14 anos, outro atleta do Moryah E.C, também conheceu o projeto por meio de amigos. "Eu fiquei sabendo através de amigos que o time era bom, achei também as pessoas alegres e
gostei de participar dos campeonatos, em especial a Copa Mineira", explica. Os treinos do Moryah América ocorrem às quartas e sextas-feiras, para os que estudam durante à tarde, o treinamento é realizado na quadra das Mangueiras, na parte da manhã. Já os atletas que estudam de manhã realizam os treinos no campo do CSU do Bairro Amazonas, na parte da tarde. "Hoje nós estamos com uma limitação em relação ao local de treinamento e estamos buscando junto aos responsáveis do CSU a possibilidade dos atletas que treinam de manhã também poderem realizar os treinos neste local", observa Elias da Silva. O responsável pelo projeto ao relatar sobre a participação dos pais no dia a dia dos atletas comenta que esse acompanhamento ainda é pouco, e para minimizar este fato, o Moryah América promove palestras e encontros sociais, para reafirmar a necessidade dos pais estarem juntos de seus filhos. "Pou-
cos pais participam, infelizmente, aquilo que acontece dentro das escolas, a pouca participação dos pais acompanhando os filhos, assim também acontece no futebol", ressalta. O Moryah Esporte Clube, que é um projeto social da Igreja Batista Moryah do Bairro Amazonas, já conquistou vários títulos desde o seu início. O time foi campeão do Primeiro Festival de Categoria de Base em Contagem, realizado em 2010, pelo Frigo Arnaldo. A equipe foi campeã da Copa Metropolitana 2010. Em 2011 foi vicecampeão da Copa Mineira na categoria 93/94. A categoria de 96/97 foi campeã da Copa Futebol Show, realizada em 2011. Finalmente em janeiro de 2012 a categoria 96/97 foi vicecampeã em Ilha Bela em São Paulo, campeonato este, disputado com equipes renomadas, como o Juventus-SP, Ecus-SuzanoSP, Volta Redonda-RJ e Jacarepaguá-RJ. O projeto social já
GIOVANNA EVELYN
Jogadores e o técnico do Time Moryah da Categoria 96/97 revelou jogadores que atualmente estão em times profissionais. O atleta Leonardo Oliveira da Silva, 14 anos, que iniciou no Moryah América, atualmente é jogador do Gol Brasil Futebol Clube, clube de Belo Horizonte formado por categorias mirins e juvenis, apoiado pelo pelo Projeto Gol Brasil. O zagueiro Bruno Vieira da Silva, de apelido "Ramires", atua no Vila Nova e disputou a edição 2012 do Campeonato Mineiro. Outro atleta, Davi Santos, que atua na categoria 96, está em fase de testes em um clube
espanhol, Real Sociedad. Atualmente o Moryah Esporte Clube está formando uma quarta categoria, para atletas nascidos em 2000 e 2001, pois o calendário deste ano prevê a disputa de importantes competições: A Copa Dadazinho, em Betim, a Copa Mineira, a 1° Copa Pelô, organizada pelo Recanto Esporte Clube e o Campeonato Mineiro de Escolas de Futebol. Contato para interessados em participar do Moryah E.C: Elias da Silva: 8716-8528/ 3046-0430
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Ana Paula Oliveira
Entrevista
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DANIEL NUNES
DAS QUATRO LINHAS PARA O JORNALISMO n FABRÍCIO LIMA, FREDERICO PACO, IGOR PASSARINI, LUCAS BORGES 1º E 3º PERÍODO
Ana Paula de Oliveira, 33 anos, é a mais nova apresentadora da TV Alterosa e viu nessa proposta uma oportunidade para expandir a prática de sua profissão, aceitando assim participar do programa Alterosa no Ataque: "Foi o desafio de não ser somente comentarista, mas de ancorar o programa, agir como apresentadora de fato, o que me atraiu para cá", afirma. Ana Paula continua morando e estudando em Campinas (São Paulo) e vem a Belo Horizonte três vezes por semana, mas tem projetos. "Provavelmente eu venha em definitivo para BH no ano de 2013, mas tudo depende do sucesso do programa", ressalva. Desde o início como auxiliar do pai, Ana sempre foi destaque no mundo do futebol. Com 21 anos, ela começou sua carreira na arbitragem e foi uma das mulheres que chegou mais longe na profissão. Como árbitra auxiliar, participou de torneios importantes como a Libertadores e os Jogos Olímpicos. Ficou famosa ao fazer um ensaio fotográfico para uma revista masculina em 2007. Ana Paula formou-se em jornalismo e, conciliando a carreira esportiva com a acadêmica, passou por diversas experiências na televisão, como programas esportivos no Sportv, na Rede Record, além da participação no reality show A Fazenda, nessa emissora.
n O preconceito foi uma barreira a mais para ser superada em sua carreira? Eu digo que vivi os dois lados da moeda. Eu vivi um momento muito ruim, que foi logo quando eu comecei na Federação Paulista e na escola de árbitros, aonde me questionavam muito só por eu ser mulher. Existia a preocupação com o que uma mulher do futebol faria com a sua fama, será que ela vai ter competência para aguentar a pressão. Sofri muito no começo da minha carreira, mas depois veio o fato, de eu ser uma mulher de 1,74m de altura, ter um corpo razoável. Mas a beleza já me atrapalhou. As pessoas ficavam preocupadas se eu ia chamar atenção dos jogadores e técnicos, se ia interferir no jogo, era algo novo. Hoje, a mulher no futebol não é mais novidade. Mas naquela época, mesmo dentre os próprios árbitros, ser auxiliado por uma mulher era um mau sinal, achavam que estavam sendo considerados inferiores. Tinha até quem considerou uma ofensa.
n Como você começou a trabalhar como Jornalista? Existe um grupo que acha que só eu ter trabalhado com arbitragem isso não me caracteriza jornalista, mas eles se enganam, pois eu sou formada em jornalismo. Hoje, eu faço especialização em Comunicação Esportiva, na PUC Campinas. O curso é sobre comunicação estratégica no esporte. Estou buscando mais referência, até porque adoro estudar. Se a gente se limitar somente ao conhecimento da sala de aula seremos muito pobres, precisamos ir além. Acho isso para qualquer categoria, até para o jogador, se ele acha que só com o talento ele se mantém, não dá. Ele tem que aperfeiçoar, a gente vê isso com o Neymar que todo ano busca uma forma de melhorar; seja um chute de fora da área ou como recentemente que ele tentou fazer um gol de bicicleta. Tudo isso acontece com o treinamento sempre buscando mais e mais. Acho que com as mulheres é sempre um pouco mais difícil e dessa vez aqui em Minas Gerais não vai ser diferente, e eu vim para ficar. Eu já estou há quatro anos nesse área, não divulgava muito, mas já passei por três grandes emissoras: pela CNT, Rede Record, pela CBN, e agora, desde fevereiro deste ano, estou na TV Alterosa.
n Porque você escolheu o Jornalismo? Como tudo na minha vida, foi o acaso. Eu sou técnica em administração de 2º grau, fui para o curso superior fazendo administração, estudei dois anos e cheguei a passar por grandes empresas. Só que eu não conseguia conciliar essa carreira administrativa com a de árbitra, até que eu estava concorrendo a uma promoção no banco onde eu trabalhava, para me tornar gerente, e perdi o cargo por ser assistente Fifa. Eu fiquei muito brava, falei que não iria
continuar estudando administração nem seguir carreira porque toda vez que eu chegava para uma promoção e ia ganhar mais na minha profissão de formação, já que árbitro não é regulamentado como uma, eu não conseguia ir adiante. Aí o Reinaldo Carneiro Bastos, vice-presidente da Federação Paulista, em um bate-papo comigo que eu falei que estava revoltada em conciliar as duas profissões, disse: ‘Você gosta de falar, fala bem, porque você não vai fazer jornalismo? Até porque é uma forma de você se comunicar melhor também com seu público e aprender a lidar com a imprensa.’ Porque não é fácil de lidar, hoje eu faço parte e sei que existe toda uma polêmica em volta da profissão. Podemos dizer que eu adoro profissões polêmicas, primeiro eu fui árbitra e agora jornalista. Aí comecei no jornalismo, cursei em sete anos, comecei com 23 para 24 anos e me formei com 29, porque foi justamente quando eu estava no auge da minha carreira em 2003 que comecei a estudar, e viajei muito, tive jogos olímpicos, torneios internacionais, viagens pelo Brasileiro.
n Você passou por três emissoras nos últimos quatro anos, como surgiu essa oportunidade de vir para Belo Horizonte? O que atraiu você? O desafio. Eu sempre trabalhei em outras emissoras, trabalhei no Sportv, na Rádio Mix, que são muito fortes lá em São Paulo. No Sportv eu trabalhei cobrindo a Copa do Mundo de 2006 na Alemanha; na Mix eu fiz a Copa de 2010; na Record eu fiz o Panamericano, cobri pela Record News, enfim a minha vinda para BH teve um fator motivacional muito grande, porque em todas essas emissoras que eu passei com exceção da CNT e da CBN, que eu apresentava e fazia reportagem, todas as outras eu vinha com o estereótipo de comentarista de arbitragem, como se eu não tivesse tido formação nenhuma de jornalismo. O desafio de ter vindo para a TV Alterosa quando me surgiu o convite, para atuar ao lado de Jaeci Carvalho (jornalista) e do Marques (exjogador), no Alterosa no Ataque, foi, esse desafio de não ser somente comentarista, mas de ancorar o programa, agir como apresentadora de fato. Porque hoje eu e o Jaeci, a gente divide na verdade o trabalho de âncora, e quando ele não está presente eu assumo, e quando ele está eu faço coâncora, fazendo a interlocução entre os entrevistados e as redes sociais, e também opino e comento sobre futebol. Esse desafio de estar a frente de um programa foi o que mais me atraiu e sem dúvida por estar filiada a uma grande emissora que é o SBT.
n Como você concilia isso de estudar em Campinas e trabalhar em BH? Nesse 1º ano do projeto, eu estarei em BH todas terças, quartas e sextasfeiras, só não estou na segunda e na quinta porque eu estudo, e como eu estudo comunicação em São Paulo e trabalho com desenvolvimento de protocolo para web e conteúdo, tenho uma empresa especializada, vou ter
que me dividir entre a minha formação e o meu escritório em Campinas e provavelmente, conciliar com o rádio, finais de semana eu continuo no rádio em São Paulo. Não tem muito problema não, para o começo do programa está bom, a gente espera ganhar o público mineiro, o programa é novo. A gente tem pontuado bem. É um desafio alcançar audiência, mas acho que vai ser um grande ano, se tudo funcionar como eu espero, aí provavelmente eu venho em definitivo para BH em 2013, mas tudo depende do sucesso do programa.
n Você tem planos de voltar para os campos? Olha minha relação com futebol é muito boa, apesar de muita gente achar que não por causa da revista. Minha relação com Federação Paulista é ótima. Existe a possibilidade de um retorno sim. Eu estou definindo ainda. Continuo os treinamentos, mas estou conversando com a família e quando definir isso com os familiares eu volto ao trabalho. Mas eu digo que estou meio a meio, isso quer dizer, antes era 80% futebol e 20% no jornalismo, mas hoje eu tenho 50% à 50%.
n Você tem feito alguma atuação como árbitra? No futebol profissional não, eu dei um tempo mesmo. Parei. Eu tenho feito sim, jogos festivos, comemorativos, eventos. Tenho vários contratos amadores, rodo o Brasil fazendo isso. Mas no profissional eu dei um tempo porque a exigência do profissional é muito grande. Estou focada no jornalismo realmente. Não posso dizer que saí não. Mas gradativamente saindo à francesa.
n Como é estar fora do eixo Rio-São Paulo? Diferente. Tudo fora do eixo Rio-São Paulo é diferente, mas como estou aqui só três dias na semana, eu continuo lá, continuo trabalhando em São Paulo. Na verdade eu não perdi o mercado de São Paulo. Eu só vim para o novo. Agora uma coisa que tenho percebido é que vocês mineiros, vocês são extremamente bairristas, é uma cultura. Estou falando do lado futebolístico. Então, o mineiro consegue ser mais que o gaúcho, porque eu achava que no Sul fosse mais. É uma coisa que estou aprendendo a cada dia. Quando eu vinha como árbitra, você vem faz ao jogo, apita, você não tem convívio com a cultura, você vai embora. Vão falar bem ou mau, se a arbitragem foi boa ou ruim, mas eu vou ver lá em São Paulo, como foi o resultado do jogo. E aqui você percebe que, mesmo quando o árbitro oculta da lista, ou dependendo do que você coloca, do que você fala, os nervos estão à flor da pele, tanto na questão do Atlético, na questão do Cruzeiro. Eu até brinquei que, ninguém fala do América, pouco se fala do América, por quê? Um time de respeito. Mas eu percebi que a cultura mineira é uma cultura
[ ] "TENHO PERCEBIDO
QUE VOCÊS MINEIROS SÃO EXTREMAMENTE BAIRRISTAS"
diferente, realmente do que eu imaginava. Estou aprendendo, tenho gostado, o mineiro sabe receber bem as pessoas, recebe muito bem. Mas o fato de receber não significa que você é daqui.
n Em relação às polêmicas na arbitragem em 2007 e depois você saiu na revista, tais questões influenciaram no seu afastamento? Não, porque o meu afastamento foi uma decisão minha. Aí que tá, ninguém sabe disso. Eu me senti injustiçada quando me tiraram da Fifa da forma que fizeram. Só que eu tinha o direito de continuar, na CBF, de continuar trabalhando. Tanto que eu continuei trabalhando em São Paulo, eu apitei a temporada 2008, apitei semifinal do Campeonato Paulista. Só que assim como todo atleta chega um momento na vida, que assim você é uma pessoa pública que você conquistou tudo. Eu fui um árbitro mesmo sendo mulher, eu conquistei três finais, na verdade quatro, em São Paulo.
Uma do Super Paulistão e três do Campeonato Paulista, semifinal da Copa do Brasil, todos os principais clássicos inclusive, Atlético e Cruzeiro. Todos. Fiz Ba-Vi, fiz Libertadores da América e fiz uma Olimpíadas. Cheguei a grande final dos jogos olímpicos, ganhei, tenho uma medalha de ouro em casa que ninguém fala. E o que faltava para a Ana Paula, então, continuar motivada? O que faltava era a Copa do Mundo, deixei bem claro, conversei com alguns representantes que era oportunidade de disputar uma Copa do Mundo. Aí eu percebi que tinha uma porta aberta pra mim dentro da minha função, minha profissão de jornalista. Aí eu comecei a dosar e falei: será que vale a pena tanto sofrimento, se você tem outra porta aberta? Que pode me dar talvez algumas realizações? Hoje trato o mundo com frieza. Eu sonho em fazer uma Copa do Mundo e eu posso fazer uma Copa como jornalista.
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