Marco 293

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Nem todos os moradores do Coreu fazem como José Augusto e Lucimeire, que recolhem as fezes que seus quatro cães fazem nas calçadas. Página 2

JULIANA SILVEIRA

SARA MARTINS

ADRIANO BASTOS/ DIVULGAÇÃO

O reconhecimento internacional da Orquestra Filamôrnica de Minas Gerais é comemorada e ressaltada pelo maestro Fábio Mechetti. Página 16

Pets abandonados na porta da Cãoviver estão causando superlotação no canil da ONG. A doação deve ser protocolada por email. Página 7

marco jornal

Ano 40 • Edição 293 LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas Outubro • 2012 YASMIN TOFANELLO

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Coração acolhedor de mãe Eva Maria da Silva dá uma lição de solidariedade ao abrigar em casa, além dos filhos adotivos, moradores de rua. Mãe de três filhos biológicos, o instinto materno fez com que ela adotasse, em 15 anos, 18 crianças. Atualmente, a casa, em que Eva vive ao lado do marido Vivaldo de Souza, tem 35 moradores, acomodados em 16 quartos. Páginas 8 e 9

Exposição resgata história do futebol na capital mineira A exposição “Belo Horizonte Futebol Clube”, que pode ser visitada pelo menos até o 2º semestre de 2013, no Museu Abílio Barreto, revela como a modalidade esportiva mais popular no país se tornou parte ativa do cotidiano da cidade. Página 14 YASMIN TOFANELLO

HISTÓRIAS DE VIDA EM

FAMÍLIA

ARQUIVO PESSOAL

Irmãs se encontram após 22 anos

Repaginação de prédios do Califórnia ll

Silvani e Loizi ficaram separadas por três mil quilômetros de distância, entre Belo Horizonte e Ariquemes, cidade no interior de Rondônia, na Região Norte do Brasil. Mais de duas décadas depois, pelo facebook, elas entraram em contato, e, por meio da ajuda das amigas do salão de beleza em que trabalha, Silvani viabilizou o sonho de viajar ao encontro da ir mã. Não faltou emoção, embora sem lágrimas, como ambas contaram ao MARCO. Página 12

Para tornar os prédios do Conjunto Califórnia ll visualmente mais bonitos, os síndicos dos 26 prédios que compõem o conjunto irão pintá-los, o que não é feito há mais de 32 anos. A pintura dos prédios, que podem ser vistos da BR 040, foi totalmente custeada pelos próprios moradores, que esperam, com essa iniciativa, preparar o conjunto para a Copa do Mundo de 2014. Página 4 RAQUEL DUTRA

Jovens combinam caronas por meio de rede social Um grupo criado no facebook tem cumprido a função de combinar caronas entre estudantes da PUC. A iniciativa, que já reúne mais de 1.700 pessoas, tem também a versão para viagens ao interior do estado, mas requer cuidados quanto à oferta de caronas por pessoas desconhecidas. Página 6

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2 Comunidade

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EDITORIAL

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Valores familiares em histórias recheadas de emoção n CAROLINA SANCHES 4º PERÍODO

Quando nos reunimos para pensar nas próximas reportagens que estamparão o MARCO, escutamos algumas histórias que acabam se destacando. Nesta edição, em especial, temos histórias marcantes de laços familiares que comoveram a redação. "Não foi uma ideia. Parece ter sido uma intuição". Essas são as palavras de Eva, uma mulher simples, mas de coração enorme que cuida de 21 filhos, entre adotivos e biológicos. Enquanto nos tempos atuais vemos famílias cada vez menores, encontrar um exemplo como este de amor e dedicação, é motivador e nos faz refletir sobre as escolhas que fazemos. Antagônico ao amor da mãe que acolhe, nos deparamos com a triste história de um bebê abandonado em um lote vago, com sinais de ter saído há pouco da barriga da mãe que o rejeitou. Graças ao pequeno Gabriel, de 10 anos, que soltava pipa no local, o bebê teve um novo destino. Ele foi entregue a uma família que, assim como Eva, recebeu-o de braços abertos. O MARCO deste mês traz ainda o emocionante reencontro de duas irmãs, separadas pela adoção, quando ainda eram crianças. Vinte e dois anos sem nenhuma forma de contato, separadas ainda por quase 3 mil quilômetros. O encurtamento veio por meio de uma rede social. Uma mensagem trouxe de volta o convívio familiar que há anos havia se perdido e que foi viabilizado pela solidariedade de algumas pessoas. Como não se surpreender com o gesto de Eva, o bebê resgatado e o reencontro das irmãs? Essas histórias mostram a importância de um gesto de carinho e como uma atitude positiva é capaz de mudar a história e o destino de tantas pessoas. A rede que conectou as irmãs é também a responsável por uma prática cada vez mais comum: a carona virtual. Pessoas que fazem trajetos semelhantes se unem cada vez mais em grupos que facilitam a interação entre os usuários. Desde caronas locais, como de casa para a faculdade, até caronas intermunicipais. Mas a polícia adverte sobre os riscos e cuidados a serem tomados nessas situações. Nesta edição o MARCO traz ainda a trajetória do futebol na capital mineira contada pelo Museu Histórico Abílio Barreto. A exposição que está atraindo apaixonados pelo futebol conta, por meio de fotos, objetos e artigos históricos como o esporte e Belo Horizonte se influenciaram mutuamente. Uma outra forma de falar sobre a cidade, mais contemporânea que a retratada no museu, é o blog "Grafites BH". O site reúne obras de grafiteiros espalhadas por vários locais, com mensagens e imagens marcantes, as cores fortes e vibrantes, dão um novo tom à cidade. Para encerrar, temos um agradável papo com o maestro e regente titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Fábio Mechetti. Ele nos conta um pouco mais sobre a carreira e a rotina dos músicos.

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ERRAMOS

Na Edição 292, na matéria “As perspectivas e realizações após o diploma”, página 13, o entrevistado Filipe da Costa Matos foi quem iniciou estágio dentro da Universidade, não Raffael Patrício.

EXPEDIENTE

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jornal marco Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: jornalmarco@pucminas.br Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920 Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286 Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Profª. Maria Libia Araújo Barbosa Coordenador do Curso de Jornalismo: Profº. Francisco Braga Coordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Alessandra Girardi Coordenador do Curso de Jornalismo (São Gabriel): Profº. Jair Rangel Editor: Profº. Fernando Lacerda Subeditor: Profª. Maria Libia Araújo Barbosa e Profº. Mário Viggiano Editor Gráfico: Profº. José Maria de Morais Monitores de Jornalismo: Carolina Sanches, Fabiana Gatti, Felipe Augusto Vieira, Joana Aragão, Ígor Passarini, Marina Neves e Michelle Oliveira. Monitoras de Fotografia: Raquel Dutra e Yasmin Tofanello Monitora de Diagramação: Marcela Noali Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

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FEZES NAS CALÇADAS Moradores do Coreu sofrem com a falta de educação de donos de cachorros que não recolhem as fezes de seus animais SARA MARTINS

n SARA MARTINS 4º PERÍODO

Fezes de cachorro nas calçadas podem ser um incômodo aos pedestres, além de transmitirem diversas doenças, como verminoses e zoonoses. No Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste, elas são algo recorrente e que representa um problema para os moradores. O assunto já foi pauta de discussões em encontros da Associação de Moradores do bairro, presidida por Iracy Firmino da Silva, 77 anos, conhecido na região como Seu Firmino. O MARCO já abordou a questão o que, segundo o presidente da associação e moradores do bairro, trouxe resultados "Na época melhorou muito, mas depois as pessoas acabaram esquecendo, então a situação atualmente está ruim", afirma Firmino. Segundo ele, as pessoas estão individualistas e não se importam com problemas que também são delas, "Elas tinham que adquirir uma cultura de se preocupar com o bem-estar de todos", diz. Wanda Lúcia de Oliveira, 64, moradora do bairro há sete, afirma que falta informação às pessoas que passeiam com os cachorros. "Geralmente quem sai à rua com o cachorro são as empregadas, caberia às patroas dar a orientação", afirma Wanda. Além disso, ela percebe que as pessoas andam muito agitadas e distraídas. José Augusto Fernandes, 66, considera que no geral as pessoas estão mais conscientes, recolhendo as fezes. Porém, afirma que têm muitos cachorros de rua na região. Alguns donos não consideram a sacola necessária quando o cachorro é bem educado. É o que a-

contece com William Rodrigues, 63, e Maria Francisca da Silveira, 64. William passeia todos os dias com sua cachorra Pretinha. Ele conta que a Pretinha não costuma fazer cocô na calçada, procura sempre grama, nesses casos ele não faz questão de recolher, mas, por cuidado, anda sempre com uma sacolinha plástica no bolso. Já Maria Francisca não anda com sacolinha, porque seu cachorro Beethoven faz cocô só em casa. E quando acontece durante o passeio ela diz que é sempre no gramado. Os criadores de cachorros, também se incomodam com o cocô. Virgínia Nascimento, 26, já pisou em um na porta de sua casa. Quando passeia com seu cachorro ela procura andar com uma sacolinha. "Eu limpo o cocô dela para não acontecer de novo comigo nem com os outros", afirma. Mas ela admite que às vezes acontece de esquecer o saquinho em casa. Heloísa de Lara, 60, não tem cachorro, e se sente muito incomodada quando os cachorros de outras pessoas fazem cocô na porta de sua casa. "É falta de educação, falta de conscientização, algumas pessoas acham que por ser rua, pode ser feito, mas a rua é de todos, não só do cachorro.", diz. Segundo ela, o problema está se agravando cada vez mais, e, além de se sentir incomodada, Heloísa comenta que o bairro é muito frequentado por crianças e que é comum vê-las sujando os sapatos. "Cada um pode ter o seu hobbie desde que tenha o cuidado de não prejudicar o outro", acrescenta. Heloísa também destaca o outro lado. "Têm também pessoas cuidadosas que andam com

Morador consciente exibe sacola levada em passeios com seu cachorro saquinho e catam", garante. Exemplos disso são José Augusto Fernandes, 66, e Lucimeire Vasconcelos, 45, que possuem quatro cachorros. Todas as manhãs eles levam os quatro para passear, e no bolso oito saquinhos para reserva. "Sempre a gente pega as fezes dos cachorroros para não sujar os passeios e as pessoas pisarem. Essa prática temos desde que adquirimos o primeiro cachorrinho", explica José Augusto. Mesmo com esse cuidado Lucimeire ressalta a intolerância das pessoas. "Já aconteceu por coincidência uma delas estar fazendo cocô e uma pessoa passar de carro e começar a xingar a gente. Primeiro eles têm que esperar e ver como a gente vai agir", afirma. Segundo o casal, as pessoas podem não gostar de cachorros, porém na rua todos podem passear, portanto deve haver respeito. Com

relação a isso, Heloísa de Lara deixa claro que o problema não é os cachorros. "Eu não tenho nada contra o cachorro, eu tenho contra a pessoa que sai da sua própria casa para o cachorro fazer sujeira, deixa que ele faça no meio do caminho e não limpa", afirma. No meio de diversas opiniões Seu Firmino conta que muitas pessoas com ideias diferentes vêm reclamar da situação e cobrar dele, como representante da Associação de Moradores, providências para acabar com o problema. "Eu vivo fazendo campanha, vivo falando, comentando com as pessoas, mas pouca coisa adianta", diz. Ele acrescenta que sente falta de uma participação maior dos moradores nas reuniões. Muitos reclamam, mas poucos ajudam a resolver o problema que é de todos.

Lei mais severa para os donos de animais Calçadas mais limpas, cidadãos mais conscientes. O novo Regulamento de Limpeza Urbana, que começou a vigorar em 11 de setembro deste ano, agravou a penalidade para o proprietário, responsável ou condutor de animal que não fizerem a limpeza, acondicionamento e remoção imediata dos dejetos do animal, mesmo que esteja sem guia ou coleira. Junto a essa medida será feita uma campanha de sensibilização dos moradores do Bairro Coração Eucarístico que se iniciará na próxima semana por meio da equipe de zoonoses do Centro de Saúde Dom Cabral. A Lei 10.534 de 10 de setembro de 2012 estabelece em seu Artigo 70, que os dejetos do animal possam ser depositados em logradouro público, na rede primária do sistema de esgoto sanitário local ou encaminhados

para os serviços regulares de coleta e transporte de resíduos sólidos domiciliares, desde que devidamente acondicionados e em conformidade com as normas do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). A Prefeitura de Belo Horizonte informa através da Gerência de Fiscalização da Regional Noroeste (GERFI4-NO), que durante as vistorias rotineiras dos fiscais, caso seja flagrado o cidadão infringindo o que determina o artigo 70 do Regulamento de Limpeza Urbana ele será autuado e notificado para proceder à limpeza imediatamente e caso continue a infração poderá ser multado a cada dois dias no valor de R$747,34. Já existia previsão legal para esse caso no Código de Posturas, Lei 8616 de 2003 no artigo 33, mas o valor da multa era de R$112,73.

Como forma de conscientizar e informar a população, a Gerência Distrital de Controle de Zoonoses (GERCZO-NO) irá começar, a partir da semana que vem, uma campanha com os moradores do Bairro Coração Eucarístico quanto a guarda responsável de animais domésticos, o que incluirá a responsabilidade dos proprietários sobre o destino dos dejetos de seus animais. A campanha se dará ao longo de dois meses e a sensibilização será feita nas visitas para o controle da dengue. No dia 31 de outubro, haverá um evento na área do Dom Cabral/ Coração Eucarístico, com a participação da equipe do centro de saúde, onde também será abordada a guarda responsável, dentre outros temas relacionados às zoonoses.


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BURACOS NO CAMINHO DOS PEDESTRES As calçadas do Bairro Coração Eucarístico apresentam vários tipos de irregularidades que se tornam obstáculos e dificultam o dia a dia dos pedestres, podendo causar sérios acidentes RAQUEL DUTRA

n ANA LETÍCIA DINIZ ANDRÉ FERREIRA CORREIA SÉRGIO EDUARDO MARQUES 1º PERÍODO

Moradores do Bairro Coração Eucarístico estão com dificuldades para locomover-se pela região e sofrem com o problema de infraestrutura e falta de manutenção, que resulta em buracos e desnivelamentos nas calçadas. Além disso, as rachaduras provocadas pelas raízes das árvores e a grande quantidade de entulho nos passeios do bairro, obriga pedestres e transeuntes a desviarem seus caminhos, pondo-se em risco ao seguir o trajeto pela rua, onde o movimento de carros é intenso. As reclamações giram, principalmente, em torno dos desnivelamentos das calçadas. "Especialmente essas calçadas da Rua Dom Aristídes Porto são muito irregulares. É um perigo

para as pessoas, inclusive meu filho já quebrou o braço aqui, por causa da calçada", comenta Soraia Gandra, funcionária pública e moradora do bairro. Além disso, ela reclama de uma árvore que fica no meio do passeio e atrapalha o trânsito de pessoas. "Já levamos o problema para a prefeitura e encaminhamos, há cerca de um ano e meio, um pedido para cortar a árvore, porém, ainda não nos deram uma resposta", completa. Há também algumas calçadas que possuem degraus, tornando impossível a caminhada de pessoas com deficiência física, idosos ou até mesmo mães com carrinhos de bebê. De acordo com Carlos Alberto Rocha, dono de uma banca de jornal e revistas no bairro, no primeiro semestre deste ano a prefeitura teve que modificar uma calçada próxima a sua banca, na Avenida

Avenida Coração Eucarístico de Jesus, no trecho entre a pracinha do Coreu e a entrada principal da PUC

Coração Eucarístico de Jesus. Segundo ele, uma pessoa caiu no local e realizou denúncia, obrigando a retirada dos degraus. Outro problema rele-

vante são as raízes das árvores, que quebram as calçadas, tornando impossível transitar na parte danificada. Por isso, os pedestres são obrigados a andar

Abandonado em lote, bebê será adotado n DIEGO COTA PEDRO FONSECA RÔMULO ESTÉFANO TIAGO BARBOSA WELLINGTON PEREIRA 1º E 2º PERÍODO

Encontrado em agosto deste ano, no Bairro São Gabriel, o recém-nascido já está sob guarda provisória de uma família substituta e poderá ser adotado pela mesma após esse período. Segundo informações do Gabinete do Juiz da Vara Cívil da Infância e Adolescência de Minas Gerais, após sair do hospital e ser acolhido por eles, a criança ainda estava com muitas picadas de formiga em decorrência do tempo em que ficou abandonada no lote. No dia 17 de agosto, aproxi-

madamente às 14h, Gabriel Silva, 10 anos, foi a um terreno baldio situado à rua Ana Pereira de Menezes, à altura do número 35, no Bairro São Gabriel, Região Nordeste de Belo Horizonte, para soltar pipa. No local, o garoto teve uma surpresa ao encontrar um recém-nascido em meio aos entulhos do terreno. Usando a camisa, Gabriel deixou o bebê envolto e correu para casa em busca de ajuda para o recém-nascido. Segundo o soldado Marcos Vinícius Alves, 24 anos que atendeu a ocorrência, o bebê estava em péssimo estado quando encontrado. "Ele estava muito mal. Parecia ter picadas de insetos, e apresentava queimaduras da forte exposição ao

sol", conta. Ainda de acordo com o policial, a mãe da criança pode ser processada por maus tratos, abandono de incapaz, e até mesmo, tentativa de homicídio. Maria do Socorro Costa, 48 anos, dona de casa e mãe de Gabriel, conta que estava em casa quando o filho lhe informou que havia encontrado um bebê. "Ele chegou correndo me avisando que tinha encontrado um neném. E com ajuda de um senhor, daqui da rua, chamou a polícia. O neném estava sem roupa, então o Gabriel enrolou ele na blusa", relata Maria do Socorro. Sobre o estado do recém-nascido ela lembra: "O bebê estava todo sujo de placenta, e as formigas começavam a

no meio da rua, para desviar dos buracos. Além disso, as calçadas das esquinas ficam destruídas por conta da grande incidência de acidentes de carro.

subir nele. Então, na mesma hora chamou-se a polícia e levaram ele para o hospital Sofia Feldman." O recém-nascido deu entrada no Hospital Sofia Feldman às 15h57. Segundo a assessoria de imprensa do Hospital, o bebê chegou "ainda com a placenta, picado de formigas, desidratado e com queimaduras no rosto, por ter ficado exposto ao sol". O bebê permaneceu internado do dia 17 de agosto até o último dia 5 de setembro. Chegou ao hospital com 2,300 quilos e 46 cm e saiu com 2,775 quilos e 48 cm. Ainda segundo a assessoria, o bebê saiu do hospital sem nenhuma sequela, e durante a internação nenhum familiar reclamou a guarda do menor que, após receber alta, foi encaminhado para o Juizado da Infância e do Adolescente Segundo a psicóloga Livia

A construção e manutenção do passeio público são de responsabilidade dos proprietários de imóveis e devem seguir as normas técnicas estabelecidas por órgão nacional e até por legislações municipais. Cabe à prefeitura fiscalizar e notificar os proprietários que fogem às regras. A população pode reclamar e contribuir com a fiscalização das calçadas. O cidadão que constatar algum passeio irregular pode registrar denúncia ligando para a Central de Atendimento Telefônico da prefeitura (156), indo à Central de Atendimento Presencial - BH Resolve (Avenida Santos Dumont, 363, Centro) ou acessando o Sistema de Atendimento ao Cidadão, disponível no site do Executivo municipal (www.portaldeservicos.pbh.gov.br).

Rezende, vários fatores podem levar uma mãe a tomar uma atitude como essa. Livia explica que se uma mulher se sentir sozinha, ou desamparada pode agir dessa forma. "Talvez estivesse protegendo a criança até de si mesma, pois muitas mães desenvolvem problemas ligados à gestação", afirma a especialista, referindo-se à depressão pósparto, problema comum entre gestantes, segundo ela. Livia também explicou que são várias as consequências que essa criança pode desenvolver ao longo da vida. Ela relata que isso dependerá da vida futura, pais super protetores podem prejudicar, tanto quanto pais frios demais. A psicóloga observa que um bom lar é fundamental para a formação da criança. Porém, é incerto afirmar como essa criança será sem levar em conta o lar e as pessoas que vão recebê-la.

Metrô do São Gabriel é essencial à comunidade n NAYARA TOMAZ WILKER CRUZ 3º PERÍODO

A população de Belo Horizonte tem utilizado cada vez mais o metrô como meio de transporte. Além da rapidez no deslocamento, ele é uma alternativa para fugir ao trânsito caótico da capital. Como consequência dessa migração, os usuários enfrentam nos horários de pico, uma superlotação nos vagões. Contudo, o metrô é de grande importância principalmente para muitos usuários que utilizam diariamente a Estação São Gabriel, entre

eles, estudantes, moradores do bairro e moradores de bairros vizinhos. De acordo com informações da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) de BH, a Estação São Gabriel recebe, diariamente, cerca de 16 mil passageiros. Um dela, é a cozinheira, Maria Lúcia Carvalho, 57 anos, moradora do bairro que utiliza o metrô para deslocamento ao trabalho e diz que em caso de paralisação de metroviários, como ocorreu em maio deste ano, sua rotina é afetada e ela é obrigada a utilizar outros meios de transporte.

Sobre paralisações, a CBTU-BH esclarece que "segue as determinações do Tribunal Regional do Trabalho, que especifica a adoção de escalas mínimas para atender aos usuários". "A Companhia também trabalha em parceria com a BHTrans e a Secretaria de Estado de Obras e Transportes Públicos para garantir atendimento emergencial aos passageiros do Metrô de Belo Horizonte", acrescenta. Além da importância da estação para os moradores do São Gabriel, residentes em bairros vizinhos também são beneficiados pelas linhas que ligam a

estação com outros bairros. Como exemplo, a vendedora Armanda Gonçalves, 52 anos, moradora do Bairro Vista do Sol, próximo ao São Gabriel, também utiliza o metrô com frequência. Ela comenta os transtornos causados em situações de greve. De acordo com a vendedora, o metrô é o mais eficiente meio de transporte. E complementa dizendo que os serviços prestados deixam a desejar em questão de quantidade de linhas, horários de ônibus e qualidade. Estudantes da PUC São Gabriel alegam mais facilidade de acesso à unidade,

pelo fato de, além da estação ser próxima à instituição possui linhas de ônibus com pontos próximos. As principais linhas utilizadas pelos alunos são o 811 Vila do Sol e o 8350 Estação do Barreiro, que passam dentro da estação. A estudante Camila Guimarães, fala sobre a facilidade do metrô como transporte para fugir do trânsito intenso da Cristiano Machado. Ela também critica a superlotação dos ônibus utilizados por estudantes e comunidade. Mesmo com tantas críticas da população relacionadas à infraestrutura e qualidade do atendimento, a estação localizada no

Bairro São Gabriel facilita o dia a dia de moradores locais, e também dos bairros Jaraguá, Belmonte, Vista do Sol, entre outros, sendo muitas vezes indispensável para estes moradores. De acordo com dados da CBTU, o metrô de BH, nas 19 estações do sistema, é utilizado por 210 mil usuários todos os dias, o equivalente a mais de 5 milhões de pessoas por mês e cerca de 58 milhões de passageiros em um ano. O número de usuários que utilizam o metrô representa cerca de 13% do total de passageiros do transporte público da cidade de Belo Horizonte.


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Outubro • 2012

CALIFÓRNIA II PASSA POR REFORMAS Pensando em melhorar a imagem do bairro, moradores se reuniram e arrecadaram dinheiro para pintura e revitalização dos prédios. Em 32 anos, é a primeira vez que eles são pintados RAQUEL DUTRA

n MARINA NEVES RAQUEL DUTRA 4º PERÍODO

Após 32 anos sem reforma, os prédios do Conjunto Califórnia II estão sendo revitalizados. Com o objetivo de valorizar e modernizar os imóveis, melhorias como pinturas externas chamam a atenção de quem passa pelo bairro. O subsíndico de um dos prédios, Saul Marques Pessoa, 63 anos, comenta a importância da ação para a visibilidade do Califórnia II. "Da BR 040, por exemplo, você vê todos os prédios. É muito bom para a visibilidade, passa a ideia de um bairro bonito", diz Saul. Os síndicos de cada um dos 26 prédios que compõem o bairro são responsáveis por conduzir as reformas. Denise Aparecida Santos, 31 anos, síndica de um desses prédios, ressalta que apesar da pintura externa ser um plano futuro, outras modificações já foram realizadas. "O meu prédio é um dos mais arrumadinhos, já

A diferença entre os edifícios que já foram pintados e aqueles que ainda não foram motiva moradores dos prédios vizinhos a tomar a mesma medida

tem câmera, é todo pintado por dentro, a portaria foi reformada e a iluminação do prédio foi trocada", revela Denise. As melhorias do edifício Janaína, administrado por Joana Maria Araújo, 57 anos, já começaram. A iniciativa contou com total colaboração e apoio dos moradores que, em um ano, arrecadaram o dinheiro necessário para a contratação da empresa que ficaria responsável pelas

reformas. A síndica acrescenta que a pintura visa melhorar o prédio que estava há muito tempo sem reforma. "A fachada do prédio estava toda feia e destruída. Além disso, tinha uma infiltração", afirma Joana. No caso do edifício de Saul Marques, a arrecadação já começou e tem previsão para término. "No meu prédio estamos fazendo uma arrecadação, que deve durar 36

meses, para iniciar a revitalização", conta. O subsíndico diz que apesar da iniciativa dos moradores, gostaria que ela viesse por parte da Prefeitura de Belo Horizonte. Para exemplificar, o morador cita o IAPI, primeiro conjunto habitacional vertical do Brasil construído por uma iniciativa de Juscelino Kubitschek que, hoje, faz parte dos bens tombados pelo Patrimônio Histórico Municipal.

Consciente de que a Prefeitura não tem obrigação de cobrir tais gastos, já que o Califórnia II não é um patrimônio público como o IAPI, o morador diz que a iniciativa depende da Associação. "Seria ótimo, mas tudo depende do comando da associação. A Prefeitura não tem obrigação de fazer isso, a iniciativa tem que partir daqui", ressalta Saul Marques. O projeto inicial de

pintura externa, criado pela Associação de Moradores, pretendia parcerias com grandes empresas de tinta. Como a ideia não saiu do papel, uma nova medida foi proposta: a união dos prédios com arrecadação que se destinaria à pintura externa, sendo que a cada ano três prédios seriam sorteados para serem pintados. Segundo o presidente da Associação, José Maia, 56 anos, se esperava uma melhora na aparência externa dos prédios, os tornando visivelmente mais bonito para a Copa de 2014. "Para a Copa esses prédios todos pintadinhos ficaria super bacana, já que os prédios têm 32 anos e nunca foram (re)pintados. Ia ser legal, porque todos estão se preparando para a Copa do Mundo, cada um do seu jeito. Então, nós também queríamos fazer isso", explica o presidente. Apesar do que foi proposto pela associação, os moradores optaram por conduzir as reformas dos prédios por conta própria.

Moradores reclamam de poucas linhas de ônibus n JOANA ARAGÃO 3º PERÍODO

Moradores que dependem de ônibus para se deslocar do Conjunto Califórnia II precisam esperar longos minutos nos pontos, pelo 4501, o que já se tornou rotina. Os poucos carros da única linha que atende ao bairro já se tornaram motivo de revolta por parte daqueles que precisam, muitas vezes, sair de casa com horas de antecedência para cumprir os compromissos. Aretha Mello, estudante de pós-graduação em Enfermagem na PUC da Praça da Liberdade, conta que além de precisar pegar o ônibus duas horas e meia antes do horário da aula, sempre acaba esperando entre 30 e 40 minutos no ponto. Para ela, a solução seria a implementação de novas linhas que atendam ao bairro. "Eu acho que teria que ter outra linha de ônibus. Por exemplo, no Padre Eustáquio todo mundo tem opção. Quem mora lá pega qualquer ônibus que passa e aqui a gente só tem es-

sa opção", compara. A estudante diz ainda que precisa sair da aula antes do horário estipulado, 22h30. Caso contrário, certamente perderá o ônibus e com a longa espera não chegará em casa antes de meia noite, tornando a situação não somente incômoda, mas também perigosa. Daniel Farnese, funcionário da rede ferroviária, conta que em bairros próximos, como o próprio Padre Eustáquio, os veículos de outras linhas podem demorar apenas cinco minutos para passar, enquanto a espera pelo ônibus que o levará de volta pra casa é sempre longa. "Às vezes você está num ponto de ônibus, não passa o 4501 e os outros passam muito mais. Tem uns que vão para bem mais longe, como o Boa Vista 4802, que enquanto você está esperando, desses chegam a passar dois, três ônibus", relata. Ele não acredita que a escassez de ônibus para atender ao bairro ocorra por conta de pouca procura por

parte dos moradores. "Eu acho que não é falta de passageiro, porque aqui e no Califórnia 1 o ônibus lota. Esse ônibus, você pode olhar, todo horário que você está nele, ele está cheio", completa. Ambos recorrem a outros meios para poder amenizar as dificuldades enfrentadas. Para evitar andar a pé à noite até outro ponto que atenda melhor as suas necessidades, Aretha afirma precisar desembolsar diariamente ainda mais dinheiro para pegar um ônibus extra. "Eu tenho que gastar R$ 3 a mais para andar de um ponto até o outro, porque ali tem uma vila e eu não vou entrar no meio da vila 11 horas da noite para chegar até aqui. Então a gente sai muito prejudicado", conta. Já Daniel afirma, muitas vezes, caminhar longas distâncias por preferir não esperar o ônibus que o levará de volta para casa após a jornada de trabalho. "Quando eu desço na passarela eu não fico esperando, para pegar o ônibus só

se ele tiver passando. Eu acho que deveria ter uma linha que vem do centro, mas passando pela Via Expressa, subindo a Avenida Delta", observa. Há, porém, aqueles que se mostrem satisfeitos com os serviços prestados. Para Gislaine de Fátima Santos, cabeleireira de 52 anos, os ônibus atendem sim à demanda

dos moradores e o atendimento é satisfatório. Ela ainda acrescenta ressaltando a melhora nas linhas desde a mudança para o bairro. "Vai fazer 30 anos que eu moro aqui. Hoje eu posso falar que melhorou porque a gente pega o ônibus aqui sentado e só quem pega ele voltando da cidade, por exemplo, é que

pega cheio. Do centro para cá vem cheio, mas daqui pro centro a gente está melhor. Pode olhar pra você ver, vazio e todo mundo sentado". A BHTrans foi perguntada sobre as questões levantadas pelo moradores e a resposta obtida até o fechamento desta edição foi que o assunto ainda estava sendo apurado. RAQUEL DUTRA

Dois ônibus da mesma linha passam juntos, prejudicando a grade de horários e os passageiros


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ENTULHO ATRÁS DAS GARAGENS ATRAI PRAGAS Moradores já encontraram escorpiões e baratas em muitos apartamentos do Califórnia II RAQUEL DUTRA

Lixo é jogado em terreno público pelos próprios moradores do conjunto, atraindo bichos e insetos ao local

n CAROLINA SANCHES 4º PERÍODO

O Conjunto Califórnia II, criado em 1980, não possuía garagem suficiente para todos os apartamentos. A solução encontrada pelos moradores foi a construção independente e gradual de pequenas garagens no entorno da Rua Patrício Barbosa, a principal do bairro. Entretanto, o local é considerado área pública e recebe o despejo de entulhos de pequenas obras realizadas pelos próprios moradores. O resultado do acúmulo de restos de materiais de construção culminou no aparecimento de escorpiões e baratas na maioria dos 26 prédios que compõem o conjunto. Cristina Santana, 56 anos, vive no conjunto há 22 e reclama da situação atrás das garagens. "Os próprios moradores jogam entulho em volta das garagens, fazem pequenas reformas e despejam tudo lá. E nunca limpam, fica acumulando", desabafa a moradora que já encontrou

escorpiões no apartamento em que mora com a mãe. No apartamento de Mário Moreno Filho, 28, foram tantos escorpiões encontrados que ele perdeu a conta. O tamanho dos escorpiões também era preocupação. Por serem muito pequenos, era difícil visualizar, o que causava uma insegurança ainda maior. "Eu me senti muito assustado sabendo que estava correndo um risco. Ainda mais que a maioria que eu encontrei era dos pequenos, pouco visíveis", relata. José Maia, 56, presidente da associação de moradores do conjunto, relata que já comunicou à Prefeitura a situação do local. "A representante da Zoonoses esteve aqui, eu cobrei dela, e não obtivemos resposta, pois ela queria que limpássemos dentro das garagens", conta. O problema é que a associação não tem controle sobre os donos das garagens por terem sido construídas independentes aos prédios. "Nós começamos a fazer o cadastramento dos donos das garagens, à medida que as pessoas

vão comprando nós estamos fazendo isso e cobrando a limpeza da parte interna", acrescenta José Maia. A Gerência de Limpeza Urbana da Regional Noroeste (GerluNO) informou que foi feita uma limpeza parcial do terreno. Entretanto, as garagens presentes no local prejudicam a entrada no interior da área. Segundo também a Gerência de Zoonoses da Regional Noroeste (Gerczo-NO), não há registro de reclamações, nem via SAC e nem informalmente. Porém, a situação das garagens é de conhecimento do órgão. Em reunião no dia 22 de maio, entre José Maia e a representante da Zoonoses, foi discutida a possibilidade de um diálogo diretamente com os proprietários das garagens, para viabilizar a limpeza delas. A associação promoveu uma ação de conscientização dos moradores, com faixas que alertavam sobre o despejo inapropriado de restos de construção, mas que não apresentou muitos resultados.

Projeto da Prefeitura monitora despejo irregular de lixo na capital "Ponto Limpo", medida preventiva adotada pela Prefeitura de Belo Horizonte, indica que no local é proibido o despejo de entulhos. Colocada principalmente em áreas que antes serviam de bota-fora, a placa é monitorada por fiscalização periódica. Em áreas públicas a Prefeitura é responsável pela limpeza. "O trabalho de limpeza é feito rotineiramente, nas nove regionais da cidade, com a utilização de 15 caminhões e três pás carregadeiras", relata a assessoria do Serviço de Limpeza

Urbana (SLU). A participação da população, com denúncias, é fundamental. "O cidadão que presenciar deposição clandestina de resíduo ou for prejudicado por esse tipo de prática deve registrar a denúncia nos canais de atendimento da Prefeitura", observa. Após a denúncia é realizada a fiscalização e programada a limpeza do local. Além das áreas públicas, os lotes vagos, propriedades privadas, também são alvo do despejo ilegal. Nestes pontos a responsabilidade

sobre a limpeza é do proprietário, ficando sujeito a multa e obrigatória limpeza do local. Mas não são apenas os proprietários de lotes que estão sujeitos a multas. A pessoa que for flagrada despejando em local irregular recebe multa que varia de R$ 563,65 a R$ 2.029,14. Além da multa, o veículo utilizado para o despejo, caso seja licenciado, é apreendido e tem a licença cassada. A legislação de Limpeza Urbana prevê que a disposição de resíduos de construção civil em encostas, corpos d'água,

lotes vagos e bota-fora não autorizados pode gerar ao infrator notificação para que seja feita a limpeza em um dia. A Prefeitura de Belo Horizonte disponibiliza locais apropriados para a entrega de materiais que não são recolhidos pela coleta convencional, como entulho de construção e demolição (sobras de tijolos, telhas, argamassa, pedra, terra), madeira, podas de árvores e jardins, pneus, entre outros. Com um limite de duas carroças ou 20 sacos de 100 li-

tros, estão disponíveis locais em todas as nove regionais. Ainda segundo a assessoria, existem três Usinas de Reciclagem da SLU, sem custo, que recebem o entulho de construção gratuitamente, com exceção de terra, matéria orgânica, gesso e amianto. As denúncias podem ser realizadas pelo telefone 156 (Central de Atendimento BH Resolve) ou via SAC Web disponível no Portal de Informações e Serviços (http://portaldeservicos.pbh. gov.br).

Associação de moradores realiza manutenções n ÍGOR PASSARINI 4º PERÍODO

No Bairro Conjunto Califórnia II, o serviço de limpeza feito pela Prefeitura de Belo Horizonte não é suficiente para manter o local limpo. Sendo assim, a associação de moradores do bairro, que conta com quatro funcionários, fica encarregada de complementar a limpeza

através de varrições e capinas mais frequentes. Denisia Aparecida Santos, 31, secretária da Associação do Conjunto Califórnia II conta que a Prefeitura só faz a varrição às quintas-feiras, o que segundo ela, é pouco, visto que caem muitas folhas das árvores todos os dias. Denisia comenta ainda que, apesar da coleta seletiva

acontecer três vezes por semana, muitos sacos são recolhidos de qualquer jeito e acabam rasgando e o lixo ficando pelo chão: "A gente varre, recolhe, e fica tudo sujo de novo depois que eles passam". A varrição é feita pela associação todas as segundas, quartas e sextas-feiras. Outro serviço que é feito pela Associação de Mo-

radores do Conjunto Califórnia II é a capina, pois a Prefeitura só a realiza uma a duas vezes por ano. O presidente da associação, José Maia, 56, informa que por conta dessa manutenção demorada eles passaram a desempenhar mais essa função. "No período de chuva que é quando o mato cresce rápido, temos que capinar

todo mês", afirma ele. A Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte (SLU) informou que o planejamento contempla os serviços de coleta domiciliar feito três vezes por semana e a varrição semanal no entorno do conjunto, mas o pedido de aumento e melhoria dos serviços será registrado para análise.


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Outubro • 2012 VINÍCIUS DIAS

DUAS RODAS E UM SONHO Projeto desenvolvido pela Secretaria de Esportes de Itabirito oferece a crianças e jovens a chance de sonhar com um futuro no ciclismo n VINÍCIUS DIAS 2º PERÍODO

Em cada rosto, um sorriso estampado. A cada pedalada, o sonho de se tornar um vencedor. E a inspiração dos alunos do Projeto Mountain Bike Futuro, iniciado em janeiro último pela Secretaria de Esportes e Lazer de Itabirito, na Região Central do estado, é o próprio professor. Leandro Augusto do Carmo, 24 anos, bacharel em Educação Física, representou a Seleção Brasileira em dois Campeonatos Pan-Americanos da modalidade em 2006, no Balneário Camboriú/SC, e 2009, em Santiago, no Chile. Hoje, cultiva a 'cultura da bicicleta' e saúde junto a 40 crianças e jovens a partir dos 10 anos. "O ciclismo é um esporte de resistência, que traz benefícios como a melhora da capacidade cardiorrespiratória e a prevenção de doenças em longo prazo", destaca Leandro. Próximo de completar um ano, o projeto tem planos ambiciosos. "O objetivo é servir como modelo de formação de ciclistas em nível nacional. Várias cidades da região, inclusive, entraram em contato conosco para buscar informações a fim de replicá-lo", conta Leandro. E o sucesso é motivo de satisfação para o educador. "Sou feliz pelo fato de o projeto ter se tornado realidade. É raríssima uma escolinha de ciclismo como esta no país", ressalta. Praticante do esporte há 11 anos, ele destaca, contudo, que ainda faltam recursos. "O projeto, infelizmente, não oferece bicicletas aos alunos. Os capacetes que alguns utilizam são meus, obtidos através de doações, e

empresto para eles durante os treinamentos", completa. A escolinha, que prevê a formação de ciclistas de alto nível após um período aproximado de 10 anos de atividades, estrutura-se em três categorias. Na Iniciação, alunos de 10 a 12 anos são orientados à prática de quatro modalidades – BMX, MTB, estrada e pista (velódromo). A partir de 13 anos, na equipe Desenvolvimento 1, especializam-se em uma das modalidades e, a seguir, por quesito técnico, alunos são promovidos à seleção municipal ou encerram o ciclo de formação na categoria Desenvolvimento 2 – baseada no esporte educacional, em que não há restrição de idade –, quando têm, além de duas aulas práticas, comuns às demais categorias, uma aula teórica semanal.

ANIMAÇÃO Petrônio Ferreira Santos, 11 anos, é um dos mais empolgados com o projeto. E seus planos são altos. "Aos 16 anos, quero fazer Downhill. Fazer as manobras em rampas, com bicicletas bonitas. Adoro aventura. Meu sonho é ganhar muito dinheiro e viajar para competir", conta. Hoje, aluno, ele pretende se tornar professor no futuro. "Eu quero ensinar às pessoas o que aprendo aqui: a fazer coisas melhores, a andar de bicicleta", revela. Mateus Braga Matos, 10 anos, não mantém os mesmos sonhos, mas destaca a importância de a 'bike' ser um modal de transporte ecológico. "É muito bom, ajuda o meio ambiente, não polui o ar, evita várias doenças e o aquecimento global. Além disso, faz bem para meu corpo. Sinto-me bem após os exercícios", observa.

O professor Leandro Augusto, do Projeto Mountain Bike Futuro, criado pela Secretaria de Esportes e Lazer de Itabirito, com seus alunos Matheus Henrique Dias Fagundes, 10 anos, comemora os laços de amizade construídos no projeto. "Conviver com eles durante as aulas é bom, porque são novas pessoas com as quais podemos conversar", ressalta. Eli de Castro Júnior, 12 anos, faz questão de elogiar os métodos utilizados por Leandro. "É um excelente professor. Gosto muito dele, porque nos ensina a fazer várias coisas novas e a vencer o medo. Ele faz a gente repetir os movimentos por diversas vezes, até acertar", diz. Embora o ciclismo esteja, em geral, associado ao sexo masculino, as meninas têm vez em Itabirito. De participar e de sonhar. Isabella Mayra, 10 anos, ingressou na escolinha por influência do padrasto, praticante do Mountain Bike. Hoje, as duas rodas movem um sonho olímpico. É a mãe, Renata Mayra de Oliveira do Carmo, 40 anos, professora de educação física, quem conta. "Quando a turma do Leandro foi entrevistada pela ESPN Brasil (para o programa Caravana do Esporte), ela disse que queria ser uma campeã, participar dos Jogos Olímpicos", recorda. "O ciclismo é uma ótima oportunidade de fugir das coisas ruins como as drogas", completa.

Ciclovias e ciclofaixas podem ser uma solução O mau comportamento de parte dos motoristas em Itabirito é, segundo o idealizador do Projeto Mountain Bike Futuro, Leandro Augusto do Carmo, o principal problema enfrentado pelas pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte na cidade. Soelito Gohr, ex-atleta de ciclismo convencional – hoje, paratleta –, que sofreu lesão no ombro após se chocar com um carro, e teve os movimentos limitados, é o mais ilustrativo exemplo por ele apresentado. Para um problema, a convivência desarmônica no trânsito, duas possibilidades de solução: a implantação de

ciclovias e ciclofaixas. A diferença? O educador explica. "As ciclofaixas são implantadas nas duas mãos, a fim de impedir o tráfego na contramão. Não reduzem de forma drástica o espaço dos carros, e são sinalizadas através de faixas brancas ou tintura na cor vermelha", detalha. "As ciclovias, por sua vez, requerem uma área maior, podendo reduzir o espaço destinado aos carros. São feitas em alvenaria, e destinam-se exclusivamente aos ciclistas. Encontram-se à direita da pista, fisicamente separadas por grades, piquetes ou desníveis no solo", completa.

Jovens criam grupos de caronas pela internet n ÍGOR PASSARINI LUCAS BORGES 4º E 2º PERÍODO

Está cada vez mais complicado se locomover nos grandes centros urbanos e entre eles. A grande quantidade de veículos e as condições não favoráveis do transporte público e das vias de circulação tornam árdua a situação de milhares de pessoas que dependem de um meio de transporte para chegar ao seu destino. Visando uma solução para esses problemas, tem aumentado o número de grupos de caronas e essa ideia vem se espalhando e ganhando força com ajuda das redes sociais. João Pedro Fonseca, criador do grupo caronas PUC, que conta com mais de 1.700 participantes, diz que a ideia do grupo surgiu das experiências que teve no intercâmbio que fez na Irlanda. "A ideia de criar o grupo surgiu de uma mistura da minha vontade de juntar um pouco do que eu aprendi e vivenciei durante meu intercâmbio na Europa, com a minha preocupação de como era custoso e ineficiente me locomover até a PUC todos os dias para ver aulas", conta o jovem. João ainda ressaltou o impacto positivo desse tipo de atitude na questão financeira e ambiental. "Eu sozinho ocupava um espaço enorme com meu carro no trânsito, gastava quase R$ 5 em gasolina no percurso de ida e volta, e lançava CO² na atmos-

fera, tudo isso para levar apenas uma pessoa para a faculdade. E claro, eu imaginava que essa situação não era exclusividade minha, e que poderia ser contornada em dada proporção, criando-se uma consciência coletiva de troca de caronas", diz. Para o delegado da 2ª Delegacia Noroeste de Belo Horizonte, Rodrigo Batista Damiano, 35 anos, essa é uma iniciativa bastante válida, mas, segundo ele, é preciso buscar referências. Saber o nome da pessoa, se ela é mesmo daquele curso que está se apresentando, procurar amigos em comum. "Se for possível, buscar informações sobre o modo de dirigir, porque o trânsito hoje em dia é muito perigoso. E se for a primeira carona com aquela pessoa, anotar a placa do carro antes de entrar, porque se tiver algum problema, seria uma forma de localizar a pessoa", observa. Pegar ou oferecer caronas a estranhos pode ser um empecilho para muitas pessoas, quanto a isso, Marcell Mesquita, criador do grupo Caronas Divinópolis-BH, aconselha os participantes do grupo no facebook a conversar com o estranho por telefone ou até pessoalmente. "Sempre gera uma apreensão pegar/ oferecer carona com quem não se conhece, então eu sempre dou a dica de procurar conversar com a pessoa antes, por telefone ou pessoalmente, e procurar amigos em comum que possam dar

referência. Isso ajuda bastante", aconselha Marcell que ainda contou sobre a primeira vez que pegou carona. "A primeira vez que peguei carona, meu pai não queria deixar de jeito nenhum. Ele fez questão de conhecer o cara e ver o estado do carro. Depois foi tudo tranquilo", revela. Mas nem tudo são flores. Ana Joana da Silva mora em Belo Horizonte e vivenciou uma situação negativa em relação às caronas. Ela combinou de ir para sua cidade natal, Ouro Preto, mas a pessoa que ia dar carona não apareceu e fez com que Ana ficasse na capital sem dinheiro para passar uma noite ou voltar para Ouro Preto. "Ocorreu um fato que combinei com uma pessoa e compareci no horário no local marcado e a pessoa não foi. Dessa forma fiquei esperando, quando liguei para ele simplesmente disse que não iria mais. Fiquei em Belo Horizonte, sem dinheiro para voltar, sem dinheiro para hotel. Não tinha dinheiro suficiente para pegar um ônibus. Resultado: tive que dormir num hotel e pedir para minha família transferir dinheiro para minha conta para ir de ônibus no outro dia", explica Ana. A jovem vivenciou outro problema em relação a pegar carona. No ano passado, Ana conseguiu uma carona com uma pessoa de Belo Horizonte. O problema ocorreu que o motorista não sabia o caminho para Ouro Preto e se perdeu. "Ano passado eu peguei

carona com um cara que tinha acabado de tirar carteira. O menino não sabia dirigir na estrada. Além de ir muito devagar, ele ainda se perdeu no caminho. Foi uma aventura", conta rindo. Com relação a carona para viagens o delegado Rodrigo Damiano faz um alerta, pois segundo ele, muitas vezes quem procura grupo de carona, já está com aperto financeiro, já não está cuidando do carro direito. "Às vezes você vai entrar em um carro não revisado, com pneu careca, com um freio que não está funcionando direito. Além do perigo de ficar na estrada, existe o perigo de acontecer um acidente", salienta. Mácia Larissa Gomes, 22, mora em Montes Claros,

Norte de Minas, e faz parte do grupo de carona MOC/BH - BH/MOC. Ela conta que conheceu o grupo por meio da internet mesmo. A estudante de Zootecnia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revela que não conhecia o motorista. "Analisei o perfil do facebook. Por ser alguém mais velho, e com foto dos filhos, deduzi que fosse alguém responsável. As outras pessoas só vi quem era, na hora mesmo. Por sorte uma era conhecida", comenta. Outra medida adotada por Mácia, foi ligar para o motorista perguntando o modelo do carro, por causa das bagagens, e perguntando se estava tudo certo para viajar. Segundo ela, essa é uma ótima ideia porque facilita a vida dos

estudantes e como a pessoa já está indo de qualquer forma, dividir a gasolina com mais duas ou três pessoas é bom para todos. "Eu faria novamente sim, foi uma experiência nova, mais acessível e cômoda do que pegar um onibus", finaliza. Marcell conta que já aconteceram casos curiosos em relação às pessoas participantes do grupo de carona. "Tinha uma menina que usava um perfil falso, no facebook, para combinar as caronas. Ela fazia isso escondida do namorado, por causa do ciúme dele. No final das contas, o rapaz descobriu e procurou quem havia dado a carona, para conferir se a namorada estava falando mesmo a verdade", lembra. RAQUEL DUTRA

Estudante de publicidade e criador do grupo de caronas, João Pedro Fonseca, chega à PUC com seu colega de curso


Cidade Outubro • 2012

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CÃES E GATOS SOFREM SEM ESPAÇO Superlotação e falta de estrutura adequada para atender à grande procura de vagas na ONG Cãoviver são os principais problemas enfrentados pelos animais atendidos e seus cuidadores JULIANA SILVEIRA

n JULIANA SILVEIRA 2 º PERÍODO

Um problema de superlotação começou a se fazer presente na ONG Cãoviver depois que pessoas passaram a abandonar animais domésticos na porta da sede que se localiza no Bairro Braúnas. Geralmente, a recepção de animais pela ONG é feita por um primeiro contato via e-mail, o que não está ocorrendo nos últimos meses. Normalmente a entidade suporta 120 pets, mas atualmente abriga 115 cães e 30 gatos. As vagas no abrigo são muito disputadas, tanto que há uma fila de espera de pessoas que fazem contato por e-mail. Essas pessoas são avisadas quando algum animal é adotado ou morre. As vagas são proporcionais, então se um cão adulto sair, abriga-se outro cão adulto. É necessário também que a pessoa que está deixando o animal pague uma taxa para ajudar nas despesas iniciais como castração, vacinação e vermifugação. A situação atual é preocupante, os animais aban-

Devido à superlotação na Cãoviver animais precisam se acomodar em áreas sem conforto ou adequação

donados estão tirando a vaga dos que estão na lista de espera, e, às vezes, quando não há lugar para colocá-los, tentam improvisar algum espaço que nem sempre é adequado, podendo prejudicar tanto ao novo pet como aos que já estão lá. A médica veterinária do abrigo Priscila Teixeira Lacerda, 28 anos, lamenta que algumas vezes já tiveram de soltar o animal por não ter como acolhê-lo. "Às vezes as pessoas acham que a gente tem a obrigação de pegar os

animais sempre, só que não tem condições, até porque a gente vive de doação, aqui é uma instituição particular, não é do governo, então, não tem como a gente salvar o mundo, infelizmente, a gente tem que pegar na capacidade que a gente pode", conta a veterinária. Uma das preocupações da ONG é que a grande quantidade de animais cause brigas constantes, que podem até resultar em canibalismo, por isso não adianta tirar esses animais da rua se eles não puderem

ter uma boa qualidade de vida. Outro fator relevante é que pela necessidade de se criar mais vagas, a ONG perdeu o seu espaço de quarentena, para que os animais que chegam fiquem separados, e só depois irem para o canil. Priscila diz que é complicado construir mais canis porque não há verba suficiente e, para isso, seria necessária uma maior infraestrutura e mais funcionários. "A gente tem até medo de construir mais canis e não conseguir

sustentar eles", revela. O abrigo existe desde 2003 e por lá já passaram mais de quatro mil animais. Hoje, conta com 15 voluntários, oito presenciais e sete que atuam virtualmente, controlando o site, facebook e e-mail da ONG. Há também um presidente, quatro diretores e três conselheiros fiscais, além da equipe veterinária. O trabalho desenvolvido tem sido importante para diminuir a população de gatos e cachorros da rua e também para o bem estar dos animais, pois é um lugar onde estão livres de doença, ajudando na parte de zoonoses e na saúde pública. O comerciante Evaldo Pereira Silva, 43 anos, está adotando o seu terceiro cachorro. "O espaço na minha casa é muito grande e eu adoro criação, lá em casa todo mundo adora criação, e está faltando outro cachorro lá porque a que eu tenho está sozinha.

Tinha uma que eu devolvi porque bateu demais na outra, então eu devolvi e estou adotando essa", conta Evaldo. Para efetivar uma adoção é necessário ser maior de 21 anos ou estar acompanhado pelo responsável legal, portar xerox e original do RG, CPF e ultimo comprovante de endereço, dar uma contribuição de R$ 35, passar por uma entrevista e preencher a ficha de adoção. Na entrevista é analisado o perfil do possível dono, onde são exigidas condições de cuidar do animal caso ele adoeça, dar as vacinas e um local adequado para hospedar o pet. Depois há um acompanhamento pós-adoção feito por voluntários da Cãoviver, onde visita-se a casa da pessoa para averiguar se o animal está sendo bem tratado e se houve adaptação, caso contrário o animal retorna para o abrigo. YASMIN TOFANELLO

Ponto fora do ponto n CAROLINA SANCHES PAULO FELIPE MANGEROTTI 4º PERÍODO

Em vigor desde fevereiro de 2002, o Decreto n.º 6.985/91, determina que os ônibus devem parar fora do ponto, quando solicitados pelos passageiros, em determinados dias e horários. A lei Ponto fora do Ponto, como é conhecida, completa 10 anos desconhecida entre a maioria dos usuários e com pouca adesão entre motoristas. Quem pega o transporte coletivo entre 21 horas e 5 horas da manhã, e a partir das 14 horas de sábados, além de ser liberado aos domingos e feriados, tem o direito de embarcar e desembarcar fora do local previamente determinado. Entretanto, a lei não é válida para a região contida pela Avenida do Contorno e em vias muito movimentadas como a Jacuí, Padre Eustáquio e Pará de Minas, entre outras grandes avenidas. A principal propos-

ta da medida é dar mais segurança e conforto aos usuários do transporte público. Segundo Leandro Agostinho, 24 anos, motorista há quase dois, existe uma falta de entendimento entre os passageiros sobre a aplicação da norma. "A gente recebe treinamento da empresa. Só que a maioria das pessoas não tem informação, acha que pode pedir em qualquer lugar, em cima da hora, na esquina em locais em que não é possível parar", relata. A passageira Maria de Lourdes, 57 anos, é usuária assídua de ônibus, ela relata a dificuldade em aplicação da norma, e da relação, muitas vezes conflituosa com motoristas. "Eu nunca consegui entender esse ponto fora do ponto. Uma vez era domingo e eu pedi para parar e o motorista falou que não era assim. Eu acho que às vezes o motorista dá uma de desentendido", reclama. Entre condutores e passageiros a lei não

é aceita de forma unânime. Paulo Alberto, 25, usuário de ônibus, é contra a medida, para ele a definição de pontos pré estabelecida já é suficiente, além de gerar problemas ao trânsito. "Se tem ponto para parar, não faz sentido parar fora do ponto. Pode até facilitar a vida do usuário, mas fica perigoso em relação ao trânsito, porque o ônibus tá andando e de repente para em local imprevisto. Eu acho que não convém", explica. As paradas inesperadas com sinais dados em cima da hora e em locais inapropriados, são as principais reclamações dos motoristas. Há 25 anos na profissão, o motorista Edivanildo Miranda Santos, 50, é contra a medida. Segundo ele, a existência prévia de pontos já determina os locais apropriados à parada, facilitando, o embarque e desembarque dos passageiros. "Essa lei só complica nosso lado, todo serviço tem que ter u-

Lei em vigor desde o início de 2002 ainda gera confusão entre motoristas e passageiros

ma norma, é ponto ou não é. Você está passando e a pessoa dá sinal do outro lado da rua e quer que a gente pare", enfatiza o motorista. A falta de esclarecimento sobre os locais apropriados para as paradas faz com que a relação motorista e passageiro seja prejudicada em alguns momentos. Segundo a BHTrans, a divulgação da lei é feita principalmente pelo site do órgão e em algumas edições do Jornal do Ônibus, afixado nos veículos à disposição para leitura dos usuários. Os motoris-

tas também recebem instruções para colocá-la em prática, é de responsabilidade dos consórcios realizar o esclarecimento dos mesmos. Mas não há dados sobre reclamações de usuários e a aceitação dos motoristas. MOTORISTA DECIDE A trocadora de ônibus, Elaine Rodrigues, 30 anos, está no transporte público há pouco tempo. Apesar da experiência de apenas 8 meses, Elaine já relata o que observou por parte de motoristas e passageiros. "Os passageiros não tem

muito conhecimento sobre os locais permitidos", afirma. Além do desconhecimento dos usuários, a trocadora lembrou que a diferença de tratamento entre condutores em relação a lei independe do trocador. "Nós não interferimos no trabalho dos motoristas. Depende muito do motorista, alguns param, mas outros não, principalmente pelo fato da população pedir para parar em cima da hora, em locais inapropriados", conclui.


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2012

YASMIN TOFANELLO

MULHER CUIDA DE 1

Em uma casa que abriga 35 moradores, entre eles filhos biológicos, adotivos e moradores de rua, Eva n MARIA LUÍZA ROCHA 1º PERÍODO

Feliz entre dez dos seus vinte e um filhos, Eva nunca pensou em desistir de ajudar as pessoas, abrigando-as

Mãe não pensou em desistir mesmo nas dificuldades Os moradores que trabalham contribuem financeiramente para as despesas. Porém, alguns pagam as mensalidades de suas faculdades, e por isso não sobra muito. Ainda assim, cada morador dá a sua contribuição, que pode ser com as tarefas da casa, como na limpeza, ou ajudando a dar banho nos que são portadores de necessidades especiais e, por isso, não conseguem fazê-lo por conta própria. Entre os que trabalham e estudam, há Claudomiro Luiz da Silva, 26 anos, que está com Eva e Vivaldo desde os cinco anos de idade. Ele trabalha como vigilante graças a um curso feito pelo programa "Escola Brasil", e estuda sozinho. Está se preparando para tentar o vestibular, para o curso de Letras, ou Química. "Afeta uma vida. Muitas pessoas são beneficiadas com o trabalho dela. São pessoas que, às vezes, não tem um lugar para ficar naquele momento. Naquele momento, pode ser crucial para a pessoa, que sai da rua, e vem passar um dia aqui. E aí se sente bem aqui, é bem acolhido. E resolve às vezes sair da rua, não voltar mais 'pra' lá. Como alguns que foram acolhidos, e agora têm um trabalho. Uma pessoa, na rua, não tem muita perspectiva de vida. Então, é uma questão de vida mesmo, estar aqui. Eu acredito que isso tem uma importância muito grande na sociedade. Os que estão aqui, ajudam, contribuem também, então influencia o grupo em geral", afirma Claudomiro. Verônica Iolanda, de 12 anos, cursa o sexto ano do Ensino Fundamental e é ajudada por Claudomiro a fazer as lições de

casa. Ela é a "neta adotiva" de Eva, filha de uma filha adotiva. É muito sorridente, e não larga o celular de "Miro". Ela diz querer ser advogada. Eva afirma que três de seus filhos são formados, dois em Direito, um em Ciências Contábeis. Outros três estão em um curso superior atualmente. Esse destino não está reservado a todos, segundo Eva. "Alguns", ela diz, "não vão dar conta de fazer. Meninos com grande dificuldade de aprendizagem", afirma. Eva diz que nunca pensou em desistir de acolher pessoas em sua casa, mas que já passaram por momentos de dificuldade, em que pensava "nossa, e agora?". Dificuldades não somente financeiras. "De sentimento mesmo, sabe. Há um envolvimento afetivo, mas há também uma violência, de abandono, que eles sofreram antes de vir 'pra' cá. Então, para eles acreditarem que alguém gosta deles, é um caminho muito grande. Eles não acreditam que a gente possa amá-los da forma que amamos um filho biológico. Chegou um momento em que eu parei de dizer isso, de forçar isso. É o momento deles também. Na hora em que eles sentirem que amo, pronto. Então, passou, mas esses foram momentos de conflito para mim. Pensava, 'eu não tô dando conta de mostrar 'pra' esse povo que eu os amo'. Agora sei que não tenho que forçar nada. Só tenho que amar e compreender. Não se pode exigir deles uma compreensão e uma gratidão, porque muitos não vão dar conta disso, por causa do que sofreram no passado", analisa.

Há exatamente 30 anos, Eva Maria da Silva, 59, tinha dois filhos biológicos, e adotou uma criança. Não parou por aí. Teve mais um filho biológico, e adotou mais 17 crianças, em um período de 15 anos. Tempos depois, ela e o marido, Vivaldo, começaram a receber também exmoradores de rua. Atualmente, a casa deles conta com 35 moradores, entre os 15 filhos adotivos que vivem na residência – três se casaram e então se mudaram –, os três filhos biológicos, dois netos (uma neta, filha de uma das filhas adotivas, e um "neto biológico"), sete ex-moradores de rua e uma ex nora, além de Eva e Vivaldo. A casa tem três andares, 16 quartos e sete banheiros, fora um que ainda está sendo construído. "Não foi uma ideia. Parece ter sido uma intuição", afirma Eva, sobre a disposição em adotar crianças e abrigar moradores de rua. Na época em que começou, ela trabalhava na área de saúde da Copasa, e por isso visitava pessoas muito carentes, o que de certa forma a influenciou. Além disso, desde muito nova fazia trabalhos voluntários pelo

Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, grupo espírita que frequenta. "Sempre tive gosto para trabalhar com pessoas que estivessem em situação de risco", ressalta. Vivaldo Elias de Souza, 59, marido de Eva, diz que a iniciativa partiu totalmente dela. "Apoiei desde o início, achei excelente. A coisa aconteceu de uma maneira quase instintiva da parte dela. Foi espontâneo. Não tinha como dizer não", observa. A grande família de Eva não morou sempre no atual endereço. Mudou-se há 10 anos. O processo de mudança começou quando uma advogada da Caixa Econômica Federal a procurou, e disse que havia uma casa espaçosa, construída pela Associação Assistencial Amigos do Amanhã, disponível, e perguntou se Eva tinha interesse em tentar consegui-la. A casa estava disponível oficialmente, mas, na prática, havia sido invadida por seis famílias, que a habitavam. "Demoramos mais de um ano para tirar essas famílias daqui. Não adiantava trazer a polícia, então começamos a visitar aqui. Eu trazia os meninos, dizia 'olha que casa bacana, vocês vão morar aqui um dia'. O pessoal ficava meio assim, mas começaram a

gostar dos meninos. Eu falava com o pessoal, 'gente, toma conta aí pra mim, porque na hora em que eu tiver condição de reformar aqui...'. Já tomando espaço, né? E assim, as famílias foram saindo, uma a uma. Apenas uma ficou, por último. Com muito jeito, assinamos contrato, tivemos de pagá-los, e aí eles saíram", conta. A casa, construída para ser um orfanato, foi reformada. Os quartos, originalmente feitos para comportar 20 berços, ou 20 camas, foram reduzidos, e, ainda assim, continuam espaçosos. No terceiro andar, há seis quartos, ocupados somente pelos rapazes. No segundo, há seis quartos, e no primeiro andar, quatro. Esses dois primeiros andares são ocupados pelas moças, por Eva e Vivaldo, e, no primeiro andar, também pelos exmoradores de rua. Em média cada quarto é ocupado por duas ou três pessoas, e a divisão é feita por afinidade. Após algum tempo em que haviam chegado à casa, obtiveram ajuda de uma senhora do Grupo Trigueira, que mandou um engenheiro, para que colocasse piso e janelas. "Era piso grosso, não havia janelas. Em época de chuva, a gente colocava papelão", lembra Eva. Dos sete banheiros já YASMIN TOFANELLO

Eva afirma que sua dedicação em acolher pessoas necessitadas foi mais do que uma idéia, foi uma intuição


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18 FILHOS ADOTIVOS

a Maria da Silva dá sequência ao trabalho voluntário iniciado cedo por influência do seu passado em condições de uso, dois estão localizados no terceiro andar, assim como no segundo, e três no primeiro. Não há divergências na utilização deles, por exemplo, na hora de tomar banho, já que os horários de compromissos dos moradores são variados. Manter tantas pessoas, e uma casa grande, não é simples. Eva recebe ajuda de alguns amigos para pagar contas. "São doações espontâneas. Mas peço também, quando é preciso. Há pessoas que deixam telefone e dizem, 'oh, se precisar de qualquer coisa, me liga'. O que me dá oportunidade para ligar. Mas é difícil pedir, não gosto. Prefiro que as pessoas venham, e vejam do que precisamos", diz. Os moradores têm também apoio do Serviço Social do Comércio (Sesc), por meio do programa "Mesa Brasil". Por ele, recebem de instituições, a exemplo do Ceasa, produtos cuja validade está prestes a expirar. Como há muita gente na casa, utilizam tudo antes da data de validade. Os itens ganhos variam conforme a época do ano, mas em geral recebem muito iogurte e produtos de higiene. A parceria entre o programa e o lar de Eva e Vivaldo foi feita

por meio de uma assistente social, que havia visitado a casa. Os moradores ajudam, mensalmente, na separação dos produtos. Além desses, recebem do Sesc cursos, como para a confecção de velas e caixas, e produção de trufas, bombons e pães de mel. "Agora vai ter para a produção de chinelos decorados", conta Eva. São auxiliados também por outras instituições, como o Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), a Polícia Militar e o Rotary do Barro Preto. Há ajuda também de hospitais. Muitos desses contatos foram feitos durante os seis anos em que Eva trabalhou no Hospital das Clínicas e no Felício Rocho. Às vezes, recebem ajuda de pessoas que nem conhecem, mas que ouvem falar de sua história. Em certa ocasião, ganharam todos os equipamentos do consultório de um oculista, que havia falecido. Eva informou a um amigo, também oculista, que atende a todos os moradores da casa gratuitamente. Com os equipamentos, ele montou um consultório na cidade de Ouro Preto, no qual não cobra as consultas de pacientes

Histórias e sonhos que se encontram Alessandra Lourenço de Souza, 17 anos, mora na casa desde os cinco. No momento em que a porta de seu quarto, que têm cortinas e roupa de cama cor de rosa, foi aberta, ela maquiava os olhos cuidadosamente. Enquanto isso, ouvia uma música funk. Alessandra lembra-se de quando chegou, trazida pelo juizado, que a tirou de seus pais. Agora, poderia optar por morar com o pai, mas prefere ficar onde está. "O que eu tenho aqui, meu pai não teria condições de me dar. E o lugar que ele mora, não acho que seja um lugar bacana pra morar", explica. Tem três irmãos: um deles mora com o pai, outro no "Lar de Marcos". O terceiro, não tem notícias dele "há um tempão". A adolescente cursa a oitava série, à noite. À tarde, trabalha tomando conta da sobrinha. Têm planos para o futuro: "Eu quero formar minha vida, fazer Medicina, ter minha família", diz. Juliana Lourenço de Souza, 26, divide o quarto com Alessandra. Ao ser perguntado seu sobrenome, questiona: "o atual ou o antigo?". Seu nome foi alterado, depois de ter sido adotada por Eva, aos oito anos. Antes disso, morava com o pai e um irmão mais novo, numa casa localizada em um ponto da BR 040. "Não deu muito certo",

carentes. Durante a conversa, Eva teve de ir atender ao telefone. A voz feminina, no outro lado da linha, ofereceu materiais e uma cadeira de um consultório de dentista. Eva recusou, já que não há utilidade na residência, e poderá ter maior serventia a outras pessoas. Quando precisam de algum dinheiro para comprar alimentos, às vezes juntam roupas e calçados usados, e fazem um bazar. Eletrodomésticos estragados também tem lhes valido alguma renda. Quando ganham algum, entregam a um senhor que os conserta e vende. O dinheiro obtido na venda cobre os gastos, e o restante é dividido entre eles e esse senhor. Uma amiga, em todos os finais de ano, pega com Eva uma lista dos moradores que não trabalham e os especiais, e seus respectivos números de calçados. Essa amiga reúne outros amigos, e cada um destes escolhe um dos moradores para ser seu "afilhado" naquele final de ano. Assim, cada um da lista ganha um par de tênis novos da pessoa que o apadrinhou. Calçados em geral e roupas, são em sua maioria, doados. Dificilmente algo é comprado.

diz. O pai começou a beber muito, e, assim, como Alessandra, foi tirada da família pelo juizado. Quando chegou à casa de Eva e de Vivaldo, "vivia chorando". Ela comenta com Eva, que está próxima: "Não foi mãe?". Juliana também cursa a oitava série à noite. “Isso porque parei de estudar por um tempo, devido às minhas dificuldades”, explica. E, às vezes, faz "bicos", como faxina, para ter algum rendimento. Ela canta desde a infância, e faz aulas de canto na Celinha Braga Oficina de Música. Começou a estudar nesse local depois que um professor, que dava aulas para uma filha de Celinha, a ouviu cantar, e conversou com Celinha a seu respeito. Já cantou em bares, como no "Krug Bier". Juliana sonha ser famosa. Inscreveu-se para o programa "Ídolos", quando houve em Belo Horizonte, porém, ficou nervosa e não conseguiu cantar, o que a frustrou muito. "Se eu ganhasse algum dinheiro, poderia comprar a minha liberdade. Comprar a minha casa, para eu ter raízes. Para eu saber que, quando eu precisar de um lugar, não vou ter que morar em um abrigo. Teria minha própria casa, meu chão. Porque você pode morar aqui, e não se sentir segura. É tanta coisa que acontece que às vezes você fica desnorteada. Vou te falar, às vezes eu me sinto assim. Sou uma pessoa insegura. Se minha mãe falece, e aí? O que vai acontecer comigo? Onde eu vou viver? De que eu vou viver?", indaga. Ela canta uma parte de "Não me deixe só", de Vanessa da Mata. No que depender de Eva, Juliana não estará só. Os outros filhos, e os abrigados, também não.

Idosos sentem tristeza ao ter que deixar a casa de Eva Um problema enfrentado foi com relação à estrutura para os idosos. Receberam uma visita da Promotoria do Idoso, a qual constatou que não há piso adequado, rampas e barras nos banheiros. Por isso, um senhor de 95 anos, que era o morador mais velho até três meses atrás, teve de se mudar para um asilo, em Ibirité. A atual moradora mais velha, dona Geci, 76, também terá de se mudar em breve. Faz um ano que a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte pediu para que ela deixasse a residência. Isso ainda não aconteceu porque está sendo providenciado um novo local para dona Geci morar. Esta não quis conceder entrevista, pois, bem humorada, diz que já o fez numa outra ocasião e que "não gosta de fazer a mesma coisa duas vezes". Eva diz que "ela ficará muito triste, e nós também. A Promotoria do Idoso considera apenas a estrutura física da casa. Não veem o cuidado e o carinho que temos com eles. Passeamos com eles... Aqui eles têm uma integração de família, o que não tinham lá fora". Integração de família da qual participam também os exmoradores de rua, entre eles Nelson Andrade Santiago, 60, e Luiz Fernando Jorge, 58. Ambos foram para as ruas devido ao alcoolismo. Nelson mora na casa de Eva há dois anos e nove meses. Foi mandado pela "casa das freiras", no bairro Bandeirantes. Ele diz que "já esta passando da hora de sair né, por causa da minha idade, depois dos 60 anos não gostam. Mas eu 'tô' me preparando 'pra' voltar, tenho uns probleminhas aqui, diabetes, pressão alta, tomo muito remédio controlado. Para eu trabalhar, é muito difícil. Mas eu já trabalhei bastante,

paguei muito INSS. Tinha uma mercearia, no Barreiro. Tenho filhos, ex esposa, mãe, um irmão. Meu filho mais velho, casado, tem a vidinha dele, vem aqui de vez em quando. Não tem como eu ficar com ele, tenho que me virar é sozinho mesmo". O trabalho de Eva para a sociedade, segundo Nelson, "é muito importante, importantíssimo. Graças a Deus ela me ajudou demais, devo muito a ela e a seu Vivaldo. Se eu sair daqui, vou manter contato com certeza. Quero perder não. Tenho muito a agradecer. Não vai ser virar as costas não". Luiz Fernando está morando na casa há um tempo um pouco maior: três anos. "Fui muito bem acolhido pela Eva, pelo Vivaldo", diz ele. "É como se fossem meu segundo pai e minha segunda mãe", completa. Luiz Fernando estava na "Casa Irmã Scheilla" (Grupo de Fraternidade Espírita Irmã Scheilla), e, terminado o tempo em que poderia ficar lá, foi enviado à casa de Eva. Shirley Almeida de Souza, 36, também ex-moradora de rua, diz: "Aqui é uma grande oportunidade. Quantas pessoas queriam ter essa oportunidade, e não têm. Espero que, quando eu sair daqui, saia melhor do que quando entrei". Na parede da cozinha, foram colados papéis que mos-tram os aniversariantes de cada mês. O último da casa a trocar de idade foi Deivison Ferreira, que completou 27 anos. Ele estuda na escola especial Dom Bosco. Adotado por Eva, não recorda quantos anos tinha na ocasião: "Eu vim pra cá quando era pequeno, com uns, nem sei. Aí eu morava na FEBEM. Toda hora eu fico tendo... (interrompe a fala) Como que é mãe? Convulsão".

YASMIN TOFANELLO

Eva estampou, na parede da cozinha, um calendário personalizado com o aniversário de todos os seus filhos


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Outubro • 2012

LIXO É FONTE DE RENDA E DIGNIDADE Catadores de materiais recicláveis extraem a fonte de renda do despejo diário de toneladas de lixo na cidade contando, também, com a colaboração de estabelecimentos comerciais FELIPE AUGUSTO VIEIRA

n CAROLINA SANCHES FELIPE AUGUSTO VIEIRA 4º E 5º PERÍODOS

Em 1978, quando Mauro Pereira Soares, 45 anos, começou a catar materiais recicláveis, a postura quanto ao lixo e a reciclagem era diferente. A consciência ecológica ainda não era um tema popular e o lixo era descartado de maneira indevida. Assim como outros catadores que começaram naquele período, ele era obrigado a revirar o lixo para encontrar o sustento. Hoje, Mauro vai de prédio em prédio pegar o material previamente separado para ele. Ao longo dos 34 anos como catador de materiais recicláveis, Mauro, que atua como catador no Bairro de Lourdes, na Zona Sul, conta que a relação com os moradores melhorou muito. "Muitas vezes a pessoa me chama para pegar. As faxineiras deixam separado para mim", relata. Por passarem periodicamente nos mesmos lugares, a fidelização com as residências e com o comércio é comum entre os catadores. As associações e cooperativas de catadores mudaram o método de trabalho, extinguindo o papel do catador na rua e mudando sua atuação apenas para o trabalho interno de separação do material recebido. Geralda Maria das

Grande número de cooperativas na Avenida do Contorno recebe centenas de catadores diariamente para entregar o material recolhido

Graças Maçal, 62 anos, conhecida como Dona Geralda, presidente e fundadora da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare), justifica a mudança no papel do catador, pelo fato de muitas vezes o trabalho de um dia inteiro nas ruas ser perdido devido à quantidade de material não reciclável que recolhiam. "O problema de pegar em condomínio é que as pessoas se aproveitam quando vamos lá para recolher e mandam o que é reciclável

junto com o que não é. Aí mandam lixo para a gente", completa Alfredo de Souza Matos, vice-presidente da Asmare. Essa mudança de postura das pessoas, que passaram a levar o material reciclável à sede da associação, é comemorada por dona Geralda. "As pessoas não têm que dar lixo para o catador, têm que dar matéria-prima para ele trabalhar. Isso é o trabalho e a renda dele", ilustra. Além disso, dona Geralda reflete sobre como a questão

SLU faz parceria com catadores Vanúzia Amaral, chefe de Divisão de Coleta Seletiva da Superintedência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte (SLU), caracteriza a atividade dos catadores de materiais recicláveis entre os que trabalham na triagem e prensagem nas associações e cooperativas de catadores, o catador de longa data, que trabalha para depósitos privados de materiais recicláveis, e os catadores esporá-

dicos, em alguns dos casos, moradores de rua. A SLU mantém parcerias com sete associações e cooperativas, dentre elas, a Asmare, com quem cooperam desde 1993, e mais recente, com a Cooperativa Solidária dos Recicladores e Grupos Produtivos do Barreiro e Região (CoopersoliBarreiro), desde 2001. Essa parceria se dá através da destinação do material coletado

às associações e cooperativas, assim como, em alguns casos, o custeio com o aluguel de galpões. São repassadas em média 620 toneladas de materiais recicláveis para as associações e cooperativas, e, se considerados só os postos de coleta de vidro, são mais 700 toneladas. "Dessas 620 toneladas, tem umas que recebem 150 toneladas, tem uma que dá conta de receber

do lixo deve ser tratada, ao ressaltar que, o que é caracterizado como “lixo”, na verdade é fonte de renda e trabalho para muita gente. "Nós achamos no lixo uma possibilidade de sobrevivência, de cidadania e de autoestima", defende. Alguns condomínios, residências e estabelecimentos comerciais separam o material reciclado e doam diretamente a catadores que passam periodicamente pelos bairros da cidade ou mesmo na Região Central, segundo o

só 20. Então, é bem diferente o porte delas, assim como é diferente o tipo de apoio, o tipo de relação institucional que a SLU tem com elas", explica Vanúzia. Essas associações e cooperativas não têm a figura do catador que vai à rua fazendo a coleta, atuando individualmente. Quando questionada sobre o impacto que essa categoria de catadores gera no cotidiano da limpeza urbana, nos casos de catadores esporádicos, Vanúzia relata que são registros do

relato de catadores. Eliane Gonçalves Alves, 33 anos, por exemplo, conta com a ajuda de comerciantes do Bairro Barro Preto. "As lojas que me ajudam aqui no Barro Preto me dão separado, com as caixas abertas, plástico com plástico, tudo separadinho. Porém, tem gente que despeja o lixo todo misturado, com comida, mas aí eu não mexo. Eu sempre pego nas mesmas lojas plástico, sucata e papelão", conta. Essa iniciativa contribui diretamente com a limpeza urbana, uma vez que não sobra material para catadores que têm por método de coleta vasculhar as embalagens de lixo. Um condomínio localizado à Rua Dom Lúcio Antunes é um desses exemplos que, para facilitar a coleta seletiva, já separa antecipadamente todo material reciclável para um caminhão que faz o recolhimento semanalmente, sempre às quintas-feiras. Segundo o porteiro do condomínio, Vicente Timóteo de Paulo, se algum catador passar antes do caminhão de coleta, ao encontrar os materiais já separados, ele só pega o que lhe interessa sem precisar violar as embalagens de lixo, que por terem cores diferentes, já identificam o tipo de material contido.

cotidiano, e que chegam à superintendência reclamações triadas pelo serviço telefônico da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), no número 156, mas, sem efeito, pois a solução a essas queixas deve ser feita pela fiscalização. "Esse impacto, ele existe sim nos serviços de limpeza, mas, de maneira geral, essa atuação do catador individual que rasga o saco, que faz a bagunça, esse impacto é uma coisa do cotidiano, uma coisa normal", pondera.

Paixão pelos livros une jovens de Belo Horizonte n CAROLINA SIMÕES 2º PERÍODO

Adolescentes de Belo Horizonte se reúnem pela paixão pelos livros. O grupo se encontra em diversos pontos da cidade periodicamente para discutir e compartilhar experiências relacionadas ao mundo da literatura, além de buscar conhecer pessoas com os mesmos gostos e criar novas amizades. O Refúgio de Semideuses sem Sátiros, mais conhecido como RSS, nome do grupo que faz refe-

rência à série de livros de aventura "Percy Jackson e Os Olimpianos", tem jovens entre 13 e 17 anos e foi criado em maio de 2012 por Matheus Campos Freitas D'Avila e Laura de Oliveira Costa, ambos de 13 anos, na tentativa de reunir um maior número de pessoas que compartilhassem os mesmos interesses. Os participantes têm um contato mais frequente pelo facebook. O grupo conta com 200 participantes, mas cada reunião recebe cerca de 30 pessoas apenas. Os encontros que normalmen-

te acontecem no Parque Municipal, Parque Ecológico da Pampulha ou Praça da Liberdade têm programadas as atividades pelos próprios membros que serão realizadas durante o dia como conversar sobre os livros, além de reproduzir jogos e brincadeiras inspiradas em cenas dos livros favoritos, garantindo a diversão e animação de todos. O fato mais interessante que se destaca no grupo é a amizade entre os participantes. "É simplesmente fantástico, pois podemos discutir, brincar e interagir mais

facilmente. Como compartilhamos dos mesmos gostos, normalmente é mais fácil fazer amizade e, quando fazemos, ela é maior", conta Rafael Araújo Silva, 17 anos, membro do grupo ao ser perguntado sobre a relação com os outros. Os criadores do grupo, contam que essa era a ideia principal desde o início: gerar uma interação maior entre as pessoas que se interessam por livros, queriam algo diferente e realmente conseguiram. Atualmente, a maioria dos jovens não se interessa mais por li-

vros, já que procuram entretenimento apenas por meios digitais como cinema, séries de TV e internet. Isabela Melo Silva, membro do grupo, 14 anos, conta que pensa que esses jovens não sabem o que estão perdendo. "A leitura te dá a possibilidade de entrar em outra realidade e vivê-la. Não há nada, para mim, melhor que isso. É um hábito que além de agradável, gera conhecimento. Acho realmente um desperdício quem ignora a oportunidade de juntar o útil ao agradável", afirma.


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QUALIFICAÇÃO DA COMUNIDADE Por meio de projeto de extensão da PUC Minas, curso ministrado por alunos de Administração do São Gabriel ajuda moradores da região a se qualificar para o mercado de trabalho LUANE CALDAS

n PEDRO HENRIQUE FONSECA 2° PERÍODO

A estudante de engenharia elétrica Ana Clara Carvalho, de 19 anos, que trabalha como técnica em edificações e mora no São Gabriel, é uma das atuais alunas do curso Inserção no Mercado de Trabalho, idealizado pelo professor José Luiz Ferreira, em conjunto com outros docentes, por meio de projeto de extensão do curso da Administração PUC Minas. O curso visa a qualificação e requalificação da comunidade, na área de auxiliar administrativo. Ana Clara conheceu o projeto por meio de familiares que já haviam feito o curso anteriormente. "Este curso futuramente pode ajudar muito, por exemplo, se eu quiser abrir uma empresa de projetos que é a área que eu estudo, pode ajudar nessas áreas financeiras, vendas e atendimento ao cliente", observou a estudante de engenharia elétrica, ao explicar a diversificação de áreas cursadas. Se Ana Clara procurou o curso pensando no futuro, Maria da Conceição Leão, 52 anos, tem objetivo mais imediato. Moradora de Venda Nova e ex-comerciante, ela está desempregada e busca no projeto atualizar os conhecimentos para tentar se recolocar no mercado de trabalho, que, segundo ela, está cada vez mais competitivo. Por isso, de acordo com Conceição, a "reciclagem" torna-se essencial. Antes desse curso, ela estudou informática. Conceição, que teve comércio em sociedade com o esposo, aprova o curso criado pelo professor José Luiz Ferreira. "Estou achando ótimo, os professores são muito atenciosos e permitem

Alunos elogiam a qualidade do curso

O professor José Luiz Ferreira é um dos idealizadores do curso Inserção no Mercado de Trabalho

uma troca de conhecimento que te dá a liberdade para perguntar e estar tirando dúvidas", ressalta. O curso é ministrado pelos próprios graduandos em Administração, sendo ofertado em 16 horas aulas, a um valor simbólico de R$ 10. É oferecido material didático gratuito e uma grande dedicação dos profissionais envolvidos. A base do projeto é extensionista, indo de acordo com a política filantrópica da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e trazendo mais uma vez a comunidade para dentro do ambiente universitário. O curso é oferecido em média duas vezes por semestre no âmbito de auxiliar administrativo, em quatro sábados, com temas recorrentes a setores como: departamento de pessoal, finanças, compras, estoques, atendimento e vendas. A divulgação é feita pela pastoral da PUC Minas, utilizando-se veículos de comunicação, como o

rádio. Segundo José Luiz Ferreira, 61, as pessoas que não têm condição de pagar pela profissionalização formam o principal público do projeto. Também são aceitas pessoas já inseridas no mercado de trabalho, desde que queiram "ampliar seus horizontes", como define o criador do curso. Segundo o professor, um contribuinte essencial para o sucesso do projeto é ter de um lado bairros de boa classe econômica e de outro áreas muito periféricas na região do Beira Linha, facilitando dessa forma que essas pessoas de baixa renda tenham um lugar bem estruturado no pós-curso. A média de desistência, de acordo com José Luiz, gira em torno de 20% e as turmas começam com 25 alunos. A estratégia pedagógica do curso é o know how adquirido tanto dos cursos anteriores e mesmo de aulas anteriores, pois há uma comunicação entre os monitores, para

maior conhecimento da turma e assim obter melhor desempenho. Conta também o professor José Luiz que os monitores do projeto são orientados para articular aulas teóricas e práticas em um mesmo dia criando maior dinâmica e trazem estudos dirigidos para maior fixação do conhecimento, fazendo com que de alguma forma as aulas se estendam para o ambiente familiar. A ação extensionista também vem buscando empresas parceiras para a inserção dos alunos ao final do curso. O professor revela que o maior desafio dessa inserção no mercado de trabalho é devido ao cargo de auxiliar administrativo não exigir tantas vagas em uma mesma empresa e, assim, não ter parceiros disponíveis como em outro curso extensionista que ele citou, por exemplo, com o foco em telemarketing, onde surgiu a empresa AIC, que acolheu muitos dos alunos. LUANE CALDAS

A cada edição do curso, cada vez mais pessoas se inscrevem e, no próximo semestre, a intenção é abrir mais duas turmas

A operadora de telemarketing Silvana Aparecida Silva, 45 anos, ficou sabendo do curso Inserção no Mercado de Trabalho, por meio do rádio, e se interessou em fazêlo por planejar abrir um estabelecimento comercial na área de decoração. "Eu já fiz outros cursos, mas esse é o que mais está me chamando atenção até agora", contou Silvana, que mora na Região do Barreiro. "Está me abrindo mais a cabeça (o curso) e me fazendo ficar mais curiosa e com mais vontade de abrir meu comércio", comenta Silvana, apesar de revelar que esperava ter mais prática. Para suprir essa expectativa, o professor José Luiz Ferreira tem planos para o próximo semestre de oferecer práticas empresariais por meio de uma empresa virtual criada pelos próprios graduandos de administração, aproveitando-se do espaço, recursos tecnológicos e conhecimentos aprimorados disponibilizados pela PUC Minas. Wanderson Lima, 33, cursa o 8° período de Administração de Empresas, trabalha na área financeira da PUC Minas e participa como voluntário do projeto pela segunda vez consecutiva como monitor. Ele foi convidado, assim como todos os colegas de sala, pelo professor José Luiz, e ressalta que um dos pontos importantes para a participação dos alunos é ter horas complementares, embora esse não seja o seu caso. Wanderson vê o crescimento não só para os monitores mas também para alunos receptores. "O curso é interessante porque o aluno já chega na empresa com uma noção de como tudo acontece e é diferente do que acontece na prática. Geralmente um funcionário que não tem esse tipo de realidade e que tem de aprender na prática, então, leva dois, três, quatro meses para poder desempenhar essa função", observa. Cynthia Gabrielle, 29, cursa o 5° período de Administração e é monitora pela primeira vez, além de desenvolver a partir deste semestre a observação pós-curso dos alunos e ex-alunos do projeto. Segundo ela, a primeira razão para participar do projeto é a busca de experiência na área administrativa, além de destacar, também, a importância do lado social. "Vemos o quanto é importante para cada aluno inscrito estar fazendo um curso ministrado por estudantes da PUC. O retorno é muito gratificante", destaca Cynthia. "A demanda do curso tem aumentado a cada edição e a previsão para o próximo semestre, a príncipio, é de abrirmos mais duas turmas", salienta. Geane Gomes, 17, e Rodrigo dos Santos, 19, ambos em busca de emprego, ficaram sabendo do projeto a partir de familiares que trabalham na PUC Minas. Segundo ele, todos os temas abordados são novos e interessantes. Enquanto Geane é novata, Rodrigo está no segundo curso de extensão na PUC Minas. O primeiro foi de "Manutenção de micros". O reconhecimento da qualidade dos cursos extensionistas se mostra claro por meio de Rodrigo que, morando em Santa Luzia, se desloca aos sábados à tarde para a PUC São Gabriel, buscando o conhecimento pelos monitores bem preparados para esse curso que se desenvolve por mais um ano na unidade. Segundo Rodrigo, o curso supera as expectativas desde quando ele se inscreveu.


12Cidadania/Comportamento

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Outubro • 2012

REENCONTRO APÓS DUAS DÉCADAS Separadas por adoção, irmãs se encontram depois de vinte e dois anos. Mesmo morando a quilômetros de distância, elas conseguiram se conectar de novo por meio das redes sociais RAQUEL DUTRA

n MARINA NEVES RAQUEL DUTRA 4° PERÍODO

"Desde que me entendo por gente sei que tenho uma irmã mais velha. Olhava para algumas moças, hoje mulheres, esperando um dia me deparar com você." Este é o início da mensagem, via facebook, postada em 22 de agosto, por Loizi Rodrigues Costa, que começou a reescrever uma história interrompida e superou a distância de quase três mil quilômetros entre Belo Horizonte e Ariquemes, cidade do interior de Rondônia. De um lado, Silvani Ferreira, 27 anos, do outro, Loizi Rodrigues Costa, 22. Duas irmãs separadas pelo tempo. Há 22 anos, em um hospital localizado em Ariquemes, nascia Loizi. Ainda no hospital, sua mãe, Wilma Ferreira, vendo que não teria condições de criar a filha, assinou uma declaração de adoção. Logo, a recém-nascida foi levada para a casa dos pais adotivos por um amigo da família, que preferiu não ter contato direto com a mãe biológica com medo de que ela quisesse a criança novamente. No mesmo ano, Wilma seguiu para Belo Horizonte com a outra filha, Silvani, que à época tinha apenas cinco anos. Mesmo sem saber os motivos que levaram a mãe a deixar Rondônia, Silvani conta que, ao chegar a Belo Horizonte, foi deixada na casa das primas. "Na verdade, hoje eu as considero como tias. São nove ao todo. Eu fiquei com todas. Cada época eu ficava na casa de uma", relembra. A independência só veio aos 15 anos, quando arrumou o primeiro emprego como manicure. "Quando tinha 18 anos me casei e fui morar com o pai da minha filha. Depois me separei e voltei a morar na casa da minha tia", relata. Enquanto isso, em Ariquemes, Loizi era criada pela família adotiva. "Desde quando eu era pequenininha meus pais adotivos falavam que eu não era filha da barriga, mas filha do coração", conta. Antes de completar dois anos, os pais se separaram e ela foi criada apenas pelo pai, que sempre a apoiou na busca pela família biológica. "É uma coisa simples, mas quem é filho adotado entende. A gente procura com quem a gente parece. Se o nariz, o olho, a boca são parecidos com o de alguém", desabafa. Há cerca de um ano, após descobrir, por intermédio do pai, que Wilma havia falecido, Loizi sentiu que era hora de conhecer a irmã. A possibilidade de que o mesmo viesse

Silvani Ferreira exibe a “Caixinha da Viagem” que a ajudou financeiramente na realização do sonho de encontrar sua irmã a acontecer com a irmã a atormentava e, com a ajuda do namorado, que é policial, e da cunhada, que trabaha no cartório, iniciou as buscas. "Ano passado eu tinha pedido para ela (cunhada) pesquisar se tinha alguma criança registrada no nome da minha mãe, porque quando o amigo do meu pai foi me buscar no hospital, ele falou que ela tinha me doado por não ter condições de criar duas filhas, só que uma filha era cinco anos mais velha do que eu. Aí imaginei que por eu ter nascido aqui, ela também poderia ter nascido", diz. Apesar do empenho da cunhada, nenhum resultado foi obtido e, apenas este ano, Loizi voltou a procurá-la. Em Belo Horizonte, essa história começou a tomar rumos certos a partir de fatos inesperados. O sonho de ter uma casa própria levou Silvani, há aproximadamente cinco meses, a se inscrever no programa "Minha casa, minha vida". Na carta enviada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) foi solicitada a emissão da certidão de nascimento atualizada, com no mínimo 30 dias de validade. Como o pedido da última certidão havia sido feito no ano de 2002, Silvani ligou para a mulher do avô, que mora em Ariquemes, pediu a ela que fosse até o cartório e que enviasse a segunda via por Sedex, assim que ela estivesse pronta.

Com as buscas em andamento e a solicitação feita, a cunhada de Loizi procurou pelo nome de Wilma Ferreira no sistema. Ao identificar que em abril deste ano Silvani havia feito o pedido da segunda via da certidão de nascimento, a cunhada telefonou contando a novidade. "Nessa hora eu fiquei muito nervosa, não entendia nada. Desliguei o telefone na hora e liguei para o meu namorado chorando, falando para ele que eu tinha encontrado a minha irmã", lembra Loizi. Esperançosa, Loizi procurou o perfil do facebook da irmã e encontrando-o, deixou uma mensagem privada. Enquanto para Silvani a mensagem não havia sido visualizada, para Loizi pairava um sentimento angustiante. "Quando procurei no facebook Silvani Ferreira, vi uma pessoa idêntica a mim. Foi a hora que eu comecei a chorar e escrevi uma mensagem explicando a situação para ela", conta. Convicta de que havia encontrado a irmã, não desistiu. Vendo que uma amiga, Liliane Queiroz, 31, postava muitas publicações e fotos com Silvani, Loizi resolveu enviar uma mensagem em que resumia os últimos acontecimentos. Após visualizar a mensagem, na terça-feira, dia 21 de agosto, Liliane ligou para Silvani, amiga há 12 anos, avisando-a de que uma pessoa estava tentando entrar em contato

com ela. Curiosa para descobrir quem e o que a pessoa queria, Silvani a respondeu. "Na quartafeira eu cheguei em casa doida para saber se ela já tinha respondido, só que não tinha internet. Estava indo pegar o telefone quando a Lili me ligou", recorda Silvani. "Boa tarde, nem sei como começar, mas vamos lá… Estou solicitando a sua amizade devido termos algumas coisas em comum. Desculpe-me estar falando assim, mas é complicado para mim. Não tem ideia o quanto estou feliz por ter te encontrado, não sabe o quanto sonhei com este momento. Infelizmente o destino não me deu a felicidade de conhecer a nossa mãe, mas graças a Deus tenho a oportunidade de te conhecer. Espero que me aceite e possamos conversar. Não sei se você se lembra, mas nasci em Ariquemes em 22 de maio de 1990, quando você só tinha cinco anos. Desde que eu me entendo por gente, sei que tenho uma irmã mais velha. Olhava para algumas moças, hoje mulheres, esperando me deparar com você. É isso, um pouco resumido, mas espero que me dê esta oportunidade de saber quem eu sou. Hoje, posso dizer que me pareço com alguém da minha família: você. Me desculpa, estou muito emocionada". Na quinta-feira, ao chegar ao local de trabalho, Silvani, sem con-

seguir esconder a felicidade e empolgação, contou para as clientes que tinha o desejo de retornar à cidade natal, ainda mais agora que descobriu a irmã. Ao escutar toda a história, uma das clientes, Olívia Fialho, 32, resolveu contribuir para a realização desse sonho. "Quando a Sil me contou a história, de cara, eu quis ajudar, porque sei que seria um sonho para ela ver a irmã", diz. Ela revela ainda ter dado uma quantia para comprar a passagem e ter efetivado o pagamento pela internet no cartão de crédito. "No fundo eu sabia que quando ela contasse a história, várias outras pessoas também iriam ajudá-la. E assim foi! Minha mãe também contribuiu. Esse tipo de coisa não tem dinheiro que pague. Poder fazer quem a gente gosta mais feliz é maravilhoso!", completa. A ação de Olívia mobilizou outras clientes e Silvani montou uma "Caixinha de Viagem" para arrecadar dinheiro das passagens. Naquela noite, Silvani telefonou para Loizi e durante uma longa conversa, as duas compartilharam as vidas. "Eu comecei a chorar, gritar. Conversamos bastante e passamos a nos falar duas, três vezes por dia", conta Loizi emocionada por ter descoberto que também tem uma sobrinha, Eduarda Ferreira, de 8 anos, e mais dois irmãos. "Eu fiquei muito feliz por saber que eu tinha uma sobrinha, porque sou apaixonada por criança. Antes até meu namorado brincava: já imaginou se você tiver uma sobrinha?", diz. REENCONTRO Por volta das 14h do dia 13 de outubro de 2012, a espera finalmente acabou. Acontecia, no Aeroporto Internacional de Porto Velho, em Rondônia, o encontro tão aguardado. Ainda na sala de desembarque, Silvani avistou Loizi e a vontade que tiveram de sair correndo uma em direção a outra foi enorme. "Nos abraçamos, tiramos uma foto e fomos para casa", conta Loizi. Silvani relata que o encontro foi muito emocionante, mas que não teve lágrimas. "Ninguém chorou, nem eu nem ela. Acho que vou chorar na hora de ir embora". As irmãs contam que com a convivência acabaram por descobrir que possuem o "gênio" muito parecido. "O jeito de correr atrás das coisas, a forma de lidar com as pessoas", afirma Silvani. Outra situação que mexeu com Loizi foi a presença da sobrinha, Eduarda, a Duda. "Trabalho o dia inteiro e quando chego ela grita "Titia titia", conta.

YASMIN TOFANELLO

Mulheres optam pela vida de dona de casa n FABIANA GATTI YASMIN TOFANELLO 3º E 4º PERÍODO

Ao mudar-se de Itaúna para a capital mineira, com o marido e a filha Isabela, de dois anos, a ex-secretária Sirlaine Silveira, 46 anos, que estava grávida da segunda filha, Júlia, decidiu acompanhar de perto o crescimento e a educação de ambas. Por isso, ela deixou de trabalhar fora para desempenhar as atividades típicas de uma dona de casa. Para Sirlaine, a escolha foi positiva, porque a partir dela pode participar de todas as etapas do desenvolvimento das filhas. "Se for pensar se eu perdi alguma coisa, talvez sim, porque não tem coisa melhor do que você estar trabalhando, mas eu acho bom porque eu curto as etapas. Eu perco nessa questão de

sair, trabalhar, fazer outras amizades, mas eu acho que vale a pena, porque eu tenho esse amor de estar fazendo. A diferença é essa quando você opta", explica Sirlaine, ao justificar sua opção. O caso da ex-secretária não é exceção. Mesmo aptas ao mercado de trabalho, muitas mulheres priorizam a família e não se importam em cuidar da casa, deixando de lado as atividades profissionais. Para Sirlaine, a educação dos filhos é uma tarefa que tem de ser desempenha diariamente. Mas, segundo ela, apesar da recompensa de poder participar ativamente do crescimento de suas filhas, ser dona de casa é um trabalho exaustivo e monótono, o que pode gerar tédio. "Ser dona de casa é mais cansativo. Você não bate cartão como nas empresas, mas se você não

tiver um domínio emocional para equilibrar tudo, acaba virando um tédio", pontua. Nem sempre ser dona de casa é uma escolha tranquila, pois implica em, talvez, abrir mão de uma promissora carreira ou da própria independência financeira. Formada em odontologia, Cristhianne Araújo, 36, mãe de Marcella, 8, e Leonardo, 5, ressalta o incômodo de não possuir independência financeira. "Tudo o que preciso comprar tenho que pedir ao meu marido e isso, muitas vezes, me causa aborrecimento. Me sinto incomodada e, também, um pouco insatisfeita, mas logo lembro que tudo isso é muito pequeno perto da satisfação e prazer que tenho de poder cuidar e estar presente na vida dos meus lindos filhos e, principalmente, de não deixar meus filhos serem criados por uma babá", desabafa. As mulheres que escolhem

a dedicação pelo lar dizem ser importante ter a independência financeira, porém é algo difícil. "Graças a Deus, a herança que recebi do meu pai, me dá independência e isso me ajudou muito na minha escolha. Se eu não tivesse essa independência, eu não ia me sentir confortável porque ia depender do meu marido para tudo e isso seria muito ruim para minha autoestima", comenta Ana Lúcia Resende, 48, casada, mãe de Pedro, 10 e Marinês, 14. São muitos os afazeres domésticos quando não se tem uma secretária do lar. Ana Lúcia não tem do que se queixar, pois conta com a ajuda de Celeste de Oliveira, 52 anos, viúva, mãe de cinco filhos. "Se não fosse a Celeste, acho que eu não daria conta de tantas coisas. Ela cuida da casa e eu fico por conta dos meus filhos. Gosto muito de estar perto

A ex-secretária Sirlaine Silveira com as duas filhas no lanche da tarde deles. Não me arrependo de não ter trabalhado fora, pois está sendo muito importante para os meus filhos e meu marido, a minha dedicação à família", enfatiza. Quando a mulher não tem empregada doméstica, é ela quem faz todo o serviço da casa, como acontece com Irene Telles, 29, casada, que lava, passa, cozinha, faxina a casa e ainda cuida da filha de dois anos. "Todos os dias faço janta pro meu marido. Gosto de cuidar da casa, mas o pes-

soal não valoriza muito esse tipo de trabalho não. Tem dias que fico cansada com essa rotina", desabafa. As donas de casa, às vezes, se queixam de sofrer certo preconceito pela profissão. "Já ouvi muita coisa do tipo 'Você só fica em casa?'. Até mesmo o amiguinho do meu filho me perguntou o que eu fazia. Daí eu expliquei e ele achou super estranho porque os pais dele viajam muito a trabalho e ele sempre fica com a babá", recorda Cristhianne.


Comportamento Outubro • 2012

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TEATRO DE RUA ARREBATA ARTISTAS Pessoas deixam de lado suas profissões originais pela possibilidade de fazer arte popular, viajando por vários lugares, levando cultura aos que não têm acesso às manifestações formais ANTONIO SOBREIRA / DIVULGAÇÃO

n PEDRO FONSECA 2º PERÍODO

Com a trupe Rosa dos Ventos além do espetáculo "A farsa do advogado Pathelin", como programação do Festival Internacional de Teatro (FIT), veio à BH, Antônio Sobreira, 44 anos, que em 2009 findou seu doutorado em geografia, mesmo ano em que deixou o ofício de professor para percorrer o país fazendo parte dos espetáculos. "Eu larguei a profissão de professor e geógrafo, mas eu não larguei as minhas ideias", expõe. A dedicação e a união quando se trata de vida artística é um dos princípios para um bom resultado como observaram alguns dos integrantes da companhia. "Quando eu decidi entrar para o grupo eu sabia que eu não poderia dar aula, eu tinha que dedicar totalmente a isto", acrescentou. Como um tópico recorrente tanto em teatro, bem como arte em geral, Sobreira lembra que um dos objetivos da carreira artística é o fim político social. "Não fazemos o teatro pelo teatro, fazemos o teatro na rua, então, existe a exigência política, fazemos na rua, para as pessoas terem acesso direto à arte e à cultura, e assim tentamos demandar do estado e outras entidades, que possam financiar este tipo de trabalho nosso. Eu acho que a arte deve ser pública e a maneira de tornar isso mais público é tentar apresentar nas ruas ou nas praças, lugares onde as pessoas que não têm contato com o teatro, podem pelo menos parar um pouco e ver", afirma. Sobre a sua realização pessoal com teatro ele conta da seguinte maneira. "Esse teatro que nós fazemos tenta ser o mais horizontal possível, não existe o ator lá longe, a dramaturgia lá longe, a encenação e o público distante, tentamos colocar todos no mesmo nível, e às vezes conseguimos", comenta. Fernando de Ávila que

interpreta diversos papéis durante o espetáculo, tem 38 anos, e antes de ingressar na carreira artística foi estudante de geografia. Depois de formado, ele optou pela arte em consenso com seus amigos de faculdade em Presidente Prudente, no interior paulista, há 13 anos. "Demos sorte de nos 4 anos de faculdade, ir alimentando a idéia de ser artista, e fomos tentando criar estruturas que nos dessem amparo, para que pudéssemos largar o outro trabalho, dito formal”, afirma, ressalvando que o artista continua sendo um trabalhador, só que não tem férias, 13º salário”, analisa. Como um conselho para quem deseja largar tudo para seguir a vida artística em geral, Fernando de Ávila diz que é interessante prover-se de uma poupança bancária, pois, segundo ele, não é tão rápido deixar um espetáculo pronto, já que os artistas precisam aprender a dançar, cantar e interpretar. “Durante esse período, você começa a deixar de lado um pouco seu trabalho e começa a fortalecer a arte que você está a fim de fazer, a hora que você vê, você não faz nada mais daquilo que você não gostava, porque o negocio começa a render", diz. É unânime entre os envolvidos no projeto o apreço ao público de rua. "Se formos em um lugar que não seja o povão, pode existir pudores que a gente não gosta, destas máscaras sociais. A gente vem mesmo para falar com as pessoas e tentar passar para elas algumas coisas da maneira mais simples, conversando mesmo, sendo sincero, falando das mazelas da gente, que somos feios, que peidamos, que somos todos iguais", conta Fernando de Ávila. Ele diz que para quem sonha viver de arte, é essencial ter em mente a função social do artista. "Mostrar os fatos sem os julgar", ressalta. Tiago Munhoz, 34 anos é o ator que interpreta o

personagem "advogado Pathelin". Graduado em educação física, diz que não se imaginaria depois do curso no ambiente de uma academia por exemplo, e durante o tempo na universidade foi se especializando, bem como os outros integrantes, em cursos teatrais. Ele conta que o artista trabalha tanto quanto qualquer outro trabalhador, exigindo muito empenho de cada integrante. "Ensaiamos meio período, e outro meio período é produção, escrever projetos", diz. Segundo ele, o conhecimento acadêmico foi fundamental principalmente neste âmbito de desenvolvimento dos espetáculos. Casado e pai de dois filhos, Tiago Munhoz, bem como os artistas brasileiros de forma geral, que não são tão bem remunerados, em nenhum momento da entrevista reclama da condição, fato que se reflete no palco onde o ator mostra o capricho com a obra sabendo contornar condições adversas que são passíveis de acontecer em um espetáculo ao vivo. Tiago Munhoz, que já trabalhou de ajudante geral, vendedor e funcionário público escriturário, diz que abandonou a carreira pois já no segundo ano de curso tinha certeza que sua felicidade estaria onde estivesse o teatro. "De certa forma eu liguei o que eu estava fazendo com a educação física até um certo tempo, depois parei, porque o trabalho da arte é muito mais aprimorado, até que o trabalho físico", conta. Ele revela que a estagnação é o ópio de um artista, e além dos cursos e viagens que faziam, procuravam estar em contato com outros grupos teatrais, ter contato com circos itinerantes, trocar experiência de uma forma geral com o ambiente dos palcos. “A nossa formação artística não é acadêmica, é popular", afirma.

A Trupe Rosa dos Ventos apresentou seu espetáculo no Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte

Público mineiro cativa artista italiano Savino Paparella, 39 anos é italiano e veio ao Brasil com o espetáculo Lisboa, como outra atração do FIT, e é também mais um exemplo de alguém que largou a profissão em busca da realização pessoal por meio da arte. Savino foi vendedor e comerciante na Itália dos 14 ao 27 anos, e já aos 17 ingressou na arte teatral. Ele diz não se arrepender de ter abandonado a profissão, mesmo acreditando que hoje estaria ganhando mais, porém não teria a realização pessoal de estar nos palcos. "Quando trabalho não estou trabalhando, tudo na minha vida hoje é uma brincadeira, e poder viver brincando é uma maravilha", salienta o ex-comerciante, demonstrando sua felicidade. Savino diz também que o trabalho precoce contribuiu para sua criança interior ir morrendo, visto que ao trabalhar tinha menos tempo para brincar. "E com esse trabalho ela fica viva", afirma. Há 12 anos, Savino veio a Belo Horizonte com um espetáculo chamado "Oblumum", e ressalta o carinho que como ator sente do público belohorizontino, destacando o que para ele na Itália é um grande obstáculo para os

artistas em geral. "Para mim que sou italiano, eu penso que aqui está a magia, porque na Itália todo mundo busca muito um sentido e tem uma grande estrutura mental, e aqui tudo faz sentido, o público aqui é muito maravilhoso", reflete. Questionado sobre as responsabilidades sociais que enfrenta ao largar um trabalho formal para a carreira artísticas, Savino diz pensar que o artista deve ter uma sensibilidade, antes de tudo, consigo mesmo. “Se não tem isso é difícil que possa haver uma responsabilidade social", diz o artista italiano, acrescentando que procura manter sua arte de forma livre, afastando-se assim da vida cotidiana e carreira formal onde não se tem esta oportunidade. Segundo Savino, ao longo deste tempo como artista, o principal que aprendeu é que a verdade não é única. "A minha verdade por vezes é diferente da verdade do público, e esta desestabilização eu acho fantástica, você fazer algo e achar que o público vai chorar, e de repente o público está rindo", comenta.

YASMIN TOFANELLO

Encontros pela força da oração n FELIPE AUGUSTO VIEIRA 5º PERÍODO

Religiosamente, todos os sábados às 16h, um grupo que se formou há aproximadamente 30 anos se reune na Praça Eugênio Zucheratto, localizada no Bairro Calafate, Região Oeste da capital, para rezar o terço à Nossa Senhora das Graças. Nesse horário, a praça, bem arborizada e de clima ameno, está quase silenciosa, a não ser pela reza baixa que o grupo repete à medida que manipula as contas do terço. À frente de todos está uma imagem de Nossa Senhora das Graças, disposta em um banco da praça e sobre um forro tricotado, centralizando os olhares. Esse encontro foi realizado inicialmente na Praça Bernardo Monteiro e na Praça Padre Rabelo, ambas no Calafate. A iniciativa é comum a outros bairros, como Nova Cintra, Nova Suíssa, Jardim América e Salgado Filho, todos na Região Oeste, e começaram com a Legião de Maria. Na Praça Eugênio Zucheratto, a média é de 20 pessoas que se encontram

para rezar o terço, e são em sua maioria idosos. "Estamos unidos sempre aqui rezando para os moradores do bairro, por todas as pessoas que pedem as nossas orações, e para que o mundo seja uma coisa melhor", diz Cireneu Ribeiro Barbosa, 65 anos, morador do bairro há 40 anos, há cinco participante do grupo. No sábado em que o grupo recebeu a reportagem do MARCO, estavam rezando por Rita Marcelina, ou Ritinha, que era como a chamavam, devota e ativa da Paróquia São José do Calafate, e que há alguns dias tinha morrido, com 101 anos. "Ela era muito querida de todos", lembra Paulo Vieira, 88 anos, desde os oito, morador do bairro. Todos os presentes ao grupo de oração da praça são participantes ativos da comunidade católica do bairro. Cireneu e Paulo, também fazem parte do Terço dos Homens, que ocorre às quartasfeiras. Das senhoras que fazem parte do grupo, a que participa há mais tempo, desde o começo, é Maria de Lourdes Oliveira, 88 anos. Ela também participa do Apostolado da Oração, e res-

salta a importância desses encontros e da fé que move o grupo. "Essa devoção do terço na praça já tem aproximadamente 30 anos. Eu estou nela desde que começou, levava as meninas para coroar, e era muita gente. Essa devoção, ela é considerada pela Legião de Maria e a gente está aqui pelo grupo da Legião de Maria. Temos membros auxiliares, como eu, e também temos outros grupos dos quais eu pertenço, mas eu não quero por mais carga porque não dou conta", explica a participativa senhora. Maria de Lourdes usa uma passagem da Bíblia para dimensionar a fé que os motiva a rezar o terço e a participar das atividades da igreja. "Jesus disse: 'Onde duas ou três pessoas estiverem reunidas, eu estarei no meio delas'", cita. Lourdes Pinheiro, 71 anos, é também integrante ativa da comunidade católica e da Legião de Maria. Sempre em companhia de outros componentes do grupo, Lourdes visita pessoas doentes em hospitais e pessoas idosas do bairro para rezar o terço. Ela dá um testemunho

de fé e da força da oração ao contar sobre a morte de seu marido em janeiro de 2007. "Meu marido foi internado no dia 17 de dezembro de 2006. Ele fez uma cirurgia, ficou 10 dias no hospital, veio para casa e ficou quatro dias, até que na véspera de ano novo voltou para o hospital sentindo muita dor", recorda. Lourdes e seu filho rezavam o terço todos os dias de manhã. O marido já estava sem forças, e mesmo que ele não pudesse falar, acreditavam que rezava em pensamento. "Depois de 10 dias, quando foi dia 11 de janeiro, numa quinta-feira, estávamos rezando o terço com ele à noite. Éramos nove pessoas no quarto, e ele morreu tranquilo, quando estávamos no terceiro mistério do terço. Eu acredito que ele foi em paz e tranquilo porque rezava mesmo o terço", relembra com saudade. Ouvindo ao lado, Cireneu completa: "O terço tem uma força muito grande, a gente alcança muitas graças, para quem nós rezamos e para nós também. Recebemos muitas graças, é uma devoção sem tamanho". Outro testemunho foi da-

A fé em Nossa Senhora das Graças é o que motiva os encontros na praça do por Maria Catharina Vieira Ricci, 71 anos, que se lembra de um senhor que se emocionou ao ver o grupo rezando na praça. "Teve um dia que estávamos rezando o terço aqui, e um senhor me chamou, e ele chorou. Ele queria uma benção para ele, estava precisando demais, pois tinha problemas em casa. Então, ele falou que queria vir aqui mais vezes, e

quando ele viu a Nossa Senhora ali, ele ficou emocionado. Isso tocou o coração dele", conta Maria Catharina, que também faz parte da Associação Internacional de Caridade (AIC) e do Apostolado da Oração Sagrada Face. "Quanto mais pessoas vierem melhor, pois nós queremos encher essa praça", afirma.


14Esporte

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Outubro • 2012 YASMIN TOFANELLO

DOS GRAMADOS PARA A GALERIA DO MUSEU Exposição de troféus, camisas e outros objetos que narram a trajetória do futebol em BH mexe com a emoção dos visitantes n LUCAS BORGES RENAN PACHECO 2º PERÍODO

Influenciado pelo momento esportivo que o país vive, com a realização da Copa das Confederações e Copa do Mundo, em 2013 e 2014 respectivamente, o Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte, busca explorar a história do futebol mineiro. A exposição intitulada "Belo Horizonte Futebol Clube: trajetórias do futebol mineiro na capital", mostra por meio de fotografias, objetos, troféus, camisas, vídeos e depoimentos, um pouco da ampla história da modalidade esportiva na capital. Segundo Letícia Dias Schrim, curadora da exposição, o objetivo é trazer ao público mineiro um pouco de Belo Horizonte e a relação do futebol com a cidade: "Pensamos em contar um pouco da história do futebol dentro da história da cidade, como o futebol chega, como ele desenvolve, os campos e

outros espaços, quais são os times que são criados, quais times desaparecem, como é que surgem as identidades, as torcidas, como é que as pessoas comuns se relacionam com o futebol, enfim, tudo isso para contar um pouco da história de Belo Horizonte, dentro de um tema que é a cara da maior parte dos belorizontinos", explica. O futebol é o esporte que penetrou no cotidiano brasileiro e o redefiniu de maneira direta e indireta. Passando o tempo percebe-se a importância do esporte que em Belo Horizonte conquistou muitos adeptos. A história do futebol na capital é uma mistura heterogênea da atividade profissional e amadora, que se entrelaçam em uma relação de rivalidade, reciprocidade e religiosidade. Uma história sob os holofotes de glórias, talento, luta e busca da afirmação. Ao som da narração de Mario Henrique "Caixa" e Alberto Rodrigues, locutores esportivos que transmitem os jogos de Atlético e Cruzeiro

pela Rádio Itatiaia, o torcedor entra no museu sentindo como se estivesse em um estádio. As narrações de gols importantes indicam ao visitante os ares da exposição, que penetram na mente relembrando, ao longo da mostra, algumas glórias do futebol mineiro. O fundo verde predomina nas paredes e decorações da exposição. A cor faz o torcedor retomar o ar dos gramados e relembrar as vivências do futebol. O visitante Arlindo Gontijo, de 64 anos, frequentador assíduo do Museu Abílio Barreto, afirmou que a exposição o fez voltar à sua infância. "Eu presenciei excelentes times do Cruzeiro e do Atlético. Não torço para nenhum time. Gosto do futebol. Gosto do esporte. Torço para que Minas ganhe. Sou bairrista", destaca. A escola mineira de futebol é recheada de craques, que em convergência com os clubes, constroem uma bela trajetória nos gramados do estado. A história do futebol mineiro não se passa somen-

te nas grandezas de Atlético, América e Cruzeiro, mas também de clubes amadores que marcaram de forma bela a história da capital. São partes do passado da cidade que ditam a forma dos bairros e regiões, o modo de viver das pessoas. A exposição busca retratar a história do futebol da capital entrelançando os fatos curiosos dos times profissionais, normalmente conhecidos por muitos, e dos times amadores. Percorrendo os corredores do museu destacam-se troféus de conquistas dos clubes, como o primeiro campeonato mineiro conquistado pelo Clube Atlético Mineiro ou pedras do antigo Estádio Sete de Setembro, hoje, reformado e conhecido como Arena Independência. Letícia Dias destaca a importância do futebol na construção da cidade. A curadora da exposição revela fatos curiosos que retratam que o esporte representa algo muito maior do que somente a prática da atividade. Ela ainda

No clima dos gramados, frequentadores observam objetos em exposição explica que antigamente os campos de futebol tornavamse locais de encontros das pessoas do bairro. "Em determinado campo de futebol aconteciam jogos no carnaval em que os jogadores jogavam vestidos de mulher. O campo de futebol, é bom ressaltar um pouco, não é somente um local para jogar futebol, é um

lugar de sociabilidade. Não é local para assistir a partida ou jogá-la. As pessoas vão ao campo não só para jogar bola. Elas podem ir ao campo para fazer outras coisas, como quermesse, festa, comício. Os campos de futebol serviam para eventos que contemplassem a comunidade", explicita.

As diversas expressões do futebol no cotidiano dos belorizontinos A exposição não é apenas para quem gosta de futebol, mas para quem curte a memória de Belo Horizonte, já que ambas se entrelaçam criando uma só história. A mostra teve ínicio no dia 31 de agosto e terá duração mínima de um ano, podendo ser prolongada até a Copa do Mundo de 2014. "Trabalhamos com a duração de

um ano, mas existe a possibilidade de ampliarmos o tempo da mostra até 2014. Tudo depende do decorrer da exposição", relata Letícia Dias. As visitas podem ser feitas às terças-feiras, sextas-feiras, sábados e domingos das 10 às 17 horas, quarta e quinta das 10 às 21 horas. O Museu Abílio Barreto se

situa na Avenida Prudente de Moraes, 220, Bairro Cidade Jardim. PROJEÇÃO O museu conta também com acervo audivisual. Em forma de uma bola, a exposição tem uma sala que projeta vídeos. As imagens são exibidas ao longo da esférica e mostram uma mistura de vídeos

Tecnologia no esporte FELIPE AUGUSTO VIEIRA

n FELIPE AUGUSTO VIEIRA 5º PERÍODO

Sob a coordenação do doutor em Ciências do Esporte, o polonês Leszek Antoni Szmuchrowski, 60 anos, o Laboratório de Avaliação de Carga da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolve equipamentos para aprimoramento e controle do treinamento esportivo, sendo pioneiro no desenvolvimento de trabalhos com a aplicação de vibrações locais em 2002, por exemplo. Em 1996, devido à escassez de equipamentos no mercado nacional, além dos altos custos e dos procedimentos burocráticos para a importação, o laboratório começou a trabalhar com a inovação e com o desenvolvimento desses equipamentos, como a bicicleta cicloergométrica computadorizada. "Para fins de recuperação, por exemplo, criamos um equipamento na piscina chamado waterbike, que permite tanto recuperar como condicionar pacientes, não só atletas. Nós criamos sensores fotoelétricos, softwares que mensuram o tempo dos corredores, outros sensores analógicos, como células de força que medem o esforço dos membros inferiores e superiores, dependendo da necessidade",

Leszek desenvolve equipamentos que melhoram o rendimento de atletas conta. Desde então, Leszeck, que também é credenciado na pós-graduação de Engenharia Mecânica, com quem mantém uma parceria interdisciplinar para a construção desses equipamentos idealizados por meio de projetos de pesquisa, além de equipamentos já existentes, assimila ideias de alunos de mestrado e doutorado com a demanda do mercado. Ele coordenou e projetou vários equipamentos, sendo que, quatro deles, foram patenteados pela

UFMG, e outros têm potencial de patente ou estão sendo aprimorados. "O nosso diferencial nesse momento está na teoria, pois nós temos conhecimento teórico, e esse conhecimento em confronto à prática dos nossos atletas, permite a idealização dos projetos que visam à criação dos equipamentos. O surgimento da ideia ocorre aqui e nós temos fases experimentais onde podemos, através dos projetos de pesquisa, desenvolver os sistemas dos equipamentos, para depois

de jogos amadores e a típica pelada de final de semana com jogos de botão, álbuns de figurinhas. Belini Andrade, diretor de vídeo, explica a intenção da ala direcionada para reprodução de vídeos. "Nós pensamos em uma proposta de fazer uma sala com projeções que mostrassem o outro lado do futebol, que mostrasse o lado do futebol do

testarmos isso na prática", explica. Além da oficina da Escola de Engenharia Mecânica da UFMG, Leszeck também mantém parcerias com empresas do setor, por exemplo, a empresa Hidrofit, que é parceira do laboratório que aproveita alguns desenvolvimentos feitos por ele. Leszeck, que já foi treinador de atletas de diversas modalidades olímpicas e esportivas, como vela, judô, futebol, atletismo, ciclismo e natação, exemplifica com casos de sucesso a melhora de resultados com a utilização desses equipamentos. "No caso da preparação dos atletas de judô nos Jogos Panamericanos de 2007 e o campeonato mundial do Rio de Janeiro em 2007, nós fizemos o salto vertical mensurado através de uma plataforma de contato como teste de controle da fadiga dos judocas, e com isso conseguimos acompanhar melhor, tanto o treinamento e as fases de fadiga, quanto à recuperação para a competição, e os resultados foram bastante positivos, com o Brasil ganhando muitas medalhas". Sua experiência no esporte começou na Polônia, quando treinou atletas nas Olímpiadas de Montreal, em 1976, e Moscou, em 1980, conquistando como técnico, uma medalha de ouro e duas de prata, respectivamente. Além de sua atividade como coordenador do laboratório e professor titular na Escola de Educação Física da UFMG, Leszeck também integra o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

dia a dia das pessoas e não só o futebol profissional. Então, buscamos gravar jogos de botão, álbuns de figurinhas, pelada de fim de semana, jogo virtual. O objetivo dessa ala da exposição é retratar o futebol diário, fora o futebol profissional, que povoam o dia a dia de todo mundo. O futebol faz parte da vida de todos", observa.

Para as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, a UFMG disponibilizará para atletas brasileiros, além de atletas estrangeiros que já entraram em contato com a universidade, o Centro de Treinamento Esportivo, que teve recentemente a pista de atletismo inaugurada e está construindo um parque aquático. O CT, localizado ao lado do Centro Esportivo Universitário (CEU), na Pampulha, já conta com equipamentos desenvolvidos por Leszeck. "A própria pista de atletismo do CT, nós construímos vários equipamentos originais exclusivos para essa pista que têm potencial de patente, ou pelo menos para desenho industrial. Há sensores de velocidade espalhados pela pista, um tipo de carga em volta da pista de 400 metros, uma rampa para treinamento de velocidade, uma plataforma tensométrica, que é para medir a tração de solo no treinamento de saltos. Existe um tipo de regulagem para encaixe para saltos com vara, de acordo com o nível do atleta, que dá para regular a profundidade deste encaixe, que é um tipo de invento. Tem também um sistema de ginástica para treinamento de velocidade e forças de explosão, que são forças importantes como no caso do salto", descreve. Muito desses equipamentos são portáteis, já que o desenvolvimento de equipamentos tem acompanhado a evolução tecnológica de programas de computador, através de softwares e hardwares.

"Temos hardwares, na parte do equipamento que é visível, que é colocado nas pistas e campos para mensurar a variável mais importante que é relacionada com a velocidade, que é a variável que mede na verdade o espaço e o tempo. Nesse caso, medimos o tempo determinando o espaço, a distância percorrida, e, pelo fato de a maioria dos esportes dependerem do movimento, nós tentamos desenvolver tipos de hardwares, que são sensores que detectam a presença do corpo, como a bola, o corpo do atleta, ou outro objeto como o disco, o dardo, dependendo da modalidade", enumera. Os softwares processam esses dados obtidos, decodificando-os e digitalizando-os, podendo ser visualizados através de gráficos. "No atletismo, nós temos a situação clássica, onde se tem as distâncias pré-definidas na pista, os 100, 200, 400 e 800 metros, e o atleta, nessas distâncias pré-definidas, realiza um exercício cíclico, e nesse caso uma corrida. O nível de rendimento é mensurado pelo tempo que foi gasto para percorrer esse espaço. No caso do futebol, por exemplo, também sabemos que o deslocamento do jogador depende da velocidade de corrida, por isso nós preparamos jogadores para serem também bastante velozes. Essa evolução, o processo de treinamento exige momentos de controle, de verificação de que através dos exercícios aplicados, se consiga melhorar esse rendimento", completa.


Cultura Outubro • 2012

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BLOG REGISTRA GRAFITES DA CIDADE Da ideia de registrar com fotos essa forma de arte urbana, pintada nos muros e espaços públicos de BH, surgiu, em um blog, um registro que atrai admiradores do mundo todo n FERNANDA ARANTES COSTA 4º PERÍODO

Um acervo digital dos grafites da cidade. Essa é a definição para o Blog "Grafites BH", que reúne fotos das paredes grafitadas de Belo Horizonte. Criado em 2007, o Blog já obteve mais de 22.442 visualizações e tem chamado a atenção não só dos belo-horizontinos, mas, principalmente, dos amantes desse tipo de arte de todas as partes do mundo. Com uma postagem, em média, por dia, até o final de 2012 o acervo deverá chegar a 1 mil fotos publicadas. A ideia do "Grafites BH"

surgiu a partir da curiosidade de Adriane Puresa, 48 anos, que gostava de observar os grafites e tinha muita vontade de criar um blog. Mesmo sem conhecer nenhum grafiteiro, ela resolveu criar uma conta no site blogspot e postar as fotos dos grafites que a chamavam a atenção enquanto andava de ônibus. Separados pelos nomes das Ruas, Adriane começou a criar uma memória virtual para o que ela define como uma forma de expressão mais popular, a qual qualquer pessoa tem acesso. "A impressão que eu tenho é que uma pessoa que sabe desenhar e quer mostrar que sabe, grafita",

afirma. O blog continua na versão gratuita e não tem interesse comercial. Adriane, que é formada em Belas Artes com mestrado em Cinema e trabalha com desenho animado e designer gráfico, diz que não imaginava a proporção do registro digital que o blog iria obter. Para isso, ela, que também recebe o apelido de "Pupu" e é chamada assim pelos blogueios, contou com a ajuda de um antigo amigo que já desenvolvia um blog de cinema, o "Múmia" www.mumiainternacional.bl ogspot.com. Sávio Leite, 41, se interessou pelo projeto e além de postar o acervo que YASMIN TOFANELLO

Sávio Leite, criador do blog “Grafites BH”, mesmo sem ter profissionalização, fotografa grafites no viaduto Santa Tereza

continha, passou a tirar mais fotos que a própria idealizadora. Adriane e Sávio não têm profissionalização em fotografia, mas apenas os dois fazem as postagens e nunca receberam fotos dos internautas. "Uma arte efêmera, mas cheia de criatividade e por isso eu tento deixá-la registrada em imagem", afirma Sávio, sobre o grafite. Ele é mestre em artes visuais, professor e realizador de cinema de animação e também faz curtas experimentais. Considerado uma das referências no cinema de animação mineiro contemporâneo pelo Palácio das Artes, Sávio acha importante criar uma memória virtual para preservar o que é transitório, já que muitas vezes os grafites que registra são apagados por moradores e pela prefeitura. Para ele, a Prefeitura de Belo Horizonte tem que se conscientizar que há espaços propícios a serem grafitados e por isso deveria dar incentivo. O colaborador diz que encontra o que vai fotografar ao andar pela cidade, assim não tem gasto com o seu deslocamento ao contribuir para o Blog. Ele diz que a única coisa que espera dos lugares em que encontra os grafites é que não roubem o seu celular. Ao ser

perguntado sobre pichação, diz que esse tipo de pintura não se importa com desenhos e formas agradáveis. "São sempre letras intraduzíveis. É uma forma de comunicação, mas nem sempre os limites do bom senso são respeitados", diz. Sávio revela também que a mania de fotografar grafites acontece até em suas viagens, onde faz o mapeamento e posta no site. Para Adriane, isso acontece ocasionalmente, mas apenas para comparar e mostrar a identidade de cada local. Segundo Adriane e Sávio, o blog não tem um público específico e não existe uma seleção ou curadoria. Eles fotografam todos os grafites que se destacam nos muros e paredes pelos detalhes, pela ideia e pelo gosto pessoal. As escolhas dos títulos das imagens são feita de forma aleatória e descrevem o que as imagens indicam para quem fotografou. Os dois se definem como pessoas que circulam bastante por qualquer local de Belo Horizonte. "Sem preconceitos e frescuras", revela Adriane. E é dessa liberdade que dão para a arte que vem o sucesso do blog "Grafites BH". Confira os grafites de Belo Horizonte em www.grafitesbh.blogspot.com.br.

Músico brasileiro faz sucesso cantando em inglês RAQUEL DUTRA

n MARINA NEVES RAQUEL DUTRA 4º PERÍODO

Quatro anos depois do seu primeiro disco entrar na parada da Billboard do Japão, o cantor e compositor Tiago Iorc, lança seu segundo disco este ano. Intitulado 'Umbilical', conta com 11 novas canções. "Uma coisa muito certa sobre esse segundo disco é que me doei muito, tentei passar muita verdade nas músicas", desabafa Iorc. O primeiro show da turnê 'Umbilical Acoustic Tour', para divulgação do novo trabalho, aconteceu em Curitiba, passou por Belo Horizonte no final de setembro e está rodando por todo o Brasil. Nascido em Brasília, aos 10 meses de idade mudou-se para a Inglaterra com seus pais, onde morou até os cinco anos. Voltou para o Brasil e foi viver em Curitiba, capital do Paraná, onde tinha muitos familiares. Mais tarde, mudou-se para os Estados Unidos e em 2008 começou a morar no Rio de Janeiro. Recentemente, vol-

tou para Curitiba. A música de autoria própria, "Nothing but a song", virou sucesso na internet em 2007 e foi parar na trilha sonora de "Malhação", novela da Rede Globo. Sua carreira deslanchou quando foi convidado por uma gravadora a entrar em estúdio. O seu primeiro disco "Let yourself in" foi lançado quando mais uma de suas composições, "Scared", já fazia parte de mais uma novela do horário nobre. "As novelas são muito assistidas por um grande público e foi uma das formas que minha música chegou ao meu público. Sem dúvidas, ajudou bastante", confessa o cantor. Tiago conta que tenta conectar-se com o público pela internet também, mas que independentemente dessas ações que ajudam na divulgação, o show é sempre o mais importante de todo o processo "Sentimos que o show é a conexão que realmente abraça o público", relata. Popular entre o público jovem destaca-se pela sua peculiaridade: um brasi-

leiro que só compõe em inglês. "A música que eu gosto de fazer reverbera com a língua inglesa, eu sinto que assim encontro a forma de me expressar", explica. A influência da sua vivência no exterior é inegável na hora de compor, o inglês foi a primeira língua que ele teve contato, aprendeu a falar inglês antes mesmo do português. Além disso, o cantor conta que foi nos EUA, onde aprendeu a escrever, que houve a consolidação da língua inglesa. Para Tiago, cantar em inglês não é uma opção comercial, ele opta por fazer música assim, porque é do jeito que gosta. "Até no jeito de cantar, fui percebendo que é assim que eu gosto. Para compor percebi que é onde me sinto a vontade. Quando você sabe que pode ser bom em certo aspecto, seu investimento é voltado para ele", garante o compositor. O brasiliense confessa que o repertório "soa tão natural" que existem pessoas que conhecem o seu trabalho, mas não sabem que ele é

brasileiro. Em março deste ano, ele fez seu primeiro registro em estúdio cantando em português. Tiago foi convidado a participar de um projeto no qual teve que regravar a música "Morena", da banda Los Hermanos. O cantor reconheceu ter sido uma grande honra e um grande desafio. "Eu sentia que toda vez que eu tentava cantar em português era um pouco estranho, como se fosse um gringo cantando, com um sotaque meio esquisito", afirma. Ele ainda conta que para gravar a música fez um estudo da sua voz, gravando e ouvindo, para tentar achar uma forma legal de fazer a interpretação. "Quando ouvia as gravações eu detectava as nuanças que estavam soando estranho e então fui tentando corrigir. Foi um aprendizado enorme para mim, aprender a colocar minha voz na língua portuguesa porque até então não tinha percebido o que me incomodava tanto", afirma Tiago.

Tiago Iorc afirma que se sente à vontade ao compor em inglês


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Fábio Mechetti

Entrevista

MÚSICO jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarco

MAESTRO VALORIZA OUSADIA n PEDRO ALBURQUEQUE 2º PERÍODO

EUGÊNIO SÁVIO/DIVULGAÇÃO

n O que basicamente difere uma orquestra Filarmônica de uma Sinfônica e de Câmara? Uma orquestra de câmara é uma orquestra de proporções reduzidas, mais ou menos com 20 a 45 músicos, e possui um repertório específico. Hoje em dia não existe diferença alguma entre orquestras sinfônicas e filarmônicas. Há séculos havia uma tendência de que as orquestras filarmônicas (como o próprio nome diz) fossem compostas ou apoiadas por "amigos" da música, enquanto as sinfônicas eram primariamente amparadas pelo Estado. Hoje, existem filarmônicas amparadas pelo Estado (como as de Berlim, Viena, Israel, Minas Gerais), assim como filarmônicas apoiadas exclusivamente com recursos privados (Nova York, Los Angeles). Também temos sinfônicas apoiadas pela iniciativa privada (como as de Boston, Chicago, Brasileira), assim como sinfônicas do Estado (como as de Roma, Berlim, São Paulo, Paraná, etc.). Em termos de tamanho e repertório apresentado, não há diferença. n Como é feita a escolha de repertório da Filarmônica? É um processo longo que envolve disponibilidade de artistas convidados, variedade de estéticas e períodos, escolha de obras que tecnicamente ajudarão a orquestra a se transformar cada vez mais num instrumento de qualidade e diversidade para agradar todos os segmentos do público. Tudo isso dentro de um orçamento possível. n Mesmo com apenas cinco anos de existência, a Orquestra acumula prêmios importantes e ótima receptividade de crítica e público. O planejamento era colher esses resultados tão rapidamente? De uma certa maneira, sim. A Filarmônica nasceu de uma vontade ousada de dar a Minas Gerais uma orquestra de qualidade internacional. Essa foi uma condição primordial não só para a criação de uma nova orquestra pelo Governo do Estado, como

Criada há cinco anos com o intuito de ser um grupo de excelência artística, a jovem Orquestra Filarmônica de Minas Gerais já é considerada uma das melhores do país e colhe os frutos desse reconhecimento, como a primeira excursão internacional, realizada em outubro, com apresentações em Buenos Aires e Uruguai. O convite foi feito após a fama da "grande novidade no meio musical latino-americano" correr o mundo por meio dos inúmeros solistas internacionais convidados que ficaram admirados ao trabalhar com a orquestra. A Filarmônica acumula importantes prêmios e reconhecimento da crítica especializada. No último dia 27 de agosto levou o Prêmio Carlos Gomes de Ópera e Música Erudita como Melhor Orquestra Sinfônica do ano de 2011. Em 2010, a OFMG já tinha sido eleita pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como o Melhor Grupo Musical Erudito do Ano e seu maestro e regente titular, Fábio Mechetti, Melhor Regente Brasileiro em 2009. Com extensa bagagem internacional, o maestro já dirigiu inúmeras orquestras norte americanas, sinfônicas no Japão, Escócia, Canadá, Suécia, entre outras, além da Sinfônica Brasileira, Estadual de São Paulo e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Como regente de opera destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, La Bohème, Madame Butterfly, O Barbeiro de Sevilha. Fábio Marchetti destaca o profissionalismo que viabiliza conciliar tantas atividades. “Seria impossível caso a Filarmônica não tivesse um sistema implantado, desde o início, de organização antecipada, foco de execução, cultura de disciplina”, ressalta.

a definição aplicada hoje em dia para que eu aceitasse o trabalho. à palavra "elite". No "Aurélio", a Estabeleceu-se uma trajetória, primeira definição de elite é: ‘O um método baseado na qualique há de melhor numa sociedade de todos os seus profissiodade’. Se é a isso que estamos nais, na busca constante da exnos referindo, não há dúvidas de celência e na relevância que a que a música erudita é símbolo Orquestra traria ao panorama de elite. E, numa sociedade que cultural mineiro. O sucesso da cada vez mais é alvo de uma Orquestra trouxe um total sentiincessante massificação da ignomento de perrância, a música tencimento na erudita, assim comunidade como todas as mineira e hoje altas artes, é “O SUCESSO DA ela já é, a desnão somente ORQUESTRA TROUXE peito de sua relevante, como UM TOTAL SENTIMENTO pouca idade, antídoto para DE PERTENCIMENTO DA esse processo de um patrimônio desintegração COMUNIDADE MINEIRA” do Estado e do de valores culBrasil. turais e sociais, quanto instrumental no consn Como houve o convite para tante processo civilizatório do a primeira turnê internacional? qual ela faz parte. Agora, basta ir a um de nossos concertos para Vários de nossos primeiros solisconstatar três coisas: primeiro, a tas internacionais ficaram surmédia de idade de nosso público presos e admirados quando vieestá entre os 30 e 40 anos, porram trabalhar com a Filarmônica tanto, jovem; segundo, ele é pela primeira vez. Assim, a fama composto de jovens e pessoas da Orquestra se espalhou por mais velhas, pessoas de todas as várias partes do mundo. Um dos classes, que têm em comum o empresários mais importantes na amor pela música sinfônica de América Latina, localizado na qualidade; e, terceiro, estão semArgentina, se interessou pelo pre cheios. projeto e pela grande novidade no meio musical latino-amerin O público em geral cano e propôs que considerásreconhece os grandes nomes semos uma primeira turnê pela como Bach, Mozart, Beethoven, América do Sul. entre outros, mas nos dias de hoje não vimos o surgimento de outros n Nessa primeira turnê nomes tão emblemáticos e internacional, foi preparado grandes obras. algum programa especial? Existe uma explicação para isso?

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Oferecemos dois programas para os apresentadores argentinos e uruguaios e eles escolheram esse programa, que contém uma grande sinfonia (Quarta de Tchaikovsky), que revela a potencialidade e a qualidade da Orquestra, um grande solista internacional (Antonio Meneses) e uma obra que é símbolo do Brasil (O Guarany). Além disso, preparamos 'bis'. n Muitos ainda consideram a música erudita, assim como o jazz, um gênero de elite. O senhor concorda com essa afirmação? O senhor percebe uma renovação de público? Concordo, e muito, com a afirmação. O que eu discordo é com

Existem, sim, nomes emblemáticos e grandes obras sendo compostas nas últimas décadas. O problema é que eles ainda não tiveram a oportunidade de ser reconhecidos. Contudo, acho que é verdade que, em termos numéricos, não existam tantos nomes quanto vemos nos períodos Clássico e Romântico. Mas, se considerarmos que a arte é também um reflexo de seu tempo e da sociedade em que ela é criada, o fato de termos menos compositores e artistas em geral conhecidos globalmente, é mais um reflexo de nossa sociedade do que da qualidade dos artistas em si.

n Por que ainda é tão difícil o Brasil reconhecer e divulgar seus grandes compositores do gênero e suas respectivas obras? Não é que seja difícil. Temos ainda muito poucas orquestras, poucos solistas, pouca oportunidade de divulgação, pouco e principalmente inconstante, apoio para a produção e apresentação das obras. É por isso que ainda há um certo desconhecimento da música e dos músicos brasileiros. Mas estamos tentando mudar essa realidade , ao oferecer, em todas as nossas temporadas, inúmeras obras de compositores nacionais, desde o Barroco até os que estão escrevendo hoje especificamente para a Filarmônica. n Como o senhor concilia os diversos trabalhos em orquestras no mundo todo? Com planejamento. Seria impossível caso a Filarmônica não tivesse um sistema de trabalho implementado, desde seu início, de organização antecipada, foco de execução, cultura de disciplina, missão definida, controle de resultados. É assim que as grandes orquestras internacionais funcionam. Só estamos tentando aplicar esse conceito aqui em Minas, e os resultados estão aí para serem comprovados. n Os músicos de uma orquestra podem tocar em outras orquestras? Sim, desde que consigam conciliar os compromissos com a Filarmônica. Alguns de nossos músicos tocam em outras orquestras e em grupos de Câmara. n Existe um período máximo para um músico ser integrante de uma orquestra? Como é feita a renovação dos integrantes? Não existe. Nossos músicos passam por um processo de avaliação anual e assim se renova, ou não, o contrato. n Um Estado pode ter mais de uma Filarmônica? Sim, um estado pode ter mais de uma Filarmônica. n Qual o número de integrantes da orquestra? Quantos estrangeiros são titulares? Nosso número oficial é de 90 músicos, mas temos algumas vagas em aberto, e 27 são estrangeiros. n Como a orquestra é mantida financeiramente? Temos um termo de parceria com o Governo de Minas, além de patrocínios via leis de incentivo cultural.

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