Fundadora da ONG Harmonia de Viver, a inglesa Judy Robbe há 24 anos ajuda pessoas portadoras de Alzhaimer em BH. Página 13
JULIANA SILVEIRA
NATHÁLIA PEREIRA
RAQUEL DUTRA
Com o sonho de ser campeão da Libertadores pelo Atlético, Gilberto Silva diz que o fim da carreira está perto, mas não definiu data. Página 16
O excesso de veículos nas ruas reflete no aumento de carros apreendidos e abandonados no pátio do Detran-MG, que chegam a 80 por dia. Página 8
marco jornal
Ano 41 • Edição 297
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PRECARIEDADE E DESCASO NO METRÔ DE BELO HORIZONTE VICTOR RINALDI
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Câmara Mirim de Vereadores em BH tem caráter pedagógico
O acesso ao sistema metroviário de Belo Horizonte gera preocupações aos usuários, que reclamam das más condições de passarelas e vias próximas. Risco de assaltos, presença de usuários de drogas e falta de estrutura dos locais, que contêm esgoto a céu aberto e passeios depredados, são alguns dos problemas.
RAQUEL DUTRA
Página 7
Projeto vigente desde 2008 na Câmara Municipal de Belo Horizonte, iniciativa tornou-se referência para outras experiências em Minas Gerais e em outros estados no Brasil. A proposta visa a formação de cidadãos mais conscientes e atuantes em suas escolas e comunidades. Os 41 vereadores mirins, com mandato de um ano, reúnem-se mensalmente no plenário para discutir ideias, aprender leis e fazer propostas sobre temas relavantes para a sociedade. Página 15
Famílias ficam obrigadas a esperar por vagas em Umeis Mesmo com grande número de unidades, a demanda por vagas na Região Nordeste é grande e famílias anseiam por novas instalações. Crianças entre zero e cinco anos preenchem listas de espera. No bairro São Gabriel, as duas unidades estão lotadas e a comunidade espera por novas. A Secretaria Municipal de Educação afirma que estão sendo realizados novos projetos, que são previstos para serem entregues até 2016. Página 6 nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãone RAQUEL DUTRA
Helicópteros perturbam moradores
Barulho contínuo gerado por helicópeteros utilizados por escolas de aprendizagem do Aeroporto Carlos Prates, na Região Noroeste, é motivo de reclamação nas comunidades do entorno. Página 3
Esporte ajuda deficientes físicos a superar desafios Enfrentar obstáculos e vencê-los faz parte do cotidiano de um grupo de pessoas, moradores de Belo Horizonte, que possui algum tipo de deficiência física ou mental. Elas descobriram no esporte mais do que uma oportunidade de inclusão, uma forma de superar desafios sempre com muita determinação. São atletas de modalidades diferentes e que conseguem resultados expressivos. Página 14
2 Comunidade
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Maio • 2013
EDITORIAL
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Para a vida ficar mais feliz, basta querer n LETICIA CARVALHO
ASSOCIAÇÕES DE BAIRRO LUTAM POR MELHORIAS Entidades dão voz aos moradores e criam um canal entre a comunidade e o município para ajudar a resolver problemas
5º PERÍODO
EXPEDIENTE
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RAQUEL GONTIJO
Todos nós, em algum momento da vida, reclamamos e não damos valor ao que temos e somos. Muitas vezes, precisamos nos deparar com o sofrimento alheio e ver que a vida é boa demais para colocarmos empecilhos para sermos felizes. Quando vemos histórias como a de Davi, José, Michelli e Rosana, portadores de deficiência física que se aliaram ao esporte para romper as tristes barreiras do preconceito, percebemos que dá para minimizar as coisas ruins da vida e transformá-las em vitórias ou motivos de felicidade. Todos os dias, ao nosso redor, presenciamos pessoas mau humoradas por pouca coisa, que só pensam em dinheiro e no próprio umbigo. Ações nobres são cada vez mais raras, mas ainda existem. A prova disso está na determinação da inglesa Juddy Robbe, que auxilia e orienta, solidariamente, aqueles que convivem e cuidam de pessoas com distúrbio de memória. São atitudes como a de Juddy que nos fazem ter esperança para superar as barreiras e problemas que a vida nos impõe. Por falar em problemas, o MARCO, sempre preocupado em abordar assuntos de interesse das comunidades, publica, nesta edição, matéria sobre os belorizontinos que passam por transtornos no sistema metroviário da cidade. Fica claro, o exemplo para aqueles, que assim como o técnico em meio ambiente Bruno Luiz Carneiro, se sentem inseguros e insatisfeitos com a falta de infraestrutura aos acessos das estações na capital e Região Metropolitana . Inúmeros são os problemas que circundam as estações, e, mesmo assim, as melhorias andam a passos lentos. São moradores das comunidades que poluem e não exercem seu papel de cidadão e obras referentes às regiões que são adiadas todos os dias. E assim o tempo passa, as soluções dos problemas ficam para depois e os usuários e moradores continuam a vida, mesmo que insatisfeitos. Apesar de presenciarmos, em muitas situações, o descuido da população com a cidade, as associações de bairro, junto com seus moradores, se reúnem para resolver os problemas existentes no local. As entidades, que fazem intermediações entre bairro e prefeitura, ajudam, nesse sentido, a propor melhorias para as comunidades. Por isso, depois de todas essas palavras, voltamos a falar de esperança. É ela que conduz a vida de todos nós, a vida de Davi, José, Michelli e Rosana, que, por mais percalços que eles tiveram durante a vida, nunca desistiram de seguir em frente.
Iracy Firmino da Silva, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Coração Eucarístico, busca melhorias para o bairro n SÉRGIO EDUARDO MARQUES 2º PERÍODO
Em todo Brasil, ao longo do processo de urbanização, moradores se uniram em busca de soluções para os problemas e melhorias para suas respectivas comunidades, criando as chamadas Associações de Moradores. Segundo a Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), as entidades comunitárias são um fio condutor entre os moradores e órgãos públicos. "As associações devem procurar melhorias para a qualidade de vida de seus associados em geral, defendendo-os, organizando-os e desenvolvendo trabalho social junto aos idosos, jovens e crianças, distribuindo aos mesmos, gratuitamente, benefícios alcançados junto aos órgãos municipais, estaduais, federais e na Iniciativa Privada", afirma o estatuto da Confederação, elaborado em 1982. Vários bairros de Belo Horizonte possuem uma associação de moradores que luta há anos por melhorias em sua comunidade. De acordo com Iracy Firmino da Silva, presidente da Associação de Mora-
dores e Amigos do Bairro Coração Eucarístico, a entidade surgiu no período em que uma série de problemas rondava o bairro. "Tínhamos problemas de condução, infraestrutura, saneamento básico, entre outros. A população, à época, comparecia em massa para discutir sobre o que fazer, então criamos essa associação para tentar resolver esses problemas", conta. A associação estuda os problemas da comunidade e encaminha pedidos para a Prefeitura, como a poda de árvores e melhorias na sinalização da Avenida da Ressaca, uma das mais movimentadas do bairro. Como grande parte dessas entidades ela procura resolver os problemas que afetam, de maneira geral, a maioria dos moradores do bairro, porém, isso nem sempre é possível. "Atualmente, nós encaminhamos alguns problemas para os órgãos públicos, através de ofícios, mas dificilmente somos atendidos", avalia. Outra Associação de moradores que se destaca na região é a Amabadoc, do Bairro Dom Cabral, que elegeu, no dia 24 de março, seus novos representantes para o biênio 2013-2015. A única chapa – formada por
presidente, vice-presidente, dois secretários, dois tesoureiros, uma diretora cultural e um diretor de esportes – assume o posto com grandes desafios pela frente. Para Maurício Antônio de Sales, presidente da associação, um dos principais problemas enfrentados pela comunidade e uma das maiores preocupações da entidade é a quadra de esportes, que se encontra deteriorada. "Em novembro do ano passado repassamos um orçamento para a Prefeitura para a reforma das quadras e dos vestiários, com fotos mostrando a situação de cada caso, mas até hoje não tivemos resposta", declara. Morador antigo do bairro, Castelo Wartenberg Fernandes Ursine avalia como indispensável as ações da Amabadoc, porém, concorda que o bairro ainda precisa de melhorias. "A praça e a quadra de esportes se encontram em estado de calamidade, minha mãe e minha filha já se acidentaram aqui", relembra o funcionário público. Seguindo essa mesma linha de instituições representativas de bairro, a Associação Comunitária do Planalto e Adjacências (ACPAD) batalha por uma
causa nobre na Região Norte de Belo Horizonte: a preservação da Mata do Planalto, última área verde remanescente da Mata Atlântica. Os moradores lutam contra o desmatamento do local para a construção civil. Segundo Magali Ferraz Trindade, presidente da entidade, a Mata do Planalto é de extrema importância para a região, contribuindo com o ar puro, a contenção de chuva e por abrigar diversas espécies de animais e vegetais com risco de extinção. O Ministério Público, por meio de Luciano Dadini, já encaminhou ao prefeito e ao Coman duas recomendações para a não construção do empreendimento na área verde e a população segue firme na proteção do local. "Essa causa aproximou a associação dos moradores e os uniu ainda mais. Nós já realizamos diversas ações para arrecadar dinheiro e investir em panfletos, protestando contra o desmatamento da mata", conta Magali Trindade.
Falta de compromisso da população é apontada como problema para entidades
jornal marco Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: jornalmarco@pucminas.br Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920 Sucursal Puc Minas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286 Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Prof ª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Prof. Ércio do Carmo Sena Cardoso Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Francisco Braga Coordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Prof ª. Alessandra Girardi Coordenador do Curso de Jornalismo (São Gabriel): Prof. Jair Rangel Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditores: Profª. Júnia Miranda e Prof. João Carlos Firpe Penna Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Monitores de Jornalismo: Ana Júlia Goulart, Carolina Sanches, Gabrielle Assis, Ígor Passarini, Joana Aragão, Letícia Carvalho, Victor Rinaldi Monitora de Fotografia: Raquel Dutra, Raquel Gontijo Monitor de Diagramação: Thiago Antunes Monitora de Revisão: Priscila Evangelista CTP e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares
Membros das associações de moradores reclamam da falta de compromisso da população com a comunidade. Um dos problemas enfrentados pelos integrantes das diferentes associações de moradores de Belo Horizonte é a falta de participação da comunidade nas decisões. Grande parte da população se mostra indiferente aos problemas de sua região, o que dificulta o trabalho das entidades.
Armando José Caldas Sandinha, vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Dom Cabral (Amabadoc), conta que são lançados editais convocando os moradores para as reuniões, mas ninguém comparece. "Na última eleição, distribuímos um comunicado explicando como seria a eleição e o que era necessário para a votação, mas mesmo assim, o índice da participação foi muito peque-
no. Além disso, realizamos reuniões toda primeira terça-feira do mês, às 20h, na sede da associação, mas quase ninguém participa", comenta. Mesmo não participando efetivamente das ações realizadas pela Associação, Maria Gorete Galindo de Souza, moradora e frequentadora da academia a céu aberto do Bairro Dom Cabral, reconhece a importância da instituição para o bairro e
revela que pretende participar das reuniões para ajudar a resolver os problemas do bairro. "Conheço a associação, mas não frequento. Sei que ela está ligada na questão de melhorar a vida da comunidade, em todos os sentidos. Com certeza ela tem uma enorme importância para a comunidade e eu até me sinto em falta, como cidadã, por não participar mais efetivamente das reuniões", pondera.
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HELICÓPTEROS VIRAM INCÔMODO Barulho causado por aeronaves afeta moradores da região próxima ao Aeroporto Carlos Prates, prejudica aulas na escola Prof. Moraes e atrapalha usuários do Hospital Alberto Cavalcanti RAQUEL DUTRA
n ÍGOR PASSARINI 5º PERÍODO
O contínuo barulho provocado por helicópteros vem sendo motivo de incômodo para a comunidade residente próxima ao Aeroporto Carlos Prates, local onde se encontram algumas escolas de formação de pilotos. Rosângela Stenner Bansemer, 51 anos, e que há 38 anos mora no Bairro Dom Cabral, revela que a situação piorou desde as férias de janeiro. "Acho um desrespeito. O barulho em si já é chato, alto, e eles ainda passam de cinco em cinco minutos", relata. No entorno do aeroporto estão localizadas uma escola e um hospital. Justamente onde os ruídos deveriam ser menores é que eles têm maior impacto. Isac Ferreira, 15 anos, aluno da Escola Estadual Professor Moraes diz que o barulho é um problema. "Atrapalha quando estou fazendo a prova, não consigo me concentrar. Até coisa boba não dá para prestar atenção", afirma. Willian Santos, 17, também é aluno da Escola Estadual Professor Moraes e diz que o barulho traz transtornos. "Atrapalha a explicação do professor e a concentração. E não só na
escola, como na comunidade. Às vezes quando estou vendo TV não dá para escutar", expõe. O Hospital Alberto Cavalcanti é mais um lugar de onde vem reclamações. A auxiliar administrativa Maria do Rosário Silva, 48 anos, diz que o barulho é ensurdecedor. "Incomoda muito. Tem setor no hospital que trabalha com abafador de ouvido", aponta. Há 43 anos Celina Vitalino de Melo Santiago, 64, mora a um quarteirão do Aeroporto. Segundo ela, o barulho começa de manhã cedo e vai até às 18 horas. "Tem hora que é tranquilo, tem hora que é um inferno. Isso mata qualquer um. Os helicópteros passam muito baixos e os pequenininhos são os mais barulhentos", descreve. Quanto aos helicópteros da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, Celina diz que, além dos voos serem bem menos frequentes, esse é um "mal necessário". De acordo com a assessoria de uma das empresas que presta serviço de formação de pilotos no Aeroporto Carlos Prates, a Minas Helicópteros, um voo, seja ele de treinamento ou de viagem, tem que seguir as áreas que são regulamentadas e controladas pelo Departamento
de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Ainda segundo a assessoria da empresa, são permitidas apenas quatro aeronaves sobrevoando o espaço aéreo ao mesmo tempo. Tal 'cota' vale para todas as empresas do ramo de formação de piloto e nenhuma aeronave pode decolar enquanto não tiver esta disponibilidade. Atualmente a escola possui três helicópteros e tem 20 alunos matriculados, sendo realizados, em média, seis voos por dia. O instrutor de voo Abrahao Leite Júnior, 36, explica que o regulamento do tráfego aéreo estipula que o helicóptero voe no mínimo a 500 pés (aproximadamente 150 metros) num circuito de tráfego. "O Aeroporto Carlos Prates está localizado a 3.044 pés no nível de solo, então teoricamente a gente teria que fazer o circuito a 3.544 pés, mas justamente para diminuir o ruído para a vizinhança que estamos fazendo o circuito a 3800 pés", explica. Abrahao conta que os voos começam a partir de 7h e vão até pouco depois das 17h, com exceção das aulas noturnas que acontecem sobrevoando toda a cidade. "A operação diz que é do nascer do sol até o por do sol, porém, por causa da vizinhança e do
Celina Vitalino de Melo Santiago é uma das moradoras que sofre com o barulho no entorno do aeroporto barulho, nunca decolamos antes de 7h", pondera. A Secretaria de Administração Regional Municipal Noroeste informou, por meio da Gerência Regional de Fiscalização Integrada 04, que foi realizada vistoria em 25 de janeiro deste ano em atendimento ao SAC 166719960. No momento da fiscalização havia ocorrência de voos de helicópteros sobre a região, foram realizadas medições destes ruídos do passeio próximo à residência do reclamante, conforme determina a legislação. Os valores obtidos
não ultrapassaram os limites legais. Houve nova demanda no sistema SACWEB nº 172011108 sendo realizada vistoria em 14 de abril último, mas durante a permanência de 50 minutos no local, foram obtidos apenas 10 valores, o que impossibilitou a avaliação do ruído da fonte. A Secretaria de Administração Regional Municipal Noroeste informou ainda que foi realizada vistoria no Aeroporto Carlos Prates para a verificação do Alvará das escolas de pilotagem. “Fomos informados pela direção
do aeroporto que existem atualmente quatro empresas em funcionamento no local, mas conforme informação prestada pela direção do aeroporto apenas uma trabalharia com helicópteros”, informa a nota da Secretaria. O órgão acrescenta que serão realizadas vistorias nas quatro empresas para verificação da situação do Alvará de Localização e Funcio-namento de cada uma delas. As ações fiscais baseiam-se nas questões de poluição sonora e licenciamento das atividades (Alvará).
RAQUEL DUTRA
Manutenção em aeronaves funciona de maneira preventiva
Helicópteros são utilizados durante as aulas de formação de pilotos no Aeroporto Carlos Prates e, segundo moradores, causam transtornos
Formação de novos pilotos e instrutores Abrahao Leite Júnior, 36 anos, é instrutor há quase três anos. Antes de se dedicar aos voos era chefe da assistência técnica de uma fábrica de barco no Rio de Janeiro. "Eu sempre quis voar, voava em ultraleve fora daqui e no Rio. E como sempre gostei de helicóptero, falei 'pô, agora é a hora de fazer algo que eu gosto'", revela. O instrutor também esclarece que todo o procedimento de voo é muito seguro. "Todo comando que o aluno tem do lado direito o instrutor tem do lado
esquerdo. Então qualquer coisa que o aluno faça de errado imediatamente o instrutor vai perceber, ele nunca vai deixar chegar no limite X que ele não consiga recuperar", afirma. Frederico Souza é aluno do Minas Helicóptero e conta que essa experiência é um sonho realizado. "Sempre gostei de aviação e há um ano e meio surgiu a oportunidade financeira, porque é um curso caro, de começar as aulas", explica. Frederico diz que é tudo muito seguro e que os instrutores são muito
capacitados e que é preciso se empenhar. "Tem que ter dedicação, não é só por dinheiro não. Nem é fácil chegar e ganhar bem. Tem que estudar e dedicar mesmo. São dez matérias teóricas, fora as provas", ressalta. O aluno, que atualmente trabalha na empresa de lavanderia da família, tem planos para o futuro. "Minha intenção é ser instrutor e futuramente trabalhar em uma plataforma de petróleo", conclui. Para que uma pessoa se forme piloto de helicóptero são exigidas 102 horas de voo. São
35 horas para piloto privado, mais uma hora de check, 65 horas de voo e mais uma hora de check para piloto comercial. O piloto privado só pode voar para ele próprio, caso queira prestar serviço para alguma empresa tem que ser piloto comercial. Abraão diz que para se tornar instrutor é necessário que além da carga horária mínima, o piloto faça mais algumas horas de voo e tenha a aprovação de um coordenador da escola. "Só assim estará apto para ensinar alguém", conclui.
Assim como outros veículos terrestres, toda aeronave precisa estar com a manutenção em dia. Wandermon Alves Teodoro, 43 anos, é inspetor de manutenção da empresa de pilotagem Efai, que é especializada em manutenção de aeronaves, helicópteros particulares e táxi aéreo. Segundo ele toda aeronave tem seu programa de manutenção vinculado que é em função das horas voadas. "Quando o helicóptero chega à oficina, o comandante passa as horas e em função dessas horas a gente tem um programa a ser feito. É uma manutenção preventiva para não ocorrer problemas", explica. Wandermon conta que as manutenções são feitas para caso, durante a inspeção, se identifique alguma coisa que esteja danificando a aeronave e seja aplicada a ação corretiva. "Hoje nós trabalhamos dessa forma, com esses determinados clientes e com nossos clientes internos da própria empresa", observa. Outra questão que ele esclarece é sobre o barulho. "É um tipo de ruído padrão, do tipo de motor, rotores (rotor principal e da cauda), isso aí já é um barulho padrão de deter-
minado helicóptero. Não é em função da manutenção que você dá que o ruído vai aumentar ou diminuir", aponta. Na empresa são realizadas em média três manutenções por dia. "Oscila, depende da quantidade de voo que o cliente vai fazer. O intervalo para manutenção também varia de acordo com o tipo de helicóptero. Existe helicóptero que o intervalo é 25 horas, outros 150, e isso varia a média de horas determinadas para cada inspeção", explica Wandermon. Em relação ao porte dos helicópteros, o inspetor conta que os pequenos fazem mais barulho que os grandes devido ao tipo de motor. "Eles têm um motor normal a gasolina, já os grandes têm motores a reação, que é uma outra categoria de motor movida a querosene", relata. De acordo com ele, é uma questão de projeto, pois os maiores, por serem a reação, são de uma categoria de helicópteros mais evoluídos e os rotores deles amenizam um pouco o ruído.
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DENGUE ASSUSTA MORADORES NO BAIRRO SÃO GABRIEL Pessoas que residem na região reclamam da falta de providênciasa da Prefeitura para combater a doença. ULISSES ANTUNES
Lote ao lado da UMEI que, segundo moradores ouvidos pelo MARCO, já foi foco do mosquito transmissor da dengue
n ULISSES ANTUNES LUDMILA LORRANE 3º PERÍODO
Moradores do Bairro São Gabriel, na Região Nordeste de Belo Horizonte, estão assustados com o grande número de casos de dengue. O posto de saúde do bairro tem longas filas de espera para atendimento, formadas em sua maioria por pessoas com suspeita de terem contraído a doença. Além disso, as escolas estão com professores licenciados e alunos sem frequentar as aulas. A coordenadora da Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei), Lindaura Dourado, 45 anos, disse que tem professores e alunos afastados por causa da dengue. "O foco aqui na região está grande, tivemos aqui na escola oito professores afastados e pelo menos dois alunos por turma", contou. Segundo ela, ao lado da UMEI há um lote vago que estava completamente descuidado e que após três meses de reclamações foi finalmente limpo pela Prefeitura. "Eu liguei diversas vezes e pedia para os pais dos alunos ligarem para reforçarem o pedido, fizemos isso durante três meses até que resolveram vir e limpar o lote", revela. A professora Kátia de Medeiros entrou recentemente na escola para substituir uma outra educadora que estava com dengue e semanas
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depois descobriu que também estava com a doença. "Eu entrei aqui para substituir uma professora que estava com dengue e dias depois também estava", diz. Segundo ela, a Prefeitura não está agindo coerentemente com o povo, faltando mais fiscalização, conscientização. A professora acredita que as campanhas deveriam ser seguidas como são retratadas na mídia. Morador do bairro, Paulo Rodrigues, 78, conta que está com suspeita de dengue. Ele foi ao posto de saúde local e comprovou que suas plaquetas estavam baixas, o que se estabilizou depois de alguns dias. Rodrigues revela que achou um absurdo as condições do lugar. O morador classifica o local como desleixado e considera ser propício para a reprodução do mosquito. "Fui ao posto de saúde e lá está muito mal cuidado, existem valas e muito mato dentro. Lá, com certeza, é um lugar adequado para o mosquito se reproduzir. A prefeitura deveria fiscalizar melhor", afirma. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, em abril foram registrados de 45 a 55 casos de dengue no Bairro São Gabriel. O órgão garante que a situação já está sendo controlada e que todas as reclamações de moradores são avaliadas. Se for confirmado são adotadas as devidas providências.
São Gabriel recebe obras de drenagem pluvial LUCIANO CRUZ
n EMANUEL GONÇALVES LEONARDO APOLINÁRIO LUCIANO CRUZ 3º PERÍODO
Depois de anos esperando e enfrentando dificuldades na época das chuvas, os moradores do Bairro São Gabriel, Região Nordeste da capital, finalmente estão vendo acontecer as obras de construção da rede de drenagem pluvial na Avenida Esplanada e nas ruas Anapurus e Walter Ianni. Conquistadas no Orçamento Participativo 2009/2010, as obras tiveram início na Avenida Esplanada e a expectativa dos moradores é grande, já que o problema se arrasta há anos. A dona de casa Deuza Alves, 47 anos, moradora da avenida há 32, diz que o problema existe desde a época da construção do Metrô. "Quando chove bastante meu quintal sempre enche de água, passo muito aperto", afirma. Segundo ela, durante o
Obra provoca desvios no trânsito e muda itinerário de algumas ruas no Bairro São Gabriel período de chuvas a água entra no quintal de várias casas e as obras chegaram em boa hora. "Após as obras do Metrô é que a água passou a entrar no meu quintal, mas acho que essa obra vai ajudar bem", acredita. Elen Arthur, 31, nutricionista e proprietária de uma loja na Rua Anapurus há oito meses, também já enfrentou problemas na época
de chuvas. "Como a calçada (da loja) é mais recuada, a água não entra, mas quando estaciono o carro, por exemplo, fica inviável entrar nele", aponta. Elen é mais cautelosa ao falar do que espera com as obras e prefere esperar o resultado. "No Brasil é muito comum vermos um projeto que atende bem no presente, mas que não se adequa ao futuro. Então,
Comércio de uma porta só n ANA JÚLIA GOULART 5º PERÍODO
Apesar de ser um bairro da capital, o São Gabriel ainda apresenta alguns aspectos característicos de cidades do interior. Caminhando pela Rua Anapurus, uma das principais do bairro, é possível identificar que na região existem algumas empresas que se estabelecem em pequenos locais. Os chamados ‘comércios de uma porta’ representam empresas que não crescem por vários motivos. Por um lado, falta mão de obra e por outro, o próprio dono não tem interesse na expansão. Dona Meire, como é conhecida, faz parte desse nicho de empresários e tem muito orgulho do seu negócio. Ela trabalha como costureira no bairro há mais de 10 anos, mas o seu comércio existe há menos tempo. "Eu trabalhava em casa mesmo, mas aí a demanda foi crescendo. Eu resolvi abrir aqui para ficar mais orga-
nizado e para ganhar mais visibilidade", conta a costureira. Porém, a demanda cresceu além do esperado, e ela não sabe mais como atender a todos os fregueses. "Trabalho só com mais uma ajudante. A loja foi uma forma que arrumei de não ficar à toa em casa. Mas agora tenho trabalho demais, e chego a recusar serviço", explica a pequena comerciante.Segundo ela, "ninguém mais sabe costurar", e isso acabou valorizando muito sua profissão. Os comércios mais recentes também apostam no crescimento da região. Instalada em uma pequena loja, a HGA Agência de Comunicação visual já apresenta bons rendimentos para o ano de abertura. Quem conta o sucesso do negócio é a designer Lizandra Rangel, 20 anos. Ela trabalha na empresa desde a sua abertura e garante que a demanda está crescendo cada vez mais. "Estamos em fase total de crescimento. A nova rodoviária e outras obras tem trazido bons frutos para a região que é muito boa para o comércio", explica.
vamos ver se não vai ser mais uma obra que futuramente vai ter que ser refeita", observa. Jean Carlos, 45, cabelereiro, morador da Avenida Esplanada há 28 anos, diz que a situação é muito complicada também para os pedestres em dias de chuva e espera que as obras resolvam o problema. "Lá na Rua Anapurus, desce muita enxurrada. Então, quando você chega de ônibus, por exemplo, não dá para atravessar, pois tem muita água", explica. Luciano Batista Souza, 37 anos, os últimos quatro trabalhando como comerciante na Rua Anapurus, confirma que a situação não é fácil na época de chuvas e que a obra devia ter sido feita há anos. "É muito ruim. Chove e a água invade a calçada, chegando até a entrar na loja, às vezes. Nunca tive prejuízo porque só molha o piso, mas tem a sujeira e o lixo que a chuva traz e que temos que limpar depois", conta. De acordo com Júlio César
MARA MARQUES
Pequenas lojas são comuns na Rua Anapurus Por sua vez, a empresária Helen Arthur confirma as boas expectativas dos empreendedores da região, porém ela avalia que ainda falta estrutura básica no bairro. "A região é promissora, mas faltam algumas coisas, como um banco por exemplo. Em locais com muitos comércios esse tipo de suporte faz muita
Nogueira, assessor de imprensa da Regional Nordeste da Prefeitura de Belo Horizonte, as obras de drenagem e complementação de pavimentação, em andamento no Bairro São Gabriel, tem um orçamento de R$ 3.269.000,00 e estão previstas para terminar em novembro deste ano. O trânsito na região também está sofrendo alterações, em função das obras. Segundo a Assessoria de Comunicação da BHTrans, as obras da rede de drenagem foram iniciadas na Avenida Esplanada, entre as ruas Paço do Lumiar e Anapurus, e os desvios estão sendo feitos, nos dois sentidos, pelo seguinte itinerário: Avenida Esplanada, Rua Paço do Lumiar, Rua Gen. Astolfo Ferreira e Rua Anapurus. Ainda de acordo com a BHTrans, as obras previstas para as ruas Walter Ianni e Anapurus ainda não tem previsão para início.
falta", afirma a dona da loja Valentina aberta há nove meses. Alguns comerciantes da área preferiram não se identificar também, mas levantaram duas outras questões que atrapalham ‘os comércios de uma porta só’, como falta de mão de obra e a infraestrutura ruim do bairro. "Quero crescer, mas não tem no bairro um imóvel maior com boa localização para eu alugar", reclama um pequeno empresário do ramo de conserto de sapatos. Outro entrevistado reforça o que Dona Meire já havia revelado. "Sou sapateiro e, na minha área tem pouquíssimos profissionais. Isso valorizou tanto o meu trabalho que não consigo mais atender. Quando vou buscar mão de obra ninguém sabe fazer e nem quer aprender a profissão", explica o empreendedor. O Brasil tem 6 milhões de micro e pequenas empresas, ou seja, 99% do total das empresas formais do país. Juntas elas geram aproximadamente 15 milhões de empregos formais. Os dados são do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e se referem à pesquisa do final de 2012.
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PROBLEMAS NA NOVA RODOVIÁRIA As obras da nova rodoviária prejudicam moradores e pessoas que passam pelo local. Mudanças no trânsito e interdições nas proximidades da nova implantação geram grandes problemas MARA MARQUES
n ANA JÚLIA GOULART 5º PERÍODO
Chegar à PUC São Gabriel nas últimas semanas tem sido tarefa mais complicada que o usual. O motivo são as obras de implantação da nova rodoviária que começaram com várias mudanças de trânsito e interdições. A rotatória que liga a Avenida Cristiano Machado ao Bairro ficou completamente congestionada, depois da interrupção do tráfego em um trecho de continuação da avenida. Toda a região sentiu o reflexo das obras, que levaram também ao estreitamento de parte das pistas em alguns locais. Segundo Gilberto Silva, 53 anos, motorista de van há quase dez, a interdição foi desnecessária e muito prejudicial ao fluxo de veículos. "Precisamos passar por aqui quase quatro vezes ao dia e o fechamento de um pequeno trecho piorou muito o trânsito", explica. Ainda segundo ele, não houve qualquer comuni-
cação prévia ou sinalização no local. "Passamos um dia, e vimos alguns cones e máquinas. Na manhã seguinte, interditaram o trecho por onde circulam os ônibus. Depois, estreitaram também a pista de ligação ao São Gabriel. Isso sem nenhuma faixa, comunicado ou aviso prévio. Aí fica ainda mais complicado", desabafa o motorista. Para quem passa de ônibus por ali, a situação também ficou muito ruim. A praça que servia como ponto de parada, quase em frente à Estação São Gabriel, foi totalmente destruída. E o trecho por onde os ônibus passavam também foi interditado. Assim, o ponto foi deslocado para outro local, bem fora de mão para quem transita no sentido da Estação São Gabriel. "Agora tenho que andar mais e ainda passar no meio dos carros para conseguir atravessar e chegar na Estação", conta a estudante Josiane Moura, 23. Mas isso não foi o pior para os que utilizam o transporte
público e passam pela região. Segundo a moradora Maria da Conceição Vieira, a falta de comunicação agravou o problema. "A gente fica sem saber. Porque, depois que você está no lugar, eles trocam a rota. Aí você não sabe se vai conseguir descer no ponto certo ou se só vai parar no próximo", diz Conceição. Segundo informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Obras e Infraestrutura da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a obra visa a implantação de novo concreto no local e preparação para instalar pavimentos do Sistema BRT (sigla em inglês que designa transporte rápido de ônibus). Quanto às intervenções no trânsito local, a BHTrans confirmou o fechamento de uma das vias, porém informou que todo o cuidado foi tomado para que a interdição não atrapalhasse o trânsito. "Para a execução de uma obra viária, a empresa faz todo o planejamento operacional para aumentar a segurança
Entulhos e interdição de parte da rua alteram o trânsito local e minimizar os impactos para os motoristas e pedestres. Para isso, são implantados desvios e sinalizações sobre as vias alternativas aos motoristas. Há, também, a presença de agentes de trânsito para ori-
entar e monitorar o tráfego no início das alterações", explica Gabriela Fiuza, assessora de comunicação da empresa. Ainda segundo ela, "no caso do fechamento da pista interna da rotatória da
Estação São Gabriel, como se trata de deslocamento de circulação da pista interna para a pista externa, sem necessidades de desvio, foi implantada sinalização de obra com cones e cavaletes".
Falta linha de ônibus no bairro Dom Silvério n ALVÁRO CÉSAR 2º PERÍODO
Quem mora no Bairro Dom Silvério e depende do transporte público para locomoção sabe o que é passar por maus bocados. Única linha que atende a região, a 810, que faz o percurso Estação São Gabriel / Parque Belmonte via Dom Silvério, só circula até a estação de metrô, fazendo com que os moradores do bairro tenham que pegar pelo menos dois ônibus ou complementar o percurso com o metrô se quiserem ir ao centro e a outras regiões da cidade. Os moradores, insatisfeitos, pedem um serviço mais eficiente.
Maria Valdecir, dona de casa, relata sua insatisfação com o fato. "Se precisamos ir ao centro da cidade, temos que pegar mais ônibus. Para nós seria muito mais cômodo se houvesse uma linha que fosse direto, sem contar o tempo que nós pouparíamos". O ônibus da linha ainda circula por dentro de alguns bairros, como o São Gabriel, antes de seguir rumo a estação de metrô, o que agrava ainda mais os problemas, com o excesso de passageiros e atrasos constantes, sobretudo no horário de pico pela manhã. Segundo Fabrícia Lorena, 17 anos, office- girl, que utiliza a linha como
opção para ir até a estação São Gabriel "O horário é muito irregular; todos os dias o ônibus atrasa e vem sempre abarrotado. O ideal seria se eles aumentassem o número de veículos por volta das 06h50 quando a maioria das pessoas sai pro trabalho", pondera. A situação é mesmo grave, como descreve Pamela Kizzi, 21 anos, estudante de direito, moradora do Bairro São Gabriel que utiliza a linha diariamente rumo à estação de metrô. "Falta de respeito é pouco; é desumano o que eles fazem conosco, só porque precisamos de transporte público não significa que podemos ser tratados de qualquer maneira, e o pior
é que ninguém faz nada para mudar isso. Nós temos que nos sujeitar a esse tipo de tratamento e ver o valor da passagem sendo reajustado anualmente como se tudo estivesse uma maravilha. É um absurdo! Eu já cansei de ver pessoas até discutirem e quase se agredirem dentro do ônibus de tão insuportável que o ambiente estava. Pelo amor de Deus, né? Logo cedo, aguentar isso é brincadeira", desabafa Pamela. Em resposta enviada por e-mail, a BHTrans, informa que a linha opera dentro dos critérios de ocupação estabelecidos, mas que a empresa irá intensificar a fiscalização de nível de conforto na
linha, e caso sejam flagradas irregularidades, o Consórcio responsável pela operação da linha será autuado. A BHTrans afirma que, em função da implantação do BRT na estação, os serviços de transportes da região irão passar por uma reestruturação, na qual todas as linhas da região deverão ser integradas ao novo sistema. A BHTrans ressaltou a importância de a população registrar as reclamações e sugestões na Central de Atendimento Telefônico da Prefeitura, no telefone 156, ou por meio do portal www.bhtrans.pbh.gov.br. O usuário deve ter em mãos, para reclamar, as indicações da linha, do dia
e os horários que apresentam a necessidade de adequação para melhor direcionamento da fiscalização e agilidade na implantação das medidas necessárias. Ainda de acordo com a empresa, na medida em que são flagradas irregularidades, como atrasos de viagens e descumprimento de parada, o Consórcio responsável pela linha poderá ser autuado. É importante lembrar que mesmo sendo autuado, o consórcio deve realizar os ajustes necessários para atender as especificações do Regulamento do Serviço. Mesmo indagada, a empresa não se pronunciou sobre a extensão da linha até o centro da cidade.
Moradores pedem instalação de quebra-molas MARA MARQUES
n ANA JÚLIA GOULART 5º PERÍODO
Os moradores da Rua Nossa Senhora de Lourdes, no Bairro São Gabriel, estão enfrentando um grave problema e cobram uma ação da Prefeitura, no sentido de, pelo menos, instalar um quebra-molas no local. Segundo eles, a correria dos motoristas que passam pela rua está tirando a paz de quem vive por ali. A rua, que fica logo abaixo da pracinha do Bairro, é sempre muito movimentada e conta com comércio, igreja e até uma creche. José Medeiros, 53 anos, é pastor da igreja que funciona na rua e confirma o fato. "Os carros passam aqui correndo demais e como o movimento da rua
é intenso, ficamos preocupados, pois pode acontecer algum acidente grave", reforça Medeiros. Ainda segundo ele, já houve uma mudança na rua por causa desse problema. "Aqui era mão dupla, mas por causa da correria e do intenso movimento, eles passaram para mão única. Mas como não resolveu o problema, a rua precisa de outra intervenção", justifica o pastor. A igreja conta com uma creche que atende aproximadamente 20 crianças. Esse é outro fator, segundo Medeiros, que justifica a tomada de uma atitude urgente. "No horário de entrada e saída das crianças, ficamos ainda mais preocupados", desabafa. Marly Penha mora há 43 anos na rua e também se diz preocupada com a situ-
Rua Nossa Senhora de Lourdes, no Bairro São Gabriel, onde moradores encontram problemas ação. "Os carros correm demais e o dia todo. Toda hora a gente escuta freadas bruscas e já corre para a porta esperando o pior", conta a cabeleireira. Ainda segundo Marly, a preocupação maior é com as crianças na rua. "Aqui moram muitas crianças e elas têm o costume de brincar na rua.
E tem a meninada da creche também. Estou sempre preocupada com elas", explica. Ronan Augusto do Amaral, outro morador da rua, conta o que vê todos os dias. "Os carros saem da rua Codajas e entram aqui direto. E como eles só tem visão depois que entram, fica ainda mais perigoso atra-
vessar a rua, por causa da velocidade", reclama o morador. Ele também se mostra apreensivo com as crianças. "Tem várias crianças na rua. Não podemos esperar acontecer um acidente para tomar uma atitude", explica. Um bar bem no começo da rua também aumenta o movimento de
pedestres e o perigo devido à velocidade dos motoristas. No período da noite, o movimento no bar é intenso. E é justamente nesse horário que os motoristas mais correm. Questionados sobre qual seria a melhor solução, todos os entrevistados têm a mesma opinião. Eles acham que a instalação de um quebra-molas resolveria todo o problema. "Os motoristas terão mais cuidado na medida em que o carro poderá ser danificado", explica Marly. "Se fosse instalado um quebra-molas no princípio da rua, os motoristas pelo menos teriam a condição de ver que aqui não há possibilidade de correr por causa do movimento", enfatiza o pastor José Medeiros.
6 Comunidade
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n IZABELLE FRANÇA RAFAELA RODRIGUES DE ANDRADE 1º PERÍODO
Falta de vagas nas UMEIS é um problema para a Região Nordeste de Belo Horizonte. Criadas com o objetivo de introduzir crianças de zero a cinco no sistema educacional, as Unidades Municipais de Educação Infantil falham no que diz respeito às vagas. As listas de espera podem chegar até a quase 400 crianças em alguns dos estabelecimentos. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, as vagas são distribuídas levando-se em conta alguns critérios. São asseguradas, prioritariamente, para crianças com necessidades especiais e sob medida de proteção. Do restante, 70% são preenchidas por famílias em situação de vulnerabilidade social, 10% são sorteadas entre crianças que residem próximas à unidade infantil e 20% são destinadas a todos os não contemplados pelos critérios anteriores. Atualmente existem 10 UMEIs em funcionamento na Região Nordeste, além de três Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs), cinco escolas
CRIANÇAS EM FILA DE ESPERA NAS UMEIS Mesmo com grande número de UMEIs na Região Nordeste de Belo Horizonte, a falta de vagas cria lista de espera e comunidade anseia por novas instalações. Há projetos para novas construções, previstas até 2016 municipais com atendimento infantil e 20 instituições privadas comunitárias, conveniadas à Prefeitura. Mesmo com o total de 38 instituições, a demanda por vagas é grande e nem todas as crianças são atendidas. O Bairro São Gabriel, conta com duas dessas unidades de educação infantil: UMEI São Gabriel e UMEI Cavalinho de Pau. Magda Cristina, vice-diretora da UMEI São Gabriel, diz que a demanda por vagas na instituição é maior para as idades de dois a três anos, em que 180 crianças aguardam na lista de espera. Para a faixa etária de até um ano, 30 crianças esperam por vagas, para as de um a dois anos,
159 estão aguardando. Esses números somados totalizam quase 400 crianças sem atendimento. Segundo a vice-diretora, a UMEI tem condições, é bem equipada, o material escolar é cedido pela prefeitura e as verbas disponibilizadas são boas. A Unidade atende crianças em horário integral e não deixa faltar nada para os alunos. A UMEI Cavalinho de Pau atende crianças com idade entre dois e cinco anos e oito meses, recebendo um total de 188 alunos. Vinte e cinco professores, a maioria com formação superior, são responsáveis pela educação. As turmas de dois a três anos e de três a quatro anos são as mais
procuradas. Aline Oliveira, auxiliar de secretaria da UMEI e Ana Amélia, diretora da instituição, afirmam que 105 crianças aguardam por vagas nas turmas de dois a três anos e 117 nas turmas de três a quatro anos. Não há crianças na lista de espera para turmas de quatro a cinco anos e de cinco a seis. A UMEI tem estrutura antiga, necessita de reformas (banheiros, cozinha, e parquinho) e não tem espaço que permita o atendimento ao berçário. Em 2011, foi realizada uma reforma no teto do refeitório e a brinquedoteca foi ampliada, transformando-se numa sala multi-uso. Para amenizar o problema da
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falta de vagas, a Secretaria Municipal de Educação afirma que novos projetos, com capacidade para 440 crianças, estão sendo realizados. Até 2016 devem ser construídas 12 novas unidades de educação infantil na região Nordeste e aquelas que já estão em funcionamento serão reformadas e ampliadas.
SONHO De acordo com a UMEI Cavalinho de Pau, as unidades de Belo Horizonte atendem em horário integral apenas crianças menores de dois anos. A instituição não recebe alunos nessa situação, pois atende crianças de dois a cinco anos e oito meses. Já a UMEI São Gabriel funciona em horário integral. Segundo a vice-diretora, Magda Cristina, as crianças chegam à unidade às 7h e saem às 17h30. A instituição disponibiliza café da manhã, frutas, almoço, lanche da tarde e jantar. Todo apoio é dado às crianças. Em casos de restrições alimentares, como diabetes e intolerância à lactose é feito um cardápio com alimentação especial. MARA MARQUES
Estrutura física da UMEI São Gabriel é considerada boa pela vice-diretora, mas não consegue atender à demanda, o que gera longa fila de espera. Esse problema é comum a outras unidades da Região Nordeste de Belo Horizonte n ALVARO CÉSAR 2º PERÍODO
Grades arrancadas, telhas soltas, equipamentos quebrados e lixo espalhado por todos os lados. Essa é, hoje, a dura realidade da praça localizada à Rua Operário Silva, nº66, ao lado do Colégio Estadual Adalberto Ferraz, o "Casquinha", no Bairro São Gabriel. Os problemas são tantos que a praça, inaugurada em 2006, já passou por vários reparos e agora está interditada para nova reforma. Construída pela empresa Dona Dora Terraplenagem, a praça, que foi criada como forma de proporcionar à comunidade local um ambiente de lazer e descontração, acabou se tornando em pouco tempo um problema para os moradores do entorno. Isso porque depois de entregue pela empresa Dona Dora, a praça que não tem nenhum tipo de segurança ou vigia durante a noite e começou a ser espaço de ação de vândalos que, em pouco tempo, deram ao local um visual horrível de destruição. Não bastasse a depredação por parte dos vândalos ainda há o problema da vegetação alta, dando a aparente ideia de que a praça está abandonada pela Prefeitura. O local tem se tornado ainda reduto de usuários de drogas que, se aproveitando do pouco movimento à noite, fazem ali seu ponto de encontro. Isso sem contar os casais que são vistos mantendo relações sexuais, inclusive à luz do dia. Gislaine Muniz, moradora da
Moradores insatisfeitos com praça abandonada no São Gabriel MARA MARQUES
Depredação, mato sem capina, presença frequente de usuários de drogas e até mesmo sexo ao ar livre são algumas das reclamações Rua Santa Cecília, próxima ao local, fala de sua indignação com relação ao estado da praça hoje. "No começo eu até frequentava a praça com minha filha e meu marido mas, com o passar do tempo, as telhas foram arrancadas, os brinquedos apareciam quebrados e as coisas foram pio-
rando. Como o local é de livre acesso e fica aberto dia e noite, isso dava margem para ações de vandalismo. Também o mato do local cresceu muito e ninguém cuidava, então acabávamos voltando de lá cheios de carrapicho. Além disso, houve um grande período em que a praça
ficou sem luz, por isso durante a noite era comum presenciarmos casais se esfregando e pessoas usando drogas no local, o que acabou nos afastando definitivamente", lamenta ela. Por sua vez, Luzia Bernardes, autônoma moradora próxima ao local, faz um relato ainda mais
alarmante. "Quando ainda tinha brinquedos eu levava as crianças ao local, mas o mato ficou tão alto lá que tinha casais fazendo sexo o dia inteiro – era de manhã, de tarde e de noite – além de gente usando drogas constantemente. Ficou uma coisa terrível. A polícia passava mas nem olhava, por isso eu não fui mais lá. Queria que ela fosse bem cuidada como aquelas praças que vemos no Bairro Palmares, que têm horário para abrir e pra fechar. Mas agora é tarde, acho que eles estão transformando a praça em uma pista para caminhada", diz. Em contato telefônico, Júlio César Nogueira, gerente de Comunicação da Regional Nordeste da Prefeitura de Belo Horizonte informou que a praça foi inaugurada há aproximadamente sete anos em um acordo de compensação ambiental entre a empresa de terraplenagem Dona Dora e a PBH. A partir de então, por meio dessa parceria, é feita manutenção regular no local buscando a preservação do ambiente que sofre constantemente com ações de depredação e vandalismo. Ainda, segundo ele, só a Regional Nordeste gasta em torno de R$ 30 mil por mês com reparos em praças e locais públicos da Regional. Os responsáveis pela empresa Dona Dora Terraplenagem se comprometeram a enviar todas as informações necessárias sobre o caso, mas, até o fechamento dessa edição, não houve nenhuma resposta.
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FALTA ESTRUTURA NO METRÔ DE BH Instalações precárias,difícil acesso, violência urbana e até mesmo descaso por parte dos próprios usuários são problemas enfrentados por aqueles que fazem uso do transporte metroviário belorizontino. Desapropriação de alguns moradores de determinadas áreas de acesso a algumas estações são polêmicas VICTOR RINALDI
n IGOR BATALHA JOSÉ VICTOR FANTONI RAFAEL LEITE 1º PERÍODO
Diariamente, milhares de pessoas utilizam-se do metrô em Belo Horizonte e Contagem, que é uma alternativa mais rápida e barata de transporte. Porém, muitos são os problemas enfrentados por esses usuários no acesso às estações. A edição 296 do MARCO já mostrou os problemas enfrentados pelos passageiros que embarcam na estação Gameleira, como má iluminação da via e presença de ratos na passarela de acesso. Já nas estações da Cidade Industrial, em Contagem, e do São Gabriel, em Belo Horizonte, os problemas são graves. Uma das passarelas da estação Cidade Industrial, no município de Contagem, dá acesso à Vila Itaú, próxima a grandes indústrias da cidade. Com isso, alguns trabalhadores costumam se utilizar desse acesso diariamente, como é o caso do técnico em meio ambiente Bruno Luiz Carneiro, 18 anos. Segundo ele, o medo de passar pela via é sempre muito grande. "Mesmo nunca tendo mexido comigo, eu evito passar aqui com celular na mão, relógio, etc. A gente tem certo receio", conta. A região também sofre com o problema do tráfico de drogas. Segundo moradores da região, a venda e o uso de drogas são frequentes nas proximidades da passarela.
No Bairro São Gabriel, Região Nordeste de Belo Horizonte, também estão sendo feitas desapropriações próximas ao acesso do metrô, mas para a construção da nova rodoviária. Segundo Pedro Veríssimo, assessor de imprensa da Urbel, 205 das 287 famílias já foram removidas da Vila São Gabriel. Porém, várias são as reclamações sobre esta desapropriação. A começar pelo valor da indenização. Quem preferiu receber o dinheiro ao invés do apartamento que está sendo construído no Bairro Belmonte (também na Região Nordeste da capital), onde 144 famílias serão beneficiadas, reclama do baixo valor oferecido pela Prefeitura, como denuncia a estudante Bruna Santana, 24. "Pelo valor oferecido, as pessoas não
Usuário desafia precariedade do caminho na Vila Itaú, próximo à passarela de acesso à Estação Cidade Industrial do Metrô VICTOR RINALDI
Transeuntes se arriscam em uma improvisada passagem de madeira, sem proteção, sobre o Córrego Ferrugem Sidney Cândido, 35, ajudante de cozinha que trabalha na região, diz que o problema é o crack e afirma que o tráfico na vila não agrava o problema de assaltos na região. "O bom que aqui eles não mexem com a gente", comenta.
Mas os problemas da região vão além do medo de assaltos e do tráfico de drogas. Ao descer da passarela, por uma escada bastante íngreme onde ocorreram diversos acidentes, o usuário do metrô se depara com o esgoto correndo a céu
aberto. Um problema em dobro, além do mau cheiro, o risco de doenças. E não só pelo esgoto na saída da passarela. Embaixo da passarela fica o Córrego Ferrugem que, segundo Bruno, é formado apenas por essa descarga de esgoto e lixo.
A situação consegue piorar quando chove no local. O córrego transborda, a água suja invade a casa dos moradores e dificulta o acesso à estação do metrô. A moradora Maria Isabel Merenciano, 48, admite que os moradores
Problemas próximos à Estação do São Gabriel conseguem achar uma nova casa para morarem. Por exemplo, por uma casa que vale R$150 mil, oferecem R$60 mil, assim fica difícil", conta. O assessor de imprensa da Urbel diz que isso ocorre pois em áreas de ocupação irregular, como é o caso da Vila São Gabriel, o valor do terreno não entra no cálculo da indenização. "É considerado apenas o tamanho da área construída e a qualidade dos materiais empregados na construção da benfeitoria, cujos preços são revistos anualmente para
fins de atualização", explica. Ainda acrescenta que os critérios técnicos obedecem padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e que em caso de discordar do valor oferecido, o morador poderá recorrer a uma revisão da planilha, que é pautada por critérios técnicos. Outro problema reclamado pelos moradores são os frequentes assaltos na região. Segundo Bruna, a iluminação precária da região e a falta de policiamento colaboram com o alto
índice de ocorrências no local. "Os maiores alvos de assaltos são os estudantes da PUC do São Gabriel. Tanto que são mais frequentes no horário de saída deles, entre 22h e 22h30", afirma. Ela também diz que o policiamento é precário na região. "Teve até um momento que haviam viaturas a noite devido às reclamações dos alunos da PUC. Vinha uma viatura, e ficava lá de 22h às 22h35. Ficava só 35 minutos. Hoje em dia não sei se ainda há patrulha", diz. O líder comunitário do
Bairro Parque Belmonte, Ricardo de Souza Zeferino, 47, diz que os assaltos pioraram após a desapropriação. "Com as demolições, a região vai ficando cada vez mais isolada. A Prefeitura podia colocar uma passarela com segurança para as pessoas chegarem até a PUC", sugere. Além disso, criminosos se escondem no meio dos escombros e cometem assaltos. Para evitar essas situações, a Urbel informa que tenta agilizar o processo de demolição e limpeza dos terrenos. Mas nem todas as difi-
da comunidade também são os culpados pelas frequentes enchentes do córrego. "Nós que estamos perto do rio, e não o contrário. O erro é nosso", afirma a doméstica. A ajudante de cozinha Renata Alves, 29, acredita que também há outra ação comum dos moradores que ajuda na ocorrência de enchentes no local. "A maioria não tem consciência e joga o lixo no córrego", denuncia. Para resolver o problema de enchentes na região, será construída uma bacia de contenção do Córrego Ferrugem, a ser realizada pela empresa Mendes Júnior, que ganhou a licitação. Para tanto, as 750 famílias que vivem na Vila Itaú serão removidas de lá. Segundo João Melo, engenheiro responsável pelo PAC Arrudas, em no máximo seis meses todas as casas serão desabitadas. Os moradores puderam escolher entre a indenização e apartamentos que serão construídos na própria região. Enquanto aguardam, os moradores que escolheram esperar pelo apartamento estão morando de aluguel, pago pela Prefeitura. Algumas reclamações foram feitas sobre o atraso nesse pagamento, mas o engenheiro responsável afirmou que esse problema já foi sanado e que todos os aluguéis estão sendo pagos em dia.
culdades enfrentadas por quem passa na rua Jacuí são por conta das desapropriações. As calçadas são estreitas e esburacadas, e há certos locais onde as pessoas precisam disputar o espaço com os carros para chegarem a seus destinos. "Por causa da calçada precária, a pessoa tem que ir para o meio da rua para trafegar na via. Uma moça foi descer na calçada para ir para a rua, o retrovisor de um carro bateu na cintura dela, que desequilibrou e caiu em cima do carro", conta Bruna. Questionado pelo MARCO, o técnico de transporte e trânsito da BHTrans, Itamar Bahia, informou que a Rua Jacuí não possui irregularidades e atende aos requisitos exigidos pela BHTrans para uma via de mão dupla: possui mais de 7m de largura, o suficiente para dois ônibus trafegarem paralelamente.
8 Cidade
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Maio • 2013
CARROS EM SITUAÇÃO IRREGULAR JULIANA SILVEIRA
Facilidades na hora de comprar novos veículos, além do excesso de despesas relacionadas à manutenção de carros e motos são alguns dos motivos que fazem os pátios do Detran-MG, em BH, estarem lotados de automóveis repletos de irregularidades. Alguns deles estão parados há mais de 5 anos. n JULIANA SILVEIRA 3º PERÍODO
"Carro gera prazer e gosto, mas também é um gerador de despesa: imposto, abastecimento, seguro, estacionamento, às vezes as pessoas se esquecem disso. A facilidade para comprar o carro, mostra depois uma dificuldade para se manter o veículo". A afirmação é do coordenador de operações policiais do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), delegado Ramon Sandoli de Aguiar Lisboa, que tenta explicar porque tantos veículos são apreendidos. Devido à inadimplência do pagamento de impostos (IPVA) e das parcelas do veículo, no início de cada ano cresce, normalmente, o número de veículos apreendidos. Em média, são apreendidos por dia pelo Detran/MG, 80 veículos em Belo Horizonte. As questões de competência do órgão são as rela-
cionadas às irregularidades do condutor ou do veículo, como por exemplo, documentação em atraso, dirigir sem habilitação, fazer alterações no veículo sem autorização. Já as infrações de trânsito cometidas sobre a via são de competência da BHTrans. Para quem teve o carro apreendido é necessário comparecer ao Detran-MG portando documentação do veículo e identidade do proprietário, ou uma procuração com firma reconhecida. Para ter a liberação do carro ou da moto, é preciso, também, saldar os débitos pendentes e os gastos do Detran-MG, como despesas de remoção e estadia. Depois de 90 dias apreendido o carro pode ir a leilão, caso o proprietário não o retire do depósito. O motorista Brasilino Moreira Marques, 45 anos, conta que seu carro foi roubado em um assalto, no qual sua filha foi feita refém. Após fazer o boletim de ocorrência, o veículo foi encontrado em três dias. O motorista quitou todos os débitos e despesas e o automóvel foi liberado. Atualmente o DetranMG conta com cinco pátios em Belo Horizonte distribuídos em pontos considerados estratégicos, nos bairros Olhos D'Água, Esplanada, Jardim Vitória, Venda Nova, Engenho Nogueira e Betânia. A empresa responsável é a Logiguarda, que por intermédio de uma concessão do Estado de Minas Gerais, fir-
mou contrato com a Polícia Civil. Assim que chegam ao pátio, os veículos se tornam responsabilidade da empresa. Juarez Martello, 50 anos, gerente administrativo da Logiguarda, reclama que o tempo que os veículos ficam nos pátios é muito superior ao que determina a lei. "Os donos não procuram muito os veículos, por exemplo, tem carro que está aqui há mais de cinco anos", conta. A partir do momento que o carro entra no pátio é cobrada uma diária de R$ 28, valor estabelecido pelo Governo de Minas, que automaticamente é inserida no sistema informatizado e passa a ser uma dívida do proprietário. Mesmo quando o veículo vai a leilão, a dívida continua ativa para o antigo proprietário. O gerente conta ainda que há alguns carros que são parte de inquérito policial, por crime, homicídio ou tráfico de drogas, e quando o juiz determina que os carros devem ficar guardados para futura perícia, esses veículos também vão para o pátio. "Ocupa muito espaço, mas tudo isso é um direito ordinário, eu não posso atropelar as coisas. Tem alguns carros queimados também, e esses processos se arrastam. A justiça não dá alvará pra liberar esse carro, pra jogar fora, fica entulhando o pátio", declara Juarez Martello.
Inadimplência e descaso são alguns dos motivos do acúmulo de veículos estacionados em pátios do Detran-MG
Veículos degradados em pátio Uma das grandes preocupações com os carros que ficam nos pátios do Detran/MG é o estado em que eles estão, o acúmulo de sujeira e a consequência que essas condições podem trazer para a saúde pública. A Secretaria de Saúde de Belo Horizonte divulgou no final do mês de março, que o número de casos de dengue registrados na capital mineira ultrapassou a 5.700 só no primeiro trimestre de 2013. Segundo Juarez Martello, a empresa que cuida dos pátios, Logiguarda, tem todos os
procedimentos para imunizar infestação de insetos e animais peçonhentos, mas sabe que só esse esforço não é suficiente para exterminar o problema. O gerente conta ainda, que após os três meses, dependendo do estado de conservação do carro, eles furam o assoalho e cobrem o veículo com lona para evitar o acumulo de água. "É uma coisa que não tem como erradicar 100%, é um problema também de saúde pública e, apesar de todos os cuidados, ainda existe o risco", afirma. A Prefeitura também
apoia essa manutenção de prevenção nos pátios e periodicamente, a cada 15 dias, alguns agentes vão aos locais para fazer uma inspeção. O risco é tão iminente que esse apoio público acontece porque as autoridades estão cientes do problema. Infelizmente não dá para controlar a situação completamente, pois "tem que ter uma logística muito eficaz e um amparo do poder público, mas a gente sabe que o serviço público não tem tanta agilidade", desabafa Juarez.
VICTOR RINALDI
Chico dos Bonecos e das histórias n VICTOR RINALDI 5º PERÍODO
De passagem por Belo Horizonte, o poeta e arteeducador Francisco Marques, conhecido como Chico dos Bonecos, lançou o livro "Quando o segredo se espalha", uma homenagem à escritora, educadora e política mineira Alaíde Lisboa, falecida em 2006. Andando pelo Brasil, com duas maletas cheias de brinquedos, Francisco resgata brincadeiras antigas em escolas da rede municipal de ensino, contribuindo para a formação e instrução de pais e educadores, inclusive nas periferias. "Gostei e me interessei em fazer teatro de bonecos como uma forma de contar as histórias que escrevia", contou Chico, que, também, escreve desde cedo. Aos 13 anos assistiu ao primeiro teatro de bonecos, com 14 anos começou a fazer bonecos com papel machê e depois descobriu a cabaça, ou porongo, como se fala no sul. Nascido em Belo Horizonte, Chico mora em São Paulo desde 1995. Formou-se em licenciatura na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi professor do Centro Pedagógico daquela instituição e depois se dedicou ao trabalho de formação de professores. Na época em que morava no interior do Mato Grosso, numa cidade com pouco mais de 10 mil habitantes, chamada São Felix do Araguaia, seus bonecos atraiam os olhares dos imi-
grantes nordestinos, que se lembravam do mamulengo, espécie típica de fantoche do Nordeste. Por isso, passou a ser conhecido na cidade pelo apelido, Chico dos Bonecos. Desde então, ele se dedica a resgatar outros brinquedos e brincadeiras antigas, que, como costuma dizer, foram esquecidas ao longo do tempo. Juntou o gosto pelos bonecos e brincadeiras à educação e literatura, e os três elementos se convergiram e os transformaram em um dos maiores mestres da educação do país. Suas obras já ganharam diversos prêmios, entre eles alguns da Fundação Nacional do Livro InfantoJuvenil (FNLIJ), como o prêmio Odylo Costa Filho. "Se a gente quer se relacionar e ajudar a criança a abrir seus horizontes, temos que falar a linguagem dela. Brincar é o recurso que ela tem para entender esse mundo", esclarece o bonequeiro, que acredita que, no campo da educação, o brincar é sempre o ponto de partida. Para Chico, a grande conquista dos últimos 30 anos no campo da educação foi a universalização da escola brasileira. Ele acredita que, hoje, pode-se dizer que todas as crianças têm acesso à escola, no entanto não se pode acomodar com a conquista. "Temos que aprender a ler e escrever bem. Temos que desenvolver bons leitores, leitores capazes de ler diversos tipos de texto à medida que for se desenvolvendo", contrapôs. Segundo ele, a tão falada cidadania, que na verdade não é um horizonte pronto e acabado, é sempre um
processo de atualização de direitos. O contista ainda deu o exemplo do ensino técnico brasileiro, que surgiu de forma esquisita e precisa ser recuperado. "Isso tem um papel importante, a única alternativa não é o ensino universitário", salienta. Sobre a questão do relativismo moral, ele ressalta que os pais perderam as noções de bem e mal e do que é certo e errado. Para eles, tudo varia de época para época e de pessoa para pessoa, portanto tudo é permitido, tudo é relativo. "Nós vivemos hoje numa ditadura do relativismo moral. Quer algo mais absurdo do que o adulto achar que não tem nada para ensinar para uma criança?", indaga Francisco. Para o educador, isso acabou criando um ambiente tão confuso que até os adultos começaram a duvidar daquilo que podem ensinar para as crianças e perderam a noção de que podem educar. Por isso o papel do professor e do educador é central, eles devem mediar essa articulação entre a escola e a família.
TECNOLOGIAS O arte-educador defende que as crianças têm todo o direito de acesso às tecnologias e, também, às brincadeiras antigas e invisíveis, que são as histórias, contos, lendas e fábulas provenientes da literatura oral. Para Francisco, é confortável para os adultos culparem a mídia, pois os culpados são eles, que têm medo do filho zombar deles se mostrarem brincadeiras dos seus tempos. "A criança tem toda a razão, tem que pedir iPad mesmo, porque é uma maravilha. E
Francisco Marques, o Chico dos Bonecos, se apresenta para crianças na Biblioteca Municipal de Belo Horizonte nós adultos temos que mostrar as outras coisas", propôs Chico. Ele ressalta também o vínculo que essa iniciativa estabelece. "Quando o adulto vai mostrar o brinquedo para a criança, ela não está
de olho só no brinquedo, ela está de olho no meu interesse. E o que mais emociona a criança é o fato de eu, adulto, estar mostrando uma coisa pra ela com tanto interesse", explica Francisco. Ao
mostrar os brinquedos, se reestabelece um vínculo, uma convivência muito mais profunda, que é a grande brincadeira, a convivência, o modo de aproximar o mundo da criança do mundo do adulto.
Quando o segredo se espalha Publicado pela editora Peirópolis, o livro "Quando o segredo se espalha" foi escrito em formato de peça radiofônica, que está disponível de graça, em áudio, no site da editora. Na obra, Francisco Marques, o Chico dos Bonecos, é o entrevistador do programa fictício Catiripapo, da Rádio Peirópolis, que, imaginariamente, tem como entrevistada a criadora da Faculdade de Educação da UFMG, Alaíde Lisboa de Oliveira. "Num dos seus livros, ela incorpora uma entrevista que ela deu para a rádio inconfidência",
comentou Chico, revelando de onde surgiu a ideia de entrevistá-la. Jornalista durante quinze anos em O Diário, primeira mulher a exercer vereança na Câmara Municipal de Belo Horizonte e integrante da Academia Mineira de Letras, Alaíde Lisboa sempre foi fonte inesgotável de criatividade. Obras como “A bonequinha preta” e “O bonequinho doce”, livros escritos por ela, são essenciais para a formação e alfabetização de crianças. "Ela tinha uma ideia muito clara e precisa sobre as questões filosóficas que
devem reger a educação", comentou Chico. Em sua fase inicial como escritor, Chico dos Bonecos publicou alguns títulos por outras editoras. No entanto, os livros da sua fase madura estão todos concentrados na editora Peirópolis. Suas obras são voltadas para educadores e crianças da formação fundamental. "Eu dou um conselho para os pais, se vocês não têm em mão um texto verdadeiramente literário, e que trate, também, dos bons valores, se vocês não têm esse livro, esqueçam a literatura, esqueçam o livro e conversem", indicou.
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n PRISCILA EVANGELISTA 1º PERÍODO
Muitas pessoas, por falta de informações, descartam de forma inadequada eletrodomésticos e móveis, causando graves problemas para o meio ambiente e saúde pública. Segundo Renato Porto, especialista em área ambiental e professor de Ciências Biológicas na PUC Minas, alguns aparelhos contém materiais contaminantes que quando descartados de forma inadequada, podem libe rar substâncias prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Ele cita o mercúrio, elemento utilizado na fabricação de boa parte dos equipamentos eletroeletrônicos, baterias e lâmpadas fluorescentes. "As lâmpadas fluorescentes contém mercúrio em estado gasoso que é altamente cancerígeno. Algumas garagens de prédio, comércio, postos de gasolina, escolas, praticamente todos esses locais usam essa lâmpada. Significa dizer que há uma grande quantidade de lâmpada sendo descartada. Essas lâmpadas quase sempre vão para um lote vago, e, muitas vezes, nesse processo, elas quebram, e o gás é liberado contaminando o local, o ar e o solo daquela região e quase ninguém sabe disso", explica Renato Porto. Todo tipo de resíduo deve ser descartado de forma adequada para não prejudicar o meio ambiente e a saúde das pessoas. Atualmente, existem instituições que recolhem materiais, como móveis e eletrodomésticos. Boa parte dessas fundações encaminham esse tipo de material para as pessoas necessitadas. "Eu, por exemplo, já doei várias vezes para a Associação São Vicente de Paula. Existem algumas organizações que fazem o papel de intermediação entre famílias carentes e pessoas que querem se desfazer de alguma coisa", comenta o professor. Sempre que surge a necessidade de se dispor de algo como um móvel ou eletrodoméstico, a aposentada Iris Diniz das Mercês, 80 anos, doa esses materiais para o Projeto Assistencial Novo Céu. "Quando é uma coisa que pode aproveitar, como
DIFICULDADE NO DESCARTE DE ELETRODOMÉSTICOS E MÓVEIS A falta de informação e de locais para depositar devidamente o lixo são alguns dos motivos que levam as pessoas a colocá-lo em áreas inapropriadas PRISCILA EVANGELISTA
Moradora antiga do Bairro Dom Cabral, Íris Diniz das Mercê doa os móveis e eletrodomésticos que não usa mais para instituições de caridade, como o Projeto Assistencial Novo Céu. uma geladeira velha, mas que está em perfeito estado, qualquer coisa assim, eu dou para a instituição Novo Céu. Eu ligo para eles, aí eles marcam o dia e a hora que vem buscar", conta a aposentada. Muitas são as alternativas para quem quer desfazer desse tipo de objeto de forma correta. Algumas instituições recolhem gratuitamente esses materiais dando um destino muito mais nobre. "O que não é útil para mim, pode ser útil para outra pessoa", comenta Renato Porto. Outro exemplo é o da dona de casa Josirlene Daniela Cota Barçante, 32, que após reformar a casa, optou por doar parte dos móveis e eletrodomésticos para uma instituição de caridade. "Quando nós reformamos a nossa casa, os móveis e os eletrodomésticos foram doados para a instituição de caridade Irmão Glacus", afirma Josirlene. Já a alternativa encontrada pelo estudante, Daniel Martins, 27, é a de reaproveitar esse tipo de material. "Quando é algum móvel de madeira e como lá em casa tem serpentina, a gente usa para queimar e aquecer a água. Agora se forem móveis,
fogão e geladeira, essas coisas, a gente vende para o ferro velho", explica Daniel. Na tentativa de resolver o problema, muitas pessoas descartam móveis e eletrodomésticos em lotes vagos causando graves danos para o meio ambiente. Moradora do bairro Dom Cabral há mais de 40 anos, Iris Diniz das Mercês não esconde sua indignação com a atitude de alguns moradores da região, que segundo ela, usam o terreno baldio como depósito de lixo. "Vem gente de outras ruas com carrinho. Para carro aqui na rua e joga entulho, móveis, coisas velhas de casa. Tudo eles jogam aqui", desabafa. Segundo o professor Renato Porto, alguns materiais são altamente nocivos, e que quando descartados de forma inadequada, podem causar danos à saúde das pessoas e ao meio ambiente. "Se você acumula isso em terrenos baldios você amplia os problemas sociais. Alguns materiais tem o aspecto contaminante, uma bateria de carro, por exemplo, é um material nocivo. Alguns eletrônicos podem ter algum material PRISCILA EVANGELISTA
nocivo nesse sentido, interior de computador, de televisão, gerando a contaminação do solo e do ar", explica Renato Porto, que ainda acrescenta: "por mais que a tecnologia tenha melhorado a nossa vida não deixa de ser um material químico", diz.
CAÇAMBA Outra coisa que as pessoas fazem de forma inadequada é usar as caçambas destinadas à construção civil como depósito de resíduos domésticos. Essas caçambas são destinadas a receber resíduos específicos como terra, madeira, ferro e fragmentos de tijolo. Quando misturados com outros tipos de resíduos, esses materiais, que poderiam ter uma destinação muito mais adequada, acabam se misturando a outros componentes, como explica o professor Renato Porto. "A pessoa vê uma caçamba fácil pertinho vai lá e joga. A gente vê pessoas jogando até um móvel como uma cadeira de plástico que quebrou o pé. Cadeira não faz parte da construção civil, estofa-
saber a localização de uma URPV mais próxima, basta ligar 156 ou acessar o site da Prefeitura de Belo Horizonte. Fazer o descarte adequado de qualquer tipo de material é o dever de todo cidadão. Para amenizar a falta de informação por parte da população, o professor Renato Porto explica que uma das alternativas é "espalhar dicas e orientações com o contato de instituições, que recolhem ou recebem esse tipo de material, pelos comércios, papelarias, padarias, escolas e associações de bairro". A responsabilidade pelo bem estar da comunidade e meio ambiente é de todos. Renato Porto salienta ainda que não existe uma fórmula pronta para tudo. “A gente tem que construir essa visão, a percepção de que a cidade é a extensão da minha casa, como bairro, como planeta. Nós estamos falando de pressões sobre um planeta limitado", conclui.
Alunos da PUC desenvolvem projeto ambiental e educativo Alguns alunos do curso de Ciências Biológicas da PUC Minas estão desenvolvendo nesse semestre uma instalação ambiental. Um dos objetivos é fazer com que as pessoas criem o hábito de descartar de forma adequada resíduos do dia a dia. A estudante Raianna Farhat Fantin, 20 anos, faz parte de um grupo de alunos responsáveis pelo descarte de pilhas. "Muitos de nós temos
Objetos abandonados em lotes vagos prejudicam o meio ambiente e incomodam moradores
do, colchão não tem nada a ver com a construção civil. E aí esse material que poderia ter uma destinação muito mais adequada, se mistura a outros materiais", comenta. A Prefeitura de Belo Horizonte disponibiliza para a população locais específicos como as Unidades de Pequenos Volumes para receberem esse tipo de material. Atualmente existem 32 URPVs distribuídas em todas as regionais da cidade, elas não recolhem, mas recebem materiais como entulho, resíduos de poda, pneus, colchões, eletrodomésticos e móveis velhos. A população pode entregar o material gratuitamente nesses locais. Em nota, a Assessoria de Comunicação da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informou que não recolhe materiais como móveis ou eletrodomésticos em sua coleta domiciliar e que as "URPVs não recebem lixo doméstico, lixo de sacolão, resíduos industriais ou de serviços de saúde e nem animais mortos". Para
pilhas em casa e não sabemos que fim dar, inclusive eu tinha pilhas em casa. A gente vê instituições que fazem o descarte correto, mas a gente vê um dia e depois não volta lá e aí fica aquele acúmulo de pilha. Então como a universidade é um local que a gente vem todo dia fica mais fácil ter um descarte ali. A pessoa vê aquilo, lembra das pilhas e pode trazer no dia seguinte ou durante a
semana", explica a estudante. O professor Renato Porto, salienta que a ideia vai muito além de um simples trabalho interdisciplinar, "o intuito é fazer com que as pessoas criem o hábito de descartarem de forma adequada esses materiais. A ideia é fazer instalações com esses materiais pelo campus, para provocar uma reflexão nas pessoas de forma mais impactante", explica o especialista.
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CELULAR COMPLETA 40 ANOS NO MUNDO Aparelho, que revolucionou o modo de interação dos brasileiros, completa quatro décadas de existência, ampliando o número de usuários n FELIPE GROSSI 1º PERÍODO
Em meados da década de 70, o norte-americano Martin Cooper realizou a primeira chamada telefônica a partir de um celular Motorola DinaTAC, mas naquele momento o inventor não podia imaginar que sua criação mudaria vidas. Em pouco tempo, as redes de telefonia móvel passariam por várias gerações difundindo sua utilização por todas as classes sociais e rompendo a barreira da idade, tornando-se popular também entre crianças e idosos, fazendo com que sua invenção fosse indispensável para as pessoas que vivem hoje. O eletrônico mais vendido em todo o mundo completou 40 anos de mercado. O celular começou a aparecer no Brasil nos anos 90, mas até então a função dos aparelhos se restringia à realização de chamadas e agenda digital. Sua ‘aparência de tijolo’ com baterias grandes não importava muito e a novidade já havia se transformado em símbolo de status social para poucos. A primeira geração das redes de telefonia móvel – também conhecida como sistema analógico – apresentava algumas falhas, principalmente no quesito segurança, pois não tinha crip-
tografia e era fácil clonar uma linha. A geração seguinte de telefones celulares começou a surgir no Brasil 10 anos depois. O serviço analógico foi totalmente descontinuado e houve a transição para o sistema digital, ou 2G, que apresentava duas opções ao mercado, a GSM escolhida pelo Brasil, de origem europeia e a CDMA de origem americana. Os Finlandeses já haviam se envolvido com as telecomunicações antes, mas foi no desenvolvimento da tecnologia GSM que a Nokia encontrou seu espaço no mercado de telefonia móvel, realizando a primeira chamada comercial GSM em julho de 1991, em Helsinki.
EVOLUÇÃO Junto dessa tecnologia apareceu o serviço de telefone pré-pago e os aparelhos deixaram de ter a aparência de tijolos e começaram a diminuir em tamanho e ganharam funções novas, graças a baterias menores e mais eficientes. As mensagens SMS se tornaram possíveis e passaram a ser a opção preferida dos jovens para a comunicação. A rede 2G também permitiu que os aparelhos de celular acessassem a web através da internet WAP possibilitando a compra de toques musicais e de serviços de infor-
mação e propaganda por meio de mensagens de texto. Em 1999 apareceu no Japão o primeiro serviço de acesso à internet pela NTT DoCoMo. O sistema 2G popularizou a telefonia móvel no Brasil. Os aparelhos celulares passaram a fazer parte da vida das pessoas e a crescente demanda criou um mercado para o próximo passo das empresas de telefonia celular, o acesso a internet. A rede 3G, ou terceira geração, começou a ser desenvolvida com o intuito de proporcionar uma velocidade maior na transferência de dados. Os japoneses novamente saíram à frente inaugurando na Região de Tóquio a primeira rede 3G do mundo. No Brasil, a primeira operadora a oferecer a rede 3G foi a Vivo, que disponibilizou os serviços em 2004. A rede 3G permitiu a transmissão de rádio e TV para os aparelhos e popularizou o celular de tal forma que, de acordo com a International Data Corporation, em 2007 já seriam mais de 3 bilhões de linhas habilitadas em todo o mundo, ou seja, a metade da população. Com todas as facilidades disponíveis pela rede 3G, a Apple tomou as rédeas da prancheta de design de aparelhos celulares e lançou o iPhone em 29 de Junho de 2007. A Nokia, que dominava o mercado de telefones celulares desde 1996, respondeu rapidamente com o lançamento do modelo
Séries ganham mais espaço RAFAEL ROSA
n CAROLINA ANDRADE PATRÍCIA DA CRUZ 1° PERÍODO
Elas possuem temáticas bastante amplas, que abrangem desde a rotina de um grupo de seis amigos até lutas dinásticas para o controle de um trono, podendo ser atuais ou antigas. O fato é que, cada vez mais, as séries de televisão vêm se destacando e conquistando legiões de fãs. Alguns chegam mesmo ao exagero, se enquadrando no grupo dos "viciados", que fazem ou deixam de fazer tudo para ter a oportunidade de assistir aos episódios de suas séries favoritas. Com a popularização da internet e a facilidade em se fazer downloads, esse público vem ganhando cada vez mais espaço. Há hoje na rede uma infinidade de sites para baixar ou assistir seriados online. E a pressa é tanta que muitos chegam a assisti-las ainda sem legenda, pois as mesmas podem levar dias para serem traduzidas. Paula Barros, estudante de jornalismo, relata que acompanha mais de 15 séries e que, por entender inglês com clareza, prefere muitas vezes assisti-las simultaneamente ao
Manuela Almeida é fanática por séries e colabora com site especializado em seriados seu país de origem. "Sinto que a série fica mais 'original', dá para entender melhor a mensagem que os personagens querem passar, uma vez que não tem dublagem para dar duplo sentido, ou legendas para tirar sua atenção da linguagem corporal", justifica. Fazer referências a frases de personagens em rodas de amigos, maratonas de episódios que duram a noite inteira e assistir várias vezes a temporadas repetidas são só algumas das características desse grupo.
Paula relata ainda que algumas frases chavões como "How you doing?", do personagem Joey da famosa série Friends, e "The winter is coming", da mais aclamada série do momento, Game of Thrones, sempre são motivos de piadas internas em seu grupo de amigos, que como ela são fãs de carteirinha dos seriados. Outras novidades relacionadas no mercado de séries online são os sites de tribuna, redes sociais e blogs, que dão aos fãs espaço para se mani-
a disponibilizar no mercado aparelhos que funcionam com dois números simultaneamente. O exagero continua no modo e nos locais onde as pessoas utilizam os telefones celulares. Hoje em dia, é possível encontrar pessoas com mais idade que também utilizam o aparelho. É o caso de Ieda Magalhães Soares de Souza Lima, de 80 anos, que vem utilizando o telefone celular "desde que saiu", mas concorda que essa tecnologia pode incomodar. "Tem sua hora e seu lugar, tudo direitinho", diz. Por questões de segurança, o uso dos aparelhos foi banido das agências bancárias, mas ainda é possível notar o abuso nas salas de aula. Segundo a estudante de Jornalismo, Lorenza Lívia, e a aluna de Direito, Virgínia Figueiredo, o celular está sendo mais utilizado para a troca de mensagens e para o acesso às redes sociais do que para comunicação por voz. E é através de aplicativos como Whatsapp que os alunos se mantém conectados o dia todo, inclusive na sala de aula. Lorenza afirma que a utilização do celular é questionada por seus pais, que pedem a ela mais atenção ao que acontece à sua volta. Já Virgínia afirma que se sente incomodada quando está entre os amigos em uma balada e uma pessoa utiliza o celular a todo momento, ficando "só no seu mundo" enquanto deveria estar "interagindo" com suas companhias. RAQ
A estudante Lorenza Lívia usa o celular com diferentes finalidades, mas sabe que o excesso pode ser prejudicial
N95, e dois anos se passaram até que a principal concorrente da Apple trouxesse um produto para disputar o crescente mercado de smartphones. A Samsung apresentou o Galaxy em Abril de 2009 e desde então as três empresas lutam pela liderança no mercado mundial.
HÁBITOS Segundo Adriana Simões, professora de Ciências Sociais da PUC Minas, o telefone celular deixou de ser símbolo de status social, se tornando acessível a todas as classes sociais. Porém, smartphones como o Sansung Galaxy S4 ainda são um privilégio da elite brasileira. No Brasil são mais de 247 milhões de linhas telefônicas ativas, o que gera a conclusão que muitos usuários não se contentam com apenas uma linha de celular, levando os fabricantes
festarem e debaterem sobre os episódios recorrentes. Com tantas opções para os ‘série maníacos’, a rotina acaba na maioria das vezes sendo afetada pela quantidade de tempo passada em frente ao computador. Mas é considerada gratificante para aqueles que veem nos seriados uma forma de escape. Fã declarada de séries, a estudante de Psicologia e colaboradora do site especializado em resenhas de filmes e seriados "Pizza de Ontem", Manuela Almeida, de 22 anos, afirma que há um padrão de identificação pessoal, seja com o personagem ou com a série, que nos prendem aos episódios. Essa influência direta na vida pessoal pode chegar a ajudar de diversas maneiras ao diagnóstico e à interpretação em caso de tratamentos psicológicos, uma vez que são decorrentes da identificação e do entendimento de situações vividas pelos personagens. Quando questionada sobre um possível padrão nas séries em que assiste, e se sua visão sobre as mesmas mudou após iniciar o curso de Psicologia, Manuela diz não saber. "Provavelmente sim e eu não enxergo. Comparação entre personagens e a minha vida acontece sempre. Acredito que é por essa razão que selecionamos as séries que assistimos. Muda um pouco a visão
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com que a gente assiste após o curso de Psicologia. Por exemplo, um grupo de adolescentes usuários de drogas e cheios de problemas em casa, deixa de ser apenas uma série interessante, para se tornar praticamente uma aula de Psicologia. Passei a enxergar identificações das psicopatologias aprendidas durante o curso. É bem interessante", observa. A estudante ainda admite sofrer certa influência daquilo que assiste. "Cada um convive com problemas e situações diferentes, que muitas vezes são retratados nos seriados. Quando há uma identificação e o personagem encontra uma saída, projetamos na nossa vida aquilo que estamos assistindo", afirma. A parcela da indústria televisiva que lida com a produção de séries é muito lucrativa, e empresas como CBS, FOX, Warner e ABC alcançam diariamente altíssimas taxas de visualização. Os direitos de exibição e adaptação pagos por emissoras de TV acabam por "bancar" o vício daqueles que as baixam pela internet, fazendo com que valha a pena para as emissoras continuar no negócio. Com a recorrente renovação de contratos e estreias de séries, o hobby favorito dos viciados assumidos está longe de correr risco.
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ARQUIVO PESSOAL
CULTURA JAPONESA DIVULGADA EM MINAS Após 105 anos da imigração, comunidade nikkei mineira trabalha para difundir hábitos e costumes no estado n ANA LUIZA BORELLI LARISSA RODRIGUES MARINA TEIXEIRA MARIA CAROLINA MOURA 1º PERÍODO
Dentre as diferentes etnias que ajudaram a povoar o Brasil, a japonesa destaca-se pela preocupação em preservar, valorizar e divulgar aspectos de sua cultura. Com esse propósito foi fundada, por iniciativa de alguns membros da comunidade nikkei mineira, a Associação Mineira de Cultura Nipo-Brasileira (AMCNB). A entidade se propõe a trabalhar em parceria com a sociedade mineira, visando também fortalecer a relação de amizade com os brasileiros e concomitantemente estreitar as relações de intercâmbio cultural e econômico entre os dois países. O diretor do grupo de jovens da AMCNB, Gustavo Naoto Suzuki, 22 anos, disse que tenta representar os jovens e intermediar o contato deles com os outros grupos, o que ainda não é fácil, mas busca sempre repassar os valores aprendidos com o seu avô, que era japonês. Segundo ele, a Associação tem um papel muito importante em Minas Gerais. "Como aqui a cultura japonesa não é tão forte como em outras partes do Brasil, como São Paulo e na Região Sul, ela age como um ponto central onde vários japoneses e descendentes acabam se reunindo. Como se fosse um pedaço do Japão aqui em Minas mantendo a cultura'', justifica. Em Belo Horizonte, o Centro de Convenções Expominas recebeu no período de 15 a 17 de março atrações da cultura japonesa em um evento chamado "Festival do Japão em Minas Gerais 2013", realizado pelo Escritório do Cônsul Geral Honorário do Japão em Belo Horizonte em parceria com a Associação de Cooperação em Ciência e Tecnologia Brasil-Japão. O evento tinha como objetivo divulgar
a cultura nipônica e aproximar Minas do país oriental e, para isso, investiu em várias atividades artístico-culturais e gastronômicas. O festival demonstrou adesão satisfatória com relação ao evento, já que entre 1.500 a 2 mil pessoas compareceram e puderam apreciar variedades da comida japonesa, apresentações de danças típicas além do karaokê, que é uma atividade prazerosa aos nikkeis. Foi a partir da ideia de difusão e expansão da cultura oriental que surgiram esses festivais, que em sua maioria são organizados pela Associação, que completa em setembro, 55 anos. Por meio desses festivais e dos encontros semanais na AMCNB, os integrantes buscam agregar valores brasileiros em suas vidas, mas, acima de tudo, manter seus valores e costumes originários. Além desses meios de preservação, a AMCNB oferece também um curso da língua japonesa, que é diferenciado dos demais cursos, que além de aproximar jovens descendentes, possibilita a inclusão daqueles que se interessam pela cultura e pela língua do país asiático. A cultura japonesa foi agregada à brasileira em 1908, quando chegava ao Brasil, Kasato Maru, o navio que trouxe o primeiro grupo de imigrantes japoneses vinculados ao acordo estabelecido entre Brasil e Japão, que liberara a vinda de japoneses para o Brasil. Inicialmente os japoneses optaram principalmente pelas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, porém, Minas Gerais recebe cada vez mais os chamados ''nikkeis'', que são esses japoneses e descendentes radicados em Minas. Ao contrário das primeiras imigrações, os japoneses, que atualmente chegam ao Brasil, normalmente não mais com a intenção de se tornarem agricultores, mas sim, contratados por empresas, que na maioria das vezes, exigem dos mesmos um conhecimento técnico, visto que os japoneses são reco-
nhecidos por sua inteligência, competência e dedicação ao trabalho. Dentre essas empresas, a Usiminas se destaca com relação à quantidade de japoneses que foram trazidos como mão de obra. Apesar da constante imigração, a cultura japonesa ainda não é muito difundida na capital mineira, encontrando, geralmente, apenas restaurantes, escolas de artes marciais como o Aiquidô, o Jiu-Jitsu, e o Judô, além das escolas que disponibilizam cursos de língua japonesa. Porém, existem aqueles dentre os imigrantes e seus descendentes que possuem alguns rituais típicos, que praticam no cotidiano. Um exemplo é o caso de Kumiko Taguchi Fiorini, 50 anos, natural do Japão, que veio para Minas Gerais se casar com o seu atual marido belorizontino. Tentando manter seus hábitos, ela faz comida japonesa para a família e como ensinamento máximo de sua origem, traz a seriedade e pontualidade no trabalho. Para Kumiko, o clima, a alimentação, o transporte, a saúde e, principalmente, a educação, são as diferenças mais marcantes entre os dois países. Segundo ela, sua adaptação em relação à comida, clima e fuso horário foi tranquila e rápida. Mas estranhou alguns costumes da cultura brasileira, como casamentos à noite. Segundo ela, no Japão, normalmente, os casamentos acontecem aos domingos e durante o dia. O horário das aulas também é diferente. Kumiko estranha o fato de as crianças estudarem só a parte da manhã ou a parte da tarde e raramente em horário integral. Outras situações diferentes, para ela, são os feriados emendados, o que não ocorre no Japão, não há emenda de dias nos feriados e o atraso na práticas da reciclagem no Brasil. Como última surpresa, aponta o parto. “No Japão, o parto normal é o mais comum. Aqui no Brasil, parece que todas as mulheres fazem cesarianas'', questiona.
Portadores de Parkinson correm VICTOR RINALDI
Momento da largada da Run for Perkinson’s Brasil, no Santa Efigênia, em BH n VICTOR RINALDI 5º PERÍODO
A doença de Parkinson foi descrita há quase 200 anos e até hoje não existem estudos que comprovem sua causa, exame específico que a confirme e nem mesmo a cura. Há medicações que controlam os sintomas, mas que podem causar efeitos colaterais. Foi com esses desafios que surgiu, há dois anos, a Associação de Parkinsonianos de Minas Gerais (Asparmig). A Associação irá levar ao World Parkinson Congress, congresso mundial que será realizado em Montreal, no Canadá, em outubro próximo, suas experiências desenvolvidas no estado, que promovem discussões sobre a doença e a luta pela cura. "Já faz anos e anos que as associações existem e nunca aconteceu nada de diferente no Brasil. Principalmente em relação ao que nós realmente precisamos que é a cura", lembra Janette de Melo Franco, 51 anos, presidente da Asparmig. Promovida pela entidade, a Run
for Parkinson's Brasil, que ocorreu, pelo segundo ano consecutivo, em abril, será anunciada no Canadá como a principal experiência. A corrida e caminhada acontecem mundialmente em 100 cidades de 10 países, como em Belo Horizonte e outras duas cidades do estado, Ipatinga e Poços de Caldas. Com o objetivo de arrecadar fundos para investir em pesquisas, a organização acredita que a corrida é um modo de pressionar a comunidade científica e políticos para a ampliação de investimentos. E espera concretizar parcerias com centros de pesquisa científica. "O mais importante é que com o evento crescendo agora a gente também faça crescer essa mentalidade de parceria", ressalta Janette Franco. "Mesmo com as dificuldades que a doença me impõe, sou uma pessoa de bem com Deus e com a vida. Não me revolto, sou otimista e sempre pronta ao incentivo a quem deixa transparecer alguma coisa que me chame à atenção. Sou independente e me viro sozinha, lentamente, mas vou aonde quero e pre-
ciso", afirma Vera Lucia Costa Peres, 54, há 26 com Parkinson. Para ela, a Asparmig contribui na vida dos portadores da doença de Parkinson por meio de ações que visam integrar e garantir dignidade com autonomia e qualidade de vida. Os grupos de apoio, organizados pela Associação, permitem a troca de experiências e informações. Vera Peres confia na corrida e diz ser um "movimento inovador que tira o parkinsoniano do seu silêncio, para o resgate de sua qualidade de vida", completa. A neurocirurgiã Lina Herval, 43 anos, ressalta a importância de que as pessoas saibam do que são capazes. "A autoestima do paciente com Parkinson é muito baixa. Ele só lê a parte ruim da doença, ele só lê a parte que ele vai perder funções, que ele pode ficar demente e que ele pode ficar dependente de terceiros em suas atividades diárias", explica a médica. Lina Herval lembra que esse tipo de mobilização é regra em outros países, como nos Estados Unidos, tanto para o Parkinson, quanto para outras doenças. “Eu acho que no Brasil tinha que ter mais. Gostaria de agradecer a oportunidade e pedir para a associação promover mais vezes”, conclui a médica, que participou da corrida com a família. O tratamento moderno disponibiliza muitas terapias e medicamentos, mas ela aposta na recente descoberta do estimulador cerebral, que é uma promessa. "Acabei de fazer um curso de implantação de estimulador cerebral e a perspectiva é de que o paciente não terá limitação nenhuma", diz.
Famílias brasileiras com descendência japonesa procuram conciliar hábitos bem diferentes
Preservação dos hábitos e costumes nipônicos Em Minas Gerais, a preservação da cultura nipônica acontece na maioria das vezes, nas famílias mais tradicionais e com antecedentes japoneses mais próximos. Os costumes do país asiático são mantidos em alguns pontos, principalmente no respeito inquestionável aos mais velhos e na culinária. O Japão moderno é considerado um dos maiores exportadores de cultura popular do mundo, como os desenhos animados, chamados de anime; filmes, principalmente do gênero de terror; histórias em quadrinho (os mangás); e a música pop, que esta ganhando popularidade. Em Minas, a presença maior são dos animes. Há 10 anos Belo Horizonte recebe o Anime Festival. ''São desenhos animados japoneses. A maioria inspirados em mangás'', diz a estudante Mariana Salessi Carvalho, 17 anos, frequentadora do Festival há três anos,
ela afirma que nesses eventos, os fãs de anime podem comprar produtos, como camisetas e canetas de personagens, participar de competições de cosplay, que é uma representação dos personagens à caráter, participar também de promoções relacionadas à jogos e interagir com outros freqüentadores, que compartilham do mesmo interesse. Pelo fato da cultura japonesa ser muito diferente da brasileira, ela tem se tornado foco de discussão e de atenção. E os mineiros têm sido muito receptivos quanto a essa cultura, aprendendo a apreciar a gastronomia deste país oriental e a adotando no seu cotidiano. Com isso, cada vez mais, é possível notar a adesão às lutas, aulas de japonês, à crescente audiência dos animes, além de peças japonesas na decoração de ambientes, enriquecendo ambas as culturas.
Ficar parado é ruim Um convite por meio da rede social Facebook. Foi assim que o coordenador global da campanha, Fuvio Capitanio, fez a proposta de participação para a presidente da Asparmig. "Como no Brasil nunca tinha acontecido, ele fez aquilo como numa brincadeira, um desafio. E eu comprei o desafio", conta Janette Franco. Fruto da parceria entre a Asparmig e o Sesc Minas, este ano a Run for Parkinson's aconteceu à Avenida dos Andradas, no Bairro Santa Efigênia, no domingo, dia 14 de abril. Foram feitas mais de 700 inscrições e o evento foi dividido em duas modalidades, a corrida de cinco quilômetros e a caminhada de dois quilômetros e meio. Não houve competição e nem premiação. "O preço da corrida foi muito
ENTENDA A DOENÇA "Eu não tenho o mal de Parkinson, eu estou com Parkinson", sinaliza Fernando Guimarães, 63 anos, sócio de uma clínica de fisioterapia. Este é outro desafio que a Associação pretende discutir em Montreal: qual a maneira adequada de explicar a doença, a desmitificação dos sintomas e o entendimento da doença sob o ponto de vista do doente. A enfermidade foi descoberta por James Parkinson em 1817, na Inglaterra, é causada pela falta de dopamina no cérebro o que afeta os movimentos dos parkinsonianos. Os principais sintomas são lentidão de
justo, diferente do que a gente está acostumada a ver. E essa, além de ter um cunho social, teve um preço honesto, trouxemos nossos filhos também", conta a engenheira mecânica Taís Tomita, 31 anos. Cada participante pagou R$ 20 de inscrição com direito a kit, que incluía camiseta personalizada, bolsa e garrafa de água, além de lanche ao fim da atividade. Aconselhando pacientes diagnosticados com a doença, a neurocirurgiã Lina Herval diz que se a pessoa não pode fazer a corrida de cinco quilômetros, faça a caminhada de dois e meio, o importante é não ficar parado. "Acho importante estimular os pacientes a vir, porque eles ficam segregados, ficam achando que não são capazes”.
movimentos e rigidez muscular, como a doença se desenvolve ao longo do tempo, pode causar tremores e alterações na fala e na escrita. É comum a doença afetar os idosos, mas pode afetar qualquer pessoa, de diferentes idades. Na opinião de Janette Franco, ninguém procurou traduzir em sintomas o dia-a-dia dos parkinsonianos. Ela soube que tem Parkinson há quatro anos e aponta que as pessoas deveriam ler um pouco mais sobre os sintomas e outras características da enfermidade. "Aparentemente as pessoas acham que não temos nada”, lamenta.
12Cultura
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Maio • 2013
RAQUEL GONTIJO
COM PRÉDIO AINDA EM OBRAS, CURSO DE TEATRO SE MUDA O Campus Coração Eucarístico recebeu no início do semestre o curso de Teatro, que antes funcionava na Praça da Liberdade. Apesar das obras do novo prédio não estarem concluídas, alunos comemoram n ISABELA ANDRADE LANA NAVES MARIA LUÍZA ROCHA MATEUS TEIXEIRA 1º E 2º PERÍODOS
Depois de muitos anos funcionando na Praça da Liberdade, na Zona Centro-Sul de Belo Horizonte, a Escola de Teatro PUC Minas será inaugurada no prédio 20 do Campus Coração Eucarístico, na Região Noroeste da capital mineira. O professor e coordenador da Escola de Teatro Luiz Arthur de Oliveira conta a história da escola, antes da parceria com a PUC: "Nos anos 80, surge a oficina de teatro em Belo Horizonte. Na virada dos anos 2000, o diretor, ator e professor de teatro Pedro Paulo Cava fez parceria com a PUC Minas, foi um passo legal, empreendedor e diferenciado." Luiz Oliveira conta que em 2006 a Oficina virou a Escola de Teatro e entrou para o âmbito acadêmico. "No ano passado, o nível e qualidade do ensino melhoraram, resultando na nova sede: exclusiva e independente", relata. A transferência para o Campus Coração Eucarístico não alterou significativamente o número de estudantes, como
explica o diretor: "Os alunos entenderam que saindo da praça, teriam um espaço mais adequado para processar. Os que saíram foram por causa da inviabilidade de tempo devido ao deslocamento maior por causa do trabalho". Mesmo com o prédio em obras, as aulas foram iniciadas, pois as chuvas, as autorizações da Prefeitura de Belo Horizonte, o nivelamento do terreno e outros problemas atrasaram a obra. Segundo Luiz Arthur Oliveira, houve envolvimento, paciência e dedicação dos alunos. "Nós usamos o prédio ainda em obras e isso é bom, pois os alunos veem o avanço da obra. Isso é um diferencial no aprendizado, pois eles podem se manifestar e estão ajudando a construir", conta. O curso é composto por três módulos, cada um com duração de um semestre e dura um ano e meio. Ao todo são 160 alunos divididos em turmas com aulas às segundas, quartas e sextas, de manhã, de tarde e à noite. Para o professor e diretor da Escola de Teatro, são muitos os ganhos dessa mudança para o campus. "Os alunos se organizam e há uma grande quanti-
dade de alunos de engenharia e matemática fazendo teatro. Isso mostra que o teatro transforma a vida, o aluno vai ser cobrado e exigido durante o curso. Terminando, não interessa se ele vai ser ator ou não, e sim se vai sair maior do que entrou", explica. Quem é aprovado ganha o registro profissional de ator junto com o Sindicato dos Artistas (SatedMG) e o curso atende as exigências do Ministério da Educação (MEC) que prevê 800 horas/aula como profissionalizante. No final de junho e começo de julho deste ano, acontecerá a Mostra dos Alunos, que será na nova sede. As peças serão apresentadas em dois espaços: em salas do segundo andar do prédio 20 com 100m² e capacidade para cerca de 100 pessoas e a outra no auditório do mesmo prédio. Serão apresentadas obras de Anne Frank, Nelson Rodrigues e William Shakespeare.
EXPERIÊNCIAS As alunas Isabela Sandoli, 18 anos, e Letícia Avelar, 20 anos, contam sua experiência na Escola de Teatro. As duas começaram a fazer o curso no primeiro
Coordenador Luiz Arthur de Oliveira: melhor qualidade do ensino com sede exclusiva semestre deste ano, quando as aulas já tinham sido transferidas para o novo espaço. "Há muita expectativa e a poeira incomoda muito, mas há um empreendimento grande para a turma que ensaia", comenta Letícia. Elas falam também da experiência do teatro em suas vidas. Isabela conta as mudanças que sentiu desde o começo do curso. "Melhorou meu jeito de expressar, falar e perceber cenas do teatro na realidade. Além de dar uma noção maior do espaço, que facilitou minha movimentação entre as pessoas
nas ruas para que eu não esbarrasse nelas." Para Letícia, ela aprendeu a lidar melhor com o tempo, pois tem as tardes ocupadas com a nova atividade, o teatro. "Expandi meu olhar e também tive ciência e controle do meu corpo", afirma. As alunas veem a cobrança dos professores de forma positiva, porque isso ajuda na evolução do seu trabalho. Elas também ressaltam que o ator não pode ter certeza de que aquilo que fez está bom, para não se acomodar.
Espaço cultural Cine Horto comemora 15 anos n ANNA CLARA RODRIGUES LARISSA RICCI 1º PERÍODO
O grupo Galpão criou na Cidade de Belo Horizonte um importante centro cultural, o Galpão Cine Horto. Em atividade há 15 anos, instalado em um antigo cinema da década de 50, esse espaço cultural é uma extensão do Grupo Galpão voltado para a comunidade, com oficinas, espetáculos, pro-
jetos culturais, dentre outros. O espaço tem sido utilizado para a aproximação do grupo Galpão com outros artistas e o público em geral. No site do Galpão Cine Horto, (www.galpaocinehorto.com.br) pode-se acompanhar a agenda do espaço cultural, e ficar por dentro dos shows, oficinas, cursos, palestras, mostras e espetáculos realizados no local. Chico Pelúcio, ator do Gru-
po, diretor geral do Galpão Cine Horto e gestor cultural, integra o Galpão há 30 anos, sendo um dos fundadores. "Nesse centro cultural são desenvolvidos trabalhos de formação, reciclagem, memória de publicação, provocação de pesquisa e atividades socioculturais com crianças de escola pública", explica. Existem 17 projetos, cada um com seu grau de relevância
na área que atua. O mais antigo é o Oficinão. Este projeto é gratuito e tem como objetivo proporcionar reciclagem e novas experiências para atores já com alguma experiência profissional, e depois, deu origem a todos os outros que o centro cultural possui hoje. Em suas seis primeiras edições, o projeto era dirigido por atores do grupo Galpão. Nas edições posteriores, direRAQUEL GONTIJO
Fachada do Espaço Galpão Cine Horto , à Rua Pitangui, que há 15 anos realiza diferentes atividades culturais na Zona Leste da capital mineira
tores e parceiros do grupo foram convidados a participarem do projeto, realizado em 2008, o Oficinão ganhou o formato que tem hoje, selecionando diretores participantes por meio de edital. Para a seleção dos atores, recebem cerca de 120 currículos, dos quais são selecionados 40. Os escolhidos participam de uma oficina durante uma semana, e, de acordo com Chico Pelúcio, trata-se de um tipo de oficina teste para que todos usufruam de algum conhecimento e a partir desses trabalhos, são selecionados 15 atores que permanecem no centro durante um ano, pesquisando e montando uma proposta de espetáculo que o diretor irá conduzir. Este ano em comemoração aos 15 anos do Galpão Cine Horto, o Oficinão, retoma as suas primeiras edições e convida integrantes do Grupo Galpão para a condução da pesquisa e montagem do espetáculo. Chico Pelúcio assumirá a coordenação desta edição, que terá o elenco composto exclusivamente por atores ex-participantes do projeto.
Saúde Maio • 2013
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SOLIDARIEDADE E AMOR EM CENA Inglesa que mora no Brasil, ajuda e aconselha pessoas que possuem algum tipo de demência, como o Alzheimer, por meio do “Grupo Harmonia de Viver”, que faz um trabalho voluntário NATHÁLIA PEREIRA
n HUGO L'ABBATE LAYSA VIEGAS NATHÁLIA PEREIRA RAFAELLA RODINISTZKY 1º PERÍODO
Em 1989, a inglesa Judy Robbe, hoje com 72 anos, criou o "Grupo de Apoio Alzheimer BH" (atualmente intitulado Harmonia de Viver), com o intuito de auxiliar e orientar aqueles que convivem e cuidam de pessoas com distúrbio de memória. A ideia surgiu por causa da história de um casal de amigos da Alemanha, em que o marido apresentava problemas de memória e comportamento estranho, sintomas da doença de Alzheimer. "Ninguém sabia lidar com os comportamentos daquele homem, a esposa não foi preparada e, infelizmente, foi levada ao alcoolismo", contou Judy. Após conversar com amigos médicos, Judy Robbe percebeu a dificuldade em relação ao aconselhamento das famílias de quem apresenta sintomas como os de Alzheimer e resolveu iniciar seu próprio projeto de apoio. Ao longo dos anos a inglesa se firmou pioneira no aconselhamento de familiares de pessoas com distúrbios de memória, no Brasil. Como membro da Dementia Advocacy and Support Network International (DASNI) e membro-fundador da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), recebeu material vindo de países como Inglaterra e Estados Unidos, que a ajudaram em seu trabalho. A cartilha distribuída aos participantes das reuniões foi traduzida da original de uma associação da Inglaterra, com as devidas autorizações. Durante quase uma década as reuniões foram feitas na Igreja Nossa Senhora do Carmo, na Região Sul de Belo Horizonte. No entanto, o espaço acabou se tornando pequeno para o grande número de pessoas que procuravam assistência, o que resultou
na mudança para a Igreja São Mateus. Os encontros sempre acontecem no terceiro sábado do mês, das 15h às 17h, e os participantes não precisam preencher inscrições ou pagar taxas, basta que compareçam a quantas reuniões puderem ou quiserem, para que compartilhem suas experiências e conheçam as de outras pessoas. Judy Robbe também recebe aqueles que desejam aconselhamento individual, geralmente devido à preferência por discrição. Primeiramente, ela faz uma visita à casa da pessoa com distúrbio de memória, sem se identificar como conselheira ao paciente. Depois, os cuidadores vão à casa de Judy, para que conversem e sejam aconselhados, procedimento que muitas vezes estende-se por horas. Cuidador de um familiar em estágios iniciais de distúrbios de memória, Alexandre Cardoso ressalta que o convívio "requer atenção e dedicação permanentes, por várias razões", já que "a pessoa evita ficar conversando e, assim, começa a ficar cada vez mais no próprio mundo; fica nervosa quando quer se lembrar de algo e não consegue". Para Judy Robbe, o objetivo do Grupo de Apoio é muito claro: "é o de manter ou melhorar a qualidade de vida da pessoa acometida por esse tipo de doença, e também de seus familiares, assim como diminuir o abuso e maus-tratos com idosos, seja emocional, financeiro ou de qualquer tipo". Os primeiros sintomas da demência são sutis, podendo ser perda de memória recente, alterações de humor e dificuldade de concentração. À medida em que a doença progride, pode-se notar esquecimento, confusão quanto à hora, dia e acontecimentos recentes, dificuldade para falar e realizar tarefas do dia a dia. Ao identificar um desses sintomas, é importante que o diagnóstico da doença específica seja feito. Para
Além de realizar visitas, Judy Robbe também recebe cuidadores em sua casa para fazer aconselhamentos isso, deve-se consultar um neurologista, de modo que o tratamento seja adequado e os sintomas sejam amenizados. Os distúrbios de memória são incuráveis. No entanto, é importante que os cuidadores estabeleçam uma rotina, permitindo que a pessoa de quem cuidam realize tarefas e sinta-se ativa, mantendo o bom-humor. Além disso, é necessário tornar o ambiente mais seguro, eliminando potenciais causas de acidentes, como tapetes e utensílios de cozinha. No site Harmonia de Viver (www.harmoniadeviver.net.br), estão disponíveis instruções básicas para os cuidadores, com a afirmação de que é tão importante cuidar de si mesmo, como do familiar.
ALZHEIMER Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde 1940, o grupo etário com 60 anos ou mais é o que mais cresce, proporcionalmente, na
Pense bem, respire e conte até 10 RAQUEL DUTRA
n LETÍCIA CARVALHO THIAGO SOUZA 5º E 6° PERÍODOS
De acordo com a United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC), o descontrole emocional, conhecido como "Transtorno Explosivo Intermitente", vem sendo um dos principais fatores que colocaram o Brasil entre os países com as maiores taxas de homicídios do mundo. Entre o ano de 2004 e 2010, 42.069 pessoas, em média, foram mortas por ano no país. Esse número é maior do que um massacre igual ao do Carandiru, acontecendo todos os dias. Visando sensibilizar a sociedade contra a banalização da violência, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) lançou, no final de 2012, a campanha "Conte até 10. Paz, essa é a atitude". A campanha conta com a presença de lutadores brasileiros de MMA, e foca nas artes marciais esportivas, que desenvolvem a disciplina com regras específicas. "No dia a dia, eles são pessoas comuns e que, apesar de todo poder e força que possuem, adotam uma atitude de paz", explica Tatiana Jebrine, chefe do Núcleo
Antonella Carolina da Silva optou pelas aulas de thai-boxe para melhorar o emocional de Comunicação Institucional do CNMP. "Aparentemente, a campanha pretende mostrar que, apesar dos atletas praticarem técnicas violentas na modalidade de esporte a que se dedicam, eles são pessoas que não cometem tais violências no dia a dia de suas vidas. No entanto, suas lutas mobilizam milhares de pessoas, que esperam que eles detonem seus adversários até
que os mesmos não tenham mais forças para levantar do chão" , explica a psicóloga Maria Angélica Diniz Aragão, 63 anos. Entre os casos mais comuns de crises nervosas estão as brigas de bar e as discussões no trânsito. "Dados demonstram que cerca de 90% dos assassinatos são cometidos por pessoas que nunca mataram antes. Em São Paulo, cidade mais densamente povoada do país, 70% das víti-
população brasileira. Estatísticas globais demonstram que 6% dos indivíduos acima de 65 anos, e 20% dos acima de 85 anos, sofrem de demência. Mencionado pela primeira vez em 1906, pelo psiquiatra alemão Aloysius Alzheimer, o Mal de Alzheimer é a forma de distúrbio de memória mais recorrente em idosos. Mais de 100 anos após o primeiro diagnóstico, a origem e a cura da doença ainda permanecem incertas. O neurologista Luiz Roberto, professor da PUC Minas, esclarece que, estatisticamente, “75% dos pacientes dementes têm doença de Alzheimer e os outros 25% têm outros tipos de demência, como a demência vascular". "Nos exames de imagem, geralmente encontrase um quadro de atrofia cerebral, principalmente na área do cérebro, chamada de hipocampo", explica. Sobre o diagnóstico, o especialista observa que chama a atenção, fundamentalmente, é o distúrbio de memória. “Além da perda de
mas de assassinato e 49% dos agressores não possuíam antecedentes criminais. “Eram pessoas comuns de cabeça quente", afirma Tatiana Jebrine. Eduardo Honório Fagundes de Oliveira, 31 anos, que é pastor, conta que após um acúmulo de frustações ao longo da vida, se precipitou e apontou um fuzil para sua cabeça. Ele, que servia o Exército à época, aproveitou um dia de ronda pelo quartel, e tentou o suicídio. "Via-me inferior às outras pessoas, em todas as áreas, como a financeira, a sentimental e a espiritual. Eu não entendia como as coisas eram, então eu ficava o dia inteiro pensando em como acabar com minha vida. Um dia estava de serviço no quartel, carreguei o fuzil, foi terrível, pois tinha um amigo meu junto. Ele saiu correndo desesperado e eu apontei o fuzil carregado para minha cabeça", lembra Eduardo. Para a psicóloga Maria Angélica, uma crise nervosa aparece quando algo não vai bem e precisa ser modificado. "Isto vale para várias situações. A crise surge para que aconteça uma mudança, sua mensagem é o sinal de que algo precisa ser mudado", ressalta. "A impulsividade é uma reação que vem sem que a pessoa tenha pensado ou ponderado. Quando a pessoa percebe, ela já fez, e é aí que aparecem muitos crimes, reações
memória recente, são pesquisadas outras áreas, como linguagem e atividades práxicas, ou seja, aquelas que aprendemos, como usar talheres, escrever e desenhar", diz. Há um método de avaliação que testa a capacidade do indivíduo de se localizar no tempo e espaço, receber ordens orais e escritas, e manter memória recente. "Feito o histórico e o teste, é feito um exame de sangue, que afasta outras patologias que podem simular a demência, como anemia ou distúrbio da glândula tireóide." Quanto ao tratamento, o neurologista destaca os modos medicamentoso e não medicamentoso. O primeiro é responsável por retardar o avanço do Alzheimer através de remédios. Já o segundo, consiste em atividades como terapias e prática de exercícios físicos e psicológicos. Luiz Roberto também cita a importância dos cuidadores, que, além da proteção de acidentes domésticos, devem auxiliar os pacientes nas tarefas do dia-a-dia e fornecer atenção e carinho.
violentas, coisas que na maioria dos casos levam ao arrependimento e ao sofrimento de ter feito mal a alguém ou a si mesmo. E é esta a mensagem que o ‘Conte até 10’ pretende levar à população", completa Maria Angélica. A estudante de Publicidade e Propaganda Antonella Carolina da Silva, 17 anos, fala como o esporte melhorou seu estado emocional. "O thai-boxe, arte marcial de origem tailandesa, que faço há cinco meses, me ajudou a desviar o meu jeito explosivo para a luta. Se antes eu agredia alguém, hoje eu seguro a onda e descarrego minhas energias no esporte", ressalta. Mas, a mudança de hábito não é fácil para Antonella. "Às vezes, eu fico meio prejudicada por causa desse meu nervosismo. Por exemplo, no thai-boxe a pessoa tem que ter muita disciplina, se não ela paga uma prenda, como ter de fazer 50 abdominais. Eu sempre pago essas prendas, sou um pouco indisciplinada”, diverte-se ao contar. "Quando eu era pequena, na escola, as crianças batiam em mim e me dava muita raiva, mas guardava tudo. Hoje, se perco a paciência, explodo fácil, mas não sei se o fato de explodir tem a ver com meu passado", finaliza Antonella.
14Esporte
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Maio • 2013
ATLETAS DÃO LIÇÃO DE SUPERAÇÃO Com habilidade, muito treinamento e força de vontade, eles seguiram o ditado popular e fizeram do limão uma limonada; Davi, José Gonçalves e Michelli são pessoas com algum tipo de deficiência que têm outro ponto em comum: são vencedores - não só nas modalidade de esportes em que se especializaram como também na arte de vencer na vida com determinação MARCUS TADEU MAGALHÃES
DANIIEL DE ANDRADE
n DANIEL DE ANDRADE 3º PERÍODO
Existe um ditado popular que orienta as pessoas a "fazerem do limão uma boa limonada", ou seja, minimizar as coisas ruins da vida e transformá-las em vitórias ou motivos de felicidade. Essa foi a solução encontrada por quatro cidadãos, todos com algum tipo de deficiência física ou mental. Eles se aliaram ao esporte e a cada dia rompem as tristes barreiras do preconceito, em um exemplo claro de superação. Tetraplégico desde 2010, o policial militar Davi Rodrigues Coimbra, 23 anos, mal imaginava que, graças à prática do rugby em cadeira de rodas, modalidade esportiva para pessoas portadoras de deficiência em pelo menos quatro membros, fosse conquistar o posto de atleta mais veloz do Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas (ABRC), Rodrigues atravessou uma quadra de 20 metros em 5,8 segundos, em junho de 2011, o que lhe rendeu uma vaga na seleção brasileira, onde estão reunidos os melhores da modalidade. O ex-PM revela que viu sua vida mudar drasticamente quando, há três anos, sofreu um acidente em uma piscina, fraturando uma das vértebras. "Achava que minha vida tinha acabado. Eu estava no auge da minha juventude, cheio de planos", relembra. Mas durante uma das sessões de fisioterapia no hospital Sarah Kubitschek, ele assistiu um campeonato de rugby e, desde então, resolveu apostar no esporte como forma de se sentir útil e integrado novamente à sociedade. Atualmente, Davi treina três vezes por semana, deslocando-se de ônibus do Barreiro, onde mora, até o bairro Carlos Prates, local onde está instalado o Centro de Referência Esportiva para Pessoa Portadora
Michelli exibe, orgulhosa, as medalhas já conquistadas na natação; Davi não se deixou vencer após acidente em piscina e tornou-se o atleta mais veloz do país em sua modalidade de Deficiência (CRE-PPD). "O rugby me trouxe de volta a vida, me deu um novo sentido", afirma o atleta que, neste ano, se prepara para disputar o campeonato brasileiro na equipe de Campinas, tetracampeã brasileira e invicta há quatro anos. "A cadeira deixou de ser um entrave para mim. Nossas limitações estão na cabeça, no pensamento. Existe uma fábrica de cadeiras de roda, cujo slogan é 'a vida não para', e esse é meu lema, pois a vida realmente não pode parar. Há pessoas que não são deficientes e apresentam mais limitações que a gente", reflete. Outro esportista que também não permitiu que sua vida parasse diante da deficiência foi o matogrossense José Gonçalves Ramos, 57 anos, acometido por
Campeã de natação já tem patrocinador Solidão e depressão são sentimentos que não estão presentes na vida de Michelli Silva Patrício, 30 anos. Praticante de natação, a jovem mineira, com Síndrome de Down, já disputou dois campeonatos nacionais em São Paulo, saindo vencedora em ambos. Ela também já concorreu em um campeonato de ginástica olímpica na mesma cidade, ficando em segundo lugar. Graças a essas conquistas, a jovem conseguiu, há cerca de cinco anos, um patrocínio mensal da Camter, empresa na área de mineração, saneamento e obras viárias, no valor de um salário mínimo. "A Michelli evoluiu demais com a prática da natação. Os problemas de dicção diminuíram, a independência dela aumentou, assim como sua capacidade de socialização", ressalta Maria Aparecida Patrício, mãe da atleta. Michelli faz aulas de natação por meio do programa Superar, uma iniciativa da Prefeitura de Belo Horizonte, criada em 2004, cujo objetivo é proporcionar mais quali-
dade de vida às pessoas com deficiência, inserindo-as na prática cotidiana do esporte. Em um amplo espaço localizado no bairro Carlos Prates, Região Noroeste da capital, a nadadora, juntamente com outros 580 alunos também portadores de algum tipo de deficiência, têm acesso à prática de várias modalidades esportivas, como futsal, basquete, patinação, judô, tênis de mesa, hidroginástica e dança. Além disso, os usuários contam com atendimento médico e fisioterápico gratuito. Em 2012, a coordenação do Superar sorteou Michelli para ir à Porto Rico competir em um campeonato internacional de natação, porém a viagem não foi possível devido a problemas burocráticos na documentação solicitada para o embarque da atleta. Mesmo assim, nenhum problema ou adversidade desanima mãe e filha que, ao lado de outras mães de alunos do programa da PBH, formam uma corrente de luta, torcida e esperança.
“O RUGBY ME TROUXE
“ELA AUMENTOU A
“COM O ESPORTE, TIVE
DE VOLTA E ME DEU NOVO SENTIDO À VIDA”
INDENPENDÊNCIA E A SOCIALIZAÇÃO”
RECUPERAÇÃO PARCIAL E MAIS SAÚDE”
DAVI COIMBRA
MÃE DE MICHELLI
JOSÉ GONÇALVES
poliomielite na infância, o que causou sua paraplegia. Em 1978, ele conheceu o basquete em cadeira de rodas, no Rio de Janeiro, por meio do Clube do Otimismo, primeira associação a trazer o esporte para o Brasil. "Nessa época, fiz parte da seleção brasileira de basquetebol nos jogos Parapan-Americanos do Rio e desde então acumulei muitas conquistas", relembra o aposentado que, ao longo de mais de três décadas, participou de dois campeonatos brasileiros e diversas disputas regionais. "Tenho mais de 30 medalhas", afirma Ramos, cuja atuação também se estendeu ao atletismo e à natação, durante vários anos. Atualmente, ele participa da equipe de basquete em cadeira de rodas da União dos Paraplégicos
de Belo Horizonte (Unipabe) e, mesmo lamentando os poucos investimentos dos órgãos governamentais no paradesporto (esporte adaptado para pessoas com deficiência física), José não nega os benefícios do esporte em sua vida. "Vou fazer 58 anos e não tenho, por exemplo, problemas de pressão alta ou baixa. Graças ao esporte, tive uma recuperação parcial. Hoje, uso muletas e recorro à cadeira de rodas, apenas para jogar basquete. Acredito que se não praticasse nenhuma atividade esportiva, estaria usando uma variedade de remédios para minimizar problemas que infelizmente são muito comuns entre os deficientes, como a depressão e o sedentarismo", relata. José Gonçalves afirma que, se
os governos investissem mais no esporte para pessoas com deficiência, teriam uma grande economia com medicamentos. "O indivíduo que pratica esportes deixa de estar constantemente no hospital por problemas de órgãos. Todos os deficientes físicos têm problemas nos órgãos porque o sistema de vida que nós levamos acaba comprometendo isso. A atividade física elimina nossos problemas. O praticante de esportes vive mais. Tem pessoas que eu conheço que já chegaram aos 60 anos, ultrapassando a média de vida de um deficiente físico, que é de 50 anos. O esporte só tem trazido, para o deficiente, mais qualidade e mais tempo de vida, além de menos estresse, solidão e depressão", destaca.
Ações valorizam atletas paralímpicos De acordo com Rosana Bastos, diretora de desenvolvimento do paradesporto da Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude de Minas Gerais (SEEJ), 22,62% da população mineira têm alguma deficiência. Diante desse índice, o órgão público tem desenvolvido ações de fomento do esporte paralímpico no Estado, levando-o a um grande número de pessoas, por meio de palestras informativas em diversas cidades, promoção de campeonatos regionais e capacitação de professores de educação física. "É importante fomentar o paradesporto e descobrir novos talentos, seja para a formação de base do cidadão deficiente, uma espécie de iniciação esportiva, ou em caráter competitivo. O poder público não
pode assumir, sozinho, a responsabilidade dos custos, tendo em vista que passamos por cortes de orçamento em diversas áreas como saúde e educação, por exemplo. Precisamos também do apoio da iniciativa privada", ressalta a diretora. Rosana, que também é paraplégica, se sente orgulhosa pela história de vida que possui. Ela é a primeira pessoa a assumir um cargo público voltado para o desenvolvimento do paradesporto em Minas. "Isso é um grande avanço para o estado", diz. Além de dirigir um importante setor da SEEJ, a diretora participou da fundação da Associação Mineira de Paraplégicos em 1979 e, entre 1996 e 2002, jogou na seleção brasileira de basquete para
cadeirantes. Já no primeiro ano de existência da seleção, viveu um dos melhores momentos da carreira, ao ser convocada para representar o Brasil nos jogos paraolímpicos de Atlanta, nos Estados Unidos. "O esporte me deu tudo que consegui na vida. Viajei para muitos países e conheci várias pessoas. Não fiquei presa à minha cadeira. Andei mais do que se tivesse minha mobilidade perfeita. Hoje, estou casada, sou mãe de dois filhos e tenho um cargo de importância no Governo do Estado. Sou uma das provas de que um corpo paralisado, uma cegueira ou déficit mental não são maiores diante da vontade de nos superarmos cada vez mais e irmos além dos nossos limites", finaliza.
Política Maio • 2013
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RAQUEL DUTRA
CÂMARA MIRIM DE VEREADORES DE BH É REFERÊNCIA NO PAÍS Desde 2008, estudantes com idade entre 12 e 14 anos participam do projeto educacional e de cidadania n ÍGOR PASSARINI RAQUEL DUTRA 5º PERÍODO
Apresentar projetos que possam melhorar suas escolas e comunidades, ter um engajamento social e conhecer melhor o cenário político do próprio país são alguns dos desafios e aprendizados dos membros da Câmara Mirim de Belo Horizonte. Antes de chegar para cumprir o mandato de um ano, os jovens vereadores, com idade entre 12 e 14 anos, enfrentam uma eleição interna nas escolas públicas da capital mineira. O projeto, implantado em Belo Horizonte em 2008, já existia em diversas cidades de Minas e do Brasil, mas o de BH já é considerado referência no país. "A iniciativa foi da Procuradoria da Câmara Municipal e da Escola do Legislativo, que tinha um ano de existência quando a gente assumiu", revela o coordenador do Projeto Câmara Mirim pela Escola do Legislativo, Sulavan Fornazier, 48 anos. "De cara a gente reformulou todo o projeto, dando a ele um caráter pedagógico e com foco central de educação para a cidadania, que é o nosso grande objetivo. A partir daí fizemos a parceria com secretaria de educação", relata o coordenador. Segundo ele, o primeiro ano foi bastante custoso, pois tiveram que lutar contra o ceticismo das escolas
participantes, que não acreditavam muito em um projeto que tinha nascido em uma casa política. "Mas nós conseguimos mostrar que o projeto era da instituição Câmara e que ele tinha o objetivo claro de educação da cidadania. Assim, a gente foi conquistando as escolas", diz. Ele relembra que, já no primeiro ano, o encerramento contou com mais de 350 alunos presentes no plenário para assistir os vereadores mirins da primeira legislatura serem diplomados. "Percebeu-se um resultado muito positivo e a partir daí a parceria se consolidou e o projeto só vem crescendo", completa. Atualmente a iniciativa é desenvolvida pela Escola do Legislativo da Câmara Municipal em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e com a Escola Judiciária do TREMG. A coordenadora de Projetos Especiais da Secretaria Municipal de Educação, Miriam Cunha de Oliveira, 47 anos, acredita que a Câmara Mirim tem somado muito e acha importante essa parceria com a Escola do Legislativo. "A Secretaria conta hoje, em todas as escolas, com um colegiado com participação garantida de estudantes. Ela vem, portanto, contribuindo para a formação e participação dos alunos nesses espaços dentro da escola. Foi um casamento muito feliz", avalia. Segundo Miriam, a educação já tem um viés voltado para que as ações educativas possam contem-
plar o desenvolvimento integral dos estudantes de forma que eles conheçam melhor os poderes legislativo, judiciário e executivo. "É uma oportunidade de eles se sentirem parte disso enquanto cidadãos, vivenciando a abertura de participação nesses poderes. Isso contribui para que a gente possa fomentar articulações dentro do programa básico da escola que são relacionados à participação crítica, envolvimento e engajamento dos meninos no contexto social", pondera. A reunião é mensal e acontece sempre na terceira quarta-feira do mês. Mirian explica que a formação acontece, inicialmente, nas três primeiras sessões. "As formações dos professores e dos vereadores mirins são separadas, porque trabalhamos questões específicas de cada um", explica. Segundo ela, depois dessa etapa, o grupo todo trabalha junto. "Os professores são peças fundamentais para o desenvolvimento das ações", avalia. A professora Juliana Pena, 27 anos, da Escola Municipal Mestre Ataíde diz que essa iniciativa é muito boa porque induz o aluno a ter uma participação mais cidadã. "Já dei aula para alunos que passaram pela Câmara Mirim, e posso dizer que eles se engajaram mais, em relação aos demais colegas, e se tornaram referência na escola", comenta. "Eles são multiplicadores, pois tudo que aprendem aqui a gente tira
Dagma Martins, Miriam Cunha de Oliveira e Sulavan Fornazi coordenam o projeto um momento lá na escola para eles compartilharem com os outros alunos", ressalta Roberto Carvalho Júnior, 37 anos, professor da Escola Municipal Fernando Dias Costa. Para ele, a participação nesse projeto acrescenta muito, em todos os sentidos. "Eles têm oportunidade de se expressar e criar consciência política. Descobrem também a importância da participação de todos na vida na omunidade", observa. Roberto acredita que a idade dos alunos participantes é ideal. De acordo com o professor, é nessa fase que se deve começar a desenvolver o senso crítico e a participação. "O fato de terem sido eleitos já mostra que eles apresentaram algum dife-
rencial, como poder da oralidade e propostas consistentes", conclui. Ana Clara Vera, 12 anos, aluna da escola Paulo Mendes Campos, foi eleita para ocupar uma das 41 cadeiras da Câmara Mirim em 2013. "Vemos o que se passa na cidade e mostramos que temos potencial mesmo sendo menor de idade", afirma. Sua colega, Bianca Barbosa Santos, 13 anos, diz que o fato de a atual presidente ser da escola delas motivou-a. "Quero ser como ela. Os alunos que participaram também conseguiram trazer benefícios para a escola, se tornaram mais responsáveis e estão com mais consciência", afirma. RAQUEL DUTRA
Crianças e jovens adquirem aprendizado Apesar do interesse dos alunos, nem todos os eleitos exercem o mandato. Há situações em que assume quem ficou em colocações posteriores nas eleições. É o caso de Ana Gabriela Amorim da Silva, 13 anos, que estava como suplente. "Entrei no lugar de um aluno que foi eleito, mas que os pais não permitiram sua participação porque ele já estava envolvido em outras atividades fora da escola. Eles tiveram medo que isso atrapalhasse", conta. Ana quis participar para tentar resolver problemas da escola e do bairro. "É uma oportunidade de está informando às pessoas da escola e da comunidade sobre o que eles não sabem", explica. Yasmin Lopes da Silva, 12 anos, diz que se interessou quando viu cartazes espalhados pelo colégio com os dizeres "Seja um vereador". Para ela, além de poder dar sua opinião na escola, esta é uma possibilidade de mudar o que não está bom. "É um aprendizado. Aqui conhecemos pessoas influentes que nos dão conselhos para o nosso futuro", completa. O aprendizado proporcionado por quem passa pela Câmara Mirim é marcante. Amabiliane Gonzaga Queiroz, 16 anos, participou em 2011 e hoje trabalha como auxiliar no administrativo da Câmara Municipal. "A experiência foi
única. Retirei várias coisas para minha vida e que uso até hoje. Me arrependo por não ter me soltado mais, mas valeu muito a pena", revela. "Eles vão criando uma visão própria e aprendem que não têm que ficar somente assistindo as coisas acontecerem, pois cada um tem o seu papel", argumenta a gerente da Escola do Legislativo Dagma Martins, 41 anos. De acordo com ela, a mudança na postura dos alunos entre o início e o final do projeto é muito grande. "Se vocês virem aqui hoje, quando acontece a primeira reunião, e voltarem na última, perceberão como há diferença", aponta. De acordo com Sulavan, hoje em dia o projeto Câmara Mirim de Belo Horizonte é referência no Brasil porque tem vários diferenciais em relação aos demais. Ao contrário do que acontece em outras cidades, em BH os alunos não vão para Câmara atuarem tal como vereador, seguindo um regimento cheio de detalhes do projeto legislativo da Câmara. "A gente trabalha com algumas simulações de atividade parlamentar. Os meninos também apresentam projeto, só que isso vai acontecendo de forma gradativa no processo de educação para a cidadania, de aprofundamento em alguns temas que eles colocam como mais preocupantes", explica.
Vereadores mirins durante reunião em plenário na Câmara Municipal de Belo Horizonte
Eleição anual define os vereadores Todos os anos acontecem as eleições para a Câmara Mirim, quando as escolas participantes escolhem seus representantes entre os alunos, divididos em candidatos e eleitores. De acordo com Miriam Cunha de Oliveira, 47 anos, coordenadora de Projetos Especiais da Secretaria Municipal de Educação, a escola participante faz uma eleição, onde elegem quatro estudantes. No total, são formados 41 vereadores no primeiro semestre escolar. No segundo, esses 41 vão eleger a mesa diretora do projeto Câmara Mirim, que é composta por um secretário, um vice-presidente e um presidente. A função deles é coordenação dos trabalhos e a representação. Eles têm, então, um ano de mandato. "Não trabalhamos com reeleição de alunos. Na verdade, possibilitamos a permanência de
representantes de três escolas por dois anos no máximo. As escolas podem voltar a participar, mas sempre com novos vereadores", pondera Mirian. Segundo ela, o objetivo é tentar fazer com que um número maior de estudantes possa participar do projeto e que isso crie nas escolas um grupo mais atuante, para que os alunos possam se engajar em outros movimentos. Por sua vez, o coordenador do Projeto Câmara Mirim pela Escola do Legislativo, Sulavan Fornazier, 48 anos, informa que, a cada legislatura, dez escolas públicas municipais participam do projeto. Elas são indicadas pelas gerências das administrações regionais de Belo Horizonte. Cada uma indica quatro vereadores mirins e uma, cinco, para totalizar os 41 vereadores. Segundo ele, essa eleição é
feita tal qual um pleito normal, inclusive com utilização das urnas eletrônicas cedidas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TER). Tudo isso faz parte de um processo bem dinâmico dentro das escolas, onde eles fazem campanha e tem todo aquele ritual das eleições normais do país. "É o momento em que, numa ação multidisciplinar, a escola trabalha essa questão eleitoral com os alunos. Eles são educados para se tornar futuros eleitores e, quem sabe, para ser futuros políticos", revela. Mas Sulavan ressalta que o objetivo é bem claro. "Nós não fazemos isso com a intenção de formar futuros políticos e sim formar futuros cidadãos, bons cidadãos, acreditando que, assim, eles podem se tornar bons políticos, caso queiram", afirma.
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Gilberto Silva
Entrevista
ZAGUEIRO DO ATLÉTICO
n CAROLINA SANCHES PAULO FELIPE MANGEROTTI 5º PERÍODO
Pentacampeão mundial, com três Copas do Mundo disputadas no currículo, Gilberto Silva, ocupou por vários anos a posição de volante da seleção brasileira e também marcou época nos clubes em que atuou. Campeão da Série B pelo América, jogou por duas temporadas no Atlético e em seguida migrou para o Arsenal, onde atuou por oito anos e virou a "Muralha Invisível", conquistando títulos importantes. Além da passagem pela Inglaterra, Gilberto Silva defendeu um dos maiores clubes da Grécia, o Panathinaikos e voltou para o Brasil em 2011, quando jogou no Grêmio. Depois disso, aos 36 anos, o mineiro de Lagoa da Prata, no Oeste do estado, voltou a Minas e ao Atlético-MG. Ele aproveita o momento para fazer um balanço de sua carreira e projeções para o futuro. "Você se vê obrigado devido à força do tempo, porque não consegue manter a mesma performance", relata o jogador, que fala com pesar da aproximação do fim da carreira. "Eu sei que está próximo, não sei se vai ser ao final deste ano, se ainda vou jogar mais um ou dois anos", afirma o veterano atleta, ainda em dúvida sobre o futuro. Com muita história para contar, o experiente jogador já planeja os próximos passos em sua vida. n Você acha que o futebol mudou muito nos últimos anos? Houve certa melhora, mas não mudou muita coisa também, no meu ponto de vista. Alguns clubes chegaram à conclusão e consciência de que é preciso se estruturar, ter uma estrutura de apoio com profissionais qualificados, para que você tenha uma condição melhor de trabalho, isto é fundamental para o sucesso. Acredito, pelas coisas que aprendi no futebol, que ainda tem algo considerável que pode ser melhorado no Brasil, para que nós tenhamos um futebol que possa chegar próximo ao nível europeu, ainda faltam algumas coisas bem importantes. n Belo Horizonte é referência em relação aos centros de treinamento, com a Toca da Raposa II e a Cidade do Galo. De forma geral, como você avalia as estruturas para treinamento no futebol brasileiro? Esses que você citou estão super tranquilos. O Atlético Mineiro tem uma estrutura para atender qualquer delegação do mundo, está totalmente apto. No Atlético Paranaense eu tive a chance de fazer a preparação para a Copa de
CRAQUE MINEIRO REVELA BASTIDORES DA CARREIRA 2010 e também está muito bom. Mas ainda tem um déficit muito grande, até em relação a muitos grandes, que ainda não têm um CT adequado e boas condições de treinamento. Além de atrasarem os salários dos funcionários que às vezes são remunerados em uma proporção bem menor em questão de valores. Tem muita coisa que ainda pode ser mudada e melhorada. n E os estádios brasileiros? Os estádios daqui estão em um padrão europeu? O Mineirão, por ter sido o primeiro jogo após a reforma, acabou que houve algumas informações que o público não teve tanto acesso. Mas é até normal pelo fato de ter sido o primeiro jogo, um clássico entre Atlético e Cruzeiro, com as duas maiores torcidas de Minas. O estádio ficou em boas condições, para atender a qualquer evento esportivo. Acredito que os outros estádios também, dentro de pouco tempo estarão no mesmo nível, que esteja tudo sendo feito da forma bacana e correto com tem que ser feito. n Como um belohorizontino ‘adotado’, como analisa a cidade após a sua volta? Desses anos todos que eu fiquei fora, nas minhas idas e vindas, principalmente em período de férias, a gente começa a n o t a r, varias mudanças. Algumas partes que for a m
Conheça o ‘time dos sonhos’ de Gilberto Silva MARCOS JUAN
SOL CAMPBELL
ROBERTO CARLOS PATRICK VIEIRA RONALDINHO HENRY
CAFÚ
KLÉBERSON RIVALDO RONALDO
crescendo, melhorando, questão da estrutura, você começa a ver que o poder econômico da cidade foi melhorando. Estando aqui a gente consegue perceber isto melhor. Cada coisa que vai melhorando você sempre espera que outras também acompanhem, todo este desenvolvimento que a cidade teve, acaba que para mim fica muito ao que os olhos conseguem ver. Por não ainda tantas oportunidades, por causa do trabalho, acompanhar estatísticas, o que realmente cresceu em 10/12 anos em Belo Horizonte. n Quando você está em campo é facilmente identificado por deixar a camisa para dentro do calção. Por muito tempo isto foi obrigatório no futebol, por que manter a tradição? Eu ainda sou da turma da velha guarda. Eu aprendi desta forma, tem coisas que você aprende na vida e jamais esquece. Um dos motivos para eu ainda jogar assim, foi que uma vez eu vi meu treinador falando que jogador com camisa para fora dá uma sensação de que está cansado, e ele sempre mandava a gente colocar a camisa para dentro. Além disso, até um tempo atrás pela Fifa ainda era obrigatório usar o uniforme desta forma. E que bom que eu estou me destacando desta forma. n Quais as diferenças no tratamento dado pelos torcedores de futebol nos diferentes países em que jogou?
foram acontecendo algumas mudanças em relação à montagem de elenco, de grupo, com isto algumas referências foram se perdendo dentro do time. n Como avalia o trabalho do Felipão na seleção brasileira? Infelizmente, temos muito pouco tempo para Copa do Mundo. Temos uma prova de fogo em breve, que é a Copa das Confederações, em que poderemos ter uma noção maior de qual estágio está a seleção. Infelizmente, nós não conseguimos escalar a seleção, este é um dos fatores que tem sido uma dificuldade grande. Outro problema é a não disputa das eliminatórias, que traz para cada jogador uma maturidade, um aprendizado muito grande, para entender que cada dificuldade que você passa, são as mesmas ou até maiores do que as que se encontra numa Copa do Mundo. Com a chegada do Felipão, a seleção ganhou principalmente pela experiência dele, juntamente com o Parreira, pelo que representam e pelo respeito com que são vistos por quem está fora. n Quando não está jogando ou treinando o que você gosta de fazer? Sou bem caseiro, gosto de estar sossegado quando tem oportunidade, de ir para o sítio ou até ficar dentro de casa mesmo. Às vezes, em dia de folga, não coloco nem o nariz na janela. n Há ainda algum sonho não realizado no futebol?
O futebol inglês passou por uma transformação muito grande. Há uns anos, Sonho você nunca pode deixar de tê-los. tudo que se ouviu sobre o futebol inglês Hoje, o meu maior era sobre os sonho no futebol é hooligans, era ganhar a Liberuma questão tadores pelo Atlético. trágica. Após a “COM A CHEGADA Dar este título ao intervenção do DO FELIPÃO, clube, que é carente g o v e r n o A SELEÇÃO GANHOU, de títulos, um titulo acabou com tão importante, acho este problema, PRINCIPALMENTE, PELA que seria fantástico, é raro ter um EXPERIÊNCIA DELE” no meu estágio atual problema num de carreira, de vida. estádio inglês Espero que a gente hoje em dia. consiga dentro da Eu acho que a competição, dando um passo de cada questão mesmo de toda esta intervenção vez, chegar a este objetivo. mudou o comportamento do torcedor nos estádios. Você ir ao estádio inglês n Você tem assistir um jogo é como ir ao teatro, lógiplanos para quando se co que a paixão do torcedor não muda. aposentar dos gramados? É uma paixão grande em qualquer um destes lugares, com comportamentos Tenho amigos ex-profissionais, assisti diferentes. Fica quase impossível falar vários depoimentos de atletas, falando o qual é a melhor torcida justamente por quanto é difícil parar de jogar futebol. este comportamento que existe em Mas você se vê obrigado devido à força cada cultura e até comportamentos do tempo, porque não consegue manter educacionais. Cada um a sua maneira a mesma performance. Principalmente consegue estender sua paixão nos de uns anos para cá, pois futebol exige estádios às ruas. Na Inglaterra princimuito fisicamente, então ouvindo tudo palmente é um orgulho muito grande isso, desde o início da minha carreira, para o torcedor, você encontrar com tive a preocupação de como iria termiele na rua e ele falar que compra o tinar minha carreira. Procurei me inforcket da temporada, para ele é como mar da melhor forma possível. Hoje, dizer que é um dos acionistas, um dos felizmente, temos acesso maior à infordonos do clube. mação pela internet, para quem consegue despertar um pouquinho, você se n Desde que você saiu do Arsenal, atualizar de certa forma. Dentro do ele nunca mais foi campeão. futebol, você se fecha um pouco para os Qual a explicação para isso? acontecimentos à sua volta, de poder às vezes fazer um curso, saber o que está O Arsenal na minha chegada em 2002 e acontecendo. Já que eu não posso hoje principalmente a partir do momento que frequentar uma sala de aula, a sala de foi decido a construção do novo estádio, aula virou meu computador, está sempre o time sofreu uma transformação muito comigo, procuro sempre fazer algum grande, principalmente financeira, em curso, de alguma forma me orientando que o clube gastou mais de 400 milhões para este final. Eu sei que está próximo, de euros, a meu ver no estádio mais monão sei se vai ao final deste ano, se ainda derno da Europa e até do mundo. Com vou mais um ou dois anos. Não sei isso o clube não conseguiu competir ainda, é ruim de pensar neste lado, mas financeiramente com muitos clubes da eu sei que vai chegar, não sei ainda se vai Inglaterra, como o Chelsea, hoje o ser dentro do futebol, mas eu tenho um Manchester City e o Manchester United campo preparado, se eu quisesse parar que investem mais em contratações. hoje, eu já teria trabalho de 6h da Pouco antes ainda da minha saída manhã as 22h.
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RAQUEL DUTRA
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