Casos de abandonos de cães em Pet Shops de Belo Horizonte são recorrentes, apesar de se configurarem como crime federal. Página 10
Página 16
SARAH ALBERTI
LETÍCIA GLOOR
LETÍCIA GLOOR
Saulo Laranjeira,músico, humorista e ator, conta sobre a carreira, a falta de incentivo cultural e sobre os projetos futuros.
Wok Tok e The Ladies, bandas belorizontinas, mostram no palco que a diferença de gêneros não influencia na qualidade. Página 13
marco jornal
Ano 39 • Edição 285 LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas Outubro • 2011 ANA CAROLINA SOUZA
CHUVA PREOCUPA MORADORES
O início da temporada de chuva, na maioria das vezes, vem acompanhado de prejuízos e estragos. Deslizamentos de encostas e inundações são
nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição MARIA CLARA MANCILHA
constantes, principalmente para os moradores de áreas carentes de Belo Horizonte. As regionais Nordeste e Noroeste estão em alerta. O objetivo
é evitar a reincidência de enchentes e alagamentos, em que famílias perderam as moradias e comerciantes tiveram prejuízos. Com o fim das obras
do Ribeirão Arrudas, a Prefeitura de Belo Horizonte estima que os danos causados pelas chuvas diminuam esse ano. Páginas 8 e 9
Diminuição de casos de dengue é um alívio para moradores de Belo Horizonte LETÍCIA GLOOR
Formação de profissionais tem complementação com simuladores A tecnologia tem promovido evolução em diversos setores, inclusive na Educação. Os cursos superiores de Medicina e Engenharia estão utilizando cada vez mais os simuladores para melhorar a didática de ensino. Página 12 nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonesta
Ações da Prefeitura como visitas periódicas de agentes de saúde e campanhas educativas para conscientizar a população no combate ao
mosquito da dengue, juntamente com o serviço de limpeza urbana na coleta de materiais que podem servir de abrigo para o desenvolvimento de
colônias de larvas, vêm contribuindo para a diminuição dos casos de dengue nas regiões Nordeste e Noroeste de Belo Horizonte. Página 6
Perdas irreparáveis: saudade de quem não volta mais Página 15
2 Comunidade
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Outubro •2011
EDITORIAL
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Sonhos destruídos pelas águas e pela ação dos homens n PIERO MORAIS, 5º PERÍODO
Anos a fio na construção de sonhos, as pessoas se satisfazem ao dizer que aquilo conquistado de maneira árdua pode ser chamado de seu. Com a chegada do verão e o início do período chuvoso, muitos desses sonhos, materializados em forma da casa ou do negócio próprio, quando não devidamente estruturados para suportarem as intempéries naturais, sofrem da ameaça de ruírem ou alagarem. Não somente a precariedade dos locais acometidos pelas chuvas, mas também a falta de estrutura preventiva da cidade são preocupações recorrentes quando as primeiras gotas de água caem do céu. Já foram retratados em páginas do MARCO, em períodos de chuvas anteriores, inúmeros casos de destruição ocasionados pela chuva em toda a cidade de Belo Horizonte. Nessa edição, o MARCO decidiu ir atrás dessas histórias e mostrar a atual situação, não somente dessas ocorrências, mas de forma geral o que acontece em Belo Horizonte. O que foi e está sendo feito, por parte dos proprietários e por parte dos órgãos públicos responsáveis, para prevenir e evitar catástrofes no período de chuva já iniciado esse ano? Fomos atrás dessa resposta. Mas não é somente as catástrofes que deixam em alerta toda a população com a chegada das chuvas. O combate à dengue se intensifica nesses períodos, quando qualquer descuido pode se tornar um novo foco. Matéria nesta edição comprava que a união entre Poder Público e cidadãos é essencial para evitar mais uma proliferação e epidemia dessa doença tropical. O MARCO revela dados atuais da situação da dengue na capital mineira e de casos que ilustram como está sendo feito esse combate, onde todos desempenham papel fundamental. Ainda nessa edição, uma matéria sobre o abandono de cães em Pet Shops e clínicas veterinárias em Belo Horizonte, um ato covarde que configurase crime federal e que acontece com recorrência, tornando-se uma preocupação aos proprietários desses estabelecimentos, que não dispõem de recursos para amparar todos os animais abandonados. Como recursos tecnológicos são utilizados para a capacitação de profissionais nas mais diferentes áreas, desde pilotos de avião à policiais, é o tema retratado na matéria sobre simuladores eletrônicos, ferramentas importantes no aprendizado de práticas eficientes desses profissionais. Para superar uma perda importante, como a de um membro da família, muitas pessoas precisam de apoio psicológico para suportar o sentimento de falta. A Rede de Apoio a Perdas Irreparáveis, com 13 anos de existência, já desenvolveu junto a 5 mil famílias esse auxílio de superação. Que é abordado em reportagem para o MARCO.
EXPEDIENTE
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jornal marco Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: jornalmarco@pucminas.br Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920 Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286 Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª.Glória Gomide Chefe de Departamento: Profª. Maria Libia Araújo Barbosa Coordenador do Curso de Jornalismo(Coreu): Prof. José Francisco Braga Coordenadora do Curso de Comunicação (São Gabriel): Profª.Alessandra Girardi Coordenador do Curso de Jornalismo (São Gabriel): Prof. Jair Rangel Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditores: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa e Prof. Mario Viggiano Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Monitores de Jornalismo: Isabela Cordeiro, Isabela Jacoe, Keneth Borges, Natália Leão Bassi, Piero Morais, Raphael Pires, Raquel Andretto e Tamara Fontes. Monitores de Fotografia: Letícia Gloor e Maria Clara Mancilha Monitor de Diagramação: Nathan Godinho Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares
CUIDADO NOS BANCOS Agências no Coração Eucarístico registram ocorrência de violação de caixas eletrônicos como o golpe do chupa-cabra PIERO MORAIS
n PIERO MORAIS 5º PERÍODO
Esporádico, mas acontece. Com uma ocorrência registrada em setembro desse ano em um caixa eletrônico na Avenida Teresa Cristina, no Bairro Coração Eucarístico, ainda fresca na memória, é como o major André Agostinho Leão Ferreira define a frequência da prática de furto conhecida popularmente como chupa-cabra. A 9ª Companhia de Polícia Militar da qual o major é responsável, responde pela vigilância de 21 agências bancárias na Região Noroeste de Belo Horizonte e para o oficial o fator facilitador para esse tipo de prática é a desatenção dos clientes enquanto fazem as operações nos caixas. "O golpe é simples, mas eficiente e só funciona porque o cliente, principal interessado na segurança do próprio patrimônio, não tem a atenção devida", afirma. O crime registrado no Coração Eucarístico foi descoberto por um policial militar e ainda está sob investigação sem a prisão de nenhum suspeito. A ocorrência é uma das duas registradas na companhia nos últimos três anos. Horários pouco movimentados, preferencialmente em finais de semana e feriados são os escolhidos pelos criminosos para praticar o golpe. Uma das orientações do major para que o cliente se resguarde é a observação antes de qualquer ação dentro de uma agência bancária. "A primeira coisa a se
averiguar é se existe algum suspeito nas proximidades do banco, pois a pessoa que instala o chupacabra fica nas imediações da agência esperando que a vítima caia no golpe para assim pegar o dinheiro ou a senha de forma rápida", orienta. Outros cuidados são aconselhados para que se evite Major André Leão diz que é preciso cautela na hora de usar o caixa eletrônico ser vítima do crime. Entre eles cionada em julho desse de seis homens, com quaestão o de somente aceitar ano, o autor da prática tro motocicletas e uma ajuda de um funcionário pode ser solto por pagaviatura para cumprir a vido banco devidamente mento de fiança e caso gilância das agências, identificado e o de não seja réu primário pode recursos que o major condigitar a senha quando o aguardar o julgamento em sidera suficiente. "Além caixa eletrônico apresentar liberdade. Entre as das agências bancárias, a algum mau funcionamensoluções cabíveis para a companhia é responsável to. prevenção não somente do A análise do terminal por padarias, casas lotérichupa-cabra, mas para eletrônico antes de qualcas, farmácias, postos de outros crimes em agências quer operação a ser feita é combustível espalhados bancárias, na opinião de primordial para assegurar por toda a regional. Todos André, é a instalação de a segurança, como salienta são pontos comerciais que uma vigilância, mesmo major André. "É preciso tem dinheiro e que são que eletrônica, por vinte e verificar se o caixa não alvos de criminosos, onde quatro horas dentro dos apresenta nenhuma caractambém temos que fazer a bancos. "Para se colocar terística diferente das que proteção", completa. A vialguma coisa em um caixa usualmente tem, isto é, se gilância dos bancos de eletrônico para pegar o não existe nenhum equitoda regional é feita de dinheiro ou a senha de pamento instalado que maneira setorizada, sendo algum cliente, o criminoso não seja componente do assim dividida em três demanda tempo para caixa ou que não esteja pontos: no Padre Eusinstalar de modo que fique funcionando devidamentáquio, na Avenida Pedro imperceptível. Uma vite", explica. Ao efetuar II e no Coração Eucagilância, seja física ou uma transação, como um rístico, onde existem cinco eletrônica, evitaria esse depósito, por exemplo, e o agências. tipo de prática, entre outerminal não a efetue da Não existe nenhuma lei tras, como o arrombamenmaneira correta, confirespecífica para a punição to de caixas, mas que não mando o depósito e apreda prática do chupa-cabra, existe", lamenta. Prosentando o comprovante configurado penalmente curados pelo MARCO os da operação, o mais prucomo furto ou até estebancos, por meio de suas dente a se fazer é contatar lionato, que é usar de assessorias de comunia polícia militar. destreza para tomar posse cação não se pronunciaA 9ª companhia dispõe de algo de alguém. Dentro ram até o fechamento atualmente de um efetivo da lei federal 12.403 sandesta edição.
Banco do Brasil adia abertura da nova agência no Coreu LETÍCIA GLOOR
n RAQUEL ANDRETTO 3º PERÍODO
Ao chegar à porta da agência do Banco do Brasil no Coração Eucarístico, o cliente de 42 anos, morador do bairro, que não quis se identificar, se depara com as portas do banco fechadas. Ele fica indignado com a tentativa de tentar pagar as contas. A agência está com a estrutura física pronta para ser inaugurada há um mês, porém os motivos que atrasam a abertura são a burocracia para a liberação do funcionamento completo e a greve dos bancários que durou 21 dias encerrada no dia 18 de outubro. A assessoria de comunicação do banco informou que não existe nenhuma data oficial programada para a inaugu-
ração da agência, porém estipula-se que isso aconteça até o final de novembro. Os moradores do bairro estão na expectativa pela agência desde que foi anunciada a construção, há pouco mais de um ano. "A agência faz falta demais, é muito incômodo ser cliente de um banco que não eu não tenho um acesso fácil", reclama Inês Campos, de 48 anos. "Já deixei de pagar conta pela falta da agência do banco. Sempre tenho que me deslocar para a Avenida Prudente de Morais quando preciso fazer alguma operação mais elaborada", conta Luzia Pereira , 65 anos, professora do curso de mestrado e doutorado de direito da PUC Minas. Os clientes do banco são obrigados a improvi-
Inês Campos, decoradora, fica na expectativa da inauguração sar os serviços utilizando os caixas eletrônicos situados no Supermercado Due Fratelli ou no caixa 24 horas da Drogaria Araújo. Contudo, Rejane Procópio, 51 anos fun-
cionária de uma loja relata se sentir vulnerável na utilização destes caixas, já que não existe a mesma estrutura de segurança fornecida por uma agência bancária.
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SEM PALAVRAS PARA SE COMUNICAR A falta de mão de obra especializada no comércio do entorno da PUC Minas é obstáculo para o atendimento dos estrangeiros que ainda não dominam totalmente a língua portuguesa LETÍCIA GLOOR
LETÍCIA GLOOR
n ISABELA CORDEIRO PIERO MORAIS 5º PERÍODO
Com fome, Christian Pílon, canadense que há quatro meses está trabalhando no Brasil com projetos experimentais no Laboratório de Robótica da PUC Minas, decidiu comprar um hambúrguer. Escolheu o que iria comer, tentou fazer o pedido, mas não conseguiu por um motivo: a atendente do estabelecimento em que ele entrou não o compreendeu. A barreira linguística é um dos problemas que os alunos intercambistas recém-chegados à PUC têm de lidar no período de adaptação por aqui. Com pouco domínio da língua portuguesa, estudantes como Christian ainda enfrentam algumas dificuldades para frequentar restaurantes, bares, supermercados e bancos da região. Na mesma situação que os estudantes, os comerciantes também tropeçam quando precisam entender e falar outros idiomas, dificultando o atendimento destes clientes. Para os alunos estrangeiros, o simples ato de tentar comer algo pode se tornar muito difícil. "Durante as primeiras semanas, eu tinha que ter alguém comigo praticamente para tudo o que eu iria fazer. Até mesmo para
Christian conta sobre a dificuldade para comprar no entorno da PUC Minas pedir um hambúrguer, na primeira vez a senhora não entendeu o que eu queria. Eu pensei que seria a coisa mais fácil para pedir, mas eu estava errado", diz Christian. Mas a maioria dos comerciantes alega que os intercambistas estão expostos ao contato direto da língua e que assim eles se tornam mais aptos a aprender do que tendo pontos confortáveis de compreensão linguística. Para Guillaume Carel del Rio, intercambista vindo da Suíça para estudar Relações Internacionais e História na PUC por um ano, acha mais fácil comer em casa para evitar dificuldades. Mas quando entra em contato com a língua portuguesa,
não encontra complicações para improviso e aponta como facilitador a fluência em espanhol. "Se falar o espanhol, usando bem o sotaque português, as pessoas entendem". A qualificação dos funcionários que trabalham no comércio para receber e sociabilizar com todo e qualquer estrangeiro ainda é precário, apesar de existir uma preocupação cada vez maior sobre o assunto. "O interesse dos empresários deveria ser bem maior. Em recente pesquisa, o Brasil está em 44º em pró-eficiência dos seus profissionais. É necessário forçar os profissionais para que eles procurem a capacitação", informa Gabriel Siarelle, diretor corporati-
Para evitar desgastes, Guillaume prefere se alimentar em casa vo de uma escola de idiomas do Coração Eucarístico. Grande parte da procura deve-se ao movimento do país no momento e aos próximos eventos que o Brasil será anfitrião, como a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016. "Por parte dos comerciantes do bairro, a procura para capacitação dos trabalhadores existe de maneira reduzida. Não é observado incentivo para que o funcionário vá buscar aulas para se tornar mais fluente em outros idiomas", conta. Uma alternativa apontada por Gabriel para suprir a demanda crescente de atendimentos básicos não somente para os intercambistas, mas
para os estrangeiros em geral que visitam o país, é seguir a tendência mundial de padronização da língua, estabelecendo o idioma inglês como oficial. "A escola faz, através de seu departamento proativo, uma captação de novos alunos procurando empresas com potencial e interesse para convênios", conta Gabriel. Ele completa dizendo que a iniciativa sempre partiu da escola e não do comerciante, e que a procura por novos alunos foi intensificada, mas entende que se trata de investimento a longo prazo. Em uma lanchonete localizada próxima à Universidade e que recebe muitos estudantes, ne-
nhum funcionário é habilitado para atendê-los em outras línguas. Os dois gerentes da franquia do Coração Eucarístico vão fazer o curso de idioma por conta própria para melhor atender e servir. "Não houve incentivo por parte da proprietária para custear o curso inicialmente, alegando ser um investimento muito alto em capacitação para atender uma demanda pequena que, no momento, é desinteressante para a empresa", expõe Warley Dias Pereira, um dos gerentes da lanchonete. Ele conta que não existe convênio com nenhuma escola de idiomas, mas que ambos estarão matriculados a partir do mês que vem. Para outros comerciantes do bairro, como Nicola Menta, proprietário de um supermercado da região e Hugo Eugênio Alves, gerente geral de uma rede de restaurantes que possui uma filial localizada próximo à Universidade, existe sim o interesse de capacitar os profissionais, mas torna-se uma opção inviável pela grande rotatividade de funcionários do setor, o que atrapalha a iniciação de projetos de incentivo de capacitação em idiomas.
Estudantes não encontram repúblicas no Coreu RAQUEL ANDRETTO
n DANIELA GUIMARÃES, LÍVIA LIMA MONTEIRO MARCELA LEITE E RAQUEL ANDRETTO. 1º E 3º PERÍODO
Para conseguir morar perto da Universidade, Eduardo Mendes, 19 anos, estudante do 3º período de Direito da PUC Minas nascido em Manhuaçu, cidade do norte da Zona da Mata de Minas Gerais, teve que recorrer ao pensionato. "Só consegui arrumar a pensão uma semana e meia antes de começar as aulas. Estava completamente desesperado", relata. Desde que se mudou para Belo Horizonte há um ano e três meses, Eduardo tenta sair da pensão. "Minha mãe já veio aqui duas vezes para me ajudar a procurar república, mas não achei nenhum lugar bom já montado. Quando tentei alugar um apartamento para poder montar minha própria república, ou morar sozinho, não consegui por causa da burocracia da imobiliária", conta. Outro modo encontrado pelos estudantes é burlar as leis e normas de condomínios e imobiliárias. É o caso de outra
estudante do curso de Direito, de 19 anos. Ela mudou-se para BH há pouco mais de um ano e encontrou dificuldades para conseguir uma república. Na primeira em que morou, ela veio por indicação de um conhecido do primo da mãe. "Só consegui a república na quarta-feira da semana que antecedia o início das aulas. Estava completamente desesperada", afirmou. Na república moravam ela e mais duas garotas e o apartamento foi colocado à venda. A menina, locatária do apartamento, rescindiu o contrato, pois já havia encontrado outro lugar para morar. “Eu e a outra menina não conseguíamos encontrar nenhum apartamento que poderia ser alugado para república. A solução encontrada por nós foi mentir na imobiliária e no condomínio. Só assim conseguimos alugar o apartamento", ela admite. Ao ser procurada pelos repórteres do Jornal MARCO, a funcionária da rede de imobiliárias ImVista, que preferiu não se identificar, declarou que eles pararam de alugar para estudantes, com obje-
tivo de montar república, há quatro anos. Ela alegou que a medida foi tomada por causa das experiências negativas anteriores. Por outro lado, Eurico Santos Neto, 45 anos, diretor da Rede Net Imóveis Coração Eucarístico, declarou que não é contra locar o apartamento para repúblicas, apesar de já ter tido problemas com esse tipo de locatário. Ele relata que a reclamação chega primeiro a ele, depois é repassada para o pai do estudante e dificilmente ela se repete. Porém houve somente um caso que chegou a ir para justiça contra um estudante, mas o processo acabou sendo arquivado após um acordo. Para Eurico, o estudante foi uma exceção. "Quem não gosta de alugar muitas vezes são os proprietários ou os condomínios. Mas no caso dos proprietários, nós sempre fazemos uma intermediação para convencê-los, mas existem casos que não conseguimos convencer", afirma. A república masculina "Trepadeira" tem sete moradores e eles têm o hábito de fazer pequenas reuniões e grandes festas.
Eduardo Mendes relata a dificuldade de encontrar um lugar para morar próximo à Universidade Diego Senna Machado, 19 anos, estudante do 4º período de Engenharia Civil, conta já ter tido problemas em que a polícia foi acionada. Isso já ocorreu pelo menos quatro vezes, por causa do barulho. Devido às reclamações, a proprietária do imóvel já pensou em rescindir o contrato. Atualmente, no Brasil, a situação das repúblicas e pensionatos é definida pelo direito privado, não existindo nenhuma lei que as proíbe. Dessa forma, as
normas são criadas e aplicadas pelos próprios condomínios. Naburo Nagashaka é síndico e está no cargo desde do início do ano. No condomínio que ele administra, o estatuto tem regras que proíbem a formação de repúblicas no prédio. Ele diz não ser contra a existência de repúblicas, admite que existem algumas no prédio e que poucas tiram o sossego dos vizinhos. Em um prédio localizado a dois quarteirões da
pracinha do Coração Eucarístico acontece uma situação curiosa. A síndica, de 53 anos, que está no cargo há menos de um ano e não quis ter a identidade revelada, relata desconhecer a existência de repúblicas no prédio e nas regras do condomínio. Ela inclusive diz ser contra as repúblicas. Mas a reportagem do Jornal MARCO verificou que no prédio existem no mínimo oito repúblicas.
4 Comunidade
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Outubro • 2011
FALTA DE ÔNIBUS NO SÃO GABRIEL Linhas que atendem a região do bairro são alvo de críticas tanto de moradores quanto de alunos do campus, por causa dos ônibus lotados e pelo longo tempo de espera nos pontos RENATA STUART
n RENATA STUART 4º PERÍODO
Longo tempo de espera nos pontos, ônibus lotados, desconforto, desgaste após um dia cansativo de trabalho. Essas são as reclamações dos alunos da PUC São Gabriel que precisam do transporte público para chegar à Universidade. O número de linhas que circula na região parece ser insuficiente para atender a população do bairro e os alunos da PUC Minas. O bairro São Gabriel está localizado na Região Noroeste, entre importantes vias de Belo Horizonte, como a Via 240, que oferece acesso à cidade de Santa Luzia, com fluxo de 15 mil veículos por dia; o Anel Rodoviário com a Avenida Antônio Carlos, com um fluxo diário de 133 mil motoristas; Avenida Cristiano Machado, via semiexpressa com fluxo de cerca de 80 mil veículos por dia; e Rua Jacuí, com importância regional e um intenso movimento de veículos. O grande número de carros da região e as vias em condições precárias, com buracos e emendas, são fatores que contribuem para o trânsito intenso na região, especialmente por volta das 19h, horário em que moradores voltam do trabalho e de entrada dos alunos da PUC Minas. Ao todo, sete linhas atendem os alunos da PUC Minas São Gabriel. As duas prin-
Moradores e alunos da PUC Minas São Gabriel estão insatisfeitos com as condições do transporte público na região cipais são as linhas 3502 e 3503 A, que circulam no centro da cidade. Na estação São Gabriel, há opções como as linhas 8350, 811 e 810, e na Avenida Cristiano Machado circulam os suplementares 53 e 81. Todas elas têm pontos próximos à Universidade, mas enfrentar essas linhas em dias úteis, especialmente nos horários de pico, tem sido um grande desafio, segundo moradores do bairro e alunos. A aluna Gláucia Alves, do 7º período do curso de Sistemas de Informação, afirma que os ônibus 3503A e 3502, que ela costuma pegar na Rua Caetés, no centro da cidade, estão sempre cheios. "É realmente impossível não ver esses ônibus lotados. Mesmo
que passem dois seguidos, ambos estão em péssimas condições. As pessoas ficam apertadas e totalmente desconfortáveis. Já utilizei também o 811 e a dificuldade é a mesma", conta. O suplementar S53 também tem sido alvo de muitas críticas. A operadora de caixa eletrônico, Aparecida Luíza de Moura, 29, moradora do Bairro São Gabriel, conta que sofre com o transporte de manhã, quando vai ao trabalho, e à noite, quando retorna para casa. "Trabalho no bairro Castelo e já chego no serviço muito cansada em função da viagem. É insuportável, não há um limite de passageiros. Ninguém quer ficar esperando no ponto e chegar atrasado no ser-
viço. Então os ônibus vão sempre lotados. O dia já começa estressante", diz. A passageira afirma ainda: "todos estão insatisfeitos, falam que vão reclamar com os responsáveis, que isso é um absurdo, mas ninguém faz nada".
AJUSTES A BHTrans informou, por meio da Assessoria de Imprensa, que o número de linhas para a região é suficiente e que o mais importante é oferecer um número de viagens compatível com a demanda de usuários. No dia 1/09/2011 foi feita uma adequação do quadro de horários da linha 3503A e foram acrescentadas 17 viagens nos dias úteis, 71 viagens no sábado e mais 36 aos domingos. Como o ajuste foi
recente, a linha está sendo acompanhada para verificar se a quantidade de viagens atual é capaz de atender bem os usuários. Segundo a BHTrans, o aumento maior das viagens nos fins de semana é decorrente de um estudo que verificou alta demanda para os moradores do São Gabriel e do Ouro Preto. Quanto ao tempo de espera, a BHTrans afirma que todas as linhas saem dos pontos finais nos horários programados, mas, devido ao trânsito, ocorre um atraso, o que aumenta o tempo de espera dos passageiros em pontos no meio do itinerário. Felipe Araújo, aluno do 8º período de Jornalismo da PUC Minas São Gabriel, afirma que
sai todos os dias mais cedo do trabalho para não chegar atrasado para as aulas. "Sempre saio antes do meu horário de saída para chegar a tempo na Universidade. O trânsito é intenso e os ônibus sempre muito cheios, o que acarreta desconforto e esgotamento depois de um dia de trabalho cansativo", relata. A demora para se deslocar de um lugar ao outro, além de desgaste, cansaço e estresse, faz com que os passageiros desperdicem o tempo em que poderiam realizar outras atividades. É o que conta a estudante do 5º período de Ciências Contábeis, Flaviana Marques, 29. "Sempre perco mais de uma hora para chegar à Universidade, chego sempre atrasada, por volta das 19h30. Outro dia cheguei às 20h15. Todo esse tempo que perco no transporte seria suficiente para estudar os conteúdos das provas, mas infelizmente não me resta muito tempo para isso", reclama. A aluna utiliza a linha 3502 e, segundo ela, em dias de prova no primeiro horário, o estresse é ainda maior. "O ônibus cheio, a mochila pesada, o atraso e a preocupação com a prova, tudo isso colabora para o cansaço mental a corporal. Quando chego em casa, tento estudar para a prova do dia seguinte até umas 2h, mas é impossível", conclui.
Trânsito no Coreu deixa moradores insatisfeitos LETÍCIA GLOOR
n GABRIEL PAZZINI LETÍCIA BOSICH 2º PERÍODO
Trânsito intenso, lentidão e acidentes são problemas há muitos anos para os moradores dos bairros Coração Eucarístico e Minas Brasil, principalmente no cruzamento da Avenida Ressaca com a Rua Itutinga, e nos horários de pico e saída dos alunos do Colégio Santa Maria, que fica próximo ao cruzamento. Numa tentativa de melhorar a situação e evitar trânsito intenso e mais tragédias, a BHTrans colocou redutores de velocidade no local, os famosos quebramolas, decisão que não agradou os moradores, que pedem a instalação de um semáforo no local, e que, também, não modificou a situação. O problema não é de hoje. Iracy Firmino da Silva, 77 anos, presi-
dente da Associação de Moradores do Coreu, exibe uma coleção com mais de 80 fotografias, todas de acidentes ocorridos no local. "Já perdi a conta de quantos acidentes aconteceram aqui, até perdi algumas fotografias e tenho outras em casa", relata. São tantas fotos e foram tantas tragédias que Firmino já fez um mural apenas com fotografias de acidentes, para chamar a atenção da imprensa e da BHTrans e, mesmo assim, faltaram várias fotos. Ainda segundo Firmino, os moradores providenciaram um abaixo assinado, colocaram faixas de protesto na rua e até chamaram a imprensa, tudo para que a BHTrans instalasse um semáforo no local. Após muita luta, em 16 de junho deste ano, foram colocados redutores de velocidade, que até
diminuíram a incidência de acidentes, mas que não obtiveram muito êxito. O trânsito continua um caos e acidentes, embora em número menor, ainda são corriqueiros no local. Existe até um caso de uma criança de 10 anos, que foi atropelada exatamente no cruzamento, logo abaixo de uma faixa pedindo a instalação de um semáforo. "A menina foi atropelada debaixo da faixa pedindo o semáforo, é inaceitável. O triste é que a família até se mudou por conta do trauma", conta Firmino. Os moradores não aceitam a decisão da BHTrans e reclamam como fez Maria das Graças, 72 anos, aposentada. "É um absurdo não ter um sinal aqui, já perdi a conta de quantos acidentes já vi. É um trânsito infernal, fica impossível de atravessar, é muito carro e barulho, é peri-
goso e inaceitável para todo mundo", conta indignada. A Assessoria de Comunicação da BHTrans informa que a instituição vistoriou e avaliou a melhor solução para o local e esta foi, na visão da instituição, a instalação dos redutores de velocidade. A empresa ainda afirma que o semáforo pode resolver o problema, mas apenas temporariamente. Ele seria apenas uma parte da solução que, para dar certo, precisaria da ajuda da população. A empresa pede mais prudência ao povo e respeito para com as leis de trânsito e velocidade. A BHTrans também afirma que irá fazer nova vistoria no local e avaliar a incidência de acidentes e melhoria do local após a instalação dos quebra-molas.
Moradores exigem a instalação de semáforo em cruzamento
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VIZINHOS RECLAMAM DE SOM ALTO Os eventos do Centro Cultural do Padre Eustáquio são alvos de queixas de moradores por causa do alto volume de som. O Centro chegou a ser autuado pela Secretaria do Meio Ambiente n LUCIANA ONOFRI 1º PERÍODO
Em julho deste ano, o Centro de Cultura do Padre Eustáquio (CCPE) recebeu uma autuação da Secretaria do Meio Ambiente, com a reclamação dos vizinhos de que os eventos que costumam acontecer no espaço público estavam com o som acima dos decibéis permitidos na lei do sossego art.3º, III parágrafo, da Lei Federal 6.938/81, referente à poluição sonora que prejudica tanto o meio ambiente quanto as pessoas que moram próximas ao local. Os vizinhos foram até os responsáveis pelo Centro para tentar amenizar a situação e encontrar uma solução para o problema. Como relataram que não houve acordo, recorreram à Prefeitura. Inaugurado em 6 de dezembro de 2008, por meio de recursos participativos aprovados, o CCPE se localiza na antiga Feira Coberta no Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de Belo Horizonte, o que contribui na divulgação por ser um ambiente popular. A vizinha Neusete Barros, 59 anos, conta que durante os dez anos que
mora ali, prefere a feira atualmente, mas que o barulho aos fins de semana é tão alto que parece estar dentro de casa. E a filha, Ana Cristina Sousa Ramos Barros, 19 anos, acrescenta que aos sábados "fica insuportável". "Ainda mais que o Centro Cultural promove esses eventos, a fim de espantar os moradores de rua que ficam no estacionamento do Centro Cultural mesmo, de acabar também com o ponto de droga", completa. Segundo ela, os moradores não param por aí. "Já aconteceram eventos de rock na área coberta do Centro Cultural durante alguns domingos à noite. Havia bebida alcoólica e brigas no meio da rua, com muita gritaria", afirma Ana. "E em relação ao barulho excessivo, isso já dura aproximadamente uns dois anos", relata. Já a irmã de Ana Cristina, Ana Cecília Barros, 27 anos, acha que o Centro Cultural devia ser um espaço restrito, porque só assim poderá haver uma queda no índice de barulho responsável por tantas reclamações. A área coberta do Centro Cultural é um pouco vazada, mas mesmo assim o barulho de uma
banda tocando, por exemplo, tem um volume maior por causa do eco, amplificando duas ou mais vezes o considerado normal. E pelo conforto também, essa área acaba sendo a preferida das pessoas que querem usá-la, do que a outra área externa, que é exposta ao barulho urbano e ao tempo por ser ao ar livre. Mas existem pessoas interessadas à procura de um espaço que não se importam muito com esses problemas da área aberta, como é o caso do Grupo Desbravadores, que estava ensaiando para um
concurso musical. "Desde junho ensaiamos neste espaço e não sabíamos de nenhuma reclamação, nem do Centro Cultural, nem dos vizinhos", afirma a coordenadora do grupo, Sarah Melo Neves Silva, 21 anos. Com base nas autuações recebidas, a diretora do Centro Cultural do Padre Eustáquio, Monica Terezinha Ferreira de Andrade, 52 anos, revela que providências foram adotadas. "Tendo um alerta sobre o barulho que incomoda os vizinhos e tomamos certos cuidados
quando disponibilizamos nosso espaço", conta. Para ter acesso ao espaço a pessoa interessada precisa apresentar um objetivo que esteja adequado às condições do Centro Cultural. "São raros os eventos que ocorrem durante a noite, pois estamos cientes do incômodo", diz Monica. Ela acrescenta que todos os eventos ali realizados são relacionados a arte e não a festa. Referente à denúncia contra o Centro Cultural, a diretora confirma ter respondido e que agora já não cabe mais ao Centro
LETÍCIA GLOOR
O grupo Desbravadores, da Igreja Adventista do Progresso, utiliza o espaço do Centro Cultural para ensaiar
Cultural lidar com este problema com os vizinhos. Segundo ela, para o Centro Cultural já está resolvido. O que interessa ao Centro Cultural agora é a segurança em relação aos moradores de rua que usam os toaletes e fazem bagunça dentro do espaço coberto, afastando as pessoas por causa de medo. “Nada podemos fazer por agora, pois é um espaço público, que dá direitos de acesso a eles também", relata Monica. O Centro Cultural conta com a ajuda dos policiais militares e guardas municipais para assegurar alguns eventos e vigiar os moradores de rua no estacionamento do Centro Cultural, onde costuma ser, também, um ponto de droga. "Os moradores de rua fazem como os flanelinhas (que são ilegais) no estacionamento do Centro Cultural, ameaçando arranhar e roubar os carros", conta Monica. E como solução para o problema dos moradores de rua, Monica afirma: "Se os vizinhos parassem de alimentá-los, com certeza eles procurariam outro lugar e sairiam daqui".
Aulas de terapia oriental no Centro Cultural LETÍCIA GLOOR
n PAULA CORDEIRO, RAISSA PEDROSA 3º PERÍODO
No dia 17 de agosto deste ano, no Centro Cultural Padre Eustáquio, começaram a ser ministradas aulas de Lian Gong, ginástica terapêutica chinesa que combate e previne dores e problemas no pescoço, coluna, pernas, ombros, articulações e órgãos em geral. Já são aproximadamente 40 alunos inscritos, de idades variadas. Quem já teve experiência em outros lugares fala da importância da técnica, como a moradora do Padre Eustáquio, Márcia Terezinha Ferreira Pedra, 56 anos, que pratica Lian Gong há dois anos no Recanto de Caná, casa terapêutica de tratamento a usuários de drogas, que funciona no mesmo bairro. Ela, que conheceu a técnica por meio de uma amiga e começou levando o pai, afirma ter sentido a diferença. "Eu notei melhoras nas dores no ombro que eu sentia e também na elasticidade do corpo. Antes eu tinha dificuldade de me abaixar e agora é bem diferente", conta. As aulas fazem parte de uma parceria com o Centro de Saúde do Padre Eustáquio, que necessitava de um espaço adequado.
Segundo Lucidizendo que ano Rodrigues sentiu muCoutinho, 31 danças proanos, auxiliar fundas na administrativo saúde. "Eu do Centro Culcomecei com tural, o espaço o Lian Gong surgiu como tem quase uma oportunidois anos. Eu dade para a reafazia no lização da ginásPonto de tica. "A gente Referência à tem um pátio de Pessoa Idosa, 1 mil m² aqui, lá na Av. que é utilizado, Pedro II. É mas não o ótimo, maratempo todo. A vilhoso. Eu gente viu a posaté parei de sibilidade de fumar há um executar esse ano e meio. projeto de Eu durmo cidadania atramelhor, me vés da utilização sinto muito Mulheres praticam a ginástica terapêutica Lian Gong no Centro Cultural do Padre Eustáquio desse espaço", bem", revela diz. No Centro Laura. costureira aposentada e lhorei bastante a minha Cultural trabalham duas HISTÓRIA O Lian professoras, a técnica em começou a frequentar as situação, porque eu tomo Gong foi criado em saúde bucal Neire de aulas depois do convite de conta do meu marido que Shangai, na China, em Castro Araújo, 42 anos, e a Joana da Silva Chaves, que tem Alzheimer, então não 1974, pelo doutor Zhuang enfermeira Siomara havia descoberto a ginástitem como eu sair. ApaYuan Ming, ortopedista, Salgado, que aprenderam ca no Centro. Ela afirma receu essa chance e estaespecialista em Tui-na a técnica por um curso que as aulas trazem outros mos aí", conta. (massagem terapêutica oferecido pela Prefeitura benefícios. "Eu acho que A professora Neire chinesa) e praticante de de Belo Horizonte. "A só o fato de sair de casa e Araújo revela que percebe artes marciais. A prática PBH proporcionou esse vir participar de um grupo melhoras que vão além do foi introduzida no Brasil curso para alguns trabajá é muito importante. É que a ginástica propõe. em 1987 por Maria Lúcia lhadores da saúde. O objeum grupo de cantar, é um "Sinto a melhora que vem Lee, professora de filosofia tivo é de prestar o curso à grupo de fazer ginástica. deles, de ouvir deles que e artes corporais chinesas. comunidade do centro de Sempre que se reúne um 'ah! antes eu não podia A ginástica é dividida em saúde da região, sendo que grupo, é muito imporabaixar, e agora eu consi36 movimentos que dea gente faz essa ginástica tante", diz Marlene. go', e a gente também tem vem ser realizados de no horário do nosso traJoana Chaves, 76 anos, notado melhoras em proforma lenta, contínua e balho", afirma Neire. afirma ter encontrado no blemas de hipertensão", coordenada com a respiOutra praticante do Lian Gong um refúgio conta. Laura das Graças ração. Lian Gong é Marlene do para a vida cotidiana. Matozinhos, 62 anos, A prática é voltada a Carmo, 69 anos, que é "Estou adorando. Já medona de casa, confirma
qualquer público e a todas as faixas etárias. Os interessados devem comparecer ao local e hora onde são realizadas as aulas e podem ser frequentadas por moradores do Padre Eustáquio ou de outro bairro.
ATIVIDADES Inaugurado em dezembro de 2008, o Centro Cultural possui um grande leque de ações com a constante presença da música. Lá são realizadas oficinas de break, balé e jazz, tendo ainda oficinas artísticas, como sarau e artes plásticas, e atividades de incentivo à leitura, como poesia no barbante. O Centro possui uma biblioteca com um acervo considerável que possibilita o empréstimo dos livros. Luciano Coutinho mostra que o Lian Gong, com a participação de moradores da regional Noroeste e do centro de saúde, ajudou na divulgação da existência do Centro. "Isso enriquece também a programação cultural, porque além de dar oportunidade aos usuários, você divulga suas ações. Muitas pessoas de outros lugares, que não conheciam o centro, passam a conhecer", conclui.
6 Comunidade
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Outubro •2011
DIMINUIÇÃO DOS CASOS DE DENGUE A maior atuação de agentes e a crescente conscientização dos moradores colaboraram para a diminuição da incidência da doença nas Regionais Noroeste e Nordeste de Belo Horizonte LETÍCIA GLOOR
n RAPHAEL VIEIRA PIRES RAQUEL ANDRETTO 7º E 3º PERÍODO
Não deixar água parada, visitas frequentes de agentes de saúde, campanhas educativas e combate ao mosquito. Essas ações estão ligadas ao controle da dengue, que insiste em permanecer no cotidiano dos belo-horizontinos. Na Região Noroeste, segundo a Gerência de Zoonoses, o número de casos confirmados caiu de 8.500 para 261, uma redução de 97% se comparado 2010 com o período entre 2 de janeiro até dia 17 de outubro de 2011. A diminuição ocorreu com a intensificação de ações da Prefeitura e da conscientização da população. É o caso da dona de casa Cleuza dos Reis Pina, 57 anos, moradora do bairro Dom Cabral. "Sempre tive cuidado com as minhas plantas, com a tampa da caixa d'água e sou atenta com a água parada dentro da minha casa. Assim nós conseguimos evitar que a dengue se alastre", afirma. Magda Helena dos Santos, 47 anos, monitora de uma escola particular e moradora do bairro João
Pinheiro teve dengue em 2009 e, depois de atendida no Centro de Saúde do Dom Cabral, diz que ficou mais cautelosa. "Temos que cuidar dos nossos objetos, porque se nós não cuidarmos, ninguém irá", ressalta. A Regional Noroeste é subdividida em 21 áreas, cada uma referente a um centro de saúde. Cada centro tem uma equipe para realizar ações contra a dengue e doenças como a leishmaniose. As áreas mais afetadas são os bairros Califórnia, com 43 casos este ano, e a região do Centro de Saúde Bom Jesus, que envolve o bairro de mesmo nome e outros menores, com 37 casos entre 2 de janeiro e 13 de outubro. Na área do Centro de Saúde do Dom Cabral, que atende os bairros Dom Cabral, Coração Eucarístico e parte dos bairros João Pinheiro e Dom Bosco, foram registrados sete casos neste ano, 24 foram descartados e dois estão em investigação. Entre 2 de janeiro e 13 de outubro de 2011 foram confirmados 264 casos, com 33 sem resultados, segundo dados da Gerência de Zoonoses da
LETÍCIA GLOOR
Foco de dengue na região próxima à Vila Califórnia Regional Noroeste. A taxa de incidência é a segunda maior, com 79,7 casos para cada 100 mil habitantes, perdendo para a Região Norte, com taxa de 118,3. Os números são pequenos, se analisados com os casos de 2010 na Região Noroeste: 8.500 casos, dez casos de dengue hemorrágica, quatro óbitos e taxa de incidência de 2.590,8. A pior colocação ficou com a Região Venda Nova, com 11.520 casos, três mortes e taxa de 4.417,5 em 2010. Em 2011 não foram registrados casos de mortes em BH. Entre 2007 e 2011
constatou-se que pessoas entre 20 e 34 anos são as mais infectadas, com 34,9% este ano. A menor parcela ficou com crianças de um até nove anos, com média de 0,8% em 2011. A forma mais complicada, a Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), esteve presente em quatro casos, dois na Região Noroeste até o dia 17 de outubro. O quadro clínico se agrava rapidamente, chegando a apresentar sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar a pessoa a morrer em 24 horas. Simone Andrade Porto, técnica de enfermagem, foi diagnosticada com
Índices gerais de dengue na Região Nordeste diminuem n GABRIEL PAZZINI LUANE CALDAS 1º E 2º PERÍODO
A Região Nordeste de Belo Horizonte não é numerosa apenas na questão populacional. A região concentra em um ano mais da metade dos casos de dengue em toda a capital. Para evitar mortes, curar os doentes e evitar futuros problemas, a Prefeitura, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), o Núcleo de Alerta a Chuvas (NAC), e o Sistema Único de Saúde (SUS) se unem no combate e prevenção à doença e conscientização da população. Em janeiro de 2008, a dengue teve níveis superiores a 50% dos casos na capital. Para reforçar o combate e diminuir os índices, a Regional Nordeste promove campanhas de prevenção à doença o ano todo, utilizando um modelo específico há três anos. A Prefeitura realiza, nas regiões de Santa Cruz e Gentil Gomes, mutirões de agentes comunitários de saúde, que visitam a casa dos moradores, entregando panfletos e informando que nos próximos
dias, caminhões do Serviço de Limpeza Urbana irão passar e recolher o lixo, incluindo materiais que possam servir de moradia para o mosquito vetor da dengue. Na Região Nordeste se encontram cerca de três mil lotes vagos. Esses terrenos são abandonados pelos compradores, o que torna o lote irregular, servindo de moradia para diversas pragas em meio ao entulho. A Prefeitura notifica o dono do lote enviando uma correspondência, para que ele realize a limpeza do terreno. Caso isso não seja feito, a própria Prefeitura envia os agentes para o terreno para por fim ao transtorno. No fim da ação, a Prefeitura calcula o valor gasto na operação e o adiciona como dívida ativa do terreno que será incluída no próximo IPTU do proprietário. Outra instituição que ajuda no combate e prevenção, principalmente nos períodos de chuva, é o NAC, que tem como principal objetivo conscientizar a população em relação a enchentes e à dengue. É formado por moradores, empresários e agentes da Prefeitura. Quando notifi-
cados, eles comunicam à população para que não joguem lixo, por exemplo, no canal da Avenida Bernardo Vasconcelos, para evitar mais transtornos, como enchentes e possíveis focos de dengue. Agentes da Prefeitura e do SUS também visitam as casas para evitar possíveis focos do vetor da doença, passar medidas preventivas e ajudar a população. Inclusive, entrar em contato com postos de saúde e identificar moradores que contraíram a doença, para que eles sejam tratados. As medidas diminuíram muito a incidência da doença e o número de mortes. Em 2010, em informação divulgada pela PBH, 97,9% dos casos da dengue foram acompanhados de perto. Os moradores afirmaram receber as visitas dos fiscais. Maria Vieira Ferreira, 64 anos, dona de casa, afirma que os fiscais visitam sua residência e que eles sempre ensinam providências de combate à dengue. "Sempre vejo, pelo menos de mês em mês, eles passando em outras casas", afirmou Maria Ferreira. Outra dona de casa, Franciane do Carmo, 30
anos, toma providências de combate à doença e que é ajudada pelos fiscais da PBH. "Eles vêm aqui de 20 em 20 dias, passam dicas, examinam toda a casa e me ensinam como combater a dengue", conta. Mas apenas as visitas não são suficientes para evitar a dengue. Raimunda Mendes, aposentada, de 61 anos, já teve dengue duas vezes. A filha também já contraiu a doença por duas vezes e, uma delas, foi dengue hemorrágica. "Os fiscais visitam minha casa regularmente, mas apenas isso não resolve o problema. Eu faço minha parte e tomo providências , mas se cada um não fizer a sua parte, de nada adianta. Minha filha e eu sofremos com a doença duas vezes, porque outras pessoas não fizeram sua parte", conta indignada. O número de casos e mortes diminuiu muito nos últimos anos. A situação pode ser ainda melhor e o combate à dengue pode ser ainda mais forte se cada um fizer a sua parte.
Após epidemia no B. João Pinheiro em 2009, Magda contraiu a dengue dengue hemorrágica no dia 1º de setembro. "Eu tive dores intensas no corpo todo, febre alta e sangramento na gengiva. Procurei o hospital e fiz exames para comprovar a dengue hemorrágica. Fiquei seis dias no soro, depois tomei remédios para dor e tive que ficar em repouso", diz. Ela mora há 15 anos em um prédio no bairro Califórnia, mas supõe que contraiu a doença em um sítio em Santa Luzia. O susto serviu de alerta. "Eu sempre mantenho os pratos de planta com areia e nunca deixo juntar poças na varanda.", garante.
Para Pedro Lazarini, agente sanitário do Centro de Saúde do Dom Cabral, a conscientização da população, o trabalho dos agentes sanitários e os processos de limpeza urbana são essenciais no combate à doença. Uma vez infectada, a pessoa fica imune à dengue clássica, podendo contrair dengue hemorrágica. "Em Belo Horizonte, existem os tipos 1, 2 e 3. É uma doença com grande capacidade de mutação, o que impede a criação de vacinas. O vírus se tornaria imune a elas rapidamente", afirma.
Limpeza urbana ajuda no combate A limpeza urbana tem papel fundamental no controle do vetor, pois é na forma de larva ou de pupa que o combate é mais efetivo. E são em garrafas e potes vazios, pequenas poças na calçada e em demais lixos que as larvas encontram lugar propício para viverem. Rodrigo Araújo Cruz, gerente de Comunicação Social Noroeste (Gercom-NO), explica que após a equipe de zoonoses do centro de saúde local avaliar e definir uma área de 15 a 30 quarteirões, é mobilizado um caminhão da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) para recolher os materiais. Nas áreas de vila podem ser realizadas ações de limpeza com mobilização social e instalação de caçambas pela SLU. Em imóveis com situações pontuais de risco e necessidade avaliados pela equipe de zoonoses e pela Gerência de Políticas Sociais, pode ser feita uma limpeza. "No caso de lotes particu-
lares, os proprietários são notificados para cumprir com adequações", explica Rodrigo. Os imóveis abandonados e com risco são encaminhados para publicação no Diário Oficial do Município (DOM) com prazo para vistoria no local. Se o proprietário não cumprir a determinação, o imóvel pode ser arrombado com o acompanhamento do fiscal sanitário, guarda municipal e equipe de limpeza da SLU. Dois outros recursos utilizados: a entrada forçada e o Ultra Baixo Volume (UBV). O primeiro consiste em arrombar a porta da casa cujo proprietário barrou, por diversas vezes, a entrada dos agentes. O UBV é a entrada de um agente com uma bomba nas costas para pulverizar com inseticida a casa das pessoas previamente avisadas. Um complicador é o fato de que o inseticida pode causar alergia, náuseas, vômito e dor de cabeça.
Comunidade /Saúde Outubro • 2011
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A ARTE DE OUVIR O OUTRO LADO Tarefa de conciliador não é fácil, nem simples, exige paciência e habilidade, mas é um recurso importante para efetivar um acordo pacífico e a melhor opção para solucionar conflitos n IGOR PATRICK SILVA LUCAS BARBOSA 1º PERÍODO
No início deste ano, a administradora de empresas Mary Lucy Alves Viégas, 52 anos, enfrentou um problema com o vizinho. Depois de buscar o diálogo várias vezes, ela acabou recorrendo à polícia. "Cheguei a ir até a delegacia, mas lá me informaram que só é possível registrar um boletim de ocorrência caso haja ameaça concreta ou agressão física", conta. "Além disso, quando fui até lá, a delegacia estava em greve e funcionava parcialmente", acrescenta. Mary Lucy foi orientada a procurar o Núcleo de Prevenção de Criminalidade e Mediação de Conflitos (Mediar Noroeste). Mesmo a outra parte não aceitando o acordo, Mary Lucy diz que se surpreendeu com a rapidez com que o processo correu. "Fiz a queixa no dia 9 de fevereiro. Já em 13 de junho estava tentando conciliar, enquanto um caso assim demoraria
muito mais se corresse pela a Justiça tradicional", observa. Mary não está sozinha. Diariamente, o Juizado Especial Criminal Central, localizado à Avenida Juscelino Kubitscheck, 3250 (Via Expressa), Coração Eucarístico, recebe em torno de 90 casos de pessoas que tentam buscar um acordo pacífico para os seus conflitos. "Na área civil, é sempre necessário buscar o Juizado e pedir pela conciliação. Contudo, na criminal o procedimento é mais simples. Assim que o boletim de ocorrência é feito, e se o crime for passível de punição inferior a dois anos de detenção, a sessão é marcada. Não há ônus para ninguém," conta Paulo Roberto da Silva, 19 anos, estudante do 4º período de Direito na PUC Minas e conciliador desde agosto. "Geralmente atendemos casos mais leves. Lesão corporal, porte de drogas ou armas e ameaça são os mais comuns", completa. Uma sessão de conciliação, na maioria das vezes,
é composta pelas duas partes envolvidas no processo, pelos advogados e pelo conciliador, que geralmente é um estudante de Direito ou Psicologia. Se houver necessidade, entra em cena o serviço psicossocial, que ajuda no difícil trabalho de fazer com que os envolvidos ponderem o ponto de vista do outro e aceitem ceder. Quando firmado o acordo, este é registrado em ata que passa pelo visto da coordenação, do promotor e, por fim, do juiz, que o assina. A partir da assinatura, os pontos acordados ganham o status de decisão judicial e devem ser cumpridas. Se isso não ocorrer, na maioria dos casos (quando condicionado à representação) o denunciante tem até seis meses para retornar ao Juizado e reabrir o caso sem que precise fazer um novo boletim de ocorrência. Nem sempre o trabalho dos conciliadores é fácil. Paulo se lembra de um caso particularmente difícil. "Tivemos um caso de ameaça onde o tio da víti-
Grupo Nazaré completa 33 anos de dedicação e carinho
ma colocou a arma na cabeça dela, ameaçando-a em frente aos filhos. Por causa disso, a mulher vinha apresentando diversos problemas psicológicos e fazia tratamento. O marido tomou partido da esposa e acabou ficando bastante exaltado", relata. Cristina Marques Gontijo, 23 anos, estudante de Psicologia e conciliadora, lembra-se de mais um. "Já aconteceu de um querer agredir o outro. Nesses casos, se as duas partes não se comportam, a sessão é interrompida e os seguranças são chamados", informa. Mas a importância do serviço faz com que os conciliadores persistam na tarefa árdua de fazerem com que as pessoas se entendam. "A conciliação é importante até porque a Justiça brasileira é lenta, são muitos processos para um juiz só. Um dos princípios do juizado é agilidade processual. O juizado tem acesso à máquina legal de forma mais rápida, ajudando desafogar o sistema", observa Paulo. “Não é só buscar o direito,
mas sim resolver o conflito, para melhorar a relação entre as partes, e, quando isso não é possível, ao menos conseguir respeito mútuo", completa. Cristina vai além. "Acho que dentro do processo de conciliação, o importante é se colocar no lugar do outro. Nem sempre o autor da queixa é realmente o autor, da mesma forma que a vítima nem sempre é mesmo a vítima. Já peguei um caso de uma garota processada por perturbar o ex-namorado e, no final, ela relatou que sofria agressões deste. Até quebrar seus dentes, ele quebrou", contou.
MUTIRÃO Vem aí a 6ª Semana Nacional de Conciliação. A iniciativa visa promover várias sessões de conciliação ao longo de uma semana, objetivando-se desafogar o judiciário. A edição deste ano será realizada entre 28 de novembro e 2 de dezembro. Até agora, já foram agendadas mais de 13 mil audiências na Justiça Comum e mais de 10 mil nos Juizados Especiais.
Pelo segundo ano consecutivo, a 6ª Edição da Semana Nacional da Conciliação, promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contará com o Prêmio "Conciliar é Legal". A premiação visa identificar, premiar, disseminar e estimular boas práticas no Poder Judiciário e nos magistrados e tribunais. Os interessados podem apresentar projetos, individuais ou em grupo, até 9 de novembro para concorrer à premiação. A temática deste ano será "Conciliação com usuários frequentes (grandes litigantes) e/ ou grandes casos" - em referência àqueles processos que possuem vários cidadãos como partes (processos geralmente movidos contra empresas). As categorias são Justiça Estadual, Justiça do trabalho e Justiça Federal. As práticas devem ser apresentadas por meio da ficha eletrônica, disponibilizada no portal eletrônico, ou por envio da inscrição ao e-mail premioconciliar@cnj.gov.br.
Lei do Acompanhante dá segurança às futuras mães
SARAH ALBERT
n RAFAEL GOULART LUDIMILA GOMES 4º PERÍODO
Idosas aprendem diversos tipos de artesanato durante as aulas fornecidas pelo o Grupo da 3ª Idade n SARAH ALBERTI 3º PERÍODO
A Paróquia Coração Eucarístico de Jesus, situada no Bairro Coração Eucarístico, possui um Grupo de Terceira Idade que comemorou 33 anos em setembro último. As participantes se reúnem todas as quartas-feiras, hoje num salão da Igreja, para trocar experiências, fazer artesanato e costura, rezar o terço, trocar receitas, além de promover viagens e passeios. Thaís Camissa Dorna, 67 anos, é a coordenadora do Grupo desde seu surgimento em setembro de 1978, quando a Igreja ainda não tinha passado por reformas e os encontros eram no lote da Igreja ou na casa de participantes, com incentivo e apoio do padre Éder Amantéa. Hoje, o Grupo tem em torno de 35 a 40
mulheres. Mas, já passaram por ele 230 pessoas, entre elas homens, que acompanhavam suas esposas. "O tempo que ela tem aqui é muito admirável", relata, sobre a coordenadora, Jandira Maria da Conceição Dias, 82 anos, que frequenta o Grupo há 12 anos e é umas das participantes mais antigas. Jandira presencia os variados tipos de eventos propostos. Para ela, lá as pessoas são muito comunicativas e é difícil escolher o que lhe agrada mais. As integrantes fazem bordado, tricô e outras artes relacionadas a costura para vender no Bazar Maria de Nazaré, da Igreja, em dia próximo ao Natal e dia das mães. Toda renda é destinada à compra de material e às despesas da Igreja. No início, o bazar também vendia roupas usadas que eram doadas, com o dinheiro arrecado foi comprado
materiais para o artesanato, que hoje, sustenta sozinho toda a venda. Para as participantes, as reuniões, que são feitas em roda, fortificam laços de amizade e são como uma terapia onde elas podem distrair, dar risadas, expor seus problemas e se apoiarem. Maria das Graças Nazareno, 60 anos, participava de outra paróquia e por causa da localização é a mais nova frequentadora. Mesmo faltando muito por questões de saúde, continua contribuindo. "Entrei esse ano e prometi nunca mais sair", afirma. Os passeios e viagens para cidades como Caldas Novas e São Luis são abertos à familiares e participantes de outros eventos da Paróquia, além de ter em alguns dos encontros palestras sobre saúde, ginástica e assuntos diversos ministradas por voluntários.
Uma mão para apertar, um gesto de carinho, são iniciativas simples, mas que podem fazer toda a diferença para uma grávida quando começam as primeiras contrações, até o nascimento do filho. A lei federal 11.108/2005, da Presidência da República, obriga que todos os serviços de saúde, públicos ou privados, permitam a presença, junto à gestante, de um acompanhante durante o trabalho de parto, o parto propriamente e o pós-parto imediato. O Hospital Sofia Feldman, no Bairro Tupi, é um exemplo a ser seguido. A maternidade realiza cerca de 10 mil partos por ano, o que representa um terço de todos os procedimentos desse tipo feitos em Belo Horizonte. Esses nascimentos, em sua maioria, não utilizam anestesia. Para isso, os funcionários procuram sempre confortar e aliviar a dor da gestante, na hora de dar a luz. Segundo sua assessoria de imprensa, o Hospital Sofia Feldman é pioneiro quanto à essa questão, antecipando-se à lei, que autorizava a presença do
acompanhante durante todo o processo do parto. De acordo com as informações do hospital, atualmente, a gestante pode ter um acompanhante durante 24 horas, e, dependendo da situação, é possível ter mais de uma pessoa assistindo ao nascimento do bebê. Além deste apoio integral dado à gestante, o Sofia Feldman fornece ao acompanhante uma cartilha que orienta como se comportar na maternidade. A enfermeira obstetra Monique Leão informou que atualmente poucas gestantes chegam desacompanhadas ao hospital, porém para as que chegam sozinhas, ou até mesmo aquelas grávidas que necessitam de um apoio especial, o Sofia Feldman oferece a doula, uma mulher da comunidade que auxilia a gestante durante todo o parto. "A doula tem um papel fundamental dentro da maternidade. É ela que vai ajudar a gestante, transmitindo segurança, fazendo massagem ou conversando sobre experiências de vida, tudo isso a fim de aliviar a dor do parto", afirma Monique. Para que o Sofia Feldman se tornasse um hospital referência no mundo, foram necessárias
diversas adaptações, tanto para se adequar à legislação quanto para fornecer os melhores serviços às grávidas mineiras. A maternidade tem um sistema de triagem que classifica a grávida pelo grau de risco de gestação. Esse procedimento auxilia no atendimento e no planejamento para o acontecimento tão esperado pela mãe, que é o parto. Em um dos leitos das novas instalações do Hospital Sofia Feldman, a mamãe pela segunda vez, Mariele Silva Dias, nascida em Janaúba, no Norte de Minas, contou um pouco sobre suas experiências durante as gestações. Ela informou que sua primeira gravidez aconteceu na sua cidade natal, em 2008, mas que não foi possível ter seu companheiro ao seu lado. Segundo ela, o hospital não a atendeu como deveria e o médico não autorizava a presença de ninguém que não fosse a gestante durante o parto. "Na minha primeira experiência de parto o médico não autorizou que o pai do meu filho me acompanhasse, além disso, não tive o acolhimento que o Sofia me deu. Aqui, meu marido me acompanhou durante todo o tempo. Recebi massagem, banho de chuveiro, o que diminuiu muito as dores para o parto", conclui.
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REGIONAIS NORDESTE E NOROESTE EM Os comerciantes e moradores das regiões relembram sem saudade o drama de outros temporais e estão apreensivos com as possibilidades de prejuízos que a chuva ainda pode trazer. A alta inc ARQUIVO PESSOAL
ANA CAROLINA SOUZA
Rua próxima à casa de Maria de Fátima costuma alagar durante a chuva n PIERO MORAIS RAQUEL ANDRETTO 5º E 3º PERÍODO
Apontando na parede a altura que a água atingiu na agência de carros no período de chuva de 2008, Paulo Morais, 53 anos, relembra o prejuízo de um milhão de reais que a enchente causou. No mesmo quarteirão da Rua Dom João Antônio dos Santos, no Bairro Coração Eucarístico, no fim de 2010, a chuva precisou de apenas vinte minutos para subir meio metro do nível da rua e inundar a banca de jornal de Marco Aurélio Amorim, 53 anos, causando o prejuízo de dois mil reais em produtos, além dos estragos na banca. No mesmo ano, Patrick Minucci, 34 anos, teve a oficina mecânica invadida pela água e, tirando os carros de clientes que conseguiu salvar, a enchente cobriu pouco mais de um metro do estabelecimento na mesma rua, levando para os bueiros um prejuízo de dois mil reais. Ano após ano, nos períodos de chuva, a ameaça de novas enchentes e desmoronamentos nas vilas e aglomerados da Regional Noroeste preocupam famílias e comerciantes em áreas de risco que aguardam medidas preventivas dos órgãos públicos responsáveis. Segundo dados da assessoria da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) existem 278 áreas de risco geológico espalhadas em nove vilas em toda a Regional. Mais riscos de perdas com inundações e desmoronamentos deixam toda a cidade em alerta com
ANA CAROLINA SOUZA
Morador observa o estrago causado pela chuva na agência de carros
o início do período de chuva.
BANCA Marco Aurélio há 16 anos é dono de banca de jornal. Quando se mudou para a Rua Dom João Santos com o estabelecimento, há dois anos e meio, já conhecia os problemas da chuva na região, que se encontra abaixo do nível do Ribeirão Arrudas. Como morador do bairro, viu o impacto causado pela enchente na rua em 2009, na véspera de Ano Novo, que tornou a área intransitável, com a água encobrindo carros, invadindo casas e estabelecimentos. "Eu estava indo para a casa de minha irmã no Réveillon quando tentei passar por aqui de carro e vi que era impossível. Os carros estavam submersos", relembra. No mesmo ano, Marco, já com a banca instalada na esquina da Rua Dom João Antônio dos Santos com a Rua Dom Joaquim Silvério, mesmo não sendo vítima dos alagamentos, notificou a Prefeitura e obteve a resposta de que outra inundação do tipo não ocorreria em 30 anos. Ele então se tranquilizou. “Então tudo bem, daqui a 30 anos não estarei mais aqui", brinca. Mas não foi preciso esperar tanto. No período de chuva seguinte, em 2010, Marco foi vítima da primeira enchente. A água subiu aproximadamente meio metro e destruiu dois mil reais em mercadorias da banca que, segundo ele, não foram ressarcidas pela Prefeitura. Como não há possibilidade de devolver a mercadoria para as editoras e distribuidores, Marco Aurélio arcou com o prejuízo. Na
época, ele solicitou junto ao setor responsável, a partir de uma carta escrita de próprio punho, a mudança de local da banca. A Prefeitura tranquilizou o comerciante dizendo que estavam sendo executadas obras de assentamento do Ribeirão Arrudas nos trechos da Avenida Teresa Cristina. Mesmo atrasada, a medida sanaria os problemas de inundação na região. As obras já estavam concluídas quando, em março deste ano, mais uma inundação atingiu a banca de Marco. Não houve prejuízos com as mercadorias, mas o assoalho da banca ficou estragado. Mais uma carta de reclamação e a Prefeitura, diante da falta de argumentos, após uma vistoria realizada por um fiscal, paga por Marco, autorizou a mudança de dez metros da banca, que saiu da esquina e passou a ficar na mesma rua, agora acima do nível considerado de risco. "Se inundar novamente eu desisto e me mudo novamente para outro local," salienta Marco. Além dos prejuízos financeiros, Marco perdeu qualidade no atendimento aos clientes. "Antes eu permitia a circulação dos clientes dentro da banca, mas com o fundo podre e afundando não tem mais jeito", conta mostrando os estragos no assoalho da banca após duas enchentes. Marco tenta hoje, por meio de anúncios publicitários, adquirir uma nova banca. A obra de rebaixamento e concretagem do Ribeirão Arrudas realizada pela Copasa no trecho da Avenida Teresa Cristina entre a Avenida Barbacena e a entrada da PUC Minas já está concluída desde
ARQUIVO PESSOAL
Em 2008, a enchente alagou a agência de Paulo Morais e destruiu 50 automóveis além de documentação
Maria de Fátima na frente de sua casa que sempre alaga no período das chuvas
2010. Segundo o relatório disponibilizado pela assessoria de comunicação da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), mais obras estão previstas para atender a região. Entre elas, o tratamento de fundo do vale dos córregos Jatobá e Olaria na Regional Barreiro, com a construção de bacias de detenção de cheias para diminuir o fluxo de água que desce para a Regional Noroeste e atinge o trecho do Ribeirão Arrudas onde a localidade da Rua Dom João Antônio dos Santos se encontra. Esta é uma das soluções que, na opinião de Marco Antônio, resolveria os problemas de enchentes no trecho. "A construção das bacias de detenção no Barreiro ajudariam na diminuição do fluxo de água aqui em baixo, no Coração Eucarístico", afirma. As obras estão em andamento e a previsão de conclusão é em 2012.
AGÊNCIA Para alguns comerciantes, somente as obras e melhorias empreendidas pelos órgãos públicos não são o suficiente para se precaver dos riscos de inundação a cada período de chuva. É o caso de Paulo Morais, dono de uma agência de carros seminovos na Rua Dom João Antônio dos Santos, que já sofreu prejuízos em cinco enchentes nos 20 anos que está lá. Paulo explica que o local apresenta risco reincidente por ser abaixo do nível do Ribeirão Arrudas e que a água dos bairros localizados acima da Via Expressa descem e se concentram no local, inundando lojas e residências. "A água volta e aqui
começa a encher como uma represa," descreve. Depois de quatro enchentes e prejuízos com carros inundados, Paulo resolveu fazer modificações na agência. Subiu o muro e colocou uma tranca de ferro no portão para conter a entrada de uma nova enchente. Não foi o suficiente. No dia 31 de dezembro de 2008, na virada do ano, uma forte chuva alagou a região e a água ultrapassou a tranca e o muro, inundando 50 carros e destruindo documentação de veículos, um prejuízo calculado em torno de um milhão de reais. "Demorei um ano para conseguir reaver capital para consertar todos os veículos", recorda. Ainda segundo Paulo, a Prefeitura, ao ser procurada por ele para tentar ressarcir total ou parcialmente o prejuízo causado pela enchente, apenas o isentou do IPTU durante o ano de 2009. Depois da enchente, Paulo adaptou mais uma tranca de ferro, acima da primeira, e vedou a agência de carros com vidro para conter novas inundações. "Agora quando inunda minha agência fica como um aquário ao inverso", explica o empresário.
OFICINA Seguindo o exemplo do vizinho, o mecânico Patrick Minucci, dono de uma oficina em frente à agência de Paulo, também fez modificações no estabelecimento. Há um ano e meio no local, o mecânico era sempre alertado pelos vizinhos das enchentes que ocorrem frequentemente, mas não dava a devida atenção. Em 2010, a oficina foi invadida pela água. "Não deu tempo para muita coisa, apenas para puxar o tampão e amarrar dois carros para que a água não os levasse. Depois
LETÍCIA GLOOR
Empresário mostra o novo tampão instalado na porta da agência e a altura que água atingiu em 2008
Especial Chuvas
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Outubro • 2011
ALERTA COM O PERÍODO DE CHUVA
cidência de áreas de risco na capital deixa famílias carentes de vilas e favelas desamparadas a cada enchente, e as obras para conter as inundações ainda não conseguiram solucionar o problema arquei com o prejuízo dos três carros de clientes destruídos", relembra. O prejuízo foi de dois mil reais. Patrick não procurou a Prefeitura para cobrar o prejuízo na época e considerou mais em conta adaptar a oficina. "Além do novo tampão para a porta, fiz adaptações com sistema de duas válvulas para retenção na oficina", acrescenta.
ÁREAS DE RISCO Em Belo Horizonte, segundo o último diagnóstico da situação de áreas de risco das vilas e favelas de BH concluído pela Urbel em 2009, 163 vilas estão em área de risco das 211 existentes. Dessas, o Jardim Alvorada, a Pedreira Padre Lopes e a Vila Coqueiral são exemplos com maior reincidência de casos das 20 vilas da Regional Noroeste. Vanessa Aparecida Alves, engenheira civil responsável pela Gerência de Áreas de Risco da Regional Noroeste, conta que o setor, em parceria com a Urbel, toma todas as medidas para prevenir catástrofes. Entre elas estão as vistorias preliminares nas moradias que apresentam risco, a orientação das famílias e o diagnóstico de remoção em caso de risco. "Nós vamos ao local, fazemos uma vistoria preliminar para averiguarmos a atual situação do imóvel. A Urbel manda posteriormente um
engenheiro civil e um geólogo para fazer uma vistoria complementar, que determina a necessidade de remoção das famílias", explica. A gerência auxilia todas as vilas da Regional e é de responsabilidade de Vanessa vistoriar o andamento das obras do Programa Estrutural em Área de Risco (Pear), executadas nas casas assinaladas na região por estarem em risco. O programa é uma parceria da Urbel com os moradores para a execução de obras de pequeno porte para prevenir futuros estragos causados pela chuva. Entre as obras estão contenções de encosta, melhoria de acesso, recuperação de rede de drenagem e lajes impermeabilizantes. "Na vistoria é determinado que tipo de obra será feita na casa do morador. A partir disso, a Urbel custeia o material enquanto o morador é responsável pela mão de obra", explica a engenheira. Ela conta com uma equipe de um pedreiro, três serventes e um encarregado para acompanhar as obras. "Prestamos um auxílio que muitas vezes o morador não dispõe que é a orientação de um engenheiro", completa. De março de 2010 a abril de 2011 foram concluídas 188 obras pontuais por meio do programa, segundo dados da Urbel, enquanto outras 45 ainda estão em andamento.
Aglomerados e vilas carentes tem risco de deslizamentos e inundações na Região Nordeste n HUMBERTO REZENDE 5º PERÍODO
Com o início da temporada de chuva, Belo Horizonte fica em alerta. Enchentes, deslizamentos e outros transtornos atrapalham a vida dos habitantes da cidade, principalmente dos que vivem nas comunidades mais carentes de BH. Segundo dados da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), 471 mil pessoas (cerca de 20% da população do município) vivem nas 211 vilas e favelas da capital. Destas, 163 apresentam riscos de deslizamento de encosta ou de inundação. Mário Galdino de Oliveira, que vive com a família à beira de uma encosta no bairro Ribeiro de Abreu, comenta os apuros que passou. Segundo ele, um deslizamento chegou a levar parte do terreiro nos fundos da casa. "Houve uma vez também em que o deslizamento destruiu parte de uma casa que fica no lado de baixo do barranco", relembra. Depois do acidente, a PBH concretou parte da encosta. A esposa, Divina Basília dos Reis, deficiente visual, diz que recentemente uma vizinha foi retirada do local pela Prefeitura. "A casa dela já está toda trincada. E se isso cair sobre a nossa?", questiona. Perguntada se tem vontade de sair dali, ela é enfática: "É o meu maior desejo". Mas, segundo o casal, a PBH até hoje não os procurou para removê-los do local. Já no bairro São Gabriel, moradores reclamam das enchentes. Maria de Fátima de Jesus, 42 anos, diz que, em época de chuva, a rua onde mora sempre alaga e os bueiros estão sempre entupidos. Ela diz que a PBH não toma providências para resolver o problema. "Quando chove, entra esgoto, produto químico e um
monte de lixo na casa da gente. Isso me preocupa, principalmente por causa das crianças que eu tenho em casa", diz. A PBH alega que está fazendo a limpeza dos bueiros e de um terreno baldio que há na região. Mas, para Maria de Fátima, só isso não vai resolver. "Deviam trocar as manilhas de esgoto, para que a água fosse toda embora", comenta. A assessoria de imprensa da Urbel informa que todas as medidas preventivas vem sendo tomadas. Na Região Nordeste, no último período de chuva (entre outubro de 2010 e março de 2011), foram realizadas 577 vistorias e 11 famílias foram removidas de áreas de risco. Neste ano, entre abril e outubro, a Urbel realizou 158 vistorias e tirou de locais de risco 12 famílias. PROGRAMAS Além das vistorias, a Operação Pente Fino, desde o dia 15 de setembro, já percorreu 50 vilas e termina no fim de outubro. Os moradores de áreas de risco recebem orientações, cartilhas educativas e telefones úteis para solicitar vistorias ou atendimento. Há também Centros de Referência em Áreas de Risco (7 CREAR), espalhados pelas vilas com maior incidência de risco geológico. Na Região Nordeste, há um CREAR no Conjunto Paulo VI. Eles estão equipados com colchões, cobertores, fogão e geladeira e podem servir de abrigo momentâneo em situações emergenciais. Há ainda Núcleo de Defesa Civil (48 Nudec) cadastrados juntos à PBH nas vilas e favelas da cidade. Eles contam com 414 voluntários, que ajudam no trabalho de convencimento das famílias para sair dos imóveis em perigo, repassam alertas meteorológicos para a comunidade e auxiliam nos casos de emergência.
Abrigos são opções para desamparados pela chuva LETÍCIA GLOOR
Maria Rosa mudou-se com a família de oito pessoas para o abrigo Granja de Freitas há cinco meses Além dos problemas vividos diariamente por famílias que moram em vilas e favelas em Belo Horizonte, nos períodos de chuva, muitas delas perdem literalmente o chão. Para auxiliar essas famílias nesses períodos, os Centros de Referência de Área de Risco (CREAR) instalados nas áreas de maior incidência de desabamentos e enchentes, além dos abrigos Granja de Freitas, Pompeia e São Paulo são responsáveis por atender essa população. O CREAR atende e abriga momentaneamente as famílias das áreas de risco nos momentos de chuvas e enchentes. Quando os moradores dessas áreas se sentem ameaçados durante a chuva, um dos sete núcleos disponibiliza abrigo com direito à cama e alimentação apropriada. No dia seguinte, a Urbel manda ao imóvel uma equipe formada por um engenheiro civil e um geólogo para vistoriar e definir os riscos de desmoronamento. Os CREARs ficam instalados nos aglomerados com maior incidência desses problemas: Taquaril, Serra, Santa Lúcia, Cabana, Apolônia/Vila do Índio, Alvorada/São José/Novo Ouro Preto. As famílias podem se dirigir aos abrigos Granja de Freitas e Pompeia, especializados em ajudar essas pessoas, tendo capacidade para receber 102 e 176 famílias respectivamente. O abrigo São Paulo acolhe moradores de rua e é uma das opções no caso de lotação dos outros. Nos últimos dois anos não foi necessário usar o abrigo para esse tipo de amparo. Recorrer ao Abrigo
Granja de Freitas foi a alternativa da dona de casa Maria Rosa da Silva, 49 anos, que está no local há cinco meses. "Tentei alugar um apartamento com o auxílio da bolsa moradia antes de vir para o abrigo, mas ninguém quer alugar porque nós temos crianças na família. Sair da nossa casa nos trouxe mais segurança", conta Maria que teve a remoção da família feita após um mês da entrega do relatório feito pela Defesa Civil, alegando os riscos que a casa apresentava. Logo depois da saída da família, a casa localizada na comunidade do Alto Vera Cruz foi demolida. Maria continua procurando apartamento para alugar, por ter oito membros na família, sendo três crianças pequenas. Ela reclama da dificuldade de encontrar imóvel para a locação que aceite as crianças. A filha de Maria, Edilaine Rosa da Silva, 25 anos, estudante de supletivo, reclama ter dificuldade em acessar o comércio da região em que morava, pois mesmo sendo o mais próximo do abrigo, ainda é muito distante. Outro abrigado no Granja de Freitas é Edson Martins de Oliveira, 31 anos, que está no local desde janeiro deste ano e teve a casa desapropriada em 2009. "Não vim antes para o abrigo, porque eu não sabia como o era o funcionamento dele. Achava que eu não teria o meu espaço", conta Edson. Antes de ir para o abrigo, ele pagou aluguel do próprio bolso por um ano, pois nenhum dos lugares o autorizou a utilizar o auxílio bolsa moradia de 400 reais. Atualmente a família espera por re-
soluções da Prefeitura para poder sair. A eles foram apresentados dois lotes para a construção de uma nova moradia, porém o primeiro terreno localizado na barragem Santa Lúcia encontrava-se em área de risco e o segundo local disponibilizado no bairro Primeiro de Maio teve problemas com a proprietária que reivindicou o terreno na justiça. "O pessoal da Urbel, responsável pelo restante do nosso processo, nos deixam largados, quando nunca temos notícias", reclama Edson. O atendimento de cada família é determinado de acordo com os critérios estabelecidos pela Urbel. Por meio dessas normas, são definidos quais serão os atendimentos fornecidos para cada família e quem será priorizado. O abrigo Granja de Freitas informou que 528 pessoas, 106 famílias, foram abrigadas por eles em 2010. O local possui dois tipos de alojamento para os desabrigados. Famílias com até seis membros ficam em cômodos simples. Acima desse número, eles ficam no cômodo duplo. De janeiro a outubro deste ano, o abrigo já acolheu 46 famílias, totalizando 162 pessoas. Cinco destas famílias já fazem parte dos números de risco 2011/2012. A coordenadora do local Elizabeth Ferenzini, 54 anos, conta que todas as segundas-feiras são realizadas reuniões com o departamento de área de risco da Urbel, a Zona Especial de Interesse de Vilas e Favelas, o Grupo executivo de risco (GEA), a Copasa, e a BHTrans para arrumar soluçs para as famílias desabrigadas.
10Cidade
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Outubro • 2011
CÃES ABANDONADOS EM PET SHOPS O abandono de cachorros em lojas especializadas no trato animal em BH se mostra recorrente e, de acordo com a lei, o abandono de animais configura-se como crime federal LETÍCIA GLOOR
n BRUNA GUEDES 3º PERÍODO
Serviços como os de banho e tosa são os mais procurados para cães nas clínicas veterinárias da capital mineira, porém, não é incomum que alguns desses animais sejam desamparados pelos seus antigos donos. O abandono de cães em pet shops é um problema frequente e de difícil resolução para os proprietários das lojas especializadas em animais. O médico veterinário Gilvan Cicarelli já passou diversas vezes por essa experiência na loja em que trabalha há mais de duas décadas no Bairro Santa Efigênia, na Zona Leste. Ele diz que a periodicidade é de pelo menos um abandono a cada ano e que as formas disso acontecer são variadas. "Alguns perguntam se eu sou o veterinário, dizem que encontraram o bicho e me entregam. Não percebem que isso é terceirizar um problema. Mas prefiro que a pessoa seja honesta e diga que não voltará mais para buscar. A maioria passa telefones e endereços falsos, pede para dar um banho no cachorro e não volta", conta. Luiz Felipe Oliveira, supervisor de vendas de outra loja, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul, também vivenciou o abandono de um cão durante sua jornada de trabalho. Nesse caso, ele conta
que o dono fez o cadastro com dados falsos e não buscou mais o animal. A loja, portanto, se responsabilizou por cuidar das necessidades do cachorro até que encontrassem um novo lar para ele. "Nós o alimentamos com ração, água e ele ficava solto nas dependências da loja. Como nenhum funcionário tinha condições de ficar com ele, a gente foi oferecendo para os clientes, até que um se interessou e adotou", diz. Uma decisão inconsequente e, por vezes impensada, leva os antigos donos a se arrependerem do abandono e tentarem recuperar o animal deixado nas lojas. Gilvan, que já passou por essa situação, avisa que o animal já foi redirecionado a um novo lar e não permite o contato entre os donos. "Se o cachorro tem que ser doado, o antigo dono não ficará sabendo. Eu quebro o laço entre o cão e sua família antiga para não aborrecer os novos donos. Se a pessoa é sincera e me pede para doar eu aviso que é uma decisão sem volta. Há coisas que têm que ser pontuadas", alerta. O procedimento, no entanto, não é padronizado. O veterinário Helder Martins de Carvalho, proprietário de uma clínica na Avenida Getúlio Vargas, ao vivenciar a situação contatou os novos proprietários e explicou a situação. Eles aceitaram devolver o cão ao
dono arrependido, que arcou com os gastos do período e recompensou a família que havia cuidado do animal. De acordo com Franklin Oliveira, assessor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, estima-se que 10% da população canina em Belo Horizonte constitua-se de cães abandonados. O procedimento a ser adotado pelos pet shops no caso do abandono inclui, primeiramente, que o responsável pela loja faça uma queixa-crime contra a pessoa ou família que deixa o animal, já que abandono é um ato infracional. "O importante é que se consiga um depositário fiel do animal porque se o antigo dono aparecer, tendo sido feita a queixa de abandono, há provas que a pessoa não buscou o animal naquele período. Portanto, a clínica veterinária vai se cercar que as pessoas não irão atrás para reclamar por via judicial em busca de indenizações", explica Franklin Oliveira. O abandono de animais é configurado crime. Há uma lei de crimes ambientais que mostra em seu artigo 32, da lei 9.605 e o decreto federal 24.645 de 1934 indica que abandonar um animal é ato cruel e criminoso. A pena varia de três meses a um ano e ela é comutada em serviços prestados a comunidade. Há
um possível aumento de um terço a um sexto, se ocorrer a morte do animal.
ADOÇÃO
O processo de adoção é complexo, e, de acordo com Franklin, não há um tempo exato entre o abandono e a conclusão da adoção. Há, porém, algumas características particulares que atraem os possíveis donos. "No caso de filhotes é muito mais fácil Cachorro abandonado no pet shop Dog Store: situação recorrente em toda a capital encaminhar para a adoção. Para o mo protetor de animais, mente dos pet shops, sem adulto e para o 'vira lata' é oriento inclusive a fazer passar por feiras, o processo mais difícil. Vai depender previamente uma entrede adoção se inverte, e é o muito da simpatia daquele vista", relata Franklin veterinário ou responsável animalzinho e também da Oliveira. Ele ainda enfatiza pela clínica que procura um sorte. A grande maioria que que é necessário saber se a novo lar para o animal. procura, quer animais de família em questão tem Nesse caso, os profissionais raça", explica. condições e está de acordo procuram adequar o perfil Hoje, vários pet shops em levar mais um ente para do cão com o de seu possípromovem feiras de adoção casa. Os pet shops devem vel guardião. Gilvan conta em parceria com ONGs e fornecer informações sobre que costuma indicar quangrupos de proteção aos anio animal, incluindo seu do o animal substituiria mais. Todo sábado há a tempo de vida, que varia de uma perda. Além disso, "Feira do Melhor Amigo" no 12 a 15 anos, permitindo à procura cachorros com perparque Nossa Senhora da família realizar um planejasonalidades interessantes. Piedade, no Bairro Aarão mento prévio de tempo e "Se o animal for bravo, por Reis, na Região da gastos com o cão. Essa é exemplo, vou procurar doáPampulha. "O importante é uma maneira de se prevenir lo para uma oficina mecâniestar sempre divulgando e para que o animal não seja ca, ou algum lugar que preno ato de doar o animal, tem que se exigir a assinatudevolvido e também não cise de proteção. Jamais o ra de um termo de responcaia nas mãos de pessoas colocaria em uma casa de sabilidade, um termo de que não darão o tratamento família com mulheres e criadoção para saber qual o adequado. anças", menciona o vetedestino o animal terá. CoQuando adotados diretarinário.
Alta incidência de morcegos no Coreu preocupa moradores n GABRIEL PAZZINI HUMBERTO RESENDE RODRIGO COELHO 2º PERÍODO
Os moradores do Bairro Coração Eucarístico, na Região Noroeste da capital mineira, estão preocupados com a alta incidência de morcegos na região. A preocupação é causada pelo medo de contrair doenças e mitos que cercam o animal. Os moradores do Coreu em sua maioria estão preocupados com o alto número de morcegos na região, que é um dos bairros com maior incidência na capital. Um dos habitantes que observa o fato é Carlos Pedrosa dos Santos, aposentado, 70 anos, que se surpreende com o alto número de morcegos no Coreu. "Nunca vi tanto morcego em um lugar só", conta. O morador ainda confirma o medo dos habitantes. "Minha esposa e minha filha morrem de medo. A gente não sabe o que fazer quando vê um morcego", afirma. Outra moradora que também está preocupada e se assus-
ta com o animal é Paula Gonçalves Dias, estudante, 25 anos, que não sabe o que fazer ao ver um morcego. "Tenho pavor de morcego. Medo de pegar doenças e de ser atacada. Não sei o que fazer. Quando vejo um, entro em pânico", conta. Porém, não existe razão para pânico, pois segundo o agente sanitário Pedro Lazarini, 49 anos, o morcego é um animal inofensivo, e que dificilmente irá transmitir doenças como a raiva. "A maior incidência dos morcegos está na zona rural e, mesmo assim, são raros os que transmitem doenças, e são ainda mais raros os que habitam na zona urbana e transmitem doenças. E ainda assim, quando um morcego contrai uma doença, como a raiva, ele em quase 90% dos casos vai morrer", conta. O agente sanitário ainda diz que não há razões para medo e pânico da população. "Os morcegos estão em toda a cidade, porém, são mais numerosos em regiões mais arborizadas, daí a razão da alta incidência no
Coração Eucarístico, porém, são muito raros os morcegos que transmitem doenças. Quase todos não transmitem raiva, nem outras doenças”, afirma. Lazarini ainda disse que o morcego é um animal importante, é até benéfico. "O morcego é protegido pela fauna brasileira, porque ajuda no controle de insetos, e consequentemente, doenças e pragas, além de ajudar até no reflorestamento", conta o agente sanitário. Sônia Talamoni, professora da pós graduação em zoologia da PUC Minas e
especialista em pequenos mamíferos, não descarta, no entanto, a possibilidade de contaminação, ainda que considere pequeno o risco. “Eu diria que o mais correto é não manusear os morcegos caídos, pois o vírus pode ainda estar ativo. Deve-se ter mais cuidado principalmente com crianças, que são muito curiosas e podem mexer no morcego e então contrairem a doença. O certo é deixá-los onde estão e chamar a Zoonose”, aconselha a bióloga. O telefone nesse caso é o (31) 3277-9664.
LETÍCIA GLOOR
Pedro Lazarini, agente sanitário, minimiza riscos causados por morcegos
Faltam abrigos para cães em BH O abandono de cães é uma questão de difícil solução em Belo Horizonte. O maior empecilho é a falta de abrigos. Há apenas duas instituições, que não estão aptas a receber mais animais abandonados por estarem sem vagas. "Dos animais que entram num abrigo, só resistem os mais forte. Muitos adoecem e morrem", revela o assessor da Secretaria Regional de Meio Ambiente, Franklin Oliveira. As ONGs estão, na maioria, lotadas e, com o período chuvoso, aumenta o número de animais em situação de risco. Grupos de defesa usam o conceito de lar temporário para conseguir pessoas que possam abrigar temporariamente o
animal. O processo inclui check up, exames sorológicos, de leishmaniose e tétano e, após a realização dos procedimentos, ele é encaminhado a um voluntário apto a albergar o animal até que seja adotado. "Albergar é o meio mais humanitário. Em abrigo nenhum os animais são felizes, porque não há condição de dar atenção a cerca de 500 animais. É impessoal. Não há voluntários para isso", afirma Franklin Oliveira. Nessa situação, a ação é voluntária. O gasto com a ração ou com cuidados veterinários no período de acolhimento é de responsabilidade da família.
Cidade Outubro • 2011
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ANA CALORINA ALMEIDA
IDOSOS BUSCAM BEM ESTAR EM TODO O LUGAR Para manter a mente ativa, idosos encontram maneiras diferentes de preencher o tempo em atividades rotineiras que envolvam entretenimento e, às vezes, grupos de 3ª idade n ANA CAROLINA ALMEIDA RAQUEL ANDRETTO 3º PERÍODO
Em busca do rejuvenescimento e de melhoria da saúde, muitas pessoas idosas participam de grupos de Terceira Idade, visando a prática de atividades que possam integrálas. Não são todos os idosos, porém, que têm essa necessidade de convívio e busca de atividades coletivas que preencham o espaço aberto após a aposentadoria. É o caso, por exemplo, da aposentada Maria de Souza, 75 anos, que não participa de nenhum grupo. "Acho que as atividades são desnecessárias, pois o idoso pode participar delas fora de um grupo. O idoso tem que ter
a mente em constante evolução e ocupada com coisas boas. A minha mente não é de idoso, e eu não participo de nada", justifica. A psicóloga Geisa Moreira, professora da PUC Minas e que possui larga experiência na área, explica que o determinante para a felicidade do idoso é manter o modo em que ele foi criado. Também existem os casos de idosos que trabalharam a vida inteira e, depois que aposentam, passam a ter disponibilidade para praticar atividades diferentes com as quais estavam acostumados. Jamir Ribeiro, 74 anos, aposentando há sete, diz que não tem interesse em participar de atividades da
Terceira Idade. Depois de ter operado de câncer da próstata, ele alega estar cansado para tudo. "Não tenho o que fazer, não gosto de ficar em casa, venho jogar buraco", relata. Ele, como muitos outros idosos tem o costume rotineiro de ir ao Serviço Social do Comércio de Minas Gerais (Sesc-MG) só para jogar baralho e dominó. Sebastião Julio dos Santos, 67 anos, aposentado há 11, vai todos os dias jogar buraco, que é o seu meio de diversão. ''Eu gosto de conversar com os amigos, nunca tive o interesse de participar das atividades do grupo, mas se tivesse condição financeira faria atividades na academia'', conta. De acordo com a
Urânia Gomes de Menezes faz sua primeia aula de teclado no Sesc-MG, localizado no centro de Belo Horizonte psicóloga, os idosos que ficam isolados acabam entrando em uma vida privada de prazeres e a redução das redes sociais faz com que o idoso fique sozinho dentro da sociedade. Na unidade do SescMG localizada à Rua Tupinambás, 956, no Centro de Belo Horizonte, já são 1400 inscritos no Grupo Reencontro da Terceira Idade. Urânia Gomes de Menezes, 60 anos, aguardava para começar a sua primeira aula de teclado. "Escolhi esse instrumento por ser relaxante e também porque o meu marido já toca há um ano", justifica. Formada em Letras e Geografia, ela conta que depois da aposentadoria
não quis ficar parada, fez aulas de jardinagem e inglês e acha sim que as atividades em grupo melhoram a mente e a saúde. Para Ângela Maria dos Reis, 60 anos, professora de teclado, a música é a melhor forma de se rejuvenescer culturalmente, e esse hábito de tocar algum instrumento precisa ser reavivado. "A música penetra na alma e ainda trabalha a memória, com as pessoas decorando os acordes", afirma. Mas é no teatro que Jair Lopes, 80 anos, se diverte. Uma atividade que ele sempre praticou, mas que agora lhe rendeu até alguns comerciais de TV. Segundo ele, praticar outras atividades serve para o esclarecimento da men-
te, resultando em uma mente sempre limpa. Geisa Moreira ainda ressalta a importância de não acreditar que todo o idoso deve sempre participar de algum grupo. "É um erro nós pensarmos que o grupo de convivência é para todo idoso. Porque na verdade o grupo é um dispositivo importante de trabalho, para a manutenção das redes privadas, trazendo assim o apego a relação com as pessoas mais próximas", afirma. Ela também explica que não existe uma fórmula pronta para o bem estar do idoso, o envelhecimento não pode ser um conceito fixo, como uma receita. As mudanças fazem parte do contexto e devem estar presentes.
PSE faz estudantes sonharem com futuro melhor MARIA CLARA MANCILHA
n GABRIEL PAZZINI HUMBERTO REZENDE 2º PERÍODO
Laíra Luanda: Programa Saúde na Escola conscientiza alunos e funcionários
As escolas municipais da Região Nordeste da capital contam com o Programa Saúde na Escola (PSE). São 26 monitores prestando avaliação médica e odontológica, além de orientação para prevenção de doenças aos estudantes do ensino fundamental. A intenção é evitar que crianças e adolescentes se dirijam aos postos de saúde por causa de problemas pequenos. O programa é um projeto permanente e já ajudou quase 48 mil estudantes da rede municipal de ensino. A coordenadora das
Ações Institucionais da Educação, Mirian Cunha Araújo de Oliveira, 45 anos, afirma que o PSE começou a ser implantado em BH depois de um decreto presidencial no final de 2007. Em 2008, cinco escolas já estavam desenvolvendo o programa, número que saltou para 36 em 2009 e que em 2010 já havia alcançado todas as escolas municipais de ensino fundamental. Oliveira afirma que 197 escolas e 147 postos de saúde estão envolvidos no projeto. Ana Paula Manchesotti, de 43 anos, é técnica do PSE. De acordo com ela, o projeto chegou em 2008 à Região Nordeste com uma escola piloto. Em 2010,
todas as escolas da região já tinham o projeto implantado. Ela diz que, no começo, os alunos eram deslocados para um posto de atendimento, mas agora enfermeiros e monitores atendem nas escolas. "Em 2011, muitas ações de promoção à saúde foram tomadas. Incentivamos hábitos saudáveis, orientamos a alimentação e ensinamos como manter a saúde bucal", afirma Manchesotti. A monitora do programa na Escola Municipal Monteiro Lobato, localizada no Bairro São Marcos, na Região Nordeste, Laíra Luanda Silva, de 25 anos, fala de alguns dos projetos desenvolvidos pelo PSE. "Temos a Semana Saúde na
Escola, que proporciona a alunos e funcionários atividades de conscientização, com teatros e vídeos. Além disso, temos parceria com a Central Municipal de Oftalmologia (CMO), que atende aos alunos na própria escola e encaminham os casos mais graves para o Centro", afirma a monitora. Segundo ela, alunos que tinham problemas de aprendizado por não enxergarem bem já receberam óculos gratuitamente. Silva aponta, porém, um desafio para o projeto: conscientizar os pais e o restante da comunidade sobre a importância do programa. "O PSE ainda não é muito conhecido", comenta.
Eventos comemoram 15 anos de Centro Cultural ISABELA JACOB
n ISABELA JACOE NATÁLIA LEÃO 4º PERÍODO
Criado por solicitação da comunidade da Região Leste da capital, o Centro Cultural Alto Vera Cruz, fundado há 15 anos, recebe atualmente cerca de 1.400 participantes por mês, entre alunos de escolas municipais da região e moradores, e conta com nove funcionários e três estagiários concursados pela Prefeitura. Referência cultural na região, o Centro, que é financiado pela Fundação
Municipal de Cultura, oferece atividades de arte, cultura e educação aos moradores. Nas comemorações dos 15 anos, aconteceram apresentações de dança, histórias literárias e pesquisas sobre músicos. No primeiro dia do evento foi inaugurada a galeria do auditório, com a exposição de artes plásticas realizada por alunos do Atelier do Jambreiro. O aluno da Escola Municipal Israel Pinheiro, Caique Keslley da Silva Santos, 11 anos, leu uma história para os colegas. “Durante os quatro anos que frequento o
centro, tenho lido muitos livros da biblioteca. Aprendi muito aqui”, afirma. Assim como Caique, a aluna da oficina de violão Marlene Sueli Reis, 56 anos, conta os benefícios que o centro traz para sua vida. “Pude realizar um sonho. Já até me apresentei em alguns lugares. Aprendi muito sobre música e hoje participo de vários outros centros culturais”, diz. As escolas municipais George Ricardo Salum e Israel Pinheiro participam e complementam algumas das atividades escolares no centro. Marilene Nazaré, dire-
tora da Israel Pinheiro, diz que essa parceria ajuda a promover integração, aprendizagem e desenvolvimento dos alunos. “O Centro Cultural faz um excelente trabalho, exercendo atividades extracurriculares, que ajudam a desenvolver determinadas habilidades como o respeito e cidadania”. O Centro Cultural Alto Vera Cruz procura sensibilizar a comunidade para arte e cultura. Ângelo Vinícius Ferreira Andrade, técnico em produção cultural, afirma que todos os funcionários procuram manter uma relação harmônica com
as crianças. “Acho importante que todo cidadão tenha acesso e se envolva com atividades culturais. Aqui ele encontra biblioA biblioteca recebeu atividades comemorativas teca, cinema, música, artes trabalho desenvolvido. “Duplásticas e acima de tudo, rante o tempo em que estão aprende a socialização”, afirlá, eles participam do cinema. ma comentado, telecentro e Moradora da comuaulas de violão. Aprendem, nidade há 36 anos, Tatiana sobretudo, o respeito ao da Costa Sousa, mãe de próximo e a conviverem em Lucas, 14, e Mariana, 9, reconhece a importância do grupo”, conclui.
12Tecnologia
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Outubro • 2011
DIDÁTICA POR MEIO DE SIMULADORES A tecnologia tem promovido evoluções em todos os setores, inclusive o da educação. Cada vez mais programas que imitam a realidade têm sido utilizados em diversas áreas pedagógicas MARIA CLARA MANCILHA
n FABRÍCIO LIMA, ÍGOR PASSARINI 2º PERÍODO
O desenvolvimento tecnológico tem influenciado diversas áreas do cotidiano, a educação não fica de fora, e, hoje em dia, cada vez mais a tecnologia de simulação é aplicada para melhorar a formação em diversos ramos. O MARCO conferiu situações em que os simuladores são fundamentais para o processo educacional e trazem avanços que nunca seriam possíveis sem a sua existência. Na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Centro de Tecnologia Educacional em Saúde (Cetes) é responsável pelo laboratório de simulação. Segundo a professora Maria do Carmo Barros de Melo, coordenadora dos laboratórios, o ensino na área de saúde tem mudado com o decorrer dos anos. Devido à adoção apropriada de novas tecnologias, professores e alunos podem usufruir destes recursos, aprimorando o processo ensino-aprendizagem. "A importância dos simu-
ladores vai muito além de aprimorar o ensino, é fundamental para treinamento em situações de risco, que não podem ser reproduzidas na realidade, pois proporcionam um treinamento seguro antes do contato com as situações reais, não expondo pacientes e comunidade desnecessariamente", diz. As vantagens trazidas pelos simuladores não substituem os processos tradicionais de aprendizado, entretanto, somam ferramentas de extrema importância. No Laboratório de Simulação da Faculdade de Medicina (LabSim), os primeiros manequins chegaram em 1996, para simular situações de urgência e emergência e em 2000, simuladores mais modernos também foram adquiridos. "Os manequins robotizados são mais uma ferramenta eficiente a ser usada no treinamento do profissional da saúde para o cenário real. Vejo como mais uma maneira didática de treinar e testar o aluno principalmente no cenário de urgência. A diferença entre o simples é significante, porque você elimina o instru-
Luiz Gallo conta que o simulador corresponde ao modelo exato de um avião tor/professor do cenário da simulação", comenta o estudante de medicina Ricardo Valadares. O custo é alto e o espaço físico é reduzido para os alunos do curso de medicina, mas existem projetos para uma fundamental ampliação. Entre
os equipamentos que o laboratório possui, estão manequins semi-robotizados que permitem simulação de parada cardiorespiratória, arritmias cardíacas, cianose e várias outras condições adversas. Antes dos simuladores a faculdade utiliza-
va, em muitos casos, cadáveres ou animais para alguns tipos de aula. Atualmente, esses procedimentos não são mais permitidos e os simuladores são utilizados em quase todos os casos em que os pacientes não podem ser submetidos. "O manequim robotizado transmite um cenário mais próximo do real, que pode ser percebido nos treinamentos: várias vezes o aluno se desespera quando vê os parâmetros vitais se deteriorando e fica abalado quando o manequim tem um fim não desejado. O aluno memoriza o que errou na simulação e qual era a ação correta", diz Ricardo. Assim como no ensino de medicina, as simulações de voo são extremamente importantes, não só para o aprendizado como no dia a dia, já que são usados até mesmo por pilotos com longos anos de carreira, pois somente nesses simuladores é possível vivenciar situações que seriam de grande risco em voos reais, como o desligamento de um dos motores, pousos de emergência e falta completa de visibilidade. Cada equipamento de si-
mulação corresponde ao modelo exato de um tipo de avião, conta Luiz Gallo, 47, diretor administrativo do Aeroclube do Estado de Minas Gerais (Acemg) e que atualmente cursa as aulas práticas para retirar o certificado de PP (Piloto Privado). Os simuladores que funcionam no Aeroporto Carlos Prates têm cerca de trinta anos de uso, mas, mesmo assim, não estão ultrapassados, já que correspondem aos aviões que são utilizados para treinamento e formação de pilotos. Segundo Gallo, não há sentido em trabalhar com simuladores de última geração. “Esses que temos são absolutamente pertinentes para os modelos de aviões que se têm em uso no Brasil", garante. Possuir horas de voos em simuladores é obrigatório e muitas pessoas optam por fazer mais aulas desse tipo já que elas possuem um custo menor, cerca de R$80 por hora de aula, enquanto nos aviões este valor pode chegar a R$800 reais a hora.
Mercado de games está em expansão na capital MARIA CLARA MANCILHA
n FABRÍCIO LIMA, FREDERICO PACO, IGOR PASSARINI 2º PERÍODO
A indústria de jogos eletrônicos vem se destacando já faz alguns anos, e em Belo Horizonte não é diferente. A produção de games está em franca ascensão e com isso empresas que surgiram há poucos anos já conseguiram seu espaço. Segundo dados do NPD Group, um dos mais importantes órgãos de pesquisa de mercado dos Estados Unidos, entre 2005 e 2009 os games viram sua indústria crescer 54%, provando seu valor ao transformar os US25 milhões investidos no início deste período em um lucro de U$ 60,4 bilhões, quase o dobro do obtido pela indústria cinematográfica no mesmo período e com um investimento quatro vezes maior. O crescimento da indústria dos jogos eletrônicos não se explica apenas em função dos games de console, mas também devido à diversidade envolvida nas plataformas. Jogos feitos especificadamente para plataformas como Iphone, Android e para redes sociais como o Facebook, respondem por grande parte do crescimento do mercado, visto que apenas recentemente as empresas da área perceberam o potencial lucrativo, ainda associado ao menor custo de
produção deste tipo de jogo. Segundo Rodrigo Mamão, engenheiro elétrico e um dos sócios da Ilusis, empresa que produz games em Belo Horizonte, o mercado de Advergames (jogos com objetivo exclusivamente publicitário) não era o objetivo da empresa, mas com o surgimento de muitas oportunidades no mercado, acabaram se lançando em mais esse desafio. A Ilusis foi fundada em 2008, com o objetivo de criar jogos com alta qualidade gráfica. A empresa é especializada em jogos em 3D e para PC e trabalha principalmente para o mercado externo com demandas especiais e conta com uma equipe de 26 pessoas. Para Rodrigo Mamão, o Brasil não tem a cultura do desenvolvimento de jogos, devido à pirataria, e com isso quem trabalhava na área sempre acabava saindo do país. Esse é um dos fatores que faz com que essas empresas brasileiras, principalmente em Belo Horizonte, seja recente e o mercado muito promissor. Quanto à formação de profissionais na área, Rodrigo exalta a importância de cursos superiores que começam a surgir, como o de jogos digitais, mas ressalta que não é o suficiente para que se entre neste competitivo mercado, já que o foco dos cursos aqui no Brasil não é o mesmo
foco da indústria de jogos de outros países. "O jovem deve ir além, não adianta. O cara que quer desenvolver jogos tem que ter uma paixão muito grande que o leve a aprender em casa ou ir fazer algum curso no exterior, pois os brasileiros não são focados nem específicos como nós da indústria precisamos que seja", observa Rodrigo. No mercado de Belo Horizonte, a crescente abertura para novas oportunidades é uma realidade. Em 2005, surgiu a O2 Games, empresa focada no desenvolvimento de projetos de tecnologia avançada, para entretenimento, conhecimento, diversão e informação. A empresa produz sistemas para empresas, jogos educacionais e, recentemente, tem investido em projetos de games próprios para a web e para as redes sociais. A especialidade é a criação de jogos de gerenciamento esportivo, os chamados Manager games. No ano passado, lançou alguns games para Orkut, com ênfase no tema futebol e aplicativos de mesma motivação. O jogo se chamava 'Golaço' e foi uma espécie de teste para a empresa, que programa para o final de outubro o lançamento da segunda versão do game, o 'Golaço segundo tempo', que deve ser lançado no Facebook e conta com apoio de patrocinadores para a produção e divulgação.
Focada em criar jogos e gráficos de alta qualidade, a empresa Ilusis trabalha principalmente para o mercado externo Atualmente a empresa trabalha no mercado nacional, mas já tem projetos para expansão para o exterior. Os profissionais possuem formação diversa, todos na produção de games. Luiz Henrique Gama, 31 anos, conta que a graduação é importante, mas a vontade de produzir e o interesse pelos jogos é fundamental. "A curiosidade natural no mundo virtual vale bastante", conta. Luiz diz ainda que os cursos ajudaram muito no profissional, mas também enfatiza a importância da paixão pelos jogos. Atualmente a O2 conta com dois estagiários que cursam Jogos Digitais na PUC Minas e um funcionário já graduado na área.
Ainda no mercado local tem-se destaque para a atuação da D2R, empresa que atua como agência publicitária, mas em 2010, a partir da demanda, entrou no mercado de games, com produção de jogos em geral, dentre eles também os jogos publicitários, ou advergames. A empresa age de acordo com as necessidades de seus clientes na produção de jogos e, como em geral essa é muito alta, ainda não conseguiu emplacar seus próprios projetos. Os jogos produzidos pela D2R geralmente são para Web e Mobile e a empresa possui uma equipe com pessoas de formações diversas, todas relacionadas à programação
e produção publicitária. Sobre a formação de profissionais no ramo, Davi Rodrigues, 30 anos, formado em Game Designer pela Vancouver Film School, compara sua formação com a de alguns outros membros da equipe e destaca o maior embasamento teórico, o que permite um conhecimento mais aprofundado. "A dificuldade de encontrar profissionais com as características necessárias para os objetivos da empresa é grande, já que algumas formações, apesar de serem muito genéricas, não trazem a experiência necessária para o mercado", afirma.
Cultura Outubro • 2011
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GUERRA DOS SEXOS ENTRE ACORDES n SARAH ALBERTI THAÍSA FONSECA 3º PERÍODO
Os integrantes das bandas "Wok Tok", composta por cinco homens, e "The Ladies", por quatro mulheres, concordam em um ponto: no universo da música, os quesitos fundamentais para o sucesso de uma banda, não estão ligados ao gênero dos seus integrantes, mas à qualidade do trabalho. O grupo “The Ladies” nasceu de um projeto de música escolar e foi consolidado em 2008 quando a vocalista Paula Kfuri, 19 anos, a baterista Isadora Lins Leão, 20, e as baixistas e guitarristas Letícia Novo, 26, e Letícia Filizzola, 22, decidiram concretizar a vontade de pertencer a uma banda feminina e levar o rock como meio de vida. Para elas, o que mais atrapalha o crescimento profissional da banda é não ter muito material pronto. A falta de uma gravadora, de alguém interessado em investir, empresário ou agente, e de muitas músicas com composição própria também interferem negativamente nesse crescimento. A "Wok Tok" é composta pelos irmãos Daniel Figueiredo Cruz, 25 anos , que é guitarrista, João Paulo, 18, tecladista e Lucas, 22, baterista. Os três, desde pequenos tiveram incentivo e influência de um tio músico. Além deles, o vocalista Junio Silva de Andrade Veríssimo, 22, e o baixista Guilherme Lobato Couto,
Bandas independentes de Belo Horizonte formadas só por homens ou só por mulheres provam que o gênero dos seus integrantes não interferem na qualidade do som que fazem. Para eles, amizade e dedicação são aspectos indispensáveis SARAH ALBERTI
Formada há um ano e meio, a Wok Tok é formada por músicos que começaram cedo e consideram que material bem produzido é essencial para o futuro 22, completam o elenco do grupo. Segundo os integrantes, o público, mesmo sem conhecimento amplo, percebe a diferença entre um material bem e mal feito. Para os músicos, um disco com qualidade e processado por profissionais qualificados, utilizando bons instrumentos e equipamentos interfere no futuro de qualquer banda.
DIFERENCIAL O grupo, que teve início com os amigos Lucas, Junio e Guilherme, está consolidado há cerca de um ano e meio, e foi ganhando forma com o tempo. No início, o nome e os integrantes eram outros e as músicas tocadas eram as de outras bandas. Hoje, o diferencial é ter três
irmãos apaixonados pela música, várias composições próprias e um material de qualidade garantida, entre ele CD e clipe. As músicas da banda são feitas, em grande parte, por Daniel e Lucas, e tem uma característica romântica. Daniel relata que no ponto de vista masculino, o sentimento é mais ou menos o mesmo. Essa linguagem, que é diferente da feminina, torna-se então de fácil entendimento e absorção pelos cinco homens que compartilham o mesmo palco. O público é predominantemente universitário, apesar de ser bem amplo em relação à idade. Com o desejo de crescer, foram para São Paulo e investiram, inclusive fi-
nanceiramente, na qualidade de um CD. Gravaram e mixaram em um estúdio utilizado por muitos artistas renomados, devido ao fato de considerarem que as pessoas de hoje estão acostumadas com coisas sonoramente boas. Todo o processo, desde a produção da imagem da capa até as músicas escolhidas foram criadas pela banda. Segundo eles, tudo que é da Wok Tok, é feito pela Wok Tok, definindo uma originalidade significativa. A amizade e companheirismo também deixam marca registrada. "A sorte de ter uma banda é poder contar com alguém. Quando você está mal, alguém vai estar bem", comenta Daniel. Para os colegas de banda, sucesso
significa reconhecimento do trabalho. Além da amizade, compartilham a vontade de viver de sua música.
AFINIDADE Assim como a Wok Tok, a The Ladies, com todo o tempo de dedicação, a presença de palco, a experiência com instrumentos e os laços de amizade tiveram significativo crescimento, e proporcionaram uma grande afinidade entre elas que não se rompeu com as divergências ocasionais. "Banda é igual namoro", brinca Paula. As integrantes garantem que nunca duvidaram de seu talento. Além de a questão de serem só mulheres ser o diferencial do
grupo, por ser uma característica que se destaca, esse também é um fator que facilita o convívio, uma vez que também compartilham visões semelhantes. As meninas, que tocam músicas de diversas bandas de rock e que ensaiam, quando conseguem, em estúdios alugados, estão à procura de mais uma guitarrista para compor o grupo, que já abriu o show da banda "Paramore". Uma característica comum é que todas as integrantes fazem faculdade, mas asseguram que a prioridade é a carreira artística e o principal objetivo é viver de música. "Nós fazemos faculdade como hobby e levamos música a sério", ressalta Paula, que sempre gostou do meio musical e mesmo tendo cantado em coral quando pequena só começou a cantar profissionalmente na banda. Quando o assunto é futuro, elas concordam em afirmar que sonham muito em fazer sucesso e que compartilham a vontade de ir para São Paulo, onde o mercado da música proporciona mais oportunidades. Segundo elas, além de Belo Horizonte ser um lugar restrito em relação à música, e a lugares propícios para tocar rock, boa parte do público da banda não entra em certas apresentações devido ao fato de não ter atingido a maioridade.
MARIA CLARA MANCILHA
Green Drinks anima bares com happy hour sustentável n JÚLIA MASCARELHAS JULIANA LACERDA ISABELA FOLSTA 1º PERÍODO
Em clima de happy hour, acontece uma vez por mês, uma reunião em um bar em que o tema principal é a sustentabilidade. Batizado de Green Drinks, o objetivo é falar sobre o Verde em um espaço informal, trocando informações, iniciativas e ideias para conectar as pessoas em busca de uma sociedade mais justa e sustentável. Criado em 1989, em Londres, o projeto já está presente em 763 cidades de 60 países. No Brasil, iniciou em São Paulo e, hoje, acontece em várias cidades, incluindo Belo Horizonte. Por aqui, ele surgiu em 2009 e foi difundido por Poliana Reis Abreu, que trouxe o projeto para a cidade com o intuito de criar mais um ponto em que houvesse
discussões sobre o assunto. Em Belo Horizonte, o evento é itinerante. Começou no Reciclo II, e, de lá, teve uma rotatividade considerada importante, já que oferece a oportunidade de atender a pessoas de outras regiões. Hoje, o Green Drinks acontece no restaurante Rima dos Sabores, no Bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte, um lugar que tem grande afinidade com o movimento em si, já que preza pelo sustentável e pela reciclagem. Juliano Mello Caldeira, chef e proprietário do restaurante, além de incentivar seu público a levar materiais recicláveis a seu bar, também considera o Green Drinks importante pelo que prega, já que tanto o movimento quanto o restaurante têm a mesma visão quanto à sustentabilidade. Além disso, o encontro acaba dando lucro a
Juliano, pois terça-feira não é um dia movimentado e as pessoas que participam das conversas sustentáveis aumentam o consumo. No mês de outubro, o tema "Questão Ecológica: a subversão do amor" teve como proposta fazer com que os participantes refletissem sobre a verdadeira importância da questão ecológica, deixando de lado o romantismo do assunto. O palestrant da noite, Hiram Firmino, diretor e editor da revista Ecológico, explicou como não levar a sustentabilidade para o lado romântico: "Levando-a para o lado pragmático, que é denunciar, fazer parte de Ongs socioambientais, ir à imprensa e colocar a boca no trombone". Apesar de ter uma proposta explícita, o Green Drinks não tem um tema específico. Hebert Lima, um dos organizadores do movimento e do Grupo
Anima, conta que o tema é decidido entre as pessoas que estiverem presentes no evento. "Nós olhamos quais são os interesses da galera que vem e convidamos uma personalidade”, explica. “O tema é sempre relacionado à sustentabilidade", acrescenta. Hebert conta ainda que os participantes podem falar o que quiserem desde que seja relacionado ao consumo consciente. "Alguns vão falar sobre meio ambiente, outros sobre impactos sociais e assim vai rolando como conversa de bar mesmo”, conta. Para Hiram Firmino, é importante que o palestrante saiba sobre o que irá falar e que tenha, no mínimo, uma vivência no assunto. Mas essa regra não vale para todos os participantes. "A plateia não precisa ter informação prévia. Quanto menos souber, mais espontaneamente irá perguntar”, diz.
Hebert Lima coordena as sessões, em que meio ambiente é sempre pauta Esses encontros não são importantes apenas do ponto de vista ecológico e social de uma maneira geral, mas também influência particularmente a vida de cada participante que, além de expressar suas opiniões, divulgar suas ideias e fazer amizades, pode até mesmo criar uma rede de contatos que possibilite, futuramente, oportu-
nidades profissionais. Como é o caso de Marina da Mata Amorim, da área jurídica ambiental e escritora do blog "Ecomeninas", que vai ao evento não só pela informação adquirida, mas também pela troca de cartões de visita que existe entre os participantes, já que a maioria trabalha na área da ecologia.
14Educação
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Outubro • 2011
ALUNOS CARENTES RECEBEM AUXÍLIO Programa educacional mantido por instituição privada busca melhorar a qualidade do ensino brasileiro por meio de oportunidades dadas a jovens carentes com acesso restrito à escola MARIA CLARA MANCILHA
Bom Aluno do Brasil (IBAB), possibilitando estender o programa a 1º PERÍODO outras regiões. O programa educaAtualmente o instituto cional Bom Aluno é manacumula vários prêmios de tido pelo Instituto reconhecimento acadêmiSeverino Ballesteros e co e está próximo de atinempresas parceiras com o gir a marca de cinco mil objetivo de dar oportujovens carentes beneficianidades a jovens carentes dos por bolsas de estudo de ter acesso à educação em escolas particulares, de qualidade de forma graalém de ter índices próxituita. No dia 18 de setemmos aos 100% de aprobro, o programa realizou, vação dos estudantes nos em Belo Horizonte, a vestibulares das mais renoseleção de vinte alunos madas universidades do para serem agregados ao Brasil e com uma grande programa e ganharem porcentagem de alunos já bolsa de estudos. O proinseridos no mercado de grama tem como filosofia trabalho integrando o fazer com que os alunos quadro de funcionários sejam absorvedores e disdas mais respeitadas emseminadores de conhecipresas nacionais e multimento. Para serem selenacionais. Com a expancionados, eles precisam ser são, o programa beneficia aprovados em avaliações Londrina, Maringá e de Português e MateCuritiba no Paraná e mática, serem estudante Nova Prata no Rio Grande de escola pública, estarem do Sul, ampliando-se aos cursando o 6º ano (antiga estados da Bahia e Minas 5ª série), terem frequência Gerais, com sede respectiescolar anual de 90%, vamente em Salvador e renda familiar inferior a Belo Horium salário M C M zonte . mínimo por O propessoa e grama chenotas bimesgou à capitrais acima de tal mineira 70% em cada em 2002 e matéria da tem parcegrade escolar. rias com O prograimportanma surgiu em tes colégios 1993 em da rede Curitiba (PR) particular. para ser um Os alunos agente modifazem aula ficador da de reforço sociedade, durante a João Victor: aprender é a meta usando como manhã e esferramenta printudam como cipal a educação. Com bolsistas em colégios conuma turma integrada por veniados com o programa 33 alunos, o projeto como o Colégio Bernoulli, começou na região sul do Colégio Marista, Colégio país e despertou o interesSanto Agostinho, entre se de empresas da iniciatioutros. Em Belo Hova privada em abraçar o rizonte, o programa já tem projeto. Dessa forma, em vários alunos estudando 2000, é criado o Instituto em grandes universidades n MARDELIO COUTO BRUNO FAVARINI
ARIA
LARA
ANCILHA
Alunos têm que passar por uma série de exames para terem acesso às bolsas oferecidas pelo Programa Bom Aluno e trabalhando no mercado nas respectivas áreas. "O programa Bom aluno é fundamental na minha vida. Eu tinha quatro irmãos e vínhamos de uma família muito humilde. Meus pais não tinham a mínima condição de pagar uma escola particular para mim", diz a jovem estudante Fabiana Pereira, da primeira turma do programa que se formou pelo colégio Pio XII com uma bolsa de estudos. Hoje, ela está se graduando em pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Fabiana, além de estudar em uma grande universidade, tem a oportunidade de trabalhar na área de capacitação e treinamento de profissionais do Sindicato das Cooperativas de Minas Gerais, trabalho que já lhe rendeu viagens, inclusive a outros estados para aprimorar os conhecimentos. Hoje, o programa Bom Aluno apoia 101 alunos em Belo Horizonte. São 17 alunos no 8º ano, 16 no 1º ano, 17 no 3º ano do ensino médio e 51
jovens na universidade. "Qualquer mudança nesse país só vai acontecer por meio da educação. A competição entre estudantes hoje não é mais regional, é uma competição nacional, e em alguns casos até mundial. Com as novas regras do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) nada impede que um aluno do Rio de Janeiro seja aprovado em uma universidade de Minas Gerais e venha estudar aqui. Não basta mais ter um conhecimento superficial. É preciso ter domínio sobre línguas estrangeiras e ter conhecimento sobre informática, é preciso ir além", esclarece a gerente do programa em Belo Horizonte, Daisy Costa. Vários professores que vieram da rede particular hoje estão prestigiando os alunos do programa com seu conhecimento, se sentem muitos felizes e destacam a gratificação de dar aula a alunos que chegam a acordar às cinco horas da manhã, estudam no programa na parte da manhã, nos colégios particulares
no turno da tarde e ainda dedicam parte do tempo à noite para estudar para avaliações ou mesmo para confecção de trabalhos escolares, tudo isso sem demonstrar nenhum cansaço ou desânimo. Devido à dupla jornada escolar, os alunos ainda recebem apoio psicológico, curso de desenvolvimento pessoal, material didático, livros, uniforme, aulas complementares de português, matemática, inglês e produção de texto, atividades culturais e sociais, além de ter direito a alimentação e transporte. "Nessa semana eu apliquei um exercício onde coloquei diferentes valores de salários e várias profissões e os alunos tinham como objetivo colocar o salário correto para cada profissional. Terminado o exercício, um aluno chegou à conclusão que o menor salário entre as profissões era o salário do professor. Em sequência outro aluno disse imediatamente que o valor da profissão não está no salário e sim no profissional. Eu vejo que valores morais
como esses são criados nas crianças por iniciativas como o ‘Bom Aluno’. Aqui eu não ouço alunos dizendo que estudam porque estão sendo obrigado pelos pais. Eu posso ter o privilégio de trabalhar com estudantes que têm sede de aprendizado", destacou Fátima Papini, professora de inglês do programa. "Eu gosto de ajudar meus amigos que têm dificuldades com as matérias da escola, e já tive até um miniemprego dando aula particular de matemática ao filho do meu vizinho'', salientou o jovem João Victor Carvalho, beneficiado pelo programa. João Victor mora na região do Barreiro em Belo Horizonte e passou a vida estudando em escola pública até ser aprovado nas avaliações e ganhar uma bolsa de estudos. Ele aponta uma série de fatores que contribuem para o fracasso do ensino em escolas administradas pelo governo." Eu vejo na televisão que o Brasil está ganhando dinheiro, mas não gasta nada com a educação. Eu já cheguei a estudar em escolas que as janelas não tinham vidros, cadeiras e portas eram quebradas'', lamenta. Mas felizmente iniciativas como o Programa Bom aluno, jovens por meio de esforço e inteligência podem mudar uma triste realidade e ver a educação como uma magnífica oportunidade de alçarem voos cada vez mais altos, ignorar maus exemplos que encontrarão pela vida e buscar colher frutos de maneira digna e responsável.
LETÍCIA GLOOR
Projeto de motor de foguete é iniciativa de aluno da PUC n ÍGOR PASSARINI PEDRO NASCIMENTO 2º PERÍODO
Um grupo de estudantes de engenharia mecatrônica da PUC Minas está desenvolvendo um banco de dados para realizar testes em motores de foguetes. O projeto começou com o sonho de um aluno no primeiro ano na faculdade e que, com dedicação e apoio de professores, caminha para a concretização. Bruno Garkauskas, 24 anos, resolveu colocar em prática a ideia que teve no primeiro período de mecatrônica. O projeto ganhou forma quando Bruno apresentou o plano ao profes-
sor Sérgio de Morais Hanriot, pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da PUC Minas, que indicou bibliografias para que as teorias tivessem. O aluno foi até São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP), onde fica o maior câmpus do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) atrás do material para a pesquisa. A partir da viagem, Bruno fez contatos e conheceu o engenheiro mecânico aeronáutico e professor, Rene Nardi. "Ele me perguntou se não gostaria de trabalhar em um projeto maior: aprender a construir motores de foguetes. E eu aceitei", conta o estudante. A partir
daquele momento as coisas começaram a ficar mais claras e as oportunidades surgiram, chegando até o estágio atual, um banco de provas. O projeto chegou a ter treze integrantes, mas o ritmo estava muito acelerado, pois essa é uma atividade extracurricular e os membros têm que conciliar com os estudos. Foi então que o professor Welerson Romanello Freitas se juntou ao grupo, coordenando e auxiliando. "É importante ressaltar que esse projeto foi uma iniciativa dos alunos e que entrei por ser um projeto multidisciplinar, onde é necessário o conhecimento de outras áreas", conta o
professor de química. Ele ressalta a participação de departamentos, como o de física. O banco de provas começou a ser desenvolvido com desenhos que viriam a ser a base do projeto, dividido em mais quatro etapas. Iniciou-se depois a construção da parte estrutural a ser concluída nos próximos dois meses. O sistema hidráulico e a definição dos sensores são os desafios da terceira fase, anterior à aquisição dos materiais para que a estrutura esteja construída e instrumentada. O próximo passo é a integração junto ao Foguete Universitário, projeto de cinco universidades brasi-
Estudantes desenvolvem projeto de motores para foguete com o professor leiras. Cada uma é responsável pela construção de uma parte. A previsão para o término é de dois anos. Hoje, o projeto conta com sete integrantes, sendo dois em São José dos Campos, do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). As reuniões acontecem por Skype e em salas de aula emprestadas, pois eles ainda têm local próprio dentro da universidade. Thiago Gaudêncio,
22 anos, 4º período de engenharia mecatrônica, começou a participar em 2011. "Um amigo me apresentou, fiquei curioso e achei interessante. É um projeto ambicioso por só existir um outro banco de dados como esse em todo o país", relata. No dia 18 de outubro, na PUC Minas, durante a Feira de Engenharia, o projeto será apresentado pela primeira vez ao público.
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É na solidariedade que a tristeza e o sofrimento podem ser amenizados. A dor da perda faz com que pessoas procurem na Rede API apoio e auxílio para superar a angústia e saudade de um ente querido morto
ENCONTROS PROPORCIONAM APOIO A PERDAS IRREPARÁVEIS MARIA CLARA MANCILHA
n DANIEL DE ANDRADE GUSTAVO SILVA 1º PERÍODO
A morte de Camile Tavares foi o começo. Muitos parariam neste ponto e se entregariam ao desespero e à dor. Mas não foi o que fez a psicóloga Gláucia Rezende Tavares, 56 anos. Diante da necessidade de expressar os sentimentos sobre a morte da filha de 18 anos, em um acidente de carro ocorrido em abril de 1998, decidiu criar na capital mineira, em outubro do mesmo ano, junto com o marido, o médico pediatra Eduardo Carlos Tavares, uma rede pioneira no Brasil de apoio àqueles que tiveram perda de algum ente querido. A Rede API (Apoio a Perdas Irreparáveis) nasceu da necessidade da troca de ideias e experiências entre pessoas que haviam perdido filhos. Com o passar do tempo, o projeto se ampliou e a rede passou a ser composta por pessoas que tiveram perdas importantes em suas vidas e que desejam compartilhar as vivências e ampliar as percepções, aprendizados e buscas de novos caminhos para amenizar as dores que a morte causa. As atividades da rede acontecem sempre por meio de encontros, palestras e reuniões com os enlutados no primeiro domingo de cada mês. Segundo Gláucia, durante os 13 anos de existência, o API já atendeu cerca de 5 mil famílias, que chegam até a rede de diversas formas. Por indicação de alguém que já frequentou ou ainda frequenta, mas principalmente via mídia, por meio de publicações em jornais, revistas e entrevistas em TV. "Muitos médicos também indicam o API para os pacientes e isso confere certa credibilidade ao nosso trabalho, já que a medicina em si não é muito preparada para lidar com a morte e, sim, ser inimiga dela", acrescenta a psicóloga. Vários são os exemplos de luta para minimizar a dor da morte retratada nos encontros da API, como o da aposentada Maria dos Anjos Castro Gomes, 76 anos. Frequentadora dos encontros da rede há quase dois anos, ela sofreu em 2010 duas grandes
limites do perdas. Em lugar no qual janeiro,o vivia. A dona marido foi de casa relemassassinado bra que não na casa de conseguia praia da faficar dentro mília em do próprio Nova Viçosa, quarto. "Meu Bahia, e no quarto não dia 7 de deera suficiente zembro ela para comporperdeu o fitar o tamanho lho, profesda minha sor univerdor". sitário, também assassiDiante de nado a facatanto sofridas por um mento um aaluno nas demigo recopendências mendou o do Instituto consultório de I z a b e l a Gláucia, só Hendrix, o que ConceiPsicóloga Gláucia Rezende, criadora da Rede de Apoio a Perda Irreparáveis que gerou ção não acregrande reperditava que que chegam e com isso percebe a cussão em diversos veículos de nada e nem ninguém pudesse comunicação do Brasil. Ela afirimportância de que não vale a ajudá-la. "Meu psiquiatra, por ma que o API a ajuda muito e exemplo, ficou perplexo ao se pena se render a essas perdas, recomenda que todos que tivedeparar com a intensidade da mas sim criar novos motivos ram uma grande perda deveriam minha dor", lembra. Somente para sobreviver", conta. procurá-lo. "Comecei a participar quando a filha de uma amiga Neide expôs seu problema dos encontros por meio de uma deu-lhe novamente o telefone da desde que participou da primeira indicação do médico da minha psicóloga do API, que a dona de reunião e ela acredita que a mefilha, que é amigo da doutora casa resolveu procurar ajuda ao lhor forma de aliviar a dor é não Gláucia e essa troca de experiênperceber tamanha coincidência se calar diante dela. Ela diz que cias que aqui tenho com as ouo fato de duas indicações feitas superar a dor é algo impossível. tras pessoas é uma benção na por pessoas diferentes. "Isso Ela sempre vai existir." O que minha vida", diz. aconteceu há mais ou menos podemos fazer, e nesse sentido o Outra participante que graças nove anos, em um domingo, API nos ajuda de forma maraviao API passou a conviver de quando estava no auge do meu forma mais amena com a dor é a lhosa, é permitir que ela se cicadesespero, sem saber o que fazer manicure Neide de Almeida, 56 trize. Porém essa cicatriz não da minha vida", relembra. anos, que desde 2000 vive inconConceição ainda diz que em some, mas podemos aprender solada pela saudade do irmão suas primeiras reuniões tinha um como cuidar dela, sem nos pensamento egoísta por achar Milton, morto em um acidente machucarmos eternamente", que sua dor era maior que a dos de caminhão. Ela diz ter sofrido relata a manicure. outros, pelo fato da filha ter se muito com essa perda e não conForça, perseverança e apoio matado. Mas com o tempo foi seguia aceitar a ideia de conviver dos amigos do API também são percebendo que, quando as percom a ausência do irmão. formas que a dona de casa das decorrem da morte de Quando já estava se adaptando a Conceição Aparecida Neto, 60 alguém que se ama muito, não essa situação, perdeu também a anos, encontrou para se levantar existem dores maiores ou mãe, no final de 2008. Abalada, diante da morte da filha Sabrina, menores. Ela ressalta, assim decidiu ir ao consultório de que há nove anos cometeu suicícomo Neide, que a dor não Gláucia e com o tempo foi cessa, mas se acomoda no dio ao se jogar do 8º andar do percebendo a importância de coração. "Começamos a lidar prédio onde morava com a mãe, fazer parte da API. com a dor de outra maneira. No em Belo Horizonte. “Aqui você pode chorar, falar e meu caso fiz transferências, pois Com a morte da filha, compartilhar dores com pessoas depois da morte da Sabrina, gaConceição achou que não teria que realmente são capazes de te nhei um neto. Então passei a recursos e condições de melhocompreender, pois elas também depositar nele todo meu amor e rar. Ela conta que foi ao fundo passam ou já passaram pelo a minha atenção", esclarece. do poço. A dor que sentia era tão A mãe de Sabrina também crê mesmo problema que você. E grande que ocupava todo corpo, que a religiosidade e crença em com o passar do tempo você se e ultrapassava seus limites, assim um ser superior são fundamentorna apto a ajudar as pessoas como também ultrapassava os
tais para aqueles que se veem desolados pela perda de alguém. Segundo ela, a crença em Deus, independente de religiões, é uma ferramenta eficaz que deve ser usada, antes de qualquer ajuda psicológica, na busca de aconchego e paz diante de situações como a morte. No local onde aconteceu a tragédia, Conceição fez um salão de festas, como forma de apagar da memória as lembranças ruins e guardar apenas os bons momentos vividos ao lado da filha. Já a experiência pessoal de Gláucia Tavares resultou no livro "Do luto à luta", escrito por ela e que conta também com a participação de alguns membros do API, que homenageiam os entes queridos por meio de depoimentos. Gláucia conta que Camile faleceu poucos meses após entrar na faculdade de jornalismo da Fumec e o livro foi publicado na época da formatura da turma da qual ela fazia parte. "Como essa turma foi a primeira do curso de jornalismo, os alunos que dela faziam parte, decidiram nomeála "Turma Camile Tavares", como forma de homenageá-la. Diante disso decidi ofertar uma parte da publicação a esses alunos", diz. A psicóloga não acredita que exista a superação para problemas relacionados à morte. O indivíduo, segundo ela, deve reconstruir-se a partir de uma situação de perda e viver sem jamais esquecer que a morte, por mais distante que possa parecer, também faz parte da vida, assim como a chegada de um filho. "Enquanto nós não adotarmos uma atitude de reconhecer que a morte é uma regra essencial e que isso não é necessariamente morbidez, mas sim algo que constitui nossa existência, vamos viver uma vida alienada de valores, de sonhos", conclui. Gláucia ressalta ainda que o API procura atender apenas pessoas que sofreram perdas por mortes e de todas que procuram a rede, cerca de 10% perderam entes que cometeram suicídio. As reuniões do API acontecem sempre no primeiro domingo de cada mês, na Rua Espírito Santo, nº 2727, sala 1205, no Bairro de Lourdes. O telefone é (31) 3282-5645. E-mail: redeapi@redeapi.org.br
Exemplo de superação na perda de ente querido Fé e perseverança. Essas duas palavras ajudam a preencher o vazio que as perdas do marido e do filho, ambos assassinados em 2010, gerou na vida da aposentada Maria dos Anjos, 76 anos. Ela buscou o apoio da API (Rede de Apoio a Perdas Irreparáveis), pela primeira vez, ao perder o marido, Maurílio Ferreira Gomes, esfaqueado ao tentar protegê-la contra um assaltante que invadira a casa de veraneio do casal em Nova Viçosa (BA), em 11 de janeiro, ferindo também a aposentada. "Foi uma perda irreparável na minha
vida", afirma. Maria buscou ajuda na Associação Médica da UFMG e na API, por indicação de um médico à filha dela. "Foi aí que eu comecei a melhorar, senti muito apoio da doutora Gláucia e do grupo", acrescenta. Segundo a aposentada, quando estava começando a "colocar os pés no chão", o filho, o professor universitário Kássio Vinícius Castro Gomes, 39 anos, foi esfaqueado no dia 7 de dezembro pelo estudante do 5° período de Educação Física Amilton Loyola Caíres, 23 anos, nas dependências
do Instituto Metodista Izabela Hendrix, em Belo Horizonte, onde lecionava, o que gerou grande repercussão no país. Como sentença, o estudante foi indiciado a regime de internação para tratamento psiquiátrico, após a constatação de que ele sofria de transtornos bipolares e esquizofrenia. "Ficamos revoltados porque até agora não sabemos se isso foi uma coisa certa”, diz. Ela também afirma que é muito cedo para dizer se consegue perdoá-lo, mas que pode compreender a dor dos
familiares do jovem, inclusive da mãe que, segundo Maria, também deve estar sofrendo muito. Sobre o API Maria considera uma "benção de Deus" em sua vida e afirma que
as mães que perderam seus filhos devem ter muita força, muita fé em Deus, procurar e acreditar sim na ajuda, porque ela pode fazer um diferencial na vida da pessoa.
MARIA CLARA MANCILHA
Maria dos Anjos exibe a foto do filho e busca conforto para superar a perda
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Saulo Laranjeira
Entrevista
ARTISTA jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas
n Qual a influência dos artistas homenageados, Geraldo Vandré e Luiz Gonzaga, na construção da sua identidade musical e artística? Não só pelo convívio que eu tive com o Geraldo Vandré, mas com a sonoridade da música dele, a poesia, a sensibilidade poética que ele tem, tem muito a ver comigo, existe uma identificação muito forte, mesmo porque também existe a referência em relação à cultura nordestina, à cultura regional, que é onde eu trabalho e me interessou muito. Então, teve uma relação muito imediata que aconteceu, e com o Luiz Gonzaga é a mesma coisa, a cultura nordestina ela me emociona muito. Há muitos anos que eu me dedico a entender, a preservar as manifestações regionais, mais até mesmo para o Norte de Minas e o Nordeste. Então, é uma questão de identificação mesmo, é o estilo de música e o estilo de poesia que me agrada e que me inspira.
a gente fica sem gravar o programa, lógico que acontece uma nova elaboração, um cuidado muito grande que na volta ele venha com um formato diferenciado, então a gente sempre trabalha isso. Mas o motivo mesmo é a falta de recursos para que o programa possa não acabar. Não é uma questão de grade, não é uma questão de momento em se estar elaborando ou esperando elaborar, não é nada disso. Na prática que a gente tem, isso acontece muito naturalmente, muito espontaneamente. A partir do momento em que a gente começar a gravar o programa, se tivermos ideias novas, serão incorporadas no formato sem dúvida alguma, mas isso não seria um empecilho. É esperando mesmo o recurso, porque como é um programa estritamente cultural e está dentro de uma TV estatal, é preciso que tenhamos recursos, a condição de você ter um patrocinador é muito complicado, muito complexo, porque, o retorno de mídia de um programa numa TV de cultura, é um mercado muito restrito, é preciso que o empresário tenha muita sensibilidade para achar que seja interessante um programa com esse perfil, para ser divulgado. Tem que de certa forma se identificar com essa proposta. Então, bem claramente dizendo, estamos à espera de recursos mesmo, e a partir do momento em que este recurso esteja em nossas mãos, o programa com certeza volta imediatamente.
nAlém dessa turnê em que você se
LETÍCIA GLOOR
encontra, você tem algum projeto paralelo em pauta ou em construção? Os projetos que existem em pauta são a Caravana Arrumação, que é um projeto oriundo do programa Arrumação, que é uma carreta chamada "Caravana Arrumação: Cultura Brasileira sobre rodas", que a gente já vem desenvolvendo há mais de oito anos. Já fizemos em 100 municípios de Minas Gerais, apresentando em praça pública, muitas vezes patrocinado por emendas parlamentares, por apoio de algumas instituições, parceiras e a própria troca de interesse das prefeituras em manter esse projeto vivo. É um projeto que me encanta muito, pois é também um dos mais importantes atualmente da nossa trajetória empresarial e artística. E o projeto do "Programa Arrumação", que existe há 22 anos na Rede Minas e que está agora na iminência de voltar até o fim do ano. É um projeto muito interessante, é o projeto máster, e que provoca a existência de outros eventos e de outras propostas. O "Programa Arrumação", pela diversidade cultural, possibilita exatamente isso, que a gente possa elaborar projetos como a "Caravana Arrumação", por exemplo. E o meu trabalho de CD's, de gravações musicais, que sou sempre muito atento a isso, a gente está preparando a gravação de alguns CD's e do meu primeiro DVD.
Sim, já está em processo de resolução.
n E como é feita a captação de
MÚSICA, HUMOR E POESIA
n Você está produzindo o CD e o DVD? Estão sendo feitos meio que simultaneamente, e a gente os está preparando para o ano que vem, no início do ano que vem, iremos realizar este projeto que já está em pauta já fazem muitos anos. Esperamos agora podermos realizar esses projetos o quanto antes, mas posso adiantar que está previsto para o ano que vem. A mesma coisa com os CD's, que eu pretendo lançá-los paralelamente ao DVD. n O conteúdo do DVD será musical ou teatral?
As duas coisas, pois o meu trabalho é sempre calcado na música, no humor, devido aos meus personagens, e na poesia, pois tudo isso é muito importante que estejam sempre juntos. Mesmo porque, o meu show, o meu espetáculo tem exatamente esse formato, de unir a música, a poesia e o humor. Então o DVD será isso, será o Saulo por inteiro, com todas as minhas vertentes artísticas.
n Com base nesses projetos citados, você está criando algum novo personagem a ser inserido nesses novos projetos? Um personagem novo para entrar em um destes projetos não, existem ideias que estão sendo elaboradas, de alguns personagens, mas estamos em fase de elaboração e com certeza até lá eles não entrariam não, porque são personagens que precisam ser testados com o público, assim como foram no processo de todos os outros. Então, por mais que esteja em mente de criar algum personagem novo, ele não entraria nessa levada do DVD ou de outros projetos ou mesmo dos meus shows, eu que sempre viajo pelo Brasil afora. n Você poderia descrever como é o processo de criação de um personagem? É fruto de observação das pessoas, do cotidiano, e o processo é muito espontâneo, muito visceral, vai acontecendo naturalmente, você vai comentando sobre o personagem com as pessoas. O processo é lento, para que o personagem quando passa para o palco, ele possa estar razoavelmente maduro, porque no meu caso, eu não tenho mais condições de testar um personagem em fase muito embrionária não. Então, ele tem que estar em uma fase já meio madura, e para isso é preciso que o personagem que está no forno amadureça com muita calma, com troca de ideias, para que depois então, eu possa leválo para o palco.
n Dos personagens já catalogados, qual foi a origem e a inspiração para a criação deles? Os regionais, que são a maioria deles, foram fruto de observação de pessoas mesmo, como a Velhinha Messina, como o Vaqueiro Zé da Silva, são frutos de observação e até mesmo do convívio com essas pessoas quando eu ainda estava na minha adolescência. Então, eu fui maturando isso com o tempo, assim como os outros também.
n E vocês já estão captando esses recursos?
n FELIPE AUGUSTO VIEIRA, 3º PERÍODO
recursos e quem é o incentivador e financiador do programa? O financiador é o governo do Estado, a Secretaria de Cultura do governo do estado, então como eu acabei de dizer, você ter um apoio de uma instituição privada, é preciso que exista muita sensibilidade, e isso é muito difícil de acontecer, então a gente ainda fica rendido a uma situação de apoio governamental mesmo.
n Tem havido renovação do seu público, sobretudo do público infantil? Eu não diria renovação, eu diria que é um público que vai chegando junto, que vai absorvendo. A gente vai tendo um maior apoio, o retorno vai acontecendo com o tempo, então não é uma renovação. Vai acrescentando gente, o projeto vai tendo uma aceitação maior, e inclusive por parte até mesmo das crianças, porque o projeto da "Caravana Arrumação" especificamente, não o programa, mas a caravana tem também um interesse muitas vezes em divulgar muita coisa ligada ao público infantil, tem algumas apresentações voltadas mesmo para uma temática infantil. E sem dúvida alguma existe uma aceitação muito grande das crianças e dos adolescentes. Agora o "Programa Arrumação" é um programa para a família mineira, a família brasileira, é lógico que atinge as crianças também porque tem humor, mas não é um programa especifico para crianças.
O artista mineiro Saulo Pinto Muniz, 58 anos, ou Saulo n Voltando ao espetáculo, dessa parceria com o Laranjeira, como se tornou conhecido no circuito artístico mineiro e Saldanha Rolim, você citou a participação do Geraldo Vandré em 82, "Das Terras do Benvirá" no Paraguai. nacional, apresentou o espetáculo "Saulo Laranjeira e Saldanha Ao montar este espetáculo, Rolim cantam Vandré e Gonzagão", em setembro você faz alguma reverência a essa último, durante a III Semana de Ciência, Arte e data? Política no teatro da PUC Minas no São Gabriel. O Esse espetáculo aconteceu em show foi em homenagem aos cantores e compositores “O DVD SERÁ ISSO, 82, um projeto totalmente do Geraldo Vandré e Luiz Gonzaga. Além de cantor, Vandré, um espetáculo montado SERÁ O SAULO POR Laranjeira é igualmente reconhecido como humorista por ele, dirigido por ele e que INTEIRO, COM TODAS pelos personagens apresentados no programa "A teve a participação de outros AS MINHAS VERTENTES Praça é Nossa", como o deputado João Plenário, o artistas, teve a minha, teve a do Saldanha Rolim, teve do Di roqueiro Kelé Metaleira e o hippie Zé Roberto, e ouARTÍSTICAS” Mello, que era um cantor na tros presentes no imaginário popular, como a benépoca bastante conhecido em zedeira Veia Messina e o vaqueiro Zé da Silva. A São Paulo, o Ivo de Lima, um criação dos personagens, segundo ele, é fruto de observação das pesparaibano que também vivia em São Paulo na época. soas e do cotidiano. “O processo é muito espontâneo, muito visceTeve canções da época e muitas canções que ele fez ral”, observa Saulo Laranjeira, em entrevista ao MARCO. Seus quando estava no exílio. A principal delas é "Das Terras personagens poderão voltar a ser vistos, em edições inéditos do prodo Benvirá", que deu nome ao espetáculo. E tudo realgrama "Arrumação" do qual é apresentador há mais de 20 anos mente foi um projeto criado pelo Vandré, administrado e que voltará a ser exibido em breve pela Rede Minas. No mopor ele e tudo o mais, e eu estava lá a serviço desse mento, a emissora exibe reprises às 4h50. Saulo Laranjeira anteevento, desse projeto totalmente elaborado por ele. cipa o lançamento de um CD e do primeiro DVD com previsão de lançamento em 2012. “Estão sendo feitos meio que simultanean De sua infância seguindo circos em Pedra Azul, desta mente e a gente os está preparando para o início do ano que vem”, época ao reconhecimento profissional como artistas, o que enfatiza.
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O próprio deputado João Plenário, que é o mais popular, que está no programa "A Praça é Nossa", um programa popular, de grande audiência (exibido pelo SBT/Alterosa), não foi fruto de convívio com uma pessoa específica, mas foi de transitar nesse ambiente político brasileiro e nos bastidores principalmente, e elaborando o personagem com o tempo. Como é um personagem que trás à tona determinadas reflexões, ele nunca acaba, é um personagem que vou sempre absorvendo coisas e vou colocando nele. E eu espero que todos eles não se acabem, que sejam uma coisa meio infinita e isso é muito bom, muito prazeroso para o meu caso, que cria personagem, é muito prazeroso você ver um personagem que não tem fim. Eu vou acrescentando coisas, conhecendo pessoas, características diferenciadas e vou acrescentando no personagem a cada dia.
n O "Programa Arrumação" está passando por um hiato, ou reformulação da grade da TV ou mesmo da produção do programa? A questão toda do programa "Arrumação" é em relação a recursos mesmo, a obter condições para que a gente possa recomeçar a gravar o programa. Nesse tempo que
foi necessário, quais etapas foram cumpridas nos seus anos de carreira? É muita dedicação, muito entusiasmo, muita emoção, um compromisso espontâneo e natural de divulgar a cultura regional que me interessa muito. E é um dom natural que eu tenho de absorver essas coisas com muita espontaneidade, muita originalidade também. Eu passei por todos esses percalços que todo o artista passa no início com todas as dificuldades de ter um retorno para o trabalho, o reconhecimento e tudo isso que você vai ganhando o tempo. Elaborando o trabalho cada vez mais, aprimorando cada vez mais e aí se obtém um resultado extremamente positivo, o publico vai crescendo, você vai se sentindo mais seguro e você vai caminhando. Mas eu passei por muitos desafios que todo artista passa, mas eu acho que o que fez assim o trabalho acontecer mesmo foi a perseverança mesmo, foi o foco da minha vida, sempre foi isso, norte da minha vida sempre foi esse, a minha vida é isso. A sua energia triplica, as dificuldades são vencidas devido a esse entusiasmo, essa necessidade de passar isso pra frente, de emocionar as pessoas então essa energia é fundamental e ela só acontece quando o você tem realmente a certeza de que você esta fazendo alguma coisa importante para a sua existência, para as pessoas, e aí você vai vencer desafios e vai tendo resultados bons.
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