Camila Navarro
O REPÓRTER JOSINO RIBEIRO, DA REDE GLOBO, ELEGE A COBERTURA DO MUNDIAL DE CLUBES NO MARROCOS COMO A QUE MAIS O MARCOU EM SUA CARREIRA PÁGINA 16
Daniel Lopes
TRADICIONAL CHAPELARIA, A CASA CABANA MUDA DE ENDEREÇO, ADQUIRE SEDE PRÓPRIA, MAS SE MANTEM FIEL À CLIENTELA PÁGINA 10
Juliana Gusman
FICUS INFECTADOS COM VIRUS ESTÃO AMEAÇADOS DE SEREM REMOVIDOS DA PAISAGEM NA AVENIDA BERNARDO MONTEIRO PÁGINA 11
marco jornal
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas . Belo Horizonte . Ano 42 . Edição 308 . Setembro de 2014
Projeto resgata identidade e tradição do Cine Brasil
Camila Navarro
Após sete anos de reformas e restaurações, o Cine Theatro Brasil Vallourec foi reaberto no ano passado, com novidades. A reforma proporcionou mudanças e modernizações internas, mantendo a antiga facha-
da a fim de preservar a identidade do lugar. Agora o espaço é, também, um centro cultural, que tornou-se ponto de visitação. Para resgatar a história e manter viva a memória do local, um projeto de extensão
está sendo desenvolvido pela PUC Minas. O MARCO esteve no novo Cine Brasil e conversou com um antigo funcionário, que se emocionou com as lembranças de sua época de lanterninha. PÁGINA 7
Bibliotecas em BH têm motivos para comemorações neste ano A Biblioteca Estadual Luiz de Bessa chegou aos 60 anos em 2014, comemorando a data com programação especial, mas com a constatação que algumas pessoas ainda não descobriram a importância do espaço, localizado à Praça da Liberdade. Apesar disso, 300 mil pessoas a visitam por ano e cerca
de 100 mil são associados. O acervo é composto por 400 mil exemplares e muitas histórias. Bem mais jovem, a Estação Leitura fez cinco anos, e conta com quase 5 mil usuários, que aproveitam as idas à Estação Central do Metrô para buscar livros. PÁGINAS 8 E 9
Lucas Félix
BH ainda aguarda sua nova rodoviária
Biometria agiliza hora do voto e gera segurança
As obras de construção do novo Terminal Rodoviário de Belo Horizonte, no Bairro São Gabriel, estão completamente paralizadas. A inauguração da rodoviária, que chegou a ter previsão de ficar pronta no primeiro semestre de 2014, depende da decisão judicial de um imbróglio envolvendo indenização de moradores da área a ser desapropriada. Muitos não concordaram com os valores propostos. O resultado é muito entulho e sujeira no local. PÁGINA 5.
Ricardo Laizo
Parque no Sion fecha nos fins de semana
Lucas Félix
Conhecido por ser um espaço de lazer em especial para os moradores do Bairro Sion, o parque Mata das Borboletas se encontra fechado aos fins de semana por falta de guardas que garantem a segurança do local. Os visitantes que foram ao parque não encontraram nenhum aviso justificando o seu fechamento. A ouvidoria de BH diz que o motivo para a falta de policiamento no parque, é o aumento da demanda por segurança urbana e patrimonial. PÁGINA 12
O sistema biométrico será usado nas eleições deste ano por cerca de 22 milhões de eleitores em todo o Brasil. A tecnologia identificará pessoas previamente cadastradas e tem como principal objetivo garantir maior segurança ao processo eleitoral, além de torná-lo mais rápido. Em Minas Gerais, o sistema será utilizado em 26 municípios, abrangendo 480 mil eleitores, que irão às urnas em 5 de outubro. A campanha, que está chegando ao fim, levou um grande número de panfleteiros às ruas da cidade distribuindo “santinhos” de políticos concorrentes a cargos nas próximas eleições. O MARCO conversou com algumas pessoas que trabalham e são remunerados para isso e também com os que o fazem de forma voluntária. Esse tipo de propaganda foi muito comum na vizinhança do Campus Coração Eucarístico da PUC Minas. PÁGINA 13
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Comunidade
editorial
Aprendizado em forma de informação
Delegacia do Coreu muda de endereço
ANA CLARA RODRIGUES 4º PERÍODO
O MARCO chega à sua edição 308, com uma equipe renovada e repórteres muito empenhados na incansável missão de contar histórias, apresentar personagens e fornecer informações que situem o nosso leitor em questões relevantes do contexto atual. Em época de eleições, não poderíamos deixar de dar uma atenção especial ao tema. Para isso, a atual edição reúne uma série de matérias sobre assuntos relacionados ao processo eleitoral, tais como o uso da biometria em urnas eletrônicas e a panfletagem, que se espalha pelas cidades durante o período eleitoral. Já na editoria comunidade, o leitor poderá se informar sobre a concretização da mudança do 4º Distrito de Polícia Civil, que deixa o Coração Eucarístico e passa a funcionar em sua totalidade no bairro Alípio de Melo. Além disso, levanta uma questão que vem causando insatisfação na comunidade: as precárias condições das calçadas e vias do bairro, que dificultam a passagem de pedestres e transeuntes. Para os que gostam de esportes, há uma entrevista com o jornalista Josino Ribeiro, repórter que atua na área esportiva da Rede Globo, fazendo cobertura de jogos e reportagens especiais. O leitor também se surpreenderá com uma forma interessante para a prática de xadrez, com adaptações que tornaram o jogo de tabuleiro acessível aos deficientes visuais, sendo opçao de lazer e interação para os mesmos. Mais uma vez o MARCO aposta na diversidade de temas, tratados com apuração e texto de qualidade, produzidos com empenho contagiante. Continuamos a desempenhar o nosso compromisso como importante ferramenta de aprendizado, auxiliando na construção de um jornalismo coerente e informativo. Esperamos satisfazer aos nossos leitores, ressaltando a importância da participação de vocês em nossa caminhada.
expediente jornal marco
Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br | e-mail: jornalmarco@pucminas.br Rua Dom José Gaspar, 500 | CEP 30.535-610 | Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte | MG | Tel: (31) 3319-4920 Sucursal Puc Minas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 | CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel | Belo Horizonte | MG | Tel: (31) 3439-5286 Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Prof. Ércio do Carmo Sena Cardoso Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Francisco Braga Coord. do Curso de Comunicação / S.Gabriel: Profª. Alessandra Girard Coordenador do Curso de Jornalismo (S. Gabriel): Prof. Jair Rangel Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditores: Profª. Júnia Miranda e Prof. João Carlos Firpe Penna Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Monitores de Jornalismo: Ana Clara Rodrigues, Bárbara Souto, Isabela Andrade, Juliana Gusman, Mariana Campolina, Monitores de Fotografia: Camila Navarro, Lucas Félix Monitora de Diagramação: Elisa Ferreira CTP e Impressão: Fumarc. Tiragem: 12.000 exemplares
Delegacia do Coreu é fechada para transferência para o bairro Alípio de Melo ANA CLARA RODRIGUES 4º PERÍODO
Após meses de atraso, o projeto de transferência do 4º Distrito de Polícia Civil, até então localizado no bairro Coração Eucarístico, foi finalmente concluído. Como planejado, a unidade teve todas as suas atividades transferidas para o Bairro Alípio de Melo, no dia primeiro de setembro. O prazo inicial estabelecido era de que a mudança tivesse ocorrido em fevereiro deste ano, porém, essa data foi prorrogada diversas vezes até a completa transferência. Segundo o delegado de polícia Lincoln Soares, a mudança proporcionará melhorias na estrutura física da delegacia, que irá resultar em um melhor atendimento para a população. A decisão, todavia, não agradou aos comerciantes e moradores do bairro, que se sentem
desprotegidos sem a presença física de uma delegacia de polícia na região. Ao saber da mudança da delegacia, a moradora Claudia Nunes, 43 anos, ficou apreensiva. “A segurança aqui é um fator agravante, não só para os moradores como também para todos os alunos que transitam diariamente pela região. Apenas o fato de termos uma sede da Policia Civil por perto já nos passava mais segurança”, conta Claudia. O assunto, que já foi abordado pelo MARCO em matérias anteriores, saiu de foco à medida que os atrasos na mudança, sem maiores esclarecimentos, levaram a delegacia a continuar no Coração Eucarístico por muitos meses após o previsto. Segundo Claudia, o atraso na concretização do projeto deu esperança aos moradores de que a mudança não aconteceria mais. “A de-
legacia continuou em funcionamento no bairro por muito tempo. Ninguém tinha informação de quando ou se de fato a mudança ocorreria”, completa a dona de casa, que lamentou quando soube do fechamento definitivo da unidade, no dia 29 de agosto. Desde o início do ano, quando houve o anúncio de uma possível transferência da delegacia, a Associação de Moradores e Amigos do Coração Eucarístico (Amacor) se mobilizou para fazer um abaixo assinado reivindicando a permanência da mesma no bairro. A lista reuniu cerca de mil assinaturas, mas não obteve sucesso. O presidente da Associação, Walter Freitas, 58, é categórico em afirmar que a mudança do batalhão representa uma grande perda para a região. “O Coração
Eucarístico é considerado um dos bairros com a maior população flutuante de Belo Horizonte, e isso requer uma atenção especial em questões como segurança”, afirma. Entretanto, de acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Civil, a transferência da delegacia faz parte de um projeto de reestruturação que visa a melhoria das investigações na região, com mais investimentos em tecnologia e informação. Apesar do deslocamento físico, a nova unidade também terá atendimento voltado para moradores do Coração Eucarístico, assim como para as demais regiões ao seu redor. Além disso, a mudança não vai interferir no policiamento realizado por meio de viaturas e rondas policiais no bairro.
Moradores sentem segurança após PM ter sido inaugurada na região MATEUS TEIXEIRA 5º PERÍODO
Depois de doze anos de idealização e de vários adiamentos, na inauguração da 9ª Companhia da Polícia Militar aconteceu em abril deste ano. Agora na Via Expressa, à Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 3230 a unidade trouxe melhorias para a região, mas divide a opinião dos moradores sobre o policiamento nos bairros. A assistente administrativa Fabiana Rodrigues, que
trabalha na PUC Minas, se sente mais segura com a presença da companhia. “É sempre bom ter polícia por perto, passa mais segurança. É uma forma de inibir a ação de ladrão”, relata. O funcionário Braian Cavanelas que trabalha nas imediações da companhia, também se sente mais seguro. “Eu estou mais seguro, é sempre bom. Vejo só ponto positivo”, contou. Ele fala ainda sobre o policiamento na região. “Aumentou muito, na hora de ir embora eu vejo Polícia
(Militar) passando perto da PUC e na Avenida Ressaca”, disse Braian. O estudante universitário e morador do Dom Cabral, Maikyson Coelho, no entanto, não notou diferença com a chegada da companhia. “Somente nos dias de festa ao redor da PUC, onde antes não havia policiamento, agora há um grande número de militares nas imediações”, contou. Enquanto alguns elogiam, outros criticam o policiamento na Região Noroeste de Belo Horizonte.
É o caso do presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Dom Cabral, Maurício Antônio de Sales, que reclama dos assaltos e da ausência de melhorias. “Não vejo polícia passando aqui, não teve melhoria. Tem assalto direto no bairro”, desabafou. Maurício ainda não conhece a nova sede da companhia e critica o comodismo dos moradores. “Não fazem ocorrência e não sabem que está tendo muito assalto”, contou Maurício Antônio.
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Comunidade
Falta de infraestrutura em ruas Duas importantes vias do Bairro São Gabriel enfrentam diversos problemas, como falta de iluminação, risco de acidentes e trânsito intenso. A situação prejudica moradores e comerciantes WELLINGTON FERREIRA 5º PERÍODO
Duas importantes vias do Bairro São Gabriel, na Região Nordeste de Belo Horizonte, têm sido alvo de reclamações de moradores, comerciantes e pedestres que transitam pelos locais. A Rua Walter Ianni, principal via de acesso ao Campus da PUC Minas no São Gabriel, e à BR-262, sofre com as péssimas condições de iluminação e a Rua Anapurus, importante centro comercial do bairro, com o trânsito intenso durante a maior parte do dia. Paulo Pereira de Freitas, 55 anos, morador do São Gabriel há três, e dono da lanchonete Uni Açaí, localizada à Rua Walter Ianni, conta que a má iluminação tem afastado a clientela e aumentado os riscos de quem se arrisca a caminhar pela rua à noite. “O comércio vem perdendo muito com essa situação. Já presenciei uma pessoa ser assaltada aqui, próximo ao Batalhão, e os policiais não viram, pois o local estava escuro”, conta.
O problema é notado por outras pessoas como a estudante Luciene Moreira, 33 anos, do curso de Ciências Contábeis da PUC Minas e que estuda à noite. “A rua além de ser mal iluminada, possui árvores que têm copas muito grandes que acabam por tapar os postes, agravando a situação. É preciso urgentemente melhorar a iluminação, pois isso tem atraído ladrões”, enfatiza. Roque da Silva Gonçalves é fiscal de ônibus da linha Suplementar 81, que tem seu ponto final em frente à PUC Minas e conta que a situação é pior aos finais de semana, pois além do problema de iluminação, a universidade não funciona, fazendo com que a rua fique deserta. “Nesse último mês tivemos muitos problemas. Quase fomos assaltados. Já presenciamos muitos roubos na passarela. É um sentimento de insegurança terrível”. Já na Rua Anapurus, o problema é o trânsito caótico durante todo o dia. Essa é a principal rua do Bairro São Gabriel e abriga diversos
estabelecimentos comerciais. Em toda sua extensão, há poucas faixas de pedestre e placas de sinalização. Não existem semáforos e o risco de acidentes aumenta. Acidentes que a moradora Dulce Gonçal-
na rua. Hoje, essa hipótese está descartada”, lamenta. Para o comerciante Ivan José Simas, 70 anos, a rua necessita ser sinalizada para reduzir os problemas enfrentados com o tráfego atualmente. “Diminuiria
estabelecimento até a clínica onde faz sessões de fisioterapia. “Chego a gastar 40 minutos somente daqui até o São Paulo, que é bairro vizinho. Em horários de pico, o congestionamento é terrível. Preciso sair bem antes, senão
Vários postes não estão em boas condições na Rua Walter Ianni
ves, 66 anos, presenciou diversas vezes. ‘’Um dos mais graves foi no ano passado entre uma moto e um ônibus deixando dois mortos. Moro aqui há 30 anos e lembro de quando as crianças podiam brincar
bastante o ritmo agitado e garantiria mais seguranças aos pedestres”, salienta. Niely Souza, 44, proprietária do Buffet Festeja, relatou ao MARCO as dificuldades enfrentadas para se deslocar do
Karen Antonieta
não consigo chegar até a clínica”, alega. A Regional Nordeste da Prefeitura de Belo Horizonte informou que não recebeu nenhuma reclamação dos moradores referente à falta de iluminação na Rua
Walter Ianni. O órgão garantiu, entretanto, que a demanda será encaminhada para a Gerência de Manutenção da Regional para programar uma vistoria na via. Se for constatada a necessidade de melhorias na iluminação do local, a Regional encaminhará o pedido a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), que é o órgão responsável por esse tipo de intervenção junto à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Segundo o 24º Batalhão da Polícia Militar rondas são feitas em todo o Bairro São Gabriel e o patrulhamento é reforçado no horário de saída dos estudantes do turno da noite da PUC Minas, por volta das 22h30, perto da passarela, onde registrou-se muitos assaltos. De acordo com a BHTrans, a Rua Anapurus não registra número suficiente de veículos para justificar a implantação de semáforos. Mas, informou que a rua será monitorada para estudar a melhor forma de travessia de pedestres.
Problema nas calçadas do Coração Eucarístico JÚLIA GUEDES 2º PERIODO
Alvo constante de reclamações por parte de moradores, comerciantes e pedestres, de uma forma geral, calçadas localizadas em importantes vias do Coração Eucarístico continuam apresentando problemas, que já foram registrados em edições anteriores do MARCO. Uma vistoria na Rua Coração Eucarístico de Jesus para avaliar as condições da calçada localizada na esquina com a Rua Dom Lúcio Antunes, em frente à lanchonete Boca do Forno, que está com buracos, foi agendada pelo Gercom da Regional Noroeste. As calçadas no Coração Eucarístico estão desniveladas e cheias de buracos, dificultando a locomoção, causando quedas e acidentes. Para alguns moradores como Nelma Lacerda, 53 anos, a Prefeitura
Pedestres têm dificuldade em transitar pelas calçadas do Coração Eucarístico
de Belo Horizonte, ao invés de tentar resolver esses problemas está mais preocupada com a estética do ambiente. “De vez em quando eles arrumam uma pracinha, colocam uma florzinha, e acabam ficando mais na questão estética do que na funcionalidade”, critica Nelma. Além do desnivelamento, existem partes em que os passeios apresentam algumas elevações, sendo causadas por raízes de árvores que quebram as
calçadas ou até mesmo pela própria calçada que diminui o espaço disponível para se locomover. A moradora Cleusa Miranda, 71 anos, relatou que por causa dessas elevações tropeçou e sofreu uma queda em 2006, fraturando o fêmur. “As calçadas são péssimas, cheias de buraco, é difícil [se locomover]. Já percebi algumas melhoras com os anos, mas ainda precisa melhorar. Eu quebrei o colo do fêmur por causa desses
altinhos, é árvore que levanta o passeio, tropecei e caí” relata Cleusa Miranda. Cadeirantes além de enfrentarem as dificuldades nos passeios, também enfrentam a falta de acessibilidade no bairro. Várias esquinas não apresentam rampas de passagem e semáforos instalados em lugares que não dão passagem, como na Praça Coração Eucarístico, que para atravessá-la é preciso dar a volta. Muitos cadeirantes que
Camila Navarro
frequentam o bairro precisar ir de carro até o local desejado por falta de espaço e nivelamento nas calçadas do bairro. “Cadeirante se não vier de carro a dificuldade é muito grande. A não ser que faça uma meia calçada, que fosse toda nivelada. Isso já seria legal”, opina Heleno Braga, 36 anos, trabalhador do Supermercado Epa. A Prefeitura de Belo Horizonte informou que para qualquer irregularidade detectada pelos moradores, é pos-
sível requisitar uma vistoria. Basta fazer uma reclamação por meio do no numero 156 no Serviço de Atendimento ao Cidadão da PBH. No caso dos passeios, uma notificação será encaminhada para o proprietário do imóvel, que caso não seja identificado, é necessário realizar uma pesquisa e encaminhar o documento fiscal por Aviso de Recebimento dos Correios. A vistoria marcada pela Regional Noroeste foi feita por um fiscal da Prefeitura no último dia 5 de setembro, os donos das lojas localizadas na Rua Coração Eucarístico de Jesus foram notificados a respeito do transtorno causado pela calçada. Por isso os proprietários dos comércios terão que mudar sua calçada de acordo com o padrão da prefeitura, que inclui piso antiderrapante e rampas nas pontas da calçada para cadeirantes.
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Comunidade
Árvore protegida por moradora Festas no entorno do campus da PUC no Coração Eucarístico preocupam moradora quanto a integridade de árvore da família, que está sujeita a falta de higiene por parte dos estudantes KARINE BORGES SARAH SATLHER GABRIELA MARTINEZ NATALIA AQUINO 1° PERIODO
Moradora há 49 anos da Rua Guatambu, dona Fátima Maria Caldas Thiersbelles incorporou há 16 uma função adicional à sua rotina: cuidar de um Flamboyant, que foi plantado pelo pai, Walter Balbino Caldas, em 1966. O trabalho dela aumenta em função da existência de bares próximos, que reúnem grande número de universitários no local. Nesses momentos, a moradora assume a vigilância para evitar danos à árvore. No início deste semestre, período em que são mais comuns as confraternizações entre alunos, dona Fátima conta que chegou a ficar por duas horas seguidas no portão de sua casa, vigiando a árvore, para impedir que pes-
soas urinassem na planta. O esforço da moradora, no entanto, foi inútil. Segundo ela, essa atitude demonstra falta de respeito e de higiene de alguns dos frequentadores dos bares que não ligam se alguém pode ver ou não o que estão fazendo. Uma vizinha podou um arbusto que era utilizado como banheiro por garotas, problema recorrente em toda a vizinhança. De acordo com dona Fátima, a falta de higiene não faz distinção de gênero, pois homens e mulheres desrespeitam o ambiente utilizando qualquer local como banheiro ou lixo. Marcelo Araújo, vizinho de dona Fátima, também reclamou da sujeira acumulada e das poças de urina que se formam perto das calçadas das casas no dia seguinte às festas. Além disso, segundo ele, é quase impossível transitar durante esses eventos pela
quantidade de lixo acumulado nos passeios e na rua. Dona Fátima e Marcelo contam que a limpeza das ruas é realizada pelos próprios moradores durante os finais de semana, já que os responsáveis pela limpeza pública a fazem somente às quartas-feiras, assim como o recolhimento do lixo é feito três vezes na semana: segunda, quarta e sexta-feiras. Os entrevistados apresentaram soluções como a implantação de banheiros químicos nas redondezas em dias de grande movimento previstos pelos donos de bares, pois os sanitários desses locais não comportam o alto fluxo de pessoas que participam desses eventos. E enquanto essas soluções não são implantadas dona Fátima continua a vigiar a sua arvore e os moradores a limparem as ruas.
em 18 de janeiro de 2014, proíbe a prática de trotes em todos os estabelecimentos de ensino integrantes do sistema estadual, mas isso não impede que alunos o pratiquem fora da universidade. O MARCO esteve na região e conversou com moradores e comerciantes sobre os problemas. O presidente da Associação de Moradores do bairro Coração Eucarístico, Walter Freitas, 58 anos, diz que se preocupa com a mobilidade no bairro. “Quando os alunos se reúnem, o trânsito na região fica mais lento”. As reclamações mais frequentes são de muito lixo, barulho, desvalorização dos imóveis e até atos de vandalismo. Walter ainda enfatiza que existe uma grande preocupação com o estresse gerado nos moradores e teme por uma reação violenta.
“Prejudicam aqueles usuários do transporte público, prejudicam os taxistas que precisam pegar os passageiros e não conseguem, prejudicam o socorro através do SAMU. Muita gente é prejudicada”, afirma Walter. Eunice Gonçalves Tarzan, 68 anos, a síndica do Centro Comercial Top Shopping, conhecido como Shopping Rosa, e moradora da região, diz que o consumo de álcool é exagerado e que a lei do silencio não é respeitada. Ela se mostra preocupada com o futuro dos alunos. “Falta de respeito a si mesmo e aos outros”. O engenheiro Carlos Alberto de Carvalho, 55 anos, morador do Bairro Dom Cabral e membro da Associação de Moradores, vê a “desvalorização dos imóveis” como consequência da situação. Ele se mudou para o bairro
CARINHO
A árvore plantada pelo
Flamboyant que há 16 anos está sob os cuidados de dona Fátima Caldas
pai, era cuidada por sua mãe, até 1998, quando ela faleceu. Xodó da dona Fátima, a árvore já serviu até mesmo de cenário para fotografias de um casamento. Zelosa, a moradora não autoriza que funcionários da Prefeitura de Belo Horizonte façam a poda da árvore já que uma vez foi
feita a poda e que causou danos a ela. “Da última vez que iria ser feita a poda eu disse ‘moço essa ai não, essa ai não corta não, corta aquele, corta ali, arredonda pra mim, se não for pra arredondar pode ir embora, obrigado’”, lembra dona Fátima.
Lucas Félix
Há pouco tempo, um homem que levava brita para a casa do vizinho que está em construção deixou a caçamba levantada e acabou quebrando alguns dos galhos da árvore e dona Fátima saiu de dentro de casa para reclamar por a terem danificado.
Confusões nos trotes são alvo de reclamação
ISRAEL JOSEPH REIS MATHEUS PEREIRA BADARÓ MARIANNE ALVES 1º PERÍODO
Moradores e comerciantes dos bairros Dom Cabral e Coração Eucarístico na Região Noroeste de Belo Horizonte estão acostumados a presenciar todo inicio de semestre, as tradicionais praticas de trotes de alunos veteranos no ritual de acolhida e integração de novos alunos da PUC Minas. As comemorações são regadas a bebidas alcoólicas e entusiasmo dos universitários, que também costumam se reunir às sextas-feiras. Mas, isto gera cenas desagradáveis e sujeira, transtornando a rotina dos moradores. A Lei estadual nº 21.165, publicada no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais
há oito anos pela tranquilidade e agora se arrepende. Diz que corretores apontam uma desvalorização de 20% à 30% em seu imóvel e que moradores desejam sair do bairro. “Sei que já venderam seus imóveis, por esse incômodo, quatro moradores, dois no meu prédio”, conta. O ouvidor geral da PUC Minas, Renato Durval Martins, 67 anos, enfatiza que a PUC Minas se preocupa com a queixa dos moradores a respeito da atual situação e sempre procurou o diálogo com a Associação do Moradores. “Têm acontecido encontros sistemáticos com o policiamento do setor”, afirma Renato, buscando zelar pela segurança dos alunos e prevenir situações que fujam do controle. Mas ele lembra que há outros fatores envolvidos, como o interesse dos comerciantes e até mobiliza-
ção em redes sociais. “Nós não somos contra a confraternização dos alunos, apenas gostaríamos que se desse de forma respeitosa, especialmente aos moradores”, observa Renato Martins. Segundo ele, também seria importante “descaracterizar a região como ponto de encontro” devido ao local não ser apropriado para grandes aglomerações como costumam acontecer. Ele espera a colaboração de todos os envolvidos, inclusive dos alunos. O presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Pedro Duarte, 21 anos, considera que deve existir uma conversa entre o poder público, a Associação dos Moradores, a PUC, os bares e os diretórios acadêmicos, que são responsáveis pela organização estudantil, para se encontrar a solução.
“Estamos falando de homens. Estudantes com 18, 19 anos”, comenta Pedro. “Deveria haver uma conscientização dos alunos realizada pela universidade do que se recomenda fazer ou não fazer no entorno da comunidade acadêmica e os diretórios ajudando a universidade a controlar isso dentro da PUC”, afirma. Os entrevistados concordam, de forma geral, que havendo maior controle dos horários de funcionamento dos bares, minimizaria os transtornos. Em 10 de março, houve audiência pública na Câmara Municipal, com a presença de representantes das partes envolvidas. Ficou decidida a solicitação ao Ministério Público da criação do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com maior fiscalização pela PBH e mais policiamento.
Centro de Saúde São Gabriel combate a gripe KAREN LEE SILVA CIRCUNDE 2º PERÍODO
Lavar as mãos com frequência, tomar chá quente, manter-se agasalhado, evitar água gelada e pés descalços é o que a maioria ouvida pelo MARCO na região Nordeste de Belo Horizonte fazpara evitar a gripe. Atitudes simples como essas diminuem o risco de contrair qualquer tipo da doença, que pode até levar à morte em casos mais graves. Mas se ainda assim a gripe se instalar são necessários outros cuidados. A principal medida de prevenção contra a gripe é a vacinação. A vacina contra a influenza tipo A é feita com o vírus (H1N1) da doença inativo e fracionado. Os efeitos colaterais são insignificantes se comparados com os benefícios que pode trazer na prevenção de uma doença sujeita a complica-
ções graves em muitos casos. Domingos Rosa de Carvalho, 71 anos, motorista aposentado, relata que em sua juventude morava na roça e quase não existia acesso ás campanhas de vacinação na região e não havia proximidade com centros de saúde, ele acredita que por este fato contraia o vírus com maior facilidade. “A gripe é uma doença terrível, irrita a garganta e ataca sinusite. Tive sérios problemas, pois minha sinusite piorava e a dor nos ossos e no corpo me deixava indisposto até mesmo para executar tarefas do dia-adia”, explica. No Centro de Saúde São Gabriel existe uma campanha de vacinação anual que é proposta pela Prefeitura de Belo Horizonte em todos os centros de saúde da capital. A campanha se institui naquele período, mas as ações
Domingos de Carvalho ressalta a importância da vacinação no combate à gripe
dela se ampliam ao resto do ano. Existe um público específico com prioridade de vacinação contra a influenza A. São eles: crianças com idade de entre seis meses e 5 anos, idosos a partir dos 60 e doentes crônicos, como pessoas que sofrem, acidentes vasculares e cardio vascular, que tem doenças renais, dia-
betes, hipertensão, problomas pulmonares e pneumonia. “Quando acaba a campanha e sobra uma quantidade significativa de vacinas é realizada uma reprogramação para que estas sejam destinadas a outro público. Mesmo assim a cada ano a campanha vem sendo ampliada. Começou com um público
Karen Circunde
específico, se ampliou para servidores de saúde e educação, depois para todos os servidores públicos, visando alcance quantitativo”, diz Alessandra Foschetti, 27 anos, gerente de junta do Centro de Saúde São Gabriel. Ainda de acordo com Alessandra, após o atendimento prioritário o próximo
passo é atender o resto da população cadastrada no São Gabriel que detectando os sintomas da gripe devem procurar o posto de saúde para que possam receber o atendimento primário e posteriormente serem encaminhados á demanda espontânea, que visa atender os doentes presentes naquele momento e diagnostica -los de forma personalizada. A copeira Maria das Graças Cota, 54 anos, e a estudante Amanda Soares de 20 anos, estudante, são atendidas no CS São Gabriel e informaram não ter dificuldade em tomar a vacina no posto contra a gripe, quando esta está disponível, mesmo não fazendo parte do público prioritário. “Sou mãe de uma criança de cinco meses e fui vacinada durante a gestação, fui bem atendida e estou protegida da gripe”, ressalta Amanda.
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Comunidade
Nova rodoviária ainda é sonho Atraso no início das obras do Terminal Rodoviário, no Bairro São Gabriel, é causado por entraves judiciais para a remoção de famílias em processo de desapropriação, de acordo com a PBH RICARDO LAIZO LUCAS FRANCO 2º PERÍODO
Com promessa de ser construída no Bairro São Gabriel, na Região Nordeste da capital, a nova rodoviária de Belo Horizonte ainda não saiu do papel. Com previsão de 35 mil m² de área construída, 41 plataformas de embarque e desembarque, praça de alimentação, 400 vagas de estacionamento para automóveis e área de comércio, o terminal planejado para estar funcionando no primeiro semestre de 2014 se encontra com as obras totalmente paralisadas, devido a processos judiciais. No local, apenas entulhos, sinais de abandono e algumas famílias que ainda moram na área. Jorge Rodrigues Gomes de Souza, mecânico aposentado de 61 anos é um dos moradores que ainda resiste e continua no local. A Prefeitura chegou a fazer algumas propostas, mas nenhuma delas foi viável. “Aqui tem sete pessoas e cada uma tem seu quarto, tem a sua liberdade”, diz. De acordo com Jorge, a Prefeitura de Belo Horizonte ofereceu um valor baixo pelo terreno. “Ninguém quer nada para ficar rico, eu quero o que dê para comprar uma moradia digna, para eu escolher
A construção da nova rodoviária ainda depende de desapropriações
onde quero, e não que eles digam: você vai para aqui. Assim não funciona. Eu moro aqui há 56 anos, não foi ontem que eu vim para cá”, ressalta. O morador diz estar disposto a deixar sua residência, desde que receba o que, segundo ele, é justo. “Às vezes as pessoas pensam: esse pessoal não quer sair. Nós queremos sair, não queremos travar nada, mas queremos sair por algo digno. Não é me tirar daqui e me jogar ali”, comenta. Jorge ainda argumenta sobre o descaso da Prefeitura com a obra na região. “Daqui uns dias vão despejar entulho no meio da rua, o que está quase acontecendo. Já que a Prefeitura
desapropriou, é obrigação dela cuidar. Com as chuvas chegando, corre o risco de dengue. E a Prefeitura não cuida de nada, tem lixo, tem cachorro morto na esquina e entulho quase no meio da rua”, salienta. O aposentado admite apoiar a construção da nova rodoviária, mas reclama da dificuldade em negociar com a administração municipal. “Claro que eu sou a favor, é algo que vai melhorar Belo Horizonte. Eles têm que fazer as coisas, têm que melhorar, mas não esquecer que, se desapropriar uma pessoa, esta pessoa tem que receber uma indenização digna, uma moradia digna, senão não funciona”, acrescenta. José Lou-
Frederik Cortez
renço Ferreira mora na região há quase seis décadas e também entrou na Justiça após não conseguir um acordo com a Prefeitura. O vigilante, de 67 anos, questiona o valor oferecido pela casa e conta que a proposta era deixar o local para receber posteriormente. “O problema é eles liberarem a indenização para comprarmos uma nova moradia. Eu não tenho como sair daqui sem moradia. Não tenho para onde ir”, observa. Alguns usuários aprovam a construção da nova rodoviária no Bairro São Gabriel, como é o caso da moradora de Santa Luzia, Marli Dias dos Santos, 60. Conforme a doméstica, com o novo terminal será mais fácil
viajar. “Vai ser muito bom, além de melhorar a região”, justifica. Já a estudante Graziele Gonçalves da Silva, 22, não é a favor da obra. Para ela, o deslocamento de quem vem de outras regiões da cidade para acessar a rodoviária seria maior, podendo causar um desconforto ao passageiro. “Apesar da saída dos ônibus intermunicipais ser facilitada por causa do acesso ao Anel Rodoviário, o trajeto dos usuários aumentaria consideravelmente. Talvez, o problema poderia ser resolvido com a ampliação da Estação José Cândido, ao invés da construção de uma nova”, sugere. Questionada sobre o motivo de a obra estar pa-
ralisada, a Prefeitura de Belo Horizonte informou, por meio de nota, que o atual entrave para o início das obras da nova rodoviária em Belo Horizonte é a finalização do processo de retirada de famílias do bairro São Gabriel. A Prefeitura aguarda decisão judicial. De acordo com a PBH, não há previsão para o início nem para conclusão da construção do novo terminal. Quanto a questão dos entulhos no entorno do local, a Prefeitura, por meio da Urbel, informou que os entulhos foram retirados há cerca de um mês, e que os restos que ainda se encontram no local são resultado de botafora clandestino.
Período letivo alimenta comércio no S. Gabriel GIOVANNA DE PAULA KAREN ANTONIETA 8º PERÍODO
FREDERIK CORTEZ ANA PAULA FERNANDES NIQUELE FONSECA 2º PERÍODO
O período de volta às aulas é motivo de alegria para os comerciantes localizados em frente ou próximos à PUC São Gabriel. É nesse período que a clientela volta a aumentar e os proprietários veem o número de vendas subir, já que muitos dos comerciantes entrevistados afirmam que as vendas caem em torno de 95% no tempo de férias. Embora a temporada de recesso escolar deste ano tenha coincidido com a realização da Copa do Mundo no Brasil, os bares no entorno da universidade afirmam que não tinham expectativas quanto ao aumento de vendas, nessa temporada, e tal suspeita se confirmou ao fim do evento. O restaurante Lilegal, localizado à Rua Anori, participa do Circuito Gastronômico da Regional
Nordeste da capital e, mesmo com esse diferencial, também não teve aumento de vendas no tempo de férias e Copa. A responsável pelo estabelecimento, Gláucia de Souza, 39, destaca: “não esperava uma mudança devido à Copa, mas mesmo assim nos preparamos, na posição de comerciantes”. O circuito citado é um programa criado pela Prefeitura de Belo Horizonte em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG) e a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S.A (Belotur), que oferece cursos profissionalizantes para funcionários e empreendedores do ramo alimentício. Um dos principais pontos de encontro dos alunos da PUC é o Bar Itaobim, localizado em frente à universidade. O proprietário do local, Moacir Inácio Pereira, 48, relata que não criou nenhuma expectativa antes da Copa e acredita que o evento inclusive piorou o movimento na volta às aulas. “Depois da Copa então ficou pior. Não que-
ro nem falar esse nome”, comenta o comerciante. O Bar Itaobim existe há 15 anos no bairro São Gabriel, antes mesmo da chegada da PUC a região. Nos primeiros anos, o estabelecimento funcionava somente como restaurante, mas com o aumento do público universitário, agora é lanchonete, restaurante e bar. De acordo com Moacir Inácio, no período de aula, o local fica aberto das 6h até a meia noite. Já no tempo de recesso escolar o horário de funcionamento passa a ser das 6h30 às 21h. “O Xerox é em função da PUC”. Essa frase é de Maria Aparecida Ferreira, 56, gerente do Xerox São Gabriel. Ela também confirma a redução do horário de funcionamento no período de férias, devido a queda nas vendas. Segundo a comerciante, nas férias, o estabelecimento funciona em horário comercial e durante as aulas fica aberto até as 19h. O Xerox possui outra unidade além do São Gabriel, que fica em frente à PUC Betim, dessa forma, depende bastante do públi-
co universitário. O dono do Bar Xulispa, Geraldo França, 41, afirma que as vendas caem em torno de 95% durante as férias. Para lidar com as despesas durante este período, ele faz um fundo de reserva. “Você tem que trabalhar os oito meses para manter as despesas das férias”, explica o comerciante. Ao contrário de Moacir Inácio, dono do Itaobim
que depende, muitas vezes, da própria venda do período de recesso escolar para arcar com as despesas do negócio. Já o proprietário do Uni Açaí, Paulo Pereira de Freitas, 55, diz contar com a fé em Deus para conseguir arcar com os compromissos financeiros no período em que os estudantes não vão à universidade. Com o início do semes-
tre letivo, a expectativa dos comerciantes, de uma forma geral, é que as vendas dos próximos meses compensem as baixas do período de férias. Além disso, eles esperam aumentar significativamente o lucro com o objetivo de se preparar para o final do ano, que além das férias conta com outros gastos relativos às comemorações de final de ano.
Comerciantes locais comemoram a volta do período letivo Karen Antonieta
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Comunicação / Campus
Minas ainda exporta jornalistas Em função das limitações do mercado em Minas, pwrofissionais do jornalismo deixam o estado em busca de novas oportunidades e desafios na carreira, se destacando em um cenário nacional IGOR BATALHA JOSÉ VICTOR FANTONI RAFAEL LEITE 4º PERÍODO
Seja por falta de mercado dentro do estado, ambições na própria carreira, ou mero acaso, vários são os jornalistas que se formam em Minas Gerais e acabam se aventurando pelo Brasil e pelo mundo afora. No jornalismo esportivo, não é diferente. Marcelo Barreto e Marcelo Bechler, por exemplo, se formaram na PUC Minas e acabaram construindo carreiras fora do estado. Marcelo Barreto, que atualmente é apresentador do SporTV News, no canal a cabo SporTV, se formou em 1990, época em que o Brasil passava por uma séria crise econômica. Começou a carreira em uma assessoria de imprensa da Prefeitura de João Monlevade, passando pelas sucursais do Hoje em Dia, em João Monlevade e Governador Valadares. Nessa última, sua passagem foi interrompida por um plano econômico, que ocasionou demissões no jornal. “Eu era de fora, não tinha planos de fazer carreira por ali. E tinha gente que morava lá há mais tempo, gente que já tinha vida estabelecida por lá. Então, me candidatei a ser um dos demitidos”, conta. Barreto acabou indo morar em Juiz de Fora, coincidentemente trabalhou em outra sucursal do Hoje em Dia, onde viu, por um acaso,
um anúncio do jornal O Globo, e achou que poderia ser uma boa oportunidade. Acabou sendo aceito, e se mudou para a capital do Rio de Janeiro. Ficou em O Globo até 1997, quando passou a fazer parte da equipe que fundou o diário esportivo LANCE!. A partir daí, sua carreira transcorreu toda dentro das Organizações Globo. Depois de ser editor-chefe do Portal do Esporte e editor de texto e repórter da TV Globo, chegou ao SporTV em 2003, onde permanece até hoje. Segundo o jornalista, a carreira dele praticamente começou fora de Minas. “É engraçado, porque até esse meu trabalho em O Globo, eu tinha morado em Minas minha vida toda, estudei e formei na PUC e fiz tudo por aqui mesmo, entretanto minha experiência de trabalho por aqui foi muito pequena”, disse. Ele acha que o mercado tende a ser mais “nacional” e que as fronteiras estão diminuindo, o jornalista mineiro tem, atualmente, uma grande vantagem em cima dos outros. “No mercado atual, a vantagem que o jornalista mineiro tem é de estar perto dos grandes centros, Rio e São Paulo. Ele tem uma proximidade que pode ser interessante”, comenta. Marcelo Bechler, que atualmente é comentarista da Rádio Globo de São Paulo, se formou em jornalismo em 2008, e critica o fechado mercado da comunicação em
Minas. Enquanto trabalhou na capital mineira, passou pela TV Horizonte e pela Rádio Globo local. Ele conta que quando começou na estação, teve propostas da Alterosa, Rede Minas e da própria Rádio Globo. “Por coincidência, todas estavam procurando. Aqui, como o mercado é muito pequeno, quando a roda gira, gira para todo mundo. Se sai alguém da Alterosa e vai para Globo, abre uma vaga no Alterosa. Aí eles vão na Band e pegam alguém. Vaga na Band. Aí eles vão na Record, e pegam alguém”, explica. Pouco depois, Bechler foi chamado para a Rádio Globo de São Paulo, e aceitou o convite. “Eu via que profissionalmente era uma boa para mim. Eu ia estar em um dos centros do Brasil, eu ia ter mais chances de crescer”, conta. Ele comenta que um dos grandes desafios foi deixar a casa dos pais e passar a morar sozinho. “Tive outros custos, mas por um lado era um desafio pessoal interessante. Não tentaram me segurar aqui, me perguntaram se eu queria ir e eu falei que queria”, diz. Bechler acha que o mercado mineiro é muito fechado. “Em São Paulo tudo é maior. Tanto em oportunidade, como o salário, o custo, a violência, o trânsito, tudo é maior”, comenta o jornalista. Bechler também ressalta que, tanto a TV, quanto a rádio e os jornais em Belo Ho-
rizonte trabalham com um número limitado de repórteres e isso dificulta muito a inserção no mercado. “Tenho amigos e colegas que são muito bons de trabalho, mas que não conseguiram se inserir. Em São Paulo é um mercado bem maior, existem muito mais possibilidades, infelizmente, do que aqui”, lamenta. Ele acha que o problema principal do mercado daqui é a visibilidade. “Para o esporte, por exemplo, você tem uma grande rádio, que é a Itatiaia. Eu acho que poderia ser mais bem dividido. Talvez se isso fosse mais diluído entre as outras, elas teriam mais audiência, mais patrocinadores, mais dinheiro e mais profissionais”, opina. Bechler diz que, mesmo com todos os problemas do mercado, pretende voltar a Minas logo após cumprir outro objetivo de sua vida, que é ir pra Barcelona, na Espanha. “Eu só vou comprar passagem de ida [para Barcelona]. Não sei quanto tempo vou ficar. Mas depois eu penso: voltar para São Paulo pra quê? Posso viver bem em uma cidade menor, com uma qualidade de vida maior. O céu de Belo Horizonte é mais limpo, o ar é melhor”, conta. Barreto viveu um tempo em Londres, como correspondente do SporTV, e contou como é diferente ser repórter do SporTV lá e aqui. “Quando você liga pra
Marcelo Barreto: carreira toda feita fora de Minas
alguém, dizendo que é o Marcelo Barreto ou qualquer outro fulano de tal do SporTV, isso no Brasil tem um peso. Quando você chega lá, isso não vale nada”, comenta. Para ele, o que mais mudou não foi a carreira, e sim o lado pessoal. “Se você for pensar no trilho da minha carreira, quando eu volto ao Brasil, eu apenas a retomo. Eu acho que muda muito mais no tipo de experiência que eu tive lá, na
Arquivo
bagagem que eu trouxe de lá”, conta. “Paralelo a tudo isso, o desafio de você montar sua casa no exterior, de você botar seus filhos na escola, como é que a sua mulher vai se adaptar ao mercado de trabalho de lá, várias coisas que você tem que aprender enquanto está aprendendo também no trabalho. É uma experiência muito rica”, completa.
PUC tem primeira Empresa Jr. de Engenharia Civil SARA CRISTINA DIAS 4º PERIODO
A ideia de criar uma empresa Júnior veio do aluno de Engenharia Civil, Simon Marcos, 22 anos, que estuda na PUC Minas do Barreiro, e desejava colocar em prática o aprendizado em suas matérias de graduação. Com o apoio dos colegas de curso, o estudante começou a pesquisar mais sobre como funciona essa gestão. Diante do desafio de saber que não existia uma empresa Júnior com atuação exclusiva na área de Engenharia Civil em Belo
Horizonte, ele e seus colegas desenvolveram ideias e começaram a estruturar a administração. Simon, que é o presidente, batizou a empresa como Centro de Educação Tecnológica de Engenharia Civil, e junto com os colegas registrou o estatuto da organização e fez parcerias com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Diretório Acadêmico (DA). Eles ganharam um espaço no campus e começaram a tão sonhada empresa Júnior. Os professores do curso de engenharia civil auxiliam no desenvolvimento
dos projetos e assinam os mesmos, mas a universidade não pode entrar na gestão da empresa, que deve ser feita pelos alunos. A empresa Júnior Cetec não tem fins lucrativos, e os serviços de engenharia elaborados pelos estudantes podem chegar com o preço reduzido em até 50% se comparado ao praticado por empresas convencionais. O serviço na organização é voluntário, com bonificação através de cursos, mas o dinheiro não pode ser revestido em salário, por não visar lucro. A empresa contém sete
cargos de direção, desde o RH até a presidência. Ela também envolve outros cursos, no contrato de dois gerentes da comunicação social e estagiários de arquitetura, investindo no desenvolvimento dos projetos, que futuramente já pensam na inclusão de outros cursos, para fazerem uma grande empresa. A vontade da equipe é deixar a organização para os alunos que estão chegando, preparando-os para futuramente assumirem os cargos da empresa, usufruindo dela da melhor forma. Com seis meses de prá-
tica, depois de estruturarem o registro, a Cetec já possui dois projetos para concluír, e na conquista de mais, os estudantes começaram a divulgar nas redes sociais e estão no processo de criação do site. O mais desafiador, segundo Simon, é fazer a gestão da empresa, o alcance de metas, coordenar pessoas e divulgar. A vontade de querer ver a empresa caminhar também é desafiador. “Foi difícil no começo, mas me sinto muito satisfeito de ver todo sonho se tornar realidade”, afirma. E ele conta que se inspirou em outras empre-
sas júnior ao visitar e pesquisar sobre elas, algumas já inteiramente consolidadas, por estarem há mais de 30 anos no mercado. A Cetec traz reflexo para os alunos participantes, porque além de poderem colocar em prática todo conhecimento adquirido na faculdade, já se destacam em processos seletivos. E, além disso, o presidente da empresa júnior afirma que isso traz pontos positivos para a PUC Minas ao receber a empresa, pois gera destaque em relação às outras universidades.
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Cultura
Cine Brasil abre suas portas PUC Minas desenvolve um projeto com foco no Cine Theatro Brasil Vallourec, buscando ressaltar a importância histórica do lugar e recontar momentos marcantes do local ANA LUIZA BONGIOVANI 4º PERÍODO
Reinaugurado em 2013, após sete anos de reforma e restauração, no formato de um centro cultural, o antigo Cine Theatro Brasil é objeto de um projeto que visa resgatar a memória e as histórias do local, em plena Praça Sete, no coração de Belo Horizonte. Coordenado pela administradora e
pulação de BH o que foi o Cine Brasil no passado e não deixá-lo como mais um espaço cultural na metrópole”, explica Lúcia Helena, em relação ao atual Cine Theatro Brasil Vallourec, seu nome oficial. O objetivo do projeto é recuperar a história do Cine Theatro, no período dos anos de funcionamento entre 1932 a 1999, abordando as diferentes fases
do lugar. Há a finalidade de recontar as histórias de vida das pessoas envolvidas desde a fundação do prédio, expor filmes já exibidos, conhecer como era o local desde o começo. Tudo com o intuito de mostrar essas e outras curiosidades ao público e inseri-lo na rede cultural metropolitana. As paredes do nostálgico prédio guardam histórias de vida de diversas pessoas
que acompanharam o início do cinema na capital mineira. Muita gente trabalhou no Cine Brasil para levar alegria, conforto e proporcionar um momento de lazer aos espectadores. Um desses personagens é Symphronio Veiga, que em 1954 era um extrovertido lanterninha do Cine Brasil. Hoje, aos 74 anos, o jornalista e também advogado relembra seu primeiro emprego: “Comecei a trabalhar aos 14 anos como lanterninha, minha função era guiar as pessoas, levando-as até o lugar onde tinha cadeira vaga. Precisava ter muito cuidado e controlar o foco da lanterna, para a luz não ir ao rosto de alguém”. Após atuar quatro anos como lanterninha, Veiga passou a trabalhar como porteiro e conciliava a profissão com a ocupação de dirigente estudantil e diretor da União Colegial. Foi esse o motivo que o forçou a sair do cinema, quando faltou ao trabalho, sem permissão, para ir ao Rio de Janeiro como representante da União Colegial. Com os olhos mergulhados em lágrimas, Symphronio caminha pelo espaço restaurado. “Desde minha demissão nunca mais voltei aqui. Confesso que tive muita saudade. Quando soube que o cinema fechou, fiquei muito triste. Mas, feliz em saber que na reforma conservaram as características mais marcantes”, recorda-se emocionado. O projeto da PUC Minas busca conciliar ensino, pesquisa e extensão, com
vários cursos envolvidos: turismo, publicidade e propaganda, administração, cinema e história. Lúcia Helena comenta que precisou enfrentar muitos desafios para obter êxito com o trabalho, mas que permaneceu até o fim com a ideia para colocá-la em ação. “Nossa motivação é coletiva, nossa meta é democratizar a cultura. Vejo os resultados com alegria de quem pode devolver um pouco do que eu agreguei de conhecimento”, diz. O Cine Theatro Brasil Vallourec passou por restauração e foi reinaugurado em 2013, mantendo o desenho original do arquiteto Alberto Murgel. Sua estreia ao público se deu no dia 14 de julho de 1932. O prédio fica localizado no coração de Belo Horizonte e traz à tona memórias do século passado, reunidas em um imponente prédio que abriga espaços para diversos tipos de manifestações culturais, com galerias e teatros. Durante várias décadas o Cine Brasil foi ponto de encontro de jovens, exibindo produções cinematográficas que variavam dos filmes clássicos até os popularescos da época. Gerações foram marcadas pelas idas ao local, que entrou em decadência devido à forte concorrência dos cinemas dos shoppings, o que acarretou a desativação do espaço, em 1999.
nas obras dos pais. “Eu sofri esse Big Brother. Foi horrível, hoje eu preciso escrever para me vingar dos meus pais, só que sobrou para os filhos”, completa o sempre bem humorado jornalista. Por onde passa, Carpinejar chama atenção não só pela escrita, mas também por suas calças coloridas, camisas estampadas, unhas pintadas em uma das mãos, óculos escuros mesmo que seja noite e a cabeça quase raspada com um pequeno detalhe na parte de trás que o próprio intitula “jardinagem dos cabelos”, onde a cada semana “escreve” uma palavra diferente com o próprio cabelo. Apesar do estilo excêntrico, Carpiejar afirmou ao MARCO, após ser perguntado se sua maneira de vestir é algo previamente pensado e uma maneira de refletir sua personalidade, que não existe algo intencional na hora de escolher suas roupas e brincou: “Eu sou feio e o feio tem grande abertura para ser esquisito. Qualquer coisa que eu usar não vai ser mais feio do que eu”, disse. Ele ainda deixou
uma dica para toda a plateia e para os homens bonitos de plantão: “Desconfia de homens com camisa polo”. Seu novo trabalho, “Me Ajude a Chorar”, é um livro que reune crônicas de temas diversos, mas que se assemelham em alguns pontos como: melancolia, dor e tristeza. Entre os assuntos, encontram-se perdas, momentos da vida, amor, morte e até tragédias que comoveram o Brasil, como o incêndio na Boate Kiss em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, um fato que marcou muito a vida do escritor e que, para ele, ultrapassou as barreiras da tristeza, tornou-se medo, sofrimento. Um pouco da noite morreu junto com aquela tragédia, além da liberdade e a espontaneidade de toda uma cidade: “Acho que é como um membro fantasma. Tem gente que perde uma perna, mas continua sentindo a dor naquela perna. Perder perna não significa perder a dor da perna”. Outra crônica que chama atenção é sobre a queda do voo 3054 da TAM
em 2007, em São Paulo, no qual o escritor deveria estar a bordo. “Eu estava vindo para o SEMPRE UM PAPO naquele dia e eu tinha comprado passagem para aquele voo porque eu ia vir no dia anterior. Eu mudei para ficar mais com a família”, conta Fabrício que se comove ao ver como um ato quase corriqueiro, uma mudança pequena o deixou fora do trágico acontecimento e ressalta a importância de não esperar para falar o que é realmente importante para quem se gosta: “Fale como pode naquele momento[...]. mesmo que seja apenas a comunicação fracassada. A comunicação fracassada é o princípio do eu te amo, melhor do que não dizer nada”. A todo o momento no livro, as dores, sofrimentos e medos são retratados de maneira doce, real e esperançosa, mostrando a força do ser humano de se renovar, de dizer que não vai conseguir e consegue, de dizer que não vai sobreviver e sobrevive. Ele faz questão de valorizar a força sem fim
Symphronio Veiga, antigo lanterninha do cinema
professora da PUC Minas, Lúcia Helena Ciccarini, o projeto de extensão da instituição de ensino quer mostrar à população a importância do antigo cinema na vida da capital mineira. “A iniciativa de elaborar o projeto está centrada em dois focos: O primeiro é fazer com que os alunos universitários tenham experiência extensionista. O outro é mostrar para a po-
Camila Navarro
A RESTAURAÇÃO Após ficar fechado por muito tempo, a revitalização do Cine Theatro Bra-
sil foi possível a partir de iniciativa da Fundação Sidertube, entidade sem fins lucrativos gerenciada pela empresa Vallourec, que adquiriu o prédio em 2006 e iniciou o processo de restauração. A fachada principal do prédio foi mantida e reconstituída preservando
suas características com revestimento em pó-de-pedra, com três grandes vitrais com desenhos geométricos e quatro grandes lanternas em metal e vidro. Foram recuperadas também as pinturas originais em estilo Art Déco do teatro principal, assinadas pelo artista-plástico italiano Ângelo Biggi.
Velho e Novo “Um novo espaço aberto às novas e velhas experiências”. É assim que o historiador e museólogo, Miguel Tadeu Rodrigues, define o Cine Theatro Brasil Vallourec. Para ele, trazer novamente à disposição um espaço dedicado à cultura, torna-se extremamente importante para a apropriação desse espaço como patrimônio cultural. Miguel afirma que os bens culturais são preservados em função dos sentidos que despertam e dos vínculos que mantém com as identidades culturais. “O Cine Brasil, inaugurado no início da história de nossa cidade, foi espaço privilegiado da cultura das elites, entretanto, foi gradualmente sendo apropriado pelos outros setores da população. Com espaço dedicado às artes, é um centro agremiador de antigas e novas experiências para os belo-horizontinos”, declara. A bela arquitetura é
convidativa e, com um design que remete a tempos passados, quebra um pouco a correria e a agitação do centro da cidade. “Logo que o público acessa o espaço, pela primeira vez, sente-se admirado, envolvido num clima de fascínio e recordação. O velho junta-se ao novo, nossa percepção recebe um sinal de alerta convidativo para experiências intensas e marcantes”, conclui o museólogo. As obras modernas com alta tecnologia deixaram o espaço, além de bonito visualmente, mais confortável para os espectadores. A exposição escolhida para a inauguração do centro cultural, em setembro de 2013, foram às pinturas do brasileiro Candido Portinari. Aconteceram também shows com artistas como Milton Nascimento, Fernando Brant, Ana Botafogo, Alex Neoral e Hamilton de Holanda.
Carpinejar fala de dor e esperença em sua obra MAITÊ VASCONCELOS PABLO HENRIQUE 2º PERÍODO
“Na minha vida eu nunca tive facilidade. Eu tive que criar minhas próprias esperanças”, declarou Fabrício Carpi Nejar, ou Fabrício Carpinejar como é conhecido, no debate promovido pelo tradicional SEMPRE UM PAPO (TV Câmara), no último dia 25 de agosto, no Palácio das Artes, Belo Horizonte. O jornalista, professor universitário e escritor gaúcho, que criou suas esperanças desde a infância, ajuda hoje a criar a de muitas pessoas com sua extensa obra. Ao todo, são 21 livros publicados que variam entre romances, poesias, crônicas, histórias infantis e estilos inovadores, como é o caso de Www.twitter.com/carpinejar, um compilado de 416 tweets do autor. Fabrício é filho dos escritores Carlos Carpi e Maria Nejar. Para ele, isso teve forte influência em sua carreira como escritor, embora tenha sido difícil devido à exposição de sua vida pessoal
que cada um tem dentro de si e como a teimosia quando amadurece pode virar fé. São casos reais e de fácil identificação com o público em geral. Sendo indagado sobre o título do livro disse que é simples, pois até para chorar é necessária a presença do outro, e como é alegre não ter que chorar sozinho. Todavia, a melancolia de
“Me Ajude a Chorar” não é característica do jornalista, que é conhecido pelo bom humor e alto astral, sempre fazendo graça e arrancando gargalhadas de toda a plateia na maioria do tempo. Quanto a isso, ele justifica ao MARCO de forma mais direta impossível: “Eu enganei todo mundo muito tempo”.
Carpinejar conta de sua vida e obras no evento
Bárbara Souto
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Cultura
Biblioteca Estadual completa 60 anos com histórias para contar GIOVANNA MOZELLI 2° PERÍODO
A Biblioteca Estadual Luiz de Bessa, situada na Praça da Liberdade, completa este ano, 60 anos e conta com uma programação especial de aniversário. Uma encomenda do prefeito da época, Juscelino Kubitschek, ao renomado arquiteto Oscar Niemeyer, o prédio da biblioteca, finalizado em 1961, hoje abriga um acervo de mais de 400 mil exemplares e muitas histórias especiais. Com mais de 100 mil associados e 300 mil visitantes por ano, a biblioteca ganhou, em 2000, um anexo à Rua da Bahia para abrigar o Setor de atendimento Domiciliar, já que o prédio projetado na década de 60 não era grande o suficiente para todo o material disponível. O acervo, composto por doações e encomendas, atende todo o tipo de público, de livros infantojuvenis a periódicos antigos e materiais didáticos. A biblioteca conta com alguns espaços bastante peculiares, como, por exemplo, o setor de Braile, a Hemeroteca, e o espaço destinado a obras raras. Ela ainda conta com o Teatro José Aparecido de Oliveira, onde são realizadas palestras, peças e outras atividades. O prédio principal ainda conta com exposições temáticas que são sempre renovadas. Para além das fronteiras do prédio, a Biblioteca conta com muitos projetos de extensão que procuram levar o conhecimento àqueles que dificilmente têm acesso à leitura e cultura. Dentre eles estão o Carro-Biblioteca e a Caixa-Estante, além das sucursais instaladas em regiões periféricas de Belo Horizonte e Região Metropolitana.
A diretora de extensão e ação regionalizada, Gildete Santos Veloso, começou a trabalhar nessa área em 1989, quando era ajudante no Arquivo Público. Na época, recém-formada no Ensino Médio, ela começou a se interessar pelo trabalho e decidiu, mais tarde, ingressar na faculdade de biblioteconomia. Gildete conhecia a realidade das periferias e da dificuldade do acesso à cultura nessas regiões marginalizadas pela sociedade, já que ela já esteve inserida nesse contexto. Quando teve contato com a biblioteca e com a quantidade de conhecimento que ela oferece, sentiu-se motivada a levar isso para outros lugares, para a parcela da população que foge à realidade do entorno da Praça da Liberdade. Depois de alguns anos, muitas experiências, e de ter passado por quase todos os setores da biblioteca, finalmente Gildete tornou-se diretora do setor responsável pela extensão das atividades da biblioteca. Entretanto, não foi lá que ela vivenciou a experiência mais marcante até hoje em seu trabalho. Em uma de suas passagens pelos muitos setores, ela teve a experiência de trabalhar alguns anos com deficientes visuais no setor de Braile da biblioteca. Ela conta que teve contato com dois irmãos, eles não eram cegos, mas tinham uma parcela ínfima da visão. Alguns funcionários daquele setor – a maioria deficiente visual – estranhou a presença dos dois lá, já que não eram totalmente cegos. Durante uma conversa, ela descobriu que estar lá era algo muito difícil para eles, já que aquela era a legitimação da deficiência e das dificuldades que ela implicava na vida de am-
Ao longo de suas seis décadas de existência, a Biblioteca Estadual Luiz de Bessa foi parte importante da vida de funcionários e frequentadores, e conta com grande acervo de livros e rica memória, que segue desconhecida de boa parte da população
bos. Eles utilizavam a biblioteca para o estudo, já que tinham a intenção de passar em um concurso público. Alguns anos depois, Gildete contou que encontrou com um dos dois na rua, e ele havia aderido o andador em sua rotina – outra legitimação de sua deficiência. A atitude tinha sido bastante difícil pra ele, assim como fazer uso do setor de braile da biblioteca, mas sua vida agora era muito mais simples. Seu irmão, entretanto, não aceitava a ajuda do andador, e ainda passava por muitas dificuldades no dia a dia. Para Gildete o reencontro e a história dos dois transformaram-se em uma lição de vida para ela. Esse setor tão especial, conta apenas com seis mil livros. Essa quantidade às vezes não consegue suprir a demanda dos visitantes. Sendo assim, criou-se um programa desempenhado com a ajuda de voluntários para realizar a leitura de livros impressos em tinta. Glicério, coordenador do setor, explicou que para ser voluntário é necessário apenas ir à biblioteca e preencher uma ficha. Quando houver demanda os voluntários são procurados pela coordenação, até encontrar um que se encaixe no horário necessário. Outra iniciativa que, desta vez, extrapola os limites físicos do prédio da Luiz de Bessa são as sucursais situadas em regiões periféricas e metropolitanas, distantes da Região Central de Belo Horizonte. Maria da Conceição Santos, mais conhecida como Santita, começou a trabalhar em 1º de setembro de 1986 na biblioteca por meio de um concurso público realizado na épo-
Gildete Veloso, diretora de extensão e ação regionalizada da Biblioteca: “Lição de vida”
Lucas Félix
A Biblioteca Estadual Luiz de Bessa abriga um imenso acervo e muitas histórias especiais
ca. Sua região era a do Bairro Renascença. Ela passou 19 anos lá, até que as sucursais passaram e ser responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte e transformaram-se nas bibliotecas comunitárias. A partir daí, em 2004, ela foi transferida para o carro-biblioteca, e, posteriormente, em 2006, para o setor infanto-juvenil, onde está até hoje.
Durante sua experiência no Bairro Renascença, Santita disse ter criado relações muito íntimas com os frequentadores, já que o perfil deles era diferente. Gostavam de ser atendidos pelo nome, compartilhavam histórias de sua vida e até mesmo segredos. Como passou muitos anos no mesmo cargo, ela acompanhou a vida de muitos frequen-
Lucas Félix
tadores assíduos. Viu-os crescer, casar, ter filhos, e continuar o ciclo, passando o costume pela leitura e amor pela biblioteca para suas crianças. Segundo Santita, apesar da internet e todos os mecanismos hoje existentes para obter acesso aos livros, a Biblioteca Luiz de Bessa ainda é muito procurada, mesmo 60 anos depois de sua inauguração.
Eventos especiais durante o ano marcam celebração das 6 décadas Um dos mais importantes da Biblioteca, o setor de leitura infanto-juvenil é considerado o berço da paixão pela leitura. Gildete Veloso, diretora de extensão já citada, diz que a biblioteca investe em projetos de incentivo à leitura para crianças e adolescentes, já que os livros contribuem para a formação cultural do ser humano, e ao longo dessa faixa etária eles influenciam de maneira muito positiva. Durante uma vez por semana esse setor recebe visitas de escolas ou grupos interessados em mostrar para as crianças o espaço dedicado a elas. No sábado, dia 2 de agosto, algo inesperado aconteceu. Durante uma visita, houve um problema com o sistema, e todos os computadores pararam de funcionar. Felizmente, a biblioteca conta com funcionários antigos, que já foram acostumados a trabalhar sem computadores, como era antigamente. Esse é o caso de Maria da Conceição Santos, Santita, que soube lidar com a situação. Como a biblioteca fez 60 anos em 2014, a Secretaria de Estado de Cultura, a Superintendência de Bibliotecas Públicas e Suplemento Literário (SUBSL) e a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, estão realizando ao longo deste ano, uma programação especial em homenagem à data, batizada como “Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa: múltiplas leituras e sessenta anos de história”, No mês de setembro a programação contou com participações especiais de pessoas renomadas, como o estilista
Ronaldo Fraga, que falou sobre Graciliano Ramos na narrativa da moda, no dia primeiro de setembro, no Teatro José Aparecido de Oliveira, com direito à emissão de certificado. Além disso, pelo menos uma vez na semana, estão ocorrendo palestras e debates sobre assuntos relacionados à leitura, escritores, arte e cultura. A administradora Sheilla Regina da Matta Moreira, 25 anos, conta que a Bibliotena a ajudou muito em sua vida acadêmica. Quando cursava o ensino médio no Colégio Estadual Central, ir lá era costume. Já durante a faculdade, além de funcionar como ambiente de estudo, o local atendia como fonte permanente de consulta. Maurício Baltazar Assunção, 18 anos, estudante de Engenharia Ambiental no Cefet, apesar de fazer maior uso da biblioteca da sua faculdade em relação à Luiz de Bessa, acredita que ela ainda é importante para Belo Horizonte. Segundo ele, mesmo sendo um mecanismo muito utilizado, a internet não vai ocupar nunca o lugar de uma biblioteca. Apesar dessa opinião e mesmo com a Biblioteca Pública completando 60 anos, há quem ainda não a conheça. Franz Artur Marçal de Faria, e Rafaela Larissa Ferreira Gomes, 18, estudantes, apesar de saberem de sua existência nunca tiveram curiosidade de ir visitá -la. Eles dizem que a internet supre suas necessidades em relação aos livros.
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Cultura
VITOR FERNANDES BÁRBARA SIER 2º PERÍODO
Ao descer as escadas da Estação Central do metrô de Belo Horizonte, a primeira coisa que se avista é uma biblioteca. A Estação Leitura completou cinco anos no mês de agosto e já conta com 4.607 usuários cadastrados, um acervo com quase 4 mil obras e já realizou mais de 41 mil empréstimos de livros. Fabiana Chagas trabalha como bibliotecária no local e conta que a ideia de uma biblioteca no metrô foi idealizada por um empresário de São Paulo, William Nacked. “Ele tem uma ONG, a Instituto Brasil Leitor, que vislumbra esse mundo da literatura, da leitura e da cultura. Ele criou esse projeto e em São Paulo já existem várias bibliotecas em metrôs, mantidas por essa ONG”, conta Fabiana. Ela explica que a ideia foi facilitar o acesso da população à leitura, colocando uma biblioteca no fluxo do usuário do metrô,
Literatura no metrô
Após cinco anos de existência, a biblioteca do metrô é alternativa para os milhares de usuários que passam por lá todos os dias
A biblioteca facilita o acesso aos livros mesmo com a correria do dia a dia
em que trabalhadores e estudantes que não tivessem acesso à biblioteca em outros lugares, pudessem usufruir do serviço.
Qualquer pessoa pode pegar livros emprestados na biblioteca do metrô, desde de que faça o cadastro. Fabiana diz que a maior
parte dos empréstimos é de livros de literatura estrangeira, seguido pelos romances espíritas e os de literatura brasileira. “O nosso
Camila Navarro
diferencial é a localização, temos feito em média, mil empréstimos por mês. Conheço bibliotecas públicas que não chegam a fazer
100 empréstimos por mês. Outro fator é a atratividade, o visual dela. Muitas pessoas passam e acham que isso é uma livraria, já que temos vitrine, onde a gente coloca em exposição as obras, para que as pessoas saibam o que temos de novidades”, observa. Os usuários do metrô veem na biblioteca a praticidade. Como já passam todos os dias pelo local, fica mais acessível fazer empréstimo de livros. Natália é escritora, e estava fazendo seu cadastro. “É muito prático, gosto de ler coisas relacionadas à natureza e à espiritualidade, então decidi buscar isso aqui”. Patrícia é atendente e diz que pega livros na biblioteca do metrô por ser perto do seu local de trabalho. “Eu pego livros aqui há mais ou menos um ano, gosto muito de ler, e leio um pouco de tudo, suspense, comédia, romance”, afirma.
Crianças de escola pública se divertem em evento Em comemoração ao aniversário de cinco anos da Estação Leitura, um evento no espaço Trem com Arte, localizado perto da biblioteca do metrô, reuniu mais de 100 alunos da Escola Municipal Joaquim Teixeira Camargo. “Temos como projeto trazer as crianças para ouvir algumas histórias nesse espaço do metrô. Foram aproximadamente cinquenta crianças na parte da manhã e outras cinquenta na parte da tarde. Geralmente são alunos de escolas em que a gente está desenvolvendo o projeto social, o Cidadão do Futuro, e de escolas próximas às estações, claro”, explica Regina Aldo, responsável pelos projetos sociais do metrô. Ela conta que
esse tipo de evento também é realizado em outras épocas, como o dia das crianças e o Natal. “É um projeto de incentivo à leitura, por isso lutamos tanto para conseguir realizar esses eventos”, completa. A vice diretora da escola, Paula Cristina Melo, destaca o entusiasmo dos alunos. “Eles ficaram muito animados. Eu vejo isso com uma importância muito grande, porque além de estimular o hábito da leitura, tem toda uma relação com o contexto, já que a escola fica localizada nas proximidades do metrô, e muitas dessas crianças ainda não tiveram a oportunidade de conhecer a estação”, ressalta.
Alessandra Visentin foi a responsável por contar histórias e divertir a criançada. Ela conta histórias há muito tempo, mas profissionalmente começou em 2011. “Não é a primeira vez que faço esse tipo de trabalho no metrô, esse projeto tem uma certa frequência, e eu já participei umas quatro ou cinco vezes”, lembra. Ela falou um pouco sobre como é trabalhar contando histórias para crianças: “É mágico, é especial, porque eles se entregam mesmo. Eles realmente embarcam nas histórias, e o bonito de tudo isso é que é uma forma de incentivar a leitura”. As crianças saíram motivadas do projeto, a maioria disse que vai começar a ler mais após
essa experiência. “Eu gosto muito de ler, gosto do livro A Branca de Neve e os Sete Anões, já peguei livros na biblioteca várias vezes”, diz Ariane, 8 anos que participou do evento. Já o livro preferido de seu amigo Kaike, de sete anos, que também gosta de ler, é Alice no País das Maravilhas. A biblioteca Estação Leitura funciona de segunda à sexta-feira, de 11h às 20h. Para o cadastro é necessário apenas apresentar a Carteira de Identidade (original e xerox), uma foto 3x4 e um comprovante de residência (original e xerox). O prazo dos empréstimos é de 10 dias e os livros devem ser devolvidos na biblioteca.
Bailarina quer seguir carreira profissional
Amanda Lana treina alguns passos de seu repertório ISABELA MAIA 2º PERIODO
Há um ano a belo-horizontina Amanda Lana, 16 anos, foi estudar em uma das maiores escolas de dança do mundo, a Princess
Grace Academy em Mônaco, sul da França. Após esse período fora, Amanda está de volta ao Brasil durante suas férias e conta ao MARCO como tem sido sua experiência.
A bailarina pratica balé clássico desde os sete anos e começou na Compasso Academia de D a n ç a , sua ú n i c a e s c ola no Brasil, onde também introduziu seus estudos na dança contemporânea, no jazz e no sapateado irlandês. Aos 11 anos, foi convidada pela diretora de sua academia, Lucia Vieira, para participar de concursos regionais porque apresentava um grande potencial como bailarina. “Eu Mário Veloso sempre amei o que faço e como surgiu a oportunidade eu a agarrei com tudo”, diz Amanda. Depois de um primeiro contato com o mundo dos concursos Amanda percebeu que poderia ir longe. Aumentou sua carga ho-
rária de ensaios e aulas e buscou aperfeiçoar-se para, quem sabe no futuro, ganhar uma bolsa de estudos fora do país – praticamente a única oportunidade para profissionalizar-se na área, já que não há muito destaque para a profissão no Brasil. Em 2013, através do concurso Passo de Arte, um dos mais importantes no Brasil e um dos principais direcionadores para a profissionalização no exterior, Amanda Lana foi chamada para estudar na Princess Grace Academy. Famosa mundialmente, a academia foi fundada em 1975 e tem funcionado como ponto de partida para um futuro em uma companhia profissional de dança. Amanda revela que sua rotina em Mônaco é bastante equilibrada e não muito cansativa. “Tenho aulas de clássico todos os dias com aulas de francês, português, matemática e outras matérias intercaladas”, explica a bailarina. Como a escola tem cunho profissionalizante, não há muitas apresentações, apenas para os patrocinadores, como cortesia, e espetáculos de grande peso coreográfico ao final do ano letivo, os balés de repertório
que a escola tem os direitos autorais. Nessas ocasiões até mesmo a princesa assiste ao espetáculo. “Sair do Brasil para morar em um país totalmente diferente tanto nos aspectos físicos como na cultura é bem difícil. No começo tive dificuldade para me acostumar, por exemplo, com a comida. Mas como estamos ali todos os dias e gostamos do que fazemos é fácil se acostumar, pegar o ritmo e se adaptar”, declara Amanda. No início, ela dividia o dormitório com outras sete meninas, mas teve que se mudar depois de dois meses porque ninguém aguentava mais seu ronco à noite. “Mas isso faz parte”, ri. A bailarina adora a maneira como aprende, já que sua escola prepara os alunos para o mercado de trabalho mais intensamente. Ela diz que “a melhor parte de estudar dança fora é a experiência adquirida com as diferentes maneiras de se trabalhar o mesmo assunto. A qualidade do ensino é incrível e você acaba amadurecendo mais rapidamente do que se estivesse no Brasil. Outra vantagem é de poder trabalhar com professores que já passaram por alguma com-
panhia de nome internacional”, diz. Quando perguntada sobre as maiores dificuldades de estar longe de casa, Amanda diz que a saudade dos familiares e amigos é imensa, mas na Princess Grace Academy todos tentam se ajudar, já que muitos estão na mesma situação. Ela acrescenta que o “estar longe” faz parte de uma escolha para seu futuro. A perspectiva da bailarina para os próximos anos engloba terminar seus estudos em Mônaco e conseguir um contrato em alguma companhia profissional fora do Brasil. Amanda Lana passa seus últimos dias de férias no Brasil e volta para Mônaco em breve. A jovem de apenas 16 anos corre atrás de seu futuro como bailarina profissional contando com muito talento e dedicação. Daqui a dois anos terminará sua estadia na França e, então, poderá fazer audições em busca de uma carreira em alguma companhia. “Conquistar um trabalho em uma boa companhia é meu maior objetivo”, conclui.
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Cidade
DANIEL DE PAULA LOPES 5° PERÍODO
O chapéu na década de 50, 60 e até meados dos anos 80, era um item tão indispensável como qualquer outra peça do vestuário. Foi nesse contexto que a Casa Cabana foi criada, uma loja que inicialmente trabalhava com produtos de armarinho, passou a ter o chapéu como principal mercadoria nos anos 50. Por mais de 60 anos o estabelecimento funcionou na Avenida Amazonas com Rua Santa Catarina, hoje a loja está de endereço novo: Avenida Olegário Maciel, no centro da capital. O criador dessa loja, uma das mais tradicionais do comércio de Belo Horizonte, é Elias Ishac Joukhadar, que veio do Líbano para capital mineira com apenas 15 anos de idade. Aqui, encontrou seu irmão mais velho, que era padre da Igreja Ortodoxa São Jorge e tinha um pequeno estabelecimento no centro da capital. A vocação religiosa acabou fazendo com que seu irmão mudasse para São Paulo, Elias então comprou a pequena loja e em 1952 o local foi batizado de Casa Cubana, em homenagem a seu primo Nagib que nasceu nas ilhas do Caribe. Em 1959, devido à revolução que estava acontecendo em Cuba, o empreendedor resolveu mudar o nome da loja, por não querer aparentar qualquer posicionamento político
Novo endereço de loja aumenta vendas Casa Cabana se moderniza, amplia e mantém tradição em vendas de chapéus por mais de 60 anos na capital mineira
em relação aos acontecimentos da época, assim renomeou o estabelecimento para Casa Cabana. Seu principal produto hoje, o chapéu, chegou primeiro de um colega, que trouxe doze exemplares para vender consignado à loja. Os produtos saíram tão rapidamente que Elias resolveu apostar nesse artigo. A variedade e qualidade das mercadorias, o acolhimento e atenção que Elias tinha com a clientela fizeram com que a Casa Cabana caísse na graça dos mineiros. A fama da loja conquistou até figuras famosas, como Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves, Sérgio Reis entre outros. Em 2011 Elias veio a falecer, deixando seu legado aos seus filhos, que continuam o negócio. Um dos filhos e proprietários da loja atualmente, Daniel Elias Joukhadar, 34 anos, afirma que chegou a ter um projeto para reformar o antigo estabelecimento, já que carregava uma grande tradição, entretanto, as más condições do prédio e outros fatores
Daniel Joukhadar aposta na sede nova para ampliar a venda de chapéus variados
fizeram com que essa decisão fosse descartada. Dentre os motivos, Daniel aponta como os principais, a especulação imobiliária, “o aluguel do local subiu 300% nos últimos dois anos”, as obras do BRT na região (que causou transtorno), o tamanho da antiga loja e questões de estacionamento. “Estamos apenas a um quarteirão e meio da antiga loja,
mas aqui tem muito mais opções de estacionamento, além do acesso ser um pouco mais fácil”, afirma Daniel. O projeto de mudar já era uma ideia trabalhada pelo falecido dono, que adquiriu o imóvel em meados de 1988 e o utilizava como depósito. Outro fator importante é que o novo estabelecimento é próprio, isso gera uma tranquilidade
Daniel Lopes
para trabalhar e aumenta as possibilidades de expansão. “Eu poderia ter ficado lá também, é um ponto excelente, a loja sobreviveria, mas hoje nós temos muito mais gás, muito mais energia para crescer, com essa postura de ter uma sede própria e investimentos todos focados em algo nosso”, pontua o comerciante. O fato de adquirir uma loja própria deu margem
para que se criasse uma expectativa de expansão. “Há um interesse de ampliação, estamos com projetos para futuramente criar uma loja na Região da Savassi, em algum shopping de BH e fazer um projeto para ter franquias”, afirma Daniel. Outro ponto importante é a criação de uma loja virtual, que já está em andamento e deve começar em alguns meses. A mudança, de uma forma geral, agradou os clientes, que desfrutam de um espaço maior, confortável e com mais opções de compra, o empresário afirma que 90% da clientela aprovou a mudança, 10%, são pessoas de mais idade, ainda está um pouco com o pé atrás, já que haviam construído uma identificação com a antiga loja. O movimento, segundo Daniel, aumentou depois da mudança, chagando a ser até 90% maior que o do antigo estabelecimento. “Nosso público é muito vasto, vem gente do Brasil todo, estamos muito ligados à história do Mercado Central, as pessoas vão ao centro e procuram os comércios tradicionais. Isso faz parte da história da loja, sempre ouvimos as necessidades do cliente, sempre aprimoramos, adaptamos e a gente realmente deseja, nesse novo ponto, ficar por mais 50, 60 anos atendendo bem as pessoas”, finaliza o comerciante.
Uso de transportes alternativos é opção em BH AMANDA MASCARENHAS 4º PERÍODO
O trânsito em Belo Horizonte tem se tornado cada vez mais um problema, com aumento impressionante do número de veículos e baixíssima velocidade média de fluxo. Dados como estes fizeram com que nos últimos anos a Prefeitura de Belo Horizonte, a iniciativa privada e os cidadãos belo -horizontinos percebessem a importância do uso de transportes alternativos. O poder aquisitivo dos brasileiros cresceu na última década, e muitos cidadãos que antes usavam ônibus, conseguiram comprar um ou mais veículos, aumentando a frota de automóveis nas grandes cidades do país. Em Belo Horizonte, que registrou 108% de aumento no número de automóveis em dez anos, de acordo com relatório de 2011 do Obser-
vatório das Metrópoles e do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), não teve seus 4 645 quilômetros de vias públicas ampliados no mesmo período. A explosão da frota na capital mineira acabou provocando baixa velocidade média do fluxo nos horários de pico, que segundo dados da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), nos 18 principais corredores de trânsito é de 30,98 quilômetros por hora, e no centro da cidade, chega a apenas 12, enquanto uma pessoa com um bom preparo físico consegue pedalar, em média, 20 quilômetros por hora. A população percebeu a dificuldade que é utilizar transportes como o carro e o ônibus atualmente em Belo Horizonte, e começa a buscar outras alternativas. Adriano Ventura, 44 anos, professor de Jornalismo da
PUC Minas e vereador no segundo mandato, anda de bicicleta praticamente todos os dias, inclusive para ir à Câmara Municipal. “Com a bike ando até mesmo mais rápido, dependendo da hora, e ainda por cima ajudo a cuidar do meio ambiente e da minha saúde. Infelizmente, não posso fazer isso quando tenho que transportar mais pessoas ou tenho uma agenda tomada de diversos compromissos em locais distantes”, diz. Já o estudante Bernardo Loureiro Belisário, 19 anos, usa a bicicleta para ir à faculdade, que fica a seis quarteirões de sua casa. Ele cita a praticidade do transporte e as vantagens dele sobre o carro: “Uso mais quando estou com a hora apertada, por ser mais rápido. Além disso, hoje não tem vaga para estacionar, há
Bernardo Belisário utiliza sua bicicleta como meio prático e ágil para se locomover
Lucas Félix
muitos assaltos e os estacionamentos estão caros”. Em Belo Horizonte, são cerca de 26.500 viagens de bicicleta por dia, segundo a pesquisa Origem/Destino de 2012. Esse número equivale a 0,4% do total de viagens feitas na cidade. A meta estabelecida pela BHTrans é que esse número seja de 6% até 2020. Para alcançá-la, a Prefeitura começa a investir em projetos de infraestrutura para dar condições e segurança aos ciclistas. Segundo a BHTrans, previsão é que até 2020 sejam construídos 340 quilômetros de ciclovias, previstas na iniciativa de mobilidade urbana da Prefeitura que leva o nome de PlanMobBH, e parte delas será interligada diretamente ao metrô e ao sistema Move, cujos ônibus já contam com áreas específicas para acomodação de bicicletas. Além disso, as ciclovias terão como complemento a implantação de estacionamentos para bicicletas e bicicletários nas estações de integração. Até abril deste ano, Belo Horizonte já contava com um total de 70,42 quilômetros de ciclovias e até o fim do ano, a meta é completar 100 quilômetros de ciclovias na cidade, divididos pelas regionais. O setor privado também têm percebido a importância de se incentivar o uso de transportes alternativos, e tem promovido ações para tal, em parceria com as administrações públicas. Em
junho deste ano foi inaugurado o sistema de bicicletas compartilhadas de Belo Horizonte, parceria da Prefeitura com a Serttel/Samba Transportes Sustentáveis e o Itaú Unibanco. Atualmente, há quatro estações – às Praças da Liberdade, Rui Barbosa, Afonso Arinos e no Mercado Central –, mas a intenção é elevar esse número para 40 estações, com 10 na Pampulha e 30 na área central. Para utilizar as bicicletas, é preciso preencher um ca-
dastro pela internet (www. mobilicidade.com.br/bikebh) e pagar um valor diário de R$ 3, mensal de R$ 9 ou anual de R$ 60. As bicicletas estarão à disposição dos usuários todos os dias da semana, das 6h às 23h para retiradas, e até meia-noite para devoluções. Para destravar a bicicleta, o usuário pode usar o aplicativo Bike BH para smartphones ou ligar, do telefone celular, para o telefone 4003-9847 (custo de uma chamada local).
Hábitos mudam no uso de tranportes Belo Horizonte aos poucos está investindo em meios sustentáveis de transporte, mas ainda não oferece todas as condições necessárias para o uso pleno e seguro da bicicleta. O vereador Adriano Ventura diz que nem faz uso das ciclovias: “Elas são descuidadas, mal planejadas e inseguras.” Por outro lado, ele ressalta a insegurança que sente fora delas. “Na pista de rolamento você corre o risco de ser atropelado”. O estudante Lucas Fonseca de Paula, de 22 anos, concorda que a falta de estrutura é um dificultador que o impede de utilizar a bicicleta com mais frequência
e em mais locais na cidade. “Se o investimento em infraestrutura para a utilização de bicicletas fosse em massa, mais pessoas poderiam usar a bicicleta e a frequência poderia ser maior também”. A precariedade da estrutura para transportes alternativos também afeta os skatistas. O estudante Vinicius Salviano Salomão Sanson, 17, crê que falta muito para dar segurança aos usuários. “Todas as avenidas grandes de bairros deveriam ter faixa de ciclismo na minha opinião. Ficaria mais seguro andar em um lugar separado dos carros, pois meu parachoque é meu corpo”, diz.
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Cidade
Paisagem histórica de BH corre perigo Fícus localizados à Avenida Bernardo Monteiro, patrimônio municipal desde 1994, estão infectados por um novo tipo de vírus FLORA SILBERSCHNEIDER 3 PERÍODO
Neste ano, o Dia da Árvore, que foi comemorado em 21 de setembro, teve uma notícia triste para as árvores de Belo Horizonte, um vírus descoberto nas grandiosas árvores da espécie Fícus ameaça a vida dessa espécie que compõe a paisagem da capital mineira. No início do ano, uma infestação de moscas-brancas causou uma grande degradação nos galhos e folhas das árvores e mesmo depois da poda a degradação continuou. A Fiocruz realizou uma pesquisa para entender mais sobre a saúde da espécie e costatou a presença de um vírus nas folhas que ainda continham a ninfa da mosca. O Dia da Árvore marca a chegada da primavera, estação em que as árvores floridas colorem a paisagem da cidade deixando os dias mais agradáveis.
Fícus foram podados pela Prefeitura de BH após infestação pela mosca branca
Juliana Gusman
No próximo ano, no entanto, esse dia simbólico pode não contar com a presença dos históricos Fícus. A Quaresmeira é considerada a árvore símbolo da capital mineira, o Ipê símbolo brasileiro. Mas percorrendo a cidade muitas outras espécies de árvores não tão floridas
também compõem a paisagem do local. Nas avenidas Bernardo Monteiro e Barbacena e na Praça da Boa Viagem, as grandes árvores da espécie Fícus estão tentando sobreviver. Depois da poda feita após o carnaval deste ano, a Fiocruz realizou pesquisas para descobrir por que
os galhos continuaram em degradação. A instituição encontrou um vírus nas folhas ainda com as ninfas de moscas brancas que infestaram as árvores no início do ano, mas, de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, as moscas brancas já foram eliminadas. A pesquisa, ainda em
co do Rio São Francisco, o maior aquário de água doce do Brasil, o Jardim Japonês, criado em comemoração ao centenário da imigração japonesa no país, e o Borboletário, o primeiro da América do Sul aberto à visitação pública. Além disso, os novos parceiros podem ajudar na manutenção dos jardins e dos recintos dos animais, assumindo a chamada “responsabilidade solidária”. Mais uma novidade é a reforma nos recintos dos elefantes e das borboletas. As obras custaram R$ 333 mil, além de garantir segurança aos animais e servidores. O espaço dos elefantes passou por reformas em março e o recinto ganhou nova pintura, aperfeiçoamento dos sistemas elétrico e de coleta de água pluvial, novos portões com sistema deslizante e
um corredor para contenção e manejo dos animais. Já o borboletário tem um laboratório com cara nova e melhorias no banheiro e área externa. A expectativa é de que, com as modificações, o número de visitantes do borboletário passe de 20 mil para 60 mil pessoas por ano. Segundo o diretor do Zoológico, o médico veterinário Carlyle Mendes Coelho, a reforma faz parte de um processo de revitalização, que se adequa às práticas dos zoológicos modernos. “A reforma vai modernizar o recinto, aumentar a eficiência e a segurança das atividades, assim como o bem-estar dos animais”, destaca. Maria das Dores Sobrinho, 75, contou que adora ir ao zoologico fazer piquenique com a família. “Com
as mudanças, o zoológico ficou ainda mais agradável e receptivo, tenho prazer de acordar cedo aos domingos para vir passear aqui”, diz. A aposentada também contou que o zoológico é, na opinião dela, um dos melhores pontos turísticos da capital e tende a ficar melhor ainda pois estão sendo feitas várias melhorias no local.
andamento e sem previsão de conclusão, pretende descobrir as ações do vírus e possíveis soluções para sua erradicação. Segundo a gerente de Gestão Ambiental da Secretária do Meio do Ambiente, Márcia Mourão Parreira, foram realizados todos os possíveis tratamentos com inseticidas e captura da mosca, dentre eles a aplicação de óleo de neem e placas capturadoras. Mas as aplicações não foram bem-sucedidas e, de acordo com Márcia, a poda foi uma medida de proteção à população que corria risco ao transitar por baixo dos Fícus. A nova preocupação é como proceder depois da descoberta desse novo vírus encontrado nas folhas. Se for constatado que o vírus está causando a morte das árvores, Márcia afirma que a solução mais segura seria a substituição da espécie por outra do mesmo tamanho e assim que a pesquisa da Fiocruz for concluída será convocada uma audiência popular para decidir os novos passos. Contra a poda dos Fícus, surgiu o Movimento Fica Fícus, organizado por moradores das regiões e protetores das árvores de Belo Horizonte. O objetivo do movimento era
promover a ideia de uma cidade mais arborizada e dialogar com o Executivo para descobrir alternativas de tratamento das árvores, mas, de acordo com as ativistas do movimento, Lúcia Formoso, Regina Magalhães e Míriam Bahia, não foi bem isso que aconteceu. Elas questionam o fato de a Prefeitura não ter insistido no tratamento prévio e temem segundas intenções do Executivo ao podar as árvores para a construção de vias de carros. Mas, de acordo com a gerente de implantação de corredores e estações da BHTrans, Celina Perdigão, não há projetos de construções nos espaços onde se tem as Fícus. O movimento quer preservar não só as árvores como patrimônio da cidade, mas também toda a história que elas representam dentro daquele espaço público. A nova preocupação do movimento é que, com a constatação do vírus, a opção de tratamento seja logo descartada. Além disso, temem que se substituam por árvores menores, com menor impacto visual. A próxima meta é que se crie um comitê para facilitar o diálogo e produzir políticas claras, baseadas em elementos técnicos, para uma melhor arborização da cidade.
a conservação do Zoológico e todas as espécies de animais que o mesmo abriga.
Borboletário: Inaugurado em 1996, o Borboletário foi primeiro aberto ao público no Brasil. Inicialmente contava apenas com o viveiro e o laboratório. Posteriormente, foi construído auditório, com capacidade para 20 pessoas, e horto, localizado fora da área de visitação (onde se produzem as plantas que alimentam as lagartas). Atualmente, o Borboletário tem média mensal de dez espécies de borboletas (e total de cerca de 500 indivíduos). As visitações são de terça a domingo, das 8h30 às 16h. Jardim Botânico: Possui mais de 3.500 espécies de plantas expostas em sete jardins temáticos, além de espécies abrigadas pelas quatro estufas implantadas no local. O Jardim Botânico da capital tem atuação efetiva dentro da Rede Brasileira de Jardins Botânicos e, como uma de suas ações, vem estimulando a criação de outros jardins. Ele produz e fornece mudas para o plantio nas vias públicas, nas áreas verdes de Belo Horizonte, nas escolas municipais, no aterro sanitário da SLU e nos demais setores da Prefeitura. Aberto para visitação de terça a domingo, das 8h30 às 16h. Jardim Japonês: Projetado pelo paisagista japonês Haruho Ieda, foi construído em área de cinco mil metros quadrados no Jardim Zoológico e tem projeto paisagístico inspirado nos jardins existentes no Japão.
Zoo de BH tem motivos para celebrar os 55 anos ANA LUISA SANTOS CAMILA FIORINI 2º E 3º PERIODOS
Para celebrar o aniversário de mais de meia década de existência, o Zoológico de Belo Horizonte acumula conquistas para o meio -ambiente. Como atração turística, espaço de lazer e aprendizado, o local recebe mensalmente cerca de 100 mil visitantes e é a casa de mais de 3 mil animais de 270 espécies, entre répteis, aves, anfíbios e mamíferos. Recentemente, o Zoo foi palco do nascimento do primeiro gorila em cativeiro na América do Sul. A gorila Lou Lou deu a luz ao filhote na madrugada do dia 5 de agosto. Sua companheira de recinto, Imbi, teve outro filhote, em 11 de setembro. Esse espécie está ameaçada de extinção e, segundo o presidente da Fundação Zoo-Botânica, Jorge Espeschit, o nascimento em cativeiro representa um passo importante para a “preservação da espécie”. “Após tantos anos de trabalho, é gratificante perceber que estamos no caminho certo”, avalia. A reprodução já era tentada no local desde a década de 1970, sem sucesso. Além do filhote de Gorila, que ainda não tem nome, outros atrativos e inovações trazem um público cada vez maior para o Zoológico da capital. Intitulados como “agentes da natureza”, os visitantes possuem uma vasta área de opções, que incluem o Aquário Temáti-
Jaridim Zoológico é opção de lazer acessível à população
MANUTENÇÃO A fim de manter a viabilidade de custos do Zoológico, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Zoo-Botânica, instituiu o programa Parceiros da Natureza. A medida abre espaço para que pessoas físicas ou jurídicas possam adotar bens da fundação, contribuindo assim com a educação ambiental e
ATRAÇÕES ESPECIAIS Aquário temático da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco: Possui 22 tanques para peixes com volume total de um milhão de litros de água doce, ambientados com vegetação que reproduz as margens do rio. Os visitantes têm a oportunidade de conhecer novas espécies de peixes e obter informações sobre o velho Chico. Além disso, o trabalho de educação ambiental desenvolve e aplica estratégias educativas para que todos possam utilizar a água de forma consciente e colaborar para a preservação da principal bacia hidrográfica genuinamente brasileira. Aberto para visitação de terça a domingo, das 8h30 às 16h. A entrada custa R$ 6.
Ana Luísa Santos
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Meio Ambiente
Falta de guardas fecha parque BÁRBARA SOUTO JULIANA GUSMAN
Parque Mata das Borboletas ficará fechado aos finais de semana devido ao relocamento de agentes para outros locais de BH
3º E 4º PERÍODOS
Há 19 anos, o Parque Mata das Borboletas é uma opção de lazer para os moradores do Bairro Sion, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Porém, desde março último, os visitantes têm encontrado dificuldade em usufruir do espaço durante os finais de semana. Devido à falta de disponibilidade de guardas municipais, o parque permanece fechado aos sábados e domingos. A professora Cristina Filgueiras, da Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC Minas, esteve na Mata das Borboletas em um domingo de maio às 11h e, ao encontrá-lo fechado, enviou uma mensagem à Ouvidoria do Município. “Minha reclamação consistiu no seguinte: Não havia nenhuma informação aos visitantes. Em março eu havia encontrado a mesma situação, quando fui ao parque em um feriado, por isso resolvi entrar em contato com a Ouvidoria”, explica a professora. Ouvidor geral do Município, Saulo Amaral, explicou que o atual efetivo da Guarda Municipal de Belo Horizonte (GMBH) não é suficiente para atender a crescente demanda do município, referente à segurança urbana e patrimonial. Com
Falta de vigilância impede funcionamento do parque durante fins de semana
relação à Mata das Borboletas, existe a previsão de escala de dois guardas municipais, que são empenhados em turnos de revezamento de 6h30 às 18h30. “Situações como ocorrências, remanejamentos de alocação de servidores, atendimento de convocações judiciais e/ou administrativas, ou mesmo a presença de algum cidadão em atitude suspeita, podem fazer com que os horários de descanso ou número de servidores escalados no local sejam alterados”, ressalta o ouvidor, em resposta a Cristina Filgueiras. De acordo com Conceição Cruz, assessora da Fundação de Parques Mu-
nicipais da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), apesar da diminuição da vigilância na Mata das Borboletas, não houve aumento de problemas relativos à segurança. “Além disso, a viatura da Guarda Municipal faz ronda no parque e, no caso de haver alguma necessidade, são acionados ramais internos da Prefeitura e rapidamente eles comparecem ao local”, informa. Sobre a previsão para a reabertura do parque durante os finais de semana, não há muita certeza. “O parque fica aberto todos os dias durante a semana, apenas aos finais de semana tem ficado fechado. Aguardamos a regularização do efetivo da Guarda Muni-
cipal para que os horários de final de semana sejam normalizados”, completa. O Parque Mata das Borboletas é reduto dos belo-horizontinos desde 1995, quando foi inaugurado no Bairro Sion. Com área total de 35.500 m², possui vasta área verde, além de oferecer opções como brinquedos, equipamentos de ginástica e trilha ecológica, atraindo públicos de diversas idades. O local fica na encosta da Serra do Curral e abriga duas nascentes que abastecem a Bacia do Córrego Acaba-mundo e um pequeno lago artificial. A vegetação é característica do cerrado e a fauna é bastante diversificada,
Camila Navarro
podendo-se observar a presença de pequenos animais como esquilos, preás, garrinchas e gambás. A escolha do nome não é em vão: o parque conta com uma vasta variedade de borboletas. Em dezembro de 2009, foi realizada uma audiência pública na Câmara Municipal de Belo Horizonte, onde a Associação dos Amigos da Mata das Borboletas, a (Ambo) fez 20 reinvindicações visando a preservação do parque, que estava sendo devastado por grandes empresas construtoras. De acordo com Conceição Cruz, medidas ambientais são efetuadas atualmente. “As atividades de manejo são contínuas. Especial-
mente nos últimos meses, quando foram realizadas ações de manejo, roçada e plantios de 50 árvores”, informa. Ainda de acordo com a assessora, limpeza e conservação dos espaços como áreas de convívio, banheiros, playgrounds e área de ginástica são constantes. Quanto às áreas verdes, são realizados aceiros para prevenção de incêndios, especialmente nesse período de chuvas escassas; plantios de mudas arbóreas; elaboração e conservação de jardins; catação de lixo na mata (muitas vezes o lixo jogado pelas pessoas do lado de fora do parque é levado pela chuva ou pelo vento para o meio da mata, por isso a catação), entre outras ações. Ainda, as intervenções em espaços reservados à visitação contribuíram para a segurança no parque. De acordo com a PBH, nos últimos meses foram feitas podas e levantamento das copas das árvores e várias plantas ornamentais foram podadas e reposicionadas para melhorar a visibilidade dos espaços. Todas as intervenções são acompanhadas por técnicos (engenheiro florestal e agrônomo) da Fundação de Parques Municipais (FPM).
Jovens têm pouca proximidade com a natureza CARINA TOLEDO CAROLINA SALES IZABELLA LIMA 4º E 5º PERIODOS
Gabriel é um menino de 11 anos, que sabe muito bem manusear seu tablet, jogar vídeo game por incansáveis horas, se distrair com o celular, conversar virtualmente com os amigos, assistir aos seus programas favoritos na televisão, e por aí segue uma lista extensa de várias outras “habilidades eletrônicas”. Além disso, Gabriel se mostra ainda mais certo daquilo que quer. Sua preferência pelo mundo virtual é tão descarada quanto sua distância do real. Sem nunca ter tido contato com inúmeros animais, a não ser por intermédio das telas, a insistência dos familiares para que isto mude é respondida sempre da mesma forma pelo garoto: “Tudo que eu gosto está aqui, não tem porque ir pra fora”.
De certa maneira, ele está certo, afinal o mundo de possibilidades dentro de um único recurso tecnológico é quase inimaginável, mas é também de se imaginar as perdas que esta alienação pode causar. É do âmbito social, psíquico, biológico, intelectual e até mesmo espiritual, que se está falando. É no contato que os estímulos ganham forma, trabalha-se “ao vivo” os sentidos como o tato, o olfato, o paladar, a audição, a visão. As características distorcidas e fantasiadas de um mundo imaginário e representado, dá lugar ao real, essa experiência é importante para a compreensão da vida e das relações sociais, sentimentos e opiniões. De acordo com a psicóloga Dayanne Lopes: “Eletrônicos distanciam cada vez mais pessoas de pessoas. No caso da criança, a afasta de atividades voltadas para a sociali-
zação. A interação acaba sendo perdida e são os objetos digitais que ganham prioridade. Ela se priva de momentos que poderiam ser ricos na troca de experiências, preferindo o isolamento. Isso não quer dizer que os pais devam privar os filhos de tais recursos. Uma saída é estimulá-los a exercer atividades criativas que esses aparelhos podem oferecer, como na realização de filmes, fotografias, leituras com animação, dentre outras possibilidades”. No entanto, engana-se quem pensa que esta realidade se restringe apenas às crianças. As jovens, Mariana Sales, 27 anos e Priscila França, 20 anos, também não conseguem ou até mesmo já se habituaram a manter uma rotina sem muita aproximação da natureza. “Eu prefiro a cidade pelo estilo de vida que levo e sou acostumada. Gosto da movimentação
Gabriel se distancia da realidade por estar rodeado de aparelhos eletrônicos
do dia a dia, das oportunidades de entretenimento que ela me oferece”, relata a publicitária e fotógrafa Mariana, que atualmente trabalha em São Caetano e mora em São Bernardo do Campo, estado de São Paulo. Já a estudante do curso de Fisioterapia da PUC
Minas, Priscila vê na falta de tempo uma dificuldade em manter este contato: “caso houvesse mais tempo, acredito que eu poderia viajar, acampar, entre outras atividades capazes de me trazerem novas experiências”. Especialistas relatam a extrema importância
Izabella Lima
que esta vivência se inicie desde cedo, pois é nesse contato com determinados microorganismo que a criança fortalece seu sistema imunológico, fazendo com que o organismo crie anticorpos, melhorando assim a resistência às infecções.
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Eleições
Sistema de biometria atinge 26 municípios mineiros em 2014 CRISTINO COSTA MELO 1º PERÍODO
O uso da biometria nas eleições já não é uma novidade e vem para seu terceiro pleito. Nas eleições municipais de 2008 foram 40 mil eleitores de três cidades que tiveram a oportunidade de utilizar a tecnologia. Em 2010 esse número aumentou significativamente para mais de 1 milhão de pessoas. Em 2014 o objetivo é que 22 milhões de pessoas utilizem sua impressão digital para identificação na hora do voto. Desses 22 milhões, pouco mais de 480 mil estão espalhados em 26 municípios mineiros. A biometria é um recurso utilizado em várias empresas para marcação de ponto ou para acesso a salas restritas por exemplo. No sistema eleitoral, a leitura da digital do dedo indicador será na hora que o eleitor chegar a sua seção, como um meio de identificação. Utilizando esta tecnologia quem vai identificar o eleitor será o sistema e não mais o mesário pelo documento apresentado. Só com a identificação digital que a urna é liberada para voto. Com isso acelerará ainda mais o processo e é uma garantia de maior transparência e segurança contra fraudes e falsificações. Rogério Tavares, coordenador de comunicação do Tribunal Superior Eleitoral de Minas Gerais, explicou como foi o início do processo de recadastramento dos eleitores
em Minas Gerais. Curvelo, Pará de Minas, Ponte Nova e São João Del Rei foram as primeiras cidades a passarem por este procedimento. “O recadastramento começou em 2009 em quatro municípios de porte médio aqui em Minas. Fizemos uma forte divulgação por meio de rádio, TV, panfletos, carros de som. Também fizemos reuniões com o prefeito e vereadores dos munícipios para que ajudassem na divulgação”, informa. A última etapa deste processo aconteceu de março a novembro de 2013 como informado no site do TER-MG. Com os números desta última etapa, se alcançou 450.800 eleitores em 26 munícipios. Este número é superior à meta estabelecida pela própria entidade que era de 375 mil. A campanha não continuou em 2014 devido a um novo prazo para que os eleitores que não fizeram o recadastramento de suas digitais no período correto possam fazer agora. Segundo Rogério Tavares não há um cronograma para o futuro, com as próximas cidades a serem incluídas no sistema. “Vamos fazer um recadastramento em pequenas cidades do interior, como Esmeraldas. Essas cidades sofreram investigações e foi descoberta uma suposta fraude, como eleitores que podem não estar morando mais naquela cidade e indo lá só para votar. Nossa intenção é que todas as cidades tenham o
O uso do sistema biométrico é novidade nas eleições, e muitas pessoas ainda não têm conhecimento, apesar da divulgação
Rogério Tavares diz que a intenção é implantar a biometria em todas as cidades de Minas
recurso da biometria, mas também dependemos do TSE em Brasília mandar mais aparelhos.” Em 2010 o TSE informou que a estimativa é que em oito anos os 130 milhões de eleitores brasileiros estejam recadastrados. Belo Horizonte ainda deve demorar a participar deste processo. O recadastramento está sendo feito em cidades de pequeno e médio porte, devido à menor quantidade de habitantes. Como a capital mineira tem quase 2 milhões de eleitores, isso exigirá mais tempo e equipamentos, adiando o processo. Sobre o uso de outras tecnologias nas eleições nacionais, como telefonia móvel, por exemplo, Rogério Tavares explicou que
Panfletagem no Coreu é atividade intensa ISABELA ANDRADE MATEUS TEIXEIRA 4º E 5º PERÍODOS
Durante o período eleitoral é comum ver no bairro Coração Eucarístico e ao redor do campus da PUC, panfletagens de partidos políticos distribuindo os “santinhos”. Também podem ser encontrados os cavaletes nas esquinas, além de outras formas de propaganda para chamar a atenção do eleitor, principalmente os jovens. Grande parte da campanha eleitoral realizada no bairro são do PSDB e do PT. De acordo com o coordenador da chapa do PSDB no Coração Eucarístico, Iago Ferreira,19 anos, a divulgação dos partidos na Região Noroeste se destaca na Via Expressa e em frente à PUC, que são locais com maior fluxo de pessoas. Valter Freitas, 58, presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Coração Eucarístico, alerta que o fato de os candidatos usarem muitos panfletos au-
menta a sujeira nas ruas do Bairro. “A campanha ocorre por meio da panfletagem, de carros de som e bandeiras”, disse. Mesmo com a grande repercussão na mídia sobre a morte do candidato a presidência Eduardo Campos, Valter informa que não houve aumento da campanha do PSB no Coração Eucarístico, resta mesmo a divulgação do PT e do PSDB. O fato das campanhas se concentrarem na entrada principal da PUC Minas faz com que estudantes tenham contato com material de propaganda eleitoral. “Normalmente recebo os panfletos quando saio da aula, a maioria é do Aécio”, diz a estudante de Publicidade e Propaganda Caroline Correia de Castro, 19 anos. Por não estarem satisfeitos com os candidatos nessas eleições, algumas pessoas optam por não pegarem os panfletos que são distribuídos no Coração Eucarístico. “Não recebo nenhum panfleto ou adesivo, me dou o direito de não ter que receber”, afirma
a moradora Wanda Milice Mundino, 58. A professora de Política e Comunicação da PUC Minas, Antônia Montenegro, 52, analisa as mudanças nas estratégias de campanha nos últimos vinte anos, que antes se baseavam em panfletos com informações sobre o partido e hoje usam mais músicas de campanha para fixar o nome do candidato na cabeça do eleitor. “Até a década de 90, as pessoas liam as propostas, a história do candidato. Hoje sabemos que ninguém lê”, avalia. Antônia ressalta a mudança de comportamento dos militantes. “Os partidos minoritários tinham a lógica do convencimento, usavam os militantes. Eram pessoas que acreditavam, eram do comitê, distribuíam e tinham força de convencimento. Hoje contrata-se uma empresa, é uma profissionalização do processo. É um espetáculo, não é mais estratégia de convencimento. Empobrece a política”, finaliza.
atualmente seria difícil utilizar algum meio de modernização, pois a lei brasileira obriga ainda o eleitor comparecer ao local de votação. Mas, por outro lado, as urnas eletrônicas passam por constantes mudanças, quase imperceptíveis para os eleitores. Também sobre o uso de tecnologia, Rogério Tavares, quando questionado sobre fraudes na urna eletrônica, como por exemplo o erro encontrado em testes feitos em 2012 pelo professor doutor Diego de Freitas Aranha da Universidade de Brasília (UnB), explicou que após a realização dos testes e a descoberta da falha houve a correção: “problema que Diego Aranha encontrou não era algo que mudaria os votos, e sim poderia ti-
rar o sigilo do voto...após os testes públicos foram feitas correções baseadas nos problemas encontrados e Diego Aranha e sua equipe foram convidadas a realizar novos testes, mas não responderam ao convite”. A Justiça eleitoral tem várias formas de verificar a integridade da eleição, como por exemplo a votação paralela, na qual algumas urnas que serão utilizadas em locais de votação são sorteadas e levadas para o TER-MG, onde são utilizadas para fazer uma eleição simulada no dia da eleição. Os votos são feitos nas urnas e em votos de papel, ao fim da votação é confirmado que o resultado do voto impresso é idêntico ao voto na urna
Camila Navarro
eletrônica. Apesar das campanhas divulgadas em rádio e televisão sobre uso da biometria na votação, a população belo-horizontina parece não saber desta novidade. Jardel José Alves Rodrigues, 29, funcionário da Petrobrás, confirmou. “Eu conheço o dispositivo. Algumas empresas em que eu trabalho utilizam isso para marcação de ponto. Mas não sabia que seria utilizado nas eleições deste ano”. A funcionária pública Luzia Severina de Oliveira, 67, compartilha da mesma opinião. “Não tinha ideia que as eleições estavam utilizando a biometria. Só uso a impressão digital para acessar a conta do banco”, afirma.
O uso dos panfletos como estratégia de comunicação ÉRICO MAFRA DE AQUINO GUSTAVO MASSENSINE ELIZA DINAH SILVA 2º PERÍODDO
Entre as muitas pessoas que passaram a campanha eleitoral distribuindo propaganda de candidatos, existem os que trabalham na atividade e são remunerados para isso e também os voluntários. Esses encaram o contato com o eleitor por acreditar na proposta de candidatos e partidos. Um dos principais desafios desses cabos eleitorais é fazer com que o material entregue ao eleitor não acabe em uma lata de lixo ou sujando ruas e avenidas das cidades. Não é tarefa fácil. Enquete feita pelo MARCO, em que foram ouvidos 50 alunos de diferentes cursos da PUC Minas, no Campus Coração Eucarístico, em função da presença dos panfleteiros ser constante, mostrou que a maioria do material não atinge o seu propósito. O descarte da propaganda política sem ser ao menos lido, é o destino, de acordo com 76,9% dos entrevistados, que disseram jogar fora os papéis sem ler. Apenas 19,3% responderam que leem as informações contidas neles, e 3,8% optam por nem recebê-los. Nenhum dos eleitores participantes revelou pesquisar informações sobre o candidato.
Simone Rodrigues, de 44 anos, classifica como “irritante” a distribuição de material impresso de campanha, pois a grande quantidade de panfletos é jogada na rua, por pessoas que não se interessam pelo conteúdo deles. Dessa forma, segundo ela, aumenta muito o nível de poluição da cidade, que já é elevado. Mesmo que popularmente diga-se que os jovens não se interessam por política e não se informam sobre o tema, é possível constatar que o trabalho de panfletagem é feito muitas vezes por pessoas novas. Andressa Moreira, 26 anos, é uma delas, mas garante não receber pela tarefa. Segundo ela, ser remunerada para panfletar é contra os seus princípios. “Política não é um negócio”, salienta. Andressa discorda ainda daqueles que, embora voluntários, distribuem os folhetos eleitorais de olho em um futuro emprego, caso o candidato seja eleito. Já Lorena Cardoso, de 19 anos, admite que realiza a divulgação dos candidatos apenas pela remuneração oferecida e vai além, ao confirmar que se recebesse proposta financeiramente mais vantajosa de outra agremiação política, diria sim e trocaria de lado. Ela reconhece que a eficiência dessa estratégia é discutível, porque a grande maioria das pessoas nem lê rapidamente as informações.
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Esportes / Comportamento
Xadrez como forma de inclusão Adaptações no tabuleiro e na forma de jogar possibilitam que deficientes visuais adotem o xadrez como fator de auxílio na auto estima dos jogadores, além de ser uma forma de lazer e interação
O esporte estimula o uso da lógica e pode ser adaptado para deficientes visuais
BEATRIZ BREDER BRUNA VOLPINI 4º PERÍODO
O xadrez, jogo tradicional, vem ao longo dos anos conquistando seu espaço no cenário nacional e mundial. Estimula o uso da lógica e do raciocínio, além de desenvolver estratégias. Apesar de pouco divulgado, o xadrez atrai diferentes adeptos, entre eles um grupo particular: deficientes visuais. As adaptações necessárias para que aqueles que não conseguem enxergar praticassem o esporte foram poucas, o que possibilita um jogo entre deficientes visuais e videntes. As
regras no geral são iguais, com poucas exceções. Em um jogo de xadrez adaptado o jogador só é obrigado a mexer com a peça caso ele retire a mesma do tabuleiro, enquanto no jogo convencional basta que a peça seja tocada para que o jogador tenha que movimentá-la. As principais diferenças entre o jogo adaptado para os deficientes visuais e o jogo para aqueles que enxergam está no tabuleiro e nas peças. “A peça preta tem sempre um detalhe pra gente identificar, na maioria das vezes ela tem um pininho na cabeça de cada uma. Além dos pinos, as casas são em alto relevo. As casas pretas são um nível
a mais das casas brancas. E as peças se encaixam no tabuleiro, assim, quando a gente passa a mão para saber como o jogo está, elas não caem.”, explica Jaderson Lúcio Pontes, 45, deficiente visual parcial e praticante do esporte. Para facilitar que a modalidade fosse praticada por deficientes visuais a Federação Internacional do Xadrez (FIDE) anexou mais uma regra ao jogo. Em qualquer partida oficial que tivesse a participação de um atleta parcialmente ou totalmente sem visão os jogadores teriam que cantar suas jogadas ao invés de somente anotá-las. Assim o jogo torna-se mais dinâ-
Bruna Volpini
mico e equilibrado entre os competidores que têm sempre a opção de jogar em tabuleiros separados. Ernesto Arruda, 41, praticante do esporte há mais de 20 anos e deficiente visual, afirma que a escolha por cada um jogar separadamente é por comodidade, já que o jogador que não enxerga fica com a mão em cima do tabuleiro praticamente o jogo inteiro e pode assim prejudicar o seu adversário. A Associação dos Deficientes Visuais de Belo Horizonte (Adevibel) existe desde 1985, incentiva e auxilia os deficientes visuais na prática de diversos esportes e em sua inclusão na sociedade. O xadrez é
uma modalidade que está presente na Associação desde 1991, mas que só ganhou em 2000 o seu merecido reconhecimento. Desde que a equipe oficial foi formada a Adevibel auxilia os jogadores na participação de torneios nacionais e internacionais de xadrez adaptado, o que resultou em várias medalhas. Jaderson Pontes, que além de praticante do esporte é também presidente da associação fala com orgulho sobre as vitórias dos atletas de Belo Horizonte. “A nossa equipe já foi campeã mais de dez vezes seguidas. De 2000 a 2010 direto”,, salienta. Hoje, porém, a realidade da Associação dos Deficientes Visuais de BH é diferente. Os associados lamentam a falta de patrocínio por parte do governo e das empresas privadas. Atualmente a Adevibel não conta com nenhuma contribuição para o xadrez, o que dificulta a prática do esporte e faz com que os jogadores que querem participar de torneios tenham que contratar os seus próprios treinadores e arcar com todas as despesas. Ernesto afirma que os associados têm conhecimento sobre a dificuldade financeira enfrentada pela associação e que entendem a falta de verba, mas afirma que não é por isso que a Adevibel perde o seu valor. Para ele o principal papel da associação é o de incluir socialmente os deficientes visuais e esta função é mui-
to bem cumprida. Jaderson e Ernesto falam sobre a necessidade de incluir o xadrez à grade curricular das escolas. Concordam que é um esporte que auxilia bastante no raciocínio lógico e que sua prática só traz benéficos. Jaderson dá o exemplo de seu próprio filho, que tem somente sete anos e já domina todos os movimentos do xadrez. “Eu já estou ensinando tudo para ele. E isso pra ele na escola está sendo super gratificante. Ele está conseguindo ter concentração, conseguindo raciocinar, porque o xadrez exige tudo isso.” conta. Os benefícios que o esporte traz para aqueles que o praticam são vários, para os deficientes visuais não é diferente. De variadas formas o futebol, o judô, o xadrez, etc. Ajudam na auto-estima, na busca de autonomia e no combate ao sedentarismo. A Adevibel é uma forte aliada no auxílio a essas atividades e na melhora da qualidade de vida daqueles com problemas de visão. “Minha vida transformou totalmente. Eu, quando não tinha nem 20 anos de idade, não conhecia deficiente visual nenhum, depois que eu conheci o Instituto São Rafael (escola para deficientes visuais situada na capital mineira) e a Adevibel, aí que eu me desmanchei no mundo. Aprendi a andar na cidade sozinho, tive outro tipo de vida”, conta Jaderson, cheio de gratidão.
Ganhar na loteria ainda é objetivo de muitos PRISCILA RIBEIRO 2º PERÍODO
Ganhar na loteria é, para muitos, o passaporte para felicidade. Poder largar o emprego mal remunerado, alcançar a independência financeira, comprar um carro, uma linda casa, investir em um grande negócio, ajudar familiares e amigos.Enfim, aproveitar os prazeres que a vida proporciona a quem tem uma boa condição financeira. É justamente com o objetivo de alcançar o sonho de poder comprar o que tiver vontade, que muitas pessoas decidem jogar na loteria, em sua grande maioria na Mega-Sena, que, entre as loterias brasileiras, é a de maior sucesso. O professor de matemática, Luciano Menezes Botelho, explica um pouco sobre a probabilidade e chance de uma pessoa sair ganhadora da Mega-Sena. “Se um jogador apostar 6 números ele pagará 2,50 e sua chance de ganhar a sena é de 1 em 50 063 860; a quina é de 1 em 154 518; a quadra é de 1 em 2 332. Esse raciocínio ocorre em todas as quantias de números jogados (7, 8, 9... números) até chegar a apostar 15 números. Se ele apos-
tar 15 números ele pagará 12 512,50 e sua chance de ganhar a sena é de 1 em 10 003; a quina é de 1 em 370; a quadra é de 1 em 37”, diz. O sonho de ganhar na loteria habita o imaginário de muitas pessoas, porém, atualmente, a grande maioria dos apostadores “fervorosos” são trabalhadores, do sexo masculino e com idade acima dos quarenta anos. Dentre esses apostadores existem aqueles que jogam os mesmos números há anos, quem estude as probabilidades e quem jogue aleatoriamente. O comerciante Luiz Carlos Souza, 64, conta que atualmente não é um apostador regular, mas que desde que se lembra aposta na Mega. “Devido ao tempo não consigo estar apostando mais em todos os jogos, porém sempre que aposto eu jogo os mesmos números. Esses números não foram escolhidos aleatoriamente, eu utilizo de datas importantes como aniversário dos meus filhos e esposa ou até mesmo de casamento e namoro como base”, diz. Já o analista de sistemas Euder Arantes, 55, tem uma história com a loteria de vencedor, mesmo jogando
há muitos anos os mesmos números em um “bolão” com seus irmãos e de jogar apenas quando a Mega está acumulada, Euder nunca havia ganhado nenhum valor significativo. Contudo, em abril de 1999 sua sorte mudou: “Foi em 1999 que consegui realizar um dos meus maiores sonhos, em uma tentativa individual consegui acertar a quina da MegaSena, ou seja, acertei cinco de seis números, e ganhei mais ou menos R$ 40 mil reais e com o dinheiro consegui comprar o meu carro próprio”, conta o analista. A história do administrador de empresas Cláudio Augusto Miranda Ribeiro, 54, é um pouco diferente e peculiar. Desde 1980, Cláudio joga na loteria, com o mesmo motivo de grande parte da população, ganhar dinheiro. Contudo, Cláudio não joga apenas na MegaSena, joga também na Quina e LotoFácil e já ganhou pequenos prêmios em cada uma, valores de até no máximo mil reais. Um desses prêmios aconteceu logo quando saiu do Exército. “Em 1980, eu e mais três amigos jogamos um jogo da quina ou da loteria esportiva, não me
lembro exatamente qual, e ganhamos o valor que hoje corresponderia a aproximadamente R$ 5 mil, com esse dinheiro compramos roupas e decidimos utilizá-lo para diversão, então, alugamos um carro e saímos para festejar”, diz Cláudio Ribeiro. Ele também possui uma história interessante sobre a escolha dos números de uma de suas cartelas, pois de todas as cartelas jogadas, apenas essa contém os mesmos números em todos os jogos. “Uma vez, decidi pegar datas de aniversários de familiares e colocar todos os números em um pote, de lá retiraria seis números e seriam eles que eu jogaria. Porém, ao passar todos os números para a cartela, os números formaram uma diagonal e a diferença de cada número era sete, como não acredito em coincidência passei a sempre jogar esses mesmos números em todos os jogos”, conta. Entretanto, sua história com essa cartela é ainda mais extensa. Cláudio sempre teve uma relação com o sete. “O número sete sempre esteve presente em minha vida, seja em números de apartamentos de hotéis, seja em sua idade que sempre
Cláudio Ribeiro aposta em datas comemorativas
termina em sete quando o ano também possui terminação sete. Além disso, meus quatro nomes possuem sete letras. Então, decidi que essa seria a minha cartela da sorte e por incrível que pareça é a cartela com a qual mais ganhei jogos, mesmo jogando números aleatórios em outras cartelas”, conta o administrador. Para ganhar na loteria,
Priscila Souza
é necessário persistência e o aprendizado de que nada acontece da noite para o dia. Entender que quando se faz um jogo, está fazendo tentativas e apostas. A tentativa premiada pode vir a qualquer hora, no entanto a persistência é fundamental para que o sonho de ganhar se torne realidade. Vale a máxima: “para ganhar tem que jogar”.
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Comportamento
Cães ajudam a dar novo rumo à vida de seus donos
HELOÁ DE CAMPOS VINÍCIUS AUGUSTO 7º PERÍODO
Quando a engenheira civil Ana Beatriz Torres, 46 anos, resolveu adotar um cãozinho, sua vida passava por um momento complicado. Tudo começou com uma depressão, surgida no final de 2010, que resultou numa lista de medicamentos. “Tomei remédios em função de estresse e depressão, e eles não estavam fazendo efeito de forma alguma. Pelo contrário, estava era passando mal”, conta. E foi a partir dessa situação que ela e o marido, Marcelo Torres, decidiram por um companheiro canino. Mas o diminutivo ‘cãozinho’ ficou mesmo só no nome. A preferência do casal era por um animal da raça Golden Retriever, conhecido pelo grande porte. Assim, em 2011, a família ganhou um novo membro, a cadelinha Luna, e com ela rotina e hábitos diferentes começaram a vigorar na casa. Procurar um chinelo pelos cômodos, descobrir uma almofada rasgada, um aranhão no sofá e passar a posicionar os enfeites nos móveis mais altos da casa se tornaram atividades frequentes. “Passamos a colocar tudo em cima porque ela comeu até o celular do meu enteado”, recorda. Em 2012, Ana Beatriz não estava se sentindo emocionalmente bem dentro do emprego que exercia havia 23 anos, e no ano seguinte resolveu sair. A partir daí, a vida da engenheira tomou uma guinada diferente. As preocupações ficaram em segundo plano e o foco passou a ser a cadela Luna. “Saí daquela
Ter um animal de estimação pode trazer benefícios para a saúde do seu dono, além de mudar o cotidiano de uma pessoa que se sente solitária. É o caso da engenheira Ana Beatriz Torres, que relata ter se recuperado de uma depressão depois que começou a criar a cadela Luna, que lhe faz companhia constante
rotina de só estresse e trabalho e passei a ter um foco voltado pra ela. E aí você passa a ter uma atenção, uma troca, tem que cuidar; porque pegar um cachorro e não cuidar é a mesma coisa que botar um filho no mundo e dar para a babá”, comenta. A convivência ajudou tanto que aquela lista de remédios, antes necessária, passou então a ser apenas uma lembrança. “Depois dela, acabaram os remédios”, comemora. Para o psicólogo Eduardo Viana Kafuri, 49 anos, a relação homem-animal pode se manifestar para o bem ou para o mal, tudo depende da forma como o laço é estabelecido. O importante, segundo ele, é a interação. “O dono tem que brincar, passear e, principalmente, cuidar do seu animal de estimação. Além disso, o animal atua como facilitador social, agregando pessoas inclusive no ambiente familiar, diminuindo o isolamento das pessoas principalmente nas grandes cidades onde o convívio social está cada vez menos favorecido”, explica. Mas o contrário também pode acontecer. “Algumas pessoas podem se isolar, negando-se a ter relacionamentos com ou-
Ana Beatriz Torres brinca com Luna, que a ajudou a superar a depressão
tros seres humanos, depositando todo o seu afeto no seu animal de estimação, em virtude de terem passado por grandes decepções, frustrações ou por terem dificuldades de se relacionar com outras pessoas”, acrescenta. Quanto à melhora de Ana Beatriz, ele comenta que devem ser levadas em conta as características individuais da paciente, além do tipo e grau da depressão. “Ao se sentir capaz de cuidar do seu cão, suprindo as necessidades dele, ela passou a dispensar cuidados a
ela própria, pois o autocuidado, o querer cuidar de si é um fator essencial na melhora do quadro de depressão”, atesta. A convivência com um animal de estimação pode afetar muito – e de forma extremamente positiva – a vida do dono, é o que afirma a psicóloga Débora Lopes Paiva, 24 anos, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo ela, embasada em um artigo de sua autoria para a extinta revista eletrônica Gazeta Míope – da qual era colunista – ,
Cachorros Bulldog Francês comparecem a evento de uma loja para se socializarem Era um dia de cão. Mais especificamente, uma tarde de sábado voltada para o encontro de cachorros da raça Bulldog Francês. O local da reunião era um pet shop localizado na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A presença era confirmada via internet pelo site da empresa e mediante cadastro. Eram aproximadamente trinta cães e o dobro de pessoas no salão. Contudo, os convidados de honra do dia eram mesmo os pequenos. Filó, Meg, Chanel, Cindy, Luigi, Nina, Lola,
Martín, entre outros, que corriam de um lado para o outro, brincando e se embolando. Um chamava atenção pela energia, outra pelo vestido, o mais quieto pela camiseta polo. De vez em quando paravam para tomar um gole de água ou comer um dos biscoitos de carne, deixados ali especialmente para eles. Em meio aos latidos, Aline Freitas, 25 anos, gerente do pet shop, se esforçava para sobrepor sua voz ao barulho produzido pela matilha ali presente, e dar início a competição que iria
Evento reúne cães e seus donos em BH
eleger o cão mais simpático. A passarela foi improvisada no meio do salão, e, acompanhados pelos donos, cada animal esperava por sua vez de se apresentar. O vencedor foi Apolo, o nervoso, que saiu de lá com um novo estoque de ração. O objetivo desse tipo de evento, que acontece todos os sábados, exceto aos feriados, é promover a socialização entre os cães, além de fazer com que os clientes compareçam a loja e acabem comprando algum produto para o cachorro. Dentre eles, a novidade fica por conta dos produtos inusitados para os cães, oferecendo carrinho para c a c h o r r o, cerveja, batata frita, comida congelada, biscoito integral, sorvete e entre outros. Heloá Campos
Com a frequente realização dos encontros, a tendência, segundo a gerente, é de que os donos se fidelizem ao pet shop e que novos clientes sejam atraídos. “Todo evento tem clientes novos que não conheciam a loja e passaram a conhecer através dos eventos divulgados nas redes sociais e no nosso site”, garante. Para a personal trainer Natália Pinheiro, 29 anos, que já compareceu a dois encontros junto de seu marido e o cãozinho Josh, iniciativas como essa são importantes porque permitem que os animais se divirtam, namorem, brinquem e gastem energia. Ela é uma das que sempre aproveita e compra algum petisco ou brinquedo. Além dos gastos ‘por fora’ existem os que são fixos. “Tem a ração que deve ser uns R$ 200 e tem a escolinha, que ele vai duas vezes por semana, que é R$300. Se tiver veterinário, qualquer coisa fora do comum, a gente vai ter um gasto extra que é puxado”, calcula.
Heloá Campos
o cão entrega ao dono uma grande relação de amizade e companheirismo, refletindo dessa forma como mais um ponto de combate à depressão. Ela ressalva que o ponto negativo é quando a pessoa não pratica a guarda responsável, que envolve dar alimentação de qualidade, levar ao veterinário, manter a vacinação em dia, dar medicação quando necessário e proporcionar lazer para o anima. “Se o cão fica muito tempo sozinho, por exemplo, e não faz passeios regulares, ele não leva uma vida feliz”, explica.
A cadela Luna não tem esse problema, já que seu dia a dia é bem movimentado e com atividades recomendáveis para um cão. Às 7h ela acorda os donos e fica na cama pulando e brincando. Logo após é levada a uma escola específica para cachorros, localizada no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul da capital mineira – que juntamente com outros gastos mensais, fica em aproximadamente 1 mil –. Lá Luna interage com outros cães por meio de brincadeiras, além de passear. “Todo barzinho que aceita cachorro na calçada, sábado e domingo, ela sai com a gente”, afirma Ana Beatriz. Os locais são indicações de amigos, e a lista dos bairros ondes eles ficam só vai crescendo: Savassi, Região do São Bento, Santa Lúcia, Sion, Luxemburgo. E como uma dona prevenida, leva sempre duas porções de ração no carro caso o tempo de permanência no local seja maior que o esperado. “Eu não vivo com essa regra de só ir onde ela possa ir, mas ela podendo estar junto nos programas ao ar livre a gente não a deixa em casa, não”, garante Ana Beatriz.
Escolas auxiliam na educação de cães Com o desejo de proporcionar qualidade de vida e harmonia à relação de cães e donos, Luisa Pires, 31 anos, atualmente estudante de medicina veterinária, tomou a iniciativa de implantar em Belo Horizonte uma escola – a mesma frequentada por Luna – voltada para o adestramento e cuidados para cachorros. Contudo, a iniciativa só foi possível devido às suas experiências anteriores. Aos 18 anos, enquanto morava na capital mineira, Luisa teve uma cadelinha da raça Shar Pei, era a típica dona que mimava o animal e que, dessa forma, deixava seu comportamento ainda pior. “Não estava satisfeita com a minha relação com ela, e sempre procurei alguém que me orientasse. Porém, não encontrei nenhuma pessoa no mercado que atendia as minhas necessidades”. Anos depois e já casada, ela foi morar em São Paulo, onde adquiriu dois cães de grande porte. Lá começou a trabalhar com o Dr. Pet, referência na área de adestramento. A partir daí pôs em prática sua primeira graduação superior, o jornalismo,
e trabalhava como produtora de vídeos e propagandas, tudo com a participação de lhamas, avestruzes, hipopótamos e também cachorros. Foi esse o seu primeiro contato com o adestramento. Foi nessa fase que Luisa tomou conhecimento de uma creche localizada na cidade de São Paulo. “Era a pioneira que trouxe isso para o Brasil. E lá aprendi que, além de um bom líder, o cão precisa gastar energia para estar mental e fisicamente equilibrado”, recorda. Ela voltou a Belo Horizonte, em 2008, e inaugurou aqui a Aufabeto, uma escola para cães. O aprendizado foi aplicado de tal maneira que foi benéfico não só para os clientes, mas também para os dois cães de Luisa, Buda e Pupila, que melhoraram o comportamento. Atualmente a escola conta com, mais ou menos, oitenta ‘estudantes’ caninos. Lá existem planos que variam de R$ 390 a R$ 620 mensais. Mas, esse número não é fixo, porque o dono pode optar por levar o cão de duas a cinco vezes por semana.
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Entrevista
JOSINO RIBEIRO Desde novo. Eu fui orador de todas as minhas turmas, de 4ª série até o 2º grau, e inclusive na faculdade. Eu sempre gostei de falar em público, fui criado em uma igreja evangélica, e foi lá onde comecei a fazer teatro, onde aprendi a trabalhar com o público. Na escola, quando tinha um trabalho para apresentar, todo mundo fugia, e eu fazia exatamente o contrário, queria participar, pedia para me deixarem apresentar tudo. Com isso, eu já tinha certeza que faria algo na área da comunicação, não sabia exatamente o que, com 15 anos é difícil ter uma noção. Algum tempo depois, quando estava terminando o 2º grau, eu já tinha certeza do que iria fazer, e olha que na época o jornalismo não “bombava” como hoje. Ou seja, não foi algo por acaso, foi tudo muito pensado e planejado.
Por que a área esportiva? Quando você começa a trabalhar com jornalismo, é bom você fazer um pouco de tudo, para ter noção de tudo. Só que em meio a tudo isso, sempre pintava alguma coisa de esporte para fazer, e eu fazia. Em todas as emissoras que passei eu fiz um pouco de esporte. Eu cobri o time do Volta Redonda no campeonato carioca em 1997, antes de formar. No esporte mesmo, exclusivamente, estou desde 2007 quando comecei a trabalhar para a TV Globo.
Qual foi a melhor cobertura que você já participou? Eu fiz muita coisa, mas algo que marcou muito foi a Copa do Mundo. Foi muito bom ter feito a cobertura, foram 32 dias, uma experiência incrível. Mas a melhor cobertura foi a do Mundial de Clubes no Marrocos, pelo país, pela convivência que eu fui obrigado a ter com uma cultura diferente, um idioma muito diferente, tudo muito diferente. Esse mundial, do fim de 2013, com certeza foi o que mais marcou, foram 20 dias de muito aprendizado.
Você convive diariamente com ídolos do esporte. Qual é a sua relação com eles? Tem amizade? Eu tenho uma amizade restrita, mas com um grupo muito grande. Com a maioria, você trata profissionalmente, como deve ser. Pois há uma diferença entre o jornalista e o atleta. Esse atleta hoje está muito bem, amanhã ele pode não estar. Ele pode estar bem hoje, e arrumar uma confusão amanhã. Se eu sou amigo íntimo do cara, como eu vou tratá-lo? Como minha empresa vai ver essa relação? Então, a partir do momento que eu sou profissional, não é que você não possa ter amizade com um ou com outro, você pode ter, mas tem que o tempo todo saber separar isso. Eu sou amigo até um certo limite, porque antes disso eu sou um jornalista. Se acontecer alguma coisa, e compete a mim relatar aquilo ali, eu vou ter que relatar. O jogador ficando chateado ou não, a família concordando ou não, é a minha função, e aí o que pesa mais? A minha amizade ou a minha profissão? A profissão que eu escolhi. Você pode ter amizade com um atleta, mas eu trato de uma forma diferente, tenho um bom relacionamento. Eu tenho nos meus contatos, no meu telefone, números de vários atletas. Quando surge alguma informação, eles me ligam e confiam que eu vou transmitir essa informação de uma forma correta.
Quais são as maiores dificuldades no seu dia a dia? Hoje, existe muita pressão de todos os lados. A questão do furo (de reportagem), quando eu comecei, há 18 anos, a gente brigava toda hora por isso. Hoje, o furo de reportagem é um negócio mais complicado. Por que? Hoje você tem celular, internet e wi-fi em todo lugar. Aí eu faço uma matéria hoje e é um furo, só que em dois minutos outro cara já posta na internet a notícia que eu só vou dar no Globo Esporte de amanhã, no Bom Dia Minas ou algum telejornal da noite e a internet já deu aquilo. O rádio às vezes deu antes da internet, porque o cara entra na hora. Então, essas coisas começam a fazer o seguinte, se eu não tenho mais a questão do furo todo dia, toda hora, que era o que nos alimentava, não só o jornalismo esportivo, mas qualquer área, o que eu tenho que fazer? Trabalhar com o diferente. O que eu posso dar para o telespectador, sendo que ele já cansou de ver e ouvir aquela notícia? Ele abre na internet, tá lá. Ouviu no rádio, tá lá. Mas eu só vou falar para ele disso amanhã, meio dia, uma hora da tarde, aí é que entra
Histórias contadas por um repórter esportivo VITOR FERNANDES 2º PERÍODO
As pessoas que assistem às transmissões de partidas de futebol em Minas já devem ter ouvido falar em Josino Ribeiro. Nascido em Coronel Fabriciano, no Vale do Aço mineiro, formou-se jornalista em 1999 no Rio de Janeiro pela UBM e atuou em diversas emissoras, como Band, SBT e Record. Desde 2007 é repórter esportivo da Rede Globo Minas e do Sportv, fazendo cobertura de jogos, reportagens especiais, além de um quadro voltado para o esporte no Bom Dia Minas. Nesta entrevista ao MARCO, ele fala sobre a escolha da profissão, lembra o começo de sua carreirac e aborda um tema controverso: amizade entre repórteres e fontes, muitas delas ídolos do esporte. “Tenho uma amizade restrita, mas com um grupo muito grande. Com a maioria, você trata profissionalmente, como deve ser”, afirma. Uma de suas principais experiências foi a cobertura do Mundial de Clubes, no Marrocos, em dezembro passado, com a participação do Atlético, quando vivenciou um pouco dos hábitos locais.“Todos comem sentados no chão, só com a mão, e tem que ser a mão direita”, diz. “As mulheres não podem participar, elas ficam na cozinha. Elas só podem comer, depois que os homens tiverem terminado”, acrescenta. Após cobrir a Copa do Mundo, Josino defende mudanças na estruturais na CBF. “Do jeito que está, tira o Felipão, e coloca o Dunga. Na minha avaliação, isso não vai dar certo”. a mesma coisa. Eu achei interessante e fui atrás daquilo. Aí eu fui para tipo uma banca, onde a carne fica pendurada, toda exposta. Eu falei com o dono da banca que eu queria gravar, fazer umas imagens da carne. O cara deixou, mas disse que pelo costume, eu teria que comprar a carne. Eu tinha dinheiro de produção da Globo e comprei a carne. Fizemos a imagem e o que eu ia fazer com aquilo? Aí dei a ideia de dar para uma família pobre. E lá, tudo tem uma forma de retribuição. Aí o pai da família agradeceu e disse que aquilo alimentaria muito bem a família dele. E disse que Como você se prepara para as em troca, queria que eu fosse transmissões ao vivo de jogos? comer na casa dele. A moraEu me preparo todos os dias. Eu sepadora que me ajudou a achar a família disse que eu tiro parte do meu tempo todos os dias nha que aceitar o conpara ler sites, folhear jornais, fazer os vite, porque se não é meus contatos, os próprios e-mails inuma ofensa para eles. ternos da TV Globo e Sportv, trocamos Então, eu concordei e-mails toda hora. Então na verdade eu e marquei para ir lá não me preparo para um jogo específino outro dia. Quando co, me preparo para o dia a dia, para o eu cheguei lá no dia mundo esportivo. É claro que eu não seguinte, há todo um vivo somente nesse universo, eu tenho ritual para eles quanpor necessidade jornalística, ter noção do há um convidado, do que está acontecendo no mundo eles preparam uma social, político, econômico, é preciso comida, vestem o melhor fazer isso. Quando chega a véspera de que eles têm. E o que era a comium jogo ou alguma outra transmissão, da? Era exatamente a comida real. Na aí eu aprofundo nesse evento, mas tohora de me servir, ele colocou um tapete dos os dias eu leio um pouquinho de no chão, foram preparando tudo em uma bacia. Todos comem sentados no chão, só cada um dos quarenta clubes das séries com a mão, e tem que ser a mão direita, A e B, e de atletas de ponta de qualquer não me pergunte o por quê, e o pior é que modalidade. Me preparo todos os dias, eu sou canhoto. As mulheres e creio que é assim que não podem participar, elas deve ser. ficam na cozinha. Elas só podem comer depois que os Você já passou por Meu desafio é fazer homens tiverem terminado, algum problema o cara parar tudo e devem comer na cozinha. técnico durante as o que ele tem para Eu vesti uma roupa deles, fitransmissões ou fazer, para me ver. quei um bom tempo comenalgo inusitado? do. E no final eles te servem É o meu desafio Já, muitas vezes. Você algo como se fosse uma comaior, com certeza faz o teste antes de enalhada, alguma coisa com trar no ar e tá tudo cerleite talhado. E eu comecei a to, quando você entra, já tomar aquilo e, antes da coaconteceu de entrar sem mida, ainda tem um chá que o cara te serve áudio. Eu trabalho com improviso, é um e você tem que beber o chá com ele. Você método meu, eu não escrevo para falar. não pode chegar e só provar. Eu já não esEu falo, vou dando informações, não estava mais aguentando, estava em tempo crevo, porque me preparo todos os dias, já de explodir e comendo aquilo. É claro que trabalho assim há muitos anos. Só que, no eu levei meu cinegrafista e transformamos correr do dia a dia, já aconteceu de estar isso em uma reportagem. E foi uma das dando informações e de repente dar um melhores matérias que eu fiz no Marrocos. branco, e aí eu estou falando para milhões de pessoas, na maior emissora do Brasil. Como eu vou fazer? Vou parar de falar? Eu Como foi a experiência não posso, aí eu começo a improvisar, vou de cobrir a Copa do Mundo ‘enchendo linguiça’ até o assunto voltar. no Brasil? Não tenho algo inusitado, mas tenho um Eu acho que valeu a pena. Na verdade, caso interessante do Marrocos, quando fui eu confesso que tinha uma visão muicobrir o Mundial de Clubes. Eu saí para to negativa do que poderia acontecer, fazer uma reportagem para mostrar o que pelo que a gente estava acompanhanas pessoas comiam. Eu descobri que, toda do, por tudo o que estava acontecendo terça-feira todas as famílias comem a mesno Brasil, seria uma vergonha. Os esma comida, que é o cuscuz marroquino ou tádios mal acabados, falta de estrutura cuscuz real. É uma farinha, com sete legude aeroportos e tudo mais. Quando a mes e um tipo de carne. Toda terça-feira o copa chegou e começou, veio nossa a rei come aquilo no palácio com a família e toda a população do país tem que comer cobertura, fomos cerca de 1.200 proo meu desafio. Como eu vou dar uma imagem de algo que ele já viu? É o nosso desafio todos os dias, que a gente discute em nossas reuniões de pauta sempre. Vou falar do Ricardo Goulart por exemplo, jogador do Cruzeiro, artilheiro do Brasileirão, que fez um golaço em um jogo de sábado que eu estava acompanhando. Eu só vou noticiar isso no Globo Esporte na segunda-feira uma hora da tarde. Todo mundo já deu a notícia. Como eu vou fazer para ter um atrativo, para o cara parar tudo que ele tem para fazer para me ver? É o meu desafio, com certeza é o maior.
Camila Navarro
Como você teve a certeza que seria jornalista?
fissionais, trabalhando no Brasil, da nossa empresa. Nossa cobertura foi tão bem preparada, uma logística de quase três anos de trabalho, muitas reuniões. Então, quando começou, nós já sabíamos o que fazer, mesmo sabendo que os improvisos aconteceriam todo dia, toda hora. Ninguém imaginava que o Brasil perderia de 7x1, mas nós estávamos preparados para o melhor e para o pior. Foi uma cobertura muito interessante, marcou a carreira de todos nós. Na verdade, a Copa para a gente começou uns 15 dias antes, e no caso do Sportv, tivemos uma experiência de uma programação durante um mês de 24 horas ao vivo. E aí perguntam se foi cansativo. Cansativo sempre é, é muita responsabilidade, muita cobrança, mas a experiência, a bagagem que eu vou levar para o resto da vida, só tem quem participou. Então, valeu a pena. Qual o legado a Copa do Mundo deixa para o Brasil? Que com um pouco de estrutura o Brasil pode melhorar muito. Com um pouco mais de honestidade, podemos avançar. Porque com todos os problemas que a gente viu, de que teria acontecido superfaturamento em várias obras de estádios, o Brasil conseguiu suportar a questão da Copa do Mundo, receber os turistas. Tivemos problemas, isso é natural, a África teve, a Alemanha teve, os Estados Unidos também. Eu acho que se tivermos uma mídia pegando mais pesado ainda, cobrando mais do que já é cobrado, o Brasil pode melhorar.