Marco 309

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Juliana Gusman

O FESTIVAL FICA13 TEVE SUA SEGUNDA EDIÇÃO REALIZADA NO MÊS DE OUTUBRO, OFERECENDO AOS ALUNOS DIVERSAS ATRAÇÕES E OFICINAS. PÁGINA 7

Arquivo Pessoal

PRINCIPAL PALCO DO FUTEBOL EM MINAS, O MINEIRÃO NEM SEMPRE SE LIMITOU A ESSE ESPORTE. O ESTÁDIO SEDIOU MEMORÁVEIS CORRIDAS DE CARRO. PÁGINA 11

FOTÓGRAFO HÁ 12 ANOS, O MINEIRO CHARLES TÔRRES COMPARTILHA UM POUCO SOBRE SUA TRAJETÓRIA E SEU PROJETO ‘BH UMA FOTO POR DIA’. PÁGINA 16

André Correia

marco jornal

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas . Belo Horizonte . Ano 42 . Edição 309 . Outubro de 2014

Chuva insuficiente estimula uso consciente de água Apesar de o Brasil ser considerado o país com o maior potencial hídrico do mundo, a falta de chuvas provoca uma escassez de água que ja preocupa grande parte da população. Diante deste cenário, o MARCO procurou histórias de pessoas que, com simples atitudes, se mobilizam para conscientizar outras pessoas. A real situação ainda é desconhecida, mas os recentes acontecimentos deixam as pessoas em estado de alerta. Embora o posicionamento das companhias distribuidoras de água ainda não seja oficial, os belo-horizontinos, de forma individual ou coletiva, já se organizam em diversas partes da cidade a fim de amenizar os impactos da escassez. No bairro São Gabriel, comerciantes e moradores adotaram medidas que buscam diminuir o uso inadequado da água. Atividades cotidianas como fechar a torneira na hora de escovar os dentes, reduzir o tempo de banho e reaproveitar a água da piscina ou máquina de lavar, já fazem parte da rotina da comunidade. No Coreu, comerciante que faz campanhas de conscientização, acredita que a solução está na educação de cada um. PÁGINA 8

Ambulatório da PUC oferece cuidados básicos para a comunidade Ambulatório da Faculde de Enfermagem da PUC Minas, localizado no prédio 46, oferece a primeira etapa do tratamento de úlceras e escaras para a comunidade do Bairro Coração Eucarístico e arredores. Os pacientes, posteriormente, são redirecionados para centros de saúde da capital, onde poderão dar seguimento ao processo, até a cura. Entretanto, pessoas atendidas pelo ambulatório da Universidade, relatam dificuldade na obtenção de atendimento externo, no sistema convencional de saúde. Os postos, em sua maioria, estão cheios e o atendimento

Arquivo Pessoal

é dificultado devido às longas filas de espera. Sendo assim, os pacientes optam por dar continuidade ao tratamento no próprio ambulatório, justificando a escolha ao ressaltarem que, no local, recebem uma atenção individualizada, além de agilidade no tratamento. O ambulatório, que é um projeto de extensão da Faculdade de Enfermagem, surgiu a partir da demanda existente na rede básica de saúde, que não suporta o volume de pacientes que recebem alta da rede hospitalar e apresentam feridas pós-operatórias e lesões crônicas. PÁGINA 11

Fabiana Gatti

LEIA AINDA

Falta de bancos gera transtornos no São Gabriel

Exemplo e orgulho vindos de Redenção

Residentes do Bairro São Gabriel precisam se deslocar para outras regiões em busca de agências onde poderão utilizar os serviços bancários. O bairro apresenta constante crescimento em número de comércio e habitantes. Além disso, só há uma casa lotérica, em que as pessoas podem realizar alguns serviços específicos, mas sempre com filas enormes. PÁGINA 4 Bruna Volpini

Professor de biologia, Ricardo Rozette, chamou a atenção da sua banca de mestrado no dia da defesa de sua tese. Vindo de Redenção, uma pequena cidade no Pará, o mestrando chegou a Belo Horizonte com uma caravana composta por seus alunos. O grupo viajou cerca de 2300 quilometros para prestigiar o primeiro professor de biologia do local a concluir seu mestrado. Com o apoio da Prefeitura Municipal, que disponibilizou um ônibus para a viagem de dois dias de duração, os alunos puderam participar da realização do sonho do professor, que hoje é motivo de orgulho e exemplo de força e perseverança. A vinda à capital mineira despertou nos alunos de Redenção o sonho de um futuro acadêmico. PÁGINA 6


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Comunidade

editorial

Conhecimento que ultrapassa fronteiras

Arena da Cultura promove interação BÁRBARA SIER EMÍDIO 2º PERÍODO

BÁRBARA SOUTO 3º PERÍODO

Cumprindo o seu papel de informar os leitores, o MARCO chega a sua edição 309, com boas histórias e novos personagens. Como o aluno do mestrado, Ricardo Rozette, que defendeu, neste mês, sua dissertação na pós-graduação de Ciência e Matemática. Além de realizar o seu sonho, sua cidade, Redenção, no Pará, mobilizou-se e o prefeito fretou um ônibus para que seus alunos viessem prestigiá-lo. Ricardo Rozette é o primeiro professor de biologia a adquirir o título de mestre em sua cidade. Além do título conquistado, a viagem contribuiu para despertar nos alunos o interesse em cursar uma gradução e também pós-gradução. A experiência demonstra, assim, a importância da educação na vida desses estudantes. Outra história sobre mobilização contada para nossos leitores é a da “Biblioteca Popular Geladeira da Alma”. O projeto, idealizado por Luiz Fernando de Castro, professor de rugby, foi criado para promover e facilitar o acesso aos livros. Luiz Fernando instalou uma geladeira na rua em que mora, em Sete Lagoas, onde qualquer pessoa pode retirar e doar livros. Apesar das dificuldades enfrentadas nos seus três meses de existência, a “Biblioteca Geladeira da Alma” contou com a mobilização da comunidade para superá-las, primeiro com a doação de uma nova geladeira e segundo com a disponibilização de um espaço para sua instalação. Além disso, neste momento de conscientização sobre a responsabilidade de economizar a água, o MARCO conta com matérias que relatam a mobilização de cidadãos para preservar este recurso natural cada vez mais escasso. O MARCO traça ainda o perfil da Zilda Vieira, a doceira que há 15 anos vende seus quitutes na calçada da Rua Coração Eucarístico de Jesus. Com repórteres empenhados e comprometidos, a edição 309 foi produzida com o objetivo de despertar a curiosidade e o interesse de nossos leitores.

errata A MATÉRIA “Cine Brasil abre suas portas”, publicada na edição 308 do MARCO, é de autoria das alunas Juliana Silveira e Priscila Melo, ambas do 6º período.

expediente jornal marco

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br | e-mail: jornalmarco@pucminas.br Rua Dom José Gaspar, 500 | CEP 30.535-610 | Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte | MG | Tel: (31) 3319-4920 Sucursal Puc Minas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 | CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel | Belo Horizonte | MG | Tel: (31) 3439-5286 Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Prof. Ércio do Carmo Sena Cardoso Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Francisco Braga Coord. do Curso de Comunicação / S.Gabriel: Profª. Alessandra Girard Coordenador do Curso de Jornalismo (S. Gabriel): Prof. Jair Rangel Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditores: Profª. Júnia Miranda e Prof. João Carlos Firpe Penna Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Monitores de Jornalismo: Ana Clara Rodrigues, Bárbara Souto, Isabela Andrade, Juliana Gusman, Mariana Campolina Monitores de Fotografia: Camila Navarro, Lucas Félix Monitor de Diagramação: Elisa Ferreira CTP e Impressão: Fumarc. Tiragem: 12.000 exemplares

Alunos de várias idades, classes sociais distintas e com carga cultural variada compõem o caráter de inclusão e enriquecem as aulas de violão que acontecem no Centro Cultural Padre Eustáquio, na famosa Feira Coberta. Dedicadas às pessoas a partir dos 12 anos, a oficina faz parte do projeto Arena da Cultura e pretende levar à população maior contato com a cultura e arte. O grande número de alunos inscritos nas aulas de introdução ao violão no Centro Cultural Padre Eustáquio proporcionou uma diversidade riquíssima para as duas turmas que foram formadas. O professor responsável pela oficina de violão, Helvécio Viana, 48 anos, afirma que a diversidade é uma proposta do Arena da Cultura e o que cada aluno traz culturalmente é bastante valorizado para enriquecer as aulas. “A gente entende que a mistura de jovens, adolescentes e adultos é uma forma positiva. Diferentes de outros contextos educacionais em que há certa limitação’’, diz Helvécio. As turmas do projeto Arena da Cultura são bem heterogêneas. Matheus Gon-

Projeto Arena da Cultura oferece aulas de violão como incentivo à cultura

çalves de Avelar, 12 anos, fã de Bob Marley, já havia feito aulas de violão, mas se inscreveu nas aulas do professor Helvécio porque pretende montar uma banda de Reggae futuramente. Dentre outros alunos, temse a participação ilustre de uma aluna deficiente visual, que participa ativamente das aulas. Completando a diversidade, Anita Ferreira Tavares, 60 anos, por ter esclerose múltipla, faz musicoterapia há 13 anos e conta que tem contato com outros instrumentos além do violão, como piano e o canto. Anita conta o motivo de começar a frequentar as aulas: ‘‘Estamos até

gravando um CD pela musicoterapia. A gente canta e alguns tocam violão. No próximo CD, se Deus quiser, quero tocar violão também’’. Como as aulas são de iniciação, a abordagem é focada no aprendizado teórico e prático que independe se é violão erudito ou popular. Durante as aulas os alunos não precisam levar o instrumento. Porém, devem ter um violão para treinar as lições. As aulas começaram no dia 30 de agosto e vão até o início de dezembro. “O mais interessante é o processo de aprendizagem, mas geralmente a gente consegue a montagem de

Bárbara Souto

alguma peça, algum musical aberto ao publico’’, conclui o professor. O projeto Arena da Cultura é da Fundação Municipal de Cultura e está presente em vários centros culturais de Belo Horizonte , com objetivo de divulgar e levar à população oficinas artísticas e culturais. O Centro Cultural Padre Eustáquio recebe outras oficinas do Arena como as de teatro, circo e outras de curta duração. As inscrições de novas oficinas devem ser feitas pessoalmente e dentro do prazo estabelecido. Outras informações pelo telefone do CCPE (31) 3277-8394.

Projeto leva arte à Beira Linha

ANA CLARA CARVALHO 3º PERÍODO

O Projeto Beira Linha, da pastoral da PUC Minas São Gabriel, desenvolve diversos projetos relacionados à região Beira Linha. É uma área muito carente, seja do ponto de vista sócio-econômico, como na infra-estrutura e tráfico de drogas, além de ser muito próxima da universidade. O projeto “Beira Linha Desenhando a sua história” se associou ao projeto Beira Linha em 2013 e veio com a proposta de levar a arte para a vida dos jovens de 9 a 18 anos que viviam nesta região. Em 2014, o projeto mudou de nome, para “Arte na Beira Linha: Fotografia, Grafite e Cia”, e ampliou suas metas. Segundo Marta Neves, coordenadora do projeto, seu objetivo central ainda é desenvolver atividades artísticas e levar, além do grafite, a fotografia para ampliar o conhecimento dos alunos. Mas, segundo eles, o grafite ainda é a atividade preferida e que gera cada vez mais vontade de permanecer no projeto. Segundo Rafael Lucas Vilela Gomes, de 12 anos, aprender mais sobre grafite e desenho é o seu objetivo principal. Já o aluno João Vitor Gomes Neves, de 13 anos, acredita

que pode encontrar, através da arte, a sua possível profissão no futuro. Para Marta Neves, inserir moradores da região do Beira Linha para o projeto ainda é uma contribuição pontual, mas que incentiva o diálogo entre universidade e comunidade externa, além de favorecer os alunos. “Eles passam a se enxergar como criadores, pessoas que tem algo para dizer através da arte”, afirma. Segundo o aluno Roberto Vivela da Silva Neto, 12 anos, arte é a palavra que mais determina o projeto e é através dela que a extensionista Bárbara Cristina Lima, 22 anos, aluna de Publicidade e Propaganda da PUC Minas São Gabriel, acredita que traz mudanças significativas na auto-estima dos alunos. “Através da arte eles são capazes de expressar suas baixas auto estima e melhorarem”. Além disso, acredita que o convívio e a noção de grupo proposta pelo projeto favorecem o rompimento de barreiras pré estabelecidas pela sociedade, que muitas vezes atrapalham o desenvolvimento artístico e também a própria auto-estima dos alunos. O projeto desenvolve atividades de fotografia através de câmeras analógicas,

Arte é estimulada em região carente de BH

cedidas pela pastoral, fotogramas, além de técnicas como ‘Pinhole’ e ‘light painting’, que, possivelmente, nenhum dos alunos tiveram algum contato anteriormente. Nessas práticas ainda é lançada a noção de reciclagem, por utilizar materiais como latas, caixas de sapato, papelão e fósforo para a montagem das câmeras para a técnica ‘Pinhole’. Além de utilizar a imaginação e criatividade dos alunos ao máximo. As fotos produzidas são scaneadas e geram o material para a realização de “stickers”, com colagens e desenhos que são espalhados dentro e fora da universidade, propondo uma intervenção no espaço. Já o grafite, realizado através

Ana Clara Carvalho

de propostas de desenhos feitos em sala, são levados ao muro do PUC Minas do Anel Rodoviário. As atividades acontecem todo os sábados, de 14h às 17h , na PUC Minas São Gabriel, e possuem a colaboração dos extensionistas Ana Clara Carvalho e Graziele Silva, estudantes de jornalismo, Barbara Cristina e Gabriel Augusto estudantes de Publicidade e Propaganda e Yan Rodriguez, estudante de Ciências Sociais. O projeto também conta com a participação do artista plástico Fernando Cardoso e com a colaboração do laboratório de Fotografia da PUC Minas, coordenado por Henrique Cacique.


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Comunidade

Calor requer cuidado dobrado Consumidor deve conhecer a legislação e ficar de olho no controle referente ao armazenamento de alimentos vendidos na rua diante das altas temperaturas, principalmente nesta época do ano ELISA FERREIRA 4º PERÍODO

Os termômetros já registram as altas temperaturas do verão que está cada vez mais próximo. Para enfrentar o calor, os belo-horizontinos tendem a optar por programas alternativos na cidade, como visitas a parques abertos, clubes, entre outros. Este fato estimula o consumo de alimentos vendidos nas ruas. Embora essas opções sejam mais práticas, o cuidado com o local e armazenamento devem ser levados em consideração na hora da escolha. Nessa estação do ano, o corpo humano está mais suscetível à intoxicação alimentar, uma vez que se torna mais difícil conservar os alimentos no clima que tem por característica a temperatura e a umidade do ar elevadas. Desse modo, apesar das diversas motivações que levam ao consumo de alimentos nas ruas, é preciso ter cautela e tomar cuidado na hora de escolher a opção que traz menos possibilidade de causar as Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs). Essas patologias se relacionam com a ingestão de alimentos que não passaram por um processo correto de conservação. São elas as responsáveis por sintomas como enjoos, náuseas, vômitos e diarreia, que se tornam mais graves em crianças e idosos. O local de armazenamento desses mantimentos é o grande responsável pela chance de contaminação, que se dá, por exemplo, por meio da não realização das práticas de higiene como lavar as mãos, e também da não

conservação dos produtos sob temperatura adequada de refrigeração. Além desses fatores, o contato com a poluição urbana aumenta as condições de contaminação por microorganismos, roedores e insetos. No Bairro Coração Eucarístico, a presença dos trailers e carrinhos de alimentos é constante. Por volta das 17h é possível encontrá-los em grande número em frente à PUC Minas. O local é estratégico para atrair as pessoas que passam por ali para chegar ou sair da universidade, ir para o trabalho ou também para suas casas. Estes são os possíveis consumidores que têm como principal justificativa para o consumo de alimentos como cachorro-quente, sanduiches e macarrão, a praticidade. Este motivo é o que leva o estudante de direito, André Carvalho, a sempre comprar sanduiches e salgados de vendedores ambulantes. A prática do universitário já trouxe algumas consequências. “É muito difícil nos dias atuais parar para fazer as refeições em casa, mas independente disso, não abro mão de comer algo, por isso acabo optando por me alimentar na rua, embora eu já tenha tido diversos históricos de intoxicações alimentares”, relata André. As intoxicações que ele já teve, em alguns casos, foram causadas pelo consumo de maionese. O alimento, rico em gordura e ovos, não pode ser comercializado nesses locais se a sua procedência for caseira. Segundo a Vigilância Sanitária, o comerciante deverá usar obrigatoriamente sachê individual para o armazena-

No Coreu, vendedores ambulantes de alimentos estão em dia com a legislação

mento do condimento, que deve ser industrializado. A procedência dos alimentos é um aspecto que passa despercebido aos olhos do consumidor. “Não procuro saber a origem dos alimentos e nem como eles foram preparados. Acabo comprando aquele que é a opção mais rápida”, relata André, que acredita ser um direito de todos ter segurança na hora de comprar qualquer alimento. “As condições de higiene do local devem ser fiscalizadas pelo município constantemente. Poder ter segurança de se alimentar em um local limpo é um direito do cidadão, embora muitas vezes isso seja deixado de lado, o que traz diversas consequências negativas para o consumidor”, aponta o estudante. De acordo com a Secretaria de Administração Regional Municipal Noro-

este, todos os vendedores de alimento que estão localizados no Coreu, precisam estar de posse de uma licença cedida pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte para realizar o comércio. A autorização possui um prazo determinado e precisa ser constantemente atualizada. “A fiscalização é realizada regularmente no bairro. Recentemente uma equipe de fiscais realizou uma vistoria geral nas barracas, que possuem, todas elas, a licença autorizada”, afirma Lilian Lopes, representante da Regional Noroeste. Vendedora de cachorro-quente há dois anos no Coração Eucarístico, Flor sempre procurou manter sua licença atualizada, mas afirma que no princípio foi preciso pedir um prazo à fiscalização. “No início do processo de reunir a documentação para pedir a au-

Lucas Félix

torização, me deparei com os valores muito altos para quem está começando um negócio. Os fiscais, nesta situação, dão um prazo para que em uma nova vistoria, a situação esteja regular”, relata a comerciante. A documentação regular é uma garantia que o consumidor tem em relação ao que irá consumir. Entretanto, ele precisa ficar atento a outros fatores como a exposição e o acondicionamento dos alimentos, os utensílios utilizados no preparo e também os próprios vendedores. Segundo Flor, o carrinho, que está prestes a ser trocado, possui caixa térmica forrada por isopor e inox. “Nessa caixa é que eu transporto os alimentos frios, que são colocados em vasilhames cobertos por gelo. Estou trocando esse carrinho, pois apesar de prezar por manter todas as exigên-

cias em dia, acredito que a aparência conta na hora do cliente escolher o produto”, afirma a vendedora. O fator da aparência, citado por Flor, também está dentro das normas ditadas segundo a Gerência de Vigilância Sanitária. Uma das exigências é que os manipuladores façam o uso de vestuário adequado de cor clara, além do uso de avental e protetor de cabelos. Após o prazo para regularização, os comerciantes que ainda não cumprirem as exigências poderão sofrer punições, que vão de autuação (multa) até a apreensão dos produtos. Além da fiscalização oficial, o comércio irregular que não possuir boa condição de armazenamento de alimentos, pode ser denunciado através do número 156.

PUC abre complexo esportivo à comunidade GUSTAVO MASSENSINE VITOR FERNANDES 2º PERÍODO

O Complexo Esportivo da PUC Minas, unidade Coração Eucarístico, foi aberto parcialmente para visitantes que não são vinculados à instituição de ensino, mas que podem usufruir de atividades ali oferecidas. A academia, pertencente ao Complexo, que era utilizada apenas por funcionários e alunos da PUC, agora pode ser usada por qualquer pessoa que deseje fazer atividades físicas e procure a instituição para se matricular. A utilização da academia é condicionada ao pagamento de uma mensalidade de R$ 119, por parte de todos frequentadores, contando com cerca de 700 pessoas matriculadas, sendo de 250 a 300, pessoas não vinculadas à instituição,

com faixa etária predominante de 45 a 60 anos. O biólogo André Rocha Franco, que faz musculação na academia da Universidade, escolheu frequentar o local pela comodidade, por ser próximo do trabalho. Ele faz atividades físicas no complexo de quatro a cinco vezes por semana. André comenta que gosta muito do lugar e conta que além de fazer os exercícios, a convivência com as pessoas é muito boa, mas reclama do preço. “O preço aumentou agora e realmente ficou um pouco fora do padrão. Das academias do entorno da PUC, é uma das mais caras, o valor cresceu em 20%, só fico aqui mesmo pela facilidade”, afirma. O aposentado Vando Marco de Souza conta que escolheu o local para malhar pelo fato dos filhos terem estudado na PUC. “Faço musculação

aqui, de segunda a sextafeira, venho com minha esposa, gosto muito daqui. Mesmo achando o preço, de R$ 119 reais, um pouco elevado”, diz. Segundo o coordenador desportivo, Brucce Cota, o Complexo Esportivo também está sendo usado como centro de treinamento e foi aberto para atletas, exclusiva-

mente paraolímpicos, e integrantes de alguns projetos, com participação gratuita. “As pessoas da comunidade, vinculadas a algum projeto oferecido pelo Complexo, as pessoas que não sejam da comunidade acadêmica, elas só têm frequência autorizada mediante a participação em algum programa”, diz. São oferecidos projetos

como os grupos de capoeira, dança e ginástica, e os inscritos, tem acesso somente a esses projetos, com acesso não permitido às piscinas, quadras e o restante da infraestrutura. O Complexo conta com parceria da Associação dos Deficientes Visuais de Belo Horizonte (Adevibel), e os atletas paraolímpicos integrantes

Visitantes não vinculados à PUC Minas agora podem usufruir da área do clube

Lucas Félix

dos projetos de atletismo e de natação, podem treinar nos horários específicos determinados para as atividades. Já atletas de outros projetos, têm acesso permitido de 7h às 9h e de 17h às 19h, de segunda a sexta, na pista de atletismo. Aos fins de semana o acesso é restrito à comunidade acadêmica. O centro de treinamento de atletismo conta com atletas de ponta, como a terceira colocada nas paraolimpíadas de Londres e o terceiro colocado do ranking brasileiro paraolímpico de saltos. Ivanir Aparecida Ferreira, 41 anos, trabalha em uma firma de telemarketing e é atleta. Ela treina na pista de atletismo da PUC. “Estou treinando agora para o campeonato mineiro, vou correr a prova dos 400 metros nessa competição”, conta.


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Comunidade

Faltam bancos no São Gabriel Sem serviço bancário, moradores e comerciantes são obrigados a se deslocar a bairros vizinhos para conseguirem utilizar o serviço, ou a recorrer à agência lotérica, que tem atuação limitada

Lotéricas substituem agências bancárias no SG, mas não suportam demanda GIOVANNA DE PAULA 8º PERÍODO

Com a realização de grandes obras no São Gabriel, nos últimos anos, a região tem crescido em número de estabelecimentos comerciais e habitantes. No entanto, o bairro permanece sem nenhuma agência bancária. A população, estimada em 40 mil pessoas, conta com uma casa lotérica e alguns caixas 24 horas, para realizar os serviços

básicos de saques e pagamentos. “Faz uma falta enorme”, observa o comerciante Juscelino Rodrigues, 51 anos, a respeito da necessidade de bancos na região. Para ele, o deslocamento até a agência mais próxima, que fica em outro bairro, acarreta perda de tempo e dinheiro. Segundo o comerciante, o serviço bancário é essencial para o local, que vem crescendo em es-

tabelecimentos de vendas, sobretudo na Rua Anapurus. Conforme Reinaldo Gomes (PMDB), 45 anos, que em 2012 ficou como suplente de vereador e que mora na região desde a infância, já foram realizadas várias tentativas de trazer bancos para o Bairro. De acordo com ele, já foi instalada uma agência do Banco do Brasil e do correios em uma loja na Rua Anapurus,

Karen Antonieta

contudo, a Prefeitura de Belo Horizonte não concedeu o documento habite-se, que regularizaria a permanência dos serviços no local. Reinaldo disse que os responsáveis pelos bancos alegam que o Bairro São Gabriel não possui a quantidade de empresas necessárias para a instalação de agências. Para ele, a vinda do Terminal Rodoviário para a Região pode ser um incentivo à

implantação desses ser viços no Bairro. Luiz Henrique de Souza, 21, reside no São Gabriel há 12 anos, e também acredita que a vinda do terminal rodoviário pode criar novas oportunidades de serviços na Região. No entanto, ele teme que esse novo empreendimento traga também violência. A respeito da necessidade de bancos no bairro, Luiz comenta que apenas a casa lotérica não consegue suprir a população, pois os serviços oferecidos por ela são restritos se comparados aos das agências bancárias. “Em dias de pagamentos, a fila da casa lotérica vira o quarteirão inteiro”, destaca o morador. Reinaldo Gomes, mais conhecido como Preto do Sacolão, diz que o Bairro São Gabriel cresceu nos últimos anos. Segundo ele, isso ocorreu porque o local é cercado por vias de acessos importantes, como o Anel Rodoviá-

rio, a Avenida Cristiano Machado, a Via 240 e a Rua Jacuí, o que possibilitou a vinda de obras importantes, como a Estação São Gabriel. Todavia, ele reconhece que o Bairro ainda necessita de obras de melhorias. Como exemplo, ele aponta a necessidade da criação de mais Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEIs) e a instalação do horário noturno na Escola Estadual Adalberto Ferraz. Os moradores também sentem a necessidade de outros serviços, como a instalação da agência de Correios, apontada pelo comerciante Juscelino Rodrigues. Já a secretária Adrielle Fernanda, 23, que vive na região desde que nasceu, sente a necessidade de um centro comercial mais abrangente, que ofereça mais opções de produtos aos moradores e ao mesmo tempo oportunidades de lazer.

Carência de lazer também é alvo de reclamações CYNTHIA NOGUEIRA 4° PERÍODO

O São Gabriel é um bairro de classe média baixa, localizado na região Nordeste de BH, próximo a diversas vias de grande circulação, como o anel rodoviário e a Avenida Cristiano Machado. Muitos moradores reclamam da falta de entretenimento e lugares adequados em que as crianças e adultos possam se divertir e passar o tempo. Na região encontram-se vários aglomerados e observa-se ausência de praças seguras e bem organizadas. Os moradores ficam ilhados e sem alternativas, como relata Alan Hudson Ferreira dos Santos. “O bairro é pobre em lazer diverso, não tem absolutamente nada. Tem bastante restaurantes e barzinhos, mas não são lugares familiares para se passear com a família. São mais lugares para bagunça”, reclama o técnico em informática e eletrônica,

de 38 anos. Uma das unidades da PUC Minas, que está sediada no bairro, faz constantemente produção de eventos e atividades que contam com a participação dos moradores. Alan Hudson comenta que “Fora a PUC, só em época de eleição que alguns candidatos lembram-se do bairro e fazem alguns eventos aqui para conquistar votos”. Além disso, o morador afirma que o bairro poderia ter mais praças e campos de futebol para as crianças, coisas simples, mas que, segundo ele, trariam entretenimento e evitariam que elas passassem tanto tempo nas ruas. Com todos esses problemas, a comunidade ainda sente muita falta de distrações e lazer. O lugar mais próximo do bairro para essa finalidade é o Minas Shopping, que está localizado à Avenida Cristiano Machado. Segundo a moradora e comerciante,

Campo de futebol mal cuidado no São Gabriel, carente de opções de lazer

Aleide Souto Flauzino, 37 anos, o bairro poderia oferecer campeonatos de esporte, tanto femininos quanto masculinos, servindo de incentivo para chamar a atenção das crianças e ocupá-las por mais tempo. Rafael de Moura Barbosa, 11 anos, diz não ter muitos lugares para ir, principalmente aos fins de semana. “O bair-

ro oferece praças sim, mas são muito mal cuidadas e largadas. Então a nossa distração é visitar os amigos”, diz o estudante. Rafael Barbosa acredita também que deveria ter, nas praças, mais responsáveis, pois frequentemente encontram-se pessoas fazendo uso de drogas no local, principalmente à noite. “No bairro existe um

campinho de futebol, mas não funciona, está abandonado e mal cuidado”, comenta o aposentado Airton Jose Florêncio, 75 anos, morador do bairro. Ele também reclama dos restaurantes e da falta de agências bancárias no local. Para Airton, os restaurantes e bares não são bons e a inexistência de agências bancárias faz muita fal-

Cynthia Nogueira Pereira

ta. Dessa maneira muitos moradores precisam se deslocar para outras regiões para realizar consultas ou operações bancárias (Leia matéria no alto desta página). Em relação às loterias o bairro também se encontra em condições de carência, pois só existe uma para satisfazer as necessidades de todo o bairro.


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Comunidade

BRENO CÉSAR CARDOSO JOÃO PEDRO TORMIM LOPES 2° PERÍODO

Fundada em 2005, a Escola Cavalinho de Pau é referência de educação infantil na região do São Gabriel. Fazendo parte do programa Unidade Municipal de Educação Infantil, (Umei), crianças de zero a cinco anos são atendidas em períodos parciais e integrais, tendo o dever de atender de forma qualificada as crianças belo-horizontinas. A escola também se destaca pelo bom trabalho desempenhado com alunos portadores de necessidades especiais. A escola possui um cronograma que desenvolve a disciplina e organização criando uma programação diária, tendo os horários das refeições, brincadeiras, eventos dentro da escola e diversas atividades recreativas, estimulando o desenvolvimento social e intelectual. A Umei conta com 45 funcionários, sendo que 26 deles professores formados em pedagogia e cinco auxiliares de inclusão, que são estudantes do ensino médio que fazem pequenos cursos de capacitação oferecidos pela prefeitura. Os pais ou responsáveis, que se interessam em matricular seus filhos nas UMEIs devem fazer inscrição em qualquer unidade e concorrem as vagas, entretanto 70% delas são prioritárias para casos com maiores vulnerabilidades, como filhos de ex-presidiários ou beneficiários de algum programa social do governo, e os 30% restantes vão para os demais alunos. Para as crianças com

deficiência ou com medidas de proteção, a matrícula é um serviço obrigatório, sendo necessário um documento que comprove a condição da criança. A Escola Cavalinho de Pau possui 182 alunos, 10 deles portadores de necessidades especiais: paralisia cerebral, autismo, deficiência cognitiva, anemia falciforme, deficiência renal e deficiência visual. Todos possuem cuidados que se adequam às suas necessidades. Em casos que os alunos que possuem intolerância com algum alimento, o nutricionista é colocado a disposição da escola, readaptando o cardápio mediante a apresentação de receitas médicas. A vice-diretora Ana Amélia Oliveira Pereira, 38 anos, sente-se gratificada em trabalhar na escola e, principalmente, em ver o desenvolvimento das crianças que antes tinham dificuldades de se socializar, e que hoje estão alegres e bastante participativas. “Tem dois casos que me marcam. Um de uma criança com paralisia cerebral, que quando chegou aqui não falava e com o passar do tempo se desenvolveu muito bem, socializando com outras crianças. O outro caso é de uma criança com autismo que os pais diziam que nenhuma escola particular que procuravam a aceitava, e depois de vir até a nossa escola gostaram, e a criança hoje progrediu significativamente”, conta. Para Ana Amélia Pereira, a grande dificuldade de trabalhar na diretoria da escola é a questão administrativa. Algumas vezes recebe o auxilio de gesto-

Escola é referência em educação infantil Cavalinho de Pau, localizada na região do São Gabriel, faz parte do programa Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei)

Escola se destaca pelo bom desempenho com alunos portadores de deficiência

res, mas são os membros da direção que resolvem a questão administrativa no dia a dia. A prefeitura disponibiliza tudo que a escola precisa, contanto que a instituição solicite e coloque no orçamento do mês. A empresária Niely de Souza Dias, 43 anos, mãe de João, 3, portador de deficiência visual, tece muitos elogios a Umei e diz que ficou surpresa com a forma com que seu filho foi acolhido e a capacidade dos profissionais de se

adaptarem as necessidades do menino, que em apenas uma semana foi o suficiente para a sua inclusão. “Antes de estudar no Cavalinho, ele era muito dependente, quieto. Pensamos no início que tinha algo além da pouca visão. Hoje, ele faz muitas coisas, evoluiu muito. Eu e meu marido acreditamos que a escola estimulou os sentidos dele”, afirma. João está tão contente, que não pensa em outra coisa que não seja a escola. A mãe fica de-

sanimada ao lembrar que o filho tem somente mais dois anos para estudar na Umei, já que o limite é de cinco anos. “A partir do ano que vem a escola irá receber material para atender as necessidades de aprendizagem de alunos com dificuldades visuais, como no caso do João. Precisamos de capacitação dos profissionais que já trabalham conosco para o Braille, mas enquanto isso, nós inserimos o João dentro dos re-

Breno César Cardoso

cursos que já temos, sempre com criatividade”, diz Ana Amélia Pereira. O conceito de escola municipal mudou totalmente para Niely, principalmente depois que conheceu a escola, antes acreditava que por ser algo público seria de pouca qualidade, mas foi comprovado que esse pensamento não é verdadeiro, superando muitas vezes escolas infantis da rede privada.

Salões de beleza são opções de investimento

Salão especializado no público masculino faz sucesso no São Gabriel GIOVANNA DE PAULA KAREN ANTONIETA 8º PERÍODO

Para os clientes é o lugar onde se tem a chance de ficar mais belo ou mais parecido com um personagem famoso, mas para os proprietários é a oportunidade de investir em um próspero empreendimento. Os salões de beleza têm despontado na lista de negócios em crescimento no Brasil. De acordo com levantamento feito pelo Serviço de Apoio às Pequenas e Microempresas (Sebrae), em 2013,

são abertos cerca de 7 mil novos estabelecimentos na área de beleza, por mês, no Brasil. Essa ealidade não é diferente no Bairro São Gabriel, onde mais estabelecimentos surgem para oferecer serviços de beleza à população. Alegria e profissionalismo são os ingredientes usados pelo Salão Vip Space, localizado à Rua Anapurus, Bairro São Gabriel. O salão oferece serviços gerais de beleza há mais de dois anos na região, sempre em busca de deixar suas clientes mais charmosas e felizes. O proprietário Tiago Vas-

Karen Antonieta

concelos, conhecido como “Pitty Mikaelly”, já trabalhava no ramo, em principio no salão de seu pai, e depois quando entrou em sociedade com alguns colegas de profissão. Ele resolveu investir no próprio negócio, após juntar dinheiro por oito anos. “Eu gosto de mexer com a autoestima da mulher, adoro quando ela sai do salão feliz, é agradável ela se sentir bem consigo mesma”, diz. Tiago chegou a fazer curso em Portugal, para se aprimorar no universo da estética. Foi lá que surgiu a idéia para o nome do salão.

“Uma amiga que morava comigo em Portugal falava desse nome comigo [Vip Space] e desenhou umas borboletas em volta. Isso me chamou a atenção e quando foi o dia de abrir meu salão eu peguei esse nome, achei muito especial”, lembra. Ele pensa em melhorar o salão do São Gabriel e abrir uma filial no Bairro Sagrada Família no futuro, por acreditar que o serviço de salões de beleza lá ainda é insuficiente. O Salão Vip Space é legalizado e possui alvará de funcionamento. “Faz diferença ter um salão registrado, isso mostra que somos sérios, que não somos qualquer salão”, reitera Tiago. O funcionário do salão Vip Space e cabeleireiro Leone Marcos acredita que a procura por salões aumentou nos últimos tempos porque muitas mulheres querem ficar sempre arrumadas e bonitas. Além disso, ele garante que o sucesso de um salão está em se manter atualizado em relação às novas tendências. “A gente nunca pode ficar em atraso. Tem que fazer pesquisas, ver como andam as tecnologias. Estamos em busca de novas técnicas. Este é o diferencial”, afirma. Leone pretende fazer mais cursos e trabalhar ainda

mais. “Hoje, financeiramente falando, você não pode ter apenas um único serviço. Eu, por exemplo, estou pensando em vender produtos de beleza e aumentar minha renda”, alega. A manicure Ana Carolina Mendes Ferreira trabalhava em casa e agora faz parte da equipe do salão. Ela alega que a maior dificuldade é manter preços mais baixos. “Os produtos de cabelo e manicure estão caros hoje em dia”, justifica. RAÇAS CABELEIREIROS A vaidade, no Bairro São Gabriel, não está restrita ao universo feminino. À medida que cresce o número de salões na região, aumenta também os estabelecimentos que oferecem serviços para a beleza masculina. “Quem não gosta de estar mais arrumado, com o cabelo cortado e a barba feita?”, indaga o proprietário do Salão de Raças Cabelereiros, Breno de Barros Leite. Ciente dessa realidade, Breno e o irmão, Bruno de Barros Leite, abriram um salão masculino há um ano, também à Rua Anapurus, principal ponto comercial do São Gabriel. A idéia de investir em um empreendimento próprio, surgiu após os irmãos trabalharem cinco

anos em um estabelecimento semelhante no bairro vizinho, Nazaré. Os proprietários do salão Raças Cabeleireiros possuem curso na área em que atuam e atendem clientes de todas as faixas etárias. Breno acredita que a principal estratégia para atrair e fidelizar clientes é o serviço bem feito. “Se o cliente gostou do serviço, com certeza ele vai voltar”, comenta. Os irmãos cabeleireiros trabalham de segunda a sábado, das 8h às 20h e não investem em divulgação. De acordo com eles, os próprios clientes indicam o serviço para conhecidos. Outro fator que atrai o público, segundo Breno, é o fato do salão estar localizado ao lado da única casa lotérica existente no Bairro, o que permite trânsito maior de pessoas na porta do Raças Cabeleireiros. Breno comenta que o serviço mais procurado pelos homens é o corte de cabelo. Ele conta uma curiosidade que muitos chegam ao salão com um pedido semelhante: “quero o corte do Neymar”. Segundo ele, para quem está na profissão há mais tempo, é fácil pegar as novas tendências de corte e entender os pedidos dos clientes.


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BRUNA VOLPINI LARISSA BARROS 4º PERÍODO

Redenção, uma pequena cidade do Pará, com aproximadamente 80 mil habitantes faz história juntamente com a PUC Minas, Unidade Coração Eucarístico. Ricardo Rozette, 40 anos, é o primeiro professor de biologia da cidade que concluiu seu mestrado, realizando uma defesa de dissertação diferenciada na Pós Graduação de Ciência e Matemática. Com a ajuda do prefeito Vanderlei Coimbra, que contribuiu com o fretamento de um ônibus no valor de R$15mil, foi possível a realização do sonho não somente do mestrando como de seus alunos, que como participantes do projeto, viajaram 2.300 quilômetros para verem o professor de biologia alcançar essa conquista. A defesa aconteceu no dia nove de outubro, no prédio 20, às 14 horas, com a banca composta pela professora doutora Cláudia Vilhena Sabino, o PhD em Geografia, João Francisco de Abreu e a professora doutora Eliane Gazire e tinha como tema o ‘Passo a passo para se montar uma feira de ciências com os temas reciclagem e reutilização’ onde foi apresentado um manual didático. Totalizando 24 passageiros, o ônibus saiu de Redenção no dia quatro de Outubro, chegando a Belo Horizonte dois dias depois. O professor veio acompanhado de alunos das duas escolas que leciona, Escola Estadual Paula Muniz e Escola Christo Rei, além de três professoras, dentre elas,

Campus

Mestrando mobiliza alunos de Redenção

Alunos de Ricardo Rozette, professor de biologia, viajaram 2.300 quilômetros para vê-lo defender sua tese de mestrado

Prefeito de Redenção, Pará, freta um ônibus para os alunos de Ricardo Rozette

sua esposa. Graduado na UNESP, Ricardo escolheu a PUC Minas para a realização do mestrado pela praticidade que o curso semipresencial oferece. Apesar de ser um curso modular, é necessário vir à universidade em uma sexta-feira e um sábado por mês, além das três semanas em períodos de férias escolares (janeiro e julho), sendo possível conciliar o trabalho com os estudos para a dissertação. “Eu não poderia parar de trabalhar para fazer o mestrado, então a PUC ofereceu uma modalidade que coube direitinho no meu projeto de vida. Eu vinha todos os

meses, assistia o módulo e voltava para o meu trabalho e para a minha família”, conta Ricardo. O curso foi apresentado a Ricardo, por um colega de trabalho que há pouco havia se tornado mestre na Universidade aos cuidados da professora doutora e também orientadora Cláudia Sabino. “É muito legal ver esse envolvimento de toda a cidade. É bonito ver como eles estão dando tanta importância para a educação. Eu fico muito orgulhosa de ver como essas regiões do Brasil menos favorecidas estão valorizando isso. Os alunos nunca vão esquecer essa experiência”,

emociona-se a professora. A dissertação possibilitou ganhos muito superiores ao título de mestre. Para Ricardo, esse projeto pode ser considerado um divisor de águas na vida dos alunos. A mudança de comportamento com relação à reutilização e reciclagem, à preocupação com o meio ambiente, e o sentimento despertado de exercer uma graduação e até mesmo uma Pós-Graduação faz com que este se sinta realizado por ser uma influencia positiva para cada um deles. “Esses alunos mudaram muito. Nós tínhamos alunos muito retraídos, nós tínhamos alunos com casos

Bruna Volpini

de indisciplina, nós tínhamos alunos que não queriam estudar e esse quadro mudou. Nessa semana que nós estamos aqui eu percebi na fala deles essa transformação. Eles estão comprando livros, pesquisando na internet onde tenha vestibular que eles possam fazer no ano que vem. Essa experiência abriu os horizontes deles. Para mim, o resultado maior é o de proporcionar a um aluno de uma cidade pequena no interior do Pará, que não tinha nem sonhos mais, a possibilidade de voltar a sonhar. Isso pra mim já é o suficiente”, ressalta o biólogo. Para os alunos a expe-

riência foi muito além. A viagem foi também uma possibilidade de conhecer uma cidade nova, uma vez que muitos estudantes nunca tinham saído de Redenção e foi um exemplo de solidariedade e união. Alunos, pais e professores se aliaram em prol da efetuação da excursão vendendo rifas, pedindo dinheiro no sinal, produzindo doces e feijoada para arrecadarem o dinheiro necessário para estarem naquela sala juntamente com Ricardo. Porém, o mestrando admite ter passado por inúmeras dificuldades, não só no quesito financeiro. Para muitos redencenses e até mesmo colegas de profissão, o projeto de Ricardo não tinha fundamento e por isso, desacreditaram não somente nele, como em tudo que este apresentava. Cientes de que a feira de ciências realizada nas escolas faria parte da dissertação do professor, os alunos assumiram um papel fundamental na conclusão da mesma, e contemplam os resultados desse projeto como motivo de orgulho para todos os envolvidos. Ricardo é hoje um exemplo de força e perseverança para seus alunos. De colégios distintos, Lara Souza e Maíra Coelho contam que o professor é inspiração para todos e que vendo até onde ele chegou, agora, eles são capazes de acreditar em um futuro acadêmico. “Muita gente falou que a gente não ia conseguir, muita gente mesmo, e ele nunca desistiu. Ele mostrou que é capaz, que dá para acreditar, é bem real”, explica Maíra.

Zilda adoça os dias de estudantes da PUC Minas JAMILLY VIDIGAL 3º PERÍODO

Com um sorriso no rosto e uma vasilha cheia de bombons. É assim a rotina de Zilda Vieira, moradora do Bairro Glória e vendedora de doces na Rua Coração Eucarístico, próximo à entrada principal da PUC. A simplicidade e gentileza revelam 64 anos de muita vivência, com experiências amargas e outras alegres. Mãe e avó, ama intensamente seus “presentes de Deus”. É religiosa e devota de Santo Expedito, aquele em quem confia suas orações diárias. Antes de aposentar-se, há quatro anos, Zilda foi de faxineira a caixa, passando por outras funções. Orgulha-se ao lembrar quando foi promovida de camareira à recepcionista, em pouco tempo, graças à simpatia e competência que cativaram o dono do hotel. Quando ficou desempregada, pre-

cisava de dinheiro para sustentar a família e viu nos bombons uma saída. Cozinhar sempre foi uma paixão. A receita de família é o segredo das delícias fabricadas na casa da filha. Inicialmente, vendia pelas ruas de Belo Horizonte, de porta em porta, bares e pizzarias, mas com a idade e o cansaço, migrou-se para a PUC Minas do Coração Eucarístico. Quando as vendas no interior da universidade foram vetadas e depois de a fiscalização adverti-la duas vezes, Zilda encontrou seu espaço na calçada ao lado do condomínio Key West. Há 15 anos no bairro, apegou-se aos estudantes de modo a sentir falta da presença de “seus meninos”, como maternalmente refere-se a eles. É conhecida pelos alunos da PUC Minas, motoristas de ônibus, taxistas e vendedores ambulantes que dividem a mesma calçada. De segunda a sexta, debaixo de

sol ou chuva, Zilda passa o dia distribuindo sorrisos a quem passa. Marejam-se os olhos ao lembrar a perda da filha Simone, que foi levada em 1987 pela meningite. A primeira filha era parecida com a mãe, moça muito querida por todos. No enterro chovia muito, mas todos os presentes saíram do carro para

despedir de Simone, aquela foi uma grande perda. O sonho de Zilda era ser mãe de menina, e a vida a compensou com mais duas moças e um rapaz, Adriane, Eliane e Renato. Mais tarde vieram os quatro netos queridos. A família é unida e todos se ajudam, a cada dia algum dos filhos leva almoço para a mãe. Além disso, Zilda re-

Zilda, há 15 anos, vende seus quitutes na Rua Coração Eucarístico

cebe visitas enquanto trabalha e os netos se esbaldam com os chocolates, principalmente o caçula, de 10 anos, que sonha em morar com a avó. A “moça dos doces” está presente no dia a dia da maioria dos alunos da PUC e muitas vezes desperta interesse aos curiosos. Foi pauta de alguns trabalhos

Lucas Félix

com fins didáticos e para o blog “Me conte uma história?”, em que contou que descobrira o amor através do nascimento da primeira filha, mas sem deixar de ressaltar o quanto todos os filhos são importantes para ela. “A melhor coisa que aconteceu em sua vida”, diz. Apesar de não morar no Coração Eucarístico, conhece toda a região, todos os pontos de ônibus e para onde levam, por isso, durante o dia recebe muitos pedidos de informação e é ponto de referência. Sabe dos perigos do bairro e preocupase com os jovens que são vítimas da violência todos os dias. Acredita que sua fé em Deus e em seu Santo Expedito faz dela uma mulher protegida, e, aliviada, conta que nunca lhe aconteceu nada de mal durante esses anos. As orações ao sair de casa são imprescindíveis. O coração cheio de sentimentos bons revela uma senhora feliz.


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Campus

Arte é levada à Comunicação

Juliana Gusman

O Fica 13, Festival de Comunicação e Artes, proporcionou aos alunos do curso de Comunicação dois dias repletos de oficinas e palestras, dialogando com a arte que é feita fora da Universidade

como por exemplo nas oficinas, o que a gente aprende dentro da sala. A gente tem uma outra forma de conhecimento, que pode ser o caso do Duelo, da música, intervenções artísticas, e tudo isso. Acho que é sempre bom estimular isso em alunos de comunicação”, conclui.

JULIANA GUSMAN 4º PERÍODO

A Universidade está sempre em busca de formas de dialogar com a sociedade na qual se insere como, por exemplo, com seus projetos de extensão. Mas o movimento inverso também é possível. Foi o que aconteceu nos dias 1 e 2 de outubro na Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas. Com a segunda edição do Fica 13, os alunos da escola puderam receber artistas e professores de fora da Universidade, todos permeados pelo tema: ‘A Arte se manifesta em você. E você, como se manifesta?’. O Fica 13, Festival de Comunicação e Artes, é um evento que teve início em 2013, após uma reunião com o corpo docente da Faculdade. De acordo com o chefe do Departamento de Comunicação, professor Ercio Sena, a criação de oportunidades

Ercio Sena, Glória Gomide e Wanderley Chieppe participaram da abertura do evento

para outros tipos de manifestações é fundamental para o curso. “A ideia do Fica 13 era promover esse encontro com aqueles que estão em processo de formação na escola e também com uma experiência e um diálogo maior com outros que estão fora desse espaço”, explica.

A ideia do nome veio depois, quando foi colocado em discussão entre os alunos. “O NEP (Núcleo de Experimentação Publicitária) organizou uma ‘tempestade de palpites’, falando o que as pessoas achavam da ideia, e propuseram um nome que inicialmente era Festival

Os muitos esforços por trás do Fica 13 A logística de um evento como o Fica 13 não é simples. O planejamento vem ocorrendo desde maio deste ano. A organização contou com a ajuda de alunos voluntários, que tiveram treinamento para participar do Festival. Maria Carmem Borges, professora da disciplina de seminários, conta que o momento mais difícil é quando o evento está se aproximando. “O momento mais complicado é quando vão chegando três a duas semanas antes do evento, aquela parte de fazer confirmações com palestrantes”, relata. “Nessas horas às vezes tem uma pessoa que desmarca, ai temos que achar substituto, nessas horas começam aparecer uns probleminhas que são mais chatinhos de tomar conta. O volume de trabalho também aumenta muito, tanto de cartas, de detalhe, de

comunicado, de telefones. Isso foi cansativo”, completa. Sobre o resultado final, Carmem se diz satisfeita. “O processo mostrou que com planejamento, com envolvimento de todos da equipe, dos laboratórios, dos centros de produção e de pesquisa, de mestrado, todo mundo que contribuiu oferecendo propostas de atividades, que ajudou a organizar, o evento foi uma boa iniciativa. Estou satisfeita”, finaliza. Valério Augusto de Sousa, professor e Coordenador do Centro de Comunicação Integrada, o CCI, vê o Fica 13 como algo altamente positivo. “Há uma interação entre os cursos, algo que é muito difícil fazer, unir dentro de uma única visão para comunicação, trazendo profissionais de alta qualidade. Para comunicação isso é um grande

ganho,” comenta. “Eu espero que isso continue e que seja uma data, um evento do calendário da escola, porque a tendência não é só melhorar, mas fazer com que os alunos percebam um outro olhar da comunicação que não apenas o de estudo. Acredito que o Fica 13 só pode trazer coisas boas não só para o corpo docente, mas para o corpo discente também. Isso é comunicação”, acrescenta o professor. Para Ercio Sena, o futuro do Fica 13 é promissor. “Imaginamos que, no ano que vem, com aquilo que ficar de memória no Fica 13 2014 mais as correções que fizermos no planejamento das atividades para o ano que vem, teremos condições de fazer uma atividade ainda mais ousada, mais interessante e com mais condição de participação dos nossos alunos”, conclui.

Juliana Gusman

Interno de Comunicação e Artes. Ao mesmo tempo Fica é uma coisa, segundo eles, muito próxima daquilo que os alunos imaginam, falam, pensam”, conta Ercio. “Tiramos a questão do 'interno', porque não tinha que combinar necessariamente com o ‘I’ do Fica. Ai ficou Festival de Comunicação e Artes. Fizemos a primeira edição, agora estamos na segunda e achamos que é uma iniciativa importante”, completa. Os dois dias do evento foram contemplados com diversas atividades em todos os turnos. Várias oficinas como de dança, teatro, produção audiovisual e contação de histórias foram oferecidas aos alunos. Palestras sobre jornalismo literário, mídias alternativas e novas formas de comunicação também foram outro atrativo. O Diretório Acadêmico José Milton Santos também proporcionou atividades aos alunos. Trouxeram o caricaturista Bernardo Limão para retratar as caras do prédio 13, ofereceram oficina de estêncil e uma mostra de filtros de sonhos. Além disso, os dois dias contaram com apresentações musicais no hall do prédio 42. Thainá Nogueira, aluna do 4 º período de jornalismo e membro da atual gestão do Diretório Acadêmico, destaca a relevância do Fica 13 para a formação dos alunos: “Eu acho que é sempre um momento histórico do ano. É quando a gente tem a oportunidade de sair da sala para aprender alguma coisa do lado de fora. Isso é muito importante para a formação do aluno porque a gente pode colocar em prática,

PARTICIPANTES Karinny de Magalhães, membro do grupo Mídia Ninja e da Pós TV, projeto que faz interface entre a Comunicação de rede e a difusão e produção de conteúdo audiovisual, falou sobre a importância de meios alternativos de comunicação. O Mídia Ninja surge como uma alternativa àqueles que não são abordados pela mídia tradicional com frequência, como foi o caso dos participantes das manifestações de junho de 2013. Karinny apresentou o papel do Mídia Ninja como uma plataforma que traz um novo olhar sobre um fato. Ela ressalta a importância do intercâmbio com alunos universitários. “Para a gente, como um núcleo de mídia autônomo e independente, é muito importante conseguir chegar às universidades. Elas já são um espaço de elaboração, principalmente nessa parte de comunicação, e tem gente muito qualificada para esse debate”, comenta. “Eu acho que quando a gente traz essa nova forma de fazer jornalismo, de fazer comunicação e produção de conteúdo independente, é muito importante para nós apresentarmos e debatermos com outras pessoas também, além dos nossos. É legal levantar esse debate por que ele está muito atual e pouco explorado. Quanto mais espaço a gente conseguir para ter abertura, melhor para ampliar cada vez mais esse processo de comunicação independente”, conclui. Fernanda Medeiros, aluna do mestrado da FCA, ministrou a oficina “Arte do Fato”, juntamente com Caíque Pinheiro, também mestrando da escola. A oficina abordou obras que buscaram retratar fatos trágicos de uma nova maneira, como no caso dos livros ‘Persépolis’, de Marjane Satrapi e ‘Maus’, de Art Spiegelman, além

da reportagem de Eliane Brum, de caráter mais literário. Para Fernanda, o evento superou quaisquer expectativas. “Eu achei muito legal e considero uma iniciativa diferenciada por promover a integração dos alunos e deixa-los livres para escolher as atividades”, aponta a palestrante. Outro destaque foram os duelos de MCs que abriram os dois dias de evento, dos grupos ‘Família de Rua’ e ‘Coletivo NoisÉ’. Através da música, os artistas trouxeram assuntos polêmicos para a reflexão dos estudantes. Democratização dos meios de comunicação, crítica política e social, uso da internet e preconceito racial foram alguns dos temas levantados durante o duelo. Entre as frases mais emblemáticas, pode-se destacar uma, sobre respeito ao próximo: ‘O Hip Hop está em mim, e eu saúdo o que está em você’. Uma presença marcante nesta segunda edição do Fica 13 foi a do ator mineiro Carlos Nunes, na noite do dia 1 de outubro. Em sua palestra, que é quase um espetáculo teatral, deixou uma mensagem simples aos alunos. “Se vocês fizerem o trabalho de vocês com amor, com dedicação, isso que vai levar vocês a uma vida de sucesso. Não adianta a pessoa escolher a profissão porque o pai tem uma agência de publicidade. Não adianta escolher uma profissão porque você tem um amigo que tem um escritório de advocacia. Não adianta isso. O que vai fazer o sucesso na sua vida é o que você faz com amor”. Carlos tinha como meta ensinar os alunos a rir. “Esta palestra é uma brincadeira. Só uma brincadeira”, revela. O Fica 13 foi um evento muito bem aceito pelos alunos. Tiago Carminate, aluno do 2º período de jornalismo, participou do Festival pela primeira vez. “É bem diferente. Você vê o segundo andar todo enfeitado, e outras coisas, como o cara da caricatura, a batalha de MCs lá em baixo. Tem palestras diferentes, até tem uma que é uma oficina de Hip Hop, para você dançar”, relata. “Tem uma variedade muito grande. É bom para você abrir mais a mente”, constata.


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Saúde

Comunidade atendida na PUC Resultado de um projeto de extensão, ambulatório do curso de enfermagem, inaugurado este ano, oferece cuidados básicos a pacientes, como reeducação vesicointestinal e curativos FABIANA GATTI PEDRO ALBUQUERQUE 7º PERÍODO

Ex-fumante e hipertenso, o aposentado Wilson Alberto Silva, 58 anos, recebe cuidados nas pernas, por causa de um edema linfático, no ambulatório da Faculdade de Enfermagem da PUC Minas, no Bairro Coração Eucarístico. Com andar lento e fala mansa, a aposentada Delfina Calixto, 82, há um mês trata uma úlcera na panturrilha direita, consequência de doença venosa. No ambulatório do prédio 46, inaugurado em maio deste ano, os pacientes recebem atendimento para o primeiro curativo e são encaminhados para dar continuidade ao tratamento na rede pública de saúde. Entretanto, segundo os próprios pacientes e

a enfermeira e coordenadora do ambulatório, Luzimar Rangel Moreira, a sequência do atendimento não é prestada nos postos de saúde. Por isso, Wilson Silva recorre ao serviço do Curso de Enfermagem, mesmo com um centro de saúde na rua onde mora. O mesmo acontece com o recém-chegado Salvador da Cruz, 68, vigilante aposentado, hipertenso, com úlceras nas duas pernas devido a um problema circulatório. “É a primeira vez que venho. Procurei um posto, mas ia demorar demais para ser atendido. Fui orientado pela minha fisioterapeuta para vir aqui”, diz. Luzimar esclarece que úlceras ou feridas das extremidades inferiores são consequência de doenças venosas, arteriais ou neurovasculares, tais como

Delfina Calixto faz tratamento no ambulatório

Fabiana Gatti

varizes, trombose venosa, aterosclerose, diabetes e hipertensão arterial entre outras. As escaras, também conhecidas por úlceras de pressão, correspondem a um tipo especial de lesão da pele e tem como principal causa a deficiência prolongada na irrigação de sangue em determinada área do corpo. Correm risco maior de desenvolver escaras as pessoas idosas, acamadas ou imobilizadas durante muito tempo, as desnutridas, as diabéticas, com incontinência fecal e/ou urinária, aquelas com comprometimento do nível de consciência ou perda da sensibilidade tátil ou térmica e os cadeirantes. Dados do Ministério da Saúde de 2013 indicam que o predomínio de úlceras crônicas, tais como úlceras por pressão e venosas, variam de acordo com as condições clínicas dos pacientes e das condições da instituição hospitalar. Dos pacientes com diabetes, 15% são propensos a desenvolver úlceras nos pés em algum momento da vida. Feridas pós-cirúrgicas podem tornar-se crônicas, especialmente, se forem infectadas. Com números expressivos de pacientes que desenvolvem úlceras de pressão no Brasil, os dados indicam uma prevalência de úlceras que pode variar de 3% a 37,7% dependendo do perfil dos pacientes e da associação de pelo menos duas pa-

Auxílio para doenças de intestino e bexiga O termo vesicointestinal se refere à bexiga e ao intestino. A reeducação oferecida pelo ambulatório é indicada para pessoas que possuem uma disfunção nesses órgãos, devido à lesão na medula, doenças degenerativas do Sistema Nervoso Central (SNC), Acidente Vascular Cerebral (AVC), esclerose múltipla, e, por isso, fazem uso de sonda para urinar ou no intestino. Um paciente vítima de uma lesão de medula, por exemplo, não perde somente a mobilidade das pernas, tem incontinência urinária e fecal. O paciente passa por uma avaliação médica e, sendo encaminhado para o ambulatório, recebe instruções de como colocar

e retirar a sonda, esvaziar a bexiga, além disso os familiares também são orientados para auxiliar o paciente em casa. “A reeducação também abrange a alimentação e ingestão de líquidos, para os casos mais complicados”, informa Luzimar Rangel. A coordenadora lembra que o uso de sonda possibilita que o paciente volte a realizar tarefas diárias simples como trabalhar, ir ao banco, fazer compras sem se preocupar com a incontinência urinária ou fecal. “É uma forma de ajudar a pessoa ir retomando suas atividades normais. É importante a pessoa se sentir incluída na sociedade novamente”, completa.

tologias apresentadas. A capital mineira conta atualmente com 147 Centros de Saúde divididos nas nove regionais da cidade e realiza cerca de 130 mil atendimentos por dia. Cada unidade atende os moradores de acordo com a área de abrangência. Em casos mais agudos, as demandas dos pacientes são espontâneas, ou seja, não é necessário haver agendamento prévio ou encaminhamento médico. Quem pode esperar por atendimento é agendado de acordo com a demanda de cada unidade, como informa a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Quando chega ao posto de saúde, o paciente é examinado, os curativos são refeitos e, com receita médica, adquire os medicamentos necessários para dar sequência ao tratamento. A SMSA, também, oferece o Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), um programa de assistência

em domicílio dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Nele, os pacientes com dificuldade de locomoção e que sofrem de escaras, úlceras e feridas que não cicatrizam são atendidos em casa, mas devem ser encaminhados pelos hospitais ou pela rede públi-

ca de saúde. Para ser admitido no SAD é preciso ter idade igual ou superior a 16 anos, residir em Belo Horizonte, ter consentimento da família e do paciente, ter cuidador responsável e diagnóstico definido, segundo a assessoria de comunicação da SMSA.

Wilson Silva ressalta o bom atendimento recebido

Fabiana Gatti

Como surgiu a ideia?

Professora Luzimar Rangel orienta alunos no dia a dia

Projeto de extensão da Faculdade de Enfermagem, este ambulatório, além do atendimento de pessoas com úlceras, feridas e para retirada de pontos, oferece o programa de reeducação vesicointestinal. De acordo com Luzimar Rangel, a ideia do ambulatório surgiu ao observar que a rede básica de saúde não suporta a demanda dos pacientes que recebem alta da rede hospitalar e apresentam feridas pós-operatórias e lesões crônicas. Paralelamente, Luzimar também quis oferecer aos alunos do curso uma oportunidade de capacitá-los por um período de tempo maior no tratamento das lesões cutâneas e na reeducação vesicointestinal. A estagiária Cláudia Halley, aluna do 6º período do curso de enfermagem, aprova a experiência. “Tudo o que vimos na sala de aula, utilizo na prática, tanto a parte técnica quanto a relação com o paciente, um assunto que abordamos muito no curso”, comenta. O paciente Wilson Silva, que recebe cuidados desde a abertura do serviço, destaca o atendimento. “Não recebo no posto de saúde que tem na rua da minha casa, o carinho que recebo aqui”, diz. O ambulatório possui cinco consultórios com capacidade de atendimento para aproximadamente 20 pacientes. Sob a coordenação

Fabiana Gatti

da professora e enfermeira Luzimar, três estagiários, do 1º, 6º e 7º períodos dividem-se na atenção a oito pacientes no momento. “Eles verificam a pressão, fazem curativos e montam um programa de tratamento. Luzimar explica que não há como precisar o tempo de tratamento, pois cada paciente tem uma evolução e cada ferida tem um tipo de abordagem. No caso do programa de reeducação vesicointestinal, é necessário o encaminhamento por um urologista, geriatra ou um médico, que após ter feito uma avaliação clínica e exames, indique o tratamento. No momento, o atendimento é realizado somente às segundas-feiras no período da tarde e como observou Luzimar, pelo fato dos pacientes não darem sequência aos curativos, na rede pública, o serviço no ambulatório pode ser ampliado. “Isso já foi discutido no colegiado, a possibilidade de estender o atendimento para mais dias da semana, caso a procura aumente”, afirma a coordenadora. O fato é que mesmo com a tímida divulgação do serviço, os poucos meses de funcionamento e com horário ainda restrito, o ambulatório da faculdade de enfermagem recebe pacientes de diversos bairros da cidade e se consolida como mais uma opção de atendimento para a comunidade.


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Ambiente

ISABELA MARIA 4º PERÍODO

O Brasil é o país com maior potencial hídrico do mundo, porém está passando por problemas de abastecimento de água, deixando várias pessoas do país sem esse bem essencial à vida. Conscientes da importância da água para a vida em todo o planeta, algumas pessoas começaram a tomar medidas para preservá-la, como é o exemplo da jornalista Paula Takahashi, 29 anos, que é sindica de um prédio em Belo Horizonte, e que deixa alguns recados no elevador para induzir os moradores a preservarem esse recurso natural. “Peço as pessoas que lavem roupa menos vezes, fechem a torneira ao escovar os dentes, ou que evitem lavar o carro com o balde”, conta Paula. A síndica também conversou com a faxineira do prédio para que assim como os demais moradores não use mangueira para fazer a limpeza. “Meu prédio já ficou sem água por quase dois dias e percebi como a realidade da falta desse recurso está próxima da gente. Se foi difícil ficar sem água por dois dias imagina ficar mais tempo”, comenta Paula. Apesar de ter o exemplo da mãe que reaproveita a água da máquina de lavar roupa, Paula diz que enfrenta resistência

Preservação de água mobiliza moradores do marido para ajudar na preservação desse bem. “Meu marido nunca foi ligado às questões ambientais, mas estou obrigando ele agora”, brinca a sindica. Além das medidas que realiza por conta própria como tomar banhos mais curtos e desligar a torneira enquanto ensaboa o corpo, Paula pretende instalar em seu prédio um sistema para guardar a água da chuva. Foi o que fez o caminhoneiro Milton José, que construiu sozinho um reservatório em sua casa há dois anos que utilizaa água da chuva para lavar a calçada e o carro, além de canalizar esse recurso natural para a descarga dos vasos sanitários da casa. “Foi fácil de fazer. Coloquei calhas no telhado da casa voltadas para um reservatório que distribui a água para os vasos”, informa Milton. O caminheiro que re-

side em Entre Rios de Minas, na Região Central de Minas Gerais, e atualmente mora com um de

seus filhos e sua esposa, após construir o reservatório percebeu uma queda na conta de água. Dessa

forma, Milton, além contribuir para a preservação da água acabou economizanwwdo dinheiro.

CASA SUSTENTÁVEL Geralda Aparecida, 49 anos, que reside em Olaria, no Município de Ouro Branco, e é coordenadora do Instituto Miguel Fernandes Torres para crianças carentes, também tem um sistema para abastecimento que utiliza água da chuva, além de fazer uma cisterna que perfura o solo até chegar ao lençol freático e captar água de uma nascente da região. Dessa forma, a moradora usa minimamente a água que é tratada pela Copasa. Em sua casa Geralda também reutiliza a água da máquina de lavar roupa. “Eu aproveito a água da máquina para lavar a calçada e para regar a horta, por isso fiz um sistema que liga a máquina às mangueiras que molham as plantas”, diz. Geralda, que não teve filhos, mora apenas com seu marido Wanderley, quem planejou e construiu todo esse sistema de reutilização do recurso natural. Além de preservar a água Geralda está instalando lâmpadas com sensores, dessa forma a luz de um ambiente apaga quando ninguém está utilizando o espaço, o que elimina o risco de esquecer uma lâmpada acesa. “Minha ideia é fazer uma casa mais sustentável”, conta.

Ele afirma que poucas vezes faltou água no bairro. Porém, com os comentários recentes de vizinhos, começou a se preocupar em não desperdiçar. “Na hora de escovar o dente eu fecho a torneira, na hora de lavar vasilha eu fecho a torneira, passo sabão e depois enxáguo. Na hora do banho eu primeiro me ensaboo e depois enxáguo”, conta. A comerciante Adriana Alves, 41 anos, trabalha no São Gabriel há nove meses

e mora no bairro Nazaré há 20 anos. Em nenhum dos lugares ela sentiu a falta de água, porém acredita que o estado não está longe de passar por uma situação de seca, graças à falta de chuvas. Além de não deixar a torneira aberta sem necessidade, para economizar, Adriana costuma reaproveitar a água que consome. “Aqui na loja, por exemplo, quando passo pano eu guardo o balde de água e depois jogo nas plantas. Na minha casa

faço o mesmo, quando lavo roupa guardo a água da máquina para lavar o terreiro”, afirma. A comerciante também se preocupa com a conscientização de seu filho. “Eu costumo falar para ele: ‘toma cuidado que a água pode acabar’”, conta. A artesã Geovana Aparecida Medeiros de Souza, 53, trabalha no São Gabriel há 25 anos e ainda não sentiu falta de água no local, mas se preocupa com a pouca quantidade

de chuva. “Eu acho que se demorar a chover podemos ficar na mesma situação de São Paulo”, afirma. Ela acredita que todos podem fazer algo para economizar. “Eu não lavo o terreiro de casa todo dia, só quando é realmente necessário. Eu costumo reutilizar a água da máquina para fazer isso”, declara. Por outro lado, o repositor do Sacolão do São Gabriel, Tiago Ortolan, trabalha no bairro há três anos e afirma que o núme-

ro de frutas e vegetais que o sacolão recebe caiu muito graças à falta de água em São Paulo. Ele também diz que o sacolão está passando por escassez de abastecimento. Porém, quando perguntado sobre o que faz para economizar água, Tiago é sincero e responde com uma única palavra: “Nada! (risos)”. Quando questionado se vai passar a economizar água, caso comece a ficar sem ela: “Aí sim eu vou, claro! (risos)”.

Com pequenas atitudes, cidadãos belorizontinos dão o exemplo e incentivam a economia de água. Eles provam que qualquer um pode fazer a sua parte ao evitar o desperdício, contribuindo para uma sociedade mais sustentável e futuros problemas

Paula Takahashi reaproveita água da piscina para usar em seu vaso sanitário

Arquivo Pessoal

Comunidade envolvida para evitar o desperdício KAREN ANTONIETA 8º PERÍODO

Preocupados com a seca que atingiu grande parte do Brasil, inclusive Minas Gerais, moradores e pessoas que trabalham no Bairro São Gabriel estão tomando medidas para prevenir uma possível falta de água na Região. É o caso do comerciante e segurança Manoel de Jesus Lopes, 38 anos, morador do bairro há cinco anos, com sua esposa e dois filhos.

‘Saraiva’ do Coreu também adota tolerância zero NATÁLIA AQUINO 1º PERÍODO

A escassez de água passou de fantasma comentado em palestras ecológicas para um problema mais que real, presente ao alcance dos olhos e perceptível na pele. O ano de 2014, até agora, foi um período de pouca chuva, o que serviu de alerta para os mais preocupados. É o caso de José Carlos Costa Pôssas, 66 anos, administrador de empresas e professor, que começou uma campanha de conscientização sobre a água na região, dentro e fora do Coração Eucarístico. Morador do bairro há aproximadamente 40 anos, desenvolveu outros projetos de assistência social para a comunidade, como orienta-

ção em monografia e diversos conselhos. Ficou conhecido como ‘Saraiva’ por ser direto e ter paciência curta, tal como o personagem do humorístico ‘Zorra Total’, interpretado pelo ator Francisco Milani. Sempre ativo socialmente a paciência curta de Saraiva foi de grande valia para que ele percebesse logo o problema da água e a necessidade de acordar a população para isso. Ele distribui panfletos com medidas básicas para poupar esse bem valioso, começando pela família, vizinhos, até os moradores da região e transeuntes. O ‘Saraiva’ do Coração Eucarístico acredita que a solução está na educação de cada um em seguir medidas simples como escovar os dentes com a torneira fechada,

reduzir o tempo do banho para até 5 minutos, consertar vazamentos de torneiras e canos com urgência, não utilizar a mangueira para varrer a calçada, optar pelo balde ao lavar o carro, substituir a mangueira por um regador, regular a descarga, deixar a máquina de lavar bem cheia de roupas antes de ligá-la e tentar fazê-lo apenas uma vez por semana. Somente essa última ação pode gastar até 200 litros de água por lavagem. São esses hábitos que evitarão danos maiores no cotidiano de todos. José Carlos desconhece pessoas da região que fazem grandes medidas para a economia de água, mas reconhece o esforço de alguns que vão se mobilizando aos poucos. A panfletagem é toda

patrocinada por ele, mas algumas pessoas se interessam mais e tiram cópias por si mesmas, expõe nos prédios e tem a receptividade necessária. “Quero fazer com uma melhor condição, fazer uma quantidade bem maior para eu distribuir isso como trabalho de conscientização e, se puder conscientizar pessoalmente, melhor ainda. Por que nós não estamos jogando água fora, estamos jogando vida!”, argumenta José Carlos, revelando seu desejo de expansão da campanha. Segundo ele, várias vezes sentiu vontade de tomar as mangueiras por aí. Durante um percurso comum para ele na região, era normal ver as pessoas desperdiçando água sem a mínima preocupação. Por isso, um dia, acompanha-

do de sua filha e seu genro, Saraiva decidiu descer do carro e alertar o cidadão que estava cometendo o desperdício. Porém, acabaram recebidos com bastante animosidade e foram até agredidos verbalmente. Por essas e outras enxerga a importância de dividir essa responsabilidade com todos, principalmente os mais jovens que estejam aptos a aderir a causa que envolve o mundo inteiro e dispostos a debater, defender, e sensibilizar os outros. O Brasil rico em bacias hidrográficas não era entre os mais cotados nas apostas de lugares que sofreriam com o racionamento de água. No entanto, até mesmo várias regiões de Minas Gerais já fazem parte dessa realidade. Segundo estudos recen-

tes de Augusto Getirana em parceria com o laboratório de Ciências Hidrológicas da NASA e com a Universidade Maryland, 20% da água doce do mundo tem origem no Brasil. Porém as regiões Sudeste e Nordeste tem apenas 13% do total desse recurso mineral e são regiões muito populosas. A conscientização tem que acontecer breve, pessoas como José Carlos Pôssas alertam e dão dados visíveis para os moradores do Coração Eucarístico e arredores: “Pela primeira vez nos 40 anos que eu moro no bairro, eu nunca vi a mata da PUC tão seca.” Estas denúncias provam a triste realidade climática e clamam por uma mobilização popular.


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Esporte

Projeto leva esporte até crianças Um novo projeto de incentivo à pratica do rugby iniciou-se no Bairro São Gabriel. O intuito é levar às crianças da Região a possibilidade de conhecer a modalidade, ainda pouco acessível FREDERIK CORTEZ JOÃO PEDRO TORMIN 2ºPERÍODO

No São Gabriel, Bairro da Região Nordeste de Belo Horizonte, o projeto social do rugby leva às crianças do Bairro a oportunidade de praticar um esporte olímpico pouco conhecido no Brasil. O projeto está em funcionamento há pouco tempo, por meiode parceria entre o professor Edson Moreira, 48 anos, e a jogadora profissional do BH Rugby, Ana Luiza Zico, 25, com o apoio da Prefeitura. Apesar de recente, a iniciativa foi idealizada no período das últimas Olimpíadas. “Durante os Jogos Olímpicos, queria mostrar aos meus alunos que muitas das modalidades praticadas também podiam ser encontradas em BH”,

afirma Edson, completando que o rugby foi o único esporte que causou interesse para a criação de um projeto. O professor ressalta também que a medida é totalmente social e conta apenas com o apoio de seus parceiros, além de uma verba fornecida para a compra dos equipamentos necessários, auxílio disponibilizado por meio de uma emenda parlamentar. O local de treinamento é precário. O campo é ruim, mesclando grama e terra batida. Não há traves próprias para o rugby, apenas as dos gols do futebol. O rugby é algo novo para os alunos, bola oval, campo dividido em jardas. Mas isso não parece interferir na vontade em aprender que os alunos da Escolinha de Rugby tem. Ao todo são 15. “Estamos

no começo, mas já temos um bom número de alunos, esperamos que esse número amplie, contudo. Caso conseguirmos fazer do nosso campo local de treinamento do BH Rugby, vamos conseguir uma divulgação maior do esporte no bairro, isso pode atrair mais crianças para o nosso projeto, além das condições de treinamento melhorarem”, afirma Edson. O projeto é novo, temse a expectativa de que esse número aumente. São cinco alunos de manhã, com a professora Ana Luiza, e 10 à tarde, com o professor Edson. Isaque de Paiva, 15, um dos alunos de Edson, diz que ficou sabendo do projeto pela visita que o professor fez à Escola Estadual Alberto Ferraz, onde estuda. Para ele, o rugby

é novo, apesar de achar parecido com o futebol americano. Se diz feliz e animado por participar do projeto, e até pensa em batalhar forte, para quem sabe um dia, poder se profissionalizar no esporte, que apesar de não ser muito popular, dá grandes oportunidades. Isaque falará com seus amigos, na tentativa de convencê -los a entrar para o time. Nos treinos comandados pelo professor Edson, não há distinções entre os alunos. Todos jogam. O rugby proporciona isso, pois são várias posições, com funções diferentes. Então, não importa se é menino, menina, alto, baixo, gordo, magro, pode jogar sim. A primeira lição de Edson é: “aqui não tem nenhuma estrela, ainda”. Estão todos lá para aprender. Se-

guendo ele, no começo é complicado mesmo. É um jogo muito complexo. Exige tanto o físico quanto o mental dos atletas. Edson começa o treino ensinando as técnicas do jogo, como passar a bola, receber, e chutá-la. Ele divide os alunos em grupos. É um jogo de equipe. “Se um jogador faz try (pontuação do rugby), todo time faz, se um jogador perde a bola, todo time perde”, diz Edson. A união e disciplina são essenciais. E é interessante ver como os alunos se entendem. Agora é hora de trabalhar em equipe para alcançar a vitória. De tática, eles tem uma pequena noção, mas mesmo assim conversam entre si procurando uma forma melhor de jogar. Eles

se cobram também. E ao final do treino estão todos exaustos. Correram muito, e mesmo assim pareciam animados para jogar mais. Com o grito “Força Rugby”, estão liberados para ir para casa. Provavelmente falarão com seus amigos de como é bom o rugby, e ajudarão na divulgação do projeto. Ensinar o rugby para essas crianças é muito gratificante para o professor Edson. É a oportunidade de elas terem um lazer, junto à prática de esporte, além de desenvolverem suas habilidades, e um dia quem sabe, se tornarem profissionais do rugby. Para as crianças é uma opção de futuro. O rugby atua para elas, como formador, educador, e cultivador de esperança.

Procura pelo Rugby cresce em Belo Horizonte BRENO CAMPOS BRUNA VOLPINI 4º PERÍODO

Na capital mineira desde 2003, o BH Rugby é um time que conta com mais de 200 atletas credenciados. Com equipes infantis, juvenis e adultas, tanto femininas quanto masculinas, o clube participa de campeonatos e amistosos em vários estados do Brasil. O esporte que nasceu no Reino Unido ainda é pouco conhecido pelos brasileiros, e por isso, muitas vezes considerado violento e agressivo. Porém para os praticantes a verdade aparece de outra forma. “O rugby é uma atividade diferenciada, onde se une agressividade e respeito, sem violência”, explica Caio Ibrahim, atleta juvenil do BH Rugby. O objetivo do esporte, jogado por duas equipes, é conseguir chegar até o final do campo adversário, tocando com a bola no chão, após

a linha do gol. O contato com o adversário é a essência da atividade, que por isso, requer dos atletas, principalmente força e velocidade para conseguir os pontos. O pouco conhecimento sobre o rugby é uma das muitas dificuldades que aqueles que decidem praticá-lo encontram. A falta de investimentos e de pessoas que apoiam o esporte é um problema enfrentado diariamente pela equipe. Márcio Volpini, atleta juvenil do BH Rugby, culpa a

supervalorização do futebol na cultura brasileira por essa realidade. O atleta explica que o futebol é muito popular, atraindo assim a maior parte dos investimentos e patrocínios destinados à pratica de esportes. Com isso, há pouco interesse na divulgação, o que atrapalha na evolução e expansão do esporte no país. A equipe do BH Rugby sente nos treinos a falta que a pouca difusão da atividade trás. “Precisa-se de mais incentivo, patrocínios, matérias em

jornais, na televisão (...) porque o reconhecimento e a recepção do povo também são importantes’’, conta Alexandre Alves, atleta adulto do clube e da seleção brasileira. Daniel Alejandro Marolla, um dos colaboradores do clube que atualmente treina a equipe infantil, conta que a Lei de Incentivo ao Esporte ajuda muito as equipes do BH Rugby. Além da lei, o clube ainda conta com importantes patrocinadores como a Cemig, UniBH, GVT e outros.

Rugby ganha adeptos em BH, onde já possui um time com mais de 200 atletas credenciados

Mas mesmo com todos esses investidores, a verba que chega até o BH Rugby ainda é pouca. “Quase sempre somos nós que bancamos tudo. Passagens, alimentação, transporte e hospedagem,” conta Márcio. A falta de investimentos concretos é o maior motivo para fazer com que os atletas desistam do esporte. A equipe não possuí um campo fixo, o que faz com que os praticantes e colaboradores tenham que estar sempre procurando novos es-

paços para que o treino seja realizado. Hoje, se concentram em um campo cedido pela UniBH no bairro Buritis, o que é um grande empecilho, já que muitos pais não permitem que seus filhos estejam tão distantes de casa tarde da noite. Mesmo sendo um esporte ainda pouco conhecido no Brasil, treinadores e jogadores afirmam que a procura pelo rugby vem aumentando. Cada vez mais jovens estão em busca da atividade por ser algo que trabalha muito a disciplina e a agilidade, mas Alejandro Marolla afirma que só continuam participando dos treinos aqueles que gostam mesmo do esporte. “Jogo por amor ao rugby e sei que provavelmente nunca irei receber por isso. Não tenho essa pretensão”, explica Caio que já pratica a modalidade há OSCAR HEMBERTH quase dois anos.


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Esporte

GUILHERME PEDROSA ÍGOR PASSARINI 8º PERÍODO

Muito antes de ser um dos estádios-sede da Copa do Mundo de 2014 e palco do maior vexame do futebol brasileiro em campeonatos mundiais – o fatídico 7 a 1 perante a Alemanha, o Estádio Governador Magalhães Pinto – o Mineirão – viu rodas e pneus fazerem sucesso por lá. O final dos anos de 60 e o início da década de 70 representaram um marco para o futebol mineiro. Embalados pela construção do estádio, Cruzeiro e Atlético começaram a se firmar como grandes potências do esporte. Mas o futebol não era a única modalidade a despontar no ‘Gigante da Pampulha”. Craques como Tostão, Dirceu Lopes, Raul, Dario e Lola dividiam as atenções com estrelas de outra modalidade: o automobilismo. Disputadas entre 1969 e 1972, as corridas no circuito montado no estacionamento do estádio se tornaram famosas e entraram para a história como ícones de uma era que primava pela paixão e risco no mundo da velocidade. O ex-piloto Toninho da Matta, 14 vezes campeão brasileiro de turismo e pai do também piloto Cristiano da Matta, é um dos expoentes daquele período. “As provas no Mineirão

eram corridas de automóvel de verdade, pura essência. Não tinham uma regra clara. A última prova que eu participei, corri contra Puma, Alfa Romeo, BMW, Corcel, Fuscas, Simcas e protótipos. Tudo quanto for carro que você imaginar estava lá disputando freada. Eram vários modelos. Tinha piloto que virava 50 segundos mais rápido que o outro”, comenta o vencedor de três das cinco provas disputadas no circuito. Além de uma vasta vitrine de carros, inúmeros pilotos renomados aceleraram pelo traçado. “Eu não gostava de automobilismo. Só passei a acompanhar mais depois que fui a uma prova no Mineirão, em 1970. Via os carros passando pertinho, era um espetáculo. Mais bacana é relembrar os caras que andaram aqui em Minas na época ,como Émerson Fittipaldi, que era então campeão Inglês de Fórmula 3, seu irmão Wilson Fittipaldi e o Luiz Pereira Bueno. Pouco tempo depois, Luizinho já teria disputado provas de Fórmula 1, Wilsinho criaria e correria na Copersucar - primeira e única equipe brasileira a participar de um mundial na categoria –, e Émerson se tornaria bicampeão do mundo. Nossa terra deu sorte para todos eles”, brinca Alfredo Soares, aficionado por automobilismo e espectador de

Histórias do Mineirão vão além do futebol Corridas automobilisticas eram disputadas no estacionamento do antigo estádio entre os anos de 1969 e 1972. O local recebeu a presença de inúmeros pilotos de renome, como os irmãos Emerson e Wilson Fittipaldi, além do mineiro Toninho da Matta todas as corridas no estádio. As primeiras provas no Mineirão tiveram início ainda na década de 60, mas com as disputas de karts. Com o passar do tempo, as provas cresceram de tamanho e importância. Soma-se a isso o ímpeto juvenil de alguns desses pilotos, que além de competir no kart, trocavam tinta em corridas ilegais pelas estradas do estado. Toninho da Matta que competiu nas duas diferentes fases do circuito belo -horizontino conta detalhes de como a brincadeira de alguns jovens se tornou um fato marcante para uma geração. “Essa história começou na década de 60 quando eu iniciei correndo de Kart. Eu considero que o meu pai era bem moderno para a época. Eu adorava corrida, fazia muito pega. Claro, Belo Horizonte tinha 600 mil habitantes, era outra cidade.

Carros competem no entorno do estádio Governador Magalhães Pinto

Arquivo Pessoal

Grandes corridas e figuras marcam época Problemas como a falta de registros documentais e má conservação do material existente sobre a época atrapalham o reconhecimento dos feitos daqueles que participaram das competições. Logo, a dificuldade em se obter informações sobre o período é notável. Apesar disso, algumas figuras tornaram-se famosas por sua participação nas corridas do Mineirão. Além de Toninho da Matta e Émerson Fittipaldi, nomes como Marcelo Indy, membro da equipe Fast Racing no campeonato brasileiro de Marcas e Pilotos, e Edu Malavéia, radialista, ficaram folclóricos no meio do automobilismo. Não necessariamente apenas pelos aspectos de competição. Indagado sobre o motivo de ser apelidado de Indy, famosa categoria de monopostos nos Estados Unidos, Marcelo conta sua história com bom humor. “Eu tenho cambagem (angulação dos pneus em relação ao asfalto) só para um lado. Faço curva só para a esquerda. Igual os Indy quando correm em oval. Na verdade, fui atropelado andando de bicicleta perto da minha casa quando tinha 15 anos. Meu pé arrancou do lugar e ficou preso só pelo tendão. Decepei o pé mesmo. Não preciso falar que fi-

quei 3 anos no hospital e fiz 23 cirurgias. Fui o primeiro cara a ter o pé reimplantado no mundo e olha que estamos falando de 1965”, lembra. Outro personagem peculiar do período é Edu Malavéia, que correu algumas provas no Mineirão com um Simca, de número 96. “Lembro certa vez que preparamos o carro às pressas e o trinco da porta acabou se soltando. Como era costume na época utilizar o mesmo carro para correr e no dia a dia, durante a prova a porta se abriu e alguns objetos acabaram caindo. Saiu chapéu velho, meia feminina e outras coisas inusitadas”, recorda Edu. Mas não ficava só nisso. “Em outra ocasião, preparei o Galaxie da minha mãe escondido e fui correr. Mas para isso precisei falsificar a assinatura dela, meu pai descobriu e mandou me prender. Foi uma cena inusitada, pois acabei saindo para a pista para treinar e uma joaninha da polícia embicou atrás de mim. Foi uma festa e o público ficava ‘doido’. Muitas vezes, eu deixava ela se aproximar e depois acelerava. Ficamos três voltas nisso aí. Quando fui para os boxes, acabei indo em cana. Fiquei preso até o fim da corrida, mas foi divertidíssimo”, conta Edu.

Wilson Fittipaldi exibe o seu fusca em dia de corrida no ‘circuito do Mineirão’

Mas, então, eu corria na rua. Por isso meu pai falou: “você quer correr? Vai correr no meio de quem sabe, no kart”. Essa atitude dele era porque eu amava o automobilismo, mas mais para me tirar desse tipo de risco, do meio das avenidas, essas coisas. Daí surgiu o kart, depois a preparação dos carros e a coisa foi tomando forma”, completa. O público era grande e o ronco dos motores tornava a festa ainda mais bonita de se ver. A segurança para pilotos e espectadores, porém era precária e muitas vezes acidentes de alta gravidade estiveram perto de ocorrer. “Nas partes mais perigosas da pista, onde era arriscado um carro bater no meio-fio tinha feno. E na última vez que teve corrida no Mineirão, teve atropelamento, foi um caos. O pessoal vendo a corrida perto dos carros correndo a mais de mil”, conta Marcelo Indy, que há mais de 40 anos está envolvido com o automobilismo em Minas Gerais. Apesar do alto risco, o acidente mais grave ligado ao circuito do Mineirão não

ocorreu durante uma prova. Na manhã do dia anterior aos 500 km de Belo Horizonte de 1970, o piloto Marcelo Campos foi ao traçado do estádio para testar novos componentes em seu Puma, número 38. Era final de madrugada e o trânsito na região estava liberado para a população. Em uma de suas voltas pelo circuito, ao cruzar uma esquina, seu equipamento foi abalroado por uma caminhonete e Campos faleceu a caminho do hospital. Para a maioria dos competidores a morte de um amigo foi um duro golpe, mas que não deveria interferir na pista. “O que ficou de triste no Mineirão foi a morte do Marcelo Campos. A situação foi complicada para a gente, porque nós éramos meninos. E tinha outra coisa, não ‘viajávamos’ muito nessa de que poderíamos morrer fazendo isso. O negócio é que nós tivemos que correr. Pensamos, e agora? Não vamos ter corrida não, mas o negócio não funcionava assim. Tinha um envolvimento de patrocinador, trans-

Arquivo Pessoal

missão, prefeitura. Então, tinha muita grana envolvida com preparação de carro e nem se cogitou mais seriamente de não corrermos”, contou Toninho da Matta. Foram apenas cinco corridas em três anos de disputas. A pouca duração da organização das provas, todavia, pode enganar sobre o sucesso dos eventos realizados em torno do famoso estádio da Pampulha. A capital mineira em 1970 possuía 1,2 milhão de pessoas, por exemplo, e para Toninho da Matta, o público presente nas corridas no estádio demonstrava o sucesso do evento. “Em média, cada prova costumava abrigar um público de mais de 100 mil torcedores, com relatos de que houve picos de até 150 mil presentes. Era como se, praticamente, de cada dez cidadãos, um estivesse assistindo às corridas in loco. Isso sem contar que todas as provas eram transmitidas ao vivo pelo rádio e televisão com enorme audiência”, conta.

Automobilismo mineiro Minas Gerais conseguiu criar grandes pilotos do automobilismo nacional, como o próprio Toninho da Matta, seu filho Cristiano, além de Bruno Junqueira, entre outros, mas o Estado sempre brigou para ter um autódromo capaz de formar mais corredores de ponta. “Não ter um autódromo é complicado. Já fui a inúmeros lançamentos de autódromo em Minas Gerais, mas nenhum foi para frente. O que tomamos de guaraná e comemos de empadinha nessas inaugurações, dava pra fazer um Autódromo”, brinca Toninho da Matta. David de Oliveira, mecânico e chefe de equipe no kartismo e que já trabalhou com pilotos como Cristiano Da Matta, Bruno Junqueira e Nelsinho Piquet concorda que a falta de uma estrutura maior é um importante problema na formação de novos pilotos no estado. “A estrutura do kartismo na Região Metropolitana em BH melhorou nos últimos 10 anos, temos dois bons kartódromos como o RBC Racing e o Kartódromo de Betim. O problema é que não temos um autódromo de fato aqui. Temos o Mega Space que dá uma

ajuda na formação de pilotos e na existência de alguns campeonatos, mas está longe do ideal. Muito em breve vamos ter dois bons pilotos surgindo em categorias top, o Guilherme Silva e o Serginho Sette Câmara, mas mais devido a outros fatores do que a estrutura presente aqui,” enfatiza. Além da dificuldade da falta de autódromo, o automobilismo se caracterizou como um esporte muito caro. A grande quantidade de dinheiro exigente na construção de uma carreira vira critério de profissionalização de pilotos. “Tem casos de meninos que andam de Kart aqui e vão para a Europa correr de Fórmula BMW. E os pais têm dinheiro para bancar. O automobilismo está nesse ponto. Se você não tem dinheiro agora para fechar com uma equipe, tem 300 pessoas na fila esperando pra fechar. Isso está matando um monte de gente”, diz Marcelo Indy. “Tem muita gente boa que fica pelo caminho, e tem gente que nem é tão boa assim que vai”, completa Toninho da Matta.


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Comunicação

Imprensa deixa espectadores sem respostas de casos antigos Por causa das grandes quantidades de informações que são recebidas regularmente por meio da internet, algumas notícias acabam caindo no esquecimento por falta de continuidade CARINA TOLEDO 4º PERÍODO

Seja por meio de um smartphone, tablet ou computador, é possível ter acesso aos principais acontecimentos do dia, ou melhor, a cada minuto as pessoas são atualizadas com o que está acontecendo no mundo. O avanço da tecnologia nos possibilitou uma cobertura em “tempo real”, de forma que se é “bombardeado” com um grande número de informações em um curto período de tempo. Novos casos surgem a todo momento, sendo acompanhados de forma instantânea, todas as suas repercussões e seus desdobramentos. No entanto, alguns casos, com o passar do tempo deixam de ser noticiados pela imprensa, por não apresentarem um posicionamento oficial, uma “solução” para o caso. E ficamos todos, leitores, espectadores e ouvintes sem de fato saber o que aconteceu depois. O MARCO ouviu jornalistas com diferentes experiências em busca de resposta para a seguinte questão: Por que a imprensa abandona casos não resolvidos? Para o coordenador de Jornalismo da rádio CBN, Marcos Guiotti, “muitas vezes o papel da imprensa é mal interpretado. Não temos o poder de polícia e nem estamos aqui para resolver problemas de ninguém. Nossa função é informar os fatos. Levantamos informações e divulgamos. Tudo que é notícia deve ser divulgado. Se vai ter desdobramento é outra história. Se os desdobramentos são notícias, vamos continuar divulgando”, afirma. Segundo ele, não se trata de abandonar o assunto, porque sempre que tiver um fato “novo e relevante”, será divulgado. “Tudo depende da relevância jornalística. Veja que o caso Petrobras é notícia todos os dias, como foi o caso do Mensalão e o caso Bruno, só para ficar em alguns exemplos. Alguns assuntos se esgotam na primeira divulgação”, diz. “Por que a imprensa abandona casos não resolvidos? Essa é uma ótima pergunta, e penso que a resposta é a crise institucional do jornalismo no cenário contemporâneo. Já quase não há jornalismo investigativo, pois esse tipo de investimento

O jornalista Eduardo Costa, da rádio Itatiaia, apresenta programa custa mais caro, tanto do ponto de vista trabalhista quanto do ponto de vista intelectual”, observa a repórter da Rádio Inconfidência, Verônica Pimenta, que é diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG). De acordo com a jornalista, há um efeito em cadeia. “Os veículos de estrutura menor e mais fracos politicamente são ‘colonizados’, querem copiar modelos e publicar o que os outros também estão publicando. Todos, veículos grandes e pequenos, quase sempre querem as notícias prontas em tempo recorde. Querem que o repórter faça várias pautas por dia. Muitos colocam na chefia de reportagem pessoas que sequer têm a cultura de reportagem e jamais frequentaram a rua”, raciocina. “Por outro lado, vivemos em tempos de jornalismo declaratório, para o qual só há fatos novos quando fontes oficiais aparecem a público querendo reascender os casos. Jornalistas sem apoio institucional são atropelados por rotinas diárias, muitas vezes abarrotadas por releases que atendem a interesses econômicos e políticos muito claros”, acrescenta. Verônica Pimenta não crê que falte memória ao jornalista. “Muitas vezes, falta é liberdade e boas condições de trabalho: rotinas extensas, não pagamento de horas extras e mais de um emprego

para compensar os baixos salários. O jornalista da atualidade carece de mais relacionamento com as fontes e com o público. Talvez isso ocorra por estarmos imersos na cultura do espetáculo, do excesso de internet e de redes sociais”, avalia. O jornalista e professor de Jornalismo, Eustáquio Trindade, coloca outro ingrediente na receita, ao dizer que em muitos casos, pesa o interesse empresarial. “De alguma forma, a imprensa sabe que o interesse do público, depois do impacto inicial, também diminui. Então, não acho que seja bem ‘deixando os leitores, espectadores e ouvintes sem resposta’. O que acontece é que, atualmente, a diversificação e o bombardeio da mídia não têm muito tempo para se deter em um mesmo caso e tenta suprir o público com o que seria uma espécie de conceito de novidade. Ou seja, todo dia tem que ter uma coisa nova”, comenta. TEMA INCÔMODO “Trata-se de um tema que me incomoda profundamente. Tanto que, na semana passada, pedi a uma colega que cobre o Fórum para ver no que dera um acidente, em 2002, no Anel Rodoviário, quando um jovem rico (Eduardo Pentagna Guimarães Pedras), em alta velocidade e na contramão abalroou outro carro e matou uma moça de 22 anos. Eis que ela descobriu que o crime prescreveu, isto

é, nenhuma pena para o rapaz, fazendo jus ao que dissera o pai dele, Paulo Pedras, para os jornalistas, na porta do Detran, no dia seguinte ao crime de trânsito: ‘Isso não vai dar em nada porque tenho dinheiro e bons advogados’”, afirma o jornalista José Eduardo Costa, apresentador da Rádio Itatiaia, TV Record e colunista do jornal Hoje em Dia. Ele diz não acreditar em falta de memória dos jornalistas ou qualquer tipo de auto interesse. “O problema é que as equipes são reduzidas, as redações enxutas e, quase sempre, não dá para cobrir sequer o factual. Assim, investigações, pesquisas, buscar fóruns, tribunais, ir atrás de personagens, tudo isso demanda um tempo que a maioria dos veículos não oferece aos profissionais. Digo mais: muitas vezes, fico assustado quando vejo a qualidade de uma reportagem e então sou informado de que a equipe chegou atrasada ou teve de abreviar as entrevistas para ir a outro local”, analisa. “E agora tem uma novidade: os mesmos repórteres têm de falar no rádio, escrever para o jornal, resumir para a página digital, filmar, enfim, as empresas têm atuação em várias frentes, o profissional é um só e vive pressionado pelo tal deadline”, complementa.

Camila Navarro

Outras opiniões “Creio que a imprensa não abandona caso nenhum. Os casos deixam de ser noticiados quando param de ter novidades, desdobramentos e reviravoltas. O caso Bruno, que teve atenção nacional comprova o pensamento. Ficamos meses sem tocar no assunto, mas diante de alguma novidade ele volta a ser manchete. O que determina a cobertura é o próprio caso, e as interações de seus personagens, os jornalistas apenas a missão de recontar para a população. Se a justiça não tem mais ações em relação algum caso, nós jornalistas muito menos.” Kleber Ferreira, jornalista, 24 anos. “Eu acredito que o motivo é a maneira como o jornalismo é feito atualmente. Tudo é pensado pela audiência de forma muito superficial, não se preocupando em se aprofundar na cobertura dos fatos. Uma notícia relevante hoje, já se torna sem importância amanhã e assim, não há o cuidado de voltar para concluir a apuração, pois o público já não tem mais interesse na informação.” Frederico Alves, jornalista, 26 anos. “O primeiro interesse do público é o da novidade, ou seja, da cobertura jornalística do primeiro fato ocorrido. Os desdobramentos do fato ‘rendem’ até um determinado momento, no que se diz respeito ao conteúdo e por outro lado, do interesse do público. Uma série de fatores em cadeia se convertem para este resultado, não sendo só uma decisão exclusiva do jornalista e do dono do veículo, em deixar de noticiar o fato. Sendo o jornalismo também um negócio, existem fatos que podem vir a ocupar um interesse secundário, devido à falta de interesse do público em consumir a informação. Há casos em que se tem uma cobertura jornalística desde o início e até mesmo após a finalização dos desdobramentos, já que geram grande comoção nacional.” Matheus Baldi Andrade, 23 anos, jornalista e proprietário das empresas Gera Conteúdo e Vipaí.


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Educação

BRUNA VOLPINI LARISSA BARROS 4° PERÍODO

Em busca de um método mais eficaz para facilitar o preparo para o vestibular, um grupo de professores criou, há dois anos, o AppProva, um aplicativo inovador que vem sendo adotado por várias escolas de Belo Horizonte. Sua principal característica é a disponibilização de relatórios qualitativos e não quantitativos como a maioria dos outros aplicativos presentes no mercado. A iniciativa surgiu quando um grupo de educadores formados em diferentes disciplinas se uniu com a proposta de criar alguma ferramenta que fosse capaz de auxiliar alunos e professores na hora de se preparar para a prova do Enem. Com a ajuda de um programador foi pensado um aplicativo em formato de quiz que funcionasse tanto nos celulares quanto no computador e que fosse capaz de analisar o desempenho dos alunos de uma maneira mais completa. Rafael Luís, um dos idealizadores do projeto, conta que o AppProva foi criado sem investimento externo, somente com iniciativa dos professores. Depois de pronto a equipe se organizou e procurou pessoalmente as escolas que, hoje, são

parceiras do aplicativo. A reação dos colégios, dentre os mais bem avaliados da capital, foi bastante positiva. Magnum, Loyola, Colégio Santo Agostinho e Santo Antônio são as principais escolas que abraçaram o projeto. A Revista VEJA também é uma forte colaboradora do aplicativo, montando juntamente com os criadores do mesmo novos simulados, além da divulgação que é feita periodicamente. “A direção da escola é muito aberta. Estão sempre nos incentivando a buscar coisas novas e trazer novos desafios. Nós vimos nesse aplicativo uma maneira de motivar os alunos através de algo que eles já têm domínio por estarem sempre conectados. A gente achou que seria uma forma de prender a atenção deles ao mesmo tempo que fazemos com que eles aprendam”, afirma Tais de Oliveira, supervisora do Colégio Santo Agostinho. Recentemente, foi desenvolvido pelo Colégio, em parceria com os jovens empreendedores do AppProva,1 uma olímpiada específica de biologia. Os alunos participavam da primeira etapa em casa, e a segunda etapa, para os melhores pontuadores, foi realizada no laboratório de informática da escola. O colégio propôs uma pre-

Novas tecnologias ajudam nos estudos Um aplicativo para celular inovador, o AppProva, surge como uma alternativa criativa e dinâmica para auxliar os alunos em épocas de vestibular. Várias escolas de Belo Horizonte já adotaram a novidade como forma de estimular o aluno a estudar

miação para os alunos melhores classificados, o que é uma forma de fazer os estudantes responderem às questões, já que não foi uma atividade obrigatória. Os resultados provenientes da implementação de ferramentas como o AppProva são positivos. Alunos e professores destacam a importância que novos métodos de ensino têm no processo de aprendizagem. Sobre o aplicativo, Olavo Sérgio Campos (Kafunga), coordenador pedagógico do Colégio Santo Antônio, afirma que a função do AppProva está sendo cumprida. “Tudo o que pode melhorar a compreensão e que propõe questões e exercícios melhora a aprendizagem”, observa. Grande parte do sucesso do utilitário se dá à praticidade que ele leva ao aluno. “É um treino muito bom. Ainda mais porque você pode fazer na sua casa, onde você quiser. E sempre vai ter simulado lá disponível”,

Bruna acredita que o aplicativo é prático e dinâmico

conta Bruna Athaide, aluna da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Santo Agostinho. Além de motivar os alunos a estudar de uma maneira mais dinâmica, o aplicativo é uma forte ferramenta para as instituições de educação. Com as análises disponibilizadas pelo programa

alunos, professores e diretores conseguem visualizar o desempenho dos estudantes perante outras escolas, ou até na escala Brasil. “A gente vê as nossas deficiências, os setores de maiores erros, para trabalharmos

Bruna Volpini

em cima disso. A gente acompanha os resultados, porque senão não teria sentido. O aluno saber que foi mal não adianta se a gente não puder melhorar”, explica a supervisora Tais Oliveira.

Só tecnologia não é suficiente Por mais que meios tecnológicos sejam um atrativo para os jovens nem sempre é fácil focar as habilidades deles para o conhecimento. O novo é sempre motivo de interesse e procura, mas a partir do momento que se torna rotina ele deixa de ser interessante. Esse é o principal desafio das escolas e professores que tentam manter a vontade dos alunos de continuarem utilizando um mesmo aplicativo há mais de dois anos. “A gente percebe que o aluno gosta de tecnologia, mas ele é muito especifico, porque ele gosta de whatsapp, de facebook, mas quando você precisa que ele expanda o seu conhecimento tecnológico, nem sempre eles conseguem”,

analisa Marcos Vinicius, que leciona biologia no Colégio Santo Agostinho há dez anos. O professor, especializado em aulas de laboratório possui o AppProva instalado em seu celular e Ipad e utiliza o aplicativo com seus alunos sempre que possível. Porém, a opinião de Marcos nem sempre é a mesma de seus colegas. Há sempre aqueles que preferem os métodos convencionais e não são adeptos do uso de tecnologia. O professor afirma que ainda existem pessoas resistentes e que insistem em manter seus métodos “analógicos”. Esse pensamento não fica restrito apenas aos que lecionam. Thales Castilho Tamietti, aluno que cursa a 3ª

série no Colégio Santo Antônio, afirma que continua preferindo os bons livros e cadernos, apesar de ocupar o segundo lugar no ranking do AppProva de sua escola. Bruna, que pretende cursar medicina, concorda que a utilização da tecnologia ajuda bastante na hora de se preparar para fazer a prova do ENEM, mas também não consegue desapegar do método antigo. “Eu gosto de estudar também pelo livro, fazer as minhas anotações. Mas eu uso muito a internet e uso bastante o AppProva. Mas eu não sei qual eu uso mais. Livro e internet se completam na hora do estudo”. Tais afirma que aplicativo é ferramenta de avaliação

Bruna Volpini

AppProva é uma forma dinâmica de estudar Com mais de um milhão e meio de usuários, o AppProva é um aplicativo utilizado por meio do Facebook. Este, por meio de questões inéditas, criadas pela equipe do AppProva ou pela seleção de questões anteriormente vistas em provas de vestibulares e no Enem, oferece um menu cen-

tral com três opções disponíveis, a de jogar, desafiar ou a de simulados. O primeiro ícone fornece questões de modo aleatório sobre as diversas áreas do conhecimento, o segundo permite que você desafie amigos que possuem o aplicativo à responderem determinadas perguntas e no tercei-

ro, é possível realizar simulados que ficam disponíveis frequentemente. Além dos simulados existentes e disponibilizados pela veja.com/ AppProva, os criadores do aplicativo, colaboram com projetos como a Olimpíada de Biologia, sugerindo questões de seu banco de dados para

a realização da mesma. De acordo com o desempenho do usuário, o estudante ganha pontos que desbloqueiam medalhas, permitem a visualização das suas estatísticas e dos rankings em relação aos seus amigos e aos outros jogadores do Brasil.


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Cultura

Bienal homenageia Rubem Alves Em sua quarta edição realizada no estado, a bienal terá a participação de autores renomados, espaços temáticos e muitas atividades que incentivam a leitura de um público abrangente DÉBORA ASSIS JÚLIA GUEDES PRISCILA RIBEIRO 2º PERÍODO

A IV Bienal do Livro de Minas Gerais, que acontecerá até o dia 23 de Novembro no Expominas, contará com a presença de autores de renome na literatura brasileira atual. O homenageado dessa edição será o escritor Rubem Alves que morreu em julho de 2014. A Bienal contará com estandes de diversas editoras e livrarias e contará com 5 espaços temáticos: Atividade Infantil, Biblioteca Infanto-juvenil Rubem Alves, Bienal em Quadrinhos, Café Literário e Conexão Jovem. O evento tem a expectativa de receber um público de 250 mil visitantes. Com curadoria de Sandra Bittencourt, a Atividade Infantil é um espaço para incentivar o hábito da leitura por meio de teatro, música e bonecos. A estória ganha movimento com as apresentações de dança, música e arte. O espaço Bienal em Quadrinhos, com os curadores Afonso Andrade e Eduardo Damasceno, é em formato de bate papo que discute sobre temas como processo criativo e carreira. Nessa edição, o espaço conta com lançamentos, improvisações e sessões de autógrafos. Além disso, promove a interatividade através de brincadeiras em que diversos quadrinistas são convidados

a criarem histórias enquanto observados pelo público, que usa monitores de TV para interagir. O Café Literário é um ambiente informal onde o público pode contar com a presença de vários autores, tendo maior aproximação deles para discutir sobre temas com literatura mineira, poesia, literatura e futebol, literatura e política e identidade nacional: O curador do Café Literário é o escritor e cronista, João Paulo Cuenca. Já o Conexão Jovem é um espaço dedicado à temas do universo jovem como sagas, relacionamentos e troca de experiências. É um ambiente que permite uma conversa mais informal e que conta também com a presença de escritores como Thalita Rebouças, Paula Pimenta e Pedro Bandeira. A escolha de Rubem Alves como homenageado da Bienal de Minas Gerais na edição de 2014 tem como objetivo consolidar a função do evento, que é estimular a leitura. “Rubem Alves é um exemplo nesse sentido”, diz a gerente de Eventos Paralelos da Bienal do Livro de Minas, Cida Malka. “Além de ser um dos autores mais importantes de todo o país, o escritor mineiro teve uma fértil produção, com livros voltados para o público adulto e infantil”, completa Cida. A homenagem ao escritor será feita por meio da Biblio-

A jovem escritora Lavinia Rocha participará pela primeira vez da Bienal

teca Rubem Alves, um espaço que poderá ser visitado por pessoas de qualquer idade e que contará com um acervo especial com as obras do escritor além de outros títulos. Ao todo, serão 250 volumes disponíveis. “A intenção é criar um ambiente lúdico, no qual as pessoas possam descansar e se dedicar à leitura, tornando a experiência na Bienal do Livro de Minas ainda mais rica”, explica Cida Malka. JOVENS ESCRITORES Além de autores com grande representatividade no Brasil, como Paula Pimenta e Talita Rebouças, haverão espaços reservados para novos autores, como é o caso

da escritora Lavínia Rocha, 17 anos, que fará a sua primeira participação como autora no evento. Ela acredita que a Bienal seja um espaço para incentivar a leitura. “Eu mal pude acreditar quando a oportunidade [de participar da Bienal] apareceu. É como aquele ‘beliscão’ que me faz ter a certeza de que sou, de fato, uma escritora, porque é tão realizador que às vezes parece um sonho”, afirma. “A Bienal é um ótimo momento para os leitores poderem renovar suas estantes aproveitando as promoções, além de conhecer autores, ganhar autógrafos, conversar com outras pessoas e participar de eventos culturais. Também é uma forma de pais e escolas

Júlia Guedes

estimularem nossos jovens a serem leitores assíduos”, conta. Além de Lavínia, a Bienal do livro também contará com outros autores que estão surgindo no mercado, como a Cátia Mourão, 44 anos. Carioca, essa será a sua primeira visita a Minas Gerais com seus livros da saga “Mais além da Escuridão”. “Para mim será a oportunidade de estar pela primeira vez em contato pessoal com meus leitores e fãs mineiros da saga. Isso claro é sempre emocionante. Além de ter oportunidade de conhecer novos leitores e apresentar um pouco mais do meu trabalho”, revela. Cátia estará no estande da Perse Editora no dia 15 de novembro, en-

tre 17h e 19h, perto do Café Literário. Uma das responsáveis por essa demanda de novos autores é a Editora Perse, uma plataforma web que permite a publicação e venda de e-books (livros digitais) onde o autor tem autonomia para publicar seu próprio livro sem gastar nada com isso. Outra escritora presente será a principiante Lan Fernandes, escritora da história “Ópera” que está em processo de publicação. A belo-horizontina que participou da última bienal de São Paulo e no ano passado na do Rio ficou encantada com a grandeza do evento e espera que a população mineira saiba apreciar este grande acontecimento. “A Bienal de Belo Horizonte vem com menos autores internacionais, pois aqui parece uma coisa meio obrigatória, com essa coisa de as escolas levarem. Eu realmente acho que as pessoas deveriam ir na bienal porque a do Rio e de São Paulo foram sensacionais e lotadíssimas. Mas é uma coisa muito legal, porque quando os eventos são desse tamanho, outras pessoas aparecem. Eu acho que todos os mineiros deveriam ir, porque os mineiros têm um hábito de leitura, tanto que muitos escritores saem daqui, a Paula Pimenta, a Bruna Vieira, a Graciela Mayrink, então a gente tem essa cultura de leitura, temos que parar de ver a bienal como uma obrigação” avalia.

Evento desperta entusiasmo e ansiedade de alunos A Bienal do Livro de Minas Gerais é bem aguardada por diversos leitores, como é o caso da Maria Luiza Freitas, 18 anos, que foi à edição passada do evento e aproveitou. Por isso, ela está com bastante expectativa na edição deste ano. “Na última Bienal comprei vários livros e achei muito bacana a variedade de editoras e palestras que tiveram. Espero que a desse ano seja ainda melhor, quero comprar novos livros, ir a novas palestras, e, é claro, conhecer alguns dos meus autores preferidos pessoalmente”, observa. Apesar de ser um pouco longe, Maria Luiza acredita que não terá problemas em chegar ao Expominas. “Eu fui de carro. Mas é bem fácil ir de ônibus ou metro”, aconselha. O estudante Cristino Melo, 21 anos, ainda não teve oportunidade de participar de nenhum evento literário desse porte, e se diz com grande expectativa. “Estou muito ansioso. Muito curioso para ver como é. Nunca fui em nenhum evento de literatura. A Bienal terá várias atividades para vários estilos, além de um monte de gente legal dando uma pa-

lestra ou fazendo bate-papo, como a Adriana Calcanhoto, o Gregório Duvivier e Lira Nero”, diz. Cristino acredita que a Bienal, muito mais do que reunir pessoas de um ramo literário para conversar sobre assuntos que não estão presentes no dia-a-dia, é de fundamental importância para incentivar a leitura. “A importância da Bienal depende do ponto de vista. Vou apresentar dois: O primeiro é o incentivo que o evento traz para novos leitores. Muitas escolas o visitam e acaba deixando várias crianças encatadas com tudo aquilo. O segundo é o surgimento de novos escritores. Várias editoras cedem um pedaço de seus espaços na Bienal para esses que são independentes ainda”, acrescenta. Os ingressos para a Bienal poderão ser adquiridos com antecipação pelo site www. bienaldolivrominas.com.br ou no Shopping 5ª Avenida, na Savassi. Os ingressos também serão vendidos na portaria do evento, de 14 a 23 de novembro, data de realização da Bienal do Livro. Os ingressos custam R$10 a inteira e R$5 a meia.

Coral da PUC promove interação e aprendizado

Atual formação do Coral PUC Minas regido pelo maestro Marco Drummond CALEBE SOUZA THIAGO CARMINATE 1º E 2º PERÍODOS

Fundado há 40 anos, pelo padre Nereu de Castro Teixeira, e regido desde 1996 pelo maestro Marco Antônio Drummond, 61 anos, o Coral PUC Minas encara uma proposta diferente de outros gru-

pos musicais e que funciona com um desafio a mais: trabalhar com a grande rotatividade de seus integrantes. O coral da PUC Minas é composto por alunos, funcionários e moradores da comunidade. Marco Antônio Drummond realizou a tarefa de reorganizar e reestruturar o coral que esteve inativo por

Lucas Félix

cerca de dois anos devido a demissão do padre Nereu. Segundo Bonifácio Teixeira, assessor da Secretaria de Cultura e Assuntos Comunitários (Secac), a proposta do coral é não manter um grupo fixo. Marco Antônio é formado em bacharel em regência e pós-graduado em Educação Musical pela UFMG, também

formado na Academia Frédéric Chopin de Musica na Polônia. Hoje, apesar da pouca divulgação, o coral conta com uma maior rotatividade de seus coristas. Não é necessário compreensão de Teoria Musical ou saber ler partitura para fazer parte do coral. “A primeira coisa que eu avalio é a saúde vocal, se achar que tem algum problema eu encaminho para o otorrino e solicito um laudo”, diz o maestro “O objetivo não é ser um coral profissional”, afirma Wanderley Felippe Chieppe pró-reitor e professor do 8° período do curso de psicologia da PUC Minas. Os ensaios acontecem às segundas e quartas no auditório 1 do prédio 4 da PUC unidade Coração Eucarístico, e às sextas feiras são realizados ensaios voltados para os novatos.

Pela grande rotatividade e a não exigência de carga teórica nas audições, o maestro Marco Antônio Drummond desenvolveu uma didática para ensinar as musicas rapidamente. “Ele possui uma boa metodologia e uma ótima percepção das quatro vozes, se fosse um maestro menos capacitado, ele não daria conta”, diz Wanderley. Para os integrantes, participar do coral é prazeroso. “É uma fonte de energia, saio daqui reenergizada, para mim é uma terapia”, diz a assistente administrativa Renata Lorenzo, 42. “A gente se vê no mesmo barco, tem uma energia boa, a gente se diverte”, observa. “Vejo como uma família, nas viagens de ônibus a gente ri muito”, diz Cristiana Pereira Barbosa, 36, aluna do 5° período de psicologia.

CUIDADOS COM A VOZ Em outubro, foi realizada a Oficina da Voz: Divulgando as áreas de atuação da Fonoaudiologia dentro da Universidade, no auditório 1 do prédio 4, aonde são realizados os ensaios do coral. A oficina foi um trabalho integrado realizado por alunas do 6º período de fonoaudiologia. Durante o projeto foram dadas explicações sobre os cuidados com a saúde vocal e malefícios decorrentes de sua negligência. Ao final da oficina, os palestrantes fizeram um momento de exercícios de aquecimento vocal. Integrante do coral, Carmen Lara, 48 anos, diz que o evento deveria ser realizado todo os anos. Para a palestrante Ana Paula Soares, um dos objetivos da palestra era “ajudá-los a melhorar esse instrumento que eles possuem, que é a voz”.


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Cultura

Geladeiras estimulam leitura O modo encontrado pelo professor Luiz Fernando Gomes de Castro para incentivar a leitura desperta a curiosidade de quem caminha por Sete Lagoas e encontra a geladeira cheia de livros

Geladeiras surpreendem por conteúdo inovador PABLO NASCIMENTO 2 º PERÍODO

Já pensou em poder pegar livros em uma biblioteca 24 horas, que funcione sete dias por semana e 365 dias por ano? Pois isso é possível na Biblioteca Popular Geladeira da Alma, criada pelo supervisor de futebol Luiz Fernando Gomes de Castro, na cidade de Sete Lagoas, a 70 km de Belo Horizonte. A finalidade do projeto, assim como a das bibliotecas tradicionais, é promover o acesso a livros. Porém, ele possui algumas diferenças. A primeira delas é que, ao invés de ser em um prédio, a biblioteca funciona em uma geladeira instalada na calçada da Rua Joaquim Murtinho, em frente ao número 760, no Bairro São Geraldo,

Luiz Fernando Gomes

em Sete Lagoas. Luiz Fernando conta que essa ideia “doida” surgiu com a geladeira estragada de uma tia. Inicialmente, seu plano era personaliza-la e fazer dela uma estante para seus livros. Ela já estava sem o motor para ser customizada, quando Luiz mudou de planos e resolveu coloca-la na rua. Luiz explica que tomou essa decisão por acreditar que os seus livros não teriam utilidade se apenas ficassem nela guardados já que, segundo ele, o conhecimento é para ser repartido. “Vou colocar meus livros, na verdade, mas vou colocar a geladeira na rua com os livros que ai quem quiser, pega”, recorda-se. Outra diferença da Geladeira da Alma é que ela é menos burocrática já que nela não há um funcionário

responsável pelos empréstimos e as pessoas não precisam fazer cadastro. Assim, o processo de retirada das obras, que é realizado pelos próprios leitores, se resume no preenchimento de uma ficha com dados como nome, telefone, título da obra e data prevista para devolução. “É uma coisa mais dinâmica do que a biblioteca” explica Luiz Fernando. “A pessoa, às vezes, passa com pressa na biblioteca. Aí você tem que fazer uma ficha e esperar numa fila. Aqui não. Aqui você chega, abre a geladeira e dá uma olhada. Gostou? Pega o livro e preenche a fichazinha”, completa. Ao contrário das bibliotecas tradicionais, a Geladeira da Alma sempre está aberta. Assim, as pessoas podem pegar livros quando quiserem. “Às vezes a pessoa passa aqui no bairro todo dia, horário de serviço, ela passa dez horas da noite. Dez horas da noite aqui é só abrir a geladeira”, exemplifica Luiz. A Biblioteca Popular Geladeira da Alma, cujo nome vem do lema “Se a comida é alimento para o corpo, o livro é o alimento da alma!”, conta com cerca de 150 títulos que vão de obras de estudo religioso a clássicos literários. Entre eles é possível encontrar coleções completas de séries de sucesso como Harry Potter que, de acordo com Luiz Fernando “Quem pega, pega a coleção inteira.”. Os livros que narram a vida do bruxinho britânico e o best-seller A Culpa é das Estrelas, de John Green, estão entre os mais requisitados da Geladeira. “Quando A Culpa é das Estrelas está aqui é um milagre”, se diverte Luiz ao comentar. Para quem procura os clássicos, as opções também são variadas. O estudante e usuário da biblioteca Arthur

Henrique Abreu Rocha, 18 anos, por exemplo, levou para casa Machado de Assis, Robert Louis e Roque Schneider. Arthur, que se considera “exagerado no quesito leitura” e que gosta desde O Príncipe, de Maquiavel, até As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, conta que a visão que ele tem sobre a Geladeira da Alma agora é bem diferente da que teve quando soube do projeto por meio de um professor. “De início acreditei ser algo sem um objetivo claro”, confessa Arthur. O projeto tem conquistado a maior parte dos moradores da região onde foi afixada. Ao perceber a presença da geladeira na calçada, quando foi instalada em julho deste ano, a comerciante Magda Helena Silva Vilela não conteve a curiosidade e foi averiguar o que era. “Eu achei super interessante a iniciativa dele porque ele está incentivando a cultura, a leitura”, conta a comerciante que, surpreendida ao saber do que se tratava o projeto, providenciou a doação de uma coleção de livros do escritor mineiro Agripa Vasconcelos. Os livros doados ajudam a compor o acervo e, assim como toda proposta da Galadeira, o processo de doação é simples. O único pedido dos organizadores é que o doador deixe “um recadinho” na contracapa do livro para os leitores. “É uma forma de conectar essas pessoas que, não se conhecem e provavelmente nunca vão se conhecer, mas estão interligadas por uma doação de cultura”, explica Luiz Fernando. O projeto também recebeu apoio de outras maneiras além da doação de livros. Uma delas, foi a substituição das folhas de papel impressas e coladas com durex por ade-

Comunidade busca solução para geladeira Em três meses de existência, a Biblioteca Popular Geladeira da Alma foi impedida de funcionar por duas vezes. A primeira delas, foi com o roubo da geladeira que, até então, havia sido colocada na calçada em frente à casa que Luiz Fernando aluga. A segunda vez foi após o pedido de retirada da nova geladeira feito pela proprietária do imóvel. De acordo com relatos de vizinhos, a geladeira, que estava estragada, foi levada em um carro por dois homens não identificados. Luiz Fernando conta que no dia ele nem pensou em fazer um boletim de ocorrência. “Só me veio a ideia de arrumar uma nova”, diz. Para solucionar o problema, Luiz Fernando recorreu ao contador Renato Augusto Miranda Paiva, então diretor administrativo do Democrata Futebol Clube. Renato explica que uma geladeira velha que ele havia emprestado ao clube tinha estragado e Luiz Fernando, ao saber disso, contou para ele sobre a biblioteca e pediu

sivos com todas as informações sobre a biblioteca. Essa troca, realizada pelo empresário Vladimir Silva Cândido, que mora em frente à “biblioteca”, assustou Luiz Fernando que não percebeu o que havia de diferente na ge-

a doação da geladeira. “Atendi imediatamente”, completa. Após receber a doação da nova geladeira, Luiz Fernando resolveu chumbá-la na calçada para não correr riscos de um novo roubo. Porém, a proprietária da casa que Luiz aluga exigiu que a geladeira fosse retirada. Para manter o projeto, Luiz Fernando retirou a geladeira e a colocou dentro de sua casa. “Quando chegava do serviço colocava ela lá fora e quando ia dormir colocava ela para dentro”, explica. Sensibilizada ao saber do ocorrido, Afra Valadares da Silva, 78 anos, professora aposentada e vizinha de Luiz, cedeu um espaço no passeio de sua casa para que a biblioteca fosse novamente ativada. Ela, que gosta de ler Jorge Amado, Erico Veríssimo e livros de pensamento positivo, conta que chamou Luiz e disse: “Pode colocar isso aí que eu dou respaldo nessa ideia sua. Esse projeto seu é importante, por que não?”.

ladeira. “No dia eu até achei meio estranho”, conta. A Biblioteca Popular Geladeira da Alma está na lista de atrações da 2º Virada Cultural de Sete Lagoas, que acontece entre os dias 22 e 23 de novembro.

Museu em Belo Horizonte é alvo de desinteresse

Centro Artístico tem baixa média de visitantes GIOVANNA MOSELLI ROBERTO M. Q. BARCELOS 2º PERÍODO

Localizado à Avenida Afonso Pena, próximo a Praça Sete de Setembro, o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia é uma construção que, apesar de imponente, quase nunca é percebida por quem passa pela avenida. Poucos sabem sobre a sua localização, ou que o lugar é um museu que objetiva trazer projetos experimentais dos mais diversos tipos. No entanto, sua posição

Camila Navarro

privilegiada próxima ao local mais movimentado da cidade, não diz nada sobre sua popularidade. O prédio passa despercebido no dia a dia pelos apressados transeuntes da Avenida Afonso Pena. Renata Nery, formada em Artes Plásticas pela Guignard, monitora de artes visuais do Museu na parte da tarde, disse que a média de visitantes diários é de 20 pessoas. Ela disse que, desses vinte visitantes diários, uma parcela entra no museu a fim de utilizar o bebedouro, os banheiros e etc, sem demonstrar nenhuma

curiosidade pelo espaço. Fernanda Tolentino, 17 anos, estudante, estava parada em frente a placa que indicava o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, e disse que nem mesmo a havia notado. Ao ser questionada, disse que mesmo se soubesse da existência do museu não teria curiosidade de conhecer. Muitas pessoas têm o mesmo pensamento de Fernanda, e o desinteresse acrescido da correria inerente à Praça Sete, ocasionam o desconhecimento generalizado sobre o local. O músico Sérgio Avessa, 55, apesar de ter conhecimento da galeria, nunca teve a oportunidade de visitá-la. Ele disse ter vontade de conhecer o espaço, e que se arrependia de ter perdido algumas exposições passadas as quais teve conhecimento, como a do fotojornalista Sebastião Salgado. Sérgio contou que frequenta pouco a região central de BH e que quando vai está apenas de passagem, ou com algum compromisso já marcado. Para ele, apesar de belo e imponente, o prédio não é convidativo, o que faz com que o número de visitantes seja ainda menor. Outra peculiaridade é o sossego do interior do pré-

dio, característica que faz o espaço destoar do centro da cidade. Renata alegou que existem pessoas que procuram o espaço apenas para ter um minuto de calma no meio da correria do cotidiano. A exposição atual, patrocinada pela Oi, propõe a contemplação de produções audiovisuais que priorizam o tempo lento e o silêncio. Tombado como Patrimônio Histórico do Município, o imóvel foi construído em 1925 para abrigar a sede de Minas Gerais do Banco do Brasil. Posteriormente foi adquirido pelo banco dos Moreira Salles, uma poderosa família de banqueiros, e no ano de 1997 o espaço se transformou em uma galeria dedicada a apresentar exposições voltadas para o audiovisual e fotografias. Hoje, ele é gerido pela Fundação Clóvis Salgado, que também administra o Palácio das Artes, e funciona graças a uma parceria entre a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais e o Instituto Moreira Salles. A Fluxus SLOW CINEMA conta com obras de renomados artistas de vanguarda. Três telas estão dispostas em diferentes ambientes do prédio, cada uma passando

simultaneamente, um filme diferente. Segundo a curadora da exposição, Francesca Azzi, a proposta da mostra é justamente essa, de trazer um espectador agitado para uma atmosfera mais tranquila, contemplativa. A Fluxus SLOW CINEMA fica no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia até o dia 9 de novembro, mas a característica de tranquilidade do ambiente permanece. Para Renata Nery, monitora, além da localização, o fato da galeria expor geralmente projetos experimentais, é o que mais conta para o reduzido número de visitantes. Como o Centro pertence atualmente. a Fundação Clóvis Salgado, muitas exposições recebidas são continuidade, ou uma extensão daquelas expostas no Palácio das Artes, que também fica na Avenida Afonso Pena. Os estudantes de Belas Artes Marcos Vinícius Bravin e Clarissa Alves, 20 anos, tiveram a oportunidade de conhecer o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia neste sábado, dia primeiro de novembro, e ficaram surpresos com a estrutura do museu por ser um lugar grande, acusticamente isolado e de

teto alto, bastante arejado e diferente do que se espera encontrar nas mediações da Praça Sete. O prédio conta com três andares, sendo que o terceiro serve, atualmente, como residência artística para os colaboradores do projeto JA.CA. Esse projeto consiste no intercâmbio cultural e artístico entre designers, arquitetos e artista do Brasil e do mundo. O JA.CA possui um ateliê fixo no bairro Jardim Canadá, mas, no momento, utiliza o museu como espaço de criação. Renata Nery disse que, futuramente, os trabalhos produzidos pelos artistas no prédio serão expostos na galeria. Em se tratando da atual exposição, os estudantes de Belas Artes Marcos e Clarissa se mostraram interessados pela atividade proposta. “Conheci hoje muitos diretores novos, e nem sabia que existiam filmes nesse estilo”, disse Vinícius. Já Clarissa se mostrou mais interessada no clima calmo criado pela exposição. “O contraste com o clima da avenida é claro, e acho que a proposta foi bem sucedida”, disse Clarissa


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Entrevista

CHARLES TÔRRES

BH é fotografada diariamente Você trabalha há quantos anos como fotógrafo? A fotografia entrou na minha vida há cerca de 12 anos, mas que eu trabalho profissionalmente, digamos, foi um processo degradè, eu não comecei trabalhando com fotografia de uma hora para outra. Comecei pegando um bico daqui, um bico dali e aos poucos eu fui me inserindo no mercado. É difícil dizer há quantos anos eu trabalho com fotografia. Eu tenho contato com a fotografia faz 12 anos, mas que eu pego trabalhos tem aproximadamente 10 anos. Eu montei um estúdio há dois anos. O estúdio tem dois anos e é também uma escola de fotografia.

A escola surgiu antes do estúdio? Não, a escola surgiu depois. Primero montamos o estúdio, há um pouco mais de dois anos e a escola vai completar dois anos no final do ano.

Na sua época de faculdade, em Brasília, você já tinha interesse na fotografia? Já. A fotografia surgiu na minha vida de uma forma um pouco diferente. Muita gente procura a fotografia pelo prazer de registrar os momentos, de fazer book, de fazer casamento, etc. Eu já comecei a fotografar um pouco diferente, porque eu sempre gostei de urbanidade, desde pequeno. Sempre gostei de cidade, de urbanidade, cidade grande, e nesse meu interesse por urbanidade eu ficava buscando uma forma de retratar aquilo que eu via. Foi quando eu conheci minha esposa (Lígia Tôrres), atual esposa, namorada na época, com 16 anos, e o pai dela era fotógrafo. Então eu vi na fotografia uma forma de conseguir expressar aquela minha inquietação. Foi ai que a fotografia surgiu na minha vida. Não foi um interesse pela fotografia, foi pelo objeto a ser fotografado depois que fotografei pela primeira vez.

O que é o projeto BH Uma Foto Por Dia?

ANDRÉ CORREIA RICARDO TORRES 5º E 6º PERÍODOS

Criado em Brasília, Charles Tôrres, 28 anos, é mineiro de Belo Horizonte. Formado em Artes pela Universidade de Brasília (UnB) e fotógrafo há 12 anos, criou, em 2012, o projeto ‘BH Uma Foto por Dia’ e desde então posta seus registros fotográficos de urbanidades em seu blog e na página do Facebook, destacando as características da capital mineira e contando um pouco da história e curiosidades dos locais. Ele conta com o apoio da esposa, Lígia Tôrres, artista plástica e também fotógrafa, na direção do Estúdio Metrópole, espaço que mistura estúdio fotográfico e escola, com curso de duração média de três meses e o tem como professor. Charles conta que sua paixão é a cidade e que prefere as fotos feitas com luz natural. “Gosto de aproveitar a luz que tem no ambiente. Você deixa a fotografia muito mais natural, muito mais viva”, afirma. O fotógrafo ainda descreve sua trajetória na profissão, desde o primeiro contato obtido com Robson Corrêa de Araújo, pai de Ligia, pouco tempo depois de se conhecerem, ainda em Brasília. Charles diz que a maior parte de suas fotos é da região central, por morar e trabalhar no local. “Gosto muito de fotos que mostram o cotidiano”, ressalta. Mesmo com 36 mil curtidas no Facebook, o projeto não tem interesse comercial. que começou a incomodar a galera lá. Até que a minha esposa falou: “Porque você não cria um blog?” Fiquei um pouco resistente no início, mas pensei: “vou criar, vai que esse SkyscraperCity não dá certo”, pelo menos o projeto vai ficar registrado no blog. Mais pra frente, ela mesmo me falou: “Porque você não cria uma fã page no facebook?” Fiquei um pouco resistente novamente, porque nessas redes sociais, hoje é o facebook, amanhã pode ter outra, depois pode ter outra. Fiquei desinteressado, mas, por fim, acabei cedendo e criei a fã page. Foi ai que o projeto ficou em ebulição, ficou bem conhecido, fizemos também a parceria com o SouBH, que consolidou de vez o projeto.

O BH Uma Foto Por Dia não é um projeto comercial, não tem fins comerciais, apesar de que depois de um certo tempo veio a procura pelas fotografias. Ele se tornou comercial no sentido de que nós vendemos as fotos também, mas ele não tem fins comerciais. É um projeto autoral, que tem como princi- Qual o papel da sua pal função mostrar o retrato urbano, a esposa no projeto? minha ótica pela urbanidade, como eu Ela te apoia bastante? No projeto é um apoio mesmo. As fovejo a urbanidade. Belo Horizonte é tos são minhas e ela me apoia no senuma plataforma. Como Belo Horizontido de ir comigo nos lugares, em conte tem um cunho urbano muito forte, seguir os lugares comigo, mas aqui no muitas avenidas, muita gente, acaba estúdio somos nós dois. Ela é a direque eu uso Belo Horizontora da empresa e eu te como plataforma, mas a sou professor. Estaminha intenção não é que o mos em conjunto, ela projeto seja uma coisa tutambém é fotógrafa, É um projeto autorística. A ideia do projeto é nossos trabalhos são ral, que tem como ser autoral mesmo. sempre em conjunto, principal função só que eu tenho esse mostrar o retrato E como surgiu projeto autoral e ela a ideia? Foi alguma urbano. BH é tem um projeto autoinfluência? uma plataforma ral dela, de bonecas Por gostar muito de urbaniartesanais. dade, eu sempre procurava fotos de cidades na internet, até que eu descobri um site, um fórum que chama SkyscraperCity (Cidade de Arranha-Céus, em português), é um site que tem muitos foristas brasileiros, que postam fotos de cidade. Lá eu comecei a postar fotos de cidade também, na época eu ainda morava em Brasília. Quando eu vim pra cá, postava fotos de cidade daqui, até que surgiu a ideia: “já que eu posto sempre fotos de cidade, vou colocar uma foto por dia”, em um tópico que eu tinha criado lá, o tópico chamava ‘BH Uma Foto Por Dia’. O negócio começou a fazer sucesso lá dentro, tanto sucesso

Na hora de escolher qual será a foto, você já sai com alguma coisa na cabeça, vai procurando algo específico, resolve na hora ou recebe alguma sugestão? É um pouco disso tudo. Tem lugares que tenho muita vontade de fotografar. Por exemplo, tem um edifício, chamado Edifício Seculus, onde funcionava um shopping, e lá em cima tem um heliponto. Sempre quis fotografar lá de cima. Pedi minha secretária para entrar em contato com eles e pedir uma autorização para fotografar lá. Eu

consegui, fui lá, tirei as fotos e postei. Esta é uma modalidade. Como eu sempre ando com uma câmera, tem outra modalidade que acontece é de às vezes eu sair para almoçar e ver uma cena bacana. Outro dia fui almoçar com minha esposa no shopping, quando estávamos saindo a gente viu uma violoncelista lá e foi espontâneo. As vezes vamos com os alunos para algum lugar, fazer uma aula prática, e de lá eu consigo alguma situação bacana. Normalmente a foto que eu posto é feita no dia, mas acontece às vezes, por exemplo, de fazer uma saída fotográfica hoje, conseguir quatro fotos bacanas, e para não desperdiçar, eu vou postando ao longo da semana, mas de modo geral, a foto que eu posto é feita no dia.

Como é a concepção dos textos que wacompanham as fotos? Eu olho para a foto e o texto começa a surgir. Muita gente insiste comigo para explicar mais sobre a foto. Mas, como eu disse, a ideia do projeto não é ser um projeto turístico. Não quero ficar explicando sobre os pontos da cidade. Tem ‘n’ portais aí que já fazem isso. A minha ideia é postar um texto que ilustre um pouco a foto. É até engraçado isso, normalmente é o contrário. Às vezes é um devaneio meu, às vezes é alguma coisa sobre Belo Horizonte mesmo. Quando estou um pouco sem inspiração, aí sim eu olho o bairro e falo: “ah, este é o bairro São Pedro, vou ler um pouco sobre o São Pedro”, leio e escrevo com minhas palavras algo sobre o São Pedro. Mas cada vez mais eu estou deixando de fazer isso, cada vez mais estou postando textos que são mais uma crônica do que um texto explicativo sobre o local.

Quais fotos tiveram maior repercussão na página? Isso é muito relativo. É até engraçado. O BH Uma Foto Por Dia tem vários tipos de público, e cada público acessa o site e o facebook em um horário diferente. Varia muito do horário que eu posto. Por viver na região central, eu

posto muita foto daqui. Eu vejo muita gente reclamando que eu posto muitas fotos do centro, “você nunca foi no meu bairro”. Aí quando eu vou no tal bairro e faço uma foto de lá, ninguém curte. Quer dizer, dá umas cinquenta curtidas, enquanto uma foto do centro às vezes dá seiscentas curtidas. As fotos que me agradam muito, muitas vezes não agradam todo mundo, porque eu gosto muito de fotos que mostram o cotidiano, como a moça com o violoncelo, eu achei que seria uma foto que teria alta repercussão e acho que não teve nem cem curtidas. É uma foto que eu, particularmente, gostei muito, gostei de produzir, gostei de postar, às vezes muito mais do que uma foto panorâmica espontânea, mas que não deu tanta repercussão. Então, isso varia demais. Vai do horário, de manhã tem um público, à noite tem um público, de madrugada tem outro público.

Você tem algum projeto futuro, alguma exposição ou livro? Nós temos planos de transformar esse projeto em um livro, isso por insistência dos próprios seguidores. Muitos seguidores falam “seu projeto daria um livro fantástico”, “Belo Horizonte carece de um livro de fotografias da cidade”. Você vê, por exemplo, em São Paulo, tem muitas, umas cinquenta publicações com fotografias de São Paulo. Belo Horizonte tem poucas, que eu já li devem ser umas oito, dez no máximo. Muita gente sugere isso, criar um livro e tal. Pro ‘BH Uma Foto Por Dia’, como eu disse, não tenho pretensões financeiras. Eu costumo vender as fotos quando me pedem. Por exemplo, a TV Record entrou em contato comigo para pedir uma foto para deixar de fundo de um telejornal, o Balanço Geral, das 7 da manhã. A Veja já me ligou para comprar fotos também, outros portais já me ligaram para comprar foto. Eu vendo porque é um trabalho, mas como não tem cunho financeiro, eu não tenho grandes pretensões. O livro é só uma compilação. Exposição eu não tenho grandes pretensões. A minha pretensão mesmo é continuar fazendo o trabalho e o projeto ir crescendo, aos passos naturais dele.

Você prefere a fotografia digital ou analógica? Para o trabalho profissional eu prefiro a digital, pelo retorno rápido que você tem. Você fez uma foto ali e já pode analisar no computador, pode fazer um tratamento, e é tudo muito rápido e barato. Você tem a câmera e o cartão de memória e acabou. Já a analógica tem todo o processo de revelação, para escolher você tem que fazer o index das fotos, isso demora. Mas, por outro lado, para os meus projetos pessoais eu prefiro a analógica. Eu prefiro porque acho que a analógica te deixa mais seletivo, a digital te dá muita possibilidade, então você testa demais. Com a analógica não, cada clique ali é um dinheirinho que está indo embora, então você fica mais seletivo, você foca melhor, procura melhor o ângulo. Se aquilo ali não vai dar uma foto boa, você não testa para ver depois, você simplesmente não faz a foto. No ‘BH Uma Foto Por Dia’ eu vivo fotografando com a analógica. Eu costumo falar “esta foto é com um filme tal”. E também o fato das analógicas serem mais portáteis. As câmeras profissionais hoje são muito ‘trambolhudas’, é lente de todo tamanho, câmera, bolsa de todos os tamanhos, e se você vai levar isso com você para ir à padaria, dá muito trabalho. Às vezes você leva uma analógica pequenininha, com todos os controles manuais.


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