Flora Silberschneider
MOBILIDADE URBANA E SAÚDE SÃO AS ÁREAS EM QUE O PRÓXIMO PREFEITO DE BH DEVERÁ INVESTIR, SEGUNDO VEREADORES ENTREVISTADOS PELO MARCO. PÁGINA 3
Flora Silberschneider
BARES DO “SHOPPING ROSA” ESTÃO ABERTOS, NA VIZINHANÇA DA PUC, COM ALGUMA RESTRIÇÃO DE HORÁRIO EM RAZÃO DE CRIME OCORRIDO NO ANO PASSADO. PÁGINA 6
Flora Silberschneider
A ESCRITORA ELZA AGUIAR NEVES, DE 95 ANOS, MANTÉM SUAS ATIVIDADES LITERÁRIAS. SUA OBRA INCLUI CONTO, POESIA E HISTÓRIAS INFANTO-JUVENIS. PÁGINA 16
marco jornal
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas . Belo Horizonte . Ano 43 . Edição 320 . Abril de 2016
Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade Igualdade Direito Justiça Dignidade 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DEFENDER A
DEMOCRACIA É ASSEGURAR A LIBERDADE
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abril2016 . jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratório
Consumo
editorial
Virtudes da democracia O momento turbulento vivido pelos brasileiros, na atual conjuntura política, suscita importante debate: por que defender e valorizar a democracia? Em primeiro lugar, porque ela é o sistema considerado mais justo de governança e, por isto mesmo, adotado pela maioria dos países. Isto não quer dizer que a democracia seja um sistema pronto, acabado. Em todo lugar, ela exige uma construção e aperfeiçoamento permanentes. Uma segunda razão é que este sistema garante o direito à livre expressão do pensamento e à privacidade, à liberdade de imprensa, o direito de voto, à livre associação em sindicatos e outros agrupamentos sociais. Prevê, também, a realização de eleições livres e periódicas, a chance de diferentes grupos políticos assumirem o poder. Para além das liberdades civis e dos direitos políticos, espera-se que a democracia assegure uma distribuição mais igualitária dos recursos econômicos e iguais chances de acesso a bens como saúde e educação de qualidade. Neste exemplar, O MARCO dedica as páginas 8 e 9 ao tratamento de fatos relevantes da atualidade: a Operação Lava Jato, a mobilização no Congresso Nacional, as decisões da Justiça, através da contribuição especializada de professores de Direito, de uma representante da Associação dos Docentes e líderes estudantis. Destaca, ainda, entrevista do reitor da PUC Minas, Prof. Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, em que ele comenta o texto “Em defesa da democracia e da Constituição”, elaborado pelo Conselho de Gestão e Políticas da Universidade e divulgado para a comunidade acadêmica, em março. Nosso objetivo é contribuir para a reflexão, nesse momento fundamental da vida brasileira.
Safatle dá aula na Comunicação Social A criação de grandes conglomerados de comunicação reduziu o espaço das agências de publicidade locais KARINE BORGES THIAGO CARMINATE 4° E 5º PERÍODOS
“A partir dos anos 90 a publicidade mercantilizou o discurso da dissolução do eu e institucionalizou uma nova etapa da retórica do consumo, na qual a antiga ideologia de corpo perfeito e harmônico – ideal frustrante para muitos – vai ceder espaço à mercantilização do corpo doente e mortificado como objeto de desejo e aproximação entre glamour e autodestruição estilizada.” Esta é uma das observações do professor de filosofia Valdimir Safatle, da USP (Universidade de São Paulo), que no dia 28 de março encerrou o ciclo de aulas inaugurais do primeiro semestre de 2016 da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC, abordando “A economia psíquica da sociedade de consumo e suas patologias”. Segundo ele, a mídia assumiu, a partir dos anos 90 ,a forma de grandes conglomerados internacionais que convergiram para um local específico seus processos de produção e distribuição, criando grandes centros de criação de conhecimento, tecnologia e informação, de natureza oligopolista, reforçando o conceito de indústria cultural. No campo da publicidade, esta nova maneira de agir reduziu o espaço das agências de publicidade locais : as ideias e as campanhas vêm de fora, já vêm
Safatle problematiza alguns pressupostos da publicidade moderna
prontas das matrizes dos empreendimentos, cabendo aos locais apenas fazer a programação de midia a utilizar. Observou que as campanhas da Calvin Klein, Versace, Benetton, dos anos 90, vão substituir nos anúncios produzidos a representação publicitária dos corpos belos harmônicos pelo corpo sexualmente ambivalente, andrógeno, o corpo doente numa ambiguidade identitária.“As mídias publicitárias perceberam que a dificuldade de ter o corpo perfeito era em si uma “mercadoria” para uma parte da população, a ser explorada com inteligência, observou o professor. Assim, “o corpo tornou-se espaço de empreendedorismo de si. Somos empreendedores de nosso próprio corpo”,
As grandes marcas, conscientes do movimento de desidentidade que empreendiam, assumiram, por vezes, um posicionamento bipolar: de um lado, produziam e publicavam anúncios de acordo com os parâmetros estéticos da publicidade tradicional. De outro, avançavam no terreno da nova proposta, produzindo e veiculando, para um outro público, anúncios que tinham como marca específica o rompimento com esta visão fazendo, paradoxalmente, uma apologia à doença, autodestruição e ao uso de drogas ilícitas. Por outro lado, ao comentar a presença de certos quadros psicológicos na sociedade atual – como a bipolaridade infantil, a hiperatividade e outros – disse que “ a
Profª Ana Maria Oliveira Editora
errata Em relação à edição de n° 319, na reportagem sobre os nomes de personalidades dados a viadutos em Belo Horizonte, retificamos que o nome do ex-vereador do PT é Alberto Carlos Duarte, e não Carlos Alberto Duarte, o Betinho. Também esclarecemos que o vereador Tarcísio Caixeta, do PT, não é conhecido como Totó.
expediente jornal marco
Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br | e-mail: jornalmarco@pucminas.br Rua Dom José Gaspar, 500 | CEP 30.535-610 | Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte | MG | Tel: (31) 3319-4920 Sucursal PUC Minas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 | CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel | Belo Horizonte | MG | Tel: (31) 3439-5286 Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Prof. Ércio do Carmo Sena Cardoso Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Francisco Braga Coord. do Curso de Comunicação / S.Gabriel: Profª. Alessandra Girard Coordenador do Curso de Jornalismo (S. Gabriel): Prof. Jair Rangel Editora: Prof. Ana Maria Oliveira Subeditores: Profª. Maura Eustáquia e Prof. João Carlos Firpe Penna Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Monitores de Jornalismo: Isabela Maia, Karine Borges e Tamiris Ciríaco Monitoras de Fotografia: Flora Silberschneider e Marianne Fonseca Monitores de Diagramação: Thiago Carminate e Mirna de Moura Apoio: Laboratório de Fotografia CTP e Impressão: Fumarc. Tiragem: 12.000 exemplares
Alunos de Publicidade e Jornalismo assistem à palestra
Davi França
À equipe do Marco Obrigado por me terem enviado o jornal com a cobertura da apresentação do documentário Estranhos na Noite. A matéria ficou muito boa, porque vocês entrevistaram alunos e professores que viram o filme numa manhã de auditório lotado. Duas observações: 1 - A censura no Estadão acabou em 3 de janeiro de 1975, não em janeiro de 1974; 2 - O correspondente de Teresina que escreveu a matéria sobre a cobra inexistente no lago não foi assassinado. Morreu de câncer na década de 1990. O equívoco é explicável, pois o documentário diz que o jornalista foi preso, apanhou e foi solto “para ser morto”. Isso aconteceu na época, mas não se concretizou no caso do correspondente do Estadão. Quanto ao jornal Marco, achei-o de muito boa quali-
Davi França
existência desses fenômenos não é recente. Eles sempre existiram entre nós, mas ainda não tinham sido descritos, caracterizados pela ciência. Não tinham nome nem identidade. A partir do momento em que isso aconteceu, passaram a ser nominados e caracterizados concretamente, dando a impressão, falsa, de que existiriam a partir, apenas, de determinado momento. “Isto leva as pessoas a achar que só recentemente há crianças hiperativas, por exemplo. O que é um equivoco”, observou. “É como a homossexualidade. Até um certo momento de nossa história, o quadro homossexual não tinha sido descrito, caracterizado. Então, até este momento, não havia homossexuais no mundo, ou seja, pessoas assim “categorizadas”, embora muita gente apresentasse o quadro que hoje é desta forma identificado”, disse ele. Ou seja, a realidade concreta precede a palavra, mas só ela dá corpo à consideração social sobre o fenômeno, confere “vida” ao que é existente, em concreto. Sobre a publicidade infantil, problema que a sociedade brasileira começa a discutir mais seriamente, o prof. Safatle disse: “É um problema realmente sério e preocupante, que precisa ser tratado com o devido cuidado. Mas, não é nada fácil de resolver. Tanto assim que alguns países decidiram simplesmente proibi-la pela dificuldade de controle” .
Forum dos Leitores
dade: diagramação bem atraente, fácil de ler e com boas pautas. Bons exemplos: a entrevista com o Professor Mário Viggiano na página 7 e as reportagens sobre a vida nos bairros e seus moradores. Um jornal-laboratório de fazer inveja a profissionais. A exibição do filme na PUC Minas foi a mais concorrida de todas as que fizemos até agora, o que demonstra o interesse de alunos e professores pela história ainda recente da censura à imprensa no Brasil. Abraços Jornalista José Maria Mayrink de O Estado de S. Paulo
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abril2016 . jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratório
Cidade
Saúde e mobilidade são desafios em Vereadores apontam carências em postos de saúde e querem meios de transporte mais eficientes CAMILA ALVES 4° PERÍODO
O Poder Legislativo desempenha um papel fundamental nas cidades. Na Câmara Municipal, são propostos e debatidos projetosde lei sobre temas relativos à administração municipal e aos direitos básicos dos moradores. Na segunda reportagem da série sobre as eleições municipais, o MARCO ouviu vereadores de diferentes partidos. Eles e outros representantes políticos mineiros reuniram-se no Hotel Ouro Minas, no dia 11 de março, para discutir o futuro da capital. A reunião foi organizada pelo presidente da Câmara dos Vereadores, Wellington Magalhães. No encontro, foram tratados os principais problemas que Belo Horizonte vem enfrentando, os reflexos da crise nacional e a necessidade de se criar uma
unidade entre os poderes Legislativo e Executivo para conduzir o desenvolvimento da capital. PROBLEMAS Para o vereador Rubens Gonçalves, o Bim da Ambulância (PSDB), um dos maiores problemas de Belo Horizonte é a redução de recursos financeiros repassados pelos governos estadual e federal. Isto faz com que as contas da cidade não “fechem” e reflita na diminuição de recursos humanos. “A sociedade não aguenta mais o tempo nas filas, esperando por agendamento de consultas de especialidades médicas, assim como não aguenta mais o tempo perdido no trânsito”, completou. Para o vereador, a solução é fazer alguns ajustes e dar continuidade ao trabalho que vereadores já vêm desenvolvendo, discutir melhor a sucessão na Prefeitura e buscar uma pessoa qualifi-
cada para dar continuidade ao trabalho realizado. Já Adriano Ventura (PT) acha que a situação da cidade não é diferente das outras capitais. “Os problemas de BH são problemas inerentes a uma grande capital”, disse. Acrescentou que, num contexto de crise nacional, à medida em que aumenta o desemprego, aumenta a violência urbana. “Temos problemas graves com a violência nas periferias e centros urbanos em nossa cidade”. Ventura também destacou o estado atual da rede pública de saúde. “A saúde vive um caos. Primeiro, porque a cidade recebe pacientes da grande BH e de todo o estado. Segundo, porque a rede não dá conta de atender às demandas, em especial neste momento crítico de surto de dengue, zika e chikungunya”. Para ele, outra questão gravíssima é a mobilidade
Na UPA oeste, cidadãos enfrentam longa espera para atendimento
Flora Silberschneider
urbana que deve ser pensada pelos próximos representantes de forma que possam criar maneiras de dialogar com a cidade e com os vários coletivos que ela tem. Ponderou, ainda, que ao passo que a cidade cresceu faltou pensar em tecnologias para o escoamento da chuva, o que causa as enchentes. De acordo com Ventura, a alternativa é investir em soluções criativas e nos potenciais de BH. Investir no ecoturismo, em locais como a Serra do Rola-Moça, o Parque das Mangabeiras e a região da Pampulha, nas feiras que elevam o nome da capital e também na abertura dos parques durante a noite. Consequentemente, geraria mais empregos e desenvolveria melhor a mobilidade noturna. Outro ponto destacado pelo parlamentar foi a necessidade de um olhar diferenciado para as regiões de Venda Nova e Barreiro. Para o coronel Piccinini (PSB), saúde, educação, mobilidade urbana e, principalmente, a segurança pública são os principais problemas da cidade. Para o vereador, são necessários transportes mais eficientes, com novas linhas de metrô e investimento na educação. Com relação à segurança, ressaltou a presença frequente da violência em instituições como escolas, postos de saúde. A relação das drogas com o abandono dos estudos por parte dos jovens e a lenti-
Idosos enfretam dificuldade no transporte
dão nos processos judiciaisgerando a sensação de impunidade. Segundo o vereador, só uma mudança nas leis, tornando-as mais efetivas no sentido de punir, resolverá esse cenário de violência. Num âmbito geral, disse que há a necessidade de se investir em educação, aumentar o salário dos professores e, na saúde, criar mais postos de atendimento, contratar mais médicos e acabar com a corrupção. Gilson Reis (PCdoB) disse que não há uma resposta fácil para as demandas da capital. “Saúde é um dos problemas mais graves que estamos vivendo. Precisamos de remédios, cirurgias eletivas, os hospitais estão lotados por causa do surto de doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti – fruto da ausência de políticas de combate a esse vetor. Temos problemas relacionados à questão ambiental,
Flora Silberschneider
deficiências na educação e dificuldades enfrentadas pelos idosos, temas estruturais que historicamente não conseguimos superar e para os quais terão que ser encontradas soluções através do debate com a sociedade”. Ele ressalta que a educação é insuficiente do ponto de vista da formação, do acesso e da permanência das crianças nas escolas. Aponta um déficit na educação infantil e a evasão escolar no período do ensino médio. Outro assunto tratado foi o transporte: “Não temos um metrô qualificado, um sistema modal de transporte que envolva os ônibus, metrô e as bicicletas”, ressaltou. Segundo Reis, para resolver esses problemas, é necessária a colaboração tanto do governo estadual quando do federal, através de recursos e projetos, e da criação de espaços de diálogo com a comunidade.”
Tribos diversas ocupam a Praça da Liberdade NATHÁLIA DE SOUZA 1° PERÍODO
Palco de manifestações culturais, religiosas, políticas e cívicas, a Praça da Liberdade, localizada na região central de Belo Horizonte, tem sido, cada vez mais, local de encontro dos mais diversos grupos sociais. Em um rápido passeio pela Praça, é possível perceber o quão plural ela passou a ser, especialmente depois de se tornar núcleo do principal circuito cultural da cidade. Pessoas de diferentes idades, classes sociais e estilos de vida se misturam em busca de lazer e convívio no dia a dia da cidade. Esses grupos sociais recebem o nome de “tribos urbanas”; cada uma tem sua maneira de vestir e falar, compartilham as mesmas redes de amizade e interesses comuns. Mesmo em uma tarde de chuva fraca, no último sábado de Aleluia, foi possível notar um grande número de pessoas no local. A estudante Paula Efigênia, de 16 anos estava por lá. Para ela, passar um tempo com os amigos na “Liba” - como a Praça é carinhosamente chamada pelos jovens de sua “tribo” - é uma forma de se conectar melhor com os amigos, fazer amizades e trocar experiências com diversos outros grupos. Sentada no coreto, na companhia de seu grupo, ela define o local como um “point de encontro” - de fácil acesso e muito tranquilo para se passar o tempo. Agnaldo Pacheco, de 22 anos, amigo de
Paula, veio de Curvelo para Belo Horizonte durante o feriado, para fazer uma prova de concurso. Ele encontrou na Praça da Liberdade um lugar “agradável para conversar e conviver com outras pessoas”, por mais diferentes que elas sejam de seu círculo social. Mas, além dos grupos de jovens bem alternativos, foi possível também encontrar pessoas ligadas a igrejas em trabalhos de evangelização, como é o caso de Kevin Ganetti, de 22 anos, e José Eustáquio Vieira, de 60 anos, membros da Assembleia Testemunhas de Jeová. Eles exercem essa atividade há mais de oito meses no local. Para José, não se trata de um trabalho muito difícil, já que não precisam ir atrás das pessoas, mas apenas esperar que algumas delas tenham interesse de conhecer a “Palavra” que eles estão divulgando por meio de revistas impressas.
também pessoas bem instruídas e que gostam de apreciar arte, além da paisagem local. É o caso do casal José Carlos Augusto Santos, de 60 anos, e Áurea Lana de Moraes, de 58 anos. Moradores de Belo Horizonte há muitos anos, eles relembram a época em que a Praça abrigava a então chamada “Feira Hippie”. Consumidor assíduo de cultura, o casal sempre frequenta a região, principalmente o Cinema Belas Artes. Para Áurea, a Praça é “um local indispensável às visitas turísticas, pela riqueza cultural presente”. Por sinal, o
casal estava, naquele sábado, recebendo uma amiga paulista Carla Reis, de 58 anos, que os acompanhava no passeio pelos museus do entorno. Ao observar a diversidade do lugar, fica claro o porquê de ele ser um ponto tão visitado e lembrado em roteiros turísticos. Uma ida à Praça da Liberdade equivale a desacelerar o ritmo corrido da rotina habitual. Afinal, como ficou claro nas palavras de todos os entrevistados, ela está no coração de BH para ser apreciada em sua plenitude.
SEGURANÇA
A segurança da Praça da Liberdade é feita por guardas municipais, que circulam pela região. Felipe Tadeu é um deles. “Nosso maior desafio é controlar a presença de menores de idade fazendo consumo de substâncias ilícitas”, revela. Porém, segundo ele, as medidas preventivas tomadas por parte da Prefeitura têm mudado bastante esse cenário. Ao perceber que as pessoas eram entrevistadas no local, um hippie logo se manifestou, dizendo aos risos: “Estou aqui pela legalidade!”. A existência de museus e o atrativo de circuitos culturais ao redor da praça chamam
Agnaldo, Paula e Lucas adoram a Praça, que chamam carinhosamente de “Liba”
Rafael Brasileiro
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abril2016 . jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratório
Campus
DCE realiza eleição em maio Após uma semiparalisação, a entidade que está sendo administrada provisoriamente voltará a funcionar. Chapas que vão concorrer ao pleito, podem se escrever até 20 de abril
Reveja o caso de 2015
O DCE tem uma sala para convívio dos alunos e estudo CARLOS COX 6º PERÍODO
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUC Minas está sendo mantido sob a administração provisória da gestão “Viva Voz dos Estudantes III” até as eleições no dia 4 e 5 de maio para a escolha de uma nova administração. O edital da eleição já está publicado na sede do DCE. A data limite para inscrição de chapas é 20 de abril. A gestão Viva Voz foi eleita em 2013 e deveria ter sido substituída no primeiro semestre de 2015, mas permanece no poder porque as eleições do ano passado foram suspensas pela Justiça, após terem sido constatadas irregularidades no processo. O regime atual é provisório, incumbido de regularizar a situação do DCE e tem como prazo limite, o dia 31 de maio. A administração está a cargo dos membros da executiva: o atual presidente, Raphael Cruz, e os alunos Vitor Faria, Diogo França, Lorrayne Millard e Eduardo Nicolai. O DCE apresentado no vídeo promocional de 2013 que pode ser encontrado no Facebook, é muito diferente do atual. Na época, o diretório patrocinava projetos e eventos de alunos, oferecia uma carteirinha com convênio com mais de 100 empresas, um site completo. Além disso, promovia eventos como a recepção de calouros, trote solidário, copa de futebol, feira de estágio, ato pela paz, exibição de documentários, visitas externas, semana da mulher, dia das crianças e natal soli-
dário, sabatina de candidatos políticos, festa setorial, festival de cultura, campus fest e boa do samba. Além de festas e eventos, o DCE também se mobilizava contra aumentos da mensalidade, requisitando mais bolsas, maior assessoria jurídica para alunos, apoio a inadimplentes e ações conjuntas com movimentos sociais.
LUTAS ESTUDANTIS O diretor de assuntos interinstitucionais da Associação de Docentes da PUC (Adpuc), professor Luiz Roberto Rezende, comenta a sua atuação no movimento estudantil no início dos anos 90, quando compôs a diretoria do DCE entre 92 e 94. Era uma época de inflação alta e aumentos de mensalidade em torno de 30% ao mês. Com um DCE inicialmente “vacilante”, Luiz Roberto atuou com os DAs para promover uma paralisação de aulas e, depois, um imenso “ato-show” na avenida Dom José Gaspar. Sem efeito, os DAs e simpatizantes do DCE fizeram uma ocupação da Reitoria que durou um mês até os estudantes serem desalojados pelo Batalhão de Choque da PM. Uma comissão de negociação foi formada depois disso e conseguiu impedir o aumento das mensalidades pelos próximos anos. A conjuntura da época coincidia com o movimento Fora Collor e, durante a ocupação, o movimento estudantil da PUC estava tão fortalecido que assembleias reuniam 4 mil alunos pela manhã, mil à tarde e 5 mil à noite. Contra a segunda tentativa de au-
Flora Silberschneider
mento, em 1993, um boicote ao pagamento da mensalidade envolveu 95% dos alunos. Além dessas ações diretas, a integração com outros movimentos era intensa e grande parte dos alunos estavam envolvidos em lutas sociais. A presidente do DA de comunicação, Thainá Nogueira, afirma que os eventos do ano passado prejudicaram muito a estrutura física do diretório, e alerta que o pior tem sido a ausência da atuação política: “O DCE mais uma vez não esteve presente, não se mobilizou na causa do estudante, como o aumento da mensalidade, não se mobilizou em nenhum outro aspecto”, reclama. “É muito ruim quando a sala fica fechada, mas o principal é a atividade política do DCE”. De acordo com o presidente do DCE, Raphael Cruz, o funcionamento do diretório está precário porque, existem dívidas trabalhistas do período do ex-presidente Pedro Duarte. “Eu entrei para arrumar a casa no sentido de pagar as dívidas, as contas. Para deixar o funcionamento no mínimo que se espera”, acrescenta. Parte das contribuições dos alunos para o DCE estão sendo depositadas diretamente em uma conta bloqueada pela Justiça: “Algumas dessas dívidas [trabalhistas] a PUC tem descontado direto do repasse. Esse dinheiro não chega para a gente, ela deposita em juízo”. Raphael afirma que, desde janeiro, não houve perda no patrimônio do DCE, mas lembra que “no período conturbado teve uma invasão no DCE. Sumiram algumas tele-
No dia 2 de junho de 2015, a gestão “Viva Voz dos Estudantes III” realizou uma eleição. Através de uma liminar, o Tribunal de Justiça de MG determinou o impedimento do processo após constatar irregularidades como, por exemplo, o fato de haver apenas uma chapa concorrendo. Seria a terceira eleição seguida em que isso aconteceria. Desde 2009, todas as gestões do DCE tiveram, como presidentes, alunos filiados à Juventude do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). No processo, a junta eleitoral desqualificou as outras chapas que estavam concorrendo, alegando terem apresentado irregularidades nos procedimentos de inscrição. Quando ficou claro que a eleição seria realizada com uma única chapa, os alunos desqualificados entraram na Justiça para tentar impedi-la. A junta ignorou a determinação judicial e, sem interferência da PUC, colocou urnas no campus sob proteção de seguranças con-
visões e algumas coisas foram furtadas”. Uma prestação de contas detalhada será feita até o início de junho. Com relação a essas questões, o presidente do conselho de DAs, João Guilherme Gonçalves, faz uma denúncia contra o ex-presidente: “O Pedro retirou de dentro da universidade muitos documentos, um carro da Redbull, os computadores do escritório do fundo e, quando saiu, retirou todo o dinheiro que estava na conta do DCE, não deixou nenhum tostão”. No ano passado, a PUC afirmou à imprensa que o repasse anual ao DCE é de aproximadamente R$ 800 mil. Além disso, João Guilherme também faz queixas sobre o período atual: “A Fernanda, advogada do DCE, retirou uma grande quantia, mais de 100 mil reais da conta e não devolveu”. Ao menos três funcionários entraram com ações trabalhistas pedindo quantias muito altas, “tipo 20 mil, 50 mil, 60 mil”, para compensar suas perdas porque o valor estava depositado em juízo. Uma das ações é de Thiago Tuler, com o cálculo chegando a R$ 20 mil, referente a FGTS, salários, férias e horas extra, mais R$ 18 mil por danos morais e, caso não fosse pago no prazo, foi estipulado
Cláudia dá lição de otimismo MIKE FARIA 1° PERÍODO
Ela é mãe, filha, estudante do 10° e último período de psicologia e cadeirante. Mas, acima de tudo, Cláudia Gonçalves Dias, 43 anos, é uma vitoriosa, por realizar o seu sonho de formarse e poder ajudar muita gente. O sorriso é seu traço marcante, bem como o seu amor à vida e sua determinação. Cadeirante desde os seis meses de idade, quando teve paralisia infantil ou poliomielite, não teve muito problema de adaptação por causa dos pais. Aprendeu cedo a se reconhecer e ver o mundo a partir da condição em que se encontrava, com coragem, força e falta de medo - como lhe ensinaram seus pais -ao enfrentar a própria realidade. “Até certo tempo, pensava que a
motivação para estudar era por meus pais, minhas filhas ou até mesmo por meu marido, na época. Que era para retribuir o que eles fizeram por mim; porém, hoje, percebo que é por mim mesma, por orgulho próprio de pegar meu canudo e sabe que venci os obstáculos”. Assim diz a estudante que fez da universidade, cenário para mostrar à sociedade acadêmica, sua capacidade de desempenhar seu papel principal: tornar-se cada vez mais e essencialmente, mulher, que mantêm o alto astral de todos que com ela convivem. A futura psicóloga observou que na PUC há facilidade de mobilidade e integração. Difícil é a “aventura” diária de ir para o trabalho e para a escola de ônibus, experiência marcada pela falta de respeito das pessoas. Esta é sua maior dificuldade hoje, diz ela.
Segundo Cláudia o curso de psicologia foi essencial para ela reconhecer sua própria identidade e, poder caminhar com segurança até a reta final do curso e encerrar sua história como uma profissional capaz de ultrapassar os limites do ofício. “Daqui a pouco vou poder ajudar pessoas que vivem, revivem, convivem nesta sociedade, muitas vezes adversa”. Ela gosta de estudar e aprender, sempre, coisas novas e estimulantes. É uma personagem independente e forte. “Preciso acreditar em mim primeiramente, já que cada um é o único responsável por suas decisões. Não podemos viver e nos fechar no próprio casulo. Afinal, neste mundo, até mesmo um olhar ou um sorriso podem dizer alguma coisa, importante para o outro”, observa.
tratados pelo DCE. Embora o regulamento da universidade não permitisse a atuação dos seguranças, a eleição prosseguiu mesmo assim e durou o dia todo. O presidente do Conselho de DAs, João Guilherme Gonçalves, relata que muitos alunos se manifestaram contra a eleição durante o dia, o que foi ignorado pelos membros do DCE. No fim da tarde, um grupo de alunos revoltados com o processo cercou o ex-presidente do DCE e os seguranças que protegiam uma urna. A situação ficou tensa e resultou em uma pancadaria generalizada que durou mais de uma hora. Embora a Polícia Militar tenha sido chamada várias vezes para apartar a briga, a corporação afirmou existir um contrato com a PUC que não permitia atenderem ao chamado. Horas depois do tumulto, o advogado da universidade chegou com a PM, que levou a urna embora, dando fim à eleição. João Guilherme disse que a PUC teria negado o tal acordo com a PM.
um adicional de 50% nas parcelas não pagas, totalizando R$ 52 mil. Estas informações constam nos documentos do acordo trabalhista. Segundo o presidente do DCE, houve um processo trabalhista em que a ex-advogada não compareceu à audiência, causando decisão à revelia e, por isso, o valor que o funcionário pediu foi pago integralmente.
SATISFAÇÕES Uma reunião do conselho de DAs ocorreu na 4ª feira, 30 março, para definir a nova eleição. O novo advogado do DCE se apresentou na ocasião e afirmou que abriria um processo contra Fernanda. Essa foi a primeira reunião do conselho desde que Raphael Cruz assumiu a presidência do DCE. Ele é, também, um dos 4 membros da junta eleitoral que vai definir o regulamento da eleição. Ao fazer um balanço da reunião, Raphael avalia que os DAs estão contentes com sua gestão: “Até vieram falar comigo depois, dizendo que gostaram bastante. Nos tempos passados todo conselho terminava em briga” exclama. “Sempre tem aquele DA que não está satisfeito, mas desde janeiro nunca vieram para
mim com nenhum tipo de questionamento ou reclamação”, acrescenta. Caso os alunos queiram exigir de volta suas contribuições para o DCE, isso é possível: “As pessoas podem ingressar na Justiça por esse período que ficou fechado, eu faria isso também”, afirma o presidente. O assessor de Assuntos Estudantis da PUC (setor que faz o contato da universidade com os DAs e o DCE), professor Renato Martins, explica que a PUC auxilia na coleta de contribuições para os DAs e o DCE, mas reforça que as organizações são livres para atuar como quiser. O professor informa que os alunos que quiserem cancelar suas contribuições podem procurar o diretório “para expor sua opinião”, ou ir ao setor financeiro da PUC. Com relação à gestão atual do DCE, o professor Renato afirma que a PUC está de acordo com o que foi definido judicialmente, e não interfere na autonomia do DCE: “A organização de estudantes está prevista na lei. É preciso que as gerações futuras possam ter a oportunidade de trabalhar politicamente e administrativamente”.
personagens
Cláudia conta seus desafios e superações
Marianne Fonseca
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Comunidade
MATHEUS NOVAES 2º PERÍODO
A tecnologia tem a função de facilitar a produção de bens e serviços. Ao longo dos anos, porém, ela acaba se tornando uma ameaça a determinados profissionais ao tornar produtos antes, importantes, descartáveis, especialmente quando apresentam defeitos. Mas alguns ofícios resistem bravamente a tais avanços, de modo que ainda é possível encontrar profissionais especializados em alguns serviços como consertar máquina de escrever. Um dos profissionais dessa área é Silas de Araújo, de 65 anos. Ele faz isto, há mais de 50 anos, e gosta do ofício de reparador de máquinas de escrever. Tudo começou
Silas conserta máquinas de escrever há 50 anos Em BH, oficinas reparam as máquinas de escrever e enfrentam demanda e concorrência. Ele trabalha com seu pai desde os 11 anos de idade
quando ele tinha 11 anos de idade e começou a trabalhar com o pai, também técnico de máquinas de escrever. Silas conta que, no início, fazia apenas serviços mais simples, como montar, desmontar e limpar máquinas, enquanto buscava conhecer mais as peças. Uma vez familiarizado com as estruturas que compunham a engenhoca, passou a aprender a ajustá-las uma tarefa
Silas de Araújo, feliz, consertando suas máquinas antigas
mais fácil, embora exigisse conhecimentos manuais. “Meu pai era o único técnico de máquinas da região onde a gente morava e às vezes ele até viajava para consertar máquinas em outras cidades. Nessas ocasiões, quando a máquina de escrever da escola estragava, eu mesmo consertava”, recorda. Esses conhecimentos podiam ser adquiridos em cursos técnicos, mas eles eram pouco acessíveis à
Matheus Novaes
maioria das pessoas e insuficientes. Ensinavam a consertar apenas um modelo específico de máquina, o que restringia a atuação do profissional,
como explica Silas. Dada a dificuldade de fazer todos os cursos e conhecer detalhadamente todas as máquinas, a melhor alternativa era familiarizar-se
Histórias curiosas sobre a profissão As máquinas de escrever, além da tradição histórica e cultural, guardam consigo episódios curiosos, marcados pela paixão dos seus donos. Silas conta que, pelo fato de ele e seu pai serem os únicos técnicos de máquina da região central de BH, costumavam ser chamados, de surpresa, para fazer algum serviço. Em um destes episódios, um carro de polícia parou na porta de sua casa; o fato assustou-o e ao seu pai, além dos vizinhos. Não havia, porém, acontecido nada demais: apenas uma máquina de escrever havia estragado durante um julgamento e precisava ser consertada na hora. Para isso, os policiais levaram Silas e seu pai para fazer o serviço no local. Eles fizeram o reparo e o julgamento seguiu normalmente. Outro caso curioso é o de um cliente que levou uma máquina de escrever para Silas consertar. Ele conta que o cliente solicitou um orçamento entregou-lhe a respectiva máquina e não voltou lá por um bom tempo. Alguns meses depois o cliente voltou e perguntou pela máquina e encheu os olhos de lágrimas ao perceber que ela estava ali, intacta. Não se sabe ao certo o que a máquina de escrever representava para aquela pessoa, mas certamente carregava uma lembrança importante, deduz Silas.
com as estruturas de cada tipo e reunir conhecimentos práticos consideráveis. Isso não se dava, entretanto, dentro de uma sala de aula ou com alguns meses de profissão: provinha de longa convivência diária com o ofício, cuja história chega aos dias atuais pelas palavras de Silas, que ainda exerce a função e tem noção de sua importância histórica e cultural. Para ele, embora possa parecer, “não há nada de folclórico na sua profissão. É um ofício como todos os outros: existe a demanda, o serviço, os desafios, a concorrência e a crise, por isso”. Seu trabalho, por sinal, não se restringe a um único tipo de máquina. Em sua loja, no edifício Maletta, no centro de BH, há mais de 500 máquinas diferentes e Silas conhece a estrutura de cada uma delas. “A gente não carrega todos os ovos em uma única cesta”, comenta.
Morador do Dom Cabral coleciona recortes AYANA BRAGA 3º PERÍODO
Um homem simpático, de olhos verdes, sorriso largo e que não aparenta ter 72 anos, tamanha a sua disposição. Este é seu Toninho, cujo dia de trabalho, até hoje, começa pontualmente às 8h. Antônio José Carlos é dono de uma auto elétrica, no bairro João Pinheiro e trabalha nisso há mais de 30 anos. No meio de peças, fios e barulho de máquinas, ele conta que hoje trabalha na oficina mais para passar o tempo, já que o filho mais velho, Cleiton, está à frente do negócio. “Não é mais um estabelecimento rentável, mas gosto do que faço”, comenta. Na sua mesa, ao lado esquerdo da loja, percebe-se uma grande quantidade de recortes e folhas com anotações manuscritas. Ele gosta de colecionar crônicas, colunas, reportagens e imagens que vê em jornais. “Se eu gosto, eu corto e guardo. E lembro muito tempo depois, do que se trata aquele recorte”, conta Toninho, mostrando a sua coleção com orgulho. “Não lembro quando comecei a juntar, mas já tem muito tempo. Sempre gostei de ler, e acho que guardar é como ter um pedaço da história em várias partes”. A data mais antiga que conseguimos encontrar, manuseando cada um dos seus recortes foi de 1991. Entre algumas histórias e comentários, vários amigos aparecem para cumprimentá-lo. Quem entra pelo portão de grades verdes é sempre servido de um copo de café e um bom papo. Toninho mora no bairro desde 1982 e diz conhecer muita gente. E brinca dando uma gargalhada no final: “Acho que se eu me
candidatasse a vereador aqui, até ganhava”. O mecânico é um conhecedor da cidade, consegue falar e discorrer sobre qualquer tema que se apresente. É também um bom ouvinte, sempre com um comentário bem humorado e um sorriso no final. Lê jornal todos os dias, além de assistir a vários telejornais no seu tempo livre. “Eu comecei a comprar jornal porque gosto de loteria. Cada um compra procurando alguma coisa específica e dependendo de como as matérias são colocadas, isso desperta o interesse do leitor”, pontua. O uso de óculos torna a leitura mais fácil, já que seu Toninho reclamou, muitas vezes, que as letras dos jornais são muito pequenas pra quem já é mais velho. Ao som da rádio Alvorada, sentado ereto em sua cadeira, ele conta que as crônicas, hoje em dia, “mal mal são lidas, quanto mais lembradas”. E lamen-
ta o “descarte de palavras tão boas”. O impressionante é que às vezes, só o fato de ver como a crônica começa seu Toninho já consegue dizer quem foi que a escreveu, tamanho o seu encantamento e conhecimento do jornal. ORIGEM
Seu Toninho nasceu em Resplendor, Minas Gerais e conta com orgulho que aprendeu a ler aos 5 anos. “Meus tios que não sabiam ler, me pegavam no colo para que eu lesse o que estava escrito nas prateleiras das mercearias”. Mudou-se para Belo Horizonte aos 19 anos e ajudou a criar os quatro irmãos depois que o pai faleceu. “A vida foi muito dura comigo, mas segui firme”, desabafa. Hoje, tem quase 50 anos de casado, dois filhos e três netos. No único dia em que a oficina não funciona, aos domingos, ele aproveita para sair e reunir a família, mas comenta que isso não é hábito, “cada um
Toninho guarda matérias publicadas ainda na década de 90
Flora Silberschneider
quer estar em um lugar, aí fica difícil”. Seus passatempos preferidos são desde assistir a TV até jogar sinuca e baralho com os amigos. SONHOS
Mesmo tendo estudado somente até o quarto ano primário, o grande sonho de seu Toninho é escrever um livro. Ele tem na sua prateleira, um caderninho cheio de anotações. “Escrevo muita coisa. Se algo me inspira de alguma forma ou se tenho uma ideia, corro e escrevo”. E são diversos pedaços de papel, escritos da sua forma, como se a ideia fosse fugir e ele precisasse realmente registrar o pensamento. “Queria alguém pra escrever e desenvolver essas ideias que eu tento arrumar direitinho e publicar.” Ele comenta que se fosse fazer uma graduação, escolheria direito ou jornalismo. Em 1987 durante o governo José Sarney, o Congresso Nacional, através da Assembleia Nacional Constituinte escrevia a nossa Constituição Federal e pedia sugestões aos cidadãos. Toninho ditou e seu irmão datilografou uma carta, de cinco páginas, com várias propostas. A Comissão de Defesa dos Direitos do Cidadão chegou até a enviar uma carta resposta agradecendo a sua contribuição. Desde então, ele continua a mandar sugestões, ideias e comentários para vários jornais, inclusive para o Marco. Em uma de suas anotações, ele diz “filosofia, utopia, teoria e outras coisas fantasiosas, caem por terra diante da realidade de um momento”. E que momento, passamos com seu Toninho! Grande é a sua sabedoria. Obrigada pelo café e pelo papo.
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KARINE BORGES 4° PERÍODO
O sossego dos moradores da região e o futuro do Bar e Cervejaria Dom Joaquim, localizado próximo à Via Expressa, no bairro Coração Eucarístico, são incertos. O bar está sendo alvo de reclamações e críticas por causa de barulho e tumultos. Os moradores recorreram à sua Associação para pedir orientação sobre o que fazer a respeito do problema. Reclamações foram encaminhadas formalmente à Prefeitura de Belo Horizonte e à Polícia Militar. De acordo com Cassius Marcellus, vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro Coração Eucarístico, as reclamações dos moradores se referem a tumultos e confusões causados por clientes, na entrada e saída do estabelecimento. Segundo ele, outra queixa diz respeito a estacionamento ilegal, pois os clientes param em fila dupla e em local proibido, o que gera transtornos para moradores que passam no local, aos domingos, por volta de 16h. As reclamações dirigidas à Associação são anônimas: quem quer denunciar e pedir orientação não tem a necessidade de se identificar. TRANSTORNO
Pedro e Guilherme Netto, gerentes da Cervejaria Dom Joaquim, ficaram surpresos quando a primeira autuação da Prefeitura aconteceu, já
Comunidade
Cervejaria incomoda moradores do Coreu Dom Joaquim foi inaugurada há pouco tempo. Moradores reclamam de barulho, estacionamento ilegal e lixo transtonando suas vidas
que nunca haviam recebido reclamações referentes a barulho e outros problemas por parte de seus vizinhos. A partir disso, eles resolveram encerrar as atividades noturnas do bar para evitar qualquer transtorno e organizaram um evento aos domingos, de 16h às 22h, para não criar problemas. “Climatizamos a casa para fechar todo o local para impedir que o ruído saia do estabelecimento”, diz Pedro. Sobre as acusações referentes ao estacionamento, Pedro comenta que entre 21 e 22 horas no domingo, tem-se um pico na movimentação do local, de mais ou menos 20 minutos, enquanto os clientes estão indo embora. Guilherme afirma que a casa tem 12 seguranças que orientam os seus clientes a não ficarem na porta das casas, não ligarem som de carro, entre outras dicas. “Em relação a tumultos, confusões não há nada, não tem qualquer tipo de boletim de ocorrência sobre isso”, comenta ele. Os dois estão dispostos a conversar com a Associação de Moradores para
O estabelecimento foi interditado no dia 23 de março, pela Prefeitura
resolverem conjuntamente os problemas. Querem evitar o envolvimento da Prefeitura para que os trabalhadores do local não sejam prejudicados .“São de 60 a 70 empregos diretos que temos aqui, o que envolve a divulgação e o trabalho interno”, afirma Guilherme. Segundo a Regional Noroeste, a Cervejaria Dom Joaquim “desde
o início de suas atividades está exercendo a atividade de música ao vivo e som mecânico, não previstos em seu alvará de localização e funcionamento”. De acordo com a Gerência de Comunicação Social da Regional, o estabelecimento foi notificado para não fazer isto, porém não cumpriu a notificação, o que gerou autuações (multas).
Marianne Fonseca
“A cada autuação, foi apresentado recurso na Junta Integrada de Julgamento Fiscal, porém todos foram indeferidos, por se tratar de atividade não constante do alvará”. A Prefeitura ainda informa que, além dessas multas, por diversas vezes o bar foi autuado por poluição sonora, constatada através de medição. Por ter continuado a desres-
peitar a legislação municipal e a desconhecer a atuação da Fiscalização Integrada, o estabelecimento foi interditado no dia 23 de março, com base no Código de Posturas do Município, (Lei 8.616/03), e com base na Lei de Uso e Ocupação do solo (Lei n. 7.166/96). O o local continua interditdo.
Bares do Shopping Rosa voltam a funcionar ANA LAURA ALCÂNTARA LAÍS POLITI 1º PERÍODO
Os bares do Centro Comercial TOP Shop -pping, conhecido como Rosa, foram liberados e voltaram a funcionar normalmente, apenas com a obrigação de fechar às 17h nas duas primeiras sextas-feiras de cada semestre letivo. Antes, o funcionamento dos bares estava restrito por força do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado com o Ministério Público Estadual (MPE), após a morte do jovem Daniel Adolpho de Mello Vianna, na madrugada do dia 8 de agosto do ano passado. A tragédia gerou grande transtorno para o comércio e para toda a vizinhança, fazendo com que o MPE tomasse medidas extremas, reduzindo o horário de funcionamento desses estabelecimentos.
No dia 24 de fevereiro deste ano uma nova reunião foi feita pela promotora Cláudia Ferreira, com representantes da Regional Noroeste, da Prefeitura de Belo Horizonte, a Polícia Militar, os representantes dos bares, o presidente da Associação de Moradores do Coração Eucarístico e a síndica do condomínio Top Shopping.
A promotora constatou que a situação está controlada e os bares demonstram boa vontade quanto ao cumprimento das regras estabelecidas. Donos e funcionários dos bares Bandeco e Conversa Fiada informaram que, durante os seis meses de horário reduzido, houve prejuízo. Com o fim do TAC, os esta-
belecimentos não serão afetados já que a restrição será apenas em dois dias do semestre. O presidente da Associação de Moradores do bairro Coração Eucarístico, Walter Freitas, disse que os bares estavam cumprindo corretamente o acordo e que estão proibidos de fazer parcerias com os DAs e o DCE da PUC para a
Os bares do Rosa interditados ano passado, após a morte de um jovem, voltam a abrir normalmente
Flora Silberschneide
realização de calouradas. “Os bares foram liberados, mas dentro de um limite e devem evitar calouradas, já que é o grande problema disso tudo. Os bares do Rosa (Bar do Careca e o Bandeco) podem funcionar em horário normal, mas não até de madrugada. E eles sabem também que agora a fiscalização está de olho e que, a qualquer irregularidade, serão punidos. Nós procuramos os donos dos estabelecimentos antes da morte do jovem e eles não nos deram ouvidos. Talvez se tivéssemos feito um acordo, antes, teríamos evitado a morte daquele rapaz.”, afirma Walter. Ele disse que, agora, outro bar preocupa a Associação de Moradores: o Bar do Geraldinho, onde os universitários se reúnem, gritam sem se preocupar com a vizinhança e deixam sujeira na rua, causando incômodo aos moradores.
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Comunidade
ANDRÉIA LOMAS 1º PERÍODO
Moradores vizinhos à Praça do Chuí, localizada no encontro dos bairros João Pinheiro e Alto dos Pinheiros, estão felizes: a nova iluminação do local foi entregue a população no início de fevereiro. Desde então os frequentadores podem utilizar a praça, em qualquer horário, com tranquilidade e segurança devido às 16 novas luminárias instalados ao seu redor. Todo o processo de reforma foi rápido: cerca de três meses. Construída há muito tempo, a Praça do Chuí vem passando por mudanças que foram solicitadas e realizadas durante um período de mais ou menos cinco
anos. Apesar da demora os objetivos foram alcançados graças ao trabalho conjunto da Associação de Moradores do João Pinheiro com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH). Os responsáveis pela reforma segundo o presidente da Associação, Anderson Rodrigues (Dudu do Salão), foi a PBH em parceria com a própria Associação. “Demorou muito para conseguirmos a reforma, mas agora que o objetivo foi alcançado houve uma valorização da Praça”, observou. FEIRA Toda quarta-feira acontece na Praça do Chuí a Feirinha, que começa às 18h. Fruto de uma iniciativa particu-
Praça do Chuí tem nova iluminação A reforma começou em novembro e três meses depois foi entregue à população com todas as suas atividades
lar, a Feirinha existe há 16 anos e muitos comerciantes estão lá desde o início. A feirante Adelita Alexandria é um deles: “a feirinha existe há tempos e desde quando começou eu trabalho aqui. O movimento continua o mesmo, já até me acostumei com o lugar”, diz. Um dos pontos que mais influenciavam a rotina dos feirantes e freFeirinha volta a funcionar depois da reforma da praça
Nova iluminação mostra a beleza do coreto
Andréia Lomas
quentadores era a falta de segurança em razão da pouca iluminação. Para muitos, após a reforma o local ficou mais seguro e agradável. Alberto dos Reis, dono de uma barraca de brinquedos, analisa os impactos que a reforma trouxe: “estou aqui desde o início; com a nova iluminação houve uma me-
lhora muito boa, ficou uma beleza! É bom até mesmo para as crianças”, explica. Melriane Gomes Santana, vai à feirinha há sete anos e diz que “é um momento ótimo para ficar tranquila com as crianças, principalmente agora que a iluminação melhorou dá para aproveitar”.
Andréia Lomas
Moradores do bairro já estão acostumados com o evento durante a semana. Em seu início, a feira era ao redor de toda a Praça do Chuí, ela foi-se reduzindo e hoje em dia acontece somente em metade do local, com diversas barraquinhas de acessórios, roupas, brinquedos e também de alimentos.
Dengue ainda é grave no bairro São Gabriel LETÍCIA PERDIGÃO 3º PERÍODO
Vinte e nove mortos, 217.110 casos prováveis e uma epidemia se alastrando. Este é o retrato da dengue em Minas Gerais até março, segundo levantamento de Secretaria de Estado da Saúde. Das mortes, seis foram em Belo Horizonte e outras 109 estão em investigação no resto do Estado. Na região Nordeste da capital, onde está o bairro São Gabriel e a Unidade da PUC Minas, os Centros de Saúde que registram as maiores incidências de casos de dengue, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, são os do Ribeiro de Abreu, com 284 casos,
o Efigênia Murta de Figueiredo, com 197, Marivanda Baleeiro, com 189, Alcides Lins, com187 e o Maria Goretti, com 175 casos. No São Gabriel, especificamente, até o final de março, o Centro de Saúde do bairro já havia confirmado 63 casos, além de ter descartado 32 e ter 179 ainda em investigação. Segundo a gerência do Centro, algumas áreas do bairro são mais críticas e mais suscetíveis a dengue por serem locais com menor controle sanitário e dificuldades sociais. Luciano Rodrigues, morador do São Gabriel, conta que na rua Vila Esportiva, na qual mora, os casos de dengue entre os vizinhos são constantes, pois “sem-
pre tem alguém relatando estar com os sintomas”. Jussarah Santos, vizinha de Luciano, foi uma das pessoas que contraiu a doença. “Ano passado tive e foi horrível; não desejo isso para ninguém”, relembra. Outro morador, que não quis ser identificado, relata que sua casa não recebe visitas dos agentes da dengue: “Passei a notar que lá não eram realizadas visitas dos fiscais. Acho que, em dois anos, não foi feita nenhuma. Minha vizinha tem um verdadeiro criadouro de larvas; já fiz uma denúncia e mesmo assim o agente demorou quase um mês para aparecer”. Muitos moradores do bairro suspeitam que os casos da doença, na região,
Prefeitura de BH entrega folder com alertas
estejam ligados aos ambientes propícios ao desenvolvimento dos mosquitos e de pragas urbanas que se formam em descartes de
lixo próximos ao pátio de manutenção do metrô, na chamada beira-linha. A Secretaria Municipal de Saúde afirma que agen-
Hora do almoço
Marianne Fonseca
Uma conversa e outra com um amigo, a correria para não perder o ônibus, o celular tocando insistentemente, um sorriso trocado com o segurança. Esse é o dia a dia dos estudantes ao saírem da PUC. A ansiedade para a hora do almoço e não perder o estágio toma conta dos universitários que, as vezes, em função da pressa, geram atritos com outras pessoas que estão chegando para estudar ou trabalhar.
Flora Silberschneider
tes passam com frequência pela região Nordeste para fiscalizar todas as casas e que várias ações de prevenção e controle da dengue, como mutirões de limpeza, vêm sendo realizados na capital. O Cemtro de Saúde da unidade São Gabriel, na Rua Ilha de Malta, oferece medicamentos e auxílio para quem apresentar sintomas da doença, que são febre alta com início súbito, forte dor de cabeça, dor atrás dos olhos (que piora com o movimento), perda do paladar e do apetite. O recomendado, segundo os técnicos, é o comparecimento ao Centro assim que algum sintoma for sentido. No local serão tomadas as medidas de atendimento necessárias e os casos mais graves são encaminhados para o hospital da região.
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Professores avaliam as medidas legais Prisão preventiva, delação premiada, condução coercitiva, utilizadas na Operação Lava Jato, e a divulgação de grampos telefônicos são discutidos de acordo com a conduta jurídica adequada. Os impactos são grandes ISABELA MAIA PINHEIRO 5º PERÍODO
Especialistas da área do Direito analisam a condução da Operação Lava Jato e os impactos que ela implica. A investigação de casos de corrupção no âmbito político e empresarial é inédita na história do Brasil. Entretanto, a condução da Operação e a utilização de alguns instrumentos legais de forma arbitrária preocupam os especialistas. O professor Guilherme Coelho Colen, diretor da Faculdade Mineira de Direito, chama atenção para o fato desta operação ser um marco na história do Brasil. O inédito é que “a classe política e a classe economicamente poderosa têm sido alcançadas pelo direito penal”, algo que não aconteceu ante-
riormente no País. Também professor da PUC Minas, José Boanerges Meira destaca que a Operação Lava Jato é legítima porque alguém ser processado e investigado é um fato válido. Contudo, questiona-se “a forma, a maneira de submeter alguém ao processo”. Baseados nessa premissa, Colen e Boanerges analisam alguns mecanismos utilizados na Operação e que consideram excessivos e, em alguns momentos, ilegais. Colen reconhece a validade da Operação e o apoio da população às investigações. “O movimento é inédito e fantástico. Essa operação e a atuação do juiz Sérgio Moro é exemplar. Mas é um custo muito alto sobre o ponto de vista das liberdades individuais”, explica. O
Especialistas analisam a conduta de Moro No dia 4 de março, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi conduzido, coercitivamente, para prestar depoimento à Polícia Federal, durante a 24ª fase da Operação Lava Jato. Os professores Boanerges e Colen concordam que a condução foi abusiva. “Totalmente desnecessária, não só do ex-presidente Lula, mas de qualquer cidadão que não tenha sido devidamente intimado. A condução coercitiva só é possível de ser feita a partir do momento que há uma recusa imotivada a uma intimação feita. E, salve engano, não ficou demonstrado, em momento algum, que ele havia sido intimado previamente e que teria se recusado a comparecer”, esclarece Boanerges. Para evitar abusos, Colen acredita que o correto seria intimar o ex -presidente Lula para que ele pudesse comparecer perante a autoridade policial. “Eu já questiono essa própria medida de coerção. É um abuso na medida em que, se a pessoa não é obrigada a prestar informações, como obrigá-la a ir perante uma autoridade policial?” Este ano, cerca de 50 mandados de condução coercitiva foram cumpridos pela Polícia Federal. Desde março de 2014, no início das investigações da Operação Lava Jato, o Ministério Público Federal pediu ao juiz Sérgio Moro 117 mandados de condução coercitiva. O juiz Sérgio Moro autorizou a divulgação de conversas telefônicas entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, no dia 16 de março. As conversas, fruto de grampos, são ilegais, na opinião do professor José Boanerges. “A minha opinião é de que esse tipo de conversação deve ser dotado do mais absoluto sigilo”, destaca. Ele acredita que houve ilegalidade na forma como foi feita a interceptação das comunicações telefônicas, já que eram conversas entre duas pessoas. “Além do que é a presidente da República e, salvo engano, aquela conversa entre a presidente e o Lula não era objeto de investigação”, acrescenta. A ideia de que o País está sendo passado a limpo é perigosa, na concepção do professor José Boanerges. “Se essa questão é impulsionada assim, ‘agora nós vamos punir e julgar’, nós vamos de um extremo ao outro. E, quando isso acontece, você tende a sacrificar alguém. E alguns direitos serão sacrificados também”, analisa. Colen destaca que “a Faculdade Mineira de Direito vê com muita preocupação a condução desse processo [Lava Jato] no que se refere à prisão preventiva e à delação premiada”. Os professores chamam atenção para a restrição do direito de defesa de acusados que tem se tornado maior, não só na Operação Lava Jato.
professor chama atenção para o uso do instrumento processual: “Não é possível que se utilize da prisão de forma indiscriminada, sob o fundamento do combate à criminalidade”. DELAÇÃO PREMIADA Embora a Lava Jato seja legítima, Colen observa que os brasileiros estão assistindo a algo que também é perigoso. Ele destaca que a utilização da prisão preventiva, uma prisão antecipada, sem a comprovação da culpabilidade ou da responsabilidade é uma forma de coagir o cidadão a confessar um crime: “Eu diria até que é uma forma de utilização de métodos medievais, sem nenhum exagero. E a pessoa negocia sua liberdade à custa da versão que a acusação quer que ele diga”. O professor Boanerges, que leciona Direito Processual Penal, também questiona o uso da delação premiada aliada à prisão preventiva. “É uma forma moderna de coação, de constrangimento, de submeter a pessoa à privação de sua liberdade. É uma forma de tortura, entre aspas”, comenta. Ele considera lamentável que o Estado tenha que valer-se desse instrumento para obter informações, quando ele mesmo deveria criar meios de investigar corretamente e obtê-las. “É interessante pensar que se está fazendo um acordo com o bandido e, a partir das declarações do acusado, você retoma as investigações. Há que se ter um cuidado a mais com esse meio probatório, que deve ser necessariamente referendado por outras provas”, destaca.
Professor Boanerges, leciona Direito Processual
A lei autoriza a prisão preventiva e a prisão temporária, mas elas são medidas excepcionais, já que a liberdade é o maior patrimônio que o cidadão tem. “Há um excesso de medidas coercitivas de liberdade na Lava Jato. Em relação aos fundamentos jurídicos, muitos não se sustentam, mas há um status de comoção social no sentido de que, através das prisões, nós vamos chegar facilmente às apurações. Por isso, utiliza-se de uma
Flora Silberschneider
forma coercitiva e sistemática das medidas restritivas de liberdade”, explica o professor Boanerges. Guilherme Colen destaca que a prisão preventiva é uma prisão sem pena. São três os fundamentos: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e assegurar a eventual aplicação da pena. “Muitas vezes a gente não vê, nessas pessoas que estão sendo presas, a presença dessas hipóteses que fundamentam a prisão preventiva”, esclarece Colen.
Professor Colen é diretor da Faculdade Mineira de Direito
Flora Silberschneider
Entenda a Operação Lava Jato A Operação Lava Jato teve início em março de 2014 com o objetivo de investigar um grande esquema de pagamento de propina e lavagem de dinheiro envolvendo grandes empreiteiras, técnicos da Petrobras e políticos. É a maior investigação sobre corrupção na história do Brasil e está sendo comandada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF). O pagamento de propina em licitações de obras da Petrobras deu origem à operação, após a prisão do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. De acordo com o MPF, empresas organizadas em cartel pagavam propina a diretores da Petrobras e a outros agentes públicos, através de contratos superfaturados. O valor variava de 1% a 5% do total de cada contrato bilionário. O esquema se completava com a distribuição do suborno. Partidos e políticos recebiam dinheiro e, em troca, garantiam a nomeação de diretores da estatal.
Ainda segundo o MPF, o envolvimento de políticos ficou claro em relação a algumas diretorias da estatal. Na Diretoria de Abastecimento, atuou Paulo Roberto Costa entre 2004 e 2012. Costa foi indicado pelo PP (Partido Progressista), com posterior apoio do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). A Diretoria de Serviços foi ocupada por Renato Duque entre 2003 e 2012, através da indicação do PT (Partido dos Trabalhadores). Na Diretoria Internacional atuou Nestor Cerveró, entre 2003 e 2008, indicado pelo PMDB. Para a Procuradoria-Geral da República, os grupos políticos envolvidos agiam em associação criminosa, praticando corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Fernando Baiano e João Vaccari Neto atuavam como operadores financeiros em nome de integrantes do PMDB e PT.
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Política
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País deve evitar o risco de uma desestabilização Para reitor da PUC Minas, o respeito à Constituição é fundamental no momento ISABELA MAIA PINHEIRO 5º PERÍODO
“O Brasil deve fazer prevalecer sua maturidade democrática e não permitir que tanto casuísmos políticos quanto atuações parciais e partidarizadas signifiquem desobediência à própria Constituição”. Essa declaração é do reitor da PUC Minas, dom Joaquim Giovani Mol Guimarães. Ele faz referência ao documento “Em defesa da democracia e da Constituição”, elaborado pelo Conselho de Gestão e Políticas da PUC. O texto foi divulgado à comunidade acadêmica, em março, pelo Conselho que é formado pelo reitor, vice-reitora, seis pró-reitores e outros representantes da administração superior da Universidade. Dom Mol diz que o risco de desestabilização institucional, tratado no documento, “deve ser pensado em termos de eventuais atropelos não só em relação ao funcionamento, mas da auto-
nomia e quebra da prerrogativa dos poderes constituídos”. O reitor acrescenta que “se houve por parte de algum agente público, no passado e no presente, crimes de responsabilidade ou outro tipo de ato condenável, que isso seja devidamente apurado nas instâncias devidas”. Ele também observa que as investigações devem valer para todos, indistintamente. Para que o cidadão comum participe da defesa da democracia e da Constituição, dom Mol acredita que todos devem procurar informar-se devidamente. “Não se deixar levar exclusivamente pelas paixões nem deixar-se manipular por uma mídia que, infelizmente, mais se ocupa em espetacularizar algo tão sério”, alerta. A defesa do voto consciente e sério e a participação em discussões em nível orgânico são outras atribuições que o reitor prevê para o cidadão na luta pela democracia. No documento, o Conselho de Gestão e Políticas destaca
que os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) devem garantir a prevalência dos direitos e deveres individuais. Para o reitor, essa é a base da democracia moderna. “As liberdades individuais, como o direito de ir e vir, de expressar uma opinião, de filiar-se a associações e sindicatos, a partidos e agremiações são de um direito essencial e, certamente, repercutem na validação dos direitos coletivos”, esclarece dom Mol. De acordo com o reitor, quando um político comete atos de corrupção faz ruir a edificação que sustenta a credibilidade do cidadão no sistema de representação política. “Mais do que privilégios e obtenção ilícita de vantagens pessoais, ele [o político corrupto] faz ruir a ponte entre os direitos individuais – a merenda na escola, o remédio no posto de saúde, o direito a transporte digno – e a própria crença na política e na Justiça”, explica. Por isso, dom Mol acredita que, em termos de
Estudantes se mobilizam para criar Comitê contra o Golpe FLORA SILBERSCHNEIDER 6º PERÍODO
Na história de formação do Brasil, os estudantes e jovens sempre integraram as principais mobilizações e participaram das discussões sociais. Diante da atual polarização política, alguns estudantes da PUC sentiram necessidade de se manifestar e se organizar. Criaram o Comitê PUC Minas Contra o Golpe, para realizar ações dentro e fora da universidade que fomentem o debate sobre democracia. No evento de lançamento do comitê, no dia 28 de março, no campus Coração Eucarístico, os alunos foram convidados a problematizar e debater sobre os aspectos jurídicos das investigações em curso e o receio de um possível golpe de estado apoiado pela grande mí-
dia. Mediaram a discussão os professores José Luiz Quadros, de direito, Rita Liberato, de ciências sociais e Ércio Sena, de comunicação social. Eles relataram experiências que viveram no passado e questionaram o combate direcionado apenas à corrupção sem incluir as irregularidades que permeiam o sistema político do país. A VOZ DOS ESTUDANTES Marina Rebelo, do curso de arquitetura, conta que se mobilizou para organizar o Comitê, junto com os alunos João Guilherme Gualberto, Rafael Leal, Rafael Paulino, Thainá Nogueira e Igor Foscolo. Ficaram motivados depois que a PUC encaminhou, aos estudantes, o manifesto em defesa da democracia e da Constituição. Ela acredita que é papel dos
Alunos se reúnem para discutir democracia
Flora Silberschneider
próprios alunos se posicionarem e mostrarem que todos, independentemente da área de atuação, devem acompanhar e discutir política. A estudante explica que o movimento foi organizado por eles, sem apoio do Diretório Central dos Estudantes que, para ela “é desmobilizado”. Alguns integrantes de diretórios acadêmicos estavam presentes, mas ela observa que os participantes são, em sua maioria, integrantes de movimentos estudantis sem vínculo direto com a universidade. Representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) estiveram no evento para chamar os alunos para participarem da Jornada Nacional em Defesa da Democracia, em Brasília, no dia 31 de março. O movimento foi apoiado pela Frente Brasil Popular. Apesar da pouca divulgação, os alunos mostraram-se interessados e o lançamento reuniu mais de 50 alunos de diversos cursos. A estudante Bárbara dos Santos, do curso de direito, ressaltou que o setor estudantil é um ponto catalisador importante para a mobilização e, em momentos de polarização como o atual, é relevante ter um espaço para discutir democracia sem haver xingamentos e agressões.
Em defesa da democracia e da Constituição Minas Gerais, diante O Conselho de Gestão e Políticas da Pontifícia Universidade Católica de novos desdobrapossíveis e atuais seus e País do l stituciona político-in vida da dos recentes episódios riscos de uma os com ção preocupa a r manifesta público mentos para a sociedade brasileira, vem a democrático de direito e o desestabilização institucional que pode colocar em questão o efetivo estado respeito aos Poderes constituídos. ento das Leis e tamAo defender o pleno exercício das instituições responsáveis pelo cumprim te a todos, a PUC ionalmen constituc s garantido ório, contradit ao bém o amplo direito de defesa e direito e circunstâncias não podem, sob Minas ressalta seu entendimento de que, por um lado, tais situações to de objetivos e interesses nenhuma hipótese, serem apropriadas, de modo reprovável, para o atingimen pública. outros que não a prevalência da justiça e da correção ção espetacularizada Por outro lado, a Universidade alerta para o perigo de que a midiatiza e parcialidade, contribua para dos fatos mencionados, muitas vezes marcada pela superficialidade r, nas ruas, situações de agudizar polarizações no plano político-partidário que acabem por alimenta sobre o atual modistintos entos entendim e es percepçõ conflitos entre brasileiros irmãos que possuam político. mento contras não resultará, A divisão da sociedade brasileira em um simplista dualismo de prós e mais em um moainda o, polarizad País um com s perdemo Todos ninguém. de vitória certamente, na penaliza a todos, que a econômic crise alongada uma nta mento tão crítico em que o Brasil experime especialmente os mais empobrecidos. sua missão de garantir É urgente, nesse sentido, que os Poderes constituídos da Nação, em e individuais, exerçam com coletivos direitos dos nte intransige defesa a e tica democrá de a estabilida o compromisso com os equilíbrio, decência e correção, os papéis que lhes cabem para que prevaleça e que devem nortear, de modo princípios democráticos e republicanos conquistados historicamente efetivo, os rumos da Nação e o respeito ao povo brasileiro. Conselho de Gestão e Políticas Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
política, só há salvação se houver combate ao analfabetismo político, à exploração da fé política dos mais empobrecidos. IMPRENSA Quanto à espetacularização da mídia, também tratada no documento, dom Mol esclarece que “isso fica patente quando o que se vê nas telas tem um desejo muito maior em capturar a cena, o gesto cênico, a fala teatral, uma ‘novelização’ dos gra-
ves acontecimentos políticos, do que claramente informar”. Como consequência dessa conduta da imprensa, agentes públicos saem do seu lugar, que deveria ser o da imparcialidade e da correção. “E, o mais preocupante, as condenações apriorísticas, sem a devida apuração e julgamento”, destaca. Dom Mol considera que, para a mídia atuar como formadora da opinião pública, deve preocupar-se em demonstrar
“responsabilidade, ética, obediência aos próprios códigos deontológicos e compromisso com a função social da imprensa”. Ele acrescenta que os meios de comunicação devem oferecer condições para que o cidadão se torne pessoa melhor, mais bem informada e tenha condições de discernir em momentos de tanta complexidade política e social, como tem sido experimentado nos dias atuais.
Para lideranças, universidade deve ser local de diálogo A universidade, em sua função de centro de produção do conhecimento, deve ser um local de debate. A polarização presente nas discussões sobre o cenário político atual precisa ser combatida para que haja diálogo. Estudantes e professores da PUC concordam em que o papel da universidade é ser palco para a conversação e a discussão esclarecida, com base em informações confiáveis e opiniões diversas. Essa base para diálogo é ressaltada pela professora Rita Liberato, que fala em nome da Adpuc (Associação dos Docentes da PUC Minas). “Primeiro, temos que quebrar a polarização, abrir a discussão, ter clareza e informação. Temos que entender o que é Brasil, qual a lógica de formação do povo brasileiro”. Ela ocupa o cargo de tesoureira na Associação. O estudante Lucas Rasquel, presidente do Diretório Acadêmico (DA) do curso de psicologia, concorda com a ideia. Ele afirma que é necessário, por parte dos estudantes, entender como funciona o estado democrático de direito para, depois, fazer reivindicações. “Se você não souber como funciona, não tem muito como lutar. Deve haver uma luta grande para a politização e o entendimento do o que é um estado democrático, como ele funciona, quais as suas instâncias, qual o poder participativo que o povo tem”, pontua Rasquel. A grande atitude que falta dentro da universidade, segundo Rita Liberato, é diálogo. “Para ter diálogo, a pessoa precisa de conhecimento. Para ter conhecumento, ela tem que ter informação e saber processar a informação”, explica. Segundo ela, o que acontece, muitas vezes, é que os alunos ficam presos às informações encontradas nas redes sociais, que têm sido o principal palco das polarizações políticas. Atual presidente do DA de psicologia, Lucas percebe que há dificuldades em criar interesse nos
alunos sobre a discussão política. “Para mim, começa aí: educar politicamente. Isso a gente tentou fazer com alguns debates e mesas, mas há um desinteresse. É difícil a pessoa ter essa consciência de que ela faz parte”. OUTRA POSTURA Através da conscientização individual sobre responsabilidade social e papel na política do país, as polarizações podem ser desconstruídas. A ideia de passar a limpo o Brasil, para Rita Liberato, é válida, “mas passar a limpo significa que cada um de nós vai ter que se passar a limpo também. Só vai resolver o problema da moralidade na administração pública se todos os brasileiros resolverem ter outra postura com a coisa pública”, pondera. Segundo a professora, refletir acerca de atitudes individuais é fundamental. Por exemplo, corrupções que podem ser cometidas no dia a dia e que, muitas vezes, não são vistas como problemáticas: colar na prova, assinar a lista de chamada para o colega, levar folhas do trabalho para casa etc. Rita lembra que, muitas vezes, as pessoas dizem que não se pode comparar essas atitudes com os roubos na Petrobras. “Por que não? Quem faz o menor faz o maior”, reflete. Rasquel percebe a dificuldade que os alunos têm de criar uma consciência social e política, de contribuir para a vida em conjunto. “As pessoas acham que o DA é prestação de serviço e não veem a representação que têm. E criar essa consciência é muito difícil. Se a gente não consegue fazer isso aqui com mil alunos, imagina uma nação, um território tão grande como o nosso”, diz. Rasquel acredita que a desconstrução de pequenos preconceitos ajuda a mudar a visão de que a política é lugar onde sempre haverá desvios e pessoas “dando um jeitinho”.
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abril2016 . jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratório
MARIA VITÓRIA MAZÃO MARIANA LUIZA LEITE 1° PERÍODO
Associados quase sempre às figuras míticas e às lendas nórdicas, os anões mexem com o imaginário popular. Retratados como um povo antigo, eles são caracterizados por serem atarracados, possuir feições grotescas, barba longa e inteligência superior. A realidade, no entanto, mostra que os portadores do nanismo buscam ter uma vida normal e, muitas vezes, enfrentam grandes desafios para tal. Conhecidos por ter uma média de altura inferior aos indivíduos de uma mesma população (varia de 80 centímetros a 1,40 metros), os portadores do nanismo compõem grande parte da sociedade brasileira. Segundo estimativas, existem no país cerca de 20.000 pessoas com nanismo, sendo que 10% desse total moram na cidade de São Paulo. Além de encontrar dificuldades para realizar tarefas simples no dia a dia, os anões são obrigados a lidar com o preconceito e com os olhares preconceituosos daqueles que os taxam como “aberrações da natureza”. Pegar um ônibus, apertar os botões do elevador ou subir escadas
Sociedade
Anões vivem dilemas como profissionais Os portadores de nanismo passam por grandes desafios no dia a dia. Olhares e comentários maldosos esboçam preconceito
se tornam verdadeiros desafios para quem porta o nanismo. SEGREGAÇÃO
No Brasil, a segregação dos anões é acentuada, uma vez que há poucos artifícios públicos para tornar o cotidiano dessas pessoas mais prático e seguro. Elas também encontram certas dificuldades para ingressar no mercado de trabalho, e conseguir um emprego que fuja daqueles em que precisam se expor como alvo de chacota ou figura mágica. De acordo com Thiago Luís Neuhaus, 27 anos, portador do nanismo, a Lei de Cotas proporcionou-lhe maiores oportunidades de emprego. Essa Lei, aprovada em 1991, fala que toda empresa com 100 ou mais funcionários deve destinar de 2% a 5% dos postos de trabalho a pessoas com alguma deficiência. Segundo Thiago, que tra-
Thiago Luís em seu local de trabalho
balha no setor de mecânica da Vale, a multa aplicada aos empregadores que não contratarem pessoas com alguma deficiência faz com
Arquivo pessoal
que eles sejam incluídos no mercado. No que diz respeito às dificuldades diárias, Rebeca Costa, de 22 anos,
acredita que os maiores desafios estão no acesso aos caixas eletrônicos, em pegar algo em alguma prateleira mais alta no supermercado ou em alcançar um balcão em estabelecimentos públicos. “Não luto pela preferência. Assim como você pode ter acesso ao caixa eletrônico, deve haver um método de escada ou banco para que eu tenha o mesmo acesso que você de maneira igualitária, uma vez que somos cidadãos do mesmo país e com os mesmos direitos”, afirma a jovem, que também sofre da deficiência física. Dona de um perfil no Instagram e de um canal no YouTube chamado LookLittle, Rebeca fala sobre moda, inclusão e respeito ao próximo em suas páginas na internet. De acordo com ela, há uma enorme dificuldade em comprar sapatos e roupas de adulto para seu tipo
físico. “Os tamanhos existentes corretos são infantis, e nos somos adultos, não podendo usar esse tipo de roupa. A maior dificuldade são roupas de mangas cumpridas, calças, coisas que englobam membros como pernas e braços”, conta. O preconceito se faz constante na vida de quem porta o nanismo. Seja em forma de olhares maldosos ou comentários agressivos, Thiago se sente incomodado com a falta de respeito. ‘’Muitas vezes as pessoas não falam, mas agem com dó, com pena. Às vezes tem alguma atividade que sei que dou conta de fazer, mas não me colocam porque acham que vou ter dificuldade. Acho isso ruim demais’’, conta ele. Para reverter esse quadro de segregação e hostilização, Thiago aposta na educação. De acordo com ele, se fosse ensinada nas escolas a questão do nanismo, talvez não houvesse tantos obstáculos a serem enfrentados diariamente por eles. Tratar esse assunto nas escolas poderia ser um grande passo para se promover a inclusão dos deficientes, uma vez que o Poder Público estaria potencializando a noção e aplicação dos direitos humanos.
Alunos da Comunicação discutem feminismo
ALEXA SIMON DEBORA DRUMOND 1º PERÍODO
O feminismo é um processo de conscientização que tem como objetivo a igualdade de direitos e deveres entre os gêneros. Ultimamente, a questão voltou a atrair a atenção de jovens meninas que têm se engajado com mais afinco nessa luta, levando-a ao âmbito universitário. É o caso das alunas da FCA, Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas, que estão encabeçando um debate sobre “A presença da mulher nas instituições”. Ativista feminista e membro do Levante Popular da Juventude, Thainá Nogueira, sempre teve vontade de fazer uma reunião de mulheres para debater as causas feministas dentro da PUC. A oportunidade surgiu quando as alunas do prédio 13 se incomodaram diante um episódio envolvendo Ajac – Atlética José Albino de Comunicação. Na inauguração da Atlética, os organizadores estabeleceram preços diferentes para o convite feminino (R$40) e o masculino (R$70), um quase o dobro do outro. Em consequência disso, Thainá, presidente do Diretório Acadêmico de Comunicação – DA, parceiro da Ajac, organizou a primeira reunião do grupo “PUC das Minas”. “O PUC da Minas não surgiu apenas por causa do evento da Ajac, mas porque
eu percebi que o caso provocou a vontade das meninas de debater a questão. Não foi uma retaliação à Ajac”, afirma. Thainá dizse surpresa com a adesão das mulheres da Comunicação, pois não sabia que elas estavam dispostas a discutir, embora “soubesse da afinidade de pensamento das meninas”. Úrsula Jauar, também estudante de Comunicação, ajudou Thainá na organização da primeira reunião. “ Divulgamos o evento no Facebook, cartazes foram espalhados nos prédios 12 de psicologia, 6 de direito e no nosso. Mas acabou que meninas de outros cursos apareceram também”, diz Thainá. O primeiro encontro contou com a participação de 20 pessoas, entre elas, dois homens. “Nem falamos do evento da Ajac no primeiro encontro, na verdade. As mulheres compartilharam casos de abuso que elas sofreram até aqui dentro do prédio 13 mesmo, por professores e colegas de sala”, conta a presidente, que ainda relata ter sofrido ameaças anônimas por e-mail por ser mulher e estar na liderança do DA. “Acabou sendo uma sessão de desabafo. O encontro de mulheres serve também para isso, para desabafarmos umas com as outras e saber o que acontece tão perto da gente, porque no prédio 13, mesmo sendo conhecido por ter pessoas de mente aberta, isso também acontece”.
Antes da primeira reunião, Thainá procurou a parceria de outro grupo de mulheres existente na PUC, chamado “PUC para Elas”, para maior divulgação. Mesmo assim, as reuniões seguintes não tiveram grande adesão, contando apenas com cinco meninas. Mas ninguém pensa em desistir; a ideia para continuidade do movimento é realizar encontros quinzenais com alunas de todo o campus. Diferentemente do primeiro encontro, o segundo já teve pauta pré-estabelecida: o histórico do feminismo nas universidades e das políticas inclusivas, já em vigor e aquelas pelas quais lutar. “Atualmente as mulheres são maioria na universidade, mas a estrutura dela ainda é machista; temos uma vice-reitora mulher, mas no cômputo geral, elas são minoria em cargos de direção”. Thainá relaciona esse fato à defasagem de políticas voltadas para
a valorização das mulheres dentro da instituição. Um exemplo de questão a ser tratada é o caso das alunas mães que têm filhos pequenos e, muitas vezes, não têm com quem deixa-los durante o período das aulas. “Seria interessante uma parceria com uma creche que disponibilizasse desconto para essas alunas, já que não podem trazer os filhos para a sala de aula. Infelizmente, muitas delas acabam abandonando os estudos em virtude disso”, lembra a presidente do DA. ENCONTRO MISTOS Não há problema quanto a participação de homens no grupo: na primeira reunião, dois estavam presentes, mas as meninas se sentiram mais a vontade para relatar situações de abuso e discutir questões mais polêmicas quando eles foram embora. Por causa disto, o grupo decidiu realizar encontros
mistos (com a presença de homens) em datas previamente combinadas, deixando os encontros quinzenais voltados apenas para mulheres. “É importante criar um ambiente confortável e sem prejulgamentos para que as mulheres desenvolvam a discussão”, destaca Thainá. Ela ainda propõe que os encontros mistos tenham um cunho mais didático, de modo a conscientizar os homens presentes. Para Thainá, é necessário que os homens tenham conhecimento do movimento feminista para a desconstrução de conceitos machistas e da visão opressora. Entretanto, a mulher deve protagonizar o feminismo. “Afinal essa é uma luta dela, ela é quem tem lugar de fala, deve realizar ações do movimento e tomar decisões. Os homens devem sim discutir feminismo, mas sempre ouvindo as mulheres, sem opinar
O grupo PUC das Minas reúnem-se pela primeira vez para debate
Thainá Nogueira
nas ações do movimento, agindo como apoiadores”, observa. Matheus Schlittler, aluno do 1º período de jornalismo, diz que apoia muito a causa feminista e destaca a importância dos encontros mistos. Ele compartilha da opinião de Thainá de que o homem deve se conscientizar sobre o movimento. No papel de simpatizante da causa, deve estar ao lado da mulher apoiando-a, mas sem roubar seu protagonismo. “Considero que homem feminista não existe, pois quando se fala de feminismo, remete-se à luta diária da mulher. Como não tenho essa luta no meu dia-a-dia, não posso ser feminista”, acrescenta Matheus. No que se refere às diferentes vertentes do movimento como o feminismo negro, o feminismo trans e o feminismo radical, Thainá acha que são necessárias para dar visibilidade a causa, mas frisa que é importante haver a união de todas as mulheres. “Temos que lutar juntas e discutir sobre feminismo”. Ela diz que pretende chamar representantes de cada segmento do movimento para as próximas reuniões. “Da mesma forma que não quero ter meu protagonismo roubado pelo homem, não posso tirar o protagonismo dessas mulheres que têm lutas ainda mais difíceis”, acrescenta Thainá.
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abril2016 . jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratório
Sociedade
Blogueiras negras criam clube e lutam por direitos Jovens e animadas elas vão abrindo novas fronteiras de resistência ao racismo e vão ampliando espaço para mudanças na sociedade ANA LUISA SANTOS JADER THEÓPHILO JESSICA SUDRÉ 5º PERÍODO
Ao perceber que o universo da blogosfera estava, quase exclusivamente branco, a designer gráfico, ativista digital, estudante de história e blogueira do “Na Veia da Nêga”, Lívia Teodoro, 25 anos, teve a ideia de criar um coletivo que reunisse diversas blogueiras negras para falar de assuntos que considera fundamentais, como empoderamento feminino, valorização da beleza negra e autoestima. Então surgiu o Clube de Blogueiras Negras de Beagá. “As blogueiras, sejam elas brancas ou negras, vem desenvolvendo um trabalho muito bom em Belo Horizonte; o problema é que quando você não cria um espaço exclusivo, ele acaba sendo ocupado pelo que é considerado normalidade, ou seja pessoas brancas”, desabafa Lívia. Destaca que o blog é um espaço onde elas podem se expressar, falar das coisas que gostam e consideram pertinentes sem serem consideradas chatas. “Há 10 anos, nós não conseguiríamos falar de uma maneira tão clara como conseguimos hoje. Antes se você se arriscasse a defender um ideal negro, falar de racismo estaríamos sujeitos a perder muitas coisas, como emprego, posição social”. A blogueira acredita que o Clube é mais do que um espaço de divulgação para empresas: ‘é um ato de resistência,
união e aprendizado, mas observa que ‘é preciso muito cuidado com o conteúdo postado nos blogs’ enquanto blogueira negra. Ocupar espaços sem se posicionar é muito fácil, mas não é o que elas fazem. Lívia diz que há uma luta muito grande para a conquista do espaço pelas negras pois, a representatividade delas na mídia tradicional ainda é muito pequena. Já houve muita conquista mas, principalmente nas plataformas digitais. “O importante é que mulheres negras ocupem espaços, não só fisicamente, mas falando, nem que seja sobre moda, beleza e futilidades. Se brancas que falam disso chegam longe porque não as meninas negras?”. Segundo ela, o empoderamento do povo negro no mundo virtual desperta a curiosidade em seus leitores por conhecer sua própria história. A herança cultural negra ignorada no Brasil, fez com que o povo negro não conhecesse sua origem, sua herança ou, até mesmo, sua religião. Na plataforma digital, esses assuntos ganham visibilidade, assim como temas que tratam de exclusão social e racial na sociedade moderna. A ativista acredita em uma relação de ancestralidade com seus leitores, uma relação quase pessoal, promovida pela identidade de histórias. Os relatos gerados pelo blog variam de mães negras que perguntam como lidar com o racismo na escola dos filhos, a jovens negras que não sabem como agir com os pais que não estão entendendo muito bem a transi-
O clube conquista espaços de empoderamento e conscientização das mulheres
ção capilar delas e esse processo de autoconhecimento. O público dos blogs é 80% feminino, mas se diversifica quanto à idade. As blogueiras ouvem inúmeras histórias de centenas de mulheres, o que contribui para a diversificação de seus relatos sempre plurais. Para a blogueira Lívia Teodoro, embora diversificadas as histórias contadas têem um ponto comum que as une. “Quando se trata de histórias com pessoas negras, há muito em comum, porque o que sofremos parece seguir um padrão”, desabafa. O Clube das Blogueiras Negras de Beagá começou com nove mulheres que queriam ter seu lugar na mídia e representar seu povo. Hoje, já conta com a participação de onze e busca cada vez mais integrar, levar aprendizado e
Nada de cabelo liso: o crespo típico também é bonito
Cata Tempo Fotografia
Ativismo negro divide o movimento feminista O Feminismo Negro é um movimento social protagonizado por mulheres cuja intenção é dar visibilidade e reivindicar seus direitos. No Brasil, esse movimento teve início em 1970 e quer a igualdade entre mulheres brancas e negras e o fim do sexismo, além de melhores condições de trabalho, saúde e vida, diminuição da violência, quebrar tabus. E, ainda: desconstruir alguns pensamentos criados acerca da mulher negra, como por exemplo, o mito de que essas mulheres são fisicamente mais fortes que as brancas, ideia construída há anos, nos tempos da escravidão, quando as negras trabalhavam duro tiranizadas pelas brancas. Também nesse período histórico, quando as mulheres negras sofriam constantes abusos e exploração sexuais, criou-
se a ideia de que a negra e seu corpo estão ligados a sensualidade e ao prazer. Era daí que vinha certa preferência por elas, porque estavam longe do padrão eurocêntrico de beleza, logo, a mulher negra não era considerada bonita, só sexual. As jovens negras contam que ouvem muitas piadas e comentários racistas, que ferem sua autoestima; umas são toleradas pela sociedade, historicamente racista, que muitas vezes acha que as negras são culpadas por isso. “Muitas vezes, nós, mulheres negras, não acreditamos na nossa beleza exterior exatamente por todo este ‘trabalho bem feito’ da sociedade de tornar desprezíveis todos os nossos traços. Quanto mais escura a pele, maior a dificuldade em ser considerada
empoderamento a outras mulheres. Para elas, o Clube é um espaço de muito aprendizado e resistência.
A LUTA
As mulheres que sempre mostraram grande força na defesa de direitos, agora querem discutir “modelos de beleza e de postura feminina imposta por uma sociedade que estereotipa seus indivíduos tirando-lhes a autonomia sobre si mesmos”. Além disso, elas procuram ajudar outras pessoas a se reconhecerem como negras e se orgulhar de suas origens. É o caso da gestora de RH e ativista digital, Danielly Mendes dos Santos, de 22 anos, que também integra o Clube das Blogueiras. Ela escreve no blog “Danny Mendes” e usa este espaço virtual para estimular o empoderamento de mulheres negras dentro da sociedade. Danielly conta que sempre esteve presente na blogosfera e depois de participar do workshop do Clube das Blogueiras Negras de Beagá, resolveu integrar esse grupo, “primeiramente por elas serem negras, e também pelo fato de ser um coletivo que visa fortalecer as mulheres negras dentro da sociedade. Porque uma pessoa sozinha não muda o mundo, mas um coletivo muda”, explica. O empoderamento está ligado à consciência dos direitos sociais e capacita a pessoa para a superação da dependência social e dominação política.
Raphael Calixto
Ele devolve a cada um a liberdade de fazer suas próprias escolhas e reger sua vida. No caso dos negros, significa dar poder a esse povo e livra-lo da opressão e lutar contra o racismo. Apesar de ser muito pertinente nos movimentos negros atualmente, esse assunto começou a ser discutido há pouco tempo. Ainda hoje, algumas pessoas vêem negros empoderados como chatos, vitimistas e muitas vezes são tachados de “ver racismo em tudo”. Lívia Teodoro afirma que tratar desse assunto com pessoas que também lutam por essas questões é muito fácil e agradável, mas desconstruir alguém que, apesar de viver no mesmo ambiente não consegue entender tais problemas é muito mais difícil. Ela explica que geralmente tem que ter mais paciência e ser mais persistente com os que ainda não entendem tal posição, mas se mostra otimista quanto aos resultados.
TRANSIÇÃO CAPILAR
No blog Na Veia da Nega, Lívia trata de diversos temas pertinentes ao povo negro, entre eles a criação de nova percepção estética. Por exemplo: há dois anos ela deixou de usar química nos cabelos e passou a assumi-los em sua forma natural, fazendo um movimento contrário ao que se vê, habitualmente, em nosso meio. Lívia, que cursa História na Universidade Federal de Minas Gerais, contextuali-
beleza padrão e é isto que precisamos nos esforçar para mudar, principalmente em relação as nossas crianças”, afirma Lívia. O “Movimento Negro” brasileiro começou quando os primeiros negros e negras se agruparam para resistir à escravidão usando os quilombos, entre os séculos XVI e XIX e todos os levantes organizados para combater o racismo. Em diferentes momentos da história é possível identificar essa resistência e destacar figuras conhecidas nacionalmente como, Dandara e Zumbi dos Palmares. Apesar do fim da escravidão em 1888, o racismo continuou e a resistência negra também, tomando outros formatos, acompanhando os avanços do país. Em 1931, surgiu um grupo politico chamado Frente Negra Brasileira, que contava com planos de luta organizada e a participação ativa de mulheres, se tornando uma das organizações mais importantes do Brasil na primeira metade do século XX. O foco da Frente Negra Brasileira era a inserção de pessoas negras na sociedade, majoritariamente, branca. Somente em 1989, o movimento negro ressurge enquanto proposta política, quando um ato público
za a questão do alisamento, contando que essa prática foi trazida ao país alguns anos depois da abolição da escravatura e virou “moda” entre as negras da época, inserindo a busca de beleza num padrão europeu para as mulheres afro e suas descendentes. A blogueira conta que começou sua transformação capilar aos dez anos quando sua mãe, que trabalhava fora, para diminuir o trabalho com cabelo da filha, optou por alisa-lo para ficar “bonito”. Ela ficou tão dependente do alisar cabelo que, mesmo durante sua gravidez e a amamentação – períodos em que não se recomenda o uso de químicos no cabelo – ela os alisou. “Em 2011, mesmo grávida eu não consegui ficar sem relaxar (o cabelo), fiz uma vez durante a gravidez para ‘me sentir mais bonita”, apesar de não ser recomendado por nenhum médico”. Foi em 2014 que Lívia começou a acompanhar meninas que decidiram parar de fazer alisamentos para assumir os cabelos naturais e achou aquilo interessante. A princípio, gostou da ideia e pensou apenas em “usar cachos da moda”. Depois, deu-se conta de que aquelas meninas que estavam voltando aos cachos não apenas mudavam o cabelo: estavam fazendo um caminho de regresso às suas origens, lutando contra uma sociedade opressora e racista, e buscavam romper com padrões estéticos impostos há anos. “No grupo das cacheadas havia muitas meninas empoderadas e que naquela época tinham muito mais voz. Eu li e vi muitas discussões bacanas de negras realmente conscientes de que deixar de alisar o cabelo é muito mais que estética, é confrontar todos os padrões estéticos colocados pela sociedade”. Dessa forma viu, então que esse “movimento não era apenas uma mudança nos cabelos”, mas uma mudança nas cabeças, uma transformação social e política de cunho importantíssimo para as gerações futuras.” Como todas as integrantes do Clube das Blogueiras Negras de Beagá, Danny Mendes também passou por esse processo. “Depois disso a minha negritude aflorou, o meu empoderamento, a minha vaidade. Eu queria casar com meu cabelo natural e quase não consegui, ninguém queria arrumar meu cabelo. Então eu comecei a usar o blog para mostrar às pessoas que é possível ter um cabelo natural e bonito sem ter que pagar fortunas e abrir mão das suas escolhas”, explica.
organizado em São Paulo contra a discriminação sofrida por quatro jovens negros no Clube de Regatas Tietê, deu origem ao Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNU). Mais tarde essa data ficou conhecida como o Dia Nacional de Luta Contra o Racismo. Muitas pessoas acreditam que a luta do movimento negro inexiste nos dias atuais, o que é um grande equivoco. Hoje existem diversas formas de militância negra, de vários grupos nas mais diversas regiões. O seu papel ampliado não se resume apenas às denúncias de racismo e luta por inserção na sociedade: o Movimento Negro faz-se presente na adequação e luta pelo fortalecimento de identidade negra, seja via blogs ou grupos políticos oficiais. O Movimento Negro é, principalmente, um movimento de coletividade, cujo lema, apontado por Lívia Teodoro é Ubuntu e significa “eu sou porque nós somos”. “Então eu sou hoje o que eu sou por que pessoas já foram mais do que eu; sou e pessoas vêm por aí para ser mais do que eu sou. É assim que instrumentalizamos o público com que trabalhamos”.
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Ação Social
Projeto Providência promove a cidadania Programa realizado em bairros de BH oferece assistência escolar e lazer para jovens. São disponibilizadas diversas atividades
Jovens aprendem a tocar instrumento de percussão ANA MARTINS 3º PERÍODO
Proporcionar novas oportunidades de vida e aprendizado às crianças e jovens dos bairros Vila Maria, Taquaril e Fazendinha é o objetivo do Projeto Providência , voltado para tirá-los da situação de risco social e pessoal, em que se encontram. O projeto foi criado há 28 anos e oferece, nas três comunidades, oficinas de dança, teatro, música, artes circenses, entre outras. Conta com uma equipe técnica de psicóloga, assistente social e pedagoga nas três unidades. Há também uma participação efetiva do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Belo Horizonte/ MG - CMDCA/BH, Conselho Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente – CEDCA/ MG, Conselho Municipal de Assistência
Ana Martins
Social - CMAS/ BH e também o Conselho Municipal da Juventude. A entidade desenvolve seu trabalho pautando-se na política pública de atendimento à criança e ao adolescente, em consonância com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e em constante diálogo com os serviços de atendimento local: escolas, postos de saúde, conselhos de direitos, conselhos tutelares e os CRAS – Centro. Marcos Pereira, de 13 anos, participa há seis meses da oficina de circo na unidade do Vila Maria e está cada vez mais motivado com os desafios. “Eu nunca tinha feito nada de circo, mas acabei conhecendo o malabares e ganhando habilidades para me equilibrar em cima de uma perna de pau. Agora, o que eu mais gosto de fazer, é andar com a perna
de pau”, comenta Marcos. As aulas de técnicas circenses acontecem nas três unidades e são ministradas pelos professores da Cia Teatro de Bolso. O educador Juliano da Silva é responsável pelas aulas de circo e teatro e conta: “O circo trabalha muito a motivação, iniciativa e respeito ao outro. Vejo grande mudança no comportamento dos alunos. Nós, que trabalhamos com crianças, temos como grande preocupação a formação dos cidadãos”. A oficina de Capoeira é uma das novidades em todas as unidades do projeto. No Taquaril, o professor Charles Deivison, relata como a chegada dessa nova modalidade deixou os estudantes eufóricos. “A capoeira é inovadora e cheia de descobertas. As pessoas a confundem com macumba, como aconteceu com os alunos aqui no projeto. Depois do contato
com a modalidade, eles conseguem diferenciá-la e estão cada dia mais empolgados”, diz Charles. CULTURA Além do esporte e circo, o Providência oferece oficinas de percussão com instrumentos da cultura africana. Os alunos entram em contato com um novo ritmo e têm a oportunidade de mostrar o que aprendem nas aulas, através de apresentações públicas como o Festival de Cultura Africana, que aconteceu, no final do ano passado, no Sesc Palladium. Transformando o que antes era ilegal e mal visto, em desenhos e letras cheias de cores, Lucas Marcos, mais conhecido como Lucas Bong (sua identificação no grafite) se tornou colaborador do Projeto Providência e multiplicador de arte. Além dele, os artistas Rodrigo Pinheiro e Pablo Henrique encontra-
São oferecidas oficines de capoeira para as crianças
Ana Martins
ram, no grafite e na música, formas de expressar a realidade em que vivem. Através da arte tentam mostrar para as pessoas que o grafite mantém um elo com o hip hop capaz de transformar espaços e pessoas. Eles deixaram um pouco da sua identidade nas paredes da quadra do Vila Maria que, antes, estavam cheias de pichações e se transformaram em um ambiente artístico. Este ano, o projeto vai criar grupos de apoio nas unidades Taquaril e Fazendinha. Deve disponibilizar
espaço para a realização de encontros, palestras, oferecendo oficinas de capacitação na fabricação de pães, salgados, bolos e, também, oficinas de informática. A coordenadora geral Fernanda Martins conta que o projeto crescerá aumentando o número de jovens.“Esperamos maior participação da comunidade. O Providência é muito importante, pois foi responsável por mudanças na vida desses jovens que saíram de um contexto de violência para um contexto de paz”.
Parceria com a PUC Minas Há uma parceria entre o Projeto providência e a PUC Minas, através da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e a Faculdade de Comunicação e Artes. Um grupo de professores e alunos dos cursos de jornalismo, relações públicas e publicidade atua nas áreas de comunicação, atualizando redes como fanpage, site e o canal no youtube do projeto. Também desenvolvem um informativo impresso, que é um veículo de grande importância para informar a comunidade a respeito das atividades que ocorrem no projeto e gerar uma interação entre ela e o Providência. A extensionista Jessica Tonelli, estudante do 2º período de cinema, vem desenvolvendo um projeto cinematográfico, exibindo filmes com temas relevantes para discussões junto aos educandos. “Comecei a estudar e entender como funciona há pouco tempo, mas percebo a importância de fazer parte de um projeto como esse, que lida com uma causa social, e faz toda a diferença na vida dessas crianças e jovens”, conta Jessica. A professora Rita de Souza Leal, da Pró Reitoria de Extensão (Proex) busca atender às demandas locais ao levar o projeto ao conhecimento de todos. “A Proex trabalha com o intuito de criar uma nova experiência e uma melhor visibilidade dos projetos sociais para a sociedade através de meios de comunicação que são desenvolvidos pelos nossos alunos. O Projeto Providência é um laboratório vivo, que estabelece um diálogo entre a vida acadêmica, através de alunos e docentes, com outras realidades, ampliando os horizontes, afirma a professora. Segundo a professora Sandra Freitas, do curso de Comunicação Social, a participação dos estudantes nas atividades de extensão é muito válida, pois elas contribuem para a formação profissional de cada um.
Lojas de roupas oferecem plano odontológico WINICYUS GONÇALVES 7º PERÍODO
As lojas são de roupas, calçados ou eletrodomésticos, mas os serviços são cada vez mais variados. Os vendedores já não oferecem somente vestidos, sandálias ou liquidificadores. Eles vendem de plano odontológico a consórcio de veículos ou de imóveis e empréstimos pessoais. Entre elas estão às lojas da rede Magazine Luiza que tem inclusive uma empresa específica, a Consórcio Luiza, para cuidar desta área. A
gerente Edna Honorato explica que esse braço da rede já existe há mais tempo, mas tem crescido muito nos últimos anos. “No geral, registramos um aumento de 30% em relação ao ano passado”, destaca. Além dos tradicionais consórcios para motos, carros ou casa própria, o Magazine Luiza tem um para serviços, que oferece crédito livre para festa de casamento, formatura ou até mesmo cirurgia plástica. As parcelas são a partir de R$ 69,73 e o crédito pode chegar a R$ 10 mil, em 48 meses.
“Quando a pessoa compra uma cota, ela é uma poupadora, está fazendo um investimento, pagando apenas a taxa de administração. Quando ela é contemplada, basta fazer o lance ou ganhar no sorteio”, explica Edna, lembrando que o funcionamento é exatamente o mesmo de qualquer outro consórcio. Segundo ela, o crescimento da renda e a estabilidade da economia contribuem para o aumento da demanda por esses serviços. Dessa forma, abre espaço para que eles sejam comer-
Os estabelecimentos oferecem desconto para planos odontológicos
Marianne Fonseca
cializados no varejo. “O cliente tem como vantagem o fato de a loja ter várias unidades e, se ele quiser tirar alguma dúvida, ser mais fácil, mesmo porque o horário é mais estendido do que o de um banco, já que em shopping as lojas funcionam até 22h”. Na Marisa, além do tradicional empréstimo pessoal - que todas as lojas de departamento oferecem, atreladas a algum banco ou financeira -, o cliente pode adquirir um plano odontológico, a partir de R$ 18,90. A cobertura inclui clínica geral, periodontia, cirurgia oral menor, prótese e aparelho ortodôntico. A franquia é de 40% em todos os tratamentos e a carência varia conforme o procedimento. Segundo a gerente Denise Marins, o plano é direcionado às clientes da empresa, que tem como foco a mulher brasileira de classe C. Para ter acesso a este benefício, é necessário ter um cartão da loja. A Riachuelo também comercializa um plano odontológico. Além disso, vende, em parceria com a seguradora Zurich, seguros para casa a partir de R$ 6,95 por mês; assistência residencial a partir de R$ 3,49 mensais; e seguro
desemprego. Por R$ 1,95 ao mês, o cliente pode garantir o pagamento de compras até R$ 300, em caso de desemprego ou doença.
FIQUE ATENTO É importante saber também que alguns planos odontológicos vendidos em lojas exigem que você pague parte dos serviços que usará – além do pagamento da mensalidade. O seguro vendido na Riachuelo, por exemplo, dá um desconto de 40% nos procedimentos odontológicos. Isso significa que você pagará mais da metade do atendimento e dos serviços. Então, é preciso estar atento às estas condições antes de assinar qualquer contrato. Normalmente, as lojas divulgam o plano odontológico com muitas vantagens, ótimos preços ou condições diferentes de pagamento. “Existe o risco da venda casada, ou seja, quando você pensa que está pagando o preço somente do plano, mas na verdade levou outros serviços no pacote”, é o que alerta o coordenador do Procon Assembléia, Marcelo Barbosa. Outro problema comum está relacionado à qualidade
do plano. “Como as lojas de departamento fazem somente a venda, você não tem contato com quem fará o atendimento caso tenha algum imprevisto. Isso inclui uma quarta pessoa nesse processo que não se responsabiliza por nada a não ser vender e assinar contrato, sem se importar com qualidade do produto ou satisfação do cliente”, alerta Thiago Compart, da Comissão de Valorização e Defesa Profissional, do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO -MG). Nem sempre as lojas passam todos os detalhes dos planos; então, a pessoa também corre o risco de assinar um contrato sem saber exatamente a quais serviços tem direito. “Costuma ser comum a empresa não cumprir o que oferece, ou seja, dizer que cobre um serviço quando na realidade é o segurado quem vai ter que pagar por ele”, explica Marcelo.
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Cultura
Shakespeare: 400 anos depois O dramaturgo inglês é homenageado quatro séculos após sua morte. A programação, que inclui eventos e reedição dos livros dele, acontece nos meses de abril e maio BRUNA CURI ELISA SENRA 1º PERÍODO
Para marcar os 400 anos da morte de William Shakespeare o Centro de Estudos Shakespeareanos (CESh) está realizando, até maio, em parceria com a Superintendência de Museus e Artes e a Secretaria de Estado de Cultura, uma série de eventos, que fazem parte do “William Shakespeare: 400 Anos depois”. A programação cultural objetiva ressaltar a importância do escritor e contribuir para manter viva sua memória. Além de eventos, o CESh está refazendo a tradução de livros para torná-los mais fiéis aos originais. Segundo o Centro, grande parte das traduções foram feitas durante o regime militar, o que causou várias deturpações nos textos como, por exemplo, o corte de palavrões.
“Os personagens têm falas muito distintas. Por exemplo, o rei fala formal, o bobo da corte não. Mas nas traduções daquela época soa tudo do mesmo jeito, como se estivessem, o rei e o bobo, no mesmo patamar. É como se estivesse lendo Machado de Assis, e Shakespeare não é assim”, observou o presidente do CESh, Erick Ramalho. “Se o texto é informal no original, ele temde a soar informal na tradução”, frisou. Apesar de terem se passado 400 anos da morte de Shakespeare, sua presença continua forte na literatura e dramaturgia, em função da temática de sua obra que trata de temas fundamentais como o amor, o ódio e a traição. Ramalho observa que, os dramas são os mesmos, e a humanidade mudou muito pouco em todo esse tempo, de modo que tais temas, fundamentais, ainda permanecem bastante atu-
Ramalho é presidente do CESh
Flora Silberschneider
ais. Segundo ele, Shakespeare deixou uma mensagem que se estende para todos: o mundo é um grande teatro. Com isso, ele quis dizer que as pessoas interpretam papéis, todos os dias, num mundo que é um grande palco. A Fundadora do CESh, Aimara da Cunha Resende, acha que é importante manter viva a obra do autor inglês, “porque ela trata essencialmente do ser humano, com suas qualidades, seus defeitos, suas angústias, alegrias, seus desejos e sentimentos (...) essa compreensão profunda do ser humano faz com que a obra de Shakespeare seja eterna, pois o homem continua sendo o mesmo; não mudou em aspecto algum”. Ela também ressalta “a qualidade de da descrição que ele faz: fala tão bem que aparenta ser verdade”. Aimara disse que as reconstruções artísticas baseadas em Shakespeare, vão permitindo que as pessoas o conheçam em diferentes versões. No século XX o cinema passou a criar filmes com base nas obras dele, tais como o clássico da Disney “Rei Leão” (1994) inspirado em “Hamlet”. A trama mostra a trajetória do rei leão, Simba, que se assemelha à do infeliz príncipe da Dinamarca. “No século XIX, era muito comum fazer pinturas baseadas nas obras dele; assim, mesmo quem não lia Shakespeare conhecia suas obras. No século XX, o cinema que por bem ou mal, substituiu a pintura, faz isso,” Para ela, de maneira geral, as pessoas sabem mais de Shakespeare do que pensam, pois o autor inglês acabou entrando na cultura sutilmente. Por exemplo, a expressão “cães de guerra”, tão utilizada pelas pessoas, é da autoria do inglês, assim como o nome Ofélia, que vem de uma de suas personagens. Por outro lado lembram-se de coisas que não são dele, como é o caso de Romeu e Julieta, uma história italiana que ele simplesmente adaptou. Mas apesar de Shakespeare estar tão inserido na cultura internacional e brasileira, muitas escolas e professores têm dificuldade de ensinar o autor em sala de aula. De acordo
Confira a programação Data: 8 abril a 11 de maio de 2016 Exposição William Shakespeare, 400 Anos Depois Horário de Visitação: Terça, quarta e sexta – das 10h às 19h Quinta – das 12h às 21h Sábado e domingo – das 10h às 19h Data: 15 de abril de 2016 Palestra: “Shakespeare e artes plásticas: o caso de A Tempestade” Palestrante: Professora Solange Ribeiro de Oliveira Professora Emérita da Faculdade de Letras da UFMG e Membro do Centro de Estudos Shakespeareanos. Horário: 19 horas
Curso: “Shakespeare, Mestre de Todos Nós”, ensinando várias disciplinas através de Shakespeare Data: 11 a 13/05/16 (quarta a sextafeira) Professora: Aimara da Cunha Resende (Fundadora do CESh e Professora Aposentada da PUC-Minas e UFMG 2 turmas (9 às 12hs e 15 às 18hs) - 30 vagas para cada turno Local: Centro de Arte Popular CEMIG Rua Gonçalves Dias, 1608 – Lourdes – Bh / MG Inscrições e Informações: (31) 3269 11 03 ou 3269 11 06
Data: 26 de abril de 2016 Horário: 19h Palestra: “Shakespeare e Cultura Popular na América Latina: o ‘Bardo’ Apropriado por Nova Mídia em Novos Tempos, em Nosso Continente” Palestrante - Aimara da Cunha Resende (Fundadora do CESh e Professora Aposentada da PUC-Minas e UFMG) Local dos eventos: Museu Mineiro Av. João Pinheiro – 342 – Funcionários – Belo Horizonte Entrada Gratuita Informações: 3261-1103 com Aimara, criou-se a ideia de que Shakespeare é perfeito e superior aos demais autores. Com isto, as pessoas tem receio de abordar seus trabalhos e analisá-los. Aimara também acha que “alguns professores de cursos sobre Shakespeare nem sempre têm conhecimento suficiente para isto, o que é lastimável”. Ela observa que para se falar de um autor de forma correta é preciso ter estudado suas obras, conhecendo as características que as tornam obras únicas, importantes. E mais, “só se ensina de verdade aquilo que se ama”, diz a fundadora do CESh. O Centro de Estudos também tem como objetivo ensinar disciplinas diversas através de Shakespeare, matérias
William Shakespeare
como história e geografia. Na obra “Júlio César”, o autor fala sobre a vida do imperador romano e a obra tem como objetivo mostrar como a Inglaterra se encontrava na época. Essa obra seria adequada para uma aula de história, por exemplo. A ideia é de ensinar de forma bem inovadora e capaz de despertar um novo interesse nos alunos em relação às obras de Shakespeare. Shakespeare chegou ao Brasil por via dos franceses, através das traduções de suas obras; o modo de encená-la na época era o continental francês. Hoje em dia, existem duas vertentes simultâneas que cultivam a influência de Shakespeare no Brasil. Uma delas é
Arquivo da exposição
a apropriação cultural: ao invés de encenar Shakespeare, adaptam suas obras. A outra vem de alguns atores e grupos que têm formação inglesa e além de aprender as técnicas também aprendem como montar Shakespeare. “Sem dúvida esse é um grande enriquecimento cultural para o Brasil, principalmente, para Belo Horizonte. Há uns 15 anos, era quase impensável companhias artísticas passarem pela cidade; normalmente iam apenas a São Paulo, Rio de Janeiro e, às vezes, Curitiba. Atualmente, existe um público na capital mineira que compensa a presença delas e participa de cursos e palestras realizados pelo CESh, além dos cursos de literatura, ali promovidos.
PUC São Gabriel recebe a cineasta Petra Costa NATÁLIA PRADO 3º PERÍODO
A noite do dia 4 de março foi especial para muitos estudantes e amantes do cinema da unidade São Gabriel da PUC Minas. Isso porque o Diretório Acadêmico do curso de psicologia exibiu, no auditório da universidade, o filme “Olmo e a Gaivota”, com a presença da diretora da obra, Petra Costa, que falou sobre o longa e a sua carreira. O documentário acompanha a difícil gestação da atriz italiana Olívia Corsini. Sua gravidez de risco levou-a a ficar de repouso absoluto, dentro de casa, durante os nove meses da gravidez e a perder o papel principal na peça “A Gaivota” de Tchekov. O espectador se torna testemunha da frustração e angústia da atriz que perde, junto, a chance de fazer uma importante turnê internacional e a sua liberdade. O público é convidado a “percorrer” o interior da per-
sonagem, revivendo o seu passado, relacionamentos, medos e desejos. Nessa jornada de autodescobrimento, Olivia vê no seu reflexo as duas personagens da peça - a Arkadina, atriz que está envelhecendo, e Nina, que enlouquece. Desse modo, o filme quebra um poderoso tabu por não exibir a gravidez somente como algo comemorativo, mas também como um fator de dúvidas e inseguranças. Petra ressalta que o único filme a tratar das pressões da sociedade sobre a mulher grávida é o clássico de terror “O Bebê de Rosemary”, ainda que de forma muito exagerada. Isso a inspirou a gravar sobre o tema. A aluna de psicologia e irmã da diretora, Manoela Costa, falou sobre a importância de as mulheres poderem se identificar com a protagonista. “Os filmes romantizam muito a gravidez. Muitas vezes as mulheres sofrem com a gestação e podem ter, inclusive, depressão pós-parto, e sentem
vergonha disso, apesar de esse sentimento ser mais comum do que se imagina”, afirma. Já a aluna de jornalismo Karoliny Alvarenga, que é fã de “Elena”, o primeiro longa da diretora, ficou feliz com a oportunidade de ver o novo filme. Segundo disse, ela própria já foi testemunha de parte boa da gravidez de suas irmãs, e o filme levou-a a ver a “realidade” sobre as complicações que podem surgir. “Como, por exemplo, o limite de até onde um pai pode compreender o que a esposa passa durante este período”, exemplificou. CINEASTA PREMIADA O longa de Petra foi premiado no 68º Festival de Locarno na Suíça, onde fez sua estréia mundial no dia 10 de agosto. E ganhou o prêmio de melhor documentário no 17º Festival do Rio. Na ocasião, em seu discurso de agradecimento, Petra fez um polêmico apelo pela legalização do aborto. Na inter-
net, a cineasta sofreu inúmeros ataques e ficou “surpresa com o enorme machismo brasileiro que ainda não conhecia”. A cineasta acredita que parte deste machismo se dá ainda pela influência das religiões cristãs e aponta que, embora a bíblia seja uma importante obra literária que todos deveriam ler, é
também fonte de muito, opressão contra as mulheres. Ainda que o filme trate de uma mulher que abraça sua gravidez e todos seus desafios, os conservadores não perdoaram seu discurso. Disse que sofreu ataques por muitos meses. Ressaltou também que é preciso união e ativismo das
mulheres para exigir seus direitos, inclusive trazendo os homens para o feminismo. Como resposta aos ataques sofridos, convidou atores conhecidos para gravar um vídeo sobre o machismo, que se tornou um viral na internet e atraiu ainda mais pessoas para as salas de cinema.
A cineasta Petra Costa (à esq.) foi convidada pelo DA do curso de psicologia
Iago Belotti
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Esporte
Estudante de ciências biológicas treina gavião Victor Hugo tem cinco aves de rapina e treina Gal, uma asa de telha. A falcoaria é uma maneira de manter as aves saudáveis e deve ser praticada de forma segura
Victor Hugo treina Gal no Museu de Ciências Naturais da PUC
Marianne Fonseca
conhecimento maior sobre a falcoaria, que tanto interessa ao estudante da PUC Minas, Victor Hugo Martins. Ele cursa o terceiro período de Ciências Biológicas e estuda, independentemente, o adestramento de aves de rapina. Victor Hugo tem cinco aves em casa. Uma delas é Gal, um gavião asa de telha que o acompanhou na entrevista. Victor disse que a falcoaria é uma forma de ajudá-lo no cuidado
de suas aves. Se apenas as mantivesse em casa, sem treinamento, poderiam surgir distúrbios ou comportamentos anormais nos animais. O jovem tem parceria com a Vale Verde no desenvolvimento de ações de educação ambiental, apresentando um show com as aves. É uma forma de mostrar ao público a importância da conservação de espécies, tentando sempre quebrar o preconceito relativo às aves de rapina.
JÚLIA VILAÇA PRISCILLA ALVARES 1º PERÍODO
A falcoaria, arte milenar que começou no Extremo Oriente e chegou ao Brasil nos últimos anos, ganha força. Antes era praticada por reis e outros membros poderosos das cortes; agora é praticada por qualquer um, desde que esteja disposto a dedicar tempo considerável a uma ave de rapina. Ao público, falta um
Além dos shows, o treino destas aves no Brasil é feito também para reforçar a segurança nos aeroportos. Ali esses animais são soltos, sob controle para eliminar e espantar pássaros que podem causar algum tipo de dano as turbinas de aviões e acidentes. Para esse tipo de atividade, as aves têm treinamento específico relacionado à caça e vôo, além de estarem em total equilíbrio quanto a alimentação e pelagem. Victor Hugo chamou a atenção para a importância dos devidos estudos para a criação de uma ave de rapina e dos materiais necessários para treiná-la, como as luvas específicas, o poleiro muito bem revestido com material próprio e caixas de transporte com o tamanho adequado. Além disso, a alimentação das aves de rapina é um assunto importante: os animais não comem a carne que normalmente comemos, mas sim, ratos de laboratório, carne de codorna, pinti-
nho de um dia, todos fontes de muitos nutrientes para elas. Já o presidente da Associação Brasileira de Falcoeiros, João Paulo Santos, alertou sobre a importância da manutenção da saúde dos animais: “cada ave deve ser
tratada com respeito e admiração, oferecendo a ela condições similares a uma ave de rapina em vida livre”. Segundo ele, ter uma delas é como ter um filho, pois requer dedicação absoluta durante toda a sua vida. “Por isso, podemos considerar a falcoaria um estilo de vida, uma vez que requer dedicação total do falcoeiro para o bem estar de suas aves”, disse Santos. Ele e Victor Hugo enfatizam a necessidade da devida instrução do falcoeiro para que tudo ocorra de forma segura, tanto para o treinador, quanto para os animais.
Gal em treinamento de vôo
Marianne Fonseca
Cheerleading: animação de torcida na PUC
A equipe HellCheers treina aos sábados, em Betim LUCAS SANCHES LEONARDO PARRELA 3° PERÍODO
Você quer ser cheerleader? Elas estão começando a aparecer na televisão. São animadoras de torcidas que, em grupos, através de músicas, elementos de ginástica e dança, animam os torcedores e assim os incentivam a estimular o time em campo. No Brasil, já existe
Lucas Sanches
uma União Brasileira de Cheerleading (UBC), responsável pela organização de apresentações e gerenciamento das equipes pelo país. Em Minas Gerais, há uma equipe Cheerleaders PUC-MG/ HellCheers, que treina em Betim e é composta por estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade. O grupo existe desde 2013 e foi uma ideia da Associação Atlética do curso que reuniu estudantes interes-
sados em combinar ginástica e dança para animar os jogos em que outros alunos estivessem participando. “Eu entrei porque me interessei pelo projeto. Principalmente a parte da dança, que me chamou mais atenção”, disse Amanda Santa Bárbara, capitã da equipe. A ideia era montar uma torcida organizada para complementar a charanga que acompanha as várias equipes que disputam torneios, representando a PUC, em diversas modalidades. A rotina de treinos é complicada de conciliar com os estudos. Todos os alunos integrantes do grupo - 15 no total – são estudantes do curso de Medicina cujas aulas são em tempo integral. Logo há pouco tempo para os treinos. Sendo assim, a equipe se reúne uma vez por semana e treina de três a quatro horas. As coreografias são montadas em conjunto com uma coreógrafa e com a Sênior Coach, Ana Paula Pereira. As músicas são escolhidas de acordo com a personalidade do time e normalmente são de jazz ou algum remix da cultura pop. As dificuldades são muitas e diversas. Os percalços encontrados vão, desde caráter amador que dificulta participação em Campeonatos, até o preconceito contra os homens que fazem parte da equipe. “No começo eu não queria participar. Fui convidado para um treino, participei e gostei da iniciativa. Alguns meninos me zoam por fazer parte de um grupo de cheerleaders, mas é algo com o que você
aprende a lidar”, afirmou Anderson Zimmerer. A divulgação também é feita de forma precária. Pouca gente conhece a iniciativa e o trabalho é feito majoritariamente pelas redes sociais e ainda existe pouco patrocínio. Mesmo as redes sociais sendo de uso cotidiano de muitas pessoas, a disseminação de informações está longe de ter o alcance desejável. A equipe ainda está no começo e não disputou nenhum Campeonato. Apenas se apresentou em locais onde ocorreram jogos com a participação de algum time da Faculdade. Mesmo assim, está animada, conta Ana Paula Pimenta, para começar a atuar com o início dos Torneios. Ela disse que o essencial, agora no começo, é a conscientização sobre o esporte. Para superar preconceitos e surgir o apoio, popularizar o esporte é um passo fundamental. Também para a Universidade ver a importância do trabalho realizado, tanto para os atletas quanto para o esporte em si. É com muita motivação e força de vontade que o grupo consegue se manter. Por meio de patrocínios particulares, de quem se interessa pela iniciativa, a União Brasileira de Cheerleading (UBC) arrecada fundos para ajudar os grupos a cobrir eventuais gastos gerados pela equipe. Batalhando contra essa realidade difícil, o grupo procura se manter e dar continuidade ao projeto.
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Esporte
Squash atrai adeptos em Minas O esporte, de origem inglesa, já está há quase 100 anos no Brasil, mas ainda é pouco conhecido. Atualmente, o país que se destaca nesta modalidade esportiva é o Egito DÉBORA ASSIS GIOVANA MOURÃO LANZA 5º PERÍODO
Vamos praticar squash? Os benefícios são muitos. Pouco conhecido e divulgado, no Brasil, o Squash é uma modalidade esportiva com várias histórias sobre o seu surgimento. A mais conhecida é a de que ele nasceu nas prisões da Inglaterra, no século XIX. Por estarem confinados em um espaço pequeno e sem nada para fazer, os presos improvisaram uma bolinha e começaram a batê-la na parede, com as mãos. Daí o esporte teria evoluído até que as universidades inglesas introduziram a raquete. No Brasil, o squash chegou na década de 1920. Trazido pelos ingleses que estavam por aqui à procura de ouro, a primeira quadra do esporte foi construída na cidade de Nova Lima, em Minas Gerais. O presidente da Federação Mineira de Squash, Daniel Penna, conta que “Minas é a maior potência do squash [no Brasil] já tem uns quatro ou cinco anos”. O estado ganhou os últimos quatro campeonatos nacionais. “O pessoal aqui gosta muito, é bem competitivo e o nosso campeonato mineiro é muito organizado”, completa Daniel. A baixa visibilidade internacional do Brasil e a falta de políticas corretas no âmbito deste esporte fizeram com que o país perdesse muitas oportunidades em nível mundial. “Em termos mundiais, o Brasil vai mal. Porque o squash é tradicionalmente inglês, e mais forte em países de colonização inglesa. Hoje é mais forte no Egito. Mas tem também presença importante no Paquistão, Índia, África do Sul além da própria Inglaterra. Esses são os destaques”, diz Daniel. A ausência de equipe juve-
O squash é disputado no Pan Americano
nil para repor atletas que, por questão de idade, pararam de competir, fez com que o Brasil perdesse posições. “A gente ficou com um buraco. Tínhamos bons profissionais, mas paramos de ter um grupo juvenil. Os bons profissionais foram envelhecendo, se aposentando e a gente não teve como repor”, conta Daniel. Hoje essa é a preocupação fundamental pois os melhores profissionais brasileiros vieram do juvenil. Pesquisa da revista norte-americana Forbes, mostra que o squash é considerado um esporte super completo, já que traz benefícios cardiorrespiratórios e tem um ritmo frenético, de alta frequência cardíaca. Em 30 minutos o atleta queima mais de
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500 calorias, além de desenvolver resistência muscular e ter baixo risco de lesões. Há também falta de reconhecimento público do esporte e isto é uma das principais causas a impedir que mais jogadores pensem na possibilidade de se profisionalizar: “Decidi não fazer isto porque no Brasil o esporte não é muito divulgado e é difícil conseguir patrocinadores para jogar campeonatos fora do país”, conta Adriano Leal, que pratica o esporte desde 2001 e hoje o vê apenas como um hobby, apesar de já ter participado de alguns campeonatos. JOGOS
O professor de squash, Gustavo Martins, explica as regras
do jogo. As partidas de squash podem ser simples, com dois jogadores (um contra o outro), ou duplas, com quatro jogadores (duas duplas). Os materiais usados são raquetes, bola, óculos e um tênis adequado à quadra. O objetivo do jogo é bater a bola na parede frontal, evitando que o adversário alcance-a. O jogo começa com o saque de um dos jogadores; a bola poderá tocar qualquer outra parede, mas apenas uma vez no solo. O jogador então espera que seu oponente tente devolvê-la na parede frontal. A divisão das partidas é feita em games, cada um valendo 11 pontos. As competições podem ser: o melhor de três ou o melhor de cinco games. O pequeno tamanho da quadra e a grande velocidade da bola exigem que os atletas sejam rápidos. Gustavo ainda lembrou: “o esporte não tem limite de idade” e ressaltou os benefícios da sua prática. O squash é um esporte que apresenta alguma dificuldade para o acompanhamento dos jogos pelo público. Daniel Penna explicou que a bola é muito pequena e, durante o jogo, chega a cerca de 100 km/h. A quadra tem 7 metros de largura e, se não for toda de vidro, permite que a platéia acompanhe o jogo apenas de um lado. “Hoje eles usam a quadra [toda] de vidro, o que dá uma ampliada, então se consegue ter arquibancada dos quatro lados da quadra e a visibilidade é maior”, conta Daniel. Atualmente quadras todas de vidro são montadas em estações de trem, shoppings e praças. Além de aumentar o público, elas possibilitam transmissões por TV, por exemplo. “Ainda assim para o público é difícil, acompanhar o jogo”, diz Daniel. Por essas questões o esporte só tem campeonatos
específicos da modalidade, não sendo disputado, por exemplo, nos Jogos Olímpicos. “Nas Olímpiadas, de quatro em quatro anos eles escolhem esportes para entrar. Nas últimas três escolhas o squash foi cogitado, porém não entrou. Motivos: bolinha pequena e muito rápida. Arbitragem muito subjetiva. Jogo rápido. Não tem replay. Muita discussão em torno das regras. Difícil para o público acompanhar”, explica Daniel. Sobre os campeonatos que existem no Brasil e em Minas, ele conta que antigamente tinha mais gente jogando, mas que ainda existem algumas competições em que a procura é grande, principalmente porque com apenas três meses de prática os jogadores já conseguem participar de campeonatos. “Os nossos campeonatos são divididos em classes, tendo a primeira classe [a melhor] até a sétima classe [jogadores de 2 a 3 meses]”. Muita gente nova começou a participar dos campeonatos: “Geralmente entra gente da quinta até a sétima classe, ou seja, pessoas novas”, completou Daniel Penna. No Brasil são disputados dois campeonatos nacionais: Copa do Brasil e Brasileiro. A Copa do Brasil é considerada a maior do ano já que é um campeonato aberto, ou seja, participa dele quem quiser. Dentro do campeonato algumas categorias são indicadas para o Bolsa Atleta. Essa ajuda do governo faz com que mais pessoas participem. O Brasileiro já é um campeonato mais fechado. “Cada Estado leva a sua delegação e vai disputar o título nacional; é esse campeonato que Minas vem há quatro anos ganhando”, explicou Daniel.
Mineiro de 16 anos é atual campeão sul-americano Pedro Facury, atual campeão sul-americano de squash na categoria sub 17, tem apenas dezesseis anos e já ganhou mais de 70 prêmios na modalidade. O jogador contou que sua vontade de jogar veio a partir dos jogos de tênis que praticava na infância: “A minha vontade de jogar surgiu quando eu tinha cinco anos. Eu jogava tênis, mas só ficava rebatendo a bolinha, nunca tinha quadra de tênis pra eu jogar, então ia pra quadra de squash”. O jogador teve uma aproximação com o esporte na medida em que deixou de usar os materiais do tênis e passou a usar a raquete e a bolinha do squash, que são bem diferentes. “Com o passar do tempo troquei de raquete e fui jogando com a bolinha de tênis, depois troquei a bolinha de tênis pela de squash”. Pedro pratica o esporte há onze anos e ganhou seu primeiro campeonato com sete anos e fez sua primeira viagem para fora do Brasil com oito anos. Para Facury o campeonato marcante foi o “da Colômbia que eu ganhei. O do Paraguai também foi marcante, pois em 2011 eu estava com onze anos e foi um campeona-
to muito grande, com 1100 meninos no total, gente de todo o mundo, indianos, japoneses, chineses”. Ele mantém uma rotina intensa de treinamentos, inspirado principalmente pelos egípcios, que são os melhores do mundo no esporte. Com as férias o jogador chegava a treinar nos dois períodos do dia, sendo cada treino com cerca de duas horas. Os treinos, comandados por um técnico paulista, são realizados também com outros jogadores de alto nível da capital mineira. Tão novo, já conhece vários países: “Já viajei para a Argentina para jogar o Pan-Americano, já viajei duas vezes para o Paraguai, Colômbia, Estados Unidos, Chile, Equador, El Salvador”. As viagens são frequentes tanto para treinamentos quanto para os jogos. Sobre o futuro, contou suas pretensões: “O Egito é um país que domina o squash, eles tem muita estrutura, muito menino para dar duro, dos 30melhores, 20 são egípcios, entre as mulheres, das 15 melhores 10 são egípcias. Estou planejando ir para lá, ficar cerca de cinco meses”.
Pedro Facury já ganhou mais de 70 prêmios na modalidade
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abril2016 . jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratório
Entrevista
ELZA AGUIAR
Aos 95 anos, paixão por escrever continua Elza Aguiar Neves tem 95 anos. Aos 60 virou escritora, de poemas e contos infantis. E continua a escrever e ganhar prêmios realizando sua grande paixão num momento da vida em que muita gente acha que é de “pendurar as chuteiras e fazer crochê”, apenas. Ela já foi professora, design, contabilista. Na literatura infantojuvenil atua também como ilustradora. Natural de Viçosa-MG, é casada com o engenheiro agrônomo José do Carmo Neves, com quem teve cinco filhos, e ocupa a cadeira 26 da Academia Feminina Mineira de Letras - AFEMIL - Belo Horizonte. Sua produção lhe rendeu vários prêmios, entre eles o Certificado de Honra ao Mérito e Medalha de Ouro da Governadoria do Instituto Brasileiro das Culturas Internacionais, de Minas Gerais,(2010); o Diploma de Destaque Cultural Internacional AMULMIG( também em 2010); o Troféu “Cecília Meireles – 2011”, Categoria Especial, no evento “Mulheres Notáveis” de Itabira, Minas Gerais. Seus livros infanto-juvenis têm um compromisso pedagógico: além do encantamento das histórias, procuram passar ensinamentos como respeito ao próximo, união, cooperação e estímulo à valorização pessoal. Dona Elza também colabora no jornal “O Popular” de Viçosa-MG e, mesmo morando em Belo Horizonte, planejou e executou com prefeituras da região de Ouro Preto o projeto “Encontro com a Leitura”, doando seus livros a todas as crianças participantes e levando-as a escrever poemas e crônicas. Aqui, um pouco do amor à vida e da força e do talento desta “baixinha elétrica” [ela mede 1m51cm], como é chamada pelos filhos. LUANA HELENA IRENO 4º PERÍODO
Por que começou a escrever tão tarde? Eu tive um período da minha vida em que precisei cuidar dos meus filhos; depois vieram os netos e, quando eles já estavam crescidos, veio a necessidade de expor meus pensamentos escrevendo, uma forma de dar ênfase ao meu sentimento. Peguei uma linha de poesias, fiz crônica e caí maravilhosamente nos contos infantis. Foi aí que me senti realizada. Fiz um trabalho com as crianças da região de Ouro Preto, em que levava livros para elas. Eu doava os livros pra incentivar a leitura dos meninos que, às vezes, nunca tinham, visto um, não conheciam o universo maravilhoso da poesia, não tinham o hábito de ler. Eu os incentivava, dizia que um livro aberto são asas e que, com eles, a gente nem sempre precisa sair de casa para viajar. Durante quatro anos fiz isso: ia a Ouro Preto e cidades vizinhas duas vezes por semana e ficava o dia inteiro com a meninada. Eram atividades do projeto que chamei de Encontro com a Leitura; fazíamos um trabalho muito bom, a literatura foi bem recebida. Depois houve mudança de governo municipal e, com o novo prefeito, esse projeto ficou em segundo plano. A Senhora é conhecida por seu amor às crianças e à leitura. De onde vêm tais sentimentos? O que os inspira? A vida inteira eu gostei de ficar perto de crianças. Fui professora de curso primário, tive cinco filhos além de conviver o tempo todo com os amiguinhos deles que iam nos visitar; então tinha sempre a casa cheia. Eu toda vida achei que para ensinar algo à sociedade, era mais fácil começar pela criança, pois ela leva sua mensagem para casa, passa para os pais e isso acaba se propagando. Para mim foi muito bom o gênero infanto-juvenil, pois nele sempre é possível transmitir uma lição. Tenho livros que trazem justamente essas mensagens, que falam sobre o afeto e respeito à família, de compromisso com horários determinados pelos pais, não aceitar coisas de estranhos, dentre outros. Quando eu pedia para as crianças do projeto fazerem poesia,
dizia a eles para soltarem o pensamento e deixar que o sentimento as levasse e elas faziam tudo certinho. Realizei um trabalho muito gostoso com essa criançada; cada dia era uma temática diferente, isso os fazia ser mais criativos.
de menina no jardim de casa, varias etapas da minha vida. Após a publicação do livro, recebi o convite para entrar na Academia de Letras e a partir daí, me senti mais livre para melhorar e aperfeiçoar meu estilo de escrita.
Por que a senhora não vende seus livros? As pessoas me perguntam isto: porque eu não vendo meus livros ao invés de doa-los.É porque o livro é um sonho meu, e não acho justo tirar você da sua casa para comprar um sonho meu. Vender o livro não é importante, para mim; doar sim é mais importante, principalmente para crianças, pois elas dão valor a isso. É um presente para elas receberem um livro. Nesse ponto, sempre é uma realização para mim, o trabalho de criar uma história, doar o livro e nessa ação levar uma coisa a mais para os pequeninos, incentivando-os a ter compromisso com a vida, brilharem mais e melhorar o ideal de vida de cada um.
Qual sua temática básica? Aquele assunto sempre presente em seus livros? A natureza é o ponto alto. Amo ver as árvores, um canteiro com flores, a água que corre nas cachoeiras e tudo isso me encanta e me leva a escrever; é um mundo diferente. Eu não escrevo sobre pessoas. Estou escrevendo um romance, mas no geral, o meu campo mais lúdico é preso à natureza e a delicadeza das crianças. Abrir uma janela e olhar os pássaros na árvore é uma inspiração, um motivo para fazer um poema. Não preciso me esforçar, são coisas simples, uma ideia, um sentimento que você expressa. É muito difícil falar sobre o ser humano e sobre os sentimentos humanos. A natureza não; ela aceita o que você sente em relação à ela.
Como surgiu seu primeiro livro? Cristal é o acúmulo de pequenos poemas que eu escrevi ao longo da vida e sempre guardava. Um dia uma amiga estava muito triste e mostrei a ela meus poemas; era só para ela fazer a leitura, mas acabou mostrando ao seu marido que gostou e veio falar comigo, sugerindo que eu deveria publicá-los. Foi assim que surgiu a ideia. Nesse livro tem poemas que fiz na infância, e depois, naquela fase
De todos os livros que escreveu, qual gosta mais? Tem um livro sim. O Reno, a história do meu cachorrinho que eu tive na adolescência; esse ficou marcado. Nele a história é quase toda verídica, poucas coisas eu mudei. Em sua avaliação, o que está faltando às escolas para despertar nas crianças o gosto de ler? O gosto pela leitura vem de casa. Quando os pais lêem para as crianças, antes mesmo da alfabetização, criam uma aproximação delas com o livro; eu acho que é daí que vem o estímulo. Eu falo para as crianças, a quem dou meus livros, que é pra usa -los e não guardar; é bom que o livro fique cheio de marcas, isso significa que está sendo lido. Despertar o interesse pela leitura, desde pequenos faz toda diferença. Qual foi a recepção das crianças às ações do seu projeto em Ouro Preto, Itabirito e Viçosa? O dia em que eu lancei o projeto, em Cachoeira do Campo, tive uma surpresa: levei 300 livros coloquei-os em varaizinhos. Arrumei de forma que elas pudessem pega -los e foi uma coisa que me chocou, porque cada um queria um livro! Buscavam no varal e perguntavam se podiam levar pra casa. Tudo aquilo me inFlora Silberschneider
centivou muito; então tive a certeza de que era isso que eu deveria fazer: doar meus livros. Daí pra frente eu só escrevi na intenção de coloca-los onde as crianças pudessem tê-los, pois é muito difícil uma criança comprar um livro. O meu projeto nasceu de uma coisa simples: eu estava em uma festa de Natal das comunidades de Cachoeira do Campo e de São Bartolomeu, com o salão todo enfeitado. As pessoas iam chegando educadamente e aguardavam ansiosas, serem servidos os comes e bebes. Achei que a reunião com o livro seria boa, criei o projeto e pensei, agora em vez de levar salgadinho vou levar os livros; e deu certo. Há dificuldades na realização deste trabalho? Não, desde o momento que falei qual era minha intenção, sempre tive apoio das pessoas responsáveis; até hoje eu recebo total apoio. A Universidade de Viçosa nos cedia uma sala para as reuniões, recebíamos entre 300 e 400 crianças. Elas são afetuosas, querem abraçar e mesmo sendo novas, já tem sentimentos poéticos. Consegui cumprir o objetivo do projeto com abertura e entusiasmo.
O livro é um sonho meu, e não acho justo tirar você da sua casa para comprar um sonho meu
Como a senhora se sente diante da opinião de gente que acha que a velhice é só para dormir e fazer crochê? Não acho que a pessoa mais velha tenha que se recolher, não. Nessa idade, se a gente tem alguma coisa que desejou fazer e não fez, essa é a hora. Chegar junto dos jovens e passar para eles o que você viu na vida, com transparência e com verdade, ensinar o que aprendeu ao longo dos anos. Durante a vida, passamos por momentos de tristeza, de alegria, varias coisas, e os ensinamentos dessas vivências devem ser transmitidos. Escreva um livro, conte historias, a juventude precisa de alguém que a estimule e lhes diga que a vida é maravilhosa; não tem idade para começar nada. O meu primeiro livro não foi escrito aos 60 anos, foi escrito ao longo da vida. Histórias de admiração, amigos que partiram, felicidades e tristezas, uma reunião de vários poemas soltos, feitos em diversas etapas da vida e que viraram um livro. Nessa idade é hora de expor o que você fez de melhor e ajudar - ser um pequeno mestre, mas sem a vaidade de ser mestre, e levar ensinamento para alguém. Sou contra o descarte dos idosos do mercado de trabalho, acho que deveriam conservar os idosos compartilhando conhecimento com os novos trabalhadores que estão chegando. O idoso tem que se entrosar e não se isolar. Quais são seus novos projetos? Além do romance, que estou terminando, estou escrevendo um livro de poesias sobre as brincadeiras de infância. Ciranda, bola, peteca, ioiô, roubar fruta no quintal do vizinho, nadar no riacho e muitas outras coisas que fizeram parte da infância de muita gente. Pretendo terminar esse livro e levar para as escolas. Vai ser uma forma de resgatar as brincadeiras do passado e apresentar para as crianças de hoje uma realidade que