O USO SEM CONTROLE DE COMPUTADORES, CELULARES E TELEVISORES PODE CAUSAR PROBLEMAS À SAÚDE FÍSICA E MENTAL PÁGINA 10
A 5ª BIENAL DO LIVRO, REALIZADA EM ABRIL, ATENDEU A TODOS OS PÚBLICOS, DE CRIANÇAS ÀS PESSOAS DA TERCEIRA IDADE PÁGINA 12 Marianne Fonseca
Bruno Fortuna
A JORNALISTA LAURA CAPRIGLIONE TRABALHOU EM GRANDES MEIOS DE COMUNICAÇÃO. ATUALMENTE, DEDICA-SE À MÍDIA INDEPENDENTE PÁGINA 16 Marianne Fonseca
marco jornal
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas . Belo Horizonte . Ano 44 . Edição 321 . Maio de 2016
Monopólio da mídia é problema no Brasil Arte: Mirna de Moura
PÁGINAS 8 E 16
Publicidade incentiva consumismo infantil O consumismo infantil tem aumentado em níveis preocupantes. Com o incentivo da publicidade, os apelos ao consumo chegam às crianças, influenciando-as a comprar produtos supérfluos. Os pequenos se encantam com as mensagens que apresentam produtos com imagens dos personagens de seus desenhos preferidos. Consequência: o consumo excessivo gera efeitos negativos para a vida adulta. Os pais devem ter controle sobre os desejoas de compra das crianças. PÁGINA 5
Participação de jovens nas manifestações é expressiva
Lazer na Praça da Assembleia Flora Silberschneider
Entre ruas e avenidas movimentadas, as pessoas encontram um espaço para descanso e bate-papo na Praça Carlos Chagas, mais conhecida como Praça da Assembleia. Recém-reformada, ela oferece novos espaços para a criançada se divertir, jovens praticarem manobras de skate e conta com uma iluminação reforçada para aqueles que fazem caminhadas noturnas. PÁGINA 4
Dom Cabral
Paróquia Bom Pastor comemora 50 anos
Arquivo Levante Popular da Juventude - BH
Os jovens têm participado ativamente das manifestações políticas em Belo Horizonte. De um lado, pertencem a movimentos sociais e rejeitam o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Fazem ocupações e se mobilizam nas ruas. De outro lado, organizados em partidos e outras associações defendem o afastamento de Dilma. Tanto num caso como no outro, eles têm produzido um intenso debate político. PÁGINA 3
Com celebrações religiosas e festas, a Paróquia Bom Pastor, no bairro Dom Cabral, comemorou 50 anos de existência. O Jubileu de Ouro reuniu os fiéis, promovendo uma novena e missas com diferentes sacerdotes, em cada dia. Houve grande envolvimento da comunidade, que desde o surgimento do bairro contribuiu para a construção da igreja. Um mural com fotos mostrava a trajetória da paróquia e da comunidade. PÁGINA 7
Flora Silberschneider
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Campus
editorial
Independência dos meios de comunicação A edição 321 aborda, como um de seus principais temas, formas de comunicação alternativa. Esse assunto foi tratado no seminário organizado pela Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) em abril. Alguns palestrantes propuseram, como alternativa à cobertura distorcida feita por alguns meios de comunicação, o uso de sites e a formação de “coletivos” de repórteres. Essa é uma das maneiras de se enfrentar o monopólio da Comunicação no país. Hoje, muitos meios de comunicação tradicionais têm feito coberturas parciais, engajadas em seus próprios interesses como empresas e a sociedade tem percebido essa distorção. Assim, é necessário ouvir um maior número de fontes para não passar uma visão manipulada dos fatos. O jornalismo que sustenta a democracia é o que ouve a sociedade. Esta edição também continua as séries Eleições BH e Política, falando sobre as manifestações de estudantes relacionadas à votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Além disso, há reportagens sobre temas que interessam aos pais, ligados ao consumismo e a obesidade infantil. Sobre a realidade dos bairros vizinhos à PUC, uma matéria narra as comemorações dos 50 anos da paróquia Bom Pastor, do bairro Dom Cabral. Façam uma boa leitura e até a próxima edição! TAMIRIS CIRÍACO 6° PERÍODO
expediente jornal marco
Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br | e-mail: jornalmarco@pucminas.br
Esporte busca união positiva dos alunos Complexo recebe Circuito Esportivo que conta com a participação de Atléticas da PUC Minas e de outras faculdades CHIARA RIBEIRO LUIZA FIORESE 1º PERÍODO
O Circuito Esportivo PUC Minas, criado em 2004 pelo Complexo Esportivo, juntamente com as associações atléticas estudantis, visa promover a prática de esportes, criar um ambiente de maior integração, bem como a melhoria da qualidade de vida dos alunos. Inicialmente, o projeto tinha o objetivo de potencializar o curso de educação física e criar uma cultura voltada para a prática de esportes entre os estudantes. Durante cerca de oito anos, o Circuito voltou-se somente para a comunidade acadêmica: professores, alunos e funcionários da universidade e projetos de extensão, como o Criança Esperança. Entretanto, em 2015, decidiu-se abrir a competição para ex-alunos e equipes de instituições parceiras da universidade, que são aceitas por indicação. Segundo o professor de educação física e gestor do Complexo Esportivo, Antônio de Pádua, a competição estava muito restrita e, ao admitir outras instituições, melhorou o nivel técnico dos jogos e das equipes. Com esse novo modelo de competição reunindo nove modalidades e mais equipes, o Circuito se tornou mais atrativo aos alunos. “O importante é incentivar todo mundo a fazer esporte. Quanto melhor o campeonato, quanto mais abrangente o campeonato for, mais a gente vai estar incentivando a galera a participar das atividades, mais a galera que está de fora, que nunca participou da seletiva, vai ter vontade de se engajar”, comenta o diretor geral da Atlética de Comunicação (Ajac), Lucas Perfeito. A interação é um dos pontos positivos mencionados pelos alunos e também a razão pela qual muitos deles participam. É o que afirma a diretora de esportes da Ajac, Rafaela Bittencourt:
Jogos ocorrem aos sábados no Complexo Esportivo
“Falando da interação eu acho muito importante, porque ela vai pra fora de quadra. A Atlética não é só uma instituição esportiva; ela é uma instituição que propicia a aproximação e envolvimento das pessoas que acabam se conhecendo nas competições. Mesmo que você seja de outra atlética você acaba conhecendo gente diferente, de outros cursos e se entrosando com tais pessoas. É muito bom e positivo”. Luis Fernando, tesoureiro da Atlética de Engenharia, que abriga o maior número de atletas, também destaca a importância do contato com estudantes e professores de outras universidades. Eles se encontram em outras competições. Porém, os coordenadores e atletas enfrentam algumas dificuldades para participar do campeonato, principalmente de ordem financeira. Muitas equipes não têm o dinheiro que a competição demanda, dependendo de investimentos dos Diretórios Acadêmicos (DAs), na venda de produtos, como camisas, bonés, e da ajuda dos próprios atletas. Além disso, o desestímulo dos atletas e a competitividade excessiva
Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Prof. Ercio do Carmo Sena Cardoso Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Francisco Braga Coord. do Curso de Comunicação / S.Gabriel: Profª. Alessandra Girard Coordenador do Curso de Jornalismo (S. Gabriel): Prof. Jair Rangel Editora: Prof. Ana Maria Oliveira Subeditores: Profª. Maura Eustáquia e Prof. João Carlos Firpe Penna Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Monitores de Jornalismo: Isabela Maia, Karine Borges e Tamiris Ciríaco Monitor de Fotografia: Flora Silberschneider e Marianne Fonseca Monitores de Diagramação: Thiago Carminate e Mirna de Moura Apoio: Laboratório de Fotografia CTP e Impressão: Fumarc. Tiragem: 12.000 exemplares
prejudicam o desenvolvimento da competição. O Circuito Esportivo promove melhoria no relacionamento dos alunos tanto com a universidade quanto com os colegas. Para Rafaela Bittencourt, a faculdade se torna muito mais agradável, até mesmo o lado acadêmico, porque o aluno percebe que, além da sala de aula, tem algo mais a fazer. “As pessoas que não são da Atlética vêm assistir aos jogos; então acho que para o departamento e para o curso em si, é importante este espaço de união geral. Acho que a união é a maior vantagem do campeonato”, diz. Apesar de ser um evento competitivo e com premiação, os participantes têm consciência de que não se trata apenas de um campeonato universitário, mas também da promoção do esporte como instrumento de promoção da qualidade de vida. Para isso a organização do evento dispõe de uma equipe que auxilia na regularização das normas, convidando juízes e representantes das próprias atléticas. Ela também trata todos os participantes com igual respeito.
Eleições do DCE finalmente são realizadas CARLOS COX 6º PERÍODO
As eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUC, anteriormente, prevista para os 4 e 5 de maio, foi prorrogada para os dias 18 e 19, após a Justiça interromper o processo inicial. A decisão liminar que sustou a votação foi provocada por uma ação interposta por Michel Fernandes, presidente do Diretório Acadêmico de Fisioterapia. O aluno questionou o fato de os prazos definidos pelo edital não condizerem com as regras constantes no estatuto do DCE. “Da noite para o dia teve a inscrição de chapa”, alegou Fernandes. O edital previa a data final de inscrição para o dia 20 de abril, porém, como algumas chapas não haviam conseguido regularizar sua documentação dentro do prazo, a comissão eleitoral decidiu prorrogá-lo até o dia 27. O argumento invocado se baseou nessa
“irregularidade” que encurtou o período de campanha para seis dias, incluindo-se um fim de semana. As cinco chapas inscritas se organizaram e se mobilizaram criando páginas no Facebook, colando cartazes pela universidade, imprimindo e distribuindo panfletos com seus programas. Convocaram os alunos para dialogar em reuniões de debates e foram à várias salas de aula. A liminar foi derrubada após a Junta Eleitoral entrar com um agravo demonstrando sua fragilidade. Além disso, de acordo com o estudante de filosofia, membro da chapa Novos Rumos, Ayrton Otoni, as chapas se uniram para mostrar um relatório do histórico conturbado de eleições nos últimos anos, ressaltando que um estudante não poderia comprometer o voto de todos os outros. O desembargador aceitou a realização das eleições e, até o fechamento desta edição, as novas datas se mantiveram e a eleição acontecia sem problemas.
Forum dos Leitores
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Marianne Fonseca
Bom texto e fidelidade a depoimento geram elogios à equipe do MARCO À equipe do Marco, Em nome do secretário de Comunicação da PUC Minas, prof. Mozahir Salomão Bruck, e da Assessoria de Imprensa, cumprimentamos a equipe do Marco, especialmente a estudante Isabela Maia Pinheiro, pela matéria “País deve evitar o risco de uma desestabilização”, publicada na edição de abril do jornal. O texto, correto, reproduziu com fidelidade a entrevista concedida pelo reitor da PUC Mi-
nas e deu visibilidade, junto à comunidade acadêmica, ao posicionamento da Universidade sobre o atual momento político. Um abraço, MARISA CARDOSO – ASSESSORIA DE IMPRENSA/COORDENAÇÃO ENVIE COMENTÁRIOS OU SUGESTÕES ATRAVÉS DO EMAIL JORNALMARCO@PUCMINAS.BR
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Política
THIAGO CARMINATE 5° PERÍODO
Em meio à atual crise política brasileira, muitos jovens se sentem protagonistas e catalisadores das futuras transformações do país. Assim vão às ruas organizados em movimentos sociais ou realizam intensos debates políticos em locais fechados. Essas mobilizações são estimuladas por jovens apoiadores e oposicionistas do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff. Nos dois casos, as manifestações de jovens têm uma característica comum: as pessoas não portam bandeiras de partidos. As mobilizações têm sido espontâneas e refletem não só a opinião dos jovens sobre o andamento do processo de impeachment, que gera instabilidade e insegurança para a população, mas também a insatisfação geral com as instituições e com o governo. Para Reinaldo Belli, estudante de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) Jovem de Minas Gerais, “as manifestações não devem ser protagonizadas por partidos políticos e sim por cidadãos”. Assim também pensa Paula Silva, estudante de pedagogia na PUC Minas, integrante do Levante Popular da Juventude e organizadora da célula do Levante existente no campus Coração Eucarístico, diz: “O Levante não tem partido, não somos contra os (movimentos) que
tem, mas o jovem pode se mobilizar sem partido e de maneira autônoma”. Ambos acreditam que os movimentos e discussões não vão se encerrar após a decisão tomada pelo Senado. Para os apoiadores do governo Dilma, caso o vice-presidente Michel Temer assuma definitivamente a Presidência, as mobilizações e discussões só aumentarão, pois períodos difíceis terão início. “Não ficaremos calados até 2018”, afirma Paula Silva. A continuação da Operação Lava-Jato é apontada por Reinaldo Belli como de extrema importância após o processo de impeachment. E espera que ela ganhe força maior. DEBATE POLÍTICO
Ambos os lados destacam e reforçam a importância do diálogo dentro das organizações e dos partidos, pois esse diálogo evita repetições de antigos discursos, que hoje já não fazem mais sentido. Paula Silva reforça a importância de estudar propostas de ambos os lados, para que seja construído um pensamento próprio sobre o assunto. “Durante nossas reuniões, discutimos e construímos nossos próprios projetos, nada está pronto e acabado”, afirma. Esta construção de melhores ideias não se dá apenas na escuta e avaliação de propostas, mas também na revisão dos próprios valores, como afirma o presidente do PSDB Jovem de Minas Gerais. Belli acrescenta que durante as reuniões pelo estado de
Jovens se mobilizam sobre situação atual Diante da situação política, os movimentos estudantis ganham força e debatem o assunto com a população
Minas Gerais, na Caravana da Juventude do PSDB, “expomos e causamos divergências dentro do partido para o crescimento das ideias”. As discussões realizadas atualmente por ambos os lados, em seus encontros, estão focadas no debate do impeachment e da crise política, o que está ofuscando as conversas sobre as eleições municipais e deixando-as em segundo plano. Para Reinaldo Belli, “isto é muito ruim”, porque as eleições estão muito próximas, devendo ocorrer em outubro. PÉSSIMO NÍVEL
A votação na Câmara dos Deputados sobre a instauração do processo de impeachment da presidente, ocorrida em 17 de abril, foi amplamente criticada nas mobilizações jovens, tanto por parte de contrários ao impeachment, quanto dos apoiadores. Os discursos e justificativas dados pelos deputados foram considerados de péssimo nível. Segundo Paula Silva, a votação mostrou as contradições existentes no Congresso e a falta de representatividade do povo brasileiro na Câmara dos Deputados: “Precisamos
PSDB Jovem realiza debate sobre cenário político
popularizar o Congresso, se não formos às mobilizações teremos congresso igual e ainda não representativo”. Belli por sua vez disse: “Fico feliz pela instauração do processo de impeachment, mas os discursos mostraram um extremo que merece nosso espanto e nosso estranhamento, principalmente o discurso do Jair Bolsonaro”. Ele também critica os manifestantes radicais que defendem a volta da ditadura durante as manifestações pró-impeachment. “Identifico-os como oportunistas, por usarem um momento de defesa da democracia para defenderem a ditadura.”
Arquivo do PSDB Jovem
Ocupa UFMG O Ocupa UFMG foi uma manifestação realizada no dia 26 de abril no campus da UFMG. Foram realizadas palestras, atividades, debates e oficinas em diversos prédios do campus Pampulha. A ocupação teve duração de 12 horas, tendo início às 10 da manhã e término às 10 da noite. A ideia da realização da ocupação ocorreu após a insatisfação e revolta pelo resultado da votação na Câmara dos Deputados. Durante os dois dias seguintes, foram realizadas assembleias para discutir os discursos dos deputados. Durante a assembleia do dia 19, foi decidida uma paralisação dos professores e alunos. As assembleias foram realizadas como ato espontâneo dos alunos, primeiramente protagonizado pelos estudantes, mas com grande apoio dos professores da universidade. Para Fernanda Maria, uma das organizadoras do Ocupa UFMG e integrante do Levante Popular da Juventude, “a ideia é disputar a unidade de objetivos e principalmente a vontade das ruas, já que existe uma pluralidade de ideias. Não é algo marcado por partidos e sim pelo social. Existem muitos estudantes independentes e abrimos espaço para todos”.
Só reforma política vai ser capaz de mudar o Brasil
Vasconcelos Rocha: a crise é mais política ISABELA MAIA PINHEIRO 5º PERÍODO
O momento político brasileiro atual é inédito. Essa é a avaliação de três professores da PUC Minas. Para eles há um cenário contraditório, preocupante e, sobretudo, polarizado. Luis Flávio Sapori, Carlos Alberto de Vasconcelos Rocha e Adriano Ventura acreditam que a estabilização da situação passa por uma reforma política, uma vez que o problema é sistêmico. Os três docentes discordam, entretanto, da existência, ou não, de um golpe em curso. Vasconcelos e Ventura acreditam que o afastamento da presidente Dilma
Flora Silberschneider
Rousseff não é legítimo, enquanto Sapori crê que o processo foi realizado dentro dos trâmites legais. “Estou convencido de que todo o processo de impeachment foi constitucional, legal e obedeceu ao rito do Supremo Tribunal Federal”, afirma o sociólogo.
ALTERNATIVAS Doutor em ciências sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carlos Alberto de Vasconcelos Rocha destaca que, na crise política que o Brasil enfrenta, “as instituições estão com déficit de legitimidade”. Em certa medida, o professor Luis Flávio
Sapori, doutor em sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, concorda com Vasconcelos quando ressalta que as instituições políticas estão sendo colocadas em xeque. “O sistema político-partidário enfrenta uma deterioração moral, uma perda de legitimidade junto à população jamais vista na história recente do país”, afirma. Ele cita como exemplo o envolvimento de vários parlamentares em escândalo de corrupção. Vasconcelos enfatiza que, para se resolver um problema sistêmico como o atual, é preciso mudar as regras. “Um passo para isso foi o financiamento público de campanha.” Ele acrescenta que, para se diferenciar quem quer mudar e quem não quer, é só verificar quem votou pelo financiamento público e quem votou pela continuidade do financiamento privado. O vereador do Partido dos Trabalhadores (PT) e professor da Faculdade de Comunicação (FCA) da PUC Adriano Ventura analisa que a reforma política é “um sonho que não aconteceu”. Segundo o professor, a exaustão das forças políticas do país passa pela incapacidade que o governo Dilma e, anteriormente, o governo Lula, tiveram de efetivar a reforma política. A deslegitimação do governo
Ventura critica as razões do impeachment
Dilma, segundo Ventura, começou no fim de seu primeiro mandato. “A presidenta tinha uma condução econômica que eu acho equivocada, ela não seguiu seu próprio partido. A questão partidária é tão grave que nem a presidenta escutou seu partido, quanto mais os deputados”, analisa o vereador. Ventura pontua, ainda, que o momento político brasileiro é tão estranho que, com raríssimas exceções, “os partidos não têm ideologias, têm compromissos financeiros”.
ISENÇÃO O professor Sapori defende a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) no cenário político. “Eu diria que o STF tem sido o grande anteparo do cumprimento das regras do jogo político. A tendência dos políticos de violarem as regras nessa conjuntura conflituosa é muito grande”, comenta. Sapori destaca que o Supremo tem mantido uma posição firme, contunden-
Flora Silberschneider
te, equilibrando em boa medida a polarização político ideológica. Em contrapartida, o professor Ventura crê que o STF não tem a isenção que deveria ter. “O Supremo se acovardou.” Ele e Vasconcelos acreditam que há um golpe em curso. “É um golpe porque é fundamentado em um motivo completamente ínfimo, de uma dimensão completamente discrepante do que eles dizem. Tirar um presidente da República por causa de mecanismos de responsabilidade fiscal é uma coisa mais formal do que substantiva”, defende Vasconcelos. Quanto ao discurso do golpe, Sapori tem opinião contundente: “Os erros cometidos pela presidente da República foram muito graves. Não foram meramente erros contábeis, foram erros administrativos, fiscais, que explicam em boa medida a crise econômica em que mergulhou o Brasil, principalmente em 2015”.
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Cidade
CRISTINO MELO RODRIGO MOURA 4º PERÍODO
As eleições municipais estão chegando. No dia 2 de outubro os moradores de Belo Horizonte vão às urnas para decidir quem substituirá o prefeito Marcio Lacerda, do Partido Socialista Brasileiro, à frente da administração da cidade. Alguns partidos e políticos já começaram a se movimentar. O vice-prefeito de BH, Délio Malheiros, já deixou o Partido Verde (PV) e se filiou ao Partido Social Democrático (PSD) para concorrer à Prefeitura. Além do PSD, os dois grandes partidos nacionais também estão a postos. O Partido dos Trabalhadores (PT) cogita lançar, como sempre, candidato próprio escolhido entre deputados estaduais; o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), fala em João Leite para a disputa. O partido do atual prefeito, o PSB, deve também ter candidato próprio, acabando com a parceria até agora de sucesso, com o PSDB.
PSDB TEM PROJETOS Reinaldo Alves Costa, presidente do diretório municipal do PSDB afirmou que o partido deseja conquistar a prefeitura de BH, como caminho para voltar ao poder, também, em nível estadual e federal. O mais cotado para a candidatura é o deputado estadual João Leite. “Após um grande período de discussão interna, com as zonais do PSDB e com a sua executiva, as opiniões foram convergindo para nomes que, no momento,
Eleições na capital já têm candidatos Partidos se mobilizam para promover seus candidatos, resolver disputas internas e divulgar seus planos são mais viáveis. E hoje a convergência está efetivamente voltada para o nome do deputado João Leite”, disse o presidente. Ex-goleiro do Clube Atlético Mineiro, João Leite, de 60 anos, já foi vereador de Belo Horizonte e é deputado estadual há seis mandatos consecutivos. Já concorreu a prefeito da capital mineira, por duas vezes, e foi derrotado. Mas, para o presidente do diretório municipal do partido isso não influencia as eleições atuais. “A primeira vez que ele concorreu, em 2000, acabou perdendo para um fenômeno chamado Dr. Célio de Castro. Era um político de grande respeito. Perder para o Célio de Castro não é demérito nenhum. Hoje a gente vê que o João Leite, em 2004 talvez tenha perdido uma eleição comprometida. “Embora, o João Leite, tenha passado por esses dois revezes, ele é vitorioso nas suas eleições para deputado. Seis mandatos e todos muito bem votados, sendo o mais votado em Belo Horizonte. E, principalmente, em 35 anos de vida pública já foi secretário de Estado e secretário municipal, é um político que não tem uma mácula. A gente acredita que a população está à cata de políticos
que apresentem esse histórico de correção, de integridade, de honestidade, de comportamento irretocável e o João Leite tem isso em sua vida. Acredito que ele vai sim ao encontro dos anseios da população. Acho que chegou a hora dele.” Em relações às coligações, o PSDB já tem fortes aliados. Porém, deve sofrer uma grande perda, o PSB. Depois de apoiar, em duas eleições consecutivas, o candidato a prefeito do partido, agora os dois lançarão candidatos próprios. Com isto, rompem a antiga aliança, pelo menos em primeiro turno. “Nós temos a expectativa de seguirmos aliados ao PPS, ao DEM, ao PP, ao Solidariedade, e ao PDT mas, também ainda temos expectativa de ver preservada a aliança com o PSB. A gente espera que o prefeito Marcio Lacerda reconheça que, da política, faz parte a gratidão. O PSDB apoiou o Marcio Lacerda nas duas últimas eleições, de modo irrestrito, nem partcipar da chapa. Temos uma expectativa de que o PSB reconheça que seria oportuno retribuir, agora, fazendo parte da chapa do PSDB”, disse Reinaldo Alves. Ele tam-
bém comentou a possibilidade de contar com o apoio do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Atualmente, líderes do PSDB no Senado estão apoiando o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que resultou na posse do vice Michel Temer, do PMDB. Com isso, é possível uma troca, uma retribuição deste apoio nas eleições municipais. Reinado Alves Costa, não quis falar muito sobre propostas do partido, caso consiga eleger o prefeito. Mas mostrou que virá uma revolução na máquina pública. “O PSDB já tem uma estrutura de trabalho que foi construída ao longo deste ano: pode-se dizer que é uma plataforma de governo muito interessante. Queremos tornar a máquina pública municipal mais eficiente e menos onerosa. Acreditamos que toda a ação política executiva, hoje, deve ser voltada para a redução do custo da máquina pública. O ensaio que nós fizemos é no sentido de minimizar o tamanho da máquina sem prejuízo à eficiência dela. Confiamos que a nossa proposta seja bem recebida pela população”, observou.
PLANOS DO PSB E PT O PSB examina a possibilidade de optar por um dos dois pré-candidatos à sucessão de Marcio Lacerda. Estão na luta, o secretário de Obras, Josué Valadão e o ex-secretário de Estado da Cultura, Paulo Brant,
atual presidente da Cenibra. Para o secretário geral do PSB de Minas Gerais, Adenor Simões, essa definição só acontecerá após os acontecimentos em Brasília, em relação à presidente Dilma Rousseff. Além disso, ele acredita que a imagem do prefeito Marcio Lacerda é positiva e poderá ajudar o candidato do PSB, mesmo sem o apoio do PSDB. Assim como o PSB, o PT tem dois pré-candidatos. O deputado federal Reginaldo Lopes e o deputado estadual Rogério Correia foram apresentados em fevereiro. A assessoria de comunicação do partido não quis comentar o assunto. A situação do Partido dos Trabalhadores é complicada. Com imagem negativa em nível nacional, e o governador do Estado Fernando Pimentel, investigado na Operação Acrônimo, está reunindo forças para escolher um candidato a prefeito com perfil forte, capaz de emplacar uma vitória nas eleições de prefeito na capital mineira. Outros pequenos partidos também devem lançar candidatos. O Partido Humanista da Solidariedade (PHS) deve lançar o ex-presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil. O Partido Republicano da Ordem Social (PROS), já apresentou o deputado federal Eros Biondini como candidato. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) têm duas précandidatas: Maria da Consolação, atual presidente municipal do partido, e Sara Azevedo, presidente estadual. O deputado federal Marcelo Álvaro Antônio já anunciou sua pré-candidatura pelo Partido da República (PR). O deputado estadual Sargento Rodrigues será o candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Mário Henrique Caixa, que trocou o PC do B pelo PV, é o pré-candidato do Partido Verde à Prefeitura de Belo Horizonte.
Praça da Assembleia é novo espaço de diversão NATHÁLIA DE SOUZA NATHÁLIA ROCHA 1° PERÍODO
O bairro Santo Agostinho, localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte é, atualmente, um dos mais valorizados da capital mineira. Mas nem sempre foi assim: no início do século XX era formado por habitações pobres, chamadas “cafuas”. Situado próximo às avenidas Amazonas, Olegário Maciel e do Contorno, o bairro abriga importantes órgãos públicos, como a Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, a sede regional do Banco Central e a Procuradoria Geral do Estado. Um dos pontos de lazer da região é a Praça Carlos Chagas, popularmente conhecida como Praça da Assembleia, devido à proximidade da sede do Legislativo mineiro, que financiou uma ampla reforma do local, reinaugurado em outubro de 2015. As melhorias foram sentidas por todos. Hoje, a praça tem três playgrounds construídos em piso emborrachado, bicicletário, rampas de skate, mesa de xadrez, circuito de caminhada com 700 metros, academia de ginástica ao ar livre e uma igreja frequentada diariamente por moradores da região, trabalhadores do bairro e visitantes, além de devotos que visitam a igreja de Nossa Senhora de Fátima e alguns mendigos que ali moram. A praça estava movimentada no feriado prolongado de Tiradentes; vários frequentadores desfrutavam da tarde ensolarada da sexta-feira, dia 22 de abril. Um deles era Daniela Caetano que acompanhava o sobrinho de 3 anos Emanuel; ele se divertia aliviando-se do calor nos chafarizes da praça. Ela mora em Contagem, mas conhece o local porque trabalha próximo dali e, ao perceber como o ambiente é aconchegante e tran-
quilo, decidiu trazer o sobrinho. “Colocaram brinquedos para as crianças e isso é bom. Meu sobrinho fica sempre preso no apartamento e aqui ele se diverte, e eu também”, disse ela, enquanto observava o garoto brincando e se refrescando.
CRIANÇAS E IDOSOS Além de crianças, a tranquilidade da praça e o ar puro atraem também os idosos. É o caso de dona Terezinha, de 79 anos que, acometida pelo mal de Alzheimer, sempre vai acompanhada pela enfermeira Cláudia Cleise. Ela gosta de levá-la até lá para tomar um pouco de ar, distrair-se e, também, para rezar na Igreja Nossa Senhora de Fátima, já que ela é devota fervorosa da santa. “Dona Terezinha adora vir aqui e ver as crianças brincando. É muito bom para distraí-la”, diz Cláudia. Enquanto isso, dona Terezinha se emociona ao lembrar
da sua devoção por Nossa Senhora de Fátima, segurando o terço nas mãos. Como em outros locais públicos de Belo Horizonte, também na praça da Assembleia é possível se encontrar moradores de rua. Alguns deles, moram no local, como Francisco Nascimento, natural de Montes Claros. Ele vive há quatro meses ali, onde lava carros e garante alguma renda. E conta que, apesar de todas as dificuldades, encontra alegria ao dedicar-se, nos momentos de folga a fazer a sua arte, que define como “um dom de Deus”: a habilidade de utilizar técnicas de origami para fazer vasos e cestas. O morador afirma que “não é marginal”, pois tem profissão: é pedreiro e pintor, mas sofre discriminação por ser tatuado e viver nas ruas. “Vim pra cá tentar a vida, mas o dinheiro acabou e não consegui emprego. É difícil dormir nesse chão duro. Às vezes a gente nem
Após reinaugurada, a praça tornou-se ponto de encontro de jovens
Flora Silberschneider
acha um papelão. Tenho que esconder minhas coisas em um bueiro. Só tenho um chinelo e sete mudas de roupas. Não faço mal pra ninguém. Só queria um empurrão para crescer. Me falta oportunidade”, diz Francisco, emocionado, enxugando os olhos vermelhos e ajeitando o chapéu, surrado, na cabeça. Os moradores de rua que ali vivem cuidam do local. Cristiano Quirino, amigo de Francisco, abriu um enorme sorriso quando veio conversar com a gente. Ele varria a calçada da praça com uma vassoura velha, limpando, mesmo que de forma improvisada, o ambiente onde vive. No meio da praça, foi possível encontrar também um homem com o rosto pintado de prateado. Ele andava apressado com o seu material de trabalho em mãos, pronto para mais um dia de serviço. Ivan Machado trabalha em frente aos sinais de trânsito, há 28 anos, fazendo malabares, das 9 às 22 horas. Ele acredita que a pintura ajuda a chamar a atenção dos motoristas, o que torna seu trabalho mais proveitoso. A segurança da praça é feita por viaturas da Regional Centro-Sul que passam de vez em quando ao redor dela. Não existem, ainda, guardas municipais fixos no local - só as rondas que as viaturas da polícia fazem. Segundo o guarda Jaime Darlison, a Assembleia é uma praça muito tranquila. Os índices de criminalidade, como roubos e furtos, são baixos em comparação a outras praças, como a do Papa que, segundo ele, ficou recentemente famosa pelo alto índice de violência Lá além da realização de bailes funk durante a noite, com a presença de jovens embriagados ainda tem o barulho dos que consomem drogas. Nada disto acontece na praça da Assembleia que, segundo ele, é bastante serena e se faz acessível ao público de várias idades e classes sociais.
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Infância
Consumismo infantil preocupa as famílias A propaganda voltada às crianças passa a ser combatida pela sociedade, por ter influência negativa na educação LARISSA ANDRADE 1° PERÍODO
Consumismo é uma das maiores consequências do capitalismo na atualidade. O problema é preocupante quando se fala do consumismo infantil estimulado por publicidade sem responsabilidade social voltada diretamente para eles. Sem autonomia nem independência financeira, as crianças são alvos de anúncios altamente sugestivos. Isso acontece no mundo inteiro, mas a sociedade, como um todo começa a resistir e reagir a isto. No Brasil, é cada vez mais comum vermos crianças com seus próprios celulares, tablets, jogos eletrônicos, ou fazendo birra e exigindo roupas, sapatos e até mesmo materiais escolares de grife. A consequência imediata de anúncios usando desenhos infantis e embalagens com personagens famosos é deixar as crianças totalmente excitadas pela
compra. Diante do excesso de estímulos publicitários, direcionado ao público infantil, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) publicou a Resolução 163, que proibiu mensagens publicitárias destinadas a crianças menores de 12 anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente também protege os direitos das crianças quanto à publicidade assim como o Código de Defesa do Consumidor que condena a publicidade infantil no parágrafo 2º do artigo 37: “A publicidade enganosa e abusiva é aquela que dentre outros aproveita da deficiência do julgamento e experiência da criança”. Taisa Maria Macena de Lima, professora de direito civil da PUC Minas reforça em seu livro “Ensaios sobre a infância e a adolescência” escrito em parceria com Maria de Fátima Freire de Sá, que “ cabe ao estado-legislador estabelecer os limites do lícito e
Instituto Alana em luta pela criança Criado em 2006, o projeto Criança e Consumo, tem como principal foco minimizar o consumo infantil e maximizar a discussão sobre as consequências e riscos da publicidade infantil. Apesar de ser uma organização sem fins lucrativos, o projeto conta com parceiros influentes e uma equipe de profissionais que lutam diariamente pela causa. Um exemplo disso é a parceria com a Maria Farinha Filmes que resultou na produção do documentário “Muito Além do Peso”, que trouxe à discussão a obesidade infantil. O projeto Alana, em 2012 passou a integrar o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), o qual publicou a Resolução 163 definindo como “abusivo e ilegal o direcionamento de publicidade às crianças com a intenção de persuadi-las para o consumo de qualquer produto ou serviço”, clarificando as leis já existentes sobre o assunto e, em especial, o Código de Defesa do Consumidor.
do ilícito e foi o que se fez, no Brasil, através do Código de Defesa do Consumidor. Surgindo problemas, cabe ao Poder Judiciário, no caso concreto, atuar na definição do que é permitido, concretizando as normas jurídicas abstratas”. Mas, a medida mais eficaz contra a publicidade infantil e mais capaz de fiscalizar os abusos veio do Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar). O Conar é uma organização não-governamental e sem fins lucrativos mantida pela propaganda brasileira, ou seja, pelas agências de publicidade, empresas anunciantes e veículos de comunicação. Embora não possa aplicar multas, ele interfere determinando a suspensão da exibição do anúncio e/ou sugerindo mudanças no material considerado abusivo. Qualquer pessoa pode recorrer ao Conar e ele dá retorno a todos que fizerem denúncias de publicidade abusiva. O Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON-MG) é o responsável por apurar denúncias e aplicar multas e outras formas de correção à publicidade ou propaganda abusiva.
RISCOS
O consumismo infantil pode gerar graves problemas à criança e, inclusive, interferir no relacionamento pais e filhos, além de ter consequências na vida adulta. Muitas vezes, pais que não conseguem dedicar mais tempo a seus filhos, tentam compensá-los com presentinhos que incentivam, ainda mais, a tendência ao consumo compulsório da criança. Segundo a gestora social e colunista da Rede Brasileira de Infância e Consumo (REBRINC), Corinne Julie
Lopes: “O consumo excessivo advém, mesmo, de uma liberdade excessiva, conduzida por uma sociedade marcada pelo capitalismo, onde o consumo é a experiência central na vida das pessoas e uma forma de dar visibilidade ao sujeito”. “A partir dessa realidade, há uma tentativa compensatória de substituição do afeto, do cuidado, do limite (coisas que tomam tempo e são trabalhosas, mas ao mesmo tempo, preciosas) pelo acesso ao consumo. O delicado disso é que as crianças não possuem reservas afetivas para negar os objetos de consumo que lhes são apresentados. Com isso, são ‘engolidas’ pela publicidade e outros instrumentos mercadológicos, sendo afetadas das seguintes formas: obesidade infantil, erotização precoce, consumo precoce de tabaco e álcool, banalização da agressividade e violência, dentre outras”, alerta Corinne. Para evitar tais consequências é necessário que, desde os primeiros anos da criança, os pais saibam controlar a liberdade de acesso e uso de instrumentos tecnológicos e também na hora das compras. A responsabilidade é primordial e permanente e não só usada quando o consumismo infantil já está em nível máximo.
MÍDIA
Os pais, educadores, a sociedade e a mídia, têm responsabilidade no combate ao consumismo infantil. Os pais são vistos como espelhos por seus filhos. Logo, é muito provável que pais consumistas influenciem seus filhos. Pior, ainda, quando não levam a criança a perceber a diferença entre o ‘’sim’’ e o ‘’não’’, como lembram psicólogos, na hora em que vão com eles às compras.
Corinne alerta sobre problemas do consumo
Dizer não é fundamental para o desenvolvimento equilibrado da criança. Coisas supérfluas devem ser negadas aos pequenos para que entendam que nem tudo o que querem, podem ter. Corinne Julie, reforça: “os pais, nessa situação, devem pensar estratégias para se protegerem e protegerem seus filhos. Isso pode ser feito com a redução de tempo de exposição de crianças à televisão; promoção de outras alternativas de lazer, como incentivo as atividades culturais gratuitas e promovidas em praças e ambientes públicos. É importante sair da zona de conforto de dizer sim, quando for necessário e dolorido dizer não. Não há receita de bolo; é preciso inventar e compartilhar experiências alternativas”. A orientação mais importante dos especialistas é no sentido de afirmar nas crian-
Marianne Fonseca
ças o verdadeiro sentido de ser criança, incentivando brincadeiras antigas e que não precisam de nenhuma tecnologia para ocorrer. Esconde-esconde, pique-cola, pular corda, pular elástico, jogo de bolinha de gude e milhares de outras brincadeiras que perderam o valor em meio a sociedade do consumo e da tecnologia. A professora Maria Aparecida, de Teorias da Comunicação no curso de Publicidade e Propaganda, afirma: “Não é só a influencia das mídias que gera o consumismo, mas sim o conjunto da sociedade. É preciso ter uma responsabilidade mútua (família e meio) na sociedade contemporânea,que vive a era do turbo consumo, para proteger as crianças”. “O direito à infância é uma responsabilidade de todos nós adultos. Somos guardiões de nossas crianças.”
Rede Brasileira de Infância e Consumo Criada em Junho de 2013, a REBRINC incentiva ideias e debates sobre o combate ao consumo infantil. Parceira do Instituto Alana, busca potencializar a causa através de iniciativas e projetos com temas como educação e mídia, combate ao consumismo infantil, combate à adultização da infância, educação para o consumo, educação para a sustentabilidade, dentre outros. A REBRINC não faz apologia à pobreza, mas um convite à moderação.
Obesidade infantil pode gerar problemas na fase adulta LARISSA DUARTE KARINE BORGES 1° E 4° PERÍODO
Hoje, uma em cada três crianças, no Brasil está pesando mais do que deveria. A obesidade é a doença que mais cresce no país, segundo pesquisas do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Obesidade infantil ocorre quando uma criança está acima do peso normal para a sua idade e altura e quando exite gordura corporal em excesso acumulado a ponto de prejudicar a saúde de bebês e crianças de até 12 anos, conforme definição da OMS – Organização Mundial da Saúde. Para saber se uma criança está acima do peso ou com obesidade, é necessário fazer a conta do IMC (índice de massa corporal). As faixas de IMC para as crianças mudam de acordo com a idade e o sexo e, para orientar os médicos, existem tabelas para analisar a condição da criança. A obesidade infantil é consi-
derada pela OMS como uma das doenças mais graves do século XXI e o problema é uma das maiores preocupações do pais na atualidade. A nutricionista Larissa Oliveira, disse que 57% das crianças que atende são obesas ou com sobrepeso. “Os motivos, hoje, para tantas crianças acima do peso são vários; vão desde o aleitamento materno inadequado, à introdução alimentar mal direcionada, até o sedentarismo causado por computadores e celulares, na maior parte das vezes”. A obesidade na infância pode vir a causar diversos problemas na idade adulta como déficit de crescimento, desnutrição (não quer dizer que por estar acima do peso à criança é bem nutrida), entre outras doenças. “As consequências na vida adulta podem ser hipertensão, diabetes e apnéia, entre outros problemas”, afirma Larissa. O tipo de tratamento é específico para cada nível do problema, mas a nutricionista lembra que o primeiro passo é evitar doces, alimentos pro-
cessados e refrigerantes. Uma outra solução é ensinar as crianças, desde cedo, a se alimentar de modo mais saudável e ingerir menos produtos industrializados. “A educação alimentar deve começar logo após o nascimento. Depois, devem ser introduzidos alimentos saudáveis como frutas, verduras e legumes de grande importância”, disse ela.
Débora Borges, mãe de uma criança com obesidade infantil, nunca pensou que a filha pudesse sofrer com isso. “Ela nasceu com 2,750 Kg, um peso normal para uma criança prematura de sete meses.” A filha, desde pequena, não gostava de frutas, legumes e verduras. “Desde quando comecei a introduzir alimentos saudáveis percebi que ela não gostava.” Débora diz que
Boa alimentação é caminho para evitar obesidade
Felipe Giubilei
quando cuidava da menina, antes de trabalhar fora, a alimentação dela era diferente, mas depois que começou a trabalhar e a criança passou aos cuidados da avó paterna, ela começou a engordar. “Em minha casa, conseguia oferecer-lhe alimentos menos caloricos, mais saudáveis e só a deixava mais à vontade nos finais de semana. Mas a avó e o pai não se preocupam com a alimentação e até acharam bonitinho quando ela começou a ficar gordinha.” Débora levou a filha, hoje com 5 anos, ao médico que logo percebeu o problema. “Quando ela entrou no consultório, o médico logo disse que ela estava obesa. Hoje, a alimentação de minha filha é falha. Se forço -a a comer alimentos saudáveis, ela chora e diz que não gosta.” Este problema é muito comum entre os pais de crianças obesas, disse a psicóloga Ana Paula Leite. “É muito difícil o tratamento, principalmente com crianças. Elas se recusam a comer, choram e fazem todo
o tipo de chantagem emocional; mas é de extrema importância pulso firme dos pais e a participação deles na dieta. Dar exemplo é sempre o melhor; faça a família toda entrar na reeducação alimentar e não só a criança doente. É difícil ver o filho chorar, mas é necessário ter pulso firme. Praticar exercícios físicos com toda a família também é uma boa ideia“. A psicóloga também chamou a atenção para a saúde mental do doente: “É muito comum os adolescentes obesos terem depressão, baixa autoestima e ansiedade”. Nessa fase da vida, eles buscam aceitação social, e o corpo diferente dos padrões impostos pela sociedade causa vergonha e medo. “Isso pode interferir até na forma como eles se relacionam com outras pessoas na fase adulta”, afirma. “Além de tratar do corpo, é necessário acompanhamento de um psicólogo. Grupos de apoio ajudam bastante, mas a principal tarefa é dentro de casa, finaliza Ana Paula.
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Campus
PUC abre-se aos superdotados Crianças e adolescentes recebem da PUC Minas uma atenção diferenciada de modo a desenvolverem melhor suas habilidades excepcionais, em diferentes campos de conhecimento GABRIELLE MONTEIRO LUDMILLA ABREU 1º PERÍODO
Crianças com grandes habilidades, conhecidas como superdotadas são, normalmente, agitadas, tem grande facilidade de aprender, raciocínio rápido e por isso acabam não tendo paciência com o raciocínio do outro. Por gostarem de desafios, muitas vezes são confundidas com crianças hiperativas. Geralmente essas grandes habilidades se manifestam em crianças e adolescentes de até 15 anos, em alguma área do conhecimento: tecnológico, artístico, biológico ou de linguagem. Foi pensando nelas que a PUC Minas criou o Projeto Enriquecimento, articulado ao curso de ciências biológicas. Visa contribuir para o ganho qualitativo do currículo do aluno superdotado, oferecendo-lhe oficinas, além de trabalhar as relações inter e intrapessoais das crianças e adolescentes que gostam de aprender. O projeto é desenvolvido pela professora Rosa Corrêa, coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos e Inclusão da Pró-Reitoria de Extensão e já funciona há sete anos com a ajuda de voluntários de diversos cursos da universidade, como engenharia de controle e automação, mecatrônica e quimica, fonoaudio-
Alunos do projeto enriquecimento realizam piquinique para confraternização
logia, fisioterapia e psicologia, que realizam um trabalho de suporte com os pais. Hoje, sob a coordenação da professora Karina Fidelis, o projeto está se expandindo e aumentando suas atividades. Na parte da manhã as atividades são programadas a partir dos interesses das crianças, como a fabricação de brinquedos com matérias recicláveis; à tarde, eles fazem montagem de robôs em lego. Os adolescentes têm ativida-
des mais complexas, entre as quais a novidade é a oficina sobre o jogo Minecraft. Karina disse que o principal desafio de trabalhar com crianças superdotadas é dar conta dos questionamentos feitos, pois há coisas que os professores não conseguem responder de pronto. O aluno que está há mais tempo no projeto é o Zeinner José, de 14 anos. Segundo ele, sua vida mudou ao participar das atividades: “o projeto é uma boa expe-
personagens
Cantina: espaço de encontro
Marianne Fonseca
riência, ajuda muito na interação e na apresentação e se torna um recurso muito importante para a vida profissional e pessoal da gente”. Antes de participar do projeto, ele se sentia isolado e depressivo; hoje em dia, mantém contato expressivo com sua turma da escola. Seu dom especial foi percebido por sua mãe quando Zeinner tinha três anos: quando ele brincava com massinha de modelar, criava escul-
Unidade São Gabriel abriga e cuida de muitos cães LUCAS HENRIQUE LUISA GONÇALVES 5° PERÍODO
Barbosa se reveza entre atender o caixa e outras atividades da cantina MIKE FARIA 1° PERÍODO
Seis da manhã. Abrir tudo, ajeitar e limpar as cadeiras e mesas, repor o estoque de produtos e o painel de lanches. Essa é a rotina dos funcionários da cantina da PUC em frente ao prédio 13, por onde passam diariamente, alunos e professores que frequentam o estabelecimento para lanchar, conversar e passar o tempo livre. A lanchonete que á a primeira do Campus Coração Eucaristico, foi aberta há 45 anos, e constitu um espaço de bem-estar e harmonia. Têm, como diferencial, os funcionários que cativam pela atenção e prazer em atender todos no dia-a-dia. Wanderson Barbosa, funcionário há 25 anos, conta que todo dia compartilha com os demais, as atividades de atender no balcão, no caixa, na reposição de produtos e, ao final do expediente, no recolhimento do lixo. Mas, acima de tudo, ele mostra satisfação com seu trabalho. ‘‘A relação com os alunos e professores que vêm à cantina é boa, sem inimizade. A gente conversa, ri, conta piada, cumprimenta, atende bem, procurar tratar bem, do mesmo jeito que também somos tratados por todos’’, acrescenta. Para Barbosa, esse vínculo formado ao
Flora Silberschneider
longo do tempo vai além da relação cliente e empregado. Há uma amizade, uma proximidade no cotidiano, construida pela vivência e troca de experiências, o que torna o estabelecimento um local de descontração e integração. Mayara Gonçalves, estudante do 5º período de jornalismo, vai à cantina desde o começo do curso. Hoje em dia, encontra-se com sua turma de amigos quase todos os dias, às vezes só por causa das pessoas que trabalham no local, para dar um “oi”, conversar, mesmo que não compre nada. ‘‘Acho importante ter um lugar onde os alunos possam, de certa forma, estudar e passar o tempo, bater papo, coisas que nem sempre dá para fazer nas salas de aula”. Ela destaca a relação amistosa e leve dos estudantes com a cantina e os atendentes. Antônio Marcio Dias, dono do estabelecimento e que trabalha como os outros todo dia, reconhece o papel da cantina para o público: “Um lugar onde as pessoas vêm e se encontram para lanchar, conversar. É um ambiente para unir, reunir e aproximar pessoas que através de um balcão, ou até mesmo fora dele se conhecem e reconhecem entre si, numa convivência estável de amizades que são constantes enquanto dura a permanencia da cada um por aqui’’.
turas de personagens, de qualidade superior ao esperado para a sua idade. O jovem contou que se interessa por paleontologia e pretende entrar nas faculdades de biologia e belas artes. O Projeto Enriquecimento não tem grande divulgação. A propaganda é boca a boca e, por isso, as atividades acabam abrangendo mais a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Para participar dele é necessário ter entre 5 e 15 anos, frequentar as atividades por vontade própria, obedecer acordos feitos com os monitores, já que, muitas vezes são utilizados laboratórios da universidade. Estar bem na escola regular é fundamental, no que se refere à integração e comunicação. Este ano o projeto, patrocinado pela PUC Minas, está a procura de voluntários que possam auxiliar nas áreas de música e línguas estrangeiras. Para reconhecimento de todas as oficinas, no final desse semestre haverá um encontro de socialização de trabalhos desenvolvidos pelas crianças e adolescentes durante os primeiros meses. Os jovens, juntamente com os extensionistas, apresentarão suas atividades aos seus pais, familiares, representantes das escolas nas quais os meninos e meninas estudam e amigos. Toda a comunidade pode participar desse evento.
Quem frequenta a PUC Minas do São Gabriel já deve ter notado que são muitos os cachorros que vivem na unidade recebendo o carinho de professores, alunos e funcionários. São, também, muitas histórias para se contar. Todo aluno conhece uma ou já viu um dos cães em um banheiro, nos corredores dos blocos ou até mesmo na sala de aula, na maioria das vezes trazendo alegria aos estudantes. Houve até o caso de um dos cachorrinhos que, para matar a sede, acabou bebendo água do bebedouro. O fato ganhou grande repercussão e virou até meme na internet, sendo compartilhado por gente de todo o Brasil. Muitos cãezinhos ficam perto da entrada da PUC, recebendo carinho dos funcionários da portaria e também dos alunos que chegam. Um desses funcionários, que gosta dos bichinhos, é o porteiro
Marco Aurélio Moreira Carvalho. Ele diz que a companhia deles é ótima e que trazem mais alegria para a rotina de trabalho. “Nós não adotamos os cachorros, foram eles que adotaram a gente”, brincou. Recentemente, alguns dos cachorros que vivem lá passaram a usar coleiras. Segundo a supervisora de Infraestrutura e Logística da Unidade, Cynthia Brandão, a ideia surgiu com o objetivo de identificar os moradores caninos da PUC. Ela explica o motivo: “Quando o número de cachorros aumenta, fazemos contato com a Zoonose da Prefeitura, solicitando o recolhimento dos cães sobre os quais não temos controle e que podem trazer problemas”. Todos os animais que usam coleira já foram devidamente castrados, vacinados e recebem atendimento no Hospital Veterinário da PUC Betim, mas em situações mais graves, também são levados a clínicas particulares. Foi o caso da cadela Pretinha que, na véspera do recesso de Car-
Os funcionários têm carinho especial pelos bichinhos
naval, sofreu uma intoxicação de causa desconhecida (pode ter sido picada de abelha, de marimbondo ou ingestão de algo tóxico) que poderia tê-la levado à morte. “Não havia tempo de encaminhá-la a Betim, por isso socorri a Pretinha, levando-a a uma clínica do bairro São Gabriel para consulta. Felizmente, ela foi medicada a tempo”, conta a secretária da Pró-reitoria Adjunta da unidade São Gabriel, Madalena Santos. Os cachorros também têm uma casinha para usar como abrigo. De acordo com Cynthia Brandão, ela não serve apenas para proteger os bichinhos da chuva e do frio. “A ideia da casinha surgiu para acostumá-los a ficar em local que não prejudique as atividades na unidade e nem provoque problemas”, explicou. Para ela, a movimentação de carros dentro do campus e a presença de pessoas que não se dão muito bem com os cães incentivaram a criação de um lugar onde eles pudessem ficar em segurança.
Ana Clara Carvalho
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Comunidade
Paróquia reúne fiéis para comemorar seus 50 anos Fundada em 1966, paróquia Bom Pastor comemora Jubileu de Ouro, no Bairro Dom Cabral. O evento contou com novena e missas para a comunidade ANDRÉIA LOMAS 1º PERÍODO
Cinquenta anos de bons serviços marcam a existência da paróquia Bom Pastor localizada no bairro Dom Cabral. O Jubileu de Ouro, comemorado em abril foi assinalado com novena e missas durante uma semana, com um celebrante diferente a cada dia: os padres que já foram párocos ali. A missa de encerramento das festividades foi transmitida, ao vivo, pela Rádio América. Os eventos do Jubileu foram uma forma de comemorar as bênçãos recebidas durante todos esses anos e celebrar com aqueles que fizeram e fazem parte da paróquia um momento de alegria.
Dora agradece o apoio da comunidade para aumentar o acervo fotográfico
A professora e secretária Dora Rodrigues foi uma das responsáveis pela organização dos eventos e chama a atenção para uma das realizações mais significativas:“Fizemos
um levantamento histórico, com mais de 500 fotos, e o acervo ficará exposto no salão paroquial, para contar a história da comunidade”. Com o apoio dos mora-
Flora Silberschneider
dores e voluntários, a paróquia Bom Pastor realiza diversos projetos sociais voltados para diferentes públicos e que são mantidos através do dízimo e pelo voluntariado. A
Creche Bom Pastor cuida de crianças de um a seis anos de idade; já o Projeto Vivendo Feliz promove oficinas para crianças e jovens. Para a terceira idade, desenvolve o Projeto Esperança e Vida. Procurando estar mais presente na comunidade, a paróquia busca parcerias com a Associação de Bairro. Desde sua fundação, a paróquia tem ótimo relacionamento com fiéis, que frequentam seus rituais até hoje. Além de fervorosos, os moradores da região exaltam a integração da paróquia com o bairro Dom Cabral. Um deles é o advogado Geraldo Pereira, 81, para quem a fé “é tudo, sem fé a gente não caminha. Deus é quem nos dá força para seguir em frente e
até mesmo para viver em sociedade”, afirma. Outra figura ilustre é a Dona Maria Antônia Vieira (Mariinha), 83, que por 39 anos foi sacristã da paróquia Bom Pastor. Segundo ela, foi uma felicidade ver o movimento e a renovação presentes nos dias de comemorações e “mais feliz ainda por rever os padres que eu acompanhei”, ressalta. Ilaínda Vieira, filha de Dona Mariinha, rege o coro Santa Cecília, que cantou no fim da semana de comemorações. Ela ajuda, desde os oito anos de idade, cantando e tocando na paróquia. São evidentes sua dedicação e seu amor à comunidade: “Eu adoro essa paróquia onde todos são amigos”, afirma emocionada. Outros grupos musicais também fizeram parte do Jubileu de Ouro, entre eles Meninas de Sinhá, Amigos da Viola (sertanejo de raiz), De boaça (pagode) e diversos cantores do próprio bairro alegraram o fim de semana daqueles que estiveram presentes às festividades.
Trabalho duro e bom atendimento são o segredo LEONARDO SANDER 2º PERÍODO
Thiago Buldrini é um jovem comerciante, simpático e atencioso com o freguês, como manda o figurino. Ele é dono de um carrinho de cachorro quente há pouco mais de três anos, com o qual trabalha na vizinhança da PUC. Morador do Coração Eucarístico há 30 anos, Thiago decidiu largar a vida de gerente comercial num shopping, depois de oito anos, para abrir seu próprio negócio na região. Inicialmente pensava abrir uma lanchonete, mas, através de um amigo, surgiu a oportunidade de ter um food truck e, hoje, está contente e orgulhoso de sua decisão. O trabalho começa bem antes de parar o carro às 15h na Rua Coração Eucarístico de Jesus: logo cedo, às 9h30min, ele e sua funcionária, Fernanda, começam a preparar, além do cachorro quente, os marmitexs que eles também vendem diariamente. Apesar da longa jornada, que só se encerra às 23h, ele demonstra, todo tempo, a satisfação com o negócio e diz ainda gostar de trabalhar com os estudantes: “o público jovem, em geral, é muito bom de lidar. Sempre são muito tranquilos, não reclamam de nada e conversam numa boa”. Os clientes o cumprimentam com carinho assim como os seus conhecidos ao passar pelo carrinho de hot-dog. Todo mundo é, sempre, convidado a fazer um lanche e bater um papo. Thiago gosta muito do bairro que, para ele, é completo. Sempre agradou-lhe o comércio ser muito forte e conseguir encontrar de tudo na região: quando é necessário ir ao centro, não gasta nem 10 minutos, de metrô. O fato do bairro possuir um campus universitário com tantos estudantes, como é o da PUC Minas no Coração Eucarístico, segundo ele, traz um benefício enorme para o comércio local: favorece maior variedade de estabelecimentos e quem ganha com isso são os moradores. Mesmo com tantos carrinhos de cachorro quente, pipoca e sanduíche
no entorno do campus, ele fala que isso não o prejudica: “ter um ou dez concorrentes não importa. Cada um tem seu produto, isso faz com que a mercadoria seja de melhor qualidade e quem ganha com isso são os fregueses”. Para ele, o que prejudica a vida no Coração Eucarístico é a insegurança; os assaltos são muitos. Ele, porém, nunca foi assaltado e diz nunca ter presenciado um, mas reclama de constantemente ouvir novos casos de vítimas que sofreram com isso. Segundo ele, as ruas principais são seguras devido ao grande movimento, mas as de dentro do bairro são muito perigosas. Por lá ele não recomenda passar sozinho, principalmente à noite. Apesar disso, Thiago não tem medo de ser assaltado. Para ele, não dá para se viver reprimido por insegurança, “esse é um risco que todo brasileiro corre, pode acontecer indo pra aula, saindo da aula, chegando à casa, até mesmo dentro do shopping”. Thiago sonhava em ter seu próprio negócio. O pai tinha uma empresa, a mãe era professora, mas foi sua própria experiência no comércio que despertou esse desejo. Durante a juventude, fez alguns cursos técnicos na CDL/BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte) e adquiriu experiência no ramo administrativo. Depois, foi gerente comercial de loja de roupas, em shoppings, trabalhando também como vendedor. Ele analisava oportunidades de negocio próprio e se entusiasmou muito quando percebeu ser viável instalar um ponto comercial nas proximidades de casa.
INGREDIENTES Além dos equipamentos de trabalho e do capital para a abertura do seu food truck, a experiência comercial e a vontade de concretizar um sonho foram os ingredientes decisivos para o sucesso de seu carrinho de cachorro quente, que não vende apenas hot-dog. Para os seus clientes, especialmente as mulheres, o sucesso se deve pelo zelo e o tempero especial dos alimentos. “Aqui
Com prazer, Thiago trabalha todos os dias perto da PUC
no Thiago é tudo tão bom, tão asseadinho”, diz Janaína Costa, que há seis anos mora no Coreu. Felício da Silva, que trabalha fazendo transporte de estudantes da PUC há 10 anos, conta que come quase duas vezes por semana no trailer. Para ele, os sanduíches e os pratos são tão bons que, “às vezes, nem estou com fome, mas paro para bater um papo e comer um tropeiro”, que segundo ele possui um ovinho e um torresmo especiais. Thiago confessa estar tranquilo e não pretende fazer grandes mudanças no trabalho: “Vou ampliar o cardápio, mas a curto prazo está bom.” Além do tradicional cachorro quente, ele oferece duas opções de marmitex diariamente, acreditando ser esse o seu diferencial. Em tempos de crise econômica, é muito comum as pessoas recorrerem a um pequeno negócio, visando o aumento de renda. Muitos até largam o emprego fixo para se dedicarem integralmente a uma nova oportunidade de um negócio próprio. Há de se ressaltar a dificuldade da jornada, que é dura. Mas no tempo que passamos com Thiago aprendemos que um preço justo e um bom atendimento são dois dos melhores caminhos para o sucesso de quem quer abrir seu próprio negócio.
Marianne Fonseca
Praça do Chuí: luz vem da luta de todos ANDRÉIA LOMAS 1º PERÍODO
A nova iluminação da Praça do Chuí, localizada no encontro dos bairros João Pinheiro e Alto dos Pinheiros, foi entregue à população no início de fevereiro, como mostrou o jornal MARCO na edição passada. Entretanto, por trás da obra, há todo um esforço conjunto de moradores e lideranças voluntárias da região .A reivindicação é antiga, desde 2014, quando moradores solicitaram ao poder público melhorias. Diversos meios foram utilizados para que a Praça do Chuí proporcionasse aos seus frequentadores maior segurança e tranquilidade. Segundo Gilson Pereira Dias, morador do bairro há 48 anos, organizou-se um abaixo-assinado com cerca de 300 assinaturas (nº do protocolo: 3058901801), pedindo a troca de postes na Praça para melhorar a iluminação. Os documentos foram encaminhados aos órgãos competentes da Cemig, que realizou a troca de cinco postes e orientou os moradores a encaminhar os documentos e pedidos à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Como ficou combinado, a PBH realizou a obra que foi entregue em 18 de fevereiro. Muitos veem a pracinha como um local que merece ser cuidado. É o caso de Antônio Eustáquio de Souza, comerciante na praça há cinco anos: “Eu cuido da praça, molho as plantas e queria que todo mundo cuidasse dela também”.
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Comunicação
Democratização desafia a mídia Editora mineira do Brasil de Fato critica grandes veículos e diz que meios de comunicação independentes estão ganhando cada vez mais espaço e credibilidade junto à população CAMILA ALVES 4º PERÍODO
“Mundo diverso, comunicação diversa?”. Esse é um dos questionamentos feitos pela editora do jornal Brasil de Fato seção Minas Gerais, Joana Tavares, na 4ª edição do Seminário de Pesquisa e Extensão da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas. Joana acredita que a democratização da mídia é essencial, pois, assim, fontes diversificadas podem garantir seu espaço. O Seminário, que ocorreu entre os dias 26 e 28 de abril teve como proposta discutir a comunicação e a construção das narrativas na vida urbana. Ao lado da jornalista Viviane Ribeiro, idealizadora do Jornal Alemão Notícias, Joana Tavares contou um pouco sobre a sua experiência profissional, o trabalho com a comunicação popular e os desafios da produção de informação num cenário de constantes embates.
EXPERIÊNCIA Filha de jornalista, desde criança ela sonhava em trabalhar na área. Contudo, a certeza só ocorreu após a passagem pela monitoria no jornal MARCO, quando cursava jornalismo. Joana largou o curso de letras, no qual estava matriculada paralelamente, e decidiu dedicar-se apenas à comunicação social. “Gostei muito da ideia de fazer um jornal mais próximo das comunidades, do esforço
Para Joana, a grande mídia perdeu confiabilidade
de levantar pautas que faziam sentido para as pessoas que moravam ali perto”, explica. Outra experiência importante, segundo ela, foi conhecer o Movimento Sem Terra (MST) e estudar as suas estratégias de comunicação, no trabalho de conclusão do curso. Depois de terminar a faculdade, seguiu para o mercado de trabalho
Marianne Fonseca
e passou por diversas experiências profissionais ligadas à comunicação popular. Entre elas, na Cáritas, um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que atua nas comunidades, buscando minimizar as injustiças sociais; no Centro de Comunicação do MST em São Paulo, onde foi editora do Jornal Sem Terra, que é distribuído
mensalmente nos acampamentos e assentamentos do movimento. “Foi uma paixão tão grande que acabei indo estudar sobre ele no mestrado na USP (Universidade de São Paulo). Eu fiquei cinco anos e aprendi sobre o movimento, sobre reforma agrária, sobre o Brasil e também sobre comunicação”, disse. Depois de um período dedicado à área acadêmica e à comunicação do MST, Joana Tavares decidiu exercer o sonho de ser repórter no Brasil de Fato. Trabalhou por um período na redação em São Paulo e, em 2012, retornou a Belo Horizonte como correspondente em Minas onde trabalha até hoje. A versão nacional do veículo foi lançada em 2003 e a de Minas somente em maio de 2013. A editora conta que, atualmente, a redação funciona em uma sala emprestada por um sindicato. A equipe é formada por oito pessoas, sendo seis ligadas à produção do jornal, que é mantido através de venda de anúncios a sindicatos, em sua maioria, e ao governo do estado. Para a jornalista, o anúncio público também é um direito dos veículos alternativos e é preciso que essa verba seja melhor distribuída, tanto no âmbito federal como no estadual e municipal. Joana se preocupa com o conhecimento da sociedade quanto à origem da informação: “O Brasil de Fato, assim como está estampado na sua capa, assume uma visão popular do Brasil e do mundo. Mas de onde falam os outros veículos?”, questiona, referindo-se
aos pontos de vista que sustentam a cobertura de certos meios de comunicação. Como existe uma desigualdade informacional, poucos meios defendem interesses de segmentos mais abastados da sociedade.
DIVERSIDADE Joana acredita que a democratização da mídia é essencial. Assim fontes diversificadas podem garantir seu espaço, como rádio favelas, jornais comunitários e blogs. Ela considera como um dos erros do Partido dos Trabalhadores (PT), nestes 14 anos de governo, não promover o debate ideológico sobre a comunicação e não desconcentrar as verbas: “O governo poderia seguir investindo a verba publicitária nos grandes veículos mas, ao mesmo tempo, seguir investindo em outras mídias”. Em relação às políticas públicas do governo estadual, a jornalista acredita que há um avanço mas, no geral, as ações são pequenas. Entre elas, lembra a aparente preocupação do governo com a Rede Minas, a Rádio Inconfidência e a possível criação da Empresa Mineira de Comunicação. Quando questionada sobre a comunicação no cenário político atual, Joana afirma que muitas pessoas têm procurado outras opções de informação para além dos meios jornalísticos tradicionais, por não se sentirem representadas. “A própria existência da mídia alternativa reafirma esta demanda”, conclui.
Publicidade afirmativa reforça o não-convencional TAMIRIS CIRÍACO 6° PERÍODO
“O bom nem sempre é aquilo que nos é imposto pela publicidade e propaganda. Assim, não devemos nos prender aos padrões que a mídia passa.” A orientação é do publicitário e coordenador da área de comunicação da ESPOCC (Escola Popular de Comunicação Critica), Rodrigo Azevedo, que integra o projeto Observatório de Favelas, uma Oscip do Rio de Janeiro. Ele falou no Seminário de Extensão e Pesquisa sobre “A publicidade e a comunicação na luta contra preconceitos”, em diálogo com o diretor de arte Robério Braga. A escola popular, segundo Azevedo, tem como principal preocupação a Publicidade Afirmativa voltada para o direcionamento de recursos e estratégias de comunicação para a potencialização de trabalhos em territórios populares, nos campos: cultural e de dinamização das economias locais. Ou seja, a publicidade pode fortalecer atividades em um espaço da cidade que está à margem. “A gente faz o trabalho comercial da publicidade, discute a publicidade convencional, mas trabalhamos com outros aspectos, outros olhares, principalmente de valorização do ser humano, tomando o indivíduo como foco nessa relação. A gente não tem o resultado, o lucro como essência dessa discussão”, explica Azevedo. O trabalho atua no fortalecimento dos movimentos sociais que podem usar a publicidade não só como forma de denúncia de injustiças e carências, como também para o campo da proposta, a pesquisa de que maneira como é possível mu-
dar essa realidade. “É olhar o território não como um espaço só de carência, pois não é isso que ele é, mas também como um local com muita potência, buscando seu espaço de desenvolvimento, dentro das condições que toda cidade tem.” Entre as preocupações do grupo está a questão do preconceito na publicidade. Azevedo aponta uma dificuldade:“A publicidade parece que, de um tempo para cá, vem relutando, por um lado em enfrentar este problema e não consegue aprofundar ou colocar novas ideias para ser discutidas, com a mesma ênfase que as redes sociais estão colocando”. Segundo ele, há um descuido dos profissionais da área que pode ser corrigido por professores. A discussão, explica, deve abranger diferença, a convivência, o olhar de quem constrói e de quem recebe a comunicação, visando ao equilíbrio entre essas relações. “Os debates precisam acontecer. É preciso repensar, entrar neste cenário conturbado sem medo. Afinal, estamos entrando na tela do telespectador sem sermos convidados, comprando espaço, indo lá dialogar. Devemos pensar, então, que diálogo é esse que está sendo construído, que espaço é esse. São reflexões assim a serem feitas, que vão ajudar a reduzir o preconceito”, diz Azevedo. Segundo ele, as pessoas acabam sendo preconceituosas em relação àquilo que contraria suas opiniões. “Todos nós temos a nossa medida de preconceito, de racismo, de machismo. Seria arrogante dizer, por exemplo, que eu não sou preconceituoso. Nós somos o tempo todo. E, diariamente, no desenrolar da história, a gente vai melhorando e vai reduzindo isso”.
Azevedo falou sobre três cases de diferentes marcas: Coca-Cola, Boticário e outro feito pela Espooc. “Os três têm em comum a ousadia de colocar um tema quente na rua, de colocar uma discussão profunda, de enfrentar essa discussão de forma criativa, didática, metódica e sem medo de ser feliz. Sem medo de encarar a resistência, principalmente a resistência da rede social, parece que é o mundo que tá contra a gente”. O da Coca-Cola aborda o tema da homossexualidade na adolescência, o do Boticário mostra as diversas formas de união incluindo as homoafetivas e o da Espocc é uma campanha produzida no complexo de favelas da Maré, no Rio, que discute o papel da mulher na sociedade e aproveita para trabalhar a autoestima e o empoderamento feminino. Esta campanha foi realizada pelos alunos junto com a equi-
pe técnica. A mensagem trazia uma provocação sobre o papel da muher na sociedade, com algumas mensagens afirmativas e chamando atenção para o disque denúncia. Para Azevedo, “publicidade não é só aquela que traz um casal tradicional como o da margarina, com aquela família de mãe, pai e filhos. É necessário criar outro tipo de comercial, um tipo mais real, mais humano, mais afirmativo das diferenças. Eu sou da ideia de que tudo é uma questão de repertório, de acúmulo, de experiências, de olhar para trás e ver o que construímos. Até então não tínhamos comerciais como os dessas marcas; longe de defendê-las, é preciso reconhecer seu valor. A Coca-Cola não tem motivo nenhum para comprar esse tipo de briga, ela não está num lugar sequer ameaçado. A compra da briga dela não é uma disputa de mercado, é uma abertura para elidir
o preconceito, a intolerância”. Ele acredita que se deve repensar, reconstruir, rediscutir o papel da publicidade: “Esse caminho precisa passar pela autocrítica, não dá pra ficar fazendo publicidade para um ser imaginário; precisamos mudar e essa transformação precisa ser de dentro pra fora”. Já o diretor de cena Robério Braga, falou sobre seu trabalho fotográfico autoral chamado “Tranças Afrodescendentes”. Além das fotos dos cabelos trançados, a exposição apresenta fotos históricas desta prática na África, além de mapas, objetos, timelines, música e outros materiais relacionados ao tema. Paralelamente, há oficinas, palestras, lançamento de livro e apresentação de um documentário. A oficina ensina a trançar o cabelo e explica o porquê da trança. Para o diretor, essas pessoas podem muito bem trançar o cabelo sem deixar de estar bem vestidas, mes-
Da esq. à dir., Rodrigo Azevedo, prof. Robertson Mayrink e Robério Braga
mo fugindo ao padrão imposto pela sociedade. Durante o tempo de montagem do trabalho, primeiramente ele identificou comunidades onde pessoas negras alisavam os cabelos, sendo muitas na Bahia. Elas alisavam para corresponder ao que a mídia racista prega: modelos de beleza são pessoas com o cabelo liso ou anelados. Compreender a trança como herança da cultura africana permite entender e repensar as origens da cultura negra no Brasil. “As pessoas acreditam que com o cabelo liso estão melhor. Por quê não as tranças? É necessário questionar o porquê desse preconceito, e o papel da grande mídia em sua disseminação”, disse Braga. Parece coisa fútil, mas conduz à rejeição de ancestrais, à desvalorização de uma herança cultural, à baixa auto-estima de mulheres negras.
Ana Luisa Santos
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Comunicação
MIRNA DE MOURA 6° PERÍODO
Ganhar um prêmio é ser devidamente reconhecido, por outros, pelo seu trabalho. É um atestado de serviço bem feito. Os quatro estudantes de jornalismo e exmonitores do MARCO, Bárbara Souto, Mariana Campolina, Lucas Felix e Rafaella Rodinistzky, classificaram-se em primeiro lugar, na categoria Estudante, do 9º Prêmio Délio Rocha de Jornalismo de Interesse Público. A premiação é conferida, anualmente, pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. A matéria ganhadora, “Vidas que ninguém vê”, dá voz às pessoas em situação de rua que compartilham histórias e experiências. Conta a indiferença cotidiana da população em geral em relação aos que moram nas vias públicas. Para Bárbara Souto, o jornalismo despertou nela um olhar mais sensível para os diferentes. Passei a questionar realidades fora da minha. Percebi, em mim, um desejo de dar voz a quem não a tem; as minorias passaram a captar com mais força a minha atenção”. Antes de entrar para o curso de Jornalismo, Lucas Felix, que produziu as fotos, disse que tinha uma visão muito diferente da área. “Acreditava na autonomia de todo profissional, perante seu editor. Hoje, percebo certo comando dos donos do meio de comunicação sobre seus empregados, defendendo opiniões
Alunos da FCA ganham prêmio de jornalismo Ex-monitores do Jornal MARCO recebem o prémio Délio Rocha. Reportagem vencedora aborda a situação dos moradores de rua
que muitas vezes não são as do próprio repórter. O curso abriu meus olhos, me tornou mais crítico para tudo que acontece no meu dia a dia”. Essa constatação de Lucas não passou despercebida por Bárbara, que se tornou mais crítica e, agora, vê de modo “inaceitável a mídia feita por poucos e para poucos”. Sobre o prêmio, ela acredita que, além de um grande reconhecimento, é um diferencial. É algo positivo, não só dentro da profissão de jornalismo, como também em outras áreas de sua vida. Bárbara está, no momento, estudando direito, mas pretende voltar para o jornalismo. O prêmio também pode representar, para ela um diferencial na segunda área que escolheu. Felix não tem ambição de seguir o ramo do jornalismo tradicional, mas receber o prêmio foi algo muito bom.
“Ser premiado junto com a Bárbara e a Mariana foi muito gratificante, pois confirmou minha ideia de que é possível contar boas histórias que realmente
merecem ser contadas. Por isso, o jornal MARCO é tão importante na vida do aluno de comunicação da PUC”. Mariana e Rafaela concordam com os colegas.
Da esq. à dir., Rafaela, Bárbara, Lucas e Mariana
Pâmella Ribeiro
Seminário movimenta vida dos comunicadores De 26 a 28 de abril, aconteceu na PUC Minas do Coração Eucarístico o IV Seminário de Extensão e Pesquisa, durante o qual palestristas discutiram as narrativas urbanas, seus olhares diversos e conflitos. As temáticas, variadas, todas em torno do papel da comunicação nos embates e demandas urbanas, procuraram lançar novas luzes sobre questões como o uso dos espaços urbanos, qualidade de vida e respeito humano, atuais no mundo
moderno. O objetivo era levar os alunos a entenderem melhor os conflitos que envolvem comunidades - como a de Bento Rodrigues, destruida pelo vazamento de lama da barragem da Samarco após tragédias ou agravamento de problemas sociais. Paralelamente, várias apresentações culturais trouxeram ao conhecimento dos alunos novos artistas que despontam na cena musical mineira e outros talentos artísticos populares.
Fotos: Flora Silberschneider e Marianne Fonseca
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Tecnologia
Uso de aparelho eletrônico pode prejudicar a saúde O avanço da tecnologia traz benefícios para a população, mas também pode gerar complicações para quem começa a utilizá-la desde cedo, como as crianças ANABELLA MENDES NATÁLIA ALVES 2° PERÍODO
O abuso de aparelhos eletrônicos como celulares, televisores e computadores pode afetar a saúde física e mental das pessoas. O prejuízo pode ser maior para crianças que começam a usar tais aparelhos cada vez mais cedo. Ainda em desenvolvimento, elas estão mais expostas aos efeitos danosos. A tecnologia é uma grande aliada do comércio e da convivência no mundo atual. Ela ajuda a facilitar compras, operações bancárias e desafoga o trânsito nas cidades. É que, sem sair de casa, muita gente resolve os seus problemas. Sílvio Zeppone, doutor em Saúde da Criança e do Adolescente e professor de medicina da PUC Minas, aletrta para os riscos à saúde relacionados ao uso repetitivo do teclado, seja do computador, tablet ou celular. Isto pode gerar LER (lesão por esforço repetitivo), com dores nos punhos e ombros e Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho
(D.O.R.T). “Os especialistas recomendam fazer, com frequência, exercícios de relaxamento do pescoço, das costas, dos braços e das pernas”, observa o doutor Zeppone. Em relação à saúde mental, ele cita transtornos como “nomobile phobia” (medo de ficar sem telefone móvel); Síndrome do toque fantasma (delírio de que o celular tocou); náusea digital (Cybersickness) – desorientações de algumas pessoas ao interagir com ambientes virtuais. Outro distúrbio é a Síndrome de Visão de Computador — como a fadiga ocular, a perda de elasticidade do nervo ótico, visão embaçada e olho seco — que pode ocorrer após duas horas de uso continuado. “A tecnologia é de grande valor para o desenvolvimento das nossas crianças, mas não podemos deixar que elas fiquem isoladas em frente a um computador ou celular sem interagir e socializar-se com outras crianças. Brincar é de grande importância para o desenvolvimento psicossocial e psicoafetivo ”, afirma. Doraci Ordonhes, 37, tra-
Aparelho mede ondas eletromagnéticas para pesquisas na PUC Minas
balhadora autônoma, é mãe de duas crianças: um menino de 12 anos e uma menina de dois. Por determinação dos pais, o filho mais velho faz os deveres escolares assim que chega a casa, mas se apressa para poder usar o computador. “Tentamos limitar, mas não deu muito certo. As pessoas que convivem com ele também estão envolvidas diretamente (com aparelhos tecnológicos) e se ele ficar de
Problemas de antenas parabólicas A antena parabólica é utilizada para a recepção ou emissão de sinais. Sua função é concentrar o sinal fraco que recebe em um único ponto. Alan Cássio Colácio, engenheiro eletricista, exemplifica usando o que ocorre com uma torre que precisa transmitir sinal de satélite: “O sinal vai funcionar como um espelho ao ser refletido para outra região. A antena receptora vai pegar a onda eletromagnética e transformá-la em energia elétrica”. Colácio explica que para funcionar corretamente a antena precisa respeitar uma angulação e que a Anatel baixou resoluções a respeito da resistência da antena a fatores externos como o vento e a chuva. No entanto a mais significativa se refere ao limite de ganho de sinal, já que certos níveis podem prejudicar a saúde. “O risco está mais ligado ao sinal, do que à antena. A não ser se houver um risco físico por ela estar mal instalada ou então do material ser cortante. A instalação tem que respeitar a frequência; ou seja, se o sinal é UHF (frequências ultra alta) ou VHF (frequências muito alta) e trabalhar no limite legal fixado pela legislação que controla o limite de frequência da onda”.
fora é como se fosse excluído”, explica. Ela diz que nota mudança no comportamento da criança relacionada ao uso constante do computador: “Ele tende a ficar impaciente e mal humorado quando afastado dele”. O filho de dois anos de Ieda Mara, já usa demais TV e celular. Segundo ela, na rotina da criança a televisão e o celular são indispensáveis. Pela manhã é comum permanecer assistindo televisão, mas a habilidade com o celular já é visível. “Ele mesmo sabe como
Flora Silberschneider
colocar os desenhos que gosta de assistir, achar os jogos; nem precisa da ajuda de ninguém. Tem hora que até nos assusta. Tentamos limitar porque acho que isso irá atrapalhá-lo; quero que ele brinque de bola, de carrinho”, diz a mãe. Ela observa que mesmo sendo difícil manter qualquer criança longe da tecnologia, pretende levar o filho a mudar de hábito introduzindo-o em atividades esportivas, como futebol e natação. Luciano Bossi, professor do curso de Engenharia Ele-
trônica e de Telecomunicação na PUC Minas, se interessa bastante pelo tema e comenta os efeitos que as ondas eletromagnéticas podem causar e os limites máximos de radiação a que a população pode estar exposta. “Há níveis com os quais a gente consegue trabalhar, ou seja, meu equipamento está aqui e eu vou usá-lo de tal forma que, onde circulam pessoas, os níveis de radiação estejam conforme o recomendado”, disse ele. Bossi explica que o principal efeito da radiação eletromagnética é o aquecimento. Por exemplo: um microondas aquece um copo de água em três segundos. A frequência que ele opera é em torno de 2.5 GHz, semelhante ao Bluetooth, a rede Wifi e algumas frequências como a internet 3G ou 4G, presentes nos aparelhos de comunicação móvel. A diferença está na potência exercida já que a do celular é bem menor, tornando assim o aquecimento muito pequeno. “Uma característica da frequência do forno de microondas é o comprimento de ondas que interage bem com as moléculas da matéria biológica que você quer esquentar. Essa é a mesma de que o corpo é feito. Logo ficar sob a ação desse tipo de onda eletromagnética vai provocar um aquecimento também no corpo humano”. O forno de microondas opera em uma potência maior para poder esquentar, ferver ou cozinhar em curto tempo. Ele explica que abaixo de certos níveis o aquecimento é insignificante e as regulamentações servem justamente para que eles não sejam ultrapassados. Sobre outros males, a medicina recomenda mais estudos.
Recomendações para sua saúde: - Manter uma postura correta diante do monitor; - Manter seus pés apoiados no chão; - A parte superior da tela do computador deve posicionar-se diretamente à frente dos olhos, de modo que o olhar esteja levemente para baixo, para maior conforto visual e menor evaporação lacrimal; - Regular o monitor de modo a evitar brilho excessivo; - Usar um protetor de tela redutor do brilho para combater os distúrbios oculares provocados pelo computador; manter a sala bem iluminada e, se necessário, usar óculos de repouso da vista, indicados pelo oculista; - Prevenir-se, no dia-a-dia, inclui praticar descanso ocular e dar atenção à necessidade de piscar mais vezes durante o uso dos aparelhos de TV, celular, tablet etc.
Mercado de jogos digitais expande-se no Brasil SÍLVIA PIRES 2º PERÍODO
O setor de jogos digitais vem crescendo a cada ano no Brasil e no mundo inteiro essa realidade não é diferente. O que antes era considerado uma brincadeira de criança, hoje é motivo de disputa pelas grandes indústrias de entretenimento. Os amantes de games encontram aí uma oportunidade de deslanchar em profissões desse mercado, principalmente com o favorecimento dos segmentos de jogos gratuitos e de baixo custo. Segundo o coordenador do curso de Jogos Digitais da PUC Minas, Eduardo Fantini, “essa é a profissão do futuro”. Hoje, os games, são considerados importantes ferramentas pedagógicas, utilizadas até mesmo em escolas e treinamentos empresariais. Para desenvolver um jogo eletrônico são necessários vários profissionais. Jogos educativos e corporativos, por exemplo, envolvem a participação de um especialista. O primeiro passo para desenvolver um jogo é ter uma boa ideia. Inicialmente, todos os integrantes da equipe se reúnem em uma discussão livre, chamada brainstorm (tempestade de ideias), e, no final desse processo, as melhores propostas começam a ser documentadas. Um jogo nasce quando os idealizadores registram a ideia por escrito. Esse registro é o GDD, Game Design
Document, documento que descreve a trama, o estilo gráfico, a trilha sonora, a paleta de cores, a interação com o jogador, ou seja, todo o roteiro do jogo. “Tudo é planejado antes da execução. Assim, não tem problema, por exemplo, alguém entrar ou sair no meio do projeto, porque está tudo documentado e a ideia não se perde”, esclarece Fantini. Com o roteiro pronto, a ideia é transformada em linguagem de computador. Para isso, os programadores criam o chamado Technical Design Document, ou TDD, que é um documento com descrição dos códigos ma-
temáticos que darão suporte ao jogo. Em seguida, a equipe de arte cria os personagens, cenários e animações, a partir da modelagem 2D ou 3D. Tudo isso sob a supervisão do Game Design e do Level Design. Por fim, vêm a fase de testes. A primeira versão do jogo, chamada alfa, é examinada pela própria equipe. Em seguida, novas versões, conhecidas por beta, são encaminhadas a jogadores selecionados que descobrem ocasionais erros. Após as correções, fica pronta a versão final que vai para as lojas. “A fase de testes é muito importante. Se um jogo é lançado no merca-
do com defeitos, as pessoas irão rejeitá-lo e todo o trabalho fica perdido”, ressalta o coordenador. Para construir a narrativa, o professor Fantini explica que os desenvolvedores calculam o nível de tensão ao longo do jogo, num processo chamado level pacing, estruturado a partir de estudos da teoria do fluxo, descrita pela psicologia. Segundo essa teoria, para uma pessoa manter a concentração em qualquer atividade, ela precisa manter o equilíbrio entre desafios e habilidades. Ao longo da trama, o jogador vai se familiarizando com a mecânica do jogo e passa a executar melhor as ações. Assim, na medida em que ele aprende, aumentam os desafios. Após um desafio muito grande vem um período de descanso para que o jogador absorva a experiência. “O jogo não pode ser morno, porque senão o jogador se cansa; nem muito difícil, porque ele pode desistir,” observa o professor Fantini.
INCENTIVO
Games: brincadeira que virou profissão do futuro
Marianne Fonseca
Em abril deste ano, os estudantes Alessandra Faria de Castro, Érico Grasso e Ramon Coelho de Souza, do curso de Jogos Digitais, e Daniel Sanabria, do curso de Sistemas de Informação, da PUC Minas, venceram a final brasileira da Imagine Cup, conhecida como Copa do Mundo da Computação, na categoria Games, com o
jogo Sonho de Jequi. A Imagine Cup é uma competição promovida pela Microsoft, com o objetivo de incentivar o empreendedorismo e estimular ideias inovadoras entre estudantes. A competição conta com três categorias: cidadania mundial, games e inovação, com fases nacionais e internacionais. Caso seja selecionado entre os outros três vencedores, o Sonho de Jequi poderá participar da final mundial em Seatle e concorrer a um prêmio de 50 mil dólares. Para representar a diversidade do Vale do Jequitinhonha, todo o jogo foi feito a mão, em aquarela. A trilha sonora é de Rubinho do Vale e seus amigos. Ao final de cada fase é apresentada uma tela com a realidade do local, e o jogador pode fazer uma doação em dinheiro para ajudar as comunidades que sofrem com a seca. As doações são destinadas à construção de cisternas e ao apoio da ONG Cáritas Diocesana Araçuaí. Sonho de Jequi é um game educativo do gênero runner, também chamado jogo de correr, que leva o jogador a conhecer o Vale do Jequitinhonha com o personagem Jequi. “Diferente dos clássicos como Mário em que a riqueza é coletar ouro, para o sertanejo Jequi, a riqueza é a água. Além de se divertir, o jogador conhece a cultura e a música do Vale”, explica Ramon Coelho.
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Saúde
Consumo de álcool e cigarro aumenta Jovens estão usando, cada vez mais cedo, drogas lícitas e retomando o vicio do cigarro. A novidade agrada os donos de bares ANA LAURA ALCÂNTARA LAÍS POLITI 1° PERÍODO
O consumo de drogas lícitas entre os jovens, nos últimos dez anos, vem aumentando consideravelmente, o que causa grande preocupação à sociedade. Drogas lícitas são quase sinônimo perfeito de bebidas alcoólicas, mas há outras fora deste grupo. Todas, apesar de trazerem prejuízos à saúde, têm sua produção e comercialização permitidas por lei e são aceitas pela sociedade. Nelas estão presentes quantidades consideráveis de álcool, nicotina, cafeína, anorexígenos, anabolizante ou quaisquer medicamentos sem prescrição médica. Atualmente, as mais consumidas e conhecidas são a cerveja e o tabaco, além de determinados destilados, drogas de fácil acesso e ampla-
mente populares no convívio social. O proprietário do Bar do Juninho, localizado no centro de Betim, afirma que os jovens bebem exageradamente e começam precocemente a consumir bebidas alcoólicas. “Os jovens entre 18 e 24 anos, principalmente os universitários, são o meu maior público atualmente. Muitos frequentam diariamente o bar e tomam pelo menos três garrafas de cerveja por dia”. Além disso, o comerciante destaca que houve um aumento significativo no número de fumantes de cigarros de palha, que há pouco tempo era pouco vendido no estabelecimento. Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), quem bebe diariamente é alcoolatra. Mesmo sendo proibida a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos, poucos respeitam esta lei no nosso país. A precocidade e regula-
Bares ficam cheios por causa do aumento no consumo de álcool
ridade do consumo de álcool pelos menores causa preocupação, sendo que o uso regular inicia-se antes mesmo dos 15 anos. A médica hebiatra Isabel Cristina Miranda de Souza afirma que, muitas vezes os jovens começam a procurar bebidas e cigarros pela falta de estrutura familiar, carência afetiva dentro e fora de casa, influência do grupo de amigos ou até mesmo encontram nessas drogas uma maneira de interação social. “Normalmente o jovem começa dando um gole de cerveja e um trago num cigarro aqui, outro ali. Quando ele assusta, está bebendo todos os fins de semana ou até mesmo todos os dias. Quando ele abre essa porta, acha que vai só experimentar e beber de vez em quando e não percebe quando a frequência começa a aumentar”, alerta a médica. Ela acrescenta que os pais de-
Flora Silberschneider
veriam ter maior diálogo com os filhos sobre esse assunto, talvez assim eles pensassem um pouco mais antes de experimentar essas drogas tão cedo.
FUMO Em relação ao consumo de cigarros, a nicotina é considerada uma droga lícita pesada, com capacidade de produzir dependência química semelhante à da cocaína e à do crack. A médica pneumologista, Maria das Graças Rodrigues de Oliveira destaca que quan-
to mais cedo os adolescentes experimentam os produtos do fumo, bem como todas as outras drogas, maior é a chance de se tornarem dependentes, pois o seu cérebro ainda não está completamente desenvolvido. Cerca de 90% dos fumantes ficam dependentes da nicotina até os 19 anos de idade, motivo pelo qual a OMS considera o tabagismo uma doença pediátrica. Segundo a médica, a metade dos adolescentes que experimentam o tabaco vão se tornar dependentes, mantendo o seu uso por muitos anos. E quanto maior o tempo de tabagismo e a intensidade do uso, maiores são os riscos de doenças e mortes prematuras. A iniciação precoce é, também, porta de entrada para o consumo de outras drogas. O tabagismo é causa de 85% das mortes por doença pulmonar crônica (bronquite e enfisema), além de estar associado às doenças crônicas não transmissíveis. É também um fator importante de risco para
o desenvolvimento de outras doenças, como câncer de pulmão, tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose e catarata. A facilidade em encontrar as drogas lícitas é cada vez maior e, sem nenhuma preocupação, os jovens embriagam-se frequentemente. “Normalmente a gente começa a beber e fumar mesmo ciente das consequências de cada copo e cada trago, mas a sensação é boa, isso vale a pena”, desabafa o jovem L.H.R., de 19 anos, assessor comercial e morador do bairro Petrópolis, em Betim. O rapaz ainda afirma que, atualmente, há uma tentativa de as músicas influenciarem os jovens. Há diversas músicas, em especial, o sertanejo universitário e o funk, que trazem letras estimulando os jovens a beber precocemente para esquecer os problemas, ser feliz e aceito na sociedade.
Publicidade pode incentivar As drogas lícitas são incentivadas pela intensa publicidade. Anúncios de bebidas alcoólicas no Brasil é regulamentado pela lei n° 9294, de 15 de julho de 1996. Ela considera bebidas alcoólicas aquelas que têm teor acima 13%, sendo assim cervejas e vinhos livres do cumprimento da legislação em vigor. A principal restrição apresentada atualmente é a redução do horário de publicidade na televisão e no rádio, permitindo-se anúncios sobre bebidas entre 21h e 6h. No entanto, as chamadas e mensagens curtas, são permitidas em qualquer horário. Desde 2000, uma nova lei n° 10.167 foi sancionada e proibiu qualquer publicidade de cigarro (exceto dentro dos locais de venda). Apesar de essa proibição não atingir as bebidas alcoólicas, em janeiro de 2002 havia mais de 50 projetos de lei propondo maiores restrições à propagandas de bebidas alcoólicas. O professor de Psicologia do Consumo, do curso de publicidade e propaganda, Bruno Vasconcelos de Almeida, acredita que, atualmente, a vigilância quanto às restrições de campanhas publicitárias é maior em relação há anos atrás. Ele acrescenta que as campanhas das drogas lícitas, apesar de existi-
rem, são ruins para a publicidade e que a influência atualmente é significativamente menor. “Se a publicidade influencia diretamente no aumento do consumo? Antigamente eu diria que sim, hoje em dia eu não sei dizer. Aquela ideia anterior de que a publicidade influência o consumidor não é tão grande mais, porque atualmente o consumidor é mais interativo e tem acesso a diversas fontes de informação”, explica o professor. Apesar disso, as campanhas publicitárias atualmente são produzidas de forma bem chamativa, normalmente dirigidas ao público jovem, associando o consumo de bebidas alcoólicas ao sucesso, juventude, beleza, aceitação social e até mesmo a um desempenho esportivo melhor. Os cenários são sempre de grupos de amigos festejando felizes ao consumirem determinada bebida, além disso, muitas associam o tema sexo aos anúncios, especialmente no caso da cerveja. Além disso, indústrias de bebidas têm desenvolvido produtos diferentes que atendam a grande parte do público jovem, sendo os destilados os preferidos. Sua variedade só tende a crescer.
Depressão pós-parto atinge 25% das mães brasileiras LUANNA HELENA IRENO 4º PERÍODO
No Brasil, uma em cada quatro mulheres apresentam sintomas de depressão pós -parto. A conclusão foi feita pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em pesquisas com 23.896 mulheres grávidas, que se encontravam entre o sexto e o décimo oitavo mês após o nascimento do babê. O resultado ultrapassou a estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), que previa 19,8% (cerca de uma entre cinco) de mulheres com depressão pós-parto em países de baixa renda. Sentimentos confusos muitas vezes associados ao medo durante a gestação podem acabar fazendo com que a nova mamãe deixe de realizar tarefas diárias, abandone os cuidados com o filho e até mesmo consigo mesma. Essas sensações são sinais da depressão pós-parto. Durante a gravidez, é natural que alterações de humor ocorram, como irritabilidade, tendência a chorar por qualquer motivo e ansiedade O obstetra Clóvis Antônio Bacha, especialista em gestação de auto risco e membro da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais, explica que a depressão pós
-parto ocorre devido a uma grande liberação de hormônios durante a gravidez. Entretanto, após o nascimento do bebê, esses níveis de hormônios caem drasticamente ocasionando um desequilíbrio no organismo e consequentemente emocional. Ele afirma que junto aos fatores hormonais, tem também fatores psíquicos de insegurança materna que fazem com que a depressão pós-parto encontre um ambiente propício para se desenvolver. Bacha afirma que a doença se manifesta aproximadamente duas semanas após o parto. “Existem outros tipos de depressões hormonais que podem se desenvolver antes, já nos primeiros dias, relacionados a essa insegurança materna. Muitas vezes o que a gestante precisa não é de medicamento ou psicanálise, mas de muito apoio”, afirma. A empresária Sabrina Farias Hauque, 35 anos, viveu o período da segunda gravidez muito bem. Porém, após o nascimento do bebê, os problemas começaram a surgir. “Eu já estava passando por dificuldades financeiras. Minha empresa ia mal e eu não conseguia me dedicar ao Nathan, não sentia vontade de brincar com ele. Eu tinha convicção de que o amava muito, mas não queria cuidar dele”, diz.
Sabrina conta ainda, que além da família, sua funcionária também percebeu que ela estava diferente. Foi aí que decidiu procurar um médico. “Geralmente o tratamento é feito com medicamentos, mas no meu caso achei refúgio na yoga e nas caminhadas ao sol”, relata. Ela também dá dicas para outras mães que sofrem do problema: “É importante tentar lembrar que o bebê precisa totalmente do cuidado da mãe. Tentar ficar calma, contar com o apoio da família e sempre procurar o médico da sua confiança. A melhor notícia é que é totalmente hormonal e passa”. Para a auxiliar administrativa Cassiana Pereira Campos, de 33 anos, a gravidez não planejada assustou. “Eu não tinha nenhum relacionamento sério com o pai da minha filha. Mas quando a ficha caiu, fiquei super feliz e fazia vários planos para nós duas. Mesmo com o pai não me ajudando e nem acompanhando a gestação, eu passava para ela todo amor que sentia. Minha gestação foi tranquila, porém em um ultrassom de rotina, quando estava com 34 semanas, descobri que a minha bebê estava pélvica. Foi necessário realizar uma cesárea de urgência e ela nasceu com dificuldades para respirar. Então a encaminharam para a UTI neonatal.
Foram nove dias de muito sofrimento”. Ainda de acordo com Cassiana, quando ela percebeu que estava com depressão pós-parto, já havia se passado muito tempo e o quadro já era grave. “Deixei passar muito tempo até pedir ajuda. Sentiame feia e não tinha interesse por nada. Sofria com insônia, choro constante, falta de apetite, queimação nas articulações do braço e tremor. Quando escutava o choro dela, não tinha vontade nenhuma de ser mãe e de viver. Culpavame por ter engravidado e por não amá-la”, lamenta. Atualmente, Cassiana faz acompanhamento com psiquiatra de 15 em 15 dias, toma dois tipos de antidepressivos e vai ao psicólogo semanalmente. “Minha primeira atitude foi aumentar a minha fé, fazer coisas de que gostava antes e me cuidar fisicamente para o meu amor próprio voltar e para amar novamente a minha filha. Coloquei na cabeça que aquela condição ia passar porque eu era mais forte”. Sonia Maria de Araújo Couto, mestre em psicologia que trabalha com psicanálise, afirma que cada caso é um caso. Cada gravidez é uma com os próprios riscos. “A depressão é um entristecimento frente a dificuldades vistas naquele
momento, como impossíveis de vencer. A depressão pós -parto é muito mais comum do que se fala, mas é importante distinguir o luto normal da melancolia, que é mais grave”. As mulheres com um tipo clínico de depressão ou mais frágeis diante de frustrações e de dificuldades estão mais susceptíveis a esta depressão. Segundo Sônia, “a depressão pós-parto tem uma causa clara que é o parto e o lidar com o filho, mas é uma depressão e deve ser tratada como tal. A singularidade é dela surgir após o parto”. Ressalta ainda que “a família pode ajudar a mãe a cumprir as tarefas que ela vê, nesse momento, como impossíveis e incentivá-la a buscar ajuda para melhorar este quadro”. O obstetra Clóvis Antônio Bacha observa: “Existem algumas maneiras de prevenir a depressão pós-parto: se cuidar durante a gravidez para manter uma boa forma física, para não ganhar peso excessi-
vo, ter apoio familiar tanto do marido quanto dos demais parentes, evitar de alguma forma problemas financeiros que vão influenciar nesse período, tentar ter uma vida mais tranquila com mais amor, apoio e cuidados, são fundamentais para a mãe e para a criança”.
A fé, para Cassiana, ajudou a superar a depressão
Arquivo Pessoal
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Cultura
Bienal 2016 destaca autores nacionais Além da venda de livros e sessões de conversas seguidas de autógrafos, a bienal ofereceu atividades interativas para visitantes GABRIELLE MONTEIRO LUDMILLA ABREU 1º PERÍODO
A quinta bienal do livro de Minas Gerais, realizado entre 15 e 24 de abril no Expominas, bateu o recorde anterior em relação a visitação, às vendas e a expositores. Na feira os visitantes participaram de atividades interativas em cinco espaços diferentes: Quintal de Histórias, Espaço Geek & Quadrinhos, Conexão Jovem, Encontro com Autores e Café Literário. Foi possível conhecer, abraçar e obter autógrafo de autores que ficavam nos estandes, o dia todo, à disposição dos leitores. Dessa edição, participaram 160 expositores, 32 mil estudantes na visitação escolar, 226 autores, e houve 203 horas de programação cultural oficial. Em média, seis livros foram comprados por pessoa. Este ano o evento contou com mais editoras, entre elas a Leya, editora Novo Século e editora D’Plácido, com estandes da livraria Leitura, revendedora Boa Viagem, do grupo editorial Autêntica, entre outras. Ao contrário do que os leitores esperavam, os descontos nos livros só aconteceram ao final do evento. Assim, nos primeiros dias muitos livros eram encontrados ao preço de capa vendido nas livrarias. Porém, à medida que o fim da
feira se aproximava, os descontos iam sendo divulgadas. Um ponto positivo comentado por visitantes foi a organização eficiente, com indicações e melhor assistência para a distribuição de senhas para bate-papos, com cadeiras numeradas, evitando-se confusões já registradas em edições anteriores. Ainda assim, alguns deficientes físicos encontravam dificuldade para pegar senha e assistir às palestras de seus autores favoritos. É que uma grade que separava o espaço para a fila era apertada. O tempo necessário para conseguir uma senha era longo; alguns leitores ficaram até seis horas esperando.
JOVENS
O espaço de bate-papo para o público jovem, mais uma vez, foi destaque na bienal. Estavam presentes Bruna Vieira, Thalita Rebouças, Paula Pimenta e Babi Dewet no mesmo local. Elas comentavam o livro “Um Ano Inesquecível”, em que cada uma escreve um conto. Também contaram sobre os futuros projetos, cantaram, dançaram, autografaram e posaram para fotos com as leitoras. O mesmo espaço recebeu padre Fábio de Melo, em uma longa conversa sobre a mais variada gama de assuntos. Lucas Rangel, que faz sucesso na internet, também passou pela Conexão Jovem lançan-
do o livro “Sensacional Livro Antitédio do Lucas Rangel” pela Companhia das Letras. O evento atraiu muitos adolescentes. Outra pessoa conhecida na internet que teve um público expressivo foi Pedro Afonso, responsável pelo canal no youtube Rezende Evil. Ele lançou o livro “De Volta ao Jogo”, pelo selo Suma das Letras. No último sábado do evento, dia 23, Carina Rissi atraiu muitos leitores e contou sobre os futuros projetos de livros e adaptações cinematográficas de suas histórias. Com atenção, atendeu todas as pessoas que pediam autógrafo. Mais tarde, Paula Pimenta voltou ao auditório em mais uma sessão de bate-papo e autógrafos.
toque de seu livro duas vezes nos dez dias de bienal. Segundo ele, participar dessa feira literária foi uma boa surpresa, pois não esperava tamanho carinho dos novos leitores. Mais um destaque da bienal foi a editora D’Plácido, que trabalhava originalmente com livros jurídicos mas agora publica alguns romances juvenis. Seu estande permaneceu cheio quase todos os dias e um dos diferenciais foi a presença dos autores, além do desconto nos livros, desde o primeiro dia. Para o editor Tales Leon, escritores como Paula Pimenta e Thalita Rebouças atraíram o interesse do público juvenil para a literatura nacional e a editora resolveu arriscar e pu-
blicar trabalhos dos jovens que escrevem para jovens. Durante os dez dias, não só os leitores pegaram autógrafos para seus livros, mas também os escritores. Uma cena comum era um autor no estande de uma editora diferente da sua apoiando o trabalho de outro, ou mesmo conhecendo um novato do meio literário. No estande da editora D’Plácido, Marina Carvalho, autora da série “Simplesmente Ana”, do livro “Azul da Cor do Mar” e do romance histórico “O Amor Nos Tempos de Ouro”, comprou todos os nove livros juvenis e os autografou com os respectivos autores. Para Marina, um escritor que tem um público sólido ao apoiar o trabalho ou publicar uma foto com o livro do novo autor, consolidado ajuda-o na divulgação.
ENVOLVIMENTO
A coordenadora pedagógica da Escola Municipal Senador Levindo Coelho e professora de língua portuguesa, Érica Sarsur, visitou a feira com as turmas do sexto ano do ensino fundamental e gostou de ver o número de estandes com livros infanto-juvenis repletos de crianças e jovens.
Ainda assim, sentiu falta da presença de algumas editoras grandes e de renome com representação na feira, bem como de obras clássicas e relevantes da literatura brasileira e mundial. Para a jovem Gabriela Gomes, estudante do colégio Sagrado Coração de Jesus, unidade Contagem, ir à feira foi incrível. Em sua primeira visita ao evento, participou do bate-papo com a autora Paula Pimenta e se emocionou ao conhecer a escritora de quem tanto gosta. Já a advogada e professora de inglês Amanda Abreu, reclamou dos preços dos livros, que não estavam com descontos expressivos, salvo em alguns estandes de editoras. Porém, a advogada elogiou a organização e a possibilidade que o evento proporcionoulhe de conhecer diversos autores, em poucos dias. Ela foi à feira em seis dos dez dias do evento e pretende voltar na próxima edição. As expectativas dos leitores e dos livreiros é de que a edição de 2018 seja ainda mais procurada e tenha uma programação rica.
LITERATURA
A Bienal é um ótimo espaço para se conhecer novos autores e essa edição teve a presença de vários novatos da literatura. Somente no estande da Liga dos Autores Mineiros, estavam 18 escritores que atendiam ao mais variado público, desde apreciadores de livros infantis a romances e histórias fantásticas. No estande da Leitura, autores de todo o país passaram pela mesa de autógrafos alcançando um público que, antes, era distante. Esse foi o caso do carioca Vinícius Grossos, autor do livro “O Garoto Quase Atropelado”, que esgotou o es-
Público de todas as idades prestigiou o evento que durou dez dias
Marianne Fonseca
Universidade investe em arte através do teatro ÉRICA SANTOS VITÓRIA COSTA 1° PERÍODO
A PUC Minas, no campus Coração Eucarístico, oferece curso de artes cênicas para adultos, crianças e adolescentes, nas modalidades profissionalizante e de curta duração. A Escola de Teatro desenvolve suas atividades sob a coordenação do professor e ator Luiz Arthur de Oliveira. Já o grupo teatral, Filhos da PUC, incrementa suas atividades, encenando textos de autores famosos e de alunos. O curso profissionalizante de teatro divide-se em três módulos e tem duração de um ano e meio. As aulas são oferecidas três vezes na semana (segunda, quarta e sexta). Não há processo seletivo para o ingresso de alunos. Para se inscrever é preciso apenas ter idade mínima de 17 anos e concluir o ensino médio até o final do curso. Os módulos são compostos por três disciplinas: interpretação, expressão corporal e expressão vocal. Uma quarta matéria, variável, é integrada a cada módulo. Todas as aulas são ministradas por profissionais reconhecidos e atuantes no mercado. O professor Luiz Arthur informou que curso inclui visitas aos principais grupos de teatro de Belo Horizonte, de renome nacional e internacional e é um diferencial da Escola de Teatro: “Já tem alguns anos que a escola adota isso. Os grupos são super-abertos e recebem bem os nossos alunos para mostrar o seu trabalho. Em seguida, os alunos produzem e apresentam trabalhos sobre o que conheceram. Isso os coloca em contato direto com quem mais produz e também com o mercado de trabalho”. Ao final de cada semestre a esco-
la apresenta os espetáculos de conclusão. Nessa mostra, já consolidada no calendário cultural da cidade, são encenadas no mínimo, quatro peças temáticas que abordam questões do cenário social, político ou econômico nacional. O evento, com entrada gratuita, acontece em dois espaços no próprio prédio 20, da PUC Coreu e atrai um público estimado em 2000 pessoas, nas três semanas de programação. “Há bastante tempo o público deixou de ser só o pai, a mãe, o tio ou namorado. Já temos um público grande e espontâneo, que conhece a qualidade dos espetáculos que apresentamos. Não ficamos devendo nada em relação ao melhor que o teatro pode oferecer. E por isso, as pessoas já ficam de olho, sabendo que todo semestre tem espetáculo na PUC”, comenta Luiz Arthur. Na conclusão do curso, o aluno pode solicitar a emissão do seu registro profissional, graças a uma parceria entre a reitoria da PUC e o Sindicato
dos Artistas e Técnicos de Espetáculo de Minas Gerais (Sated- MG), em vigor desde 2008. Essa associação viabilizou o registro profissional como um direito adquirido por todos os alunos aprovados no curso. Isso foi possível porque a Escola de Teatro PUC Minas atende às exigências do Ministério da Educação (MEC) para os cursos profissionalizantes. “Não é necessário nenhuma prova; é só ir até o Sated, pagar uma taxa e eles emitem o registro. Logo em seguida, você já pode trabalhar no mercado”, explica o professor. Depois de 12 anos de funcionamento na Praça da Liberdade, a Escola de Teatro está há três anos no Coração Eucarístico. O prédio foi concebido e executado especificamente para atender à demanda da escola. “Foi uma conquista. Tivemos sorte em ter um reitor sensível e que valoriza a importância da arte dentro da universidade. Ele foi o maior entusiasta no projeto da construção de uma sede própria para a escola de teatro”, conta Luiz Arthur.
O histórico de ex-alunos do curso profissionalizante é positivo. Dele fazem parte Amanda de Godoi, atualmente como “Nanda” em Malhação, da Rede Globo; Sâmia Abreu, como a personagem Érica, da novela Chiquititas do SBT; e a atriz Débora Gomez, que já atuou no SBT, na Record e em um longa-metragem. O curso de curta duração, voltado para crianças e adolescentes, ocorre aos sábados de manhã. As aulas duram um semestre. Com a carga-horária menor, mas com o mesmo rigor, engloba as disciplinas de corpo, voz e interpretação. Alguns professores são Fábio Teixeira, ator, professor de “corpo” e psicólogo, a professora Raísa Campos, formada pela UFMG, professora de “vocal” e cantora e a professora Hortência Maia, professora de “interpretação” exclusivamente infantil, formada pela Escola de Teatro PUC Minas, Palácio das Artes e UFMG, com mestrado em arte educação. “Para crianças e adolescentes uma boa assessoria é fundamental. Temos uma equipe pronta para atender, em virtude dos pais confiarem seus filhos e saberem que eles são bem acolhidos”, afirma Luiz Arthur. Na página do Facebook da Escola de Teatro, há depoimentos de alunos e ex-alunos, como o de Íviler Rocha: “Luiz Arthur e toda a equipe da Escola de Teatro PUC Minas me ajudaram a redescobrir a alegria da criação artística, em uma época que me encontrava completamente desiludido em meio às obrigações acadêmicas”. Rafaela Ribeiro elogia a “competência e excelência” do trabalho.
PRATICANDO A ARTE
Filhos da PUC apresentam-se no campus
Flora Silberschneider
O grupo de teatro Filhos da PUC nasceu em 1983, na Faculdade de Comunicação e Artes, atendendo
ao desejo dos alunos de falar e de se expressar. Durante os primeiros 13 anos, o grupo restringiu-se aos alunos dos cursos de comunicação. Depois, a diretora de teatro Iara de Novaes coordenou um projeto para torná-lo perene, sob coordenação estável. Com a concretização do projeto, o grupo aceitou alunos de outros cursos, funcionários e até ex-alunos. Há 20 anos, conta com uma coordenação profissional, a maior parte do tempo sob a responsabilidade da professora Maria Elisa Santana, atual diretora. No começo, o grupo era voltado para a montagem de peças comerciais, mas após uma parceria com a Faculdade de Letras mudou sua atuação. Juntos desenvolveram projetos institucionais que adaptavam para o teatro textos literários, como os de Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Machado de Assis. O último trabalho chama-se “As Filhas do Pai”, baseado no texto “O Tesouro”, de Eça de Queiroz, no qual se critica a cobiça pelo dinheiro, as relações familiares, entre outros. Hoje em dia, os Filhos da PUC utilizam textos autorais dos alunos, que são encenados dentro da própria universidade em festivais estudantis e em alguns projetos de extensão, como na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac), de Santa Luzia. A diretora Maria Elisa, defende a importância do teatro: “O teatro e as artes em geral, são fundamentais na formação do cidadão, da cidadania, do sujeito, dos melhores profissionais. No fundo, eu acho que quem faz teatro vai, no mínimo, tornar-se um bom espectador; vai admirar a arte. As pessoas que admiram a arte são capazes de valorizá-la, de saber a importância dela na formação do ser”. E cita um autor que diz: “O teatro é a arte do pensar, é a arte do humano”.
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Comportamento
Casais escolhem não ter filhos Mesmo após conquistar outros espaços na sociedade, mulheres que não querem ser mães são questionadas pela sociedade. Mas não abrem mão dessa decisão junto aos parceiros MIRNA DE MOURA FLORA SILBERSCHNEIDER
Ser mãe ou não pode interferir na carreira
6º PERÍODO
O número de mulheres que escolhem não ter filhos cresce no País. Dentre elas, predominam as mais escolarizadas. Junto a isso, o número de filhos por mulher diminuiu, passando de 2,39 filhos para 1,77, nos últimos 14 anos. Esse número é próximo ao de países europeus. Os dados são do levantamento do SIS (Síntese de Indicadores Sociais) 2014 e do último senso de 2010 feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em um bairro residencial e familiar da região norte de Belo Horizonte, vivem Cátia Carneiro e João Acácio Gomes, o Zeca. A casa vermelha contrasta com o verde do jardim bem cuidado. Por mais que a anfitriã se desculpe pela bagunça, a sala da casa está em ordem. Em algumas fotos espalhadas pelo cômodo apenas Cátia e Zeca, juntos com amigos. O relógio marca 14h e o casal ainda prepara o almoço. A rotina deles não inclui buscar filhos na escola, fazer dever de casa, nem se preocupar com notas. “Estamos felizes assim”, afirma Cátia. “Decidimos que não queríamos ter filhos antes mesmo de casar, né Zeca?”, ela continua da cozinha enquanto lava louça. Porém não fecharam a questão, pensando que um dia poderiam mudar de ideia. Caso isso acontecesse, adotariam uma criança. Esse dia ainda não chegou. Após 42 anos juntos, ainda mantêm a vontade inicial. “A minha família sou eu e meu marido”. Zeca entra na sala: “Vamos almoçar?”. Do outro lado da cidade, na região da Savassi, vive o casal Millenna Lima e Magno Rodrigues para quem a ideia de trazer um filho ao mundo também não é muito atraente. Além da independência financeira, o casal não acredita que a sociedade atual seja boa para receber uma criança. Millenna relembra que, até os 16 anos, achou que ia ser mãe. Com o passar dos anos e hoje, aos 29, essa vontade natural se perdeu. As preocupações diárias de criar uma criança, de trabalho e financeiras prevaleceram diante do sonho maternal. “A minha vontade de conhecer essa sensação não é tão grande, então eu começo a pesar as dificuldades e achar que elas são maiores do que esse lado positivo. Aí eu percebi que eu não estava disposta a pagar esse preço”, afirma ela. Por uma questão biológica, a mulher é vista como progenitora. A sociedade, historicamente, construiu para ela responsabilidades em relação à reprodução. A professora da PUC Minas e socióloga, Lúcia Lamounier, observa que essas res-
LUCAS ALVES 6º PERÍODO
Para Cátia e Zeca, seus cachorros são como filhos
ponsabilidades e sentimentos socialmente adquiridos - o cuidado, o afeto e a delicadeza - são impostos a elas e não se apresentam como opção. Colocam as mulheres numa posição em que naturalizem esses sentimentos não biológicos. “Na medida em que você torna isso uma dimensão natural e não culturalmente construída, fica difícil sair desse lugar, mesmo quando você não tem esse sentimento”, explica Lúcia. Por isso, muitas vezes ao tentar negar esta “condição natural” - desejo de ser mãe, - a pessoa pode ser mal interpretada pela sociedade.
PORQUE NÃO Sobre os motivos para não ser mãe, Cátia Carneiro diz que nunca gostou de crianças e não tem jeito e paciência com elas. “Eu sei que eu não seria uma boa mãe. Você também não tem paciência com criança, né Zeca?”, ele responde de longe: “Nenhuma”. Já com idosos é diferente, ela os adora e afirma ter muita paciência e carinho com eles: “Meu olho até brilha quando eu vejo um idoso.” A mãe de Millenna, desde o início, deixou claro para a filha as dificuldades, financeiras e/ou emocionais, de se criar uma criança. Quando expôs sua negação da maternidade à família, sua mãe a apoiou. “A minha mãe sempre falou comigo: eu amo você e o seu irmão. Mas, se dependesse mim, hoje, não teria filhos”, relata. Na criação de Cátia, sua mãe, Hena Martins, sempre fez questão
Decidir não ter filhos foi natural para o casal Millenna e Magno
Arquivo pessoal
Flora Silberschneider
de que seus oito filhos priorizassem a independência financeira. Depois de conquistá-la, aí sim poderiam pensar em ter filhos. Assim como Cátia, outras três irmãs também escolheram não ter filhos. Os que tiveram, tornaram Marilene avó de sete netos. Por diversas vezes, familiares e amigos tentaram mudar a cabeça de Cátia e Zeca; convencê-los do contrário. Os principais argumentos são a solidão na velhice, sendo o filho a companhia, e o fato dela se tornar uma mulher ‘completa’ com a maternidade. Cátia refuta o primeiro: “Quem garante que o filho vai cuidar do pai? E se ele colocá-los num asilo?”. Sobre a completude feminina: “Para ser mãe é preciso ter filho, para ser mulher basta ser mulher”. A mulher está conquistando espaço na sociedade. Ela agora está na política, nas ruas, no mercado de trabalho, onde ela quiser. Isso acarreta um aumento de sua liberdade e no seu poder de transformar os discursos e práticas sociais. A possibilidade de compartilhar experiências permitiu-lhes escolher aquilo que desejam para sua vida. Lúcia Lamounier acredita que, com tais mudanças, “diminui essa ideia de culpa por contrariar expectativas sociais. Deixa de ser uma vivência individual e passa a ser uma vivência pública; hoje as mulheres tem mais espaço para falar o que sentem”. Por isso a geração mais jovem é mais aberta a escutar e a entender os questionamentos das mulheres. Tanto é que na mesa de bar, entre os amigos de Magno e Millenna, questioná-los sobre suas decisões em relação a ter filhos não faz parte da conversa. Durante seus dez anos juntos, quem mais se opôs à decisão foi a família do marido. Isso também ocorreu na casa dos Gomes. A mãe de Zeca foi quem mais pressionou o casal a ter filhos. Ambos os casais se mantêm firmes na posição assumida.
MERCADO DE TRABALHO Trabalhando com decoração, Cátia Carneiro está frequentemente dentro da casa das clientes. Por partilhar esse ambiente privado, já presenciou diversas cenas em que mães esbravejam na frente dos filhos: “Pra que eu fui ter essa merda?” ou “Eu não aguento mais esse meni-
Mais do que adiar o desenvolvimento da carreira profissional, a gravidez, segundo muitas mulheres que decidem ou não ter filhos, é um empecilho antes mesmo da entrada no emprego. Estar grávida, ou até mesmo externar o desejo de ter um filho pode impedir que alguém fosse selecionado para uma vaga, logo na entrevista de recrutamento. Segundo a analista de Recursos Humanos da Arquidiocese de Belo Horizonte, Conceição Aparecida Paoli Calderaro, as empresas geralmente não gostam de contratar mulheres que já estão grávidas. O motivo, de acordo com Conceição, é o curto período de tempo que uma funcionária grávida, após contratada, poderá prestar serviços à empresa. “O recrutamento é feito pra selecionar pessoas que vão ficar muito tempo com você e não aquelas que depois de alguns meses já vão sair. Por isso não vale a pena contratar alguém que daqui a três meses antes de ter terminado o processo de aprendizado das tarefas, vai sair e te fazer contratar outra pessoa”, afirma. Além da questão do afastamento do serviço, ter uma funcionária grávida faz com que a empresa tenha que lidar com outras questões. Depois de ter o filho, a funcionária tem direito de receber o seu salário integral por quatro meses. Ele deve ser pago pela empresa, que terá o dinheiro ressarcido pelo INSS. Após voltar da licença, a funcionária ainda tem garantido um período de seis meses de estabilidade na sua função. A gerente do Departamento Pessoal de uma rede de seis escolas de idiomas, Kariny Corgozinho, cita ainda um outro imprevisto comum com o qual a empresa deve lidar. “Depois da volta da funcionária, o índice de falta dela é geralmente muito grande por causa do filho. Às vezes não tem com quem deixá-lo, outras vezes ele passa mal e quem tem que faltar ao trabalho e cuidar da criança é a mãe”, explica. Para evitar prejuízos, algumas empresas chegam a contratar serviços terceirizados de recrutamento para ajudar a diminuir o risco de contratar mulheres que queiram, em pouco tempo, se tornar mães. Entretanto, Kariny e Conceição concordam em que isso não evita que a contratante tenha o “azar” de admitir uma mulher que fique grávida não muito tempo depois de ser recrutada. A analista acredita que a dificuldade de evitar esse tipo de contratação existe pelo falto de que qualquer mulher, casada ou solteira, está apta a ter filho a qualquer momento da vida, mesmo que não tenha um plano estabelecido para isso. Kariny é a favor de se fazer uma sondagem durante a entrevista de emprego sobre o desejo ou não de a candidata ser mãe. Porém a gerente afirma que a contratação é “uma questão de sorte”, já que é muito complicado cravar que alguém vai ou não engravidar. Durante um recrutamento, dificilmente alguém assume que quer ter um filho ou não quer ser mãe. Fato de expor isto durante a seleção não pode ser visto, segundo as especialistas, como uma vantagem no processo de escolha de nova funcionária. “Mulheres que dizem que não querem ter filhos não levam vantagem. Porque é impossível saber se a pessoa vai manter a mesma ideia depois de contratada, já que a maioria delas quer engravidar, um dia, na vida”, crê a gerente. Se, por um lado, a gravidez pode ser um empecilho para a conquista de um emprego, por outro ela, pode dar à mulher características que socialmente são consideradas inerentes àquelas que se tornam mães. Duas delas importantes no trabalho são a responsabilidade e o compromisso, como acredita Kariny. “Quando a mulher tem um filho, uma nova responsabilidade, alguém que ela tem que cuidar, acho que isso se torna uma vantagem no ato da admissão, porque a pessoa tende a ter mais responsabilidade e mais comprometimento com o emprego, já que ela tem um filho em casa para sustentar.” A socióloga Lúcia Lamounier explica que essa crença de que a mulher e os seus valores e características se tornam melhores, assim que ela se torna mãe, é algo existente e forte dentro da nossa cultura. “Não que a mulher que seja mãe tenha mais responsabilidade do que aquela que não é, mas culturalmente pensa-se assim. Essa é a representação que foi criada socialmente, por isso ligamos a ideia da mãe à de uma pessoa mais preparada para os enfrentamentos da vida diária”, justifica. no!”. Sobre isso diz: “Se for para ser uma mãe assim, prefiro não ser.” O grupo de convivência profissional de Magno e Millenna, formado por jovens comunicólogos, assim como eles, compartilha a ideia de que ter filhos não é prioridade. Magno acredita que as experiências pessoais enriquecedoras prevalecem. “Nós pensamos mais no nosso bem-estar, do que em criar uma família com bem-estar”. A crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho está mudando a dinâmica de suas famílias. A professora Lúcia explica, sob a ótica socioeconômica, que em classes sociais mais altas, as mulheres adiam a maternidade para que possam experienciar uma vida acadêmica, se dedicar a carreira, viajar. As que desejam viver tudo isso e ainda ter filho acabam delegando a função de
criação para outras mulheres, como babás, avós e madrinhas. Tornandose assim apenas mães genitoras. Já a mulher que pertence às classes sociais mais baixas não tem a mesma perspectiva de futuro. Para essa mulher pouca diferença fará um filho ou não. O destino dela já está traçado. A pesquisa do IBGE mostra que mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto têm cerca de três filhos. Situação bem diferente das que têm ensino superior completo, cuja taxa de fecundidade é de 1,1 filho. Lúcia ressalta também que tornar o trabalho algo mais importante que a maternidade é uma tendência. “Passa-se a valorizar mais a sua vida profissional, em detrimento dessa realização da mulher só na esfera privada, como mãe”.
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Comportamento
Compra consciente é tendência Belo-horizontinas apoiam a causa do guarda-roupa compartilhado e do armário-cápsula que promete transformar o consumo de moda. Economia de dinheiro é um dos benefícios dessa prática ANA CLARA CARVALHO 6° PERÍODO
Você já pensou que delícia poder estrear uma roupa diferente toda semana? Se este for o seu sonho, já pode realizá-lo sem fulminar sua conta bancária. É só participar do movimento na internet chamado Slow Fashion, que chegou com foco no consumo consciente. Bruna Miranda segue essa linha editorial no site Review Slow Living, que significa , o sentido literal da palavra review em inglês, rever. “Precisamos mudar o conceito de que necessitamos de coisas em excesso para sermos felizes e bem-sucedidos. Já temos provas suficientes de que isso não é verdade e traz muita desilusão e consequências globais”, disse Bruna Miranda, editora do Review Slow Living, que apoia apostas como o guarda-roupa compartilhado e o armário-cápsula. O guarda-roupa compartilhado, como o próprio nome sugere, é uma loja em que você aluga ou pega emprestado e depois devolve. Em Belo Horizonte, por exemplo, existe uma loja em que você deixa um vestido de festa, que não usa mais, e recebe uma quantia a cada vez que ele é alugado. A loja está localizada no bairro Floresta e se chama Armário Compartilhado. Já em São Paulo, a loja House of Bubbles garante que os clientes tenham roupas de coleções famosas, atualizadas, mas que, ao invés de comprar, alugam.
Roseli aderiu à ideia do armário-cápsula
BRECHÓS Outro destaque também são os brechós que, ao contrário do guarda -roupa compartilhado, vendem peças que estão paradas nos armários. A blogueira do Drops das Dez, Laína Laine, realiza edições do Bazar Brechó BH na capital mineira há um ano, e quem a incentivou a nunca acumular roupas foi a sua mãe. “Minha mãe sempre me ensinou a desapegar. Ela dizia também que se a gente simplesmente doasse as roupas, para pessoas próximas e conhecidas elas não davam valor. O que acabava acontecendo é que eu desentulhava o meu e outra pessoa acumulava no dela. Então, é legal colocar um preço, mesmo que simbólico, nas roupas”, disse a blogueira de moda. A artesã Roseli Osorio também
Ana Clara Carvalho
considera interessante a ideia do bazar e acredita que roupas paradas, ocupando espaço em casa, poderiam ter outro destino. Com o bazar você acaba não deixando a roupa parada, movimentando-a e ganhando dinheiro. O armário-cápsula é outro tema que empolga Bruna Miranda. Ela explica sua importância: “Ele nos encoraja a ter somente peças-chaves para o dia a dia, roupas que realmente gostamos e usamos. Assim, passamos a comprar as peças que possuem mais qualidade e que vão durar”. Quando compramos muitas roupas, começamos a escolher coisas sem muita qualidade e de preço baixo. “Esta moda tem como foco apenas o preço baixo que estimula o consumo exagerado absorvendo itens
Militantes LGBT intensificam sua luta por direitos e mais segurança
Cristal Lopes debate com alunos e professores ANA LUIZA BONGIOVANI BRUCE LOURENÇO 6º PERÍODO
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Esses direitos, assegurados no artigo 5º da Constituição Federal Brasileira, fazem parte das garantias a serem asseguradas a todas as brasileiras e brasileiros. A realidade, porém, está longe de ser tão igualitária quanto prevista pelos autores da Constituição, lá em 1988. Um dos grupos sociais que constantemente luta para ter seus direitos básicos respeitados é a população LGBT. Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, embora reivindiquem demandas muito distintas, acabam se unindo na busca pelo respeito e pela igualdade na sociedade e nas instituições. Para o estudante de direito, João Felipe Zinias, demandas da população LGBT – como casamento civil com pessoas do mesmo sexo garantido em lei, proteção especial em casos de violência e garantia de acesso à cirurgia de transgenilitação (mudança de sexo) – não são privilégios, mas maneiras de equiparar os direitos de todos os cida-
Bruce Lourenço
dãos. “A comunidade LGBT, diante do histórico de discriminação vivenciado, que reduz drasticamente suas condições e possibilidades de vida, merece disciplina específica nas leis brasileiras, de modo a evitar a perpetuação da discriminação ainda institucionalizada”, diz o jovem que também é integrante do grupo de estudos “Sexismo e Homofobia: a discriminação e o perverso silêncio do direito” de Belo Horizonte. Zinias acredita que a afirmação de que “a população LGBT não chega ao ensino superior” acaba se confirmando a partir do comportamento de algumas famílias e colegas. Os alunos, ao sofrerem preconceito em sala de aula, acabam se desmotivando e sendo isolados no ambiente escolar. “As instituições, por não estarem preparadas para lidar com esses assuntos, acabam silenciando os casos e/ou reproduzindo as discriminações cotidianas enfrentadas pela população LGBT”, diz. Segundo ele “quando a violência contra a comunidade LGBT está inscrita na vida das instituições (especialmente as de ensino), as pessoas vinculadas a ela ficam sem ter para quem ou onde recorrer quando sofrem algum tipo de discriminação e preconceito. Anula-se, assim, qualquer forma interna de fiscalização da cidadania e do respeito entre os membros da instituição”. Para ele, a divulgação dos
problemas que ocorrem (de modo a pressionar externamente os responsáveis no meio interno), a criação de ouvidorias, a abertura de sindicâncias e processos administrativos que possam apurar os casos de violência e a ação conjunta com ONGs, coletivos e órgãos como a defensoria pública e o Ministério Público para defender as vítimas são algumas das medidas que podem ser tomadas para minimizar os impactos causados pela discriminação nesses ambientes. Em carta apresentada à presidenta Dilma Rousseff, em 2013, os principais líderes e articuladores da causa LGBT pediam, entre outras medidas: a criminalização da discriminação motivada pela orientação sexual ou identidade de gênero; políticas públicas voltadas para o combate à violência homo-lesbo-transfóbica e de saúde para os grupos em questão, e “respostas concretas do Governo às violências contra a livre expressão da orientação sexual e identidade de gênero detectadas no ambiente escolar”. De acordo com os militantes setoriais, o fato de a discriminação nas instituições de ensino ter sido abordado de maneira tão específica, por um grupo que sofre tantas formas de privação, já é um indicador de sua importância. Vinícius Abdala, estudante de psicologia da UFMG, membro de um projeto de extensão “Gênero e Sexualidade” e pesquisador-júnior do Centro de Referência em Direitos Humanos de Belo Horizonte, acha que “os órgãos oficiais de educação pouco ou nada se importam com a educação e formação de pessoas da comunidade LGBT. Constantemente, temos nosso direito à educação básica violado, também pelo Estado, justamente por falta de políticas públicas efetivas e inclusivas para esse grupo minoritário e marginalizado.” A Lei Estadual 12.491, de 1997, prevê que “Os estabelecimentos de ensino fundamental da rede estadual incluirão […] conteúdo e atividades voltadas para a orientação sexual”. Abdala aponta que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (que estabelecem as diretrizes do ensino
do modismo de vida tão rápida que faz com que as tendências passageiras comecem e terminem - consumo e descarte - em períodos de tempo cada vez menores”, disse Bruna. Ao invés disso, ela acha que é preciso valorizar a moda feita para durar. Roseli, a artesã, logo pensou no dinheiro que juntaria para adotar a ideia do armário-cápsula: “Ia economizar e encontrar com mais facilidade as roupas, porque tendo só aquelas peçaschaves, ficaria mais fácil encontrar as combinações”. Já Laína Laine acredita que quem pratica o armário-cápsula acaba exercitando a criatividade, definindo melhor o seu estilo e personalidade. “Funciona como uma educação alimentar, só que na área do vestir. Você acaba se conhecendo melhor, sabendo o que realmente falta no seu guarda-roupa e aprende que é mais do que possível viver com poucas peças, sem a necessidade de compras e mais compras. E, tudo isso, sem deixar de curtir e de se importar com a moda”, disse a blogueira e dona do Bazar Brechó BH. Laína Laine chegou a organizar bazares com centenas de peças na varanda de sua casa. Foi então que a amiga, Dany Gaciano, uniu-se a ela para realizarem um bazar ainda maior. “Ela já havia mandado roupas para que eu vendesse, várias vezes, então sugeriu de unirmos força, pois ela tinha um super espaço na casa dela. Em novembro passado, completou um ano, que estamos promovendo grandes bazares, inclusive fora de BH”. Elas já fizeram
um Bazar em João Pessoa, na Paraíba.
QUALIDADE Passear no shopping e fazer compras pode ser o hobby de muitas mulheres e homens. Roseli é uma dessas pessoas, e ela acredita que precisa de um armário cheio para ter várias opções de roupas ao sair de casa. Ao fazer compras, leva tudo o que vai comprar anotado, mas a sua vontade de ter mais peças é que atrapalha. “Quando chego à loja, vejo tanta coisa que resolvo trazer o que eu nem imaginava”, disse ela. Roseli acreditava que ter várias roupas a auxiliaria, mas constatou depois de tantos anos nesse círculo vicioso que rapidamente começa a enjoar das peças. “Visto uma vez e não quero usar mais”, disse. Se fosse para avaliar a quantidade de dinheiro que já gastou sem necessidade, comprando roupas, segundo ela, “estaria rica”. “Eu faria muita economia. Gastei muito com roupa, e isso não é tudo. Poderia ter reformado a minha casa, viajado. Se fosse hoje, eu não faria”, comenta. A editora do site, Bruna Miranda, doou 80% das suas roupas para entrar na ideia do armário-cápsula. “Hoje vivo muito melhor com menos peças, a maioria mais clássicas, que combinam entre si. Acabei desenvolvendo de vez o gosto por um estilo minimalista, e com isso fiquei mais organizada, me visto muito mais rápido e fico mais satisfeita”, afirma.
Saiba como agir ao sofrer preconceito O professor da Faculdade de Direito da UFMG e coordenador do projeto de extensão “Diverso – Direitos e Diversidades”, Marcelo Ramos, explica o que fazer em caso de violência: “Se for uma violência física, uma agressão, a vítima, deve fazer a denúncia à polícia que, em tese, deveria investigar. Infelizmente, não existem delegacias especializadas para processar essas questões e muitas vezes a denúncia não é nem mesmo registrada pela entidade policial. A subnotificação dos casos de violência homofóbica decorre muitas vezes da própria homofobia que é reproduzida institucionalmente”, explica ele. Ainda segundo o professor, a recusa em registrar Boletim de Ocorrência deve ser denunciada à Corregedoria de Polícia ou para o Ministério Público Estadual. Para tanto, é importante anotar o nome da autoridade policial que se recusou a registrar a violênno país), observa “que a implantação de orientação sexual nas escolas contribui para o bem-estar das crianças e dos jovens na vivência de sua sexualidade atual e futura”. O estudante considera a educação uma das principais maneiras de se combater a intolerância a longo prazo, e que as crianças devem, desde cedo, aprender a conviver com a diversidade, trabalhando no ambiente escolar noções de singularidade, pluralidade, subjetividade e respeito. “Enquanto nossos jovens LGBTs continuarem a ser expulsos das escolas que estudam, sem a oportunidade sequer da conclusão do ensino médio, por vezes, nenhuma ação estará sendo totalmente efetiva”, alerta.
DENTRO DA PUC
Em um evento organizado pelo Diretório Acadêmico Maria de Fátima Lobo Boschi, do curso de psicologia da PUC São Gabriel, em abril, alunos, professores e convidados se uniram para um debate sobre a importância da militância LGBT dentro da universidade.
cia. A vítima também pode se dirigir ao Juizado Especial para denunciar o agressor. Não é necessário a contratação de advogado (a denúncia é recebida oralmente e é reduzida a termos pelos funcionários do Juizado). Todavia, é necessário apresentar os dados e o endereço do agressor para que ele seja intimado, bem como é importante indicar testemunhas que comprovem o alegado. Por fim, Ramos explica que, se a violência consiste em uma ofensa verbal ou constrangimento, a vítima pode acionar o Juizado Especial Civil para pleitear uma reparação por danos morais. Valem as mesmas recomendações feitas para o Juizado Criminal. Em se tratando de constrangimento ou discriminação promovidos por estabelecimentos privados ou públicos em Minas Gerais, a Lei 14170/02 pune com multa quem pratica ato discriminatório em função de orientação sexual. A pauta foi a conquista de direitos por parte da população LGBT. A artista e militante Cristal Lopes abriu os trabalhos com emocionante relato da sua descoberta enquanto pessoa trans e da sua luta no enfrentamento de preconceitos diários, além de falar sobre a quebra de paradigma representada pelo debate da questão trans dentro da Universidade. A ativista foi a primeira mulher trans e negra a estudar moda no País. Ela conta que, desde a sua entrada na Universidade, sofreu com a intolerância de colegas e professores. “Eu sempre fui a única de tudo”, ressalta Cristal, que fez um apelo para que seja aprovada a lei que permite a inclusão do nome social em toda e qualquer circunstância e estabelecimento, principalmente nas instituições de ensino. “É um constrangimento enorme. Você fica cansada e começa a se privar de várias coisas. É preciso ter sensibilidade e cuidado para que os trangêneros [transexuais e travestis] não sofram com o constrangimento de ser chamado pelo nome civil”.
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Comportamento
Igreja acolhe os divorciados com o devido respeito Papa Francisco fez um apelo para que todos os casais separados sejam acolhidos com espírito de fraternidade pelos católicos LORRANA CARLA DE OLIVEIRA SILVA 1º PERÍODO
Márcio e Maria Amélia voltam à igreja
Arquivo pessoal
O aumento de 161,4% do número de casais divorciados, em 2014, em relação ao total de 2004, é uma taxa que causa preocupação e um certo desconforto à Igreja Católica, Apóstolica Romana, que tem entre seus preceitos basicos a indissolubilidade do casamento. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano passado, ocorreram mais de 340 mil divórcios, no Brasil, o que deixa muitos católicos em situação dificil: Igreja interdita a eles o acesso a alguns sacramentos, como o matrimônio e a eucaristia. Agora, porém, uma nova esperança surge no horizonte dos divorciados: em agosto passado, durante audiência geral no Vaticano, o papa Francisco advogou maior atenção a estes fiéis: pediu que se promova uma “fraterna e atenta acolhida aos divorciados.” Em sua fala, o Sumo Pontífice lembrou que a Igreja deve acolher as pessoas que tiveram um “fracasso sacramental”, porque elas fazem parte do seu corpo místico e merecem compreensão. O padre Jean Francisco Monteiro Aguiar, da paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Contagem, não vê a atitude do Papa como sinal de mudança nas regras eclesiásticas. Segundo ele, o papa quis dizer que é preciso encontrar maneiras de incluir essas pessoas em projetos da Igreja, sem descumprir as normas vigentes. Padre Jean observou que a eucaristia não é proibida aos divorciados, mas a Igreja considera que quem se divorcia e a recebe está cometendo um pecado perante Deus. Apesar disso, a escolha é pessoal e um padre não deve negar esse direito a ninguém: “Só quem viveu uma
situação difícil pode analisar a postura que temos que tomar enquanto padres, acolher o sentimento da pessoa.” EVOLUÇÃO
Márcio Drumond, 80, e Maria Amélia, 67, ambos divorciados e juntos há sete anos, dizem não ter problemas com a eucaristia. “Todos somos filhos de Deus e a separação tem motivo. A pessoa que se separou não se afastou de Deus, pelo contrário, é o momento em que a gente mais precisa dele”, comenta Márcio. Ele ressalta que a Igreja precisava dessa evolução que o papa vem implementando. O casal acredita que todo cristão se casa para não se separar porém, muitas vezes, o juramento feito perante Deus prevalece apenas de um lado e o casamento termina. Maria Amélia diz que Deus se faz presente nos momentos felizes: “Eu não dou conta de assistir a uma missa e não comungar, sendo que Deus é amor”. Ela destaca que tanto ela quanto seu companheiro Márcio, após conversarem com um padre pedindo uma opinião sobre receber ou não a eucaristia, passaram a comungar normalmente, ainda mais felizes. Um casal um pouco diferente, mas que também passa por essa situação, é Junia Alves, 45, e Ademir da Silva, 47, juntos há 13 anos. Ademir já foi casado, divorciou-se e casou-se novamente com Junia, que era solteira. Antes de confessar, Junia não comungava; porém o padre disse que ela não vivia em pecado, pois era uma mulher solteira antes de se casar. “É uma outra chance de tentar ser feliz. Ou você vai viver infeliz com uma pessoa porque a Igreja te condena?”, questiona Ademir, ao falar sobre o divórcio. Ambos são muito felizes com a relação que mantêm com Deus e com a Igreja. Ademir, mesmo sem comungar, acredita que Deus se faz presente em sua vida. Carlos Roberto, 51, e Maura Alves, 50, casados há 27 anos, defendem que os divorciados tenham direito à eucaristia da mesma forma que as outras pessoas. “Mais do que certo; se Jesus veio para acolher os pecadores, os humilhados e os que estão perdidos, porque ele não acolheria uma pessoa que foi infeliz no seu casamento?”, indaga Carlos. Maura é mais conservadora: acredita que a vida matrimonial, por mais difícil que seja, tem que ser construída para poder se afirmar e é indispensável fazer tudo para manter a relação. “Acredito que o casamento deve ser para a vida toda”, comenta. O papa Francisco, com sua declaração, destaca que as pessoas têm que acolher a todos, independentemente do que sejam, porque, para Deus, todos são iguais. Com essa mensagem, Francisco pede mais amor entre todas as pessoas.
Apelidos e nomes inusitados podem constranger LARISSA ANDRADE 1º PERÍODO
Abecê Nogueira, Facebookson, Maiquel Edy Marfy, Aberta Demais De Oliveira, Salvador Das Dores, Getúlio Subirá, Ácido Acético Etílico Da Silva, Bucetildes Fernandes, Vitor Hugo Tocagaita e Antônio Prematuro. Esses são alguns dos milhares de nomes constrangedores que constam da lista do IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística) nos últimos 100 anos. Não há como se discutir: o nome é a primeira característica que define o cidadão. Os documentos e números vêm posteriormente, mas o primeiro registro é o que o acompanha durante toda a vida, exceto em casos de mudança de nome causada por motivos que as autoridades reconhecem como plausíveis ou problemáticos. Segundo a psicóloga Juliana Fróis, do Instituto Eros Gustavo, a influência do nome na vida social e cultural do individuo é de extrema importância. “O nome é a primeira definição que ganhamos, por isso precisa ser devidamente pensado antes do registro oficial, pelos pais. Em alguns casos, os pais escolhem para os filhos os nomes que gostariam de ter, mas se esquecem de pensar nas consequências que a nomeação pode gerar na vida da criança.” A psicóloga disse que, geralmente, o constrangimento com o nome surge na fase escolar infantil, na qual pode haver consequências “como o isolamento da criança, o questionamento contra os pais pela escolha do nome indesejado e até mesmo a escolha de um apelido para substituir o nome.”
Porém, também existem casos em que o apelido toma o lugar do nome, naturalmente. Isto aconteceu com pessoas como Maria Ines Barbosa, conhecida como Dayse; Geralda Romana, Ângela e a comerciante Juliana Souza, Ana. Elas só usam o nome de batismo nos documentos. No mais, só os apelidos. Quase sempre são irmãos pequenos que geram os apelidos. Foi o caso de Juliana e de Dayse ; Ângela inventou o seu: nunca gostou de se chamar Geralda. “A autoestima também é um dos fatores definidores do significado que a criança dá ao nome. Aquele que tem uma boa autoestima tende a ignorar as brincadeiras de mau gosto com o nome e não deixa que isso vire motivo de constrangimento. Já aquele que não desenvolve uma boa autoestima, tende a se constranger com mais facilidade”, ressalta Juliana Fróis. O casal Jaciana Ferreira e Wilerman Ricardo está à espera de seu segundo filho, uma menina: Maria Júlia. Para eles, escolher o nome de uma criança é uma responsabilidade enorme. Acham que o principal critério de escolha é o significado. “Acredito que o nome e o seu significado acabam inflenciando bastante a personalidade da criança”, disse Jaciana. “Selecionamos vários nomes e, à medida em que fomos analisando os significados, fomos riscando os outros até chegarmos ao escolhido”.
rente, mas ao longo do tempo passou a aceitar o nome e não se importa mais com as brincadeiras. “Até hoje fico feliz por ser o único Cádmo da chamada da faculdade, meus amigos me conhecem. Sinto que é um nome que me define e me deixa único”, conta o estudante. Seu nome se refere ao elemento químico de número 48 da tabela periódica, Cádmio. “Todos me perguntam se meus pais são químicos e a resposta é sempre não”, conta Cádmo explicando à escolha inusitada de seus pais. “A maioria das pessoas não entende meu nome e eu preciso repetir várias vezes, ou soletrar, até que entendam; mas, fora isso, é tranquilo”, diz. Há casos em que o constrangimento causado pelo nome é tão grande que a pessoa sente necessidade de mudar, oficialmente, o seu nome. Segundo a professora de Direito Civil e juíza do Trabalho,
Taisa Macena de Lima, “a lei de registros públicos (Lei 6.015/73) traz a possibilidade de alteração do nome, mediante uma autorização judicial. A autorização depende da admissão pela Justiça, dos motivos que podem levar à necessidade de mudança do nome, desde que não se prejudiquem os sobrenomes familiares”. O artigo 56, da Lei, prevê o pedido de autorização até o primeiro ano após a maioridade, de 18 anos. Se for pedida fora deste prazo, a mudança de nome só será feita mediante ação judicial específica. Segundo a Constituição Federal do Brasil, a mudança de nome é permitida para incluir substituição por apelidos públicos notórios, corrigir erro de grafia no nome de batismo, exposição da pessoa ao ridículo, mudança de sexo, homonímia (nome igual de outra pessoa), adoção ou em casos de ameaça a vítimas ou testemunhas.
IDENTIDADE
Contudo, existem casos nos quais os nomes, apesar de serem diferentes, não constrangem. É o caso do estudante de engenharia mecatrônica, Cádmo Rodrigues. Ele conta que, na infância, se sentia incomodado por ter um nome tão dife-
A tabela períodica foi inspiração para os pais de Cádmo
Larissa Andrade
maio.2016 . jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminasjornalmarcolaboratório
Entrevista
LAURA CAPRIGLIONE
Jornalistas livres têm espaço O currículo é extenso. Trabalhou por dez anos na Folha de S. Paulo como repórter, sete anos como editora executiva na revista Veja e sua dedicação ao jornalismo propiciou-lhe o prêmio Esso de Reportagem, em 1994, com a matéria “Mulher, a grande mudança no Brasil”. A firme e decidida jornalista, Laura Capriglione, uma das integrantes da rede Jornalistas Livres se dedica a contar histórias de maneira diferente, praticando verdadeiro “jornalismo de guerrilha”, a favor da informação honesta e ética ao público. Pioneiros na agilidade da contranarrativa, os Jornalistas Livres expandem sua rede pelo Brasil e configuram um grande grupo em busca da liberdade de expressão e da democratização dos meios de comunicação. BÁRBARA SIER 5º PERÍODO
não é dado o direito de escrever uma narrativa independente; achamos importante essa marca da liberdade. Decidimos, também, fazer a defesa intransigente da democracia, dos direitos humanos e dos direitos sociais. Portanto, não admitir nenhum retrocesso nos direitos sociais, nem humanos. E, desde então, a gente está intervindo nessas manifestações. Além da questão politica, cobrimos muito a questão indígena, dos quilombolas, das escolas secundaristas. Dentro desses nortes editoriais fomos cobrindo o que aparecia na conjuntura.
Laura, como você define os Jornalistas Livres? É um coletivo, um site de comunicação? Jornalistas Livres é um negócio meio indefinível. Ele começou como um grupo de jornalistas que se juntaram no dia 12 de março do ano passado. Portanto, é um negócio que tem pouco mais de um ano e nasceu com a ideia de que a gente precisava fazer uma contranarrativa do que a grande mídia estava falando, já que ela, a grande mídia, virou um partido político. Ela faz campanha política abertamente. É um trabalho voluntário? Por enquanto é. Nós fizemos uma camHoje, por exemplo, está voltada à derrupanha de arrecadação logo em maio. bada do governo Dilma. E são bem arTínhamos dois meses de vida quando ticuladas: a Veja publica uma denúncia, pensamos visibilizar alguma forma de fio Jornal Nacional repercute. Na semana nanciamento. Por exemplo, em Mariana. seguinte fica todo mundo falando a mesPara custear as viagens, uma sede, equima coisa, mesmo que não tenha prova. O pamentos básicos, que no nosso caso são resultado é que a gente está assistindo, celulares que funcionam como um tudo – desde um ano atrás, um problema políé por ele que a gente filma, edita – e, entico maximizado por toda essa mídia que fim, para comprar equipamentos básicos é chamada, inclusive, de golpista. No e viabilizar o trabalho, nós fizemos um ano passado, a gente pensou que tinha financiamento coletivo. A ideia inicial que juntar os jornalistas que desejavam era arrecadarmos R$120 mil e conseguifazer uma narrativa de outro jeito, para mos R$150 mil. Agora nós vamos abrir enfrentar quem, realmente, estava disum outro financiamento. A ideia é de que, posto a derrubar o governo. Aos poucos aos poucos, comecemos a remunerar as a gente conseguiu puxar o fio da meada pessoas que trabalham conosco. Jornapra saber quais são os interesses, de fato, listas Livres é uma ideia que está dando que existem por trás da derrubada da Diltão certo que, só no Facebook, a gente ma. Por exemplo, a gente sabe que há atinge 20 milhões de pessoas. São 20 midois projetos no Congresso Nacional pra lhões de timelines impacacabar com os direitos tadas pelas publicações da trabalhistas completapágina. É um alcance que mente. Aí começamos qualquer jornal do mundo a entender porquê eles gostaria de ter. O nosso querem acabar com a alcance hoje é maior que Carteira de Trabalho, Jornalistas Livres o da Folha de S. Paulo. E com o décimo terceiro é uma ideia que é um negócio bem novisalário, com uma série nho. Eu não acho que seja está dando tão de conquistas, como a mérito só nosso: é que as jornada de oito horas certo que, só no pessoas estão tão cansade trabalho, o direito Facebook, a gente das da mentirada que está ao horário de almoatinge 20 milhões acontecendo dentro da míço. Por incrível que de pessoas. dia tradicional que estão pareça, tem um cara procurando outras fontes, que chama Benjamin outras narrativas. Steinbruck, que deu uma entrevista à Folha de S. Paulo dizendo que é um absurdo o Como é formada a Estado interferir nesse negócio de horá- equipe dos Jornalistas Livres? rio de almoço. Porque nos Estados UniÉ tudo muito fluido. Se tem um grande dos, onde o Estado não intervém, o cara ato público, como a votação do impeachsegura a caneca do café com uma mão e ment, em Brasília, vários de nós vamos com a outra ele continua vendendo, opeparticipar da cobertura, tanto de um lado, rando o caixa. Por que isso não pode funquanto de outro; como é do nosso feitio, cionar no Brasil também? Logo, está em cobrimos tudo. Lá estavam vários Jornacurso uma tentativa de desregulamentar listas Livres, não só de São Paulo, mas tudo para passar por cima de direitos. de Belém, Manaus, Pernambuco, Minas Percebemos, então a necessidade de Gerais, Paraná. Nessas coberturas imporjuntar jornalistas, em São Paulo, egrestantes, junta-se um monte de gente. Nós sos dos grandes veículos, para começar organizamos tudo pelo chat. Temos uma a contar uma história diferente da que a reunião semanal presencial, porque é imgente via na mídia. E fazer reportagem. portante a gente se conhecer, ter olho no Porque o que a gente via é que tinha um olho. É importante pra discutir e brimonte de blogs tentando falar a verdagar, também. Tem briga, mas de, mas blog não faz reportagem. Então é amorosa porque todo o cara fica na casa dele, em geral, aí lê mundo está intereso jornal e escreve uma análise. Mas ele sado em construir não vai pra rua cobrir os fatos. A gente esse negócio. acha que a reportagem é o segmento mais A gente tem nobre da vida de um jornalista. Ela é, de um monte fato, a razão de ser de um jornalista. A de artistas, ideia foi ir pra rua pra contar o que estava não só joracontecendo. Foi aí que construímos esse nalistas. coletivo, voltado à apuração e cobertura Temos um das mobilizações tanto da direita, quannúcleo de to da esquerda. Fomos cobrir, por exempalhaços, plo, as manifestações dos “coxinhas”, da de atores, direita, com a mesma tranquilidade que artistas de a gente foi cobrir a manifestação da esgrafite e querda. Porque o objetivo era mostrar o pique estava, de fato, em jogo nas duas manifestações. Começamos assim. Na segunda reunião, decidimos estabelecer os princípios editoriais. Definimos o nome, “Jornalistas Livres”, por oposição aos “jornalistas presos” – os que trabalham na grande mídia e a quem
chação que também trabalham no Jorna- Você comentou a cobertura do listas Livres. Por exemplo, em Brasília, processo de impedimento da esse grupo de artistas foi pra fazer uma presidente Dilma Rousseff pela série de intervenções na barreira que revista Veja. Como você analisa eles colocaram para separar pessoas pró a cobertura da Folha de S. Paulo? e contra o impeachment. Trabalharam De todos os veículos, a Folha é o mais até a hora em que a polícia afastou todo “oxigenado”. Você tem um articulista mundo. Enfim, temos grupos que fazem como o Guilherme Boulos, um particiintervenções e trabalham junto com a pante do MST (Movimento dos Sem Tergente. Nos chats, a gente chegou a ter ra) que escreve e é de um lado. Porém, mais de 100 pessoas discutindo o tempo tem uma diferença: o Hélio Schwartsman inteiro. Cada cidade se organiza de um dizia que a Folha é um jornalismo em rujeito. Em São Paulo é semanal, em Miínas cercado por todos os lados, de tantas nas eu acho que é semanal também, as colunas que tem no jornal. Eu não acho reuniões são no Sindicato dos Jornalistas; que o jornalismo da Folha seja ruinoso, no Pará, é na Universimas em um certo sentido dade Federal do Pará. ele entrou demais na narEnfim, cada núcleo rativa do golpe sem dar dos Jornalistas Livres atenção ao que os movié autônomo. Não são mentos sociais estão falansucursais de São Paudo. Eu acho que a Folha A gente acha que lo. Cada núcleo tem já foi muito mais atenta autonomia e não uma a reportagem é o a tais movimentos. Por relação de subordiseguimento mais exemplo, no movimento nação a São Paulo. A das Diretas Já, a Folha ounobre da vida de ideia, inclusive, é que via a sociedade civil. Hoje um jornalista. se respeite as formas não existe uma escuta do Ela é, de fato, a locais de organização. que a sociedade civil está Estamos querendo inrazão de ser de desejando, reivindicando. troduzir um grupo na Virou uma cobertura muium jornalista. periferia de São Paulo to enviesada. Mas eu ree que ele se inspire na forço: é a melhor, porque métrica da poesia de tem pessoas muito boas, periferia, que é dada pela cultura hip-hop. como a Mônica Bergamo, que faz um A ideia é que a gente reflita as culturas jornalismo de qualidade mesmo. Isso não locais. Em Belém, por exemplo, há um se encontra na Veja, não há hipótese de se jeito de contar história completamente encontrar uma contranarrativa. Então, eu diferente. Não queremos que as pessoas acho que ela poderia fazer mais. Mas, em fiquem limitadas a um manual de redaum universo tão irrespirável, no qual se ção. Isso é muito pobre, do nosso ponto transformou a mídia tradicional, ela ainde vista. Fundamental é refletir aqueles da é um dos melhores veículos. atributos básicos do jornalismo: a credibilidade, o contraditório, a ética, a che- Você acha que a mídia indepencagem rigorosa. Tudo isso vale, mas a dente é uma alternativa para os forma de expressão tem que ser a mais novos e futuros jornalistas? variada possível. O desafio que temos pela frente é tornar O Jornalistas Livres tem alguma inspiração ou ligação com a Mídia Ninja? A Mídia Ninja é um movimento que a gente respeita muito. Inclusive, no começo, tínhamos vários membros deles. Aqui, em Minas Gerais, tem muito. Há uma participação deles, mas também de outros coletivos. Nós somos uma rede, não temos um formato muito definido. E gostamos de ser isso, um monte de gente juntando esforços para contar a história de outro jeito. Mas não somos só mídiaativista; queremos ser jornalistas, produtores de textos com as características do jornalismo que tem sido tão violentadas pela imprensa tradicional. Eu fui editora executiva da revista Veja por sete anos. O que eu vejo no que aquela revista se transformou é um crime. A revista virou um panfleto político; aquilo não é mais jornalismo, na concepção mais elevada do termo. Tanto é que, se formos analisar a cobertura do golpe, vemos a imprensa internacional inteira criticando a mídia brasileira. Portanto, não estamos falando de “eu não sabia”; estamos falando de alguns erros que nós, jornalistas livres, estamos criticando desde o ano passado. Falamos do que se vê da situação política brasileira, no New York Times, no The Guardian e várias das melhores publicações do mundo. Todos, também, criticando a partidarização da mídia tradicional brasileira. A gente ficou feliz porque vimos que não estamos falando sozinhos: tem outras pessoas vendo e falando da mesma coisa.
isso sustentável. E tornar sustentável significa, de fato, conseguir fazer com que as pessoas sejam remuneradas com dignidade por esse trabalho. Hoje, os Jornalistas Livres vivem na base, quase, de voluntariado. No entanto, é bom que o jornalismo seja uma profissão bem remunerada para que alguém trabalhe com exclusividade nisso, para ter pessoas que apurem bem as notícias, escrevam com qualidade e informem da melhor maneira possível. Portanto, ser uma profissão não é só um desejo. Ser uma profissão é uma condição para poder fazer um bom jornalismo. Por enquanto, nós estamos fazendo um jornalismo de guerrilha. Esse que é o nome. Mas eu acho que o grande desafio é conseguir viabilizar isso como um modelo de negócio. Se isso acontecer, eu não tenho dúvida de que vire uma alternativa para a qual existe uma demanda gigantesca das pessoas por uma narrativa diferenciada. A mídia no Brasil é muito concentrada: são apenas seis famílias que controlam toda a emissão de notícias. São poucas vozes. Nos Estados Unidos, França, Alemanha, por mais que a gente veja uma tendência a uma concentração, há múltiplos “players”, múltiplos pontos de vista. Aqui não se tem uma imprensa comunitária forte e vigorosa, como nesses lugares. Nossa grande tarefa é viabilizar isso. Nós temos, dentro dos Jornalistas Livres, um grupo de tecnologia que está interessado em desenvolver este negócio de alguma forma. Porque se conseguíssemos um meio de, a cada curtida, a pessoa doar R$1,00, ninguém ia ficar pobre e a produção seria viabilizada. Por exemplo, num post com 10 mil curtidas, vários compartilhamentos e um monte de comentários teríamos uma bela renda. Nós estamos muito interessados em criar essas ferramentas que permitam que entre recurso para que se possa contratar mesmo novos profissionais. Então, eu não vou trabalhar de graça, vou trabalhar remuneradamente e podendo dedicar meu tempo a esta produção. A economia não admite vácuo: se há uma demanda, alguém vai preencher a necessidade identificada. Nós estamos trabalhando fortemente nisso, descobrindo como as pessoas podem pagar por informação de qualidade em nível justo.
Marianne Fonseca