Jornal Marco #330

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NILMA LINO GOMES, EX-MINISTRA DO GOVERNO DILMA, FALA SOBRE ESTRATÉGIAS PARA SUPERAR DESIGUALDADES RACIAL E DE GÊNERO

Ana Luísa Santos

José Cruz/Agência Brasil

Igor Batalha

REFORMA DO ENSINO GERA POLÊMICA E NINGUÉM SABE COMO IMPLEMENTÁ-LA SEM PREJUÍZO PARA OS JOVENS.

ESTUDANTES DECIDEM BUSCAR NOVAS FONTES DE RENDA PARA AJUDAR SUAS FAMÍLIAS NESTE MOMENTO DE CRISE

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marco Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo . Faculdade de Comunicação e Artes . PUC Minas . Ano 44 . Edição 330 . Junho . 2017

leia ainda

Bombeiras enfrentam machismo Uma profissão que exige coragem e preparo físico foi vista por muito tempo como exclusiva dos homens. Entretanto, as mulheres são presença cada vez mais forte no Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. Elas ocupam cargos importantes e provam que gênero não influencia a competência profissional. A feminilidade também é sinônimo de bravura e eficiência. Página 8

Acesso à Justiça é difícil e demorado

O acesso à Justiça é um direito garantido a todo cidadão pela Constituição Federal. Mas, na prática, ele é desigual para ricos e pobres. O poder de reconhecer direitos, inerente à Justiça, esbarra em preconceitos, deficiências estruturais e alto custo dos processos. O sistema pede mudanças que reduzam as desigualdades e permitam que os pobres tenham oportunidades iguais de respeito aos seus direitos de cidadãos. Página 3

Ana Luisa Santos

Idade não é empecilho para o amor Diferentemente do que muita gente acha, a idade não é impedimento para o amor. Contudo, ainda é presente o preconceito relativo aos casais com muita diferença de idade, no nosso país. É preciso entender o que homens mais velhos com mulheres mais novas ou vice e versa enfrentam todos os dias, na vida cotidiana, para viver os seus sonhos. Página 9

Igor Batalha

MST projeta imagem positiva com agroecologia rentável O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é reconhecido como o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. O cuidado com o ambiente e o uso reduzido de aditivos químicos são diferenciais da produção dos assentamentos. O movimento luta por questões que vão além da Reforma Agrária, problematizando também a educação, cultura, cidadania e a forma como a sociedade se organiza. Página 11

Reprodução


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m editorial

Reformas devem respeitar o povo Ana Clara Carvalho 8º Período

Nesta edição, o MARCO termina uma série de reportagens sobre as reformas em processo de votação no Congresso. Desta vez, o tema é a Reforma do Ensino Médio. A reportagem trata das mudanças relativas, principalmente, à grade de disciplinas e à metodologia de ensino, caso seja implementada. Essa decisão do governo Temer foi das mais criticadas pela população, causando indignação principalmente dos profissionais da educação, por não ter sido discutida e analisada amplamente. A matéria mostra os pontos positivos e negativos da proposta, além de explicar quais são os riscos deste modelo de ensino para os jovens estudantes. Agora, o jornal inicia uma nova série sobre o acesso à Justiça no Brasil. Trata-se de uma questão grave que constitui um dos maiores problemas do país. A primeira reportagem trata da dificuldade de acesso para quem é carente. Este número também traz uma matéria sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que a grande mídia trata como extremista, creditando-lhe, sempre, pontos negativos. O MARCO mostra outro ângulo, agora que o Movimento foi reconhecido como o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Do ponto de vista da comunidade, há uma matéria sobre o antigo Cine Pax, no bairro Cachoeirinha. A reportagem mostra como ele foi importante para a comunidade, pois era um espaço que as pessoas tinham para se divertir nos finais de semana com a família e amigos. Porém, pouco se sabe sobre sua história. Após esta edição, parte da equipe de monitores está deixando o laboratório. Agradecemos aos leitores que nos acompanharam durante um ano. Saímos felizes por ter adquirido conhecimento e capacidade de escrever cada vez melhor. Nos dedicamos e vamos levar a lembrança dessa experiência para a vida, além da amizade que construímos. Aprendemos muito uns com os outros e deixamos aqui nosso agradecimento. Valeu, time! É com esse clima de férias que nos despedimos e desejamos a todos uma boa leitura!

OPINIÃO CRÔNICA - Dia dos namorados

Lembranças de ti contro ou momento específico, só ficou ali, marcando presença. Eu não sei o que fazer com você ou com as memórias; elas deveriam ser apenas lembranças. Mas, de alguma forma, elas são o presente em minha cabeça, mesmo depois de todo esse tempo, de tudo que já aconteceu… Eu queria não lembrar de você a cada vez que eu entro no carro para ir ao shopping. Eu queria não lembrar de você sempre que escuto e danço aquela música. Eu queria não lembrar dos sorrisos, dos olhares, dos beijos e dos toques. Eu queria que você fosse embora, mas temo que somente os personagens da minha série não sejam suficientes para mim. É melhor você ficar, ser o personagem em minha mente que me faz companhia em dias como esse, que o céu está cinza, assim como meu humor. Porque quando você aparece, alguns raios de sol perpassam as nuvens e o cinza vai ganhando um pouco de cor.

Gabrielle Monteiro 3º Período

Eu não sei porque depois de tanto tempo você ainda aparece em minha mente. Mesmo quando estou distraída, de alguma forma, você se faz lembrar. Como aquela vez em que eu ouvi a música que você me apresentou, ou aquela outra em que eu aprendi a dançar porque você não parava de cantar… Teve o dia em que fui ao cinema e imaginei seus braços ao meu redor e o calor do seu corpo aquecendo o meu ou quando eu estava dirigindo pelos lugares que a gente passou… É incrível, mas tem dia que eu fecho os olhos e enxergo os seus; alguém conta uma história e ouço sua risada e logo me lembro de seu sorriso que, como sempre, também faz-me sorrir. Hoje o dia não está bom, nem mesmo a série que eu amo assistir está me animando e, para completar, você surgiu em minha mente, mais uma vez. Mas você não fez nada, não me lembrou de nenhum en-

CRÍTICA

Exposição Entre Nós é um mergulho na humanidade Ana Beatriz Dias Diego Paranhos Inessa Agda 1º Período de Relações Públicas

Através de uma parceria entre o Centro Cultural do Banco do Brasil e o Museu de Arte de São Paulo, a exposição “Entre Nós: A figura humana no acervo do Masp” traz, a Belo Horizonte, parte do maior acervo de arte da América Latina, em uma proposta de experiência estética que rompe com as barreiras do tempo. A representação da figura humana é o tema que “amarra” as diferentes obras e constrói um diálogo entre elas. É possível perceber as transformações nas maneiras com que os artistas apresentam suas imagens dos homens e da sociedade contemporânea, desde o período pré-colombiano até os dias atuais. São mais de cem obras organizadas em cinco partes didáticas. A primeira traz uma abordagem religiosa da figura humana. A segunda en-

volve retratos pintados e seu uso político para legitimar figuras poderosas. A terceira abriga o corpo e o estudo da sua forma. As duas últimas apresentam a guinada moderna na representação pictórica em obras dedicadas a mostrar trabalhadores e pessoas humildes, bem como a quebra de convenções de figuração, experimentação cara ao Modernismo. A mostra é uma ótima oportunidade para ver de perto grandes nomes da pintura como Van Gogh, Manet, Renoir e Picasso, e brasileiros como Anita Malfatti e Cândido Portinari. O acervo, bastante rico e plural, conta também com fotografias da artista brasileira contemporânea Cláudia Andujar, famosas esculturas de Degas, entre outras. A exposição está disponível para visitação gratuita até o dia 26 de junho, de quarta a segunda-feira, das 9 às 21h.

m expediente Jornal MARCO Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br | e-mail: jornalmarco@pucminas.br Rua Dom José Gaspar, 500 | CEP 30.535-610 | Coração Eucarístico Belo Horizonte | MG | Tel: (31) 3319-4920 Sucursal PUC São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 | CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel | Belo Horizonte | MG | Tel: (31) 3439-5286 Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Cláudia Siqueira Chefe de Departamento: Profª. Viviane Maia Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Ercio do Carmo Sena Coord. do Curso de Comunicação / S.Gabriel: Profª. Alessandra Girard Coordenador do Curso de Jornalismo (S. Gabriel): Prof. Viviane Maia Editora: Profª. Ana Maria Oliveira Subeditores: Profª. Maura Eustáquia e Prof. Getúlio Neuremberg Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Monitores de Jornalismo: Ana Clara Carvalho, Bruna Curi, Giulia Staar, Marina Moregula e Taynara Barbosa Monitoras de Fotografia: Ana Luisa Santos e Igor Batalha Monitores de Diagramação: Laura Brand e Samuel Lima Apoio: Laboratório de Fotografia e NEP CTP e Impressão: Fumarc - Tiragem: 12.000 exemplares

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fórum dos leitores

Legalize já

Acho bom que os médicos consigam convencer os governos (federal, estaduais e municipais) que parem com a “frescura” e liberem a maconha para fins, principalmente, medicinais. O artigo está bem escrito e verdadeiro. Parabéns. Anna Maria Carrera, aposentada (Salvador – BA)

Razão e sensibilidade

Na última edição do Jornal Marco saíram matérias sobre violência contra a mulher e suicídio. Só tenho a agradecer por ter participado dando entrevista. Em um mundo em que todos falam de transtorno mental, suicídio como uma coisa tão banal, como se uma simples palavra fosse resolver tudo isso, é importante discutir sobre o assunto. Foi gratificante poder com-

partilhar uma experiência tão terrível, mas que pode abrir a mentes das pessoas. De coração, muito obrigada Jornal Marco. Kellen Keiko Shiya, estudante de confeitaria no IGA - instituto Gastronômico das Américas, em BH.

O Marco está melhor que nunca

Tenho percebido que desde o segundo semestre do ano passado, a linha editorial do Jornal Marco mudou e isso fez com que a publicação se tornasse muito mais interessante e informativa para os leitores. Hoje, o jornal investe em matérias investigativas e analíticas, que trazem temas muito importantes, como a legalização da maconha, o assédio, a reforma da Previdência, entre outros. A equipe de monitores está de parabéns! Alexandre Gugilmelli, estudante de jornalismo, 5° período PUC


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CIDADANIA

Acesso à Justiça é direito exercido só por minoria

influenciar ainda mais no acesso à Justiça, pois o sistema foi feito para segregar. Dessa forma, quem não tem dinheiro sofre mais em consequência do sistema penal brasileiro”, diz o advogado. A POPULAÇÃO

A maior parte da população brasileira lida, diariamente, com problemas de acessibilidade jurídica Ana Luísa Santos

Ranier Alves 7º Período

Nas palavras do jurista italiano Mauro Cappelletti (1927-2004), o acesso à Justiça é “o mais básico dos direitos humanos em um sistema jurídico moderno e igualitário, que pretenda garantir, e não apenas proclamar, os direitos de todos”. Para a diarista Eronilde Almeida da Silva, isto não tem sentido: “Quando se é pobre, quem te apresenta à Justiça é a PM; daí os oficiais entram pela porta e a Justiça pula pela janela”. A contradição entre a frase do jurista italiano e o depoimento da cidadã belohorizontina mostra bem a desigualdade de acesso à justiça no Brasil, para quem é carente. A assistência jurídica é um direito previsto no artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Na prática, ele é viabilizado por meio de ONGs e instituições públicas e privadas que prestam serviços de assistência judicial gratuita, como as Defensorias Públicas dos Estados e da União. Entretanto, fatores socioeconômicos e culturais como a pobreza, a falta de conhecimento e o preconceito, aliados a deficiências estruturais, como a insuficiência do número de defensores públicos e a lentidão do sistema judiciário, tornam o acesso à Justiça desigual entre pobres e ricos no país. Maria Emília Naves Nunes, coordenadora do

O problema da morosidade no sistema judicial brasileiro é ainda mais grave no âmbito penal

curso de direito da PUC Minas São Gabriel, explica que a criação de novas diretrizes e regras que fundamentam o direito brasileiro, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, a Lei Maria da Penha, em 2006, entre outros, contribuem para assegurar o acesso à Justiça. A coordenadora diz: “Ainda não chegamos a um patamar de respeitar as classes, mas ações afirmativas demandam tempo para ser totalmente atendidas”. O advogado e professor de direito civil Adriano de Ávila Campos atua há 12 anos no Serviço de Assistência Judiciária (SAJ) da PUC Minas, e lida diariamente com os problemas de acessibilidade jurídica enfrentados pela população carente. Para ele, o acesso à Justiça, hoje, existe em condições melhores do que há dez anos. No entanto, “o problema não é só ele, mas sim, o que ocorre após o acesso. Podemos

dizer, por exemplo, que as ações sob o benefício da Justiça gratuita não tramitam, elas se arrastam”. De acordo com o relatório “Justiça em Números – 2016”, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), relativo aos dados de 2015, a média nacional para a Execução Judicial em 1º grau na Justiça comum dos Tribunais Estaduais é de um ano e 11 meses, e nos Juizados Especiais a execução é de um ano e 8 meses. Já na Justiça do Trabalho, que não conta com juizados especiais, o prazo médio para a Execução em 1º grau é de três anos e 11 meses. Ainda segundo o relatório do CNJ, em 2015 a Justiça do Trabalho acumulou no montante nacional 9.310.718 ações, que contemplam os processos baixados e pendentes nos 26 Tribunais Regionais do Trabalho (TRT). Na Justiça Estadual, os 27 Tribunais Ana Luisa Santos

O sistema segrega a população de acordo com as condições socioeconômicas

de Justiça (TJ), incluindo o do Distrito Federal, somaram 78.946.143 de ações novas ou pendentes. Em Minas Gerais, o número de processos em tramitação no período foi de 785.292 no TRT e 5.858.735 no TJ. Adriano de Ávila alega que o problema da morosidade do sistema judicial brasileiro é ainda mais grave no âmbito do Direito Penal, pois nesta circunstância se lida com a liberdade das pessoas. “Nesses casos, as questões socioeconômicas vão

A vendedora Ana Paula do Nascimento teve uma de suas irmãs presa em 2013, e alega ter sentido na pele o quanto a espera pelo julgamento é prejudicial, tanto para quem está preso, quanto para aqueles que esperam do lado de fora. “A demora é uma tortura psicológica, brinca com os sentimentos da gente. Sei que minha irmã errou, mas somos humanos, temos sentimentos, ela tem filhos que sofreram sem poder ver a própria mãe. Isso fez com que eu me sentisse inútil, pois eu não podia dizer para meus sobrinhos quando é que poderiam ver a mãe de novo”, conta. Em concordância com os dados do CNJ, a população carcerária atual é de 666.251 presidiários, e. destes, 255.430 são presos provisórios que ainda não foram julgados. Em Minas Gerais, o número de presos não condenados corresponde a 46,1% do total de pessoas reclusas no Estado. O artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, prevê que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado

de sentença penal condenatória”. O princípio existe no processo legal, mas não há dispositivos que determinem o prazo máximo que uma pessoa pode ficar presa sem ser julgada. Ana Paula conta, que por ser pobre, ter acesso à Justiça não é fácil: “Mesmo quando você encontra um defensor público ou um advogado que te ajude, às vezes não sobra dinheiro para pagar nem a passagem para ir à Defensoria”. Em relação ao atendimento dos servidores públicos, a jovem alega: “Tem muito funcionário que é gente boa, te acolhe, olha no seu olho, mas alguns tratam pobre feito lixo. O fato da minha irmã ser negra piorou as coisas; dava para ver na forma como olhavam pra ela”. Sobre tal questionamento, o presidente da Adep prefere dizer que: “A Defensoria Pública já exerce um papel muito importante antes mesmo de encaminhar processos. O defensor público é um agente de transformação social, que busca solucionar os problemas do cidadão que o procura. Creio que a ausência do defensor estaria fazendo falta para que os processos tramitem conforme a proposição da Constituição”.

Entenda as soluções extrajudiciais de disputas Métodos simples, informais e flexíveis são utilizados para facilitar a resolução de problemas e beneficiar todas as partes envolvidas. Conheça as principais formas extrajudiciais de solução de disputas: Negociação: os interessados buscam uma alternativa em que ocorram ganhos para ambas as partes, utilizando critérios objetivos e de natureza instantânea. Pode receber a ajuda ou não de um negociador, pois os envolvidos são os verdadeiros agentes negociadores no processo. Conciliação: indicada para casos em que o problema é evidente. Um conciliador é responsável por intervir no conflito, propor um acordo justo e fazer com que ele seja cumprido. É um processo breve e que busca garantir a harmonia e a restauração da relação entre as partes. Mediação: busca restaurar o diálogo entre as partes conflitantes para que, posteriormente, o conflito seja resolvido da melhor forma possível para todos. O método busca a

pacificação da relação entre os interessados O mediador responsável apenas conduz a conversa, sem interferir diretamente no processo. Arbitragem: neste método, as partes têm autonomia para definir a maior parte dos detalhes de um processo. São escolhidos árbitros que podem tomar decisões com os mesmos efeitos jurídicos das sentenças produzidas pelos órgãos do Poder Judiciário. Facilitação do diálogo: busca estimular a retomada do diálogo entre as partes, durante a fase inicial de um conflito de qualquer natureza. Como é considerado ao mesmo tempo um procedimento autônomo e uma fase de outros métodos, a facilitação do diálogo tem incidência sobre todos os outros procedimentos. Aconselhamento patrimonial: destinado a disputas relacionadas a problemas de divisão de patrimônios pessoais ou societários, tendo como base o aproveitamento socioeconômico do patrimônio dos interessados.


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INTERNACIONAL

Terrorismo é ameaça do século XXI Ações terroristas transformaram-se e ganharam novas motivações. Combater os extremismos que os inspiram é um dos maiores desafios do mundo globalizado Elisa Senra Mike Faria 3º Período

Ao longo do tempo, o homem veio se tornando inimigo de si próprio, utilizando todas as armas para atingir seus objetivos e para influenciar outras pessoas a adotar posições que atendam aos interesses proprios ou ude facções. É o caso do terrorismo, um dos maiores desafios do mundo contemporâneo. Ele é praticado, hoje, de forma diferente do passado: hoje é fruto de planejamento e uso de recursos tecnológicos modernos. A definição da palavra “terrorismo” nunca chegou a um consenso nas Nações Unidas. Isso porque, historicamente, os estados autoritários têm designado grupos de resistência como grupos terroristas”, diz Larissa Carneiro, jornalista e mestre em comunicação e estudiosa do Terrorismo. Porém, é possível identificar algumas ca-

racterísticas comuns em atos terroristas. “O terrorismo é uma ação feita por atores políticos nãogovernamentais, visando, objetivamente, atacar civis e interromper a ordem cotidiana com o propósito de promover uma mudança religiosa, política, ou ambas”, diz Larissa, ao comentar sobre o que leva as pessoas a cometer atos terroristas. Ela observa que não existe um motivo só, específica: “As motivações são variadas, como os grupos são variados. Não tem como comparar o Hamas com a Al Qaeda ou com o Daesh ou com grupos terroristas de supremacia branca. O IRA (grupo católico) na Irlanda ou o ETA na Espanha”. Geralmente as motivações são políticas, religiosas e até pessoais. “Cada caso é um caso único. Quase sempre o que temos é uma combinação de diversos fatores diferentes e únicos que acabam “puxando” ou empurrando um determinado indivíduo para

Reprodução Diário do Centro do Mundo

o terrorismo”, diz o professor de Relações Internacionais da PUC, Jorge Lasmar. HISTÓRIA

O terrorismo existe desde a Grécia Antiga, através de grupos que se organizavam e faziam oposição ao governo, realizando atos de revolta. Com o passar dos anos, o terrorismo foi se transformando, ligando-se tanto a aspectos políticos, sociais, quanto religiosos. A ONU, Organização das Nações Unidas, só começou a tratar desse tema em 1972, mas de maneira superficial. Foi apenas depois do atentado de 11 de setembro de 2001 nos EUA que o terrorismo ganhou atenção no cenário mundial e passou a ser tratado de forma mais séria pela ONU. Em 2001 foi criado o Comitê de Antiterrorismo (CAT), que convocou os Estados a prestarem informações acerca de medidas antiterroristas.

Os grupos terroristas são u-m fenômeno complexo e têm peculiaridades regionais

‘‘O terror existe desde que a civilização humana existe. O mundo mudou por conta de um atentado terrorista. O ataque terrorista ‘11 de Setembro’ alterou a lógica política, de informação e de segurança do mundo. O 11 de Setembro nos mostrou que o terror pode o mudar o mundo e consequentemente, as ações de atores políticos. Nesse processo, o terror também se reinventa. O Estado Islâmico

ou Daesh (como eu prefiro chamar) é um exemplo desse dinamismo’’, explica Larissa, para ela é importante discutir o tema, ainda mais no cenário atual, para conhecer suas origens e seus efeitos para o mundo. Combater o terrorismo é algo difícil e complexo. “Sem dúvidas, o Estado tem o dever de proteger seus cidadãos, mas a linha entre a defesa dos indivíduos e o

abuso de seus direitos fundamentais é bastante tênue. Da mesma maneira, o terrorismo é um fenômeno complexo, não homogêneo, e apresenta importantes variações e peculiaridades locais e regionais”, afirma o professor Lasmar. Ele acredita que: “Deveria haver um maior enfoque no combate à ideologia dos grupos que empregam terrorismo”.

Ex-aluno da PUC faz carreira internacional Arquivo Pessoal

Ricardo Malagoli 7º Período

O nome parece de estrangeiro, mas o jornalista Richard Furst é brasileiro. Nasceu em BH e morou boa parte de sua vida em Sabará. O histórico município tem um lugar especial no coração do jornalista que, volta e meia em entrevistas e palestras, a ele se refere com carinho. A cidade marcou suas memórias de infância: a simplicidade do povo, a riqueza de seu patrimônio, as ladeiras, rio e pontes. Mas foi, em países politicamente instáveis do norte da África e do Oriente Médio, que o jornalista, alcançou notoriedade. Furst foi correspondente internacional de importantes emissoras de rádio e TV antes de completar 30 anos. Na PUC Minas, unidade São Gabriel, Furst fez sua graduação em Comunicação Integrada, adquirindo conhecimentos de várias áreas da comunicação. Durante o curso, ele aproveitou cada oportunidade de qualificação técnica e prática que a universidade proporcionou-lhe. “Todo estudante de comunicação que queira construir uma carreira de sucesso precisa despertar, ainda na graduação, para o fato de que a vida universitária é o mo-

Furst é correspondente internacional em áreas instáveis mento de produzir portfólio”, recomenda. “Desde o primeiro período eu já escrevia para o jornal Marco”. Furst foi monitor do laboratório de vídeo da PUC São Gabriel. Lá, iniciou sua experiência com a produção para TV e teve os primeiros contatos com técnicas de filmagem e edição de vídeos. Mais tarde, foi estagiário da PUC TV. Por meio de parcerias firmadas pela Assessoria de Relações Internacionais da PUC Minas com universidades do exterior, Furst cumpriu um intercâmbio na Universidade Católica do Chile, detentora de um dos melhores cursos de Comunicação Social da América Latina. Cursou disci-

plinas de especialização em crítica cultural e pôde aprimorar sua prática com o espanhol, que hoje fala fluentemente. Essas experiências permitiram-lhe conseguir seu primeiro emprego em 2010, logo após ter formado, como repórter da Rede Minas. “Foi uma experiência muito boa, mas fiquei poucos meses na emissora. No mesmo ano, surgiu uma oportunidade para trabalhar para uma das maiores emissoras de rádio de Santiago, a rádio Cooperativa”. Esse foi um resultado dos contatos durante seu intercâmbio na Universidade Católica. A emissora chilena contratou-o para cobrir eleições no Brasil, quando Dilma Rousseff foi eleita,

pela primeira vez, presidente da República. Passadas as eleições, Furst foi contratado pela rádio CBN de BH. A emissora procurou-o após ter acesso a conteúdos produzidos por ele quando ainda era estudante da PUC. No novo emprego, Furst cobriu pautas de cultura, política e cidades, tendo o privilégio de entrevistar figuras como Gal Costa, Maria Betânia e Aécio Neves. “Para mim, essas experiências foram equivalentes a uma segunda universidade”, ressalta. DESAFIOS NO EGITO “A essa altura, eu tinha só 20 e poucos anos e estava conseguindo fazer tudo que eu tinha planejado conseguir durante a graduação. Por isso, eu me propus um desafio: participei de um processo de seleção da Cairo University, no Egito, para dar aulas num projeto de extensão, no qual, estrangeiros lecionavam sobre a cultura de seus próprios países”, conta Furst. A experiência no Cairo ocorreu em um contexto da instabilidade política iniciada com a “Primavera do Cairo” que derrubou, com protestos, greves e ocupação da simbólica Praça Tahir, o ditador egípcio Hosni Mubarak, em 2011. “Logo que coloquei os pés

no Cairo, percebi o quanto seria complicado viver ali. O calor da cidade era muito maior do que eu esperava. Eu não tinha sequer um conhecimento básico do idioma falado. As pessoas da universidade, que haviam combinado de me buscar no aeroporto, não apareceram. Precisei me virar”, relata o jornalista. Pouco tempo depois, uma experiência traumática tumultuou a vivência de Furst no país: “Eu e outros amigos estrangeiros do projeto de extensão da Cairo University decidimos acompanhar uma manifestação na Praça Tahir, em que os manifestantes exigiam a queda de Mohamed Morsi. Naquele momento, Morsi era o novo presidente eleito do país, ligado à Irmandade Muçulmana. Em plena praça pública, ocupada por manifestantes, uma amiga estrangeira, participante do mesmo projeto de extensão que eu, foi vítima de um estupro coletivo em frente de mim e de outros amigos. É difícil falar sobre isso, foi algo que nos traumatizou muito”. A vítima precisou passar por cirurgias, por consequência da gravidade dos ferimentos causados pelos agressores. Isto fez com que vários participantes do projeto decidissem voltar para

seus países de origem. “Eu, no entanto, continuei por mais um mês, até conseguir um contrato com a rádio CBN como correspondente internacional no Cairo”. Furst entrava ao vivo na programação da rádio ao menos quatro vezes ao dia, com informações sobre os eventos políticos do Egito. De volta ao Brasil, trabalhou durante um curto período como tradutor e logo viajou novamente. Dessa vez, para Jerusalém, em Israel. Nessa nova empreitada, Furst foi correspondente internacional para o SBT e para a Rádio França Internacional, agência conhecida pela sigla RFI, que alimenta muitas emissoras de rádio, em todo o mundo, com pautas internacionais. Morando em Jerusalém, Furst viveu alguns dos seus maiores desafios como jornalista. Cobriu conflitos na Faixa de Gaza e na Palestina. Produziu matérias sobre o patrimônio histórico e as manifestações religiosas de Israel. Escreveu, ainda, sobre a cidade Tel Aviv, segunda maior cidade de Israel, onde pessoas LGBTs vivem num raro reduto de tolerância e liberdade, livres da violência homofóbica que impera em tantos lugares do mundo.


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5 EDUCAÇÃO

Reforma no Ensino Médio preocupa alunos e educadores A possível mudança na metodologia de ensino elimina conteúdos, privilegia o enfoque instrumental e vai mexer com as estruturas das escolas Kívia Morrana Francielle Laudino 1º Período

A Reforma do Ensino Médio, realizada por meio de Medida Provisória no início deste ano, é uma das decisões do governo Temer mais criticadas. As mudanças causaram indignação entre profissionais da educação, principalmente por não ter havido diálogo com eles nem com a população durante a formulação da proposta, cujas consequências “são totalmente danosas”, segundo eles. A Reforma muda a metodologia de ensino, elimina conteúdos, privilegia o enfoque instrumental e vai mexer com as estruturas das escolas de todo o país. O Novo Ensino Médio vai se pautar pelo que foi estabelecido na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que padroniza o que será ensinado em todas as escolas, da educação infantil ao nível médio, no Brasil. No caso do ensino médio, estão incluídas na BNCC apenas as disciplinas obrigatórias: português e matemática, compondo 60% da grade

curricular. Os outros 40% são chamados Itinerários Formativos, constituídos por matérias como geografia, história e química que foram remanejadas por áreas do conhecimento. Cada aluno deve escolher uma entre as cinco opções que serão: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais aplicadas, ou curso técnico. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), um dos principais objetivos dessas mudanças é deixar o ensino mais flexível, de maneira a torná-lo mais atraente para os jovens. Para o estudante do ensino médio, Luis Gustavo,17, da Escola Estadual Hermenegildo Vilaça, a reforma vai direcionar melhor os estudos. “Eu acho desnecessário os alunos terem que aprender matérias que não vão fazer parte da vida dele depois, na faculdade” Já a estudante de economia, Lucidi Santos, pensa diferente. “Discordo, porque eu acho que é muito complicado você escolher uma área de atuação quando está entrando no ensino médio, sem saber direito que profissão vai escolher. Eu escolhi uma área de atua-

As alterações da LBD (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) aprovadas no dia 31 de maio definem: Não serão mais obrigatórias as disciplinas de Sociologia, Filosofia, Artes, Educação Física, Música e também o ensino sobre Cultura Afrobrasileira. Não serão mais garantidos pelo Estado a gratuidade e universalidade do ensino público básico (tanto no fundamental quanto no médio), e a educação infantil para todos.

RNO TEMER E EU GOVE

ção quando tinha 14 anos, e ela não tem nada a ver com o que eu faço hoje”, diz. MEDIDA PROVISÓRIA A medida provisória (MP) é um instrumento usado pelo presidente da República para aprovar leis em regime de urgência. A MP entra em vigor com a sua publicação; a partir daí, o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) tem um prazo de 120 dias para votá-la, aprovando-a ou não. Se a votação não ocorrer neste prazo, ela perde seu valor. A urgência da medida foi vista por muitos como uma atitude autoritária, que não levou em consideração questões que já estavam sendo debatidas no Conselho Nacional de Educação. Segundo Valéria Morato, presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais, não houve consulta à sociedade. “Essa reforma do ensino médio ignorou as discussões sobre o tema nos fóruns e conferências de educação”. O pedagogo e doutor em educação pela PUC de São Paulo, Theodoro Adriano Costa Zanardy, também criticou a maneira como a mudança foi feita: “Devia ter sido através de um projeto de lei, após um debate com os segmentos envolvidos com amplo conhecimen-

to da sociedade”, Por outro lado, a Secretaria de Educação de Minas Gerais, promoverá discussões abertas à sociedade sobre os fundamentos da Base Nacional Comum Curricular. “A ideia é reunir a comunidade escolar para debater todas as questões que abrangem essa reforma”, informou a Secretaria de Educação. RISCOS Muitos educadores que criticam a reforma, apontaram os riscos deste modelo de ensino para os jovens estudantes. Segundo o doutor em educação, Theodoro Zanardy, o que ocorre é uma parcialização da educação, pois os Itinerários Formativos e o curso técnico buscam, apenas, aprofundar conhecimentos em alguma área do saber. Com isso, o aluno acaba perdendo o conhecimento das outras disciplinas. “Por este motivo, essas disciplinas são reduzidas ou até mesmo podem vir a serem excluídas da formação integral do aluno” afirma. Ele diz que o novo sistema limita as opções do aluno durante a sua formação e vai influenciar a vida dele, posteriormente no mercado de trabalho. “Como se o destino da educação fosse somente para proporcionar a empregabilidade do aluno, mas a educação

tem um papel mais amplo, de formação do ser humano, de compromisso com a humanização, com a vida; e a educação está sendo vista, nesse caso, como mecanismo para tornar esse sujeito um bom empregado”, alerta. Já o professor de física do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) Rodolfo Maximiano, afirma que os Itinerários podem melhorar a educação . “O aluno perde um pouco da visão global, mas pode descobrir mais coisas sobre o que aguça sua curiosidade. Formações menos generalizadas não necessariamente são ruins, se forem frutíferas na área de interesse do sujeito.” Outra decisão que causa polêmica atinge as disciplinas de educação física e artes, que agora deixaram de ser obrigatórias e ficaram a cargo das escolas escolherem se devem disponibilizá-las ou não. Danielly Fernanda, estudante de Educação Física na Uemg, de Divinópolis, observa que “a educação física ajuda a trabalhar o desenvolvimento físico e mental dos adolescentes; muitos encontram nessa matéria uma forma de distração e relaxamento. Tirando-a, deixando os alunos apenas em salas, pode haver frustrações por não terem nenhum momento de lazer e entretenimento com os colegas”. A principal questão levantada por professores e alunos nesse ponto é se essas matérias serão mesmo oferecidas pelos colégios, agora que não são mais uma exigência. “O aluno será obrigado a fazer o que a escola ofertar e não o que ele escolher como diz a propaganda do governo”, aponta a professora Sandra Tosta, mestre em educação e doutora em antropologia social na PUC. Igor Batalha

Autonomia na formação é destaque Com as mudanças no ensino médio, os alunos terão autonomia para escolher entre a formação técnica ou umas das quatro áreas do conhecimento. Se optarem pelo ensino técnico, eles terão que cursar 2400 horas do ensino médio regular (português e matemática), mais 1200 horas do técnico, sendo que os professores do ensino técnico, nesta área, não necessitarão de diploma para dar as aulas.

Luis Gustavo, estudante do último ano do Ensino Médio, teme pela queda de qualidade de ensino ministrado por professores leigos. “Eu tive a experiência e foi horrível; o professor era inteligentíssimo, mas sem didática. A didática pesa muito na formação do professor”, desabafa ele. A Secretaria de Educação de Minas Gerais e o Governo Estadual estão investindo nas escolas técnicas para atender a um

número maior de alunos, ampliando a Rede Estadual de Educação Profissional. “A previsão é de que, até o final de 2018, sejam 300 escolas para atender 45 mil alunos,” segundo a Secretaria de Educação. Segundo o MEC, a reforma começa a valer um ano depois da aprovação da MP no Congresso. A partir daí, os sistemas de ensino dos estados devem estabelecer o cronograma para implantação das alterações.

Com a nova medida, alunos deverão definir área de atuação mais cedo


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ESPORTE

Esporte ajuda crianças com autismo Arquivo Pessoal

Programa Social da PBH incentiva a prática de esportes entre crianças autistas com resultados positivos Amanda Alether Taynara Barbosa 2º Período

Autismo. Poucas pessoas sabem o que é e, por isso, não entendem a razão de no dia 2 de abril comemorar-se o Dia Internacional do Autismo. Autistas são pessoas conhecidas por viver em um mundo à parte, paralelo, mesmo recebendo todo o apoio e carinho de suas famílias. Atividades esportivas podem ajudar -lhes a superar dificuldades de relacionamento com outros, que enfrentam no dia a dia. Há 23 anos, o Superar, programa da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Smel) da PBH, promove práticas esportivas destinadas a eles. Otávia Guimarães Salgado, 37, é mãe de Davi que, tardiamente, aos 6 anos de idade, foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Hoje com 10 anos, Davi cursa a 5º série do fundamental e pratica judô no Superar. Otávia conta que percebeu um atraso no desenvolvimento do filho e ao receber o diagnóstico foi pesquisar: “Percebi a dificuldade de aprendizagem dele. Aos dez meses, não engatinhava e não se levantava. Um dia o médico de uma urgência me encaminhou para um geneticista e a gente foi pesquisar. Ele

tem atraso neuropsicomotor, alguma coisa genética que lhe atrasou a fala; e, com 6 anos, ele foi diagnosticado com autismo leve.” Davi, sob os cuidados de um psiquiatra, faz terapia, fisioterapia, fono e T.O (Terapia Ocupacional). Otávia sente muito orgulho do filho e diz que faria tudo de novo: “Costumo dizer que eu era uma pessoa antes e hoje eu sou outra, depois do Davi. Foi muita superação, muita aprendizagem, aceitação e muito amor. Cada passo, cada vitória, cada conquista, mínima que seja, pra gente é um orgulho”. Ela falou da importância da data internacional do autismo para a conscientização. “É muito importante pra divulgar, pra conscientizar as pessoas sobre o autismo, porque ele está inserido em toda a comunidade, em diferentes graus, leve, moderado e agressivo. Às vezes você pode conviver com uma pessoa que tem o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e nem saber disso. Bárbara dos Santos, 28 é mãe do Pedro Gabriel, que aos dois anos foi diagnosticado com autismo: “Até então, a gente vinha fazendo tratamento com fono, terapia ocupacional”. Assim como Davi, Pedro Gabriel também usufrui dos benefícios do Su-

perar e hoje faz natação. Ele usa remédios e a mãe diz que não é fácil dar conta de tudo e agradece os tratamentos já existentes. “Estar tomando a medicação é ótimo porque está controlado; mas não é fácil. A dificuldade nossa, agora, é encontrar o medicamento correto para ele se controlar nas crises nervosas. Graças a Deus a gente tem apoio como este do Superar.” Bárbara acha a conscientização sobre o autismo muito importante “porque antigamente a gente ao ouvir falar sobre isto ficava muito assustada, sem saber o porquê. Agora, com a televisão e a internet é possível abrir as possibilidades de conhecimento da deficiência para todo mundo”. Os dois meninos, além de praticar esportes no Superar, estudam juntos na Escola Municipal Júlia Paraíso, no Alípio de Melo. Ali, tanto Davi quanto Pedro Gabriel têm uma monitora que os acompanha nas atividades dentro da sala de aula. Muitas vezes, a maior dificuldade que os pais de uma criança autista têm é de encontrar uma escola adequada, e se perguntam como vão fazer para alfabetizar seus filhos. Em 2012 foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff a Lei Berenice Piana, nº 12.764, que institui proteção aos direitos da pessoa

com Transtorno do Espectro Autista. Com a lei, fica assegurado o acesso delas a ações e serviços de saúde, moradia, ao mercado de trabalho, à previdência e assistência social, e principalmente o acesso à educação e ao ensino profissionalizante. E qualquer escola que se negar a receber uma criança com autismo estará descumprindo a lei. O SUPERAR João Bernardo Rodrigues, 51, é um dos coordenadores do programa e diz que apesar de ser difícil, no final é muito prazeroso; o progresso das crianças o deixa satisfeito. “É muito desafiador. Só que com o passar do tempo você vai vivendo o progresso, os relatos das famílias, principalmente das mães”, contou. Ele falou ainda da importância do esporte na vida dos atletas autistas: “É um cidadão como um outro qualquer; o esporte vem pra mostrar que esse cidadão está aí, que ele existe. Não quero saber se eles vão ganhar medalha, quantos quilômetros vão nadar ou deixar de nadar. O esporte é importantíssimo. Primeiro, todos os atletas com autismo aqui melhoraram demais as relações sociais, principalmente aqui dentro com o passar do tempo. Muitos, que eram arredios,

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Paratleta dá exemplo de força Luísa Camargos Luíza Lanza 1º Período

Guilherme Figueiredo Camargo tem 27 anos, nasceu no Rio de Janeiro mas é mineiro de coração. Estudante do primeiro período de jornalismo na PUC Minas, concilia as atividades escolares com a vida esportiva: é atleta profissional de rugby de cadeira de rodas. Atualmente, treina e compete pelo Minas Quad Rugby, além de integrar a seleção brasileira da modalidade. São oito períodos de treino por semana, com atividades em quadra do Programa Superar, espaço da Prefeitura de Belo Horizonte para prática esportiva de pessoas com deficiência, e atividades de musculação, realizadas e supervisionadas na academia do prédio de Educação Física da PUC. Em 2007, ele sofreu um acidente de carro que resultou em uma lesão medular, deixando-o tetraplégico. Após uma cirurgia no pescoço, colocou uma placa no lugar da cervical quebrada e, em 2009, no hospital de reabilitação, foi apresentado ao rugby.

Um amigo, também paratleta, o convidou para assistir a um treino e, no ano seguinte, ele já treinava profissionalmente. No seu primeiro dia, a mãe e a tia, que estavam assistindo, saíram assustadas. Guilherme conta que machucados na mão, arranhados nos braços e quedas podem até ser frequentes, mas que o choque maior é entre as cadeiras mas, que, com o tempo, aprende-se a não se machucar. Para ele, não é um esporte vio-

lento. “Prefiro dizer que é um esporte intenso, que exige bastante preparo, intensidade de força e condicionamento físico”. Esse novo estilo de vida não só realizou o sonho de ser atleta de um apaixonado por esportes, como o ajudou a enfrentar os desafios cotidianos. “Você aprende coisas que nenhum hospital de reabilitação vai lhe ensinar, coisas do dia a dia. É bem legal”, conta ele sobre a experiência de convívio com os outros 22 inteIgor Batalha

Legenda da foto em uma linha centrada Guilherme diz que o segredo é muito preparo e condicionamento físico

Hoje, Davi pratica Judô e vive melhor com o apoio do Superar ficaram menos quietos. Nós temos algumas pessoas com autismo aqui que já nadam sozinhas, não importa o estilo do nado, já é um ganho fantástico, porque isso já traz independência para eles, segurança para família”, afirmou. Marcelo de Melo Mendes, 45, é psicólogo, professor de psicologia e diz que entender a pessoa com autismo é entender que cada pessoa é diferente. “Na realidade a maior questão do autismo é a comunicação, como criar uma forma, algum mecanismo, alguma

grantes de sua equipe. Hoje, leva uma vida independente, mora sozinho e dirige o próprio carro adaptado. Há sete anos na seleção brasileira, Guilherme disputou em 2016 os Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro. Por ser sua cidade natal, contou com a presença da família e da torcida, que lotou os estádios de capacidade para 10 mil pessoas. O time, porém, não obteve o almejado 7º lugar, terminando em uma colocação atrás do esperado. Durante os Jogos, todos os atletas usufruem de uma mesma estrutura de preparação para a competição. Assim, para ele, não ficam muito evidentes as diferenças de incentivo entre o esporte olímpico e paralímpico. O rugby de cadeira de rodas conta com apoio financeiro do Governo Federal mas perdeu muitos patrocinadores após a Paraolimpíada. A seleção quer sair-se bem no Campeonato Panamericano da modalidade para recuperar os auxílios. A competição ocorrerá em setembro, no Paraguai, e será também seletiva para o mundial na Austrália. A MODALIDADE O rugby de cadeira de ro-

estratégia para conseguir se comunicar com ele. Por isto, trabalhar com o autista é um desafio constante”, destacou. Marcelo disse ainda que a psicologia precisa da linguagem: “Para entender o autista temos que entender a forma de linguagem dele.” Daí a importância do esporte: “É uma atividade física que melhora a qualidade de vida e proporciona relação social. O contato dá um alívio pra família também. A questão é qual esporte é mais adequado”, observa.

das é uma modalidade praticada por atletas tetraplégicos e tetraequivalentes. Assim, pessoas com outros tipos de lesão, mas com comprometimento funcional similar à tetraplegia também podem participar. Cada time tem quatro atletas em quadra e oito reservas, classificados por sua capacidade funcional em sete categorias: de 0,5 (mais comprometido) a 3,5 (menos comprometido), jogando partidas de quatro períodos de oito minutos. A partir dessa classificação, a escalação tática pode ser montada somando até oito pontos. O vencedor é o time que ultrapassar mais vezes a linha do gol com a bola nas mãos e com duas rodas da cadeira. Tais competências individuais dos atletas também influenciam na posição do jogador, ataque ou defesa, tendo cadeiras específicas para os dois movimentos. Guilherme é uma exceção: é 1,5 e usa a cadeira de ataque, pois já foi nível 2,0 e está habituado a jogar de atacante. A classificação é realizada quando o atleta se inicia no esporte, e é feita por uma banca de classificação composta por médicos, fisioterapeutas e especialistas que realizam testes de banco e de funcional do tronco.


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Larissa Andrade 3º Período

Em tempos difíceis na economia, muitos jovens estão encontrando, em atividades alternativas, um modo de conseguir um dinheirinho a mais. Eles apostam nas vendas de trufas, brigadeiros, cupcakes, salgados, acessórios e o que mais possa ajudar a pagar a faculdade e as contas do mês. Assim, eles dão um exemplo de como perseguir - e alcançar - seus sonhos. Segundo o Censo da Educação Superior de 2012, divulgado pelo Inep, o número de matrículas em universidades subiu de 3,9 milhões para mais de 7 milhões, nos últimos dez anos. Em virtude do crescimento de jovens em idade de cursar universidades e da redução do número de bolsas do Programa Universidade Para Todos (ProUni) ou do Financiamento Estudantil (Fies), jovens apostam em atividades paralelas para reforçar a renda familiar. A maioria enfrenta uma rotina pesada para conciliar as duas coi-

COMUNIDADE

Jovens aumentam renda com negócios informais Universitários conciliam estudo e vendas em sua rotina para ajudar a pagar as contas da família sas. Quase sempre, o produto é de fabricação própria, feito nas horas vagas. Esses estudantes criam, assim, o seu próprio “negócio” informal, que às vezes se torna sua principal fonte de renda. É o caso da estudante de direito Carolina Coscarelli, fundadora da marca de doces Chocake. Ela começou vendendo cupcakes caseiros na escola e, atualmente, tem um food truck. “Ainda na escola, criei minha própria marca e desde então as encomendas não param. Em 2015, quando já estava na faculdade, veio a ideia de montar o food truck em uma Kombi, mas naquela época o orçamento era inviável. E então, descobri as food bikes, enxerguei ali a opção perfeita”, conta . Ela lembra as dificul-

dades encontradas no começo de seu negócio de brigadeiros, trufas e até tortas e bolos de casamento. A jovem empreendedora, de 21 anos, que cursa o 7º período, tem na Chocake sua principal fonte de renda. Para o futuro, espera abrir uma loja. “Toda

semana, nossa Kombi estaciona na rua Piauí para as vendas e com a nossa food bike fazemos eventos, como festas de aniversário.” Carolina tem a ajuda da mãe na etapa de produção e espera concluir o curso para se dedicar inteiramente ao negócio. Arquivo Pessoal

Carolina vendia doces na escola e hoje tem uma food bike

Já a estudante de jornalismo, Sylvia Amorim, é iniciante nas atividades rentáveis. Ela cursa o 3º período e vende palha italiana e brigadeiro de oreo que conquistaram a sala e agora está se expandindo pelo corredor e pelos andares do prédio 13 da PUC. “Quando entrei na faculdade as coisas apertaram um pouco lá em casa e minha mãe surgeriu que vendêssemos doces; ela sempre foi uma ótima cozinheira. A maior dificuldade que tenho é o tempo que gasto, não apenas para fazer os doces, mas também para embalar. Ainda mais no final do semestre quando tenho muitas provas. Porém, consigo conciliar”, conta. Mas se engana quem pensa que apenas ali-

mentos conquistam vendas. A estudante Yara Araujo vende acessórios que também atraem a clientela e podem ser bem lucrativos. “Eu sempre gostei de acessórios e moda; a minha avó tem fábrica de roupa e isso também foi uma inspiração. Minhas amigas sempre gostavam dos acessórios que eu usava, sendo alguns deles feitos por mim. Até já aconteceu de colegas pedirem para comprar o modelo que eu estava usando. E, a partir disso, surgiu a ideia de fabrica-los com o apoio da minha mãe.” Ela está no 6º período de direito e conta que o segredo está na fabricação diferente dos modelos considerados “modinha” que estão no mercado. “Fazemos de acordo com os pedidos das clientes e geralmente em peça única, exclusiva. Sempre levo os produtos para aula, para minhas vizinhas, família e todo mundo acha legal ter algo feito só pra si”.

Cineclube marcou história da Cachoeirinha Júlia Grego 1° Período

Os cinemas de rua foram muito comuns nas décadas de 30 a 70. Com vários gêneros de filmes e até espaço para teatro, eram os locais onde os amigos se reuniam e as famílias tinham momentos de lazer. Com o surgimento de shoppings centers e mudanças na sociedade, quanto ao entretenimento, o cinema ao ar livre desapareceu e cineclubes foram abandonados. O Cine Pax, no bairro Cachoeirinha, é um exemplo. O prédio onde ele funcionou, por muitos anos, está vazio atualmente e já foi mapeado pela Prefeitura como um imóvel de interesse cultural. O Cine Pax foi inaugurado entre 1942 e 1945, época em que Juscelino Kubitschek era prefeito de Belo Horizonte. O imóvel perten-

ce à Paróquia Nossa Senhora da Paz, localizada na Cachoeirinha, e o cinema era muito frequentado pelos paroquianos. O padre Edecildo José Antônio conta que, na época, era muito comum as paróquias manterem cinemas pois as igrejas tinham um papel expressivo na difusão cultural. Hoje, pouco se sabe sobre o cineclube. “Estou na paróquia apenas há dois anos e tenho vontade de resgatar a história do Cine Pax. Infelizmente, os únicos relatos que pude ter foram as falas das pessoas que viviam no Cachoeirinha e frequentavam o cinema”, afirma o padre. “Depois que o cinema foi fechado, a Prefeitura de Belo Horizonte alugou o local para ser posto de saúde. Mas, devido ao piso irregular, prejudicando o funcionamento de alguns equipamentos, e em razão da falta de rampas e eleva-

dores, a sede do posto de saúde foi transferida para outro imóvel”, conta. O custo elevado é uma dificuldade para reativar o Cine Pax. “Acredito que para reformar o cinema, não gastaríamos menos de R$200 mil e a paróquia não possui essa verba. Para isso, precisaríamos de investidores, mas não há interesse”, diz o padre Edecildo.

CINEMA E TEATRO

O Cine Pax foi muito importante para o bairro Cachoeirinha. Assim como os demais cinemas de rua, as pessoas iam se divertir nos finais de semana com a família e amigos. Eny Zoroastro Machado, de 87 anos, vive há muitos anos no bairro e, para ela, a época em que frequentou o Igor Batalha

Padre Edecildo deseja reativar o Cine Pax mas não há verba

cinema foi muito gratificante. Ali as pessoas se divertiam e todos conversavam, como se fossem uma grande família. “Toda a vida, eu amei essa Cachoeirinha, principalmente essa igreja. O bairro foi crescendo e eu crescia junto com ele”, conta. Dona Eny fala que quando o Cine Pax abriu, ela e um grupo de amigos se juntaram para atuar no local, que também funcionava como teatro. Eles apresentavam, periodicamente, uma peça e a plateia sempre lotava. Mas a peça que mais marcou-a foi “Vocês acabam casando”, já que um dos atores viria a ser, no futuro, seu marido. “Ela estava noiva. Terminou o noivado, namorou esse ator, Antônio Machado, se casou com ele e tiveram oito filhos”, conta Ana Paula, filha caçula de Eny. A senhora de 87 anos também diz que adoraria se

o cinema reabrisse. “Era a nossa diversão. Sinto falta daquele confortozinho da tarde, de me aprontar pro cinema e encontrar com os amigos. Tínhamos amizade de irmãos.” Apesar de não ter a data correta do fechamento do cineclube, as pessoas se recordam do Cine Pax de maneira nostálgica e com muita saudade. A professora Wania Araújo fez uma tese de doutorado sobre o bairro Cachoeirinha e, durante as pesquisas, algumas pessoas relembraram o cineclube. “Ele fez parte da vida cultural dos moradores. E todos falavam dele como uma lembrança boa e lamentavam que as novas gerações não pudessem te-lo conhecido. Mas, aparentemente não há interesse público de retornar com o cinema”, diz ela.


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Bombeiras militares superam desafios e conquistam espaço No Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, as mulheres enfrentam o pensamento machista e exercem cargos importantes Luíza Lanza Izabella Ravaiane 1° Período

A presença feminina no Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais é uma conquista tardia. Por ser uma profissão que exige muito preparo físico e coragem, foi tida por muito tempo como uma atividade exclusiva do homem. Atualmente, depois de superar esse pensamento machista, a corporação conta com inúmeras mulheres que, vencendo o preconceito, conquistaram seu espaço e exercem cargos importantes dentro da instituição. É o caso da major Daniela Lopes Rocha da Costa, 41, que assumiu em fevereiro deste ano o comando do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) e coordena a atividade prestada no Estado. Além de ser a primeira mulher comandante de uma Unidade Aérea, no Brasil, ela integrou a primeira turma feminina em 1993. Foi também a primeira mulher a se tornar piloto de helicóptero pela corporação, em 1995. Para ela, esse pionei-

Ana Luisa Santos

rismo tem um significado especial. “Eu considero que isso é resultado de um trabalho iniciado há 23 anos, quando se abriu a primeira turma de mulheres. Desde então, várias barreiras foram rompidas e tivemos a oportunidade de mostrar que podíamos fazer todas as ações previstas. O resultado a gente está vendo agora. Hoje, eu sou comandante de Batalhão”, observou a major. VESTUÁRIO O CBMMG tem mulheres em todas as suas atividades. Elas dirigem viaturas, combatem incêndios, pilotam aeronaves e trabalham no resgate, assim como os profissionais homens. Mesmo que a instituição não faça restrições, as bombeiras passam por algumas dificuldades no serviço. O uniforme, por exemplo, só existe em modelos masculinos. A roupa anti-fogo possui apenas um zíper na região do quadril, pensado na anatomia viril, o que as impossibilita de ir ao banheiro durante as operações.

Major Daniela é a primeira mulher comandante de uma unidade aérea no Brasil Esses detalhes podem ser contornados, mas há também o preconceito. A tenente Andréa Coutinho conta que o ambiente de trabalho é muito melhor hoje. Quando ela ingressou, em 2002, na primeira turma de mulheres para atuar no interior, havia uma discriminação implícita, com piadas, palavrões e desdém. Em outras duas situações, o machismo foi claro. A tenente chegou a ouvir que, por ser mulher, não devia estar nos Bombeiros.“Sim-

plesmente diziam assim: ‘Eu não gosto de trabalhar com mulher porque, pra mim, mulher é peso morto dentro da guarnição’. Eu abaixei a cabeça, falei: ‘Ok, o senhor que sabe’ e fui ao meu chefe pedir para me trocar de equipe”. Apesar disso, a tenente Andréa faz questão de citar os pontos positivos da instituição. Há possibilidade de crescimento profissional, as vagas de promoções são oferecidas sem distinção, através de uma prova

igual para todos os militares e, para profissionais de mesma patente e mesmo tempo de serviço, não há diferenciação de salário. As licenças-maternidade não influenciam negativamente, nem de forma velada, na carreira e as oficiais têm flexibilidade para adequar a carga horária, por exemplo. Na corporação, a meritocracia prevalece. Essa igualdade de oportunidades, porém, só ocorre entre os que já ingressaram no Corpo de

Participação da mulher na ciência esbarra na falta de credibilidade Erika Giovanini Larissa Duarte 1º e 3º Períodos

“Prefiro ensinar para homens, eles aprendem mais e conseguem acompanhar o raciocínio. Mulher não foi feita para aprender mecânica”. Com estas palavras, um professor da Universidade Federal Fluminense abriu uma aula em 2015. A frase chocou a estudante de engenharia civil Kênia Herran, de 23 anos, que ficou indignada com a situação: “Não acreditei que alguém estava duvidando da minha capacidade de aprendizado por causa do meu gênero”, afirmou ela. Segundo Kênia, a atitude do professor não é um caso isolado. Ela já presenciou vários episódios como esse e, por mais retrógrada que pareça, a falta de credibilidade nas mulheres na ciência ainda é enorme.

“No final do semestre, lembro que a média da nota das meninas foi superior à dos meninos”, relatou a estudante. Para ela, o pior é que havia cerca de 20 mulheres na sala e quase nenhuma se sentiu ofendida. “É algo tão natural que algumas nem perceberam o quão problemático isso foi”, contou. Kênia já ouviu várias vezes que canteiro de obras não é lugar para mulher, por causa do trabalho braçal: “O que também não faz sentido porque trabalho físico para engenheiro civil em obra quase não tem”, finalizou”. A estudante Andrea Madureira Simoni, também de 23 anos, afirmou que atitudes como a do professor são um problema também na Faculdade de Economia e Finanças Ibmec, onde cursa engenharia de produção. “Principalmente nas áreas de mecânica, robótica e pro-

gramação. Sempre senti um julgamento das meninas”, contou. Andrea disse que, toda vez que pesquisou sobre a trajetória de uma mulher relevante na ciência, ela era tratada como uma exceção, uma novidade ou diminuída a um “fato interessante”. “A participação da mulher na ciência sempre foi apresentada de forma que a cientista estudada fosse bem mais importante que as outras mulheres na área, mas bem menos relevante que os grandes pais da ciência”, disse Andrea. Segundo ela, as “piadas” machistas já estão tão enraizadas nas conversas que, às vezes, passam despercebidas. Isso influencia a autoestima das estudantes, que se sentem menos capazes na vida acadêmica. Lisley Guimarães, mestranda na UFMG e graduada em engenharia de controle e automação pela Facit (Faculdade de Cien-

cia e Tecnologia de Montes Claros) ingressou no mundo científico sem que uma mulher lhe servisse de inspiração. “Não me lembro de ter estudado sobre cientistas importantes do gênero feminino”, contou a engenheira. Lisley ressaltou a importância de prêmios voltados para a valorização das mulheres, como o Para Mulheres na Ciência. Ofertado desde 1998 pela Unesco, o prêmio visa ressaltar a importância feminina no mundo científico. “Os homens sempre são reconhecidos pelos seus méritos e as mulheres são esquecidas, por isso, o prêmio é tão importante. As mulheres são tão boas quanto os homens, nada mais justo ambos serem reconhecidos”. MUDANÇAS Cristiana Brasil Maia, 41, doutora em engenharia mecânica e coordenadora

Bombeiros. Nas provas externas, as vagas femininas equivalem a 10% do total. No fim deste ano, dos 493 novos bombeiros, apenas 50 serão mulheres. Essa limitação é uma herança histórica de uma lei de inclusão social que prevê, mas limita a participação a porcentagens tão baixas. Assim, em um estado como Minas Gerais, em que as mulheres são a maioria da população, a desigualdade permanece. No seminário ocorrido em comemoração aos 20 anos da primeira turma feminina de 1993, essa limitação foi amplamente discutida. A major Daniela acredita que o número de bombeiras só vai aumentar quando essa medida que, segundo, ela não tem argumentação fundada, deixar de existir. Ainda assim, ela se mostrou esperançosa quanto a multiplicação de histórias como a sua. No atendimento nas ruas, as bombeiras se sentem acolhidas pela população. “As pessoas se assustam, tem sempre alguém que diz ‘Oh! Você é mulher’, mas se sentem muito seguros com a figura maternal’’, relata a tenente Andréa. Isso ajuda a quebrar a predominância masculina nos cargos de poder. Está cada vez mais claro que é possível ser competente e feminina, em qualquer área de atuação. Ana Luisa Santos

Cristiana relata atitudes machistas no ramo da engenharia do Programa de Pós-graduação em Engenharia Mwecânica da PUC, também relatou comportamentos machistas ocorridos durante sua graduação, quando era a única mulher da sala. Ela disse que um professor “brincava” que mulher não servia para engenharia. Além disso, no segundo período, os professores convidaram muitas pessoas para participar de um curso, mas não a chamaram. A resposta que obteve após questiona-los foi: “É porque você é mulher e lá tem muito homem”. Apesar disso, Sara Silva Ferreira Dafe, doutora

em engenharia metalúrgica de materiais e de minas e professora de engenharia mecânica da PUC, concorda com Cristiana que a situação está mudando e o futuro é esperançoso. “Nos últimos três concursos que a gente teve na mecânica, foram aprovadas três professoras. A mecânica nunca teve tantas professoras quanto tem hoje”, disse Sara. Como avanço, destacou que a coordenadora do programa de Pós em engenharia mecânica é uma mulher, em um curso que possui um longo histórico machista.


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COMPORTAMENTO

Idade não prejudica casos de romance Ana Luisa Santos

A idade não é impedimento para o amor, mas é preciso compreender o que a diferença pode significar na vida cotidiana dos casais que vivem esse desafio Carolina Cassese Lara Pereira Leonardo Parrela 1º e 5° Períodos

A diferença de idade influencia no amor? Muita gente pensa que não, mas a sociedade brasileira ainda não acredita na sinceridade do amor entre pessoas com diferença acentuada de idade. Comentários preconceituosos são muito frequentes, até mesmo das próprias famílias, sejam de homens mais velhos com mulheres mais novas seja vice-versa. Parece que a sociedade ainda está longe de aceitar que idade não é um impedimento para o amor. Segundo a psicóloga e especialista em terapia de casal, Ana Morici, que atende em seu próprio consultório e é também professora de pós-graduação de pscologia na PUC, ainda existe discriminação por parte da sociedade. É mais fácil aceitar um relacionamento em que o homem é

muito mais velho do que a mulher, do que ao contrário. Porém, como explica a psicóloga, “essa situação tende a ser revertida, principalmente com a mulher se tornando mais independente, ganhando mais espaço e lutando por seus direitos.” A antropóloga Lorena Oliveira, ativista do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT (NUH), acredita que relacionamentos intergeracionais podem significar também relações de poder: “No caso dos homens mais velhos com garotas muito mais novas, o que se percebe, algumas vezes, é a reprodução de uma masculinidade hegemônica”. Segundo ela, a predileção masculina por mulheres jovens está, em muitos casos, diretamente relacionada a determinados padrões de beleza. Ana Morici lembra que o fator que complica relacionamentos desse tipo é a diferença de maturidade do casal. Para um bom re-

lacionamento, seria necessária a compreensão das limitações e o respeito de ambos em relação às características da idade de cada um. “Às vezes, o parceiro mais velho já está numa fase da vida mais avançada, com filhos, netos e o mais novo da relação ainda não vivenciou esse momento”, explica a terapeuta. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, pela Universidade Emory de Atlanta, que analisou respostas de três mil pessoas, afirma que casais que têm diferença de um ano na idade têm menor chance de se separar. Ainda de acordo com o estudo, quanto maior for a diferença de idade entre os parceiros, maior a possibilidade que eles se separem. Os casais que têm mais de 20 anos de diferença têm 95% de chance de separação. Além da idade, a pesquisa ainda ressalta outros fatores que podem influenciar no relacionamento amoroso: personalidade

das pessoas, assim como o modo de o parceiro lidar com possíveis filhos e netos do companheiro também influenciam possíveis separações. ACEITAÇÃO Sandra Starling foi a primeira mulher a disputar o governo mineiro e já se elegeu deputada estadual e federal pelo PT. Ela tem 72 anos e é casada com Thales Machado, que tem 56. Segundo ela, quando a mulher é a mais velha da relação, o preconceito é evidente e associado ao machismo. “Quando é um homem com uma mulher mais nova, não existe tanto estranhamento. O cara é, inclusive, parabenizado”, afirma. Segundo ela, felizmente, o preconceito diminuiu consideravelmente nos últimos anos: “Quando casei com Thales, as pessoas ao meu redor nos questionavam e olhavam torto. Hoje em dia, sinto que a sociedade como um todo encara essa situação com mais naturalidade”. No caso do casal L.S, 19 anos, e G.B, de 27 anos

Há preconceito com casais que têm grande diferença de idade (nesse caso, o homem é o mais velho da relação), ambos estudantes, o começo da relação foi a parte mais complicada: “Houve uma enorme insegurança, principalmente por parte dele, por medo de não buscarmos as mesmas coisas no relacionamento”. Eles também acreditam que as principais virtudes para enfrentar qualquer tipo de adversidade são a paciência e a compreensão. A estudante de jornalismo Mirna de Moura tem

24 anos e está em um relacionamento firme com um homem 15 anos mais velho. Ela afirma que “as meninas mais novas têm que tomar cuidado para não se deixarem levar por tudo que os homens mais velhos dizem”, já que muitos adotam uma postura paternalista. Por outro lado, a experiência também pode ser muito positiva: “O lado bom é se relacionar com uma pessoa mais amadurecida, que sabe o que quer”.

Mulheres gostam mesmo de viajar sozinhas Laura Brand 5º Período

Viajar sozinha é uma alternativa escolhida por milhares de brasileiras. Independência em poder fazer o próprio roteiro, oportunidade de conhecer pessoas novas, conhecer seus limites e viver novas experiências são motivos que levam mulheres a se tornarem solo travelers. Uma pesquisa divulgada no Dia Internacional da Mulher, 8 de março, realizada pelo Ministério do Turismo em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, revelou que 21,2% das mulheres, entrevistadas em fevereiro, têm intenção de viajar nos próximos seis meses. Dessas, 17,8% deverão fazê-lo sozinhas, número superior ao verificado entre o sexo masculino, 11,8%. “Toda vez que chegava a um novo destino era uma sensação nova. É difícil de explicar, algumas vezes mesmo cansada da viagem queria logo sair e conhecer o novo. Acho que essa é a sensação, do inédito, do novo, de me sentir renovada”. Esse relato é de Flora Silberschneider, 23 anos, estudante de jornalismo. Ela fez, sozinha, um mochilão de um mês pela América do Sul, em julho

de 2016. “Primeiro fui para Argentina, visitei Buenos Aires e depois Mendoza. Em seguida para Santiago do Chile, mas lá encontrei uma antiga amiga do Brasil e passeamos juntas. Depois, novamente sozinha, fui para Arica, ainda no Chile, e no Peru visitei Cusco e Lima”, relata. Flora se programou antes de embarcar: “Tracei o que queria conhecer que eram culturas novas, lugares bonitos e de acordo com o dinheiro que tinha juntado e com a ajuda de custo que meu pai ia me dar. Comprei a passagem só de ida e reservei o hostel das duas primeiras cidades. O resto fui decidindo no meio do caminho mesmo, nem passagem de volta tinha comprado.” IR POR AÍ Com mais de 40 países carimbados no passaporte, Flávia Mariano tem experiência em viajar sozinha pelo mundo. A jornalista e escritora criou o blog “Viagem Para Mulheres” após perceber que faltava algo específico para aquelas que gostam de viajar. Com o sucesso do blog, Flávia também criou um grupo, de mesmo nome, no Facebook. Mais de dez mil

Igor Batalha

Autoconhecimento motiva mulheres a serem solo travelers mulheres, de todo o país, conversam, pedem dicas e compartilham experiências. Um levantamento feito pelo site Airbnb, especializado em aluguel e reserva de acomodações em todo o mundo, mostrou que o Brasil está entre os cinco países com mais mulheres que viajam por conta própria para o exterior, ao lado de Japão, Taiwan, China e Rússia. Flávia não acredita que exista um perfil de viajantes-solo. “Mulher viajando sozinha não é uma mulher especial ou solitária. Tem que acabar esse mito. As mulheres já fazem isso em viagens profissionais e ninguém vê nada de estranho ou espetacular nisso”, defende. Renata Menusi, 40, é

gerente comercial e uma das participantes do grupo criado por Flávia. Ela fez sua primeira viagem sozinha para o Rio de Janeiro, em 2013. “Queria viajar, descansar alguns dias fora, mas meus amigos não podiam, nas mesmas datas que eu, pedir liberação na empresa”. Desde então, dentro do Brasil, já visitou Foz do Iguaçu e também se aventurou no exterior: Colômbia, Nova Zelândia, Austrália, França, Inglaterra e Itália foram os destinos escolhidos pela gerente comercial. “Faço amizades quando possível, mas, mesmo assim, prefiro seguir meus roteiros sozinha. Nesse tempo aproveito para refletir sobre a vida e realmente descansar”, diz ela.

Apesar do crescente número de mulheres que optam por se aventurar sem companhia, ainda existe receio em fazê-lo. “Ainda temos a cultura de que precisamos de uma companhia para tudo. Inclusive para viajar”, diz Flávia Mariano. “Uso a palavra ‘inclusive’ porque quem não viaja sozinha costuma nem ir ao cinema sozinha. Então, é mais uma questão de trabalhar esse comportamento de sempre precisar de alguém por perto.” Para aquelas que sentem vontade, mas ainda têm medo, existem opções: “Viajar sozinha não significa estar sozinha. Se quiser ir sozinha, mas em um grupo de uma agência, por que não?”. “Você não precisa querer viajar sozinha, você precisa ter o sonho de viajar, de conhecer algum lugar. E se a única alternativa for sozinha, por que não? Será natural. Encare com naturalidade e tudo vai fluir bem”, completa Flávia Mariano. Ainda hoje, muitas pessoas acreditam que uma mulher precisa de um homem para acompanhá-la para ficar em segurança. “Homens e mulheres, em se tratando de viagens, têm as mesmas capacidades,

só precisam querer fazer a coisa acontecer. O empecilho maior é o dinheiro, não o gênero”, defende Flora. Tanto Flora quanto Flávia e Renata afirmam que não enfrentaram problemas em suas viagens pelo fato de estarem desacompanhadas. “Viajar sozinha não era minha primeira opção e hoje falo que faria de novo com certeza”, sonha Flora. “Você conhece muito mais gente, você se conhece um pouco mais, experimenta emoções novas e percebe capacidades suas de realizar o que, antes, os outros faziam por você. Posso dizer que hoje sou muito mais segura de mim e do que posso fazer, não fico mais naquela de ficar me questionando”, diz Flora. “Jamais deixe de viajar, quando tiver oportunidade, por não ter companhia”, defende Renata. “Se o medo surgir, comece por algum destino nacional e busque as informações de hospedagem onde a convivência seja maior entre hóspedes ou as atividades em grupo sejam motivadas. Garanto que as próximas viagens serão prazerosas mesmo se a companhias forem a sua própria e as belezas que o destino tiver a oferecer”, completa.


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COMUNICAÇÃO

Mídia Ninja inova o fazer jornalístico Veículo de comunicação colaborativo dá visibilidade a pautas que não tinham espaço na grande mídia, tornando-se uma alternativa aos veículos tradicionais Débora Drumond 3° Período

Você, certamente, já ouviu falar no Mídia Ninja, sempre presente na cobertura de manifestações sociais. Mas, com certeza, não conhece ainda as origens desta instituição e os seus planos de ação. Este veículo de comunicação integrada, criado em 2013, tem crescido e ganhado destaque nos últimos anos. O Ninja vem questionando o modo de fazer jornalismo das grandes mídias, apresentando-se como uma alternativa ao modelo tradicional, ao colocar o receptor como coprodutor da notícia. Com isso, ocupa lugares e dá voz a pessoas que, antes, não tinham espaço e visibilidade nos veículos de massa. A redatora e responsável pelas redes do projeto, Thanee Degaspari, em palestra para o terceiro período do curso de jornalismo

da Faculdade de Comunicação e Artes, esclareceu que o Mídia Ninja surgiu a partir do movimento sociocultural Fora do Eixo, que teve início, no país, no final de 2005. A proposta inicial era de dar destaque à cena musical independente, através de circuitos culturais e festivais. “O Mídia Ninja é um movimento que nasce no campo de cultura e a partir daí se amplia, procurando entender o que é comunicação e a importância dela”, diz Talles Lopes, um dos idealizadores do Ninja. O objetivo básico era conectar produtoras e artistas que se encontravam fora do eixo Rio-São Paulo e BH - daí o nome do projeto - divulgando trabalhos e promovendo apresentações para que eles chegassem a outros lugares. “A ideia era divulgar tudo e fazer toda a parte da comunicação para poder propagar a existência deles”, afirma Talles.

Após as jornadas de junho de 2013, quando ocorreu uma série de protestos e manifestações contra o Governo Federal em todo país, o Mídia Ninja assumiu cunho político. No dia 18 de junho do mesmo ano, ocorreu sua primeira transmissão ao vivo mostrando a repressão da polícia a um ato do grupo Black Blocks. “Mais de 200 mil pessoas assistiram essa transmissão, feita com celular, de baixa resolução, mas que trazia outro olhar. A grande mídia cobria as manifestações com helicóptero e a gente, com um guri que estava ali no meio do acontecimento”, conta Talles. NINJA A ideia de ser um ninja na comunicação surge a partir disso, de lidar com a possibilidade de dinamização da cobertura dos fatos que a internet trouxe para esse campo, com a notí-

cia em tempo real. “Todo mundo pode ser um ninja e comunicador. A partir do momento em que você tem um smartphone ou qualquer outro dispositivo desse tipo na sua mão, você pode tirar fotos, filmar e acessar a internet. Assim, você tem a posse das ferramentas para poder transmitir”, relata Talles. Ele explica que os integrantes “oficiais” do Mídia Ninja, em sua maioria, moram nas casas do Fora do Eixo, em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Branco, Brasília e Fortaleza. Eles adotaram um estilo de vida comunitária: “As pessoas moram juntas e não há uma distinção de vida e trabalho. Tudo se confunde e se mistura; temos um caixa coletivo e é tudo de todo mundo”. O trabalho é feito em conjunto por todas as casas e outros colaboradores através do aplicativo Telegram. “Estamos conectados

o tempo todo para produzir conteúdo”. Por ser uma organização sem fins lucrativos, o Mídia Ninja se mantém através de editais públicos e privados que são pertinentes ao veículo, envolvendo questões de comunicação e cultura. Devido ao grande engajamento com os movimentos sociais e com a política, o Ninja é uma rede de mídia abertamente de esquerda, mas Talles explica que

esse posicionamento ocorre por afinidade com as pautas que os que adotam esta ideologia defendem. Thanne e Talles contam que o Ninja dialoga com líderes de vários movimentos e partidos, procurando dar espaço de fala a todos. Se você quer ser um colaborador do Mídia Ninja, basta entrar em contato pelo inbox da página do Facebook e dar a sua notícia. Débora Drumond

Thanee Degaspari é redatora e coordena redes do projeto

Comunicação ajuda Médicos Sem Fronteiras Ana Clara Carvalho 8º Período

Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Criada em 1971 por médicos e jornalistas, tem, desde sua criação, a comunicação como uma preocupação central. Além de levar cuidados médicos, a organização tem a missão de dar voz às pessoas atendidas. Jéssica Urdangarin

é coordenadora de comunicação digital do MSF e explica que o testemunho do beneficiário é muito importante. Ao longo desses 45 anos, a comunicação sempre esteve presente. Nos escritórios existem equipes de assessoria de imprensa, comunicação digital, projetos offline etc. Essas ferramentas são utilizadas para dar visibilidade às questões que não têm muito espaço na mídia. Crises em países como Nigéria e Sudão do Sul que

são muitas vezes esquecidas. Nos lugares onde o projeto acontece existem equipes especializadas de comunicação. Há ainda dificuldades com a tecnologia: nem sempre, quando eles querem inovar, fazendo uma transmissão ao vivo, por exemplo, é possível. A solução que encontraram para amenizar esse problema é fazer com que o profissional que está no local envie fotos e vídeos pelo whatssap, para que quem

fica no escritório divulgue na internet. Jéssica afirma que o público quer saber o que o projeto está fazendo. “A gente sempre se esforça pra ter o testemunho do profissional brasileiro que está trabalhando. Através de uma sessão no site chamada ‘diário de bordo’, estimulamos os profissionais a escreverem”, explica. Mas, dependendo do País, há protocolos e regras que devem ser seguidos, tanto de segurança, quan-

to de comunicação. Jéssica explica que é preciso entender qual é o contexto do país para filmar. Em alguns deles é obrigatória a autorização do governo e algumas vezes não é permitido filmar, só fazer entrevista. Assim, é preciso que o profissional se adapte e siga rigorosamente esses protocolos. “A gente está lá para prover cuidados de saúde. Então temos que ter todo cuidado para não atrapalhar o trabalho”. Jéssica trabalha no es-

critório no Rio de Janeiro, mas já esteve na República Democrática do Congo para gravar o documentário “Caminhos da Vacina”, que hoje viaja o Brasil. O objetivo era mostrar o desafio de levar uma campanha de vacinação para um lugar remoto. “Hoje dizer que sarampo está matando crianças, é uma coisa distante do Brasil, porque todo posto de saúde tem vacina. Queriamos mostrar para o público brasileiro esse desafio”.

Jornalistas esportivos discutem sua profissão Jaynne Lamounier 1º Período

Em maio, jornalistas de diferentes veículos se reuniram na PUC Minas no

1º Seminário sobre Comunicação Esportiva: ideias e mídias. O evento aproximou profissionais renomados da área e alunos, e mobilizou um grande número Laísa Santos

Marcelo Barreto abriu seminário contando sobre sua carreira

de estudantes de diversos cursos do campus. O principal objetivo do seminário, segundo o prof. Pedro Vaz Perez, coordenador do CCI (Centro de Comunicação Integrada), foi o de levar as pessoas a refletir sobre as práticas atuais dos jornalistas esportivos que têm longa atuação no mercado e propor inovações. A abertura do evento ficou por conta do jornalista da SporTV, Marcelo Barreto, que contou um pouco da sua trajetória profissional e falou sobre a mudança do jornalismo esportivo ao longo dos anos. Alexandre Simões, do jornal “Hoje em

Dia”, e Mário Marra, da ESPN, abordaram o jornalismo esportivo no contexto das redes sociais. Com uma temática um pouco diferente, Rafael Figueiredo, diretor cinematográfico, contou a sua experiência ao produzir o curta-metragem “Como Ser Herói”, para a SporTV, sobre as Olimpíadas no Rio de Janeiro. Nesta produção, Figueiredo enfocou o lado social do evento, mostrando a rotina de uma turma de escola pública próxima aos locais onde as competições ocorriam. Maíra Lemos e Gabriela Moreira debateram acer-

ca da atuação das mulheres na mídia esportiva e abordaram questões recorrentes na sociedade atual, como o estereótipo da mulher nos programas desta área. As duas jornalistas contaram experiências vividas que reforçam o quão difícil é, para uma mulher, trabalhar na área esportiva. Gabriela conta que a maioria das ligações de sua editora não são para tratar da qualidade do seu trabalho como repórter, mas sim da sua aparência: “Eu achei que ela estava me ligando para dar um feedback mas, na verdade, era para falar que eu deveria passar a

usar brinco e batom”. Maíra também passou por situações parecidas: “O chefe me ligou para perguntar se eu poderia parar de colocar o cabelo de lado porque eu estava ficando com uma marca registrada e eles não queriam isto”. Elas argumentaram mostrando dados sobre a diferença de gênero na área esportiva. Na Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo há 485 mulheres num total de 3.500 pessoas.“Somos 13% do coletivo que cobre futebol, logo no Sudeste que é onde mais se formam mulheres no jornalismo.”


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SOCIAL

MST ganha reconhecimento público Movimento dos Trabalhadores Sem Terra é, hoje, o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, o que reforça sua importância social e econômica Carolina Serelle Pamella Tomich 1° Período

O Instituto Riograndense do Arroz (Irga) reconheceu, em maio, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. O movimento exporta 30% de sua produção e os produtos colocados no mercado são considerados de boa qualidade, já que menos aditivos químicos são utilizados no seu cultivo. Também no começo de maio, aconteceu em São Paulo a 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária. Cerca de 170 mil pessoas passaram pelo evento, que comercializou mais de 280 toneladas de produtos, quase todos orgânicos, vindos dos acampamentos e assentamentos do MST. A agroecologia foi incorporada pelo MST a partir dos anos 2000. Segundo dados do site do movimento, ele possui 100 cooperativas, 96 agroindústrias e 1,6 mil associações, que juntas desenvolvem a produção agrícola nos assentamentos. Essa produção faz circular R$ 7 milhões por ano apenas no município gaúcho de Nova Santa Rita, de acordo com a Prefeitura local. Podese falar também em

uma movimentação da economia nacional, pois 30% da produção é exportada para países como Estados Unidos, Alemanha e Espanha. Para a safra do arroz orgânico de 20162017, o MST estima a colheita de mais de 27 mil toneladas, produzidas em 22 assentamentos. Segundo Eloiza Soares, representante do setor de produção do MST, a agroecologia privilegia o cuidado com o ambiente e se diferencia bastante do agronegócio, que coloca o lucro sempre em primeiro plano. ‘‘O debate da agroecologia ganhou muito espaço nos últimos anos, inclusive na mídia. É importante considerarmos também que o custo de alimentos orgânicos não pode ser muito alto, já que pessoas pobres também têm que ter chance de comer alimentos saudáveis”, afirma. Sobre as feiras que o movimento organiza, Eloiza diz que funcionam como um modo de mostrar para a sociedade que é possível produzir alimentos sem veneno, em grande quantidade e com um menor custo. ‘‘As feiras e os eventos são ferramentas de diálogo com a sociedade, para mostrarmos a relevância da agroecologia. Considero que o saldo político é o mais im-

Reprodução Flickr MST

A 2º Feira Nacional da Reforma Agrária reuniu 170 mil pessoas em São Paulo

portante, para que as pessoas saibam o que a reforma agrária de fato significa’’, pondera. REPRESSÃO

O MST desperta reações polêmicas em diversos setores da sociedade e muitos militantes da causa sofrem séria repressão. O jornal francês Le Monde publicou, em março deste ano, uma matéria intitulada “No Brasil, acontecem mortes em série de militantes ecologistas”, que retratou a violência sistêmica que habitantes da zona rural e militantes da causa ambiental sofrem. Dados do Caderno de Conflitos no Campo, da Comissão da Pastoral da Terra (CPT) sugerem que os conflitos de terra devem se intensificar nos próximos anos. O Pro-

Movimento luta pela reforma agrária O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra surgiu em janeiro de 1984. O primeiro Congresso Nacional ocorreu em Cascavel, no Paraná, quando a ditadura militar chegava ao fim e uma abertura política para reivindicações e debates crescia no país. É um movimento de ativismo político e social brasileiro, um dos mais emblemáticos do país e está presente em 24 estados, nas cinco regiões do Brasil. Tem como objetivo a Reforma

Agrária, que é um sistema que regula e promove a justa divisão de terras. O MST também defende a democratização e a popularização da cultura, além do desenvolvimento de uma economia justa e igualitária. Outras pautas são: a demarcação de terras indígenas e quilombolas, com o objetivo de que esses grupos tenham o direito às suas terras de ocupação tradicional, e a luta contra a violência sexista.

jeto de Lei 4059/2012, que está tramitando em regime de urgência no Congresso Nacional, é avaliado pelos defensores da reforma agrária como um retrocesso, já que propõe irrestrita aquisição de imóveis rurais por estrangeiros, pessoas físicas e jurídicas. Joana Tavares, editora do jornal Brasil de Fato, foi assessora de comunicação do MST, por cinco anos. Ela fala sobre as origens e objetivos do mocimento. O MST surgiu como “forma de resistência à repressão que aconteceu, no Brasil inteiro, na época da ditadura e que foi ainda mais cruel no campo. As organizações camponesas foram exterminadas e qualquer possibilidade de criação de uma nova organização era reprimida”, diz. Foi nesse contexto que surgiram as chamadas ocupações de terra, impulsionadas por uma parcela progressista da Igreja Católica. Segundo Joana, os principais pilares do MST são a luta pela terra, pela reforma agrária e pela justiça social. “É importante diferenciar a questão da terra e a reforma agrária: a terra é o território e a reforma agrária é uma política muito mais profunda, que busca fazer com que as pessoas permaneçam naquele territó-

rio”, afirma. A jornalista pondera que a exclusão no campo não diz respeito apenas ao meio rural, mas também se relaciona com modelos de sociedade. “A mensagem que o MST passa é muito assustadora para quem detém o poder. A pauta do movimento não diz respeito apenas à terra, mas também à educação, cultura e cidadania”, explica. “O MST, acima de tudo, passa a mensagem de que as coisas podem ser diferentes se as pessoas de fato se organizarem”, completa. CONQUISTAS

Patrus Ananias, deputado federal por Minas Gerais, em 2015 foi nomeado ministro do Desenvolvimento Agrário do governo Dilma Rousseff. Diante do instável cenário

da política nacional, Patrus faz grave reflexão: “Esse quadro explicita para nós que o Estado Democrático de Direito deve ser preservado. O caminho ideal, inclusive para as lutas sociais como a da Reforma Agrária, seria a convocação de eleições diretas. A situação política atual é insustentável”. Patrus acredita que o MST e outros movimentos sociais têm um papel importante em qualquer sociedade democrática. “Os direitos não surgem do nada, são democraticamente conquistados com muita luta. Para expandirmos corações e consciências, temos que reconhecer a importância das militâncias”, afirma. Para ele a criminalização desses movimentos é visada principalmente pelos setores mais conservadores da sociedade e pelo capital financeiro. Sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais, o deputado conta que, quando era ministro, visitou diversos acampamentos e assentamentos do movimento.“Conflitos são inerentes a qualquer sociedade democrática. O balanço geral que faço do MST é positivo; muitos militantes são vítimas de setores reacionários do agronegócio e continuam resistindo firmemente”. Reprodução Flickr MST

Do total, 30% da produção do MST é destinada à exportação


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João Pedro Gruppi Lara Pereira Lucas Amado 1° Período

O uso de remédios para controlar transtornos neurobiológicos de crianças e adolescentes, como déficit de atenção e hiperatividade, tornou-se motivo de preocupação para pais, médicos e especialistas, pois há um verdadeiro modismo em receitá-los. O que antes era visto como, simplesmente, agitação, hoje é visto como doença. Crianças acabam sendo tratadas, muitas vezes, com remédios controlados, de tarja preta, sem necessidade. O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, mais conhecido como TDAH, caracteriza-se por uma disfunção na região central do cérebro, responsável pela inibição do comportamento isto é, controlar ou inibir

SAÚDE

Excesso de remédios prejudica saúde infantil Segundo pesquisa realizada pela Uerj, o consumo de ritalina aumentou 775% entre crianças e adolescentes no Brasil comportamentos inadequados e pela capacidade de prestar atenção, memorizar, ter autocontrole, organizar e planejar. Os principais sinais deste déficit coincidem com comportamentos comuns à infância, como ser inquieto, impulsivo ou desatento. Muitas crianças usam medicações perigosas, principalmente, a ritalina, sem ao menos haver um diagnóstico médico do problema, o que gera danos à saúde. Uma pesquisa do Ins-

tituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), apontou um aumento de 775% no consumo de ritalina entre crianças e adolescentes, de 2004 a 2014. “Em minha visão, esse aumento deve-se ao crescente número de diagnósticos de TDAH, possibilitado pela maior divulgação e conhecimento em relação ao transtorno’’, comenta Valéria Assis, psicóloga que faz um trabalho relacionado ao assunto, com Reprodução

Receitar remédios pesados se tornou um modismo que preocupa pais e especialistas

crianças e adolescentes em um colégio na região sul de Belo Horizonte. E há outros casos em que o diagnóstico pode ser equivocado. “Crianças questionadoras, criativas, desfocadas e desinteressadas em determinados conteúdos nas escolas, são diagnosticadas, mas, na verdade, apenas têm comportamento diferente das demais. Dessa forma, cada vez mais se aumenta o consumo da droga’’, diz ela. EQUÍVOCOS

Os diagnósticos de TDAH ocorrem a partir dos seis anos de idade quando as famílias podem observar comportamento atípico das crianças, como explica a pediatra Ingrid Koehne. “A pediatria não é a melhor especialidade indicada para tratar desses casos. A pedido da família, ou da escola, nós podemos encaminhar as crianças a um neurologista ou a um psiquiatra infantil. A medicação se necessária só pode ser prescrita

por médicos dessas especialidades”, explica. A pediatra afirma, também, que a mídia desempenha um papel muito importante e decisivo em casos de hiperatividade. Com o maior acesso aos meios de comunicação, as famílias puderam se informar mais sobre TDAH mas, muitas vezes, autodiagnosticam seus filhos de forma errada. “A mídia se por um lado ajudou os pais a conhecer o assunto, por outro acabou atrapalhando na hora do diagnóstico. Pais omissos querem filhos dóceis. O escapismo se dá através dos remédios que as grandes indústrias farmacêuticas impõem aos pais para melhorar as dificuldades comportamentais de seus filhos. O trágico é que nem sempre há necessidade deles”. Isto coloca o Brasil em segundo lugar no consumo de ritalina no mundo, de acordo com estudos do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos. A maior parte deste consumo é

Cirurgias plásticas na juventude podem resolver sérios complexos Flora Silberschneider 8° Período

Após anos de pesquisas, a ciência médica agregou diversas novidades à sociedade. Seja desenvolvendo vacinas, remédios, descobrindo curas para doenças, seja salvando vidas, a medicina evoluiu para tornar cada vez melhor nossa vida e nossa convivência. Uma das áreas medicinais, capazes de modificar o corpo humano e eliminar alguns complexos estéticos ou funcionais, é a cirurgia plástica. Muitas vezes considerada puramente efeito cosmético e coisa fútil, ela tem um lado importante e pouco conhecido que possibilita a reconstrução, reposição e recolocação de partes do corpo, tornando a convivência das pessoas mais agradável. Há quem divida a ci-

rurgia plástica em duas modalidades, a reparadora e a estética mas, para o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, regional de Minas Gerais, Dr. Marcelo Versiani, essa separação é puramente ideológica. Para ele, na verdade, todas as cirurgias plásticas são reconstrutoras, mesmo as consideradas estéticas, pois reconstroem - no sentido literal da palavra - o corpo humano. Ele diz que muitas vezes nos esquecemos de que o anseio da pessoa de realizar qualquer cirurgia plástica, também pode ir além de questões relacionadas com saúde física: pode ser impulsionado por alguma angústia psicológica ou, até mesmo, um bullying. CORREÇÃO

É o caso de Aline Oli-

veira, que realizou uma otoplastia, a famosa correção de orelha de abano, que consiste na reconstrução das orelhas grandes ou com má formação. Durante toda sua infância ela sofreu bullying e se envergonhava de suas orelhas; chegou a receber apelidos como Topo Digio – popular ratinho de orelhas grandes personagem de história infantil - e nunca cortou seu cabelo para poder tapar a orelha. Para Aline, fazer a cirurgia era mais do que uma questão estética, era social e emocional. O incômodo era tão grande que a impedia de fazer diversas coisas. Após realizar a cirurgia, diz que sua vida tornou-se mais leve e chegou até a cortar os cabelos curtos. Assim como Aline, muitas pessoas sofrem com o bullying por terem

diferenças estéticas, mesmo que menores, como Isabela Andrade, que possuía a úvula bífida - duplo sininho da garganta - e má formação do céu da boca. Sua condição dificultava a fala e deglutição; entretanto, Isabela sofria mais com o incômodo de seus colegas na escola do que pelas questões de saúde. Mesmo depois que cresceu e as zoações pararam, sua fala ainda não era normal e quando decidiu que queria cursar jornalismo realizou a cirurgia. Hoje, afirma que deixou a timidez de lado e que sua convivência com as pessoas melhorou muito. As cirurgias plásticas evoluíram para possibilitar o diagnóstico de malformações quanto antes possível. O filho de Igor de Almeida foi diagnosticado com lábio leporino

por estudantes, principalmente àqueles de cursos fundamental e médio. Nessa fase, a pressão dos pais para terem um bom desempenho acadêmico é alta, o que motiva o uso do remédio, cuja função é melhorar a concentração e o foco. Maria Clara*, estudante de 13 anos, começou a tomar ritalina devido a dificuldades com leitura; ela utiliza a medicação para se concentrar melhor nos estudos. De acordo com a estudante, há uma diferença muito evidente em seu comportamento quando está medicada. “Quando não tomo o remédio, sinto muito mais dificuldade para me concentrar e me distraio com as coisas ao meu redor”, relata a menina. Um dos maiores problemas relacionados à utilização da droga é o tempo em que os efeitos são perceptíveis: é bem curto, de apenas algumas horas. Com o costume, os resultados positivos vão se tornando menos evidentes. Dessa forma, a dose aumenta, com o objetivo de conseguir tais resultados. Trata-se de um equívoco, pois o remédio exagerado deixa o raciocínio mais rápido, porém, mais superficial, impossibilitando a percepção de detalhes importantes, o que pode prejudicar, e muito, a pessoa. *nome fictício Tony Winston/Agência Brasília

Os procedimentos ajudam a solucionar questões emocionais

antes mesmo de nascer. Pelo ultrassom, o médico descobriu uma má formação no feto e orientou os pais quanto a realização da cirurgia quanto antes possível. Os lábios leporinos, além de afetar a estética facial, podem atrapalhar a fala e ter reflexos diversos no indivíduo. Com apenas três meses a criança realizou a primeira cirurgia e com cinco a última. Igor acredita que seu filho nem se lembrará dos procedimentos e crê que foi a melhor solução tanto para saúde, quanto aparência estética do garoto. O cirurgião plástico e

coordenador da residência da especialidade na Santa Casa de BH, Maurício José Oliveira, acredita que os avanços da cirurgia plástica vão além da possibilidade de modificar o corpo humano, pois ela é capaz de manter o equilíbrio da pessoa no seu meio, dando lhe uma estabilidade psíquica e emocional. Segundo o médico Marcelo Versiani, o perigo é a crença de que tudo pode ser solucionado através da plástica. Ele conta que muitos pacientes procuram a cirurgia por questões emocionais e se esquecem de fazer acompanhamento psicológico.


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Discos em vinil têm muitos adeptos O mercado dos discos é o que mais cresce na indústria da música e investe na qualidade do som para conquistar colecionadores e apreciadores de todas as idades Marcella Gasparete Henrique Guerra 1º Período

O amor pelos vinis parece inexplicável, mas contagia muita gente. É o caso de Alexandre Lúcio, 41 anos, o “Fofão”, que há mais de 20 anos, trabalha na CD Clube, loja da “Galeria do Rock”, no centro de Belo Horizonte que, além de CDs, tem um espaço subsolo exclusivo para o formato. A qualidade do som e a valorização da arte da capa e do encarte são, na opinião de Fofão, os principais elementos que ainda explicam a procura por LP’s em tempos em que a música é consumida em plataformas virtuais, como Spotify e Deezer. É sabido que o preço e a facilidade em baixar músicas por plataformas virtuais estão entre os motivos que esvaziaram as lojas. Como, então, ainda se mantêm aproximadamente 20 lojas físicas no mercado, apenas em Belo Horizonte? Segundo uma pesquisa do digitalmusicnews.com, as lojas independentes se posicionaram à margem do capitalismo moderno, apostando em pequenos nichos de compradores, em promover o novo, em estocar diversidade, em

desafiar o óbvio. Por isso, o mercado de vinil é o que mais cresce percentualmente na indústria da música. Iniciativas diferenciadas também ajudaram a manter essa indústria, como revenda de usados e trocas de CDs por vinis. Quem acredita que ouvir discos físicos é uma prática old school está enganado. O mercado consumidor de vinil abrange desde o público mais jovem até o mais velho, dos 15 aos 90 anos. “A música é uma linguagem universal e essa cultura foi passada de geração em geração. Há uma juventude interessada em vinis hoje em dia” afirma Fofão. É o caso de Gabriel Herrera, 21 anos, que começou a colecionar vinis aos 11, quando ouviu uma coletânea dos Beatles. Na época, ainda era difícil ouvir música pela internet, e a maneira que ele encontrou para continuar descobrindo o trabalho da banda foi através dos discos de vinil de seu avô. Hoje tem por volta de 300 discos. “O som é realmente melhor que o dos CDs, já que o vinil consegue, a partir de ranhuras, reproduzir nuances que seu irmão mais novo tem dificuldade.”

A descoberta dos vinis pelo público jovem também chamou a atenção das gravadoras. Nos últimos anos, a coleção “Clássicos em Vinil”, da Polysom, tem relançado no formato de 180 gramas discos clássicos da MPB como “Acabou Chorare” (1972), dos Novos Baianos e “Gal Costa” (1969). Gal é, aliás, uma das artistas que também têm disponibilizado discos novos em vinil, como “Estratosférica” (2015), seu mais recente trabalho. A tendência também foi adotada por artistas jovens, que não chegaram a viver a época do vinil, como cantores Pitty e Marcelo Jeneci.

7º Período

Ser fã de alguma série de TV, cantor, ator e até mesmo, de jogador de futebol não está limitado apenas a acompanhar, nas redes sociais, notícias e eventos de que o ídolo participa. Hoje em dia, muitos fãs escrevem histórias inspiradas em seus ídolos, reais ou fictícios. As Fanfics, ou em português, ficção de fã, vêm atraindo cada vez mais público, tanto de leitores como de autores iniciantes. As Fanfics começaram ainda no Orkut, onde era possível acompanhar histórias seriadas, conta a estudante Ana Clara Avelino, 18 anos. Com sete anos ela já acom-

panhava web novelas fake, precursoras das Fanfics, pelo Orkut. Para ela, ler e escrever fanfics é colocar um pouco de você mesmo na história. A professora da Pós- Graduação da Faculdade de Curitiba (FAE), Thainá Thies, observa que, inicialmente, as Fanfics surgiram de histórias já escritas nas quais ela possível criar ramificações e novos desenvolvimentos. “As Fanfics são mais que isso, elas passam a utilizar os gêneros e temas originais de livros já publicados para transformar-los em outras histórias originais.” Raisa Perosini, 21 anos, é autora de 17 obras no site Wattpad. Para ela, escrever está relacionado a se divertir, criar narrativas que

Santa Teresa. O colecionador Leonardo Curi Araújo começa sua história de paixão pelas “bolachas” em 1979, quando ganhou um compacto do grupo Queen. Com a facilitação da internet, adquiriu LPs raros do Japão, da Alemanha e até em Israel. “Eu raramente escuto CDs. Às vezes ouço alguma coisa em MP3, mais para conhecer; ouvir com atenção e prazer é somente o vinil.” Igor Batalha

GOSTO ESPECIAL Wilson Avelar, 65 anos, jornalista e um dos sócios do espaço Discoteca Pública, pontua a importância da diferença entre um colecionador e um apreciador. “O colecionador se preocupa com o valor estético e histórico da obra. Enquanto isso, o apreciador encara o disco como um ritual: o principal interesse é com o som.” Ele se define como apreciador, apesar de seu “museu pessoal” conter mais de 20 mil discos.

Fanfics conquistam o público Júlia Guedes

Esse acervo de discos está preservado na Discoteca Pública, que foi idealizada por Edu Pampani em 2005 a partir da ideia de preservar a memória da música brasileira em vinil. E apesar de não ser disponibilizado para venda, o acervo pode ser consultado para audição, estudo e pesquisa. O espaço, que Wilson prefere não chamar de loja (apesar de ele também vender alguns CDs repetidos), está localizado no bairro

fogem à realidade e se imaginar em um mundo paralelo. “Fanfic é uma forma muito boa de fugir da realidade. É como pensar em algum ator que você gosta e ele encenar o roteiro que você está escrevendo. É mágico! A gente pode se imaginar nessa história.” Camila Vieira, estudante de jornalismo da PUC Minas, escreve desde a adolescência. Ela diz que, para escrever esse tipo de narrativa, é preciso escolher um tema que, de fato, gosta. Camila publica no site Wattpad histórias sobre séries de TV: “Eu não escrevo Fanfic sobre qualquer um, tem que ser um personagem que me deixe ligada na história, querendo saber mais e mais informações extras”.

IArquivo PBH

Wilson Avelar tem mais de 20 mil vinis preservados na Discoteca Pública Para ela, também é importante observar as características psicológicas dos personagens e buscar escrever o mais próximo possível: “Eu só leio se a história me convencer. O personagem faria/falaria isso? Se sim, eu leio”. UNIVERSO Existem diversos sites de Fanfics. No Brasil, o mais conhecido é o Fanfic Obsession que conta com mais de mil histórias publicadas em treze categorias. Porém, os autores vêm aderindo cada vez mais ao site canadense Wattpad, pois seu aplicativo possibilita ler as histórias em formato de e-book. A estudante de letras, Elaine Carvalho, 19 anos, saiu do Obsession para o site por causa dessa facilidade: “A vantagem maior é o aplicativo, que permite que

tenhamos uma biblioteca organizada que nos indica onde paramos a leitura e quando a história atualiza”. “Fanfics são escritas de forma seriada, atualizando um modelo antigo de publicação de histórias, o caso dos folhetins e, ao mesmo tempo, é um novo gênero que vem se aproximando mais da literatura”, explica Elaine. Já a advogada Nicole Oliveira, 25 anos, publica histórias originais no site Wattpad e acha que o mercado editorial tem preconceito contra as Fanfics justamente por serem derivadas de outras histórias. “Entendo as implicações que podem impedir o uso de personalidades famosas, mas acredito que voltar a atenção a essas histórias pode ser uma grande oportunidade de descobrir grandes talentos e impulsionar o mercado editorial.”

A Savassi é da Gente Ayana Braga 5° Período

Música, risadas e brincadeiras. Esse é o tom do projeto A Savassi é da Gente, que acontece todo domingo, de 9h às 14h, na Praça da Savassi. Um espaço de convivência e cidadania que agrada a todas as idades. É aberto para manifestações artísticas, prática de atividades físicas e brincadeiras. O trânsito é fechado em trechos das avenidas Cristóvão Colombo e Getúlio Vargas entre as 6 e 15h para o aprovei-

tamento do local. A iniciativa foi implantada em março, pela PBH, por meio da Belotur, Fundação Municipal de Cultura, Secretaria de Esporte e Lazer, BHTrans, Guarda Municipal, Secretaria Municipal de Fiscalização e SLU. O projeto tira as crianças da televisão, do computador e do celular, estimulando a imaginação e a convivência. Enquanto elas se divertem, os adultos saem dos seus escritórios, dos seus ternos e se sentam no chão, relembram a infância e participam da imaginação e diversão dos filhos.


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Jogo “Baleia Azul” incentiva suicídio Ministério da Justiça aciona a Polícia Federal para investigar o jogo virtual “Baleia Azul”, que teria relação com tentativas de suicídio e automutilação de jovens Anabella Mendes Natália Alves 4º Período

Um alerta foi emitido por várias cidades que apuram possíveis mortes relacionadas ao jogo; entre elas, Belo Horizonte e Pará de Minas. Há relatos de que adolescentes expostos ao jogo foram estimulados a completar uma série de desafios, entre eles tarefas que os obrigam ao isolamento e que ordenam ao jogador co-

locar fim à própria vida. Sabe-se que o jogo teria origem, em 2015, nas redes sociais da Rússia, espalhando-se pela Europa e chegando, agora, ao Brasil. Embora não haja confirmação, mortes de jovens na Rússia foram relacionadas ao jogo. A preocupação está na forma como o “Baleia Azul” tem se espalhado pelas redes sociais, provocando curiosidade entre crianças e jovens ou até tornando-se uma válvula de escape para aqueAna Luisa Santos

Jogo propõe que participantes cumpram desafios perigosos

les que têm tendência ao suicídio e depressão. A proposta do jogo é fazer com que os participantes cumpram desafios em 52 dias. Estes desafios, no decorrer do jogo, vão ficando cada vez mais perigosos e o último é o suicídio. Especialistas em psicologia juvenil alertam para o risco, pois o jogo pode ser fatal a uma criança ou adolescente que, muitas vezes, não dá a importância necessária ao risco nele contido. Keyla Cristina, pedagoga e mãe de dois filhos, está em alerta e lembra que é importante dar atenção à dimensão que o jogo “Baleia Azul” tomou nas redes sociais e outras mídias. Ela acredita que a melhor forma de lidar com isso é conversar com as crianças e adolescentes sobre o perigo da rede e orientar os pais para que possam dar atenção. A internet pode ser um perigo para crianças e adolescentes já que elas são expostas a um cenário que é uma porta

aberta para pessoas mal -intencionadas e conteúdo que os jovens podem não estar psicologicamente preparados para entender. Orientar o uso das redes sociais, através do diálogo, é responsabilidade dos pais. É necessário conversa, atendimento [especializado], atenção e presença. Presença dos pais ou responsáveis, da família ou de pessoas que são referências e exemplo para crianças e adolescentes. A questão da depressão infantil deve ser tratada séria e rapidamente, já que isso gera muito prejuízo para a criança e o jovem. A diretora e educadora Sara Camilo disse que o jogo Baleia Azul “não é pedagógico ou didático, ele induz a criança a práticas que não são saudáveis” Ela alerta que as redes sociais contribuíram muito para isso, pois as crianças tiveram acesso muito rápido ao jogo e a depressão é a raiz dele.

Baleia Rosa: uma alternativa positiva Um exemplo de projetos com resultados positivos no combate à depressão é o “Baleia Rosa”. Em resposta ao jogo “Baleia Azul”, o “Baleia Rosa” busca benefícios para a saúde e ajuda a elevar a auto-estima de crianças e adolescentes. Através de 50 desafios diários, que consistem em gestos e tarefas como olhar no espelho e se elogiar, evitar dizer coisas negativas e sorrir mais, a proposta do jogo é uma forma de atrair a atenção dos jovens para uma brincadeira positiva. A diretora e educadora Sara Camilo conta que adaptou o jogo para a escola uma vez que as crianças estão motivadas a criar desafios. A ideia do jogo partiu de um designer e

uma publicitária brasileiros que, em parceria com o Centro de Valorização da Vida (organização sem fins lucrativos que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio), criaramno com um propósito contrário ao “Baleia Azul”. Além dos desafios, o grupo incentiva os jovens a falarem com os autores do jogo quando tiverem problemas e disponibilizam um psicólogo para casos mais graves. O CVV realiza voluntária e gratuitamente o atendimento a todos que querem e precisam conversar através de chat, skype, e-mail, pessoalmente ou por telefone pelo número 141. Para entrar em contato basta acessar o site cvv.org.br.

Uso do Youtube pode ter riscos para crianças Carolina Cassese Henrique Perez Jaynne Lamounier 1º Período

O fenômeno dos “youtubers mirins” cresce em uma velocidade significativa, e as crianças não só acessam cada vez mais a internet, como também passam a produzir conteúdo. Assuntos como videogames, brinquedos, moda, maquiagem e até mesmo culinária são abordados pelos pequenos. O maior canal do mundo na categoria é o “Evantubehd”, que já conta com mais de 1,8 milhões de inscritos. Quais seriam as consequências do uso excessivo dessa plataforma pelos pequeninos? Para Paula de Souza Birchal, doutora em psicologia do desenvolvimento humano e professora da PUC Minas, a imposição das figuras modelo padronizadas pelo Youtube pode ser prejudicial ao desenvolvimento da criança: “A partir dos 4 anos, a criança começa a buscar suas identificações, seus modelos. Ao se deparar com figuras padrões no

Youtube, dizendo como deve ser e do que ela deve gostar, a criança é impedida de desenvolver, autônomamente, sua personalidade e sua criatividade. O excesso da tecnologia impede a criança de ser quem ela é”, afirmou. No mundo contemporâneo, a dependência tecnológica passa a ser tratada como um grave problema e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) já inclui essa questão na sessão III. Em crianças e jovens, um dos primeiros sinais desse vício é a queda no rendimento escolar. Um estudo coordenado pela consultoria paulista Officina Sophia concluiu que 65% das crianças que usam a internet dizem não ter regras ou tempo determinado para o acesso à ferramenta. A pesquisa ouviu cerca de mil crianças entre sete e 12 anos. Paula Birchal estende suas preocupações às crianças que produzem conteúdo na rede e aponta a importância dos pais nesse processo: “Você não sabe quem está assistindo. Pode ter qualquer tipo de

pessoa do outro lado da tela. A criança quer realmente ser exposta, ou os pais passam a tratá-la como um produto?”. Ela também pondera que a criança passa a lidar com vários problemas que não são condizentes com a idade dela: “A fama, que é bastante efêmera, ou a sua ausência repentina pode gerar, por exemplo, depressão ou uso de drogas, como já vimos em diversos casos de celebridades infantis. Também, quando a criança passa a ser uma ‘formadora de opinião’, ela pode ser confrontada por posições diferentes da dela. Está preparada para isso?” Monique Lisboa tem 13 anos e é dona do canal no Youtube que leva seu nome e conta com cerca de 90 mil inscritos. Em seus vídeos, ela aborda temas variados e frequentemente dá dicas de beleza e de estudo. Sobre a repercussão, Monique garante que sabe lidar com os comentários negativos: “Em geral, eles não me afetam. Nos dias em que estou mais sensível, apenas deleto alguns”. Ela afirma que lida bem

Ana Luisa Santos

Supervisão dos pais é fundamental para estabelecer limites

com tamanha visibilidade, mas reconhece que algumas precauções são tomadas. “Nem sempre posso postar as fotos que eu quiser no Instagram ou falar tudo que eu penso”, observa. Para Monique, a ideia de criar um canal no Youtube surgiu aos nove anos de idade. “Assistia vídeos de crianças que faziam comentários sobre brinquedos como a Barbie e os Monster High. Aquilo me inspirou, achava incrível”, afirmou. Sua mãe, Vanes-

sa Mariano, se considera uma grande fã do canal da filha e acompanha a garota de perto, desde o começo. Monique garante que o retorno que recebe é muito mais positivo do que negativo, e surpreende ao afirmar que no momento não está acompanhando com frequência muitos youtubers. “Por incrível que pareça, atualmente não estou vendo muitos vídeos no Youtube, mas tenho meus favoritos: LubaTV, Felipe Neto, Depois das Onze, Whindersson

Nunes e Alisha Marie”, informou. Visando auxiliar os pais das crianças, o Google lançou o aplicativo YouTube Kids, que é uma plataforma em que são encontrados apenas vídeos produzidos para o público infanto-juvenil. Os responsáveis podem assinalar a faixa etária do seu filho, escolhem se ele pode fazer buscas dentro do aplicativo e determinam quanto tempo a criança deve ficar assistindo aos vídeos. Com isso, o próprio aplicativo filtra o conteúdo e personaliza as informações de acordo com que os pais desejam. Para a professora Paula Birchal, cada vez mais os pais têm dificuldade em regular o que os filhos fazem na internet. “Eles estão no trabalho, ocupados, e o acesso às redes sociais é sempre possível, a criança pode acessar a internet no banheiro da escola, por exemplo. Talvez um caminho viável seja uma legislação própria para o assunto, com reguladores, por exemplo, de conteúdo e tempo”, sugeriu a psicóloga.


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Andréia Lomas 2° Período

Este mês, mil casais vão se unir em cerimônia conjunta e gratuita. O evento, promovido pela Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), procura beneficiar casais que moram em Belo Horizonte e não têm condições de arcar com as taxas dos cartórios para o casamento civil. O casamento coletivo é uma ação extrajudicial da DPMG e de alcance social muito grande, favorecendo os cidadãos de baixa renda. O principal objetivo é promover a vida conjugal e a inclusão social, a partir da regularização da situação jurídica dos casais. Uma das noivas, Amaraliz Oliveira de Freitas, assistente de gerente, tomou conhecimento do evento através do Facebook, marcado pela prima do noivo.

CIDADE

Casamento coletivo realiza sonho de muitos Defensoria Pública de Minas Gerais realiza cerimônia gratuita para casais de baixa renda financeira Ela sabia do sonho do casal, inviabilizado por suas condições financeiras. Segundo Amaraliz, depois de se casar “o companheirismo, a autoestima feminina aumenta junto com a confiança recíproca. Perante a sociedade, ter um estado civil definido faz diferença”, disse ela. O cadastramento dos casais foi entre os dias 3 de abril e 10 de maio na DPMG - Sede I. Para participar é necessário realizar vários procedimentos, mas em menos de dez

dias todo o processo se completa. O noivos devem atender às seguintes exigências: ter renda familiar de até dois salários mínimos, não possuir nenhum tipo de impedimento legal, ser residente no município de Belo Horizonte, e ter todos os documentos exigidos por lei. No ato da inscrição, devem apresentar cópia da carteira de identidade (RG), do cadastro de pessoas físicas (CPF), um comprovante de residência, comprovanAscom - DPMG

O casamento promove a inclusão social, regularizando situação jurídica dos casais

te de renda e duas testemunhas. É necessário que os noivos façam a inscrição pessoalmente. Os casamentos estão previstos para o final de junho, no Mineirinho. Ana Carolina Arcanjo é dona de casa. Pronta para o casamento, que ela aguarda há 12 anos, elogiou o atendimento da Defensoria: “Fui bem

atendida. Eles facilitam a vida da gente o máximo que podem. Por ser uma coisa gratuita, muita gente pensa que é enrolado, mas não: fomos bem tratados e acolhidos” conta. A maioria dos casais atendidos pela Defensoria Pública não tem condições de se casar no civil. Só o Cartório cobra R$393,85 pela cerimônia.

Ou seja 41,9% do salário mínimo que, hoje é de R$937,00. O casamento coletivo ajuda famílias a concretizar um objetivo de vida sem que hajam gastos extras. “Não houve comprometimento do meu orçamento para casa, voltado para pagar contas e alimentos; isso ajudou”, conta Amaraliz Freitas. A ação tem apoio do Governo de Minas Gerais, através do Poder Judiciário, Corregedoria de Justiça do Estado de Minas Gerais, Polícia Militar de MG, Sindicato dos Oficiais de Registro Civil de MG (Recivil), entre outros. A taxa cobrada é de R$15,00 por casal, referente à publicação dos editais de proclamas.

Entenda as diferenças entre união estável e casamento civil Uma questão que se apresenta para diversos casais que desejam constituir família é escolher qual tipo de relação vão estabelecer. Há diferenças entre o casamento civil e a união estável e como esses modelos são vistos pela sociedade. No Brasil, não há relação entre casamento civil e o religioso. O casamento civil tem como principal objetivo a constituição de família em que os cônjuges possuam direitos e deveres iguais. Esse tipo de casamento já estabelece herança em caso de morte ou distribuição de bens - parcial ou total - em caso de divórcio. Já a união estável se apresenta

como uma convivência pública e de constituição de família, sem casamento. Caso o casal deseje, pode ser transformada em casamento de acordo com autorização expressa do Código Civil. Nela, os cônjuges continuam com o estado civil de solteiros e para adotarem o sobrenome um do outro deverão ter, no mínimo, cinco anos em relação de união estável. Os direitos de sucessão (herança) são equivalentes ao do casamento em comunhão parcial de bens, modelo mais adotado no Brasil, segundo o qual a partilha atinge o que foi adquirido por qualquer dos cônjuges após o casamento.

Cursinho se preocupa em ajudar negros Luana Pedra 2º Período

Cresce em BH o número de cursinhos populares que procuram diminuir efeitos da desigualdade social, ajudando alunos da rede pública de ensino a entrar nas universidades. Entre eles, está o Educafro, inspirado nos cursinhos populares de Salvador, que há 30 anos é mantido por voluntários. Eles querem aumentar a presença dos negros nas universidades, e, consequentemente, seu acesso ao mercado de trabalho. Frei Davi, da ordem Franciscana do Rio de Janeiro e da Pastoral Negra, ajuda o grupo de voluntários a explorar uma nova metodologia, diferente dos outros cursinhos: tornar principal eixo do conteúdo a compreensão das questões do comunitário e da solidariedade. “Assim nasce

a Educafro como um cursinho para negros, pessoas da classe “c” e para qualquer um que não tenha condição de pagar um cursinho tradicional. Nosso intuito é fazer a inserção e permanência dessas pessoas nas universidade, levando-as a refletir e produzir alternativas de solução que atingem as periferias”, explica Noeli Carolina, assistente social e analista de projetos da Educafro Minas. Em BH, o projeto chegou em meados de 2000 e, hoje, 17 anos depois, recebe em média, 150 alunos por ano. Para conseguir atender todos, o cursinho conta com a ajuda de professores e gestores voluntários, que ajudam a administrar a organização: ”O voluntariado é um dos nossos maiores princípios; todo o projeto da Educafro só acontece porque existem pessoas interessadas, que de fato veêm na educação uma saída para ter melhor

condição de vida”, diz a assistente social. EXPERIÊNCIA Apesar do nome, a Educafro não é um curso somente para pessoas negras. O projeto atende negros e brancos pobres, que geralmente vem da periferia de BH. A assistente social Noeli Carolina conta que, por ela não ser negra e estar à frente de um projeto que leva a história do negro no nome, é sempre questionada em relação à representatividade. Noeli, que entrou na Educafro em março de 2013, conta como é a experiência e como lida com as reações das pessoas ao ver sua cor: “Foi desafiador principalmente por uma questão de identidade. Eu estava atuando como conselheira tutelar e aceitei participar do projeto. Eu ficava em uma mesa principal onde as pessoas esperavam encontrar

uma negra. Isto era muito desafiador. Uma branquela de olhos claros sentada em uma mesa de um projeto afro?”, admiravam-se os novatos, alunos, voluntários e visitantes. Segundo ela, o processo de reconhecimento de sua identidade veio a partir da Educafro; os alunos ajudaram-na de forma significativa: “Eu tive que parar e repensar minha identidade. Minha mãe é negra, meu pai é branco, então o que é que eu sou? Eu passei a reconstruir esse processo junto

com os estudantes, pude compreender-me melhor”. Uma das principais barreiras enfrentadas pela instituição é o preconceito. Ele leva as pessoas a dizer que o cursinho é de baixa qualidade por ser gratuito e feito por voluntários. Mas para os alunos da Educafro, esse é o diferencial: ele não pensa no comercial; dá prioridade à qualidade de um trabalho social que busca resultados. O número de alunos aprovados na Federal e outras universidades particulares aumen-

ta a cada ano. Em BH o Educafro oferece 130 vagas e, para se inscrever, o estudante precisa visitar o site da Educafro Minas e preencher um formulário. O cursinho entra em contato com ele e dá as principais instruções para concluir a inscrição, composta de mais um formulário a ser preenchido junto à assistente social, e uma entrevista. Não há restrição de idade, porém o estudante precisa estar cursando ou ter concluído o terceiro ano do ensino médio. Arquivo Pessoal

Para os alunos, o diferencial do curso é dar prioridade à qualidade do ensino, e não ao lucro


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NILMA GOMES

ENTREVISTA

Giulia Staar e Laura Brand, 5º Período

Governo Temer é símbolo de perda de direitos sociais Ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos no governo Dilma Rousseff (2015-2016), a mineira Nilma Lino Gomes,lamenta as posições do GovernoTemer quanto aos direitos sociais. Ela foi reitora pro-tempore da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB) é doutora em Antropologia Social (USP e nesta entrevista aponta o retrocesso nas políticas públicas voltadas para as minorias (mulheres, negros, LGBTs) de consequencias preocupantes. O que a senhora destaca entre suas realizações à frente do Ministério? Por que?

O meu Ministério era recente na estrutura ministerial da presidenta Dilma Rousseff. Estávamos dando continuidade aos trabalhos e às agendas que já vinham sendo realizados pelas diferentes secretarias de Igualdade Racial, Mulheres, Direitos Humanos e Juventude que passaram a compor o novo ministério. Realizamos as conferências nacionais de Políticas para as Mulheres, da Juventude, dos Direitos Humanos, Pessoas com Deficiência, Criança e Adolescente, LGBT e Idosos. Todas tiveram intensa participação social e foram bem sucedidas. Estávamos em processo de construção dos Centros de Referência em Direitos Humanos e Igualdade Racial, bem como da ampliação de uma atividade que antes era realizada somente pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) intitulada “Caravana Pátria Educadora pela Promoção da Igualdade Racial e Superação do Racismo”. Estávamos estudando a ampliação do tema da caravana, incluindo mulheres, direitos humanos e juventude para reorganizarmos as viagens aos estados e municípios brasileiros discutindo a implementação das políticas para a diversidade com governadores, prefeitos, prefeitas, gestoras, gestores, conselhos, movimentos sociais e universidades. Ampliamos o alcance do programa de denúncia Disque 100, da antiga Secretaria de Direitos Humanos, para o Disque 100 Racismo do novo ministério. Incluímos mais dois módulos referentes a mulheres negras e juventude negra; povos e comunidades tradicionais, quilombolas e povos de terreiro. Realizamos a campanha publicitária “Não importa a sua crença, acredite no Respeito”. Essa campanha que, lamentavelmente, foi interrompida devido ao golpe, visava a valorização dos povos e comunidades de matriz africana e de terreiros e colocava em debate o papel do Estado na superação da violência e do racismo religioso.

Como avalia a participação das mulheres, principalmente negras, no atual cenário político brasileiro? Embora tenhamos uma maior pre sença de mulheres negras nos cargos públicos nas esferas federal, estadual, municipal e distrital, essa presença ainda está aquém do desejado e do necessário para uma equidade de gênero e raça em nosso país. Essa presença ainda não é significativa, mas estamos conquistando esses espaços e lutando por esse direito. A presença de mulheres negras nos cargos públicos e em lugares de poder e decisão representa a garantia do direito da população negra de ocupar os diferentes lugares sociais, políticos, acadêmicos e econômicos rompendo com o histórico de racismo, de desigualdade racial e de gênero que vivemos historicamente em

rão ainda mais os grupos sociais e étnico-raciais que já vivem um histórico de desigualdades, discriminação e violência. As mulheres negras, cuja história e presença na sociedade já são marcadas por profundas desigualdades, sofrerão ainda mais. Se na construção do Estado Democrático que vivemos nos últimos 13 anos, nós mulheres, já lutávamos pela total garantia dos direitos previdenciários e trabalhistas, enfrentávamos tripla jornada de trabalho, sofríamos com a violência doméstica, com os baixos salários e lutávamos para conquistar cada vez mais um lugar digno no mercado de trabalho, é possível imaginar como a nossa situação ficará ainda pior com a implementação destas reformas. O Governo Temer extinguiu É fato que as o Ministério que a sra dirigiu. desigualdades soQuais as consequências dessa ciais, raciais e de Ser realista medida? Isso reflete os ideais gênero e as muitas sobre o Brasil é de uma maioria conservadora? formas de discrimientender que Desde o primeiro mandato nação e violência não podemos de Dilma Rousseff acomnão nasceram em desistir da panhamos o acirramento maio de 2016 quandemocracia. das forças neoconservadodo se iniciou o aturas, de direita, capitalistas e al golpe disfarçado fundamentalistas em nosso de impeachment. país. Essas forças invadiMas ressalto que, ram os espaços do Executivo, do Legisna gestão dos governos dos presidentes lativo, do Judiciário e são as que conLula e Dilma, essas desigualdades eram duzem a mídia hegemônica, no Brasil. consideradas pelo governo federal como Com o golpe disfarçado de impeachment, sérias questões sociais, políticas e econôassumiu o Executivo um governo ilegítimicas que precisavam ser solucionadas e mo que se organizou com um perfil automereciam um tratamento específico da ritário, corrupto, conservador e de direiparte do Estado. E, para tal, era preciso ta. Trata-se de um governo liderado por dialogar com a sociedade, com o Legishomens brancos, da elite política, fundalativo, com o Judiciário e com o mundo mentalista-religiosa, latifundiária e empresarial que tem revelado que o seu compromisso não é com a garantia dos direitos sociais, coletivos, políticos, econômicos e humanos duramente conquistados pela sociedade brasileira ao longo dos séculos. Mesmo que, depois de um tempo, o atual governo tenha criado na sua estrutura o Ministério dos Direitos Humanos, o que temos assistido é um silenciamento das ações e políticas desse ministério e das secretarias que o compõem. Assistimos a um total retrocesso das temáticas que antes haviam conquistado um lugar independente na estrutura governamental e que foram, inclusive, organizadas em ministérios transversais com orçamento, políticas e programas específicos. Essa estrutura, que significou um avanço das políticas públicas para a diversidade, perdeu status político e administrativo. nosso país e em outros lugares do mundo. Significa ter a diversidade brasileira, principalmente aquela que articula gênero e raça, devidamente representada em nossa sociedade de forma justa e democrática. A paulatina mudança que assistimos nesse quadro se deve à luta histórica das mulheres negras que, desde a escravidão, lutaram por libertação e sempre estiveram inseridas nas lutas por emancipação social, racial e de gênero. Ocorre um ocultamento da intensa participação das mulheres negras na cena nacional, social, educacional e política, fruto da ação conjunta entre patriarcado, machismo e racismo.

Como vê as propostas de reforma da Previdência, do Trabalho e da Educação em relação aos interesses das mulheres?

As propostas são retrocessos terríveis da luta por direitos. Elas atingirão negativamente todas as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros. Como elas representam um alinhamento das políticas públicas com as exigências capitalistas de austeridade fiscal e de Estado mínimo, elas afeta-

privado. Um dos exemplos dessa postura democrática é a própria existência dos Ministérios transversais e do ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos.

O que é ser realista sobre o Brasil? Estamos mesmo evoluindo nas questões de gênero e racismo? Quais foram os recuos mais preocupantes nas políticas públicas de mulheres e direitos humanos neste governo?

Ser realista sobre o Brasil é entender que não podemos desistir da democracia e que temos que continuar lutando para reconquistar os nossos direitos. Ser realista sobre o Brasil é lutar por Diretas Já, que as eleições de 2018 ocorram sem golpes, sem jogadas políticas e ideológicas conservadoras e capitalistas. É entender que vivemos um momento duro de avanço das forças neoconservadoras e capitalistas e que essas forças se realinham para impedir os avanços sociais e a democracia, principalmente, nos países do eixo Sul do mundo. Tentam impedir a articulação SulSul, o avanço dos Brics e a independência econômica e política dos ditos países emergentes. Desejam cada vez mais concentrar poder político e riqueza nas mãos do capital econômico nacional e internacional. O Brasil está inserido nesse contexto. Vivemos uma articulação e um novo arranjo dessas forças neoconservadoras. E percebemos o quanto elas sempre estiveram presentes no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, bem como na grande mídia e no mundo empresarial. O momento exige uma atenta leitura da conjuntura nacional e internacional, articulação das forças contra-hegemônicas, participação social, luta pela retomada da democracia e da justiça social. Os recuos mais preocupantes nas políticas públicas para as mulheres e para os direitos humanos nesse governo, além do que já foi dito anteriormente, pode ser visto no aumento da violência. Não é possível dissociar o aumento da cultura do estupro, da violência doméstica, do assassinato dos povos do campo, indígenas e quilombolas do clima conservador que se instaurou. Quando as forças conservadoras ascendem ao poder elas propiciam o protagonismo da direita, dos fundamentalismos e do colonialismo. José Cruz/Agência Brasil


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