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TREZE INFORMA 03 Informativo dos Colegiados dos cursos de Comunicação Social, Jornalismo e Relações Públicas do Prédio 13 | 11 de março a 17 de março
Televisão como tecnologia e forma cultural
Aula inaugural apresentou tradução inédita do livro de Raymond Williams
A
Foto: Arthur Lahoz
s nuances e as cristalizações de sentido acerca dos conceitos de tecnologia e forma cultu-
ral, palavras-chave do livro de Raymond Williams, “Televisão”, bem como as questões metodológicas que dão forma à obra, foram os pontos centrais do debate com os pesquisadores Márcio Serelle e Vera França, com mediação de Mário Viggiano, no lançamento em BH da tradução inédita em português do livro seminal dos
Pesquisadores discutiram conceitos principais do livro "Televisão"
estudos culturais ingleses. O evento, aula inaugural dos cursos de Publicidade e Ci-
Serelle aponta que, para o autor inglês, ao mesmo tempo individualizado, com o
nema, aconteceu dia 8, no auditório 3 do a emergência da televisão na vida cotidia- fortalecimento da esfera privatizada doprédio 43.
na se deu como uma resposta tecnológi- méstica“, afirma o professor.
Abordando a televisão tanto como tec- ca para um momento de mudança social,
"Ao mesmo tempo crítico e em certo
nologia quanto como forma cultural, ten- caracterizada pelo deslocamento estrutu- ponto pessimista em relação à televisão do em vista seus conteúdos, Marcio Se- ral das populações como, por exemplo, no ponto em que ela era dominada por relle, um dos responsáveis pela tradução, do campo para a cidade e do lar para o pressões e forças empresariais e governajunto a Viggiano, discutiu as complexida- trabalho, fenômeno a que Williams atri- mentais, ele tinha essa noção de que as des que cercam os principais conceitos da bui o conceito de "privatização móvel". tecnologias são humanas, e essa instituobra.
"Um mundo de intensa mobilidade, mas cionalização da televisão era apenas uma forma entre outras possíveis", explicou.
Foto: Arthur Lahoz
Já a pesquisadora da UFMG, Vera França, ressaltou a qualidade da obra enquanto exemplo metodológico, ou seja, como forma de olhar para os objetos comunicacionais do cotidiano. “Pensar em televisão e em sua natureza técnica é buscar entender o que ela permite e o que não permite, enquanto configuração de produtos em inserção prática em nossas vidas. Pensá-la enquanto forma cultural é refletir sobre como ela se insere em nossas vidas, o que nós fazemos com ela e com Auditório lotado durante aula inaugural de Publicidade e Cinema
seus produtos”, finalizou.