Revista Versificados - ED 1 OUT 2015

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SUMÁRIO 2

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CARTA DA EDITORA

COLUNA DO BIGODE

Sobre a crescente desvalorização da literatura e o movimento contra a corrente.

Booktuber, apaixonado por livros e tecnologia. Rafael, conhecido pelo canal Bigode Literário, conta tudo da sua segunda Bienal.

4 FALA IAIÁ

ENTREVISTA

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Autora lançada no Brasil pela editora Valentina dá entrevista exclusiva para nossa equipe.

ACONTECIMENTOS Setembro passou, outubro chegou e o que mais chamou nossa atenção?

6 BIENAL DO LIVRO Nossa matéria principal do mês traz um retrato pouco convencial da XVII Bienal do Livro RJ.

9 JOUT JOUT Rolou encontro com a (diva) Jout Jout Prazer na Bienal do Livro. Não foi? Quer saber tudo que aconteceu?

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Desculpa. Obrigada. De nada. Fique à vontade.

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PHOTO BY KHAN ACADEMY

NACIONALIZANDO Reniére Pimentel fala sobre a importância e valorização da literatura nacional num cenário editorial de controvérsias.

15 VOZ DO NOVO AUTOR Thiago Marques, autor nacional e estudante de Letras, traz um texto bem desenvolvido.

17 LARI INDICA Autora, blogueira, booktuber e roteirista, Larissa Siriani tem boas dicas de livros para quem está querendo uma leitura nova.

19 HASHTAG BIENAL Quando fotos resumem 13 dias de forma inesquecível. Permitido desejar voltar no tempo!

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REVISTA VERSIFICADOS ED. 1 - OUTUBRO 2015


CARTA DA EDITORA

REVISTA VERSIFICADOS .......................................................................................................................................................................... ED. 1 - OUTUBRO 2015 por Camille Thomaz Labanca

(Des)Valorização da Leitura Não sei dizer quando a literatura passou a ser realmente importante para mim. Foi quase como um romance: começa devagar, você nem nota até ser tarde demais – está completamente apaixonado e seu tema principal é seu amor. Em um minuto eu estava com meus primeiros livros na mão, pensando “hum, isso é interessante” e no seguinte defendia que literatura não só pode como de fato muda vidas.

Ao mesmo tempo que batia recordes pessoais de leitura, eu conseguia me comunicar melhor, acumulava coragem para seguir com meus sonhos e quando estava a ponto de desistir de alguma coisa, lia uma história na qual a personagem tinha tudo contra ela e se provou capaz. Isso foi inspirador: uma pessoa ser capaz de conquistar coisas que ninguém julgou que ela conseguiria. Ainda por cima quando fez tudo porque ela queria fazer. Então eu comecei a ouvir pessoas dizendo a mesma coisa que eu: o quanto a literatura tinha mudado suas vidas em todos os aspectos. Pensei o quanto Mário Quintana estava certo ao dizer “livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas” e questionei se as pessoas estavam entendendo a mensagem que passavam quando diziam que sim, a literatura é importante para a sociedade.

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REVISTA VERSIFICADOS ED. 1 - OUTUBRO 2015

Ainda tenho minhas dúvidas, principalmente quando começo a estudar e ver na minha frente o quanto a literatura está desvalorizada, o quanto as pessoas a veem como forma de ganhar dinheiro sem fazer a diferença na vida de outra pessoa. Pior, o quanto muitas delas se ocupam julgando o que você escolhe ler. Se você está aqui, lendo isto, preciso que saiba que ainda guardo esperanças. Ainda faço parte de um movimento de incentivo real à leitura, como forma de contribuir para uma sociedade com mais respeito, amor e solidariedade do que descontento, ódio e egoísmo. Ainda acredito que se você se predispôs a baixar essa revista, acredita um pouco nisso também.

É nessa deixa de esperança que compartilho um trecho de A Literatura em Perigo, de Tzevetan Todorov: "A literatura pode muito. Ela pode nos estender a mão quando estamos profundamente deprimidos, nos tornar ainda mais próximos de outros seres humanos que nos cercam, nos fazer compreender melhor o mundo e nos ajudar a viver. [...] Ela pode também, em seu percurso, nos transformar a cada um de nós a partir de dentro. A literatura tem um papel vital a cumprir; mas por isso é preciso tomá-la no sentido amplo e intenso que hoje é marginalizado. [...] A literatura é pensamento e conhecimento do mundo psíquico e social em que vivemos. A realidade que a literatura aspira compreender é, simplesmente, a experiência humana." Vamos juntos? Camille Thomaz Labanca E d i t o r a c h e f e Ve r s i f i c a d o s

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FALA IAIÁ!

REVISTA VERSIFICADOS .......................................................................................................................................................................... ED. 1 - OUTUBRO 2015 por Flávia Maria Alvim

Desculpa. Obrigada. De nada. Fique à vontade. Melhor já começar me desculpando, porque esse texto é só um ensaio. Ao contrário do restante do conteúdo que você vai encontrar nessa revista, essa página será dedicada a tentativa e erro, um tipo de aventura em forma de crônica. O motivo? “As crônicas são obser vações do cotidiano mas isso não significa que o cronista experimentou cada um dos fatos que relata. A premissa, normalmente, é verdade mas os argumentos são construções criativas do escritor”, me ensinou Antônio Prata durante um bate-papo no Cubovoxes na última Bienal do Rio então, na hora de escolher o que fazer na minha coluna da Revista Versi não tive dúvidas: quero escrever a crônica! Poderia ter escolhido não ter coluna alguma mas seria injusto excluir um gênero já tão marginalizado da literatura. Marginalizado sim, disse Gregório Duvivier no mesmo encontro, quando contou sobre a história das crônicas “nascem na urgência, ninguém tinha os textos na gaveta e o jornal resolveu usar, os textos surgiram para preencher um lugar nos jornais. É na pressa que elas nascem”. Essa aqui não, na contramão, nasce do tempo porque nossa fechamento editorial está bem planejado mas nem por isso o tempo foi bem utilizado. Mas, se escrever é tão complexo porque eu me atrevo a tentar? A respota veio, em forma de lembrança resgatada na caixinha de memórias, sobre certa vez que, zapeando os canais da televisão, ouvi de um senhor (que não me recordo o nome) aquela que acredito ser a melhor definição sobre o processo criativo de um escritor quando este foi questionado sobre a existência da “inspiração” forma de inter venção divina que tornava lúcido e em ordem logica e sequencial os pensamentos para que saíssem da cabeça pro papel. Com uma certa ironia e muita convicção, ele foi claro ao dizer: “Escrever não depende de inspiração e sim de transpiração. E dor. Dói muito. As costas, o pescoço e os punhos por ficar horas na mesma posição, refazendo, tentando, apagando e recomeçando”. E desde então eu passei a respeitar mais os escritores por isso, e parei de me esconder nas desculpas fáceis do tipo “não tenho nenhuma ideia hoje” até que fiz da escrita um exercício. Esse é o meu exercício, contar em forma de crônica as maiores mentiras sobre alguma verdade. Me desejem sorte (e vida longa à Revista Versi) 5


ACONTECIMENTOS EM DESTAQUE

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por Camille Thomaz Labanca e Flávia Maria Alvim

GREY

SURPREENDENTE

TE VENDO UM CACHORRO

DESTINADO

FILHO DOURADO

DESAPARECIDAS

REVISTA VERSIFICADOS ED. 1 - OUTUBRO 2015

[RUÍDO]

UMA CHAMA ENTRE AS CINZAS

RESENHAS

CAPITOLINA: O PODER DAS GAROTAS

SURPRESA IRRESISTÍVEL

O JEITO DISNEY DE ENCANTAR OS CLIENTES

MAZE RUNNER: PROVA DE FOGO

I Bienal do Livro de Contagem Aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de Setembro a I Bienal do Livro de Contagem. O evento contou com Gregório Duvivier e Laura Conrado.

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BIENAL DO LIVRO

REVISTA VERSIFICADOS .......................................................................................................................................................................... ED. 1 - OUTUBRO 2015 por Igraínne Marques

O trâmite desvincula literatura de literatos e academia da intelectualidade do século XXI A Bienal é um grande evento literário que acontece anualmente em uma das maiores cidades brasileiras da atualidade: ou Rio de Janeiro ou São Paulo. Em 2015, foi a vez das terras cariocas receberem essa feira de proporções inacreditáveis, cedendo espaço a editoras conhecidas nacional e (muitas vezes) mundialmente. Dessa vez, prometia-se uma feira maior, com um número de visitantes excedendo o esperado. Expectativas que, no último dia de evento, não foram frustradas. Venderam-se mais livros do que qualquer Bienal do Livro, mais autores foram convidados e mais palestras foram realizadas. O sucesso foi integral – os problemas, poucos. É sempre uma conquista conseguir atrair novos leitores ao mundo dos livros. Se mais escolas visitam o evento, significa que haverá mais leitores no futuro. Autores jovens, tratados como popstars, são um espetáculo à parte. Perseguidos por multidões, esperados por grupos de 300 ou 400 pessoas; senhas que não dão conta da espera. Em meio a esse contexto, o que mais chama a atenção não é o fanatismo, a euforia ou sequer o gosto pela leitura. O que chama a atenção, agora, é outra coisa. Os literatos insistem em ignorar, mas é uma verdade instaurada: o leitor vem mudando. E não é pouco. A MUDANÇA DE PÚBLICO Literatura, hoje, deixou de ser algo elitizado. Literatura, agora, só faz sucesso quando é popularizada. E é isso que as Editoras querem. A renda, a venda, o lucro e o reconhecimento garantido. Virou produto, embora também seja arte. E por que uma coisa haveria de eliminar a outra? Mas elimina. Muitas e muitas vezes. Confesso que jamais li livro algum de vlogueiro (seja ele qual for) ou blogueiros. Tenho a curiosidade quase gritante de ler os livros da Bruna Vieira,

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA 7 AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA


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por exemplo, que começou a escrever bem nova e chamou a atenção de editoras consagradas (ou seriam as editoras que se consagraram por causa dela?). De qualquer forma, é um novo espaço, um novo tipo de autor, um novo tipo de escritor – que, diante das dificuldades de se alcançar as editoras convencionais (que só aceitam originais por correio - isso quando aceitam), arranjam uma nova forma de chegar ao público. Usando a internet. Vivemos num mundo rápido, instantâneo. Ler uma matéria não é atrativo diante da possibilidade de se assistir a essa mesma matéria. É a velha questão do “livro ou adaptação?”. Por esse mesmo motivo, jovem hoje em dia prefere assistir a ler uma resenha. Dar play no Youtube a procurar uma reportagem sobre um assunto polêmico. Por que não ouvir uma opinião de gente tão jovem quanto? Por que não priorizar o discurso da menina de 17 anos em vez de olhar primeiro o Jornal Nacional? É a coisa mais natural do mundo procurar orientação em meio aos iguais. O problema não é esse. O problema é quando a academia espera algo diferente e recrimina o tipo de público que consome tal conteúdo, taxando-os de rasos. Da mesma forma, porém, compreendo o outro lado da moeda. Não por julgar tais jovens, mas por julgar quem os publica. Literatura nasceu e vai morrer sendo arte. Arte, por si só, visa muito mais que entreter; visa promover reflexão. O livro, assim que escrito, deixa de ser do autor para ser do mundo. E essa é a beleza da arte, seja ela qual for. Da mesma forma, o vídeo, assim que divulgado, deixa de ser do vlogueiro. O problema não é o convite. Escrever é oportunidade; se a editora tem uma proposta e isso implica em ganhar dinheiro, quem não faria? Na minha torpe opinião, “tem mais é que aceitar”, afinal, oportunidade se agarra e não se empurra. Mas acontece que esse pessoal nunca escreveu. E as portas continuam fechadas para quem escreve. 8


REVISTA VERSIFICADOS .......................................................................................................................................................................... ED. 1 - OUTUBRO 2015

Competir contra os novos famosos (os famosos de internet) é inviável, é impossibilitar qualquer meio de divulgação própria. Assim como todo famoso, esses têm uma legião de fãs que os defenderão de qualquer crítica – mesmo que seja construtiva. Lutar contra isso seria dar um tiro no próprio pé. Não se trata de tomar o lugar do outro. Trata-se de limitar o espaço na editora para apenas esse tipo de autor brasileiro. Quando se vive num país onde a arte nacional é menosprezada e vulgarizada, onde a literatura premiada nem mesmo é conhecida – e se é, é porque é livro estrangeiro – ir contra isso é quase uma missão impossível. Se a literatura escrita por pessoas (que não costumavam escrever) conquista tanta gente, imagina como deve ser boa a literatura criada por aqueles que vivem para isso? Não há público já instaurado, é verdade, mas é um terreno inexplorado. Minas nunca são encontradas se não se está procurando por elas. Não se trata de literatura nacional ter ou não qualidade: a literatura contemporânea atual não tem (supostamente) qualidade porque ninguém está dando a oportunidade para ela. E esse é o verdadeiro problema. Editora prioriza investimentos em bolsos, deixando em segundo plano (às vezes descartando) a literatura que faz pensar. Eu, como literata, como profissional da área de Letras, entendo que os espaços jovens comuns vêm se dinamizando. Mais do que isso, se expandindo e recriando. Condenar esse tipo de popularização é ser, acima de tudo, ultrapassado. E condenar a literatura popular é ser, no mínimo, quadrado. Ninguém começa lendo Bukowski. O contemporâneo pode, sim, entrar no cânone e eu sou a primeira a levantar essa bandeira. Basta que hajam espaços comuns, que sejam ofertadas nas livrarias poetas novos – e para isso, as editoras precisam abrir portas. A culpa não é do jovem, não é do leitor e muito menos do escritor. A culpa é um revestimento social que permeia empresas de grande porte e instituições preparadas para condenar o que é apreciado pela maioria da população – porque depois que populariza, “(des)intelectualiza”. Como escritora, percebo que a linha que separa o autor brasileiro do leitor é muito tênue. A 9


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única diferença é que autor nacional não dá dinheiro, enquanto o leitor, ah, esse sim.

JOUT JOUT, PRAZER NA XVII BIENAL DO LIVRO RIO Por Fernanda Dias No dia 6 de setembro rolou o tão esperado encontro de Jout Jout lovers na bienal. As pessoas foram chegando aos poucos. As 15 primeiras pessoas ganharam livros e as 5 primeiras de batom vermelho também! A família se dividiu em grupos para se conhecerem, se amarem e responder as 50,5 perguntas da Jout Jout. Tudo tranquilo até que a convidada mais esperada da noite chegou e foi uma euforia só. Felicidade transbordava dos olhinhos de cada uma das 400 pessoas que estavam ali. Julia foi a pessoa mais fofa do mundo! Ela falou com todos, foi super receptiva, conversou com o pessoal, tirou fotos.... Posso dizer que em nenhum momento ela deixou de sorrir (nem eu!). Fizemos um sorteio de canecas lindas com fotos da Jout para o pessoal e, claro, também demos uma para ela. Tudo isso com direito a braços, brincadeiras e uma bela foto em família. Algumas pessoas não puderam ficar até o final, então nós as chamamos para que pudessem ter seus momentos felizes com a nossa diva. No final do nosso encontro, organizamos a galera em uma fila para que cada um pudesse dar um abraço, falar e tirar fotos com a Julia. Os booktubers gravaram vídeos para seus canais e tiraram foto em grupo. Tudo deu certo e só temos a agradecer por esse dia tão maravilhoso, pela presença da Jout Jout, por ela ter um coração maior que o mundo que espalhou amor e que mesmo cansada, não parou de distribuir carinho. Julia é incrível, simpática e verdadeira. Eu queria poder voltar no tempo e ficar lá para sempre!

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COLUNA DO BIGODE

REVISTA VERSIFICADOS .......................................................................................................................................................................... ED. 1 - OUTUBRO 2015 por Rafael Ribeiro

Bienal do Livro Rio 2015, o que achei? Minha segunda experiência com a Bienal, a primeira vez no Rio de Janeiro. O que posso dizer sobre isso? Bem, há um ano pude conhecer a dinâmica de uma Bienal do Livro indo na de São Paulo e posso dizer que a experiência foi ótima. Sendo um booktuber, conheci vários amigos meus pessoalmente, com quem tinha contato apenas de modo online. Claro que foi um deslumbre. Me acabei comprando livros, já que na época eu tinha um pouco mais de dinheiro do que tenho atualmente, conheci muita gente. Foi nesse ano que eu tive total compreensão das proporções que o meu trabalho como booktuber estava tomando com a quantidade de pessoas que encontrei no primeiro encontro de booktubers para inscritos. Sabendo disso, as oportunidades é claro que surgem. Vejo a Bienal do Livro, tanto no Rio quanto em São Paulo, como a personificação do nosso trabalho online, onde nos encontramos com quem conversamos apenas virtualmente. Temos esse contato verdadeiro. Bienal não é só um lugar para encontrar seus autores favoritos ou então fazer a festa comprando todos os livros que vemos pela frente, mas sim um lugar para termos certeza que não somos só pessoas que leem livros sozinhas, sentadas no quarto ou em qualquer lugar, mas sim uma grande comunidade leitora, contrariando os dados de que o brasileiro não lê. Lá podemos ter certeza que existem muitas pessoas nesse mundo literário. Foi nesse ano que eu pude ter certeza que a Bienal está valorizando a leitura na vida dos jovens, já que o livro mais vendido foi o da Kéfera. Vi muitos deles se inserindo nesse mundo fantástico da leitura. Claro que há ressalvas, mas enxergo isso como uma abertura de portas, onde o jovem começa por um, depois conhece outro, e outro e mais outro. Tudo isso por causa da Bienal! <3 11


ENTREVISTA

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por Camille Thomaz Labanca

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S.C. Stephens adora escrever histórias bem românticas, recheadas de emoção e paixão. Intenso Demais é sua estreia no meio editorial. No Brasil, a trilogia foi publicada pela editora Valentina.

Você disse em uma entrevista para o site Maryse.net que publicou a série Rock Star primeiramente em um site. Já nesta época você pensava em escrever profissionalmente ou era apenas uma forma de diversão? SC: Na verdade, eu nunca tinha realmente

considerado

FOTO POR TARA ELLIS PHOTOGRAPHY

escrever

profissionalmente. Nessa época era puro hobby.

caminho para o fim. Se tenho ideias ao longo do processo, escrevo-as no fim do documento para não esquecer.

Você nos contou que escrever Intenso Demais foi um processo bastante longo, já que você escreveu algumas cenas primeiro e só então decidiu linká-las com a história. Você continuou com esse processo nos outros livros ou seu jeito de escrever sofreu adaptações? SC: Escrevo de um jeito muito diferente agora. Normalmente começo pelo começo mesmo e lentamente 12

Às vezes, quando autores estão escrevendo seus livros, eles sabem que uma cena realmente importante vai acontecer e, às vezes, eles querem escrevê-la logo. Isso acontece com você? Como você lida com a ansiedade? SC: Não tenho problemas em esperar para escrever cenas importantes, acho todos os pequenos passos para chegar até esse ponto bons também! >>


REVISTA VERSIFICADOS .......................................................................................................................................................................... ED. 1 - OUTUBRO 2015

Você sabe quando seus livros estão sendo negociados para serem traduzidos e publicados em outro país ou só descobre quando precisa assinar um contrato? SC: Sou informada quando países compram os direitos de publicação dos meus livros, mas normalmente não fico sabendo quando serão lançados.

Meus

fãs

são

os

primeiros a saber! Como é sua rotina hoje? Você continua escrevendo todos os dias ou outros compromissos literários acabam tomando seu tempo? SC: Eu vejo a escrita como um trabalho em tempo integral, então trabalho de segunda a sexta e tiro os finais de semana para mim. Durante o dia, passo a maior parte escrevendo, então atualizo minhas redes sociais e por fim respondo os e-mails.

Tento

manter

Confira a resenha no blog:

uma

quantidade mais ou menos fixa de palavras por semana

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NACIONALIZANDO

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por Reniére Pimentel

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Sociedade e Literatura Nacional Ler não é uma ação comum aos jovens – e, muitas vezes, nem aos adultos. Também pudera: todos sempre em busca de algo, seja um futuro melhor ou a certeza de comida na mesa no dia seguinte. Como encaixar um luxo como a literatura nesse meio? Uma esperança é que há quem encontre na leitura uma fuga da realidade, e, minoria das minorias, quem veja nela o essencial para abrir horizontes, mudar pensamentos e impulsionar a diferença tão necessária em nossa sociedade. A questão é exatamente a palavra “minoria”. Nós, leitores que enxergam além de letras em um papel, achamos um tanto preocupante essa realidade - é algo quase desconcertante diante do mundo das entrelinhas.

Se acha que a situação está feia, acompanhe: boa parte, e estou sendo otimista de não chamá-la de maioria, desses leitores dão preferência à literatura estrangeira (seja americana, seja europeia - pouco foge deste padrão). Nesse contexto, qual o espaço real da literatura nacional? Eu sei que a resposta está na ponta da sua língua.

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Tudo isso ainda é intensificado por meio de paradigmas que carregamos: livros nacionais são clássicos e todos estes são chatos, da época que nos obrigaram a ler quando mal sabíamos o português de nossa época, ou os de auto-ajuda ou simplesmente ruins. Na realidade, não fomos instruídos a apreciar os livros clássicos, apenas fizemos a leitura do livro, e muitas vezes apelamos para o resumo, a fim de obter nota suficiente para passar em determinada disciplina. Não fomos incentivados a ter gosto pelas artes e isso, é claro, se reflete na população. Foi refletindo sobre tudo isso que decidi tomar um passo para mudar essa realidade. Enquanto participante do projeto Versificados, que une um grupo de pessoas com real interesse em disseminar o

gosto pela leitura, desenvolvo a coluna

Nacionalizando.

Nós, leitores que enxergam além de letras em um papel, achamos um tanto preocupante essa realidade - é algo quase desconcertante diante do mundo das entrelinhas.

Aqui é o espaço dos autores nacionais, para que, juntos, incentivemos a leitura de livros de diversos gêneros. Apresentaremos títulos novos e antigos, mostraremos que existem sim romances (românticos ou não) do seu gênero favorito, com histórias apaixonantes e personagens inesquecíveis. Serão leituras recentes, opiniões sinceras e impressões pautadas em narrativas escritas por pessoas como eu e você, brasileiras. Vamos além do comum, do simples, do normal. Vamos explorar todas as suas vertentes e levá-la para a prática. Afinal, é possível aprender mesmo com aquilo que consideramos uma distração, uma paixão: ler.

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VOZ DO NOVO AUTOR

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por Thiago Marques

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Daquilo que não me importa (e do que me importa também) Quero deixar as coisas muito claras aqui: eu

importo.

não me importo; não mesmo.

Não me importo de não falar sobre coisas

Peço por gentileza a você, leitor ou leitora,

que gosto quando estou com ela; vale mais

que

pensamento

pra mim deixar que ela fale, que ela

politicamente correto que por acaso surja; o

desabafe, que ela me explique aquilo que

que virá adiante não tem a ver com o que eu

eu por vezes não consigo entender; não me

tenho quase certeza que você imaginou.

importo se passei o dia formulando um

Pois é, eu não me importo.

discurso mega interessante pra dizer a ela

Não me importo se fico com frio ou semi-frio,

quando a visse; me importa a naturalidade

pra que ela possa ficar aquecida.

do assunto.

Não me importo de passar a madrugada

Não me importo.

conversando

dos

Não me importo que as pessoas me olhem

compromissos do dia que se seguirá;

estranho quando ando com flores pelas

realmente não me importo. E digo mais: até

ruas; não mesmo! Algumas acham graça,

gosto. Gosto não... amo!

outros

Não me importo de ficar em silêncio, mesmo

curiosamente.

tendo um turbilhão de palavras doidas para

Eu, sinceramente, não me importo.

sair de meu íntimo; não me importo de ouvi-la

Não sinto vergonha disso, penso na alegria

dizer tudo o que tem a dizer, ouvi-la com toda

na felicidade.

a paciência e calma.

O que me interessa é, ao final de tudo, ser

Não me importo em demorar a responder; se

premiado com sorrisos, abraços apertados,

demoro,

formulando,

"eus te amos"; é com isso que me importo.

raciocinando, pensando em como dar uma

Me importo em saber se ela está bem,

resposta satisfatória; nessa demora coloco

como está a saúde, como está a família,

uma pitada de preocupação em fazer com que

como estão os estudos...

ela se sinta segura e bem; então, não me

Me interessa saber isso.

se

desarme

é

de

com

porque

seu

ela,

sabendo

estou

A A A A A 16 AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

nem

tanto,

outros

olham


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Não me importa se se importam demais com o fato de eu não me importar. O que me importa é o amor, representado nos gestos mais sutis de afeto. É com isso que me importo E não me importa se vão reparar que não pus os pontos finais na frase anterior; tudo está em processo, daqui para além.

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LARI INDICA

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por Larissa Siriani

REVISTA VERSIFICADOS ED. 1 - OUTUBRO 2015

Bienal do livro é sempre uma época perigosíssima do ano pra mim. Sempre faço uma lista imensa de compras, e mesmo que não siga tudo à risca, nem compre tudo o que pretendia, sempre gasto muito dinheiro. Como era de se esperar, em 2015 não foi diferente, e fiz um pequeno estrago na Bienal do Rio de Janeiro. Mas entre os vários livros cobiçados, alguns eram mais especiais. Então trouxe pra vocês hoje os livros mais legais que comprei nessa Bienal!

Clássicos

da

Zahar:

resolvi

FOTO POR BLOG PÁSSARO AZUL

edições contém ilustrações originais e biografias dos autores. Trono de Vidro: este é o primeiro livro de uma série de fantasia que quero ler há bastante tempo.

A A A A A A Aclassificar A A A A A Atudo A A Anum A A Apacote, A A A A Aporque A A A Asou AAAAAAAAAAAA apaixonada pelas edições de capa dura AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA da Zahar. Eles já lançaram vários clássicos como O Mágico de Oz, Alice no País das Maravilhas, além de edições lindíssimas de livros da Jane Austen. Mas nessa Bienal, comprei O Pequeno Príncipe e Peter Pan, dois clássicos infantis que eu não tinha tido chance de ler ainda e que finalmente estão na minha cabeceira! Além de capa dura, as

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AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Nem vou tentar uma sinopse porque ainda não li, e acho que soaria meio falso, mas sabe aquele livro que basicamente todas as pessoas da sua vida te indicam? Pois então. Teve tanta gente insistindo pra eu ler que, quando encontrei o livro na Bienal, praticamente me joguei em cima dele. Agora já posso matar a curiosidade. Surpreendente: primeiro livro do brasileiro Maurício Gomyde pela Editora Intrínseca, o livro conta a história de um rapaz que se reúne com os


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amigos para tentar fazer seu primeiro filme. Sou fã de longa data do Gomyde, e por acompanhar seu trabalho já há muitos anos, comprei o livro de olhos fechados. O nível de confiança no trabalho desse cara é tamanho que comprei antes mesmo de saber do que a história se tratava. Como todo livro do Maurício, já estava na minha wishlist muito antes de ser lançado. FOTO POR INTRÍNSECA

Além desses, tiveram mil outras aquisições, mas isso é papo pra outros dias. Como sempre, minha lista de desejados aumentou em vez de diminuir, e voltei consideravelmente falida. Mas que valeu a pena… isso valeu!

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HASHTAG BIENAL

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FOTOS FLICKR BIENAL DO LIVRO RIO

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FOTOS FLICKR BIENAL DO LIVRO RIO

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FOTOS FLICKR BIENAL DO LIVRO RIO

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EXPEDIENTE

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FLÁVIA MARIA ALVIM

CAMILLE LABANCA

IGRAÍNNE MARQUES

A t r i z , p r o d u t o r a e x e c u t i v a , e x -

B e l e t r i s t a . A u t o r a d e u m l i v r o ,

Autora de um livro e um conto,

livreira

com

quatro contos e uma novela.

bacharel

gêmeos.

Pa r e c e r i s t a e s o c i a l m e d i a

pesquisadora

Apaixonada por arte em todas

f r e e l a n c e r,

Revisora aficionada por nutella

suas formas e expressões.

N ú cl e o , d a F u n d a ç ã o E s t u d a r.

e

ascendente

pisciana em

integrante

do

em de

letras

e

literatura.

que sonha em viver sua própria utopia.

RAFAEL RIBEIRO

RENIÉRE PIMENTEL

Booktuber com orgulho! Adora

Amante da literatura e da arte,

Curioso

livros de todos os tipos,

estudante de Arquitetura e

l e t r a s , d a s p a l a v r a s e d a s

apaixonado

tecnologia,

U r b a n i s m o . L e i o d e t u d o e

s e n t e n ç a s . A d m i r a d o r d a s d o z e

g a m e s , m ú s i c a e a t é d e v i a j a r,

m a i s u m p o u c o , n a h o r a q u e

ou

afinal quem não gosta de sair

d e r, q u a n d o p u d e r.

(bemóis e sustenidos contam!)

por

THIAGO MARQUES e

treze

apreciador

notas

das

musicais

e conhecer o mundo?

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LARISSA SIRIANI E s c r i t o r a ,

booktuber

FERNANDA DIAS e

1 8 a n o s , c u r s a n d o p s i c o l o g i a e

p r o f e s s o r a d e i n g l ê s . S o n h a e m

s o u y o g i h á u m m ê s . " N ã o

v i a j a r o m u n d o , e n c a b e ç a r a

importa o que aconteça na

lista de bestsellers e conhecer

v i d a ,

o príncipe encantado - não

p e s s o a s . S e r b o m p a r a a s

necessariamente nessa ordem.

pessoas é um maravilhoso

seja

bom

para

as

legado para deixar para trás" ( Ta y l o r S . )

Dúvidas, críticas e sugestões Entre em contato por fale@versificados.com.br

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REVISTA VERSIFICADOS ED. 1 - OUTUBRO 2015


PARCERIAS

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