CRIATIVIDADE, INOVAÇÃO
E APRENDIZAGEM
criatividade, inovação
E APRENDIZAGEM
1ª edição
APRESENTANDO
A DISCIPLINA Prezado aluno, os objetivos da disciplina Criatividade, Inovação e Aprendizagem são: • Identificar os diferentes conceitos em relação a criatividade. • Aplicar o conceito de inovação que beneficie o desenvolvimento da aprendizagem. • Comparar os modelos de aprendizagem no ambiente organizacional. • Investigar e compreender o significado do pensamento sistêmico e seus ganhos para aprendizagem. • Registrar as possibilidades e os limites de aprendizagem do sujeito avaliando o processo. • Compreender
a
importância
do
laboratório
sensorial
para
o
desenvolvimento do sujeito e os seus benefícios para aprendizagem. • Reconhecer a importância da aplicabilidade de oficinas lúdicas como ferramentas para o desenvolvimento do sujeito - psíquico, cognitivo, emocional e psicomotor. • Identificar os ambientes interativos que propiciem o processo criativo e inovador do sujeito. • Propor técnicas que potencialize o sujeito na criação e produção de produtos ou serviços. • Comparar estruturas de empresas tradicionais e inovadoras. • Apresentar conceitos e ferramentas de gestão para planejamento estratégico. • Experimentar atividades que propiciem a correlação da criatividade para a inovação no processo de aprendizagem.
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Unidade 4 Gestão da inovação tecnológica
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Comparar estruturas de empresas tradicionais e inovadoras. • Apresentar conceitos e ferramentas de gestão para planejamento estratégico. • Propor técnicas que potencializem o sujeito na criação e na produção de produtos ou serviços. • Experimentar atividades que propiciem a correlação da criatividade para a inovação no processo de aprendizagem. • Compreender o significado do laboratório sensorial para o desenvolvimento do sujeito e os seus benefícios para aprendizagem. • Reconhecer a importância da aplicabilidade de oficinas lúdicas como ferramentas para o desenvolvimento do sujeito – psíquico, cognitivo, emocional e psicomotor.
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica 4.1 Entre a tradição e a inovação Você já percebeu como é importante para uma empresa, tradicional ou inovadora, adotar aspectos organizacionais relacionados à criatividade e à inovação? Para isso, é importante que a empresa utilize ferramentas para a gestão do planejamento estratégico e estimule na equipe o desenvolvimento de características que promovam a criatividade e a inovação. Predebon (2010), em sua obra “Criatividade: abrindo o lado inovador da mente”, destaca que há algumas características do sujeito que favorecem o comportamento criativo, e as denomina como “componentes da personalidade criativa”. São eles: independência, curiosidade, flexibilidade e sensibilidade. No mesmo livro, o autor relata um estudo sobre pessoas altamente criativas, realizado por pesquisadores da Califórnia. Tal estudo confirmou que, além das características anteriores, também foram notadas outras, como interesse variado, estética diferenciada, percepção e valorização do intuitivo e sensibilidade feminina. Podemos perceber que as instituições inovadoras estão investindo e buscando profissionais que possuam tais características, pois elas compõem um perfil adequado para o contexto contemporâneo. Mas não são apenas instituições mais novas que inovam. Uma organização tradicional também pode inovar em seus produtos e serviços. O que queremos dizer com isso? Que uma organização tradicional não precisa ser “velha”! Segundo o dicionário online Michaelis, a palavra “tradição” significa: 1. Ato ou efeito de transmitir ou entregar; transferência. 2. Transmissão oral de feitos, lendas, ritos, costumes etc. feita no decorrer dos tempos, de geração em geração. 3. Conjunto de ideias e valores culturais, morais e espirituais transmitido de geração em geração [...] 4. Comunicação ou transmissão de um fato ou de uma notícia. 5. Tudo aquilo que se pratica por hábito ou costume adquirido [...] 6. O próprio uso ou costume adquirido e generalizado [...] 7. Aquilo que serve como memória, de recordação de experiências já vividas. (MICHAELIS, n.p).
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica Logo, inferimos que uma instituição tradicional transmite de geração em geração valores e práticas, por meio da cultura organizacional, ou seja, pelos sujeitos que fazem parte dela. Assim, grandes instituições estão inovando em seus serviços e produtos para manter a sua tradição. Figura 4.1 – Festival Hinamatsuri: tradição e inovação.
Fonte: 123RF. ID da imagem: 19843112
Diferente das organizações tradicionais, as empresas denominadas de startups são organizações que surgiram após a década de 1990 e que foram potencializadas principalmente após o crescimento da internet. São empresas que surgem a partir de pouco investimento, geralmente na área de tecnologia, contudo, não se limitando a ela. O Google é uma empresa inovadora e tem a maior parte do seu faturamento vendendo cliques em sites de anúncio na internet. Com a evolução dos meios de comunicação, as pessoas começaram a buscar produtos e serviços online, e, ao clicarem em um anúncio de um determinado produto ou serviço, é como se gastassem um crédito do anunciante. O sistema de publicidade do Google Adwords, por exemplo, faz com que as diversas empresas apareçam no topo da lista de pesquisa quando as pessoas buscam produtos ou serviços na internet. O sistema computacional implementado pela Google atua num conjunto de que mapeia o hábito e o comportamento das pessoas nos sites de compras, nas redes sociais, entre outros canais de comunicação virtual. Conforme os usuários de computadores clicam em um determinado banner que os levam a outros sites, o sistema começa a rastrear as preferências das pessoas.
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica Logo, é a inteligência artificial mediada por computadores que atua na captação do cliente e, ao mesmo tempo, fomenta outra lógica de comunicação e marketing. Empresas de tecnologia como a Google – Facebook, Apple, Microsoft, entre outras – adotam a mesma lógica. Por outro lado, a Gerdau, considerada uma empresa tradicional, líder em aços longos na América e no fornecimento de aço no mundo, foi fundada em 1901 e tem sua história associada ao empreendedorismo. A organização vem inovando a cada ano e no início de 2017 mudou a cultura organizacional, aproximando-se do jeito “Google” de ser – com horários flexíveis, ambiente de trabalho descontraído, mais tecnologia e colaboração entre os funcionários.
Como podemos perceber, empresas tradicionais também inovaram em produtos e/ou serviços ao longo de sua história. Reflita sobre uma empresa tradicional e inovadora e compare com outra instituição que, no seu olhar, não inovou em seus produtos e/ou serviços.
As organizações tradicionais que não se flexibilizarem e se prepararem para o futuro não terão garantia de que continuarão com os seus negócios. As empresas precisam, portanto, adaptar-se às novas exigências de mercado para a própria mudança que está por vir. À medida que o mercado vai se tornando mais complexo, vai se fragmentando em muitas partes, das quais algumas ocultas, o que torna a previsão mais difícil, mesmo em tempos de crise. Um exemplo disso é o crescimento das startups no Brasil e no mundo. A seguir, analise a tabela 4.1, que mostra o surgimento de grandes startups na crise de 2008-2009.
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica Tabela 4.1 – Startups que surgiram na crise de 2008 a 2009.
2008
2009
SPOTIFY (U$ 9 BI)
WHATSAPP (U$ 19 BI)
AIRBNB (U$ 30 BI)
SLACK (U$ 4 BI)
UBER (U$ 65 BI)
KICKSTARTER (U$ 1 BI)
CLOUDERA (U$ 1,5 BI)
TANGO (U$ 1 BI)
Fonte: Startse (2016).
Como podemos observar, a UBER é uma dessas empresas que cresceu de forma exponencial no mundo. Tal solução para a mobilidade urbana mudou a lógica de como e quando os usuários solicitam e necessitam de um transporte alternativo, a um custo relativamente baixo quando comparado com os gastos de um veículo pessoal. Já o WhatsApp atingiu um público extremamente digital, mudando as concepções de como as pessoas interagem e comunicam entre si, de forma simples, econômica e de fácil acesso. Hoje essa startup pertence ao Facebook. Geralmente, essas empresas são lideradas por pessoas que têm a ousadia de arriscar num negócio e que têm uma visão holística do sistema. São sujeitos com perfil de empreendedores, que identificam uma oportunidade no mercado para começar um negócio rentável e escalável.
4.2 Planejamento estratégico O planejamento estratégico visa desenvolver estratégias com foco em missão, visão e valores da organização para obter bons resultados no futuro, o que envolve uma visão holística. É por meio da sistematização de indicadores estratégicos que a organização pode acompanhar e analisar os dados coletados para a tomada de decisão de forma coletiva. Há um conjunto de metas institucionais que são monitoradas por líderes e compartilhadas entre suas equipes. Nesse sentido, Takeuchi e Nonaka (2008, p. 41) informam que todos são empreendedores, ou seja, todos os sujeitos podem contribuir para o conhecimento.
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A empresa não é uma máquina, mas um organismo vivo. Da mesma forma que um indivíduo, ela pode ter um sentido coletivo de identidade e de finalidade fundamental.
Isso é o equivalente organizacional do autoconhecimento, ou seja, a compreensão compartilhada do que a empresa defende, para onde está indo, em que tipo de mundo deseja viver e, o mais importante, como fazer desse mundo uma realidade. Figura 4.2 – Planejamento estratégico.
Fonte: 123RF. ID da imagem: 12964768
Atualmente, as ferramentas de gestão digital auxiliam os gestores na tomada de decisão, visto que os indicadores são lançados no sistema e quantificados a partir dos objetivos esperados X alcançados. Os dados são coletados por meio de sistemas web, que geram as informações que, por fim, são analisadas e discutidas entre os gestores e sua equipe. Geralmente, os resultados são divulgados entre a organização institucional como estratégia intencional – compartilhada pelo setor de Comunicação e Marketing.
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Takeuchi e Nonaka (2008, p. 218) enfatizam que A estratégia intencional é a estratégia com intenção organizacional, desenvolvida por tomadores de decisão identificáveis, como uma equipe de administração da organização, o departamento responsável ou consultores externos. A estratégia intencional é o resultado da escolha consciente e é, frequentemente, racional e analítica. É formalmente registrada com nitidez na documentação ou mesmo na oralidade.
Deve-se elaborar um plano de ação para áreas, produtos ou serviços que necessitam de adaptação ou ajustes para atingir melhores resultados. Nesse sentido, uma ferramenta muito utilizada é produzir o planejamento a partir de questões norteadoras do tipo “5W”, ou “5 questões”: • O quê? • Por quê? • Quando? • Quem? • Onde? A elaboração de um plano de ação deve-se ao fato de que as estratégias intencionais não foram exitosas. Geralmente, as estratégias intencionais não são elaboradas sob a perspectiva da realidade ou por que a organização não consegue implementá-las, mesmo com um plano estruturado (TAKEUCHI; NONAKA, 2008). Por outro lado, as estratégias emergentes poderão atingir somente a “agregação de grupos locais”, o que as inviabiliza. Nesse sentido, Takeuchi e Nonaka (2008, p. 209) destacam que os processos de “[...] elaboração das estratégias intencional e emergente não são inerentemente bons ou maus. Ambos apresentam pontos fortes, de diferentes maneiras, [...] dependem [...] da comunicação e de criação do conhecimento”. Por isso, inferimos que os gestores que participam do planejamento estratégico devem ter um pensamento cíclico para ter visões holísticas que permitam analisar as oportunidades e as ameaças de um novo produto ou serviço. O planejamento estratégico vem crescendo nas organizações brasileiras, de modo que os gestores possam pensar no futuro de seus postos de trabalho. Dessa forma, poderão desenhar um novo cenário, que propicie a criatividade em prol da inovação e possibilite o crescimento da empresa em termos de produtos ou serviços. Para isso, deve-se buscar estabelecer relações entre o mundo real e o ideal, para que as equipes cooperem no alargamento do conhecimento criativo.
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4.3 Da criatividade para a inovação: caminhos possíveis? A cultura organizacional é uma questão muito enraizada nas empresas e, muitas vezes, é trabalhoso modificar hábitos já consolidados. Por isso, toda mudança em relação à criatividade e à inovação precisa ser progressiva, respeitando as variáveis do ambiente e dos indivíduos. É importante conhecer tanto os pontos fortes quanto os fracos da empresa e da equipe para desenvolver as competências certas e, com isso, criar e inovar em produtos e/ou serviços. Predebon (2010, p. 94) destaca que [...] é bom lembrar que não se deve estabelecer critérios de “certo/ errado” quanto às variáveis de personalidade. Em cada caso e até em cada ocasião, somos levados a ser de uma ou de outra forma. Talvez o mais certo seja conhecer-se bem para poder mobilizar as competências necessárias ou mais adequadas a determinadas circunstâncias e para tentar minimizar as inaptidões em outras ocasiões.
Em todo processo de aprendizagem, deve-se criar oportunidades nas organizações para que os sujeitos possam se apropriar do novo, para estabelecer conexões que permitam a eles se sentirem parte da instituição e para que busquem a inovação para compartilhar no ambiente de trabalho. Para Predebon (2010), o ambiente de trabalho precisa ser flexível para levantar as competências criativas e inovadoras que necessitam ser desenvolvidas nas pessoas. Figura 4.3 – Ambiente criativo.
Fonte: 123RF. ID: 42591152
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica Ressaltamos aqui a importância de se esclarecer que, pelo fato da criatividade ser subjetiva, é complexo mensurá-la nos indicadores estratégicos. Por outro lado, a inovação provoca mudanças nas organizações de modo a aplicar a criatividade produzida pelo sujeito para, talvez, atingir resultados de aprendizagem, investimento, entre outros. Wechsler (2013) relata que as habilidades criativas podem ser desenvolvidas em diferentes níveis, e que a criatividade ou a expressão criadora pode ocorrer desde as mudanças mais simples até grandes inovações, que poderão, talvez, impactar a sociedade no âmbito econômico. A seguir, analise o gráfico que apresenta um recorte dos países que realizaram inovação em produtos e/ou serviços entre 1998 a 2000. Figura 4.4 – Gráfico da inovação em produtos e/ou serviços (1998 a 2000).
Fonte: Viotti, Baessa e Koeller (In: De Negri, Salerno, 2005, p. 681.).
Muitas vezes pensamos que para inovar precisamos de altos investimentos, não é mesmo? No entanto, podemos inovar utilizando a criatividade e sem investimentos financeiros altos. Podemos investir na análise de competências da equipe e estudar formas de alinhar essas competências com as necessidades da empresa em relação ao desenvolvimento de produtos e serviços. Para que as organizações consigam avançar em termos de inovação, parte delas está investindo em formação continuada na área de Design Thinking. Em linhas gerais, essa metodologia consiste em etapas que devem ser desenvolvidas com foco para se atingir um objetivo. Nela, é importante manter um feedback constante ao longo do processo, para inovar em seus produtos ou serviços.
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica As etapas básicas do Design Thinking são: inspiração, ideação e implementação. É durante essas etapas que as equipes interagem e comunicam entre si, gerando insights interessantes, que convergem para uma ideia geral e que permite, naquele recorte de tempo, prototipá-la e implementá-la na organização ou fora dela. Para Takeuchi e Nonaka (2008, p. 297), “os tempos de incerteza frequentemente forçam as organizações a buscarem conhecimentos detidos por aqueles fora da empresa”. Logo, inferimos que as empresas contratam assessoria na maior parte das capacitações. Destacamos que essa metodologia explicita para a organização os desafios para se promover a inovação. É possível, ao longo do percurso criativo, identificar ameaças e oportunidades para se atingir as metas. Figura 4.5 – Design Thinking.
Fonte: 123RF. ID da imagem: 47923489
O primeiro passo é analisar os desafios que impedem a empresa de tirar as ideias do papel e executá-las de forma a desenvolver ou melhorar um produto ou serviço. Portanto, é importante que as equipes sejam envolvidas e dialoguem sobre possíveis ideias que poderiam transformar os desafios em oportunidades para implementação dessas ideias. Assim, os sujeitos participantes geralmente colocam alguns obstáculos do tipo “se a empresa fizesse isso, tal coisa, ou comprasse aquilo, organizasse tal atividade...”. É importante deixar que todos se sintam livres para falar e escrever as suas ideias durante esse processo.
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica O passo seguinte é separar parte dessas ideias, que seriam “possibilidades”, e transformá-las em “oportunidades” de execução e implementação na organização. Dessa maneira, as equipes começam a trabalhar e a se desenvolver de forma coletiva e criativa, oportunizando o compartilhamento das ideias e seu fortalecimento, criando uma atmosfera para a criatividade. É importante que seja dado um tempo para que a equipe possa pesquisar e refletir sobre as possibilidades no mercado. Algumas questões norteadoras para ajudar os colaboradores no processo para o plano do projeto são: • Estamos discutindo as ideias em grupo sobre os desafios para se inovar nos produtos ou serviços? • O que já sabemos sobre esse mercado? • Temos objetivos claros sobre a inovação do produto ou serviço? • Do que precisamos para executar e implementar o produto ou serviço? • Quais os pontos positivos e possíveis riscos? • Quais os prazos para prototipar o produto ou serviço? • O feedback entre os envolvidos no processo de criação está sendo constante? • Conseguimos saber o momento de retomar aos desafios para recomeçar um novo ciclo? O papel da liderança no processo de criatividade e inovação é primordial para planejar e remodelar as metas a longo prazo. As organizações criam grupos de trabalho com áreas estratégicas e articuladas com sua missão, visão e valores. Os líderes precisam assegurar com suas respectivas equipes os limites e as possibilidades de se avançar ou não em termos de inovação. A metodologia do Desing Thinking utiliza ferramentas simples, como post-its coloridos para organizar as ideias em categorias a priori e emergentes nas reuniões, para reorganizá-las de modo que seja possível realizá-las. Geralmente, as categorias emergentes merecem maior destaque, pois é partir do novo, sob a ótica dos líderes, que as possibilidades de inovação em serviços e produtos surgem para planejar futuras ações nas organizações. Essa é a metodologia utilizada, por exemplo, na Faculdade de Design em Stanford, situada no Vale do Silício.
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica Figura 4.6 – Ferramentas do Design Thinking.
Fonte: 123RF. ID da imagem: 44818026
As organizações se preocupam com a inovação, porque é a partir da ação que podemos colocar as ideias em prática. Desse modo, as organizações que pretendem inovar em produtos ou serviços criam os grupos de trabalho para pensar e discutir sobre as oportunidades e os riscos da ação para a inovação. O novo contexto da empresa ideal, transformada em um conjunto de forças-tarefas, será baseado no trabalho em equipes. Isso não significa perda alguma de individualidade, mas um avanço na interdisciplinaridade e na complementaridade das especializações. As oportunidades de realização pessoal continuarão as mesmas, mas com novas regras. (PREDEBON, 2010, p. 186).
Se a organização pensa em inovação, seus respectivos líderes devem ousar em suas ações e não ter medo de errar. Toda inovação envolve risco e, talvez, ocorram falhas no processo. Provavelmente, por meio da ousadia dos sujeitos e de uma mudança progressiva e coerente na cultura organizacional das empresas, poderemos mudar o futuro dos produtos e serviços no contexto contemporâneo.
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica 4.4 A prática como ferramenta para criar e inovar Você já percebeu a quantidade de inovações tecnológicas que surgem a cada dia? Pense nas grandes inovações no mundo: a escrita, a impressão de Gutemberg, o rádio, a TV, o avião, o GPS etc. Tecnologia não tem a ver somente com aparatos eletrônicos. O quadro negro é uma tecnologia, assim como a lousa digital e o tablet também são. Portanto, tecnologia é tudo aquilo que facilita a nossa vida de alguma forma. Destacamos aqui a importância de se compreender em linhas gerais o conceito de tecnologia, que é o uso dos conhecimentos adquiridos pelos sujeitos para criar ou inventar um produto ou serviço. Começamos a desenvolver a criatividade de forma mais organizada durante a infância, geralmente na escola. Ao longo da trajetória acadêmica e profissional, tais competências vão se desenvolvendo em grau maior ou menor, dependendo das oportunidades que as instituições propiciam aos indivíduos, limitando ou não a liberdade de criar e inovar em seus respectivos ambientes. Grandes organizações já despertaram para a importância desses ambientes inspiradores e estão desenvolvendo projetos associados à inovação e à criatividade. É preciso empoderar as pessoas para que elas busquem a inovação dentro de suas organizações. Por isso, a prática vem sendo discutida fortemente nas organizações para trazer inovação. É importante destacarmos que Se a ideia que teve não é para ser desenvolvida por você, provavelmente terá que usar a sua rede de contatos para apresentá-la – pode até ocorrer de ter que usar a rede em proporções maiores, oferecendo-a a uma empresa ou outras pessoas desconhecidas. Se a ideia é passiva de patente (produtos e serviços), tenha consciência que isso é um processo demorado, complexo e caro, portanto assessore-se com empresas especializadas. Se a ideia precisa apenas de direitos autorais [...], é mais fácil; pela Internet você consegue registrar seus direitos de autor no site da Biblioteca Nacional, é simples e barato. (ZOGBI, 2014, p. 87).
Logo, as organizações precisam desenvolver treinamentos para seus líderes, que serão capazes de multiplicar essas competências associadas à criatividade e à inovação com as suas equipes. Portanto, a prática é essencial para o desenvolvimento dos aspetos cognitivo, socioemocional, psíquico e psicomotor dos sujeitos.
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica Figura 4.7 – Líder e equipes de trabalho.
Fonte: 123RF. ID da imagem: 53103293
Ao desenvolver a habilidade da criatividade com as equipes, é possível gerenciar o processo nas organizações. Logo, todo em o processo de aprendizagem junto à equipe deve haver imersão, comunicação e colaboração articuladas com seus líderes. Uma das alternativas em fomentar a inovação está nos laboratórios de pesquisa. Na área de alimentação, o laboratório sensorial é um exemplo para a prototipagem das ideias, buscando a experimentação como forma de analisar os materiais ou alimentos destinados a produtos ou serviços. Esses espaços permitem que as pessoas especialistas no assunto possam preparar as amostras com ferramentas que os ajudem a concluir o processo de aprendizagem sobre o novo produto ou serviço, dentro de condições favoráveis, para gerar oportunidades de negócios ou investimento para as empresas. Os espaços do tipo laboratórios são importantes para que as empresas possam prototipar as ideias – uma das etapas da metodologia do Design Thinking. Nesse sentido, ressaltamos que, para empoderar as equipes no que diz respeito à criatividade, é necessário flexibilidade e foco para que as pessoas possam se sentir pertencentes ao processo.
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica Di Nizo (2009) destaca o ambiente como fator indispensável para promover a criatividade de um determinado grupo de pessoas. A autora destaca que Em um ambiente lúdico, as pessoas, tendem, por momentos, a fugir do objetivo original. É preciso, no entanto, reconduzi-las ao trilho, explorando a gama de riquezas associativas como um grande laboratório que refina e lapida o diamante bruto. Assim como durante a divergência nos afastamos dos fatores limitadores da realidade, uma vez chegada a reta final é hora de o pensamento convergente cruzar o real com o imaginário. (DI NIZO, 2009, p. 70).
Di Nizo (2009) informa ainda que ao longo da interação entre os participantes durante a explosão de ideias é importante evitar “comentários negativos”, para que a imaginação dos sujeitos possa fluir e não interrompermos o ciclo inventivo do pensar.
Toda criação passa por um ciclo inventivo, que cria e recria a partir do olhar do sujeito que experimentou ou explorou de forma tácita na elaboração de um novo produto ou serviço.
Destacamos a importância de se conduzir a comunicação e a troca de informações dos sujeitos, de modo a contemplar os diferentes olhares sob o que se pretende chegar ao final para a convergência do pensamento. É essencial exercitar atividades que possam conduzir e articular competências, também, psicomotoras. Os movimentos do corpo trabalham com a linguagem corporal, que, por sua vez, poderá ajudar no processo criativo para deixar o indivíduo à vontade para explicitar sua opinião sobre um determinado assunto. A linguagem muitas vezes é subjetiva. Porém, quando a expressão criativa encontra ressonância no grupo, funciona como combustível e alavanca a produção contínua de associações. Daí a importância da escuta atenta e delicada do outro. A ideia de alguém ressoa em mim e eu a transformo, enquanto outra pessoa já a completou ou a levou em outras direções. Em suma, a ideia nunca é individual, mas gerada em grupo. A tônica é a confiança mútua, como garantia de colaboração criativa. (DI NIZO, 2009, p. 103).
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica Nesse sentido, percebe-se que tanto a linguagem quanto a criatividade são subjetivas. Portanto, é preciso atentar-se na comunicação de uma ideia incompleta, também, para que se possa aprofundar-se no entendimento significativo e propiciar que os sujeitos introvertidos ou pouco comunicativos possam participar de forma significativa no processo inventivo. Figura 4.8 – Laboratório de ideias.
Fonte: 123RF. ID da imagem: 55533085
Empresas que criam ambientes propícios à geração de ideias têm inovado constantemente em produtos e serviços. Tal percepção se deve ao fato de que o ambiente lúdico instiga o sujeito a pensar tanto de forma individual quanto coletiva para resolver um determinado problema. Temos um movimento no Brasil e no mundo denominado de Cultura Maker, que consiste em aprender fazendo (“colocando a mão na massa”). Esse conceito está associado basicamente a criar laboratórios que tenham um conjunto mínimo de ferramentas tecnológicas para se prototipar um determinado produto, contribuindo, assim, para a inovação nas empresas. No curso de Design na Universidade de Stanford, por exemplo, todas as ações dentro da escola seguem a mesma metodologia, até mesmo para receber pesquisadores e visitantes. Os ambientes são transformados em laboratórios móveis em fração de segundos para que os envolvidos no processo de criação possam perceber a atmosfera favorável para o início de um processo criativo. Nesse contexto, a metodologia do Design Thinking se torna uma ferramenta simples e poderosa, que pode envolver toda a organização de forma a contemplar e desenvolver as competências necessárias, com foco nos produtos ou serviços prestados para a sociedade, a fim de garantir sustentabilidade aos negócios e melhorar a produtividade da organização.
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Criatividade, Inovação e Aprendizagem | Unidade 4 - Gestão da inovação tecnológica Precisamos ter o entendimento e o discernimento sobre os conceitos de criatividade, inovação e tradição para repensarmos as nossas práticas e encontrarmos soluções criativas e inovadoras para os problemas. A liderança das empresas deve pensar em treinamentos constantes para potencializar suas equipes e manter o espírito de criatividade e inovação nos ambientes de trabalho. Por fim, destacamos que a gestão do conhecimento possibilita desenvolver o sujeito em seus aspectos psíquico, cognitivo, emocional e psicomotor. Como bem colocam Takeuchi e Nonaka (2008, p. 308), “A organização dialética rompe e desafia intencionalmente as práticas existentes através do que chamamos de “rotina criativa”. [...] renova-se, transcende a si mesma, livra-se das práticas passadas através da rotina criativa.”. A organização que está sempre em movimento, sob o olhar das tendências globais e necessidades da sociedade, busca relacioná-las aos desafios encontrados, a fim de encontrar soluções criativas em meio a um movimento dialético entre a criatividade, a inovação e a aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS DI NIZO, R. Foco e criatividade: fazer mais com menos. São Paulo: Summus, 2009. PREDEBON, J. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 7. ed. São Paulo: Pearson, 2010. TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. Gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008. TRADIÇÃO. In: MICHAELIS Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=tra dição>. Acesso em: 4 ago. 2017. VIOTTI, E. B; BAESSA, A. R.; KOELLER, P. In: DE NEGRI, J. A.; SALERNO, M. S. (Organizadores). Perfil da inovação na indústria brasileira: uma comparação internacional. Brasília: IPEA, 2005. WECHSLER, S. M. Estilos de pensar e criar: implicações para a liderança. In: BRUNO FARIA, M. F.; VARGAS, E. R.; MARTÍNEZ, A. M. (Orgs.). Criatividade e inovação nas organizações: desafios para a competitividade. São Paulo: Atlas, 2013. ZOGBI, E. Criatividade: o comportamento inovador como padrão natural de viver e trabalhar. São Paulo: Atlas, 2014.
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