Viajar Magazine - Dezembro 2017

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estatísticas conta Satélite do turismo reativada

BTL 2018 centro de Portugal é o destino convidado

MSC Seaside elegância dos mares

MAGAZINE PARA PROFISSIONAIS Nº 367 - 2ª série - Preço 2,00 €

43º congresso APAVT

China

é o mercado do futuro 29º congresso AHP

Encarar o amanhã com otimismo e realismo

world travel market

Players confiantes, apesar do Brexit dossier neve

conheça as novidades dos operadores portugueses Inauguração

Novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa resulta de investimento de 77 milhões de euros

Um mundo de soluções de mobilidade para o ajudar a servir melhor os seus clientes

europcar.pt

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AVIAÇÃO COMERCIAL E TURISMO DEZEMBRO 2017



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Em foco

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Observação Entre balanços e perspetivas… Chegados uma vez mais a Dezembro é altura de fazer balanços, pensar no que se fez, no que se poderia ter feito, no que gostaríamos de ver realizado em 2018. Muitos são os projetos, as vontades e os sonhos para que o Turismo em Portugal continue a crescer ainda mais e para que os negócios à volta deste setor continuem a prosperar. Neste final de ano contámos, uma vez mais, com os mais importantes congressos do setor a nível nacional. O da hotelaria, que se realizou, em Coimbra, e o dos agentes de viagens, que rumou novamente a Macau. Os congressistas mostraram-se satisfeitos com os temas debatidos e a maioria afirma que a evolução do Turismo em Portugal depende sobretudo de um fator: a construção urgente, não apenas de 2022, do novo terminal aeroportuário do Montijo. Por outro lado, e tendo em conta a tragédia que se viveu este ano no Centro de Portugal devido aos incêndios que assolaram a região, a preocupação passa pela recuperação turística daquela área, chamando a atenção para o que de melhor o Centro tem para oferecer ao turista nacional e estrangeiro, fora das zonas afetadas pelos incêndios de junho e outubro. Apesar dos números serem os melhores de sempre, a esperança é de um futuro ainda melhor para o Turismo. Talvez uma boa prenda para pedir ao Pai Natal. Feliz Natal e um ano de 2018 sempre a VIAJAR!

Centro de Portugal vai ser Destino Convidado da BTL 2018

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átima Vila Maior, diretora de Feiras da FIL – Feira Internacional de Lisboa, acaba de anunciar, à margem do 43° Congresso da APAVT, que está a ter lugar em Macau, que o Centro de Portugal é o destino convidado da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa no próximo ano. A responsável adiantou, em conferência de imprensa, que, após os incêndios de junho e outubro que assolaram a maior região turística de Portugal, pretende-se que, por ocasião da BTL, “Lisboa viva o destino Centro de Portugal”, até porque este é o destino “que tem uma oferta enorme e muito diversificada”, que vai muito além das áreas afetadas pelos incêndios. Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro, adiantou, na mesma ocasião, que a aposta da região naquele que é o maior certame do turismo no país irá centrar-se mais em “produtos e experiências”, com destaque para o “património cultural e património imaterial”. “Precisamos urgentemente de mudar a perceção que o destino Centro de Portugal foi todo atingido [pelos incêndios] e que neste momento não reúne condições para a fruição turística. A nossa primeira grande prioridade é mudar essa ideia de que o destino não deixou de reunir condições para receber todos os turistas, nacionais e

Diretor Francisco Duarte Chefe de Redação Sílvia Guimarães redação Sandra Martins Pereira Editor SR Editores, Lda Assinaturas assinaturas@sreditores.pt direção, redação e publicidade Rua Jaime Batalha Reis, nº 1C, r/c C 1500-679 Lisboa

estrangeiros. É importante dizer ao mercado interno que o Centro continua com infraestruturas, com equipamento, com oferta, com produtos, com marcas que podem e devem continuar a ser promovidos e que está em perfeitas condições para poder continuar a afirmar-se como um destino turístico”, adiantou o profissional. Pedro Machado considera importante apostar “numa diferenciação”, através de uma “panóplias de produtos turísticos que permitam a região chegar a vários públicos, trabalhando com vários mercados em simultâneo (…) e apresentando-se como uma alternativa a destinos mais massificados”. O presidente da Centro de Portugal afirmou ainda que irão dar destaque, durante a BTL, aos segmentos de saúde, bem-estar e turismo médico, assim como o turismo religioso. Pedro Machado deixou presente à vontade de continuar a parceira com a APAVT, até porque é o Destino Preferido da associação em 2017, para poderem assim “reforçar a relação com as agências de viagens”. Destacando que o Centro foi a região que mais cresceu, do ponto de vista percentual, em dormidas, com uma vantagem de cerca três vezes do que cresce a média nacional, Pedro Machado diz que a perspetiva para 2018 passa por “confirmar” esse crescimento.

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Congresso APAVT

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“Estamos perante a tentativa de construção de um oligopólio”

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instituição de taxas discriminatórias de reserva nos GDS’s, pelos gigantes da aviação”, é uma “tentativa de construção de um oligopólio”. A opinião é de Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que falava na sessão de abertura do 43° congresso da associação. Na tentativa de encontrar uma razão para esta situação, o profissional destacou o recente estudo publicado pela ECTAA e ETSA, dirigido por reputados economistas especialistas na indústria aérea, que “conclui, de forma muito clara, que os custos da distribuição direta não diminuem com o incremento da quota de vendas diretas”. Pelo contrário, prejudicam a distribuição independente e as companhias aéreas menos fortes. “No caso de companhias aéreas regionais, como a Sata, ou nacionais, mas com um home market de diminuta dimensão, como é o caso da Tap, os custos da distribuição aumentam muito consideravel-

mente, em cenário de eventual aumento da quota de vendas diretas”, evidenciou. Para o dirigente associativo este é caso para os agentes de viagens ficarem preocupados, porque “se a razão não é a descida dos custos, e se os prejudicados são, para além da distribuição independente, as companhias aéreas menos fortes, onde se incluem todas as portuguesas, então parece razoável pensar que, através do movimento de consolidação da industria aérea, estamos perante a tentativa de construção de um oligopólio bem definido”. Para o dirigente associativo, este oligopólio “está a tentar afastar a distribuição independente porque quer evitar a comparação direta de preços, está a limitar a capacidade das companhias aéreas de menor dimensão de vender em mercados exteriores, está provavelmente a lançar as bases de um futuro aumento de tarifas, próprio de um mercado menos competitivo, e com menor capacidade de escolha por parte do consumidor”.

Nova diretiva apoia pequenas agências de viagens Está pronto a ser publicado em Diário da República, o que deverá acontecer até ao final do ano, o projeto diploma de discussão sobre a transposição da Diretiva 2015/2302, que irá entrar em vigor a 1 de julho de 2018.

A novidade foi dada pela secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, na sessão de abertura do 43° Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorreu em Macau, De 23 a 25 de novembro.

A governante garante que o resultado da discussão sobre a nova diretiva resulta de um “diálogo permanente” entre a APAVT, a DECO e a Direção Geral do Consumidor, sem excluir as “cedências mútuas” para que esta transposição não tenha um efeito negativo na atividade das agências de viagens. “Fizemo-lo respondendo às necessidades e às realidades concretas das agências de viagens, não agravando as contribuições para o Fundo, mas conseguindo redistribuir o esforço das contribuições adicionais em função do respetivo volume de negócios, diminuindo o valor da prestação das agências de viagens com volume de serviços até um milhão de euros”, referiu. A contribuição vai passar assim de 350€ para 200€ para aquelas agências de viagens que tenham um volume de negócio mais baixo. Em declarações aos jornalistas, à margem do congresso, Ana Mendes Godinho, explicou ainda que o objetivo passou por “garantir que o impacto sobre o Fundo de Garantia fosse mínimo”. Criado há nove anos, e atualmente a ultrapassar os 4 milhões de euros, este fundo foi agora apenas sujeito a “correções”, para que se pudesse tratar de “forma diferente as pequenas agências, diminuindo o esforço que estas têm que fazer em caso de prestações adicionais”.

Mercado chinês cresce 40% em Portugal e segundo a SET “é o mercado do futuro” O mercado chinês em Portugal, entre janeiro e setembro deste ano, teve um “incremento de 40% face ao ano passado”, altura em que “na totalidade do ano conseguiu alcançar um aumento de 18%”. Desta forma, dos primeiros nove meses de 2017 o mercado chinês mais que duplicou em Portugal. A novidade foi avançada aos jornalistas pela secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, durante a abertura do 43° Congresso da APAVT. Para a responsável estes números devem-se à “vitória histórica” de terem conseguido abrir a operação aérea direta entre Lisboa e Pequim, que teve início a 26 de julho, com a Beijing Capital Airlines. A governante assegura que o objetivo futuro será “manter o nível de crescimento” e evidência que “o mercado chinês é o mercado de futuro, tal como o indiano, e temos que estar presentes neste mercado e garantir que temos a capacitação da nossa oferta para saber receber turistas chineses”. Segundo a secretaria de Estado as preferências dos chineses recaem sobre a história, cultura, gastronomia, segurança e a procura de experiências diferentes em Portugal e na Península Ibérica.


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Macau quer que Portugal venha a ajudar ao crescimento do território

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acau tem a pretensão de se vir a tornar numa “plataforma de serviços” entre a China e os países lusófonos espalhados pelo mundo. Esta foi uma ideia transmitida por Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Culturais do Governo da Região Administrativa Especial de Macau. O responsável, que discursava em português durante o Congresso da APAVT, afirmou que “as iniciativas têm decorrido sobretudo no âmbito do mecanismo de relacionamento multilateral criado, em 2003, com o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, cujo secretariado permanente é em Macau, e conta com delegados dos diferentes países lusófonos, incluindo Portugal”. Alexis Tam reiterou o relacionamento “naturalmente privilegiado e mais próximo, com trocas de visitas regulares e cooperação nas mais diversas áreas”, entre Portugal e a Região Administrativa Especial devido a toda a sua história conjunta. O secretário para os Assuntos Sociais e Culturais pretende que Macau se venha a tornar num “centro mundial de turismo e lazer” e para isso disse que tanto “o governo como setor privado têm desenvolvido, nos últimos anos, uma série de ações tendentes a diversificar a indústria turística, tirando partido da recente grande expansão da oferta turística”. Como não poderia deixar de ser, “a liberalização do jogo, em vigor desde 2002, gerou

um grande dinamismo ao nível da indústria do turismo em Macau, com novos complexos turísticos de grande envergadura a abrirem uns a seguir aos outros, que têm permitido à cidade desenvolver e solidificar outras vertentes do turismo”, tendo “estas novas infraestruturas posicionado Macau no mapa ao nível dos destinos emergentes para acolhimento de grandes feiras e congressos

internacionais”, além de terem “ajudado também a afirmar a cidade como um destino de compras, de gastronomia e entretenimento de famílias”. No futuro, o profissional garante que Macau irá continuar a “diversificar as fontes de visitantes, captando mais mercados de longo curso, como Portugal, para estadias mais longas e uma maior imersão no destino”.

SET anuncia programa para captar eventos para o Centro de Portugal A secretária do Turismo, Ana Mendes Godinho, anunciou que o Turismo de Portugal irá ter um plano especializado para captar congressos e eventos para o Centro de Portugal, de forma a ajudar a região a reabilitar-se após os incêndios de junho e outubro. Ana Mendes Godinho apelou, em Macau, perante a plateia do Congresso da APAVT, para que todos “adiram a este programa”, tendo para isso sido criados “requisitos especiais para que aconteçam pequenos eventos corporativos e congressos de pequena dimensão nas regiões dos incêndios para as ajudar a recuperar”. Este é um complemento ao Orçamento de Estado para o próximo ano que prevê um fundo de 50 milhões de euros para “Turismo e Cinema” destinado a “tornar Portugal um destino mais competitivo de filmagens”. A governante garante que “vamos ter o regime fiscal e de incentivos mais apelativo do mundo

para que se possam fazer filmagens em Portugal”, e adiantou estarem “neste momento a organizar viagens pelo país com uma série de realizadores internacionais para virem aqui filmar”.

Já classificado como “um sucesso”, Ana Mendes Godinho especificou que, apesar de ser um programa dirigido a todo o mundo, está a centrar a sua promoção sobretudo em Portugal e na Índia.


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Centro de Portugal acredita que irá continuar a crescer a dois dígitos

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Entidade Regional do Centro de Portugal acredita que a região poderá continuar a crescer a dois dígitos em 2018, após em setembro último ter conhecido o maior incremento do número de dormidas, quando comparando com as restantes regiões do país. Segundo dados do INE, em setembro as dormidas no Centro cresceram 16,2%, para um total a ultrapassar as 672 mil dormidas, em relação ao mês homólogo de 2016. Com uma vantagem de cerca três vezes do que cresce a média nacional, Pedro Machado, presidente da Entidade Regional, afirma que a perspetiva para 2018 passa por “confirmar” esse crescimento. “Em 2018 não sei se cresceremos na ordem dos 16% ou dos 16,5% como crescemos até aqui, mas seguramente estaremos a crescer a dois dígitos”, referiu o responsável aos jornalistas em Macau, à margem do 43° Congresso da APAVT - Associação Portugueses das Agências de Viagens e Turismo. “Se em Maio havia a perspetiva que esse crescimento se justificaria pelo Centenário das Aparições e, em particular, pela presença do Santo Padre, Setembro veio confirmar essa perceção, nos mercados externos crescemos acima dos 28%”, deixou presente. O responsável acredita que “o Centro é, cada vez mais, um complemento aos dois grandes centros urbanos” e enalteceu o facto de estarem agendados para o Centro diversos eventos de grandes dimensões que irão ajudar a esse crescimento, dando como exemplo o caso da Cimeira Mundial da Saúde, que terá lugar em abril, e o Encontro Mundial das

Famílias Católicas, em junho seguinte, sendo que para esta última está prevista a chegada de “nove mil participantes”, que irão “esgotar a capacidade hoteleira da região de Fátima”. A diversificação de mercados na região é outra das apostas para o próximo ano. O presidente da Entidade Regional evidenciou que a parceria existente entre a Secretaria de Estado do Turismo, o Turismo de Portugal e a ACISO levou-o a participar em reuniões na Coreia do Sul onde promoveram o turismo religioso em Portugal e, particularmente, na região Centro. Os sul coreanos são um importante mercado para a maior região turística do país, tendo em 2016 somado mais de 40 mil dormidas. Até ao final deste ano e para 2018, Pedro Machado perspetiva um crescimento de 20% deste mercado. Por outro lado, no continente americano, a Tu-

rismo Centro de Portugal está ainda a apostar na sua promoção em países como o Brasil, o México e a Colômbia. No que respeita aos incêndios que assolaram a região em junho e outubro, Pedro Machado disse que “no período imediato, após os incêndios, houve muitos cancelamentos”, mas relembrou que por exemplo Pedrogão Grande apenas representa 3% da oferta hoteleira da região. Já em outubro “o impacto foi maior”, sendo que “em junho foram oito municípios afetados e agora foram 59”, alguns dos quais em que a “oferta está toda concentrada no produto de turismo ativo e natureza”. Enquanto a Natureza da região não recupera, Pedro Machado afirma que a promoção do Centro irá centrar-se em outros produtos também importantes como é o património, a cultura, a gastronomia, o turismo de saúde, bem-estar e médico, e o turismo religioso.

APAVT lança site para ajudar Centro de Portugal a erguer-se após os incêndios Na tentativa de ajudar o Centro de Portugal após os devastadores incêndios de junho e outubro passado, Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) anunciou o lançamento do site “O Centro das atenções” que tem por objetivo chamar a atenção das pessoas para “todas as oportunidades que se mantêm inalteradas na região”, tanto para férias como para a realização de reuniões corporativas. Segundo o dirigente associativo, fica assim cumprida a promessa realizada pela associação no primeiro encontro que teve com o presidente do Turismo do Centro, após a primeira tragédia. A APAVT irá custear na totalidade a manutenção do site. Pedro Costa Ferreira garante que, apesar destes momentos menos positivos, este “foi um ano positivo para as agências de viagens”. O dirigente associativo, que falava na sessão de abertura do 43° Congresso da APAVT, disse, perante uma plateia de mais de 650 congressistas, que “o ciclo económico é

favorável, com mais crescimento, mais confiança na economia, mais consumo e menos desemprego”, facto que “alavancou o bom trabalho executado do lado do outgoing, pelas agências de viagens portuguesas”. Pedro Costa Ferreira acredita que do lado do incoming haverá “mais crescimento, melhores resultados e balanços mais sólidos, neste final do ano”.


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Turismo e agências de viagens crescem e geram maior riqueza

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pesar de muitos considerarem uma já massificação do turismo nas zonas turísticas mais nobres do país, sobretudo em Lisboa e no Porto, um estudo elaborado pela Augusto Mateus & Associados e promovido pela APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, que ainda está em desenvolvimento, revela, nas suas primeiras conclusões, que nos anos de crise a riqueza gerada pelo Turismo cresceu a um ritmo duas vezes superior à que foi produzida pelos restantes setores da economia nacional. Além disso, os economistas afirmam que este setor gerou mais empregos, criou mais empresas e levou a um maior volume de negócios. O estudo foi apresentado por Sandra Primitivo, coordenadora do estudo sobre o valor económico da distribuição turística em Portugal, durante o 43º Congresso da APAVT. Entre 2012 e 2016, tendo em conta a evolução do Turismo em Portugal, o estudo garante que apesar do setor ser “sensível aos ciclos económicos”, revela uma “boa capacidade de recuperação”. No que respeita à criação de emprego, o número de pessoal ao serviço das empresas do Turismo cresceu 3,3% durante o período em análise, ao passo que, a nível nacional, nos restantes setores, a média de evolução foi de apenas 1,9%. Já se analisarmos o volume de negócios, a nível nacional, este cresceu 1,4% durante esses quatro anos, ao passo que no Turismo o crescimento médio anual foi de 5,3%. Já a variação

média anual do valor acrescentado bruto do país não chegou aos 4%, enquanto que a do Turismo foi de 7,7%. A hotelaria foi o subsetor que mais contribuiu para estes números do Turismo nos anos de crise, tendo nesta altura o número de empresas aumentado em 22,9%, o pessoal ao serviço 8% e o valor acrescentado bruto gerado pelo alojamento incrementado 15%. Desta forma, em 2016, o Turismo era responsável por 16% do PIB nacional.

Agências de viagens geram 3.240 milhões de euros para a riqueza nacional Por outro lado, o estudo revela ainda que os operadores turísticos e as agências de viagens contribuem com cerca de 2% para a riqueza gerada no país, tendo gerado um volume total de 3.240 milhões de euros para a criação de riqueza nacional em 2016, o equivalente a 2,1% do PIB, e criado 82 mil novos postos de trabalho, tudo isto entre impacto direto, indireto e induzido. No entanto, nos anos de crise, nem tudo foi um mar de rosas. Entre 2012 e 2016, o Turismo também foi o setor que teve a pior prestação em diversos indicadores. Foi o caso, em 2015, das agências de viagens ao terem uma autonomia financeira de 29%, ao passo que a média nacional do setor empresarial foi de 32%. Registaram ainda uma solvabilidade de 41% e a média nacional foi de 46%. No que concerne ao endividamento, a sua taxa foi de 350% contra a média nacional que em pouco

ultrapassou os 310%. Apesar deste cenário menos positivo, as agências de viagens conseguiram sempre um ritmo de recuperação muito superior ao registado pela média nacional durante os anos de crise.

Cristina Ávila é a mais recente membro honorário da APAVT Foi com evidente surpresa que a delegada da Direção Regional do Turismo dos Açores em Lisboa, Cristina Ávila, recebeu, durante o 43° Congresso da APAVT, o título de membro honorário da associação pelas mãos do presidente da mesma, Pedro Costa Ferreira. Este título foi atribuído à profissional pelo seu contributo para o desenvolvimento turístico dos Açores, pela sua dedicação para com o setor do turismo e ainda pelo relacionamento que mantém com a APAVT e os agentes de viagens portugueses.


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Crescimento da TAP do Brasil deve-se à compra da VEM

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iogo Lacerda Machado considera que o facto da TAP ter comprado a brasileira Varig Engenharia e Manutenção (VEM) fez com que a companhia aérea portuguesa tivesse ganho posição naquele mercado da América do Sul. Em conversa com Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, durante o último congresso da associação, em Macau, o administrador da TAP relembrou que o investimento na VEM foi de 450 milhões de euros e “se a TAP não tem feito esse investimento absolutamente estratégico, decisivo para chegar onde chegou hoje, o tempo seria muito

pior”, sobretudo porque o valor das receitas angariadas naquele mercado é de cerca de 13 mil milhões. Para Diogo Lacerda Machado esta aposta da TAP “não foi uma aventura pontual, sem sentido nenhum” e acredita que “um dia, provavelmente, ver-se-á que vale dinheiro”. Na sua opinião, “a TAP fez um investimento diminuto e obteve um resultado superior”. O líder da privatização da TAP, que fez com que o controlo da companhia aérea passasse novamente para o Estado, considera que o antigo governo de Passos Coelho atribuiu um valor à TAP de “praticamente zero” com o

negócio que havia feito para a transportadora. Só com a tomada de posição do atual governo socialista é que o responsável considera que se asseguraram os interesses de todos e, apesar para deixar elogios a David Neeleman e Humberto Pedrosa, frisou ainda que “bastava uma privatização parcial da companhia”. Agora o responsável avança que o próximo passo será perceber como fazer face às companhias low cost e como concorrer diretamente com estas. Deixou como exemplo o facto de já terem avançado com lugares mais baratos na retaguarda dos aviões, tendo feito como que tivesse passado a ser possível “ir buscar passageiros” a essas companhias de baixo custo. Quanto à privatização da ANA Aeroportos, o gestor considera que esta também não deveria ter sido privatizada, porque assim os franceses da Vinci passaram a assegurar o “monopólio” da empresa, como todos os direitos de decisão. Sobre a solução Montijo como segundo aeroporto de Lisboa, Diogo Lacerda Machado adiantou que “enganámo-nos sempre por defeito nas projeções” sobre o crescimento de passageiros nos aeroportos portugueses. Desta forma, avança que espera que “o Montijo sirva adequadamente durante algum tempo”, mas esta solução para si está longe de ser definitiva.

“Nada pode objetar a que o nosso Portela+1 exista rápido. Não pode ser em 2022”, alerta Francisco Calheiros “Sou sensível à Força Aérea, às questões ambientais, às questões camarárias, mas nada pode objetar a que o nosso Portela+1 exista rápido. Não pode ser em 2022. Até 2022, temos de aumentar as frequências que temos no aeroporto da Portela”, afirmou Francisco Calheiros. O presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), que discursava na sessão de encerramento do 43º Congresso da APAVT, levantou ainda a suspeita até mesmo esta data “se calhar” poderá vir a não ser cumprida. O responsável adiantou que a CTP não está satisfeita com o Orçamento de Estado para 2018 e critica a ausência de reformas importantes neste Orçamento, mostrando-se ainda preocupado em relação às negociações que virão a ser feitas com o Governo no que respeita às alterações à legislação laboral. Francisco Calheiros assegura que um dos grandes problemas deste OE passa por ir contra o

princípio de que “só se pode distribuir aquilo que se tem. Não se pode distribuir primeiro e depois tentar ir ganhar”. E ressalva: “Não tendo nada contra pensionistas nem contra as famí-

lias, só em IRS, pensões e descongelamento de carreiras estamos a falar de um aumento de despesa de mais de um bilião de euros, ou seja, mil milhões de euros. E para 2019 [serão] 1.500 milhões de euros”. Em forma de crítica ao Governo, o presidente da CTP questiona: “Nós todos, que somos empresários, sabemos bem o que é que nos últimos dez/vinte anos temos feito nas nossas empresas, as alterações profundíssimas que as nossas empresas têm vindo a sofrer. E o que é que nós vimos do Estado? O que alterou na Justiça? O que é que alterou na Educação? O que alterou na Segurança Social de que tanto se fala todos os dias?”. Deixando claro que este OE não tem “praticamente nada”, afirmou que “a única alteração que vislumbramos no OE é aquela velha regra de que quando saem dois funcionários entra um aumentámos e agora já podem entrar dois quando saem três”.



Dossier Neve

As novidades dos especialistas portugueses

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VIAJAR falou com alguns dos especialistas no mercado da neve para ficar a saber quais as principais novidades para a temporada 2017/2018. Sporski, Nordictur, Agência Abreu e Solférias foram os escolhidos. Saiba o que têm para nos contar

SPORSKI APRESENTA NOVIDADES Segundo Bruno Vilar, diretor geral da Sporski e Margarida Gaivão, responsável de Marketing e Comunicação, as novidades para esta temporada são algumas, destacando, entre outras ‘‘as Viagens Sporski Alpes - a escolha do especialista, viagens de autor com acompanhamento do especialista nos Alpes, desde o primeiro até ao último momento’’. A primeira viagem está já marcada e será para Brides Les Bains - 3 Vallées, a 27 de janeiro de 2018. As inscrições estão abertas e os lugares são limitados, adiantam os mesmos responsáveis. Mas não se ficam por aqui, já que haverá ainda lançamentos de ‘‘novos produtos para dar resposta aos inúmeros nichos e ‘apetites’ - famílias numerosas, experiências de alta gastronomia, escapadas românticas, entre outros”, explicam. No leque das ofertas da Sporski está também o reforço do produto exclusivo ‘‘Preço Único Família’’, agora com mais destinos. Destaque para o Boí Taüll Resort - versão férias na neve com tudo incluído e crianças até aos 15 anos.

Em termos de reforço, é de sublinhar, segundo os mesmos responsáveis, ‘‘as ofertas exclusivas para as datas promocionais fora das férias escolares - principalmente durante os meses de janeiro e março”.

BALANÇO E PREVISÕES Questionados como está a decorrer a operação deste ano comparada com 2016, Bruno Vilar e Margarida Gaivão adiantam: ‘‘O ano passado superámos os objetivos propostos. Este ano e até ao momento estamos satisfeitos com os resultados. Os clientes estão a criar o hábito de reservar cada vez mais cedo e a Sporski tem conseguido responder com programas cada vez mais adaptados às necessidades dos vários segmentos de clientes”. Já no que diz respeito aos destinos mais procurados pelos portugueses ‘‘continuam a ser os destinos de proximidade, em Andorra e Espanha. Dentro destes regista-se uma procura crescente pelos Pirenéus espanhóis, nomeadamente por Formigal e Cerler”, revelam. Interpelados sobre o facto de o mercado português comprar com pouca antecedência, Bruno Vilar e Margarida Gaivão concordam que ‘‘este paradigma tem vindo a mudar, não só porque a Sporski tem apresentado o produto cada vez mais cedo, mas também, porque o cliente está mais familiarizado com o produto e

muitas vezes já sabe bem o que quer reservar. Existe também, cada vez mais, a consciência de que quem reserva mais cedo garante a disponibilidade e a reserva em condições mais vantajosas.”

NORDICTUR EM LINHA COM 2016 Pela Nordictur, operador especialista em tudo o que é destinos e produtos dos países nórdicos da Europa, a temporada de 2017/2018 manter-se-á, em tudo, semelhante à do ano anterior, garante Helena Amorim, sócio gerente: “Basicamente iremos manter os hotéis de gelo e igloos de vidro e ainda a operação normal para os nórdicos”. Já no que concerne ao balanço da operação até agora, a mesma responsável, sublinha que deverá ser igual à de 2016, em que o verão pesou mais com 60% da faturação anual da Nordictur, justificada pelas férias escolares, com preferência pela Islândia e Noruega. É aliás, a Islândia que manteve a maior procura por parte dos portugueses também este ano, principalmente pelo número de charters, que em 2017 foram cinco no total.


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Dossier Neve

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SOLFÉRIAS RECORRE A RECETIVOS OU FORNECEDORES LOCAIS

Já na hora de reservar, a mesma responsável avança que ‘‘ou temos uma procura com muita antecedência ou procura last minute, em busca dos famosos descontos e tão apelidados Black Friday/Black week ou por aí adiante”.

ABREU ALARGA LEQUE DE CONTRATAÇÃO HOTELEIRA No que toca a novidades na programação da Abreu para a temporada 2017/2018 na Neve, fonte oficial da Agência refere que este ano ‘‘alargámos o leque de contratação a nível hoteleiro no contexto das estâncias que já trabalhávamos, aumentando assim o universo de hotéis disponíveis’’, mas também alargou o número de estâncias disponíveis para venda, contemplando agora oferta específica para Candanchú, Boí Taüll e Sestriere, designadamente. Destaque para mais campanhas com foco em ofertas itens e serviços que garantem uma maior proteção e mais segurança (UpGrade Gratuitos seguros NeveVIP; Oferta de capacetes de neve para as crianças).

Entre as novidades está ainda a possibilidade de reservar online através do site abreu.pt. Na Expo Abreu, que decorreu a 28 e 29 de outubro, na FIL, no Parque das Nações, em Lisboa, e que este ano registou um volume de reservas de mais 14,7%, quando comparado com 2016, 40 das páginas do catálogo eram dedicadas à programação da Neve. Segundo a mesma fonte “o volume de reservas gerado no contexto da Expo Abreu, envolvendo o produto Neve foi relevante, situando-o muito perto do ranking das 10 referências/ destinos mais procurados”. Quando comparado com o ano anterior em termos de vendas, a Agência Abreu sublinha que ‘‘o cliente habitual de destinos Neve sabe que para encontrar a melhor solução tem de comprar com antecedência; Este ano iniciámos as vendas do nosso produto em meados de setembro - o que é muito positivo, não só pelas vendas como pelo facto de estarmos a conseguir conquistar um cliente ‘mais especialista’. O desempenho de vendas tem vindo a superar os indicadores reportados à temporada anterior.” Quanto aos destinos mais procurados pelos clientes da Abreu e ao seu perfil, estes viajam sobretudo em família com crianças ou em pequenos grupos; procuram hotéis com qualidade. Andorra, Sierra Nevada – Espanha, outras estâncias em Espanha (Formigal, Baqueira) e Alpes Franceses são os preferidos.

‘‘O operador turístico Solférias vai manter a oferta que já tinha nos destinos, mas apostando por uma oferta mais ampla de alojamentos, recorrendo a recetivos ou fornecedores locais, de forma a assegurar que todo o cliente esquiador tem possibilidade de reservar na sua agência de viagens’’, garante à Viajar, João Cruz, diretor de Produto e Qualidade. O mesmo responsável explica que o “produto Neve tem sempre uma grande dependência da meteorologia. A época passada começou com alguns nevões no final de outubro e novembro (que animaram muito as vendas), mas depois subiram as temperaturas e o início da temporada foi sendo adiado para o meio e depois para o final de dezembro, com muitas incertezas mesmo para o final do ano. Depois acabou por se recompor em janeiro e foi uma temporada dentro do normal, sendo que as férias da Páscoa sempre que calham muito tarde (meio de abril), fazem com que a procura para a semana de férias do Carnaval fique muito concentrada”, acrescentando que a “época 2017/2018 está a correr dentro da normalidade e sendo a Páscoa mais cedo, com perspetivas que se aumentem mais as vendas.” Em relação aos destinos mais procurados pelos clientes da Solférias, Andorra e as estações de ski espanholas “são naturalmente as que mais vendas envolvem e neste sentido estamos preparados para poder oferecer, através de recetivos locais que reforçamos este verão, também as estações de Boi-Taüll e La Molina, que são estações menos conhecidas dos portugueses, mas muito válidas para o nível de ski que se pratica em Portugal e os requisitos tradicionais deste tipo de férias no nosso país”, explica João Cruz, adiantando ainda que “dentro dos Alpes, os portugueses têm preferência pelos Alpes franceses, que são os que oferecem maiores domínios e as melhores condições de serviços.” “Se é um cliente que já faz férias na Neve há algum tempo, sabe que terá de começar à procura das suas férias logo em agosto/ setembro, sob pena de ficar sem alojamento. Dado que normalmente os requisitos habituais dos clientes portugueses são muito similares - comprar um alojamento ao pé das pistas, um domínio acima dos 100 km de pistas e viajar nas férias do Carnaval ou Páscoa -, a tendência é mesmo reservar com a maior antecedência possível”, diz ainda o mesmo responsável.


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Serra da Estrela e Blueticket possibilitam compra de forfait online

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á é possível comprar online o forfait para a temporada de 2017/2018 da Serra da Estrela. A novidade foi avançada à VIAJAR pelo diretor da estância, Carlos Varandas, que afirma que este grande passo resulta de uma parceria que desenvolveram agora pela primeira vez com a Blueticket.

chateadas de perder uma parte do dia, em que poderiam estar a aproveitar o tempo para a prática do esqui ou do snowboard, numa grande fila de espera”, explicou. A nível de equipamentos, a estância irá funcionar nesta temporada com uma telecadeira, dois teleskis e um tapete rolante para iniciação. Dentro em breve, Carlos Varandas

esqui e do snowboard, incluindo o esqui de iniciação a partir dos três anos de idade. A estância portuguesa é mais procurada, segundo Carlos Varandas, pelo mercado brasileiro, seguido do espanhol, este último tendo crescido fortemente devido à integração da estância na associação das estâncias espanholas ATUDEM, desde janeiro de 2016. “Os corpos diplomáticos têm sido também excelentes clientes da nossa estância”, adiantou.

Serra da Estrela atrai mais espanhóis desde que faz parte da ATUDEM

“Qualquer pessoa, em qualquer ponto do país, poderá comprar o seu forfait através da Blueticket, para a quantidade de dias que desejar e para quando quiser durante a época de 2017/2018”, realçou o diretor, destacado ainda que o grande objetivo deste novo serviço passa por “retirar filas”, nomeadamente aos “sábados e domingos” da estância. “Chegámos a ter duas pessoas em fila durante uma manhã para adquirir o forfait e tínhamos que arranjar uma solução para isso, até porque as pessoas ficavam

disse que irão ter um outro equipamento em funcionamento, ao que tudo indica a partir do início de 2018, mas escusou-se a revelar do que se trata, por ainda estar “no segredo dos deuses”. Outra das novidades passa pela existência de uma sala de babysitting, dos 3 aos 8 anos, onde os pais poderão deixar os mais pequenos enquanto praticam os seus desportos de inverno favoritos. A escola de esqui terá este ano 20 monitores, onde serão exploradas as vertentes do

Em relação à inserção da Serra na Estrela na ATUDEM, Carlos Varandas garante que tem sido “muitíssimo vantajoso”. Isto porque “temos participado das reuniões, sabemos o que se passa também nas outras estâncias, partilhamos problemas, discutimos soluções e, para além disso, somos também divulgados em Espanha através do site, da página do Facebook e da Revista ATUDEM”, destacou o profissional. Para a próxima reunião, Carlos Varandas adiantou que irão sugerir a alteração do nome da associação para Estâncias de Esqui da Península Ibérica, em vez de Estâncias de Esqui de Espanha. “Esperemos que seja aceite”, deixou o repto. “Quando entrámos para a associação, a Estância da Serra da Estrela estava na posição 31ª e no ano passado já estávamos na 29ª. É óbvio que estamos longe das grandes estâncias, mas também já podemos olhar para trás, vendo quem já conseguimos ultrapassar”, concluiu.


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Espanha investe mais de 25 milhões de euros nesta temporada

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s empresas e organizações que se dedicam à indústria da neve em Espanha voltaram a fazer um grande esforço de investimento para esta nova temporada, com melhorias avaliadas em mais de 25 milhões de euros nas áreas de esqui e serviços de estações. Para conseguir ultrapassar os números da última temporada, a ATUDEM – Associação Turística das Estações de Esqui e Montanha decidiu lançar uma nova campanha de comunicação online nesta temporada, com base em conteúdo de marca. A campanha inclui uma coleção de 10 vídeos onde os usuários descobrirão a experiência de contacto com desportos de neve com a ajuda de um instrutor de luxo e quatro figuras famosas desta área. Além disso, a campanha também contará com o concurso "Share and Win" no qual centenas de passes serão sorteados.

Com esta campanha ambiciosa, que será divulgada através das redes sociais da ATUDEM, “queremos promover o esqui na Espanha e, também, evitar o voo dos

esquiadores para outros países”, revelou a presidente da Associação em conferência de imprensa em Madrid, segundo o website da ATUDEM.

Sierra Nevada com nova imagem

Estâncias do Grupo Aramón apostam nas novas tecnologias

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ierra Nevada, a estância espanhola mais procurada pelos portugueses, sobretudo pela sua proximidade com Portugal, investiu 1,4 milhões de euros em novidades para a temporada 2017/18 e apresentase este ano com uma imagem renovada, apresentando um novo logotipo, embora o pico da Veleta, com perfis poliédricos, continue a ser o protagonista central. “Com a nova imagem, queremos transmitir a nova realidade de um centro de desportos de inverno divertido e jovem, aberto a experiências fantásticas, tudo sem desistir dos grandes pontos fortes que fizeram de Sierra Nevada uma das melhores estâncias do sul da Europa", afirma Francisco Javier Fernández, conselheira delegada da estância. A estância de Granada passa agora a contar com três máquinas pisapistas, outros tantos canhões de neve de última geração e motos de neve, adquiridos tanto para uso turístico como comercial.

ramón, que integra as estâncias de esqui dos Pirenéus Aragoneses de Cerler, Formigal-Panticosa, Javalambre e Valdelinares, e que representa a maior área de esqui em Espanha, além de ser o primeiro grupo empresarial de turismo de neve e montanha, aposta este ano na inovação tecnológica e em novas atividades para melhorar a experiência do cliente de neve. O grupo acaba de lançar uma campanha a pensar no esquiador amador, oferecendo-lhe uma série de experiências únicas, melhorando o serviço com as novas tecnologias que levam seu clube Aramón, através da sua APP e do serviço de whatsapp, além de passar a incorporar três máquinas mais modernas de pisapistas na sua frota de veículos. O investimento do grupo Aramón para esta campanha ultrapassa os 5 milhões de euros e abrange todos os campos, desde melhorias nas pistas até novas experiências. A estância de FormigalPanticosa é de todas a que passa a ter uma nova área esquiável, a área de Culivillas. Como este investimento a estância passa a ter uma nova pista azul e outra vermelha, que aumentam o domínio esquiável até 180 quilómetros. É aqui que fica uma das melhores vistas do vale.

Aramón e Candanchú lançam passe conjunto

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as as novidades nos Pirinéus Aragoneses não terminam por aqui! Aramón e Candanchú juntaram-se para lançar um cartão conjunto, o Ski Pirineos, um passe de esqui que permitirá aos esquiadores deslizar mais de 300 quilómetros de pistas. Este passe decorre do acordo comercial das estações de Aramón, pertencente ao Governo de Aragão e Ibercaja a 50%, e de Candanchú. Será um passe único que permite esquiar nos três vales dos Pirenéus Aragoneses com estâncias de esqui: o vale de Aragão, onde Candanchú está localizada; o de Tena, com Formigal-Panticosa; e Benasque com Cerler, nomeada a melhor estância em Espanha pelo terceiro ano consecutivo.


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“Cosmopolitismo e os Recursos Naturais”

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riqueza e diversidade de culturas locais e regionais faz parte da identidade nacional dos países e é fundamental na atração turística’’. Foi com esta premissa que Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros deu início ao primeiro painel do Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, subordinado ao tema ‘‘Turismo e a Europa das Regiões’’. O auditório do Convento São Francisco encheu-se para ouvir atentamente os oradores deste primeiro painel: Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo; Márcio Favilla, executive director for Operational Programmes and Institutional Relations da Organização Mundial de Turismo e Sofia Colares Alves, chefe da representação da Comissão Europeia em Portugal. Sob o tema ‘‘Descobriram Portugal. E Agora?!’’, o congresso levado a cabo pela AHP começou por debater questões como afirmar e promover as regiões no quadro nacional, o posicionamento da Europa, bloco económico e político e cultural perante os demais continentes; que desafios comuns enfrentamos e que cooperação e políticas comuns são gizadas que têm impacto no Turismo. ‘‘Diz-se que vivemos um efeito de moda e

aparecemos como um oásis de segurança, riar a ideia de ‘‘que temos Turismo a mais’’, que contrasta com os nossos vizinhos, mas sublinhando que há uma ‘‘margem de cresa verdade é que o aumento do Turismo em cimento do Turismo que é preciso valorizar. Portugal não é justificado por estas razões, Precisamos do Turismo para que o tecido mas sim pelo cosmopolitismo e os recursos empresarial não regresse ao panorama que naturais que o país apresenta’’, sublinhou foi vivido há uns anos com a crise.’’ Augusto Santos Silva, acrescentando que a O ministro dos Negócios Estrangeiros frisou ‘‘diversidade de oferta existente’’ com poucos ainda a necessidade de se centrarem em três quilómetros de distância entre si tem ajudado pilares: Economia, Cultura e Internacionalizaneste aumento. ção, acrescentando existir já ‘‘algum trabalho ‘‘É preciso não depreciar o esforço enorme feito e outro está em curso, mas é preciso que o país e os empresários fizeram nestes que continue e se consolide’’. últimos anos, modernizando as infraestruPara o governante existem cinco linhas de turas para que a hotelaria seja atrativa, a ação que deverão ser tidas em conta, nomequalidade dos recursos humanos que hoje adamente ‘‘tirar todo o partido dos valores existe no mercado e a capacidade de atrair dos ícones que projetam hoje Portugal no novos produtos e vivências’’, foram algumas mundo. Há pessoas e expressões muito das causas apresentadas pelo governante, próprias associadas à projeção do país’’, que relembrou ainda que o Turismo ‘‘vale dando ainda exemplo de vários hoje 7% do nosso PIB e 8% do emnomes de portugueses que prego; foram criados mais de 50 hoje ocupam lugares “O Turismo mil postos de trabalho líquido cimeiros. vale hoje 7% do nosso neste setor’’. Valorizar a paz, PIB e 8% do emprego; segurança e inovaforam criados mais ‘‘É PRECISO CONTRARIAR ção dos serviços; A IDEIA DE QUE TEMOS a forma como se de 50 mil postos TURISMO A MAIS’’ ligam os mercade trabalho líquido neste Augusto Santos Silva referiu dos turísticos e as sector’’ responsável ainda a necessidade de contrarelações bilaterais; a

da OMT


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valorização do Património quer material quer imaterial e ainda a língua portuguesa foram as restantes linhas de ação apontadas por Augusto Santos Silva.

COMO COMBATER EXCESSOS DO CRESCIMENTO TURÍSTICO Encontrar novas formas de levar as pessoas a descobrirem outros pontos do país foi uma das razões apontadas por Ana Mendes Godinho como uma das formas de dispersar o Turismo nas grandes cidades. Moderado por Ricardo Costa, diretor-geral de Informação do Grupo Impresa, o 1.º painel relembrou as queixas atuais do ‘‘excesso’’ de turistas em Lisboa e Porto e da falta de transportes e habitação que se começa a sentir. A SET começou por relembrar como era Lisboa há dez anos, afirmando que o Turismo tem ajudado as cidades a reabilitarem-se, criando também mais segurança, negando que ‘‘estamos longíssimo da sobrecarga’’. A responsável pela pasta do Turismo avançou ainda que estão a ser estudadas soluções para uma maior sustentabilidade no sector. ‘‘Queremos que 90% da população esteja satisfeita com o progresso no turismo. Lançámos o repto para a sociedade civil e para as câmaras municipais para anteciparmos

problemas e sabermos agir çando que a Primavera Árabe “Em termos sobre eles’’. e o surgimento de novos de crescimento Já Márcio Favilla frisou o modelos económicos e de mundial, o responsável facto de o atual panorama plataformas digitais foram que se vive em Portugal em da OMT refere que a Ásia algumas delas. termos turísticos ser um tra‘‘Neste momento temos vai continuar a crescer balho que tem vindo sendo um modelo de promoção nos próximos 15 feito ao longo dos anos, que misto, o que eu sinto é que anos’’ lhe tem permitido agora colher temos de garantir uma inforos frutos. O mesmo responsável mação mais diária do que aquela acredita que nos próximos anos vai conque está a acontecer atualmente no tinuar a verificar-se um aumento no Turismo, país. Esta articulação com as regiões de tumuito devido à capacidade económica das rismo está a funcionar em termos de feiras, pessoas, que lhes permite viajar. mas em termos digitais podemos melhorar’’, Em termos de crescimento mundial, o ressalvou Ana Mendes Godinho, cuja soluresponsável da OMT refere que a Ásia vai ção passa por ‘‘ a informação digital estar ao continuar a crescer nos próximos 15 anos. dispor das regiões, nesse sentido estamos a China, Índia, Rússia e até o Brasil são mertentar criar um modelo’’. cados que têm vindo a crescer e que assim A governante deu ainda como exemplo o se manterão e nesse sentido Márcio Favilla Visit Portugal que já tem 10 milhões de visitantes: ‘‘A ideia é que esta plataforma não acredita que a Europa vai continuar a ser um fosse só de oferta turística, mas também de destino preferencial no mundo, até porque venda, ou seja deveríamos ter uma oferta insegundo o mesmo, ‘‘o Continente continua a tegrada que permitisse ao visitante comprar ser uma referência a nível mundial’’. logo aquilo que lhe estamos a propor’’.

COMUNICAÇÃO DIGITAL PODE SER SOLUÇÃO

‘‘Todas as crises são oportunidades e Portugal soube tirar oportunidades no Turismo’’, começou por dizer Sofia Colares Alves, real-

Temas debatidos ajudaram a traçar a rota do futuro ‘‘Chegado ao fim, o 29.º Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo é cedo para tirar conclusões, mas é o tempo certo para um balanço e, modéstia à parte, foi um sucesso, sem qualquer dúvida. Acertámos no tempo, nos oradores, moderadores, na região, no local, nos parceiros e, claro, nos congressistas. Foram 423 os que estivemos aqui reunidos em Coimbra, muito obrigada a todos’’. Foram com estas palavras que Raul Martins, presidente da AHP - Associação de Hotelaria de Portugal encerrou três dias de trabalhos no Convento de São Francisco, em Coimbra, em meados de novembro. Em jeito de balanço, Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP, aproveitou para deixar três notas, relembrando o discurso de abertura de Raul Martins ao afirmar que ‘‘encarar o futuro com otimismo e realismo presume que olhemos de frente para seis temas: 1.º a pressão turística por um lado e a falta de procura por outro; 2.º a crescente e permanente entrada de novos competidores sejam eles de países, destinos, ofertas de alojamento, hotéis e outras; 3.º a escassez de recursos humano dedicados ao turismo e os contratos coletivos de trabalho que estão obsoletos; 4.º o esgotamento no curto prazo do Aeroporto Humberto Delgado; 5.º as alterações climáticas; 6.º o impacto que os episódios de perturbação política, económica e social trazem à nossa indústria’’. Temas estes, que na sua opinião acabaram por ser debatidos neste 29.º Congresso ‘‘quer direta, quer indiretamente’’, acrescentando acreditar que ‘‘nos ajudaram a traçar a rota do futuro. Afirmar Portugal como um destino estável, maduro e sustentável tanto para quem visita, como para quem é visitado’’. Cristina Siza Vieira relembrou que a AHP desenvolve várias iniciativas para dar resposta a ‘‘algumas das referidas preocupações’’, relembrando que se têm ‘‘batido para garantir a competitividade da hotelaria nacional hoje e sempre’’.

RECURSOS HUMANOS SÃO UM PROBLEMA O crescimento do Turismo em Portugal traz consigo uma outra preocupação para Ana


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“Deveríamos ter uma oferta integrada que permitisse ao visitante comprar logo aquilo que lhe estamos a propor’’ diretor-geral de Les Roches Marbella

Mendes Godinho, a falta de mão de obra qualificada, que confessa ser o assunto que mais tem ouvido nos últimos tempos. ‘‘Entre 2015 e 2017 temos mais de 70 mil novas pessoas a trabalhar no Turismo. A aposta na formação neste momento é total, pois as nossas escolas de Turismo apenas garantem 3.000 pessoas e não conseguem dar resposta ao mercado. O nosso objetivo é que nos próximos 10 anos consigamos passar das atuais 30% de pessoas qualificadas no setor para as 60%’’, disse ainda. A SET relembrou ainda os programas em curso no Algarve para promover relações duradouras com os colaboradores naquela região, mas também um programa para a formação e reconversão de outras atividades, de pessoas mais velhas que queiram trabalhar no turismo. A temática dos recursos humanos voltaria a ser debatida no 4.º painel, sob o tema ‘‘As Pessoas: a aposta de sempre, os reptos do futuro’’, moderado por Frederico Costa, administrador do Grupo Pestana. A seu lado estiveram Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, Carlos Díez de la Lastra,

e Pierre Debourdeau, managing partner da Eurogroup Consulting.

VALORIZAÇÃO DA CARREIRA E AUMENTOS SALARIAIS NO TURISMO Um painel que falou da quantidade e da qualidade das pessoas disponíveis para trabalhar no setor, e nomeadamente na hotelaria, que não têm acompanhado a tendência de aumento turístico, causando grandes dificuldades quer na contratação, quer na retenção de talentos. Um problema que para alguns poderá ser combatido com o aumento salarial e valorização das carreiras e também com a constante formação. Este tema que também já tinha vindo à tona com a intervenção de Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro de Portugal. O mesmo responsável chamou a atenção para a falta de recursos humanos no sector turístico e que na sua opinião ‘‘é um fator crítico que o País vai ter na próxima década’’. Uma tendência que na sua visão só poderá ser ultrapassada com a valorização da carreira e o aumento salarial. ‘‘Em primeira instância passa pela valo-

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rização da profissão e para isso é muito importante o papel das escolas da hotelaria quer da rede pública do Estado quer, dos privados, mas também passa pela consciencialização pública do valor que a profissão tem. A atividade turística nunca foi muito valorizada do ponto de vista social nem bem paga. É preciso pagar mais e, portanto, se temos uma indústria que é fortemente exportadora e responsável por 40% da balança económica do País não podemos manter salários tão baixo, quando queremos que a indústria cresça e ao mesmo tempo a qualidade do serviço acompanhe esse crescimento’’, sublinhou Pedro Machado, acrescentando que este é um tema que tem de ser discutido pelo setor. ‘‘Temos no País associações com grandes responsabilidades que podem trabalhar em conjunto esse processo, como a AHP, a AHRESP, a APAVT. Por que não se juntarem à mesa e entenderem que este é um problema que atinge todos? É que todos os que estão no circuito da atividade do Turismo serão atingidos por igual’’, propôs o mesmo responsável.


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Principais constrangimentos do Aeroporto de Lisboa

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questão do sistema aeroportuário no aeroporto de Lisboa, tem na opinião de Carlos Lacerda, presidente da Comissão Executiva da ANA Aeroportos, três pontos de constrangimento: Espaço aéreo, limitação de estacionamento de aviões e o terminal. Ideias avançadas pelo responsável durante o 2.º painel do 29º Congresso da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, com o tema “A condição periférica de Portugal. Os desafios do transporte aéreo”, que contou com a moderação de António Trindade, CEO do Porto Bay Hotel & Resorts e a participação de Abílio Martins, vice-presidente de Marketing e Comunicação da TAP Portugal, Javier Gandarra, diretor-geral da easyJet, e Francisco Teixeira, diretor-geral da Melair. A questão do esgotamento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado foi um dos temas que mais atenção teve por parte da plateia. Carlos Lacerda explicou que o primeiro aspeto de constrangimento daquela infraestrutura tem a ver com o espaço aéreo: “Lisboa tem quatro bases militares à volta da Portela, duas a norte (Alverca e Sintra) e duas a sul (Montijo e Alcochete) e estas têm limitações do espaço aéreo de Lisboa”. “Mas, mesmo que o espaço aéreo seja

libertado é necessário, que haja capacidade de controlo aéreo”, avançou ainda o mesmo responsável, acrescentando que a ANA está a dialogar com a NAV e a Força Aérea: “Posso dizer-vos que o diálogo tem sido construtivo e positivo e a minha convicção é que teremos uma boa solução para a região de Lisboa e de uma forma geral para o País, mas mais do que isso queremos uma solução que defenda a importante missão que a Força Aérea tem em Portugal. Penso que tenhamos condições para que conseguirmos fazer uma boa convergência de todos os objetivos de todos os intervenientes.” Um segundo aspeto, conforme adiantou o presidente da Comissão Executiva da ANA Aeroportos, prende-se com a limitação de estacionamento: “Ou seja, se tivermos muito espaço aéreo e muitos aviões a aterrar e a levantar no aeroporto, temos de ter espaço para esses aviões estacionarem.”

HÁ ESPAÇO PARA CRESCER O terceiro aspeto, segundo Carlos Lacerda tem a ver com a infraestrutura aeroportuária e aí a ANA já está a fazer investimentos. “Como sabem estimamos que no prazo de quatro anos o aeroporto do Montijo possa estar operacional, ou seja em 2022, mas até lá o que vamos fazer? Não temos capacidade

para crescermos?”, questionou o mesmo responsável, respondendo em seguida. “Nós achamos que há capacidade para crescer em Lisboa, precisamos é de mais espaço aéreo e que o plano de contingência para aumentarmos a capacidade de estacionamento seja colocado em operação e relativamente ao terminal é uma situação que não nos preocupa, porque os investimentos estão a decorrer. Estão todos aprovados pelo nosso acionista, vamos ter mais portas Schengen, vamos ter maior fluidez no controlo de segurança e vamos ter uma zona ampla no check-in. O que é que precisamos? De espaço aéreo. Deem-nos o espaço aéreo e nós conseguimos crescer o número de passageiros em Lisboa”, garantiu Carlos Lacerda. Durante a sua intervenção, o responsável da ANA Aeroportos relembrou que os aeroportos geridos por aquela entidade têm sofrido grandes crescimentos nos últimos anos, após a privatização da mesma. “A ACI – Aeroport Concil International avança que o número de passageiros nos aeroportos teve um crescimento médio este ano acumulado até agosto nos aeroportos a nível mundial de cerca de 7%, nos aeroportos europeus de 9% e nos portugueses de 18%, ou seja, o nosso crescimento é hoje o dobro do crescimento médio nos aeroportos europeus.”


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Turismo em Portugal

está a crescer de forma sustentável

‘‘O

que queremos é que o Turismo continue a crescer e se espalhe por todo o território, quer pelo território das cidades que mais turistas acolhe, Lisboa e Porto, em que o esforço conjunto com as câmaras municipais e as entidades regionais de turismo tem levado a que se descubram novas zonas das cidades, quer no Algarve onde o Turismo de família e de praia é muito importante, mas onde temos feito um esforço para que o Turismo cresça fora da época alta, porque é nessa época que há muitos quartos livres, que há muita capacidade sob aproveitada, que há muita rentabilidade turística que pode ser melhorada mais do que no verão em que já há uma performance muito boa’’.

A opinião é do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que encerrou o 29º Congresso da AHP, que se realizou no Convento de São Francisco, em Coimbra de 15 a 17 de novembro. O governante frisou o crescimento turístico que Portugal tem apresentado nos últimos tempos, não apenas este ano, mas também em 2016, de uma forma sustentável, uma vez que os maiores aumentos se têm verificado em regiões como a do ‘‘Centro, Alentejo e Açores’’, demonstrativo das ‘‘políticas que temos desenvolvido’’. Manuel Caldeira Cabral relembrou ainda a criação de instrumentos financeiros como o Revive ou o Portugal 2020. ‘‘Já colocámos em cerca de três centenas de projetos hoteleiros

mais de 300 milhões de euros de investimento, quer em novas unidades, quer em reabilitação, melhoramentos e expansão de hotéis já existentes. Neste momento estão quase 90 hotéis que vão abrir este ano e no próximo, é um aumento da oferta que responde ao aumento da procura e este está a ser sustentável, porque é mais disperso por todo o território e mais qualitativo com os proveitos e receitas do Turismo a crescerem’’, enalteceu.

Alexandre de Almeida recebe Diploma de Louvor e Mérito Nem só de trabalhos viveu o 29.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, houve ainda tempo para a confraternização durante um jantar oferecido pelo Turismo do Centro de Portugal, onde se ouviu o fado de Coimbra. Durante o evento foi ainda atribuído pela AHP, o Diploma de Louvor e Mérito Hoteleiro a Alexandre de Almeida, no ano em que os ‘‘Hotéis Alexandre de Almeida’’ comemoram o seu centenário. A AHP tornou público o seu reconhecimento e gratidão a Alexandre de Almeida pela sua importante atividade ao serviço do turismo e contribuição para a afirmação e promoção do nome de Portugal, afirmando no diploma que ‘‘Sucedendo ao seu avô, fundador da Escola Hoteleira de Lisboa e Presidente da União dos Grémios da Indústria Hoteleira e Similares do Sul, o empresário Alexandre de Almeida é igualmente merecedor da maior honra e louvor pelo empenho no

movimento associativo através da participação na direção da AHP.’’ Na ocasião, Raul Martins, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, afirmou que decidiram homenagear “o fundador mas também o seu sucessor, Alexandre de Almeida, que persiste hoje como um grande hoteleiro, legítimo representante da hotelaria nacional, muito querido e respeitado pelos seus pares e pelos seus colaboradores, pilar estruturante das regiões turísticas onde os seus hotéis se destacam.’’ Esta é uma justa e devida homenagem ao herdeiro do mais antigo grupo hoteleiro português, que neste ano comemora o seu centésimo aniversário, fundado por um grande hoteleiro, um visionário, um sonhador, mas também um homem de ação”, concluiu o presidente da AHP.

“Garantir o aumento do net revenue” é o mais importante “Mais do que aumentar o RevPar, o objetivo é, cada vez mais, garantir o aumento do net revenue. O processo de conhecer, compreender, antecipar e reagir às tendências da procura é fundamental para vender o quarto certo ao cliente certo, pelo preço certo no canal certo”, avançou Mike Ferguson, managing director Intelligent Business Strategies, que falava perante a plateia do Congresso da AHP no painel dedicado ao tema : “The Future of Hotel Revenue Management: Big Data, Business Inteligence & Analytics para hoteleiros”. Luísa Dâmaso, diretora da Ntech.news, Paula Ferro, diretora-geral do Hotel Santa Justa

e Alfredo Reis, administrador Blue&Green, juntaram-se a este debate que questionou se o investimento feito no Business Inteligence pode vir a ser recuperado a médio prazo, assim como a capacidade que cada unidade hoteleira tem em analisar os dados recolhidos. No ar ficou ainda a preocupação com a nova lei de proteção de dados, que em maio do próximo ano entrará em vigor na União Europeia e que

para muitos tem parâmetros ainda desconhecidos. A fechar a ordem de trabalhos, destaque ainda para o último painel – “Novas tendências do alojamento – The Hotel. The Hostel. The House” – que contou com André Sardet, do Sapientia Hotel, João Álvares Ribeiro, da Casa do Rio/Foz Côa, e Nicolas Roucos, Bomporto Hotels, que falaram sobre as novas tendências do alojamento. Para estes há clientes para todo o tipo de oferta e esta poderá não interferir com as cadeias hoteleiras. Um painel moderado com Rodrigo Machaz, diretor-geral do Memmo Hotels, e que suscitou algumas questões por parte dos congressistas.


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Opiniões à margem do congresso João Freitas, diretor-geral do Hotel Lutécia À margem do 29.º Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo, o diretor-geral do Hotel Lutécia, em Lisboa, mostrou-se satisfeito com os temas escolhidos para serem debatidos neste encontro, que este ano decorreu em Coimbra. Ainda assim, e apesar de não querer adiantar quais, o mesmo responsável sublinhou que alguns ‘‘não foram de acordo com as minhas expetativas’’. Questões como o excesso de oferta hoteleira na capital portuguesa e o alojamento local, assim como a entrada em vigor da nova Lei de Proteção de Dados no próximo ano mereceram nota positiva por parte do hoteleiro.

A verdade é que segundo o hoteleiro, com a abertura de novas unidades há também mais oferta e isso permite com que haja uma maior rotatividade: ‘‘Tivemos também de aumentar mais os salários, porque mesmo que o funcionário tenha um bom ambiente e condições de trabalho, se lhe acenam com mais 100 ou 200 euros, é lógico que as pessoas mudam’’. É por isso também, que o ano de 2018 será marcado pelo investimento na formação da parte do Hotel Lutécia: ‘‘Também vai ser uma forma de manter o staff. Pensamos que temos de continuar a formar os funcionários, é o único caminho e até porque cada vez mais estamos dependentes das opiniões dos clientes, que são públicas”.

Filipe Macedo, diretor Regional do Turismo dos Açores

Defensor de que ‘‘devia haver alguma restrição à abertura de novos hotéis, dentro de certas áreas em Lisboa’’, João Freitas acrescenta que ‘‘remodelações claro que sim, aberturas de hotéis novos penso que deveria haver alguma contenção e começar a abri-los noutras zonas de Lisboa, que não a Baixa pombalina’’. Para o diretor-geral do Hotel Lutécia outro ponto importante devia passar pelo facto de ‘‘poderem ser os condomínios dos prédios a decidir a viabilidade de alojamento local nos edifícios’’, até porque, segundo o mesmo ‘‘para além da grande concorrência na hotelaria estão a fazer com que os moradores de Lisboa optem por ir morar para fora da cidade, evitando assim o entra e sai dos turistas’’. Questão muito mencionada durante todo o congresso, a falta de mão de obra qualificada e de recursos humanos, também tem afetado o Hotel Lutécia, ‘‘principalmente nas áreas de restauração e de empregadas de limpeza e um pouco menos na receção’’.

A marcar presença no Congresso esteve também o diretor Regional do Turismo dos Açores, Filipe Macedo, que à Revista Viajar deu conta da sua opinião sobre os diversos temas tratados nos painéis, revelando que ao nível do Business Intelligence ‘‘é uma área cada vez mais interessante e mais trabalhada. Também os Açores ao nível do destino estamos a ter em atenção tudo o que é escrito na social media”. De tal forma, que o mesmo responsável explica que ‘‘brevemente iremos divulgar qual é a guest experience a nível do destino. Temos esse levantamento feito e vamos disponibilizar informação de forma regular’’. Questionado sobre a falta anunciada de recursos humanos nos próximos tempos e uma vez que o destino Açores tem estado a crescer substancialmente, Filipe Macedo, sublinha

‘‘é público que iremos terminar o ano com um aumento de 18 ou 19% tanto em dormidas, como hóspedes e receitas, ou seja, nos últimos três anos temos tido um crescimento da atividade turística que representa mais de 70% e a nível de receitas 90%’’. Números, que ‘‘obviamente criam uma pressão que não existia nos nossos recursos’’, acrescentando que ‘‘apesar de todo o esforço a nível de formação nos últimos anos, através do Fundo Social Europeu e também do Orçamento da Região, é normal que haja neste momento uma dificuldade em ajustar os recursos humanos”. De tal forma que o mesmo responsável garante que ‘‘2018 vai ser marcado por um novo esforço, no próximo plano e orçamento, o turismo vai ter um reforço nesta vertente e vamos tentar fazer mais formação e muito direcionada, mas também requalificar ativos que estejam noutros setores e queiram migrar para o setor do turismo.’’ Novidades também são as aberturas de novas unidades entre 2019 e 2020, que darão uma capacidade de 3000 camas, reforçando assim a capacidade de oferta do destino, não só em São Miguel, mas também em outras ilhas: ‘‘É interessante verificar que só um terço dessas novas camas é que são de hotéis convencionais, os outros dois terços são caracterizados por unidades de pequena dimensão e espalhadas por todo o território, são os turismos de espaço rural, o turismo de habitação e a tipologia de apartamentos turísticos.” Também na Região Autónoma dos Açores, o alojamento local ‘‘subiu imenso e está a ter a mesma reação que no Continente. Neste momento temos cerca de um terço das camas disponíveis já em alojamento local, mas é algo que nem consideramos mau porque foi um movimento que permitiu primeiro acomodar a nova tipologia de turistas que procuram esse tipo de alojamento e de alguma forma dar mais capacidade quase instantânea no setor na região”. E porque também o espaço aéreo foi discutido no segundo painel do Congresso AHP, quisemos saber como se está a portar o destino Açores depois de a alteração do modelo de acessibilidades. Filipe Macedo concorda que de facto este ‘‘potenciou um aumento do turismo e deram-nos acesso a mercados a que habitualmente não teríamos acesso’’. Para 2018 foi já anunciado que a companhia Delta Airlines irá voar com cinco rotações por semana, ‘‘estamos a falar de cerca de 1000 passageiros por semana que irão dar entrada nos Açores via Nova Iorque’’, relembra o diretor regional, acrescentando que haverá ainda ‘‘reforço de operações provenientes da Alemanha, Reino Unido e Centro da Europa’’.


Entrevista

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Carlos Díez de la Lastra, diretor-geral Les Roches Marbella Global Hospitality Education

‘‘O que é fantástico é que a base de talento portuguesa é boa, só é F

oi um dos oradores do 4.º painel do 29.º Congresso Nacional de Turismo, sob o tema ‘‘As Pessoas: a aposta de sempre, os reptos do futuro’’. Um painel que falou da quantidade e da qualidade das pessoas disponíveis para trabalhar no setor. Como atraí-las e qual o papel da formação. A Revista Viajar esteve à conversa com o diretorgeral Les Roches Marbella Global Hospitality Education para entender até que ponto Portugal está no bom caminho.

VIAJAR – Portugal, segundo o setor do turismo, está a passar por falta de recursos humanos e de mão de obra qualificada. Na sua opinião como é que esta ameaça poderá ser colmatada? Carlos Díez de la Lastra – Portugal é atualmente um destino muito forte e vibrante, os turistas que o visitam destacam que em momentos de tensão internacional e incerteza, este país oferece tranquilidade e segurança. A amabilidade do serviço é inata ao caráter afável dos portugueses e esta simpatia tem servido até ao momento para suprimir carências de formação tal como tem acontecido com Espanha, Itália e outros países do mediterrânico. Apesar de, por um lado se ter realizado um grande trabalho ao nível institucional, mudanças na operação, comunicação e marketing no setor hoteleiro, como demonstram os excelentes resultados, não se destacou a formação e neste momento é uma necessidade imperativa para que se possa passar para o próximo escalão de crescimento. A diferença no cenário competitivo onde Portugal se move neste momento, vai marcar a qualidade do serviço e este tem como base o talento. O setor hoteleiro português aposta em atrair talento nacional e internacional? Ou pelo menos aposta em desenvolver o existente? Cada vez se torna mais relevante que o incentivo interno ao talento com formação adequada e em linha com as novas tecnologias e ferramentas de gestão, marcam a diferença nas taxas de crescimento nas diferentes cadeias hoteleiras. É verdade no momento atual todos crescem, mas os que mais crescem são os que antecipam ciclos de crise e fidelizam os clientes. Como é que a formação e ensino são vistos por Les Roches? CDL – Para a nossa escola, que conta com mais de 60 anos a formar profissionais em direção hoteleira internacional, a educação especializada é a base de todo o projeto turístico de sucesso,

pois estamos a falar de uma indústria viva, composta por pessoas que servem outras pessoas. Os nossos alunos recebem uma formação que os capacita para a gestão no serviço ao cliente do mais alto nível, sem perder de vista a sua realidade como gestores de um negócio e a totalidade da operação hoteleira. Nas nossas escolas na Suíça, Marbelha e Shangai promovemos sobretudo o desenvolvimento da capacidade de liderança e audácia, sem esquecer outros fatores tão importantes para uma indústria de serviço e pessoas, como por exemplo a humildade. A Les Roches aposta numa filosofia própria baseada na criação de “uma indústria de pessoas para pessoas” onde o talento, a multiculturalidade, a ética, a globalidade, o empreendedorismo e a capacidade de inovação sejam a chave para conciliar o desenvolvimento e a sustentabilidade desta indústria. Não foi um caminho fácil até conseguirmos o reconhecimento e nos tornarmos uma das três escolas de referência na formação da indústria hoteleira e turística internacional, segundo o prestigiado ranking britânico QS. Ser líder em um setor que já é o 3.º mais produtivo do mundo, implica ter capacidade de resposta aos desafios globais e cobrir praticamente todos os destinos e companhias relevantes a nível mundial. A confirmá-lo temos a nossa rede mais de 12 mil diretores e profissionais hoteleiros formados na Les Roches e que atualmente ocupam cargos de destaque nas principais cadeias hoteleiras e empreendimentos turísticos em mais de 120 países. Os portugueses são hospitaleiros por natureza e estes dias em Coimbra pude constatar uma qualidade e um calor humano extraordinários, assim como alguns projetos e planos estratégicos excecionais. Mas uma boa base de talentos emergentes não assegura o nível de competitividade que o país necessita se não puder desenvolver as suas competências num ambiente onde seja possível medir e partilhar aprendizagens com talento global contratado. Isto não pode nem deve ser ignorado.

um cliente premium, como base de diferenciação do negócio. Em alguns dos nossos Campus como é o caso de Marbelha, a comunidade de estudantes portugueses é a mais numerosa e este facto é um ótimo indicador de como há já preocupação em integrar o talento nacional para que possa competir na globalidade deste negócio e das grandes marcas. A nossa oferta educativa é limitada. Não há muitos programas, mas entre eles estão os mais reconhecidos pela indústria. Uma graduação em Administração Hoteleira Global (BBA in Global Hotel Management); Pós-Graduação em Direção Hoteleira Internacional e Empresas Turísticas; Pós-Graduação em Direção de Marketing para o Turismo de Luxo e a Pós-Graduação “Executive” em Direção Hoteleira Internacional, (especialmente concebido e dirigido a profissionais no ativo) que em conjunto com os Masters em Hospitality Leadership e MBA in Global Hospitality Management completam a oferta da Les Roches a nível mundial.

Durante o congresso da AHP falou-se dos baixos salários do setor. Concorda que os empregos no turismo são mal pagos? Como é que, na sua opinião, se mudam estas tendências? CDL – Esta situação está a mudar. É certo que o setor hoteleiro, tal como outras profissões na área do turismo cresceram com base na baixa profissionalização e isto reflete-se nos salários praticados. Atualmente vive-se uma tendência que destaca a competência e o talento o que leva a que os salários aumentem para atrair estes profissionais. Mas não é ainda a generalidade em todo o setor. Acontece nas marcas mais fortes, nas companhias internacionais e nos hotéis de alto nível. A título de exemplo, no último semestre os estudantes receberam em média cinco ofertas de emprego e em alguns casos com condições de um manager. Apesar de haver ainda um caminho a percorrer e há margem para a melhoria das condições salariais no seu todo. Há mais procura qualificada e as companhias líderes Qual a vossa oferta neste campo? estão conscientes dos custos do CDL – Somos um centro univer“Em alguns talento competitivo. Quantas mais sitário especializado e global. dos nossos Campus estejam conscientes deste valor Formamos diretores para mais a tendência se inverterá. o setor hoteleiro e para o como é o caso de E Portugal está a iniciar este setor do Luxo. ProfissioMarbelha, a comunidade processo. nais capazes de gerir um de estudantes negócio e uma equipa que portugueses é a mais Quando comparado com ousaiba estar e saiba gerir as numerosa” tros países sente que estamos expetativas e a atenção de


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Entrevista

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necessário trabalhá-la’’ “A título de exemplo, no último semestre os estudantes receberam em média cinco ofertas de emprego e em alguns casos com condições de um manager”

na cauda em relação à formação ou estamos no bom caminho? CDL – No Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo de Portugal tive oportunidade de verificar claramente que Portugal está no caminho correto. Mas não apenas Portugal. Na minha participação neste Congresso tive oportunidade de apresentar dados do WTTO com a London Business School que demonstram o diferencial negativo da grande maioria dos destinos entre a procura futura esperada e a capacidade de formar profissionais. O mais preocupante é que quase todos os países líderes ou que estão a um passo de ser tornarem líderes como é o caso de Portugal, estão num estado deficitário neste sentido. Na etapa em que Portugal se encontra, as suas empresas hoteleiras tiveram que se readaptar ao nível dos seus produtos e serviços turísticos para um cliente internacional cada vez mais informado e exigente, com grande capacidade de influência sobre os outros consumidores, mas nem todas as empresas têm sabido gerir esta imediatez nem sabido abrir-se a estímulos internacionais para atrair e projetar talento, apesar da mudança iminente e da tendência geral indicar que a indústria tem como objetivo melhorar a formação das suas equipas. Por fim, e ainda em relação ao Congresso, pensa que as questões do painel em que participou ficaram esclarecidas para a plateia ou houve algum tema que devesse ser trazido a discussão? CDL – É muito inteligente por parte da Associação Hoteleira de Portugal organizar jornadas para debater as carências da indústria no seu congresso anual, quando quase a terminar 2017, se destaca em todo o mundo o grande momento turístico que vive o país. Conhecer as deficiências do sistema e encontrar soluções serve para unir o setor e é o primeiro passo para se afirmar como destino de qualidade. Durante o congresso deram-se respostas para os desafios mais importantes que a indústria da hotelaria e do turismo enfrentam em Portugal, entre os quais destacaria a necessidade de atrair e projetar talento para o colocar ao serviço da indústria dado que o valor humano é o capital indispensável para uma evolução de sucesso e sustentável. Se é uma indústria de pessoas para pessoas, um país que não se preocupa em atrair e oferecer os melhores profissionais está destinado a nivelar por baixo. O que é fantástico é que a base de talento portuguesa é boa, só é necessário trabalhá-la.


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VidaMar Resort Hotel Algarve

Um oásis algarvio C

hamar-lhe um oásis em plena Albufeira, no Algarve, talvez não seja de mais, até porque, à primeira vista, as centenas de palmeiras que envolvem esta unidade hoteleira remetem-nos para essa designação. Com uma frente de mar com 21 mil metros quadrados de espaço ao ar livre, 260 quartos e 65 villas, o VidaMar Resort Hotel Algarve é a primeira unidade hoteleira da conhecida Herdade dos Salgados com classificação de cinco estrelas. A Revista Viajar esteve a convite da unidade durante um fim de semana e pode constatar o que de melhor este hotel tem para oferecer aos hóspedes. Ainda que tivéssemos rumado ao Algarve no início de outubro, o tempo quente a que o País tem sido sujeito, garantiu-nos uma estadia com direito a banhos, ou o VidaMar Resort Hotel Algarve não tivesse três piscinas, todas de água salgada, uma delas oval com 74 metros quadrados e uma mais pequena de água aquecida. Com uma ocupação média de 65% ao longo do ano, o hotel conta com mercados como o inglês, alemão, francês e espanhol, sendo que nos meses de verão são os portugueses que mais o procuram.

PARCIALMENTE DISPONÍVEL Neste momento, o hotel encontra-se parcialmente disponível até ao próximo dia 20 de dezembro, devido a remodelações de algumas áreas específicas conforme adiantou à Revista Viajar, João Cardoso, administrador residente do VidaMar Resort Hotel Algarve: “Nesta fase concluiremos a remodelação da totalidade dos quartos do hotel que iniciámos no inverno passado e faremos uma piscina interior aquecida com cerca de 400 metros quadrados e uma área de descanso e balneários que perfazem os mil metros quadrados’’. Nos planos de remodelação, cujo investimento total será de ‘‘2,2 milhões de euros’’, segundo o mesmo responsável, está também a revitalização do Spa que sofrerá grandes melhorias: ‘‘O Spa será totalmente remodelado, sendo acrescentada uma área húmida em cerca de 500 metros quadrados e vários novos equipamentos lúdicos. A zona seca, que dispunha atualmente de 3 gabinetes de massagem, passará a contar com mais 3 salas, sendo estas últimas duplas (para casal) e de uma zona de descanso com vista para a piscina animada.” Remodelações que surgem mesmo a tempo do Natal e Passagem de Ano, altura em que a unidade terá a oferta ‘‘Réveillon 17/18 - Night Fever 70`s & 80`s’’, com a opção de um jantar de gala ou jantar buffett, com cocktail com animação no Lobby, fogo de artifício no deck exterior e música dos anos 70`s e 80`s depois

da meia-noite com ceia servida à 01h00 e brunch no dia 1 de janeiro do novo ano, a partir das 08h00. Os mais pequenos também podem fazer a sua festa no Vida Club, com um espetáculo de magia, minidisco e outras surpresas. Para já João Cardoso refere que ‘‘o número de reservas ‘on the books’ para a Passagem de Ano tem excedido a expetativa, sendo mais do dobro em relação à data homóloga do ano passado, havendo toda a confiança que estaremos completos para o evento, tanto no Hotel como nas Moradias”.

OS QUARTOS Mas voltemos à nossa estadia e ao que tivemos oportunidade de visitar. Com 260 quartos, 12 deles são suites (quatro com dois quartos e sala e oito com quarto e sala) alguns deles já remodelados, os quartos apresentam uma dimensão bastante simpática, com cerca de 42 metros quadrados e podem ser com vista mar.

Esta dimensão permite colocar ou uma cama de casal ou duas individuais e um sofá-cama onde poderão dormir duas crianças até aos 11 anos. Nestes quartos existe ainda uma varanda, com uma mesa e cadeiras que deixa aproveitar o pôr do sol sob a praia dos Salgados. Com uma decoração sofisticada, com linhas modernas, onde os tons bege sobressaem, os quartos complementam-se com as casas de banho que primam por um espaço amplo e funcional com duche duplo. Todos os quartos disponibilizam uma seleção de chás e cafés e uma garrafa de água. As restantes tipologias dos quartos dividem-se em quartos vista resort, quartos vista natureza e quartos vista piscina.

RESTAURAÇÃO O VidaMar Resort Hotel Algarve distinguese pelo conceito inovador Dine Around, que


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Alexis, que brilhantemente uniu os vinhos aos pratos elaborados pela chef Isabel Alexandrilho, deixámo-nos levar numa viagem de ‘‘5 momentos orientais’’. Tempura Ebi com a harmonização de um Posecco Poggio; Ceviche do Chef com um Quinta do Crasto 2016 branco; Sashimi new style (um combinado de 12 peças de sushi), acompanhado com um champanhe Laurent Perrier; Carré de borrego com batata doce e um vinho Casa Amarela 2015 e a fechar Mixologia de sobremesas. Nada a apontar. Para quem prefere refeições mais descontraídas pode ainda optar pelo Sunset com vários grelhados e ainda o Ocean Buffet, onde são servidos os pequenos almoços. Aqui tem ainda uma zona de live cooking onde pode optar por uns ovos mexidos ou estrelados, uma omeleta ou até crepes. A variedade de produtos apresentados é vastíssima. O restaurante está também aberto ao jantar e apresenta noites temáticas. De destacar ainda os bares, são três ao todo: Lisboa Bar, Wet Bar e Nespresso Caffè.

SERVIÇOS

permite aos seus hóspedes uma viagem pelos sabores do mundo, através da possibilidade de experimentarem diferentes gastronomias, disponíveis nos vários restaurantes temáticos do hotel. O Sunset oferece grelhados, tendo no peixe e marisco o seu ex-libris; o Mamma Mia permite uma viagem pelos autênticos paladares italianos; o Aji apresenta a exclusividade e sofisticação da genuína cozinha oriental. O Ocean Buffet possibilita uma rotatividade gastronómica de 12 noites temáticas. Vamos então falar do que experimentámos Começámos a nossa visita a almoçar no Mamma Mia com a sua oferta gastronómica italiana. Com cerca de 100 lugares, este restaurante, segundo o diretor de Comidas e Bebidas, Daniel Albarran, está aberto a clientes externos. Desde as entradas, passando pelos risotos, pizzas e massas, sem esquecer as sobremesas tudo com ótimo aspeto. A abrir a refeição fomos brindados com dois cocktails: Coco e

limão e Maracujá e maçã preparados por Tiago Guerreiro, o barman que veio de Lisboa. A tábua de entradas com burratina com flor de sal e manjericão, azeitonas temperadas com malagueta e tomilho, o presunto e as manteigas de ervas para acompanhar com foccacia, gressinos e bruschettas vêm abrir o apetite. Para prato principal optámos por uma Pizza de rúcula com presunto e queijo. Nas sobremesas estavam o tiramisu ou o cheesecake, entre outros. Daniel Albarraran, apreciador de vinho confesso, explicou que se encontra a reformular a carta de vinhos no Mamma Mia, optando apenas por néctares nacionais. Questionado sobre quanto representa o segmento de Comidas e Bebidas para o hotel, o mesmo responsável adianta ‘‘40% do volume de negócios’’. Passemos ao Aji Oriental Flavours e à sua cozinha oriental que tivemos oportunidade de experimentar ao jantar. Guiados por Fábio

Mas nem só de quartos e restaurantes vive o VidaMar Resort Hotel Algarve, até porque este é um hotel muito procurado por famílias, especialmente nos meses de verão, altura em que a presença de crianças é uma realidade. Para os mais pequenos há um sem número de atividades e um Kidsclub onde a brincadeira é ponto assente. Este está inserido no Vida Club, um espaço com 400 metros quadrados com uma sala multiusos para espetáculos e uma sala de jogos. Previsto está ainda um parque infantil que deverá construído em breve. Para os adultos destaque para o Mar Club com as Bali Beds inspiradas nas camas indonésias, que permitem momentos de privacidade ao ar livre. Uma opção que durante os meses de inverno não está disponível. Para quem escolhe casar na praia, o hotel tem também um espaço reservado para o efeito.

AS VILLAS Destaque para as moradias geminadas com piscina privada, integradas no Vidamar Resort Algarve na Herdade dos Salgados, localizadas a Oeste de Albufeira, em frente ao Hotel, ao lado do campo de golfe de 18 buracos e a poucos minutos de distância a pé da extensa Praia dos Salgados. Os hóspedes podem beneficiar de três regimes de estadia distintos à sua escolha: desde o self catering, ao regime de Alojamento & Pequeno-Almoço, mas também em meia pensão com dine around, num dos quatro restaurantes do VidaMar Resort Hotel Algarve.


Reportagem

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World Travel Market 2017, em Londres

Players otimistas, apesar do Brexit C

om o complicado “puzzle” do Brexit ainda longe de estar resolvido, decorreu em Londres mais uma edição do World Travel Market, entre 6 e 8 de novembro último. Neste que é considerado o mais importante certame global de viagens e turismo, participaram este ano cerca de 5000 expositores, 130 dos quais presentes pela primeira vez, que tiveram a oportunidade de dialogar com mais de 51.000 profissionais do setor, desde os chamados “key buyers” da indústria, até aos muitos governantes presentes, passando por jornalistas, “influencers” digitais e muitos outros profissionais. A organização estimou em mais de 3 milhões de libras (cerca de 3 milhões e 350 mil euros) o volume de negócios gerado ao longo dos três dias do evento. Razão suficiente para o World Travel Market continuar a ser visto como um momento incontornável de reencontro com parceiros de negócios de diferentes quadrantes, de reflexão e balanço sobre o ano turístico que está a terminar e, principalmente, de entendimento e debate sobre as tendências do ano que se avizinha.

PORTUGUESES FAZEM BALANÇO POSITIVO Um balanço muito positivo, nalguns casos, acima das expetativas foi a tónica com que os participantes portugueses, com quem a VIAJAR teve oportunidade de conversar, classificaram a sua presença. Roberto Santa Clara, diretor executivo da Associação de Promoção da Madeira, começou por afirmar que “a nossa participação no WTM visa, essencialmente, estar presente junto dos ‘stakeholders’ deste mercado e acompanhar a sua evolução,não só para detetar oportunidades de negócio, mas também para acompanhar os nossos parceiros”. O diretor executivo

da APM reiterou que “a feira decorreu de forma intensa, com uma adesão grande ao stand de Portugal e, em particular, à nossa representação. Naturalmente, que esperamos, a médio prazo, colher os frutos da nossa presença”. O mesmo tom foi usado por Bernardo Trindade, administrador do PortoBay Hotels and Resorts: “É sempre importante marcar presença num evento que reúne parceiros, fornecedores e clientes. É sempre importante discutir e apreender tendências de um negócio competitivo como é o turismo. No caso de PortoBay, até pela circunstância de, em 2018, alargarmos o negócio na Madeira e iniciarmos operação no Porto, é decisivo anunciarmos esses factos aos nossos parceiros. Ora, a WTM é o local por excelência para fazê-lo. Foi, por isso, uma presença muito positiva”. Por seu turno, Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da Vila Galé Hotéis, confirmou que “sendo o mercado britânico um dos principais emissores para Portugal, é fundamental estar nesta feira, que é também uma das mais importantes a nível mundial. É o momento ideal para fazer um balanço da operação com os


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Reportagem

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nossos clientes, perceber as suas necessidades e planear o ano seguinte. Na Vila Galé, o mercado britânico é dos mais representativos, sobretudo nos hotéis do Algarve e na Madeira”. Também Elsa Lima, diretora de Vendas e Marketing do Cascade Resort, de Lagos, declarou que “a feira foi para nós uma ótima oportunidade para reforçar a comunicação das novidades que apresentámos este ano, nomeadamente as novas salas de reunião, a requalificação dos espaços verdes do resort e o reforço da aposta no segmento futebol”. De acordo com esta responsável, “fomos para o WTM com objetivos muito concretos e um plano de reuniões ambicioso. Além de conseguirmos solidificar relações com atuais parceiros, conseguimos ainda abrir boas perspetivas de negócio em mercados que não são para nós tradicionais e em nichos de mercado em que não planeávamos à partida entrar. Avaliamos, por isso, de forma extremamente positiva a nossa participação, tendo superado as nossas expetativas, já de si elevadas”. Por fim, Diogo Rojão, responsável de Comunicação do Zoomarine, de Albufeira, considerou que “a estreia no WTM foi muito positiva, pois estamos a falar da principal feira do maior mercado emissor de turistas estrangeiros para o Algarve e, consequentemente, para o Zoomarine. Nesta nossa participação, tivemos ensejo de fortalecer as relações com alguns dos principais operadores com os quais já trabalhamos e com quem esperamos poder desenvolver e melhorar o nosso negócio já no próximo ano. Houve, igualmente, oportunidade para estabelecer novas relações com outros operadores, que no médio prazo poderão vir a ter um algum peso na nossa atividade”.

INDEFINIÇÃO DO BREXIT E OUTROS IMPACTOS A indefinição do Brexit foi outro dos temas abordados. Para já, o facto de o mercado britânico ter crescido 13,6% em receitas turísticas, entre janeiro e setembro deste ano, transmite aos hoteleiros portugueses sinais de otimismo. “As expetativas em relação ao mercado britânico são, em geral, positivas. No ano de 2017,

o mercado britânico manteve, para o PortoBay, a posição cimeira na Madeira e em Lisboa”, confirmou Bernardo Trindade, acrescentando: “Para 2018, as primeiras indicações são positivas, não obstante a perplexidade resultante do Brexit, onde o facto mais importante a destacar, para já, é a desvalorização da Libra, tornando o destino Europa Continental mais caro quando comparado com outras realidades, como o Egito, Turquia e Caraíbas, que adaptam o preço à evolução da moeda inglesa, mantendo-se assim competitivos”. Também Gonçalo Rebelo de Almeida revelou uma opinião semelhante: “A desvalorização da Libra pode levar a alguma perda de poder de compra dos consumidores, mas acredito que os britânicos vão continuar a querer viajar para Portugal. O que pode acontecer é que este mercado, que tem crescido bastante, venha a estabilizar”. Já Elsa Lima destacou outras preocupações: “Mais do que o Brexit em si, preocupa-nos a revitalização de destinos como o Egito ou a Turquia, que beneficiaram Portugal e o Algarve nos últimos anos, e a falência da Monarch, que deixou um gap na oferta de voos do Reino Unido com destino a Faro. Não havendo, para já, uma concretização das intenções avançadas por alguns operadores aéreos, podemos dizer que os dois fatores, atuando em simultâneo, podem ter um impacto para o turismo no Algarve. Se a saída do espaço Schengen ou a desvalorização da Libra poderão ter impacto, não há para já sinais claros que nos deixem alarmados”. A falência da companhia aérea britânica Monarch parece estar a ter impacto também no mercado madeirense e foi, por isso, referida por Roberto Santa Clara: “A acrescer à indefinição do Brexit, fomos confrontados com a falência da Monarch, o que vai trazer inesperadas dificuldades para este período de inverno. Estamos a trabalhar de forma muito direta com a ANA, no sentido de poder ter, a curto prazo, soluções de transporte aéreo deste e de outros mercados, que possam, não só anular o efeito, mas também fazer crescer. Este é, sem duvida, o grande desafio”.

Ricardo Dinis, Country Sales Manager da TAP para o Reino Unido.

“A TAP foi capaz de se adaptar à nova realidade do mercado, através de melhorias do produto e de processos” Qual é peso atual do mercado britânico para a operação da TAP e de que forma foi influenciado pela concorrência das companhias low-cost? O mercado britânico é um dos principais mercados europeus e está nos TOP10 dos mercados para a TAP em número de passageiros transportados, em 2017. A concorrência low-cost representou um desafio na última década, mas a TAP foi capaz de se adaptar à nova realidade do mercado, através de melhorias do produto e de processos. Hoje, a TAP é capaz de oferecer um produto de qualidade claramente superior às low-costs, mas mantendo a competitividade em termos de preço. A introdução na nova rota para o London City Airport enquadra-se em que estratégia? É de assumir que estas ligações se destinam, essencialmente, ao mercado Corporate? O London City Airport é o que faltava à TAP no Reino Unido, para completar a oferta dos três principais aeroportos de Londres. Voar de LCY permite-nos também chegar a uma área da cidade de Londres, a Leste, cujas taxas de crescimento são, atualmente, das maiores do Reino Unido. Esperamos um misto entre passageiros Corporate e Leisure. O segmento mais interessante será o dos trabalhadores da City e de Canary Wharf que têm por hábito viajar e que aproveitam a proximidade do aeroporto para escapadas de fim de semana. Que medidas estratégicas estão a ser consideradas para o mercado do Reino Unido, tendo em conta a perspetiva do Brexit? Ainda é demasiado cedo para conseguir medir o impacto a longo prazo do Brexit. A tendência é para que as reservas surjam cada vez mais tarde, adiando também os impactos reais deste tipo de acontecimentos político-económicos no transporte aéreo. Quanto à presença da TAP no World Travel Market deste ano, quais foram os objetivos à partida? Que balanço faz desta participação? O principal objetivo é a promoção da TAP no Reino Unido, nomeadamente através das novidades apresentadas, tais como a nova rota London City – Lisboa ou a cabine dos novos A330neo, esperados para o final de 2018. O balanço é bastante positivo, na medida em que o público está vez mais alerta para a nossa presença no mercado e reconhece a TAP como uma marca de valor e confiança.


Internacional

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Conferência Internacional de Turismo

Eurodeputada defende

criação de plataforma para defender Turismo a uma só voz

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ais de 200 pessoas participaram em meados de novembro naquela que é já a 3.ª edição da Conferência Internacional de Turismo Trends & Dinamics, realizada em Lisboa este ano, sob o tema Mega Drivers For Future Tourism. Um evento levado a cabo pela eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar e que contou com várias figuras do setor, entre elas Taleb Rifai, secretário-geral da Organização Mundial de Turismo. Em cima da mesa estiveram temas atuais, como “Make Destination smart and sustainable”, “Trigger Tourism Investment”, “Digital make the travel better?” e “Skills for the Future in Tourism”. Para a eurodeputada, a Conferência revelou-se “bastante positiva”. O número de participantes, segundo Cláudia Monteiro de Aguiar, “esteve ao nível das edições anteriores” que promoveu, “mas com a particularidade deste ano sentir a presença de escolas de alunos que estão interessados nestas matérias, que envolvem o setor do turismo e que tem o impacto real nas suas vidas ou nos seus estudos e futuramente no seu emprego”. Esta foi uma clara referência a uma escola de turismo de Viana de Castelo assistiu à Conferência. Em segundo lugar, Cláudia Monteiro de Aguiar, que falou aos jornalistas à margem do evento, disse ainda que “o nível de debate em determinados painéis, nomeadamente no de tecnologia e digitalização, mereceu uma atenção especial, e promoveu o debate”. No fundo “acaba por ser o objetivo que almejei com esta Conferência que é a de “food for thoughts”. A intenção é trazer aquilo que estamos a discutir no Parlamento Europeu em matérias de legislação, aquilo que é promovido pela Comissão Europeia, as grandes temáticas e áreas que influenciam o setor, para a nossa realidade, trazê-las aos Estados-membros e aproximar as instituições europeias, aquilo que se discute da realidade local e destas matérias que acabam por influenciar a economia, mas que acabam por influenciar diretamente os cidadãos. A mesma responsável deixou ainda a certeza que no próximo ano haverá nova edição. “É um dos meus objetivos de mandato fazer uma conferência por ano, portanto são cinco anos de mandato, esta é a terceira e certamente farei pelo menos mais duas”, afirmou a eurodeputada. Quanto à temática escolhida, Cláudia Monteiro de Aguiar diz ainda ser cedo avançar, até porque no início do ano fará uma atualização daquilo que está a ser discutido no momento.

PORTUGAL NO BOM CAMINHO Questionada sobre se Portugal está no bom caminho, Cláudia Monteiro de Aguiar acredita que sim, uma vez que em certos temas, como o

do alojamento local, o País é amiúde dado como “um exemplo pioneiro, que conseguiu arranjar um enquadramento e tornar legal aquilo que estava escondido”. Em matérias como tecnologia e startups, Portugal também está bem posicionado. No entanto, a eurodeputada deixa uma crítica e um desafio ao setor: “Precisamos de trabalhar em conjunto, precisamos de arranjar aqui uma união e trabalharmos a uma só voz. Somos muitas associações em Portugal e há objetivos comuns a todas e, portanto, esse tem de ser o próximo passo, encontrar matérias que dizem respeito a todos, até porque a nível de financiamento pode ser aproveitado se tivermos um objetivo comum: na eficiência energética, questões ambientais, na questão do trabalho, das competências, da formação, podemos ir buscar financiamento para estas áreas se encontrarmos uma plataforma, uma só voz, alguém que trabalhe em conjunto e não de uma forma dividida, porque juntos somos mais fortes.” Cláudia Monteiro de Aguiar deu o exemplo de países como a Croácia e a vizinha Espanha, que “encontraram estes objetivos comuns, criaram plataformas onde se sentam todos à mesma mesa, definiram objetivos e estão a aceder a financiamento europeu”.

MÃO DE OBRA QUALIFICADA Quanto à questão que se tem levantado ultimamente e que passa pela falta de mão de obra qualificada no setor do Turismo, a responsável acredita que “há todo um trabalho não só de comunicação, mas também de demonstração entre aquilo que é

o mundo real e aquilo que é dado nas faculdades. Os formadores têm de entender quais são as reais necessidades do mercado e trabalhar no sentido de não só facultar cursos que deem resposta às necessidades do mercado, mas facultar esses cursos identificando, valorizando os próprios empregos”. Cláudia Monteiro de Aguiar sublinha que ainda “há uma certa vergonha em aceitar um empregado de mesa ou de limpeza de hotel. Ainda não é dignificante e é preciso desmistificar isso. Há todo um trabalho de open mind, de fazermos com que as pessoas vejam estes como trabalhos meritórios no setor do Turismo. Com isso traremos mais pessoas à formação no setor e consequentes aumentos de salários”.

OS PAINÉIS Os quatro painéis apresentados nesta Conferência Internacional foram propostos pela eurodeputada que, durante o seu discurso de abertura, fez questão de sublinhar as suas escolhas. “Destinos sustentáveis são um dos desafios que hoje enfrentamos. A necessidade de fornecer informações tecnológicas sobre os destinos é fatorchave para transformá-los em 'destinos inteligentes'. Os turistas têm hoje muito mais conhecimento sobre o que querem fazer, visitar ou experimentar. Eles dependem mais das ferramentas sociais e dos comentários fornecidos por outros utilizadores. A reputação de um destino hoje, por si só, é uma moeda muito importante. E à medida que observamos isto, também nos apercebemos que as ferramentas e plataformas que fornecem um único local para


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tos aos quais poderão ter acesso para linhas de crédito naquela instituição, dando como exemplo um vídeo institucional sobre a sua participação em diversos investimentos.

O DIGITAL FAZ A VIAGEM MELHOR?

ficar e um único local para experienciar podem ter um enorme impacto nos cidadãos, por isso temos de compreender que balanço podemos fazer para criar um equilíbrio adequado”, explicou. Um tema que foi debatido no primeiro painel, que contou com a presença, entre outros, de Arnaldo Muñoz, Country manager para Portugal e Espanha da Airbnb, Patrick Torrent, presidente da NESTCTour, da Região da Catalunha, Olivia Ruggles-Brise, diretora de Policy & Communications da WTTC, e Adolfo Mesquita Nunes, antigo secretário de Estado do Turismo. Este último deixou no ar algumas provocações que resumiu à Revista Viajar, à margem da conferência: “A mensagem que procurei trazer aqui é que o crescimento que temos tido no turismo gera desafios e a necessidade de novos equilíbrios, mas que esses novos equilíbrios devem ser conseguidos através das novas tecnologias, da economia digital e das suas ferramentas e não através de proibições e limitações que acabam sempre por serem pífias e platónicas, porque são incapazes de travar o futuro”. Questionado sobre o eventual excesso de turistas quer em Lisboa, quer no Porto, Adolfo Mesquita Nunes responde com uma questão: “Desafio sempre a quem faz essa observação a definir o número a partir do qual consideramos que estamos com turismo a mais e então primeiro discutimos esse número, se é real ou não e depois o que é que podemos fazer. Como até hoje ainda ninguém o definiu, fico à espera para poder responder a essa pergunta”. Arnaldo Muñoz sublinhou na sua intervenção que as áreas disponíveis em Portugal para a criação de Airbnb podem ser uma resposta a um turismo mais sustentável no país. Recorde-se que o Airbnb, que nasceu em dezembro de 2007, já registou 160 milhões de chegadas e está patente em 65 mil cidades, de 191 países. Já para Olivia Ruggles-Brise, a questão coloca-se na forma como lidar com o impacto massivo do turismo, utilizando as informações que são dadas digitalmente, por exemplo no Tripadvisor, e tentar de alguma forma restringir algumas áreas, deslocando os turistas para outros pontos.

DESENCANDEAR INVESTIMENTO TURÍSTICO “A economia não é uma ciência exata e, portanto, há uma necessidade de investimentos inteligentes que exigem uma melhor colaboração entre o setor público e privado, mas também exigem a busca de oportunidades que atravessam a fronteira envolvendo mais de um país, mais de um Estado-membro. E no que diz respeito à legislação e à regulamentação, servem para todos em termos de regras? Políticas estáveis ​​e quadros regulatórios são fundamentais para atrair investimentos, pois ajudarão a manter um destino forte e competitivo”, começou por dizer a eurodeputada, deixando no ar algumas perguntas que Bernardo Trindade, presidente do Portugal IN, foi respondendo durante o segundo painel “Desencadear Investimento Turístico”. O responsável adiantou que o futuro crescimento de Portugal está dependente de um “conjunto vastíssimo de fatores externos que efetivamente não controlamos , relembrando, no entanto, que nos últimos “quatro trimestres crescemos acima da média da União Europeia e isso é relevante”. No que diz respeito ao desemprego, Bernardo Trindade referiu que “a nossa taxa de desemprego desceu para níveis muito interessantes, 8,5% segundo o INE, o valor mais baixo desde 2008”. Na sua opinião é preciso valorizar o emprego no setor do Turismo, mas discorda quando dizem que os salários são muito baixos, dando o exemplo da hotelaria onde, segundo o mesmo, os ordenados médios rondam “os 1036€. Há caminho a percorrer e a fazer, mas há sobretudo alguns dados consolidados”. O segundo painel contou ainda com o testemunho de Bernardo Corrêa de Barros, vice-presidente da Associação de Turismo de Cascais, que resumidamente explicou o que se tem feito naquela região para dignificar e atrair turistas, nomeadamente no que toca a mais segurança, com provisionamento de material para a PSP, mais escolas para os turistas que procuram a região para se instalarem com a família, entre outras. Já Joaquim da Costa Pedroso, do Banco Europeu de Investimento, deixou à plateia alguns instrumen-

A abrir o primeiro painel da tarde, as atenções voltaram-se para o digital. Um tema que teve algum debate durante a apresentação de Cláudia Monteiro de Aguiar e que a eurodeputada sublinhou no seu discurso de abertura: “A digitalização não é nova. O impacto da digitalização não é algo que ignoramos, mas precisamos entender a tendência e as coisas novas que teremos para adaptar os nossos negócios, para adaptar o nosso marketing, para adaptar o nosso modo de comunicação com os que nos visitam. Novos modelos turísticos estão a surgir. O comportamento do consumidor está a mudar. Mais e mais turistas querem experiências de férias individuais e personalizadas. Os turistas cada vez mais planeiam e contam a sua viagem usando a tecnologia na ponta dos dedos. Mais de 95% dos viajantes estão online para planear as suas viagens. Vivemos numa era em que temos robôs rastreando na web para o melhor negócio, onde temos algoritmos de inteligência artificial que às vezes entendem melhor o que gostamos do que nós. Vivemos numa época em que a privacidade e os dados são uma grande preocupação. Nós temos as ferramentas de facto, mas isso é melhorar a experiência?”.

COMPETÊNCIAS PARA O FUTURO DO TURISMO “As formações de atualização e novas competências em todo o setor de turismo estão a ser feitas, o setor precisa de dar respostas às novas necessidades, como estamos a melhorar? Vemos uma procura por novas competências de linguagem, como mandarim, russo. Vemos uma procura por serviços mais personalizados e de alto padrão. Vemos uma procura por leis laborais mais flexíveis ou já são flexíveis?”, questiona a eurodeputada no último painel, que teve a participação de Donatella Soria, Emerging and Creative Industries da Comissão Europeia, Mireille Smeets, da Disneyland Paris, e Mafalda Troncho, diretora do Escritório da OIT em Lisboa, e que aproveitaram para dar exemplos práticos sobre a formação e as competências nos futuros funcionários. Durante a sua intervenção, a eurodeputada sublinhou ainda que “entre janeiro e agosto de 2017, os destinos mundiais receberam 901 milhões de turistas internacionais, mais 56 milhões do que no mesmo período de 2016. Um aumento de 7%, bem acima do crescimento de anos anteriores. É inegável que, pese embora o crescimento da sua relevância e o contributo comprovado para o PIB (5% mundialmente), empregos (8% de todos os empregos) e exportações (30% das exportações mundiais de serviços), as Viagens e Turismo ainda carecem de reconhecimento político e económico. E como todos sabemos, é um fator-chave para a balança de pagamentos e meio de subsistência para muitos países.”


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‘‘Não seremos um destino de massas, mas ainda temos espaço para crescer’’ ‘‘A çores 2017: No Rumo do Turismo Sustentável’’ é o nome da Conferência Internacional de Sustentabilidade, que nos dias 5 e 6 de dezembro, levaram ao Nonagon - Parque de Ciência e Tecnologia de São Miguel, na Lagoa, 286 pessoas para participarem neste evento com lotação esgotada, que reuniu grandes empresários do tecido económico dos Açores, associações culturais, parceiros dos Parques Naturais de ilha dos Açores e agentes do setor do turismo. Em declarações à VIAJAR, Marta Guerreiro, secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo dos Açores, sublinha que a realização desta conferência ‘‘possibilitará projetar a Região, a nível internacional, como destino turístico sustentável, trazendo especialistas internacionais e assumindo um compromisso multissetorial com o desenvolvimento sustentável.’’ A mesma responsável recorda que ‘‘falar em desenvolvimento sustentável, em todas as suas vertentes, é, uma das grandes preocupações do Governo dos Açores, fruto de uma estratégia contínua dos últimos executivos, que sempre defenderam políticas conciliatórias de boas práticas ambientais”. Preocupações que segundo Marta Guerreiro levaram à criação da Secretaria Regional que dirige.

FALAR DE AÇORES É ASSOCIAR A TURISMO DE NATUREZA Fruto de ‘‘uma reflexão cuidada acerca do futuro que se pretende para a Região’’, o programa desta conferência teve em atenção ‘‘a preservação do património natural e cultural, e de ao mesmo tempo criar riqueza equitativa e duradoura; dos imperativos internacionais de governação climática rumo a uma economia global de baixo carbono; e do aumento da pressão populacional no planeta e na região, torna-se imprescindível reforçar a estratégia turística dos Açores com uma orientação clara no sentido do turismo sustentável, adaptado à realidade local e resiliente face aos desafios globais apresentados”. Numa altura em que o Turismo na Região está em franco crescimento, questionamos Marta Guerreiro se estão a ser equacionadas limitações para que os Açores continuem a ser Turismo de Natureza. Para a secretária

Regional, ‘‘estamos certos que não seremos um destino de massas, mas temos ainda significativa margem de crescimento’’, acrescentando que ‘‘o posicionamento do destino aliado com o Ambiente, criando mesmo uma identidade de ‘Certificado pela Natureza’, tem sido uma aposta ganha dos sucessivos governos”. Para a mesma responsável falar em Açores “é fazer uma associação, imediata, a um Turismo de Natureza, cada vez mais, ativo. E, é nesse sentido que temos vindo a trabalhar através de ações concretas do nosso Plano Estratégico de Marketing do Turismo dos Açores. E os mercados emissores para os Açores procuram-nos pelas deslumbrantes belezas naturais associadas à autenticidade da história e tradições da sua população que têm permitido que nos afirmemos cada vez mais como um destino europeu no meio do atlântico, reconhecido internacionalmente como ilhas vulcânicas preservadas e de natureza exuberante”.

NOVIDADES PARA 2018 Marta Guerreiro relembra que os Açores

“têm vindo a liderar os crescimentos de dormidas e de proveitos da hotelaria tradicional de todas as regiões portuguesas, quer em 2015, quer em 2016, numa tendência que se tem vindo a manter este ano, e que acreditamos que se verifique em 2018, com novos desafios.” ‘‘O próximo ano será marcado principalmente por medidas que permitam uma incidência no eixo estratégico prioritário que diz respeito à qualificação do destino. Esta é uma prioridade que será, essencialmente, desenvolvida em duas vertentes: o património e as pessoas’’, revela a mesma responsável, avançando que serão levadas a cabo ‘‘medidas de requalificação e preservação dos principais espaços com vocação para o recreio e lazer - enquanto locais de interesse turístico, gerindo a procura e assegurando a sua preservação ambiental e paisagística ’’ e políticas que qualifiquem os recursos humanos, quer seja por via da formação inicial, da reconversão ou da formação contínua de atualização de competências.”



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MSC Seaside já navega rumo a Miami

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á está a navegar o segundo navio a ser inaugurado este ano pela MSC Cruzeiros, o MSC Seaside, que a 30 de novembro, foi inaugurado em Trieste, na Itália, rumo a Miami, numa travessia transatlântica de 21 dias, onde será batizado a 21 de dezembro numa cerimónia que conta com a presença da já habitual madrinha, Sophia Loren. O MSC Seaside irá viajar todo o ano pelas Caraíbas com partidas de Miami, oferecendo itinerários de 7 noites pelas Caraíbas Orientais e Ocidentais, com início no dia 23 de dezembro deste ano. O "navio que segue o sol" contou com 3000 convidados a bordo para a inauguração, entre eles agentes de viagens, operadores turísticos e jornalistas, provenientes de vários países. De Portugal estiveram representados a Abreu, a Ávoris, a Halcon e Nortravel. Inspirado nos condomínios de praia que tornaram Miami famosa, o MSC Seaside tem um design inovador, onde a tecnologia é ponto assente, com o MSC for Me a interligar os passageiros às experiências que lhes são mais importantes. A partir de agora não corre o risco de se "perder" nestes grandes navios, uma vez que este programa digital, espalhado pelos decks lhe diz exatamente onde está e como chegar ao seu camarote, a um restaurante ou qualquer outro ponto.

NÚMEROS QUE FALAM POR SI Este que é o primeiro navio da geração Seaside foi especialmente criado para ir ao encontro das necessidades dos cruzeiristas, aproximando-os do mar. Se é daqueles que pensa em grande, então veja os próximos números que lhe descrevemos. Com 323 metros de compri-

mento e 72 metros de altura, este gigante dos mares consegue transportar 5.179 pessoas. São 14 grandes suites, 1350 camarotes com varanda, 111 camarotes modelares flexíveis (especiais para grupos, pode albergar até 10 passageiros) e 28 luxuosas suites com varanda e jacuzzi privados. Mas há mais, o MSC Yatch Club conta ainda com duas suites Royal com jacuzzi privado. No que diz respeito à restauração existem 11 espaços para refeições, entre estes, dois buffets: O Marketplace Buffet que permite que se sente na área da promenade ao ar livre e que recria a atmosfera de uma vila mediterrânica, com um espaço para grelhados, mercado de frutas, padaria e pizzaria. E o The Colonial Buffet & Pizzeria, localizado perto do Siesta Beach Sun Deck, com bancadas acessíveis para crianças.

Mas não é só, experimente ainda o Ocean Cay, um restaurante de marisco, que serve pratos de peixe ao estilo americano com um toque mediterrânico. Ou o Butcher's Cut, com um conceito de steakhouse moderno, ou ainda, o Bistrot La Bohème, com um ambiente informal e descontraído, onde os viajantes podem experimentar a cozinha francesa. Para os amantes da gastronomia oriental, fiquem desde já a saber, que a nossa experiência a bordo foi bastante positiva, ou não estivesse por trás, o chef nipo-americano Roy Yamaguchi. São três os conceitos gastronómicos distintos cada um oferecendo uma experiência: Teppanyaki; Fusão Asiática (à la carte) e Sushi (sushi bar). Destaque ainda para os 20 bares e lounges espalhados um pouco por todo o navio, como o Champagne Bar, o Seaside Bar, o South Beach Bar o Miramar Bar ou ainda o Venchi


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e uma área termal com banho Turco, snow room, salt relax, entre outros. Já o ginásio, com 870 metros quadrados, oferece uma área para treino energético.

YATCH CLUB Já não é novidade para ninguém, mas é sempre bom relembrar e no MSC Seaside também existe. Trata-se do MSC Yatch Club, criado para os passageiros mais exigentes e que desejam exclusividade. Com duas Royal Suites e 70 suites deluxe, nove suites interiores e cinco suites para passageiros com mobilidade reduzida, esta área assemelha-se a uma espécie de clube privado, completamente autónomo nos decks superiores com vistas panorâmicas e um sem número de serviços. Aqui o cliente poderá optar pelo serviço de mordomo 24 horas por dia, para além de poder usufruir de duas salas de massagens no MSC Aurea Spa e de um restaurante com 630 metros quadrados, uma piscina e solário privados com dois jacuzzis.

MSC NO FUTURO

1878 Chocolate Bar (confessamos que passamos por aqui várias vezes, com as paredes de chocolate em cascata ou os vários bombons preparados pelos chefes chocolateiros).

Seaside disponibiliza pelo menos 12 espaços onde poderá adquirir mais de 300 marcas de topo e até peças de arte, na The Gallery.

ENTRETENIMENTO A BORDO E SHOPPING

Os mais pequenos têm também muito por onde se entreter. Confessamos que alguns de nós tiveram dificuldade em sair da sala do Lego Pirates, mas há também a sala dos videojogos. São seis, as áreas distintas dedicadas às crianças de todas as idades: Baby Club; Mini Club Lego Sailor room; Young Club; Junior Club Lego Pirates, Teens Club e Doremi Studio. Destaque ainda para o serviço de babysitting de grupo noturno para idades entre os 3 e os 11 anos, o que significa que os pais poderão deixar as crianças desde as 23 horas às 2h00 da madrugada de modo a desfrutarem dos serviços que o navio oferece de noite.

Não se deixe iludir, não existe tédio a bordo, senão veja, o MSC Seaside tem um teatro a bordo, com 934 lugares sentados, onde os passageiros poderão assistir a sete espetáculos completamente novos. Mas não nos ficamos por aqui, os espetáculos no átrio, com três andares, vão ser uma constante e contam com muitas surpresas ao longo do cruzeiro ou não houvesse 9 bandas e cantores a solo. No deck 7 encontra o Miami Casino, com 146 slot machines e 10 jogos clássicos de mesa. Se quiser fazer um intervalo, pode ainda optar por degustar uma bebida no Bar e tem uma área para fumadores que estará disponível em breve. Se gosta de dar um pezinho de dança, o novo navio da MSC Cruzeiros disponibiliza alguns espaços próprios para o efeito, como é o caso da Garage Club, o Gatsby ou ainda a Silent Disco (onde cada um ouve a sua música preferida colocando phones). E há mais, uma pista de bowling em tamanho real, cinema XD, dois slides com 105 metros e quatro emocionantes escorregas aquáticos, um simulador de corridas F1, um parque aquático mais interativo no mar com cinco atrações aquáticas e duas sprays áreas para crianças. Para quem gosta de ir às compras, o MSC

CRIANÇAS

AUREA SPA Mimos, mimos e mais mimos, sim, é verdade, depois das crianças, os adultos também gostam e precisam, por isso não há nada melhor do que experimentar o MSC Aurea Spa, com 2410 metros quadrados, o maior de todos os navios da frota MSC. O Spa Balinês autêntico tornou-se no padrão de excelência de mimo no mar. Assim vai encontrar sala de spinning com capacidade para acomodar até 10 clientes; área para yoga; um cabeleireiro Jean Louis David; Barber shop, Salão de beleza com 13 tipos de manicura e pedicura; sala de maquilhagem; Medi-Spa Center com diversos tratamentos

Mas as novidades da MSC Cruzeiros não se ficaram pela inauguração do MSC Seaside. Durante a conferência de imprensa para os cerca de 1000 jornalistas a bordo, o presidente executivo da MSC Cruises, Pierfrancesco Vago, anunciou a construção de dois navios Seaside EVO, com capacidade para 5646 passageiros, uma evolução do protótipo da Classe Seaside, cujo investimento total é de 1,8 mil milhões de euros, com entregas previstas para 2021 e 2023. Segundo o mesmo responsável, "com dois dos mais inovadores navios na indústria a entrar ao serviço nos passados seis meses e agora com a adição de dois novos navios Seaside EVO ao nosso plano de investimento, estamos mais bem posicionados para expandir a nossa pegada no mundo. Esperamos poder lançar, pelo menos, mais um navio por ano até 2026, com seis deles a serem-nos entregues entre 2017 e 2020." Já Giuseppe Bono, CEO da Fincantieri, mostrou-se “orgulhoso por ter cumprido um projeto tão importante”, adiantando que o "Seaview", o navio irmão do "Seaside", “será entregue em apenas 6 meses”.

MSC EM PORTUGAL A CRESCER Em declarações à margem do evento, Eduardo Cabrita, diretor da MSC Cruzeiros em Portugal, fez saber que pelo menos uma centena de cruzeiristas portugueses estarão a bordo do novo MSC Seaside, que acabou por realizar três trajetos na sua viagem até Miami: TriesteBarcelona; Barcelona-Funchal; Funchal-Miami. Quanto ao balanço de 2017, o mesmo responsável acredita que vão registar entre 22 e 23 mil passageiros, o que significa um aumento entre 9 a 12% quando comparado com 2016.


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Terminal de Cruzeiros de Lisboa inaugurado oficialmente C om pompa e circunstância, foi assim que o novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa foi inaugurado, oficialmente, no início de novembro. Um terminal, que começou a ser construído em abril de 2007, com a primeira fase do cais acostável e o reforço do cais existente e cujo investimento total é de 77 milhões de euros. Deste investimento total, 54 milhões de euros estiveram a cargo da Administração do Porto de Lisboa, enquanto que os 23 milhões de euros restantes provêm do investimento realizado pelo consórcio LCT Lisbon Cruise Terminals no âmbito do contrato de concessão de Serviço Público celebrado a 17 de julho de 2014 e que engloba a Gobal Liman Isletmeleri A.S., (Global Ports Holding), Grupo Sousa, Investimentos SGPS Ld.ª, Royal Caribbean Cruises Ltd e Creuers del Port de Barcelona SA. Apesar de ter começado a sua atividade a 18 de setembro, altura em que recebeu o navio Monarch, que desembarcou e embarcou em Lisboa cerca de 3.500 passageiros, numa operação de full turnaround, o novo Terminal só viria a ser inaugurado oficialmente a 10 de novembro, contando com a presença, entre outros, do primeiro-ministro António Costa,

da ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, do CEO da Global Ports Holding, Emre Sayin, do presidente da Lisbon Cruise Terminals, Luis Miguel Sousa e da presidente do Porto de Lisboa, Lídia Sequeira. Depois de descerrada a placa do novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa e de uma rápida visita pelas suas instalações, a ministra do Mar começou por relembrar a sua decisão em 2006, enquanto secretária de Estado dos Transportes, para avançar com a construção do novo empreendimento, revelando-se “feliz pela parceria com a Câmara Municipal de Lisboa para definição e acompanhamento do projeto”.

"MISSÃO CUMPRIDA" Para a governante a “ missão está cumprida”, mas “nova missão começa para todos nós: a de fazer com que o novo Terminal cumpra os objetivos para que foi criado atraindo mais navios e mais passageiros de cruzeiros, designadamente em operações de turnaroud, para a cidade de Lisboa”. Ana Paula Vitorino aproveitou ainda para congratular o arquiteto responsável pela obra,

João Luís Carrilho da Graça, escolhido através de um concurso público internacional de ideias, lançado pela APL em 24 de março de 2010 e concluído a 1 de fevereiro de 2011, ao qual concorreram 37 arquitetos de reputação internacional. Um elogio partilhado também por António Costa e Fernando Medina, realçando este último, “a capacidade de fazer um edifício que não choca com as vistas da cidade e deixará uma marca no futuro de Lisboa”. O presidente da Câmara de Lisboa aproveitou ainda para relembrar, que a construção do novo Terminal de Cruzeiros faz parte de “uma ambição estratégica da reabilitação da frente ribeirinha” da cidade e que teve início com o Terreiro do Paço, Ribeira das Naus, Campo das Cebolas, seguindo agora rumo a Santa Apolónia e Parque das Nações.

COMO É O NOVO TERMINAL? Ao todo são 13.800 metros quadrados de instalações distribuídos por 3 andares, que culmina num extenso terraço panorâmico que permite ver não só o cais, mas também parte da cidade. Existem 360 lugares de estacionamento público e 80 de autocarros/táxis e carros turísticos. Cerca de 65.000 metros


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quadrados estão destinados a jardins, estacionamentos e estradas de acesso. Jardins esses que vão permitir à população usufruir deste espaço também, e que segundo a ministra do Mar “poderá ser utilizado para festas e eventos”. Destaque para o sistema de passarela com 600 metros quadrados, totalmente automatizado, com uma ligação ao terminal, e que estava já a ser utilizado pelos passageiros dos dois cruzeiros atracados no cais no dia da inauguração oficial: o Queen Victoria (Cunard Line) e o Jewel of the Seas (Royal Caribbean International). Mais tarde chegaria o MSC Poesia (MSC Cruzeiros), num total de 6.600 passageiros e 2.800 tripulantes. Ao todo são 1.490 metros de cais para navios de comprimento multidimensional, com instalações de embarque e desembarque até 4.500 passageiros. A segurança e proteção estão também pensadas ao pormenor, com segurança 24 horas por dia/7 dias por semana, mais de 7 linhas de inspeção RX, protocolo de deteção aleatória de explosivos, entre outras. Por fim destaque para a zona de lojas Duty Free/Vip Lounge/Cafetaria Pública, balcões de check-in (cruzeiro e voo) e wi-fi gratuito.

EVOLUÇÃO DO PORTO DE LISBOA Segundo o Porto de Lisboa para 2017 e face às escalas anunciadas até à data prevêem-se 334 escalas e 552.700 passageiros, enquanto que para 2018, a concessionária estima a realização de 361 escalas e 617 mil passageiros, o que significa um crescimento face às previsões

para 2017 de cerca de 8% nas escalas e de 18% no número de passageiros, ou seja, o melhor ano de sempre do Porto de Lisboa. Recorde-se que os últimos 10 anos do porto de Lisboa, embora com algumas flutuações, foi marcado pelo crescimento do tráfego de cruzeiros. Na realidade, de 2007 a 2016, o porto de Lisboa cresceu cerca de 21% nas escalas, de 256 para 311, e 71% nos passageiros, de 305.185 para 522.467, tendo crescido a um ritmo médio anual de 1,9% ao nível das escalas e 7,3% ao nível de passageiros.

CONTROLO DO SEF António Costa, que frisou o momento auspicioso em que Portugal se encontra, com a Economia a crescer, reforçou que é necessário continuar a alimentar todos os dias: “É essencial perceber que todos os dias é preciso tomar decisões importantes e fazer novos investimentos”. O primeiro ministro sublinhou ainda que o turismo em Portugal representa 7% do PIB e 18% das exportações, relembrando que a atividade de cruzeiros aumentou este ano no Porto de Leixões em 50%, um bom exemplo, que segundo o governante deverá ser seguido por Lisboa”. O governante referiu ainda que o setor do Turismo de Cruzeiros cresceu cerca de 60% na última década em todo o mundo, reforçando que o novo Terminal de Lisboa, devido à sua localização geoestratégica tem condições para atrair um número ainda maior de cruzeiros. “Portugal que se localiza no ponto de encontro

das rotas do Atlântico e do Mediterrâneo, tem condições únicas do ponto de vista geoestratégico para ser uma área de franco crescimento”, disse António Costa, aproveitando ainda a ocasião para agradecer ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) pela sua cooperação durante o evento de inauguração do novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa. O primeiro-ministro adiantou na mesma ocasião que os inspetores do SEF vão fazer a realização do controlo de passageiros a bordo dos navios de cruzeiro: “Daremos um passo inovador que nos permitirá fazer toda a tramitação da entrada dos turistas que provêm de espaços fora da zona Schengen, que é ter previsto que os inspetores embarquem no último porto de origem, e que todo o controlo se faça ainda a bordo, permitindo aos passageiros já estarem controlados quando acostam e no momento de aportarem puderem ter todo o tempo disponível, não para a tramitação burocrática, mas para puderem usufruir da grande oferta da cidade e do país”. Uma “inovação”, que segundo algumas fontes do SEF e o Sindicato da Carreira de Inspeção e Fiscalização disseram à Imprensa, ser uma medida “que já está em vigor há mais de uma década. Este controlo tem sido feito a pedido do operador em caso pontuais de acordo com as análises de risco do SEF e do operador do navio”. Recorde-se que o SEF pretende a admissão de mais 200 inspetores para dar resposta ao crescente aumento de turistas que chegam a Portugal, quer no aeroporto, quer nos portos.


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Aeroporto de Lisboa

celebra 75.º aniversário de olhos postos no futuro

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Aeroporto de Lisboa celebrou o seu 75.º aniversário no passado dia 13 de novembro, numa altura em que vai registar o melhor ano de sempre, com a estimativa de mais de 26 milhões de passageiros processados no final de 2017, ou seja, mais 4.5 milhões de passageiros que em 2016. Segundo um comunicado da ANA – Aeroportos de Portugal, nos últimos quatro anos, o Aeroporto de Lisboa cresceu 7,2 milhões de passageiros, enquanto nos oito anos anteriores o incremento registado foi de 4,6 milhões. “Os sucessivos recordes de passageiros que têm vindo a ser alcançados ano após ano têm resultado num contributo inestimável para a cidade de Lisboa, que vive igualmente os melhores anos turísticos de sempre, numa altura em que o setor do turismo é um dos principais pilares da nossa economia e do desenvolvimento do país. Em Lisboa esse facto fica fortemente ligado ao desempenho do Aeroporto de Lisboa, uma vez que 95% dos turistas chegam à capital portuguesa por avião”. Um crescimento exponencial de tráfego que levou a ANA Aeroportos de Portugal e a VINCI Airports a investir continuamente em melhorias na infraestrutura, que permitiram gerar eficiências com os consequentes aumentos de capacidade. Para o futuro próximo estão já projetados mais investimentos, que deverão estar disponíveis

no verão IATA 2018. É o caso da duplicação de canais de embarque de todas as portas Schengen do Terminal 1 que ainda não possuem esta facilidade. Mas também da criação de duas novas portas de embarque Não Schengen, ou da instalação em curso de linhas automáticas no controlo de segurança, que permitirão aumentar significativamente o processamento de passageiros e a qualidade do serviço prestado. Dos investimentos previstos faz igualmente parte a renovação da zona de check-in. Estes investimentos antecipam a necessidade de capacidade nos diferentes sistemas do aeroporto que decorrerá da disponibilização de mais espaço aéreo por parte das entidades responsáveis. Na cerimónia que ontem teve lugar no terminal de chegadas do aeroporto e que contou com as presenças do ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, do CEO da VINCI Concessions e presidente da VINCI Airports, Nicolas Notebaert e do CEO da ANA Aeroportos de Portugal, Carlos Lacerda, falou-se também do futuro e na defesa da criação no Montijo de um novo aeroporto civil. Uma proposta da ANA Aeroportos de Portugal e VINCI Airports que será agora avaliada. Segundo Nicolas Notebaert, CEO da VINCI

Concessions e presidente da VINCI Airports, “um novo aeroporto no Montijo é a melhor solução para o país, para Lisboa, bem como para a região metropolitana de Lisboa, principalmente para o Sul desta área, e é a melhor solução para os passageiros e para as companhias aéreas”, referindo ainda que “é a solução que permite uma resposta atempada e minimização da perda de passageiros face à expectativa de crescimento de trafego aéreo, além de permitir estar concluído mais cedo, por prever uma infraestrutura existe que pode ser usada. É também a solução menos exigente na necessidade de desenvolvimento adicional de acessibilidades.” Carlos Lacerda, presidente da Comissão Executiva da ANA Aeroportos de Portugal, confirmou que “já entregámos uma proposta para o aumento da capacidade aeroportuária de Lisboa, através do Aeroporto Humberto Delgado e de um novo aeroporto no Montijo” e esclareceu que “os próximos passos envolvem um trabalho de aprofundamento e detalhe das várias dimensões da proposta”, acrescentando ainda que “é só o primeiro passo do que sabemos que será um trabalho conjunto entre todas as entidades envolvidas, que continuará a correr com total empenho e com a atitude positiva que temos sentido até agora na solução, com vista aos objetivos da região e do país.”



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Iberia aumenta voos e capacidade na rota Porto e Madrid em 2018

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companhia aérea Iberia vai reforçar, a partir de 25 de março do próximo ano, a sua oferta de voos na rota Porto e Madrid, com mais dois voos semanais, que os atuais 48 operados pela sua filial Iberia Regional Air Nostrum e um avião com maior capacidade, um Airbus 319. No total a companhia irá disponibilizar 332.277 lugares, ou seja, mais 28% de capacidade que em 2017. O anúncio foi feito esta quarta-feira, 8 de novembro, na cidade do Porto, pela diretora comercial da Europa, Médio Oriente, África e Ásia da Iberia, Celia Muñoz, que justificou este aumento de oferta pelo crescimento que se verificou este ano, entre janeiro e setembro, e que foi de 10%. A mesma responsável avançou ainda, que a partir de hoje “as reservas para a rota PortoMadrid já estão disponíveis”. Ao todo serão 50, os voos semanais nesta rota, com um avião com capacidade para 141 passageiros, distribuídos nas classes Executiva e Económica. No ano em que a Iberia comemora o 90.º aniversário, Celia Muñoz, relembrou que a rota Porto-Madrid permite ainda aos “clientes ligações a outras 27 cidades espanholas, 35 europeias, sete em África como Joanesburgo, para além de Tel Aviv, cinco destinos americanos e 18 na América Latina”, a que se juntarão também em 2018 dois novos destinos: São Francisco e Manágua. Questionada sobre as expetativas no aumento da operação em 2018, entre o Porto e Madrid, a diretora comercial escusou-se a avançar com um número, mas mostrou-se confiante, recordando que em 2017 transpor-

taram 259.316 passageiros. Uma procura por viagens turísticas e empresariais que justifica “adaptar a operação face à procura”. Uma oferta, que segundo a mesma responsável se irá manter para além do verão, assim a procura se mantenha. Já na rota Lisboa-Madrid não deverá haver novidades para o próximo verão, uma vez que segundo Celia Muñoz, “a procura manteve-se igual este ano, em relação a 2016”. Ao todo, o Grupo Iberia transportará para Portugal em 2017, 812.467 passageiros, ou seja, mais 16% que em 2016. Celia Munõz aproveitou ainda o momento para dar conta que o Grupo Iberia está a renovar a sua frota com novos voos, sendo que entre 2015 e 2018 contam com 12 novos

A330-200 e que entre 2018 e 2021 deverão chegar mais 16 aviões A350-900 e 20 Airbus A320neo.

Horários dos voos Porto-Madrid Entretanto, os voos na ligação Porto-Madrid saem às 8h30, todos os dias, exceto ao domingo. Às 12h35, todos os dias, à exceção do sábado. Com partida às 16h40 do Porto, voo diário. E ainda com saída às 20h30, todos os dias, exceto ao sábado. No percurso contrário, os voos de Madrid saem todos os dias às 7h40, à exceção do domingo. Às 11h45 todos os dias, exceto ao sábado. Às 15h50 (diário) e por fim, às 19h40 sairá o último voo de Madrid com destino ao Porto. Um voo diário à exceção do sábado.

Air Baltic com dois voos semanais diretos para Lisboa em março de 2018

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ATR acaba de anunciar a sua uma nova representada, a Air Baltic. A partir de 27 de março, a Air Baltic adicionará Lisboa à sua operação direta, a partir de Riga. A companhia disponibilizará 2 voos semanais às terças e sextas-feiras. Em menos de 5 horas, terá a possibilidade de visitar a capital mais cosmopolita dos Países Bálticos e um país que ainda está em busca de um posicionamento definido, como destino turístico. A companhia fundada em 1995, estabeleceu a sua sede no Aeroporto Internacional de Riga, o aeroporto da capital da Letónia. É o maior aeroporto dos Países Bálticos, foi

construído em 1973 e destaca-se pelo seu design prático e compacto, permitindo que as ligações aos voos seguintes sejam fáceis e rápidas. Em 2016, a Air Baltic transportou mais de

2.9 milhões de passageiros na sua frota moderna constituída pelos Boeing 737-500 (120 lugares), Boeing 737-300 (146 lugares), o Bombardier Q400 Next Gen (76 lugares) e os novos Bombardier CS300 (145 lugares). Com mais de 20 parceiros code-share, a Air Baltic permite que os seus passageiros viajem para a maior parte dos destinos no Mundo. Presentemente, oferece voos diretos para 59 destinos a partir de Riga, 6 destinos a partir de Vilnius e 6 destinos a partir de Tallinn. Os destinos que merecem destaque para o mercado português, para além de Riga, são Tallinn, Vilnius, Helsinki, Tampere e Turku.


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Aviação

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Joon já voa em Portugal e terá mais 7 novos destinos

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nova companhia da Air France, Joon, aterrou a 1 de dezembro, no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, proveniente de Paris Charles de Gaulle. O primeiro de 28 voos semanais entre as duas capitais. Mas não é tudo, a companhia também já aterrou no Porto, onde também ali terá três voos semanais para Paris. “A Joon, a irmã mais nova da Air France, é um novo modelo de companhia aérea, representa uma nova geração de viagem para todos os clientes do Grupo. Com as duas rotas em Lisboa e no Porto, o Grupo investe no mercado português aumentando por exemplo em 12% a oferta em Lisboa, ao mesmo tempo que proporciona aos viajantes portugueses a possibilidade de aceder aos 328 destinos em 118 países da Air FranceKLM e aos viajantes de todo o mundo descobrir um país fantástico”, afirmou Bruno Boris Darceaux, diretor-geral da Air France-

KLM para Espanha e Portugal, em entrevista à VIAJAR (leia na íntegra para próxima edição da VIAJAR).

Joon revela 7 novos destinos A Joon acaba de anunciar 7 novos destinos médio e longo-curso com partida de ParisCDG, com início na primavera (a partir de 25 de março e 1 e 2 de abril de 2018, nos últimos dois casos para Cidade do Cabo e Teerão, respetivamente): no médio-curso, Roma (49 voos/semana; de Lisboa desde 73€ por trajeto), Nápoles (14; 83€ por trajeto), Oslo (18; 74€ por trajeto) e Istambul (7; 91€ por trajeto); no longo-curso, Cairo (7 voos/

TAP assina acordo de codeshare com El Al Israel Airlines A TAP Air Portugal e a EL AL Israel Airlines iniciam um acordo de codeshare que permitirá aos passageiros de ambas as companhias usufruírem de renovadas opções de viagem entre Lisboa e Tel Aviv. “Nos últimos anos, houve um aumento do tráfego entre Israel e Portugal e era importante que as duas operadoras de bandeira pudessem oferecer um produto combinado que fizesse sentido”, afirmou David Maimon. “Estamos satisfeitos por termos sido capazes de lançar este codeshare com a TAP e vemos isto como uma componente importante da nossa estratégia de crescimento futuro”, acrescentou. “A TAP está constantemente à procura de novas formas de beneficiar os passageiros, nomeadamente melhorando e ampliando as opções de serviços disponibilizadas aos nossos clientes. O nosso codeshare com a EL AL vai permitir-nos adicionar serviços convenientes, sem escalas ou com uma única escala, para Tel Aviv, ampliando assim o alcance da rede da TAP e renovando a nossa presença na região do Mediterrâneo Oriental”, referiu Fernando Pinto. Este novo code-share tem como objetivo oferecer aos clientes diversas opções de serviços que melhorem

as possibilidades de conectividade de voos através de aeroportos onde ambas as companhias operam, incluindo: Amsterdão, Londres Heathrow, Bruxelas, Marselha, Madrid, Barcelona, ​​Frankfurt, Munique, Zurique, Genebra, Viena, Roma, Milão, Veneza, Varsóvia e Bucareste. Os voos sazonais diretos entre Tel Aviv e Lisboa operados pela Sun D’or, em nome da EL AL, também estão incluídos no acordo de codeshare. Como resultado deste novo acordo, a EL AL Israel Airlines e a TAP Air Portugal podem fortalecer o seu compromisso de oferecer mais e melhores opções de conectividade, promovendo laços comerciais mais fortes entre os dois países e incentivando o crescimento do comércio e do turismo entre Israel e Portugal.

semana; 344€ por trajeto), Cidade do Cabo (3; 657€ por trajeto) e Teerão (3; 296€ por trajeto). Nos voos europeus com partida de ParisCDG, A Joon vai operar os seus destinos de médio-curso com aeronaves Airbus A320 (174 lugares) e A321 (212 lugares) e com Airbus A340 no longo-curso. No total, a Joon arranca com 13 destinos e 228 voos por semana com partida de Paris-CDG no Verão 2018: Barcelona, Berlim, Istambul, Lisboa, Nápoles, Oslo, Porto e Roma na sua rede de médio-curso, bem como Fortaleza, Cairo, Cidade do Cabo, Mahé e Teerão na sua rede longo-curso.

Royal Air Marroc aumenta frequências entre o Porto e Casablanca A frequência dos voos Porto-Casablanca aumenta a partir de 17 de dezembro. Na temporada de inverno a Royal Air Maroc aposta em quatro voos semanais entre as duas cidades. O aumento para quatro voos semanais, da rota iniciada a 25 de junho deste ano, vem dar resposta à estratégia de diversificação e desenvolvimento de mercado que tem vindo a ser seguida pela companhia. O alargamento da oferta de voos facilita a mobilidade dos passageiros que procuram desfrutar do exotismo dos destinos marroquinos, mas também dos que buscam a oferta internacional da Royal Air Maroc, com mais de 90 destinos disponíveis a partir do Hub de Casablanca. Brasil, Estados Unidos ou Angola estão agora mais perto do Porto, com tempos de escala de 60 minutos, no máximo. Durante a temporada de inverno há ainda promoções imperdíveis nos destinos de longo curso, como São Paulo e Rio de Janeiro a partir de 499€ ou Nova Iorque e Washington a partir de 420€. Os voos que ligam Porto e Casablanca realizam-se todas as quintas, sextas, sábados e domingos em aeronaves Boeing 737 que, além de reunir todas as condições de comodidade e divertimento, permitem ainda o transporte semanal de 12 toneladas de mercadoria.


Últimas

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Portugal volta a ter Conta Satélite do Turismo

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ste é um dia marcante para todos. Em primeiro lugar, porque tivemos aqui hoje o início de um trabalho conjunto entre o Banco de Portugal, o INE e o Turismo de Portugal para analisarem as estatísticas de Turismo. E em segundo, porque foi reativada a Conta Satélite do Turismo que tinha sido suspensa desde 2010”, comentou no dia 7 de dezembro, no Salão Nobre do Instituto Nacional de Estatística (INE), em Lisboa, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, reforçando: “Uma grande evolução que nos permite também posicionarmo-nos no Top 20 do ranking da Organização Mundial de Turismo, de onde deixámos de figurar por não termos dados estatísticos sobre o número de turistas, sendo que na altura figurávamos no 35.º lugar”. No workshop “Estatísticas de Turismo”, onde foram apresentados os resultados do Inquérito ao turismo internacional e a Conta Satélite de Turismo foi ainda assinado o Protocolo de Colaboração para o desenvolvimento das estatísticas do Turismo em Portugal por Teresa Monteiro, vice-presidente do Turismo de Portugal, Ana Paula Serra, administradora do Banco de Portugal e Alda de Caetano Carvalho, presidente do INE.

Conta Satélite estima Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo de 7,1% Estima-se que em 2016, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) gerado pelo Turismo tenha atingido 7,1% do VAB da economia nacional, aumentando em cerca de 10% em termos nominais. O consumo do turismo no território económico atingiu 12,5% do Produto Interno Bruto, tendo aumentado 5,8% em 2016 e 5,9% em 2015. Já no que diz respeito às exportações do turismo corresponderam, em média, a 18,4% do total das exportações nacionais em 2014 e 2015.

Analisando ainda os resultados por tipo de visitante, entre 2014 e 2015, cerca de 77% da procura turística teve origem nos turistas e quase 16% nos excursionistas, sendo que a despesa dos turistas incidiu principalmente no alojamento (25,9%), transporte de passageiros (21,8%) e restauração e bebidas (24,2%), que em conjunto representaram quase 72% do total das despesas deste tipo de visitantes. A Conta Satélite do Turismo conta agora com um novo item e que tem a ver com as comparações internacionais. Nesta matéria “observou-se que Portugal registou um peso relativo do consumo do turismo no território económico na oferta interna de 5,4% em 2015, inferior a Espanha (6%) e Malta (5,8%)”, refere o relatório.

Entradas de turistas não residentes totalizaram 18,2 milhões em 2016 Segundo os resultados do Inquérito ao Turismo Internacional executado pelo INE nas principais fronteiras aéreas, rodoviárias e marítimas, estima-se que as entradas de turistas não residentes em Portugal totalizaram 18,2 milhões em 2016. A este número de acordo com os mesmos dados acrescem ainda 10,1 milhões de entradas de excursionistas (visitantes sem dormida), atingindo assim um total de 28,3 milhões de entradas de visitantes. Números que Cristina Neves, diretora do Departamento de Estatísticas Económicas, e que apresentou os resultados reforçou como sendo “de movimentos de entradas de turistas, ou seja, um turista pode visitar Portugal várias vezes no mesmo ano”. Espanha, Reino Unido, França e Alemanha foram os mercados emissores que mais turistas enviaram a Portugal, registando 4,7 milhões, 3,1 milhões, 2,7 milhões e 1,6 milhões, respetivamente. Espanha é igualmente responsável por 74%

das chegadas de excursionistas a Portugal, seguindo-se o Reino Unido com 9% e França com 5,2%. De destacar ainda, que 70,3% das entradas de turistas não residentes foi motivada por lazer, recreio ou férias, enquanto 19,9% teve por objetivo a visita a familiares e amigos. Por motivos profissionais registaram-se 7,7% das entradas.

Alojamento privado gratuito e residências secundárias como principal opção As entradas de turistas não residentes em 2016 resultaram num total de 144,4 milhões de dormidas em Portugal, destacando-se uma elevada expressão do alojamento privado gratuito e das residências secundárias, com 49,9% das dormidas, sendo ainda de referir o peso de 36% do conjunto dos meios de alojamento turístico. Já no que toca ao gasto médio diário per capita dos turistas entradas, o mesmo situou-se nos 97,5€, sendo que os turistas provenientes do Brasil e EUA evidenciaram um gasto médio per capita de 166,3€ e 146,1€, em contraste com os valores registados nos principais mercados europeus: Irlanda (115€); Países Nórdicos (111,9€); Itália (108,5€) e Reino Unido (107,2€). Questionada sobre as estratégias a implementar para atrair cada vez mais turistas provenientes dos EUA, Brasil e Ásia, Ana Mendes Godinho reforçou: “Temos feito uma grande aposta nos EUA, Canadá, Brasil e na Ásia (China e Coreia do Sul), quer através da captação de novas rotas aéreas. Começámos com o primeiro voo direto para a China em junho, já com bons resultados, estamos neste momento com crescimentos de 40% do mercado chinês para Portugal, mas também estamos com um crescimento de 60% de mercado brasileiro para Portugal, e de 45% do mercado americano.”




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