Viajar Magazine - Nov 2019 - Edição Especial Congresso APAVT

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ESPECIAL CONGRESSO

APAVT AVIAÇÃO COMERCIAL E TURISMO NOVEMBRO 2019

MAGAZINE PARA PROFISSIONAIS Nº 374

ESPECIALISTAS DEBATEM

OPÇÕES ESTRATÉGICAS

ENTREVISTA

EDUARDO JESUS SECRETÁRIO REGIONAL DE TURISMO E CULTURA DA MADEIRA

“Temos que estar atentos e ler com maior rapidez as entrelinhas”

FACEBOOK www.facebook.com/viajarmagazine ONLINE www.viajarmagazine.com.pt

TURISMO



VIAJAR 2019 / NOVEMBRO

Em foco

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Observação 45º Congresso APAVT (Madeira - Funchal)

Turismo: Opções Estratégicas PROGRAMA 14 NOVEMBRO 16h30 Cerimónia Oficial de Abertura, no auditório – Hotel Savoy Palace (fato escuro) 17h30 1ª Sessão: «Os desafios da Economia Portuguesa» Os grandes desafios da economia Portuguesa, depois de uma grande crise e de uma notável recuperação. Key Note Speaker Professor Doutor Daniel Traça Dean da Nova School of Business and Economics Moderadora Rita Abecassis - AMP Associates IRA

A PENSAR NO FUTURO… É chegada uma vez mais a hora do Turismo em Portugal se reunir nos dois maiores congressos do setor. Estamos a falar, é claro, dos congressos da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) e da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). Há quem diga que o Turismo está num fim de ciclo por não se conseguir continuar a crescer aos níveis do que aconteceu nos últimos três anos. Mas, mesmo assim, será que o Turismo, apesar disso irá mesmo abrandar em Portugal? Ou será que os turistas que nos chegam todos os dias pelas mais variadas formas, quer seja aérea, terrestre ou por mar, estão apenas a ser mais contidos nas suas despesas e a preferir o Alojamento Local em detrimento da hotelaria, como já vem vindo a acontecer? Certo é que hoje em dia nada é certo! Em especial no Turismo… o que é hoje pode não ser amanhã, sobretudo se acontecer alguma coisa adversa a algumas centenas ou milhares de quilómetros. Tudo por ir por água abaixo em poucos segundos. Certo é também que, apesar do Brexit, da falência da Thomas Cook e de diversas companhias aéreas europeias, os nossos agentes de viagens, os nossos hoteleiros e os demais players do Turismo em Portugal nunca irão baixar os braços para que o setor continue a crescer… e bem. Estamos cá para ajudar!

um ponto de encontro comum no centro do Funchal e junto ao mar, na Praça do Povo onde será recriado um pequeno arraial madeirense com barracas diversas: Poncha, Vinho Madeira, Bordados, Rum, Frutas, Bolo do caco. Neste local haverá a oportunidade de fazer a foto de grupo. 18h00 Fim da Excursão e regresso aos hotéis 20h30 J antar oferecido pelo Destino Anfitrião do Congresso em 2020, no Hotel Savoy Palace.

18h30 2ª Sessão: «Superação» Na economia, nas empresas, como na vida, o importante são as pessoas. Orador Johnson Semedo Fundador da Academia Johnson

22h30 After-Party oferecida pela LATAM Airlines, no bar do Congresso, no Hotel Savoy Palace, Sala Vimes

20h30 Jantar de Abertura oferecido pelo Governo Regional da Madeira, no Pestana Casino Park Hotel

Brexit; Acessibilidades; Sustentabilidade; Autenticidade; Modernidade da Oferta; Distribuição… O Futuro em perspetiva. Key Note Speaker André Barreto Administrador da Quintinha de São João Oradores António Fernandes - Administrador da Dorisol Duarte Correia - Administrador W2M Gabriel Gonçalves - Presidente da Mesa das Agências Viagens ACIF Moderador R icardo Oliveira - Diretor do Diário de Notícias da Madeira 11h30 6ª Sessão: « À conversa com… (a)gentes de sucesso!» Tanta gente de sucesso e os mitos a serem derrubados !!! Oradores S ónia Regateiro - Administradora da Soliférias Armando Ferraz - Administrador da OÁSIS Carlos Baptista - Administrador da Gecontur Joaquim Ferreira - Administrador da OSIRIS Rui Pinto Lopes - Administrador Pinto Lopes Viagens

22h45 Welcome - Party oferecida pela APAVT, no bar do Congresso, no Hotel Savoy Palace, Sala Vimes 15 NOVEMBRO 09h30 3ª Sessão: «Turismo: Opções Estratégicas» Sucesso fantástico; Nova legislatura; Que estratégia para o país turístico? Key Note Speaker Professor Doutor Augusto Mateus Consultor Estratégico da EY-AM&A 11h00 Fim da Sessão e Coffee Break BINTER 11h30 4ª Sessão: «M&I – Que opções» No âmbito do sucesso turístico, como resolver as fragilidades de um dos negócios mais rentáveis do setor? Key Note Speaker João da Silva Administrador da Team Quatro Oradores |António Marques Vidal - Presidente da APECATE Bruno Freitas - Administrador do Grupo Savoy João Fernandes - Presidente da RTA Moderador Eduarda Neves Administradora da Portugal Travel Team 13h00 Almoço oferecido por Macau, Destino Preferido APAVT 2019, no Hotel Savoy Palace 15h00 Excursão CITY TOUR com ARRAIAL Conheça a história de Funchal e Madeira nesta excursão a pé, pelo centro histórico da cidade, acompanhado por guias que darão informações detalhadas durante o trajeto. Visitas: Madeira Wine, Bordados, Zona Velha, Teatro Municipal, Museu Vicente’s, Sé Catedral, Museu de Arte Sacra. Após a visita a cada um dos pontos de interesse os grupos convergem para

DIRETOR Francisco Duarte CHEFE DE REDAÇÃO Sílvia Guimarães EDITOR Silva & Rocha Editores, Lda DIREÇÃO, REDAÇÃO E PUBLICIDADE Rua Jaime Batalha Reis, nº 1C- r/c C 1500-679 Lisboa Telfs.: 21 7543190 • e-mail: viajar@silroc.pt

16 NOVEMBRO 09h30 5 ª Sessão: « Madeira – Opções Estratégicas»

13h15 – Almoço oferecido por Macau, Destino Preferido da APAVT 2019, no Hotel Savoy Palace 16h30 7 ª Sessão: Exclusivo para Agências Associadas «A APAVT - O sector das Viagens: Opções Estratégicas» 18h00 C erimónia de encerramento – Hotel Savoy Palace 18h45 «A Teia» 20h30 J antar e espetáculo oferecidos pela Travelport Portugal no Centro de Congressos da Madeira 24h00 F arewell Party oferecida pela Solférias, no Hotel Savoy Palace, Sala Vimes

FOTOGRAFIA Arquivo, Fotolia

IMPRESSÃO Ligação Visual Lda

PUBLICIDADE Carlos Ramos Telfs.: 21 7543190 e-mail: carlos.ramos@silroc.pt

TIRAGEM: 7 000 exemplares DEPÓSITO LEGAL: 10 534/85 REGISTO NO ICS: 108098 de 08/07/81 PROPRIETÁRIA: Ana de Sousa Nº Contribuinte: 214655148


Opinião

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As opções estratégicas para o futuro do Turismo no Centro de Portugal

O

Pedro Machado n Presidente

do Turismo Centro de Portugal

Esta é a altura certa para se falar do futuro e nas opções estratégicas na área do Turismo que o país deve abraçar. A APAVT e a AHP não poderiam ter temas mais apropriados nos seus congressos deste ano

TURISMO ATRAVESSA UM MOMENTO HISTORICAMENTE POSITIVO NO NOSSO PAÍS. Os indicadores, nacionais e internacionais, continuam a dar alegrias aos empresários do setor, contrariando algumas visões mais pessimistas. O número de hóspedes e de dormidas não para de aumentar, com subidas percentuais muito assinaláveis em regiões menos óbvias, como acontece no Centro de Portugal. Mas esta não é a altura para cruzar os braços. Muito está ainda por fazer, com grandes desafios na área dos recursos humanos, na mobilidade e na sustentabilidade dos recursos turísticos. Por outro lado, o país tem um novo Governo e está um novo quadro comunitário à porta. Esta é, portanto, a altura certa para se falar do futuro e nas opções estratégicas na área do Turismo que o país deve abraçar. A APAVT e a AHP não poderiam ter temas mais apropriados nos seus congressos deste ano. Na Turismo Centro de Portugal, há muito que preparamos o amanhã. Com os olhos apontados a 2030, delineámos um Plano Regional de Desenvolvimento Turístico da Região Centro, que será apresentado em breve e que preconiza um conjunto ambicioso de metas turísticas e objetivos estratégicos, alicerçados em linhas estratégicas de ação. Este documento pretende mostrar uma Entidade Regional de Turismo em sintonia com a atual Era Digital, que prioriza a valorização dos Recursos Humanos como o grande fator diferenciador da região Centro de Portugal e que atua como mediadora dos interesses dos vários stakeholders da atividade turística. O Plano Regional de Desenvolvimento Turístico da Região Centro propõe vários objetivos estratégicos para a Região Centro no horizonte 2020-2030. Uma das pedras basilares do plano incide sobre os Recursos Humanos, ou não fosse este um dos desafios maiores que temos pela frente. Qualificar e valorizar todos os intervenientes na cadeia de valor do

setor do Turismo é um objetivo crucial, que apenas se conseguirá atingir através de uma aposta clara na capacitação dos profissionais do setor e na valorização das profissões associadas, orientadas para um serviço turístico de qualidade e de elevado valor acrescentado. Igualmente fundamental para um futuro sustentado do Turismo é a promoção do desenvolvimento integrado e coeso do território. Uma preocupação que passa por valorizar, preservar e garantir a autenticidade e sustentabilidade da região Centro de Portugal e das suas comunidades, assim como fomentar e consolidar as redes colaborativas e dinâmicas institucionais, as acessibilidades, a circulação e a mobilidade no território, procurando ao mesmo tempo antecipar os efeitos das alterações climáticas. Outro eixo prioritário é aquele que se prende com o posicionamento do território. Estruturar, qualificar, consolidar e diversificar transversalmente a qualidade da oferta e dos produtos turísticos, assegurando que respondem à procura turística da Região, é o caminho a seguir. Por outro lado, afigura-se essencial dinamizar as relações entre os agentes turísticos que intervêm direta e indiretamente na cadeia de valor do destino Centro de Portugal, com o objetivo de qualificar a oferta turística, além de apostar num destino turístico acessível para todos. A promoção é outro eixo estruturante presente no Plano Regional de Desenvolvimento Turístico da Região Centro. Neste, traçam-se planos que contribuirão para o desenvolvimento da notoriedade da Região Centro e da solidificação da marca Centro de Portugal no mercado, não só através do marketing digital e da promoção, mas também na internacionalização. O edifício estratégico fica completo com um eixo dedicado ao investimento. Potenciar o investimento turístico na Região Centro de Portugal e incentivar a inovação e empreendedorismo é absolutamente vital para sustentar o desenvolvimento que se pretende para a região.



Entrevista

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EDUARDO JESUS, SECRETÁRIO REGIONAL DE TURISMO E CULTURA DA MADEIRA

“Temos que estar atentos, ler com maior rapidez as entrelinhas e estar prontos a agir” A POUCOS DIAS DE TER TOMADO POSSE COMO SECRETÁRIO REGIONAL DE TURISMO E CULTURA DA MADEIRA, CARGO QUE JÁ OCUPOU NO PRIMEIRO MANDATO DO ATUAL GOVERNO REGIONAL, EDUARDO JESUS ESTEVE À CONVERSA COM A VIAJAR. O BREXIT, A THOMAS COOK E O NOVO RUMO DO TURISMO ESTIVERAM NA ORDEM DO DIA, MAS O ALOJAMENTO LOCAL E O AEROPORTO CRISTIANO RONALDO TAMBÉM NÃO FORAM ESQUECIDOS. Por Sílvia Guimarães

VIAJAR – Diz o ditado que “um bom filho a casa torna”. É assim que se sente ao assumir novamente a pasta da Secretaria Regional de Cultura e Turismo da Madeira, embora a pasta da Economia tenha passado para outro gabinete? EDUARDO JESUS – Sinto-me bem, porque o Turismo e a Cultura são setores que gosto de trabalhar e foi onde sempre tive a colaboração interna e externa de muito boas pessoas e que agora voltaram a acolher-me muito bem neste meu regresso. Vejo este regresso com uma enorme responsabilidade porque, se olharmos para a questão do Turismo, a velocidade com que as coisas acontecem e com que o mundo se altera também nos negócios deste setor, obriga-nos a um posicionamento mais atento e mais presente. Daí o desafio ser maior, mas igualmente mais desafiante. V – A Madeira sempre foi um dos grandes destinos turísticos portugueses e um dos destinos de férias preferidos dos ingleses. Este “vai-não-vai” do Brexit já afetou de certa forma este mercado na região. Como tenciona abordar esta questão? EJ – O Brexit é um fenómeno que está a durar muito mais tempo do que qualquer pessoa poderia prever. Além disso, está a ter contornos totalmente diferentes daqueles que poderíamos vir a imaginar. Isso tem causado já consequências. Gostaria de recordar que a Madeira procurou antecipar um “Temos que, acima pouco este impacto quando, em 2017, reforçou a sua de tudo, estar atentos, ler promoção externa com ações específicas, no valor com maior rapidez o que será a de 700 mil euros, para o mercado britânico, tendo consequência imediata [do Brexit] e estar no ano seguinte voltado a fazê-lo. Isso significa que houve logo uma leitura de que isto podia vir prontos a responder seja ao que for. Nenhum a ter impacto no Turismo da Madeira. É verdade de nós pode antecipar o futuro. Existem táticas que teve e que está a ter de qualquer destino estratégicas que podemos adotar, como a divercuja origem seja o Reino Unido. Não nos podemos esquecer que também sificação de mercados, para não estarmos tão houve uma diminuição do poder de compra dependentes do mercado britânico. Mas, não nos daqueles viajantes, porque a libra desvalorizou podemos esquecer que um mercado que tem significativamente, sendo essa a primeira razão uma responsabilidade superior a 20% do da escolha do mercado inglês no destino que pretende. Mas, a grande incógnita ainda continua setor para a Região Autónoma da Madeira a ser aquilo que poderá surgir com a implementação não pode ser substituído de um do Brexit.

momento para o outro.”


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Entrevista

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Temos que estar atentos, ler com maior rapidez as entrelinhas e estar prontos a agir seja ao que for. Nenhum de nós pode antecipar o futuro. Existem táticas estratégicas que podemos adotar, como a diversificação de mercados, para não estarmos tão dependentes do mercado britânico. Mas, não nos podemos esquecer que um mercado que tem uma responsabilidade superior a 20% do setor para a Região Autónoma da Madeira não pode ser substituído de um momento para o outro. Além disso, tem um ativo que não consegue ser ultrapassado. Temos que olhar para este mercado com um potencial de recuperação para que o possamos manter nos prioritários.

MERCADOS BRASILEIRO E NORTE-AMERICANOS SÃO PRIORITÁRIOS V – Que mercados são esses que poderão vir a colmatar esta diminuição de ingleses no arquipélago? EJ – A Madeira tem vindo a trabalhar com uma grande variedade de mercados, apesar de haver uma concentração de dependência nos mercados do Reino Unido e Alemanha. Não nos podemos esquecer que a Madeira trabalha com muitos outros mercados da Europa e estas são experiências que nos potenciam. Estamos empenhados também em trabalhar de outra forma os mercados brasileiro e norte-americano, incluindo o canadiano, porque são mercados que já estão em Portugal. Por outro lado, a TAP também trabalha muito bem o mercado americano, quer seja a sul como a norte, e isso abre-nos perspetivas interessantes. Com a ideia de trabalhar o mercado norteamericano, através da Associação de Promoção Turística (APT), estamos a elaborar um estudo que nos irá permitir concluir com rigor como e onde trabalhar esse mercado. É um mercado de milhões de pessoas e, por isso, temos que nos focar e saber o que o mercado procura, sabendo posicionar o

mercado da Madeira. Isso só é possível após sabermos que target tem abertura para este mercado e é aí que vamos focar o nosso investimento. V – A Thomas Cook era um dos grandes operadores a trazer ingleses para a região. Como está a Secretaria Regional a acompanhar o caso? EJ – Na Madeira, felizmente, não fomos largamente afetados, dado que não tínhamos operação aérea suportada pela Thomas Cook. Tínhamos sim reservas, mas sem afetar demasiado os nossos hotéis. O caso da Madeira é pouco expressivo face a outras regiões do país. Com isto não digo que não nos faça diferença, porque é óbvio que faz, até porque qualquer operador que deixe de funcionar connosco tem sempre um impacto considerável. Estamos a procurar que os lugares que estavam ocupados pela Thomas Cook venham a ser ocupados por outros num futuro próximo, para que esse efeito seja diluído a curto prazo. Na dinâmica do Turismo não podemos evitar que uma companhia possa colapsar, mas o trabalho empresarial está, cada vez mais, a tentar evitar a demasiada dependência destes grandes operadores. V – Considera que a estratégia de promoção turística da Madeira no Reino Unido tem que ser repensada devido a estes dois fatores controversos? EJ – Acima de tudo temos que reforçar e ter mais meios para que a nossa atratividade não seja beliscada. Este é o mercado de origem que está com menor poder de compra e tem que ser mais apoiado para que as pessoas não deixem de viajar. O Brexit é uma rutura cultural de um país de grande expressão e isto tem que ser compreendido com o tempo. No nosso trabalho estamos focados, temos o mercado muito bem estudado, temos canais próprios para lá chegar, mas temos que

os apoiar também para compensar o nível de vida que aí existia.

HOTELARIA VERSUS ALOJAMENTO LOCAL V – Segundo o INE, a Madeira foi a única região de Portugal em que as dormidas desceram em agosto. Vê estes números com preocupação? EJ – Sim, sem dúvida alguma. Estamos com uma inversão nos mercados inglês e alemão e é por isso que a APT verá o seu orçamento reforçado, significativamente, para estes dois mercados já no ano de 2020. Esta inversão resulta de várias razões. Em primeiro lugar, no caso inglês, surge muito associada ao Brexit e à falência de operadores ingleses, ao passo que no caso alemão tem a ver sobretudo com a falência de companhias aéreas que faziam esta ligação. Num trabalho muito próximo com a ANA – Aeroportos estamos a encontrar soluções alternativas para repor esses mesmos lugares no mercado alemão, tal como intensificar o trabalho de promoção nesse por forma a voltar a captá-lo. Também é preciso ter a noção que estas perdas que estamos a sentir nestes dois mercados acontecem na evolução de enormes crescimentos que tivemos em ambos. O ciclo 2015/2018 foi um ciclo de crescimento bastante acentuado e não nos podemos esquecer que não estamos a perder poucos pontos percentuais num mercado que estávamos a ganhar poucos pontos percentuais. Ganhámos muito entre 2015 e 2018 e temos de pensar que é impossível crescer sempre a um ritmo tão alargado. Nenhum setor de atividade permite essa evolução e o Turismo não é exceção, até porque a dependência dos acontecimentos é cada vez mais variada. Temos que estar sempre preparados para circunstâncias que nos possam trazer novos desafios e a capacidade de reação de todos nós neste setor é que será a marca de atuação perante estes mesmos desafios. 


Entrevista

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V – Falou num reforço de orçamento para a promoção do destino no Reino Unido e na Alemanha. Já sabe em torno de quanto virá a ser esse valor? EJ – Não posso ainda adiantar valores. O presidente do Governo Regional, nas reuniões que temos mantido e até mesmo em declarações públicas, veio afirmar que o reforço do orçamento da ATP será significativo. É um valor que estamos a fechar mas também dependerá do estudo que está a ser feito no mercado norte-americano, que nos permitirá quantificar o número de ações para aí dirigidas. V – Mas acha que esta baixa de dormidas na hotelaria poderá estar ligada a um aumento do Alojamento Local (AL)? EJ – O Alojamento Local tem naturalmente um impacto nesta dimensão. Se olharmos para o número de passageiros que entra na Madeira, o decréscimo desses é muito inferior ao decréscimo daquilo que se verifica na hotelaria, o que nos leva a concluir que as pessoas estão, cada vez mais, a optar por ficarem hospedadas em unidades de AL. Este começa a ser um hábito de consumo diferente. Não nos podemos esquecer que na Madeira, assim como nos Açores, apenas temos uma porta de entrada e a variação que existe no aeroporto não é correspondente à variação que existe na hotelaria.

ATP AINDA SEM DIRETOR EXECUTIVO V – Já escolheu a pessoa que irá assumir a direção da Associação de Promoção Turística da Madeira? EJ – A direção da associação está neste momento assegurada, de uma forma provisória e altruísta, a quem rendo a minha homenagem da forma como tudo está a ser conseguido. Há aqui um aspeto extremamente importante e que

convém frisar… a associação não parou, tem uma equipa que está a funcionar com a mesma dinâmica e orientação, que está já a preparar o ano de 2020 sem qualquer sobressalto e sem que esta fase transitória possa influenciar no desenho do que será o ano de 2020. Tem sido uma equipa formidável, que tem correspondido a este desafio, que não baixou os braços e está sempre no terreno. Sim queremos encontrar um diretor executivo e a via para o encontrar será a competência e não uma nomeação política.

“Com a ideia de trabalhar o mercado norteamericano, através da Associação de Promoção Turística (APT), estamos a elaborar um estudo que nos irá permitir concluir com rigor como e onde trabalhar esse mercado. É um mercado de milhões de pessoas e, por isso, temos que nos focar e saber o que o mercado procura, sabendo posicionar o mercado da Madeira.”

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V – Há empresários madeirenses que consideram que a promoção turística da região deveria ter alguma redefinição. Concorda com isto? EJ – Tenho ouvido imensos atores do Turismo da Madeira, aliás não tenho feito outra coisa, até mesmo antes de ter tomado posse. Acima de tudo o que as pessoas querem acho que está em perfeita sintonia com a orientação que a associação tem. E só podia ser assim, porque é o setor privado que define a orientação estratégica da APT. E a APT tem a virtude de ter uma parceria público-privada na sua essência. Nada do que se faz na associação ignora a orientação do setor privado, sendo que o setor público funciona aqui mais como o apor orçamental. Uma das maiores felicidades que existe no Turismo da Madeira é que não há qualquer divórcio, pelo menos desde 2015 até agora, na perspetiva de orientação estratégica daquela associação e dos seus associados. Nunca tivemos uma apreciação negativa sobre o que se faz a APT, o que é natural, dado esta ser uma associação que representa o setor privado.

CONSTRANGIMENTOS DO AEROPORTO CRISTIANO RONALDO V – É sabido que o Aeroporto Cristiano Ronaldo vive envolto em diversos constrangimentos. Pensa que poderá haver uma solução breve para esta questão? EJ – Este ano temos tido uma atuação diferente da Natureza no que diz respeito ao aeroporto e não tem havido os constrangimentos dos anos anteriores. Estamos na dependência de uma circunstância natural, mas está a ser feito um trabalho de fundo que tem a ver com um apetrechamento do aeroporto de tecnologia diferente que permita outro entendimento, mesmo em condições atmosféricas mais adversas.


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A Madeira está ainda hoje sob uma orientação que vem de 1964 e depois desta realidade já tivemos, pelo menos, duas novas pistas, os pilotos que operam a Madeira têm uma outra capacidade e formação superiores e os pilotos têm uma formação completamente diferente. Se o mundo não ficou parado em 1964, as condições que determinaram certos limites de operação para o aeroporto da Madeira devem, pelo menos, ser objeto de estudo. Não podemos continuar parados no tempo e é isto que a Madeira defende. O que é mandatário deve ser recomendatório, tal como o é no resto do mundo. A decisão tem que ser baseada em conhecimento, o conhecimento obriga a estudos e é isso que está a ser feito. V – Vão receber mais uma edição do Congresso da APAVT e o presidente desta associação já defendeu, por diversas vezes, que o Turismo em Portugal está num “fim de ciclo”. Ainda agora disse que o crescimento do setor na Madeira também já está a ter algumas limitações. Considera que o Turismo em Portugal, no geral, está prestes a conhecer esta realidade? EJ – As leituras mais conservadoras que se faziam da evolução das atividades no mundo estão a ser facilmente ultrapassadas pelos acontecimentos. Hoje tudo é muito mais reativo do que era, não sendo possível fazer previsões a longo prazo, porque de um momento para o outro tudo pode mudar. O hoje já é passado e o ontem já é quase préhistórico. O grande desafio tem a ver com a nossa capacidade de adaptação a estes novos tempos. Tudo vai mudar com maior velocidade, os crescimentos vão dar origem a quebras, embora não tenham que ser as quebras cíclicas que estávamos habituados, nos modelos que sempre estudámos e vamos ainda ter quebras que vão anunciar outros crescimentos reativos relativamente às projeções toma-

das. Depois vai depender de uma variedade de acontecimentos que são as variáveis de uma equação que está maior, no Turismo também, onde o resultado, de crescer ou diminuir, está dependente de fatores que não controlamos. Podemos ter um destino muito organizado, os acessos todos muito bem contratados e negociados, podemos ter os melhores operadores do mundo mas basta acontecer alguma coisa adversa a mil quilómetros de distância que tudo muda de um dia para o outro. É esta incapacidade de prever que nos faz afastar destes modelos muito tradicionais e que nos faz lançar o desafio da capacidade de adaptação e reação. Concordo com o Pedro Costa Ferreira no que diz respeito a essa observação ligando com o que disse há pouco, por ser impossível crescer de forma continuada e eterna, como também não é desejável decrescer durante muito tempo. Impõe-se nesta dinâmica a capacidade de agir, sempre libertos de burocracias ou de amarras na hora do decidir ou de alocação de meios. Não nos podemos esquecer que na Europa temos muitos constrangimentos ambientais e dos direitos humanos que os nossos concorrentes diretos de outros continentes não têm. São regras corretas mas que nos tiram competitividade. E nesta realidade que temos que saber estar e é com isto que temos que trabalhar.

“Hoje tudo é muito mais reativo do que era anteriormente, não sendo possível fazer previsões a longo prazo, porque de um momento para o outro tudo pode mudar e seguir um rumo totalmente diferente. O hoje já é passado e o de ontem já é quase pré-histórico. O grande desafio tem a ver, acima de tudo, com a nossa capacidade de adaptação a estes novos tempos.”


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CONSTANTINO PINTO,

diretor geral para Portugal do Grupo Avoris

“Jolidey Dinâmico” é a grande aposta do tour operador VIAJAR - No início de julho a Jolidey lançou programas especiais para o Natal e Fim de Ano nas Caraíbas, em charters realizados com a Orbest. Como estão a correr as vendas? Já há algum destino esgotado? Constantino Pinto - Podemos dizer que estamos a vender bem e a um ritmo interessante. Neste momento temos esgotadas apenas as duas rotações para Punta Cana. Restanos ainda uma disponibilidade considerável para Varadero e para Cancún, que seguramente não durará muito uma vez que, nos últimos dias, o ritmo de vendas incrementou substancialmente. V - Para a programação de inverno estão a pensar lançar algum novo destino? No fundo quais são as novidades? CP - Não temos previsto lançar nenhum novo destino específico. A nossa aposta será na continuidade e na consolidação dos nossos destinos tradicionais. Continuaremos a apostar forte nas Caraíbas à partida de Madrid (Cuba, República Dominicana e México). No caso da República Dominicana estamos a incluir gratuitamente no preço final as ligações do Porto e de Lisboa. Estamos a fazer uma forte aposta no “Jolidey Dinâmico” dando a conhecer a grande versatilidade desta ferramenta, disponível no nosso website e que permite ao agente de viagens montar os seus pacotes com voos, hotéis, rent-a-car, etc... para onde e como quiser. Fora do âmbito da Jolidey e referindo-me

SEM PREVISÃO PARA LANÇAREM NOVOS DESTINOS, O PRODUTO “JOLIDEY DINÂMICO”, BASEADO EM VIAGENS À MEDIDA DE CADA CLIENTE, É A GRANDE APOSTA DO TOUR OPERADOR, QUE ACABA DE LANÇAR UM NOVO WEBSITE, MAIS INTUITIVO E EFICAZ. agora à Leplan, destacamos também as campanhas da Disney que temos lançadas no mercado. Finalmente, e a merecer grande destaque, toda a programação da CATAI, em particular a operação especial de fim de ano para a Lapónia. V - Há cerca de um ano lançaram um catálogo com ofertas para estudantes? Como correu esta aposta? É para continuar? CP - O balanço do folheto de estudantes foi claramente positivo de tal forma que lhe estamos a dar continuidade... V - Falando um pouco da operação de verão, que agora terminou, como é que esta correu? Quais foram os destinos que registaram maior procura? CP - Em geral podemos afirmar que correu bem, pese embora a “turbulência” gerada em torno dos acontecimentos na República Dominicana e do “sargaço” no México. Crescemos em relação ao ano anterior, graças a um grande esforço comercial e ao apoio e confiança dos agentes de viagens. Em termos de procura realço as Ilhas espanholas, com particular destaque para as Baleares. Em termos de Caraíbas, a procura manteve-se muito em linha do que se tinha verificado no ano anterior.

V - Ao que acha que se deve esta preferência dos portugueses? CP - Deve-se essencialmente à qualidade dos destinos, ao exotismo e tranquilidade que lhes estão associados, e ao excelente equilíbrio entre preço e qualidade. V - No ano passado viram-se forçados a cancelar toda a operação para a Costa Rica. Este ainda é um destino que ponderam voltar a programar? CP - Não é de todo provável que voltemos a programar Costa Rica em charter à partida de Lisboa. Iremos programá-la certamente à partida de Madrid onde a apetência é bastante maior, o que associado à dimensão do mercado, nos permitirá avançar com um risco muito mais controlado e com elevadas perspetivas de sucesso. V - A Jolidey acaba de apresentar o novo website. Quais as mais-valias desta nova ferramenta comparando com a anterior? CP - Trata-se de uma tecnologia muito mais avançada que permite uma maior rapidez de operação, tornando-a mais intuitiva e eficaz. Os tempos de resposta no que respeita à procura de voos, de pacotes, ou de hotéis são claramente inferiores o que, em relação à versão anterior, representa uma enorme mais-valia.

“Estamos a fazer uma forte aposta no Jolidey Dinâmico, dando a conhecer a grande versatilidade desta ferramenta, disponível no nosso website e que permite ao agente de viagens montar os seus pacotes com voos, hotéis, rent-a-car, etc... para onde e como quiser.”


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13 MIGUEL JESUS,

diretor geral da Image Tours

“O verão correu acima das expetativas, muito por culpa de um primeiro semestre muito bom” COM A OPERAÇÃO DE VERÃO A CORRER ACIMA DAS EXPETATIVAS, COM UM AUMENTO GLOBAL DE 15% EM RELAÇÃO AO ANO ANTERIOR, MIGUEL JESUS AMBICIONA CONTINUAR A CRESCER NOS DESTINOS ONDE ESTÃO PRESENTES. EGITO E TURQUIA SÃO AS APOSTAS PARA O FIM DE ANO.

VIAJAR - A Image Tours é um operador que se distingue pela especialização em determinados destinos de África, Médio Oriente, Europa e Ásia. Quais os destinos que têm registado maior interesse por parte dos vossos clientes? Ao que acha que se deve esta escolha? Miguel Jesus - À parte dos nossos destinos clássicos, como o Egito, a Turquia, a Índia e a Jordânia, onde o mercado nos identifica como verdadeiros especialistas à longos anos, houve um aumento significativo para a Rússia, a Tanzânia, o Botswana e o Vietname, muito por culpa da forma como trabalhamos os destinos que oferecemos. O agente de viagens sabe que ao apostarmos num novo destino, apenas o fazemos com conhecimento total do mesmo, quer em termos dos programas oferecidos, quer na qualidade dos parceiros locais que escolhemos. V - O Egito sempre foi o vosso destino, digamos, de marca. O que vos distingue dos restantes operadores em relação a este destino? MJ - Publicar programas para o Egito é muito fácil, o complicado é conseguir uma boa relação qualidade/preço constante. O

que nos distingue e nos faz ser a escolha da maioria das agências de viagem em Portugal é o know how que temos do destino. O facto da empresa que recebe os clientes ser nossa e formada à nossa maneira, o facto de termos um barco de luxo no Nilo e um controle de qualidade constante, originam confiança e acima de tudo satisfação dos clientes. V - Como correu a vossa operação de verão em termos de venda? Ultrapassou as vossas expetativas? Pode adiantar números? MJ - O verão correu acima das expectativas, muito por culpa de um primeiro semestre muito bom, originado por campanhas de venda antecipada que foram muito bem aceites pelo mercado. No global registámos um aumento de 15%, comparativamente com o ano anterior, que afetou muito positivamente, também, a faturação anual.

MJ - Não estão previstos novos lançamentos, o objetivo é continuar a crescer com os destinos que possuímos, aumentando o risco junto das companhias aéreas, de forma a alimentar o nosso novo website com reservas online e confirmação imediata para a maioria dos nossos destinos. V - As viagens à medida são outro dos vossos produtos fortes. Há mais pessoas a procurarem este tipo de viagem? MJ - Sim, hoje em dia o cliente chega ao agente de viagens já com a viagem muito bem estudada, por toda a informação que dispõe online e isso origina pedidos à medida, em função das possibilidades que os destinos oferecem e que muitas vezes não constam da programação regular.

EGITO E TURQUIA APOSTAS PARA O FIM DE ANO

V - O Egito e a Turquia são as vossas sugestões para o Natal e Passagem V - Para o próximo ano estão a pensar de Ano. O que está a registar maior lançar algum novo destino ou, pelo procura? contrário, irão consolidar os que já têm MJ - Muito bem, no Egito já esgotaram os apresentando novos produtos dentro lugares lançados na primeira programação e desses? estamos neste momento a negociar lugares extra para novas ofertas. Quanto à Turquia, corre a bom ritmo, estão vendidos cerca de 80% dos lugares comprados na Turkish Airlines e por isso esperamos fechar a “Publicar operação nos próximos dias. programas para o Egito é muito fácil, o complicado V - Estamos a entrar na reta é conseguir uma boa relação final de 2019, pode fazer um balanço deste ano para a Image qualidade/preço constante. O Tours? que nos distingue e nos faz ser a MJ - Como referi anteriormente, escolha da maioria das agências o ano está a correr muito bem, de viagem em Portugal é o embora no final do verão a procura know how que temos do tenha abrandado bastante, em terdestino.” mos gerais foi bastante positivo.

CONSOLIDAR OS DESTINOS


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VIAJAR 2019 / NOVEMBRO

DANIEL MARCHANTE,

diretor operacional da Lusanova

Mercados de Natal e Festa da Flor são programas de aposta para o inverno PRESENTE TANTO EM PORTUGAL COMO NO BRASIL, O OPERADOR TENCIONA CONSOLIDAR OS DESTINOS ONDE MARCAM PRESENÇA, APESAR DE ESTE ANO ESTAREM A APOSTAR FORTEMENTE NOS MERCADOS DE NATAL, EM MUNIQUE, E NA FESTA DA FLOR, NO FUNCHAL, COMO PROGRAMAS DE OFERTA COMPLEMENTARES.

VIAJAR - A Lusanova tem na rua, desde o final de agosto, a sua programação para o Fim de Ano. Quais são as grandes novidades este ano? Daniel Marchante - Neste ano optámos por consolidar os destinos de Fim de Ano, que tiveram grande procura em 2018, como os circuitos com Réveillon em Sevilha, Madrid, Algarve e Serra da Estrela. Nos nossos circuitos clássicos oferecemos a possibilidade de um jantar na noite de réveillon em cidades como Roma, Paris, Florença, Veneza, Londres ou Berlim. O leque de ofertas é grande, entrando no nosso site temos ofertas online para múltiplos destinos. V - Quais serão as grandes novidades para a operação de inverno 2019/2020? DM - Programamos os Mercados de Natal em Munique, a Festa da Flor no Funchal e temos um catálogo virtual para o inverno austral com Argentina e Chile. V - No final do ano passado lançaram

pela primeira vez um novo catálogo “Grupos Exclusivos Lusanova” e agora voltam a lançar para o ano de 2020. O que difere este produto? Pode-se dizer que é uma aposta ganha? DM - Sem dúvida é uma aposta ganha, onde o passageiro tem à sua disposição roteiros com guia em português, sendo a programação para todo o mundo. Pode ser útil aos agentes para venda de grupos dentro da partida em regular ou para quem gosta de viajar em grupo com um guia Lusanova. V - Este ano também decidiram apostar fortemente na Índia. Como está a correr a operação? O que os clientes mais procuram? DM - Outra aposta ganha: a edição do catálogo Índia! Os clientes procuram os destinos clássicos da India como Taj Mahal, Jaipur, Veranasi, Khajuraho. As extensões ao Nepal, Maldivas e Sri Lanka são também apreciadas.

“Outra aposta ganha: a edição do catálogo Índia. Os clientes procuram os destinos clássicos como Taj Mahal, Jaipur, Veranasi, Khajuraho. As extensões ao Nepal, Maldivas e Sri Lanka são também apreciadas”

V - A Lusanova além de Portugal também tem uma presença muito forte no Brasil, com três escritórios próprios. Ao estilo de balanço como está a correr o ano? DM - Dentro das dificuldades inerentes ao baixo desempenho da economia no Brasil no corrente ano, podemos considerar que estamos na Lusanova Brasil com um desempenho seguro e equilibrado mantendo os níveis de vendas dos últimos anos. Queremos continuar a crescer nesse país, para tal contratámos uma equipa de promotores que cobre as principais praças. V - Quais os destinos que aí têm registado maior procura? DM - O produto estrela é a Europa em circuito garantido com guia em português. Mas, em cada ano registamos um aumento na procura de grandes destinos como Índia, Vietname, China, Japão, Tailândia ou Dubai. Na realidade Portugal é um destino sempre em moda e com procura alta e firme.


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NUNO ALEIXO,

diretor comercial da Nortravel

“Na Nortravel pouco mudou” A FAZER PARTE DO GRUPO AVORIS HÁ CERCA DE UM ANO, NUNO ALEIXO GARANTE QUE POUCO MUDOU NA NORTRAVEL. PARA A ÉPOCA DE INVERNO QUE AGORA INICIA, AS NOVIDADES PASSAM POR REFORÇO DOS CIRCUITOS FORA DA EUROPA, COM GUIA EXCLUSIVO (OUTUBRO A ABRIL) PARA DESTINOS COMO A ÍNDIA, INDOCHINA E PERÚ. VIAJAR - Com a inserção da Nortravel no grupo espanhol Ávoris o que é que mudou, se é que mudou? No fundo como é que as coisas estão a correr? Nuno Aleixo - Após o primeiro ano de integração no Grupo Ávoris, podemos afirmar que globalmente na Nortravel pouco mudou. A equipa manteve-se, os produtos que nos identificam mantiveram-se e em alguns destinos até foram reforçados, a relação comercial com os agentes de viagens continua forte e os clientes que viajam connosco reconhecem o prestígio da marca e a qualidade dos produtos. As mudanças mais visíveis foram no departamento administrativo da empresa, com muitas tarefas a passarem para a nossa sede em Palma de Maiorca. A estratégia de integração delineada o ano passado pela nova administração está a decorrer sem sobressaltos. Estamos agora na fase que vai ser mais visível para o mercado até ao final do ano, a mudança de todos os sistemas de gestão e venda da empresa. Contamos concluir esta fase nos próximos três meses. V - No ano passado, em entrevista à Viajar, disse que este ano iriam inserir diversos novos produtos na programação. Podemos saber quais foram e como correu a procura?

NA - Os novos produtos de 2019, que maior impacto tiveram na empresa e no mercado, foram os dois voos semanais para Cabo Verde (Ilha do Sal e Ilha da Boavista) de junho a setembro. Disponibilizámos cerca de cinco mil lugares para as duas ilhas e estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos. Para além de Cabo Verde, duplicámos a nossa oferta para a Grécia com a Aegean Airlines; iniciámos o circuito com guia Nortravel para os Estados Unidos, com saídas garantidas; aumentámos a nossa oferta com guia Nortravel na Ásia com o novo circuito “Singapura e Malásia”; com a marca Jadetravel estreámos Agadir em voo especial semanal; e reforçamos a nossa oferta para a Tunísia em voos especiais e em linha regular da Tunisair. V - Quais foram os destinos mais procurados pelos portugueses para as férias de verão? NA - Na Nortravel os destinos mais procurados foram os circuitos Europeus, as ilhas portuguesas, Cabo Verde, Tunísia (Jadetravel) e os destinos do Mediterrâneo (Malta, Sicília, Grécia, Croácia). V - Com o Fim do Ano a chegar como estão a correr as vendas? Quais os destinos que estão a registar maior procura?

“Para 2020 iremos reforçar destinos que já operamos, como por exemplo Cabo Verde. Em relação a novos destinos, neste momento podemos adiantar que teremos dois novos na Europa, um na zona mediterrânica e outro no norte.”

NA - Os destinos mais procurados no fim de ano, Madeira e Brasil, estão praticamente esgotados. Aumentámos a nossa oferta de fim da ano para a Ilha de São Miguel, nos Açores, e as vendas estão a correr muito bem. A nossa oferta contempla também programas para Marrocos, EUA, Istambul, Dubai e quatro cidades europeias. V - Há novidades a este nível e para a restante programação de inverno? NA - Nesta época de inverno 19/20, para além da nossa oferta de fim de ano, teremos a oferta de mini circuitos na Europa (setembro a dezembro), dando continuidade ao sucesso alcançado no ultimo inverno. As novidades são o reforço dos circuitos fora da Europa, com guia exclusivo (outubro a abril) para destinos como a Índia, Indochina e Perú. V - Com 2019 quase a terminar, quais as vossas perspetivas em termos de vendas e faturação? NA - Com os dados que já dispomos podemos afirmar que no final do ano atingiremos as nossas melhores projeções, atingindo a maior faturação anual de sempre na empresa. V - Quanto é que isso representa em relação ao ano passado? NA - Em termos percentuais, será muito próximo dos dois dígitos. V - Estão a pensar alargar os vossos destinos em 2020? Pode levantar um pouco a cortina? NA - Sim, para 2020 iremos aumentar a oferta com novos destinos e também com o reforço da oferta nos destinos que já operamos, como por exemplo Cabo Verde. Em relação a novos destinos, podemos adiantar que teremos dois novos na Europa, um na zona mediterrânica e outro no norte da Europa. Para além destas duas novidades estamos a trabalhar para apresentar mais destinos e produtos em 2020, que contamos apresenta-los até fevereiro.


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VIAJAR 2019 / NOVEMBRO

NUNO MATEUS,

diretor geral da Solférias

Operações de Fim de Ano para o Brasil esgotaram em agosto A CAMPANHA DE VENDA ANTECIPADA POR ALTURA DA PRIMAVERA FEZ COM QUE O VERÃO DA SOLFÉRIAS ULTRAPASSASSE TODAS AS EXPETATIVAS. AS OPERAÇÕES DE FIM DE ANO PARA O BRASIL ESGOTARAM EM POUCOS DIAS E, POR ISSO, NUNO MATEUS PERSPETIVA QUE OS RESTANTES CHARTERS TAMBÉM PODERÃO ESGOTAR MUITO EM BREVE. VIAJAR - Em declaração aos jornalistas, durante a apresentação da programação para o próximo inverno, Sónia Regateiro, COO da Solférias, disse que a faturação e volume de vendas do tour operador tem vindo a conseguir sempre ultrapassar as expetativas. Pode especificar um pouco mais? Nuno Mateus - É verdade que as coisas estão a correr muito bem mas ainda é cedo para fazer previsões de números concretos. Não nos podemos esquecer que a nossa atividade depende de muitos fatores. No entanto, o ano está a correr muito bem e começou logo muito acelerado com a campanha de reservas antecipadas, a nossa melhor de sempre, o que fez com que o ano fosse evoluindo muito favoravelmente. V - Como correu a operação de verão? NM - Ultrapassou todas as nossas expetativas. Este foi um ano que se começou a desenhar muito cedo, sobretudo, como já disse, devido à campanha de reservas antecipadas. Notamos que, cada vez mais,

se reservam as grandes viagens com uma maior antecedência. Já em relação aos charters encontramos mais limitações, até pela dificuldade de houve na obtenção de slots nos aeroportos de Lisboa e Porto, tendo-nos dificultado a antecipação de algumas dessas operações. Após o final da campanha de reservas antecipadas, que terminou a 30 de abril, o mais natural era as vendas desacelerarem um pouco, o que aconteceu, mas, mesmo assim, as vendas continuaram a um ritmo superior em relação ao ano passado. O verão que representa cerca de 40% da nossa faturação acabou por ter um reflexo muito positivo.

primeiro ano de operação, esteve excelente, seguindo-se os grandes voos regulares com particularidade para a Ásia. Podemos dizer que o nosso verão espalhou-se por uma grande diversidade de destinos.

“O FIM DE ANO TEM DUAS REALIDADES DIFERENTES”

V - Tendo em conta que a programação para o inverno de 2019/2020 e para o Fim de Ano está na rua desde o verão, quais são os destinos que estão a registar maior procura? NM - O Fim de Ano tem duas realidades diferentes, com os clientes que sabem o que querem e reservam cedo para não V - E quais foram os destinos mais procorrerem o risco de esgotar e depois há os curados? mais indecisos de última hora. Normalmente NM - Em primeiro lugar foi Cabo Verde, apelançamos primeiro o Brasil, sendo que este sar de a cota ir diminuindo e não ter baixado ano até saiu um julho, e já está esgotado em a nível de vendas, a Disneyland Paris tamcharter tanto para Salvador, à partida de Lisbém correu muito bem, Portugal no seu geboa e do Porto, como para Natal, à partida ral e Porto Santo. Marrocos foi excecional, a de Lisboa, com escala no Porto. É incrível Tunísia também surpreendeu e o Egito, para porque em agosto estes chaters já estavam esgotados, mas depois temos as operações regulares com a TAP que também estão a registar uma excelente procura. Este ano como novidade estamos “Se tudo correr a operar, pela primeira vez, bem com os slots, até uma operação do Porto para porque já temos acordo a Ilha do Sal, em Cabo com a companhia aérea, iremos Verde. Depois temos ainda três no próximo ano ter uma nova voos para o Funchal, dois operação com um voo de Lisboa e à partida de Lisboa e um outro do Porto para Hurghada, com do Porto, com um ritmo diversas excursões possíveis normal, sendo que o mesmo como é o caso do Cairo ou acontece com a operação do Porto Santo. Já para Marde Luxor.” raquexe a procura está a ser significativa para os dois voos que dispomos.


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JÚLIO SILVA,

diretor comercial da Travelplan em Portugal

Operador prevê crescimento na ordem dos 22%

V - Decidiram voltar a apostar no Egito. Como acabou de dizer esta foi uma operação que correu bem. É para continuar no próximo ano? NM – O Egito foi um destino muito curioso, porque tínhamos que ultrapassar o desconhecimento das pessoas em relação à qualidade da oferta existente no destino. Esta foi uma conquista por fases. Primeiro realizámos uma press trip, em que levámos os jornalistas a conhecerem o destino, depois decidimos lançar uma operação de Páscoa para antecipação da operação de verão, o que não nos correu nada bem. Fizemos ainda duas fam trips, uma na altura da partida da Páscoa e outra no início da operação em junho, e o impacto de ambas foi fantástico, com todos os agentes de viagens a ficarem surpreendidos com o que encontraram. Apesar de tudo, decidimos avançar, calculando o risco, e correu extremamente bem. Se tudo correr bem com os slots, até porque já temos acordo com a companhia aérea, iremos no próximo ano ter uma nova operação com um voo de Lisboa e outro do Porto para Hurghada, com diversas excursões possíveis como é o caso do Cairo ou de Luxor. V - Estão a pensar lançar novos destinos ou, pelo contrário, vão aumentar operações para alguns daqueles que estão a vendar mais? Quais? NM – Ainda é muito cedo para dizer. Uma coisa é o que gostaríamos de fazer e outra é aquilo que conseguiremos fazer. A questão dos aeroportos é extremamente complicada e já estamos a trabalhar para 2020 há já muito tempo, só que ainda não conseguimos prever isso porque ainda não está nada fechado.

A CELEBRAREM 20 ANOS DE EXISTÊNCIA EM PORTUGAL, JÚLIO SILVA AFIRMA QUE O BALANÇO DO VERÃO FOI BASTANTE POSITIVO E A PREVISÃO DE CRESCIMENTO DO TOUR OPERADOR PARA ESTE ANO É DE 22%. O TOP DE VENDAS DA TRAVELPLAN É CUBA E MARROCOS. Viajar - Qual o balanço que faz da operação de verão? Quais foram os destinos mais procurados? Júlio Silva - O Balanço é bastante positivo, temos uma previsão de crescimento na ordem dos 22% que é bastante bom, significa que contamos com o apoio das agências de viagem de Portugal. O nosso Top Sales é Cuba logo seguido de Marrocos. V - Quais os destinos que estão a registar maior procura para o Réveillon? Já há charters esgotados? Se sim, para onde? JS - Relativamente ao fim do Ano apoiamos incondicionalmente a companhia da casa que é AirEuropa, não temos charters, e a ocupação da companhia vai bastante bem.

“No 20º aniversário da Travelplan Portugal quisemos retribuir todo o apoio que os agentes de viagem nos têm prestado, por isso, 20 anos 20% de comissão.”

V - No ano passado, por esta altura, já tinham programação disponível até Agosto deste ano. E agora já têm programação até ao verão de 2020 na rua? Para onde e em que moldes? JS - A esta altura já tenho quase toda a programação à saída de Lisboa e Porto, via Madrid, com a AirEuropa até Outubro 2020, bastante mais cedo que o ano passado e já possível reservar online. V - Por ocasião do vosso 20º aniversário em Portugal, decidiram oferecer 20% de comissão de vendas ao agente de viagens em todo o vosso produto. Ao que se deveu esta ação? É para repetir? JS - Esta ação deveu-se ao 20º aniversário da Travelplan Portugal e quisemos retribuir todo o apoio que os agentes de viagem nos têm prestado, por isso, 20 anos 20% de comissão. Quero uma vez mais aproveitar a ocasião para agradecer a todos os agentes de Portugal pelo apoio ano após ano à Travelplan, bem como ao Banco de Cama Welmomebeds.


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FERNANDO BANDRÉS, diretor comercial da Soltrópico

“Em linhas gerais [2019] não tem sido um bom ano” CABO VERDE, SAÏDIA E PORTO SANTO CONTINUAM A SER APOSTAS MUITO FORTES DENTRO DA PROGRAMAÇÃO SOLTRÓPICO. A CAMPANHA “DEIXE-SE DE ARREPENDIMENTOS E MARQUE JÁ AS SUAS FÉRIAS”, QUE LANÇARAM PARA O FINAL DE ANO, FEZ JÁ COM QUE ESGOTASSE PRATICAMENTE A CAPACIDADE DO OPERADOR PARA SÃO TOMÉ E SÃO SALVADOR. VIAJAR - Em forma de balanço, como está a correr o ano? Fernando Bandrés - Em linhas gerais tem sido um bom ano. Conseguimos no verão um melhor aproveitamento dos lugares disponibilizados em charter, em todas as rotas sem exceção, em linha com a nossa estratégia de crescimento, não por um aumento da oferta mas sim por um melhor aproveitamento da capacidade contratada. O facto de prolongar estas operações até finais de Setembro, em alguns destinos, tem ajudado também nesse crescimento. V - Quais foram os grandes destinos deste ano? E para o próximo ano tencionam consolidá-los ou avançar com novos? FB - Cabo Verde, Saïdia e Porto Santo continuam a ser apostas muito fortes, que iremos manter. Nesta fase não descartamos o lançamento de alguma novidade dentro do portfolio da Soltrópico, mas ainda está em análise. Esperamos alguma contração na economia em 2020, mas se decidimos que algum destino vale o risco, lá estaremos. V - As vendas antecipadas foram a principal causa para o sucesso? FB - Estamos a verificar nos últimos anos um maior peso nas vendas das Campanhas de Vendas Antecipadas e continuaremos a

apostar nelas no próximo ano. De facto já temos quase a totalidade da programação regular prolongada até Outubro de 2020 e em breve estará também a charter. Antecipar vendas é uma aposta garantida, onde todos grossitas, o retalho e o consumidor têm vantagens claras, sempre e quando depois sejamos capazes de defender os preços médios no last minute, como na Soltrópico tentamos sempre fazer. V - Este ano para o Fim de Ano lançaram a campanha “Deixe-se de arrependimentos e marque já as suas férias”. Já tinha afirmado publicamente que esta era a programação “mais ambiciosa de sempre” para esta época do ano. Como está a correr? Já há charters fechados? FB - (risos) Não estamos nada “arrependidos”! As duas apostas mais fortes estão a responder muito bem. O voo especial para S. Tomé está já a 100 % da sua capacidade vendida e no de Salvador estamos quase esgotados. Temos ainda alguma capacidade para Marraquexe, Sal e Boavista, mas as ocupações atuais indicam que não serão partidas com dificuldades na venda. Em Portugal, o Funchal também está a ser um destino com muita demanda. Já temos completo o charter de Lisboa e lançámos recentemente uma nova operação charter

“As duas apostas mais fortes estão a responder muito bem. O voo especial para S. Tomé está já a 100 % da sua capacidade vendida e no de Salvador estamos quase esgotados.”

à partida do Porto, no dia 29 de Dezembro. Lugares garantidos com a Emirates também estão com boas ocupações, tanto para as estadias no Dubai como para os combinados com o Deserto e Ras Al Khaimah. V - Lançaram em 2016 a Academia Soltrópico. Qual o balanço que fazem deste projeto? Como têm reagido os agentes de viagens? FB - O balanço é positivo. São já muitos os agentes que têm participado nos nossos webinares, muitos deles repetentes, o que nos congratula pois essa fidelidade vem associada à qualidade que tentamos oferecer nestas formações. Conseguimos chegar, da melhor forma, a um universo maior de agentes de viagens, muitos deles em localidades onde rara vez chegam ações de formação. V - Têm verificado mais vendas para um ou outro destino devido a este tipo de formação? FB - O retorno é difícil de medir, mas sim notamos mais confiança no produto e no destino por parte dos agentes de viagens, o que sempre é positivo. De facto tentamos ser muito práticos nestas formações e aportar o argumento necessário para o agente fechar as vendas com o cliente final, o qual tem que ter, por força, impacto nas vendas.


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NUNO ANJOS,

diretor comercial da Viajar Tours

Zanzibar e Mercados de Natal são a grande aposta COM UMA APOSTA DE PROGRAMAÇÃO CADA VEZ MAIS CENTRADA EM VOOS REGULARES, A VIAJAR TOURS TEM EM ZANZIBAR E NOS MERCADOS DE NATAL A SUAS GRANDES APOSTAS PARA O FUTURO PRÓXIMO, EMBORA NÃO DESCARTE A POSSIBILIDADE DE LANÇAR NOVOS DESTINOS EM BREVE. VIAJAR - Quais as grandes apostas do Viajar Tours na operação de inverno 2019/2020? E o que têm de concretamente para o Fim de Ano? Nuno Anjos - Para este outono/inverno estamos a dar destaque a destinos com os quais temos uma maior proximidade e cumplicidade, como é o caso da Turquia, para onde temos durante o verão o charter da Riviera de Antalya - nesta época baixa apresentamos escapadas e combinados, para além dos tradicionais circuitos. Outro exemplo é a Grécia, com o habitual charter de verão para a ilha de Creta e que será aposta neste inverno através das ligações aéreas da Aegean para diversos combinados e estadias. Como novidade temos Zanzibar, um destino verdadeiramente paradisíaco. São destinos que têm já disponível o Manual do Agente, com dicas e conselhos, facilitando a informação a dar aos clientes. Outros destinos que destacamos, por terem uma boa relação qualidade/preço, são a Gâmbia, o Egito e a Tailândia. Para o Fim de Ano foi preparada uma programação baseada em voos regulares de Lisboa e Porto para São Tomé, Recife, Gâmbia, Dubai, Maldivas e Dubai, Bangkok e Phuket, Roma, Funchal, Marraquexe e Hurghada.

V - A pensar ainda nas férias de dezembro dos portugueses decidiram lançar ainda um “Especial Mercados de Natal” na Alemanha. O que vos leva a apostar neste produto. Já está a ter uma procura interessante? NA - O Viajar Tours sempre se caracterizou pela diferenciação do produto apresentado. Os Mercados de Natal, muito embora já tenham sido anteriormente divulgados por outros operadores, foram uma escolha que teve por base a diversidade e a boa relação qualidade/preço que conseguimos com os nossos parceiros locais. Apresentamos ainda minicircuitos a partir de 702€ com a duração de 5 ou 7 dias. É uma programação apelativa e bastante competitiva. As vendas têm surgido e as questões que diariamente os agentes de viagem nos colocam são mais um passo para a proximidade com o mercado nesta época baixa.

“Não iremos abandonar os charters. Os charters estiveram na origem do Viajar Tours e são a nossa paixão. Quanto à programação em voos regulares, queremos proporcionar ao mercado um maior número de opções, sempre desenhadas com base numa seleção cuidada e criteriosa de serviços.”

V - Como correu a operação charter verão? NA - A operação charter de verão correu com uma ocupação global a ultrapassar os 90%. Houve um bom nível de procura, muito embora a rentabilidade tivesse sofrido um pouco com a competitividade de outros destinos. As nossas operações dividiramse em dois grupos: Saïdia, Djerba e Tunísia Continental, em concorrência direta com outros operadores; Creta, Antalya, Riviera do Mar Jónico, Dubrovnik e Montenegro, Sicília e a exclusiva Sardenha, destinos diferenciadores no mercado e que mostram muito do que é o Viajar Tours, sempre ativo na procura de novos destinos. V - Perspetivam aumentar o vosso número de destinos no próximo ano, para além de Zanzibar? Porquê esses destinos? NA - Temos nesta altura alguns destinos em análise, tanto em charter como em voos regulares. De qualquer forma, ainda estão numa fase embrionária pelo que iremos amadurecer as ideias e conceitos que temos e queremos desenvolver. V - O Viajar Tours está a apostar cada vez mais na programação em voos regulares. É vossa intenção abandonar as operações charter? NA - Não iremos abandonar os charters. Os charters estiveram na origem do Viajar Tours e são a nossa paixão. Quanto à programação em voos regulares, queremos proporcionar ao mercado um maior número de opções, sempre desenhadas com base numa seleção cuidada e criteriosa de serviços. V - Qual o volume de faturação que o Viajar Tours espera alcançar este ano? Esse valor traduz-se num aumento de quanto? NA - Estimamos este ano ultrapassar um crescimento percentual na faixa dos dois dígitos, reflexo do que tem sido uma aposta no fortalecimento da oferta a nível de destinos e à proximidade com os agentes de viagens.


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VIAJAR 2019 / NOVEMBRO

PEDRO GORDON, diretor geral da GEA

“O ano de 2019 foi muito positivo para o Grupo GEA” COM NOVAS AGÊNCIAS NO GRUPO E UM VOLUME DE NEGÓCIOS SUPERIOR, PEDRO GORDON PREVÊ QUE O FUTURO PODERÁ CONTINUAR A SER RISONHO CASO A ESTABILIDADE POLÍTICA E O CRESCIMENTO ECONÓMICO DO PAÍS CONTINUEM. CABO VERDE, PORTO SANTO, BALEARES E ALGARVE CONTINUAM A ESTAR NO TOPO DAS PREFERÊNCIAS DOS CLIENTES DAS AGÊNCIAS QUE FAZEM PARTE DO GRUPO GEA. VIAJAR - Com o ano a terminar, qual o balanço que fazem de 2019? Pedro Gordon - O ano de 2019 foi muito positivo para o Grupo GEA, tivemos entradas de novas agências e em termos globais o volume de negócios foi superior quando comparado ao ano anterior, o que nos lança também desafios para continuar o bom trabalho em 2020. V - Quais as perspetivas de crescimento do grupo em termos de vendas e faturação? PG - Não é fácil prever o futuro porque o consumo depende maioritariamente de fatores externos à nossa atividade. Se a estabilidade política e crescimento económica do país continuar na mesma linha é de prever um crescimento moderado, consoante os níveis de confiança dos consumidores e a conjuntura internacional. V - Este crescimento deve-se sobretudo a que fatores? PG - Na minha opinião, por um lado, devese à confiança dos consumidores causada pela estabilidade e pelo crescimento económico, por outro, as viagens como atividade de lazer ocupam um lugar cada vez mais relevante na escala de necessidades dos cidadão nas sociedades modernas. São definitivamente o momento e evasão e conhecimento mais privilegiado em todas as camadas etárias e extratos sociais.

CABO VERDE, PORTO SANTO, BALEARES E ALGARVE NO TOPO DA LISTA V - Quais os destinos que revelaram maior procura durante todo o ano? E em especial agora para o final do ano e para a época de inverno 2019/20? PG - Durante o ano houve bastante procura pelos destinos de férias habituais como Cabo Verde, Porto Santo, Baleares e Algarve, para além destas regiões, houve

um crescimento efetivo e interesse pelos Estados Unidos (em especial Nova Yorque), México e República Dominicana, embora este último destino com algum decréscimo face a anos anteriores. A Tailândia cresce gradualmente como um destino de férias muito apelativo. V - Com que operadores mais trabalham por nível de importância e qual o volume de negócios que corresponde a cada um desses operadores? PG - Os operadores parceiros do Grupo com maior volume de negócios são na prática os que tem um volume de negócios maior no mercado. Por ordem decrescente são: Soltour, Solférias, Jolidey, Soltrópico, Nortravel e depois um segundo grupo formado por Viajar Tours e Travelplan. V - Tem sido fácil as agências de viagens seguirem os pressupostos lançados pela GEA? PG - Dado que os pressupostos lançados pela Gea obedecem a critérios de otimização da margem e obtenção da máxima garantia de qualidade de serviço, de uma maneira geral as agências do grupo seguem as normas. V - Qual o balanço que faz da convenção da GEA que decorreu no início deste mês de novembro? PG - Em termos gerais estou muito satisfeito com a 15ª Convenção. Foi um ano de participações record em termos de agentes e de fornecedores, dado que atingimos o número de 328 participantes. A título de informação geral, o Grupo GEA é composto atualmente por 327 agências e 425 balcões, o que demonstra um crescimento constante e sustentado do grupo. Da parte da manhã de sábado, uma sessão interna de trabalho sobre os desafios que se apresentam às agências e ao Grupo a curto razo, nomeadamente os desafios face

à distribuição aérea. Debatemos sobre as consequências práticas para o ticketing, as implementações dos diferentes canais, seja os protocolos NDC como os canais diretos ou privados das companhias aéreas considerando que o Grupo em emissões de ticketing ou viagens combinadas pode representar entre 40 a 45% do volume total de negócio das agências do grupo. Sendo um aspeto fundamental, atualmente da nossa atividade as alterações no modelo de emissões e de trabalho. Tivemso intervenções muto interessantes neste tema, já na sessão aberta com os responsáveis pelos GDS, Travelport e Amadeus. Durante a tarde tivemos uma sessão de coaching com Paulo de Vilhena de como ganhar performance e dar o melhor de si mesmo a nível pessoal e profissional e como integrar as mudanças que no dia a dia se nos apresentam na nossa atividade. Da parte da tarde realizou-se o GEA Business Lab um momento de interação e networking com os principais parceiros e fornecedores e destaco que este ano tivemos mais 70, o que foi um verdadeiro sucesso. No Domingo como é habitual decorreu a parte lúdica da Convenção através de um passeio de barco pela costa de Albufeira. Apresentamos alguns módulos da nossa nova plataforma B2B que já começamos a implementar, nomeadamente o módulo do motor comparadores de hotéis na qual estão presentes as principais como a Veturis, Bedsonline; World2Meet (W2M); IZIBookings; TourDiez e outras como a Welcome beds , temos praticamente 80% das centrais integradas. Também estamos a desenvolver um motor de viagens combinadas de pacotes com voo + hotel + transfer + seguro para obter as melhores tarifas de tour operação na elaboração de pacotes., outro módulo que está desenvolvido e que estamos a integrar, o motor comparador de cruzeiros, o módulo de pacotes de operadores e esperamos ter tudo pleno em 2020.


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Opinião

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A força do turismo R Miguel Quintas n Diretor

Geral Parcela Já

Recentemente encontrei-me a perguntar por que razão quase nunca nos esquecemos dos destinos turísticos que visitamos, mas em contraponto raramente nos lembramos se os países visitados são verdadeiramente democráticos

ECENTEMENTE ENCONTREIME A PERGUNTAR por que razão quase nunca nos esquecemos dos destinos turísticos que visitamos, mas em contraponto raramente nos lembramos se os países visitados são verdadeiramente democráticos, ou num limite superior, garantem a defesa dos direitos humanos. Há dias navegava pela internet, quando me saltou para o ecrã um vídeo fantástico sobre uma região Árabe como destino turístico. Para dizer a verdade, nem reparei que país era, nem consegui identificá-lo. Fiquei completamente absorvido pelas paisagens, os monumentos, a pessoas e os costumes, a cor… enfim, todas aquelas imagens absolutamente viciantes acompanhadas por uma narração inglesa com uma voz vibrante e um sotaque ao melhor estilo de Cambridge. No final, a revelação: “Visit Arabia”. Juro que por momentos pensei: “Que maravilha! Gostava de ir” Mas aos poucos uma onda de emoções foi-me invadindo … Arábia? A Saudita? “Sim, só pode…”. Muito provavelmente, aquele País entendeu que económica ou socialmente alguma coisa tem de ser mudada. Seguramente a começar pela imagem do próprio País. E claro, começar pelo turismo é sempre uma estratégia acertada: a indústria da Paz, da alegria, do prazer, das emoções, da segurança. O turismo é, sem dúvida, um dos caminhos mais fáceis, mais curtos e mais bonitos de percorrer para começar a mudar a imagem de países ou regiões. Não estou preocupado se existem razões económicas que façam a Arábia Saudita mudar a agulha do petróleo para alguma outra, seguramente mais sustentável a todos os níveis. Para os efeitos o que me interessa é, quem vê

aquele anúncio/vídeo está a ser convidado, física e emocionalmente, a visitar o país. Convém não esquecer que a Arábia Saudita é aquele país que não recebe refugiados Sírios ou quaisquer outros resultantes das guerras naquela zona do mundo, ou que nunca se opôs aos avanços do extinto DAESH, ou mesmo aquele país que ainda lapida ou chicoteia as mulheres adúlteras, sem recurso a alguma justiça tal como conhecemos no mundo ocidental. Ou que obriga a sua seleção de futebol a não respeitar um minuto de silêncio, em pleno país atingido pelo horror dos atentados terroristas. Ou ainda aquele país que assassina o jornalista dissidente Jamal Khashoggi no seu consulado em Instambul e o faz desaparecer. Naturalmente que, com esta última imagem bem presente na memória, e por pura analogia, aquilo que menos me apetece fazer é visitar a Arábia Saudita. Seja a seu convite, seja por vontade própria. Por mais bonito e precioso que o lugar seja. Independentemente do meu interesse, acredito que muito provavelmente a Arábia Saudita virá a ser um destino turístico de referência. As enormes alterações legais e culturais que já produziram para permitir a visita de mulheres “ocidentais”, demonstra o claro compromisso do País. A enorme riqueza cultural existe. A capacidade financeira não falta. Será mesmo uma questão de tempo. O tempo que demora a esquecer, quer as atrocidades democráticas e constantes atropelos aos direitos humanos perpetrados, assim como o tempo que demora a esquecer qualquer visita turística a um País novo. Entre um e outro, ninguém tem dúvidas sobre qual prevalece e a força que o turismo tem.


Quinta Gradil

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Uma roadtrip de ENOTURISMO pela Região Centro N

O FILME “SIDEWAYS”, dois amigos decidem embarcar numa viagem pela região vinícola da Califórnia. Uma roadtrip por paisagens cénicas cheias de colinas verdes e planícies repletas de vinhas com três propósitos: Divertimento, relaxamento e beber vinho. O filme, realizado por Alexander Payne em 2004, acabou por vencer um Oscar de melhor argumento adaptado. E porque não adaptar este argumento à sua vida neste Verão? A região Centro de Portugal tem uma admirável tradição vinícola e está recheada de diversidade paisagística e climática, características propícias para

vinhos com uma multiplicidade de sabores, mas de ímpar qualidade. Por isso, sugerimos-lhe um roteiro de enoturismo que atravessa quatro das nossas deslumbrantes regiões, Oeste, Médio Tejo, Serra da Estrela e Dão. Meta uma mala no carro, arranque e saboreie cada quilómetro desta viagem. A JORNADA INICIA NO OESTE, na vila do Cadaval. Lá, no sopé da Serra de Montejunto, vai encontrar a Quinta do Gradil, uma propriedade secular cheia de histórias que já foi, inclusivamente, propriedade do Marques de Pombal. É uma das mais antigas herdades vitivinícolas da região. O Casa insua

antigo celeiro foi convertido num restaurante, cujo Chef idealiza menus de degustação específicos e sabores que se misturem harmoniosamente com os vinhos da produzidos pela quinta. Há várias experiências à disposição dos visitantes, incluindo um tour na quinta que inclui as histórias da casa e o processo de viticultura, passando pela adega e terminando com uma prova de vinhos selecionados. É ainda possível fazer um passeio a cavalo entre as vinhas e a floresta nas redondezas, um tour de birdwatching, caminhadas diversas na natureza e uma experiência num moinho de vento no topo da serra, que inclui assistir à moagem dos cereais e até participar no processos de amassar e cozer o pão. A VIAGEM PROSSEGUE PELO MÉDIO TEJO. Após explorar as misteriosas ruas históricas da cidade de Tomar, arranque no sentido Este, rumo a Valdonas, onde poderá fazer uma visita à Quinta Herdade dos Templários, onde lhe esperam várias experiências antes de provar os seus vinhos brancos, tintos, rosé e moscatel. Desde um passeio pelas vinhas com explicação detalhada do ciclo da videira e os diferentes tipos de castas cultivados a uma visita à adega passando pelas diversas etapas da vinificação dos vários tipos de vinho desde a entrada das uvas, a fermentação alcoólica, o estágio em barricas, até ao engarrafamento. Após saciar a sua curiosidade, poderá então saciar o palato e outros sentidos, com uma prova sensorial de cinco vinhos selecionados num ambiente acolhe-


dor, acompanhada pela degustação de produtos locais, como queijos regionais, enchidos tradicionais e pão artesanal. SIGA PARA NORDESTE, em direção à vila de Unhais da Serra, na vertente Sudoeste da Serra da Estrela. A 600 metros de altitude, vai encontrar a Quinta da Vargem, propriedade dos descendentes do escritor Almeida Garret. Para além de oferecerem várias atividades de enoturismo, que incluem visita às vinhas e à adega tal como a provas de vinhos que produzem com a casta Chardonnay que a família trouxe de França, é também um

sítio onde pode pernoitar e descansar antes de seguir viagem. Tem sete quartos, piscina e um campo de ténis rodeado por árvores, onde se poderá exercitar antes de saborear os néctares da quinta. O empreendimento organiza também caminhadas na montanha, colheita de frutos vermelhos e passeios micológicos, com apanha de cogumelos silvestres na altura do Outono e Inverno. Seguidamente, PROSSIGA PARA NORTE, a caminho de Penalva do Castelo. Vai lá encontrar a Casa da Insúa, um hotel de charme instalado num edifício barroco do século XVIII, construído por Luís Albuquerque, antigo governador colonial no Brasil. Pode percorrer os seus salões cheios de história e até visitar um núcleo museológico que reúne antiguidades que testemunham o passado da quinta, tal como vários artefactos exóticos que o antigo governador trouxe do Brasil, como utensílios de caça e pesca artesanais dos índios brasileiros. É possível agendar uma visita guiada às vinhas e à adega da quinta, tal como fazer uma prova de vinhos sob orientação de um enólogo. Para acompanhar o néctar de Baco, a quinta organiza workshops de produção de queijo da serra, numa queijaria própria nas suas instalações. Poderá ainda passear nos seus esplêndidos jardins oitocentistas ingleses e franceses e relaxar numa piscina exterior aquecida. Poderá então pensar no regresso ou, simplesmente, deixar-se ficar.

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RAUL MARTINS,

presidente AHP – Associação da Hotelaria de Portugal

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Algarve

The sunny icon of Portugal “Prevemos que este ano se volte a bater um novo recorde de turistas” RAUL MARTINS ACREDITA QUE O TURISMO EM PORTUGAL IRÁ CONTINUAR A CRESCER, EMBORA A UM RITMO MAIS REDUZIDO. DO NOVO GOVERNO ESPERA UMA “MAIOR INTERLIGAÇÃO” PARA CONSEGUIREM CONCRETIZAR A REVISÃO DO REGIME JURÍDICO DOS EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS. ACREDITA QUE “O MONTIJO SE VAI CONCRETIZAR” E ASSEGURA QUE ESTÃO A ACOMPANHAR “COM PREOCUPAÇÃO” O CASO DA THOMAS COOK. Por Sílvia Guimarães

VIAJAR - O Turismo em Portugal continua em alta apesar do fim de ciclo ditado por muitos e que o senhor contrariou ao afirmar à VIAJAR, no início do ano, que o que “temos é um destino mais maduro”. Ainda prevalece com a mesma opinião? RAUL MARTINS - As estatísticas assim o confirmam, prevemos que este ano de 2019 se volte a bater um novo recorde de turistas, com um aumento de 6/7%. O Turismo vai continuar a crescer, mas não podemos esperar que cresça ao mesmo ritmo de 2016 e 2017. Temos um destino mais maduro e continuamos a crescer tanto em preço como em receitas. Para além disso, somos, conforme anunciado pelo Turismo de Portugal em dezembro de 2018, dos países do Mediterrâneo, aquele que tem a sazonalidade mais baixa (36,5%). V - Acha que agora com o novo governo, apesar de as figuras do setor continuarem a ser as mesmas, alguma coisa irá alterar em relação aos programas em desenvolvimento para o setor?

RM - O ministro da Economia é o número dois do atual governo, mas há uma nova secretária de Estado. Esperamos que haja uma maior interligação com os outros Ministérios, por forma a reformularmos a legislação, nomeadamente a revisão do Regime Jurídico dos Empreendimentos Turísticos, para que o denominado Alojamento Local “coletivo”, como os Hostels, Guesthouses e Estabelecimentos de Hospedagem, seja integrado nos Empreendimentos Turísticos. V - É defensor de um aumento da estada média no país para tentar combater a redução de dormidas. É ainda defensor da criação de campanhas nesse sentido. O que é que a AHP tem vindo a desenvolver com as AT’s neste sentido? RM - O aumento da estadia média é fundamental para a sustentabilidade do setor e poder aumentar as taxas de ocupação numa altura em que o transporte aéreo está fortemente condicionado à expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa. A promoção de Portugal e dos destinos turísticos é

“O Turismo vai continuar a crescer, mas não podemos esperar que cresça ao mesmo ritmo de 2016 e 2017. Temos um destino mais maduro e continuamos a crescer tanto em preço como em receitas.”

um tema estratégico para o Turismo e todas as ações devem ser enquadradas na atuação concertada entre o Turismo de Portugal e as Agências Regionais. A AHP o que faz é propor, como aconteceu o ano passado com a campanha que propusemos à ATL.

“PENSO QUE O MONTIJO SE VAI CONCRETIZAR” V - Acha que o Montijo ainda vai para a frente ou é cada vez mais difícil acreditar nessa realidade? RM - Penso que o Montijo se vai concretizar com as necessárias medidas compensatórias definidas no estudo de impacto ambiental.


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No entanto, este atraso traz-nos preocupação, pois provoca constrangimentos ao aumento do turismo. O esgotamento do Aeroporto Humberto Delgado afeta todo o país, uma vez que é a principal porta de entrada em Portugal. Portela + Montijo vai permitir passar de 29 milhões passageiros/ano para 50 milhões, o que permitirá o aumento de turistas a nível nacional de mais de 30%.

V - Tem uma estimativa dos prejuízos causados pelo desaparecimento da Thomas Cook na hotelaria portuguesa? Acha que alguma vez será possível a recuperação de algum desse valor? Como? RM - A média da dívida situa-se entre os 70 e os 100 mil euros, pelo que os credores terão de reclamar estes valores junto do seguro ou ao administrador da insolvência.

V - Tem conhecimento se as novas regras sobre o Alojamento Local têm estado a ser aplicadas? De que forma? RM - Os nossos associados de Alojamento Local – Hostels, Guesthouses e Estabelecimentos de Hospedagem - já cumpriam a maior parte dessas regras, pelo que não houve problemas de maior. Quanto aos demais não acompanhamos.

V - Como é que a AHP está a acompanhar o caso de falência do tour operador inglês Thomas Cook? Há risco de alguns hotéis, sobretudo nos grandes destinos de sol e mar, como é o caso do Algarve e Madeira, virem a encerrar portas? RM - A AHP acompanha com preocupação esta falência, que tem grandes impactos particularmente no Algarve e Madeira. Era um grande operador, com agências e operadores em vários mercados emissores, particularmente no Reino Unido, e que merece a confiança dos consumidores e dos empresários do Turismo. A questão da quebra de confiança não é secundária! Cremos que a quebra de negócio futuro é mais importante do que os prejuízos presentes, embora haja grupos que tenham sofrido um grande impacto. Felizmente os grupos hoteleiros com perdas maiores tinham seguro de crédito. A não ser assim a situação era bem mais grave, porque as hipóteses de recuperar dívida nas insolvências é, como sabemos, baixíssima. Para o momento presente, o governo salvaguardou situações de maior sufoco com a criação de uma linha de apoio com um montante até 1,5 milhões de euros para financiar necessidades de tesouraria.

REVIVE E VALORIZAR

V - Foi recentemente dado a conhecer que nos primeiros seis meses de 2019 entraram 166 empreendimentos turísticos em processo de licenciamento, dos quais com maior incidência no Norte e Alentejo. Como vê esta questão? RM - Para já não se sabe quantos destes são efetivamente empreendimentos turísticos. Estes números são baseados nos pré-certificados energéticos emitidos pela ADENE. Estes números abrangem todo o tipo de projetos de uso turístico, sejam Empreendimentos Turísticos ou não, desde hotéis a hostels, apart-hotéis, residenciais, pousadas, aldeamentos turísticos, unidades de turismo rural ou parques de campismo, entre outros. Pelo que não é correto dizer que se encontram 166 Empreendimentos Turísticos em processo de licenciamento.

V - O Programa Revive, lançado, pela secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, reabilitou o património e levou a hotelaria, na maioria de luxo, a diversas zonas do país. Considera este um programa fundamental para o desenvolvimento da hotelaria no interior do país? RM - Foi um dos programas de referência do anterior governo e fundamental para a preservação e reabilitação do património público, que resultou no “casamento perfeito” entre o Turismo e a Cultura e abrange todo o território nacional e não apenas o interior do país. O sucesso foi tal que, em setembro deste ano, foi alargado ao Revive Natureza, que pretende reabilitar imoveis como antigas casas de guardas florestais e antigos postos fiscais e, por outro lado, criar emprego em meios mais pequenos. Em termos de desenvolvimento no interior do país, houve outro programa que teve mais peso, que foi o Programa Valorizar, que apoiou projetos como a valorização turística do interior, a sustentabilidade ou a captação de congressos e eventos.

“NÃO SE PODE FALAR EM CRESCIMENTO DESMESURADO DA HOTELARIA!” V - Se é verdade que o Turismo em Portugal poderá entrar em ciclo contrário o que é que a AHP acha que poderá vir a acontecer a este crescimento desmesurado da hotelaria, sobretudo nos grandes centros urbanos?


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31º CONGRESSO NACIONAL DA HOTELARIA E TURISMO “PREPARAR O AMANHÔ - (Viana do Castelo) 20 NOVEMBRO 19h - Get Together, Forte de Santiago da Barra

“O Parque hoteleiro vai crescer em 2019, mas de forma moderada, com a taxa de ocupação a crescer no Norte, Centro, Alentejo e Açores e a estagnar em Lisboa, Algarve e Madeira, em resultado do aumento da oferta.”

RM - Não se pode falar em crescimento desmesurado da Hotelaria! Desde logo, a experiência da AHP demonstra que as aberturas anuais ficam muito aquém das previsões quando se faz um balanço. No início de 2018, previam-se 61 novos hotéis, maioritariamente nas cidades de Lisboa (25) e Porto (10). No final de 2018 constatámos que as intenções de aberturas não se confirmaram. Afinal abriram apenas 26 dos 61 hotéis inicialmente previstos (10 hotéis em Lisboa e no 5 no Porto). Neste ano de 2019, as previsões apontavam para um aumento da oferta, com 65 hotéis em carteira para este ano. Todavia, no primeiro semestre abriram 17 novos hotéis (sendo 5 na cidade de Lisboa e 5 na cidade do Porto). Portanto, para se concretizarem as previsões de janeiro teriam de abrir, de julho a dezembro, 48 novos hotéis, o que não é razoável. O Parque hoteleiro vai crescer em 2019, mas de forma moderada, com a taxa de ocupação a crescer no Norte, Centro, Alentejo e Açores e a estagnar em Lisboa, Algarve e Madeira, em resultado do aumento da oferta. V - “Portugal: Preparar o Amanhã” é o tema do 31º Congresso da AHP. A associação ao escolher este tema está a preparar os hoteleiros para dificuldades que poderão surgir nos próximos anos?

RM - O Turismo vai continuar a crescer, tanto em Portugal como no mundo. Todavia, confrontamo-nos com um quadro macroeconómico e geopolítico mundial que requer uma atenção especial. Mas, também, a nível nacional há fatores que poderão ter um impacto muito significativo na atividade. Mas o Turismo tem ciclos de expansão e contração, períodos de maturação, concorrência de outros destinos, pelo que temos de debater e antecipar o que o futuro nos irá trazer. Temos, por isso, todos os ingredientes necessários para fazer deste, que já é um ponto alto da agenda do setor, um grande congresso. V - A entrarmos na fase final de 2019, que balanço faz do Turismo em Portugal? RM - Portugal reúne as melhores condições para continuar a crescer e competir com os melhores players internacionais; empresários inovadores e bem preparados; um povo orgulhoso da sua história e património e um quadro político consciente de que o Turismo é essencial. Com a ampliação da capacidade aeroportuária de Lisboa, estarão reunidas as condições para que a nossa indústria dê o maior contributo para a afirmação de Portugal, podendo, a partir de 2022, fazer crescer, até 3 pontos percentuais, o PIB nacional.

21 NOVEMBRO SESSÃO DE ABERTURA 9h – Leitura da Mensagem de S. Exa. O Presidente da República por Luís Ferreira Lopes, Assessor para os Assuntos de Economia, Empresas e Inovação | R aul Martins, presidente da AHP | J osé Maria Costa, Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo 9h30 – Pedro Siza Vieira, Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital 1º PAINEL 10h – “Investimento hoteleiro em Portugal” Mesa Redonda | J orge Rebelo de Almeida, Presidente Grupo Vila Galé |M anuel Proença, Chairman Grupo Hoti Hotéis | António Trindade, Presidente Grupo PortoBay | J osé Roquette, Administrador Grupo Pestana | C arlos Silva Neves, Administrador SANA Hotels 11h30 – Coffee Break 2º PAINEL 12h – “Convergência Ibérica. As oportunidades de Portugal em Espanha – Como seduzir Espanha?” Mesa Redonda |D aniela Santiago, Correspondente RTP em Espanha | J avier Martin, Correspondente El Pais em Portugal |M afalda Bravo, Country Manager Portugal Ávoris Group |M aria de Lurdes Vale, Coordenadora do Turismo de Portugal em Espanha 13h30 – Almoço 15h – Francisco Calheiros, Presidente da CTP – Confederação do Turismo de Portugal 3º PAINEL 15h15 – “Desafios da comercialização digital” Mesa Redonda | P aulo Duarte, Diretor de Operações Memmo Hotels | R ik Plompen, Director of Distribution Technology & Channel Analytics Design Hotels

| S ofia Brandão, Diretora de Operações AlmaLusa Hotels 16h30 – Coffee Break 17h - “Game Changing: a transformação da Indústria da Aviação e as implicações para Portugal” Keynote speaker | G avin Eccles, Consultor e Professor Universitário Mesa Redonda | TAP Portugal | EasyJet | Jet2 | Apresentação ANA Aeroportos | F rancisco Pita, Administrador ANA Aeroportos 20h15 – Jantar, Quinta do Carvalho 22 NOVEMBRO 9h – “An awesome amenity for every type of guest”, by PressReader 5º PAINEL 9h15 – “Crescer a Norte” Keynote Speaker | L uís Pedro Martins, Presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte Mesa Redonda |M ário Ferreira, CEO da Douro Azul | J oão Gomes da Silva, Chief Sales and Marketing Officer Sogrape | B ernardo D’Eça Leal, Managing Partner do The Independente Collective | P aulo Garcia da Costa, Owner do Vila Foz Hotel & Spa 11h30 - Como avaliar e valorizar o meu hotel: a visão de um investidor”, by Aura REE 6º PAINEL 11h45 – As Oportunidades que Temos no Novo Mercado do Luxo: A Nossa Singularidade Keynote Speakers | R odrigo Machaz, fundador da Memmo Hotels | P edro Santa-Clara, Professor universitário Mesa Redonda |M iguel Guedes de Sousa, Founder e CEO “JNCQUOI” Amorim Luxury Group | L uís Sousa, Mr Travel Portugal | S amuel Torres de Carvalho, STC Arquitetos SESSÃO DE ENCERRAMENTO 13h15 – Raul Martins, Presidente da AHP | R ita Marques, Secretária de Estado do Turismo


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BERNARDO TRINDADE,

administrador do Grupo PortoBay

“Portugal está mais preparado para receber um leque de turistas mais alargado” APOSTAR NA QUALIDADE E EM PRODUTOS DIFERENCIADORES É O QUE O ANTIGO SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO DEFENDE PARA QUE O TURISMO EM PORTUGAL POSSA CONTINUAR A CRESCER. ESCUSANDOSE A FALAR DO CASO SATA, BERNARDO TRINDADE ACREDITA QUE ATÉ 2022 VENHA A EXISTIR MESMO UM PLANO DE CONTINGÊNCIA DA PORTELA. Por Sílvia Guimarães VIAJAR - Os dirigentes de algumas das principais associações do Turismo em Portugal, e até mesmo o senhor, já têm vindo a afirmar desde o ano passado que “estamos num fim de ciclo” ou numa “inversão de ciclo”. O que acha que poderá estar a travar o contínuo crescimento do Turismo no país? A falta do aeroporto do Montijo? A recuperação de outros países como a Tunísia ou a Turquia? BERNARDO TRINDADE - Bom início de conversa. Concordo. Por um lado, a incapacidade em aumentar fluxos de procura em resultado do congestionamento da nossa principal infraestrutura. Aqui com reflexos em todas as regiões do país e não só Lisboa. E, por outro lado, a recuperação dos destinos da Bacia do Mediterrâneo em resultado do regresso de uma acalmia política a que se junta a utilização de fatores de competitividade como sejam a desvalorização da moeda (como exemplo, desde o referendo do Brexit a libra desvalorizou 14% em relação ao euro e simultaneamente a lira turca desvalorizou 40%) ou a desvalorização salarial. De qualquer forma, sinto que hoje Portugal está mais preparado para receber um leque de turistas mais alargado, sobretudo os provenientes de outras geografias. V - Então, o que é necessário fazer-se para que esta inversão de ciclo não surja a curto prazo, sobretudo quando o Montijo ainda é apenas uma miragem? BT - Continuar a apostar na qualidade e em produtos diferenciadores. Aqui sem falsas modéstias, julgo que o grupo PortoBay tem sido contribuinte, acompanhando uma tendência nacional visível em todas as regiões.

“O BAIXAR DE PREÇOS NUNCA FOI UMA OPÇÃO”

V - Depois de tantos entraves considera que o Aeroporto do Montijo vai mesmo avançar? Se não vier a acontecer poderá V - Baixar os preços poderá ser uma possiser mesmo o início do fim para o Turismo bilidade? Porquê? em Portugal Continental? BT - O baixar de preços nunca foi uma BT - A minha convicção é que até 2022, opção. Há quem faça isso de forma mais como se prevê, tenhamos um plano de concompetente do que Portugal. Os preços tingência da Portela que permita não perder devem estar de acordo com a aquilo que temos perdido em termos qualidade do produto. Para de ‘slots’ requeridas pelas comisso, um bom planeamenpanhias aéreas. Estima-se “O baixar de to financeiro, uma boa que estejam a ser recusaestrutura de capitais dos perto de dois milhões preços nunca foi uma deve proporcionar a de passageiros por ano opção (...) Os preços devem almofada necessária e isso não é aceitável. estar de acordo com a quapara prevenir períolidade do produto (...) Preços dos menos conseguiV - Como vê a situação dos. Preços baixos da SATA? Acha que pobaixos conferem no consuconferem no consuderá correr o risco de midor uma expetativa de midor uma expectativa falência caso a situação menos qualidade” de menos qualidade. Ora não se altere? não é essa a imagem do BT - Como vogal da TAP não nosso país. devo pronunciar-me em relação


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“O grupo PortoBay opera num segmento muito exigente, pois procuramos fazer hotéis sempre no topo de cada categoria, seja ela 4 ou 5 estrelas. É aqui que queremos continuar a posicionar as novas unidades”

à situação da SATA, ainda que reconheça a importância do seu papel. V - Isso poderá ser catastrófico no que respeita à vinda de turistas de dois grandes mercados para Portugal, como é o caso dos Estados Unidos e do Canadá? BT - Independentemente do que aconteça, acredito que existirão sempre alternativas e que se encontrarão soluções para que o mercado seja o menos afetado possível por qualquer alteração que exista. V - O Grupo PortoBay, em menos de um ano, inaugurou duas unidades no Porto, uma de quatro e outra de cinco estrelas. Pode-se dizer que a boa onda do turismo também se repercutiu ao vosso grupo? BT - O crescimento do grupo tem sido sustentado e sempre dissemos que o objetivo passava por crescer em Portugal. Claro que o bom momento do turismo ajuda nessa estratégia.

CRESCIMENTO BASEADO EM PRODUTOS DIFERENCIADOS V - Atualmente, com 15 unidades hoteleiras (12 em Portugal – 7 na ilha da Madeira, 1 no Algarve, 2 em Lisboa e 2 no Porto – e 3 unidades no Brasil – Rio de Janeiro, Búzios e São Paulo), o grupo tenciona continuar a expandir em Portugal e além-fronteiras? BT - Queremos crescer com produtos fortemente diferenciados e que julgamos corresponder às tendências de futuro da oferta turística. Temos em carteira neste momento dois projetos, um no Funchal – Old Town na zona velha da cidade - e outro no Algarve. Neste último destino, a opção é, para já, fazer tudo de raiz, adquirindo um

terreno formidável em Lagos, onde temos previsto um hotel 5 estrelas com cerca de 100 quartos. É uma oportunidade rara no Algarve porque o terreno é muito grande, quase 40.000 metros, tocando as areias de duas praias e ainda com um elemento histórico muito diferenciador. Isto vem ao encontro do que temos refletido acerca do Algarve, um destino com enorme potencial mas onde faltam produtos novos, modernos, com capacidade para atrair e encantar uma faixa de clientes muito exigente e com elevado poder de compra. V - Está em aberto a hipótese de investirem noutros países que não apenas o Brasil? BT - O grupo PortoBay opera num segmento muito exigente, pois procuramos fazer hotéis sempre no topo de cada categoria, seja ela 4 ou 5 estrelas. É aqui que queremos continuar a posicionar as novas unidades. Por isso, temos de ser muito criteriosos na escolha dos novos locais até porque, embora tenhamos um conjunto de standards bem definido, temos muita atenção na localização, ou seja, cada unidade precisa de fazer parte da identidade do seu lugar antes de tudo. Isto obriga a um trabalho enorme, somos muito “paternais” com os nossos hotéis e pode dizer-se que isso nos atrasa quando comparamos com outros grupos. Claro que novos destinos são importantes e PortoBay precisa de diversificar os mercados em que tem oferta, até para reduzir risco sobretudo de investimento. Vamos iniciar em breve uma nova fase de procura, não estamos seguros exatamente onde isso se vai materializar, mas como já temos vindo a dizer, Espanha certamente estaria no topo das prioridades.

V - Em 2018, terminaram o ano com receitas superiores a 82 milhões de euros. Pensa ser possível ultrapassarem este ano essa fasquia recorde para o grupo? BT - É natural que o consigamos, até porque adicionamos inventário com a aquisição de duas unidades no Porto e a recente inauguração das Suites at the Cliff Bay no Funchal. V - A entrarmos na reta final de 2019, pode fazer um balanço de como está a correr 2019 para o PortoBay? BT - Ano positivo, com novos projetos e desafios. Novos colaboradores a integrarem a família PortoBay prontos a responder a uma estratégia ambiciosa ainda que muito realista. V - “Portugal: Preparar o Amanhã” é o tema do 31º Congresso da AHP. Com este tema verifica-se que os hoteleiros estão mesmo preocupados com o que virá. O que considera fundamental ver-se debatido durante o congresso? BT - Com uma cada vez maior profissionalização do setor. Preparar o amanhã é um ato de gestão consciente. Quanto melhor prepararmos o amanhã, menos surpresas encontraremos nas mudanças de ciclo que falámos.


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BTL 2020, de 11 a 15 de março

FIL volta a ser o palco do Turismo em Portugal A

ÚLTIMA EDIÇÃO DA BTL foi considerada uma das melhores de sempre. 71.000 visitantes, entre profissionais e público demonstraram o crescente interesse e vitalidade de um setor que representa cerca de 15% do PIB nacional. Durante cinco dias, a Bolsa de Turismo de Lisboa é a plataforma mais importante para divulgar novidades, novos serviços e firmar negócios para além de proporcionar aos milhares de visitantes a possiblidade de adquirirem férias ou short break a preços exclusivos. “Após anos de sucessivos sucessos, a BTL assume-se hoje como o evento mais importante do setor turistico em Portugal. A par das atividades regulares que compõem uma feira deste género, a BTL assume o desafio de continuar a inovar e acompanhar as tendências de uma área que na última década tem mudado a um ritmo constante com base na mudança do perfil dos consu-

midores, na tecnologia e também na percepção do luxo. Portugal está definitivamente na rota do turismo mundial e a BTL tem por objetivo reforçar este posicionamento através de uma estratégia de consolidação da notoriedade e inovação de todos os que trabalham diariamente para a denominada indústria do sorriso”, afirma Dália Palma, Gestora da Bolsa de Turismo de Lisboa A edição de 2020 terá como principal foco a área do Enoturismo, com um espaço próprio de divulgação dos sabores e marcas dos vinhos nacionais, assim como ds estruturas hoteleiras que proporcionam experiências únicas nesta área. Outra das novidades é o BTL Festivals, um tema que tem apresentado um grande crescimento e que aposta na diversificação e na descentralização, como motor de fluxos turísticos fora de grandes centros urbanos. Empresas, serviços e programação são o ponto de partida para mostrar o que de melhor se faz no nosso

país. Outra das áreas de destaque será a BTL Lab, um espaço de debate e reflexão que se tem vindo a afirmar no evento. Em 2020, a Feira contará igualmente com outros palcos de discussão através de Conferências e debates nomedamente sob o papel das mulheres no desenvolvimento e lidernça neste setor. Outros dos aspectos a salientar é o Programa de Hosted Buyers que reforça a imagem do Turismo nacional além fronteiras em mercados preferenciais como o chinês, americano ou japonês. Organizada pela FIL, a Fundação AIP, a BTL 2019 contou com a participação de 46 destinos internacionais, incluindo Malta, Syechelles, Jamaica ou Tanzânia que participaram pela primeira ou outros de presença regular como o Brasil, que marcam a sua presença numa feira.que se assume como o centro da capacidade e força do turismo em Portugal.


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