As crónicas da Vida Económica

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Jorge Vasconcellos e Sá João Luis de Sousa

As crónicas da Vida Económica Uma década na defesa da liberdade económica (2007-2016)

Prefácio de José António de Sousa Colaboração de Fátima Olão e Magda Pereira


FICHA TÉCNICA Título As crónicas da Vida Económica: Uma década na defesa da liberdade económica (2007-2016) Autor Jorge Vasconcellos e Sá João Luís de Sousa Colaboração Fátima Olão e Magda Pereira Editor Vida Económica - Editorial, SA R. Gonçalo Cristóvão, 14 - 2º • 4000-263 Porto www.vidaeconomica.pt • http://livraria.vidaeconomica.pt Composição e montagem Vida Económica Impressão e acabamento Uniarte Gráfica, S.A. • 4300-414 Porto Depósito Legal 419136/16 ISBN 978-989-768-304-6 Executado em dezembro de 2016 Este livro abrange o antigo acordo ortográfico

A cópia ilegal viola os direitos dos autores. Os prejudicados somos todos nós.

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Index Prefácio........................................................................................................................................ 5 0. Introdução............................................................................................................................. 11 I. A História .............................................................................................................................. 21 II. A Natureza humana .......................................................................................................... 55 III. O Mundo ............................................................................................................................ 87 IV. A Europa ........................................................................................................................... 119 V. A Democracia .................................................................................................................... 159 VI. A Liberdade económica .. ............................................................................................... 187 VII. Portugal ........................................................................................................................... 221 VIII. A Gestão......................................................................................................................... 293 IX. Conclusão ......................................................................................................................... 351 Sobre a Liberty Seguros........................................................................................................ 359

Esperança de vida da população 1800, 1950 e 2012 Anos

Japão Austrália Espanha Noruega EUA Canadá

Nigéria Moçambique Serra Leoa India Somália Butão India Coreia do Sul

Fonte: https://ourworldindata.org/life-expectancy/

Bélgica Holanda EUA


PrefĂĄcio

It’s not enough to be up to date; we must be up to tomorrow. (Shimon Peres)


Tenho o imenso prazer de conhecer pessoalmente ambos os autores. Na vida há sempre pessoas que nos tocam e influenciam pela positiva (também as há de sentido contrário…), cujo contacto e relacionamento nos enriquece, e nos faz melhorar enquanto seres humanos, e enquanto profissionais. Essa é, inquestionavelmente, desde há muitos anos, a minha experiência pessoal quer com o Professor Vasconcellos e Sá, um profissional notável no campo da gestão, do ensino, da escrita e da conJosé António de Sousa Presidente e CEO da Liberty Seguros

sultadoria de Management, quer com João Luís de Sousa, Director Executivo e Editor do Semanário Vida Económica.

Jorge Vasconcellos e Sá é em Portugal a autoridade máxima nos ensinamentos de Peter Drucker, o maior guru visionário de todos os tempos na doutrina do Management, cujos ensinamentos perduram décadas depois, imutáveis, quase dogmáticos, com total e indiscutível validez aos dias de hoje. Já o meu amigo João Luís de Sousa, Director e Editor do excelente Semanário Vida Económica, um Semanário que, sendo um farol de boa gestão, criteriosa e exigente, num sector de media fortemente abalado pelas novas tecnologias, crise do país e de valores e princípios éticos (a crónica “R. Conquest, Kravchenko e a responsabilidade da comunicação social” é clara sobre isso – número cinco no capítulo I), conseguiu capear a crise com mestria e bom senso, afirmando-se e consolidando-se no panorama informativo e editorial português como uma referência notável de qualidade e isenção. Escrever um prefácio para um livro feito em coautoria por estes dois profissionais, que são tão diferentes entre si, e com estilos de escrita igualmente muito distintos, é sempre um desafio complexo, e que só se vence porque há um claro fio condutor e de alinhamento de propósitos, quer entre ambos os autores, quer entre eles e este humilde e agradecido prefaciador.

Prefácio

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Falo do nosso comum amor irrestrito, imenso, profundo, a este Portugal que nos apaixona, e pelo qual lutamos. Falo do nosso objectivo comum de contribuir, com as armas de que dispomos para exercer a nossa actividade quotidiana de profissionais e cidadãos comprometidos, para que esta nossa maravilhosa Nação, a passar provavelmente pelo período de maior dificuldade política, social e económica na sua História recente, quando tudo aquilo que observamos aponta para o abeirar de um precipício que se avizinha, possa pelo menos identificar uma fundamentada esperança no horizonte, mesmo longínquo, indicando tendencialmente que um futuro melhor é possível. Só teremos êxito, obviamente, desde que, coletivamente, decidamos meter mãos à obra, e trabalhar para vencer. Trabalhar não com o nosso umbigo à vista (o curto prazo, e os interesses corporativos dos vários grupos que disputam o poder em Portugal), mas antes com o interesse coletivo da Nação na linha do horizonte à vista. Foram os autores que escolheram as crónicas que queriam publicar neste livro, sendo certo que terão escrito muitas outras mais na década desta coletânea, um ano antes de estalar com violência a crise financeira internacional que quase levou o mundo à ruína, até aos dias de hoje. As crónicas foram escritas portanto nos piores anos da crise que nos flagela, e são um hino à liberdade, ao pluralismo de opiniões, à candura, à franqueza, um potente estímulo ao diálogo que hoje em dia parece estar fortemente condicionado pelo medo de falar, de se “inscrever”, de tomar posição e emitir opinião, como diria José Gil. Vasconcellos e Sá, como homem livre e dono do seu destino que é (e são poucos os que o podem dizer, nos dias que correm), que não deve, e portanto não teme, que não tem que satisfazer clientelas de qualquer natureza ou origem, sem ter de obedecer a não ser à sua própria consciência de homem livre, fez uma seleção de textos que literalmente nos “arrasam” pela sua clareza e clarividência de pensamento, transparência, frontalidade e sentido comum esmagador. Deixa-nos a pensar como é possível que ninguém reaja, como é possível que, estando o caminho certo para Portugal a ser apontado com esta esmagadora evidência, os nossos políticos não aproveitem o capital intelectual de Vasconcellos e Sá (e de tantos outros como ele) para aprender com humildade, e não estar sempre a cometer os mesmos erros, uma e outra vez. As crónicas de João Luís de Sousa, deixando entrever o seu dever de isenção como editor de um órgão de comunicação social, sem deixar no entanto de evidenciar claramente e sem tabus o que pensa sobre os temas que escolhe abordar, são tão incisivas quanto as de Vasconcellos e Sá quanto àquilo que deverá ser corrigido para que Portugal entre definitivamente na senda do futuro, e que esse futuro seja risonho.

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As crónicas da Vida Económica


A Liberty Seguros orgulha-se de participar no lançamento deste livro. Desde a sua chegada ao mercado português, a Liberty Seguros, em parceria com a Vida Económica e outras casas editoriais, tem estado muito ativa no apoio a obras de referência que visem alterar comportamentos, melhorar práticas de gestão, agitar consciências, promover a mudança de hábitos. O apoio irrestrito a esta obra é mais um marco de referência nesse caminho de contribuir para um Portugal melhor!

José António de Sousa Presidente e CEO da Liberty Seguros

Prefácio

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0. Introdução

Não há limite à capacidade humana sob as condições apropriadas de paz e liberdade. (W. Churchill)


Esta iniciativa da Liberty Seguros e Vida Económica, que aqui se agradece, nas pessoas dos seus directores gerais, José António de Sousa e João Luís de Sousa, agrupa algumas das crónicas de fecho da última década1 (2007-2016) em oito secções:

I – A História (e as suas lições);

II – A natureza humana (a única coisa que permanece constante num mundo de constante mudança);

III – O Mundo (e os seus blocos: EUA, os emergentes, etc.);

IV- A Europa (sua construção e desafios);

V – A Democracia (liberdade política);

VI- A Liberdade económica (capitalismo/economia de mercado);

VII – Portugal: a sua não competitividade e não convergência com a Europa; e finalmente

VIII – A Gestão (e suas várias áreas: estratégia, marketing, etc.).

O facto de as estatísticas dos artigos terem sido actualizadas (à data de 2016), mas o texto não carecer de qualquer modificação, ilustra que se os números são datados, as ideias permanecem tão relevantes, hoje como ontem. Cada capítulo inicia-se com um pequeno texto que, à volta de algumas figuras e gráficos, ilustra o tema central desse capítulo e inclui também um índice dos artigos. E o livro fecha com uma conclusão que resume o essencial desta década: um Portugal parado no tempo, influenciado (umas vezes) e governado (até outras), por ideias do século dezanove no século vinte e um. Um país anacrónico, sintetizável em quatro números: 10; 13; 32 e 60. Dez por cento de taxa de crescimento da emigração; treze por cento de desemprego (que na realidade é muito mais alto se se considerar os que desistem de procurar trabalho, ou frequentam pretensas ações de formação, ou ainda são forçados a emigrar); trinta e dois por cento o desemprego entre a juventude; e sessenta por cento o desemprego de longa duração, isto é: 6 em cada 10 desempregados são-no há mais de doze meses.

1. Tendo Vasconcellos e Sá iniciado a sua colaboração com a Vida Económica em 16/3/2007.

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EMIGRAÇÃO PORTUGUESA 140000 134624

130000 128108 120000

121418

110000

100000

Average annual growth rate= 10,1% Taxa de crescimento media anual= 10,1%

100978

2,5% da população ativa emigra todos os anos

90000

80000

2011

2012

2013

2014

Fonte: INE, 2015

Mercado de trabalho: taxa de desemprego, 2015

17’’’

30 24,9

25 22,1 20 15 % 10 5

4,6

5,3

5,7

6,2

6,4

6,9

7,4

8,5

9,4

9,4

9,8

10,4

11,9

0

Fonte: Anexo Estatístico da Economia Europeia, Primavera 2016, Comissão Europeia

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As crónicas da Vida Económica

12,6


Comparação internacional: taxa de desemprego na faixa etária mais jovem, 2015 60 50

P- UE-28

P/UE-28

11,7%

157,6%

48,3 49,8 40,3

40 %

32 30 20 10

7,2

10,6 10,8 11,3

14,6

16,6

22,1 22,4 20,3 20,4 20,9

24,7

0

Fonte: Eurostat, Agosto 2016 Nota: Jovens, significa que têm uma idade menor a 25 anos.

Mercado de trabalho

17’’’

Desemprego de longo prazo (12 meses ou superior), em % do total do desemprego 2014

80

73,5

70 59,2 59,6

60 49,9

50

%

40

35,7

30 20

21,8 23 23,1 11,8 12,9

13,6 13,6

25,2

37,6 37,7

40,2

61,4

52,8

42,6 42,7 44,3

27,2 27,4

16,8

10 0

Fonte: OCDE Employment Outlook 2015

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Como se tudo isto não bastasse, Portugal está a afastar-se da zona Euro desde o início do milénio. E assim prevê o FMI que continue até 2021 (vide gráfico em baixo). Isto é, que Portugal seja um país cada vez mais economicamente diferente do resto da Europa. Milénio: Taxa de crescimento anual do PIB a preços constantes da zona Euro e Portugal (dados históricos e previsionais) 5 4 3 2

Euro área

%1

Portugal

0 -1 -2 -3 -4 -5

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Fonte: FMI, World Economic Outlook, Outubro 2016

A Europa, pelo seu lado, não pára de perder competitividade, desde pelo menos a década de oitenta. Hoje a sua produtividade por hora, empregado e PIB per capita é, respetivamente 15%, 25% e 36% inferior aos EUA, como as figuras em baixo ilustram.

PIB (PPC) por hora, em euros - 2015

17’’’

Euros

51,6

60

43,7

50 40

31,7

30 20 10 0

Japão Japan

UE-15(1) EU-15

Fonte: Ameco, Comissão Europeia, Maio 2016 Nota: (1) UE-15 PIB por hora é calculado dividindo o PIB total por empregado nos países da UE-15 pelo número de horas trabalhadas por empregado. De acordo com a Comissão Europeia, a população total empregada inclui os residentes bem como os não residentes que trabalham em unidades produtivas residentes.

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EUA USA Face a

%

de

EUA

UE-15

84,7

Japão

61,4


Produtividade por empregado2, em euros - 2015

17’’’

89896

Euros

90000 80000 70000 60000 50000 40000 30000 20000 10000 0

68702 54677

Japão Japan

EUA USA

(1) UE-15 EU-15 (1)

Notas: (1) UE-15 produtividade por empregado é obtida dividindo o total do PIB nos países UE-15 pelo número total de empregados na UE-15. (2) De acordo com a Comissão Europeia, a população total empregada inclui os residentes bem como os não residentes que trabalham em unidades produtivas residentes. Fonte: Ameco, Comissão Europeia, Maio 2016

Face a

% de

EUA

UE-15

76,4

Japão

60,8

PIB per capita (PPC) UE-15=100%, 2015 160 135,6

140 120 100

90,4

100

80 60 40 20 0

Japão Japan

UE-15 EU-15

EUA USA

Fonte: Anexo Estatístico da Economia Europeia– Primavera 2016, Comissão Europeia Nota: PIB per capita da UE-15 é calculado dividindo o PIB total dos países da UE-15 pelo total da população residente na UE-15.

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E finalmente temos um mundo com profundas contradições: crescimento económico, mas maior desigualdade (de rendimento na Europa, EUA, Rússia e outros blocos); e modernização mas ausência de democratização: entre 150 países a China ocupa o 121.º lugar e a Rússia o 131.º, no ranking de democracia. Isto é, só têm respectivamente 29 e 19 países piores.

Ascensão dos mercados emergentes A contribuição das economias emergentes para o PIB global aumentou de forma constante deste 1965 (% PIB total)

Economias avançadas Mercados emergentes

Outros países desenvolvimento

em

Fonte: FMI (in “A World of Change”; M. Ayhan Rose and Ezgi O. Ozturk; Finance & Development; Setembro 2014) Nota: Os dados são medidos em paridade de poder de compra.

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A História, a experiência humana acumulada, ajuda-nos a fazer sentido disso tudo. E é, pois, por aí que começamos.

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