ELEIÇÕES 2016
Disputa pela prefeitura de Lauro de Freitas é estratégica para a eleição de governador
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disputa eleitoral pela prefeitura de Lauro de Freitas deu largada no mês passado – antes mesmo do início oficial das campanhas – durante as convenções partidárias de PT, PSDB e DEM. Se na primeira não houve qualquer surpresa, com a confirmação de Moema Gramacho como candidata da legenda, nas outras o suspense foi mantido até o último instante. A grande novidade deste ano é a candidatura do vereador Mateus Reis (PSDB) a prefeito, com Gustavo Ferraz (PMDB) para vice. Durante a convenção do partido no ginásio de esportes de Itinga, lotado àquela altura, foi exibido um vídeo em que o prefeito ACM Neto (DEM), de Salvador, declarava apoio formal ao tucano. Dirigindo-se aos eleitores de Lauro de Freitas, ACM Neto diz no vídeo que vem comunicar o seu apoio e o apoio do Democratas a Mateus “como nosso candidato a prefeito”. De acordo com ele, Mateus Reis foi escolhido candidato pelo “sentimento
Mateus Reis (PSDB) e ACM Neto (DEM) no vídeo em que o prefeito de Salvador declara apoio ao candidato tucano: esperança de “produzir um afunilamento”
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majoritário desse conjunto de partidos” que acabaram reunidos na chapa PSDB-PMDB e inclui outros oito partidos, entre os quais se destaca o PRB, bom de voto nas legislativas. “Contem comigo”, diz Neto no vídeo. “Nós agora vamos discutir Salvador e Lauro de Freitas no mesmo compasso, pensando no futuro das duas cidades”, concluiu, chamando Mateus Reis de “futuro prefeito de Lauro de Freitas”. Logo em seguida, no Centro, contudo, a convenção do DEM homologaria a candidatura de Chico Franco a prefeito, com Pedro Melo (PSC) a vice – numa coligação sem outros partidos e que se repete na eleição para o Legislativo. Um grande painel atrás da mesa do evento exibia as imagens do candidato – e de ACM Neto, líder maior da legenda na Bahia. Dias depois Chico Franco divulgaria um vídeo gravado pelo prefeito de Salvador, também dirigido aos eleitores de Lauro de Freitas, em que ele manda o seu “abraço especial a Chico Franco, o candidato do nosso partido, o Democratas, a prefeito de Lauro de Freitas”. Neto diz saber “o quanto Chico trabalhou para viabilizar a sua candidatura” e deseja ao Democratas de Lauro de Freitas “muita sorte nessa caminhada”. De acordo com Mateus Reis (PSDB), o apoio do prefeito de Salvador ao seu nome decorre de uma pesquisa de intenção de voto que teria mostrado maior potencial para a sua candidatura entre os nomes à disposição. Aos 35 anos, é vereador de Lauro de Freitas desde 2013 e está na disputa pela prefeitura pregando a adesão “ao novo” que ele representa no cenário político. Governo da Bahia Ao contrário do que ocorreu em eleições anteriores, desta vez Lauro de Freitas desempenha papel estratégico para a eleição do próximo governador, em 2018. O aguardado duelo entre o governador Rui Costa (PT) e o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) vai se dar fundamentalmente nos municípios da região metropolitana. A avaliação de analistas é que a capital vai pender para o DEM enquanto o interior ficaria com o PT. Lauro de Freitas, Camaçari e vizinhanças definiriam o vencedor. Daí a importância de garantir o palanque desde já. A estratégia era unificar os votos contrários a Moema Gramacho e ao PT em um só candidato com o apoio de ACM Neto. Mas Chico Franco reivindica precedência nessa escolha, tanto por estar atualmente filiado ao DEM como por ter anterior implantação no meio político da cidade. Aos 48 anos, Chico Franco é um dos personagens políticos
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Convenção do PT, em Vilas do Atlântico: Moema Gramacho e a “recuperação da cidade”
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mais conhecidos da cidade, tendo disputado a prefeitura como candidato a vice na chapa do PT em 2012. Membro de uma família tradicional de Lauro de Freitas, costuma destacar ser “filho da terra” num cenário em que quase todos vieram de fora. Uma composição foi tentada até o último instante no próprio dia das convenções, mas o acordo não saiu. Em declarações posteriores à imprensa de Salvador, ACM Neto teria dito que ainda espera que “no curso do processo a gente tente produzir um afunilamento desses dois projetos” para ter um único nome disputando contra o PT. Nada alheia ao protagonismo de ACM Neto na eleição local, Moema Gramacho apontou o dedo para a interferência u
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ELEIÇÕES 2016 logo no dia da convenção do PT – realizada na quadra esportiva do Colégio Mendel, em Vilas do Atlântico. Em coligação com o PSD de Mirela Macedo, candidata a vice, o PT vem fazendo uma campanha fortemente baseada nas redes sociais, em vídeos bem produzidos, alguns deles transmitidos ao vivo, que apelam ao recall do nome da candidata e às realizações dos oito anos de governo da petista – em contraposição aos quatro anos da gestão de Márcio Paiva (PP). Estão na coligação PT-PSD outros 12 partidos, entre eles o PCdoB, PSB e PRP, usualmente bem votados nas eleições proporcionais. Márcio Paiva O atual prefeito, que decidiu não disputar a reeleição, tornou-se o saco de pancadas preferido dos candidatos. Todos, em algum momento, utilizam exemplos negativos dos últimos quatro anos de gestão municipal para se contrapor ao que consideram ser uma imagem depreciada, embora evitem ataques diretos – até porque Márcio Paiva não é
mais um adversário. Mateus Reis, por exemplo, critica a falta de médicos nos postos de saúde. “Tem que botar para funcionar aquilo que existe”, diz o candidato. À instalação de escolas municipais em imóveis de terceiros Mateus Reis chamou de “farra dos aluguéis” e criticou as “salas de aula pequenas, abafadas”. O candidato do PSDB acusa ainda o prefeito de ter entregue secretarias “para grandes amigos” que “destruíram a gestão dele”. Para Chico Franco, o modelo de gestão do PP nos últimos quatro anos é uma continuação dos oito anos do PT, um “desmando” que “fechou o único hospital municipal” que a cidade tinha, uma entre várias outras críticas. As afirmações foram feitas durante um programa de rádio que entrevistava o tucano, com entrada ao vivo do candidato do DEM. Já Moema Gramacho, numa crítica explícita à atual gestão, faz referências à “recuperação da cidade”. Ao condenar o encerramento do Hospital Municipal Jorge Novis, em um vídeo recente transmitido ao vivo por uma rede social, a petista aproveitou para lembrar que a ideia não era fechar o hospital depois de concluída a UPA de Itinga.
Convenção do DEM, no Centro: Chico Franco reivindica legitimidade como natural da terra
Aos 59 anos, Moema Gramacho disputa a prefeitura de Lauro de Freitas pela terceira vez, tendo exercido o cargo entre 2005 e 2012. Eleita deputada federal pelo santinho 7 x 8cm CHICO FRANCO-finalizado.pdf
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ELEIÇÕES 2016 PT em 2014, destacou-se na Câmara federal durante as discussões do processo de impeachment, sempre no estilo combativo que a caracteriza. Câmara Municipal Até o final de agosto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrava 342 candidatos a vereador aptos a concorrer à eleição deste ano, disputando 17 cadeiras. As mulheres ainda são expressiva minoria, apesar de haver este ano uma chapa exclusivamente feminina. Menos de um terço dos candidatos tem curso superior. Cada um deles poderá gastar pouco mais de R$ 140 mil numa campanha de escassos 45 dias sem direito a cavaletes de propaganda no meio da rua – agora proibidos pela legislação. Os candidatos a prefeito poderão aplicar cerca de R$ 935 mil. Com regras mais restritivas do que nunca, sem as doações de empresas e limites de gastos, o atual período de campanha mostra-se completamente diferente dos anteriores, favorecendo claramente quem já tem algum tipo de implantação na comunidade – os candidatos naturais. Os que são mais dependentes de uma campanha publicitária propriamente dita, baseada em jingles de sucesso e “santinhos” em profusão, têm agora menos tempo, menos dinheiro e menos meios u para atingir o objetivo.
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Que tipo de eleitor você é?
ue tipo de eleitor você é? O doutorando em administração, mestre em Gestão de Negócios, especialista em Marketing e professor universitário, Saul Sastre, em seu livro “Marketing para um vereador vitorioso”, onde traça um caminho para um candidato buscar sua eleição, dando um enfoque empreendedor, lista três tipos. Apresentando o perfil de cada tipo, ele dá dicas das melhores estratégias para
por achar que ela não faz parte da sua vida. Para esse tipo de pessoa não existe diferença entre um bandido e um político, pois para ele tudo faz parte da mesma “corja”. Geralmente fica furioso quando algúem se aproxima para pedir o voto ou apoio. Para conquistar esse eleitor, faz-se necessário usar amigos que tenham alguma influência sobre ele, que até pode abrir uma exceção e votar em alguém, mas geralmente anula ou vota em branco.
troca do voto. Muitos candidatos que fazem “politi cagem” na base do clientelismo usam da coação para ganhar o voto, anotando o número da urna e do título de eleitor e ameaçam cortar o benefício ou buscar de volta o que deu, se o voto não estiver lá na hora do escrutínio, como se assim tivesse o poder de conferir. Infelizmente tem muito candidato que se elege em cima da ignorância dessas pessoas. Como “pagou” antes, não tem obrigação nenhuma de atendê-lo depois de eleito. Eleitor médio O eleitor médio atribui baixa prioridade à política, dentre seus principais interesses. Para essa grande maioria de pessoas, a política torna-se relevante quando algum fato interfere diretamente na sua família, trabalho, saúde ou lazer. No mais, ele segue sua vida normalmente sem entender o quanto a política tem o poder de interferir positiva ou negativamente na sua vida. Não se deve substimar a inteligência deste eleitor. Ao fim da campanha, ele chegará a uma decisão pessoal de voto, processando as informações que lhe disponibilizaram e que ele próprio reuniu.
conquistar os votos. Saul não deixa de criticar a postura adotada pelos eleitores classificados como alienados. Estes são divididos em dois grupos, sendo o segundo aquele composto por pessoas que transformam o voto em moeda de troca. Eleitor alienado Existem dois tipos de eleitor alienado: aquele que não se interessa pela política 22 | Vilas Magazine | Setembro de 2016
O segundo tipo de eleitor alienado é aquele que faz do seu voto uma moeda de troca. Utiliza dos períodos eleitoais como uma forma de ganhar algo para si. Existem várias histórias de candidatos que se comprometem de dar uma “jeitinho”com as contas de luz ou água atrasadas, imposto predial e territorial urbano (IPTU), compras de alimentos, distribuição de remédios, materiais de construção e muitas outras coisas, em
Eleitor politizado Por último, temos o eleitor politizado, aquele que vive a política no dia a dia e sabe o poder que ela tem de interferir no seu resultado particular. Não existe outra alternativa para conquistar o seu voto, que não seja através de um cabedal de propostas convincentes apresentado por um candidato que demonstre preparação para executá-las.
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Tudo passa pela política
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lucupletassem com cargos públicos e o pior é que não falar e não acreditar na política é o mesmo que ter uma doença e não ter a esperança de ficar curado. O futuro do Brasil está exatamente nas mãos da política e dos bons políticos”, ressalta. O político é o extrato de qualquer população, frisa Saul. “Por isso é muito sábio o dito popular ‘todo o povo tem o político que merece’. No Brasil, temos muito a evoluir. O jogador Pelé, homem público de renome internacional, já disse que o brasileiro ainda não sabe votar”. A pouca preocupação do cidadão com algumas questões que impactam em suas vidas é ilustrada por Saul citando o caso de uma cervejaria e uma loja de grifes famosas cujos diretores foram condenados por sonegação fiscal. As vendas das empresas se mantiveram inabaladas durante o período das denúncias e prisões. “Vivemos uma crise ética. O que deveria ter acontecido é um boicote geral às empresas que sonegaram impostos, pois eles nada mais são que valores pecuniários que devem ser convertidos em melhorias para todos, como um bom atendimento à saúde, estradas melhores, segurança pública, escolas equipadas, professores mais bem preparados e tantas outras necessidades que nosso país precisa”, diz. Ele vai além: “Vivemos um cenário de mentira nacional, em um círculo vicioso de empreendedores desonestos de um lado sonegando impostos, falcatruas de
outro lado, alijando a sociedade com seus desserviços e a população endossando tudo, comprando de empresas sonegadoras e ainda reelegendo políticos corruptos. Onde vamos parar?” questiona. Para ele, a grande saída para mudar tudo o que está errado está na política, cabendo ao eleitor fazer a análise aprofundada dos candidatos e propostas e aos eleitos a adoção de uma gestão pública mais adequada aos preceitos administrativos. Saul salienta que não existe mais espaço na sociedade para o político sem conhecimento de gestão. Os partidos, destaca, precisam se dar conta disso e começar a investir em gestores para assim se perpetuar. “É preciso formação para que uma empresa pública consiga trazer o devido retorno para seu cliente, o que se traduz em ações de segurança, saúde, trabalho, educação, cultura, lazer e insfraestrutura, dignas do imposto pago”.
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uem não gosta de política ou não se preocupa com as consequências de ideias e projetos de gestores públicos não imagina que suas vidas sejam impactada diretamente pelo que é decidido em gabinetes dos legislativos e executivos. O doutorando em administração, mestre em Gestão de Negócios, especialista em Marketing e professor universitário Saul Sastre (foto), em seu livro “Marketing para um vereador vitorioso”, mostra seu inconformismo com o posicionamento médio do brasileiro diante de casos de sonegação fiscal por parte de empresas e más gestões públicas. Segundo ele aponta em sua obra, que está na terceira edição, se o eleitor observar a história encontrará vários personagens com o poder de transformar para melhor tudo aquilo em que colocavam a mão. “Aristóteles escreveu que a política é a ciência que se preocupa com a felicidade das pessoas. O mau político entendeu isso de forma errada e transformou a política em um instrumento de benefício próprio, pois se preocupar com a felicidade das pessoas quer dizer da coletividade e não só de sua família.” Saul transfere para o eleitor a culpa pelo que acontece no Brasil, com escândalos pipocando por todos os lados. “Plantamos e colhemos esse descrédito por nossas atitudes ao permitir que pessoas de má índole se aproximassem e se
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