Vilas Magazine | Ed 241 | Fevereiro de 2019 | 32 mil exemplares

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A Revista de Lauro de Freitas e Região

MEMÓRIA NOVA GERAÇÃO PRESERVA O PASSADO EM VÍDEO

Ano 21 | Edição 241 Fevereiro de 2019


CENAS DA CIDADE MANTENDO A TRADIÇÃO A tradição dos Ternos de Reis, com suas cantigas e danças, continuam vivas em Lauro de Freitas graças muito ao trabalho e dedicação de pessoas da comunidade. A mestra de cultura, dona Aidê (1), comandou a festa no bairro de Portão. Há mais de 30 anos ela promove o Terno de Reis Estrela Dalva no bairro. Saindo do Terminal Turístico Mãe Mirinha, o Bumba Meu Boi acompanhado pelos Reis Magos e pela burrinha seguiram até a praça, ao som dos tambores da banda Bankoma. Comandado por dona Badinha (2), o Boi Janeiro per-

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A revista de Lauro de Freitas & Região

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correu as ruas do Centro, mantendo a tradição de parar na casa das famílias mais tradicionais. Ao som da Charanga Vem com a Gente, a população seguia entoando refrãos, como “lá vai poeira, o Boi Janeiro não pode subir ladeira”. Além de dona Badinha, o Boi Janeiro conta com a colaboração de moradores do Centro, como Sinaldo Pereira e Júlio Cesar, conhecido como Careca. “Há 20 anos fazemos o Boi Janeiro junto com dona Badinha. O Terno de Reis é uma das alternativas para manter viva a cultura da nossa cidade e que permite que a comunidade participe. Cultura é isso” .

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Publicação mensal de propriedade da EDITAR - Editora Accioli Ramos Ltda. Rua Praia do Quebra Coco, 33. Vilas do Atlântico. Lauro de Freitas. Bahia. CEP 42708-790. Tels.: 0xx71/3379-2439 / 3379-2206 / 3379-4377. Diretor-Editor: Carlos Accioli Ramos (diretoria@vilasmagazine.com.br). Dire­to­ra: Tânia Ga­zi­neo Accioli Ramos. Gerente de Negócios: Álvaro Accioli Ramos (comercial@vilasmagazine.com.br). Assistentes: Leandra Almeida e Vanessa Silva (comercial@ vilasmagazine.com.br). Gerente de Produção: Thiago Accioli Ramos. Assistente: Bruno Bizarri. Administrativo/Financeiro: Miriã Morais Gazineo (financeiro@vilasmagazine.com.br). Distribuição: Álvaro Cézar Gazineo (responsável). Tratamento de imagens e CTP: Diego Machado. Redação: Rogério Borges (DRT 6851/MG), coordenador. Colaboradores: Jaime de Moura Ferreira e Raymundo Dantas (articulistas), Thiara Reges (jornalista freelancer). Tiragem desta edição: 30 mil exemplares. Im­pressão: Log & Print Gráfica e Logística S. A. (Vinhedo/SP).

Para anunciar: comercial@vilasmagazine.com.br Tels.: 0xx71 3379-2439 / 3379-2206 / 3379-4377. Contatos com a Redação: redacao@vilasmagazine.com.br Vilas Magazine é uma revista mensal de serviços e facilidades, distribuída gra­tuitamente em todos os domicílios de Vilas do Atlântico e condomínios residenciais de Lauro de Freitas e região (Abran­tes, Ja­uá, Stella Maris, Pra­ia do Flamengo e parte de Itapuã). Disponível também em pontos de distribuição criteriosamente selecionados na região. As opiniões expressas nos artigos publicados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, as da Edi­tora. É proibida a reprodução total ou parcial de matérias, gráficos e fotos publi­cadas nesta edição, por qualquer me­io, sem autorização expressa, por escrito da Editora, de acordo com o que dispõe a Lei Nº 9.610, de 19/2/1998, sobre Di­reitos Autorais. A revista Vilas Magazine não tem qualquer responsabilidade pelos serviços e produtos das empresas anunciados em suas edições, nem assegura que promessas divulgadas como publicidade serão cumpridas. Cabe ao leitor avaliar e buscar informações sobre os produtos e serviços anunciados, que estão sujeitos às normas do mercado, do Código de Defesa do Consumidor e do CO­NAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. A revista não se enquadra no conceito de fornecedor, nos termos do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor e não pode ser responsabilizada pelos produtos e serviços oferecidos pelos anunciantes, pela impossibilidade de se deduzir qualquer ilegalidade no ato da leitura de um anúncio. No entanto, com o objetivo de zelar pela integridade e cre­di­bilidade das mensagens publicitárias publicadas em suas edições, a Editora se reserva ao direito de recusar ou suspender a vei­culação de anúncios que se mostrem enganosos ou abusivos, por constrangimentos causados ao consumidor ou empresas. A revista Vilas Magazine também u­ti­liza conteúdos edi­to­ri­ais licenciados pela Agência Fo­lhapress (SP) e Agência A Tarde (BA). Os títulos Vilas Ma­­gazine e Boa Dica – Facilidades e Serviços, constantes desta edição, são marcas regis­tradas no INPI, de propriedade da EDITAR – Editora Accioli Ramos Ltda.


NOSSA OPINIÃO

Valorização sem fim O cidadão paga impostos todos os dias, desde que acorda até que vai dormir – e mesmo durante o sono, se continuar a consumir eletricidade. Em absolutamente tudo e por todos os lados há taxas e impostos embutidos. Pagamos passivamente toda essa carga tributária, apesar de frequentes alertas, não só de entidades de defesa do contribuinte, mas também das próprias empresas, preocupadas em informar que naquele preço há também o que ela não cobra. Tudo isso passa rigorosamente batido no dia a dia. Já o carnê do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) bate na porta das pessoas explicitando a cobrança do imposto, como um boleto a mais para pagar no mês e estapeando na cara as finanças das famílias. Quando o “boleto” do IPTU chega com um aumento de 35% – ou mais, em alguns casos – os protestos são garantidos. Aconteceu em 2014, logo depois que o valor venal dos imóveis foi atualizado, conforme registrado pela Vilas Magazine e voltou a acontecer no mês passado. A reação do público há cinco anos foi de tal forma que o gestor de plantão na prefeitura à época desistiu de continuar aplicando os repasses de 35% em 2015 e 2016, como poderia ter feito. Certamente prevendo a mesma reação negativa, a atual gestora contentou-se com 10% em 2017 e menos ainda no delicado ano eleitoral de 2018 (2,7%). Mas este ano, sem aviso prévio, a prefeitura resolveu retomar os aumentos de 35% para residências, 55% para o comércio e 100% para terrenos, conforme permite a lei de 2013 que reavaliou o valor dos imóveis depois de 16 anos sem atualização. E os reajustes vão prosseguir até que o imposto pago corresponda à alíquota em relação ao valor venal. É justo. (Leia matéria nas páginas 8 a 11 desta edição). Problemático é que o próprio valor venal venha aumentando automaticamente e continue a ser reajustado todos os anos por um índice de inflação. O critério, por mais legal que seja, ignora as variações do mercado imobiliário, que se encontra num poço sem fundo desde o início da recessão. Na prática, a leitura que a prefeitura faz é que, se houve inflação, o seu imóvel agora vale mais, ainda que ninguém se disponha a pagar por ele nem o que ele valia há cinco anos. Isso para não mencionar a desvalorização decorrente do tempo de uso, do estado de conservação e da deterioração da infraestrutura urbana do entorno – que se transformou uma certeza nos últimos anos em Lauro de Freitas.

Preciosidade O vídeo produzido pelos alunos da Escola Municipal Ana Lúcia Magalhães com depoimentos de antigos moradores de Santo Amaro de Ipitanga é precioso para a preservação da memória da cidade. Engolida pelo caos urbano da terceira maior aglomeração do país, a cidade vai perdendo noção das suas raízes para se transformar em subúrbio. É preciso deixar uma bandeira às próximas gerações. E como incentivo, a iniciativa mereceu da Vilas Magazine matéria de capa com quatro paginas (16 à 19) nesta edição, abordando o assunto.

Carlos Accioli Ramos Diretor-editor

Boa leitura.

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Registros & Notas Presença ilustre Vilas do Atlântico hospeda até março, uma ilustre personagem: a médica Fatuma Ali (foto) psiquiatra, psicoterapeuta de grupo e enfermeira obstétrica, que escolheu a região como local ideal e inspirador para escrever seu novo livro. Escritora com um livro autobiográfico já publicado, “Da dove vieni?”, escreveu diversos artigos sobre a psiquiatria transcultural e participou de debates sobre temas da saúde mental dos imigrantes, sobre problemas de integração e racismo. Fatuma será recepcionada pelos amigos Giuliano e Rocca, donos dos empreendimentos Villa Araçá Boutique Hotel e Villa Flamboyan Tropical Hotel, em Vilas do Atlântico e estará presente na edição do Projeto Jardim Musical, que acontece de 7 à 22 deste mês, no Villa Araçá, exclusivo para amigos, convidados e simpatizantes da boa música.

AMANDA AYROSA PONTES (assim mesmo, com letras maiúsculas), posa com os pais, Cristina Ayrosa e Breno Pontes, momentos após ter nascido, dia 12 de janeiro, no hospital Santo Amaro.

No gargarejo (a partir da esq.), os avós Ruy Pontes, Silvana Sequeira, Ricardo Ayrosa e Katia Pontes, não se cansam de celebrar a chegada da neta. Motivo mais que justo.

Banca de revista de Vilas investe em mais conforto

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A banca de jornais de Vilas do Atlântico, junto à praça de entrada do Parque Ecológico (ao lado do mercado Pão Express), já tem climatização. Os novos proprietários, Aloízia (foto) e Paulo Lima adquiriram a banca no ano passado já com planos de melhorar o conforto dos clientes. Grandes incentivadoras da leitura, as bancas de jornal e revistas ainda mantém sua essência, embora o espaço atualmente seja dividido com outros produtos. De reconhecida importância para a promoção da cultura, as bancas resistem ao tempo e aos avanços tecnológicos das mídias digitais e tentam se adaptar à nova realidade. Ao longo dos anos, elas inovaram, modernizaram e não perderam a sua essência. A banca de Paulo e Aloízia confirma essa tendência.


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Revisão do PDDM orienta exploração turística de Vilas do Atlântico

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criação de “macrozonas” no planejamento urbano de Lauro de Freitas é uma das novidades da “revisão” ao Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal (PDDM) publicada no Diário Oficial do Município em 17 de dezembro do ano passado. As audiências públicas que darão base aos “planos de bairros” agora previstos só serão realizadas a partir de março. A prefeita Moema Gramacho garantiu que os Termos de Acordo e Compromisso (TAC) dos loteamentos “serão respeitados até os Planos de Bairros ficarem prontos”. Uma das alterações que vem provocando protestos é uma nova área de expansão industrial que incluiria o Quingoma – uma das últimas reservas de área verde no município. A prefeita adiantou que a área “está restrita a indústrias ‘limpas’ e garantindo a preservação ambiental”.

A alteração veio na forma da criação de um “macrozoneamento” e “planos de bairros”, que “se obrigam a reconhecer as zonas consolidadas, corredores de atividades diversificadas, e demais disposições contidas na Lei nº 1.330, de 30 de dezembro de 2008” – mas “que não contrariarem esta revisão”. Para Vilas do Atlântico e todos os demais bairros da orla, a revisão publicada prevê uma “Macrozona Urbana Turística” que avança no sentido de transformar áreas residenciais em zonas turísticas. A própria lei define que os planos de bairros – ainda a discutir com a população – seguirão as diretrizes do plano urbanístico da “macrozona”, já instituída. A primeira dessas diretrizes afirma que os bairros de Ipitanga, Aracuí, Pitangueiras, Vilas do Atlântico e Buraquinho “deverão ser desenvolvidos de forma integrada” para “promover a integração de toda a faixa de orla do município, criando mais um vetor de acesso”, sob a justificativa de não sobrecarregar “as vias arteriais centrais”. A PÁ DE CAL A ideia de abrir um acesso direto da Estrada do Coco a Vilas do Atlântico já tem mais de 16 anos. A Vilas Magazine revelou, em março de 2013, os planos | Continua na página 6 u

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da prefeitura de Lauro de Freitas para a construção de uma “via expressa” com 5,6 Km de extensão em pista dupla e três saídas ao longo do percurso, ligando o Km 0,6 da avenida Santos Dumont (Estrada do Coco) diretamente a Vilas do Atlântico. Os 1,5 mil metros da atual avenida Dois de Julho e que já ligam a Estrada do Coco ao Centro de Lauro de Freitas seriam duplicados. A primeira saída seria na atual rotatória em que termina a avenida Dois de Julho, para acesso ao Centro. A segunda na altura da Lagoa da Base, para acesso ao final de linha e ao estádio municipal e a última na praia de Ipitanga, antes de desembocar em Vilas do Atlântico.

O traçado proposto acompanhava o muro, recuado, da Base Aérea de Salvador até a cabeceira da pista do aeroporto, em Ipitanga. Dali seguia pela atual rua dos Veranistas e rua Dr. Hélio Brito, alcançando Vilas do Atlântico pelas margens do rio Sapato. A intenção era que, futuramente, também por via expressa, houvesse uma ligação direta à rua José Augusto Tourinho Dantas, já em Salvador, que leva a Stella Maris e Itapoan. Essa era a concepção preliminar do projeto, que não estava definido e foi rapidamente redefinido depois da reação que a ideia provocou por parte dos moradores de Vilas do Atlântico. Carlos Knittel, na época coordenadorgeral da Sociedade de Amigos de Vilas do Atlântico (Salva), abordou o assunto com o hoje vice-governador João Leão, entusiasta do projeto. “Você vai trazer uma parte de Salvador, Stella Maris, tudo para dentro de Vilas do Atlântico, eu disse a ele” – “e de Vilas vai para onde?” – contou Knittel. A abertura de uma nova via de acesso ao bairro não agradou em função dos problemas urbanos e de segurança que poderia trazer, ao multiplicar o fluxo de pessoas de um bairro que sequer tem infraestrutura de esgotamento sanitário. Depois da publicação da reportagem e da reação de Knittel, a prefeitura passou a referir-se ao projeto como “a via expressa que ligará a Estrada do Coco a Ipitanga” e não mais a Vilas do Atlântico. Agora a Carlos Knittel em 2013, quando a Salva contestou os planos para a via expressa: “pá de cal” em Vilas do Atlântico

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revisão do PDDM volta a sugerir a “integração de toda a faixa de orla do município, criando mais um vetor de acesso”. Se a ideia for adiante, Knittel pretende “sair de Vilas do Atlântico porque isto vai virar o inferno”, adiantou. “Parece que têm o propósito de acabar com o paraíso que era Vilas”, disse. A via expressa “será a pá de cal”. CONTESTAÇÃO As audiências públicas “dos planos de bairro do PDDM de Lauro de Freitas” começam em 18 de março, de acordo com banner divulgado pela prefeitura. Mas as diretrizes para a discussão, já estabelecidas, também estão sob contestação por parte de entidades representativas de moradores por, alegadamente, não terem passado por discussão prévia. As audiências da “Macrozona Urbana Turística” devem acontecer entre 17 de junho e 15 de julho. O PDDM reconhece a grande maioria de Vilas do Atlântico como Zona Predominantemente Residencial (ZPR), com outras onze áreas com predominância


Acesso à rua dos Veranistas, em Ipitanga, por onde a via expressa alcançaria o rio Sapato, entrando em Vilas do Atlântico de residências, mas também com a possibilidade de receber comércio e serviços, conforme definir uma Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo. Apenas a orla de Vilas do Atlântico foi incluída pelo PDDM no grupo das Zonas Predominantemente Turísticas (ZPT), abrangendo toda a orla atlântica e do rio Joanes, juntamente com Buraquinho, a primeira etapa da Praia de Ipitanga e o condomínio Marina Riverside. Nas ZPT seriam estimulados empreendimentos turísticos e hoteleiros, bem como a criação de parques. Ao lado de Vilas do Atlântico, são predominantemente residenciais o Miragem, o Jardim Aeroporto, o Jardim

Belo Horizonte, o Morada do Sol, duas zonas da Praia de Ipitanga, o Jardim Ipanema, o Bosque dos Quiosques, o Portão do Sol, o Parque Jockey Clube e a Rua Priscila Dutra. Todas essas áreas foram posteriormente agregadas em bairros e agora numa “macrozona” que amplia o vetor turístico para todos eles. O texto da revisão do PDDM reconhece explicitamente que o objetivo é “desenvolver projetos de infraestrutura e serviços turísticos ao longo da orla, dotando a Macrozona de sistema viário adequado, hotelaria de qualidade, bares e restaurantes, espaços urbanizados com equipamentos de esporte e lazer, centros de eventos e estacionamentos com dimensionamento adequado”. Ficou definido ainda que essas diretrizes deverão constar dos Planos dos Bairros Ipitanga, Aracuí, Pitangueiras, Vilas do Atlântico e Buraquinho “e guiará o seu desenvolvimento, pautando as proposições”.

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Retomada dos reajustes pelo novo valor venal justifica aumento do IPTU em Lauro de Freitas

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prefeitura de Lauro de Freitas voltou a aplicar em 2019 os reajustes no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de até 35% anuais, no caso de residências, autorizados pela lei de 2013 que atualizou o valor venal dos imóveis na cidade. Imóveis comerciais tiveram aumento de até 55%. Para os terrenos, sempre de acordo com a lei de 2013, o reajuste é de até 100%. O primeiro aumento cheio veio depois de quatro anos com reajustes bem mais moderados – 8,5% em 2015, 18% em 2016 e 10% em 2017. No ano passado foi aplicado apenas o índice de inflação (2,72%) do ano anterior. Em 2014, logo depois da lei de 2013, o IPTU já havia sido reajustado pelos índices máximos permitidos. Na época, a Vilas Magazine explicou a surpresa – que voltou a surpreender, apesar de antiga. O imposto é calculado sobre o valor venal dos imóveis, expresso pelo metro quadrado na Planta Genérica de Valores (PGV), elaborada pela prefeitura e informado nos carnês de pagamento do IPTU. Imóveis residenciais pagam 0,5% e os

comerciais 1%. Terrenos não edificados, sem muro, em áreas sujeitas a especulação imobiliária, são tributados em 1,5%. Como a PGV passou mais de 16 anos sem ser atualizada, a revisão de 2013 resultou em índices estratosféricos. O aumento médio, na época, foi de 336%. Mas houve reajustes muito superiores. Todas as alamedas de acesso à praia em Vilas do Atlântico, por exemplo, sofreram um reajuste de R$ 129,91 para R$ 880 na PGV, o segundo mais elevado de Lauro de Freitas. Além das alamedas praianas, no bairro foram reajustados para R$ 880 na PGV também os imóveis das ruas Praia de Tambaú, Praia de Itamaracá e Praia de Itapoan – esta última um corredor comercial. As três estavam em R$ 90,28 na PGV anterior. Fora de Vilas do Atlântico, a única via então avaliada em R$ 880 era o trecho final da Estrada do Coco, do Km 6 ao Km 7,5. Até o Km 6, a PGV estabelecia então R$ 1.040, contra os módicos R$ 46,03 em vigor até 2012 – um reajuste de 2.160%, o mais elevado da tabela. Entre os reajustes mais elevados estavam também os dos

IMÓVEIS EM LAURO DE FREITAS: valor venal defasado até 2013 vem sendo atualizado todos os anos pela inflação

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imóveis de bairros populares, como Portão. A rua do Queira Deus, por exemplo, foi de R$ 9,77 para R$ 176 na PGV – um aumento de 1.700%. Já a rua do Paraíso, antes também avaliada em R$ 9,77, aparecia em 2013 com R$ 88 na PGV – um reajuste menor, mas ainda assim de 800%. REAJUSTE CONTÍNUO DO VALOR VENAL A lei que atualizou o valor venal dos imóveis também aplicou um limitador de reajuste anual do IPTU – 35% anuais para residências, 55% para o comércio, mas 100% para terrenos – até que o valor do imposto seja equivalente à respectiva alíquota, com base no valor venal. Sem esse limitador, um apartamento de quarto-e-sala na rua Praia de Tambaú, em Vilas do Atlântico, passaria a pagar R$ 1.350 de IPTU já em 2014. A conta, naquele ano, ficou em menos de R$ 200, contra R$ 145 do ano anterior. Já o valor venal ficou definitivamente atualizado em 874% – e continuou a ser reajustado todos os anos com base no índice de inflação. Há seis anos, o valor venal do mesmo imóvel, claramente defasado, era de R$ 30 mil. Em 2013, pagava R$ 145 de imposto. O valor hoje está em R$ 120 mil, pelo que os proprietários acabarão por pagar R$ 600 de IPTU, em sucessivos aumentos de até 35% em relação ao ano anterior. Este ano o IPTU do imóvel ainda foi fixado em R$ 385. O secretário da Fazenda de Lauro de Freitas, Luiz Antônio de Souza, explicou em entrevista à Vilas Magazine que a prefeitura poderia ter continuado a aplicar o percentual máximo de aumento nos últimos quatro anos. “De 2015 para cá deixou-se de lado esses índices de atualização e praticou-se índices escolhidos de qualquer maneira pelo Executivo”, disse. “Em 2015 foram 8,5%, 18,11% em 2016, 10% em 2017”, relembrou – “e 2,72% [em 2018], que foi a inflação” do ano anterior. AUMENTAR O INVESTIMENTO Souza justifica a retomada dos reajustes de 35%, 55% e 100%

O SECRETÁRIO DA FAZENDA LUIZ ANTÔNIO DE SOUZA: “a gente precisa desse realinhamento, mesmo que gradativo, no sentido de poder investir mais”

este ano pela necessidade de investimento. “A gente precisa desse realinhamento, mesmo que gradativo, no sentido de poder investir mais”, disse – “os nossos recursos precisam de uma injeção porque o cenário econômico não é dos melhores e um aumento do FPM [Fundo de Participação dos Municípios] não está dentro das expectativas do orçamento”. O IPTU representa hoje mais de 30% da receita própria da prefeitura de Lauro de Freitas. Em 2013 eram 24%. Na receita global, que inclui as transferências correntes do Estado e da União, como o FPM, o IPTU representa apenas 8% a 9% da receita – mas é dos poucos itens da receita em que a prefeitura pode mexer sem alterar a alíquota. “O primeiro ponto é reduzir a distância entre o que seria essa receita potencial e a arrecadação do IPTU”, justifica – “até o ano passado a gente estava cobrando só 40% do que era devido cobrar e levando em conta os limites estabelecidos pela lei”. De acordo com o secretário, com reajustes de 35% ao ano, “nós temos imóveis que vão levar dez anos para chegar no patamar da alíquota” – caso dos que | Continua na página 10 u

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tinham o valor venal mais defasado em 2013. Outros imóveis, entretanto, em especial os comerciais, já atingiram o valor cheio da alíquota relativo ao valor venal do ano. AUMENTOS ALÉM DO LIMITE Mas a atualização do valor venal dos imóveis tem ocorrido também por outros fatos que se acumulam no cálculo e que podem justificar – ou não – aumentos no IPTU residencial que este ano alcançaram 70% e mais. O secretário nega que tenham sido aplicados reajustes em índice superior aos limites legais. “Qualquer aumento acima desses patamares só tem duas [explicações] alternativas”, diz – “ou o contribuinte espontaneamente fez alguma alteração no seu imóvel e atualizou o cadastro – ou é erro”. “Se ele aumentou a área construída, se ele agregou algum terreno, fez algum amembramento, se ele fez algum lançamento no ano passado”, alterou o valor venal do imóvel, o que justificaria o aumento. Se “ele tinha um terreno, veio aqui e registrou a construção de uma

casa, o perfil do imóvel dele mudou de configuração”, continua – “se ele tinha um imóvel que era residencial e passou a ser comercial, muda seu IPTU”. “Qualquer cidadão que chegar aqui com o carnê e mostrar que não teve justificativa para aquele aumento, a gente resolve na hora, porque está provado que é erro”, garante. PROTESTOS Antes do final de janeiro, mais de 40% das 102.493 inscrições imobiliárias em Lauro de Freitas já haviam quitado o

IPTU. Para o secretário, isso mostra que o contribuinte entendeu o aumento. “Os primeiros dias do mês já nos trazem um aumento de 6% de contribuintes” que haviam pago o IPTU antecipadamente, em comparação com o mesmo período do ano passado, disse. Apesar disso, os protestos pelo reajuste do IPTU multiplicaram-se em janeiro, com muitos contribuintes reclamando dos índices, mesmo os que ficaram nos limites da lei de 2013. Para isso contribuiu a falta de informação prévia de que os percentuais voltariam a ser aplicados depois de quatro anos. Em reunião na Associação Comercial e Empresarial de Lauro de Freitas (ACELF), com entidades representativas de moradores e empresários, no dia 24 de janeiro, a prefeita Moema Gramacho e o secretário da Fazenda receberam, entre outras, a proposta de reduzir e unificar (para todos os tipos de imóvel) os percentuais de aumento anual previstos na lei de 2013, mas não havia resposta até a data de fechamento desta edição da Vilas Magazine.

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Vilas do Atlântico: Tel: 3379-0303 | Stella Mares: Tel: 3374-5420 10 | Vilas Magazine | Fevereiro de 2019


INADIMPLÊNCIA EM QUEDA O secretário não teme que o reajuste deste ano desestimule o pagamento. De acordo com Luiz Antônio de Souza, a inadimplência do IPTU “está sendo reduzida ano a ano”. O índice ficou em 30% no ano passado, “mas ela vem historicamente caindo de 35%, 34%, 32%”. “A expectativa para 2019 é que seja um pouquinho menor que a de 2018, apesar do aumento”, disse. Para isso contribuem os programas de recuperação fiscal, conhecidos como Refis, e “um acompanhamento e revisão do cadastro [imobiliário] com uma frequência que não existia antes” – revela. “Muita gente paga sobre mil metros e tem dois mil metros”, exemplifica – “aí nós temos que trabalhar com cartografia, aerofotogrametria”. O secretário não o afirma, mas a revisão cadastral, para identificar alterações nos imóveis que justifiquem novo valor venal, pode responder por parte dos reajustes acima do limite de atualização da PGV. Além disso, diz Souza, “estamos também sendo proativos em cobrar quando a gente percebe que a pessoa deixou de pagar determinado período”. O primeiro aumento baseado na atualização dos valores venais foi noticiado na edição de fevereiro de 2014 da Vilas Magazine

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FESTA DE SANTO AMARO DE IPITANGA

Ancestralidade, cultura e muita fé nas homenagens ao padroeiro de Lauro de Freitas THIARA REGES | Freelance para a Vilas Magazine

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THIARA REGES

assavam das 9 horas da manhã do sábado, 12 de janeiro, quando o cortejo em louvor à Santo Amaro de Ipitanga começou. Pelas ruas do centro da cidade, antes movimentadas por carros e pessoas apressadas para cumprir com suas obrigações, ecoavam as batidas de tambores e cânticos em homenagem ao padroeiro da cidade de Lauro de Freitas. Nas calçadas, comerciantes locais, famílias e muitas crianças acompanhavam o desfile dos grupos culturais, puxados pela charanga Vem Com a Gente e a vistosa Ala das Baianas. E nem o sol forte diminuiu a determinação da população de cumprir o cortejo até o final.

Na Bahia é muito comum ter a lavagem das igrejas antes de festas católicas, sendo a Lavagem do Bonfim, em Salvador - este ano realizada em 17 de janeiro - a mais conhecida delas. Em Lauro de Freitas, a tradição popular de lavar a Igreja Matriz para a missa do padroeiro é bem antiga, mas só ganhou o formato atual, há 36 anos, dando início ao desfile cultural, de resgate à ancestralidade e respeito a Santo Amaro de Ipitanga. José Mendes da Silva, 77 anos, um dos precursores deste movimento, se lembra ainda da década de 1983, quando no governo de Gerino de Souza Filho, assumiu o Setor de Turismo, que corresponderia hoje a uma secretaria. “Antigamente acontecia apenas a missa e mais nada. Reunimos então um grupo de amigos e articulamos com as baianas. Foi assim que começou a história da Lavagem de Santo Amaro de Ipitanga, sempre um sábado antes da missa do padroeiro”, conta.

A devoção a Santo Amaro de Ipitanga e a tradição do cortejo é passada de mãe para filha, a exemplo de Jaciara Oliveria (acima) e sua filha Ariele, que tem 11 anos de idade e igual tempo vestida de baiana. Reginalda dos Reis Brito (dir.) lembra da festa nos anos 60: “Pegávamos água no rio e subíamos o beco com as latas na cabeça”, lembra. 12 | Vilas Magazine | Fevereiro de 2019

THIARA REGES


LUCAS LINS

LUCAS LINS

O cortejo era puxado por dois bugres, acompanhado pela Ala das Baianas e a bandinha da Base Aérea. O trajeto sempre foi o mesmo: saia do estádio até a praça da Igreja Matriz. “Nestes anos eu vi a cidade se transformar: onde hoje tem a praça, era apenas um barreiro e a igreja. Eu morava ali em frente e todos os domingos, até hoje, vou à missa. Sou devoto de Santo Amaro e é uma alegria fazer parte dessa história”, conclui. Quem também guarda boas memórias é Reginalda dos Reis Brito, 76 anos. Baiana desde quando? Desde sempre, responde convicta. Ela se lembra da época, meados dos anos de 1960, quando a comunidade se reunia para encher as latas d’água no rio e lavar não só as escadarias: “lavávamos o chão, os bancos. Era uma grande faxina, para que tudo estivesse pronto no dia 15, dia de Santo Amaro. Não tinha que estar vestida de baiana, isso começou depois que virou cidade. Antes era com qualquer roupa, até porque íamos buscar a água aqui no rio, e subíamos esse beco com as latas d’água na cabeça”, lembra. Conversei brevemente com Regi, como prefere se chamada, sob a sombra de uma árvore, já na praça da Matriz, momento em que familiares vieram lhe comprimentar. “Minha família é toda daqui, e é com muito prazer que hoje, com 76 anos, continuo me vestindo de baiana para homenagear Santo Amaro de Ipitanga, de | Continua na página 14 u

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THIARA REGES

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quem sou devota. E olha que eu nem vinha esse ano, fiz uma cirurgia nos olhos e não deveria estar aqui. Mas hoje eu acordei e senti que não poderia ficar de fora”, frisa. Regi confessou não estar com a roupa que gostaria, “um Richelieu lindo”, que ela não conseguiu gomar. Pegou uma renda mais simples, que não diminuiu em nada sua beleza, e lá estava ela, por mais um ano, sorridente, toda paramentada de baiana, com sua quartinha na mão. “Que Santo Amaro proteja a nós todos nesse ano de 2019, e que seja melhor que o ano passado”, conclui. A devoção a Santo Amaro de Ipitanga e a tradição do cortejo é passada de mãe para filha, a exemplo de Jaciara Oliveria, 46 anos, e sua filha Ariele, que tem 11 anos de idade e igual tempo vestida de baiana. Nascida em Barra (676 km de Salvador, no oeste da Bahia, localizada no encontro do Rio Grande com o Rio São Francisco), Jaciara precisou vir morar com seu irmão, Marciano, no bairro da Itinga. Ao ser convidada para participar da festa vestida de baiana, não pensou duas vezes. “Eu enlouqueci, rs! Está em nossas origens, eu sou do candomblé, e a emoção é muito grande. Fiquei tão apaixonada pela festa de Santo Amaro que passei a vir todos os anos, vinha até de barriga (grávida)”, conta. Ariele é a caçula dos cinco filhos de Jaciara, e conta que apesar de não se lem-

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“Antigamente acontecia ape­nas a missa e mais nada. Reu­nimos então um grupo de ami­gos e articulamos com as baianas. Assim começou a história da Lavagem de Santo Amaro de Ipitanga, sempre um sábado antes da missa o padroeiro”. José Mendes. brar de todos os detalhes – afinal começou a participar quando ainda estava na barriga da mãe –, gosta muito da energia que a festa irradia. “Me divirto muito e a cada ano é uma emoção diferente, pra melhor”, conclui. O cortejo chegou ao seu destino por volta do meio dia. Na chegada à praça, a charanga Vem Com a Gente, a fanfarra Renovação da Bahia, o berimbau dos grupos de capoeira e os tambores dos grupos culturais tocam o mesmo ritmo, arrastando entusiasticamente a comunidade até as escadarias da igreja. Missão cumprida por mais um ano, renovando as energias e a fé em Santo Amaro de Ipitanga. 9 DIAS DE FESTAS A imagem de Santo Amaro de Ipitanga completa 411 na cidade de Lauro de Freitas. As festas começaram dia 6 de janeiro, com a novena, no Espaço João Paulo 2º,

e a quermesse, na praça da Matriz. Sob o tema “Unidos pelo Evangélio”, as atividades mobilizaram a comunidade católica, que mesmo com a reforma da igreja, não deixou de participar dos preparativos para a celebração do seu padroeiro. No dia 12, sábado que antecedeu o dia consagrado ao santo, foi a vez do cortejo cultural, que reuniu 17 grupos culturais da cidade, puxados pela tradicional Ala das Baianas. Durante o cortejo, a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), destacou a força da cultura no município e a importância dessa celebração. “Lauro de Freitas possui um potencial cultural muito grande, e mais uma vez ficou provado nesta festa de Santo Amaro. O cortejo cívico levou muita gente às ruas, com uma receptividade muito grande, além do nosso patrimônio imaterial que são as nossas baianas. A presença de representantes políticos só reforça a importância desse momento, e


MATEUS PEREIRA

eu sou muito feliz por estar aqui mais uma vez”. O domingo, 15, dia oficial do padroeiro, começou com alvorada, as 6 horas, seguida pela missa campal celebrada por dom Estevam dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Salvador, acompanhado pelo pároco Juraci Gomes, padres e diáconos. Em sua homilia, dom Estevam exaltou a importância de cultivar características como a tolerância, piedade, alegria, entusiasmo e oração, reforçando sempre a importância do padroeiro Santo Amaro de Ipitinga para o município. Padre Juraci, que conduz as atividades na igreja, não esconde seu respeito ao santo, e revela sempre aos fies seu desejo de ver a cidade voltar a se chamar Santo Amaro de Ipitanga. Após a missa, a imagem do santo seguiu em carreata para a comunidade de São Pedro, no Jóquei Clube. De lá, na parte da tarde, saiu a procissão, em cânticos e orações pelas ruas do centro, até retornar à Igreja Matriz. Os festejos ao padroeiro foram encerrados com um show do padre Alexandro Campos – o padre sertanejo, como ficou conhecido pelo visual e estilo musical –, que proporcionou ao público momentos de descontração e fé através das brincadeiras e da pregação que fez durante sua apresentação. Sua participação na festa foi um pedido especial da comunidade católica, atendido pela Prefeitura de Lauro de Freitas.

Vacinação de crianças é obrigatória para matrícula de alunos com até 18 anos

Campanha nas escolas reforça importância da vacinação

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governo da Bahia promove, de 18 a 22 de fevereiro, a Semana Estadual de Imunização nas escolas. Professores e secretários municipais de educação e de saúde estarão mobilizados para informar aos alunos e pais sobre a importância da vacinação e de verificar se as doses foram tomadas. A intenção é atualizar as cadernetas das crianças e adolescentes e chegar a 95% de cobertura das vacinas contempladas no calendário nacional de vacinação. A iniciativa também visa garantir a efetiva matrícula na rede de ensino, uma vez que a carteira de vacinação tornou-se um dos itens obrigatórios para matricular os alunos de até 18 anos de idade em creches e escolas da rede pública ou particular, que ofereçam educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. “Essa ação é importante por conta do atual cenário epidemiológico observado no país, que apresenta risco potencial de reintrodução de doenças imunopreveníveis já eliminadas das Américas, a exemplo da poliomielite, bem como a necessidade de conter a circulação do vírus do sarampo, reintroduzido recentemente no território nacional”, destaca o secretário da Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas. A medida foi instituída em portaria publicada em agosto de 2018, por conta do cenário epidemiológico observado no país. Serão disponibilizadas para os estudantes todas as vacinas, principalmente as que hoje apresentam os menores níveis de cobertura, como pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hemophilus influenzae e hepatite B), poliomielite, tríplice Viral (sarampo, caxumba, rubéola) e febre amarela. A ação será feita em escolas e nos postos de vacinação das cidades baianas.

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Memórias de Santo Amaro de Ipitanga Documentário produzido por estudantes da rede municipal resgata, através da história oral, as memórias da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga THIARA REGES Freelance para a Vilas Magazine

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LUCAS LINS

que transforma um lugar em cidade é a aglomeração humana que a constitui, e a cidade de Lauro de Freitas, muito antes de sua emancipação política, já era formada por um povo trabalhador e feliz. Alguns dos moradores dessa freguesia, outrora chamada de Santo Amaro de Ipitanga, continuam vivos, distribuindo suas experiências e conhecimentos de uma vida inteira, além de representarem a verdadeira identidade do povo de Santo Amaro de Ipitanga. Quem se lembra da época quando as

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crianças nasciam com a ajuda das parteiras, como dona Neca; ou do seu Rafael, que vendia água em barris carregados por uma mula; dos doces distribuídos por João Expresso, que, com seu caminhão, fazia o transporte entre a cidade e a capital, quando aqui não circulavam ônibus. E as festas embaixo do pé de Oiti, na praça? Essas e outras histórias podem ser conferidas no documentário “Memórias de Santo Amaro de Ipitanga”, uma produção dos estudantes do 6° ao 9° ano da Escola Municipal Ana Lúcia Magalhães, com o objetivo de resgatar os fatos que contribuiram para a construção da cidade que temos hoje, através das pessoas que viveram esses momentos. O roteiro conta a história de um grupo de amigos que em 2018 encontra um baú que havia sido enterrado 60 anos antes. Cada item do baú remete a uma história,

MEMÓRIA Grupo de antigos moradores de Santo Amaro de Ipitanga posa para foto com os realizadores do documentário

contada pelos moradores de Santo Amaro de Ipitanga. Ao todo, 16 pessoas, com idades que variam de 60 a 102 anos, a exemplo de dona Caetana, Caú, artesã da cidade, foram entrevistadas. A escolha dos personagens se deu, inicalmente, por afinidade: os alunos convenceram seus pais ou avós a participarem, e depois por indicação, cada entrevistado lembrava de um amigo que poderia contribuir. Coordenador desse trabalho, professor Antonio Cláudio, destaca que o projeto foi ganhando força a cada novo entrevistado, mas que infelizmente muitos moradores ainda ficaram de fora. “Faltaram muitos personagens no documentário, sabemos disso, mas entendo que foi muito importante essa provocação, para que desperte a curiosidade, e quem sabe, novos projetos surjam para homenagear os moradores mais antigos de Santo Amaro de Ipitanga. Afinal se hoje existe Lauro de Freitas é porque existiu Santo Amaro de Ipitanga”, ressalta. A iniciativa nasceu do Educa7Minutos, Continua na página 18 u


OS PERSONAGENS: MEMÓRIA VIVA DE SANTO AMARO DE IPITANGA

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1) Nilton Leite, 80 anos; 2) Zumira Silva do Espírito Santo (Mirinha); 3) Marize Gonçalves de Souza (Dona Pretinha); 4) Caetana dos Santos Moura (Cau), 102 anos; 5) Antônia da Luz de Jesus, 78 anos; 6) Josélia Silva Santos, 62 anos; 7) Manuel Batista dos Santos (Menininho), 98 anos; 8) Dilza Leite dos Reis, 83 anos; 9) Domingos Ferreira da Cruz (Seu Balaieiro); 10) Emanuel Paranhos Correia, 68 anos; 11) Dinalva Souza Pereira; 12) Leonarda Pereira Franco (Dona Caçula), 98 anos; 13) Helena Ferreira da Silva, 62 anos. Fevereiro de 2019 | Vilas Magazine | 17


q CIDADE Cena com Antônia da Luz de Jesus, um dos personagens do documentário “Memórias de Santo Amaro de Ipitanga”

LUCAS LINS

um projeto da Secretaria Municipal de Educação de incentivo a produções audivisuais, mas o número de moradores com memórias a compartilhar supreendeu, e em 7 minutos seria impossível contá-las. Todo o trabalho foi divido entre os alunos, e a edição final, com 40 minutos, pode ser assistida pelo Youtube, através do link bit.ly/vm_santoamarodeipitanga. O aluno Caíque Barbosa não escondia a felicidade. De assistente de direção, a câmera, roteirista e ator, Caíque participou ativamente da produção do domentário e acredita que todos vão gostar muito do resultado. “A ideia do roteiro foi da colega Nicole Paim, e todos abraçamos a proposta. A primeira vez que assistimos ao filme na íntegra fiquei muito emocionado, e foi uma honra muito grande compartilhar desses momentos com esses mestres”, destaca. Mas os encontros do professor Claúdio e seus alunos com esses moradores gerou muito mais que um documentário: foi o ponto de partida para novas histórias: “Lembro do dia que chegamos com todo o equipamento, filmadora, microfone, na casa de dona Dilza, que não nos conhecia. Me apresentei, falei do que se tratava e ela prontamente

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LUCAS LINS

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nos convidou para entrar em sua casa, com o coração aberto. Igualmente assim fomos recebidos por todos. São muitos e muitos momentos que ficarão em nossas memórias”, conta professor. LANÇAMENTO O lançamento do documentário aconteceu em 16 de janeiro, como parte das comemorações do padroeiro de Lauro de Freitas. Dividido em dois momentos, a comunidade acompanhou primeiro

Abaixo: Mateus, 17 anos, foi ao evento representando a avó, dona Pretinha. Dir.: Caíque Barbosa, um dos alu­nos que atuou na produção do do­cumentário, não escondia a emoção. Esq.: Personagens foram recebidos e homenageados na Câmara Municipal. THIARA REGES


uma roda de conversa, que aconteceu na Câmara Municipal, e depois, a exibição do filme na íntegra, no Cine Teatro. Contando com a presença da maioria dos entrevistados, apesar das limitações físicas muitas vezes imposta pela idade, o evento foi regado por muita emoção, tanto dos homenageados, como de quem se empenhou na produção do documentário. Para Mateus, neto de dona Pretinha, o trabalho serviu como inspiração. “Sempre gostei de ouvir as histórias de meus avós, e agora que completei o ensino médio, tenho como meta a minha formação como historiador”, revela. Prestigiando o evento, o professor Gildásio Freitas ressaltou a importância do projeto que une diferentes gerações na luta pela preservação das memórias de Santo Amaro de Ipitanga. “A cidade passa por um processo de desenvolvimento muito grande e temos que ter o cuidado de crescer sem destruir nosso maior patrimônio, as pessoas que construiram nossa cidade”, conclui.

Parque Ecológico recebeu mais de 54 mil visitantes em 2018 EDGARD COPQUE

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ontato com a natureza, diversão e entretenimento para todas as idades. Assim é o Parque Ecológico de Lauro de Freitas, em Vilas do Atlântico, que em 2018 recebeu aproximadamente 54 mil visitantes. O espaço é administrado pela Secretaria Municipal de Meio ambiente, Saneamento e Recursos Hídricos (Semarh) e ocupa mais de 70 mil metros quadrados, cercado de vegetação nativa e estruturado com equipamentos de lazer. Para aproveitar um fim de semana em família, entre amigos, ou simplesmente tornar um momento ainda mais especial, o Parque Ecológico é uma ótima opção. O jovem Lucas Sampaio juntou os amigos mais chegados para celebrar seu aniversário no parque, em 19 de janeiro, para pedir, de surpresa, a namorada Eliane Araújo em casamento. Ao lado da concha acústica, o cenário romântico estava detalhadamente arrumado sobre a grama e embalado pela voz e violão da dupla Duo Music, de Itinga. “Estamos juntos há quase dois anos e escolhi este clima agradável do Parque Ecológico para selar o nosso compromisso” disse Lucas. Radiante, Eliane resumiu em poucas palavras o momento. “É muita felicidade e certeza do nosso amor”. Em meio a uma trilha ecológica de quase mil quilôme- | Continua na página 20 u Fevereiro de 2019 | Vilas Magazine | 19


EDGARD COPQUE

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tros, espaço zen, viveiro, horta orgânica, espaço de estudos e outros, o parque infantil é de longe o local mais disputado pela criançada. Mas também há aqueles que querem aproveitar todos os espaços, como o pequeno Felipe Nunes, de seis anos, que veio de Salvador trazido pela tia Patrícia Farias, moradora de Vilas do Atlântico, para conhecer o Parque Ecológico. “Fiz tirolesa e andei por tudo” narrou Filipe. Ao lado da filha Júlia Farias, 12, Patrícia conta que costuma frequentar o parque: “Recomendo para todas as pessoas este lugar. Aqui é ótimo para nos aproximarmos da natureza e nos divertir”. O Parque Ecológico foi recuperado pela Prefeitura e reinaugurado em junho de 2017 para proporcionar lazer com segurança à população. Alexandre Marques, secretário da Semarh, caracteriza o espaço como de disseminação do conhecimento ambiental e de utilização sustentável dos equipamentos públicos. “Em média recebemos a visita de 600 alunos de escolas públicas e privadas por semana. Isto indica o quanto o espaço pode contribuir para o aprendizado dos jovens, além de ser um local procurado para realização de festas de aniversários, piqueniques, ensaios fotográficos e lazer para famílias” enfatizou. O Parque Ecológico fica aberto de terça-feira a domingo, das 9h às 17h. O acesso é gratuito. Eventos de maiores proporções devem ser agendados pelos telefones 3369 - 9134 ou 3369 - 9197. 20 | Vilas Magazine | Fevereiro de 2019

Feira de artesanato agrada moradores e visitantes de Vilas do Atlântico

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Praça dos Artistas, em frente ao Parque Ecológico, em Vilas do Atlântico, ganhou colorido e aromas especiais, num dos finais de semana de janeiro, com a realização de mais uma edição da Feira Regional de Artesanato e Economia Solidária, desenvolvida pela Secretaria Municipal de Trabalho, Esporte e Lazer (Setrel). No local, visitantes conheceram e compraram artes regionais confeccionadas em tecido, madeira e couro, e também saborearam docinhos e comidinhas da culinária baiana tradicional. LUCAS LINS


A coordenadora da Associação dos Artesãos de Lauro de Freitas, Tânia Regina, avalia essas iniciativas como positivas para o setor econômico. “A feira movimenta a localidade em que está inserida e divulga o trabalho dos artistas da terra”, disse ela, enquanto apresentava os centros de mesa confeccionados em fuxico, toalhinhas bordadas com nome de orixás, flores artificiais e bijuteria artesanal. O secretário da Setrel, Uilson Souza, explica que a iniciativa é itinerante e acontece uma vez por mês, sempre em bairros diferentes. “Esse processo de comercialização é fundamental para divulgar e gerar receita, fortalecendo o desenvolvimento da economia local. O município tem fomentado ações neste sentido e a tendência é fortalecer ainda mais as cadeias produtivas da cidade”, declarou.

NOTA DA REDAÇÃO: Para informar aos leitores o calendário e local das próximas edições da feira de artesanato, de acordo com os esclarecimentos do secretário, procuramos a Setrel pelos telefones 3288-8673 e 3288-8616 - números constantes no site oficial da Prefeitura. Foram várias tentativas durante o fechamento desta edição, sem sucesso. Ninguém atendeu às insistentes chamadas.

BIOMETRIA

TRE-BA pode cancelar mais de 200 mil títulos de eleitor na RMS

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m fase obrigatória de revisão biométrica, Lauro de Freitas, Dias d’Ávila, Simões Filho e Candeias mantinham baixos índices de comparecimento de eleitores até o mês passado, de acordo com os números mais recentes do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA). Ao todo, mais de 30 municípios baianos passam pela revisão biométrica obrigatória do eleitorado. Para fazer o recadastramento obrigatório, em Lauro de Freitas o eleitor deve se dirigir ao Ginásio Municipal de Esportes, no Centro, ao lado do Restaurante Popular, das 8h às 18h e de segunda a sexta-feira. Basta apresentar documento de identificação pessoal original, com foto, comprovante de residência atualizado e título de eleitor. Dúvidas podem ser esclarecidas pelo número (71) 3373-7000. De acordo com o TRE, eram distribuídas 400 senhas por dia no local, mas o prazo para recadastrar cerca de 74 mil eleitores termina em 22 de fevereiro. A esse ritmo, seriam necessários mais de seis meses para a tarefa, trabalhando inclusive aos fins de semana e feriados. Dos mais de 130 mil eleitores da cidade, menos de 56 mil haviam passado pela revisão biométrica até o dia 21 do mês passado. O recadastramento também pode ser feito no SAC de Lauro de Freitas, de segunda a sexta-feira, das 7h às 15h45, mas nesse caso o atendimento deve ser agendado pelo telefone 0800 071 5353 ou pelo site www.sac.ba.gov.br. Num só dia de janeiro, 43 eleitores foram atendidos no local. No ginásio de esportes, apesar do limite das senhas, quase 600 pessoas foram atendidas no mesmo dia. O empresário Teobaldo Costa enfrentou as filas no dia 10 de janeiro. “Cheguei hoje no ginásio de esportes em Lauro de Freitas às 7h50 para fazer minha biometria, peguei a ficha 211 e fui atendido meio-dia”, disse – “foi divulgado que teria 40 guichês, porém só tinha funcionando 14” – correspon- | Continua na página 22 u

O empresário Teobaldo Costa (segundo à esquerda) na fila do recadastramento biométrico do ginásio de esportes: mais de quatro horas de espera

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dentes à quantidade de aparelhos para registro biométrico disponíveis. Para tentar eliminar o gargalo e cumprir os prazos, o TRE-BA informou que foram instalados, no final de janeiro, mais 16 “kits de biometria” no ginásio de esportes e que avaliava a abertura de um terceiro local com sete guichês em Itinga. Já de acordo com a prefeitura de Lauro de Freitas, seriam 40 novos equipamentos no Instituto Federal da Bahia (Ifba), o que aumentaria a capacidade de atendimento para “quase duas mil pessoas por dia”. Ainda assim, restando naquela altura 24 dias úteis de trabalho para recadastrar 74 mil eleitores, seria preciso atender mais de três mil pessoas diariamente – 50% além da capacidade que se pretendia instalar. O TRE-BA garante que o prazo de 22 de fevereiro não será prorrogado. Cerca de 42% de eleitores de Lauro de Freitas já passaram pelo processo – percentual bem acima dos demais municípios da região, mas principalmente devido à iniciativa da prefeitura, que firmou convênio com o TRE-BA em março do ano passado, quando o recadastramento ainda não era obrigatório na cidade. Além disso, na época, mais de 26% do eleitorado local já tinha sido recadastrado. Simões Filho era o município da RMS com o menor percentual de eleitores recadastrados pela biometria. Dos quase 79 mil eleitores da cidade, mais de 50 mil ainda precisavam atender à convocação da Justiça Eleitoral. Em Dias D’Ávila, a situação não é diferente. Dos 49 mil eleitores do município, apenas 30% já estavam recadastrados. Os eleitores que não responderem à convocação da Justiça Eleitoral terão seus títulos cancelados e estarão sujeitos às consequências previstas pelo Código Eleitoral – o que resulta em problemas bem práticos, além de não poderem votar nem serem eleitos. O cidadão também fica impedido de receber salários ou proventos de função ou emprego público, autárquico ou paraestatal, bem como de fundações governamentais, empresas, institutos e sociedades de qualquer natureza, mantidas ou subvencionadas pelo governo. Não poderá tirar passaporte nem se inscrever em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se ou empossar-se neles. Com o título cancelado, o cidadão não pode renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo, nem obter o certificado de quitação eleitoral. Fica impedido ainda de participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos estados, dos territórios, do Distrito Federal ou dos municípios, ou das respectivas autarquias.

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Moema Gramacho firma lista de compromissos com bairros da orla

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prefeita Moema Gramacho (PT) publicou em um grupo de WhatsApp, em janeiro, a lista de providências que se comprometeu a tomar em relação a demandas de moradores do loteamento Miragem, no bairro de Buraquinho e dos bairros de Ipitanga e Vilas do Atlântico. Os compromissos foram assumidos, no dia nove de janeiro, durante uma reunião provocada por discussões no grupo de WhatsApp de que a prefeita participava com moradores da cidade. Entre outros pontos, na mensagem enviada por ela ao grupo, a prefeita comprometeu-se a aplicar no próprio Miragem 50% das verbas de contrapartidas sociais geradas pela liberação de novos empreendimentos no loteamento. Prometeu ainda “buscar garantir a área, hoje tida como particular, localizada entre as ruas Maria dos Reis e Arlete Souza (toca das Corujas, Trilha Ecológica) como pública”, concluir a calçada e a ciclovia na rua Maria dos Reis e instalar iluminação a LED na Praça das Corujas, sempre no Miragem. A prefeita também ficou de “ver a possibilidade de cessão de uso de área” para a construção da sede da Associação dos Moradores do Miragem, melhorar as ruas Evanildes e Eliaci e pavimentar a rua Marta Maria de Jesus. Para Vilas do Atlântico, a prefeita comprometeu-se com uma “ação efetiva contra a poluição sonora”, com a “normatização e fiscalização na questão dos ambulantes, barracas e quantidade de carros e ônibus nas praias e vias” – e com o fechamento da avenida Praia de Copacabana nos fins de semana e feriados para atividades de lazer e esportes. Para Ipitanga, prometeu “viabilizar o Parque Ecológico de Ipitanga”, fiscalizar o comércio irregular – e “não permitir festa de carnaval na rua Valter Maia Silva”, além de “combater a poluição sonora”.

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Mensagem da prefeita no grupo de WhatsApp assume compromissos firmados na reunião

Trabalhadores da área de telecomunicações inter­romperam o trânsito para voltar a reivindicar a instalação de uma passarela no Km 5,5 da Estrada do Coco. Prefeitura implantou Projeto Travessia Segura

Prefeitura promete semáforo na Santos Dumont, depois de protesto de trabalhadores

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m ato de protesto interrompeu parcialmente o trânsito no Km 5,5 da avenida Santos Dumont, antiga Estrada do Coco, no dia 18 de janeiro, para exigir a construção de uma passarela para pedestres na altura do edifício André Guimarães. No trecho, que concentra intenso tráfego de pessoas, há também dois grandes supermercados e diversas lojas. Depois do protesto do mês passado, os dirigentes foram recebidos pelo secretário de Transporte e Trânsito de Lauro de Freitas, Henrique Olinto Borri, que voltou a prometer uma faixa de pedestres – e um semáforo provisório para o local em até trinta dias. De acordo com a prefeitura, o equipamento ficará ativo até que a passarela seja construída. Organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações da Bahia (SINTTEL-BA), o protesto lembrou que “há mais de um ano que transeuntes, moradores e trabalhadores da região de Lauro de Freitas aguardam a instalação de uma passarela na Estrada do Coco”. A instalação do equipamento foi prometida pela prefeitura ao SINTTEL-BA depois que os trabalhadores do edifício denunciaram à entidade os riscos de acidentes na travessia da mais movimentada avenida da cidade. No edifício, entre outras, funciona uma empresa de teleatendimento, os chamados “call center”. “Como o fluxo de veículos na via é inten- | Continua na página 24 u Fevereiro de 2019 | Vilas Magazine | 23


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so durante todo o dia, os trabalhadores relataram ao sindicato a dificuldade e os riscos da travessia”, disse o dirigente sindical Gildomar Santana. De acordo com ele, a prefeitura “garantiu implementar uma faixa de pedestre até a instalação da passarela, mas até o momento nada foi feito”, reclamou. Santana afirma ainda que há um ano Borri assegurou que os recursos para a instalação já estavam disponíveis e que o equipamento estaria pronto em junho do ano passado. Uma faixa de pedestres seria instalada a 80 metros do edifício. Enquanto a faixa e o semáforo não são instalados, a prefeitura deu início em janeiro ao que denominou Projeto Travessia Segura, atuando com dois micro-ônibus gratuitos que operam nos dois sentidos do trecho, das 5h40 às 20h, todos os dias (foto abaixo). A medida tem duração de 30 dias, período necessário para instalação dos semáforos e faixa de pedestres na localidade.

Além das vans, a Secretaria de Transito, Transporte e Ordem Pública de Lauro de Freitas (SETTOP), está disponibilizando agentes de trânsito para orientar e informar a população o funcionamento do projeto. De acordo com o superintendente de transito da SETTOP, Smith Neto, a medida tem como base o modal que já funcionava no Centro Administrativo da Bahia (CAB) responsável por levar as pessoas ao ponto de ônibus do lado oposto, na Avenida Paralela. Mesmo com o serviço disponível ainda existem pessoas que preferem correr o risco atravessando a via a pé. Além da passarela do Km 5,5, mais duas estariam em fase final de licitação pela prefeitura. Uma no trecho de Portão, próximo à sede do SAMU e outra em frente ao Hospital Aeroporto. As três estão orçadas em R$ 5,8 milhões.

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Placas novas podem ser instaladas em todos os veículos

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s novas placas de identificação de veículos “padrão Mercosul” já estão sendo usadas na Bahia. A mudança aplica-se apenas aos carros novos, que ainda serão emplacados, e aos veículos que passarem por troca de propriedade, de domicílio ou alteração de categoria. Mas quem quiser trocar a placa antiga pela nova também pode fazer isso, bastando procurar o Retran. O novo modelo de placa vem equipado com “Quick Response Code”, o chamado QR Code, para aumentar a segurança do usuário e diminuir as chances de clonagem. A nova tecnologia auxiliará as polícias no combate aos crimes de fraude, roubo e furto. A expectativa é que a placa melhore a segurança pública e a vida dos usuários de trânsito. A nova placa também tem uma nova aparência. Em vez de cinza com três letras e quatro dígitos, é azul e branca,

OS ELEMENTOS DA PLACA “PADRÃO MERCOSUL”: maior segurança


com quatro letras e três números, permitindo mais de 450 milhões de combinações, enquanto o atual modelo se limita a 175 milhões. Um código único contém todos os dados de confecção da placa, como fornecedor, data, ano e modelo de fabricação. A placa pode ser rastreada por meio de um aplicativo que será disponibilizado pelo Denatran. Outros itens de segurança poderão ser ativados posteriormente, a exemplo de um chip de dados variáveis. De acordo com as autoridades, o chip será capaz de enviar dados do veículo por meio de radiofrequência para antenas instaladas ao longo das vias, mas não fará rastreamento por GPS e não vai conter informações sobre o proprietário. A ideia de unificar as placas de veículos nos países que integram o Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul) data de 2010. A medida visava permitir a livre circulação entre Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela por meio de um sistema de consultas e troca de informações – que ainda não foi implantado. O novo modelo foi apresentado em 2014 pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). A meta inicial era aplicar a placa novo a todos os veículos emplacados a partir de 2016.

TRF mantém vinculação do IPVA ao licenciamento de veículos

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Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) acatou o pedido do Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA) para a suspensão da liminar que proibia a vinculação do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ao licenciamento anual, em território baiano. O desembargador Jirair Aram Meguerian, da 10ª Vara Federal, proferiu decisão favorável ao Detran, no dia 15 de janeiro, para o cumprimento do que determina o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) sobre o registro de automóveis. Com a decisão do TRF, o licenciamento de veículos deve ser feito vinculando o pagamento da taxa do serviço cobrada pelo Detran à quitação do IPVA junto à Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz), além do pagamento do seguro obrigatório DPVAT e multas, se houver. O veículo que não estiver com todos os valores quitados será autuado e removido da via. O diretor-geral do Detran, Lúcio Gomes, comentou o entendimento da Justiça Federal. “Sempre defendemos o cumprimento do Código de Trânsito, para garantir a segurança no registro dos veículos. A decisão judicial corroborou isso. Retomamos a normalidade no licenciamento, com seu conjunto de obrigações, para evitar que carros e motos com irregularidades circulem em nosso estado”.

Procon Lauro de Freitas aborda problemas de consumo com as escolas

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Procon de Lauro de Freitas realizou em janeiro a primeira etapa do projeto “um pacto pela educação consciente”, que busca a efetivação de direitos fundamentais, especialmente os relacionados ao direito do consumidor, chamando todos a participar. Diversos representantes de instituições de ensino particular foram chamados a assinar o pacto pelo cumprimento do Código do Consumidor. Gleydson Faleiro, Coordenador Geral do Procon de Lauro de Freitas, explicou que “desde a inauguração do órgão procuramos estar presentes em todas as esferas para atender e auxiliar, garantindo os direitos do consumidor” e que esse primeiro encontro com as instituições de ensino, na Unime, “vem para afinar uma relação para que possamos caminhar de mãos dadas em benefício de todos”. Os representantes das escolas assistiram palestras ministradas pelo diretor de ações educativas do Procon Bahia, Paulo Teixeira e pelo representante do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia, Nelson Souza. Os temas abordados foram as principais reclamações acerca dos serviços da educação e as dúvidas sobre matrícula e material escolar. As palestras do projeto acontecem junto aos representantes das escolas particulares e consumidores do município, nas instituições privadas de ensino, dirigidas à comunidade escolar, aos estudantes e aos pais e responsáveis por eles. Proteger os consumidores por meio da educação para o consumo, instruir fornecedores e consumidores sobre seus principais direitos e deveres são os principais objetivos.

Gleydson Faleiro, Coordenador Geral do Procon de Lauro de Freitas, assinou um “pacto pela educação consciente” com Maria Augusta Oli­­ veira Sena, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia e outros representantes de escolas

EDGARD COPQUE

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q GUIA GASTRONÔMICO DA REGIÃO

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diversificada oferta gastronômica que Vilas do Atlântico e seu entorno oferecem aos moradores e visitantes, é um dos fortes atrativos que contemplam a região com registros de expressivos índices de crescimento na Bahia. Nos últimos dez anos a região viu a chegada de casas e cardápios com sabores regionais, nacionais e internacionais, espalhadas em todos os bairros da cidade, oferecendo desde simples comidinhas caseiras a sofisticados pratos das culinárias

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Cardápios e sabores para todos os gostos nacional e internacional, em restaurantes à la carte e por quilo, pizzarias, além de sorveterias, lancherias, docerias, cantinas, sem contar com a não menos generosa oferta de barzinhos e botecos. Os preços acompanham essa variedade, de espaços sofisticados a despretenciosos, onde se pode comer e beber de acordo com o tempero do bolso. A oferta contempla uma gama de cozinhas: oriental, portuguesa, italiana, árabe, sertaneja, mediterrânea, mexicana, com opções clássicas e tradicionais de seus lugares de origem. A tradição local de reservar a sexta-feira para os pratos típicos da comida baiana é seguida, harmoniosa e democraticamente. Os espaços dividem sabores com moquecas de peixe, camarão, siri mole e até de ovos, xinxim de bofe e de frango, caruru e vatapá. Uma festa de todos os aromas. Com o propósito de fortalecer esse importante segmento econômico, a Vilas Magazine reserva, a partir desta edição, este espaço no caderno editorial, para que endereços gastronômicos da região divulguem suas especialidades, sabores e serviços. Inaugurando a iniciativa, participam desta edição o tradicional Oscarito (referência gastronômica de Vilas do Atlântico – de portas abertas desde 1989 –, com bufê de quentes, frios e assados, de terça à domingo. Quem aprecia carneiro assado não pode deixar de provar o da casa, no bafo. Imperdível); o Alecrim


Dourado (com seu fidelizado bufê montado com comidinhas leves e saudáveis no almoço, de segunda à sexta); o Mineirim e os sabores triviais das Minas Gerais (destaque para a vaca atolada, o frango com quiabo e os docinhos); a Babbo Vilas, em novo e amplo espaço, na principal avenida de Vilas do Atlântico, mantendo a tradição na qualidade de suas pizzas clássicas, com ingredientes equilibrados; a Santa Fé, comandada pelo chef Gustavo Candotta (foto), que assina os inspirados sabores das pizzas tradicionais e com massas especiais: pan, integral e sem glúten; e o restaurante Di Ana, com um bem trabalhado bufê de quentes e frios e chapa de carnes e peixe, de segunda à segunda, em Vilas do Atlântico. Às sextas e domingos, o dono Ramiro – que divide o comando da casa com a sócia, Ana –, capricha em moquecas de peixe, camarão e frutos do mar. Agradecemos sugestões para as próximas edições. Bom apetite.

Ingredientes selecionados com os mesmos critérios que você usa em casa! 71 3379 - 6320 @restaurantealecrimdourado

71 99166 - 9586 Seg à Sex - 11:30 às 14:30 Com estacionamento interno Edf. Mediterrâneio, Lojas 1 e 2 - Pitangueiras / Lauro de Freitas (em frente ao Banco do Brasil, próximo a portaria principal de Vilas do Atlântico)

Obs.: Confira outros endereços gastronômicos nos Classificados (págs. 62 a 64) e a receita do mês: Lula à Provençal. Fazendo o prato, fotografe e nos envie, para divulgarmos na próxima edição.

Reservas para as próximas edições devem ser feitas até o dia 20, pelo e-mail comercial@vilasmagazine.com.br ou pelos telefones 3379-2439/ 3379-2206 / 3379-4377

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q TURISMO & LAZER

Bahia, Goiás e Minas Viagem ao grande sertão de Guimarães Rosa

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oram necessárias duas tentativas para que Riobaldo, protagonista de “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, conseguisse vencer o “liso do Sussuarão”, região de platô que se localiza ao norte de Minas Gerais, na divisa com a Bahia. Na obra, o personagem e o bando de jagunços do qual ele faz parte sofrem com o forte calor e com a geografia adversa,

Vereda localizada entre o Parque Nacional Grande Sertão Veredas e o distrito de Serra das Araras 28 | Vilas Magazine | Fevereiro de 2019

composta por longos trechos de mata seca de cerrado. Essa composição natural, por outro lado, forma paisagens repletas de serras, chapadões, rios e veredas e serve de habitat para uma flora de frutos desconhecidos da maioria dos brasileiros (já ouviu falar do grão-de-galo?) e uma fauna diversa de mamíferos, peixes e aves (são mais de 400 espécies catalogadas). Grande parte disso, hoje, integra o Parque Nacional Grande Sertão Veredas. O parque que homenageia o romance de Guimarães Rosa foi criado em 1989, após estudos realizados pela Fundação Pró-Natureza que atestaram a importância ecológica da região, sobretudo do ponto de vista da biodiversidade e dos recursos hídricos – por ali, correm os rios Preto e Pardo, por exemplo. Publicado em 1956, “Grande Sertão: Veredas” é considerado uma das maiores obras da literatura de língua portuguesa. Em


2002, o Clube do Livro da Noruega produziu uma votação com escritores de 54 países, e o livro de Guimarães Rosa foi o único brasileiro a figurar na lista final dos cem melhores. Em 2004, o parque foi ampliado e atingiu sua configuração atual, com 230 mil hectares entre os municípios mineiros de Chapada Gaúcha (onde fica sua sede e portão de entrada), Arinos e Formoso e a cidade baiana de Cocos. Além dos limites do parque, há mais riquezas naturais e culturais na região. Sediadas em propriedades fronteiriças, estão comunidades sertanejas (semelhantes àquelas que inspiraram personagens roseanos), como a da Estiva, a do Buracos e a do Buraquinho, que podem receber turistas. Perto dali, a menos de 50 quilômetros de Chapada Gaúcha, fica o Parque Estadual Serra das Araras, cuja paisagem é destacada na obra de Guimarães Rosa (sobretudo a travessia do vão dos Buracos). O turismo na região apresenta três perfis de interesse: quem viaja buscando conhecer a natureza local e faz trilhas e traves-

sias de rios, quem é apaixonado pela literatura roseana e quer ver in loco cenários de suas obras e quem pretende pesquisar a biodiversidade do cerrado. Percorrer os caminhos do Parque Nacional Grande Sertão Veredas exige veículo com tração 4x4. São cerca de 150 quilômetros entre os dois portões de acesso da unidade, via estradas de terra em condições variadas – a organização do parque prevê que até o início deste ano sejam concluídas obras nas pistas, e carros de passeio convencionais devem conseguir trafegar. Motos e bicicletas também podem cumprir os trajetos. Conhecidas como “oásis do sertão”, as veredas são o atrativo número um na escolha dos guias turísticos da região. Para entrar no parque, é necessário estar acompanhado por um deles, que cobra, em média, R$ 150 por dia. O apelido de oásis é justificado: em meio à aridez do cerrado, surge uma formação natural de solo irrigado, inclusive com pequenas lagoas, e árvores de copa repleta de folhas verdes – é o caso da mais típica delas, os buritis. A vereda mais exuberante é Continua na página 30 u

Explore as veredas do jagunço Riobaldo

Parque nacional é playground dos loucos pela literatura roseana, mas também diverte aventureiros e pesquisadores interessados na biodiversidade do cerrado

FELIPE ABREU / FOLHAPRESS

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q TURISMO & LAZER u Continuação da página 29

a de Itaguari, a 60 quilômetros da entrada principal do parque. Dentro dos limites da unidade há duas cachoeiras, a de Mato Grande e a Roncadeira – apenas a primeira está aberta a visitação. Embora a queda-d’água seja agradável para banho, o trajeto é ainda mais bonito. Para chegar até ela é preciso vencer mais de 100 quilômetros de estradas. No primeiro terço da viagem, o turista encontra mais uma paisagem descrita pelo herói de Guimarães Rosa em “Grande Sertão: Veredas”. O rio Preto corta grande parte do território sul do parque, onde cruza o rio Santa Rita e, também, o rio Carinhanha, evento hídrico que forma uma paisagem única. O Carinhanha, que divide Minas Gerais e Bahia, é um dos mais referenciados na obra: ao longo de seus cerca de 450 quilômetros que irão desaguar no São Francisco, alterna trechos rasos, onde é possível atravessar a pé e tomar banho, e trechos com até 50 metros de profundidade. No caminho até a cachoeira do Mato Grande também ficam o mirante da Seriema – recomendado pelos guias para ver o pôr do sol –, e uma torre de observação do ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão ambiental criado pela lei 11.516, de 28/8/2007 – de 30 metros de altura, onde turistas podem subir. Um terceiro mirante se localiza no ponto final da trilha dos Três Irmãos, cujo trajeto se dá fora dos limites do parque. Trata-se de um trekking de 6,5 quilômetros (só ida) de subida que exige preparo físico, segundo guias. Com menor grau de dificuldade e com paisagem ainda mais impressionante, a trilha do vão dos Buracos vale um dia de viagem. Para chegar ao destino, a comunidade de Buracos, é necessário vencer uma caminhada de 5 a 7 horas na mata

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KARIME XAVIER / FOLHAPRESS

nativa, se esgueirar entre paredes de mina de ouro e cruzar trechos rasos de rio 16 vezes. Quem chega até Chapada Gaúcha motivado a conhecer o sertão roseano geralmente faz o mesmo pedido aos guias: visitar o local que se refere ao “liso do Sussuarão”. Durante décadas, estudiosos debateram sobre a existência de tal lugar na vida real e alguns afirmam que se trata de uma referência à serra da Sussuarana, em Cocos. Mas, segundo o crítico literário Alan Viggiano e especialistas locais, não há dúvidas: trata-se do “liso” (termo regional usado para descrever um platô) da Campina. Ainda que não haja certeza sobre onde está o mítico “escampo dos infernos” de Riobaldo, no “liso” da Campina é possível ver muito daquilo que descreve o personagem: a dureza do sertão e a vida do sertanejo. Ao fim da trilha do vão dos Buracos e próximo ao encontro dos rios Preto e Carinhanha, estão, respectivamente, as comunidades do Buraco, do Buraquinho e do Estiva. Em todas, há moradores dispostos a servir refeições ou a abrigar turistas – além, claro, de contar casos. Não é difícil encontrar quem tenha relatos místicos e memórias da época da jagunçagem. O caso mais lembrado é o do jagunço Antônio Dó, o “Lampião de Minas Gerais”, que viveu na serra das Araras. O clima de ode à obra de Guimarães Rosa é potencializado todos os anos em julho. O mês marca a data da festa do Encontro dos Povos, evento que reúne manifestações folclóricas, culturais e artísticas de mais de 60 grupos de comunidades tradicionais. É também o mês do Caminho do Sertão: são percorridos a pé 160 quilômetros, em sete dias, desde a vila de Sagarana até Chapada Gaúcha.

O cerrado preservado do Parque Nacional Grande Sertão Veredas atrai pesquisadores de todo o país. Dentro dos limites da área conservada há, inclusive, um dormitório pronto para recebê-los e que, em casos eventuais, pode também abrigar grupos de turistas. O trabalho realizado no parque garante a sobrevivência de uma fauna composta por pelo menos 62 espécies de peixe, 44 de anfíbios, 31 de répteis, 244 de aves e 56 de mamíferos, sendo nove delas ameaçadas de extinção, como o cervo-do-pantanal, o veado-campeiro, o tamanduá-bandeira o lobo-guará e a suçuarana. O parque atrai grande volume de observadores de pássaros: dentre as mais de 200 espécies, algumas são raras e endêmicas. Para o turista comum, é fácil ver araras voando pelo céu, sobretudo a Canindé, de coloração azul. A biodiversidade oferece também variedade de sabores. Entre as árvores de diferentes aspectos (cerrado típico, cerrado denso, cerradão, campo limpo, matas de galeria e ciliares, carrascos e veredas), muitas têm frutas saborosíssimas, caso da cagaita, do jatobá e do saputá. Luiz Felipe Silva / Folhapress.

Passeio de caiaque em lagoa no rio Formoso, dentro da fazenda Trijunção, onde fica a pousada de mesmo nome, entre os estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás


SINTA SE LÁ ‘Grande Sertão: Veredas’ é um tesouro para ser lido também com o ouvido

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emos aqui uma joia, mas alguns acharão se tratar de um catatau cascudo e intransponível. Bobagem, não é para ter medo de “Grande Sertão: Veredas”. Silviano Santiago, um dos principais críticos literários em atividade no país, usa a seguinte metáfora para falar do surgimento do romance de Guimarães Rosa, em 1956: o trenzinho caipira da literatura brasileira vinha apitando e soltando fumaça, quando de repente desabou um pedregulho nos trilhos. Talvez por isso o livro possa intimidar leitores menos assíduos. No romance, Riobaldo conta sua saga pelo sertão. Narra como entrou em um bando de jagunços, participou de lutas sanguinolentas e buscou vingança. Revela também seu amor por Diadorim, um dos membros do bando e dono de um segredo (se você deu sorte de chegar até 2018 sem saber qual é, melhor não estragar a surpresa aqui). Com idas e voltas no tempo, o jagunço se detém para refletir sobre o mal, o amor, a vingança, a guerra, o sagrado – e, em especial, sobre a existência de Deus e do Diabo. Ele fez um suposto pacto com o Capiroto e quer crer que o Cramulhão não existe. Contudo, é bom lembrar que literatura não é o que se conta, mas o como se conta – e para isso Rosa criou um idioma próprio. Não é só a alta densidade poética do texto, mas a própria ortografia e a sintaxe que são diferentes da linguagem comum. Para ficar em um exemplo simples, ele escreve “dansar” em vez de “dançar”. Podemos supor o motivo: o “s” é uma letra que rebola, enquanto o “ç” está fincado no chão. O leitor vai se deparar com uma série de palavras inventadas, construídas por vezes a partir da mistura de vários idiomas, ou tão antigas que nem parecem de verdade. Rosa tentou reconstruir o falar da gente de sua Minas Gerais, mas criou uma nova língua. No primeiro momento, você pode estranhar esse português tão diverso – mas logo se acostuma e vai querer ler devagar para não acabar rápido. Como Rosa estava atento à musicalidade de sua frase, ajuda dizer o texto em voz alta. “Grande Sertão: Veredas” é para ser lido também com o ouvido. Para quem visita o sertão, a história de Riobaldo servirá como um novo par de óculos – ao fim do livro, a vontade é ver pessoalmente o que Rosa viu de grandioso e mítico naquele universo. Será preciso conhecer as veredas, as boiadas, os buritis – com sorte, ainda dá para cruzar com o manuelzinho-da-crôa, pássaro favorito de Diadorim, em pleno voo.

De cima para baixo:

Ovo de ema com shitake, molho branco e batata palha; A 380 km de Brasília, Parque Nacional Grande Sertão Veredas preserva paisagem descrita por Guimarães Rosa; Prato assinado pelo chef belga Bertrand Materne: galinhada com pequi

FOTOS: KARIME XAVIER / FOLHAPRESS

Maurício Meireles / Folhapress.

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q VIVER BEM

Paciente com arritmia tem que redobrar cuidados com o coração Doença tem números alarmantes, porém pode ser evitada com medidas básicas e hábitos saudáveis

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cada dois minutos uma pessoa morre de morte súbita no Brasil. Por ano, a doença acomete 300 mil brasileiros, segundo a Sobrac (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas). A arritmia cardíaca é responsável por 80% a 90% desses casos, segundo o Ministério da Saúde. As arritmias cardíacas representam grande perigo à saúde da população em geral, principalmente daquelas que já tiveram um infarto ou têm alguma doença cardíaca, segundo o cardiologista do Serviço de Arritmias Cardíacas do HCor (Hospital do Coração/SP), Enrique Pachón. Caso o paciente não tome os cuidados necessários ou não procure avaliação médica, diz Pachón, as chances de um ataque cardíaco de alto risco só aumentam. “Evitar as arritmias ainda é a melhor maneira de impedir morte súbita ou derrames causados pela doença”, afirma. Maximiliano Dutra, cardiologista do Instituto Nacional de Cardiologia, explica o funcionamento do coração no site do Ministério da Saúde. “Funciona como se fosse uma escola de samba. Possui um marca-passo que dita o ritmo de funcionamento, que geralmente varia em torno de 60 a 100 batimentos por minutos. A arritmia acontece quando esta cadência

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é perdida”, afirma. Apesar do número alarmante de mortes, essa doença pode e deve ser evitada, segundo Nivaldo de Nunzio Losacco, cardiologista do Cejam (Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim). Ele diz que é importante ensinar à população sobre as medidas básicas de ressuscitação cardiopulmonar. “As emergências cardiovasculares possuem proporções endêmicas e é a principal causa de mortalidade, obrigando que medidas preventivas e eficazes sejam aplicadas com urgência.”

Tecnologia ajuda a manter o ritmo Tratamentos que envolvem a tecnologia são os modernos marca-passos cardíacos que conseguem fazer o diagnóstico e tratar as arritmias mais graves, ao aplicar estímulos automáticos no coração – os chamados desfibriladores implantáveis –, mesmo que o paciente apresente a arritmia muito longe do hospital ou de seu médico, diz o cardiologista Enrique Pachón. “É como se o paciente carregasse, dentro de si, o seu médico, para tomar as providencias na hora que precisar”, esclarece o profissional. Tatiana Cavalcanti / Folhapress.

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q PREVIDÊNCIA

Saiba o que fazer se entrar no novo pente-fino do INSS Atualizar cadastro no órgão é melhor forma de ser localizado para apresentar defesa a tempo de evitar corte

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data para o início da convocação dos segurados ainda não está marcada, mas os novos pentes-finos em benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) já foram oficializados pelo governo Jair Bolsonaro (PSL). Quem for chamado deve estar preparado, de modo a aumentar as chances de manter o benefício ou, ao menos, reduzir as possibilidades de ter que brigar com o instituto na Justiça para reverter um cancelamento. A revisão atingirá aposentadorias e pensões com indícios de irregularidade, além dos auxílios-doença e benefícios por invalidez. Um bom primeiro passo a ser seguido pelos segurados que recebem um benefício atualmente é a atualização do cadastro no INSS. É possível fazer isso diretamente no Meu INSS (meu.inss.gov.br) ou agendar um horário e ir à agência. O importante é manter endereço e telefone de contato atualizados, para garantir que o instituto tenha como localiza-lo.


O governo informou que, após a notificação, o prazo para o interessado apresentar defesa será de dez dias. A medida provisória ainda prevê, nos casos em que o INSS considerar que há prova pré-constituída de irregularidade e a localização do segurado não for possível, o corte preventivo do benefício. O restabelecimento ocorreria após apresentação da defesa pelo beneficiário. O advogado João Badari afirma que o segurado incluído no pente-fino deve ter o direito de se defender, mesmo que, para isso, precise recorrer à Justiça. “Se entender que existe erro no cancelamento, deverá ajuizar ação para o restabelecimento

dos pagamentos.” EXAME MÉDICO DEVE ESTAR ATUALIZADO Para quem recebe benefício por incapacidade, a recomendação é atualizar todos os documentos que comprovem as condições médicas, como laudos e exames. No caso das pensões, as provas mais usadas são certidão de nascimento dos filhos, comprovantes de endereço, de participação em plano de saúde, conta-corrente conjunta, declaração de união estável e declaração de IR como dependente. Fernanda Brigatti / Folhapress.

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q COMPORTAMENTO

Ciúme de você Desconfiança com celular pode colocar tudo a perder em uma relação; especialistas dão dicas sobre limites e individualidade

Há fatores envolvidos nesse contexto, como a imaturidade e a insegurança. Se o casal tiver uma relação estável, não faz sentido ter restrições quanto a uma boa conversa para deixar claro o que incomoda”, aconselha Leila Tardivo, psicóloga e professora do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo). Esse tipo de abuso e invasão aconteceu

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ada vez mais, crises de ciúme com relação ao celular do parceiro ou da parceira têm virado um problema. É o que aponta Antonio Belamoglie, psicanalista do Núcleo de Terapia Viva Bem. “As redes sociais são os meios de comunicação do momento, em sintonia com a agilidade dos acontecimentos e das mudanças que ocorrem no mundo. Então, desgastes nas relações devido aos celulares têm sido um conflito frequente, aumentaram muito. Mas têm muito mais a ver com o perfil de relacionamento do que como aparelho em si.” A cantora Paula Fernandes, revelou em uma entrevista no ano passado, para um canal no YouTube, que descobriu que estava sendo traída depois que mexeu no celular do então namorado. Para o especialista, se o cenário é este, o ideal seria uma conversa. “Quando há desconfiança, o primeiro passo é conversar e, junto, o casal estabelecer que tipo de relação quer ter. Paralelamente, é necessário se desfazer do padrão atual e mudar para um novo tipo de comportamento e de convivência”, opina o psicanalista. Segundo especialistas, porém, há dicas para manter uma relação saudável. E uma das primeiras é estabelecer limites logo de cara: todo o mundo tem direito a manter sua privacidade, e isso não quer dizer que há algo a esconder. “Invasão de privacidade é algo sério e tem acontecido bastante. É preciso tomar cuidado.

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com a hoteleira RachellBigi. Ela passou maus bocados com um ex-namorado. Durante uma briga em uma viagem, ele acessou o celular dela e usou o computador para monitorar as mensagens dela no aplicativo de conversas WhatsApp.“Ele era ciumento, às vezes, mas isso foi uma invasão, eu não fazia nada de errado”, diz ela. Por conta do episódio, o relacionaANDRÉ HORTA / FOTOARENA / FOLHAPRESS

Paula Fernandes já descobriu estar sendo traída olhando no celular do namorado


ROBSON VENTURA / FOLHAPRESS

Não perca a linha!

O casal Ivana e o marido Pedro, sabem senhas um do outro mento chegou ao fim. “Ele disse que a gente deveria ter o celular aberto, sem senha, mas fiquei muito brava”, conta. “Nunca tinha passado por isso em outros relacionamentos”, afirma. Para Nelson Destro Fragoso, professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, casos como este são caracterizados pelo desrespeito. “Uma coisa é não confiar no outro. Outra coisa é a pessoa ser obrigada a partilhar suas informações. Não tem de existir essa obrigação”, analisa Destro. Já o relacionamento entre a blogueira Ivana Pedretti e o representante técnico e comercial Pedro Pedretti, continua firme, mesmo tendo sido iniciado com bastante ciúme por parte dele. O namoro começou pela internet, em 2009. Eles usavam o extinto Orkut para se comunicar, além de trocarem emails. Porém, mesmo dependendo das redes sociais para conversar, Pedretti demonstrava ciúme. “Ele me pedia para apagar a conta, pois não gostava das mensagens que eu recebia”, explica Ivana. Em2012, eles se casaram. Ivana, na época, trabalhava em um banco, mas queria seguir carreira como blogueira. Para Pedretti, que é italiano, era complicado compreender a escolha da esposa. “Na Itália, as redes sociais não são um trabalho. Era difícil entender isso.” Depois do casamento, Pedretti conta que passou a ter mais confiança em Ivana. Ele avalia que a relação evoluiu. “Comecei a entender o trabalho dela e a ver que redes sociais não são só lazer.” Para demonstrar confiança, o casal resolveu compartilhar senhas das redes sociais e dos celulares. “É questão de praticidade, pois ela esquecia as senhas toda hora”, aponta o italiano. Embora especialistas aconselhem a cada um ter suas particularidades, eles também apoiam casais que, em comum acordo, decidem compartilhar senhas. Tudo pelo bem da relação. “Se eles se entendem, sem problemas. Se não trouxer angústias, ok. O acesso só não é legal se não for permitido”, diz Leila. Leonardo Volpato e Letícia Naísa / Folhapress.

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q EMPRESAS & NEGÓCIOS

Aplicação dos programas de compliance é a palavra de ordem no novo momento do país Rúbia Oliveira

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or que falar de ética e compliance? O governo federal teve como um dos primeiros itens na sua pauta o combate à corrupção. Como isso irá impactar nos programas de compliance e na aplicação das sanções da lei anticorrupção? Compliance engloba a ética e integridade, e “significa estar de acordo com a lei, código de ética, normas, políticas e procedimentos, com a finalidade de prevenir, detectar e punir atos ilegais, antiéticos e de corrupção, preservando a reputação, as finanças, a gestão, a

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imagem da empresa, a instituição, a associação ou órgão público, mitigando seus riscos, desenvolvendo cultura ética, interna e externamente, nas relações com organizações públicas e privadas”. É um sistema, que conta com códigos, políticas, procedimentos, treinamento, comunicação, canal de denúncia, controles, auditoria, investigação e punição. Vejo compliance como algo que é bom para todas as relações: é bom ser ético e ter um sistema que comprove que você está atuando para que sua empresa seja ética, que siga normas que refletem os valores e expressam a missão da empresa, o código de ética das empresas, bem como leis de natureza não penal,

mas que podem acarretar verdadeiras punições pecuniárias, como multas administrativas. A Lei Federal nº 12.846, sancionada em 1º de agosto de 2013, estabelece a responsabilidade objetiva para pessoas jurídicas que, de alguma forma, se beneficiem com atos de corrupção, estabelecendo multas que podem chegar a 20% do faturamento bruto da empresa. Ao investir num sistema de gestão em compliance, será possível, também, observar um aumento do nível de qualificação da gestão do negócio, especialmente, em se tratando de empresas familiares; adequar-se às regras mais recentes de combate à corrupção; possibilitar certi-


Rúbia Oliveira é advogada, mestranda em resolução de conflitos e mediação, Compliance Senior, pós-graduada em Direito Público e em Direito do Trabalho, especialista em Controle da Administração Pública e graduada em Direito e em Administração.

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ficação ISO 37001 e 19600. Além de um aumento da produtividade de até 13%, é possível mitigar a perda de 5% do faturamento bruto que as empresas têm com fraudes, de acordo com empresas de auditoria, como a PwC, trazendo maior segurança aos sócios e diretores, adotando condutas de minimização do risco reputacional, financeiro e de gestão, através de um eficaz programa de compliance. Nas empresas do setor privado, o termo entrou em discussão e estudo a partir de 2013, com a sanção da lei anticorrupção, lei que trouxe a responsabilidade sobre atos ilícitos para as pessoas jurídicas, mesmo quando praticados por funcionários ou outras pessoas que tenham algum vínculo com as empresas. Até a sanção desta lei, as empresas não pensavam em implantar e aprimorar seus programas de conduta e integridade para evitar sanções, não usavam como ferramenta de defesa e proteção para seus negócios. Tomavam essa providência quando já estavam envolvidas em questões judicias, esquecendo que o valor de uma empresa está na sua reputação. Programas de compliance determinam que as empresas precisam se adequar a novas políticas de integridade e transparência, utilizando para isso, mecanismos capazes em evitar atos ilícitos. A sua finalidade é trazer segurança financeira, jurídica e durabilidade do negócio, vida longa, mitigação de riscos, através de um sistema de gestão de melhoria continua. Cabe agora maior conscientização das empresas, exigindo que invistam em um programa de compliance. Empresas que agirem sem ética, à margem da lei, não terão mais vantagens. A inobservância da legislação poderá trazer penalidades e altos custos no futuro.

O que você precisa saber antes de abrir sua empresa - Parte 1 Genivaldo Bomfim e Joilson Ferreira

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a definição do melhor regime tributário à escolha do local onde a empresa vai funcionar, passando pela composição da sociedade, é preciso estar atento a inúmeros detalhes antes de lançar seu produto ou serviço no mercado. A seguir, vamos tecer alguns comentários sobre o plano de negócios. Elaborar um plano de negócios é um passo fundamental. O documento deve descrever os objetivos que se deseja alcançar com o negócio e de quais estratégias será preciso lançar mão para chegar até eles, assumindo o mínimo possível de riscos. Na elaboração do plano, o empreendedor deve fazer uma pesquisa aprofundada sobre o segmento em que pretende atuar, o mercado consumidor, os possíveis fornecedores, etc. Esse estudo é essencial para obter sucesso nas etapas posteriores. Afinal, será possível prever problemas e desafios antecipadamente, baseando-se em dados objetivos. Na prática, o plano de negócios é uma análise da viabilidade da empresa e, para tanto, deve ajudar a responder às seguintes perguntas: l O que é o negócio? (nome, missão, setor de atividade, forma jurídica, enquadramento tributário, etc.) l Quais os principais produtos e/ou serviços que a empresa vai oferecer ao mercado? l Quem serão seus principais clientes? l Onde ficará a empresa? l Quanto capital será preciso investir? l Qual será o faturamento mensal projetado? E o lucro? l Em quanto tempo o capital investido deverá retornar? Outro ponto que deve constar do seu planejamento inicial é a matriz Swot ou Fofa (forças, oportunidades, fraquezas e ameaças), uma ferramenta que vai ajudar aavaliar os fatores internos e externos que podem impactar seu negócio. Com isso, você terá subsídios mais concretos para tomar decisões, agora e quando a empresa já estiver funcionando, o que ajuda a minimizar erros.

Genivaldo Bomfim e Joilson Ferreira são sócios da Objetica Consultoria Empresarial. Fevereiro de 2019 | Vilas Magazine | 39


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Raymundo Dantas

Escritor e palestrante, especializado em Marketing no Varejo, com Mestrado na Espanha. raymundo_dantas@uol.com.br

Empresas que aprendem

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ma das principais capacidades do ser humano é, sem dúvida, a de aprender. Aprender significa adquirir conhecimento novo. Adquire-se conhecimento novo através de todos os sentidos: visão, audição, tato, gosto e olfato. Aprendese, portanto, de vários modos: lendo, vendo, ouvindo, tocando, degustando, em suma, experimentando. É a experiência das coisas que nos faz aprender sobre elas. Mas atenção: para aprender determinadas coisas é necessário desaprender outras, ou pelo menos esquecer certas coisas aprendidas anteriormente. Veja, por exemplo, andar de bicicleta. Para aprender a andar de bicicleta é necessário esquecer as leis que regem o movimento de andar sobre os próprios pés. Manter-se equilibrado sobre duas rodas que se deslocam, na mesma linha, em sincronia, é completamente diferente de se manter equilibrado sobre dois pés que andam lado a lado, com movimentos alternados. Por isso é tão difícil aprender a andar de bicicleta: é que aprendemos, antes, a andar sobre os pés. Entretanto não basta aprender, é preciso exercitar. Sabe por que? Para adquirir a habilidade, a capacidade de usar com sucesso o novo conhecimento. Assim, há um conhecimento inicial, ou teórico, em certas aprendizagens, que necessita do exercício, da execução repetida, para que esteja-

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mos aptos a usufruir as vantagens daquilo que aprendemos. Um exemplo disso é a aprendizagem de outra língua. É preciso, em primeiro lugar, esquecer a estrutura do idioma português. Depois é preciso praticar. Se a gente não praticar, esquece tudo o que aprendeu. Outro exemplo é a facilidade com que as crianças aprendem a usar o computador, enquanto os adultos vão mais devagar. O que ocorre apenas é que elas não precisam desaprender tudo o que os adultos aprenderam antes e que agora só atrapalha o novo aprendizado: datilografia, operação de máquinas de calcular, de registradoras antigas, etc. Além disso as crianças têm a chance de praticar no smartphone o dia todo, enquanto os adultos têm outras obrigações a cumprir. Tudo isso nos leva então a compreender a importância de aprender coisas novas, de esquecer coisas antigas e exercitar o conhecimento novo para tirar vantagem dele. E isso tudo lembra o grande guru de negócios, Peter Senge, cuja tônica tem sido insistir com os empresários e executivos para incutirem nas suas empresas o desejo de aprender. Aprender, para Senge, é exatamente o segredo do sucesso de pessoas e organizações. Organizações que aprendem são aquelas capazes de estar atentas para o que está acontecendo no mundo dos negócios, nos mercados, na cabeça dos clientes. As organizações que aprendem estão dispostas a colocar de lado conhecimento antigo e adquirir rapidamente

novos métodos de trabalho, novas maneiras de atuar. Onde e como aprendem as empresas? Em primeiro lugar precisam aprender com os próprios erros. E muitas vezes vemos organizações que continuam a repetir procedimentos, métodos e processos de gestão que vêm dando resultados negativos, sem que percebam isso e possam aprender. Aprende-se também com os outros, com as empresas de sucesso, com os concorrentes, com as boas ideias de outros ramos de negócio. Aprende-se com os clientes exigentes e com os empregados reclamadores. Aprende-se com os fornecedores, aprende-se viajando, lendo revistas técnicas, ouvindo o rádio, assistindo a TV e até fazendo cursos. A vida é um permanente lugar de aprendizagem. Tudo ensina, tudo acrescenta, desde que tenhamos os sentidos aguçados e o desejo de crescer, de aperfeiçoar, de oferecer melhor serviço, de obter melhores resultados. Além da coragem de abandonar velhos hábitos, que já não satisfazem os sempre novos mercados.


LETICIA MOREIRA / FOLHAPRESS

q MODA & ESTILO

LECO VIANA/ THENEWS2 / FOLHAPRESS

Macacão volta ao guarda-roupa das famosas, em tecidos finos e decotes

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ode tirar o macacão do armário. A peça versátil voltou à moda (e ao guarda roupa das famosas) já no clima do verão, com tecidos mais leves e nobres, como linho e seda. “É uma peça que todo mundo pode usar e não precisa de muita coisa para ficar elegante”, defende a consultora de moda e influenciadora Lilian Paiva. “O macacão é uma peça democrática que pode ser favorável para todos os tipos de corpos, basta ter a modelagem e o tecido corretos”, confirma o estilista Arlindo Grund, apresentador do programa “Esquadrão da Moda” (SBT). A regra de ouro, dizem os especialistas, é fugir dos modelos muito justos. “O tecido mais claro aumenta o visual e atrai mais atenção para pontos que queira disfarçar”, alerta o apresentador. O sapato correto é fundamental. Nos modelos flare, tipo boca de sino, caem bem os saltos altos. Já os mais curtos, como os pantacourts e as jardineiras, pedem um tênis descolado. Quanto ao tecido, linho é a melhor aposta, e a seda é atemporal. Para durar mais tempo no guarda-roupa, Grund recomenda os tons mais sóbrios: azul-marinho, preto, branco e cinza. Na hora de combinar com o resto do guarda-roupa, Paiva indica o modelo com alça fina e decote generoso para usar com camisetas “mais podrinhas” com estampas ou frases. O macacão virou peça de moda nos anos 1930, mas voltado para crianças. Na década seguinte, as mulheres adotaram a peça em versões mais ajustadas ao corpo. Marcia Soman / Folhapress.

Embalagens da bebida Beauty Drink, que é rica em vitaminas e colágeno e promete vários benefícios

Como deixar a pele mais firme? Suplemento de colágeno funciona? Síntese de colágeno cai com a idade, mas há formas de ajudar essa produção

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olágeno is the new black, diz Sylvia Ypiranga, médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia. É o que todo mundo fala, diz ela, porque é ele quem deixa a nossa pele firme – e cuja produção no organismo diminui com o passar do tempo. Suplementos, injeções, laser e cremes, há toda uma gama de produtos para ajudar nessa suplementação de colágeno, cada um com diferentes graus de sucesso. Cremes, por exemplo, não induzem tanto a síntese de colágeno como médicos e a indústria gostariam, mas têm lá sua função. Em geral, devem conter vitamina C, ácido glicólico, ácido hialurônico e também retinoico, segundo Ypiranga. Lasers, diz ela, também ajudam, mas não são suficientes sozinhos. Na opinião da dermatologista, a injeção de produtos como ácido hialurônico e o ácido polilático têm duração prolongada de até dois anos. Os produtos são absorvidos pelo corpo. PMMA e silicone não devem ser usados. Mas, segundo ela, a boa nutrição, hidratação e também a ingestão de colágeno (normalmente em sachês) são importantes para a fabricação da proteína pelo organismo. As vitaminas C e E também facilitam essa síntese. O uso dos suplementos, diz Ypiranga, precisa ser contínuo para que haja efeito. Fevereiro de 2019 | Vilas Magazine | 41


Jaime de Moura Ferreira Ad­mi­nistrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, ambientalista, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. jaimoufer@hotmail.com

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er-se-ia um mundo bem melhor se o ser humano desse crédito a tudo que fosse dito por outra pessoa. No entanto, a coisa não ocorre dessa forma, pois se acredita que essa situação depende de como se confia em quem está falando ou realizando. Para os humanos definirem sua confiança e ser a base de sua realização é necessário que, antes de tudo, demonstrem seus comportamentos no complexo social que atua, pois, a confiança está diretamente ligada à linha da verdade, quando este princípio é observado pelo grupo. Confiar nos outros depende do objetivo dos dois, que tem a ver com a amizade e amor, pois a confiança não exige raciocínio é um sentimento de fé e pode se transformar na base do relacionamento. O ser humano precisa acreditar em si próprio e promover exemplos, para levar aos outros a confiança. Entende-se que esse crédito quando se parte, também quebra a amizade. Isso porque desculpas poderão ser aceitas, desconfiança jamais. Quem pratica a confiança, geralmente, apresenta provas de seus comportamentos em ações e de tanto serem testadas, surge-lhes a “boa fama”. Por essa razão, nas comunidades, nos municípios e nações, a confiança aparece nas realizações positivas dos seus gestores, que devem ser comparadas aos critérios de honestidade, seriedade e humanidade, principalmente quando se analisa os procedimentos anteriores. Se for o caso utiliza-se o cruzamento de informações, para se chegar à confiança. Quando se conhece as pessoas cria-se, em alguns casos, a expectativa de probidade para as mesmas. Isso

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Confiança

porque, geralmente, os seres humanos vivem em grupos sociais, na mesma comunidade, com valores e culturas semelhantes. Assim, busca-se que esses seres pratiquem os mesmos préstimos, para gerar a confiança. Porém, como os seres humanos, mesmo pertencendo a um mesmo grupo social, são diferentes, surge, inicialmente, a desconfiança. Com o passar do tempo se constrói a amizade, que gera a firmeza de ânimo e consequentemente o crédito, entre as partes. Existem pessoas que, por mais que se queira, não expõem confiança. Nesse rol se encontram os políticos e comerciantes. Os primeiros, demonstram, permanentemente, que suas palavras, atitudes e realizações não passam de subornos, enganações e maus procedimentos, com raríssimas exceções, por isso perdem a credibilidade, para alguns; e os segundos, dizem que faz parte do negócio, querer“levar vantagens em tudo”. Por essa razão, existem excessos de nego-

ciações dos dois lados que, de uma forma ou de outra, representa a falta de confiança entre essas pessoas. Quando existe a confiança nas palavras, amizades, encontros e tantos outros, sempre haverá o “ganha/ ganha”, ou seja, os dois lados saem vencedores. Para tanto, deve-se observar a regra de ouro, que diz:“trate os seus semelhantes do mesmo modo que você gostaria de ser tratado”. Nas organizações, a confiança para com os seres humanos exige um certo tempo de observação sobre o desenvolvimento profissional, o controle emocional, comunicação entre as pessoas, caráter e valores morais evoluídos. Para se aceitar a decisão de outra pessoa é necessário a busca de informações da pessoa. Então se cria a linha de pensamento, que poderá ser de confiança ou desconfiança. Esse comportamento identifica os valores morais dela. Nesse caso, se faz a comparação com os de si e toma-se a decisão de confiar ou não. Às vezes, não é verdadeiro, pois a confrontação exige o que a pessoa pensa, ou traz dentro de si. Nos casais, por mais que sejam afinados, haverá uma mancha de desconfiança entre eles, principalmente aos novatos. Com o passar do tempo, cria-se a confiança, que representa sua solidez. Aos amigos, deve-se demonstrar um clima de muita confiança. Porém, dependerá dos dois a continuidade da mesma. Essa situação poderá ser fragmentada, muitas vezes por determinadas atitudes de um, que machuca o outro. Imagina-se que os seres humanos, a princípio, não tenham a capacidade de dedicar, integralmente, confiança nos outros.


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