Vilas Magazine | Ed 244 | Maio de 2019 | 32 mil exemplares

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A Revista de Lauro de Freitas e Região

Ano 21 Edição 244| Maio 2019

POLEIROS URBANOS: Projeto para alimentação em liberdade de pássaros silvestres, ajuda resgatar o prazeroso convívio com a natureza


CENA DA CIDADE LUCAS LINS

Observada por um menino, Jovelina de Jesus, 78 anos, testemunha a nova pavimentação asfáltica da rua Maria de Lourdes da Silva, no Jardim Ipitanga, Caji. Antes da pavimentação, a rua ganhou terraplanagem e drenagem. Hoje tem meio-fio e calçada com marcação de piso tátil.

A revista de Lauro de Freitas & Região

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Por que anunciar em tempos de crise? Sumir da mídia ou então praticar o efeito avestruz, com certeza não é a solução mais recomendável Henrique Pátria

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uando os negócios estão em baixa fica sempre a dúvida no setor de marketing das empresas ou, na inexistência deste, nas diretorias comerciais ou ainda no dono do negócio, o que deve ser feito para manter a empresa em evidência porque neste momento a primeira atitude é parar tudo. Há vários comportamentos conhecidos, mas o mais tradicional é o do chamado ‘pé no freio’, onde tudo é suspenso e tudo deixa de ser feito em nome da economia que, julga-se, seja necessária neste momento. Quase sempre esta não é a melhor atitude, pois não se está agindo de forma racional e deixamos nos levar de divulgação e fixação da marca, dos produtos e dos serviços prestados. Então, para dar o exemplo, a primeira atitude é a de que se faça qualquer economia, a qualquer custo, mas se essas medidas são tomadas sem qualquer critério técnico o feitiço pode voltar-se contra o feiticeiro. Explicando melhor: A empresa ‘some’ do mercado e, a não ser os seus clientes mais antigos que já mantêm uma certa relação com ela, os demais potenciais clientes deixam de considerá-la para efeitos de negócios futuros. Além disso, os concorrentes que têm um comportamento parecido porém um pouco mais racional, ou seja, realinham seus investimentos mirando as principais oportunidades, ocupam o espaço vazio deixado e abocanham os novos negócios que estão surgindo. Em nossa relação pessoal, soubemos de uma empresa que sumiu da mídia e quando voltou a fazer um anúncio recebeu ligações de antigos clientes indagando se ela não tinha quebrado, pois havia ‘sumido’ totalmente de circulação e eles não ouviram mais falar dela. Há um ditado antigo que diz que “Nos momentos de crise é que surgem os melhores negócios”. Este ditado tem razão de ser por alguns motivos especiais que enumeramos: l O desenvolvimento de novos produtos – Usando do equipamento, da mão de obra e das matérias que já estão na casa com pequenas alterações descobre-se alguns produtos derivados e os acrescentamos ao nosso portfólio. l A abertura de novos nichos – Há alguns mercados que ainda não exploramos, quase sempre porque nossa rentabilidade está boa e mal conseguimos atender aos pedi-

dos que já preenchem totalmente nossa grade de produção normal. É hora de voltar-se para estas novas oportunidades. l A busca de novos clientes – Já temos uma carteira tradicional com bons clientes, fiéis e bons pagadores e por isso nos descuidamos de abrir nosso leque. Vamos atrás deles. l A tomada de espaços no mercado – Como dissemos, há muita gente que se encolheu e não consegue colocar o ‘olho’ para fora da porta. É hora de pesquisar e conquistar estes espaços vazios. l Os novos negócios – Todos os dias surgem novas demandas. Há menos de dois anos não havia espaço para muitos produtos que hoje estão em alta. É só olhar à sua volta e verá imensos prédios revestidos de aço inox e vidros que não existiam há dois anos. E A RELAÇÃO COM A MÍDIA? Por tudo isto é preciso contar a todos a suas novas investidas. Por exemplo, de nada adianta investir milhares de reais na obtenção da certificação da ISO se os interessados que são os seus clientes e o mercado não forem comunicados desta conquista. É preciso divulgar. A propaganda continua sendo a forma mais fácil de se mostrar ao mercado e dizer a todo o momento que você está forte e confiante, pois já passamos por recessões muito piores e, certamente, novos e importantes momentos estão chegando para a sua empresa. Há inúmeros estudos a respeito do tema e o mais recente que tomamos conhecimento foi elaborado pela consultoria McKinsey, em conjunto com a London Business School e pelo consultor Tony Hiller, e divulgadas pelo Portal Exame. Conclui que as companhias que aumentaram a sua despesa com publicidade em marketing em períodos de crise econômica tiveram aumento nos lucros quando a economia se reaqueceu e ganharam espaço no mercado. Já as empresas que cortaram verbas publicitárias levaram mais tempo para se recuperar. Portanto, é o momento de planejar melhor suas aparições, definindo os melhores veículos e os momentos que são os mais importantes dentro do universo que você quer atingir. Mas não deixe de aparecer, pois isto vai fazer a diferença em seu negócio.

Henrique Pátria é Editor Chefe e diretor das revistas Siderurgia Brasil e Agrimotor, editadas pela Editora Grips (RS). Texto originalmente publicado na edição 94 da Revista Agrimotor.

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Registros & Notas

DINEY ARAÚJO

Spin-off de A Bofetada traz Fanta e Pandora a Lauro de Freitas Fanta e Pandora, as duas queridas professoras de A Bofetada, invadem o Cine Teatro de Lauro de Freitas este mês, para ministrar duas “aulas” para o público local. Devido ao grande sucesso, com texto dos paulistas Miguel Magno e Ricardo de Almeida, a peça acabou por se tornar um espetáculo independente da montagem original A Bofetada. Devido ao texto e capacidade de improviso dos atores Lelo Filho e Rodrigo Villa, a cena, que originalmente durava 30 minutos, quando estreou em 1988, acabou virando um espetáculo à parte, com duração de 1h10 e entra em turnê este mês. Fanta e Pandora foram criando tanta empatia com o público na pele de duas enlouquecidas professoras universitárias, que adentram o teatro

transformando a plateia numa sala de aula em total interatividade com os “alunos”. O tema é inusitado: “a influência dos monossílabos e das interjeições átonas do dialeto javanês, durante os últimos 15 dias do século 12 a.C.”. As professoras de filodramaturgia (Fanta Maria) e neuroprototragédia (Pandora Luzia) improvisam exercícios, aquecimento corporal e chamam “voluntários” ao palco para a demonstração dos fonemas ensinados. n O espetáculo tem duas apresentações locais: dias 10 e 11, sexta e sábado, às 20h. Ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). A recomendação etária é de 14 anos. O Cine Teatro fica na praça da Matriz, no Centro.

FAMÍLIA NO PARQUE Dia 13 de abril, a Escola Mais Perfil realizou o evento Encontro da Família 2019, no Parque Ecológico de Vilas do Atlântico, uma tarde muito especial dedicada às crianças, suas famílias e a natureza, com acesso livre ao público. Diversas atividades aconteceram durante o evento: plantio de mudas, coleta de folhas para estudo, passeata de conscientização, revitalização de hortas, instalação de plaquinhas de sinalização 4 | Vilas Magazine | Maio de 2019

O Grupo ACBEU abriu nova unidade na região de Vilas do Atlântico. Com investimento de R$ 20 milhões, a ACBEU Maple Bear Canadian School funciona desde março em Busca Vida, em uma moderna estrutura dentro de uma área de 7 mil m² em local privilegiado na Estrada do Coco (ao lado do clube da Caixa Econômica), onde oferece currículo com metodologia de ensino canadense, desenvolvido por especialistas daquele país, seguindo os parâmetros educacionais do MEC.

com informações sobre as plantas, plaquinhas com dicas de cuidados com a natureza, além de doação de livros, um lanche em família na área verde, encerrando com show do grupo CadeiradeBrin. O evento foi pen­ sado sob a ótica “Vivenciando a Na­ tureza”, projeto da escola desse ano, que objetiva motivar nas crianças a importância da sustentabilidade, a relação saudável com o ambiente, valorizando sempre a família, amigos, o zelo com a natureza e a educação.


Domingos de maio em Vilas do Atlântico serão marcados por noites de bom humor

Parceria integra crianças em celebração a Páscoa No dia 16 de abril a Escola Rotary de Quingoma recebeu alunos do Colégio Impacto, sob a coordenação de Francine de Paula Caldas, em ação comemorativa à semana da Páscoa. Para celebrar o encontro, os alunos do Colégio Impacto realizaram previamente oficinas de arte e gastronômicas, quando prepararam material para enfeitar de coelhinhos as crianças da Escola Rotary e pirulitos de chocolate para o lanche. Presentes na ação, Tânia Accioli, Zuleika Janot, Mariana Mateus – componentes do Núcleo de Senhoras do Rotary – e o rotariano Manuel Alegria, que consideraram a experiência muito positiva, integrando crianças de realidades diferentes, com afeto e gratidão.

Vilas do Atlântico receberá durante o mês de maio a 5ª temporada do Vilas Comedy (@vilascomedy), no Zorru’s Arena (localizado próximo ao supermercado Gbarbosa). Trata-se de um projeto de Stand-Up Comedy que reúne, no mesmo palco, nomes já consagrados da comédia baiana. Os shows acontecerão em todos os domingos de maio (5, 12, 19, 26), a partir das 19 horas, com a participação de diversos humoristas da Bahia, como Gabriel Caldas (revelação do humor baiano), Guga Walla (“Jair” do Globo Esporte/Rede Bahia), João Pimenta (Pé de Pranta, do Youtube), Matheus Buente, Jhordan Matheus (OhRasta), entre outros. Este ramo da comédia, que há cerca de 10 anos vem lotando bares e teatros por todo o Brasil, é marcado pela ausência de “produções artísticas”. Para os humoristas do gênero, apenas um microfone, um pedestal e uma plateia animada já compõem todos os elementos necessários para uma noite de sucesso. Conhecido por sua linguagem ácida e sua identificação com o cotidiano, o StandUp Comedy vem ganhando cada vez mais espaço nas noites baianas. E o Vilas Comedy é um projeto que traz para a região de Lauro de Freitas uma opção de entretenimento diferenciada e que promete arrancar muitas risadas. Os fundadores do Vilas Comedy, Gabriel Caldas e Matheus Maia, foram pautadas na edição de abril da revista Vilas Magazine, em matéria de capa, o que lhes rendeu aporte na conquista de nova temporada: “Crescemos muito, mas precisávamos de um suporte mais consistente para atender a nova demanda, e sair na Vilas Magazine nos trouxe a credibilidade que faltava, para dar andamento ao projeto em 2019”, conta Matheus.

Transparência pública evolui em Lauro de Freitas

Adriano Lima e Tais Bastos passaram dias de lua de mel em Porto de Galinhas, selando o compromisso assumido em abril, e consolidado em dois anos de namoro.

Ápio Vinagre (dir.), Controlador Geral do Município de Lauro de Freitas, quer chegar à nota máxima (10) na Avaliação 360° da Escala Brasil Transparente (EBT) de 2020. A EBT 360° é uma metodologia da Controladoria Geral da União (CGU) para avaliar o grau de transparência pública oferecido pelo portal da transparência do município. A nota de 2018 já não ficou muito longe: 9,12. Pela avaliação da CGU, a prefeitura de Lauro de Freitas é a mais transparente da Região Metropolitana de Salvador, a terceira na Bahia e a 63ª no país, entre 665 municípios.

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Registros & Notas

ARTES MARCIAIS

SABOR & FESTA Desde a sua inauguração, em 2018, o Restaurante Sui tem se mantido como uma qualificada referência gastronômica da Bahia. Sorte que está entre nós, atraindo para a cidade clientes que não abrem mão de bons serviços, pratos bem elaborados, servidos em ambiente aconchegante e agradável. Comandado pelo chef Aurelio Agazzi, a casa disponibiliza também sua bem azeitada infraestrutura para comemorações familiares e corporativas, em dois salões especificos, para até 90 pessoas.

Dia 29 de março a youtuber Alice Sá Pinto reuniu amigos e familiares para comemorar seus nove anos, com uma linda festa no bufê infantil Terra do Nunca. O tema, escolhido por Alice, foi idealizado pela mãe, Laura Sá Pinto, que, como sempre, caprichou na decoração.

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EDGAR COPQUE

O Centro de Artes Marcias AKTKD, sediado em Vilas do Atlântico e comandado pelo mestre Márcio Mascarenhas, promove em 8 de junho, o 1º Open Amvox de Taekwondo - 3º AKTKD, na Unime. O evento contará com a participação de aproximadamente 300 atletas de Salvador e cidades do interior, Rio de Janeiro e Espirto Santo, além de mestres de artes marciais e atletas de projetos sociais. “Nosso evento foi pioneiro na Bahia a fazer inclusão social para atletas autistas. E vamos continuar com a iniciativa”, afirma mestre Márcio.

Vânia Galvão assume pasta da Educação em Lauro de Freitas

Os acordes afinados da Filarmônica Unissons deram o tom apropriado à posse da nova secretária de Educação de Lauro de Freitas, Vânia Galvão, ocorrida em 30 de março, no Colégio Dois de Julho, em Itinga. A nova gestora substitui o educador Paulo Gabriel Nacif, ex-reitor e professor titular da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB). Defensora dos direitos humanos e da educação, Vânia Galvão atuou na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e teve participação ativa na reforma universitária. Foi vereadora por três mandatos em Salvador, além de ter sido dirigente sindical em entidades de trabalhadores das universidades federais brasileiras. A executiva Carla Marcele Vieira celebrou o aniversário, em 17 de abril, na Disney, com a família. Lá, visitou uma exposição de carros antigos e se encantou (e não poderia ser diferente) com um belíssimo Chevrolet Bel Air, modelo 1954.


Representantes de instituições de classe conhecem estrutura do

PARQUE SHOPPING Representantes de instituições de classe de Lauro de Freitas visitaram no dia 24 de abril, as obras do Parque Shopping, sendo recepcionados pelo diretor do empreendimento, empresário Marcus Brito, que dissertou em detalhes toda a estrutura que será oferecida à comunidade, quando o Parque Shopping for inaugurado. Liderados pelo presidente da ACELF - Associação Comercial e Empresarial de Lauro de Freitas, Coriolano Oliveira, o grupo estava composto por Marcus Bispo, vicepresidente da ACELF; Edailton Carvalho, presidente do CDL/Lauro de Freitas; Josué Telles, presidente da FERNEM - Federação de Redes de Negócios Multissetoriais do Brasil; Rafael Carvalho, proprietário da LFTV; Diego Araújo, presidente do Observatório Social do Brasil/ Lauro de Freitas; Andréa Bonfim, diretora do SENAC Lauro de Freitas; Renato Rocha, do COMPAI (Conselho Municipal do Meio Ambiente); Fernando Borba, presidente da OSCIP Rio Limpo; Nivaldo da Silva, diretor do Vilas Tênis Clube; Antônio Almeida, Gilberto Almeida, Mayra Sesti Paz, Antônio Rafful e Reinaldo Machado, do Rotary Club de Lauro de Freitas e Eliano Barroso, presidente do Lions Club Lauro de Freitas. Todos ficaram visivelmente impressionados com o andamento das obras e da mega estrutura do empreendimento, que impulsionará ainda mais o desenvolvimento de Lauro de Freitas.

pMarcus Brito apresenta a maquete virtual do Parque Shopping aos convidados, antes de acompanhá-los em visita às instalações. tEquipe de vendas do Parque Shopping, liderada pelo profissional Marcos Viana (camisa branca)

Loja Conceito Centauro 5G Dentre as novidades já confirmadas no Parque Shop– ping, uma unidade de Loja Conceito Centauro 5G, marca conhecida pela venda de artigos esportivos, se apresentará ao público com um layout moderno, focado e construído para oferecer experiências e serviços personalizados aos seus clientes.

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Registros & Notas

Estudantes refletem sobre combate às drogas em aula inaugural do Proerd

EDGAR COPQUE

Mais de mil alunos de dez escolas da rede municipal de ensino de Lauro de Freitas e duas da rede privada serão atendidos no primeiro semestre de 2019 no Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd). Na aula inaugural, realizada em 2 de abril, no Cine Teatro, os estudantes refletiram sobre as consequências do uso de substâncias psicoativas através de uma peça teatral. Este ano, a 52ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) trabalhará a inclusão do currículo de pais no quadro de atividades, além de implantar uma Central de Projetos com a parceria da Prefeitura Municipal. Há 10 anos em execução no município, o programa já formou mais de 16 mil alunos. Atividades de incentivo a leitura e atendimentos psicopedagógicos serão trabalhados na Central de Projetos, que funcionará em uma das salas da Aldeias Infantis SOS de Lauro de Freitas. O major Fabrício Silva, comandante da 52ª CIPM, ressalta que a companhia é pioneira na implantação de um currículo de acolhimento aos pais. “Queremos fazer o acompanhamento dos estudantes junto aos seus responsáveis para que nossas ações estejam ainda mais fortalecidas” enfatizou. O coronel Alfredo Nascimento, comandante do Comando de Policiamento da Região Metropolitana de Salvador, participou da aula inaugural e passou mensagens de incentivo aos estudantes.

INICIATIVA RESPONSÁVEL A fim de manter um atendimento de excelência, de promover a inclusão social e o respeito às diversidades, os colaboradores do Salvador Norte Shopping participaram de um ciclo de palestras sobre autismo, em abril. O evento envolveu a capacitação sobre neurodiversidade, os direitos dos autistas e seus pais e, ainda, a oficina “Vivendo o autismo”. Dirigida aos líderes do centro de compras, seguranças, bom8 | Vilas Magazine | Maio de 2019

Mercantil Rodrigues monta ponto de descarte de lâmpadas de uso doméstico As lâmpadas fluorescentes possuem componentes nocivos ao meio ambiente e exigem coleta e destinação corretas. Com o objetivo de contribuir para o descarte ambientalmente correto do produto, a rede Mercantil Rodrigues fez parceria com o Programa Reciclus de logística reversa de lâmpadas de uso doméstico para descarte. A loja de Lauro de Freitas possui um ponto de coleta, assim como as lojas da Calçada e da Kalilândia, em Feira de Santana. Além das lâmpadas fluorescentes compactas e tubulares, os pontos de coleta recebem lâmpadas de vapor de mercúrio, sódio ou metálico e luz mista. A expectativa da rede é coletar, em um ano, mais de cinco mil lâmpadas. O programa Reciclus é gerido pela Associação Brasileira para a Gestão da Logística Reversa, organização civil sem fins lucrativos, criada pelos principais produtores e importadores de lâmpadas. A sua criação atende à determinação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei Federal nº 12.305/2010, que trata da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e na logística reversa como soluções para o descarte correto de itens que podem causar danos ao meio ambiente.

beiros, limpeza e atendentes, a capacitação foi ministrada pelos advogados Romeu Sá Barreto e Fabiani Borges, além da psicopedagoga Tatiana Magalhães, profissionais indicados pelo grupo Arte e Inclusão - Produção e Eventos, promotor da ação. Outro fatp recente é que o empreendimento também incluiu placas de sinalização nos banheiros exclusivos com o símbolo mundial de Conscientização do Autismo.


q CIDADE

Regularização de título em Lauro de Freitas terá agendamento

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presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), desembargador Jatahy Júnior, garantiu durante entrevista coletiva, no mês passado, que o serviço de agendamento de atendimento será disponibilizado a partir deste mês nas cidades que já concluíram o processo de biometria, para os eleitores que precisam de regularizar os títulos. Nessas cidades, como é o caso de Lauro de Freitas, há ainda um grande contingente de eleitores que não passou pelo processo por ter perdido o prazo. O atendimento para regularização foi iniciado em abril. Quase metade do eleitorado de Lauro de Freitas – cerca de 60 mil pessoas – deverá regularizar no cartório eleitoral local o título eleitoral que foi cancelado por falta de cadastro biométrico. O volume de eleitores que devem procurar atendimento promete congestionar o cartório

e provocar novas filas. Se for mantido o horário de atendimento do cartório – que funciona das 8h às 14h, de segunda a sexta-feira – será necessário atender cerca de 316 eleitores por dia, incluindo feriados, para que todos tenham a situação eleitoral regularizada até o fim do ano. “Nós entendemos que há um grande número de eleitores nas cidades que já passaram pela revisão, interessados em realizar a biometria e regularizar seu título”, disse Jatahy Júnior – “Por isso, todas as cidades poderão contar com o serviço de agendamento”. O serviço de agendamento está aberto, no site do TRE-BA, por telefone e em unidades de atendimento, desde o dia 6 deste mês. O endereço na internet, número da central de atendimento e locais onde funcionarão as unidades para agendamento presencial serão divulgados posteriormente (informação

Desembargador Jatahy Júnior: “Todas as cidades poderão contar com o serviço de agendamento”

não disponível até o fechamento desta edição da Vilas Magazine, em 26/4). NOVA FASE Mais 281 cidades baianas entrarão em fase obrigatória de revisão biométrica, a última do estado, a partir do dia 13 | Continua na página 10 u

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q CIDADE

u Continuação da página 9

deste mês. A prioridade do TRE-BA é agendar os atendimentos para evitar o grande afluxo de eleitores que se registrou, por exemplo em Lauro de Freitas, na reta final do prazo, quando foi necessário montar mutirões de trabalho que nem por isso conseguiram atingir o objetivo. O período de revisão biométrica que começa agora envolve 108 zonas eleitorais que ainda não concluíram o procedimento. O TRE estará mais ocupado do que nunca nessa etapa porque, apesar do eleitorado a ser revisado representar cerca de 30% do total dos eleitores da Bahia (2,9 milhões de pessoas), terá de atender em número recorde de cidades e de zonas eleitorais. Atualmente, dos mais de 10 milhões de eleitores do estado, 7,5 milhões já possuem cadastro biométrico junto à Justiça Eleitoral. “Esperamos concluir a biometria no estado antes das Eleições Municipais de 2020”, disse o presidente do TRE-BA. PRAZOS Ao contrário do que aconteceu na etapa anterior, que incluiu Lauro de Freitas, a data limite para a realização do procedimento não será a mesma para todos os municípios. As cidades em que menos de 60% do eleitorado passou pela biometria no período não-obrigatório terão até 18 de fevereiro de 2020 para concluir a revisão. Já os municípios que estão acima desse percentual, via de regra terão apenas até o próximo dia 31 de outubro para a coleta dos dados biométricos. Para esses casos, ressaltou o presidente, é possível que o cronograma seja alterado, a pedido do juízo eleitoral. Caso ocorra alguma alteração, novas datas serão divulgadas.

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Frederico Loureiro (esq), presidente da Comissão Permanente de Direitos Humanos e Ângelo Ramos, presidente da Subseção OAB de Lauro de Freitas

Evento da OAB Lauro de Freitas propõe criação de Comitê Interinstitucional

A

segurança pública – e o papel das instituições na luta pela redução dos índices de violência e criminalidade – foi tema da primeira reunião promovida pela Comissão Permanente de Direitos Humanos (CPDH), da subseção da OAB em Lauro de Freitas, no plenário da Câmara Municipal, dia 25 de abril. Estiveram presentes autoridades policiais, a Magistratura, Ministério Público, a Municipalidade, o Conselho de Direitos Humanos e advogados militantes da Comarca, além de Everardo José Yunes Pinheiro, Promotor de Justiça, titular da 7ª Promotoria, que apresentou o projeto de criação do Comitê Interinstitucional de Segurança Pública (CISP). Edson das Neves Junior, superintendente de Segurança Pública de Lauro de Freitas, sugeriu a criação do Fundo Municipal de Segurança Pública para contribuir com investimentos na implementação de projetos e programas de melhoria do setor no município. De acordo com Ângelo Ramos, presidente da subseção da OAB, “o debate e a troca de experiências visa discutir e encontrar alternativas em prol da segurança pública no município de Lauro de Freitas, em parceria com entidades civis e o poder público”. O advogado Frederico Loureiro preside a Comissão de Direitos Humanos. Everardo José Yunes Pinheiro, Promotor de Justiça, propõe Comitê Interinstitucional de Segurança Pública

FEIRA DO LIVRO

O Rotary Club Lauro de Freitas e o Núcleo de Senhoras do Rotary estão aceitando doações para a próxima edição da FEIRA DO LIVRO, que acontecerá nos dias 4, 5 e 6 de junho, das 7h às 21h, no pátio da UNIME. São aceitos livros de vários segmentos – romances, técnicos, infantis, autoajuda, etc. – que serão vendidos a preços simbólicos, tendo a renda direcionada para as ações sociais promovidas pelo Rotary na comunidade.

TEM LIVROS PARA DOAR? Ligue para 71 9 9979-6421 ou 71 9 9621-4909


EDGAR COPQUE

Rui Costa anuncia novas instalações para o CEEP-TIC

O

governador Rui Costa (PT) esteve em Lauro de Freitas no dia 30 de março para visitar o Centro Estadual de Educação Profissional em Tecnologia, Informação e Comunicação (CEEP-TIC), como normalmente faz a escolas públicas, mas desta vez a convite de dois estudantes que interagiram com ele durante uma transmissão ao vivo no Facebook. Sentado para acompanhar uma aula de reforço de matemática, o governador acabou escalado por um dos alunos para ensinar a garotada. Bom na matéria, foi ao quadro e contou que costumava dar

SEM MEDO DE ERRAR Rui Costa explica matemática em aula de reforço no CEEP-TIC aulas. Para estimular os estudantes, Rui Costa comparou o domínio da matemática a andar de bicicleta. “Se a gente ficar com vergonha de vir aqui [no quadro] fazer o exercício porque vai errar, a gente nunca vai aprender”, disse – “eu não conheço ninguém que aprendeu a andar de bicicleta e QUE não tenha tomado um tombo”. O governador também veio à cidade para conhecer o CEEP-TIC e suas vizinhan-

ças. A ideia é construir um novo prédio para a escola, segundo anunciou à classe de reforço de matemática. Na saída, concluiu que “achar terreno em Lauro de Freitas com boa localização não é fácil”. A escola técnica ocupa hoje os edifícios em que funcionava antigamente a “Escola de Cadetes Mirins”, criada pelo vice-governador João Leão quando foi prefeito da cidade.

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q CIDADE

Projeto de Zona Azul de Lauro de Freitas prevê mais de 2,5 mil vagas

O

projeto de estacionamento rotativo pago de Lauro de Freitas – popularmente conhecido por “zona azul” – poderá ter 2.576 vagas em três regiões da cidade. Os preços propostos podem render quase R$ 1 milhão por mês em tarifas de estacionamento, a preços de 16 meses atrás. Os dados constam de um relatório relativo ao “Estudo de Viabilidade e Elaboração de Projeto Básico” encomendado pela prefeitura de Lauro de Freitas e concluído em dezembro de 2017. A maior região seria a orla da cidade – Ipitanga, Vilas do Atlântico e Buraquinho – com 1.500 vagas para carros e 315 para motos. Em Vilas do Atlântico, o projeto prevê estacionamento pago em toda a avenida Praia de Copacabana e em todas as alamedas de acesso à praia, aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h, com permanência máxima de quatro horas. Seriam 72 horas de operação por mês. Com uma tarifa proposta de R$ 2,50 por hora para automóveis e R$ 1,25 para motos, a arrecadação mensal na orla pode chegar a quase R$ 300 mil. Quem ocupar uma das vagas sem pagar ainda poderá corrigir a situação pagando uma “tarifa de pós uso” dentro das duas primeiras horas de estacionamento, mas no valor equivalente ao período máximo permitido na mesma vaga. No caso da orla, quatro horas de estacionamento – R$ 10 para automóveis. Quem não pagar a “tarifa de pós uso” no prazo definido fica sujeito a uma “tarifa de regularização”. O valor é equivalente a dez horas de estacionamento: R$ 25 12 | Vilas Magazine | Maio de 2019

para automóveis e R$ 12,50 para motos, a cada duas horas de permanência na mesma vaga. A primeira consequência previsível pode ser a ocupação de outras ruas do bairro mais próximas da praia que não tenham estacionamento pago, até por causa das quatro horas de permanência máxima. A rotatividade no estacionamento da orla é hoje praticamente nenhuma porque os banhistas chegam de manhã para sair apenas no final da tarde. CENTRO E VILAS No Centro da cidade o projeto prevê a implantação de 815 vagas para automóvel mais 182 para motos, além de 75 para carga e descarga, pontos de táxi, “vaga rápida”, como no acesso a farmácias e para veículos oficiais. O faturamento pode alcançar R$ 348 mil por mês na região, ocupando trechos de 25 ruas. A avenida Luiz Tarquínio teria estacionamento rotativo entre a rua Ubaldo P. R da Fonte e a entrada principal de Vilas do Atlântico, com 38 vagas. A avenida Praia de Itapoan, já dentro do bairro, também consta do projeto, com 98 vagas de estacionamento pago, da Luiz Tarquínio à rua Praia de Pescador. A rua Praia de Arembepe, que tambpem atrai movimento comercial, teria 14 vagas entre a rua Praia de Jauá e a avenida Praia de Itapuã. As tarifas propostas para o Centro e avenidas Luiz Tarquínio e Praia de Itapuã e Arembepe são de R$ 2 por hora para automóveis, R$ 1 para motos. A permanência que deve chegar a, no máximo, duas horas, com o período variando de acordo com a movimentação do local.

Estacionamento na av. Praia de Itapoan, em Vilas do Atlântico: projeto prevê 98 vagas da Luiz Tarquínio à rua Praia de Pescador (lado do posto de combustível) Nas duas regiões, o estacionamento pago deve funcionar das 9h às 17h de segunda a sexta-feira e das 9h às 13h aos sábados, num total de 192 horas de operação por mês. Segundo o estudo, a taxa de ocupação das vagas de estacionamento, hoje, está “em torno de 80%, chegando a superar esse número nos horários de funcionamento bancário”. A taxa de rotatividade observada ficou em 35%. “Ficou evidente que grande parte da frota estacionada permanece o dia todo na mesma vaga, impossibilitando aos usuários do comércio e de serviços estacionarem próximo ao local que oferece tal demanda”. Esse deverá ser o principal argumento da prefeitura para convencer os comerciantes a aceitar a implantação do estacionamento rotativo pago. O estudo aponta que a permanência de “veículo de empresários e colaboradores o dia todo na mesma vaga, quase sempre em frente ao local de trabalho, impossibilitando o estacionamento de clientes e consumidores” é um dos fatores que provoca a falta de estacionamento.


IDEIA TEM QUATRO ANOS A proposta de criar área de estacionamento rotativo pago em Lauro de Freitas vem de maio de 2015, mas só em julho de 2016 a prefeitura revelou publicamente alguns detalhes do projeto, durante reunião da Associação de Comercial de Lauro de Freitas com empresários do

Centro, que a Vilas Magazine noticiou em primeira mão na época. Na ocasião, muito em função das críticas da plateia, prepostos da prefeitura avisaram que a ideia ainda era “preliminar”, mas logo em setembro seria publicado um edital de licitação para exploração do serviço – revogado depois pela prefeitura.

Naquela proposta, a avenida Praia de Copacabana, em Vilas do Atlântico, também era uma das “áreas piloto” que a prefeitura estudava para implantar o sistema. Outros locais da cidade que deveriam receber o sistema incluiam Buraquinho, o Jardim Aeroporto, o entorno do Largo do Caranguejo, em Itinga, Portão e Ipitanga. O tempo de permanência no Centro deveria ser de uma hora, com tolerância de mais uma. O usuário pagaria R$ 3 por hora. Os comerciantes já naquela altura protestaram contra a ideia, mesmo em termos preliminares, argumentando que uma das vantagens do comércio de rua em relação aos shopping centers é ter estacionamento gratuito. A prefeitura argumentava que o estacionamento pago permitiria fluxo maior de consumidores na área comercial da cidade, uma vez que a disponibilidade de vagas, na prática, iria aumentar – em função da limitação de tempo de estacionamento. O então presidente da Associação Comercial, Ricardo Souza, defendeu na ocasião que qualquer mudança que implique em aumento dos custos dos empresários ou que vá impactar o faturamento das empresas teria que ser precedido de debates com a categoria.

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q CIDADE

Terreiro São Jorge da Goméia celebra 70 anos de fundação

benefícios para o seu povo, tinha orgulho de suas vestes e indumentárias” – contou. “Saía vestida com suas jóias, seu pano de cabeça bem gomado, ia até o gabinete do governador, em Salvador e só saía depois de ser atendida” – e isso nos anos 50, quando o cenário era bem mais adverso. Nascida na Fazenda Portão – origem do bairro de mesmo nome – em Santo Amaro de Ipitanga, Mãe Mirinha passou a vida empenhada em lutar pela sua comunidade. O transporte público regular, a construção do Hospital Geral Menandro de Faria, a criação de postos de saúde e ações de segurança alimentar foram algumas das pautas da religiosa. O propósito das comemorações foi retratar e reconhecer a história de uma das Mameto Nkisi mais importantes da Bahia. Mirinha teria sido iniciada na religião em 17 de outubro de 1937, aos 12 anos, quando morava com a madrinha em Salvador. Filha de santo de Joãozinho da Goméia, símbolo de preservação da cultura Banto na Bahia, Altanira Maria Conceição Souza, a Mãe Mirinha, teve papel de destaque também na vida de Portão, desenvolvendo amplo trabalho social e atuando sempre junto ao poder público por melhorias na comunidade.

O

HELENA NEVES

Terreiro de São Jorge Filho da Goméia, de Portão, encerrou no final de abril as comemorações dos 70 anos de fundação – marcados no ano passado – com uma programação que se estendeu por dois dias, num seminário sobre a trajetória de Mãe Mirinha de Portão (21/12/1924 – 18/02/1989), que fundou a Casa em 23 de abril de 1948. O Terreiro é tombado como Patrimônio Cultural do Estado da Bahia desde 2004. Filha de Santo de Joãozinho da Goméia, Altanira Maria da Conceição Souza, a Mãe Mirinha, foi responsável pela continuidade do legado dele, símbolo da preservação da cultura Banto na Bahia e é uma das matriarcas citadas na obra de referência “Mulheres Negras do Brasil”, de Schumaher e Vital Brazil (2007), que trata do papel da mulher negra na história e na construção da identidade nacional. A Mameto Kamurici, Lúcia Neves, ou Mãe Lúcia de Portão, neta e herdeira de Mãe Mirinha, voltou a destacar a necessidade que a cultura de matriz africana tem de cultivar seus grandes nomes para preservar a própria herança cultural. Em abril, o Terreiro promoveu visitas guiadas e palestras sobre a importância do candomblé como celeiro cultural promotor de políticas públicas, esta proferida por Mãe Jaciara do Axé Abassa de Ogum. “Mãe Mirinha era enfermeira parteira, agência de emprego, guia espiritual, era também a ‘voinha’ de todas as crianças da época da minha infância”, disse a Mameto em depoimento para o registro histórico do Terreiro. “Não tinha medo de ir buscar

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REPRODUÇÃO

p Mãe Mirinha de Portão em frente ao barracão principal do Terreiro de São Jorge Filho da Goméia, ainda hoje presente q Seminário de dois dias recebeu convidados para visitas guiadas ao Terreiro, em Portão

Menandro de Faria, por exemplo, ainda hoje o único hospital geral da cidade, nasceu das gestões de Mãe Mirinha junto ao então governador Roberto Santos. João Alves Torres Filho, o Joãozinho da Goméia, por sua vez filho de Manuel Severiano de Abreu, Jubiabá – outra figura lendária do candomblé baiano – é

tido como o primeiro pai de santo a perceber o poder da comunicação, muitas vezes por meio de polêmicas, usando-o para diminuir a discriminação, realidade muito mais grave há 70 anos. Amiga de Jorge Amado, Mãe Mirinha participou das filmagens de Pastores da Noite, de Marcel Camus (1975) e de Tenda dos Milagres, de Nelson Pereira dos Santos (1977). Nomes como Hugo Carvana, Antônio Pitanga e Grande Otelo, que atuam nos filmes, ajudaram a propagar a cultura negra da Bahia em todo o país e no exterior. O roteiro de Tenda dos Milagres menciona o terreiro “da Mirinha do Portão”, onde uma rara sequência registra uma festa com a Mameto Mirinha a presidir. No contexto dos anos 70, quando se começava a discutir a inclusão social da população negra – e a combater a negação da realidade racista brasileira – a participação da mãe de santo no filme ainda hoje é objeto de pesquisa.

A relevância de Mãe Mirinha para Portão e Santo Amaro de Ipitanga ficou registrada em “História viva: exposição da história de vida de Mãe Mirinha de Portão”, de 2012, do Projeto Cultural Afro Bankoma. A construção do Hospital

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q CIDADE

Tráfego na Via Metropolitana cresce 15% ao mês

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ais de 37 mil veículos passaram pela av. Santos Dumont (Estrada do Coco) no dia 25 de janeiro, um sábado, em direção ao Litoral Norte. Foi o dia de tráfego mais intenso em um dado mês, mas a média diária não ficou muito longe disso: cerca de 30,5 mil veículos congestionaram diariamente a avenida rumo à ponte do rio Joanes e à Estrada do Coco. Enquanto isso, pela Via Metropolitana, que serve o mesmo destino sem cobrar pedágio, em direção ao Litoral Norte, a Concessionária Bahia Norte (CBN) estima que tenham passado apenas seis mil veículos diariamente no mesmo mês – apenas 20% do volume da avenida Santos Dumont. Isso apesar de, segundo a Agerba, o movimento vir crescendo até 15% ao mês desde a abertura da via, em junho do ano passado.

Entre julho de 2018 e janeiro de 2019 houve um aumento de 134% no fluxo de veículos pela Via Metropolitana, informa a concessionária. Em janeiro, mês de tráfego intenso em direção às praias, cerca de 180 mil veículos teriam percorrido o trecho rumo ao Litoral Norte, de acordo com estimativas da CBN. O volume ainda é insuficiente, contudo, para aliviar a pressão sobre o tráfego interno da cidade. No sentido oposto, cerca de 90 mil veículos foram registrados na praça de pedágio, mas só 34 mil (38%) efetivamente provenientes do Litoral Norte. São aqueles que pagaram o pedágio na praça da CLN, em Abrantes e apresentaram o cupom na praça da Via Metropolitana em até uma hora, seguindo sem pagar nova tarifa. O dado permite supor que, também no sentido Litoral Norte, a maioria do tráfego da Via Metropolitana tem Abrantes e

Lauro de Freitas como origem e destino. É possível chegar ao Jambeiro, Caixa d’Água, Pitangueiras e aos bairros da orla pela saída da avenida Dr. Gerino Souza Filho. USO DIÁRIO Morador de Abrantes, Adson Cardoso afirma que utiliza a via diariamente desde a inauguração, em junho de 2018. “Reduz muito tempo para quem faz o percurso de São Cristóvão até Vila de Abrantes”, diz – “chego a economizar de 50 minutos a uma hora, o que significa um gasto menor com gasolina e manutenção do carro”. O empresário e motociclista Sidney Abreu é outro que passa pela Via Metropolitana todos os dias. Antes ele fazia o trajeto através de Lauro de Freitas. “Era engarrafamento, desgaste de veículo e mais combustível”, verifica – “por aqui, inclusive, é um trajeto que os motociclisMANU DIAS / GOV/BA

Pistas livres a 80 Km/h e sem pedágio ainda não conquistaram todos os usuários da Estrada do Coco

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tas fazem sempre, em passeios em grupo, pois a estrada é boa e bem agradável”. Em dias de grandes congestionamentos na av. Santos Dumont, como aos domingos à tarde, na volta do Litoral Norte, a Via Metropolitana é uma alternativa viável para ir de Lauro de Freitas a Salvador, embora implique rodar mais nove quilômetros. Pelos 11,2 quilômetros da via poderiam passar, sem congestionamento, mais de 15 mil veículos por dia, de acordo com estimativas do governo do Estado. O trecho liga o Km 5 da BA-526 (CIA-Aeroporto), em Salvador, ao Km 8 da BA-099 (Estrada do Coco), em Camaçari. Construída ao custo de quase de R$ 300 milhões, a Via Metropolitana foi planejada para aliviar o trânsito de Lauro de Freitas, como alternativa à av. Santos Dumont, mas também para criar um novo vetor de crescimento. À margem da via está sendo construído o Hospital Metropolitano, estadual. Ali também será erguido um novo bairro planejado e a prefeitura de Lauro de Freitas pretende transformar a região em zona industrial. De acordo com o diretor-geral da Agerba Eduardo Pessoa, há pedidos para a instalação de dois postos de combustível, além de um loteamento e “em breve, serão também licitadas as linhas de ônibus que vão trafegar pela rodovia”. A manutenção da rodovia e suas alças de acesso são de responsabilidade da Bahia Norte. Em abril a concessionária enfrentou o roubo de um quadro de energia no acesso da av. Dr. Gerino de Souza Filho, que liga ao Jambeiro e ao Caixa d’Água. A rotatória ficou sem iluminação no dia 10 de abril, “em virtude do roubo do cabeamento e relógio medidor de energia”, segundo informou a Bahia Norte. A empresa registrou boletim de ocorrência na polícia. Na alça de saída da Via Metropolitana em Abrantes, no sentido Lauro de Freitas e Salvador, o problema foi na tubulação de drenagem. Alguém arrancou a grade de proteção e queimou uma tubulação,

que tinha embocadura de plástico, obrigando à interrupção do tráfego para as obras de reparo. A nova estrutura é de metal, de acordo com a Bahia Norte. Para o feriado de Páscoa, a Bahia Norte executou uma operação especial com atendimento 24h, colocando em ação uma nova frota operacional de 11 veículos. São quatro viaturas de inspeção, quatro guinchos leves e um pesado, além do caminhão para recolhimento de animais na rodovia e uma viatura de combate a incêndio. Essa infraestrutura está disponível também para as outras rodovias do sistema, na Via Parafuso (BA-535), a CIA-Aeroporto (BA-526) e a BA-093. ORIGEM E DESTINO Uma grande parte do tráfego em direção ao Litoral Norte é gerada em Lauro de Freitas mesmo e não em Salvador, segundo revela Olinto Borri, secretário de Trânsito, Transporte e Ordem de Pública da cidade. De fato, o volume na saída norte de Lauro de Freitas – 916 mil veículos em janeiro – foi cerca de 40% superior ao volume que “Hoje Lauro de Freitas responde por mais da metade da mobilidade urbana na RMS”. Olinto Borri, secretário de Trânsito, Transporte e Ordem Pública da cidade

Sidney Abreu usa diariamente a Via Metropolitana: APROVADA

ALBERTO COUTINHO

chegou à Via Alternativa, na margem do Ipitanga, pela rotatória do aeroporto – 655 mil veículos no mesmo mês, contados pelos radares inteligentes da cidade. A diferença – 261 mil veículos – foi medida em frente ao Condomínio Parque Encontro das Águas, sentido Litoral Norte. Pelo menos uma parte desse trânsito seria destinado aos bairros de Portão, Buraquinho e Miragem e não ao Litoral Norte. A prefeitura não tem números de tráfego no Km 7,5, em frente ao terminal de ônibus de Portão – que dariam uma medida precisa do volume de saída. Município com maior índice de motorização da Região Metropolitana de Salvador (RMS), o que inclui a capital, Lauro de Freitas tinha 113,7 automóveis para cada mil habitantes em 2012, de acordo com uma pesquisa de mobilidade urbana da secretaria estadual de Infraestrutura. O índice de Salvador era de 105,2. Hoje, de acordo com Olinto Borri, Lauro de Freitas responde por “mais da metade da mobilidade urbana na RMS” – mas as vias continuam as mesmas e do mesmo tamanho. O nó do trânsito na av. Santos Dumont é que, ao tráfego de veículos da capital, soma-se um contingente elevado do próprio município, produzindo memoráveis congestionamentos como o do dia 25 de janeiro. | Continua na página 18 u

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q CIDADE

u Continuação da página 17

SALVADOR SÃO 70% Mas dos mais de 37 mil veículos que transitaram pela Santos Dumont naquele dia, cerca de 70% vieram de Salvador, registrados pelo primeiro radar da Via Alternativa. A maior parte desse volume poderia ter deixado a av. Paralela, no viaduto da av. Dorival Caymmi. Poderia ter seguido através de São Cristóvão até a BA-526 (CIA-Aeroporto) e apenas cinco quilômetros depois – um percurso de três minutos – entrar à direita na Via Metropolitana (veja no mapa). Quem optou pelo novo percurso economizou pelo menos uma hora de trajeto, evitando o congestionamento de Lauro de Freitas – além de poupar combustível, com menor consumo a 80 Km/h em duas pistas livres até Abrantes, em Camaçari. E sem pagar pedágio. Olinto Borri afirma que “há um desejo de passar por Lauro de Freitas” na travessia entre Salvador e o Litoral Norte. A Bahia Norte observa que esse desejo vem diminuindo. A inauguração do Bahia Parque Shopping acabará por atrair mais veículos para o trajeto que se pretende desestimular, mas também pode convencer mais usuários a evitar Lauro de Freitas.

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Coletivo Pé de Poeta faz vaquinha online para se apresentar na França

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Coletivo Pé de Poeta, formado por dez jovens de Itinga e do Centro de Lauro de Freitas, vai levar à França o espetáculo África em Nós, a convite do Théâtre de l´Opprimé Paris. Para completar o custo da viagem de oito membros, o Coletivo está fazendo uma vaquinha eletrônica no endereço http://vaka.me/515249. O objetivo é reunir R$ 25 mil, dos quais menos de R$ 4 mil haviam sido garantidos até o fechamento desta edição da Vilas Magazine. Ao câmbio médio do final de abril, cada um vai precisar de mais 64 euros por dia para a estadia de onze dias, entre 27 de junho e 7 de julho. De acordo com o diretor Armindo Rodrigues Pinto, há três anos morando em Lauro de Freitas, do valor já arrecadado, apenas R$ 50 vieram de um morador da cidade. “O apelo que faço é que sociedade de Lauro de Freitas reconheça esta luta”, disse Armindo. O Coletivo Pé de Poeta não tem apoios materiais ou financeiros e ensaia ao ar livre, em uma praça da cidade, mas já recebeu prêmios em festivais no interior do estado. O diretor já realizou formações teatrais no Senegal, na Itália, no Canadá, na Nicarágua e na Espanha, entre outros países. O reconhecimento vem agora da França. A instituição parisiense, hoje dirigida pelo também brasileiro Rui Frati, é referência no mundo. As origens do Théâtre de l´ Opprimé

p O Coletivo Pé de Poeta, de Lauro de Freitas: até agora, apoio quase só de fora da cidade

q O diretor Armindo Rodrigues Pinto: apelo à participação da sociedade local

também estão ligadas ao Brasil, tendo sido fundado por Augusto Boal nos anos 70, com financiamento do Ministério da Cultura da França. O método do Teatro do Oprimido está hoje presente em mais de 60 países. A apresentação do Coletivo Pé de Poeta se dará durante o Festival MigrActions, entre os dias 27 de junho e 7 de julho, com a participação de uma dezena de grupos de todo o mundo. O convite, segundo Armindo Pinto, deve-se à experiência do grupo que, em seu espetáculo África em Nós, une as técnicas do Teatro do Oprimido do brasileiro Augusto Boal às danças afro brasileiras, aos movimentos do candomblé e ao Método Laban de Dança, criando, assim, uma estética própria. O grupo trabalha o Teatro Fórum, uma das vertentes do teatro do oprimido, em que aquele que se identifica com o personagem protagonista sai de seu lugar de público, para, entrando no espaço cênico, tentar uma outra opção que não a apresentada. Além da apresentação do espetáculo, o grupo fará três workshop, mostrando seu processo de criação, que contará com participantes de atuantes de países como Irã, Alemanha e Romênia.

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CAMILA SOUZA

q CIDADE

João Leão participa de seminário sobre mobilidade em Lauro de Freitas

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vice-governador João Leão participaria no final de abril de um seminário sobre mobilidade urbana no Cine Teatro de Lauro de Freitas. Ao tempo da realização do evento esta edição da Vilas Magazine já estava fechada. De acordo com material de divulgação, o “seminário metropolitano de desenvolvimento econômico, mobilidade urbana e inovação” foi patrocinado pela Marcopolo, empresa que faz carrocerias de ônibus e um modelo de “aeromóvel”, com apoio de três sites de notícias e da secretaria

Bahiagás amplia rede de gasodutos em Lauro de Freitas

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prefeitura de Lauro de Freitas e a empresa Bahiagás assinaram em abril o Termo de Acordo e Compromisso (TAC) que celebra a expansão de trinta quilômetros da rede de gasodutos no município – vinte quilômetros no Centro da cidade e mais dez quilômetros em Areia Branca até o Hospital Metropolitano, que fará uso dessa energia considera mais limpa para o meio ambiente e mais econômica. O presidente da Bahiagás, Luiz Gavazza, explicou que no município dois empreendimentos situados na entrada da cidade já aderiram ao GN. “Nós implantamos três quilômetros há alguns anos e agora nossa pretensão é expandir levando pelos dutos um ótimo combustível que pode ser utilizado em residências, indústrias, automóveis além de prover eletricidade e calor”, afirmou. Gavazza destaca que para afetar o mínimo possível a mobilidade urbana, os gasodutos serão implantados sempre no período da noite com suporte da Secretaria de Trânsito, Transporte e Ordem Pública (SETTOP).

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O vice-governador João Leão: palestra de abertura no Cine Teatro de Lauro de Freitas

de Planejamento de Lauro de Freitas, chefiada por Mauro Cardim. O evento foi organizado por uma empresa de eventos e promoções. Além do vice-governador, estavam previstas a participação de Bruno Dauster, secretário da Casa Civil do governo da Bahia, do secretário de Transportes do Espírito Santo, Fábio Damasceno, vários outros técnicos do governo e de Petras Amaral, “business head” da Marcopolo Rail, patrocinadora do evento, que falaria sobre “o aeromóvel como modal ideal de integração nas regiões metropolitanas e grandes cidades”.

Teste da orelhinha é implantado na rede municipal de saúde em Lauro de Freitas

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inco a dez minutos é o tempo para realizar o teste da orelhinha, novo exame implantado na rede municipal de Saúde de Lauro de Freitas, que identifica se o recém-nascido tem problemas de audição. O serviço, ofertado nas terças e quartas-feiras na Clínica Escola da Faculdade Unime, atende a crianças de zero a seis meses via agendamento na Regulação de Saúde. Além do teste da orelhinha, o sistema de saúde municipal também disponibiliza outros exames indispensáveis ao recém-nascido, como o teste do pezinho, olhinho e linguinha. O coordenador da Central de Regulação, Alan Reis, informa que, além dos exames de audiometria (tonal e vocal) e imitanciometria, que já são ofertados pela Secretaria Municipal de Saúde na Clínica Escola da Unime, o serviço de atenção à saúde auditiva será ampliado com a implantação do exame Bera, também conhecido como Peate - Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico. TESTE DA ORELHINHA Segundo a coordenadora do Serviço de Saúde Auditiva, Lea Mara Melo, o exame é indolor, rápido e seguro. “Coloca-se um aparelho de emissões otoacústicas evocadas na orelhinha do bebê. Este procedimento emite estímulos sonoros leves e recolhe as respostas das células auditivas para que o fonoaudiólogo identifique o passe ou falha” disse. Em casos de falhas é marcado o reteste da orelhinha entre 15 dias a um mês.


q DIA DAS MÃES

Para Sempre Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra - mistério profundo de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.

LICENCIADO POR DEPOSITPHOTOS

Carlos Drummond de Andrade

O pequeno Gabriel entre a mãe, Maíra (esq.) e a avó, Lili Cavalcante. Duas mães fortes, que já superaram muitas dificuldades e se fazem fortes todos os dias, com uma fé inabalável e dignas de respeito.

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q CAPA

POLEIROS URBANOS: Pequeno gesto ajuda resgatar o prazeroso convívio com a natureza Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

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m dos impactos da urbanização é, sem dúvida, o distanciamento do convívio com a vida silvestre. As pessoas migraram do universo mais natural e agrícola, para os grandes prédios, asfalto e smartphone. Mas um projeto desenvolvido pelo dentista Tacilo Santana, 41, visa minimizar essa distância, ao menos no que tange a contemplação da natureza. Tacilo constrói poleiros para alimentação, em liberdade, de pássaros silvestres. A ideia nasceu quando ele ainda morava com os pais em Cruz das Almas, no início dos anos de 1990. Sua mãe havia plantado uma figueira no quintal de casa, mas não conseguia colher os frutos pois os pássaros não deixavam. “Foi então que tive a ideia de fazer o primeiro poleiro. Fiz a base com uma peneira de arupemba (tipo de peneira, feita de palha

Pássaros se alimentam na varanda de uma casa. Ao lado, Tacilo instalando mais um poleiro em Vilas do Atlântico

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trançada ou fibra muito utilizada na Região Nordeste), coloquei um peso na parte de baixo para dar o equilíbrio, e uma vara de bambu para os pássaros pousarem. Naquele ano minha mãe colheu os figos”, lembra. A ideia funcionou tão bem que ele começou a espalhar poleiros pelas praças de Cruz das Almas e atender aos pedidos de amigos e familiares. Para fazer os poleiros, Tacilo aproveita materiais que encontra nas ruas. “É impressionante como as pessoas jogam coisas no lixo. Essa semana encontrei um timão, desses usados em decoração, que com certeza vai virar um poleiro. Esse que acabamos de instalar, por exemplo, usei uma telha e um galho seco, que encontrei na rua, e corda. Apenas”, frisa. A estrutura precisa de uma base, onde sejam colocadas as frutas e que garantam estabilidade ao pássaro, quando ele pousar; um galho para que o pássaro possa limpar o bico; e uma corda ou suporte para prender o poleiro em uma árvore. “Confesso que o galho não é exatamente necessário, mas fico me imaginando um pássaro: adoraria me balançar aqui nesse galho, além de deixar o poleiro mais charmoso”, conta sorridente. Tacilo conta com ajuda de sua namorada, Aila, que dá cor aos poleiros. Morador de Vilas do Atlântico há um ano, Tacilo já começou a espalhar sua ideia

Poleiro instalado próximo ao mercado Dia Dia

nas praças do bairro, através da parceria de mercados próximos, que ajudam a garantir as frutas para os poleiros. “Temos um poleiro próximo ao mercado Dia Dia e agora outro na praça em frente ao Pão Express. Eu garanto a manutenção do poleiro, passo sempre para verificar se a base está estável e se as cordas não desfiaram pelo efeito do sol e do tempo, e conto com o apoio dos mercados com as frutas”, explica. “É importante sempre destacar que as pessoas não devem colocar migalhas de pão ou qualquer outro alimento industrializado. Eles atraem pombos, que na verdade são pragas urbanas e transmissores de doenças. Os pássaros silvestres são alimentados por frutas frescas, como banana, mamão, goiaba, por exemplo. Não é recomendado colocar frutas podres”, destaca. Os poleiros podem ser instalados também em residências, inclusive sendo confeccionado através do aproveitamento de materiais que se tenha em casa. Além disso, Tacilo expõe em feiras de artesanato e recentemente fechou parceria com uma loja para a venda dos poleiros. Todos esses anos de resgate do convívio com a natureza, proporcionaram a Tacilo momentos inesquecíveis, como um sabiá de peito amarelo, que sempre aparecia para comer as frutas, e em um dado momento trouxe seus filhotes, que estavam começando a aprender a voar. “Nós ocupamos os espaços que naturalmente eram deles, as cidades estão sempre crescendo. Fazer poleiros é o mínimo para uma convivência harmônica com a natureza”, conclui. Maio de 2019 | Vilas Magazine | 23


q PROFISSÕES

Costureiras, Sapateiros, Alfaiates: Profissões tradicionais correm risco de extinção Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

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ristóteles Santos e Maria de Jesus, são moradores de Lauro de Freitas e compartilham de algo em comum: exercem profissões que estão entrando para a lista do esquecimento. Ele é sapateiro e ela é costureira de corte e costura. Esses são apenas dois exemplos de pro­fissões tradicionais com elevado risco de extinção. A revolução tecnológica e digital tem provocado grandes mudanças no modelo de mercado que estávamos acostumados. Além de telefonista e agente de viagens, por exemplo, que há um bom tempo não ouvimos falar, a previsão, segundo dados do Instituto Sapiens, é que até 2050 não

O sapateiro Tote já está aposentado, mas não quer ficar em casa

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existam mais secretárias, caixas de loja e supermercados e funcionários de banco. Para Shirlei Santos, gestora do Sebrae em Lauro de Freitas, o desinteresse por essas profissões está relacionado também às mudanças de comportamento do consumidor, que moldam o ritmo do mercado. “Hoje existem lojas que atendem aos mais diversos nichos de mercado, e as pessoas já encontram roupas prontas que se encaixam tanto no seu corpo como em seu estilo, o que diminui por muito tempo a procura pelas costureiras. No caso dos sapatos, podemos destacar também que a indústria da moda segue ciclos para as suas coleções, lançando sempre algo novo, o que torna os produtos, e o consumo, de certa forma descartáveis”, afirma. Maria de Jesus, costureira há 43 anos, destaca que até já foi procurada algumas vezes para dar cursos de corte e costura,

mas não consegue encaixar o convite em sua rotina do cotidiano. Com a redução da presença de costureiras a demanda por pequenos ajustes e confecção de roupas, principalmente vestidos de festa, sempre cresce. Na sapataria, ambiente que Aristóteles Santos conhece desde menino, a realidade não é diferente. No espaço de tempo em que estive com ele para a nossa entrevista, fomos interrompidos pelo menos cinco vezes por clientes levando ou buscando sapatos. Ao longo do mês de abril, procuramos por um alfaiate, sem sucesso. Segundo seu Aristóteles, todos que ele conhecia já faleceram, sem conseguirem formar sucessores nesta nova geração. COLA E CERA. SOLADO E SALTO Encontrar seu Aristóteles Santos, 72, foi um pouco difícil. Tote, como é mais conhecido, mantém sua sapataria no centro comercial de Lauro de Freitas, sem nenhuma placa ou divulgação, mas o movimento é constante. Ele é sapateiro desde os 13 anos de idade. “Aprendi o ofício lá no meu interior, Paripiranga. Na minha época, quando a criança chegava nessa idade, tinha que estudar e aprender um ofício, e eu escolhi este de sapateiro. Era tudo muito manual, não tinha ferramentas. Me lembro que a sola do sapato era raspada com vidro e o acabamento era feito com cera, a mesma de encerar piso, então esquentava com o fogo da candeia, e passava a escova”, lembra. Veio para Região Metropolitana de Salvador em 1974 trabalhar na fábrica


Hoje na família de Lia, contando com ela, são quatro costureiras, mas a profissão está com os dias contados. “De nós quatro, apenas eu sou costureira de corte e costura; a minha irmã mais nova já não se interessou, e das minhas sobrinhas, nenhuma quis seguir a profissão”, finaliza.

Costureira desde os 9 anos, a sergipana de Tobias Barreto, Lia se orgulha da profissão de calçados Tamba. “Você nem sujava a mão, tinha máquina para tudo, para lixar, prensar, montar o sapato”, conta. Quando a Tamba fechou, ele se instalou em Lauro de Freitas e montou um pequeno fabrico. Em média a produção diária era de 15 pares, no caso de sapato fechado, e 30 pares, quando fazia sandálias de tiras. Tem cerca de cinco anos que seu Aristóteles fechou o fabrico, e se dedica apenas aos pequenos reparos. “Já sou aposentado, mas não quero ficar dentro de casa para morrer mais cedo (rsrsrs). É isso que eu sei fazer”. “Hoje ninguém mais quer seguir essa profissão. Tenho esse rapaz (aponta para o ajudante) que fica aqui comigo, ele estuda, é músico, e vem aqui apenas como hobbie, não vai seguir a profissão. E da mesma forma, se você for em Salvador, é muito difícil encontrar. Antigamente a Baixa dos Sapateiros, o Taboão, eram cheios de fabrico de sapatos, mas hoje é difícil se encontrar”, ressalta. Pode até ser difícil encontrar um sapateiro, e talvez seja por isso que ele não pare um segundo. A todo momento chegava um cliente, para buscar ou deixar sapatos que precisam de reparos: “Nem coloquei placa aqui na frente, pois não iria dar conta da demanda. Se eu abrir de domingo a domingo, terei trabalho todos os dias”, conta, com um sorriso de satisfação. COSTUREIRA DE CORTE E COSTURA Maria de Jesus, 52, mais conhecida como Lia, é costureira há 43 anos. Nascida em Tobias Barreto (SE), a cidade das

confecções, costurar não era exatamente algo raro. “É muito comum na minha cidade, crianças de nove ou 10 anos costurando, e comigo não seria diferente. Minha mãe mandou fazer uma roupa e quando ficou pronta eu não gostei. Disse que se eu tivesse uma máquina eu mesma fazia. Meu pai comprou a máquina. Era um modelo simples, máquina doméstica, e eu não tive curso, na minha família ninguém costurava. Pegava uma roupa velha, descosturava toda, colocava sobre o pano e fazia o corte. Assim eu aprendi”, conta. Com 12 anos Lia já era costureira profissional, trabalhava para terceiros e fazia roupas para os familiares. A inspiração veio de dona Lindinalva, a mãe de uma amiga. “Quando acabava a aula, ia para a casa de minha amiga e fica a tarde toda observando a mãe dela fazer bordado, bordado de máquina”, lembra. Depois de um tempo Lia foi morar em São Paulo. Lá ela comprava revistas de costura que vem com molde, e foi ficando cada vez mais experiente. Veio para Lauro de Freitas, há 26 anos, trabalhar em fábricas, mas hoje mantém parceria em um ateliê de costura. “Aqui temos demandas, tanto de ajustes como de fazer a peça desde o início. Muitas pessoas me procuram para fazer roupas para festa, pois querem um modelo exclusivo. Sinto que ficou mais difícil encontrar costureiras de corte e costura, e percebo até pela reação de felicidade das pessoas quando descobrem que no ateliê vão conseguir fazer a roupa do seu jeito”, ressalta.

NOVO MOLDE Mas nem tudo está perdido, pelo menos para a costura. Michele Queiroz, 41, sócia do Atelier Lull, tem várias turmas de segunda a sexta, nos dois turnos, como homens e mulheres, interessados em aprender molde, corte e costura. A empresa existe desde 2013, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, mas pela grande procura de interessados de Lauro de Freitas, há um ano ela montou uma filial em Vilas do Atlântico. “Tem três públicos que nos procuram com mais frequência: donos de lojas, que terceirizam esse serviço e decidem aprender; pessoas a partir de 30 anos, que buscam um hobbie ou um resgate de suas memórias afetivas e querem costurar, porque suas avós costuravam, | Continua na página 26 u

Para Shirlei Santos, gestora do Se­brae em Lauro de Freitas, o desinteresse por essas profissões está relacionado também às mu­danças de comportamento do con­ sumidor, que moldam o ritmo do mercado Maio de 2019 | Vilas Magazine | 25


q PROFISSÕES

q MEIO AMBIENTE

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mas se descobrem e começam a costurar profissionalmente; e pessoas em busca de colocação no mercado de trabalho ou renda extra”, afirma. Michele mesmo é um exemplo. Formada em administração, ela foi em busca do curso como hobbie, há cerca sete anos, quando ainda trabalhava no Pólo Industrial de Camaçari. Depois do Pólo abriu uma loja de roupa infantil que não deu certo. Foi então que Sara Costa, sua professora de costura, lhe convidou para avançar de aluna para sócia, e expandir o negócio. Quanto ao grande número de pessoas que buscam pelo curso, tanto em Lauro como em Salvador, Michele destaca o despertar contemporâneo para o consumo consciente, em todas as suas vertentes. “A busca pelo consumo consciente tem um papel importantíssimo, e leva as pessoas a procurar pelo curso de costura. As pessoas têm mais acesso à informação, e assim começam a dominar questões, como qualidade dos produtos, mas também investigam sobre o percurso da roupa, desde a confecção até o seu armário, levando em consideração fatores sociais, como a escravidão trabalhista, por exemplo”, destaca. O curso inicial dura um mês. Este é o período para conhecer e dominar a máquina e todos os seus recursos. Depois, cada alunoa monta sua grade de aulas de acordo com a sua necessidade. “Tenho pessoas que fazem apenas o primeiro mês. Tem gente que está comigo há três meses, e uma aluna há um ano”, conclui. Michele Queiroz dá aulas de molde, corte e costura, para homens e mulheres

Exposição fotográfica revela biodiversidade do Rio Sapato

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magens de espelho d’água, animais e vegetação, mostram a fotografia como incentivo a conscientização ambiental na exposição “Olhares Sobre o Rio Sapato”. A mostra tem como objetivo estimular a observação e a sensibilidade, buscando instigar o sentimento de pertencimento, utilizando a arte em favor da conservação do Rio Sapato e da responsabilidade da sociedade, sobre seu cuidado e preservação. Cerca de 200 fotos participaram do concurso, sendo selecionadas 50 fotografias. Cada aluno retrata um ponto de vista diferenciado e expressa sua visão sobre a importância

NOSSA OPINIÃO

O rio Sapato continua precisando de atenção

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ouvável o trabalho dos jovens voltado para uma das nossas mais significativas referências naturais. Estimulante ver que ações desenvolvidas para despertar o cuidado com o meio ambiente frutificam, orientando o olhar da juventude em defesa de valores ecologicamente corretos, fundamentando a educação ambiental como deve ser conduzida.

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da fauna e flora do Rio Sapato, mostrando como a fotografia é uma arma poderosa para conectar o ser humano a natureza Despertar a conscientização para as belezas naturais do município é um dos objetivos do projeto desenvolvido pelo professor Cláudio Sampaio. “O trabalho também foi relacionado à semana da água, fonte vital para existência de todo ecossistema. É uma forma de alertarmos a população para esse olhar de preservação como uma responsabilidade de todos”, enfatizou o professor. O registro de uma ave pousada em galhos secos sob um céu azul sagrou Emilly Coelho, 6º ano, como primeira colocada da exposição. “Meu olhar foi cativado pelos contrastes de cores e formas”, declarou a aluna. Caique Barbosa, 9º ano, destacou na sua fotografia a composição de um reflexo no espelho d’água, conquistando o segundo lugar. Já o verde das folhas e a rosa das flores emoldurando a curva do rio, deram a terceira posição para Laila Santos, 6º ano. Os estudantes ganharam premiação em dinheiro, além de um curso de fotografia para a primeira colocada.

EXEMPLO u

A Vilas Magazine sempre abriu suas páginas para divulgar ações que incentivam a responsabilidade coletiva em defesa de valores comprometidos com a prática da ética em todas as iniciativas. E assim vamos continuar. O rio Sapato continua a pedir atenção no trecho de Vilas do Atlântico, onde é recorrente a infestação por baronesas, sintoma de poluição devida ao lançamento de esgoto não tratado. Em fevereiro, equipes da prefeitura e da Embasa, fiscalizaram e notificaram proprietários de imóveis em que foram identificadas conexões irregulares de esgotamento sanitário em Ipitanga. A promessa era fazer o mesmo em Vilas do Atlântico e Buraquinho. A ação permite identificar ligações inadequadas na rede de água pluvial, incidência de despejo de águas provenientes da

totalidade do esgoto doméstico e outros efluentes. As ligações irregulares são identificadas por meio de técnicas específicas, que só precisam ser postas à disposição da fiscalização. Também é verdade que nada disso é suficiente. O esgoto não tratado chega ao rio Sapato e a outros cursos d’água não só diretamente, mas também através da rede pluvial, a partir de pontos às vezes muito distantes dos rios. A retomada da construção do Sistema de Esgotamento Sanitário poderia minimizar o problema no futuro, mas a adesão dos proprietários de imóveis seria imprescindível. Cabe a cada um construir a conexão do imóvel com a rede pública. No fundo, a poluição dos rios por esgoto doméstico não tratado é uma questão de consciência individual.

Homenageada com o certificado “Beija-flor, ami­ go da natureza”, entregue pelo es­ critor, professor e ambientalista, Jaime de Moura Ferreira, a ex-alu­ na da Escola Ana Lúcia Magalhães, Samara Vitória Silva, é um exemplo do papel transformador da educação. Atualmente cursando o 2º ano em Comunicação Visual, no CEEPTIC - Lauro de Freitas, Samara desenvolveu junto a outros estudantes, um projeto de holograma 3D em TV que retrata a preservação do Rio Sapato.

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q COMPORTAMENTO

CASAMENTO SURPRESA:

Quando o amor supera todas as expectativas Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

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asamento é uma celebração que mexe muito com o imaginário feminino, seja ele de princesa, para milhares de convidados, seja intimista, na praia, ou em Las Vegas. E mesmo que você nunca tenha se imaginado em nenhuma dessas situações, vale muito ler essa história. Cristiane Arcuri, 41, e Átalo Barbosa Martins Junior, 41, estão juntos há 11 anos. Se conheceram em julho de 2007, em Ilhabela, litoral norte de São Paulo, na praia, e desde então não se separaram. Vieram para Lauro de Freitas em 2008, quando ele recebeu uma oportunidade de trabalho como executivo na Ford. “Emprego a gente arruma em qualquer lugar, mas amor não. Se não der certo, tenho para onde voltar”, conta Cris, que deixou para trás o seu negócio. Ela tinha uma franquia de educação voltada para o Direito, sua área de formação. Chegando em Lauro de Freitas, Cris precisou se reinventar: foi trabalhar na área comercial de decoração, conheceu muitas pessoas e se redescobriu profissionalmente, consciente de que o seu desejo é ser comunicadora. “Percebia que as mulheres aqui na Bahia são machistas e inseguras: por que tanto ciúmes? Por que encontrar problema onde não tem? Nesse período conheci a blogueira Marina Novaes, que se tornou minha família aqui, e ela questionou porque eu não investia nessas questões de sexualidade. Bom, há cinco anos me tornei educadora sexual e hoje levo esse conhecimento, principalmente através dos chás de lingerie”.

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Cris e Átalo: casamento na praia, com direito a alinaças levadas por Bernardo, o cachorro do casal Apesar desse contato tão intenso com o universo das noivas, Cris e Átalo ainda não estavam casados. “Nunca tive o sonho de casar, mas desde que comecei a construir uma vida junto com Átalo pensava em fazer uma celebração de verdade, ambos somos muito festeiros e gostamos de receber pessoas. Mas toda vez que falávamos sobre o assunto, acabava em briga. Ele queria algo grande, chamar toda família e os amigos, acho que queria fazer uma micareta na Bahia, enquanto eu preferia algo mais íntimo. Para acabar com as brigas, deixamos pra lá, está bem do jeito que está, a gente se respeita, um sabe bem qual o sonho do outro, algo que prezo muito. Para um casamento dar certo precisa ter sonhos


em comum, mas também um saber o sonho do outro e ajudar a realizar”, conta. Mas tinha uma pessoa que não se conformava com a situação: Marina, a amiga. Sempre que encontrava espaço, tocava no assunto, mas Cris sempre ponderava que o momento não era bom: Átalo tinha saído da Ford, era preciso repensar algumas coisas, sobretudo sobre grana. “Marina, quando as coisas melhorarem quem sabe fazemos uma “destination wedding”, que está super na moda. Enfim! E para mim o assunto tinha morrido”, lembra Cris. “Um dia ela chegou para mim e disse que precisava fazer um evento, para mulheres noivas e casadas, que todo ano ela faz, mas em 2018 ainda não tinha rolado. Pediu que eu reservasse a data de 13 de novembro. Criou o evento, ‘Vida a dois”, bloqueie minha agenda, ela disse que além de nós duas estaria também Fabrício Simões, que é terapeuta familiar e celebrante de casamento”. “Eu ficava perguntando quando a gente ia se reunir para discutir o evento, e ela só me enrolando. Aí um dia perguntei: Marina o evento é em Busca Vida às 14 horas, vai ter alguém? Ela me respondeu: Já viu eu fazer um evento para não ter ninguém? Me calei né, perguntei mais nada (rs). E ela só ficava mandando check list, informando o número de inscritos. Ok, para mim estava tudo normal, não desconfiei de nada”. Esse foi o pontapé para o que seria o momento mais inesquecível da vida do casal. Marina chamou Átalo para conversar e abriu o jogo: “Olha, em 72 horas eu fechei o casamento de vocês. Isso faltava um mês para o casamento, e claro que Átalo surtou (rs)”. Ficou com ele a responsabilidade de, primeiro, guardar o segredo, e também fazer todo o processo de convidar as pessoas, os padrinhos, falar da logística, sugerir que todos ficassem no mesmo hotel, o Bahia Plaza, onde aconteceu o casamento e onde passariam a noite de

núpcias, e todo o resto que precisasse para que o evento fosse um sucesso. “Eu percebia que ele estava ansioso, meio sem fome. Eu achava que era por conta da situação, ele estava sem trabalho, não tinha conseguido se recolocar no mercado corporativo que foi onde sempre trabalhou, e de repente precisar se reinventar, e tal. Nada disso, era tudo por conta do casamento”. A data foi chegando. Cris sem saber de nada e Átalo com todo o esquema combinado com Marina e as famílias. Um momento tenso desse processo foi o vestido de noiva. Não havia uma desculpa que justificasse ela experimentar vestidos em uma loja. Aí surge o papel do estilista Elcimar Badu. “Sempre admirei

Cris e a fada madrinha Marina Novaes

o trabalho dele. Então ele me chamou para experimentar vestidos de festa, olha que honra usar uma criação dele em um evento. Ele me fez experimentar vários. Por fim, tirou minhas medidas, para o cadastro dele. Bom, assim eu pensava né. Depois que eu saí do ateliê ele passou um WhatsApp para o grupo, confirmando que já tinha as minhas medidas e que ia fazer o meu vestido”. Verdade seja dita, o WhatsApp teve um papel fundamental para a execução do plano de casamento da Cris. Foram

criados três grupos para discutir detalhes com fornecedores, quem faria o que, e para seguir os passos de Cris: no dia do casamento, do acordar até a hora da revelação no hotel, todo mundo sabia de cada respiração que ela dava. De repente, um susto: Cris recebeu um convite para um evento no dia 13, à noite. “Nossa agendas são compartilhada, e Átalo deu um pulo: ‘Você já tem evento esse dia, não pode marcar mais nada’. Mas o evento era 14 horas, na minha cabeça dava tempo suficiente para fazer os dois. Do nada o evento foi desmarcado. Até hoje não sei se foi só coincidência ou se teve interferência de Átalo para o cancelamento”. A véspera foi outro momento tenso. Cris adora receber pessoas, mas a casa estava cheia além do limite. Uma prima de Átalo estava vindo da Austrália, passaria uns dias na Bahia, e com o feriado de 15 de novembro chegando, essa foi a desculpa perfeita para a família dele vir em peso para a casa do casal. Além disso, duas amigas já estavam hospedadas em sua casa. “Eu surtei, eu gosto de receber, mas tem que ter qualidade. Tanto que no dia 12, dormimos na casa de uma amiga, pois eu queria dar mais conforto para quem estivesse lá em casa. No outro dia voltamos para casa, tomamos aquele café da manhã maravilhoso em família, e eu saí para ir no salão me arrumar para o evento. Átalo conta que depois que eu saí foi uma loucura da mulherada correndo, tirando os vestidos de festa das malas, pedindo o ferro para passar a roupa, e procurando salão, pois não podiam fazer isso na minha frente, eu ia desconfiar na hora. Foi uma loucura”. Cris já saiu do salão, com Marina, direto para o hotel. Chegaram por volta de 13h30, e ela lembra que estava com fome, não tinha almoçado. Pediu para a gerente do hotel que levasse um lanche para a suíte onde terminariam de se ar| Continua na página 30 u

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q COMPORTAMENTO

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rumar para o evento. “Entrei no quarto estava o pessoal da filmagem, normal se preparando. Perguntei de Fabrício, o outro palestrante, e me falaram que ele estava na varanda. ‘Putz! Neste calor, só pode ser terapeuta mesmo, é tudo doido’. E fui falar com ele. Mas não era ele”. Na varanda, Átalo aguardava por Cris para fazer o pedido de casamento. Ajoelhado, ao som da música de Ivete Sangalo e Saulo Fernandes, ‘Não precisa mudar’, ele se declarou. No saguão do hotel, Cris se deu conta da dimensão do que estava por vir. Amigos e parentes já estavam à sua espera. Ela teve tudo que uma noiva tem direito, inclusive o chá de lingerie. “A hora de conhecer o meu vestido de noiva foi uma grande emoção. De repente eu me senti uma pessoa tão amada, e não apenas por Átalo, amada

por tanta pessoas que se doaram para que aquele momento acontecesse, parceiros que não estavam em busca de propaganda, mas sim em fazer parte da minha vida, da minha história”, conta com a voz embargada e os olhos brilhando. O vestido ficou perfeito, sem nenhuma prova, sem nenhum ajuste. “Sempre imaginei que o encanto pelo vestido vinha por todo o processo de construção. Então você fala com o estilista, escolhe o modelo, faz várias provas, e assim o amor vai nascendo. Mas quando vi o meu vestido, vi pela primeira vez e já entrei nele e foi muito amor o eu que senti. Átalo conta que esse era o maior transtorno da mulherada do grupo do WhatsApp, elas não se conformaram com o fato de eu não conhecer o vestido, não experimentar antes do casamento”. Tudo pronto, Cris foi levada para a

Larissa e Caio: da amizade para o casamento

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arissa Machado, 30, e Caio Macário, 38, se conheceram em 2008, pela Internet. Caio é primo da mãe de Larissa, que há muito tempo não tinha notícias dele e pediu ajuda da filha para recorrer ao Facebook. No início, apenas uma gostosa amizade: Larissa morava em Salvador e Caio em Paris. Mas em 2018 algo mudou. “Caio me pegou

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de surpresa. Conversando, um dia, ele disse que gostaria de ficar junto comigo, morar com ele, que eu fosse a senhora Macário! Eu aceitei, mas não esperava que dois meses depois ele aparecesse em casa com uma aliança de ouro e diamantes forjada por um artesão em Cartagena, Colômbia, especialmente para nós, com a escrita: “yo soy tuyo y tú eres mío”. Eu tremia de emoção, aquele misto de choro e risadas!”. A partir daí começou uma grande corrida para montar uma cerimônia para 100 pessoas, em dois meses. “Economizamos em muitas coisas, escolhemos como local o Sítio Canto Verde, em Lauro de Freitas, que é natural e muito lindo, e dá para economizar na decoração, e depois da cerimônia faremos apenas um jantar,

praia. 17 horas, um pôr do sol incrível. No final, a celebração acabou sendo do jeitinho que ela queria, intimista, para 50 convidados. Foi o irmão que a levou até o altar. Os pais já estão bem idosos, e não puderam estar presentes. “Esse é o único ponto que eu mudaria: poder ter os mais pais aqui. Meu pai está com 90 anos e minha mãe com 82. Não tinham como enfrentar a viagem. Quando estava me arrumando liguei para ela. Eu chorava muito e ela falando: ‘Ai filha, eu queria muito estar aí, o Jr te ama muito”. Fabrício Simões, ‘o palestrante’, foi na verdade o celebrante da união, e conseguiu deixar todos emocionados. Outro momento especial foi proporcionado por Marina, a fada madrinha de toda essa história, à Átalo: como forma de todo agradecimento, ele pediu que ela entrasse com Bernardo, o cachorro

que torna também algo mais intimista e familiar”. Às vésperas do casamento, marcado para 1º de junho, Larissa conta que o principal desafio foi manter o foco no sonho do casal. “Sei que mimos, lembrancinhas e tudo mais, fazem parte do casamento, mas fazer uma cerimônia que no final, ao olhar o álbum de fotos, não ser o que você sonhou pois queria agradar os outros, é cilada! Quem te ama e ama o casal, ficará emocionado desde já pelo convite e valorizará cada detalhe. Também, não pode desanimar nos primeiros orçamentos de casamento! Lembro-me como hoje, que chorei muito, pois pagar valores como 40 ou 50 mil em dois meses, seria algo impossível! E comecei a me frustrar. Mas, com o apoio de Caio e de amigas, não desisti”. E o desfecho dessa história reserva ainda uma lição de solidariedade: os noivos não querem presentes. Eles vão pedir aos convidados cestas básicas, e para aqueles que estiverem longe, a contribuição através de uma “vaquinha on line”. Tudo será revertido para creches e asilos.


do casal, e as alianças. “No final da festa, ninguém estava interessado no bouquet. Todas queriam ficar amigas de Marina”, conta Cris aos risos. Como nem todos puderam estar presentes, o casamento foi transmitido por live, através da conta de Instagram da Cris, e a audiência bateu mais de nove mil pessoas. “Nos conhecemos na praia, e nela celebramos nosso amor. Tinha que ser. Recomendo a todas as pessoas que celebrem, mesmo quem já mora juntos, como era o nosso caso. A lua de mel ainda não aconteceu, mas está nos nossos planos”, conclui. CHEGOU A HORA DO SIM! E AGORA? Como nem todas as noivas tem esse privilégio de Cris Arcuri, que acordou plena sem nenhuma preocupação e teve a celebração dos sonhos, planejamento é

a palavra de ordem quando o assunto é casamento, caso contrário a dor de cabeça pode ser tão grande como o check-list: bufê, bebidas, decoração, música, local, lista de convidados, vestido de noiva… Ufa! Não fosse tudo isso, a crise econômica jogou um balde de água fria em muitos casais, que tiveram que diminuir a proporção do sonho, e se ajustar às novas tendências do mundo das noivas. Uma pesquisada rápida na Internet e o que mais encontramos são listas de 10, 20, às vezes 60 dicas de como economizar na festa de casamento. Cerimônias, antes pensadas para 200 ou 400 convidados, tiveram que enxugar bastante, como explica a cerimonialista Carla Souza, 41. “A crise não diminuiu a procura por festas de casamento, mas diminuiu o tamanho delas. Em vez de fazer festas para 200 pessoas, fazem festas

Lucimary e André: eternos namorados

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os conhecemos em 1996, eu morava em um condomínio em Salvador, ele tinha um primo lá, fomos nos conhecendo. Primeiro namoramos escondido, depois ele foi pedir aos meus pais. E desde então estamos juntos, 23 anos de namoro”. Assim começa a história de Lucimary França, 39, e André Luiz, 39, um amor que nasce na adolescência e agora caminha para o altar. Mas verdade seja dita, apesar de estarem há 23 anos juntos, a decisão do casamento aconteceu de forma relativamente rápida. O noivado foi em julho de 2018, e o casamento em 27 de abril. “André sempre foi muito seguro com as coisas. Nunca morou de aluguel. Então começamos a pesquisar para comprar um imóvel. Mas aconteceu dele ter duas perdas na família, e então herdou a casa onde sempre morou. Depois disso a família começou a pressionar pelo casamento (rs)”. Faltando poucos dias para a grande data, Mary se atrapalhou um pouco com a festa e queria ter mais tempo para organizar tudo melhor. “O casamento foi para 200 pessoas. Na verdade era para ser menor, mas na hora de fazer lista, as pes-

menores, o mini ‘wedding’, que são celebrações mais aconchegantes, intimistas. O custo de cada festa depende muito da lista de convidados, mas com R$ 10 mil, R$ 12 mil, é possível realizar um evento”, explica. Há 13 anos trabalhando no segmento de eventos, Carla abriu um cerimonial em Lauro de Freitas em 2017. Ela destaca que o mercado da cidade cresceu muito neste período, e já é possível encontrar quase tudo que precisa para uma boa festa. “O mercado de casamento está crescendo muito em Lauro de Freitas, com bons espaços e cerimoniais, só deixa a desejar na parte da decoração e flores, ainda temos que procurar por Salvador”, afirma. Apesar de tudo, para ela o grande segredo de uma boa festa está em “conseguir captar a essência dos noivos, cada noiva tem uma ideia diferente. Cada casamento tem sua particularidade”, conclui.

soas pediam: ‘não me deixe de fora’, e a lista foi só crescendo. Nós imaginávamos que era só contratar um bufê e estava tudo resolvido, mas não é assim. Faltando pouco mais de um mês para o casamento foi que decidimos pedir ajuda de um profissional e contratamos a cerimonialista Carla Souza, que fez toda diferença. Mas parecia que o universo estava tentando testar os dois. Voltando do chá de lingerie, no domingo, 15 de abril, o casal foi assaltado. “Retornando para Abrantes, onde moro, paramos na farmácia. Neste momento dois rapazes nos renderam e levaram tudo: o carro, celular, documentos e os presentes que ganhamos. Mas não deixamos que aquele contratempo estragasse o nosso momento”, conta Mary, desabafando: “A cerimônia aconteceu, foi muito bonita, contagiante e isso é o que nos basta”, declara, sem esconder a felicidade. Maio de 2019 | Vilas Magazine | 31


q CIDADE q MEMÓRIAS

IPITANGUENSES:

Contos, crônicas e histórias da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga

Capítulo 3:

O samba de dona Detinha THIARA REGES | Freelance para a Vilas Magazine

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“Ai ai, eu sei tocar, eu sei sambar, você ainda não viu quem eu sou no samba”

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“Estavam todos parado na porta da casa de dona Ana, perguntei logo: Oxente, nós vamos ficar aqui assim é? Eu vim me divertir, não vim ficar calada não. Começamos a tocar pra cá, tocar pra lá, foram chegando mais pessoas, chegou a turma do Quingoma, chegou um monte de homem, aí eu puxei o samba”: 9 Esse homem do pé sujo Ele hoje dorme só Ele tem a unha grande, vai rasgar o meu lençol Esse nego é o cão, no pé do fogão Esse nego é o cão, no pé do fogão Deixa eu vê seu pé aí 9 “Eu estava com o pandeirinho na mão, baixava o pandeiro e falava: tira o sapato que eu quero ver seu pé. O povo que se

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acabava de rir. Tá se fiando em quê? Da cintura para cima eu estou moleca”. A dona de toda essa energia é Basilia Bispo dos Santos, 78, mais conhecida como Detinha, contando como tinha sido o último fim de semana, na casa de sua amiga, dona Ana. Chegamos em sua casa logo cedo, e fomos recebidos com um bom e cheiroso café, para esquentar o dia de chuva. Aproveitamos uns minutos de tempo firme, para explorar o quintal da casa, e benza Deus! Um cantinho de natureza em meio ao asfalto da cidade, e decidimos conversar por ali mesmo, próximo ao bananal. Ela fala de sua origem e infância no Quingoma, com gosto de quem superou as dificuldades sem perder a beleza das coisas simples da vida. “Sou filha de Marta Sales da Paixão e Donato Bispo dos Santos, e venho do Quingoma desde os meus avós. Ainda conheci umas senhoras que foram escravas, mas não alcancei essa época. Meu pai trabalhava de roça, cortava madeira para fazer ‘cauvão’ e assim ganhar o sustento. Passamos fome e não tinha o que vestir. Só entrava alguma coisa quando meu pai vendia o ‘cauvão’ ou quando minha mãe fazia a farinha”, lembra. “Minhas duas avós eram parteiras, pois naquele tempo nem existia maternidade por aqui. Minha infância foi muito boa lá no mato, as bonecas eram de pano, compradas na feira. Já os meninos faziam seus próprios brinquedos, com coco verde, lata, pedaço de pau, faziam os carrinhos e saiam brincando. Dos meus irmãos os três mais velhos já morreram, agora nós somos três mulheres e um homem”. Mas naquela época, a infância não podia ser vivida em sua plenitude. Desde cedo todos eram envolvidos na lida, não havia emprego com facilidade, as formas de conseguir dinheiro eram muito limitadas. Detinha com cinco anos já sabia todo o processo para a fabricação da farinha. “Nasci dentro da casa de farinha, criatura. Com cinco anos em diante já sabia fazer tudo. Desde a minha mãe e os outros antigos, já se fazia beiju para vender. Minha mãe tinha casa de farinha”. Detinha se mudou com a família para a comunidade de Areia Branca quando da morte do pai, e a mãe leva junto a casa de farinha do Quingoma para a nova morada. “Naquela época não tinham muitas casas por aqui, apenas a de minha mãe e de uma senhora conhecida como Mocinha. Depois cada um foi fazendo a sua casa de farinha e virou tradição aqui. Sem mentira nenhuma, daqui de casa dava para ouvir os


homens lá na casa de farinha, do outro lado do rio, aboiando”, lembra. Sem máquinas, o processo de fabricação da farinha era exaustivo. A primeira etapa era ir na roça colher a mandioca. Se o terreno fosse bom, levava os animais para trazer a colheita, mas se não fosse, todos traziam a mandioca até a casa de farinha, quer fosse nos braços, quer fosse em balaios na cabeça. “No outro dia ia raspar, cevar, puxar o rodete. Os que estavam pequenos, minha mãe botava um caixote, com o maior de um lado e o menor do outro, que era para alcançar o veio do rodete, era muito pesado. Quando tinha muita mandioca era farinhada, fazia farinha dois ou três dias. Todo mundo estava em alguma função que era para dar conta de toda a mandioca. Naquela época nem era prensa, ainda usávamos o tapiti, com cada pedra pesada que você nem imagina. Depois de toda massa pronta, ia para o forno secar. Só depois de sequinho era que se arrumava no balaio, ia fazendo a roda, até encher. Naquela época não era beiju de goma, era beiju seco, de massa, redondo parecendo uma bolacha, e custava um tostão”. Fazer a farinha era algo tão normal na rotina das pessoas, que não existia, como em outras culturas, o hábito de se fazer festa para celebrar a colheita ou a produção. Na verdade, Detinha se lembra bem que a primeira fornada de massa era para matar a fome da família. “A primeira fornada da farinha, com a farinha ainda mole, minha mãe fazia a ‘malangosta’: pimenta, coentro de boi, limão, cebola; aí fazia aquela ‘jacuba’, botava aquela farinha dentro… ai que maravilha, que coisa gostosa”, lembra, aos risos. Eram tempos bem difíceis. “Já vi gente vestir saco de alinhagem, porque não tinha outra coisa para vestir. Saia para pescar e mariscar no Rio Joanes. Já carreguei muita madeira no ombro, sei até arrumar metro ”. Católica, Detinha sempre participou das festas religiosas: rezar Santo Antônio,

oferecendo sua casa para receber as pessoas, guardar a semana santa: “Naquela época tinha muito respeito com a Semana Santa. Quando entrava a última sextafeira, varria a casa e juntava a sujeira em um canto, só poderia recolher depois da sexta-feira da Paixão. Na quinta-feira já começava a pilar os temperos, castanha, camarão, enfim, já deixa tudo pronto. Na sexta-feira ia apenas cozinhar a moqueca, feijão de leite, vatapá, caruru, e era muita comida, e não tinha quem comesse. Ao longo do ano, quando ia na feira já ia comprando o peixe seco e guardando, para a sexta-feira santa ter muito peixe para a moqueca. Começava a cozinhar pela manhã, meio dia ainda estava na

cozinha, com as panelas de barro e o fogão à lenha. Hoje até som você escuta na sexta-feira. Nem o cortejo da Via Sacra é respeitado”. De repente, um período que nem está tão longe assim, me pareceu muito distante. Estou me referindo à vida harmônica que as pessoas levavam, em comunidade, independente de sua religião. “Toda a vida fomos católicos, só que nós ía lá na macumba dar uma olhada. Até porque quando morava no Quingoma tinha a casa de um pai de santo chamado Porfiro. Quando tinha festa lá vinha gente do ‘arco da velha’, e nós estava lá, foi assim que aprendi a bater o tambor”. | Continua na página 34 u

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q CIDADE q MEMÓRIAS

IPITANGUENSES:

Contos, crônicas e histórias da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga

u Continuação da página 33

O atabaque, por sinal, ficou ao seu lado durante toda a entrevista, revelando a sua forte ligação com a música. 9 Vou cantar lauêe Vou cantar lauêe E que agora aparece Vamos louvar a Maria E quem louvar Jesus sou eu Vamos louvar a Maria E quem louvar Jesus sou eu 9 “Essa era a chegada do rei”. Detinha se refere a Festa de Reis, tra­dicional em sua época. O Boi Estrela passava pelas ruas, guiado pelo boiadeiro, adentrando nas casas dos moradores. Se chegasse e a porta estivesse fechada, cantava até abrir. 9 Ei, abra a porta de supetão, Debaixo da cama tem um garrafão, Debaixo da cama tem um garrafão, Abra a porta com toda alegria, Que hoje é a véspera, amanhã é o dia, Que hoje é a véspera, amanhã é o dia 9 Outra festa que também ficou marcada para dona Detinha, foi ‘enterrar o véio no primeiro dia do ano’, uma brincadeira

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inventada na comunidade. “Meu sogro fazia um caixão, pequeno, de tábua. O povo cortava um pedaço de bananeira que coubesse no caixão. À meia noite, saía para enterrar o ano véio, juntava muita gente, e quem não ia ficava nas portas de casa. Mas era muito bom”. 9 Bora gente, vamo sem demorar, Enterrar o ano véio, que já passou da hora 9 “Levava até a porta do cemitério. Todos com os ramos de folha para tanger o véio. Chegava na porta do cemitério fazia o buraco. Até o coveiro, Pedro Gago, saia com a enxada no ombro. Quem estava dormindo, tinha que abrir as portas de casa para nós sambar. Uma festa só. E a tradição existe até hoje”. Sem dúvida estamos falando de outra época, onde as pessoas tinham o prazer de se reunir, saiam pelas ruas sem medo, em qualquer horário, com valores puros e genuínos, capazes de conservar tanta alegria em uma pessoa com uma vida de tantas dificuldades. “Sempre fui ‘pra frente’, se você vê as

Com cinco anos, Detinha já sabia todo o processo para a fabricação da farinha. “Nasci dentro da casa de farinha. Aprendi a fazer beiju com minha mãe”. minhas irmãs como são moles (rs). Casei cedo, não tive infância, com 15 anos tive a primeira filha. Tive duas mulheres e cinco homens. Faz 16 anos que fiquei viúva e graças a Deus que eu estou livre, agora a minha infância chegou. No lugar que eu chego eu apronto (rs). Não tive vida fácil, mas ninguém me vê triste. Tenho todo orgulho de ser negra, só não sei ler. No meu tempo tinha apenas uma escola no Quingoma, ali no Capiarara, e a professora se chamava Flora. Só um irmão meu estudou, minha mãe não deixava ‘menina mulher’ estudar. Mas eu sei assinar meu nome, aprendi depois de velha, e onde chego não passo por analfabeta. Mas é tudo o que sei”. 9E lá vem é chuva, e a palestra vai acabar é aqui!9, conclui.

NOTA DO EDITOR Seguimos em busca das histórias que dão o tom a Lauro de Freitas. E no 3º capítulo o samba ecoou com muita força. Dona Detinha é isso: samba de roda, festas tradicionais populares e uma risada contagiante. Além de tudo, beijuzeira. Não deixe de conferir mais detalhes dessa história. Acesse o QR Code. A coluna “Memórias Ipitanguenses: contos, crônicas e histórias da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga”, surge da parceria entre a Vilas Magazine e a Escola Municipal Ana Lúcia Magalhães, através da Sec. Municipal de Educação. Participaram da produção deste capítulo: Basília Bispo dos Santos, Gildete de Melo, Antonio Cláudio, Caíque Barbosa e a jornalista Thiara Reges.


TUDE CELESTINO DE SOUZA:

Poesia, Memória e Identidade Ipitanguense Tina Tude

O

ano de 2019 marca na memória local a efeméride de 30 anos de ausência da mais célebre referência da poesia ipitanguense: o poeta Tude Celestino de Souza (25/6/1921 – 21/7/1989). Aliás, a memória de Tude Celestino está intimamente ligada à própria celebração da memória local, vez que fora o poeta o precursor do pensamento que rege a noção de memória e identidade ipitanguense como conhecemos hoje e que começa a ser, aos poucos, assimilada pelas novas gerações em propícia e fecunda iniciativa de reparação das pertenças originais de nosso território ancestral. Tude Celestino, célebre figura da galeria de notáveis da cultura local, cânone da poesia ipitanguense, destacou-se em seu tempo, tanto pela atuação poética, quanto pela veemente atuação ideológica referente à preservação das matrizes ancestrais da memória e origem desta comunidade. Nascido na região (que hoje compreende o território) de Campo Formoso, fora criado em Ilhéus, de onde partiu, ainda jovem, para a capital da Bahia, vindo se estabelecer nessas plagas por ocasião da fundação da Base Aérea de Ypitanga, em cuja construção veio atuar no ofício de agente administrativo – uma espécie de gestor de RH da época –, que lhe ofereceu a oportunidade de, entre os turnos em serviço, desenvolver suas notáveis habilidades intelectuais e, especialmente, a verve poética. A despeito do limitadíssimo acesso à educação formal (tendo falecido o pai, Tude, junto ao irmão, fora levado a deixar os estudos no 4º ano primário para auxiliar a mãe a prover os sustento e estudo das irmãs mais novas), a sofisticação intelectual do poeta se fez notar precocemente e, autodidata, o ainda infante Codó (apelido familiar), dedicou-se com empenho devocional à leitura de clássicos universais que influenciaram, mais tarde, seu estilo e forma poética. Já na capital, mancebo galante e gozando de ampla desenvoltura e circulação nas altas rodas da intelectualidade boêmia da “velha São Salvador” dos anos 40 (e até os já findos anos 70, quando encerrou as jornadas de “romarias noturnas” ao ser acometido pela cegueira proveniente do diabetes), o poeta ins-

creveu seu nome junto a personalidades do reduto das letras, das artes e do pensamento na Bahia e da poesia eminentemente nordestina. Em seu tempo, entre os saraus sob a mangueira de seu quintal e as visitas ao Tabaris, Bar Brasil, Colón ou Cantina da Lua, Tude esteve sempre em efusiva atuação poética, tendo convivido com intelectuais e poetas seus contemporâneos como, os ainda ativos, Adelmo Oliveira, Ruy Espinheira Filho, Clarindo Silva, Bule Bule e Chico Pedrosa, além dos já saudosos Zé Laurentino, Fabio Amado, Angelo Roberto, Ederaldo Gentil, Ildásio Tavares, Fred Souza Castro, Gilberto Baraúna, Nelson Gallo, Fuad Maron, Wilson Mello e o mais habitual parceiro de rondas poéticas, o poeta e jornalista Jehová de Carvalho – que o declarou “um ente sagrado de impossível repetição”, no prefácio da segunda edição de O Ás de Ouro. O ÁS DE OURO Sobre “O Ás de Ouro”, único livro do poeta, aliás, cabe referência ao fato de uma segunda edição revista e ampliada estar em fase final de revisão editorial quando do falecimento do autor e, assim, aguardar, há já 30 anos, a oportunidade de um lançamento condigno, compatível com o vulto e envergadura da representatividade da poética tudina para as letras em nossa comunidade. Enquanto “O Ás de Ouro – o Livro”, aguarda lançamento oportuno, “O Ás de Ouro - a Poesia”, segue cumprindo o curso de disseminação do estro poético do autor através da interpretação de eventuais récitas da Poesia Tudina. A trilogia inaugurada pelo poema “O Ás de Ouro”, o mais emblemático de sua lavra, oferece a nosso imaginário uma comovente e atemporal saga fictícia sobre vingança e perdão, de onde se percebem ecos de Catulo da Paixão Cearense a Sófocles, Ésquilo e Dante. De exuberante narrativa poética em primeira pessoa e sob notas do cordel e da tragediologia grega antiga, narra “uma como que epopéia da vida de seu pai, cujo nome se perdeu no | Continua na página 36 u

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q CIDADE Memórias | TUDE CELESTINO DE SOUZA u Continuação da página 35

apelido que dá nome ao poema”, como nos descreve Jehová de Carvalho no já referido prefacio. A respeito da motivação para a composição da trilogia “O Ás de Ouro” – integrada ainda pelos poemas A Vingança de Zé de Aninha e Redenção –, teria dito o poeta: “Eu tinha dois caminhos para elaborar o sentimento de revolta e desejo de vingança: um, era me tornar assassino. Outro, era me tornar poeta”. Assim, Tude Celestino sela seu destino como pessoa e literata, ao empreender uma catarse poética que nos convida a refletir as múltiplas faces da vingança e, sobretudo, o poder universal do perdão.

vaguarda da memória e pertenças ancestrais de Ipitanga após a emancipação, ao situar toda e cada composição poética, em Ipitanga, Santo Amaro de Ipitanga ou Santo Amaro do Ipitanga. Até o último verso composto, já em leito de morte, o poeta se referiu sempre a esse território por seu nome de origem, fazendo surgir na contemporaneidade o seu reconhecimento como patrono da noção de Identidade Ipitanguense e do que decorreria, por fim, a proposição de se declarar oficialmente o gentílico ipitanguense como política reparatória da memória local.

LAURO DE FREITAS: TOPÔNIMO E IDENTIDADE Eram os anos 60, plenos anos de chumbo no Brasil, o então distrito de Ipitanga, outrora zona de interesse das forças armadas pela localização estratégica que levou a região a sediar o Aeródromo (mais tarde, Base Aérea e, por fim, Aeroporto de Ipitanga), agora se mostrava zona de interesse político, atraindo o olhar dos entusiastas dos populares movimentos de emancipações territoriais. Junto ao território da Água Cumprida, propusera-se emancipar também o distrito de Ipitanga e, assim, nasce, junto a tal mobilização, a proposição de dar visibilidade à memória de personalidades relevantes para a Bahia e, por um mero casuísmo dos trâmites burocráticos, atribuiu-se o topônimo Lauro de Freitas a este território (que, inicialmente, inclusive, seria denominado Simões Filho – em honra ao notório jornalista Ernesto Simões Filho, fundador do jornal A Tarde). Diante de tal panorama, então, o poeta Tude se manifesta contrário à atribuição do nome do célebre engenheiro Lauro Farani Pedreira de Freitas ao futuro município, argumentando justamente que (embora sendo o homenageado digno de honras devidas por sua indelével importância para o desenvolvimento do Estado, enquanto fundador da Cia. Leste Ferroviária), não lhe parecia justo enaltecer a memória de um único indivíduo em detrimento da memória de toda uma civilização – referindo-se, então, à pertença de matriz tupinambá resguardada na memória do território ancestral de Ipitanga. Assim, tendo declinado da honraria de ser declarado oficialmente o primeiro Cidadão Laurofreitense, o poeta, guardando coerência com os princípios que seguia, recusou o título e se autoproclamou Cidadão Ipitanguense.

IPITANGA: BERÇO-RIO Ao se declarar ipitanguense, Tude, muito provavelmente em ato plenamente espontâneo, não calculado, marca em seu tempo e memória a mais relevante referência à celebração da memória deste povo e lugar e, por via indireta, tal pensamento, oportunamente, vem corroborar com os anseios universais contemporâneos no que tange à necessidade de medidas emergentes para a salvaguarda ambiental de bens do patrimônio natural, em especial, do reino das águas. A noção de Identidade Ipitanguense para Lauro de Freitas, em primeira instância, refere objetivamente ao reconhecimento do Rio Y-Pitanga como ente inaugural do território ancestral e, em tal feição, convida, sobretudo, ao compromisso pela revitalização de suas águas outrora vermelhas. Segundo nosso imortal historiador Gildásio Freitas – contemporâneo e amigo de Tude Celestino, coautor (junto a Emanuel Paranhos, também amigo do poeta), do livro “História de Lauro de Freitas - Antiga Freguesia de Santo Amaro do Ipitanga”, estima-se que o elevado índice de minério de ferro nas águas do rio ocasionava uma coloração avermelhada e teria sido a provável motivação para a denominação atribuída pelos tupinambás. A terminologia Y-Pitanga, portanto, em língua original, significa, literalmente, água vermelha – em alusão ao fruto de cor peculiar e de grande incidência no solo ancestral. Esse entendimento do Rio Ipitanga como origem e pertença ancestral do município nos demanda medidas estratégicas para a gestão sustentável e manejo de recursos hídricos que apontam para o que parece ser a gênese de um despertar para o etnossociodesenvolvimento local sustentável. Reconhecer o Ipitanga como berço-rio implica uma veemente, profunda e favorável ação de ressignificação de nossa memória e identidade.

EMANCIPAÇÃO E MEMÓRIA DE IPITANGA Se, por um lado, o poeta se dedicou intelectualmente, como cidadão, a manifestar publicamente seu descontentamento pela atribuição do topônimo Lauro de Freitas na ocasião de emancipação municipal (ocorrida em 31/7/1962), poeticamente, sua obra nunca registrou qualquer referência direta a tal posicionamento ideológico. Contudo, é em seu pensamento manifesto que se verificou um ato de irrefutável colaboração para a sal-

IDENTIDADE IPITANGUENSE Oportunamente, ainda quanto à memória local e Identidade Ipitanguense, podem-se prever medidas concretas para implementação de uma política reparatória das pertenças ancestrais dos povos originais a serem adotadas com êxito em nossa comunidade. Se, no âmbito da salvaguarda do Patrimônio Material, podemos destacar o compromisso da municipalidade com a revitalização ambiental do Rio Ipitanga enquanto pertença

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hídrica elementar para o abastecimento da RMS, no que tange aos bens do Patrimônio Imaterial, cumpre-se integrar também a tal iniciativa um amplo programa de conscientização do imaginário popular a respeito do reconhecimento efetivo do Rio Ipitanga como elemento legítimo da identidade e origem local. Tal entendimento, além de sublinhar a obra vultuosa que se prospecta em nível de despoluição do rio, cumprirá a demanda reprimida de consolidação da identidade municipal – outrora fragmentada pelos diversos infortúnios ocasionados por nosso controverso processo emancipatório (que, ao atribuir o topônimo Lauro de Freitas ao então emancipado município, comprometeu as referências ancestrais de memória e identidade desse povo nosso). Convém lembrar que é justo neste panorama que surge a voz e pensamento do poeta Tude Celestino, em sua intervenção visionária, ao vaticinar que a atribuição do topônimo Lauro de Freitas a essas terras ancestrais do antigo distrito de Y-Pitanga, por ocasião da emancipação, deflagraria um processo de alienação da identidade deste povo. CELEBRAÇÕES E HOMENAGENS AO POETA DE IPITANGA Pensando, pois, em atos relativos à data memorial do poeta Tude Celestino de Souza, não seria demais, finalmente, atender à reiterada sugestão de Gildásio Freitas pela denominação do Centro de Cultura Tude Celestino de Souza ao antigo Cine Teatro de Lauro de Freitas. Outra oportuna intervenção viria a ser a realização de uma edição especial de “O Ás de Ouro” e até mesmo a instituição da Lei da Memória do Ipitanga (PL 040/2015, que propõe o reconhecimento efetivo do Rio Ipitanga como origem do território municipal) e da qual decorreria, a posteriori, atribuição do gentílico Ipitanguense ao município de Lauro de Freitas. Oxalá seja, em tal panorama futuro, caberá, afinal, a outorga do título póstumo de Cidadania Ipitanguense ao poeta que nos anteviu a memória e semeou o gérmen da reparação de nossa identidade. CEGUEIRA E VISÃO ARGUTA Tude, com a sabedoria e visão apurada dos cegos, anteviu o panorama atual da (des)identidade local. Previu o esboroamento das pertenças de identidade de seu povo e flagrou elementos que escapavam aos mais incautos dos emancipadores. Qual Tirésias, o sábio cego que alertou o Rei Édipo quanto à motivação para a peste que acometera Tebas, vendo (sem enxergar), o que o rei, com olhos sãos, não via, Tude, o poeta cego, viu o que os mandatários do poder não viram. Percebeu que, ainda que tardiamente, viria a conta a pagar pela violência simbólica de destituir o nome de um povo – um referencial basilar à

constituição da identidade. Ao apontar o distúrbio que ocasionaria o apagamento da pertença ancestral do Ypitanga, o poeta demonstrou sua arguta visão e profunda sensibilidade frente a causas próprias da natureza do intangível, como vem a ser a causa das questões do patrimônio imaterial, da memória e do simbólico. É da natureza do simbólico que trata, afinal, a causa da Identidade Ipitanguense. É da natureza do simbólico que trata, também, a reverência que se presta aqui à memória do poeta. À guisa de considerações finais, eu, ativista pela perpetuação de seu pensamento, herdeira intelectual de sua obra, representante de seu legado e gestora de políticas públicas da Cultura em nossa comunidade, poderia dizer um tanto mais de palavras sobre a potência afirmativa da Poesia Tudina e da influência de Tude Celestino de Souza para a consolidação da Identidade Ipitanguense como política reparatória da memória dos povos inaugurais na contemporaneidade de Lauro de Freitas, mas, apenas hoje, peço licença para, apenas como filha, privada ao nascimento do mais elementar e prosaico olhar

Rua Queira Deus, entrada do terreiro de Mãe Mirinha, em Portão, nos idos de Santo Amaro de Ipitanga

paterno, declarar apenas: “Painho, há 30 anos meus olhos buscam o azul dos teus. Painho, minha trajetória é minha homenagem e exercício filial. Obrigada, painho... por ‘tude’.” Ipitanga, Março de 2019

Tina Tude é atriz, educadora e ativista pela salvaguarda das pertenças de identidade do território ancestral de Ipitanga, herdeira intelectual e intérprete da obra do poeta Tude Celestino de Souza, fundadora da cadeira Tude Celestino de Souza na Academia de Letras e Artes de Lauro de Freitas e titular da cadeira de Revisão Historiográfica, Memória e Identidade no Conselho Municipal de Políticas Culturais de Lauro de Freitas.

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q EMPREENDEDORISMO

Startups:

“Se pensamos o mercado como um todo, estamos muito atrasados”

percebi quanto era difícil para as startups que estão começando e que não tem qualquer apoio. Um jovem de 18 anos pode ter uma ideia maravilhosa, mas vai acabar morrendo assim que esbarrar nessas burocracias. Até no Sebrae eu tive dificuldade de acessar naquele primeiro

Em entrevista à jornalista Thiara Reges, Eduardo Lobo, presidente da Abas, fala sobre os desafios para o desenvolvimento das startups na Bahia

E

mpreender. Com tantas incertezas no mercado de trabalho, resultado da crise política e econômica de 2014, esse termo se tornou frequente no vocabulário dos brasileiros. Algumas pessoas se viram sem opções e começaram meio que ao acaso. Já outras, enxergaram nas adversidades a oportunidade de iniciar seu próprio negócio. O que se sabe ao certo é que cresce a cada dia o número de novos empreendedores no Brasil, sobretudo em forma de startups. Segundo levantamento da ABStartups (Associação Brasileira de Startups), a instituição encerrou 2017 com 5.147 startups cadastradas, um crescimento de 104% em relação a 2012. Mas estima-se que o número seja ainda maior, cerca de 10 a 15 mil, se levar em consideração aquelas que ainda estão no processo de formalização. Eduardo Lobo, 31, presidente da Abas (Associação Baiana de Startups), destaca que além do estado de crise, que favorece a formação de empreendedores, o fortalecimento do setor de tecnologia e inovação de grandes instituições e do conceito de comunidade, foram essenciais para este despertar. “Nesse contexto o papel da ABStartups ganha força; o Sebrae criou uma área de startup dentro da instituição; o próprio SENAI CIMATEC, que já era muito forte na inovação, criou a Acelera CIMATEC, e hoje quase todas as grandes empresas que operam no Brasil possuem um programa de inovação e startups, a exemplo do Bradesco, Itaú, Braskem entre outros. Então várias peças 38 | Vilas Magazine | Maio de 2019

do quebra-cabeça se juntaram, formando uma massa crítica mais relevante de empreendedores, que começaram a desenvolver esse papel e nesse caminho foram surgindo também as iniciativas locais, que é o caso da Abas”, frisa. Em Salvador já existem 150 empresas mapeadas pela Abas, um número ainda baixo se comparado com outras capitais brasileiras com o mesmo potencial econômico. Mas apesar disso, o ecossistema All Saints Bay, como é chamada a comunidade de startups de Salvador, já chama atenção dos investidores nacionais e internacionais, e não demora, muito em breve teremos um unicórnio (empresa de tecnologia avaliada em mais de US$ 1 bilhão no mercado). APOIO E INCENTIVOS Empresário com mais de dez anos de experiência e CEO da startup QrPoint, Eduardo acredita que no caso da Bahia ainda existem alguns entraves a serem superados. Além de termos começado tarde, se comparado a outros centros nacionais com a mesma densidade comercial, falta também um olhar mais criterioso de instituições públicas, não apenas no que tange ao investimento financeiro. Ele lembra que em 2015 foi ao Rio de Janeiro conhecer um projeto de inovação e tecnologia da Universidade Estácio, e voltou determinado a trabalhar com inovação. Apesar de já ter uma empresa, Eduardo demorou dois anos para conseguir formalizar sua startup. “Ali eu

Eduardo Lobo, presidente da Associação Baiana de Startups momento”, conta. Do ponto vista das ações públicas, o governo federal desenvolve projetos desde 2014, através do Ministério da Ciências e Tecnologia, com recursos do BNDES, da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), além de programas de aceleração, como o Inovativa. “Esses programas funcionam, mas basicamente tudo se concentra no BNDES e não é tão fácil acessar esse capital”, frisa. No âmbito estadual, apesar de existir a SECT (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação) e o Parque Tecnológico, uma ideia muito boa mas que está esquecida, muitas atividades esbarram na burocracia. As startups que se instalaram no parque, por exemplo, destacam que apesar do aluguel bem mais barato, não tem estrutura física e nem assistência. Mas na esfera municipal o cenário é animador. A prefeitura de Salvador inaugurou em 2018 o Hub Salvador, que está


ativo, sendo administrado por iniciativa privada, além das ações realizada pela SECIS (Secretaria de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência). “A equipe da secretaria está muito focada, ouvindo os empreendedores. Estamos agora na expectativa da inauguração do Colabore, no Parque da Cidade, uma iniciativa que vai fomentar muitas startups sociais. Então percebemos que a prefeitura conseguiu extrapolar os editais e programas, colocando a demanda das startups na pauta da gestão”, afirma Eduardo. SAN PEDRO VALLEY: EXEMPLO A SER SEGUIDO O ecossistema San Pedro Valley, em Belo Horizonte, nasceu quando cinco empreendedores de startups, por coincidência, tomavam café da manhã todos os dias no mesmo local, isso em meados de 2013. De lá pra cá, BH vem se destacando no cenário nacional, uma consequência da cultura de inovação e tecnologia que nasce dentro da universidade federal. Em parceira com a UFMG, a comunidade San Pedro Valley desenvolveu um curso de empreendedorismo, com as aulas ministradas por empreendedores do ecossistema, de forma completamente colaborativa sem gerar custos para a instituição, e este ano formam a quinta turma de novos empreendedores. Além disso, desde 2006 o Google mantém em BH um centro de engenharia, único dedicado exclusivamente a pesquisa e desenvolvimento na América Latina. “Estamos há dois anos e meio em diálogo com a UFBA, para implantação de um curso no mesmo modelo aqui em Salvador, e esbarramos na burocracia. Existe a possibilidade que o curso aconteça no segundo semestre deste ano, mas ainda não é certo”, frisa Eduardo. Ele destaca que para obter sucesso as startups precisam basicamente de quatro coisas: capital, clientes, pessoas e tecnologia. “Para ter tecnologia precisamos das universidades desenvolvendo pesquisas de qualidade. Os grandes centros são o que são por conta das universidades, e o maior exemplo disso é o Vale do Silício. Além disso, se a universidade não desenvolve pessoas, não temos nível técnico necessário, e não podemos contar apenas com os autodidatas. Na UFBA, por exemplo, não é explorada a linha pesquisa para mercado. No último ano melhorou muito, mas por conta das universidades privadas. Unifacs e Unijorge, por exemplo, já possuem núcleo de empreendedorismo. ABAS E ALL SAINTS BAY Mas apesar dessas adversidades algumas startups baianas começam a se destacar acima da curva. Um desses casos é a JusBrasil, o maior portal jurídico do mundo. A empresa já existe há nove anos, mudou várias vezes seu modelo de mercado, e hoje, líder do segmento, está no processo de internacionalização recebendo investimentos do Vale do Silício. “A sede da JusBrasil é aqui em Salvador, e isso foi uma escolha da empresa, muito pautado no conceito de ecossistema. Se pensarmos bem, nenhuma das grandes empresas que nasceram em Salvador estão aqui, a maioria foi para São Paulo. Mas no caso das startups o sentimento é diferente, existe o senso de pertencimento”,

conta Eduardo. E neste contexto, outro exemplo é a Sanar, uma startup voltada para educação na área médica, que mantém seu escritório em também em Salvador com mais de 120 funcionários, e meta de ampliação para 200 até o final do ano. Para ajudar no fomento das startups é que surge a Abas, em 2016. No primeiro ano, a atuação foi voltada para apresentar a associação para os empreendedores e instituições. “Começamos com três startups e sete parceiros. A partir daí passamos a conhecer e entender o que cada startup precisava para então ajudar a realizar. Entre 2017 e 2018 executamos muitos projetos, com densidade, entramos no mapeamento de ecossistemas e startups da ABStartups, conseguimos pautar a imprensa, e ser os representantes desse segmento junto à esfera pública”, frisa. Um dos projetos realizados pela Abas, ‘Atire a primeira pedra’, com objetivo de validação de ideias, onde as startups e empreendedores que estão iniciando têm a oportunidade de apresentar seus pitch para uma banca de especialistas, revelou mais um case para o mercado baiano: a Construcoach. A startup foi acelerada por um investidor e hoje é uma empresa que vale R$ 3,5 milhões. Para 2019 estão previstas algumas ações como o lançamento do portal o All Saints Bay, além de fortalecer e expandir os eventos. “All Saints Bay, foi criado agora, em 2017, estamos atrasados em comparação aos outros centros, e o nosso esforço terá que ser maior. Mas o que posso destacar desses dois anos é que o senso de comunidade, de ecossistema, é muito maior do que a associação, e é assim que tem que ser, tanto por parte dos empreendedores como das instituições. É que empreender é uma missão tão solitária que esquecemos de olhar para o lado, de ajudar o próximo e de nos ajudar. Por isso o ecossistema é tão importante”, conclui.

Cases de sucesso em Lauro de Freitas SINGELO A ideia nasceu de uma necessidade de Uelinton Palma (esq.), 24, mas que com certeza já aconteceu com várias pessoas: como encontrar um profissional de serviço, com garantia de ser uma mão de obra qualificada? Do pensamento para Continua na página 40 u

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q EMPREENDEDORISMO

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a execução não demorou muito. Ueliton usou os próprios conhecimentos de programador, para montar um site, e agora trabalha no desenvolvimento de um aplicativo para celular, com lançamento previsto para este mês. A meta é que o Singelo ajude na intermediação entre profissionais de serviços e pessoas que procuram por mão de obra qualificada. “O mercado está aberto para as startups na Bahia, e na minha opinião isso se dá pelo fato de presenciarmos cases de sucesso perto de nós. O fato de pequenos grupos de pessoas, com grandes ideias e poder de execução, alcançarem o sucesso, incentiva e inspira aqueles que um dia sonharam em ter seu próprio negócio. Eu me arrisco dizer que daqui há alguns anos, a Bahia esteja nas primeiras posições em polos de startups do Brasil”, destaca Uelinton. Mini Maker Labs Tudo começou com o projeto de mestrado de Peterson Lobato (direita), 45 anos. Usar a impressão 3D para estimular o ensino de robótica nas escolas, atra-

vés de atividades lúdicas baseadas em problemas da vida real. O primeiro passo para que o projeto evoluísse para uma startup, foi a participação na Campus Party. O projeto teve uma repercussão muito grande e recebemos apoio da aceleradora do SENAI CIMATEC. Hoje, após um ano de empresa, o Mini Maker Lab leva para as escolas um mini laboratório, disseminando a cultura maker e estimulando a aprendizagem. Peterson acredita que o mercado está aberto para as startups, inclusive do ponto de vista de aporte financeiro. “Existem possibilidades reais para que pessoas com ideias inovadoras iniciem o seu projeto. Ficamos

de olho no vários editais abertos, SENAI, CNPQ, e, no nosso caso foi acessível, foi fácil atender o que nos foi solicitado e conseguimos o apoio. Sou aluno de doutorado, meu sócio é aluno de graduação, não tínhamos recursos próprios para investir e olha onde já chegamos”, frisa.

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Vilas do Atlântico: Tel: 3379-0303 | Stella Mares: Tel: 3374-5420 40 | Vilas Magazine | Maio de 2019


Raymundo Dantas

Escritor e palestrante, especializado em Marketing no Varejo, com Mestrado na Espanha. raymundo_dantas@uol.com.br

DIA DAS MÃES:

Bem acolher para melhor colher

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m dos aspectos mais reclamados pelo consumidor é, sem dúvida, o atendimento. E não se trata de um problema específico do varejo: ele se estende a tudo quanto é serviço nesta terra! O curioso é que, por outro lado, temos no Brasil a fama de acolher bem, de sermos hospitaleiros. Se somos assim tão acolhedores, por que não atendemos bem nossos clientes ? Será que o jeitão espontâneo do brasileiro preenche bem os requisitos de um bom atendimento profissional, ou o tal “calor humano” só é papo furado? Estamos preparados para vender bastante neste mês das mães, segundo melhor mês de vendas do ano? O primeiro passo para um bom atendimento profissional é o estado de espírito de quem atende. É fundamental que ele esteja de bem consigo mesmo e com seu emprego. É fundamental que tenha autoestima, motivos de orgulho com a sua competência e realização profissional. Para tanto é preciso gostar do que faz, gostar de gente, ter vocação para servir. Até aí já dá para perceber a necessidade de recrutar e selecionar bem as pessoas, de modo a contratar aquelas que possam melhor revelar essas aptidões, digamos, sociais. Mas a competência, o orgulho profissional, a autoestima, vêm também de uma correta formação, de um eficaz treinamento para a função, de políticas motivacionais, de gerências inteligen-

tes, habilidosas, inclusivas, participativas. É necessário, portanto, aproveitar as habilidades e desenvolver comportamentos e atitudes de bom atendimento. Por exemplo : disposição interna para acolher bem as pessoas, sensação de alegria e prazer pessoal na realização de um atendimento bem feito, bom humor em qualquer situação. No caso de grandes festas, como o Dia das Mães, é necessário que os vendedores relembrem seus próprios sentimentos e permitam-se dominar pela beleza da data. Isso passa para os clientes sem que se perceba.

Então, saber ouvir o cliente, para entender suas expectativas, buscando realizá-las e superá-las, adicionando valor ao serviço. Lembre-se de que todo mundo teve ou tem mãe, inclusive o seu vendedor. Por isso ele precisa passar essa emoção. Para tanto ele precisa se concentrar no atendimento que realiza, fazendo com que o cliente perceba que é o cen-

tro de suas atenções; criar um clima psicológico favorável à vinculação do cliente à loja, de modo a desenvolver nele o desejo de retornar sempre, relacionando-se com ele dentro dos princípios de uma “boa educação”. Sem ser chato, mas exigir do vendedor uma apresentação pessoal boa, ou seja, com asseio, uniforme limpo, completo e usado adequadamente. Maquiagem sóbria para as moças e cabelo e barba bem feitos ou bem cuidados para os rapazes; utilizar voz agradável e amistosa, evitando tons altos ou agressivos, ser contido na gesticulação, evitando tocar no cliente (terrível mania da brasilidade) ou aproximar-se dele com intimidade; respeitar o ‘espaço’ pessoal do cliente, evitando incomodá-lo com perguntas desnecessárias ou conversas descabidas, e por aí vai a lista, podendo ser acrescida de muitas outras observações. Mas o que importa é estabelecer a grande diferença que há entre o bom atendimento profissional e esse chamado “calor humano”, construído, muitas vezes, com uma intimidade não concedida, e cheio de “minha nêga”, “meu amor”, porém vazio de um sincero desejo de servir bem. Deixo a sugestão de repensarmos a preparação do pessoal para o atendimento, ou o acolhimento, como se queira. O importante é que saibamos acolher bem o cliente, para depois podermos colher sua fidelidade ao nosso estabelecimento, à nossa marca. Não vivemos só do Dia das Mães. Precisamos vender ao longo do ano todo, de modo que todos os dias sejam das mães, dos pais, dos filhos, dos amigos, dos namorados, e assim por diante. Boas vendas! Maio de 2019 | Vilas Magazine | 41


q VIVER BEM

Café da manhã saudável deve ser principal refeição do dia

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Muito tempo em jejum pode causar irritabilidade e nervosismo. Veja opções para refeição


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omeçar o dia com um café da manhã nutritivo é indicado para que as pessoas tenham mais energia, disposição e melhorem o humor. É fundamental para a reposição de energia ao longo do dia. Além disso, ao mastigar após se levantar você avisa o corpo que está acordando. Segundo o endocrinologista Renato Zilli, a maioria dos estudos associa quem não toma café da manhã com ganho de peso e com diabetes. “Tem pessoas que, quando pulam uma refeição, acabam comendo mais no almoço. Então é importante que a pessoa perceba a necessidade da fome, o que ela come”, diz o médico. De acordo com a nutricionista Edvânia Soares, quando se passa muito tempo em jejum você pode começar a ter uma fermentação, com mau hálito, irritabilidade e nervosismo. “Porque é onde você vai equilibrar o corpo, tanto em macro e micro nutrientes, carboidrato, proteína e gordura, vitaminas e minerais”, afirma a profissional. Quanto mais natural a comida melhor: o ideal é tentar combinar o carboidrato com a proteína, que a gordura acaba vindo junto. Mas o que comer e a quantidade dependem da rotina, do gênero e também da faixa etária. “Quanto mais grãos melhor porque você acaba gastando energia para processar o grão. Então você emagrece por tabela. E, além disso, o grão retarda a absorção da comida, então gera mais saciedade, diminui o risco de diabetes e de obesidade a longo prazo”, revela Zilli. Já a nutricionista alerta que o pão é um alimento falso saudável porque ele leva açúcar na composição e indica a substituição, por exemplo, por banana amassada com aveia. “É importante sempre ler o rótulo nutricional por conta disso”, diz Edvânia.

CUIDADO COM O AÇÚCAR DO SUCO DE LARANJA A nutricionista Edvânia Soares diz que não indica tanto suco por conta da carga glicêmica. “Um suco verde vai uma fatia de abacaxi. Um suco de laranja vão cinco ou quatro laranjas. O índice glicêmico fica mais alto.” O médico Renato Zilli acrescenta que pode até descompensar o diabetes. “Dá picos de açúcar e nas pessoas que têm diabetes, a insulina funciona menos pela manhã.” Luiza Goulart / Folhapress. LICENCIADO POR DEPOSITPHOTOS

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Jaime de Moura Ferreira Ad­mi­nistrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, ambientalista, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. jaimoufer@hotmail.com

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e acordo com Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão, a dignidade “é o valor que se reveste de tudo aquilo que não tem preço, ou seja, não é passível de ser substituído por um equivalente”. Assim pensando, a dignidade do ser humano lhe traz a respeitabilidade, que é o conjunto de princípios e valores que tem a função de garantir que cada cidadão tenha seus direitos respeitados, pois isso representa o Estado Democrático de Direito, estabelecido na nossa Constituição de 1988, no seu artigo 1º, item III. Karel Vasack, jurista tcheco-francês (1929-2015) foi o primeiro a abordar sobre “geração dos direitos do homem”. Porém pouco adiantou para a sociedade atual, constituída pelos indivíduos, pois poucos brasileiros pensam, seriamente, na dignidade. A maioria prefere o poder, enriquecimento ilícito e trapaças que causam o dolo, mesmo que seja definido como manipulador, sem honra e nobreza. A dignidade, sem dúvidas, produz a qualidade moral que infunde respeito. Dom Murilo S. R. Krieger, em artigo publicado no jornal A Tarde, coloca que “um dos valores mais preciosos que temos é o nosso bom nome e que construímos ao longo da vida”. Concordo com essa expressão. O bom nome, também, é sinal de dignidade. De acordo com a já citada Constituição, a dignidade deveria ser praticada por todos os brasileiros, pois ela inspira a cidadania e representa

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Dignidade os direitos da vida humana e tem a ver com a ação de conservá-la pelos governos representados. Aliás, o Estado foi criado para servir aos indivíduos nos seus direitos. Os principais são segurança, educação, moradia, igualdade entre homens e mulheres, liberdade de pensamento, liberdade de crença ou religião e escolha de gêneros. Conforme está expresso, a dignidade é uma atitude moral e espiritual que pertence aos humanos, porém, certos animais, apesar de viverem com os instin-

tos, demonstram mais consciência e respeitabilidade que alguns seres humanos, quando se trata desse assunto. J. F. Kennedy, 35º presidente dos EUA (maio 1917 – novembro 1963) disse: “se você agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos” Muitas vezes, certos seres humanos não respeitam os valores da sociedade comunitária e evitam estar presentes nos debates bioéticos, pois, assim proceden-

do, comprometer-se-iam à vivência em grupos, o convívio em coletividade e teriam que obedecer às regras e padrões de conduta, abdicando de suas liberdades individuais. Preferem mostrar suas vaidades. Nesses casos o indivíduo busca atender a seus interesses pessoais e necessidades. Desconhecem que a paz e prosperidade surgem dessa ação comunitária. As condições para uma vida saudável chegam da convivência coletiva e lhes dão a integridade moral. Porém, há a necessidade de pacificar litígios, de se colocar de um dos lados em questão e de assumir valores éticos. Nem todos querem essa situação exemplar. A maioria segue a vontade do mais forte e da autoridade, mesmo que venha ser designado como ultrajante. Embora as duas exijam boa relação, não confundir dignidade com fraternidade. A primeira, mostra os valores globais da pessoa; a segunda está voltada para a irmandade. Nos diversos rincões do mundo existe um modelo de dignidade. Porém, todos dependem da racionalidade, educação e respeito praticados. O cargo que a pessoa ocupa muito tem a ver com a dignidade. Primeiro, o ser humano deve respeitar sua situação, para ser respeitado por aqueles que ele comanda; em segundo, a ocupação de um determinado cargo, seja simples ou com muita representatividade exige que o ocupante dê exemplo para os seus comandados. Lembrar que a dignidade representa uma retidão.


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