Vilas Magazine | Ed 245 | Junho de 2019 | 32 mil exemplares

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ENVELHECIMENTO

A Revista de Lauro de Freitas e Região

Ano 21 Edição 245 | Junho 2019

O que você tem feito para garantir o seu bem viver?


CENA DA CIDADE

DECRETO IMPEDE APLICAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS EM FESTAS O Decreto Municipal nº 4.419, de 10 de maio de 2019 declara o município em Situação de Emergência, produzindo seus efeitos pelo período de 90 dias. Sendo assim, a prefeita sugeriu ao Conselho que festas e eventos como o São João (foto dos festejos no ano passado), a Emancipação, o Dia do Reggae, os momentos festivos das Paradas LGBT’s, dentre outros, fossem suspensos e, se possível, realizados após a cessação dos efeitos constantes no Decreto. Contudo, caso os artistas ou grupos culturais consigam patrocínios privados terão toda ajuda institucional, como licenças e tratativas junto a órgãos e secretarias para realização de suas atividades, mantendo os recursos do Fundo preservados.

A revista de Lauro de Freitas & Região

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Registros & Notas 45 ANOS. PARECE QUE FOI ONTEM! O casal Raimundo Carballo Amoêdo e Maria Lina comemorou no seio da família, em 11 de maio, suas Bodas de Safira (Platina), celebrando 45 anos de casados. Sócio, na época, da famosa Padaria Elétrica da Barra, Raimundo se preparou em detalhaes para casar com Maria Lina, uma das moças mais bonitas da Federação, onde morava. Precavido, fretou dois táxis para o dia: um para lhe levar até à Igreja e outro para buscar Maria Lina em casa. O dela falhou e ele, gentilmente cedeu o seu. Táxi tinham poucos e para não correr o risco de se atrasar, Raimundo não perdeu tempo: seguiu na kombi que transportava farinha de trigo para a padaria. Chegou em tempo de se preparar e aguardar a entrada da noiva, na igreja da Vitória, deslumbrante, sob os acordes da valsa “O Danúbio Azul”, de Johann Strauss”. Dia inesquecível: 11 de maio de 1974.

O REI DA NOITE Completando 13 anos de funcionamento, o Armazém Hall vem se consolidando como uma das casas de shows mais badaladas da Bahia. O espaço se destaca pela realização de grandes eventos e por oferecer estrutura diferenciada aos seus clientes. Quando abriu as portas, em maio de 2016, com o nome de Armazém Vilas, o espaço funcionava apenas como bar-restaurante, com música ao vivo, em formato voz e violão. Com o passar do tempo, a casa foi rebatizada e passou por reestruturação até dispor da estrutura atual. Entre as grandes atrações que já passaram pelo palco da casa de shows estão Maria Rita, Zé Ramalho, Roupa Nova, Titãs, Os Paralamas do Sucesso, Fábio Jr., Nando Reis, Elba Ramalho, Vanessa da Mata, entre tantos outros. A música baiana também marcou presença com apresentações memoráveis de artistas como Daniela Mercury, Bell Marques, Timbalada, Harmonia do Samba, Psirico, Léo Santana. Responsável por todo esse sucesso é um paraense de fibra, gestor ousado, torcedor fanático do Clube do Remo: o empresário Tufi Homci Júnior, na foto acima, com sua mãe, Iná.

pEstudantes do Colégio Perfil em Lauro de Freitas, Enzo Lacerda, Cleo Cotrim, Maitê Cruz e Agnes Almeida, produziram uma resenha audiovisual do livro “O Guarani”, de José de Alencar com mais de 2,4 mil visualizações (até o fechamento desta edição), e o vídeo vencedor do Concurso Nacional Li, Gravei!, que os levou a Fortaleza para receber o prêmio de 1º lugar durante o evento REDELER – Leituras Conectadas. “Escolhemos esse livro porque é um clássico da literatura brasileira, que mostra o processo de miscigenação”, comenta Maitê Cruz. O Concurso “Li, Gravei!”, patrocinado pelo SAS - Plataforma de Educação, e realizado pela empresa Árvore de Livros, selecionou seis grupos, dentre centenas de inscritos, para concorrerem ao prêmio final. 4 | Vilas Magazine | Junho de 2019

MEDITAÇÃO ABERTA O educador holístico e palestrante Siddhartha Rishi, especializado em meditação e orientação nutricional para o bem estar e qualidade de vida do ser humano, promove nos sábados de junho, encontros para a prática de meditação, que, além de oportunizar autoconhecimento é ferramenta eficientemente comprovada para possíveis desequilíbrios do corpo e da mente humana. Desde 2012 o educador, que acumula formações teóricas e práticas no Brasil, Europa e Índia, reserva os meses de dezembro a abril para aprimorar conhecimentos em trabalhos de meditação e yôga, no Sul da Índia. Interessados podem obter mais informações pelo telefone: 9 9156-3151


HOMENAGEM RENOVADA Dando continuidade à ação que vem sendo bem acolhida pela comunidade de Vilas do Atlântico, os empresários Arilton Andrade e Ana Cleide Nascimento (esq. na foto), promoveram a quarta edição do café da manhã celebrando o Dia das Mães. Todas que estiveram naquele dia especial na Pão Express foram recepcionadas gentilmente pela empresária e sua assistente Gilmara (de amarelo), ganharam rosas e convidadas a brindar a data, degustando produtos da confeitaria da casa. A ação se prolongou por toda a manhã do domingo especial, fortalecendo o relacionamento da casa com seus clientes. Como das vezes anteriores, a Disalli Alimentos foi parceira na ação, disponibilizando produtos do seu qualificado portfólio de marcas.

CASAL DE AT L E TA S A 10ª edição dos jogos FENACEF 2019 - Federação Nacional das Associações de Aposentados e Pensionistas da Caixa Econômica Federal aconteceu em maio, em Florianópolis e dela participou o casal Alberto d´Almeida e Maria de Lourdes Araújo, que competiram na modalidade Corrida Rústica de 5 km, em Jurerê e conquistaram medalhas: ele, em 1º lugar na 5ª faixa (de 70 a 74 anos) e ela, em 2º lugar na 4ª faixa (de 65 a 69 anos). As medalhas foram entregues pelo amigo José Bonifácio Gomes, presidente da Associação dos Economiários Aposentados e Pensionistas da Bahia, no centro da foto acima, entre os atletas.

Feirinha de artesanato em Vilas do Atlântico incentiva a economia solidária

No final de semana, de 7 a 9 deste mês, acontece mais uma edição da feira de artesanato e gastronomia em Vilas do Atlântico, na Praça dos Artistas (em frente ao Parque Ecológico). Além da comercialização de artesanato, a feira também procura fortalecer a rede

de economia solidária. A economia solidária é uma alternativa de economia que gera renda, impulsionando o desenvolvimento local. A feira é uma salutar alternativa de lazer para a comunidade e funciona das 16 às 22 horas, com música ao vivo e brinquedos para os pequenos.

O Centro de Artes Marciais AKTKD, de Vilas do Atlântico, participou da 20ª Copa Cordillera de taekwondo (WTF), realizada em maio, em Santiago de Chile. De lá voltaram vitoriosos os mestres Márcio Mascarenhas, campeão categoria 72kg e Gilberto Artur, campeão categoria 68kg; e Cleber Guedes, campeão acima 87kg, faixa preta; Luis Eduardo Burdiles, campeão acima 87kg, faixa colorida; Natercio Pereira, campeão 82kg, faixa colorida e Carlos Rubens, vice-campeão acima de 87kg, faixa colorida. Junho de 2019 | Vilas Magazine | 5


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Fecomércio inaugura unidade do Senac em Lauro de Freitas

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Serviço Nacional do Comércio (Senac) abriu em Lauro de Freitas, em maio, a sua segunda unidade na Região Metropolitana de Salvador. Com capacidade para atender cerca de 300 alunos por dia com cursos nas áreas de Gastronomia, Beleza e Informática, além do programa de Aprendizagem, entre muitos outros, a nova unidade chega a um município que, de acordo com a instituição, emprega mais de 80 mil pessoas no setor de comércio e serviços e possui 8,7 mil empresas em atividade. Durante a solenidade de inauguração, o presidente do Sistema Fecomércio BA, Carlos de Souza Andrade adiantou que “se as regras não mudarem, vamos trazer o SESC [Serviço Social do Comércio] também” para Lauro de Freitas. “Vai depender muito de Brasília, então eu não garanto nada”, lamentou. O presidente refere-se à nova política tributária do governo federal, que promete afetar o Sistema S. Senac, Sesc e outras sete instituições de interesse profissional – incluindo o Senai – formam o chamado “sistema S”, 6 | Vilas Magazine | Junho de 2019

Carlos de Souza Andrade (centro), com o empresário Teobaldo Costa (camisa branca), ladeados por convidados na inauguração do Senac Lauro de Freitas: Sesc prometido, mas “vai depender muito de Brasília” que está sob ameaça de perder recursos. Já no ano passado o ministro da Economia Paulo Guedes disse que era preciso “meter a faca” no sistema. A declaração foi feita durante evento na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), em dezembro último. Andrade considera possível manter os projetos da Fecomércio por mais dois anos, mesmo com o corte de recursos prometido pelo governo federal, mas condicionou o investimento no Sesc Lauro de Freitas à manutenção das regras atuais. Souza Andrade descreveu Lauro de Freitas como um município próspero que cresce a passos largos, não só pela localização, mas pela infraestrutura. “Por tudo isso, sentimos a necessidade de uma unidade do Senac aqui”, disse – “vamos preparar os alunos locais e aproximá-los das empresas

que necessitam de pessoas qualificadas”. Luiz Antônio de Souza, secretário da Fazenda de Lauro de Freitas – representando a prefeita Moema Gramacho na solenidade – , disse que “a chegada de uma unidade do Senac ao nosso município concretiza o vetor de desenvolvimento do empreendedorismo em Lauro”. Para ele, a unidade “é muito importante para a cidade e para o cidadão, pois traz mais perspectivas de crescimento a partir da melhoria da qualidade do seu trabalho”. O Senac Lauro de Freitas conta com espaço para cursos de Beleza (manicure, cabelereiro e barbeiro) e laboratório para cursos de Gastronomia que vão capacitar, sobretudo, os jovens da região preparando-os para o primeiro emprego ou para empreender. Além disso, a unidade disponibiliza laboratório de Informática e duas salas de aula convencionais. Para Marina Almeida, diretora regional da instituição, “chegar a Lauro de Freitas tem um significado muito grande, pois enxergamos a cidade como um ótimo mercado em franca expansão”. Os cursos do Senac oferecidos na unidade de Lauro de Freitas têm carga horária mínima a partir de 20 horas nos cursos livres e até 400 horas em capacitação. Inscrições para cursos livres, de capacitação e aperfeiçoamento já estão abertas online, no endereço cursos.ba.senac.br As aulas são ministradas nos turnos matutino e vespertino. Andrea Bonfim, gerente da unidade, garante que “há vagas a serem preenchidas e profissionais a serem qualificados não só para a qualificação formal, como também informal”. O Senac Lauro de Freitas conta também com um Banco de Oportunidades, um serviço gratuito para alunos e empresários do município e região. As empresas cadastradas em busca de talentos disponibilizam as vagas e o Senac encaminha os alunos que se encaixam no perfil.


O Parque Shopping Bahia é um complexo multiuso, que reunirá diversos empreendimentos capazes de gerar emprego, renda e mudar a paisagem urbana e econômica de Lauro de Freitas, além de ser mais uma opção de compra para os soteropolitanos, que com certeza colocarão o empreendimento em seu roteiro de compras e lazer.

Empresário com mais de 40 anos de experiência, Ewerton Visco hoje comanda a regional Norte e Nordeste da Aliansce Shopping Centers, grupo com mais de 30 shoppings em todo o país. Depois de fazer história no varejo com a implantação do Shopping da Bahia e outros tantos espalhados pelo Brasil, o executivo lidera a implantação do Parque Shopping Bahia junto a um grupo de empreendedores baianos. Visco conversou com a Vilas Magazine e falou sobre mais esse desafio em sua carreira. Por que a Aliansce decidiu participar desse novo empreendimento na Bahia? A decisão de participar da comercialização e da administração de um shopping center é sempre uma escolha de longo prazo. E essa escolha está baseada em estudos de mercado e na confiança que os empreendedores demonstram. Temos um grupo de empreendedores 100% comprometidos em entregar um equipamento que deve mudar a história de Lauro de Freitas e do Litoral Norte. Mais do que um shopping, o Parque Shopping Bahia é um complexo multiuso, que reunirá diversos empreendimentos capazes de gerar emprego, renda e mudar a paisagem urbana e econômica de Lauro de Freitas, além de ser mais uma opção de compra para os soteropolitanos, que com certeza colocarão o empreendimento em seu roteiro de compras e lazer. A coragem e a visão empreendedora envolvidas neste projeto foram fundamentais para que a Aliansce participasse de mais essa empreitada na Bahia. Qual motivo para escolher Lauro de Freitas para implantar esse empreendimento? A localização é o principal fator de sucesso para um shopping center. E Lauro de Freitas reúne diversos fatores que nos dão a certeza de uma escolha acertada. Costumo dizer que Lauro de Freitas está para Salvador assim como a Barra da Tijuca está para o Rio de Janeiro. Estamos no novo vetor de desenvolvimento da Região Metropolitana, temos a possibilidade de ter um empreendimento ligado a um sistema de transporte de massa, estamos cercados de condomínios com uma renda per capita adequada ao perfil de público que escolhemos e estamos no caminho do

Empreendedores visitam obras do Parque Shopping O diretor do Parque Shopping, Marcus Brito e o assessor Edmilson Silva, recepcionaram os proprietários do Five Sport Bar, na visita que fizeram, em maio, ao canteiro de obras do megaempreendimento. Ivan Leão, Leopoldo Leão, Aldo Benevides e Guru Peixoto percorreram todas as dependências do equipamento e avaliaram positivamente suas instalações. Como empreendedores e potenciais lojistas, aprovaram o que viram. Considerado o maior

turismo e dos negócios que já estão em desenvolvimento no Litoral Norte. Além de tudo isso, os empreendedores têm um projeto que também cria um ambiente favorável no entorno do shopping. Escolas, universidades, centro de lazer e entretenimento, hospital, hotelaria. Tudo isso gerando a zona de influência primária que é essencial para o sucesso de qualquer shopping center. Como têm sido a relação com o setor público (Governo e Prefeitura)? Qual a participação deles nesse projeto? No Brasil, o setor público precisa ser um agente indutor do desenvolvimento. E é assim que o Governo e a Prefeitura de Lauro de Freitas tem se comportado. São parceiros que entendem que o investimento privado dos empreendedores precisa da segurança jurídica necessária para gerar emprego e renda. A Prefeitura estará funcionando ao lado do empreendimento e isso já é uma realidade concreta de como essa parceria tem sido frutífera. Como está o ritmo de comercialização das lojas? O projeto tem atraído grandes marcas nacionais e temos âncoras e megalojas já confirmadas com as principais operações do país, como Pão de Açúcar, Magic Games, Cinépolis, C&A, Renner, Riachuelo, Smart Fit, Kalunga, Preçolandia, Le Biscuit, Clivale, Bel Salvador, entre outros. Agora, estamos na fase de captação das operações satélites, que normalmente são operadas por empresários locais, através de franquias. O ritmo de comercialização está acima do esperado, com 80% do shopping já comercializado, o que representa a confiança do mercado na força deste projeto. complexo multiuso em desenvolvimento no Brasil, o Parque Shopping está sendo implantado com um investimento de mais de R$ 600 milhões, em uma área de 103 mil m² construída e 42 mil m² de área bruta locável, apenas nesta primeira fase. Com três pisos, 210 lojas, dez âncoras, sete megalojas e três mil vagas de estacionamento, o equipamento vai abrigar também o Centro Administrativo de Lauro de Freitas (CALF).

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governador Rui Costa (PT) assinou em maio os contratos de gestão dos 13 Centros Públicos de Economia Solidária (Cesol) da Bahia. De acordo com a prefeitura de Lauro de Freitas, o governo implantará no município o segundo Cesol da Região Metropolitana de Salvador, para onde serão destinados cerca de R$ 900 mil por ano. Somados, os contratos envolvem cerca de R$ 19,4 milhões. Segundo o secretário de Trabalho, Esporte e Lazer de Lauro de Freitas, Uilson José de Souza, a nova unidade será implantada em Itinga. “Inicialmente serão 127 empreendimentos que podem atender de 20 a 100 pessoas cada um”, disse. Para ele, o Cesol, “nesse período de retração da economia fortalecerá o produto local, contribuindo com formação e assistência continuada”. Por meio desses espaços, as comunidades têm acesso à assistência técnica, microcrédito assistido, apoio à comercialização, qualificação técnica e distribuição de insumos e equipamentos. Durante cerimônia no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador, o governador destacou que a ação “busca alcançar pessoas de menor formação, que possuem um talento natural para produzir artesanato ou uma culinária específica, por exemplo, mas que precisam de apoio, principalmente, na área de comercialização”. Rui Costa avalia que “muitos até conseguem microcrédito para produzir, mas não sabem como comercializar o seu produto”. O apoio do Estado, a partir desses contratos de gestão dos Cesol, “significa que estamos ensinando essas pessoas a pescarem e a comercializarem seu peixe”, disse. Os contratos são válidos por dois anos e beneficiam,

Uilson José de Souza, secretário de Trabalho, Esporte e Lazer de Lauro de Freitas

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MANU DIAS

Centro de economia solidária será implantado em Itinga Ladeado por populares, o governador Rui Costa mostra instrumento dos con­tratos de gestão em cerimônia no CAB diretamente, 40 mil pessoas de 276 municípios de 18 territórios de identidade. Os Cesol são unidades de caráter comunitário que se destinam a articular oportunidades de geração, fortalecimento e promoção do trabalho coletivo baseado na economia solidária. Por intermédio desses espaços, as comunidades têm acesso à assistência técnica, microcrédito assistido, apoio à comercialização, qualificação técnica e distribuição de insumos e equipamentos. Segundo o titular da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Davidson Magalhães, o edital ajuda a fortalecer o microempreendedorismo em todo o estado. “Esse incentivo intensifica a distribuição de renda entre os baianos”, afirmou. O Cesol é um instrumento da política pública de economia solidária baiana presente em Lauro de Freitas, Salvador, Cruz das Almas, Guanambi, Itabuna, Pintadas, Juazeiro, Irecê, Monte Santo, Nilo Peçanha, Serrinha, Lauro de Freitas, Piatã e Vitória da Conquista. A verba para administrar a rede é proveniente do Fundo de Combate à Pobreza do Estado da Bahia (Funcep). Desde 2013, quando foram criados, os centros já atenderam 2.270 empreendimentos, com mais de dez mil famílias contempladas.


Prefeitura continua a exigir comprovantes de destinação de esgotamento sanitário

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prefeitura de Lauro de Freitas continua a notificar, por meio de edital no Diário Oficial do Município, alguns dos proprietários de imóveis ao longo do rio Sapato. A intenção é “identificar os imóveis que estejam despejando esgoto in natura” no curso d’água – conforme determina Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela prefeitura com o Ministério Público estadual no ano passado. O TAC é decorrente de inquérito aberto pelo Ministério Público em outubro de 2016 para apurar eventuais danos ao meio ambiente. Lançar esgoto não tratado em cursos d’água, diretamente ou por meio da rede pluvial, é crime previsto em lei. Uma tentativa de atender o Ministério Público foi feita em maio do ano passado, quando a prefeitura distribuiu notificações no mesmo sentido, solicitando que os papéis fossem entregues na prefeitura – conforme publicado naq edição de junho da Vilas Magazine. Agora as notificações vêm sendo publicadas no Diário Oficial do Município. Quem deixar de atender as exigências do edital ou não apresentar os documentos “será objeto de denúncia ao Ministério Público Estadual, para as devidas providências jurídicas cíveis e criminais”, diz a publicação mais recente. Um posto de atendimento ficou instalado até 24 de maio na praça do Parque Ecológico. Os notificados também podem procurar a secretaria de Meio Ambiente a qualquer momento.

Posto de atendimento da prefeitura em Vilas do Atlântico: proprietários de imóveis nas margens do Sapato continuam a ser notificados A documentação deve atestar “a tipologia, a manutenção e operação do sistema de tratamento sanitário adotado pelo imóvel, bem como a indicação da destinação final do efluente tratado por este sistema”. Entre as exigências estão um “relatório fotográfico do Sistema de Esgotamento Sanitário” e a apresentação de cópia do “vale descarte fornecido pela Embasa à empresa limpa-fossa referente ao descarte adequado do resíduo coletado” – já que o proprietário também é responsável pela destinação adequada do esgoto depois de recolhido pelos limpa-fossa. Segundo a prefeitura, ações de fiscalização têm constatado ligações clandestinas, com o lançamento de esgoto doméstico na rede de água pluvial – o que pode ocorrer em qualquer ponto da cidade e não apenas nas margens dos rios, indo parar da mesma forma aos cursos d’água. Não é raro identificar odor | Continua na página 10 u

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de esgoto em pontos da rede pluvial muito distantes dos rios. O TAC assinado com o Ministério Público também obriga a prefeitura a “adotar providências para fazer cessar o lançamento indevido de efluentes sanitários, realizando desativação e tamponamento sempre que necessário”. O tamponamento implica que qualquer descarga de efluentes retornará para dentro das residências se a destinação não for corrigida. ESGOTAMENTO SANITÁRIO Iniciada em 2011, a obra do Sistema de Esgotamento Sanitário de Lauro de Freitas foi paralisada um ano depois, quando o governo rompeu contrato com a empreiteira responsável, numa questão judicial que se arrastou até 2016. Agora ainda será necessário licitar novamente a parte do projeto relativa à rede de esgoto propriamente dita. Apenas uma parte de Vilas do Atlântico, Ipitanga, Centro e Recreio Ipitanga já têm a rede construída, embora sem funcionalidade. De acordo com a Embasa, a tubulação instalada até 2012 poderá ser aproveitada. De acordo com informações prestadas ao público pela Embasa em fevereiro, durante reunião no Vilas Tênis Clube, a rede de esgoto agora ficará restrita aos bairros a leste da Estrada do Coco, uma parte de Portão – mas não o Encontro das Águas – Caji-Caixa d’Água e Recreio Ipitanga. A maior parte de Itinga, Vida Nova e todos os demais bairros a noroeste estão fora dos novos planos, constituindo uma “área de expansão”. Partes de alguns bairros já têm soluções isoladas de esgotamento sanitário, a exemplo das estações de tratamento em conjuntos residenciais mais recentes. Mesmo assim, o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), apresentado pela prefeitura no ano passado, reconhece que “o sistema de esgotamento sanitário ainda possui um grande déficit de atendimento, apesar do sistema de coleta e disposição estar sendo ampliado”. De acordo com o PMSB, a ampliação “garantirá um atendimento de aproximadamente 50%”. A meta anterior, anunciada há dez anos, era de 95%.

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Novas avenidas e viadutos devem ser construídos pelo Parque Shopping Bahia

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ma das condicionantes para a instalação do Parque Shopping Bahia, na avenida Santos Dumont, a Estrada do Coco, é a melhoria da mobilidade urbana na região – já complicada. O empreendimento deverá fazer intervenções nas vias de acesso e do entorno do shopping, incluindo a construção de duas novas avenidas e dois viadutos. Praticamente um descampado há 30 anos, a área é hoje um ponto de saturação urbana, com tráfego intenso em direção aos bairros da cidade e ao litoral norte. O infográfico na página ao lado, mostra como deve ficar a região depois das intervenções viárias, com o conjunto completo. Considerado “um grande vetor de crescimento da Região Metropolitana” pela prefeita Moema Gramacho (PT), o novo shopping center está em uma área de 260 mil m², onde também funcionarão universidades, hotéis, edifícios residenciais e comerciais, além de um Centro de Eventos com 6,5 mil m² e um parque de diversões com 7 mil m². Depois de uma visita às obras, em 22 de março, o senador Jaques Wagner (PT) mencionou ainda uma A área do Parque Shopping Bahia em 1989 “casa de espetáculos para 10 mil e hoje, com as obras em andamento pessoas em pé, quatro ou seis mil sentadas” e “um parque com montanha russa”. O senador agradeceu a colaboração da Câmara Municipal: “os vereadores ajudaram não criando dificuldades para que o empreendimento se desenvolvesse”, disse. O conjunto tem potencial para multiplicar muitas vezes o tráfego de veículos e pessoas na região. O próprio shopping conta com uma ampla área de lazer e entretenimento, com 12 salas de cinema, parque, praça de alimentação, restaurantes e cafeterias. O novo Centro Administrativo de Lauro de Freitas, que concentrará muitas das secretarias municipais e serviços públicos, está sendo construído na mesma área, contribuindo ainda mais para o aumento do fluxo de veículos e pedestres. Com inauguração prevista para o segundo semestre de 2019, o shopping já tem um plano de expansão que será anunciado assim que o empreendimento começar a funcionar.


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Chuva volta a provocar transbordamento dos rios em Lauro de Freitas

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auro de Freitas encontra-se em Situação de Emergência até o início de agosto devido aos estragos provocados pelas chuvas de maio na cidade. Dados da Defesa Civil indicam que choveu 206 milímetros em 72 horas, concentrados principalmente na madrugada do dia 11 de maio. Em Portão, o bairro mais atingido, teria chovido 127 milímetros em seis horas, entre o final da noite do dia 10 e a madrugada do dia 11. A Defesa Civil calculava em mais de 370 o número de pessoas desalojadas, que abrigadas em escolas e igrejas. Cinco árvores caíram e interditaram vias importantes, como as avenidas Gerino de Souza Filho e Luiz Tarquínio. Houve queda de muros, deslizamento de terra, alagamentos de vias e destelhamento de casas. Mais de 250 chamadas congestionaram os telefones da Defesa Civil. O órgão tem o apoio das centrais de videomonitoramento e do Centro Integrado de Mobilidade Urbana, que identificam alagamentos e situações de risco. O transbordamento dos rios foi a principal causa da inundação das casas porque, além da concentração de chuva em um curto período de tempo, o temporal coincidiu com a maré alta, impedindo o escoamento da água. “A cidade está ao nível do mar, quando chove e a maré represa as águas, os rios transbordam e geram todo esse transtorno para as populações próximas”, voltou a explicar a prefeita Moema Gramacho (PT). Em Vilas do Atlântico, as obras de macrodrenagem executadas pela prefeitura na avenida Praia de Copacabana anos atrás voltaram a provar seu acerto. O rio Sapato, encheu, mas não invadiu residências como acontecia antigamente, apesar de continuar sujo, com baronesas cobrindo todo o espelho d’água em alguns trechos. Já em Portão, 300 pessoas foram retiradas de suas casas às margens do córrego dos Irmãos e abrigadas na Escola de Cadetes Mirins. Colchões, lençóis, água e alimentos foram distribuídos aos abrigados. Parte deles foram cadastrados no programa bolsa-aluguel, que já tem mais de mil famílias. “São pessoas que moravam em áreas de risco e foram retiradas nos últimos meses”, explicou a prefeita, lembrando que isso evitou um número maior de desalojados. Como é habitual em tempo de chuvas intensas, na avenida Santos Dumont, a Estrada do Coco, a segunda ponte sobre o 12 | Vilas Magazine | Junho de 2019

rio Ipitanga ficou coberta pela água, impedindo o trânsito. Na Lagoa da Base várias ruas e casas foram inundadas. No local, a Secretaria de Infraestrutura, utilizou bombas de sucção e um caminhão de hidrojateamento para desentupir bueiros, além de abrir valas para o escoamento das águas. Itinga e Caji também foram afetados com queda de árvores e de muros, e alagamento de vias. Nestes bairros a Defesa Civil distribuiu lonas para cobertura das áreas de risco. No bairro do Caji e no Centro o Corpo de Bombeiros fez o resgate de famílias ilhadas. Muitos moradores preferiram continuar no imóvel, mesmo com o alerta de risco. Intervenções no canal dos Irmãos, que provoca os alagamentos na avenida Luís Tarquínio e o alargamento do canal do Horto, em Portão, embora tenham reduzido os efeitos em relação a anos anteriores, não foram suficientes para evitar novos danos. A prefeitura mantém ações de desobstrução de rios, córregos e bueiros, mas o excesso de água não tem para onde escoar. Pelo menos ao longo do rio Ipitanga os alagamentos poderão ser minimizados no futuro, quando os piscinões de contenção de enchentes estiverem concluídos. O chamado “projeto de macrodrenagem” do rio, executado pelo Governo do Estado, prevê a construção de grandes reservatórios em Salvador e Lauro de Freitas, para receber o excesso de água em época de chuva.


O rio Ipitanga no trecho da chamada avenida beira-rio, no Centro: ALAGAMENTO HABITUAL EDGARD COPQUE

Rios Urbanos X Cidades

nha que passe já entope o cano, imagine quando as pessoas jogam sofás, restos de construção, materiais s fortes chuvas que caíram em Salvador, orgânicos e inorgânicos que estão obstruindo o fluxo Lauro de Freitas e região metropolitana do rio? Acho uma injustiça culpar os rios por alagaem maio, deixaram vias completamen- mentos, com tantos malefícios que são provocados te alagadas e muitas famílias desabrigadas. Mas pelos seres humanos”, afirma. é injusto pensar que todo o transtorno foi gerado Com uma linha de trabalho voltada para solupelas chuvas e pelos rios. ções sustentáveis para as cidades, Kaminsky destaca O arquiteto e urbanista Saul Kaminsky (foto), que a metodologia utilizada atualmente para os 32 anos, destaca que com o crescimento de- rios, a exemplo da canalização e do tamponamento, mográfico e urbanístico acontecendo de forma apesar de gerar resultados em curto prazo com baixo desenfreada, governos e comunidades fecharam investimento, torna-se ineficaz com o tempo, geranos olhos para questões, como a qualidade dos do prejuízos para todo ecossistema. “Sou de uma rios urbanos. “Do ponto de vista urbanístico, geração que já não possui uma relação harmoniosa utilizamos os rios apenas como forma de esco- com os rios, para a grande maioria, a grande maioria mesmo, os rios que amento de água das marginais. Se observarmos cortam Salvador e Lauro de Freitas são na verdade canais de esgoto a céu bem, vamos perceber que não existe uma área, aberto. Precisamos repensar a relação entre as cidades e os rios urbanos, uma ‘orla’, para esses rios. Eles estão margeados definir políticas públicas, e orientar a sociedade de forma a construímos uma por vias públicas. E é importante destacar que os relação com esses rios, utilizando como espaços públicos”, frisa. alagamentos não estão ligados diretamente aos Do ponto de vista das chuvas, a solução já existe, só não está dissemirios. Se na pia da cozinha de casa, qualquer coisi- nada como deveria. “Em Salvador, por exemplo, chove muito, um índice pluviométrico que se compara ao da Amazônia. E talvez por termos esse recurso em excesso, não sabemos como tratar. Em locais onde a água é Projeção de um mais escassa, a relação da comunidade com as chuvas é outra. É absurdo trecho de rio pensar que prédios, empresas em geral, não possuam um sistema de requalificado captação de águas de chuva, para reuso. Só lembramos da água quando ela falta”, conclui Kaminsky. e usado como Thiara Reges, freelance para a Vilas Magazine. espaço público

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Espetáculo teatral “Paixão de Cristo” é Patrimônio Cultural Imaterial de Lauro de Freitas

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ob a influência da Igreja Católica e da visão teocêntrica do mundo, o teatro medieval foi basicamente um teatro litúrgico, articulado com os ritos, as celebrações e o culto religioso. As apresentações teatrais sobre a vida pública de Jesus se inicia ainda na idade média, através das encenações intituladas de “Os Mistérios”, que mostravam os passos da vida de Jesus Cristo extraídos do Novo Testamento, envolvendo centenas de figurantes em inúmeros episódios que reproduziam de forma mais ou menos realista, encenando seus milagres e a Paixão de Cristo, no ritual litúrgico da Semana Santa. A Igreja Católica chega no Brasil, atravessando o Oceano Atlântico no período 14 | Vilas Magazine | Junho de 2019

pré-colonial, introduzindo através dos missionários que acompanhavam os colonizadores portugueses e que exerceram grande influência nos aspectos político, social e cultural dos brasileiros, dando continuidade as mesmas tradições ora realizadas na idade média na Europa, como as encenações teatrais. E na década de 80 do século 20, uma pequena encenação da Via Crucis era apresentada no adro da secular igreja Matriz Santo Amaro de Ipitanga, realizada por jovens paroquianos e liderada pelo teólogo Airton Marques. No entanto, o evento aconteceria apenas por alguns poucos anos, já que a paróquia deixou de produzir periodicamente nas suas

dependências, dramatizando apenas a Via Sacra pelas ruas principais da cidade e de algumas comunidades do município. Mas a encenação teatral que se consolidou na cidade, começou mesmo logo após uma apresentação do “Oratório da Paixão”, ainda no século 20, em 7 abril de 1998, uma terça-feira da Semana Santa, no interior da Igreja Matriz, espetáculo de autoria da baiana Odete Villas-Bôas, que vinha sendo apresentado desde 1981 pelo Coral Regina Sacratissimi Rosarii e pelo Grupo de Teatro Sacro da Bahia. Após esta apresentação, um grupo de jovens católicos liderado pelo artista ipitanguense Duzinho Nery, na época com 20 anos de idade, ainda se iniciando profissionalmente na carreira, teve o ímpeto de produzir a “Paixão de Cristo”, sendo estimulado pela Pastoral da Juventude da Paróquia Santo Amaro de Ipitanga, através do pároco Padre João Abel e de Irmã Elisabeth, que deram suporte suficiente para o pontapé inicial do projeto. No ano seguinte, a própria paróquia estimulou os jovens a fundar uma entidade que oferecesse mais autonomia ao evento, surgindo, em 2001, a Sociedade Cultural Távola, responsável jurídica pela realização do espetáculo. A peça fez sua estreia no dia 28 de março de 1999, na Praça da Matriz, no Domingo de Ramos, às 17h. A plateia sentada em cadeiras das salas do Centro Comunitário, disponibilizadas pela Paróquia, arrumadas no meio da rua, interditada exclusivamente para apresentação. A Praça da Matriz se tornou o palco natural do espetáculo “Paixão de Cristo”, se constituindo no maior espetáculo de teatro ao ar livre da Bahia, tanto pelo número de integrantes do elenco, mais de trezentas pessoas, quanto pelo grande público que assiste e prestigia o evento na Arena da Paixão, aproximadamente dez mil pessoas por dia, ocuoando todos os


espaços nas arquibancadas montadas no entorno da praça. O espetáculo já encenou 21 edições ininterruptas, todas realizadas pela Sociedade Cultural Távola, sob a labuta do diretor teatral e produtor cultural Duzinho Nery, enfrentando todas as dificuldades para se produzir um espetáculo desta magnitude, com a escassez de patrocínio, mesmo integrando o Calendário Cultural das Manifestações Tradicionais de Lauro de Freitas, que garantem recursos do Fundo Municipal de Cultura. Em 2018 e 2019, a produção se viu obrigada a limitar em apenas uma única apresentação, em vez das quatro. Na sessão Ordinária de 7 de abril, foi aprovado pela Câmara Municipal, o Projeto de Lei nº 005/2019, de autoria do presidente da Casa, vereador Antonio Rosalvo (REDE), declarando como Patrimônio Cultural Imaterial do município de Lauro de Freitas a encenação do espetáculo teatral Paixão de Cristo, realizado pela Sociedade Cultural Távola. O reconhecimento do Poder Legislativo Municipal, legitima uma atividade de cunho cultural, um reconhecimento afetivo da comunidade ipitanguense e do povo baiano, perante a este belo patrimônio cultural de Lauro de Freitas, garantindo a sua salvaguarda através da íntima relação e formação de seu povo. Durante todas as edições do espetáculo, foram contabilizados a participação de mais de duas mil pessoas, seja no elenco ou na equipe técnica/produção. Marco histórico para o município, o que comprova o princípio de pertencimento da população por este espetáculo. A Paixão de Cristo realizada em Lauro de Freitas, se torna também um forte atrativo do turismo cultural e religioso baiano, caracterizado pelas dezenas de caravanas oriundas de várias cidades do estado que vem prestigiar a encenação anualmente. Demonstração da capacidade de atração e vocação turística, que pode inserir a cidade no roteiro oficial do turismo baiano. Com esta percepção futura de tornar

A peça estreou em 28 de março de 1999, na Praça da Matriz, no Domingo de Ramos, às 17h. A platéia sentada em cadeiras do Centro Comunitário, dispo­ nibilizadas pela Paróquia, arrumadas na rua interditada para a apresentação o espetáculo como atração turística nacional e para preservação da sua memória, Duzinho Nery, informa que a Sociedade Cultural Távola pensa a longo prazo em criar

o Museu da Paixão, espécie de memorial que possa salvaguardar a história deste patrimônio da cidade para toda posteridade, garantindo visitação pública.

Circo de Só Ler estimula o prazer pela leitura em escolas da cidade

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s crianças das escolas municipais Vila Nova, em Portão e Jacira Mendes, em Itinga emergiram no universo lúdico do Circo de Só Ler – Teatro de Bonecos no dia 7 de maio, num dia de apropriação do mundo mágico do circo ao processo educativo. O musical conta a história de um menino que não sabia ler e, com a chegada à cidade de um circo bem diferente, viaja no mundo mágico da literatura infantil. Músicas, texto e direção do espetáculo são de Gerson Guimarães, professor de história e compositor, cujas composições foram gravadas por artistas como Daniela Mercury, Claudia Leitte, Netinho e Jau. O Circo de Só Ler recebeu o Prêmio Braskem de teatro como melhor espetáculo infanto-juvenil, em 2014, no formato com atores. Agora no formato de fantoches, traz, além de uma nova ludicidade, a possibilidade

de ser realizado em praças públicas, feiras literárias e nas escolas que, segundo o autor, “são os verdadeiros Circos de Só Ler”. O espetáculo tem como objetivo despertar o educando para a importância da leitura, o que reforça diretrizes pedagógicas da secretaria de Educação. Além disso, estimula a valorização dos educadores. Depois da apresentação às crianças de Vila Nova de Portão, o vice-diretor da unidade escolar, Ubirajara Cordeiro, estimulou os alunos a discutir sobre a importância da leitura, acentuando o caráter educativo do espetáculo. A escola atende a mais de cem crianças na faixa etária de 2 a 11 anos, em tempo integral, das 7h45 às 17h. A escola oferece lanche, almoço, caminhas para um breve cochilo após o almoço e banho. Como explica Ubirajara Cordeiro, “os pais deixam as crianças conosco para irem ao trabalho e quando voltam estão alimentadas” e de banho tomado – além | Continua na página 16 u

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de terem seguido a programação pedagógica”. Ubirajara ainda reforça que a unidade promove atividades lúdicas e recreativas, “que são fundamentais para o desenvolvimento de percepções e subjetividades do aluno”. No período vespertino, foram premiados com o espetáculo os 247 estudantes da Educação Infantil ao 5º ano da Escola Municipal Jacira Mendes. A unidade atende o mesmo número de crianças no período matutino e, à noite, oferece Educação de Jovens e Adultos a 178 pessoas. MOABE COSTA

Alunos da rede pública assistem espetáculo que estimula a leitura

Gelf prepara o 1º Festival dos Estudantes de Lauro de Freitas

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União Municipal dos Estudantes Secundaristas – Grêmios Estudantis de Lauro de Freitas (GELF) vai promover este ano o primeiro festival dos estudantes do município. O evento foi pensado “com o argumento de que militância juvenil pode ser feita através do entretenimento, que tem o poder de transcender as barreiras sociais e culturais, movendo o mundo para o agir”, define Vitor Menezes, novo presidente do GELF. O festival está previsto para setembro e deve movimentar seis mil estudantes da cidade. O projeto, apresentado no mês passado à prefeitura, prevê espetáculos, concurso musical e de poesia temática,

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lançamento de um livro de poesias, olimpíadas com diversas modalidades, oficinas e batalhas de rap, entre outras atividades. De acordo com Vitor Menezes, nove secretarias municipais foram mobilizadas “para tornar esse projeto realidade”. A Mestre de Cultura Popular Aidê Nascimento dos Anjos, 65 anos, “que salvaguarda os espaços democráticos e a cultura de Lauro de Freitas na comunidade de Portão”, será homenageada no festival. É ela a inspiração para o tema “Juntos em uma só voz, um encontro com a cultura laurofreitense”. A GELF é a entidade representativa dos estudantes de ensino fundamental, médio, técnico e de cursos pré-vestibulares das redes pública e privada de Lauro de Freitas, que reúne cerca de 30 mil estudantes. Depois de quase um ano, o grupo já realizou atividades como o 1º Encontro de Grêmios Estudantis no Colégio Bartolomeu de Gusmão que, no ano passado, reuniu cem jovens para discutir as questões da escola pública, cenário político atual e formação acerca de como funciona um grêmio estudantil. Já este ano, a GELF promoveu a participação de jovens de diferentes bairros da cidade na 11º Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), que teve como tema “Gilberto Gil: um reencontro com o Brasil”. “Continuar lutando incansavelmente por uma escola pública, gratuita, democrática e de qualidade para todos e todas, essa é uma das nossas missões”, afirma o vice-presidente Isaias Santana. A GELF também auxilia e incentiva os grêmios estudantis do município a realizar A diretoria da Gelf, eventos de estruturacom Vitor Menezes ção e fortalecimento ao centro: grandes dos grêmios no amplanos para este ano biente escolar.


q SEUS DIREITOS

WhatsApp: ato de difamação pode ser provado via ata notarial

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untamente com o uso da Internet, tem crescido nos cartórios o registro de atas notariais para fazer prova de atos de difamação, injúria ou calúnia praticadas por meio de e-mails, redes sociais ou grupos com dezenas ou centenas de pessoas em aplicativos de mensagens, como o WhatsApp. Muitas vítimas têm acesso a provas de crimes contra a sua honra até mesmo em grupos de WhatsApp dos quais não participam porque os participantes fazem o “print” de telas de conversa e os difundem para outras pessoas. Afinal, a natureza da fofoca é ser redistribuída. Se antigamente era preciso convencer testemunhas para fazer prova de crimes de difamação e correlatos, na famosa “fofoca boca-a-boca”, hoje os grupos de aplicativos de mensagens – ambiente em que o desvario acontece com frequência – dispensam esse esforço. Afinal, está tudo ali, registrado por escrito ou em mensagens de voz. Basta ir a um cartório. “A vítima deve procurar um Tabelionato de Notas e de posse de seu aparelho celular (se for o caso) solicitar ao tabelião que autentique o conteúdo de conversas, postagens, áudios, e outros, e então utilizará a ata para préconstituir prova de fatos”, explica a tabeliã Núbia Barbosa, titular do 9º Tabelionato de Notas de Salvador. O registro em ata notarial, em qualquer cartório, custa R$ 326 para até cinco páginas, mais R$ 65,20 para cada página a mais. Barbosa acrescenta que podem ser registradas em ata notarial até conversas telefônicas, além de trocas de mensagens em chats, publicações em redes sociais, conteúdo de e-mails, imagens ou vídeos. Difamar, de acordo com a legislação penal brasileira, é imputar a uma pessoa qualquer fato desonroso, ofensivo à sua reputação, independentemente da veracidade da afirmação. Outros crimes contra a honra previstos no Código Penal, juntamente com a difamação, são a calúnia – propagação de uma mentira ou meia-verdade, mesmo sob a forma de suspeita – e a injúria, que é a ofensa à dignidade ou ao decoro de alguém. A pena imposta é a detenção de até um ano e multa, além de possibilitar eventual demanda de reparação financeira por danos morais. Em grupos de WhatsApp, a difamação é mais grave por ocorrer “na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria”, conforme prevê a lei, o que aumenta a pena aplicável. Mas o pior castigo, para muitos, pode ser a exclusão do uso do aplicativo de mensagens. O WhatsApp impõe certas regras aos usuários, incluindo a definição de “uso aceitável”. Uma das regras é não usar o WhatsApp para difamar outras pessoas. Uma vez provada a difamação, o usuário pode ser impedido pelo WhatsApp de voltar a usar o aplicativo, ainda que seja com uma conta nova. WHATSAPP É PARA SEMPRE Mesmo que um grupo de WhatsApp seja eliminado pelos seus administra-

TABELIÃ NÚBIA BARBOSA: ata notarial lavrada em cartório é a principal ferramenta jurídica para provar difamação, calúnia e injúria na Internet

dores – que também respondem pela difamação, segundo decisão recente de um Tribunal de Justiça – o registro das conversas permanece na tela do aplicativo do celular da vítima, para sempre disponível. A própria vítima, tendo abandonado o grupo, também fica com todos os registros intactos. E tudo pode até ser arquivado em outros meios. Mas, conforme explica Núbia Barbosa, as chamadas “fake news” – ou mentiras mesmo, em português corrente – postagens criminosas e perfis de origem podem ser apagados de forma rápida e fácil. Em regra, ao ser alertado, o autor tenta apagar vestígios, eliminando o que puder, para tornar mais difícil a obtenção da prova. Daí a urgência de registrar tudo em ata notarial, mesmo que não se vá fazer uso imediato das provas. A SaferNet Brasil, associação civil de direito privado que visa proteger direitos na Internet, registrou um crescimento de 110% nas denúncias de crimes no ano passado. De acordo com a entidade, a maioria das queixas é contra mulheres. Foram quase 134 mil queixas, contra 63,7 mil no ano anterior. Junho de 2019 | Vilas Magazine | 17


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nvelhecimento. Quantas vezes você parou para refletir sobre o seu envelhecimento? Sim, todos nós estamos ficando velhos, e isso acontece desde o exato momento que nascemos: cada minuto que se passa envelhecemos mais um pouco. É que por tanto tempo o envelhecimento esteve associado a doenças, solidão, depressão, desprezo, que o assunto virou tabu. As mulheres então, não querem sequer falar suas idades. Mas não dá para fugir da realidade. No ano passado o IBGE divulgou a projeção da população até 2060. O cenário demonstra um rápido envelhecimento da população. Em 2040, o número de idosos já será superior ao número de crianças e adolescentes com até 14 anos, 17,4% de idosos contra 16,8% de adolescentes. Em 2060 o índice de idosos já será de 25,5%. Se olharmos apenas o estado da Bahia, esse número é ainda maior que a média nacional, sobe para 34,4% da população. Dados divulgados pelo IBGE em 22 de maio, mostra que já em 2018, pessoas acima de 60 anos representavam 14,4% da população na Bahia. E a tendência é que esses números venham a se consolidar cada vez mais, visto que o relatório divulgado pela OMS em abril deste ano sinaliza um crescimento de 5,5 anos da expectativa de vida global, elevando de 66,5 para 72 anos. Esse índice não é igual em todos os países, sendo impactado principalmente pela renda: países com menor renda, a expectativa de vida pode ser até 18,1 anos menor. No Brasil, segundo o IBGE, os números chegam a 72 anos e 5 meses para os homens e 79 anos e 4 meses para as mulheres. Com base nesses dados, voltamos a perguntar: quantas vezes você parou para refletir sobre o seu envelhecimento? Se ainda não o fez, está na hora. O que você tem feito para garantir um bem viver, com o equilíbrio do corpo e da mente? E mais do que isso: é preciso avaliar também como as cidades estão se estruturando para garantir serviços, entretenimento, o direito básico de ir e vir, o direito a uma vida de qualidade. CIDADES AMIGAS Atentos ao expressivo envelhecimento da população, a OMS desenvolveu a Rede Mundial de Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas, com objetivo de incentivar que as cidades a despertem o olhar para o envelhecimento, repensando e adaptando estruturas e serviços, de forma a incluir as pessoas de todas as idades. Em 2018, quatro cidades brasileiras receberam a certificação internacional. São elas: Pato Branco (PR), Esteio (RS), Porto Alegre | Continua na página 20 u

Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

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ENVELHECIMENTO

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você já pensou no seu?


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(RS), e Veranópolis (RS). Ao todo já são mais de 600 cidades, em 37 países, trabalhando em rede para proporcionar um envelhecimento saudável. Olhando para a realidade de Lauro de Freitas, não é preciso andar muito para perceber que a cidade não está estruturalmente preparada para o envelhecimento dos seus moradores. Segundo o fisioterapeuta Tiago Bispo, 39 anos, “é importante que sejam observados tantos os aspectos que garantam um tranquilo ir e vir, como também o fácil acesso a serviços e entretenimento. Então, falamos tanto das condições das vias públicas e calçadas, com os buracos e ambulantes que ocupam os passeios; como de opções de transporte, altura dos batentes dos ônibus e das opções de entretenimento, que não existem”, destaca o profissional. Lauro de Freitas, segundo dados do último Censo Populacional, realizado pelo IBGE, em 2010 já possuía 11.695 pessoas acima de 60 anos, representando 7,15% da população. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania possui em sua estrutura tanto o Departamento de Assistência à Pessoa Idosa, como o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, que organizou a 5° Conferência Territorial dos Direitos da Pessoa Idosa, em abril, reunindo no auditório da Unime representantes das 13 cidades da Região Metropolitana (RMS), debatendo as políticas públicas voltadas aos idosos atuais e futuros. A reportagem procurou a SEMDESC para entender melhor o que vem sendo realizado na cidade, mas por conta das fortes chuvas que castigaram a cidade dias 10 e 11 de maio, toda equipe da secretaria estava empenhada no trabalho para dar suporte às famílias desabrigadas.

MUDAM AS CIDADES, AS ROTINAS E AS CASAS Em casa, também é importante pen20 | Vilas Magazine | Junho de 2019

sar em soluções que garantam o bem viver. Isso tem ajudado no fortalecimento de uma profissão nova: os cuidadores de idosos. Segundo Maria Olivia Crisóstomo, diretora da empresa Cuidare, com atuação em Salvador e Lauro de Freitas, cuidador de idosos é a profissão que mais cresceu no Brasil, na última década: exatos 547%. “O cuidador é responsável direto por todas as esferas de vida do assistido: alimentação, higiene pessoal, administração de medicação, observar funções fisiológicas, integridade física e psíquica, estimular a autonomia, autoestima e segurança pessoal, além de seguir as orientações dos terapeutas e família”, explica. A profissão ainda não está regulamentada, não existindo regras muito claras sobre cursos e capacitações. “Hoje um curso de cuidador gira em torno de dois meses. Na Cuidare, buscamos profissionais que possuam no mínimo o curso de técnico em enfermagem, para então iniciarmos os treinamentos e capacitações específicas da profissão”, completa Maria Olívia. Do ponto de vista da estrutura, a casa também precisa de cuidados diferenciados. “Algumas medidas que podem ser

QUALIDADE DE VIDA A arquiteta Gabriela Giannotti destaca importância de adaptação dos ambientes da casa

tomadas de imediato é a aplicação de piso antiderrapante, mesmo que seja um piso vinílico, inclusive no banheiro e cozinha; não usar tapetinhos; os móveis precisam estar firmes, presos até, porque geralmente são usados como apoio; tudo muito bem iluminado e preferencialmente ao alcance das mãos, para que a pessoa não invente de subir em escadas ou cadeiras para buscar nada”, afirma a arquiteta Gabriela Giannotti. Ela ressalta que essa adaptação age diretamente na qualidade de vida, por garantir ao idoso segurança nas atividades diárias, associada a liberdade de fazer coisas básicas sem precisar ter alguém sempre ao seu lado. Mas infelizmente esse tópico nem sempre é levado em consideração. “A procura por projetos de adaptação de espaços ainda é muito pequena, e muitas vezes, quando o cliente recebe o orçamento, ele opta por fazer sozinho, colocar umas barras no banheiro e um papel de parede florido, e acha que será suficiente”, frisa. A BUSCA POR CONHECIMENTO NÃO TEM IDADE Nas carteiras da faculdade Unime, em Lauro de Freitas, encontramos uma estudante extremamente inquieta pelo saber. Juciara Queiroz, 63 anos, está finalizando graduação em psicologia. Aposentada, casada, mãe de três filhos, e avó apaixonada de sete netos, ela conta que encontra conforto e entusiasmo nos livros, e que, de forma alguma, conseguiria ficar em casa sem fazer nada. “Você ficar só em casa cozinhando e lavando, tomando conta de netinho? Para uma pessoa que trabalhou mais de 30 anos isso é muito complicado”, conta. Psicologia na verdade é a sua segunda graduação. O empurrão quem deu foi o esposo, Jair Queiroz, que optou em fazer Teologia, depois de já estarem aposentados. Na época em que estava na ativa, conseguiu conciliar o trabalho apenas com um curso técnico, na área de meio ambien-


te. “Trabalhei quase a minha vida toda na Petrobras. Depois que aposentei, meu esposo decidiu fazer Teologia e eu fui com ele, aos 50 anos. No curso me despertou o interesse em saber porque as pessoas procuram a religião, e busquei a psicologia, por acreditar que aqui eu poderia ter essas respostas. E descobri que através da psicologia podemos ir além, ajudar muitas pessoas, e isso é muito bom”, frisa. Neste período da graduação, Juciara conseguiu ainda concluir Lato Sensu do Ensino Superior, em Filosofia e Sociologia. “A diferença que senti da especialização para graduação é apenas que aqui, como são pessoas mais jovens, ainda falta um pouco de maturidade em alguns aspectos. Mas não senti qualquer discriminação por eu ser idosa. Eu fui abraçada, fui muito bem acolhida. As dificuldades que surgiram para mim foram as mesmas para todas as pessoas no curso”, destaca. Juciara já está no 10º semestre, fazendo estágio na área, e já tem planos para quando concluir a graduação. “Não podemos parar de sonhar, é isso que nos mantém vivos, motivados. Tenho planos de ter meu consultório; tenho planos de fazer inglês; viajar, conhecer outros lugares; estou até aprendendo violão”, conta empolgada. O exemplo de Juciara, na busca por conhecimento, é cada vez mais frequente nas instituições de ensino. No levantamento mais recente, Censo de Educação Superior de 2017, constam 18,9 mil universitários no Brasil, com idades entre 60 e 64 anos, e 7,8 mil com faixa etária acima de 65 anos. Na Unime, só no semestre de 2019.1, são 50 alunos com mais de 60 anos matriculados. A graduação mais buscada é Direito, com 18 alunos, seguida por Psicologia, com 10 alunos. Ezevaldo Saltos, coordenador do curso de Psicologia da Unime, destaca que não existem diferenças entre os alunos por conta da idade. “O que se tem percebido nos últimos anos é uma grande acolhimento e troca de experiências.

DETERMINAÇÃO Juciara Queiroz está no último semestre de Psicologia e já pensa nos próximos desafios

Participam de tudo que é proposto, são muito bons no processo de avaliação, não existe avaliação diferenciada, destaca. Mas com um olhar para além da sua realidade na faculdade, Juciara destaca que nossa sociedade ainda precisa evoluir muito no cuidado e respeito com os idosos. “Os orientais tem a concepção de que os mais velhos ajudam os mais jovens, transmitem conhecimento e experiências, e por parte dos jovens existe uma base de respeito muito grande. Na nossa cultura não é assim. Aqui se você é idoso, você está velho, fica jogado nos cantos. Acho que envelhecer te dá liberdade: você tem experiência, tem voz, tem direito de escolha. Quando você quer realmente algo, tem que seguir em frente, não tem idade para aprender, não tem idade para se relacionar, não tem idade para conhecer o mundo”, afirma. “Formei meus três filhos e agora vou me formar. Isso me torna muito feliz. Sei que superei as expectativas, não imaginava chegar até aqui. Mas agora quero ir mais além”, conclui. GERONTOLESCÊNCIA Quem frequenta o calçadão de Vilas do Atlântico já deve ter se esbarrado com o Adilson Teixeira, 72 anos, fazendo suas caminhadas. Morador do lotea-

mento desde 1985, ele não desperdiça a oportunidade de estar em contato com a natureza e ao mesmo tempo exercitar o corpo e a mente. “Sempre gostei de fazer exercícios, joguei muito futebol aqui no clube, sempre fiz minhas caminhadas, e acredito que isso, associado a uma boa alimentação, tenha sido o diferencial para ter a qualidade de vida que tenho hoje. Trabalhava no Pólo Petroquímico, sempre estive em contato com produtos químicos, e com muita disciplina, respeitando também as orientações de segurança da empresa, não sinto hoje os sintomas que muitos colegas da minha época apresentam”, conta. Desde que se aposentou, em 1996, passou a frequentar a praia duas vezes por dia. “Faço acompanhamento anual com a cardiologista, que me aconselha a continuar com as caminhadas. Não é mais na areia e nem consigo ir até o farol de Itapuã, como já fiz algumas vezes. Mas não deixo de fazer. Faça chuva ou sol, estou aqui no calçadão”, afirma. A paixão é tanta que mesmo quando está fazendo alguma viagem, leva na mala o tênis e o short, e a primeira coisa que procura é um lugar onde possa fazer sua caminhada com segurança. Tentou até transformar a esposa, Noelia, 72 anos, em sua companheira de exercícios, mas não conseguiu. “Chamei para ser a minha companheira de caminhada. Ela disse que não aguenta o meu ritmo. Garanti a ela que ia diminuir, ir mais devagar, mas que também não poderia ser nesse passinho de cágado (rs), mas ela não se convenceu. Hoje ela faz pilates”, conta. E exemplos como o de Adilson serão cada vez mais comuns. Para um dos maiores especialistas em envelhecimento da atualidade, Alexandre Kalache, a chegada à velhice da geração que nasceu no pósguerra (1945-1964), os baby boomers, provoca uma nova construção social, por serem pessoas com mais vitalidade, mais saúde, mais informação, do que as | Continua na página 22 u

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gerações que os antecederam. E tudo isso ganha um nome: gerontolescência. Luta contra ditadura, revoluções na música, revolução sexual, o uso da pílula, tudo isso tem forte influência na construção dessa nova velhice, e diferente da adolescência, que dura entre quatro e cinco anos, a gerontolescência pode durar mais de 40 anos. Kalache já atuou como diretor de envelhecimento na Organização Mundial da Saúde, lecionou em universidades como Oxford e hoje dá palestras até no exterior sobre o assunto. Uma delas aconteceu em Salvador, em abril, realizada pelo Projeto Maduramente (leia ao lado).

Faça chuva ou faça sol, diariamente Adilson Teixeira está no calçadão de Vilas do Atlântico fazendo a sua caminhada

PROJETO MADURAMENTE: Um novo olhar para o envelhecimento

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vida não pára quando chegamos aos 60 anos e deixar isso bem claro é um dos objetivos do projeto Maduramente. Lançado em 18 de abril deste ano, o projeto surge da parceria entre as amigas Rosangela Correia, 53 anos, e Ana Figueiredo, 54 anos, determinadas em contribuir para um novo olhar sobre o envelhecimento. “Conheci Ana através de uma amiga comum, e logo percebemos uma boa afinidade, dentre elas um incômodo sobre como o envelhecimento está sendo tratado na nossa sociedade. Há alguns anos eu comecei a pesquisar sobre o que poderia ser feito para o bem viver do idoso. Sempre convivi de perto com meus pais, meus avós, e me incomoda muito perceber que o envelhecimento está sempre associado a temáticas como asilos, doenças, temas que não nos colocam em lugar de honra”, conta Rosângela. Foram quatro anos de pesquisa de mercado e 18 meses de apresentação do projeto junto a instituições e associações, na busca por parcerias. “O primeiro passo foi apresentar a informação de uma forma madura, com estatísticas. Sabemos que existe uma resistência social em falar sobre o assunto, as pessoas não Ana Figueiredo, querem se enxergar neste contexto e rola Alexandre Kalache uma negação. Mas isso é um fato, o Brasil e Rosângela Correia, envelheceu: somos o quinto maior país, no lançamento do em números, com população de 60 anos projeto Maduramente ou mais; Salvador fica em 9ª entre as capitais brasileiras, e ambos com crescimento acelerado. E como nos preparamos para esse momento?”, destaca Ana Figueiredo. Rosangela e Ana tem clareza de como é difícil envelhecer, mas acreditam que hoje, com informação e tecnologia, podemos envelhecer o corpo, mas continuar sendo jovens e ativos. E elas se apropriaram justamente da tecnologia para alcançar um maior número de agentes transformadores. O Maduramente está na Internet e possui um Blog, alimentado através da contribuição de profissionais de diversos segmentos; um canal no Youtube, com vídeos de especialistas; além das redes sociais Facebook e Instagram. “Me surpreendi recentemente quando minha filha me contou que participa de um grupo nas rede sociais chamado ‘delícias aos 50’, onde ela e as amigas debatem sobre envelhecimento. E essas ações são muito importantes pois precisamos desvincular a visão negativa sobre o envelhecimento”, frisa Ana.

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“O Maduramente nasce do desejo de fazer um movimento para transformar não só a população, a transformar o comportamento para que a sociedade veja o envelhecimento com qualidade. O projeto se comunica tanto com quem já chegou aos 60 anos, como com os mais jovens, para que revejam suas atitudes de modo a garantir um melhor envelhecimento. Em 2019 nosso objetivo é trazer informação, conhecimento e unir pessoas que possuem a mesma proposta, para assim alcançarmos tanto a população, como os formadores de opinião. Só mudamos um conceito com informação; o uso do cinto de segurança e as campanhas contra o cigarro estão aí para provar isso”, conclui Rosangela. O projeto começou com pé direito. Os primeiros grandes eventos foram a Exposição Fotográfica “Um novo Olhar sobre o envelhecimento”, assinada pelo fotógrafo Edgard Chaves, exposta nos shoppings Salvador e Salvador Norte, e a palestra com o médico gerontólogo, especialista internacional em Longevidade, Alexandre Kalache. A próxima agenda será no dia 27 deste mês, às 19 horas, no Auditório do Salvador Shopping, com a palestra: “Previdência Social e Privada Prever para Prover - Uma Nova Visão de Mundo, o Futuro que nos Espera”, com o procurador federal, André Oliveira, Mestre em Ciências Jurídicas, especialista em Direito Previdenciário, pós-graduando em Neuropsicologia e Hipnoterapeuta Ericksoniano.

Conscientização e envelhecimento Maria Emília Oliveira de Santana Rodrigues

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uinze de junho é o dia em que mundialmente se discute a Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, uma data que precisa ganhar mais destaque em todo o país. Em relação à violência, especialmente contra a pessoa idosa, nada a celebrar, mas tudo a denunciar e a buscar conscientização da população para que todos possam dizer: não à violência contra à pessoa idosa! As análises de registros ou denúncias de violência contra a pessoa idosa no Brasil receberam um canal importante de comunicação de ocorrências com o Disque Direitos Humanos (Disque 100), que inclui a pessoa idosa e outros segmentos populacionais vítimas de violações de direitos. No disque 100, número disponível para denúncias anônimas em todo o país, a Bahia aparece em 2º lugar em ocorrências na Região Nordeste, com 691 casos registrados nos primeiros seis meses de 2018, perdendo apenas para o Ceará, com 725 ocorrências. De janeiro a setembro de 2018, a DEATI - Delegacia Especial de Atendimento ao Idoso, localizada em Salvador, recebeu mais de 1.600 ocorrências e a grande maioria diz respeito a crimes de abuso financeiro. Estes dados são preocupantes, pois a violência contra a pessoa idosa se constitui tanto no uso de palavras e ações, como na não efetivação de políticas públicas e na falta da consolidação dos direitos humanos. E são muitos os casos aqui na Bahia. Vale salientar que a violência pode ser: a) institucional, quando não há cumprimento dos direitos da pessoa idosa, seja em instituições públicas ou privadas; b) violência doméstica, que ocorre principalmente pelo choque de gerações, normalmente em famílias; c) e a violência financeira, por apropriação indébita de recursos e fraudes, tipo de violência que tem crescido muito. Um exemplo adequado é quando os mais jovens pegam o cartão do benefício ou aposentadoria da pessoa idosa, sacam os valores, e gastam de maneira inapropriada, deixando a pessoa sem nenhuma assistência. No que tange às denúncias, a preocupação está na falta de investimento governamental. A Deati – Delegacia Especial de Atendimento ao Idoso, infelizmente, está sucateada, especialmente na observação de pessoas mais velhas que necessitam de seus serviços. As denúncias não são imediatamente atendidas, e não é por má vontade das pessoas que lá trabalham, mas por conta da reduzida estrutura da delegacia. Outra opção para denúncias é o Disque 100, mas esse é um filtro nacional, que direciona para as delegacias locais, então voltamos para o mesmo ponto. Para defender a efetiva concretização da Política Nacional do Idoso, Estatuto do Idoso e demais legislações voltadas aos mais velhos no âmbito do Estado da Bahia, foi fundada a Associação Nacional de Gerontologia do Estado da Bahia, ANG-BA, em junho de 2015. A ANG-BA integra profissionais da área da Gerontologia e os que atuam junto a pessoas mais velhas, possuindo atualmente 65 inscritos. De uma forma geral, a Diretoria Executiva da ANG-BA destaca que o passo urgente é trabalhar no sentido de que a população seja educada para o envelhecimento. Todas as pessoas se não morrem cedo, envelhecem. Nesta perspectiva, as ações da ANG-BA se voltam para o fomento do respeito às pessoas idosas e a desmistificação dos mitos do envelhecimento, entre os quais: parar de acreditar que todos os idosos vivem as mesmas situações; parar de associar termos como ‘idade de ouro’ ou ‘melhor idade’, pois se tornam expressões pejorativas; parar de achar que idoso não pode se relacionar, que é um ser assexuado; e parar de achar que a velhice é sinônimo de doença. Velhice é uma etapa importante da vida e, se o sujeito chega lá, pode passar uma boa parte da vida nesta fase. Enfim, lutar para que todos tenham um envelhecimento saudável e ativo. A meta atual é a ampliação de seu quadro de associados, como também dar continuidade à sua participação no Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa, CEPI, que está planejando a realização da Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa, com data prevista para 4 e 5 de setembro próximo. A participação da sociedade e do poder público é fundamental neste espaço de proposições. Que tal participar desta conscientização sobre o processo de envelhecimento da população? Maria Emília Oliveira de Santana Rodrigues é Especialista em Gerontologia e Presidente da Diretoria Executiva da Associação Nacional de Gerontologia do Estado da Bahia – ANG BA.

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q CASA & JARDIM

HORTAS URBANAS Um cantinho de natureza na garagem de casa Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

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uando você chega na casa de Marcelo Domingos, 44 anos, não vê de imediato nada de diferente: trata-se de um condomínio de villages como tantos outros em sua vizinhança, no bairro de Stella Mares. Mas se ele te convidar para conhecer a garagem, se prepare para esquecer que você está no caos urbano de uma cidade. Nos espaços livres da garagem, Marcelo cultiva os mais

A garagem de Marcelo possui mais de 50 espécies de hortaliças, frutas e leguminosas. A vizinha, Vilma, deu um ar de recanto natural ao ambiente, com plantas ornamentais e flores (ao lado) diversos tipos de ervas, hortaliças e frutas, que além de serem usadas na alimentação da casa, contribuem com o clima e trazem o verde para dentro das cidades. Tudo começou há cerca de 13 anos, plantando ervas como manjericão e cidreira, usadas tanto na culinária quanto no preparo de chás. “Sempre gostei de cozinhar, e achava fantástico preparar uma massa e ter o manjericão ali fresquinho para usar”, conta. O primeiro espaço que ele ocupou foi um canteiro que ficava em frente a sua casa, plantando diretamente na terra ou em vasos. Mas há cerca de quatro anos ele se mudou para outra casa, no mesmo condomínio. Para sua alegria, Vilma, a nova moradora, adotou o espaço, e deu a sua personalidade: lindas plantas ornamentais e flores, que somadas ao barulho da água da fonte, garantem um ar de recanto natural. “Confesso que gosto mais de plantas que possam ser usadas na alimentação. Mas o que Vilma fez aqui ficou fantástico”, frisa Marcelo. No condomínio em que ele mora, são ao todo 48 casas. “O início foi complicado. Há oito anos atrás tentei implantar uma horta vertical, utilizando os muros, o que rendeu até reunião de condomínio. A grande preocupação dos outros moradores era acabar com a estética, o padrão do muro que era branco chapiscado. Mas tudo é uma questão de diálogo. Se o mundo todo já aceita essa realidade, porque nós não? O muro pode

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ser de qualquer cor, pode ter vida, e conseguimos demonstrar que o lado poente, que já tinha adotado uma área verde, ficou muito mais agradável e fresco”, destaca. Hoje, além de Marcelo, já tem mais cinco pessoas que cultivam em suas garagens e sacadas, com direito a troca de mudas e experiências entre os vizinhos. E o condomínio já está ficando pequeno. Na faixa de areia, entre a Avenida Mãe Stella de Oxóssi e o Parque das Dunas, Marcelo plantou frutas, hortaliças e algumas PANCs - Plantas Alimentícias Não Convencionais. APRENDER PLANTANDO Formado em Turismo e Administração Hoteleira, Marcelo foi pegando cada vez mais o gosto por cultivar em sua garagem e encontrou na Internet uma forte aliada. “Com o Youtube posso dizer que faço um curso todos os dias. E de repente você está fazendo algumas coisas até de forma intuitiva. Ninguém me disse para plantar várias espécies diferentes no mesmo vaso, que isso daria certo. Depois é que fui ler e conhecer sobre o conceito de agrofloresta, que trata justamente de conciliar a agricultura e as florestas”, destaca. E a natureza é sábia, vai mostrando alguns caminhos. Marcelo conta que no início ficava chateado quando via alguém tirando um ramo ou umas folhas, mas com o tempo percebeu que quanto mais se tira, mais a natureza dá. “Entendi que essa era a função da planta, e quanto mais você tira mais ela se renova. Desapeguei! Hoje, quando as plantas estão carregadas, faço pequenos maços e vou distribuindo na casa dos vizinhos. E isso vale também para as frutas”. Além dos cursos, Marcelo também usa a Internet para se conectar com pessoas que tenham o mesmo hobbie, além de conhecer novas espécies. Em sua horta podemos encontrar cinco espécies de maracujá, sendo quatro doces; quatro espécies de manjericão e de milho; seis espécies de pimenta; três tipos de tomates. Para a salada de fruta são pelo menos 15 frutíferas, dentre elas a mini melancia, que é do tamanho de uma goiaba e pesa cerca de 100g.

Plantadas, na garagem ou nas áreas livres do condomínio, já são mais de 50 espécies diferentes entre frutíferas, hortaliças, leguminosas, ervas e PANCs. “Um dos meus amigos, chefe Yuri, tem um restaurante em Itapuã. Praticamente tudo que é servido lá ele busca no quintal de casa, de hortaliças, temperos, até às proteínas, como peixes e aves. E isso é massa, primeiro porque você percebe que não está só no mundo, que você não é uma lagarta. Segundo, porque quem planta quer compartilhar, e juntos queremos promover um momento onde as pessoas possam trocar mudas e experiências’’, conta. UMA NOVA FORMA DE COMER Depois de 13 anos cultivando em casa, Marcelo passou a ter um olhar mais criterioso para a alimentação. Além de gostar de cozinhar e experimentar novos sabores, ele conseguiu redefinir seu critério de qualidade. “Não vejo mais uma fruta com uma aparência não muito bonita como uma fruta não saborosa; também não acredito em um alface que vem com as folhas 100% verdes ou aqueles tomates de meio quilo cada. Você de certa forma fica mais seleto, e aprende que as frutas menores é que tem mais sabor”, conta. Outro ponto que ficou muito claro é o uso de pesticidas e agrotóxicos. “Hoje vejo em minha horta uma planta com uma folha feia, mas não tenho coragem de colocar um defensivo químico, porque eu vou comer aquilo. E na produção em grande escala esse cuidado não existe. Meu pé de pinha, com meio metro, produz seis pinhas a cada seis meses. O mesmo pé de pinha, produzindo em larga escala, vai produzir seis caixas no mesmo período. Mas sei que não é isso que quero. Lá tem o defensivo agrícola, e o meu não”, destaca. A PLANTA É ÓTIMA PSICÓLOGA Em todos os contatos que tive com Marcelo, achei ele uma pessoa extremamente paciente, mas ele conta que nem sempre foi assim. Esperar, por menor que fosse o período de tempo, era | Continua na página 26 u

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q CASA & JARDIM

u Continuação da página 25

torturante, e ele associa sua mudança de comportamento ao convívio com as plantas. “A horta me trouxe benefícios para além do consumo. Hoje sou uma pessoa mais paciente. Antigamente esperar um mês por qualquer coisa era algo impossível. ‘Como assim essa planta só vai dar fruto de novo daqui há um ano?’. Com as plantas eu aprendi que o tempo é para ser aproveitado, e não para pedirmos que ele passe logo. Hoje me permito ver o dia, e sei que enquanto uma planta demora um ano para produzir, tem outras que vão produzir neste intervalo, e tem plantas que todos os dias tem algo novo para me mostrar”, conta. “Acho também que já peguei uma sociedade com a mentalidade mais aberta. Pense há 20 anos atrás um homem que tem como hobbie cultivar uma horta caseira? Logo a sua sexualidade seria questionada. Não tenho ninguém que me aponte o dedo de forma pejorativa, muito pelo contrário, recebo elogios e muitos amigos já entraram nesta onda e estão plantando em casa”. ACREDITE: É POSSÍVEL! Depois de tantos anos cultivando sua horta, Marcelo afirma com veemência que a falta de áreas de terra não é desculpa para não plantar. Em sua garagem, ele usa todos os recipientes possíveis, de vasos que ele mesmo compra, a garrafões de chopp, ou até um vaso sanitário sem uso. “O primeiro passo para plantar é enxergar que é possível. Faça uma experiência em sua casa: sabe a cebolinha que você comprou no mercado? Depois de usar, pegue aquele talo que sobra, e coloque em um copo com água sobre a sua pia. No outro dia já tem Ressignificando os objetos: vaso sanitário virou um vaso para acomodar o jambu

Mini melância, com cerca de 100g e o tamanho de uma goiaba

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um broto. Depois de cinco ou seis dias você já terá cebolinha para consumo. Então quando uma pessoa diz que mora em apartamento e não tem espaço é porque não está vendo as possibilidades”. Outra dica de Marcelo é fazer o bom uso da Internet, buscando tutoriais e se conectando com outras pessoas. “Se você quiser plantar você consegue, seja no banheiro, seja no batente da janela, na varanda. Comece pelas hortaliças, por exemplo, que são plantas de fácil cultivo e esteticamente deixam o ambiente com aspecto bem bonito. Você só precisa saber o que plantar naquele local, e a Internet pode ajudar muito. Tem muito tutorial sobre o assunto, e nas redes sociais não é difícil encontrar pessoas que possuem hortas em casa e são super abertos a compartilhar conhecimento”. “Gosto de inserir as plantas na vida das pessoas. Tenho hoje um berçário enorme e faço questão que as pessoas saiam de minha casa carregando alguma muda ou semente”. Eu saí de lá com quatro.


q GERAL

União de municípios promove desenvolvimento do turismo

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Coordenação da Câmara de Turismo da Costa dos Coqueiros promoveu em maio, em Lauro de Freitas, um seminário de regionalização para “discutir os instrumentos do Mapa Turístico Brasileiro e suas políticas públicas”, além do sistema CADASTur. O evento reuniu representantes de Lauro de Freitas, Camaçari, Dias d’Ávila, Mata de São João, Entre Rios, Conde, Esplanada e Jandaíra, além de entidades públicas e privadas. Na mesa “Políticas Públicas para o Turismo”, prefeitos e representantes, destacaram as particularidades turísticas dos municípios e como eles podem se unir para planejar o turismo da região. A proposta de integração foi apontada como indispensável para o desenvolvimento de projetos e ações que viabilizem o crescimento da economia de toda a Costa dos Coqueiros. Também foram discutidas iniciativas como a criação de folheteria geral para a promoção dos destinos. Melhorias na infraestrutura e parcerias com o setor privado, como vetores de atração do turismo e desenvolvimento estiveram no foco da abordagem de Moema Gramacho (PT), prefeita de Lauro de Freitas. “Além de mostrar o potencial dos nossos municípios, o turismo da região é uma grande força da geração de emprego e renda”, disse. De acordo Jorge Luiz Ávila, superintendente de Serviços Turísticos da Bahia, o turismo é tão rentável quanto às indústrias de gás e petróleo. No seminário, Ávila anunciou a ideia da prefeita Moema Gramacho de criar uma “União dos Municípios Turísticos da Bahia”, o que vai fortalecer a “meta de atingir 200 cidades baianas no novo remapeamento (2020/2021) do turismo brasileiro”. No Mapa 2017/2019 estão incluídos 150 municípios baianos. Lauro de Freitas ocupa a categoria B na última atualização do mapa do turismo, entre outras 19 cidades da Bahia. As categorias A, B e C, englobam os municípios que têm maior concentração de fluxos de turistas domésticos e internacionais. Atualmente, de acordo com a prefeitura, Lauro de Freitas conta com mais de quatro mil leitos na rede hoteleira Joilson Lopes, diretor de Turismo da secretaria de Cultura e Turismo, apresentou uma iniciativa para que o “trade turístico” de Lauro de Freitas adira ao CADASTur, o sistema do Ministério do Turismo que visa garantir vantagens e oportunidades para o setor. “Permanecemos no Mapa com a mudança para a categoria B e precisamos incentivar nossa rede turística ao cadastro para que possamos crescer ainda mais nesse setor”, disse Lopes. O cadastro é gratuito e deve ser feito pelo site cadastur.turismo.gov.br

Hospital Espiritual: 2 anos de solidariedade

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Hospital Espiritual, primeiro da Bahia, completa dois anos com o compromisso de ajudar pessoas, independente de credo, vindas de várias localidades do Estado, do Brasil e até de outros países. Ao longo desse tempo a instituição vem prestando auxílio espiritual, físico e psicológico; fornece, às famílias que vivem abaixo da linha da pobreza, roupas e cestas de alimentos. Entre os vários projetos viabilizados pelo hospital, destaca-se a Caravana Ceia de Cristo, que leva alimentos aos menos favorecidos. Em 2018 foram doados mais de oito toneladas de alimentos não perecíveis, 424 quentinhas/mês, além de café, pão com manteiga e água para moradores de rua em Salvador. O trabalho da instituição vai além dos limites de Lauro de Freitas: atende Vila de Abrantes (Camaçari), Salvador, Dias D’Ávila e Serrolândia, incluindo atendimentos holísticos, psicológicos, fisioterapêuticos e terapêuticos. PROJETOS A Cidade de Bethânia é o maior deles, a primeira cidade resiliente, auto-sustentável projetada pela espiritualidade, que já é uma realidade com a construção da creche Tio Juca. PRESTANDO CONTAS Há dez anos Patrícia e Humberto Aguiar, foram chamados para implantação do Hospital Espiritual., que aconteceu em 2017. Ao longo desses anos foram prestados mais de quinze mil atendimentos para pessoas vindas de Salvador, interior, outras capitais e até do exterior, além dos atendimentos holísticos e psicológicos. Esse trabalho, de amor e solidariedade, só é possível com a ajuda de voluntários, pacientes, pequenos empresários e amigos que frequentam e conhecem a Instituição. Quer conhecer o Hospital Espiritual projetos e serviços, visite a página no Facebook hospitaldabahia e no Instagram ou venha nos visitar: Rua Pérola Negra, 223. Itinga. Tels.: 71 3026-1631 / 9 9340-8344. Nos ajude a ajudar: Casa da Fraternidade Caminho de Luz. Caixa Econômica. Ag1032. C/c: 2334 - 7. Op 003.

A médium Patrícia Aguiar e Humberto Agui­ar. Ao centro, pintura a óleo, inspi­ra­da em pintura mediúnica da imagem de doutor Romano. Obra da artista plástica Margarita Ariza Junho de 2019 | Vilas Magazine | 27


q RELIGIÃO

Fé e tradição nas Trezenas de Santo Antônio Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

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uem mora no Nordeste brasileiro já sabe: o mês de junho é sinônimo de fartura, alegria, fé e tradição. E esses sentimentos são passados de geração para geração, seja através do gosto pela dança, quer seja pelos sabores das comidas, com o preparo de pratos deliciosos, seja pulando fogueira em homenagem a São João ou rezando as trezenas de Santo Antônio. É assim que o empresário Roberto Mascarenhas, 72 anos, morador de Vilas do Atlântico há quase 40 anos, celebra o mês de junho. Quando menino, acompanhava a reza a Santo Antônio na casa da avó materna, em Conceição de Feira (126 km de Salvador). “Minha avó materna sempre foi devota de Santo Antônio e mantinha a tradição de rezar a trezena. Me encantei pela tradição neste contexto familiar, quando ainda era adolescente, e depois de adulto passei a fazer anualmente aqui em minha casa, com a minha família”, conta. Das trezenas na juventude, no interior, Roberto lembra que cada noite ficava sob responsabilidade de uma família, que arrumava o altar da capela com flores de papel crepom. No encerramento da reza, sempre tinha uma confraternização, com muita comida típica. “Aqui fazemos um pouco diferente. O primeiro dia é aqui em casa, e segue pelos próximos 11 dias pela casa de amigos aqui de Vilas do Atlântico, grande parte deles integrantes do Rotary Clube Lauro de Freitas, assim como eu. Cada família se oferece, escolhe qual será o seu dia e minha esposa Magda, completa a organização. Então uma imagem de Santo Antônio é levada em um andor de madeira, de casa em casa, e retorna 28 | Vilas Magazine | Junho de 2019

Imagem centenária: única que restou da primeira Capela de Santo Antônio de Portão aqui para a nossa residência no dia 13, quando fazemos um grande evento, que inclusive já faz parte do calendário de atividades do Rotary Club Lauro de Freitas. Depois da reza tem várias comidas típicas, licor e há alguns anos contratamos som. Famílias convidadas trazem mais pratos, uma canjica, outro pãozinho, e servimos em uma mesa bem bonita. Santo Antônio gosta disto. Confesso que passo o ano na expectativa por esse dia”. O sentimento de Roberto por Santo Antônio é tão forte, que por muito tempo as pessoas chegaram a pensar que seu nome fosse Antônio e o aniversário no dia 13 de junho, mas não é! “Até gostaria que meu nome fosse Antônio, mas fica só no coração”. Fica no coração e também na coleção de imagens. Roberto possui mais de 300 imagens do santo, entre esculturas dos mais variados tamanhos, quadros e azulejos. “Comecei com uma, duas, três… organizava em cima de uma mesa, e percebi que o espaço estava ficando pequeno. Encontrei uma cristaleira, que uso como meu oratório. De repente, os amigos que viajavam, ou queriam me dar um presente, chegavam com uma imagem ou qualquer coisa que você possa imaginar, ligado a Santo Antônio. Hoje já são mais de 300


imagens, e já preciso ampliar meu oratório. Uma vez por ano, retiro peça por peça, limpo com pincel e organizo novamente”. São imagens dos mais diversos tamanhos e materiais, de tecido à porcelana, barro e madeira. E apesar de algumas terem vindo de longe, a exemplo de uma que veio de Portugal, Roberto tem muito carinho e atenção com uma em especial, de pequeno porte, que se esconde entre as demais, mas carrega toda a emoção e apego sentimental. Trata-se uma imagem centenária, que herdou de sua avó. “Nasci com esse dom. Tem pessoas que nascem com o dom para a música, eu nasci com o dom de ser católico. Pertenço a irmandade Santo Antônio Além do Carmo, só não consigo frequentar pela distância. E sinto que minha fé em Santo Antônio cresce a cada dia. Todas as conquistas da família, até hoje agradeço a Santo Antônio. No meu filho mais velho coloquei o nome Antônio, mas ele tinha problemas de diabete crônica e já faleceu. Agradeço a Santo Antônio pelo meu casamento. A minha sogra era muito devota e minha esposa Magda hoje está ao meu lado e faz a trezena comigo. Só tenho a agradecer. São mais de três décadas de união, trabalhamos juntos e sei que não é fácil, mas mesmo assim o nosso casamento segue feliz, com nossos filhos e agora os netos. Santo Antônio sempre trouxe paz e união para nossa família”. Sobre a tradição da trezena, Roberto acredita que terá continuidade em sua família através de uma das filhas, Juliana. “Meus filhos participam aqui comigo, Juliana faz inclusive um dia na casa dela, e acho que é quem no futuro deve cuidar de tudo isso. Mas espero viver muitos e muitos anos ainda para aproveitar mais as minhas trezenas”, conclui. REZA CENTENÁRIA Rezar o Santo Antônio também faz parte da cultura e movimenta a comunidade do bairro de Portão há mais de 100 anos. Quem conta parte dessa história é Zozina dos Reis Cruz, 75 anos, nascida e criada no bairro, que viu a tradição quase se perder, mas hoje se alegra com a chegada de mais uma festa ao santo.

Devoto de Santo Antonio, Roberto Mascarenhas espera viver ainda muitos anos para continuar realizando as trezenas “Na minha época de moçinha tinha um senhor, de nome Francisco, que tomava conta da Igreja, e tinha um grupo de pessoas que rezava a trezena. Quando esse senhor faleceu, quem assumiu a Igreja foi uma senhora, de nome Augusta, que foi professora de muitas crianças em Portão, inclusive de mim. Naquela época se cantava o hino nacional nas escolas e ela me disse que eu cantava bem, e assim me chamou e outras meninas para cantar na Igreja”, lembra. | Continua na página 30 u

t Roberto com a família. À sua direita, a filha Juliana, quem provavelmente dará seguimento à tradição da família uA esposa, Magda, é sua grande parceira na realização das trezenas

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q RELIGIÃO

u Continuação da página 29

Na casa de Dona Zó, como é conhecida, não existia a tradição de se rezar a trezena. As avós ela não conheceu, e sua mãe, cuidava da roça, e somente conseguia ir à missa, quando tinha. “Quando já estava com meus 15 para 16 anos, já tirava a reza de Santo Antônio. Era assim: ficava na frente dona Augusta e mais quatro pessoas, eu era uma delas. Então nós cantávamos, e só depois era que as pessoas respondiam”, conta. Cabe destacar que naquela época, mais de 50 anos atrás, não existiam recursos para distribuição dos livretos, até porque eles eram, em sua maioria, manuscritos. A igreja era bem diferente da que existe hoje. Na verdade era uma capela pequena, branca com detalhes azuis, e três altares: um à esquerda, dedicado à São Bernardo, outro à direita, dedicado à Nossa Senhora da Conceição, e ao centro, o altar-mor, em colunas, para Santo Antônio. Na frente, não era murado, tinha um pé de amêndoas, o cruzeiro e a escadaria. Professora Augusta precisou ir embora para o Rio de Janeiro, dona Zó não soube precisar exatamente quando. Nesta época, quem atendia a comunidade era padre João. As trezenas deram lugar ao tríduo, apenas três dias de reza. A missa de Santo Antônio não era mais no dia 13, a não ser que a data coincidisse com o dia de missa. Até porque, missa mesmo era só de ano em ano, em junho, para Santo Antônio, em agosto, para São Bernardo e em alguns anos, em dezembro, para Nossa Senhora Conceição. Mas a comunidade queria as trezenas, e um grupo de rapazes, cerca de seis ou oito, assumiu a responsabilidade pela Igreja, compraram um casarão que tinha ao lado e fundaram a Sociedade dos festejos de Santo Antônio. “Me lembro bem de Carlinhos, Toinho, Almiro, Aldemar, Germano, Arlindo, o meu esposo, e outros mais, que já faleceram”, conta. É feito então o resgate da trezena, com 13 dias de muita festa. “Cada dia era de uma pessoa, que ficava responsável por decorar a igreja. Então tinha de tudo: flores de papel, flor de quintal, sorriso de maria, bananeira do mato.

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Dona Zó, devota de Santo Antônio. Abaixo: Padre Rogério, ao lado da imagem que ganhou quando de sua viagem à Lisboa. Nela contém um pedaço da batina de Santo Antônio Depois da reza tinha sempre a quermesse, quando era realizado um leilão, assim, uma galinha assada, um bolo, uma travessa de lelê. Quem mercava era Otoniel, já tem uns anos que ele faleceu. Aí ele falava: ‘Na praça está, na praça se arrematará. Um brinde oferecido ao Groroso Santo Antônio’”, conta aos risos. “Eu pedia sempre para o meu dia, ser dia 12. Era a noite dos namorados, tinha baile. Vinham as mocinhas, os rapazes, era um sucesso (rsrsrs). E no dia 13, depois da reza tinha a procissão. Um andor muito bonito, mas também muito pesado. Era de madeira, e na decoração colocava bateria de carro, ligava umas lâmpadas e o andor ficava todo iluminado. Então a procissão só poderia acontecer de noite, para as luzes aparecerem”. Com o passar dos anos e a dificuldade muitas vezes em ter a presença de um padre atuante na comunidade, fez com que as trezenas fossem perdendo força, até que em alguns anos fosse inviável a sua realização.


Agora a comunidade de Portão passa por uma nova etapa. Há três anos se tornou Paróquia, sendo responsável por setecomunidades. O primeiro pároco, padre Rogério Marcos da Silva, 43 anos, fez questão de se aproximar da comunidade e uma das suas metas foi o resgate das trezenas. Para este ano, a festa conta com as presenças de convidados especiais a cada noite, como o Coral Keiller Rego e os padres Diego Jesus Santos e Lázaro Muniz, além do esperado baile dos namorados, que acontecerá no sábado, dia 8. Confira a programação completa nesta página. NEM DE PÁDUA NEM DE LISBOA. SANTO ANTÔNIO É DE PORTÃO Conquistar o título de Paróquia, garantiu à comunidade de Portão o elemento que faltava para o resgate de tradições, não apenas celebradas pelos católicos, mas abraçadas por todos. Grande parte desse resgate, como as paroquianas fazem questão de destacar, é resultado do trabalho de padre Rogério. “Quando chego em uma paróquia não tenho pretensão de trazer devoções. Gosto de saber o que a comunidade já teve, o que ela tem, e o que gostaria de ter. As trezenas, por exemplo, não estavam mais acontecendo com as rezas, mas sim com missas. Então o primeiro passo era conseguir que a comunidade me emprestasse os livretos, os caderninhos escritos à mão. Muitos desses cadernos com português arcaico, ou com uma escrita muito própria, fruto de como as pessoas entendiam aquilo que escutavam”, conta o padre, de olho em dona Zó, dona de alguns destes cadernos. Mas não foi fácil conquistar a confiança da comunidade. “Convidei paroquianas da paróquia de Santo Amaro, no Recôncavo, que trouxeram seus livretos, e fizemos a primeira trezena. Ao final, escutava uma pessoa aqui, outra ali, reclamando que havia faltado alguma reza. Bom, expliquei que precisava então dos caderninhos que elas tinham guardado para eu saber como elas queriam a trezena. Foi uma conquista de dois anos”. conta aos risos.

A fase da desconfiança já passou, e agora o clima é de grande felicidade com as ações que já foram coladas em prática. “A paróquia é hoje formada por sete comunidades, o que representa uma área de aproximadamente 50 mil habitantes. Somos uma paróquia bem missionária, estamos vinculados a um organismo internacional, que é a Cáritas, com vários projetos em andamento e profissionais nos ajudando, como psicólogos, terapeutas e advogados. A comunidade se une e conseguimos resolver situações pontuais. Falamos na missa o que está acontecendo e cada um dá o que pode e a situação é resolvida”, destaca o padre. “Portão é um bairro que tem uma particularidade bem interiorana: as famílias se conhecem, existem pessoas centenárias vivas, nascidas no bairro, como dona Alzira e seu Martins. Há uma sintonia muito amistosa entre as pessoas, independente de suas religiões, e uma luta constante pela melhoria do bairro. É bom ser de Portão. E brinco que aqui Santo Antônio não é de Lisboa e nem de Pádua. Aqui Santo Antônio é de Portão”, conclui sorrindo.

PARÓQUIA SANTO ANTÔNIO DE PORTÃO Festa do Padroeiro Santo Antônio, de 1º a 13 de junho de 2019 TEMA: “Somos a Igreja de Cristo em Missão”. Diariamente: 1º a 12/06, missa às 7h. Trezena às 19h. Quermesse após a trezena 1º DIA: 1º/6, SÁBADO Convidado: Frei José Jorge Rocha, professor de Teologia (UCSAL). Homenageados: Igreja da Piedade, Solteiros da Paróquia, Grupo Preparatório do Casamento Comunitário e Membros da Associação Beneficente dos Festejos de Santo Antônio. 2º DIA: 2/6, DOMINGO Após a missa das 7h, carreata pelas ruas do bairro. Convidado: Coral Keiller Rego. Homenageados: Coral Vozes de Santo Antônio e Músicos da Paróquia 3º DIA: - 3/6, SEGUNDA-FEIRA Convidado: Padre Miguel Dias de Souza. Homenageados: Paróquia Cristo Libertador Rei do Universo (Vila Canária), Consagradas de Nossa Senhora, Apostolado da Oração e Terço dos Homens 4º DIA: 4/6, TERÇA-FEIRA Convidado: Franciscanos (Ordem dos Frades Menores). Homenageados: Convento São Francisco (Ordem dos Frades Menores), Voluntários da Paróquia e Cáritas Paroquial Santo Antônio de Portão 5º DIA: 5/6, QUARTA-FEIRA Convidado: Padre Fernando Pedrosa Leal. Homenageados: Paróquia São José Operário (Pernambués), Pastoral Catequética, Movimento Mães Unidas, Pastoral da Criança e Servas Medianeiras 6º DIA: 6/6, QUINTA-FEIRA Convidado: Padre Lázaro Muniz. Homenageados: Paróquia Santa Cruz (Eng. Velho da Federação) / Irmandade do Rosário dos Pretos e Comissão de Festas da Paróquia 7º DIA: 7/6, SEXTA-FEIRA Convidado: Cônego Edson Menezes da Silva (Reitor). Homenageados: Basílica Santuário Senhor Jesus do Bonfim, Renovação Carismática Católica e Oficina de Oração 8º DIA: 8/6, SÁBADO Convidado: Diácono Sérgio Assis Borges. Homenageados: Casais (Renovação dos votos matrimoniais). Baile Dançante após a trezena 9º DIA: 9/6, DOMINGO Convidado: Frei Urbano Alonso. Homenageados: Convento do Carmo, Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão e Pastoral do Dízimo 10º DIA: 10/6, SEGUNDA-FEIRA Convidado: Padre Jonathan Dias da Silva. Homenageados: Paróquia São Francisco de Assis (Saramandaia) e Grupos de Evangelização 11º DIA: 11/6, TERÇA-FEIRA Convidado: Padre Joelson Alves de Andrade. Homenageados: Paróquia Espírito Santo (Tancredo Neves), Comunidade Sagrado Coração de Jesus e Comunidade Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Villa do Bosque) 12º DIA: 12/6, QUARTA-FEIRA Convidado: Padre Rutinaldo dos Santos Gonzaga. Homenageados: Seminário Central São João Maria Vianey, Comunidade Nossa Senhora do Bom Parto, Comunidade São Felipe e São Tiago, Comunidade São José e Comunidade São Francisco (Quingoma) 13º DIA: 13/6, QUINTA-FEIRA Festa Solene. Convidado: Padre Diego Jesus Santos. Homenageados: Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Sete de Abril), Grupo de Jovens EMUNAH e Jovens Sarados IGREJA ABERTA DURANTE TODO O DIA 6h - Alvorada; 6h:30, Oração do ofício de Santo Antônio; 10h, Missa com os enfermos, ministrada pelo Padre Thiago Kern; 19h, Procissão (saindo da Igreja do Sagrado Coração de Jesus - Queira Deus) e 20h, Missa Solene.

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q MODA

Brechós são aliados na busca pelo consumo consciente Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

A

s roupas sempre tiveram um papel de destaque na sociedade e é incrível como, através delas, conseguimos contar toda a história de um povo. O mais legal é que mais uma vez elas são protagonistas de um movimento, que busca mudar justamente o conceito de como nós a consumimos. Consumo consciente, consumo verde, moda sustentável. Provavelmente você já

foi impactado por algum desses termos, mesmo que, talvez, ainda não saiba o que de fato eles significam, e não pratique em seu dia a dia. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, e pelo Serviço de Proteção ao Crédito - Brasil, com entrevistados de todas as capitais do país, aponta que apenas 31% podem ser considerados consumidores conscientes. A especialista em moda, Dávila Kess, 33 (graduada em Moda e Estilo pela Universidade Paranaense, com pós-graduação em Moda, Produto e Comunicação e em Processos e Produtos Criativos), destaca que existe uma confluência de vários fatores forçando que a sociedade repense comportamos de consumo. “A sociedade está passando por uma mudança na forma de consumo, de uma forma geral. Lembro que na minha infância era muito comum usar uma roupa que já tinha sido usada por um irmão ou primo. Mas o fast fashion derruba isso, com essa facilidade de acesso a comprar novas roupas. Só que a capacidade produtiva do Planeta, não está mais dando conta desse consumo. Além disso passamos por crises econômicas, o que faz com que cada um, dentro daquilo que carrega como crença, Dávila Kess acredita nos vários caminhos para a busca pelo consumo consciente, de Brechós à Outlets

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comece a priorizar questões como preço e qualidade”, destaca. No que tange aos recursos naturais, vale destacar o papel da indústria têxtil como geradora de poluentes. O relatório A New Textiles Economy, desenvolvido pela Fundação Ellen MacArthur em 2017, aponta que são gastos 93 bilhões de metros cúbicos de água por ano na produção de têxteis; a indústria da moda gera 1,2 bilhão de toneladas de emissões de gases que causam efeito estufa anualmente; meio milhão de toneladas de microfibra é jogada todos os anos nos oceanos, o equivalente a 50 bilhões de garrafas plásticas; menos de 1% de todo o material é reciclado e dá origem a novas peças, o que contribui ainda mais para o aumento da poluição. Mas apesar desses números ainda estamos andando a passos de formiguinhas. “Os jovens estão mais abertos a essa nova tendência e necessidade de consumo consciente, mas isso tudo é novo e ainda está sendo trabalhado na sociedade, ainda não é algo massificado e estamos muito distantes de adotar atitudes conscientes, que vão desde a separação de lixo até a economia de água. Além disso, infelizmente, boa parte das empresas que trabalham esse conceito estão fazendo por questões de marketing, para vender mais. Então o consumidor precisa estar atento para escolher aquilo que for mais coerente para a sua verdade, e um bom começo é pesquisar sobre a origem do produto e se a empresa possui selo verde”, frisa Dávila. A Internet assume um papel fundamental neste processo. Uma alternativa para conhecer a origem de produtos e o perfil das empresas é através do site modalimpa.com.br ou pelo aplicativo Moda Livre. E é pela Internet também, mais precisamente as redes sociais, que os brechós, que antes eram sinônimo


Nayara Flores e Adriana Falcão tocam juntas a Amei Brechó em Vilas do Atlântico de coisa velha e naftalina, ganham relevância, proporcionando muitas vezes o primeiro contato das pessoas com um consumo mais consciente. “Antigamente as pessoas pensavam que roupa de Brechó era de gente que tinha falecido, e que trazia uma energia ruim. Mas é importante que essa imagem fique no passado, porque a saída que eu vejo para a sociedade é a busca por um consumo ressignificado e com responsabilidade. E neste contexto vamos descobrir que a roupa de brechó na verdade carrega histórias maravilhosas, é uma roupa que possui um design emocional, você não vai achar outra peça igual. Então é um artigo raro que você está encontrando em uma prateleira. Além de tudo isso, ainda é um negócio muito inteligente do ponto de vista financeiro”, conclui Dávila. A economia pode chegar a 80% se comparada uma compra em brechó com as compras tradicionais. É UM NICHO DE MERCADO, É BUSINESS E TENDÊNCIA GLOBAL Tendência nos grandes centros comerciais, já é possível encontrar em Vilas do Atlântico as boutiques brechós. A Amei Brechó, por exemplo, existe há dois anos e atende um público que não dispensa a oportunidade de estar na

moda, usar produtos de grife, pagando um preço justo. “A ideia da loja nasceu com Daniela Abreu, que sempre viajou muito e já curtia os brechós, mas sentia falta disso em Vilas do Atlântico. “Sempre amei a proposta, passei a ser consumidora e também fornecedora. Por razões pessoais Daniela foi morar no exterior e me ofereceu a loja, que estava começando a se consolidar junto ao público local e também de Salvador. Eu queria algo que fosse mais que consumo pelo consumo, que tivesse também a oferta de serviço, e visualizei isso no brechó, então assumi a loja tem um ano”, conta a empresária Nayara Floresta, que toca o brechó com o apoio da administradora Adriana Falcão. A maior parte dos produtos vendidos na Amei, são fornecidos pelas próprias clientes, que tem uma peça em casa que usou uma vez ou nunca usou, por vários motivos, e quer vender. “Fazemos uma triagem, a peça precisa estar limpa e sem avarias. Nossa proposta é ser esse facilitador de dois públicos: quem quer uma roupa de grife, quer estar na moda, pagando bem; e quem tem roupas em casa, em bom estado e quer vender”, frisa. Hoje o principal público da loja é formado por mulheres, de 25 a 35 anos, que querem estar na moda, sem gastar mais que o justo. “De uma forma geral, os brechós se tornaram uma tendência mundial, com três públicos bem fortes: o público da ideologia, que defende o

consumo consciente; o público da necessidade, fruto da crise econômica; e o público de garimpo, que passa na loja mais de uma vez por semana”, destaca. Mas apesar da popularização do tema, Nayara percebe que ainda existe uma resistência, fruto até de uma cultura de preconceito, de que quem usa uma roupa de brechó é uma pessoa carente. “Percebemos também uma estranheza do público mais conservador. ‘Nossa, aqui é um brechó? Mas parece uma boutique’. Então precisamos explicar que sim, somos uma boutique, com produtos de brechó”, conta. Olhando de forma ampla para o mercado, Nayara destaca que existem muitas oportunidades que ainda podem ser exploradas seguindo a tendência do consumo consciente, até porque o público de brechó já entende que não se trata de ‘mercado de pulgas’, onde se leva tudo de graça. “Você vai garimpar peças de qualidade, muitas vezes de grife. E isso é um negócio e precisa se pagar. Tem muitas oportunidades para serem exploradas, que já vejo consolidadas em outros lugares, como em São Paulo, Curitiba ou Belo Horizonte. Por exemplo, temos muita dificuldade de encontrar um lugar onde podemos nos desfazer de móveis; ‘quero trocar o rack da minha sala. Vou botar isso onde?’. Então vão ter grupos de WhatsApp, talvez um evento de garagem, mas algo muito insignificante. Uma loja nesse segmento seria ideal, atende um público de uma mente aberta, disposta a identificar oportunidades”, frisa. “O consumo consciente, compartilhado, mexe com o meio ambiente e com a economia. Com o passar dos tempos não será mais uma tendência, mas sim um mote; os impactos ambientais do consumo desenfreado são visíveis, e logo não teremos mais de onde tirar recursos. Então isso aqui é real. Precisamos sair da lógica do ter bens para consumir os serviços, e isso vale para móveis, roupas, transportes, enfim”, conclui a empresária. Continua na página 34 u

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q MODA

u Continuação da página 33

Consumo, Consciência e Solidariedade

Parte das peças do brechó do Rotary são pontas de estoque doadas por empresas. Abaixo, uma das edições da Feira do Livro em 2018

A

s feiras e bazares são boas formas de estimular o consumo consciente, pois conseguem associar a aquisição de um produto com o ato de ajuda ao próximo. É assim, por exemplo, com os brechós e feiras de livros, realizados pelo Núcleo de Senhoras do Rotary Club Lauro de Freitas. O brechó mais recente aconteceu de 8 a 11 de maio, e segundo Mariana Ramos Martins, coordenadora da ação social, essas atividades são as principais fontes de arrecadação de fundos, que são destinados a ações sociais. “No caso do brechó, recolhemos doações ao longo do ano, selecionamos peças novas, temos parcerias com algumas empresas que contribuem com a doação de pontas de estoque, e também peças semi novas, com excelente qualidade e marcas conhecidas. Nos preparamos para o brechó: a equipe ajuda o cliente, busca entender o perfil da pessoa, ajuda no garimpo das peças e todos saem bem satisfeito. É um trabalho que fazemos por amor”, conta. O brechó é realizado duas vezes por ano – em maio e novembro –, e o resultado tem sido muito positivo. “Conseguimos, nos últimos anos, ajudar na reforma da escola Rotary, no Quingoma, construir um parquinho para as crianças, ajudar na aquisição do mobiliário, como carteiras e mesas, e o objetivo dessa edição de maio é a aquisição de uniformes e chinelos para as crianças”, frisa Mariana. A próxima ação social do Núcleo será a Feira do Livro, que acontece dias 4, 5 e 6 deste mês, na Unime. “Na feira do livro destaco dois pontos bem positivos: o primeira é fazer aquele livro circular, dando oportunidade para que outras pessoas o leiam - nem todos podem comprar um livro por R$60 ou R$70, mas pode comprar por R$5 na Feira do Livro do Rotary Club Lauro de Freitas. O outro ponto positgivo é a certeza de estar ajudando muitas pessoas e saber para onde e como aquele dinheiro será empregado”, conclui.

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Acidente em Bangladesh revela lado obscuro da indústria de roupas

E

m 2013 aconteceu em Dhaka, capital de Bangladesh, o maior acidente da história da indústria têxtil. O edifício Rana Plaza, que abrigava uma fábrica onde eram produzidas roupas para grandes marcas de fast fashions ocidentais, desabou, deixando mais de mil mortos e dois mil feridos. Vale destacar que as leis trabalhistas em Bangladesh não são tão rígidas, possibilitando rotinas de trabalho exaustivas com remuneração insignificante. Esse acidente faz surgir em Londres o movimento Fashion Revolution que busca a reflexão social sobre os caminhos que o produto percorre até chegar na mão do consumidor. A proposta é que cada usuário se questione ‘Quem fez as minhas roupas’, na busca por entender como aquela peça foi feita, por quem e quais condições de trabalho. E a participação ativa dos consumidores têm estimulado empresas a tratar o assunto de forma mais transparente. Para mais informações sobre o movimento Fashion Revolution, acesse www. fashionrevolution.org ou siga no Instagram/ fash_rev_brasil. Sobre o acidente em Blangadesh, a história é retratada no documentário francês “The True Cost“, que aborda de forma ampla os impactos da indústria da moda na sociedade.


Raymundo Dantas

Escritor e palestrante, especializado em Marketing no Varejo, com Mestrado na Espanha. raymundo_dantas@uol.com.br

Você sabe por que não vende?

H

á uma queixa que tenho ouvido com muita frequência no varejo: “As vendas estão fracas. Os esforços que já fiz para levantar as vendas não têm dado resultado. O preço está mais que baixo, já aceitamos cartões de crédito e pagamento até 10 vezes sem juros, a publicidade rola solta; enfim, tudo o que se podia fazer para atrair o cliente eu já fiz. E no entanto a coisa não melhora. O que é que eu faço agora?” Na verdade “a coisa” é muito complexa. Tem muito preço aí que, se abaixar mais vai ficar de cócoras (e a firma “de quatro”). Crédito sempre foi uma forma de exercitar a falta de juízo, mas hoje o consumidor nem aguenta mais pagar a crédito. Volume de propaganda, em alguns casos, já está até sendo dinheiro jogado fora. De fato, o setor de varejo, entrou em parafuso depois da festinha do “crescimento da classe média”. Passada a bolha do aumento de poder aquisitivo das classes trabalhadoras, veio

o endividamento real dessa população, e entramos nesse redemoinho de soluções desesperadas que apenas aumentaram os problemas em médio prazo. Mas não vamos nos iludir. Tem muita gente aí que já voltou a ganhar bastante dinheiro. Há lojas e redes que estão aumentando o faturamento. Então, é sinal de que há jeito de se sobreviver bem a essas fases difíceis. O que fazer então? Qual é o segredo? Todos os recursos de alavancagem de vendas estão diretamente ligados à satisfação do consumidor. O caminho é, e será sempre esse: é preciso que o nosso cliente se sinta recompensado em comprar na nossa loja. Em outras palavras, ele precisa estar certo de que leva vantagens em preferir comprar onde compra. Temos apenas que oferecer essas vantagens que ele quer ter. Simples, não é? Mas é necessário que haja um diferencial competitivo nessas vantagens que estabelecemos. Se todos os concorrentes já oferecem determinado serviço, aí não existe mais diferencial, nem competição. Por outro lado, não basta ser uma van-

tagem provisória, do tipo oferta, ou promoção. Para fidelizar o cliente, as vantagens oferecidas precisam ser de caráter permanente, algo que ele vá encontrar sempre ali. Você acha que a sua loja oferece aos seus clientes alguns tipos de vantagens assim? Essas vantagens podem estar na localização, no atendimento, nos produtos, nos preços, na informação, na limpeza, em tanta coisa! Mas é preciso que sejam vantagens que só você ofereça e ofereça permanentemente ao seu público alvo! Vamos fazer um teste rápido. Pense um pouco e diga com segurança cinco vantagens que seu cliente leva quando compra na sua loja. Aliás, não precisa pensar em cinco. Pense em três: as três grandes vantagens que levariam o cliente a preferir sua loja, em vez de qualquer outra. Se depois de cinco minutos, você conseguiu sua lista, mas suas vendas, mesmo assim, estão fracas, então seu cliente ainda não percebeu as vantagens. Seu problema é de comunicação. Se entretanto, a lista não saiu, se você não consegue encontrar ao menos três vantagens para o consumidor no seu negócio, então não se queixe mais da vida. Você sabe porque não vende! Coloque a cabeça para funcionar e ande rápido. São João está chegando e, se o balão não subir na sua loja, tudo pode acabar na fogueira!

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q MEMÓRIAS

IPITANGUENSES:

Contos, crônicas e histórias da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga

Capítulo 4:

Cadê as estrelas do céu? THIARA REGES Freelance para a Vilas Magazine

O

ser humano possui muitos encantos, pelo menos eu, com minha visão por vezes romântica até demais do mundo, encontro beleza sempre. Um dos exemplos está As marcas da idade, na nossa entrevistada do capítulo e de sabedoria, estão 4 do Memórias Ipitanguenses: no rosto sem nenhuma Dona Augustinha de Melo, ou vergonha, pela certeza simplesmente Dona Nenzinha. de ser uma pessoa Mulher, negra, sem estudos, 12 realizada filhos (alguns morreram logo após nascer), 36 netos, mais de 40 bisnetos, 2 tataranetos. No auge de seus 91 anos, ela carrega a certeza de ser uma pessoa realizada. O começo da vida não foi simples, foi difícil mesmo. Seu pai Manoel (que ninguém conhecia por esse nome, apenas como Jonico do Quingoma), e sua mãe Teodora, tiveram seis filhos. Trabalho, naquela época, só em roça ou casa de farinha. Quando Nenzinha completou 10 anos sua mãe faleceu, sendo então criada pela avó Andressa de Melo, para quem ela desenvolveu mais que amor, admiração. “Minha bisavó foi escrava, no engenho. Minha avó Andressa, não alcançou mais o engenho, mas era quem contava esses causos pra gente. Isso aqui tudo era mato. Casas, era uma aqui, outra ali; a nossa era de palha. Não tinha muito o que minha avó me ensinar, apenas cuidar da casa, lavar uma roupa, botar um feijão no fogo. Me lembro que eu achava muito ruim ter

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que ir na fonte lavar roupa, mas hoje percebo que época boa mesmo era aquela”, fala com tom de saudade. Da infância se lembra que era um misto de ajudar em casa e aproveitar os momentos de diversão, que toda criança inventa. “Não tinha escola, então o que tinha para fazer era ir tomar banho na fonte, comer jaca verde e banana verde cozida. Até porque, comida estava tão difícil naquela época, e quando teve a guerra foi ainda pior”, conta. Mas a criança logo cedeu espaço à mulher. Casou-se com 20 anos. O noivo, Tomé, era ali mesmo da comunidade, tinha 26. “Namoro? hahahaha. Era ele lá, e eu cá. Ele foi meu primeiro namorado, com esse mesmo eu casei. Ele era seis anos mais velho que eu, aí fui falar com minha avó, e ela: ‘É minha fia, pote velho é que dá boa água’. E deu! Graças a Deus vivemos muito bem até o dia que Deus levou ele, e eu fiquei, já tem 25 anos”.


“Dizia para minha vó: ‘quando casar quero ter 12 filhos, quero a casa cheia de meninos e moças’. Tive 12 e nunca fiz um exame. A parteira era uma tia minha, Almerinda, que morreu com 115 anos. Não tinha pré-natal e nem nada disso. Mas também metade nascia, metade morria”. Dona Nenzinha conta que a vida a dois não é fácil, é preciso ouvir o outro e ceder. Mas ela sente que apesar das dificuldades foi muito feliz no casamento. “Quando casamos fomos morar em uma casa do tamanho de uma cozinha, de chão batido. Meu marido arrumava o que comer, e eu trabalhava para conseguir comprar umas roupas para os filhos. E foi assim, a gente sempre se ajudou, nunca gostei de ficar parada”. E quem a conhece sabe que é verdade. Da casa de farinha ela conhece cada passo, do plantar a mandioca ao fazer a farinha, aprendeu com a avó Andressa. Trabalhou na usina de farinha, da família Sá, por mais de um ano. “As mocinhas daqui trabalhavam todas lá. Tinha uma máquina para bater a mandioca e raspar, mas não deu jeito, porque quando batia muito a mandioca ficava roxa. Então tirou a máquina e colocou a gente para raspar a mandioca. Ia na segunda-feira só voltava no sábado. Recebia 5 mil réis por dia, dava 30 mil por semana. Esse dinheiro era para comprar roupa, coisas de casa, carne para a minha avó, carne seca para levar para o trabalho”, conta. “Meu primeiro emprego mesmo foi em casa de família, lá fiquei três anos. Aprendi a conhecer dinheiro, a conhecer número, aprendi a fazer conta, mas não aprendi a ler. A patroa labutou para me ensinar, mas não teve jeito. Trabalhei muito com enxada. Muito! Quando vou ao banco receber meu dinheirinho, precisa assinar. Mas assinar como? Meu lápis foi a enxada. Mas tá bom”. Nenzinha não tinha medo e nem vergonha de correr atrás do trabalho. “Saia daqui, andando, com balaio na cabeça para chegar na Valéria e pegar o carro para ir para Salvador. Andei muito com meus beijus pelo carro de João Expresso. Ia para o Largo do Tanque, mas saia mercando pela rua mesmo e vendia muito. O lugar onde mais eu vendia era na Liberdade. Levava as meninas comigo, levava Detinha e as outras meninas, mas elas tinham vergonha de mercar, mas eu não. ‘Óia o beiju, óia o beiju’”, conta aos risos. “Estou aqui com 91 anos, mas tenho uma disposição que a senhora nem imagina. Hoje moro só, e tem uma filha que vem dormir comigo. Mas já teve uma época que o povo dizia que minha casa era o Cortiço de Jordana, é que teve uma novela assim. 18 netos moravam comigo. Era um quilo de feijão por dia, 18 pratos de comida, e eu achava maravilhoso. No dia que tinha arroz, comia com arroz; quando não tinha, era com farinha. Quando tinha ovo, quebrava tudo na panela e mexia a farinha, todo mundo comia, e todo mundo era feliz”. “Me lembro ainda menina, um período muito difícil, passamos fome. E eu falei: meu Deus estou passando tudo isso agora, mas quando for velha eu terei tudo. E tenho! Meus netos não me deixam faltar nada. Os netos que eu criei saíram daqui de

Dona Nenzinha com a família e amigos, em foto de 2010 casa praticamente todos casados, consegui encaminhar todo mundo na vida. São a minha alegria”. Serena, ela conta que hoje acorda na hora que quer, faz suas coisinhas aos poucos, com a tranquilidade de quem deixa um legado de força. No auge de seus 91 anos, dona Nenzinha percebe que o mundo mudou, nem tudo para melhor, mas às vezes a única coisa que nos cabe é observar. “O mundo de antigamente era um, e o de hoje é outro. Eu não sou Cristã. Os meus filhos todos são, mas eu não. Sou a mesma coisa que minha avó. Aqui tinha muito terreiro, e quem ia para o terreiro também ia na igreja católica. Tinha festa de Santo Antônio, todo mundo estava na Igreja, tinha caruru, ia para o terreiro. Não tinha separação. Aqui também se chamava Santo Amaro de Ipitanga, não gostei quando mudou de nome. Era tudo muito diferente de hoje. Lembro que me sentava na porta aqui de casa com minha avó para ver as estrelas. Nas noites que não tinha a lua, o mundo era todo coberto de estrelas. Mas esses dias saio aqui para olhar, e agradeço a Deus quando consigo ver quatro estrelas. Está chegando os dias do fim, não tem mais estrela no mundo”. NOTA DA REPÓRTER Duas mulheres, ambas com suas origens no Quingoma, negras, beijuzeiras, mas com caminhos de vida tão diferentes. Dona Nenzinha, assim como Detinha (estrela do Capítulo 3), também ama o samba, as festas populares, mas o seu enredo de vida se concentrou na família. Um casamento descrito por ela como muito feliz, e os filhos, que lhe deram sua maior alegria: os netos. Não deixe de conferir mais detalhes dessa história. Acesse o QR Code. A coluna “Memórias Ipitanguenses: contos, crônicas e histórias da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga”, surge da parceria entre a revista Vilas Magazine e a Escola Municipal Ana Lúcia Magalhães, através da Secretaria Municipal de Educação. Participaram da produção deste capítulo: Augustinha de Melo, Gildete de Melo, Antonio Cláudio, Caíque Barbosa e Thiara Reges.

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q COMPORTAMENTO

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Viciados em celular Vício em celular pode ser comparado ao vício em drogas; por isso, especialistas alertam: use com moderação

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“Pior ainda é quando a comunicação de uma pessoa se resume ao celular” Wilton Neto, palestrante e mentor da área de desenvolvimento humano.

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ue não dá mais para desapegar do celular, isso todos já sabemos. Porém, especialistas alertam que o vício em celular pode ser comparado a outros tipos de dependência, como em drogas. Por isso, é preciso estar atento para não se prejudicar. Pesquisa internacional da consultoria Deloitte sobre o uso de dispositivos móveis (Global Mobile Consumer Survey), de 2018, mostra que o celular é o meio mais popular de acesso à internet (95%), bem à frente do computador (64%). Também revela que mais de 60% dos dois mil entrevistados no Brasil usam o smartphone para fins profissionais fora do horário de trabalho. Além disso, a distração com o aparelho durante o expediente ocorre com alguma ou muita frequência para 43% dos participantes, e 30% deles disseram não conseguir dormir no horário pretendido. Para Nelson Destro Fragoso, professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP), a pesquisa indica um cenário preocupante no Brasil conectado. “Todo vício pode reduzir o raciocínio e provocar irritabilidade, agressividade. É igual em todos os casos de dependência. As características são semelhantes, a diferença é que a sociedade tolera [o celular]. É preciso se cuidar.” Mario Louzã, psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, dá mais detalhes e traça paralelos entre o comportamento de quem usa drogas e o daqueles que não largam o celular. “O princípio de qualquer dependência é muito parecido, seja químico ou comportamental. Você tem desejo intenso de buscar aquilo. O segundo aspecto é a síndrome de abstinência. E o terceiro ponto é a tolerância. O uso contínuo faz a pessoa querer aumentar a dose para ter o mesmo efeito”, explica. A Organização Mundial da Saúde também entrou no assunto. Em maio, o órgão emitiu nota em que


recomenda que crianças de até cinco anos não fiquem mais de uma hora por dia em frente às telas. Para Wilton Neto, palestrante e mentor da área de desenvolvimento humano, o distanciamento social é outro sintoma das pessoas muito apegadas ao telefone. “É ruim se isolar e olhar o mundo lá fora através do aparelho. Pior ainda é quando a comunicação de uma pessoa se resume ao celular, mesmo que ela e outra estejam no mesmo ambiente. Isso é perigoso, pois há um rompimento de relações”, analisa o especialista. Ele conta que observou de perto um exemplo desse isolamento e suas consequências. “Uma mãe descobriu que a filha de 16 anos, que sofria bullying no colégio, procurou refúgio na internet para poder conversar sem ser julgada. Mas isso fez com que ela conhecesse um homem maior de idade que tentou convencê-la a fugir.” Hiperconectada, a modelo e empresária Renata Spallicci, 37 anos, trabalha com o celular e resolve tudo pelo aparelho – segundo ela, 80% das pendências do dia a dia são resolvidas por meio do WhatsApp. Ela se lembra da única vez em que teve de desapegar do “melhor amigo”. “Meu celular, uma vez, foi atropelado, mas sobreviveu. Em outra, uma onda quase o levou. Na terceira, vez ele caiu e apagou. Foi naquele dia que eu fiquei incomunicável.”

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VÍCIO DÁ SINAIS E TEM TRATAMENTO Quando o uso do celular começa a afetar outras atividades, é hora de buscar ajuda profissional. Segundo o psiquiatra Mario Louzã, o primeiro passo é admitir que existe um problema. “O tratamento é com psicoterapia, com análise”, afirma. De acordo com o profissional, é preciso saber distinguir o uso que deriva de uma necessidade real daquele que representa uma “necessidade fútil. Se você ia à academia e deixa de ir para ficar no celular, isso chama a atenção. É preciso buscar um profissional [psicólogo ou psiquiatra] para entender o problema, o grau dele”, explica. O médico lembra, ainda, que alguns aparelhos e aplicativos indicam quanto tempo o usuário gastou em uma rede social, por exemplo. De acordo com Cintia Rios, especialista em medicina funcional, o hábito de levar o celular para a cama é extremamente prejudicial à saúde física e mental. Ela recomenda largar o aparelho pelo menos uma hora antes de dormir, para dar tempo de o cérebro ‘desligar’. “Tomando esses pequenos cuidados, nossa qualidade de sono estará preservada e diminuiremos muito nossos níveis de estresse”, afirma. Leonardo Volpato / Folhapress.

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q DECORAÇÃO

SALVADOR SÁBADO 11/5/2019

Móveis de palha voltam a DESIGN Tendência entre as décadas de 50 e 70, mobiliários estão novamente em alta; ganhar destaque na decoração desta vez com um apelo mais orgânico, maioria é confeccionada com materiais naturais

Considerada como uma das faces do artesanato brasileiro, a palha aparece de formas bastante variadas no mobiliário do país, surgindo a partir de diversos materias, como malacca, lana-da-índia, folha de bananeira, junco, entre outros, e podendo ser encontrada numa infinidade de móveis e objetos decorativos. Podendo ser encaixada em qualquer cômodo, atualmente está longe de apenas representar aquela velha casa de fazenda. “Normalmente este tipo de palhinha você pode comprar pronta, no caso de cadeira, bufê, banco, ou pode mandar fazer”, explica a decoradora Fabiane Lucas Silva / Divulgação Lessa. “Hoje em dia, como está uma ten-

Móveis de palha voltam a ganhar destaque na decoração M DESIGN Tendência entre as décadas de 50 e 70, mobiliários estão novamente em alta; desta vez com um apelo mais orgânico, maioria é confeccionada com materiais naturais

uito comuns nas casas brasileiras por volta das décadas de 50 e 70, os móveis de palha foram perdendo espaço conforme as residências se modernizavam, apesar de terem continuado presente em casas

mais antigas, assim como no interior e em casas de praia/veraneio. Agora percebe-se um crescimento na demanda para esse tipo de móveis, com o apelo para o orgânico e materiais naturais integrando a decoração dos ambientes.

LUCAS SILVA / DIVULGAÇÃO

A decoradora Fabiane Lessa, além das cadeiras, usou luminária de palha que ela confeccionou com cesto comprado na Feira de São Joaquim

Fabiane Lessa, além das cadeiras, usou luminária de palha que ela confeccionou com cesto comprado na Feira de São Joaquim 40 | Vilas Magazine | Junho de 2019

Xico Diniz / Divulgação


Xico Diniz / Divulgação

Fabiane Lessa, além das cadeiras, usou luminária de palha que ela confeccionou com cesto comprado na Feira de São Joaquim

XICO DINIZ / DIVULGAÇÃO

Xico Diniz / Divulgação

A decoradora Tuvinha Papaleo intercalou a palha com outros materiais, como a madeira e o vidro, no projeto da sala de jantar

Adência decoradora intercalou a palha com outros materiais, como a madeira e o vidro, no projeto da sala de jantar muitoTuvinha forte a Papaleo voltar a decoração tenção um pouco maior, por existirem SAIBA MAIS SOBRE com estes materiais, tem marceneiros já mais chances de danificar, ao contrário da Xico Diniz / Divulgação DE PALHA Marcelo Negromonte / Divulgação MÓVEIS trabalhando com a palhinha, então é fácil sintética, que pode durar uma vida inteira de você achar para comprar e também e demanda de praticamente nenhuma MATERIAIS Muito versáteis e de fácil pode mandar fazer, dependendo da sua manutenção. manutenção, os móveis de palha podem necessidade”, acrescenta a profissional. Por conta do sentimento de nostalgia e aparecer de formas bastante variadas no Quanto à manutenção desse material, conforto, além do orgânico estar em alta, mobiliário brasileiro, produzido a partir não existe nenhum mistério. Na maioria muitas pessoas estão optando por agregar de diversos materiais, como malacca, das vezes um pano seco é suficiente para a palha aos ambientes mais modernos, lana-da-índia, folha de bananeira e junco, manter uma limpeza regular. “O que misturando-a com móveis mais contem- além da palha sintética acontece hoje é que você tem palhas porâneos, dando um toque de aconchego sintéticas, então é muito mais fácil de e rusticidade a mais ao local e deixando- MARCENARIA Com o crescimento na manter e muito mais duradouro”, lembra os mais leves e descontraídos, garante a busca por este tipo de móvel, muitos marceneiros passaram a trabalhar com Fabiane. decoradora Tuvinha Papaleo. este material, dando a opção de compráJá a palha natural, por ser um produto Gabriel Fraga, sob a supervisão da Avivo, decoradora Tuvinha Papaleo intercalou com outros materiais, a madeira e los o vidro, no projeto da sala de jantar prontos ou mandar fazer Cassandra Bartelócomo / Ag. ATarde. tem a tendência a ter uma manu-a palha jornalista Neste projeto, também de Fabiane Lessa, a palha está no aparador, nas cadeiras e até no teto da sala

Xico Diniz / Divulgação

Marcelo Negromonte / Divulgação

Tuvinha deu destaque para um móvel de estilo antigo

Tuvinha deu destaque para um móvel de estilo antigo

Neste projeto, também de Fabiane, a palha está no aparador, nas cadeiras e até no teto da sala

XICO DINIZ / DIVULGAÇÃO

SAIBA MAIS SOBRE MÓVEIS DE PALHA

MÓVEIS DE PALHA

MARCELO NEGROMONTE / DIVULGAÇÃO

decorativos. Podendo ser encai- muito mais fácil de manter e xada em qualquer cômodo, muito mais duradouro”, lembra Muito comuns nas casas braatualmente está longe de ape- Fabiane. Já a palha natural, por sileiras por volta das décadas nasrepresentaraquelavelhaca- ser um produto vivo, tem a tende 50 e 70, os móveis de palha sa de fazenda. dência a ter uma manutenção MATERIAIS Muito foram perdendo espaço con“Normalmente este tipo de um pouco maior, por existirem versáteis e de fácil forme as residências foram se manutenção, os móveis palhinha você pode comprar mais chances de danificar, ao modernizando, apesar de ter pronta, no caso de cadeira, contrário da sintética, que pode de palha podem continuado presente em casas bufê, banco, ou você pode durar uma vida inteira e deaparecer de formas mais antigas, assim como no mandar fazer”, explica a de- manda de praticamente nenhubastante variadas no interior e em casas de coradora Fabiane Lessa. “Hoje ma manutenção. mobiliário brasileiro, praia/veraneio. Agora perceem dia, como está uma ten- Tuvinha Pordeu conta do sentimento de produzido a partir de destaque para be-se crescimento naFabiane, dedênciae muito fortedaa sala voltar a umnostalgia conforto, diversos materiais, móvel de eestilo antigoalém do Neste um projeto, também de a palha está no aparador, nas cadeiras até no teto manda para móveis de palha, decoração com estes mateestarMagazine em alta,|muitas como malacca, Junho deorgânico 2019 | Vilas 41 com o apelo para o orgânico e riais, tem marceneiros já tra- pessoas estão optando por lana-da-índia, folha de materiais naturais integrando balhando com a palhinha, en- agregar a palha aos ambientes bananeira e junco, aGABRIEL decoração dos ambientes. maismais modernos, tão é fácilPodendo de vocêser achar decorativos. encai-pra muito fácil demisturando-a manter e além da palha sintética FRAGA* SAIBA MAIS SOBRE xada em equalquer duradouro”, lembra Considerada como uma das commais móveis mais contempocomprar também cômodo, pode man- muito GABRIEL FRAGA*


Rotary promove programa para jovens O Rotary Club Lauro de Freitas promoveu no final de semana de 10 a 12 de maio, uma ação do RYLA (Prêmios Rotários de Liderança Juvenil), programa intensivo de treinamento para jovens de 14 a 30 anos, que busca o aprimoramento do caráter e o desenvolvimento das habilidades de liderança, organizado por clubes de Rotary do mundo todo. Embora

os participantes do RYLA possam ser de qualquer faixa etária, a maioria dos eventos se concentra em estudantes do ensino médio, universitários e adultos e se constitui em uma opção para engajar jovens e lhes dar orientações profissionais para que se tornem líderes responsáveis. A ação contou com parceiros decisivos, como a Escola Acalento (que cedeu gentilmente o espaço), Colégio Perfil, GBarbosa, Mix Bahia, Supermercado

Depoimentos Fiquei extremamente feliz com essa oportunidade, e quero ressaltar que essa galera é muito top! Obrigado pelo feedback e pelo acolhimento de todos. A reciprocidade é gigantesca. Tenho certeza que foi uma experiência única. Eric Gaspar. Estou muito feliz pela oportunidade, pelos vínculos que tive e a oportunidade de criar, por todo o aprendizado. Meu muito obrigado a todos. Claudio Henrique Santos. Saudações galera! Mais uma vez obrigado ao Rotary e parceiros pela oportunidade e a todos vocês pela troca de conhecimento, interação, cuidado e experiência! Valeu muito a pena todo o esforço para estar presente e ter recordações

Dia Dia, São Jogue, Lagos Corretora de Seguros, Magic Clean - Produtos e Soluções em Sistemas de Higienização, Colégio Militar do Exército (emprestou os colchões) e Malibu Hotel. Os eventos RYLA tem como principais objetivos, demonstrar o respeito e a preocupação do Rotary com a juventude, capacitar os jovens a desenvolver o papel de líderes de maneira responsável e eficaz, incentivar a liderança contínua e significativa de jovens por outros jovens e homenagear publicamente jovens que prestam serviços voluntários à comunidade. maravilhosas! Acácio Miranda Foi incrível! Adorei! Valeu a pena cada segundo, cada pingo de chuva e atravessar as ruas alagadas. Agradeço e parabenizo todos os integrantes do Rotary por esse evento sensacional e enriquecedor. Com certeza saí com uma perspectiva diferente de muitas coisas na minha vida, comparado como quando entrei e que levarei para o resto da vida. Adoreeeeei a interação. Vocês são show. Valesca Foi show! Muito obrigado a todos, pela oportunidade e por fazerem do seminário o sucesso que foi e o grande aprendizado que nos trouxe. Muita gratidão. Artur Reis Obrigado pela oportunidade e aprendizado. Alexandre Veloso. Vocês são pessoas incríveis! Adorei conhecer cada um e adorei a interação do grupo. O aproveitamento do evento foi sensacional. Muito obrigado por tudo. Gabriele Gostei muito do evento, tanto a organização quanto a energia da galera. Parabéns Rotary e todos os envolvidos na ação. Muito sucesso para todos. Evertin Azevedo Obrigada por esse dois dias de integração e aprendizado. Amália Carapiá

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Foi maravilhosa e enriquecedora a experiência, fiquei emocionada com todo empenho da equipe Rotary. Meu sincero agradecimento. Loreta Rios.

e com certeza, antes de julgar o próximo, nos colocarmos no lugar dele. Muito obrigado pela experiência fantástica e #RotaryéVida. Eric Gaspar.

Grato por cada segundo, por cada suspiro de inspiração por nos proporcionar a oportunidade de sermos pessoas diferentes, pessoas que se preocupam com o outro, deixando de lado nossos anseios e desejos, em prol de uma causa maior. Tenho certeza de que a semente foi plantada em muitos e em alguns ela já está florescendo e já já poderá ser colhida. Enfim... Fui tudo maravilhoso e proveitoso. Elielton Lago. Foi muito bom passar o final de semana com vocês, todo o aprendizado que recebemos, a interação com pessoas novas, o local em si muito lindo também. Obrigada a todos que participaram organizando esse evento para nós e obrigada pela companhia de todos que estiveram presentes. Já estou até com saudades. Laiana Novaes.

Parabenizo todos os integrantes do Rotary Club Lauro de Freitas, em especial o Gilberto, que juntamente com o presidente Marivaldo Paixão, proporcionaram esse evento maravilhoso. Parabéns aos palestrantes. Não posso deixar de citar o Caio Ribeiro, por abraçar sempre as boas causas do Rotaract. E em especial, uma salva de palmas para todos, que enfrentando todas as dificuldades, foram até o fim. Adriana Lucena.

Sou suspeita em falar do Rotary. Mesmo conhecendo de modo superficial, nos últimos dias tive a oportunidade de conhecer a magnitude do altruísmo que envolve este clube de serviços. Muitos foram em busca de construção, outros de desconstrução e o objetivo final foi alcançado, que foi de entender que através do nosso conhecimento seremos multiplicadores. Obrigada por essa carga de cometimento, obrigada por cada amizade conquistada, obrigada por me receberem tão bem. Adriele Pires. Campeão! Esse evento maravilhoso trouxe muita luz a todos que participaram. Me sinto extremamente grato por ter conhecido o Rotary e o Ryla. Me identifiquei bastante com a causa. Pretendo me conectar com o grupo cada vez mais e ajudar a comunidade. Assim como Caio, o palestrante, mencionou sobre a dívida, me sinto no mesmo barco, em dívida para com vocês. Portanto, com os melhores cumprimentos, do fundo do meu coração, muitíssimo obrigado! Que Deus abençoe a todos. Rodrigo Pedral. Companheiro Valdemar, o conceito que o Rotary passou para todos nós é de uma magnitude imensurável. Garanto que todos saímos com mais conhecimento pessoal, estrutural e profissional, mas acima de tudo saimos mais humanos e dispostos a rever conceitos,

Muito emocionado com tudo que li aqui, não tenho palavras. A reciprocidade é gigantesca, tenho certeza que foi uma experiência ímpar pra todos. Gilberto. Rotary Club Lauro de Freitas Parabéns pelo carinho e a dedicação da equipe desses abnegados companheiros, sob a coordenação do companheiro Gilberto. Marivaldo Paixão, presidente do Rotary Club Lauro de Freitas. Parabéns, rotarianos, estudantes, palestrantes e todos os que participaram ou colaboraram com o evento! Nosso RYLA foi um sucesso! Tenho certeza de que todos estão sentindo um gostinho de quero mais. Mayra Sesti Paz. Rotary Club Lauro de Freitas. Quero deixar registrado minha grande satisfação e felicidade pelo resultado alcançado no RYLA. Grandes dificuldades, barreiras e imprevistos foram ultrapassadas, e não desanimamos. O resultado está aí, com grande feedback dos participantes. Quero também salientar o grande esforço do companheiro Gilberto, que em momento nenhum desanimou. Parabéns companheiro Gilberto, parabéns Rotary, esse é o nosso papel, “fazer o bem, sem olhar a quem”. Valdemar Leal. Rotary Club Lauro de Freitas. Aproveito para parabenizar a todos vocês pela garra, empenho e coragem para fazer a diferença. Nós, do Rotary, estamos muito felizes pelo grupo que participou do Ryla, da postura, educação, interesse, espírito de cooperação, vontade de fazer mudanças, vontade de aprender. Parabéns a todos da organização, da cozinha, da segurança, da limpeza, palestrantes e participantes. Ana Cristina Andrade. Rotary Club Lauro de Freitas.

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q VIVER BEM

Técnicas de relaxamento ajudam a dormir mais rápido e melhor

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ara muitos, pegar no sono à noite é uma tarefa árdua. Mesmo cansada, a pessoa tem dificuldades de dormir. E uma noite mal dormida afeta o comportamento humano ao longo do dia. Nos anos 1980, o treinador americano Lloyd Bud Winter criou uma técnica que promete fazer a pessoa pegar no sono em apenas dois minutos. Em resumo, o processo indica que

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o relaxamento é o principal ponto para apagar. “O treinador sugere técnicas de relaxamento, o que, sem dúvida, pode ajudar a adormecer”, diz a bióloga Cláudia Moreno, vice-presidente da Associação Brasileira do Sono. “As técnicas de relaxamento são úteis a todos. É importante perceber que o cansaço ou fadiga podem atrapalhar o início do sono”, completa. Segundo o neurologista Fabio Porto, o

tempo para dormir varia de pessoa para pessoa, e também de como ela está se sentindo no momento. “Caso a pessoa não esteja com sono, ela terá um tempo um pouco maior para dormir. Mas, se está muito cansada, ela dorme quase que instantaneamente”, diz. Uma demora de mais de 30 minutos para dormir, em uma sequência de dias, já é um sinal que o indivíduo está sofrendo de insônia. “Se o sono está fragmentado, tem sonolência diurna, pouca energia, irritabilidade e demora mais de 30 minutos para começar a dormir, e esses fatores se repetem pelo menos três vezes por semana durante um mês, é a insônia se


manifestando como um transtorno”, diz Andrea Bacelar, médica neurologista e presidente da Associação Brasileira do Sono. E o estresse é o vilão. “Um estresse emocional, ou um problema profissional ou familiar, qualquer um desses fatores pode afetar o sono e pode potencializar a insônia”, diz a neurologista Rosana Cardoso Alves, da Associação Brasileira do Sono. LUZ DO CELULAR INTERFERE DIRETO NO SONO O telefone celular se tornou um problemão para quem tem dificuldades para dormir. Aquela olhadinha de alguns minutos no aparelho quando já está na cama acaba interferindo no sono. “A luz do celular tem um espectro azul. Ele é o que mais reduz a melatonina, que é o hormônio que indica ao cérebro que é hora de dormir. A luz vai atrapalhar a produção desse hormônio”, diz Fabio Porto. Emerson Vicente / Folhapress.

Dormir a mais para compensar o sono perdido não é saudável

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m hábito comum é dormir mais horas aos sábados e domingos, para compensar o tempo de sono perdido durante a semana. Mas mesmo com as horas a mais de sono, o corpo continua cansado e a disposição demora a surgir. Essa sensação é conhecida popularmente como ressaca do sono, porque, mesmo após mais horas dormidas, o corpo segue debilitado, como um mal-estar após uma noitada de bebedeira. “Não existe a ressaca do sono, mas é um termo que define essa sensação de fadiga, após privação Continua na página 46 u

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q VIVER BEM

u Continuação da página 45

do sono. Compensar essas horas perdidas de descanso no fim de semana, dormindo mais que o normal, não é saudável”, diz Luciano Ribeiro, neurologista e ex-presidente da Associação Brasileira do Sono. O especialista usa uma metáfora para explicar a ressaca do sono. “É a mesma coisa que uma pessoa que fica de jejum a semana inteira, e no sábado come três feijoadas”. De acordo com o neurologista Fabio Porto, o sono é uma necessidade fisiológica. “Para termos uma noite reparadora, é preciso entrar em estado profundo de sono. Para isso, é preciso dormir com regularidade, ou seja, no mesmo horário, o mesmo número de horas, em ambiente escuro e silencioso. Quem dorme pouco, não atinge esse ciclo”, afirma o especialista. O número de horas para ter uma noite ideal e reparadora de sono depende de cada pessoa. “No geral, os adultos dormem de sete a oito horas por noite e conseguem descansar. Há quem durma mais, ou menos, e não sente fadiga. Mas esses hábitos podem trazer problemas mais graves de saúde, se forem constantes”, afirma Ribeiro. “Entre eles, problemas cardíacos, diabetes, obesidade e até câncer de mama.” RONCAR É SINAL DE NOITE MAL DORMIDA Os problemas para dormir estão ligados, também, à apneia do sono (ronco). “‘Quanto mais durmo, mais acordo cansado’. É assim que muitos pacientes com apneia definem suas noites de sono”, afirma o neurologista Luciano Ribeiro. Quando alguém ronca, os músculos da garganta relaxam e as vias respiratórias se fecham, o que interfere e impede a respiração adequada, explica. “Quem tem esse problema acaba apresentando cansaço e sonolência ao longo do dia seguinte.” Tatiana Cavalcanti / Folhapress.

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Repousar mais que oito horas pode causar cansaço e irritação. Insônia tende a trazer problemas graves


Jaime de Moura Ferreira Ad­mi­nistrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, ambientalista, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. jaimoufer@hotmail.com

A

lgumas pessoas gostam de praticar o altruísmo, quer seja para outros que estão ao seu redor, ou em volta do mundo, objetivando, tão somente, seus interesses pessoais exagerados. Nota-se um exclusivismo desnorteado, pois essas pessoas colocam-se no centro do universo e acham que os humanos foram criados para elas, acreditando ser as mais importantes dos seres. Essa situação, que prioriza a si mesmo, é denominada de egoísmo. Esse sentimento surge de duas maneiras diferentes: desprezo do trabalho e seu potencial e querer mostrar ser mais conhecedoras que as outras, sobre um determinado assunto. Essas posições demonstram o egocentrismo, ou seja, o embalo do seu ‘ego’. Sem dúvidas, é uma característica negativa da personalidade humana. Pode até ser um hábito adquirido. A criança, naturalmente, tem sua passagem egocêntrica, pois naquele momento não conhece essa expressão, tão indigna, nem o orgulho e a presunção. Apenas, nesse instante, surge a razão de absorver tudo e todos. Cabe aos seus pais, se tiverem condição, educá-la. Mas, o egoísmo ocorre, também, por uma pessoa ter inveja de outra e aquilo que ela faz lhe traz uma motivação interesseira. Nesse caso,

Egoísmo o avanço dos outros lhe corrói a alma. Os seres humanos egoístas se sentem mal quando o sucesso dos outros não lhe traz benefícios. Talvez a própria sociedade seja culpada, na sua evolução e, consequentemente, os seres humanos, pois inicialmente, quando um dependia do outro, o altruísmo era mais praticado. No entanto, com o progresso das ideias, o humano foi se mostrando vaidoso pelo que fazia, e deixou de ajudar aos demais, por considerar um merecedor de tudo. Assim, entendia que o sucesso estava sempre ao seu lado e não lhe permitia mudar de intenção. Para alguns, não ter esse sentimento indigesto, está diretamente ligado à libertação do corpo, porém, a maioria, não pratica o altruísmo por considerar seu custo elevado ou mostrar fraqueza. Parece-me que esse assunto vem à baila quando o ser humano não quer escutar os que não concordam com ele. Pior é quando os egoístas criticam os honestos pelas costas e se acham os melhores. Identifica-se a falta de humildade, pois eles querem engrandecer suas conquistas, por menores que sejam. Quando seu projeto não dá certo, procuram uma saída de emergência. A maior parte dos políticos conserva esses valores.

Existe o egoísmo entre as pessoas de grupos sociais. É lamentável. Ou têm baixa consciência emocional, ou sentem medo de arriscar, demonstrando não assumirem suas ações e ficam, permanentemente, dependendo dos demais. Esses são os narcisistas ou egocentristas. Existe a dificuldade para compreender os outros. De acordo com a religião, ao nascermos, assinamos um contrato com o Criador que será o termo orientador de nossa vida, porém, o Grande Deus nos faz esquecer. E nos apresenta o ‘livre arbítrio’, que significa a oportunidade de escolha. Existem apenas dois caminhos: o do ‘bem’ e o do ‘mal’, incluindo neste o egoísmo. No entanto, existe o ‘contrato social, que é o pensamento da sociedade. O ser humano faz parte dessa sociedade, portanto, muitas vezes, sabe que está errado, ao praticar o egoísmo. Porém, os honestos e os cumpridores de seus deveres são tratados, pelos egoístas, como ‘cartas fora do baralho’. Não importa que esse maldito sentimento esteja prejudicando àqueles que o praticam. Por essa razão é que tem multiplicado o egoísmo, a ambição desvairada, o ciúme e tantos outros males da alma. “O egoísmo é a praga da sociedade”.

NOTA NOVO QUER ATRAIR FILIADOS PARA 2020 O Novo, partido que estreou nas eleições do ano passado, precisa filiar 150 pessoas em Lauro de Freitas para viabilizar candidaturas locais no pleito municipal do ano que vem. No Novo, são os filiados que mantêm as despesas do partido, inclusive nas campanhas. Sem eles, nem o diretório municipal se mantém. Por isso, alguns voluntários estão realizando todos os meses apresentações e outras ações de divulgação.

Segundo Vitor Rezende, coordenador do partido em Lauro de Freitas, esses eventos não são espaço de campanha eleitoral. “Estamos convidando as pessoas que queiram, sem nenhum compromisso, conhecer a forma democrática e aberta de fazer a nova política, apresentar as nossas ideias para Lauro de Freitas”, afirma. A próxima apresentação do partido estava marcada para o dia 6 de junho, às 19h30, no auditório do Hotel Malibu Plaza, em Vilas do Atlântico.

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