Vilas Magazine | Ed 246 | Julho de 2019 | 32 mil exemplares

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A Revista de Lauro de Freitas e Região

Ano 21 Edição 246| Julho 2019

SANTA DULCE DOS POBRES NAS VÉSPERAS DA CANONIZAÇÃO, MOBILIZAÇÃO DE CLUBES DE ROTARY DO BRASIL E EXTERIOR VIABILIZA 11ª SALA DE CIRURGIA NAS OSID


CENAS DA CIDADE TRADIÇÃO Embora a cidade ainda esteja em estado de emergência, por conta dos danos causados pelas fortes chuvas do mês de maio, manifestações culturais de Lauro de Freitas saíram pelas principais ruas do Centro mantendo vivo o clima de São João. Eventos organizados por movimentadores culturais da cidade tiveram o apoio municipal. O grupo Cangaceiros de Ipitanga q, idealizado pelo vereador Edivaldo Palhaço, um dos movimentos mais tradicionais da cidade, abordou este ano o tema “O Cangaço Conta a História do Povo Ipitanguense”, uma homenagem às grandes personalidades do município. Mascotes homenagearam palhaços do grupo Amendoim e sua turma, além dos seguidores do bloco junino. Da rua São Jorge, o grupo foi até a Concha Acústica, local onde foi montado uma “Vila do Cangaço” para comercialização de produtos e encerramento com o show de Isaías Sampaio. O Arrasta Jegue p, com 18 anos de manifestação popular, liderado pelo ex-vereador Zé Augusto, arrastou uma multidão vestida de camisas branco e rosa, homenageando mestres de cultura popular da região. O cantor Igor Cerqueira e Pincel e Banda comandaram o trio que desfilou pelas principais ruas do Centro. Para fechar o período junino, no domingo 30, o grupo Bicho de Pé arrastou integrantes e simpatizantes na zona zona rural de Quingoma.

A revista de Lauro de Freitas & Região

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Publicação mensal de propriedade da EDITAR - Editora Accioli Ramos Ltda. Rua Praia do Quebra Coco, 33. Vilas do Atlântico. Lauro de Freitas. Bahia. CEP 42708-790. Tels.: 0xx71/3379-2439 / 3379-2206 / 3379-4377. Diretor-Editor: Carlos Accioli Ramos (diretoria@vilasmagazine.com.br). Dire­to­ra: Tânia Ga­zi­neo Accioli Ramos. Gerente de Negócios: Álvaro Accioli Ramos (comercial@vilasmagazine.com.br). Assistentes: Leandra Almeida e Vanessa Silva (comercial@ vilasmagazine.com.br). Gerente de Produção: Thiago Accioli Ramos. Assistente de Produção: Bruno Bizarri (freelancer). Administrativo/Financeiro: Miriã Morais Gazineo (financeiro@vilasmagazine.com.br). Distribuição: Álvaro Cézar Gazineo (responsável). Tratamento de imagens e CTP: Diego Machado. Redação: Thiara Reges (jornalista freelancer). Colaboradores: Jaime de Moura Ferreira e Raymundo Dantas (articulistas), . Tiragem desta edição: 30 mil exemplares. Im­pressão: Log & Print Gráfica e Logística S. A. (Vinhedo/SP).

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Registros & Notas

Rosa e Bernardo celebram os 25 anos do “filho mais novo”

Há 25 anos meus pais, resolveram empreender num negócio que mudaria nossas vidas. Minha amada mãe, Rosa Maria, mulher determinada, guerreira, apaixonante e extremamente competente, resolveu abrir uma escola de inglês e para isso, precisou do indispensável apoio financeiro e operacional do meu amado e admirável pai, Bernardo. Com essa sociedade, esse segundo casamento deles, nasceu a NumberOne Vilas do Atlântico no dia 25 de julho de 1994 e já se vão 25 anos! Nasceu meu “irmão” mais novo. Sou imensamente grato ao meu Deus Jeová, por ter me dado a vida e poder desfrutá-la junto dessa família que me enche de orgulho, família que é lastreada por seus valores morais e principalmente pelo o amor que nos move a buscar fazer a Tua vontade. Não poderia também deixar de agradecer ao meu amado irmão Bernardo, por também ter contribuído com seu trabalho e apoio durante essa jornada e à minha esposa, Rafaela, que por mais de 15 anos também me ajuda direta e indiretamente a tocar esse negócio que é “meu irmão” mais novo. ”Irmão” esse que ainda tem muito gás e está disposto a enfrentar os desafios inerentes ao mundo dos negócios. Somos gratos a todos colaboradores que por aqui passaram durante esses anos e sem eles nada seria possível, como também agradecemos à todos os nossos alunos que acreditaram e confiaram em nosso projeto, em especial à nossa ilustre e inesquecível aluna Lucy (in memoriam) que nos emprestou um quarto de sua casa por seis meses antes de abrirmos a escola. Minha mãe Rosa, fundadora e genitora dessa escola, deixou um legado para ser seguido. Você é e sempre será meu exemplo de professora! Estamos vivendo um novo momento, estamos renovando nosso business, mas nossa essência, essa jamais se perderá, nosso “care” com nossos alunos jamais deixará de existir. Enquanto tiver saúde e força, estarei disposto a tocar esse negócio que tanto no traz alegrias.

Renato Façanha Sampaio, sócio-diretor do NumberOne Vilas do Atlântico.

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A pedagoga Miriam Teles Von Hauenschild, diretora da Escola Acalento foi homenageada pelo Rotary Club Lauro de Freitas, em agradecimento pela sua parceria na realização de um evento rotário voltado para a juventude.

A médica veterinária Lais Mascarenhas acalenta no colo o primogênito, João Gabriel, clicados por Marcelo, marido e pai.


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Registros & Notas

CAMPEÕES A equipe do Centro de Artes Marciais AKTKD, de Lauro de Freitas, se sagrou campeã do 1º Open Amvox de Taekwondo – 3º AKTKD, realizado em junho. No 2º lugar ficou a equipe Orlando Jr, de Iguai; em 3º lugar, a equipe Power, de Salvador; e 4º lugar a Equipe elite Naja, de Camaçari. Receberam troféus de participação as equipes Associação Marcial, Associação Hwarangdo e a Equipe do Espírito Santo.

ROTARY O bacharel em Direito e Procurador de carreira do município de Lauro de Freitas Leandro Andrade Reis Santana é o novo presidente do Conselho do Rotary Club Lauro de Freitas. Com extensa carreira na área jurídica, foi Procurador Geral e Subprocurador Geral de Lauro de Freitas, ex-professor da Faculdade de Direito (2010), ex-Juiz Leigo do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (2011), ex-assessor jurídico da Bahia Pesca (Sociedade de Economia Mista do Estado da Bahia) entre outros cargos, Leandro assume o comando do Rotary para o ano rotário 2019-20 alicerçado pela sua atuação voluntária desde 2013, quando ingressou no clube de serviços. Na foto, Leandro e a esposa, Janine Mascarenhas.

INTERATIVIDADE Desde o mês de junho, estamos provocando nossos leitores e a comunidade em geral com perguntas, no site e redes sociais, em quê Lauro de Freitas precisa melhorar, lembrando que dia 31 de julho se comemora os 57 anos de Emancipação Política do município. Infraestrutura, Espaços Públicos, Atenção às Pessoas, Meio Ambiente e Sustentabilidade figuram na enquete. No site, 25% dos leitores indicaram que a cidade precisa melhorar sua infraestrutura, e 75% opinaram que as outras opções também são carentes no município.

Siga a @VilasMagazine nas redes sociais e participe! @thayanechambers Todas as opções e mais um pouco @tupperware_salvador Todas as opções e faltou a área de saúde @golden_housesa Todas as opções e acima de tudo comprometimento dos políticos eleitos em trabalhar e minimizar a corrupção que assola o país para que o dinheiro arrecadado dos impostos seja investido para em prol da população. @suquinhaaa Todas as opções @maesautismo Todas as opções @bilikacastelo Todas as opções @coisasdemargo Tudo, primeiro infraestrutura, ruas com péssimo asfalto e muitos alagamentos @ValdiqueAlves A cidade carece de muitas coisas. A cidade tem um sistema de transporte muito desordenado, pontos de ônibus confusos, mistura de transportes alternativos, embolando com ônibus, carros. Uma desordem total. Bairros, como o Caji Caixa d’Água, com ruas prejudicadas por uma praça com entornos e rotatórias malfeitas, estreitas, sem espaço. Uma cidade onde 6 | Vilas Magazine | Julho de 2019

não existe zelo pelo meio ambiente, sem jardins, sem limpeza. O rio que atravessa a cidade, está imundo, cheio de detritos, vegetação agreste, lixo, mosquitos, fedentina. Etc. Ttc. @FilipeMiranda Toda as opções acima @CyniraSilva Todas as opções acima e mais segurança pública @MoemaFreitas Todas as alternativas @DailsonDaSilvaMartins Todas as opções acima @CarlaSilva Todas as alternativas acima @MayCavalcanteRecomecoPraCasar Todas as alternativas acima @AlineRocha Todas as alternativas, principalmente as que não estão disponíveis para escolher @LuizFidelisSarno Infelizmente em todas @SilviaBarreto Todas as alternativas @KaicyThaiane Todas as opções @BebelPires Todas as opções @NoemiRamosNeves Todas as opções. Nem dá pra comentar. Falta tudo, falta administração, etc. @CarlaAzevedo Todas as opções @MaylanaSouza Todas as opções @NairNevesBomfim Tirar o PT da administração, urgentemente @JilanaMaiaPedreira Todas as opções e mais um pouco! @RogérioPedreira A prefeita️ @MilenaMarques Todas as opções e mais um pouco. @MariaDasGraçasCatarino Todas as opções @AndersonSantos Todas as opções @AnamenezesMenezes Todas as opções @SoniaMonteiro Lamentavelmente Lauro de Freitas está ca­ da dia mais mal cuidada, carece de tudo, principalmente de políticos honestos


Parque Shopping Bahia terá CT Premium da PSG Academy

PEDRO MARTINS

A Paris Saint-Germain Academy Brasil vai inaugurar em novembro um megacomplexo esportivo dentro do Parque Shopping Bahia, por sua vez o maior complexo multiuso em desenvolvimento no Brasil. O projeto é inédito no país. A partir da esq.: Daniel Dias e João Carlos (PSG), Marcos Brito, Roberto O CT (Centro de Treinamento) PSG Academy Batista, Anderson Águia e Edmilson Silva, do Parque Shopping Bahia ficará localizado no quarto andar do Parque Shopping Bahia e contará com uma das melhores esOutro ponto que chama a atenção neste projeto inovador truturas do país. O complexo terá quatro campos oficiais de Fut7 (modalidade de futebol 7), um campo oficial de Fut11, é a vinda do Team Águia Footvolley, academia de Footvolley do arquibancadas para o público, auditório com 40 lugares, atleta profissional Anderson Águia. Um dos ícones do esporte espaço de co-working voltado aos pais dos alunos, quatro mundial, Anderson carrega em seu currículo quatro títulos mundiais, seis títulos brasileiros e mais de 30 títulos cariocas, vestiários de luxo e lanchonetes, entre outras novidades. O aluno que treina na PSG Academy, além de aprender a além de diversos títulos conquistados em todo o mundo. O Team Águia Footvolley contará com seis quadras jogar futebol de acordo com a metodologia PSG, vive experiências únicas com viagens esportivas que só a rede PSG Academy oficiais da modalidade, onde serão ministradas aulas com proporciona. Competições exclusivas em estádios brasileiros o campeão e sua qualificada equipe, além de receber aulas FIFA, competições na Disney, em Paris, França e em outros e eventos de outras modalidades como o beachtennis e o vôlei de praia. países da Europa são algumas das exclusividades da unidade. “Estamos falando de um complexo esportivo que será Em 2018 a PSG Academy Brasil realizou um campeonato no Maracanã, no Rio de Janeiro, onde a unidade Vilas do referência no país, pois teremos a força da marca PSG AcaAtlântico faturou seis títulos. “Foi um sonho realizado de demy, escola oficial do clube Paris Saint-Germain, a Team todos os alunos e, principalmente dos pais, pois foi uma Águia Footvooley, referência no esporte atualmente junto sensação única ver o seu filho fazendo um gol no maior palco ao glamour do maior complexo multiuso do Brasil, o Parque Shopping Bahia”, disse João Carlos Costa da Silva, diretor da do futebol mundial”, lembra João Carlos. PSG Academy na Bahia. Para ele, “não existe cenário mais adequado à família do que um complexo dentro do Parque Shopping, pois enquanto seu filho treina na PSG Academy, os responsáveis podem trabalhar em nosso espaço co-working, passear ou tomar um café pelo shopping e até mesmo resolver coisas do seu cotidiano na ala de serviços”. De acordo com o empresário, “os alunos da nossa unidade atual, localizada em Vilas do Atlântico, já estão programando as sessões de cinema em grupo após o treino quando estivermos no Parque Shopping”. A unidade da PSG Academy localizada na avenida Luis Tarquínio será transferida para o Parque Shopping Bahia. Alunos da Paris Saint-Germain Academy Brasil de Vilas do Atlântico no Maracanã, Rio de Janeiro Julho de 2019 | Vilas Magazine | 7


q CIDADE

Estação Aeroporto continua longe da meta de 6 mil passageiros/hora

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“metrô Salvador-Lauro de Freitas” completou em junho cinco anos de inaugurado sem ter ainda passado do Aeroporto. De acordo com o governo, a estação mais próxima da cidade já é a terceira com maior número de embarques diários, atrás das estações Lapa e Pirajá. Rodoviária, Acesso

Norte, Mussurunga e Imbuí têm menos embarques que a estação Aeroporto. Números da CCR Metrô Bahia, concessionária do sistema, mostram um aumento progressivo do movimento no Aeroporto nos horários das 7h às 8h e das 17h às 18h. Pela manhã, o volume máximo dos últimos seis meses foi registrado

em junho, com 4.343 embarques. À tarde, também em junho, o recorde é de 4.122. Apesar do desempenho, a estação ainda está longe de registrar seis mil passageiros por hora-pico durante seis meses – pré-condição contratual para se pensar na construção da estação Lauro de

ESTAÇÃO AEROPORTO: Escala do movimento é pré-condição para construir a Estação Lauro de Freitas ALBERTO COUTINHO

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Freitas, prevista para o Km 3,5 da antiga Estrada do Coco, avenida Santos Dumont, onde está em edificação o Parque Shopping Bahia. A média de embarques no último semestre ficou em 3.997 pela manhã e 3.697 à tarde. No conjunto das 20 estações, 370 mil passageiros são embarcados todos os dias, o que coloca a Bahia no terceiro lugar em viagens sobre trilhos no Brasil. O sistema metroviário passou a ser gerido pelo governo da Bahia em 2013, sendo inaugurado um ano depois. Desde 11 de junho de 2014, o modal já transportou mais de 200 milhões de passageiros. De lá pra cá, o metrô se tornou uma referência internacional e uma realidade que mudou a vida dos baianos. No total, mais de 700 mil viagens foram realizadas e mais de 8,5 milhões de quilômetros percorridos – o que corresponde a 214 voltas ao planeta. Dos sete quilômetros iniciais de 2014,

o metrô conta atualmente com duas linhas, 33 quilômetros, 20 estações e oito terminais de integração com ônibus, sendo sete deles administrados pela própria CCR Metrô Bahia, que tem a concessão para operar o sistema por um período de 30 anos. A frota de 40 trens tem capacidade de transportar mil passageiros por viagem. Atualmente, 35 composições estão em operação nos horários de pico. Nos dias úteis são ofertados, aproximadamente, 984 mil lugares em dia útil, número que equivale a mais de um terço da população de Salvador. A capital baiana é uma das três cidades brasileiras a ter um metrô ligando o Centro ao Aeroporto numa viagem de cerca de 40 minutos. A integração também pode ser feita entre as diferentes regiões da cidade diretamente com o Aeroporto Internacional de Salvador. A concessionária oferece o serviço de shuttle gratuito aos clientes para o trajeto

Metrô – Aeroporto – Metrô. EXPANSÃO A partir do segundo semestre deste ano o metrô inicia a expansão em direção a Cajazeiras. O tramo Pirajá-Águas Claras/Cajazeiras acrescentará cinco quilômetros e duas estações (Campinas e Águas Claras/Cajazeiras) ao sistema, com integração à futura Estação Rodoviária, o que deve estimular um novo polo gerador de empregos naquela região. Além disso, o governador Rui Costa (PT) anunciou estudos da Expansão Sul, para o metrô chegar até a Barra. Para o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Sérgio Brito, os estudos para ampliação certificam ainda mais a excelência do sistema. “Os estudos demonstram o fluxo naquela região de grande densidade demográfica”, diz – “é uma região que já é um polo econômico consolidado e que com a ampliação do metrô ganharia um modal de excelência e alta capacidade”. Julho de 2019 | Vilas Magazine | 9


Canteiro de obras q CIDADE da Estação Elevatória principal, inaugurado há mais de sete anos: conclusão prevista para 2019

Licitação da nova rede de esgoto de Lauro de Freitas fica para 2020

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inda no início de 2019, uma estação elevatória de esgoto a ser construída em Patamares, bairro de Salvador, era o mais novo obstáculo à retomada das obras do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) de Lauro de Freitas, anunciadas há dez anos, iniciadas em 2011 e agora à espera de nova licitação. O que está em andamento é a obra da Estação Elevatória principal, junto ao ginásio municipal de esportes. O canteiro foi inaugurado há mais de sete anos. A conclusão está prevista para 2019. “Não vamos mais fazer como no passado”, disse o engenheiro Tiago Telles, da Embasa – quando se começou a fazer a rede de esgoto da cidade sem ter para onde destinar os efluentes. Segundo ele, que falava durante audiência pública convocada pela prefeitura de Lauro de Freitas em fevereiro, a retomada das obras da rede em Lauro de Freitas só aconteceria quando

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Conclusão da obra no município agora está prevista para 2023

fosse resolvido o problema de Patamares. A elevatória que falta construir é uma das quatro que compõem a linha de recalque, termo técnico que designa a tubulação que levará o esgotamento sanitário de Lauro de Freitas até o emissário submarino de Jaguaribe, em Salvador e que já serve a rede da capital. Dali, os efluentes são despejados no oceano. “A licitação das bacias [a rede de esgoto] só sai com a nova [estação elevatória de] Patamares, prevista para o primeiro semestre de 2020”, garantiu ele durante audiência para explicar o andamento das obras. De acordo com o engenheiro, o volume de investimento previsto para a retomada indica um prazo de conclusão de três anos – se não houver novos obstáculos, como a impugnação do resultado da futura licitação – pelo que parte de Lauro de Freitas poderá ter um Sistema de Esgotamento Sanitário por


volta de 2023. O Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) apresentado pela prefeitura no ano passado estima que 50% da cidade estará coberta depois dessa ampliação, mesmo reduzida em relação ao plano inicial. A prefeita Moema Gramacho (PT) aponta que 80% da população estará atendida. Iniciadas em 2011, as obras foram paralisadas um ano depois, quando o governo rompeu contrato com a empreiteira responsável, numa questão judicial que se arrastou até 2016. Agora será necessário licitar novamente a parte do projeto relativa à rede de esgoto propriamente dita. De acordo com Telles e Gustavo Maior, também engenheiro da Embasa, será necessário encontrar um novo espaço urbano para a elevatória de Patama-

res. A área anteriormente prevista, cedida pela prefeitura de Salvador na região da rua Rio Trobogi, junto ao próprio curso d’água, foi objeto de questionamento junto ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), em abril de 2017, por parte de um condomínio vizinho que se opôs à construção. Os engenheiros contam que houve uma “reunião com a participação de 18 advogados dos condomínios” que se opunham à obra e, depois de dezenas de procedimentos no âmbito do inquérito civil aberto pelo MP-BA, a Embasa desistiu do projeto. Desde então a empresa tentou comprar um terreno para erguer o equipamento. Depois, ainda seria necessário “solicitar novamente aos órgãos [de meio ambiente] as liberações de implantação”, explicou Telles. Além disso, “será neces-

sário desenvolver novo projeto e orçamento para a elevatória”, com previsão de conclusão para o final deste ano – se até lá o terreno já tiver sido comprado. Gustavo Maior, que também participou da audiência, prevê problemas semelhantes em Lauro de Freitas “por causa do adensamento urbano”. A localização de algumas estações elevatórias, anunciada anos atrás, já na época levantou objeções de moradores – a exemplo da que está projetada para a avenida Praia de Copacabana, na entrada da península de Vilas do Atlântico, exatamente na margem do rio Sapato. A questão guarda semelhanças com a de Patamares, ficando garantido o precedente. A linha de recalque está quase toda pronta porque foi necessário antecipar essa etapa, que seria a segunda a partir | Continua na página 12 u

O I N G L E^S C O M P L E T O , COMPLETA MAIS UM ANO. 25 ANOS DE SUCESSO.

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q CIDADE

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de 2014, a fim de não interferir com a obra do metrô, explicaram os engenheiros. Uma parte da linha acompanha o trecho hoje ocupado pelos trilhos. Com 17,4 Km totais, a tubulação percorre a distância entre a estação elevatória principal de Lauro de Freitas, nas imediações do ginásio municipal de esportes e o emissário submarino de Jaguaribe. Segundo os engenheiros da Embasa, falta executar apenas 1,2 Km, ou 7% do total, incluindo a estação elevatória de Patamares. Em Lauro de Freitas, apenas uma parte de Vilas do Atlântico, Ipitanga, Centro e Recreio Ipitanga já têm a rede de esgoto construída, embora sem funcionalidade. A Embasa garante que a tubulação instalada até 2012 será aproveitada. Mas a maior parte da cidade ainda aguardava a instalação da tubulação e agora só uma parte receberá a rede de esgoto. As obras ainda terão de ser licitadas. COBERTURA Ao contrário do projeto inicial, anunciado há dez anos, a nova rede de esgoto ficará restrita aos bairros a leste da Estrada do Coco, uma parte de Portão – mas não o Encontro das Águas – Caji-Caixa d’Água e Recreio Ipitanga. A maior parte de Itinga, Vida Nova e todos os demais

bairros a noroeste estão fora dos novos planos, constituindo agora uma “área de expansão”. Partes de alguns bairros já têm soluções isoladas de esgotamento sanitário, a exemplo das estações de tratamento em conjuntos residenciais mais recentes. Mesmo assim, o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), apresentado pela prefeitura no ano passado, reconhece que “o sistema de esgotamento sanitário ainda possui um grande déficit de atendimento, apesar do sistema de coleta e disposição estar sendo ampliado”. De acordo com o PMSB, a ampliação “garantirá um atendimento de aproximadamente 50%”. O número apresentado pela prefeitura poderá se revelar otimista. As estatísticas de cobertura de rede de esgoto não são confiáveis, até porque a prefeitura não conta com um cadastro completo de todos os imóveis – e a mancha urbana não para de crescer. Além do Condomínio Encontro das Águas, Vida Nova e grande parte de Itinga, a Lagoa dos Patos e a Lagoa da Base também não estão incluídos nos planos da Embasa, alguns devendo receber soluções localizadas no âmbito de projetos de urbanização. Na Lagoa da Base, de acordo com o engenheiro Gustavo Maior, a Embasa está próxima de concluir uma estação de captação de esgoto de tempo DANILO MAGALHÃES

Início das obras do Sistema Sanitário de Lauro de Freitas em junho de 2011, na Bacia do Picuaia: a única que poderia estar em andamento

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seco e uma ligação até o Flamengo, obra exigida para que a obra de drenagem do bairro em direção ao rio Sapato seja autorizada. Pela solução adotada, o esgotamento da Lagoa da Base seguirá para a rede de Salvador, até o emissário de Jaguaribe, desde que não chova. A captação “de tempo seco” implica que, em período chuvoso, o esgotamento sanitário siga para o rio Sapato juntamente com a água pluvial, representando uma solução menos cara, mas também menos efetiva. ANOS DE CRISE Ao contrário dos custos, a verba disponível para a obra não aumentou ao longo dos últimos anos. Por isso, a solução foi reduzir a cobertura da rede. Ao ser anunciado, em 2009, o SES teria 235 quilômetros de rede de esgotamento com 25 estações elevatórias e cerca de 40 mil ligações domiciliares ao custo de R$ 170 milhões. Não foram divulgados os números do projeto atual. Só a rede local propriamente dita estava orçada em R$ 70 milhões, projetada para atender mais de 300 mil habitantes – um cenário então previsto para 2030. Os restantes cerca de R$ 100 milhões estavam destinados à linha de recalque até Jaguaribe – que deve estar concluída até junho deste ano, ficando pendente a elevatória de patamares. O valor atual do contrato é de R$ 75 milhões. Já em 2014, quando naufragou uma tentativa de licitar novamente a obra por falta de interessados no preço oferecido, o custo real do projeto inicial havia subido para R$ 280 milhões – 65% a mais – de acordo com declaração de Júlio Mota, Superintendente de Assuntos Regulatórios da Embasa, à época. Como o custo aumentou, mas a verba disponível continuava do mesmo tamanho em pleno início da recessão no país, o projeto foi dividido em três etapas, ficando a última à espera de mais recursos – que não | Continua na página 14 u


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APRESENTAÇÃO DA EMBASA: “tendo sucesso na licitação, previsão de início das obras no 1º semestre de 2020”

u Continuação da página 12

vieram. Só uma delas poderia ser executada de imediato, com os R$ 45 milhões que restavam do projeto inicial. Das cinco bacias previstas, apenas parte do Picuaia teria as obras continuadas. Foi também nessa bacia, que abrange principalmente o Recreio Ipitanga, que as obras começaram em 2011. O prazo de conclusão era de mais dois anos, mas a etapa não foi concluída. Faltariam então captar outros R$ 110 milhões para executar uma terceira etapa – e concluir a rede de esgotamento no restante da cidade. Cinco anos mais tarde, a verba de R$ 173 milhões agora recuperada exigiu a redução do escopo de uma obra que, de acordo com o engenheiro Tiago Telles, ainda não tem cronograma.

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Esgoto passa por tratamento antes de ser lançado no mar

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Embasa coleta, trata e dá destinação final adequada aos efluentes domésticos, ricos em carga orgânica e principais poluidores de rios em áreas com ocupação urbana. De acordo com a empresa, o esgoto coletado é tratado por processo biológico e se transforma em efluente livre de carga orgânica e de microorganismos transmissores de doenças. Neste processo, as bactérias são o principal agente de tratamento. Depois que toda a matéria orgânica do esgoto é consumida, o efluente segue para outro ambiente, onde bactérias e vírus são eliminados. A Embasa explica que existem três maneiras de desinfetar o efluente tratado: por bactérias, radiação ultravioleta ou cloro. A qualidade do efluente tratado segue os parâmetros determinados por resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e pode até ser reutilizado na irrigação de culturas agrícolas ou de áreas verdes. Em grandes cidades litorâneas o esgoto

coletado passa pelo processo de condicionamento prévio em que as partículas sólidas são separadas do efluente, que segue por emissários terrestres e submarinos até a dispersão no oceano, em distância e profundidade seguras, sem oferecer riscos ao meio ambiente. Em Salvador, existem dois emissários submarinos: o do Rio Vermelho e o da Boca do Rio, que compõe o Sistema de Disposição Oceânica (SDO) Jaguaribe. Os dois possuem licenças ambientais do Ibama. Inaugurado em 2011, o emissário da Boca do Rio foi construído para dar destinação adequada aos esgotos domésticos coletados na área norte de Salvador. Após a conclusão do Sistema de Esgotamento Sanitário de Lauro de Freitas, o esgoto doméstico da cidade também será direcionado para o SDO Jaguaribe, com capacidade para processar 5,9 mil litros de efluentes por segundo. O emissário submarino tem 3.670 metros de extensão e dispersores a uma profundidade de 45 metros.


q CIDADE

Lauro de Freitas proíbe uso de canudos plásticos Lei poderá ser aplicada em até 6 meses

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o contexto do Compromisso Global para a Nova Economia do Plástico, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), Lauro de Freitas proibiu, no mês passado, “o fornecimento de canudos de material plástico comum pelos estabelecimentos comerciais”. A lista inclui hotéis, restaurantes, bares, barracas de praia, casas de shows e espetáculos, lojas de conveniência, lanchonetes, padarias e quiosques. Clubes, salões de dança, eventos musicais e shows de qualquer espécie, públicos ou privados, além de vendedores ambulantes, também não poderão mais utilizar canudos de plástico. Os canudos são geralmente feitos de polipropileno e poliestireno, matérias-primas de fonte não renovável e não biodegradáveis – que levam cerca de 500 anos para se decompor, depois de serem

Tartaruga marinha resgatada com um canudo de plástico no nariz provocou mobilização global (Imagem: reprodução de vídeo) REPRODUÇÃO DE VÍDEO

usados por alguns minutos. A batalha mundial contra os canudos de plásticos ganhou forte apoio popular há cerca de quatro anos, depois da divulgação de um vídeo em que uma tartaruga marinha é salva por pesquisadores durante uma operação de oito minutos para remover um canudo de plástico do nariz dela. As imagens, chocantes, mostram toda a extensão do sofrimento do animal e já foram vistas mais de 36 milhões de vezes (assista em https://youtu.be/4wH878t78bw). O compromisso contra a poluição por plásticos promovido pela ONU reúne mais de 250 organizações em todo o mundo, incluindo governos, ONG e alguns dos maiores fabricantes, marcas, varejistas e recicladores de embalagens do mundo. A União Europeia decidiu, no ano passado, banir completamente o uso de canudos e vários produtos de plástico até 2021. Os canudos, especificamente, são proibidos no Rio de Janeiro desde o ano passado e uma lei similar foi sancionada no mês passado pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB). A capital paulista será a primeira cidade do continente a formalmente subscrever o Compromisso Global da ONU, estendendo a proibição a outros produtos de plástico, além dos canudos. | Continua na página 16 u

Julho de 2019 | Vilas Magazine | 15


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u Continuação da página 15

A Lei nº 1.793/2019, de autoria do vereador Isaac de Belchior (PPL), aprovada, sancionada e publicada no Diário Oficial do Município em 13/6/2019, prevê multas que vão de R$ 300 a R$ 4,8 mil entre a segunda e a sexta notificações. A primeira resulta apenas em advertência e intimação para cessar a irregularidade. Na última, além da multa, haverá o “fechamento administrativo” do estabelecimento comercial. O procedimento é semelhante ao prescrito pela legislação paulistana. Lá, as multas vão até R$ 8 mil. Apesar de não estar ainda regulamentada – e, portanto, ainda não produzir efeitos práticos – a lei já preocupa a Associação Comercial e Empresarial de Lauro de Freitas (ACELF). A entidade emitiu nota em que menciona a “possibilidade de serem [os associados] autuados pela prefeitura por fornecer a seus clientes os canudos de plástico que já possuem em estoque”. A associação aponta também a “baixa – ou nenhuma – oferta de canudos biodegradáveis pelos fornecedores locais” para pedir “prazo para que as pessoas e empresas se adequem às modificações aprovadas, notadamente aquelas que tenham grande impacto sobre os hábitos cotidianos há muito arraigados ou sobre a economia local”. A prefeitura tem até seis meses para regulamentar a lei, quando então ela poderá ser aplicada, mas a ACELF pretende requerer a providência em até 30 dias – “prevendo, especialmente, a concessão de prazo para que fornecedores e estabelecimentos se adequem Canudos de plástico à nova regra”, diz a nota. em Lauro de Freitas: A entidade considera “louvável o propósito da Lei proibição só pode ser 1.793/2019, bem como toda e qualquer iniciativa, pública aplicada depois da regulamentação da lei ou privada, que vise promover a proteção e recuperação do meio-ambiente da nossa cidade”, mas também formou um “grupo de estudos para analisar as repercussões socioeconômicas decorrentes da promulgação da Lei”. Fontes do mercado apontam que o canudo biodegradável é cerca de 35% mais caro que o de plástico, além de ter prazo de validade limitado. Já o de plástico comum tem validade indeterminada – o que permite aos comerciantes formar grandes estoques e fazer compras em quantidade, a menor preço. Mas há também opções reutilizáveis, como os canudos de alumínio, inox ou vidro, cada vez mais utilizados por todos os tipos de estabelecimento comercial – e que já vêm com escova própria para a limpeza. Por conta própria, aderindo à proposta da ONU, as principais redes de hotelaria do mundo e algumas das grandes redes de fastfood já aboliram o uso do canudo de plástico. A alteração na demanda também levou os fabricantes de canudos de plásticos a evoluir, investindo nos biodegradáveis e reutilizáveis. Alguns deles, fazendo do limão uma limonada, transformaram a iniciativa em argumento de marketing. LUCAS LINS

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“Por uma atitude mais ativa e consciente com o meio ambiente”

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esintoxicar, limpar e Embelezar”, foi o tema promovido pela Organização Internacional Nova Acrópole para celebrar em todo o país o dia Mundial do Meio Ambiente, criado pela ONU em 5 de junho de 1972. Membros da instituição, em Lauro de Freitas, realizaram ações de limpeza na praia de Vilas do Atlântico e promoveram palestras com os temas: “Em busca de uma consciência natural” e “Ecologia humana e as leis da natureza”. Essas ações pretendem despertar a consciência do ser humano para que compreenda e saiba cumprir seu papel como parte integrante da natureza, atuando como protagonista na promoção da harmonia entre o homem e o meio ambiente. Todas as grandes civilizações ao longo da história da humanidade cultivaram uma formação filosófica do ser humano para torná-lo um indivíduo ativo e capaz de agir de forma aprimorada como cidadão consciente dos seus direitos e deveres. O sábio Confúcio ensinava que não basta apenas saber o que é correto: a consciência exige ações corajosas e constantes. Datas como o 5 de junho trazem


A Organização Internacional Nova Acrópole de Lauro de Freitas promoveu atividade na praia de Vilas do Atlântico, em junho, celebrando a Semana do Meio Ambiente

lembranças momentâneas de questões importantes, no entanto, para que haja verdadeiramente atitudes conscientes, devemos assimilar e aprender com as experiências vividas. Somente desta maneira é possível gerar ações capazes de transformar o futuro e resgatar a relação harmônica com a natureza. Nova Acrópole é uma organização internacional sem fins lucrativos, que atua com as linhas de ação filosofia, cultura e voluntariado, e todos seus integrantes são voluntários. A instituição promove um ideal de valores permanentes para a evolução individual e coletiva do ser humano e da sociedade. Todos os meses ininterruptamente são realizadas em Lauro de Freitas fóruns, palestras culturais gratuitas, oficinas, passeios culturais, comemorações de datas relevantes e festas típicas. Essas atividades são realizadas por voluntários da instituição como parte de sua formação humanista. Em julho estão programadas duas ações: dia 9, palestra “Gandhi e a Tradição Filosófica”, às 17h e dia 21, o 5° encontro da série de Vídeo Diálogo sobre Harry Potter, com a reflexões de trechos da obra “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, às 16h, ambas com entrada franca ao público. Interessados podem acompanhar as ações da instituição visitando o site www.nova-acropole. org.br/laurodefreitas.

Copa 2 de julho terá participação de 40 times

A

11ª Copa 2 de Julho, principal torneio sub 15 do país, tem na edição deste ano a participação de 40 equipes, incluindo clubes do Brasil, como o Atlético (MG), Bahia, Flamengo (RJ), Palmeiras (SP) e Vitória, uma equipe dos Estados Unidos e seleções municipais da Bahia. Haverá times de Sergipe, Pernambuco, Rio de Janeiro, Maranhão, São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Paraíba e Pará. A bola começou a rolar em 29 de junho e segue até 10 de julho, envolvendo sete cidades-sede além de Lauro de Freitas: Salvador, Cachoeira, | Continua na página 18 u

Davidson Magalhães na apresentação do regulamento e calendário da Copa 2 de Julho: POLÍTICA DE PROMOÇÃO DO ESPORTE

Julho de 2019 | Vilas Magazine | 17


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Mata de São João, São Francisco do Conde, Saubara, Maragojipe e Feira de Santana. O regulamento e a tabela do torneio foram apresentados no mês passado, com um balanço das dez edições da Copa 2 de Julho. Este ano a competição tem oito grupos com cinco equipes cada, classificando-se para a fase de oitavas de final duas equipes por grupo. O torneio, realizado pela Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia, autarquia da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, com apoio da Federação Bahiana de Futebol (FBF), foi criado em 2007 em homenagem à data de Independência da Bahia. Para o secretário do Trabalho Emprego, Renda e Esporte, Davidson Magalhães, a Copa 2 de Julho reforça a política de promoção esportiva da Bahia: “é importante destacar que a Bahia é um dos poucos estados que possui uma política sistêmica de apoio ao esporte”, disse. Nestas dez edições, a Copa 2 de Julho já reuniu 127 equipes brasileiras e 19 equipes internacionais. “É um número para nos orgulhar e nos encher de certezas que devemos continuar cuidando desta competição”, disse o diretor da Superintendência dos Desportos, Vicente Neto. O coordenador geral da Copa 2 de Julho, Sinval Vieira, explica que o torneio surgiu pela necessidade de criar uma competição que envolvesse os atletas da divisão de base. “É uma competição importante também para que os atletas mostrem o seu talento”, disse – “a CBF, por exemplo, já nos comunicou que representantes estarão acompanhando as partidas para observar o desempenho dos jogadores”. Todos os anos, segundo ele, atletas são negociados com grandes clubes brasileiros. “Entre os grandes jogadores que foram revelados na Copa 2 de julho, temos o atual goleiro da seleção brasileira, o Alisson”, lembrou. 18 | Vilas Magazine | Julho de 2019

Apresentação da programação dos JUB´s em Salvador: de volta à Bahia 51 anos depois

Lauro de Freitas sedia etapa dos Jogos Universitários Brasileiros

L

auro de Freitas será uma das sedes da etapa final dos Jogos Universitários Brasileiros (JUB) de 2019, evento que reune mais de três mil atletas universitários de todo o país. De volta à Bahia depois de 51 anos, a 67ª edição dos JUB terá algumas modalidades disputadas no Centro Pan-Americano de Judô, em Ipitanga e no Ginásio Municipal de Esportes, no Centro. Em Salvador, a outra sede dos jogos, haverá competições no Ginásio de Cajazeiras, na piscina olímpica da Bonocô e na quadra esportiva da Uneb, no Cabula, entre outros locais. Arenas esportivas também serão montadas em praças públicas e shoppings centers para disputas de modalidades esportivas. A programação da maior competição esportiva universitária da América Latina e que promete movimentar as duas cidades entre 20 e 27 de outubro foi anunciada no mês passado em cerimônia com a presença de secretários de estado, representantes de universidades públicas e privadas, federações esportivas, profissionais de educação física, atletas universitários e parlamentares estaduais e federais. Em seis dias de competição serão realizados jogos em 14 modalidades esportivas: basquete, basquete 3x3, ciclismo, futsal, handebol, judô, natação, natação paradesportiva, vôlei e vôlei de praia, skate – além dos jogos eletrônicos FIFA, League of Legends e dos JUB acadêmico. A organização é da Confederação Brasileira de Desportos Universitários (CBDU), executados na Bahia pela Federação Universitária Baiana de Esportes (Fube), com o patrocínio do Governo da Bahia. No lançamento, o secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte,


YAGO MATHEUS

Davidson Magalhães, destacou que a escolha da Bahia como sede da etapa final dos JUBs não foi por acaso. “Importante destacar que a Bahia é o único estado brasileiro a ter hoje em funcionamento um Sistema de Esporte, com um Conselho Estadual em atividade regular”, disse. Magalhães destacou também o investimento que o Governo do Estado tem feito na infraestrutura esportiva, lembrando as “doze pistas de atletismo sendo construídas no interior do estado, além da instalação de grama sintética em muitos estádios do interior”. De acordo com ele, “também há uma determinação do governador Rui Costa para a recuperação das quadras de escolas”. O presidente da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU) Luciano Cabral disse que a realização dos JUB dá visibilidade ao esporte universitário, além de representar uma oportunidade para a formação de novos atletas. “Importante ressaltar que 53% de medalhas conquistadas por brasileiros nos Jogos Olímpicos Rio 2016 foram

atletas que passaram por edições dos JUB”, contou. A secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Julieta Palmeira, observou a importância dos jogos universitários para o incentivo e a participação das mulheres. Aproveitando do momento da Copa Mundial de Futebol feminino, a secretária homenageou a jogadora baiana Formiga, que integrava a Seleção Brasileira disputando o mundial na França. “Temos muito que nos orgulhar da atleta Formiga, uma baiana, negra, que marca com talento sua presença na equipe brasileira”, disse. A etapa nacional dos JUB é antecedida pelas seletivas estaduais, incluindo os Jogos Universitários da Bahia (Juba). Realizada pela Federação Universitária da Bahia (Fube), com apoio do Governo do Estado, a etapa estadual acontece entre 14 e 18 de agosto, com provas também disputadas em equipamentos esportivos de Salvador e Lauro de Freitas. Este ano, o Juba funciona como evento teste da etapa nacional, parte importante da operação e logística que serão implantadas para atender aos JUB´s em outubro.

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Crescimento do comércio estimula ocupação das ruas

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e acordo com o Serviço Nacional do Comércio (Senac), que abriu em Lauro de Freitas, em maio, a sua segunda unidade na Região Metropolitana de Salvador, o setor emprega mais de 80 mil pessoas em cerca de 8,7 mil empresas ativas em Lauro de Freitas. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) informa que a Bahia gerou 10.093 postos de trabalho com carteira assinada em abril. Não foram divulgados todos os números por município. O resultado decorre da diferença entre 55.305 admissões e 45.212 desligamentos. O setor de comércio respondeu por 772 postos de trabalho, embora no acumulado do ano o saldo seja negativo, com menos 2.323 empregos. A par disso, é notório o crescimento do comércio de rua, com bancas ocupando as calçadas e até mesmo áreas de estacionamento nas ruas – o que também indica o crescimento do setor de comércio na cidade. Muito do comércio de rua é apenas uma extensão das lojas formais em frente. De acordo com comerciantes, que preferem não se identificar, a ocupação da via pública visa ampliar a área de vendas e impedir a concorrência dos informais. A informalidade no comércio de Lauro de Freitas inclui escancaradamente a venda de produtos alimentícios prontos e semi-prontos e até crus – carne, aves, peixe, camarão, lagosta, caranguejo, linguiça –, que são reguladas por legislação específica. Em abril, de acordo com números fechados no mês passado, as vendas no comércio varejista baiano cresceram 2,1% – e isso num contexto que, no cenário nacional, aponta o retorno à recessão. O aumento das vendas foi registrado em relação ao mês homólogo do ano anterior, sendo superior até mesmo ao crescimento do varejo nacional, esfera em que o volume de negócios expandiu 1,7%, em relação à mesma base de comparação. Na análise sazonal, a taxa do comércio varejista no esBancas com diversos tipos de produto ocupam calçadas e até as vias de trânsito

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A av. Santos Dumont, principal corredor comercial de Lauro de Freitas: crescimento tado baiano registrou taxa positiva de 0,9%, sendo a terceira maior entre as unidades federativas. O resultado das vendas do varejo baiano, entretanto, foi influenciado pela data comemorativa do período, a Páscoa, que em 2018 ocorreu em março, enquanto em 2019 foi em abril. No setor de serviços, o registro é de um crescimento de 0,5% de março para abril. Os dados foram apurados pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em âmbito nacional. Os dados de Comércio foram analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento do Estado. “A recuperação do comércio varejista em abril está associada ao aumento dos empregos, com a geração de mais de 10 mil postos formais nesse mês, reflexo dos investimentos e de políticas acertadas do governo do Estado”, destacou o secretário do Planejamento Walter Pinheiro – “Vale destacar que a Bahia é o estado que lidera o Nordeste na geração de emprego”. Por atividade, os dados do comércio varejista, quando comparados a abril de 2018, revelam que cinco dos oito segmentos que compõem o Indicador do Volume de Vendas registraram comportamento positivo: tecidos, vestuário e calçados (9,1%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,6%); móveis e eletrodomésticos (4,8%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,5%); e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,0%). A contribuição de maior peso para o setor foi de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, segmento de maior


representatividade para o Indicador de Volume de Vendas do Comércio Varejista. LAURO DE FREITAS A economia de Lauro de Freitas recuperou em 2016 a primeira posição do estado no quesito emprego e renda – uma medida estatística do poder de compra dos moradores da cidade – depois de quatro anos na vice-liderança. A cidade já havia sido líder na Bahia entre 2009 e 2011. A ascensão ao primeiro lugar representa uma evolução positiva do índice local, e não apenas uma piora dos indicadores dos outros municípios. Mesmo assim, o melhor ainda está por vir. Projeções da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) indicam crescimento contínuo do indicador no país a partir de 2017 – e o índice de

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Lauro de Freitas tem acompanhado as oscilações da média nacional desde 2005. Ao que tudo indica, a economia local está bem posicionada para aproveitar o ciclo econômico positivo iniciado em 2017, apesar do solavanco dos primeiros meses de 2019. O que surpreende mais é a evolução do município no ranking nacional, passando do 368º lugar em 2015 para o 42º em 2016. Os dados são do Indice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) de 2018, uma referência no acompanhamento do desenvolvimento socioeconômico brasileiro que mede o desempenho dos municípios em três áreas: Emprego e Renda, Educação e Saúde. O índice utiliza exclusivamente estatísticas públicas oficiais. Para calcular o índice municipal de Emprego e Renda, a Firjan leva em conta dados de geração de emprego formal, taxa de formalização do mercado de trabalho, geração de renda, massa salarial real no mercado de trabalho formal – e o índice de Gini de desigualdade de renda no trabalho formal. Apesar de ter recuperado a liderança em emprego e renda, Lauro de Freitas continua em segundo lugar no ranking geral, atrás de Luiz Eduardo Magalhães, no Oeste baiano – que tem desempenho melhor em Educação e Saúde. No ranking nacional dos três indicadores, Lauro de Freitas está em 761º lugar. No aspecto positivo, Lauro de Freitas avançou 7,2% no índice geral. Na Educação, a Firjan computa dados oficiais sobre atendimento à educação infantil, abandono no ensino fundamental, distorção idade-série no ensino fundamental, docentes com ensino superior no ensino fundamental, média de horas-aula diárias no ensino fundamental e o resultado do ensino fundamental no IDEB. Já a Saúde inclui indicadores de proporção de atendimento adequado de pré-natal, óbitos por causas mal definidas, óbitos infantis por causas evitáveis e internação sensível à atenção básica (ISAB). A edição 2016 do IFDM traz comparações com outros anos da série histórica, iniciada em 2005, mostrando o impacto da crise econômica sobre o desenvolvimento dos municípios brasileiros, com projeções sobre a evolução do desenvolvimento após a deterioração do cenário econômico observada a partir de 2013.

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De modo geral, o IFDM Emprego e Renda apresentou pequena recuperação frente a 2015 em todos os municípios, mas manteve-se em nível historicamente baixo. O relatório da Firjan calcula que “a crise foi tão severa que mesmo que o IFDM Emprego & Renda cresça nos próximos anos, com variação média de 1,5% – taxa média da vertente entre 2009 e 2012 – o país alcançará o nível de 2013 apenas em 2027”. Para a Firjan, “a crise custou mais de uma década de desenvolvimento para o mercado de trabalho formal dos municípios brasileiros”. Como o índice pode ser comparado ao longo dos anos, é possível determinar se a evolução decorre de políticas específicas ou se é reflexo da queda dos demais municípios. “A ênfase da leitura não deve apenas se restringir a uma questão de posição no ranking”, alerta o relatório, “mas sim de se verificar se, de fato, houve progresso” em dado período. EVOLUÇÃO POSITIVA Por esse ponto de vista, Lauro de Freitas apresenta evolução constante e positiva em dois indicadores desde 2005, quando o índice foi criado. Na Educação, o município decolou de um índice de 0,4141 há 13 anos para 0,7336 em 2016. Na Saúde, a cidade saiu de 0,7272 para 0,8253 na última medição. A leitura dos resultados é simples: o índice varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento local. Já o índice de Emprego e Renda, embora tenha recuperado a liderança na Bahia, vinha caindo desde 2009. O pior ano foi 2015, que apresentou um retrocesso relevante em relação ao ano anterior: uma queda no índice de 0,8154 para 0,6332. A recuperação de 2016, apesar de importante, ainda é o segundo pior desempenho de Lauro de Freitas desde 2005 – que foi o melhor ano de toda a série. Olhando para o futuro, o relatório da Firjan sublinha que o país “foi fortemente impactado pela crise econômica, 22 | Vilas Magazine | Julho de 2019

com reflexos imediatos sobre o mercado de trabalho e a renda dos brasileiros” e que “o desenvolvimento dos municípios brasileiros regrediu três anos no tempo”, mas a recuperação já começou.

“A principal questão posta nesse momento é a velocidade com que os municípios vão recuperar a condição que possuíam antes da crise”, continua a Firjan. “Essa resposta dependerá, sobretudo, das políticas macroeconômicas a serem implementadas, que influenciam diretamente na recuperação da confiança dos empresários e empregados e, consequentemente, na geração de emprego e renda”. A entidade empresarial defende que “o equilíbrio fiscal é importante não só para o reestabelecimento do equilíbrio macroeconômico, como também para a manutenção dos recursos que são direcionados para as políticas públicas municipais” – e condiciona a recuperação do desenvolvimento dos municípios à aprovação “das reformas previdenciária e tributária”.

Projeção para junho é de retração

A

s projeções da Fecomércio-BA apontavam para uma queda de 4% nas vendas no comércio varejista em junho, período em que ocorre o Dia dos Namorados e as tradicionais festas juninas. Apesar do dado não ser relativo as datas específicas, serve como referência para entender o comportamento do consumidor no mês. Das sete atividades selecionadas que estão relacionadas de alguma forma com o Dia dos Namorados e festa de São João, apenas as farmácias, perfumarias e os supermercados previam registrar crescimento nas vendas, ambos de 3%. Tradicionalmente, em pesquisas de perfil de presente, o primeiro setor é o segundo item mais citado na intenção de presentear no dia dos namorados, perdendo para o segmento de vestuário e calçado. O segundo está mais relacionado aos festejos de São João, na preparação das comidas típicas. No entanto, mesmo sendo o setor mais popular para esta data dos namorados, a projeção para o setor de vestuário, tecidos e calçados é que haja retração no faturamento de 4%. São

itens de menor valor em que não há necessidade, em grande parte, de financiamento ou parcelamento, mas que de qualquer forma mostra um consumidor mais reticente em ampliar os gastos. Na sequência vêm as lojas de departamentos, também com queda estimada de 4%, lojas de móveis e decoração com – 6% e eletrodomésticos, eletrônicos, com recuo de 10%. Este último, principalmente na parte dos eletrônicos, ocupa a terceira posição entre os itens mais procurados na data comemorativa dos namorados. Sendo produtos mais sensíveis à oferta de crédito, com a taxa de juros ao consumidor aumentando e altas taxas de desemprego, a insegurança em comprometer a renda com algum tipo de dívida acaba ditando o recuo nas vendas. Já os setores de departamentos e decoração estão mais ligados as festas juninas, com montagem de espaços de festas e adereços. As projeções foram feitas com base nos dados das Pesquisas Mensal e Anual do Comércio, divulgadas pelo IBGE. Para obter as variações, a Fecomércio-BA elaborou um modelo estatístico levando com conta a sazonalidade dos setores específicos e a inflação geral, entre outros fatores.


NOSSA OPINIÃO

Comércio informal prejudica o consumidor e a economia da cidade

A

maioria das pessoas faz compras no comércio informal – ou clandestino, dependendo do ponto de vista de cada um – ou adquire produto falsificados com alguma frequência. Trata-se de fato estatístico, mas é fácil chegar a essa conclusão sem maiores estudos: basta observar a presença de vendedores ambulantes, em graus variados de sofisticação, nas esquinas da cidade. Se há oferta desses produtos é porque há demanda e talvez por isso as ações de fiscalização sejam esparsas e descontinuadas, resultando em coisa alguma. Qualquer comerciante regularmente instalado, que pagou pelo ponto comercial e todos os meses paga os seus impostos, sabe que a maioria dos consumidores eventualmente compra produtos clandestinos ou falsificados. Uma pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) já havia afirmado a mesma coisa. Nada menos que 75% admitiram que compravam de ambulantes ou lojas informais. E cerca de 71% informaram que adquiriam produtos piratas ou imitações de marcas famosas, seja sempre, às vezes ou raramente. Os que nunca compraram no comércio informal eram 24% e os que nunca adquiriram falsificações, 28%. Uma minoria, portanto. Entre os que adquiriam produtos de ambulantes ou estabelecimentos informais, 13% compravam sempre, 37% às vezes e 25% raramente. Já entre os consumidores que compravam produtos piratas ou imitações de marcas famosas, seja no comércio formal ou informal, 13% compravam sempre, 34% às vezes e 24% raramente. O economista Renato da Fonseca, gerente de Pesquisa e Competitividade da CNI, admitia que o percentual de consumidores que recorre ao mercado informal é elevado. Parte do motivo seriam os preços mais baixos, mas em Vilas do Atlântico, notadamente, isso nem sempre é verdade. A comodidade de comprar no meio da rua, às vezes sem sair do carro, pode contar mais. Principalmente no caso dos produtos piratas, Fonseca acredita que a maioria dos consumidores não percebe as consequências negativas do ato. O apelo é à consciência

cívica coletiva – logo, inócuo: ao copiar os produtos originais, o mercado pirata diminui a capacidade de a economia ser criativa, crescer e gerar empregos. Além disso, lembra o economista, o mercado informal não paga impostos, praticando uma concorrência desleal. São argumentos que poderão significar alguma coisa para os que nunca compraram no comércio informal (24%) ou para os que nunca adquiriram falsificações (28%). Mesmo assim, essa minoria poderá ter outras razões para preferir as marcas originais ou gostar de frequentar lojas com ar condicionado. A CNI lembrava ainda que o consumidor do mercado informal ou pirata ainda por cima desestimula o trabalho formal, reduzindo também os ganhos dos trabalhadores. Em tempos de desemprego em alta, contudo, o argumento parece insuficiente. Hoje o comércio clandestino também é estimulado pela falta de empregos no comércio regular. Por outro lado, os irregulares sequestram clientela dos formais, fragilizando mais a oferta de empregos. O processo conduz à informalização crescente da economia. Quem estende o braço na rua para vender uma pizza caseira está em busca de gerar renda para si e para a sua família. Trata-se, também, de um problema social. Embora a grande maioria dos consumidores prefira ignorar os fatos, há uma lista deles a aconselhar a compra no comércio regular. Por exemplo: é ilusória a vantagem de pagar menos por um produto porque a compra informal não tem garantias. O consumidor assume todos os riscos, começando pela qualidade. Não há como trocar, não há Código de Defesa do Consumidor a que recorrer. Garantia zero. Risco absoluto. Um brinquedo, por exemplo, pode soltar tinta, ter peças pequenas que se desprendem facilmente. E uma pizza caseira vendida no meio-fio não passou por controles sanitários oficiais – o que não quer dizer que eles funcionem para a formalidade, mas neste caso ao menos se poderá responsabilizar alguém. Fonseca lembra também que algumas vezes o consumidor que adquire o produto pirata não tem outra opção. “Ou compra um produto de baixa qualidade ou fica sem”, define. Mais uma vez, a demanda justifica a oferta. O problema é que nem tudo a economia justifica. Sem algum tipo de ordenamento a desordem transforma-se em norma. Em vez das lojas e restaurantes do comércio formal, em pouco tempo teríamos apenas bancas de ambulantes e foodtrucks estacionados nos meios-fios. Como ninguém pagaria impostos, não haveria nem fiscalização da qualidade, nem serviços públicos. Julho de 2019 | Vilas Magazine | 23


q MEMÓRIAS

IPITANGUENSES

Contos, crônicas e histórias da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga

As beijuzeiras de Areia Branca THIARA REGES Freelance para a Vilas Magazine

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s edições de maio e junho a coluna Memórias Ipitanguenses, trouxeram histórias de dona Detinha (Basilia Bispo dos Santos) e dona Nenzinha (Augostinha de Melo), ambas beijuzeiras, uma profissão que durante anos foi a única opção de renda para as mulheres do bairro de Areia Branca. Nesta edição o personagem é dona Rizalva Sales, 66 anos, uma das poucas mulheres que ainda vive de beiju, feito de forma artesanal em Lauro Freitas. ACdeNA RB AAIEherança RA EDvem SAda RIEbisavó, ZUJIEVitória B de Melo, passando pelas gerações que se seguiram na família.

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adnia euq serehlum sacuop sad amu é iziZ anoD .oãçnitxe me odnartne oãtse acnarB arierA ed sariezujieb sa ,airánetnec oãçidarT


4 Dona Zizi, como é mais conhecida, lembra que desde menina ia para a feira, segurando a barra da saia da mãe, para vender os beijus. Criou seus sete filhos sozinha, fazendo e mercando o beiju. O marido a abandonou quando as crianças ainda eram pequenas. Todos os filhos aprenderam a arte, trabalharam

1 - Tradição centenária, as beijuzeiras de Areia Branca estão entrando em extinção. Dona Zizi é uma das poucas mulheres que ainda fazem o beiju de forma artesanal. 2 e 3 - “Rala a mandioca, enxuga, peneira para tirar a crueira para ficar a massa fina, e aí coloca coco que é pra ficar bem gostoso”, ensina dona Zizi. 4 - Quarta geração da família Melo, tradicionais na arte de fazer beiju em Areia Branca, Hillary Geovanna, 7 anos, está aprendendo o passo-a-passo.

ajudando a mãe, mas as dificuldades e falta de incentivo são tantas, que ela não acredita que nenhum deles dê continuidade à tradição. A produção de um dia inteiro de trabalho – dona Zizi vai para o forno às 5 horas e rompe por todo o dia –, é levada para o bairro da Liberdade, em Salvador, onde tudo é vendido. Beiju de massa, beiju seco, beiju molhado, beiju dobrado, beiju de goma. Depois de uma tarde observando dona Zizi, percebi que fazer beiju é mais que uma profissão, mais parece um balé, ou melhor, um samba de roda, ensaiado nos mínimos detalhes, desde o coco, ralado na máquina; a massa fininha passada na peneira; a bacia que vai ao colo, quando já se está sentada ao lado do forno; na chapa quente, a massa desenha um círculo quase hipnótico, virado na hora certa, garantindo um resultado delicioso.

Gildete de Melo é a coordenadora do projeto ‘Grão de areia – as beijuzeiras de Areia Branca’, um trabalho de resgate de tradições, cultura e ancestralidade, através das memórias e história oral de pessoas que foram parte ativa da construção de identidade da comunidade de Areia Branca. Manifestações tradicionais, como a Festa de Reis, Pesca da Traíra, assim como as casas de farinha e os beijus, que por muito tempo foram a única fonte de renda, são transmitidos para as novas gerações através de rodas de conversa, contação de histórias pelas matriarcas, visitação nos locais de produção e aulas de samba de roda. Hoje, cerca de 40 pessoas estão envolvidas diretamente no projeto.

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Café da manhã celebra coluna

MEMÓRIAS IPITANGUENSES

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oas histórias, risadas, descontração, samba de roda e um sentimento mútuo de gratidão. Esse foi o clima que prevaleceu durante o café da manhã que aconteceu em 17 de junho, em Areia Branca, com a proposta de promover um encontro entre os parceiros da coluna Memórias Ipitanguenses, publicada mensalmente na revista Vilas Magazine desde a edição de março. Presentes Andrelina Rosa de Oliveira Barbosa (dona Diluca), Basília Bispo dos Santos (dona Detinha) e Augustina de Melo (dona Nenzinha), moradoras orgulhosas de Santo Amaro de Ipitanga, que compartilharam suas histórias, os

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diretores da revista Vilas Magazine, Carlos Accioli Ramos (publisher), Tânia Accioli Ramos e Álvaro Accioli Ramos, a jornalista Thiara Reges, responsável pelos textos da coluna, professor Antônio Cláudio Sampaio e Vilma de Deus, professor e diretaora da Escola Ana Lúcia Magalhães, respectivamente, a secretária de educação, Vânia Galvão, Gildete de Melo, coordenadora do projeto ‘Grão de Areia - as beijuzeiras de Areia Branca’, além de amigos da comunidade de Areia Branca. A coluna teve como inspiração o documentário ‘Memórias de Santo Amaro de Ipitanga’, produzido pelos alunos da Escola Ana Lúcia Magalhães, com

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1 - O café da manhã reuniu, em Areia Branca, representantes da Secretaria de Educação, Escola Ana Lúcia Magalhães, Revista Vilas Magazine, personalidades da cidade e moradores do bairro. 2 - Três entrevistadas da coluna ‘Memórias Ipitanguenses’: Diluca, Nenzinha e Detinha (da esquerda para a direita) 3 - O samba de roda faz parte da tradição da comunidade de Areia Branca 4 - Mesa do café da manhã, com beijus, bolo de aipim e outras delícias feitas pelas beijuzeiras de Areia Branca. a coordenação do professor Antônio Cláudio Sampaio. “A cada morador que conversávamos, surgiam novas fontes, um parente, um amigo, alguém que também tinha histórias de Santo Amaro de Ipitanga para contar. Não dava para incluir todos no documentário, e foi muito incentivador quando o jornalista Accioli Ramos abriu páginas das edições da revista Vilas Magazine para continuarmos com esse resgate oral,

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q MEMÓRIAS

ajudando a documentar histórias que formam nosso povo”, destacou o professor Cláudio. Para a secretária Vânia Galvão, projetos como estes são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo dos alunos, ampliando a capacidade de perceberem a cidade a partir das tradições, além de possibilitar novas experiências. “Isso faz parte do processo pedagógico, é um estímulo à pesquisa, ao raciocínio e à produção de conhecimentos”, afirmou. O café da manhã foi importante também para que todos os agentes conhecessem um pouco mais do trabalho das beijuzeiras de Areia Branca. Todas as delícias servidas foram preparadas por dona Rizalva Sales, 66 anos, mais conhecida como Zizi, uma das últimas mulheres que mantém a tradição de produção artesanal de beijus. Visivelmente felizes, nossas três contadoras de histórias não escondiam a emoção de estarem presentes. “Esse ano de 2019 está sendo maravilhoso pra mim. Primeiro, formei uma neta em engenharia, o que para mim é um feito muito importante; segundo, saí na Vilas Magazine. Eu tinha uma coleção da revista, mas fazendo uma mudança em casa, precisei me desfazer, mas essa que eu estou é minha, vou guardar com muito amor”, revela dona Diluca. Mal sabem elas, que o maior orgulho foi nosso, de poder traduzir em palavras tão ricas histórias de vida. Estamos gratificados pela oportunidade de participar.

Os bons tempos de Santo Amaro de Ipitanga Márcio Wesley

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oradores antigos ainda chamam a cidade que eu nasci, me criei e estou criando os meus filhos, de Santo Amaro de Ipitanga. Este era o nome da minha cidade antes da emancipação, em 31 de julho de 1962, quando rebatizaram descabidamente de Lauro de Freitas, que foi um importante engenheiro civil baiano, mas sem qualquer referência, nenhuma raiz ou relevância com a nossa gente. A escolha foi uma estratégia para facilitar a emancipação, pois, Lauro Farani Pedreira de Freitas, estava sendo cotado para ser governador da Bahia, mas o destino não quis assim e o nobre candidato morreu em 1950, poucos dias antes do pleito de outubro, em um acidente aéreo, às margens do rio São Francisco. Lauro de Freitas é um nome que não me agrada até hoje, mas fazer o quê? Na ocasião a comunidade foi contra a troca de nome, entretanto, tiveram que aceitar duramente a determinação politizada. Nasci em 1974 e passei a infância ouvindo meus pais, meus avós e os moradores mais velhos chamarem Lauro de Freitas de Santo Amaro de Ipitanga, eles não aceitavam o “novo nome”, e nem eu. Tive uma infância massa... Corria pelas ruas de paralelepípedos e jogava bola com os amigos, mas se a bola batesse na porta de seu Domingos Balaeiro, ele se danava, era tudo muito divertido. Nossos pais viviam sem estresse ou preocupações conosco, tínhamos respeito pelos mais velhos, éramos crianças com brincadeiras de crianças e a violência um assunto de outro mundo. Não existia internet ou celulares, telefone fixo era um lance muito caro, poucas famílias tinham. As televisões eram com pouquíssimos canais. A socialização era uma coisa fácil, o digital não fazia parte da rotina, a rua Romualdo de Brito, onde morei e onde até hoje moram meus pais, era um parque de diversões a céu aberto. Além de golzinho, pega-pega, garrafão e muitas outras brincadeiras, tínhamos campos de futebol, mas era preciso atravessar o Rio Ipitanga. No verão era fácil e não precisávamos nadar, a água batia nos joelhos. Do outro lado do rio, existia um campo enorme de areia, onde eram realizados campeonatos, torneios e babas no final de tarde. Havia ainda um campinho de capim rasteiro, que era bem legal. Próximo dos campos existiam resquícios de Mata Atlântica e uma lagoa onde avistávamos patos selvagens, passarinhos e sucuris. Reza a lenda (da época) que até jacarés moravam por lá. Mas como nada é para sempre, o local foi devastado, o apito final foi dado, o progresso chegou e o concreto tomou conta de tudo, com a construção do Condomínio Ipitanga. Márcio Wesley é jornalista e amante de sua terra natal: Santo Amaro de Ipitanga.

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q REGIÃO

Maquete eletrônica do projeto de requalificação da orla de Salvador mostra trecho de Stella Maris

Associação Stella4Praias quer audiência pública para prefeitura de Salvador explicar projeto orla

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Associação Stella4Praias, que representa moradores da área de Stella Maris a Ipitanga – no trecho que pertence a Salvador – vai “provocar uma audiência pública” por meio da Ouvidoria da Câmara de Vereadores de Salvador para que a secretaria de Cultura e Turismo da capital e a Fundação Mário Leal Ferreira “esclareçam os detalhes de arquitetura do projeto que não estão explícitos”, disse Clarice Bagrichevsky a respeito da reunião do último dia 27 de junho para tratar do projeto de requalificação da orla. Bagrichevsky destaca que a secretaria de Cultura e Turismo foi convidada para a reunião, mas não compareceu. A presidente da entidade quer ver explicado também o projeto executivo, de engenharia, “porque somente com a existência desse documento é que o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] irá liberar os 105 milhões da obra”, diz.

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O evento do mês passado foi pensado para apresentar o projeto e contou com a presença de moradores, empresários da região e ONG. A presidente da associação explicou que “o projeto, dentre os problemas dele, além da devastação ambiental, passa por dentro de uma área onde não contemplou dois equipamentos importantes para o saneamento básico, que é a elevatória perto da Carlos Lott, da Embasa e uma que tem na divisa com a praia do Flamengo, na barraca do Louro”. Bagrichevsky critica também o “excesso de pavimentação numa área que deveria estar totalmente preservada, porque aqui foi uma área de proteção ambiental, é uma restinga de praia, e o final dela, antes de chegar no Flamengo, mais gravemente ainda, é uma área de preservação permanente” – e “ali nada poderia acontecer”. Na opinião dela, o projeto tem “a qualidade de trazer o ordenamento, porque

Clarice Bagrichevsky, presidente da Associação Stella4Praias: críticas ao projeto de requalificação da orla é necessário, a praia aqui está um horror, está entregue à baderna, porém se esse ordenamento fosse feito contemplando a questão ambiental, contemplando a questão da urbanização voltada para uma sustentabilidade seria ótimo”. E conclui: “mas não, é simplesmente um projeto rígido, cheio de calçamento e deixa informações importantes de fora, como essa do saneamento básico”.


q RELIGIÃO

Anunciadas a data da canonização de Irmã Dulce e a identidade da pessoa agraciada com o milagre

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rmã Dulce será proclamada santa, pela Igreja Católica, no dia 13 de outubro deste ano, em cerimônia presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano, às 10h (horário local). O anúncio feito em 1º deste mês, pelo Santo Padre, foi comunicado quase que em tempo real, em Salvador, terra natal da beata, pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, no Santuário da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres. Ao lado de Maria Rita Pontes, superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), e diante de jornalistas, religiosos, devotos, profissionais, moradores e voluntários da instituição, Dom Murilo disse que a religiosa, conhecida como o Anjo Bom da Bahia, “se tornará a primeira santa brasileira da nossa época”. Oficialmente, ela passará a ser chamada de Santa Dulce dos Pobres e terá como data litúrgica o dia 13 de agosto. Dom Murilo Krieger anunciou ainda dois outros eventos referentes à cerimônia de canonização: a primeira missa em honra da santa, que será realizada no dia 14 de outubro, às 10h, na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses, uma edificação do século 17, em Roma, “em agradecimento pelo dom de Irmã Dulce”; e o segundo momento, a celebração no Brasil, em Salvador, dia 20 de outubro, às 16h, que irá reunir devotos e admiradores da religiosa, em local ainda a confirmar. Logo após o anúncio foi apresentado o homem agraciado com o segundo milagre da Mãe dos Pobres. José Maurício Moreira, 50 (foto abaixo), entrou do santuário, ao som da Ave-Maria, tocada

pelo acordeonista Waldonys, embaixador de Irmã Dulce, mostrando a imagem da religiosa que tinha nas mãos no momento em que foi miraculado. “Passei 14 anos cego e voltei a enxergar no dia 10 de dezembro de 2014, graças a Irmã Dulce”, relatou referindo-se ao milagre investigado e reconhecido pelo Vaticano. O segundo milagre validado pelo Vaticano passou por três etapas de avaliação: uma reunião com peritos médicos (que deram o aval científico), com teólogos, e, finalmente, a aprovação final do colégio cardinalício, tendo sua autenticidade reconhecida de forma unânime em todos os estágios. Uma graça só é considerada milagre após atender a quatro pontos básicos: a instantaneidade, que assegura que a graça foi alcançada logo após o apelo; a perfeição, que garante o atendimento completo do pedido; a durabilidade e permanência do benefício e seu caráter preternatural (não explicado pela ciência). O processo de Canonização de Irmã Dulce é o terceiro mais rápido da história (27 anos após seu falecimento), atrás apenas da santificação do Papa João Paulo II (9 anos após sua morte) e de Madre Teresa de Calcutá (19 anos após o falecimento da religiosa). PROCESSO DE CANONIZAÇÃO A causa da Canonização de Irmã Dulce foi iniciada em janeiro de 2000. Em abril de 2009, o Papa Bento 16 reconheceu as virtudes heroicas da Serva de Deus Dulce Lopes Pontes, autorizando oficialmente a concessão do título de Venerável à religiosa. O título é o reconhecimento de que Irmã Dulce viveu, em grau heroico, as virtudes cristãs da fé, esperança e caridade. Em outubro de 2010, a Congregação para a Causa dos

Dom Murilo Krieger, no Santuário da Bem-Aven­ turada Dulce dos Pobres e Maria Rita Pontes, superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce

Santos, através de voto favorável e unânime de seu colégio de cardeais e bispos, atestou a autenticidade do primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce, cumprindo, dessa forma, a última etapa do processo de beatificação. O primeiro milagre ocorreu na cidade de Itabaiana, em Sergipe, quando, após dar à luz seu segundo filho, Gabriel, em 11 de janeiro de 2001, Claudia Cristina dos Santos sofreu uma forte hemorragia, durante 18 horas, tendo sido submetida a três cirurgias na Maternidade São José. Diante da gravidade do quadro, o obstetra Antônio Cardoso avisou a família que apenas “uma ajuda divina” poderia salvar a vida de Cláudia. Em desespero, a família da miraculada chamou o padre José Almí para ministrar a unção dos enfermos. O padre, no entanto, decidiu fazer uma corrente de oração pedindo a intercessão de Irmã Dulce e deu a Cláudia uma pequena relíquia da Bem-Aventurada. A hemorragia cessou subitamente. Em 10 de dezembro de 2010, o Papa Bento 16 autorizou a promulgação do decreto do primeiro milagre. Irmã Dulce foi então beatificada no dia 22 de maio de 2011, em cerimônia realizada no Parque de Exposições de Salvador, reunindo mais de 70 mil pessoas. Na ocasião, a freira baiana foi coroada como a primeira beata nascida na Bahia e passou a se chamar Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo o dia 13 de agosto como data oficial de celebração de sua festa litúrgica. Faltava apenas a validação de um segundo milagre para que a religiosa fosse então canonizada. | Continua na página 92 u

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q SOLIDARIEDADE

Mobilização de clubes de Rotary no Brasil e exterior viabiliza 11ª sala de cirurgia no hospital Santo Antonio, das Obras Sociais Irmã Dulce

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Hospital Santo Antônio, coração das Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador, ganhou a 11ª sala cirúrgica graças a uma ação institucional do Rotary. O projeto da construção e aparelhamento teve um custo aproximado de R$ 1 milhão, sendo o maior projeto em parceria com a Fundação Rotária nos últimos dois anos no Brasil. Com a participação dos cubes de Rotary do Distrito 4391, de outros clubes de Rotary do Brasil e do exterior, esse projeto teve algo de muito especial: “tem o DNA da Santa Dulce, tem a alma, o espírito de Irmã Dulce, pois assim como as suas obras este projeto foi construído tijolo por tijolo, doação por doação até chegarmos à sua conclusão”, desabafou o advogado Edmundo Guimarães Lima Filho, presidente do Conselho Deliberativo do Rotary Club da Bahia, Ano Rotário 2018/2019, encerrado em 30 de junho passado. É dele o depoimento que segue: “A Família Rotária tem neste momento dois sentimentos aflorados. O primeiro é o sentimento de dever cumprido por concluir este projeto e o segundo sentimento é de gratidão pela confiança depositada em nossa instituição pelos dirigentes das Obras Sociais Irmã Dulce, liderados pela superintendente Maria Rita. O projeto nasceu no Rotary Club da Bahia, fruto da inspiração do então presidente Eduardo Barbosa (Ano Rotário 2016-2017), mas sua realização só foi possível pela vontade do povo de Deus e dos rotarianos que contribuiram incansavelmente para realização deste sonho.

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Em 2016, retornando da cidade de Ipiaú, onde realizamos um treinamento de líderes rotários, na companhia de Edilúcio Fernandes, o presidente Eduardo Barbosa, inspirado, segundo ele, por Irmã Dulce, manifestou que iria realizar um projeto de forte impacto social, que salvaria vidas por décadas. Imediatamente Eduardo passou a dissertar como iria construir mais uma sala de cirurgia, totalmente equipada, no Hospital Santo Antônio. No primeiro momento, eu e Edilúcio fizemos algumas ponderações quanto ao tamanho do projeto, mas imediatamente, sem que saibamos explicar, fomos tomados por

uma força superior e começamos a arquitetar, imaginar, planejar e sonhar com o projeto. A empolgação foi tamanha que quando chegamos em Salvador o projeto já estava praticamente todo planejado. O projeto foi apresentado na primeira reunião do Rotary Club da Bahia e aprovado por unanimidade. Ato seguinte, Edilúcio Fernandes, companheiro que tem muita experiência em projetos com a Fundação Rotária, já estava buscando parceiros internacionais, fazendo a inscrição do projeto na instituição. O companheiro Roberto Lerner, tesoureiro da gestão do presidente Eduardo

A superintendente Maria Rita Lopes Pontes (primeira à esq., sentada) e Dom Murilo Krieger, arcebispo metropolitano de Salvador e Primaz do Brasil e presidente de Honra da OSID (quarto, a partir da esq.:, sentado) ao lado de Conselheiros das Obras Sociais Irmã Dulce, na entrega da sala cirúrgica doada pelo Rotary.


Barbosa, ficou encarregado de organizar e gerir todos os recursos financeiros conforme os ditames da Fundação Rotária. Diversas frentes de arrecadação foram feitas, entre elas campanhas promovidas pelo então governador Henrique Trindade, seguida pela atual governadora Anaci Paim; campanhas de clubes do Distrito, criamos um site para arrecadar doações no qual tivemos contribuições de R$20,00 a R$500,00; diversos clubes doaram títulos Paul Harris em favor do projeto. Evidentemente, que um projeto desta envergadura, precisaria de mais tempo que apenas um ano rotário para que pudesse se concluir. Assim o companheiro Fernando Torres, ao assumir a presidência sucedendo Eduardo Barbosa, deu continuidade aos trabalhos, tendo sempre à frente o próprio Eduardo Barbosa, que encantava e inspirava todos à sua volta, a cada conquista. Enquanto isso, Edilúcio trabalha incansavelmente e já conquistava novos clubes parceiros, mundo a fora e dentro do Brasil. O projeto já era quase global. Em dezembro de 2018, tivemos a ultima contribuição estrangeira, vinda de um clube da Índia (Distrito 3170) que doou U$ 6.000.00, em contrapartida a uma futura doação do Rotary Club da Bahia. Faltava muito pouco e em fevereiro de 2019 alguns companheiros do Rotary Club da Bahia e do Rotary Club Lauro de Freitas, doaram os últimos títulos Paul Harris, necessários para concluirmos toda a parte financeira do projeto. O projeto da construção e aparelhamento da 11ª sala do hospital Santo Antônio teve um custo aproximado de R$1 milhão de reais e vai propiciar a realização de mais de 1.200 procedimentos por ano, firmando assim como o maior projeto em parceria com a Fundação Rotária nos últimos

No sentido horário: Edilúcio Fernandes (diretor do RC da Bahia), Roberto Lerner (tesoureiro do RC da Bahia), Lucrécia Savernini de Freitas (médica diretora do Hospital Santo Antônio), Maria Rita Lopes Pontes (superintendente da OSID), Eduardo Barbosa (médico coordenador da otorrinolaringologia do Hospital Santo Antônio), Edmundo Lima Filho (presidente do RC da Bahia), Agenor Martinelli Braga (vice tesoureiro do RC da Bahia), Felipe e Camila Lima (filhos de Edmundo Lima). A família Lima, liderada por Edmundo (presidente do RC da Bahia, ao centro), a esposa Adriana (esq.), a mãe, Mene, o irmão Haroldo e os filhos Felipe e Camila.

dois anos no Brasil, projeto que teve a participação de todos os companheiros do nosso clube, dos cubes do nosso Distrito, de clubes do Brasil e de clubes espalhados em todos os continentes. Portanto, este projeto tem algo especial, tem o DNA da Santa Dulce, tem a alma, o espírito de Irmã Dulce, pois assim como suas obras, este projeto foi construído tijolo por tijolo, doação por doação, até chegarmos a sua conclusão. Desta forma estamos dando vida às palavras de Santa Dulce: “Foi o nosso povo, com a sua fé, sob inspiração de Deus, que construiu toda essa obra” Rogamos à Santa Dulce que continue intercedendo junto ao Pai, realizando milagres em suas obras, em seu hospital e em especial na 11ª sala de cirurgia. Por fim, Deus, pela interseção de Irmã Dulce, continua nos concedendo graças e graças, pois tive a oportunidade de participar desde a concepção do projeto até sua conclusão, ao qual, por acaso divino, estava presidindo o Rotary Club da Bahia, justamente quando da entrega da sala de cirurgia, em 26 de maio de 2019, data que a OSID comemorou 60 anos de fundada, logo após o anúncio do reconhecimento da santidade de Irmã Dulce pela igreja católica. Ainda como graça, mesmo sendo de menor importância, mas com muita gratidão, eu, Edmundo Guimarães Lima Filho, Edilúcio Fernandes e Roberto Luiz Pimentel Lerner, assumimos lugares no Conselho das Obras de Assistências de Irmã Dulce, ao qual não pouparemos esforços em contribuir com todas as nossas forças, para perpetuar os milagres diários de Santa Dulce. Essa é a historia da inspiração, planejamento e realização da 11ª sala de cirurgia do hospital Santo Antônio, de Irmã Dulce”. Julho de 2019 | Vilas Magazine | 31


q ENTRETENIMENTO

Amizade na cozinha! Texto e Fotos: Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

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ão é de hoje que o alimento tem um papel determinante nas civilizações. Tanto os movimentos migratórios, religiosos e culturais interferem na culinária de um país, como os alimentos exercem um poder direto nos povos e em suas relações. A comida é capaz de unir pessoas diferentes, transformando essas diferenças em sabores, por exemplo. E foi assim com os amigos Rogério Martins, 42 anos, e Antônio Carlos Farias de Andrade, 61 anos, que apesar de berços diferentes descobriram dois prazeres em comum: cozinhar e receber amigos. Os dois se conhecem há cerca de 24 anos, quando Rogério, vindo de sua terra natal, Irecê, para Lauro de Freitas, ainda com 18 anos, começa a trabalhar na mesma empresa que Antônio Carlos. E desde então, estão sempre juntos. “Com Andrade fui para o Maranhão, São Paulo e até hoje continuamos juntos: sou gerente de vendas e ele o gerente comercial de uma distribuidora de bebidas”, destaca Rogério. Ano passado fizeram juntos um curso de culinária, em Lauro de Freitas, com duração de cerca de seis meses, apenas com o propósito de aprimoramento, pois a relação de ambos com a cozinha já vem de anos de estrada. Aos 15 anos, Rogério ainda morava com a mãe, que havia se separado de seu pai. Trabalhando o dia todo e ainda estudando, quando ela chegava em casa ainda tinha que enfrentar a cozinha para preparar comida para os três filhos. Incomodado com a situação de sacrifício da mãe, Rogério sugeriu aos irmãos que juntos preparassem a comida, para que quando a mãe chegasse encontrasse tudo pronto. “Conseguimos fazer arroz e fritar dois ovos, e minha mãe comeu achando a comida mais saborosa do mundo. Isso nos incentivou e emocionou muito. Aos 18, quando cheguei em Lauro de Freitas para trabalhar, morava com um primo. E aí, cozinhar passou a ser uma ne-

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cessidade”, lembra Rogério. Já Andrade recorda que lá pelos idos de 1986, comprava cordas de caranguejo na rampa do Mercado Modelo, em Salvador, e trazia para casa, em Vilas do Atlântico. Sentava no chão com os filhos pequenos, Rafael e Guilherme, para juntos escovarem os bichos. Os meninos ficavam mais atentos aos caranguejos que insistiam em fugir. Concluída a tarefa da limpeza, caranguejos prontos, Andrade ainda tinha que quebrar e servir aos filhos, pacientemente. E tudo sempre acabava em alegres encontros de família. Rogério e Andrade possuem estilos bem diferentes no preparo as iguarias: Este, apaixonado por frutos do mar, não é muito fã de replicar pratos, sempre muda alguma coisa da receita, dando o seu toque pessoal e não gosta de preparos muito complexos. Rogério não dispensa a tradicional comida típica nordestina, segue fielmente o que está escrito na receita Prato preparado pelos chefs Rogério e Antonio Carlos: Camarão Internacional


t Rogério e Antônio Carlos celebram 24 anos de amizades preparando comidas gostosas Antônio Carlos, a esposa Ana Cristina, Rogério e Tiago u

e adora se desafiar com novos preparos. “Às esposas cabe o papel operacional”, diz Andrade. A sua, Ana Cristina, foi a responsável pelo mise en place (termo francês que significa “pôr em ordem”) na sessão desta reportagem.“Ela gosta de dar ‘suas piruadas, mas tenho que reconhecer que uma vez ela salvou o prato, um filé recheado: eu ia colocar o bacon, picado, dentro do filé e ela sugeriu que colocasse por fora, enrolando o filé. Ficou maravilhoso, graças a ela”, diz. Rogério participou da entrevista um tanto tenso: a esposa, Maria Rosana, prestes a dar a luz ao segundo filho dele, não estava presente. Mas aos poucos foi relaxando e contou que, com o filho Igor, de 12 anos, já mantém uma relação de cumplicidade com a cozinha. “Quando ele diz que quer comer, chamo para prepararmos juntos a comida. Às vezes eles faz uns molhos meio esquisitos, podem estar ruins, do jeito que for, mas sempre digo que está bom, incentivando e orientando no que for possível, para ele não desistir da cozinha”, conta Rogério. Ana Cristina não tem do que se queixar, muito pelo contrário. Ela destaca que além dos filhos despertarem um olhar diferenciado para a cozinha, o fato do marido cozinhar une a família. “Nos finais

de semana, com ou sem as namoradas, os ‘meninos’ estão em casa com a gente, pois sabem que o pai vai cozinhar – no mínimo vai para a churrasqueira. Valorizamos muito esses momentos, pois não é comum quando os filhos, já independentes, morando fora, com namoradas ou não, fazem questão de estar com os pais. Sem dúvida, a cozinha nos une”, desabafa Ana Cristina. Rogério e Andrade pensam até em continuar se aprimorando, quem sabe sobre a culinária japonesa, mas sentem a dificuldade de encontrar ofertas de cursos em Lauro de Freitas. “Temos aqui a faculdade de Gastronomia na Unime, mas que não é uma opção, não é o que buscamos. Queremos cozinhar por hobby, para receber os amigos em momentos informais e descontraídos”, conta Andrade. E como todo bom hobby, nem sempre a receita dá certo. “Estamos terminantemente proibidos de fazer massa (rsrsrsrsrs). Certa vez inventamos de fazer uma pizza. Além de termos feito uma sujeira total, com farinha para todos os lados, a massa não deu certo, ficou muito dura. Um desastre total”, lembra Rogério. Apesar de algumas trapalhadas, os amigos percebem muitas vantagens em cozinhar em casa, desde a economia à segurança. “Sai mais barato cozinhar em casa do que jantar fora. Nosso jantar de hoje, por exemplo, não sai por menos de R$ 160,00 num restaurante de médio

porte, e você não vai ficar à vontade como aqui. Chama um amigo, ele traz um vinho, jogamos conversa fora ou atualizamos assuntos, é mais seguro, estamos dentro de casa, e saímos, todos, muitos mais satisfeitos”, afirma Andrade. Amigos da dupla, interessados pela gastronomia, já buscam informações onde fazer cursos, revelando cenas de ciúmes quando não são convidados para degustação. “É difícil dar assistência a todos os amigos ao mesmo tempo, e aí quando rola aquela foto nas redes sociais, sempre recebemos mensagens ou ligações, com queixas dos que não estavam presentes”, contam. No final, percebi que o que era para ser uma entrevista se transformou em um delicioso jantar, com direito a suculentas bruschettas como entrada, seguidas por um bem elaborado camarão internacional como prato principal. A conversa rendeu boa parte da noite, com direito a troca de receitas entre Antônio Carlos, Rogério e Tiago, meu marido, que entra de gaiato nessa história, pois apenas estava me acompanhando. E como uma boa reunião gastronômica não se encerra no último prato, já ficou definido que no próximo encontro será preparada uma galinha caipira. Sugestão de Rogério, aprovada por todos. E tenho certeza que meu editor, Carlos Accioli Ramos, ao ler esse texto, vai se convidar. Nota do Editor: Exatamente. Já me convidei e levo o vinho. Julho de 2019 | Vilas Magazine | 33


q JUVENTUDE

DESBRAVADORES EVIDÊNCIAS: Clube propõe atividades que despertem habilidades de sobrevivência, respeito e contato com a natureza Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

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m dos maiores dilemas do século 21 é encontrar um equilíbrio ante ao grande choque de gerações dentro dos núcleos familiares. Estamos falando das gerações Baby Boomers (1945 – 1964), Geração X (1965 – 1979), Geração Y (1980 – 1994) e a atual, a Geração Z, com a galerinha nascida a partir de 1995. Se focarmos nesta última, um dos desafios é a harmonia entre a tecnologia e a socialização com outras pessoas. Mas saiba que ocupar as crianças com ações positivas, que proporcionem formação social, é uma preocupação desde o início dos anos de 1900. Por volta de 1930, na cidade de Sant‘Ana, Califórnia - EUA, o pastor Theron Johnston, ao se reunir com outros

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pastores e lideranças locais para tratar de assuntos da comunidade, preocupava-se em ocupar as crianças neste tempo, com atividades que desenvolvessem habilidades, como a física e noções de ordem e civilidade. É assim que surge o primeiro desenho do que em 1950 seria oficializado mundialmente pela Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia como Pathfinder Club, que no Brasil recebe o nome de Desbravadores. A proposta deu tão certo, que desde então os clubes atuam na formação de novos cidadãos, com presença em mais de 200 países e cerca de três milhões de participantes. Na América do Sul, o primeiro clube foi instalado no Peru, em 1955. Ainda na década de 1950, o pastor Jairo T. Araújo, líder da juventude Adventista da Divisão Sul-Americana, com sede no Uruguai, distribuiu um manual sobre como organizar um clube desbravado-

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res, e isso provocou o desenvolvimento simultâneo em diversos lugares do Brasil, e os primeiros clubes são registrados em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Lauro de Freitas também possui uma unidade, o Clube Desbravadores Evidências. Originalmente o clube foi criado em 2012, mas foi fechado no mesmo ano devido ao baixo número de participantes, sendo reaberto apenas em março de 2015, desta vez já com 15 crianças. Ainda pouco conhecido na comunidade de Vilas do Atlântico, onde se reúnem, o clube inicia este segundo semestre com 73 inscritos, 30 líderes e muitas metas para realizar. CIDADANIA E RESPEITO “Conviver e se relacionar bem, respeitando o próximo. Hoje percebo que meu filho lida muito bem com as diferenças e o clube tem um papel muito importante

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nisso, até porque não se trata de um privilégio de quem é adventista; como o clube é aberto, ensina a convivência com o outro. Além disso, ajuda na formação do caráter, por ser uma continuação de nosso lar e de nossa igreja”. Esse é o sentimento de Gildete Ferreão, 54 anos, mãe de Reinaldo Ferrianci, 11 anos, que é compartilhado por outras famílias e pelo grupo de líderes que conduz as atividades do Clube Desbravadores Evidências. Organizado por líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia, o foco do grupo não se concentra na formação religiosa, mas no desenvolvimento de cidadãos. Podem participar das atividades crianças de 10 a 15 anos, de qualquer religião, matriculados em escolas públicas ou particulares. Os encontros acontecem aos sábados, na Igreja Adventista, e aos domingos na Escola Adventista, ambos em Vilas do Atlântico, a cada 15 dias, com atividades relacionadas aos ideais do grupo, sempre focados em cidadania, disciplina, hierarquia, respeito a Deus e ao próximo, natureza e formação de lideranças. Os líderes do Clube Desbravadores Evidências são exemplos do papel desempenhando pelo clubes na formação de cidadãos: Gabriel Brito, 25 anos, diretor associado, começou na unidade de São Cristóvão, em Salvador, e já possui 15 anos de clube, e Reinaldo Garcês, 35 anos,

atual diretor geral do clube. “Comecei com 10 anos, na unidade de Capelinha, em Salvador, e posso dizer que o clube foi determinante em minhas escolhas de vida. A minha profissão, por exemplo: temos um manual de especialidades e eu via muitas coisas a respeito de computação e hoje sou analista de sistemas”, conta. As atividades são desenvolvidas em grupos, onde cada criança recebe uma função e tem um papel específico a desempenhar. “Dessa forma todos se sentem parte do que está sendo desenvolvido, além de despertar o senso de responsabilidade”, frisa Garcês. Fica a cargo dos grupos, por exemplo, se organizarem quanto às atividades recreativas e passeios externos, sempre sob supervisão. Em 2019, a meta é a adoção de uma praça e um projeto de limpeza e conscientização das praias, demanda que foi solicitada pelo grupo de 13 a 15 anos; e aulas de vôlei, costura básica, organização de casa e panificação, demanda das crianças de 10 a 12 anos. Os membros do clube participam também de palestras com profissionais de diversas áreas e da fanfarra, que conta com 24 instrumentos.

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DO CLUBE PARA A VIDA Mas o clube não se limita aos encontros quinzenais. Em sua estrutura existe a fun| Continua na página 36 u

Fotos de 1 a 4: Atividades recreativas quando se desenvolve a interação com o gru­po, o trabalho em equipe e aptidão física. Foto 5: Encerramento da festa de integração, sempre realizada no início do ano, com a apresentação dos novos membros do clube. Fotos de 7 a 10: Viagem em janeiro de 2019, por 18 dias, passeando por cinco estados diferentes, com direito a participação no Campori Sul-americano, no Parque do Peão, em Barretos/SP.

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q JUVENTUDE

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ção muito importante do conselheiro, que assume o papel de acompanhar as crianças, seja no ambiente escolar, onde é avaliado tanto o desempenho como as relações sociais, bem como o convívio com a família, ajudando na resolução de conflitos. “Os conselheiros têm obrigação de visitar as crianças em suas casas, precisamos estar perto das famílias, pois nossas instruções não se resumem aos dois dias de encontro, precisa fazer parte da vida de cada uma delas. Como está essa criança na escola? Como está a comunicação em casa, entre pais e filhos? Por exemplo, hoje uma de nossas preocupações é o combate à depressão e ao suicídio. Estamos lidando com uma geração muito específica, os ‘filhos dos quartos’, crianças que vivem em seus mundos, que só se relacionam com o computador e as redes sociais. Nosso papel é trazê-las de volta para o convívio em família”, destaca Jamile Garcês, 34 anos, diretora associada. Para todas as atividades a serem desenvolvidas pelo grupo, o clube busca o respaldo no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. “As crianças não são forçadas a nada, esse é um livre arbítrio garantido no ECA e que nós respeitamos”, frisa Gabriel Brito, Diretor Associado.

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GOSTO PELA NATUREZA O momento mais esperado pelas crianças e líderes, é o acampamento, que acontece pelo menos uma vez por ano. “As crianças são preparadas aqui, aprendendo noções de sobrevivência,

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16 como lidar com o fogo, cozinhar seu próprio alimento, eles dormem em barracas, fazemos o setor x, que é o banheiro e o banho é de rio”, conta Jamile. São três dias de acampamento, em um local previamente escolhido e que garanta diversão e segurança para o clube. “Essa é apenas uma das nossas atividades voltadas para o convívio com a natureza. Este ano já estivemos no Parque Ecológico de Vilas do Atlântico, onde foi possível ouvir os pássaros, conhecer a mata, além de incentivar o papel de cidadão, recolhendo o lixo. Passamos sempre para as crianças que um desbravador sempre sai do lugar deixando melhor do que quando chegou”, complementa Jamile. Outro momento esperado são os Camporis, um grande acampamento que une as atividades ao ar livre, ações sociais e intercâmbio com outros clubes. Em ja-


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neiro, o Clube Desbravadores Evidências participou da 5ª edição do Campori SulAmericano – que acontece a cada cinco anos –, no Parque do Peão, em Barretos/ SP. Foram ao todo 18 dias de viagem, cinco dias de acampamento, em um intercâmbio intenso com 12 países da América do Sul, América do Norte, Europa e Ásia, totalizando mais de 100 mil pessoas. Em junho aconteceu o Campori Vencedores, organizado pela Associação Baiana, reunindo cerca de sete mil desbravadores de Salvador e Região Metropolitana, no Parque de Exposições de Salvador. O Clube Evidências esteve presente com 52 crianças e 22 líderes. “A chegada no Campori é sempre um misto de sentimentos: felicidade por estar concretizando o que almejamos; ansiedade de ver o acampamento montado; a cozinha arrumada e já pronta para atender ao grupo; o medo de que todos estejam protegidos e bem cuidados. Enfim, é um trabalho contínuo durante cinco dias. Toda nossa atenção nesses dias está voltada para nossos desbravadores, pois queremos que eles tenham a melhor experiência, que sejam muito bem cuidados e que possam sair de lá com muita história pra contar. E o retorno vem dos próprios desbravadores, e também dos pais, que nos motiva a continuar dando o máximo de nós”, conclui Reinaldo Garcês.

18 Fotos de 11 a 13: Viagem no mês de janeiro de 2019, por 18 dias, passeando por 5 estados diferentes, com direito a participação no Campori Sul-americano, no Parque do Peão em São Paulo. Fotos 14: O Clube Evidências participou do Campori Vencedores, no Parque de Exposições de Salvador, nos dias 19 a 23 de junho. Como parte das atividades, as crianças realizaram a limpeza de praças no bairro de Itinga. Foto 15: 1º Campori da Divisão Sul-Americana, em 1983/1984. Foto 16: Líderes dos Desbravadores Evidências: Pr Tairacon Oliveira, Jamile Garcês, Reinaldo Garcês e Gabriel Brito. Foto 17: Gildete Ferreão e seu filho Reinaldo Ferrianci. Foto 18: O clube reúne crianças de 10 a 15 anos.

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q COMPORTAMENTO

Excesso de celular causa danos desde os olhos até a mente

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s celulares surgiram para facilitar a comunicação e, de certa forma, aproximar as pessoas. Na prática, porém, já não são poucos os estudos que apontam os efeitos nocivos do uso exagerado do aparelho, com consequências SÍNDROME DA VISÃO NO físicas e psicológicas para quem não larga do telefone. Tudo começa pelos olhos, e em cima disso o médico oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier (hospital especializado em doenças dos olhos, em São Paulo) desenvolveu uma pesquisa com 814 participantes de 25 a 65 anos, mostrando que praticamente três em cada dez pessoas levam o celular à noite para a cama, atrapalhando o sono. “Tanto o aparelho como o sol projetam luz azul. Por isso, o celular engana nosso cérebro fazendo pensar que é dia e nos faz perder o sono, independente do horário”, afirma Queiroz Neto, que também é membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia). “Esta luz e a diminuição do número de piscadas que cai de 20 vezes por minuto para 6 a 7 vezes, provocam o olho seco evaporativo”, completa. Essa anomalia provoca a síndrome da visão de computador. “Os sintomas são cansaço visual, vermelhidão, visão turva e dor de cabeça”, diz o oftalmologista. Não é apenas por onde entra a luz que o corpo sente os efeitos do uso intensivo do celular. A dependência do smartphone provoca ansiedade, depressão, isolamento do mundo,

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Levantamento aponta que 3 em cada 10 pessoas levam o aparelho para a cama antes de dormir COMPUTADOR | SAIBA MAIS


entre outros danos físicos e também mentais para o indivíduo. O psicólogo Yuri Busin, que é doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP), afirma que é importante controlar o uso. “Delimite melhor as horas e o que deseja do celular. Saia sem ele algumas vezes, lembre-se sempre que é uma ótima ferramenta, mas que você deve dominá-la e não o inverso”, afirma o especialista. O profissional afirma que de nada adianta os pais e responsáveis cobrarem que crianças e adolescentes usem o celular moderadamente, se eles próprios abusam do smartphone. “O exemplo será uma ótima forma de intervenção. Além disso é interessante colocar limites de tempo de uso, estipular que devem ser feitas as tarefas e responsabilidades primeiro. Ao invés de simplesmente dar o celular, é interessante a criança aprender a conquistar o uso do aparelho”.

Segundo o psicólogo, crianças mais novas merecem ainda outro tipo de atenção. “Tudo deve ser feito de forma mais lúdica e com mais limites”, explica. William Cardoso / Folhapress.

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q PREVIDÊNCIA

Como será o novo pente-fino do INSS Revisão poderá atingir quase todos os tipos de benefícios pagos pela Previdência

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governo federal aprovou em junho um novo pentefino nos benefícios do INSS. A revisão instituída pelo governo Bolsonaro é mais ampla que o pente-fino realizado na gestão do ex-presidente Michel Temer. O atual programa permite, por exemplo, a convocação de aposentados por invalidez que não passam por perícia há mais de seis meses. No pente-fino anterior, o limite era de dois anos. O pente-fino do governo existe desde meados de janeiro, pois as medidas provisórias têm força de lei. No entanto, não houve convocações até agora. O motivo é que a MP estabelece um bônus aos servidores, que precisa estar no Orçamento deste ano. Para começar a valer, a lei ainda precisa ser sancionada pelo presidente, mas a intenção do governo é começar o mais rápido possível. A meta é economizar R$ 9,8 bilhões neste ano. Quem é beneficiário do INSS pode antecipar a sua preparação para uma eventual convocação, como, por exemplo, atualizar laudos médicos e exames. Clayton Castelani / Folhapress.

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NOVO PENTE-FINO | TIRE SUAS DÚVIDAS


Como acertar no pedido de revisão direto no posto do INSS Passo a passo para fazer a solicitação, que só pode ser realizada a distância

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segurado que busca uma revisão ou quer recorrer de uma negativa do INSS não precisa mais agendar o atendimento em uma agência. Desde 10 de maio, esses pedidos são feitos a distância, pela internet ou por telefone, na Central 135. Com ajuda de advogados especializados em Previdência, saiba o que fazer para acertar no pedido e se dar bem. A primeira dica é se informar sobre os prazos. Os recursos devem ser apresentados em até 30 dias após a negativa do instituto. Já a revisão tem prazo de dez anos para ser pedida, contados a partir do pagamento do primeiro benefício. Para o advogado Roberto de Carvalho Santos, presidente do Instituto de Estudos Previdenciários, o passo mais importante para quem vai pedir uma revisão ou recorrer de uma resposta é fazer um pedido bem fundamentado, com todos os documentos que garantam o direito. Hoje, quem faz o pedido pela internet pode anexar a documentação. Para quem pede a revisão por telefone ou recorre de decisão, há a possibilidade de enviar a papelada pelos Correios. Segundo Santos, a vantagem de brigar no posto do INSS é que, se conseguir vitória, o trabalhador receberá os atrasados corrigidos. A desvantagem, porém, é a demora. “O INSS está com problemas pela falta de servidores. Há, atualmente, 2 milhões de processos no país aguardando análise de concessão inicial. A revisão não tem sido analisada”, afirma a advogada Adriane Bramante, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário). NA JUSTIÇA Quando tem um pedido negado, em vez | Continua na página 42 u

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q PREVIDÊNCIA

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de entrar com um recurso, o segurado pode optar por ir à Justiça. No entanto, a demora na esfera judicial pode ser ainda maior. Especialistas lembram, porém, que os pedidos precisam antes ser feitos no INSS, como já foi definido pelo Supremo. Alguns

n Os pedidos de revisão e recurso no INSS são feitos a distância desde 10 de maio

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pedidos saem bem mais rápido no posto, como a solicitação de revisão para reafirmar a DER (Data de Entrada do Requerimento) ou revisão do artigo 29 (dos auxílios). Marcela Marcos / Folhapress.

n Mostramos abaixo a diferença entre os serviços, quando cada um deve ser utilizado, e como fazer para ter sucesso na solicitação


Raymundo Dantas

Escritor e palestrante, especializado em Marketing no Varejo, com Mestrado na Espanha. raymundo_dantas@uol.com.br

Empresa familiar é pecado?

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estes tempos de ajustes para uma economia estável, em que há, de fato, alguma “quebradeira”, aparece sempre uma teoria de plantão para explicar as razões do insucesso de tal ou qual empresa. E aí então, é fatal ouvirmos, vez por outra, a explicação serena e segura de que a causa dos males é o fato de o negócio ser familiar. Bode expiatório de todas as mazelas da má administração, a empresa familiar é considerada ainda o grande pecado mortal da economia. Quanto destaque se dá na imprensa às disputas de poder entre os parentes, no controle de uma grande empresa! Já as dissensões entre sócios não parentes é encarada com imensa naturalidade, apesar de ocorrerem com muito mais frequência. Uma tendência, até muito forte, na opinião geral, é a de que é necessário separar o controle do capital e a administração da empresa. Assim, embora a empresa continue pertencendo ao grupo familiar, a sua gestão, entretanto, seria entregue a um grupo de profissionais. Julga-se, com isso, resolver o “problema”.

E muita gente boa embarca nessa, como se todo “profissional” fosse bom gestor e todo “familiar” fosse um incompetente. Ora, meus amigos, o “profissional” bom gestor não poderia estar trabalhando numa empresa de sua própria família? E será que ali ele seria incompetente? Então não vamos confundir as coisas. O problema não está no parentesco. O problema está sempre na competência. Não são os laços de sangue que comprometem, mas é a indisciplina, a falta de liderança, a ambição do poder, os sistemas paternalistas, o despreparo, a falta de sentimento de equipe, de uma correta delegação, enfim, erros graves de gestão que podem acontecer em qualquer tipo de empresa. Mas, diga-se de passagem, a quase totalidade das micro, pequenas e médias empresas em todo o mundo, são de gestão familiar. E são elas que garantem a maior parte dos empregos, dos impostos e os mercados. São elas que seguram e estabilizam as economias. E as grandes empresas? Nos Estados Unidos, que são o grande exemplo de economia capitalista estável e próspera, 48% das grandes empresas são familiares, com ou sem gestão de profissionais não

parentes. A gigantesca Ford é um grande exemplo. Mas não somente lá, isso acontece. A Moet et Chandon também é do time das empresas familiares. E a Parmalat italiana. A Cargill, que já está na quarta geração de descendentes, a Sopas Campbell, e tantas outras. No Brasil não é diferente. Veja o Pão de Açúcar, o Grupo Itaú, as grandes construtoras, etc. O que precisamos é de competência e produtividade, nos parentes e não parentes. E coragem para colocar fora da empresa os incompetentes e improdutivos, parentes ou não. O que muita gente não está percebendo é que a globalização e os novos rumos da economia mundial estão levando à diminuição dos empregos, independentemente de crise ou não. Trata-se de uma tendência sem volta. A cada dia mais ex-empregados passam a ser pequenos empresários. Entre nós cresce o número de novos empreendedores, start-ups, etc.. E esse fenômeno está criando um fortalecimento das empresas familiares em todo o mundo. Ou seja, o que se dizia ser pecado está virando tendência! E a empresa familiar pode até dizer como um vitorioso esportista: “vocês vão ter de me engolir!”.

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q VIVER BEM

Pequena lesão pode ser porta de entrada para a erisipela

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dançarina Sheila Mello, ex-grupo É o Tchan, foi internada em junho, por causa de uma infecção cutânea em sua coxa esquerda. Essa infecção é chamada de erisipela, que pode ocorrer por uma pequena lesão na pele, que muitas vezes é até imperceptível. “A erisipela é um processo infeccioso por uma bactéria que acomete a camada superficial da pele, provocando dor, inchaço e feridas vermelhas e inflamadas. Atinge principalmente pernas, braços, mãos e face”, explica a médica dermatologista Juliana Toma. “A pele tem função de proteção e defesa do organismo, VAN CAMPOS /FOTOARENA/FOLHAPRESS

impedindo que germes do meio externo invadam o corpo. Com a quebra desta barreira de proteção, a bactéria invade camadas mais profundas da pele”, completa. Segundo Clivia Oliveira Carneiro, médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), além da medicação com o uso de antibióticos, o repouso também é necessário. “O tratamento é feito com antibióticos específicos para a bactéria causadora da doença, associado a medidas gerais de repouso com membros inferiores elevados, limpeza e assepsia do local acometido”, diz. Parece ser algo “simples”, mas se a erisipela não for tratada, pode desencadear para um problema maior. “Quando o processo é mais intenso podem surgir bolhas, ulcerações, linfedema, acompanhado de náuseas, febre, fadiga, mal-estar geral e até septicemia [infecção generalizada]. A mortalidade é rara, mas pode ocorrer, sobretudo em crianças e imunossuprimidos”, diz Clivia. DIABÉTICOS DEVEM TOMAR MAIS CUIDADO Pessoas diabéticas, ou com problemas de circulação, são as que precisam tomar mais cuidado com as feridas na pele, pois elas possuem as defesas mais baixas. Além do mais, não é raro o paciente diabético perder a sensibilidade nos pés, o que deixa a porta aberta para a entrada de bactérias, principalmente por meio das frieiras. “A erisipela acomete mais pessoas com diabetes mal controlada, úlceras venosas crônicas, pé de atleta, ou até mesmo após manipulação inadequada das unhas. Pessoas também que tenham má circulação ou problemas imunológicos são mais suscetíveis. Assim, é importante tratar e cuidar destes fatores de risco para evitar a infecção”, diz a dermatologista Juliana Toma. Até mesmo uma picada de inseto pode abrir a porta de entrada para a infecção cutânea. “Pequenas lesões na pele como micoses e picadas de inseto podem servir como porta de entrada para a bactéria. Assim, ela passa a barreira de proteção, e vai se espalhando nas camadas da pele, gerando os sintomas”, diz Juliana. PRECAUÇÕES A principal recomendação dos médicos para evitar a erisipela e manter a higiene, principalmente secando bem os pés. “Mantenha sempre sua correta higiene, não negligencie Doença que atingiu a dançarina Sheila Mello é causada por uma bactéria que entra na pele

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ERISIPELA | O QUE É A DOENÇA

machucados ou outras portas de entrada. Mas, se estiver com a doença, deve procurar um médico para iniciar imediatamente o tratamento específico”, diz Clivia Oliveira Carneiro, médica dermatologista. O uso constante de meia elástica também ajuda a combater o inchaço causado pela infecção. Emerson Vicente / Folhapress.

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Jaime de Moura Ferreira Ad­mi­nistrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, ambientalista, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. jaimoufer@hotmail.com

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Honestidade

honestidade é um atributo que todos deveriam praticar, pois, dessa forma, estariam dando valor a probidade e a honradez, que é uma característica impecável do humano, agindo dentro dos princípios morais. No entanto, a maioria, que faz parte da sociedade, busca a desonestidade, porque, assim agindo, é mais lucrativo, apresenta melhores condições de vida, embora essa situação venha representada pela desonra e por diversas preocupações. É muito difícil, para alguns, encontrar o valor de ser honesto. A falta da honestidade é uma indecência e, para muitos, o seu valor é insignificante. A desonestidade, muitas vezes, pequena ou grande, é um significativo mal, que faz o ser humano se apresentar como enganador, burlador, pois sua desfaçatez já lhe tirou a capacidade de ser íntegro. É uma prática de muitas pessoas. Está diretamente relacionada com a mentira. Pior é quando o desonesto critica os outros, por desonestidade. A maioria dos políticos são enganadores com aqueles que lhe elegeram. Isso porquê, quando eles pedem os votos sabem que o título de gestor público os fazem servir àqueles que o fizeram ocupar os cargos. Entretanto, isso não ocorre facilmente, pois eles não se preocupam com essa situação. Falta-lhes a honestidade. Mais embaraçoso é quando eles colocam “sobre preços”, em obras contratadas, de muitos recursos, para exigirem “propinas”. Isso é corrupção. A desonestidade pode vir de outra forma, quando as

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pessoas magoam ou prejudicam seus semelhantes. Nesse modo, surge a falta de confiança dos ofendidos, para esse prejudicador. A honestidade tem a ver com o caráter de uma pessoa. Aqueles que têm retidão e dignidade são considerados de boa reputação; para os demais, os honestos o caracterizam de mau caráter. Diz um provérbio iugoslavo: “se você quiser conhecer o caráter de uma pessoa, coloque-a na posição de autoridade”. Esse decoro traz a paz da consciência e gera a honra e respeitabilidade para quem pratica, constituindo a sua idoneidade moral. Porém, ser honesto não é falando e afirmando ao público, mas praticando. Começamos a ser honesto quando fazemos, com perfeição, o trabalho que somos pagos para realizar. Essa situação nos leva ao respeito próprio. Em casa, os seres humanos podem ser honestos no relacionamento com a família, o que lhes tornam responsáveis. Às vezes os pais ficam abismados de ver suas crianças fora das normas de honestidade. Uma pergunta não se pode deixar de fazer: será que esses pais têm a qualidade moral para educá-las? Lembrar que essa virtude tem a ver com o aperfeiçoamento pelo hábito. Sem dúvidas, a honestidade não tem significado para os ricos ou pobres, pois essa virtude se vê em qualquer situação econômica. A honestidade tem o sentido com a cultura de um povo. Quanto mais a sociedade está ligada à falta dessa castidade, maior é a situação de desonestidade da população.


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