Vilas Magazine | Ed 252 | Janeiro de 2020 | 30 mil exemplares

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Não precisamos apagar a luz do próximo para que a nossa brilhe Mahatma Gandhi

Feliz 2020 R

A Revista de Lauro de Freitas e Região

Ano 22 Edição 252 | Janeiro 2020


Arremedos Poéticos

BOLSA DE MULHER: um microuniverso caótico!

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olsa de mulher tem de tudo: batom, lixa de unha, agenda, lenço de papel, retratos, absorvente, rímel, caneta, kajal, tesourinha, alicate de unha, carregador de celular, celular, pinça, penca de chaves, vários documentos, óculos, cartões de crédito, dinheiro, barra de cereais, pastilhas e uma bolsinha com um monte de remédios, dentre eles, colírio. Basicamente é isso: um pouco menos um pouco mais, dependendo da faixa etária e da vaidade da cidadã! Apesar dessa enorme quantidade de coisas, na hora H, quando alguma delas se faz necessária, procura daqui, sacode dali e nada! Aí então soa o bom e velho solilóquio: “cadê a chave do carro, será que deixei na loja? Será que caiu na hora de pagar o almoço?” Mais algumas sacudidelas na bolsa e aparece a bendita chave! Em seguida: “cadê os trocados para o estacionamento? Tenho certeza que deixei aqui nessa parte de cima, bláblábláblábláblá”, até que o dinheiro é encontrado! No armarinho ambulante o marido não toca a mão, e se toca, lógico, com permissão da dona, quando não encontra o algo solicitado é logo tachado de bagunceiro e desleixado.

A revista de Lauro de Freitas & Região

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“Largue, deixe; você não sabe procurar nada mesmo; me dê a bolsa; eu encontro isso num instante!” Prontamente a bolsa é devolvida à proprietária que inicia a busca pelo item da vez: uma, duas, três sacudidas e nada. A procura logo se torna agitada e acompanhada das costumeiras autoconversas: “cadê meu cartão de crédito? Você pegou?”, indaga ao marido. Depois de algumas mãozadas surge o cartão e a vida segue seu fluxo! Lógico que toda regra comporta exceções, embora, nesse caso, não conheça nenhuma delas! E assim acontece dia após dia com cada um dos objetos guardados a sete chaves dentro da danada da bolsa! Por isso, comparo a bolsa da mulher a um microuniverso caótico, onde existem várias coisas que vivem aparecendo e sumindo sem parar! Em tempo: que me perdoem as exceções! Zé Cláudio, Maio de 2019 JOSÉ CLÁUDIO CRUZ VIEIRA assina seus “Arremedos poéticos” como Zé Cláudio. Morador de Vilas do Atlântico há mais de 15 anos, é advogado trabalhista militante há mais de 35 anos, sócio-fundador do escritório Cruz Vieira Advogados Associados S/C. Atuou na OAB-BA junto ao Tribunal de Ética como membro efetivo nas gestões de Thomas Bacelar e Saul Quadros.

Publicação mensal de propriedade da EDITAR - Editora Accioli Ramos Ltda. Rua Praia do Quebra Coco, 33. Vilas do Atlântico. Lauro de Freitas. Bahia. CEP 42708-790. Tels.: 0xx71/3379-2439 / 3379-2206 / 3379-4377. Diretor-Editor: Carlos Accioli Ramos (diretoria@vilasmagazine.com.br). Dire­to­ra: Tânia Ga­zi­neo Accioli Ramos. Gerente de Negócios: Álvaro Accioli Ramos (comercial@vilasmagazine.com.br). Assistentes: Leandra Almeida e Vanessa Silva (comercial@ vilasmagazine.com.br). Gerente de Produção: Thiago Accioli Ramos. Assistente de Produção: Bruno Bizarri (freelancer). Administrativo/Financeiro: Miriã Morais Gazineo (financeiro@vilasmagazine.com.br). Distribuição: Álvaro Cézar Gazineo (responsável). Tratamento de imagens e CTP: Diego Machado. Redação: Thiara Reges (jornalista freelancer). Colaboradores: Jaime de Moura Ferreira e Raymundo Dantas (articulistas), . Tiragem desta edição: 30 mil exemplares. Im­pressão: Log & Print Gráfica e Logística S. A. (Vinhedo/SP).

Para anunciar: comercial@vilasmagazine.com.br Tels.: 0xx71 3379-2439 / 3379-2206 / 3379-4377. Contatos com a Redação: redacao@vilasmagazine.com.br Vilas Magazine é uma revista mensal de serviços e facilidades, distribuída gra­tuitamente em todos os domicílios de Vilas do Atlântico e condomínios residenciais de Lauro de Freitas e região (Abran­tes, Ja­uá, Stella Maris, Pra­ia do Flamengo e parte de Itapuã). Disponível também em pontos de distribuição criteriosamente selecionados na região. As opiniões expressas nos artigos publicados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, as da Edi­tora. É proibida a reprodução total ou parcial de matérias, gráficos e fotos publi­cadas nesta edição, por qualquer me­io, sem autorização expressa, por escrito da Editora, de acordo com o que dispõe a Lei Nº 9.610, de 19/2/1998, sobre Di­reitos Autorais. A revista Vilas Magazine não tem qualquer responsabilidade pelos serviços e produtos das empresas anunciados em suas edições, nem assegura que promessas divulgadas como publicidade serão cumpridas. Cabe ao leitor avaliar e buscar informações sobre os produtos e serviços anunciados, que estão sujeitos às normas do mercado, do Código de Defesa do Consumidor e do CO­NAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. A revista não se enquadra no conceito de fornecedor, nos termos do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor e não pode ser responsabilizada pelos produtos e serviços oferecidos pelos anunciantes, pela impossibilidade de se deduzir qualquer ilegalidade no ato da leitura de um anúncio. No entanto, com o objetivo de zelar pela integridade e cre­di­bilidade das mensagens publicitárias publicadas em suas edições, a Editora se reserva ao direito de recusar ou suspender a vei­culação de anúncios que se mostrem enganosos ou abusivos, por constrangimentos causados ao consumidor ou empresas. A revista Vilas Magazine também u­ti­liza conteúdos edi­to­ri­ais licenciados pela Agência Fo­lhapress (SP) e Agência A Tarde (BA). Os títulos Vilas Ma­­gazine e Boa Dica – Facilidades e Serviços, constantes desta edição, são marcas regis­tradas no INPI, de propriedade da EDITAR – Editora Accioli Ramos Ltda.


Ano 22: a saga de fazer jornalismo responsável

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m boa parte do mundo e também no Brasil a imprensa passa por uma transição para o digital que não é indolor. O custo industrial dos veículos impressos sobe sem parar, enquanto as receitas publicitárias continuam a cair. No Nordeste em especial, a crise dos veículos de comunicação aprofundou-se em 2019 e segue em trajetória de agravamento. Dos quase 12 mil veículos de comunicação identificados pela mais recente edição do Atlas da Notícia, uma produção do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), o Nordeste abriga 1.722 ou 15% do total. Nesse cenário, a Bahia desponta como um dos estados com maior presença de veículos de comunicação, atrás apenas da região Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. Apesar disso, a Bahia apresenta vastos “desertos de notícias”, municípios que não contam com sequer um veículo jornalístico e “quase desertos”, as cidades com até dois veículos. Quase 65 milhões de pessoas, cerca de um terço da população, vivem nessas áreas. Em Lauro de Freitas, onde só a Vilas Magazine circula no formato impresso, o Atlas da Notícia, sem fazer juízos de valor quanto ao conteúdo ou qualidade, identificou quatro “veículos de jornalismo”. Antigamente se dizia que a existência de jornais, ou revistas, para o mesmo efeito, financeiramente independentes, é um dos sinais de desenvolvimento social e econômico de uma comunidade. Hoje, diante de milhares de projetos digitais que se apresentam como jornalísticos e que operam a custo quase zero esse conceito tornou-se difuso. O fim da Lei de Imprensa e a desregulamentação da profissão de jornalista no Brasil contribuíram enormemente para diluir a fronteira entre o que é jornalismo e o que é mera propaganda, muitas vezes de viés politiqueiro, com vistas à desinformação pura e simples, quando não à difamação de adversários. Ainda assim, tudo isso é visto hoje como “jornalismo” e os autores vão ao mapa como veículos de comunicação. A Internet, que veio trazer acesso plural à informação, trouxe também uma cacofonia que mais confunde do que esclarece o público. O “jornalismo” encenado, espetacular, visualmente rico, toma progressivamente o lugar do texto, na sua acepção acadêmica, enquanto criação intelectual, e em todas as mídias. A aprovação popular é maciça. A massa de brasileiros analfabetos funcionais identificada não é alheia a esse fenômeno. Nada menos que 38 milhões de adultos são incapazes de ler e interpretar um texto, tornando-se presas fáceis da espetacularização do audiovisual, este também necessariamente nivelado por baixo para atingir a audiência pretendida. No Brasil há analfabetos funcionais em todos os níveis de escolaridade. Até mesmo no grupo populacional com ensino superior há 4% deles. Mas o percentual de jovens que não conseguem interpretar um texto é muito menor que o dos mais velhos. Entre os 15 e os 24 anos, 12% são analfabetos funcionais. Dos 35 aos 49 eles são 33%. Já dos 50 aos 64, mais da metade da população é analfabeta funcional. As redes sociais, ao tempo que popularizaram a informação, também abriram caminho para a desinformação e para o uso desa-

visado da comunicação. O WhatsApp é destaque nesse panorama. De acordo com o Indicador de Analfabetismo Funcional (INAF), 92% dos analfabetos funcionais enviam mensagens escritas e 84% compartilham textos que outros usuários enviaram – sem de fato compreender o que ali vai. Christine Nyirjesy Bragale, vice-presidente de comunicação do The News Literacy Project, citada pela BBC News Brasil em artigo de Vanessa Fajardo, confirma que um dos reflexos do baixo nível de alfabetismo é que estas pessoas ficam mais vulneráveis à desinformação, especialmente memes, imagens manipuladas e usadas em contexto falso. A realidade já foi muito pior, é verdade. De acordo com o INAF, em 2001 os analfabetos funcionais eram 39% da população. Chegaram a ser 27% em 2015, mas o percentual passou a subir depois disso, alcançando 29% em 2018. Ainda assim, a Vilas Magazine inicia o seu 22º ano de circulação ininterrupta apostando no texto de jornalismo como conteúdo que continua a fazer a diferença na independência financeira de um “veículo de jornalismo”. Embora o foco principal da revista, desde sua implantação, seja a prestação de serviços voltados para a comunidade residente em Vilas do Atlântico e por expansão, para Lauro de Freitas e região, a Vilas Magazine se consolida como o veículo que aborda e divulga com integridade e credibilidade os fatos da cidade, em toda sua abrangência. O conteúdo que divulgamos nas páginas mensais da revista, jamais é temperado com o repugnante recheio do jogo da bajulação e adjetivação de informações, recursos facilmente identificados nas redes sociais, ambiente fértil para a desinformação, adubada para espalhar bravatas. Continuamos no norte do propósito de nos mantermos dignos e merecedores do respeito que a comunidade nos distingue. Chegamos até aqui, graças à participação que o mercado publicitário nos tem distinguido ao longo desses 21 anos de circulação ininterrupta. Nossos clientes anunciantes investem na divulgação de seus produtos e serviços, pela certeza e transparência dos números que apresentamos, sem maquiagem, da tiragem e distribuição dos exemplares mensais, e sabem que o investimento tem retorno garantido. Sabem que o veículo é acreditado pela comunidade. As dificuldades e obstáculos em manter a continuidade de um veículo impresso em Lauro de Freitas ainda não foram suficientemente decisivas para esmorecermos. Continuamos ainda sempre inspirados na lição que o mestre Guimarães Rosa nos ensinou: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Começamos nosso 22º ano de circulação com o mesmo entusiasmo juvenil do primeiro. Carlos Accioli Ramos Diretor-editor Vamos em frente. Janeiro de 2020 | Vilas Magazine | 3


Registros & Notas 50 anos do Colégio Sarte é celebrado na Câmara Municipal de Salvador A Câmara Municipal de Salvador homenageou, em sessão especial, a instituição Sartre – Escola SEB pelos 50 anos de fundação. Por iniciativa do vereador Kiki Bispo (PTB), a celebração aconteceu em 9 de dezembro, no Plenário Cosme de Farias, com a participação do vereador Henrique Carballal (PV) na condução da homenagem. “Em Salvador, um empreendimento que completa cinco décadas é uma demonstração não apenas de competência por complementar a lacuna deixada pelo estado na educação, mas, acima de tudo, de excelência”, pontuou o vereador Carballal. O vereador destacou o papel da instituição na formação de médicos, juízes, arquitetos, engenheiros, advogados e professores. “Pessoas que têm uma formação acadêmica cientificista, mas também humana, fruto de um Sartre originado por professores de cursinho, que praticavam uma pedagogia e didática inovadora”, considerou. “O Sartre destaca-se em Salvador e Lauro de Freitas pela utilização de avançada tecnologia educacional em sala de aula”, observou o vereador Kiki Bispo. O colégio faz parte do Grupo SEB (Sistema Educacional Brasileiro), instituição que administra diversas escolas próprias, situadas em diferentes estados do país O diretor geral do Sartre Escola SEB, professor Aloysio Nery, na presença do presidente do Grupo SEB, Chaim Zaher, agradeceu, emocionado, a homenagem e o reconhecimento da

Professor Chico Porto (esq.) e Jader Marques, coordenador de Eventos do Sartre

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Emocionado, o diretor geral do Sartre Escola SEB, professor Aloysio Nery, discursa para uma seleta platéia

Os professores Octamar e Bira Cabral ganharam homenagens Câmara de Salvador. Na ocasião alguns ex-professores foram homenageados: Bira Cabral, Chico Porto, Joaquim Nery e Octamar Masrques, além de algumas pessoas importantes para o desenvolvimento do Sartre e diretores de unidade. VISITA O vice-governador João Leão (centro) visitou a revista Vilas Magazine, pelo transcurso dos 21 anos de circulação ininterrupta do veículo, que se celebra este mês. Foi recebido pelo diretor-editor, Carlos Accioli Ramos (dir.) e o gerente de Negócios, Álvaro Accioli Ramos.


A transformação pela renovação TEOBALDO COSTA | Especial para a Vilas Magazine

A

s cidades constituem uma das formas mais eficientes de distribuição de riqueza, e não é por acaso que concentram hoje a maior parte da população mundial. Se de um lado, a concentração de moradores é um espaço de conflito que produz problemas – trânsito, poluição, violência segregação espacial urbana, desigualdade de oportunidades para a população de baixa renda, do outro lado, as cidades são o espaço da diversidade, do encontro com o diferente, da riqueza da convivência e produção cultural, espaço de trabalho, interação, diversão. Nesse contexto, precisamos ser capazes de enfrentar os desafios, com uma postura ativa e otimista frente aos enormes problemas urbanos que nos afligem, resultado de anos de inércia e passividade administrativa. Como conciliar Estado, sociedade civil e iniciativa privada, com o intuito de viabilizar as transformações pretendidas? Quais são os instrumentos urbanos, jurídicos, legais e econômicos que podem apoiar nossas iniciativas? Precisamos renovar para responder a essas perguntas, e assim buscar formas inovadoras de fazer a cidade e interpretar a realidade dos nossos espaços urbanos. Precisamos assumir uma postura crítica sobre os rumos equivocados das últimas duas décadas, sem planejamento, sob

a lógica clientelista e patrimonialista, da política do toma lá dá cá, da ineficiência administrativa. Precisamos de visão ampla, que vá além do discurso, que saia da discussão polarizada que tomou conta da sociedade, e passe a trabalhar efetivamente pela coletividade, gerando resultados na esfera local, e assim mudar também o global. Precisamos ir de encontro às principais discussões em torno da construção e dinâmica de uma cidade, estimulando e articulando a aproximação entre a sociedade civil, o poder público e a iniciativa privada, a fim de criar possibilidades de investimentos e desenvolvimento sustentável. Precisamos levantar as principais discussões em torno da cidade, construindo uma análise crítica e criativa sobre como podem se relacionar as variáveis mais importantes para nossa gente – moradia, mobilidade, educação, trabalho, segurança, saúde, cultura, turismo, infraestrutura e tecnologia. Precisamos descrever o papel dos diferentes atores sociais – sociedade civil, prefeitura, câmara, empresas, universidades – para a construção e desenvolvimento de uma cidade inclusiva e de qualidade, com um novo marco regulatório e novos planos municipais nas diversas áreas. Precisamos analisar os pontos fortes e fracos das iniciativas de planejamento, desenvolvimento e regeneração urbanos realizados em diversas cidades do Brasil e do mundo, para servir de exemplo para construção do nosso futuro. Precisamos implantar os principais modelos de mensuração de impacto

econômico, ambiental e social em cidades para auxiliar nas decisões do poder público municipal. Precisamos capacitar o funcionalismo para a viabilizar novos projetos urbanos, dando importância para a análise territorial, viabilidade econômica, arranjo institucional, validade jurídica e legitimidade política, por uma administração mais ágil, tecnológica e transparente. Precisamos de muita coisa, mas principalmente precisamos acreditar na inovação como ferramenta de transformação. Afinal, o que está aí a gente já sabe no que vai dar, já deu. Lauro de Freitas ao apostar numa transformação não servirá apenas de novo modelo de administração pública, mas será, sobretudo, o campo de atividade e palco para o desenvolvimento da cidadania, da consciência e participação social, como protagonistas de uma nova cidade, mais justa, mais desenvolvida, e mais moderna e organizada. É isso que queremos. É nisso que acreditamos. Teobaldo Costa é empresário.

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Registros & Notas

A festa dos amigos do Geo

Marcão, dona Leo e o marido Dedé (donos do espaço), Geo, o garçon festeiro e Horácio

Marcão mostrou seus dotes de churrasqueiro: a costela bovina não deu pro gasto. Matheus não tirava o olho.

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Empresários, profissionais liberais, aposentados, misturados e ligados por um forte sentimento de amizade sem barreiras de cor, sexo, idade, classe social, preferências políticas ou esportivas. Assim se pode definir a gama de clientes do descontraído ambiente do Boteco do Dedé, um lugar despretencioso, sem requintes, que reúne, na sua essência, um grupo de pessoas que prezam, valorizam e compartilham amizade. Afinal, é ao lado dos amigos que a vida faz sentido. Aos sábados é sagrado: todos se encontram lá, embora alguns batam ponto diariamente. E aí rola um afinado regional, quando exibem seus dotes musicais. Regendo essa “algazarra improvisada”, uma figura festejada por todos eles - sem exceção -, atende com maestria e muita zoação os clientes: é o Geo. Incapaz de atender os pedidos sem uma piada, uma brincadeira, uma gozação. Impossível. Como se não bastasse, o grupo – ou a confraria? – promove há mais de 20 anos, um encontro anual para se festejarem, ainda mais. O encontro desse ano aconteceu na sexta-feira, 13 de novembro: enquanto Marcão assava as carnes, uma purinha de Salinas girava pelas mesas, “abrindo os trabalhos”. Saudações pra lá de diversificadas brindavam os que chegavam, animando o encontro com risadas em profusão, abraços ruidosos, sorrisos estampados, escancarando o prazer do reencontro. Recheios que só se justificam entre amigos de verdade. Rapidamente os instrumentos musicais foram passando de mão em mão, se alternando democraticamente, sob a marcação forte do mestre Silvio no surdo, Roque no pandeiro, Ferreira no tamborim, Zé Filgueiras no gogó, a assim em diante, animando a festa, que se estendeu até à noite. “Geo, mais uma cerveja”.


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Registros & Notas Pedrinho brilha no templo sagrado do futebol Sem qualquer sombra de dúvida, uma emoção que ficará marcada por toda a vida de Pedro Moacyr Luz Tortorelli Lima, é a vivida quando ingressou no gramado do Maracanã, em 2018, representanto o PSG Academy Villas, para participar do Paris Cup, que envolveu todas as unidades do Paris Saint-Germain do Brasil no

Rio de Janeiro, em outubro e novembro daquele ano. Naquela ocasião, Pedro se sagrou campeão na categoria Sub 13 jogando a final no estádio onde brilharam tantos ídolos consagrados. A emoção não foi apenas dele: os pais, Murilo Freitas Lima e Lívia Tortorelli (com ele, na foto à direita), guardam na memória aqueles momentos, para sempre. Atualmente Pedro faz parte do time Sub 15 do PSG Academy Villas, disputou recentemente o Villas Cup Kids, sagrando-se vice-campeão.

500 anos de Leonardo da Vinci A Organização Internacional Nova Acrópole de Lauro de Freitas celebrando o Dia da Filosofia (21 de novembro), promoveu, em sua sede em Vilas do Atlântico, um ciclo de palestras e debates, com o tema: ”Leonardo Da Vinci: 500 anos de um legado extraordinário”. A Sala da Arte (abaixo) abordou as obras A Última Ceia (afresco produzido por Leonardo da Vinci de 1495 a 1498 para a igreja de Santa Maria delle Grazie, em Milão) e Mona Lisa, também conhecida como A Gioconda (sua obra mais notável e conhecida. Iniciada em 1503, nela o artista melhor concebeu a técnica do sfumato).

AMOR DE BICHO A escritora e psicóloga Fátima Moura escolheu a natureza exuberante do Parque Ecológico para o lançamento, em Vilas do Atlântico, do seu mais recente trabalho: o livro infantil “Amor de Bicho”, publicação do selo editorial Fábrica das Letras. Indicado para a faixa etária de 8 a 10 anos, o livro mergulha com sensibilidade e delicadeza em tramas que envolvem crianças que vivem muito próximas à natureza e quatro doces criaturas: Bebela, Tuti, Cindi e Perolita. As histórias foram inspiradas nas vivências dos filhos da autora com bichos e na relação de cuidado e respeito que mantinham entre si. O livro remete a uma infância em que as crianças têm tempo livre

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para investigar o mundo ao seu redor ou simplesmente para não fazerem nada, entregues aos sentidos e à surpresa do inesperado. Em tempos de agendas infantis tão sobrecarregadas (pelo menos nas classes mais favorecidas), de um presente vivido sob a pressão de um futuro promis-

sor, lembrar da importância de brincar livremente se faz urgente. Sem falar na presença invasiva das novas tecnologias – tablets, celulares, computadores e sempre mais e mais novidades, que embora tenham enorme valor na formação das crianças, têm-lhes afastado das brincadeiras sensoriais, experimentais, do contato com a natureza e das interações corpo a corpo. Com 60 páginas e ilustrado por Elena Landinez,“Amor de Bicho” tem uma proposta interativa, quando ao final das páginas as crianças são convidadas para desenharem os personagens principais retratados. Em Vilas do Atlântico, o livro pode ser adquirido nas livrarias Dom Casmurro e Nobel, ou pelo site www. fletras.com.br


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Registros & Notas

Lions Clube Lauro de Freitas – Quatro Estações celebra 15 anos realizando sonho de 15 jovens da comunidade

O Lions Clube Lauro de Freitas – Quatro Estações celebrou seus 15 anos de serviços voluntários prestados no município, elevando a autoestima de 15 jovens de escolas públicas, escolhidas entre as que apresentam melhores notas e frequência assídua em sala de aula. Toda a ação foi coordenada pela secretária e diretora de eventos, Gleice Baptista, mobilizou não apenas 15 jovens, mas também suas famílias, com atividades variadas, repletas de surpresas, proporcionadas por parceiros da instituição, que culminou com um grande baile no salão do Terminal Turístico de Portão, especialmente cedido pela Prefeitura e decorado para a ocasião, onde as jovens foram recepcionadas por suas famílias e convidados, pedrinhos e madrinhas, com direito a valsa, fotos, brindes e presentes. A prefeita Moema Gramacho esteve presente na solenidade, parabenizando as debutantes e o presidente do Lions Club Lauro de Freitas – Quatro Estações, advogado Eliano Barroso, que promete reeditar a ação, em 2020, presenteando 16 jovens da comunidade. 10 | Vilas Magazine | Janeiro de 2020

As 15 princesas homenageadas pelo Lions Club Lauro de Freitas Quatro Estações Alice Barbosa Ferreira Caroline Birges Cauane Keli dos Santos Dandara Evelyn dos Santos Emile dos Santos Rosa Emilly Carvalho dos Santos Evelin Oliveira de Jesus Fernanda Lira dos Santos Janine dos Santos Magalhães Lavínia Piris França Noemi Kelly Lopes Ferreira Rafaele Araújo Ferreira Raimara Sena da Silva Stefane Ferreira da Conceição Suzane Brito Souza.

Mesa diretora do evento (acima, a partir da esq.): Te­n en­te-Coronel Yara Nascimento de Souza, da Base Aérea de Salvador; vereador Fausto Franco; prefeita Moema Gramacho; go­vernador do Distrito LA-2, do Lins Clube, Ubiracy Luiz de Souza e esposa Ana Souza; presidente do Lions Club Lauro de Freitass, Eliano Barroso; secretária e diretora de Campanhas, Gleice Baptista; tesoureira, Valquiria Menezes; diretora de Associados, Ulyana Baptista e diretora Social, Eva de Barros. 15 ANOS DE UMA CASA MUITO BOA Em dezembro o Restaurante D´Meg completou 15 anos de funcionamento. Capitaneada pelos donos, Margarida e Bartolomeu (ela, na foto, de branco, entre membros da sua equipe), com o apoio de integrantes da família (filhos, irmãs e sobrinhos) e parceria de um bem azeitado time de colaboradores, a casa é um dos endereços mais prestigiados de Lauro de Freitas, seja pela qualidade e excelência da sua comida, mas também pelo ambiente, onde se harmonizam famílias e grupos de amigos, na sua grande maioria clientes antigos, que fazem do almoço um agradável momento de descontração.


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q CIDADE

Chegada do verão aquece setor hoteleiro

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pesar do sol reinar soberano ao longo de todo o ano na Bahia, a chegada do verão traz uma atmosfera diferente. E mesmo sem uma grande programação por parte da prefeitura, a exemplo do Festival da Virada e o próprio Carnaval, que acontecem em Salvador, a expectativa é de praias cheias e muitos turistas movimentando a economia de Lauro de Freitas. Para o setor hoteleiro a perspectiva é de crescimento. Ane Rocha, gerente comercial do Malibu Plaza Hotel, conta que as pesquisas apontam um crescimento de 15% para o setor turístico em Salvador, um cenário bem otimista, que reflete também em Lauro de Freitas. “Salvador está num passo assertivo, de crescimento constante, empulsionado pelas recentes gravações da novela Segundo Sol, da Rede Globo, que

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ajudou muito a trazer turistas para a capital baiana, que voltou a aparecer no topo da lista entre os destinos mais buscados, no turismo internacional”, destaca. Ane entende que as ações promovidas pela prefeitura de Salvador, substituíram o papel que antes era desempenhado pela Bahiatursa. “Eu diria que o projeto da prefeitura de Salvador é um projeto que vai além da sazonalidade, o foco principal é promover o destino, incentivando não apenas o turismo de sol e praia, mas também o turismo religioso e de negócios, e ao longo do ano diversas ações, das quais nós participamos, foram desenvolvidas para se alcançar este objetivo”, conta. No início da Costa dos Coqueiros, com fácil acesso para as principais praias do Litoral Norte, Lauro de Freitas tem ainda a facilidade de estar próxima do aeroporto, o que gera grande fluxo de hospedagens de curto período, de pessoas que estão de passagem para outros destinos. “Temos também boas opções de entretenimento, um segmento gastronômico muito variado. Somos tão bem servidos que até a centenária Sorveteria da Ribeira inaugurou uma unidade aqui”, frisa.

Ane Rocha, gerente comercial do Malibu Plaza Hotel “Temos lindas praias, com boa estrutura de apoio de barracas e nossa localização permite melhor acesso para as praias do Litoral Norte, e se o destino for o complexo de Camaçari, são apenas 20 minutos de carro. E na noite, temos por exemplo, o Armazém, uma referência em casa de shows no Brasil. Entendo que estamos num bom caminho, mas precisamos, como em qualquer cidade, melhorar a acessibilidade, e lógico, com maior investimento em turismo e um olhar para geração de emprego e renda, só vai alavancar o setor e a cidade também”. Até o fechamento desta edição (31/12), o Malibu Plaza Hotel, que possui 133 apartamentos, já estava com lotação máxima para os últimos dias de 2019 e cerca de 70% para o Carnaval. No ranking dos hospedes, estão os turistas de São Paulo e do interior da Bahia.


Parque Shopping Bahia terá espaço de lazer multiuso

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uando abrir as portas, em 3 de março, o Parque Shopping Bahia será o mais importante vetor de visibilidade da cidade de Lauro de Freitas. Com 260 mil m² de área total e 84 mil m² de área bruta locável (ABL) já construída, o empreendimento já empregou mais de 1.000 pessoas do segmento da construção civil, na sua implantação. Quando inaugurar, em março, esse número vai ser acrescido para 3,5 mil pessoas, com a contratação da mão de obra que atuará no funcionamento do shopping e lojas, segundo estimativa do empreendimento. “O shopping vai diferenciar a cidade de Lauro de Freitas e toda a RMS. A Aliansce Sonae tem muito orgulho de participar desse momento, desta nova fase da cidade e da região”, afirma Ewerton Visco, diretor da Aliansce Sonae. Representante dos empreendedores, o diretor Marcos Brito, afirma que o Parque Shopping Bahia vai atender um público de diferentes classes sociais, indo da classe D à classe A, além de contar com uma casa de espetáculos com 8 mil m², o Armazem Convention, espaço voltado para shows, congressos, convenções, formaturas, feiras e exposições, além de um parque de diversão próprio de 7,5 mil m²”, afirma. Uma das novidades do novo shopping é a instalação do supermercado Pão de Açucar, com cerca de 21.000 m², e de uma loja do grupo Petz, maior rede brasileira de pet shops. Com um investimento de cerca de R$ 600 milhões, o Parque Shopping Bahia contará com 204 lojas de diferentes segmentos, o empreendimento também vai oferecer aos clientes várias opções de esportes, lazer e entretenimento dentro de suas instalações. No terraço será instalada a PSG Academy,

escolinha de futebol do clube francês PSG, com direito a campos de futebol e área de lazer para a criançada, além de nove salas de cinema da rede Cinépolis. O shopping terá também uma plataforma do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), com dois andares: um para o atendimento de serviços em geral e outro exclusivo para o atendimento de demandas do município de Lauro de Freitas. Dentro do investimento, cerca de R$ 18 milhoes foram destinados em contrapartida para o município de Lauro de Freitas, que serviu para a construção do Centro Administrativo de Lauro de Freitas (CALF), já entregue à Prefeitura Municipal. Segundo a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, a chegada e inauguração do novo complexo comercial, trará, além de mais investimentos, emprego e renda para os moradores da cidade. “O Parque Shopping vai transformar a nossa cidade e vai, de certa forma, ajudar o município”, explicou a prefeita, adiantando ainda que a prefeitura possui um Termo de Acordo e Compromisso que garante que o empreendimento faça intervenções na mobilidade urbana da cidade. “Eles vão construir uma ponte que vai interligar a Av. Luís Tarquínio com a Estrada do Coco e manter as vias do Centro Administrativo, que ligam o Centro ao shopping e à Estrada do Coco, além da construção de ruas de entrada e saída para facilitar o trânsito nas ruas adjacentes. Todas essas obras serão de responsabilidade do Parque Shopping”, completou. Com a possibilidade da chegada do

Eduardo Mariano (Armazém Convention) Roberto Silva (Parque Shopping), Marcos Brito (Parque Shopping) Tufi Homci Júnior (Armazém Convention) e Luís Carlos, empresário

metrô até o Centro de Lauro de Freitas, a administração do Parque Shopping Bahia já pensa na construção, por conta própria, de uma passarela climatizada, com cerca de oito metros de largura, para dar acesso direto da estação do metrô até a parte interna do shopping. Algumas lojas já confirmadas no Parque Shopping Bahia: Riachuelo, C&A, Renner, Açaí Concept, Magazine Luiza, Casas Bahia, Centauro, Via Paris - Espaço de Beleza, Polo Wear, Le Biscuit, Kalunga, Romanel, Smart Fit, Clivale Mais, Laboratórios Linus Pauling, O Boticário, Oi, Claro, Vivo, Tim, Preçolândia, Havaianas, Samsung, Bel Salvador, Drogasil, Drogaria São Paulo, Pão de Açúcar, Petz - Petshop, Smartfit, Outback e Esquina das Embalagens. A escolinha de futebol do PSG vai ocupar uma área nobre, no terraço do empreendimento.

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q CIDADE Apresentação da Mostra no palco do Cine Teatro: mais de mil estudantes envolvidos

Mostra Educa7 Minutos premiou audiovisual de estudantes locais

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studantes e grupos culturais de Lauro de Freitas apresentaram no Cine Teatro, em dezembro, o resultado de tudo que aprenderam na teoria e prática do projeto de educomunicação Educa7 Minutos, em trabalhos de audiovisual para a 5ª edição da Mostra de Filmes. A comunidade escolar, que compareceu em peso, pôde ver de perto o talento exibido em 17 produções cinematográficas. Os curtas-metragens abordaram as mais diferentes temáticas, da história local ao contemporâneo, como problemáticas da adolescência, casos de saúde, bullying, tecnologias digitais, produção musical e violências. Mais de mil estudantes participaram, ao longo do ano, das oficinas de roteiro, filmagem, produção e edição. No total, 62 projetos foram submetidos para a 5ª Mostra, que premiou, entre 20 finalistas, vencedores das categorias de melhor

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EDGARD COPQUE

filme, direção, roteiro, fotografia, edição e montagem, direção de som, atriz e ator, direção de artes, atriz e ator coadjuvante. Com uma produção de comédia dramática, em que uma senhora se cansa das tarefas domésticas em função da família e decide curtir a própria vida, a Escola Municipal Barro Duro foi a grande campeã de melhor filme com o curta “Ihh, vovó tirou férias!”. A Escola Municipal Santa Júlia produziu o filme “O grito que ninguém escuta”, uma abordagem sobre depressão e automutilação na adolescência, e conquistou o segundo lugar. As escolas Ana Lúcia Magalhães e Cadetes Mirins empataram na terceira posição, com os curtas “Mulheres Guerreiras” e “Favela Vive”. A prefeita Moema Gramacho entregou o prêmio de melhor filme ao primeiro colocado e agradeceu aos que acreditaram “nesse projeto que trabalha o audiovisual com uma potência para a

educação”. Os premiados ganharam cursos de preparação de empresas privadas e tablets, além de certificação. Para Alexandre Sena, idealizador do Educa7, apresentar à comunidade escolar o resultado das produções é mais que uma simples mostra. Para ele, o aprendizado da 5º edição superou as anteriores e a relação do aluno com o território deu maior realismo aos curtametragens. Segundo ele, produções do projeto chamaram atenção de cineastas para um intercâmbio entre Bahia e Goiás. Está sendo considerada a possibilidade de exibição de filmes do Educa7 em outro estado e até em outro país. Gabriella Santana, coordenadora do Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação, destaca que a mostra teve uma participação maior das escolas este ano. “Percebemos que as unidades de ensino começaram a en| Continua na página 18 u


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Para nós, fazer diferente é essência. Tradição que

Acreditar no impossível. Gerar novos pensamentos

carregamos com orgulho há mais de 30 anos. É

e ações. É alinhar cabeça e coração para mudar o

reinventar-se a cada dia sem perder o propósito.

mundo começando por si próprio. Buscar pelo

Adaptação. É saber que a parte mais importante

futuro sem perder o presente. É liberdade de ter

da viagem é o caminho. Fazer diferente é

seu Perfil e saber que cada Perfil é único e pode ir

inovação. É pensar fora da caixa. É ousadia. É fazer

onde quiser. É pensar no amanhã. Mas começar hoje.

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Família Perfil - Há mais de 30 anos,

perder o acolhimento e o carinho.

tradição em fazer diferente.

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q CIDADE

u Continuação da página 14

tender que as linguagens do audiovisual, das tecnologias e da inovação, podem auxiliar no processo de integração dos alunos com a identidade territorial e sociedade”, disse. Durante a Mostra, estudantes e grupos culturais fizeram apresentações de dança. Uma produção de extensão do projeto de educomunicação – Tem Criança no 7 – também foi exibida. Gabriel da Silva, aluno da escola Ana Lúcia Magalhães, interpretou “Zulu” no filme “Mulheres Guerreiras”. Para ele, a cena mais marcante é uma em que o seu personagem se joga, sem camisa, no meio da vegetação. A vovó do filme campeão, Alda Maria Guimarães, que também ganhou como melhor atriz, ressalta que todos os processos de produção do curta-metragem envolveram a comunidade da escola onde é vice-diretora. O projeto Educa 7 Minutos consiste no fomento, orientação, divulgação e premiação de filmes produzidos por jovens, oriundos da rede escolar ou de grupos sociais de Lauro de Freitas.

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Sessão da Câmara aprova incentivos fiscais para patrocínio esportivo

Lei de incentivo ao esporte troca ISS por apoio a eventos

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Câmara Municipal de Lauro de Freitas aprovou, por unanimidade, uma lei que cria incentivos fiscais para fomentar o esporte na cidade. De autoria da prefeitura, a proposta prevê a renúncia fiscal de parte do Imposto Sobre Serviços (ISS), pago pelas empresas e profissionais liberais. A votação foi acompanhada por esportistas, que aplaudiram a aprovação da lei. O empresário que queira apoiar iniciativas esportivas, dentre as previamente aprovadas pela Secretaria Municipal de Trabalho, Esporte e Lazer, contribuirá por meio de transferência gratuita de valores e bens para serem usados como investimento em projetos. De acordo com Uilson Souza, secretário de Esporte, a aprovação da Lei nº 164/19 representa uma vitória para o município. “Esta é a primeira forma de financiamento que dará independência ao esporte local”, disse, completando: “Lauro de Freitas se torna hoje a única cidade da Bahia que cria uma lei de incentivo”. De acordo com ele, a partir de janeiro já serão selecionadas “as concessões que vão impulsionar a vida de muitos esportistas”. Para Luan Veloso, tricampeão baiano de paracanoagem, foi “uma emoção saber que agora temos uma lei que vai nos ajudar a crescer dentro do esporte” – “o sentimento é indescritível para a gente que sempre vem lutando por apoio”, disse. “O esporte cumpre um papel de inclusão social e os exemplos de superação estão aí para provar isso”, completou.


Audiência na ALBA discute titulação do Quingoma como remanescente de quilombo

pela comunidade”. O objetivo foi dar visibilidade à causa e buscar celeridade na titulação do Quingoma como território remanescente de quilombo. O Quingoma autodeclarou-se remanescente de quilombo e obteve a certificação, que é automática, da Fundação Cultural Palmares em 2013. | Continua na página 20 u

A

Comissão Especial da Promoção da Igualdade da Assembleia Legislativa realizou audiência pública no dia 11 de dezembro, a requerimento do deputado Hilton Coelho (Psol), para debater a titulação do Quingoma como território remanescente de quilombo – meta que uma comunidade local persegue desde 2012. O tema da audiência deu o tom da reivindicação: “Quilombo de Quingoma resiste em defesa da demarcação e titulação das terras historicamente ocupadas

Audiência pública na Assembleia Legislativa reafirma reivindicação do Quingoma, que quer ser reconhecido como remanescente de quilombo

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q CIDADE

u Continuação da página 19

Mas para obter a titulação efetiva é necessário percorrer procedimentos que não avançam desde 2015, quando o processo deu entrada no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). De acordo com a comunidade, um laudo antropológico identificou os limites e características do território numa área de 1.225 hectares. Entretanto, continuam pendentes todos os demais documentos necessários à construção do Relatório Técnico de Identificação e Demarcação (RTID), documento essencial para permitir a titulação. A elaboração do Relatório está a cargo da Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), por meio de acordo entre o governo estadual e o Incra. Um dos problemas é que, em 2017, o governo do Estado propôs a titulação de apenas 284,76 hectares, menos de 20% do que reivindica a comunidade e que, de acordo com eles, não contempla os interesses e necessidades de 578 famílias. Hilton Coelho, que assumiu a bandeira da comunidade, denuncia que “enquanto o processo de demarcação não avança, a comunidade é alvo de recorrentes atos de violência, orquestrados por supostos proprietários das terras e especuladores imobiliários, levando pânico e desespero para os moradores”. Para ele, a comunidade “foi violentada em seu território” com a construção da Via Metropolitana através da área que a comunidade reivindicava.

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Calçadão de Vilas do Atlântico ganha 20 câmeras de monitoramento

A

prefeitura de Lauro de Freitas inaugurou no dia 30 de dezembro o videomonitoramento do calçadão de Vilas do Atlântico, uma iniciativa da Superintendência de Segurança Municipal. A ideia era aumentar a segurança no calçadão já para a festa de réveillon, que tradicionalmente atrai uma multidão a Vilas do Atlântico. Vinte câmeras foram inicialmente instaladas em dez pontos ao longo do calçadão entre Ipitanga e Buraquinho. As imagens, de acordo com Paulo Araújo, diretor do Centro Integrado de Operações da prefeitura, estão sendo monitoradas 24 horas por dia, inclusive pela Polícia Militar. Outras duas etapas, com a instalação de mais câmeras, estão previstas. A inauguração do sistema contou com a presença da prefeita Moema Gramacho, do Coordenador Geral da Salva, Márcio Costa, além de representantes da Polícia Militar, Guarda Municipal e equipe de salvamento aquático. Araújo garante que “o sistema já está implantado e em ple-


Câmeras instaladas no calçadão de Vilas do Atlântico: mais segurança no verão. Abaixo: Paulo Araújo (esq) e Júnior Neves, da Superintendência Municipal de Segurança Pública: sistema beneficia toda a população que frequenta a praia

no funcionamento, oferecendo maior segurança para os usuários do calçadão e vai auxiliar muito a segurança durante o Réveillon”. Júnior Neves, Superintendente de Segurança Municipal, destaca que as câmeras do calçadão fazem parte do sistema municipal

de videomonitoramento, que já ultrapassa as 200 câmeras. Longe de se tratar de um benefício exclusivo para Vilas do Atlântico, as novas 20 câmeras atendem uma maioria de moradores de outros bairros que frequentam a praia e estiveram presentes na festa de Réveillon.

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q CIDADE

2ª edição do Trilha das Artes atrai público para o Parque Ecológico de Vilas do Atlântico THIARA REGES | Freelance para a Vilas Magazine

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Parque Ecológico de Vilas do Atlântico é o palco de mais uma edição do projeto Trilha das Artes, evento pensado para as famílias, que une ao mesmo tempo apresentações culturais, músicas e brincadeiras, estimulando uma forte conexão com a natureza. Ao todo serão quatro finais de semana, de dezembro de 2019 a janeiro de 2020. Os dois primeiros aconteceram em dezembro, com apresentação do ator e diretor, Jackson Costa, apresentação da Orquestra Neojibá e show do cantor Danniel Vieira. Promovido pela Prefeitura de Lauro de Freitas, através da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH, o Trilha das Artes é também uma oportunidade para aqueles


pé no chão”, destaca. Para os dois primeiros finais de semana deste mês, a programação ainda conta com oficinas de reciclagem, arte circense, valorização da cultura local, com exposição de artes plásticas, Terno de Reis e capoeira, além de contação de histórias infantis, com destaque para as geladeiras literárias, geladeiras sem uso, que receberam intervenção artística sendo grafitadas por Jackson Costa e agora servem de bibliotecas itinerantes. A comunidade pode contribuir com o projeto, fazendo doação de livros infantis. O Trilha das Artes acontece aos sábados e domingos, de 9h às 17h, sendo que os espetáculos e shows são programados sempre no período da tarde. Já estão confirmados para o sábado dia 4, Fanta e Pandora (A Bofetada), e para o sábado dia 11 o Sarau do poeta com Jackson Costa. A expectativa é de que a cada final de semana o parque ecológico receba em torno de sete mil visitantes por dia de evento. Acompanhe as redes sociais do @parqueecologicolf e confira a programação completa.

Acima: Jackson Costa, Danniel Vieira e Alexandre Marques, secretário municipal de Meio Ambiente. Abaixo: Apresentações culturais agitam o Parque Ecológico

que ainda não conhecem o parque ecológico. O espaço foi reaberto ao público há três anos, e aos poucos vem conquistando a comunidade. A meta é superar o índice de visitação de 2018, que chegou a cerca de 54 mil visitas no ano. O secretário de Meio Ambiente, Alexandre Marques, destaca que “o parque fica aberto durante a semana para receber alunos de escolas, com objetivo de fortalecer a educação ambiental, além de toda a sua estrutura ser pensada para famílias, com opções de lazer para todas as idades. Acredito que o espaço seja hoje uma grande referência dentro da cidade, proporcionando qualidade de vida; é um ambiente onde as as crianças se soltam da tecnologia e voltam a ser crianças, voltam a brincar com o

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q CIDADE

LUCAS LINS

DIA 2 DE FEVEREIRO, FESTA DE YEMANJÁ:

“Pedimos sempre que o mar seja benevolente conosco e que nos perdoe por tantas atrocidades” Mameto Lúcia, neta de Mãe Mirinha, yalorixá do Terreiro São Jorge Filhos da Gomeia de Portão.

“Quanto nome tem a Rainha do Mar? Quanto nome tem a Rainha do Mar? Dandalunda, Janaína, Marabô, Princesa de Aiocá, Inaê, Sereia, Mucunã, Maria, Dona Yemanjá”.

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LUCAS LINS

antada por Maria Betânia e celebrada por tantos outros, dia 2 de fevereiro é dia de levar presentes para o mar em homenagem à Yemanjá. Na praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas, o terreiro São Jorge Filho da Goméia, de Portão, prepara mais uma festa, com todo o respeito e alegria que ocasião merece. A homenagem do terreiro começou a cerca de 17 anos, quando os pescadores da região, com dificuldades para trazerem peixes nas redes, procuraram a ajuda de Mameto Kamurici, mãe Lúcia, líder espiritual do terreiro. “Liderados pelo Mestre Touro, responsável pela colônia na época, os pescadores nos procuraram pedindo ajuda, pois os barcos estavam voltando vazios do mar, sem pescado. Desde então, todos os anos o terreiro prepara o presente para ser ofertado à Yemanjá, no seu dia”, conta mameto Lúcia. Ela lembra que nos primeiros anos tudo era muito simples. “Todos se mobilizavam para conseguir camisas padronizadas, o samba das marisqueiras ficava por conta dos meninos que aprenderam a tocar na escolinha do terreiro, e assim levamos por alguns anos”, lembra. Nos últimos 10 anos a festa ganhou a proporção de hoje, com a participação de mais de 10 terreiros, simpatizantes e turistas, integrando, inclusive, o calendário cultural da cidade. O presente para Yemanjá não envolve apenas o dia 2. Devemos antes consultar os pescadores e o mar, para saber como deve ser o presente. “O presente não é uma oferta aleatória, mas uma energia, que deve estar sintonizada com os aconte-

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ROGERIO BORGES

LUCAS LINS

cimentos do ano que passou e o que pedimos para nós, para a comunidade e para o planeta. Pedimos sempre que o mar seja benevolente conosco e que nos perdoe por tantas atrocidades. Esse ano, por exemplo, o presente será também um pedido de desculpas por todo esse dano provocado pelo derramamento de óleo”, conta a líder religiosa. Preparado com antecedência, o balaio permanece um ou dois dias no terreiro, para depois seguir, em cortejo, para a praia. “Hoje se fala muito em presente sustentável, mas nós sempre tivemos a preocupação com o que estamos levando no presente, a começar pelo próprio balaio, que é de cipó. Retiramos todas as embalagens plásticas, vidros. Mas acho muito complicado quando se associa poluição das águas às oferendas que fazemos aos nossos orixás. Não me considero uma poluidora e tenho certeza que o presente de Yemanjá não seja o problema. Na verdade, muitas vezes quando chegamos para fazer uma oferenda perto das águas ficamos até com receio, de tão suja e fedida que está”, frisa Mãe Lúcia. No dia 2 de fevereiro os preparativos para a festa começam às 5 horas. Banho de pipoca, alfazema e muito samba de viola, até a hora da saída do presente levado pelos pescadores, que depende da maré. “Espero que todos que vierem participar do presente, venham de coração aberto; que não seja o presente pelo presente, ir só porque todo mundo vai. Venham em busca da energia que o mar proporciona”, concluiu. Thiarea Reges / Freelance para a Vilas Magazine Janeiro de 2020 | Vilas Magazine | 25


q ENTREVISTA | João Leão, vice-governador da Bahia

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o PT ao PP, legítimo membro do “centrão” em Brasília, a política tradicional virou promessa de estabilidade e futuro próspero. Em entrevista ao jornalista Rogério Borges, durante visita de cortesia à revista Vilas Magazine, o vice-governador João Leão repõe a realidade nos eixos e trata de desenvolvimento, na sua acepção do termo, e de eleições – dois dos seus assuntos prediletos. A conversa se passa como se o país vivesse a mais absoluta normalidade institucional – ou como se a Bahia fosse o último dos abrigos em tempos anormais. Político tradicional e com talento inato para realizar, João Felipe de Souza Leão, o “bonitão” (como chama e é chamado pelos amigos) de Lauro de Freitas primeiro ganhou o Oeste da Bahia e depois o estado todo. Ajudou a viabilizar a eleição de Rui Costa ao governo da Bahia, indicado por Jaques Wagner, e depois a sua reeleição. Hoje, embora não admita explicitamente, é potencial candidato ao Senado, na vaga de Otto Alencar. Com Ângelo Coronel, recém-chegado ao arranjo, ambos compõem o “teodolito” (instrumento óptico capaz de realizar com precisão medidas de ângulos verticais e horizontais em serviços de topografia) baiano capitaneado pelo PT – que pode chegar à administração federal em 2023, até por absoluta falta de opção nas hostes da legenda no resto do país. A ponte Salvador-Itaparica, que ameaça criar uma nova Lauro de Freitas do outro lado da Baía de Todos os Santos, é a mais vistosa bandeira do vice-governador como administrador público. Modestamente, ele compara a obra à duplicação da Estrada do Coco nos anos 90. A ponte, na verdade, vai impactar a vida de milhões de 26 | Vilas Magazine | Janeiro de 2020

“O que derruba fogo é monturo” João Leão, vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, durante entrevista na Vilas Magazine

Arranjo político baiano pode ter Rui Costa candidato a presidente em 2023 João Leão prevê expansão da RMS para além de Itaparica

pessoas e gentrificar largos espaços vitais, prometendo duplicar a arrecadação de impostos do poder público ao longo dos 30 anos de concessão aos chineses. No horizonte está até mesmo um novo polo industrial em plena Nazaré das Farinhas. A ponte, ambicionada desde Antônio Carlos Magalhães, nasce a fórceps, com pesado investimento do poder público estadual, pedágio a preços de ferry-boat e muita vontade política do governo chinês, os únicos interessados na empreitada. É o modelo econômico antiliberal que promete criar emprego e renda no Recôncavo baiano, além de aproximar dramaticamente Ilhéus e Itabuna. “Governar é encurtar distâncias”, dizia o catarinense Konder Reis nos anos 70. João Leão quer mais do que poupar 100 Km entre Barreiras e Salvador. Ele quer “trazer a riqueza lá do Matopiba [extensão geográfica entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia] para Salvador”. Na esfera da vida diária, Lauro de Freitas e o litoral norte poderão lucrar com a menor compressão urbana, mas às custas de Itaparica, Nazaré e arredores. Para Leão, só há vantagens. Ele quer mesmo ampliar o acesso a Vilas Atlântico e continua apoiando a ideia da via expressa. Adversário político da prefeita Moema Gramacho (PT), desde que a linhagem dos seus sucessores foi interrompida pela sindicalista, em 2004, mas aliado do senador Jaques Wagner (PT), Leão provoca sem ir às vias de fato: “estou à inteira disposição da prefeita, se ela quiser me procurar”, diz. Leão menciona a Previdência dos funcionários públicos como exemplo de razão para se buscar cada vez maiores superávits nas contas do Estado.


De acordo com o vice-governador, a Bahia fecharia 2019 com R$ 1 bilhão em caixa. Diz que o governador Rui Costa é “obcecado” por administração pública e daria o melhor presidente da República. É melhor que dê, porque o quinteto que hoje detém o poder na Bahia precisa acomodar todos os nomes. Há muitos anos, Lauro de Freitas virou extensão urbana de Salvador. Até além da conurbação, hoje já não se distingue o que é uma e o que seja a outra. Mas a cidade ainda tem um transporte público como se estivesse a 50 Km, ainda é “intermunicipal” e hoje se discute se afinal vai ser o metrô, se já não é mais o metrô, VLT, BRT. Primeiro vou contar um pouco do passado de Lauro de Freitas. Quando assumi a prefeitura, 35 anos atrás, Lauro de Freitas não existia, era uma cidade onde ali na praça central tinham casas cobertas com palha de coco. Era uma Jandaíra de hoje? Era uma Jandaíra de hoje. E nós começamos a botar forma. Fizemos a duplicação da Estrada do Coco que, me lembro, foi algo muito parecido com a ponte SalvadorItaparica. As pessoas diziam “você não vai fazer nunca isso, não vai dar certo”. Arrumei um monte de inimigos, de amigos que se transformaram em inimigos, quando comecei a afastar as casas e os terrenos que haviam onde a Estrada do Coco passa. E até hoje ainda há muita gente invadindo a faixa de domínio. Então, o que é que aconteceu? Teve um pessoal de uma antiga empresa, que chegou a vir de escopeta, para não deixar a obra passar. Era sonho, e nós transformamos o sonho em realidade e hoje a Estrada do Coco é um shopping a céu aberto. Foi uma previsão minha que se caracterizou batido. O acesso ao rio Ipitanga, as dificuldades que tivemos, aquilo tudo era área de mangue, uma invasão ali na entrada de Lauro de Freitas, onde haviam 175 casas. Me lembro bem, não esqueço nunca, porque dona Marlene, que era minha secretária de Ação Social, me fez construir 175 casas para tirarmos o pessoal e desocu-

parmos o local. Conseguimos tirar todas as invasões, mas faltou uma casa. E no final eu peguei dois solteiros e casei os dois. Era um alemão com uma negra linda, uma menina linda e fiz o casamento. Saiu na coluna de Levi Vasconcelos, a Tribuna da Bahia fez um artigo sobre isso. Hoje Lauro de Freitas é uma metrópole. Recentemente trouxe os chineses aqui, vim mostrar a praia de Ipitanga, aquele loteamento que fiz no tempo em que eu era empresário, Vilas do Atlântico e o Encontro das Águas. Mostrei aos chineses a duplicação da Estrada do Coco e contei a eles como era esta cidade trinta anos atrás. E disse a eles que a ponte Salvador-Itaparica vai ser a mesma coisa. Quando a gente chega lá do outro lado, depois da ilha, você tem uma área de 35 Km de beira de praia que dá para construir uma grande Lauro de Freitas. Foi uma tentativa de convencê-los de que a ponte seria viável? Não, eles já entendem que é viável. Tanto entendem que é viável que entraram na licitação e ganharam. Entraram porque o governo vai bancar a diferença? A diferença é muito pouca. São R$ 6 bilhões, nós vamos entrar com R$ 1,5 bilhão. O pedágio vai ficar no mesmo preço da travessia do ferry? O pedágio vai ficar no mesmo preço da travessia do ferry. As pessoas ficam dizendo “será que Estado vai ter dinheiro para pagar isso?, tal, tal, tal”. Pois bem: vamos fechar o ano com um superávit de R$ 1 bilhão, R$ 1 bilhão e tanto. Temos R$ 1 bilhão no caixa para 2020. Outra coisa importante: a ponte Salvador-Itaparica vai nos dar estimativa dos benefícios por acréscimos financeiros do setor público em dez municípios durante a concessão em 30 anos. A União vai arrecadar mais nesses dez municípios, R$ 25,104 bilhões. O Estado da Bahia vai arrecadar a mais R$ 19,510 milhões. E os municípios vão arrecadar mais R$ 12,581 milhões. Quando você soma isso aqui tudo são R$ 57 bilhões de reais.

Quais são os municípios? Você tem de Santo Antônio de Jesus para cá, de Valença para cá e acrescentando a Ilha de Itaparica e Vera Cruz, pelo eixo da rodovia. São dez municípios que temos ali naquele bolinho. A ideia nossa é, quando chegar com a ponte – isso não está nesse contrato. O que é que está no contrato? A ponte, uma duplicação, uma via expressa no meio da ilha e a BA-001. As duas chegam à ponte do Funil. Enquanto os chineses vão estar construindo isto aqui, nós vamos duplicar a ponte do Funil e vamos levar essa duplicação até Santo Antônio de Jesus e trazer a duplicação até Valença. Essa é a primeira fase da ponte, mas isso não está neste contrato. O contrato dos chineses é a ponte, as duas duplicações internamente na ilha até a ponte do Funil. Há uma tentativa visível de fomentar desenvolvimento regional daquele lado. O governo inclusive traz números a esse respeito. Quando, semanas atrás, o senhor falou da possibilidade de transformar o Estaleiro Enseada do Paraguaçu no canteiro de obras da ponte, isso se confirma? Confirma. Nós precisamos ter o ‘de acordo’ dos proprietários. Mas está parado, todo parado. Se ele está parado, será que você não vai querer alugar aquilo ou subempreitar a construção das vigas? Nós temos a possibilidade de três canteiros. Uma já recebemos, que é o canteiro da Petrobras, em São Roque. O outro é um canteiro que já é do governo do Estado da Bahia, um antigo porto. O porto ao lado de São Roque? Mas aquilo está desativado. Ativa-se, então. É uma área totalmente plana que pode ser transformada em um canteiro para construir as vigas da ponte. Então já está certo que em São Roque vai haver construção? De zero a dez, a não ser que os chineses não concordem, porque temos que ter a concordância deles. Mas é prático, o melhor local é São Roque do Paraguaçu, de onde podemos transportar as vigas de balsa. Não tem transporte mais barato do Continua na página 28 u

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q ENTREVISTA | João Leão, vice-governador da Bahia u Continuação da página 27

que marítimo. Se for fazer em outro lugar, terá que transportar de caminhão. Se é para tranportar uma viga de cento e tantas toneladas, vou transportar de balsa. De zero a dez, a probabilidade? Eu acho que é dez.

públicos a cada ano dobra. Ela aumenta de valor porque os funcionários vão se aposentando e nós vamos precisando de mais dinheiro para pagar a Previdência. Estamos chegando a um consenso de que ou você aumenta a receita do Estado ou daqui a cinco, dez anos você vai ter que cortar o salário dos aposentados do Estado para poder

Incluindo o Enseada do Paraguaçu? Incluindo o Enseada do Paraguaçu, que é o ideal. Por quê é o ideal? Porque a infraestrutura está toda pronta, você tem refeitórios prontos, alojamentos para duas mil pessoas. Então ali é o local natural. Também faz algumas semanas, o governador anunciou um novo projeto de terminais marítimos para Itaparica, Salinas da Margarida e Maragojipe. Isso está ligado à mesma ideia de desenvolvimento regional ali? Está ligado a um desenvolvimento econômico do Estado da Bahia e da Baía de Todos os Santos. O que é que nós queremos? Você vai ter um acesso para chegar a toda essa região. Você tem, logo após a ponte [do Funil] uma área plana, maravilhosa. Qual é o grande problema nosso hoje? É oferecer – eu estou na Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Qual é a minha função? É capitanear para trazer empresas de fora para a Bahia. Então nós não temos mais áreas. Ali no CIA [Centro Industrial de Aratu] está tudo lotado. Estou reaproveitando algumas áreas. Hoje mesmo (20 de dezembro) bati o martelo com uma empresa para assentar em Simões Filho, onde havia outra empresa. E ali em Nazaré [das Farinhas], naquela área, nós vamos fazer um grande centro industrial e comercial. Complementando essa infraestrutura industrial, vamos pegar essa estrutura aqui [Enseada e São Roque] tanto para apoiar como para receber apoio e um porto com calado de 27 metros. O governador Rui Costa tem uma preocupação muito grande com a receita do Estado. Estamos vivendo um momento muito difícil na nossa história política, no Estado da Bahia. A Previdência dos funcionários

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pagar, para não ficar como o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, que estão quebrados. Precisamos aumentar a receita. Temos alguns projetos de desenvolvimento econômico do Estado, entre os quais estão estes aqui, que estamos falando, que é você aumentar a receita. A ponte Salvador-Itaparica, com todo o sistema SVO [Sistema Viário Oeste], dobra a receita do Estado. Temos uma receita hoje de R$ 44 bilhões e durante o período da concessão vamos ter um acréscimo de receita de R$ 44 bilhões por ano. Por que é que a ponte é importante para Lauro de Freitas, de um ponto de vista

Aí eu ia sair de casa, pegar meu metrozinho e ia bater lá na vice-governadoria”.

geral? Hoje Salvador só cresce para cá. Se Joãozinho e Maria se casam, eles não vão procurar casa em Salvador, mas em Lauro de Freitas. Lauro de Freitas cresceu porque Salvador cresceu para cá. Vai chegar um ponto em que ela não vai crescer mais, vai inchar. Então, se você não criar um novo vetor de crescimento no Estado, na Região Metropolitana – porque isso aqui do lado de cá, Itaparica, Vera Cruz, Santo Antônio de Jesus, de Valença para cá, vai ser região metropolitana de Salvador. Nazaré vai ser região metropolitana, da mesma forma que nós aumentamos agora, São Sebastião do Passé, Camaçari, Mata de São João. Se você pegar, as distâncias aqui são maiores do que para cá. Esse também é um dos objetivos do Estado em relação à ponte, criar um novo vetor de crescimento? E desafogar esse tráfego aqui. Eu era secretário de Infraestrutura do Estado da Bahia quando fiz a duplicação do [acesso ao] Polo Petroquímico. Do complexo Dois de Julho até o Polo Petroquímico fui eu que fiz o projeto, fui eu que levei para [Jaques] Wagner aprovar. A princípio o governador Wagner dizia “não, não sei Leão, não temos dinheiro”, e nós fizemos uma concessão pura e simples, o Estado não entrou com um real, a mesma história da ponte. Só que a ponte, por ser uma obra grande demais, o Estado está entrando com uma participação. Imagine o que seria o [acesso ao] Polo Petroquímico hoje sem essa duplicação. Queremos pegar todo esse vetor daqui, o contorno da Baía de Todos os Santos. Você vai aproximar 250 municípios do Estado, onde moram dez milhões de pessoas, que vão ficar mais perto de Salvador, no mínimo, 100 Km: Ilhéus, Itabuna, 144 Km a menos; Belmonte, 283 Km a menos; Porto Seguro, 250 Km a menos; Santo Antônio de Jesus, Itaberaba, Barreiras, menos 100 Km; Jaguaquara, menos 120 Km. A Bahia vai ser outra depois dessa ponte. Vamos voltar ao primeiro tópico, em relação a metrô, VLT ou BRT [em Lauro


de Freitas]. Pelo que vi no Rio Grande do Sul, o pessoal do aeromóvel fez uma PMI - Proposta de Manifestação de Interesse, para ter um metrô diferente, um sistema totalmente diferente que funciona maravilhosamente bem no Rio Grande do Sul, na ligação, por coincidência, aeroporto-metrô. Ele transporta ali 10 mil pessoas/dia. Nós temos condições de fazer isso aqui para transportar até 20 mil pessoas/hora. Você vai pegar de Portão até o aeroporto e da Itinga até [o Centro de] Lauro de Freitas, chegando aqui perto de Vilas do Atlântico, pelo lado do estádio de futebol. Você pode até alongar um pouquinho e o meu ideal seria que viesse até Vilas do Atlântico. Aí eu ia sair de casa, pegar meu metrozinho e ia bater lá na vice-governadoria. Você pode fazer até uma ligação Itinga-Aeroporto. Então, com base nessa argumentação, o senhor prefere o VLT? Prefiro o VLT, que é o VLT do aeromóvel, que é um sistema novo. Rui diz sempre: “nós temos que ter muito cuidado com essas coisas novas”. Também acho. Está funcionando no Rio Grande do Sul. Nós precisávamos fazer uma linha pequena para testar. Funcionou bem e está funcionando maravilhosamente bem? Então, vamos fazer a ligação até Portão. O sonho de Rui, ele foi funcionário do Polo Petroquímico, é levar isso até lá, botar os funcionários para ir e voltar de metrô.

Estou à inteira disposição da prefeita Moema Gramacho, se ela quiser me procurar”

essa avenida aqui. Temos autorização da Aeronáutica, desde a época que Marcelo Abreu foi prefeito. Roberto Muniz fez aquele primeiro pedaço ali, com emenda de bancada do deputado João Leão. Roberto Muniz fez uma pista dupla da praia de Ipitanga até o final da Amarílio Thiago. Ali nós iriamos entroncar. Hoje não sei como seria. Teríamos que rever com a Aeronáutica, mas estou à inteira disposição da prefeita, se ela quiser me procurar, para voltarmos a discutir com a Aeronáutica. A respeito das eleições de 2020, o seu partido já definiu candidato para Lauro de Freitas? Não, ainda não. Não tenho pressa não. Quando fui candidato a prefeito, me lancei candidato em 1º de maio. Roberto quando foi candidato, lançamos em 1º de maio, Marcelo Abreu lançamos em 1º de maio. Para quê pensar em candidatura agora? Temos é que trabalhar, principalmente eu, que estou como vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico. O senhor pensa na possibilidade de o seu partido disputar essa eleição em

aliança com Moema Gramacho, com o PT? Tudo na política pode acontecer. Olhe, eu queria comer o fígado de Antônio Carlos Magalhães e terminei aliado dele por méritos de Luís Eduardo Magalhães. Fizemos um acordo. Ele pediu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para eu fosse à casa dele. “Mas presidente, eu ir na casa de Antônio Carlos” – Luís Eduardo tinha morrido um dia antes. “Ele faz questão de que você vá lá. Leão, vá lá”. Resmunguei: “presidente eu não vou não”. E ele respondeu, na lata: “pedido de presidente não se nega”. Cedi: “está bem, vou lá por sua causa, mas não vai dar bem esse treco”. Fui com Roberto Muniz, que era prefeito de Lauro de Freitas. Quando chegamos lá, encontramos o Samuel Celestino e o presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Amadiz Barreto. Disse: “Roberto, amanhã vamos estar na coluna do Samuel dizendo que viemos aqui nos entregar”. Antonio Carlos virou para Samuel e Amadiz e disse: “vocês me desculpem, mas vou atender primeiro o deputado João Leão, a quem pedi pessoalmente que viesse até aqui”. Entramos na biblioteca e ele repetiu: “Samuel, Amadiz, quero dizer a vocês que fui eu que os convidei”. Levamos duas horas e meia conversando. Ele dizia: “Leão, você tem que continuar”. Eu respondia: “presidente, não dá, – ele era presidente do Senado – eu era amigo de Luís Eduardo Magalhães, o senhor vai escolher Paulo Souto governador da Continua na página 30 u

Vamos passar para outro assunto que não funciona bem, que é o trânsito interno em Lauro de Freitas. O senhor, há muitos anos, tinha defendido a abertura de uma via expressa, que é a atual Dois de Julho, que tomou uma parte da Base Aérea, que iria até Ipitanga, hoje só vai até o Centro. Até Ipitanga, não. Ela viria até dentro de Vilas do Atlântico. Isso. Como é que está esse projeto? Hoje o Plano Diretor já prevê isso? Parado, totalmente parado. A prefeita Moema Gramacho precisa procurar o governador Rui Costa e pedir para ele fazer

João Leão em reunião com os chineses

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q ENTREVISTA | João Leão, vice-governador da Bahia

O senhor é um vice nada decorativo, além de ser secretário de Estado do Desenvolvimento. O vice só pode ser ágil em realizar se o governador permitir. O governador Rui Costa me dá agilidade para eu poder ajuda-lo.

ousadia de contratar uma empresa por R$ 85 milhões para fazer o projeto executivo da ponte. É muita ousadia, é preciso você acreditar. E Wagner acreditou nisso e Rui continuou acreditando. E eu, desde o princípio, acreditei. Dizia meu pai que o que derruba fogo é monturo. Toca fogo e a panela vira. Graças a Deus sou obcecado pelas coisas. Quando fui prefeito fui obcecado pela duplicação da Estrada do Coco, pelo projeto da Escola de Cadetes Mirins e tantos outros projetos que fizemos aqui em Lauro de Freitas. Almoçava, jantava, dormia, sonhando com isso. A mesma coisa fiz com a ponte Salvador-Itaparica, a mesma coisa fiz com a ponte da Barra [município], para onde estamos levando uma via que partiu de Feira de Santana, indo até Irecê, Chique-Chique, Barra e vamos subir até Mansidão e de Mansidão vamos entrar no Piauí. Para quê isso? Para trazer a riqueza lá do Matopiba aqui para Salvador. Em vez da riqueza sair para lá, ela vem para cá. Um sonho que tive e que está se transformando em realidade, fui eu que comecei – Vasco Neto idealizou – a ferrovia Leste-Oeste, mas isso nunca funcionou, nunca ninguém fez projeto. Eu, com essas verbas parlamentares que vocês jornalistas condenam, que “é um absurdo, que não sei o quê, verba de parlamento”, eu fiz o projeto da ferrovia Oeste-Leste. O projeto da ferrovia é de minha autoria, contratamos o doutor Neli Regis, um engenheiro que tem 96 anos de idade que fez a ferrovia, tudo por onde ela vai passar.

Esse projeto da ponte vai acabar, senão todo, eu diria que 80% creditado a João Leão, o pai dessa obra, sem demérito para o governador, que tem a sua parcela de trabalho. Não, o governador tem a parcela total porque se não fosse o governador Rui Costa não existiria a ponte. Não fosse o exgovernador Jaques Wagner, não existiria a ponte. Tenho que defender meus amigos. O ex-governador Jaques Wagner teve a

O senhor já tinha uma grande capilaridade [política] nos municípios, principalmente do Oeste, que lhe rendeu proeminência política, que foi o que o levou à candidatura a vice, que levou Jaques Wagner a quere-lo na chapa. Essa capilaridade hoje deve ser maior ainda porque o seu setor, a sua pasta, é desenvolvimento econômico no estado todo. O senhor está mais presente ainda em todo o estado. De alguma forma o projeto da ponte vai elevar

u Continuação da página 29

Bahia”. “E se eu lhe disser que não vai ser Paulo Souto?”. Eu não tinha muita afinidade com Paulo Souto. Hoje me dou maravilhosamente bem com ele, com os filhos dele, mas na época eu tinha uma rixazinha com Paulo Souto porque, se você me perguntar, nem eu sei. Coisas da vida. Aí ele disse: “se lhe disser o nome do meu candidato, você não diz a ninguém?” Respondi: “não digo a ninguém”. E ele então revelou: “vai ser César Borges”. Aí então levantei a mão e disse: com César Borges eu fico. César era meu amigo e é até hoje meu amigo. Fizemos a campanha toda, César ganhou de Jaques Wagner – eu dou muita sorte para vencer. Depois fui ser secretário de Infraestrutura do governador Jaques Wagner, fizemos uma revolução no governo, tanto que Wagner me convidou para ser o vice de Rui. O candidato predileto dele era Rui. E estamos aí fazendo um bom governo, as pesquisas que o digam, 75%, 80% de aprovação, avaliação excepcional.

Dizia meu pai que o que derruba fogo é monturo. Toca fogo e a panela vira”.

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a sua imagem no estado, por muito que o senhor queira compartilhar a paternidade com todo mundo. A sua figura política cresceu muito depois da sua eleição e de Rui. E a de Rui cresceu muito mais que a minha! Mas Rui não é um político. Não é o quê! Rui é um político forte, novo, de um pensamento diferente. Tanto é melhor do que eu que ele é governador e eu sou o vice.

Ele tem o seu lugar. Mas o senhor teve um crescimento exponencial nestes anos por conta do caminho que tomou. A capilaridade no Oeste e agora em todo o estado, a vice-governadoria, a secretaria, grandes projetos, como o da ponte. Qual é o seu projeto para o futuro? Em 2022 é o Senado ou é o governo? Eu não conto com o ovo em ‘quincas’ da galinha. Do que é que o senhor gostaria? Eu não gostaria de nada. Quero fazer acontecer. Quero fazer a ponte, concluir a ponte da Barra, que já começou, quero fazer uma série de obras que estão aí. Quero


ajudar o governador Rui Costa. Não sou obcecado para querer aparecer. Ao contrário. Tanto que quando chego em qualquer lugar, representando o governador Rui Costa, faço questão de falar no nome dele e dizer a todos “o governador Rui Costa mandou um abraço” para cada um de vocês aqui. Hoje temos na Bahia Rui Costa, que é o governador; temos Jaques Wagner, que é senador; temos Otto Alencar e Ângelo Coronel, que são senadores e tem João Leão, que é vice-governador. Temos cinco nomes

O projeto da ponte Salvador-Itaparica: expansão da região metropolitana e novo centro industrial

que são expoentes hoje na política baiana. Fico muito feliz de ser um dos cinco. Não me interessa ser o primeiro. O mandato de Otto Alencar acaba agora. Acaba daqui a dois anos. Otto tem todo o direito de ter o sonho de ser governador. Todo o direito. Rui tem todo o direito em sonhar ser candidato a presidente da República. Olha, Rui tem uma estrela na testa. O senhor acha que é esse o futuro dele? Eu não acho. Acho que ele faz com que a coisa aconteça. Ele adotou uma posição no ano passado

que é de quem está construindo uma aliança. Aí você diz, “mas tem Lula”. Eu digo “sim, tem Lula, mas será que Lula vai? Será que Lula não tem problema?”. Acho que o Brasil precisa de políticos jovens, como Rui Costa, que têm uma cabeça boa. É um bom político. Seria um bom presidente? Sorte do Brasil se Rui Costa fosse presidente da República. Por quê? Porque ele é obcecado por administração pública. Ele vai para os mínimos detalhes. Ele despacha com um secretário aqui, despacha com outro ali. A mesma coisa ele ia fazer com os ministros. Deixe-nos desenhar um cenário. O que o senhor acha? Rui Costa à Presidência, Otto ao governo e o senhor ao Senado. Não sei. Não tenho a mínima ideia. Não tenho o direito de pensar e de sonhar. O que tenho direito de dizer é o seguinte: você sabe o que é um teodolito? É um instrumento de engenharia, usado por topógrafos, no qual você olha e vê longe. Ele tem três pés. Comparo nosso grupo político a um teodolito. Você tem aqui o PT, que é o partido do governador Rui Costa, com o senador Jaques Wagner; você tem o PSD, que é o partido do senador Ângelo Coronel e Otto Alencar e o outro pé do teodolito é o PP, que é o partido de João Leão. Então, se esses três se mantiverem juntos, o próximo governo será nosso. Ainda tem ali no meio um pêndulo, com o PSB, o PC do B, os partidos menores, o PL, que ficam ali gravitando em torno do PSD, do PP e do PT. Aí o que é que vai acontecer? Mantendo esse grupo unido nós ganharemos a eleição e não tem nada para DEM nem para ninguém. Para manter esse grupo unido é preciso encontrar um destino para cada um. Soluções! Agora, se eu chegar e disser “não, eu quero ser governador e não abro” eu já estou comprando briga. Se Otto disser “eu quero ser governador e não abro”, se Wagner disser “eu quero ser governador e não abro”. E se Rui Costa disser “quero ser

Se você pegar Wagner governador, Otto vice, Leão está no Senado. Eu não pos­so mais ser vice. Eu só posso ser ou governador ou senador”. senador e não abro”? Porque a vaga é uma só. Rui pode dizer “vou continuar no governo” [como secretário]. Consenso absoluto. Não é politicamente viável que Rui seja candidato ao Senado porque é uma vaga só. Cada um de nós é um coringa. “Ô Wagner, fica quieto aí no seu cantinho que tu já é senador e tal, tal, tal”. Otto, você tem que ter alguma coisa. Otto pode ser vice, pode ser governador. Se você pegar Wagner governador, Otto vice, Leão está no Senado. Eu não posso mais ser vice. Só posso ser, ou governador ou senador. Porque a lei não me permite ser vice. O senhor tem sido uma pessoa muito fiel e muito discreta no cargo de vicegovernador. Isso é que é um bom vice. Mas quem olha para trás, para o Leão aguerrido, guerreiro, o João Leão teve que às vezes dosar um pouco? Dosar, frear, respeitar. Você tem que respeitar. Por exemplo, quando estou como secretário de Desenvolvimento Econômico, o Rui Costa é meu chefe. Ele é o governador, eu sou secretário. Quando estou como vicegovernador e Rui Costa como governador, ele não é meu chefe. Ele é meu amigo, é meu companheiro. Ambos foram eleitos. Teve gente que votou nele por causa de João Leão, e teve voto dele. Não é só isso: quem votou em Rui Costa votou também em João Leão. A foto estava na urna. Sim, mas muitas pessoas dizem “eu votei em Rui por sua causa” e votaria hoje novamente. Janeiro de 2020 | Vilas Magazine | 31


q SEUS DIREITOS

“O auxílio jurídico, além de psicológico, é fundamental nos processos de alienação parental” Rúbia Oliveira

N

o Direito de Família, a alienação parental é um dos temas mais delicados, considerando os efeitos psicológicos e emocionais negativos que podem provocar nas relações entre pais e filhos, trazendo grande desgaste ao ambiente familiar. O que sempre friso para a maioria dos casais que procuram auxilio jurídico após o divórcio, com o intuíto de resolver as questões de guarda é que: o vínculo com o filho será eterno. Independentemente da relação que o casal estabeleça entre si após a dissolução do casamento ou da união estável, a criança tem o direito de manter preservado seu relacionamento com os pais. É importante, portanto, proteger a criança dos conflitos e desavenças do casal, impedindo que eventuais disputas afetem o vínculo entre pais e filhos. Infelizmente, na maioria dos casos, essa preservação não ocorre. Alguns genitores possuem como objetivo, na maior parte dos casos, prejudicar o vínculo da criança ou do adolescente com o outro genitor, o que gera a alienação parental, ferindo, portanto, o direito fundamental da criança à convivência familiar saudável, sendo ainda, um descumprimento dos deveres relacionados à autoridade dos pais, descumprindo a legislação. É imperioso destacar que, a partir da promulgação da Lei nº 12.318/2010 surgiram expectativas para atenuar os efeitos recorrentes da pratica de tais atos. A lei visa estabelecer a regulamentação dos direitos e deveres dos responsáveis legais para com o menor, pois, o infante inserido neste contexto tem seus direitos violados. 32 | Vilas Magazine | Janeiro de 2020

Porém, mesmo havendo legislação sobre o tema, o Direito de Família envolve muito mais os sentimentos das pessoas do que efetivamente questões jurídicas. A aplicação da Lei, não raras as vezes, torna-se superficial diante dos embates emocionais vivenciados, pois não há legislação que se aplique às emoções e que funcione como remédio para os familiares. A experiência já me fez perceber que grande parte das desavenças familiares que dão origem a inúmeros processos judiciais podem ser resolvidas de modo mais satisfatório com o auxílio de especialistas da área da psicologia e quando as partes estão dispostas a falar sobre seus problemas sem a intenção de aumentar os conflitos. Valorizo muito a união do Direito de Família à Psicologia, bem como a busca de resolução dos conflitos por meio do diálogo. Para falar um pouco mais sobre o assunto, convidei a bacharel em Psicologia, Bruna Lima, para elucidar o conceito psicológico de alienação parental. “A alienação parental se define pelo ato de um dos genitores interferir na convivência do infante com o outro genitor. Essa interferência pode ser caracterizada pelo repertório de comportamento de implementar conceitos distorcidos e irreais na consciência da criança ou adolescente a respeito do outro genitor, dificultar a convivência do menor com um dos responsáveis legais, seja evitando o contato direto ou realizando denúncias falsas e até omitir informações pessoais da criança ou adolescente, como por exemplo estado de saúde ou situação escolar. Com isso, a alienação parental se tornou uma temática que tomou grande repercussão atualmente, onde

os danos causados ao desenvolvimento psicossocial da criança e do adolescente se tornaram significativos. O psiquiatra norte-americano Richard Gardner, desenvolveu na década de 80, o conceito de alienação parental como uma síndrome a qual o menor desenvolve durante operíodo de separação dos seus genitores, onde ocorrem os conflitos de custódia. Com isso, este quadro pode trazer diversos transtornos psicológicos

ao infante à longo prazo. Neste âmbito, a intervenção psicológica tem o papel significativo de intervir nas questões de fragilização do vínculo familiar, realizando o trabalho, não somente de forma isolada com o menor, mas em conjunto com o contexto familiar, pois para a psicologia, o sintoma apresentado pelo infante também é o sintoma da família.” Em conclusão, tudo isso é gerado pelo simples fato da luta da guarda da criança


ou do adolescente. Alienação parental é um tema delicado e também moderno, ainda em desenvolvimento e estudo, tanto na área jurídica, quanto da psicologia, baseando-se apenas nas experiências que existem e são discutidas não apenas nos tribunais de justiça, mas também nas clínicas psicológicas. O que os profissionais que atuam na área e os envolvidos precisam ter em mente é que todos precisam convergir para um mesmo ponto comum: a proteção do menor e o asseguramento dos seus direitos, principalmente quando este ser ainda está em fase processo maturacional, não apenas biológica, mas também de personalidade. Ainda há muito o que fazer neste seguimento da Psicologia e do Direito, visto que a sociedade está em constante processo de ARQUIVO DEPOSITPHOTOS

Psicóloga dá dicas para lidar com as crianças na separação dos pais Diálogo e sinceridade são essenciais para que os pequenos se sintam seguros nesta etapa

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separação é um momento difícil, principalmente se o casal tiver filhos. Não importa a idade, para eles é sempre complicado aceitar e entender a decisão dos pais de não viverem mais juntos. A psicóloga Aline Cristina de Melo, sugere a melhor forma de abordar o assunto e ajudar as crianças a lidarem com o divórcio. Para a profissional, o melhor momento para informar aos filhos é quando esta decisão está seguramente resolvida pelos pais. “Isso evita gerar angústias desnecessárias para a criança ou adolescente, caso eles mudem de ideia”. Não existe receita, mas a especialista lembra que a adaptação do discurso para a realidade dos pequenos e a sinceridade são pontos que devem ser levados em conta. “Posicioná-los sobre a separação de forma clara, sincera e verdadeira, transparecendo tranquilidade e segurança, faz com que a criança identifique tais sentimentos e apazigue sua angústia por meio deste acolhimento”, diz. Ela explica que não há necessidade de expor os reais motivos do divórcio, porém é muito importante que fique claro para a criança que ela não teve qualquer culpa ou participação nesta decisão.

mudança e maturação, que se adequam com o passar do tempo, por isso o estudo da família não é estático, já que o ser humano está em um constante processo de mudança. Rúbia Oliveira é advogada, mestranda em Resolução de Conflitos e Mediação, Compliance Senior pela Faculdade Baiana de Direito, pósgraduada em Direito Público pela Faculdade Baiana de Direito, pósgraduada em Direito do Trabalho pela Faculdade Unopar, especialista em Controle da Administração Pública pela Faculdade Baiana de Direito, graduada em Direito pela Faculdade Baiana de Ciências, graduada em Administração pela Faculdade de Tecnologia Empresarial.

Paciência e sensibilidade também são muito importantes diante das dúvidas que surgirão no decorrer deste processo. Segundo a psicóloga, na maioria dos casos, a Continua na página 71 u

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q CIDADE

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ARQUIVO DEPOSITPHOTOS

LIBERDADE DE CULTOS

Em qual direção vai a sua fé? THIARA REGES | Freelance para a Vilas Magazine

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ual a sua religião? Uma pergunta bem simples na verdade, mas não se espante se num grupo de 10 pessoas você escutar 10 respostas diferentes. Com toda diversidade que existe entre os povos que habitam o planeta Terra, não é possível, nem de perto, identificar quantas religiões existem pelo mundo. Para se ter uma ideia, o encontro da Assembleia Mundial das Religiões pela Paz, que acontece há cada cinco anos, reuniu em agosto de 2018, em Lindau, pequena cidade alemã, mais de 900 representantes de diferentes religiões. Segundo dados do site de religiões Adherents.com, que reúne informações de diferentes fontes, e do ‘The World Factbook’, documento elaborado anualmente pela CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), os maiores grupos religiosos, em número de seguidores são o cristianismo, com 2,1 bilhões de adeptos; o islã, 1,5 bilhões; agnósticos e ateus, 1,1 bilhão; e hinduísmo, com 900 milhões. O Brasil, segundo Censo 2010, dados mais recentes divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), segue sendo a maior nação católica do mundo, cerca de 123 milhões, porém em visível declínio. Se em 1970, 91,8% da população se declarava católica, em 2010 esse número cai para 64,6%. A migração se dá principalmente para as religiões evangélicas, que aparecem em segundo lugar, com 22,2%, seguidas pelas pentecostais, 13,3% e espíritas, 2,02%. Umbanda e candomblé, principais religiões de matriz africana praticadas no Brasil, aparecem com 0,31%, e as pessoas que se declaram sem religião, somam 8,04%. E mesmo com tantos caminhos religiosos possíveis, existe algo que une todas elas: a fé. Palavra com apenas duas letras, explicada pelo dicionário, mas sem grandes explicações na vida prática. Por que? Como? A fé simplesmente acontece; é o ato de ligar-se de forma incondicional a algo que não se pode ver e nem tocar, apenas sentir. Continua na página 36 u

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TARSO TARRAFI / FOLHAPRESS

q CIDADE

Realizado em Belém do Pará, desde 1793, o Círio de Nazaré é uma das maiores e mais belas procissões católicas do Brasil e do mundo. Reúne, anualmente, cerca de dois milhões de romeiros numa caminhada de fé pelas ruas da capital do Estado, num espetáculo grandioso. Por sua grandiosidade, o Círio de Nazaré foi registrado, em setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial. É a mais importante data dos paraenses. u Continuação da página 35

O QUE MOVE A FÉ Em junho de 2019, a zona norte de São Paulo foi ocupada por uma multidão, cerca de dois milhões, segundo os organizadores, para participar da Marcha para Jesus, evento realizado pela Igreja Renascer em Cristo. Em outubro, em Belém do Pará, aproximadamente a mesma quantidade de fiéis acompanhou a procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré (foto acima), uma das maiores manifestações católicas do mundo. E logo mais, no dia 2 de Fevereiro, as praias de Salvador e de todo o Brasil, vão receber os milhares de presentes oferecidos a Yemanjá. São números que impressionam e que traduzem a importância da fé na vida das pessoas. “Religião vem da palavra regilare, conexão com a força maior. É muito im-

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portante que as pessoas acreditem que exista algo maior que elas, que rege a vida; inclusive o próprio fluxo das marés, de dias e noites, significa que existe uma forma maior”, destaca a psicóloga Regina Gama. Eugênia Santos Silva, 39 anos, experimenta a sensação de viver para a fé desde 1995, quando se tornou paroquiana na comunidade de Nossa Senhora Aparecida, no bairro de Itinga. Segundo ela não existiu nenhum fator externo para essa busca, apenas a grande vontade de estar na igreja, ajudando no que fosse necessário e fortalecendo sua conexão espiritual. De lá pra cá, Eugênia já organizou quatro romarias para o Santuário Nacional, em Aparecida. Em 2014, segunda romaria da paróquia, a comunidade foi agraciada com uma réplica da imagem original, que hoje fica exposta na igreja em Itinga, que

comemorou em 2019 o jubileu de 25 anos. “Independente de religião, cada pessoa tem uma devoção especial, e a minha é à Nossa Senhora Aparecida; me vejo ali, nas dores do parto e rezando por ela, pedindo intersecção, tanto que minha filha tem Maria em seu nome. É indescritível a sensação de estar no Santuário, em Aparecida; as palavras não conseguem definir, é muito profundo para todos aqueles que são devotos, é uma sensação ímpar”, conta. E grandes sacrifícios, oferendas e obrigações são comuns em todas as religiões. Segundo Regina Gama, jejuns e outros sacrifícios são barganhas que as pessoas fazem com as divindades, em busca de benefícios. “Se eu me sacrificar, andar de joelhos, eu terei tudo. Dar um pouco de si para que as coisas aconteçam. Mas não é tão simples assim, pois estamos num mun-


Evolução das religiões, segundo IBGE, de 1872 a 2010

Psicóloga Regina Gama do dual, onde coisas ruins também acontecem com pessoas boas, não depende apenas dessa negociação com a divindade”, frisa. Ela destaca ainda que outro aspecto muito comum nesta relação é a transferência de responsabilidade. “‘Oh meu Deus, o que eu fiz de errado, por que isso aconteceu comigo?’. De alguma forma as pessoas estão sempre transferindo a responsabilidade, se isentando, se acreditando melhores ou mais merecedoras do que são. Mas as coisas simplesmente acontecem, por estarmos vivos, e existem coisas boas e ruins. Mas eu acredito que se cada um assumisse sua própria responsabilidade com sua vida, aí sim, as coisas poderiam melhorar”. “Quando algo dá errado as pessoas procuram a religião como se isso tivesse acontecido por elas terem se afastado de Deus. Só que essa ligação não é uma coisa prática, é uma conexão interna que não necessariamente você precisa estar em um templo ou participando de uma religião específica. Tem pessoas, inclusive, que não tem religião alguma mas são pessoas extremamente espiritualizadas, mesmo não acreditando em Deus, por exemplo, mas estão em paz consigo mesmas”, conclui Regina. Eugênia Santos Silva

A minha fé é maior que a sua?

O

balanço da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos destaca que apenas entre os anos de 2011, quando o Disque 100 passou a aceitar denúncias de discriminação por religião, e 2016, o canal registrou um aumento de 3.706% no número de denúncias. E os números só crescem. Em 2018 o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), que recebe denúncias por meio do Disque 100, apurou 152 casos de discriminação religiosa contra terreiros e adeptos de religiões de matriz africana, um aumento de 5,5% comparado ao ano anterior. Cabe destacar que no mesmo período as denúncias de discriminação religiosa contra adeptos de outras religiões, excluindo as de matriz africana, caiu 9,9%. Trazendo para dados locais, o Grupo Especial de Proteção aos Direitos Humanos e Combate à Discriminação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), registrou em 2019 um crescimento de 81,4% de casos de intolerância religiosa, apenas em Salvador. Os dados estão disponíveis no aplicativo Mapa do Racismo, criado há um ano como alternativa para denunciar, mapear e combater atos de racismo e intolerância religiosa na Bahia. Entre novembro de 2018 e novembro de 2019, foram registrados 45 casos de intolerância contra religiões de origem africanas, três casos contra religiões cristãs evangélicas e um caso de intolerância contra adeptos do islamismo e ateus. Um caso que aconteceu em Salvador entre outubro e novembro de 2019, chamou atenção da cidade e gerou protesto e a intervenção do MP. Antes da chegada na cidade do navio Logos Hope, administrada pela organização alemã de origem cristã Good Books For All (GBA), e que abriga a maior livraria flutuante do mundo, foi publicado um post em suas redes sociais com pedido de orações Continua na página 38 u

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q CIDADE

Babalorixá Vilson Caetano, do terreiro Ilê Oba L’Oke, de Lauro de Freitas

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para proteção, associando Salvador a ‘espíritos e demônios’. Como resultado, o povo de santo se organizou em um protesto em frente ao navio, no porto de Salvador, onde foi realizado um ebó (oferta de comida ou objetos ao orixá Exu), e um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), onde a empresa foi obrigada a publicar um vídeo sobre intolerância religiosas em suas redes sociais. Já em Lauro de Freitas, em setembro, aconteceu um marco para as religiões de matriz africana, sendo julgado o primeiro caso de intolerância religiosa na cidade. Durante cinco anos foram registradas mais de 10 denúncias e duas representações no Ministério Público, todas indeferidas, contra o terreiro de candomblé Ilê Oba L’Oke, localizado no Jockey Clube. Entre as acusações estava a desvalorização imobiliária do local, uso de propaganda sem licença (referindo-se ao nome do terreiro na fachada), suposta criação de animais e mau cheiro, referindo-se inclusive ao cozimento das comidas típicas. “Os órgãos municipais foram parceiros desde o início do processo, e conseguimos crescer juntos através de um aprendizado mútuo. Aprendi sobre os regulamentos municipais e ensinei também, sobretudo que a nossa dinâmica de vida é diferente, e não podemos ser comparados a supermercados ou shoppings. Não queríamos ser mais um número para alimentar estatísticas, e lutamos para que o caso Oba L’Oke chegasse a solução, servindo de exemplo de força para todos os terreiros”, destaca o babalorixá Vilson Caetano. Na sentença, ficou determinado que o réu está proibido de acionar a justiça ou apresentar qualquer tipo de denúncia contra qualquer manifestação de matriz africana, bem como está proibido de se ausentar da comarca de Lauro de Freitas sem comunicar ao juiz. No Brasil, a pena para o crime de intolerância religiosa não chega há dois anos de prisão. Mesmo não considerando esta a melhor solução, comunidade comemorou, sobretudo pelo significado desta ação para outras comunidades afro-brasileiras. Ainda segundo o Censo 2010, do IBGE, em Lauro de Freitas 47,38% da população se declara católica, seguido por 21,92% de evangélicos e 18,49% sem religião. Seguidores de religiões de matriz

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q LIBERDADE DE CULTOS

africana representam apenas 1,13% da população, e apesar disso existem mais de 400 terreiros registrados na cidade. A psicóloga Regina Gama destaca que a intolerância é fruto de uma relação de extrema intimidade que as pessoas tendem a construir com a divindade. “As pessoas têm Deus como uma coisa pessoal, uma entidade, um sujeito personificado, que as servem exclusivamente, e é por esse pensamento que ocorrem as brigas religiosas, porque essas pessoas se crêem mais merecedoras e íntimas que as outras, como se o Deus de cada um fosse especial. Mas Deus é um só, e se as pessoas percebem isso não haveriam tantas brigas”, finaliza.

Informações do aplicativo Mapa do Racismo e da Intolerância, do MP-BA


INTER-RELIGIOSIDADE

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roclamada em 2015 através da resolução 68/237 da Assembleia Geral da Nações Unidas, a Década Internacional de Afrodescendentes é um esforço coletivo de reparação à décadas de múltiplas formas de discriminação, que estão baseados em critérios como idade, sexo, idioma, religião, opinião política ou outra, classe social, incapacidade, origem ou outros. A proposta da ONU é que até 2024 a sociedade reco-

nheça a influência africana no nosso cotidiano, algo que acontece desde o século 16. Outro ponto de debate levantado pela ONU é o papel dos líderes religiosos numa frente para a promoção da tolerância e reconciliação, através do fortalecimento de valores como a união. Procuramos líderes religiosos que ressaltaram a importância de algumas mudanças de postura para que a longo prazo a sociedade consiga encontrar o estado de respeito mútuo*. *Depoimentos coletados em 2016 pela Revista Vilas Magazine.

“Na verdade a intolerância religiosa, não só à igreja, mas diante de Deus, é pecado. Acho um absurdo! O Senhor nos aceita com a liberdade dada por Deus, e a opção religiosa é a opção que a pessoa faz, mas hoje temos que conviver com a diversidade cultural e religiosa do povo brasileiro. Acho que tivemos grandes avanços e isso é muito importante; são políticas públicas que os diversos governos têm permitido no âmbito municipal, estadual e federal, e alcançamos isso aqui na Bahia. Um outro aspecto é que há uma verdadeira tomada de posição da sociedade brasileira hoje, que já não tolera mais esse tipo de comportamento. Acredito também que nós religiosos, devemos assumir uma posição contra a intolerância religiosa e temos feito isso aqui. Existe um caso bem emblemático aqui na Bahia, que é o caso Mãe Gilda que foi alvo de intolerância religiosa e acabou falecendo em consequência disso, mas a justiça julgou o caso e os responsáveis foram punidos; a postura que a justiça brasileira vem adotando é bem significativa na mudança desse cenário”. Pastor Djalma Torres, protestante, Batista, líder religioso da comunidade inter-religiosa Igreja Evangélica Antioquia, e presidente do Centro de Pesquisa, Estudos e Serviço Cristão - CEPESC, que há mais de 20 anos vem lutando contra a intolerância religiosa.

“No Brasil temos uma herança de um país que tem uma religião oficial, e é da república para cá que temos essa chamada permissão para outras expressões religiosas se manifestarem publicamente. Outro dado é que algumas tradições religiosas partem do princípio de que são as únicas, absolutas, que são o centro da verdade; algumas inclusive com discurso agressivo, que já foi o discurso da Igreja Católica, de converter a todo o custo os infiéis, o que seria um etnocentrismo, agora visto a partir da religião, a minha religião é o centro, e todos os outros são infiéis que precisam ser conquistados, até por “benevolência”. E no Brasil, é importante não esquecer que tivemos 400 anos de escravidão da população negra. Ainda hoje o que se fala muito em intolerância religiosa contra as religiões de matrizes africanas tem muito haver com racismo, não é só porque é uma outra religião, mas é uma religião de preto, de excluído, de escravo. Penso que temos que ter o discurso de convivência civil e de respeito ao outro, de entender que ele tem o direito de se expressar, em qualquer das dimensões de sua vida, religiosa, sexual, afetiva, do jeito que ela entenda. Assim deveríamos formar as nossas crianças. Agora, o adulto precisa ser reprimido, se ele discrimina, se ele macula, se ele persegue, ele precisa ser punido. Existem leis neste país que preveem isso, punição para quem discrimina e viola os direitos”.

“O livro sagrado do Islã diz que a sociedade foi criada a partir de um único homem e uma única mulher, assim nascemos todos, brancos, pretos, muçulmanos, cristãos, judeus. Esse ensinamento vem para nos mostrar que devemos respeitar a todos; você pode não aceitar as escolhas do outro, mas precisa respeitar. As religiões têm o mesmo objetivo, como em um jogo de futebol que as equipes visam o gol, as religiões pregam sempre o bem, o bem em sociedade, em família. A intolerância religiosa não deixa de ser um ato de ignorância. Você não pode julgar aquilo que não conhece, então as pessoas deveriam buscar conhecimento antes de criticar. Não cabe a nós julgar as pessoas, esse papel é do criador”. Sheik Abdul Ahmad, líder religioso do Centro Cultural Islâmico da Bahia

Padre Alfredo Dorea, Igreja Anglicana Tradicional do Brasil, coordenador do Instituição Beneficente Conceição Macedo

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q VIVER BEM

Cuidados simples são garantia de viagem tranquila no verão Planejar trajeto e incluir ações preventivas geram mais conforto aos viajantes durante as férias

FÉRIAS | COMO VIAJAR CONFORTAVELMENTE

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om a chegada do período de férias de verão é essencial que a pessoa que vai pegar a estrada faça um bom planejamento. No entanto, a hora de viajar exige muito mais do que a escolha de um destino ou um bom lugar para se hospedar. Cuidados simples com a saúde são essenciais, pois a falta de bem estar pode colocar todo o roteiro a perder. O primeiro aspecto a ser observado está em relação ao trajeto. Percursos longos tendem a ser tediosos para as crianças, que ficam mais impacientes, e mais pesarosos para os idosos, que estão mais sujeitos a problemas de circulação ou dor. Para evitar dor, é importante atentarse quanto à postura. “A recomendação é

se ajustar bem na cadeira e para dormir, usar aquele travesseiro de pescoço, que ajuda bastante a dar apoio à região. Vale também levar uma almofadinha para colocar nas costas e evitar deixar o corpo torto”, explica o médico Juliano Fratezi. Usar roupas e calçados confortáveis também ajudam a manter o bem estar durante o trajeto. Já as viagens longas também aumentam os riscos de tromboses, como alerta o médico vascular Matheus Mozini Cavichili. Ele explica que as causas da doença são multifatoriais, porém, ocorre pela imobilização ou repouso prolongado do membro. Por esse motivo é preciso fazer pausas no trajeto para alongar as pernas e caminhar nos roteiros de carro. Em ônibus ou aviões, caminhar no corredor

pode ser uma boa alternativa. O uso de meias de compressão são indicadas para quem tem varizes ou histórico de trombose. CRIANÇAS EXIGEM CUIDADOS EXTRAS DURANTE AS VIAGENS Embarcar em uma viagem com as crianças é divertido, mas requer alguns cuidados adicionais. Para o cardiologista José Sallovitz, seguir algumas dicas evitam imprevistos na estrada e oferecem uma viagem segura à criança. Ele destaca que tais cuidados também podem ser úteis a adultos. Ele recomenda que as crianças passem por um check-up antes da viagem, incluindo a verificação e atualização da imunização. O médico também indica incluir uma “farmacinha” na bagagem, com alguns medicamentos, entre eles fluidificantes, soro fisiológico, antitérmicos, antialérgicos e antisséptico. Assim como os adultos, aqueles que têm predisposição para enjoos devem tomar um antiemético, de acordo com orientação médica. “Levar uma série de medicações básicas podem poupar dores de cabeça durante a viagem”, afirma o médico. Crianças costumam ser mais sensíveis a infecções e alergias. Por isso, uma fórmula de sucesso no cuidado delas inclui evitar muito sol, manter a hidratação, e usar protetor solar e repelente. Não comer alimentos de origem duvidosa diminui riscos à saúde. Ricardo Hiar / Folhapress.

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q VIVER BEM

DOENÇAS DE VERÃO

Pele, ouvidos e olhos pedem cuidados redobrados no verão Com o clima mais quente, contato com a água e aglomeração aumentam o risco de algumas doenças

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o verão, os cuidados com a pele, com os olhos e com os ouvidos devem ser redobrados. O clima mais quente pode colaborar para a incidência de doenças, pois propicia aglomeração das pessoas e o contato com água, seja na piscina ou no mar. As doenças de pele mais comum são as infecções, dermatites, acne, manchas, queimaduras e câncer de pele.

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“As infecções aumentam nesta época do ano por alguns motivos: as pessoas vestem menos roupas, andam descalças, há mais contato físico e o sol diminui a imunidade da pele”, afirma Caio Lamunier, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Os olhos e os ouvidos também merecem atenção. No verão, há aumento de casos de conjuntivites. A aglomeração das pessoas e o contato com água são as razões para essa alta, segundo a oftalmologista Lisia Aoki. “Na praia e na piscina, a presença de pessoas com conjuntivite pode contaminar a água, transmitindo a doença para outras.” OUVIDOS Com relação aos ouvidos, a doença mais comum nessa época do ano é a otite externa.


No verão, ela é muito frequente pois as pessoas frequentam praias, mares e piscinas. “A prevenção se dá com os cuidados da pele do ouvido, como evitar pequenas feridas”, afirma o otorrinolaringologista Fausto Nakandakari. Ele diz ainda que é aconselhável evitar o uso de hastes de algodão para limpeza dos ouvidos. “Além de remover a cera que contém enzimas protetoras contra infecções, elas podem abrir uma porta para bactérias infectarem os ouvidos. Por isso, banhos de mar ou piscina devem ser feitos única e exclusivamente em locais onde a água seja apropriada.” CÂNCER DE PELE DEMORA PARA APARECER O câncer de pele é decorrente da exposição solar, mas demora meses ou anos para se desenvolver. “Apesar de serem decorrentes de queimaduras no verão, provavelmente se manifestarão posteriormente”, diz o dermatologista Caio Lamunier. “O diagnóstico também aumenta no verão devido a visualização das lesões. As pessoas usam menos roupas, e as campanhas na mídia chamam atenção.” Tatiana Cavalcanti / Folhapress.

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q EMPRESAS & NEGÓCIOS

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E vale destacar que todo processo gera informações importantes para a tomada de decisões dos gestores. Esses dados vêm da própria operação ou de relatórios oficiais, elaborados pela contabilidade. Na parte operacional, é possível adotar indicadores de desempenho, que vão indicar a produtividade e a qualidade de entrega dos colaboradores,

A boa gestão da empresa é essencial para obter RESULTADOS

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possível sistematizar a gestão? Em certa medida, é factível consolidar processos que favoreçam a administração da empresa. Uma das ferramentas que auxilia nessa tarefa é o PDCA, conhecido também como ciclo de Deming ou ciclo da melhoria contínua. Trata-se de um método que estimula gestores a planejarem e a colocarem em prática as ações previstas. O acrônimo deriva dos termos em inglês plan (planejar), do (fazer), check (avaliar) e act (agir). Na primeira etapa (plan) são definidos os resultados esperados e o planejamento das ações necessárias para alcançar os objetivos propostos. Na sequência (do), os processos devem ser organizados, comunicados às equipes responsáveis e executados. O passo seguinte consiste na avaliação dos resultados (check), que devem estar baseados no acompanhamento de indicadores de desempenho. A partir dos apontamentos trazidos pela

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avaliação, deve-se, então, estabelecer ações corretivas (act), a fim de promover melhorias continuamente. A ferramenta pode ser aplicada no planejamento geral da organização e, também, em departamentos ou projetos específicos. O ideal é que esse fluxo seja adotado em todas as áreas e atividades pois, assim, será possível fortalecer a gestão e controlar melhor cada processo. O grande benefício está em promover ajustes sempre que se identificar uma falha ou quando o desempenho ficar abaixo do esperado. ADMINISTRAÇÃO BASEADA EM DADOS Independentemente dos métodos adotados pela gestão, é fundamental que o planejamento seja baseado em um diagnóstico preciso das condições da empresa. Para isso, o acompanhamento de dados estratégicos é indispensável.

O PAPEL DO CONTADOR O profissional que melhor pode contribuir para a boa gestão de uma empresa é o contador. Seu trabalho compreende o assessoramento e a execução de serviços na área contábil, fiscal, tributária e trabalhista. É, portanto, um parceiro indispensável desde os primeiros passos da organização. Aliás, o recomendado é que o contador seja consultado antes mesmo da abertura da empresa. Assim, ele pode analisar a viabilidade econômica do negócio e identificar as melhores opções de registro e enquadramento do negócio, otimizando o investimento que será feito. Em um país como o Brasil, que tem um dos sistemas tributários mais complexos do mundo, a assessoria contábil é questão de sobrevivência. De acordo com o relatório Doing Business, elaborado pelo Banco Mundial, as empresas brasileiras dispensam, em média, 1.958 horas apenas para cumprir obrigações tributárias. Pela estrutura e conhecimento que possuem, os escritórios contábeis realizam essas mesmas obrigações de forma rápida e eficiente. Além disso, podem contribuir com a gestão do negócio analisando o desempenho financeiro da empresa, auxiliando no planejamento tributário, orientando os gestores e executando exigências fiscais, trabalhistas e tributárias. Colaboração da Objetiva Consultoria Empresarial.


o diretor nacional do SEBRAE Eduardo Diogo, o superintendente regional do SEBRAE Jorge Cury e o presidente da ACELF Coriolano Oliveira. Todos enfatizaram os desafios do empreender no país e conclamaram a uma maior participação do empresariado no processo das demandas do setor. Coriolano Oliveira apresentou o comércio e a indústria de Lauro de Freitas por meio de números que indicam a força da sexta maior economia do estado, pródiga em geração de emprego, e mola propulsora do desenvolvimento municipal.

Coriolano Oliveira é o presidente da ACELF – Associação Comercial e Empresarial de Lauro de Freitas

Entidades promovem encontro empresarial em Lauro de Freitas

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erca de 200 empresários, profissionais liberais e comerciantes participaram, no dia 6 de dezembro, em Lauro de Freitas, de um encontro promovido pela Associação Comercial e Empresarial de Lauro de Freitas (ACELF), Associação Comercial da Bahia (ACB) e pela LIDE, entidade nacional que reúne líderes empresariais. Dirigentes do Sebrae também participaram do encontro. De acordo com a ACELF, o evento promoveu o debate da reforma tributária e os desafios para o empreendedorismo. Principal palestrante da ocasião, o deputado federal João Roma, relator da PEC 45, que altera o Sistema Tributário Nacional, abriu a discussão apresentando os pontos polêmicos da proposta de emenda à constituição, e os desafios para o crescimento econômico. Também compuseram a mesa o presidente da ACB e da LIDE, Mário Dantas, o vice-presidente da ACB Teobaldo Costa,

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Raymundo Dantas

Escritor e palestrante, especializado em Marketing no Varejo, com Mestrado na Espanha. raymundo_dantas@uol.com.br

Propósitos para 2020: SOBREVIVER E CRESCER ARQUIVO DEPOSITPHOTOS

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uitos empresários se queixaram de 2019, achando que foi um ano ruim. Será que foi o ano mesmo? Ou você, que não reviu seu negócio, que estava funcionando mal? Aproveite para fazer uma revisão geral, de modo a entrar em 2020 com o pé direito. Uma das qualidades principais do comerciante vitorioso, especialmente nestes tempos difíceis, é a de ser pragmático, ou seja, prático, com pés no chão! É necessário não ter preconceitos, nem apegos a coisas, produtos, métodos passados. Se um produto não vende, tire-o de linha. Se a sua linha de produtos está muito grande, empatando muito capital em estoque, reduza, corte com vontade essa linha de produtos. Se determinada loja está dando prejuízo e você já fez tudo para recuperá-la sem resultado, não tenha pena de perdêla: venda, passe adiante ou feche essa loja. Não interessa a quantidade de lojas que você tenha. O que importa é o resultado que elas lhe dão. Se a derrota nos ameaça é preciso ter coragem de mudar, para sobreviver e voltar a crescer. E essa mudança tem que ser feita com rapidez, para que a gente possa sair sempre 46 | Vilas Magazine | Janeiro de 2020

na frente da concorrência. Não se iluda de ficar investindo em negócio que não presta, seja ele um produto ou um ponto comercial. Não coloque dinheiro bom em cima de dinheiro ruim, por motivo algum. É como doença contagiosa: todos que se aproximam ficam doentes também. Veja o Walmart, por exemplo, que está tendo a coragem de fechar centenas de lojas e enxugar violentamente seus custos, para readquirir força total. Às vezes é preciso até mudar o nome, ou a marca do produto, para sobreviver no mercado. Talvez até o problema esteja no público alvo. Mude então de clientela, reposicione sua loja ou produto para um público mais adequado. Pode ser que o problema seja a própria mercadoria que você comercializa, ou o conjunto de produtos e serviços que você oferece. Se identificar aí suas dificuldades, mude seu mix. É possível que seus clientes queiram um produto mais popular, ou quem sabe, mais sofisticado. Certifique-se do que eles querem, e mude. Não importa que você goste ou não do novo mix – é seu cliente quem tem que gostar dele. Muitas vezes, o “bom gosto” do comprador é um desastre. Quem compra precisa fazer isso a partir do gosto da clientela e não do seu próprio. Talvez o foco precise ser reduzido. Quem sabe se, ao invés de vender todas as categorias de bazar, você fizesse melhor negócio vendendo só brinquedos? Ou talvez apenas utilidades plásticas? Se você estiver seguro disso, reduza então o foco do seu negócio. Há casos em que o problema está no ponto comercial. Mude de ponto. Há casos em que é a forma de distribuição que não funciona. Pense em outras alternativas. A Avon fatura altíssimo vendendo só de porta em porta – e não quer saber de ponto de venda fixo. Por outro lado, tem muita gente por aí ganhando dinheiro com “franchising”. Pense nisso! A grande lição nessa guerra é que nada é definitivo no nosso negócio. Tudo pode ser mudado, se for necessário. O que não pode mudar é a nossa determinação de crescer com bons resultados. Dizem que palavra de rei não volta atrás. Mas as estratégias e táticas do comerciante voltam sim. E voltam atrás sempre que for necessário, para que ele continue indo para a frente!


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