Vilas Magazine | Ed 248 | Setembro de 2019 | 30 mil exemplares

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A Revista de Lauro de Freitas e Região

40 anos de Vilas do Atlântico

Ano 21 Edição 248 | Setembro 2019


CENAS DA CIDADE

pOs periquitos do meu quintal

Estamos invadindo os espaços dos animais na natureza, e muitos de várias espécies tentam se adaptar à vida urbana por conta da devastação que causamos. O crescimento imobiliário e a ‘zorra’ do progresso desordenado é para mim o ponto crucial. Sem matas e árvores frutíferas muitos animais

A revista de Lauro de Freitas & Região

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silvestres ficam sem saída e se arriscam a viver próximos dos seres humanos. O fato é que quanto mais próximos das pessoas, maior é o risco de extinção. Muitos humanos ainda mantém o hábito de capturar aves e outros tipos de animais silvestres e os manterem presos em suas casas. Outros, mais cruéis, levam seus passarinhos para “passear”, engaiolados. Vejam que judiação: o pássaro preso assistindo seus semelhantes cantarolarem, livres nas árvores. E ainda são incentivados a cantarem no cativeiro. Pássaros, papagaios e periquitos devem estar soltos. Em pleno século 21 este tipo de situação é um atraso de concepção e em muitos casos, crime ambiental. As contrapartidas para construção imobiliária e/ou empresarial deveriam ter um cunho ambiental mais rigoroso: para cada casa, apartamento e/ou loja construída, empresários e suas empresas deveriam plantar uma árvore em nossa cidade. São dezenas de condomínios e shoppings que dariam uma bela contribuição visando o bem viver na nossa cidade. O legado ambiental deve ser levado em consideração. Enquanto essa conscientização não se traduz em realidade, os periquitos estão aqui no quintal da minha casa, comendo

acerolas, jambo e pitangas, em ruidosa algazarra. Irresistível registrar tamanha beleza. Marcio Wesley, jornalista.

qManequim vivo

Quem passa pela av. Luiz Tarquínio, em frente à agência do Banco Itaú, está acostumado a ver esse manequim vivo, na sua tarefa de divulgar produtos de uma loja. Diariamente ele dá plantão no local, “uniformizado”, compenetrado, sendo uma atração da rua.

Publicação mensal de propriedade da EDITAR - Editora Accioli Ramos Ltda. Rua Praia do Quebra Coco, 33. Vilas do Atlântico. Lauro de Freitas. Bahia. CEP 42708-790. Tels.: 0xx71/3379-2439 / 3379-2206 / 3379-4377. Diretor-Editor: Carlos Accioli Ramos (diretoria@vilasmagazine.com.br). Dire­to­ra: Tânia Ga­zi­neo Accioli Ramos. Gerente de Negócios: Álvaro Accioli Ramos (comercial@vilasmagazine.com.br). Assistentes: Leandra Almeida e Vanessa Silva (comercial@ vilasmagazine.com.br). Gerente de Produção: Thiago Accioli Ramos. Assistente de Produção: Bruno Bizarri (freelancer). Administrativo/Financeiro: Miriã Morais Gazineo (financeiro@vilasmagazine.com.br). Distribuição: Álvaro Cézar Gazineo (responsável). Tratamento de imagens e CTP: Diego Machado. Redação: Thiara Reges (jornalista freelancer). Colaboradores: Jaime de Moura Ferreira e Raymundo Dantas (articulistas), . Tiragem desta edição: 30 mil exemplares. Im­pressão: Log & Print Gráfica e Logística S. A. (Vinhedo/SP).

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Registros & Notas Click

Família Costa no café da manhã da Delicatessen Atlântico: Marcos (supervisor de produção da Continental Pneus), a esposa Dulciana (fisioterapeuta), e as filhas Catarina e Ana Clara.

O sorriso jovial de Hilda Thelma Bittencourt Oliveira, 81 anos, carioca de nascimento e baiana de coração, traduz a sabedoria de viver feliz: quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece. A filha Mirian Salinas (esq.) se alimenta com o sábio exemplo.

José Jairo Santos, a esposa Sandra e os filhos Samuel e Isaque, desfrutando o café da manhã na Bella Massa, no Dia dos Pais. 4 | Vilas Magazine | Setembro de 2019

SABIN compartilha gestão na Bahia Apostando forte na sua presença no estado, o Grupo Sabin efetivou a contratação do farmacêutico bioquímico Cláudio Brandão para assumir, ao lado da gestora da Região Nordeste, Agnaluce Silva, a Regional Bahia. A dupla terá a missão de reforçar a cultura do Sabin de promover a melhoria contínua da experiência do paciente e expansão dos serviços na região. O mestre em Imunologia pela UFBA, com MBA em Gestão da Saúde pela Fundação Getúlio Vargas e especialista em Análises Clínicas pela Escuela de Medicina y da Salud de Monterrey, no México, Cláudio Brandão, alicerçado nos mais de 25 anos de experiência em medicina diagnóstica, maior parte como coordenador do laboratório do Hospital Aliança onde trabalhou por mais de duas décadas, fica responsável pela gestão técnica. O novo gestor também é presidente da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (Seccional Bahia) e auditor líder da certificação ISO 9001 pela GLOBAL PCS. Com experiência de 20 anos em gestão de saúde e relacionamento, Agnaluce Silva responde pela gestão de relacionamento com mercado da regional Nordeste desde março de 2019. Doutora pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Agnaluce é também auditora líder pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC) do PALC, programa de acreditação de laboratórios clínicos. A profissional é ainda fundadora do Núcleo de Inovação e Pesquisa (NIP), que desenvolve pesquisas em inovações em saúde. VISITA O secretário municipal da Saúde, Vidigal Galvão Cafezeiro Neto (esq.) visitou o Rotary Club Lauro de Freitas, a convite, sendo recepcionado pelo presidente Leandro Santana, em reunião ordinária em agosto. Estava acompanhado pela esposa, Luziane Cafezeiro.


Dividindo conhecimento. Multiplicando cuidado.

Responsável Técnico: Dr Renato Coelho - CRM 7097

A Clion agora faz parte da Rede Einstein de Oncologia e Hematologia.

C L Í N I C A D E O N CO LO G I A

GRUPO

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Registros & Notas

CASA NOVA Vilas do Atlântico ganhou uma loja exclusiva de móveis planejados com a chegada da Spazio Casa, trazendo em seu portfólio produtos da fabricante Italínea, maior rede de lojas de móveis planejados da América Latina, com mais de 20 anos de mercado, sediada em Bento Gonçalves (RS). A loja, empreendimento do empresário Ricardo Magalhães da Silva (na foto entre duas consultoras), está instalada na principal avenida do bairro, e traz opções de móveis para cozinhas, quartos, homes, banheiros e ambientes corporativos.

VISITA Visitou a revista Vilas Magazine em agosto a vereadora Mirian Martinez (PSD), sendo recebida pelo diretor-editor Carlos Accioli Ramos. Na ocasião, a parlamentar explanou sobre os desdobramentos políticos que podem vir a acontecer no cenário municipal, aquecido pelas prováveis candidaturas à Câmara Municipal e Prefeitura. Estava acompanhada pela filha, Bárbara, jornalista e sua assessora pessoal.

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Afinados também na solidariedade Os cantores Saulo e Tuca Fernandes são os mais novos Embaixadores de Irmã Dulce. Eles receberam o título em 14 de agosto das mãos de Maria Rita Pontes, superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), em cerimônia marcada por forte emoção, na sede da instituição. A OSID confere a homenagem a personalidades que vêm abraçando o legado de amor do Anjo Bom da Bahia em prol dos necessitados, exatamente como Saulo e Tuca, que há anos prestam sua solidariedade às Obras Sociais, numa relação de mútuo afeto. Comovidos, os cantores retribuíram o carinho e o reconhecimento das Obras Sociais do jeito que mais gostam: com música. Na seleção improvisada pela dupla, não faltaram hits de sucesso, mas os cantores declararam seu amor por Irmã Dulce cantando Alecrim Dourado, uma das canções preferidas da freira baiana, que no próximo dia 13 de outubro será proclamada santa.

PODEROSAS A 4ª edição do maior campeonato de crossfit do Norte/Nordeste, o Arena Challenge, que aconteceu dias 10 e 11 de agosto na Itaipava Arena Fonte Nova, contou com a participação de 480 atletas de diversas cidades, como Salvador, Lauro de Freitas, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Aracajú, Natal, Belém, dentre outras. O campeonato foi disputado em trios e por categorias Scale, Intermediário, RX e Elite, onde o Crossfit Agreste conquistou o pódio com o primeiro lugar da categoria Intermediário Feminino, com as atletas Denise Tavares, Laís Dobelis e Larissa Mamede.


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Registros & Notas

CINQUENTÃO O empesário Rei­­ naldo Pinto, ser humano de enorme magnitude, celebrou em alto estilo a chegada aos 50 anos, cercado pelo carinho da família e amigos. Vida longa.

EMPREENDEDORES A família Couto, responsável pelos bons serviços e produtos da Delicatessen Atlântico, tradicional espaço gastronômico de Lauro de Freitas, celebra a inauguração de novo empreendimento na cidade: o Mercadão Baiano, com diversificada variedade de produtos para a culinária baiana, desde camarão defumado, azeite de dendê, massa pronta para acarajé e abará, produtos naturais, temperos e condimentos, até artigos de mercearia. Na inauguração, em 22 de agosto, lá estavam, recepcionando os convidados (a partir da esq.), o patriarca Reinan Couto, os filhos Neinan e Neirlan e o sócio, Fernando Amaral (de preto). BOA AMIZADE Uma boa turma de servidores do fisco estadual, residentes em Lauro de Freitas e Salvador, reúne-se semanalmente, aos sábados, no clube da Associação dos Servidores Fiscais do Estado da Bahia, onde acontecem animados babas e acirradas partidas de dominó recheadas com cervejinhas geladíssimas e muitas gozações, estreitando laços de uma amizade saudável. Os encontros tem regulamento e horários rígidos – começa às 9h e termina às 14h. Na foto (a partir da esq.) Paulo Roberto, Antônio Carlos, Fernando Ziemer e Antônio Rocha.

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CARURU DA AMBIU A Associação de Moradores das ruas Praia de Bertioga, Iporanga e Ubatuba, em Vilas do Atlântico, realiza este mês mais uma edição do “Caruru da AMBIU”, evento sociativo que objetiva, além do prazer do convívio entre amigos, a arrecadação de fundos para custear serviços nas suas alamedas. A partir das 12 horas do dia 22, os presentes poderão desfrutar de boa música, bebidas, bingo, brincadeiras, festival de tortas, preparativos para a principal atração: o festejado caruru, no espaço, montado na rua Praia de Bertioga (próxima da segunda saída de Vilas do Atlântico). Informações: pensaeventos@pensaeventos. com.br ou WhatsApp 71 99213-6293.

Talentosos e criativos artistas que integram a Associação dos Artesãos de Lauro de Freitas celebraram, em agosto, os 13 anos da instituição. SARAU NO QUINTAL A segunda edição do evento Sarau no Quintal, promovido pela escola de idiomas EFC, se debruça na obra do poeta mineiro Carlos Drumond de Andrade. O professor Alexandre César e seus convidados, jovens poetas laurofreitenses, vão se revezar ao microfone interpretando a obra do poeta mineiro, acompanhados por intervenções musicais da Banda de Banda e do cantor e compositor Bruno Pataro, além de apresentações do poeta canadense Sylvain Joseph Guy Wilkie e do Boi Bem Tricotado, da trupe teatral da escola municipal Vila Nova, sob o comando do professor Ubirajara Cordeiro. O Open Mic garante a participação de poetas e apreciadores da plateia que desejarem se juntar à programação. R. Priscila Dutra, 541. Sáb., dia 14, às 17h. Entrada: R$ 10,. Tel.: 3379-6487 ou What’s app 98797-4961.


PUBLIEDITORIAL

VILAS DO ATLÂNTICO

40 anos de história

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á 40 anos, no final dos anos 70,chegou-nos a “primeira comunidade planejada da Bahia”: Vilas do Atlântico. O bairro que nos orgulha pelos seus quase 4 km de extensão praieira, a diversidade de bares e restaurantes, funcionando dia e noite, pelo bailar dos coqueirais, nos convidando para praias sossegadas, onde as tartarugas fazem ninhos e desovam, ornamentadas pelo “calçadão” e pelos rios de tanta importância, mas carentes de preservação. Vilas do Atlântico, ou somente Vilas, como é conhecido por todo o país, comemora neste 28 de setembro 40 anos do seu lançamento – apesar da entrega ter sido apenas em 1980, o nascimento do bairro aconteceu em 1979. Quem imaginaria que quatro décadas após a idealização da Odebrecht – era somente areia, um clube de esportes, um colégio sem muitos alunos e apenas uma casa comercial, o famoso Esqueçi – chegaria a situação que hoje ostenta, um bairro em exponencial crescimento. Essa idealização previa a construção de um condomínio fechado com três portarias, sem agitação noturna, praias frequentadas por visitantes de todo o Brasil, mas também berço de discussões políticas, resistência e preservação da identidade e respeito às legislações construídas aos muitos debates com o poder público mu-

nicipal e estadual. São quarenta anos de orgulho aos moradores e grande atrativo aos seus visitantes, mas nesta data o que vale é a reflexão. É necessário que os tradicionais e recém-chegados moradores de Vilas compreendam que é momento de avaliar a condução dos gestores públicos com esse bairro. Respeitar as legislações sem vetar o crescimento ordenado e planejado, valorizar sem perder a tradição, explorar o potencial ouvindo a todos. O que não podemos é deixar que nos próximos anos Vilas permaneça sem ter extraído dos seus representantes o potencial que nosso bairro tem. Nós, moradores de Lauro de Freitas, temos sorte por ter como cartão de visita essa jóia, e será sempre o nosso dever defender e preservar o presente que Deus e a natureza nos deram. Parabéns, Vilas do Atlântico. 40 anos é apenas o início da sua história! TEOBALDO COSTA, empresário.

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q CIDADE A Igreja de Santo Amaro de Ipitanga reformada: pedido do pároco, atendido pela prefeita Moema Gramacho

Reforma da Igreja de Santo Amaro de Ipitanga foi contrapartida social

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Igreja Matriz de Santo Amaro de Ipitanga, ponto de origem do vilarejo ao qual emprestou o nome há mais de 400 anos, que teve o telhado reformado, foi reapresentada à população no dia 31 de julho – justamente no aniversário de 57 anos da

emancipação política que renegou o nome original. As intervenções consistiram na substituição do telhado e manutenção de todo madeiramento, recuperação do forro, adequação das instalações elétricas, além da restauração de esquadrias e pintura. FOTOS: LUCAS LINS

Os centenários silhares da igreja: preservados na reforma de 1975

A secretaria, a sacristia, o altar e o santuário também passaram por adequações. De acordo com a prefeitura, todo o processo de reforma foi acompanhado pela equipe técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A reforma foi oficialmente apresentada depois de uma missa pela passagem dos 57 anos de emancipação. “Este é um sonho antigo, não só da comunidade católica, mas de todos aqueles que prezam pela preservação de nosso patrimônio histórico e arquitetônico” – destacou a prefeita Moema Gramacho. Foi sob o novo telhado da igreja que centenas de fiéis renovaram a fé e a devoção no padroeiro de Lauro de Freitas, na missa pelo aniversário da emancipação. A cerimônia religiosa, em caráter festivo e em agradecimento da reforma, foi presidida pelo arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, com o pároco de Santo Amaro de Ipitanga, padre Juraci Gomes de Oliveira. De acordo com a prefeita, a reforma | Continua na página 12 u

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Parque Shopping Bahia A

viabilização da implantação de um empreendimento, seja qual o seu porte e segmento, envolve necessariamente a perfeita e harmoniosa sintonia entre todas as etapas, para que ao final o equipamento seja adequado para clientes lojistas e consumidores. Dentre essas etapas, a comercialização de espaços para cessionários se posiciona como das mais importantes para o sucesso do empreendimento, pois o peso das marcas que nele estarão ancoradas, responde pela qualificação do empreendimento. Este setor da implantação do Parque Shopping Bahia está sob o comando de Eduardo Soraggi, profissional experiente, perfeitamente adaptado às fortes exigências de marcas de valor para formarem o mix de empreendimentos de varejo.

Qual o ponto forte do Parque Shopping Bahia? O ponto forte é a localização, pois o shopping está no principal vetor de crescimento econômico da Bahia. Fazendo um paralelo com que já existe e que deu muito certo, Lauro de Freitas está para Salvador, como a Barra da Tijuca está para a zona sul do Rio de Janeiro. Outro ponto que chama muito atenção é que o empreendimento já nasce com o que o mercado aponta como tendência: além das melhores operações do varejo nacional, ele vai ter foco no lazer, serviços e conveniência. Reforçando esse novo perfil de shopping centers, o complexo vai contar com o maior parque de diversão em shopping do Brasil (com uma área aproximada de 7.500 m²), com um complexo esportivo e ainda com a maior casa de eventos do estado. O que chama mais atenção no projeto? O que chama atenção é que o projeto total vai muito além do

Eduardo Soraggi ordenando a grande quantidade de contratos assinados, que demonstra o resultado do sucesso do empreendimento

shopping. Como o terreno possui 260 mil metros quadrados, ele viabiliza a entrada de outras operações que vão mudar ainda mais a rotina dos moradores de Lauro de Freitas, criando praticamente o novo centro da cidade. Tanto é que a própria prefeitura já está fazendo parte com seu novo prédio. Além disso, poderão ser construídos um hospital, um hotel e uma faculdade, por exemplo. Qual o público que o Parque Shopping Bahia pretende atingir? O shopping pretende ser o mais democrático possível, atingindo todos os públicos Marcos Vianna (gerente de comercialização), Endy Vieira (executiva de comercialização), Eduardo Soraggi (gerente comercial), Ana Paula Guimarães (recepcionista administrativa), Roberto Vianna (coordenador comercial), a partir da esq.

e classes sociais. Como está a comercialização dos espaços do Parque Shopping Bahia? A comercialização vem surpreendendo bastante e temos tudo para ter umas das melhores inaugurações dos últimos anos no país. O shopping já está quase todo comercializado e, hoje, já possui mais de 80% de sua área com contratos assinados. Quais as principais marcas já confirmadas no Parque Shopping Bahia? Já estão confirmadas presenças das principais marcas do Brasil, como o Pão de Açúcar (com mais de 2.000 m² será a maior loja da Bahia), Renner, Camicado, Riachuelo, C&A, Lojas Americanas, Preçolândia, Le Biscuit, Kalunga, Smart Fit, Cinépolis (com nove salas de cinema já na inauguração, sendo três salas VIP´s), Centauro (já inaugura com o novo modelo de loja – Geração 5 – sendo a primeira fora do eixo Rio-SP), além das principais marcas de franquias do país. Setembro de 2019 | Vilas Magazine | 11


q CIDADE

u Continuação da página 10

aconteceu “atendendo a um pedido do padre Juraci e de toda comunidade”. De acordo com Moema Gramacho, “achávamos que seria só a troca do telhado”, mas “a reforma acabou muito maior com a troca de todo o madeiramento”. Sendo “um equipamento secular”, tombado pelo IPHAN, a igreja precisou de mais reparos “e muito cuidado durante toda a obra”, disse. O Padre Juraci confirma a boa vontade da prefeitura: “A prefeita tinha prometido o telhado e depois a pintura”, disse – “mas no desenrolar de todo o trabalho, mais reparos foram feitos”. Apesar das intervenções serem de responsabilidade do IPHAN, a prefeitura de Lauro de Freitas, “compreendendo a necessidade da reforma e a importância da igreja para a história”, indicou a obra como objeto de investimento de contrapartida social das empresas MRV e Terra Forte. O montante do investimento não foi divulgado. A lei que orienta a aplicação de recursos dessa origem pode mudar se for aprovada uma proposta que está em tramitação na Câmara Municipal (leia à pág. 14). Berço da história de Lauro de Freitas, a igreja foi construída no século 17. Seu interior, alterado numa reforma em 1975, conserva apenas uma barra de azulejos que envolve toda a nave e capela-mor com motivos avulsos. Entretanto, seriam os mais extensos silhares encontrados na arquitetura luso-brasileira. Segundo o historiador Santos Simões, datam de 1740. A igreja foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 13 de maio de 1985, dez anos depois da descaracterização interna. O arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger preside à missa em Ação de Graças: contrapartida social

Lauro de Freitas poderá ter orçamento impositivo

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s emendas dos vereadores aplicadas ao orçamento anual de Lauro de Freitas devem se tornar de execução obrigatória, como já acontece na esfera federal depois de emenda constitucional de 2015. Versão municipal das Propostas de Emenda Constitucional (PEC) que costumam ocupar o noticiário político, está em tramitação na Câmara de Lauro de Freitas um Projeto de Emenda à Lei Orgânica que visa obrigar o chefe do Executivo local a executar o O vereador Edilson que os vereadores decidirem. A aprovação Ferreira (esq.), aliado exige 12 votos do plenário. da prefeita Moema O projeto prevê que “as emendas inGramacho, participa dividuais ao Projeto de Lei Orçamentária de evento na Unidade serão aprovadas no limite de 5% da Receita de Saúde da Família Corrente Líquida realizada no exercício an(USF) do Tarumã, em terior”. No âmbito da União, o limite é de Itinga, ao lado do 1,2% da Receita Corrente Líquida (RCL) e, secretário de Saúde desde junho, além das emendas individuais, Vidigal Cafezeiro: o governo também passou a ser obrigado o cenário muda executar as emendas de bancada. Metade do percentual de 5%, entretanto, será obrigatoriamente destinado “a ações e serviços públicos de saúde” – sendo vedado o uso para pagamento de pessoal ou encargos sociais. Os vereadores assumem a inspiração e mencionam a Emenda Constitucional do “orçamento impositivo” na própria justificativa da emenda à Lei Orgânica, destacando que “a inovação reduz a discricionariedade orçamentária e atribui vinculação à implementação, pelo Executivo, das emendas propostas pelo Legislativo”. Os vereadores sublinham que “a obrigatoriedade na execução orçamentária permite que os vereadores atendam às demandas colocadas pela população e que seu clamor seja ouvido em forma de ações governamentais”. Um dos objetivos dos vereadores é obter um “tratamento mais isonômico” por parte da prefeitura, que deixa de poder escolher as emendas que deseja executar, muitas vezes em função de acordos polí-

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O vereador e presidente da Câmara, An­tônio Rosalvo fala durante a inau­guração do asfaltamento da avenida Peixe, no Jambeiro: “responsabilidade compartilhada, créditos também”

LUCAS LINS

ticos. “Acredita-se que este mecanismo é fundamental para maior independência do vereador”, anotam. Em pronunciamento no plenário da Câmara no mês passado, o vereador Edilson Ferreira (PRB), aliado da prefeita Moema Gramacho (PT), mencionou as cerimônias de entrega de obras de que participam deputados: “você direciona aquela emenda impositiva para fazer aquela calçada e quando vai inaugurar você vai lá inaugurar junto com o gestor, porque quando o deputado destina uma emenda para o município ele vem entregar o automóvel, vem entregar a ambulância, vem entregar a quadra, vem entregar o campo que reformou, vem entregar o ginásio construído com a emenda dele”. O presidente da Câmara Municipal, vereador Antônio Rosalvo (REDE) afirma que se a “responsabilidade é compartilhada, os créditos também” devem ser. No mês passado ele participou da entrega da recuperação do asfalto da avenida Peixe, no Jambeiro, com a prefeita Moema Gramacho. A obra é fruto de indicação de Rosalvo. Apelando à ampla base de sustentação da prefeita, que em tese teria as suas emendas atendidas enquanto durar a atual gestão, Ferreira lembrou que o cenário muda. “Entra prefeito, sai prefeito e a emenda impositiva irá continuar” – e aí “não interessa se o vereador é da base ou da oposição, vai poder fazer as suas obras nas suas comunidades”. Antecipando uma possível reação do Executivo, a justificativa acrescenta que “não se quer, com isso, impor restrições ao Executivo”, mas que “os vereadores conhecem os microproblemas do município”, que “eles andam nas bases, ouvem e veem as dificuldades dos moradores”. Os vereadores acrescentam que recursos destinados a um setor específico “não raras vezes são aplicados em outras obras de menor relevância” – e pretendem impedir que isso continue a acontecer.

Eles lembram que “atualmente, a prefeita não é obrigada a aplicar as emendas apresentadas pelos parlamentares durante a tramitação da tríade orçamentária”, que têm caráter meramente “autorizativo” – ou seja, a Câmara permite que as despesas sejam realizadas, mas a prefeitura não é obrigada a fazer as obras aprovadas. “Mesmo sabendo que as emendas só se transformam em obras se o prefeito almejar, é praxe os vereadores apresentá-

las, atendendo as demandas populares em áreas como Saúde, Educação, Serviços Urbanos e Transporte, entre outros”, insistem. O vereador “absorve todos os reclames da população, é procurado no gabinete, em casa, no seu dia-a-dia”, anotam ainda na justificativa. A população cobra porque “acha que o vereador pode construir uma escola, implantar pavimentações”. Com a aprovação do orçamento impositivo municipal, “a Câmara passa a ter um marco diferenciado, de empoderamento”, finalizam.

NOTA PÚBLICA Agradecimento à Câmara Municipal de Lauro de Freitas As associações legalmente constituídas e instaladas em Lauro de Freitas, abaixo, vem de público enaltecer e agradecer o empenho do presidente da Câmara Municipal de Lauro de Freitas, vereador Antonio Rosalvo e demais atuantes vereadores, quando da elaboração e aprovação da Lei Municipal nº 1803, de 25 de junho de 2019. Essa lei nos devolve a normalidade e continuidade do exercício das nossas atividades no comércio, indústria, prestação de serviços, entre outras, evitando a transferência de parte significativa para outros municípios, impactando uma perda inestimável de geração de empregos. Entendemos que a preocupação com o destino do nosso município, sempre foi e continuará sendo o foco principal das nossas associações, entidades de classe e dessa atuante Câmara Municipal de Vereadores de Lauro de Freitas. ACELF - Associação Comercial e Empresarial de Lauro de Freitas CDL - Câmara dos Dirigentes Lojistas Lions Club Lauro de Freitas Quatro Estações OAB - Ordem dos Advogados do Brasil - Subseção Lauro de Freitas OSCIP Rio Limpo Sindicombustíveis - Sindicato do Comércio de Combustíveis

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q CIDADE

Destinação de contrapartidas sociais pode passar para Conselho

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a mesma linha da emenda à Lei Orgânica que cria o “orçamento impositivo” municipal, a Câmara de Lauro de Freitas discute a criação de um “Fundo Municipal de Contrapartida Social” (FMCS), “relativo ao licenciamento de empreendimentos no município de Lauro de Freitas, com o escopo de recepcionar as receitas obtidas”. A ideia é não deixar por conta do Executivo a gestão dos recursos angariados por meio da lei das contrapartidas, de 2014, mas submeter as decisões a um Conselho Municipal de Contrapartida Social (CMCS). A Lei 1.528/14 dispõe que “nos empreendimentos imobiliários residenciais, de uso misto, comerciais, de serviços ou industriais, com mais de uma unidade autônoma, com área privativa igual ou superior a 600 m², o empreendedor se obriga a realizar, às suas expensas, em local indicado pela Prefeitura, o equivalente a 10% do total da área privativa do empreendimento”. Nos empreendimentos comerciais, de serviços, ou industriais o percentual é de 5%. De acordo com o Projeto de Lei, de autoria do presidente da Câmara, Antônio Rosalvo (REDE), a “proposta orçamentária do FMCS deverá ser aprovada pelo CMCS e constar na Lei de Diretrizes Orçamentárias e o orçamento do FMCS integrará o orçamento da Secretaria Municipal responsável pelas obras” no município. O “local indicado pela prefeitura” passará a ser o local apontado pelo Conselho. Rosalvo sublinha que “os recursos 14 | Vilas Magazine | Setembro de 2019

algumas comunidades é que os recursos devem ser aplicados na própria região dos licenciamentos que os geraram. Foi assim que, em abril, a prefeitura decidiu destinar mais de R$ 500 mil para do Fundo serão depositados em institui- obras em duas praças no Miragem. Os ções financeiras oficiais, em conta espe- recursos seriam originários de contracial”. Um dos argumentos dos defensores partida social da empresa Evolution do projeto é dar absoluta transparência Empreendimentos Imobiliários. “O compromisso assumido pela preaos recursos angariados e aplicados por meio da lei de contrapartidas, um ponto feita Moema Gramacho foi o de colocar sempre muito criticado. A prefeitura dá metade da contrapartida dos emprepublicidade regular, na Internet inclusive, endimentos feitos no bairro no próprio aos contratos individuais originados de bairro”, explicou a prefeitura à época. contrapartidas sociais. Mas persiste a “Entretanto, superou a expectativa com a destinação de 100% do recurso total” – crítica ao gerenciamento dos recursos. A proposta de lei acaba com a discri- festejou. Politicamente, a nova lei retira cionariedade da prefeitura na aplicação poder do Executivo, que deixa de poder dos recursos das contrapartidas, hoje decidir sozinho onde aplicar os recursos. As obras geradas pela lei de conmuito disputadas e até negociadas com associações de bairro. O argumento de trapartidas sociais são valorizadas porLUCAS LINS que independem da arrecadação municipal ou da transferência de recursos do Estado ou da União. Equipamentos relevantes da cidade, como o corpo de bombeiros e a delegacia de polícia de Portão ou serviços como a limpeza do rio Sapato, em Vilas do Atlântico, foram pagos pela lei de contrapartidas sociais. A receptividade da prefeitura ao licenciamento de empreendimentos na cidade está relacionada a esse efeito. Agora, se a proposta de lei for aprovada, qualquer destinação de recursos de contrapartidas terá de passar pelo crivo do Conselho

Antônio Rosalvo, presidente da Câmara, aplaude popular no Jambeiro: gestão e aplicação de recursos de contrapartidas sociais deve ser decidida por Conselho


Municipal de Contrapartida Social, que deve funcionar como os demais conselhos, com representantes de diversos segmentos da sociedade e da prefeitura. Ao definir que a proposta orçamentária do FMCS deverá ser aprovada pelo CMCS e constar na Lei de Diretrizes Orçamentárias, o projeto de Antônio Rosalvo integra os recursos ao orçamento da secretaria municipal responsável pelas obras. As contas e os relatórios do gestor do FMCS serão submetidos à apreciação do Conselho, trimestralmente e anualmente. A situação financeira, patrimonial e orçamentária do Fundo será avaliada conforme a legislação pertinente, permitindo “controle prévio, concomitante e subsequente, informando apropriações, apurando custos de serviços, interpretando e avaliando, com os instrumentos de sua competência, os resultados obtidos”.

Vecchis e Lopes presidem reunião do Conselho de Turismo: plano de ação para o verão nas praias

Novo presidente do Conselho de Turismo quer gerar empregos

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s 18 novos membros efetivos do Conselho Municipal de Turismo de Lauro de Freitas para o biênio 2019/2021 tomaram posse no dia 20 de agosto. Vinculado à secretaria de Cultura, o Conselho tem agora na presidência Paolo Vecchis, do segmento de agências de turismo. De acordo com ele, “queremos através do turismo gerar emprego e renda para o município”, destacando que na reunião de posse estavam presentes “empresários que podem contribuir com o fluxo de turistas na cidade”. Além disso, “também estamos levantando propostas de | Continua na página 16 u

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materiais de divulgação turística de Lauro de Freitas”, disse Vecchis a respeito de alguns dos pleitos apresentados na reunião. Segundo o novo presidente do Conselho Municipal de Turismo, novas reuniões com representantes de diversos ramos do empreendedorismo serão feitas a fim de fortalecer o turismo local. Um projeto sobre reciclagem de cocos e estratégias de melhorias para o plano de ação voltado ao verão nas praias também foram apresentados no encontro. A vice-presidência do Conselho ficou a cargo de Pedro Venâncio, da organização de meios de transporte. Joilson Lopes, diretor de Turismo da secretaria de Cultura, destaca que o órgão conselheiro soma-se ao planejamento do turismo do município e da região. “Este novo conjunto de conselheiros vai contribuir com ideias e ações para o desenvolvimento local”, opinou – “Lauro de Freitas ocupa, no Mapa do Turismo, a categoria B e nosso objetivo é potencializar cada vez mais a nossa rede turística”.

Tribunal de Justiça inaugura terceira unidade do Cejusc em Lauro de Freitas

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m parceria com a Prefeitura de Lauro de Freitas, o Tribunal de Justiça da Bahia inaugurou, em 26 de agosto, a terceira unidade do Centro Judiciário de Solução Consensual de Conflitos (CEJUSC) no município. Localizada na Administração Regional (AR) de Itinga, o equipamento oferece aos cidadãos justiça de forma gratuita nos âmbitos processual e pré-processual, dando maior celeridade ao andamento dos processos através da mediação e conciliação. A Bahia conta hoje com 134 CEJUSCs em funcionamento. “Estamos muito felizes em prestar esse serviço para a população de forma gratuita, buscando a solução de conflitos de forma consensual”, afirmou a juíza de direito e assessora especial da presidência do TJ-BA, Rita Carvalho. Para a juíza de direito e coordenadora do novo CEJUSC, Zandra Anunciação, o equipamento garante para a população de Lauro de Freitas mais um mecanismo de acesso à justiça. “É mais um aparelho público para atender o cidadão”, ressaltou. A criação dos Centros Judiciários de Solução Consensual pelos Tribunais de Justiça segue determinação da Lei de Mediação (Lei nº 13.140/2015) e do novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015). Outras unidades do Cejusc no município funcionam na AR de Areia Branca e no edifício Torres Buseness. Na AR da Itinga também são disponibilizados Banco de Serviços, um posto avançado do INSS e emissão do Cartão SUS.

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EDGARD COPQUE

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Cristiano Magarão Souza, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, fala durante a inauguração do CGAE

Central geral de apoio a empresas oferece serviços públicos integrados

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á está em funcionamento a Central Geral de Apoio à Micro, Pequena e Média Empresa (CGAE), montada pela secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação Tecnológica, da prefeitura de Lauro de Freitas, no espaço do novo centro administrativo, junto ao Parque Shopping Bahia. Voltado para atender empreendedores que desejam abrir negócios em Lauro de Freitas, o espaço integra diversos serviços públicos, conforme destacou a prefeita Moema Gramacho, com “representantes de todas as secretarias necessárias para o desenvolvimento de negócios”. De forma simplificada, o CGAE pode orientar MicroEmpresários Individuais (MEI) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) na regularização, inscrição, alteração, baixa e outros serviços avulsos. Os atendimentos serão prestados pelas secretarias de Desenvolvimento, Meio Ambiente, Administração, Trânsito, Transporte e Ordem Pública, Fazenda, superintendência de Vigilância Sanitária e Junta Comercial da Bahia (Juceb). PERFIL De acordo com dados da Receita Federal, Lauro de Freitas tem mais de 12 mil Micro Empresários Individuais (MEI) registrados. Ao todo, são mais de 300 atividades, que demandam licenças e procedimentos diversos na burocracia do município. Quarenta delas têm apenas um empreendedor registrado. Um deles, por exemplo, cultiva hortaliças. Outro faz gravação de carimbos. A maioria – 984 até meados do mês passado – desenvolve atividades de cabeleireiro, barbeiro, manicure e semelhantes. Outra atividade muito registrada pelos MEI em Lauro de Freitas é o comércio varejista de vestuário, com 911 empreendedores. As pizzarias “delivery”, fornecedores de marmitex e outros alimentos para consumo domiciliar são a terceira categoria mais registrada na cidade, com 458 empresários


em nome individual. Ainda no ramo da alimentação, os ambulantes, quiosques, trailers, food trucks, barraqueiros e outros somam 432. Os profissionais de construção civil, pedreiros e construtores de estruturas de alvenaria vêm em seguida, com 388 registros. A distribuição de panfletos também é concorrida, com 349 pessoas no setor. Há dois meses à frente da gestão da secretaria de Desenvolvimento Econômico, Cristiano Maragão diz que “o CGAE funcionará como um aperto de mãos para o desenvolvimento do município”. Marcos Brito, diretor geral do Parque Shopping Bahia, avaliou o CGAE a partir de suas experiências no ramo empresarial. “A Central vai contribuir ainda mais para o desenvolvimento da cidade”, disse. “Apesar da crise, estamos chegando a Lauro de Freitas, um local diferente do país, onde dá para se empreender, ganhar dinheiro e trazer mais emprego e renda”. Com a abertura do Parque Shopping, cerca de 3.500 empregos diretos serão gerados.

Confiança avança entre empresários baianos

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Indicador de Confiança do Empresariado Baiano (ICEB), índice que avalia as expectativas do setor produtivo do estado, calculado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), apresentou, em julho, um quadro de maior confiança comparativamente ao observado no mês anterior. A confiança avançou após ter se deteriorado duas vezes seguidas. Numa escala que pode variar de -1.000 a 1.000 pontos, o ICEB marcou -64 pontos, melhora de 30 pontos em relação ao registrado em junho (-94 pontos). Apesar da alta mais recente, o ICEB ficou abaixo de zero pela terceira vez seguida. A expectativa geral do empresariado local, portanto, permaneceu o mesmo. A melhora observada no nível de confiança evidenciou o progresso nos indicadores de duas das quatro atividades: Serviços, com alta de 70 pontos e Agropecuária, com avanço de 45 pontos. Nos setores de Indústria e de Comércio, por outro lado, ocorreram quedas de seis e 93 pontos, respectivamente. Setor de serviços apresenta melhoria no contexto da economia

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q CIDADE

Terminal de ônibus da Estação Aeroporto do metrô dobra de tamanho

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terminal de transbordo da Estação Aeroporto do metrô passa por obras de ampliação desde o início do mês passado. O prazo de conclusão previsto é de seis meses. Enquanto as intervenções são executadas, as linhas de ônibus que realizavam embarque e desembarque de passageiros na Plataforma A foram deslocadas para a rua Gerino de Souza Filho, que fica atrás do terminal. Os serviços vão permitir a ampliação do número de baias de ônibus, que atualmente são 13 e comportam 36 linhas de coletivos. O número de usuários será duplicado, dos atuais 100 mil para 200 mil diariamente. Ao fim da obra, o equipamento terá 21 baias para receber mais de 50 linhas de ônibus, entre metropolitanos e urbanos. O espaço de área construída irá mais que dobrar, dos atuais três mil metros quadrados para 7,9 mil metros quadrados. A ampliação do terminal de transbordo é estratégica para aumentar a capacidade de atração de passageiros para o sisteGrace Gomes (abaixo), superintendente de Mobilidade do governo do Estado: entorno do terminal pediu novas áreas comerciais. Canteiro de obras já mostra o objeto do marco de entrada desmontado para futura realocação (dir.) ALBERTO COUTINHO

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Estação de transbordo passará de 13 para 21 baias, com novos pontos comerciais ma de metrô – e viabilizar a extensão da linha 2 até o Parque Shopping Bahia, onde será construída a Estação Lauro de Freitas e mais um terminal de transbordo. Por força de contrato, para que o governo da Bahia autorize as obras é necessário que a estação Aeroporto atinja o volume de seis mil passageiros por hora-pico durante seis meses consecutivos. Depois disso, a CCR Metrô Bahia, concessionária do sistema, tem mais seis meses para apresentar estudos. Os termos fazem parte do contrato de concessão. Em maio de 2017, Luiz Valença, presidente da CCR Metrô Bahia esperava ver essas condições presentes em julho de 2018, mas o volume de usuários da estação continua abaixo das expectativas.


Audiência pública traz pedidos de mais recursos para a Cultura

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PAULA FROES

Grace Gomes, superintendente de Mobilidade da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado, defende a necessidade do aumento na capacidade de atendimento à população. “Essa obra prevê a ampliação para dar maior conforto à população, em especial aos passageiros metropolitanos”, explica – “Teremos as 21 baias cobertas e a ampliação da área para os usuários e o comércio”. Mas, de acordo com ela, também “existe uma demanda das comunidades do entorno do terminal, como os moradores de Itinga, que nos solicitam a instalação de pontos comerciais nesta área, a exemplo de farmácias e lanchonetes”. Um balcão de informações foi implantado para minimizar o impacto das obras, além de placas que sinalizam as mudanças e indicam a localização do novo ponto de embarque e desembarque da Plataforma A. Gomes adiantou que “também faremos a retirada do monumento da entrada de Lauro de Freitas, porque o Terminal Aeroporto irá crescer até o limite entre Lauro de Freitas e Salvador”. De acordo com ela, o objeto será instalado novamente ao fim da obra. Para reforçar a segurança dos pedestres na área de travessia entre o Terminal e a rua Gerino de Souza Filho, uma “lombofaixa” foi implantada. Durante o período de obras, o funcionamento do terminal será o normal, das 4h45 à 1h da manhã.

ema de audiência pública realizada no Cine Teatro de Lauro de Freitas, a pergunta tem resposta em produção: “Que Cultura Nós Queremos?”. Entre as demandas dos agentes culturais, ganhou destaque a realização de editais e o aumento dos recursos destinados ao Fundo de Cultura. O evento, que contou com a participação de representantes da sociedade civil e do governo municipal, listou ações recentes da secretaria de Cultura, a exemplo de duas jornadas culturais e do festival municipal de dança, que contou com a participação de 17 grupos. A Companhia Municipal de Teatro Amador, que atua com mais de 100 jovens da rede municipal de ensino, também foi lembrada pelo secretário da pasta da Cultura, Manoel Carlos dos Santos. Eventos futuros que contarão com o apoio da secretaria também foram destacados, incluindo a segunda Jornada de Teatro do Oprimido e da Oprimida, confirmada para outubro. O município tem hoje 52 eventos calendarizados. Destes, 22 são considerados eventos que ressaltam as manifestações da cultura tradicional. Representante da Associação São Jorge da Gomeia, do bairro de Portão, a presidente do Ponto de Cultura Bankoma, Lúcia Neves, lembrou os obstáculos encontrados pelos negros ao longo da história e falou sobre o desafio diário de manter firme a ancestralidade do seu povo, resguardada e protegida pelo candomblé. Mãe Lúcia também destacou o trabalho realizado no Bankoma durante todo o ano, a exemplo dos cursos de percussão, de dança, a fabricação de instrumentos, oficinas de corte costura e estética afro, ações que geram emprego e renda e que ganham visibilidade durante o Carnaval no desfile do Bloco Bankoma. O grupo leva para a avenida a música, dança, adereços, roupas, e instrumentos, resultados de um trabalho realizado durante todo o ano. Participantes de diversos movimentos culturais do município deram a sua contribuição, trazendo à tona o debate em torno da instituição do Plano Municipal de Cultura de Lauro de Freitas e a gestão dos recursos destinados aos projetos culturais. A aplicação dos recursos é decidida a partir das deliberações do Conselho de Cultura, formado por integrantes do governo e da sociedade civil.

Mãe Lúcia fala ao auditório durante a audiência pública: Bankoma em detaque

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Campanha da Defensoria Pública estimula reconhecimento de paternidade

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Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE) voltou a realizar, no mês passado, a campanha Sou Pai Responsável, de incentivo à consciência paterna, pela via do reconhecimento de paternidade. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, mais de 5,5 milhões de crianças brasileiras não têm o nome do pai em seus documentos. Iniciada em 2007, a Ação Cidadã Sou Pai Responsável é realizada durante todo o ano pela DPE e intensificada no mês de agosto, quando se comemora o dia dos pais. A campanha busca tanto estimular a participação dos pais no convívio e desenvolvimento dos filhos, como incentivar homens relutantes a assumir a paternidade de crianças sem o nome do pai no registro de nascimento. Em parceria até com clubes de futebol como o Esporte Clube Bahia e o Esporte Clube Vitória, a DPE procura levar a campanha até o público alvo, onde ele estiver. Este ano houve atendimentos na Loja Esquadrão, na Fonte Nova e no Barradão, mediante acordos celebrados entre a instituição e os clubes. A campanha deste ano teve como padrinho a ator Érico Brás que atua em programas de humor na TV. Durante o evento de apresentação da campanha, no dia oito de agosto, em Salvador, Érico Brás contou um pouco de sua vida e discorreu

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Equipe da Defensoria Pública da Bahia: Ação Cidadã Sou Pai Responsável acontece o ano inteiro sobre como sua experiência como filho foi inversa à experiência como pai. “Meu pai não era presente na minha vida”, contou – “Nunca me levou à escola, nunca foi lá saber o que fazia ou não fazia, ele não tinha noção do que acontecia comigo”. Mas, “ainda criança, quando descobri a arte, logo percebi que não queria repetir certos comportamentos dele, inclusive o de ser um pai ausente” – e “pensava ‘quando for pai quero fazer diferente’ e assim venho me esforçando”, disse. De acordo ele, quando sua filha nasceu, momento em que ele tinha 24 anos, seu senso de responsabilidade pessoal e social mudou completamente. “O pai presente que hoje sou nasce da minha atitude de refletir sobre minha vida, mas também da necessidade de transformação de nossa sociedade”, acrescentou Brás. Para a defensora pública e coordenadora da especializada de Família e Sucessões Tatiane Queiroz, a iniciativa visa sobretudo sensibilizar os pais a entender a importância RAFAEL FLORES

da paternidade. “Nossa missão não é apenas oferecer testes de DNA para investigação de paternidade”, explica – “É necessário conscientizar a sociedade da importância da paternidade, ajudando mesmo o pai a ser pai, para que eles se envolvam com a vida, as atividades dos filhos”. Além disso, “para as crianças o exemplo é um grande aprendizado”, comentou. Além de estimular o diálogo e promover mediação e conciliação para que os reconhecimentos dos filhos sejam espontâneos, a Defensoria oferece exames de DNA gratuitos para apuração de paternidade. Desde sua criação a Ação Cidadã Sou Pai Responsável já assistiu mais de 23 mil pessoas e só em 2019, antes da campanha de agosto, já haviam sido realizados quase dois mil testes de DNA. No ano passado, 215 homens assumiram a paternidade espontaneamente, sem a realização dos testes. “São vários os pais, infelizmente, que por medo, por dificuldade econômica, por terem dúvidas, não reconhecem seus filhos”, disse o Defensor Público Geral Rafson Ximenes, que prestigiou o lançamento da campanha. “É óbvio que a criança vai sofrer muito com isto”, avalia, “mas o pai, quando não assume sua condição, perde também” porque “nenhuma relação se compara quando você percebe que há uma criança que um dia vai ser tornar adulta e que depende para isso da sua assistência, dos seus cuidados”, declarou. O ator Érico Brás na campanha pelo reconhecimento de paternidade deste ano: história pessoal


O povo de candomblé na caminhada Tembwa Ngeemba, que festeja o tempo

Caminhada em Portão celebra meio ambiente e condena intolerância

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iderada pelo Terreiro São Jorge Filho da Goméia, aconteceu em 24 de agosto a 1ª Caminhada Tembwa Ngeemba, dos povos de terreiro, contra o racismo e a intolerância religiosa e a favor da preservação ambiental. Além de ser uma manifestação de praticantes do candomblé, o evento reuniu pessoas em torno de valores atrelados ao respeito

e à paz. A caminhada saiu do terreiro de Mão Lúcia e desceu pelas ruas do bairro até o Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão, à beira do Rio Joanes. Agosto, mês escolhido para a 1ª Caminhada Tembwa Ngeemba, é dedicado a celebrar Nkisses (os Orixás) de grande importância e valor para o povo de candomblé, todos ligados intimamente à

relação com a terra. Para os terreiros da nação Bantu Angola, como é o caso do São Jorge Filho da Goméia, além de celebrar os Nkisses Nsumbo, Zumbá, Angorô, agosto é o mês em que se festeja Tembwa – o tempo, uma energia para a qual convergem pensamentos, planejamentos e construções da vida. Essa divindade é representada por uma árvore centrada no Terreiro, que traduz a compreensão da importância de se preservar o respeito ao passado e à ancestralidade, traduzida por suas raízes e de se enxergar a importância da construção de um presente forte e sólido, traduzida pelo seu tronco. O diálogo que esses dois aspectos têm com a garantia de um futuro positivo e sustentável é simbolizado pela sua copa.

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etembro chega trazendo com ele a primavera, popularmente conhecida como a estação das flores. E mesmo que em algumas regiões do Brasil as estações não sejam bem definidas, é impossível não perceber a sensação de alegria e bem-estar transmitidas através do perfume, colorido e da beleza única das flores. E será que quem trabalha com flores o ano inteiro é mais feliz? Para tirar essa dúvida fomos conhecer o maior orquidário da Bahia, localizado em Jauá, Camaçari. Com 2,2 hectares, o Orquidário Bahia, reúne cerca de 80 mil plantas, com espécies importadas diretamente da Tailândia, maior produtora mundial de orquídeas, e outras endêmicas do Brasil, com destaque para as variedades Dendrobium phalaenopsis (denphal), Oncidiuns, Cattyleas, Phalaenopsis, Vandas e Miltonias. Aliás, as orquídeas estão por toda parte, em seus vários estágios de produção, e o colorido das espécies em floração é hipnotizante. Quem nos mostra o local é o orquidófilo Ednildo Andrade Torres, 63 anos. Natural de Queimadas (253 km de Salvador), professor da Universidade Federal da Bahia, Ednildo é engenheiro mecânico de formação, com mestrado e doutorado em energias renováveis e sustentabilidade. Entusiasta da natureza, sua relação com

Camaçari sedia maior orquidário da Bahia, com mais de 80 mil espécies Texto e fotos THIARA REGES | Freelance para a Vilas Magazine

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Ednildo Torres apresenta carinhosamente as espécies do Orquidário Bahia


as orquídeas começou a cerca de 30 anos quando ganhou a primeira planta, uma Cattleya labiata. “Tenho a minha primeira orquídea até hoje, ela tem quase 30 anos e está tão jovem quanto no início, muito mais desenvolvida e já deu vários filhotes”, conta. Dos cuidados em casa, até a ideia de orquidário foram alguns anos de planejamento com a esposa, a dentista Silvia Torres. A primeira sede começou a ser edificada em Sauípe, em 2005, mas a distância em relação a capital dificultava seu crescimento. A sede atual foi construída em 2012 e aberta ao público no ano seguinte. Modernizações foram acontecendo paulatinamente e hoje o orquidário conta com laboratório, estufas com irrigação e iluminação específicas para cada etapa de crescimento da planta, um packhouse com exposição permanente de orquídeas, e uma área para cursos. Ednildo destaca que, fora as datas comemorativas, no segundo semestre, a partir de julho, a procura por flores aumenta, mas ainda é uma relação muito tímida se comparado a outros países. “Flor no Brasil só é lembrada em datas comemorativas. Na Europa as pessoas compram flores a qualquer momento e até cultivam; na Ásia, quando você chega no aeroporto é recebido com uma flor. Aqui no Brasil você chega em um shopping e as lojas estão cheias de flores artificiais”. O Orquidário Bahia tem duas exposições confirmadas: de 18 a 25 deste mês, no Shopping Barra e em outubro, de 28 a 12, no Shopping da Bahia.

Espécie Phalaenopsis (acima), a forma de suas pétalas se assemelha a uma borboleta

GANHEI UMA ORQUÍDEA, E AGORA? Em todos esses anos de cultivo de orquídeas, Ednildo ouviu muitas perguntas curiosas sobre o cultivo doméstico: “posso cultivar orquídeas em qualquer lugar? por que minha orquídea não dá flor? quanto tempo a planta vive?” E além das perguntas, viu também muitas pessoas irrigando de forma errada, colocando terra em espécies que não | Continua na página 24 u

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u Continuação da página 23

Laboratório e estufas específicas para cada etapa de crescimento das plantas Cattleya Aclandiae, espécie endêmica do recôncavo baiano

são da terra e até colocando café e gelo para a planta dar flor. “Um grande erro na minha opnião é a pessoa buscar soluções definitivas na internet, porque nem sempre funciona. O cultivo de soja na Bahia, por exemplo, é completamente diferente do cultivo de soja no Sul do país, por questões relacionadas a tipo de clima e solo. O mesmo vale para as orquídeas”, frisa. Pensando no orquidófilo iniciante, Ednildo desenvolveu um curso, um dia de campo, onde explica as noções básica para qualquer pessoa que deseje ter uma orquídea ou até um orquidário em casa. “Existem três regras básicas para se cultivar as orquídeas. A primeira é a luminosidade: grande parte das espécies não vive em sol direto e nem tão pouco muita sombra; o homem aprendeu a observar a natureza, e faz a adequação da luminosidade, através de telados e estufas, simulando a sombra da copa de uma árvore. A segunda é a rega: ‘Devo molhar todos os dias? Quantas vezes?’ A melhor indicação é colocar o dedo no substrato: se estiver úmido não precisa. E não coloque pratinho embaixo da planta, a umidade apodrece a raiz. E a terceira regra básica é a adubação: uma vez por semana, pulverizar a planta”, destaca. Para os que desejem começar a cultivar orquídeas, Ednildo indica um orquidário vertical, ideal para apartamentos, com capacidade de 10 a 12 plantas, e o desenvolvimento de um projeto de mini estufa para cultivo em casas. CATTLEYA ACLANDIAE, SÍMBOLO DA BAHIA Uma espécie cultivada no Orquidário Bahia que chama muita atenção é a Cattleya aclandiae, espécie endêmica do recôncavo baiano, encontrada em áreas de Mata Atlântica. Foi catalogada em 1840 pelo botânico inglês John Lindley, mas seu nome é em homenagem a Sir Thomas Acland, de quem o botânico ganhou a planta junto com um desenho da flor. De comportamento epífito, ou seja, cresce sobre as árvores, suas pétalas variam de verde claro a verde escuro, com pintas marrons, e o

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As mini orquídeas têm tamanho entre 5 milímetros e 40 cm labelo é de cor lilás, uma combinação única de beleza, isso sem falar no perfume. “É bom explicar que as orquídeas epífitas não são parasitas, elas não se alimentam das árvores. Ela captura os nutrientes do ambiente, e por isso as condições de luminosidade, rega e adubação são tão importantes”. Geralmente as flores surgem entre outubro e dezembro, mas tivemos a sorte de encontrar uma flor linda. “A Cattleya aclandiae, possui uma fragrância fantástica, um apelo visual belíssimo, e ainda não é muito conhecida”, frisa. Na Bahia existem 400 espécies de orquídeas, mas apenas metade está catalogada. ORQUIDOFILIA “Paixão é efêmera, passageira. Digo que é amor, amor à natureza! Você tem uma flor que dura três dias, e outra que dura 90 dias; uma tem tons de vermelho, outra de amarelo, outras, tons de marrons; você tem uma flor que tem uma fragrância que lhe atrai, uma beleza que é ímpar, o resultado é que você fica fascinado”. Lembram da pergunta no início do nosso texto? (será que quem

trabalha com flores o ano inteiro é mais feliz?) Depois de uma manhã conhecendo orquidário, conversando com Ednildo e me apaixonando pelas cores e perfumes, a resposta é sim! No planeta existem aproximadamente 35 mil espécies e 140 mil híbridas (cruzamento das espécies), mas são muito mais se considerarmos as espécies que ainda não foram catalogadas. Nativas da África e do hemisfério norte, as orquídeas se adaptam muito bem ao clima do Brasil, e o país já conta com 4 mil espécies catalogadas. Apesar do clima muito propício, a orquídea ainda é uma planta pouco cultivada no país, se comparada com outros países, inclusive da América do Sul, a exemplo do Equador e Colômbia. Os maiores produtores estão na Ásia, onde Ednildo teve a oportunidade de conhecer a Tailândia em 2012, de onde importa parte das espécies do orquidário. A Bahia não é o maior produtor de plantas do Brasil, representa apenas 2% da produção nacional. “O setor de plantas cresce muito no Brasil. Enquanto alguns setores estão estagnados 0,5 a 1%, o setor de plantas cresce até 10%. Só que estamos neste caso falando de plantas ornamentais. O cultivo das orquídeas depende de uma estrutura e um investimento financeiro, os insumos são caros, mas se compararmos com 10 anos atrás, o valor já caiu muito. Sem contar na particularidade, algumas espécies demoram até sete anos para chegar na sua primeira floração”, frisa. Ednildo demonstra sua paixão pela natureza e pelas orquídeas inclusive através das tintas e das telas. “Costumo chamar de orquídeaterapia, a pessoa se doar em benefício do próprio ser. Se existe uma espécie mais desejada que a outra? Essa pergunta é igual a perguntar para um pai qual o filho que ele mais gosta. Não existe o filho que você mais gosta; você ama igual todos os filhos, assim sou eu com as orquídeas. Se você observar bem, mesmo sendo todas orquídeas, tem plantas bem diferentes umas das outras, e sendo diferentes você não vai comparar; você vai simplesmente cultivar, como quem vê um filho crescendo, e à medida que elas crescem vão se revelando, muitas vezes de uma forma que você nem espera”, concluiu.

SERVIÇO O Orquidário Bahia funciona de segunda à sexta, de 8h às 16h, e aos sábados de 8h às 12h. A entrada é franca sendo opcional a compra de plantas. As orquídeas custam de R$ 20 a R$ 50, exceto as plantas da espécie Vanda, que podem chegar a R$ 100. Além do cultivo de orquídeas é possível encontrar também rosas do deserto, cactos e suculentas. End.: Estrada da Água Fria (Jauá), com acesso pela BA 531 (Estrada da Cascalheira). Mais informações pelo site www.orquidariobahia.com.br

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40 anos de Vilas do Atlântico A modernidade transformou o loteamento em uma pequena cidade Reprodução de peça publicitária do lançamento de Vilas do Atlântico

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THIARA REGES Freelance para a Vilas Magazine


FOTOS: NILTON SOUZA

Anos 80

28/12/2017

“A

primeira comunidade planejada da Bahia”. Foi com esse slogan, retratado em publicidade da época, que os primeiros lotes de Vilas do Atlântico foram anunciados, em 1979. Com uma orla marítima de beleza inquestionável e um planejamento muito inteligente, esse pedaço de Lauro de Freitas completa no próximo dia 22, 40 anos do seu lançamento, com o mesmo ar de modernidade que encontramos nos empreendimentos lançados nos últimos 10 anos. E apesar do crescimento do comércio e outros aspectos frutos de uma cidade em desenvolvimento, quem mora em Vilas do Atlântico desde os primeiros anos sequer cogita a possibilidade de sair. Na edição 68 da Vilas Magazine, de setembro de 2004, o professor Gildásio Freitas e a jornalista Gilka Bandeira, prepararam um material muito rico (veja na íntegra em nosso site: www.vilasmagazine.com.br), publicado quando da comemoração dos 25 anos do loteamento. Em seu texto, Gildásio destaca o contexto histórico da formação da região até chegar à segunda

metade da década de 1970, quando a já tradicional construtora Odebrecht compra um conjunto de fazendas na Praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas. Naquela época, tal como hoje, empreendimentos que unissem infraestrutura urbana de qualidade, com manutenção de áreas verdes e fácil acesso a opções de lazer, além de certa proximidade com centros de comércio e serviços, já estavam na lista de desejo dos moradores dos grandes centros. E é com esse conceito que nasceu Vilas do Atlântico. O lançamento contou com uma diversidade de eventos, como torneio ciclístico, gincanas, a inauguração do marco na Estrada do Coco, exposição de cães, leilão de cavalos, a inauguração do Vilas Tênis Clube, o plantio de 150 mudas de árvores e a venda de 28 lotes em um único dia. O sucesso foi tanto que a primeira etapa, composta de 910 lotes na faixa mais próxima ao mar, foi totalmente comercializada em 10 meses, três antes do prazo estimado. Apesar disso, como destaca Gilka Bandeira em seu texto, não existiu grande repercussão na imprensa local, sendo encontrado em sua pesquisa apenas pequenas notas em colunas sociais, a exemplo da nota na coluna de Sylvia Maria, na Tribuna da Bahia, convidando para o lançamento do empreendimento, ou os anúncios publicitários da construtora. Muitas coisas aconteceram nos últimos 40 anos que contribuíram para o desenvolvimento de Lauro de Freitas, e Vilas do Atlântico conseguiu acompanhar o novo ritmo. Hoje o bairro já contempla uma gama de serviços e comércio, gerando inclusive uma agitação que divide a opinião dos moradores. O certo é que Vilas do Atlântico se tornou independente, sendo vista por muitos como uma pequena cidade dentro de Lauro de Freitas. UMA APOSTA CERTEIRA! A construtora Odebrecht tinha um plano muito claro para Vilas do Atlântico: fazer dar certo! “Isso aqui antes era uma fazenda que só tinha coco, mangaba e areia, e uma beira mar fantástica. A construtora chega com uma força muito grande, com planejamento, e faz asfalto com ruas largas; infraestrutura básica e telefone; o Vilas Tênis Clube, dando inclusive a possibilidade da pessoa que comprava um lote se tornar sócio; dragou o Rio Sapato e tinha até pedalinhos”. Quem nos conta é o professor José Nilton, 68 anos. Natural de Araci (BA), aos quatro anos ele perdeu o pai e aos seis já trabalhava para ajudar | Continua na página 28 u

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q CIDADE

u Continuação da página 27

A paisagem de Vilas do Atlântico mudou muito em 40 anos

José Nilton Carvalho (acima, com a esposa Mary) implantou a primeira escola de Vilas. Abaixo (centro), ele, em 1979, com o diretor Asdrubal Brandão. Personagens da sociedade exibiam a moda da época (dir.). O acesso para Vilas era por onde hoje passa a av. Luiz Tarquínio (esq.)

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em casa. Aos 12 anos ensinava as outras crianças sob a sombra de um cajueiro e quando vem para Salvador, fazer o colegial, continua com a profissão, e não demora muito se torna dono de sua própria escola, o Nobel. Em 1979, empresário consolidado na capital, tem o seu primeiro contato com Vilas do Atlântico de forma muito informal. “Conheci Vilas através de um amigo, dr. Adelmo, que possuía uma casa de veraneio e me convidou para um churrasco, e gostei muito do que vi, achei bem interessante. Depois fui saber que na verdade a construtora fez seis casas em volta do Vilas Tênis Clube e vendeu para multiplicadores de opinião, que era o caso dele. Tratava-se então de uma estratégia de venda”, lembra. Mas essa não era a única estratégia: a construtora convidou algumas empresas, a exemplo de restaurantes, médicos veterinários e o Colégio Nobel (hoje Colégio Apoio), de propriedade do professor José Nilton, para se instalar em Vilas do Atlântico, pagando todas as contas enquanto as empresas dessem prejuízo. “A primeira sede da escola foi em uma casa em frente ao clube. Começamos a operar em setembro de 1979 com zero alunos (rsrs)! Se aqui não morava ninguém?! E a propaganda seguia a moda americana: “Venha para Vilas do Atlântico, aqui tem restaurante, escola... As aulas começam em setembro”. No Brasil nenhuma escola começa neste período. E mesmo sem nenhum aluno tinha que deixar a escola aberta. O restaurante tinha que ficar aberto. Todos esses acordos que a construtora fez, o compromisso era manter as portas abertas”, frisa. Só no ano seguinte é que começaram a aparecer os primeiros alunos para o infantil. Passados 40 anos, o nome mudou de Nobel para Apoio, a escola cresceu e hoje atende crianças da educação infantil até o ensino médio, e conquista um importante lugar na memória e na formação de grande parte dos moradores locais. EQQUS E VILAS TÊNIS CLUBE: PAIXÃO E ENTRETENIMENTO “Tenho um carinho por Vilas do Atlântico desde o seu lançamento, mesmo naquele primeiro momento não tendo nenhuma pretensão de vir morar aqui. De uma forma muito peculiar o engenheiro Asdrubal Brandão, responsável pelo empreendimento e apaixonado por cavalos, fez no lançamento de Vilas


do Atlântico o primeiro leilão de cavalos da raça mangalarga na Bahia. Minha família, como criava cavalos dessa raça, participou dessa organização. Foi montada uma tenda, como um circo, ficou muito lindo. Aqui só haviam dunas, aquele areal, e uma construção da Odebrecht, uma casa onde foi instalado um restaurante. Então ficou muito parecido com uma paisagem de um deserto de dunas. Este evento atraiu a alta sociedade e várias pessoas já compraram o seu lote durante o evento”, lembra Marcelo Abreu, 61 anos, empresário e ex-prefeito do município (2001-2004). De fato, essa paixão de Asdrubal, então superintendente da Odebrecht, pelos cavalos, se transformaria em um dos ícones do novo empreendimento da empresa, a ser lançado em Lauro de Freitas. Na década de 1970, Asdrubal participou de um clube de cavalos que funcionava próximo de onde hoje é o prédio do Jornal A Tarde, na avenida Tancredo Neves, em Salvador. Esse clube viria a ser o Eqqus Clube do Cavalo, formalizado em 1978. Através de um acordo com a empresa Góes Cohabita Empreendimentos, o clube se mudou para Lauro de Freitas, ficando sob responsabilidade da empresa a construção do Jockey Clube (na área onde hoje está instalada a UNIME). Foi ideia de Asdrubal que o clube se mudasse então para Vilas do Atlântico, e construísse uma sede, servindo até como

um dos atrativos para a venda do loteamento. A Odebrecht doou o terreno, mas todas as edificações e manutenção ficaram por conta dos sócios. Zonilton Santos, 56 anos, diretor administrativo do Eqqus Clube do Cavalo e membro há 31 anos, conta que no início era apenas um grupo de amigos que compartilhavam de uma mesma paixão. “A formalização do Eqqus acontece em 78, um ano antes do lançamento oficial de Vilas do Atlântico. Apesar da doação do terreno, toda a estrutura ainda precisava ser construída e muitos eventos foram realizados com objetivo de arrecadar verba, a exemplo dos leilões”, conta. Como a ideia central do loteamento era uma bairro planejado, com habitações de alto padrão e opções de entretenimento, garantindo melhor qualidade de vida, além do clube do cavalo a construtora investiu na construção do Vilas Tênis Clube, com 40 mil m² de área, localizado em paralelo à beira mar. “No início o clube chamou muita atenção, vivia cheio; ter quadras de tênis em clubes era algo novo; além disso piscinas, que muitos usavam depois que voltavam da praia, e o próprio rio Sapato, onde, além de pedalinhos, era possível entrar na água e até pescar peixes e camarões”, conta José Nivaldo da Silva, 65 anos, atual presidente do Vilas Tênis Clube. Com pouco tempo de sua inauguração, o clube cumpriu | Continua na página 30 u

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q CIDADE

Oscarito e os filhos, Carmélia e Claudio, conduzem o restaurante que leva o nome dele: o mais tradicional espaço gastronômico de Vilas u Continuação da página 29

com o seu propósito de ser um ‘chamariz’ para a venda do loteamento, e durante algum tempo era um local de encontros dos moradores e não moradores, chegando a ter cerca de mil sócios. Quem comprava um lote tinha direito a um título, mas tinha que ir até o clube, fazer a inscrição e pagar a mensalidade. “Essa foi uma ideia da construtora que com o tempo não se mostrou muito eficaz. Em condomínios, na taxa já está incluída a manutenção do clube. Aqui, como ficou livre para o morador decidir se seria sócio ou não, com o passar dos anos perdeu-se o interesse pelo clube”, frisa Nivaldo. Entre altos e baixos, apesar de ter sua utilidade pública reconhecida e ser amparado por lei municipal que torna passível de isenção todos os clubes de Lauro de Freitas a partir de 2016, o Vilas Tênis Clube contraiu uma dívida de IPTU junto ao município, e o passivo ainda está em negociação com a prefeitura; além disso, para se manter, seriam necessário 800 sócios ativos, mas a média não passava de 300. A solução encontrada foi a terceirização das atividades esportivas, o que garante um fluxo de frequentadores diários, manutenção básica e a recuperação, aos poucos, da estrutura, que desde a construção nunca passou por reforma.

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ROCK AND ROLL, AXÉ-MUSIC E O MAR O lançamento do novo loteamento da Odebrecht acontece no início da década de 1980. O mundo presenciava Margaret Thatcher assumir como primeira-ministra do Reino Unido (de 1979 a 1990), o casamento do Príncipe de Gales com Lady Diana Spencer, a “Lady Di”, que se tornaria uma das mulheres mais adoradas do mundo, e a queda do Muro de Berlin (1989). No Brasil, o fim do regime militar no Brasil (1985), abria as portas para uma explosão de novas bandas, como Titãs, Legião Urbana, Capital Inicial. Na Bahia, era Luiz Caldas quem levantava o povo com o seu “Fricote”. Em Vilas do Atlântico, um surfista boa pinta encontrou na música uma forma especial de transmitir para os outros toda energia que recebia do mar. Antônio César, ou melhor, Tuca Fernandes, 57 anos, descobriu seu amor por Vilas do Atlântico a partir de 1983. Sua mãe, a simpática dona Vanda Fernandes, era revendedora da marca tupperware e seu pai, Augusto César (já falecido), trabalhava na Odebrecht. Por ser funcionário da construtora, ele tinha direito de frequentar o Vilas Tênis Clube com a família. “Vínhamos à praia, ficávamos até às 13 horas. Depois íamos para o clube, onde almoçávamos e tomávamos um banho. Fizemos isso por muitos anos. Meu marido tinha verdadeira paixão por isso aqui, mas nós não podíamos comprar, era muito caro”, com dona Vanda. A marca cresceu muito e surgiu a oportunidade de dona Vanda ser distribuidora. Mas ela não queria; além da responsabilidade de supervisionar 700 revendedoras, a proposta era para o casal e ele teria que sair do emprego: o risco era muito grande. Por outro lado, era uma forma de conseguir realizar o sonho de ter um imóvel em Vilas do Atlântico, e isso foi determinante. Com o dinheiro que o marido recebeu quando saiu da Odebrecht, compraram um apartamento no condomínio Tahiti. Tuca, na época com 22 anos, estava começando a sua relação com música. Mas antes disso vem o surf e uma forma bem inusitada de saber se o mar teria boas ondas. “Começamos a perceber que quando sentíamos o cheiro da pocilga, o vento ia parar e tinha onda. Não me pergunte o motivo, até porque nós não sabíamos ao certo onde era essa pocilga”, lembra Tuca. A relação com o mar era uma das coisas que mais atraia Tuca. “Sempre me senti muito bem em Vilas do Atlântico, energeticamente falando, e só muitos anos depois fui entender isso do ponto de vista da religião. Até o banho de mar aqui era diferente de qualquer outro lugar”, conta. Com o fervor do rock pelo país, Tuca criou logo a sua banda com os amigos de Salvador, mas em casa ou na praia, com a família e amigos tocava de tudo. “Um dia eu fui tocar no Me Esqueci (além de bar era o único local que vendia de tudo que se esquecia de trazer de Salvador). Era sensacional lá. De repente começou a juntar gente para me ver tocar e tive ali as minhas primeiras experiências com o público. Tudo começou ali. O dono, super feliz, porque eu ia lá tocar e o lugar ficava cheio de clientes, queria me pagar, e eu não tinha ideia de como cobrar. Por fim o José Nivaldo da Silva, atual presidente do Vilas Tênis Clube


tinua marcando a minha vida até hoje. Me sinto mais seguro quando minha mãe está aqui do que em Salvador; quando vou viajar, ou chego de viagem, venho direto para cá, recarregar as energias”, afirma. O carinho que a família Fernandes sente por Vilas do Atlântico é perceptível pelo brilho no olhar ao se recordar dos vários momentos em família que viveram desde 1983, quando ainda sonhavam em ter uma casa por aqui. “Conseguimos realizar muitos encontros de família, sempre aqui, e com os meus filhos muito presentes. Um dia uma amiga me perguntou como eu conseguia que os meninos estivessem sempre aqui comigo. Gente, quem não vai gostar de vir para um lugar como esse?”, conclui dona Vanda.

Os primeiros acordes do músico Tuca Fernandes aconteceram no emblemático ‘Me Esqueci’: “Tudo começou ali”, com o incentivo da mãe, Vanda acordo era uma mesa, para que eu pudesse levar os meus amigos”. A partir do Me Esqueci, Tuca começou a ser chamado para tocar em barzinho de Salvador, depois vieram as bandas ‘Jheremmias Não Bate Corner’ e ‘Jammil e Uma Noites’, e Tuca ganhou o trio elétrico, ganhou o carnaval, o Brasil e o mundo. “Vilas do Atlântico tem um papel muito importante na minha formação enquanto artista. Os meus primeiros passos foram aqui. E Vilas con-

DIFERENTES FORMAS DE AMOR São muitas as histórias de amor por Vilas do Atlântico, e começaram de formas e por razões bem diferentes. Para alguns foi pela qualidade de vida; para outros, o sonho de viver pertinho do mar; e teve quem viu a oportunidade de abrir um novo negócio. Quando o mineiro Oscarito Cardoso, 75 anos, chegou em Vilas do Atlântico em 1989, com a esposa Rose, enxergou a possibilidade de abrir uma empresa no ramo alimentício, a pizzaria Sabor D’Itália. Com o tempo, o bufê a quilo foi acrescentado e aos poucos a pizzaria deu lugar ao Oscarito Restaurante, o mais tradicional do loteamento. Ao todo já são 30 anos de história, o restaurante com maior tempo de atividade em Vilas. O empresário foi se reinventando com anos, conseguindo dessa forma se manter em atividade até hoje. “Pela característica do veraneio, manter uma empresa em Vilas do Atlântico nunca foi algo fácil. Os moradores não consomem aqui; hoje cerca de 80% do meu público é de fora. No início, quando instalamos o restaurante, minha mulher, meu filho, ainda garotão, e eu, saíamos para distribuir folhetos. Então, ao longo destes anos vimos muitas empresas abrirem e também fecharem. O Accioli Ramos, por exemplo, quando chegou aqui, haviam várias outras pessoas que trabalhavam com revistas | Continua na página 32 u

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q VILAS DO ATLÂNTICO - 40 ANOS

“Moro há 28 anos em Vilas e não penso em morar em nenhum outro lugar”. Lícia Borges (esq.). Piscinas naturais da praia de Vilas do Atlântico

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e jornais. Só a Vilas Magazine continua. O empresário tem que saber olhar para Vilas do Atlântico”, ressalta Oscarito. Oscarito se lembra também que as casas aqui eram lindíssimas, muito bem conservadas, padrão de luxo, mas em compensação nem o pão você achava. “Pão por aqui só tinha no bairro de Portão, a padaria inclusive existe até hoje. O que salvava todo mundo era o Me Esqueci, que não era um restaurante, não era um mercado; era tudo junto, tinha cerca de 20m², ficava ali próximo onde hoje é o Vilas Village. As famílias chegam para o final de semana, a esposa perguntava: ‘Você trouxe tal coisa?’, e a resposta era quase sempre a mesma: ‘Esqueci!’. Pronto, o nome pegou”. Lícia Borges, 77 anos, coordenadora do Colégio Apoio, viveu essa experiência do veraneio e se lembra muito bem do Me Esqueci. “Meu marido (já falecido) fez nossa casa de veraneio aqui em Vilas em 1983. Na época morávamos em Salvador, eu já trabalhava em escola e ele funcionário da Petrobrás. Vínhamos aproveitar a praia nos finais de semana. Vilas era na época como Itacimirim e Praia do Forte são hoje, apenas passar o final 32 | Vilas Magazine | Setembro de 2019


de semana. Para se ter ideia, tinha que vir trazendo tudo, não tinha nada por perto, a não ser o Me Esqueci. Quando ele se aposentou quis vir morar aqui, isso por volta de 1991. Eu então saí da escola que trabalhava em Salvador e comecei aqui no Nobel / Apoio”. “São 28 anos e muitas histórias. Lembro dos alunos que passaram pela escola e encontrar com eles hoje é uma grande felicidade. Gosto de morar aqui e não penso em morar em nenhum outro lugar”, afirma. Para Josmar Assis, 81 anos, a vinda para Vilas do Atlântico era uma tentativa de qualidade de vida e ar mais puro. “Já estava complicado morar em Salvador, e nós estávamos em busca de mais tranquilidade. E encontramos, pelo menos naquele primeiro momento quando chegamos, em 1994. Com o passar dos anos fui sentindo cada vez mais a dificuldade de chegar até a Universidade Católica, onde eu lecionava. Quando ficou muito complicado, acabei por me aposentar, e ficar mesmo por aqui”, conta. Seu filho, Roberto Brandão, 36 anos, o cantor Topera, viveu sua adolescência em Vilas do Atlântico: “ir para a praia jogar bola, festas na casa do seu Zinaldo, encontrar os amigos na Pão e Vinho; o dia de McDonald´s Feliz era uma verdadeira festa”, lembra. Foi nesta época também que deu seus primeiros passos como cantor. “Comecei a tocar em Salvador, na banda com os meninos da escola. Com 17 para 18 anos é que passo a tocar nos barzinhos de Vilas do Atlântico, fazer voz e violão; me lembro que eu tocava sempre no acarajé da Cema”. Hoje é o vocalista da banda 5% e tem composições de sucesso gravadas por Claudia Leitte (Lacradora) e de Aldair Playboy (Pivete Também Ama). Com o casal José Nivaldo, 61, e a esposa Gisleica, o amor pelo mar fez com que eles realizassem uma compra às cegas. Nivaldo trabalhava na empresa Caraíba Metais, em Jaguarari, Centro-Norte da Bahia. Na época a empresa tinha como parceira a Odebrecht, e foi assim que ele

conheceu o loteamento. “Meu sonho era viver à beira mar. Eu não conhecia aqui, nunca tinha vindo, mas a propaganda do loteamento que fizeram na época era tão linda, aquele mar e os coqueiros, que eu acabei comprando um lote mesmo sem ver as terras. Cerca de 10 anos depois a empresa me transferiu para a unidade de Salvador, o que para mim foi ótimo, e foi assim que consegui enfim conhecer o lote que tinha comprado e construir a minha casa”, conta. Ele se recorda ainda que era um deserto, não tinha nada, e até para encontrar o lote foi difícil. “Quando chegamos para morar aqui já tinha 10 anos de lançamento do loteamento, mas ainda era muito deserto. Saímos perguntando para as pessoas, até conseguir encontrar nosso lote. De início assustou um pouco, mas hoje sei que tomamos a decisão correta”. LOTEAMENTO, CIDADE, METRÓPOLE! O planejamento inicial de Vilas do Atlântico envolveu a venda do loteamento em três etapas, começando pela fatia de terra mais próxima à praia, garantindo primeiro o cliente do veraneio. “No início o loteamento funcionava apenas para | Continua na página 34 u

O ex-prefeito de Lauro de Freitas, Marcelo Abreu ,mora em Vilas do Atlântico desde 1991, com a família

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q VILAS DO ATLÂNTICO - 40 ANOS

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veraneio ou como dormitório de pessoas que trabalhassem no Polo Petroquímico de Camaçari. O grande problema era a oscilação. Quando o polo estava em alta, aqui também, mas quando enfraquecia lá, o mesmo acontecia aqui”, destaca o professor José Nilton. E essa inconstância seguiu durante toda década de 80. Só em 1989, quando João Leão, hoje vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, assume a prefeitura de Lauro de Freitas, é que o cenário começa a ganhar um novo contorno. Ele implementa um novo valor de ISS, deixando o imposto mais baixo do que em Salvador, e isso garante que novas empresas se instalem na cidade de forma acelerada. “Essa mudança gera impactos também em Vilas do Atlântico, que neste momento deixa de depender do polo e passa a ter vida própria. Hoje Vilas é praticamente uma cidade”, frisa. E ele está certo. A Odebrecht fez um projeto que servisse de modelo para novos empreendimentos. Avenidas muito largas, opções de acesso, lotes de um bom tamanho. “Irretocável! O loteamento foi tão bem concebido, que mesmo com todas as mudanças que ocorreram no município, e as mudanças de concepção da sociedade, ele continua moderno”, destaca Marcelo Abreu. Ele destaca ainda que um exemplo da qualidade investida em Vilas do Atlântico é o pavimento que já tem 40 anos. Vale lembrar que o loteamento em sua essência não foi concebido para ter o volume de movimento, circulação de veículos e ônibus, que tem hoje. “Além disso sempre existiu um cuidado com a preservação ambiental, quer seja por parte das gestões municipais ou pela própria sociedade. O rio Sapato, por exemplo, era constantemente limpo. Outro desafio durante a gestão municipal foi conceber a iluminação do calçadão diante da questão

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SALVE! VILAS DO ATLÂNTICO! Conceição Oliveira

Vilas, o bairro nobre! Inventado nos anos 80 Lindo lugar para amar Apontado em crescimento... Surgindo um belo condomínio! De quatro grandes fazendas Obairro assim surgiu... Antes condomínio atraente! Totalmente para veranear! Lugar aprazível e caliente! Apenas para passear... Não obstante, seu crescimento Totalmente transformado... Incrementado e apaixonante... Como um lugar fascinante Obairro insinuante! Maria da Conceição de Oliveira Santos, participou da edição deste ano da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) Flipelô, quando lançou o livro Café com Poemas. Entre as poesias, uma dedicada à cidade de Lauro de Freitas, trazendo em seu conteúdo a declaração de uma moradora que aprendeu a amar a cidade com suas diversidades e belezas naturais. “O fato de não ser da cidade não diminui meu amor por Lauro de Freitas. A maneira como fui acolhida é justamente o que fez me apaixonar”.

da desova das tartarugas. Isso consumiu 1 ano de estudos da minha equipe. Toda lua cheia íamos com o Ibama e o Tamar, testar uma luminária nova, e saber se afetaria a desova. Até que se chegou ao modelo que está aí até hoje, há quase 15 anos”, frisa. Mas nem tudo são flores e com essa nova rotina Vilas do Atlântico já sofre com aspectos estruturais, tais como a mobilidade e a questão sanitária. “Vilas, foi concebida para que fossem residências unidomiciliares e com seu sistema de tratamento de resíduos, através de fossas e sumidouros. Como as casas foram construídas em cima de areia, as primeiras unidades seguiram a risca essa orientação, e funcionava perfeitamente. Mas com essa explosão de Vilas, a fiscalização não foi tão efetiva e hoje temos casas e condomínios jogando esgoto in natura, por exemplo, no leito do Rio Sapato ou no córrego do Parque Ecológico”. “Como o rio Sapato recebe esgoto in natural, você tira as baronesas hoje e uma semana depois já está tudo de volta. Hoje não se vê mais o leito do rio, apenas um pasto de baronesas. Já pesquei camarão no Rio sapato, pescava e comia. Ia com os meninos de noite, colocava a lata, e no outro dia pela manhã ia buscar que tinha camarão”, lembra, saudoso. Marcelo Abreu mora em Vilas do Atlântico desde 1991 com sua família, sua esposa Vera e três filhos. Antes de ser eleito prefeito, já possuía uma relação intensa com a cidade, o que lhe permite afirmar que o que falta hoje é um pouco mais de carinho e preservação. “Vilas tem uma história muito bonita e se mantém assim até hoje. O que nós moradores queremos é a preservação de Vilas, afinal, somos uma cidade de pequeno porte, com tantas exigências quanto uma cidade de grande porte”, conclui.


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q CIDADE q MEMÓRIAS

IPITANGUENSES

Contos, crônicas e histórias da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga Capítulo 6:

TIÃO, O corredor de Itinga THIARA REGES Freelance para a Vilas Magazine

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odo final de ano, mais precisamente no dia 31 de dezembro, acontece em São Paulo a tradicional corrida de São Silvestre, que este ano, na sua 95ª edição, deve reunir novamente uma multidão de atletas profissionais e amadores celebrando o esporte. O que eu não sabia até outro dia é que um ilustre morador do bairro de Itinga já esteve lá, no meio dessa multidão. Seu nome: Raimundo Gonzaga Diana, 72 anos, conhecido nas corridas como Tião Corredor ou Diana. Natural de Salvador, filho de uma lavadeira e um engraxate, criado no bairro da Barra, em sua infância dentre as brincadeiras gostava muito de ‘descer’ de papelão no Farol da Barra, e empinar ‘periquito e arraia’ (uma folha de papel ou papel de seda, talisca de folha de coqueiro ou vareta de bambu, cola branca, barbante para a rabada, linha e bastante criatividade). Os lugares preferidos para a brincadeira eram no Farol da Barra e no Morro (atualmente Cristo da Barra). Mas a infância foi curta. Desde dos 10 anos já trabalhava como capoteiro de automóveis, e depois como impermeabilizador de lajes e piscinas. Já adulto, alí pela década de 1980, casado com dona Valda Maria e com os seis filhos que já tinham na época, veio para Itinga,

Tião hoje, aos 72 anos. Só deixou de correr por conta do glaucoma. Medalha de participação não era com ele: “corria fortíssimo, queria mesmo era ganhar as corridas” (esq.). Pilha de troféus guardados em casa (abaixo, outra página) incentivado pela indicação de um amigo corretor. “Ele me falou de um lugar novo, mas que iria se desenvolver bastante e me sugeriu comprar um terreno com ele. Assim eu fiz”, conta. Quando chegou aqui ainda não tinha nada. “Era só lama e mata. As casas eram contadas de dedo. Eu vim na frente, para construir, e quando tinha um lado da casa quase pronto fui buscar a família. Na época, daqui para o final de linha dos ônibus não dava para ir andando. As compras eram feitas na cidade, pegava um ônibus para o aeroporto, descia no bambuzal, e de lá vinha andando”. Sua história com as corridas começou de brincadeira, no quintal de casa. “Ia até o final e voltava, correndo por dentro do mato, e pensei que dava para encarar o atletismo. Sempre fui assim, alto, magro, não tinha barriga, meu porte físico era de corredor mesmo. Quando passava pelas ‘bibocas’, algumas pessoas gritavam, me chamando de maluco. Conheci tudo isso aqui correndo, ia para o Jambeiro, Areia Branca, Parque São Paulo, Capelão, conheço tudo. Por fim, o ‘maluco’ superou tanto que foi até para fora do estado, para correr”, conta com orgulho.

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ção Brasileira de Atletismo, e participei de muitas corridas em Salvador, como fui também para Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, Santa Catarina, Juazeiro… isso fora as que esqueci (rs)”. Registro de “Todas as corridas são importantes, todo uma corrida mundo chegava quebrado, aos pedaços. Gostava em homenagem de correr longas distâncias, tanto que certa vez fui ao 2 de Julho. homenageado por uma instituição de ensino de Tião é o nº 885 São Paulo, como um dos melhores corredores de Mesmo trabalhando para garantir o sustento de casa, trei- longa distância da América do Sul, superando trajetos de 100 nava todos os dias, até conhecer um grupo de corredores do km. Fiquei em oitavo”, destaca. Nordeste de Amaralina, onde aprendeu mais e se desenvolveu Ao todo foram 35 anos de corridas. Quando parou de correr, no esporte. já estava com mais de 60 anos. “A última corrida que participei O amor pelo atletismo sempre ajudou a superar as dificul- foi em Juazeiro, 21 km. Já havia perdido a visão de um olho para dades, que não eram poucas. “Não tinha isso de patrocínio. o glaucoma e não estava bem preparado, mas gostei muito de Durante 10 anos participei de uma equipe no Clube dos Empre- participar”, conta. gados da Petrobrás, recebi o apoio de Jonas Brito, Tião fez parte da equipe do Clube dos Empregados da Petrobrás que era o diretor de esportes do clube, e foi um período que ‘pingava’ um pouco de dinheiro das corridas. Mas no geral não, mas acho que a gente gostava mesmo era de sofrer (rs). Nem sempre tinha dinheiro para pagar o hotel, então muitas vezes tinha que dormir no chão do ginásio, mas não desistia do esporte”, conta. De lá para cá, Tião até perdeu as contas de quantas corridas participou. E essa história de correr apenas para fazer volume não era com ele. “Eu corria fortíssimo, eu ía para o tudo ou nada, meu negócio era chegar, e chegar logo, na frente dos adversários. Tinha a medalha de participação, Estivemos em sua casa às véspera de seu aniversário, mas essa não servia para mim, eu queria subir no pódio, que comemorado em 30 de agosto. Seus 10 filhos ainda vivos (ao era o mais importante”. A memória tem traído o Tião, e ele não se recorda muito todo foram 18 filhos, com a mesma esposa, já falecida), todos bem das datas, mas lembra que participou de todas as corri- criados e independentes, estariam reunidos com o pai para das realizadas em Salvador a partir dos anos 90, a exemplo festejar mais um ano de vida. Nenhum deles seguiu seus passos das corridas de Tiradentes, Independência, Esquadrão Águia, no esporte, mas já deu uma dica: “Disse aos meus filhos que maratonas e mini maratonas. Em 1999 participou da corrida se eles conseguirem guardar os troféus que tenhp, será uma em comemoração aos 37 anos de Emancipação de Lauro de recordação minha para os netos e bisnetos. E olha que não estão todos aí, esses são de 10 anos para cá”, concluiu mostrando a Freitas, sendo o vencedor. “Sou filiado à Federação Baiana de Atletismo e à Confedera- pilha de troféus. NOTA DO EDITOR Este mês corremos juntos com Tião Corredor e seus mais de 35 anos dedicados ao esporte. Na verdade o que o tirou da corrida não foi a idade, mas o glaucoma. Mas o amor pelas corridas é perceptível e os troféus, aqueles que ele conseguiu guardar, decoram boa parte de sua casa em Itinga. Não deixe de conferir mais detalhes dessa história. Acesse o QR Code. A coluna “Memórias Ipitanguenses: contos, crônicas e histórias da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga”, surge da parceria entre a revista Vilas Magazine e a Escola Municipal Ana Lúcia Magalhães, através da Sec. Municipal de Educação. Participaram da produção deste capítulo: Raimundo Gonzaga Diana, Antonio Cláudio, Caíque Barbosa e Thiara Reges.

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q SAÚDE & BEM-ESTAR

Envelhecimento

O que fazer para ser um idoso com saúde Da alimentação saudável à meditação, veja como ter saúde para dar e vender

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om o envelhecimento crescente da população, pessoas acima de 60 anos devem tomar alguns cuidados básicos para manter a longevidade com qualidade de vida. Alimentação adequada, assistência médica regular, noites bem dormidas, exercícios físicos constantes, meditação e convívio social fazem parte da lista de ações recomendadas pelos especialistas ao público da terceira idade. Antes de tudo, o idoso deve fazer o acompanhamento de sua saúde com o geriatra, médico especializado no estudo do envelhecimento. A regularidade de consultas dependerá da condição clínica de cada paciente. No geral, de três a seis meses. E, quando houver necessidade específica, o geriatra encaminhará ao especialista adequado. No entanto, a prevenção deve ser o foco principal, segundo Elisangela Ribeiro Chaves, supervisora médica de uma clínica de home care em Campinas (SP). “É uma forma de evitar ou retardar o | Continua na página 40 u

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O QUE PREJUDICA A SAÚDE Cigarro e bebida alcoólica lAumentam o risco de doenças cardiovasculares, pulmonares e câncer l O risco de morte precoce também é elevado lSão responsáveis por acelerar o processo natural de envelhecimento das células lÉ, por isso, que muitas vezes um idoso aparenta e tem organismo mais envelhecido do que sua idade biológica Sedentarismo lFalta de prática de exercícios físicos, que são fatores de risco para doenças reumáticas e cardíacas, além das posturas inadequadas, são agravadas na terceira idade Má alimentação lÉ desregrada, rica em gordura, sal e açúcares aumentam os problemas de saúde lPode levar à diabetes, obesidade, hipertensão, anemia, sedentarismo

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Maio ambiente l Temperaturas extremas (quente e frio) lO idoso é mais sensível às mudanças de temperatura lAdequar as roupas e o ambiente, evitando a desidratação (no calor) e a baixa temperatura corporal e as doenças respiratórias (no frio) Depressão lTem aumentado na terceira idade, Tem haver com isolamento e perda de autonomia l É preciso estar alerta aos sintomas (dormir demais, ficar quieto) lA depressão chega de mansinho e a interpretação errada prejudica lA sensação de perder tudo, de se sentir inútil, faz com que o corpo perca a funcionalidade lDeve-se dar importância aos sintomas, gatilhos da depressão l Deve-se ficar atento com qualquer alteração no comportamento do idoso

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surgimento de doenças,minimizar as complicações das doenças crônicas e garantir independência por mais tempo”, diz. Para a psicóloga Eliane Oliveira, qualidade de vida não é só ausência de doença. Na prática, está direcionada também por outros estímulos, como relação saudável com a família, atividade intelectual, boa alimentação e bom convívio social. Uma corrente do bem para evitar que a pessoa da terceira idade se isole, e, consequentemente, leve a sintomas depressivos. “O idoso deve, antes de tudo, realizar tarefas prazerosas”, diz Eliane, que indica as praticas da meditação e da yoga para redução de sintomas de depressão e ansiedade. Assim como o corpo precisa de estímulo, exercício e movimento, o cérebro também precisa. Jogos de memorização, como dominó, cruzadas, baralho e quebra-cabeça, são importantes para manter a saúde mental, de acordo com as especialistas. Tatiana Cavalcanti e Elaine Granconato / Folhapress. ARQUIVO DEPOSITPHOTOS

CUIDADOS ESSENCIAIS Saúde física, mental e social Assistência médica regular Alimentação saudável Exercícios físicos para a mente Atividades de lazer e até intelectuais CONSULTA ANUAL lRecomendável mesmo antes

dos 60 anos lEnvelhecimento das células se inicia após os 30 anos lFrequência de consultas aumenta a depender das doenças e complicações com a idade PREVENÇÃO lAjuda a aumentar o tempo e a qualidade de vida lDeve ser foco principal: pode evitar ou retardar o

surgimento de doenças lMinimizar as complicações das doenças crônicas lGarante autonomia e independência por mais tempo HÁBITOS DO PASSADO lSão um reflexo na terceira idade lIdoso leva consigo as heranças de hábitos durante décadas,

como má alimentação, falya de exercício e sedentarismo MEDICAÇÃO lNunca se automedicar lJamais tomar medicamentos sem orientação médica lAlguns anti-inflamatórios, antialérgicos, laxantes musculares, “calmantes” e remédios para dormir podem trazer prejuízos à saúde, como piora renal, tontura, quedas e comprometimento da memória HÁBITOS SAUDÁVEIS lEvitar fumar e consumir bebidas alcoólicas lHidratar o corpo com ingestão de 1,5 litro de água, água de coco e sucos naturais lTomar sol diariamente para metabolizar a vitamina D, diminuindo a fragilidade óssea e o risco de fraturas DESDE JOVEM lQuanto mais cedo os cuidados com a saúde, mais fácil

é prevenir ou retardar problemas de saúde lO cultivo de bons hábitos de vida facilita a adaptação na fase em que já ocorrerão mudanças pelo próprio processo natural do envelhecimento

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s casos de sarampo no Brasil e no mundo aumentaram desde o ano passado. Apesar de nenhum registro ter surgido na Bahia, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) vem reforçando a importância da prevenção para que a doença não se instale no estado, a exemplo do que está ocorrendo com São Paulo, Pará e Rio de Janeiro. Entre 2018 e 2019, 561 casos foram registrados nos três estados. “Atualmente, temos três casos confirmados no estado. Mas todos eles são importados, ou seja, as pessoas foram infectadas em outros locais, seja no próprio Brasil, no estado de São Paulo, ou até fora do país, como o caso de uma criança que teve como local provável de infecção a Espanha”, explica a coordenadora do Programa de Imunização da Sesab, Akemi Erdens. “Estamos em um momento de alerta para evitar que novos casos ocorram e até casos daqui mesmo”. A única medida efetiva de prevenção contra o sarampo é a vacina Tríplice Viral, MATEUS PEREIRA

MATEUS PEREIRA

Bahia reforça importância da prevenção ao sarampo

distribuída gratuitamente nos postos de saúde e que também imuniza contra caxumba e rubéola. Essa imunização faz parte do calendário vacinal. A primeira dose deve ser tomada com um ano de vida e a segunda é aplicada três meses depois. Caso a vacinação não seja feita no tempo ideal, ainda é possível se proteger. Até os 29 anos é preciso tomar as duas

doses. Entre 30 e 49 anos é ministrada dose única. Acima dos 50 anos não é mais feita a imunização. “Estamos alertando os municípios para que busquem as pessoas não vacinadas e a gente crie uma proteção tanto individual quanto coletiva, evitando casos e situações de surto do estado”, salienta Akemi.

Lauro de Freitas intensifica vacinação

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onfirmado um caso de sarampo em Salvador, em meados do mês passado, a secretaria de Saúde de Lauro de Freitas decidiu intensificar a imunização contra a doença com doses extras da vacina, que já estão disponíveis nas Unidades de Saúde da Família (USF) em todo a cidade. Não havia, até a data, casos de sarampo registrados em Lauro de Freitas. Lauro de Freitas não terá dia D de Vacinação por não apresentar nenhum caso da doença. A vacinação será destinada a todas as faixas etárias estabelecidas pelo Ministério da Saúde de acordo a avaliação da situação vacinal, idade e com as doses já recebidas especificadas no cartão de vacinação. Responsável pela pasta, o secretário Vidigal Cafezeiro explica que a proteção contra o sarampo faz parte das chamadas vacinas de rotina, o que significa dizer que suas doses ficam disponíveis durante todo o ano nas unidades de saúde. Cafezeiro ressalta que “a imunização não é indiscriminada, ou seja, é avaliada a situação vacinal pessoa a pessoa” e que “quem já tomou a vacina não precisa ser revacinado porque já está protegido”. De acordo com a superintendência de Vigilância em Saúde, quem tem de entre um e 29 anos deve ter duas doses da vacina no cartão de vacinação. Para quem tem de 30 a 49, apenas uma dose é necessária. No caso de bebês de seis a onze meses de idade, a dose de vacinação é extra. Ao completar um ano, a criança deve ser levada a uma unidade de saúde e seguir as orientações para tomar normalmente as duas doses do ciclo normal de vacinas. Continua na página 42 u

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Os boletins emitidos pela Secretaria de Saúde do Estado são monitorados diariamente pela Vigilância em Saúde de Lauro de Freitas, mas estão disponíveis na rede as doses previstas no calendário vacinal de rotina e até o momento não há eminência ou preocupação quanto à possibilidade de surto na cidade, garante a prefeitura. Na Bahia, segundo o governo do Estado, 190 casos suspeitos foram registrados desde o início do ano. Desses, 96 foram descartados, um confirmado com vírus importado da Europa e 93 ainda estão em fase de investigação. A infectada foi uma soteropolitana de 12 anos que estava na Espanha a passeio e já chegou à capital baiana doente. O sarampo, segundo a secretaria de Saúde do Estado, é uma doença viral aguda, considerada uma das mais contagiosas, com potencial para ser extremamente grave, afetando principalmente crianças menores de 5 anos, especialmente as malnutridas, e bebês não vacinados. No entanto, pode acometer também pessoas não imunizadas de qualquer idade. SINTOMAS Os principais sintomas são tosse, em geral seca e irritativa; febre alta; coriza, sensibilidade à luz; manchas vermelhas na pele e dor no corpo. O sarampo também pode causar infecções respiratórias, inflamação nos ouvidos, encefalite com dano cerebral, surdez e lesões severas de pele. Em gestantes, pode provocar aborto ou parto prematuro. A transmissão acontece por secreções como gotículas eliminadas pelo espirro, tosse e fala. Mães e responsáveis que vão viajar com os filhos de seis meses a um ano de idade para municípios em situação de surto ativo do sarampo, devem ficar atentas. A recomendação é que todas as crianças, nesta faixa etária, sejam vacinadas contra a doença, no período mínimo de quinze dias antes da data prevista para a viagem. Além de proteger, a medida de segurança visa interromper a cadeia de transmissão do vírus do sarampo. Trabalhadores da Saúde, independente da idade, devem receber duas doses da vacina contendo o componente sarampo. Profissionais que não comprovarem duas doses dessas vacinas deverão ser vacinados, conforme a situação encontrada.

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Vacinação em unidade municipal de saúde: reforço visa prevenir ameaça DANILO MAGALHÃES

Sarampo pode cegar o bebê durante a gravidez, alerta oftalmologista

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ulheres grávidas devem ficar alertas com o surto de sarampo registrado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelos órgãos da área. A infecção viral pode passar da placenta para o bebê e causar graves consequências para a visão, podendo levar à cegueira. O alerta é do oftalmologista Bruno Meireles. “Em casos de transmissão fetal do vírus, principalmente no primeiro trimestre da gestação, em que a formação dos tecidos do corpo, órgãos e sistema neurológico estão em um momento crucial do desenvolvimento, podem haver doenças oftalmológicas graves, como catarata congênita, que é uma importante causa de cegueira infantil”, afirma. O especialista completa que, atualmente, a única forma de prevenção do sarampo é a vacina e as mulheres em idade fértil devem se imunizar. “Assim, é possível evitar consequências graves para os bebês, caso ocorra a gravidez”, acrescenta. DOENÇA CONTAGIOSA O sarampo é uma doença infecciosa altamente contagiosa, transmitida por via respiratória. Seu período de incubação, aquele em que a pessoa não apresenta sinais nem sintomas, é de cerca de dez dias. Uma pessoa infectada pode transmitir o vírus mesmo antes do aparecimento das manchas vermelhas, o sintoma mais visível. O período de transmissão é de quatro a seis dias antes do aparecimento das manchas vermelhas, e até quatro dias depois de elas terem sumido. Após o diagnóstico, a vítima deve ficar isolada por pelo menos quatro dias, pois pode transmitir a doença para outras 18 pessoas, em média. No quadro clássico, o sarampo causa febre, tosse, coriza e conjuntivite, além das manchas vermelhas no corpo. Mas pode causar, ainda, otite e complicações mais graves, como pneumonia e manifestações neurológicas como encefalite. Segundo especialistas, não é “uma simples virose”, e a vacinação é a forma mais eficaz de prevenção da doença.


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niciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para todo o Brasil, o Projeto Viva Melhor Sabendo Jovem visa estimular jovens e adolescentes na faixa etária de 15 a 24 anos a se informar sobre prevenção e autocuidados de saúde, por meio da realização de testes rápidos de HIV. A estratégia inclui o acolhimento, espontaneidade e leveza de jovens voluntários do projeto. Já a ação, prevista para acontecer em Lauro de Freitas, foi implementada pelo GAPA Bahia e pela UNAIDS. Em Lauro de Freitas recebe o apoio da Secretaria Municipal de Saúde. Javier Angonda, consultor do Unicef, explica que o projeto se estrutura a partir de mobilizações, comunicação e da realização de intervenções na unidade móvel de saúde, onde são oferecidos os testes gratuitos de fluído oral anti-HIV, além da distribuição de insumos de prevenção. “Os testes são realizados extramuros, entre pares, por agentes jovens de prevenção capacitados”, disse

UNICEF

Unicef traz para Lauro de Freitas projeto de testagem de HIV em jovens

Equipe de voluntários do Projeto Viva Melhor Sabendo Jovem em Manaus: acolhimento, espontaneidade e leveza para atender os pares Angonda, chamando atenção para a necessidade de realizar o exame. “Esta é a chave para o diagnóstico precoce, uma importante ferramenta de prevenção combinada, que propicia o início imediato do tratamento e, no longo prazo, a qualidade de vida para as pessoas que vivem com vírus”, alertou. Para Franklin Silva, coordenador do programa municipal IST/HIV/ Aids e Hepatites Virais, a parceria é mais uma ação destinada a reforçar o enfrentamento do HIV/Aids no munícipio, tendo esta faixa etária como público prioritário. “O diferencial é que as testagens e aconselhamento serão executados por jovens especialmente capacitados para atuar no projeto”, explica – “muitas vezes, o jovem não se sente à vontade de procurar uma unidade de saúde tradicional, onde a interlocução será, desde o início, com um profissional de saúde”. Silva destaca que o primeiro contato do jovem é com alguém de idade próxima à dele, “especialmente capacitado para fazer essa abordagem e orientá-lo, encaminhando ao serviço de saúde, quando for o caso”. Em Lauro de Freitas, o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), realiza o teste rápido para HIV, sífilis e hepatites em ações itinerantes e na própria unidade localizada na Av. Renato Cunha. De acordo com Silva, o sistema de saúde de Lauro de Freitas tratava, até julho, 784 pessoas soropositivas para HIV. Estima-se que mais pessoas convivam com o vírus na cidade, como em todo o país, sem diagnóstico. Os profissionais coletam uma gota de sangue do paciente que em contato com o reagente identifica, em poucos minutos, a presença do vírus no organismo. Já durante a execução do Projeto Viva Melhor Sabendo Jovem, os jovens e adolescentes realizarão o diagnóstico da infecção pelo HIV por meio da análise da saliva. Javier Angonda, consultor do Unicef (dir) com Franklin Silva: programa nacional executado em Lauro de Freitas

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