Vilas Magazine | Ed 254 | Março de 2020 | 30 mil exemplares

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A Revista de Lauro de Freitas e Região

Ano 22 Edição 254 | Março 2020

SEGURANÇA

NÃO OLHE AGORA

VOCÊ ESTÁ SENDO VIGIADO


Bons tempos de Vilas do Atlântico FOTOS: ACERVO PESSOAL DE ROSA SAMPAIO

ACERVO VILAS MAGAZINE

O curso de idiomas Number One promoveu dois passeios ciclístico, em 1994 e 1995, movimentando a comunidade da então pacata Vilas do Atlântico. Saindo do posto de combustíveis da av. Praia de Itapuã, sentido portaria 2, o passeio finalizou na Barraca da Gavéa, onde os participantes da

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atividade foram recebidos sob os acordes da banda mirim do Olodum e puderam curtir o resto da manhã apreciando a bela vista da praia de Vilas do Atlântico. Coordenado pela então diretora da instituição, empresária Rosa Sampaio, o evento teve apoio do empresário Coriolano Oliveira, da Barraca Gávea, dos sócios da MC Ciclo e da Polícia Militar, que escoltou em segurança o grupo de ciclistas. Além da empresária Rosa Sampaio, quem mais se reconhece nessas fotos? Anos antes, no lançamento de Vilas do Atlântico, eram comuns atividades envolvendo adquirentes de lotes, participando de circuitos ciclísticos (esq.), exposição de animais de estimação e até acampamento para a garotada

Publicação mensal de propriedade da EDITAR - Editora Accioli Ramos Ltda. Rua Praia do Quebra Coco, 33. Vilas do Atlântico. Lauro de Freitas. Bahia. CEP 42708-790. Tels.: 71 3379-2439 / 3379-2206. Diretor-Editor: Carlos Accioli Ramos (diretoria@ vilasmagazine.com.br). Dire­to­ra: Tânia Ga­zi­neo Accioli Ramos. Gerente de Negócios: Álvaro Accioli Ramos (comercial@ vilasmagazine.com.br). Assistentes: Leandra Almeida e Vanessa Silva (comercial@vilasmagazine.com.br). Gerente de Produção: Thiago Accioli Ramos. Assistente de Produção: Bruno Bizarri (freelancer). Administrativo/Financeiro: Miriã Morais Gazineo (financeiro@vilasmagazine.com.br). Distribuição: Álvaro Cézar Gazineo (responsável). Tratamento de imagens e CTP: Diego Machado. Redação: Thiara Reges (jornalista freelancer). Colaboradores: Jaime de Moura Ferreira e Raymundo Dantas (articulistas). Tiragem desta edição: 30 mil exemplares. Im­pressão: Log & Print Gráfica e Logística S. A. (Vinhedo/SP).

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Carta aberta à prefeita Moema Gramacho

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o longo de 20 anos a revista Vilas Magazine tem acompanhado a vida de Lauro de Freitas, prestando serviços à comunidade que aqui reside, inclusive por meio do parque empresarial da cidade, que tem nesta revista o único veículo impresso local onde anunciar seus produtos e serviços. Já construíamos este veículo de comunicação quando a senhora era deputada estadual, logo depois de ter sido vereadora em Salvador. Assistimos à sua chegada ao meio político da cidade, quando renunciou àquele mandato parlamentar para assumir a prefeitura local. E desde então acompanhamos a sua destacada carreira política. Vimos a transformação, sempre para melhor, operada nesta Santo Amaro de Ipitanga ao longo dos seus dois primeiros mandatos como prefeita de Lauro de Freitas. São inegáveis os avanços sociais e o fortalecimento da infraestrutura urbana da cidade naquelas suas duas gestões. Testemunhamos a sua partida para Brasília em 2015, quando se elegeu deputada federal e o seu retorno dois anos depois, quando voltou a vencer a disputa pela prefeitura de Lauro de Freitas. Certamente a senhora será candidata à reeleição este ano e vamos continuar acompanhando a sua trajetória, que já deixou marcas históricas na cidade. Se não lhe rendemos permanentes homenagens nas páginas da revista é porque seria descabido. Para essa tarefa não falta quem aceite sobreviver dos favores do poder público, disfarçados de “jornalismo”. Não é o caso da Vilas Magazine. Acreditamos que prestamos melhor serviço à cidade e mesmo à sua gestão ao noticiar criticamente as venturas e desventuras da prefeitura. Assim, podemos garantir ao público que nenhuma leitura eventualmente positiva estará contaminada pela suspeita do interesse próprio. Tudo isso concorre também para seu benefício. Trabalhamos, como é evidente, dentro dos limites que a nossa autonomia financeira permite. O turbilhão econômico – e agora, ainda por cima, também político – em que o país foi envolvido, afeta a todos de forma quase igual. Haverá sempre, claro, quem lucre com a desgraça alheia – e o faça com o semblante mais cínico que se possa imaginar. Em geral, são os que se encontram em posição de subjugar e explorar o próximo, como mostra a história desta grande Nação. O fato, lamentações à parte, é que não dispomos de aparato administrativo ou de produção editorial que nos permita competir com certas “máquinas de propaganda”. A cobertura crítica da prefeitura que eventualmente levamos ao público é uma gota num oceano de permanentes elegias à sua administração. Hoje, no Brasil, qualquer pessoa minimamente alfabetizada, com acesso à Internet, pode fundar um “veículo de comunicação”, passando a intitular-se repórter, jornalista. A isso somam-se dezenas de grupos de WhatsApp, fora os onipresentes “feicebuques” e “istagrãs”, nos quais supostas notícias são difundidas com o objetivo de desinformar uma

multidão de incautos, segundo os interesses particulares de cada um. Há 20 anos, quando nos lançamos nesta lida, as pessoas sorriam de opiniões proferidas por personagens sem qualificação para opinar. Hoje, qualquer barbaridade ganha ares de coisa válida. Estamos convencidos de que essa nova realidade veio para ficar. E de que a única forma de resistir ao fim do juízo perfeito é continuar editando o noticiário de forma responsável, profissional, sem nunca aderir ao “Febeapá”, o festival de besteira que assola o país. O jornalista Sérgio Porto não viveu o suficiente para testemunhar a normalidade democrática, mas deixou precioso aviso ao registrar o nosso triste passado. Desgraçadamente, poucos de nós o leram – o que certamente contribuiu para que o festival retornasse mais espetaculoso do que Stanislaw poderia ter imaginado, mesmo nas suas crônicas mais inspiradas. Sabemos que a senhora reconhece todo esse estado de coisas e que valoriza o nosso trabalho – que jamais deixou de noticiar os fatos e ações que merecem divulgação ao longo de todas as gestões que acompanhamos –, ainda que a prefeitura prefira não programar a revista Vilas Magazine. A senhora exclue os leitores da revista do acesso à informação das ações oficiais, para as quais existem verbas previamente alocadas e destinadas a esse fim. Estamos certos de que terá sido uma decisão tomada em nome do interesse público, embora não possamos vislumbrar de que forma isso se dá, mas temos certeza absoluta que a senhora tem noção que somos um canal de forte e qualificada presença na comunidade. E é nesse viés que estranhamos a sua avaliação. Mas é oportuno lembrar que verbas públicas destinadas para divulgação de ações de gestões públicas não devem servir como moeda de troca para contemplar ‘veículos amigos’. Essa prática, além de caracterizar nanismo de gestões, exclue a informação descompromissada. A senhora bem sabe disso. Talvez o ‘nosso castigo’ se prenda no fato de não adjetivarmos informações oficiais, não apenas das suas, mas de todas as gestões que lhe antecederam – entre elas duas sob seu comando –, com elogios desalinhados, recurso tão indecorosamente manipulado por pseudos ‘veículos de comunicação’. Seja como for, ainda estamos aqui, de pé, exercendo com dignidade nosso ofício. E permanecemos à disposição para continuar a contribuir para a sociedade de Lauro de Freitas – um desejo que cerCarlos Accioli Ramos tamente temos em comum. Diretor-editor da Vilas Magazine Os meus respeitos.

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Registros & Notas

SUBINDO DEGRAUS A inspetora Luciana Brasil, servidora efetiva da Guarda Civil Municipal de Lauro de Freitas desde 2008, concluiu com distinção a 9ª edição do CORPAS - Curso de Operador de Aeronave Remotamente Pilotada, ministrado pelo Grupamento Aéreo da Polícia Militar (GRAER). Bacharela em Administração, Luciana desenvolve desde 2009 suas atividades no Centro Integrado de Operações (CIOP) órgão ligado à Superintendência de Segurança Municipal da Prefeitura de Lauro de Freitas.

O Instituto Você Mulher, associação privada sem fins lucrativos, com sede em Lauro de Freitas, que atua nas áreas de autonomia, educação e saúde, em prol de mulheres em vulnerabilidade social, com objetivo de desenvolver iniciativas para contribuir na construção de uma sociedade mais democrática e igualitária, através de um pensamento coletivo e da conscientização do valor e dos direitos de cada indivíduo, realiza, em parceria com a CDL e o Senac de Lauro de Freitas, o 1º Circuito de Oficinas de Autonomia para Mulheres, no dia 21, celebrando o mês da mulher, das 8h às 17h, no Colégio Acadêmico. Na pauta, Oficina de Técnicas de vendas (Anete Pardo), Qualidade no atendimento (Carla Solla), Autoestima (Daisy Jardim), Comportamento Organizacional (Ana Paula Gonçalves), entre outros temas. Mulheres do município podem se inscrever, com a doação de 1 kg de alimento, para adquirirem conhecimentos que contribuam para a sua inserção no mercado de trabalho. SERVIÇO Interessadas podem se inscrever pelo Instagram @instutovocemulher, até o dia 20. No dia 21, antes da oficina e com o nome na lista, entrega o quilo de alimento e confirma a inscrição. Serão oferecidas 40 vagas em cada uma das oito oficinas.

Marcelo Jorge Melo Santos Filho, transbordou o orgulho dos pais, Marcelo e Sandra, com sua aprovação no vestibular para Medicina da faculdade Unime. Os vaidosos avós paternos, Antonio Carlos e Ana Cristina Santos (integrantes do Rotary Club Lauro de Freitas) estão organizando uma ‘festa de arromba’ para o futuro médico. Ele é merecedor.

ROTARY CLUB LAURO DE FREITAS RECEPCIONA CONVIDADOS Thais Carreiro, responsável pela ONG SOS Aldeias Infantis, de Lauro de Freitas, participou, como convidada, da reunião do Rotary Club Lauro de Freitas em 28 de janeiro. Na reunião de 4 de favereiro, os convidados foram Luan Veloso e Donato Ramos, paratletas de canoagem, e o treinador Paulo Barbosa. Recepcionados pelo presidente Leandro Santana, liderando a família rotária, os convidados falaram das ações em suas atividades. 4 | Vilas Magazine | Março de 2020


TÍTULO MERECIDO A clínica Dr. Zoo & Cia, ofereceu um café da manhã em homenagem a REMCA, pela conquista do título de utilidade pública, concedido na Câmara de Vereadores de Lauro de Freitas. O encontro, iniciativa da médica veterinária Renata Del Bianco, aconteceu no auditório da clínica, em Vilas do Atlântico, reuniu amigos e parceiros da causa animal. “É um pequeno passo para uma grande conquista, diante desta jornada que estamos travando em relação a causa animal. É muito importante que a sociedade e os poderes públicos olhem com mais dedicação e carinho para a causa animal e o meio ambiente”, declarou Del Bianco (foto abaixo). A concessão do título de Utilidade Pública a entidades, fundações ou associações civis é o reconhecimento do poder público de que tais instituições, sem fins lucrativos, estão atuando de acordo com objetivos sociais e prestando serviços à coletividade. Com este reconhecimento, as organizações também podem participar de editais, estando aptas para obter recursos públicos.

SABORES DO SERTÃO O casal de empresários Otoni Goncalves de Freitas Neto e Tamires Ribeiro Castro, acaba de inaugurar o mais novo endereço gastronômico de Vilas do Atlântico, o Mandacarú, especializado em comidas sertanejas. Funcionando de 3ª à domingo, a casa tem no bode na brasa e na não menos saborosa carne de sol as principais atrações do seu sortido cardápio de comidinhas do sertão. Para temperar o paladar, uma cachacinha artesanal que nem sob tortura o Otoni conta de onde procede. Os garçons, vestidos tal qual cangaceiros, deixam os clientes muito à vontade, no clima de uma cidadezinha do interior. E ainda tem um trio de forró, de 5ª à sábado, para animar os clientes. Vale muito à pena passar por lá e espiar de perto.

O INSTITUTO VOCÊ MULHER é uma associação privada sem fins lucrativos, com sede em Lauro de Freitas, que atua nas áreas de autonomia, educação e saúde, em prol da mulheres em vulnerabilidade social, com objetivo de desenvolver iniciativas para contribuir na construção de uma sociedade mais democrática e igualitária, através de um pensamento coletivo e da conscientização do valor e dos direitos de cada indivíduo. A instituição realiza, em parceria com a CDL e o Senac de Lauro de Freitas, no dia 21, celebrando o mês da mulher, no Colégio Acadêmico de Lauro de Freitas, das 8h às 17h, o 1º Circuito de Oficinas de Autonomia para Mulheres abordando as seguintes oficinas: Técnicas de vendas: Anete Pardo; Qualidade no Atendimento: Carla Solla; Autoestima: Daisy Jardim; Comportamento Organizacional; Ana Paula Gonçalves, dentre outras. Com a doação de 1 kg de alimento não perecível, mulheres do município podem se inscrever para adquirirem conhecimentos que contribuam para ingresso no mercado de trabalho. A instituição, em parceria com a Ello Pessoas e Negócios, está cadastrando mulheres para que possam participar de um grupo específico via whatssap, onde serão diariamente ofertadas vagas disponíveis no mercado de trabalho. As inscrições para as oficinas podem ser efetivadas via instagram (pelo direct) @institutovocemulher

10 ATITUDES QUE NÃO CUSTAM NADA E FAZEM BEM

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Prefeitura abre ‘4ª portaria’ de Vilas do Atlântico na rua Praia de Guadalupe

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prefeitura de Lauro de Freitas demoliu em fevereiro o muro que delimitava o loteamento Vilas do Atlântico na alameda Praia de Guadalupe, originalmente projetada como rua sem saída. Do outro lado, no loteamento Miragem, foi anteriormente construído um trecho de asfalto em direção ao muro. A Praia de Guadalupe é anterior à via conhecida como “rua C”, no Miragem. De acordo com a prefeitura, a demolição do muro atende recomendação do Ministério Público datada de 2016, decorrente de inquérito com base em denúncia da Associação de Moradores do Loteamento Miragem (AMOM). Para sustar a demolição, uma ação de Interdito Proibitório havia sido interposta por entidades de moradores de Vilas do Atlântico. Mas uma análise técnica constatou que tanto a rua Praia de Guadalupe, em Vilas do Atlântico, como a rua C, no Miragem, “possuem o mesmo código de logradouro, o que as torna únicas e não 6 | Vilas Magazine | Março de 2020

vias sem saída distintas”, concluindo que houve “interrupção do seu fluxo”. A atribuição do mesmo código de logradouro a duas ruas distintas foi uma inovação do zoneamento postal da cidade. Reportagem da Vilas Magazine publicada na edição de maio de 2014, há quase seis anos, já alertava para a criação da conformação legal que poderia levar à abertura de quatro novos acessos a Vilas do Atlântico – incluindo a rua Praia de Guadalupe, alterando as características originais daquelas vias, construídas como ruas locais estreitas e sem saída, todas com um balão para retorno de veículos no fim. Além da rua Praia de Guadalupe, foram “geminadas” ao Miragem por um novo código de logradouro comum também as ruas Praia de Gravatá, Praia do Conde e Praia de Lucena – todas vias locais sem saída, dentro dos limites originais do loteamento. Em 2016 a própria prefeitura sustentaria que “a rua Praia de Guadalupe foi

projetada para conectar os dois loteamentos”, conforme consta da argumentação que recomenda a demolição. No projeto de lei que se discutia em 2014, a rua Praia de Guadalupe já aparecia classificada como “coletora”, designação própria de vias com intensidade média de tráfego, entre local e arterial. Além disso, a rua constava da listagem de logradouros de Buraquinho, bairro vizinho a Vilas do Atlântico, com o mesmo número de cadastro: 040881. Outras três ruas paralelas à Guadalupe foram incluídas no “bairro de Buraquinho”, que engloba o loteamento Miragem, uma área que elas efetivamente não atingem. A recomendação seguia suspensa por liminar judicial concedida em 2017 a favor da Sociedade Amigos do Loteamento Vilas do Atlântico (Salva) e da Associação de Moradores de Vilas do Atlântico – mas inicialmente proposta pela primeira há cerca de 15 anos. Já naquela época a prefeitura pretendia demolir o muro para Continua na página 8 u


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permitir a circulação de veículos. Agora, em sentença publicada em 4 de fevereiro, a 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Lauro de Freitas julgou improcedente o pedido de Interdito Proibitório, para que o muro permanecesse de pé enquanto não houvesse decisão final transitada em julgado. INSEGURANÇA De acordo com a prefeitura, quem agora atravessa a rua C e a Guadalupe entre o Miragem e Vilas do Atlântico “acredita que a nova via vai melhorar a mobilidade na região, comprometida com o trânsito intenso, especialmente nos horários de início e final das aulas nos colégios que funcionam nos dois bairros”. Já para os moradores de Vilas do Atlântico que não precisam transitar para as escolas, a abertura da alameda Praia de Guadalupe representa um risco para a segurança. Segundo Paulo Araújo, diretor do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), que controla o Centro Integrado de Mobilidade Urbana (CIMU), a rota de fuga preferida dos ladrões de carros é a chamada terceira portaria de Vilas do Atlântico, que liga o bairro à rua Priscila Dutra. As câmeras da prefeitura mostram que “90% [dos carros roubados em Vilas do Atlântico] saem pela portaria do Miragem” em direção a Camaçari, passando por dentro do loteamento vizinho até a Estrada do Coco, disse ele à Vilas Magazine no mês passado, ao comentar o monitoramento por câmeras que funciona na cidade. A abertura de uma “quarta portaria” na mesma rota ameaça dar novos usos à Praia de Guadalupe, na medida em que facilita ainda mais o acesso de Vilas do Atlântico ao Miragem e dali à BA-099. Se, de acordo com o diretor do GGIM, “Vilas do Atlântico apresenta o maior índice de carros roubados no município”, a nova servidão promete ampliar a liderança do bairro no setor. A prefeitura promete instalar câmeras de segurança monitoradas pelo CIMU e realizar uma “operação assistida” durante 60 dias, para identificar de que forma a abertura do acesso interfere no entorno. EDGARD COPQUE

O balão de retorno na alameda Praia de Guadalupe, agora com acesso à chamada rua C, no Miragem: QUARTA PORTARIA

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Prefeitura realiza fórum para revisão do plano de saneamento básico da cidade

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prefeitura de Lauro de Freitas realizou em fevereiro, no auditório da Unime, o primeiro “Fórum de Saneamento Básico” da cidade. De acordo com a prefeitura, foi uma oportunidade para a população se manifestar e apresentar sugestões para a revisão do Plano Municipal de Saneamento Básico, relacionado à Lei Federal do Saneamento Básico, de 2007. A existência do plano é uma exigência legal para o recebimento de verbas públicas para saneamento. O atual plano municipal de Lauro de Freitas data de 2017. A lei municipal que trata do assunto determina que o plano “será avaliado a cada três anos por ocasião do Fórum Municipal de Saneamento Básico” – que acaba de acontecer – para ser revisto “a cada quatro anos”. No seu artigo 51, a Lei 11.445/07 determina que “o processo de elaboração e revisão dos planos de saneamento básico deverá prever sua divulgação em conjunto com os estudos que os fundamentarem, o recebimento de sugestões e críticas por meio de consulta ou audiência pública”. Além disso, a lei federal define que “a divulgação das propostas dos planos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentarem dar-se-á por meio da disponibilização integral de seu teor a todos os interessados, inclusive por meio da internet e por audiência pública”. No evento de fevereiro, de acordo com a prefeitura, foram debatidos principalmente a universalização do abastecimento de água e do sistema de esgotamento sanitário. Participaram representantes da Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento), da Conder


(Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia), da Agersa (Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia) e da Coordenação de Saneamento Básico da prefeitura, além de secretários municipais e algumas lideranças comunitárias do município. O gerenciamento de resíduos sólidos, a drenagem urbana e a macrodrenagem também foram abordadas nas palestras e debates organizados pela secretaria de Infraestrutura. A prefeitura fez ainda uma apresentação de “algumas das ações nossas ou em parceria, assim como as obras de macrodrenagem do rio Ipitanga e do esgotamento sanitário, as intervenções nos canais do Horto e dos Irmãos, a macrodrenagem da avenida Brigadeiro Mário Epinghaus, que já estamos licitando, a ampliação do abastecimento feito pela Embasa, que acabamos de inaugurar com

Audiência do “Fórum de Saneamento Básico” assiste palestra sobre o tema: obrigação legal

o governador, a construção do Ecoponto no Miragem, em Buraquinho, as ações de limpeza dos nossos rios, entre outras atividades”, pontuou a prefeita. CONTRATO PROGRAMA Na esfera dos efeitos concretos da lei municipal de saneamento está o novo “contrato programa” do município

com a Embasa, assinado no final do ano passado. Agora há a expectativa de investimentos superiores a R$ 389 milhões, destinados principalmente à ampliação da rede de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. A fiscalização e o acompanhamento dos serviços ficam a cargo da Agersa. Continua na página 10 u

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O contrato, pelo prazo de trinta anos, prevê ajustes e modificações a cada quatro anos e garante que parte do lucro líquido da empresa seja investido no saneamento básico do município, conforme previsto na lei municipal de saneamento, de 2017. A aplicação dos recursos fica a cargo da prefeitura. O plano de aplicação dos recursos prevê investimentos e obras necessários à universalização dos serviços. Além da ampliação dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento, com metas bem definidas, o contrato prevê regras claras em relação à recomposição da pavimentação asfáltica danificada e à política tarifária regulada, condizente com a capacidade contributiva da população e com indicadores de qualidade. ESGOTAMENTO SANITÁRIO As obras para implementação do esgotamento sanitário do município, com recursos federais assegurados em 2011, devem ser retomadas este ano. A “estação-mãe” do sistema está em fase final. Este ano serão iniciadas as obras de 12 estações elevatórias, entre as 26 previstas. Todo o sistema de esgotamento sanitário deverá ficar pronto em até três anos, e deve atender a 80% do município. Os recursos para os outros 20%, cujo projeto já está pronto, ainda serão captados pelo governo do Estado. No abastecimento de água o município conta hoje com cobertura superior a 99,7%, de acordo com a prefeitura. A meta da empresa para 2020 é chegar a 100%, solucionando definitivamente as falhas no sistema. A Embasa realizou recentemente obras voltadas à ampliação do abastecimento de Lauro de Freitas. O novo sistema está em fase de pré-operação e ajustes. Quando estiver em pleno funcionamento deve oferecer o dobro da capacidade atual.

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Onde funcionava o Hotel Riverside, será o Hospital Costa dos Coqueiros, uma unidade de cuidados prolongados

Governo estadual anuncia investimentos em Lauro de Freitas

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construção de um hospital de cuidados prolongados, onde antes funcionava o Hotel Riverside, na Estrada do Coco, às margens do rio Joanes, mais uma escola de segundo grau, em Portão, e uma nova unidade do Centro Estadual de Educação Profissional em Tecnologia, Informação e Comunicação (CEEPTIC), foram anunciadas pelo governador Rui Costa, quando de sua visita ao município, em fevereiro. A nova escola terá de 25 a 35 salas de aula, quadra coberta, campo society, vestiários, laboratórios, auditórios, biblioteca e refeitório. A licitação para realização das obras desta e de mais 16 escolas, que serão construídas em outros municípios, já foi publicada no Diário Oficial do Estado da Bahia. O Hospital Costa dos Coqueiros tem previsão de


entrega ainda este ano. O imóvel adquirido pelo governo do Estado receberá obras de adaptações para abrigar a unidade de cuidados prolongados. O equipamento vai atender pacientes que não precisam mais permanecer em unidades de saúde de alta complexidade, mas ainda demandam cuidados, como reabilitação, recuperação de intervenções cirúrgicas, ou adaptação a sequelas de lesões por acidente, entre outras, abrindo vagas para casos mais graves. À construção do novo hospital se somará a outros equipamentos que serão inaugurados em breve no município, como o Hospital Metropolitano, no Capelão, com 265 leitos, sendo 55 de Terapia Intensiva (UTI), espaços para atendimento, emergência, diagnóstico por imagem e centro cirúrgico. Após a inauguração, a unidade receberá toda a demanda atendida atualmente pelo Menandro de Faria, que vai passar por reforma e adaptações para se transformar em um Hospital Materno Infantil.

Unidade de acolhimento infanto-ju­ve­nil amplia rede de saúde mental

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ovens de Lauro de Freitas, entre 12 e 18 anos, com histórico de abuso de substâncias psicoativas podem ser tratados na primeira unidade de acolhimento infanto-juvenil do município, inaugurada em fevereiro. Indicada em casos de vulnerabilidade social que necessitam de acompanhamento terapêutico e protetivo de caráter transitório, a unidade funciona 24h todos os dias da semana, com capacidade para acolher dez pessoas de ambos os sexos, simultaneamente. Uma equipe multidisciplinar, formada por assistente social, psicólogo, enfermeiro, educador físico, copeira, serviços gerais e coordenadores, prestarão serviços especializados para controlar a abstinência de drogas e reduzir as situações de vulnerabilidade social e familiar. Cerca de 40 profissionais estão sendo contratados para o funcionamento. A unidade de acolhimento infanto-juvenil é o quarto equipamento público de Lauro de Freitas voltado aos cuidados da saúde mental. As portas de entrada para um jovem ser admitido no tratamento da unidade são os centros de referências, como o CAPS Infantil, Conselho Tutelar, Defensoria Pública entre outros órgãos. Lauro de Freitas conta com três centros de atenção psicossocial em funcionamento. O CAPS 1 (infantil) para crianças e jovens de até 18 anos; o CAPS 2, voltado ao público a partir de 18 anos e o CAPS AD, que atende maiores de 18 anos com transtornos pelo uso de álcool e outras drogas. Pacientes com transtornos mentais também são atendidos por equipe multidisciplinar na policlínica Carlos Bastos, na Vila Praiana, e no Complexo de Saúde da Itinga.

Abertas inscrições para concurso literário da rede municipal de ensino

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om o tema “Literatura na Cultura Negra e Indígena da Freguesia de Santo Amaro de Ipitanga a Lauro de Freitas: Educadoras(es) e Educandas(os) construindo a sua história”, a Secretaria Municipal de Educação (Semed), por meio do Departamento de Inclusão e Diversidade da Coordenação da Educação Básica, promove o Concurso Literário 2020. O edital foi lançado no Diário Oficial do Município, edição do dia 14 de fevereiro, com todas as condições para a participação, que contempla os professores e alunos da rede municipal. “A importância de preservar a memória da nossa cidade e seus territórios de identidade é uma das formas de valorizar as ancestralidades através das identidades territoriais do lugar que se vive. Trata-se de uma boa oportunidade para compreender, inclusive, a nossa própria história,” enfatiza a equipe do Departamento de Diversidade na Educação, da Semed. O concurso, realizado em três etapas, tem o objetivo de envolver estudantes matriculados na rede municipal de ensino de Lauro de Freitas, em turmas de Educação Infantil (Creche/ Pré- Escola), Ensino Fundamental (1º ao 9º ano) e todas as fases da Educação de Jovens e Adultos (EJA). As produções devem ser inéditas e de autoria dos inscritos. A primeira etapa será realizada na escola, que encaminhará os trabalhos à Semed. Na segunda etapa a Semed vai selecionar os trabalhos e enviar para a terceira etapa, que é a comissão avaliadora final. Alunos e professores podem participar, inscrevendo seus trabalhos no formulário disponibilizado no site da Semed (http://bit.ly/formconcurso20). Também é possível, na mesma página, baixar, imprimir, preencher, conforme solicitado e entregar no Departamento de Inclusão e Diversidade (Rua Sheyla R. Pitta, 233. Ed. Empresarial Domingos Ribeiro, sala 519), das 8 às 14 h, de segunda a sexta-feira. Inscrições para docente vão até 30 de maio, e para discente, até 1º de junho, mediante entrega dos trabalhos. Março de 2020 | Vilas Magazine | 11


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om expertise na área de gestão de shoppings centers, Thiago Cunha (foto), tem um importante desafio nos próximos meses. O executivo assumiu a superintendência do Parque Shopping Bahia, empreendimento que abre as portas dia 17, em Lauro de Freitas. O profissional traz na bagagem experiência de 12 anos pela AmBev, onde atuou em diversas áreas pelo Brasil e países da América Latina. Há nove anos, ele vem trabalhando na gestão de centros comerciais, tendo passado pelas empresas brMalls, JHSF e Saphyr, onde esteve à frente da área financeira do Norte Shopping (RJ) e na Superintendência do Rio Anil Shopping (São Luís-MA), Shopping Bela Vista e Shopping Paralela, ambos em Salvador. Thiago planeja agora trabalhar com um conceito moderno de centro comercial, que ganhou a alcunha de “shopping de um novo tempo”.

O shopping de um novo tempo

O que seria o shopping de um novo tempo, conceito ao qual o Parque Shopping Bahia se associa? Um shopping que propõe mais do que um espaço de compras. É um lugar para viver experiências memoráveis. O principal diferencial do Parque Shopping Bahia é o lazer, e por isso, estamos buscando oferecê-lo nas formas mais variadas, seja através do entretenimento, da gastronomia, ou do esporte. Mais do que levar sacolas para casa, queremos que o cliente saia com a satisfação de ter passado as melhores horas do seu dia aqui, e pense em retornar o quanto antes, pois é onde ele vai encontrar as melhores experiências. Qual é o desafio de liderar o shopping com esse conceito? É o desafio de mostrar na prática, que o Parque Shopping Bahia é um espaço diferente do que normalmente se encontra em empreendimentos desse tipo. Além das compras e do lazer, esse é um local onde o cliente poderá buscar outros tipos de serviços, seja na área de saúde e bem-estar, seja na área do esporte, através das operações da PSG Academy e Futevôlei, com Anderson Águia, que irão funcionar na cobertura do shopping, seja no Parque Indoor, com mais de 7 mil m² ou no Armazém Convention, espaço de eventos e shows, com capacidade para mais de 10 mil pessoas. Tudo isso dentro do local que será chamado Cidade Parque Shopping e voltado a um público diversificado, por um lado, mas também qualificado e exigente, por outro, que busca experiências diferentes. Quais estão sendo os atrativos mais esperados? Várias marcas têm se revelado motivo de anseios para 12 | Vilas Magazine | Março de 2020

o público, a exemplo do Outback Steakhouse, que abrirá sua primeira unidade na Bahia fora de Salvador, e o Shiro Restaurante, que traz a tradição da cozinha japonesa de qualidade já reconhecida em Salvador onde foi premiado como o melhor restaurante japonês da cidade pela revista Veja Comer&Beber em 2019. Além disso teremos o maior parque indoor do Norte/ Nordeste, administrado pela Magic Games, garantindo o entretenimento infantil por várias horas. No varejo, também teremos as chamadas ‘lojas conceito’ de marcas conhecidas, como a Centauro e a Riachuelo. Essas lojas têm como particularidade, ambientes oportunos para serviços diferenciados, que vão além dos produtos que ilustram as vitrines, promovendo um contato mais direto entre o cliente e a marca. Além destes, conseguimos oferecer uma gama grande de serviços que o público mais tradicional dos shoppings centers, costuma procurar, como as diversas operações fast food da praça de alimentação, ou mesmo o cinema, que aqui será administrado pela rede Cinépolis, com nove salas de exibição, sendo três VIPs, e uma sala Macro XE, que dispõe de uma tela enorme de alta performance onde a projeção é feita com dois projetores 4k e sistema de som com incríveis 13 mil watts. O shopping não abriu, mas é possível dizer que ele já está gerando impacto para a cidade? O Parque Shopping Bahia é um dos empreendimentos mais importantes dos últimos anos em Lauro de Freitas. Sua construção gerou mais de mil empregos e atraiu o olhar de empreendedores de várias partes do país. Quando estiver em pleno funcionamento, vai gerar cerca 3.500 empregos


diretos. Além disso, seu entorno passou por obras viárias, com o objetivo de facilitar o acesso ao centro comercial, ao mesmo tempo em que contribuirá com a fluidez do trânsito na região. Outro aspecto importante é que o empreendimento está dentro da Cidade Parque Shopping, um local com 260 mil m² de área total que ainda terá um power center com operações inéditas na Bahia, tendo terrenos destinados a construção de hotel, home center, bem como o Centro Administrativo de Lauro de Freitas, que já foi entregue à Prefeitura. Por fim, quais suas expectativas para o dia 17, quando o shopping abrirá suas portas oficialmente? As melhores possíveis. O Parque Shopping Bahia é fruto de investimento de R$ 600 milhões de um grupo de empreendedores locais que enxergou a possibilidade de oferecer algo que o consumidor vem buscando cada vez mais atualmente, que é viver uma experiência diferenciada em todos os aspectos. Esperamos que o público desfrute ao máximo de nosso empreendimento e que nosso trabalho seja capaz de gerar lembranças memoráveis e inesquecíveis. EQUIPE: O time de gestores do Parque Shopping Bahia conta ainda com Marcus Aguiar, liderando a área de Marketing, com passagens por shoppings como Paralela (BA), Vila Velha (ES) e Metrô Santa Cruz (SP); Humberto Meneses, na gerência de Operações e Manutenção e Lulie Najar, na gerência Administrativa e Financeira. O Parque Shopping Bahia será administrado pela Aliansce Sonae Shopping Centers, maior empresa do segmento no país, e tem inauguração marcada para o dia 17 deste mês.

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q CIDADE

Teobaldo se filia ao Democratas Proprietário da Rede Atakarejo será candidato a prefeito de Lauro de Freitas com apoio de ACM Neto

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esperado ato de filiação de Teobaldo Costa ao Democratas e lançamento da sua pré-candidatura à prefeito de Lauro de Freitas lotou a quadra da Igreja de Itinga, na noite da segunda-feira, 10 de fevereiro. Antes mesmo do horário marcado para iniciar o evento, a frente do espaço, o entorno do Largo do Caranguejo e a própria quadra já estavam lotados. Um engarrafamento humano na entrada principal deu o tom de campanha eleitoral, com ônibus e carros chegando com correligionários, bandas de música, militantes com camisas e bandeiras e apoiadores do grupo liderado pelo prefeito ACM Neto. O evento contou também com a participação de diversos representantes do Democratas e de partidos que integram a base de ACM Neto, além de deputados, vereadores e lideranças de Lauro de Freitas, da capital e do estado da Bahia, em uma demonstração de grande prestígio de Teobaldo, na sua primeira incursão partidária como candidato. “Muitos me perguntam porque estou entrando na política. E minha resposta é

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O empresário Teobaldo Costa exibe sua filiação ao Democratas, ao lado do presidente nacional, ACM Neto. Nas extremidades, o deputado federal e presidente estadual do partido, Paulo Azi (esq.) e Marcelo Oliveira (dir.), prefeito de Mata de São João única: cansei de ficar apenas reclamando dos políticos, enquanto a situação só piora. Para mudar a política precisamos que as pessoas de bem façam a sua parte. E eu resolvi dar a minha contribuição, certo que posso colocar a minha experiência administrativa a serviço da coletividade, para renovar e fazer muito mais do que vem sendo feito em Lauro de Freitas”, afirmou Teobaldo Costa. O prefeito ACM Neto anunciou durante ato, seu apoio total à pré-candidatura de Teobaldo à prefeitura de Lauro de Freitas, formando o “cinturão do 25” em torno de Salvador, composto por Dinha, em Simões Filho, Elinaldo, em Camaçari, Teobaldo, em Lauro de Freitas, além do vice-prefeito Bruno Reis, pré-candidato do Democratas à prefeitura da capital baiana, também presente no evento. Em seu pronunciamento, Neto fez questão de falar da importância do partido na próxima eleição municipal. “É com responsabilidade que digo: Lauro de Freitas, o seu futuro passa por todos nós estarmos unidos, de comparar o que foi feito em Salvador com o que ela deixou de fazer em Lauro de Freitas. E, claro, temos aqui a oportunidade de decidir por aquele que está mais preparado para governar, aquele que está preparado para ser o grande prefeito que essa cidade espera há 16 anos de desmandos. E esse cara

chama-se Teobaldo Costa”, disse Neto. O evento contou ainda com a participação do ex-vereador e ex-candidato a prefeito Mateus Reis, que abriu mão de uma provável e possível candidatura para apoiar Teobaldo Costa. “Eu e Teobaldo temos uma aliança inabalável. Uma aliança com princípios de amizade e confiança, mas feita principalmente com o objetivo maior de ganhar as eleições, e fazer a modernização e a renovação política e administrativa que Lauro de Freitas precisa”, completou a liderança. Ao final Teobaldo agradeceu a presença de todos, destacando cada liderança política, os deputados federais e estaduais, os prefeitos Elinaldo, de Camaçari e Marcelo Oliveira, de Mata de São João, e completou: “Esse é um momento importante, um momento que marca um final de um período de 16 meses que caminhamos em cada rua e cada bairro de Lauro de Freitas, ouvindo as demandas da nossa gente, ao mesmo tempo que representa o início de uma nova caminhada, na qual levaremos uma mensagem de fé e esperança, de renovação, de transformação, de que é possível fazer mais e melhor com uma nova politica, mais competente, com mais planejamento e resultados, e sobretudo que acabe com a politicagem e o atraso que marca a política que se pratica atualmente em nossa cidade. Vamos juntos para a vitória em outubro”, concluiu o agora pré-candidato Teobaldo Costa, ovacionado pela multidão presente.


Prefeitura promove ação de combate ao trabalho infantil

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tividades educativas para conscientizar a população da necessidade de garantir os direitos das crianças e adolescentes de Lauro de Freitas. Assim foi a ação “Brincar é minha

praia - Chega de trabalho infantil”, realizada em fevereiro, na praia de Buraquinho, para crianças e adolescentes assistidos pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do município. Paralelo às oficinas foi realizada a busca ativa de situações de trabalho infantil nas praias. Ana Elisa, de 11 anos, aluna do Projeto Crescer, participou pela primeira vez da iniciativa, promovida pela Prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania (SEMDESC). “Foi muito importante porque além de brincar com os amigos, aprendi sobre situações que não são vistas em sala de aula”, ressaltou. A secretária da SEMDESC, Huldaci Santana, ressaltou a importância de conscientizar a população, começando pelas crianças.

PARCERIA

A SALVA - Sociedade dos Amigos do Loteamento Vilas do Atlântico doou cones para a 52ª CIPM, colaborando com as campanhas e blitze em sua área de atuação.

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q CIDADE

Projeto da SESP promove valorização de servidores de limpeza urbana #lixo #maucheiro #lixeiras #sujeira #gari #coletaseletiva #plástico #saneamento #varrer #educaçãoambiental #latas #lixourbano #reciclagem #pontosdecoleta #sustentabilidade Thiara Reges | Freelance para a Vilas Magazine

S

ó de olhar para essa nuvem de palavras acima, sabemos que o tema central é lixo urbano. Mas em Lauro de Freitas, um projeto da Secretaria Municipal de Serviços Públicos - SESP, tem mudado essa visão e feito com que novos termos ganhem destaque, como valorização profissional, reconhecimento e humanização. A iniciativa é fruto de uma nova proposta de gestão implantada em abril do ano passado. “Logo nos primeiros dias percebi um distanciamento muito grande dos servidores, C r i sto va l J e s u s Santos, 47 anos. Trabalha com a limpeza urbana desde 1993 “Discriminação sempre teve, sempre vai ter. A população precisa se educar muito, as pessoas saem para passear com o cachorro e não querem catar nem o cocô; já ouvi até de uma pessoa que ela paga impostos e tem direito de sujar o chão. Comeu um queimado? Coloca o papel na bolsa; se informe do horário que o caminhão de lixo passa na sua rua para não deixar o saco na porta e o cachorro rasgar; vai sair para passear? Leve o saco para catar o cocô. Assim você respeita as pessoas e a cidade também.”

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principalmente os de campo, com a parte mais administrativa, e a forma que encontramos de reparar isso foi transformar o que antes era um setor de Recursos Humanos – RH, em Gestão de Pessoas, e agregar no quadro profissionais como assistente social e psicólogo, que pudessem proporcionar um novo olhar para os nossos servidores, acompanhando tanto as questões relativas à profissão, como questões pessoais”, frisa a secretária Lindaura Francisco. Desde então vem sendo realizadas ações individuais de acompanhamento, que precisam acontecer através da busca espontânea do servidor, e também ações coletivas, que vão desde integração à oficinas e treinamentos.

L u a n a d a S i l va Santos, 32 anos. Trabalha com limpeza urbana desde 2005. “Acordo pela manhã, converso com Deus, e vou para a rua. Trabalho na região do Jambeiro, hoje sou encarregada, tem seis agentes trabalhando comigo, com muito amor; gosto muito do contato com as pessoas, converso com os moradores, é uma transferência de conhecimento. E a população também nos recebe muito bem, oferece um café ou uma água, pois quando você faz o que gosta, seu dia funciona muito bem. É importante que as pessoas tenham um pouco mais de conscientização, vamos chegar em um ponto que não vai ter mais nem onde colocar tanto lixo; se cada um fizer sua parte, vai dar certo.”

Miguel de Oliveira, 62 anos. Tra b a l h a c o m limpeza urbana desde 2005. “Comecei trabalhando como fiscal de ponto de lixo, eu ia olhar onde tinha lixo acumulado, marcava e voltava com uma equipe. Então fazíamos a limpeza e depois de limpo, eu ficava no lugar, falando para as pessoas não jogarem mais lixo naquele lugar. Eu fazia um trabalho de educação. Depois de uma semana, mais ou menos, você consegue controlar o descarte de lixo, mas de nada adianta se quando você deixa de fiscalizar, a população volta a jogar lixo no mesmo lugar.”


Segundo o gestor de pessoas, Robson Lucas, apesar do processo acontecer de forma lenta, apenas 10% do quadro de servidores buscou pelo acompanhamento, e já foi possível identificar algumas fragilidades, sobretudo em pontos de vista pessoal. “Nosso sentimento é garantir melhor qualidade de vida aos trabalhadores que diariamente estão nas ruas, varrendo, catando lixo e isso passa também pela vida pessoal deles. Então já conseguimos identificar, por exemplo, que parte da pessoas não são alfabetizadas ou não concluíram o primeiro grau, mas tem muita vontade de estudar; descobrimos também pessoas com potencial em outras áreas, como artesanato, e que se abriram inclusive à possibilidade de ensinar os demais e também identificamos casos de traumas ou vícios”, destaca. Em parte dos casos, a tratativa é dada através da transversalidade com outras secretarias, a exemplo de Educação e Saúde. Os casos mais graves são acompanhados de perto, garantindo sobretudo o sigilo do servidor. “Ainda existe um grande receio de vir até o setor e de alguma forma os colegas ficarem sabendo o que foi falado, o que é normal, pois se trata

de algo novo, algo que eles não tinham acesso antes. Apesar disso, à medida que as ações coletivas de integração estão acontecendo, estamos criando um ambiente de confiança”, destaca Robson. Daniele Reis, assistente social que atua no projeto, pondera que um dos principais acompanhamentos solicitados é a ajuda para ter acesso à benefícios. “As demandas

surgem tanto pela falta de informação, alguns nem sabem que têm direito ao benefício, como também a dificuldade em acessar esses serviços. Aqui nossas principais demandas no momento são passe-livre, benefício socioassistencial e encaminhamentos para o INSS. Mas é importante destacar que não existe uma retração do servidor pela profissão que ele exerce, na verdade percebemos eles bastante empoderados neste sentido, o que é muito bom”, afirma. Mas apesar da relação positiva do servidor com sua profissão, ainda existe uma preocupação da secretaria no sentido de fortalecer a valorização do papel social do agente de limpeza, pois infelizmente ainda existe muita discriminação. “Infelizmente ainda existe um preconceito, das pessoas passarem e nem sequer cumprimentar o agente, como se o fato dele trabalhar com limpeza o transformasse no próprio lixo, sendo até invisível. Mas é gratificante perceber que as pessoas que compõem a nossa equipe, sobretudo aqueles que estão há muitos anos, sentem muito orgulho do que fazem, e querem contribuir ainda mais”, conclui a secretária Lindaura.

Carlos das Neves, 55 anos. Quase 40 anos trabalhando com limpeza urbana. “Muitas vezes na hora que o gari está varrendo, a pessoa passa do lado e joga um lixo no chão. Se você fala, a pessoas ainda acham ruim, tratam mal a gente e ainda debocham, dizendo que é nossa obrigação limpar. Mas não é bem assim. Acho que as pessoas precisam ter mais respeito, tratar melhor o agente de limpeza, a não jogar lixo no chão, em qualquer lugar, pois assim a cidade fica cada vez mais suja e não tem trabalho que resolva .”

Jair Felipe dos Santos, 49 anos. Trabalha com limpeza urbana há cerca de 24 anos. “A discriminação acontece, e muito. Às vezes até por falta de conhecimento; os produtos que usamos muitas vezes mancham a nossa roupa, e mesmo lavando não sai. As pessoas olham e acham que estamos sujos; eu tento não me importar tanto, e seguir com meu trabalho pois sei que é importante, mas não nego que magoa sim. Agente de limpeza, o gari, tembém é um ser humano e precisa ser tratado com respeito, afinal, somos nós que deixamos a cidade limpa”

Eliene Roberta, 44 anos. Só na oficina de reciclagem já são 5 anos. “ Trabalho na oficina, onde reciclamos tudo que vem da rua e conseguimos transformar em lixeiras, vasos de planta, cadeiras, puffs de pneu; fazendo luxo do lixo. E levo esse aprendizado para minha casa, como árvores de pet, sofá de pneu, e outras coisas. Eu falava para meu pai que eu tinha o sonho de ser gari, e quando consegui recebi apoio de toda a família. Do dia que comecei ao dia que sai da rua e vim para a oficina sempre fui muito respeitada. Eu amo muito o meu trabalho.”

“Infelizmente ainda existe um preconceito, das pessoas passarem e nem sequer cumprimentar o agente, como se o fato dele trabalhar com limpeza o transformasse no próprio lixo, sendo até invisível”. Lindaura Francisco, secretária da SESP.

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q SEGURANÇA

Câmeras em via pública podem ser monitoradas também por moradores

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estímulo à instalação de câmeras de vídeo privadas conectadas à central da prefeitura de Lauro de Freitas é um dos focos do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M), desde a criação do órgão, há onze anos. De acordo com Paulo Araújo, atual diretor do órgão, a estratégia tem sido um sucesso porque associações de bairro como a do Miragem – e agora também a Sociedade de Amigos do Loteamento de Vilas do Atlântico (Salva) – patrocinam ou intermediam o patrocínio da instalação dos equipamentos de vigilância em via pública. As câmeras recentemente instaladas no calçadão do bairro são exemplo disso. Via de regra, para preservar a privacidade das pessoas, imagens de câmeras de segurança instaladas em via pública só podem ser fornecidas a terceiros mediante requisição policial ou ordem judicial, mas agora todo associado da Sociedade de Amigos do Loteamento de Vilas do Atlântico (Salva) pode monitorar o vai e vem no calçadão sem maiores burocracias. De acordo com Márcio Costa, coordenador-geral da entidade, mesmo os moradores do calçadão que não são associados à Salva podem receber as imagens em tempo real, “porque serão os usuários que irão acionar o botão de pânico quando virem qualquer problema”. Essas pessoas, com acesso às imagens em tempo real, por meio do celular, de um computador doméstico ou na televisão das suas residências, podem agora avaliar um evento no calçadão como problema e acionar um alarme na central da prefeitura, movimentando dispositivo policial. A facilitação do exercício da vigilância pública por entes privados é apenas uma das consequências da instalação de câmeras de vídeo-monitoramento na cidade, uma empreitada iniciada há cerca de dez anos e que hoje conta com 200 lentes apontadas para tudo e todos. Nem todas conseguem ver alguma coisa. Paulo Araújo conta que há 34 câmeras “em área de risco” que não adianta consertar. “Eu conserto hoje, no outro dia de manhã dão um tiro nela”, disse. O fenômeno é tão antigo como o próprio sistema de vigilância. Desde os primórdios do GGI-M que determinadas câmeras públicas são eliminadas à bala na cidade.

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Câmeras da Salva no calçadão de Vilas do Atlântico: moradores têm acesso às imagens em tempo real

RECONHECIMENTO FACIAL Araújo culpa o tráfico de drogas em Lauro de Freitas, pela criminalidade “que é alta”. O problema é a “guerra do tráfico”. Para dar combate aos traficantes, a prefeitura quer instalar agora as câmeras de reconhecimento facial que fazem sucesso em Salvador. “Encaminhamos um ofício ao governador”, conta o diretor do GGI-M – “sabemos que há um projeto para instalar o equipamento em todos os municípios da grande Salvador”. Araújo lembra que “bandido hoje, condenado, não anda de metrô”, por causa das câmeras de reconhecimento facial. “Chegou ao metrô, acabou”, verifica – “então estamos pedindo essas câmeras para reduzir o número de pessoas fugitivas da lei que se abrigam na nossa cidade”. São fugitivos da capital: “quando aperta a situação em Salvador, eles vêm para Portão, Itinga, Capiarara”, descreve. “Visando coibir o acesso de pessoas condenadas pela Justiça ao nosso município, o que tem gerado um aumento da


LUCAS LINS

criminalidade, solicitamos a implantação de câmeras de reconhecimento facial em três pontos da nossa cidade: Estrada do Coco, Largo do Caranguejo e Centro”, consta do ofício dirigido ao governador Rui Costa. No segmento do roubo de carros, o problema, às vezes, é que a vítima é cúmplice do crime porque o proprietário não tem interesse em recuperar o veículo. “Do que é que precisamos? Da rapidez da informação”, diz Araújo. Mas há a “famosa tabela FIPE” – a avaliação feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, que expressa o valor médio de veículos anunciados pelos vendedores e que serve como parâmetro para negociações. “Tem pessoa que prefere ter o carro roubado do que recuperá-lo”, constata. “Porque o carro dele vale R$ 30 mil e a tabela [que define o valor ressarcido pelo seguro automóvel] paga R$ 40 mil”. Assim, “ele não quer que encontremos o carro dele, então ele retarda a informação”. No final das contas, “tudo isso favorece o crime” porque o ladrão beneficia a suposta vítima. Araújo revela que tem descoberto algumas pistas por meio do veículo que os ladrões usam para chegar ao local do roubo. “Normalmente é roubado, mas eles têm tanta convicção da impunidade, que às vezes estão com carro quente”, diz – “aí a

gente consegue pegar”. Os roubos de carro, modalidade em que Vilas do Atlântico é campeã municipal, poderiam ser reduzidos se o sistema contasse com câmeras que leem automaticamente as placas de veículos, emitindo um alerta quando um carro roubado passa por uma delas. Essa é mais uma ambição antiga do GGI-M. Agora a prefeitura pediu ao governo do Estado “quatro câmeras para a Estrada do Coco, duas câmeras para Ipitanga, no Centro de Judô, duas câmeras para o Jardim das Margaridas, duas câmeras para Areia Branca, próximo ao pedágio, duas câmeras para o Capelão e três câmeras para cada portaria de Vilas do Atlântico”, revela Araújo. As câmeras que leem placas identificam também os veículos que circulam com o IPVA vencido, por exemplo. Qualquer blitz mais adiante na mesma via pode ser avisada e parar os devedores de impostos. Mas o diretor do GGI-M está mais preocupado com os veículos roubados porque “tem aumentado muito essa prática de crime no nosso município, sendo que Vilas do Atlântico apresenta o maior índice de carros roubados” na cidade, revela. Ele acredita que as câmeras que leem placas vão diminuir o roubo de carros, mas não só por ajudar a esclarecer o evento. “Na realidade, o que é que as câmeras fazem? Elas inibem”, explica. A parceria mantida com a Salva e o Miragem vai no mesmo sentido. “A Salva fez um trabalho muito importante no calçadão, muito mais representativo do que o do Miragem porque a Salva teve que implantar a fibra ótica toda e o custo foi alto”, conta o diretor do GGI-M. Há outras parcerias em vigor, por exemplo com o Vilas Tenis Clube. PRIVACIDADE Encaradas como panaceia face à crescente violência dos centros urbanos, as câmeras de vídeo-monitoramento em via pública estão longe de ser unanimidade quando os direitos individuais são levados em conta. O Ministério Público Federal (MPF), por exemplo, obteve em setembro do ano passado uma decisão judicial que suspendeu, em todo o país, a aplicação de multas de trânsito com a utilização de equipamentos de vídeo-monitoramento. Ao julgar uma ação movida pelo MPF no Ceará, a Justiça Federal considerou que o uso de câmeras capazes de registrar imagens do interior de veículos viola o direito à intimidade e à privacidade assegurado pela Constituição Federal. A decisão atinge “supostas infrações cometidas dentro dos veículos”, como ressalta a sentença. A decisão foi decorrente de ação movida pelo MPF quando a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC) passou a utilizar câmeras de alta definição para fiscalizar o trânsito. Os equipamentos permitem filmagens com até 400 metros de distância e possuem zoom de até 20 vezes. Continua na página 20 u

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q SEGURANÇA

u Continuação da página 19

“O artigo 5º da Constituição considera invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando inclusive direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de violações a essas garantias”, destacou o procurador da República, Oscar Costa Filho, na ocasião. E tratava-se de imagens acessadas exclusivamente por agentes públicos credenciados, não por cidadãos comuns com acesso a um “botão do pânico”. RISCOS Durante audiência sobre reconhecimento facial, na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados, no ano passado, o especialista em segurança pública Arthur Trindade alertou para o fato de que só investir em tecnologia não resolve o problema. Para ele, antes é preciso implementar políticas públicas para que essas tecnologias sejam utilizadas de forma eficiente. Conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Trindade lembrou que “alguns estados adquiriram aquele sistema de vídeo-monitoramento, que se tornou uma dor de cabeça para os gestores”. Na Bahia, o governo integra imagens de câmeras de diversos órgãos e de alguns municípios no Centro de Operações e Inteligência 2 de Julho (COI), em Salvador. Inclusive por conta da tecnologia, o secretário estadual de segurança pública destacou, em janeiro, uma redução

Arthur Trindade, Conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública: “só investir em tecnologia não resolve o problema” de 26% nos roubos contra instituições financeiras, de 9,4% no índice de crimes violentos letais – e o registro de 110 prisões de criminosos foragidos, viabilizadas pelo sistema de reconhecimento facial. Na esfera nacional, existe um processo em andamento no Ministério da Justiça que visa estabelecer um grande banco de informações sobre segurança pública, unificando as informações estaduais. Além disso, de acordo com Wanderley da Silva Júnior, especialista em segurança e representante da Diretoria de Gestão e Integração de Informações do ministério, já houve reunião para discutir as novas tecnologias de reconhecimento facial que estão sendo utilizadas em todo o mundo. A informação foi dada durante a mesma audiência pública na Câmara. Em Londres, uma das principais

WILL SHUTTER / CÂMARA DOS DEPUTADOS

metrópoles globais, sob ameaça permanente de ataques terroristas e vigiada por milhares de câmeras, o reconhecimento facial começou a funcionar de forma experimental em 2016 e está sendo ampliado este ano. Desde então, segundo estudo da Universidade de Essex, a taxa de erro do sistema alcançou 81%. Não por acaso, a cidade de São Francisco, entre outras, nos Estados Unidos, simplesmente proibiu o uso da tecnologia de reconhecimento facial. Conforme lembrou Dave Maass, especialista em liberdade na internet em entrevista ao UOL, podemos partir do princípio de que as pessoas não ligam para a privacidade porque nunca cometeram um crime. Além disso, em nome da segurança, não se importam de ser seguidas por câmeras na cidade toda e até querem ser registradas em bancos de dados – “mas quando você tem sistemas como esses, que cometem muitos erros, pessoas inocentes podem ser presas”. ‑No Brasil, segundo o Instituto Igarapé, 37 cidades já adotam tecnologias

Paulo Araújo (camisa lilás) recebeu em visita o diretor-editor Carlos Accioli Ramos e o gerente de negócios, Álvaro Accioli Ramos, da revista Vilas Magazine em visita ao GGI-M. A inspetora Luciana Brasil (dir.) acompanhou os visitantes. 20 | Vilas Magazine | Março de 2020


de reconhecimento facial. Durante o no 10º Seminário de Proteção à Privacidade e aos Dados Pessoais, evento organizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, o professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) Rafael Mafei preferiu salientar os riscos associados a essa tecnologia. O primeiro é o do viés que gera discriminação. Segundo o professor, isso pode ser consequência tanto da própria lógica de funcionamento de um sistema quanto uma resultante dos registros utilizados para alimentá-lo. Quanto menor a diversidade dos dados inseridos, menor a capacidade do programa de identificar adequadamente determinados tipos de face, disse Mafei. Ele citou estudos que revelaram margens de erro maiores para mulheres, para negros e para mulheres negras. Em algumas empresas, o nível de erro na análise de uma imagem chegava a mais de 30%. Os “falsos positivos”, bem como o “policiamento popular”, podem levar à prisão de um inocente.

Acima: Central de monitoramento da prefeitura: em busca da tecnologia de reco­nhe­ cimento facial. Abaixo: Dave Maass, pesquisador sênior da Electronic Frontier Foundation: “mesmo quem não liga para a sua própria privacidade pode acabar preso por engano” ELECTRONIC FRONTIER FOUNDATION

Reconhecimento Facial captura 42 foragidos no Carnaval de Salvador

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Sistema de Reconhecimento Facial da Secretaria da Segurança Pública (SSP) auxiliou na captura de 42 foragidos da Justiça, no Carnaval de Salvador. A informação foi apresentada na manhã da quarta-feira de cinzas, no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, durante coletiva de balanço da festa. Entre os suspeitos flagrados (40 homens e duas mulheres) e com ordem judicial de prisão, estavam dois envolvidos em homicídios, 13 relacionados a tráfico de drogas, 14 procurados por roubos, três ligados a furtos, entre outros casos. Em todos os casos, a ferramenta tecnológica indicou semelhança acima de 90%. Os indivíduos foram conduzidos e passaram pelo processo de identificação humana, em alguns casos com o recurso do Face Check (foto da palma da mão e comparação das impressões digitais), ferramenta usada em fase de teste. “O Carnaval de 2020 confirma o nosso pioneirismo no uso de tecnologia de ponta em grandes eventos. Começamos com o Reconhecimento Facial na festa do ano passado e tivemos um preso. Na Micareta de Feira, nós alcançamos 33 foragidos e agora encerramos a folia de Salvador com 42 capturados”, comemorou o secretário da Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa.

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q ENTREVISTA | MIRELA MACEDO

“Otto Alencar, presidente do PSD Bahia, sinalizou sua preferência para que eu saia candidata à prefeitura de Lauro de Freitas este ano”

O

s sinais da cultura de nossa sociedade, patriarcal e machista, pode ser percebida em todos os segmentos, desde comércio, serviços, saúde e também na política. Tanto na Câmara de Deputados como na Assembleia Legislativa, as mulheres ocupam apenas cerca de 15% das cadeiras, e em 130 anos de democracia apenas uma mulher conseguiu se eleger ao cargo mais alto do país. Mirela Macedo, 41 anos, é uma dessas poucas mulheres que conseguiram conquistar um lugar neste universo. Deputada Estadual pelo PSD, em visita de cortesia à Vilas Magazine, Mirela trouxe uma novidade que se tornou a pauta da nossa conversa: sua pré candidatura à prefeitura de Lauro de Freitas, Estamos começando o ano de 2020 e a senhora chega com a novidade de sua pré-candidatura à prefeitura de Lauro de Freitas. Exatamente. Otto Alencar, presidente do PSD Bahia, sinalizou sua preferência para que eu saia candidata à prefeitura de Lauro de Freitas este ano, mas me deixou muito livre para que eu decida, a partir de uma análise do que seja melhor para o partido e para a cidade. Teobaldo também externou o interesse dele, e na verdade ele procurou Otto para conversar sobre possibilidades. Nosso posiciona22 | Vilas Magazine | Março de 2020

oficialmente anunciada após o carnaval. Não que isso seja exatamente algo inusitado. Afinal Mirela vem construindo uma trajetória política dentro do PSD desde que se elegeu vereadora em 2012. Sem qualquer relação com o meio político antes disso, ingressar nas disputas eleitorais foi fruto do incentivo de Teobaldo Costa, seu marido na época e admiração pelo trabalho realizado por João Gualberto no município de Mata de São João. Nestes sete anos, dentre conquistas e projetos, o rompimento com Moema Gramacho, atual gestora do município, logo após se eleger vice prefeita da candidata do PT.

mento, enquanto partido, era que Teobaldo viesse para o PSD ou algum partido da base, até para uma possibilidade de apoio, mas ele entendeu que esse era o momento dele estar com DEM. Então sua decisão de sair pré-candidata parte do fato de não conseguir trazer Teobaldo para o PSD? Não. Na verdade sempre existiu uma declarada vontade de Otto para que eu colocasse meu nome para a prefeitura de Lauro de Freitas. Quando chamei Teobaldo para entrar no PSD foi no sentido

de somar forças para tirar a atual gestão. Olhando por este ângulo, uma candidatura sua e de Teobaldo não enfraqueceria os dois, fortalecendo consequentemente a reeleição da atual gestão? Não acredito. Na verdade nós entendemos que os possíveis eleitores de Teobaldo, que se filiou ao DEM, são pessoas que não votam no PT. Nós ainda não fizemos nenhum tipo de pesquisa, mas no meu caso, com a minha história no município, todo o trabalho que já realizava antes da política e depois de entrar nela,


acredito que eu possa transitar tranquilamente nos dois públicos e apresentar as minhas propostas. Acredito na vitória, não colocaria meu nome se entendesse que o resultado não será positivo. Já tem algum nome para seu vice? Ainda não. Quando decidimos colocar o nome para 2020, Otto e principalmente Coronel, iniciaram um processo natural de articulação com outros partidos para que possamos chegar em um nome que atenda aos dois lados, a parte política, e também a empatia; precisamos de uma pessoa que possa agregar valores sociais. Pensado em sua trajetória política, em 2016 a senhora foi eleita vice-prefeita na chapa com Moema Gramacho, mas não assumiu. O que aconteceu com essa aliança? Não dava para continuar na parceria com Moema, foi uma questão de incompatibilidade mesmo. Eu não conhecia Moema tão profundamente quando aconteceu a aliança e me juntei a ela como sua vice. O que sempre existiu foi uma admiração enquanto mulher e política. Em 2005 ela fez um bom trabalho pela cidade, não foi o suficiente, mas foi satisfatório. Mas à medida que a campanha foi avançando conheci um outro lado dela: Moema é muito centralizadora, com opiniões formadas, e passava a clara ideia de que não confiava em mim para assumir a prefeitura nos momentos em que se fizesse necessário. Entendo que assumir essa postura em um processo de gestão é muito complicado. Percebendo isso, reuni o meu partido e fizemos algumas reuniões para decidir qual o melhor caminho a seguir, e entendemos que sair da prefeitura e ir para a Assembleia era a melhor solução para evitar um desgaste ainda maior. Moema não gostou muito, mas foi uma escolha muito assertiva, onde consegui ser muito mais ativa e de fato realizar ações que beneficiam a cidade. Quando surge o despertar para a

vida política? Na verdade foi através de Teobaldo. Comecei com 17 anos a trabalhar na rede pública de saúde. Passei pelo hospitais Roberto Santos, Geral do Estado, Irmã Dulce, e na parte do SUS do São Rafael. Em 2005 adquiri uma clínica aqui em Itinga, justamente no ano que Moema assumiu a prefeitura. Comecei a ver a realidade dos moradores de Itinga – posso até dizer que hoje está muito melhor do que já foi um dia, era muito difícil. Na época o secretário de saúde era Galvão (Luis Carlos Cavalcante Galvão), e me reuni com ele para entender como a clínica poderia se credenciar para atender pelo SUS e ele abriu essas portas. Paralelo a isso montei um projeto com profissionais da àrea de saúde, amigos que conheci nesta caminhada de hospitais públicos, e passamos a atender mais ativamente a população. Neste meio tempo, João Gualberto foi eleito para a prefeitura de Mata do São João. Foi neste momento que Teobaldo começou a me questionar porque eu não me candidatava. João Gualberto me levou em Mata, mostrou o trabalho que ele estava desenvolvendo e fui me encantando com a possibilidade. Teobaldo, que tinha uma boa relação com Moema, foi até ela para entender quais os caminhos para percorrer, nem ele e nem eu não tínhamos até então qualquer relação com política. Me filiei ao PSD, não por escolha, mas porque foi uma sugestão de Moema. Era um partido novo que estava surgindo, que para minha imensa felicidade o presidente estadual era Otto Alencar, que foi para-

ninfo da minha turma de Fisioterapia, e uma pessoa que eu já admirava muito, e para minha sorte deu muito certo. Coloquei meu nome à disposição e me elegi vereadora em 2012. E era exatamente o que a senhora imaginava? Quando eu assumi percebi quanto é difícil. Mas teve uma coisa muito positiva na política, de aprender a lidar com coisas completamente diferentes a minha àrea de atuação. Não dá para selecionar, não é? Não mesmo. Então, apesar de ser da área de saúde, acho que foi onde eu menos atuei. Chegam as mais diferentes demandas e você precisa dar solução a todas elas. E como gosto do contato com o povo, ía para as comunidade. Três noites por semana ia nas comunidades, no local, coletar as demandas e entender o que elas precisavam. Essa, para mim é a parte mais empolgante, sempre gostei desse contato com as pessoas. A parte ruim é Continua na página 24 u

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q ENTREVISTA | MIRELA MACEDO

u Continuação da página 23

não dar meu apoio.

a politicagem, é o jogo, é você perceber que seu colega vereador não está nem um pouco preocupado com a cidade; é primeiro ele, depois ele, e se der tempo faz algo pela cidade. Lauro de Freitas é uma cidade pequena, e acredito que a Câmara de Vereadores poderia fazer muito mais do que se propõe hoje, Câmara itinerante, uma TV legal para que as pessoas pudessem acompanhar o que acontece.

Essa não é uma postura que vemos com frequência no meio político… Sei disso, e tenho muita clareza de que política não é lugar de se fazer amigos. Tão pouco vou passar por cima do que acredito, não ia ficar com meu coração tranquilo. Não posso avalizar uma pessoa se nem um mesma acredito no que ela defende.

Isso será um dos motes de campanha da senhora? Sim, sem dúvidas. Penso que o prefeito também poderia fazer algo mais bacana em relação à Câmara de Vereadores, no sentido de capitalizar o nome e o trabalho de cada vereador. Em vários momentos de nossa conversa percebemos, pela sua fala, que a senhora enxerga Otto Alencar como uma referência enquanto político. Estamos certos? Otto tem extremo respeito às pessoas que compõem o partido, e a decisão estratégica é que o deputado estadual ou federal mais votado é quem organiza o partido naquele município. Então ele não te dá uma rasteira, ele é muito ponderado em tudo que faz. Não é à toa que apesar de se manter tanto tempo no meio não tem nada que o desabone. Além disso, apesar de ser de vanguarda, político há anos, ele respeita a opinião das pessoas. Uma determinada situação ele pediu que eu apoiasse Manassés aqui no município. É meu colega de parlamento, mas não conheço a pessoa nem o trabalho, mas me coloquei à disposição para acompanhá-lo e tomar uma decisão. Com uma semana cheguei para Otto e disse que não tinha condições, era uma pegada muito diferente da minha. Ele brincou, disse que eu era cabeça dura, que se tivesse apoiado Manassés ele poderia ser deputado estadual, mas em nenhum momento sofri qualquer retaliação por parte de Otto por 24 | Vilas Magazine | Março de 2020

A população despertou o senso crítico, ou ainda é muito forte? Já tem uma consciência, mas a política do troca-troca ainda existe. E é complicado porque as pessoas enxergam na política uma oportunidade de conseguir alguma coisa, por acreditarem que até a próxima campanha não vão ter nenhum outro benefício. É nesses locais que o trabalho de campanha se torna mais intenso. Precisamos parar, conversar com as pessoas, explicar que ela pode mudar a relação que tem com o voto. O acesso à informação ajuda muito neste contexto, mas estamos falando em mudar cultura, e isso leva tempo. Analisando a cidade, é possível dizer qual seria o ‘calcanhar de Aquiles’? Para mim educação é a base de tudo, mas sabemos que melhorando a educação os resultados só vão aparecer em 20 anos.

Todos os pontos são críticos, mas acho muito importante reforçar sempre o olhar para o meio ambiente, a humanidade está acabando com o planeta. E além disso a mobilidade se tornou algo crítico, são engarrafamentos enormes para percorrer espaços muito curtos. A cidade hoje se divide pela Estrada do Coco, e agora já está nascendo um novo pólo de crescimento, na direção da Via Metropolitana. E não tem nenhuma ligação entre estes pontos. Para sair de Itinga e chegar em Vilas do Atlântico é necessário dar voltas enormes. A cidade não tem política de resíduos, não têm saneamento. Acho que não dá muito para eleger um único ponto. E do ponto de vista da gestão? Não é possível que Lauro de Freitas tenha a mesma quantidade de secretarias que tem hoje Salvador, uma cidade com 10 vezes mais habitantes. A máquina está muito inchada. A senhora ainda enfrenta resistência no meio político pelo fato de ser mulher? Nossa sociedade é patriarcal e machista, percebemos mudanças mas é bem devagar. Hoje no PSD já sentimos um crescimento significativo de mulheres que querem ser candidatas. É importante reforçar que precisamos de pessoas que consigam somar e fazer algo de positivo, não precisamos apenas de números.

A deputada Mirela Macedo foi recepcionada na revista Vilas Magazine pelo diretor-editor Carlos Accioli Ramos e o gerente de Negócios, Álvaro Accioli Ramos


q CIDADE

Feijoada da Gratidão celebra 22 anos de solidariedade, música e o tempero do feijão da Bahia Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

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Terminal Turístico de Portão recebeu dia 20 de fevereiro, quinta-feira de carnaval, toda a alegria da 22ª edição da Feijoada da Gratidão, uma iniciativa da Ong Musicart’s, idealizada pelo percussionista Alan Toreba. Quem esteve no local, além de apreciar o tempero do feijão, participou de um momento de solidariedade e curtiu muita música. O show ficou por conta de Guiga Castro, artista fruto das ações sociais da Ong, com as participações de Jau e Saulo Fernandes, padrinho da feijoada. A tradição nasceu do olhar de Alan Toreba, 42 anos, em cima do trio. Ele, que é percussionista de Saulo Fernandes há 25 anos, percebeu que a motivação dos cordeiros, que recebem um valor bem baixo pelo período trabalhado, era na verdade o lanche. “Percebi que muitas daquelas pessoas estavam ali por conta do lanche que iriam receber, muitas vezes um pão e um copo de suco, e fiz a proposta para minha mãe, dona Carmem, de prepararmos um feijão, convidar nossos

amigos e montar quentinhas para levar para os cordeiros”, conta. Naquele primeiro ano foram preparados 4 kg de feijão, distribuídos em 500 quentinhas. Mas a notícia se espalhou rápido entre os cordeiros, a cada ano chegava mais gente e começou a ficar perigoso sair com as quentinhas pelo circuito do carnaval. “Então mudamos nossa estratégia, em vez de sair com as quentinhas, transformamos a feijoada em uma grande festa, como forma de agradecimento por tudo que conseguimos através da nossa musicalidade, e os quilos de alimentos arrecadados são direcionados para instituições como cre-

ches e asilos”, explica. O tempero da feijoada é de dona Carmem, que este ano contou com a ajuda de uma equipe para preparar os 130 kg de feijão. Em 2020 a prefeitura de Lauro de Freitas foi novamente parceira do evento, e os alimentos arrecadados serão doados para o banco de alimentos do município, onde é feita a divisão de forma a ajudar ao maior número possível de pessoas. “No ano passado tive a oportunidade de acompanhar a entrega dos alimentos em creches e asilos da cidade e é gratificante você perceber que está de fato ajudando ao próximo”, declarou Guiga. “A festa ficou grande, já faz parte do calendário de eventos do período, e além de nossos amigos, recebemos também muitos turistas que vêm curtir o carnaval em Salvador. Foram mais de 850 pessoas, e ultrapassamos a marca de 1 tonelada de alimentos arrecadados. Muito obrigado a todos que nos ajudaram a fazer mais uma Feijoada da Gratidão”, finalizou, agradecido, o artista.

Jau, Saulo e Guiga Castro ‘temperando’ a feijoada

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q SEUS DIREITOS

Namoro ou união estável? Rúbia Oliveira

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statísticas e pesquisas afirmam que o brasileiro está se casando menos, se divorciando mais e decidindo ter menos filhos. Essa é a fotografia da sociedade brasileira atual. A pesquisa mais recente data de 2018, e ela registra 1.053.467 casamentos civis contra 1.070.376 em 2017 – uma redução de 1,6%. Hoje em dia muitos casais que optam por não casar e acabam vivendo em união estável, mesmo sem querer (mas sim por força de lei), e por conta desse fato, é importante contar com informações claras e concretas sobre todos os assuntos, principalmente dois deles: a união estável e o namoro, onde termina o namoro e começa a união estável. O fato é que o brasileiro está escolhendo viver na “informalidade”, trazendo muitas dúvidas à sociedade e problemas futuros, por não saberem distinguir exatamente direitos, deveres e consequências das duas relações. Mesmo havendo legislação sobre o tema, o Direito de Família envolve muito mais os sentimentos das pessoas do que questões jurídicas efetivamente. A aplicação da lei, não raras as vezes, torna-se superficial diante dos embates emocionais vivenciados, pois não há legislação que se aplique às emoções e que funcione como remédio para as pessoas. Chega a ser redundante dizer isto, pois como saber o que é união estável ou namoro? Há conflitos entre união estável e o 26 | Vilas Magazine | Março de 2020

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namoro, por tratar-se de duas relações que tendem a obter a mesma finalidade, constituir família, diante disto há indícios de confusão entre duas entidades. Nosso ordenamento jurídico brasileiro não conceitua o namoro, tendo em vista de haver outras formas jurídicas de relacionamento, como o casamento e a união estável. O namoro trata-se de uma relação entre duas pessoas, podendo ser duradouro e ainda, com o intuito de no futuro constituir família. Entretanto, apesar de tais características, não se classifica como entidade familiar, ou seja, o namoro não apresenta todos os requisitos essenciais para que uma entidade familiar seja reconhecida. Já a união estável precisa de tempo para assim ser entendida. Ou seja, não basta uma das partes do casal mudar para a casa do outro para caracterizar “estamos em união estável”. Para isso faz-se necessário que tenha o requisito de convivência contínua e duradoura. A estabilidade é então um requisito, e, portanto, para que haja a concretização da união estável, é necessário que ocorra a estabilidade, e isso demanda tempo. Mas, quanto tempo? A norma jurídica não prevê, mas as decisões pacificadas já decidiram que duas ou três semanas de coabitação é

pouco para entender que se trata de uma união estável. A lei nº 8.971/1994, ao regulamentar a união estável no Brasil, impôs a convivência superior a cinco anos – o que foi parcialmente revogado pela lei nº 9.278/1996, que passou a exigir a convivência duradoura e contínua com o objetivo de constituir família, independentemente de tempo determinado, o que foi adotado pelo Código Civil de 2002. Importante é entender que o legislador definiu união estável como entidade familiar “configurada na convivência pública, contínua e duradoura, e estabelecida com o objetivo de constituição de família”, nos termos do artigo 1.723 do Código Civil. A conclusão é que diante das dificuldades de delimitar as fronteiras entre namoro e a união de fato, o indicado é que ao haver o interesse em se constituir uma união estável, se realize a escritura pública em cartório, importante por oficializar alguns aspectos, em especial, o regime de bens aplicável à união. Nesse caso, pode-se optar por um dos regimes patrimoniais de bens previstos no Código Civil, como, por exemplo, comunhão universal de bens, separação absoluta de bens, participação final nos aquestos, ou optar por um regime misto, especialmente elaborado para os convi-


HOMENAGEM ventes em questão. Se os companheiros vivem em união estável sem a elaboração de uma escritura pública e declaração desta união em cartório, poderá haver dúvida de quando começou a relação. Nesse caso, deve-se adotar a técnica da ponderação, conforme o parágrafo 2º do artigo 489 do Código de Processo Civil. Devido a união estável ser uma situação de fato, e no caso de não haver qualquer documento sobre essa união, não quer dizer que ela não exista. Ela poderá ser provada de várias formas: contas correntes conjuntas, disposições testamentárias, apólice de seguro, testemunhas que relatem que houve divisão de alegrias e tristezas e que houve compartilhamento de projetos de vida. Finalizando: nem sempre é fácil diferenciar namoro de união estável. No geral, a união estável se apresenta como o relacionamento público, notório e duradouro, com a intenção de constituição de uma família. Essa intenção, esse desejo manifestado de se apresentar perante a sociedade como um núcleo familiar constituído é o elemento que serve como parâmetro de distinção entre a união estável e o namoro qualificado. No namoro qualificado temos um relacionamento amoroso que se esgota em si mesmo, sem o desejo de estabelecer uma comunhão de vida. Assim, apenas a união estável, como entidade familiar reconhecida, gera direitos e deveres jurídicos, como, por exemplo, o regime de bens, direito a alimentos, direitos sucessórios. Tais efeitos não se aplicam ao namoro qualificado.

Quarteto Bago de Jazz* A vida continua... Márcio Wesley

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stou ouvindo “All the things you are” **, com imensa saudade do nosso mestre Nivaldo Cerqueira, que nos deixou repentinamente em 12 de dezembro de 2019. Um infarto fulminante calou o sax de um gênio! A voz do Bago de Jazz, a nossa inspiração foi para o céu. Até hoje é difícil de acreditar, mas ele nunca saíra das nossas vidas. Todos os dias lembramos dele e das suas histórias humoradas. Tivemos a honra de conviver com um sábio de espírito musical elevado, que compartilhou conosco muito além de notas e improvisos celestiais. Sua humildade, paciência, criatividade, técnica, desprendimento, alegria e paixão pela música era notável. Niva, como o chamávamos carinhosamente, também se destacava como compositor. Inúmeras vezes compunha minutos antes de tocarmos, cifrava o tema em um guardanapo ou pedaço de papel e passava adiante. Simples assim. Desse modo nasceu a música “Alegria”, que intitula nosso primeiro álbum. Certa vez, durante uma das nossas apresentações, ele improvisou majestosamente (como de costume) em “Fly Me to the Moon” e passou a bola para o baixista Alan Moraes, que emendou um belíssimo solo, aproveitando a generosa deixa do mestre. Nivaldo chegou perto e disse: “Marcio, o Bago está prolongando a minha vida”! Eu estava de olhos fechados, em uma espécie de “transe musical”, deslizando as vassourinhas em um vai-e-vem terapêutico, mantendo o ritmo com a harmonia arrebatadora do nosso tecladista Luciano Pinto, que afagava acordes iluminados para Alan viajar. Abri os olhos lentamente, sorri e respondi: “Niva, vamos ficar velhinhos fazendo isso, meu amigo”. E sorrimos juntos! Mas para nossa tristeza chegou o dia do nosso mestre, que era fã de Charles Parker Jr., que faleceu no dia 12 de março de 1955, subitamente, assim como Nivaldo. Foi natural a vinda do jovem e talentoso saxofonista e flautista Levy Maia, que sempre substituía Niva quando não podia tocar conosco. Levy é um pesquisador apaixonado por jazz e conta com orgulho, “eu era pequeno e ficava admirando ele tocando em Irará. Nivaldo era um músico genial, um dos melhores saxofonistas que conheci, um ser humano incrível, um grande amigo e mestre”, descreve emocionado. Levy está conosco levando o projeto do Bago de Jazz adiante com sua admirável aptidão musical. Encerro esse texto ouvindo “My little suede shoes”, interpretada por Charles Parker Jr., na certeza de que iremos continuar a labuta com a positividade e benção do nosso eterno professor. Uma coisa é certa, um dia iremos nos encontrar... Márcio Wesley é jornalista e músico do Bago de Jazz.

Rúbia Oliveira é advogada, mestranda em Resolução de Conflitos e mediação, Compliance Senior pela Faculdade Baiana de Direito, especialista em Controle da Administração Pública pela Faculdade Baiana de Direito e graduada em em Administração pela Faculdade de Tecnologia Empresarial.

*O Bago de Jazz tem dois álbuns, “Alegria” e “Sucessos da Lapa”, disponíveis nas plataformas digitais. Agenda, fotos e vídeos podem ser encontradas nas redes sociais do grupo. O quarteto se apresenta todas as sextas-feiras no restaurante Camarão Vilas, em Vilas do Atlântico, a partir das 20h. ** All the things you are é uma canção composta por Jerome Kern, com letra de Oscar Hammerstein II. Foi escrita para o musical Very Warm for May (1939), onde foi apresentada por Hiram Sherman, Frances Mercer, Hollace Shaw e Ralph Stuart. Cantada por consagrados artistas, como Ella Fitzgerald, Frank Sinatra, Sarah Vaughan, Billie Holiday, Michael Jackson e o tenor Mario Lanza, entre outros, foi também interpretada por músicos brasileiros, como Cauby Peixoto e Hermeto Pascoal.

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q MOBILIDADE

Estudo revela perfil de ciclistas e as vias mais utilizadas em Lauro de Freitas

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studo sobre o uso da bicicleta no município de Lauro de Freitas poderá contribuir com o desenvolvimento da região, afirma Hendrik Aquino, especialista em planejamento urbano e gestão de cidades. Aquino defende que a bicicleta é um elo importante para integrar a saúde, a educação, o meio ambiente, o esporte, o lazer e o trabalho, entre outras áreas, influenciando na economia e ampliando as possibilidades para a geração de emprego e renda. “A bicicleta é uma solução simples para questões complexas”, ressalta Hendrik, que analisou aspectos da rotina dos

ciclistas em Lauro de Freitas através da aplicação de questionários e de registros em fotos e vídeos. “A grande quantidade de pessoas pedalando em Lauro de Freitas ampliou o meu interesse pelo tema.”, declara. O estudo de Aquino é preliminar, no entanto, indica dados importantes como a idade, sexo, ocupação, quando e por onde costumam pedalar os ciclistas, além das principais motivações para o deslocamento. Lauro de Freitas, assim como a grande maioria das cidades impactadas pela forte cultura do automóvel, tem boa parte dos recursos públicos direcionados FOTOS: ACERVO PESSOAL DE HENDRIK AQUINO

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Poder público não oferece qualquer estrutura aos usuários de bicicleta como meio de transporte em Lauro de Freitas. Acima, ciclistas aguardam abertura do Restaurante Popular, no Centro. Abaixo (esq.), trabalhadores da construção civil deixam suas bicicletas amontoadas próximo das obras. para a construção e manutenção de vias, priorizando os veículos automotores. A Via Metropolitana, que liga Salvador a Camaçari, cortando diversos bairros de Lauro de Freitas, é um exemplo recente disto. Cerca de R$300 milhões foram gastos nos 11km da estrada pedagiada e que teve como justificativa desafogar os congestionamentos na Estrada do Coco. “A execução do ‘Cidade Bicicleta’ estava orçada em R$40 milhões e previa 217 km de sistema cicloviário para Salvador e Lauro de Freitas”, lembra Hendrik, referindo-se a um projeto elaborado por técnicos da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) e que deveria ter sido implementado antes das Olimpíadas de 2014. “A época (2009), a etapa planejada para Lauro de Freitas foi orçada em R$5 milhões e, ainda que o traçado original do projeto não contemple as principais vias utilizadas pelos usuários de bicicleta, teria sido um ponto de partida para o sistema cicloviário no município”, complementa Aquino. Segundo dados coletados por Hen-


Abaixo: Ciclista amarra sua bicicleta em poste na via pública

drik, 98% dos usuários são do sexo masculino e com idade média de 38 anos. 52% se declararam solteiros e 64% responderam terem filhos, dos quais, 25% com três filhos. 94% declararam residir em Lauro de Freitas e a escolaridade predominante foi a do ensino médio e fundamental, com 78%. O estudo ainda levantou informações sobre a empregabilidade, renda mensal, principais motivações para o uso da bicicleta, quantidade de dias pedalados por semana, tempo do trajeto, principais problemas no percurso, combinação com outros meios de deslocamento e as principais vias utilizadas, entre outros. “São informações de grande importância e que precisam ser cruzadas com dados de saúde e educação, por exemplo. Acredito que planejar a cidade, considerando o uso da bicicleta, influenciará significativamente no aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM), distribuindo melhor os recursos disponíveis, vez que o município ocupa o segundo lugar em densidade demográfica no Estado”, afirma o especialista. Como Lauro de Freitas ainda não dispõe de publicações oficiais detalhadas sobre o tema, Hendrik pretende aprofundar as pesquisas de maneira que as informações colhidas sejam utilizadas na elaboração de planos e projetos que impactem positivamente, já a curto e médio prazos, na rotina diária dos usuários de bicicleta. O estudo reforçará ainda a fundamentação sobre a necessidade de implantação de um sistema cicloviário em Lauro de Freitas. “Estou visitando outras cidades, reunindo informações para aprofundar os estudos sobre o uso da bicicleta e buscando parceiros dispostos a investir em pesquisas também em outros municípios, acolhendo e apoiando quem já pedala e incentivando o uso da bicicleta como uma prática saudável, não poluente e excelente meio de locomoção no presente e no futuro”, conclui Hendrik.

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q TALENTO

Laurofreitense Arthur Luz encanta os técnicos e conquista vaga no The Voice Kids Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine

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ímido, de poucas palavras, porém com um sorriso farto e uma voz encantadora. Foi assim que Arthur Luz, 11 anos, natural de Lauro de Freitas, conquistou uma das vagas para participar da edição 2020 do programa The Voice Kids, da Rede Globo. Cantando a música “Radioactive”, da banda Imagine Dragons, Arthur virou todas as cadeiras nas audições a cegas, primeira etapa do programa, e escolheu Carlinhos Brown para ser o seu técnico. Desde muito pequeno sua mãe, Ane Luz, já percebia sua afinidade com a música, as panelas dela não a deixam mentir. Aliás, tudo que ele encontrasse e conseguisse batucar, “tirar um som”,

virava instrumento. “Desde pequeno eu gostava de batucar nas panelas de minha mãe, e cantar as músicas de Durval Lelys. Como tinha mordida cruzada, precisei usar aparelho, quando tinha cerca de sete anos. Só depois foi que minha mãe me colocou na aula de canto”. Mas o dom de Arthur não esperou até as aulas de canto para se revelar. Ainda com sete anos, logo que entrou para fazer a catequese, ele se encantou pelo coral da igreja católica, e desde que entrou não saiu mais. “Hoje Arthur conduz, sozinho, toda a parte musical de uma missa para as crianças. Sinto um orgulho muito grande, sou grata a Deus, principalmente por ele não esquecer que o dom quem lhe deu foi Deus. E ele já disse que não pretende deixar de cantar nas missas”, conta a mãe, Ane Luz.

No Conservatório de Música Mozart, onde começou a ter aulas de canto com a professora Stela Campos, aos nove anos, além do domínio da voz, Arthur vem desenvolvendo também a sua habilidade com instrumentos, a exemplo do violão e do teclado. Além de Durval Lelys, Arthur é super fã de Ivete Sangalo e Saulo Fernandes, com quem já teve a oportunidade de cantar uma vez. Sobre suas influências e estilo musical, Arthur diz que não quer se prender em uma linha específica. “Quero

Arthur tem uma relação familiar muito forte. À esq. com as avós Lisinha e Maria Paula, de quem se recorda sempre cantarolar as músicas Primavera, de Tim Maia, e Todo Menino é um Rei, de Roberto Ribeiro. à dir. com os pais, Ane Luz e Dudu Santiago

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sição, mas seu coração se acalma ao perceber que para Arthur cantar é uma grande diversão. “Tudo aconteceu de forma muito natural, fizemos um vídeo em casa e mandamos. Quando você recebe a notícia que o vídeo foi aceito e seu filho vai participar do The Voice Kids a sensação é indescritível. Enquanto pais tentamos controlar toda essa exposição. Analisamos sempre os lugares onde ele pode ir, e priorizando as escolhas dele. Participar do programa foi uma escolha dele, ele já vinha nos pedindo desde a edição passada, seguramos um pouco, mas entendemos que não podemos impedir os sonhos dele”. “Este ano, no carnaval, ele fez várias participações, no bloco Xyloló e bloco Jeguinho, por exemplo, mas ficar em cima do trio elétrico, para ele, é uma diversão, e nestes momentos eu consigo ver que ele segue sendo criança”, finaliza.

seguir na carreira e aprender mais alguns instrumentos. Curto muito Axé e Pop Rock, mas eu gosto de inovar”, afirma. THE VOICE KIDS A primeira participação de Arthur foi exibida no dia 2 de fevereiro. Durante a apresentação, o menino manteve segurança, mesmo quando percebeu que a cantora Cláudia Leitte havia virado a cadeira. “Fiquei nervoso, mas não muitoooo. Quando comecei a cantar eu estava concentrado na música, não estava pensando nas cadeiras”. “Eu estava em dúvida sobre quem escolher, todos são muito bons, mas escolhi Carlinhos Brown porque ele é um grande músico, um bom professor, e gostei muito do que ele me falou no palco”. Agora, parte do #TimeBrown, Arthur mantém sua rotina de ensaios para seguir firme na competição. Como toda mãe, Ane se preocupa com o excesso de expo-

Artur participa ativamente da Igreja católica, onde faz parte do coral, liturgias, e conduz toda a parte musical da missa das crianças

Com Eliane Brito (esq.) e sua mãe Ane, no Conservatório Mozart.

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q MEIO AMBIENTE

Thiara Reges | Freelance para a Vilas Magazine

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Brasil é um país de riquezas ambientais inigualáveis, e mesmo passando longe das catástrofes naturais, com tufões, vulcões em erupção e tsunamis, enfrenta uma luta diária contra um predador bem mais perigoso: o homem. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, formado por empresas empenhadas na proteção dos recursos hídricos do país: n Somente 21 municípios das 100 maiores cidades do país tratam mais de 80% dos esgotos antes de devolver ao meio ambiente; n Apenas 28,01% dos nordestinos têm atendimento de esgotos, a região só está à frente do Norte, onde 10,49% da população têm acesso aos esgotos; n Em 2017 o país lançou o equivalente a 5.622 piscinas olímpicas de esgoto não tratado na natureza; n Cerca de 13 milhões de crianças e adolescentes não têm acesso ao saneamento básico e 3,1% não têm sequer um sanitário em casa. E mesmo possuindo o maior potencial hídrico do mundo fica quase impossível saber onde não existe poluição. Segundo o Atlas Esgotos, estudo apresentado pela Agência Nacional de Águas - ANA, mais de 110 mil km de trechos de rio estão com a qualidade comprometida, sendo que em 83.450 km não é mais permitida a captação para abastecimento e em 27.040 km a captação pode ser feita, porém requer tratamento avançado. E neste caso específico está sendo analisada a carga orgânica, ou seja, toda a água que usamos em nossas residências, que escorre pelo ralo e vai parar em algum lugar. A legislação brasileira prevê que é de responsabilidade do governo garantir saneamento básico à população, mas havendo a inexistência dele, fica a cargo de cada cidadão implantar sistemas individuais, como as fossas sépticas por exemplo. Se em sua casa não existe

ÁGUA Recurso natural essencial para a vida

nada disso, o esgoto está indo diretamente para rios, córregos ou mananciais exatamente da maneira como é produzido. De acordo com a Lei Federal nº 9.605, lançar esgoto não tratado em cursos d’água constitui em crime ambiental, passível de punição, com pena de até cinco anos de prisão. Cabe destacar que mesmo nos municípios onde o tratamento de esgoto já esteja implantado, não existem muitas garantias. Ainda segundo a ANA, menos de 20% dos municípios com tratamento de esgoto cumprem a norma do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama, de remoção de pelo menos 60% da matéria orgânica. QUALIDADE DOS RIOS: UMA QUESTÃO DE SANEAMENTO Lauro de Freitas não está em situação diferente do restante

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Espelho d´água da barragem Joanes 2, no Jambeiro: MANANCIAL PRESERVADO

do país. Inserida na Bacia Hidrográfica do Recôncavo Norte, os principais rios, como Joanes, Ipitanga e Sapato, sofrem um processo histórico, visível e continuado, de agressão ambiental, com despejo in natura de esgoto. O rio Ipitanga, que nasce em Simões Filho, corta Salvador e atravessa a porção mais central de Lauro de Freitas, vai desaguar no rio Joanes, carregando todo o acúmulo de esgoto que recebeu em sua trajetória. O rio Sapato, que nasce nas dunas da praia do Flamengo, ficou apenas na memória dos primeiros moradores de Vilas do Atlântico como local de entretenimento, pesca e banhos pós mar. Segundo relatório anual de 2018 do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA, o Índice de Qualidade das Águas (IQA) no rio Ipitanga foi considerado péssimo nos dois

pontos de amostragem, e o rio Sapato está variando de bom a ruim, a depender do ponto de amostragem analisado. O posicionamento da prefeitura sobre o esgotamento sanitário da cidade, apesar de todos os percalços já enfrentados, é de que o cenário é promissor. Já se passaram 12 anos desde a captação do recurso para as obras de saneamento, em 2007, mas a meta atual é atender 80% da cidade quando da conclusão das obras, agora prevista para 2023. Em 2012 as obras foram interrompidas após ação judicial, sendo retomadas em 2017. Ao todo a obra prevê a construção de 40 estações elevatórias secundárias, que bombearão o esgoto para a elevatória final que fará o transporte dos dejetos até o Emissário Submarino na Boca do Rio, em Salvador, considerado Continua na página 34 u

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q CIDADE

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a principal obra de saneamento dos últimos 25 anos, fruto de um investimento de R$ 259 milhões. Em reportagem publicada na edição de outubro do ano passado da Vilas Magazine, os engenheiros da Embasa, empresa responsável pelo abastecimento e saneamento na cidade, afirmavam faltar apenas 1,2 Km, ou 7% do total da tubulação de 17,4 Km, que liga a estação elevatória principal de Lauro de Freitas, nas imediações do ginásio municipal de esportes ao emissário submarino de Jaguaribe, incluindo a estação elevatória de Patamares. Além disso, dos 64 Km de rede de coleta de esgoto na cidade, apenas 34 Km já foram assentados, em Vilas do Atlântico, Ipitanga, Centro e Recreio Ipitanga, isso na primeira fase das obras, e a empresa estima que apesar desse tempo a rede continue em condições de utilização. Além do acompanhamento das obras da Embasa, o secretário de Meio Ambiente, Alexandre Marques, destaca que a prefeitura vem se empenhando em ações pontuais, que vão desde a educação ambiental, reforço importante para a formação de novos cidadãos, à fiscalização e autuação de ligações clandestinas, recuperação do rio Sapato, além de acompanhamento dos novos empreendimentos. “Desde o início da gestão tentamos fazer um trabalho diferenciado no que tange os nossos rios e nascentes. É importante destacar que não estamos falando de três anos de destruição, é um processo histórico do qual não temos como dar uma solu-

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ção num prazo de 24 horas. Além disso não temos como parar o desenvolvimento de um cidade. Sou morador de Lauro há 35 anos e vi o crescimento de loteamentos como Vilas do Atlântico e Miragem, entre outros, num momento onde não havia qualquer planejamento do ponto de vista do saneamento básico. Hoje a prefeitura faz um trabalho intenso em relação aos novos empreendimentos no sentido de cobrar a estação de tratamento, bem como outras soluções, como energia solar e reaproveitamento de água. E nós fomos questionados pelos empresários, relatando que em anos atrás não precisava de nada disso, mas, se 20 ou 30 anos atrás existisse esse cuidado, hoje o esgotamento sanitário não seria pauta quando o assunto são os rios da cidade”, destaca. RECUPERAÇÃO DO RIO SAPATO Em 2018 a prefeitura iniciou uma intervenção com objetivo de revitalização do rio Sapato, ação muito cobrada pelos moradores, através da parceria técnica entre a Semarh (Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Recursos Hídricos de Lauro de Freitas), Embasa e a Empresa Ambiem Ltda. O projeto consiste na aplicação da tecnologia japonesa EM-1, uma substância natural que atua na decomposição da matéria orgânica. “O que o EM-1 faz no rio é a decomposição da matéria pela via fermentada, não permitindo a oxidação. A decomposição fermentada permite o processo de revitalização do rio, sendo importante frisar que a tecnologia aplicada é composta por microorganismos benéficos, que vão acelerar a decomposição de compostos nocivos a saúde do rio, além de promover a produção de subprodutos saudáveis ao meio ambiente”, explica o analista técnico da Semarh, Gabriel França. Os resultados até agora foram positivos, já sendo possível perceber uma melhora na coloração da água, redução do Equipe da Semarh: mau cheiro, presença de peixes Ra­­mona Meira, e aves, indicando a regeneração coordenadora das águas. “O monitoramento executiva; Alexandre mostrou que nos trechos de apliMarques, secretário e Gabriel França, cação da tecnologia os índices engenheiro ambiental de coliformes, que passavam de


O rio Sapato é agredido em todo o seu percurso, até desaguar no Joanes. Em 2018 a prefeitura iniciou uma intervenção com objetivo de revitalização do rio, ação muito cobrada pelos moradores. “De nada adianta a tecnologia se continuarem existindo as ligações de esgoto clandestinas, direto para o rio”, explica Alexandre Marques. O rio Ipitanga (abaixo) passando no centro urbano de Lauro de Freitas é um cartão postal nada convidativo. Nos seus 33 km, desde a nascente em Simões Filho, o rio recebe uma enorme carga de dejetos.

2 milhões, reduziram para menos de 100 mil. Além disso, nas análises do Inema, ficou comprovado que no trecho em que o Sapato deságua no Rio Joanes, o mesmo também apresentou uma melhora na qualidade da água, ou seja, o projeto de revitalização do rio Sapato pode reverberar também no Joanes”, frisa Alexandre. Mas o secretário destaca que de nada adianta a tecnologia se continuarem existindo as ligações de esgoto clandestinas, direto para o rio. “Já iniciamos um trabalho junto à população que mora às margens do rio Sapato, de notificação e educação ambiental. Cada morador precisa apresentar documentação comprovando a existência de um sistema de tratamento individual, e caso não exista, são tomadas as providências para que isso aconteça”, reforça Alexandre. Sobre as baronesas, plantas aquáticas que se alimentam da matéria orgânica dos esgotos, Gabriel França destaca que ela faz parte do ecossistema do rio, e mesmo com a redução dos índices de poluição do rio, não vão desaparecer. “A proliferação de baronesas é um indicativo que a qualidade da água está baixa, o que não significa que o rio esteja com grande índice de poluição. Mesmo com o rio em condições de uso social, voltando a ser uma opção de entretenimento, as baronesas continuarão existindo”. Este ano a parceria técnica será revertida em contrato com a Empresa Ambiem, de modo a manter o processo de revitalização do Rio Sapato. “O trabalho de revitalização do rio Sapato começou em 2018 e estamos caminhando para voltar ao rio onde eu tomava banho há 35 anos atrás. E já é possível perceber isso em alguns trechos, onde os moradores voltaram a pescar. Na verdade já estamos precisando trabalhar no sentido de educação ambiental, para evitar as pescas com rede”, concluiu Alexandre. FUTURO DO RIO IPITANGA Passando no centro urbano de Lauro de Freitas o rio Ipitanga hoje é um cartão postal nada convidativo. Nos seus 33 km, desde a nascente em Simões Filho, o rio recebe uma grande carga de dejetos, e chega em Lauro de Freitas com um odor nada agradável e um aspecto visual que mais parece um grande canal de esgoto Continua na página 36 u

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q MEIO AMBIENTE

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a céu aberto. Não bastasse isso, durante as chuvas do início do ano, a cidade sofreu com os alagamentos após o rio transbordar. Uma obra de macrodrenagem já foi iniciada pelo Governo do Estado por meio da Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano), com objetivo de evitar novos alagamentos através da construção de seis reservatórios, ou piscinões, com capacidade de armazenamento de 1,5 milhões de metros cúbicos de águas pluviais. No planejamento consta ainda o aproveitamento dessas áreas para o lazer da população, com a construção de parques urbanos, dotadas de equipamentos como quadras, ciclovia e pistas de patinação. Mas e quanto a despoluição do rio? Do ponto de vista técnico, apesar de ainda precisar de alguns estudos, Alexan-

dre Marques acredita que seja possível a aplicação da mesma tecnologia utilizada no rio Sapato. “Existe um sentimento muito grande de nossa parte para que isso aconteça, mas ainda é necessário realizar o estudo de viabilidade, dadas as proporções do rio, que possui um volume maior que o Sapato. Mas, é importante frisar, que a nascente é em Simões Filho, o rio corta Salvador e vem desaguar no rio Joanes, em Lauro de Freitas. Ou seja, é um rio que recebe uma carga de poluentes muito grande

Cuidado ambiental com a água gera economia nos negócios Renan Menicucci

A

água tornou-se uma das maiores preocupações ligadas ao meio ambiente. Os meios de promover a sustentabilidade para este recurso natural limitado têm se desenvolvido de forma crescente no âmbito urbano, por ações de responsabilidade ambiental com a consciência social. As principais medidas que entrelaçam a ação de sustentabilidade à economia são a reutilização da água e o tratamento alternativo para abastecimento de água potável. A reutilização da água consiste em reaproveitar um recurso que inicialmente seria descartado, podendo suprir demandas de fins não potáveis, como a sua utilização em descargas

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sanitárias, lavagem de piso e irrigação. Já a segunda medida consiste no tratamento de fontes alternativas, como água de chuva, de poços ou de rios, que poderão ser utilizadas para todos os fins potáveis. Essas ações geram economias significativas, visto que o reuso reflete na diminuição da necessidade de abastecimento primário, e o tratamento alternativo consiste em uma abordagem menos onerosa quando comparado aos custos de fornecimento pela concessionária. Mesmo em locais de menor consumo, como casas residenciais, o projeto tem viabilidade, devido a evolução das estações de tratamento compactas. Essas estações podem envolver tanto etapas mais simples, como a captação da água, o seu tratamento químico, a desinfecção, filtração e distribuição; quanto etapas mais avançadas, como a utilização de membranas de ultrafiltração, a exemplo

em todo esse percurso, e tratar apenas o trecho que fica dentro de Lauro de Freitas seria apenas um paliativo”, conclui Alexandre Marques.

dos casos de reuso. O investimento de implantação destas estações varia de acordo com o tamanho de cada projeto. Logo, estações de maior capacidade tem maior custo, em compensação apresentarão maior economia. Desta forma, o retorno financeiro é assegurado, podendo reduzir de 30% a 70% do valor total da conta de água, e muitas vezes este resultado costuma ser imediato, nos primeiros meses de instalação. É importante ressaltar que independente do porte do empreendimento, qualquer ação que vise promover o consumo consciente dos recursos naturais é relevante, ainda mais quando atrelado a uma economia financeira. Desta forma, a preocupação com medidas sustentáveis é o primeiro passo para grandes mudanças. RENAN MENICUCCI é engenheiro civil, pós-graduado em Saneamento, Águas e Meio Ambiente pela UFBA, especialista em sistemas de tratamento, filtragem e reuso de água.


A água é fundamental para que haja vida em nosso planeta Jaime de Moura Ferreira Especial para a Vilas Magazine

Á

gua natural é a existente na natureza em rios, lagos, fontes, na chuva, nos lençóis freáticos, etc., contendo, em geral, sais e gases dissolvidos ou matéria insolúvel em suspensão. Água potável é a adequada para o consumo humano, isenta de sais minerais ou de microorganismos nocivos. A água é um líquido incolor, inodoro e sem gosto, de fórmula química H2O e existe na natureza nos estados sólido, líquido e gasoso, em forma de gelo ou neve, nos mares, rios, lagos e subterrâneos; e na forma gasosa, na atmosfera. Quanto à origem, as águas dividem-se em terrestres e meteóricas, conforme circulam na terra (chuvas, neves,

orvalhos, granizos e neblinas), ou no ar. As águas meteóricas são as mais puras, em geral. As águas terrestres dividem-se em correntes (de rio ou de ribeiro, etc.), nascentes, estagnadas (nos lagos, poços e pântanos) e águas subterrâneas dos lençóis freáticos. Em geral, as águas correntes, são mais pobres de sais e mais doces, ou menos pesadas. Em compensação, as águas de nascentes ou de fontes são mais constantes na temperatura e sua composição mais límpida. QUALIDADE E USO A água se divide em potáveis, impotáveis e minerais ou medicinais. As águas potáveis são próprias para bebida dos seres humanos. Devem ser limpas, com sabor leve e agradável. Não se deve beber água que não seja purificada. A água bebida nas residências passa por um processo de tratamento de descontaminação. Em caso de dúvida aconselha-se a ferver a água antes de bebê-la. A água contaminada pode provocar graves doenças, muitas fatais. Podemos, pois, afirmar que água natural é aquela existente na natureza, em rios, lagos, fontes, na chuva, subterrânea, etc. A irradiação solar evapora a água na superfície da Terra, que sobe e atinge a atmosfera na forma de vapor, formando as

nuvens. Sob determinadas condições atmosféricas, a umidade das nuvens se condensa e cai sobre a Terra na forma de chuva. Segundo Almir Sater, “é preciso a chuva para florir”. Uma parte da precipitação escorre sobre a superfície em direção aos cursos da água. Outra parte penetra no solo, sendo que uma parcela é retida na zona das raízes das plantas, retornando eventualmente à superfície pelos vegetais ou pela capilaridade do solo, e outra parte infiltra-se em maior profundidade até atingir os reservatórios de água subterrânea. Desde o começo dos tempos que a água é de vital importância para a sobrevivência na Terra. A Bíblia faz referência, quando Moisés bate com o seu cajado numa rocha e faz uma fonte surgir. Os antigos persas construíram túneis e poços para atingir lençóis aquíferos. Os egípcios e chineses estavam bastante familiarizados com métodos de perfuração que lhes permitiam obter água do subsolo. Mas foi a partir do século 12 que aumentou o interesse no segmento da água subterrânea, com o sucesso da perfuração de vários poços na França, Alemanha e Inglaterra. A maior importância da água, no momento, é para se transformar em energia elétrica, através das quedas d’água. Toda as cidades brasileiras são implantadas às margens de

rios. De acordo com o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, existem 12 regiões hidrográficas. Existem 22 rios considerados os melhores do nosso país. O maior, o rio Amazonas, com 6.992 km de extensão, seguido pelo rio Paraná, com 3.998 km. O menor é o rio Tietê, com 1.136 km. O rio São Francisco (“Velho Chico”), com 2.863 km nasce na Serra da Canastra (Minas Gerais) é considerado o mais importante do Brasil, pois banha vários estados brasileiros (Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe), e muitos municípios, desaguando no oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe. Ainda, conforme o CNRH, o rio São Francisco se mantém 62,5% na região Nordeste. Também existem os lençóis freáticos, que são reservatórios de água subterrânea, permeável, acumulando-se entre as rachaduras das rochas, sendo o mais importante o Guarani, ficando em oito estados brasileiros, estendendo-se para a Argentina, Uruguai e Paraguai. No nosso município, Lauro de Freitas, (Santo Amaro de Ipitanga) existem quatro rios importantes: Joanes, Ipitanga que corta a cidade e desagua no Joanes - o Sapato e o Goro. Lamentavelmente, todos estão poluídos. JAIME DE MOURA FERREIRA é ad­ministrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, ambientalista, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. jaimoufer@hotmail.com

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q CHAPADA DIAMANTINA

IGATU O acervo histórico de Igatu está em todo o seu entorno, nas ruas e becos, no seu casario e no conjunto de ruínas tombadas, cujo maior conjunto está inserido no seu Parque Municipal

U

ma pequena vila no interior da Bahia com pouco mais de 400 habitantes, possui um dos maiores sítios históricos e paisagísticos tombados pelo patrimônio brasileiro. Quase toda construída em pedra e contornada pelo Parque Nacional da Chapada Diamantina, o charmoso distrito de Igatu, no município de Andaraí, foi erguido a partir da intensa produção de diamantes que ocorreu na Bahia no século 19. Os visitantes que vão a Igatu, já se encantam na chegada quando percorrem os sete quilômetros por uma estrada toda pavimentada em pedras, que liga o asfalto da rodovia BA-142 à antiga vila garimpeira, em meio a uma paisagem ornamentada por blocos de granito de corrosada, garimpos abandonados e uma vegetação típica de afloramentos rupestres. A paisagem que percorre os dois lados da estrada se alterna entre o panorama das montanhas do Parque Nacional e as rochas imponentes que fazem um recorte do tempo geológico da Chapada, entre bromélias, cactáceas e orquídeas que, por sua vez, formam o arranjo florístico predominante dos campos de altitude do sertão baiano. Por sua representatividade, o conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Igatu foi tombado há 20 anos pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A área contígua de proteção ao Centro Histórico, que inclui a estrada de pedras que dá acesso ao povoado, foi tombada pelo IPAC

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Projeto resgata e protege patrimônio histórico de um dos recantos de maior beleza da Chapada Diamantina (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia) em 2002. Além disto, o maior acervo de ruínas garimpeiras do distrito está inserido no Parque de Proteção Histórica e Ambiental do município de Andaraí. No entanto, apesar de toda proteção formal nas instâncias federal, estadual e municipal, a política de preservação de Igatu ainda enfrenta diversos desafios, como a falta de uma normativa para as novas edificações e legislação municipal que proteja e ordene a ocupação do lugar. Igatu: a paisagem natural, humana e histórica que amplia a percepção de patrimônio futuro A formação histórica de Igatu se confunde com a ascenção das cidades de Lençóis, Mucugê e Palmeiras, que, junto com Andaraí, formaram os maiores núcleos garimpeiros do ciclo diamantino. Durante um século de exploração mineradora, essa região tornou-se por mais de três décadas o maior produtor mundial de diamantes. O rápido crescimento das cidades diamantinas exigiam um trabalho de infraestrutura que pudesse agregar o grande número de pessoas, oriundas de diversas regiões do Brasil, que chegavam para ocupar as novas frentes de trabalho. No caso de Igatu, a intensa povoação foi suprida por habitações feitas


de pedras que delineou o estilo e a técnica construtiva predominante no local, assim como as grandes estruturas de engenharia garimpeira, que permanecem com o testemunho histórico da produção diamantina ocorrida na vila. Tudo em Igatu remete à sua memória histórica: o seu casario urbano, as ruas e becos estreitos onde por todos os lados há vestígios da mineração, suas ruínas de pedras que denunciam a opulência e a decadência de um povoado único, em meio ao cenário exuberante das montanhas da Serra do Sincorá. Um rico patrimônio imaterial, constituído pelos rituais, festejos e manifestações populares também mostra uma riqueza estimável para uma vila de tão pequeno porte. O calendário festivo se inicia em janeiro com a Festa de São Sebasitião, padroeiro local, seguido do desfile do Boi de Igatu, o ritual do Terno das Almas, na Semana Santa, e a festa de São João, que mobiliza os moradores para a ornamentação e preparativos culinários típicos do lugar. Os festejos dão continuidade com a festa do Bom Jesus e o Festival de Música no mês de agosto, finalizando com os presépios natalinos em dezembro. Aliado a tudo isso, Igatu é contemplada com uma paisagem de extrema beleza que encanta seus moradores e os visitantes que vêm de diversos lugares do planeta. O Parque Nacional da Chapada Diamantina, que circunda toda a vila, oferece vários atrativos como rios e belas cachoeiras, trilhas históricas e naturais voltadas a esportes de aventura e montanhismo para todos os níveis de público. Igatu consolida seu patrimônio a partir de acordo institucional liderado pelo Ministério Público da Bahia O Ministério Público do Estado da Bahia, através de sua Promotoria Ambiental do Alto Paraguaçu estabeleceu um acordo de cooperação institucional junto ao IPHAN e à Prefeitura de Andaraí no sentido de buscar soluções para as questões que ameaçam a integridade desse patrimônio. “A partir de um diagnóstico do estado de preservação de Igatu, o Ministério Público fez um chamado às instituições responsáveis pela proteção do lugar e apoiou os estudos necessários para que o poder público municipal e o IPHAN pudessem gerir de uma forma mais eficiente a preservação de Igatu”, disse o Promotor Ambiental Augusto César de Carvalho, responsável pela iniciativa. “Junto a essa série de estudos que envolve a participação de profissionais de urbanismo, geografia social, antropologia, história, geologia e patrimônio, convocamos audições públicas e participação do coletivo de moradores. Com base nesses estudos, serão elaborados os parâmetros construtivos e a Lei de Uso e Parcelamento do Solo de Igatu, garantindo informações claras e uma política de preservação a altura da riqueza patrimonial da vila”, completou o promotor. Outras iniciativas também foram desenvolvidas no sentido de reforçar a

Um curso de consolidação de ruínas uniu a técnica e os saberes tradicionais para preservar o maior acervo histórico localizado na área urbana da vila. ANTES (acima) e DEPOIS (abaixo)

educação patrimonial dos moradores locais. Foram realizadas oficinas de guias patrimoniais, restauro e consolidação de ruínas, observação de aves e identificação de orquídeas, geologia e meio ambiente. Essas ações voltadas à preservação do patrimônio ocorreram nos parques Nacional e Municipal que circundam Igatu. FOTOS: ACERVO PESSOAL DE MARCOS ZACARIADES

A estrada de acesso a Igatu compõe um cenário onde natureza e patrimônio formam um arranjo de preciosa beleza

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ESPAÇO ABERTO

Propaganda e liberdade Fernando Passos

A

deputada Janaína Pascoal entrou com um projeto para proibir o governo de gastar com publicidade, arguindo que seria uma economia considerável aos cofres públicos. Muito bem. Em um regime democrático, os governos tem uma obrigação constitucional de prestar contas de todos os seus atos a população. Só os governos autoritários não o fazem. Não podemos esquecer que a publicidade governamental no Brasil já produziu milagres: a erradicação da poliomielite foi responsabilidade das várias campanhas publicitárias de vacinação. As várias campanhas para uso da camisinha, diminuiu enormemente o aparecimento de novos casos de Aids no nosso país. Fuma-se muito menos hoje graças aos anúncios contra o uso do cigarro. Poderia citar campanhas preventivas do câncer de mama, uso do soro caseiro, aleitamento materno... Há vinte anos, chegando em Recife, o motorista de táxi que me conduzia ao hotel perguntou, sem nenhum constrangimento, se eu não queria levar para o hotel uma menina de 16 anos. Hoje depois de tantas campanhas que o governo fez contra o abuso sexual contra crianças e adolescentes, duvido que ele me abordasse daquela forma. O filme A Dama do Lotação, de 1978, abordava com naturalidade cenas de abuso sexual que hoje são abominadas graças as diversas campanhas publicitárias feitas pelo governo. Nos anos 80 o Detran nos chamou, junto com o jornal A Tarde, para elaborar uma campanha pu-

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blicitária educativa sobre limite de velocidade na avenida Paralela. O índice de mortes ali estava muito alto porque a avenida era muito recente. Junto com o Detran, colocamos em cada quilômetro da avenida um carro destroçado; uma intensa campanha em todos os meios de comunicação acompanhou a ação que tinha uma sucessão de tabuletas de outdoor avisando a cada 200 metros que a morte ia além dos oitenta. O resultado foi uma drástica redução dos acidentes. Quantas árvores deixaram de ser cortadas, quantos pássaros deixaram de ser extintos, quantas tartarugas puderam sobreviver, quantas consciências puderam ser alertadas pelas campanhas veiculadas nos jornais, televisões e rádios desse país. A propaganda brasileira, e aí se inclui a propaganda governamental, é responsável pela existência de mais de 2 mil emissoras de rádio, mais de 400 canais de televisão, mais de 1500 títulos de jornal e em torno de 1300 títulos de revistas. A comunicação dos governos é uma obrigação, é um dever e um direito do cidadão. Estamos vivendo um momento particularmente preocupante na comunicação com o crescimento acelerado das fake news e somente a comunicação jornalística pode fazer frente a essa onda, somente a sobrevivência dos meios de comunicação pode assegurar a veiculação dos fatos verdadeiros, e a propaganda é o instrumento que garante essa liberdade. Fernando Passos é publicitário, diretor-presidente da Engenhonovo Propaganda e CEO do Grupo Engenho.

fernando@engenhonovo.com.br

Distensionar Adenáuer Novaes

É

possível ler nos jornais palavras proferidas por autoridades, figuras públicas, gerando instabilidade emocional, que tensionam a população. Geralmente são desferidas contra outras autoridades com quem possuem algum tipo de disputa ou briga política de baixa qualidade. Quando governantes brigam publicamente, a população se divide em partidos, polarizando forças que poderiam se unir. Não demonstram nenhuma elegância, nem urbanidade, o que demonstra merecerem os adjetivos que qualificam uns aos outros. Algumas vezes, são palavras chulas ou de qualidade visivelmente inferior. Dão péssimo exemplo à população, tão duramente castigada diariamente por notícias ruins e por fakenews. Demonstram que seus egos, dominados pela vaidade e pelo orgulho, estão acima dos interesses públicos que defenderam em campanha. Narcisicamente querem destaque ou posarem de vencedores. A lógica deles é sempre inferiorizar o outro para se mostrarem melhores. Não entenderam que quem atira lama se suja primeiro. A valorização de uma pessoa não reside na qualidade de seu adversário, mas nas reais capacidades que possui quando colocadas a serviço da sociedade. São paladinos da justiça e da moralidade no julgamento do alheio. Lobos em pele de cordeiro no jogo sujo da política rasa, baseada no gogó. Falastrões com frases de efeito para impressionar o eleitor, beneficiando-se do longo tempo para uma resposta de seu oponente. Quando iremos parar de falar e, com espírito público, elevar o desejo do cida-


dão em empreender e de sair do atavismo barato de um passado de inércia patrocinada por uma cultura envolvida pelo arquétipo materno negativo? É preciso mais do que obras públicas ou demonstrações de força política, pois a sociedade exige planejamento de curto, médio e longo prazos, com propostas efetivas e sólidas de melhoria em seus pilares de sustentação. É preciso distensionar os líderes, apaziguando o animoso discurso para que o cidadão sinta que há um clima de equilíbrio no ar e assim possa trabalhar com maior disposição. Não basta o trabalho da Polícia ao oferecer segurança pública; é preciso que os mandatários sejam adultos e maduros para que, deixando de falas provocativas e vãs, trabalhem em favor do bem comum. Quando os líderes raivosos pelo sentimento de inferioridade por falas litigantes brigam, o cidadão se sente no direto de exercer a justiça com as próprias mãos. Acirrar ânimos é convidar para o atrito. Quando isso é protagonizado por líderes políticos, instalase a barbárie na sociedade. Lamentável! Triste sociedade quando dirigida por bárbaros, mesmo que sejam doces, pois o mundo requer civilidade, paz e prosperidade. Foi-se o tempo em que os brutos governavam. É hora de exigirmos atenção ao que importa para que a sociedade se torne o lugar do ser humano respeitado, livre e responsável pelo destino pessoal e coletivo. Adenáuer Novaes é psicólogo, escritor, filósofo e engenheiro. adenauernovaes@gmail.com

Poder e capital geram corrupção e violência Alderico Sena

Q

uando o ser humano entender que poder e capital é que geram corrupção e violência o eleitor ajudará a construir um Brasil melhor para todos. “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. “Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles”. Rui Barbosa. Toda atitude do ser humano é um ato político. “O pior analfabeto, é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, e do remédio, depende das decisões política. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil, que da sua ignorância nasce à prostituta, o menor abandonado, assaltante e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o espoliador, das empresas nacionais e multinacionais”. Bertolt Brecht. Iniciei este artigo com frases de impactos dos mestres Rui Barbosa e Bertolt Brecht, para que o eleitor proceda uma reflexão e decida o que deseja e o que não deseja para uma coletividade, mu-

nicípio, Estado e País, a partir da eleição de outubro deste ano, quando cidadãos eleitores escolherão futuros representantes políticos que conduzirão os destinos dos 5.570 munícipios brasileiro. A crise moral, política e institucional que assola o País é muito importante para que os eleitores, já nesta eleição, mudem a forma comportamental de escolher os futuros vereadores e prefeitos. Temos ouvido de pessoas esclarecidas, dizer: “Se já não votava mais em político nenhum, agora é que não voto mesmo, depois de tanta corrupção; todos os políticos são iguais”. Eleitor defenda a educação como bandeira e investimento para dar o voto na eleição de outubro. Povo educado. País desenvolvido. Existem bons políticos sim, basta separar “O joio do trigo”. Selecionamos alguns critérios que devem ser levados em conta na hora em que o eleitor deva dar o seu voto para que se sinta representado: 1) A primeira coisa a se fazer é obter o maior número de informações sobre o seu possível candidato; 2) Pesquise o histórico do candidato; 3) Busque afinidade de pensamento em termos de valores que você defende; 4) Conheça o partido do candidato, programa e a coligação; 5) Conheça quais propostas o candidato defende; 6) Busque as atribuições dos candidatos; 7) Observe o registro no TRE os gastos de campanha. CPI do eleitor é o voto consciente! Seja a mudança!

Alderico Sena é bacharel em Teologia, Sociedade e Política, coordenador de pessoal da Assembleia Estadual Constituinte 1989 e especialista em gestão de pessoas. aldericosena@gmail.com

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Raymundo Dantas

Escritor e palestrante, especializado em Marketing no Varejo, com Mestrado na Espanha. raymundo_dantas@uol.com.br

Estresse de escolha e mix

S

empre se ouviu dizer que, dentre os principais critérios de excelência de uma loja, estava, sem dúvida, a variedade do seu mix de mercadorias, a quantidade de itens colocados à disposição do consumidor. As indústrias, por sua vez, na ânsia de dominarem o mercado, se esforçaram para lançar um sem número de produtos e capricharam na variação de cores, perfumes e sabores. Fizeram crescer deliberadamente suas linhas de produto, de modo a preencherem todos os espaços da concorrência e, ao mesmo tempo, oferecerem ao consumidor uma opção cada vez mais ampla. E o consumidor ficou feliz com tantas e tão diversas possibilidades de compra. Até uma ponta de sofisticação foi acrescentada nesse processo, dando margem a diferenças de “status” no consumo de diferentes produtos. E cada item se multiplicou diversas vezes, dando origem a dezenas de semelhantes, com pequenas variações. Aquele dentifrício que a gente usava há tanto tempo, de repente apareceu na versão flúor. E antes que todos tivéssemos provado a novidade, já ele aparecia na versão cloro, e no bicarbonato, e na anticárie, e na antitártaro, no gel, na infantil, na super branca, na super azul, na bicolor, e por aí em diante. Iniciava-se a “Era da Superopção”. 42 | Vilas Magazine | Março de 2020

Mas o que era bonito, terminou ficando caro para o lojista, que teve de multiplicar seus estoques, complicar seus controles, suas compras, a administração dos seus espaços de exposição e armazenamento, aumentar seus quadros de pessoal e assim por diante. As vendas não cresceram tanto com isso. Afinal, quem gastava um tubo de pasta de dentes por semana, de modo algum passou a gastar

dois, no mesmo período. O custo subiu e o preço final teve de acompanhá-lo. Mesmo assim o processo seguiu, ampliando e multiplicando as opções. Quem teve juízo começou a eliminar itens excessivos, reduzir linhas de produtos, e planejar seu mix de mercadorias, até encontrar o tamanho ideal para seu público-alvo. Uma ou outra queixa de clientes foi sendo administrada, de modo a se buscar outra vez o sadio caminho da lucratividade. Agora as pesquisas começam a falar em “estresse de escolha” do consumidor.

Ou seja, o consumidor já não suporta mais ter que decidir diante da variedade de apresentações e versões dos produtos. As pessoas, na sua vida diária, na família e no trabalho, já se sentem obrigadas a tomar decisões importantes e decisivas, a todo momento. Quando vão às compras, gostariam de não mais refletir para escolher, sobre vantagens e desvantagens de cada produto. A tendência tornou-se agora mais conservadora. O sucesso de venda parece que se encaminhará para os produtos “de substituição”, isto é, aqueles que são capazes de desempenhar as funções de vários outros, reduzindo o número total de decisões que o consumidor precisa tomar. É a vez do xampu que atua também como condicionador dos cabelos; é a vez do detergente em pó que lava, alveja, perfuma e amacia ao mesmo tempo; é a vez do dentifrício que resolve cárie, tártaro, mau hálito e ainda dá brilho nos dentes, diminui o apetite e faz você enjoar o cigarro! É a vez dos tecidos que não amarrotam ! É a vez de quem tem mesmo mil e uma utilidades. Fique de olho em produtos assim. Serão os futuros campeões de venda e nos ajudarão a reduzir custos, ao mesmo tempo em que agradamos aos clientes. Afinal, estaremos poupando o tempo do consumidor (e o nosso), além de simplificarmos sua vida (e a nossa)! Para que melhor?


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