REVERSÃO DE DRENAGEM DA LAGOA DA BASE
PROTESTO PELO SAPATO
EDITORIAL
Sustentabilidade adiada
E
ntre as perspectivas para 2017, a criação de um Plano Diretor para a Região Metropolitana surge como promessa de dias melhores – caso traga de fato uma inversão do atual vetor de crescimento de Salvador. Nesse contexto, a ponte Salvador-Itaparica poderá levar para a ilha boa parte do adensamento urbano que há décadas progressivamente sufoca Lauro de Freitas. Não se trata exatamente de uma boa notícia para a ilha, a não ser do ponto de vista dos que chamam desenvolvimento ao galopante crescimento urbano da capital baiana. Mas se ainda desconhecemos a sustentabilidade nesse campo, pelo menos despacharemos para os ilhéus parte das agruras do urbanismo selvagem. Na mesma toada, a entrega da Via Metropolitana, que ligará a Estrada do Coco, ainda em Camaçari, à BA-526 e depois à Paralela, viria, em tese, desafogar o tráfego urbano de Lauro de Freitas. Entretanto, novos megaempreendimentos planejados para a cidade prometem anular a vantagem do desvio de trânsito para a Via Metropolitana. Tanto no caso da nova via como no da ponte, estamos apenas acomodando mais “progresso” em vez de pensar as cidades em termos sustentáveis, promovendo o verdadeiro desenvolvimento – que passa necessariamente pela melhoria da qualidade de vida das pessoas, nunca pela deterioração, seja em nome do que for. Parte do problema é que muitos dos nossos responsáveis políticos ainda acreditam que progresso é licenciar novos empreendimentos geradores de tráfego em massa, abrir mais centros comerciais e viabilizar condomínios com milhares de unidades habitacionais ao longo de vias que não se expandem na mesma medida, estimular o consumo e a ciranda financeira – vendendo o jantar para comprar o almoço.
Lagoa da Base Em meio aos justos protestos das comunidades afetadas pela reversão da drenagem da Lagoa da Base para a bacia do Sapato pode-se perder de vista a absoluta necessidade de resolver os alagamentos naquela área. Não é o caso. Lideranças comunitárias opõem-se à obra, apontando que o Sapato receberá, juntamente com a água pluvial, dejetos vários da Lagoa da Base, principalmente em tempo de chuva. Os que a defendem afirmam que todos os cuidados foram tomados para que tal aconteça com o menor impacto possível. Vamos, mais uma vez, comprometer o futuro para viabilizar o presente, tropeCarlos Accioli Ramos Diretor-editor çando nas próprias pernas. Muito antes da paralisação das obras do sistema de esgotamento sanitário de Lauro de Freitas, o projeto de drenagem da Lagoa da Base supôs que ele estaria operacional quando se começasse a escavar em direção ao Sapato. Como se sabe, não está. Mas a obra avança da mesma forma porque a prioridade é acabar com os alagamentos na Lagoa da Base – e não preservar o rio Sapato ou o Ipitanga ou o Joanes ou as praias, para o mesmo efeito. Qualquer um que tenha a sua casa alagada a cada chuva mais forte concorda com isso. O problema reside na solução adotada para eliminar os alagamentos, não na prioridade estabelecida pelo governo. Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 3
cena da cidade
Mande sua foto registrando algum flagrante inusitado da cidade, com breve descrição, para redacao@vilasmagazine.com.br Parque Ecológico de Vilas do Atlântico A concha acústica do Parque Ecológico ganhou os primeiros lugares da arquibancada que a prefeitura havia prometido em outubro. Usando pneus velhos pintados em cores variadas, foram montadas algumas fileiras de assentos. A própria concha teve a cobertura lavada e toda a área cimentada do parque ganhou cores. As novidades foram entregues do público no final de
dezembro. A praça de acesso ao parque, na av. Praia de Itapoan, também ganhou melhorias, com a reconstrução das muretas e do piso em pedra portuguesa, além de um coreto. Mas as intervenções, que foram estimadas em cerca de R$ 130 mil pagos por uma construtora em contrapartida ambiental, aconteceram principalmente no edifício da administração do parque – que foi todo reformado para abrigar também a guarda ambiental. A sala principal deve se transformar em espaço de recepção do parque.
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Revista mensal de serviços e facilidades, distribuída gratuitamente em todos os domicílios de Vilas do Atlântico e condomínios residenciais de Lauro de Freitas, Estrada do Coco e região (Busca Vida, Abrantes, Jauá, Jacuípe, Guarajuba, Stella Maris, Praia do Flamengo e parte de Itapuã). Disponível também em pontos de distribuição criteriosamente selecionados na região. As opiniões expressas nos artigos publicados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, as da Edi tora. É proibida a reprodução total ou parcial de matérias, gráficos e fotos publicadas nesta edição, por qualquer meio, sem autorização expressa, por escrito da Editora, de acordo com o que dispõe a Lei Nº 9.610, de 19/2/1998, sobre Direitos Autorais. A revista Vilas Magazine não tem qualquer responsabilidade pelos serviços e produtos das empresas anunciados em suas edições, nem assegura que promessas divulgadas como publicidade serão cumpridas. Cabe ao leitor avaliar e buscar informações sobre os produtos e serviços anunciados, que estão sujeitos às normas do mercado, do Código de Defesa do Consumidor e do CONAR – Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária. A revista não se enquadra no conceito de fornecedor, nos termos do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor e não pode ser responsabilizada pelos produtos e serviços oferecidos pelos anunciantes, pela impossibilidade de se deduzir qualquer ilegalidade no ato da leitura de um anúncio. No entanto, com o objetivo de zelar pela integridade e credibilidade das mensagens publicitárias publicadas em suas edições, a Editora se reserva o direito de recusar ou suspender a veiculação de anúncios que se mostrem enganosos ou abusivos, por constrangimentos causados ao consumidor ou empresas. A revista Vilas Magazine utiliza conteúdo editorial fornecido pela Agência Folhapress (SP). Os títulos Vilas Magazine e Boa Dica – Facilidades e Serviços, constantes desta edição, são marcas registradas no INPI, de propriedade da EDITAR – Editora Accioli Ramos Ltda.
REGISTROS & NOTAS
O Rotary Club Lauro de Freitas reeditou a campanha Panetone da Solidariedade. Produzidos pela empresa local Delicatessen Atlântico, os panetones foram vendidos em espaços públicos e privados da cidade e a renda da ação solidária revertida para o banco de projetos comunitários que o clube desenvolve em apoio a entidades beneficentes do município.
Culto ecumênico marca os 20 anos da Associação Beneficente Prol Lar do Idoso Um culto ecumênico reuniu católicos, batistas, evangélicos e espíritas, compartilhando o tema “O amor de Deus”, pela celebração dos 20 anos de atividades da Associação Beneficente Prol Lar do Idoso de Lauro de Freitas - ABPLILF, dia 8 de dezembro, em sua sede no bairro de Itinga. Além das comemorações, o encontro foi palco para que a entidade, representada pelo presidente Airton Eliseu de Araújo Marques, homenageasse sócios beneméritos, fundadores efetivos e solidários, o Rotary Club Lauro de Freitas (representado na ocasião pelos associados Jaime Ferreira, Luiz Cardoso e Filadelfo Matos), e o Núcleo de Senhoras do Rotary (presentes Alzenir Ferreira e Antônia Aguilares), pelo apoio constante aos programas e iniciativas da associação. Após o “almoço compartilhado”, foram entregues premiações de “pontualidade” e “operacionalidade” entre os associados, culminando com o lançamento do livro “ABPLILF 20 anos Airton Marques (centro), Jaime de história”, de autoria do Ferreira (esq.) e Reinaldo Martins presidente Airton Marques.
Vilas Beach Tennis Acontece dias 14 e 15, na praia de Vilas do Atlântico (ao lado da Barraca da Gávea), o 1º Torneio Vilas Beach Tennis reunindo atletas de outras cidades da Bahia e estados. O grupo está aberto para acolher novos atletas e oferece aulas gratuitas para iniciantes.
Núcleo de Aprendizagem Mediada comemora seis anos de atividades Há 20 anos con tribuindo significativamente para a manutenção e inclusão acadêmica de crianças, jovens e adultos com dificuldades de aprendizagem, o Núcleo de Aprendizagem Mediada, desenvolvido pela Clínica Ludens, sob a coordenação de Isabela Fadul, comemora a aprovação de mais um grupo de jovens e adultos, nas provas do CPA. Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 5
REGISTROS & NOTAS
Projeto social capacita mais trinta pessoas em informática
Trinta alunas de diversas comunidades de Lauro de Freitas foram capacitadas em aplicativos Google e banco de dados. A certificação realizada na secretaria de Políticas para Mulheres. Segundo o professor Henrique Moitinho, idealizador do projeto, trata-se de um “projeto social inovador” com jovens e adultos capacitados em cursos profissionalizantes como fundamentos básicos de tecnologia, aplicativos iniciais, aplicativos Google, banco de dados, computação gráfica com edição de foto e vídeo, desenho técnico (AutoCAD) e robótica com programação. A meta do professor é “transformar o município de Lauro de Freitas em um polo de profissionais capacitados com qualidade, tornando a região referência em mão de obra na área de tecnologia, conscientizando o máximo de moradores sobre a questão ambiental do descarte responsável do lixo eletrônico”. Para ele, parcerias como a do padre João Abel, da Paróquia São João Evangelista, de Vilas do Atlântico, que hoje possui toda estrutura necessária, são fundamentais para a continuidade do projeto.
A boa música ao redor do mundo Willy Handel (esq.) mostrou mais uma vez toda sua versatilidade e talento musical no evento Uma Viagem Musical ao Redor do Mundo, realizado no Conservatório Mozart. Acompanhado por Nilton Cruz (teclados) e Nando Cubano (percussão), o artista interpretou músicas famosas que marcam a história de diversos países. 6 | Vilas Magazine | Janeiro de 2017
A agência Personnalité Vilas do Atlântico do Banco Itaú foi ainda mais festejada pelos clientes na manhã do dia 27 de dezembro, pelo transcurso do seu primeiro ano de funcionamento. Comprometida a oferecer um diferencial no relacionamento com os clientes, a instituição dispõe na linha de frente desta unidade, de um qualificado time de profissionais, tendo como líder Ana Carenina Passos (gerente geral comercial, de blusa azul): (a partir da esq.) Maria Carolina (gerente operacional), Tayná Luz e Josy Guedes (gerentes de relacionamento Personnalité) e Fernanda Franco (assistente comercial). “Nosso time tem um propósito: encantar o cliente”, enfatiza Nina Passos.
Região ganha um novo espaço para eventos O casal de empresá rios Di Andrade (centro) e Maria Thereza (esq.) e a amiga Diana Coni (dir.) comemoram o início de funcionamento do Point Norte, o mais n o vo e s p a ço p a ra eventos da região. Os empreendedores querem tornar o local um point de referência no segmento, sediando shows, formaturas, casamentos, feiras, confraternização e qualquer formato de evento. O espaço de 4.500m², comporta até 3,5 mil pessoas confortavelmente.
cidade
Protestos contra aumento da poluição do rio Sapato tomam Vilas do Atlântico
O
reinício das obras de reversão da drenagem da Lagoa da Base, o que trouxe as máquinas de volta a Vilas do Atlântico em dezembro, foi motivo para o primeiro ato de protesto do “Coletivo do Bem” no bairro. Em stand-up paddles no leito do rio Sapato, em Ipitanga, participantes do movimento abriram faixas de protesto pedindo a recuperação do curso d’água e posaram para fotos no próprio canteiro de obras, em Ipitanga. Quando a obra de reversão da drenagem estiver concluída, é para o Sapato que correrá o fluxo pluvial da Lagoa da Base e da rua da Irmandade. A obra, de responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) visa eliminar o recorrente alagamento das residências daquela re-
gião em época de chuvas, mas entidades de moradores de Vilas do Atlântico receiam que junto com a drenagem pluvial vá parar ao rio Sapato também o esgoto doméstico da Lagoa da Base – fora o lixo urbano normalmente carreado para os cursos d’água quando chove. Além das entidades representativas de moradores e de surfistas, a “Remada Protesto pela Revitalização do Rio Sapato” reuniu pessoas sem qualquer afiliação associativa, interessadas na preservação do rio e das praias de Lauro de Freitas. O “Coletivo do Bem” promete outras ações de protesto. Uma dessas ações tomou as margens do rio Sapato e o calçadão de Vilas do Atlântico no dia 23 de dezembro, antevéspera do Natal, para chamar atenção
para os problemas do bairro. Uma cruz negra com flâmula “de luto” denunciava os problemas: “ambulantes desordenando e desconfigurando a orla, acúmulo de lixo na orla, ônibus de excursões, estacionamento em pista dupla na avenida Praia de Copacabana, esgotos lançados no rio Sapato, morte do rio Sapato, violência e assaltos na região”. Na Internet, uma proposta de abaixoassinado dirigido à Justiça recolhe adesões no site “Petição Pública” (https://goo.gl/ zst01q) e registrava quase 300 assinaturas na data do fechamento desta edição da Vilas Magazine. O manifesto online é “contra o despejo maciço de esgoto” no rio Sapato, que os autores afirmam ser a consequência imediata da obra. Para Janaína Ribeiro, presidente da Associação de Moradores de Vilas do Atlântico (Amova) e membro do coletivo, a ideia é promover “um conjunto ações específicas com o objetivo de lutar pelo saneamento básico de toda Lauro de Freitas e pela revitalização do rio Sapato e do meio ambiente”. A Amova posiciona-se “contra a u
Ação do “Coletivo do Bem” no rio Sapato: stand-up paddles contra a poluição Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 7
cidade
obra da Conder para a Lagoa da Base da forma como foi concebida” por acreditar que o saneamento básico deve vir antes, “beneficiando a todos e não transferindo esgoto de uma localidade para a outra, estimulando a luta de classes e a desmobilização social”. Os moradores da Lagoa da Base e rua da Irmandade – comunidades menos favorecidas da cidade – veem na obra uma oportunidade para eliminar os alagamentos, problema que se arrasta há décadas – embora também reivindiquem o esgotamento sanitário. As entidades de Vilas do Atlântico sustentam que a drenagem deve ser feita para o rio Ipitanga, respeitando a bacia hidrográfica natural para a Lagoa da Base – e não ser revertida para o rio Sapato. A Amova questiona também, na Justiça, o licenciamento ambiental da obra, que ainda poderá ser embargada.
Obra da Conder volta ao rio Sapato em Vilas do Atlântico
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A reversão da drenagem foi interditada pela prefeitura de Lauro de Freitas em outubro de 2015, seguindo recomendação do Ministério Público, mas liberada pelo município em fevereiro de 2016, depois que a Embasa se comprometeu a construir um sistema de “tomada de tempo seco” como solução paliativa. Eventuais dejetos domésticos seriam lançados no rio Sapato, mas apenas em tempo de chuva. Como solução definitiva, seria construído depois um sistema de esgotamento sanitário para a Lagoa da Base. Tomada de Tempo Seco Em fevereiro de 2016, durante reunião com o vice-governador João Leão e associações de moradores, o prefeito Márcio Paiva (PP) defendeu a Conder, que “não omitiu nenhuma informação, disse que é uma obra de drenagem, mas que vão sim, dejetos contaminados” e
Estandarte na margem do Sapato em Vilas do Atlântico: luto pelas condições do rio e da praia lembrou que o alvará inicial para a obra exigia a solução de esgotamento sanitário da Lagoa da Base – embora a rede de esgoto não estivesse prevista no projeto. Janaína Ribeiro, presidente da Amova, considerou “mambembe” a proposta para o esgotamento sanitário provisório da Lagoa da Base– e que não abrange a área da rua da Irmandade, também a drenar para o Sapato. O sistema convencional de esgotamento sanitário prevê duas redes independentes – uma para o esgoto e outra para a água pluvial. A solução de “tempo seco” consiste na interceptação do esgoto na própria rede pluvial quando não chove em
excesso, bombeando-se os dejetos para emissários ou estações de tratamento. Na ocorrência de chuvas mais intensas, a ideia é que o grande volume de água dilua o esgoto que vai chegar aos rios e à praia – mas que efetivamente lá chegará. O problema desse sistema está no meio termo: pode chover o suficiente para fazer transbordar o coletor de tempo seco, mas em volume insuficiente para diluir os dejetos de esgotamento doméstico, o que vai agravar a poluição do Sapato. No caso da Lagoa da Base, a proposta é construir uma estação elevatória e conduzir os dejetos captados em tempo seco para a tubulação da Embasa em Salvador, via Ipitanga. A prefeitura de Lauro de Freitas aceitou operar e manter “com recursos próprios” a estação elevatória e o sistema de tomada de tempo seco, apesar de o esgotamento sanitário ser uma responsabilidade do governo estadual. Mas tudo isso seria provisório. A Embasa se comprometeu a elaborar projeto definitivo de rede de esgotamento da comunidade da Lagoa da Base. SES As obras do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) de Lauro de Freitas foram
Manifestantes posam para foto no canteiro de obras da Conder, em Ipitanga: luto iniciadas em 2010 e interrompidas logo depois, com o rompimento do contrato com o consórcio responsável pela empreitada – que não progredia, de acordo com avaliação da Embasa. O consórcio recorreu do rompimento, conseguindo liminar favorável e dando início a uma questão judicial resolvida apenas em 2015. A última informação disponibilizada pela Embasa dá conta do reinício das obras em algumas partes da cidade, que seriam imediatamente interligadas ao emissário submarino de Jaguaribe, em Salvador. Beneficiada com R$ 170 milhões de um programa de saneamento do governo
federal em 2009, Lauro de Freitas deveria ter 95% dos domicílios interligados à rede de esgotamento da Embasa quando as obras estivessem concluídas. O projeto prevê a construção da rede coletora de esgotamento sanitário do município e sua ligação ao emissário submarino, através de um duto que já foi implantado na avenida Paralela – por força da obra da linha 2 do metrô, que passa por cima do duto. Estava prevista a implantação de 287 quilômetros de rede coletora de esgoto, 25 estações elevatórias (bombas), 33 quilômetros de linha de recalque (ligação da rede ao interceptor da Paralela) e 40 mil ligações domiciliares.
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cidade
2017, o ano dos feriadões Diferentemente de 2016, que teve poucos feriados prolongados, 2017 terá nada menos que nove datas em que o trabalhador pode esticar o descanso.
S
ombra e água fresca é o que espera o país em 2017. Apesar da crise econômica, este ano promete mais descanso e menos trabalho que nos anos anteriores. Serão 13 feriados ao longo de 2017 e, de todos eles, apenas um cai no domingo – o do Ano Novo, no dia 1º de janeiro. Dos 12 feriados restantes, seis caem numa terça ou numa quinta-feira – um convite aos “enforcamentos” que emendam essas datas ao fim de semana seguinte em escolas, repartições públicas e empresas, multiplicando os dias de ócio no país. No final das contas, poderemos ter 18 dias de “dolce far niente” em 2017, fora os fins de semana. Somados os feriados de meio de semana, os feriados “prolongados” e respectivos fins de semana chegamos a 30 dias de papo para o ar ao longo do ano – sem contar os feriados municipais. Em Lauro de Freitas, o Dia de Santo Amaro de Ipitanga, 15 de janeiro, cai num domingo, mas o 31 de julho – emancipação do município – vem numa segunda. E o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, também. Já o carnaval e o São João, como se sabe, embora oficialmente ofereçam apenas um dia de folga, costumam significar uma semana inteira longe do trabalho. Tudo computado, vamos a pelo menos 40 dias de “vida boa” em 2017.
Praia de Vilas do Atlântico 10 | Vilas Magazine | Janeiro de 2017
Levantamento da empresa de consultoria norte-americana Mercer de 2013 mostra que o Brasil, ao lado da Áustria, com 12 datas comemorativas, era o sétimo entre as 64 maiores economias com mais feriados em dias úteis. Os que mais folgaram foram os indianos e os colombianos – 18 feriados nacionais. Os que menos descansaram foram os mexicanos – sete dias. Apesar de beneficiar o turismo, as folgas custam bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Só a opinião pública brasileira ainda não ligou os pontos. Entidades empresariais como a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) até tentam desenhar o problema, para ver se alguém entende, publicando desde 2010 um estudo sobre “o custo econômico dos feriados”. É sempre em janeiro que os economistas vêm a público apresentar a conta do ócio. No ano passado, estava prevista uma quebra de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do país só por conta dos feriados nacionais em dias úteis, sem contar os “prolongamentos” e as datas comemorativas estaduais e municipais – e 2016 foi menos pródigo do que será 2017. Teria sido de quase R$ 55 bilhões o custo para a economia nacional. Não custa lembrar que o país vive a mais longa recessão da sua história. O prejuízo do ano passado só com os feriados nacionais daria para cobrir a queda de 3,3% no PIB que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta para 2016 no Brasil e ainda sobraria um troco. Em 2017 a conta sairá ainda mais cara. Há pelo menos 14 anos o Congresso Nacional registra tentativas de minimizar o problema, transferindo para segunda-feira os feriados que caem numa terça ou numa quinta-feira, para impedir o “enforcamento” de mais um dia de trabalho. O mais recente projeto de lei que trata do assunto é do senador Dário Berger (PMDB-SC). Pela proposta não seriam afetados os feriados de datas simbólicas como 1º de janeiro, 1º de maio, 7 de setembro e 12 de outubro, nem Natal, Carnaval, Corpus Christi e Sexta-feira Santa. A medida também não valeria para os feriados que coincidirem com sábados e domingos, claro, mas só as exceções já garantem uma eficácia reduzida. O projeto foi aprovado em novembro na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado e segue em tramitação.
Datas comemorativas de 2017 em Lauro de Freitas 1° Janeiro..................... Domingo.............................Dia da Paz Universal 15 de Janeiro................ Domingo.............................Dia de Santo Amaro de Ipitanga 27/28 de Fevereiro....... Segunda e Terça-feira.........Carnaval 1º de Março................. Quarta-feira........................Cinzas 14 de Abril.................... Sexta-feira...........................Paixão de Cristo 21 de Abril.................... Sexta-feira...........................Tiradentes 1° de Maio.................... Segunda-feira......................Dia do Trabalhador 5 de Junho.................... Quinta-feira.........................Carpus Christi 24 de Junho.................. Sábado................................São João 2 de Julho..................... Quarta-feira........................Independência da Bahia 31 de Julho................... Segunda-feira......................Emancipação de Lauro de Freitas 7 de Setembro.............. Quinta-feira.........................Independência do Brasil 12 de Outubro.............. Quinta-feira.........................Nossa Senhora Aparecida 2 de Novembro............ Quinta-feira.........................Finados 15 de Novembro.......... Quarta-feira........................Proclamação da República 20 de Novembro.......... Segunda-feira......................Dia Municipal da Consciência Negra 25 de Dezembro........... Segunda-feira......................Natal
Baianas lavam o adro da igreja Matriz de Santo Amaro de Ipitanga
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cidade
Base Comunitária de Segurança de Itinga forma soldados e cabos mirins
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Projeto Anjos Marrons formou em dezembro 20 soldados e cabos mirins em cerimônia na Escola Municipal Solange Coelho, em Itinga, com a participação de pais dos formandos e de policiais da BCS. A organização do projeto é da Base Comunitária de Segurança (BCS) de Itinga. Depois da formatura, os alunos passarão a ser monitores das novas turmas, além de participar de atividades da BCS. As inscrições para crianças e adolescentes na faixa dos sete aos 17 anos serão abertas este ano depois do Carnaval. O candidato deve se apresentar acompanhado de um responsável na BCS, com a carteira de identidade, comprovante de residência e de frequência escolar. O projeto, que dura cerca de seis meses, tem aulas semanais sobre a valorização do meio ambiente e técnicas de escotismo. Para a comandante de base, Tenente PM Naila Reis, o projeto é muito 12 | Vilas Magazine | Janeiro de 2017
importante para a melhoria do comportamento das crianças da comunidade. “A gente percebe uma mudança radical na conduta dos alunos”, afirma. Parte das atividades do curso incluiu uma visita ao Jardim Zoológico de Salvador, em junho do ano passado. O passeio, realizado por meio do Projeto Anjos Marrons, fez parte das comemorações da Semana do Meio Ambiente. “ Para o soldado PM Adriano Pereira, monitor do Projeto Anjos Marrons, a visita ao zoológico dá subsídios para atividades na BCS. “Sair um pouco do bairro em que moram para aprender coisas novas in loco dá mais motivação para que as crianças busquem mais conhecimento”, sublinhou. O meio ambiente, a sobrevivência e o respeito ao próximo compõem um conjunto de temas que são trabalhados no projeto, que visa a inclusão social e a capacitação de crianças e jovens. Cerimônia de formatura: projeto transmite valores do escotismo
TCM rejeita contas do exercício 2015 do prefeito Márcio Paiva
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Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), rejeitou em dezembro as contas da prefeitura de Lauro de Freitas de responsabilidade do prefeito Márcio Paiva (PP), referentes ao exercício de 2015. Da decisão ainda cabe recurso. De acordo com o TCM, o conselheiro Paolo Marconi, relator do parecer, determinou a formulação de representação ao Ministério Público Estadual contra o gestor para que seja apurada suposta prática de improbidade administrativa diante da realização de despesas sem cobertura contratual e prorrogação contratual indevida. Márcio Paiva também foi multado em R$ 20 mil pela ausência de justificativa para as irregularidades contidas no relatório técnico e em R$ 72 mil, que equivale a 30% dos seus subsídios, por não ter promovido a redução da despesa com pessoal ao limite previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. Apesar de advertido pelo TCM, o prefeito também não teria reconduzido a despesa com pes-
soal ao limite máximo de 54%, conforme determina a Lei. Sempre segundo o TCM, a relatoria questionou a regularidade de um contrato celebrado pela prefeitura com a empresa Realce Produções e Eventos. O TCM informa que valor contratado foi de R$ 3.816.900, mas o montante efetivamente pago foi de R$ 5.376.485,87 – 41% a mais
em relação ao valor original do contrato. De acordo com o TCM, o gestor não apresentou qualquer documentação que desse suporte legal para os valores pagos acima do originalmente pactuado em contrato, “restando clara a grave irregularidade na realização de R$ 1.559.585,87 em despesas sem amparo contratual”. Também foi considerada irregular a prorrogação indevida do contrato para aquisição de fardamento para agentes públicos municipais, no valor de R$1.041.454,17, em detrimento de um novo procedimento licitatório. Edmar De Paulo
Márcio Paiva (dir) durante visita ao TCM em agosto de 2014: despesas com pessoal acima do limite legal levaram a multa de R$ 72 mil
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cidade
E
Plano Diretor Metropolitano pode aliviar adensamento urbano de Lauro de Freitas
stabelecer parcerias “para viabilizar projetos na área de habitação, especialmente” é o que pretende a Entidade Metropolitana junto à Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi). O presidente da entidade, Luciano Muricy Fontes, esteve em dezembro com o secretário executivo da Entidade Carlos Martins, também secretário estadual do Desenvolvimento Urbano, para tratar dessas parcerias “a partir das demandas apontadas no Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI), e discutir os possíveis impactos do plano em toda a região”. O edital de abertura do processo licitatório para a elaboração do PDUI da Região Metropolitana de Salvador foi lançado também no mês passado. A construção do documento será coordenada pela secretaria de Desenvolvimento Urbano do estado e terá a cooperação técnica e assessoramento da Procuradoria Geral do
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Camila Jasmin
O secretário Carlos Martins (esq.) em reu nião com o presidente da Ademi Luciano Muricy: o imobiliário chamado a opinar Estado (PGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Para o governo, a participação popular na constituição do PDUI estaria assegurada no próprio âmbito da Entidade Metropolitana, que reúne representantes
do poder público municipal e estadual no Comitê Técnico e irá agregar, no Conselho Participativo, representantes de entidades da sociedade civil organizada, ligadas ao desenvolvimento urbano – a exemplo do Conselho de Arquitetura e Urbanismo,
universidades e movimentos sociais. O edital de convocação para composição do Conselho Participativo está em análise. O PDUI vai tratar de diretrizes comuns para a toda região metropolitana, envolvendo questões fundamentais para o desenvolvimento urbano integrado, como mobilidade, habitação, saneamento básico e planejamento e gestão territorial. O prazo para conclusão do PDUI é de 18 meses, a contar a partir da assinatura da ordem de serviço. O último Plano de Desenvolvimento da RMS data de 1982. “São 34 anos de um Plano que vem de um rescaldo da ditadura militar e, portanto, imposto sem qualquer debate”, avalia a superintendente de Gestão Territorial Lívia Gabrielli. Já o novo PDUI teria sido “pensado com a participação da sociedade, fruto de discussões coletivas”, sublinha Gabrielli. Lauro de Freitas Um dos principais projetos pensados para a mobilidade é o Veículo Leve sobre Trilhos Metropolitano (VLT), que ligará as cidades de Simões Filho, Camaçari, Dias d’Ávila e Candeias ao metrô de Salvador. “O Governo do Estado tem um Plano Estratégico de Mobilidade Urbana por volta de R$ 9 bilhões em Salvador e região metropolitana”, disse Carlos Martins. O mais importante projeto no âmbito do PDUI talvez seja o Sistema Viário Oeste/Ponte Salvador – Itaparica (SVO) que abrange, entre outros pontos, o Plano Urbano Intermunicipal da Ilha de Itaparica (PUI). Apresentado à população em audiência pública em julho de 2016, o PUI integra a ilha aos demais municípios da Região Metropolitana de Salvador. Até aqui é esse o único projeto conhecido com efeitos para Lauro de Freitas. A construção da ponte, viabilizando o acesso rápido à ilha e maior integração à RMS, deve aliviar a pressão da expansão urbana atualmente suportada por Lauro de Freitas. Sem ter para onde se expandir,
Mapa da mobilidade urbana na RMS: veículo leve sobre trilhos interliga municípios ao metrô a capital faz de Lauro de Freitas a sua fronteira de crescimento. Depois da ponte, Itaparica pode se tornar o novo vetor de crescimento de Salvador, desacelerando o crescente adensamento urbano de Lauro de Freitas. Mas o novo vetor deve impactar diretamente uma área bem maior que Lauro de Freitas, incluindo 4,4 milhões de habitantes de 45 municípios do restante do estado. Além da construção da ponte com cerca de 12 Km de extensão entre Salvador e a Ilha de Itaparica, o projeto prevê uma série de intervenções para a melhoria da infraestrutura viária da região, incluindo a requalificação da BA001 na Ilha de Itaparica e construção de uma via alternativa para tráfego pesado, a duplicação da Ponte do Funil entre Vera Cruz e Jaguaripe, a duplicação da BA-001 e BA-046 até Santo Antônio de Jesus e a construção de um trecho de rodovia entre Santo Antônio de Jesus e Castro Alves e entre Castro Alves e a BR-116. Em busca de investidores, também em dezembro o governador Rui Costa (PT) esteve com o embaixador da China Li Jinzhang em Brasília para apresentar o projeto da ponte e do VLT – além do Porto Sul e da obra da Ferrovia de Integração
Oeste Leste (Fiol). Autarquia intergovernamental de caráter deliberativo e normativo, a Entidade foi instituída pelo governo estadual em 2014 para exercer as competências relativas à integração, planejamento e execução das funções públicas de interesse comum a toda RMS. Integrada por 119 representantes de cidades da RMS, a entidade funciona como uma autarquia intergovernamental, de regime especial, com caráter deliberativo e normativo. De acordo com o governo, apenas o município de Salvador não reconhece a legitimidade do colegiado. “A Entidade Metropolitana vem se consolidando como uma ferramenta de integração entre as cidades e o Estado e, em algum momento, a prefeitura de Salvador vai ter que rever sua posição”, afirma Carlos Martins. As quatro Câmaras Temáticas que compõem a Entidade – Saneamento Básico, Habitação, Mobilidade Urbana e Plano Diretor de Desenvolvimento Metropolitano – reúnem-se periodicamente para debater as funções públicas de interesse comum. Saneamento básico e uso do solo devem ser os temas mais focados em 2017. Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 15
cULTURA
Mostra de vídeos revela talento de estudantes da rede de ensino de Lauro de Freitas
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O
s curta metragens Caia na Real (Escola Municipal do Barro Duro), Entre Injúrias e Glórias (Colégio Paraíso) e o documentário Na Minha Comunidade (Ponto de Cultura Teatro Loca) foram escolhidos como os melhores entre os concorrentes da segunda edição da Mostra de Filmes Educa7 Minutos, em dezembro último. A melhor atuação foi atribuída ao elenco do cur-
Participantes da segunda edição da Mostra de Filmes Educa7 Minutos posam para foto no palco do Cine Teatro de Lauro de Freitas
ta Aion, dos agentes da Oficina Imagem, Movimento e Atitude (IMA), formada por onze alunos do ensino médio matriculados em escolas de Lauro de Freitas. A equipe é também responsável pela mostra. A mostra traz filmes de curta metragem, clips, matérias jornalísticas, documentários e vídeo-arte criados e produzidos por estudantes da rede municipal de Lauro de Freitas com celular ou tablet e máquina fotográfica ou filmadora. A produção dos
vídeos aconteceu desde setembro do ano passado. Em 2016 a Mostra trouxe como novidade a transmissão ao vivo e a votação do público por meio da internet. Sete jurados avaliaram a produção dos estudantes nas categorias como trilha sonora, edição e montagem, roteiro e pesquisa. A votação dos jurados, eles próprios estudantes das escolas locais, equivale a uma pontuação de 70% no valor geral dos curtas. Os 30% restantes ficaram por conta do voto popular. Música por Todo Canto, da Escola Municipal Gregório Pinto de Almeida, recebeu a atribuição de melhor trilha sonora e Eu Tive um Sonho Ruim, da Usina Digital, a de melhor edição e montagem. A melhor fotografia foi de Na Minha Comunidade – também o terceiro melhor curta. O melhor roteiro e pesquisa foram para o documentário Meninos do Batuque, do ponto de cultura de mesmo nome. Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 17
CULTURA
Estudante da rede municipal de ensino conquista prêmio estadual de poesia
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uiz Cleber da Silva Pio Ribeiro, 11 anos, estudante do 5º ano da Escola Municipal Governador Mário Covas, em Itinga, conquistou o segundo lugar na categoria Poesia da terceira edição do Concurso de Escritores Escolares de Poesia e de Redação, da Fundação Pedro Calmon e secretaria de Cultura da Bahia. Pela premiação da obra Viver, Luiz Cleber recebeu uma câmera fotográfica e um kit com 100 livros. Guilherme de Santana Lima, da Escola SESC Nazaré Zilda Arns, em Salvador, ficou em primeiro lugar com a poesia Vi e nãoVi. Foram 520 textos avaliados pela comissão julgadora, que selecionou redações e poesias de estudantes do ensino fundamental e médio. Nesta edição o concurso teve 582 inscrições, com boa participação de municípios do interior, ultrapassando o recorde de inscrições dos anos anteriores e com a participação de 40 cidades em 15 Territórios de Identidade. Entre os estudantes premiados, mais da metade são de municípios Camacã, Lapão, Candeias, Andaraí, Itaberaba, Santa Rita de Cássia, Maracás, Formosa Rio Preto, Feira de Santana, Ipiaú e Serrinha. Muitos dos que receberam livros, bicicletas e máquinas fotográficas digitais, são alunos de escolas públicas. “Quando a comissão se reuniu pela primeira vez e estabeleceu os critérios de julgamento, estávamos certos de procurar estudantes que se destacassem naqueles critérios: um texto bem estruturado, um bom argumento e uma estória, ou história, que tivesse originalidade”, disse a diretora do Livro e Leitura, Mariângela Nogueira. “Nas poesias queríamos averiguar a adequação do texto ao estilo poético, a lírica e também a originalidade”, contou. Nesta edição do concurso, a temática da violência foi a que mais se repetiu entre os textos, com destaque para temas como homofobia, violência contra a mulher, bullying e machismo. “Nossos jovens escritores demonstraram uma incrível preocupação com temas muito importantes na atualidade”, registra Mariângela. Para ela, “positivamente surpreendentes foram as posições progressistas e libertárias, sempre uma defesa contundente dos direitos humanos – e isso é um bálsamo num momento tão difícil de crescimento da intolerância, sobretudo religiosa”. Para ampliar o acesso dos vencedores a ações voltadas para a educação e cultura, estão sendo programadas atividades para estes jovens, fruto da parceria entre a Fundação Pedro Calmon e a secretaria de Educação junto ao Instituto Anísio Teixeira (IAT). Para selecionar 12 textos, entre poesia e redação, com potencial para concorrer ao prêmio, o professor Carlos Souza programou uma atividade específica na Escola Municipal Mário Covas. De acordo com ele, apenas oito foram inscritos porque os demais não apresentaram autorização assinada pelos responsáveis. O professor atribuiu o prêmio ao talento do próprio aluno e ao trabalho desenvolvido por toda equipe da Mário Covas. 18 | Vilas Magazine | Janeiro de 2017
Exposição sobre a oralidade dos mestres da Capoeira continua em cartaz em Salvador
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exposição “Mestres da Capoeira – Em Busca da Oralidade Perdida” continua aberta à visitação até 19 fevereiro, na Galeria do Centro Cultural Solar Ferrão (Pelourinho). O projeto reúne relatos de nove dos mais importantes Mestres de Capoeira baianos, que resultaram em uma exposição interativa de registro das histórias e experiências vividas por eles e que vinha sendo transmitida pela oralidade e, portanto, com grande risco de perda. O projeto tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. Todos os Mestres foram entrevistados pessoalmente e, destes encontros, foram feitos vídeos, textos, fotos e reprodução de objetos pessoais relevantes para a narrativa de suas histórias. A mostra é composta ainda por registros de jornais e materiais de época, além de outros elementos coletados em que apresentam ao público esta perspectiva da história, por ora, restrita aos mestres que viveram as experiências. De acordo com Lila Lopes, idealizadora e coordenadora do projeto, a mostra nasce da necessidade de eternizar conhecimentos fundamentais da história do povo brasileiro, que são as histórias guardadas nas memórias dos mestres da Capoeira, senhores desse misto de dança, música, luta, mo-
dalidade esportiva, filosofia de vida, componente fundamental na formação cultural e identitária nacional. “Com o foco no resgate e perpetuação deste patrimônio imaterial, a exposição apresenta a história da Capoeira através do conhecimento de seus Mestres, passado de geração a geração, guardando e eternizando seus dizeres, sua música, sua dança e todas as peculiaridades desta arte plena que é a Capoeira. O projeto cria e pereniza registros históricos de relevância não só para os praticantes e apreciadores desta arte, mas também, para todos aqueles que se interessam, genuinamente, pela perspectiva histórica e de formação de nosso povo e cultura. Um triste fato reforçou ainda mais a motivação inicial dos idealizadores do projeto: o falecimento de Mestre Gigante, em maio deste ano, durante a primeira fase da exposição, no Forte da Capoeira”, explica Lopes.
SERVIÇO l Exposição “MESTRES DA CAPOEIRA – EM BUSCA DA ORALIDADE PERDIDA” l Galeria do Centro Cultural Solar Ferrão (Rua Gregório de Matos, 45. Pelourinho. Salvador. Tel.: (71) 3116-6743) l Visitação: até 19 de fevereiro. Terça a sexta, de 12h às 18h. Sáb., dom. e feriados, das 12h às 17h. Entrada: grátis.
Jornalista lança livro de poesia
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jornalista, músico e produtor cultural, Márcio Wesley, lançou na plataforma digital da Livraria Saraiva, o seu segundo livro, “Devaneios de um sonhador”’, e-book de poesia contemporâneo que revela o dia-a-dia de forma simples e compreensível, abordando temas diversos: social, política, amor, família, música e raízes culturais. Uma obra com narrativa marcante e de fácil concepção. “É um e-book pequeno com 20 poesias, pensamentos e reflexões sobre o cotidiano. Um obra com leitura rápida. Enquanto você está aguardando para ser atendido em algum lugar, na fila, numa viagem ou após o intervalo do almoço, pega o celular e vai ler um pouquinho”, brinca o escritor. Por R$ 4,90, interessados podem buscar no link http://www. saraiva.com.br/devaneios-de-um-sonhador9409746.html – e baixar no celular, tablet ou computador.
Oportunidade de negócio em Lauro de Freitas! Vende-se empresa multimarcas de comércio varejista no segmento infantil (confecções, calçados e acessórios), em funcionamento no município de Lauro de Freitas há 20 anos, com 10.000 clientes fidelizados e ampla carteira de fornecedores.
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cidadania
Estacionamento irregular em vagas reservadas custa quase R$ 300 DESRESPEITO Vagas de estacion a mento exclusivas para idosos e defi cientes continuam sendo ocupadas indevidamente, seja por falta de co nhecimento, de educação e cidadania
Legislação Segundo a lei federal 10.098, 5% das vagas de estaciona-mento devem ser reservadas, sendo 2% para pessoas com deficiência e 3% para idosos (com no mínimo uma).
P
ara ter direito a estacionar em uma vaga reservada, a lei especifica que os veículos “devem exibir, em local de ampla visibilidade, a credencial de beneficiário, a ser confeccionada e fornecida pelos órgãos de trânsito, que disciplinarão suas características e condições de uso”. Em Lauro de Freitas, a credencial pode ser obtida na Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Ordem Pública, na Rua Clínio Rodrigues, 98, Jardim Pitangueiras, próximo à Estrada do Coco. É necessário apresentar cópias de documento de identidade ou da CNH e comprovante de residência em Lauro de Freitas. As pessoas com deficiência devem apresentar, além dos documentos citados, cópia de laudo médico que ateste a condição. Sem a credencial, o cidadão que estacionar o carro em vaga reservada a deficientes físicos, idosos, polícia, bombeiros ou qualquer outra categoria está sujeito a uma multa por infração gravíssima, reajustada em novembro último para R$ 293,47, mais sete pontos na carteira de habilitação. A lei vale também para espaços privados de uso coletivo, como os estacionamentos de supermercados e shopping centers, que podem ser fiscalizados pelo poder público tanto quanto os espaços públicos. Alguns deles procuram conscientizar a clientela para o respeito às vagas, muito mais comuns nesse tipo de estacionamento do que nas ruas. No Shopping Salvador Norte, por exemplo, as vagas reservadas exibem um display com um segurança em tamanho
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ENTENDA VAGAS RESERVADAS
Penalidade Estacionar nessas vagas é considerado infração gra-víssima, com sete pontos na carteira e multa de R$ 293,47. Fiscalização O Código de Trânsito Brasi-leiro diz que os municípios devem fiscalizar “edificações de uso público e edificações privadas de uso coletivo”.
Display de shopping center em vaga reservada busca conscientizar com autoridade: “vai mesmo?”
real e a pergunta “você vai mesmo parar aqui?”. A mensagem apela à consciência dos usuários do estacionamento sem abrir mão de uma certa ideia de autoridade. Afinal, é proibido por lei estacionar em vagas reservadas em ter direito a elas. O exercício da autoridade é justamente o ponto fraco do respeito às vagas reservadas, já que a cultura nacional se mostra precária quando o tema deriva para a conduta social. A fiscalização municipal tem sido largamente insuficiente, mas também
não há dados sobre a adesão da população residente à credencial emitida pela prefeitura – que a lei exige que seja exibida no veículo para justificar a ocupação da vaga. Medidas para enfrentar o problema têm sido adotadas um pouco por todo o país. Em São Paulo, por exemplo, a nova proposta da prefeitura é criar um grupo especial de agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego para agir exclusivamente em espaços privados como supermercados e shopping centers. Além de multar quem usa vagas de maneira irregular, os agentes seriam treinados para auxiliar pessoas com mobilidade reduzida a atravessar ruas e a trafegar com mais segurança. Leis federais exigem a reserva de 5% das vagas de estacionamento, tanto em locais públicos como privados, sendo 2% para portadores de deficiência física ou com mobilidade reduzida e 3% para maiores de 60 anos – percentuais que seguem padrões internacionais.
S
STJ descriminaliza desacato a autoridade
abe aquele recado ameaçador colado no guichê de qualquer repartição sobre “desacato à autoridade”? Pode desconsiderar. O funcionário público deixou de ser um indivíduo “especial”, protegido das críticas daqueles a quem serve e de quem recebe o salário: o cidadão comum. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) acaba de descriminalizar a conduta tipificada como “crime de desacato a autoridade” por entender que a tipificação é incompatível com o artigo 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos – o Pacto de São José da Costa Rica. A decisão foi tomada em dezembro último. De acordo com os argumentos apre-
sentados pelo Ministério Público Federal (MPF) – ratificados pelo ministro Ribeiro Dantas, do STJ, os funcionários públicos estão mais sujeitos ao escrutínio da sociedade, e as “leis de desacato” existentes em países como o Brasil atentam contra a liberdade de expressão e o direito à informação. O ministro lembrou que o objetivo das leis de desacato é dar uma proteção maior aos agentes públicos frente à crítica, em comparação com os demais – algo contrário aos princípios democráticos e igualitários que regem o país. “A criminalização do desacato está na contramão do humanismo, porque ressalta a preponderância do Estado – personificado em seus agentes – sobre
o indivíduo”, destacou o ministro. A decisão foi unânime na Quinta Turma do tribunal, que ressaltou ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento de que os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil têm natureza supralegal. Para a turma, a condenação por desacato, baseada em lei federal, é incompatível com o tratado do qual o Brasil é signatário. O magistrado apontou que a descriminalização da conduta não significa liberdade para agressões verbais ilimitadas, já que o cidadão pode ser responsabilizado de outras formas – como poderia ser responsabilizado caso agrida qualquer outra pessoa. O que foi alterado é a impossibilidade de condenar alguém, em âmbito de ação penal, por desacato a autoridade. Desacatar, semanticamente, é faltar ao respeito devido a alguém sendo rude, Continua na página 85 u
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seus direitos
Confira quanto você poderá sacar do Fundo de Garantia Trabalhador pode consultar o valor depositado nas contas inativas do FGTS.
O
governo Temer (PMDB) deve liberar o saque do Fundo de Garantia de empregos antigos a partir de fevereiro. Mas já é possível fazer aconsulta dos valores disponíveis: para a grana poder ser sacada, os depósitos têm que ter sido feitos até 2015, e a conta precisa estar inativa. Consulte ao lado o passo a passo para o trabalhador descobrir, no site do FGTS, se terá alguma grana extra. Há casos em que as contas inativas não têm saldo porque o próprio segurado já tirou o dinheiro ao ser demitido sem justa causa ou para comprar um imóvel. O calendário de pagamentos deve ser divulgado em fevereiro. O governo também anunciou que mudará a correção do Fundo, o que poderá deixá-lo mais vantajoso. Clayton Castelani / Folhapress.
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Confira o tempo que falta para a aposentadoria
A
Previdência Social mantém em sua página na internet (www.previdencia.gov.br) ferramentas que permitem a qualquer trabalhador simular o tempo de contribuição acumulado e o valor de um futuro benefício. Com a possibilidade de mudanças nas regras das aposentadorias do INSS – a proposta de reforma da Previdência voltará a ser discutida no Congresso em fevereiro –, os simuladores são aliados importantes para segurados que planejam se aposentar em breve e precisam escolher com bastante cuidado o melhor momento para pedir o benefício. Confira ao lado o passo a passo para fazer as simulações no site da Previdência. Hoje, as aposentadorias por tempo de contribuição são permitidas a mulheres com 30 anos ou mais de recolhimentos previdenciários e a homens que acumulam a partir de 35 anos de contribuições ao INSS. Para receber esse benefício, não há a exigência de uma idade mínima. Se a proposta do governo Michel Temer for aprovada, a maioria dos trabalhadores só poderá se aposentar aos 65 anos de idade. Essa regra não valerá, porém, para mulheres a partir dos 45 anos de idade e homens a partir dos 50 anos. Esse grupo entrará em uma regra de transição que não exige idade mínima para a aposentadoria. Mas eles serão obrigados a continuar recolhendo para o INSS por mais metade do tempo de contribuição que faltar para a aposentadoria na data de aprovação da regra. Essas mudanças previstas tornam o planejamento ainda mais relevante, pois a aposentadoria no momento errado pode trazer prejuízos irreversíveis. Clayton Casterlani / Folhapress.
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artes plásticas
Escultor dos Orixás Thiara Regis | Freelancer para a Vilas Magazine
Rodrigo Siqueira mostra peças da exposição Ori Orixá
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ona Etelvina e dona Marleide, avó e mãe respectivamente, procuravam pelo pequeno menino com cara de indiozinho. Rodrigo simplesmente de vez em quando sumia. Com quatro anos, era natural que estivesse nas cercanias brincando com o irmão mais velho e os primos. Mas não! Sob o assoalho da casa de madeira, Rodrigo se debruçava sobre uma folha de papel onde desenhava pessoas e paisagens, outras vezes os pequenos macacos que alegravam o sítio onde morava, na ilha Parintins, no Amazonas. Assim começa a história de Rodrigo Siqueira, 35, com as artes. Autodidata, passeia facilmente pelas mais diversas expressões e materiais, desde esculturas de barro e metal fundido, a cenografia para televisão e grandes alegorias para o Carnaval. Hoje dedica maior parte de seu tempo pesquisando a ancestralidade africana que, consequentemente, é retratada em sua arte. A arte sacra é uma manifestação artística que traduz religiosidade. Mas não diferente de outras expressões artísticas, revela também traços da história e cultura de um povo. A arte sacra afrobrasileira desenvolvida por Rodrigo se destaca pela riqueza dos detalhes, expressões faciais, realismo e proporções adequadas, sem os exageros comumente vistos ao tentar retratar o povo africano, como lábios e quadris extremamente grandes. “Quem conhece e vive a história dos orixás consegue compreender todas as nuances de minhas peças, e principalmente, sente que aquela imagem lhe representa. O leigo passa a conhecer de forma bela”. Yemanjá negra Quando as pessoas veem pela primeira vez estranham, mas não de forma negativa. Por retratar ancestrais africanos, nada mais natural que suas pinturas e esculturas tragam orixás negros. E assim é com Yemanjá, a rainha das águas, conhecida popularmente por sua pele branca e vestido azul. O despertar para esse resgate da ancestralidade africana através das artes se deu quando da sua iniciação no terreiro Casa de Songo Ilê Oba Otito, há 17 anos, em Manaus, Amazonas, mas o amadurecimento e materialização do projeto só aconteceria 12 anos depois, com apoio de seu
O escultor trabalha no resgate dos ancestrais africanos
companheiro, o antropólogo Vilson Caetano. Juntos, fundam a Brasil com Artes, empresa de arte e educação com objetivo de pesquisar e resgatar a história, cultura e essência das matrizes africanas. Como resultados, já lançaram publicações dedicadas às crianças, além dos livros Ara Mi Meu Corpo e Na Palma da minha mão, que versam sobre cultura e comidas, e a exposição Ori Orixá, cabeças de 18 ancestrais africanos, que já esteve em exposição em Salvador e Lauro de Freitas. “Quando me iniciei no candomblé percebi que os artistas brasileiros não haviam se debruçado muito sobre cristalizar essa ótica afro-brasileira; no decorrer destes mais de 500 anos não dedicaram um olhar para essa cultura, essa memória da ancestralidade africana, que está espalhada de Norte a Sul do país”. Mas as obras de Rodrigo começaram a ganhar espaços além dos livros e exposições. Procurado por pais e mães de santo, Rodrigo iniciou um processo de transformação nos terreiros de candomblé através de esculturas e ferramentas, talhadas a partir do resultado das pesquisas de resgate da identidade afro-brasileira. “Os terreiros de candomblé não consomem mais dessa arte sacra africana por não ter quem as faça. Só tenho conhecimento de três pessoas que se dedicam a esse resgate no Brasil, e uma delas sou eu. Minha função enquanto artista é dividir, não apenas com as
comunidades terreiros, mas com toda sociedade, esse conhecimento sobre a cultura afro-brasileira”. Oxum, musa inspiradora Todo artista tem sua fonte de inspiração, muitas mulheres entraram para a história como musas inspiradoras. Para Rodrigo a inspiração vem dos orixás, mais precisamente de Oxum, que no terreiro Ilê Oba L’Oke é retratada grávida. “Na minha religião, Yemanjá é meu alicerce, Oxoguian minha vida e Oxum minha Inspiração. Construindo a minha arte a partir da história temos que Oxum foi a primeira pediatra, que cuida da criança desde quando é concebida até o seu nascimento. É o orixá que representa a fertilidade, rege tudo que é cíclico, que cuida de tudo que nasce.” A primeira vez que veio para Bahia foi à passeio, para conhecer a festa de Santa Bárbara, em Salvador. Gostou tanto que retornou mais quatro vezes, até que se apaixonou, casou, e por aqui ficou, mais precisamente em Lauro de Freitas. Desenvolvendo a sua arte, Rodrigo já conquistou um importante espaço nos terreiros de candomblé, não apenas no município.
Suas obras estão espalhadas por Camaçari, Salvador, Cachoeira, Maragogipe, Muritiba, além do Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Amapá, Distrito Federal, Minas Gerais, e até em dois terreiros em Portugal. Sua história com as artes ainda registra uma passagem pela publicidade, com cinco prêmios nacionais de criação e por escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, como Vila Isabel, Estácio de Sá, Portela, Grande Rio, Porto da Pedra, Nenê de Vila Matilde e Camisa Verde e Branco, onde ganhou o prêmio de Carnavalesco Revelação, da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, no Carnaval 2002, quando tinha apenas 20 anos.
No terreiro Ilê Oba L’Oke, Oxum é representada grávida Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 25
turismo
UMA CHAPADA SÓ NÃO BASTA Nos parques nacionais de Veadeiros, Diamantina, Guimarães e Mesas, poços de água azulada e cânions cobertos por vegetação disputam o olhar do visitante com cachoeiras que estão entre as mais altas do país Roberto de Oliveira / Folhapress.
A
Ricardo Kuehn / Folhapress
abundância de água doce que brota da terra há milhões de anos molda cenários típicos das chapadas: grutas com salões subterrâneos, cavernas com água azulada e cânions cobertos pelo verde disputam o olhar do visitante com algumas das cachoeiras mais altas do país. As chapadas são lugares para quem gosta de intimidade com a natureza, cruzando estradas de terra e areia ou caminhando sobre pedras às margens dos rios. É para desbravar de olho em cada detalhe, tomar banho de água fresca, ir se em-
Cânions e rios, pontos altos das chapadas Veadeiros, Diamantina, Guimarães e Mesas, recebem visitantes com banho de cachoeira e natureza intacta 26 | Vilas Magazine | Janeiro de 2017
Áreas de conservação em Goiás, Bahia, Mato Grosso e Maranhão têm boa infraestrutura, com pousadas e restaurantes
brenhando por entre os morros e, quem sabe, entregar-se à meditação ante a vista do alto da chapada. Para desfrutar de tudo isso, o visitante vai precisar de alguma infraestrutura. Nas quatro chapadas percorridas pela reportagem, há pousadas confortáveis, restaurantes e serviços de guia. No Centro-Oeste, a chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, e a chapada dos Veadeiros, no Estado de Goiás, são programas que atendem a essa demanda crescente. No Nordeste, não pode faltar uma visita à chapada Diamantina, na Bahia. A das Mesas, no extremo sul do Maranhão,
Gruta da Pratinha, na Chapada Diamantina. Localizada dentro da Fazenda Pratinha - hoje, um balneário - a gruta é inundada por águas azuis transparentes. Entre 14 e 15 horas, de abril a setembro, o lago translúcido ganha tons azulados, quando um faixe de sol invade uma abertura na rocha. A refração permite visualizar o fundo da caverna, que chega a 70 metros.
começa a despontar no mapa do turismo nacional. Elas estão em áreas de cerrado, caatinga, mata atlântica e campos rupestres. Todas pertencem a parques nacionais e dividem terreno com a expansão agrícola e pecuária. Não raro, são vítimas de queimadas criminosas e palco da caça predatória ilegal. MISTICISMO No coração da Bahia, está cravada a chapada Diamantina. A cada temporada, novas trilhas são traçadas para que se descubram seus poços e cachoeiras. Muitos desses caminhos foram abertos por garimpeiros, caçadores e tropei-
ros no século 19, quando a região viveu um período de riqueza a partir da descoberta de jazidas de diamantes. Após décadas de exploração, o ciclo se esgotou e o turismo de natureza floresceu. Das quatro chapadas, é a que possui mais entradas, o que facilita o deslocamento em direção aos seus atrativos. Alcançá-los nem sempre demanda muita caminhada, mas, quando se pretende explorar os encantos da região, é melhor deixar a preguiça em casa. Pertinho de Brasília, o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, criado em 1961, supera o rótulo de “ecoturístico”. Isso porque um de seus acessos é a ci-
dade de Alto Paraíso, um centro místico que atrai hippies, artistas e religiosos do mundo inteiro. O Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, que herda o nome dos caçadores que por ali circulavam, está assentado sobre uma imensa placa de cristal de quartzo. A presença de cristais e o fato de a região estar praticamente no mesmo paralelo da cidade sagrada de Machu Picchu, no Peru, ajudam a explicar a fama esotérica. Devido à proximidade com Cuiabá, a chapada dos Guimarães acaba sendo um passeio de famílias da capital matogrossense. Muitos preferem esticar os u Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 27
turismo
Cachoeira da Fumaça, entre os municípios de Lençóis e Palmeiras, na Chapada Diamantina, é a segunda cachoeira mais alta do Brasil, com 340 metros. A maneira “mais fácil” de vislumbrar a água que jorra de um buraco no paredão é de cima, arrastando-se até a beira do precipício. Para chegar lá é preciso caminhar duas horas (6 km). Quem pretende apreciar a queda por baixo deve se preparar – partindo de Lençóis, são três dias de caminhada em meio às serras.
pés na borda da piscina e, por nada deste mundo, pensam em arredá-los dali em busca das riquezas de uma região que é dona de valiosos sítios arqueológicos e da maior gruta de arenito do país. Situada sobre uma das mais antigas placas tectônicas do planeta, a área já foi fundo de oceano há pelo menos 500 milhões de anos. A mais “nova” chapada a ser explorada pelo turismo de natureza fica no extremo sul do Maranhão, na divisa com o Estado do Tocantins. Ali, seus platôs lembram o formato de mesas de pedra – daí o nome: chapada das Mesas. Uma unidade de conservação nasceu em 2005 para proteger a fauna e a flora locais. O Parque Nacional Chapada das Mesas esconde cerca de 90 cachoeiras e 400 nascentes de água em pleno cerrado, entre os municípios de Riachão, Estreito e Carolina. Este último oferece a melhor infraestrutura, embora o turismo ainda engatinhe nesse pedaço do Brasil. O distanciamento de grandes centros urbanos e o acesso restrito de turistas, porém, ajudam a preservar trilhas selvagens, onde é possível avistar casais de araras-vermelhas em sobrevoo.
Pedra sobre Pedra
É preciso entrar em grutas e subir morros para desbravar as quatro chapadas mais famosas do Brasil. Em alguns destinos, contratar guia local está entre as principais recomendações
Diamantina: os dois lados do parque
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s baianos gostam de bater no peito e dizer que Diamantina é a chapada mais bonita do Brasil. Pode ser grandeza demasiada, mas não há dúvida de que ela é um dos destinos de natureza mais visitados do país. Espécie de capital da chapada, Lençóis serve de base para alguns passeios, como o que segue em direção ao maior símbolo de Diamantina, o morro do Pai Inácio, a 1.120 metros de altitude. É o local onde são dadas as boas-vindas aos 28 | Vilas Magazine | Janeiro de 2017
turistas. Lá do alto, num giro de 360 graus, a impressão é que a chapada não tem fim. Para explorar a cachoeira da Fumaça, que tem 340 metros de queda, e o poço Encantado, com sua água azulada – efeito dos raios solares que entram na caverna –, talvez uma boa opção seja ficar no Vale do Capão, antiga vila “riponga”, hoje apinhada de pousadas charmosas. É também de lá que partem os grupos que seguem pela trilha de 72 km, percorrida em cinco dias, rumo ao Vale do Pati. Os visitantes podem se hospedar nas casas de moradores nativos que ficaram no parque, após a sua criação, em 1985. Outra dica é contemplar a parte sul do parque, onde estão localizadas as cidades de Mucugê e Ibicoara, além do distrito serrano de Xique-Xique de Igatu, que abriga casas de pedra do tempo em que havia exploração de diamantes na região. É também na região sul que se encontram atrativos como a cachoeira do Buracão, o poço Encantado e o poço Azul. Independentemente da escolha, é recomendado contratar um guia para fazer os passeios, ainda mais nesta época do ano, quando as cachoeiras estão com maior volume de água. Também é importante planejar um roteiro que contemple os dois lados do parque para aproveitar melhor a viagem.
Veadeiros: da sauna xamânica ao vale da lua
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m meio ao mato rasteiro, o que domina a paisagem são as árvores retorcidas, que lembram figuras dramáticas. Aos poucos, elas saem de cena para dar lugar às veredas, em cujas margens se forma uma longa fileira de buritizeiros. Esse é o cenário que se descortina no caminho entre Alto Paraíso e São Jorge, no coração de Goiás, dois dos principais acessos à chapada dos Veadeiros. São Jorge é uma vila de casas coloridas e ruas de terra, onde fica a entrada do Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, criado em 1961, declarado pela Unesco Patrimônio Mundial Natural. Nas ruas de Alto Paraíso, um grupo pratica ginástica zen, enquanto aqui e ali anúncios oferecem leitura de tarô e convites para jantares veganos em noites de lua cheia. Participar das saunas xamânicas (“temazcal”, “tenda do suor” ou “sauna sagrada”), espécie de banho de vapor espiritual, também faz parte do pacote de imersão no mundo místico da chapada. Com os pés no chão, um dos principais pontos de visitação em Veadeiros é o Vale da Lua, assim chamado devido à formação rochosa que faz lembrar a superfície lunar. Para fazer os principais passeios do parque, o visitante precisa u roberto de oliveira / folhapress
Topo do morro Pai Inácio, na Chapada Diamantina Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 29
turismo
estar disposto a andar: as trilhas têm até cinco quilômetros, com trechos íngremes e pedregosos – o acompanhamento de um guia é necessário. Como recompensa, os percursos terminam em poços, que surgem na base das quedasd’água de até cem metros de altura. Em Cavalcante, a cerca de 90 km de Alto Paraíso, as atrações estão “escondidas” em propriedades particulares – a maior parte acessível por estradas de terra. Muitas pousadas estão em antigas fazendas. Outro destaque da chapada é a cachoeira de Santa Bárbara, que fica na comunidade quilombola dos Kalungas, a cerca de uma hora por estrada de terra, partindo de Cavalcante. Brasília é a capital mais próxima de Veadeiros.
Chapada dos Veadeiros, no norte de Goiás divulgação
Guimarães: um véu da noiva que desafia os clichês
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ode ser um clichê, mas é irresistível chamar uma cachoeira de Véu da Noiva. Na chapada com cânions de arenito, com até 350 m de altitude na borda do Planalto Central, localizada no centro geodésico da América do Sul, isso não é diferente. É bem provável, porém, que ali esteja a Véu da Noiva que melhor justifique seu título: são 86 m de queda em meio a uma profusão de paredões cobertos pela mata verde típica do cerrado. Mas a chapada dos Guimarães guarda outras surpresas. Cânions, ora avermelhados, ora alaranjados, talvez sejam até mais impressionantes que a queda-d’água que virou seu cartão-postal. Tem mais: já foram catalogados ao
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menos 46 sítios arqueológicos e encontrados ossos de dinossauros do período Jurássico. Tudo isso a cerca de 60 km da capital de Mato Grosso, Cuiabá. Uma sugestão de roteiro é o do Circuito das Cachoeiras, percurso de 7 km que passa pelas quedas Sete de Setembro, do Pulo, Prainha, Degraus e Andorinhas. Mais: inclui duas piscinas naturais. A Casa de Pedra, a Gruta da Lagoa Azul e a cachoeira da Martinha (apelido de uma antiga moradora das redondezas), com um conjunto de três quedas, assim como o mirante da Geodésia, são outros atrativos do parque, criado em 1989. Na área de conservação fica a maior gruta de arenito do Brasil. A porta de entrada do parque é o
município de mesmo nome. Recentemente, a cidade ganhou um parque de ecoturismo, mas o barato ali é mesmo a chapada.
Encanto Azul, na Chapada das Mesas
Mesas: água mole esculpe pedras duras no Maranhão
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arolina é uma cidadezinha simples do interior do Nordeste, no extremo sul do Maranhão, na divisa com o Estado do Tocantins. Um corredor de árvores separa as faixas de sua avenida principal, escondendo um cenário que só aos poucos o visitante vai desvelando. andré romeu / folhapress
Estrada que dá acesso ao Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (MT)
Um extenso paredão de pedras surge diante dos olhos. Estamos perto do Parque Nacional Chapada das Mesas, criado em 2005. É um destino certeiro para quem se amarra em cachoeiras – das grandes. Uma das mais visitadas é a de São Romão. No fim da tarde, um bando de andorinhas desenha uma coreografia no céu avermelhado, antes de “perfurar” 26 metros de queda-d’água. Por incrível que pareça, é atrás de um volume torrencial de água que elas dormem. Antes de o sol raiar, as aves fazem o caminho inverso: saem de trás do véu da cachoeira em debandada para buscar comida na vegetação quase intacta do cerrado. Esse é um dos muitos cenários dessa chapada. A melhor forma de chegar até lá é voar até Imperatriz e, depois, seguir por mais cerca de 250 km em estrada. Uma dica para explorar bem o lugar é contratar agências que oferecem roteiros com duração de um dia. Dona de curiosas formações rochosas, a chapada das Mesas tem ar de ruínas. A ação do tempo formou esculturas de diferentes tamanhos e formatos que de fato lembram mesas, como o morro do Chapéu, com 378 m de altitude. Nessa chapada, “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 31
Dicas para curtir a estação mais quente do ano
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hegou o verão e com ele as férias, festas e altas temperaturas. Para aproveitar ao máximo a estação, alguns cuidados são indispensáveis e o primeiro deles é com a exposição ao sol. Além das queimaduras e possibilidade de insolação, a falta de cuidados pode favorecer o surgimento de várias doenças de pele, entre elas o câncer. O câncer da pele é o mais comum de todos os tipos de câncer e representa mais da metade dos diagnósticos da doença. O câncer da pele não melanoma é o mais incidente no Brasil. São estimados 175.760 mil novos casos no Brasil em 2015, sendo 80.850 homens e 94.910 mulheres, segundo estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Para evitar qualquer tipo de mal estar comum desta época, é recomendado o uso de bonés, chapéus, viseiras e guarda-sol. Quem for para a praia ou piscina, deve usar protetor solar e evitar o intervalo entre 10h e 16h. O protetor também deve ser usado para quem trabalha na rua e se expõe ao sol. Confira algumas dicas.
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SUA PELE A exposição excessiva aos raios solares pode causar diversos problemas dermatológicos como desidratação, queimaduras, envelhecimento precoce, além de aumentar o risco de câncer. Dermatologistas recomendam que o protetor solar deve ser aplicado de 20 a 30 minutos antes de colocar a pele em contato com os raios solares. É preciso renovar a proteção com aplicações de três em três horas. Outro cuidado é jamais usar protetor com fator abaixo de 30.
HIDRATAÇÃO Um problema bem comum nos períodos mais quentes do ano é a desidratação. Ela pode provocar dor de cabeça, tontura, desmaios, entre outras intercorrências. Por isso, merece total atenção. “O ideal é que possamos consumir de dois a três litros de líquidos por dia para manter nosso
corpo hidratado. Sucos naturais, bebidas isotônicas e chás gelados cumprem com essa função. Porém, contém mais calorias que a água pura, por exemplo, o que requer cautela.
PRAIA Na praia, pode não paracer, mas há diversos perigos, a começar pelo sol. Mesmo sob guarda-sóis, o sol pode provocar queimaduras e insolação, pois cerca de 80% da radiação solar é refletida pela areia. O cuidado deve ser maior com as crianças. Além do protetor solar, é necessário ficar atento ao mar. O recomendado é nunca entrar na água longe da guarita de um salva-vidas. Prestar a atenção nas bandeiras de sinalização e respeitar as orientações garante um banho tranquilo e sem sustos.
MELHOR HORÁRIO As maiores temperaturas do dia são registradas entre às 10 e às 15 horas, quando também é maior a incidência dos
raios UV, nocivos para a saúde. Por isso, é preciso ter cuidado com a exposição solar direta, já que, neste período do dia, o risco de queimaduras é muito maior. O melhor é não se expor ao sol neste intervalo, mas se for inevitável é o melhor ficar protegido em locais cobertos, como quiosques, bares ou mesmo os guarda-sóis, o que evita também quadros de insolação.
ALIMENTAÇÃO Com as altas temperaturas durante o verão aumentam os casos de intoxicação alimentar, causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados por microrganismos. Na praia, os cuidados devem ser ainda maiores, já que além do calor intenso, vários alimentos são vendidos sem os devidos cuidados com a higiene. Evitar alimentos crus ou mal cozidos, preferindo os que passam por altas temperaturas para serem preparados, ajuda a diminuir os riscos, explica a nutricionista.
MOSQUITOS Dengue, Zika vírus e Chikungunya são transmitidos pelo Aedes Aegypti. Como ainda não se descobriu uma forma eficiente de combate ao mosquito, o melhor remédio continua sendo a prevenção, ou seja, a redução das possibilidades da criação e reprodução. O mosquito pica preferencialmente durante o dia. Então, continua sendo necessário eliminar todos os tipos de artigos descartados que possam acumular água e facilitar a reprodução do Aedes. Em locais de grande infestação de mosquito, o uso de repelente é recomendado.
Muito além do protetor solar
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fotoproteção é fundamental no ano todo e no verão quase vital. Mas algumas substâncias também devem fazer parte do ritual diário de beleza, na medida em que também protegem a pele dos efeitos nocivos dos raios UV e ainda são ingredientes seguros para rejuvenescer a pele na estação mais quente do ano. Elas são antioxidantes, moléculas que impedem a formação de radicais livres. “As vitaminas e os antioxidantes fazem com que aquele dano oxidativo causado pela radiação ultravioleta seja em parte revertido, potencializando a ação de defesa imunológica e de reparo, quando só o fotoprotetor não consegue proteger adequadamente a pele”, explica a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Clássicos como a Vitamina C e E são indispensáveis, por atuarem como antioxidantes nos alvos celulares hidrofílicos e lipofílicos (ou seja, nos meios aquoso e lipídico da pele). Mas as vitaminas não são os únicos ingredientes que fazem parte da família dos antioxidantes: o extrato de chá verde é outro famoso conhecido e até “ácidos” podem estar na categoria. “O ácido ferúlico é uma substância aprovada como filtro solar no Japão, podendo desta forma ser utilizado em protetores solares ou produtos de combate aos efeitos nocivos dos raios UV. Dados científicos mostraram que a aplicação tópica do ácido ferúlico inibe a formação do eritema (vermelhidão) provocado pela exposição da pele aos raios UVB além de sua atividade antioxidante”, comenta Claudia. Ideais para serem usadas antes do fotoprotetor, veja como agem as quatro substâncias:
Ácido Ferúlico: “Esse ácido fornece hidrogênio para a neutralização dos radicais livres, compostos estes relacionados com o envelhecimento das células, portanto é um potente antioxidante”, comenta a dermatologista Claudia Marçal. “É usado junto com a Vitamina C, o Ácido Ascórbico, para tratamento do envelhecimento e manchas”,
acrescenta o dermatologista Jardis Volpe. Além disso, o ácido ferúlico suaviza rugas e linhas de expressão. “Quando nanoencapsulado na formulação, garante alta penetração, chegando na junção dermoepidérmica e aumentando a elasticidade com estímulo do fibroblasto”, argumenta a farmacêutica Silvana Masiero. u Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 33
Extrato de Chá-Verde: Márcio Accordi, biólogo especialista em cosmetologia, explica que o extrato de chá verde possui componentes como polifenóis e flavonoides, com enzimas antioxidantes capazes de reduzir o aspecto avermelhado da pele. “Por esse motivo, é indicado na composição de fotoprotetores ou produtos pré e pós-sol. Também tem ação estimulante cutânea e antienvelhecimento”, comenta o especialista. Vitamina C: “Poderoso antioxidante, cuja aplicação tópica permite alcançar níveis que não seriam possíveis com a ingestão de frutas ou de suplementação oral de vitamina C”, explica a dermatologista Claudia Marçal. Além disso, é responsável por frear a ação dos radicais livres, estimular a formação de novo colágeno (é cofator da síntese) e ajuda a proteger a pele dos efeitos do sol, na medida em que uniformiza o tom de pele e melhora sua textura. “Também é importante para diminuir as rugas e apresenta atividade imunoprotetora e clareadora”, explica Claudia Marçal. “Prefira as fórmulas que visam manter a estabilidade da vitamina, já que o composto é quimicamente instável, perde rapidamente suas propriedades em contato com a luz, o oxigênio e o calor”, completa Jardis Volpe. “O ingrediente reforça a proteção dos filtros solares e deve ser aplicado anteriormente ao fotoprotetor. Se o produto também tiver Vitamina E, a barreira é ainda maior contra os raios UV”, explica o dermatologista. Vitamina E: Com alto poder antioxidante, previne o envelhecimento cutâneo, protege contra os danos celulares, além de promover hidratação. “Também tem efeito calmante e suavizante e, por isso, é muito utilizada em produtos póssol, ajudando a proteger do estresse ambiental e diminuindo o eritema e a sensibilidade da pele”, destaca a demartologista Claudia Marçal. 34 | Vilas Magazine | Janeiro de 2017
Olhos precisam de atenção Não é só a pele que sofre com a incidência dos raios solares no verão
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verão traz não apenas o aumento da temperatura como uma maior incidência da radiação solar. Uma situação que exige um cuidado redobrado com a proteção dos olhos em atividades ao ar livre. “Como a incidência do raio solar é muito mais direta no verão, os níveis de radiação UVA/UVB sobem muito”, salienta a oftalmologista Marcia Beatriz Tartarella. “As pessoas tendem a se preocupar com a proteção da pele, mas muitas esquecem de proteger a visão”, acrescenta. Quem vai para a praia, recomenda Marcia, não deve achar que embaixo do guarda-sol pode dispensar o óculos. Os óculos de sol oferecem proteção contra a radiação nociva do sol e ainda funcionam como uma barreira mecânica, já que impedem a areia de entrar no globo ocular. Portanto, “o seu uso torna-se indispensável para aproveitar de forma segura a praia, a piscina ou até mesmo o lazer em parques à céu aberto”. E quem é usuário de óculos de grau pode contar com as lentes fotossensíveis como aliadas, pois
elas bloqueiam 100% os raios UVA/UVB e ainda oferecem um maior conforto visual ao promoverem uma adaptabilidade ao nível da luminosidade do ambiente. Quem mergulhar em piscinas deve tomar cuidado. O calor, explica Marcia, aumenta a temperatura da água, tornando o ambiente mais propício para a proliferação de bactérias causadoras de conjuntivite. “Recomenda-se evitar abrir os olhos debaixo d´água.” Por ser uma região muito sensível, qualquer substância estranha pode irritar os olhos. Na praia, a areia pode chegar à área tanto por causa do vento quanto por coçar com as mãos sujas. Já em piscinas, o risco está associado ao cloro adicionado à água que, em grande quantidade, gera ardor e vermelhidão. Para amenizar qualquer efeito nocivo nessas duas situações, a melhor medida é aplicar colírio lubrificante depois de deixar a praia ou piscina. E isso vale também para as crianças. Outro cuidado é com o protetor solar, exigindo atenção redobrada com a área dos olhos, porque o suor acaba levando o produto para o globo ocular ocasionando irritação química. Para driblar esse inconveniente, Marcia dá um conselho: “Recomendo o uso de protetor solar em pó compacto para as pálpebras. Eles são eficazes e evitam escorregar para dentro dos olhos.” Os óculos não podem ser esquecidos, principalmente no verão. O uso de ócu-
los com proteção de raios solares UVA/ UVB deve iniciar desde a infância. Isso, porque, a exposição à radiação tem efeito cumulativo e, gradativamente, gera lesões oculares ao longo da vida. Se as consequências forem severas, elas podem originar uma inflamação crônica com o surgimento de uma pele sobre a córnea dos olhos, doença denominada de Pterigio. “Outro problema recorrente nesses casos é o aparecimento da catarata, a qual pode ocasionar a perda de visão. Tais patologias necessitam de acompanhamento de um especialista, porque somente um profissional habilitado é capaz de indicar o melhor tratamento. Portanto, desde a infância os cuidados com a saúde visual devem fazer parte do bem-estar”, alerta.
Compre óculos de qualidade Além de não filtrarem o espectro total dos raios UVA e UVB, os óculos de baixa qualidade não oferecem garantia de proteção. Quando estamos no escuro, nossa pupila se dilata para facilitar a entrada de luz. A mesma coisa acontece quando utilizamos óculos com lentes escuras. Exatamente por esta razão, os óculos escuros de baixa qualidade podem ser danosos porque, além de não protegerem dos raios ultravioletas, dilatam a pupila, ampliando o campo de entrada para estes mesmos raios. Os raios ultravioletas são radiações eletromagnéticas não perceptíveis aos olhos, assim como os raios infravermelhos. A radiação UVA está mais relacionada ao envelhecimento, enquanto a radiação UVB, às queimaduras de pele. Um óculos de sol deve ter, necessariamente, filtros contra raios ultravioletas (UVA e UVB), certificação de que bloqueia a gama de radiação nociva e lentes com formato adequado para o sistema ótico do olho, evitando que a pessoa enxergue sem aberrações.
Cuidado com as crianças Verão, especialmente na praia, exige uma atenção maior
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om o aumento das temperaturas os pequenos têm maior exposição solar, mais transpiração e modificações na dieta. Por isso, é fundamental conhecer os riscos próprios do verão e proteger-se para, assim, aproveitar o melhor dessa época do ano. “Crianças são grupos de risco independente de sua idade: os menores por uma dependência de mais cuidados enquanto as maiores pelo ritmo do desenvolvimento e busca de independência. Assim, não há idade em que os cuidados e atenção da família possam ser dispensados, pelo contrário, a atenção familiar é essencial sempre”, explica o pediatra Yechiel Moises Chencinski, membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Primeiros Cuidados da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). Como proteger a pele? Fique atento à idade e aos cuidados que cada fase demanda. Dessa forma,
casos agudos de queimadura e insolação são possíveis prevenir, assim como quadros crônicos consequentes da exposição solar exagerada e desprotegida. “Abaixo dos seis meses de vida, pelas características de pele, não se recomenda o uso de protetor solar, logo, é importante manter o bebê longe do sol direto. Após essa fase, o uso de bloqueador deve ser o de fator 30. Opte pelo uso de roupas leves e chapéus, assim como permanecer nas áreas de sombra o máximo possível”, recomenda o pediatra. O foto bloqueador deve ser aplicado 15 minutos antes da exposição solar, com a repetição do processo a cada duas horas ou após imersão na água. Dê sempre preferência aos produtos em creme ou bastão; em aerosol requerem cautela e, ainda assim, somente após os dois anos. “Entre outras questões de pele que aparecem pelo excesso de exposição solar e à umidade, podemos citar as brotoejas, as micoses e infecções de pele, como impetigos e piodermites. Ao sinal de qualquer alteração, entre em contato com o pediatra e não se automedique”, alerta Chencinski. E com a alimentação, qual cuidado deve ter? As férias escolares, em geral, provocam mudanças na dieta alimentar. Isso acontece por diversos fatores, como u Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 35
a mudança de horários e a oferta alimentícia característica de praias e clubes. Somado a isso, uma alimentação mais liberada em decorrência das festas de fim de ano pode demandar maior atenção com os alérgicos e obesos. É importante dar preferência aos alimentos frescos, que contenham muito líquido e vitaminas, pois auxiliam no bom funcionamento do intestino e fazem bem para a pele. É indicada a ingestão de, pelo menos, quatro porções de frutas para as crianças diariamente. Evite sempre as gorduras, frituras, salgadinhos e doces, que possuem difícil digestão e baixo valor nutricional. “Não é raro que até as crianças ganhem de 2 a 5 quilos nestes dois meses de férias. Normalmente, estas mesmas crianças levam de 4 a 6 meses para perderem este peso, tentando reconquistar sua confiança e autoestima”, ressalta. É importante também ter atenção especial para a conservação dos alimentos. Segundo o médico, condições inadequadas de armazenamento são as razões mais comuns para quadros de diarreia, vômito e, consequentemente, desidratação. “O verão ainda exige muitos outros cuidados com os pequenos. Os pais e responsáveis devem estar atentos para que as crianças não se percam nas praias e não corram o risco de afogamento em piscinas sem proteção. Assim como, ao viajar de carro, utilizar a cadeirinha corretamente e estar sempre com a carteirinha de vacinação em dia”, destaca o pediatra Chencinski. 36 | Vilas Magazine | Janeiro de 2017
As doenças mais comuns da estação
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alor e umidade.Esta combinação é responsável pelo aparecimento de muitas doenças de pele no verão, que interferem na saúde de quem quer aproveitar os dias mais quentes do ano. A dermatologista Jussara Gasparotto, explica que o uso de protetor solar e cuidados com a higiene e locais frequentados ajudam em muito a diminuir o risco de contagio de boa parte delas. Veja a seguir quais as doenças mais comuns nessa época do ano, sintomas e como é o tratamento que deve ser prescrito por um médico.
ACNE SOLAR A mistura de calor, suor e protetor solar aumenta a oleosidade da pele e favorece o aparecimento de bolinhas nos ombros, peitos e costas, com ou sem a presença de pus. Esteticamente muitas pessoas se incomodam, mas não há agravamento da doença. O simples fato de lavar sempre a pele diminui a oleosidade e a acne solar tende a ir melhorando gradativamente. BICHO GEOGRÁFICO É uma larva que penetra na pele e causa muita coceira, vermelhidão e inchaço. A transmissão ocorre geralmente em praias, onde há fezes de cães e gatos, que contaminam um raio de dois metros de areia. As pessoas que pisam, sentam ou tem contato com qualquer parte do corpo com a areia contaminada podem contrair a doença. A larva caminha sob a pele e o desenho que se forma é semelhante a um mapa geográfico. O tratamento é feito por vermífugo e a pele vai se recuperando aos poucos. CÂNCER DE PELE Uma das causas é a exposição solar excessiva ao sol. Quem tem pele muito clara e sensível é mais prejudicado. A prevenção consiste em não se expor ao sol no horário das 10h às 16h, usar filtro solar diariamente, inclusive nos dias nublados e com mormaço, já que a radiação ultravioleta está presente nesses dias também. Lesões como pintas que mudaram de características, feridas que não cicatrizam, lesões endurecidas devem ser avaliadas por um dermatologista. FOLICULITE É uma inflamação causada por bactérias que aparece como pequenas espinhas, de ponta branca, na base do pelo, que em geral fica avermelhado.
É comum o aparecimento na virilha e no glúteos, podendo coçar, e doer. Normalmente esta inflamação sara sozinha, mas em casos mais graves é importante o acompanhamento de um dermatologista. O tratamento consiste em usar roupas mais leves, evitar locais quentes e não fazer a depilação ou raspagem dos pelos. HERPES LABIAL Praia é sinônimo de muito sol, ingestão de álcool, alimentos fritos e desidratação, a combinação perfeita para a queda da imunidade e o aparecimento da herpes labial, uma infecção viral e contagiosa com a presença de pequenas bolhas doloridas. Mesmo o uso do protetor solar não inibe o avanço da doença. Os sintomas desaparecem entre uma e duas semanas. Medicamentos antivirais e pomadas podem ser prescritos por um médico para aliviar a dor e cicatrizar. IMPETIGO É uma infecção de pele causada por bactérias, comum nas estações mais quentes do ano. Em geral, as crianças são as principais vítimas. O rosto e as extremidades do corpo são as regiões mais comuns. Qualquer lesão de pele preexistente pode facilitar o aparecimento do impetigo. A bactéria causa uma inflamação avermelhada, que evolui para uma bolha e, ao romper causa uma ferida com uma crosta cor de mel. O tratamento pode ser tópico com cremes e pomadas ou medicação via oral. MICOSES Micose entre os dedos do pés e virilha: conhecida também como pé-deatleta ou frieira quando acomete os pés, são fungos que proliferam na pele e causam irritação e coceira. Dependendo da
ferida, pode provocar uma infecção. A transmissão nunca ocorre em praias, mas sim em piscinas, já que o fungo se desenvolve em lugares quentes e úmidos. A principal dica é secar bem o corpo após o banho, principalmente a virilha e os pés, além de usar talco. O tratamento é feito com medicamentos via oral e pomada. BROTOEJA Miliária/ Brotoeja: mais comum em crianças são pequenas bolas e bolhas que surgem em cima da pele avermelhada, porque as glândulas que produzem suor aumentam sua produção e o suor penetra na pele comum na região do pescoço e tronco. Medicamentos podem ser utilizados para aliviar a coceira e evitar que as crianças machuquem a pele e favoreça o aparecimento de outras doenças. O tratamento consiste em usar roupas de tecidos leves e largas e ficar em ambientes frescos, evitando suar muito. PANO BRANCO É uma micose comum na pele causada por um fungo, que só é notada quando a pessoa se expõe ao sol. Os sintomas são manchas brancas na pele, mas em alguns casos elas podem ser castanhas ou avermelhadas. O tratamento pode ser feito com xampu, pomada e até comprimido e, em geral, desaparece em até 60 dias após o início da medicação. QUEIMADURAS Queimadura na pele por limão, abacaxi e perfume: fazer caipirinha com estas frutas ou passar perfume antes de se expor ao sol é um grande risco para o surgimento de manchas escuras na pele, conhecidas por fitofotomelanose e fotomelanose. Nos casos mais graves, bolhas podem aparecer, acompanhadas de coceira e sensação de ardência. Para evitar é importante lavar bastante a pele com sabão e usar protetor solar. O desaparecimento das manchas ocorre de forma espontânea com o passar do tempo.
Pets precisam de cuidados
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chegada do verão, aliada a mudança de horários, traz impactos na vida das pessoas. Os dias se tornam mais longos e a prática de exercício físico aumenta. Para muitos, essa época se torna mais produtiva, mas, será que os pets sentem essa mudança? A veterinária Andressa Felisbino explica e dá dicas de como cuidar dos bichos de estimação nesse período do ano. Segundo ela, a mudança comportamental ocorre pelo fato de os animais acompanharem a rotina familiar. Uma das medidas que podem ser adaptadas para amenizar e facilitar essa transição é a troca diária dos horários de alimentação e passeio. Isso diminui a ansiedad e, latidos excessivos e agitação dos pets. “Quando o horário do passeio começa pode ser que o animal não esteja pronto para suas necessidades, o que torna a caminhada mais demorada. Com a alternância de horários, o pet não estranhará tanto quando o relógio for atrasado novamente”, observa a veterinária. Durante essa época do ano, os números de parasitas e ectoparasitas também aumentam. Depressão, desidratação e anemia são alguns dos sintomas sentidos pelos animais quando há contaminação. Além dos produtos de uso oral, coleiras também são eficazes no controle dessas pragas. Andressa observa que os tutores devem ficar atentos especialmente em relação ao carrapato. “Ele é muito comum em parques e praias e transmite doenças graves. Portanto, fique atento e examine seu animal sempre que ele sair para áreas externas (na rua ou no quintal), principalmente se ele não usa produtos adequados contra carrapatos”, enfatiza a profissional. Animais com pelagem clara e
pelos curtos devem ter cuidados especiais durante os passeios. Andressa argumenta que a exposição ao sol é importante para a fixação de vitamina D, mas a permanência excessiva pode resultar em uma dermatite. Para isso, o uso de filtro solar é essencial, principalmente nos focinhos. Sapatinhos e botinhas também são importantes para os pets, pois evitam queimaduras nas patas em dias ensolarados ou de mormaço. A prática de esportes e as atividades físicas durante o horário de verão proporcionam aos animais momentos de alegria e diversão mas, no caso de animais com sobrepeso ou cardíacos, devem ser orientadas pelo veterinário. “Aliados a rações de baixa caloria e próprias para cada tipo de pet, os exercícios físicos também são importantes para melhorar a qualidade de vida dos animais e no combate de sobrepeso, sem falar que eles adoram interagir com seus tutores.” u Janeiro de 2017 | Vilas Magazine | 37
A gestante e o verão
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e a gestação não é de risco, pode-se aproveitar a praia ou a piscina sem problemas no decorrer de qualquer etapa da gravidez. Porém, determinadas precauções são fundamentais para garantir o bem estar do neném e da mamãe. Os primeiros e os últimos meses são os que precisam de mais atenção. Isso porque, no começo da gestação, é normal surgirem enjôos e vertigens, que podem evoluir até um desmaio na água e ocorrer um afogamento. Nos últimos meses, a gestante já está com a barriga bastante grande dificultando em caminhar e se equilibrar, podendo acontecer uma queda. Por conta desses e de outros riscos, a futura mamãe deve estar sempre acompanhada de outra pessoa ao entrar na piscina ou no mar, não importando a etapa gestacional. É recomendado escolher praias mais tranquilas e sem ondas fortes. O perigo, nessa situação, é de a onda bater forte contra a barriga podendo ocasionar um trauma na área do abdome, o que pode gerar dor, contração no útero e, em situações mais sérias, sangramento por causa do deslocamento da placenta. É mais seguro virar de costas. Na piscina, a grávida não deve entrar dando um mergulho. É prudente ter atenção para entrar e sair pela escada de acesso e ficar o mais próximo da beirada para conseguir se apoiar caso sinta algum incômodo ou mal estar. Os exercícios físicos na água são perfeitos, mas devem ser realizados exclsuivamente com a autorização do médico e de um acompanhamento. Não é recomendado ficar mais do que três horas sem se alimentar e deve intercalar tempos de descanso para beber água durante as atividades. A recomendação também é impor-
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tante para os exercícios realizados fora da água, que, da mesma maneira, somente devem ser feitos com autorização e acompanhamento. As caminhadas são os exercícios mais recomendados para serem praticados durante a gravidez, pois ajudam a diminuir o estresse, a combater a ansiedade e a aumentar a autoestima. Alongar-se durante
a manhã e no final da tarde e praticar ioga e pilates também são aconselhados. Na praia, a atenção deve ser redobrada quando caminhar em areia fofa demais, que pode gerar uma torção de tornozelo. É comum as gestantes serem acometidas de câimbras. Isso acontece por três razões: mudanças posturais por causa do aumento do útero, gerando desvios de
coluna; aumento das veias; e eliminação de sódio e potássio causada pela transpiração intensa. Os sintomas ocorrem com mais frequência no verão (em especial durante a manhã), já que existe o aumento das varizes e do suor demasiado. É recomendado ingerir bastante água, descansar e ficar mexendo os tornozelos e os pés enquanto estiver sentada, para não deixá-los na mesma posição por muito tempo. Durante a noite, durma
com os pés para cima, para auxiliar o retorno venoso. Os inchaços, já frequentes durante a gestação, pioram bastante no verão. Médicos esclarecem que entre as causas, estão a dificuldade de retorno venoso devido ao excesso de peso, maior volume de sangue circulante e erros de postura (como ficar muito tempo em pé parada ou sentada sem nenhuma movimentação). Pode-se aliviar esses incômodos dei-
xando as pernas elevadas, com o auxílio de uma almofada, enquanto está dormindo, e também sentar com as pernas retas apoiadas em um banco, e caminhar algumas vezes durante os períodos mais frescos do dia, ao longo da semana, regulando o aumento de peso e utilizando meias elásticas de compressão, além de usar roupas confortáveis, mais largas, de tecidos como linho e algodão, que ajudam nos movimentos. Outros cuidados que as grávidas devem observar na praia é quanto o uso do filtro solar e hidratação. Devido a fabricação dos hormônios, a gestante tem mais possibilidades de ter manchas na pele, então ela precisa sempre utilizar o protetor solar a cada duas horas no sol. A exposição aos raios solares deve ocorrer de preferência antes das 10 horas e depois das 16 horas, e nos horários de pico, ela deve se proteger sob o guarda-sol e usar boné ou chapéu. A desidratação pode ocasionar mal estar, tendo como características dores de cabeça, redução da salivação, vertigens, pressão baixa e desmaios, além de infecção urinária, que, caso piore, ocasiona um risco maior de trabalho de parto prematuro. A recomendação é beber, até dois litros de água filtrada diariamente e beber água mineral apenas de garrafa fechada. Outras recomendações são não ficar tanto tempo com o biquíni molhado (isso ocasiona umidade na parte íntima, proporcionando o desenvolvimento de fungos e podendo causar infecções vaginais, como é o caso da candidíase), e não consumir alimentos em barracas clandestinas e de ambulantes. Dê preferência a alimentos menos pesados e não coma frituras. Opte, também, pelos sorvetes de fruta; corra do pico de sol e do calor demasiado, que gera vasodilatação, podendo provocar uma redução da pressão arterial e inchaço. E sempre leve consigo o cartão prénatal, caso necessite se consultar com um clínico.
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beleza & estética
PÉS A MOSTRA Para evitar o ressecamento e as rachaduras dos pés, cuide deles constantemente; os cremes e a esfoliação ajudam no tratamento
C
om a chegada do verão, os sapatos e tênis dão lugar aos chinelos e sandálias. Por isso, a preocupação com os pés aumenta. Para quem quer desfilá-los bonitos durante a estação, o ideal é tratá-los com creme e esfoliação. Principalmente para quem estiver acostumado a ficar muito tempo descalço ou mesmo já tiver a pele ressecada ou
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com rachaduras no calcanhar, é preciso termais paciência para que o aspecto da região melhore. “O ideal seria que a hidratação fosse constante. Assim,no verão, eles já estariam prontos para ser mostrados”, introduza podóloga Luciana da Trindade. Sobre a hidratação, a dermatologista Paula Sanchez explica que, em cremes para os pés, o principal componente químico é aureia. “A concentração dela varia de10% a 20%. A glicerina e as manteigas, como a de karitê, também os compõem.” Grávidas devem ficar atentas em sua escolha, pois, para elas, os cremes à base de ureia não são indicados. Outra questão importante é o uso das lixas. Para Paula, elas devem ser deixadas de lado. “A fricção exagerada é interpretada pelo organismo como uma agressão, e, como mecanismo de proteção, a pele do pé se torna mais espessa. O ideal para retirar a pele excedente e ‘morta’ são as esfoliações.” Já a podóloga Luciana diz que, com movimentos suaves e uso uma vez por semana, a lixa pode promover uma renovação positiva de células. A esteticista Maria de Fátima Lima Pereira concorda: “Ela deve ser usada com moderação. O afinamento excessivo da pele nessa região faz com que o tecido fique fino e dolorido a ponto de desencadear rachaduras. Portanto, deve haver cuidado com exageros”. A especialista lembra também que tão importante quanto a hidratação é a realização do escalda-pés, para melhorar circulação e reduzir inchaço localizados. “Para isso, aqueça a água o suficiente para deixá-la morna e adicione óleos essenciais que, além do tratamento direcionado, ainda estimulam pontos reflexos das plantas dos pés.”
Ela se refere a regiões que, massageadas no pé, interferem no funcionamento de diferentes partes do corpo, aliviando dores e tensões nesses locais. Maria de Fátima indica, para o ritual, os óleos de gérmen de trigo, de rosa mosqueta, de girassol e de macadâmia. Para cada litro de água, são necessárias duas gotas de óleo. Julia Couto / Folhapress.
Mirian Goldenberg
Mirian Goldenberg é é antropóloga, professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. miriangoldenberg@uol.com.br
O que ser na velhice? Não é preciso esperar a velhice para ser você mesmo, ter liberdade e aproveitar melhor o tempo
P
erguntei a homens e mulheres de 40 a 65 anos: “O que Uma professora de 63 anos disse: “Tenho uma certa você quer ser e fazer quando envelhecer?”. urgência de aproveitar o tempo da melhor forma possível. As respostas mais frequentes: Não deixo mais para amanhã o que quero fazer hoje. Sei 1. Ter mais tempo para cuidar de mim mesmo e fazer as que a vida é muito curta, o tempo passa muito rápido. Não coisas que eu gosto de fazer quero desperdiçar o meu tempo ou simplesmente deixar o 2. Voltar a estudar (inglês, francês, filosofia, psicologia, tempo passar. O tempo para cuidar de mim passou a ser uma história...) prioridade e, para 3. Aprender isso, precisei me algo novo (um libertar e me deinstrumento, fosapegar de muitas tografar, surfar, coisas, de pessoas dançar...) e de certas obriga4. Fazer coisas ções”. que sempre quis Ela disse que fazer, mas nunca somente “depois tive coragem (esde velha” descocrever um livro, briu como ser mais nas mãos de quem mais entende pintar um quadro, verdadeira, livre e A Freitas Cirurgia e Estética é uma clínica cantar...) feliz. “Depois dos formada por médicos especialistas em cuidar 5. Viajar e sair 60 anos passei a da sua saúde e do seu bem estar. Agende uma mais com amigos; ter a coragem de consulta conosco. 6. Curtir mais ser eu mesma, de marido, esposa, fazer o que eu teSERVIÇOS namorado, namonho vontade de faCirurgia vascular rada, filhos, netos zer. Me arrependo Angiologia 7. Caminhar, profundamente de Cirurgia plástica estética e reparadora nadar, fazer ginásnão ter começado Fisioterapia dermatofuncional tica e ir à praia toa minha libertação dos os dias mais cedo. Perdi 8. Ler muito muito tempo da mais e ir mais veminha vida tentanzes ao cinema, tedo agradar e cuiVillas Trade Center, atro e shows dar de todo munEdf. Villas Master Empresarial, Bl IV, s. 401/402 , Vilas do Atlântico. 9. Reformar e do e me esqueci www.freitascirurgia.com.br Lauro de Freitas. Tel: 71 3026-2127 decorar a casa de mim mesma”. 10. Simplificar Muitos acredia vida (guardar só tam que só mais o que uso, preciso e gosto) velhos irão conquistar a liberdade e a sabedoria para aproÉ fácil perceber que eles desejam coisas que poderiam veitar melhor o tempo e, assim, parar de tentar responder ter em qualquer fase da vida. Por que então esperar enve- desesperadamente às expectativas e demandas dos outros. lhecer? Aprendi com meus pesquisados a me fazer duas perEles disseram que só mais velhos terão mais tempo e guntas que são fundamentais: O que eu quero ser e fazer liberdade para fazer o que realmente gostam e o que real- quando envelhecer? Por que não posso ser mais livre para mente querem. “ser eu mesma” desde agora? Diretor Técnico: Dr. Marcos Freitas. CRM BA - 11007.
Você
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vida saudável
Usar o mesmo sapato todo dia cria risco de micose nos pés
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Hábito deixa calçados úmidos, o que dá vez à doença. Tratamento das unhas pode levar de seis a dez meses
ungos gostam de ambientes quentes e úmidos. Por isso, quem tem o costume de usar o mesmo sapato por vários dias seguidos está mais sujeito a pegar micose nos pés. A doença pode afetar o espaço entre os dedos (criando a frieira, o pé-de atleta ou a tinha), ou pode prejudicar as unhas, obrigando a fazer um
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tratamento que leva meses. “Não há um limite de dias em que o mesmo sapato pode ser usado, mas o indicado é sempre variar e deixá-los arejando”. diz a dermatologista Márcia Grieco. O dermatologista Claudio Wulkan explica que o fungo está em todo lugar. Dá um exemplo: “Se você deixar comida na
geladeira, não aparecem uns fiapinhos?” A doença costuma atacar quando a pessoa fica com a resistência baixa. Bordas de piscina e piso no box do banheiro são locais especialmente perigosos. Unha e pele A unha com micose costuma mudar de cor para amarelo-esverdeada e esfarelar na parte afetada. Já no espaço entre os dedos aparece uma descamação que pode provocar coceira. O tratamento da pele costuma ser mais rápido. “A gente sugere usar o creme antifúngico de 10 a 15 dias, mas as pessoas costumam parar antes, porque
acham que já está melhor e foi curada”, diz Wulkan. Isso pode fazer com que a micose apareça de novo, dando a sensação de que nunca se chega à cura. Para as unhas, segundo Wulkan, geralmente o tratamento envolve remédio via oral, que pode ser tomado período de seis a dez meses. Pequenos cuidados ajudam a evitar a doença ou sua reinfecção. Para quem sua muito nos pés, a dica é passar um talco pela manhã, pois ele ajuda a absorver a umidade. Cuidado com idosos deve ser redobrado Idosos, portadores de doenças vasculares nas pernas e pacientes com diabetes são mais propensos a pegar micose nos pés. “Chega menos sangue às extremidades, e nossa proteção está nele, já que contém as células de defesa”, diz o dermatologista Claudio Wulkan. Nos idosos, as extremidades ficam menos irrigadas por alterações vasculares normais da idade. Gislaine Gutierre / Folhapress.
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CASA & DECORAÇÃO
I
Projetos tipo ‘faça você mesmo’ não são seguros se envolvem instalações pesadas
nstalar um ar-condicionado no quarto e montar uma biblioteca com muitas prateleiras são intervenções domésticas aparentemente simples e inofensivas. Realizá-las sem o acompanhamento de um profissional, no entanto, pode sobrecarregar a estrutura do imóvel. Essa é só uma das consequências de projetos do tipo “faça você mesmo”, executados pelas mãos dos próprios moradores. A sobrecarga pode ocorrer, por exemplo, quando uma banheira de hidromassagem é instalada no terraço ou vasos pesados são colocados na varanda. “As pessoas acham que a estrutura é capaz de suportar tudo, mas ela é calculada para ter um uso específico e receber um peso determinado”, afirma
CONTRATE COM SEGURANÇA
Rejane Berezovsky, diretora do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo. Nessa situação, é preciso que um engenheiro ou arquiteto avalie se a laje vai suportar os novos itens. Caso contrário, a parede pode sofrer fissuras e rompimentos. Até mesmo trocar um piso por outro de material mais pesado é arriscado. “Adiciona uma carga extra à estrutura da edificação. Reforma não é coisa para amador”, afirma Francisco Cardoso, chefe do Departamento de Engenharia Civil da USP. QUANTO MAIS, PIOR Intervenções na parte elétrica de uma
residência sem a orientação de um profissional também entram na lista de “não faça você mesmo”. Isso inclui, por exemplo, aumentar o número de tomadas de uma casa e instalar eletrodomésticos que serão ligados ao mesmo tempo. “As alterações podem gerar uma sobrecarga no sistema elétrico e levar a um princípio de incêndio”, explica o engenheiro civil Flávio Figueiredo. Berezovsky destaca que o risco é maior em prédios mais antigos. “Há 50 anos, não existia nem micro-ondas. Pode ser que o sistema elétrico do apartamento não suporte a demanda. É preciso medir a capacidade do imóvel”, diz. O mesmo cuidado se aplica a sistemas hidráulicos, afirma Tatiana Sakurai,
l Confira sempre a qualidade do serviço antes de contratá-lo. l Certifique-se de que o anunciante possua referências confiáveis. l Requeira sempre nota fiscal do serviço contratado, é um direito seu. l Os textos e responsabilidades de fornecimento desses serviços são única e exclusivamente do anunciante.
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professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP: “Manutenção e reparos mal feitos podem causar vazamentos e infiltrações”. Mas nem tudo é proibido. Intervenções que não afetem a estrutura do imóvel – como pintar paredes e aplicar revestimentos simples – estão liberadas, desde que a pessoa tenha o mínimo de familiaridade com a atividade. “Todos têm capacidade de fazer alguma coisa, acho que é neurose dizer que não dá para fazer nada sozinho”, afirma a arquiteta Marcela Torrelio, criadora do Arquilego, site que faz projetos de decoração on-line. A falta de habilidade, contudo, pode causar muita dor de cabeça. Foi o que aconteceu com a administradora Nelma Botelho, 52, que decidiu há oito meses instalar o boxe do seu banheiro sem contratar um profissional. “Eu tirei as medidas erradas e o vidro ficou pequeno. Agora, a água vaza para fora. Passo um sufoco na hora de tomar banho”, conta ela, que teve que chamar um profissional para resolver o problema. “Saí no prejuízo, isso não precisava ter ocorrido”, afirma. A copeira Suze de Sá, 48, também teve problemas por causa de uma intervenção malfeita. No início do ano, ela decidiu retirar a escada de ferro que ficava em sua sala para ganhar mais espaço, mas deu tudo errado. “Tapamos o buraco com cimento, mas afundou. Parece que vai cair”, diz ela, que planeja fazer uma nova escada. COMPRA CONSCIENTE Comprar materiais de construção sem a ajuda profissional não é proibido, mas a pessoa pode errar na quantidade e escolher itens inadequados – comprar tinta não impermeável para usar na área externa, por exemplo. Uma alternativa para quem deseja reformar sem gastar muito é contratar uma consultoria de arquitetura, que em geral sai mais barato do que fazer um projeto completo. Júlia Zaremba / Folhapress.
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Jaime de Moura Ferreira Administrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, ambientalista, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. E-mail: jamoufer@atarde.com.br
A
sociedade vive presa a múltiplos paradigmas, quer sejam linguísticos, sociais, humanos, filosóficos, científicos, pedagógicos, cartesianos, holísticos e políticos, entre outros. Paradigmas são padrões, modelos ou mapas psicológicos, criados pelos próprios seres humanos, que se transformam, para muitos, em verdade absoluta. Ocorre que a maioria dos paradigmas mostra o mundo, não como ele é, mas como se gostaria que fosse. Daí vários paradigmas se tornam ultrapassados e não são percebidos pelos seres vivos. Então surge a necessidade de mudanças, algumas até radicais, para que haja a transformação nos modelos de vidas. Porém, essas mudanças afetam a zona de conforto em que se vive e, para mudá-las, significa remover barreiras, algumas profundas. Não confundir zona de conforto com condições físicas e intelectuais. Aliás, a recente paraolimpíada, no Brasil, deixou um extraordinário legado de quebra de paradigma. Essa mudança se inicia pelo servir e, para tanto, se deve mergulhar nas profundezas do seu conceito: não é só dar, mas devotar-se, dedicar-se e dignar-se. Porém, os seres humanos, tendem a atender às vontades e não às necessidades, de quem precisam. Vale lembrar que cada pessoa possui necessidades diferentes. Algumas delas são universais, ou seja, são destinadas a todos (respeito, cooperação, amor, solidariedade). Quando Abraham Maslow (psicólogo americano ( 1º/4/1908 – 8/6/1970) estabeleceu a “hierarquia das necessidades”, colocou-as em uma pirâmide onde, na base, encontravam-se as “fisiológicas”, seguidas 46 | Vilas Magazine | Janeiro de 2017
Paradigmas
das de “segurança e proteção”, “sociais”, “estima” e o ápice fechava com as de “autorrealização”. Assim, como não houve alteração nessa hierarquia, os seres humanos devem continuar em busca de atingir a essas necessidades. A percepção do servir altera bastante os paradigmas existentes e, consequentemente, as atitudes dos seres humanos. Então, os modelos ultrapassados devem ser trocados por novos, os quais precisam ser bem definidos, com responsabilidades e limites claros. Deve-se estabelecer um padrão lógico a ser seguido; remover-se os obstáculos para servir às pessoas; extrair-se o melhor de si e dos que lhe acompanham; respeitar-se as opiniões contrárias; não se fazer julgamentos rápidos; e evitar-se falar negativamente de pessoas, quando ausentes. Assim procedendo, o ser humano encontrará a felicidade no seu ambiente e será construída e mantida, não só para seus dependentes e parceiros, mas,
acima de tudo, para aqueles que lhe são superiores (Deus, o chefe, patrão, representante maior da instituição, pai, professor, etc.). Lembrar que cada alteração sempre exigirá muito trabalho e sacrifício. No processo de mudança de paradigma, vale esclarecer que escravos fazem o que os outros querem; servidores fazem o que os outros precisam. Por isso, a maioria dos políticos procura dar o que o povo quer, ao invés do que precisa, implementando e ampliando a escravidão social. Esse paradigma só terá fim quando os gestores públicos identificarem as verdadeiras necessidades suas e da população. Os paradigmas usados pelos seus criadores ou executores têm grande impacto no povo, pois geralmente atendem aos seus desejos momentâneos. Alguns paradigmas são representativos de uma área específica (paradigma de complexidade) e orientam os seguidores da respectiva área, a exemplo das realizações científicas, que se transformam em modelos inalienáveis. A maioria dos paradigmas representa uma imposição padronizada, algumas preconceituosas e, por incrível que pareça, regem o mundo. O que se deve é ter cuidado com esses, pois poderão modificar, profundamente, seu comportamento. Por isso, quebrar paradigmas é fundamental para a evolução do ser humano e da sociedade. Também o paradigma serve como advertência, desde que seja identificado com antecedência o mal coletivo que causará. Lamentavelmente essa identificação sempre surge após os resultados negativos.