Aprimorando a
BELEZA
Cuidados que fazem toda a diferença para quem vai fazer uma lipoaspiração
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O Lions Club Lauro de Freitas Quatro Estações promoveu, em 18 de outubro, a sua 3° Feijoada Beneficente, no Espaço da Função Sorrir, reforçando as ações socias na gestão do presidente João Batista Neves. A ação rendeu 178kg de alimentos não perecíveis, que foram doados para duas instituições do município: Lar Mãe Marina e Casa de Repouso Vida Ativa (esta, estava com a despensa completamente vazia no momento da entrega dos alimentos).
Cada vez maior, o buraco na rua Praia de Igarassu, em Vilas do Atlântico, vai transformando o que era asfalto em parte do córrego. Os moradores do entorno jogam entulho na tentativa de conter a erosão, mas a medida acaba estimulando outros a deixar também lixo. Denunciado neste mesmo espaço há meses, o abandono do trecho pela prefeitura continua exatamente o mesmo. A base da rua desabou nas chuvas deste ano. Até agora nenhuma providência foi tomada.
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Editorial
Triste Verão Apesar de anos e anos de empenho dos moradores, em Lauro de Freitas, Verão continua rimando com depredação. O patrimônio natural que é a orla da cidade continua ao abandono, tomada pela desordem urbana, agora com espaço até para barracos que servem churrasco na areia. O contraste com a administração de Salvador é gritante e vai ficar mais acintoso quando Ipitanga, sob comando da capital, receber as obras da “nova orla”. Vão longe os tempos em que as praias da cidade vizinha eram exemplo do que pode haver de pior enquanto Vilas do Atlântico, organizada e bem cuidada, era o orgulho de todos.
Problemas e soluções A população de Lauro de Freitas habituou-se, ao longo dos anos, a recorrer à Vilas Magazine para expor as suas demandas, principalmente por meio de e-mails enviados à Redação. O espaço da revista é limitado e, obviamente, não é possível publicar tudo o que nos chega, de todas as regiões da cidade. Mas os temas que frequentam aqueles e-mails, sempre que existe justificativa do ponto de vista jornalístico, acabam pautando o noticiário local – razão pela qual muitas vezes se cobra aqui providências do Poder Público. E fazemos isso como uma contribuição cidadã. Nada mais. Via de regra, como não poderia deixar de ser, a prefeitura corrige os pequenos problemas aqui levantados. Consta que a ex-prefeita Moema Gramacho (PT) distribuía exemplares da Vilas Magazine aos secretários, marcando nas páginas da própria revista as suas instruções para solução dos problemas apontados, em geral buracos nas ruas ou questões de ordem urbana. Márcio Paiva (PP) poderá ter método diferente, mas estamos certos de que também não ignora as demandas da população. Uma delas, na rua Praia de Igarassu, aguarda solução há meses.
Não deixe passar a crise
Carlos Accioli Ramos Diretor-editor
Todos sabemos que o país vive um momento econômico complicado, mas precisamos entender também que não dá para esperar pelos governos. A solução está, como sempre esteve, nas mãos de quem trabalha, dá empregos, paga impostos e produz riqueza. Depende de nós, não dos políticos. A crise é uma valiosa oportunidade para recriar métodos, tornar os negócios mais eficientes, aumentar a produtividade, o faturamento e as vendas, independentemente do governante de plantão. Não podemos nos entregar às duvidosas prioridades dos governantes: não podemos deixar a máquina parar. Vamos enfrentar o “bicho” com coragem e determinação.
Vereadores vetam nomeação política para a secretaria de Saúde O vereador licenciado Alexandre Marques (PRP), fotógrafo de profissão e atual secretário de Cultura de Lauro de Freitas, provocou uma inédita reação do meio político local ao reivindicar o posto de secretário de Saúde do município – que distribui milhares de empregos públicos. Para não ganhar mais um voto de oposição num eventual retorno de Marques à Câmara Municipal, o prefeito Márcio Paiva (PP) já havia cedido à demanda quando onze vereadores resolveram manifestar-se por escrito, vetando a nomeação. Em carta dirigida ao prefeito, os vereadores apontam um “tratamento nada amistoso do atual secretário de Cultura”, além de “um grande individualismo” no trato de temas politicamente sensíveis. A carta-ultimato dos vereadores, datada de 22 de outubro, foi recebida como promessa de onze novos votos de oposição – derrubando de imediato a nomeação do desafeto. Bruno Barreto, médico e atual secretário de Saúde, deixa o cargo em dezembro por decisão pessoal. Agora o prefeito teria assumido o compromisso de não nomear um político ou qualquer nome politicamente indicado para substituir o médico.
COMUNICADO AO MERCADO ANUNCIANTE
Alertamos ao mercado empresarial de Lauro de Freitas e região, que pessoas inidôneas, estão se apresentando como representantes da revista Vilas Magazine, propondo parcerias comerciais, oferecendo espaços publicitários e cortesias editoriais na revista, fazendo fotos, em troca de recebimento imediato de valores. É um golpe conduzido por meliantes picaretas, falsários, que estão prestes a serem identificados, para responderem judicialmente pelo estelionato. Recomendamos que, em caso de dúvidas, entrem em contato com o departamento comercial da revista - tels.: 3379-2439, 3379-2206, 3379-4377 ou pelo endereço eletrônico comercial@vilasmagazine.com.br Novembro de 2015 | Vilas Magazine | 5
Solidariedade
Rotary Club Lauro de Freitas inicia 2ª edição da campanha Panetone Solidário
www.vilasmagazine.com.br Publicação mensal de propriedade da EDITAR - Editora Accioli Ramos Ltda. Rua Praia do Quebra Coco, 33. Vilas do Atlântico. Lauro de Freitas. Bahia. CEP 42700-000. Tels.: 0xx71/3379-2439 / 3379-2206 / 3379-4377. Diretor-Editor: Carlos Accioli Ramos accioliramos@vilasmagazine.com.br Diretora: Tânia Gazineo Accioli Ramos Gerente de Negócios: Álvaro Accioli Ramos alvaro@vilasmagazine.com.br Leandra da Cruz Almeida e Vanessa dos Santos e Silva (assistentes comerciais) comercial@vilasmagazine.com.br Gerente de Produção: Thiago Accioli Ramos. Bruno Bizarri Nogueira (assistente) Administrativo/Financeiro: Miriã Morais Gazineo (gerente) financeiro@vilasmagazine.com.br Leda Beatriz Gazineo (assistente) comercial@vilasmagazine.com.br Distribuição: Álvaro Cézar Gazineo (responsável) Tratamento de imagens e CTP: Diego Machado Redação: Rogério Borges (coordenador) Colaboradores: Jaime Ferreira, Alessandro Trindade Leite (charge)
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oda a família rotariana - sócios do Rotary e Rotaract Club Lauro de Freitas e Núcleo de Senhoras do Rotary - já está mobilizada para a segunda edição da campanha Panetone Solidário, pela qual o clube de serviços, com o apoio da comunidade e parcerias empresariais, pretende comercializar quatro mil unidades do produto, item obrigatório nas mesas natalinas. Com a certeza de contar, mais uma vez, com a solidariedade da comunidade, o Rotary Club Lauro de Freitas contratou a produção dos panetones de 500gr com o mesmo fornecedor do ano passado, a PARA ANUNCIAR: comercial@vilasmagazine.com.br Atlântica Delicatessen, tradicional esta0xx71 3379-2439 / 3379-2206 / 3379-4377 belecimento comercial da cidade. CONTATO COM A REDAÇÃO: redacao@vilasmagazine.com.br O montante apurado com as vendas, Informativo mensal de serviços e facilidades, distribuído deduzindo os custos de produção e embagratuitamente nos domicílios de Vilas do Atlântico e condomínios lagem, será totalmente destinado para as residenciais da Estrada do Coco e entornos (Lauro de Freitas, Ipi tanga, Miragem, Buraquinho, Busca Vida, Abrantes, Jauá, Jacuípe, ações sociais promovidas pelo Rotary Clube Guarajuba), Stella Maris, Praia do Flamengo e parte de Itapuã. Lauro de Freitas em comunidades carentes Disponível também em pontos de distribuição criteriosamente selecionados na região. do município, como creches, associações As opiniões expressas nos artigos publicados são de responcomunitárias, suporte à Escola Rotary de sabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, as da Editora. É proibida a reprodução total ou parcial de matérias, Quingoma e também reativar o banco de gráficos e fotos publicadas nesta edição, por qualquer meio, sem A senhora Cristina Paula Brandão necessidades especiais, com cadeiras de autorização expressa, por escrito da Editora, de acordo com o que dispõe a Lei Nº 9.610, de 19/2/1998, sobre Direitos Autorais. rodas, cadeiras de banho, muletas, anda- (dir.), de Vila Praiana, que teve A revista Vilas Magazine não tem qualquer responsabilidade parte da perna direita amputada, dores, dentre outros equipamentos. pelos serviços e produtos das empresas anunciados em suas edições, nem assegura que promessas divulgadas como publicidade Para que o Rotary Club Lauro de Freitas foi beneficiada, em outubro, com serão cumpridas. Cabe ao leitor avaliar e buscar informações alcançe os objetivos nessa campanha, é uma cadeira de rodas, cedida pelo sobre os produtos e serviços anunciados, que estão sujeitos às normas do mercado, do Código de Defesa do Consumidor e do decisiva a participação da coletividade, Rotary, entregue pelo presidente CONAR – Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publiciinstituições e empresas da região. Todos José Bonifácio (centro) e o diretor tária. A revista não se enquadra no conceito de fornecedor, nos termos do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor e não podem participar adquirindo panetones da Comissão de Projetos Humani pode ser responsabilizada pelos produtos e serviços oferecidos para presentear amigos, funcionários, tários Ademilson Mendonça (esq.). pelos anunciantes, pela impossibilidade de se deduzir qualquer ilegalidade no ato da leitura de um anúncio. No entanto, com o parceiros. A causa é mais que nobre e conobjetivo de zelar pela integridade e credibilidade das mensagens siste em ajudar pessoas menos favorecidas e entidades carentes do município. publicitárias publicadas em suas edições, a Editora se reserva o direitoFSC de recusar(Paisagem) ou suspender a veiculação anúncios que se + ABTG Mais informações, pelos telefones 3379-2439, 3379-2206 ou Aplicação 3379-4377, do Selo + deAgri-Web mostrem enganosos ou abusivos, por constrangimentos causados Este manual é baseado na norma FSC STD 50001 V.1.2 e a aplicação dos logos é permitida a Plural Editora e Gráfica por ser com Accioli Ramos. ao consumidor ou empresas. certificada FSC e os materiais só poderão ser publicadas após a aprovação do organismo certificador da Plural.
A revista Vilas Magazine utiliza conteúdo editorial fornecido pela Agência Folhapress (SP). Os títulos Vilas Magazine e Boa Dica – Facilidades e Serviços, constantes desta edição, são Redução máxima marcas registradas no INPI, de Modelo propriedade da EDITAR – Editora 2: Modelo 1: 28, sextaTamanho mínimo de 67,5 mm de largura e 32,5 mm de altura total. Accioli Ramos Ltda. Tamanho mínimo de 108 mm de largura e 22,2 mm de altura total.
O Núcleo de Senhoras do Rotary promove, nas manhãs dos dias 27 e feira e sábado, na secretaria do clube (anexo ao Colégio Mendel de Vilas do Atlântico, acesso pela rua Praia do Forte, próximo ao restaurante Donana), mais uma edição do Brechó Beneficente do Rotary. Roupas novas e seminovas, calçados, bolsas, bijuterias e acessórios em geral, compõem o leque de produtos em ofertas, à venda por preços bastante acessíveis. O valor arrecadado na ação, será revertido para implementar ações sociais promovidas pelo Núcleo de Senhoras, em apoio ao trabalho comunitário desenvolvido pelo Rotary Club Lauro de Freitas no município. 22,2 mm
Impresso na gráfica: PLURAL PA.100.13.00
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67,5 mm 108 mm
A revista Vilas Magazine é impressa na Plural Indústria Gráfica (Santana de Parnaíba/32,5 mm SP) ‑ empresa comprometida com o meio ambiente e com a sociedade ‑ em papel certificado FSC®, garantia de manejo florestal responsável, e com a tinta ecológica Agri-Web™. O selo Qualidade Ambiental ABTG comprova a sustentabilidade dos processos gráficos. Tiragem desta edição: 32 MIL EXEMPLARES Este produto é impresso na PLURAL com papel certificado FSC ® - garantia de manejo florestal responsável - e com a tinta ecológica Agri-Web™. O selo Qualidade Ambiental ABTG comprova a sustentabilidade dos processos gráficos.
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Impresso na gráfica: PLURAL PA.100.13.00
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Tamanho total: O tamanho total a ser disponibilizado no layout para aplicação do selo mais o espaço de proteção (2mm) deve ser: 112 mm de largura e 26,2 mm de altura
Tamanho total: O tamanho total a ser disponibilizado no layout para aplicação do selo mais o espaço de proteção (2mm) deve ser: 71,5 mm de largura e 36,5 mm de altura
112 mm x 26,2 mm 71,5 mm x 36,5 mm
A explanação deve acompanhar os logotipos FSC e Agriweb em todas as aplicações.
Brechó do Rotary
Registros & Notas
Feira Tropical
O advogado militante Leandro Andrade Reis Santana, foi nomeado Subprocurador Geral do Município de Lauro de Freitas em outubro. Procurador de carreira do município (concurso público) Leandro é graduado em Direito pela Universidade Católica do Salvador (2004), pós-graduado em Processo Civil pela Univesidade Federal da Bahia (2006). Acima, Leandro entre os companheiros do Rotary Club Lauro de Freitas – do qual faz parte – empresários Antonio Carlos Souza Santos (esq.) e Roberto Mascarenhas.
O espaço do Villas Tênis Club, em Vilas do Atlântico, sedia nestes dias 7 e 8 de novembro, edição da Feira Tropical, reunindo um leque de opções voltadas para o lazer da comunidade. Pioneira no Litoral Norte, a iniciativa conta com o apoio da Prefeitura de Lauro de Freitas e pretente movimentar a comunidade local oferecendo opções de lazer, num autêntico evento de rua, gratuito e aberto ao publico, com estandes de comida, artesanato, moda, além de food trucks e novos formatos de exposição, como tabuleiros e food bike. Da grade de entretenimento constam aulas de yoga, mahamudra, zumba e shows ao vivo com bandas de diversos estilos além de parque infantil e brinquedoteca para os pequenos.
Mulheres atuantes
Tour em Brasília Um dia em Brasília (DF) com todas as despesas pagas: transporte, alimentação e hospedagem. Quem convida – e paga a conta do seu próprio salário – é a deputada federal Moema Gramacho (PT), ex-prefeita de Lauro de Freitas (2005-2012). Mas o roteiro, em princípio, não passa pela arquitetura de Niemeyer. “Quem for escolhido vai poder me acompanhar durante um dia inteiro nas comissões, no plenário e nas frentes das quais participo” no Congresso Nacional, conta Moema Gramacho. “É preciso que o povo entenda como funcionam as nossas atividades, que vão refletir diretamente na vida dela”, acredita. Uma das comissões que a deputada compõe trata da extinção do instituto do terreno de marinha e seus acrescidos e da disposição sobre a propriedade desses imóveis – um tema sempre quente na orla de Lauro de Freitas. O objetivo da viagem – uma por mês para convidados selecionados – é fazer com as pessoas conheçam a rotina de trabalho da parlamentar. Os interessados devem fazer uma inscrição prévia pelo telefone (61) 3215-5576.
O Núcleo de Senhoras do Rotary completou 20 anos de atuação, em outubro. Parceiro valoroso na condução das ações sociais que o clube desenvolve junto à comunidade menos favorecida do município, o grupo se reuniu em uma confraternização, oportunidade em que reafirmou agracecimentos a parceiros de suas ações, como Brinquedos Acalanto, Castelo Encantado, Restaurante Meg, lojas Marimar e Mara Moreno, Riobel (produtos Schincariol) e revista Vilas Magazine, e à comunidade, nas edições do brechó beneficente (leia na outra página) e Feira da Pechincha. u u O empresário Matheus Fernandes Leite
implanta em Lauro de Freitas a filial da empresa Top Lub Soluções Automotivas Delivery, especializada em prestar serviços em domicílio de troca de óleo e filtros automotivos além de lavagem ecológica dos veículos, para empresas e particulares.
O cirurgião plástico Daniel Azevedo, estende até Vilas do Atlântico e região os serviços de estética, sua especialidade.
uuA Convenção de Podologia e Serviços da Allpé acontece anualmente nas regiões que tem unidades franqueadas, com a finalidade de realizar palestras e treinamentos direcionados para os profissionais de podologia e de vendas. Reforçando a semana de treinamento, uma equipe de consultores visitou as instalações da franqueada Allpé Vilas do Atlântico, aprimorando aprendizado dos profissionais, como cuidados com pés diabéticos, além de atualização dos temas mais comuns em podologia como, micoses, unhas encravadas, órteses ungueais e laserterapia, além de observar o atendimento na loja, padronizando serviços, layout e estrutura física. Os consultores foram recepcionados pela empresária Daniela Mota Ferreira, que recebeu, em nome de seus funcionários, o reconhecimento profissional pela estrutura da loja.
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Cidade
Liminar suspende venda de áreas públicas em Lauro de Freitas
A
juíza Maria Helena Lordelo, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Lauro de Freitas, concedeu medida liminar determinando que o prefeito Márcio Paiva (PP) “se abstenha” de desafetar e alienar espaços públicos do município, sob pena de multa diária, até que a questão seja julgada em definitivo. A liminar atende ação pública movida por quatro dos 17 vereadores de Lauro de Freitas – Naide Brito e Lula Maciel (PT), Fausto Franco (PDT) e Mirela Macedo (PSD) – contra a lei que autoriza a prefeitura a alterar a destinação de áreas de uso comum do povo, incluindo áreas verdes e alienar sem licitação. A liminar, da qual cabe recurso, sustou os efeitos da Lei 1.575/15, que lista mais de 150 mil metros quadrados de 29 áreas públicas, identificadas pela prefeitura como possíveis candidatos a alienação. A medida legislativa já havia sido proposta pelo prefeito Márcio Paiva no ano passado. A íntegra,
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com anexos especificando as áreas públicas em questão, está disponível na Internet, em http://goo.gl/FfEM6Q. A venda do patrimônio público poderia render cerca de R$ 80 milhões aos cofres da prefeitura, de acordo com avaliação de técnicos do município, se todas as áreas identificadas se enquadrassem nas exigências legais para desafetação e alienação. Mas os vereadores apontam que a avaliação das áreas desafetadas utiliza um redutor de 20% e descarta o percentual de 6% de atualização sobre valor calculado, o que acarretaria um prejuízo de mais de R$ 22 milhões aos cofres públicos. O vereador Lula Maciel também contesta a justificativa da prefeitura de que as áreas estariam ocupadas por terceiros. “Entre os terrenos tem uma rotatória onde funciona uma barraquinha que ocupa menos de 10% da área”, aponta. “Outra área de quatro mil metro quadrados está com menos de 300 metros quadrados ocupa-
dos e há áreas sem nenhuma ocupação”, completa. Reportagem publicada na edição de outubro da revista Vilas Magazine mostra que a grande maioria das áreas públicas em questão no bairro ou não está ocupada ou pode ser revertida ao seu uso original – público. Muitas delas são áreas verdes.
Área pública na rua da Praia Funda, em Vilas do Atlântico: desocupada
Uma dessas áreas está regularmente ocupada pelo Colégio Apoio, que já apresentou à prefeitura toda a documentação comprovando a lisura do uso daquele espaço público (veja informe da instituição nesta página). Pela lei proposta e sancionada pelo prefeito Márcio Paiva (PP), poderão ser desafetados e alienados quaisquer espaços públicos ocupados por terceiros, irregularmente ou não, desde que a ocupação esteja consolidada, com “posse mansa e pacífica” comprovada. A área não pode ser de proteção permanente ou ter restrição ambiental e não pode constituir servidão de passagem. Por fim, além de outras exigências inscritas na lei, só se qualificam para alienação as áreas que não seja possível retornar à destinação pública original. Na liminar, a juíza Maria Helena Lordelo enfatizou preocupação com a alienação das áreas e a necessidade de cautela para evitar prejuízos irreparáveis ao interesse público. Numa análise preliminar, passível de revogação, a juíza observou que a lei “tratou de forma rasa acerca do instituto da licitação, de tamanha importância quando da alienação de bens imóveis públicos”. Lordelo destaca ainda que qualquer proposta de nova lei ou alteração de interesse do município deve ser precedida de ampla discussão com a participação ativa da comunidade e suas entidades.
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Cidade
Verão encontra nova orla em Salvador e novos barracos em Vilas do Atlântico
A
prefeitura de Salvador inaugurou no mês passado mais um trecho da nova orla da capital. A infraestrutura de requalificação urbana chegou a Itapuã e Piatã, com direito a espetáculo de Danilo Caymmi em homenagem seu pai, Dorival Caymmi, nome da nova praça. A próxima etapa deve chegar a Ipitanga, recentemente devolvida por Lauro de Freitas aos cuidados de Salvador. O projeto arquitetônico divulgado por aquela prefeitura para a ponta norte da cidade mostra grandes espaços para atividades ao ar livre, muito ao estilo do Projeto Orla de Lauro de Freitas – que se encontra parado, sem que se saiba por quê. Nas praias da cidade, apesar de todas as decisões judiciais anteriores, continuam de pé as velhas barracas. Ao lado da barraca Buraco da Velha agora há um popular barraco de churrascos. Ao público do barraco soma-se o crescente movimento de banhistas que chegam em ônibus fretados para usufruir os gramados e a sombra dos coqueiros durante almoços trazidos de casa. O intenso movimento de vendedores ambulantes na areia e no calçadão completa um quadro que tende cada vez mais ao caótico. É nesse contexto que a prefeitura de Lauro de Freitas anuncia que uma
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“comissão de gestores conversou com comerciantes de barracas de praia e fez um levantamento das principais necessidades da orla” em Vilas do Atlântico e Buraquinho. De acordo com a prefeitura, as necessidades da orla ”serão elencadas para que sejam realizadas as melhorias”. Algumas delas foram desde logo listadas: revitalização dos mirantes dos guarda-vidas, intensificação da limpeza, manutenção e requalificação da iluminação pública e de calçadas, reforço da segurança com a Guarda Municipal, cadastramento e fiscalização de vendedores ambulantes e a intensificação de ações de fiscalização para coibir o descarte irregular de resíduos sólidos, sobras de obras e construções. A “requalificação da iluminação pública e de calçadas” é uma das mais antigas reivindicações de quem frequenta a praia de Vilas do Atlântico e tem que conviver com os buracos na pedra portuguesa. A iluminação do calçadão, projetada para cumprir a lei ambiental de proteção às tartarugas marinhas, vai perdendo essa função com adaptações improvisadas. Já o “cadastramento e fiscalização de vendedores ambulantes” é medida anteriormente tentada sem resultado algum. Vem aí mais um típico verão na orla de Lauro de Freitas.
De cima para baixo: 1 - Iluminação do calçadão: improvisação fora das normas de proteção ambiental. 2 - “Comissão de gestores” da prefeitura caminha no calçadão elencando necessidades 3 - Movimento de praia no calçadão esbu racado: Projeto Orla foi esquecido 4 - Ao lado da barraca Buraco da Velha, no calçadão de Vilas do Atlântico, agora há uma “churrascaria”. Com outros barracos, vai favelizando o que já foi um dos cartões postais do litoral norte baiano
Prefeitura interdita obra da Conder que afeta o Rio Sapato
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Ministério Público estadual recomendou e a prefeitura de Lauro de Freitas interditou no mês passado a obra de reversão de drenagem da Lagoa da Base e rua da Irmandade para o rio Sapato – por falta de alvará municipal, que não foi renovado. O município, apesar de ter licenciado a obra num primeiro momento, afinal “não conta com documentos e estudos”, verificaram as promotoras Maria Augusta Carvalho, de Lauro de Freitas e Cristina Seixas Graça, coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente e Urbanismo (Ceama). Elas requisitaram a apresentação dos processos referentes aos licenciamentos e outorgas, “inclusive estudos ambientais” do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), uma autarquia estadual, da secretaria municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e da própria Conder – Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia – responsável pela obra.
A recomendação do Ministério Público foi emitida no âmbito de um inquérito civil que “apura a legalidade da obra” de reversão de drenagem da Lagoa da Base, sob a responsabilidade da Conder. Para resolver os crônicos problemas de alagamento na Lagoa da Base e rua da Irmandade, a autarquia estadual decidiu direcionar a drenagem para o rio Sapato, em bacia hidrográfica diferente do rio Ipitanga, que seria o destino natural u
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Cidade
naquela região. A Associação de Moradores de Vilas do Atlântico (Amova), autora da denúncia ao Ministério Público, teme que a drenagem pluvial da Lagoa da Base carreie para o rio Sapato também o esgotamento doméstico das residências daquela área. Tal como quase toda a cidade, a Lagoa da Base e a rua da Irmandade não contam com rede de esgoto. Representantes da Conder alegam que o projeto de drenagem da Lagoa da Base foi concebido quando estava em perspectiva a construção da rede de esgotamento sanitário de Lauro de Freitas. A obra está parada porque os recursos disponibilizados para o projeto de 2009 não cobrem mais os custos. A retomada da execução estava prevista para outubro do ano passado. O lançamento de esgoto na rede de água pluvial é uma das consequências mais temidas da obra que a Conder vinha conduzindo, já que o projeto não inclui destinação para o esgoto doméstico – e nem há verba prevista para isso – apesar do alvará inicialmente concedido pela prefeitura de Lauro de Freitas estabelecer essa obrigatoriedade. Outro problema é que, mesma na hipótese de vir a ser construída uma rede de coleta de esgoto na Lagoa da Base, ainda seria necessário que os moradores daquela comunidade interligassem as suas moradias à rede pública de coleta de esgoto. Durante a última assembleia da Sociedade de Amigos do Loteamento de Vilas do Atlântico (Salva), representantes daquela comunidade mostraram-se preocupados
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Obras da reversão da drenagem da Lagoa da Base: interditadas
com a interdição da obra – que pode levar ao cancelamento do projeto. Dificilmente a empresa manterá as máquinas paradas à espera de uma possível retomada. Sem drenagem adequada, a região sofre com alagamentos graves a cada chuva mais intensa. Os moradores vêm na obra atual uma oportunidade única para resolver a situação, que se arrasta há décadas – embora também reivindiquem o esgotamento sanitário. As obras do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) de Lauro de Freitas foram anunciadas há seis anos e iniciadas em 2010. Interrompidas logo depois, com o rompimento do contrato com o consórcio responsável pela empreitada – que não progredia, de acordo com avaliação da Em-
basa. O consórcio recorreu do rompimento de contrato, conseguindo liminar favorável e dando início a uma questão judicial resolvida apenas no ano passado. Beneficiada com R$ 170 milhões de um programa de saneamento do governo federal em 2009, Lauro de Freitas deverá ter 95% dos domicílios interligados à rede de esgotamento da Embasa quando as obras estiverem concluídas. Parte da empreitada já foi executada, mas não há informações precisas. O projeto, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano do governo estadual, prevê a construção da rede coletora de esgotamento sanitário do município e sua ligação ao emissário submarino de Jaguaribe, em Salvador, através de um duto a implantar na avenida Paralela. Está prevista a implantação de 287 quilômetros de rede coletora de esgoto, 25 estações elevatórias (bombas), 33 quilômetros de linha de recalque (ligação da rede ao interceptor da Paralela) e 40 mil ligações domiciliares.
ESPAÇO ABERTO
Conciliação, mediação e arbitragem, ferramentas ágeis e econômicas para solucionar conflitos
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e você está na fila de espera, com processo na Justiça em busca de uma solução perdurando há anos, perdendo até mesmo a esperança de ver seu litígio resolvido, saiba que existem soluções mais ágeis, flexíveis e econômicas para atender seus interesses. A mediação, conciliação e arbitragem são meios alternativos de composição de conflitos que podem fazer parte do seu dia-a-dia, de forma a lhes trazer mais segurança, tranquilidade e economia. Porque dialogar é melhor do que conflitar? A cultura brasileira insere-se em um contexto no qual qualquer situação que venha causar discussão, desentendimento, diferenças de interesses, recorre-se de imediato ao poder judiciário, ajuizando uma ação e esperando por anos para vêla concluída. A demora judicial é consequência do acúmulo de processos e ao grande fluxo de propositura de ações. O poder judiciário brasileiro acordou! Agora com uma visão futurista, busca-se desmistificar a idéia de todo e qualquer conflito ser resolvido pelo ajuizamento de ação, objetivando-se assim, desacúmulo de processos na justiça e dar mais ênfase à demanda mais complexas que não podem ser resolvidas extrajudicialmente. O momento agora é divulgar a cultura do não litígio, o incentivo a alternativa de solução de conflitos, compartilhando com a sociedade a responsabilidade de recomposição da ordem jurídica. Fazendo uma viagem no tempo, observa-se, que os institutos alternativos de composição de conflitos eram usados desde a idade antiga, aplicando-se tanto a autotutela quanto a autodefesa, pois à época não se fazia presente a força do poder estatal. A mediação é o meio pelo qual as partes, voluntariamente tentam, com a ajuda de uma pessoa, um terceiro imparcial, o mediador, o restabelecimento de comunicação entre si, anteriormente perdido devido à divergência de interesses envolvendo direitos disponíveis, nos âmbitos judicial e extrajudicial. Aqui, o foco é conscientizar
as pessoas envolvidas em um conflito e com relação continuada que elas podem ser capazes de encontrar juntas a solução do problema em questão. Na mediação não existe ganhador e perdedor, todos saem satisfeitos. A conciliação é um meio alternativo no qual os envolvidos em um conflito recebem ajuda do conciliador, pessoa também imparcial, que esta fora do problema e objetiva indicar maneiras para resolver a situação, para chegar a um acordo de maneira eficaz, célere, econômica e sigilosa, podendo atuar nos âmbitos judicial e extrajudicial. O instituto da arbitragem é utilizado quando as partes, não conseguindo restabelecer o diálogo e não chegando a um acordo, preferem de forma voluntária que uma terceira pessoa imparcial, o árbitro, decida a situação através da sentença arbitral, a qual tem a mesma força de uma sentença judicial. A diferença é que na sentença arbitral não cabe recurso, enquanto na sentença judicial é cabível. Conclui-se assim que os institutos de arbitragem objetivam a pacificação social com a mínima intervenção do Estado. Quais situações podem ser levadas aos meios alternativos de solução de conflitos? Situações diversas podem ser levadas à mediação, conciliação e arbitragem: conflitos de vizinhança, conflitos em condomínios, relação contratual, societária, na área portuária , na administração pública e familiar desde que não tenha interesses de menores e incapazes envolvidos. Ressalte-se que necessário se faz disseminar a cultura da composição de conflitos por vias alternativas para que possamos juntos, enquanto cidadãos, melhorar a Justiça no país e sermos autores da composição de conflitos existentes em nossa história. Avancemos, busquemos a força do diálogo, a capacidade de autocomposição de conflitos, pois, agindo assim, todos sairemos ganhando. Aline A. Cerqueira é graduada em Direito, com formação em Mediação
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Região
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Obras da Via Metropolitana já alcançam 4,5 Km
om 300 operários e 90 máquinas pesadas trabalhando, as obras de construção da Via Metropolitana Camaçari-Lauro de Freitas avançam por Areia Branca e o Quingoma para ligar a CIAAeroporto (BA-526), em Salvador, à Estrada do Coco (BA-099) em Camaçari. A frente de trabalho já ocupa 4,5 dos 11,2 quilômetros que a via terá. A estimativa é que toda a obra seja finalizada 18 meses depois que forem concedidas as liberações de áreas e licenças restantes. A promessa da obra é desafogar o tráfego de veículos em Lauro de Freitas – estimado em mais de 100 mil veículos por dia apenas no trecho local da Estrada do Coco – liberando os sete quilômetros municipais apenas para o trânsito local. A Via Metropolitana funcionará como alternativa mais rápida no acesso ao Litoral Norte baiano através da Linha Verde, abrindo ainda um novo vetor de desenvolvimento econômico no Jambeiro, em Lauro de Freitas, facilitando, além do turismo, o escoamento de produção regional. Um novo acesso à cidade será criado através da avenida Gerino de Souza Filho.
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“Essa via é muito importante para a mobilidade urbana” porque “o vetor de crescimento de Salvador está no Litoral Norte”, destaca o gerente de Operações da Concessionária Bahia Norte, Carlos Alejandro. Segundo Wagner Neves, gerente de engenhaCarlos Alejandro, ria da Bahia Norda Concessionária te, concessionária Bahia Norte. responsável pelo Nova ponte sobre trecho, a atual fase o Joanes já está do cronograma de sendo construída obras concentrase na retirada de vegetação, terraplanagem e aterramentos. Também já estão sendo erguidas estruturas como a ponte sobre o rio Joanes e a alça viária que ligará a Via Metropolitana à Estrada do Coco (BA-099) logo depois de Busca Vida. Ao todo, R$ 220 milhões estão sendo investidos nas obras, que incluem um pequeno túnel de passagem sob a BA-099. O trecho vai contar com duas faixas por sentido de tráfego.
Cultura | Teatro
Solo inspirado em Maria da Penha estreia no Cine Teatro
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streia no dia 11, no Cine Teatro de Lauro de Freitas o solo teatral “O Candelabro”, com Ruth Marinho (Ó pai Ó – 2009/2010, do Bando de Teatro Olodum) no papel de Maria Aurora. A temática da violência contra a mulher pretende provocar uma reflexão sobre a crueldade desses atos. O candelabro é um signo da busca incessante pela luz, resignificado na própria vida da personagem. Escrita e dirigida pelo teatrólogo Duzinho Nery (Gaiola, O Caçador de Solidão e Paixão de Cristo de Lauro de Freitas), a peça da Cia. Távola de Teatro divide-se em lapsos de memória. Cada um deles marca a vida de Maria Aurora, abordando os seus conflitos e o seu sofrimento, mostrando como numa atitude transgressora ela consegue ser a sua própria luz. A montagem é fruto de uma contínua pesquisa do autor, iniciada há três anos. O estudo teve início com algumas leituras do livro “Sobrevivi posso contar”, de Maria da Penha Fernandes, publicado em 1994.
O caso de Maria da Penha ganhou repercussão internacional ao ser denunciado a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, levando o governo brasileiro a sancionar a lei que trata da punição para os casos de violência doméstica. A história, ao lado de outras fontes, inspirou “O Candelabro”. A partir daí entraram em cena também as relações estabelecidas entre o opressor e o oprimido sob a ótica de Augusto Boal e suas estratégias de ruptura de opressão no contexto do “teatro do oprimido” – uma metodologia surgida dos anos 60 que usa o teatro como ferramenta de trabalho político, social, ético e estético. Outros livros e filmes estão na base desta produção: “Preciosa - Uma História de Esperança” (2009), filme do diretor Lee Daniels, “A montanha cega” (2007), de
Mang Shan, longa dirigido por Yang Li, Cairo 678 (2010), do diretor Mohamed Diab, “Terra Fria” (2006), dirigido por Niki Caro e o livro de Alice Walker “A Cor Púrpura” (1982). Todas essas obras relatam histórias de vida de mulheres submetidas a situações degradantes e a violência por uma sociedade machista. O espetáculo estreia no dia 11 de novembro e fica em cartaz todas quartas e quintas-feiras até o dia três de dezembro, sempre às 20h, no subsolo do Cine Teatro de Lauro de Freitas. O ingresso vale R$ 20, com meia entrada disponível e classificação etária para 16 anos. O público é limitado a 50 pessoas por sessão.
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Cultura | Livros
ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY
O fabulador dos céus Lançamento de “Piloto de Guerra”, ao lado de novas edições do clássico “O Pequeno Príncipe”, mostra que Saint-Exupéry não foi autor de uma obra só
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sucesso de “O Pequeno Príncipe” parece não ter fim, ainda mais agora que o livro caiu em domínio público e as editoras oportunamente lançam novas traduções para disputar espaço nas listas de mais vendidos. As edições mais recentes – da Zahar, da Companhia das Letrinhas e da Autêntica (com tradução de Gabriel Perissé – valorizam o texto com posfácios e apêndices que explicam a gênese do mito. A da Companhia das Letrinhas tem um apêndice com fotos, redigido pela tradutora Mônica Cristina Corrêa, e as informações vão encantar quem já conhece o livro e informar o novato. Tanta evidência pode, entretanto, condenar seu autor, o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), ao papel de
Ilustração do livro O Pequeno Príncipe, sobre o encontro do príncipezinho com uma serpente, no deserto do Saara autor de uma obra só. Quando escreveu esse que veio a ser o livro de cabeceira de tanta gente, ele já era um piloto-escritor famoso. Como sua obra é toda marcada pela profunda relação com o cotidiano da aviação, é muito difícil dissociar o escritor de suas experiências nos céus. De família aristocrática, católica e tradicionalista, ele sempre quis ser desenhista, mas em 1921 descobriu o avião. Pouco depois, se tornaria um dos pioneiros da aviação civil, como um dos responsáveis pela implantação do sistema de entrega de correspondência via aérea, com passagens inclusive pelo Brasil, onde ganhou o carinhoso apelido de “Zeperri”. Dizem, até, que por aqui deixou sementes de baobás hoje frondosos. A profissão lhe propiciou experimentar múltiplas aventuras e riscos, aos quais se
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juntaram a vivência da liberdade e a busca da identidade, como fica claro nos livros que escreveu. Seu livro de estreia é “O Aviador”, publicado em 1926, mas Saint-Exupéry ficou conhecido com “Correio Sul” (1928) e, mais tarde, com “Terra dos Homens” (1939), um relato escrito durante o período de convalescença depois de sofrer um grave acidente aéreo. A eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, põe um ponto final em sua carreira civil. Alistou-se, então, na aeronáutica militar francesa e passou a exercer missões militares em que fotografava, de seu avião, as regiões invadidas pelos alemães. Após a queda e a subsequente ocupação da França pelo poderio militar nazista, ele parte para os Estados Unidos. O motivo “oficial” da viagem seria receber um prêmio por “Terra dos Homens”, que fora traduzido no país, mas, de fato, ele queria aproveitar sua popularidade para tentar convencer os americanos a intervirem no conflito. Seu plano inicial era ficar duas semanas e acabou permanecendo quase dois anos. Foi durante esse período que concebeu sua obra mais célebre e também “Piloto de Guerra”, que ora retorna numa nova tradução sob os cuidados de Mônica Cristina Corrêa, especialista na obra do autor. O livro, dedicado a narrar a experiência trágica da derrota francesa, é um relato vibrante dos voos de reconhecimento sobre a cidade de Arras, na fronteira da França com a Bélgica, em que se sacrificavam “tripulações como se jogassem copos d’água no incêndio de uma floresta”. É um livro-relato em que os fatos misturam-se com as lembranças da infância do narrador-piloto, pois, para ele, esse é o único caminho possível para aliviar o sofrimento. A obra tem em comum com o “O Pequeno Príncipe” o fato de ser um “livro de guerra”. Em ambos, há o mesmo movimento em relação ao conflito. A diferença é que, no primeiro, o autor nos oferece um relato realista, enquanto o segundo é uma fábula que “ilumina com luz indireta”. A trama desse livro ilustrado quase todo mundo já conhece: um aviador que tem de fazer um pouso forçado no deserto se encontra com um menino vindo do asteroide B-612. É um planeta minúsculo com três vulcões em que germinam sementes de uma planta perigosa, os baobás. Ele vive sozinho com uma rosa que tosse, germinada de uma semente trazida sabe-se lá de onde. Mas ela lhe dá tanto trabalho e gera tantas dúvidas, que ele se aproveita de uma migração de pássaros e parte para visitar outros asteroides, cada um habitado por um personagem adulto caracterizado por um tipo de mania. É o último deles, um geógrafo, quem lhe sugere visitar a Terra. Ele aterrissa, então, no Saara, onde encontra uma cobra e uma raposa. Saint-Exupéry decidiu também ilustrar sua fábula. Pedia aos
O PEQUENO PRÍNCIPE AUTOR Antoine de Saint-Exupéry TRADUÇÃO Mônica Cristina Corrêa EDITORA Companhia das Letrinhas QUANTO R$ 34,90 (176 págs.) AVALIAÇÃO ótimo
O PEQUENO PRÍNCIPE AUTOR Antoine de Saint-Exupéry TRADUÇÃO André Telles e Rodrigo Lacerda EDITORA Zahar QUANTO R$ 26,90 (144 págs.) e R$ 9,90 (e-book) AVALIAÇÃO ótimo
PILOTO DE GUERRA AUTOR Antoine de Saint-Exupéry TRADUÇÃO Mônica Cristina Corrêa EDITORA Penguin-Companhia QUANTO R$ 24,90 (192 págs.) e R$ 19,90 (e-book) AVALIAÇÃO ótimo
amigos para posarem para ele de dia, fazia os desenhos com lápisaquarela e escrevia o texto à noite. Eles ficaram mais famosos do que o romance. O enorme sucesso de “O Pequeno Príncipe” extrapola o âmbito da literatura. Ao mesmo tempo, impede que o vejamos além dos “excertos que ganharam a redundância dos clichês”. O autor não pôde ver o fenômeno em que seu livro se transformou, pois desapareceu no mar Mediterrâneo durante uma missão de reconhecimento, provavelmente abatido por um caça alemão. Em 6 de abril de 1943, o livro foi lançado em Nova York em inglês e, numa tiragem menor, em francês. Só em 1946 foi publicado na França. A recepção crítica, à época do lançamento, foi positiva nos Estados Unidos, mas nem de longe prenunciava a celebridade que resiste à passagem de tantas gerações. Dentre as primeiras reações, destaca-se a da escritora australiana Pamela Travers, autora de “Mary Poppins” (1934), que ainda hoje continua valendo: “Seria um livro para crianças? Não que isso importe, pois crianças são como esponjas. Elas se embebem da matéria dos livros que leem, compreendendo-nos ou não”. Mario Bresighello / Folhapress.
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Comunidades
Projeto Crescer participa da campanha do Fecriança
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Fotos: Carla Ornelas / GOVBA
oze crianças e adolescentes que integram o grupo Percuterê, desenvolvido pela Associação Projeto Crescer, na Lagoa dos Patos, se apresentaram durante o lançamento da campanha “Bote Fé no Futuro – Colabore com o Fecriança”, no mês passado, no Centro Administrativo da Bahia, em Salvador. A campanha foi apresentada pela secretaria estadual de Justiça, Cidadania, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), com a presença do secretário Geraldo Reis. “Queremos ampliar, substancialmente, a participação das empresas, da sociedade civil, das pessoas físicas, contribuindo com a melhoria das condições de vida de crianças e adolescentes do nosso estado”, explicou. O Fecriança é gerido pela secretaria e pelo Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Ceca), que, além de auxiliar no acompanhamento dos projetos, fiscaliza a gestão do fundo, juntamente
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com o Ministério Público Estadual (MPBA) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-BA). Os recursos são provenientes de doações feitas ao fundo na conta corrente 993.061-2, agência 3832-6 (Banco do Brasil), de deduções no Imposto de Renda, e ainda do governo do estado. Informações sobre como colaborar estão disponíveis no site da secretaria, em http://www.justicasocial.ba.gov.br/. A conselheira Vera Carneiro, que representa os Territórios de Identidade do Sisal, Portal do Sertão e Bacia do Jacuípe, explicou que para serem selecionadas as instituições precisam atender a critérios de realização de ações de proteção, defesa e de e promoção da garantia dos direitos de crianças e adolescentes. “A instituição precisa ter comprovadas as ações realizadas diretamente com crianças e adolescentes”, disse a conselheira. Exemplo disso é o Projeto Crescer, que há 15 anos realiza ações sociais e de
promoção da cidadania com 201 crianças e adolescentes dos cinco aos 18 anos na Lagoa dos Patos, em Lauro de Freitas. “Oferecemos aulas de música, com percussão violão e pandeiro, de futsal, judô, capoeira, informática, teatro, vôlei, reforço escolar e três alimentações diárias”, explica a coordenadora do projeto, Raimunda Araújo – “as crianças que estudam de manhã frequentam à tarde e vice-versa”. Quando eles completam 15 anos entram no grupo de desenvolvimento para serem preparados ao mercado de trabalho. A partir dos 16 anos, as empresas parceiras da instituição
Grupo Musical Percuterê, do Projeto Crescer, se apresenta no CAB. Na outra página, alunas da instituição (acima) e a coordenadora, Raimunda Araújo: 15 anos de atividade
pode recrutar os jovens para o primeiro emprego. Repasse de R$ 2 milhões O anúncio da campanha aconteceu durante o evento de assinatura simbólica de convênios do governo do estado com 15 entidades que atuam no atendimento de crianças e adolescentes na Bahia. São projetos sociais com foco em crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social e, em alguns casos, também nos seus familiares. Ficou garantido o repasse de quase R$ 2 milhões para o desenvolvimento de projetos sociais dessas entidades e ao Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Rossaim (Cedeca) para o apoio jurídico e psicossocial a crianças vítimas de abuso sexual, entre outras formas de violação.
Um dia de muito lazer para as crianças da Portelinha e Capelão Apoximadamente 100 crianças de Portelinha e Capelão, duas das comunidades de mais baixa renda do município, tiveram um dia com muita alegria pela passagem do Dia da Criança, numa ação financiada por uma empresa local. Um domingo diferente, com pula pula, futebol no sabão, escorregador, piscina de bola, algodão doce, guloseimas, show de palhaço e distribuição de presentes. (Colaboração de Daniel Senna)
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Segurança
Diagnóstico do governo aponta índices de guerra urbana em Lauro de Freitas
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oi revelado no mês passado mais um diagnóstico da violência que assola o país, desta vez assinado pelo próprio governo federal. Lauro de Freitas volta a frequentar o topo dos rankings, agora como a cidade onde mais se mata pessoas com armas de fogo na Bahia, em relação à população residente, entre outros indicadores negativos. Já a Bahia ficou em primeiro lugar em números absolutos de homicídios no país, embora em proporção à população o estado mais violento do país seja o Ceará, com índice de 46,9 mortes para cada 100 mil habitantes. Lauro de Freitas, com quase o dobro da taxa cearense (89,5), é seguida de perto por Simões Filho (86,2), ambas muito à frente de Camaçari (60,6), Feira de Santana (44,9) ou Salvador (43,7). O objetivo de longo prazo do atual diagnóstico é subsidiar um “Pacto Nacional pela Redução de Homicídios”. O relatório menciona dados de 2014 da Organização das Nações Unidas (ONU) apontando que 10% dos homicídios ocorridos em todo o mundo são cometidos no Brasil. O trabalho é da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, agora apresentado como “diagnóstico preliminar”. O relatório avisa que se trata de um “documento técnico”, mas o governador Rui Costa (PT) contestou a metodologia. A categoria de “mortes a esclarecer”, não computadas como homicídios, seria inexata em outros estados. Em 2014 o Rio de Janeiro registrou 4.610 homicídios, contra 4.925 “mortes a esclarecer”, num total de 9.535 mortes violentas. Na Bahia, foram 5.468 homicídios contra 290 “mortes a esclarecer”. Rui Costa acredita que há uma distorção dessa categoria em alguns estados. O objetivo do relatório, contudo, não é
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formular um ranking, mas “auxiliar na formulação de uma meta possível de redução de homicídios” – definida em 20% para os próximos quatro anos – e até “pesquisar a qualidade dos dados de homicídios das polícias estaduais”. Na Bahia, por meio do programa Pacto Pela Vida, a meta é reduzir os homicídios em 6% por ano. O recorte do estudo federal tem 80 municípios nas 26 Unidades da Federação mais a Região Administrativa de Ceilândia, no Distrito Federal, somando 81 localidades prioritárias de ação com mais de 22 mil registros de homicídios em 2014, cerca de 50% do total de homicídios dolosos registrados no Brasil. Para fins de diagnóstico, foram considerados outros fatores além da taxa de homicídios, como a presença de gangues e tráfico de drogas, violência patrimonial, desigualdade de renda ou circulação de armas de fogo. Nesse contexto, a Bahia “apresenta a situação mais grave dentre todos os estados da região Nordeste”, apontada como a mais violenta do país. Na Bahia, “o único fator mediano é o de gangues e drogas e o restante é considerado ruim”, anota o estudo. Segundo o diagnóstico governamental, “esses indicadores apontam, de maneira geral, para um estado com relações violentas, alta circulação de armas e parca presença do Estado”. Lauro de Freitas está entre os municípios que apresentam maiores riscos associados à circulação de armas, à desigualdade de renda e à violência patrimonial, incluindo o latrocínio (roubo seguido de morte) – mas não em relação a gangues e drogas. Dos seis indicadores utilizados pelo diagnóstico, Lauro de Freitas ostenta três “vermelhos”, três “amarelos”e nenhum verde. O indicador geral resulta igualmente ruim. Guerra urbana A novidade deste novo estudo está
na abordagem à vitimização de policiais militares e civis e à letalidade da ação policial – as chamadas “intervenções legais” que resultam em mortes. Os dados são da Pesquisa Perfil das Instituições de Segurança Pública 2013 e do Sistema Único de Saúde. O indicador revela tanto uma situação de vulnerabilidade dos policiais como altas taxas de conflito entre os policiais e a população. O maior número de policiais mortos (98) em todo o país foi registrado na Bahia. Já no Ceará, que tem a maior taxa de homicídios do país em 2014, nenhum policial havia morrido no ano anterior. No Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe morreram, respectivamente, 8, 11 e 5 policiais. Números maiores de mortes foram encontrados no Maranhão
(18), Paraíba (21) e Pernambuco (28). Nada, contudo, parecido com os números da Bahia. Ao mesmo tempo, “coincidentemente”, anota o relatório, os municípios da Bahia também tiveram o maior número de “intervenções legais” – mortes causadas por policiais – “e o Estado apresentou uma porcentagem relativamente alta de população agredida pela polícia”. A Bahia é o estado nordestino em que mais se registrou “intervenções legais” em 2013. De acordo com o relatório, o município em que proporcionalmente mais ocorreram mortes ocasionadas por policiais foi Lauro de Freitas, com uma taxa de 7,59 – contra taxas de 2,74 em Salvador ou 3,85 em Simões Filho. A taxa de “intervenções legais” em Lauro de Freitas contrasta com o baixo efetivo policial em relação à população registrado para o município. De acordo com o diagnóstico governamental, a Bahia tem um policial para cada 280 habitantes – a melhor relação da região. Já Lauro de Freitas tem um policial para cada 525 habitantes, a terceira pior relação do estado, logo depois de Camaçari e Vitória da Conquista. O relatório detalha que “a relação entre
a população de um local e o efetivo de profissionais de segurança pública é uma forma de medir a rede de segurança, ou seja, a quantidade suficiente ou não de efetivo policial” embora não haja um parâmetro para definir o que seria ideal. Outro indicador trazido pela Pesquisa Nacional de Vitimização são as “agressões e extorsões que a população sofreu de policiais”, conforme consta do diagnóstico governamental, apontando onde a polícia “é mais violenta com a sociedade”. Os dados fornecidos estão apenas em nível estadual. O Maranhão apresentou a menor porcentagem de pessoas vitimadas por policiais, 4,9%. Piauí e Paraíba apresentaram porcentagens parecidas, 5,6% e 6,1%, respectivamente. Já em outros estados, as porcentagens se aproximam mais dos 10%, como Ceará (7,5%), Pernambuco (7,7%), Sergipe (7,6%), Bahia (8,6%), Rio Grande do Norte (10,7%) e Alagoas (10,2%). O relatório aponta que “não foram as piores situações encontradas quando tomamos em conta os estados de outras regiões”. Desigualdade Sem surpresas, os dados de concenRafael Martins / GOVBA
Violência policial e contra policiais é destaque na Bahia e em Lauro de Freitas
tração de renda continuam apontando Lauro de Freitas e a Bahia como campeões da categoria. O indicador informa em que medida a renda está concentrada nas mãos dos 20% mais ricos. Entre os municípios baianos, Lauro de Freitas é líder da desigualdade de renda, com quase 69%. Quando comparada ao Brasil, a Região Nordeste inteira apresenta uma das maiores concentrações de renda do Brasil. Mesmo nos estados menos desiguais, como o Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, mais de 60% da renda está concentrada entre os 20% mais ricos. As maiores taxas de concentração estão na Bahia (65%), Piauí e Maranhão (64%). Evasão escolar O diagnóstico verifica também a taxa de abandono escolar, referente apenas ao ensino médio. A limitação visa medir a vulnerabilidade dos jovens na faixa etária que tem sido a mais vitimada com relação aos homicídios. Entre os municípios selecionados, há taxas que vão de 3,0 a 22,8, com a menor evasão escolar registrada em municípios pernambucanos. Na Bahia, Lauro de Freitas mais uma vez lidera, desta vez como o município onde mais os jovens abandonam a escola no ensino médio. A taxa local (9) é desafiada por Itabuna (8,7), Feira de Santana (8,6) e Juazeiro (7,1). Recém chegados O percentual de residentes nos municípios há menos de cinco anos indica a parcela da população que habita determinado território por um tempo curto e novo. Alguns estudos apontam que locais com maior concentração de pessoas com menor vínculo com o território e com as outras pessoas do local são também mais propícios a violências interpessoais e homicídios. Além disso, a sensação de segurança é menor em residentes novos, assim como a desconfiança e reação violenta a terceiros – um fenômeno identificado como “falta de coesão social”, resultado direto da acelerada expansão urbana. Mais uma vez Lauro de Freitas é destaque, com mais de 23% da população residente há menos de cinco anos – o maior índice da Bahia, seguido de Camaçari, com quase 21%. Novembro de 2015 | Vilas Magazine | 21
Decoração
DECORAÇÃO Originalmente feita em tecidos, técnica é usada em azulejos, papel de parede e outros materiais
Patchwork deixa a casa mais colorida
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osturar retalhos de tecidos é uma arte milenar que ainda está presente em peças decorativas de muitas casas. A facilidade e a disponibilidade, já que bastam linha, agulha e retalhos para começar, fizeram do patchwork – trabalho com retalhos – uma técnica comum nos projetos de decoração. São inúmeras técnicas para juntar os tecidos em blocos, explicam os artesãos. Mas com as inovações no mercado de móveis e decoração não é necessário depender apenas da habilidade manual, já que o patchwork pode estar em qualquer objeto, e em materiais como azulejo e papel de parede. Para os mais prendados basta um tubo de linha, uma agulha e pequenos pedaços de tecido para revestir qualquer móvel ou
peça decorativa da casa, conta a arquiteta Mariana Fedulo. Mas ela sugere cuidado na hora de elaborar o conjunto de cores. “O ideal é brincar com cores e tecidos diferentes para que o projeto final fique bem colorido. Mas é interessante buscar uma mesma cartela de cores para que o projeto final fique harmônico”, conta Mariana. Para quem tem medo de investir em um projeto mais colorido, a dica da arquiteta Simone Selem é escolher tecidos com a mesma cor, só que em tons diferentes, para ter um patchwork mais neutro. Cerâmica em patchwork dá charme ao espaço gourmet Azul prevalece na bancada da cozinha ANANDA METAIS / DIVULGAÇÃO MARCELO NEGROMONTE / DIVULGAÇÃO
“Para os espaços de convivência da casa uma escolha mais simples é o patchwork com uma única cor, isso facilita a composição com os outros móveis da decoração”, diz Simone. Harmonia no ambiente A harmonia com outros elementos é a chave para que o patchwork ganhe destaque. Simone explica que o conjunto de tecidos já representa a decoração, por isso é importante ter uma base neutra nos móveis ao redor da peça, que pode ser desde uma poltrona, almofada e até uma parede da casa.
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“Para o decoração de uma residência o ideal é apostar nas peças mais versáteis, como as almofadas, colchas e tapetes. É um artifício para quem quer ter o patchwork, mas tem medo de enjoar”, explica Simone. Quem escolher as peças mais simples pode ter a opção de produzir você mesmo. Mariângela Sampaio, artesã e sócia do Ateliê Flor de Pano, que oferece cursos de patchwork, sugere começar com as peças planas como o jogo americano ou a barra de um pano de prato. Segundo ela, com a habilidade manual, tecido e a linha é possível fazer uma composição criativa. “A escolha de qual
“A escolha de qual peça fazer vai da aptidão pessoal, mas as escolhas mais fáceis para quem deseja começar são as almofadas, bolsas e jogos americanos” MARIÂNGELA SAMPAIO, artesã
peça fazer vai da aptidão pessoal, mas as escolhas mais fáceis para quem deseja começar e que nossos clientes valorizam são as almofadas, bolsas e o jogos americanos”, revela Mariângela. Muito comum em espaços como cozinha e áreas de jogos, o patchwork na parede pode aparecer em diversos materiais. Para os mais decididos, a sugestão de Simone Selem são os azulejos, que, de acordo com a arquiteta, têm um acabamento melhor, além de suportar bem ambientes com salinidade. Mas para economizar a outra opção são os papéis de parede, garante Mariana u Novembro de 2015 | Vilas Magazine | 23
Decoração
Fedulo. “Eles são fáceis de aplicar, e, para revestir cinco metros quadrados, o morador vai gastar em torno de R$ 90, incluindo o custo com a cola”, afirma Mariana. Na cozinha, a opção que oferece menor custo benefício é o revestimento em aço, que pode ser personalizado com a estampa em patchwork. “A aplicação do aço reduz os custos com acabamento, já que pode ser aplicado da parede ainda na alvenaria, além de ser resistente a infiltração e corrosão”, explica Joyce Rossi, responsável pelo marketing da Ananda Metais. Ainda que a proposta de técnica de patchwork seja uma junção de cores e tecidos, o morador deve ter em mente que as cores e estampas devem traduzir suas características. “Um outro projeto pode servir de inspiração, mas o morador não deve esquecer que as cores e estampas que ele escolher para compor a peça devem traduzir sua personalidade e estilo, para evitar um desconforto futuro”, afirma Mariana.
Lançamentos
MAIS SOBRE A TÉCNICA MILENAR DO PATCHWORK SOBRAS Para começar uma peça não é necessário comprar pedaços de tecidos em uma loja; as sobras de tecidos que você tem em casa ou que usou em outros projetos podem se tornar novas peças que vão carregar um pouco da história da casa MÓVEIS O patchwork também pode ser uma opção para renovar os móveis em madeira. O ideal é escolher objetos planos como uma bancada ou criado-mudo. Para revestir o mobiliário, basta juntar vários pedaços de papel contact (adesivo) e mesclar até forrar todo o móvel PAPEL DE PAREDE Em lojas especializadas já é possível encontrar papéis com estampa em patchwork com preço acessível, no entanto a parede também pode ser revestida com os próprios pedaços de tecido, e para isso basta os retalhos, cola, estilete, uma régua de metal e um rolinho
n O Banco Gamboa (acima) é a mais recente criação da designer paulista Monica Cintra, para incrementar a decoração e deixar o ambiente com o toque elegante da natureza. A designer procura dar forma às madeiras descartadas pela natureza e ainda seleciona as partes da árvore com mais desenhos, cores e veios, fazendo com que as irregularidades e trincas se incorporem às peças, que se tornam únicas. Com medidas de 1,16x0,48x0,43h, o Banco Gamboa possui base em alumínio com pintura eletrostática na cor corten e assento em madeira de reaproveitamento Pau Ferro. Mais informações sobre o lançamento no site www.monicacintra.com.br
Carla Jesus / Ag. A Tarde.
CURSO DE PATCHWORK Mariângela, do Ateliê Flor de Pano, ensina a fazer peças em patchwork. Ateliê oferece cursos regulares em confecção de utilitários com técnicas em patchwork, apliques e flores em tecidos. Mais informações pelo telefone (71) 3018-9499.
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n A Clami, tradicional loja paulista do mercado de decoração, lança a Chaise Sweet, assinada pelo designer Eduardo Menezes. Indicada para varandas cobertas, a peça – disponível na medida 160 cm x 130 cm x 85 cm – é desenvolvida em alumínio, com acabamento em fibra, taboa ou malaca nacional, podendo ser adaptada na fibra sintética, o que lhe permitirá a exposição ao sol e chuva. Mais informações sobre o lançamento no site www.clami.com.br
fotos: divulgação
Hortoterapia
Cuidar de plantas é saudável exercício físico e mental A terapia de jardim traz a natureza para sua casa, alivia o estresse e estimula o humor
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estresse e a ansiedade são os problemas que mais afetam as pessoas neste século. A irritação com tudo, a cabeça cheia e saturada de problemas faz com que a qualidade de vida caia. Porém, uma das maneiras de se tratar disso que estão sendo utilizadas é a terapia de jardim, também conhecida como hortoterapia. Para muitos profissionais da saúde, possuir e tomar conta de um jardim pode fazer muito bem para saúde. O exercício de cuidar de plantas, regando-as e adequando a terra para suas necessidades pode ajudar na diminuição do estresse, além de prevenir depressão. Cuidar de plantas é uma grande solução médica para quem sofre, por exemplo, com a falta de sono ou transtornos. “Estudos feitos compararam a diferença na melhora no humor ao ficar lendo um livro por 30 minutos ou cuidar de um jardim. O resultado foi que as pessoas que mexem com terra ficam mais felizes e calmas”, revela a bióloga, especialista em paisagismo e educação ambiental Lilian Ribeiro. Para ela, entretanto, a terapia de jardim deve ser feita com seriedade e com alguns cuidados, pois só assim terá resultado. “O contato da mão com a terra é um ponto
muito interessante. O ideal é você não usar luvas porque existe, no solo, uma bactéria que produz a serotonina, o hormônio do humor. Então o contato ativa essas bactérias no nosso organismo, que nos deixa mais bem humorados”, afirma. Estimulando a criatividade Para quem não tem muito espaço em casa, os mini jardins e terrários se tornaram aliados para aproveitar as vantagens que os vegetais podem proporcionar. A diferença
do mini jardim para o terrário é que o terrário é um bioma construído em um vidro transparente, que ao receber a luz solar, indispensável para o processo de fotossíntese, faz dele um ecossistema autossuficiente em ar, água e nutrientes.
A bióloga Lilian Ribeiro é especialista em paisagismo e educação ambiental
Os mini jardins são construídos geralmente em material opaco, como por exemplo uma bacia de cerâmica, uma xícara de porcelana, um mini regador, etc. O inglês, David Latimer, por exemplo, construiu seu próprio bioma em 1960, ficou doze anos sem precisar abrir para regar as plantas. E esse terrário dura até hoje”, revela Lilian. A fundadora do Lili Terrários e Mini Jardins, em Curitiba-PR conta que é uma maneira de trazer a natureza para dentro de casa, que não exige tanto trabalho, mas que continua sendo uma ‘atividade física e intelectual’. “Cuidar de plantas também é um exercício físico, muito mais leve do que outras opções que você tem hoje e você também exercita a mente porque vai criando ideias. Você pode montar seu próprio ecossistema em casa e usá-lo como objeto de decoração, dando uma sensação de paz e tranquilidade ao ambiente”, conclui. Para conhecer mais sobre o assunto, acesse o site www.facebook.com/liliterrarioseminijardins
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Comportamento
Meu parto, minha escolha Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine
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Thais viçoso
“E
ra uma quinta-feira, 21 de maio. Retornei para casa após mais uma tarde na tentativa frustrada de marcar meu parto, normal e humanizado, como meu esposo e eu escolhemos, em um dos hospitais de Salvador que oferecem essa possibilidade. Parecia mais uma noite tranquila, curtindo os carinhos de meu amado, meu grande companheiro em toda minha gestação, que foi meu parceiro nas tomadas de decisões. Mesmo antes de engravidar eu já tinha vontade de ter um parto normal, e lia muito, lia sobre a dor e as formas de amenizá-la, e então descobri o parto na água. Fiquei encantada. Meu marido concordou com o parto normal, mas queria que fosse em um hospital, para nos resguardarmos de qualquer eventualidade. Na madrugada de sexta-feira, às 1h12, senti aquela ‘aguinha quentinha’. “Eita, amor, minha bolsa estourou”. A primeira iniciativa foi ligar para a minha doula (pronuncia-se du-la). Quando engravidei disse a meu marido: ‘quero uma doula’, e ele: ‘não se preocupe, te dou uma doula’. E assim Aline entrou em minha vida, como um presente. Durante todo o processo ela me acompanhou, e sua intervenção foi fundamental. Aline me indicou uma equipe incrível para o parto, e sem que eu percebesse, deixou um plano ‘B’ todo orquestrado. Tudo aconteceu de forma tão normal que em nenhum momento lembramos ou falamos de hospital. Não pareceu mais necessário. Ligamos para a equipe e aguardamos, enquanto eu revezava entre caminhadas dentro de casa e momentos sentada no sofá. Meu esposo enchia a piscina inflável, tentando, na medida do possível, controlar a ansiedade. Minha doula chegou, a equipe também, e às 9 horas eu já estava com cinco centímetros de dilatação. Desse momento em diante, cada contração era uma alegria, eu sabia que quão mais fortes as contra-
Angélica Sousa na companhia de sua doula Aline Calmon, nos preparativos para o parto normal e humanizado...
ções fossem, mais rápido teria minha filha nos braços. Me surpreendi ao perceber que meu companheiro estava ao meu lado. E que eu queria isso. Antes do parto ficava com medo de afastá-lo de mim, por não querer que me visse sentindo dor. Mas foi justamente o contrário. Ele estar ao meu lado me passava segurança, e fez com que eu me sentisse amada. Outro fator que passou sensação de amparo foi a intimidade e o cuidado da equipe. Um dos meus medos do hospital era se de repente o médico tivesse que me deixar para atender outra gestante. Eu tinha medo de me sentir só e a equipe que me acompanhou no parto fez com que me sentisse assistida. Às 16h20, do dia 22 de maio, Catarina nasceu, linda, com duas circulares no pescoço, viva e saudável. Nossa! Foi um estado de êxtase: consegui, e quero viver essa experiência de novo”. Humanização do Parto A experiência de Angélica Sousa, 24 anos, relatada na primeira parte desta matéria, vem evoluindo nos últimos anos no Brasil. Em linhas gerais, o parto humanizado é aquele onde a mulher decide os detalhes do seu parto, desde a
equipe à posição, deixando a natureza fazer o seu trabalho, com a menor intervenção médica possível. Parte dessa evolução se deve ao maior acesso à informação por parte das gestantes, bem como as novas resoluções da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Desde julho obstetras são obrigados a elaborar o partograma, documento com o relato sobre tudo que aconteceu no parto, para que os planos de saúde liberem o pagamento das cirurgias cesáreas. Caso a decisão da cesárea seja da gestante, ela precisa assinar um termo de consentimento para garantir a cobertura do plano. A iniciativa visa diminuir a taxa de cirurgias cesáreas no país, que na rede privada de saúde chega a 84,6% dos atendimentos. Na soma dos atendimentos da rede privada e da rede pública, a média é menor, chega a 57% dos procedimentos, muito acima da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que é de 15%, e que coloca o Brasil como líder mundial de cesáreas. Doula A participação de doulas na vida das gestantes é também uma recomendação da OMS e do Ministério da Saúde, por proporcionar benefícios como a redução do tempo de trabalho de parto, queda nos índices de depressão pós-parto, maior consciência quanto a amamentação nas primeiras semanas, e, claro, redução nos números de cirurgias cesáreas. Danielle Braz, 35 anos, doula há um ano, explica que uma doula não é uma parteira, mas sim “a mulher que acolhe e dá apoio à gestante durante toda a gravidez, o parto, e no puerpério (pós-parto), levando informações ao casal, à família, e a quem mais se interessar e precisar participar desse processo de humanização. A doula não faz o parto. A sua função é de apoio sentimental e psicológico”. A função de doula é reconhecida pelo Ministério do Trabalho desde janeiro de 2013, mas ainda existe uma grande restrição, por parte de médicos obstetras, quanto ao papel desempenhado pelas doulas, e principalmente a presença delas no momento do parto. “O médico aprende na faculdade que ele não pode criar vínculo, como uma forma de se proteger inclusive. A vida, o parto, é uma caixinha de surpresa, não temos como garantir que tudo vai dar certo, nem quando é uma cesárea e nem quando é normal. Mas, com anos de trabalho, aprendi a me colocar no lugar do Thais viçoso
..antecedendo a chegada de Catarina, aqui nos seus primeiros minutos de vida, com os pais
médico e entender a pressão que ele sente quando tem duas vidas sob sua responsabilidade”, ressalta Aline Calmon, 37 anos, doula desde 2013, frisando a importância da profissional exercer o seu papel de companheira durante o parto, sem interferir nos procedimentos, papel reservados a enfermeira obstetra ou obstetriz. Aline é a fundadora do Gestar Luz, um grupo gratuito de apoio à gestantes, puérperas e famílias, que atende no Espaço Terapêutico Luz, em Vilas do Atlântico. A iniciativa surgiu em 2014, quando Aline, que é nutricionista por formação, já havia se tornado uma doula. Com apoio de Andrea Leite, responsável pelo espaço, os encontros, rodas de gestantes e workshops foram acontecendo com maior regularidade e hoje a equipe é composta por três doulas e uma fotógrafa, que faz o registro dos partos. “A mulher tem uma força feminina, mas que está se perdendo atualmente. Hoje existe busca ao conforto e a segurança do hospital e do médico, ‘vou entregar meu corpo para o médico, pois ele estudou anos para isso’. O que está precisando apenas é do estímulo para que as mulheres resgatem sua força interior, e isso só é possível por meio de informação”, conclui Aline. Preconceito e pouca informação Apesar de natural e fisiológico, o conforto e popularização das cirurgias cesáreas afastou as mulheres do parto normal, chegando inclusive a gerar estranheza. Foi a falta de informação que levou Carla Grace Santos Melo, 28 anos, a fazer uma cirurgia cesárea no parto do seu primeiro filho. Grace confessa que apesar ser profissional de saúde, se sentia autossuficiente e não buscou informações, seguindo apenas as orientações de sua médica. “Quando cheguei no hospital, estava com três centímetros de dilatação. A médica fez apenas o exame de toque, não fez ultrassom e me disse que estava com pouco liquído e que meu filho corria risco de morte. Aquela informação me apavorou e foi suficiente para que eu aceitasse a cesárea, que hoje, com a bagagem de informações que tenho, acredito que foi completamente desnecessária”. Ao contrário do que muitas gestantes acreditam, a cirurgia cesárea não isenta a probabilidade de sentir dor. “Meu pós-parto foi traumático, são sete camadas de sua pele que são cortadas, e dói, dói muito. Mas a coisa toda é estranha desde os primeiros minutos após o neném nascer. Toda sua família sai para vê-lo, naquela vitrine, ele é a novidade, e você se sente complemente sozinha. Eu queria que meu filho ficasse comigo nos primeiros momentos do nascimento. Mas eu estava anestesiada, em todos os sentidos”, completa Grace. Em Salvador cinco hospitais já atendem as de- u Novembro de 2015 | Vilas Magazine | 27
mandas de parto humanizado: Mansão do Caminho, referência em humanização do parto, Maternidade Tsylla Balbino, Hospital Aliança, Hospital Português da Bahia e Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães Neto. Em Lauro de Freitas tinha o Centro de Parto Normal de Lauro de Freitas, que abriu em 2012 e fechou um ano depois. Atualmente o município está sem assistência. Agora, quatro anos depois, Grace está grávida do seu segundo filho, e com o acompanhamento de Aline e Daniele, já planeja seu parto, normal e humanizado. “Já decidi que se não houver necessidade da cesárea não preciso passar por tudo aquilo de novo. A procura por um obstetra que aceitasse fazer o parto normal foi complexa, não é fácil achar um médico que aceite a sua opção, e quando você encontra, o valor que cobram é superior ao valor da cesárea”, frisa Grace. Com 31 semanas de gestação a expectativa está grande para a chegada de Noah. Grace encontrou uma obstetra para fazer o parto normal, e segue, com o marido, nos últimos preparativos. A data provável do parto é 11 de novembro. Desde 2011, o governo federal tem incentivado partos humanizados através da Rede Cegonha, uma
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Thiara Reges
Comportamento
Daniele Braz, Carla Grace, Aline Calmon e Angélica Sousa, com a pequena Catarina estratégia que visa estruturar e organizar a atenção à saúde materno-infantil. Enquanto o projeto não chega em toda a extensão territorial brasileira, as ações de grupos de apoio tornam-se fundamentais como fonte de informação. Além do Gestar Luz, Lauro de Freitas conta ainda com o Yeva.
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Afinal, o que são doulas?
palavra vem do grego e significa “mulher que serve”. Hoje serve para denominar as acompanhantes de parto que oferecem suporte afetivo, físico, emocional e de conhecimento para as mulheres. Esse suporte pode ser dado antes, durante e depois do parto. Antigamente os partos eram realizados pelas parteiras que cuidavam da mulher em todos os aspectos. Hoje os partos são feitos em hospitais com uma equipe especializada: obstetras que têm a função de fazer o parto, pediatra para avaliar a saúde do bebê, a enfermeira e auxiliares que devem auxiliar os médicos para que nada falte e atender as outras mulheres também. E quem oferece assistência à mulher que está dando à luz? Esse é o papel da doula: atender as necessidades da mulher. O ambiente hospitalar e as pessoas desconhecidas geram na parturiente medo, dor e ansiedade na hora do parto. A doula então oferece apoio afetivo e emocional para que ela se sinta segura e tranquila para um dos grandes momentos da sua vida: o nascimento do seu filho.
A doula antes do parto ajuda a mulher e o seu companheiro a refletirem e escolherem suas opções para o parto, explicando os diferentes tipos, as vantagens e desvantagens de cada um, as intervenções que podem ser realizadas e prepara a mulher para o momento do parto. Durante o trabalho de parto, a doula serve como uma ponte entre os complicados termos médicos e a parturiente, sugerindo posições mais confortáveis para o trabalho de parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens e relaxamento. A doula não substitui o acompanhante. Ela também dá suporte e orienta o acompanhante a oferecer apoio e conforto à mulher, mostrando como ser útil e não ficar perdido na assistência à parturiente, o que normalmente ocorre. No parto cesárea, a doula também se faz importante, pois continua dando apoio, conforto e ajudando a mulher a relaxar durante a cirurgia. Depois do parto, ela oferece assistência e apoio quanto aos cuidados pós-parto, a amamentação e cuidados com o bebê. Não é função da doula realizar qualquer procedimento médico, como fazer exames,
aferir pressão ou administrar medicamentos e cuidar da saúde do bebê. Ela oferece segurança, tranquilidade e conhecimento para um parto seguro e não substitui qualquer profissional envolvido na assistência ao parto. Pesquisas mostram que o parto em que uma doula está presente tende a ser mais rápido e necessitar de menos intervenções médicas. Algumas vantagens em se ter uma doula na hora do parto: Diminui o uso do fórceps em 40%, a incidência de infecção, a insegurança da mãe, ocasionando um maior autocontrole e menos dor; redução do risco da depressão pós-parto; sucesso na amamentação; maior autoestima da mamãe; maior satisfação com relação ao parto; alta mais rápida do bebê; poucas admissões nos berçários de cuidados especiais (UTI neonatal); diminui as taxas de cesárea em 50%; diminui a duração do trabalho de parto em 20%; diminui o uso da Ocitocina (indução de parto) em 40%; diminui os pedidos de anestesia em 60%; diminui o tempo de internação, possibilitando uma maior rotatividade de leitos; economia quanto ao uso de medicamentos (ocitocina, anestésicos, etc). Fonte: Bruno Rodrigues, Guia do Bebê.
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Primeira Infância - 3 O PAPEL DOS PAIS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
CRIANÇA E TECNOLOGIA
O que se passa nessa cabecinha
Antes da aula PRÉ-ESCOLA DE QUALIDADE É IMPORTANTE PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS, AFIRMAM ESPECIALISTAS, DESDE QUE NÃO DESORGANIZE AS FINANÇAS E A ROTINA DA FAMÍLIA FOTOS: RAQUEL CUNHA / FOLHAPRESS
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pré-escola é importante para crianças e merece investimento ou o importante mesmo são as séries seguintes? Foi levado a seis educadores a pergunta que martela pais, que podem ficar em dúvida em gastar com altas mensalidades para crianças entre quatro e cinco anos. A resposta, em geral, foi que vale a pena, sim, investir no ensino infantil. Desde que isso que não desorganize as finanças e a rotina familiar. Esse consenso entre educadores sobre a importância da pré-escola, porém, não convence a todos. A engenharia química Cintia Collis Bernardi, 40, por exemplo, decidiu esperar para colocar seu filho de cinco anos direto no fundamental. “Ele tem aprendizagem avançada, é ativo, convive com outras crianças. Não teria incentivo no pré. Seria apenas dar dinheiro para a escola”, diz. Professora de pedagogia da PUC-RS, Maria Inês Côrte Vitória concorda que em condições ideais crianças podem ter desenvolvimento até melhor em casa nessa idade, devido ao atendimento individualizado que só os pais podem dar. Mas, como não há
garantia de que as famílias estejam preparadas para ficar o tempo todo com as crianças, ela defende a matrícula na pré-escola. “Ainda é muito presente a ideia de que a pré-escola é apenas a escolinha para deixar a criança enquanto a mãe trabalha”, afirma a professora Silvia Colello, da Faculdade de Educação da USP. “Se a criança não aprende a gostar de aprender nessa etapa, vai ser difícil reverter no ensino fundamental e médio”. A defesa da qualidade na pré-escola tem respaldo em pesquisas recentes. Estudos liderados pela professora Maria Malta Campos, da Fundação Carlos Chagas, mostraram que crianças que fizeram pré-escola de boa qualidade tiveram notas melhores na avaliação nacional de alfabetização na segunda série do fundamental. Já levantamento do Banco Mundial destacou que fazer pré-escola de baixa qualidade tem quase o mesmo efeito de não cursar a etapa. O QUE FAZ A DIFERENÇA Como, porém, identificar a qualidade da pré-escola? Em estudo da Fundação Carlos Chagas, feito em três capitais brasileiras, considerou-se que a boa unidade tem espaços bem iluminados; boa supervisão de segurança; livros, quebra-cabeças e blocos de brinquedo; professores carinhosos; rotina diária para as crianças, com tempo para atividades individuais e em pequenos grupos; e informações regulares aos pais. Os aspectos já haviam sido testados em outras pesquisas, que mostraram correlação com melhor desenvolvimento das crianças. E vale tanto para escolas públicas quanto para particulares. O Conselho Nacional de Educação também recomenda número máximo de 20 crianças por professor, preferencialmente com ensino superior, segundo lei federal. Os educadores entrevistados pela reportagem destacaram ainda a importância de a pré-escola ter plano pedagógico, que trace a evolução que as crianças terão no ano. “Deve ter sobretudo linguagens artísticas, que permitem o desenvolvimento da u Novembro de 2015 | Vilas Magazine | 31
Primeira Infância - 3 / Série Especial sensibilidade das crianças”, diz a doutora em educação Maristela Angotti, da Unesp. “E não acho que nessa idade deva ter treino para alfabetização, que tira o tempo para atividades lúdicas”, diz a coordenadora da ONG Todos pela Educação, Alejandra Velasco. “Claro que a leitura de histórias contribui para futura alfabetização, mas é prejudicial treinamento sistemático para alfabetizar”. Educadores apontam ainda que a escola não deve ser longe de casa nem comprometer muito a renda familiar. “Não adianta a escola ideal exigir horas de carro e acabar com o dinheiro da família. Se for assim, melhor procurar algo mais realista”, diz Colello, da USP. Fábio Takahashi / Folhapress. Colaborou Cláudio Goldberg Rabin.
Harmonia com valores e anseios da família deve guiar escolha Cisele Ortiz
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ão é fácil escolher uma escola para crianças. E é importante uma escolha criteriosa, porque os anos iniciais podem definir hábitos, costumes e atitudes que permanecem a vida toda. A escola precisa dialogar com o que a família almeja, pois essa afinidade promove uma educação mais integrada e harmoniosa, com menos conflitos, o que tranquiliza a criança e
A melhor escola possível Rosely Sayão
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Considerar a criança em seu presente é melhor para ela. Mas e o futuro? Irá chegar, quando for a hora
á foi tão mais fácil escolher a escola para os filhos, não é verdade? A proximidade de casa era um fator importante; algumas famílias procuravam uma escola confessional, por conta da religião praticada pelo grupo; e havia também quem procurasse uma educação específica de algum país – escola inglesa, americana etc. –, por razões de tradição familiar ou de perspectiva de futuro. Quase ninguém considerava método de ensino aplicado, porque esse era um conhecimento profissional bem específico e porque quase todas as escolas funcionavam de maneira idêntica. Hoje é bem diferente: pais procuram escolas para seu filho considerando rankings, possibilidades que a escola tem de fornecer maiores oportunidades para o futuro, métodos pedagógicos! Conheço pais que são capazes de falar de vários métodos que podem ser praticados por escolas melhor do que muitos profissionais da área educacional. Dá para os pais escolherem alguns critérios que os ajudem a
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fazer a melhor escolha possível para seu filho que está perto de iniciar a vida escolar no ensino fundamental? Não é grande o número de pais que podem fazer essa escolha porque apenas uma minoria pode arcar com os custos – financeiros e práticos – de colocar o filho em uma determinada escola que atenda a muitos de seus critérios. Por isso, o primeiro passo é conseguir diferenciar a “melhor escolha” da “melhor escolha possível”. Criança pequena não merece passar muito tempo em um automóvel no trajeto de casa para a escola e vice-versa. É preciso considerar essa questão com carinho: ao sair da escola, a criança sente necessidade de chegar em seu ambiente o mais rapidamente possível. E quanto ao método de alfabetização e as disciplinas curriculares? Mais importante do que isso é a maneira com que os mestres conseguem se vincular aos alunos dessa idade: nessa fase, a criança pode aprender a ter gosto no aprendizado escolar – ou desgosto. E mais importantes do que o método utilizado são a segurança e o conhecimento de quem o aplica. O futuro não deve ser considerado nesse momento. Escolher a escola considerando a criança em seu presente é muito melhor para ela. Mas e o futuro? Irá chegar, quando for a hora. Por fim, a equação “quanto menor a criança, menor a escola” costuma funcionar muito bem para a criança, porque é aos poucos que ela, na convivência pública, aprende a ser apenas mais uma em meio à multidão.
favorece sua adaptação e aprendizagem. Uma rotina adequada deve prever, para a criança, espaço e tempo para jogos e brincadeiras com muita ênfase tanto nos jogos tradicionais como naqueles espontâneos, além de cuidados básicos de sono, alimentação, higiene e bem-estar e uso do espaço externo diariamente. Desde o seu nascimento, as crianças desenvolvem uma verdadeira atividade de pesquisa: constroem hipóteses, tateiam, experimentam, testam, reajustam suas ações. Cada descoberta conduz a uma nova interrogação. Além da brincadeira, a cultura deve ser apresentada à criança em todas as suas nuances. Crianças pequenas exigem espaços amplos, mas com possibilidades de cantos e nichos que os delimitem para atividades diversificadas. O espaço deve favorecer a movimentação e a independência e permitir a escolha. As salas devem ter fácil acesso aos espaços externos. A escola deve estar preocupada também com a saúde. É fundamental respeitar a individualidade, as opções da família, mas também a coletividade. Cobrar a vacinação em dia, por exemplo, é proteger todas as crianças. No dia a dia, é preciso proporcionar prazer às crianças na formação de hábitos como lavar as mãos, escovar os dentes, beber água, e não apenas o cumprimento de uma ação mecânica. Privilegiar a socialização e os valores de solidariedade e companheirismo nas dificuldades do outro é mais um ponto essencial. Quanto aos funcionários, a sugestão é que os pais observem a escolaridade deles, seu tempo médio de permanência na escola, se passam por formação continuada e qual é a proporção educador/criança para cada faixa etária. u
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Primeira Infância - 3 / Série Especial A proposta é que haja um educador para cada cinco crianças de até um ano e meio, com até 15 crianças no grupo; um educador para seis crianças de até dois anos e meio, em grupo de no máximo 16 crianças; um para oito de até três anos e meio, tendo até 18 crianças no grupo; a partir daí, é possível ter um para dez, com 20 crianças no grupo. Se possível, na visita à sala, os pais devem procurar observar como é a atitude dos educadores com as crianças: se encorajam, dão sugestões, respondem e atendem aos alunos. Incentivam a autonomia? Dão liberdade de escolha? NEGOCIAR E EXIGIR Para refletir: se a escola “é tudo o que eu gostaria, mas é muito cara”, é importante considerar se dá para negociar. “Esta não é tão cara, também não é tão boa, mas percebo que está em processo de construção” Dá para apostar? Nas escolas públicas, os pais devem colocar-se como sujeitos de direitos. Devem exigir qualidade, acompanhar a aprendizagem dos filhos. Mesmo sendo pública, a opção por uma linha educacional existe e os pais devem considerar que a visão crítica que possam ter da escola e de seu projeto educacional propicia o seu desenvolvimento e não a deixa estancar no tempo. Toda escolha implica em perda: a vida é um eterno processo de decisão. Mas as crianças são suficientemente fortes para compreenderem e aceitarem alguns de nossos tropeços. Precisamos deixar que elas, à sua maneira também, façam suas escolhas – embora, no final, a competência e a responsabilidade sejam mesmo nossas. Sucesso na empreitada! Cisele Ortiz é psicóloga, especialista em educação infantil, presidente (2014-16) da Associação Brasileira de Estudos sobre o Bebê.
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Lei exige matrícula para todos a partir de 4 anos
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partir do ano que vem, acabou a discussão. Uma lei federal exige que todas as crianças sejam matriculadas na escola a partir dos quatro anos, idade da pré-escola. Deverá haver, porém, dificuldade para o cumprimento da regra. Secretários municipais de Educação estimam que não haverá vagas para 8% das crianças. Até 2015, as crianças deveriam ser matriculadas aos seis anos, no primeiro ano do ensino fundamental. Aprovada em 2009, a nova regra tem como base estudos que mostram que a pré-escola é um dos aspectos que mais impulsionam o desempenho dos alunos na vida escolar. Como não era etapa obrigatória, gestores não se viam forçados a oferecer vagas públicas, que ajudariam especialmente crianças pobres. Levantamento do IBGE mostrou que entre os 20% de famílias mais ricas, com possibilidade de pagar mensalidades, 93% das crianças de 4 e 5 anos estavam na escola. Entre os mais pobres, a taxa caía para 75%. Os dados são de 2013, os mais recentes. Com a entrada da lei federal, prefeitos e secretários municipais de Educação passam a correr o risco de responder processos por crime de responsabilidade, caso não ofereçam vagas (se comprovada negligência). São as prefeituras as responsáveis
por oferecer pré-escola pública e fiscalizar as entidades particulares. “O esforço foi grande, matrículas cresceram, mas muitos municípios têm dificuldades para investimento”, diz o presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – associação civil fundada em 1986 e com sede em Brasília/DF), Alessio Lima. O atendimento às crianças entre 4 e 5 anos subiu de 79% para 88%, entre 2007 e 2013. O programa da União para construção de pré-escolas também atrasou, afirma a Undime. Após mudança administrativa no projeto, a expectativa é que sejam entregues diversas unidades a partir da metade do ano que vem. O Ministério da Educação diz que cabe às prefeituras fazerem as contratações e que libera os recursos à medida que as obras avançam. Os secretários de Educação esperam que o Ministério Público compreenda as dificuldades – o órgão pode entrar com ações contra gestores. A lei também obriga pais a matricularem filhos. Quem se recusar pode ser multado e, no limite, perder a guarda. Mas as sanções valem apenas se houver vagas. “Caso contrário, a responsabilidade é do gestor‘“ diz o u promotor Luiz Antonio Ferreira.
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Primeira Infância - 3 / Série Especial TIRA-TEIMA
cujos pais leem histórias regularmente têm atividade maior na região do cérebro responsável pela leitura. Ou seja, elas terão mais facilidade para aprender a ler e a escrever. Também poderão ser mais criativas, pois, ao ouvir histórias ainda pequenas, já começam a imaginar cenas e situações.
É bom forçar a criança introvertida a participar de muitas atividades sociais? Forçar demais só vai expor a criança. O tímido precisa ser respeitado. Mas a exposição pode ser feita de modo gradual. Timidez tem a ver com ansiedade, e é preciso que a criança tenha contato com o estímulo que gera ansiedade para que possa vencê-lo. Outra ideia é prestar atenção em como a criança se comporta socialmente. Pode ser que ela não tenha muito jeito com outras crianças, discuta ou não aceite brincar, por exemplo. Se esse for o problema, é preciso desenvolver habilidades sociais. Os pais podem dizer quais comportamentos são legais e quais afastam os amiguinhos.
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LÁPIS E PAPEL NA MÃO Saiba o que importa na escola, como colocar limites, qual é a medida certa dos elogios e outras dúvidas de pais de crianças de 5 e 6 anos, respondidas por especialistas
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Quando começara alfabetização? Pesquisas mostram que a maturidade para esse processo acontece entre os 5 e os 7 anos, mas não se pode querer definir uma idade certa ou errada. Normalmente, esta é uma demanda que parte da própria criança. Há crianças que demonstram capacidade de aprender a escrever aos 4 anos. E há alunos do 2º ano do ensino fundamental que têm dificuldade na alfabetização. Cabe à escola perceber o momento mais adequado e não ultrapassar uma etapa, se a criança não estiver preparada.
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Crianças que aprendem mais rapidamente devem ‘pular de ano’? No passado, havia consenso quanto a avançar uma criança nessas condições. Mas a maior parte dos teóricos já não recomenda a prática. Até porque a escola não serve apenas para o aprendizado programático de conteúdo. Há também o lado de amadurecimento emocional, social e até mesmo corporal, que podem ser prejudicados caso a criança avance de ano apenas com base no aprendizado do conteúdo.
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O ensino de outras línguas atrapalha o aprendizado do português? Pesquisas dizem que não, desde que esse ensino seja feito de maneira natural e bem estruturada. Em idade pré-escolar, a criança está ávida por aprender e predisposta a receber esse tipo de conteúdo. Mas se começar a haver confusão para a criança, é melhor procurar um especialista.
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Por que é importante ler para as crianças? Pesquisas recentes mostram que crianças
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Os pais devem ajudar na lição de casa? Devem acompanhar, se interessar pelo que a escola propõe, ajudando a criança a pensar, e não fazer por ela. Organizar com a criança o tempo e o espaço em casa para poder dar conta da tarefas.
Como saber se meu filho precisa de apoio psicológico? A ajuda deve vir quando um comportamento ou problema causa prejuízo à criança, seja social, educacional ou emocional. O primeiro sinal é o sofrimento da criança: se ela demonstra tristeza e desânimo constantes.
Baixo rendimento escolar, agressividade, agitação e mudança de comportamento são outros fatores importantes.
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O que fazer se seu filho é rejeitado ou rejeita um colega de escola e se envolve em brigas? A escola precisa trazer os pais das crianças envolvidas para conversar. Os adultos têm de interferir. A ação com a criança que sofre rejeição é tão importante quanto com a criança que a exerce. A que sofre precisa aprender mecanismos de defesa. A que exerce precisa explicar suas motivações.
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Levar muita lição de casa (aos 5, 6 anos) é sinal de que a escola é boa? Tudo depende do que se considera como lição de casa. Nesta idade, as crianças estão ainda na educação infantil, é sempre bom lembrar. A rotina precisa prever tempo suficiente para brincar muito. Que tipo de lição de casa caberia nesta perspectiva de escolaridade? Visitar um museu, passear no parque e coletar folhas diferentes para levar para escola, fazer um desenho? A escola é boa se propuser muita lição de casa deste tipo, e ruim se propuser mesmo que poucos exercícios de cópia, de repetição, que não desafiem a criança a pensar.
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É preciso mesmo elogiar meu filho sempre? Só quando realmente há motivos para isso. Sem razão, elogio só atrapalha e cria pequenos tiranos mimados. Para evitar efeitos colaterais, o elogio deve se limitar ao momento específico da conquista. Para ser confiante, a criança precisa conhecer suas potencialidades. Além da dose, é preciso acertar na forma. Existem dois jeitos de elogiar: o elogio valorativo e o construtivo. Valorativo é quando a mãe diz: “Você é o máximo, é o melhor, é superinteligente...”. Construtivo é quando os pais descrevem uma conquista específica da criança, sem necessariamente focar no resultado, mas no percurso. Por exemplo: “Vi que você se esforçou bastante e sei que isso foi difícil.” Os elogios valorativos são irreais: ninguém é o máximo 24 horas por dia. Além disso, criam
dependência e impõem uma expectativa alta que a criança fica angustiada para cumprir.
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Nenhum castigo funciona? Há castigos que funcionam para a criança compreender a consequência dos atos. “Sem limites o ser humano não se desenvolve”, diz Adriana Fóz, especialista em neuropsicologia. O problema é que não é simples castigar. Segundo o pedagogo Lino de Macedo, o castigo não pode ser severo e os pais têm de ser constantes: não dá para ameaçar e depois voltar atrás. O melhor jeito de o castigo ser efetivo é impor uma sanção que tenha relação direta com a atitude que os pais querem corrigir, afirma a educadora Luciana Maria Caetano. “Se a criança não guardou os brinquedos, deverá arrumar a bagunça antes de brincar com qualquer outra coisa. Se estragou, tem que pensar em um jeito de consertar.” Castigo universal, do tipo tirar a TV, não funciona. “Não tem nenhuma relação com o fato, diz a educadora.
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E prêmio por bom comportamento, funciona? Há controvérsias. Alguns educadores, afirmam que prêmio é importante, porque ajuda a criança a criar referências do que é bom e do que é ruim, do sucesso e do fracasso. Outros são contrários a qualquer tipo de prêmio, por julgarem que comportamentos que são esperados, como se portar bem na escola e fazer a tarefa, não devem ser premiados. Há quem defenda o prêmio, mas sem itens materiais. Pode ser um passeio no parque ou uma ida ao cinema.
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É melhor para a criança com necessidades especiais frequentar escola comum? É um tema polêmico, mas a maioria dos educadores consultados defende que a escola comum é boa para todos. As crianças com problemas de aprendizagem, porém, devem receber ajuda especializada sempre que possível. Ou seja, se a escola comum pode ofertar professores especializados em educação especial, é a ideal. Do contrário, nenhuma boa vontade de professor vai ajudar o quanto um especialista poderia. Não que crianças especiais não possam ir à escola comum: seus professores é que não podem ser comuns, têm de ter condições de atendê-las.
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Para as demais crianças do grupo, é interessante a convivência com o aluno com deficiência? Não atrasa a turma? Uma escola tem que ser um espaço de encontro e convivência de todas as crianças, independentemente de suas condições. Para isso, deve ter metas que incluam todos os alunos. Isso não é atrasar a turma, é fazer com que as crianças entendam as vantagens de viver em um mundo com amiguinhos diferentes, não inferiores.
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Escola em período integral é melhor ou pior para a criança? Depende da escola. Se o período integral for fazer mais do mesmo e não ajudar a criança a se organizar no tempo, pode não ser bom para ela. Há pesquisas que não viram ganho para a criança matriculada em u período integral. Novembro de 2015 | Vilas Magazine | 37
Primeira Infância - 3 / Série Especial
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uanto e quando os pais devem se preocupar com a linha pedagógica da escola? Especialistas dizem que é só a partir dos três anos que a linha adotada pela escola começa a fazer diferença no desenvolvimento da criança, ficando ainda mais importante no ensino fundamental. Mas conhecer a linha pedagógica vai além do próprio aprendizado infantil: é uma maneira de saber também se a instituição combina com a vida da família. “É preciso haver coerência entre os perfis da família e da escola e um alinhamento de expectativas. Uma criança que tenha uma educação rígida em casa vai estranhar o aspecto libertário de uma escola progressista, por exemplo”, afirma Roseli Caldas,
TRADICIONALISTA Popularizou-se no século 18, na França, com o objetivo de tornar o acesso ao conhecimento universal. As informações são transmitidas pelos professores. Tem como cerne a disciplina e a uniformização do conteúdo.
Para além do método de ensino, conceitos pedagógicos indicam afinidades ou conflitos entre escola e família doutora em psicologia da educação. Conhecer bem o perfil da escola pode evitar trocas desconfortáveis mais adiante. “A troca constante de escola é prejudicial, já que muito do aprendizado é feito por vínculo afetivo. Se a criança sai da escola, o vínculo não se forma”, diz a psicopedagoga Carolina Rosenberger. Saber se a escola é construtivista, Waldorf ou montessoriana, no entanto,
Hoje, dá grande importância para os processos de ingresso na universidade. As avaliações aferem a quantidade de informação absorvida pelo aluno. u Salas de aula com carteiras e, normalmente, organizadas em fileiras
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não é tudo. Afinal, é comum que uma instituição se declare seguidora de uma linha específica, mas tenha no dia a dia práticas diferentes, adaptadas à realidade. A melhor maneira de saber de fato como uma escola funciona, para os pedagogos, é conversando com os pais de alunos mais velhos. “Há muito marketing. Dá status a uma escola se dizer construtivista, por exemplo”, diz Caldas. E, mesmo que a escola adote uma linha pedagógica de maneira ortodoxa, também é importante que a admiração dos pais por conceitos educacionais não se sobreponha à capacidade da criança de se adequar aos seus métodos. Diego Iwata Lima / Folhapress.
u Livros didáticos e apostilas padronizados u Provas sazonais como meio de avaliação ANTROPOSÓFICA Desenvolvida pelo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925),
preocupa-se com o desenvolvimento físico, social, emocional e intelectual do aluno. O conteúdo é adequado às necessidades de cada fase da vida. Proporciona atividades artísticas e manuais, como jardinagem e culinária. Os alunos são divi-
didos por faixa etária (não há séries). Só no ensino médio há professores especialistas. u Tendência de um mesmo professor por módulos de sete anos (de 0 a 7, de 8 a 14) u Pouca rigidez com prazos e horários u Não alfabetiza até os 7 anos SOCIOINTERACIONISTA Proposto pelo bielorrusso Lev Vygotski (1896-1934), o sociointeracionismo afirma que a criança aprende pela interação com o outro e com seu contexto social. O professor é o mediador que estimula alunos a se relacionarem e se questionarem como forma de aprender. O currículo varia de acordo com o cotidiano. u Salas de aula não convencionais e pouco numerosas u Professores que atuam como mediadores das relações entre os alunos
u Alunos são estimulados a expor suas ideias publicamente HUMANISTA Derivada da teoria psicológica do norte-americano Carl Rogers (1902-1987), propõe um pacto de igualdade entre alunos e professores. No início de cada período letivo – sendo bimestre ou mês –, alunos e professores discutem juntos o conteúdo proposto e as metas de ensino. Alunos têm objetivos de aprendizado e poder de decisão. u Liberdade total de conteúdo u Aspectos intelectuais são tão importantes quanto conteúdo didático u Atividades experimentais MONTESSORIANA A italiana Maria Montessori (1870-1952) acreditava na capacidade de o aluno se autoensinar por meio de atividades voltadas para o desenvolvimen-
to do senso de responsabilidade. Enfatiza a concentração individual por meio da manipulação de objetos. O professor é um guia que remove obstáculos à aprendizagem. u Alunos se sentam no chão, em círculos u Espaços de aula são variados, sem assentos fixos, e oferecem objetos coloridos e diversificados para manipulação u Materiais são compartilhados DEMOCRÁTICA As regras e a organização do cotidiano escolar são definidas em assembleias com estudantes, professores, funcionários e pais. Os alunos são ouvidos para decidir o que e como querem aprender. As aulas costumam ter projetos em grupos de pesquisa, o que visa estimular a vontade de aprender. Não há provas, mas autoavaliações individuais.
u Os alunos escolhem a que aulas querem assistir u Não há provas u Conteúdo é assimilado pelos alunos por meio de abordagens criativas e pouco convencionais CONSTRUTIVISTA Inspirado nos estudos do psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), o construtivismo valoriza os estímulos do ambiente, o repertório do aluno e seus erros. Os alunos participam de atividades variadas e autônomas, como música e dramatizações. O conhecimento é adquirido gradativamente, por meio da formulação e da solução de hipóteses. u Não há provas. O professor conceitua o aluno por meio da observação individual e em grupo u Material didático mais flexível e próximo da realidade dos alunos u Classes com poucos alunos
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Saúde & Bem-Estar
A lipoaspiração e seus tipos
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busca incessante pela redução de medidas em busca de um corpo perfeito têm feito muitas pessoas optarem pelas cirurgias plásticas. E a opção mais procurada tem sido um procedimento cirúrgico que popularmente recebe nomes diferentes: a lipoaspiração. Segundo os cirurgiões plásticos, a lipo quando é feita isoladamente, é o terceiro procedimento estético mais realizado no Brasil, mas pula para a primeira posição se realizada em conjunto com outros procedimentos. Entre suas diversas denominações, estão minilipo, hidrolipo e até lipinho, dando a entender que existem vários tipos distintos de lipoaspiração. Mas, existem na verdade diferenças? Vamos compreender melhor. Ao decidir fazer uma lipoaspiração, a pessoa tem que saber que o procedimento não é indicado para ema-
retirado passa para uma embalagem específica onde é armazenada para logo depois ser utilizada para implantar outras regiões do corpo, se for o caso, ou descartada. Atualmente, a recuperação do procedimento cirúrgico é menos complexa. As lipos no abdômen, consideradas mais modernas, não necessitam de internações hospitalares demoradas e, em determinadas situações, os pacientes recebem alta até no mesmo dia. É o caso da cirurgia do abdômen, que pode ser realizada usando anestesia peridural ou raquianestesia, em vez de anestesia geral. E a depender do método utilizado pelo cirurgião, também não
grecer, mas para a redução de medidas e modelar o corpo. Se estiver acima do peso, o acúmulo de gordura não fica restrito à parede do abdômen, mas também na parte intra-abdominal (espécie de gordura corporal que cerca os órgãos internos). Assim, pessoas que estão nessa condição devem primeiro emagrecer para passar pelo procedimento cirúrgico. A cirurgia mais clássica é realizada de forma manual. O cirurgião insere na pele da paciente cânulas, ligadas a um aparelho que faz a pressão à vácuo necessária para que a gordura seja sugada. Em seguida, o material
existe a necessidade do uso de drenos. Denominações como lipinho ou minilipo têm sido bastante usados. As lipoaspirações de porte menor são caracterizadas por aspirarem menos gordura do corpo. Diversas vezes, a paciente ‘aceita essa ideia da minilipo’, imaginando que assim poderá reduzir os riscos da cirurgia, o que não é correto. O barato pode sair caro, já que uma pequena intervenção cirúrgica em geral exige que diversas sessões menores sejam realizadas, o que eleva o custo e o risco, já que neste caso a recuperação deve ser sobre diversos pós-operatórios e não de
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uma única intervenção. Já a denominada hidrolipo, ou lipo light, também promete resultados menos dolorosos e com recuperação mais tranquila. A técnica consiste na aplicação de um líquido que enche o tecido adiposo, que facilita sua destruição. Na verdade, a diferença consiste em injetar quantidade maior ou menor de líquido. Para evitar qualquer risco, não importa a técnica, certifique-se que ela será realizada por um profissional especializado e certificado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Antigamente se realizava o que se chamava de ‘megalipo’, uma cirurgia que chegava a remover cerca de 10 litros de gordura, o que oca-
sionava diversos traumas e até risco de vida. Se houver necessidade, a paciente precisa emagrecer, com um programa de dieta e exercícios físicos, para depois enfrentar a cirurgia. Daí vem o nome de lipoescultura, justamente por que serve para retirar gordura localizada, esculpir e remodelar o contorno corporal. A cirurgia não é indicada para pessoas com sobrepeso ou obesas, que tenham trombose, embolia ou ter passado por cirurgia bariátrica (redução de estômago), além de ter a certeza se a paciente é alérgica a algum tipo de medicamento, já que o proce-
dimento utiliza desde anestésicos e anticoagulantes até analgésicos, entre outros. No período de recuperação, alguns cuidados devem ser adotados. Após a cirurgia, a paciente deve usar malhas compressoras, ou cintas modeladoras por no mínimo 45 dias. Elas beneficiam a retração cutânea mais rapidamente. Além disso, os pontos podem ser removidos depois de aproximadamente sete dias. Depois, a cicatrização já fica por conta do organismo. O contato com o sol deve ser outro ponto de extrema atenção. Tomar sol depois da cirurgia pode ocasionar manchas na pele, muitas vezes permanentes. O período para que a mulher volte a tomar sol gira em torno de 60 dias e pode chegar até a seis meses. No entanto, não se pode generalizar e depende muito da fragilidade capilar da pessoa (que é a predisposição a pequenos sangramentos sob a pele). Alimentos ajudam Emagrecer é um pré-requisito para se submeter ao procedimento cirúrgico. Para isso, a reeducação alimentar é fundamental. É essencial um suporte nutricional correto e o médico pode recomendar o consumo de substâncias que auxiliam a cicatrização, como vitamina C, ferro, ácido fólico e alimentos com boa quantidade de proteínas. Da mesma forma, o paciente necessita evitar o contato com elementos que prejudicam a cicatrização, como o cigarro. No pré-operatório um menu rico em alimentos bioflavonóides ajuda o corpo da paciente para uma melhor cicatrização. Eles são encontrados em sucos de uva vermelha, vinho tinto, chás, castanhas, nozes, amêndoas e, principalmente no alho. E quem possui algum histórico de dificuldade de cicatrização ou infecção, o consumo de glutamina também é indicado. Disponível em forma de suplemento, seu consumo só deve ocorrer sob orientação de um especialista. No pós-operatório, na fase de cicatrização, alguns alimentos podem ajudar o corpo nesse processo. Alimentos como pescados de água fria e funda (salmão e atum) e óleos de linhaça contêm Ômega-3, ácido graxo que auxilia na cicatrização. Além dos cuidados com a pele e com a alimentação, os exercícios físicos também são recomendados para bons resultados da lipoaspiração. Dependendo da recuperação do paciente, os exercícios físicos podem ser retomados aos poucos, entre 30 e 90 dias após a cirurgia. Atividades de impacto, como uma simples corrida, devem ser completamente descartados nesta retomada. Natação, yoga e musculação, em intensidade leve, estão liberadas, pois são atividades que não proporcionam impacto. A água aquecida da piscina pode causar certo inchaço devido ao calor, mas isso não é motivo para maiores preocupações.
Mirian Goldenberg
“Eu não preciso de homem” Algumas mulheres que não têm marido tentam transformar a falta dele em algum tipo de virtude
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ecentemente, duas mulheres bonitas e bem-sucedidas profissionalmente me relataram experiências desagradáveis com as amigas.‑ Uma arquiteta de 56 anos disse: “Estou em crise com meu marido e uma grande amiga foi muito agressiva. Ela perguntou: ‘Por que você não se separa? Por que você precisa tanto dele?’. Parece que ela é muito mais independente do que eu só porque é divorciada. Foi uma verdadeira acusação do tipo: ‘você não consegue se separar porque é uma mulher submissa’. Na verdade, ela está desesperada para ter um homem. Só que é tão dura e chata que ninguém aguenta. Ela morre de inveja de mim”. Ter um marido, ou o que chamei de “capital marital”, pode provocar reações femininas violentas, como mostra uma designer de 51 anos: “Eu tinha acabado de me separar e estava com um novo namorado. Uma amiga me criticou: ‘Já? Por que você precisa tanto de homem?’. Achei o comentário ferino e imediatamente reagi: ‘Eu não preciso de homem para nada e é justamente porque eu não preciso que eu tenho um. Eu acho uma delícia ter um homem para chamar de meu. Não quero um troféu para exibir para ninguém, pois o meu valor não está em ter ou não um homem’”. Ela disse que não precisa de nenhum homem para resolver seus problemas e que sempre gostou de fazer tudo sozinha. “Uma das melhores coisas da vida é ter dinheiro e capacidade para resolver todos os meus problemas sozinha. Se algo quebra, chamo alguém para consertar na mesma hora. Se preciso de alguma coisa, compro imediatamente. Também adoro fazer tudo sozinha: viajar, ir ao cinema, passear. É muito bom não precisar de um homem para este tipo de coisa”. Os dados demográficos mostram que, ao envelhecer, as mulheres têm mais dificuldades para casar do que os homens. Em um mercado matrimonial desfavorável, ter um marido pode ser considerado um capital. Aquelas que não têm um marido podem tentar transformar a falta dele em algum tipo de virtude. Elas podem se achar mais poderosas, independentes e até mesmo superiores já que não “precisam dos homens”. No entanto, como disse a arquiteta: “Não preciso de nenhum homem para provar o meu valor, mas quem não gosta de ter um parceiro bacana para rir, conversar, namorar e saborear a vida?”
MIRIAN GOLDENBERG é antropóloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Velhice” (Ed. Record). www.miriangoldenberg@uol.com.br
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Vida Saudável
Alimentos em pó devem ser consumidos com moderação
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efrescos, sopas, bolos de caixinha e gelatinas são práticos, têm longo prazo de validade e fácil preparo. Mas nutricionistas advertem que o consumo excessivo não é recomendado, seja por crianças, adultos ou idosos. Tudo porque eles têm muito açúcar e poucas vitaminas, minerais e fibras. A nutricionista Camila Leonel Mendes de Abreu, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que o consumo inadequado, em excesso e muito frequente desses alimentos pode comprometer a saúde na infância e na idade adulta. ‘Muitos alimentos industrializados são ricos em gorduras e carboidratos refinados (como
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açúcar simples), apresentando elevado valor energético e baixo teor de vitaminas, minerais e fibras, que favorecem a manutenção da saúde e do bem estar‘, diz. Camila afirma que é possível consumir alimentos em pó de forma saudável, desde que associados a outros in natura. ‘Para um lanche da tarde, um bolo de caixinha sem cobertura com um copo de leite batido com fruta e aveia é uma boa opção.‘ Longo prazo Coordenadora da área de alimentação e nutrição da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, Rita Helena Bueno Pinheiro afirma que o consumo em longo prazo é
prejudicial à saúde. “Entre os problemas que podem causar estão sobrepeso, alergias, diabetes, hipertensão, dislipidemias (gordura no sangue), entre outros”. Segundo Rita Helena, as propagandas induzem o consumidor a uma ideia errada. “Associam muito a imagem da avó nas
propagandas das massas de bolos, como se esse produto também fosse feito com o mesmo carinho que a avó faz, mas há o uso de aromatizantes, corantes e gordura hidrogenada (prejudicial à saúde), aditivos que não são utilizados nas preparações caseiras”, diz. William Cardoso / Folhapress.
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Leite em pó pode suprir necessidades
pesar dos problemas do consumo exagerado, alimentos em pó também podem ser boas fontes nutricionais. Um exemplo é quando o recém-nascido não tem à disposição leite materno. “Nesses casos, os leites em pó especiais para cada situação são de grande importância”, diz a coordenadora da área de alimentação e nutrição da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, Rita Helena Bueno Pinheiro.
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Vida Saudável
Ponto escuro e borrão são sinais de perda da visão pela idade
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m ponto escuro ou um vazio no local para onde você olha, que o impede de enxergar com nitidez, são alguns dos principais sintomas da DMRI (Degene-
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ração Macular Relacionada à Idade). Além desses sinais, a doença faz a escrita parecer borrada, o que dificulta continuar uma leitura; as linhas verticais
parecem distorcidas; as linhas retas na paisagem, como os lados dos edifícios ou postes, parecem tortas. “A Degeneração Macular Relacionada à Idade é uma doença que acomete a região central da retina, a mácula, sendo considerada a principal causa de cegueira na terceira idade”, afirma a oftalmologista Keila Monteiro de Carvalho, diretora do
Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Ela explica que, como a lesão fica na parte central da retina, é preciso ‘olhar de lado‘ para enxergar. “Como grande parte da visão central é perdida, o paciente considera difícil fazer atividades diárias que exigem nitidez de visão, como ler, costurar e dirigir”, diz a médica. Segundo o oftalmologista André Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, existem dois tipos de DMRI: a seca e a úmida. A mais comum e mais leve é a seca. Ela ocorre porque drusas (depósitos originados do metabolismo das células), levam a uma atrofia da região, culminando com a perda da visão. “Esse processo ocorre pelo envelhecimento da célula e sua evolução é mais lenta”, explica. A forma mais grave da DMRI é a úmida, que se desenvolve rapidamente. “Nela, novos vasos sanguíneos que se formam sob a porção central da retina, chamada de mácula, crescem destruindo a arquitetura da região. Além disso, esses novos vasos se rompem facilmente, promovendo assim a liberação de sangue e fluidos, tóxicos às células da retina”, explica. O resultado é a perda irreversível da visão, se o tratamento não for iniciado precocemente.
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Prevenção requer dieta equilibrada
omo se trata de uma doença degenerativa, ou seja, relacionada à idade, a DMRI não tem prevenção. Mas adotar algumas medidas relacionadas à manutenção do equilíbrio da saúde geral ajuda, como usar óculos escuros sempre que for se expor ao sol e ter uma alimentação equilibrada. Procure incluir na dieta alimentos como espinafre, óleos vegetais, laranja,manga, sardinha e salmão.
Bárbara Souza / Folhapress.
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RIVALDO GOMES / FOLHAPRESS
Moda & Beleza
Tchau, fios brancos Nem todas as tinturas são indicadas para colorir os fios brancos; aprenda a escolher a melhor opção para camuflá-los e arrase
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oi por volta dos 50 anos que a aposentada Gleidci Vieira dos Santos, 73 anos, começou a ficar com o cabelo branco. No início, ela manteve os fios assim, até que se cansou do visual e resolveu mudar. “Um dia, eu me olhei no espelho e vi que estava com a cara da minha mãe”, diverte-se ela, que, desde então, passou a pintar as madeixas. Mas é preciso ter atenção na hora da escolha da tintura. “Todos os tipos de coloração tendem a causar alguma mudança na cor dos fios brancos. A tinta permanente é a que promove cobertura total”, indica o profissional Fernando Costa. Os xampus colorantes têm um resultado mais sutil. “Os tonalizantes são utilizados como uma maquiagem, que acrescenta brilho e efeitos mais naturais”, compara o “hair stylist” Wesley Faria. O tom escolhido também faz diferença. “As colorações com base natural têm mais poder de cobertura dos brancos do que as que possuem nuances”, avisa Maria Eucimar Alves, gerente técnica da Maxiline (veja abaixo). Ter cuidado com os fios é sempre essencial, alertam os especialistas. “É importante investir na hidratação, pois o cabelo branco tem déficits de nutrientes”, lembra o visagista Alisson Lima.
Cinturinha de pilão
Laís Oliveira / Folhapress.
DICAS PARA COLORIR OS FIOS u As colorações permanentes possuem maior poder de cobertura e fixação nos fios brancos por conterem o veículo fixador da cor u Já o tonalizante é utilizado mais como uma maquiagem, pois dá brilho e efeito natural u As cores fundamentais ou básicas, que vão de 1.0 (preto) a 8.9 (louro-claro), tem uma alta performance na cobertura do fio branco, graças à alta concentração de pigmentos. Já os tons que possuem cor secundária (8.1, 7.6, 6.3, por exemplo) tem menor grau de cobertura u Se a intenção for dar naturalidade, o ideal é buscar um tom mais próximo ao original. Em alguns casos, pode escolher um tom mais claro, pois a tintura costuma escurecer durante a oxidação u A coloração tem que ser bem aplicada e espalhada, para que seja uniformizada e não manche u Os cabelos brancos precisam de cuidados quinzenais, como hidratação e matização.
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Usar cintas modeladoras afina o corpo temporariamente, mas não emagrece e não deve ser um recurso usado por muito tempo
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socialite americana Kim Kardashian usa e abusa de cintas modeladoras para manter a cintura fininha. Em busca do mesmo efeito, várias mulheres vêm usando o truque, como a blogueira Madú Avila (foto), 24 anos. “Não é fácil ter aquela barriguinha de modelo sendo uma mera mortal. Percebi que, se eu conciliasse a cinta com boa alimentação e atividade física, poderia alcançar a minha tão sonhada cinturinha”, diz. Os modeladores, porém, não causam a perda de medidas. “Eles ajudam a afinar a cintura quando você está vestida com eles, porém, por si só, não fazem com que a pessoa perca peso”, aponta o cirurgião plástico Sandro Lemos. “A cinta aperta as últimas costelas flutuantes [que não se prendem a osso], então, ocorre uma diminuição temporária da circunferência abdominal”, explica o fisioterapeuta Emerson Lessa. A não ser em casos de pós-operatório, a cinta não deve ser
Sobrancelhas naturais
Os dois lados da cintura BENEFÍCIOS u Ajuda a modelar o corpo e a reduzir medidas, temporariamente u Nos pós-operatório e depois da gestação, o uso da cinta auxilia na diminuição da dor, na drenagem do líquido do acumulado e no tratamento das cicatrizes u Oferece suporte ao abdômen e à musculatura estabilizadora da coluna u O uso é um lembrete para a mulher sobre a meta de perder medidas
MALEFÍCIOS u Compressão dos órgãos internos u Diminuição da atividade muscular abdominal e da musculatura estabilizadora da coluna u Alteração da circulação do sangue devido à compressão dos vasos e pequenas veias da região abdominal u Varizes u Enfraquecimento muscular u Dores nas costas u Comprometimento da capacidade funcional do diafragma (músculo responsável por facilitar a respiração) u Irritação da pele usada por muito tempo. “O uso prolongado pode causar problema de drenagem linfática, varizes e prejudicar os órgãos abdominais”, avisa Giancarlo Dall’Olio, cirurgião plástico. Nem pensar em usá-las para fazer exercícios físicos. “Elas promovem acentuada compressão na região, o que reduz a capacidade metabólica e a nutrição sanguínea dos órgãos”, explica o ortopedista Alberto Gotfryd. Laís Oliveira / Folhapress.
Coloque a pinça de lado e opte por uma sobrancelha mais grossa; produtos e tratamentos estéticos ajudam quem tem falhas na região
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formato e a espessura das sobrancelhas fazem toda a diferença na hora de analisar a harmonia do rosto. Elas podem ser finas, grossas, curtas, longas, arqueadas ou retas. Mas a moda das sobrancelhas finas e bem marcadas é coisa do passado. A busca, agora, é por um aspecto mais natural. A apresentadora Ticiana Villas Boas (foto), 34 anos, conta que nunca radicalizou nesse aspecto. “A sobrancelha é uma das partes que mais gosto no DIVULGAÇÃO meu rosto. Acho que o segredo foi nunca ter entrado em modismos. Na minha adolescência, a tendência era desenhar, deixar fina e bem arqueada. Eu até tentei fazer, mas minha mãe, na época, não deixou”, conta ela. E continua: “Atualmente mantenho ela grossa, mas desenhada, para dar um ar natural. A minha sobrancelha do lado esquerdo é diferente da do direito. É um pouco arrepiada na base, mas não gosto de consertar isso, prefiro assim, faz parte da minha personalidade”, diz. A responsável por cuidar das sobrancelhas de Ticiana há pelo menos seis anos é Thais Cassolari, designer de sobrancelhas e maquiadora. “A sobrancelha dela é bem completa e longa, então, só mantemos o que ela já possui.” Para quem tem poucos pelos na área ou algumas falhas pontuais, existem produtos que ajudam os pelos a crescer. Eles podem ser indicados por dermatologistas e também por uma designer de sobrancelhas, mas o primeiro passo é parar de retirar os pelos da região. “A pessoa precisa parar de tirar os pelinhos ao redor e não mexer por pelo menos um mês. Só depois disso vale procurar um profissional para analisar o melhor desenho para o seu rosto”, explica a designer de sobrancelhas Luciene Senra. Depois, é preciso fazer manutenção conforme o crescimento dos pelos, para não perder o formato. A tecnologia também pode ser aliada de quem não tem paciência de esperar ou mesmo para quem já tentou outros métodos de crescimento de pelos e não obteve sucesso. Vanessa Silveira, especialista em micropigmentação fio a fio 3D oferece preenchimento que promete naturalidade. “Desenhamos fios da mesma espessura e cor dos já existentes. A técnica é uma evolução da maquiagem definitiva”, explica ela. O serviço custa entre R$ 400 e R$ 1.500, e a tinta só sai completamente após dois anos. Julia Couto / Folhapress.
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Jaime de Moura Ferreira Administrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. E-mail: jamoufer@atarde.com.br
A verdade
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m um artigo anterior, escrevi que a verdade significa a fidelidade às origens ou a um padrão de constância em atos, atitudes e caráter, em um determinado sistema de valores. Volto ao assunto para discutir sobre esse significado. Inicialmente, tentarei identificar a origem da verdade, ou seja, se é uma expressão da existência natural, ou se tem a ver com a imaginação humana. No primeiro caso, a verdade é absoluta, pois pode ser comprovada a qualquer momento (todos precisam de ar para viver). No segundo, poderá tornar-se questionável, necessitando-se buscar a veracidade, ou seja, a comprovação do verdadeiro. Assim, chega-se à conclusão que podem existir várias verdades, a depender do sistema de valores analisado, do princípio ético e do comportamento do ser humano. Será que a verdade de um ateu é a mesma de um religioso? A de um torcedor de um determinado time de futebol é igual a do torcedor de outro time? A verdade de um criminoso é a mesma da de sua vítima? Também, existe a verdade relativa, que foi uma verdade comprovada anteriormente, porém deixou de ser, no momento. Você era católico e sua verdade eram os dogmas da igreja. Atualmente, você passou a ser espírita e sua verdade se prende a doutrina kardecista. No entanto, as duas verdades continuam sendo exploradas como verdadeiras. A verdade na infância, que muitos consideram verdadeiras, também se torna imprescindível analisá-las, pois a criança apresenta em suas colocações
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aquilo que viu ou ouviu, ou seja, a evidência identificada. Porém, essas atrações visuais ou orais têm uma origem e essa fonte pode não ser confiável. Também nem sempre são interpretadas à luz da verdade, além de misturar-se com a imaginação fértil, da idade.
Em muitas situações, a verdade apresentada surge de um postulado, ou seja, ideia que se pode reconhecer como verdade. No entanto, os seres humanos podem absorver essa verdade como absoluta, sem avaliação profunda dos fatos e, muitas vezes, cometem erros gravíssimos, para si e para seus semelhantes. Exemplo muito comum são as promessas dos políticos, em época de eleição. Assim, quando uma verdade promover dúvidas é necessário verificar sua veracidade.
Também, em variadas ocasiões o ser humano alimenta-se de verdades produzidas pela fé, ou seja, o sentimento total de crença. Nesses casos, na maioria das vezes, não existe a maldade de atitude em propalar essa verdade, mas, tão somente, o engessamento espiritual dessas pessoas, que acham que a sua verdade é a verdadeira. Ainda existem os seres humanos que apresentam suas convicções baseadas na intuição, ou seja, pressentirem que as mesmas estão intimamente ligadas à sua confiança e que elas devem representar a busca permanente da verdade. Para esses, existem lugares escuros dentro de si, que precisam ser iluminados. A intuição é um conhecimento de risco. De outro lado, existe o ceticismo que é duvidar de tudo. Os seres humanos que o praticam, tornam-se difíceis de serem compreendidos. Discutem, por tão somente discutir, qualquer verdade que se lhes apresentem. Quando são pressionados, desculpam-se dizendo terem sido mal-entendidos. Mas estarão sempre expressando falsa imagem de si mesmo. A verdade traz liberdade e lhe faz perfeito para a pessoa que lhe merece. Por isso, o importante é seguir em frente com a verdade, mesmo que isso tenha um custo. Também, existe a situação que o ser humano se apega a uma verdade, não aceitando discuti-la ou ouvir comentários que contrarie sua tese. Essa situação radical, muitas vezes, leva-o a praticar agressões sobre o contraditório, às vezes até fatais. A verdade, vista em um padrão de elevação espiritual, é o principal caminho para os seres humanos integrais. Através dela o ser humano promove o aperfeiçoamento espiritual, a harmonia com as leis cósmicas e o comprometimento com princípios, comportamentos e atitudes. A verdade desenvolve a consciência de si mesmo com a concretude de seus pensamentos, em evolução com a identidade transcendental. A verdadeira verdade lhe credencia a exposição de conceitos profundos, que contribuem para a evolução humana.
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