Vilas Magazine | Ed 204 | Janeiro de 2016 | 32 mil exemplares

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Ter um

BICHO faz bem à

SAÚDE

Estudo atesta categoricamente: ter um bicho de estimação, em especial um cachorro, reduz a probabilidade de sofrer um piripaque cardíaco

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Editorial

Apesar deles

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Carlos Accioli Ramos Diretor-editor

ano de 2016 nos aguarda repleto de desafios. Como “nunca antes na história deste país”, o povo de Lauro de Freitas e de todo o Brasil será convocado a ser melhor que os nossos (des)governos, fazendo pela economia, pela sociedade, o que os governantes se mostram incapazes de fazer. A crise é principalmente de confiança, moral e os números mais recentes do Sebrae (leia à página 14) provam que a sociedade produtiva baiana não se deu por vencida, por mais que os “donos do poder” coloquem obstáculos. Quem trabalha e gera riqueza, cria empregos e sustenta a economia sabe que não pode se dar ao luxo de fazer discursos em cima de palanques. Aqui no mundo real ninguém pode viver de fantasia. No final de cada dia, todos os dias, o faturamento de todo pequeno negócio tem que estar contabilizado. Por que é isso que paga salários e garante a sobrevivência das famílias – não os discursos políticos, a coleção de bobagens que eles trazem. Na verdade, quem trabalha e gera riqueza tem que sustentar este país apesar delas, as figuras governantes, sempre mais ocupadas em sobreviver a escândalos, denúncias de roubalheiras, estas também sustentadas por nós, por quem paga impostos. Este ano, mais uma vez e mais do que nunca, apesar dos nossos governantes, está nas nossas mãos realizar o potencial deste país. Trabalhar é a única solução. Sempre foi. Este mês a Vilas Magazine completa 17 anos de circulação ininterrupta cumprindo a missão que propôs aos seus leitores: mostrar o governo, o desgoverno e a diferença que fazem as pessoas em relação a tudo isso. O segmento de comércio e serviços não se deixa abater, não admite a derrota e segue trabalhando. Somos todos sobreviventes, melhores que os nossos governantes. Não nos deixaremos vencer pelas crises que eles criam. Na economia, na segurança pública, no ordenamento urbano, na educação, na saúde. Em cada uma dessas áreas podemos e devemos carregar os governos nos ombros e ainda assim avançar. Eles passam, nós ficamos. Feliz 2016 para todos nós. Nós merecemos!

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Registros & Notas

Mutirão de experiências

Novo carro

EDUARDO FREIRE

Fanfarra laurofreitense ganha competição estadual

A Fanfarra Renovação da Bahia, composta por 70 jovens da Lagoa dos Patos, Centro, Vila Praiana e Itinga, venceu o campeonato baiano de fanfarras 2015. A competição realizou etapas em Feira de Santana, Serrinha, Cardeal, Lauro de Freitas e Araças. Na última etapa, os laurofreitenses enfrentaram a Famup, de Salvador e saíram vencedores.

Cesar Campos e Luiz Alvim recepcionaram convidados na inauguração da Trilha Bahia, loja da Troller Bahia (que foi absorvida pela Ford), na Estrada do Coco, em dezembro, oportunidade em que lançaram o novo carro da marca, o Troller T4.

Reunindo experiências em suas especialidades, seis profissionais do segmento de odontologia, respondem pelos procedimentos da Liv Odontologia, a mais nova clínica na região. São eles (na foto, a partir da esquerda, no sentido horário): Eliana Oliveira (prótese, estética, preenchimento facial e toxina botulínica); Hugo Nascimento (endodontia), Pedro Lustosa (ortodontia), Diogo Oliveira (periodontia, implantodontia, preenchimento facial e toxina botulínica), Arthur Oliveira (cirurgia oral e implantodontia) e Cristal Fernandez (dentística, prótese e estética).

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Informativo mensal de serviços e facilidades, distribuído gra­ tuitamente nos domicílios de Vilas do Atlântico e condomínios residenciais da Es­trada do Coco e entornos (Lauro de Freitas, Ipi­tanga, Miragem, Buraquinho, Busca Vida, Abran­tes, Ja­uá, Ja­cuí­pe, Gua­ra­juba), www.vilasmagazine.com.br Stella Maris, Pra­ia do Flamengo e parte de Itapuã. Disponível também em pontos de distribuição criteriosamente selecionados na região. Publicação mensal de propriedade da EDITAR - Editora Accioli Ramos Ltda. As opiniões expressas nos artigos publicados são de responsabiliRua Praia do Quebra Coco, 33. Vilas do Atlântico. Lauro de Freitas. Bahia. dade de seus autores e não refletem, necessariamente, as da Edi­tora. CEP 42700-000. Tels.: 0xx71/3379-2439 / 3379-2206 / 3379-4377. É proibida a reprodução total ou parcial de matérias, gráficos e fotos Diretor-Editor: Carlos Accioli Ramos accioliramos@vilasmagazine.com.br publi­cadas nesta edição, por qualquer me­io, sem autorização expressa, Dire­to­ra: Tânia Ga­zi­neo Accioli Ramos por escrito da Editora, de acordo com o que dispõe a Lei Nº 9.610, de 19/2/1998, sobre Di­reitos Autorais. Gerente de Negócios: Álvaro Accioli Ramos alvaro@vilasmagazine.com.br A revista Vilas Magazine não tem qualquer responsabilidade Assistentes: Leandra da Cruz Almeida e Vanessa dos Santos e Silva pelos serviços e produtos das empresas anunciados em suas edições, Contatos: comercial@vilasmagazine.com.br nem assegura que promessas divulgadas como publicidade serão Gerente de Produção: Thiago Accioli Ramos. Assistente: Bruno Bizarri cumpridas. Cabe ao leitor avaliar e buscar informações sobre os Administrativo/Financeiro: Miriã Morais Gazineo (gerente) produtos e serviços anunciados, que estão sujeitos às normas do financeiro@vilasmagazine.com.br mercado, do Código de Defesa do Consumidor e do CO­NAR – ConAssistente: Leda Beatriz Gazineo comercial@vilasmagazine.com.br selho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária. A revista não se enquadra no conceito de fornecedor, nos termos do art. 3º do Código Distribuição: Álvaro Cézar Gazineo (responsável) de Defesa do Consumidor e não pode ser responsabilizada pelos proTratamento de imagens e CTP: Diego Machado dutos e serviços oferecidos pelos anunciantes, pela impossibilidade Redação: Rogério Borges (coordenador) Este manual é baseado na norma FSC STD 50001 V.1.2 e a aplicação dos logos é permitida a Plural Editora e Gráfica por de ser se deduzir qualquer ilegalidade no ato da leitura de um anúncio. certificada FSC e os materiais poderão serAlessandro publicadas apósTrindade a aprovação do organismo certificador da Plural. Colaboradores: JaimesóFerreira, Leite (charge). Thiara No entanto, com o objetivo de zelar pela integridade e cre­di­bilidade Reges (free lancer) das mensagens publicitárias publicadas em suas edições, a Editora se reserva o direito de recusar ou suspender a vei­culação de anúncios Redução máxima PARA ANUNCIAR: comercial@vilasmagazine.com.br que se mostrem enganosos ou abusivos, por constrangimentos Modelo 2: Modelo 1: 0xx71 /total. 3379-2206Tamanho / 3379-4377 mínimo de 67,5 mm de largura e 32,5 mm de altura total. Tamanho mínimo de 108 mm de largura3379-2439 e 22,2 mm de altura causados ao consumidor ou empresas. A revista Vilas Magazine u­ti­liza conteúdo edi­to­ri­al fornecido pela CONTATO COM A REDAÇÃO: redacao@vilasmagazine.com.br 67,5 mm 108 mm Agência Fo­lhapress (SP). Os títulos Vilas Ma­­gazine e Boa Dica – FaciTiragem desta edição: 32 MIL EXEMPLARES lidades e Serviços, constantes desta edição, são marcas regis­tradas 22,2 mm 32,5 mm no INPI, de propriedade da EDITAR – Editora Accioli Ramos Ltda. Im­pressa na Plural Indústria Gráfica (SP). Este produto é impresso na PLURAL com papel certificado FSC ® - garantia de manejo florestal responsável - e com a tinta ecológica Agri-Web™. O selo Qualidade Ambiental ABTG comprova a sustentabilidade dos processos gráficos.

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A explanação deve acompanhar os logotipos FSC e Agriweb em todas as aplicações.

Aplicação do Selo FSC (Paisagem) + Agri-Web + ABTG

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Registros & Notas

Novas conquistas O atleta Rodrigo Delayti Alcântara, morador de Vilas do Atlântico, conquistou mais um título para sua vitoriosa carreira no karatê-dô tradicional. D e s t a fe i t a , Rodrigo participou do campeonato brasileiro realizado em Curitiba, se sagrando vencedor na modalidade de kumite individual, além de conquistar também o segundo e terceiro lugares nas modalidades Enbu masculino e Fukugo.

Conservatório Mozart comemora 10 anos apresentando performance de seus alunos Os dez anos do Conservatório Mozart foi intensamente comemorado, de outubro a dezembro, ao longo de uma programação preparada cuidadosamente pela gestora, Eliane Mayer, realizando cinco recitais com a participação exclusiva dos alunos, de bebês a adultos, e estilos do rock ao clássico. Fruto de um trabalho pioneiro no ensino musical em Lauro de Freitas, a instituição consolidou seu espaço, abrigando hoje a Orquestra Mozart, o Coral Infantil Doce Encanto (aberto ao público gratuitamente) e o Bate Papo Musical, projeto que reúne nomes destacados do segmento musical da Bahia, a exemplo de Carlinhos Brown, Luiz Caldas, Saulo Fernandes, Xangai, Maria João Pires, Banda de Boca, entre outros. As comemorações se encerraram com uma apresentação envolvendo todos os alunos no teatro de Lauro de Freitas.

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Registros & Notas

Academia de Letras e Artes de Lauro de Freitas encerra ano empossando novos integrantes

Comemorando cinco anos de atividades, a Academia de Letras e Artes de Lauro de Freitas – ALALF, promoveu em 4 de dezembro, no auditório da Unime, solenidade para dar posse a novos acadêmicos, homenagear pessoas físicas e jurídicas que apoiam a arte e a cultura no município e encerramento do ano aca-

dêmico, coordenada pela presidente Janeide Borges. Foram empossados, como membros efetivos, o professor Antônio Claudio Sampaio Nogueira, licenciado e bacharel em Geografia, para a cadeira número 11, que tem como patrono João Arcanjo de Oliveira (João Expresso); Dulce Moreira Sampaio, Mestra em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social, graduada em Pedagogia e Supervisão, para a cadeira número 5, sendo Patrono Silva Campos; Suely de Melo Calixto Caldas, graduada em Pedagogia com mestrado em Educação pela Universidade Federal da Bahia, secretária de Educação de Lauro de Freitas, para a cadeira número 6, sendo patrono Hermano Gouveia. Como membros honorários, foram empossados Anúbis Cedraz, graduada em Licenciatura em Artes Visuais, empresária; Flávio Ribeiro, arte-educador, graduado em Licenciatura em Desenho e Plástica pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia; Sirlene de Brito Lisboa, especialista em Estudos Interdisciplinares sobre Educação Básica, licenciada em Letras Vernáculas; Wiily Castro

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Haendel, músico, autodidata e Osmarosman Aedo, escritor, poeta, produtor, músico, cantor, arranjador e compositor. A Academia também homenageou, com Menção Honrosa, a revista Vilas Magazine, representada pelo diretor-editor, Carlos Accioli Ramos; empresa Riobel Brasil Kirin, representada pelo executivo Antônio Carlos Farias de Andrade; o professor, consultor organizacional e ambientalista Jaime de Moura Ferreira; e Débora Fontes Palmeira de Cerqueira, psicopedagoga graduada Licenciatura em Educação Artística pela Universidade Católica do Salvador (1984), com doutorado em PHD - American World University (2006). As homenagens e reconhecimentos se estenderam também para Florisvaldo Soares de Azevedo (paizinho), mestre da cultura popular; ao artista plástico Nivaldo Portela e ao músico Evandro Menezes da Costa (Tenga Menezes). Apresentações de poesias, com os poetas Ray Santana e Josue Ramiro; mostra do espetáculo “África para além dos seus olhos” e recital, encenado pelos alunos do Colégio Paraíso Máximus Kids e apresentação da Performance do Grupo Raízes, fecharam o evento.

RENOVANDO AMIZADES Grupo de ex-alunos do Colégio Apoio de Vilas do Atlântico se reuniram em dezembro, com a proposta de “matar saudades”. E o lugar escolhido não poderia ser melhor: a própria escola. Muitos não se viam desde 1997 quando concluíram o terceiro ano. Foram muitas risadas, resenhas, fofocas e lembranças. Quem muito participou disso tudo não poderia ficar de fora: a coordenadora Lícia (no centro da foto, envolta pelos antigos alunos) que fez uma surpresa e até hoje lembra dos nomes e sobrenomes de muitos alunos, pois era assim que costumava chamar a turma para entrar nas salas de aula. A festa foi tão agradável e emocionante que já estão marcando a segunda edição para conseguir rever aqueles que não puderam participar desta primeira. Quem esteve nessa, garante que não perde as outras por nada. Viva a amizade!

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Cidade

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ovo investimento foi feito em equipamento público para dotar Lauro de Freitas de um “Portal de Entrada da Cidade”. Trata-se de uma estrutura helicoidal em aço pintado que agora ocupa o canteiro central da Estrada do Coco no Km 0. Luzes multicoloridas foram adicionadas à ideia. O custo da obra não foi divulgado. Na base da estrutura, junto ao nome da cidade, a prefeitura fez constar nada menos que o logotipo da atual gestão política do município – exatamente como o marco anterior exibia a logomarca da gestão da época, embora em proporções menos avantajadas. Como a legislação eleitoral proíbe a exibição de marcas de gestão no patrimônio público, o visual do marco deve mudar em breve. De acordo com a prefeitura, a criação “propõe o reconhecimento dos dois principais rios que banham a cidade”. Um deles simbolizaria “as matrizes africanas” e outro “a vertente indígena das origens da terra”. A junção dos dois rios formaria o “DNA” da ancestralidade de Lauro de Freitas, contri-

Prefeito Márcio Paiva troca marco de entrada da cidade Edmar de Paulo

Novo marco (acima) é estrutura helicoidal que re­pre­sen­taria dois rios do município: na base, a logomarca da atual gestão. O marco anterior (na outra pág.), construído por um artesão, representava a pesca e as raízes africanas: logotipos em comum com o atual buindo “para fortalecer a identidade local”. De acordo com o prefeito Márcio Paiva (PP), “o município vive um novo momento, com entrega de equipamentos públicos, conquistas de marcas históricas e intervenções em vários pontos”. Para ele, “Lauro de Freitas passa a contar com uma entrada da cidade digna para o laurofreitense se orgulhar”. E opinou: “o que havia antes não tinha nenhuma identidade da cidade”. Segundo o prefeito, a estrutura é criação do escritório

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Ministério Público abre ações em Lauro de Freitas

JOÃO RAIMUNDO

C do arquiteto Sérgio Pinheiro. O que havia antes no mesmo local era o chamado “barquinho do berimbau”, com menos pretensiosas proporções. Construído por “seo” Luiz, artesão de Itinga, em 2006, o barco representava os pescadores, tradição ancestral de Santo Amaro de Ipitanga. O berimbau, apresentado como velame do barco, propunha as raízes de matriz africana como propulsoras da identidade local. Cumprindo o último ano do seu segundo mandato, em 2012, Moema Gramacho (PT) exaltou o marco e a importância de reforçar a identidade cultural do município, exatamente como fez Márcio Paiva agora. “Quando cheguei aqui, não tinha uma placa dizendo onde é Lauro de Freitas”, disse à época. “Agora tem um barquinho e um berimbau, símbolo da luta dos negros, agora todo mundo sabe onde começa nosso município”, completou. Já em 2013 o barquinho foi abandonado e em seguida engolido por um canteiro de obras. Agora todos sabem novamente onde fica Lauro de Freitas.

onvênios que somam mais de R$ 23 milhões sem com­ provação da utilização de recursos públicos motivaram a proposição de 60 ações por ato de improbidade admi­ nistrativa e de 14 ações penais contra gestores, ex­gestores e entidades de Lauro de Freitas e de outros 55 municípios baianos. As medidas são resultado da “Operação Check­Out”, deflagrada em dezembro último pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MPE) e pelo Ministério Público de Contas, do Tribunal de Contas do Estado da Bahia. O Ministério Público estadual, com 79 promotores de Justiça atuando em conjunto, instaurou procedimentos e propôs ações de improbidade administrativa e ações penais contra 38 gestores públicos e 36 associações e cooperativas. A apuração do Ministério Público de Contas constatou que mais de 300 convênios celebrados em 2011 e 2012 pelo Estado da Bahia com prefeituras, associações e cooperativas permanecem sem a devida prestação de contas. Não existe qualquer comprovação da utilização dos recursos públicos nas finalidades previstas nos convênios, que ultrapassavam a soma de R$ 23 milhões. Nas ações, os promotores requerem a aplicação de multas de mais de R$ 73 milhões, indisponibilidade de bens em valor superior a R$ 70 milhões e o pagamento de fianças que, somadas, chegam a mais de R$ 300 mil. A expectativa do MPE é que o número de processos aumente, uma vez que as investigações continuam em diversos municípios baianos e os promotores aguardam informações referentes a con­ vênios celebrados em 2013 e 2014, que ainda não foram disponi­ bilizadas no sistema de controle de convênios do Estado.

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Cidade

TCM rejeita contas do prefeito de Lauro de Freitas VIVIANE SALES

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Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA), rejeitou no mês passado as contas do prefeito de Lauro de Freitas, Márcio Araponga Paiva (PP), relativas ao exercício de 2014. O motivo da rejeição foi a abertura de créditos adicionais suplementares sem a indicação dos recursos correspondentes. O relator do parecer, conselheiro Raimundo Moreira, multou o prefeito em R$ 5 mil. Cabe recurso da decisão. De acordo com o relatório técnico do Tribunal de Contas, o prefeito fez alterações ao orçamento por meio de decretos executivos, no valor de mais de R$ 250 milhões. Desse total, mais de R$ 240 milhões são créditos suplementares. Os restantes R$ 10,5 milhões são referentes a alterações nos limites autorizados na Lei Orçamentária Anual. O problema é que a relatoria constatou a inexistência de recursos do excesso de arrecadação em diversas fontes somando

O prefeito Márcio Paiva em festa de trabalhadores da saúde: multado. A ex-prefeita Moema Gramacho: ressarcimento ao erário público quase R$ 3 milhões, utilizadas para suplementar dotações em mais de R$ 7 milhões. O TCM apontou ainda que no terceiro quadrimestre de 2014 a despesa com o funcionalismo público alcançou quase R$ 247 milhões, correspondendo a mais 64% da receita corrente líquida – que era de cerca de R$ 382 milhões. O montante supera o limite de 54% previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. Em abril de 2015 o prefeito havia sido multado em R$ 5 mil por manter “número excessivo de cargos em comissão”, bem como de servidores temporários em 2014. O relatório apontou que o Executivo contratou quase cinco mil pessoas sem a necessária aprovação em concurso público. O total representava mais de dois terços dos 7.414 funcionários da prefeitura. Multas O Tribunal de Contas já havia multado o prefeito Márcio Paiva, em agosto último, por irregularidades no processo de inexigibilidade para a contratação de uma empresa de assessoria “para reorganização e acompanhamento do Fundo Municipal de Educação”. O custo foi de R$ 112 mil, no exercício de 2013. Cabia recurso da decisão.

A relatoria constatou que a contratação não obedeceu as regras estabelecidas pela Lei Federal nº 8.666/93, “sobretudo no que tange à comprovação da singularidade do objeto da prestação de serviços e a justificativa do preço praticado”. Para o tribunal, o objeto do contrato “representa serviços típicos da Administração Pública, caracterizando a terceirização para a consultoria de atividades-fim inerentes aos servidores municipais”. Moema Gramacho Ainda no ano passado, também a ex-prefeita de Lauro de Freitas Moema Gramacho (PT) foi denunciada ao Ministério Público pelo Tribunal de Contas dos Municípios para que sejam devolvidos mais de R$ 233 mil aos cofres do município, com recursos pessoais da ex-prefeita, que tam-

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bém recebeu multa de R$ 10 mil. Cabia recurso da decisão. O termo de ocorrência do TCM foi lavrado para aprofundar a análise de irregularidades constatadas nas contas relativas ao exercício de 2009, incluindo o pagamento a secretários municipais acima do limite legal, no valor de mais de R$ 27 mil e a falta de comprovação de despesas realizadas com recursos de royalties, no total de quase R$ 57 mil. De acordo com o TCM, a ex-prefeita, “mesmo tendo solicitado extensão de prazo, não apresentou quaisquer esclarecimentos ou documentação probatória, restando caracterizada a revelia”. Solidários O que ambos gestores têm em comum é uma outra punição, imposta também no ano passado pelo TCM, por não terem cobrado uma multa atribuída a um expresidente da Câmara Municipal, de mais de R$ 7 mil. Para Fernando Vita, conselheiro relator, “a inércia dos gestores fez com que o crédito derivado da multa aplicada pelo TCM prescrevesse, o que torna inviável o ajuizamento de medida executória para a cobrança da dívida”. Para saldar a dívida não cobrada, Márcio Paiva deveria devolver R$ 1,4 mil e Moema Gramacho outros R$ 5,7 mil ao erário municipal. Cabia recurso da decisão.

Mutirão Acordo Legal atendeu contribuinte de Lauro de Freitas

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uma iniciativa do Governo da Bahia em parceria com prefeitura de Lauro de Freitas e o Poder Judiciário, o mutirão Acordo Legal atendeu em dezembro contribuintes interessados em negociar dívidas com o Estado ou com o município. Antes de Lauro de Freitas, o mutirão foi realizado A Juíza Zandra Parada em Salvador. (esq) com atendente “O objetivo é diminuir o acervo das execudo mutirão em Lauro de ções fiscais”, disse a Juíza da 1ª vara da Fazenda Freitas: diminuição no Pública de Lauro de Freitas, Zandra Anunciação número de execuções Alvarez Parada, “bem como possibilitar que o contribuinte quite seus débitos com o fisco estadual e municipal”. Os contribuintes com dividas estaduais como ICMS, IPVA, ITD puderam negociar descontos de até 85% para pagamento à vista, 60% parcelado e em quatro vezes para alguns tributos e até 48 vezes para ICMS.

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Os seis vencedores da etapa estadual do MPE Brasil – Ciclo 2015: indústria é de Lauro de Freitas

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Comércio e serviços colocam Lauro de Freitas em destaque

auro de Freitas é destaque da criação de novos empreendimentos em 2015, segundo dados do Sebrae Bahia, apresentados no mês passado pelo superintendente Adhvan Furtado e o diretor de atendimento Franklin Santos. Para Furtado, Lauro de Freitas merece destaque por ter dado ”um salto nos últimos anos”, em função dos programas locais de apoio ao empreendedorismo. Outra explicação para o desempenho local é que o comércio – força maior da economia da cidade – continua a ser o preferido dos empreendedores baianos. De acordo com dados da Receita Federal, o setor inclui mais de 59% dos pequenos negócios na Bahia, acima da média nacional, que é de 50%. Em seguida, os empreendedores do estado investem mais nos setores de serviços (28%) – que também tem presença significativa em Lauro de Freitas. A indústria (8%) e a construção civil (4,6%), são menos presentes na cidade, mas foi uma indústria local que venceu, no segmento, a etapa estadual do Prêmio de Competitividade de Micro e Pequenas Empresas (MPE Brasil –

Ciclo 2015): a LED Quadros Elétricos. Entre os microempreendedores individuais (MEI), o comércio também é a atividade mais procurada na Bahia, sendo a venda de artigos de vestuário e acessórios responsável por mais de 10% dos MEI formalizados no estado. Em seguida, despontam os cuidados com a beleza, com serviços de cabeleireiros, manicure e pedicure, acumulando quase 7% desses empreendedores. Na sequência, vêm serviços ambulantes de alimentação (4%), fornecimento de alimentos preparados para consumo domiciliar (4%) e obras de alvenaria (2,7%). As maiores cidades do estado, de modo geral apresentaram bom desempenho. Para o Sebrae, o otimismo e a vontade de superar as dificuldades falaram mais alto no ambiente empresarial baiano. Os pequenos negócios tiveram um crescimento de 9%, entre dezembro de 2014 e novembro de 2015, passando de quase 578 mil cerca de 633 mil empresas. O saldo de 55 mil novos negócios, mesmo com um ano economicamente

desfavorável, está distribuído por Salvador, que naturalmente lidera no quesito de número de empreendimentos, com mais de 171 mil, Feira de Santana (39 mil), Vitória da Conquista (19 mil), Lauro de Freitas (16 mil) e Camaçari (14 mil). Para o Sebrae, a retração econômica de 2015 vem sendo combatida com sucesso por meio do atendimento a mais de 166 empresas – um quarto dos pequenos negócios Bahia foi atendido pelo Sebrae. “Os empresários da Bahia foram abastecidos com diversas possibilidades de capacitações e qualificações desenvolvidas para adequá-los e prepará-los para esse cenário atual do país, com informações e soluções, e estimulados a empreender com responsabilidade e competitividade”, destacou o superintendente Adhvan Furtado. Para ele, “a expectativa é que a gente tenha a micro e pequena empresa como um importante motor para o país sair da crise”. Compre do Pequeno Justamente com o intuito de enfrentar a recessão econômica e tornar o cenário mais atrativo aos empreendedores, o Sebrae promoveu, em 2015, o “Movimento Compre do Pequeno”. A Bahia obteve o melhor resultado do país, com cinco milhões de baianos comprando de pequenos negócios no dia

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5 de outubro, data oficial da mobilização. Para 2016, a entidade anunciou uma novidade que deve facilitar o acesso dos empreendedores ao conteúdo do Sebrae: a oferta de orientações e consultorias a distância. “Queremos que a informação de qualidade para o empresário também esteja disponível facilmente na Internet”, explicou Adhvan. Em fase de testes em novembro e dezembro, as consultorias online, realizadas por videoconferência, tiveram aceitação de 96% dos clientes. A previsão é de que o serviço já esteja disponível para os empreendedores baianos após o Carnaval, quando um novo site do Sebrae Bahia será lançado. É um serviço cômodo, que resolve o problema do cliente, dando instrumentos que ensinam a ele o que fazer e como fazer”, avaliou o diretor de atendimento Franklin Santos. A entidade também apontou os setores estratégicos para 2016. No comércio, o Sebrae Bahia destaca o varejo de alimentos e de moda, materiais de construção e a revitalização de espaços comerciais. No setor de serviços, os destaques ficam para os voltados para a saúde, automotivos, beleza e estética, e startups. Sonho do empreendedorismo Ter o próprio negócio figura como o terceiro maior sonho dos brasileiros, ficando atrás apenas de comprar a casa própria e viajar pelo Brasil, mas entre os nordestinos

O superintendente Adhvan Furtado na apresentação dos dados de 2015: salto

o impulso empreendedor tem mais força: na região, o sonho do próprio negócio ocupa o segundo lugar, ultrapassando os planos de turismo. Diante desse cenário, o superintendente Adhvan Furtado ressaltou a importância do engajamento das prefeituras baianas na causa dos pequenos negócios. “Precisamos melhorar o ambiente de negócios, porque, por mais preparada que esteja uma empresa, se você não tem uma política pública que a favorece, ela pode quebrar”, afirmou. Para fortalecer esta parceria, a institui-

ção tem o Programa Município Empreendedor Bahia, que, no dia 11 de novembro, formalizou com a Prefeitura de Salvador um protocolo de intenções para desenvolver ações que estimulem o potencial empreendedor da capital. Lauro de Freitas não foi mencionada, mas “estamos fazendo uma série de parcerias com as prefeituras para capacitar agentes de desenvolvimento, e também damos a eles acesso ao sistema do Sebrae, para que eles possam, por exemplo, agendar cursos de capacitação para os microempreendedores individuais atendidos nas Salas do Empreendedor”, disse Adhvan. O processo de capacitação que já preparou 24 agentes de desenvolvimento para atuação na capital baiana. Perfil do novo empreendedor O aumento do empreendedorismo na Bahia se dá pelo desenvolvimento da classe média e maior consumo das classes D e E, além da elevação da escolaridade. Mais de 90% dos empreendedores que possuem nível superior iniciam um negócio por oportunidade. E há ainda outro motivo relevante: a agilidade para concretizar a legalização. Em 2009, havia 2.453 microempreendedores individuais (MEI) na Bahia. Esse número deu um salto para 349.872, em 2015. No mesmo intervalo de tempo, a quantidade de micro e pequenas empresas (MPE) passou de 168.956 para 282.911.

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Cidade

Lauro de Freitas mantém 2º lugar no índice Firjan

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auro de Freitas perdeu para Guanambi a liderança do Indice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) relativo a 2013. No ano anterior a cidade já havia ficado em segundo lugar na Bahia, perdendo para o município de Luis Eduardo Magalhães. Até 2011, por três anos consecutivos, Lauro de Freitas foi líder no IFDM, mas mantém boa pontuação desde 2005, anobase da primeira medição de desempenho, quando registrou o primeiro lugar, à frente de Salvador. Em 2006 caiu para segundo no estado, ultrapassado pela capital, voltando a liderar no ano seguinte. O pior resultado de Lauro de Freitas no IFDM foi registrado em 2008, quando caiu para quarto na Bahia, para logo retornar à liderança, onde se manteve até 2011. A série histórica corresponde aos anos de mandato de Moema Gramacho (PT) à frente

Vista aérea da cidade: emprego e renda prejudicam índice de desenvolvimento da prefeitura de Lauro de Freitas até 2012. Os dados de 2013 correspondem ao primeiro ano da gestão de Márcio Paiva (PP). O grande responsável pelo bom desempenho do município até 2013 continuou a ser o quesito de emprego e renda, o único de Lauro de Freitas classificado pelo IFDM como de “alto desenvolvimento” de 2005 a 2011 – exceto 2008. Foram justamente

os números de emprego e renda que derrubaram o IFDM de Lauro de Freitas naquele ano. Os números de emprego e renda passaram a ser de “desenvolvimento moderado” em 2012 e 2013, perdendo o primeiro lugar na Bahia. Além do emprego, o IFDM leva em conta dados de educação e saúde. Ponderados, os três resultam no índice consolidado que determina a posição no ranking. Os números da saúde permaneciam praticamente inalterados desde 2005, sempre na faixa do “desenvolvimento moderado”. Lauro de Freitas estava 3º lugar no ranking em 2012, caindo para 6º em 2013, já na gestão de Márcio Paiva, mas sempre com índices muito próximos da faixa de “alto desenvolvimento”. O destaque da série história é a evolução positiva dos números da educação, tradicionalmente os piores da cidade. Na faixa do “desenvolvimento regular” desde 2005, a educação chegou ao grupo “moderado” em 2010, mantendo a posição em 2011. Situada em 81º no ranking em 2012, a Educação subiu para 62º em 2013. A evolução é tanto mais notável quanto mais criteriosa se tornou a avaliação. A Firjan leva em conta, por exemplo, a formação de professores e o atendimento em creches e pré-escolas, bem como taxas de abandono escolar e distorções de idade-série. A fonte dos dados é o Ministério da Educação.

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Governo negocia desapropriações para a Via Metropolitana

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processo de desapropriação da área do entorno da Via Metropolitana foi tratado no mês passado por Bruno Dauster, secretário da Casa Civil do Gover­ no do Estado em reunião com lideranças de Lauro de Freitas e representantes da Defensoria Pública, de órgãos estaduais e da empresa envolvida na construção do contorno viário da cidade. Dauster reforçou a importância do diálogo para as negociações e destacou que o governo estadual comandará um estudo arqueológico e antropológico para que o interesse da popu­ lação seja preservado. “Estamos discutindo e levantando todas as diferentes visões sobre o empreendimento”, disse. Uma parte da comunidade do Quin­ goma, que poderá ser reconhecida como “remanescente de quilombo” depois do devido processo, opõe­se à construção da via porque o seu traçado deve passar pela área que eles esperam ver delimitada como sua. A área ainda precisa passar por estudo antropológico antes de ser demarcada e oficializada pelo Instituto Nacional de Co­ lonização e Reforma Agrária (Incra). Para as pessoas que se opõem à cons­ trução da Via Metropolitana, a comunidade deve ser tratada como território remanes­ cente de Quilombo desde já. Legalmente, mesmo assim a estrada poderia ser constru­ ída. O primeiro problema é que o território que essa comunidade quer preservar não está demarcado. Outra parte da comunida­ de do Quingoma defende a construção da via e preparou abaixo assinado nesse senti­ do com centenas de nomes. O documento foi encaminhado a diversas instâncias de poder, incluindo o Governo do Estado. A obra está licenciada e em curso. A preocupação do governo é apenas aparar as arestas. “Este encontro é um grande passo para que achemos um denominador

Reunião na Casa Civil: desapropriações para viabilizar Via Metropolitana comum e a via possa ser viabilizada, respei­ tando as prioridades da empresa, do Estado e da comunidade”, disse Dauster. A Via Metropolitana, essencial para de­ safogar o trânsito no trecho da Estrada do Coco que atravessa Lauro de Freitas e, por consequência, na maior parte da cidade, será uma via expressa ligando a BA­526 (CIA­Aeroporto) à BA­099, com uma exten­ são de 11,2 Km. O investimento previsto é da ordem de R$ 220 milhões, beneficiando cerca de dois milhões de habitantes. A promessa da obra é desafogar o trá­ fego de veículos em Lauro de Freitas – esti­ mado em mais de 100 mil veículos por dia apenas no trecho local da Estrada do Coco – liberando os sete quilômetros municipais apenas para o trânsito local. Além disso, a Via Metropolitana fun­

cionará como alternativa mais rápida no acesso ao Litoral Norte baiano através da Linha Verde, abrindo ainda um novo vetor de desenvolvimento econômico no Jambei­ ro, em Lauro de Freitas, facilitando, além do turismo, o escoamento de produção regio­ nal. Um novo acesso à cidade será criado através da avenida Gerino de Souza Filho. O traçado da via foi revelado em pri­ meira mão pela Vilas Magazine há quase dois anos. A obra havia sido prometida pelo então governador Jaques Wagner (PT) como parte de um pacote destinado à mobilidade urbana na Região Metropolita­ na de Salvador, conforme publicou a Vilas Magazine, também em primeira mão, em setembro de 2012. O projeto foi retomado pelo governador Rui Costa (PT) no princípio  de 2015.

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FOTOS: DANIELE RODRIGUES

Jovens produzem arte em viaduto

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viaduto localizado no início da CiaAeroporto (BA-526), em frente ao Salvador Norte Shopping, recebeu um banho de arte em dezembro, em ação executada por jovens que fazem parte da Oficina Arte Graffiti, projeto desenvolvido pela Concessionária Bahia Norte e o arteeducador Denis Sena, com moradores de comunidades de Salvador e Região Metropolitana. As oficinas começaram em setembro, com aulas realizadas no Instituto JCPM de Compromisso Social, que atende jovens da comunidade de São Cristóvão. No programa foi discutido o potencial pedagógico do grafite como forma de expressão artística, política e cultural. A iniciativa também abordou as possibilidades de criação e customização de produtos, tendência que segue ganhando destaque no mercado por agregar valor simbólico a itens como roupas, sapatos, mochilas, eletrodomésticos, peças de decoração, dentre outros. A cultura Hip

Hop, movimento do qual a linguagem ‘grafite’ é uma das formas de expressão também foi tema discutido durante as atividades. “Desde os anos 80 o grafite já estava na Bienal de São Paulo. Hoje, é currículo nas escolas. Esta forma de arte tem muita força social e cultural”, lembra o artista Denis Sena. O PROJETO O projeto Arte Grafifti é realizado pela Bahia Norte desde 2013, e já passou por oito municípios localizados no entorno do Sistema de Rodovias BA-093, a exemplo e Pojuca, Mata de São João, Dias D’ávila e Camaçari. Os resultados acumulados do projeto são expressivos: 326 participantes nas mostras culturais; 160 adolescentes e jovens participaram das oficinas; 16 articuladores envolvidos com o projeto; 13 parceiros foram mobilizados; 8 oficinas realizadas que beneficiaram os oito municípios que integram o Sistema BA-093; 6 mostras culturais concretizadas.

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Meio Ambiente

COP21

Aumento limitado a 1,5 °C ainda exige adaptação da orla

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epresentantes de 195 países reunidos na Conferência do Clima (COP21), em Paris, em dezembro, aprovaram um acordo final sobre a redução de emissões de gases de efeito estufa – que causam o aquecimento global. O acordo prevê a criação de um fundo anual de US$ 100 bilhões, financiado pelos países ricos, a partir de 2020, para limitar o aquecimento global a 1,5ºC. A contenção do aquecimento pretende evitar fenômenos extremos como ondas de calor, secas, enchentes e o aumento do nível do mar, conforme mostrado pela Vilas Magazine na edição de dezembro. Mesmo com a elevação da temperatura contida em 1,5ºC até 2100, a orla de Lauro de Freitas vai mudar. De acordo com projeções da Climate Central, uma organização de jornalismo e pesquisa sem fins lucrativos, nesse nível o Centro Panamericano de Judô, por exem-

plo, não se salva. O mapa mostra as áreas que serão tomadas pelo mar com a elevação da temperatura limitada a 2ºC e a 1,5ºC. Apesar disso, o acordo foi festejado como um sucesso. Já as organizações não governamentais (ONG) dedicadas à questão percorreram as ruas de Paris para manifestar insatisfação com as conclusões da COP21. As ONGs consideram insuficientes as medidas de combate ao aquecimento global. O Acordo de Paris, como foi chamado o documento final da 21ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), entrará em vigor em 2020. A cada cinco anos todos os países deverão prestar contas sobre as ações desenvolvidas para evitar que a temperatura global não aumente mais de 2 graus Celsius – mantida a meta preferencial de 1,5ºC. Os países signatários, entre eles o Brasil, definiram que as reduções de emissões de

Líderes de todo o mundo concordam em limitar emissões de carbono para evitar catástrofe.

gases devem atingir o limite o mais rápido possível, mas não definiram quando o resultado deve ser alcançado. Participantes da conferência reconheceram que as nações em desenvolvimento deverão levar mais tempo para atingir as metas definidas. Medidas imediatas Mesmo no Brasil, cidades que serão duramente atingidas, como Lauro de Freitas, já discutem medidas de adaptação para minimizar os efeitos da elevação do nível do

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mar. Em Santos (SP), que abriga o mais importante porto marítimo do país, Marinha, Exército, pesquisadores e representantes da sociedade civil já discutem propostas. Algumas das medidas de adaptação que estão sendo adotadas no mundo para enfrentar as inundações e a erosão costeira causadas pelo aumento do nível do mar incluem barreiras naturais, como as faixas de manguezais implantadas em Palm Beach, na Flórida, Estados Unidos ou o “engordamento” de praia, como em Cuba e Miami, diques flutuantes, adotados em Veneza, na Itália e readequações nos projetos de casas e prédios, para torná-los mais resistentes ao avanço do mar, como em Hamburgo, na Alemanha.

Projeção da orla de Lauro de Freitas para o futuro com a elevação da temperatura limitada a 2ºC e 1,5ºC

A inundação de parte das áreas costeiras de Santos, causada pela combinação da elevação do nível do mar com ressacas, marés meteorológicas e astronômicas e eventos climáticos extremos pode causar prejuízos acumulados de quase R$ 2 bilhões até 2100 se não forem implantadas medidas de adaptação. A estimativa é de um estudo internacional, realizado por pesquisadores do Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), dos Institutos Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Geológico (IG) e das Universidades de São Paulo (USP) e Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com colegas da University of South Florida, dos Estados Unidos, do King’s College London, da Inglaterra, além de técnicos da Prefeitura Municipal de Santos. A cidade brasileira foi escolhida para participar do projeto também por contar com os mais completos dados do país sobre elevação de marés. Os resultados do estudo fazem parte do projeto “Uma estrutura integrada para analisar tomada de decisão local e capacidade adaptativa para mudança ambiental de grande escala: estudos de casos de comunidades no Brasil, Reino Unido e Estados Unidos”, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Os pesquisadores mostraram às lideranças de Santos as projeções de elevação do nível do mar e os respectivos impactos econômicos até 2050 e 2100. De acordo com a Fapesp, as regiões sudeste e noroeste de Santos já têm sido impactadas pelo aumento do nível do mar e atuação de eventos extremos.

“Não é preciso esperar 20 ou 30 anos para sentir os efeitos da elevação do nível do mar”, disse José Marengo, pesquisador titular do Cemaden e coordenador do projeto do lado do Brasil. “É possível implementar agora medidas de adaptação para minimizar os potenciais danos econômicos”, afirma. Os pesquisadores estimam, por meio de dados sobre mudanças no nível do mar obtidos por marégrafos na região no período entre 1945 e 1990 e por altimetria de satélite entre 1993 e 2013 que o nível do mar na cidade pode aumentar entre 18 e 30 centímetros até 2050 e entre 36 centímetros e 1 metro em 2100. A combinação dessa elevação com uma sobrelevação causada por uma ressaca forte – ondas elevadas e maré meteorológica – e numa fase de maré de sigízia, pode resultar em um rápido aumento do nível do mar em Santos de 90 centímetros até 2050 e 95 centímetros até 2100. A maré de sigízia é a de maior amplitude, que ocorre durante as luas cheia e nova, quando o Sol e a Lua estão alinhados em relação à Terra e há maior atração gravitacional. “A planície costeira de Santos apresenta declividades muito baixas e altimetrias inferiores a três metros”, explicou Joseph Harari, professor do Instituto de Oceanografia (IO) da USP e participante do projeto. “Além disso, o nível do lençol freático da cidade é muito raso, o que a torna muito suscetível a inundações provocadas pelo mar e alagamentos devido às chuvas intensas”, sublinhou Harari à Fapesp. São condições verificadas também em Lauro de Freitas, uma cidade que além disso é cortada por vários cursos d’água. Janeiro de 2016 | Vilas Magazine | 21

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Comportamento

emagrecer

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O casal acaba apoiando um no outro e tem mais facilidade em seguir adiante. Se alguém quer escapar da dieta, o outro pode ajudar a segurar o impulso

esde o nascimento do filho, há sete d Malta Natalia Moyaanos, aGabriela recepcionista É difícil q colaboração para a folha Patricia DaviDSon haiat no, 32, não conseguia eliminar o a nutricionista perder peso Desde o nascimento do fiexcesso de peso que ganhou durante a al lho, há sete anos, a recepciose o seu gravidez. Rafael anos, webdesu nistaBezerra, Natalia 31 Moyano, 32, m não conseguia eliminar o exsigner, também lutava com os quilinhos cônjuge não d cesso de peso que ganhou Morar junto com extras que tinha adquirido desde o início ac durante a gravidez. Rafael a pessoa que está m Bezerra, 31 anos, webdesigestá muito do casamento. m ner, também lutava com os fazendo a dieta com Juntos, eles decidiram a sério a va quilinhos extraslevar que tinha disposto a você ajuda muito a m adquirido desde Depois o início de do três dieta e começaram a correr. manter o foco. Você o casamento. comprar a prepara a mesma meses, Rafael perdeu 11 decidiram kg – ele pesava d Juntos, eles levarperdeu a sério mais a dieta e 30 começacomida para os dois e mesma briga, 84,5 kg. Natalia de kg depois d ram a correr. Depois de três assim é mais difícil de oito mesesmeses, de dieta. Rafael perdeu 11 kg — sa defende cair em tentação ele pesava 84,5 kg. Natalia q Eles seguiram um plano de dieta feito perdeu mais de 30 kg depois es luana chimith nutricionista especialmente para casais que querem de oito meses de dieta. em comerciante Eles seguiram um plano de emagrecer juntos. A nutricionista carioca carioca dieta feito especialmente pare ra casais quereuniu querem emagrePatricia Davidson Haiat dicas e carci em livro cer juntos. A nutricionista caem dápios para casais na mesma situação no rioca Patricia Davidson Haiat su reuniu dicas(Editora e cardápios paú livro “Dieta Para Casais” Sextante). ra casais na mesma situação tõ Ela conta no que com mudança na rotina, livro “Dieta Para Casais” d p (Editora Sextante). apertado, a a falta de tempo, o orçamento g Ela conta que com mudanpraticidade dos v ça alimentos na rotina, aindustrializados falta de tem- é o orçamento apertado, a fácil engordarpo, depois do casamento. vo praticidade dos alimentos inMas a mesma pessoaé fácil que engorte acomd dustrializados gu dar depois casamento. panhou no ganho dos do quilos extras pode q Mas a mesma pessoa que desempenharteum papel importante na hora fi acompanhou no ganho dos extras podeapoiando desempe- um de perdê-los.quilos “O casal acaba ze nhar um papel importante na no outro e tem mais facilidade em seguir n hora de perdê-los. “O casal apoiando com você ajuda muito a man- a preparar pratos diferentes q adiante. Se alguém queracaba escapar da dieta,pio, o porém varie as porções “Ele era meu fiscal”, diz. um no outro e tem mais faci- de acordo com o gênero e a Luana Chimith, 23, comer- ter o foco. Você prepara a para experimentarmos”, afir- ta outro pode ajudar segurar impulso”, gu lidadeaem seguiroadiante. Se diz. idade. “Facilita na hora de fa- ciante, e Luiz Maurício, 27, re- mesma comida para os dois ma Natalia. alguém quer escapar die- siga A dieta para casais não é zer as compras e preparar os presentante farmacêutico, e assim é mais difícil cair em Além disso, ela sugere que odacasal ta, o outro pode ajudar a se- alimentos”, diz. muito diferente das demais D casados há um ano e meio, tentação”, diz ela. o mesmo cardápio, varie gurar oporém impulso”, diz.as porçõesNatalia conta que o apoio também seguiram a dieta jun“Se eu preparo uma sala- dietas, já que propõe a ma- au disso,eela sugere“Facilita que de Rafael foi importante no tos. “Morar junto com a pes- da diferente e o Rafael gosta, nutenção de um diário ali- eD de acordo com Além o gênero a idade. o casal siga o mesmo cardá- processo de perda de peso. soa que está fazendo a dieta elogia, eu fico mais animada mentar, em que seja anota- Pr na hora de fazer as compras e preparar os alimentos”, diz. Natalia conta que o apoio de Rafael foi e neuras OsenhOraomeulado,aguardando importante no processo de aperda de peso. —mas é o avião, começou me contar como é questão “Ele era meuprático fiscal”,usar diz.o iPhone para saber onses siste de seus filhos estão, já que carregam Luana Chimith, 23, comerciante, e Luiz ser atua sempreoaparelhoconsigo.“MasmeS u z a n a h e r c u l a n o h o u z e l Maurício, 27,lhor representante farmacêutico, Infini mesmo será quando pudermos sato, é c implantar chip no cérebro. Além casados há um ano eum meio, também seporque é capaz de se atualizar e se extensõ dejuntos. saber onde todosjunto estão,com eu não guiram a dieta “Morar a se. A tecnologia rapidamente se tor- O nosso cérebro é um modificar conforme o uso, aprenden- hardwa precisarei mais carregar esse tele- na obsoleta, sobretudo com as atua- ‘hardware’ que é capaz de pessoa que está a dieta com do ao longo do caminho. Mesmo são, con fonefazendo o tempo todo. Você quevocê é neu- lizações do sistema operacional que se atualizar e se modificar ajuda muito arocientista: manter onão foco. Você prepara quando envelhece, e não tem como dos e sen seria ótimo? Quanto exigem cada vez mais do hardware. conforme é utilizado ser trocado, ele se mantém atualizá- soleto, é Pois é. Imagine investir alguns mitempo até podermos implantar chips a mesma comida para os dois e assim é mais

Obsolescência

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e melhorar o cérebro da gente?” Olhei o telefone que ele manipulava —um de dois aparelhos, com | Vilas Magazine | diferentes: Janeiro de um 2016 números pessoal, outro do trabalho, o qual ele acabara de perder e achar. Perguntei-lhe de quanto em quanto tempo ele trocava os aparelhos. “Todo ano”, ele dis-

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lhares de dólares para implantar um chip em seu cérebro —um procedimento invasivo, sempre com risco de infecção— só para descobrir, em não mais que dois anos, que ele já está obsoleto, gerações atrás do mais novo modelo, e que aliás nem consegue mais receber a mais recente versão

do sistema operacional? só aqui em casa o número de aparelhos celulares obsoletos já está nas dezenas, esquecidos pelas gavetas. Poroutrolado,lembrei-lhe,ohardware que ele leva naturalmente na cabeça não fica obsoleto nunca —

vel e altamente customizado: é o seu hardware, personalizado a cada instante da vida, ajustado e otimizado para aquelas funções que de fato lhe são imprescindíveis. Certo, o sistema operacional de alguns parece continuar na Idade Média, querendo impor seus gostos 27/12/2015 08:07:45

mental a altura. M sonhar c incorpo cérebro

SUZANA HE professora d Neurociênc do blog www


difícil cair em tentação”, diz ela. “Se eu preparo uma salada diferente e o Rafael gosta, elogia, eu fico mais animada a preparar pratos diferentes para experimentarmos”, afirma Natalia. A dieta para casais não é muito diferente das demais dietas, já que propõe a manutenção de um diário alimentar, em que seja anotado tudo que foi comido e quando, e baixa ingestão de açúcar e gorduras. “A primeira fase do plano alimentar não permite consumo de carne e como comíamos bastante foi um pouco difícil no começo. Eu nunca achei que fosse gostar de comer salada, por exemplo, mas a Natalia faz uma que leva atum, e eu passei a achar muito boa, é impressionante o quanto meu paladar mudou”, diz Rafael.

Ele conta que a mudança de hábitos se refletiu até na saúde do filho do casal, Pedro, que tem 7 anos. “Ele também estava um pouco gordinho, e emagreceu também”, diz. Mas Patricia conta que reuniu algumas dicas especiais para casais que querem emagrecer juntos, como a sugestão de um

cardápio único para os dois, sugestões de como fazer compras, de como elaborar um cardápio que crianças também gostem e de como manter a vida social. Apesar de ter sido desenvolvido para casais, Patricia diz que as dicas podem ser seguidas por qualquer dupla que queira emagrecer: pais e filhos, irmão, amigos. “Não ir às compras e não fazer todas as refeições juntos não são complicadores. Qualquer dupla que esteja disposta a se comprometer pode seguir as dicas do livro”, diz. Gabriela Malta / Folhapress.

Dieta Para Casais Autora Patricia Davidson Haiat Editora Sextante

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Comportamento

Com a chegada de moradores temporários de verão, como ficam as regras do condomínio?

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m muitos condomínios, esse período do ano é também época de receber moradores novos, a maioria inquilinos temporários. Apesar de os moradores terem uma data para sair, ainda podem manter algumas obrigações, e o síndico deve se esforçar para receber todos os moradores novos com as informações necessárias para a boa convivência. O ato de apresentar o condomínio e suas regras é o mais importante, de acordo com o gerente regional de condomínios da Apsa, Alex Fabiano. “Independentemente de o novo morador ser proprietário ou não do imóvel, é importante que o síndico procure receber o morador ao menos apresentando a si próprio e as regras do condomínio”, explica. De preferência, essas regras devem ser apresentadas resumidas, em uma ou duas páginas. A síndica profissional Linda Carvalho, da administradora de condomínios ACS, acrescenta que, além disso, uma cópia da convenção do condomínio também pode ser distribuída. Caso o novo morador seja proprietário da casa ou não seja inquilino temporário, uma cópia da ata das últimas reuniões de condomínio pode ser importante. “Essas cópias são para que ele tenha conhecimento dos assuntos tratados e decisões aprovadas anteriormente”, conclui a profissional.

raul spinassé / ag. a tarde

A síndica Linda Carvalho recomenda que uma cópia da convenção seja entregue ao novo morador

Em alguns locais, essa responsabilidade pode ser passada também para o zelador do prédio ou condomínio, quando o síndico não está presente. Na função dele, passar o básico é o essencial. “O zelador normalmente informa as normas relacionadas ao acesso do condomínio e entrega o regulamento interno e os procedimentos de segurança impressos”, explica o síndico

profissional, Orlando Silva. Um detalhe importante, de acordo com Fabiano, está no ato de informar ao novo morador quais as formas que o síndico usa para se comunicar com os condôminos, seja por informes enviados para a casa de cada um ou mural do prédio. “Geralmente, essas informações já são colocadas no resumo das normas que você entrega ao morador. Esse é o ideal”, explica. Apresentar o novo morador na reunião de condomínio mais próxima é uma das medidas recomendadas, até para ajudar na socialização entre vizinhos. Sobre o assunto, Silva explica que em casos de aluguel a participação em assembleias é complexa, mas pode exigir, sim, a presença do inquilino em alguns casos, da mesma forma que em outras exige a presença do proprietário do imóvel. “Por exemplo, quando envolve investimentos ou situação financeira, o proprietário é que precisa comparecer à reunião. Mas se for só algo relacionado a sorteio de vagas de garagem, por exemplo, quem participa é o inquilino”, explica Silva. Linda salienta que, em alguns casos, o proprietário também pode dar ao inquilino uma procuração que permite que ele decida sobre os assuntos financeiros, por exemplo, no lugar do dono.

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Redes sociais ajudam a marcar encontros e divulgar decisões

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novo morador, logo quando chegar, deve ser acrescentado a qualquer meio de comunicação que o síndico use, inclusive grupos em redes sociais como o WhatsApp. Cada vez mais comum no dia a dia do condomínio, manter contato por esses meios tem se mostrado uma ferramenta útil para discussão de assuntos pré-reunião de condomínio ou assembleias.

De acordo com o gerente regional de condomínios da Apsa, Alex Fabiano, a grande parte dos condomínios que administra já utiliza da ferramenta para comunicação interna. “Esse é um meio de comunicação mais simples, principalmente para condomínios menores”, explica. Trazer à tona discussões sobre o próprio condomínio é essencial. “Os grupos de WhatsApp na maioria das vezes são formados pelas comissões (síndico, subsíndico e conselho fiscal) para

Independentemente de o novo morador ser proprietário ou não do imóvel, é importante que o síndico procure receber o morador ALEX FABIANO, gerente da Apsa

discutir previamente assunto que serão tratados em assembleias”, explica a síndica profissional Linda Carvalho. Outras plataformas de comunicação interna também tem ganhado força em condomínio. De sites até jornais impressos ou em formato digital, tudo depende do perfil do prédio ou do condomínio e de quão eficiente essa comunicação pode ser dentro deles. No caso dos sites para condomínios, empresas já se disponibilizam a trabalhar com a plataforma. Apenas os moradores do condomínio tem acesso ao conteúdo, por meio de uma senha, e todas as informações das reuniões podem ser encontradas lá. “Nele são disponibilizados desde notificações, eventos, regulamento e até o balancete”, explica Fabiano.

INFORMAÇÕES PARA O NOVO MORADOR RESPONSÁVEL O síndico é o responsável por passar para o novo morador as normas do condomínio. Em caso de imóvel alugado, o ideal é que o síndico faça esse papel, mas a responsabilidade pode ficar na mão do proprietário do imóvel NORMA IMPRESSA As normas, de preferência, devem ser impressas e dadas para o morador. Devem constar, além das normas resumidas, informações sobre os principais meios de comunicação utilizados OUTRAS REDES O novo morador, mesmo que ele vá permanecer pouco tempo na casa, deve ser inserido nas redes de comunicação usadas, como WhatsApp REUNIÃO A presença do inquilino, seja ele de curta permanência ou não, nas reuniões de condomínio só é exigida se ele for afetado diretamente pelas decisões. Fora isso, o proprietário deve comparecer

Raul Spinassé / Ag. A Tarde.

O zelador normalmente informa as normas relacionadas ao acesso do condomínio e entrega o regulamento ORLANDO SILVA, diretor de O Síndico

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Saúde & Bem-Estar

zika vírus, dengue, febre chikungunya

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Emergência em Saúde Pública busca ações efetivas nos municípios

governo do Estado reuniu em dezembro representantes de mais de 100 municípios baianos entre aqueles que apresentam maior incidência de zika vírus, dengue e febre chikungunya – entre eles Lauro de Freitas. O objetivo do encontro foi conscientizar as prefeituras para a importância de se adotar medidas efetivas e conter a proliferação do mosquito e das doenças. O zika vírus, particularmente, está associado a um número crescente de casos de microcefalia em recém-nascidos. Até 12 de dezembro haviam sido registrados 180 casos na Bahia, oito deles em Lauro de Freitas – com incidência per capita maior que a da capital. Salvador, com uma população 15 vezes maior, conta 97 casos. Os dados são da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do governo do Estado. A prefeitura de Lauro de Freitas continua a não divulgar os índices de infestação do mosquito, medidos pelo Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes Aegypti (LIRAa). Nova solicitação nesse sentido foi feita pelo editor da revista Vilas Magazine ao novo secretário municipal de Saúde, Emanuel Carvalho, em dezembro, quando visitou a Redação para informar da sua gestão na pasta. O prefeito Márcio Paiva (PP) diz que o município vem intensificando esforços para combater o mosquito transmissor das doenças. Ele pretende “promover um evento para tratar de questões ligadas à prevenção e combate” este mês. De acordo com dados do governo do Estado, em 2015 foram informados pelas unidades de saúde e registrados 374 casos suspeitos de dengue em Lauro de Freitas. Destes, 87 foram classificados como dengue. Estão sem classificação 100 casos. No mesmo período de 2014 foram notificados 240 casos suspeitos de dengue, o que sugere um aumento de quase 56% de acordo com o governo.

Até 1º de dezembro, foram notificados mais de 63 mil casos suspeitos de zika, quase 22 mil casos suspeitos de chikungunya e mais de 50 mil casos prováveis de dengue no estado da Bahia. Essa incidência representa um número de 420,65 casos a cada cem mil habitantes somente para a zika, 143,73 casos para chikungunya, e 332,82 para dengue. Somente em relação à dengue, em 2015, os 70.200 casos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação representam um aumento de 196,88%, quando comparado ao mesmo período de 2014, com 23.810 casos. Com o crescente número de casos de microcefalia, o Ministério da Saúde declarou, no dia 11 de novembro, Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional no país. Em dezembro foi lançado o Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, que pretende ser uma grande mobilização nacional envolvendo diferentes ministérios e órgãos do governo federal, em parceria com estados e municípios, para conter novos casos de microcefalia relacionados ao vírus Zika. O plano é dividido em três eixos de ação: Mobilização e Combate ao Mosquito; Atendimento às Pessoas; e Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa. Essas medidas emergenciais serão colocadas em prática para intensificar as ações de combate ao mosquito. Na Bahia, a ideia é reunir secretários municipais e técnicos de saúde para estabelecer as estratégias e disseminar as ações que já vêm sendo desenvolvidas, em três frentes: o combate ao mosquito, o atendimento às pessoas que estão com as doenças e outras consequências dessas enfermidades e a promoção do desenvolvimento tecnológico, educação e pesquisa. Quanto às prefeituras, responsáveis por colocar em prática as medidas, contam com incentivos financeiros a serem aplicados no combate ao vetor e em campanhas publicitárias. Aos municípios foi

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recomendado que estruturem e reforcem as equipes de combate, mobilizem as comunidades, as secretarias, e intensifiquem ações em espaços públicos. O acesso da população à saúde e acompanhamento, em especial às gestantes e recém-nascidos, é fundamental.

COMO COMBATER

Bomba atômica Fumigação A fumigação por inseticidas é usada, mas é uma espécie de último recurso. Não é a mais recomendada porque os mosquitos geram resistência e só os adultos sofrem os efeitos –larvas e ovos sobrevivem

O secretário estadual de saúde Fábio Vilas-Boas apresentou ainda um aplicativo para smartphone chamado Caça Mosquito, que ainda será lançado, para sistemas operacionais iOs e Android. Por meio do aplicativo qualquer pessoa será capaz de

O MOSQUITO O Aedes é o gênero mais famoso de mosquitos atualmente. O Aedes aegypti é o principal transmissor de dengue, zika e chikungunya. Outros, como o Aedes albopictus, também podem transmiti-las, mas não são tão importantes em número

informar a localização de focos do mosquito. Essa informação será georeferenciada automaticamente pelo GPS do aparelho e atualizará, em tempo real, o Mapa de Crescimento de Focos na Bahia, possibilitando acompanhar a evolução dos focos do inseto. u

Pode subir até 18 m (6 andares) e voar horizontalmente cerca de 100 m

Hábito mais diurno

Voa geralmente entre 0,5 e 1,5 m de altura

Telas A medida mais importante para proteger crianças (e quem não estiver usando repelentes) é o uso de telas e mosquiteiros

número 1 INIMIGO

Guerra de trincheiras Eliminação de criadouros A tentativa mais comum é a remoção dos criadouros (como em vasos de plantas ou caixas-d’água destampadas). É uma batalha difícil pela quantidade de possíveis criadouros existentes nos centros urbanos, mas pode ser a melhor estratégia a longo prazo. Para manter os ganhos é necessário manter uma vigilância sistemática

Conheça o Aedes aegypti, inseto que transmite dengue, zika e chikungunya, e saiba como se prevenir e combatê-lo

Ataque biológico Mosquito transgênico Um mosquito macho, que carrega gene ou bactéria letais para sua prole, é inserido no ambiente. Porém, a alternativa é cara, já que milhões de mosquitos teriam que ser soltos, além de eles serem mais sensíveis a inseticidas

Acasalamento Acontece em até 24 horas

Vida adulta 50 dias - Período em que a fêmea pica humanos

Desenvolvimento do embrião

Crescimento da larva

Maturação e eclosão

2 dias

5 dias

2 dias

HISTÓRICO Origem O Aedes provavelmente chegou ao Brasil em navios, tanto que Santos (SP) é a cidade com maior variedade de subtipos em todo o país

Urbanização A subespécie original africana vive na floresta. Já o nosso Aedes, só na cidade. Em regiões de mata no Brasil encontra-se ainda uma espécie silvestre

REPELENTES Tipo: com DEET Duração: até 4h Característica: criança não pode usar Preço: R$ 18

Tipo: com icaridina Duração: até 10h Característica: O mais caro e o mais duradouro, mas não pode ser usado por crianças Preço: R$ 54

CURIOSIDADE A transmissão vertical (de mãe para filho) e a horizontal (canibalismo entre as larvas) ajudam a espalhar os vírus entre os mosquitos, mas não se sabe se são relevantes

‘Evolução’ rápida No sentido biológico, o mosquito evoluiu pouco, mas ele se adaptou muito bem ao ambiente urbano, como ratos, baratas e pulgas

Roupas compridas São uma barreira física contra o mosquito. Meias e sapatos fechados também ajudam

Tipo: com IR3535 Duração: até 4h Característica: crianças podem usar a partir dos 6 meses, em doses baixas e uma vez ao dia; depois dos 2 anos, duas vezes ao dia Preço: R$ 32

CICLO DE VIDA Quantos dias dura cada estágio

Postura dos ovos Acontece várias vezes durante a vida

COMO SE ESQUIVAR

5 a 7 mm

7 DICAS PARA USO DE REPELENTES EM CRIANÇAS E GRÁVIDAS

1

Grávida pode usar qualquer um dos tipos

2

Bebês menores de 6 meses não podem usar repelente. Nesse caso a proteção deve ser com roupas e mosquiteiros

3

Crianças de 2 aos 7 anos só devem usar repelente até duas vezes ao dia

4

Aplicar somente na área exposta, não embaixo da roupa

5

Se for usar com filtro solar, passar o repelente por último, e não nas mãos

6

Não passar perto de boca, olhos ou nariz da criança

7

Não dormir com repelente

MITO DO COMPLEXO B Pesquisadores da Universidade de Wisconsin (EUA) tentaram ver se a suplementação com o complexo B poderia ajudar a repelir mosquitos. O resultado, no entanto, foi negativo. As pessoas suplementadas foram igualmente picadas

Fontes: Paulo Ribolla, entomologista e professor da Unesp; Leandra Metsavaht, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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Saúde & Bem-Estar

alérgicas. O período de maior risco é das 9h às 13h Onde o mosquito pica, geralmente? Especialmente na região dos braços e do abdome em adultos e da face em crianças. O mosquito voa geralmente a até 1,5 metro de altura A infecção por zika pode ser letal? Há registro de trêsmortes ligadas ao vírus no Brasil em 2015, sendo uma de um bebê com microcefalia. As outras são de uma jovem de 16 anos e de umhomem com lúpus – uma doença autoimune

O que é o vírus zika? É um vírus da família dos flavivirus, a mesma da dengue e da febre amarela Como é transmitido? Nas cidades, principalmente por meio do Aedes aegypti, que também transmite a dengue e a chikungunya Quais os sintomas? Mais de 80% dos casos são assintomáticos, mas alguns dos sintomas que podem aparecer são febre e vermelhidão (veja infográfico), que geralmente desaparecem depois de 3 a 7 dias O que é a microcefalia? Má-formação cerebral que faz com que bebês nasçam com a circunferência da cabeça menor que 32 cm. Ela pode afetar o desenvolvimento e causar dificuldades cognitivas, motoras e de aprendizado, entre outras O zika tem relação com os casos de microcefalia? Sim, além de a alta de casos acontecer nos mesmos lugares e época, o vírus foi achado no tecido nervoso de um recém-nascido

feto, se o cérebro ainda estiver em formação, há risco de as células não se desenvolverem nem migrarem, fazendo com que o órgão e a cabeça fiquem pequenos Que características aparecem no exame? Há uma diminuição dos giros cerebrais, deixando o cérebro com aspecto liso. Calcificações também podem surgir Quantos casos foram notificados em 2015? Segundo o Ministério da Saúde, já são 1.248 casos suspeitos no país (dados de 8 de dezembro), quase 10 vezes mais que em anos anteriores Planos de saúde cobrem exames e teste? O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor diz que o plano não pode se negar. Se o cliente tiver dificuldades, pode reclamar à AgênciaNacional de Saúde Suplementar Como se proteger? Elimine criadouros de mosquito e use calça e camisa de manga comprida, além de repelentes

Essa relação já era conhecida? Não. A situação é inédita na pesquisa científica mundial. Após os casos no Brasil, a Polinésia Francesa passou a investigar a relação, uma vez que um surto de zika atingiu seu território em 2013

Deve-se evitar gravidez neste momento? Alguns especialistas afirmam que sim. O Ministério da Saúde diz que a gravidez deve ser acompanhada desde cedo

Como o vírus afeta o cérebro do bebê? O zika tem uma tendência natural a atacar células nervosas. Uma vez que ele atinge o

Como saber se fui picado pelo Aedes? É difícil saber. Apicada do mosquito geralmente não coça nem provoca reações

Se a mulher for infectada antes da gravidez, o bebê corre risco? Se ela já estiver curada (geralmente de forma espontânea), o risco é baixíssimo Posso ter zika uma segunda vez? É pouco provável, pois o organismo já teria repertório para lidar com uma nova infecção O Aedes pode transmitir mais de um tipo de vírus na mesma picada? Em tese sim, mas isso ainda não foi observado. Por outro lado, já houve o relato de uma coinfecção em um paciente de zika com dengue Há vacina contra o zika? Não, e isso pode levar mais de uma década.O desenvolvimento seria mais fácil, porém, que o de uma vacina contra a dengue – já que há apenas um tipo de vírus zika, e quatro de dengue Se estiver carregando um feto com microcefalia, a mulher pode abortar? Por não estar previsto em lei, o aborto de fetos com microcefalia e que simultaneamente carreguem má-formações incompatíveis com a vida deve ser autorizado previamente pela Justiça O vírus zika também pode causar outros sintomas mais graves? Em adultos, é possível que o zika cause a síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica rara e paralisante. Há relato de casos após o contato com o vírus, mas a relação ainda não foi comprovada.

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AEDES X PERNILONGO

Aedes aegypti

Tamanho, hábitos e local de desenvolvimento são as principais diferenças

O mosquito Aedes é preto e tem marcas brancas no corpo e nas patas

5 a 7 mm

> Hábito mais diurno > Transmite dengue, chikungunya e zika > Voa geralmente entre 0,5 e 1,5 metro de altura > Pode subir até 18 m (6 andares) e voar horizontalmente cerca de 100 m

Uma vez infectada, a fêmea carrega o vírus por toda a vida

OQ QUE É O ZIKA O vírus foi isolado pela primeira vez em 1952, em Uganda. A doença é endêmica na África e Ásia. O primeiro caso registrado no Brasil foi em 2014. Há dois tipos, o africano e o asiático –que circula no país

Após o acasalamento, a fêmea passa a se alimentar de sangue, que ajuda a desenvolver os ovos

INFECÇÃO Caminho do vírus

SINTOMAS O vírus zika pode causar

Picada do mosquito

1 infectado com zika

Zika

Culex quinquefasciatus

3 a 4 mm

Placenta Dor de cabeça Vermelhidão e dor atrás dos olhos

> Hábito mais noturno > Transmite filariose, febre do Nilo ocidental e outras doenças > Se reproduz em águas com grande quantidade de matéria orgânica (ex: rio Pinheiros)

Vômitos Manchas vermelhas na pele

contraída 2 Se especialmente nos

32 cm

Dor articular

primeiros três meses de gravidez, o vírus pode atravessar a barreira da placenta e chegar ao feto Outras infecções, causadas por exemplo pelo citomegalovírus ou pelo parasita Toxoplasma gondii, também têm essa capacidade

a barreira 3 Superada da placenta, o sistema

imunológico do feto ainda não está desenvolvido e é mais suceptível ao vírus, que tem tendência natural de atacar o sistema nervoso. Essa característica é chamada de neurotropismo

1 a cada 5

pacientes apresenta os sintomas

139

2010

2011

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1.248

casos suspeitos até 28.nov

Situação normal

Com zika

Células do cérebro crescem e se multiplicam

A infecção impede que as células do cérebro crescam, se multpliquem e migrem

MICROCEFALIAS POR ANO NO PAÍS 153

Critério para microcefalia Circunferência da cabeça menor que 32 cm

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175

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Saúde & Bem-Estar

ANÁLISE

Uma defesa do exame de

próstata Miguel Srougi

H

á no Brasil 12 milhões É difícil entender de homens com mais recomendação de de 50 anos; dois milhões deles sofrerão de cângrupo dos EUA contra cer da próstata. exames preventivos, Essa estatística contrapõe-se a outra, mais alentaescreve urologista; dora: de cada cem pacientes para evitar umas acometidos pelo mal, somenpoucas intervenções te cerca de 8% morrerão por causa da doença. desnecessárias, Conclusão: a maioria dos deixaremos de pacientes sobrevive. Alguns resistem por portarem tumoidentificar tumores res indolentes, que não proquando ainda são gridem. Muitos outros, graças a ações médicas reparadoras, curáveis? como cirurgias. Recentemente, o United States Preventive Services Task Force (um grupo de especialistas que analisa evidências médicas) se posicionou contra a realização de exames preventivos da próstata em homens maduros. O argumento era que esses programas identificam muitos casos de câncer indolente, que seriam tratados de forma desnecessária. Confesso que eu, assim como a maioria da comunidade urológica, não compreendi bem a recomendação. Frequentemente nos deparamos com homens de menos de 60 anos que já apresentam um câncer avançado, muitas vezes incurável. Isso não teria ocorrido se o mal fosse identificado mais cedo. Uma pesquisa americana concluiu que, entre os casos de câncer da próstata descobertos em exames preventivos, 15% são tumores do tipo indolente, verdadeiros traques (estalos) de São João; 60% são doenças agressivas, mas curáveis se diagnosticadas a tempo; 25% já são avançados, mísseis nucleares desgovernados.

Por esses números, fica claro que, sob o argumento de evitar intervenções desnecessárias em 15% dos pacientes (que, aliás, podem atualmente ser identificados e poupados de qualquer tratamento), serão prejudicados 60% dos portadores de tumores potencialmente

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Inspire-se e com já a fazer o bem!

qq entre os casos de câncer da próstata descobertos em exames preventivos, 15% são tumores do tipo indolente, verdadeiros traques (estalos) de São João; 60% são doenças agressivas, mas curáveis se diagnosticadas a tempo; 25% já são avançados, mísseis nucleares desgovernados.

curáveis e que deixarão de ser identificados no momento propício. Corroborando esse conceito, estudo europeu mostrou que, para cada cem pacientes destinados a morrer pelo câncer da próstata, 27 terão a vida preservada se fizerem exames preventivos. RISCOS Para explorar a presença de câncer da próstata, os especialistas recorrem ao exame de toque e às dosagens de PSA (antígeno prostático específico) no sangue. Injustamente, o toque da próstata gera sentimentos tenebrosos na mente masculina. A verdade é que ele costuma ser realizado em menos de cinco segundos, de forma indolor. Para os mais recalcitrantes, gostaria de dizer que muito pior do que o desconforto psicológico de alguns segundos é o flagelo que perdura por anos quando um câncer é descoberto tardiamente. No que se refere ao tratamento, quatro estudos recentes mostraram que as chances de cura com a cirurgia radical são de 20% a 40% maiores do que as obtidas com

a radioterapia, principalmente se a doença for agressiva. Além do mais, se o tumor reincide após a cirurgia, pode-se recorrer à radioterapia. A cirurgia é acompanhada de impotência sexual em 70% dos homens com 70 anos, entre 30% a 50% dos indivíduos com 65 anos e entre 10% a 20% dos pacientes com menos de 55 anos. Produz ainda incontinência urinária em 3% a 35%. A radioterapia, ao contrario do que se afirmava, associa-se a iguais riscos de disfunção sexual e pode causar complicações intestinais e de bexiga em 15% a 35% dos casos, às vezes mais devastadoras que o próprio câncer. ROBÔS Conscientes das sequelas, alguns cirurgiões anunciaram o advento da cirurgia auxiliada por robô. Mas a técnica tem suscitado várias questões. O aprendizado é demorado e beira os limites da ética: a proficiência do médico só é alcançada após mais de 250 intervenções. Até que se atinja esse patamar, as cirur-

gias podem demorar até onze horas e têm complicações frequentes, às vezes fatais. A ideia de melhor preservação das funções sexual e urinária com a intervenção robótica também parece ser falaciosa. Os cinco estudos mais qualificados comparando as técnicas robótica e aberta demonstraram igual frequência de complicações. No câncer de próstata, os tratamentos que curam também podem comprometer a qualidade de vida. Por isso, um médico só exercerá com grandeza o seu papel de guardião do corpo e da alma se, na saída e na chegada, levar em conta não apenas a doença, mas também os sentimentos dos pacientes. Isso significa optar pela terapêutica mais eficiente quando preservar a vida for a questão mais relevante – ou escolher o tratamento menos agressivo se as complicações possíveis forem intoleráveis. MIGUEL SROUGI, 68, é professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP, pós-graduado em urologia pela Universidade Harvard (EUA)

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Viver Bem

Alimentação deve ter muitas frutas e pouca fritura no calor

C

om previsão de temperaturas recordes neste verão, que começou no dia 22 de dezembro, é necessário mais do que um bom ventilador para se refrescar. É preciso prestar atenção em detalhes para sair às ruas ou ficar em casa, como no tecido das roupas e nos alimentos. Uma dica de que pouco se fala, mas que ajuda muito, é ter planta em casa. Segundo a médica de família e comunidade Ana Paula Lemes, membro da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, as plantas conseguem reter umidade e proporcionar menos calor. “Alguns experimentos mostram que os ambientes bem arborizados chegam a marcar seis graus a menos de temperatura ambiente”, afirma a médica. A clínica-geral Nicole Maria Gatti afirma

que também é importante se refrescar de dentro para fora. “É importante fazer alimentações leves, consumir mais frutas e verduras e menos frituras e laticínios”, ensina Nicole. Entre as dicas de alimentos refrescantes estão o pepino e a melancia, que podem ser conservados na geladeira e consumidos gelados. Ainda no quesito alimentação, as médicas desaconselham o consumo de alimentos industrializados, inclusive sucos de caixinha e lata. Segundo Nicole, eles contêm muito sódio, que aumenta a retenção de líquidos e, consequentemente, o inchaço nos pés e pernas. “O melhor é apostar na comida natural. Quanto mais natural, melhor para a saúde”, ressalta Nicole. Ana Paula lembra ainda que devemos

ficar atentos para evitar as doenças comuns do verão, como as micoses, queimaduras solares e doenças transmitidas por mosquitos (como dengue e zika, por exemplo). Além, claro, da desidratação, causada pela perda de água, sódio e potássio (veja quadros).

Atenção deve ser maior com criança e idoso

É

preciso estar muito atento às crianças e aos idosos nesta época do ano. Esse é o grupo de maior risco de contrair doenças por causa do calor excessivo. “Eles não pedem água e alguns pais ou cuidadores se esquecem de aumentar a quantidade de oferta de água. Os idosos sofrem mais porque geralmente não têm por hábito beber água”, explicaamédica de família Ana Paula Lemes.

Bárbara Souza / Folhapress.

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Viver Bem

Época de sol exige mais cuidado de quem tem cravos e espinhas

C

om a predominância dos dias mais quentes e ensolarados nesta época do ano, existem no mínimo três recomendações para quem quer evitar manchas causadas pela acne: mantenha a pele limpa, use protetor solar diariamente e nunca esprema cravos e espinhas. “Se tiver uma espinha enorme e não cutucar, ela regride e raramente vai manchar a pele”, afirma o

dermatologista Claudio Wulkan. Por mais que ela incomode, espere um pouco, pois ela não dura tanto assim. “Tem o período em que ela vai aumentar e depois diminuir. Isso varia de dois a cinco dias”, acrescenta Wulkan. O calor aumenta a produção de suor, que pode causar mais oleosidade na pele e favorecer o surgimento de acne. Daí a importância de manter a pele limpa. Para

evitar manchas, é importante usar o protetor solar indicado para sua pele. A acne é uma doença inflamatória crônica, que apresenta variantes clínicas diferentes. “A principal causa é o estímulo hormonal, por isso é mais frequente na fase da adolescência, quando se iniciam os estímulos hormonais”, explica a dermatologista Carla Bortoloto. Segundo Claudio Wulkan, a questão hormonal também pode ser a causa de cravos e espinhas em mulheres adultas. “Cerca de 10% das mulheres têm acne”, afirma ele. Outros fatores também podem facilitar

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o surgimento de cravos e espinhas, como a predisposição da pessoa, fator hereditário, a alimentação, exposição a agentes oleosos, como cremes gordurosos, e alguns medicamentos (veja quadros). O tratamento, segundo os médicos, consiste na combinação de pele limpa, com o uso de produtos, como ácido retinoico, e até de medicamentos. “O tratamento é feito dependendo de cada caso em particular, e sempre deve ser determinado por um especialista”, afirma a dermatologista Carla Bortoloto. Evite muita gordura e condimentos Se você identificar que determinados alimentos causam espinhas, evite comêlos, diz o dermatologista Claudio Wulkan. Segundo os médicos, alimentação rica em gordura, açúcar e condimentos pode proporcionar a piora do quadro de acne. “Alimento gorduroso poderá indiretamente aumentar os hormônios que desencadeiam um quadro de acne”, diz a dermatologista Carla Bortoloto. Bárbara Souza / Folhapress.

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Mundo Pet

Ter um bicho faz bem à saúde Os animais de estimação reinam nos lares brasileiros. E que bom! Surgem evidências de que, além da amizade e do carinho, o convívio com eles traz ganhos palpáveis à saúde Sílvia Lisboa / Abril Comunicações S/A

M

édicos, cientistas e companhia estão à caça de uma nova (e certeira) tática para domar o boom de doenças cardiovasculares. É uma busca preocupante: infartos e derrames figuram hoje como a principal causa de morte no mundo. A receita para prevenir o entupimento das artérias, você deve saber, passa por alimentação balanceada, atividade física, controle do estresse… Na teoria, muito simples. Na prática, outros quinhentos. Ciente de que mudar o estilo de vida é, para a maioria das pessoas, uma missão hercúlea, a Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês) decidiu vasculhar outras estratégias capazes de viabilizar esse plano de contenção. E, após vasta pesquisa, chegou a um aliado inusitado. Ele é peludo, tem quatro patas e, às vezes, dá aquele olhar pidão. O documento publicado pela AHA atesta categoricamente: ter um bicho de estimação, em especial um cachorro, reduz a probabilidade de sofrer um piripaque cardíaco. “Na última década, travamos conhecimento de diversos estudos associando

os pets a um menor risco cardiovascular”, declara o cardiologista Glenn Levin, autor da revisão científica que embasa a entidade. Um desses trabalhos, feito na Austrália, analisou 5 741 pessoas e detectou que os donos de animais apresentam níveis de pressão arterial e gordura no sangue significativamente mais baixos do que os sujeitos sem um bicho em casa. Outras pesquisas, que sedimentam a declaração da AHA, ajudam a entender achados como esse. Elas revelam que ter um cão nos deixa menos sedentários, por exemplo. Brincar e passear com o amigo quadrúpede torna as pessoas até 70% mais propensas a bater a meta recomendada de exercícios — no mínimo meia hora por dia, cinco vezes por semana. Já faz diferença para afugentar ameaças aos vasos sanguíneos, como colesterol alto e hipertensão. Um levantamento australiano apurou que os passeios em volta do quarteirão acrescentam dez minutos ao tempo semanal

de caminhadas. Parece pouco, mas ajuda a tirar o organismo da zona de conforto sedentário. Outro estudo, este da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, descobriu que os cães acabam com a desculpa de não andar pelas ruas porque espantam inclusive a sensação de insegurança (claro que o porte conta alguns pontos aqui). Aí, com a coleira na mão, aumentam as chances de o dono se safar também dos quilos extras. Mas as vantagens não se restringem ao incentivo para hábitos saudáveis. A convivência afasta a solidão, reduz a tensão e injeta felicidade. Bastam 20 minutos de interação com o mascote — cachorro, gato, papagaio... — para uma cascata de neurotransmissores e hormônios inundar nosso corpo. Testes feitos pelo zoólogo sul-africano JohannesOdendaal registraram aumento na liberação de dopamina e endorfina (prazer), ocitocina (afeto) e feniletilamina (um antidepressivo natural). “São substâncias que contribuem para baixar o

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estresse e a pressão, importantes fatores de risco para o coração”, diz o cirurgião cardíaco Eduardo Keller Saadi, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É lógico que ninguém propõe correr para a feira de filhotes com o único intuito de prevenir um infarto. O apego e o envolvimento com o bicho têm de ser legítimos — inclusive porque há toda uma rotina de cuidados com ele. Se isso ocorre de maneira natural, os dois são presenteados com um pacote generoso de bem-estar. Que o diga uma pesquisa da Universidade de Miami, em solo americano, que esmiuçou, por meio de questionários, a personalidade, o comportamento e os hábitos de 217 pessoas. A surpresa veio quando as respostas foram analisadas pelo seguinte critério: ser dono ou não de um pet. A primeira turma tinha autoestima mais elevada e lidava melhor com as preocupações cotidianas. Mas não é necessariamente uma cabeça zen que se traduz num coração protegido. “O

convívio com animais propicia uma maior variação na frequência cardíaca’’, conta Saadi. E essa alternância no ritmo de batimentos — mais pausada quando ficamos fazendo um cafuné no bicho no sofá, mais acelerada ao brincar com ele — já está relacionada a um menor risco de sustos ao peito. Parece que o coração não curte a mesmice e se fortalece com a mudança de estímulos. Isso ajuda a explicar o papel positivo dos animais até quando o pior acontece e o sujeito infarta. Uma equipe da Universidade da Cidade de Nova York acompanhou 369 americanos vítimas de ataque cardíaco e constatou que o índice de mortalidade foi quatro vezes maior entre os indivíduos que não moravam com um pet. A hipótese é que a relação com um mascote tenha uma repercussão direta na resposta do organismo a um estresse profundo — no caso, o infarto. Um experimento de outra universidade americana, a de Buffalo, reforça essa ideia: os animais auxiliam a vencer o nervosismo após eventos que fazem a gente perder o chão. E, em algumas circunstâncias, o efeito da presença deles supera até o de medicamentos. No estudo, remédios para controlar a pressão foram testados em pessoas com ou sem um pet no lar. Em situações de muito estresse, as drogas em si se mostraram inócuas nos dois grupos. E é aí que o bicho pegou: os especialistas observaram

que os donos de animais conseguiram obter um melhor controle da pressão pelo mero fato de tê-los ao lado em momentos ruins. O melhor amigo da imunidade? Estão surgindo pistas de que a convivência com bichos também deixa nosso sistema de defesa esperto — e essa influência, claro, seria mais impactante na infância. Diferentemente do que já se imaginou, a companhia de cães e gatos não eleva o risco de alergias em si, e inclusive protegeria crianças pequenas de infecções. “A imunidade se desenvolve mais precocemente quando se tem contato com os animais”, explica Luiz Fernando Jobim, chefe do Setor de Imunologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. É como se pelos, lambidas e as bactérias que pegam carona nelas treinassem nossas células para atacar o que, de fato, é perigoso. Prova desse efeito vem de um trabalho do hospital americano Henry Ford, que monitorou 565 pessoas do nascimento aos 18 anos. Nesse meio-tempo, os cientistas colheram amostras de sangue e compararam a incidência de alergias. Primeira conclusão: não houve aumento de crises em indivíduos que viviam com animais desde cedo. Segunda conclusão: pessoas que, quando pequenas, foram criadas com um cão ou gato apresentaram um risco 50% u menor de virarem alérgicas.

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Mundo Pet

Uma investigação realizada lá na Finlândia e focada em bebês aponta que aqueles expostos a pets correm uma probabilidade 30% menor de desenvolver infecções respiratórias. Segundo Jobim, os pais não precisam temer tanto as alergias, a menos que a criança já tenha um histórico de reações do gênero. “Mas é importante lembrar que os pelos dos animais são como um tapete, capaz de juntar ácaros, os maiores vilões nesses casos”, alerta. Então já sabe: tem que manter a casa limpa, e os bichos com o banho em dia. A paixão pelos animais é tamanha que cientistas estão tentando decifrar a tendência atual de optar por ter mais bichos de estimação do que filhos — algo que, como mostra o IBGE, já acontece no país. O fato é que, embora os motivos que levam as pessoas a adotar um labrador, um coelho ou um canário nem sempre sejam os mesmos, nossa atração por outras espécies tem razões biológicas e sociais, forjadas em milênios de convívio. Recentemente, um grupo de estudiosos suecos revelou que os cães foram domesticados entre 27 e 40 mil anos atrás. Sim, é uma troca de favores (eu lhe dou abrigo, você me dá proteção) muito antiga e que foi passada de geração em geração. As razões dessa amizade mudaram, mas permanece o apego hereditário por cachorros — e, com o tempo, por outros membros da fauna. Aliás, a própria reação dos bebês diante dos pets atesta quão inato é esse apego. A psicóloga Vanessa LoBue e colegas da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, conduziram, em 2013, um experimento para testar se crianças de 1 a 3 anos preferiam brincar com bichos de pelúcia ou animais de verdade. Não deu outra: os pequenos gostam mesmo é de interagir com os tipos de carne, osso e sentimentos. Na cabeça dos adultos, os bichos ganham realmente um status de crianças eternas, como comprovou um trabalho do Hospital Geral de Massachusetts, também em terra americana. Quatorze mães (no sentido literal) foram submetidas a exames de ressonância do crânio enquanto olhavam para fotos de seus filhos e de seus

cãezinhos. A atividade cerebral evocada pelas imagens era semelhante nos dois casos, indicando que o instinto materno é estendido aos animais. “Ouvir o ronronar de um gato ou acariciar um bicho por cerca de 20 minutos também ativa a liberação de prolactina, hormônio ligado ao prazer e à produção de leite”, relata a psicóloga e pet terapeuta Karina Schultz, de Porto Alegre. Dá até pra entender aquele tratamento à base do “Vem aqui com a mamãe”, né? Bichos são mais que bons companheiros. Muitos já ganharam o título de terapeutas. O potencial de cavalos, cães, gatos, coelhos e pássaros como coadjuvantes na reabilitação

de pacientes é um foco crescente de estudos e experiências em hospitais. O geriatra Renato Guimarães implementou na Universidade de Brasília há mais de uma década um projeto pioneiro com cães e portadores de Alzheimer. “O contato com o animal ajuda a recuperar sentimentos perdidos”, observa. “Um dos pacientes voltou inclusive a cuidar do cãozinho que ele tinha em casa”, conta. É um treinamento cognitivo movido a afagos e lambidas. Já a ONG americana Dogs4Diabetics adestra cachorros para reconhecer crises de hipoglicemia em donos diabéticos. As quedas no nível de açúcar no sangue

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NÚMEROS QUE SÃO O BICHO A população animal já supera a de crianças no Brasil 52 milhões de cães habitam as residências brasileiras, segundo o IBGE. O número de crianças por aqui fica atrás, com 45 milhões 44,3% dos lares do país abrigam um cachorro. A Região Sul lidera com um percentual de 58,6% 17,7% das casas possuem um gato, sendo que o Nordeste é o campeão na preferência por felinos 4º lugar É a posição que o Brasil ocupa no ranking dos países com mais animais de estimação. São 132 milhões de bichos provocam tremor, suor frio e taquicardia, mas podem evoluir para convulsão, perda de consciência e morte. Os animais aprendem a identificar os primeiros sinais e acenar, com latidos, para o proprietário. “Treinamos nossos cães para alcançar pelo menos 80% de eficácia nos alertas”, diz Ralph Hendrix, vice-presidente da ONG. Para o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, só é preciso ter em mente que, em metade dos episódios de hipoglicemia, o sujeito não sente nada. “Por isso os cães não podem substituir o monitoramento constante com os aparelhos de medir glicose”, ressalva. Os bichos vêm circulando por corredores de hospitais do Brasil e do mundo — como visitantes e coterapeutas. Na capital paulista, o Hospital Israelita Albert Einstein autoriza a visita de animais de estimação aos seus donos internados após autorização do médico e avaliação prévia do pet. A entidade diz que a iniciativa tem contribuído para reduzir o tempo de internação. No Hospital Infantil Sabará, também em São Paulo, cães treinados acompanhados de um instrutor entram nos quartos e salas para animar as crianças uma vez por semana. A tristeza e o medo cedem lugar a sorrisos. “Depois que os cães passam, elas aceitam melhor os procedimentos que as afligem”, conta a enfermeira Flávia José Russo, coordenadora do grupo de humanização do Sabará. “E assim o hospital se torna um ambiente menos hostil”, completa. A terapia assistida por animais beneficia especialmente crianças com paralisia cerebral e distúrbios psiquiátricos. E, nesse ponto, merecem medalha de ouro os cavalos. Após a Primeira Guerra Mundial, médicos perceberam que, ao trotar em equinos, ex-soldados lesionados pelas batalhas se

recuperavam mais depressa. “Hoje sabemos que isso se deve ao fato de o trote do cavalo ser similar ao da marcha humana”, explica a fisioterapeuta Mylena Medeiros, Ph.D. em equoterapia e autora de quatro livros sobre o tema. Para quem perdeu ou não possui equilíbrio ao andar, como vítimas de paralisia cerebral, o movimento do animal exige que o corpo faça uma série de ajustes posturais e movimentos de rotação e flexão que dificilmente são reproduzidos de outra forma. Daí os ganhos no desenvolvimento motor. Pesquisas do Instituto de Psicologia da USP revelam, por sua vez, que crianças autistas, com dificuldade de interação social, apresentam melhoras em aspectos comportamentais e comunicativos com a

terapia assistida por cães. A neurocientista Patrícia Lima Muñoz conduziu e filmou dez sessões desse tipo. Em uma delas, uma menina ficava o tempo todo no canto da sala, voltada para a parede e fazendo movimentos repetidos como debulhar o cabelo e se balançar. Na primeira vez que o cachorro entrou no recinto, sentou-se ao lado dela e ali permaneceu, como se dissesse “Estou aqui quando você precisar”. Na segunda consulta, o bicho arriscou uma aproximação e passou a acompanhar a garota no seu balanço. Na última, a menina saiu do cantinho e brincou com o novo amigo. “É incrível como os cães parecem saber exatamente como agir”, nota Patrícia. Uma sensibilidade que tem feito um bem danado à espécie u humana há pelo menos 27 mil anos

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CHECKLIST DO DONO O que precisa ser levado em conta antes de adotar ou comprar um animal de estimação ROTINA Todo bicho requer atenção, mas alguns lidam melhor com donos que passam o dia fora de casa, como gatos, peixes, aves, répteis e coelhos, que dormem de dia e acordam à tardinha. AMBIENTE É a velha história de não querer criar um são-bernardo em um apartamento minúsculo. Animais maiores precisam de espaço. Se a casa é pequena, prefira um pet pequeno. CRIANÇAS O ideal é que elas convivam desde cedo com os bichinhos para não haver estranhamentos. Mas vale evitar pássaros, devido a bicadas e zoonoses, e os répteis, mais ariscos. VIAGENS Se você viaja muito por aí, informe-se antes sobre hospedagens próprias para o seu animal ou formas de levá-lo junto no carro ou avião sem estressá-lo demais. CLIMA Em geral, bichos sofrem mais no calor, sobretudo coelhos, chinchilas ou cães de focinho curto, que precisam ficar em ambientes frescos (às vezes até com ar condicionado). FORA DE CASA Não quer a obrigação de passear quase todo dia? Prefira gatos, peixes, pássaros, coelhos, hamsters ou répteis. Cães não são indicados, mesmo os de pequeno porte.

ELE PEDE MUITA ATENÇÃO Para retribuir todo o benefício da convivência, devemos dar carinho e prezar alguns cuidados Comes e bebes Animais em geral precisam de livre acesso a água, que deve ser trocada regularmente. Na alimentação, o conselho é priorizar as rações de acordo com o porte. Comida natural está liberada se o veterinário autorizar No chuveiro Banhos são bem-vindos, mas no máximo uma vez por semana — e com produtos específicos. Tosas higiênicas, que compreendem apenas barriga, genitais e focinho, são recomendadas a cada 15 dias em algumas raças Picadas do bem Há um esquema de vacinas para os pets novinhos, crucial para prevenir infecções fatais. Certos imunizantes, como o da raiva, exigem reforço anual. O veterinário dá recomendações específicas sobre o calendário individual. Olá Doutor! O ideal da prevenção já chegou ao consultório veterinário. Então leve o animal uma vez por ano, inclusive para ter orientações sobre antipulgas e vermifugações. Bichos idosos dependem de um checkup mais frequente. Festa todo dia É essencial criar um espaço gostoso para o pet brincar e se exercitar — mesmo quando não estamos por perto. Brinquedos e prateleiras são venerados pelos gatos, enquanto os cães se divertem com bolinhas e correrias ao ar livre.

O LADO B DOS BICHOS

Alguns animais podem transmitir doenças graves. A contaminação de alimentos com fezes de felinos, por exemplo, é uma das principais vias de contágio da toxoplasmose, mal que ameaça sobretudo os bebês na barriga da mãe. “Evite deixar o gato sair à rua para não caçar ratos e pássaros com o parasita”, orienta a veterinária Hilda Pena, da USP. Já papagaios podem ser portadores da bactéria clamídia, perigosa para indivíduos com a imunidade comprometida. Cães que rondam pelos campos (ou ruas) e têm contato com roedores estão suscetíveis a leptospirose e raiva. “Daí a importância de lavar bem as mãos após interagir com eles”, diz a veterinária Gisele Stein, de Porto Alegre. Certas pessoas ainda apresentam alergia a substâncias presentes no pelo ou na saliva de cães e gatos, o que, não raro, demanda tratamento.

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QUAL É O SEU BICHO Características que merecem ser respeitadas antes de você chamar um pet de seu 1 Cão pequeno Companheiros ideais para apartamentos. Lhasaapso, shihtzu e yorkshire são mais independentes, enquanto poodle, maltês e spitz, apegados ao dono. Pug e buldogue francês são quietinhos, e o chihuahua late à beça.

8 Tartaruga Pode viver décadas, mas você tem de oferecer alimentação com frutas e verduras frescas, espaço para ficar ao sol e um pouco de água para nadar. Não espere interação e delimite o hábitat para evitar que elas se percam ou corram riscos.

2 Cão médio Bordercollie, goldenretriever e labrador são raças inteligentes, carinhosas e espoletas. Necessitam de espaço em casa e passeios. São indicados para famílias com crianças porque são fortes e toleram melhor brincadeiras.

9 Peixes São animais de observação, que acalmam só de olhar. Vivem até cinco anos e não necessitam de um baita espaço. O aquário pede manutenção, e vale checar que espécies convivem bem — betas são solitários por natureza.

3 Cão de guarda Eles não servem só para defender a casa, não. O boxer é brincalhão e interage com as crianças. O rottweiler até pode ser dócil e exige um bom quintal. Pit bulls são agressivos com outras raças, mas não com os donos (desde que sejam bem tratados).

10 Repteis Lagartos se dão bem em pátios com árvores e se deliciam com insetos. Até gostam de um carinho, mas têm hábitos noturnos. Iguanas amam um galho e um cardápio de folhas verdes. Só tenha atenção com as garras delas.

4 Cão grande Apesar do tamanho, raças como são-bernardo e dogue alemão são reservadas. Podem ser desastrados quando jovens e necessitam de espaço e passeios frequentes. O dono também precisa ter força para conduzi-los por aí. 5 Gato peludo Persas e himalaias adoram dormir no colo e receber carinho, por isso são recomendados para casas com crianças ou para quem nunca teve felinos. São calmos e tímidos com estranhos. Sua vasta pelagem cobra alguns cuidados.

11 Cavalos Podem ser muito dóceis, ainda mais se forem acostumados com o dono desde pequenos. Não existe uma raça mais amigável, mas cavalos de marcha castrados são muito indicados. Pesam no bolso, uma vez que são criados em sítios ou haras.

6 Gato de pelo curto Siameses são imprevisíveis: ora calmos e fiéis, ora mal-humorados. Já os vira-latas não têm um perfil único. Por isso, antes de adotá-los, analise o comportamento. Em todo caso, eles ficam mais amáveis ao se acostumar com o novo lar.

12 Roedores Os coelhos anões são amáveis, independentes e se limpam sozinhos. Vivem uns oito anos e roem até roupa (!). Hamsters cobram gaiolas espaçosas com brinquedos. Como são sensíveis, nada de ficar pegando neles toda hora.

7 Pássaros Calopsitas, periquitos e papagaios curtem a interação com os humanos, enquanto canários são cantores reservados. Atenção: só vale comprar em criadouros autorizados, e é melhor criá-los desde cedopara que se adaptem ao ambiente Janeiro de 2016 | Vilas Magazine | 41

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Jaime de Moura Ferreira Ad­mi­nistrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. E-mail: jamoufer@atarde.com.br

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O comentário

ostei um comentário na rede social facebook, que dizia: “Estou preocupado com o que está acontecendo no nosso querido Brasil. Ultimamente, os brasileiros passaram a discutir a situação política com muito rancor, ensejando que amigos, parentes, companheiros, profissionais diversos e religiosos busquem soluções para o nosso problema, através da descompostura, ataques malévolos, e insinuações imagináveis em suas mentes que, com certeza, desagradará a um determinado lado. Temos que entender que estamos vivendo uma crise que deixa a todos estupefatos, porém, devemos ter a consciência que o Brasil é único e que todos nós somos brasileiros, por isso, irmãos”. Vários concordaram e alguns, de forma bem carinhosa protestaram, fazendome entender uma crítica velada. A grande realidade é que muitos brasileiros estão indignados. Porém essa situação, penso eu, é provocada pela nossa cultura pacifista, acomodada e desleixada para com os acontecimentos sérios e pela falta das cobranças à gestão pública, tão necessárias. Poucos são os políticos que fazem da sua atividade uma missão eterna, em busca da melhoria da qualidade de vida da sua comunidade. Raros se “dedicam a pensar o país”; poucos chegam ao poder político e permanecem defendendo uma causa, seja qual for, educacional, preservação ambiental, defesa das crianças abandonadas e dos idosos, evolução da economia e tantas outras. O que se vê é a luta “democrática” pelo poder e, quando este é alcançado, a causa do político, via de regra, passa a ser o seu aumento patrimonial. O pior é a constatação da briga, hoje, entre os políticos, para alcançarem seus objetivos e, amanhã, estarão abraçados, pertencendo a um mesmo grupo. Ora, sendo assim, torna-se difícil identificar situação e oposição. Com essa percepção, devidamente comprovada, por que usarmos a rede

social para destilarmos nossos rancores políticos, se, no momento da votação, a maioria dos eleitores deixa de cumprir o sagrado direito de votar acertadamente? Acontece que os eleitores, na sua maioria, são culpados por esse descaso dos políticos, pois, quando das eleições, não procuram distinguir aqueles que possuem uma causa a defender e muito menos suas realizações. Também, não acompanham sua atuação, após eleito. Sequer pesquisam sobre a história do candidato. Geralmente, os votos vão para amigos, parceiros de qualquer natureza, indicação de conhecidos ou, bem pior, para se beneficiarem com empregos e manutenção do seu status. O sistema político brasileiro vem se especializando, ao longo dos anos, para a negociação mercantilista do poder, haja vista a existência de mais de trinta partidos registrados, como se a gestão pública fosse, tão somente, troca de benesses. Assim, os partidos políticos assumem o papel de coadjuvantes e não de executores da gestão pública. Falta compromisso para com a nação. Via de regra, quem foi eleito defendendo causas, ou modifica seus valores e atitudes, ou será colocado ao lado, como um leproso, ou engolido pelo sistema existente. Então, prevalece o desrespeito às instituições, o descaso para com os três poderes da República e o conflito flagrante da briga entre eles, buscando ser o mais poderoso. Tudo que foi citado cria a indignação de alguns e a defesa radical de outros, gerando a situação de raiva e rancor, que abordo, podendo transformar nosso país, reconhecido mundialmente pela pacatez e simpatia do seu povo, em uma perigosa panela de pressão. Será que falta tempo aos brasileiros, em seus respectivos redutos, pesquisarem a vida pessoal e profissional dos políticos, que pretendem iniciar ou continuar na política? O ideal seria alertá-los sobre a execução de suas promessas e enviar-lhes correspondência, que poderia ser pelas redes sociais, pela internet e até diretamente, informando que as mesmas seriam acompanhadas e, caso não viessem a ser cumpridas, eles seriam abandonados

ao destino que criaram. Dessa forma, os políticos, pelo menos, identificariam que estavam sendo cobrados.Pela indiferença da maioria do povo brasileiro, no que se refere às realizações dos gestores públicos, essa atitude, a princípio, seria identificada como grande bobagem. A realidade absoluta é que o povo brasileiro está atônito, sem rumo e com a sensação de vertigem e que, dessa forma mergulhará num poço sem fundo. Onde estão as grandes lideranças do nosso país, de todos os segmentos, para assumir o comando e superar a crise, em um grande diálogo institucional, respeitando nossa Constituição? Ainda há pouco, assistimos a ministra Carmen Lúcia (Supremo Tribunal Federal), no seu voto pela prisão do senador Delcídio Amaral, apresentar uma expressão que ficará na história do Brasil: “Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penal 470 [mensalão] e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil”. Pronunciamento dessa envergadura assemelha-se ao do grande Ruy Barbosa, de 1914: “de tanto ver crescer as nulidades...” Então, retorno ao início do meu comentário e, com força redobrada, insisto que os ódios e rancores externados no facebook pouca influência terá, pois a maioria dos brasileiros são os verdadeiros culpados por tudo que aí está, de uma forma ou de outra.

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