ENERGIA SOLAR LAURO DE FREITAS JÁ TEM GERAÇÃO PRÓPRIA
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Editorial
Interessante desinteresse
Carlos Accioli Ramos Diretor-editor
Aconteceu no mês passado na Câmara Municipal uma audiência pública com plateia lotada para debater a legislação municipal de proteção animal, uma proposta do presidente da Câmara, vereador Antônio Rosalvo (REDE). Para frustração da Remca, a entidade local de defesa dos animais, além do próprio Rosalvo, autor do projeto de lei, participou da audiência apenas mais um vereador, Matheus Reis (PSDB). É preciso lembrar que a população, em todos os seus segmentos, merece a atenção dos 17 vereadores para as suas demandas. Pode-se imaginar que um outro vereador tivesse compromisso inadiável, não podendo comparecer, mas não 15 de uma vez. Estiveram presentes representantes de diversos segmentos. Além de protetores individuais, veterinários, responsáveis por pets shop, o ex-secretário de Meio Ambiente Márcio Crusoé, representantes das secretarias de Assistência Social e Meio Ambiente, a Procuradoria Jurídica, o Conselho Municipal do Idoso, o Conselho Tutelar da Criança e Adolescente, representantes de grupos de Proteção Animal de Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari, o Grupo de Ação de Castração, a ONG Célula Mãe, o Grupo Amor Animal e ativistas como Victor Quilici, assessor do presidente da Câmara. Apareceu meio mundo. Só não apareceram os outros 15 vereadores. A crítica recorrente que se faz a iniciativas desse tipo é que a cidade tem problemas mais graves a resolver. O que os críticos não percebem é que esses problemas não serão resolvidos apenas por ignorarmos todos os outros temas. Instituir uma legislação que tem amplo apoio popular, além disso, só faria bem ao currículo dos nossos vereadores.
O mosquito, ainda e sempre O tumulto na cena política e econômica do país, grave como há muito tempo não acontecia, vai levando para a sombra todos os demais desafios do país, com destaque para a crise de saúde causada pela falta de combate ao Aedes Aegypti. O tema praticamente saiu de pauta na grande imprensa, oferecendo às autoridades um desmerecido refresco. Vivemos tempos sombrios em que desancar os meios de comunicação virou arma política, mas continua sendo verdade que sem eles, nem cosmeticamente a crise de saúde seria tratada. Agora precisamos é passar do cosmético ao concreto, com agentes de saúde na rua e lotes abandonados sendo multados com todo o rigor da lei. Os lixões que aqui e ali se formam têm que ser combatidos com efetividade, não bastando apresentar medidas que, afinal, resultam em nada. Temos dito e continuaremos a dizer.
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Revista mensal de serviços e facilidades, distribuída gra tuitamente em todos os domicílios de Vilas do Atlântico e condomínios residenciais de Lauro de Freitas, Estrada do Coco e região (Busca Vida, Abrantes, Jauá, Jacuípe, Guarajuba, Stella Maris, Praia do Flamengo e parte de Itapuã). Disponível também em pontos de distribuição criteriosamente selecionados na região. As opiniões expressas nos artigos publicados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, as da Editora. É proibida a reprodução total ou parcial de matérias, gráficos e fotos publicadas nesta edição, por qualquer meio, sem autorização expressa, por escrito da Editora, de acordo com o que dispõe a Lei Nº 9.610, de 19/2/1998, sobre Direitos Autorais. A revista Vilas Magazine não tem qualquer responsabilidade pelos serviços e produtos das empresas anunciados em suas edições, nem assegura que promessas divulgadas como publicidade serão cumpridas. Cabe ao leitor avaliar e buscar informações sobre os produtos e serviços anunciados, que estão sujeitos às normas do mercado, do Código de Defesa do Consumidor e do CONAR – Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária. A revista não se enquadra no conceito de fornecedor, nos termos do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor e não pode ser responsabilizada pelos produtos e serviços oferecidos pelos anunciantes, pela impossibilidade de se deduzir qualquer ilegalidade no ato da leitura de um anúncio. No entanto, com o objetivo de zelar pela integridade e credibilidade das mensagens publicitárias publicadas em suas edições, a Editora se reserva o direito de recusar ou suspender a veiculação de anúncios que se mostrem enganosos ou abusivos, por constrangimentos causados ao consumidor ou empresas. A revista Vilas Magazine utiliza conteúdo editorial fornecido pela Agência Folhapress (SP). Os títulos Vilas Magazine e Boa Dica – Facilidades e Serviços, constantes desta edição, são marcas registradas no INPI, de propriedade da EDITAR – Editora Accioli Ramos Ltda.
p vai bem
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A Secretaria de Trânsito, Transporte e Ordem Pública da Prefeitura, está promovendo ações de ordenamento na travessia de pedestres no Km 5,5 da Estrada do Coco, imediações do Shopping Estrada do Coco, devido o grande fluxo na travessia da rodovia entre os horários de pico, entre 8h às 11h e das 13h às 15h, por conta das empresas no entorno da via. A ação acontece até a implantação do semáforo e posteriormente a passarela na região.
Poste na esquina da avenida Praia de Itapoan com a rua Praia do Forte é exemplo dos vários pela cidade que aparentam fragilidade, sustentando fiação solta. O aspecto geral de descuido provoca nos passantes o temor de que um acidente possa acontecer. Cabeamento de diversas concessionárias de serviços públicos está pendurado em postes por toda a cidade.
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Registros & Notas
O Rotary Club Lauro de Freitas homenageou, em reunião ordinária, a OSCIP Rio Limpo, no transcurso do Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, pela sua “contribuição efetiva na luta pela recuperação da bacia do Rio Joanes”. Os representantes da Rio Limpo, Fernando Borba e Caio Marques, apresentaram dados históricos e considerações sobre a situação da Bacia do Joanes, informando sobre o estado preocupante das calhas dos Rios Sapato, Joanes e Ipitanga, dentre outras, solicitando o apoio da comunidade no combate à poluição das águas, recuperação das suas margens, devolução de vazão mínima às barragens do Joanes e do Ipitanga, além do imprescindível e lento saneamento básico das cidades da RMS. Lembraram que a instituição é inspirada e apoiada pelas comunidades ribeirinhas, notadamente pelos pescadores e marisqueiras, representados pela colônia de pescadores de Buraquinho, prejudicados com a morte dos rios, com a perda
Rotary Club homenagea OSCIP Rio Limpo
da fonte de trabalho e renda. Para disseminação do projeto de educação ambiental, única forma de proteger a natureza, a Rio Limpo fortaleceu o apoio do Rotary Club Lauro de Freitas e dos seus associados, como registrado na ocasião.
Atividades lúdicas estimulam criatividade em alunos da rede pública
Ações desenvolvidas pela Divisão de Projetos e Ações Complementares da secretaria municipal de Educação, mobilizaram alunos das escolas públicas de Lauro de Freitas, com propósito de estimular o desejo do saber, com aulas práticas, somando conhecimentos empírico e prático. No dia 21 de março, alunos da Escola Municipal Jovina Moreira Rosa participaram do lançamento do projeto “Plantar com fé, colher até”, com o plantio do milho e da horta escolar, visando fortalecer a relação do homem com a terra na obtenção do alimento (horta) e a tradição do plantio do milho na época junina e o dia de São José (protetor dos agricultores). “As iniciativas lúdicas potencializam a criatividade, e contri6 | Vilas Magazine | Abril de 2016
buem para o desenvolvimento intelectual dos alunos”, afirma o professor Antonio Cláudio. No Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, cerca de 100 alunos da Escola Municipal Ana Lúcia Magalhães distribuíram informativos em via pública, orientando pessoas sobre a importância da preservação dos rios Ipitanga e Joanes e esclarecendo sobre a utilização da água de forma consciente, retratando a importância de sua relação com o município Os estudantes estenderam próximo ao Rio Ipitanga, um varal de práticas ambientais, contendo dicas relacionadas ao meio ambiente que podiam ser lidas por quem passava pelo local. Essa prática, denominada Varal Ambiental, serve, segundo o aluno João Felipe, “para o resgate de valores ambientais”.
Baianos se destacam no circuito regional de hipismo realizado em Vilas do Atlântico Transferência de comando: Fabrício Silva (dir.) quer “corrente do bem”. Marcelo Grun (esq.) volta como comandante do Esquadrão Águia
Major PM Fabrício Silva assume comando, prometendo combate pesado ao tráfico A 52ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), de Lauro de Freitas, tem novo comandante desde o mês passado. O Major PM Marcelo Grun passou o comando durante solenidade no auditório da Unime. A troca nos comandos das unidades da PM é uma rotina da corporação. O novo comandante, Major PM Fabrício Silva, também morador de Lauro de Freitas, disse à Vilas Magazine que pretende dar “combate pesado ao tráfico” e já pediu apoio de outras unidades. As operações de blitz também continuarão a acontecer. Além disso, “como morador”, disse Fabrício Silva, “quero abrir as portas do quartel para a comunidade, numa corrente do bem”. Grun volta como comandante ao esquadrão Águia, sediado em Ondina, Salvador. “Volto ao Águia depois de 20 anos, mas desta vez como comandante, que para mim é um orgulho servir uma unidade tão importante da Polícia Militar”, disse. O prefeito Márcio Paiva (PP) agradeceu o trabalho de Grun à frente da 52ª CIPM dizendo que “a Companhia é reflexo do seu comandante, tanto que números favoráveis referentes à redução na violência foram conquistados”.
Aconteceu no mês passado no Equus Clube do Cavalo, em Vilas do Atlântico, a 1ª Etapa do Circuito Norte Nordeste 2016. Foram três dias de provas, entre 18 e 20 de março, com a participação das federações da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Pará, Minas Gerais e Brasília. Alturas de 0,70m a 1,40m foram vencidas nas provas de março. O Grande Prêmio de domingo teve prova especial com alturas de 1,30m a 1,40m. Lívia Neves, da Federação Hípica da Bahia, montando Estoril BNL JL Sítio Chuin foi campeã da categoria sênior da série principal (1,40m). Na série especial (1,30m) venceu Manuela Cunha (acima), também pela Bahia, montando Fape Code, na categoria amador top. Outro baiano no topo do pódio foi Mateus Passos Queiroz (abaixo), montando BF Cooler, vencedor da série especial na categoria jovem cavaleiro top. A próxima etapa acontece de 22 a 24 deste mês no Recife (PE), juntamente com a seletiva para o campeonato sul americano. Outras cinco etapas acontecerão ao longo do ano para definir os campeões do ranking Norte e Nordeste.
Meninas prodígio As empresárias Daniela Veloso, Danielli Guimarães e Georgia Cirilo celebram a inauguração da filial da Bolo das Meninas, loja de bolos caseiros e produtos de agricultura familiar, em Vilas do Atlântico, que vem se somar às unidades de Salvador (Pituba e Graça) e Feira de Santana. Abril de 2016 | Vilas Magazine | 7
cidade
Encenação da Paixão de Cristo reserva surpresa para a estreia Cena da Paixão de Cristo em Lauro de Freitas: comunidade participa ativamente
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espetáculo que conta a história da morte e ressurreição de Jesus Cristo será encenado nos dias 9 e 10, às 19h, na arena montada na Praça da Matriz, em Lauro de Freitas, pelo 18º
ano. A montagem teatral está inserida no Calendário Cultural do município e conta com o apoio do Fundo Municipal de Cultura. A Paixão de Cristo em Lauro de Freitas
é marcada pela inovação permanente, com novidades inseridas a cada ano, incluindo cenas contemporâneas, sempre com o cuidado de não deturpar a história de Jesus, que aconteceu há mais de dois mil anos. Desta vez a produção não antecipou as novidades porque a surpresa faz parte do espetáculo deste ano. O público será recebido nas arquibancadas montadas no entorno da Praça da Matriz para duas mil pessoas. O ingresso será trocado por um quilo de alimento não perecível, no Cine Teatro de Lauro de Freitas, a partir do dia sete. Um dos mais tradicionais espetáculos apresentados ao ar livre no estado da Bahia, a peça conta com a participação da comunidade, de atores do município e convidados, a exemplo de Victor Kizza (Jesus), Cissa Brito (Maria de Nazaré), Roberto Sheyps (Pilatos) e Luide Prins (Heródes e Fariseu). Participam ainda Caifás (Júlio César Mello), Alan Nery (Satanás e Fariseu), Ruan Almeida e Sheila Dias (Fariseus), Eliz Moreno, Joelma Luz, Lila Luz e Ruth Marinho (Sacerdotisas), Gustavo Busson (Heródes), Alessandra Budihna (Pecado-
Centenas de ruas têm nomes alterados em Lauro de Freitas
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ais de 350 vias de Lauro de Freitas mudaram de nome no início do ano, quando foi editada a lei que institui bairros na cidade. A medida visa organizar o município de modo a permitir o zoneamento postal, acabando com o CEP único. Diversas ruas de Vilas do Atlântico estão incluídas nas mudanças, com a descrição técnica da via alterada. A rua Praia de Araruama, por exemplo, que era oficialmente uma “travessa”, passa a chamar-se “1ª Travessa Praia de Araruama”. A desig8 | Vilas Magazine | Abril de 2016
nação é importante especialmente para os Correios, que vai cadastrar dessa forma o logradouro vinculado a determinado CEP. Outras ruas da cidade tiveram o nome alterado por estarem em desacordo com a lei: pessoas vivas não podem ser homenageadas em logradouro público. Outras ainda eram designadas apenas por letras e agora ganharam nome próprio. Em outros casos as ruas apenas trocaram de nome entre si para melhor organização do zoneamento. A numeração sequencial dos imóveis
Identificação por quadras e lotes persiste em Vilas do Atlântico, que aguarda a numeração sequencial
A paróquia São João Evangelista, em Vilas do Atlântico, que tem como responsável o pároco Padre Abel, organizou na sexta-feira santa a Via Sacra da Aurora, cumprindo sete estações do calvário de Jesus, desta vez em itinerário diferente para que novas famílias vissem a procissão. De acordo com Irmã Carol, que ajudou a organizar a celebração, cerca de 200 pessoas participaram este ano da iniciativa.
ra Pública e Madalena), Aline Oliveira (Herodíades) e Marcela Espírito Santo (Salomé), entre outros. A direção artística é assinada por Duzinho Nery, um dos idealizadores do espetáculo desde 1999. Nery tem a preocupação de oferecer sempre uma obra artística de cunho religioso, que toque e emocione a plateia. “O meu desejo é que o público que assiste a nossa peça saia daquela arena pensando um pouco mais sobre a mensagem de amor que Jesus nos deixou”, disse. O diretor também assina o roteiro e a coprodução.
em Vilas do Atlântico continua pendente. Décadas depois de loteadas as fazendas originais, a organização ainda é por quadras e lotes, o que dificulta a distribuição de correspondência e a localização de endereços. As alterações fazem parte da nova base cartográfica de Lauro de Freitas, que instituiu 19 bairros com 1.510 logradouros: Vilas do Atlântico, Aracuí, Pitangueiras, Buraquinho, Ipitanga, Vila Praiana, Centro, Recreio Ipitanga, Itinga, Portão, Caixa D’Água, Caji, Vida Nova, Quingoma, Parque São Paulo, Capelão, Jambeiro, Areia Branca e Barro Duro. Confira no site www.vilasmagazine. com.br a lista completa dos logradouros que tiveram a designação alterada.
Aulas de dança do BTCA vão até dezembro no Cine Teatro Maurício Serra
Aula de dança do Balé Teatro Castro Alves: só para moradores de Lauro de Freitas
Começam este mês e seguem até dezembro as aulas do “Lauro + Dança”, projeto que busca a difusão, qualificação e formação em atividades de dança, com oficinas, montagens, mostras coreográficas, seminários, visitações, intercâmbios, participações em eventos e apresentações públicas. Os estudantes, todos moradores de Lauro de Freitas, não são experientes em dança. A realização é do Cine Teatro Lauro de Freitas, em parceria com o Balé Teatro Castro Alves (BTCA). As turmas são formadas de acordo com a faixa etária. O objetivo do “Lauro + Dança” é promover a formação artística junto à comunidade e provocar a interatividade entre os setores da dança na Bahia. Há duas turmas para as oficinas, sendo uma de Iniciação ao Ballet Instrumental, para crianças e adolescentes de 12 a 16 anos e outra de Ballet Instrumental e Preparação Corporal para Dançarinos, dirigido a estudantes a partir dos 16 anos. A ideia é oferecer a instrumentalização para a prática de vários estilos de dança. Abril de 2016 | Vilas Magazine | 9
cidade
Prefeitura diz que desrespeitar agentes de trânsito pode dar prisão
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prefeitura de Lauro de Freitas avisou no mês passado, por meio de comunicado de imprensa, que o agente municipal de trânsito tem poder de “polícia administrativa” – ou seja, que atua na prevenção, não na repressão ou responsabilização por condutas, regendo-se pelo Direito Administrativo, não pelo Direito Penal. O objetivo foi pedir que os cidadãos colaborem com os guardas municipais. A prefeitura “convida munícipes para colaborar com
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Guardas municipais de trânsito: prefeitura pede colaboração dos motoristas fabio pozzebom / abr
melhoria do trânsito da cidade” e “com os agentes de trânsito nas atividades realizadas nas vias do município”. Constitucionalmente, além de ajudar a organizar o trânsito na cidade, a função da guarda municipal é proteger o patrimônio público, sem exercer funções de polícia judiciária. De acordo com a prefeitura, “o desacato e desrespeito à sua autoridade no exercício de suas funções implica em enquadramento no artigo 331 do Código Penal”. O dispositivo estabelece que “desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela” resulta em pena de detenção de seis meses a dois anos ou multa. Desacatar, semanticamente, é faltar ao respeito devido a alguém sendo rude, ofensivo, mal educado. De acordo com a prefeitura, a área de Trânsito da cidade “está avançando nas melhorias”, com a fiscalização eletrônica, blitz, ações de ordenamento, patrulhamento e sinalização de vias. “Porém, com a força dos munícipes, que fiscalizam, cobram, denunciam e principalmente obedecem ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o resultado será ainda melhor e mais rápido”, conclui o comunicado. Por meio de convênio com o Detran, os guardas municipais de trânsito de Lauro de Freitas passarão a organizar blitz para fiscalizar motoristas que dirigem sob a influência de álcool.
LBV abre em Itinga unidade de atendimento a crianças
Maquete do projeto de revitalização de antiga escola municipal no CAIC
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Legião da Boa Vontade (LBV) inaugura dia 14, em Itinga, um novo Centro Comunitário de Assistência Social. A unidade Idalina Cecília de Paiva vai atender crianças, adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade social. O nome é uma homenagem à baiana Idalina Cecília de Paiva (19131994), enfermeira prática que amparava os necessitados que buscavam sua ajuda, além de mãe de José de Paiva Netto, diretor-presidente da LBV. Os programas e projetos da unidade serão realizados no Centro de Atendimento Integrado à Criança e ao Adolescente (CAIC), uma escola pública municipal, em Itinga. A instituição já vinha há alguns anos prestando atendimento à população local por meio de campanhas, entregando material pedagógico e cestas de alimentos. O imóvel ao lado do CAIC, com mais de quatro mil m², foi cedido pela prefei-
tura de Lauro de Freitas e totalmente revitalizado. Mais de R$ 629 mil reais foram investidos na infraestrutura do prédio, dos quais R$ 287 mil aplicados em móveis e utensílios e R$ 342 mil reais na reforma e adequações do espaço. Para a LBV , o local passa a oferecer boa infraestrutura, comodidade, segurança e acessibilidade. São cinco salas de atividades, além de brinquedoteca e sala de vídeo, salas destinadas à administração, equipe de referência e atendimento familiar, auditório com capacidade para 150 pessoas, recepção, refeitório equipado com cozinha industrial, escovódromo, quadra poliesportiva e um espaço verde destinado à jardinagem e paisagismo. Serão beneficiadas diretamente mais de 200 crianças e suas famílias, por meio do programa Criança: Futuro no Presente. O objetivo é “contribuir para promoção da cidadania e o fortalecimento de vínculos interpessoais de crianças e adolescen-
tes”, além de promover ações de combate à violência e prevenção às drogas. De acordo com a LBV, a decisão de instalar uma unidade em Itinga não foi obra do acaso. A entidade destaca que Lauro de Freitas é cidade baiana “com a segunda maior taxa de homicídios entre adolescentes de 16 e 17 anos, segundo o Mapa da Violência de 2015”. Itinga, com cerca de 90 mil habitantes, é uma área de grande vulnerabilidade, “que abriga grandes bolsões de pobreza e sofre com o tráfico de drogas”, afirma a LBV. A ideia é disponibilizar projetos e atividades “que despertam competências e habilidades, promovem vivências de valores fraternos, fortalecimento de vínculos familiares e garantia de direitos”. Na Bahia, a LBV está presente também em Salvador e em Itabuna. A instituição atua em dezenas de cidades brasileiras, prestando atendimento de qualidade que abrange de crianças a idosos e se estende suas famílias. Ao todo, são mais de 70 unidades socioeducacionais, entre escolas, abrigos para idosos e centros comunitários de assistência social. A instituição garante que os locais de atendimento sejam seguros e o trabalho de qualidade, com a atuação de profissionais e voluntários capacitados. Ao atendimento soma-se o “despertar de valores éticos, ecumênicos e espirituais, norteado pela Pedagogia do Afeto e pela Pedagogia do Cidadão Ecumênico”. Fundada em 1950 pelo radialista Alziro Zarur, a LBV tem como diretor-presidente José de Paiva Netto. Formalmente, é uma associação civil de direito privado, beneficente e sem fins econômicos, e está presente também na Argentina, Bolívia, Estados Unidos, Paraguai, Uruguai e Portugal.
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cidade
Armazenagem de recursos hídricos marca Dia Mundial da Água
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e acordo com alerta da Organização das Nações Unidas (ONU) neste último Dia Mundial da Água, em 22 de março, será preciso viabilizar “infraestrutura suficiente para gerenciar e armazenar a água” ou haverá perda de empregos, com efeitos negativos para o crescimento econômico mundial nos próximos anos. O aviso consta da edição de 2016 do Relatório Mundial das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Recursos Hídricos, produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em nome da ONU Água. Com o tema a água e o emprego, o relatório mostra que 78% dos empregos que constituem a força de trabalho mundial são dependentes dos recursos hídricos. O aspecto econômico da crise da água em todo o planeta foi destacado em Lauro de Freitas pelo vereador Antônio Rosalvo (REDE), presidente da Câmara Municipal, como parte da divulgação dos princípios
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do partido que vem ocorrendo na cidade. “A sustentabilidade é um princípio em si mesmo, mas o objetivo é atingir resultados concretos, como a preservação de empregos”, disse. Em relação aos reservatórios, outra preocupação do vereador está relacionada à represa do Joanes, no Jambeiro, que tem função essencial no abastecimento de Salvador e Lauro de Freitas. “Há um crescente acúmulo de lama na represa, que teve as comportas lacradas em 1992, quando foram detectadas rachaduras na base”, conta ele. “Já pedi à Embasa que inspecione a barragem”, completou. Para ele, é necessário reativar as comportas “para não exigir esforço demasiado da represa”. Rosalvo defende a necessidade de investigar os efeitos do acúmulo de lama no fundo da represa, que “foi feita pra represar água e não lama”. A Unesco estima que mais de 1,4 bilhão de empregos, ou 42% do total da força de trabalho mundial, são altamente dependentes dos recursos hídricos.
Entre os setores mais atingidos estão a agricultura, indústria, silvicultura, pesca e aquicultura, mineração, o suprimento de água e saneamento, assim como quase todos os tipos de produção de energia. Esta categoria também inclui empregos em áreas como cuidados de saúde, turismo e setores de gestão de ecossistemas. Também no Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, o chefe do Departamento de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente Sérgio Antônio Gonçalves revelou, em Brasília, que mais de 36% da água são desperdiçados no Brasil e que apenas 40,8% do esgoto é tratado. O desperdício de água acontece no próprio sistema de distribuição de água, devido a tubulação defeituosa, acontecendo até mesmo antes de chegar às residências. Em Lauro de Freitas, o Rotary Club homenageou a OSCIP Rio Limpo, “pela contribuição efetiva na recuperação da bacia do Rio Joanes” (leia à pág. 6). Os representantes da organização, Fernando Borba e Caio Marques, apresentaram dados históricos e considerações sobre
a situação da Bacia do Joanes, informando sobre o estado das calhas dos rios Sapato, Joanes e Ipitanga. Eles pediram o apoio da comunidade no combate à poluição das águas, recuperação das suas margens – e a devolução de vazão mínima às barragens do Joanes e do Ipitanga.
Barragem do Joanes, no Jambeiro, que tem função essencial no abastecimento de Salvador e Lauro de Freitas: OSCIP Rio Limpo e vereador Antônio Rosalvo pedem vazão de água
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Embasa flagra gato em 20 barracas na praia de Buraquinho
quipes de campo da Embasa flagraram, em março, ligações irregulares de água – o popular “gato” – em 20 barracas de praia em Buraquinho. A empresa estima em mais de 600 mil litros de água por mês o volume perdido naquela área. A ação de combate à fraude durou três dias. O trabalho de combate ao furto de água começa com uma análise interna, quando a Embasa observa que o consumo não é compatível com o padrão do imóvel. Depois, na verificação em campo, a empresa confirma ou descarta as irregularidades. “Nós regularizamos as ligações, notificamos os usuários e vamos aplicar as multas de acordo com cada caso”, explicou o gerente comercial da Embasa, Leonardo Dias. “A Embasa vai continuar combatendo as fraudes, sempre oferecendo aos usuários condições de negociação, mas atuando de forma veemente para conter o furto de água e a manipulação indevida das redes de distribuição, visando preservar o bom abastecimento e evitar a perda de água”, avisou. A empresa conta com 40 equipes de campo somente nas
Técnico da Embasa verifica ligação na praia de Buraquinho
unidades da capital e região metropolitana, responsáveis por mais de 200 verificações deste tipo todos os dias. A prática de furto de água é qualificada como crime contra o patrimônio, de acordo com o artigo 155 do Código Penal Brasileiro, cujo parágrafo 3º, ao tratar de furtos, equipara “à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico”. A pena prevista na lei é reclusão de um a quatro anos e multa. Abril de 2016 | Vilas Magazine | 13
região
otoristas que trafegam no entorno da Estação Pirajá e da Estrada de Campinas, já utilizam o novo viaduto sobre a BR-324, com duas alças de acesso, inaugurado pelo governador Rui Costa dia 24 de março. As obras contemplam a implantação da Linha Azul – corredor transversal que vai ligar a orla ao subúrbio ferroviário – e desafogam o trânsito na região de Pirajá, que passou a ter um fluxo maior de veículos com a inauguração do terminal integrado do metrô. “É uma etapa da Linha Azul, que inclui a duplicação da Avenida Gal Costa. Daqui, a obra segue para o Lobato, onde já estamos executando um túnel de 360 metros, com 140 metros já executados. Então, todo o subúrbio será interligado, saindo do Lobato até a estação do metrô de Pirajá. Será um acesso fácil e rápido para a população. Em menos de cinco minutos, as pessoas saem do subúrbio e chegam à Estação de Pirajá”, explicou o governador Rui Costa, na inauguração. O governador também anunciou a construção de um terminal de ônibus na Avenida Gal Costa que vai ser integrado à estação de metrô de Pituaçu. Estudos realizados na
região revelam que nos momentos considerados de pico, mais de mil veículos devem trafegar a cada hora pelo local. O novo viaduto possui extensão de 59 metros e as alças de acesso totalizam 690 metros. Uma das alças, no sentido São Caetano/Estação Pirajá, tem duas faixas de tráfego e a outra, no sentido BR-324/Pirajá, possui três faixas. “As alças interligam a rodovia federal às demais vias existentes nas imediações da Estrada de Campinas de Pirajá e do acesso ao terminal/estação, beneficiando a integração ônibus x metrô e melhorando o trânsito sobremaneira”, explica o diretor de Obras Estruturantes da Conder, Sérgio Silva. O elevado foi construído ao lado do antigo viaduto que funcionava em sentido duplo e que agora passa a funcionar em sentido único (Estação Pirará x Estrada de Campinas). O investimento realizado pelo Governo do Estado foi de R$ 7,8 milhões na execução dos serviços de implantação do elevado e das alças, incluindo os trabalhos de terraplanagem, drenagem, meio-fio e passeios, pavimentação asfáltica, instalação de semáforos, iluminação pública e urbanização da área. Nilton Souza / Ascom Conder
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Ulgo Oliveira / Seinfra
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Novo viaduto na BR-324 promete desafogar o trânsito na região da Estação Pirajá
Via Atlântica (estrada da Cetrel) passa por obras de duplicação
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restauração e duplicação de mais de 22 quilômetros da Via Atlântica (BA-530), também conhecida como estrada da Cetrel, está em andamento. As obras, que acontecem do início da via (em Camaçari) até o entroncamento com a BA-099 (Estrada do Coco), têm investimentos de aproximadamente R$ 55 milhões e favorecem a indústria e turismo, além de 121 mil moradores da região. Segundo o engenheiro, Ivan Barbosa, da Seinfra, trata-se de um investimento fundamental para o desenvolvimento do estado. “Os cinco quilômetros iniciais atenderão indústrias importantes, como a Tecsis, que vai produzir pás eólicas. O projeto continua e toda a via será recuperada e duplicada”, afirma o gestor. Diariamente, o tráfego médio registrado na via é superior a 2,2 mil veículos, nos dois sentidos. A duplicação acontece
Fundação Alphaville realiza projetos sustentáveis em Camaçari
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por etapas, conforme cronograma e orçamento, até julho de 2017. O projeto ainda prevê uma ciclovia. As vias internas do Polo Industrial de Camaçari, sob responsabilidade da Seinfra, como a Henry Ford, via Frontal e Via de Ligação - Dias D’Ávila, passam por estudo para elaboração do projeto de restauração. No momento estão programados para essas vias serviços de manutenção (tapa-buraco), com início previsto para a segunda quinzena deste mês. Contorno de Candeias Para melhorar a trafegabilidade no município de Candeias, está sendo construído o anel viário, que ligará a BA-522 à BR-324. Com 65% das obras concluídas, a finalização dos serviços está prevista para dezembro deste ano, com investimento de R$ 24 milhões. A ligação beneficiará 175 mil moradores das cidades de Candeias, Madre de Deus e São Francisco do Conde (Mataripe), melhorando o tráfego da região. Atualmente os veículos precisam passar pela sede municipal, o que aumenta o congestionamento no centro urbano. Com a finalização da obra, o fluxo será drasticamente reduzido. Estima-se que aproximadamente 780 veículos devam utilizar o anel viário diariamente após a conclusão.
ara promover ainda mais qualidade de vida aos moradores de Camaçari, a Fundação Alphaville, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público que promove o desenvolvimento social e territorial sustentável, está realizando uma série de ações para contribuir com o fomento da região. A Fundação vai organizar nos próximos meses, junto com os produtores locais, uma feira agroecológica. “Os produtos são cultivados de maneira natural e poderão ser adquiridos pelos moradores da região, o que colabora com a economia e com a agricultura local. É uma troca de benefícios que favorece a todos”, comenta Fernanda Toledo, gerente de sustentabilidade da entidade. Esta ação acontece em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura. A Associação de Moradores do Parque das Mangabas também contará com o apoio da Fundação. Um plano de desenvolvimento para gestão produtiva está sendo desenvolvido para melhorias estruturais e orientação pedagógica para os cursos de música e capoeira, que já são realizados no local. A proposta visa fortalecer a Associação para elaboração de um case atrativo em busca de mais parcerias com grandes empresas da região. Além disso, o projeto ainda tem o objetivo de realizar cursos, palestras, eventos comunitários que componham um caixa para manutenção dos projetos que eles pretendem executar. O intuito dessa proposta é fortalecer a ação da Associação, para que encontre caminhos que gerem recursos na busca de seus objetivos. O Terno de Reis, tradicional evento da cultura local, contou pelo segundo ano seguido com o apoio da Fundação Alphaville. A atração traz apresentações como a burrinha, o boi janeiro e o palhaço, entre outros personagens da festividade, todos produzidos por moradores da comunidade. O apoio para esta comemoração acontece por meio do Programa Raízes (projeto de resgate histórico e cultural da Fundação). “Esse ano, em especial, além de contribuir com os acessórios para a realização da festa, também participamos da produção de CD’s com as músicas cantadas no Terno de Reis, que foi vendido para arrecadar fundos para Associação de Moradores, visando a melhoria da sede”, disse Fernanda. A Fundação Alphaville é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, que nasceu em 2000, tendo como principal mantenedora a Alphaville Urbanismo. Promovendo o desenvolvimento social e territorial sustentável, está presente em 22 estados brasileiros e trabalha com base na identificação do potencial e dos interesses de cada comunidade, apoiando o desenvolvimento das vocações locais e fortalecendo sua atuação através dos pilares da sustentabilidade. Em 15 anos de trabalho, a Fundação já beneficiou mais de 270 mil pessoas, por meio de seus mais de 180 projetos. Para saber mais acesse www.fundacaoalphaville.org.br Abril de 2016 | Vilas Magazine | 15
economia
Geração doméstica de energia já é economicamente viável
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m dos países em que a energia elétrica é mais cara conta também com uma das fontes de energia mais baratas do mundo – o sol – em quantidade suficiente. Afinal, o sol nasce para todos. Muita gente já se deu conta disso e tratou de instalar painéis solares no telhado. Quem faz as contas descobre que pode – sem fazer um “gato” – passar 25 anos sem pagar pela energia que con-
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some em casa, já descontado o investimento inicial no equipamento de coleta e geração da energia. É o caso da empresária Margarida Oliveira, proprietária do restaurante D´Meg, em Lauro de Freitas. Há dois meses ela deixou de pagar a Coelba e passou a pagar um empréstimo contraído junto à Caixa para aquisição de todo o equipamento de energia solar. “O valor da prestação é
quase o mesmo que eu pagava de conta de energia”, conta a empresária, apesar da taxa de juros de 9% ao ano. Há linhas de crédito oficiais específicas para a instalação de painéis e geradores de energia solar com taxas de juros ainda mais baixas. Daqui a quatro anos, quando o empréstimo estiver quitado, o custo da energia para os empreendimentos de Margarida Oliveira será nenhum até o fim
Telhado do restaurante D´Meg, em Lauro de Freitas: painéis solares zeram conta de energia por 25 anos, já descontado o investimento
da vida útil do equipamento, estimada em 30 anos. Em cima do restaurante ela vem construindo três pisos que serão ocupados por salas comerciais e que também serão abastecidos por energia solar. “Produzimos mais energia do que consumimos”, conta a empresária, mas o excedente não fica desperdiçado: é enviado para a rede de distribuição da Coelba e registrado por meio de um medidor
bidirecional. À noite, quando os painéis solares não produzem energia, é a rede pública que abastece o empreendimento. No final do período faz-se um encontro de contas: se a rede tiver recebido mais energia durante o dia do que forneceu à noite – ou em dias com menos sol – a empresária fica com crédito junto à distribuidora. De acordo com as novas regras em vigor desde o mês passado, o prazo de validade dos créditos, que era de três anos, agora é de cinco. O recurso à energia solar não serve apenas para empreendimentos comerciais. Antes pelo contrário. Segundo estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), até 2024 cerca de 1,2 milhão de residências no Brasil vão contar com energia produzida pelo sistema de geração distribuída, o que inclui painéis solares e microturbinas eólicas – energia produzida a partir do vento. O diretor da Aneel Tiago Correia já instalou oito placas de geração de energia solar em sua casa, o que vai atender ao consumo total da residência a partir do mês que vem. Para ele, além da vantagem de usar apenas fontes renováveis, um dos benefícios da geração distribuída é a redução de investimentos em redes de
distribuição de energia. “Ela traz a geração para próximo do consumo”, afirma. Nova regulamentação A procura pelo sistema deve aumentar a partir deste mês, já que começaram a valer, em março, as novas regras aprovadas pela Aneel para a geração distribuída no país. Uma das novidades é a possibilidade de geração compartilhada: um grupo de pessoas pode se unir em um consórcio ou em cooperativa, instalar uma micro ou minigeração distribuída e utilizar a energia gerada para reduzir as faturas dos consorciados ou cooperados. Segundo Tiago Correia, essa mudança vai possibilitar que mais pessoas adotem a geração compartilhada. “Quanto maior o sistema, mais barata é a instalação total, porque alguns custos são diluídos. Isso faz com que o retorno do investimento seja muito mais rápido, além de facilitar o acesso ao crédito cooperativado”, acrescenta. Também foi autorizado pela Aneel que o consumidor gere energia em um local diferente do consumo. A energia pode ser gerada em uma casa de campo e consumida em um apartamento na cidade, desde que as propriedades estejam na área de atendimento de uma mesma
A empresária Margarida Oliveira (blusa branca) e parte da sua equipe: energia limpa e mais barata
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Alan Marques / Folhapress
economia
distribuidora. A norma permite ainda a instalação de geração distribuída em condomínios. Nesse caso, a energia gerada pode ser repartida entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios consumidores. Crescimento de 800% Entre 2014 e 2016, as adesões ao modelo de geração distribuída quadruplicaram no país, passando de 424 conexões para 1.930 conexões. Para este ano, o crescimento pode ser de até 800%, segundo a Aneel. “O potencial de crescimento é muito grande, e a taxa de crescimento tem sido exponencial, até porque a base ainda é baixa”, afirma Correia. Atualmente, cerca de 90% das instalações de geração distribuída no país correspondem a painéis solares fotovoltaicos. Para o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) Rodrigo Sauaia, as novas regras vão ajudar a fomentar o uso da geração distribuída no país. “A revisão das normas vai possibilitar ampliação expressiva da participação da população brasileira na geração distribuída”, acredita. Para ele, “o Brasil acabou de se posicionar como uma referência internacional, na vanguarda na área de incentivo ao uso da energia de geração distribuída, em especial a geração solar”. O investimento em um sistema de geração de energia distribuída ainda é alto no Brasil, por causa do custo dos equipamentos, mas o retorno poderá ser sentido pelos consumidores entre cinco e sete anos, segundo o diretor da Aneel. “Se você pensar como um investidor, que tem um dinheiro disponível e gostaria de aplicar, traria um rendimento muito melhor do que qualquer aplicação financeira disponível hoje”, diz Tiago Correia. Especialistas estimam que uma residência consiga obter o retorno do investimento em cerca de quatro anos, dependendo da radiação do local e do custo da tarifa. O investimento vale a 18 | Vilas Magazine | Abril de 2016
pena, especialmente porque o consumidor evita oscilações na tarifa de energia. Além disso, o aumento da procura por equipamentos vai fazer com que o custo da instalação tenha uma redução nos próximos anos. Para a Absolar, o principal gargalo para o avanço do setor de geração distribuída no país é a questão tributária, especialmente nos 12 estados que ainda não eliminaram o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a energia da microgeração. Na Bahia, para residências, a isenção do ICMS entrou em vigor no mês passado para geração de até 75 Kw por meio de painéis fotovoltaicos. Na esfera federal o governo já fez a desoneração do PIS-Pasep e da Cofins sobre o sistema. Em relação ao financiamento, a entidade espera que o governo mobilize os bancos públicos para a oferta de crédito com condições especiais para pessoas e empresas interessadas em investir em mini e microgeração distribuída. Mais tarifas Outro grande incentivo para a geração própria é que, no Brasil, as tarifas aumentam quando a energia escasseia – por meio do sistema de “bandeiras” – mas podem subir também quando há energia em excesso sendo gerada nas hidrelétricas. É que as distribuidoras compram em leilões, com anos de antecedência, a energia que pretendem comercializar nos respectivos mercados. Isso permite planejar o investimento na geração, inclusive a construção de hidrelétricas. Com a redução do consumo, devido à alta recorde das tarifas no ano passado e à prolongada recessão econômica, o novo problema do setor elétrico brasileiro para 2016 é a sobrecontratação, a sobra da energia contratada. Pela legislação, a partir de determinado percentual a maior parte do prejuízo poderá ser repassado aos consumidores. O problema é que o consumo de energia elétrica no país caiu 5,9% em
O crescimento pode ser de até 800%, se gundo Tiago Correia, diretor da Aneel. “O potencial de crescimento é muito grande, e a taxa de crescimento tem sido expo nencial, até porque a base ainda é baixa”
janeiro deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pela Empresa de Pesquisa Energética. O resultado foi influenciado pela queda de 9,3% no consumo das indústrias, a mais alta registrada desde 2010. De acordo com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o prejuízo pode alcançar R$ 3,3 bilhões este ano – e piorar depois. Especialista do setor ouvido pela Agência Reuters afirma que, se ficar confirmado o recuo do Produto Interno Bruto (PIB) previsto para este ano, a sobra de energia pode durar cinco anos. Já um Relatório da Consultoria Roland Berger divulgado no mês passado prevê que a sobra de energia vai durar pelo menos 10 anos. Também em março, a Aneel apresentou uma proposta para permitir que distribuidoras e geradoras de energia renegociem os contratos de fornecimento da energia que não está sendo usada por causa da redução da demanda. A ideia é que geradores e distribuidores tenham autonomia para fazer acordos bilaterais, negociando desde a suspensão temporária do suprimento à redução da energia contratada e até a rescisão contratual.
Avanço da energia caseira pode travar Distribuidoras querem reverter regra que dá desconto a consumidor que investir em geração por meio de painel solar
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geração distribuída de energia a partir de fontes solares tem uma nova nuvem tentando bloquear seu crescimento: as distribuidoras. Elas afirmam que, até 2024, os consumidores que não terão condições de investir em painéis solares, por restrições financeiras ou técnicas, vão subsidiar em mais de R$ 1 bilhão aqueles com condições para bancar a compra desses equipamentos, se gundo cálculos da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Além disso, as empresas devem perder R$ 280 milhões em receitas, diz a entidade. Para mudar esse panorama, as empresas estão tentando reverter uma regulamentação já aprovada pela Aneel que permitiu que os consumidores que investirem na geração caseira obtivessem descontos não só na tarifa de energia mas também no encargo de distribuição, a chamada Tusd. Esse encargo é repartido por todos os consumidores residenciais
proporcionalmente ao custo da tarifa. Portanto, quem não paga a tarifa – caso dos “geradores caseiros” – também não paga a Tusd, deixando a conta para os consumidores que não têm os painéis. Esses consumidores têm até apelido: “os sem-telhado”, numa referência ao local preferencial de painéis solares. A expectativa do governo é que, até 2024, sejam instalados 620 mil painéis fotovoltaicos para a geração caseira de energia no país. Hoje, há pouco mais de 1.100. Até lá os consumidores que estiverem gerando energia devem ganhar em descontos cerca de R$ 2,8 bilhões na tarifa de energia e na Tusd, segundo a Aneel. Para Nelson Leite, presidente da Abradee (associação das distribuidoras), a regulamentação, do jeito que está, favorece os consumidores ricos em detrimento dos pobres. “É uma espécie de Robin Hood às avessas.” Ele entrou com um pedido na Aneel para barrar a regulamentação, que já está aprovada, argumentando que o projeto se trata de um subsídio em desacordo
com a lei. “Apesar de essa geração ser sustentável no aspecto ambiental, não é nos econômico e social, pois as empresas e os consumidores de baixa renda vão subsidiar os ricos.” Claudio Salles, presidente do instituto Acende Brasil, afirma que a regulamentação precisa evoluir. “Ainda estamos engatinhando na geração caseira. Porém, à medida que ela fica mais competitiva e as pessoas passam a investir nela, essa regra precisará ser revista.” Ciente da questão, a Aneel propôs rever a regra até 2019. Mariana Saragoça, da consultoria Stocche Forbes, afirma que o impacto no momento não é significativo e serve para incentivar o crescimento desse tipo de geração. “Após as medidas serem publicadas, a perspectiva de avanço é de cerca de 600% ao ano para a cadeia de fornecedores e para o número de instalações. A legislação não pode ser um entrave.” Machado da Costa / Folhapress.
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MEMÓRIA
Vida de Irmã Dulce ganha revistinha em quadrinhos
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epois de conquistar as telas do cinema, a história de Irmã Dulce ganha agora as páginas das HQ´s com a revistinha em quadrinhos “Irmã Dulce - Uma trajetória de amor”, lançada no dia 1º, no Memorial Irmã Dulce. Inspirada na estética do mangá, com ilustrações assinadas por Tiago Mello, o gibi recria momentos marcantes da trajetória do ‘Anjo Bom do Brasil’, desde seu nascimento e infância, até sua luta em favor dos pobres e doentes. Voltada a leitores de todas as idades e com uma linguagem dinâmica e contemporânea, a obra revisita fatos históricos da vida da religiosa, como a ocupação de um galinheiro no convento, episódio que deu origem às Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), instituição que abriga hoje um dos maiores complexos de saúde do país com atendimento 100% gratuito. Para Tiago Mello, recontar a heróica trajetória de Irmã Dulce através do gibi, transportando para os quadrinhos cenas impressionantes e reais como o salvamento de vítimas de um acidente entre um ônibus e um bonde, é como estar diante das narrativas típicas dos grandes super-heróis do universo das HQ´s. “Temos a história de uma super-heroína completa. Gosto de pensar que ela tinha a determinação do Batman, a bondade e senso de justiça do Superman e o ‘girl power’ da Mulher Maravilha. Vejo seu hábito como um supertraje, Salvador como sua Gotham City e a compaixão como seu superpoder”. Idealizada pela Assessoria de Memória e Cultura da OSID, “Irmã Dulce - Uma trajetória de amor” tem roteiro e texto de Osvaldo Gouveia e Carla Silva, museólogos da instituição, e do arte-educador Luciano Robatto. Com tiragem de 15 mil exemplares, a publicação tem patrocínio da empresa DAG Construtora e preço de venda de R$
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10, podendo ser adquirida na loja virtual hospedada no site das Obras Sociais, no endereço www.irmadulce.org. br/loja, ou na Lojinha Irmã Dulce, na sede da entidade, no Largo de Roma. Novas gerações Assessor de Memória e Cultura da OSID e pesquisador da vida e obra da beata baiana, Osvaldo Gouveia explica a importância da revistinha na difusão de mensagens universais como solidariedade e justiça social, especialmente entre as crianças e os adolescentes: “A revistinha traz para as novas gerações a
Mirian Goldenberg
história da ‘Mãe dos Pobres’. É como se estivesse apresentando a esses jovens, que não a conheceram fisicamente, a trajetória dessa grande mulher, exemplo de solidariedade, amor, fé e doação. Irmã Dulce foi uma mulher do seu tempo e ao mesmo tempo do futuro. Que seu exemplo possa se propagar”. Para o arte-educador Luciano Robatto, que assina o projeto gráfico e a editoração da obra, “ela foi um exemplo para todos e uma mulher à frente do seu tempo. A personificação do cuidado, do amor ao próximo”.
MIRIAN GOLDENBERG é antropóloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Velhice” (Ed. Record). www.miriangoldenberg@uol.com.br
“Quero ir embora do Brasil!” A crise econômica elevou os casos de ansiedade, estresse, insônia e também o uso de antidepressivos
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ma matéria publicada recentemente no jornal Folha de São Paulo revelou que a crise econômica aumentou os casos de problemas de saúde relacionados ao estresse. Cresceu 37,5%, só no primeiro semestre de 2015 (em comparação com o mesmo período de 2014), o número de executivos, gerentes e empresários brasileiros com depressão. Cresceu também o número de casos de ansiedade (60%), estresse (27,7%) e insônia (19%). O consumo de antidepressivos e controladores de humor aumentou (11,6%). A ansiedade, o estresse, a depres-
são e a insônia estão contagiando um número cada vez maior de brasileiros. A crise está afetando muita gente, como mostra uma psicóloga de 57 anos: “O que mais escuto é: ‘Quero ir embora do Brasil!’. Pergunto: ‘Para onde?’ e me respondem: ‘Para qualquer lugar’. Algumas pessoas que estavam satisfeitas com a própria situação financeira começaram a apresentar problemas de saúde: diarreias, vômitos, insônias, dores musculares, depressão, irritabilidade. Elas falam de uma tristeza enorme, de impotência, de falta de perspectiva. Não conseguem enxergar saída, não têm mais esperança, acham que nada do que fazem tem significado. Conheço muitos casos de ansiedade, e até de sintomas de pânico, relacionados à atual crise política e econômica”. Uma médica de 64 anos disse: “Todo mundo que conheço demonstra muito medo desta crise. Eles sentem que perderam o controle da própria vida, estão
paralisados pelo medo. O jovem tem medo de não conseguir trabalho, os mais velhos têm medo do caos social, alguns têm pesadelos com uma quebradeira geral do país. Tem gente que está com pânico de perder todo o dinheiro, que sonha com a possibilidade de morar em Portugal, nos Estados Unidos ou no Canadá só para ter mais segurança. Ninguém sabe o que vai acontecer com o Brasil e como isso vai afetar a própria vida”. Ela continua: “O país está doente e o medo desta doença está contaminando todo mundo, até mesmo aqueles que poderiam se proteger e se manter saudáveis. É uma epidemia, não escapa ninguém. Os brasileiros não suportam mais tanta instabilidade, insegurança e incerteza”. A médica conclui: “Será que a única saída para a crise é fugir do país? Por que não construir uma alternativa melhor aqui no Brasil?”.
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artes
Fotos: Carla Ornelas / GOVBA
cultura
Principais obras modernistas do Museu de Arte Moderna da Bahia participam de exposição gratuita
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om vista para a Baía de Todos-osSantos e com uma arquitetura que já é por si só uma atração cultural, o casarão do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), no Solar do Unhão, em Salvador, abriga a exposição que reúne 26 das principais obras modernistas do acervo local. Nomes como Tarsila do Amaral, Cândido Portinari e Di Cavalcanti estão expostos na mostra ‘O Modernismo Brasileiro e o viés baiano’, ao lado de artistas nascidos na Bahia e outros que mantém forte relação com o estado como Mário Cravo Júnior. Entre as obras expostas, que compõem o acervo permanente do MAM, estão telas com técnicas diferentes de pintura, uma gravura de Mário Cravo Júnior e tapeçaria de Genaro de Carvalho. Segundo a museóloga e coordenadora do Núcleo de Acervo e Pesquisa Museológica do MAM, Sandra Regina Jesus, as peças contam também parte da história do próprio museu. “Essas obras juntas são a representação do que foi o início da nossa coleção, incluindo a primeira aquisição, a 22 | Vilas Magazine | Abril de 2016
pintura ‘As Flores’, de Burle Marx. Muitas delas [foram] doadas por empresários e intelectuais da época em que o MAM foi fundado. São peças que já viajaram todo o mundo, emprestadas para participar de diversas exposições, mas que são patrimônio do povo baiano, são parte da nossa história, que precisamos conhecer e
A museóloga Sandra Regina Jesus, coordenadora do Núcleo de acervo e Pesquisa do MAM-BA
reconhecer”, explica a museóloga. A estudante Milena Veloso, do Colégio Estadual Odorico Tavares, foi conhecer pessoalmente o que já tinha ouvido falar na escola. “Procurei os museus de Salvador na internet e curti a página [do MAM, no Facebook]. Quando vi anunciando uma exposição de arte moderna, lembrei do que tinha aprendido no ginásio e quis vir conferir de perto como são as obras que a gente só via nos livros. Vim com minha mãe e estou achando maravilhoso. Dá pra ver bem, pela idade que têm os quadros, que tudo aqui é muito bem conservado”, afirmou a estudante. Ciclo de exposições A exposição temporária faz parte do projeto do MAM de exibir essas e outras obras que não eram expostas há cerca de 10 anos. “Faremos um ciclo de exposições como essa, com recortes temáticos no nosso vasto acervo. Acumulamos informações a partir de obras que representam escolas e movimentos distintos. E é preciso dividir isso com o público, contextualizando com o momento atual, criando condições de acessibilidade a essas obras”, explica o diretor do MAM, Zivé Giudice. A exposição segue aberta ao público até o dia 17, de terça a domingo, das 13h às 18h, com entrada gratuita. “O museu é um espaço completo, é lugar de oficinas, atividades educativas e sociais, não é um espaço para estudiosos e especialistas, mas é o lugar para o grande público”, acrescenta Giudice.
cultura
lIVROS
A MULHER QUE TOCOU EM JESUS Autor do best-seller “9 Meses com Maria”, Luís Erlin Gomes Gordo, missionário filho do Imaculado Coração de Maria (Claretianos), lança, pela Editora Ave-Maria, romance bíblico com a história da mulher que tocou em Jesus, uma narrativa ficcional emocionante sobre a experiência de cura milagrosa de uma hemorragia de mais de 12 anos. Na época de Jesus, a realidade das mulheres era influenciada pelo pensamento dos filósofos. Na antiga Atenas, por exemplo, os grandes pensadores acreditavam que as mulheres eram inferiores aos homens. Oprimidas, não possuíam permissão para falar em público, nem mesmo com o marido. Eram proibidas de comer no mesmo recinto em que os homens estivessem reunidos e de entrar no pátio do templo ou aprender as Escrituras na companhia deles. A postura de Cristo, assim, foi radical não só por dialogar de igual para igual com as mulheres, mas também por denunciar a hipocrisia latente da sociedade. A mulher do fluxo de sangue é uma das principais personagens femininas alcançadas por Jesus. Descrita no Novo Testamento, é talvez um dos relatos mais impressionantes de cura da Bíblia.
DIRETO AO PONTO
PACIÊNCIA E SUA TURMA
Segundo estudos do Projeto de Sexualidade da USP (ProSex), 50% das brasileiras tem dificuldades para chegar ao orgasmo e cerca de 40% delas nunca chegaram “lá”. Esses dados são sintomáticos, especialmente levando-se em conta que muitas dessas mulheres estão em relacionamentos estáveis há anos. Em seu novo livro Direto ao Ponto, sexo e intimidade no casamento, lançado pela editora Mundo Cristão, o autor norte-americano Kevin Leman fala abertamente sobre sexualidade tirando dúvidas comuns dos casais quando o assunto é intimidade. Sobre orgasmos femininos Kevin é enfático: num relacionamento, o objetivo tem de ser dar prazer ao outro, na vida e no sexo. Se o seu parceiro for atencioso com você e vice-versa todos sairão ganhando. O orgasmo é consequência natural, nunca deve ser um “grilo”.
Como ensinar as crianças a lidarem de forma leve com pecados como a gula, a preguiça, o egoísmo, a vaidade, a avareza, a inveja e o orgulho? No livro ilustrado Paciência e sua turma, publicado pela Boa Nova Editora, a professora Paciência incentiva os alunos a mudarem as atitudes de uma vez por todas! A decisão tomada por ela é dividir os alunos em salas diferentes. Será que essa mudança vai dar certo? Durante uma aula, a sábia professora resolve conversar com seus sete alunos: Gula, que só comia; Preguiça, que não gostava de fazer nada; Egoísmo, o amigo muito bonito que não pensava em ninguém; Vaidade, também muito bonita, e sua irmã gêmea, a Avareza, que não doava nada a ninguém, além da muito inconveniente e metida, Inveja, e o arrogante Orgulho. O livro aborda o tema com uma linguagem simples e descontraída, além de encantar os leitores com graciosas ilustrações. A obra convida todos a refletirem sobre as atitudes e comportamentos e, com persistência e paciência, mudá-las.
O Professor 2 A autora baiana Tatiana Amaral prossegue o romance de sucesso O Professor com uma nova história sobre Charlotte e Alex, no segundo livro da série: O Professor – As Aulas Continuam. Adentrando em questões éticas, como o relacionamento em sala de aula entre um mestre e sua aluna, diferença de idade e pais autoritários, o enredo erótico envolve e instiga o leitor com muito romance na trama. A obra é a sequência da história de Charlotte Middleton e do romance com o professor universitário Alex Frankli. Depois de ambos passarem pelos apuros da primeira vez, Charlotte terá que enfrentar a família do noivo antes de encontrar a verdadeira felicidade nos braços do homem que sempre amou. Tatiana Amaral é baiana e mora em Salvador, prestou vestibular para Direito, se formou em Administração com habilitação em Marketing, mas se encontrou como escritora.
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turismo
FLORIPA NA INTIMIDADE Projeto convida visitantes a conhecer o dia a dia de moradores da cidade, de pescadores a tecelãs
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gosto da água salgada, o peso da malha em uma mão e os fios macios e molhados na outra. É assim que os turistas – com pés descalços, sobre um banco de areia no meio da baía sul de Florianópolis (SC) – aprendem a jogar a tarrafa, rede de pesca que precisa ser mordida antes de ser arremessada. A aula com os pescadores é uma das atrações de um projeto de turismo de experiência na região, lançado em dezembro do ano passado pelo Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de Santa Catarina. A ideia é incentivar e mostrar atividades que vão além das praias badaladas e fazer com que pequenos grupos de visitantes “se misturem” à cultura dos moradores. Pescador há 57 anos, Assis Martins, 69, é um dos guias do passeio. “Hoje levei o pessoal só para conhecer, mas amanhã vou pegar todos vocês”, brada ele aos peixes, antes de levar o grupo de volta à terra firme. Na pequena casa de madeira que serve de rancho de pesca, a família de Assis serve um saboroso parati frito, fisgado ali mesmo, com pirão e rodelas de tomate. Na cadeira ao lado, a sogra de seu filho, Vanda Fernandez, 69, tece uma renda de bilro –artesanato de tecelagem típico de Portugal–, da forma como aprendeu com sua avó, aos oito anos de idade. Outros passeios fazem parte do programa. Mais ao sul da ilha, a opção é visitar uma fazenda de ostras e aprender como elas são cultivadas –Santa Catarina é o Estado que mais produz os moluscos no Brasil. A R$ 50 por pessoa, é possível degustá-las, naturais e ao bafo, acompanhadas de espumante. Há ainda opções para “dar banho” nas tartarugas do Projeto Tamar –usando uma espécie de rodo com o qual se esfrega o casco dos animais–, um mergulho para iniciantes ou veteranos 24 | Vilas Magazine | Abril de 2016
1 - ECORAFTING Enquanto desce as corredeiras de bote, o visitante pode arremessar, com estilingue, sementes de árvores nativas nas margens do rio Cubatão do Sul, para ajudar a reparar a mata ciliar (R$ 90) 2 - MENINAS DA TERRA Três amigas ensinam a fazer e a pintar objetos de barro, com direito a um acolhedor café da tarde (R$ 60)
3 - HISTÓRIA PARA TODOS Passeio pelo centro histórico de São José organizado para surdos, com oficina de abayomis (bonecas de pano), olaria e artesanato (R$ 200 por grupo)
e um passeio pelo centro histórico, que começa no Mercado Público (confira as sugestões, nesta e na outra página). Dona de restaurante, Claudia Martins, 48, virou também espécie de guia da região. Entre um “Tais vendo, nega?” e outro, ela apresenta aos turistas a quitanda da família –as ervas chegam de uma área rural, “de um senhorzinho de 96 anos” que as leva até o mercado pessoalmente, de ônibus. São os visitantes que escolhem os ingredientes usados para preparar o almoço. O tour acaba em um piquenique, com vista para a clássica ponte Hercílio Luz, enquanto o pôr do sol banha a “ilha da magia”.
4 - FEIRA DA FREGUESIA Com dança, teatro e artesanato, a feira acontece todo segundo domingo do mês no centro histórico de São José (grátis) 5 - ENTRE GINGAS E HISTÓRIAS Em um casarão do século 19, dançarinos convidam os visitantes a participar de um show de capoeira. Ao final, é servido caldinho de feijão (R$ 100) 6 - EXPERIÊNCIA DE MERGULHO Durante o mergulho guiado, o visitante leva imagens para identificar espécies marinhas. Há adaptação para pessoas com deficiência (a partir de R$ 235) 7 - FAÇA SUA CAIPIRINHA Com os ingredientes e apetrechos à mesa, o cliente aprende a preparar o drinque típico (R$ 28) 8 - JOGOS DA EXPERIÊNCIA Pousada organiza campeonatos de jogos de carta e de tabuleiro, principalmente para idosos. Também há sinuca, pebolim e atividades ao ar livre (entre R$ 150 e R$ 300, por dois dias) 9 - RATONES - DA TERRA AO PRATO Após trilha, é possível colher e experimentar alimentos orgânicos e frescos, que são plantados no rancho (R$ 110) 10 - PALADARES DA 10ª ILHA Turista pode escolher ingredientes no Mercado Público, preparar pratos típicos e fazer um piquenique com vista para ponte Hercílio Luz (R$ 60) 11 - FLORIPA BY BUS São cinco roteiros guiados pela ilha, de ônibus ou de barco, de dia ou de noite, com trilha sonora regional e histórias da cultura local (de R$ 25 a R$ 130) 12 - HORA DO BANHO DAS TARTARUGAS No Projeto Tamar, o visitante pode dar peixe para as tartarugas comerem e limpar seu casco com uma espécie de rodo (R$ 12) 13 - O HOMEM DO MAR É possível alugar um barco por algumas horas, com um piloto, navegar no rio da Barra e na lagoa da Conceição e dar um mergulho no mar (R$ 130; mínimo de 2 pessoas) 14 - UM DIA INESQUECÍVEL Pescadores locais levam visitantes a bancos de areia em reserva ecológica e ensinam a jogar a tarrafa (rede de pesca). Há degustação de pirão e peixe da região inclusa no passeio (R$ 65) 15 - OSTRA XPERIENCE Dá para ver como esses moluscos são cultivados e há uma degustação com espumante e ostras naturais e preparadas ao bafo (R$ 50)
Passeios incluem olaria, capoeira e ‘rafting semeador’ Deixando espalhar um cheiro de terra úmida e café fresco, a engenheira aposentada Rita Stotz, 59, abre a porta de sua casa aos turistas. Depois de servir bolo de banana e explicar a arte da olaria – como ela diz, é “taca-le pau no barrinho” –, Rita ensina a fazer objetos de argila junto a outras duas amigas, em clima de casa de avó. A oficina com as Meninas da Terra, nome que o trio criou quando decidiu se profissionalizar, é uma das atrações de turismo de experiência em São José, município da Grande Florianópolis. Outras cidades da região também oferecem atividades. Um pouco mais afastados da capital, a 18 quilômetros, moradores de Biguaçu convidam o visitante para a capoeira. Sobre o chão de um casarão do século 19 construído por mãos escravas, eles ensinam os movimentos básicos da dança. Emendam no samba de roda, na puxada de rede e no maculelê, outras expressões afro-brasileiras. Para turistas que desejem experiências mais radicais, a cidade de Santo Amaro da Imperatriz abriga um trecho do rio Cubatão do Sul usado para fazer rafting. Com uma diferença. Além de descer as corredeiras, os participantes têm a missão de ajudar a recuperar suas margens. Ipê-amarelo, canjerana, tanheiro, jambolão: a brincadeira é arremessar com um estilingue, a bordo dos botes infláveis, sementes de plantas nativas para que elas possam nascer e voltem a povoar o local de onde nunca deveriam ter saído. Júlia Barbons / Folhapress. Abril de 2016 | Vilas Magazine | 25
comportamento
Gestos e postura ajudam a detectar e avaliar depressão Segundo estudos, observar a linguagem corporal de pacientes pode indicar se o tratamento funcionou Especialistas dizem que análise da mímica será o substituto científico para o que é chamado de ‘olho clínico’
V
ocê entra no consultório. Senta. Um pouco de conversa e de observação e o profissional já sabe: é depressão. Psicólogos e psiquiatras frequentemente se valem de uma certa intuição baseada em sua experiência – também conhecida como “olho clínico” – para bater o martelo sobre o diagnóstico de seus pacientes. “De frente com o paciente, percebendo a forma como ele olha pra você, é possível ter uma intuição diagnóstica. Há um retardamento, os movimentos são lentos e custosos e geralmente refletem bem o que a pessoa está sentindo”, afirma o psiquiatra e professor titular da USP Wagner Gattaz. “Mas, muitas vezes a gente se engana também.” O que faltava era, basicamente, um corpo mais científico ao tal do “olhar clínico”. E é aí que a psicóloga e pesquisadora Juliana Fiquer, também da USP, resolveu atuar, criando um registro dos comportamentos que ajudam a dizer se a pessoa tem depressão e se o tratamento funcionou. Em seu doutorado, Juliana entrevistou e filmou pacientes (eram 40 no total) com quadro grave de depressão (e que estavam passando por um tratamento experimental de estimulação elétrica transcraniana). Os comportamentos foram analisados e quantificados por pesquisadores independentes que não sabiam do estado clínico dos pacientes. A tática para dessensibilizar o paciente, ou seja, minimizar o peso de ele estar sendo filmado, consistia em deixar a câmera gravando desde antes da entrevista, enquanto alguns formulários eram respondidos. Para os resultados serem de boa qualidade (ou seja, reprodutíveis), era importante também que os pacientes não soubessem precisamente qual seria a finalidade da gravação – registrar suas expressões facial e corporal.
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Por outro lado, a maioria deles – provavelmente por causa da depressão –, nem perguntava a respeito das filmagens, relata Juliana. EXPRESSÕES Entre os principais achados está que a intensidade (maior ou menor) de alguns comportamentos está diretamente associada à gravidade do quadro de depressão. Um bom exemplo disso é a gesticulação ilustrativa – usada quando se quer “mostrar coisas” com as mãos. Na depressão esses movimentos tendem a sumir. O gesto “contrário”, repetitivo e sem um objetivo óbvio (como manusear as próprias mãos) se tornam mais frequentes. Alguns sinais também se mostraram bons indicadores de que o tratamento surtia efeito. Alguns exemplos: o choro diminuiu, o contato ocular aumentou e as testas se tornaram menos franzidas. Mas nem sempre a resposta é fácil: pode haver sinais aparentemente contraditórios, como sorrisos e falas misturados com gesticulações sem sentido, como na esquizofrenia, de acordo com Gattaz. O quadro em que os gestos não condizem com a fala é chamado de paramimia. No caso do mal de Parkinson, por exemplo, há uma amimia, ou seja, perda dos movimentos. Segundo Gattaz, que já viveu na Alemanha, sinais não verbais são mais difíceis de se perceber naquele povo em comparação aos latinos. “De repente a língua mais rica diminui a importância da mímica”, filosofa. Não é exatamente isso que a pesquisa de Juliana indica. Parte de seus resultados foi publicada na revista especializada “Journal of Affective Disorders”. Em outra fase de sua pesquisa, ainda inédita, houve uma colaboração com holandeses na qual foi realizada uma avaliação parecida e com resultados na mesma direção – a avaliação não verbal, portanto, não é algo que valeria somente para um país ou etnia em particular. “Na verdade, os primeiros estudos dessa área foram feitos nos EUA e em alguns países da Europa”, afirma a psicóloga. A ideia de usar a comunicação não verbal não é substituir o médico ou psicólogo: nem o relato verbal. “É uma ferramenta para saber mais sobre o paciente. Não é tratamento”, diz a pesquisadora. “Às vezes há gestos que não batem com o relato. E podemos atuar em cima disso.” Ao saber, por exemplo, para quais comportamentos o psiquiatra ou psicólogo deve prestar mais atenção, “pode-se levar coisas que não estão tão claras para o território do pensamento e da consciência e trazer aquilo para o verbal”, conclui ela. Gabriel Alves / Folhapress.
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comportamento
REZA QUE PASSA “É
mole? Vou ao médico tratar da depressão e ele me manda rezar!”. A recomendação que gerou surpresa na médica e professora universitária Maria Inês Gomes, 67, agora tem aval da Associação Mundial de Psiquiatria. Em outubro, a entidade aprovou documento declarando a importância de se incluir a espiritualidade no ensino, pesquisa e prática clínica da psiquiatria. A Sociedade Brasileira de Psiquiatria ainda não se posicionou sobre o assunto. A proposta, obviamente, não é “receitar” uma crença religiosa ao paciente, mas conversar sobre o assunto. O indexador de estudos científicos PubMed, do governo americano, lista mais de mil estudos sobre o tema. Os recursos espirituais avaliados nesses trabalhos variam bastante, desde acreditar em Deus ou um poder superior, frequentar alguma instituição religiosa ou mesmo participar de programas de meditação e de perdão espiritual, mas a grande maioria conclui que há correlação entre espiritualidade e bem-estar. O maior impacto positivo do envolvimento religioso na saúde mental é entre pessoas sob estresse ou em situações de fragilidade, como idosos, pessoas com deficiências e doenças clínicas. Não se trata, claro, da prova científica da ação de Deus – uma
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Associação Mundial de Psiquiatria declara que a espiritualidade tem papel importante na melhora dos pacientes – as razões não estão claras, mas vários estudos ligam fé ao bem-estar, à menor solidão e à redução do estresse hipótese dos pesquisadores é que religiosidade sirva, por exemplo, para reforçar laços sociais, reduzindo a incidência de solidão e depressão e amenizando o estresse causado por doenças ou perdas. Três meta-análises (revisões científicas) já realizadas sobre o tema indicam que, após controle de variáveis como
estado de saúde da pessoa, a frequência a serviços religiosos esteve associada a um aumento médio 37% na probabilidade de sobrevida em doenças como o câncer. O desafio é entender exatamente como isso acontece. Uma das explicações propostas é a ativação do chamado eixo “psiconeuroiA médica e professora universitária Maria inês Gomes, 67, de Juiz de Fora (MG), que ouviu seu psicanalista falar sobre a importância da espiritualidade
munoendócrino”, em que uma emoção positiva seria capaz de alterar a produção de hormônios que, por exemplo, reduziriam a pressão arterial. “O impacto da religião e espiritualidade sobre a mortalidade tem se mostrado maior que a maioria das intervenções, como o tratamento medicamentoso da hipertensão arterial ou o uso de estatinas”, afirma Alexander Moreira-Almeida, professor de psiquiatria da Universidade Federal de Juiz de Fora. Um outro estudo recente publicado na revista “Cancer”, da Sociedade Americana de Câncer, revisou dados obtidos com mais de 44 mil pacientes e concluiu que são os aspectos emotivos da espiritualidade e da religiosidade aqueles que mais trazem benefícios para a saúde física e mental de pacientes com a doença. O mesmo não acontece quando o paciente Angelo Savastano / Folhapress)
se dedica a meramente estudar ou pesquisar sobre a religião. EFEITO NEGATIVO Ao mesmo tempo, segundo Almeida, as crenças religiosas também podem atuar de modo negativo, quando enfatizam a culpa e a aceitação acrítica de ideias ou transferem responsabilidades. “Piores desfechos em saúde são observados quando há uma ênfase na culpa, punição, intolerância, abandono de tratamentos médicos. A existência de conflitos religiosos internos ao indivíduo ou em relação à sua comunidade religiosa também está associada a piores indicadores de saúde.” Por essa razão, é importante que os profissionais tenham em conta a dupla natureza da religião e espiritualidade, segundo Kenneth Pargament, professor de psicologia clínica na Bowling Green State University (Ohio). “Elas [religião e espiritualidade] podem ser recursos vitais para a saúde e bem-estar, mas eles também podem ser fontes de perigo”, diz ele, que esteve no Brasil em novembro falando sobre
o assunto no Congresso Brasileiro de Psiquiatria. Ele lembra que, por muitos anos, psicólogos e psiquiatras evitaram a religião e a espiritualidade na prática clínica. Entre as razões, estaria a antipatia pela religião que sempre houve entre os ícones da psicologia, como Sigmund Freud. Para Pargament, é importante a compreensão de que a religião e a espiritualidade são entrelaçadas no comportamento humano e que os profissionais precisam estar preparados para avaliar e abordar questões que surjam no tratamento. “Para muitas pessoas, a religião e a espiritualidade são recursos-chave que podem facilitar o seu crescimento. Para outros, são fontes de problemas que precisam ser abordadas durante o tratamento. Isso precisa ser compreendido pelos profissionais de saúde.” Entre as técnicas que estão sendo estudadas para essa abordagem estão programas, por exemplo, para ajudar pessoas divorciadas a lidar com amargura e raiva, ou vítimas de abuso sexual e mulheres com distúrbios alimentares. Cláudia Collucci / Folhapress.
Estudos sobre fé, espiritualidade e saúde Religião, espiritualidade e saúde física em pacientes com câncer, de 2015, no periódico “Cancer” Resumo: A meta-análise congregou resultados obtidos com mais de 32 mil pacientes para concluir que a saúde física dos pacientes com câncer melhora com a experiência de religiosidade ou de espiritualidade. Isso ocorre mais pela relação emotiva do que por aquela mais racional com a religião/espiritualidade. Caminhos distintos entre Religiosidade, Espiritualidade e Saúde, de 2014, no periódico “Circulation” Resumo: Os autores do estudo propõem separar os efeitos na saúde física que poderiam ser atribuídos à religião e os que poderiam ser atribuídos à espiritualidade. A proposta é que a religião poderia fomentar hábitos saudáveis, enquanto a espiritualidade traria melhor equilíbrio emocional Doenças mentais, religião e espiritualidade, de 2013, no periódico “Journal of Religion and Health” Resumo: A meta-análise analisou 43 estudos do período entre 1990 e 2010 e viu que 72% deles mostram resultados positivos entre a dimensão espiritual/ religiosa e a saúde física, especialmente para demência, depressão e dependência química. A Esquizofrenia e o transtorno bipolar não são afetados
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saúde & bem-estar
Alan Marques / Folhapress
Funcionária pública Thaís Sundfeld, 32, que sofreu com obsessão por comida saudável; hoje recuperada, ela mostra sua rotina e posta fotos de seus pratos em rede social
MANIA DE COMER BEM A ortorexia, ou seja, a obsessão em se alimentar de maneira saudável, pode acabar levando ao isolamento social e causar desnutrição
A
pós perder 27 kg e finalmente conquistar uma barriga “tanquinho”, a funcionária pública Thaís Sundfeld, 32, passou a controlar rigidamente a alimentação. O desejo de comer de forma saudável era tanto que passou a prejudicar sua vida pessoal. “Uma refeição fora de casa, mesmo na casa da minha avó, gerava um estresse enorme. Sentia culpa e ansiedade. Não conseguia fazer concessões”, explica. Julia, 25 (que prefere não divulgar seu sobrenome), excluiu tantos grupos alimentares que, após dois anos de dieta,
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viu seu cardápio reduzido praticamente só a proteínas e hortaliças. Desenvolveu pânico de comer na frente de conhecidos e chegou a levar marmita para a festa de casamento da irmã. Ambas sofreram com a chamada ortorexia: um comportamento obsessivo em relação à comida. Além de pôr em risco a saúde, com a falta de nutrientes essenciais, a ortorexia ainda atrapalha significativamente as relações sociais e afetivas. “A preocupação excessiva com a alimentação passa a dominar a vida da
pessoa. Torna-se uma obsessão”, explica a médica Sandra Carvalhais, coordenadora da pós-graduação em psiquiatria do Instituto de Pesquisa e Ensino Médico, em São Paulo. Para os especialistas, a onda de blogs e redes sociais que disseminam informações sobre nutrição e dietas, muitas vezes equivocadas, acabam criando o ambiente ideal para paranoias alimentares. O termo ortorexia – junção dos termos gregos “ortho”, correto, e “orexis”, apetite – surgiu no livro “Health Food Junkies” (Viciados em comida saudável) do médico americano Steven Bratman. Publicada em 1997, a obra já indicava a tendência do “vício” fora de limites por alimentos supostamente perfeitos. Embora tenha havido cada vez mais trabalhos acadêmicos sobre o tema, a
ortorexia ainda não é reconhecida como um transtorno alimentar distinto nos manuais de referência, como o DSM-5 da Sociedade Americana de Psiquiatria. A questão, porém, tem sido cada vez mais presente nos consultórios. isolamento Ainda que muitas vezes também cause emagrecimento excessivo, a ortorexia é diferente da anorexia. Para a médica nutróloga Maria del Rosario, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, que tem longa experiência em transtornos alimentares, a principal questão é a autoimagem corporal. “Quem tem anorexia se olha no espelho e se enxerga gordo, mesmo estando muito magro. O ortoréxico não costuma ter esse problema. Ele se vê magro, mas muda a alimentação por
uma questão de saúde.” A ortorexia pode, inclusive, estar associada a outros distúrbios, sobretudo transtornos compulsivos. Além disso, a pessoa com ortorexia se impõe tantas restrições que acaba sem conseguir comer com a família e os amigos. Esse isolamento pode levar a ansiedade e depressão, segundo del Rosario. Recém-formada em administração, Julia, 25, diz que teve dificuldades em participar dos eventos da universidade. “Passava horas buscando na internet a maneira mais pura de me alimentar. Depois de um tempo, perdi a capacidade de comer algo que tivesse sido preparado por outra pessoa”, diz ela, que está em tratamento para a ortorexia há quatro meses. Os especialistas indicam tratamento multidisciplinar, com psicólogo, psiquiatra e acompanhamento nutricional.
Suzana Herculano-Houzel
H
á futuras mães que contam os dedos dos seus fetos, ou que festejam ver seu coração batendo na ultrassonografia. Eu festejei ver o cérebro dos meus bem formado, com circulação saudável e tamanho adequado para a idade gestacional. Infelizmente, esta é uma alegria negada a algumas das futuras mães infectadas por certos vírus na gestação – e o vírus da vez, o zika, é só mais um. A microcefalia é a condição em que o cérebro não atinge o tamanho estatisticamente normal ao fim da gestação. As causas da microcefalia são variadas, e uma delas são viroses, como infecção da gestante pelo cito-
Giuliana Miranda / Folhapress.
SUZANA HERCULANO-HOUZEL é neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro “Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor” e autora do blog www.suzanaherculanohouzel.com
Microcefalia e pesquisa básica Talvez o cérebro do bebê afetado pelo zika consiga recuperar o atraso, mas só o tempo e a ciência dirão
Como as restrições alimentares podem ser diferentes, os efeitos da ortorexia variam de pessoa para pessoa. Há desde casos sérios de subnutrição até deficiências de nutrientes. Hoje recuperada, Thaís diz que o apoio do marido e da família foram fundamentais. “Tem sido uma batalha em busca do equilíbrio, mas já consigo ir a uma festa e comer normalmente”, conta. A servidora pública conta um pouco da sua rotina em um perfil no Instagram. Outras redes sociais e sites também têm sido um espaço para a troca de experiências e a busca de apoio, como a página “Como, logo me culpo”, criada no Facebook por Karina Guimarães e dedicada a ajudar portadores de diversos transtornos alimentares.
megalovírus, causador da mononucleose. Ainda assim, somente cerca de 10% dos bebês que nascem já infectados pelo citomegalovírus têm alterações como microcefalia. Cada vírus é diferente, no entanto, e entender como o zika em particular impede que o cérebro atinja o tamanho normal ao nascimento exigirá alguns anos de pesquisa aplicada, voltada especificamente para este vírus e empregando necessariamente animais de laboratório – supondo que o zika também os afete como afeta a nós, humanos. Mas, graças a décadas de pesquisa básica, com o intuito de entender o processo de desenvolvimento normal do sistema nervoso, já é possível fazer algumas inferências educadas a respeito do zika. Formar um cérebro de um determinado tamanho requer gerar um número adequado de células progenitoras (que têm alto poder de proliferação e podem
dar origem a qualquer tipo de célula do sistema nervoso); gerar um número apropriado de neurônios a partir destas; fazer esses neurônios brotarem os ramos que formam conexões com outros neurônios, aumentando de tamanho como uma plantinha se transforma em uma árvore frondosa; e ainda gerar todas as células gliais que permitem aos neurônios funcionar corretamente. Em princípio, qualquer um desses processos, se perturbado, pode dar origem a um cérebro pequeno demais e, portanto, à microcefalia. O citomegalovírus age no início da gestação, comprometendo a proliferação celular e o tamanho do cérebro. Como o zika parece agir mais tarde, é possível que ele afete menos o número de neurônios formados e mais o tamanho dessas células ou, com sorte, apenas atrase a geração de células gliais, caso em que o cérebro talvez consiga recuperar o atraso mais tarde. Somente o tempo e a ciência dirão. Abril de 2016 | Vilas Magazine | 31
vida saudรกvel
Sinais nas unhas indicam quando o corpo nรฃo estรก bem
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Tirar cutícula pode causar infecções O hábito de tirar a cutícula é um erro, segundo especialistas. O correto é passar a usar hidratante na região diariamente e até usar cremes específicos para a região para evitar que ela cresça. “Se esse processo for realizado diariamente, a cutícula ficará despercebida e não irá alterar na estética e no embelezamento das unhas com a aplicação do esmalte”, afirma a dermatologista Carla Bortoloto. Publicitária e autora do site Unha Bonita (www.unhabonita.com.br), Daniele Honorato parou de tirar as cutículas quando percebeu que estava machucando suas mãos. “Eu tirava muito a cutícula. Depois de pesquisar, percebi que só estava deixando meu organismo sem proteção alguma. Há cinco anos não as tiro mais, e elas são praticamente invisíveis.” (Foto Arquivo pessoal).
N
em sempre nos damos conta, mas as unhas podem falar muito sobre a nossa saúde. Manchas e linhas, por exemplo, podem indicar que o corpo está necessitando de determinada vitamina ou está com alguma doença mais séria, afetando o fígado ou o coração. Segundo a dermatologista Angélica Pimenta, manchas esbranquiçadas indicam anemia, carência de zinco e proteínas, ou alguma alergia e até insuficiência renal. Quem tem ondulações nas unhas também deve ficar atento. Elas podem indicar um trauma causado por espátula usada com muita força ou doença cardíaca ou pulmonar. Faixas negras indicam
disfunções hormonais, micoses, tumores na raiz da unha e até câncer de pele. Também é importante ter atenção aos cuidados com as unhas. “O corte é fundamental para não acumular sujeira embaixo das unhas, onde proliferam micro-organismos [como fungos e bactérias]”, explica Angélica. O comprimento delas é outro fator a ser observado. De acordo com a dermatologista Carla Bortoloto, o comprimento ideal é curto; para mantê-lo, as unhas podem ser cortadas ou lixadas. As médicas explicam que não se deve cortar a unha muito perto da carne, mas apenas sua borda (parte branca que
cresce). “Isso porque, quando há um corte mais fundo, há risco de inflamar ou infeccionar. Em alguns casos, pode até deformar a unha”, diz Angélica. É bom evitar unhas muito compridas porque, segundo os especialistas, isso pode comprometer o tato e criar riscos de arranhões e machucados. “Além disso, quanto mais compridas, maiores as chances de quebrar”, diz Angélica. A manicure Juliana Ferreira ressalta, ainda, que é importante hidratar bem as mãos diariamente. Esse hábito evita que as cutículas ressequem e fiquem quebradiças, explica. Bárbara Souza / Folhapress,
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vida saudável
Herpes é altamente contagioso e pode até causar meningite
U
ma das doenças infecciosas mais comuns e recorrentes, o herpes é altamente contagioso, pode aparecer várias vezes durante a vida da pessoa
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e não tem cura. Em casos raros, o vírus consegue penetrar no sistema nervoso central e pode causar infecções mais graves nas
meninges (o tecido que protege o sistema nervoso central e a medula espinhal) e no cérebro. Essas condições, se não tratadas, podem causar a morte. De acordo com especialistas, é possível que a maioria da população seja portadora do vírus do herpes, mas muitos podem passar a vida sem manifestar a doença.
Sabe-se que algumas condições podem fazer a doença se apresentar. Tomar sol, ter tido infecção, estar com as defesas do organismo baixas devido a alguma doença ou cirurgia, depilação com cera e o período menstrual são fatores que desencadeiam o herpes em algumas pessoas. Tentar evitar situações que possam levar ao aparecimento dos sintomas da doença é uma das poucas formas de fugir do desconforto que ela causa. “Se a pessoa percebe que tem herpes quando toma sol, deve tentar evitar, mas não existe uma prevenção nessas situações”, diz o infectologista Guilherme Furtado Quem está com as bolhinhas evidentes deve ter cuidado para não passar o vírus a quem não tem, principalmente crianças pequenas. Para quem nunca teve sinais de herpes, a dica para identificar são as bolhinhas agrupadas no entorno da boca ou nos lábios. Na
fase inicial causam coceira e ardência. Depois, dor que pode ser bastante intensa e se estender por todo o rosto. Resta depois uma ferida de tamanho variável que pode sumir logo após o fim do sintomas ou deixar cicatriz. “A recomendação é não coçar, até para não abrir caminho para uma infecção por bactéria”, afirma Furtado. Vírus também pode afetar região genital O vírus da herpes também pode afetar a região genital e é transmitido durante a relação sexual. Trata-se do herpes simples tipo 2. Também é possível haver transmissão do tipo 1 para essa região. Uma outra forma do vírus é o herpes-zóster, que se manifesta em pessoas com mais de 60 anos que tiveram catapora na infância. Para esse caso existe vacina, recomendada a pessoas com mais de 50 anos. Bárbara Souza / Folhapress.
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mundo pet
PARA UM CÃO
Como dar comprimidos para cachorros e gatos
1. Segure cuidadosamente o focinho por cima, colocando seu polegar de um lado e os outros dedos do outro lado do focinho. Segure e aperte com firmeza logo atrás dos caninos (as “presas”). A boca do cão deve abrir. 2. Com a mão livre segure o comprimido e ao mesmo tempo force o maxilar inferior para baixo. Com a boca do animal bem aberta, coloque o comprimido na parte mais posterior da língua, empurrando ainda um pouco mais com o seu dedo indicador. 3. Feche e segure o focinho com cuidado enquanto o seu cão engole. Para estimular, você pode passar a mão na parte inferior do pescoço, com movimentos para baixo.
PARA UM GATO
O
veterinário mandou você com seu animal de estimação (que não está muito bem) para casa, com um frasco de comprimidos e algumas instruções. E agora? Não se preocupe. Dar comprimidos ao seu animal de estimação é apenas uma questão de prática e muita compreensão. Veja a seguir algumas orientações práticas. Observe que os métodos são diferentes para cães e gatos. DICAS l Os comprimidos revestidos são os melhores. Eles descem mais facilmente e não se dissolvem tão rapidamente, o que é importante se você tiver que fazer mais do que uma tentativa. l Se você não conseguir fazer com que o comprimido seja engolido, tente disfarçá-lo em alguma coisa que o seu ani36 | Vilas Magazine | Abril de 2016
mal adora (pode ser miolo de pão, pedaço de carne, sardinha, e etc…). Mas consulte antes com o seu veterinário se pode ser feito, porque alguns medicamentos não devem ser administrados com alimentos. l Cuidado com alguns medicamentos de uso humano. Alguns deles, como ibuprofen, aspirina ou acetaminofen, podem ser prejudiciais ou até mesmo fatais. Apenas o veterinário pode indicar que medicamento utilizar. l Siga sempre as instruções do seu veterinário com relação à dose, mesmo que pareça que o seu animal de estimação está ficando melhor muito depressa. Se você interromper a medicação muito cedo pode haver o risco de o problema acontecer novamente, podendo reduzir a eficiência da medicação.
1. Peça a alguém que segure as patas dianteiras e o peito do seu gato por trás, para que você esteja livre para fazer o resto, ou viceversa. Se você tiver problemas, coloque uma toalha ou pano ao redor do seu gato. 2. Coloque a sua mão na parte de cima da cabeça do gato, evitando o maxilar inferior. Levante a cabeça até que o nariz do gato esteja apontando para o teto. Quando a boca abrir, use a sua outra mão para segurar o comprimido e force o maxilar inferior para baixo, empurrando o comprimido para a parte mais posterior da língua. 3. Feche a boca do seu gato, procurando ter certeza que você e o seu parceiro continuem segurando firme. Esfregue a ponta do nariz. Isso vai forçar o gato a lamber a ponta do seu próprio nariz, fazendo com que seja mais fácil engolir. Lembre de elogiar bastante o seu gato todas as vezes em que ele engolir um comprimido.
moda & beleza
Limpeza profunda Ter uma rotina de cuidados com a pele tira as impurezas, desobstrui os poros e ajuda na absorção dos produtos de beleza
A
tão sonhada pele de pêssego começa com uma boa limpeza. Lavar o rosto ajuda, mas, considerando a poluição das cidades, o uso de maquiagem e o desequilíbrio da pele, uma ajudazinha de produtos de beleza é necessária para uma limpeza eficaz e benéfica. “Esse é o primeiro passo fundamental para o sucesso de uma pele saudável. A limpeza retira as sujeiras acumuladas e ajuda na diminuição da oleosidade em excesso, pois remove as células mortas que se acumulam na camada superficial. Ela ainda restaura e equilibra o pH da epiderme, previne o envelhecimento e proporciona uma aparência limpa, hidratada e jovem”, lista a especialista em dermatofuncional Gianny Pastri Corsi. Cinco minutinhos são suficientes para garantir uma pele mais radiante – e o estímulo ainda ajuda na renovação celular e prepara a pele para receber melhor os tratamentos posteriores. “A pele é o maior órgão do corpo humano, e a do rosto fica exposta durante os 365 dias
do ano. Por isso, é a parte que exige um cuidado especial”, observa a esteticista Michelle Meleck. A gerente Samara Hammoud, 22 anos, cuida-se para manter a beleza em dia. “Eu sempre tive a pele muito boa, mas depois dos 18 anos comecei a notar que ela estava ficando mais oleosa. Então, tenho o hábito de lavar bem o rosto pelo menos três vezes ao dia”, conta. A dermatologista Susy Rabello, indica os cuidados específicos a partir da adolescência, quando há mudança das glândulas sebáceas. O ideal é cumprir essa rotina de cuidados de uma a três vezes por dia, especialmente ao acordar e ao ir dormir. “Pessoas com a pele oleosa tendem a precisar de mais limpeza, mas, se exagerar, ocorre o efeito rebote, que é o aumento da oleosidade”, aponta a dermatologista Susy. Os especialistas recomendam seguir a ordem sabonete, tônico e hidratante, sempre escolhidos para o tipo de pele da pessoa (normal, seca, oleosa ou mista). “Pela manhã é muito importante finalizar com um protetor solar. E, à noite, essa higienização deve ser caprichada. Afinal, enfrentar um dia cheio de poluição acaba sendo muito nocivo ao tecido”, orienta Michelle, que enfatiza a importância da hidratação, principalmente antes de dormir. “É importante para manter a elasticidade e a maciez da pele, devendo ser realizada logo após a tonificação”,
concorda Gianny. E, uma vez por semana, entram em cena os esfoliantes, usados antes do tônico. O objetivo é fazer uma limpeza ainda mais profunda e deixar a pele mais macia, higienizada e com uma tonalidade mais clara e uniforme. Laís Oliveira / Folhapress.
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Jaime de Moura Ferreira Administrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. E-mail: jamoufer@atarde.com.br
Um Brasil diferente
J
amais gostaria de viver em outro país. Porém, sem dúvidas, quero morar em um outro Brasil. Apesar do nosso país ser considerado um dos mais ricos do mundo em recursos naturais, e um dos mais elogiados pela sua cultura, população gentil, feliz, inteligente e hospitaleira, no entanto, torna-se necessário alterações nos avanços profissionais, na redução da impunidade, na força de trabalho com honestidade, mais amor à Pátria e dignidade no proceder. Não aceitemos a “síndrome de vira-lata” e busquemos a “marca Brasil”. É evidente que essas ações negativas não se estendem a todos, pois já determina o ditado popular: “toda regra tem exceção”. O primeiro item negativo a ser comentado é a corrupção. Dizem até que essa deterioração de caráter faz parte do DNA do brasileiro. Nem de todos! Porém, o que se divulga, diariamente, nos assusta: explosão da corrupção, em todos os segmentos. Pessoas furando filas; veículos ultrapassando pelo acostamento; fraudes nos programas sociais do governo; pagamentos frequentes pelos serviços públicos para se obter vantagens; trapaças de alunos para ingressarem nas faculdades; resultados de concursos públicos conhecidos previamente de alguns; elevado valor monetário nos paraísos fiscais, de brasileiros corruptos; escândalos nacionais abertos (mensalão, petrolão, zelotes e outros); fraudes constantes nas licitações públicas; sonegação gene-
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ralizada, além da institucionalização da “propina”, entre tantas outras. Fala-se muito em democracia. Em que situação a “soberania é exercida pelo povo”, ou, pelo menos, que o povo faça parte dela, no Brasil? O que assistimos é um regime democrático, à beira de um abismo. Começa com a divisão irracional e preconceituosa, apontada por muitos, da população brasileira (elites x populares; sulistas x nordestinos; brancos x negros, etc.). Por que essa situação? Será que foi criada pelo próprio povo brasileiro? O que se observa é o nosso povo, na sua maioria, votando, de forma incorreta, na eleição dos seus representantes. Então, surgem: o estelionato eleitoral; apego exacerbado ao poder; número elevadíssimo de partidos políticos registrados (35); partidos políticos dando apoio parlamentar, como moeda de troca; identificação do despudor dos políticos; os três poderes da República se digladiando, em busca de mais poder; perda da força sindical e das “uniões organizadas”, com o “peleguismo” aberto; traidores confessos dominando o país; políticos de destaque presos; presidentes da Câmara e do Senado acusados de corrupção e, como resultado, a falência do sistema político. Na economia muitos desmandos são praticados, com a justificativa de solução para a regularização do mercado e que o país volte a crescer. Sem dúvidas, os princípios básicos de economia estão relegados. Então, o que se assiste é o aumento diário da cesta básica; desaceleração da economia; retração do PIB; empresas que não pertencem ao sistema, falindo; taxas
de juros elevadíssimas; novos impostos, encarecendo o custo de vida; retorno da inflação; queda na produção dos setores; salários dos trabalhadores se desmoronando; perda do grau de confiança do Brasil nas agências internacionais; e desconfiança dos investidores no país; Não resta dúvida que a evolução de um país depende da ação conjunta, da população. Todos têm que fazer sua parte. Porém, a gestão pública torna-se o caminho orientador do seu povo. Muitos fazem sua parte, porém, em relação à gestão pública, é uma “gota d’água no oceano”. Então, o que assistimos no nosso Brasil: falta de programas públicos para enfrentar crises; aumentos insuportáveis na energia, água, transportes; greves generalizadas em serviços públicos (saúde, segurança, serviços rodoviários, educação); demasiado número de ministérios e cargos públicos políticos; dívida pública elevadíssima, para o empenho do País; ineficiência e precariedade dos serviços públicos; obras fundamentais paralisadas, em imensuráveis prejuízos; orçamento público com déficit; rombo nas contas públicas; “pedaladas fiscais” e promessas irrealizáveis. Todo país que se preza deve, permanentemente, cuidar do meio ambiente, nos seus diversos aspectos climáticos e naturais, até porque nele vivemos e dele retiramos toda nossa riqueza material. Até no aspecto espiritual, devemos dar o máximo de assistência ao cosmo, pois somos, tão somente, uma minúscula parcela dele. Lamentavelmente, convivemos com a poluição de muitas praias e rios; seca castigando o Nordeste, transformando-o em deserto; desmatamento clandestino, destruindo os ecossistemas; incêndios e queimadas florestais, criminosos; rompimento de barragem de resíduos minerais
destruindo cidade inteira; destruição de algumas cidades, causada por chuvas, por falta de serviços preventivos; desrespeito à causa animal, suas legislações específicas e muitos mal tratos, sem punição e, o que é pior, o descaso com o saneamento básico. Lamentável o sistema de saúde do nosso país: pessoas são tratadas sem o calor humano necessário, enfrentando hospitais com pouco ou desprezível atendimento; evolução e domínio de vírus e doenças diversos, como dengue, zika, chikungunya, microcefalia; deficiência de leitos e falta de medicamentos nos hospitais públicos; greves prolongadas e falta de atendimento adequado no INSS; planos de saúde aumentando valores e descumprindo suas obrigações; e o inaceitável serviços das casas de saúde e “hospitais” nos mais de 5.500 municípios brasileiros, excluindo, tão somente, os das metrópoles. A educação do nosso país é execrável, principalmente nos municípios carentes. Crianças maltratadas, deslocando-se a pé, por quilômetros, sem as mínimas condições de preparo; falta de merenda escolar; ensino fora dos padrões pedagógicos; e, o mais crítico, sem orientação cívica patriótica. A escola pública está desacreditada. Sem dúvidas, isso é desprezar o amanhã. Nas capitais, as faculdades carecem de preparação específica para as principais definições dos alunos: medicina, engenharia, arquitetura, administração e tantas outras. Até os créditos para os alunos (FIES e ProUni) estão desmoralizados. Essa situação constatada atinge a dignidade humana do povo brasileiro. Profunda crise moral institucionaliza a impunidade, para os poderosos; e gera uma sociedade egoísta, sem solidariedade, sem respeito aos semelhantes, impatriótica e faz do Brasil o país da Macunaíma. Quem não gostaria de viver em um Brasil diferente?
ESPAÇO ABERTO
Combate ao desemprego Luiz Gonzaga Bertelli
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a última década, o desemprego vem sendo uma das preocupações das autoridades governamentais em todo o mundo. A escassez de postos de trabalho pode ser explicada, em partes, pelos investimentos que as empresas fizeram em tecnologia para sobreviver no mercado, substituindo parcela de mão de obra por máquinas. Com isso, algumas carreiras foram extintas e as pessoas com baixa qualificação encontraram mais dificuldades para manter-se empregadas. Segundo organismos internacionais, pelo menos 850 milhões de pessoas estão desempregadas. Não apenas nos países em desenvolvimento. É uma crise que perpassa pelos Estados Unidos, Europa e até mesmo nas nações mais populosas da Ásia. Até pouco tempo o Brasil vinha convivendo com a crise, mas mantinha números positivos em relação ao emprego. No entanto, nos dois últimos anos, as estatísticas mostram um índice crescente de desocupação, alimentado pela crise econômica e política. Segundo previsões da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o desemprego no Brasil atinge quase um quinto da população jovem com idades entre 15 e 24 anos, acima da média mundial de 13,1%, de acordo com o estudo Tendências mundiais do emprego de jovens no mundo. Preocupado com a situação do jovem e sua inserção no mercado de trabalho, o CIEE desenvolve o programa Aprendiz Legal. Em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o programa insere jovens de 14 a 24 anos no mundo do trabalho, por meio da aprendizagem. A formação profissional dá-se através de capacitação prática nas empresas, entidades e órgãos públicos, e, uma vez por semana, nas aulas teóricas, ministradas por instrutores do CIEE. Para as grandes e médias empresas, o programa auxilia no cumprimento da Lei da Aprendizagem (nº 10.097/2000), que determina a contratação de cotas de aprendizes entre 5% e 15% do número de colaboradores. Atualmente mais de 75 mil jovens participam do programa por todo o Brasil, em nove modalidades: auxiliar de produção, auxiliar de alimentação, comércio e varejo, logística, práticas bancárias, ocupações administrativas, telesserviços, temática e turismo e hospitalidade. O Aprendiz Legal combate, portanto, dois perniciosos problemas que afastam os jovens do mercado do trabalho: ajuda na qualificação e diminui os índices de desemprego nessa faixa etária, auxiliando diretamente no exercício da cidadania e no desenvolvimento da nação.
Luiz Gonzaga Bertelli é presidente dos Conselhos de Administração e Diretor do CIEE – Centro de Integração Empresa-Escola e da Academia Paulista de História.
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empresas & NEGÓCIOS
Veja como aproveitar a ampliação da licença-paternidade
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esde a primeira semana de março, a lei que cria a Política Nacional Integrada para a Primeira Infância permite que as empresas ampliem a licença-paternidade de 5 para 20 dias. Contudo, há condições para usufruir do benefício. O professor Flávio Roberto Batista, professor de Direito do Trabalho da USP, explica o que ver antes.
EMPRESA CIDADÃ Assim como a licença-maternidade de seis meses, o benefício é facultativo e apenas empresas integradas ao programa Empresa Cidadã, regulamentado em 2010, podem estender o benefício aos funcionários que serão pais CUIDADO REMUNERADO O funcionário tem direito à remuneração completa no período da licença, mas corre o risco de perder o benefício da prorrogação se exercer outra atividade paga ou delegar o cuidado do recém-nascido para terceiros DEDUÇÃO DE IMPOSTOS A empresa pode deduzir dos impostos federais o total da remuneração do funcionário nos dias da licença-paternidade. A regra, no entanto, só vale para as empresas que possuem tributação sobre lucro real PAPAI RESPONSÁVEL Para ganhar os 15 dias extras, o funcionário deve fazer o pedido ao empregador até dois dias após o parto e comprovar sua participação em algum programa ou atividade de orientação sobre paternidade 40 | Vilas Magazine | Abril de 2016
Crise econômica e política Tales Andreassi
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rises econômicas são sempre muito ruins para os negócios. O ano de 2015 já mostrou isso, com o crescimento pífio do PIB brasileiro refletindo na queda geral das receitas, com um forte impacto para as pequenas empresas do país. O que dizer então quando uma crise econômica séria é potencializada com uma crise política tal qual a que estamos vivendo no Brasil? Em épocas como as atuais, o futuro é uma grande incógnita. É verdade que muitas pessoas não conseguem entender a fundo o caos econômico e político em que estamos imersos, mas seguramente entendem alguns sinais. É a sapataria da esquina que fecha, amigos desempregados, um imóvel que fica meses sem alugar, comerciantes se queixando do aumento da inadimplência... Sinais claros de que as coisas não estão indo muito bem. Isto faz com que as pessoas pensem duas vezes antes de gastar, principalmente em bens não tão essenciais: gastos em lazer, trocas de eletrodomésticos, bens de luxo ou reformas são adiados para o futuro, na esperança de que este seja melhor que o presente. Neste contexto pouco favorável, o que um empreendedor pode fazer? Minha
sugestão é que, em um primeiro momento, faça uma boa revisão em seus custos e repasse as economias para o consumidor, na forma de promoções. O que pode ser cortado em sua empresa? Que economias podem ser obtidas? A racionalização de custos é uma filosofia para qual todos os funcionários devem contribuir. Economias que parecem mínimas, quando somadas, tornam-se significativas dentro do orçamento da empresa. Em um segundo momento, utilize seu lado criativo para atingir um cliente que estava em um segmento superior, e com a crise procura alternativas mais baratas disponíveis no mercado. Por exemplo, muitos brasileiros que tinham o hábito de passar as férias no exterior acabam preferindo destinos nacionais, muito mais econômicos. Tente alcançar este cliente, que antes não estava em seu radar, pois seguramente a crise o afetou também e pode estar aberto a novas alternativas. A situação não é fácil, mas com determinação e criatividade as chances de sua empresa sobreviver a esta crise serão maiores. Tales Andreassi é professor e vice-diretor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas