Estudo sobre o consumo e comportamento do consumidor em feiras ao ar livre em Porto Alegre

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ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING

PESQUISA DE MERCADO Professor Diego Costa Pinto

ESTUDO SOBRE O CONSUMO E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR EM FEIRAS AO AR LIVRE EM PORTO ALEGRE

Josiane Masotti Khamire Batista Vinicius Borges

Porto Alegre Maio 2017


Relatório de Pesquisa

Título da Pesquisa : ESTUDO SOBRE O COMPORTAMENTO E CONSUMO DO CONSUMIDOR EM FEIRAS AO AR LIVRE EM PORTO ALEGRE

Autores

Nome do Autor: Josiane Masotti E-mail: masotti.josiane@gmail.com

Nome do Autor 2: Khamire Batista E-mail: khamire@gmail.com

Nome do Autor 3: Vinicius Borges E-mail: contato.viniciusborges@gmail.com

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RELATÓRIO DE PESQUISA RESUMO

Titulo Estudo sobre o consumo e comportamento do consumidor em feiras ao ar livre em Porto Alegre. Resumo Essa pesquisa de mercado qualitativa foi realizada para analisar os hábitos de consumo e o comportamento dos consumidores nas feiras ao ar livre de Porto Alegre, visto que esses eventos já estão enraizados na cultura local. Dezesseis consumidores foram entrevistados para que pudéssemos entender o que buscam, quais suas expectativas e o que acham que deveria ser melhorado nesses eventos. Através da análise de conteúdo, esse trabalho apresenta o resultado das entrevistas em profundidade realizadas em Porto Alegre com esses consumidores. Palavras-chave: Feiras de rua, hábitos de consumo, comportamento do consumidor.

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SUMÁRIO RELATÓRIO DE PESQUISA ...................................................................................... 2 1)

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 5

2)

DELIMITAÇAO DO PROBLEMA...................................................................... 8

3)

OBJETIVOS ......................................................................................................... 11

3.1)

OBJETIVO GERAL .................................................................................... 11

3.2)

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 11

4)

METODOLOGIA ................................................................................................. 12

5)

ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA QUALITATIVA ............................. 16

5.1) PERFIL DO CONSUMIDOR .............................................................................. 16 5.2) FEIRAS E CONSUMO ......................................................................................... 17 5.2.1 IMPACTO SOCIAL .............................................................................................. 19 5.2.2 INTERAÇÃO SOCIAL ......................................................................................... 20 5.2.3 HÁBITOS DE CONSUMO................................................................................... 21 5.3) EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR ............................................................. 22 5.3.1 QUALIDADE ........................................................................................................ 22 5.3.2 INFRAESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO .......................................................... 24 5.4) POSICIONAMENTO PERCEBIDO .................................................................. 25 5.6) MAPA CONCEITUAL ......................................................................................... 28 6)

ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA QUANTITATIVA .......................... 29

6.1) TESTE DO QUI-QUADRADO (NOMINAL X NOMINAL)............................ 37 6.1.1) FAIXA ETÁRIA X O QUE VOCÊ GOSTA DE FAZER NO SEU TEMPO LIVRE? ........................................................................................................................... 37 6.1.2) FAIXA ETÁRIA X TIPO DE FEIRA ................................................................. 40 6.1.2) RENDA FAMILIAR X GASTO MÉDIO EM FEIRAS ...................................... 40 6.1.3 ) NÍVEL ESCOLAR X RELEVÂNCIA DA OCUPAÇÃO.................................. 41 6.1.4) GÊNERO X TIPO DE FEIRA MAIS FREQUENTA ......................................... 42 6.1.5) GÊNERO X GASTO MÉDIO ............................................................................. 42 6.2) ANÁLISES ONE-WAY ANOVA......................................................................... 42 7)

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS............................................................................................................ 51 4


1) INTRODUÇÃO “Consumption is the sole end and purpose of all production,”, como já diria Adam Smith, em uma tradução livre: Consumo é a base e o propósito de toda a cadeira produtiva, em “The Wealth of Nations”, em 1776. Esta famosa frase pode-se ser aplicada à sociedade atual, no sentido de que ainda produzimos para consumir em grande escala. Devido às mudanças políticas e econômicas ao longo da história, pode-se perceber uma transformação significativa na forma em que o ser humano consome. Atualmente, pode-se dizer que vive-se um momento de ressignificação e tomada de consciência para como, o que, quando, onde e o descarte dentro desse processo de compra tradicional. O mundo, hoje, está em constante transição nos meios politico, econômico, social e tecnológico, onde cada vez mais essas vertentes estão interligadas e influenciam nas novas formas de se relacionar. Segundo o Trandwatching (2017), organização que pesquisa tendências de consumo, o comportamento de consumo se modifica e transforma, de maneira tal, que as pessoas buscam entender o que compram, sua origem e os impactos disso. Por essa lógica, juntamente com a necessidade de percepção do que se consome, atrelada ao fato de que o ser humano busca liberdade dentro do caos diário, as feiras de rua cumprem um papel de nova forma de experienciar a compra. O objetivo não é mais comprar por comprar, é comprar com um propósito, um conceito e identificação. As feiras de rua surgiram com o objetivo de gerar trocas entre pessoas que produziam e as que tinham a necessidade de obter aquele produto, em locais públicos. Ao desenvolver do feudalismo e com a força do comercio na dinâmica capitalista, esses eventos ganharam uma proporção além da compra, onde as pessoas podem, além de adquirir produtos, também desfrutar da comunidade e como forma de lazer e entretenimento. (TREVISAN, 2008). Segundo, Ângulo (2003), as feiras são um meio de comércio que motivam e movimentam produtores locais, assim como influenciam diretamente no cotidiano dos seus consumidores, além de estarem relacionadas aos hábitos destes frequentadores. Pode-se observar que as feiras proporcionam ambientes diversificados, que contribuem para a socialização e aproximam quem faz de quem compra, atingindo um público que procura além dos produtos, experiência. 5


Em Porto Alegre, as feiras de ruas já são tradicionais e enraizadas na cultura local há algumas gerações. É claro que ao longo dos anos os eventos foram ganhando novas formas e consumidores, mas mesmo assim ainda continuam atraindo diferentes públicos, com outros propósitos e em diversas áreas da cidade. Hoje em dia estes eventos oferecem desde hortifrúti granjeiros até brechós e em diferentes dias da semana. Considerando a importância desses eventos dentro da cultura porto-alegrense o grupo propõe a seguinte questão: quais os hábitos e o comportamento dos consumidores nas feiras ao ar livre de Porto Alegre? Para responder essa pergunta os pesquisadores procuraram identificar o posicionamento percebido pelos entrevistados em relação as feiras, entender qual o principal interesse de consumo em feiras ao ar livre, analisar o comportamento dos diferentes segmentos em um único

ambiente e identificar quais as principais

características que os consumidores apresentam em comum. Para responder esse questionamento foi elaborada uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório através de entrevistas em profundidade com 16 frequentadores de feiras de rua de Porto Alegre. A metodologia escolhida permitiu que os pesquisadores conhecessem um pouco mais sobre os hábitos desses consumidores e pudessem levantar mais informações sobre os eventos. Após a realização das entrevistas – que foram gravadas e transcritas – os pesquisadores analisaram os dados obtidos e categorizaram as informações em 4 tópicos: Perfil do consumidor, Feiras e Consumo, Expectativas do consumidor e Posicionamento Percebido. A partir dessa categorização os pesquisadores relacionaram e cruzaram a as entrevistas para entender mais sobre o assunto em questão. Após a etapa qualitativa, conduzimos um estudo quantitativo, de vertente descritiva, causal, com o objetivo medir um fenômeno e descrever características do consumo de feiras ao ar livre em Porto Alegre. A pesquisa se deu através de um survey online, criado pelos autores e divulgado em suas respectivas redes sociais, por um período de duas semanas. Antes da divulgação da pesquisa para o público-alvo, foi feito

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um pré-teste em sala de aula para minimizar erros. Ao final do estudo, obtivemos 208 respostas fechadas. Este estudo tem como premissa a aplicação das teorias de Pesquisa e Análise Qualitativa da disciplina de Pesquisa de Mercado, ministrada pelo Professor Doutor Diego Costa, na Escola Superior de Propaganda e Marketing, de Porto Alegre. No presente momento, durante o semestre de 2017/01.

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2) DELIMITAÇAO DO PROBLEMA Promover o contato grupal para enaltecer a arte e a cultura em um espaço público. Em tempos em que tecnologia parece introduzir uma forma individualista de relacionamento, é curioso notar que os eventos de rua, cada vez mais comuns nos parques, praças ou avenidas de Porto Alegre, estejam atraindo tantos adeptos. Atualmente,

Porto Alegre tem mais de 50 feiras dividida em grupos de Hortigranjeiros,

artesanato, itens antigos, foodtrucks, brechós, vinil, livros e etc. A importância dada pelos consumidores aos produtos saudáveis e livres de agrotóxico, pesticidas ou qualquer tipo de defensivo agrícola, os estimulam a realizarem suas compras em feiras livres (SILVA, 2010). Outro fator de impacto na decisão de compra do consumidor em feiras livres decorre da sensibilidade destes consumidores ao fator preço, uma vez que, eles relacionam a feira livre com a oferta de produtos mais baratos (ROCHA et. al., 2010). Aspectos culturais e sociais, qualidade, variedade, frescor dos produtos oferecidos e preocupação com a preservação do meio ambiente, representam também fatores que levam os consumidores a fazerem compras nas feiras livres, uma vez que se acredita que a maioria dos itens vendidos nesses locais são oriundos de pequenas propriedades rurais, o que envolve agricultura familiar, cultivo manual e cuidados especiais com a natureza (ROCHA et. al., 2010). Além dos aspectos acima mencionados, existem ainda os consumidores que encontram na feira livre uma oportunidade para passear com a família, conversar com os amigos, descansar e se distrair (CRUZ, 2009). Outros ainda, a frequentam pelo fato de a feira estar próxima às suas residências, por oferecer os produtos tradicionais da região e para auxiliar a economia local e os feirantes, de uma maneira geral (SILVESTRE et. al., 2006) Para uma maior compreensão acerca do comportamento do consumidor em feira livre, em um trabalho realizado por Kinjo e Ikeda (2005), os consumidores foram divididos em duas categorias: os que compram de forma mais racional, usando durante a compra uma lista dos itens que ele realmente necessita, e os que fazem suas compras sem nenhuma programação anterior. Para esses autores, os consumidores que já vão para a feira livre sabendo o que querem comprar podem ser entendidos sob uma perspectiva tradicional de tomada de decisão, por seguirem todas as etapas desse processo de compra. Já os consumidores que vão para a feira livre sem préestabelecerem o que irão comprar não seguem nenhum processo definido, podendo ser 8


entendidos sob uma perspectiva experimental, pois, são mais influenciáveis que os demais consumidores, passíveis de interferência direta do meio, do atendimento e de outros fatores, ao longo do seu processo de decisão da compra. “Os feirantes costumam sempre colocar produtos com cores mais chamativas entre outros com cores mais neutras, valorizando-os. Da mesma forma, para aguçar a vontade dos clientes, são oferecidos pedaços de frutas bem doces que possam estimular o seu paladar” (KINJO; IKEDA, 2005, p.11). A satisfação dos consumidores da feira livre está diretamente ligada ao atendimento ou superação das suas expectativas quanto aos atributos supramencionados. Por isso, conhecer quem são esses consumidores e quais são suas expectativas e demandas se faz tão importante. “A nossa cidade está passando por um momento único de efervescência cultural e artística, que resulta nessa vontade de troca de experiências e, consequentemente, em uma mudança no comportamento das pessoas”, afirma Pamela Morrison, uma das idealizadoras da feira Me Gusta, que também credita à falta de espaços democráticos e acessíveis na Capital para despertar o interesse pelos eventos ao ar livre. O desenvolvimento das ruas cada vez mais pensadas para os carros e a chegada dos shopping centers à Capital acabaram embaçando o hábito das pessoas de olharem o lado de fora de casa com outros olhos, o que se nota hoje é justamente o oposto. Esses movimentos, me parece, buscam recuperar o espaço público da cidade, transformá-lo de novo em ambiente de encontro, de trocas sociais, de convívio. Mas por que as pessoas estão voltando para as ruas justamente no auge desse momento tecnológico, onde a interação é muito forte através de redes sociais? Para o sociólogo Thales Speroni, o antagonismo entre as duas formas de relação, na verdade, se complementam. “A internet não significa, necessariamente, um fechamento ao outro, antes disso ela garante a possibilidade de se estar em contato permanente com um grande grupo de pessoas”, afirma. Para ele, o formato desses eventos e como eles se organizam, se assemelham muito ao caráter aberto das comunidades e grupos virtuais, procurando quebrar esse círculo vicioso de interação digital por meio da ocupação das ruas. “Neste sentido, me parece que esse movimento representa uma transferência da lógica aberta do virtual para o cotidiano real”, conclui. Além do tradicional Brique da Redenção, as feiras estão expandindo-se por bairros que antes não tinham tanto movimento e por praças que antes eram mal vistas aos olhos da população. Essa mudança nos tipos de ocupações, em que eventos passaram a ser marcados em espaços públicos, sejam eles eventos culturais ou de 9


protestos, teve início na virada do século, principalmente em torno de 2005, segundo o arquiteto e urbanista e mestre em planejamento urbano Marcelo Arioli Heck. O arquiteto acredita que esse fenômeno ocorre por dois fatores: a redemocratização do Brasil e as redes sociais. "A democracia propicia os processos de ocupação, que são eventos não oficiais", explica. Já as redes sociais permitem uma forma de articulação diferente entre as pessoas, "qualquer pessoa pode criar um evento e compartilhar ele com a sua rede e permitir que as pessoas compartilhem com mais outras redes, e isso facilita muito", destaca o arquiteto. Além de aproveitar espaços antes abandonados, os eventos movimentam a cidade e proporcionam segurança em meio à crise pública que vive Porto Alegre. Há eventos culturais que são criados para questionar a questão da segurança em espaços da Capital. "Pessoas na rua aumentam a chance de assalto, porque aumenta o indicador, tem mais pessoas passíveis de serem assaltadas. Mas, com certeza, as pessoas na rua trazem mais segurança para os espaços públicos", afirma Heck. Segundo levantamento realizado pelo arquiteto, a maioria das ocupações de espaços públicos para fins de atividades culturais ocorre em grandes metrópoles brasileiras. A tendência é que, quanto mais eventos houver, mais eventos serão promovidos. "As pessoas estão redescobrindo a importância de se viver, estar e conviver com outras pessoas no espaço público. Esses eventos chamam mais pessoas e, nesse sentido, é importante ter uma diversidade grande de eventos", explica. Feiras nos moldes das realizadas em Porto Alegre também são vistas no Exterior e em capitais como Rio, São Paulo, Florianópolis e Maceió. E chegaram para se integrar em definitivo à programação das cidades. Elas trazem para o dia a dia um tema conhecido como “direito à cidade”, conceito proposto por Henri Lefebvre no livro homônimo, de 1968, quando define o direito de acesso à vida urbana. Para o diretor do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS), Marcelo Arioli Heck, a proposta das feiras vão além do aspecto comercial, dando outro sentido a espaços de uso coletivo. – Este convívio ao ar livre tira dos moradores a ideia de individualismo, de se trancarem em seus apartamentos ou só frequentarem espaços comerciais e fechados, para viver nos lugares realmente públicos, que são os que dão um significado real à cidade – observa o arquiteto, que defendeu dissertação de mestrado na UFRGS sobre espaço público e manifestações urbanas.

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3) OBJETIVOS A evolução das feiras de rua é perceptível, sua história é apresentada inicialmente com feiras de alimentos onde pessoas com um perfil mais familiar frequentavam até os dias atuais, onde os jovens podem se encontrar para ouvir uma musica e não necessariamente comprar. A partir dessa premissa foi possível perceber qual seriam os objetivos desta pesquisa, saber como essa evolução foi vista pelam sociedade, que muitas vezes utiliza esse movimento como lazer e não necessariamente como seus antepassados, com a finalidade de obter produtos específicos. Buscando entrevistados que consumam esse modelo de comércio e como seu comportamento foi sendo desenvolvido de acordo com a evolução social de consumo da Capital Gaúcha. Tendo em vista a necessidade de analisar isso mediante a uma pesquisa, onde apresentamos tais objetivos.

3.1)

Objetivo geral

Analisar os hábitos de consumo e o comportamento dos consumidores nas feiras ao ar livre de Porto Alegre.

3.2)

Objetivos específicos

• Identificar o posicionamento percebido em feiras ao ar livre de Porto Alegre; • Pesquisar o principal interesse de consumo em feiras ao ar livre; • Analisar o comportamento dos diferentes segmentos em um único ambiente; • Identificar quais as principais características que os consumidores apresentam em comum.

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4) METODOLOGIA Para iniciar o estudo sobre o consumo e comportamento dos consumidores frequentadores de feiras ao ar livre de Porto Alegre o grupo escolheu a vertente qualitativa. Segundo Minayo (1999), esse tipo de estudo não tem como pretensão alcançar o certo ou errado; a principal preocupação é compreender a lógica da prática que se encontra na realidade e que não pode ser quantificada. O grupo escolheu essa vertente pois achou necessário compreender o comportamento, as opiniões e um pouco das expectativas das pessoas que frequentam feiras de rua na capital gaúcha. Esse estudo qualitativo é de caráter exploratório justamente para podermos levantar mais informações iniciais sobre o assunto desejado. Segundo Mattar (2005) a pesquisa exploratória tem como objetivo dar ao pesquisador um maior nível de conhecimento do problema da pesquisa e o indica para ser realizado no inicio da análise quando os conhecimentos sobre o tema são insuficientes para realizar uma análise completa. Para auxiliar os pesquisadores na compreensão do assunto de pesquisa foram realizadas entrevistas em profundidade. Esse tipo de entrevista acontece como se fosse uma

conversa

informal com o

entrevistado,

baseado

num roteiro

preparado

anteriormente para balizar a conversa. Segundo Malhotra (2001) as entrevistas em profundidade podem ser notadas como outro jeito de conseguir dados, tendo características não-estruturada, que tem como objetivo descobrir as motivações, atitudes dos entrevistados. No que se refere a unidade de estudo, foram entrevistadas pelo grupo 16 pessoas individualmente. Esses entrevistados frequentam as diferentes feiras de rua de Porto Alegre, são de diversas idades, moram em diferentes bairros e com preferências ora semelhantes, ora muito distintas. As entrevistas ocorreram pessoalmente em diversos locais de Porto Alegre, atendendo a agenda particular dos participantes – ESPM, residências, locais de trabalho e na rua. Todas foram gravadas – com uma média de 15 minutos cada – e, posteriormente transcritas.

Atentar que alguns entrevistados se

disponibilizaram participar da pesquisa, porém solicitaram que não utilizássemos seus nomes. A seguir a tabela 01 apresentada a relação e as informações de cada entrevistado: 12


Tabela 01 - Relação entrevistas qualitativas – unidades de estudo ENTREVISTADO NOME IDADE PROFISSÃO Estudante de

ENTREVISTADOR

Entrevistado 1

Victória Paiva

22

Entrevistado2

Betina Anymone

20

Entrevistado 3

Vanessa Brandão

35

Entrevistado 4

Andréia

28

Publicitária

Vinícius

Entrevistado 5

Luisa

24

Publicitária

Vinícius

Entrevistado 6

Bruna

27

Publicitária

Josiane

Design Estudante de Psicologia Assistente de Marketing

Vinícius

Vinícius

Vinícius

Internacionalista e Entrevistado 7

Camila de Souza

28

estudante de

Josiane

psicologia Entrevistado 8

Hugo Cardoso

32

Contador

Josiane

Entrevistado 9

Regina Ferri

53

Relações Públicas

Josiane

Entrevistado 10

Marcos Magnanti

45

Superior completo

Josiane

Técnico em Entrevistado 11

Andrea Shdlear

44

Administração em

Josiane

andamento Entrevistado 12

Anderson Viesseri

36

Entrevistado 13

Lyase Pias

23

Entrevistado 14

Rafael Muller

24

Entrevistado 15

Entrevistado 16

Moara Maysonnave Nathalia Admar

26

23

Superior completo Estudante de Publicidade Estudante de Publicidade Estudante/Superior Incompleto Estudante/Superior Incompleto

Khamire Khamire

Khamire

Khamire

Khamire

Fonte: Elaborada pelos autores.

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Após feitas as entrevistas e transcritas, o grupo escolheu a técnica de análise de conteúdo para a análise dos dados, pois é mais utilizada na interpretação de textos das entrevistas. Segundo Hair et al (2006) através da análise do conteúdo, o pesquisador procura obter dados e analisa com que frequência as ideias dos entrevistados ocorreram, podendo, assim, usar dados qualitativos e quantificá-los. Gil (2008) explica que as pesquisas

devem

seguir

as

seguintes

etapas:

“estabelecimento

de

categorias,

codificação, tabulação, análise estatística dos dados, avaliação das generalizações obtidas com os dados, interferência de relações causais e interpretação dos dados”. Ainda segundo o autor, quando estabelecidas as categorias, elas podem ser favoráveis, desfavoráveis, neutras e outras para informações que eventualmente possam não ser enquadradas nas opções anteriores. Para dar seguimento ao estudo, realizamos uma pesquisa quantitativa, que segundo Michel (2005), consiste na busca por resultados exatos, numéricos e comprováveis, usando variáveis preestabelecidas e mostrando sua influência ou não sobre outras variáveis através de correlações. Contrário a pesquisa qualitativa, a quantitativa é uma pesquisa objetiva, e como as amostras para esse tipo de estudo normalmente são grandes, seus resultados permitem conhecer a fundo os hábitos do seu público alvo. A pesquisa quantitativa é de vertente descritiva, causal, e tem como objetivo medir um fenômeno, uma experiência, descrever características sobre determinado assunto, que no caso do grupo, era conhecer os hábitos de consumo de feiras e eventos de rua em Porto Alegre, sendo assim, esse tipo de vertente é o mais adequado. Para GIL (2010, pg.42) “As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.” Para a coleta de dados, nessa etapa do estudo utilizamos um questionário survey online, criado no Question Pro, que consiste em uma série de perguntas estruturadas pelos autores, com perguntas objetivas, com o intuito de conhecer os hábitos daquele grupo em particular. 14


Para Forza (2002), os surveys podem se classificar em: -

Exploratório: quando o pesquisador quer conhecer um pouco mais sobre um determinado fenômeno, experiência, característica de um grupo.

-

Descritivo: busca aprofundar o conhecimento adquirido na fase exploratória, quando o pesquisador começa a entender mais o seu objeto de pesquisa e pode começar a formular teorias.

-

Confirmatório: quando o pesquisador já adquiriu conhecimento cobre aquele determinado assunto, e agora busca testar seu estudo. O questionário foi criado pelo grupo em sala de aula, e consistiu em uma série de

20 perguntas estruturadas, criado no Question Pro e divulgado nas redes sociais dos autores. Antes da fase de divulgação, com o questionário pronto, foi feito um pré-teste em sala de aula para verificar possíveis erros. O questionário ficou online e sendo divulgado durante duas semanas, do dia 31/5 a 14/6, e recebeu 208 respostas fechadas. Esse estudo usou uma amostra não-probabilística, por conveniência, que segundo Malhotra (2006), é o tipo de amostragem que confia no julgamento do pesquisador, e não seleciona aleatoriamente os participantes da pesquisa.

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5) ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA QUALITATIVA Neste capítulo vamos fazer analisar os resultados objetivos através das entrevistas em profundidade através de um cruzamento e categorização de dado. Visando um melhor entendimento dessa análise, elaboramos uma tabela resumo com o objetivo geral, os objetivos específicos e as perguntas realizadas referentes a cada um deles. Veja a seguir:

A seguir apresentaremos os assuntos que consideramos relevantes para o estudo.

5.1) PERFIL DO CONSUMIDOR O perfil do consumidor encontrado pode-se perceber que em termos de faixa etária foi possível compreender que as feiras de Porto Alegre atingem diversos públicos. Na amostra, tanto jovens como adultos maduros demonstram interesse em frequentar os eventos, uma vez que, eles acabam por oferecer atrativos que os atraem. As questões de consumo de produtos locais ou reutilizáveis, cervejas artesanais e opções gastronômicas foram as que mais atraíram os consumidores. Estas atrações configuram os principais motivos pelos quais os fazem apreciar as feiras. Este consumidor é claramente interessado em diversidade, arte, aprecia movimentos culturais, assim como a ocupação dos espaços públicos por políticas que tragam efeitos positivos para a cidade. “Porque acredito que elas têm um propósito interessante, que é a ocupação dos lugares e praças públicas, que é uma discussão muito importante hoje quando a gente fala de cena cultural em Porto Alegre, né? É uma opção legal pra curtir ao ar livre e ver outras opções do que aquelas lojas engessadas e massificadas do shopping. A gente vê direto uma galera que tá ali expondo a sua arte ou o seu negócio e que tem amor, sabe? Pra mim é isso.” “Normalmente eu vou com amigos. Levei meus avós uma vez mas eles acharam ruim não ter cadeiras para sentar. Eu vou com amigos, namorado e quem quiser ir comigo. É um ótimo programa pro final de semana.” “No meu bairro existem algumas, mas elas não têm muita estrutura e normalmente quem frequenta é só família. Na Cidade Baixa, Bom fim e Centro ainda rolam uns flertes, porque é gente de qualquer tipo e mais jovem, alternativa (risadas). Atualmente, eu prefiro as que são fora do meu bairro.” “Olha, eu ficava sabendo quando eu usava mais as redes sociais através do Facebook. Até mesmo pelos meus amigos ou amigas, quando me convidavam. Então eu queria ir lá pra ver eles e comer. Beber também. Bastante comida, hambúrguer. Cerveja e comida.

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“Acho que os produtos de qualidade, beber e comer. É uma forma de lazer, digamos assim, isso aí.”

As feiras de rua significam, para este consumidor, uma nova forma de lazer, visto que, como dito em diversos momentos, a cidade oferece poucas oportunidades de entretenimento nestes modelos. Os espaços públicos e ao ar livre possibilitam uma interação com amigos, parceiros e famílias, sendo incluído como uma opção relevante na consideração de momento de diversão deste público.

“Normalmente vou com meu pai, ele ama cerveja que nem eu. Eu levo minha cadela e acaba indo todo mundo junto. Minhas irmãs e mãe também.” "[...] Óbvio que quando eu penso em evento ou feira de rua, lembro de um programa de domingo, algo leve, feliz, em que eu vou ver coisinhas bonitinhas, arte, meus amigos e comer algo bom. Normalmente eu não bebo, porque vou de carro, mas tem várias cervejas interessantes.” “Acompanhada. Já fui com meus amigos e amigas. Minha família também uma vez. Ah, também já fui com um amigo meio ficante já.”

A interação entre o ambiente, entes queridos, a socialização entre as pessoas e a disponibilização de ofertas gastronômicas e culturais que une este consumidor. Independente da idade ou bairro em que residam, eles costumam frequentar na parte central da cidade as principais feiras durante o final de semana.

5.2) FEIRAS E CONSUMO Esta categoria aborda os aspectos que envolvem o consumo de feiras e eventos de rua na cidade de Porto Alegre. Foi possível observar uma grande tendência a prática, quase toda a amostra respondeu que vai a esse tipo de evento e com certa frequência. A prática se tornou tão comum em Porto Alegre que o público já tem na mente os nomes de alguns eventos mais antigos, já conhece vários tipos de feiras, as datas em que acontecem e quais atrações costumam ter.

“ Sim, várias. Foodparty, festas de rua na Cidade Baixa, Matinê Cervejeira, e outras várias. Não lembro o nome delas. O que eu mais vou é no Shopping Total, Ceva no Total, porque divulgam bastante no Facebook, é de cerveja artesanal e tem vários, e eu acho isso um diferencial.”

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“Já ouvi falar em alguns eventos de rua...Aqueles que têm na Cidade Baixa [...] Não lembro o nome de nenhum deles. É, nas praças, sabe? Tem no Shopping Total aquele. Conta? É Matinê Cervejeira. É só o que eu sei.” “Ahn...quase todo final de semana na verdade, porque agora tem bastante né? Tem de todo tipo, então com certeza mais de duas vezes por mês.”

A amostra também registrou que existe público para os diversos tipos de feiras, como de alimentos, gastronômicas, de arte e cultura, moda, artesanato e etc. A maioria dos participantes respondeu que frequenta mais de um tipo de feira, e que os eventos que unem mais de uma atração - comida, bebida, música, exposições - são os preferidos.

“ Tipo Me Gusta, Brique da Redenção vou bastante, Teve aquela, aquele Open na Padre Chagas.” “Os de rua? Tá, eu costumo ir a feiras, tipo, feiras comuns assim, de fruta e legumes... esse tipo de feira de produtos alimentícios e feiras de rua que envolvem comida, bebida, apresentações, shows, esse tipo de evento. Ou quando tem algum evento especial e em volta disso acontece uma feira, algum show.” “Geralmente que tem música, comida, artesanato e roupa esse tipo de coisa assim.”

Entre os motivos para frequentar os eventos, a amostra trouxe questões econômicas, como um evento de rua não requer um ticket muito alto para frequentar, acaba se tornando uma boa ideia com um custo baixo. Além disso, a preocupação com o consumo local, apoio ao pequeno empreendedor e menor consumo de produtos em escala também foram questões relevantes apresentadas.

“Porque é um lugar que tu pode passar praticamente o dia todo...e ao ar livre...e tipo, tu não precisa gastar muita grana pra “tá” ali, então acho legal.” “É uma opção legal pra curtir ao ar livre e ver outras opções do que aquelas lojas engessadas e massificadas do shopping. A gente vê direto uma galera que tá ali expondo a sua arte ou o seu negócio e que tem amor, sabe? Pra mim é isso.” “Eu frequento porque é um negócio, com coisas, produtos mais exclusivos, que não é um negócio feito em escala, e eu sei que o valor de cada venda vai ser revertida pra pessoa que tá fazendo sua arte, ou sua comida, seja lá o que for, então é mais esse motivo que me atrai mesmo.”

Outro motivo apresentado para o consumo de feiras é a possibilidade de adquirir produtos exclusivos, conhecer novas bebidas e comidas que não estão sendo 18


comercializadas em grandes redes e assim incentivar a cultura e contribuir com o comércio local, uma preocupação que vem crescendo no cenário mundial. Segundo Martha Terenzzo, gerente de inovação da Inova 360º , “a retração continua no próximo ano. Vamos ver o consumidor mais responsável. Nesse contexto, o consumidor aprende a consumir de maneira mais crítica e ganha importância o storytelling. Se o contato com a marca é ruim, o cliente vai passar a punir a empresa.” Ou seja, o mundo caminha para um momento mais simplista e minimalista, e com o país ainda em recesso, o consumo tende a ser mais crítico e responsável, priorizando marcas e produtos locais

“Porque acredito que elas têm um propósito interessante, que é a ocupação dos lugares e praças públicas, que é uma discussão muito importante hoje quando a gente fala de cena cultural em Porto Alegre, né? É uma opção legal pra curtir ao ar livre e ver outras opções do que aquelas lojas engessadas e massificadas do shopping. A gente vê direto uma galera que tá ali expondo a sua arte ou o seu negócio e que tem amor, sabe? Pra mim é isso.” “Sim, acho que sim porque é um incentivo a quem produz localmente, pra que elas continuem produzindo coisas delas mesmas.” “Sim, na verdade , as feiras que ficam não necessariamente perto da minha casa, mas são feiras que a gente acaba conhecendo pela frequência, os produtores e a qualidade dos produtos.”

5.2.1 Impacto Social

Nesta categoria, analisamos os aspectos que dizem respeito ao impacto social que as feiras e eventos de rua trazem para a cidade, e avaliamos também a percepção dos participantes sobre a ocupação de espaços públicos para este fim.

“Eu acho que é legal, é bem interessante eles aproveitam bastante os espaços, são espaços que não estamos acostumados a ver esse tipo de coisa e geralmente tem bandinha,.. tem vários estandes, eu acho bem interessante eles utilizarem esses espaços pra essas feiras.” “Acho que é positivo, eles usam pra juntar as pessoas, como uma sociedade mesmo. Algo que tipo faz com que tenha um movimento, onde as pessoas se encontram, por exemplo, sempre que vou na feira da redenção acho alguém conhecido.” (risos) “Eu acho ótimo na verdade, acho que é uma coisa que no Brasil demorou muito pra ser feito, eu acho que valoriza muito o espaço público, chama a atenção do governo pra esse tipo de espaço, por exemplo as praças aqui em Porto Alegre a gente tinha como um ponto de encontro, social, etc, e eu acho que revitaliza isso, então acho super importante, eu acho que desperta um consumo local, acho que isso é super importante, eu acho que em bairro por exemplo Vila Flores que são espaços que até então as pessoas não iam, acho que chama a atenção de novo pra isso, e eu acho que incentiva tanto a

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produção local de bebida, comida, pessoas menores, microempresários e tal. Então acho super importante.”

Toda a amostra respondeu que considera positiva a ocupação de espaços públicos com eventos, por chamar a atenção dos poderes públicos para as melhorias necessárias naquele espaço, pela sensação de segurança que o ambiente ocupado traz para quem está utilizando e também

porque

resgata

uma

cultura

da

cidade

frequentar

parques

e

praças.

“Acho super importante, os espaços públicos eles não são valorizados, parece tudo abandonado e ter uma ocupação seja artística, gastronômica, que reúna pessoas ao ar livre, com propósito de estarem interagindo umas com as outras, e estar consumindo local, eu acho que é muito interessante pra produção cultural da cidade.” “Eu acho bom, acho legal isso, tipo, tem muito espaço que é legal, bonito, mas as pessoas não frequentam porque tá sempre muito deserto ou algo assim. Então se tem bastante gente frequentando todo mundo pode ir, é mais seguro e tal então eu acho muito bom isso.” “Eu acho que é bem isso sabe: a liberdade de tu estar ao ar livre, tu poder levar, tipo, pode ir gente de qualquer idade, pode ir criança, pode ir gente mais velha e tudo mais e tem bastante atração, as vezes tem bandas, alguma comida diferente, uma cervejaria... então é legal.”

5.2.2 Interação Social Nesta categoria, analisamos os níveis de interação social que as feiras e eventos de rua promovem. A grande maioria da amostra respondeu que as feiras e eventos já estão entre os seus tipos de programa preferidos, pois promovem a reunião de pessoas de todas as idades, em um ambiente ao ar livre, promove consumo local e também entretenimento, seja com música, cultura ou arte. Muitos responderam que consideram o evento um bom custo benefício, pois é possível passar bastante tempo sem ter que necessariamente gastar muito dinheiro. Veja:

“Acho que o lazer, se divertir se distrair. Eu vejo as pessoas consumindo mais comida e bebida, dependendo do que a feira oferece.” (entrevistado 2) “Acho que é uma opção a mais de lazer e toda essa apropriação da rua que eu falei antes. É bom mudarmos os ares e sairmos do tradicional programa dentro de bares, restaurantes ou shoppings. Essas trocas na rua são importantes, ao meu ver.” (entrevistado 14) “Encontrar os amigos, se divertir, geralmente é sempre de tarde então tu acabas encontrando todo mundo pra conversar e rir. É social, serve pra ver os amigos!” (entrevistado 16) “Sempre acompanhada, ou eu vou sabendo que tem pessoas conhecidas lá. Sozinha é difícil.” (entrevistado 2)

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5.2.3 Hábitos de consumo

No que se refere aos hábitos de consumo do público de feiras de rua, a pesquisa mostra que o ticket médio nesses casos varia muito, pois o consumidor pode estar disposto a gastar um pouco mais, e por ter várias opções de compra no evento, elevar seu ticket médio. Ou ele pode simplesmente ocupar o espaço público, sem necessariamente estar consumindo.

“Não, eu gasto mais, eu invisto no que for comprar, tipo uma roupa.” (entrevistado 2) “Depende, quando vou comprar produtos orgânicos, me organizo pra gastar tipo uns 50 reais, mas se vou comprar roupas, casacos ou artesanato, aí já gasto tipo mais de 200 reais, minha última compra foram dois casacos que gastei 700 reais, bem louca.” (entrevistado 3) “Ah, devo gastar na média de uns cinquenta reais, mais ou menos, no mínimo assim.” (entrevistado 4) “Depende da feira, por exemplo, as feiras modelo, que eu vou de verduras e coisas geralmente eu gasto uns quarenta reais. É um valor baixo sabe, mas é específico pra essa feira, mas não passo muito desse valor, e daí outras feiras tipo de artesanato, de coisas de arte, aí depende do que a feira vai estar oferecendo, porque geralmente muda muito os expositores assim.” (entrevistado 5) “Ah, mais ou menos, tipo, se são essas de comida... geralmente se gasta uns cinquenta pila assim... numa cerveja, mais uma...algo pra comer e tal. E essas de arte e moda, não é sempre que eu consumo mas, é mais ou menos por aí também, uns cinquenta reais.” ( entrevistado 6)

A pesquisa também mostrou que quando o valor percebido dos produtos é maior, o público entende que o preço precisa ser mais elevado, pela sua exclusividade e por ser produzido em menor escala, diferente das grandes redes de comércio. Ainda assim, alguns preços, como o dos lanches, são considerados um pouco elevados.

“Na verdade eu gasto mais do que eu gastaria no supermercado porque a gente acaba comprando em maior quantidade.. mas os produtos pela qualidade acabam durando mais.” ( entrevistado 7) “Ah, sei lá... Deixa eu pensar. Bastante até. É tudo caro, né? Hambúrguer custa mais ou menos 15 ou 20 reais, mais umas 7 cervejas... Talvez R$80,00 ou R$90,00. Se eu tivesse mais dinheiro gastaria mais até. Acho a qualidade boa e as coisas gostosas. A cerveja é 10 reais o copo e o hambúrguer acho caro. Depende, com batata é R$20,00 e sem batata é R$15,00. Acho que deveria ser tudo R$15,00.” ( entrevistado 13) “Sim, pelo menos uns R$80,00. Quando é cartão a cerveja aumenta R$2,00, normalmente. Eu pago sempre em dinheiro. A cerveja acho que está ok porque é artesanal e de qualidade. A comida acredito que poderia ser uns

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R$5,00 mais barato, na média. Na última vez eu perdi dinheiro.” ( entrevistado 16) “Talvez, preços mais justos... não vejo um festival de rua hoje como uma opção econômica de alimentação.. saio de casa e sei que, se ficar algum tempo, vou gastar mais do que gostaria.” ( entrevistado 8 )

Quanto aos métodos de pagamento, a pesquisa mostrou que a melhor opção é pagar em dinheiro, pois nem todos os lugares aceitam cartão, quando aceitam, geralmente é só débito, e alguns expositores acrescentam um valor a mais pelo pagamento com cartão.

“Dinheiro ou de débito, eu geralmente pago no débito. Dificilmente eu uso dinheiro, e normalmente evito os eventos que só aceitam dinheiro, porque geralmente eu não saio com valores altos.” ( entrevistado 4) “Dinheiro, é o mais comum, e daí tem o cartão, que tu pode comprar o dinheiro específico da feira, trocar pelo produto. “ (Entrevistado 5) “A maioria é dinheiro, né. Poucos aceitam débito... alguns até tem, tipo ali no brick da redenção tem, tu pode trocar ali... mas a maioria é dinheiro.” (entrevistado 4) “Normalmente dinheiro, eles aceitam outros métodos, mas normalmente utilizo dinheiro.” (entrevistado 7) “Olha, eu geralmente dou preferência às bancas que possuem cartão...hoje em dia a maioria têm cartão, pois raramente ando com dinheiro vivo.” (entrevistado 8)

5.3) EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR A terceira categoria do estudo trata das expectativas dos consumidores em relação as feiras de rua de Porto Alegre, o que eles esperam encontrar, de que maneira e, como isso pode influenciar em seus hábitos em relação a esses eventos. O nível de exigência dos consumidores está cada vez maior. As pessoas têm acesso rápido a todo tipo de informação, são mais conscientes de seus direitos e deveres, e, portanto, muito mais exigentes. Logo quando mais essas feiras conseguirem atender as expectativas de seus consumidores, maior será o nível de satisfação deles.

5.3.1 Qualidade

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Muitos dos nossos entrevistados elencou a qualidade dos produtos como uma de suas expectativas em relação as feiras de rua de Porto Alegre. A qualidade de um produto ou serviço é um elemento de extrema importância, pois os consumidores farão suas escolhas com base na razão entre o preço e a qualidade. Podemos observar este fato na resposta do entrevistados 7, 9, 12 e 16 quando questionados sobre o que mais os atraia nesses eventos. Estes foram bem claro em suas respostas: “acho que o maior atrativo é a qualidade dos produtos que a gente não encontra nas grandes redes de supermercados [...] Normalmente, eu costumo principalmente frutas pela qualidade, as vezes verduras e legumes.” (Entrevistado 7) “Seguindo a linha da feira que mais gosto, me atrai a boa comida e uma cerveja artesanal. Mas também aquelas com bons produtos saudáveis” (Entrevistado 8) “ Qualidade e preço” (Entrevistada 9) “Preço e qualidade” (Entrevistado 12)

Veja abaixo a resposta da entrevistada 7 sobre essa questão: “acho que o maior atrativo é a qualidade dos produtos que a gente não encontra nas grandes redes de supermercados [...] ... porque de fato tem coisas que- até ovo por exemplo - quem trabalha , eu tenho uma conhecida que faz doces e a matéria prima é o ovo, e ela disse que fica completamente diferente o doce com ovo de supermercado e com o ovo de feiras orgânicas, então eu acho que a qualidade é a primeira coisa, e, consequentemente o valor....”

Foi possível perceber que junto com a qualidade muitos dos entrevistados aliaram o fator preço a qualidade. Podemos ver abaixo o quanto esses fatores ser decisivos na compra para as entrevistadas 7 e 9, respectivamente:

“...Prefiro ir sozinha. Porque eu consigo olhar banca por banca, ver onde tá mais bonita a alface, onde tá melhor o brócolis.. porque se vai alguém contigo acaba correndo, entendeu?! Se vai o marido junto né? Ai com certeza tu não consegue.. ( ... ) ai tu tem que pegar tudo correndo, não tem aquela coisa de ver preço, até porque de uma banca pra outra tem diferença também, de qualidade e de preço...” “acho que pela qualidade, que hoje é o que faz eu sair de casa e ir de repente ir longe em busca da qualidade, e dai se perder a qualidade eu posso comprar em qualquer lugar a mesma coisa... acho que hoje a qualidade é o maior ponto...”

E não é somente a qualidade dos produtos que chamam a atenção de nossos entrevistados para esse tipo de evento. Observamos durante as entrevistas que a 23


qualidade do atendimento é apreciado pelos participante da pesquisa. A Entrevistada

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relatou que um atendimento ruim levaria ela a deixar de frequentar determinadas feiras: ... Deixaria de ir se tivesse pouca gente, não tivesse movimento, se as coisas começassem a ficar muito caras, se o atendimento fosse ruim, porque geralmente os atendentes são bem educados e tem vontade de vender seus produtos. Eles te tratam bem, sabe..”

Assim foi possível perceber que qualidade de produto e atendimento faz com que muitos dos nossos entrevistados frequentem - ou deixem de frequentar - as feiras de rua.

5.3.2 Infraestrutura e organização Outros fatores identificados que impactam no comportamento e consumo dos entrevistados em relação aos eventos de rua foram infraestrutura e organização. Como esperam que as feiras estejam organizadas, dispostas e sua infraestrutura para atender o público. Aqui verificamos que os entrevistados quase que em sua maioria acham que a infraestrutura das feiras que frequentam deixa a desejar, precisando de melhorias. Faltam banheiro, espaços pequenos e pouca segurança. Veja abaixo o que o entrevistado 7 levantou sobre os espaços e infraestrutura das feiras que frequenta:

“...o deve melhorar?! De repente a infraestrutura, porque cada banca tem a sua, mas a partir do momento, por exemplo, em dias de mau tempo, dificulta a movimentação, então acho que se estivesse uma estrutura, como se fosse aqueles toldos, as banquinhas ficariam embaixo e todo mundo aproveitaria mais o tempo... um toldo, alguma coisa... uma estrutura que não seja muito complexa mas que possa se adaptar para o problema de mau tempo mesmo...”

Outros entrevistados quando questionados sobre o que deveria ser melhorado nas feiras de rua foram mais direto, porém também citaram a organização e escolha de espaços mais adequados para receber esse tipo de evento:

“Acho um pouco da organização, porque tem algumas que eles fazem em lugares muito pequenos só que vai muita gente... aí fica muito difícil de andar lá dentro, aí tu não fica com vontade ficar lá e acaba indo embora.” ( Entrevistado 1)

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“Os espaços e organização” ( Entrevistado 11) “A organização e a estrutura. Talvez apoio do governo ou prefeitura, também a segurança.” ( Entrevistado 14)

Pudemos observar que outro ponto que os entrevistados esperem que melhore nesses eventos é a questão da segurança. Por mais que nada de ruim tenha acontecido com qualquer um dos entrevistados, a grande maioria pontua a falta de segurança nesses eventos. O entrevistado 4 quando questionado sobre o que gostaria que melhorasse nesses eventos falou da segurança, apesar de entender que isso também precisa da ajuda pública e não somente dos organizadores dos eventos: “Eu acho que eles estão bem organizados até, acho que uma coisa, que nem é culpa deles, seria uma questão de segurança assim, porque de noite tem alguns momentos que tem que fazer um deslocamento pra ir no banheiro...essas coisas assim, ás vezes o banheiro não fica tão perto, mas aí já é um conjunto da feira com a prefeitura que a gente não vê policiamento, alguns eles pagam inclusive para ter, mas na verdade eu acho que não basta, as vezes tem um público sei lá, de cinco mil pessoas ali que passa durante o dia inteiro...eu acho que isso poderia melhorar, como infraestrutura.”

Indo ao encontro com entrevistado 4, o entrevistado 16 complementa nosso estudo com as seguintes informações sobre a segurança e a infraestrutura: “...ter mais policiamento, porque eu nunca vi. Mas nunca vi ninguém ser assaltado, mas tenho muito medo, já penso antes de acontecer alguma coisa. A iluminação de noite, tem um evento na frente do Margot em um mini parque eu acho, que é muito escuro. Os banheiros químicos também deixam a desejar. Então é banheiro, iluminação e segurança.”

Apenas um dos entrevistados percebe positivamente a questão da organização das feiras – frequentador das feiras hortifrúti granjeiros basicamente o entrevistado 9 – já espera deles essa organização: “... olha, esse povo é tão organizado... sabe, assim ó, eles já tem os lugares certo. Quando eles vão embora, tu passa é impressionante, tu passa não tem uma folha de alface no chão, então assim ó, eles são muitos organizados, eles deixar – até deve ser uma exigência da SMIC – exigência de algum órgão que fiscalize, eles levantam aquele acampamento, como dizem, tu passa daqui a 5/10 minutos tá tudo limpo. Tudo organizado sabe.”

5.4) Posicionamento Percebido A forma como a feira se posiciona é algo que deve ser analisado com cuidado, tendo em vista que existem diversas categorias, com os mais diferentes produtos comercializados. De acordo com a pesquisa realizada foi possível perceber que quando 25


se trata de feira, as respostas geralmente se unificam, trazendo assim uma identidade geral para todas. Para que esse questionamento tivesse um embasamento real utilizamos algumas perguntas que puderam nos levar a uma analise mais precisa. O posicionamento percebido pelos consumidores foi de uma persona jovem, alternativa, simpática, alegre e despojada, já a identidade de gênero não foi estabelecido um padrão, pois as opiniões foram próximas a igualdade. “Seria uma pessoa descolada.. objetiva, direta e atraente. Descolada por ser fora do comum, objetiva porque se sabe que lá vai ter comida e bebida boa, direta porque cada banca tem a sua especialidade bem definida e, por fim, atraente porque as divulgações e o ambiente precisam atrair o público.”. (Entrevistado 8) “Sei lá. […] Seria um cara, que toma cerveja. Um cara de Londres, que gosta de comer e beber, de arte… É isso”. (Entrevistado 13) “Uma mulher, ativa, com diversas faces e interesses. Que gostasse de arte, estética e visse significado nas coisas ao seu redor.”. (Entrevistado 14)

Contudo, é necessário ressaltar que essa identificação vem de diversas faixas etárias, não é uma visão de jovens para jovens, pois onde os entrevistados apresentam idades entre 20 á 53 anos, esse esclarecimento se torna relevante. A feira pode ser vista também como um expositor para novas tendências ou até para produtos que não são produzidos em grande escala, alguns entrevistados chegaram a citar que a feira é uma oportunidade de conhecer produtos exclusivos e que não tem fácil acesso, Quando os entrevistados

foram questionados, Por que motivos tu

frequenta feiras de rua?. Alguns deles nos esclareceram essas características. “Eu frequento porque é um negócio, com coisas, produtos mais exclusivos, que não é um negócio feito em escala, e eu sei que o valor de cada venda vai ser revertida pra pessoa que tá fazendo sua arte, ou sua comida, seja lá o que for, então é mais esse motivo que me atrai mesmo.”. (Entrevistado 5) “Pra conhecer o trabalho, assim, pra ver o que tem de novo as lojas, conhecer o que ta acontecendo, tem coisas que são muito legais e são pequenas, e não tem muita divulgação. então essas feiras são boas pra conhecer.”. (Entrevistado 1)

Apresentando outra característica de percepção do consumidor, aplica-se a categoria histórica, como a feira pode ser representada, como dito pelo entrevistado 3 ao ser questionado, Quando você prensa em feira de rua, qual o primeiro nome que vem na sua mente?

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“Brique da Redenção, Vou lá desde criança, me lembra muito quando eu ia com meus pais, é tipo tradição, hoje vou com minha afilhada.”. (Entrevistado 3)

Enquanto isso em outra entrevista, foi possível perceber certa predileção, vindo do entrevistado 1, onde ele demonstra conhecer uma especifica. Sendo que esta citada aparece em outras entrevistas como exemplo dado pelo próprio consumidor, “Me gusta, porque é a que eu mais frequento.” (Entrevistado 1)

Ainda nessa categoria é possível perceber que o consumidor classifica feira de rua com uma amplitude significativa, como já citado, pode haver diversas categorias, desde brechós, alimentício, gastronômico até festivais. Quando questionamos, Quais as feiras de rua você conhece? Boa parte citou o Brique da Redenção, porem, tivemos algumas citações que nos auxilia a entender a gama de feiras oferecidas em Porto Alegre.

“Me gusta, Open Design e tem o brique da redenção.” (Entrevistado 1) “Me Gusta, que eu sempre vou, tem as feirinhas da redenção que eu gosto bastante, que acontece no domingo. Tem aquelas ocupa, tipo Ocupa CB, ocupa Bom Fim.” (Entrevistado 2) “Bom, só aqui perto de casa tem 3. Tem uma na praia de belas, tudo de hortifrúti- granjeiros, ta? Na praia de belas tem uma, na esquina da Botafogo tem outra e essa na rótula do papa que eu vou, são três. Uma pra cada dia da semana. Depois tem na Epatur também, as terças e sábados, mas tudo feira livre de rua. Depois, tem uma aqui, feira orgânica, aqui no pátio da delegacia, onde tem a secretaria da agricultura, aqui na Getúlio Vargas, que é quartas e aos sábados, que são produtos orgânicos.. ahhm, o Brick né?! Que tem o tradicional... agora que me lembre são essas que em na cabeça..” (Entrevistado 9) “Ahn.. a Me Gusta, a Comida de Rua, as feiras modelo que se espalham pela cidade, tem feira orgânica também e o brique da redenção que acho que é a maior referencia na verdade..” (Entrevistado 5)

Como apresentado nas entrevistas, é possível perceber que a feria de rua deixou de ser apenas um comércio para se tornar uma atração pública, onde a sociedade pode interagir, utilizar como lazer e como consequência consumir a partir do seu interesse.

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5.6) MAPA CONCEITUAL Figura 1 – Mapa conceitual feiras de rua Porto Alegre

FONTE: elaborada pelo grupo

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6) ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA QUANTITATIVA Neste capítulo faremos uma análise da pesquisa quantitativa realizada, de vertente descritiva, pois como já explicado anteriormente objetivo primordial deste é a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Quando fala-se em público, a partir dos entrevistados, pode-se considerar que 83,24% responderam frequentam feiras de rua. A partir deste dado, é interessante observar que as feiras e eventos de rua fazem parte da rotina dos indivíduos que residem em Porto Alegre, atualmente. Deste público frequentador, 74,52%, a sua grande maioria, se identificam com o gênero feminino, enquanto o masculino representa 25,48% desta amostra. Referente às gerações que costumam frequentar este tipo de evento, a sua grande maioria está entre 26 e 30 anos, com a fatia de 36,54%. Seguido de 31 a 40 anos com 28,85% e 17,79% representando os seres com idade entre 21 e 25 anos. Estes públicos foram os mais representativos dentro da pesquisa, enquanto as pessoas com mais de 40 anos são 13,46% e as menores de 20, com apenas 3,37%, como pode-se ver abaixo.

FIGURA 02 - Gráfico Faixa Etária

Fonte: QuestionPro

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O nível escolar predominante foi o superior completo, seguido do incompleto e da pós-graduação, com respectivamente 35,10%, 30,29% e 28,37%. Os níveis Fundamental e Médio completos e incompletos representaram menos de 3% dos resultados apresentados. O gráfico abaixo mostra em detalhes os dados citados.

FIGURA 03 - Gráfico Nível Escolar

Fonte: QuestionPro

Apesar deste público frequentar as feiras de rua, entendeu-se que eles eventualmente vão a este tipo de evento, com quase 70% das respostas. Enquanto uma parcela pequena, mas ainda sim, significativa vai uma vez por semana, 27,4%. Menos de 3% dos entrevistados relatou frequentar mais de duas vezes no período de sete dias. Em relação ao tipo de feira escolhida por estes consumidores, tem-se uma variação considerável de temas. As gastronômicas obtiveram destaque dentro da amostra, como uma escolha que representou 18,57% do total. Logo, as de Hortifrutigranjeiros foram 17,96%. Entre as duas com maior porcentagem, pode-se dizer que obtiveram uma diferença pequena, já que os indivíduos poderiam marcar mais de uma opção. Gastronômica conquistou 122 respostas, enquanto a Hortifrutigranjeiros 118. Artesanato, Cervejas e Cultural foram os tipos de feira mais apreciadas, logo após as mencionadas no texto acima. Com respectivamente 13,09%, 14,31% e 13,24% da representatividade do total. As feiras e eventos de Moda, Orgânicos e Antiguidades foram as menos escolhidas, com 7,91%, 9,89% e 4,72%. Ainda na opção Outros, pode-

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se observar duas respostas: Digital e Brick, que podem ser enquadradas na categoria Cultural.

TABELA 02 - Gráfico Tipos de Feira

Fonte: QuestionPro

Com o objetivo de compreender qual a forma de pagamento mais utilizada neste tipo de evento, 62,98% das pessoas utiliza normalmente dinheiro, enquanto 21,15% e 14,90%, cartões de débito e crédito. Pode-se entender a preferência pelo dinheiro vivo, uma vez que, algumas destas feiras não possuem apoio financeiro, organização formal e também conta com produtores e expositores locais, o que dificulta a operacionalização de outras formas de pagamento. As trocas de mercadoria também foram mencionadas por uma pessoa da amostra. O valor que estas pessoas gastam em uma feira ficou dividido com 49,04% e 47,12%, respectivamente com até R$50,00 e de R$51,00 a R$100,00. Acima de R$100,00 representou apenas 3,85%. Destes dados, pode-se dizer que o ticket médio destes eventos são altos e apresentam uma grande oportunidade de mercado para os produtores e expositores locais. O gasto médio dessa população está diretamente ligado à renda familiar mensal, que predominantemente representou 36,54% do total que estão na faixa dos R$3.748,01 a R$9.370,00. Estes, segundo as classes sociais por faixas de salário mínimo do IBGE, representam a classe C, mas que ainda sim, possui um poder de compra considerável. Enquanto 20,19%, 17,31% e 16,83%, representaram pessoas com renda familiar mensal de R$1.874,01 a R$3.748,00, R$9.370,01 a R$18.740,00 e R$18.740,01 ou mais. Pode31


se perceber, através da pesquisa, que esses eventos atraem os mais diversos perfis de público consumidor e que atende a todos eles de forma satisfatória.

FIGURA 04 - Gráfico Renda Familiar Mensal (renda somada)

Fonte: QuestionPro

Do total de respondentes, 29,33% mora na área Central de Porto Alegre, onde se concentram a maioria destes eventos. Enquanto 21,63% e 25,00% nas Zonas Norte e Sul. Destes, 12,02% na Zona Leste. Os entrevistados moram, em sua maioria com a família (47,12%), os que moram com parceiros ou sozinhos representam, juntos 46,64% deste total. Menos de 6% reside com amigos ou outros. Este público, em sua grande maioria, apenas trabalha (50% dos entrevistados), e 37,02% além de exercer atividade profissional, também estuda. Acredita-se que a partir disto, é possível atingir estas pessoas em diversos momentos, visto que, elas estão propensas a buscar atividades de entretenimento em seu tempo livre. O restante ou apenas estuda ou está sem ocupação no momento.

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FIGURA 05 - Gráfico Ocupação

Fonte: QuestionPro

Em momentos de lazer e tempo livre, os indivíduos da amostra têm preferência por diversas atividades de entretenimento, como pode-se observar abaixo. Assistir séries e filmes foi a opção mais votada e com maior frequência. Em geral, todas as atividades foram significativamente escolhidas, podendo dar destaque, neste caso aos Programas Culturais com 58,56%, Feiras de Rua, com 60,29% e Passeios ao Ar Livre, 68,58%. Estes apontamentos apresentam oportunidade para os eventos de rua, por serem bem aceitos e desejados pelo público.

FIGURA 05 - Gráfico Tempo Livre

Fonte: QuestionPro

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Sobre a importância dos aspectos básicos de uma feira ou evento de rua, foram respondidas em forma de escala a devida importância que cada consumidor dá a cada um. A qualidade dos produtos foi apontada como muito importante por 80,77% da amostra. Segurança, variedade dos produtos e localização do evento também foram classificados como muito importantes e representaram 85,56%, 84,81% e 88,86%. Os demais aspectos obtiveram pontuações consideráveis, enquanto o espaço para pets e opções vegetarianas, veganas e outras foram as menos importantes.

FIGURA 06 - Gráfico Aspectos Básicos

Fonte: QuestionPro

Os tipos de produtos preferidos pelo público foram as comidas e bebidas, ambas com 78% das escolhas e de frequência de consumo. Como pode-se observar abaixo, outros insumos como verduras, frutas e produtos de origem local representaram uma boa parcela da amostra. Enquanto calçados, antiguidades e produtos pet foram os menos escolhidos. 34


FIGURA 07 - Gráfico Produtos

Fonte: QuestionPro

Os consumidores entrevistados consideram, em 57% muito importante a ocupação dos espaços públicos para a realização de eventos e feiras de rua. Enquanto 37,20% considera importante e menos de 6% indiferente ou pouco importante. Pode-se dizer, a partir disto, que a grande maioria das pessoas acredita que este tipo de evento favorece a cidade em termos de ocupação de espaços que não são normalmente utilizados, sendo um ponto importante a ser observado. Feiras e eventos de rua podem contribuir para a melhoria destes ambientes, trazendo novamente a circulação e prosperidade à comunidade local. Destes indivíduos, ainda 53,27% consideram relevante a presença dos eventos e feiras que já acontecem atualmente em Porto Alegre. Também é entendido como muito relevante por 33,67% destes consumidores. Enquanto menos de 13% ainda não frequentam ou não sabem a relevância. 35


FIGURA 08 - Gráfico Importância Atual

Fonte: QuestionPro

Sobre a variedade ofertada nestas feiras e eventos de rua da Capital Gaúcha, consumidores acreditam ser, em 45,19% mediana, enquanto 44,71% responderam ser satisfatório. Apenas 4,33% disse estar muito satisfeito, a mesma porcentagem de pessoas que entendem ser nada satisfatória a variedade. Deve-se dar atenção a este aspecto, uma vez que, o público não está totalmente satisfeito com as opções atuais, há aqui, uma oportunidade de se trabalhar o mercado de forma inovadora. Ainda que não totalmente satisfeito, o público entendeu que um produto ou serviço dentro de um evento ou feira de rua é 53,85% valorizado e ainda, 42,79% muito valorizado. Ou seja, é possível trazer diferenciais de produtos e serviços que necessitam desta percepção de valor, além do custo benefício. Apenas menos de 4% considera indiferente ou pouco valorizado este tipo de produto.

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FIGURA 09 - Gráfico Valor Produto/Serviço em Feira/Evento de Rua

Fonte: QuestionPro

Também utilizamos os métodos Teste do Qui-quadrado (Nominal x Nominal) com o objetivo de Comparar as proporções observadas em relação às esperadas e OneWay ANOVA (Nominal 3+ x Intervalar) que é utilizada para testar a afirmação de que três ou mais médias são iguais. 6.1) Teste do Qui-quadrado (Nominal x Nominal) 6.1.1) Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? (Assistir filmes e séries)

Os resultados do teste qui–quadrado indicam que os interesses de lazer influenciam na escolha do tipo de feira (valor de p< 0,05 / p= DE P: 0.019). Dentre os interessados com faixa etária de 26 a 30 anos, foi possível perceber que assistem muito series e filmes, apresentando 42,57% da tabela. Como menor destaque nessa categoria possuímos pessoas acima dos 40 anos, com 33,33% não faço.

Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? (Programas Culturais) 37


VALOR DE P: 0.358 De acordo com os resultados do teste qui –quadrado indicam que os interesses em programas culturais não influenciam na escolha do tipo de feira valor de p> 0,05 / p= DE P: 0.358). O destaque com 40% de faço muito é referente a faixa etária 26 a 30 anos, onde os 8 dos 40 respondidos foram significativos ao interesse em programas culturais, porem na categoria não faço, destacou 9 entrevistados entre os 23 referente aos 39.13%.

Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? (Dormir)

Os interesses em dormir não influenciam na escolha do tipo de feira, segundo os resultados do teste qui –quadrado (valor de p< 0,05 / p= DE P: 0.008). Com 40,74%, sendo nessa porcentagem um total de 22 respostas faço muito na categoria dormir, onde na faixa etária 26 a 30 anos possuíam 76 participantes. Na coluna não faço, o destaque foi para os participantes acima de 40 anos com 40% de um total de 10 participantes.

Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? (Cozinhar)

Os interesses em cozinhar não influenciam na escolha do tipo de feira segundo os resultados do teste do qui-quadrado (valor de p> 0,05 / p= DE P: 0.121). O interesse em cozinhar dentre os entrevistados foi analisado entre os entremos, tendo obtido as informações que os jovens entre 31 a 40 anos se identificam na coluna faço muito possuindo um total de 35,29%, sendo que de um total de 76 respostas, 16 foi faço muito. Porem, sobre os não faço, o destaque veio dos jovens de 21 a 25 anos com 33,33% dos interessados.

Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? (Exercício)

Os interesses em exercício no lazer influenciam na escolha do tipo de feira, segundo resultado dos testes do qui-quadrado (valor de p< 0,05 / p= DE P: 0.014). O público que respondeu faço muito na categoria exercícios como lazer, foi 31 a 40 anos, onde com 43,48% semelhante com os interesses dos jovens de 26 a 30 com 34,78%. Na 38


coluna não faço ocorreu um empate entre os jovens de 21 a 25 anos e 26 a 30, ambos com 28%, totalizando 14 entrevistados cada respectivamente.

Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? (Passeio ao ar livre)

De acordo com os resultados dos testes do qui-quadrado os interesses em passeio ao livre não influenciam na escolha do tipo de feira ((valor de p> 0,05 / p= DE P: 0.629). O público com maior interesse em passeios ao ar livre foram os entrevistados acima de 40 anos, com 28,57% da coluna faço muito. Os valores da coluna não faço ficou equalizado entre os entrevistados de 21 a 25 anos e 31 a 40 com 33,33% para ambos, onde se classificam como extremo inferior de interesses.

Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? (Shopping)

Os interesses em shopping não influenciam na escolha do tipo de feira segundo os resultados dos testes do qui-quadrado (valor de p> 0,05 / p= DE P: 0.058). Os maiores frequentadores mais assíduos entre os entrevistados são os jovens de 21 a 25, onde 36,84% referente a coluna “Faço muito”. Na coluna não faço o destaque foi para o publico da faixa etária de 26 a 30, com 38.46% do valor total de 15 participantes de um grupo de 39 entrevistados.

Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? (Bares e festas)

De acordo com os resultados dos testes qui-quadrado os interesses em festas e bares não influenciam na escolha do tipo de feira (valor de p< 0,05 / p= DE P: 0.009) Os entrevistados frequentadores em bares e festas em destaque foram os jovens de 26 a 30 anos com 34,15% na coluna faço muito, porem na categoria não faço o destaque foi para os adultos com a faixa etária de 31 a 40 anos, representando 52,63% da coluna, em um numero de 10 entrevistados de um grupo de 19 entrevistados.

Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? (Musica)

De acordo com os testes do qui-quadrado os interesses em escutar música influenciam na escolha do tipo de feira (valor de p< 0,05 / p= DE P: 0.008). 39


O destaque foi para o publico de 26 a 30 anos interessados em música com 35,19%, onde de um total onde 19 pessoas responderam interessados nessa área de um total de 54 participantes na categoria faço muito. Porem na categoria não faço, o destaque para pessoas de 31 a 40 anos, totalizando 45,45% da coluna referente.

Faixa etária x o que você gosta de fazer no seu tempo livre? (Livros)

De acordo com os testes do qui-quadrado os interesses em livros influenciam na escolha do tipo de feira (valor de p>0,05 / p= DE P: 0.837). Devido ao destaque de 40% na coluna faço muito, respondido pelo publico da faixa etária de 26 a 30 anos, onde 12 pessoas responderam de um publico de 30 pessoas da mesma categoria. Na coluna não faço o destaque para 38,46% para o grupo de 31 a 40 anos, onde 9 pessoas afirmaram que não consomem livros de um total de 26 entrevistados.

6.1.2) Faixa etária x Tipo de feira De acordo com os testes do qui- quadrado a idade influencia no tipo de feira escolhida (valor de p <0,05 /P = 0,015). As feiras mais frequentadas são a gastronômica com 18,7% e de hortifrúti granjeiro com 17,96% de participação.

Das informações

acima pessoas entre 26 e 40 anos representam 67,8% dos frequentadores de feiras de hortifrúti granjeiros. Em relação à feira gastronômica, 45% dos entrevistados estão na faixa entre 26 a 30 anos. As feiras de moda são as que menos geram interesse nos entrevistados, com apenas 7,91%. Dessa amostra 50% estão entre 26 a 30 anos. Já pessoas maiores de 40 anos sentem pouca atração nesses eventos com 5,77%.

6.1.2) Renda familiar x Gasto médio em feiras Segundo os resultados do teste qui-quadrado, a renda familiar não influencia no gasto médio em eventos de rua em Porto Alegre valor de p >0,05 /P = 0,328). Segundo a pesquisa 36,54% dos entrevistados tem uma renda média familiar de 4 a 10 salários mínimos (de R$ 3.748,01 a R$ 9.370,00). Desta amostra 47,37% gasta até R$ 50 e 50% tem um gasto médio de R$50 a R$100.Dos entrevistados somente 3,85% respondeu que tem um gasto maior que R$100. Os demais entrevistados 49,04% gasta até R$50 e 47,12% gasta entre R$50 e R$100. Em relação aos 3,85% aos entrevistados que tem um 40


gasto superior a R$100, estão presentes nas diversas faixas de renda familiar. Desta amostra, 25% está na menor faixa de renda até R$1874,00 assim como pessoas que tem renda superior a R$18740,00 que também representam 25% da amostra. Esse também é um dos fatores que mostra que o fator renda familiar não influencia no gasto médio nos eventos de rua em Porto Alegre. Em relação as pessoas com renda familiar de até R$1874,00, 68,42% gastam até R$50,00. Todos os entrevistados responderam que gastam em feiras de rua, nenhum respondeu que não gasta nada nesses eventos.

6.1.3 ) Nível escolar x Relevância da ocupação

De acordo com as análises dos resultados dos testes qui-quadrado o nível escolar não influencia na percepção sobre a importância da ocupação dos espaços públicos (valor de p >0,05 /P = 0,183). Considerando os indivíduos com nível de escolaridade pós graduação, obteve-se 56,9% que acreditam muito na importância da questão, enquanto 41,38% responderam importante. Naqueles com superior completo, 60,27% e 35,62% consideram muito importante e importante, respectivamente. Na categoria superior incompleto, foi observado parcela de indivíduos que acredita ser muito importante ocupação dos espaços públicos, sendo 58,74% do total. Ainda nesta seção, 30,16% das pessoas acreditam ser importante e apenas 9,52% indiferente. Dentre aqueles que consideram indiferente a questão apresentada, aproximadamente100% possuem ensino médio incompleto, enquanto apenas 1,59%, ensino superior incompleto. Foi constatado que 35,10% dos entrevistados possuem nível superior completo quando fala-se em nível de escolaridade, este percentual obteve o resultado mais significativo dentre os indivíduos. Enquanto 30,29% possui superior incompleto, também representando uma parcela importante das respostas. Ainda que os pósgraduados representem 28,37% do total. É possível observar que o público da amostra possui orientação de nível superior ou maior, em sua grande maioria. Apenas 4% dos entrevistados possui médio completo e menos que 1% fundamental completo e incompleto. Quando questionados sobre a importância da ocupação dos espaços públicos para a realização dos eventos e feiras de rua, 57% do público respondeu que acredita ser 41


muito importante, enquanto 37,2% disseram ser importante. O restante, configurando 5% consideram indiferente e menos de 1% pouco importante.

6.1.4) Gênero x Tipo de feira mais frequenta Segundo as análises dos resultados do testes qui-quadrado gênero não influencia na escolha do tipo de feira (valor de p >0,05 /P = 0,872). As feiras mais frequentadas pelo gênero feminino são as de moda, com 88,5% , seguida das feiras de artesanato e orgânicos, ambas com 80%. No gênero masculino percebe-se uma preferencia por feiras de antiguidades, feiras de cervejas e gastronômicas, com 35,48%, 27,66% e 25,41% respectivamente.

6.1.5) Gênero x Gasto médio Gênero não influencia na escolha do tipo de feira de acordo com os resultados dos testes qui-quadrado (valor de p >0,05 /P = 0,988). A pesquisa apontou que 54,12% dos homens gastam até R$50,00 e 41,51% gastam de R$51,00 a R$100,00. Já 47,1% das mulheres gastam até R$50,00 e 49,03% gastam de R$51,00 a R$100,00. Na mesma faixa estão 3,77% dos homens e 3,87% das mulheres que gastam mais de R$100,00. Nenhum dos entrevistados informou que não costuma gastar em feiras de rua.

6.2) ANÁLISES ONE-WAY ANOVA Para melhor conhecer os frequentadores de eventos de rua, o grupo destacou a idade e gênero quando relacionado com os hábitos de lazer, aspectos que esses consumidores julgam importantes nos eventos de rua e com os produtos consumidos. Assim possibilita compreender algumas características desses consumidores e o que buscam nos eventos de rua. Do público entrevistado, as mulheres representaram quase 75% das pessoas que responderam o questionário e mais de 50% dos entrevistados tem entre 26 e 40 anos. Como está ilustrado na figura abaixo, as pessoas em seu tempo de lazer têm assistidos mais séries e filmes, escutado música e tem feito passeios ao ar-livre. Foi 42


possível perceber que, apesar de algumas pessoas frequentarem eventos culturais e lerem livros em seus períodos de lazer, o número de pessoas que o fazem é menor quando comparados a outros programas.

Figura 1O – Atividades no tempo de lazer

Fonte: Question pro - http://www.questionpro.com/t/PCRd1ZY0bT

Quando analisados os cruzamentos de dados, podemos dizer que a maioria das escolhas de programas de lazer sofreram influências quando relacionadas a idade dos participantes. As opções séries, programas culturais, dormir, cozinhar, fazer exercícios e frequentar bares e festas apresentaram grau de significância P<0,05, o que em outras palavras quer dizer há diferenças entre as categorias de idade em relação as atividades dos entrevistados em seu tempo livre. De acordo com as médias encontradas, pessoas mais novas tendem a escolher mais dormir e assistir séries e filmes que pessoas mais velhas. Pessoas entre 21 e 25 anos tendem a escolher mais programas culturais em seu tempo livre que as demais faixas etárias. Os entrevistados com 40 anos ou mais, vão escolher cozinhar em seu tempo livre, enquanto as pessoas mais novas não tem escolhas significativas por essa opção. Como podemos ver no quadro abaixo, apenas as opções passeios ao ar livre, idas ao shopping, feiras de rua e livros tem um grau de significância P>0,05, o que significa dizer que para essas atividades não há diferenças significativas entre as atividades e sua relação com as categorias de idade.

TABELA 03 – Relação o que gosta de fazer no seu tempo livre x idade

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Fonte: elaborada pelo grupo.

Na análise feita em relação as atividades no tempo livre e o sexo dos participantes, podemos dizer que o sexo influência menos que a idade. Como podemos na tabela 04, ser homem ou mulher influência quando as atividades são dormir, fazer exercícios, ir ao shopping e ler livros com grau de significância P<0,05. A análise das médias mostra que mulheres escolheram mais dormir, ir ao shopping e ler livros em seu tempo livre quando as escolhas comparadas a pessoas do sexo masculino. Por outro lado, os homens tendem a escolher mais exercícios em seu tempo livre quando comparadas as escolhas das participantes do sexo feminino. As demais atividades têm um grau de significância P>0,05, isto é, o sexo do participante não tem relação com a escolha da atividade praticada nas horas de lazer.

TABELA 04 – Relação o que gosta de fazer no seu tempo livre x Gênero

Fonte: elaborada pelo grupo.

A figura 11 mostra o grau de importância dados a alguns aspectos das feiras de rua para os entrevistados. Como podemos ver a qualidade dos produtos é um dos fatores

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que os participantes julgaram com maior importância na escolha das feiras de rua, seguido da segurança e a localização dos eventos. Veja abaixo:

FIGURA 11 - Grau de importância aspectos das feiras de rua

Fonte: Question pro - http://www.questionpro.com/t/PCRd1ZY0bT

A tabela 05 mostra os resultados do cruzamento de dados entre importância dos aspectos das feiras de rua e a idade dos participantes. Assim foi possível analisar que a diferença de faixa etária influência somente no grau de importância dado para opções vegetarianas, veganas e outras com grau de significância P<0,05-

as pesquisas

mostraram que pessoas entre 15 a 20 anos consideram mais importante essa opção que as demais faixas etárias. As demais análises mostraram que idade não tem relação com os aspectos de maior ou menor importância para os entrevistados (grau de significância P>0,05). Em outras palavras, as pessoas vão jugar importante ou não algum aspecto independente de sua faixa etária.

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Tabela 05 – Grau de importância aspectos das feira x Idade

Fonte: elaborada pelo grupo.

Já a tabela 06 é a informação do grau de significância da relação sexo com importância dos aspectos das feiras de rua das pesquisas. Como é possível perceber homens e mulheres vai influenciar mais nas escolhas do que é importante ou não nas feiras de rua, quando comparado ao cruzamento de dados com a idade. As análises mostraram que há diferença no grau de importância em relação a variedade, preço médio dos produtos e atendimento para homens e mulheres com P<0,05- as médias mostraram mulheres consideram esses aspectos mais importantes quando comparadas aos homens. Os demais aspectos foram considerados mais importantes ou menos, independentemente do sexo dos avaliados.

Tabela 06 – Grau de importância aspectos das feira x Gênero

Fonte: elaborada pelo grupo.

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A figura 12 mostra os tipos de produtos consumidores pelos entrevistados quando frequentam as feiras de rua. Como podemos verificar, comidas e bebidas estão entre os produtos mais consumidos pelas pessoas participantes da pesquisa, seguidos de frutas e verduras. A pesquisa também mostrou um consumo grande de produtos locais nas feiras de rua.

FIGURA 12 – Produtos consumidos nas feiras de rua.

Fonte: Question pro - http://www.questionpro.com/t/PCRd1ZY0bT

Nas análises feitas relacionando idade e produtos consumidos nas feiras de rua obtiveram os resultados encontrados na tabela 06. Os cruzamentos dos resultados mostraram que a idade dos consumidores vai influenciar na escolha dos consumidores por bebidas, frutas, verduras e flores - grau de significância P<0,05. Quando verificamos as médias, observamos que pessoas entre 26 a 30 anos tendem a consumir mais bebidas nas feiras de rua que as pessoas das demais faixa etárias. Já no caso das flores, frutas e verduras, as pesquisas mostraram que pessoas esses produtos são mais escolhidos por pessoas com 40 anos ou mais, quando comparados com os mais novos. As demais análises mostraram que idade não tem relação com o tipo de produto consumido pelas pessoas nas feiras de rua. Em outras palavras, as pessoas consumirão mais ou menos os demais produtos pesquisados, independente de sua faixa etária. 47


Tabela 06 – Produtos consumidos x Idade

Fonte: elaborada pelo grupo.

O sexo dos entrevistados mostrou ter um pouco mais de influência nos produtos consumidos nas feiras de rua, que a idade. Como podemos ver a tabela 07 abaixo, as análises mostraram que há diferença no grau de importância entre homens e mulheres em relação acessórios, artigos de decoração, artesanato, produtos pets, frutas e flores com P<0,05. As pesquisas mostraram que as mulheres escolhem mais esses produtos para consumir nas feiras de rua que os homens. Os demais produtos são consumidos mais ou menos, independentemente do sexo dos avaliados- com grau de significância P>0,05. Tabela 06 – Produtos consumidos x Gênero

Fonte: elaborada pelo grupo.

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7) CONCLUSÃO

Após a realização das análises dos dados das entrevistas qualitativas e quantitativas, o grupo fez algumas conclusões sobre os principais aspectos em relação aos hábitos de consumo e comportamento dos frequentadores de feiras de rua de Porto Alegre. Foi possível perceber que as feiras de rua já são habituais na vida desses consumidores. Os entrevistados frequentam esses eventos toda a semana, uma vez por mês ou sempre que podem. Buscam hortifrúti granjeiros, alimentos, bebidas, roupas, antiguidades e outros. Os mais jovens quase que de uma maneira geral buscam principalmente esses eventos, para diversão e interação. Quando se trata em representar esse publico consumidor é possível perceber que não temos uma determinação exata da faixa etária, tendo como analise uma amostra que representa a sociedade porto alegrense, ampla, diversificada e com estilos variados. Outra questão é que independentemente da faixa etária e estilo de feira frequentada, todos os entrevistados elencaram como importante a qualidade nos produtos e atendimento. Sendo esse quase um fator determinante para decisão de que feira frequentar, qual o estande comprar. Um dos entrevistados inclusive salientou que é justamente a qualidade que diferencia as feiras de rua dos demais lugares, então o momento que isso for perdido ou diminuído não haveria motivo para frequentá-las. Por outro lado, percebemos que os entrevistados quase que em sua maioria esperam melhoria nas feiras no que tange infraestrutura, organização e segurança. Por mais que nenhum dos entrevistados tenha sido assaltado em qualquer evento, muitos se mostraram preocupados em relação a falta de policiamento e investimento das autoridades na segurança local. Em relação a infraestrutura, precisam melhorar os espaços onde os eventos acontecem. Dentre as melhorias citadas foram observadas estão as condições dos banheiros químicos, os espaços disponibilizados para a circulação de público muitas vezes não suporta o público participante. Ao analisar todas as características citadas acima, concluímos que o investimento financeiro nesses eventos e relativo com a sua proposta, sendo que em algumas feiras de hortifrúti granjeiros os valores giram em média 50 reais, mas quando se trata de feira de brechós, produtos artesanais e de consumo diversificado, os valores dificilmente são próximos, pois podem variar de acordo com o produto obtido. A busca pelo posicionamento percebido das feiras ao ar livre também foi concluída com sucesso, independente da área de atuação de cada uma delas, suas características foram unificadas e representadas por um espirito jovem, simpático e despojado. Algo que ajudaria a desenvolver um plano de ação junto com o consumidor, 49


que se identifica com essas características, fazendo com que isso seja mais uma das qualidades que leva o mesmo até o evento. Quando se fala de sociedade e feiras de rua em um mesmo contexto, diversas duvidas vem á tona, uma delas é como o ambiente em si pode influenciar o ato da compra, foi possível perceber que junto a essa pesquisa outras duvidas podem ser apresentadas, ou seja, esse trabalho tem função de auxiliar aqueles que procuram respostas, criar duvidas para futuras pesquisas com mais detalhes e desenvolver uma visão esclarecedora sobre o assunto. Algumas informações foram cruciais para concluir fatores interessantes aos profissionais envolvidos nessa área de atuação, esses dados foram obtidos através da pesquisa qualitativa realizada com uma amostra do publico consumidor. Onde o cruzamento de informações proporcionou uma analise de como as feiras podem atuar mediante á uma situação especifica, evento por publico e ticket médio por grupos. As principais influências vieram a completar a construção desse trabalho, como no caso do cruzamento da faixa etária com a opção de feira, que demonstra que o publico entre 26 e 40 anos tem uma preferência por feiras gastronômicas e de hortifrúti granjeiros. Outros fatores apresentam que seus interesses de lazer não influenciam na escolha do tipo de feira frequentada, seja em passeios ao ar livre, habito de cozinhar, dormir, assistir séries, músicas e livros. Esperamos que esse projeto ajude as pessoas futuramente a obter informações sobre os hábitos de consumo dos frequentadores desses eventos, ampliando a visão para outros setores como alimentício, lazer, moda, arte, etc. Desejamos que auxilie empreendedores que desejam aprimorar falhas que não são apresentadas de uma forma específica. Acreditamos que com essa pesquisa seja possível criar melhorias para os eventos urbanos de forma geral, tanto na sua infraestrutura, crescimento e valor percebido pelo público. Desenvolvendo uma tática concreta juntamente com as informações cedidas nesse projeto, visamos mostrar aos empreendedores a melhor forma de aplicar na prática das feiras esses dados, sendo possível futuramente desenvolver pesquisas mais especifica sobre os temas citados no trabalho, por exemplo, o fator de gênero, como no caso de maior frequência feminina nas feiras, ou então o envolvimento da renda familiar na decisão de compra, transformando esses detalhes em algo tangível. Considerando todos os fatores apresentados nesse projeto, ressaltamos que esse movimento está em constante crescimento. Aplicando as técnicas corretas administrativas e de marketing, alguns dados aqui apresentados auxiliam os profissionais da área para obter maior qualidade no serviço prestado à comunidade.

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REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt; Comunidade – a busca por segurança no mundo atual; Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. HAIR, Jr; BLACK, W. C; BABIN, B. J; ANDERSON, R. E e TATHAM, R. L. Multivariate Data Analysis. 6ª edição. Upper Saddle River, NJ: Pearson Prentice Hall, 2006. MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de Marketing. Uma orientação aplicada. Traduzido por Nivaldo Montingelli Jr e Alfrado Alves de Farias. 3 ed. Porto Alegre, Bookman, 2001. MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005. MINAYO, Maria Cecília de Souza, et al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 26 ed. Petrópolis: Vozes, 2007. www.trendwatching.com - acessado em 06/05/2017 A. P. S. Morel, L. T. Rezende, P. T. Tanure, C. A. Ferreira, R. S. Sette 20 Rev. FSA, Teresina, v. 12, n. 4, art. 2, p. 14-31, jul./ago. 2015 www4.fsanet.com.br/revista. JORNAL DO COMÉRCIO. Feiras invadem ruas e praças. Disponível em: http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2016/12/cadernos/empresas_e_negocios/539431-feirasinvadem-ruas-e-pracas.html - acessado em 07/05/2017 CORREIO DO POVO. Eventos de rua se consolidam e entram na rotina de Porto Alegre. Disponível em: http://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/556399/Eventos-de-rua-se-consolidame-entram-na-rotina-de-Porto-Alegre- acessado em 07/05/2017 Prefeitura de Porto Alegre http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smic/default.php?p_secao=204 07/05/2017

Disponível acessado

em: em

REVISTA FSA. Comportamento do consumidor em feiras livres. Disponível em: http://www4.fsanet.com.br/revista/index.php/fsa/article/view/838/546 acessado em 07/05/2017 ZERO HORA. Porto Alegre tem 50 feiras de hortifrúti – veja os endereços. 2017 Disponível em: http://zh.clicrbs.com.br/rs/porto-alegre/pelasruas/noticia/2016/04/porto-alegre-tem-50-feiras-de-hortifruti-veja-os-enderecos51


5778862.html - acesso em 07/05/2017

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ANEXO 1 ROTEIRO DE ENTREVISTAS QUALITATIVAS 1) Qual idade? 2) Qual o sexo? 3) Qual a sua formação? 4) Em que bairro tu mora? 5) Tu costuma frequentar feiras de rua? 6) Que tipos de feiras tu frequenta? 7) Qual a principal atração oferecida pela feira que lhe atrai? 8) Que tipo de produtos tu compra/consome nas feiras? 9) Com que frequência tu frequenta as feiras de rua? 10) Por que motivos tu frequenta as feiras de rua? 11) Você costuma consumir produtos/serviços produzidos localmente? 12) Tu costuma gastar muito dinheiro nesses eventos? 13) Quais os métodos de pagamento que tu utiliza nesses eventos? 14) Tu frequenta feiras somente no teu bairro ou tu explora outras vizinhanças também? 15) Tu frequenta esses eventos sozinho(a) ou acompanhado(a)? 16) Existe algum tipo de feira que tu não frequenta? 17) O que você pensa sobre a ocupação de espaços públicos com eventos? 18) O que você acha que leva as pessoas a procurarem feiras de rua? 19) Quais as feiras de rua você conhece? 20) Que dias tu prefere frequentas as feiras de rua? 21) Que tipo de evento você mais gosta? (feira gastronômica, feira de produtos orgânicos, roupas, etc). 22) Por que motivos tu deixaria de ir em uma feira? 23) O que tu acha que deve melhorar nas feiras de rua de Porto Alegre? 24) Quando você ouve Me Gusta, qual a primeira coisa que você lembra? 25) Se a feira fosse uma pessoa como você a descreveria? 26) Quando você prensa em feira de rua, qual o primeiro nome que vem na sua mente?

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ANEXO 2 A PESQUISA ESTAVA DISPONÍVEL NO LINK http://feirasderua.questionpro.com

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