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Centro
Rua Major Sertório, 447 Tel: (11) 3258.6711 Seg-sáb das 09:00hs às 18:00 hs lojacentro@acasadoartista.com.br
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Jardins e Centro de Arte
Al. Itu, 1012 Tel: (11) 3088.4191 Seg-sáb das 09:00hs às 19:00 hs lojajardins@acasadoartista.com.br
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Editorial SENAC Lapa Scipião
Tecnico de Comunicação Visual Turma - 26 (2016) Modulo 3: Editorial e Diagramação Projeto: Revista
Corpo Docente:
Fabíola Russo Renan Viera Evandro Capelasso
Coordenador:
Sergio Nicodemo Nome da revista: Century Arts Grupo que realizou o projeto: Idealizador: Vinicius Ruas Sobral Diagramador: Vinicius Ruas S. Editor: Vinicius R. Sobral Arte Finalista: Vinicius R. S.
Portifolios: behance.net/viniruas vinistreets.deviantart.com
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Pão e Pedra A O novo espetáculo da Companhia do Latão.
Grandes Mulheres na animação. Historias de mulheres no mundo das animações.
Rosana Urbes Ilustradora, animadora,brasileira e uma das mais premiadas mulheres do ramo.
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PULSO Galeria Verve abre as portas para exposição de grafiteiros.
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Teatro, tempo e história
Novo espetáculo da Companhia do Latão trata do movimento operário do ABC nos anos 1970.
O novo espetáculo da Companhia do Latão, O pão e a pedra, em cartaz no Teatro da Universidade de São Paulo (TUSP) até o próximo dia 3 de julho, mistura elementos realistas, fantásticos e documentais para tratar do movimento operário na região do ABC paulista que, no final da década de 1970, deflagrou duas grandes greves responsáveis por delinear o que viria a se consagrar, então, como “novo sindicalismo”. A atividade sindical, que a ditadura militar instalada no país desde 1964 havia abafado, ressurgiu no final do governo Geisel (19741979) e início do governo Figueiredo (1979-1985), “adotando formas independentes do Estado, a partir muitas vezes da vivência no interior das empresas onde os trabalhadores organizaram e ampliaram as comissões de fábrica”, conforme descreve Boris Fausto em sua História do Brasil. “O eixo mais combativo”, analisa o historiador, “se deslocou das empresas públicas para a indústria automobilística, que tinha sido um setor pouco atuante até 1964. A grande concentração de trabalhadores em um pequeno número de empresas e a concentração geográfica no ABC paulista foram fatores materiais importantes para a organização do novo movimento operário. Por exemplo, em 1978 existiam em São Bernardo em torno de 125 mil operários na indústria mecânico-metalúrgica, com forte predominância da indústria automobilística; deste total, 67,2% se concentravam em empresas com mais de 1 mil operários”. Outro vetor importante que exerceu influência sobre o surgimento do novo sindicalismo diz respeito à atuação da Igreja católica progressista no país, sob a influência da Teologia da Libertação, entre fins da década de 1960 e meados da década de 1980, época em que o catolicismo da América Latina viveu um grande ciclo de politização disposto a combater a desigualdade social e a defender os pobres. Ao se recordar das aulas de cultura e literatura que ministrou para trabalhadores sindicalizados, por iniciativa da Pastoral Operária instalada em um pequeno salão no fundo da Igreja matriz de Osasco, no início dos anos 1980, o professor Alfredo Bosi recupera, em “A escrita e os excluídos” (de Literatura e resistência), um pouco daquela atmosfera: “A palavra-chave nesses anos foi ‘participação’. Outro termo, diretamente ligado ao método Paulo Freire, era ‘desalienação’.Ao mesmo tempo, nos meios cristãos progressistas, vicejava a Teologia da Libertação, criada por um místico peruano sensível à pobreza de seu povo, Gustavo Gutiérrez. A nova corrente pregava a opção preferencial pelos pobres, tentando assim compensar a milenar opção da Igreja pelos ricos. Os seus seguidores batiam fortemente na tecla do retorno das instituições às bases, aos desvalidos, revertendo a tendência burguesa de ignorá-los ou, pior, culpá-los pela sua exclusão e marginalidade”.
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Líderes operários, autoridades religiosas e advogados sindicais estiverem à frente das greves ocorridas no ABC paulista em 1978 e 1979, que reuniram grandes contingentes de trabalhadores. (O movimento estudantil logo também se engajou na causa.) Ali, firmava-se a liderança de Luís Inácio da Silva, o Lula, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, capaz de organizar no Estádio de Vila Euclides assembleias que chegaram a reunir 70 mil pessoas. Em 1979, as paralisações do setor metalúrgico compreenderam quase um milhão de operários e estimularam a mobilização de outras categorias, como a dos professores, cuja greve reuniu mais de 700 mil assalariados. Estima-se que 3,2 milhões de trabalhadores tenham cruzado os braços no país por melhores condições salariais naquele ano. Segundo ainda Boris Fausto, o movimento grevista de 1979 “mostrou que a afirmativa dos setores conservadores de que São Bernardo constituía um mundo à parte em grande medida não era verdadeira. O que se passava em São Bernardo tinha repercussão no resto do país. Não há dúvida, porém, de que o sindicalismo do ABC nasceu e cresceu com
marcas próprias. As mais importantes são a maior independência com relação ao Estado, o elevado índice de organização – por volta de 1978, 43% dos operários eram sindicalizados – e a afirmação de seus líderes fora da influência da esquerda tradicional, ou seja, do PCB”. Com direção de Sérgio de Carvalho, também responsável pela concepção do projeto e pelo roteiro final, O pão e a pedra é uma criação coletiva que contou com a colaboração de uma equipe de pesquisadores, entre os quais Julian Boal, filho do diretor Augusto Boal (1931-2009), com cuja obra a encenação estabelece inequívoca interlocução. Iniciada em 2014, a pesquisa teria por foco as relações contraditórias entre imaginário ideológico e situação produtiva na vida social recente do Brasil. Entretanto, os primeiros contatos com a temática da religião cristã levaram o grupo a um recuo no tempo: a associação da Igreja ao movimento sindical nos anos de 1978 e 1979, calibrada pela pressão exercida por setores intelectualizados de esquerda, tornarse-ia emblemática na luta pela redemocratização do país, mudando as coordenadas políticas a partir de então.
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No plano narrativo, O pão e a pedra acompanha de perto as dificuldades de alguns trabalhadores durante a greve de 1979, cujas trajetórias se cruzam com o imaginário de três grupos: o novo sindicalismo, a Igreja progressista e o movimento estudantil de esquerda. Histórias de aprendizados políticos e de luta pela sobrevivência se desenvolvem em torno da figura de Joana, uma operária que se disfarça de homem, João, para melhorar de vida, questionando a situação feminina num ambiente fabril. O recurso, que pressupõe adesão irrestrita à fantasia, invoca o conceito de dualidade do sujeito desenvolvido por Brecht, com o objetivo de que sejam examinadas as contradições do indivíduo. Dividida entre a solidariedade a seus companheiros de fábrica e a necessidade de ter que se virar para criar o filho pequeno, essa Joana também errou de João, travando um embate com a própria vida reificada. O elenco da Companhia do Latão, como de costume, se lança a uma atuação bastante apurada, cuja grande qualidade – em plena consonância com a proposta do espetáculo – é fazer uso ético das emoções vividas no palco. O elenco se deixam atravessar por afetos que, excedendo as marcas de suas próprias singularidades, destinamse ao Outro ao redor, isto é, à comunidade dos homens, fazendo ecoar as palavras de Gilles Deleuze: “A emoção não diz ‘eu’. […] Estamos fora de nós mesmos. A emoção não é da ordem do eu, mas do evento. É muito difícil captar um evento, mas não creio que essa captura implique a primeira
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pessoa, [pois] há mais intensidade na proposição ‘ele [ou ela] sofre’ que na proposição ‘eu sofro’”. Boa parte da estranha beleza do espetáculo advém da articulação de dois eixos temporais que se complementam em cena: o tempo da história e o tempo da cultura, pontuados por ambientes, atmosferas e sonoridades muito especiais. (A direção musical e a execução ao vivo da música estão a cargo de Lincoln Antonio, do grupo musical A Barca, que volta a colaborar com a Companhia do Latão depois de quinze anos). O pão e a pedra foi ensaiado nos primeiros meses de 2016, quando um governo democrático cujas raízes remontam às greves retratadas no palco sofria um impiedoso ataque de forças conservadoras e era destituído. Recuperar as lutas populares do passado e a participação de algumas lideranças nelas, com todas as contradições inerentes à História, é um exercício dos mais consequentes frente ao cínico processo de apagamento das marcas de historicidade que as esquerdas vêm sofrendo já há um bom tempo. Exercício este que o teatro, com sua prontidão para uma politicidade sensível (a expressão é de Jacques Rancière), pode revestir de entusiasmo e prazer. “O verdadeiro materialista histórico”, nos lembra Agamben, “não é aquele que segue ao longo do tempo linear infinito uma vã miragem de progresso contínuo, mas aquele que, a cada instante, é capaz de parar o tempo, pois conserva a lembrança de que a pátria original do homem é o prazer. […] Aquele que, na epoché do prazer, recordou-se da história como a própria pátria original, levará verdadeiramente em cada coisa esta lembrança, exigirá a cada instante esta promessa: ele é o verdadeiro revolucionário e o verdadeiro vidente, livre do tempo, não no milênio, mas agora”.
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apresenta
O PÃO E A PE DR A espetáculo da Companhia do Latão 12 de maio a 03 de julho de 2016
Quinta a sábado ás 19h30 e domingos ás 18 TUSP | Rua Maria Antonio, 294 - Vila Buarque | 3123.5233 Direção: Sérgio de Carvalho Elenco: Beatriz Bittencourt, Beto Matos, Érika Rocha, Helena Albergaria, João Filho, Ney Piacentini, Rogério Bandeira, Sol Faganello e Thiago França
Ajuda
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No dia das mulheres, todos os olhares se voltam para a luta e representatividade histórica desse dia. E nossa forma de fazer uma homenagem é mostrando que lugar de mulher, é onde ela quiser. E, claro, a animação não poderia ficar de fora dessa lista, seja em personagens fortes ou excelentes e talentosas criadoras. E por aqui, comprovamos diariamente esse talento, já que entre nossos diretores, temos duas mulheres: Lea Zagury e Aida Queiroz.
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Então, hoje relembramos algumas animadoras que já cruzaram sua história com a do Anima Mundi de alguma forma.
A alemã Lotte Reiniger, foi uma das primeiras mulheres a se destacar como animadora. Ela é autora do primeiro longa europeu de animação, “The Adventures of Prince Achmed” (1926), e inventora da técnica de marionetes com silhuetas.
The adventures of Prince Achmed (Lotte Reiniger - 1926).
Reiniger nasceu no distrito de Charlottenburg, em Berlim, em 02 de junho de 1899. Quando criança , ela era fascinada com a arte chinesa do teatro de bonecos, com isso construiu seu próprio teatro de bonecos, para que ela pudesse colocar em shows para sua família e amigos Na adolescente, Reiniger se apaixonou pelo cinema, primeiro com os filmes de Georges Méliès e seus efeitos especiais, em seguida, os filmes do ator e diretor Paul Wegener, conhecido hoje por The Golem (1920). Em 1915, ela participou de uma palestra de Wegener que incidiu sobre as
possibilidades fantásticas de animação. Convencendo os pais a deixá-la se inscrever no grupo de atores que Wegener pertencia, o teatro de Max Reinhardt. Foi ai que ela começou a fazer retratos em forma de silhueta dos vários atores em torno dela, e logo estava elaborando as chamas e titulos para filmes de Wegener, muitos dos quais caracterizados suas silhuetas. E não demorou muito para dirigir seu primeiro filme em 1919, Das ornamento des verliebten Herzens ( O ornamento do Coração Enamoured).
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Caroline Leaf, grande animadora de técnicas como areia e pintura no vidro. Nasceu em 12 de agosto de 1946 em Seattle, Washington, Fez seu primeiro filme curta-metragem, Peter and the Wolf , em 1968 na Universidade de Harvard, o curta foi feita pelo despeixo de areia em uma caixa de luz e manipular as texturas quadro-aquadro. Em 1972, ela foi convidada para participar do National Film Board of Canada ‘s Inglês Animation Studio. Ela produziu The Street , adaptado do conto do mesmo nome, que foi indicado para o Oscar de Melhor Curta de Animação para os prémios da Academia 49th. The Metamorphosis of Mr. Samsa (Caroline Leaf - 1978).
tram (Machaela Pavlatova - 2012).
Michaela Pavlatova é outra artista muito importante na história do Festival AnimaMundi e na animação. A animadora Tcheca nascida em Praga, 27 de fevereiro de 1961. Aborda com muita coragem temas como a sexualidade feminina. Os filmes animados de Pavlátová receberam vários prêmios em festivais de cinema internacionais, incluindo uma indicação ao Oscar em 1993. O 65º Prêmio da Academia e o Grande Prêmio do Festival Internacional de Cinema de Montreal por Reci, Reci, Reci/Words, Words, Words. Seu curta animado Repete ganhou uma série de prêmios, incluindo o Urso de Ouro de melhor curta no Festival internacional de Cinema de Berlim em 1995, o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Animação de Annecy em 1997 e o Grande Prêmio no Festival Internacional de Animação de Hiroshima em 1996. Outra animadora que explora o ponto de vista feminino em criações eróticas é Signe Baumane. Seus filmes ainda causam polêmica mas, ao mesmo tempo, quebram tabus e preconceitos. Nasceu em 07 de agosto de 1964 Auce , Letónia , e cresceu em Tukums. É animadora, artista plástico, ilustradora e escritora, atualmente vive e trabalha em Nova York. Ela é membro da Academy of Motion Picture Arts and Sciences. Ela também é professora, ensinando animação no Instituto Pratt em 20002002.
Ela começou a trabalhar como animador em 1989, assumindo uma posição de animador em Dauka Animation Studio. Ao longo dos próximos anos, a televisão local arejado vários comerciais animados que Baumane tinha concebido e dirigido. Em 1991, ela produziu seu primeiro filme de animação, A Feiticeira e o Cow , do qual ela era o roteirista, diretor, designer e animador.
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Animação de Baumane Pedras nos bolsos é uma animação autobiográfico de longa-metragem que explora a depressão que tem assombrado três gerações de mulheres de sua família. Rochas em meus bolsos foi selecionada como a entrada da Letónia de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 87th, mas foi não nomeado.
Agora, vamos à primeira animadora da Disney: Retta Scott nasceu nos EUA em 23 de fevereiro de 1916. E apostamos que muitos animaníacos conhecem algumas das animações dela: seu primeiro trabalho animado foi em Bambi! Ela que fez aqueles cachorros que correm atrás de Faline no final do filme, já lembrou? Se você reparar bem, ela está nos créditos de Bambi, Fantasia, Dumbo e The Plague Dogs. Notável como a primeira mulher a receber o crédito finais. Mas, mesmo sendo super elogiada por sua habilidade de desenhar animais, ela saiu da Disney no final da Segunda Gurra Mundial, quando muitas mulheres que estavam ocupando trabalhos de homens tiveram que largá-los… Infelizmente, só foi em 2000, dez anos apos sua morte ela foi nomeada uma Lenda da Disney. Mas foi Merecisíssimo!
Nas palavras do animador Marc Davis, “ninguém se igualava à habilidade dela em desenhar animais de todos os ângulos, o que fez os cachorros assustadoramente realísticos”
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Vale citar ainda Joan Gratz, vencedora do OSCAR em 1994 com “Monalisa Descending a Staircase”, Miwa Matreyek, além de animadora, é performer e faz um trabalho lindo de animação onde ela mesma interage na cena.
Para finalizar essa homenagem, não poderíamos deixar de citar a animadora brasileira mais premiada no nosso Festival: Rosana Urbes. Seu filme, “Guida”, venceu cinco prêmio na edição de 2014: Melhor Curta Brasileiro pelos Júris Populares paulista e carioca, Melhor Curta-Metragem entre os paulistanos, o Prêmio Canal Brasil e o Prêmio BNDES.
Outros nomes que precisam ser citados pela relevância no mercado mundial de animação: Alison de Vere, Karen Aqua, Amy Kravitz, Candy Guard, Debra Solomon, Kathie Rose (pioneira de performances com animação), Claire Parker, Emily Hubley, Faith Hubley, Nina Paley, Debra Solomon e Christine Panuska.
E nada melhor que homenagear nossa querida animadora brasileira do que uma entrevista exclusiva com ela na proximas paginas contaremos mais sobre ela e sua premiada animação Guida.
Sabe aonde mais podemos encontrar animadoras incríveis? No Tricky Women, o primeiro e único festival de animação dedicado exclusivamente a curtas animados feitos por mulheres! É isso mesmo, existe um lugar feito especialmente para elas no mundo animado. Ele acontece em Vienna e é um lugar ideal para que as mulheres ganhem espaço na animação, exibindo seus trabalhos e trocando ideias.
Também existe um grupo chamado Women In Animation, que pretende juntar uma comunidade global de animadores para apoiar as mulheres na arte, ciência e negócio da animação. Tudo para que mulheres e homens compartilhem a criação, produção e as recompensas das animações. Teríamos realmente uma mundo animado com mais diversidade, não é? Um “avanço cultural“, nas palavras do grupo.
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“Em sonho e poesia, o encontro com o outro” Guida, a velinha mais simpatica e artista do mundo da animação.
Rosana Urbes
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Lembra da super animadora que acabamos de citar? Nem deu tempo de esquecer, e depois dessa matéria e de assistir a essa incrivel animação não ira mesmo esquecer. Ela mesmo, Rosana Urbes! A criadora de Guida, que fez muito sucesso por aqui, vamos falar um pouco sobre sua trajetoria e logo depois ira ler uma entrevista muito bacana com a propria animadora falando sobre seu ultimo trabalho GUIDA. Na edição do Anima Mundi 2014 em São Paulo, o Brasil venceu mais uma competição mundial de animação e o maior prêmio do Júri Popular foi para o curta-metragem Guida, de Rosana Urbes. A produção foi a mais premiada do Festival, sendo escolhida como Melhor Curta Brasileiro pelo público e levando o Prêmio Canal Brasil, no Rio de Janeiro. A animação levou para casa os troféus de Melhor Curta Brasileiro, Prêmio BNDES e Melhor Curta do Festival, também por escolha popular. No total, foram cinco prêmios,
Primeira mulher a vencer na categoria, Rosana é ilustradora, animadora e storyboard artist. Desde criança percebeu o gosto por desenho e já por volta dos 13 anos, passou a frequentar uma escola profissionalizante de desenho. “Meus pais, vendo que eu gostava, sempre me incentivaram bastante”. Pouco depois, Rosana foi trabalhar na secretaria da Escola, para poder continuar frequentando as aulas, “Eu ficava desenhando e pintando. Um dia o diretor chegou e eu estava com as tintas e pincéis todos espalhados em cima da mesa. Achei que ele iria brigar muito comigo, né? Para minha surpresa, ele olhou meus desenhos e falou de uma turma que estava precisando de um professor de desenho. Ele queria que eu desse a aula”, conta Rosana que na época, tinha cerca de 17 anos.
Ilustração de Rosana Urbes para o livro infantil “Por que a Lua só tem luz fria” , Tatiana Belinky. Editora Leya.
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Ilustração de Rosana Urbes para o livro infantil “Magico de Oz”, L.Frank Baum. Adaptação: Eliana Martins. Ed. Escala Educacional.
Durante a juventude, Depois de alguns anos estudando desenho, Rosana lembra que teve a oportunidade de assistir a uma palestra de um animador da Disney, que estava no Brasil. Quando teve contato, de fato, com o universo da animação e com o processo de criação, ficou encantada e decidiu trabalhar na área; começou então a expandir os trabalhos, fazer freelas em publicidade. Logo no começo dos anos 90, depois de Rosana ter decidido a carreira que seguiria, a animação brasileira vivia um período ruim. “Nesse momento a Disney veio ao Brasil em busca de profissionais e eu fui à entrevista, levei meu portfólio e fui a única a ser chamada por eles depois”, conta. Durante alguns anos ela trabalhou fora do Brasil fazendo filmes de longametragem de animação e ilustrando estórias para livros infantis. Trabalhou nos Estúdios Disney, em filmes como Mulan, Tarzan, Lilo & Stich, sempre trabalhando com personagens femininos, preferência e escolha da ilustradora. A personagem Guida, protagonista do curta vencedor do Anima Mundi 2014 em São Paulo já existia há algum tempo, mas nessa experiência da Disney foi que ela ganhou, de fato, uma forma. “Logo que comecei a trabalhar com animação, comecei a rabiscar a Guida; ela era uma senhorinha
dançante e meio louca. A princípio não me inspirei em ninguém, mas quando escrevi a história dela, me inspirei, sim, em algumas referências pessoais”, explica. Rosana se recorda quando começou a coordenar sessões de desenho com modelo vivo. “Em uma das ocasiões veio uma mulher muito acima do peso e todos ficaram meio desconfiados, se perguntando se ela ia ter coragem de posar”. E ela teve; e foi durante essas aulas que Rosana descobriu sua linguagem própria e um pouco mais sobre Guida. “O olhar da arte quebra preconceitos, transforma e revela a real beleza das coisas. Não é só um corpo, ele envolve uma força de vida que tem dentro dele, que é o que interessa pra nós: a essência de Guida é isso”, acredita. O filme mostra como uma bibliotecária de terceira idade decide mudar de vida e começa a trabalhar como modelo-vivo em uma escola de artes. Com a ajuda e principalmente o estímulo de amigos, Rosana criou coragem e mostrou a história de Guida para o mundo. “Eu tive muita sorte por encontrar as pessoas que encontrei, eu tenho uma família na animação”, conta. Segundo ela, muitas vezes é preciso encontrar força para persistir. Para as gravações de Guida, foram em média de 8 mil desenhos, sem contar todos os cenários que precisaram ser desenhados também. “Precisa gostar muito de desenhar, porque você passa muito tempo desenhando. Senão não vale a pena”, acredita e se
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Entrevista
entusiasma: “dentro desse trabalho e desse envolvimento têm momentos sofridos, mas tem momentos felizes. Quando você sente o seu desenho tomando vida é muito emocionante, o processo começa racional e vai ficando intuitivo”. Agora Vamos para a melhor parte do bolo, vamos a entrevista que a animadora deu para o pessoal do AnimaMundi falando um pouco mais sobre essa obra que tanto nos divertiu e suas inspirações para a criação de Guida, a velinha mais artista que você vai conhecer no mundo da animação.
No Anima Mundi 2014, Guida ganhou Melhor Curta Brasileiro pelos Júris Populares paulista e carioca, Melhor Curta-Metragem entre os paulistanos, o Prêmio Canal Brasil e o Prêmio BNDES
AnimaMundi Conte-nos um pouco sobre os significados dessa transformação de vida pela qual a personagem passa?!?
Rosana Urbes: O filme fala de realizar sonhos, tardiamente, pela tangente, abrindo um novo caminho, deixando que a vida participe dessa realização. A Guida tem um mundo interior absolutamente sonhador e sua realidade não reflete esse mundo. A estória do filme (pra mim) é essa: encontrar um caminho para partilhar com o outro o que é sutil e encantado no nosso mundo interior.
Entrevista
Rosana Urbes: Quando comecei a trabalhar com animação rabisquei poses de uma senhorinha dançante. Ela era bem diferente de agora: gordinha e tocava pandeiro. Lembro de olhar pra ela, decidir o nome, e escrever na folha dos rabiscos: Dona Guida.
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AnimaMundi “Guida” é um tanto diferente de seus trabalhos anteriores. De onde veio a inspiração para essa linda história?
Passou muito tempo até o Jonas Brandão me perguntar se eu tinha um projeto para apresentar num edital de animação. Em 3 dias, escrevi o primeiro roteiro da Guida e ele me ajudou a formatar o projeto. Não rolou. Depois de um ano, com o Thiago Minamisawa e o Bruno Castro, revisamos o projeto e ganhamos o prêmio Estímulo. Nesse tempo a estória era bem diferente: Guida tinha um interesse romântico, Seu Roberval, e os dois terminavam juntos, num Baile da Saudade. Eu gosto muito dessa versão e sofri para desistir dela, mas esse filme era da Guida. E ela, pouco a pouco, me mostrou isso.
“Guida é uma sonhadora fora de lugar. É muito difícil viver uma vida de sonho, criativa, porque tem um massacre no dia a dia das coisas práticas”
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Entrevista
AnimaMundi Os desenhos à lápis e em aquarela foram com certeza muito importantes para a criação de “Guida”. Conte-nos um pouco sobre sua experiência com estas técnicas?
Rosana Urbes: Trabalhando com animação, passei a fazer muitas sessões de modelo-vivo. Nessas sessões encontrei meu desenho. Percebi que me interessava investigar a vida em traço. Gosto de desenhar gente, bicho, planta. Não gosto de desenhar carros nem cadeiras. Meu desenho é orgânico, sinuoso, assimétrico…O rascunho que deixa rastro da procura no papel, que toma corpo enquanto se desenha, como planta, que se forma enquanto cresce. A aquarela é minha escolha em pintura, pelas mesmas razões. A Guida fala de vida. A técnica de animação tinha que ser viva também. Era preciso ter o papel, grafite, tinta, o rastro da dúvida. A Guida tinha que ser feita no mundo de verdade.
AnimaMundi Quanto tempo o filme demorou para ser concluído e qual foi o maior desafio durante o processo?
Rosana Urbes: Desde o começo da produção do filme foram 3 anos. A verba do edital não comportava um projeto como Guida. O filme saiu graças, claro, a esse apoio inicial, mas certamente por paixão e doação de todos os envolvidos no processo, que estão nos créditos do filme. Os últimos meses, foram os mais difíceis. Não tínhamos mais verba e eu desisti de tentar fusões e resolvi intervalar o filme todo. Faltava um terço e, nesse período, a equipe éramos eu e a Belisa Proença, a produtora firme e fiel. Falei pra ela: Preciso de ajuda! – Usamos parte do dinheiro reservado para a cópia em 35mm e chamamos alguns amigos para o fôlego final. Minha irmã Luzia Urbes, segurou a bronca de intervalar e animar partes dos devaneios finais, que são cenas com, sei lá, quinhentos desenhos, mais ou menos.
Entrevista
Rosana Urbes: Por muitos anos trabalhei em estúdios onde eu era a única mulher. Isso começou a mudar, aqui no Brasil, muito recentemente. Esse ano, no Anima Mundi, tivemos vários filmes de diretoras. Nas oficinas de animação que desenvolvemos no estúdio tem muitas meninas. A mudança no cenário envolvendo maior participação de mulheres está acontecendo, para o bem de todos nós.
Rosana Urbes: Significa bem mais do que eu vou conseguir contar aqui. O curta-metragem é sonho que moldamos para poder partilhar. Importa muito que ele chegue até as pessoas. E o Anima Mundi é essa grande casa da partilha. Ele é fundamental para o florescer que vemos hoje na animação brasileira.
AnimaMundi Você foi a primeira mulher a ganhar Melhor CurtaMetragem no Anima Mundi! Como você sente o mercado de animação para profissionais do sexo feminino?
AnimaMundi Deu pra sentir sua emoção na hora de receber os prêmios no palco. O que essa conquista representa pra você?
Fiquei fora do Brasil 8 anos, trabalhando em grandes produções de animação. Foi uma oportunidade incrível e de muito aprendizado. Fui quando não tinha quase nada em animação acontecendo aqui (eu estava trabalhando com pesquisa), mas saí sabendo que eu ia voltar. Eu acredito no Brasil, escolhi nascer aqui. Naquele momento, pensei que o caminho seria ir, aprender, participar de produções que têm história e que investem muito em animação. E voltar. O sonho era ver a animação brasileira encontrar seu caminho, a produção crescer, o Anima Mundi seguir forte, e eu ser parte disso. Quando ouvi a Aida Queiroz dizer “Guida” no palco do Anima Mundi, entendi, naquele momento, que tinha acontecido. E foi melhor que o sonho.
Rosana Urbes diz que é no rascunho que a magia da animação acontece
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Entrevista
AnimaMundi Você é certamente uma grande influência para muitos animadores. Mas que obras e artistas servem de inspiração para você?
Rosana Urbes: Sou cinéfila: Ví tudo de Bergman, Fellini, Tarkovski, Kurosawa… Assisti muito Lanterna Mágica e os filmes do National Film Board. Tinha uma coleção de livros sobre filmes russos e europeus mostrando fotos de curtas que eu nem cheguei a ver, mas imaginava estórias para eles. Vi os filmes dos estúdios Ghibli, (Miyazaki e Takahata), muitas vezes. Especialmente Princesa Mononoke, que me fez ver bem claro o quanto animação é cinema. Foi um alívio descobrir a ilustradora Lisbeth Zwerger. Olho livros dela sempre que vou começar a ilustrar um novo livro. Frank Thomas e Ollie Johnston são meu favoritos dentre os grandes animadores Disney, por seu trabalho com atuação de personagem. Posso falar horas de influências. Meu trabalho existe movido a influências.
Entrevista
Rosana Urbes: Você precisa saber se você gosta mesmo de fazer animação, o que é diferente de gostar de animação. Por exemplo: Eu queria ser pianista, mas quando comecei a estudar, percebi que eu não queria saber os nomes das notas, nem dividir a música em tempos contáveis. eu queria navegar no fascínio irracional dos sons. Hoje tenho um piano só pra inventar combinações de sons. Sou fã de piano, mas não sou pianista.
AnimaMundi Você é uma profissional super renomada pelo mundo inteiro. Você tem alguma dica para os novos animadores brasileiros?
Na animação são muitas horas e dias e tempos de recolhimento pra moldar algo que ainda está se formando na sua imaginação. Tem que ter uma certa vocação monástica, gostar do processo também. A partir disso, de gostar, o envolvimento acontece e o próprio trabalho encontra seus caminhos para se desenvolver.
Rosana Urbes: Fazer filmes é o que eu quero desde o começo, mas precisei criar coragem. Agora, a coragem está criada. Tenho estórias, ainda verdes, que eu espero que amadureçam em filmes animados.
AnimaMundi “Guida” foi seu primeiro filme autoral. Com esse resultado incrível e todo o sucesso que fez, você já sabe se pretende continuar criando seus próprios filmes?
Rosana Urbes já trabalhou em muitas grandes produções, como Lilo & Stich, Mulan, Tarzan, Encantada e Asterix
Rosana Urbes: É a promessa de Guida: em sonho e poesia, o encontro com o outro.
AnimaMundi E pra finalizar, a nossa pergunta clássica. Qual é o seu sonho?
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GUIA DE EXPOSIÇÕES Artikin é uma plataforma de curadoria e criação de conteúdo especializado em arte. Sua espinha dorsal é um aplicativo. O app traz uma contagem regressiva, que coloca no topo da lista as exposições que estão prestes a sair de cartaz. Uma agenda e um mapa indica as exposições mais próximas. O projeto também envolve: •Um canal no Youtube com aulas sobre conceitos da história da arte. •Passeios às exposições acompanhados por experts em arte. •Um zine, em formato impresso e distribuição gratuita, com reflexões e comentários sobre arte contemporânea.
@artikinartikin
www.artik.in
/artikinartikin
- apresenta -
PULSO A Verve Galeria abre suas portas para uma grande exposição coletiva de Arte Urbana, PULSO, que reúne 20 artistas de street art que encontram no meio urbano o canal para expressar seus questionamentos sociais e políticos, inquietações e sentimentos. A curadoria é do arquiteto e urbanista Ian Duarte Lucas.
Da série “Abaixo do Céu” nanquim sobre papel. Da artista Thais Ueda, parte da mostra “Pulso”
“Farinha do mesmo saco” da artista visual Tikka Meszaros. Parte da mostra “PULSO”.
expossição / evento
Na PULSO, estão as narrativas urbanas de Alto Contraste, Boletabike, Derlon, Feikehara, Grazie Gra, Gustavo Amaral, Higraff, Hudson Melo, Jorge Galvão, Luis Bueno, Mateus Dutra, Milo Tchais, Nick Alive, Ninguém Dormi, Paulo Ito, Prozak, Santhiago Selon, Thais Ueda, Tikka Meszaros e o veterano Miguel Cordeiro, precursor do graffiti nordestino nos anos 70.
Verve Galeria.
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O conceito da exposição é inspirado nas palavras da poetisa afro-americana Maya Angelou, On the Pulse of Morning em que ela tematiza a inclusão social e responsabilidade.
“O quadro azul” do artista BoletaBike. Parte da mostra “PULSO”.
Na coletiva os artistas apresentarão suas interpretações do atual momento político pelo qual passa o pais, com registros inerentes a situação presente e sugestões de caminhos convergentes para o futuro.
“Cura I e II” do artista BoletaBike. Parte da mostra “PULSO”.
“No momento atual, assim como em todos os momentos de instabilidade e polarização de ideias, faz-se necessária a sensibilidade do artista. O artista tem a oportunidade de lançar um novo olhar sobre a realidade que vivenciamos, revelando assim possibilidades de diálogo antes adormecidas”, comenta o curador.
A partir desta abordagem, a ideia é sensibilizar o público e induzi-lo a rever o seu próprio olhar e questionar seus posicionamentos.
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“Três Preceitos” do artista visual Feikehara, parte da mostra “Pulso”
Exposição: PULSO Artistas: Alto Contraste, Boletabike, Derlon, Feikehara, Grazie Gra, Gustavo Amaral, Higraff, Hudson Melo, Jorge Galvão, Luis Bueno, Mateus Dutra, Miguel Cordeiro, Milo Tchais, Nick Alive, Ninguém Dorme, Paulo Ito, Prozak, Santhiago Selon, Thais Ueda, Tikka Meszaros.
Curadoria: Ian Duarte Lucas Coordenação: Allann Seabra
Local: Verve Galeria Telefone: (11) 2737-1249 Horário: Segunda a Sábado, das 10h às 20
De 07 de junho a 30 de julho de 2016
Rua Lisboa, 285 – Jardim Paulista, São Paulo – SP
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GRADUAÇÃO ● ● ● ● ● ●
ARTES VISUAIS DESENHO DE ANIMAÇÃO DESIGN GRÁFICO DESIGN DE PRODUTO DESIGN DE MODA DESIGN DE INTERIORES
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E aqui encerramos a edição numero 1 da revista Century Arts, obrigado pela leitura Na proxima edição teremos alguma dicas, sugestões de como elaborar SOZINHO um projeto como esse com o editor, diagramador e idealizador desse projeto que é o Century Arts o Vinicius Ruas Sobral. Aguardamos vocês na proxima.
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